Você está na página 1de 15

CONFL UÊNCIAS - REVISTA IN'TERDI SCIP LINAR DE SOCIOLOGIA E DIREITO - PPGSD-UFF - página 25

TEORIA DA MOTIVAÇÃO DA DECISÃO JURÍDICA


Aspectos introdutórios - lógica e lingüística aplicadas ao Direito

Wilson Madeira Filho


(Professor Titular de Teoria do Direito da Faculdade de Direito da UFF)

mmmmi

Ferdinand de Saussure, imagem disponível em


http://www.colorado.edu/English/courses/ENGL2012Klages/saussure.html

RESUMO
ABSTRACT
No presente texto, que se pretende um passo
introdutório para uma leitura consorciada da In the present text, that intends an introductory
Teoria do Direito com a Semiologia, vamos step for a joined reading of the Theory o f Law
procurar nos aproximar de alguns importantes with the Semiotics, we look for approaching to
conceitos da lógica clássica e da lingüística some important concepts of the classic logic and
através do seguinte trajeto: 1) cotejando aspectos the linguistics through the following passage: 1)
para uma tecnologia do discurso; 2) resgatando comparing aspects for a speech technology; 2)
alguns p rincípios da lógica clássica; 3) rescuing some principles of the classic logic; 3)
correlacionando a teoria do signo lingüístico com correlating the theory of the linguistic sign with
alguns aspectos da teo ria do D ireito; 4) some aspects of the Theory of Law; 4) observing
observando como a teoria do ordenamento how the Bobbio’s theory of the legal system
jurídico de Bobbio transita entre silogismo transits between A ristotelian silogism and
aristotélico e signo saussuriano, apontando para saussurian’s sign, pointing to a decision dogmatic
uma teoria dogmática da decisão. theory.
CON'FLUENCIAS - REVISTA INTERDISCIPLINAR DE SOCIOLOGIA E DIREITO - PPGSD-UFF - página 26
silogismo aristotélico e signo saussuriano,
apontando para uma teoria dogmática da decisão.
E x istiria um a m aneira correta de
interpretar a lei? Essa questão tem levantado
muita polêmica há peio menos 250 anos, com o 1. Tecnologia do discurso democrático.
apogeu do Estado moderno e a consagração do
modelo ocidental de tripartição dos poderes. A Muito se tem falado sobre a globalização
afirmação de Montesquieu de que o juiz é uma da tecnologia democrática. Diversas embaixadas
marionete, “a boca que fala as palavras da lei” e consulados de diferentes países vêm estreitando
obviamente não visava denegrir tão nobre classe, planejamentos estratégicos de forma a colaborar
mas, pelo contrário, frisar o fato de que a lei teria com o grau líquido de cidadania em diferentes
substância e seria autovaíorativa ’. Bastaria, povos. Desse modo, alguns elementos são
portanto, ao servidor público, bem servir. O aferidos, desde os considerados mais básicos,
modelo francês revelava explicitam ente a como o respeito aos direitos humanos e a
influência da revolução liberal inglesa, para a existência de eleições livres, até o sucesso de
qual, na dicção de Locke, a lei seria a supremacia program as sociais e o incentivo à
e a base para uma convivência harmoniosa 2. descentralização de decisões face à conseqüente
Com Rousseau, a lei recebe nova ênfase, tratava- organização da sociedade civil.
se, então, de uma vontade geral a expressar a Certo que este modelo é também carregado
verdadeira soberania de um Estado3. de contradições e permite leituras as mais
O resgate da lógica aristotélica durante um diferenciadas. Enquanto o sociólogo português
bom período serviu como método a expressar Boaventura de Souza Santos propagandeia a
parâmetros mínimos que orientassem respostas democracia como contraface da globalização
com pretensões científicas. Afmal, as estruturas econôm ica, a preparar o palco para uma
silogísticas permitiam aproximar a linguagem do mundialização do socialismo 6, o presidente
rigor matemático, demonstrando correlações e americano, George W. Bush, em seu discurso de
abrangências entre termos e proposições. posse para o segundo mandato, em janeiro de
Diversas escolas jurídicas se pronunciam 2005, prometeu perseguir todas as tiranias do
no correr do século XIX. Ferraz Jr. destaca duas mundo (sic).
diretivas, a objetivista (voltada ao fato social e De todo modo, podemos afirmar que o
na qual a lei seria mera expressão ocasional) e a estatuto discursivo das diferentes sociedades
subjetivista (voltada à literalidade da lei como mundiais tornou-se um padrão através do qual
fundam ento para edificação de um a regra se pode mensurar a efetividade da cidadania, o
suprasocial). Aponta razões e contrarazões em reconhecimento de direitos e mesmo o acesso à
cada vertente, sugerindo que o século XX teria justiça. Se em diversas épocas a caneta já se
representado a junção dessas correntes4. revelou como arma mais forte que a espada, trata-
A obra de F erdinand de Saussure, se agora de reconhecer o apogeu da palavra, em
redefinindo os estudos em L ingüística e especial a palavra oral e o estatuto da alteridade,
cunhando o termo Semiologia abriu novas onde o reconhecimento da voz do outro, até então
perspectivas para os campos da interpretação, alijado do reconhecimento diante de discursos
que se espraiaram nas teorias de comunicação homogeneizadores, aponta para o direito à
emergentes 5. Com o apogeu do conceito de dissonância. Como dizia o músico João Gilberto,
interdisciplinaridade, áreas diferentes da ciência “os desafinados também têm um coração”.
começaram a elaborar plataformas comuns e, Talvez seja, então, o momento de falarmos
nesse sentido, a Ciência Jurídica vem a se sobre acesso ao discurso. Poderíamos apurar o
aproximar das Ciências da Linguagem e das grau de tecnologia democrática de uma dada
Ciências Sociais na tentativa de elaborar, de comunidade a partir de sua capacidade em
forma mais nítida, o campo que se convencionou organizar-se discursivamente e de fazer com que
cham ar de A nálise do D iscurso e, mais esse discurso tenha força para dialogar, em
detidamente, de Comunicação Dogmática. igualdades de condições, com os dem ais
Portanto, nesse passo introdutório, vamos discursos socialmente articulados. Tal dinâmica
procurar nos aproxim ar de alguns desses sócio-lingüística obviamente estaria exposta ao
conceitos, através do seguinte trajeto: 1) “Mercado Internacional das Idéias”. Mas, afinal
cotejando aspectos para uma tecnologia do de contas, não fora justamente este o estatuto do
discurso; 2) resgatando alguns princípios da humanismo desde Francis Bacon?7
lógica clássica; 3) correlacionando a teoria do Na nossa aldeia global comunicacional, as
signo lingüístico com alguns aspectos da teoria ciências sociais aplicadas recebem novos
do Direito; 4) observando como a teoria do estatutos, ampliando o campo da chamada
ordenamento jurídico de Bobbio ttansita entre comunicação dogmática. O Direito, em especial,
a um tempo comunicação e código de conduta,
CON FLUÊNCIAS - REVISTA INTERDISCIPLINAR DE SOCIOLOGIA E DIREITO - PPGSD-UFF - página 27
a um tempo literatura e contrato, é um campo como metonímia das Ciências Jurídicas e dos
documental e proposicional permanente, sobre poderes constituídos correlates então não mais
o qual as técnicas de análise do discurso cada se relacionaria com “Esquerdo” e se relacionaria
vez mais se debruçam, com renovado interesse. de forma positiva com “Justo” (“Todo Direito é
P esquisadores são levados a reler, com justo”) e de forma negativa com “Injusto” (“Todo
afastam ento critico , peças p ro cessuais e Direito não é injusto”). Desse modo, se, adiante,
coletâneas de jurisprudências, relativizando fosse possível determ inar, por exemplo, a
argum entos e passando a elaborar perfis vinculação do term o “Ju stiça” com
discursivos do Judiciário. “Democracia”, seria possível construir nova
Quando se fala em Teoria da Decisão proposição do tipo “Toda justiça é democrática”.
Jurídica procura-se aferir se aquela decisão Ora, o silogismo é a técnica que vai criar a
corresponde ao um plano lógico de articulação conexão ainda ausente, estabelecendo a união
discursiva, consentânea com os propósitos de entre os termos “Direito” e “Democracia”.
uma tecnologia discursiva dem ocrática. E Descrevendo do modo aristotélico:
quando se fala em Teoria da Motivação da
Decisão, sublinha-se que a atuação do juiz não é Premissa M aior: Todo Direito é justo
mais centrada no auto-convencimento, mas na Premissa M enor: Toda justiça é democrática
atuação do especialista discursivo que garantiu Conclusão: Todo Direito é democrático
que as diferentes vozes obtiveram acesso ao
discurso e que o resultado discursivo produzido N a teoria dos conjuntos da lógica
é um produto da racionalidade. simbólica, o conjunto “Direito” estaria contido
no conjunto “Justo” que, por sua vez, estaria
contido no conjunto “Democracia”.
2. Lógica silogística.
Como se sabe, Aristóteles lançou as bases
da metodologia científica ao elaborar a Lógica
como uma técnica de apoio a todas as ciências.
No correr dos séculos, diversos autores vieram
a trabalhai- a existência de uma lógica pura,
distinta da lógica aplicada. Nesse sentido, através
de um mecanismo sim ples de aferição de
conclusões - o silogismo - estaria proposta uma
espécie de átomo da ciência. Cada complexo de
afirmações deveria, então, ser fractuado em
afirmações menores, as mínimas possíveis, as
quais deveriam passar pelo crivo do silogismo. O silogism o poderia ser exam inado
Se fosse possível reconstruir a afirm ação também quanto às funções técnicas de seus
complexa, de forma concatenada, constatar-se- termos. Assim:
ia um avanço científico.
O silogism o aristotélico clássico é a PM (Premissa M aior): Todo (PLqt -Palavra
comprovação da vinculação de dois termos lógica quantificadora) Direito (T - Termo maior)
criando uma proposição; se um desses termos é (PLql - Palavra lógica qualificadora) justo (M
vier a se vincular a um terceiro termo, em - Termo médio)
determinadas proporções comuns a ambos, seria Pm (Premissa Menor): Toda (Plqt) justiça (M)
possível estabelecer uma nova conexão, até então é (PLql) democrática (t - Termo menor)
inédita, ou, pelo menos, que ainda não havia sido Cl (Conclusão): Todo (PLqt) Direito (T) é (PLql)
comprovada. democrático (t).
Tomemos, por exem plo, os term os:
Esquerdo —Direito - Justo —Injusto. Centrando Como também pode ser reduzido a uma
nossa análise no termo “Direito’'' teríamos que fórmula do tipo:
defmir sua extensão, uma vez que a palavra em
si perm ite um a gam a diferenciada de PM: Todo A é B
significados, podendo ter o sentido de direção, Pm: Todo B é C
de atitude correta, de Ciência Jurídica, de Poder Cl: Todo A é C
Judiciário etc. A ssim , se aceitarm os sua
semântica como externando direção, o termo se Importante notar que, pela chamada “teoria
relacionaria com o termo “Esquerdo” e não com do terceiro excluído” (tertium non daíur), em
os termos “Justo” e “Injusto”. De forma distinta, lógica ou se afirma ou se nega, não existe uma
se considerarmos que o termo “Direito” funciona outra possibilidade (não se indaga, não se
CON FLUÊNCIAS - REVISTA INTERDISCIPLINAR DE SOCIOLOGIA E DIREITO - PPGSD-UFF - página 28
questiona). O campo proposicionaJ é feito de Cl: João é criminoso” ou “PM: Esbulho é crime/
assertivas - externadas nas palavras lógicas Pm: O MST esbulha/ Cl: O MST é criminoso”
qualificadoras - tomadas como premissas a partir estarão corretos tecnicamente, mas, obviamente,
das quais se pretende deflagrar uma conclusão. dificilmente passariam por um exame acurado
Se as premissas estiverem corretas, a conclusão das premissas, que traria a necessidade de
forçosamente também estará, se respeitadas as relativizar caso a caso, apurando a conceituação
regras de composição do silogismo. Muitas de termos e a deflagração de proposições.
vezes, portanto, a questão relativa à motivação Por sua vez as palavras lógicas
de uma decisão pode estar no exame acurado das quantificadoras limitam a leitura sobre os
premissas. Caso contrário, o decididor poderá conjuntos simbólicos em dois tipos centrais:
estar a camuflar na técnica boas doses de Todo (o conjunto inteiro) e Algum (parte do
preconceito ou de ideologia. Afinal silogismos conjunto). Com esse molde básico é possível
do tipo: “PM: Matar é crime/ Pm: João matou/ elaborar o chamado Quadrado Lógico:

