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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DA INFORMAÇÃO E DO
CONHECIMENTO

IDA CONCEIÇÃO ANDRADE DE MELO

A PRIMEIRA GIBITECA PÚBLICA SERGIPANA: MANUAL DE CATALOGAÇÃO


DE ACERVOS DE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS

SÃO CRISTÓVÃO-SE
2022
IDA CONCEIÇÃO ANDRADE DE MELO

A PRIMEIRA GIBITECA PÚBLICA SERGIPANA: MANUAL DE CATALOGAÇÃO


DE ACERVOS DE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS

Dissertação apresentada à Universidade


Federal de Sergipe, como parte das exigências
do Programa de Pós-Graduação em Ciência da
Informação para avaliação no Seminário de
Defesa do Mestrado Profissional em Gestão da
Informação e do Conhecimento.
Orientadora: Profa. Dra. Valéria Aparecida
Bari

SÃO CRISTÓVÃO-SE
2022
Dados de Catalogação na Publicação (CIP)

Melo, Ida Conceição Andrade de


M528p A primeira gibiteca pública sergipana [manuscrito]: manual de
catalogação de acervos de histórias em quadrinhos / Ida Conceição
Andrade de Melo. – São Cristóvão, 2022.
123 f. : il. ; color.

Orientadora: Prof. Dra. Valéria Aparecida Bari.


Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) –
Universidade Federal de Sergipe, Programa de Pós-graduação em
Ciência da Informação, Mestrado Profissional em Gestão da
Informação e do Conhecimento, 2022.

1. Gibiteca. 2. Histórias em Quadrinhos. 3. Biblioteca Pública.


I. Bari, Valéria Aparecida, orientadora. II. Título.

CDU 741.5:027.022
CDD 741.5.07.026
Ficha elaborada pela bibliotecária Joyce Dayse de Oliveira Santos (CRB-5/SE-002005).
IDA CONCEIÇÃO ANDRADE DE MELO

A PRIMEIRA GIBITECA PÚBLICA SERGIPANA: MANUAL DE CATALOGAÇÃO


DE ACERVOS DE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS

Dissertação apresentada à Universidade


Federal de Sergipe, como parte das exigências
do Programa de Pós-Graduação em Ciência da
Informação para avaliação no Seminário de
Defesa do Mestrado Profissional em Gestão da
Informação e do Conhecimento.

Avaliação: 9,9 – Conceito A


Data da defesa: 20 de outubro de 2022

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________
Profa. Dra. Valéria Aparecida Bari
(Orientadora)

_____________________________________________
Prof. Dr. Rubem Borges Teixeira Ramos
(Membro convidado- UFG)

____________________________________________
Profa. Dra. Janaina Fialho
(Membro convidado- PPGCI-UFS)
Dedico à Alexandre da Silva Conceição
(in memoriam).
AGRADECIMENTOS

A construção desta dissertação não seria possível sem a contribuição das instituições
envolvidas, da orientação e da participação de pessoas especiais durante todo esse trajeto, de
antemão, obrigada a todos, nada disso seria possível sem vocês.
Agradeço inicialmente à minha grande orientadora Dra. Valéria Aparecida Bari, por desde a
graduação ser mais que uma professora para mim, como também uma grande amiga, que
esteve comigo ao longo desses anos me dando força, me orientando, torcendo por mim com
tanta alegria e orgulho, fazendo jus a posição de mestra, sua jovem Padawan jamais esquecerá
os seus ensinamentos;
Aos meus pais, Iara da Conceição Andrade de Melo, por ser a melhor mãe do mundo, estando
sempre ao meu lado em todas as minhas decisões, torcendo, vibrando e chorando quando não
fomos o que queríamos cada ação da senhora em minha vida um dia poderei recompensar
com gratidão, lhe dando muito orgulho e Valdir Silva de Melo (in memorian), que apesar de
não está mais comigo em vida, sei que estaria comemorando este momento com toda alegria
do mundo, e se gabando a todos com “minha filha é mestra”, demonstrando todo o orgulho
que sempre teve de sua filha;
Aos meus irmãos, Valber, Inara, Valdson, Valdir e Gutembergue, e aos meus sobrinhos
Kyria, Erus, Anthony e Ysis, por sempre torcerem por meu sucesso, celebrando comigo cada
vitória, respeitando meus momentos de estudos trancadas no quarto por horas, sempre me
alimentando e se preocupando comigo, muito obrigada;
Aos meus cunhados Iquiane, Edineide, Camila e Edyvan, por todas as alegrias compartilhadas
comigo nos meus momentos de estresse acadêmico;
À minha segunda família, Fabio, Carla, Ana Lyz e Pedro;
À minha tia Maria das Graças, que desde criança sempre cuidou de mim, me ajudando sempre
que eu precisei, me apoiando e compartilhando tantos momentos de alegrias e preocupações, a
senhora é fundamental para todo o meu sucesso, serei eternamente grata;
Aos meus amigos Julianny Ribeiro, Angelo Bezerra, Izadora Costa, Lindi Domingos e Joyce
Dayse, por serem os melhores parceiros de minha vida, sempre me ajudando em tudo que está
ao seu alcance, sem medir esforços para que eu possa me sentir realizada, e por sempre me
ajudarem em momentos difíceis, escutando as mil e uma reclamações repetidas da forma mais
atenciosa e empática e por estarem ao meu lado nos momentos felizes também;
Aos amigos que durante o mestrado sempre torceram por cada etapa, celebraram cada
conquista, me parabenizando e me ajudando de alguma forma, vocês são muito especiais,
sempre senti a força de cada um de vocês, Leticia Barros, Priscylla Buarque, Daniel Martini,
Vivi Rocha, Matheus Andrade, Fátima Oliveira, Tomás, Abson Junior, Juliana Silveira,
Jaqueline Mendonça, Elizabete Gomes, Avan Pereira, Célio Dias, Livia Maria, Maria Clara
Reinol, Felipe Falcão, Igor Cruz, Fábio e Edriew;
Às minhas primas Ida Hora, Sabrina Ellen, Suze Andrade, Ida Correia, Valdineia Melo,
Eninha Melo e Livia Melo, e aos meus primos Adelson Andrade, Alisson Andrade e Josué
Melo, por serem parceiros de uma vida;
Às minhas tias Alba Simone, Adelúcia Andrade e Goreth Vieira, por me amarem e me
apoiarem durante toda a minha vida;
Aos docentes do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade
Federal de Sergipe, em especial à Janaina Fialho, Pablo Boaventura, Martha Cabral, Telma de
Carvalho, Alessandra Araújo e Renata Costa, pelos ensinamentos durante meu período como
mestrando e representante discente, sempre respeitando minhas opiniões e demonstrando
parceria entre professores e alunos, vocês me ensinaram além da academia;
Ao professor Antonio Edilberto Costa Santiano, por desde a graduação ser um grande amigo;
Aos meus colegas de curso, em especial, Allan Alberto, André Nunes, Loize Raquel, Matheus
Ribeiro, Renata Santos e Alexandre Silva (in memorian), que apesar dos estresses
acadêmicos, foram grandes parceiros durante todo o mestrado, sempre auxiliando uns aos
outros, construindo amizades muito especiais;
À minha ex-chefe e colega de mestrado Kelly Cristina, por ser mais que uma mentora, mas
uma amiga, que me deu tanto exemplo como profissional e como pessoa;
Aos meus alunos enquanto estágio docência, Ana Cátia, Regina, Acácia, Jaqueline, Maria
Clara, Wanderclermersson, Magna e Nauanna, por me mostrarem a alegria que é ser uma
docente;
Á Universidade Federal de Sergipe, uma Instituição de Ensino Superior Pública, gratuita, de
qualidade e inclusiva;
Por fim, aos grupos de pesquisas da qual sou participante Grupo de Pesquisa em Leitura,
Escrita e Narrativa (PLENA) e a Associação de Pesquisadores em Arte Sequencial (ASPAS),
que foram fundamentais no fornecimento de conhecimentos e contatos com tantos
pesquisadores de histórias em quadrinhos maravilhosos, que ao longo desta pesquisa sempre
me auxiliaram na retirada de dúvidas e sugestões.
RESUMO

A Gibiteca é um acervo especializado em Histórias em Quadrinhos (HQ), que pode funcionar


como um setor da departamentalização de uma unidade de informação, uma coleção especial,
ou mesmo se constituir numa unidade de informação independente e autônoma. Considerando
as características pertinentes a esse tipo de unidade de informação, esta dissertação tem como
problema de pesquisa a representação descritiva e temática, e a organização dos espaços
físicos e ambientes virtuais desses acervos. Tendo como questionamento: Como catalogar
acervos de HQ, considerando as especificidades desta fonte, para viabilizar a Organização do
Conhecimento e da Informação em Gibitecas? Seu objetivo geral foi o de elaborar um produto
editorial que visa propor um método de representação descritiva, temática e de indexação
(catalogação) para o acervo de HQ da gibiteca projetada, com aprofundamento analítico e
adaptação dos instrumentos já aplicados aos outros setores da Biblioteca; aplicar os princípios
do Guia Prático de Classificação Indicativa do Governo Federal às obras, para gerar
informação que facilite a mediação de leitura, com respeito às faixas etárias e sugerir recursos
informacionais, ou seja, produtos e serviços especializados para leitores de HQ e voltado para
o fomento à cultura leitora e a leitura pública. Seu referencial teórico trouxe um estudo
sistemático sobre as HQ e suas características, assim como da Gestão da Informação e do
Conhecimento em Gibitecas. Como metodologia, o estudo foi caracterizado como
bibliográfico, com seus objetivos descritivos e exploratórios, de análise qualitativa, natureza
aplicada, e um estudo de caso na Biblioteca Pública Estadual Epiphanio Dória, localizada em
Aracaju-SE. Como resultados, obteve um levantamento bibliográfico pertinente a
representação descritiva e temática do item quadrinhístico; informações sobre o Acervo de
Quadrinhos da Biblioteca Pública Estadual Epiphanio Dória; uma análise dos espaços físicos
e ambientes virtuais das principais gibitecas brasileiras e algumas comictecas. O produto
“Manual de Catalogação para acervos de histórias em quadrinhos: como organizar uma
gibiteca” apresenta uma normativa referente a representação descritiva e temática do item
quadrinhístico, modelos de etiquetas com classificação indicativa e sinalizações para obras em
suporte digital, orientações sobre a organização dos espaços e ambientes, indicações de ações
e animações culturais voltadas para gibiteca, e um calendário para programação para eventos
relacionados às HQ. Conclui-se que a elaboração do manual, produto desta dissertação, pode
se estabelecer como um modelo de gestão para implantação e trabalho especializado em
outras unidades de informação, com conteúdo generalizante, conceitual e atualizado.

Palavras-chave: gibiteca; histórias em quadrinhos; manual de catalogação.


ABSTRACT

The Gibiteca is a collection specialized in Comics (HQ), which can function as a


departmentalization sector of an information unit, a special collection, or even constitute an
independent and autonomous information unit. Considering the characteristics relevant to this
type of information unit, this dissertation has as its research problem the descriptive and
thematic representation, and the organization of physical spaces and virtual environments of
these collections. Having as a question: How to catalog HQ collections, considering the
specifics of this source, to enable the Organization of Knowledge and Information in
Gibitecas? Its general objective was to develop an editorial product that aims to propose a
method of descriptive, thematic and indexing (cataloging) representation for the HQ
collection of the projected comic book library, with analytical depth and adaptation of the
instruments already applied to other sectors of the Library; to apply the principles of the
Federal Government's Practical Guide to Ratings to the works, to generate information that
facilitates the mediation of reading, with respect to age groups and to suggest informational
resources, that is, specialized products and services for comic book readers and aimed at the
promotion of reading culture and public reading. Its theoretical framework brought a
systematic study of comic books and their characteristics, as well as Information and
Knowledge Management in comic books. As a methodology, the study was characterized as
bibliographic, with its descriptive and exploratory objectives, qualitative analysis, applied
nature, and a case study at the Epiphanio Dória State Public Library, located in Aracaju-SE.
As a result, it obtained a bibliographic survey relevant to the descriptive and thematic
representation of the comic book item; information on the Collection of Comics at the
Epiphanio Dória State Public Library; an analysis of the physical spaces and virtual
environments of the main Brazilian comic books and some comic libraries. The product
“Catalogation Manual for collections of comics: how to organize a comic book library”
presents a normative regarding the descriptive and thematic representation of the comic item,
models of labels with indicative classification and signs for works in digital support,
guidelines on the organization of the comics. Spaces and environments, indications of cultural
actions and animations aimed at comics, and a schedule for programming for events related to
the comics. It is concluded that the elaboration of the manual, product of this dissertation, can
be established as a management model for implantation and specialized work in other
information units, with generalizing, conceptual and updated content.

Keywords: comic book; comics; cataloging manual.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Simbolo do Comics Code...................................................................... 22


Figura 2 - Maus....................................................................................................... 23
Figura 3 - Desaplanar............................................................................................. 24
Figura 4 - Pesquisas sobre quadrinhos no Brasil.................................................... 25
Figura 5 - Gibiteca de Curitiba............................................................................... 28
Figura 6 - Sumário do AACR2R............................................................................ 37
Figura 7 - Código de classificação de Histórias em Quadrinhos............................ 41
Figura 8 - Cores da sinalização de etiquetas........................................................... 42
Figura 9 - Fachada da Biblioteca Pública Estadual Epiphanio Dória..................... 47
Figura 10 - Estante com acervo................................................................................ 59
Figura 11 - Estante com acervo................................................................................ 50
Figura 12 - Planejamento das etapas da coleta de dados e pesquisa........................ 51
Figura 13 - Planejamento estratégico....................................................................... 52
Figura 14 - Exemplo de classificação indicativa na obra......................................... 53
Figura 15 - Modelo de SWOT.................................................................................. 56
Figura 16 - Mapa de posicionamento SWOT da BPED........................................... 57
Figura 17 - Mapa de posicionamento SWOT da Gibiteca........................................ 57
Figura 18 - Fachada do Acervo de Quadrinhos........................................................ 60
Figura 19 - Peça publicitária de divulgação da inauguração.................................... 61
Figura 20 - Acervo de histórias em quadrinhos da BPED........................................ 62
Figura 21 - Acervo de histórias em quadrinhos da BPED........................................ 63
Figura 22 - Coleção de mangás da BPED................................................................ 64
Figura 23 - Preenchimento do MARC...................................................................... 65
Figura 24 - Gibitecas do Brasil................................................................................. 67
Figura 25 - Gibiteca Henfil e João Pessoa................................................................ 68
Figura 26 - Gibiteca de Fortaleza............................................................................. 69
Figura 27 - Gibiteca de Brasília................................................................................ 70
Figura 28 - Gibiteca Jorge Braga.............................................................................. 71
Figura 29 - Gibiteca Mais Cultura............................................................................ 72
Figura 30 - Gibicicleta.............................................................................................. 73
Figura 31 - Gibiteca de Curitiba: Exposição............................................................ 73
Figura 32 - Gibiteca de Curitiba: Laboratório e/ou sala de aula.............................. 74
Figura 33 - Gibiteca de Curitiba: Acervo................................................................. 74
Figura 34 - Gibiteca da BPE..................................................................................... 75
Figura 35 - Gibiteca da Biblioteca Municipal Olavo Bilac...................................... 75
Figura 36 - Gibiteca Henfil: Espaço físico............................................................... 76
Figura 37 - Gibiteca Henfil: Acervo......................................................................... 77
Figura 38 - Gibiteca Municipal Rodrigues Paes....................................................... 78
Figura 39 - Gibiteca Mauricio de Sousa................................................................... 78
Figura 40 - Gibiteca Eugênio Colonnese.................................................................. 79
Figura 41 - Gibiteca Escolar Helena Fonseca.......................................................... 80
Figura 42 - Comicteca de Callao.............................................................................. 81
Figura 43 - Comicteca Galilea Ramirez................................................................... 81
Figura 44 - Comicteca da Murcia............................................................................. 82
Figura 45 - Comicteca de Tres Cantos..................................................................... 83
Figura 46 - Site da Gibiteca Henfil........................................................................... 84
Figura 47 - Seu olhar da Gibiteca Henfil.................................................................. 85
Figura 48 - Site da Gibiteca Mais Cultura................................................................ 86
Figura 49 - Site da Gibiteca Mais Cultura................................................................ 86
Figura 50 - Blog de Gibiteca Escolar Helena Fonseca............................................. 87
Figura 51 - Recursos de Quadrinhos da Comicteca de Tres Cantos........................ 88
Figura 52 - Capa e segunda capa do Produto........................................................... 90
Figura 53 - Segunda capa do Manual....................................................................... 91
Figura 54 - Apresentação do Manual....................................................................... 92
Figura 55 - Metadados do Manual............................................................................ 93
Figura 56 - Controle de autoridade do Manual......................................................... 94
Figura 57 - Códigos de classificação do Manual...................................................... 95
Figura 58 - Exemplos de preenchimento MARC do Manual................................... 96
Figura 59 - Modelo de etiqueta do Manual.............................................................. 97
Figura 60 - Organização física no Manual............................................................... 99
Figura 61 - Espaços físicos e ambientes virtuais no Manual.................................... 100
Figura 62 - Oficinas e Eventos no Manual............................................................... 101
Figura 63 - Calendário das Histórias em Quadrinhos no Manual............................ 102
Figura 64 - Apresentação das autoras no Manual..................................................... 103
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Percepções conceituais da mediação na Ciência da Informação.... 26


Quadro 2 - Formatos de obras de Histórias em Quadrinhos............................. 31
Quadro 3 - Paradigmas da Ciência da Informação............................................ 33
Quadro 4 - Gêneros Ficcionais.......................................................................... 43
Quadro 5 - Vocabulário controlado da Gibiteca Henfil.................................... 44
LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES

AACR2 - Código de Catalogação Anglo-Americano 2


ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
BDTD - Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações
BPED - Biblioteca Pública Epiphanio Dória
BRAPCI - Base de dados de Periódicos em Ciência da Informação
CDD - Classificação Decimal de Dewey
CDU - Classificação Decimal Universal
CEP - Comitê de Ética em Pesquisa
DDCTI/SMB - Divisão de Desenvolvimento de Coleções e Tratamento da Informação
ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente
EPI - Equipamentos de Proteção Individual
FEBAB - Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários, Cientistas de
Informação e Instituições
HQ - Histórias em Quadrinhos
LCSH - Library of Congress Subject Headings
OCI - Organização do Conhecimento e da Informação

