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O ensino de BIM no Brasil: onde estamos?

BIM teaching in Brazil: where are we?

Regina Coeli Ruschel


Max Lira Veras Xavier de Andrade
Marcelo de Morais
Resumo
modelagem da Informação da Construção (Building Information

A Modeling – BIM) envolve um conjunto interrelacionado de políticas,


processos e tecnologias para gerenciar a essência do projeto,
construção e operação de edifícios no formato digital em todo o ciclo
de vida da edificação. Entender BIM apenas como tecnologia é uma distorção
advinda de uma simplificação extrema do paradigma. Dessa forma, a abordagem
de BIM no ensino deve ir além da capacitação instrumental contida nas disciplinas
de informática aplicada. Este artigo apresenta um diagnóstico de experiências
Regina Coeli Ruschel
Departamento de Arquitetura e brasileiras e internacionais de ensino de BIM, o que permite avaliar a abrangência
Construçãol, Faculdade de Engenharia dos esforços de ensino adotados até o presente no Brasil, neste contexto. Este
Civil, Arquitetura e Urbanismo diagnóstico se dá por meio de revisão bibliográfica sobre relatos de experiência de
Universidade Estadual de Campinas
Av. Albert Einstein, 951, Cidade ensino de BIM, discussão em workshop e experimentação no ensino. Classificam-
Universitária se as experiências avaliadas identificando-se os estágios de adoção de BIM e os
Campinas - SP - Brasil níveis de competência por elas fomentados. Ao utilizar uma mesma classificação
Caixa-Postal 6021
CEP 13083-852 aplicada no estudo do cenário internacional para as experiências nacionais, foi
Tel.: (19) 3521-2051 possível balizar o nível de desenvolvimento do ensino de BIM no Brasil. Discute-
E-mail: ruschel@fec.unicamp.br se, à luz das experiências apresentadas, o quão abrangente deve ser a formação em

BIM e a quais estágios de adoção de BIM essas experiências de ensino conduzem.


Max Lira Veras Xavier de Modelos de inspiração que possam contribuir com o cenário brasileiro de adoção
Andrade do BIM são apresentados, extraídos de boas experiências estrangeiras.
Departamento de Arquitetura e
Urbanismo, Centro de Tecnologia Palavras-chave: BIM. Ensino. Arquitetura. Engenharia Civil.
Universidade Federal de Alagoas
Av. Lourival Melo Mota, s/n, Abstract
Tabuleiro dos Martins
Maceió - AL - Brasil
Building Information Modeling involves a set of interrelated policies, processes
CEP 57072-970 and technologies to manage the essence of the building design-construction-
Tel.: (82) 3214-1284 operation and associated data in a digital format throughout its lifecycle.
E-mail: maxandrade@uol.com.br
However, to understand BIM just as technology is a distortion resulting from an
extreme simplification of this paradigm. Therefore, BIM education in engineering
Marcelo de Morais and architecture should go beyond the instrumental approach in applied computer
Programa de Pós-Graduação em classes. This paper presents a diagnosis of Brazilian and international BIM
Engenharia Civil, Faculdade de
Engenharia Civil, Arquitetura e teaching experiences, which allows us to evaluate the extent of applied efforts. This
Urbanismo diagnosis is done through a literature review of reports on BIM teaching
Universidade Estadual de Campinas experiences, workshop discussions and teaching experimentation. The
Av. Albert Einstein, 951, Cidade
Universitária classification of teaching experiments allows us to identify the stages of adoption
Campinas - SP - Brasil of BIM and skill levels encouraged by them. By using the same characterization
Caixa-Postal 6021 parameters for the Brazilian and international teaching experiences it was
CEP 13083-852
Tel.: (16) 3335-8732 possible to benchmark educational efforts. We discuss how broad these teaching
E-mail: arqmmorais@uol.com.br experiences are and which stage of BIM adoption they lead to. Models of
inspiration that can contribute to the observed BIM Brazilian education scenario
Recebido em 22/01/10/13 are presented, extracted from good examples of international experiences.
Aceito em 08/04/13 Keywords: BIM. Teaching. Architecture. Civil Engineering.

Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 13, n. 2, p. 151-165, abr./jun. 2013. 151


ISSN 1678-8621 © 2005, Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído. Todos os direitos reservados.
Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 13, n. 2, p. 151-165, abr./jun. 2013.