A e I simbolizam as proposições afirmativas. “Justo”. Examinando detidamente as


São as vogais iniciais da palavra Afïrmo. Do proposições teríamos:
mesmo modo E e O representam as proposições
negativas, a partir das vogais da palavra nEgO. A - Sujeito tomado sm toda sua extensão,
A e E são contrárias e não podem ser verdadeiras Predicado tomado em parte de sua extensão.
ao mesmo tempo, embora possam ser falsas ao “Todo Direito é justo” - Direito não esgota o
mesmo tempo. I e O são subcontrárias e podem conjunto dos justos. Portanto, Sujeito Universal
ser verdadeiras ao mesmo tempo, mas não podem e Predicado Particular.
ser falsas conjuntamente. A e O, assim como E
e I, são as contraditórias e não podem ser E - Sujeito e Predicado em toda sua extensão.
verdadeiras nem falsas ao mesmo tempo. “Nenhum Direito é justo” - Equivale a dizer que
Finalmente, entre A e I e entre E e O há relações “Nenhum Direito é nenhum dos justos (não é
de subalternidade, sendo que o que se afirma ou nenhuma parte da justiça)”. Portanto, Sujeito
se nega do todo obviamente se afirma ou se nega Universal e Predicado Universal.
da parte e o inverso não se pode afirmar.
O estudo do silogismo, portanto, como I - Sujeito e Predicado tomados em parte de
vimos, necessita passar por três grandes fases: sua extensão. “Algum Direito éjusto” - Equivale
Ia) definição do termo: sua extensão semântica; a dizer que “Algum Direito é algum dos justos”.
2a) estudo das proposições: sua assertiva e Portanto, Sujeito Particular e Predicado
abrangência; 3a) estudo do conjunto; aferindo se Particular.
a conclusão, de fato, deriva das premissas.
Seria necessário, então, determinar, a partir O - Sujeito tomado em parte de sua extensão
de um exame apurado dos termos, que extensão e Predicado tomado em toda sua extensão.
de cada conjunto simbólico está em jogo em cada “Algum Direito não é justo” - Equivale a dizer
proposição. Se afirmamos que “Todo Direito é que “Algum Direito não é nenhum dos justos”.
justo” estamos afirmando também, se Portanto, Sujeito Particular e Predicado
convertermos a frase, que “Algum justo é Universal.
Direito”. Logo nessa proposição temos todo o
conjunto “Direito”, mas apenas parte do conjunto
C O N F LU E N C E S - REVISTA INTERDISCIPLINAR DE SOCIOLOGIA E DIREITO - PPGSD-UFF - página 29
Em resumo: conjunto muito mais amplo e que, por exemplo,
contenha, ainda, vários outros subconjuntos.
SUJEITO PREDICADO
A UNIVERSAL PARTICULAR 5) Se as premissas forem negativas, nada se
E UNIVERSAL UNIVERSAL pode concluir.
I PARTICULAR PARTICULAR
O PARTICULAR UNIVERSAL 6) Duas premissas afirmativas não podem
gerai- uma conclusão negativa (+ + = +).
O bserve-se que esse resultado será
verdadeiro para quaisquer proposições. Daí 7) A conclusão “segue sempre a pio r”
derivam as principais regras para aferir a (particulares e negativas). Ou seja, a abrangência
regularidade de um silogismo. A saber: da conclusão será lim itada segundo os
componentes da premissa.
1)0 silogismo terá 3 termos: o menor (t), o
maior (T) e o médio (M); PM - Todo Direito é justo (A)
Pm - Algum justo não é factível (O)
2)Nenhum termo deve ter maior extensão na Cl - Algum Direito não é factível (O);
conclusão do que a extensão que possui nas
premissas. Assim, por exemplo, no silogismo: Vê-se que entre uma premissa afirmativa
e outra negativa, a Cl será negativa e entre uma
PM - Todo Direito é escrito premissa universal e outra particular a Cl será
Pm - Todo Direito é justo. particular.
Cl - Todo escrito é justo.

