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Resenha: Teoria e pesquisa de gestão estratégica: oscilações de um pêndulo.

Ana Luiza Cordeiro e Marina Borges

O texto apresentado traz uma visão histórica de como teorias e metodologias têm influenciado
os estudos e as práticas da gestão estratégica durante os anos. Ele revisita a história, desde que
começou a se falar, escrever e estudar sobre gestão estratégica e seu desenvolvimento, ao longo dos
anos, através das teorias feitas pelos principais autores estudiosos da área, principalmente de
administração. O texto traz uma analogia a um pêndulo, onde sua oscilação representa as mudanças
de pensamento sobre como implantar a gestão estratégica dentro das empresas muda ao passar dos
anos, tanto pela percepção de que estudos anteriores não eram satisfatórios suficiente e pela
necessidade de outros tipos de visões para compreender melhor as empresas.

Um pêndulo, ao ser retirado do seu estado de repouso, tenderá para as duas extremidades, no
caso, direita e esquerda, logo, essa representação no texto demonstra como as tendências nos estudos
sobre gestão estratégica estão em constante mudança e nunca são cem por cento certeiras. Dessa
forma, o texto apresenta quatro momentos chave para a gestão estratégica, onde mostra visões de
teorias em que dão mais ênfase na empresa de uma forma interna, em uma extremidade do pêndulo,
enquanto na sua outra extremidade a ênfase maior é na parte externa à empresa.

Os quatro momentos apresentados são o do Desenvolvimento Precoce, que apresenta uma


visão voltada para dentro da empresa, a Economia de Organização Industrial que volta seu olhar para
fora da empresa, a Economia organizacional onde o pêndulo está no centro mostrando uma
preocupação tanto interna quanto externa da empresa e a última, a Visão Baseada em Recursos (VBR)
que volta sua visão para o interior da empresa. É destrinchado, no decorrer do texto, cada um desses
momentos, mostrando as principais teorias e metodologias que influenciaram cada momento e o
porquê da necessidade das mudanças de visões.

O Desenvolvimento Precoce usa como principais insumos as obras de autores como Chandler
e Ansoff que voltam seus olhares para a estrutura da empresa. Como o próprio nome indica, por ser
precoce, os autores clássicos também influenciam esse período com a visão voltada para os processos
internos das organizações e o foco nos papéis dos gestores. Esse início dos estudos sobre estratégia
na gestão das empresas, tem apensas 60 anos, o que pode ser considerado recente, já que as
organizações existem há tantos anos. Metodologicamente falando, o Desenvolvimento Precoce,
desenvolvia seus estudos com base nos aspectos normativos do conhecimento empresarial desejava
passar tal conhecimento para gestores e estudantes que desejavam ser gestores, como uma forma de
guia, utilizando estudos de casos de empresas. A mudança de pensamento começou a se fazer
necessária quando o enfoque nesses estudos de casos e a falta de generalização não representavam
um desenvolvimento científico da área estratégica.

A Economia de Organização Industrial, pendeu para o outro extremo do pêndulo, se voltando


para fora da empresa, focando no mercado e mudou drasticamente tanto as teorias quanto a
metodologia utilizada, passando ela a ser muito mais científica que indutiva. O modelo ECT
(estrutura-conduta-desempenho) de Porter foi uma das mais influentes teorias dessa fase de
desenvolvimento, onde se entendia que uma diferenciação no setor traria uma vantagem competitiva
no mercado. Outra teoria intermediária precoce muito utilizada foi a dos grupos estratégicos, onde o
estudo é feito com grupos do mesmo setor que utilizam estratégias iguais ou parecidas. Além das duas
teorias anteriores, a Dinâmica Competitiva é uma outra teoria intermediária precoce, que visa o estudo
das empresas dentro de uma competitividade de mercado, onde o movimento de uma empresa pode
influenciar o de seus concorrentes. A Metodologia nesse período mudou drasticamente, passou de
uma metodologia indutiva para uma pesquisa empírica positivista e dedutiva, mostrando como
variáveis influenciavam o estudo e se preocupando mais com fazer previsões do que com guiar os
passos dos gestores.

Na terceira fase da gestão estratégica o pêndulo tende ao centro, o que caracteriza uma volta
ao pensamento para o interior da empresa, mas sem deixar de fora o exterior dela. Esse período é
conhecido como Economia Organizacional, essa fase apresenta um pouco mais de confusão, uma vez
que mistura os dois polos. As teorias intermediárias que permearam nesse período foram a Economia
de Custos de Transação onde tenta mostrar que os custos de transação entre empresas se utilizam de
mecanismos de governança alternativos para serem completados como o mercado (fora) e a hierarquia
(dentro), outro ponto dessa teoria, diz respeito a relação de que a eficiência dos custos de transação
estão intimamente relacionamentos ao uso de diferentes estratégias pelas empresas. A Teoria da
agência foi a mais complexa, no nosso ponto de vista, basicamente o que foi compreendido é que os
interesses dos acionistas e dos gestores são diferentes, pois o homem é um ser racional, com interesses
individuais e são oportunistas, dessa forma pensarão somente no que for de seu interesse. Essa teoria
é mais voltada para a empresa, dessa forma o pêndulo volta a tender para dentro, com uma visão
voltada para seus recursos.

A quarta e última fase relatada no texto é a Visão Baseada em Recursos e tenta apontar como
as empresas se diferenciam uma das outras e conseguem uma vantagem competitiva no mercado a
partir de seus recursos. Identificar como os recursos tanto tangíveis quanto intangíveis da empresa
podem lhe trazer uma vantagem sobre a concorrência pode trazer uma alta lucratividade. Essa
diferenciação dos recursos pode utilizar quatro critérios, o do valor, raridade, impossibilidade de
imitação e escassez, dessa forma, se buscam atingir tamanha diferenciação frente ao mercado que o
produto da empresa ganha alto valor agregado. Metodologicamente, volta a se utilizar de métodos
indutivos, mas sem deixar de lado os dedutivos, baseados em amplos bancos de dados.

É notório, que ao final do texto, a reflexão principal deixada é que não existe uma única forma
de gestão estratégica, não existe fórmula mágica, mas os estudos das teorias apresentadas nos
mostram que para cada empresa vai existir uma, ou um conjunto de teorias que se encaixe na sua
forma gerenciamento estratégico e que, as empresas podem mudar, ao longo de suas gestões, a sua
estratégia, de acordo com o mercado, a economia e os recursos disponíveis no momento.

Perguntas:

1) A Teoria da Agência traz uma visão do ser humano como ser racional e egoísta e que
privilegia seus interesses pessoais, de que forma ele impacta na visão estratégica da
empresa?
2) Pensando no futuro e na analogia de pêndulo trazida pelo texto, impossível pensar que ,
no futuro, a estratégia das empresas pode voltar a se basear somente nas questões externas?

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