Introdução
O termo Building Information Modeling (BIM), ou “protótipos”. Em ambos os casos sugerem escolher
Modelagem da Informação da Construção, não é objetivos claros de negócio, ou ênfases de
suficientemente capaz de traduzir o real desenvolvimento. Os autores também recomendam
significado que está por trás da sigla BIM. Para estabelecer metas de avaliação e ter uma
Penttilä (2006) BIM “[...] é uma metodologia para participação ativa nos projetos pilotos. No
gerenciar a essência do projeto e dados da desenvolvimento de projetos piloto, os autores
construção ou empreendimento no formato digital recomendam refazer um projeto existente em um
em todo ciclo de vida do edifício [...]”. Succar curto espaço de tempo, com uma equipe pequena e
(2009) acrescenta que esta metodologia advém de qualificada. A equipe pode envolver apenas
um conjunto inter-relacionado de políticas, membros internos da empresa ou incluir parceiros.
processos e tecnologias. Nesses casos, a meta é desenvolver competências
essenciais para identificar e selecionar prestadores
A abstração do desenho do edifício e a
compatibilização manual de projetos, que outrora de serviço qualificados e montar equipes de
eram baseadas em uma representação cooperação. Ao se iniciar a adoção de BIM no
desenvolvimento de um protótipo, a tarefa de
bidimensional, dentro de um processo de trabalho
projeto é desenvolvê-lo do zero. Eastman et al.
associado ao uso de ferramentas ou sistemas CAD
(2008) aconselham que a equipe seja
(Computer Aided Design), no contexto BIM são
multidisciplinar e de pequeno porte, e que se
realizadas por modelos geométricos
tridimensionais, ricos em informações do edifício. tracem objetivos de negócios específicos. Como
Percebe-se, portanto, que a substituição da objetivos de negócio, ou ênfases de
desenvolvimento, sugerem ainda: custos,
representação gráfica pela representação e
cronograma, complexidade de infraestrutura ou
simulação numéricas estabelece um novo
desempenho. Das diretrizes para adoção de BIM
horizonte para o ensino. Possibilita-se, com isso, a
proposta, observam-se duas orientações: adoção de
aproximação do aluno com os processos de
projeto, processos usados no canteiro de obras, forma gradual e desenvolvimento de competências.
processos de operação e manutenção, o que passa a Esses dois aspectos serão utilizados no estudo aqui
apresentado.
ser um conhecimento fundamental para a
elaboração do modelo do edifício, no BIM. Nesse Succar (2009) afirma que a adoção completa do
contexto, é inegável o salto na compreensão de paradigma BIM na indústria de Arquitetura,
todo o processo, fazendo com que se repense mais Engenharia, Construção e Operação (Aeco) não
intensivamente na integração entre as disciplinas, ocorre de forma imediata. Há vários estágios de
abrindo-se novas possibilidades de atuação adoção de BIM, com a apropriação gradual da
profissional no mercado da Arquitetura, tecnologia e transformação dos processos
Engenharia, Construção e Operação (AECO). correlacionados, levando até a adoção completa do
Bynum, Issa e Olbina (2013) destacam que um dos BIM. As fases de desenvolvimento dos estágios de
motivos do aumento do uso de BIM na indústria de BIM começam lentamente e há diversos fatores
AECO é a possibilidade de gerar uma série de que influenciam na sua ampla adoção. Como há
simulações que podem definir padrões para uma ruptura de paradigma, faz-se necessária uma
desenvolvimento de produto, sendo de grande nova visão sobre os processos realizados até então.
valia no desenvolvimento de soluções sustentáveis. Sua completa apropriação passa por estágios de
Eastman (2008) afirma que vários proprietários adoção que estão relacionados ao número de
disciplinas envolvidas, quais fases do ciclo de vida
estão exigindo práticas baseadas no BIM para o
da edificação são abordadas e os níveis de
desenvolvimento dos novos projetos, com
mudanças que ocorrem em termos de políticas
mudanças nos termos de contrato, de modo a
adotadas, processos e tecnologia utilizados.
favorecer essas práticas. Essas mudanças de
postura exigem um novo tipo de profissional no Segundo Barison e Santos (2010, 2011), a partir de
mercado. E, para isso, as universidades têm um 2003, o ensino de BIM começa a ser inserido
papel fundamental, não apenas na formação desses internacionalmente nos cursos da AEC, porém essa
profissionais, mas, também, contribuindo com a prática se intensificou entre 2006 e 2009. Isso
formulação de posturas que valorizem novos ocorreu como uma exigência do mercado de
processos de projeto e de construção do edifício. trabalho, que começou a buscar profissionais
habilitados para desenvolver e gerenciar projetos
Eastman et al. (2008, p. 145-146) propõem
segundo o conceito BIM. Os autores acreditam que
diretrizes para a implementação da Modelagem da
o ensino de BIM deve estar relacionado com
Informação da Construção, indicando ser adequado
iniciar-se por projetos pilotos ou desenvolver estratégias e abordagens ligadas ao nível de

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competência que o aluno deve alcançar em relação estágio, estar essencialmente relacionada à
à atividade que será exercida na prática aplicação de ferramentas de autoria BIM em
profissional. projeto, pode decorrer a falsa impressão de que
BIM se trata apenas de tecnologias, dada a
Este artigo, por meio relatos de experiências de
necessidade de se apropriar dessa nova tecnologia
ensino de BIM internacionais e nacionais,
e investir em recursos de renovação de
diagnostica a abrangência desses esforços. O
procedimento utilizado para a realização do infraestrutura e software.
diagnóstico consistiu na escolha de conceitos No segundo estágio de adoção, a ênfase está no
estabelecidos de escala de maturidade na adoção compartilhamento multidisciplinar do modelo
de BIM e níveis de competência fomentados no entre uma ou duas fases do processo de projeto,
ensino de BIM, na definição de uma amostra de envolvendo até duas disciplinas ou dois agentes
estudo e no mapeamento da conceituação nas diferentes, como, por exemplo, arquitetura e
experiências de ensino contidas na amostra de estrutura, ou gerenciamento de custos. Esse estágio
estudo. O cenário encontrado motivou a escolha e é caracterizado pela colaboração baseada em
a descrição de experiências internacionais de modelos. O processo também é interativo e ainda
ensino BIM capazes de inspirar transformações por assíncrono, mas com melhoria na
meio de exemplos de sucesso estabelecidos. interoperabilidade entre os agentes envolvidos. Os
produtos resultantes desse estágio de adoção de
Estágios de adoção de BIM e BIM são modelos com quarta dimensão (tempo
associado ao planejamento da obra) e quinta
níveis de competência dimensão (modelo de previsão de custos),
São múltiplos os autores a apontar que a adoção compatibilização do modelo por meio de clash
completa do paradigma BIM não ocorre de detection (verificação de conflitos) e,
imediato, mas, sim, ao longo de estágios de consequentemente, melhoria das informações
desenvolvimento, até sua completa adoção extraídas do modelo. A adoção do BIM neste
(TOBIN, 2008; JERNIGAN, 2007; SUCCAR, estágio requer a implementação de coordenação
2009). Neste estudo tomar-se-á como referência a nos processos de projeto, associado a uma
definição de estágios de adoção de BIM proposta mudança de cultura da empresa, objetivando a
por Succar (2009). Este autor identifica, para cada adoção de equipes de projeto coordenadas.
estágio, fases do processo de projeto e disciplinas Comparado ao estágio anterior, este requer a
envolvidas, produtos esperados, caracterização do adoção de mudanças médias em políticas e
processo e consequentes níveis de mudanças em processos, e pequenas mudanças em tecnologia.
políticas, processos e tecnologias. Khosrowshahi e No terceiro estágio de adoção de BIM, a ênfase
Arayici (2012) também adotam essa referência está na criação compartilhada e colaborativa do
para diagnosticar níveis de maturidade de BIM da modelo da edificação, em todo o processo do
indústria da construção na Inglaterra. empreendimento, envolvendo as fases de
Segundo Succar (2009), no primeiro estágio de concepção, construção e operação, e as múltiplas
adoção, a ênfase está na modelagem paramétrica. disciplinas da área da AEC. Este estágio é
Esse estágio é caracterizado pela modelagem caracterizado pela integração em rede. O processo
baseada em objetos e está relacionado ao uso de é simultâneo e recursivo, envolvendo análises
uma ferramenta BIM específica, como, por complexas já nos estágios iniciais de concepção do
exemplo, as de autoria, que gera ou analisa projeto. Múltiplas disciplinas utilizam e modificam
modelos de informação (TOBIN, 2008). o mesmo modelo, por meio de um processo
Geralmente envolve uma única disciplina de integrado e compartilhado, fazendo uso de
projeto no desenvolvimento do modelo 3D e fica- repositório e sistemas de banco de dados. Este
se restrito a uma fase específica do processo estágio de adoção do BIM requer mudanças
(projeto, construção ou operação). Apesar de o drásticas nas políticas e processos das empresas e
processo ser interativo, sequencial, a comunicação se apoia em mudanças significativas nas bases
ainda acontece de forma assíncrona. Os produtos tecnológicas utilizadas pela empresa.
resultantes desse estágio de adoção de BIM são Para Succar (2009), o terceiro estágio de adoção de
modelos 3D da geometria e documentação BIM implica a adoção de Entrega Integrada de
(desenhos, imagens, quantitativos de materiais e Projeto ou Integrated Project Delivery (IPD). O
vários tipos de relatórios), extraídos a partir do IPD, segundo o American Institute of Architects
modelo. Nesse estágio de adoção observam-se (2007), é uma abordagem de desenvolvimento de
pequenas mudanças em políticas, médias projeto que agrega pessoas, sistemas, estruturas
mudanças em processos e grandes mudanças em organizacionais e práticas num processo
tecnologia. Em virtude de a ênfase, nesse primeiro intensamente colaborativo. A ênfase está em

