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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO TECNOLÓGICO – CTC


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL – ECV

ALEXANDRE NUNES DO CARMO

MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM FACHADAS DE


REVESTIMENTO ARGAMASSADO: ESTUDO DE CASO
REALIZADO EM FLORIANÓPOLIS

Trabalho de Conclusão apresentado ao


Curso de Engenharia Civil da
Universidade Federal de Santa
Catarina.
Orientador: Prof.. Ivo José Padaratz,
PhD
Coorientador: Eng. Paulo Ricardo de
Matos

Florianópolis, 2015
AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Carlos Luiz Ribeiro do Carmo e Laureci Nunes,


pelo apoio imensurável durante toda minha vida, sem vocês esse feito
seria inatingível.
Ao meu irmão, Danilo Nunes do Carmo pelos diversos conselhos
e palavras de sabedoria.
Ao meu orientador, Ivo José Padaratz pela disponibilidade de me
orientar e pelo auxílio no desenvolvimento da pesquisa.
Ao Eng. Paulo Ricardo de Matos, pela amizade, auxílio, e
incontáveis sugestões valiosas ao longo do trabalho.
À todos os meus amigos e colegas, pelo apoio e amizade que
ajudaram a tornar essa caminhada mais fácil.
À família Koerich, pelas oportunidades e pelos cinco anos de
aprendizado e crescimento profissional nas suas empresas.
RESUMO

O sistema de revestimento argamassado é amplamente utilizado no


Brasil, seja em residências ou edificações. Isso se deve ao fato de ser de
fácil preparo e aplicação, baixo custo, e permitir um bom acabamento
final. Entretanto, é recorrente encontrarmos fachadas que apresentem
desempenho e durabilidade muito abaixo do desejado. Florianópolis, por
ser uma cidade quente e úmida, propicia o ambiente ideal para o
aparecimento de problemas patológicos em edificações. Aliado ao clima
da cidade, outros fatores podem ser determinantes na qualidade do
revestimento, sendo eles: mão de obra, projeto e manutenção. Esse
trabalho tem o intuito de analisar manifestações patológicas em três
condomínios multifamiliares na cidade de Florianópolis. Para
diagnosticar as possíveis causas e origens das manifestações, foi
utilizado o método proposto por Litchenstein em 1986. Inicialmente
foram efetuadas visitas aos locais de estudo de caso, sendo realizadas
entrevistas aos funcionários dos condomínios e registros fotográficos
das edificações. Posteriormente, com as informações coletadas, foi
elaborado o estudo do material levantado, obtendo os diganósticos mais
prováveis para cada manifestação. Pôde-se constatar que as origens das
manifestações patológicas mais recorrentes são as relacionadas à
ausência/indefinições de projeto, abrangendo 46% das manifestações.
Problemas ocasionados pela falta de manutenção e execução ocorreram
respectivamente, em 37 e 17% das manifestações avaliadas. Quanto às
causas mais recorrentes, destacou-se a proliferação de microorganismos
(fungos e algas), que apareceram em 60% das manifestações. Ainda
com freqüência significativa, observaram-se movimentações térmicas
(33%) e movimentações higroscópicas (26%). Os efeitos mais
recorrentes foram os caracterizados pelo aspecto de sujidade nas
fachadas, pelas fissuras (mapeadas e lineares) e destacamento do
revestimento. Assim, concluiu-se que a maioria das manifestações
patológicas avaliadas poderiam ser evitadas com medidas bastante
simples, como a manutenção periódica e a existência de projetos
adequados.

Palavras-chave: Manifestações patológicas, revestimentos


argamassados, fachadas.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Consistência das argamassas ................................................... 16


Figura 2 Aderência entre revestimento e substrato ............................... 18
Figura 3 Fatores que influenciam na aderência da argamassa ao
substrato ................................................................................................ 19
Figura 4 - Influência do teor de cimento no processo de retração do
revestimento .......................................................................................... 21
Figura 5 – Estrutura genérica de revestimento argamassado................. 22
Figura 6 - Sistema de revestimento composto por camada única .......... 23
Figura 7 - Fluxograma do processo de elaboração e execução de
projetos. ................................................................................................. 26
Figura 8 - Fatores que influenciam a penetração da água da chuva em
fachadas ................................................................................................. 31
Figura 9 - Fissura vertical em alvenaria ................................................ 32
Figura 10 - Fissura horizontal em alvenaria .......................................... 33
Figura 11 - Evolução de eflorescências em paredes sujeitas à ação da
capilaridade ........................................................................................... 36
Figura 12 – Fissurações devido ao efeito térmico. ................................ 38
Figura 13 – Movimentação térmica em lajes......................................... 39
Figura 14 - Adaptação do método de Lichtenstein para resolução de
problemas patológicos. .......................................................................... 43
Figura 15 - Incidência do sol na cidade de Florianópolis ...................... 45
Figura 16 - Fachada Nordeste Ed. Serrinha. .......................................... 46
Figura 17 - Localização Condomínio Serrinha...................................... 48
Figura 18 - Fachada Sudeste bloco D .................................................... 49
Figura 19 - Manifestação 1A ................................................................. 50
Figura 20 - Manifestação 1B ................................................................. 52
Figura 21 - Manifestação 1C ................................................................. 53
Figura 22 - Manifestação 1D ................................................................. 54
Figura 23 - Desplacamento do reboco rente à junta de dilatação .......... 54
Figura 24 - Manifestação 1E ................................................................. 56
Figura 25 - Manifestação 1F ................................................................. 57
Figura 26 - Vista lateral Manifestação 1F ............................................. 57
Figura 27 Vegetação presente na Manifestação 1F ............................... 58
Figura 28 Manifestação 1G ................................................................... 59
Figura 29 Detalhe Manifestação 1G ...................................................... 59
Figura 30 Condomínio Córrego Grande – Fachada Noroeste ............... 61
Figura 31 Localização Condomínio Córrego Grande............................ 63
Figura 32 Manifestação 2A ................................................................... 64
Figura 33 Detalhe manifestação 2A ...................................................... 64
Figura 34 Manifestação 2B ................................................................... 66
Figura 35 Manifestação 2C ................................................................... 67
Figura 36 Detalhe manifestação 2C ...................................................... 67
Figura 37 – Funcionamento de uma pingadeira. ................................... 68
Figura 38 Manifestação 2D ................................................................... 69
Figura 39 Condomínio Trindade ........................................................... 71
Figura 40 Localização Condomínio Trindade ....................................... 72
Figura 41 Manifestação 3A ................................................................... 74
Figura 42 Algas manifestação 3A ......................................................... 75
Figura 43 Detalhe manifestação 3A ...................................................... 76
Figura 44 Manifestação 3B ................................................................... 77
Figura 45 Manifestação 3C ................................................................... 78
Figura 46 Manifestação 3D ................................................................... 80
Figura 47 – Causas das manifestações. ................................................. 85
Figura 48 - Origem das manifestações .................................................. 88
Figura 49 - Efeitos das manifestações ................................................... 91
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Influência do teor de finos na plasticidade ............................. 17


Tabela 2 – Espessuras dos revestimentos argamassados internos e
externos. ................................................................................................ 24
Tabela 3 Cobrimento nominal em função da classe de agressividade
ambiental ............................................................................................... 41
Tabela 4 Resumo das manifestações ..................................................... 82
Tabela 5 - Causas das manifestações Condomínio Serrinha ................. 83
Tabela 6 Causas das manifestações Condomínio Córrego Grande ....... 84
Tabela 7 Causas das manifestações Condomínio Trindade ................... 84
Tabela 8 Origens das manifestações Condomínio Serrinha .................. 86
Tabela 9 Origens das manifestações Condomínio Córrego Grande ...... 86
Tabela 10 Origens das manifestações Condomínio Trindade ............... 87
Tabela 11 Efeitos das manifestações Condomínio Serrinha.................. 89
Tabela 12 Efeitos das manifestações Condomínio Córrego Grande ..... 90
Tabela 13 Efeitos das manifestações Condomínio Trindade................. 90
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..................................................................... 12

1.1. OBJETIVOS.......................................................................... 13
1.1.1. Objetivo Geral ....................................................................... 13
1.1.2. Objetivos Específicos ............................................................ 13

2. REVISÃO DE LITERATURA ............................................. 14

2.1. ARGAMASSAS DE REVESTIMENTO .......................................... 14


2.1.1. Propriedades das argamassas no estado fresco ...................... 15
2.1.1.1. Trabalhabilidade .................................................................... 15
2.1.2. Propriedades das argamassas no estado endurecido .............. 17
2.1.2.1. Aderência .............................................................................. 17
2.1.2.2. Resistência Mecânica ............................................................ 19
2.1.2.3. Estanqueidade ....................................................................... 20
2.1.2.4. Retração................................................................................. 20
2.1.3. Estrutura do revestimento...................................................... 22
2.1.3.1. Emboço e Reboco ................................................................. 23
2.1.4. PROJETO DE REVESTIMENTOS ARGMASSSADO DE
FACHADA............................................................................................ 24
2.2. MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM FACHADAS DE
REVESTIMENTO ARGAMASSADO ............................................................ 27

2.2.1. Patologia das edificações ...................................................... 27


2.2.2. Principais origens de umidade em edificações ...................... 28
2.2.2.1. Umidade de condensação ...................................................... 28
2.2.2.2. Umidade do terreno ............................................................... 29
2.2.2.3. Umidade de construção ......................................................... 29
2.2.2.4. Umidade de precipitação ....................................................... 30
2.2.3. Manifestações patológicas decorrentes da presença de
umidade ............................................................................................... 31
2.2.3.1. Fissuras causadas por movimentações higroscópicas ........... 31
2.2.3.2. Fungos ................................................................................... 33
2.2.3.3. Algas ..................................................................................... 34
2.2.3.4. Eflorescências ....................................................................... 34
2.2.4. Fissuras decorrentes da movimentação térmica .................... 36
2.2.5. Fissuras decorrentes da corrosão de armaduras..................... 40

3. MÉTODO .............................................................................. 42

3.1. DELIMITAÇÕES DO TRABALHO ............................................... 43


3.2. CRITÉRIOS PARA ESCOLHA DAS EDIFICAÇÕES ........................ 44
3.3. ANÁLISE CLIMÁTICA DA REGIÃO ............................................ 44

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................... 46

4.1. ESTUDO DE CASO .................................................................... 46

4.1.1. Condomínio Serrinha ............................................................ 46


4.1.1.1. Descrição do condomínio ...................................................... 47
4.1.1.2. Localização e entorno............................................................ 47
4.1.1.3. Manifestações patológicas..................................................... 49
4.1.2. Condomínio Córrego Grande ................................................ 60
4.1.2.1. Descrição do edifício ............................................................. 61
4.1.2.2. Localização e entorno............................................................ 62
4.1.2.3. Manifestações patológicas..................................................... 63
4.1.3. Condomínio Trindade ........................................................... 70
4.1.3.1. Descrição do condomínio ...................................................... 71
4.1.3.2. Localização e entorno............................................................ 72
4.1.3.3. Manifestações patológicas..................................................... 73
4.2. ANÁLISE DE RESULTADOS ...................................................... 81

4.2.1. Análise das causas das manifestações patológicas. ............... 83


4.2.2. Análise das origens das manifestações patológicas............... 85
4.2.3. Análise dos efeitos no revestimento argamassado. ............... 88

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................ 92

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................. 95


12

1. INTRODUÇÃO

Dentro de um panorama nacional, a utilização de revestimento


argamassado destaca-se quando se fala em acabamento final de
fachadas. Por ser um revestimento de baixo custo e boa durabilidade,
esse tipo de solução é comumente encontrado tanto em residências
quanto em edifícios. Entretanto, devido a fatores como a necessidade de
se construir com rapidez, ausência de projetos e falta de manutenção, a
qualidade do acabamento final nem sempre fica de acordo com a
desejada.
Fazendo frente aos problemas decorrentes da utilização do
revestimento argamassado, diversas novas tecnologias de revestimento
surgem no mercado. Porém, a maioria desses acabamentos precisa de
um substrato regularizado para a fixação, sendo novamente necessária a
aplicação de um revestimento argamassado.
A fachada é a primeira impressão que se tem de uma edificação,
sendo sempre importante que essa se mantenha preservada. Além do
papel estético, o revestimento externo tem a função de proteger a
edificação contra ações e intempéries naturais, tornando assim sua
manutenção periódica essencial. Entretanto, é visível que diversos
condomínios deixam isso em segundo plano, sendo por falta de
informação, dificuldade financeira ou descaso. Assim, acabam por
efetuar algum tipo de reparo quando o problema já é muito visível ou
está comprometendo o funcionamento da edificação, necessitando uma
intervenção muito mais ampla, trabalhosa e custosa do que se houvesse
uma manutenção periódica.
Comprovada a importância desse tipo de acabamento, é
necessário zelar pela sua qualidade. Dessa forma, através da
metodologia desenvolvida por Lichtenstein (1986), esse trabalho de
conclusão de curso tem o intuito de analisar e investigar as causas e
origens das manifestações patológicas mais recorrentes nesse tipo de
revestimento. Para isso, foram escolhidos três condomínios residenciais
na cidade de Florianópolis/SC.
13

1.1. OBJETIVOS

1.1.1. Objetivo Geral

Este trabalho tem como objetivo geral analisar e diagnosticar


manifestações patológicas em fachadas argamassadas de edifícios na
cidade de Florianópolis/SC.