PPGCI - Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação


SECULT - Secretária do Estado e Cultura
SWOT - Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats
TCC - Trabalho de Conclusão de Curso
TIC - Tecnologias da Informação e Comunicação
UFS - Universidade Federal de Sergipe
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 14
1.1 Objetivos................................................................................................................. 17
1.2 Justificativa............................................................................................................. 17
2 REFERENCIAL TEÓRICO................................................................................ 19
2.1 Estudo sistemático.................................................................................................. 20
2.2 Histórias em Quadrinhos...................................................................................... 21
2.3 Leitura Literária das Histórias em Quadrinhos................................................. 25
2.4 Gibiteca................................................................................................................... 27
3 GESTÃO DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO EM GIBITECA.. 33
3.1 Organização do conhecimento e da informação em gibiteca............................. 35
3.1.1 A representação descritiva das histórias em quadrinhos......................................... 36
3.1.2 A representação temática das histórias em quadrinhos........................................... 39
4 METODOLOGIA.................................................................................................. 45
4.1 Campo empírico..................................................................................................... 47
4.2 Procedimentos de coleta e análise dos dados....................................................... 50
4.3 Considerações éticas.............................................................................................. 53
4.4 Análise do desempenho organizacional............................................................... 54
4.4.1 Modelo de Matriz SWOT........................................................................................ 55
4.4.2 A Matriz SWOT....................................................................................................... 56
5 RESULTADOS E ANÁLISES.............................................................................. 59
5.1 A inauguração do Acervo de Quadrinhos da BPED.......................................... 59
5.2 A representação descritiva e temática no Manual.............................................. 65
5.3 O espaço físico dos acervos de histórias em quadrinhos.................................... 66
5.4 O ambiente virtual das histórias em quadrinhos................................................ 84
5.5 A ação e animação cultural com histórias em quadrinhos................................. 88
6 O PRODUTO......................................................................................................... 90
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................ 105
REFERÊNCIAS..................................................................................................... 107
APÊNDICE A - SWOT da Biblioteca Pública Epiphanio Dória............................ 116
APÊNDICE B - SWOT do setor Gibiteca.......................................................... 120
14

1 INTRODUÇÃO

A Gibiteca é um acervo especializado em Histórias em Quadrinhos (HQ), que


pode funcionar como um setor da departamentalização de uma unidade de informação, ou
mesmo se constituir numa unidade de informação independente e autônoma. Caracteriza-se
por reunir coleções de publicações voltadas para HQ, no todo ou em parte, assim como na
organização de séries de quadrinhos destacadas do veículo de publicação original, em formato
de Hemeroteca. As Gibitecas também se dedicam a colecionar as Narrativas Sequenciais
Gráficas anteriores, que trazem as características primordiais desse gênero literário, assim
como sua linguagem híbrida de texto e imagem e publicação em suportes típicos.
Sendo assim, a Gibiteca tem sido considerada um ambiente de grande potencial na
formação de leitores, na disponibilização de fontes de informação e conhecimento,
característicos das HQ, trazendo a identidade da produção dos bens culturais de leitura dos
mais populares e polêmicos do séc. XX. Esses acervos ingressam no séc. XX perfeitamente
integrados, com a crescente produção de e-comics e disponibilização de programas que
incentivam a criação autoral e autônoma de obras por seu público leitor.
Desse modo, é essencial que a Gibiteca como setor seja passível de uma
normativa referente a representação temática e descritiva, que incorpore todas as decisões e
preocupações referentes a recuperação da informação e do conhecimento de suas obras,
preocupando-se com a mediação de leitura, a autonomia da formação de gostos e hábitos
leitores, a apropriação da linguagem híbrida de texto e imagem para a criação de novos
conteúdos pelo seu público-alvo, e a atratividade de jovens para os ambientes culturais de
leitura.
A partir de todos esses conhecimentos e questionamentos, que vem sendo
discutidos pelos profissionais da informação e encontra-se debatida na literatura, elaborou-se
a proposta de pesquisa e intervenção denominada, que terá como finalidade elaborar diretrizes
que auxiliem na criação e organização de acervos quadrinhísticos. Assim como, entregar o
documento normativo e instrutivo, denominado “Manual de Catalogação de acervos de
histórias em quadrinhos: como organizar uma gibiteca”.
A Ciência da Informação utiliza dos processos de análise, coleta, processamento e
disseminação da informação e do conhecimento, levando em consideração os registros do
conhecimento, sua linguagem e, mídia, assim como os regimes de leitura e informação que
vão levar à formação de gostos, hábitos e preferências leitoras, o que a diferencia de outras
áreas do conhecimento, levando também em consideração a sua natureza interdisciplinar.
15

Configurando a pesquisa, seus relatórios e produtos no campo teórico da Ciência


da Informação, o objeto que representa a centralidade do estudo proposto são as HQ,
observadas como registros de conhecimento, obras literárias e de teor artístico, fontes de
informação, manifestação artística e estética com finalidade comunicacional, veículo de
intersemioses entre outras manifestações de registros do conhecimento, tanto em sua versão
tradicional quanto em sua versão digital, cuja linguagem agrega o potencial de mediação de
conteúdos científicos e conceitos complexos.
O tema dessa pesquisa é a Gibiteca, unidade de informação característica da
custódia ou acesso às produções e coleções de HQ e, pregressamente, de Narrativas
Sequenciais Gráficas em geral. É uma unidade de informação cuja gestão exige do
profissional um alto nível de especialização e apropriação de diferentes mídias, suportes e
linguagens puras e híbridas; assim como um nível de letramento, leitura e erudição que o
posicionem como interlocutor de diferentes comunidades leitoras.
A motivação da pesquisa aqui proposta é vencer o desafio da utilização das
publicações em HQ como itens de acervo especializado e setorizado, gerido e caracterizado
como unidade de informação, para a realização de todo o seu potencial como fonte de
informação, conhecimento, lazer cultural e fruição literária, por meio de produtos
informacionais e serviços especializados que sigam as mais recentes orientações dos
especialistas e as melhores práticas dos profissionais em campo.
O problema de pesquisa se refere à implantação de produtos e serviços que ainda
estão em disseminação no mundo, pois não são considerados tradicionais ou essenciais às
unidades de informação, mas estão entre os desejos, necessidades e regime de informação dos
usuários reais e potenciais das mesmas. A intervenção, por essa razão, se reveste de caráter
inovador, o que se comprova pelo ineditismo da utilização da primeira Gibiteca Pública no
estado de Sergipe como campo empírico, que já possui o Sistema Estadual de Bibliotecas
instalado e promulgado por legislação própria, pela Lei Estadual no. 6.580/2009 da Política
Estadual do Livro em Sergipe (SERGIPE, 2009).
Sendo assim, a questão de pesquisa que norteia esta pesquisa é: Como catalogar
acervos de HQ, considerando as especificidades desta fonte, para viabilizar a
Organização do Conhecimento e da Informação (OCI) em Gibitecas?
Consideramos que a OCI no ambiente especializado da gibiteca não se refere
somente ao atendimento de necessidades informacionais práticas e explícitas dos usuários
reais. O Bibliotecário e a equipe multidisciplinar envolvida na implantação da gibiteca terão
de buscar a identificação de necessidades informacionais latentes, usuários potenciais,
16

transformações inerentes às Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) e no regime de


informação. Em todos os ambientes da sociedade nos quais circulem crianças e adolescentes,
também existe a preocupação legal na disponibilização de informações segundo os princípios
de respeito à faixa etária, prática gestora que tem se constituído em um desafio recorrente às
Gibitecas.
A metodologia utilizada foi a de pesquisa qualitativa, com embasamento em um
levantamento bibliográfico, de caráter exploratório e descritivo, com sua natureza aplicada. A
observação não participante, em uma gibiteca setorizada em biblioteca pública, serviu para
verificar as estratégias de busca e relações estabelecidas entre diferentes segmentos do
público leitor e a leitura de HQ. Visto que, ao final desta dissertação, foi possibilitado o
desenvolvimento de um produto que representou uma demanda reprimida para a comunidade
bibliotecária.
Esta dissertação está dividida em 7 capítulos, sendo esses referentes a introdução,
onde apresentam-se o tema, problema, objetivos que foram traçados e justificativa escolhida
para a produção desta pesquisa. Em seguida, o referencial teórico nos capítulos dois e três,
responsáveis pela conceituação e apresentação das principais ideias e vertentes que abrangem
os assuntos mais relevantes à base teórica desse estudo.
No quarto capítulo, especifica os procedimentos metodológicos que foram
aplicados ao longo da construção da pesquisa, bem como o campo empírico, seguido do
diagnóstico realizado pela autora em parceria com a instituição, confeccionando a matriz
SWOT da instituição e do setor.
O quinto capítulo, direciona-se os resultados da pesquisa, referentes a coleta de
dados do campo empírico no processo de observação não participante, e o levantamento
bibliográfico referente as informações pertinentes a construção do produto. Sexto, a
caracterização do produto final, bem como a apresentação do seu sumário e conteúdo.
Sétimo, e último, as considerações finais do trabalho, apontando como os
objetivos foram atendidos, os principais pontos da dissertação e as perspectivas futuras para a
linha de pesquisa. Seguido das referências bibliográficas utilizadas para a construção do texto
e dos Apêndices elaborados pela autora para a complementação da pesquisa.
17

1.1 Objetivos

Os objetivos aqui descritos visam o desenvolvimento do projeto de pesquisa,


segundo a metodologia especificada, com a finalidade de concretizar a qualificação desta
dissertação de mestrado profissional.
Sendo assim, o objetivo geral da pesquisa aplicada aqui descrita foi a entrega do
produto “Manual de Catalogação para acervos de histórias em quadrinhos: como organizar
uma gibiteca”.
Já os objetivos específicos foram:
 Propor um método de representação descritiva, temática e de indexação
(catalogação) para o acervo de HQ da gibiteca projetada, com aprofundamento analítico e
adaptação dos instrumentos já aplicados aos outros setores da Biblioteca;
 Aplicar os princípios do Guia Prático de Classificação Indicativa do Governo
Federal às obras, para gerar informação que facilite a mediação de leitura com respeito às
faixas etárias;
 Sugerir recursos informacionais, produtos e serviços especializados e fontes de
canais e informações para leitores de HQ e voltado para o fomento à cultura leitora e a leitura
pública.

1.2 Justificativa

O interesse pelo conteúdo abordado nessa dissertação, partiu de um primeiro


contato da autora com a temática referente às HQ na disciplina da graduação em
Biblioteconomia e Documentação da Universidade Federal de Sergipe (UFS), sob orientação
da Profa. Dra. Valéria Aparecida Bari, orientadora deste trabalho onde, consequentemente, ao
demonstrar tamanho interesse pela área, foi responsável por acompanhar e orientar o Trabalho
de Conclusão de Curso (TCC) da autora, abordando os principais pesquisadores da Ciência da
Informação sobre HQ no Brasil.
Partindo dessa abordagem, deu-se início a uma participação mais assídua em
conjunto relacionado a interação de aluna e professora, sobre publicações a respeito de HQ,
incluindo uma colaboração referente a gibiteca em específico. O maior contato com a
temática permitiu a autora ter um conhecimento mais eficiente da necessidade da
criação/implantação de uma gibiteca sergipana.
18

No âmbito acadêmico, essa pesquisa se faz relevante pelo fato de pretender


produzir um modelo de plano de gestão, que poderá servir para pesquisas futuras sobre
gibitecas em bibliotecas públicas, servindo como um estudo pioneiro na disseminação desse
tipo de produção. A criação do produto final visa não somente atingir a instituição na qual
será aplicado, mas sim todo um sistema de bibliotecas, especialmente no nordeste brasileiro.
Para a sociedade sergipana, essa oportunidade está sendo bem explorada pela
gestão organizacional, que favorece a intervenção e colherá muitos efeitos benéficos dessa
intervenção. Afinal, a Epiphanio Dória é a principal biblioteca pública do Estado de Sergipe,
servindo de espaço cultural, como também, modelo para as unidades de informação do
Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas e Comunitárias de Sergipe.
Sendo essa a primeira experiência de implantação de uma Gibiteca Pública em
Sergipe, o apoio da pesquisa universitária é muito importante, pois o sucesso da intervenção
terá um efeito multiplicador nas estruturas culturais de bibliotecas do Estado.
19

2 REFERENCIAL TEÓRICO

As HQ, atualmente, são caracterizadas como um recurso bibliográfico de matriz


linguística híbrida, transitando entre os formatos tradicionais e digitais, com uma imensa
importância na área da educação e no incentivo à leitura. A definição de gênero HQ é
abrangente das Narrativas Sequenciais Gráficas, “como um grande rótulo que agrega vários
gêneros que compartilham uma mesma linguagem em textos predominantemente narrativos”,
segundo o pesquisador Paulo Roberto Ramos (2012, p. 21). As diferentes obras classificadas
como HQ carecem de um estudo minucioso, visto os equívocos citados, que classificam o
conjunto em relação às tipologias específicas (como tira cômica, tirinha, quadrinhos, revista,
álbum, entre outras) são frutos de um desconhecimento da amplitude da “Nona Arte”.
Compreendendo o conjunto dos elementos que definem a essência do estudo, uma
vez que a Ciência da Informação nasce no séc. XX como campo científico que engloba tanto a
pesquisa científica quanto a prática profissional, como resultado dos problemas que busca
solucionar e dos métodos escolhidos para isso ao longo do tempo, sendo essa ciência
responsável por englobar estudos das diversas áreas do conhecimento, onde pode-se
considerar um campo de estudo interdisciplinar, que de acordo com Moreira, Valentin e
Sant‟ana (2018, p. 302)

[...] investiga as propriedades e os comportamentos da informação, as forças


e as técnicas que governam os fluxos e os usos da informação, tanto manual
quanto mecânica de processamento da informação, visando sua
armazenagem, recuperação e disseminação.

A importância de se observar a Ciência da Informação é que a mesma se constitui


como campo científico interdisciplinar, como já dito anteriormente, que acompanha o avanço
das TIC, e permitem-se ter como objetos as diferentes manifestações artísticas e produções do
espírito, com características literárias, linguagens, suportes e mídias distintas. No caso das
HQ, que são classificadas como Nona Arte, essas possuem linguagem híbrida de texto e
imagem e são atualmente consideradas como obras literárias, assim como fontes de
informação e conhecimento versáteis e adequadas a ampla disseminação, por especialistas e
acadêmicos do campo da Ciência da Informação. Do ponto de vista especializado, esse estudo
também é útil à verificação das HQ de acordo com a integração às novas fontes
informacionais.
20

2.1 Estudo sistemático

Diante da importância em relacionar o tema desse estudo aos parâmetros da


Ciência da Informação, o levantamento bibliográfico aqui apresentado utiliza das bases de
dados: Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), a Base de dados de
Periódicos em Ciência da Informação (BRAPCI) e o Repositório da Federação Brasileira de
Associações de Bibliotecários, Cientistas de Informação e Instituições (FEBAB).
Importante observar a indexação desses trabalhos nessas plataformas, a fim de
recuperar o máximo de publicações relevantes para esse projeto. Foram pesquisados, nesse
caso, alguns trabalhos que levassem as nomenclaturas “gibiteca” ou “biblioteca de histórias
em quadrinhos”, em específico, num primeiro momento. Partindo desses termos, a intenção é
fazer um levantamento relevante referente aos assuntos correlacionados:

● Implantação de Gibiteca;
● Biblioteca especializada;
● Histórias em quadrinhos e seus benefícios;
● Catalogação de histórias em quadrinhos;
● Indexação de histórias em quadrinhos.

Definiu-se o marco temporal da última década, com publicações a partir do ano de


2011 até 2021. A intenção desse levantamento é a de efetivar a importância dessa linha de
pesquisa no âmbito acadêmico, observando os tipos de trabalhos desenvolvidos em outras
bibliotecas partindo da visão da mediação.
O estudo sistemático realizado nas fontes relacionadas, teve como resultado um
levantamento de trabalhos acadêmicos, distribuído entre artigos científicos, teses e
dissertações.
Utilizando uma estratégia de análise qualitativa, foi possível observar que a
maioria dos referenciais analisados se utiliza dos pesquisadores brasileiros Waldomiro
Vergueiro, Valéria Bari, Hélio Pajeú, Rubem Borges T. Ramos, Hugo Abud, Lígia Maria M.
Dumont, Natânia Nogueira, Paulo Roberto Ramos, Márcia Mendonça e Valéria Aparecida
Bari. Sendo estes os autores principais para a fundamentação teórica aqui apresentada,
consequentemente, é necessário que exista um aprofundamento nos juízos e conceitos
praticados para o projeto em questão, utilizados como base teórica para esse referencial nas
seções a seguir.
21

2.2 Histórias em Quadrinhos

Pela característica gráfico-visual das HQ, podemos considerar que a leitura e a


compreensão desse gênero literário são complexas e dependem de um nível de letramento,
levando-se em consideração a temática, o estilo, o contexto de produção e de recepção, o
propósito comunicativo e o conhecimento de mundo do leitor, onde “os produtores das
narrativas gráficas sequenciais precisam elaborar ilustrações que permitam ao leitor
complementar mentalmente as ações entre as sequências de planos” (CARDOSO; LASSALA,
2020, p. 2). Desse modo, o exercício da leitura torna-se mais amplo, auxiliando no
desenvolvimento mental de outros aspectos também. Concordamos com Mendonça (2010, p.
210) quando diz que,

Visualmente, as HQ são facilmente identificáveis dadas a peculiaridade dos


quadros, dos desenhos e dos balões. Entretanto, as HQ revelam-se um
gênero tão complexo quanto os outros no que tange a seu funcionamento
discursivo. Por isso, categorizá-las exige um grande esforço de
sistematização, tendo em vista a multiplicidade de enfoques possíveis.

Além disso, os hábitos de utilização dos leitores e as políticas editoriais


contribuíram por muito tempo para as HQ permanecerem em uma espécie de limbo
informacional. Para Pajeú et al. (2007, p. 1) “HQ têm uma imagem infantil e sem
importância, porém elas fizeram e fazem parte da vida de muitas pessoas, acompanhando
gerações tendo um papel fundamental na sociedade”, dificilmente classificáveis, e
consequentemente, dificilmente reconhecidas.
Andraus (1999, p. 43), por sua vez, afirma que as HQ são dotadas de valor
cultural, o mesmo constitui como:

[...] a função cultural que as Histórias em Quadrinhos têm como importante


veículo de expressão de ideias e conceitos, contribuindo, além do lazer, na
formação educacional em todos os âmbitos dos seres humanos,
principalmente acerca de questionamentos de ordem filosófica, intrínsecos
ao homem, funcionando como importante ferramenta de reflexão e de
conduta ético-cultural, atingindo desde a tenra infância à idade adulta, visto
que [...] as HQ também são produzidas para todas as faixas de idade, tal qual
o são as outras formas de comunicação e arte fonte.

Durante um determinado tempo esse tipo de literatura foi considerada até mesmo,
inapropriada, não somente para as crianças, mas também para adultos, sofrendo censura e
22

difamação, onde foi imposto um tipo de classificação indicativa severa, também conhecido
como Comics Code Authority (Figura 1).

Figura 1 – Simbolo do Comics Code

Fonte: Quadrinheiros Indicam (2015)1.

