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Laboratório Nacional
de Engenharia Civil

PROGRAMA HABITACIONAL

Espaços e Compartimentos

Lisboa, 1999

João Branco Pedro


Arquitecto, Estagiário de Investigação
do Departamento de Edifícios

ICT
INFORMAÇÃO TÉCNICA
ARQUITECTURA
ITA 4
P R O G R A M A H A B I T A C I O N A L

ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS

RESUMO

Neste documento apresenta-se o programa de qualidade arquitectónica


habitacional aplicável ao nível físico dos Espaços e compartimentos. No
programa são definidas as exigências relativas à agradabilidade, segurança,
adequação espacio-funcional, articulação e personalização.

O programa habitacional foi elaborado com base numa extensa revisão dos
conhecimentos, que incluiu o resumo e harmonização das disposições
regulamentares e normativas aplicáveis em Portugal, e a síntese das
especificações de qualidade apresentadas por diversos autores nacionais e
estrangeiros.

O documento inclui os seguintes capítulos:

1) apresentação do conteúdo, interesse, limitações, metodologia e estrutura


do programa habitacional;

2) classificação dos níveis de comportamento humano e dos espaços da


habitação, e apresentação de uma lista resumo das funções de uso da
habitação;

3) definição, para cada uma das dezassete funções em que foi classificado o
uso da habitação, dos dados de programa, das exigências de projecto, e
dos modelos exemplificativos da aplicação do programa.
H O U S I N G P R O G R A M M E

HOUSING SPACES AND COMPARTMENTS

SUMMARY
This document presents the housing programme applicable to spaces and
compartments. In the program, the architectural quality requirements are defined in
terms of comfort, safety, space-functional adequacy, articulation and personalisation.

The housing programme was based on a comprehensive revision of the state of the
art, which included the summary and harmonisation of portuguese standards and
regulations, and the synthesis of quality requirements presented by Portuguese and
foreign authors.

The document includes the following chapters:

1) presentation of the content, interest, limitations, methodology and structure of


the housing programme;

2) classification of human behaviour levels and housing spaces, and presentation


of a housing use functions list;

3) definition, for each of the seventeen use functions, of program data, design
requirements, and models that exemplify the application of the programme.

P R O G R A M M E D U L O G E M E N T

ESPACES ET LOCAUX

RESUMÉ
Ce document présente le programme du logement applicable aux espaces et locaux.
Le programme définit les exigences de qualité architecturale, en ce qui concerne la
possibilité de satisfaction, la sécurité, l'adéquation à l'espace et au fonctionnement,
l'articulation et la personnalisation.

Le programme du logement a été préparé ayant comme base une révision intensive
des connaisssances. Il comprend le résumé et l'harmonisation des règlements et des
normes applicables au Portugal, ainsi que la synthèse des spécifications de la qualité
présentées par plusieurs auteurs portugais et étrangers.

Le document contient les chapitres suivants:

1) présentation du contenu, de l'intérêt, des limitations, de la méthodologie et de


la structure du programme de logement;

2) classification des niveaux de comportement humain et d'espaces d'habitation et


la présentation d'une liste résumée des fonctions d'utilisation de l'habitation;

3) définition, pour chacune des dix-sept fonctions selon lesquelles l'utilisation de


l'habitation a été classifiée, des données de programme, des exigences de
projet et des modèles illustrant l'application du programme.

II
P R O G R A M A H A B I T A C I O N A L

ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS

PREÂMBULO

Com vista a contribuir para uma melhor programação e concepção de novas


habitações, e uma análise e avaliação mais objectiva de habitações construídas
ou em projecto, foi realizado um estudo em que se definiu um programa
habitacional, ajustado à situação portuguesa contemporânea, que resume um
conjunto de exigências de qualidade arquitectónica.

O programa habitacional proposto é apresentado em quatro publicações do


LNEC, integradas na colecção Informação Técnica Arquitectura (ITA), relativas
aos níveis físicos dos Espaços e compartimentos, da Habitação, do Edifício e da
Vizinhança próxima.