1.1.2. Objetivos Específicos

 Estudar as propriedades das argamassas de revestimentos e a


influência delas para a ocorrência de manifestações patológicas;
 Caracterizar as principais manifestações patológicas de
revestimento argamassado, assim como as que não têm origem no
revestimento, mas se manifestam nele;
 Identificar as possíveis causas e origens das manifestações;
 Avaliar quais as manifestações patológicas mais recorrentes e
propor alternativas de intervenção;
14

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. ARGAMASSAS DE REVESTIMENTO

Argamassas são materiais de construção obtidos através da


mistura de aglomerante(s), água e agregado miúdo. Usualmente são
compostas por cimento1, cal e areia lavada, sendo que a proporção entre
os constituintes (isto é, o traço) varia de acordo com a aplicação. O
traço, por sua vez, é geralmente expresso em termos volumétricos.
(FIORITO, 2009; CARASEK, 2010).
Os revestimentos argamassados são compostos por uma ou mais
camadas que revestem superfícies porosas, tornando-as aptas a receber
um acabamento final (CARASEK, 2010). Segundo a ABCP (2002), as
principais funções dos revestimentos argamassados são: proteger o
substrato da ação de agentes agressivos, promover estanquiedade e
isolamento termoacústico ao substrato e proporcionar uma camada final
regular.
A escolha do traço deve ser definida conforme a aplicação da
argamassa, sendo as mais comuns de revestimento (chapisco, emboço e
reboco) e assentamento (vedação, alvenaria estrutural). A escolha de
uma composição adequada se deve ao fato que cada constituinte
influencia de forma diferente nas propriedades da mistura, tanto no
estado fresco quanto endurecido. Segundo Carasek (2010), para que o
revestimento consiga desempenhar suas devidas funções, a argamassa
deve possuir algumas propriedades, tais como trabalhabilidade, baixa
permeabilidade, resistência mecânica, baixa retração e capacidade de
absorver deformações. Nos itens a seguir serão apresentadas as
principais propriedades das argamassas, bem como os fatores que
influenciam nas mesmas.

1
Este trabalho abordará apenas materiais à base de cimento Portland, ficando
implícito se tratar deste tipo de material quando forem mencionados “cimento”,
“pasta”, “argamassa” e “concreto”.
15

2.1.1. Propriedades das argamassas no estado fresco

Conforme afirmado anteriormente, para que as argamassas


possam desempenhar suas funções de acordo com o esperado, é
necessário que algumas propriedades sejam garantidas. Aqui serão
abordadas sucintamente as propriedades que se mostrem pertinentes
para o desenvolvimento e bom entendimento do trabalho.

2.1.1.1. Trabalhabilidade

A trabalhabilidade é a propriedade da argamassa que determina a


facilidade de mistura, manuseio e transporte desta. Uma mistura que
possua boa trabalhabilidade permite ao operário executar o serviço com
boa produtividade e também com o acabamento final adequado. Assim,
esta é uma propriedade difícil de quantificar porque envolve conceitos
muito mais subjetivos do que físicos, tais como preferência do operador,
tradição construtiva e propriedades do substrato (como absorção de água
e textura superficial), além de características inerentes à própria
argamassa: plasticidade, consistência e retenção de água (CARASEK,
2010).

a) Consistência e Plasticidade

Segundo Carasek (2010), a consistência de uma argamassa está


diretamente ligada à quantidade de pasta presente ao redor do agregado,
como ilustrado na Figura 1. Do ponto de vista prático, esta propriedade
exprime o quão mole ou rígida está a argamassa. Neste contexto, a
autora classifica a mistura como seca, plástica ou fluida (Figura 1).
16

Figura 1 Consistência das argamassas

Fonte: CARASEK (2010)

A plasticidade, por sua vez, está relacionada à viscosidade da


argamassa, sendo fortemente influenciada pela quantidade de
aglomerante (cimento e cal) da mesma. Ainda, a forma de mistura e a
presença de aditivos (incorporadores de ar, por exemplo) influenciam
nesta propriedade (CARASEK, 2010). As argamassas podem ser
classificadas quanto à plasticidade como pobre, média e rica, de acordo
com a quantidade de finos e a presença ou não de aditivos plastificantes
(Tabela 1).
17

Tabela 1 Influência do teor de finos na plasticidade

Fonte: (LUHERTA VARGAS; MONTEVERDE COMBA, 1984 apud


CINCOTTO, SILVA, CARASEK, 1995).

b) Retenção de água

Cincotto e Nakakura (2004) caracterizam esta propriedade como


a capacidade que a argamassa tem de reter a água contra solicitações de
agentes externos, tais como a sucção do substrato e/ou evaporação para
o ar atmosférico. Carasek (2010) complementa que a retenção de água
está ligada à manutenção da trabalhabilidade: ao se manter a água
incorporada à mistura, a trabalhabilidade também tende a se manter. Em
concordância, Cincotto e Nakakura (2004) afirmam que, para se alterar
a retenção de água de uma mistura, pode-se fazer o uso de aditivos
incorporadores de ar, além de empregar componentes com elevada
superfície específica (como a cal).
Ainda, ambas as autoras salientam a importância que a retenção
de água tem para o estado endurecido da argamassa: esta propriedade
permite que o cimento existente na mistura possa ser hidratado
corretamente, sendo essencial para que o revestimento atinja a
resistência final esperada.

2.1.2. Propriedades das argamassas no estado endurecido

2.1.2.1. Aderência

Esta propriedade refere-se à resistência da união existente na


interface entre a argamassa e o substrato, não sendo possível falar de
18

aderência de uma argamassa sem se considerar em qual tipo de base ela


está aplicada (CARASEK, 2010). De acordo com a autora, essa
propriedade está ligada diretamente a três fatores:

 Resistência de aderência à tração;


 Resistência de aderência ao cisalhamento;
 Área de contato entre as duas superfícies (argamassa/substrato)

A ABCP (2002) afirma que o mecanismo de aderência é


essencialmente mecânico, ocorrendo em duas escalas: microscópica,
pela ancoragem da pasta dentro dos poros do substrato (devido a
formação de produtos hidratados no interior dos mesmos) e
macroscópica, pela penetração da própria argamassa na rugosidade da
superfície. Ainda, há uma contribuição química proveniente de forças
interatômicas, sendo esta desprezível para fins práticos. A Figura 2
ilustra com clareza essas duas situações.

Figura 2 Aderência entre revestimento e substrato

Fonte: ABCP (2002).

Sendo assim, Carasek (2010) aponta que para a argamassa


possuir um bom poder aderente, ela deve possuir principalmente uma
boa trabalhabilidade: esta é a propriedade que permite ao operário
aplicar com mais facilidade a argamassa no substrato, garantindo maior
área de contato entre as duas partes. A Figura 3 aponta alguns dos
fatores que influenciam a boa aderência da argamassa. Além destes, a
existência ou não de chapisco (no caso de uma argamassa de reboco),
assim como os materiais constituintes da mistura exercem papel
19

importante nesta propriedade, porém não serão abordados nesse


trabalho.

Figura 3 Fatores que influenciam na aderência da argamassa ao substrato

Fonte: CARASEK (2010).

2.1.2.2. Resistência Mecânica

De acordo com a ABCP (2002), esta propriedade está


relacionada com a capacidade do revestimento resistir às tensões
internas geradas por solicitações de natureza variada. Dentre essas
diferentes solicitações podemos citar:

 Abrasão superficial;
 Expansão dos revestimentos devido à umidade;
 Movimentos de contração;
 Cargas de impacto.

Bertolini (2010) ressalta que a resistência de uma argamassa pode


ser elevada ao se diminuir o consumo de água e cal, e aumentar a
20

quantidade de cimento na composição do traço da argamassa. Essa


medida faz com que o revestimento possa absorver tensões internas sem
que ocorram eventuais microfissurações.
Para Cincotto e Nakakura (2004), no caso de sistemas de
revestimento de argamassa, os maiores esforços estão relacionados às
tensões de tração e de cisalhamento, no sentido de tentar evitar uma
possível fissuração do revestimento.

2.1.2.3. Estanqueidade

Na visão da ABCP (2002) essa é uma propriedade que está


relacionada com a proteção fornecida pelo revestimento contra
intempéries. Fatores como relação água cimento, espessura da camada e
a existência ou não de fissuras, exercem influência direta na capacidade
do revestimento absorver água.
A estanqueidade é uma característica fundamental para a
durabilidade do revestimento. Para Cincotto (1995) ao evitar que a água
penetre no revestimento várias patologias são evitadas. Sendo assim,
esta propriedade merece bastante cuidado na hora de elaboração do traço
e execução da argamassa. Entretanto a ABCP (2002) alerta que a
permeabilidade ao vapor d’água é uma propriedade recomendável. Pois
assim, o revestimento tem a capacidade de manter-se seco nos casos da
presença de água de infiltração ou água remanescente da composição
dos materiais.

2.1.2.4. Retração

De acordo com Carasek (2010), a retração está diretamente ligada


à variação de volume da pasta aglomerante. Para a autora, essa
propriedade apresenta um papel fundamental na argamassa,
principalmente quando levados em consideração estanqueidade e
durabilidade do revestimento. O processo de retração tem início após a
aplicação da argamassa e tem continuidade durante o estado endurecido.
Esse fato se dá por diversos fatores, tais como: absorção de água pelo
substrato, evaporação da água e hidratação do cimento (FIORITO,
2009).
21

Carasek (2010) ressalta a ocorrência de dois tipos de retração nas


argamassas de revestimento: plástica e autógena. A primeira está
relacionada à perda de água da mistura para o ambiente e/ou substrato
no estado fresco, enquanto a segunda está ligada à hidratação do
cimento (o volume dos compostos hidratados é menor que a soma dos
volumes dos compostos anidros). A ABCP (2002) comenta que o
processo de retração gera tensões internas de tração na argamassa,
fazendo com que ocorram fissuras caso o revestimento não consiga
absorver esses esforços. O autor ainda diz que uma argamassa com
menos água e menos cimento retrai menos, devido ao fato que a retração
ocorre na pasta. A Figura 4 exemplifica o comportamento do
revestimento para diferentes teores de cimento.

Figura 4 - Influência do teor de cimento no processo de retração do


revestimento

Fonte: Manual de Revestimento de Argamassa, ABCP (2002).


22

A Figura 4 deixa clara a necessidade de se elaborar um traço


adequado, uma vez que um teor excessivo de cimento provoca elevada
retração autógena, enquanto um teor insuficiente não promove
resistência mecânica adequada, ocorrendo a fissuração do revestimento
nos dois casos.
Além do cimento, a areia também deve ser adequada. De forma a
minimizar a retração deve-se optar por areias de distribuição
granulométrica contínua, uma vez que essas possuem menor índice de
vazios intragranulares, exigindo menores teores de pasta para preenchê-
los (ABCP, 2002; CARASEK, 2010).

2.1.3. Estrutura do revestimento

Atualmente, pode-se executar uma estrutura de revestimento de


diversas formas, podendo essa variar a cada obra. Entretanto, de acordo
com ABCP (2002), no Manual de Revestimentos de Argamassa, a
estrutura genérica executada pelo método convencional deve possuir as
camadas ilustradas na Figura 5.

Figura 5 – Estrutura genérica de revestimento argamassado.

Fonte: ABCP (2002).

Na figura acima são mostradas três diferentes camadas: chapisco,


emboço e reboco. Porém, de acordo com Carasek (2010), atualmente no
23

Brasil os revestimentos argamassados são geralmente constituídos pela


associação do chapisco e do que é conhecido como “camada única” (a
qual desempenha o mesmo papel do emboço e do reboco, executada em
uma só etapa). Este método de execução de revestimento também é
conhecido como “reboco paulista” ou “massa única”. A Figura 6 deixa
claro como é executado esse sistema.

Figura 6 - Sistema de revestimento composto por camada única

Fonte: CARASEK (2010)

2.1.3.1. Emboço e Reboco

Emboço e reboco são duas camadas de argamassa mista (de cal e


areia), constituintes do sistema de revestimento argamassado. De acordo
com Fiorito (2009), esses tipos de argamassa são assim chamados por
possuírem plasticidade, elasticidade e por permitirem a execução de um
acabamento final plano e regular.
Para a ABCP (2002), emboço é uma camada de revestimento que
pode ser executada diretamente sobre o substrato ou sobre chapisco.
Esta camada tem a função de ser base para receber um próximo
enchimento: o reboco. Em relação a este, a ABCP (2002) diz que é uma
camada de revestimento que pode ser feita sobre o emboço, de forma
24

que permita receber o acabamento final (pintura, revestimento cerâmico,


etc).
A ABNT NBR 13749 – Revestimento de paredes e tetos de
argamassas inorgânicas – (1996), afirma que a execução de
revestimentos argamassados deve resultar em superfícies uniformes,
sem fissuras, cavidades ou imperfeições. A Tabela 2 apresenta as
espessuras recomendadas aos revestimentos descritas por tal norma, em
função do seu local de aplicação.

Tabela 2 – Espessuras dos revestimentos argamassados internos e externos.


Revestimento Espessura (mm)
Parede interna 5≤ e ≤ 20
Parede externa 20 ≤ e ≤ 30
Teto interno e externo e ≤ 20
Fonte: ABNT NBR 13749 (1996).

Bertolini (2010) explica que existe diferença entre as funções


do reboco externo e interno. Para o autor, a principal função do
revestimento utilizado nas áreas externas é fornecer barreira contra os
agentes agressivos (cloretos, sulfatos, CO 2 e até mesmo a água). O
reboco interno, por outro lado, deve desempenhar papéis estéticos,
higiênicos e de segurança. Para que esses objetivos sejam alcançados, a
argamassa utilizada deve possuir boa moldabilidade (análogo à
trabalhabilidade).

2.1.4. PROJETO DE REVESTIMENTOS ARGMASSSADO DE


FACHADA

Revestimentos argamassados são utilizados com grande


frequência para o acabamento final de fachadas. Estudos na cidade de
São Paulo, realizados com 30 construtoras em 1996, indicam que
aproximadamente 40% de todas as obras realizadas por elas contemplam
pintura sobre revestimento de argamassa como acabamento final de suas
edificações. Esse número evidencia a necessidade da elaboração de
25

projetos específicos para essa finalidade (MACIEL, 1998). A elaboração


desses projetos visa um produto final de melhor qualidade, com traço
adequado, menos desperdício durante sua execução e menos ocorrências
de manifestações patológicas durante sua utilização.
Sabbatini e Baía (2008) elencam as informações que um projeto
de revestimento deve definir:

 Tipo de revestimento e o número de camadas;


 Tipo de argamassa a ser utilizada;
 Espessura das camadas;
 Detalhes arquitetônicos e construtivos (juntas de
movimentação, peitoris, pingadeiras, etc.);
 Técnicas adequadas para a execução;
 Padrão de qualidade dos serviços.