Essa política pública iniciou-se nos anos 1950, com base no estudo publicado pelo
psicólogo austríaco Fredrick Werthan, um especialista consagrado no tratamento de jovens
com disturbios comportamentais. Werthan produziu trabalhos anti-quadrinhos cujo conteúdo
polêmico foi potencializado pelo ambiente social criado pela “Guerra Fria”2 nos Estados
Unidos,

Ele acreditava que as HQ eram perniciosas e nocivas à formação do caráter


das crianças. Com o impacto de seu artigo, Werthan escreveu Sedução dos
Inocentes, também contra os quadrinhos, o livro levou o senado norte
americano a obrigar os editores a criarem o “American Comics Code”,
código que censurava deliberadamente muitas formas de quadrinhos e
vigorou por muitos anos nos EUA. (FRANCO, 2009, p. 1, grifo nosso).

A aplicação do Comics Code teve reflexo também no Brasil, durante a ditadura


militar (1964-1985), onde muitas revistas e quadrinhistas tinham suas publicações censuradas

1
Disponível em: https://quadrinheiros.com/2015/04/08/a-historia-das-historias-em-quadrinhos-a-era-de-prata/.
Acesso em: 12 jan. 2022.
2 Guerra Fria foi um período de tensão geopolítica entre a União Soviética e os Estados Unidos e seus
respectivos aliados, o Bloco Oriental e o Bloco Ocidental, após a Segunda Guerra Mundial, que gerava temor
social por espionagem nas comunicações e doutrinações inseridas nos bens culturais em circulação.
23

ou até mesmo modificadas. Santos e Queluz (2018, p. 3), descrevem a situação em uma
publicação referente aos quadrinhos de Claudio Seto e Minami Keizi3,

No documentário A Guerra dos Gibis, é apresentado um relato de Minami


Keizi sobre sua saída da sociedade da editora Edrel em 1972, alegando
pressões da censura do regime militar que estavam fazendo com que a
editora mudasse de linha. Fernando Ikoma, também quadrinista da Edrel,
relata que na época comentava-se que foi a censura que acabou com a
editora e com outras que seguiam a mesma linha.

Esse relato se faz relevante apenas para demonstrar como os quadrinhos foram
sendo classificados ao longo do tempo, e como isso reflete na atualidade, na dificuldade em
incluir esse estilo literário nos materias paradidáticos, ou até mesmo no âmbito acadêmico,
onde, felizmente, vem acontecendo mudanças com bastante frequência. Isso se deu
principalmente após a publicação e premiação das HQ, “Maus” de Art Spiegelman (Figura 2),
sendo esta a primeira a receber o prêmio Pulitzer4.

Figura 2 – Maus

Fonte: Spiegelman (2005).

E a tese de doutorado “Desaplanar” de Nick Sousanis (Figura 3), da Universidade


de Harvard, apresentando, de forma prática, o quanto esse gênero pode ser utilizado como

3
“Minami Keize e Claudio Seto foram pioneiros do estilo mangá no Brasil na década de 1960” (SANTOS;
QUELUZ, 2018, p. 2).
4
É um prêmio estadunidense outorgado a pessoas que realizem trabalhos de excelência na área do jornalismo,
literatura e composição musical. É administrado pela Universidade de Colúmbia, em Nova Iorque.
24

fonte de informação e seus benefícios para a formação do leitor, dentre outras características
principais.

Figura 3 – Desaplanar

Fonte: Sousanis (2015).

Sendo assim, as HQ passaram a ter um espaço mais “sério” em relação as suas


produções, com a valorização de seu conteúdo informacional e cultural. Isso se dá
principalmente quando a sociedade passa a entender que os quadrinhos não são feitos somente
para crianças, aliás, em sua grande maioria são destinados ao público adulto. Juntamente com
as obras citadas, houve trabalhos em âmbito nacional que contribuiram com a disseminação
das HQ como fonte de informação e pesquisa (Figura 4):
25

Figura 4 – Pesquisas sobre quadrinhos no Brasil

Fonte: elaborado por Ida Conceição Andrade de Melo, com base em conteúdo disciplinar de Bari (2022).

As Histórias em Quadrinhos seguiram por um longo caminho, para consagrar-se


como objeto de pesquisa nas universidades brasileiras.

2.3 Leitura Literária das Histórias em Quadrinhos

Com as HQ consagrando-se como fonte de informação e conhecimento, a sua


disponibilização como Leitura Literária passou a ter um novo destaque. Isso se dá,
principalmente, pelo fato dos pesquisados de diversas áreas do conhecimento, principalmente
da Ciência da Informação, apresentarem vários estudos práticos e teóricos que comprovam
que esse gênero não deve ser marginalizado nos processos de Mediação da Leitura e formação
de leitores. Parafrazeando Bari (2012), durante seu depoimento em entrevista, “os quadrinhos
deixam as pessoas mais inteligentes” (informação verbal5).
Para que o estudo aqui apresentado seja ajustado à centralidade da Ciência da
Informação, sem desconsiderar a importância de outros campos do conhecimento em relação
a esse complexo fenônemo da leitura e formação do leitor, é necessário uma conceituação
sobre as práticas de Mediação, na visão dos pesquisadores da Ciência da Informação (Quadro
1).

5
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=DzGcxHb27lQ. Acesso em: 12 jan. 2022.
26

Quadro 1 - Percepções conceituais da mediação na Ciência da Informação


Autor Ano Percepções Teóricas
“[...] Mediação significa que entre estímulo e resposta há um espesso espaço de
Jesus Martin- crenças, costumes, sonhos, medos, tudo o que configura a cultura cotidiana” (p.
2000
Barbero 157).
"[...] podemos considerar que o mediador do ato de ler é o indivíduo que aproxima
Sueli Bortolin 2001 o leitor do texto. Em outras palavras, o mediador é o facilitador desta relação"
(p. 30).
"[...] um conjunto de elementos de diferentes ordens (material, relacional,
Edmir Perroti 2004
semiológica) que se interpõem e atuam nos processos de significação” (p. 84)
“[...] uma construção teórica destinada a refletir sobre as práticas e os dispositivos
Regina Maria que compõem os arranjos de sentidos e as formas comunicacionais e
2009
Marteleto informacionais nas sociedades atuais, sem perder de vista os elos que, tanto os
conteúdos, quanto os suportes e os acervos mantêm com a tradição cultural” (p. 19).
Armando “A mediação manifesta-se na emergência de uma linguagem, de um sistema de
Malheiro da 2010 representações comum a toda uma comunidade, a toda uma cultura” (p. 70).
Silva
“Considera-se a mediação um conjunto de práticas sociais, que se
Jean Caune 2014 desenvolvem em setores institucionais variados e que visam construir um espaço
determinado pelas relações que nele se manifestam”(p. 73).
“São processos de interlocução ou de interação entre os membros de um grupo
Marco Antônio ou comunidade, que permitem o estabelecimento e a sustentação dos laços de
2014
de Almeida sociabilidade [...]” (p. 196).
“A mediação é dependente de comunicação. Ocupando-se da transmissão cultural
Henriette
2019 e dos processos de compartilhamento por meio dos quais os sujeitos podem gerar
Ferreira Gomes
significações, a mediação da informação tem uma dimensão dialógica” (p. 16).
Jonathas Luiz “Conjunto construtivo de práticas de intervenção e interferências tipificadas por
2015
Carvalho Silva elementos técnicos, pedagógicos e institucionais” (p. 93).
“Toda ação de interferência – realizada em um processo, por um profissional e na
ambiência de equipamentos informacionais – direta ou indireta; consciente ou
Oswaldo inconsciente; singular ou plural; individual ou coletiva; visando a apropriação de
Francisco de 2019 informação que satisfaça, parcialmente e de maneira momentânea, uma
Almeida Júnior necessidade informacional, gerando conflitos e novas necessidades
informacionais” (p. 18).
Fonte: elaborado por Ida Conceição Andrade de Melo, com base em Belchior (2021).

Esses conceitos são fundamentais para entender como deve ser feita a Mediação
de obras quadrinhísticas no processo de Leitura Literária, pois, deve-se ter cuidado com o
conteúdo a ser mediado, considerando que nem todos os quadrinhos, aliás, a maioria não é
destinado ao público infantil. No que se refere a mediação das HQ os conceitos apontados por
Silva (2010) e Caune (2014) podem estar melhor caracterizados para o ambiente da Gibiteca.
Sobre a prática da Leitura, Belchior (2021, p. 25), diz que “é uma experiência que
sob a ótica contemporânea participa como processo de cidadania e inclusão social, seria então
o acesso à leitura um direito a ser revisto, ampliado e fundamentado pelas políticas públicas”,
passando assim, a considerar essa ação um direito do cidadão, que auxilia na sua inclusão
social. Já Almeida Júnior (2007, p. 33) diz que “a leitura, assim como a escrita, é a expressão
27

máxima da inventividade, da criatividade e da intelectualidade do homem [...] ler é se


apropriar do acervo de conhecimentos e experiências da humanidade”.
Pensando nisso, a Leitura Literária segundo Abreu e Dumont (2021, p. 400),

[...] leva o indivíduo ainda mais longe: permite-lhe conhecer a si mesmo e ao


universo do qual faz parte, sendo, pois, decisiva para o seu enriquecimento
social, afetivo, ético e estético. Em outras palavras, à literatura, como forma
de arte, cabe um papel potencialmente humanizador do sujeito leitor.

Podendo ser interpretada como uma ação mais profunda do ato de ler. Para Bari e
Ferreira (2017, p. 38),

Assim, além da mediação dos conteúdos da leitura literária, uma adaptação


em quadrinhos bem elaborada pode aprimorar o próprio ato de ler. Desta
forma, o ritmo da narrativa passa a ser impresso pelas vinhetas, que
mostram o curso dos acontecimentos de uma forma mais natural, ajudando o
leitor a compreender o desenrolar da ação, criando mais uma camada de
informação que aprofunda a semantização do texto original.

Desse modo, a aplicação de ações de mediação da leitura de quadrinhos auxilia


não somente no processo de leitura, mas também de entendimento e pertencimento da
informação e do conhecimento, auxiliando não somente na formação de leitores, mas também
na valorização do hábito da leitura.
Mas, a disseminação e valorização dessas obras independem do seu público-alvo,
pois a fruição estética dos quadrinhos é afetiva e lúdica, e pode ser destinada a todo e
qualquer público. Sendo caracterizada como um estilo literário que pode ser disseminado para
vários tipos de usuários, se faz necessário a criação de acervos ou setores especializados, para
que as HQ possam apoiar a formação de leitores no âmbito da Biblioteconomia Social. Com
seu tratamento e gestão adequada, são aqui socialmente apresentadas as conhecidas Gibitecas.

2.4 Gibiteca

A gibiteca é um acervo especializado ou unidade de informação cujas coleções


são compostas de obras na linguagem das HQ ou obras referenciais analíticas sobre a
linguagem e as mídias das HQ “cunhava-se o termo genérico para denominar qualquer
biblioteca que colocasse as histórias em quadrinhos como o centro de sua prática de serviço
de informação” (VERGUEIRO, 2005, p. 4). As principais gibitecas no Brasil e no mundo
28

encontram-se em unidades de informação voltadas para a leitura pública. Porém, existem


setores especializados em bibliotecas universitárias e escolares.
Nosso país é pioneiro no reconhecimento do valor da Nona Arte. Como fato
predecessor, temos também, a primeira exposição internacional de quadrinhos do mundo,
ocorrida em 1951, na cidade de São Paulo, capital do estado brasileiro de mesmo nome. Com
isso, a primeira gibiteca do mundo foi inaugurada em 1982, no Brasil, a Gibiteca de Curitiba
(Figura 5).

Figura 5 – Gibiteca de Curitiba

Fonte: Curitiba (2020).

Segundo o Site da Gibiteca, a mesma atualmente:

O local dispõe de mais de 32 mil títulos de todos os gêneros de histórias em


quadrinhos, para consultas, além de abranger outras iniciativas, entre elas
cursos, oficinas de criação, exposições, palestras, lançamentos e encontros
de RPG (Roleplay Game), envolvendo o que há de melhor na produção
brasileira e internacional. Grandes nomes da HQ brasileira como Laerte,
Angeli, Glauco, Luiz Gê, Primaggio, Malavoglia & Garfunkel, entre outros,
estiveram na Gibiteca, trocando informações com a nova geração de
cartunistas. Aos poucos, artistas curitibanos também foram despontando no
cenário nacional e hoje têm seus desenhos e histórias estampados em jornais
e revistas de todo o Brasil. (CURITIBA, 2020, n.p.).

Originalmente, “Gibi” era uma revista em quadrinhos lançada por Roberto


Marinho, na “Editora Globo”, “o sucesso da publicação foi tamanho, que o nome Gibi, que
originalmente batizava o garotinho que figurava na portada da revista, tornou-se sinônimo de
29

„revista em quadrinhos‟ no Brasil, até os dias de hoje” (BARI, 2008, p. 44) em 1939, ela
possuía um formato muito agradável e de boa distribuição no país. Onde, segundo Vergueiro
(2005, p. 4);

[...] quando uma instituição pública na capital do estado do Paraná decidiu


fundar a primeira unidade desse tipo, que batizou com o nome de gibiteca,
um neologismo que mescla a forma como as revistas de histórias em
quadrinhos são tradicional e carinhosamente referidas no país – gibis -, com
as unidades de informação – bibliotecas.

Como indica o nome, a adoção do conceito de gibiteca vem do termo “Gibi”


popularmente disseminado no Brasil como um dos nominativos das HQ, e segundo Vergueiro
(2003, n.p.) significa “um neologismo que buscava nomear uma biblioteca especialmente
dedicada à coleta, armazenamento e disseminação de histórias em quadrinhos”.
Ainda segundo Vergueiro ([s.d] apud DEMENECK, 2016, n.p., grifo nosso) “o
Centre Belge de la Bande Dessinée [de 1989] e a hoje conhecida como Cité Internationale de
la Bande Dessinée [de 1984] foram as primeiras entidades europeias a dar um destaque
especial às publicações de histórias em quadrinhos”, confirmando assim, até a presente data,
que a primeira biblioteca especializada em um acervo de HQ, detendo valor cultural, é
brasileira.
Sobre a aplicação de OCI em Gibitecas, é necessário considerar o fato de os HQ
terem um público-leitor multidisciplinar, onde deve-se pensar em uma forma de representação
temática e descritiva que contemple as características não somente das obras, como fonte de
conhecimento, mas também dos seus possíveis usuários.
Ao mesmo tempo, é importante também, pensar no acesso aos conteúdos
adequados às faixas etárias consulentes, considerando que o baixo nível de conhecimento
literário dos brasileiros sobre o gênero, costuma atribuir as HQ como 100% de literatura
infantil, quando na verdade a produção mundial tende a ser quase que totalmente voltada ao
público adolescente e adultos. Aqui, no Brasil, compreendamos que a produção voltada para
os adultos possui temas e conteúdos maduros, cuja leitura precoce poderá ferir os princípios
do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Assim sendo, elementos estruturais como a organização física do acervo e
sinalização que cubra e facilite para todas as demandas de tipologia de usuários, são
prerrogativas informacionais e legais da gestão da Gibiteca, gerando uma organização em que
o público adolescente e adulto consigam recuperar o que desejam, com autonomia e
responsabilidade. Desta forma a representação temática e descritiva é de extrema importância
30

no processo de interação entre o leitor e o acervo. As recomendações a serem seguidas já


possuem o parâmetro de pesquisas anteriores, sendo utilizado o método publicado por Pajeú
et al. (2007).
Para Batista (2010, p. 40):

Os quadrinhos carecem de modelos de linguagem documentária que se


aplique as suas características. Com isso, ao lidar com este tipo de coleção
em seus acervos, o profissional tende a pular a etapa de descrição do
conteúdo e imediatamente faz o armazenamento.

Sobre o tipo de acervo de HQ, Abud (2012, p. 7, grifo do autor), apresenta a


catalogação direcionada aos formatos e suportes, no qual o “modo geral, podem se apresentar
em cinco formatos a serem identificados pelo bibliotecário catalogador, são elas: álbuns
(objeto de pesquisa desta metodologia), revistas de linha, revistas encadernadas,
minisséries, fanzines”. No Quadro 2, podemos visualizar melhor essas tipologias.
31

Quadro 2 – Formatos de obras de Histórias em Quadrinhos


Formato Descrição
Termo popular no Brasil, são as tradicionais revistas que se encontram em bancas
de jornal. São publicações seriadas, porém nem sempre possuem ISSN,
comumente são de um personagem fixo de um licenciador ou não (Mônica, Tio
Revistas de
Patinhas, Tex, Wolverine, Batman, Homem-Aranha) ou de um grupo de
Linha ou Gibis
personagens separados pelos seus licenciadores, por exemplo, Marvel (X-Men,
Wolverine, Capitão América Vingadores etc.), a DC (Batman, Superman, Lanterna
Verde)
São semelhantes às revistas de linha, geralmente, cada exemplar possui até
cinquenta páginas, porém são publicações em fascículos com uma história fechada,
Minisséries
portanto, o final da história está na última revista. Armazena-se, na Gibiteca,
geralmente em sacos plásticos com a finalidade de evitar a separação das obras.
São revistas editadas pelos próprios autores, confeccionadas de modo artesanal.
Fanzines, ou Atualmente alguns fanzines são tão bem elaborados, com projetos gráficos e
popularmente papéis de boa qualidade que chega a confundir no processo de identificação pelo
chamado de bibliotecário responsável. É um dos veículos mais acessíveis de expressão da arte
Zines de se fazer Histórias em Quadrinhos onde vários cartunistas importantes iniciaram
suas carreiras, tais como: Laerte, Angeli, Glauco, Paulo Caruso dentre outros.
São publicações que foram agrupadas em uma história fechada, não são em
formato luxo, e caracterizam-se por ser uma publicação única, geralmente foram
Revistas publicadas originalmente como minisséries, ou revistas seriadas, que por
Encadernadas ou necessidades editoriais e de consumo foram agrupadas. São mais frágeis e
TPB‟s (Trade impressas em papel jornal, porém boa parte delas contém ISBN, o que as confunde
Paperback) com os álbuns de HQ. Para esses materiais também se aplica a metodologia de
catalogação proposta, porém deve-se ter um maior cuidado no seu armazenamento
e manuseio devido à não durabilidade que este formato tem.
São materiais que possuem um acabamento editorial e gráfico melhor, não são
impressos em papel jornal como os outros formatos. Em geral são publicações de
um único autor ou coletâneas de vários autores, normalmente são inéditas. A
característica do formato Europeu de histórias em quadrinhos (Banda Desenhada
Álbuns
em Portugal), em sua maioria, é caracterizada por ser mais autoral, e possuir obras
com um bom acabamento editorial, por exemplo, Tintim e Asterix. É considerado
álbum também a compilação de tiras de determinado autor que foram publicadas
anteriormente em jornais ou revistas.
Fonte: elaborado por Ida Conceição Andrade de Melo com base em Abud (2012, p. 7).