O estudo foi desenvolvido no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC),


no âmbito da tese de doutoramento na Faculdade de Arquitectura da
Universidade do Porto intitulada "Definição e Avaliação da Qualidade
Arquitectónica Habitacional".

A realização deste estudo foi possível graças ao apoio do Laboratório Nacional


de Engenharia Civil, que proporcionou o enquadramento científico e técnico, e
ao Programa PRAXIS XXI, que concedeu parte do apoio financeiro, através de
uma Bolsa de Doutoramento (BD/3536/94) e de um Projecto de Investigação
Científica (PRAXIS/2/2.1/CSH/844/95).

Ao Arq.o Reis Cabrita, deve-se a orientação e o incentivo para a realização do


estudo e, no desenvolvimento deste, deve salientar-se o grande apoio e
acompanhamento do Arq.o Baptista Coelho.

III
ÍNDICE

INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................... 1

FUNÇÕES E ACTIVIDADES DA HABITAÇÃO .............................................................................................................. 9

1. DORMIR/DESCANSO PESSOAL ....................................................................................................................... 13

2. PREPARAÇÃO DE REFEIÇÕES ........................................................................................................................ 35

3. REFEIÇÕES CORRENTES................................................................................................................................. 67

4. REFEIÇÕES FORMAIS ...................................................................................................................................... 85

5. ESTAR/REUNIR.................................................................................................................................................. 99

6. RECEBER ......................................................................................................................................................... 123

7. RECREIO DE CRIANÇAS ................................................................................................................................ 125

8. ESTUDO/RECREIO DE JOVENS ..................................................................................................................... 139

9. TRABALHO/RECREIO DE ADULTOS .............................................................................................................. 151

10. PASSAR A FERRO/COSTURAR ROUPA......................................................................................................... 159

11. LAVAGEM DE ROUPA ..................................................................................................................................... 163

12. SECAGEM DE ROUPA..................................................................................................................................... 163

13. HIGIENE PESSOAL.......................................................................................................................................... 175

14. PERMANÊNCIA NO EXTERIOR PRIVADO...................................................................................................... 187

15. CIRCULAÇÃO .................................................................................................................................................. 203

16. ARRUMAÇÃO................................................................................................................................................... 223

17. ESTACIONAMENTO DE VEÍCULOS ................................................................................................................ 237

BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................................................................... 239

GLOSSÁRIO .............................................................................................................................................................. 245

ABREVIATURAS/ACRÓNIMOS................................................................................................................................. 251

ANEXO QUADRO RESUMO DE ÁREAS DE ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS................................................ 253

V
VI
ÍNDICE DETALHADO

INTRODUÇÃO .........................................................................................................................................................................1
CONTEÚDO.......................................................................................................................................................................1
INTERESSE .......................................................................................................................................................................1
LIMITAÇÕES .....................................................................................................................................................................1
PARÂMETROS DE DEFINIÇÃO ............................................................................................................................................2
Campo de aplicação ............................................................................................................................................2
Funções de uso....................................................................................................................................................3
Número de utentes...............................................................................................................................................3
Níveis de qualidade..............................................................................................................................................3
Exigências de desempenho da habitação ..........................................................................................................4
METODOLOGIA DE DEFINIÇÃO ..........................................................................................................................................5
FORMA DE APRESENTAÇÃO ..............................................................................................................................................7

FUNÇÕES E ACTIVIDADES DA HABITAÇÃO .....................................................................................................................9


CLASSIFICAÇÃO DE NÍVEIS DE COMPORTAMENTO E ESPAÇOS DA HABITAÇÃO ...................................................................9
Conceitos de actividade, sistema de actividades e função................................................................................9
Conceitos de zona de actividade e espaço funcional ........................................................................................9
Classificação de funções ...................................................................................................................................10
LISTA DE FUNÇÕES, SISTEMAS DE ACTIVIDADES E ACTIVIDADES DE USO DA HABITAÇÃO .................................................11