Assim, é primordial que se associe o produto ao seu processo de


produção, abordando informações de caráter tecnológico que sirvam de
embasamento para definições ainda nas etapas de projeto. Cada uma
dessas definições deve ser tomada levando em consideração o tipo de
edificação a ser construída e as exigências e necessidades do usuário.
Para que se obtenha um projeto final de boa qualidade é necessária a
interação de todas as equipes responsáveis pela obra. A Figura 7 ilustra
o fluxograma das etapas de desenvolvimento do projeto, segundo
Melhado (1994) apud Maciel (1998).
26

Figura 7 - Fluxograma do processo de elaboração e execução de projetos.

FONTE: MELHADO (1994) apud MACIEL (1998).


27

2.2. MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM FACHADAS DE


REVESTIMENTO ARGAMASSADO

2.2.1. Patologia das edificações

Verçosa (1991) afirma que a patologia das edificações nada


mais é do que o estudo das causas e origens de todos os problemas que
podem ocorrer em uma edificação, com o intuito de alcançar um
diagnóstico e futuramente uma solução.
Thomaz (2007) comenta que o contexto sócio-econômico atual
dos países em desenvolvimento faz com que cada vez mais haja
necessidade de se construir com rapidez. Este fato, aliado à baixa
qualidade de mão de obra e à formação deficiente de profissionais do
ramo da engenharia, faz com que haja uma queda na qualidade das
edificações. Situações assim propiciam condições favoráveis para o
aparecimento de manifestações patológicas.
A presença de umidade em edificações é uma frequente origem
de diferentes problemas em edificações, se agravando ainda mais
quando levado em consideração suas fachadas. As diversas
manifestações patológicas decorrentes da presença da água podem não
só causar desconforto aos moradores, mas também comprometer a
utilização de elementos ou edificações inteiras (NAPPI, 2002)
Perez (1988), afirma que a umidade em edificações representa um
dos problemas de maior dificuldade de ser resolvido na construção civil.
De acordo com o autor, essa é a principal origem de manifestações
patológicas em edificações: cerca de 50% dos problemas encontrados
em casas e 60% em apartamentos, podendo chegar a até 86%
dependendo da idade da edificação. Além disso, a presença de umidade
aliada com a utilização de diferentes materiais de construção em
fachadas faz com que seja agravado o problema do desgaste diferencial
entre os materiais, comprometendo a qualidade e durabilidade do
“envelopamento” externo.
Nappi (2002) salienta que a dificuldade de se obter um
diagnóstico preciso para problemas de umidade acarreta em medidas
reparatórias inapropriadas. Fato esse que permite que os problemas
28

reapareçam ou sejam mascarados, não solucionando sua verdadeira


causa.

2.2.2. Principais origens de umidade em edificações

A presença de umidade em edificações pode acarretar diversos


fenômenos de degradação em revestimentos argamassados: formação de
eflorescências, ataques por sulfatos, movimentações higroscópicas e
mofos podem vir a comprometer a funcionalidade e habitabilidade das
edificações (BERTOLINI, 2010)
O autor ainda complementa dizendo que os mecanismos de transporte
de umidade aos materiais podem ser divididos em quatro grupos:

 Umidade de construção;
 Umidade descendente;
 Umidade por condensação;
 Umidade por elevação.

De acordo com o autor, a umidade pode provir não só do contato


direto com a água, mas também da exposição da estrutura à atmosfera
úmida. Verçosa (1991) e Klein (1999) citam as principais origens de
umidade nas edificações: as relativas à precipitação e condensação, as
relativas à capilaridade, as resultantes da etapa de construção e de
vazamentos hidráulicos. As umidades relativas a vazamentos hidráulicos
são de difícil solução, já que os vazamentos se encontram encobertos
pela edificação e de difícil acesso. Por sua vez, a umidade oriunda da
execução é encontrada nos poros de materiais como argamassa, concreto
e pinturas. Essa origina-se do emprego de água para sua confecção e
desaparece num período de 6 meses.

2.2.2.1. Umidade de condensação

Quando o revestimento se encontra em contato com a atmosfera


úmida, devido à diferença de temperatura entre o ar e a superfície, pode
ocorrer a condensação de água. Quanto mais próximo o ar estiver do seu
nível de saturação, mais fácil será de ocorrer a condensação (BAUER,
1997). Esse fenômeno tende a acontecer frequentemente em fachadas
29

pelo fato destas possuírem temperaturas baixas durante o período do


amanhecer, gerando condições propícias para a condensação do ar
atmosférico.
Bertolini (2010) alerta ao fato de que esse fenômeno também
ocorre dentro de poros e capilares. Em alguns casos, devido às pequenas
dimensões destes, a condensação ocorre mesmo quando o ar não se
encontra saturado, o que pode vir a gerar diversas manifestações
patológicas, tais como desagregações e eflorescências.

2.2.2.2. Umidade do terreno

A água que ascende pelas paredes e estrutura dos edifícios pode


ter diferentes origens, tais como águas pluviais estagnadas, aquíferos
superficiais e redes hídricas defeituosas. Esta água, em contato com
elementos da edificação com poros abertos, tende a percolar devido ao
fenômeno da ascensão capilar. Tal fenômeno é muito difícil de ser
extinto, além de ser a origem de diversas manifestações patológicas,
como a formação de manchas em paredes até a degradação de
revestimentos (BERTOLINI, 2010).
O autor explica o fenômeno da capilaridade nos revestimentos da
seguinte forma: em geral, os materiais de construção são hidrófilos (têm
afinidade com a água). Uma vez que a água entra em contato com poros
abertos (comunicáveis) da parede, interações entre o líquido e o material
do revestimento permitem que a água penetre e ascenda. Quanto menor
o diâmetro dos poros, maior será a altura atingida pela água, de modo
que a estabilização da ascensão capilar se dá quando a água que adentra
na estrutura se iguala com a evaporada.

2.2.2.3. Umidade de construção

Este tipo de umidade é originada na etapa de construção da


edificação. Bertolini (2010) aponta que para o processo de fabricação e
cura de diversos materiais utilizados em construção civil, faz-se
necessário o emprego da água. As argamassas de assentamento e
revestimento, por exemplo, apresentam grande quantidade de água na
sua constituição após serem aplicadas. Além disso, muitas vezes a
30

estocagem dos materiais no canteiro de obra não é feita de forma


apropriada, sujeitando estes às intempéries que fazem com que atinjam
um teor de umidade superior à umidade higroscópica natural dos
mesmos. O tempo que essa umidade demora em ser “perdida” ao
ambiente depende das condições climáticas às quais a edificação está
exposta, se tornando menor em situações de altas temperaturas e vento
forte. Uemoto (1988) ressalta que o excesso de umidade adquirido pelos
materiais deve ser extinto antes que sejam executadas as camadas finais
de revestimento. Entretanto, devido a questões de cronograma de obra,
nem sempre é possível que isso aconteça.
Carasek (2010) alerta que muitas vezes a água de amassamento
das argamassas pode conter sais solúveis e/ou matéria orgânica, fato
esses que pode acarretar a diferentes problemas no desempenho da
argamassa como a aparição de eflorescências. Sendo assim, se deve
utilizar somente água tratada da rede pública para esse fim.

2.2.2.4. Umidade de precipitação

Este tipo de umidade, também chamada de umidade descendente


está ligada a água proveniente da chuva. A penetração desta água pode
ser fruto da incidência direta da chuva nas fachadas e/ou por infiltrações
decorrentes da ausência de beirais e vazamentos na rede de escoamento
pluvial.
De acordo com Padaratz (2014), a infiltração em fachadas
depende de diversos fatores como intensidade da chuva, umidade do ar,
velocidade e direção do vento. Além disso, outros detalhes construtivos
podem vir a facilitar a infiltração de água pluvial na edificação: juntas
de dilatação mal executadas, janelas com problema de vedação, fissuras
na alvenaria e pingadeiras mal projetadas são exemplos disso. A Figura
8 ilustra alguns outros fatores que influenciam na penetração da água da
chuva em fachadas
Nappi (2002) afirma que o principal meio de transporte da chuva
incidente nas fachadas para o interior do revestimento é a sucção
capilar. A tendência que os poros possuem para adsorver água em sua
superfície faz com que exista uma força superficial de sucção na face do
revestimento, possibilitando assim a penetração da água no interior das
paredes.
31

Figura 8 - Fatores que influenciam a penetração da água da chuva em fachadas

FONTE: Adaptado de PEREZ (1988).

2.2.3. Manifestações patológicas decorrentes da presença de umidade

2.2.3.1. Fissuras causadas por movimentações higroscópicas

A higroscopicidade consiste na capacidade dos materiais de


absorver água. As mudanças higroscópicas geram variações
volumétricas nos materiais porosos que integram os elementos de uma
edificação. Uma vez que esses se encontram restringidos, essa
movimentação pode gerar fissuras nesses elementos (THOMAZ 2007).
Tais movimentações relativas podem ser de duas naturezas: irreversíveis
e reversíveis. A primeira ocorre após a fabricação desses materiais,
quando o mesmo busca através da perda ou ganha de água sua umidade
de equilíbrio. Já a segunda ocorre quando o material está exposto a
diferentes condições de umidade, podendo variar seu volume dentro de
um intervalo.
A capacidade de um material absorver água está diretamente
ligada a duas propriedades: a porosidade e a capilaridade (sendo que
esta última desempenha o papel principal). Quando os poros secam, a
capilaridade provoca o surgimento de sucção, fazendo com que a água
32

seja conduzida até a superfície do elemento. De acordo com Thomaz


(2007), tais forças de sucção são inversamente proporcionais ao
diâmetro dos poros do material em questão. É importante ressaltar que
todo material possui sua umidade higroscópica de equilíbrio, sendo esta
alcançada quando material é exposto a uma condição constante de
umidade por um período de tempo suficiente para que este estabilize sua
umidade.
Para Thomaz (2007), as fissuras e trincas causadas pela
movimentação higroscópica são muito semelhantes às provocadas pela
variação térmica. A Figura 9 ilustra uma fissura vertical na alvenaria,
provocada pela expansão dos tijolos por umidade, enquanto a Figura 10
ilustra fissuras horizontais ocasionadas por diferença de umidade entre
fiadas de uma parede de alvenaria (fato que ocorre devido à absorção
por capilaridade da umidade proveniente de uma fundação mal
impermeabilizada).

Figura 9 - Fissura vertical em alvenaria

FONTE: THOMAZ (2007).


33

Figura 10 - Fissura horizontal em alvenaria

FONTE: THOMAZ (2007).

2.2.3.2. Fungos

A aparição de fungos é uma manifestação patológica muito


comum em revestimentos argamassados expostos a condições de
umidade elevada. Bolores e mofos, por exemplo, são microorganismos
da família dos fungos, e têm o poder de decompor diversos tipos de
materiais sobre os quais se encontram depositados.
Alucci et al. (1988) afirma que, para que os fungos possam se
desenvolver, é necessário que algumas condições ambientais sejam
satisfeitas: a umidade relativa do ar deve ser maior que 75%, e a
temperatura variar entre 10 e 35 °C (considera-se ideal para o
crescimento dos microrganismos). Além disso, Sato (2000) comenta que
o tipo de substrato no qual o revestimento é aplicado é de grande
relevância para o desenvolvimento de fungos: tanto o armazenamento
quanto o transporte da água variam de acordo com o tipo de material.
Sendo assim, alvenarias acabam tendo uma pré-disposição muito maior
ao ataque de fungos, uma vez que podem armazenar muito mais água do
que o concreto, por exemplo.
Esses fungos se alimentam de partículas orgânicas existentes no
ar, depositados nos revestimentos ou mesmo presentes na composição
de tintas. Sendo assim é muito comum encontrar manchas escuras sobre
tinta, principalmente em situações onde a película encontra-se com
trincas. De forma a minimizar esses problemas, tintas fungicidas podem
ser utilizadas em fachadas suscetíveis ao ataque desses microrganismos
(ALUCCI ET AL, 1988).
34

2.2.3.3. Algas

Algas são organismos fotossintetizantes frequentemente


encontrados em fachadas. De acordo com Breitbach (2009) esse tipo de
manifestação patológica é facilmente confundido com ataques por
fungos já que possuem cores semelhantes e deixam a superfície onde se
encontram com aspecto de sujidade. Entretanto, ao contrário dos fungos,
as algas produzem seu próprio alimento a partir da fotossíntese. Sendo
assim, essas precisam de duas condições básicas para seu
desenvolvimento: luz e umidade relativa acima de 80%. As algas
diferentemente dos fungos só se manifestam em ambientes externos, e
essas podem possuir diversas colorações, que variam entre tonalidades
de marrom, laranja e preto.
Breitbach (2009) comenta que o processo retração da argamassa
gera fissuras na superfície de revestimento argamassado que comumente
são propagadas para o acabamento em pintura. Esses locais tornam-se
propícios para o ataque de fungos e algas.
Uemoto (1999) explica que além do aspecto de sujidade
decorrente da sua presença, devido ao efeito corrosivo dos ácidos
orgânicos presentes em sua excreção, as algas também danificam a
integridade da película de tinta.

2.2.3.4. Eflorescências

Outro fenômeno recorrente em revestimentos argamassados é a


cristalização de sais solúveis dissolvidos em água. O termo
eflorescência está ligado com a deposição de sais na superfície de
revestimentos (UEMOTO, 1988). De acordo com Carasek (2010), para
que o fenômeno da eflorescência possa ocorrer são necessários que três
fatores ocorram simultaneamente: presença de sais dissolvidos, água e
pressão hidrostática que possibilite a migração da solução para a
superfície. Uemoto (1988) ressalta que além desses três, existem outros
fatores que facilitam o aparecimento deste fenômeno:

 A quantidade de água que aflora (principalmente no caso de sais


poucos solúveis)
35

 O aumento da temperatura, pois além de servir como catalisador


para a solubilização de sais diminui o tempo de evaporação da umidade.
 A porosidade dos materiais, de forma que permita o transporte
de água no seu interior.