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aproveitar múltiplos talentos, visando otimizar disciplinas como arquitetura, instalações e


resultados, agregar valor para o proprietário, estrutura. Os trabalhos são em grupo, e cabe a cada
reduzir perdas e maximizar a eficiência no projeto, equipe desenvolver um projeto multidisciplinar
fabricação e construção. O IPD caracteriza-se pela completo, checar os conflitos, analisar o modelo,
colaboração eficiente entre proprietário, projetista levantar os custos e principalmente criar rotinas de
e empreiteiro, começando já nos estágios iniciais colaboração e integração entre as disciplinas
do processo de projeto e continuando até a entrega (BARISON; SANTOS, 2011).
final da edificação, o que requer uma mudança nos No nível avançado (gerente), o conteúdo deve
arranjos contratuais. Os princípios que regem o
abordar o gerenciamento da construção. Para isso,
IPD envolvem respeito e confiança mútua,
o aluno deve ter conhecimento sobre os principais
benefícios e recompensas (gratificações) mútuas,
tipos de ferramentas BIM, os materiais de
inovação na colaboração e tomada de decisão, construção, as tecnologias construtivas e o modus
envolvimento antecipado de participantes-chave, operandi da construção civil. O foco nessa fase
definição antecipada de metas, planejamento
está em instruir o aluno de como o BIM pode
intenso, comunicação aberta, tecnologia apropriada
auxiliar as técnicas de gerenciamento da
e organização/liderança.
construção. Logo, nesse estágio, a adoção do BIM
Barison e Santos (2010) propõem estratégias de deve estar condizente com as práticas realizadas no
ensino e aprendizagem para se adquirirem níveis mercado. Nesse nível, deve-se focar na formação
de competência em BIM. Tal classificação está de equipes multidisciplinares que trabalhem de
relacionada ao nível de especialidade que o aluno maneira sincronizada e principalmente na
deve possuir na prática profissional utilizando o utilização simultânea de ferramentas de
BIM. Sendo assim, os autores classificam o nível gerenciamento integradas ao modelo de
de desenvolvimento dos cursos em relação à informação da construção, otimizando o
complexidade em que o conceito é abordado e, gerenciamento da obra com simulações em 4D e
principalmente, se suas características essenciais, 5D. Para que se obtenham bons resultados no nível
como a interoperabilidade, a colaboração, a avançado, Barison e Santos (2011) sugerem,
comunicação e a multidisciplinaridade no apesar das dificuldades, a integração com projetos
desenvolvimento de projetos, são abordadas de que estejam sendo desenvolvidos no mercado de
fato. Dessa forma, esses autores classificam os trabalho, acompanhando, assim, o
cursos em três níveis distintos: introdutório, desenvolvimento do projeto desde a concepção, os
intermediário e avançado. conflitos e o gerenciamento da construção. Dessa
forma, os autores acreditam que seja possível a
O nível introdutório (modelador/facilitador) pode
ser ministrado em disciplinas de representação integração direta dos alunos com o mercado de
gráfica e tem como finalidade treinar o aluno em trabalho.
habilidades de modelagem, extração de
quantitativos, alteração de modelos, criação de Procedimentos metodológicos
componentes e princípios básicos de comunicação
O ponto de partida desta investigação foi a
e interoperabilidade. Sugerem-se aulas práticas de
participação de parte dos autores deste artigo no
modelagem de um edifício simples e a
Workshop of BIM Education realizado em 2011 no
conceituação de BIM (BARISON; SANTOS,
Israel Institute of Technology (Technion),
2011).
coordenado pelo Professor Rafael Sacks. Nesse
No nível intermediário (analista), o aluno já deve workshop discutiram-se as experiências de ensino
ter conhecimento de no mínimo uma ferramenta de BIM apresentadas no Quadro 1. Para o estudo
BIM e a disciplina deve ser ministrada em um aqui apresentado, posteriormente foram
ateliê de projeto integrado (projeto selecionadas as que tratavam de relato de
multidisciplinar) e com matérias de tecnologia das experiência didática de ensino de BIM em
construções. A ideia é aumentar o conhecimento arquitetura, engenharia ou construção. As
na modelagem e avançar na criação de modelos, experiências relatadas foram classificadas de
focando técnicas de projetação que utilizem acordo com os estágios de implementação do BIM
métodos generativos e fórmulas com regras e níveis de competência fomentados.o critérios
paramétricas, o que exige conhecimento como apresentados na Seção 2 e resumidos no Quadro 2.
scripting ou programação computacional. O foco Com base nos estudos desses artigos foi possível
também pode estar em análises ambientais compreender o estado da arte em ensino de BIM
considerando decisões de projeto que possam realizado em algumas das mais promissoras
reduzir o custo ao longo do ciclo de vida do universidades internacionais.
edifício. Para isso, os alunos devem trabalhar de
forma colaborativa e em equipe, e devem envolver

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A partir da compreensão de experiências de ensino Considera-se que as experiências de ensino que


internacionais, classificadas segundo os protocolos levam ao desenvolvimento do primeiro estágio de
indicados, selecionaram-se iniciativas adoção do BIM e fomentam a competência em
correspondentes brasileiras. Tomou-se como nível introdutório representam a formação básica
levantamento de partida os casos de ensino de BIM em BIM. Caso as instituições de ensino limitem-se
nacionais apontados por Checcucci, Pereira e somente à formação profissional básica em BIM,
Amorim (2011), que realizaram um estudo acredita-se correr o risco do erro reducionista da
demonstrando a difusão das tecnologias BIM no difusão desse conceito. Advoga-se, portanto, que o
Brasil. Entretanto, numa leitura mais detalhada dos desenvolvimento do ensino BIM visando a sua
casos apontados, verificou-se que apenas cinco implementação tanto no segundo quanto no
descreviam experiências práticas de ensino BIM. terceiro estágio de adoção, acrescido da ampliação
Além destas, foram adicionadas as experiências das competências fomentadas para além do
didáticas brasileiras realizadas por Serra, Ruschel e modelador BIM (abrangendo o analista e o gestor),
Andrade (2011) e por Ruschel et al. (2010), as apresenta-se como estratégia mais adequada de
quais representaram experimentos de ensino com a consolidação do ensino BIM no Brasil. É dentro
participação dos autores deste artigo. desse ideário que este artigo se desenvolve.