Essa preocupação é muito importante, pois o tratamento tradicional, porém


incorreto, das HQ é geralmente determinado pela sua forma (suporte informacional) e não
pelo seu conteúdo propriamente dito. O sistema de Classificação Decimal de Dewey (CDD)6
acaba agrupando todas as formas somente como “histórias em quadrinhos”, sob a
classificação numérica 741.5 (ABUD, 2012).
Ainda segundo o Abud (2012, p. 1), que foi autor do “Manual de catalogação de
histórias em quadrinhos”, onde detalhou a forma como essas obras devem ser catalogadas em
bibliotecas públicas, onde “baseia-se em uma anteriormente utilizada pela Gibiteca Henfil e

6
Também conhecida como Sistema Decimal de Dewey, é um sistema de classificação documentária
desenvolvido pelo bibliotecário americano Melvill Dewey em 1876, e desde então enormemente modificado e
expandido ao longo de vinte e três grandes revisões que ocorreram até 2011.
32

está em constante processo de adaptação devido à variedade do mercado editorial nacional e


internacional”.
Se faz necessária uma constante atualização dos métodos de catalogação, bem
como da OIC por parte do profissional da informação responsável. Prática esta teorizada nos
estudos da Ciência da Informação no campo da Gestão da Informação e do Conhecimento.
33

3 GESTÃO DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO EM GIBITECA

A Gestão da Informação e a Gestão do Conhecimento em ambientes


organizacionais se constituem em alicerces ao „fazer‟ organizacional, ao processo decisório,
ao planejamento e às estratégias de ação. Nesse sentido, compreender essas definições em sua
complexidade redimensiona o papel da informação e do conhecimento nesses ambientes.
Todas as atividades desenvolvidas em uma organização são dependentes de informação e de
conhecimento, portanto, o estudo relacionado a esse fenômeno é extremamente importante
para o avanço da criação de uma unidade de informação, nesse caso, uma Gibiteca. Segundo
Valentim (2008, p. 1)

Estudar a informação e o conhecimento, bem como a gestão da informação e


a gestão do conhecimento em organizações públicas, se faz necessário, uma
vez que são as pessoas, por meio de suas ações/atividades, que desenvolvem
as organizações e, a partir disso, possibilitam o desenvolvimento econômico
e social à sua volta.

Seguindo a tabela de paradigmas da Ciência da Informação (Quadro 3), construída


coletivamente com base no artigo de Smit (2012, p. 90) onde foi possível identificar qual o
paradigma a seguir nesse projeto, dando destaque ao social e cognitivo: onde “o paradigma
físico priorizou o objeto, o paradigma cognitivo enfatizou o sujeito, e o paradigma social
enxerga o sujeito, contextualizado, em sua relação com o objeto-informação”.

Quadro 3 – Paradigmas da Ciência da Informação

Fonte: elaborado por Ida Conceição Andrade de Melo (2020).


34

Diante dessa definição, de que o paradigma utilizado seria o social e cognitivo,


buscamos alguns teóricos da Gestão da Informação e do Conhecimento que seguissem essas
linhas, Valentim (2008, p. 4) defende que;

A gestão da informação é um conjunto de estratégias que visa identificar as


necessidades informacionais, mapear os fluxos formais de informação nos
diferentes ambientes da organização, assim como sua coleta, filtragem,
análise, organização, armazenagem e disseminação, objetivando apoiar o
desenvolvimento das atividades cotidianas e a tomada de decisão no
ambiente corporativo. A gestão do conhecimento é um conjunto de
estratégias para criar, adquirir, compartilhar e utilizar ativos de
conhecimento, bem como estabelecer fluxos que garantam a informação
necessária no tempo e formato adequados, a fim de auxiliar na geração de
ideias, solução de problemas e tomada de decisão.

Outro teórico que trabalha bastante as hermenêuticas que norteiam a Ciência da


Informação é Capurro (2003, p. 3) onde afirma que “a CI nasce em meados do século XX
com um paradigma físico, questionado por um enfoque cognitivo idealista e individualista,
sendo este por sua vez substituído por um paradigma pragmático e social”.
Já Choo (2011), teórico de destaque do paradigma cognitivo, que oferece não só
definições, mas como também novos métodos de abordagens ao que se relaciona a Gestão da
Informação e do Conhecimento:

A Gestão da informação tem por objetivo sustentar uma visão global dos
dados organizacionais, satisfazendo as necessidades de informação, “por
intermédio da determinação e operacionalização de quais, onde, quando e
como os dados e informações devem estar presentes na vida da organização
[...]. (CHOO, 2011, p. 38).

Tratar da Gestão da Informação significa configurar um ciclo de atividades


informacionais inter-relacionadas, em uma perspectiva baseada em processos e produtos, que
compreendem as TIC, os recursos informacionais, a política informacional e o processo
informacional. Para o teórico, a Gestão da Informação “busca explorar os recursos de
informação para que a organização seja capaz de se adaptar às mudanças do ambiente interno
e externo” (CHOO, 2011, p. 40). Perspectiva semelhante é estudada na Ciência da
Informação, e, em específico, na Competência Informacional (TIRADO; PENAGOS, 2010).
Já a Gestão do Conhecimento, “propicia que planejamentos e tomadas de decisões
sejam elaborados e alicerçados em análises e perspectivas lógicas e consistentes, resultando
em uma atuação assertiva mesmo em cenários econômicos e/ou políticos inconstantes” (DEL
MASSA; DAMIAN; VALENTIM, 2018, p. 257) esse tipo de planejamento pode ser aplicado
35

tanto em organizações públicas, como em privadas. É necessário que haja uma definição da
função informacional da unidade, para que seja responsável por fomentar a cultura
organizacional da instituição, atendendo a toda demanda informacional, auxiliando na tomada
de decisões e no crescimento econômico, social e cultural perante a sociedade.
A aplicação da Gestão da Informação e do Conhecimento em organizações
públicas, embora não visando um crescimento econômico, mas sim social e cultural, se faz
necessário aprimorar questões relacionadas a cultura organizacional, que segue sendo o um
produto histórico de um grupo, afetando interpretações e orientando comportamentos dos seus
indivíduos.

3.1 Organização do conhecimento e da informação em gibitecas

No caso das Gibitecas, a OCI depende não somente das técnicas de representação
temática, descritiva e de indexação. A recuperação da informação deve contemplar as
necessidades informacionais, assim como as preferências leitoras. Ou seja, existe um processo
de formação de leitores inerente aos recursos informacionais da Gibiteca, que prescindem de
processos mediativos de leitura e ações culturais distintas de outras modalidades de fontes de
leitura. Além disso, o sistema adotado, produtos e serviços devem estar adequadas, como
principal questão gestora das HQ, como acervo especializado e alinhados aos processos
desenvolvidos na unidade de informação na qual a Gibiteca encontra-se setorizada, quando
for o caso.
Esse acervo especializado apresenta algumas características particulares quanto a
tipologia de suas obras, isso se dá devido alguns aspectos. Sendo estes, a produção
internacional, considerando que as HQ detêm obras do mundo inteiro, produzidas longe da
cultura local, mas que ainda é consumida de forma vivida por seus usuários. Muitas obras
passam por traduções e até adaptações para atenderem as demandas específicas do local de
distribuição.
Outro fator também se dá pelas Séries, Arcos e intersemioses dessas obras, onde o
conhecimento por parte do gestor é fundamental no momento do processamento técnico,
respeitando seus fundos e características individuais das obras.
A Editoração também pode ser considerada um fator importante, visto que não é
de agora que grandes editoras lutam (as vezes literalmente), para conseguirem os direitos
sobre determinados personagens, enredos, até mesmo dos profissionais. Uma obra que
demonstra essa “luta” por parte de duas grandes editoras internacionais no ramo dos
36

quadrinhos de forma bem ampla, é a “Pancadaria: por dentro do épico conflito MARVEL vs.
DC” de Reed Tucker (2018), demonstrando o quanto essas disputas alimentam não somente o
mercado editorial, mas também auxiliam na propagação do gênero e valorização cultural. E
em como essas editoras atuam em relação aos seus consumidores.
Partindo dessa característica particular, é possível também, afirmar que, as
Gibitecas detêm uma cultura leitora própria, que difere de outros tipos de acervos, pois
proporciona, na maioria das vezes, um leque de sensações em seus leitores, alimentando uma
espécie de “paixão” pelos quadrinhos. Isso reflete-se nos grandes eventos sobre HQ que
acontecem com frequência pelo mundo, reunindo um público amplo e diversificado, mas que
se aproximam a partir do conhecimento desse gênero.
Sobre o gestor e funcionários de uma Gibiteca, não é possível contar somente com
profissionais eruditos. É necessário o desenvolvimento da OCI para gerar produtos e serviços
especializados, adequados e seguros para as faixas etárias mais tenras.

3.1.1 A representação descritiva das histórias em quadrinhos

A representação descritiva de HQ dentro das gibitecas não difere muito das


bibliotecas em geral, pois, a mesma deve se atentar a descrição física, catalogação ou
descrição bibliográfica da obra, fazendo com que esse processo gere metadados que permitam
diferenciar cada entrada e dados inseridos na base de dados, facilitando na recuperação dessas
informações (SANTOS et al., 2018).
Essa representação ainda é vista como um importante instrumento na organização
e recuperação da informação seja em gibitecas ou outros tipos de unidades de informação,
pois permite facilitar a disponibilização do conhecimento aos seus usuários, para Albuquerque
e Murguia (2010, p. 28)

Descrever é representar verbalmente ou de forma escrita um determinado


objeto, demonstrando seus aspectos mais característicos, fazendo com que
sobressaiam seus pormenores que vão torná-lo individual e único e dando
um lugar a esses objetos no mundo das obras científicas.

Essa ação, dentro da biblioteca contempla a descrição bibliográfica de uma obra


(exemplar), e objetiva apresentar o material de forma padrão e sem duplicidades,
possibilitando a sua identificação, localização e recuperação nas bases de dados que
disponibilizarão a catalogação eletrônica do material.
37

Para Souza e Hillesheim (2011) é muito importante que durante a catalogação


sejam seguidos padrões e normas, no Brasil, a mais comum entre as bibliotecas públicas é a
utilização do Código de Catalogação Anglo-Americano, 2ª edição, revisão 2002 (AACR2R),
que apresenta regras para a descrição, catalogação e outras listagens de materiais contidos em
bibliotecas.
O AACR2R na versão em português publicada em 1978 apresenta-se em dois
volumes, no qual o primeiro aborda a descrição e o segundo aborda os pontos de acessos
principais (Figura 6).

Figura 6 – Sumário do AACR2R

Fonte: AACR2R (2004, p. 15).

Na utilização dessas regras e normas, as HQ normalmente estão no grupo 2,


Livros, Folhetos e Folhas impressas, no qual está inserido em materiais bibliográficos, na
categoria de Livros.
Considerando que a base de dados Biblivre necessita do preenchimento dos dados
padronizados e esquematizados para que possa gerar grupos e categorias das obras
38

registradas, disponibiliza os tipos Marc 21 e Dublin Core para os campos. No caso do Marc
21, é formulado por:

[...] um conjunto de códigos e designações de conteúdos definido para


codificar registros que serão interpretados por máquina. Sua principal
finalidade é possibilitar o intercâmbio de dados, ou seja, importar dados de
diferentes instituições ou exportar dados de sua instituição para outros
sistemas ou redes de bibliotecas através de programas de computador
desenvolvidos especificamente para isto. Um registro MARC é composto
por três elementos: estrutura, indicação do conteúdo e conteúdo
propriamente dito. A estrutura do registro é uma implementação dos
padrões internacionais ANSI Z39.2 e ISO 2709. As indicações de conteúdo
são códigos e convenções estabelecidos para identificar e caracterizar os
dados dentro do registro e permitir sua manipulação. Os conteúdos dos
dados que compõe um registro MARC geralmente são definidos por padrões
externos ao formato. (MAR, 2017, n.p., grifo do autor).

O registro bibliográfico utilizando o formato MARC é caracterizado por três


elementos, o líder, diretório e campos variáveis:

Líder - contém informações que possibilitam o processamento do registro;


apresenta números e códigos que são identificáveis pela sua posição;
compreende as 24 primeiras posições de um registro.
Diretório - apresenta uma série de entradas de tamanho fixo, uma para cada
campo variável do registro. Cada entrada possui 12 posições e apresenta três
partes: a tag ou etiqueta do campo, o tamanho do campo e a posição inicial
do campo. O Diretório vem em seguida ao Líder e está localizado na posição
24 do registro, sendo gerado automaticamente.
Campos Variáveis - os dados ou informação do registro estão organizados
em campos variáveis ou de conteúdo variável, cada um identificado por
uma tag ou etiqueta composta por três caracteres numéricos. Existem dois
tipos de campos variáveis: campos de controle - que são os campos 00X; não
contém indicadores nem subcampos; campos de dados - são agrupados em
blocos, de acordo com o primeiro caractere da tag; o tipo de informação no
campo é identificado pelos caracteres restantes da tag. Apresenta dois tipos
de designação de conteúdo: indicadores, as duas primeiras posições no
campo de dados variáveis; são representados por um caractere numérico ou
alfabético minúsculo; e os códigos de subcampos, representados por dois
caracteres que distinguem as informações dentro do campo; apresenta um
delimitador ($) e um identificador de dados - que pode ser um caractere
numérico ou alfabético minúsculo. (MARC, 2017, n.p., grifo do autor).

Esses códigos servem para indicar o preenchimento de forma ordenada e


padronizada na base de dados utilizada. Para as HQ é comum a utilização do código (BK), ou
seja, Livro, por se caracterizar como material bibliográfico de formato similar.
O Marc também adota níveis de catalogação, para determinar quais campos
devem ser obrigatoriamente preenchidos, e quais podem ser opcionais.
39

A - Obrigatório, se aplicável: a informação referente aquele campo ou


subcampo deve estar presente se a utilização dos mesmos for apropriada ao
documento que está sendo descrito e se a informação estiver disponível;
M - Obrigatório: é obrigatória a utilização do campo ou subcampo;
O - Opcional: a utilização do campo ou subcampo é opcional. (MARC,
2017, n.p., grifo do autor).

Outras categorias que também devem ser observadas na utilização do formato


MARC, seriam os Caracteres cheios e valores relacionados e as Convenções tipográficas.
Todos esses campos e códigos servem para registrar o máximo de informações
que podem ser retiradas do documento físico ou eletrônico, com a finalidade de categorizá-los
e disponibilizá-los em fase de pesquisa, de forma organizada e facilitada. Outro tipo de
representação que está atrelada a descritiva é a temática, na qual atende principalmente ao
conteúdo interno das obras em fase de catalogação.

3.1.2 A representação temática das histórias em quadrinhos

Diferente da representação descritiva, a representação temática atenta-se


principalmente ao conteúdo interno dos materiais bibliográficos, ou seja, os quadrinhos, no
qual aprofunda-se na variedade de gêneros e tipologias quadrinhísticas.
Para Sousa (2013) a representação temática é um processo percorrido pelo
catalogador, ou seja, o profissional bibliotecário, no qual realiza a análise de assunto, com o
objetivo de entender o conteúdo, para reproduzir uma informação documentária, que será
disponibilizada no catálogo da base de dados da biblioteca, compreendendo a identificação do
assunto abordado na obra. Sobre a indexação Guinchat e Menou (1994, p. 31) conceituam
como sendo:

[...] uma forma de descrição mais aprofundada e consiste em determinar os


conceitos expressos em um documento, em função de sua importância para o
sistema [...]. Esta operação pressupõe um conhecimento do assunto do
documento e uma definição precisa do nível de informação a ser preservado
de forma a responder às necessidades dos usuários.

Para a realização desse processo se faz necessário também um estudo de usuários,


para determinar quais as principais informações procuradas por esses em fase de pesquisa, a
fim de facilitar sua recuperação e identificação.
40

Para Severo (2012) o catalogador deve se atentar a algumas características para a


realização do tratamento temático, como a necessidade dos usuários, o assunto tratado, os
meios humanos e materiais existentes na unidade de informação, nos produtos e serviços
oferecidos e na relação custo-eficácia. A autora também aponta a classificação, indexação e
resumo como sendo os principais produtos da representação temática (SEVERO, 2012).
Sobre a indexação Rubi e Fujita (2010, p. 123), ainda apontam que a mesma,

[...] diz respeito à identificação do conteúdo do documento, por meio do


processo de análise de assunto, e à sua representação através de conceitos,
que por sua vez, serão representados ou traduzidos em termos advindos de
uma linguagem documentária, com vistas à intermediação entre o
documento e o usuário no momento da recuperação da informação, seja em
índices, catálogos ou bases de dados.

Igualmente os livros, as HQ necessitam de uma indexação exata e completa, para


que se haja uma boa recuperação da informação. Nesse processo também é importante a
utilização de linguagens documentárias, sejam elas alfabéticas ou simbólicas.
Sobre a linguagem simbólica, no Brasil é comum a utilização da CDD e da
Universal Decimal Classification (CDU), no qual ambas apresentam codificações para
assuntos de forma estruturada e esquematizada para o processo de catalogação.
Apesar das HQ contemplar variados tipos de obras quadrinhísticas, a indexação
ainda é muito limitada, Batista (2010, p. 25) reflete que

No âmbito da biblioteconomia o que se percebe é uma quase ausência a


histórias em quadrinhos na literatura técnica especializada. [...] Mesmo que a
biblioteconomia tenha a intenção de estudar todo o universo informacional,
aparentemente há uma restrição significativa do objeto que será estudado [...]
convencionou-se empregar apenas uma classificação e somente um
indexador para toda e qualquer HQ, em detrimento de termos, classificação e
indexador de significados similares, diferentes ou complementares.

Pensando nisso, Pajeú et al. (2007) e Abud (2012), apresentam alguns modelos de
catalogação de HQ que podem ser adotados, a fim de contemplar a representação além da
forma, atendendo a demanda informacional necessária para uma indexação adequada dessas
obras.
Pajeú et al. (2007), indicou uma proposta de classificação das HQ, utilizando-se
da CDU para embasamento, considerando que já era o sistema de classificação utilizado pela
gibiteca utilizada como objeto de estudo, o código de classificação criado pelos autores foi
composto pelos respectivos campos (Figura 7):
41

Figura 7 – Código de classificação de Histórias em Quadrinhos

Fonte: Pajeú et al. (2007, p. 6).

Para os autores o método mais eficaz para a sinalização das obras no acervo seria
a utilização de cores nas etiquetas, como pode ser visto no esquema da Figura 8:
42

Figura 8 – Cores da sinalização de etiquetas

Fonte: Pajeú et al. (2007, p. 6).

Esse tipo de classificação serve principalmente para gibitecas que contemplam


variadas tipologias em seu acervo, porém Pajeú et al. (2007, p. 9), também indicam que:

Uma vantagem que vale ressaltar é que esta proposta de classificação é


adaptável a qualquer acervo de histórias em quadrinhos que possibilite sua
adoção como método de organização, sendo aberto a mudanças de acordo
com o contexto de cada acervo.