Observa-se que o termo “escrito”, com 3. Signo lingüístico.


extensão particular na PM, está com extensão
universal na Cl. A obra pioneira de Ferdinand de Saussure,
C u rso de lin g ü ístic a g e ra l, publicada
3)A Conclusão jamais deve conter o termo postumamente, em 1916 (o autor morrera em
médio (M). Assim, por exemplo, no silogismo: 1913), só foí traduzida para a língua portuguesa
em 1970, quando, em plena voga do
PM - Todo Direito é justo. estruturalismo, despertou o interesse sobre
Pm - Todo Direito é humanista. estudos m ultidisciplinares, com manifesto
Cl - Todo Direito é justo e humanista. interesse junto às Ciências Sociais, à Teoria da
Literatura e à Psicanálise, dentre outras áreas do
A Cl não possui valor lógico, é mera conhecimento8. E minha intenção demonstrar
repetição das premissas. Dever-se-ia concluir que que esta obra teve um papel fundamental para
“Alguma justiça é humanista”; ou que “Algum as recentes teorias sobre análise do discurso
humanismo é justo”. ju ríd ico - m ostrando sua inserção no
desenvolvimento da obra deNorberto Bobbio, o
4 )0 termo médio (M) deve ser tomado ao qual, ainda que a cite, não lhe em presta
menos uma vez em toda sua extensão, pois nada claramente lugar de destaque. É certo, contudo,
se conclui de duas premissas particulares. Assim: que conceitos básicos saussurianos como
sincronia e diacronia, significante e significado,
PM - Todo Direito é justo signo e sistema, tomaram-se moeda corrente para
Pm - Todo humanismo é justo a epistemologia contemporânea.
Antes de Saussure a busca científica na
Se não soubermos o que significam os área da lingüística concentrava-se na Gramática
termos “Direito”, “humanismo” e “justo”, não e, mais especialmente, na busca arqueológica de
seremos capazes de concluir coisa alguma além troncos lingüísticos comuns, a exemplo dos
das premissas. A operação lógica não pode trabalhos de Franz Bopp e dos comparativistas e
trabalhar com o que não tem, não pode ir além neogramáticos no correr do século X IX 9. É lugar
do que está nas premissas, portanto. É como diz comum nos livros que relatam a trajetória dessa
o ditado: “O que não está nos autos não está no corrente historicista acrescentar pilhérias que se
mundo”. Cientificamente falando, as premissas popularizaram sobre a busca de uma língua-mãe
acima não permitem deflagrar uma conexão universal. Num desses relatos, uma criança teria
lógica entre os termos “Direito” e “humanismo”. sido criada em absoluto silêncio para não sofrer
Se convertidas para a lógica formal teríamos: a menor influência em seus hábitos lingüísticos.
“PM: Todo A é B/ Pm: Todo C é B”. Não A idéia era aguardar que ela pronunciasse
conhecemos a extensão de B, este pode ser um qualquer palavra, posto que esta só poderia ser
CONFLVÊNC1AS - REVISTA INTERDISCIPLINAR DE SOCIOLOGIA E DIREITO - PPGSD-UFF - página 30
uma palavra da língua original da humanidade, Apresenta, em seguida, dois princípios: 1)
uma vez que, não havendo aprendido com o signo lingüístico é arbitrário; 2) o significante,
ninguém, a criança teria nascido com aquele sendo de natureza auditiva, desenvolve-se no
conhecimento. Muito bem, um belo dia a criança tempo, unicamente, de forma linear, mensurável
falou a palavra békos. Correram-se dicionários em uma só dimensão. Tais princípios vão auxiliar
e descobriu-se significar pão, na língua dos a compreender os aspectos opostos, mas não
frígios, a qual, portanto, seria a língua-mãe. Claro contrad itó rio s, da im utabilidade e da
está que um observador malicioso lembrou que m utabilidade do signo. Dessa forma, se o
havia uma ovelha do lado de fora do quarto onde significante aparece como escolhido livremente,
a criança fora criada. A mesma experiência, em em compensação, com relação à comunidade
outra versão, teria se dado na Inglaterra, onde lingüística que o emprega, este não é livre.
um m enino, após os m esm os cuidados, Saussure comenta:
finalmente pronunciou: “Viva o Rei Jaime I”.
Esta última experiência não teria sido levada A lingua não pode, pois, equiparar-se a
muito a sério. A melhor versão, todavia, que um contrato puro e simples, e é justamente
conheço da secular piada é a novela policial por esse lado que o estudo do signo Ungiiistico
Cidade de vidro, parte do livro A trilogia de New se f a z interessante; pois, se se quiser
York, do escritor americano Paul Auster 10. d em onstrar que a lei adm itida numa
Nesta, a mesma experiência é desenvolvida na coletividade è algo que se suporta e não uma
regi'a livremente consentida, a língua é a que
cobertura de um arranha-céu em New York. O oferece a prova mais concludente disso. 11
próprio pai cria o filho, encarcerando-o do resto
do m undo, tratando-o como ex periência Ou seja, a língua aparece sempre como
laboratorial. Ocorre que o pai é encontrado morto uma herança da época precedente. Todavia, a
e a única testemunha é o filho, agora com cerca língua é um sistema compiexo e, por assim dizer,
de 30 anos e que nunca falou. é um organismo vivo, que se desenvolve e se
Saussure, no Curso, faz forte crítica ao m odifica com as contribuições das falas
objeto das gramáticas comparadas, observando diferenciadas. Ainda que exista a resistência da
etnocentrismos subliminares e redirecionando a inércia coletiva a toda renovação lingüística, a
matéria e a tarefa da ciência lingüística e suas língua é, a cada momento, tarefa de toda gente;
relações com as ciências conexas. Uma de suas é repertório comum aonde cada individualidade
primeiras constatações é a de que a língua tem vai se servir. Portanto, a língua forma um todo
um lado individual e um lado social, sendo com a massa social, aparecendo como fator de
impossível conceber um sem o outro. Sobre o conservação. Por outro lado, o tempo, que
ponto de vista histórico, apresenta a primazia da assegura a continuidade da língua, tem um outro
língua oral sobre a linguagem escrita e sugere a efeito, aparentem ente contraditório com o
noção de sistemas lingüísticos enquanto patamar primeiro, que é o de alterar mais ou menos
de análise, destacando apenas dois tipos: 1) o
rapidamente os signos lingüísticos. Ou seja, a
sistem a ideográfico, em que a palavra é
língua se transforma sem que os indivíduos
representada por um signo único e estranho aos
possam transformá-la. E intangível, mas não
sons de que ela se compõe (que podemos
exemplificar na forma rústica dos desenhos
rupestres e na form a elaborada da escrita
chinesa); e 2) o sistema “fonético”, que visa a
reproduzir a série de sons que se sucedem na
palavra. Parte dessa noção para elaborar o signo
lingüístico como constituído de uma dupla face,
formada pelo Conceito e pela Imagem Acústica.
Estes dois elementos estão intimamente unidos
e um reclama o outro. O conceito estaria ligado
ao sentido da palavra em dada circunstância
com unicacional e a imagem acústica é a
representação natural da palavra enquanto fato
da língua virtual, entendida esta, essencialmente,
Vale dizer, a Fala, individual, vai buscar o
como um depósito, como uma coisa recebida de
repertório comum na Língua, a qual, por sua vez,
fora. Propõe, por fim, substituir tais termos por
se alimenta das contribuições de cada fala para
significado e significante. Portanto:
engrossar a massa falante que formará o substrato
da língua. Daí poder se falar em graus de afasia,
Signo = Significado segundo a capacidade de cada indivíduo em
Significante articular os dois eixos da comunicação, a saber
o eixo das simultaneidades (sincronia) e o eixo
C O N F LU E N C E S - REVISTA INTERDISCIPLINAR DE SOCIOLOGIA E DIREITO - PPGSD-UFF - página 3 1
das sucessões (diacronia). Saussure também seção transversal, o seu agrupamento num plano
designa esses eixos através dos termos sintagma particular; essa segunda seção, diacrônica,
e paradigma. perm ite revelar certas conexões que não
Desse modo, o eixo sintagmático, ou poderiam ser observadas no eixo longitudinal.
sincrônico, relacionaria as coisas co-existentes, O segundo exemplo comenta o jogo de xadrez
selecionando a comunicação a partir do domínio onde cada lance movimenta apenas uma peça,
do repertório. Ao descrever a beleza de uma flor, como na língua, onde as mudanças não se
por exem plo, externando tal num a fala, aplicam senão a momentos isolados. Apesar
estaríamos realizando uma operação de escolha disso, o lance repercute sobre o todo do sistema,
de repertório que poderia se dar da seguinte ainda que seja um fato absolutamente distinto
maneira: do equilíbrio precedente e do equilíbrio
subseqüente.
A flor é bela Um fam oso exem plo sobre o valor
Esta planta está linda diferenciado de uma mesma frase em momentos
Aquela rosa parece-me formosa históricos distintos pode se encontrado no conto
Pierre Menard, autor do Quixote, do escritor
Embora o objeto a deflagrar o conteúdo argentino Jorge Luiz Borges. Neste, após a morte
da informação tenha sido o mesmo, a seleção de um consagrado autor, é encontrado, entre seus
em face do repertório pode exarar soluções rascunhos, toda uma passagem em tudo
comunicativas que dêem ênfase a aspectos semelhante, palavra por palavra, a uma passagem
ligeiramente diferenciados. A capacidade em do clássico romance Dom Quixote, de Miguel
articular o eixo sintagmático será maior ou menor de Cervantes Saavedra. Todavia, não se trata de
conforme o domínio de cada um diante do uma cópia, mas de uma tarefa que o escritor
repertório lin g ü ístico . O grau de afasia Menard se impusera: não queria compor outro
determinaria a dificuldade maior ou menor em Q uixote, o que seria fácil, mas escrever o
realizar essas articulações. A lguém com Quixote! Para tanto, estudara profundamente a