Referências Instituição Caracterização


CE 570 Building Information Modeling for
Collaborative Construction Management (3 units) University of Southern
Programa de disciplina
2011 Spring Semester Class Syllabus (BECERIK- California
GERBER, 2013)
Virginia Tech/
Relato de experiência
(BECERIK-GERBER; KU; JAZIZADEH, 2012) University of Southern
de ensino de BIM
California
BIM Courses of Georgia Tech: Building
Information Modeling: Case Studies [COA8901 Georgia Tech - EUA Programa de disciplina
CE] (EASTMAN, 2013)
Colorado State Relato de experiência
(CLEVENGER et al., 2010)
University de ensino de BIM
Abordagem de
(FAZENDA; KIVINIEMI, 2011) University of Salford
implementação
Southern Illinois
Relato de experiência
(GORDON; AZAMBUJA; WERNER, 2009) University
de ensino de BIM
Edwardsville
Twente University & Relato de experiência
(PETERSON et al., 2011)
Stanford University de ensino de BIM
Levantamento de
Minnesota State implementações de
(SABONGI, 2009)
University ensino de BIM na
graduação nos EUA
Relato de experiência
(SACKS; BARAK, 2010) Technion
de ensino de BIM
Relato reduzido de
Worcester Polytechnic
(SALAZAR; MOKBEL; ABOULEZZ, 2006) experiência de ensino
Institute
de BIM
Relato de experiência
Universidade Estadual em projeto
(RUSCHEL et al., 2008)
de Campinas colaborativo com
CAD
Relato de experiência
(WONG; WONG; NADEEM, 2011) PolyU University
de ensino de BIM
Quadro 1 - Referências discutidas no Workshop of BIM Education realizado em 2011 no Israel Institute
of Technology

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Parâmetros de classificação
Estágio Fases do
Parâmetros
Nível de de ciclo de vida Produtos gerados
de Modelo de
competência adoção (projeto, na experiência
classificação informação
de BIM construção, didática
operação)
Modelagem
Habilita Modelagem e paramétrica,
Introdutório Primeiro Uma fase
modelador produtividade quantitativos,
documentação
Simulações
(dimensionamento,
Integração de
ambientais, 4D,
modelos e uso
Habilita 5D...),
Intermediário Segundo aplicado dos Duas fases
analista compatibilização e
modelos de
planejamento
informação
(caminhos críticos,
linha de balanço)
Introdução a IPD.
Desenvolvimento
Colaboração
compartilhado e
Habilita envolvendo
Avançado Terceiro holístico do Três fases
gerente múltiplos agentes.
modelo de
Criação
informação
compartilhada
Quadro 2 - Parâmetros de classificação das experiências didáticas de ensino de BIM

Experiências internacionais de assim, a formação de facilitador ou modelador


BIM. Sua classificação como no primeiro estágio
ensino BIM de BIM deve-se ao desenvolvimento do modelo
O Quadro 3 sintetiza o cenário internacional do apenas na fase de projeto e por focar apenas a
ensino de BIM avaliado neste estudo, a partir dos modelagem paramétrica da estrutura, com a
critérios propostos na Seção 2. Na primeira coluna extração automática de documentos e
são apresentadas as universidades em que foram quantitativos. Discussões teóricas sobre o uso de
realizadas as experiências e as referências BIM são realizadas, mas não são desenvolvidas
bibliográficas. Em seguida, essas experiências são atividades que coloquem essas discussões em
classificadas de acordo com o nível de prática.
competência e estágios de adoção. As experiências A experiência realizada na Universidade Colorado
são apresentadas no quadro ordenando-as segundo State foi classificada em um nível de competência
o nível de competência atingido: das introdutórias intermediário, por trabalhar com o modelo
às avançadas. integrado e por desenvolver simulações de
Um primeiro aspecto que se pode observar no sistemas construtivos que exigem um grau maior
Quadro 3 é que, com exceção do caso da de conhecimento do aluno sobre BIM,
Universidade Technion (disciplina aplicada no capacitando-o a trabalhar como um analista BIM
primeiro ano do curso de Engenharia Civil), todas (BARISON; SANTOS, 2011). O fato de estar
as demais experiências avaliadas estão entre o relacionado ao estágio 2 de adoção de BIM refere-
nível de competência intermediário e o avançado. se ao uso do modelo integrado com mais de uma
A experiência realizada na Technion foi disciplina (estrutura, instalações e ar
classificada como o nível de competência condicionado), além de abordar mais de uma fase
introdutório por apresentar o desenvolvimento de do ciclo de vida da construção, projeto e obra.
um modelo paramétrico simplificado (edifício de Mesmo apresentando um nível de
dois pavimentos contendo no modelo informações desenvolvimento BIM mais avançado que a
apenas das disciplinas arquitetura e estrutura), sem anterior, não utiliza modelos compartilhados, nem
realizar análises com o modelo, focando apenas o equipes colaborativas.
desenvolvimento da estrutura, caracterizando,