Considerando que a CDD detém apenas de uma classificação para HQ a notação


741.5, Abud (2012, p. 8) elaborou uma “Classificação não Convencional”, ou seja, “uma
43

classificação criada e adaptada pela instituição com intuito de facilitar a organização e o


acesso ao acervo”, o mesmo dividiu os quadrinhos em cinco gêneros (Quadro 4).

Quadro 4 – Gêneros Ficcionais

Fonte: Abud (2012, p. 9).

Considerando a variação desses gêneros, Abud (2012) também definiu um


vocabulário controlado (Quadro 5) das obras existentes na Gibiteca Henfil, no qual pode
servir de modelo para a catalogação em outras gibitecas, bem como a sua complementação.
44

Quadro 5 - Vocabulário controlado da Gibiteca Henfil

Fonte: Abud (2012, p. 9).

Apesar de Abud (2012) indicar em sua publicação a criação de um Manual de


Catalogação de HQ, não foi possível a sua localização de forma virtual e presencial.
45

4 METODOLOGIA

Esta seção tem a intenção de apresentar os tipos de metodologias que foram


adotadas para a realização da pesquisa finalizada e relatada neste trabalho monográfico, bem
como os seus conceitos e procedimentos que foram realizados. Segundo Mueller (2007), o
pesquisador, antes de selecionar o método a ser utilizado na pesquisa, deve realizar um
levantamento dos tipos de métodos disponíveis, para planejar o mais adequado a ser utilizado.
Por isso, a elaboração de um plano das ações e do método a ser utilizado foram procedimentos
essenciais para o bom andamento da pesquisa.
Neste caso, essa pesquisa foi de caráter qualitativo, tendo a construção do
embasamento teórico por meio de estudo bibliográfico, caracterizando seus objetivos como
descritivos e exploratórios. Como, ao final da fase analítica, foi elaborado um produto
especializado, de caráter normativo e instrutivo, o trabalho se caracterizou pela natureza
aplicada.
De acordo com o Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação (PPGCI)
da UFS, a linha de pesquisa adotada foi a de “Informação, sociedade e cultura”, que segundo
o site do programa:

Aborda estudos sobre as práticas e interfaces entre a informação e outros


campos do conhecimento. Estudos sobre o papel da informação na sociedade
contemporânea e a construção de políticas e ferramentas de disseminação da
informação. Pesquisas sobre o uso educacional e cultural da informação e do
conhecimento e sua influência em comunidades e organizações. Linguagens
de comunicação. Estudos sobre documento, memória e patrimônio. (PPGCI,
2020, n.p.).

Considerando os conceitos acerca do tipo de pesquisa adotado, o levantamento


bibliográfico pode ser definido como “um tipo específico de produção científica: é feita com
base em textos, como livros, artigos científicos, ensaios críticos, dicionários, enciclopédias,
jornais, revistas, resenhas, resumos” (MARCONI, LAKATOS, 2021, p. 49).
Por uma questão de atualização, assim como da dinâmica de editoração resultante
dos atuais protocolos de segurança sanitária, grande parte dessas fontes foi recuperada no
formato digital. Sua pesquisa visou a construção de um embasamento teórico mais atualizado,
onde essa “deve ser realizada em fontes confiáveis de informação, como bibliotecas e bases
de dados” (LOZADA; NUNES, 2018, p.159), considerando o momento pandêmico onde as
46

unidades de informação ainda não estão em pleno funcionamento, a pesquisa será realizada
apenas em bases de dados e ambientes virtuais, bem como obras de acervo pessoal.
De acordo com Fonseca (2002, p. 32), a pesquisa bibliográfica:

[...] é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e


publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos,
páginas de web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma
pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se
estudou sobre o assunto. Existem, porém, pesquisas científicas que se
baseiam unicamente na pesquisa bibliográfica, procurando referências
teóricas publicadas com o objetivo de recolher informações ou
conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a
resposta.

Após recuperação dos trabalhos sobre a temática, foi realizada uma análise
qualitativa, que de acordo com Sampieri, Collado e Lucio (2013, p. 35)

[...] permite que o pesquisador se questione durante todo o processo. Ele


pode desenvolver perguntas e hipóteses durante a coleta e a análise dos
dados. Esse tipo de pesquisa busca principalmente a dispersão ou expansão
dos dados e da informação.

Neste caso a coleta foi direcionada para tomar como base o desenvolvimento de
atividades semelhantes, verificando o estado da arte e as práticas consagradas de gestão da
informação e do conhecimento especializado, sob a peculiaridade dos acervos de HQ.
Sobre os objetivos descritivos, Lozana (2018, p. 139) diz que tem como função “a
descrição das características do assunto estudado. O pesquisador pode estabelecer relações
entre as variáveis”. Já os exploratórios “têm como principal finalidade desenvolver, esclarecer
e modificar conceitos e ideias, tendo em vista a formulação de problemas mais precisos
hipóteses pesquisáveis para estudos superiores” (GIL, 2012, p. 27).
Ainda sobre a pesquisa descritiva, também pode ser caracterizada por “descrever
as características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações
entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados: questionário e
observação sistemática” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 52), já a exploratória:

[...] é aquela que se caracteriza pelo desenvolvimento e esclarecimento de


ideias, com objetivo de fornecer uma visão panorâmica, uma primeira
aproximação a um determinado fenômeno que é pouco explorado. Esse tipo
de pesquisa também é denominado “pesquisa de base”, pois oferece dados
elementares que dão suporte para a realização de estudos mais aprofundados
sobre o tema. (GONSALVES, 2003, p. 65).
47

A pesquisa aplicada neste caso foi caracterizada pela observação não participante,
onde “a participação direta do pesquisador pode ser algo inevitável e ele pode passar de mero
observador, com pequeno grau de participação” (TURETA; ALCADIPANI, 2011, p. 210) e
sondagens de campo empírico, com a finalidade da elaboração de um produto final, para ser
entregue e seus princípios aplicados à Gestão da unidade de informação selecionada e a
instituição que a mantém, onde “tem como característica fundamental o interesse na
aplicação, utilização e consequências práticas dos conhecimentos” (GIL, 2008, p. 27), “tem
como principal preocupação a aplicação imediata numa determinada realidade” (LEAL, 2020,
p. 71).
A caracterização da tipologia foi fundamental para a determinação dos
procedimentos de coleta e análise dos dados, bem como o alcance dos objetivos traçados na
introdução deste trabalho.

4.1 Campo empírico

A instituição escolhida para a realização desta pesquisa foi a Biblioteca Pública


Estadual Epiphanio Dória (BPED) (Figura 9), cabeceira do Sistema Estadual de Bibliotecas
Públicas de Sergipe, vinculada à Secretária do Estado e Cultura (SECULT).

Figura 9 – Fachada da Biblioteca Pública Estadual Epifânio Dória

Fonte: Portal da Educação de Sergipe (2021)7.

7
Disponível em: https://www.seed.se.gov.br/noticia.asp?cdnoticia=17350. Acesso em: 10 jan. 2021.
48

Segundo o site da instituição, ela foi fundada em 1848 – num grande momento de
efervescência cultural do Brasil Império –, a então Biblioteca Provincial de Sergipe foi
inaugurada somente no ano de 1851, numa sala do Convento São Francisco, em São
Cristóvão. Anos mais tarde, com a mudança da capital, a biblioteca foi transferida para
Aracaju, sendo chamada de Biblioteca Pública do Estado (BIBLIOTECA, 2011).
E foi somente em 30 de dezembro de 1970, com o Decreto 2020, a instituição
passou a se chamar Biblioteca Epiphanio Dória. No mesmo ano, o prédio da atual sede em
que se encontra a biblioteca foi projetado e construído pelo engenheiro Geraldo Magela
(BIBLIOTECA, 2011).
A razão da escolha deste local para esta pesquisa deve-se ao fato de deter
atualmente um acervo considerável de obras do gênero quadrinhístico e por ser um importante
espaço voltado para o setor sociocultural do estado de Sergipe, ela está localizada na rua
Leonardo de Leite, s/n, no Bairro 13 de Julho, Aracaju, Sergipe. Funciona de segunda à sexta
das 09 às 19hrs. Seu público é diversificado, vindo dos mais diversos bairros da capital,
atende estudantes do ensino fundamental, médio, superior, professores e a comunidade em
geral, que vão em busca de informação, cultura e entretenimento.
O principal objetivo da BPED é promover o desenvolvimento socioeducativo e
cultural da sociedade, sendo ela caracterizada como uma biblioteca de referência da
comunidade aracajuana, a principal biblioteca pública de Sergipe, que é uma instituição de
grande importância no Estado, devido seu valor histórico e cultural. A instituição escolhida já
utiliza de um software livre de catalogação digital, o Biblivre, também adotou a CDU, na qual
será utilizada para pesquisar especificidades da área das HQ neste projeto.
A BPED é a cabeceira do sistema estadual, a principal unidade de informação de
bibliotecas públicas sergipanas, contando com serviços de orientações por todo estado, onde
as demais bibliotecas municipais seguem os modelos de organização apresentados pela gestão
desta. Então, essa intervenção ainda conta com o potencial de multiplicação, nas unidades de
informação que compõe o Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas de Sergipe.
Seu início foi formado pelas obras doadas por usuários, frequentadores da
biblioteca, principalmente, por alguns colecionadores que tinham como objetivo facilitar o
acesso aos HQ e fazer com que a biblioteca se tornasse um local de encontro de
pesquisadores, quadrinhístas, estudantes, fanzineiros e leitores de HQ sergipanos.
No presente momento, a Gibiteca é uma unidade de informação em
funcionamento, que foi devidamente selecionado e destacado das coleções da BPED, para
49

tornar-se uma unidade de informação com características especializadas. Porém, concorda-se


em considerar que os serviços especializados encontram-se em implantação, pois o acervo
precisa ser submetido aos processos de representação, sob a adoção dos princípios da OCI e a
disseminação de recursos informacionais adequados à especificidade da coleção especial.
Atualmente, este acervo é gerido pela Bibliotecária Documentalista Joyce Dayse de Oliveira
Santos, que detém relação com a pesquisa científica sobre HQ, revelando o interesse em uma
gestão direcionada a esse tipo de acervo.
Sabemos que o processo de construção e gestão da informação e do conhecimento
é aberto, e a eficiência e eficácia da proposta será conhecida no futuro próximo, a medida que
os efeitos da adoção dos procedimentos sugeridos for submetida à observação da equipe da
BPED.
A ambientação desse acervo, no início da intervenção, esteve localizada no inicio
desta pesquisa (dezembro de 2021) no terceiro piso do prédio da BPED, ao lado da sala de
Informática, onde as obras se encontravam em 6 estantes, com ambiente ainda não
climatizado e com um computador a disposição (Figuras 10 e 11).

Figura 10 – Estante com acervo

Fonte: Acervo pessoal Ida Conceição Andrade de Melo (2020).


50

Figura 11 – Estante com acervo

Fonte: Acervo pessoal Ida Conceição Andrade de Melo (2020).

Durante o período de construção desta dissertação o acervo foi remanejado e


organizado. Dados estes que serão apresentados no capítulo referente aos resultados da
pesquisa.

4.2 Procedimentos de coleta e análise dos dados

Para a realização dos procedimentos de coleta dos dados, foram realizadas visitas
as dependências do acervo, bem como o acesso direto as obras, devidamente autorizada pela
instituição com a utilização do sistema de organização do conhecimento adotado, que será
aplicado com orientação direta dos profissionais responsáveis.
O levantamento bibliográfico também fez parte dos procedimentos de coleta, no
qual identificou informações referentes às tipologias, conteúdo, classificação indicativa,
suporte e identificação de coleções das HQ, bem como os recursos disponíveis para a
organização desse tipo de acervo.
51

A análise dos dados propiciou a adoção dos instrumentos e sistemas de


representação, assim como a proposição dos produtos e serviços especializados, por meio da
composição do produto desta dissertação.
Para a realização da coleta e análise de dados, foi necessário criar um
planejamento das etapas da pesquisa, para que todos os objetivos fossem alcançados, e todos
os dados fossem coletados de forma adequada (Figura 12).

Figura 12 – Planejamento das etapas da coleta de dados e pesquisa

Fonte: elaborado por Ida Conceição Andrade de Melo (2022).

A pesquisa elaborada com precisão e finalidade no desenvolvimento desta


dissertação foi idealizada compreendendo as ações estratégicas planejadas da seguinte forma
(Figura 13):
52

Figura 13 – Planejamento estratégico

Fonte: elaborado por Ida Conceição Andrade de Melo (2021).

Esse planejamento pode ser entendido de forma mais ampla da seguinte forma:

 Escolha do tema “Gibiteca Pública”;


 Objetivos definidos para a efetivação das metas traçadas utilizando-se da
metodologia exposta;
 Levantamento Bibliográfico relacionado às ideias e conceitos que falem sobre o
tema e ajude na sua produção teórica;
 Elaboração da Metodologia, para mostrar como ocorrerá a evolução do projeto de
pesquisa, passo a passo ao método escolhido, e do campo empírico;
 Realização do diagnóstico, após visitação e construção da análise SWOT junto
com responsável pelo campo empírico;
 Análise dos dados coletados, para definição dos principais parâmetros a serem
traçados para a criação de manual mais efetivo;
 Produção do Manual;
 Diagramação do manual;
 Revisão e redação final do texto da dissertação, bem como do conteúdo do
produto;
53

 Defesa da dissertação e produto, apresentação para avaliação com nota e que


também com discurso terá a palavra em debate do pesquisador e dos
examinadores do que foi realizado em pesquisa e concluído no final.

4.3 Considerações éticas

Para o cumprimento das considerações éticas, foi proposto fazer uma


Classificação Indicativa das obras do acervo de HQ em questão, de acordo com o Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA). Pois, nas experiências anteriormente pesquisadas para a
elaboração dessa pesquisa que é derivada de um estudo sistemático, foi contemplada por
Rodrigues (2021) a questão da Classificação Indicativa no Brasil aplicada às HQ, sendo esta a
“norma constitucional processual que resulta do equilíbrio entre duas regras: o direito à
liberdade de expressão e o dever de proteção absoluta à criança e ao adolescente” (BRASIL,
2006, p. 3).
Contudo, aos estudarmos sobre as publicações internacionais, principalmente do
Mangá, verificamos que a Classificação Indicativa é uma informação recorrente, com ênfase
nas publicações Japonesas e produção de HQ estadunidenses em geral, presente nas capas das
publicações e nas páginas de ingresso dos sites, de modo claro e acessível, como pode ser
visualizado na Figura 14.

Figura 14 – Exemplo de classificação indicativa na obra

Fonte: acervo pessoal de Ida Conceição Andrade de Melo (2022).

Segundo Rodrigues (2021), por questões culturais, os editores brasileiros


preferem não acrescentar essa informação às suas publicações em geral. No Brasil, o
Ministério da Justiça divulga o Guia Prático de Classificação Indicativa - 4º Edição, 2021
54

(BRASIL, 2021), sistema que já poderia ter sido adotado pelas editoras e sites de HQ
brasileiros.
Com a aplicação adequada dos princípios classificatórios desse manual, a
Classificação Indicativa pode passar a fazer parte dos procedimentos de representação
temática, gerar campos descritores de metadados e uma sinalização própria, acrescentada ao
etiquetamento físico e exibição de metadados de todas as obras do acervo da Gibiteca em
criação, assim que submetidas aos procedimentos de representação temática e descritiva
adotados, com aproveitamento inclusive da arte e cores propostas no referido manual.
Ainda, considerando-se os aspectos éticos, será assegurada a autoria dos trabalhos
incluídos na revisão, de forma que todos os estudos utilizados serão referenciados de acordo
com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Por não envolver seres
humanos em sua coleta de dados, não foi necessária a aprovação do projeto ao Comitê de
Ética em Pesquisa (CEP).

4.4 Análise do desempenho organizacional

O método de coleta de dados utilizado no projeto de criação do Manual de


Catalogação de acervos em HQ, onde as dependências e atividades da BPED foram
observadas, teve a finalidade da aplicação dos instrumentos de pesquisa e de coletar dados
para verificar as hipóteses e dos objetivos que foram traçados inicialmente, traçando um plano
de ação para colocar em atividade.
No primeiro momento, enquanto a pesquisadora procurou a autorização para
visitação com horário marcado nas dependências, que na época as atividades encontravam-se
de forma remota por conta da Pandemia de Covid-19 (julho de 2021). Pode valer-se da
observação, de entrevistas e mesmo de registros documentais, quando estes são disponíveis
tipicamente, segundo Gil (2002, p. 53) “o estudo de campo focaliza uma comunidade, que não
é necessariamente geográfica, já que pode ser uma comunidade de trabalho, de estudo, de
lazer ou voltada para qualquer outra atividade humana” nesse caso, funcionários da biblioteca
em questão.
Diante desse levantamento foi possível identificar os métodos de administração
das atividades e desenvolvimento do projeto, levando em consideração a análise SWOT, que
segundo Ferrell et al. (2000, p. 62):

[...] é um modelo simples e direto que fornece direção e serve como um


canalisador para o desenvolvimento de planos de marketing viáveis. Ela
55

exerce o papel de estruturar a adequação entre o que uma organização pode


(forças) e não pode (fraquezas) realmente fazer, e as condições ambientais
que atuam a seu favor (oportunidades) e contra (ameaças).

A importancia de se ter um planejamento estratégico para saber onde iniciar e


encerrar uma atividade é de suma importância, Maciel e Mendonça (2000, p. 59) destacam
que “na visão atual, o planejamento estratégico exige constante revisão dos objetivos,
reavaliação constante, em função da mutabilidade dos ambientes que envolvem as
organizações”.
Neste caso, a matriz SWOT foi construída a partir de uma atividade prática na
disciplina de mestrado sobre Metodologia, em parceria com a já citada, bibliotecária
responsável pelo acervo e atuante na instituição selecionada, Joyce Dayse de Oliveira Santos.
O apoio da profissional foi primordial, ao considerarmos o momento pandêmico onde o
acesso à instituição estava restrito para contenção do vírus.

4.4.1 Modelo de Matriz SWOT

O modelo de matriz SWOT (Figura 15) fornece a direção para o desenvolvimento


de um planejamento estratégico mais viável. Sendo realizada seguindo os parâmetros e
valores definidos por Cunha (2011) em seu estudo direcionado a SWOT de Biblitecas. Para
realização dessa técnica é necessário fazer uma avaliação global das forças, fraquezas,
oportunidades e ameaças, que se pode encontrar no ambiente externo e interno das empresas.
Segundo Silveira (2001, p. 209);

A técnica SWOT é uma ferramenta utilizada para fazer análise de ambientes.


É empregada em processos de planejamento estratégico, avaliação da
situação da organização e de sua capacidade de competição no mercado.
Essa técnica contribui para formação de estratégias competitivas através da
identificação dos pontos fortes e pontos fracos, que são os fatores internos da
organização, e as oportunidades e ameaças, que são os fatores externos da
organização.

