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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES


UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS SOCIAIS
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM HISTÓRIA

DISCIPLINA: Tópicos Especiais em Filosofia


DISCENTE: Raynara Bernardo de Sousa-219230487
Mapa Mental
A Educação das Crianças

Bibliografia: MONTAIGNE, Michel. Da educação das Crianças. São Paulo: Martins


Fontes, 2005. p. 31-53

Problemática do texto:

O texto “ A educação das crianças” de Michel Montaigne, considerando a obra como


um todo, o mesmo se preocupa com a formação humana, e além de entrega-se ao
conhecimento e formação de si, perceptível em todo o capitulo, escreve um ensaio especial
sobre como formar um ser humano, um jovem que chegue ao mundo. Além disso, o texto traz
uma reflexão a cerca da filosofia moral na formação dos jovens, abordando alguns assuntos
de uma forma pessoal como um ponto de vista sobre algumas questões importantes a cerca
da educação passada pelos adultos para as crianças, e vice versa, assim como também o autor
vem nos mostrar a maneira de como pensar sobre essa educação. Diante disso, o texto
apresenta as frustrações do autor, assim como suas reflexões, abordando a maneira que
lidamos com as concepções educacionais e como isso afeta nosso conhecimento.

Citações e Comentários:

“ Nunca vi um pai que, por tinhoso e corcunda que fosse seu filho, deixasse de reconhece-lo como
seu. Não é que, se não estiver totalmente inebriado por essa afeição, não perceba sua falha; mas seja
como for ele é seu.” Montaigne, Pág 31

Em uma sociedade tão hierarquizada quanto a nossa, é comum imaginar que em todas as
relações humanas existam poder. As relações de poder entre adultos e crianças podem gerar
sentimentos negativos, já que provocam muitos questionamentos e geram cobranças que
podem ser muitas vezes desnecessárias e excessivas. Contudo, a relação entre pais e filhos
pode ser mais horizontalizada e, portanto, mais igualitária, por mas que a falha do seu filho
seja imensa, é dever do adulto reconhece-lo da melhor maneira possível, não percebendo a
sua falha, mas seja como for ele ainda é seu filho.

“ E não há criança das séries médias que não possa dizer mais sábia do que eu, que não tenho
sequer como examiná-la sobre sua primeira lição, pelo menos de acordo com ela”. Montaigne, Pág
32

A criança erroneamente é tida como boba, ingênua, mas mesmo assim ela é sábia devido ao
fato de saber pensar brincando, além de amar e a perdoar se ressentimentos, pois não está
presa a noção de futuro. É bem possível existir na criança a ausência do ego, pois ela interage
e pertence ao todo, capacidade que o adulto perdeu, pois deixou de ver o mundo e a natureza
com os olhos de ver, deixou de se espantar com o novo.

“Quanto às faculdades naturais que existem em mim, cujo ensaio aqui está, sinto-as vergar sob a
carga. Minhas concepções e meu julgamento só avançam às apalpadelas, cambaleando, tropeçando
e pisando falso; e, mesmo quando vou o mais longe que posso, ainda assim não fico nem um pouco
satisfeito: ainda vejo um território além, mas numa visão turva e nublada que não consigo decifrar.”
Montaigne, Pág 33

A insatisfação com tudo que fazes costuma surgir quando percebemos que não estamos onde
gostaríamos de estar, ou até mesmo quando fazemos algo e mesmo assim nos sentimos
insatisfeito com nossos próprios atos.

“ [...] deixo minhas idéias correrem assim fracas e insignificantes, como as produzi, sem lhes
rebocar nem remendar os defeitos que tal comparação me revelou. É preciso ter o lombo muito forte
para se propor caminhar lado a lado com aquela gente.” Montaigne, Pág 34-35

O autor vem trazer algo bastante interessante a respeito da sua vivência diante das críticas e
comparações sobre seu trabalho, e que realmente é preciso ter o lombo muito forte para
aguentar e caminhar com tais pessoas, pois, há críticas que podem até nos fortalecer, e outras
que nos fazem fraquejar, como também as comparações diante do seu trabalho, pois, sempre
haverá trabalhos melhores que o seu, como também piores, mas, nunca igual. Por tanto, é
preciso lidar com as comparações, pois, acredito que elas sim são algo que podem
desestruturar uma pessoa.

“Seja como for, quero falar; e, quaisquer que sejam estas inépcias, não deliberei escondê-las, não
mais do que um retrato meu, calvo e grisalhos, em que o pintor tivesse colocado não um rosto
perfeito e sim o meu. Pois aqui estão também meus sentimentos e minhas opiniões; apresento-o como
algo em que acredito e não algo em que se deva acreditar. Viso aqui apenas a revelar a mim mesmo,
que porventura amanhã serei outro, se uma nova aprendizagem mudar-me.” Montaigne, Pág 39
O autor demonstra o seu alto conhecimento diante de tais situações, nos passando um certo
“controle” perante as opiniões diversas, pois, o mesmo tem suas opiniões e seus sentimentos
no seu próprio trabalho.

“ [...] encaminhá-las sempre para as coisas melhores e mais proveitosas, e que pouco devemos nos
empenhar nessas levianas adivinhações e prognósticos que extraímos das iniciativas de sua
infância.” Montaigne, Pág 42

Inicialmente, o autor está criticando que muitas das vezes queremos formar crianças em
coisas que não fazem sentido, pois, a educação é algo que se varia de criança para criança.
Diante disso, é necessário ter seu próprio modo de educar de acordo com a evolução da
criança, não submeter a educação que a sociedade implementa.

Por tanto, ao ler o texto confesso que de início foi algo confuso, mas, ao se aprofundar na
leitura calmamente percebe-se que Montaigne nos presenteia com a delicadeza de seu
espirito, e temos a oportunidade de caminhar junto com ele a pensar a arte de educar. Diante
disso, devemos buscar seguir a natureza como caminho pedagógico e formativo para nossa
vida, ainda que seja a natureza algo indeterminando pela nossa compreensão.

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