Existem diversos tipos de eflorescência que podem aparecer,


entretanto, Uemoto (1988) cita como mais comum a que se manifesta
em forma de véu branco sobre a superfície. De acordo com a autora,
dificilmente esse tipo de eflorescência é prejudicial ao revestimento,
porém, se este acúmulo ocorrer entre a interface alvenaria/pintura, pode
ocorrer o descolamento da película de tinta.
São muitos os sais que causam essas manifestações, assim como
podem ser distintas suas origens. Entre os principais sais podem-se citar
os sais de sódio e potássio (metais alcalinos), e cálcio e magnésio
(metais alcalino-terrosos). Dentre as origens dos sais destacam-se o solo
em contato com o revestimento, a poluição atmosférica, além dos
constituintes da própria alvenaria (cimento e materiais cerâmicos).
Um caso que pode ser mais prejudicial ao revestimento, é quando
a eflorescência ocorre no interior da parede, fenômeno conhecido como
criptoflorescência ou subflorescência. Para Carasek (2010), este
fenômeno ocorre quando os poros não estão bem conectados, não existe
água suficiente ou há um grau de evaporação muito elevado, fatores
esses que não possibilitam que a água (e os sais dissolvidos nela)
alcancem a superfície do revestimento. O processo de hidratação e
cristalização dos sais no interior dos poros faz com que a argamassa seja
pressionada, podendo causar sua desagregação. Bertolini (2010)
complementa dizendo que quanto maior o cristal e menor o poro, maior
a pressão exercida e maior o poder destrutivo da subeflorescência.
Ainda, existem situações onde a solução se encontra sob altas pressões,
fazendo com que o sal se torne mais solúvel e impeça-o de se cristalizar.
Nestes casos, a solução supersaturada gera pressão elevada até mesmo
sobre os poros de maior dimensão.
No caso de paredes sujeitas a ascensão capilar, Bertolini (2010),
esquematiza o mecanismo de evolução da eflorescência, na Figura 11:
quanto maior a proximidade do solo, maior a umidade interna da parede.
Na região rente ao solo, a parede tende a ficar bastante úmida e a
solução próxima a condição de supersaturação. Já na região
intermediária, a evaporação supera a ascensão capilar, formando
eflorescências. Por fim, na parte superior, há baixa presença de água (a
36

superfície encontra-se praticamente seca), ocorrendo nestes casos a


criptofloresência.

Figura 11 - Evolução de eflorescências em paredes sujeitas à ação da


capilaridade

FONTE: BERTOLINI (2010).

2.2.4. Fissuras decorrentes da movimentação térmica

Problemas de fissuração em edificações são comuns, e muitos


deles são causados por movimentações térmicas. Segundo Thomaz
(2007), quando um elemento de edificação é sujeito a mudanças de
temperatura, ele sofre variações volumétricas. Tais movimentos
(dilatação e contração) geram tensões internas, as quais aliadas com a
restrição destes elementos podem dar origem a fissuras. Dessa forma, as
alterações no volume decorrentes de variações de temperatura estão
diretamente ligadas a propriedades físicas dos materiais, além das
restrições que eles estão submetidos.
Alguns dos tipos de fissuração mais comuns consequentes de
variações térmicas são devido à dilatação diferencial: este fenômeno
ocorre porque diferentes materiais são expostos à mesma variação de
37

temperatura, sendo que estes não possuem o mesmo coeficiente de


dilatação, logo, sofrem deformações diferentes. Quando o material de
menor dilatação térmica não consegue absorver as movimentações do
material justaposto, criam-se tensões que resultam nas fissuras.
Para Thomaz (2007), a variação volumétrica dos materiais
constituintes do revestimento de fachada está diretamente ligada com
suas propriedades térmicas e com a incidência solar. De acordo com o
autor, a taxa e amplitude da variação térmica dependem de alguns
fatores:

 Intensidade solar;
 Absorbância da superfície: é a capacidade desta de absorver
energia e depende basicamente da sua cor (quanto mais escura, maior a
capacidade);
 Emitância da superfície: é a capacidade de reirradiar parte da
radiação absorvida para o céu.

Para que se possa mensurar as movimentações, é necessário saber


o ciclo de temperatura ao qual o elemento esteve exposto. Em alguns
casos, também se faz necessário o conhecimento da velocidade dessas
variações térmicas.
Cada elemento da estrutura, quando sujeito a movimentações
térmicas, possui configurações típicas de fissuração. Estruturas de
concreto armado, por exemplo, possuem um grande coeficiente de
dilatação térmica, que pode ser até duas vezes o da alvenaria comum.
Esse fato faz com que interfaces de contato entre concreto e alvenaria,
sejam muito solicitadas quando há esse tipo de movimentação. Sendo
assim, quando a solicitação é maior do que a capacidade do material de
absorver essas deformações, ocorre a fissuração. A Figura 12 caracteriza
alguns desses tipos de movimentação.
38

Figura 12 – Fissurações devido ao efeito térmico.


a) b)

FONTE: THOMAZ (2007). FONTE: TÉCHNE (2010).

a) Trincas de cisalhamento nas alvenarias decorrente de movimentações


térmicas da estrutura; b) Descolamento da argamassa de revestimento por
movimentação térmica

Outros componentes estruturais que estão frequentemente


sujeitos a movimentação são as lajes de cobertura. Thomaz (2007)
aponta que por possuírem maior exposição ao sol, estruturas de
cobertura são as que estão mais sujeitas a sofrer variações de
temperatura em uma edificação. Além disso, existem movimentações
diferencias entre as superfícies de uma mesma cobertura: a parte
superior, exposta às ações da radiação solar, dilata mais que a parte
inferior, gerando movimentações conforme ilustra a Figura 13 a. Sendo
assim, como geralmente lajes encontram-se vinculadas a paredes, é
recorrente que fissuras de traçado bem definido apareçam nessa
interface (Figura 13 b).
39

Figura 13 – Movimentação térmica em lajes.

a)

FONTE: Adaptado de THOMAZ (2007).

b)

FONTE: THOMAZ (2007).

a) Movimentação térmica na laje de cobertura decorrente da diferença de


temperatura entre as superfícies; b) Direção da fissuração perpendicular à
resultante de tração no topo da parede, indicando o sentido da movimentação
térmica (da esquerda para direita).
40

2.2.5. Fissuras decorrentes da corrosão de armaduras

Problemas de corrosão em armaduras, sempre quando


encontrados em obras, devem ser motivo de atenção. Além de
prejudicarem esteticamente, originando trincas e desplacamento de
revestimento, esse tipo de situação pode comprometer a utilização da
edificação. Helene (1988) define corrosão:

Pode-se definir corrosão como a interação


destrutiva de um material por reação química
ou eletroquímica com o meio ambiente.

Bertolini (2010) explica que, para que a corrosão eletroquímica


ocorra, o material metálico deve estar em contato com meio aquoso:
água, soluções ácidas ou alcalinas. Já o processo químico ocorre sob
altas temperaturas, não ocorrendo em edificações, portanto, não
abordada nesse trabalho.
A corrosão eletroquímica se dá quando é formada uma película
eletroquímica sobre a superfície do metal. Para que isso ocorra, Helene
(2010) cita que três condições necessariamente devem ser satisfeitas:

 Deve haver oxigênio ( );


 Umidade ( O) – eletrólito;
 Deve existir uma diferença de potencial.

Com essas condições satisfeitas, é possível que seja formada uma


pilha de corrosão, ou seja, há a condução de elétrons de uma região
(polo anódico), para outra (polo catódico) do aço. Nestes casos, a
umidade existente nos microporos age como eletrólito, permitindo que o
fenômeno aconteça.
Entretanto, em condições usuais, o aço inserido no concreto
encontra-se passivado, isso é, possui uma camada protetora na sua
superfície que prejudica o processo de corrosão. Bertolini (2010),
explica que ao ser inserido no meio alcalino do concreto, forma-se uma
camada de óxidos de ferro na superfície do aço denominada camada
passivadora. Para que haja a manutenção dessa camada protetora, é
necessário que a espessura da camada de cobrimento do concreto seja
respeitada. Essa camada serve para retardar a frente (profundidade) de
41

carbonatação. O CO2, quando reage com o CaO (solubilizado do


Ca(OH)2  CaO + H2O) forma CaCO3 + H2O, baixando o pH de 12,5
pra aproximadamente 9, desfazendo a camada de passivação. A NBR
6118 (2014) correlaciona o cobrimento nominal das armaduras com a
agressividade do ambiente na Tabela 3 Cobrimento nominal em função
da classe de agressividade ambiental
Souza e Ripper (2009), também ressaltam a importância da
camada de cobrimento, mas alertam que essa não é a única causa da
despassivação das armaduras. Alguns aspectos como porosidade,
permeabilidade do concreto, escolha de bitolas, detalhamento
apropriado das armaduras, são quesitos de grande importância para
garantir a durabilidade e vida útil da estrutura. Caso esses requisitos não
sejam respeitados, pode haver corrosão da armadura.
Esse processo de corrosão tem um produto final maior que as
suas dimensões originais. Sendo assim, a armadura expandida tende a
criar tensões internas na estrutura do concreto, gerando fissuras e até
desplacamento, tanto da camada de cobrimento quanto do revestimento
final externo.

Tabela 3 Cobrimento nominal em função da classe de agressividade ambiental


Classe de agressividade ambiental
I II III IV
Tipo de
Estrutra Elemento Cobrimento nominal (mm)

Laje 20 25 35 45
Concreto
armado Viga/pilar 25 30 40 50
FONTE: ABNT NBR 6118(2004)
42

3. MÉTODO

O método utilizado para a investigação patológica é baseado no já


consolidado método proposto por Lichtenstein (1986). O resumo geral
do mesmo é apresentado na Figura 14. A partir do método espera-se
alcançar os diagnósticos, e assim, solucionar os respectivos problemas
patológicos da edificação.
Inicialmente será elaborada uma revisão literária sobre as
principais manifestações patológicas em fachadas ocasionadas por
umidade. Com essa etapa concluída, será efetuada uma visita às
edificações objeto de estudo. Em seguida serão realizadas entrevistas
com pessoas relacionadas com a construção, manutenção e
gerenciamento das edificações em questão. Com todos os levantamentos
encerrados, se dará início à análise dos dados coletados. Esta etapa tem
como objetivo gerar um diagnóstico sobre as manifestações abordadas.
Posteriormente serão dadas propostas de reparo, porém esse trabalho
não tem o intuito de se aprofundar nesse quesito.
43

Figura 14 - Adaptação do método de Lichtenstein para resolução de problemas


patológicos.

FONTE: Adaptação LICHTENSTEIN (1986)

3.1. DELIMITAÇÕES DO TRABALHO

Durante o desenvolvimento deste trabalho não se executou


nenhum tipo de ensaio laboratorial para a reconstituição do traço das
argamassas. Desta forma, as etapas para se alcançar o diagnóstico
basearam-se somente em vistoria ao local, anamnese e pesquisa
bibliográfica.
44

3.2. CRITÉRIOS PARA ESCOLHA DAS EDIFICAÇÕES

Para o desenvolvimento do estudo de caso, optou-se por


edificações que estivessem em três bairros distintos. Todos os prédios
são residenciais, multifamiliares e possuem múltiplos pavimentos. Outro
requisito adotado é que todos os prédios apresentassem manifestações
patológicas.

3.3. ANÁLISE CLIMÁTICA DA REGIÃO

Para que se possa fazer uma completa análise das causas, origens,
e desenvolvimento de manifestações patológicas em revestimento
externo, é necessário que se tenha conhecimento das condições
climáticas da região onde a edificação encontra-se inserida.
Florianópolis está geograficamente localizada na latitude 27º 35’
sul e 48º30’ na longitude oeste. De acordo com o Instituto Nacional de
Meteorologia (INMET) e Epagri (2002), durante os meses de verão a
temperatura pode variar entre os 15 e 27ºC, já no inverno mantêm-se
entre 11 e 22ºC.
A região da Ilha de Santa Catarina possui precipitação bem
distribuída durante o ano, não possuindo estações de seca. Nos meses de
inverno, de acordo com Epagri (2002) a precipitação média não passa
dos 90mm, já nos meses de verão a média é de 180mm. A umidade
relativa do ar não possui grandes alterações no decorrer do ano, se
mantendo entre 80 e 86%.
Outro parâmetro importante que deve ser levado em consideração
é a incidência dos ventos. Na região de Florianópolis predominam os de
incidência norte/nordeste e sul, sendo o primeiro o mais frequente, e o
segundo o mais intenso. (INMET)
Tendo em vista a relação direta entre a presença da umidade em
fachadas e a exposição delas ao sol, o fator insolação torna-se relevante
para o estudo do desenvolvimento de manifestações patológicas em
fachadas. Florianópolis conta com aproximadamente 2100 horas de
insolação, número que se mantém próximo ao de outras capitais
litorâneas do Brasil, segundo (INMET) e Epagri (2002). O programa
computacional Analysis SOL-AR, permite observar a orientação
45

dominante em cada época do ano da insolação solar, conforme ilustra a


Figura 15.

Figura 15 - Incidência do sol na cidade de Florianópolis

Fonte: Programa computacional Analysis Bio

A partir da Figura 15 é possível observar a orientação da


incidência solar. Se tomarmos como exemplo um edifício, podemos
concluir que as fachadas sul, sudeste e sudoeste somente recebem
incidência de raios solares durante os meses de outubro a fevereiro e por
poucas horas por dia. Já as fachadas de orientação norte, nordeste e
noroeste estão expostas ao sol durante o ano todo por muito mais horas.
46

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1. ESTUDO DE CASO

Dentro deste item serão expostos os resultados dos estudos


realizados em campo. Este capítulo tem o objetivo de expor as
manifestações patológicas encontradas e indicar as hipóteses mais
prováveis de suas causas e origens. Para o melhor entendimento e
clareza, as manifestações serão divididas por obra.