O modelo de Cunha (2011) trata do percentual que cada caracteristica deve


atender as informações que compreendem os aspectos da organização, nesse caso a BPED,
onde o peso de cada categoria em soma formaliza os dados finais do diagnóstico. Para
esclarecer a posição das categorias referentes aos dados futuramente coletados, segue modelo
de SWOT comum e normalmente utilizado na literatura;
56

Figura 15 – Modelo de SWOT

Fonte: Elaborado por Melo e Santos (2021).

Esse modelo de matriz permite que o pesquisador visualize de uma forma mais
objetiva quais principais pontos a serem melhorados, e quais devem ser explorados de forma
crescente, visando sempre uma melhoria no oferecimento dos serviços, bem como na cultura
organizacional do setor analisado.

4.4.2 A Matriz SWOT

O Modelo SWOT é uma técnica de monitoramento e de verificação de ambientes


interno e externo que utiliza sistemas de informações essenciais para a análise e o
planejamento empresarial, o que permite o desenvolvimento de estratégias que irão auxiliar na
tomada de decisões, sendo assim a baixo temos a atual situação ao que diz respeito a Matriz
SWOT da BPED (APÊNDICE A), como dito anteriormente, esse modelo seguirá os valores e
categorias definidos no estudo de Cunha (2011) sobre diagnóstico de bibliotecas. Como
resultado da SWOT apresentada, segue o diagnóstico final que classifica em qual quadrante
encontra-se a BPED atualmente (Figura 16).
57

Figura 16 – Mapa de posicionamento SWOT da BPED

Fonte: elaborado por Melo e Santos baseado em Cunha (2011).

A partir da SWOT formulada de acordo com os dados fornecidos pela BPED, é


necessário abordar o diagnóstico do acervo referente à Gibiteca da instituição, visto isso será
apresentada a análise do setor “gibiteca”, que na época (dezembro de 2021), ainda não
inaugurado, mas com seu acervo em fase de organização e disponibilização.
Ainda seguindo os parametros definidos por Cunha (2011) (APÊNDICE B)
apresentam-se os dados referentes a gibiteca. Como resultado da SWOT apresentada, segue o
diagnóstico final que classifica em qual quadrante encontra-se a Gibiteca (Figura 17).

Figura 17 – Mapa de posicionamento SWOT da Gibiteca

Fonte: elaborado por Melo e Santos com base na obra de Cunha (2011).
58

Avaliando o ambiente de intervenção foi possível conjecturar que o produto


contribuirá para o acesso e disseminação do acervo de HQ da instituição, em vista que a
gibiteca já foi implantada.
A exclusividade em território sergipano de um acervo considerável de gibis é
importante já pela sua própria existência. Porém, mais importante ainda é a valorização desse
gênero por meio da disponibilização e mediação aos sergipanos, assim como a concretização
do potencial de fomentar a valorização desse tipo de acervo.
Sendo assim, a formação de uma rede social de consumidores da produção
quadrinhística, alternativa aos livros literários tradicionais, poderá se estabelecer como
dinâmica social da formação de comunidades de prática que consumam, mas também se
apropriem dos quadrinhos.
59

5 RESULTADOS E ANÁLISES

Durante o processo de construção desta dissertação, a pesquisa sofreu algumas


alterações fundamentais. Após deliberar sobre a natureza das necessidades informacionais da
unidade de informação, ficou claro que a elaboração de um produto editorial responderia à
esta demanda reprimida, assim como produziria um efeito multiplicador em escala nacional.
Considerando esta mudança, a pesquisa teve seu rumo remodelado, no qual
direcionou a elaboração do seu produto a um instrumento normativo que pudesse atender não
somente a demanda existente na gibiteca setorizada da BPED, mas também de outras coleções
especiais e setores congêneres, já que o tratamento da OCI das HQ no Brasil ainda carece de
propostas práticas de gestão.
Porém, se faz necessário apontar também os resultados pertinentes a gibiteca da
BPED, a fim de entender as principais características de um acervo de HQ na prática, e quais
demandas em relação a organização do acervo, disposição, representação e a elaboração de
ações e animações culturais pertinentes ao tema.

5.1 A inauguração do Acervo de Quadrinhos da BPED

Em 11 de maio de 2022, foi realizada a inauguração do Acervo de Quadrinhos da


BPED. Por decisão dos gestores, a Gibiteca da BPED foi denominada “Acervo de HQ”, sem a
perda da efetiva função informacional que a faz o campo empírico adequado para a
intervenção aqui apresentada.
Com a adequação do espaço destinado, o acervo foi transferido para outra sala,
com paredes de vidro, onde foi possível uma plotagem temática mais atrativa sobre HQ
(Figura 18), e disponibilização de um ambiente mais confortável para a leitura esporádica
desses exemplares.
60

Figura 18 – Fachada do Acervo de Quadrinhos

Fonte: acervo pessoal de Ida Conceição Andrade de Melo (2022).

O espaço possui um acervo com mais de 2 mil quadrinhos de valor inestimável,


por ser composta de séries completas e raras e pelo grande volume de exemplares. Com a
inauguração, a BPED se torna uma das poucas bibliotecas do Brasil a possuir e conservar uma
coleção de quadrinhos com esta amplitude e se coloca no mesmo patamar de grandes
bibliotecas nacionais.
Sua inauguração contou com um conjunto de animações culturais relacionadas à
temática dos quadrinhos, e voltada para o público-alvo, os leitores de HQ sergipanos, sendo
feita a sua divulgação através das redes sociais da BPED como pode ser visualizado na Figura
19:
61

Figura 19 – Peça publicitária de divulgação da inauguração

Fonte: Instagram da BPED (2022).

Após a inauguração, o acervo teve seu acesso ao público liberado. Atualmente o


empréstimo domiciliar não é permitido, e as obras ainda estão passando pelo processamento
técnico adequado. Após visitação foi possivel identificar as principais tipologias e gêneros
existentes no acervo, bem como algumas caracteristicas particulares da gibiteca (Figura 20).
62

Figura 20 – Acervo de histórias em quadrinhos da BPED

Fonte: acervo pessoal de Ida Conceição Andrade de Melo (2022).

Observa-se o predomínio de HQ do gênero ficcional, mais especificamente dos


super-heróis como “X-Men”, “Batman”, dentre outros, bem como coleções de álbuns de
franquias bem conhecidas, como “Star Wars”. Uma característica importante sobre este
acervo é que ele não teve a sua construção direcionada ao público infantil, pois a BPED conta
também com uma biblioteca infantil setorizada, no qual dispõe de outros tipos de HQ
adequados a crianças, porém, não exclui a possibilidade do acesso a gibiteca por menores de
idade desacompanhados, considerando seu caráter público.
Expositores do tipo estante foram utilizados para a disposição das obras de forma
a facilitar a identificação (Figura 20). O acervo também conta com outros tipos de
expositores, o revisteiro (lado esquerdo da Figura 21), e o estante de face única (lado direito
da Figura 20):
63

Figura 21 – Acervo de histórias em quadrinhos da BPED

Fonte: acervo pessoal de Ida Conceição Andrade de Melo (2022).

Para além do método de exibição do acervo, também podemos destacar duas


características particulares sobre acervo em HQ: primeiro a utilização da linguagem
quadrinhística para decoração, como as artes feitas nas paredes do acervo, a fim de “colorir”,
e oferecer uma sensação de pertencimento do leitor ao ambiente, bem como a utilização de
Bustos de personagem pertencentes ao gênero (pequenos itens brancos nas estantes amarelas).
Outro tipo de gênero identificado na coleta de dados é referente a coleção de
mangás (Figura 22), disposta de forma avulsa a outras obras, e empilhadas na forma
horizontal. Sobre esse tipo de disposição:

Com o passar dos anos, o peso dos livros que ficam em cima prejudica o
miolo, a capa e a lombada dos que estão na parte inferior da pilha, levando a
tinta de impressão a grudar nas páginas e transferindo-a de uma para a
outra, também, pode causar rasgos durante o processo de abertura, e a
pressão pode "cansar" a lombada mais rapidamente, levando
ao descolamento das páginas. E dependendo da disposição, amassar ou
entortar as capas. (SILVA, 2021, n.p., grifos do autor).

Não diferente dos livros, as revistas de HQ podem acabar sendo danificadas da


mesma forma.
64

Figura 22 – Coleção de mangás da BPED

Fonte: acervo pessoal de Ida Conceição Andrade de Melo (2022).

Também foi identificada a ausência de uma classificação indicativa, ou qualquer


outro tipo de etiquetas para identificação da obra ou organização do acervo. Sendo as obras
entrepostas apenas quando relação entre elas existente, sem um sistema de organização
documental padronizado.
Após a apresentação dos dados coletados sobre o acervo de HQ inaugurado na
BPED, foi feito a verificação do processo de catalogação, que através desta, foi possível
identificar a principal lacuna gestora deste acervo: o estabelecimento de normativas
adequadas ao item quadrinhístico, sendo necessária uma busca que direcionasse a criação do
produto, com a proposta de representação temática e descritiva do acervo.
65

5.2 A representação descritiva e temática no Manual

Em relação a representação, este trabalho teve como base a experiência


profissional de Abud (2012) na Gibiteca Henfil da cidade de São Paulo, com a adoção dos
instrumentos analíticos e sistemas empregados na representação temática e descritiva de HQ
em outras bibliotecas brasileiras, tais como: o AACR2; a tabela Cutter-Sanborn Three Figure;
Library of Congress Subject Headings (LCSH); o formato MARC 21; a CDD; e as tabelas
complementares de classificação adaptadas pela Divisão de Desenvolvimento de Coleções e
Tratamento da Informação (DDCTI/SMB) para gêneros ficcionais de HQ.
Como também o trabalho publicado por Pajeú et al. (2007), referente a uma
proposta de classificação para as HQ, a elaboração de um modelo de etiqueta. E o trabalho de
Teixeira (2020) sobre elementos para a catalogação de HQ e controle de autoridade.
O acesso aos códigos de classificação CDD e CDU foi fundamental para a
recuperação de informações pertinentes as obras, como também a sistemas informatizados de
gerenciamento de dados, como Pergamum, para a identificação do preenchimento dos campos
MARC de itens quadrinhísticos em algumas instituições, exemplo na Figura 23.

Figura 23 – Preenchimento do MARC

Fonte: Pergamum IFS (2022).8

8
Disponível em: https://pergamum.ifs.edu.br/pergamum/biblioteca/. Acesso em: 24 set. 2022.
66

Por fim, a classificação indicativa elaborada pelo Governo Federal brasileiro,


através do Ministério de Justiça. No Guia de Classificação Indicativa para Artes visuais,
grupo no qual se enquadra o gênero quadrinhístico, diz que:

No caso de exposições e artes visuais, a legislação vigente prevê que caberá


aos responsáveis pela hospedagem do evento a tarefa de autoclassificá-los,
informar a classificação indicativa e respeitar, quanto à exibição, a
autorização expedida pelos demais órgãos competentes. Contudo, não é
necessária a inscrição processual e a confirmação da autoclassificação pelo
Ministério da Justiça e Segurança Pública, o qual está incumbido de
monitorá-la, além de poder emitir parecer a pedido do interessado, para que
sejam averiguados eventuais abusos ou irregularidades referentes aos
critérios de classificação indicativa. (BRASIL, 2021, p. 8).

Neste caso, os gestores do acervo podem ser responsabilizados pelo acesso


indevido de obras por menores de idade, podendo gerar problemas judiciais.
A terceira fase da coleta de dados foi referente a organização dos espaços físicos e
ambientes virtuais dos acervos de HQ, considerando a particularidade desse acervo, bem
como o seu público-alvo.

5.3 O espaço físico dos acervos de histórias em quadrinhos

Para a recuperação de informações referentes à organização física do acervo, bem


como as características particulares dos ambientes e espaços voltados para um acervo de HQ,
foi feita uma busca nos sites e redes sociais das gibitecas brasileiras, a fim de identificar
características similares e comuns dentre elas.
O levantamento contou com 13 gibitecas em todo o Brasil além da Gibiteca da
BPED, sua distribuição e identificação podem ser vistas na Figura 24:
67

Figura 24 – Gibitecas do Brasil

Fonte: elaborado com base em Pirralha (2022) e Google Maps (2022).

Após a identificação dessas unidades, foi feita uma busca por seus respectivos
sites e redes sociais, bem como notícias e notas de canais oficiais, a fim de conhecer um
pouco melhor quais produtos e serviços estão sendo disponibilizados, bem como visualizar os
ambientes e espaços através de registros fotográficos, considerando que a visita in loco não
seria possível.
Começando pela região Nordeste, a Gibiteca Henfil (Figura 25) de João Pessoa é
uma unidade setorizada do Espaço Cultural José Lins do Rego:

Dando, literalmente, seu primeiro choro de recém-nascido em 1990, a


Gibiteca Henfil surgiu com o projeto de extensão da Universidade Federal da
Paraíba (UFPB), coordenado por Henrique Magalhães e permaneceu no
68

Espaço Cultural até os anos 2000. Logo após, mudou-se para o Curso de
Comunicação Social da UFPB, depois para o Mestrado em Comunicação,
onde ficou restrita à pesquisa acadêmica. Depois de algum tempo, a sua
volta ao Espaço, marcada pela sua reabertura no dia 14 de agosto de 2015,
teve como marca fazer o inventário e a conservação do acervo, bem como
torná-la mais uma vez acessível a todos os amantes dos quadrinhos. [...]
Atualmente, seu acervo conta com milhares de revistas em quadrinhos
nacionais e internacionais e com centenas de fanzines, coleções completas da
década de 1980 e outros mais antigos somando um total de quatro mil
exemplares. (AUNIAO, 2016, n.p.).

Figura 25 – Gibiteca Henfil e João Pessoa

Fonte: A União (2016).

Sendo a primeira gibiteca nordestina, detém de relevância não somente para o


incentivo à leitura de HQ, mas também a pesquisa, considerando a sua relação com a UFPB.
Seguida da Gibiteca de Fortaleza (Figura 26), setorizada da Biblioteca Pública
Municipal Dolor Barreira, localizada no município de Fortaleza (CE), sendo um “novo espaço
criado a partir de uma demanda do Orçamento Participativo 2006 e inaugurada junto com a
Dolor Barreira, promove uma viagem ao mundo das artes gráficas e fantasia para todas as
idades” (GIBITECA DE FORTALEZA, 2009, n.p.).
69

Figura 26 – Gibiteca de Fortaleza

Fonte: CFB (2022).

Passando para a região Centro-oeste a Gibiteca de Brasília, também conhecida


como Gibiteca TT Catalão (Figura 27) é uma unidade setorizada no Espaço Cultural Renato
Russo, “inaugurada originalmente em 1993, a gibiteca [...] foi um importante ponto de
encontro de leitores de histórias em quadrinhos em Brasília” (NARANJO, 2022, n.p.), sobre o
seu acervo “atualmente, estão disponíveis para leitura aproximadamente 23 mil exemplares de
diversos gêneros: HQs de super-heróis, mangás, gibis infantis e graphic novels” (NARANJO,
2022, n.p.).
70

Figura 27 – Gibiteca de Brasília

Fonte: Brandt (2022).

Ainda na mesma região, a Gibiteca Jorge Braga (Figura 28), é uma unidade
setorizada do Centro Cultural Marietta Telles Machado, localizado no município de Goiânia,
inaugurada em 22 de setembro de 1994, no qual atualmente detém de em média 6 mil gibis,
onde “atende crianças de escolas públicas e privadas, e propõe, com isto, resgatar o hábito de
leitura de histórias em quadrinhos, estimulando tanto para crianças como para adultos”
(GOIÁS, 2019, n.p.).
71

Figura 28 – Gibiteca Jorge Braga

Fonte: Aproveite a cidade (2019) e Curta mais (2019).

Consecutivamente a Gibiteca de Campo Grande (Figura 29), também conhecida


como Gibiteca Mais Cultura, sendo uma instituição criada através de um projeto social que
tem como principal objetivo incentivar a leitura de crianças e adolescentes através das HQ, e
que detém até 20 mil exemplares.
72

Figura 29 – Gibiteca Mais Cultura

Fonte: Ermínio (2019).

Esta unidade além de disponibilizar o acervo de gibis, também desenvolve ações e


animações culturais do gênero quadrinhístico, como oficinas e rodas de leitura, e projetos de
extensão, como a “gibicicleta” (Figura 30), onde “leva cerca de 2 mil exemplares de desenhos
em quadrinhos para feiras, parques, praças e escolas em diferentes pontos de Campo Grande,
no Mato Grosso do Sul. A cada visita, as crianças se aglomeram, interessadas nos gibis”
(GIBITECA MAIS CULTURA, 2020, n.p.).
73

Figura 30 – Gibicicleta

Fonte: Gibiteca Mais Cultura (2020).

Ainda na região Centro-Oeste, a Gibiteca BPE da Biblioteca Pública do Estado do


Mato Grosso do Sul (Figura 31), atualmente, detém de em média 2 mil exemplares, que estão:

[...] à disposição dos leitores, apenas para consulta local, na Gibiteca BPE. A
maioria desses materiais é das editoras Marvel e DC Comics, de super-
heróis, em coleções e números avulsos. E, também, séries mensais,
especiais, graphic novels e materiais em capa dura, nacionais e estrangeiros.
(BPE, 2021, n.p.).

Figura 31 – Gibiteca da BPE

Fonte: Redel (2021).


74

Partindo para a região Sul, temos a Gibiteca de Curitiba, unidade já citada no


referencial teórico desta dissertação. Para além do que já fora citado sobre esta, destacamos
algumas características referentes ao seu espaço físico, no qual dispõe de diversos setores,
como laboratórios para oficinas e cursos, salões para exposições, espaço para acervo, e espaço
para o desenvolvimento de ações culturais. Estes podem ser mais bem visualizados nas
Figuras 32 a 34:

Figura 32 – Gibiteca de Curitiba: Exposição

Fonte: Instagram da Gibiteca de Curitiba (2022).9

Figura 33 – Gibiteca de Curitiba: Laboratório e/ou sala de aula

Fonte: Instagram da Gibiteca de Curitiba (2022).

9
Disponível em: https://www.instagram.com/gibitecadecuritiba/. Acesso em: 22 set. 2022.
75

Figura 34 – Gibiteca de Curitiba: Acervo

Fonte: Tripadvisor (2016-2017).10

A última da região Sul é a Gibiteca setorizada da Biblioteca Municipal Olavo


Bilac (Figura 35), localizada no município de Santa Rosa (RS), a sua inauguração foi em
agosto de 2022, esta ainda se encontra em fase de estruturação (setembro de 2022), onde
conta com 900 exemplares, e uma campanha de incentivo a doações, estabelecendo parcerias
com organizações e entidades públicas (SANTA ROSA, 2022).