156 Ruschel, R. C.; Andrade, M. L. V. X. de; Morais, M. de


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Níveis de
Estágios Fases do
Experiências competência
de adoção ciclo de
de ensino (BARISON; Modelo Produtos gerados
(SUCCAR, vida
avaliadas SANTOS,
2009) abordadas
2011)
Modelagem paramétrica
Nível
Technion estrutural.
Introdutório BIM Projeto Modelagem e
(SACKS; Extração de
(habilita estágio 1 Construção produtividade
BARAK, 2010) documentação e
modelador)
quantitativos automáticos
Modelagem paramétrica
Colorado State Nível (estrutura, instalações, ar
Integração de
University Intermediário BIM Projeto condicionado). Extração
modelos e uso
(CLEVENGER (habilita estágio 2 Construção de quantitativos.
aplicado
et al., 2010) analista) Simulação (métodos
construtivos)
Planejamento da obra:
Integração de
Twente Nível caminhos críticos, linha
modelos e uso
University avançado BIM de balanço,
Construção aplicado
(PETERSON et (habilita estágio 2 simulação 4D e 5D
(edificação
al., 2011) gerente) (visualização de fluxo de
existente)
caixa)
Integração de
Stanford Nível Planejamento da obra:
modelos e uso
University avançado BIM caminhos críticos, linha
Construção aplicado
(PETERSON et (habilita estágio 2 de balanço e simulação
(edificação
al., 2011) gerente) 4D
existente)
Modelagem paramétrica
(arquitetura, estrutura,
Virginia
Integração de instalações, ar
Tech/University
modelos e condicionado).
of Southern Nível
Projeto visão holística Compatibilização (clash
California avançado BIM
Construção do modelo de detection). Simulação
(BECERIK- (habilita estágio 3
Operação informação 4D e extração de
GERBER; KU; gerente)
(edificação quantitativos.
JAZIZADEH,
existente) Planejamento da
2012)
operação (facility
management)
Modelagem paramétrica.
Compatibilização (clash
PolyU
Integração de detection). Simulação
University Nível
Projeto modelos e 4D/5D/nD e extração de
(WONG; avançado BIM
Construção visão holística quantitativos.
WONG; (habilita estágio 3
Operação do modelo de Planejamento da
NADEEM, gerente)
informação operação (facility
2011)
management). Discussão
sobre IPD
Modelagem paramétrica
Southern
Integração de (estrutura, instalações, ar
Illinois Nível
modelos e condicionado). Extração
University avançado BIM Projeto
visão holística de documentação e
Edwardsville (habilita estágio 3 Construção
do modelo de quantitativos. Simulação
(GORDON et gerente)
informação 4D/5D. Discussão sobre
al., 2009)
IPD (contratos)
Quadro 3 - Classificação de experiências internacionais de ensino de BIM quanto ao nível de
competência

O ensino de BIM no Brasil: onde estamos? 157


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Nas universidades Twente e Stanford, as pesquisadores dessa área. Mesmo ainda estando
experiências de ensino foram classificadas como num estágio incipiente de amadurecimento, o que
nível avançado, pois nelas foram desenvolvidos se pode observar é que algumas universidades já
modelos integrados. Esses modelos foram criados vêm realizando experiências de adoção de BIM em
com base em um caso real de construção, que foi cursos de Arquitetura e Engenharia Civil.
acompanhado pelos alunos. Durante os exercícios,
Identificaram-se neste trabalho relatos de
simulações foram realizadas e confrontadas com a experiências de ensino de BIM nas seguintes
realidade. Por meio de simulação em 4D e 5D, instituições: Universidade Federal de Alagoas
análise de caminho crítico, linha de balanço,
(UFAL) (ANDRADE, 2007). Universidade
aliadas à integração com a prática profissional, foi
Federal de São Carlos (UFSCar) (SERRA;
possível estimular a integração dos alunos com o
RUSCHEL; ANDRADE, 2011), Universidade
mercado de trabalho, utilizando para isso o BIM na Presbiteriana Mackensie (UPM) (FLORIO, 2007;
capacitação da formação do gerente. Por esses VINCENT, 2006), Centro Universitário Barão de
motivos essas experiências foram classificadas
Mauá (CBM) (RUSCHEL et al., 2011),
como nível avançado. Apesar dessa classificação,
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
no quesito adoção do BIM essas experiências
(RUSCHEL; GUIMARÃES FILHO, 2008;
foram classificados no estágio 2, pois abordavam
RUSCHEL et al., 2010). As experiências didáticas
apenas a fase da construção da edificação, e não mostram que existe uma diversidade de casos de
representavam uma experiência calcada num ensino que abordam o BIM no Brasil. Estas
modelo compartilhado entre as áreas relacionadas
envolvem cursos distintos (Arquitetura e
à Aeco.
Urbanismo, e Engenharia Civil), experiências
As experiências de ensino relacionadas nas demais variadas, em diferentes momentos (2006 a 2011).
universidades no Quadro 3 apresentam um nível de Como se pode verificar no Quadro 4, a maioria das
competência avançado, por trabalharem com experiências nacionais aborda o ensino de BIM
conceitos como clash detection, 5D, planejamento apenas em disciplinas isoladas. A exceção ocorreu
e cronograma de obra, e até mesmo com a nas iniciativas de integrar disciplinas de projeto
operação, integrados ao modelo digital. Abordam arquitetônico e estrutural (RUSCHEL;
ainda questões contratuais, como o IPD, GUIMARÃES FILHO, 2008; RUSCHEL et al.,
caracterizando o perfil de um gerente em BIM. Em 2010).
relação a seus estágios de adoção, as experiências
O que se pode constatar com o Quadro 4 é que o
de ensino trabalham com modelos paramétricos
processo de implementação de BIM no ensino
integrados e compartilhados. Essas experiências
ainda abrange o nível de competência introdutório
também abordam todas as fases do ciclo de vida do e intermediário, e vem acontecendo de forma
edifício (projeto, construção e operação). No caso gradual. Essas experiências dão ênfase
da universidade PolyU, o estudo da fase de
principalmente à modelagem paramétrica do
operação do edifício é abordado ainda na
projeto arquitetônico (com aumento da
concepção do projeto, o que demonstra um
produtividade na documentação, compatibilização
processo de trabalho simultâneo.
e integração), nas simulações em 4D e na geração
Essa classificação, embora não seja exaustiva, de estimativas de custo. Mesmo assim, observa-se
permitiu identificar alguns dos aspectos que essas iniciativas ainda não são abrangentes. Já
fundamentais que envolvem o ensino de BIM no as experiências mais avançadas são escassas e
cenário internacional e contribuiu para a análise de podem ser classificadas apenas no nível de
experiências de ensino realizadas no Brasil e competência intermediário, levando ao segundo
descritas a seguir. estágio de adoção de BIM.
Em relação à experiência relatada pela
Experiências brasileiras de Universidade Federal de Alagoas (UFAL), esta é
ensino de BIM classificada no nível de competência introdutória,
pois aborda um processo de trabalho
Com a difusão das discussões sobre BIM no fundamentado essencialmente na modelagem
cenário nacional, principalmente nestes últimos paramétrica, extração de documentação do
quatro anos, surge uma crescente preocupação, por edifício, alteração automática de modelos e criação
parte de alguns pesquisadores brasileiros, com a de componentes. O alcance da adoção de BIM
inserção do ensino de BIM nos cursos de nesse relatos pode ser caracterizado como em
Arquitetura e Engenharia Civil. Discussões sobre a primeiro estágio, por abordar apenas uma fase do
melhor maneira de integração dentro da grade ciclo de vida da edificação e por trabalhar apenas a
curricular aparecem frequentemente nas pautas de modelagem paramétrica de uma única disciplina.
eventos e nas conversas informais dos

158 Ruschel, R. C.; Andrade, M. L. V. X. de; Morais, M. de


Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 13, n. 2, p. 151-165, abr./jun. 2013.