4.1.1. Condomínio Serrinha

O primeiro estudo de caso foi efetuado no bairro da Serrinha, nos


entornos da Universidade Federal de Santa Catarina. Trata-se de um
condomínio residencial multifamiliar com quatro blocos e área total
construída de 5358m². A Figura 16 mostra a entrada do prédio.

Figura 16 - Fachada Nordeste Ed. Serrinha.


47

4.1.1.1. Descrição do condomínio

O condomínio foi inaugurado em 1981 e possui quatro blocos: A,


B1, B2 e C. Os blocos B1 e B2 são anexos um ao outro, possuindo
apenas uma junta de dilatação separando as duas estruturas. Os blocos
B1 e B2 possuem cinco pavimentos, já os blocos A e C, quatro. O
pavimento térreo é composto de garagem e hall de entrada, sendo que os
outros pavimentos são de apartamentos tipo (02 por andar), totalizando
28 unidades no condomínio.
A estrutura das torres foi executada em concreto armado, sendo
as paredes de vedação de blocos cerâmicos revestido com argamassa.
Não foi possível obter informações sobre o traço da argamassa de
revestimento, mas a partir da observação in loco aparenta ser constituída
de cal, cimento e areia fina. Pelo aspecto visual, suspeita-se que o traço
possuía pouco cimento, o que deixou o reboco com o aspecto “friável”
(com pouca resistência). As fachadas possuem três cores diferentes que
se assemelham ao branco, bege e cinza, tendo como predomínio a cor
branca. A tinta acrílica foi aplicada sobre o reboco.
O condomínio não recebe nenhum tipo de manutenção periódica
nas fachadas. De acordo com o síndico, a única intervenção realizada foi
há 13 anos. Entretanto, o síndico não soube especificar exatamente os
serviços que foram executados. Para a execução do revestimento de
fachada, não foi utilizado projeto específico.

4.1.1.2. Localização e entorno

O condomínio em questão encontra-se situado na Rua Jornalista


Tito Carvalho no bairro da Serrinha. O terreno é localizado no início de
um morro (Figura 17), em desnível, está a uma altura aproximada de 60
metros do nível do mar.
48

Figura 17 - Localização Condomínio Serrinha

FONTE: Google Maps.

A maior parte do lado sudeste da edificação encontra-se afastada


de qualquer outro edifício próximo, estando exposta às ações do vento
sul, que junto com o nordeste predominam na região. Entretanto, o
último bloco do condomínio possui grande parte da sua fachada sudeste
e sudoeste encoberta por vegetações de grande porte pertencentes ao
terreno adjacente, como ilustra a Figura 18.
Na direção noroeste, existe um grande muro de contenção
pertencente a um prédio construído a uma cota (altura) superior. O muro
do prédio adjacente faz uma grande sombra nesta fachada, diminuindo a
incidência solar principalmente nos primeiros andares. As fachadas
sudoeste dos três primeiros blocos encontram-se voltadas para os blocos
adjacentes do mesmo condomínio. Já no lado nordeste ocorre o
contrário: os três últimos blocos possuem a fachada voltada para as
torres adjacentes, e o primeiro para a rua de acesso.
49

Figura 18 - Fachada Sudeste bloco D

4.1.1.3. Manifestações patológicas

Neste item serão expostas as manifestações patológicas seguidas


de suas hipóteses de causa e origem. Todas as fotos que ilustram as
manifestações foram retiradas in loco durante as visitas realizadas ao
local de estudo.

a) Manifestação 1A

A Figura 19 mostra fissuras em formato de mapa encontradas em


diversos lugares das fachadas do condomínio. A foto em questão é da
fachada sudeste do bloco A.
50

Figura 19 - Manifestação 1A

a.1) Hipóteses para a manifestação 1A

Manifestações patológicas na forma de fissuras que formam


ângulos similares a 90º são comumente associadas a duas principais
causas. A primeira hipótese levantada é relacionada à retração da
argamassa: argamassas muito ricas (com alto teor de cimento na sua
composição) estão sujeitas a aparição de fissuras devido a redução
volumétrica da pasta de cimento durante o processo de hidratação
(argamassas mais ricas apresentam maiores teores de pasta). Sendo
assim, uma vez aplicadas, em poucos dias podem aparecer fissuras sem
direções preferenciais, provenientes deste tipo de retração.
A segunda hipótese leva em consideração o fenômeno físico da
absorção higroscópica dos materiais associada com a variação térmica:
quando sujeito às intempéries climáticas, o material tende a ganhar e
perder volume devido a absorção/perda de umidade e expansão/retração
térmica. Quando esse ciclo se repete diversas vezes, ocorre a formação
de fissuras no revestimento e a gradativa destruição da parede devido à
fadiga do material.
51

a.2) Diagnóstico mais provável da manifestação 1A

A segunda hipótese levantada (de que os esforços gerados no


reboco devido a variação volumétrica) foi considerada a mais provável.
A primeira hipótese foi descartada por ter sido constatado in loco que a
argamassa utilizada para o reboco aparentava ser pobre.

b) Manifestação 1B

Na fachada sudeste observa-se grandes manchas que variam da


tonalidade marrom escuro ao laranja (Figura 20), provocada pela
presença de microrganismos e sujidades. Manifestações semelhantes são
encontradas em toda a edificação, entretanto, nas outras fachadas não
possuem a mesma intensidade.

b.1) Diagnostico mais provável da manifestação 1B

Localizada no bloco D do condomínio, essa fachada praticamente


não recebe incidência solar pelo fato de ser de orientação sul e por estar
encoberta por uma árvore pertencente ao terreno adjacente. A falta de
exposição ao sol permite que o revestimento permaneça úmido por mais
tempo. Situações como esta, aliada com a presença de sujidades e
matéria orgânica acumuladas na parede, geram condições propícias para
a proliferação de microrganismos (fungos e algas) nas paredes
(UEMOTO, 1988).
Além disso, a ausência/ineficiência de dispositivos que desviem o
fluxo de água nas fachadas permite a formação de caminhos
preferenciais, onde há um acúmulo ainda maior destes microrganismos
(SABBATINI e BAÍA, 2008). Ainda, in loco verificou-se que a maioria
dos dispositivos de pingadeiras possuíam suas saliências inferiores
obstruídas por restos de argamassa ou sujidades, atrapalhando seu
correto funcionamento. No caso dos peitoris, o avanço em direção a
alvenaria recomendado para esse tipo de dispositivo não foi respeitado,
permitindo fluxo concentrados de água nesses locais.
O fato de que o prédio não recebe manutenções preventivas
(como lavação e repintura das fachadas) permitiu que houvesse um
52

agravamento do problema. Dessa forma, esta manifestação patológica


tem como origem a falta de manutenção e de projeto adequado.

Figura 20 - Manifestação 1B

c) Manifestação 1C

A manifestação seguinte caracteriza-se pela desagregação do


revestimento argamassado junto com a camada de tinta. É possível notar
também a presença de manchas esbranquiçadas no entorno, conforme
ilustra a Figura 21.
53

Figura 21 - Manifestação 1C

c.1) Hipóteses para a manifestação 1C

Para esta manifestação foram levantadas duas hipóteses. A


primeira leva em consideração que a argamassa utilizada possuía pouco
cimento em sua composição (como já relatado anteriormente), o que
acarretaria na baixa durabilidade do material e tornando esse menos
estanque. A segunda assume que a manifestação em questão é
decorrente da ação de eflorescências: devido a presença de umidade nas
fachadas, sais presentes em elementos da estrutura do revestimento são
solubilizados. Quando cristalizam, estes sais aumentam seu volume,
exercendo no interior do revestimento pressões as quais podem causar a
deterioração do reboco (NAPPI, 2002; CARASEK, 2010). Ainda,
quando atinge a superfície do revestimento argamassado, a eflorescência
pode prejudicar a aderência argamassa/pintura, ocasionando o
desprendimento da tinta (UEMOTO, 1988)

c.2) Diagnóstico mais provável da manifestação 1C

Acredita-se que a manifestação 1C decorra de uma ação conjunta


das duas hipóteses levantadas. Tanto o traço mal dosado/executado
54

quanto a ação de eflorescências levaram à desagregação do


revestimento. Para evitar que o problema evolua, a camada de reboco
deve ser retirada e reexecutada atentando para um traço que possibilite
um acabamento final de maior qualidade.
A origem mais provável desse problema é a falta de manutenção
e de projeto, no intuito da elaboração de especificações mais detalhadas
sobre as características desejadas para o revestimento.

d) Manifestação 1D

A manifestação caracteriza-se por uma grande “abertura”


vertical ao longo de toda a fachada do prédio. Junto dessa abertura,
encontram-se diversas regiões com desplacamento do revestimento, vide
Figura 22 e Figura 23.

Figura 22 - Manifestação 1D Figura 23 - Desplacamento do reboco


rente à junta de dilatação
55

d.1) Diagnóstico mais provável da manifestação 1D

Verificou-se que a grande abertura vertical se trata de uma junta


de dilatação existente na fachada sudeste na divisa entre os blocos B1 e
B2. Essa junta foi executada utilizando-se placas de isopor que separam
a estrutura do bloco B1 do B2. Com o objetivo de se fazer a vedação da
junta vertical de dilatação entre os blocos, executou-se uma fina camada
de argamassa de revestimento sobre ela. Entretanto, não é indicado o
uso de argamassa de revestimento para a função de vedação de juntas de
movimentação: por não ser um material que suporta grandes
deformações e movimentações, ele fissura ao ser submetido a esses
esforços.
Para exercer a função de vedação deste tipo de junta deve se
utilizar um material apropriado, como o mástique. Este é um material
que geralmente é feito à base de poliuretano ou silicone e comumente
utilizado para esse fim. Entretanto, o mástique possui uma vida útil que
depende de alguns fatores, como tipo e qualidade do material e a
exposição à radiação solar. Uma vez que esse se encontra com aspecto
ressecado e quebradiço, o mesmo perde a sua função de movimentação
e estanqueidade, devendo-se fazer a remoção e reaplicação (VERÇOSA,
1985). Quando deteriorado, o material permite que a água penetre na
estrutura do revestimento, comprometendo o seu desempenho.
Acredita-se que o motivo do desplacamento em algumas regiões
tenha decorrido da combinação de diversos fatores: excesso de umidade
no local da junta, fissuras mapeadas na parede ao lado, movimentações
térmicas e etc. Assim, atribui-se à origem dessa manifestação a falta de
projeto específico, por não indicar uma solução apropriada para a
vedação dessa junta, deixando e mesma exposta às intempéries.

e) Manifestação 1E

Verifica-se na Figura 24 uma fissura que acompanha a interface


entre platibanda e alvenaria na fachada nordeste do bloco B1.
56

Figura 24 - Manifestação 1E

e.1) Diagnóstico mais provável da Manifestação 1E

A fachada em questão é a que recebe maior incidência solar,


expondo seus elementos a maiores variações de temperatura durante o
dia. Sendo o concreto um material que possui um coeficiente de
dilatação térmica até duas vezes maior que a alvenaria, as
movimentações térmicas diferenciadas entre a platibanda e alvenaria
fizeram com que ocorresse o “descolamento” entre esses dois elementos
(THOMAZ, 2007). Esse problema poderia ser prevenido com a
utilização de elementos que suprissem esses esforços. Telas metálicas
galvanizadas inseridas na argamassa de revestimento são comumente
utilizadas para esse fim. A tela deve ser fixada sobre o encontro da
alvenaria com o concreto, antes da aplicação do reboco. Assim, atribui-
se a origem desta manifestação à falta de projeto específico.

f) Manifestação 1F

A manifestação seguinte caracteriza-se por grandes manchas


escuras na cobertura da fachada noroeste da edificação, acompanhadas
pela deterioração da pintura (Figura 25 e Figura 26 ).
57

Figura 25 - Manifestação 1F Figura 26 - Vista lateral Manifestação 1F

f.1) Diagnóstico mais provável da manifestação 1F

Para essa manifestação, levantou-se somente uma hipótese.


Observa-se no topo da edificação uma laje inclinada abaixo da caixa
d’água. Verificou-se que a única forma de escoamento da água pluvial
que se acumula nessa laje é uma tubulação de PVC instalada pelo lado
de fora, como indicado na Figura 26. Não foi possível ter acesso a esse
local, mas é notável a existência de vegetação crescendo bem próximo a
onde se acredita ser a captação de água do cano PVC. Isso fica claro se
ampliarmos a Figura 26 na Figura 27. Sendo assim, é possível que essa
vegetação esteja obstruindo o escoamento da água.
58

Figura 27 Vegetação presente na Manifestação 1F

A água da chuva, por não conseguir escoar pela tubulação de


esgoto pluvial, acumula-se sobre a laje, que, ao transbordar, escorre ao
longo de toda a fachada. Assim, os locais em contato com esta água
permanecendo úmido por mais tempo. Essa condição, associada à
presença de sujidades e matéria orgânica, torna essa fachada propícia a
biodeterioração decorrente de ataques de microorganismos como
bolores. Por também se alimentarem de componentes das tintas, a
proliferação intensa dos fungos fez com que o acabamento final de
pintura ficasse prejudicado. Além disso, acredita-se que o fluxo intenso
de água nessa localidade tenha permitido que se desencadeasse um
processo de lixiviação na película de pintura.
Portanto, atribui-se como principal origem dessa manifestação
patológica à falta de manutenção do condomínio, no sentido de se
efetuar a limpeza adequada nos dispositivos de escoamento de água
pluvial. Nota-se que um fator agravante para o desenvolvimento desse
problema, é o fato de que a manutenção é dificultada por não haverem
escadas nem outra forma de acesso ao local.
59

g) Manifestação 1G

Observa-se na parte inferior da fachada sudoeste do bloco A um


grande desplacamento do revestimento argamassado. Nota-se também a
armadura positiva da viga em avançado estado de corrosão, conforme
ilustrado na Figura 28 e Figura 29.