repertório restrito, em dada circunstância obra e o estilo de Cervantes, a ponto de
comunicacional, poderia ter dificuldade em se transubstanciá-Io três séculos depois. Porém,
fazer entender. A ssinale-se que, em nossa comparando determinada passagem em ambos
opinião, a teoria de Saussure não implica em os textos - perfeitamente iguais - em especial a
autorizar diagnósticos de psicologia cognitiva, expressão “...a verdade, cuja mãe é a história” o
no sentido de aferir, por exemplo, a supremacia narrador exclama que tal frase, na obra de
da norma culta sobre a expressão popular. Pelo Cervantes, é mero elogio retórico da história,
contrário, permite demonstrar afasias a partir enquanto, na obra de Menard:
daquilo que q u alifica como lin g ü ística
geográfica (Greimas irá trabalhar com o termo (...) a idéia é espantosa. M enard,
comunicação topológica12). demonstrando que contemporâneo de William James, não define
a comunicação se insere na com plexidade a história como uma indagação da realidade,
lingüística de cada dada comunidade. Desse mas como sua origem. A verdade histórica,
modo, se podemos constatar afasia, por exemplo, p a ra ele, não é o que sucedeu; é o que
na fala de um modesto pedreiro diante de uma pensamos que sucedeu. 13
comunidade universitária, certamente poderemos
constatar afasia ao diagnosticar as dificuldades Saussure, portanto, quando sublinha com
de com unicação de um professor dono de nitidez a importância dos dois eixos, sincrônico
linguagem escorreita diante dos operários em e diacrônico, e suas articulações mútuas, salienta
uma obra, por sua pouca capacidade de que falar de lei lingüística é abraçar um fantasma.
compreensão da fala articulada naquele espaço. A verdadeira questão está em saber que os fatos
Q uanto ao eixo parad ig m ático, ou sincrônicos, quaisquer que sejam, apresentam
diacrônico, este responderia sobre as evoluções uma certa regularidade, mas não têm nenhum
lingüísticas, entendidas tais como a forma de caráter imperativo; já os fatos diacrônicos, ao
compreensão do sistema em cada dado momento, contrário, se impõem à língua, mas nada mais
situando todas as coisas do primeiro eixo, com têm em geral. Numa palavra, nem uns nem outros
suas respectivas transformações. Desse modo, são regidos por leis no sentido jurídico.
falai-, no século XXI, “A flor é bela” participa de Na esteira aberta por Saussure, diversos
uma consagração iógico-científíca que talvez não autores, entre os quais Greimas, questionaram o
fizesse sentido em outro momento histórico. significado e os conceitos inerentes ao discurso
Saussure fornece dois exemplos analógicos: o jurídico, uma vez que este é forçosamente um
primeiro fala sobre um corte transversal no modelo lingüístico. Não faltaram autores a
tronco de um vegetal - a seção longitudinal nos determinar o discurso jurídico como um discurso
mostraria as fibras que constituem a planta, e a norm ativo, com alto grau de delim itação
semântica. A definição extremada dos termos
CON FLUÊNCIAS - REVISTA FNTERDISClPLfNAR DE SOCIOLOGIA E DIREITO - PPGSD-UFF - página 32
seria um a condição para a confecção das que sim, sem dúvida, frisando que, assim como
proposições jurídicas, sob pena de ameaçar sua no jo g o de xadrez, existem regras que
cientificidade. sobrevivem a todos os acontecimentos. Ora,
Tais questões poderiam fazer com que a parece-me que essa busca por uma base racional
ciência ju ríd ic a se apoiasse ainda m ais é justamente o elemento nodal das investigações
estreitamente no positivismo, mesmo na intenção de autores como Ronald Dworkin15 e Robert
de am parar m inim am ente um a Teoria da Alexy 16, ao esquadrinharem, respectivamente,
Decisão. A perspectiva saussuriana, contudo, o conceito de Direito e a formulação de uma
adiantava uma perspectiva com maior grau de Teoria do Discurso Prático. Saussure, contudo,
tecnologia. B astaria, por exem plo, que faz uma advertência: “Trata-se, porém, de
substituíssemos os termos Língua e Fala por princípios gerais que existem independentemente
termos como Constituição e Intérprete para restar dos fatos concretos; quando se fala de fatos
sugerida um esquema modelo da hermenêutica particulares e tangíveis, já não há ponto de vista
constitucional. Como segue: pancrônico” (op. cit., p. 112).
Já o conceito de analogia para Saussure
coincide justam ente com o liam e entre a
mutabilidade e a imutabilidade da língua. Nesse
sentido, a analogia, por pressupor um modelo e
sua imitação, vale dizer, por ser uma forma feita
à imagem de outra ou de outras, segundo uma
Constituição Intérprete regra determ inada, se confundiria com o
princípio das criações lingüísticas em geral. A
analogia seria de ordem psicológica e de ordem
gram atical. E la supõe a consciência e a
compreensão de uma relação que une as formas
entre si. Contudo, ela é obra ocasional de uma
pessoa isolada. Entrementes, a atividade contínua
Vale dizer, o cidadão iria buscar no da língua, a decompor unidades que lhe são
repertório comum da constituição (por extensão dadas, conteria em si não somente todas as
na assembléia constituinte, em especial no possibilidades de um falar conforme ao uso, mas
sentido de pacto social expresso pelos também todas as possibilidade de formação
contratualistas) a interpretação jurídico-poiítica, analógica. Restaria esclarecer como acontece
a qual, por sua vez, só ganharia consecução a para que essa interpretação varie constantemente,
p a rtir da internalização dessas m esm as em especial de uma geração a outra.
interpretações. Simbolicamente, o esquema
acima sintetiza toda uma teoria, como expressa Ora, qualquer que seja a origem dessas
por autores como Peter Hãberle,4. Poderíamos, m udanças de interpretação, revelam -se
nesse sentido, falar em graus de afasia sem pre p e lo aparecim ento de fo r m a s
herm enêutica ou dem ocrática conform e a analógicas. Com efeito, se as unidades vivas,
comunicação topológica e o efetivo acesso ao sentidas pelos falantes, a um momento dado,
p o d em p o r si sós dar origem a fo rm a s
discurso.
analógicas, reciprocamente toda repartição
Do mesmo modo, os eixos sincrônicos e d eterm in a d a de unidades supõe a
diacrônicos dariam conta da complexidade da possibilidade de o seu uso estender-se. A
herm en êu tica ju ríd ic a e da análise analogia é, pois, a prova peremptória de que
ju risp ru d en cial, não fazendo confundir a um elemento formativo existe num momento
realidade ocasional de um processo com toda a dado como unidade significativa, (p. 198)
dinâmica sedimentada de um sistema. O eixo
sincrônico, relacionando as coisas co-existentes, Essa natureza viva de uma língua que passa
estaria em relação de contiguidade com o eixo por um processo semelhante ao das divisões de
diacrônico, que responderia sobre as evoluções células, refazendo o tecido lingüístico, pode ser
do sistema jurídico, situando todas as coisas do im portante indicador da necessidade de
primeiro eixo, com suas constantes e sistemáticas superação de uma perspectiva está tica e
contribuições. sincrônica da prestação jurisdicional em face de
D estacaríam os, ainda, do C u rso de uma teoria dogmática da decisão que aponta a
Saussure, duas outras contribuições: a noção de perm anente confluência entre sintagm as e
um ponto de vista pancrônico e o conceito paradigmas. A decisão judicial ocupa sempre o
inovador de analogia. espaço do agora, ao tempo em que carrega toda
Quanto ao ponto de vista pancrônico, a História consigo. Ou, como na metáfora do jogo
Saussure se indaga se seria possível afirmar a de xadrez, as mudanças não se aplicam senão a
existência de uma lei científica na língua. Afirma
CONFLUÊNCIAS - REVISTA INTERDISCIPLINAR DE SOCIOLOGIA E DIREITO - PPGSD-UFF - página 33
mom entos isolados. Apesar disso, o lance necessário contato com as ciências humanas e
repercute sobre o todo do sistema. sociais, poderia abrir caminho para uma noção
mais ampla de comunicação dogmática. Não é
de outro modo que o autor italiano insiste em
4. Ordenamento jurídico, em Bobbio: dois aspectos preambulares: a nomenclatura da
proposta de leitura. nova contribuição, apresentando várias propostas
em teorias emergentes, mas oscilando entre
Não pretendo nessa passagem fazer uma ordenamento e sistema, e o papel fundamental
recapitulação da extensa obra do jurista italiano da obra de Kelsen e sua inevitável crise.
Norberto Bobbio, senão me concentrar no cerne Enquanto a dogmática clássica amparava nas
de sua Teoria do ordenamento jurídico, em obras dos grandes civilistas e nas codificações
razão de estar esta desenvolvida a partir de uma do século XIX o campo propício para
metodologia da ciência do Direito segundo uma desenvolver um modo de aplicação do Direito,
análise lingüística 17. que se caracterizaria por um m odelo de
O esforço de Bobbio parece se concentrar interpretação fundado numa concepção abstrata,
na contribuição original que o positivismo e na noção ideal de Estado e de sociedade, o
jurídico poderia estar a trazer para a consolidação pensam ento jurídico, em Bobbio, passa a
científica do Direito. Para além de aspectos defrontar-se, precisam ente em virtude da
propriamente ligados à teoria política, como a chamada “crise do Direito”, com o desafio de
coercitividade, a noção imperativista da norma elaborar, ou mesmo de resgatar, seu caráter
jurídica e o positivism o jurídico enquanto pancrônico.
ideologia, o estabelecimento de parâmetros de Vejamos, exemplificativamente, para as
uma hermenêutica jurídica consistente, que esm iuçarm os em seguida, as principais
correspondesse, no âmbito do D ireito, ao correlações propostas por Bobbio, por sinal,
sobejamente conhecidas:
~\
Ordenamento
Jurídico