Níveis de
Estágios Fases do
Experiências competência
de adoção ciclo de
de ensino (BARISON; Modelo Produtos gerados
(SUCCA vida
avaliadas SANTOS,
R, 2009) abordadas
2011)
Modelagem
Nível paramétrica
UFAL
introdutório BIM Modelagem e (arquitetura) e
(ANDRADE, Projeto
(habilita Estágio 1 produtividade extração de
2007)*
modelador) documentação
automática
Modelagem
paramétrica
Nível
CBM (arquitetura,
introdutório BIM Modelagem e
(RUSCHEL et Projeto instalações e estrutura)
(habilita Estágio 1 produtividade
al., 2011) e extração de
modelador)
documentação
automática
Modelagem
Nível paramétrica
UPM
introdutório BIM Modelagem e (arquitetura e
(FLORIO, Projeto
(habilita Estágio 1 produtividade estrutura) e extração
2007)
modelador) de documentação
automática
Modelagem
paramétrica, integrada,
Nível Integração de
UPM extração de
intermediário BIM modelos e uso
(VINCENT, Projeto documentação
(habilita Estágio 1 aplicado do
2006) automática,
analista) modelo
quantitativos e
estimativas de custos
UFSCar Modelagem e
Nível Modelagem
(SERRA; produtividade,
intermediário BIM Projeto paramétrica, extração
RUSCHEL; integração de
(habilita Estágio 2 Construção de documentação
ANDRADE, modelos e uso
analista) automática e 4D
2011)* aplicado
Modelagem
paramétrica
UNICAMP Nível Integração de
(arquitetura e
(RUSCHEL; intermediário BIM Projeto modelos e uso
estrutura), extração de
GUIMARÃES (habilita Estágio 2 Construção aplicado do
documentação
FILHO, 2008)* analista) modelo
automática, detecção
de conflitos 4D
Modelagem
paramétrica
Nível Integração de (arquitetura,
UNICAMP
intermediário BIM Projeto modelos e uso instalações e estrutura)
(RUSCHEL et
(habilita Estágio 2 Construção aplicado do e extração de
al., 2010)*
analista) modelo documentação
automática, detecção
de conflitos 4D
Quadro 4 - Classificação de experiências nacionais de ensino de BIM quanto ao nível de competência
Nota: *Experimentos didáticos de BIM desenvolvidos pelos autores ou com a participação deles.

O ensino de BIM no Brasil: onde estamos? 159


Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 13, n. 2, p. 151-165, abr./jun. 2013.

A experiência do Centro Universitário de Barão experiências são integrados e compartilhados, e


de Mauá (CBM) e a realizada por Flório (2007) na abordam duas fases do ciclo de vida da edificação,
Universidade Presbiteriana Mackensie (UPM) o projeto e a construção, sendo caracterizados
foram classificadas no nível de competência assim como o segundo nível de adoção de BIM.
introdutório, pois a ênfase nessas experiências está
Entre as experiências nacionais nenhuma foi
na modelagem paramétrica. Apesar da integração
encontrada que se caracterize a formação do
com a estrutura, não há relatos de análises de gerente em BIM – nível de competência avançado
modelos. Todavia, vê-se nessas experiências uma –, focando justamente a integração entre
evolução na modelagem paramétrica, que passa a
ferramentas de gerenciamento e ferramentas BIM,
integrar mais de uma disciplina. Por abordarem
simulações e análise em 5D e discussões
uma única fase do ciclo de vida da edificação,
contratuais, como o IPD. Também não foram
essas podem ser caracterizadas ainda no primeiro identificadas experiências de ensino no Brasil que,
estágio de adoção do BIM. além de trabalharem com modelos integrados e
O relato de experiência de ensino da UPM de compartilhados de forma síncrona, abordem todas
Vincent (2006) foi classificado com o nível de as fases do ciclo de vida da edificação – projeto,
competência intermediário, por irem além da construção e operação –, caracterizando o terceiro
modelagem e realizar a integração de modelos e a estágio de adoção do BIM.
análise de custos. Por abordar apenas uma fase do
As experiências internacionais enfatizam a
ciclo de vida da edificação, caracterizou-se como
preocupação com o ensino de BIM relacionado aos
no primeiro estágio de adoção do BIM.
aspectos conceituais, e não a um simples
Os relatos de experiência de ensino da ferramental. Essa visão, ainda que embrionária,
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) também está presente em algumas das experiências
e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) relatadas no cenário nacional, o que caracteriza um
foram classificados no nível de competência quadro positivo. A Figura 1 mostra um gráfico
intermediário. Em ambos os casos, a abordagem comparativo dos níveis de competência e estágios
foi além da modelagem paramétrica, avançou-se de adoção de BIM de todos os casos discutidos
na detecção de conflitos, análise de custos, e no neste artigo. Quando se comparam os estágios de
compartilhamento do modelo. Essas atividades são adoção e os níveis de competência, vê-se
características do analista em BIM, com claramente uma diferença crítica entre as
conhecimento mais aprofundado sobre o conceito e experiências nacionais e internacionais.
ferramental BIM. Os modelos empregados nessas

Figura 1 - Classificação geral das experiências de ensino de BIM avaliadas ao nível de competência e
estágio de adoção em comparação a uma visão restritiva da implementação de BIM

160 Ruschel, R. C.; Andrade, M. L. V. X. de; Morais, M. de


Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 13, n. 2, p. 151-165, abr./jun. 2013.