Figura 28 Manifestação 1G Figura 29 Detalhe Manifestação 1G

g.1) Diagnóstico mais provável da manifestação 1G

Para essa manifestação também se levantou somente uma


hipótese. Conforme abordado no capítulo 2.2.5, o aço, quando inserido
no concreto, encontra-se passivado: há uma camada protetora em sua
superfície que retarda os processos corrosivos. Entretanto, um dos
requisitos para manutenção de tal camada passivadora é que o
cobrimento de concreto tenha espessura suficiente para evitar o ataque
de agentes agressivos à armadura. A Figura 29 mostra que a camada de
cobrimento existente é inferior a 15 mm, sendo que a NBR 6118 (2014)
prescreve um cobrimento mínimo de 30 mm para zonas urbanas (CAA
II).
Além disso, outros fatores também favoreceram o processo de
corrosão da armadura: por se localizar na parte inferior da fachada, essa
região tem maior contato com a água pluvial, recebendo e absorvendo
parte da água que escorre da fachada. Ainda, não há revestimento
argamassado na parte inferior de toda a viga (uma das funções do
revestimento é proteger o substrato, sendo que a ausência deste deixou a
armadura ainda mais exposta à ação de agentes agressivos).
60

Pelo fato do produto da corrosão ter maior volume que o aço


original, tensões internas são criadas ocasionando o desplacamento tanto
do concreto como do revestimento argamassado. Assim, atribui-se como
principal origem dessa manifestação à falha na execução.
A manutenção nesse caso requer um trabalho mais dispendioso.
Deve- se remover toda a camada de concreto na região onde a armadura
encontra-se corroída até encontrar a armadura sã. Após isso, deve se
verificar se a seção da armadura se encontra comprometida. Caso não
esteja, procede-se com a limpeza da armadura, eliminando a camada de
corrosão. Em seguida aplicar sobre a armadura um produto inibidor de
corrosão. Por fim, fazer a aplicação de argamassas propícias para esse
tipo de reparo estrutural.

4.1.2. Condomínio Córrego Grande

O segundo estudo de caso está localizado no bairro do Córrego


Grande. É um condomínio residencial multifamiliar com dois blocos
como mostra a Figura 30.
61

Figura 30 Condomínio Córrego Grande – Fachada Noroeste

4.1.2.1. Descrição do edifício

O condomínio em questão está instalado em um terreno de


1200m² e possui uma área total construída de 8200m². Essa obra foi
entregue aos moradores no ano de 2009 e conta com dois blocos de 7
pavimentos cada. O pavimento subsolo é destinado somente à garagem,
o térreo é constituído por garagem, hall de entrada e áreas comuns (salão
de festas/jogos, academia e piscina). Os quatro primeiros andares são de
apartamentos tipo, enquanto o quinto é destinado à cobertura. Os
pavimentos tipo contam com quatro apartamentos, já as coberturas
somente dois.
A edificação possui estrutura em concreto armado, vedação em
tijolos cerâmicos, revestimento externo de massa única de reboco com o
traço 1:6 (uma parte de cimento para seis de areia fina), e acabamento
final em textura pigmentada aplicada sobre selador acrílico. Foram
escolhidas duas cores claras para a pintura, o branco e um bege claro,
também próximo ao branco. As torres possuem alguns trechos de suas
fachadas com revestimento externo cerâmico, especialmente na de
orientação noroeste, entretanto, predomina a pintura na maioria das
fachadas.
62

Em entrevista com o engenheiro responsável pela obra, o mesmo


afirmou que nenhum tipo de projeto específico para fachadas foi
utilizado, e que no decorrer dos seis anos de funcionamento do edifício,
nenhum tipo de manutenção nas fachadas foi realizada. Este ainda
comenta que, para que a pintura ficasse com o acabamento ideal, seria
necessário mais uma demão de tinta, a qual não foi aplicada por
questões internas.

4.1.2.2. Localização e entorno

O condomínio encontra-se na esquina das Ruas Acelon Eduardo


da Silva e Nicolau Antônio Deschamps, em uma região residencial onde
predominam casas de até dois pavimentos e prédios de médio e grande
porte de até 10 pavimentos (Figura 31 Localização Condomínio Córrego
Grande
63

Figura 31 Localização Condomínio Córrego Grande

Fonte: Google Maps

Do lado sul e oeste, as torres fazem divisas com as ruas que dão
acesso ao condomínio, sem presença de edificações de maior porte ou
vegetação que possam impactar de alguma forma na edificação.
Entretanto à norte e leste, o condomínio encontra-se “cercado” por
prédios de maior porte, impedindo a insolação destas fachadas em
alguns períodos do dia. O condomínio, por estar em uma região
residencial e ainda bastante arborizada, está menos exposto a ação
prejudicial de poluentes atmosféricos se comparado com outros edifícios
da região central de Florianópolis.

4.1.2.3. Manifestações patológicas

As manifestações serão expostas nos itens que seguem. Os


registros fotográficos foram efetuados durante a visita à edificação. O
método utilizado para obtenção dos diagnósticos foi exposto na seção de
metodologia.

a) Manifestação 2A

A manifestação caracteriza-se por grandes planos de manchas


alaranjadas na parte de fachada que corresponde à alvenaria (Figura 32).
64

Esses planos claramente são delimitados por componentes estruturais


tais como pilares e vigas. Na interface desses dois elementos (alvenaria
e estrutura) é possível observar a formação de fissuras como mostra a
Figura 33. Diz-se nesses casos que a fachada se encontra fotografada.
Esse tipo de manifestação foi encontrada somente nas fachadas de
orientação sudoeste.

Figura 32 Manifestação 2A Figura 33 Detalhe manifestação 2A

a.1) Diagnóstico mais provável da manifestação 2A

As manchas na parede são resultado da ação de microrganismos


(fungos e algas). Fica claro pela configuração da manifestação, que
essas agem principalmente na região correspondente à vedação de
alvenaria. Isso se deve ao fato que essa, por ser muito mais porosa que o
concreto, tem a capacidade de absorver/reter muito mais água. Uma vez
que água é pré-requisito essencial para a proliferação desses
microrganismos, a parte de alvenaria acaba sendo a mais atacada.
65

Outro fator que se mostrou agravante para esse problema foi o


tipo de tinta aplicada nas fachadas. Por ser aplicado como textura, o
acabamento final do revestimento apresenta muita rugosidade na
superfície. Estas não só interferem no escoamento da água, mas também
são locais de depósito de sujeira e material orgânico que serve de
alimento aos microorganismos que degradam o revestimento
A segunda parte da manifestação são as fissuras no encontro
alvenaria/concreto. Inicialmente supõe-se que essas possam ter origem
por movimentações térmicas e/ou higroscópicas. A configuração desses
tipos de fissura geralmente é bastante semelhante, possuindo uma
direção preferencial. Isso fica claro observando que as fissuras verticais
acompanham os pilares, e as horizontais, as vigas. Entretanto, como
abordado anteriormente, essas manifestações foram encontradas
somente nas fachadas de orientação sudoeste. Essas fachadas são as que
possuem menor incidência solar durante o dia, recebendo sol somente
durante alguns meses do ano, nos períodos da manhã e final de tarde.
Desta forma, estão expostas a uma menor variação térmica no decorrer
do dia se comparadas com as outras fachadas. Sendo assim, por
manifestarem-se somente nessas fachadas, descarta-se a hipótese dessas
fissuras ocorreram por movimentação térmica.
O fenômeno da absorção higroscópica ocorre de acordo com o
que foi explicado no item 2.2.3.1: por possuírem porosidades diferentes,
o concreto e alvenaria sofrem variações volumétricas distintas. Como
estão unidos, ao movimentar-se um em relação ao outro são criadas
tensões internas. Quando o elemento mais solicitado não consegue
absorver esses esforços, originam-se as fissuras.
A origem desses dois problemas está relacionada à falta de
manutenção e projeto específico. O projeto poderia prever elementos
que absorvessem os esforços internos no revestimento, como telas
metálicas no encontro pilar/alvenaria e/ou juntas de movimentação.
Além disso, poderia adotar um acabamento final menos rugoso, que
retivessem menos sujidades, minimizando a proliferação de
microrganismos.
66

b) Manifestação 2B

A manifestação caracteriza-se pelo desplacamento do


revestimento de argamassa na base de um pilar localizado na fachada
sudeste da edificação (Figura 34)

Figura 34 Manifestação 2B

b.2) Diagnóstico mais provável da manifestação 2B

Para essa manifestação levantou-se somente uma hipótese:


corrosão da armadura do pilar, causando destacamento do revestimento.
A presença de água na base do pilar, aliada a uma espessura de
cobrimento do pilar possivelmente insuficiente, permitiram o contato do
aço da estrutura com a umidade externa. Outros fatores, como a relação
água/cimento acima do determinado pela norma, podem ter facilitado o
mecanismo de corrosão. Além disso, regiões próximas à base do pilar
estão mais sujeitas à segregação durante ao lançamento do concreto,
resultando em um acúmulo de brita e pouca pasta, deixando a armadura
mais exposta à agentes agressivos.
Uma vez que o produto da reação de corrosão possui um volume
maior do que o aço original, são geradas tensões internas dentro do
67

concreto que se propagam para o revestimento externo. Estas tensões


dão origem às fissuras e eventuais desplacamentos, como evidenciados
na manifestação.
A umidade que possibilita à reação de oxidação da armadura
pode ter duas origens: ascensão capilar, e à água de precipitação.
Associa-se essa patologia à falhas de execução, sendo pelo qualidade da
estrutura de concreto e/ou pela impermeabilização da base do pilar, por
não terem sidos executadas apropriadamente.
A manutenção nesse caso deve ser efetuada conforme abordado
na manifestação 1G. Em seguida, deve ser re-executada a
impermeabilização na base do pilar.

c) Manifestação 2C

Essa manifestação caracteriza-se pela presença de manchas


escuras na fachada abaixo das janelas e peitoris ( Figura 35 e Figura 36).
Manchas como essas foram encontradas em toda edificação, sem
predominância em nenhuma fachada.

Figura 35 Manifestação 2C Figura 36 Detalhe manifestação


2C

c.1) Diagnóstico mais provável para manifestação 2C

Para essa manifestação levantou-se somente uma hipótese:


proliferação de fungos no revestimento. A ineficiência dos dispositivos
de desvio do fluxo de água fez com que se formassem caminhos
68

preferenciais de escoamento da água de precipitação. Na Figura 36


observa-se a formação de manchas escuras nos cantos das soleiras. Isso
se deve ao fato de que o dispositivo não possui o avanço em direção à
alvenaria, permitindo o acúmulo de água nesse canto (SABBATINI e
BAÍA, 2008). Pela coloração escura, constata-se que a manifestação
decorre principalmente da proliferação de fungos. Já na Figura 35 nota-
se que as manchas estão predominantemente na região central da soleira.
Observaram-se duas causas principais para esse problema. A
primeira decorre do fato de a soleira não ter as dimensões corretas do
parapeito. Isso fez com que os dispositivos de pingadeira ficassem muito
próximos à parede em alguns pontos, e assim, prejudicando o seu
funcionamento, conforme ilustra a Figura 37. Mesmo que a pingadeira
esteja executada corretamente, não impede que a água escorra na
fachada por estar muito próxima à parede.

Figura 37 – Funcionamento de uma pingadeira.

a) b)

a) Execução correta; b) verificado in loco

A segunda decorre do fato de que existem fissuras na soleira de


granito. Isso faz com que a água penetre por ela e escorra aos poucos
pela fachada. Esses dois fatores permitem a presença de umidade nesses
locais possibilitando a proliferação de fungos, conforme descrito
anteriormente.
Atribui-se à origem dessa manifestação patológica, falhas de
execução e de projeto. Recomenda-se para solucionar esse problema a
69

remoção das soleiras e substituição por outras que possuam as


dimensões corretas e não possuam fissuras.

d) Manifestação 2D

Essa manifestação patológica caracteriza-se por uma fissura


horizontal entre a viga do primeiro pavimento e a alvenaria (Figura 38).
É possível observar que ao longo de toda a fissura existe uma coloração
escura.

Figura 38 Manifestação 2D

d.1) Hipóteses mais prováveis de diagnóstico para a manifestação


2D

Para a manifestação 2D foram levantadas três hipóteses:


movimentação térmica e higroscópica da viga em relação a armadura e
proliferação de microorganismos
O concreto e a alvenaria comportam-se de forma diferente
quando expostos às mesmas mudanças de condições climáticas: ao ser
exposto a variações de temperatura, o concreto tende a alterar seu
volume de forma mais expressiva que a alvenaria. Já quando expostos a
70

variações de umidade, pelo fato de alvenaria reter mais água, essa tem a
tendência de expandir mais. Esses dois fatores fazem com que haja uma
movimentação diferencial entre os elementos, gerando tensões de
cisalhamento na interface desses dois materiais que dão origem às
fissuras.
A existência dessa fissura permite que a água penetre com
maior facilidade no revestimento. Ao se acumular umidade no local,
esse se torna apto ao ataque de microorganismos. Por ser de tonalidade
escura, levanta-se a hipótese dessa mancha ser uma manifestação
decorrente da proliferação de fungos. Para um diagnóstico mais preciso
seria necessária uma análise laboratorial, já que a olho nu torna-se muito
difícil a distinção entre fungos e algas.

d.2) Diagnóstico mais provável da manifestação 2D

Acredita-se que essa manifestação patológica decorre da ação


combinada das três hipóteses levantadas. Tal manifestação poderia ser
evitada com a utilização de elementos que ajudassem a absorver os
esforços de cisalhamento entre concreto e alvenaria. Um mecanismo que
poderia ser utilizado seria a colocação da tela metálica galvanizada
dentro do revestimento argamassado no encontro desses dois elementos.
Com a presença desta tela, a fissura poderia ser evitada ou diminuída.
Caso não houvesse a fissura, a manifestação de fungos provavelmente
não ocorreria naquele local com aquela intensidade.
Essa manifestação patológica tem como origem a ausência de
projeto específico de revestimento de fachadas, por não prever nenhum
dispositivo que supra os esforços gerados pela movimentação
diferencial dos dois materiais.