Figura 35 – Gibiteca da Biblioteca Municipal Olavo Bilac

Fonte: Jornal Cidades (2022).

Chegando na região que engloba maior parte das unidades brasileiras, a Sudeste,
primeiramente temos outra Gibiteca Henfil (Figura 36), diferente da citada no início desta

10
Disponível em: https://www.tripadvisor.com.br/Attraction_Review-g303441-d8422532-Reviews-
Gibiteca_de_Curitiba-Curitiba_State_of_Parana.html. Acesso em: 22 set. 2022.
76

seção, esta unidade já fora apontada também no referencial teórico desta dissertação.
Localizada na cidade de São Paulo (SP), atualmente está ligada ao Centro Cultural de São
Paulo. Segundo o site da gibiteca:

A princípio, seu acervo constitui-se de coleções de álbuns de HQ, nacionais


e internacionais, e de revistas doadas pelas editoras Abril, Martins Fontes e
Globo, além de colecionadores particulares. Parte do acervo adveio também
das demais bibliotecas de São Paulo. Muitas destas primeiras obras eram
provenientes da estante Turma da Mônica, projeto que disponibilizava
revistas em quadrinhos para todas as bibliotecas infanto-juvenis da cidade.
Com o crescimento do acervo, principalmente por meio de doações, a Henfil
tornou-se a maior instituição do gênero no país. (GIBITECA HENFIL, 2021,
n.p.).

Figura 36 – Gibiteca Henfil: Espaço físico

Fonte: Leal (2021).

Em relação a esse acervo, atualmente detém de mais de 10 mil títulos e 119 mil
exemplares, na Figura 37, podemos ter uma visualização do modo de disposição das revistas e
álbuns. E na Figura 36, espaços para exposição e leitura das obras.
77

Figura 37 – Gibiteca Henfil: Acervo

Fonte: Leal (2021).

Seguindo a região Sudeste, a Gibiteca Municipal Rodrigues Paes (Figura 38),


localizada no município de Santos (SP), onde seu nome advém a,

[...] uma homenagem ao jornalista santista aficionado em história em


quadrinhos. Depois de sua morte, em 1992, sua família doou sua coleção,
com cerca de 3 mil itens, para a recém-criada Gibiteca, formando o seu
acervo inaugural. (BNDES, 2021, n.p.).

Atualmente conta com mais de 49 mil títulos (TURISMO SANTOS, 2021), desde
os mais antigos aos atuais, importante destacar que é nesta unidade que se encontra a primeira
HQ publicada no Brasil, o Almanaque do Tico Tico, de 1936.
78

Figura 38 – Gibiteca Municipal Rodrigues Paes

Fonte: Prefeitura de Santos (2021).

A Gibiteca Mauricio de Sousa (Figura 39), localizada no município de Santa


Isabel (SP) ligada a prefeitura municipal, “foi criada em 2007 para homenagear o criador da
turma, Mauricio de Sousa, que nasceu na cidade. No local, 1,5 mil gibis fazem a criançada
voar no mundo da imaginação por meio da leitura” (VILELA; OLIVEIRA, 2021, n.p.).
Figura 39 – Gibiteca Mauricio de Sousa

Fonte: Instagram da Gibiteca Mauricio de Souza (2021).11

11
Disponível em: https://www.instagram.com/explore/locations/591299530/gibiteca-mauricio-de-souza/. Acesso
em: 22 set. 2022.
79

O acervo é composto por variados títulos sobre os personagens criados por


Mauricio, onde “o local é inteiramente lúdico que prende a atenção de qualquer pessoa,
realizam muitas atividades para crianças e jovens e realizam atividades de férias” (DO SEU
LADO, 2022, n.p.).
Seguida da Gibiteca Eugênio Colonnese (Figura 40), setorizada da Biblioteca
Municipal Malba Tahan, localizada no município de São Bernardo do Campo (SP).

Fundada em 1999, a Gibiteca Municipal recebeu o nome de Eugênio


Colonnese para homenagear o cartunista, roteirista e editor de HQs ítalo-
brasileiro radicado na região do Grande ABC e pai de “Mirza, a mulher
vampiro”. O espaço conta com acervo de cerca de 15 mil exemplares, entre
HQs, material teórico sobre a Arte da História em Quadrinhos, mangás,
livros de RPG, entre outros. [...] É um dos poucos espaços que possui acervo
circulante na região, disponível para empréstimo. (DIAS, 2021, n.p.).

Figura 40 - Gibiteca Eugênio Colonnese

Fonte: Morais (2014).

Por último, destacamos a única Gibiteca Escolar identificada no levantamento, a


Gibiteca Escolar Helena Fonseca (Figura 41), da Escola Municipal Judith Lintz Guedes
Machado, situada no município de Leopoldina (MG).
80

Figura 41 - Gibiteca Escolar Helena Fonseca

Fonte: Gibiteca Escolar Helena Fonseca (2022).

Através desta coleta, foi possível estabelecer um modelo das gibitecas brasileiras,
em relação a disposição do acervo, considerando a organização em caixas e expositores tipo
estante predominante. A decoração utilizando recursos quadrinhísticos, como artes,
ilustrações, objetos coloridos e lúdicos, display e objetos decorativos em referência aos
personagens dos quadrinhos. E a disponibilização de espaços para a realização de leitura,
ações e animações culturais.
Para além dos acervos brasileiros, também foi feita uma recuperação em
“comictecas” internacionais. Destacamos a Comicteca setorizada da Biblioteca Pública
Municipal "Teodoro Casana Robles" (Figura 42), localizada no Município Provincial de
Callao (Peru), sendo “uma grande sala onde são exibidos mais de 500 quadrinhos clássicos,
mangás e pelo menos 200 quadrinhos peruanos” (LIMA, 2022).
81

Figura 42 – Comicteca de Callao

Fonte: Lima (2022).

A Comicteca Galilea Ramirez (Figura 43), localizada em Cusco (Peru),


atualmente, dispõe de em “média 11.000 exemplares, que vão desde clássicos como Dom
Quixote de la Mancha, coleções de mitologia grega, maia e lendas da cultura peruana
adaptada ao formato de quadrinhos” (SIQUEIROS, 2019, n.p., tradução nossa, grifo do
autor).

Figura 43 - Comicteca Galilea Ramirez

Fonte: Siqueiros (2019).

E a Comicteca da Biblioteca Regional da Murcia (Figura 44), localizada na


Espanha, onde além de uma simples coleção de HQ, esta foi concebida como uma linha de
inovação cultural que serviu para abrir a biblioteca aos mais diversos discursos e grupos
82

criativos. Seus espaços, recursos e atividades estão comprometidos com a transversalidade


como forma de ampliar o conceito de biblioteca pública no século XXI (COMICTECA
BRMU, 2003, n.p.).

Figura 44 – Comicteca da Murcia

Fonte: Comicteca BRMU (2003) e Martinez (2019).


83

Em relação a Gibiteca de Murcia, podemos destacar o tipo de disposição dos


exemplares, em expositores tipo ilha, que fornece uma visualização melhor das obras, de
forma ordenada, podendo agrupar coleções e séries. A utilização de estátuas de personagens
em tamanho real também é uma característica muito particular de gibiteca, tornando o
ambiente mais atrativo e lúdico para o leitor.
E por último, a Comicteca de Tres Cantos (Figura 45), unidade setorizada da
Biblioteca Lope de Veja, localizada no Municipio de Tres Cantos (Espanha), que detém de
“grandes obras da 'nona arte', com um acervo de mais de 2.300 exemplares classificados por
escolas e origens” (ARANGUEZ, 2021, n.p., tradução nossa).

Figura 45 – Comicteca de Tres Cantos

Fonte: Aranguez (2021).

No qual dispõe de um acervo diversificado, onde “em suas prateleiras foram


compilados desde quadrinhos tradicionais e tirinhas voltadas para crianças e jovens, até
quadrinhos para o público adulto, com títulos do gênero ficção científica, super-herói,
aventura ou mangá” (ARANGUEZ, 2021, n.p., tradução nossa, grifo do autor), de acordo com
o site oficial da comicteca, o acervo está organizado “pelas diferentes áreas de influência e/ou
geografia: americana; espanhol e latino-americano; Europeu; manga. E dentro de cada área
por autor; personagem (ponto laranja na capa) e série (ponto verde)” (BIBLIOTECA LOPE
DE VEIGA, 2021, n.p. tradução nossa).
Esta busca serviu principalmente para a recuperação de informações sobre design,
mobília, disposição do acervo, características particulares dos espaços físicos e decoração.
84

5.4 O ambiente virtual das histórias em quadrinhos

Não diferentemente dos espaços físicos, os ambientes virtuais também podem se


adequar as características particulares dos acervos em HQ, por isso, também foi feita uma
busca pelos sites e bases de dados de alguma gibiteca, neste caso iremos apontar suas
similaridades e especificidades em 4 unidades, duas referentes a gibiteca públicas, uma a
gibiteca escolar e uma comicteca.
Primeiro podemos apontar o site da Gibiteca Henfil de São Paulo (Figura 46),
neste, apontamos suas principais características, a utilização de recursos quadrinhísticos,
como as fontes, ilustrações e representação das capas das revistas em quadrinhos, bem como
uma breve apresentação sobre o cartunista Henfil, personalidade homenageada da unidade.

Figura 46 – Site da Gibiteca Henfil

Fonte: gibiteca Henfil (2022).12

Em relação às especificidades do site, destacamos os itens do Menu,


principalmente o “Seu desenho, seu olhar” (Figura 47), campos disponíveis para a interação
direta da gibiteca com os leitores de quadrinhos que produzem artes.

12
Disponível em: http://www.centrocultural.sp.gov.br/gibiteca/henfil.htm. Acesso em: 24 set. 2022.
85

Figura 47 – Seu olhar da Gibiteca Henfil

Fonte: Gibiteca Henfil (2022).13

Além deste espaço, os itens de “Depoimentos” também servem para o


estabelecimento de um diálogo com os leitores. O item “Acervo” faz uma breve apresentação
do catálogo das obras disponibilizadas no acervo.
Seguindo o mesmo estilo de design gráfico, temos a Gibiteca Mais Cultura
(Figuras 48 e 49), que utiliza de ilustrações inéditas, e recursos quadrinhísticos para
disponibilização de informações no site.

13
Disponível em: http://www.centrocultural.sp.gov.br/gibiteca/seuolhar.htm. Acesso em: 24 set. 2022.
86

Figura 48 – Site da Gibiteca Mais Cultura

Fonte: Gibiteca Mais Cultura (2022)14.

Figura 49 – Site da Gibiteca Mais Cultura

Fonte: Gibiteca Mais Cultura (2022)

14
Disponível em: https://gibiteca.org.br/. Acesso em: 24 set. 2022.
87

Como especificidades, temos o item “nossos gibis”, que é uma coleção de gibis
elaborados pelo gestor desta gibiteca, Ronilço Guerreiro e disponibilizados de forma digital e
gratuita. Também podemos destacar os projetos desenvolvidos pela unidade, como a Vanteca,
Freguesia do Livro e Gibicicleta, que visam levar as HQ além do espaço físico da gibiteca.
A gibiteca escolar Helena Fonseca (Figura 50) disponibiliza as informações sobre
seu acervo de forma diferente das outras unidades, no qual seu objetivo é apresentar
informações voltada para o ensino e aprendizagem, essa característica é relacionada a sua
tipologia, que está inserida em um ambiente educacional.

Figura 50 – Blog de Gibiteca Escolar Helena Fonseca

Fonte: Gibiteca Escolar Helena Fonseca (2022)15.

Apesar da adoção de conteúdos voltados para o ensino e aprendizagem, o blog


ainda utiliza variados recursos quadrinhísticos, como fontes, balões e enquadramento.
Já a Comicteca de Tres Cantos, apresenta uma proposta diferente, no site da
Biblioteca não dispõe de um espaço que indique o uso de recursos quadrinhísticos, porém,
disponibiliza um tipo de catálogo ilustrado digital (Figura 51), com breves resumos e
indicações de HQ.

15
Disponível em: http://gibitecacom.blogspot.com/. Acesso em: 24 set. 2022.
88

Figura 51 – Recursos de Quadrinhos da Comicteca de Tres Cantos

Fonte: Comicteda Tres Cantos (2022)16.

São poucas as gibiteca no Brasil que detém de um veículo informacional no


âmbito digital direcionado para seu acervo, muitas estão disponibilizadas na web apenas como
um tópico das bibliotecas públicas, no qual apresenta seu objetivo e/ou breve histórico, sem
qualquer utilização de recursos que atraiam seus leitores, que “fica evidente na busca por uma
comunicação mais próxima e contínua, representando um diferencial para a biblioteca em
períodos de atendimento remoto” (ESPOLIER; BORGES, 2022, p. 44).

5.5 A ação e animação cultural com histórias em quadrinhos

Para a identificação de ações e animações culturais pertinentes a gibitecas, foi


utilizado o trabalho de Santos (2022). Segundo a autora, os eventos servem “como uma
estratégia institucional para divulgar e reafirmar o papel desses locais no contexto social,
criando uma aproximação com a comunidade e influenciando na formação do sujeito”
(SANTOS, 2022, p. 39).
Para a realização de ações e animações culturais também é necessário o
estabelecimento de um plano de ações, no qual pode indicar possíveis datas e atividades
relacionadas aos quadrinhos em sua programação, para isso também foi pesquisado e
elaborado uma proposta de Calendário das HQ com informações relevantes à cultura da
leitura quadrinhística no Brasil.

16
Disponível em: https://pt.calameo.com/read/006310027310d0504fd27?page=9. Acesso em: 22 set. 2022.
89

O calendário foi feito por meio de uma busca em sites e trabalhos sobre as
principais personalidades do gênero quadrinhístico, bem como a datas comemorativas
relacionadas ao tema, que podem servir para a construção de um cronograma de ações e
animações culturais.
Foram levados em consideração os seguintes aspectos:
 Datas comemorativas diretamente ligadas ao gênero quadrinhístico;
 Datas comemorativas ligadas ao incentivo à leitura;
 Datas comemorativas ligadas ao livro;
 Datas comemorativas ligadas ao leitor;
 Datas comemorativas ligadas aos artistas;
 Datas comemorativas ligadas às bibliotecas;
 Datas comemorativas ligadas à comunidade geek;
 Datas comemorativas ligadas às crianças;
 Aniversários de quadrinhistas e/ou cartunistas conhecidos mundialmente;
 Aniversários de quadrinhistas e/ou cartunistas brasileiros.

Importante destacar que o calendário ainda requer desenvolvimento, a depender


da instituição a qual se utiliza, devendo também dar destaque às personalidades regionais.
O resultado das buscas, prospecções e principais constatações desta sondagem
serviram para a composição do produto, o qual conheceremos no próximo capítulo.
90

6 O PRODUTO

Conforme foi identificado na coleta de dados apresentado no capítulo anterior, a


construção do produto intitulado “Manual de Catalogação para acervos de histórias em
quadrinhos: como organizar uma gibiteca” (Figura 52), foi pautado em alguns aspectos
referentes à coleção especial, setor ou unidade de informação, no qual detém de características
particulares a serem consideradas na construção e organização do acervo, bem como a sua
disseminação.

Figura 52 – Capa do Manual

Fonte: elaborado por Ida Conceição Andrade de Melo (2022).

Para a diagramação deste manual foram utilizados recursos quadrinhísticos, como


fontes (Comic Sans), artes (fragmentos de HQ nacionais, internacionais, tradicionais,
91

contemporâneas, semiologia, mangás, infantis e adultas), balões, enquadramento, dentre


outros. Para Guerra e Terce (2020, n.p.), “esses elementos são recursos para o tipo de
mensagem visual, e buscamos aplicá-los de maneira significativa na comunicação”. Na
escolha das cores azul, amarelo, verde e vermelho, justifica-se “por meio das escolhas
cromáticas criamos contrates e melhoramos a visualização de determinado conteúdo”
(GUERRA; TERCE, 2020, n.p.).

Figura 53 – Segunda capa do Manual

Fonte: elaborado Ida Conceição Andrade de Melo (2022).

Na capa, segunda capa (Figura 53) e folha de rosto foram inseridas informações
referentes à titulação do documento, autoria, local e ano de publicação. Todas as informações
contidas no Manual são referentes à pesquisa bibliográfica realizada nesta dissertação, bem
como a análise do campo empírico, no qual foram identificadas as principais lacunas a serem
atendidas na OCI de um acervo de HQ.
92

Considerando que o produto é caracterizado como um material bibliográfico


requer a elaboração de elementos pré-textuais, este foi construído com a seguinte estrutura:
Capa; Segunda capa; Folha de rosto; Folha de equipe editorial (com ficha catalográfica
elaborada por uma bibliotecária); Prefácio, elaborado pela Profa. Dra. Valéria Aparecida Bari,
pesquisadora em HQ e Sumário.
A “Apresentação” (Figura 54) do Manual consistiu em informar a finalidade da
construção do documento, a importância do conteúdo para a produção acadêmica, a indicação
de uma normativa e a preocupação da disponibilização do material para os profissionais da
informação. A página contou apenas com um texto limpo, sem a utilização de ilustrações,
somente de uma fonte fazendo referencia as HQ no título da seção.

Figura 54 – Apresentação do Manual

Fonte: elaborado por Ida Conceição Andrade de Melo (2022).


93

A seção “O Acervo de Histórias em Quadrinhos: Gibiteca” (Figura 55) explicou a


origem do termo “gibi” no Brasil, a nomenclatura “Gibiteca” e seus conceitos, utilizando uma
referencia ilustrada, indicando de forma breve como devem ser feita a aplicação de OCI
nestas unidades e como deve ser feita a sua implantação e gestão. A página seguiu o mesmo
padrão da “Apresentação”, também se utilizando de fundo branco com bordas coloridas, com
recursos quadrinhísticos mistos.

Figura 55 - O Acervo de Histórias em Quadrinhos: Gibiteca do Manual

Fonte: elaborado por Ida Conceição Andrade de Melo (2022).


94

“A Representação descritiva e temática das Histórias em Quadrinhos” foi dividida


em duas partes, na “Representação descritiva” que compreende os processos de representação
da informação do item quadrinhístico, e quais documentos foram utilizados para a construção
dessa seção, como o MARC21 e o AACR2. Nesta seção foi utilizado um fluxograma
ilustrado, e um quadro com os principais campos de preenchimento do MARC21.
Os “Metadados” foram definidos e exemplificados nesta seção, estes conceituados
de forma ilustrada, utilizando-se de balões, quadros, fontes e cores sobrepostas, seguido das
orientações do preenchimento dos metadados, que adotou o mesmo modelo apresentado na
Figura 56.

Figura 56 – Metadados do Manual

Fonte: elaborado por Ida Conceição Andrade de Melo (2022).