Unidade: Completude:
Ordenamento estático Critério cronológico Espaço jurídico vazio
Ordenamento dinâmico Critério hierárquico Norma gérai exclusiva
Critério de especialidade

O ordenam ento ju ríd ic o tra d u z sua (sucessões), ou, caso se queira, para eixos
integridade pela presença constante de seus três sintagmáticos e paradigmáticos. Descreve o
elementos, a fazê-lo, a um tempo, uno, coerente ordenamento estático como substancial, e o
e com pleto. M uito bem; todavia, em sua associa ao jusnaturalismo, ao passo que, quanto
definição de unidade, Bobbio chama a atenção ao ordenamento dinâmico, classifica-o de formai,
p ara aspectos estáticos e dinâm icos do e o associa ao positivismo. Ora, o resultado final
ordenam ento, vale dizer, para aspectos é o que poderíamos chamar de signo jurídico, a
sincrônicos (simultaneidades) e diacrônicos saber:

Signo jurídico = Jusnaturalismo (substância, conceito)


Positivismo (forma, “imagem acústica”)
CON FLUÊNCIAS - REVISTA INTERDISCI PLIN AR DE SOCIOLOGIA E DIREITO - PPGSD-UFF - página 34
Bobbio pensa a unidade do ordenamento coerência ao ordenamento, Bobbio se socorre
enquanto uma dupla face, do tipo significante/ do silogismo clássico, do tipo aristotélico. Desse
significado, fazendo com que os princípios gerais modo, descreve o ordenamento a partir de um
não restem amordaçados na expressão da lei. A Quadrado Lógico, onde existiriam quatro tipos
contribuição positivista analítica, destacada do básicos de comando legal: o obrigatório, o
positivismo imperativista, é apresentada como proibitivo, o permitido positivo e o permitido
dinâmica, vale dizer, como forma ocasional a negativo. Assim, dado Oa (a obrigação de realizar
dar expressão a conteúdos esses sim a) ter-se-iam outros três comandos, apondo-se o
substanciais. N ada im pede que, em outro sinal negativo de diferentes maneiras: O-a (a
momento, para veicular tais conteúdos —que obrigação de não realizar a, ou seja, proibir a),
sofrerão as paulatinas e sistem áticas -Oa (a não obrigação de realizar a, que equivale
modificações presentes em todas as línguas -, o a permissão de não realizar a) e -O -a (a não
legislador (gramático) venha a propor novas obrigação de não realizar a, que permite que se
fórmulas, ao sabor da sincronicidade de então. realize a). O resultado, em lógica simbólica, seria
Por sua vez, para elaborar os critérios de o seguinte:
resolução de antinom ias, que em prestarão