4.1.3. Condomínio Trindade

O terceiro objeto de estudo é um condomínio de quatro torres


localizado no bairro da Trindade, na esquina das Ruas Lauro Linhares e
Ogê Fortkamp. A Figura 39 ilustra o acesso ao condomínio.
71

Figura 39 Condomínio Trindade

4.1.3.1. Descrição do condomínio

A obra do Condomínio Trindade possui quatro torres de cinco


pavimentos, e foi entregue aos moradores no ano de 1978. O pavimento
térreo é destinado às garagens, e os outros quatro são ocupados por
apartamentos tipo, sendo quatro por andar.
A estrutura da edificação foi executada em concreto armado com
vedação em tijolos cerâmicos e revestimento argamassado. Não foi
possível obter informações detalhadas sobre o traço utilizado na
argamassa, mas pelo aspecto visual aparentava ser constituída por areia
fina, cal e cimento. Para a pintura da fachada foi utilizada tinta acrílica
executada em textura. As cores escolhidas foram o bege (na maior parte
das fachadas) com detalhes em duas tonalidades de rosa.
De acordo com o zelador, o condomínio não recebe manutenções
periódicas. Segundo ele, a última manutenção nas fachadas foi realizada
há aproximadamente 10 anos, onde foi executada a repintura das torres e
algumas outras pequenas intervenções nas fachadas. Durante a execução
do registro fotográfico, observou-se que o condomínio realizava obras
de impermeabilização das calhas e do telhado do bloco 3.
72

As fachadas das torres são bastante planas, com exceção das


fachadas sudoeste e nordeste que possuem uma profunda reentrância,
para onde ficam voltadas as áreas de serviço dos apartamentos. Essa
região tende a ficar úmida por mais tempo devido a pouca exposição
solar decorrente das reentrâncias.

4.1.3.2. Localização e entorno.

O condomínio encontra-se em uma região muito movimentada da


cidade de Florianópolis (Figura 40), a qual é ocupada tanto por
edificações residenciais como comerciais. Próximo ao campus da
Universidade Federal de Santa Catarina, a Rua Lauro Linhares possui
um alto volume de tráfego de veículos, de forma que o condomínio fica
exposto diretamente à ação de gases emanados pelos automóveis.

Figura 40 Localização Condomínio Trindade

FONTE: Google Maps

O entorno do condomínio é composto basicamente de edificações


de pequeno porte. Ao longo da fachada nordeste existe um edifício no
73

terreno adjacente. A única interferência causada por ele ocorre no início


manhã, quando o mesmo bloqueia parte da incidência solar nessa
fachada. Mesmo assim, esta permanece sendo a fachada que recebe
maior incidência solar de todo o condomínio.
No lado sudeste dos três últimos blocos encontra-se os blocos
adjacentes do mesmo condomínio. Já no lado noroeste ocorre o
contrário: os três primeiros blocos possuem a fachada voltada para as
torres adjacentes, e o último sem nada interferindo no entorno. As
fachadas de orientação sudoeste não sofrem interferência significante
das edificações do entorno em relação a incidência solar. Apesar disso,
estas ficam expostas ao sol por menos horas quando comparamos com
as demais fachadas.

4.1.3.3. Manifestações patológicas

Serão expostas aqui as manifestações levantadas no Condomínio


Trindade com o intuito de diagnosticá-las. Todos os registros
fotográficos foram realizados in loco durante as visitas realizadas.

a) Manifestação 3A

A manifestação ilustrada pela Figura 41 caracteriza-se por


manchas de tonalidades que vão do marrom ao laranja. Associadas às
sujidades é possível perceber diversas fissuras mapeadas ao longo da
fachada.
74

Figura 41 Manifestação 3A

a.1) Diagnóstico mais provável da manifestação 3A

A manifestação foi dividida em duas, já que foi levantado que


elas decorem de causas diferentes. A primeira se trata das fissuras
mapeadas no revestimento. A hipótese levantada nesse caso é de que a
argamassa utilizada possa ter sido mal dosada, de forma que possuísse
excesso de cimento ou de água na sua composição: conforme levantado
na revisão de literatura, argamassas que possuem excesso de cimento na
sua composição podem sofrer retração autógena excessiva. Já o excesso
de água pode ocasionar retração por secagem de forma demasiada. Nos
dois casos (retração autógena e por secagem) o efeito que aparece na
argamassa são as fissuras em forma de mapa como ilustra a
Figura 41. Esse tipo de manifestação foi encontrada em todas as
fachadas do condomínio. Para se reparar esse problema seria necessária
a escarificação de todo o revestimento comprometido e reaplicação da
argamassa com traço adequado.
A segunda manifestação (manchas nas paredes) foi causada pela
proliferação de microorganismos. Pela coloração observada, leva-se a
acreditar que se trata de ataque de algas. Para se certificar dessa
suposição, foi feito um rápido teste: ao esfregar a ponta do dedo nas
75

áreas atacadas, percebeu-se que a mancha se espalhou (Figura 42),


alterando um pouco a sua coloração. Isso se deve ao fato de que as algas
sintetizam seus alimentos em cápsulas, as quais se quebram ao esfregá-
las espalhando o conteúdo pela superfície.

Figura 42 Algas manifestação 3A

É interessante notar que, assim como na manifestação 2A do


Condomínio Córrego Grande, é possível distinguir os locais onde
existem elementos estruturais e os locais onde há o fechamento em
alvenaria, mesmo sobre o revestimento argamassado. Em situações
como essa, diz-se que o revestimento se encontra fotografado. Uma vez
que a alvenaria retém mais umidade do que o concreto, essa se torna
mais apta ao ataque de microorganismos.
Outro fato que chama atenção é a diferença do ataque das algas
na região onde a pintura é bege e onde é rosa (Figura 43). Na região
onde foi utilizada a tinta clara, o ataque de algas se mostra muito mais
intenso. Já onde a pigmentação é avermelhada praticamente não se nota
a proliferação de microorganismos. De acordo com estudos realizados
por Breitbach (2009), isso se deve ao fato de que tinta com algumas
pigmentações como o azul e o vermelho, têm menores tendências a
sofrer o ataque de microorganismos.
76

Figura 43 Detalhe manifestação 3A

Reforça-se que por mais que o ataque de algas seja mais


visível, não se descarta a possibilidade de a região estar exposta a
proliferação de fungos também. Novamente, lembra-se que para se obter
um diagnóstico preciso seria necessária a execução de ensaios
laboratoriais.
Por mais que as duas manifestações claramente decorram de
causas diferentes, é possível que a existência de uma delas ajude a criar
condições mais propícias para o desenvolvimento da outra. Quando o
revestimento se encontra fissurado, ele perde parte da sua característica
de estanqueidade. Assim, as fissuras existentes permitem que a
umidade penetre e se acumule com maior facilidade no revestimento.
Como já foi comentada, essa é uma das condições essenciais para o
desenvolvimento de fungos e algas.
Dessa forma, acredita-se que a manifestação patológica
identificada pelas fissuras tem como origem falhas no projeto. Isso se
deve ao fato de não ter sido elaborado um traço adequado que evitasse a
retração excessiva da argamassa. A manifestação caracterizada pela
proliferação de algas foi associada principalmente a falta de manutenção
do edifício, no sentido de não executar uma limpeza periódica nas
fachadas. Como uma origem secundária, pode-se considerar que o
projeto de fachada (caso existisse) não previu colorações diferentes para
77

a pintura, como o azul, vermelho e verde, que poderiam vir a minimizar


esse tipo de manifestação.

b) Manifestação 3B

Observa-se grande fissura horizontal acompanhada por manchas


escuras próximo ao telhado do bloco 3 (Figura 44).

Figura 44 Manifestação 3B

b.1) Diagnóstico mais provável da manifestação 3B

Esse tipo de fissura ocorre devido a movimentações térmicas


diferenciais entre laje ou viga em relação a alvenaria. Manifestações
muito semelhantes foram encontradas tanto no Condomínio Serrinha
(Manifestação 1E) como no Condomínio Córrego Grande sendo
abordadas (Manifestação 2D).
Nesse caso por ser parte da cobertura do prédio, a última laje
tende a absorver mais calor que as outras lajes, intensificando a
movimentação térmica. Fissuras como essa foram encontradas em
diversos locais (entre pavimentos) no condomínio. Esse fato poderia ser
evitado caso tivesse sido utilizado argamassa de encunhamento e
previsto juntas de dilatação na vedação entre a laje da cobertura e a
78

alvenaria do último pavimento. Como forma de reparo, seria necessária


a remoção do revestimento, e a execução da junta de dilatação
corretamente.
Essa manifestação patológica tem como origem a falta/falha de
projeto específico para fachadas por não propor uma alternativa de
atenuação dos esforços gerados pela movimentação térmica.

c) Manifestação 3C

Notam-se três aspectos na manifestação: fissuras mapeadas,


formação de manchas escuras e deterioração da película de tinta. A
Figura 45 ilustra a situação.

Figura 45 Manifestação 3C

c.1) Diagnóstico mais provável da Manifestação 3C

A manifestação ocorre na reentrância da fachada nordeste do


bloco 2. Essa região recebe pouca insolação durante o dia, o que
possibilita que após períodos chuvosos a mesma permaneça úmida
durante mais tempo que outros locais da edificação. As fissuras
mapeadas decorrem da retração da argamassa, conforme já foi abordado
79

na Manifestação 3A, e são encontradas em todas as fachadas dos


edifícios.
Buscou-se nesse caso, encontrar a causa de ter ocorrido o
desplacamento da camada de tinta especificamente nesse local. O
diagnóstico levantado leva em consideração que dentro do ambiente
úmido dessa reentrância esse canto é o local mais exposto à umidade. A
Figura 45, obtida por volta das 10:30 da manhã, demonstra que o sol já
incide na região, com exceção do local específico. Isso ocorre pelo fato
de que o prédio vizinho faz sombra nessa torre. Assim, acredita-se que
aquela região só receba a incidência de raios solares em um período
entre às 11:00 e às 13:30, isto é, durante duas horas e meia por dia.
O fato do desplacamento da tinta pode decorrer de diversos
fatores. As fissuras mapeadas são transmitidas para a película de tinta,
fazendo com que ela fissure também e tornando-a mais permeável. Por
estar fissurada e exposta por mais tempo a condições de umidade, o
revestimento fica mais sujeito a movimentações higroscópicas que
podem prejudicar a aderência com a tinta. Além disso, essa mesma
umidade proporciona condições favoráveis para o desenvolvimento de
fungos na interface revestimento/película de tinta, novamente
prejudicando a aderência entre os dois. É difícil precisar exatamente
uma causa, mas supõe-se que seja uma combinação de diversos fatores.
Acredita-se que a origem da manifestação patológica está na falta
de manutenção por não executar limpeza e repintura da região. Além
disso, o traço inadequado da argamassa de revestimento permitiu que ela
retraísse, ocasionando as fissuras. Assim, atribui-se também como
origem da manifestação a ausência de projeto específico para fachadas.
Para o reparo dessa manifestação deve-se inicialmente remover o
revestimento argamassado e substituí-lo por um que possua o traço
adequado. Posteriormente, deve ser efetuada a repintura. Nota-se que
essa é uma região mais sujeita a ocorrência de manifestações
patológicas decorrentes da presença de umidade. Sendo assim, deve ser
tomando um cuidado especial quanto à manutenção, que deve ser feita
com mais frequência do que outras fachadas da edificação.
80

d) Manifestação 3D

Nota-se na Figura 46 a deterioração da película de pintura na


fachada sudeste do Bloco 3. Observam-se também manchas escuras na
pintura que acompanham o problema. A manifestação concentra-se no
topo da edificação na região correspondente a platibanda do telhado.

Figura 46 Manifestação 3D

d.1) Diagnóstico mais provável da manifestação 3D

Para a manifestação levantou-se somente uma hipótese:


biodeterioração decorrente da ação de microorganismos. Por ser uma
fachada de orientação sul essa se mantém úmida por mais tempo. Além
disso, constatou-se durante a visita ao local que no telhado em questão
estavam ocorrendo serviços de impermeabilização das calhas e
platibandas. Portanto, é provável que esses dois fatores, combinados
com a deposição de sujidade e matéria orgânica decorrente da ação de
chuvas, permitiram o desenvolvimento dos microorgnismos. Pela
coloração escura considera-se que a biodeterioração do revestimento
seja causada pela ação de fungos. Conforme abordado na manifestação
1F, fungos também se alimentam de componentes das tintas, o que
possibilita a deterioração da película de pintura. A origem desse
problema está claramente na falta de manutenção, sendo ela a limpeza
da fachada e a impermeabilização dos telhados.
81

4.2. ANÁLISE DE RESULTADOS

Dentro desse capítulo serão expostos os resultados dos estudos


realizados com base nas informações coletadas in loco. De forma a se
obter um melhor entendimento dos resultados, as análises serão
divididas por obra, e terão o auxílio de gráficos e tabelas sempre que
necessário.
Para o desenvolvimento desse trabalho, optou-se por analisar as
manifestações patológicas com base em três diferentes critérios: causa,
origem e efeitos no revestimento. Além desses será feita uma breve
análise sobre a influência da umidade e da temperatura para o
desenvolvimento dessas manifestações patológicas.
Observa-se na Tabela 4 um resumo das manifestações, seus
efeitos e possíveis causas e origens.
82

Tabela 4 Resumo das manifestações


83

4.2.1. Análise das causas das manifestações patológicas.

Nesse item as manifestações serão analisadas quanto às suas


causas.

a) Condomínio Serrinha

A Tabela 5, ilustra de forma simplificada as causas das


manifestações patológicas levantadas no Condomínio Serrinha.