95

A “Instrução de Acesso” foi pautada principalmente nas questões voltadas à


classificação indicativa, trazendo uma figura do Manual de Classificação Indicativa: Guia
prático de audiovisual do Governo Federal, de forma simples e direta, com os principais
sinalizadores.
O “Controle de autoridade” indica a padronização e descrição verbal usada na
representação no catálogo. A seção adotou balões, quadros, fontes e cores fortes para a
ilustração das informações (Figura 57).

Figura 57 – Controle de autoridade do Manual

Fonte: elaborado por Ida Conceição Andrade de Melo (2022).


96

A “Representação temática” apresentou os principais formatos das HQ em um


quadro ilustrado, seguido dos tipos de “Códigos de classificação” e os modelos adotados para
esse tipo de acervo (Figura 57).

Figura 57 – Códigos de classificação do Manual

Fonte: elaborado por Ida Conceição Andrade de Melo (2022).

Os “Exemplos de preenchimento MARC” (Figura 58) adotou o Álbum utilizando


CDU e a Revista utilizando a CDD para sua representação. A intenção foi a de trazer uma
exemplificação do preenchimento dos campos, com base numa fonte de informação real que
97

recebe o tratamento proposto, para que o profissional responsável pela catalogação possa ter
uma noção mais clara de quais os principais campos e metadados a serem preenchidos.

Figura 58 – Exemplos de preenchimento MARC do Manual

Fonte: elaborado por Ida Conceição Andrade de Melo (2022).

O “Modelo de etiqueta” (Figura 59) além de apresentar informações pertinentes a


edição, classificação e identificação da obra, também destaca a importância da classificação
indicativa de forma clara e correta. O modelo segue os padrões do sistema Pergamum e
98

Biblivre de preenchimento, principalmente pela apresentação do código de barras para


facilitar o registro da obra no sistema.

Figura 59 – Modelo de etiqueta do Manual

Fonte: elaborado por Ida Conceição Andrade de Melo (2022).

Partindo para a “Organização física dos acervos de histórias em quadrinhos” o


propósito foi propor práticas organizacionais que estejam de acordo com o acervo de uma
gibiteca, como também indicar quais práticas não devem ser adotadas nesse tipo de acervo.
Nesta seção foram apresentados de forma ilustrada dois tópicos: “O que pode” e “O que não
pode” (Figura 60). No caso dos itens em suporte digital, a organização dependerá da base de
dados adotada, sendo que o próprio item poderá ser carregado num dos campos de MARC.
99

Figura 60 – Organização física no Manual

Fonte: elaborado por Ida Conceição Andrade de Melo (2022).

Já o “Design de espaços e ambientes lúdicos para gibitecas” dividiu-se em duas


seções, a que apresenta sugestões para os espaços físicos e a que apresenta sugestões para os
ambientes virtuais (Figura 61). A utilização de balões, fontes, quadros e cores fortes nesta
seção a torna mais lúdica e indicativa.
100

Figura 61 – Espaços físicos e ambientes virtuais no Manual

Fonte: elaborado por Ida Conceição Andrade de Melo (2022).

Seguindo para a seção que aborda a “Ação e Animação Cultural em Gibitecas”, na


qual foram apresentadas sugestões de oficinas e eventos a serem desenvolvidos em uma
gibiteca, com a finalidade da disseminação do item quadrinhístico, e o fomento a cultura
leitora deste acervo (Figura 62). Desta forma, os profissionais também tem no manual
elementos para uma estratégia de planejamento cultural e marketing bibliotecário da unidade
de informação.
101

Figura 62 – Oficinas e Eventos no Manual

Fonte: elaborado por Ida Conceição Andrade de Melo (2022).

Finalizando com o “Calendário das Histórias em Quadrinhos”, no qual sua


elaboração visa colaborar com a definição de datas pertinentes ao tipo de acervo, criando um
cronograma no desenvolvimento de ações e animações culturais voltadas aos leitores de HQ
(Figura 63). O calendário seguiu o ano de 2023, mas está perenizado e aberto para inclusão de
datas específicas da cultura local ou regional. A adoção de um calendário, além de servir de
instrumento de planejamento de atividades, apoia a liberação de comunicações em redes
sociais e a formação de interesses nos usuários potenciais e reais da unidade de informação.
102

Figura 63 – Calendário das Histórias em Quadrinhos no Manual

Fonte: elaborado por Ida Conceição Andrade de Melo (2022).

Já os elementos pós-textuais foram identificados como: Referências; breve


apresentação das autoras (informações retiradas da Plataforma Lattes e ilustração realizada
pela autora) (Figura 64); colofão e quarta capa.
103

Figura 64 – Apresentação das autoras no Manual

Fonte: elaborado por Ida Conceição Andrade de Melo (2022).

Para além da representação descritiva e temática que compreende o item


quadrinhístico, a classificação indicativa e controle de autoridade, a construção de espaços e
ambientes personalizados, abrangendo a identidade dos leitores de HQ, como também a
definição de ações e animações culturais voltadas a disseminar informações sobre os
quadrinhos, este manual se apresenta de forma didática, instrutiva e lúdica.
Contudo, também é importante que esse manual se estabeleça como um modelo
de gestão para implantação e trabalho especializado em outras unidades de informação, com
104

conteúdo generalizante, conceitual e atualizado. Sendo assim, é necessário contemplar todos


os aspectos da gestão, levando em consideração a autonomia e a distinção dos produtos e
serviços especializados, ao mesmo tempo em que se alinhem ao departamento às finalidades e
normas da unidade de informação da qual a Gibiteca faz parte.
105

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As Gibitecas são unidades de informação que detém grande potencial


informacional, indo além da disponibilização de espaços e ambientes voltados apenas para a
leitura de lazer. Visualizar a importância destas unidades para a formação de novos leitores,
para o fomento a pesquisa e desenvolvimento dos gêneros literários é fundamental para que
suas obras sejam tratadas de forma adequada.
A elaboração do Produto “Manual de Catalogação para acervos de histórias em
quadrinhos: como organizar uma gibiteca” construiu uma normativa referente a OCI de
acervos em HQ, utilizando-se do levantamento bibliográfico apresentado na seção de
resultados e análises desta dissertação e adotando recursos do item quadrinhístico para a
diagramação do produto editorial.
Dentre o conteúdo apresentado no referido Produto, que concretizou o principal
objetivo de aplicação da pesquisa, se propôs um método de representação descritiva, temática
e de indexação (catalogação) para o acervo de HQ da gibiteca projetada. Para tal,
considerando as características das HQ como registro e fonte de informação e conhecimento,
foi dimensionado o aprofundamento analítico e adaptação dos instrumentos tipicamente
aplicados ao acervo da Biblioteca. Foram indicados os processos de representação, a
conceituação e exemplificação dos campos de acesso e metadados pertinentes ao item
quadrinhístico, como também a elaboração de um modelo de etiqueta que contemplasse a OCI
dessas obras e a classificação indicativa. Para apoiar o planejamento de vivências e também a
disseminação específica dos itens de HQ, também foram sistematizados conteúdos e
exemplificações referentes à ambientação física, digital e planejamento bibliotecário.
O objetivo específico que pretendeu aplicar os princípios do Guia Prático de
Classificação Indicativa do Governo Federal às obras, para gerar informação que facilite a
mediação de leitura com respeito às faixas etárias, resultou na explanação dessa classificação,
modelos e técnicas que respeitam o conteúdo existente na obra, para consulta no Produto. Os
acervos em HQ não são apenas produzidos para crianças, mas isto não é socialmente visível
em culturas como a brasileira, na qual ainda se almeja um amadurecimento da cultura leitora.
Para isso, foi indicado que o tratamento técnico dessas obras deverá compreender não
somente a sua representação descritiva e temática, mas também a leitura prévia e identificação
da classificação indicativa, a fim de, se evitar futuros problemas a gestão deste acervo, como
por exemplo a disponibilização de conteúdo adulto ao público infantil.
106

Além de sugerir recursos informacionais, ou seja, produtos e serviços


especializados para leitores de HQ, as análises e resultados desta pesquisa indicam ações que
podem representar o fomento à cultura leitora e a leitura pública. Atendendo a este objetivo,
foram apresentadas sugestões de ação e animação cultural voltada para o público-alvo de uma
gibiteca, e a elaboração do calendário das HQ. A atração dos quadrinhos apresenta o ambiente
leitor, que pode desencadear contatos, relações e ampliações dos gostos e preferências leitoras
da comunidade servida, por meio das mediações planejadas ou incidentais ocorridas durante
as vivências e as atividades programáticas da unidade de informação.
Apesar da importância social e histórica que a Gibiteca tem no Brasil, pois foi
aqui que se inaugurou a primeira no mundo, ainda se encontra imatura a pesquisa referente a
gestão de acervos de HQ. Muito queridos são os quadrinhos pelos brasileiros, sobretudo para
leitura de lazer, porém, ainda enfrentam grande preconceito sobre a sua importância como
fonte de informação, principalmente no âmbito educacional. A inserção das HQ em sala de
aula deveria ir além da literatura adaptada, a indicação deste tipo de obra para a construção do
conhecimento pode agregar valor para a construção de novos acervos, principalmente os
escolares. O desenvolvimento da linguagem das HQ como escrita escolar também ampliaria o
repertório de construção do conhecimento, com proveito do rico repertório de representações
imagéticas que os estudantes têm mantido um contato passivo.
O instrumento de coleta permitiu identificar as principais lacunas de um acervo de
HQ em construção, da mesma forma que, percebeu os principais métodos de organização de
gibitecas. Como foi aprontado no levantamento realizado sobre as gibitecas brasileiras, apenas
uma foi identificada a nível nacional no espaço educacional. É compreensível que outras
escolas possam deter de acervos de HQ, mas ainda de forma mínima, compreendendo a
coleções de um acervo geral. Uma hipótese para complementar esta lacuna na literatura
especializada, pode ser a diminuta quantidade de bibliotecas escolares e a ausência do
profissional bibliotecário, o que leva a uma carência em gestão da informação e do
conhecimento e a falta de oferta de recursos informacionais que vemos como necessários à
formação leitora no país.
Espera-se que esta dissertação sirva como um impulsionamento nas pesquisas
sobre gibitecas brasileiras, bem como o desenvolvimento de normativas referentes à gestão de
acervos, ações culturais e práticas da leitura pública, em especial com relação aos acervos de
HQ.
107

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116

APÊNDICE A – SWOT da Biblioteca Pública Epiphânio Dória

Matriz SWOT da BPED Vector Forças/Fraquezas


Área/Secção Valor para
Peso Âmbito da avaliação Comentários relativos a BPED
em análise BPED
- Localização não estratégica;
- Equipamento de informática satisfatório;
Aqui são contabilizadas as condições de implantação, ao - Balcão de atendimento bem localizado;
nível da localização, qualidade e adequação das instalações - Variados setores;
Condições
1 20% bem como as condições de mobiliário e equipamentos, 7 - Deficiência no armário para visitantes;
físicas
técnicos e informáticos. Identificará as condições materiais - Climatização insatisfatória;
necessárias à obtenção de boas práticas. - Sala de estudos;
- Acessibilidade física;
- Mobiliário satisfatório.
Analisa a capacidade da instituição de se organizar - Horário de trabalho;
internamente. A habilidade de se projetar de uma forma - Não possui autonomia de aquisição;
Gestão e
2 15% harmoniosa e coerente, desenvolvendo competências de 7 - Trabalha as questões de imagem.
Organização
reavaliação das suas ações e capacidade de organização
interna de processos.
- Acervos variados;
Analisa-se aqui os produtos e recursos materiais que a - Material de escritório satisfatório;
instituição possui. A diversidade e qualidade dos materiais - Equipamentos de Proteção Individual
3 Produtos 5% 8
necessários para o desenvolvimento das atividades. (EPIs);
Identificará as possibilidades de satisfazer o usuário. - Internet wifi satisfatória.

Analisa a capacidade da instituição em transformar os - Auxílio na pesquisa;


produtos em informação, de tornar a instituição útil e - Desenvolve ações sociais e culturais;
4 Serviços 15% diferenciada das restantes. Identificará a capacidade de 10 - Empréstimo satisfatório.
introduzir valor acrescentado aos produtos que a instituição
oferece.
Analisa os recursos humanos e a sua capacidade de interação. - Quadro de profissional da informação
Recursos
5 25% Uma instituição necessita de uma equipe com conhecimentos 9 qualificado insatisfatório;
Humanos
e formação diversificados bem como um sentido de equipe. - Quadro de estagiários satisfatório;
117

Identificará o fator humano capaz de colocar em prática os - Equipe multidisciplinar satisfatória;


objetivos da Instituição. - Relações pessoais satisfatórias.
Analisa o modo como a instituição está integrada na - Referência estadual e regional;
sociedade. A instituição deve sentir-se como um todo, - Existe desde 1851 (170 anos).
6 Institucional 20% 10
garantindo a prossecução dos objetivos comuns. Identificará
o seu envolvimento institucional.
(deve ser igual
100% Total: 8,5
a 100%)
Fonte: elaborado por Melo e Santos (2021) baseado na obra de Cunha (2011).
Sendo as Forças:
 Equipamento de informática satisfatório;
 Balcão de atendimento bem localizado;
 Variados setores;
 Sala de estudos;
 Acessibilidade física;
 Mobiliário satisfatório;
 Horário de trabalho;
 Trabalha as questões de imagem;
 Acervos variados;
 Material de escritório satisfatório;
 Internet wifi satisfatória.
 Auxílio na pesquisa;
 Desenvolve ações sociais e culturais;
 Empréstimo satisfatório;
 Quadro de estagiários satisfatório;
 Equipe multidisciplinar satisfatória;
 Relações pessoais satisfatórias.
 Referência estadual e regional;
 Existe desde 1851 (170 anos)
Sendo as Fraquezas:
 Localização não estratégica;
118

 Deficiência no armário para visitantes;


 Climatização insatisfatória;
 Não possui autonomia de aquisição;
 Equipamentos de Proteção Individual (EPIs);
 Quadro de profissional da informação qualificado insatisfatório.
Matriz SWOT da BPED Vector Oportunidade/Ameaças
Valor
Área/Secção em
Peso Âmbito da avaliação para Comentários relativos a BPED
análise
BPED
- Frequência satisfatória;
São utentes da BPED pessoas de todas as classes sociais e
- Grande demanda de pesquisadores;
faixa etária, que recorrem à instituição como meio de
1 Utentes 30% 10 - Usuários diversificados;
satisfazer algumas necessidades informacionais, seja a nível
- Local seguro e confortável;
terapêutico ou social.
- Relação com as instituições educacionais.
10% As possibilidades colocados pelos recursos digitais - Interação nas redes sociais insatisfatória;
permitem uma maior rapidez da informação e tornam-se a - Utilização de software insatisfatório;
2 Tecnologias principal forma de comunicação. São também uma 7 - Interação via e-mail satisfatória.
excelente forma de divulgação da instituição (pagina web e
redes sociais),
A capacidade de encontrar elementos de trabalho no - Instituições parceiras de recursos;
Parcerias de exterior da instituição que permitam melhorar as suas - Instituições parceiras de pessoal;
3 20% 10
trabalhos práticas e ter por parte desses parceiros uma avaliação da - Parcerias individuais.
própria instituição
A instituição tem de responder aos condicionalismos da - Aumento do número de ações sociais e
Tendências de expansão do seu trabalho aproveitando as oportunidades de culturais;
4 15% 7
mercado se recriar com financiamentos externos e estar na - Uso de novas tecnologias.
vanguarda.
Sendo um serviço sem capacidade para gerar receitas - Orçamento instável;
próprias significativas, estará dependente da situação das - Burocracia excessiva.
5 Institucional 25% 7
estruturas ligadas à instituição, pelo que será preciso
equilibrar elementos locais com elementos nacionais.
(deve 100%) 100% Total: 8,2
Fonte: elaborado por Melo e Santos (2021) baseado na obra de Cunha (2011).
119

Sendo as Oportunidades:
 Frequência satisfatória;
 Grande demanda de pesquisadores;
 Usuários diversificados;
 Local seguro e confortável;
 Relação com as instituições educacionais;
 Interação via e-mail satisfatória;
 Instituições parceiras de recursos;
 Instituições parceiras de pessoal;
 Parcerias individuais;
 Aumento do número de ações sociais e culturais;
Sendo as Ameaças:
 Interação nas redes sociais insatisfatória;
 Utilização de software insatisfatório;
 Uso de novas tecnologias;
 Orçamento instável;
 Burocracia excessiva.
120

APÊNDICE B – SWOT da do setor Gibiteca

Matriz SWOT da Gibiteca Vector Forças/Fraquezas


Área/Secção em análise Peso Valor para Gibiteca Comentários relativos a Gibiteca
- Sala disponível;
1 Condições físicas 20% 6
- Climatização.
- Criação de um plano de gestão;
2 Gestão e Organização 15% 9
- Horário de atendimento.
- Acervo moderado;
3 Produtos 5% 7
- Material de escritório satisfatório.
- Mediação literária digital;
4 Serviços 15% 7
- Desenvolvimento de ações culturais.
- Possui profissional da informação qualificado;
5 Recursos Humanos 25% 8 - Estágiario da área da informação;
- Relação dos funcionários com a temática.
- Primeira gibiteca sergipana;
6 Institucional 20% 10
- Fomento a disseminação das Histórias em Quadrinhos.
(deve ser igual a 100%) 100% Total: 7,8
Fonte: elaborado por Melo e Santos (2021) baseado na obra de Cunha (2011).

Sendo as Forças:
 Sala disponível;
 Criação de um plano de gestão;
 Horário de atendimento;
 Material de escritório satisfatório;
 Desenvolvimento de ações culturais;
 Possui profissional da informação qualificado;
 Estágiario da área da informação;
 Primeira gibiteca sergipana;
 Fomento a disseminação das Histórias em Quadrinhos.
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Sendo as Fraquezas:
 Climatização;
 Acervo moderado;
 Mediação literária digital;
 Relação dos funcionários com a temática.

Matriz SWOT da Gibiteca Vector Oportunidade/Ameaças


Área/Secção em análise Peso Valor para Gibiteca Comentários relativos a Gibiteca
1 Utentes 30% 8 - Faixa etária indicada acima de 16 anos.
Tecnologias 10% - Utilização das redes sociais para mediação e
2 8
disseminação do acervo.
Parcerias de trabalhos - Possíveis doadores;
3 20% 10
- Parceria educacional e profissional.
Tendências de mercado - Primeira gibiteca sergipana;
4 15% 9
- Utilização das tecnologias.
Institucional - Orçamento instável;
5 25% 5
- Fase de implementação.
(deve ser igual a 100%) 100% Total: 8,0
Fonte: elaborado por Melo e Santos (2021) baseado na obra de Cunha (2011).

Sendo as Oportunidades:
 Utilização das redes sociais para mediação e disseminação do acervo;
 Possíveis doadores;
 Parceria educacional e profissional;
 Primeira gibiteca sergipana;
 Utilização das tecnologias;
 Fase de implementação.
Sendo as Ameaças:
 Faixa etária indicada acima de 16 anos;
 Orçamento instável.

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