Como já visto acima, AE representam as temporal - uma norma, p. ex., pode ser válida
contrárias (não podem ser verdadeiras ao mesmo de dia e não de noite espacial - uma norma
tempo, mas podem ser falsas conjuntamente), pode proibir num lugar e não em outro -; pessoal
AO e EI representam as contraditórias (não - uma norma pode proibir menores e não adultos
podem ser falsas nem verdadeiras ao mesmo -; material - uma norma pode proibir, p. ex.,
tempo), IO representam as subcontrárias (não apenas determinados tipos de cigarros). As
podem ser falsas ao mesmo tempo, mas podem antinomias assim identificadas seriam de três
ser ambas verdadeiras) e AI e EO representam tipos: 1) to ta l-to ta l: as duas norm as
as subalternas (a verdade contida na parte é incompatíveis têm o mesmo âmbito de validade;
abrangida pelo todo). 2)parcial-parciah as duas normas incompatíveis
Das regras lógicas apontadas, Bobbio têm âmbito de validade em parte igual e em parte
d estaca três casos de in com patibilidade diferente; e 3) total-parcial. uma das normas tem,
normativa (AE, AO e EI): na íntegra, âmbito de validade igual a parte da
outra. Bobbio faz ainda uma ressalva no sentido
1) entre uma norma que ordena fazer algo de apontar a existência de antinom ias
e uma norm a que p ro ib e fa z ê -lo impróprias, com referência ao fato de que um
(contrariedade); ordenamento jurídico pode ser inspirado em
2) entre uma norma que ordenafazer e uma valores contrapostos. Nesse caso, poder-se-ia
que permite não fazer (contraditoriedade); falar de antinomias de princípio, que não são
3) entj-e uma norma que proíbe fazer e uma antinomias propriamente ditas, mas podem
que permite fazer (contraditoriedade). 18
deflagrar normas incompatíveis. Outro tipo
impróprio de antinomia seria a antinomia de
Todavia, para que possa ocorrer antinomia avaliação, quando, por exemplo, uma norma
são necessárias duas condições óbvias: as duas pune um delito menor com uma pena mais grave
normas devem pertencer ao mesmo ordenamento do que a infligida a um delito maior. Um terceiro
e as duas normas devem ter o mesmo âmbito de tipo seriam as antinomias teleológicas, traçando
validade (considerados os quatro âmbitos:
CON FLUÊNCIAS - REVISTA ÍNTERDISCIPLINAR DE SOCIOLOGIA E DIREITO - PPGSD-UFF- página 35
uma oposição entre as normas meio e as normas enfrente uma de três possibilidades: 1) eliminar
fim (ao se aplicar a norma que prevê o meio não uma das normas; 2) eliminar as duas normas; 3)
se alcança o fim, e vice-versa). conservar as duas normas. Chama o primeiro
Resultam três critérios de resolução de caso de interpretação ab-rogante (ab-rogação em
antinomias: 1) critério cronológico - entre duas sentido impróprio, posto que o jurista não tem o
normas incompatíveis, sucessivas, terá validade poder normativo) - onde o juiz tem o poder de
a norma posterior; 2) critério hierárquico - entre não aplicar a norma que julgar incompatível no
duas normas incompatíveis, em níveis diversos, caso concreto. No segundo caso, tratar-se-ia do
prevalece a hierarquicamente superior; e 3) exem plo vinculado a uma oposição de
critério da especialidade — entre duas normas contrariedade e, portanto, na dúvida entre a
incompatíveis, sendo uma gera! e outra especial, obrigação e a proibição, o intérprete poderá ser
prevalece a segunda. induzido a considerar que as duas normas
Pode, contudo, ocorrer casos de contrárias se excluem uma à outra, não sobrando
insuficiência dos critérios e de conflito entre os nenhuma das duas (dupla ab-rogação). O terceiro
critérios. Na primeira hipótese, de insuficiência caso, conservando am bas as normas
de critérios, que Bobbio também chama de incom patíveis, seria aquele para o qual o
antinomias insolúveis ou de antinomias reais, o intérprete recorre com mais freqüência, buscando
intérprete é abandonado a si mesmo. Tais casos, eliminai- a incompatibilidade. Vale dizer, trata-
como adverte, são mais freqüentes do que se pode se de dem onstrar que não existe uma
imaginar. Correspondem à situação de duas incom patibilidade de fato, que a
normas incompatíveis que se encontrem no incompatibilidade é puramente aparente e, como
m esm o código, sendo, portanto, tal, deriva de uma interpretação ruim, unilateral,
contemporâneas, do mesmo nível e ambas gerais. incompleta ou errada de uma das normas ou de
Que fazer? Ora, Bobbio se socorre mais uma vez ambas.
da lógica formal, esclarecendo que, embora não Na segunda hipótese aventada acima,
exista uma quarta regra, alguns aspectos formais podem ocorrer conflitos entre critérios. Sendo
poderão ser considerados. Desse modo, segundo três os critérios, três tam bém serão as
a forma, e como já visto, as normas podem ser possibilidades de conflito. No caso de um
de três tipos: imperativas (obrigam), proibitivas conflito entre o critério hierárquico e o
(proíbem ) e p erm issiv a s (não obrigam ). cronológico, prevalece o hierárquico,
Estabelecendo uma graduação de prevalência obviamente, em razão do próprio conceito de
entre estas três formas, poder-se-ia imaginar um hierarquia. Quanto a um conflito entre o critério
conflito entre uma norma permissiva e outra de especialidade e o cronológico, de igual
norma imperativa ou proibitiva, prevalecendo a maneira prevalece o de especialidade (embora
permissiva, em razão do cânone interpretativo não com a mesma pujança do caso anterior). Vê-
segundo o qual. em caso de ambigüidade, a sc, portanto, que os critérios de hierarquia e de
interpretação favorável prevalece sobre a odiosa. especialidade são mais fortes em face do critério
Para esse efeito, subtende-se que uma norma cronológico, mais fraco. Na úitima possibilidade,
permissiva representa uma liberdade, enquanto face a um conflito entre os critérios fortes, ou
um a norm a im perativa ou p roibitiva seja, entre o critério hierárquico e o de
representariam uma obrigação e uma sanção, especialidade, uma resposta segura é impossível.
restringindo aquela liberdade. Contudo, por se A princípio deveria prevalecer o critério
tratar de um conflito entre normas contraditórias, hierárquico, mas m uitas vezes princípios
mesmo esse cânone necessitaria ser relativizado, constitucionais se valem de normas especiais
posto que o problema real a ser colocado não para sua efetividade, o que colocaria em xeque a
seria a prevalência entre as normas, mas sim questão. O mais recomendável seria o exame de
determinar qual dos interesses em conflito é justo caso a caso.
fazer prevalecer. Do mesmo modo, no conflito Enfim , quanto à com pletude do
entre duas normas incompatíveis, em que uma ordenamento, considerando que este tem de ser
norma é imperativa e a outra é proibitiva, do tipo capaz de responder a todas as questões do
AE, tratam-se de normas contrárias e que. universo da comunicação pragmática - tem de
portanto, não podem ambas ser verdadeiras, mas existir uma norma para regular cada caso -,
podem ser ambas falsas. Nesse caso, o tertium é Bobbio apresenta duas teorias. Na primeira
a permissão. delas, diz-se que existem leis sobre todos os fatos
Bobbio, porém, reconhece que essas jurídicos relevantes e que as chamadas lacunas
regras, deduzidas da forma, não têm a mesma representariam, na verdade espaços jurídicos
validade daquelas deduzidas dos três critérios vazios, ou seja, fatos sociais que ainda não
(cronológico, hierárquico e da especialidade), alcançaram relevância jurídica. Não haveria,
sugerindo, então, que, de uma maneira mais portanto, de se falar propriamente em lacuna
geral, no caso de antinomias reais, o decididor ju r íd ic a , mas da esfera do juridicam ente
CON FL VENCIA S - REVISTA INTERDISCIPLINAR DE SOCIOLOGIA E DIREITO - PPGSD-UFF - página 36
irrelevante e, logo, dos limites do campo jurídico. regulam entado, aplicando a norm a geral
Essa teoria, atribuída ao ju risfiló so fo inclusiva.
novecentista Karl Bergbohm, é questionada em Ora, como se pode acompanhar até aqui,
seu fundamento lógico, afinal perm itiria se vimos que a preocupação científica de Norberto
conceber que uma determinada situação fosse, Bobbio é justamente a de criar um marco teórico
ao mesmo tempo, nem lícita nem ilícita. Ora, que consiga abranger toda uma verdadeira
termos contraditórios não podem se excluir lingüística pragmática sincrônica. Ao tempo em
mutuamente, pois se não podem ser ambos que Ferdinand de Saussure assegurava uma
verdadeiros tampouco podem ambos ser falsos. plataforma de estudos que abrangeria desde as
O erro do teorema estaria no fato de Bergbohm entidades concretas da língua, com seus métodos
estar a considerar jurídico como equivalente a de delim itação, passando por identidades,
obrigatório. Lembra Bobbio, mais uma vez, que realidades e valores, até estabelecer relações
a esfera ju ríd ic a se co nstitui de norm as sintagmáticas e associativas, mecanismos da
imperativas, proibitivas e permissivas. O espaço língua e subdivisões da Gramática, Bobbio
jurídico vazio estaria desconsiderando a esfera procura fornecer um painel estruturalista que
permissiva. permita tomar o ordenamento jurídico enquanto
A segunda teoria relativa à completude do comunicação dogmática.
ordenamento jurídico, uma vez rechaçada a Todavia, não se pode creditar a completude
existência de um espaço jurídico vazio, e do ordenamento jurídico unicamente à norma
tomando, portanto, como pressuposto, o espaço geral exclusiva. O próprio Bobbio adverte que,
ju ríd ico pleno, é a teoria da norm a geral entre os casos inclusos expressamente e os casos
exclusiva. Segunda esta, não existem lacunas em exclusos existe, em cada ordenamento, uma zona
Direito, pois o Direito nunca falta; ao expor uma incerta. Volta-se, portanto, para a interpretação,
norma, o Direito a um tempo delimita seu objeto classificando-a em dois tipos: interpretação
e exclui todos os demais. Algo próximo da textu a l e interpretação extra -textu a l ou
solução platô n ica para as indagações de integraüva, mas, salienta, nunca antitextual. Vale
Parmênides, quando, para a definição do ser que dizer, o conteúdo do universo (ordenamento)
é, acrescenta que o não-ser não é19. Desse modo: jurídico está tomado pela lógica lingüística.
No primeiro grupo, relativo à interpretação
Uma norma que proíbe fumar exclui da textual, relaciona, a partir do cânone positivista,
proibição, ou seja, permite, todos os os chamados meios hermenêuticos, com leves
comportamentos que não sejam fumar. Todos retoques. Assim os enumera: 1) meio léxico -
os comportamentos não-compreendidos na que define o significado dos termos empregados
norma particular são regulados por uma pelo legislador, m ediante a análise e a
norma geral exclusiva, isto é, pela regra que comparação dos contextos lingüísticos nos quais
exclui (por isso é exclusiva) todos os tais termos são empregados; 2) meio teleológico
comportamentos (por isso é geral) que não
sejam aquelesprevistos pela norma particular. -baseia-se no motivo ou finalidade para os quais
Poder-se-ia dizer, também, que as normas a norm a foi posta; 3) meio sistem ático -
nunca nascem sozinhas, mas aos pares: cada pressupõe a racionalidade do legislador, sua
norma particular, que podemos chamar de unidade e coerência, onde o conteúdo de uma
inclusiva, está acompanhada, como se fosse norma será esclarecido considerando-a em
por sua própria sombra, pela norma geral relação a todas as outras; d) meio histórico -
exclusiva. 20 utilização de documentos históricos diferentes
do texto legislativo, como, por exemplo, os
A esta teoria, atribuída a E. Zitelmann e, trabalhos preparatórios, para reconstruir a
com variações, a Donato D onati, Bobbio vontade do legislador.
contrapõe a idéia de uma norma geral inclusiva. M as é no segundo grupo, relativo à
Desse modo, a teoria da norma geral exclusiva interpretação extra-textual ou integrativa, que
teria como ponto fraco o fato de que, em um está em bojo uma concepção “diacrônica” do
ordenam ento, não existem apenas normas ordenamento jurídico. A partir de terminologia
particulares inclusivas e uma norma geral pega de empréstim o a Carnelutti, Bobbio
exclusiva que as acompanha, mas, também o com enta dois m étodos de integração do
comando, segundo o qual, diante de omissões e ordenamento: a heterointegração e a auto-
lacunas, o juiz deva proceder segundo princípios integração. Parece a descrição com a de um
gerais ou normas e matérias análogas. Assim, corpo cósmico a sofrer os ritmos de rotação e
frente a um caso não regulamentado, abrem-se translação.
duas possibilidades de solução: 1) considerá-lo
diferente do regulamentado e aplicar a norma
geral exclusiva 2) considerá-lo semelhante ao
CONFLUÊNCIAS - REVISTA INTERDISCIPLFNAR DE SOCIOLOGIA E DIREITO - PPGSD-UFF - página 37