Tabela 5 - Causas das manifestações Condomínio Serrinha

Observa-se que as movimentações decorrentes de variações


térmicas foram as principais causas das manifestações patológicas,
aparecendo em três das sete levantadas. Entretanto, nota-se que em dois
desses casos essa não foi a única causa. Após as movimentações
térmicas, os ataques por microorganismos e movimentações
higroscópicas dos materiais apareceram duas vezes como causas.

b) Condomínio Córrego Grande

A Tabela 6 mostra as causas das manifestações levantadas no


Condomínio Córrego Grande
84

Tabela 6 Causas das manifestações Condomínio Córrego Grande

Nesse caso o ataque por microorganismos foi levantado como


principal causa das manifestações, estando presente em 75% dos casos.

c) Condomínio Trindade

As causas das manifestações levantadas no Condomínio Trindade


são ilustradas na Tabela 7.

Tabela 7 Causas das manifestações Condomínio Trindade

Nas causas das manifestações levantadas no estudo, chama


atenção a presença da ação microorganismos (algas e/ou fungos) em
todos os casos. As patologias que se manifestam em formas de fissuras
facilitam a penetração de umidade no revestimento. Isso explica o
motivo de boa parte das manifestações estarem acompanhadas de
bolores, líquens ou algas mesmo que essas não sejam a causa principal.

d) Análise conjunta das causas das manifestações patológicas.

Neste item serão avaliadas conjuntamente as causas das


manifestações dos três condomínios estudados.
85

Levantou-se que a ação de microorganismos foi a principal causa


geradora das manifestações patológicas. Os fungos ou algas estiveram
presentes em 60% dos casos, aparecendo como causa em nove das
quinze manifestações estudadas. É importante salientar que em alguns
casos foram levantados mais de uma causa para uma mesma
manifestação.
Os problemas causados pela variação volumétrica diferenciada
entre os materiais também ocorreram com uma frequência relevante.
Movimentações higroscópicas estiveram presentes em 26% das
manifestações, e as térmicas em 33%. Menos expressivos foram
corrosão de armadura e eflorescências que apareceram em 12 e 6% dos
casos, respectivamente. A Figura 47 ilustra o número de vezes que cada
causa foi constatada considerando-se os três estudos de caso.

Figura 47 – Causas das manifestações.

4.2.2. Análise das origens das manifestações patológicas.

Nesse item as manifestações serão analisadas quanto às suas


origens: projeto, manutenção, material e execução. Englobam-se no item
“projeto” todas as manifestações que tenham origem na falta ou falha de
projeto.
86

a) Condomínio Serrinha.

A Tabela 8 mostra as origens das manifestações patológicas


encontradas no condomínio Serrinha.

Tabela 8 Origens das manifestações Condomínio Serrinha

Observa-se que a falta de manutenção e projeto específico para as


fachadas foram as principais origens das manifestações patológicas. Em
dois dos casos, tanto manutenção quanto projeto, foram considerados
origem dos problemas.

b) Condomínio Córrego Grande

Verifica-se na Tabela 9 as origens das manifestações levantadas


no condomínio.

Tabela 9 Origens das manifestações Condomínio Córrego Grande

No Condomínio Córrego Grande as origens relacionadas à falta


de projeto somaram 75% dos casos. Acredita-se que por ser uma
edificação de menor idade (6 anos) os problemas de projeto e execução
são os mais evidentes. Com o passar do tempo, problemas decorrentes
do uso da edificação começam a aparecer com mais frequência, isso é,
caso a manutenção preventiva não seja executada.
87

c) Condomínio Trindade

Através do estudo realizado foi possível desenvolver a Tabela 10


que associa as manifestações com suas origens.

Tabela 10 Origens das manifestações Condomínio Trindade

No Condomínio Trindade todas as origens das manifestações


patológicas foram associadas ou a falta de manutenção ou a inexistência
de projetos específicos de fachada. Em 50% dos casos constatou-se que
os problemas encontrados possuíam as duas origens.

d) Análise conjunta das origens das manifestações

Foi constatado que a principal origem das anomalias encontradas


nos três condomínios foi relacionada a problemas associados a projeto
(46%). É compreensível que haja tantos problemas relacionados à falta
de especificação de projeto nos condomínios mais antigos como o
Serrinha e o Trindade. O cuidado com a execução de projetos de
fachadas é recente. Dessa forma, chama atenção o descaso de
condomínios mais recentes como o caso Córrego Grande por não se
atentarem a esse tipo de definições.
A falta de manutenção representou 37% (Figura 48) das origens
das manifestações. Esse número deixa claro que os condomínios só
deixam para realizar as intervenções quando os problemas já são
irreversíveis. Em entrevistas com funcionários dos condomínios, todos
afirmaram que não possuem nenhum tipo de contrato de manutenção
periódica de fachadas.
88

Figura 48 - Origem das manifestações

Observa-se na Figura 48 que não foi levantada nenhuma origem


relacionada a problemas nos materiais utilizados. Vale salientar, que
esse fato não significa que não ocorreram problemas dessa origem, e
sim, que seriam necessárias análises laboratoriais para se fazer essa
constatação.
Ainda com uma parcela significativa, falhas de execução
representaram 17% das origens levantadas. Esse tipo de problema é
mais difícil de ser evitado, uma vez que nem sempre é possível
acompanhar o trabalho executado por todos operários. Entretanto, uma
vez que o serviço é realizado, é primordial que ele seja inspecionado e
aprovado em determinados critérios de qualidade.

4.2.3. Análise dos efeitos no revestimento argamassado.

Serão analisados nesse tópico os efeitos causados pelas


manifestações patológicas no revestimento argamassado.

a) Condomínio Serrinha

Foram levantados seis efeitos diferentes no revestimento de


fachada. É possível assim relacionar os efeitos e as suas causas e
observar as diversas formas de degradação a qual as fachadas do
condomínio estão sujeitas (Tabela 11).
89

Tabela 11 Efeitos das manifestações Condomínio Serrinha

A Tabela 11 pode passar a falsa impressão de que não houve


predominância de nenhum efeito no condomínio. Entretanto, é
importante salientar que algumas manifestações podiam ser encontradas
em diversos locais das fachadas do prédio. Para que o trabalho não se
tornasse muito extenso e repetitivo, foi abordado somente uma vez cada
tipo de manifestação patológica que possuísse as mesmas causas,
origens e efeitos. Sendo assim, vale comentar que fissuras mapeadas,
sujidades e fissuras lineares foram encontradas em maior número
quando comparadas com desagregação e desplacamento do
revestimento, que foram identificadas em regiões mais específicas do
condomínio.

b) Condomínio Córrego Grande

Os efeitos das manifestações do Condomínio Córrego Grande


estão expostos na Tabela 12 Efeitos das manifestações Condomínio
Córrego Grande
90

Tabela 12 Efeitos das manifestações Condomínio Córrego Grande

De acordo com a Tabela 12 percebemos que o efeito de sujidade


causado pela proliferação de microorganismos foi o mais encontrado na
edificação. Essa tabela corresponde com a realidade, apesar de não ser
um efeito que tenha um impacto grande na vida útil da edificação, as
manchas existentes nas fachadas deixam um aspecto de descuido.
Problemas como esse podem acarretar em desconforto aos moradores e
depreciação do valor do imóvel.

c) Condomínio Trindade

Os efeitos encontrados no revestimento do terceiro estudo de caso


estão expostos na Tabela 13.

Tabela 13 Efeitos das manifestações Condomínio Trindade

Observa-se a predominância das manifestações caracterizadas por


manchas e sujidades. Esse fato já era previsível uma vez que constatado
que a as patologias decorrentes da ação de microorganismos estavam
presentes em todas as manifestações levantadas nesse condomínio.

d) Análise conjunta dos efeitos das manifestações

Dentre os três estudos de casos efetuados foram levantados seis


diferentes efeitos causados pelas manifestações patológicas. Constatou-
se que o aspecto de sujidade causado pela proliferação de
91

microorganismos no revestimento foi o efeito mais encontrado. Em 60%


das manifestações foram observados fungos e algas que de alguma
forma interferiram no desempenho do revestimento. Problemas como
esses usualmente são de fácil resolução, podendo em muitos casos ser
solucionados somente com a limpeza periódica das fachadas. Em casos
mais graves, é também necessário a repintura da mesma, mas
dificilmente se faz necessária a intervenção no revestimento
argamassado.
Com 20% de frequência apareceram: fissuras lineares, mapeadas
e desplacamento do revestimento. Esses tipos de manifestação requerem
um reparo mais dispendioso. Usualmente, para a manutenção desses
problemas é necessária a remoção e reexecução do revestimento
argamassado e da camada de pintura. A Figura 49 ilustra o número de
vezes que cada um dos efeitos apareceu considerando os três
condomínios.

Figura 49 - Efeitos das manifestações


92

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os estudos de caso efetuados mostraram que o revestimento


argamassado permite um bom acabamento e pode apresentar
durabilidade. Entretanto, se manutenções periódicas não forem
executadas, detalhes de projetos não forem definidos e a execução dos
serviços não forem supervisionadas, problemas que comprometem a
qualidade do revestimento certamente aparecerão.
Através das análises, ficou evidente que o aparecimento das
manifestações patológicas decorre de diversos agentes degradantes
diferentes. Umidade, temperatura, incidência solar e ação de ventos são
fatores que influenciam no aparecimento e desenvolvimento destas
manifestações. Observou-se que 100% das manifestações patológicas
levantadas tiveram influência direta da umidade e/ou da variação de
temperatura. Dessa forma, esses aspectos devem ser analisados antes de
se fazer qualquer tipo de definição relacionada às características do
revestimento a ser adotado.
Quanto às origens das manifestações, a inexistência de projetos
específicos para as fachadas se mostrou determinante para o surgimento
de manifestações patológicas. Todos os condomínios estudados
comprovadamente sofrem com problemas relacionados a umidade
excessiva em fachadas, que poderiam ser evitados com simples
definições de projetos. Dispositivos que desviam o fluxo de água, por
exemplo, poderiam ser a solução em muitos dos casos. Mesmo que não
tenham sido previstos na época da construção do edifício, algumas
dessas soluções podem ser adotadas mesmo depois da obra entregue, de
forma a minimizar a necessidade de manutenções. Vale salientar que a
inexistência de projetos de fachadas é justificável nos casos dos
Condomínios Trindade e Serrinha, já que na época da construção destes
não se preocupava com esse tipo de definição. Entretanto, constata-se
que houve negligência no Condomínio Córrego Grande, no qual 75%
das manifestações patológicas observadas decorrem de indefinições de
projeto. Ainda, levando em consideração que tal condomínio possui
apenas 6 anos, esses tipos de problemas poderiam ser evitados com a
contratação de profissionais especializados em projetos de fachadas.
Os efeitos das manifestações avaliadas foram diversos, dentre
eles destacando-se as sujidades causadas pela proliferação de
93

microorganismos. O clima quente e úmido encontrado na cidade de


Florianópolis proporciona condições ideais para o desenvolvimento
tanto de fungos quanto de algas. Uma medida preventiva utilizada que
mostrou bons resultados foi a escolha de tintas com pigmentações
menos suscetíveis ao desenvolvimento dessas manifestações. O estudo
levantou que esse tipo de efeito esteve presente em 60% das
manifestações. Por mais que o aspecto de sujidade seja desagradável,
esse é o tipo de efeito mais fácil de ser reparado e prevenido (na maioria
dos casos, a simples limpeza periódica da fachada já pode fazer com que
o problema seja resolvido). Do contrário, casos como fissuração da
argamassa e corrosão de armadura exigem reparos mais amplos e
dispendiosos.
Em relação aos serviços de manutenção, foi notável o despreparo
das pessoas responsáveis pelo gerenciamento dos condomínios. Além da
falta de manutenção periódica (a qual já foi abordada outras vezes no
decorrer deste trabalho), observaram-se serviços de manutenção mal
executados. Diversas intervenções pontuais, as quais provavelmente
foram efetuadas sem a consultoria ou acompanhamento de profissionais
capacitados, simplesmente mascararam os problemas ao invés de
resolvê-los. Casos como esses, além de dificultarem o diagnóstico das
manifestações patológicas, permitem que elas se desenvolvam sem que
sejam percebidas. Novamente, ressalta-se que quanto mais se prolonga o
reparo, mais trabalhosa e custosa torna-se a manutenção. Ainda, o
estudo realizado levantou que 37% de todas as manifestações levantadas
tiveram como origem a falta de manutenção.
Não é por acaso que os revestimentos argamassados de fachadas
são os mais utilizados no Brasil, tanto em residências quanto em
edifícios. Estes são de fácil execução, possuem baixo custo e permitem
um bom acabamento. Contudo, cabe aos responsáveis pelas edificações
garantir que os mesmos atendam aos critérios de desempenho ao longo
de sua vida útil. De encontro a isso, a ABNT NBR 14037 (1998) faz
exigências relacionadas à elaboração do manual de operação, uso e
manutenção das edificações. Com o desenvolvimento destes manuais, o
nível de instrução dos responsáveis pela conservação do condomínio
tende a aumentar, fazendo com que tais cuidados passem a ser
rotineiros. Outra opção para suprir o despreparo dos funcionários está na
terceirização dos serviços de administração do condomínio: uma
empresa que possua experiência na área passaria a ter responsabilidade
94

por todos os procedimentos, não só relacionados à manutenção, mas à


toda gestão da edificação.
Por fim, pode-se sugerir para trabalhos futuros um estudo
comparativo entre o custo de manutenções preventivas e manutenções
emergenciais. Complementarmente, pode-se estimar o custo da
elaboração de projetos específicos de fachadas, comparando-os com os
gastos relacionados a manutenções que se originem na ausência desses
projetos.
95

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