Considera-se que algumas das experiências de incursões: introdução geral ao tema e noções do
ensino de BIM brasileiras, relatadas neste artigo, estado da arte; ensino prático instrumental; suporte
conduzem à formação em BIM para além do à comunicação e visualização de projeto; aplicação
primeiro estágio de adoção e fomentam a na estimativa de quantidades, custo e compra de
competência em nível introdutório e intermediário; materiais; gestão de projeto auxiliada pela
portanto, fogem da formação básica em BIM, o compatibilização 3D (clash detections), 4D a nD;
que é um aspecto positivo a ser considerado. simulações de eficiência energética para projeto
Entretanto, ainda é necessário adotar nas sustentável; aplicação na gestão de facilidades; e
universidades o ensino de práticas que fomentem o compreensão de tendências e desenvolvimentos
desenvolvimento de projetos mais colaborativos, futuros.
novos papéis e novas competências – como, por
O processo de introdução do ensino de BIM na
exemplo, a do gestor – nos cursos da AEC no PolyU considera também a opinião dos alunos e do
Brasil, de modo a formar um perfil de profissional corpo docente, por meio de pesquisa de opinião
efetivamente comprometido com uma prática
recorrente, influenciando o ritmo de incorporação
baseada no BIM.
de BIM nas disciplinas existentes. Um exemplo foi
o atendimento à recomendação docente de
Modelos de inspiração introduzir BIM na disciplina de representação
gráfica do primeiro ano mantendo em 20% das
Nesta seção é apresentada uma descrição resumida
aulas o ensino do desenho manual, em 50% das
de como é discutido e implementado o ensino de
aulas o ensino de CAD, e substituindo somente
BIM nos cursos de graduação na Polytechnic
30% das aulas com o ensino de BIM; com a
University (PolyU) e na University of Salford.
perspectiva de substituir gradualmente CAD por
Essas experiências foram selecionadas, entre as
BIM. Vislumbra-se também a necessidade de
discutidas no Workshop of BIM Education
divulgar o IPD como um método de abordagem
realizado em 2011 no Israel Institute of
entre o projeto, a contratação dos agentes
Technology (Quadro 1), pois representam casos
envolvidos e o processo de construção, integrando
que fomentam um nível avançado de competência
as equipes, com possibilidade de proporcionar
no ensino BIM e alcançam o terceiro estágio de
melhores resultados aos empreendedores e às
adoção. Logo, foram consideradas casos
equipes de trabalho.
inspiradores de experiência de ensino BIM, que
podem servir como referência para novas O ensino de BIM no curso de BSc. em
propostas no cenário nacional. Além desses Construction Project Management da Salford
exemplos, identificou-se também uma disciplina University enfatiza a desenvoltura da habilidade
piloto de trabalho de conclusão no curso da projetual e comunicacional (FAZENDA;
Pennsylvania State University, combinando BIM e KIVINIEMI, 2011). O ensino de BIM é associado
IPD, na busca pela formação de arquitetos mais à mentalidade enxuta. Essa abordagem é
consistentes com o demandado pela indústria da desenvolvida integrando-se conteúdos de
construção. graduação por meio de projetos multidisciplinares.
A fundamentação em BIM é desenvolvida
No Department of Building and Real Estate
discutindo-se conceituação, questões práticas de
(BRE), da PolyU de Hong Kong, o ensino de BIM
implementação, benefícios proporcionados e
está sendo incorporado ao currículo em
realizando-se estudos de casos. O aprendizado
consonância com a política institucional para o
instrumental é desenvolvido pelo aluno extrassala
desenvolvimento curricular da universidade. O
de aula, com suporte de tutoriais on-line. Arayici et
ensino de BIM está sendo implementado nos
al. (2011) discutem os efeitos positivos da adoção
cursos de Bachelor of Science (BSc.) em
de BIM associada a práticas da construção enxuta.
Surveying e BSc. em Building Engineering &
Management. Acrescentou-se ao currículo O curso de BSc. em Construction Project
existente, no primeiro ano dos cursos, uma Management 1 desenvolve-se no período de 3 a 5
disciplina eletiva prática de modelagem da anos, dependendo da forma de vinculação do aluno
informação na construção que enfatiza a com o curso (tempo integral ou parcial) e da
modelagem paramétrica. A partir daí, adotou-se realização ou não de um estágio anual na indústria.
uma introdução gradual de BIM, porém aplicada, A estrutura anual de disciplinas é similar: uma
em várias disciplinas subsequentes de disciplina de tecnologia, três disciplinas de
orçamentação, planejamento, estruturas e sistemas conteúdos aplicados, uma disciplina de projeto e
mecânicos. uma disciplina de projeto multidisciplinar.
No modelo adotado, de incorporação gradual de
1
BIM na graduação, observam-se as seguintes http://www.salford.ac.uk/courses/construction-project-
management.

O ensino de BIM no Brasil: onde estamos? 161


Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 13, n. 2, p. 151-165, abr./jun. 2013.

Segundo Fazenda e Kiviniemi (2011), é na última que o apoio da indústria é essencial para o êxito de
disciplina de projeto multidisciplinar que se busca uma disciplina desse tipo, para qualquer
demonstrar novos modelos de colaboração e o instituição, considerando-se experiências
impacto da utilização de BIM de forma integrada multidisciplinares dessa natureza.
entre as diferentes disciplinas de projeto. Dá-se na
O ponto de destaque desse exemplo é a natureza
disciplina a oportunidade de se aplicarem
do exercício escolhido, sendo a realidade o melhor
habilidades básicas da modelagem BIM exemplo de multidisciplinaridade, que é trazida
anteriormente adquirida. Desenvolvem-se análises para dentro da graduação, como incentivo à
sobre os modelos criados. Estimula-se a
apropriação de BIM próximo ao desejado pela
compreensão dos papéis vivenciados.
prática. Isso requer parcerias renovadas na
Experimenta-se a complexidade no processo de
academia e mudanças em formatos de avaliação e
projeto individual resultante do compartilhamento delimitação de objetivos educacionais.
de informação ou da informação inter-relacionada.
Os pontos de destaque desses dois modelos de Conclusões
inspiração apresentados são, no caso da PolyU, a
adoção de BIM num curso existente, considerando Para melhor compreender as estratégias de
a opinião discente e docente, e a capacidade implementação do ensino de BIM no Brasil, este
docente de incorporar inovação. Ainda, na artigo avaliou como está sendo feita sua introdução
implementação do ensino de BIM na PolyU, tem- em cursos específicos de Arquitetura e Engenharia
se um exemplo de incorporação de BIM de forma Civil no país, e comparou isso com abordagens de
aplicada em conteúdos existentes por disciplinas. ensino no cenário internacional publicadas
Destaca-se na Salford University o ensino de BIM recentemente. As experiências nacionais de ensino
com uma abordagem multidisciplinar de projeto, BIM, ao ser comparadas com experiências
associado a uma abordagem conceitual específica, internacionais, puderam ser balizadas,
isto é, a mentalidade enxuta. Em ambos os casos, a possibilitando identificar o nível de
habilidade instrumental em BIM é proporcionada desenvolvimento do ensino de BIM. A elaboração
não por meio de disciplina obrigatórias, mas ou de um diagnóstico serviu também como um meio
por disciplinas eletivas ou por atividade extraclasse para apontar desafios a ser superados e
apoiada por tutoriais on-line. expectativas para o futuro.
Finalmente, Solnosky, Parfitt e Holland (2013) Com base nas experiências didáticas discutidas,
desenvolveram um estudo piloto para inovar o pode-se concluir que o paradigma BIM vem sendo
trabalho de conclusão 2 no curso de BSc. em implantado de modo muito gradual e de forma
Architectural Engineering da Pennsylvania State pouco efetiva nos cursos de Arquitetura e
University. O estudo piloto combina profundidade Engenharia Civil, a partir dos artigos avaliados.
técnica e colaboração multidisciplinar integrada, Entre os pontos cruciais para a implantação de
motivando o projeto final dos alunos a se BIM estão que os professores das universidades
desenvolver pelo método de IPD com suporte de compreendam seu conceito e que implementem
BIM. Para tal, os projetos finais de graduação são uma revisão na estrutura das grades curriculares,
casos reais desenvolvidos em grupo, com suporte com a criação de eixos verticais e horizontais de
acadêmico e envolvimento da indústria. Às conhecimentos atrelados ao BIM. Conceitos como
entregas tradicionais de trabalhos finais de curso – coordenação, integração e colaboração são
como (a) levantamento e referencial teórico, (b) essenciais para uma prática de projeto baseada no
estudo preliminar, (c) anteprojeto, (d) proposta BIM e, portanto, devem fazer parte das estruturas
detalhada e (e) projeto final (memorial e desses cursos.
apresentação) – foram acrescidas entregas Nota-se que as experiências de ensino
secundárias, como atas de reuniões e controle do internacionais encontram-se em estágio de maior
compartilhamento digital. Os critérios e a dinâmica amadurecimento, envolvendo mais de uma
de avaliação são renovados para considerar o disciplina, em vários momentos da formação do
trabalho desenvolvido individualmente e engenheiro civil e do arquiteto. As disciplinas, em
colaborativamente e suas relações; a apropriação sua maioria, dão ênfase à colaboração durante o
de habilidades técnicas em conjunto com processo de projeto e no gerenciamento da
ferramentas modernas; a perspectiva da indústria construção (BECERIK-GERBER; KU;
sobre a compreensão da prática e a formação JAZIZADEH, 2012; GORDON; AZAMBUJA;
resultante; e a ampliação dos objetivos WERNER, 2009; WONG; WONG; NADEEM,
pedagógicos do exercício. Os autores concluem 2011; BARISON; SANTOS, 2010). Um fato
importante que se pode ressaltar é a relação entre o
2
Capstone course. estágio de desenvolvimento de BIM e seu reflexo