A hetorointegração pode ser operada que o autor faz entre elas é o fato de que a
através de recursos a ordenamentos diversos ou analogia legis cria uma nova norma jurídica, ao
de recursos a fontes diversas. A heterointegração passo que a interpretação extensiva expande uma
através de recurso a outros ordenamentos, norma para casos não previstos.
consiste na obrigação de o Direito positivo, em Por fim, a analogia iuris diria respeito à
caso de lacuna, recorrer ao Direito natural ou a auto-integração pela via dos princípios gerais,
outros ordenamentos positivos como no socorro normas fundamentais ou generalíssimas do
a ordenamentos anteriores no tempo, enquanto sistema, expressas ou não.
matriz histórica, ou do Direito Comparado ou Para terminar, destaquemos a seguinte
mesmo do D ireito canônico. Poderíam os constatação de Bobbio:
acrescentar, hoje, nesse sentido, os ordenamentos
de D ireito C om unitário. Q uanto a (...) não há nenhuma obrigação
heterointegração pela via de outras fontes juridicamente qualificada, por parte do
diversas, são destacados o recurso ao costume, legislador, de não contradizer-se, no sentido
enquanto fonte subsidiária da lei, o recurso ao de que uma lei, que contenha disposições
poder criativo do juiz, contumaz na common law, contraditórias, é sempre uma lei válida, e são
emitindo juízos de eqüidade, e o recurso às válidas, também, ambas as disposições
opiniões dos juristas, ou seja, à doutrina. contraditórias. Podemosfalar, quando muito,
nas ralações do legislador, de um dever moral
Já o método da auto-integração tem base de não contradizer-se, em consideração ao
em dois procedimentos: a analogia Jegis e a fato de que uma lei contraditória torna mais
analogia iuris (princípios gerais do Direito). É difícil, e às vezes vã, a administração da
interessante notar que Bobbio, diferentemente de justiça. Quanto aojuiz, que se encontrafiente
outros autores, aproxima bastante analogia legis a uma antinomia entre normas, por exemplo,
e interpretação extensiva, beirando o liame da de um código, ele também não tem nenhum
mutabilidade e da imutabilidade do ordenamento dever juridicamente qualificado de eliminar
jurídico. Busca em Aristóteles a fórmula de a antinomia. Simplesmente, no momento em
raciocínio por analogia, que apresenta com o que duas normas antinômicas não puderem
seguinte exemplo: ser ambas aplicadas no mesmo caso, ele se
encontrará na necessidade de aplicar uma e
desaplicar a outra. Mas trata-se de uma
MéP Os homens são mortais necessidade de fato, não de uma obrigação
(ou de uma necessidade moral). Tanto é
S é semelhante a M Os cavalos são verdade que as duas normas antinômicas
semelhantes aos homens continuam a subsistir no ordenamento, lado
a lado, e o própriojuiz num caso posterior ou
SéP Os cavalos são mortais21 outro juiz no mesmo caso (por exemplo, um
juiz de segunda instância) podem aplicar, das
Adverte, contudo, que a conclusão só é duas normas antinômicas, aquela que
válida se a semelhança em questão for relevante, anteriormente não fo i aplicada ou vice-
ou seja, se atingir uma qualidade que seja razão versa11
suficiente para a PM. Ora, a interpretação
extensiva também atua por analogia e a distinção Portanto, um desafio resta colocado: não
se trata, como ficou patente no esforço
C ON FL UENCIAS - REVTSTA ÍNTERDISCIPLINAR DE SOCIOLOGIA E DIREITO - PPGSD-UFF - página 38
metodológico de Bobbio, de produzir atos isolados
de entendimento ou de interpretação, mas LEROY, Maurice. As grandes correntes da
decorrelações e resultados racionalemnte fundados. lingüística moderna. Tradução de Izidoro
Cabe, doravante, ao decididor fundamentar, Blikstein, José Paulo Paes e Frederico Pessoa
motivando, a resolução dos conflitos, corno parte de Barros. São Paulo: Cuitrix, 1982.
de uma prestação de serviço racionalmente fundada
e enquanto parcela de um a pragm ática da LOCKE, John. Dois tratados sobre o governo.
comunicação normativa. Tradução de Julio Fischer. São Paulo: Martins
Fontes, 1998.