162 Ruschel, R. C.; Andrade, M. L. V. X. de; Morais, M. de


Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 13, n. 2, p. 151-165, abr./jun. 2013.

no ensino desses países. Em Hong Kong, um ANDRADE, M. L. V. X. Computação Gráfica


grande número de empresas e o governo estão Tridimensional e Ensino de Qrquitetura: uma
implantando BIM em seus novos projetos. Como experiência pedagógica. In: GRAPHICA 2007:
incentivo, o governo tem estimulado o treinamento CONGRESSO INTERNACIONAL DE
de profissionais nessa área, vislumbrando as ENGENHARIA GRÁFICA NAS ARTES E NO
possibilidades do mercado futuro. Tais iniciativas, DESENHO, 7., Curitiba, 2007. Anais... Curitiba:
ao partirem de órgãos públicos, com grande UFPR, 2007.
capacidade de investimento, podem contribuir para ARAYICI, Y. et al. Technology Adoption in the
a inserção de BIM de maneira mais rápida no
BIM Implementation For Lean Architectural
cenário nacional e no ensino das universidades
Practice. Automation in Construction, v. 20, n. 2,
(WONG; WONG; NADEEM, 2011).
p. 189-195, 2011.
Pode-se verificar a importância que se dá nos
BARISON, M. B.; SANTOS, E. T. Review and
relatos de ensino internacionais ao entendimento
Analysis of Current Strategies for Planning a BIM
do processo de desenvolvimento do edifício como
Curriculum. In: INTERNATIONAL
um todo, reforçando o que Succar (2009) relaciona
CONFERENCE ON APLPLICATIONS OF IT IN
ao desenvolvimento de políticas, integrando os THE AEC INDUSTRY& ACCELERATING BIM
agentes envolvidos. A ruptura de paradigma RESEARCH WORKSHOP, 27., Cairo, 2010.
proposta com o BIM só deve ocorrer se os
Proceedings… Cairo: Virginia Tech, 2010.
processos e métodos de desenvolvimento de
projeto, construção e operação caminharem na BARISON, M. B.; SANTOS, E. T. Ensino de
direção do entendimento do ciclo de vida do BIM: tendências atuais no cenário Internacional.
edifício de forma ampla. Gestão & Tecnologia de Projetos, São Carlos, v.
6, n. 2, p. 67-80, dez. 2011.
Por fim, levanta-se neste artigo a bandeira do
ensino de BIM como uma estratégia fundamental BECERIK-GERBER, B. Building Information
para o desenvolvimento tecnológico na área da Modeling for Collaborative Construction
AEC. Entretanto, somente com estratégias efetivas Management: 3 units. 2011. Disponível em:
de ensino esse cenário poderá desenvolver-se. <http://cee.usc.edu/assets/015/69368.pdf>. Acesso
Pretende-se, assim, estimular o meio acadêmico em: 29 maio 2013.
para que as discussões sobre o ensino BIM possam BECERIK-GERBER, B.; KU, K.; JAZIZADEH,
avançar, demonstrando a necessidade de revisões F. BIM: enabled virtual and collaborative
curriculares constantes, acompanhando as construction engineering and management.
mudanças que estão sendo realizadas na indústria Journal of Professional Issues in Engineering
da Aeco, no cenário mundial. Education and Practice, v. 138, n. 3, p. 234-245,
Caberá às universidades capacitar os novos jul. 2012.
profissionais que irão implementar BIM na BYNUM, P.; ISSA, R.; OLBINA, S. Building
indústria. Dentro de um mercado amplamente Information Modeling in Support of Sustainable
globalizado, corre-se o risco de que parte do Design and Construction. Journal of
desenvolvimento de projetos de grande porte não Construction Enginering and Manegement, v.
seja realizada no Brasil, justamente pela falta de 139, n. 1, p. 24-34, jan. 2013.
profissionais habilitados para desenvolver os
novos papéis exigidos por essa ruptura de CHECCUCCI, E. S.; PEREIRA, A. P. C;
paradigma, advinda com o BIM. AMORIM, A. L. A difusão das tecnologias BIM
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Revista Ambiente Construído


Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído
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O ensino de BIM no Brasil: onde estamos? 165

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