MONTESQUIEU, Charles de Secondât, Baron


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: de. O espírito das leis. Tradução de Cristina
Murachco. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
ALEXY, Robert. Teoria da argumentação (Coleção “Os Pensadores”).
jurídica: a teoria do discurso racional como
teoria da justificação jurídica. Tradução de Zilda PLATÃO. Sofista. In: Platão. Tradução de Jorge
Hutchinson Schild Siíva. São Paulo: Landy Ed., Paleikat e João Cruz Costa. 2a ed. São Paulo:
2001. Abril Cultural, 1983, pp. 127-195. (Coleção “Os
Pensadores”).
AUSTER, Paul. A trilogia de Nova York.
Tradução de Rubens Figueiredo. São Paulo: ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do contrato social
Planeta De Agostini, 2003. ou Princípios do direito político. 2a ed.
Tradução de Lourdes Santos Machado. São
BACON, Francis, Viscount St. Albans. Nova Paulo; Abril Cultural, 1978. (Coleção “Os
Atlântida. Tradução de José Aluysio Reis de Pensadores”).
Andrade. 2.aed. São Paulo: Abrii Cultural, 1979.
(Coleção “Os Pensadores”). SANTOS, Boaventurade Sousa. Democratizar
a democracia: os caminhos da democracia
BOBBIO, Norberto. Teoria do ordenamento participativa. 2a ed. Rio de Janeiro: Civilização
jurídico. Tradução de Maria Celeste Cordeiro Brasileira, 2003. (Reinventar a emancipação
Leite dos Santos. 10a ed. Brasília: UnB, 1999. social para novos manifestos V. 1).
BOBBIO, Norberto. A função interpretativa da SA U SSU RE, Ferdinand de. Curso de
jurisprudência. In: O positivismo jurídico: lingüística geral. Tradução de Antônio Chelini,
lições de Filosofia do Direito. São Paulo: ícone, José Paulo Paes e Izidoro Blikstein. 20a ed. São
1995,211-222. Paulo: Cuitrix, 1995.
BORGES, Jorge Luis. Pierre Menard, autor do
Quixote. In: Ficções. Tradução de Carlos Nejar.
São Paulo: Abril Cultural, 1972, pp. 47-58.
Notas
DWORKIN, Ronald. O impcrio do Direito.
Tradução de Jefferson Luiz Camargo. São Paulo:
Martins Fontes, 2003. 1 Cf. MONTESQUIEU, Charles de Secondât,
Baron de. O espírito das leis. Tradução de
FERRAZ JR., Tércio Sampaio. Introdução ao Cristina Murachco. “Os Pensadores”. São Paulo:
estudo do direito: T écnica, D ecisão, Martins Fontes, 1996.
Dominação. 2aed. São Paulo, Ed. Atlas, 1996.
2 Cf. LOCKE, John. Dois tratados sobre o
GREIM AS, A lgirdas Julien. Sem iótica e governo. Tradução de Julio Fischer. São Paulo:
ciências sociais. Tradução de Álvaro Lorencini Martins Fontes, 1998.
e Sandra Nitrini. São Paulo: Cuitrix, 1981.

H Ä BERLE, Peter. H erm enêutica


con stitu cion al: a sociedade aberta dos 3 Cf. ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do contrato
intérpretes da constituição: contribuição para a social ou Princípios do direito político. 2a ed.
interpretação pluralista e “procedimental” da Tradução de Lourdes Santos Machado. São
constituição. Tradução de Gilmar Ferreira Paulo: Abril Cultural, 1978. (Coleção “Os
Mendes. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, Pensadores”).
1997.
CON FLU ÊNCIAS - REVISTA INTERDISCIPLINAR DE SOCIOLOGIA E DIREITO - PPGSD-UFF - página 39
4 Ver, nesse sentido, FERRAZ JR., Tércio Hutchinson Schild Silva. São Paulo: Landy Ed.,
Sampaio. Introdução ao estudo do direito: 2001.
Técnica, Decisão, Dominação. 2aed. São Paulo,
Ed. Atlas, 1996, pp. 263-268.. 17 BOBBIO, Norberto. Teoria do ordenamento
jurídico. Tradução de Maria Celeste Cordeiro
5 Cf. SAUSSURE, Ferdinand de. C urso de Leite dos Santos. 10a ed. Brasília: UnB, 1999.
lingüística geral. Tradução de Antônio Chelini,
José Paulo Paes e Izidoro Blikstein. 20a ed. São 18 Idem, ibidem, p.85.
Paulo: Cultrix, 1995.
19 PLATÃO. Sofista. In: Platão. Tradução de
6 Ver nesse sentido e, entre outros, SANTOS, Jorge Paleikat e João Cruz Costa. 2a ed. São
B oaventura de Sousa. D e m o c ra tiz a r a Paulo: Abril Cultural, 1983, pp. 127-195.
d e m o c ra cia : os cam inhos da dem ocracia (Coleção “Os Pensadores”).
participativa. 2a ed. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2003. (Reinventar a emancipação 20 BOBBIO, Norberto, op. cit., p. 133.
social p ara novos manifestos V. 1).
21 Os exemplos nessa passagem têm como
7 Cf. BACON, Francis, Viscount St. Albans. referência BO BBIO, N orberto. A função
Nova Atiântida. Tradução de José Aluysio Reis in terp retativ a da jurisp ru d ên cia. In: O
de Andrade. 2.3 ed. São Paulo: Abril Cultural, positivismo jurídico: lições de Filosofia do
1979. (Coleção “Os Pensadores”). Direito. São Paulo: ícone, 1995, 211-222.

8 Cf. SAUSSURE, op. cit. 22 BOBBIO, Norberto, op. cit., p. 112.

9 Ver, nesse sentido, e entre outros, LEROY,


Maurice. As grandes correntes da lingüística
m oderna. Tradução de Izidoro Blikstein, José
Paulo Paes e Frederico Pessoa de Barros. São
Paulo: Cultrix, 1982.

10 AUSTER, Paul. A trilogia de Nova York.


Tradução de Rubens Figueiredo. São Paulo:
Planeta De Agostini, 2003.

11 SAUSSURE, op. cit, p. 85.

12 Cf. GREIMAS, Algirdas Julien. Semiótica e


ciências sociais. Tradução de Álvaro Lorencini
e Sandra Nitrini. São Paulo: Cultrix, 1981.

13 BORGES, Jorge Luis. Pierre Menard, autor


do Quixote. In: Ficções. Tradução de Carlos
Nejar. São Paulo: Abril Cultural, 1972, p. 56. jâHf*a

14 H Ä B ER LE, Peter. H e rm e n ê u tic a


c o n s titu c io n a l: a sociedade aberta dos
intérpretes da constituição: contribuição para a
interpretação pluralista e “procedimental” da
constituição. Tradução de Gilm ar Ferreira
Mendes. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris
Editor, 1997.

15 DWORKIN, Ronald. O império do Direito.


Tradução de Jefferson Luiz Camargo. São Paulo:
Martins Fontes, 2003.

16 ALEXY, Robert. Teoria da argum entação


juríd ica: a teoria do discurso racional como
teoria da justificação jurídica. Tradução de Zilda

Você também pode gostar