1. DORMIR/DESCANSO PESSOAL ..............................................................................................................................13


1.1 DADOS DE PROGRAMA..........................................................................................................................................13
1.1.1 Conteúdo da função .............................................................................................................................13
1.1.2 Tipos de espaços ..................................................................................................................................13
1.2 EXIGÊNCIAS DE PROJECTO ...................................................................................................................................15
1.2.1 Agradabilidade ......................................................................................................................................15
1.2.2 Adequação espacio-funcional ..............................................................................................................16
1.2.2.1 Capacidade – Mobiliário .......................................................................................................16
1.2.2.2 Espaciosidade – Área ...........................................................................................................18
1.2.2.3 Espaciosidade – Dimensão ..................................................................................................18
1.2.2.4 Funcionalidade......................................................................................................................20
1.2.3 Articulação.............................................................................................................................................20
1.2.3.1 Privacidade............................................................................................................................20
1.2.3.2 Acessibilidade .......................................................................................................................21
1.2.4 Adaptabilidade ......................................................................................................................................21
1.3 MODELOS.............................................................................................................................................................23

2. PREPARAÇÃO DE REFEIÇÕES................................................................................................................................35
2.1 DADOS DE PROGRAMA..........................................................................................................................................35
2.1.1 Conteúdo da função .............................................................................................................................35
2.1.2 Tipos de espaços ..................................................................................................................................35

VII
2.2 EXIGÊNCIAS DE PROJECTO ...................................................................................................................................36
2.2.1 Agradabilidade ......................................................................................................................................36
2.2.2 Segurança .............................................................................................................................................37
2.2.3 Adequação espacio-funcional ..............................................................................................................38
2.2.3.1 Capacidade – Equipamento..................................................................................................38
2.2.3.2 Espaciosidade – Área ...........................................................................................................43
2.2.3.3 Espaciosidade – Dimensão ..................................................................................................43
2.2.3.4 Funcionalidade......................................................................................................................45
2.2.4 Articulação.............................................................................................................................................48
2.2.4.1 Privacidade............................................................................................................................48
2.2.4.2 Acessibilidade .......................................................................................................................49
2.2.5 Adaptabilidade ......................................................................................................................................50
2.3 MODELOS.............................................................................................................................................................50

3. REFEIÇÕES CORRENTES.........................................................................................................................................67
3.1 DADOS DE PROGRAMA..........................................................................................................................................67
3.1.1 Conteúdo da função .............................................................................................................................67
3.1.2 Tipos de espaços ..................................................................................................................................67
3.2 EXIGÊNCIAS DE PROJECTO ...................................................................................................................................68
3.2.1 Agradabilidade ......................................................................................................................................68
3.2.2 Segurança .............................................................................................................................................68
3.2.3 Adequação espacio-funcional ..............................................................................................................68
3.2.3.1 Capacidade – Mobiliário .......................................................................................................68
3.2.3.2 Espaciosidade – Área ...........................................................................................................70
3.2.3.3 Espaciosidade – Dimensão ..................................................................................................71
3.2.4 Articulação.............................................................................................................................................71
3.2.4.1 Privacidade............................................................................................................................71
3.2.4.2 Acessibilidade .......................................................................................................................71
3.2.5 Adaptabilidade ......................................................................................................................................72
3.3 MODELOS.............................................................................................................................................................72

4. REFEIÇÕES FORMAIS...............................................................................................................................................85
4.1 DADOS DE PROGRAMA..........................................................................................................................................85
4.1.1 Conteúdo da função .............................................................................................................................85
4.1.2 Tipos de espaços ..................................................................................................................................85
4.2 EXIGÊNCIAS DE PROJECTO ...................................................................................................................................86
4.2.1 Agradabilidade ......................................................................................................................................86
4.2.2 Segurança .............................................................................................................................................86
4.2.3 Adequação espacio-funcional ..............................................................................................................86
4.2.3.1 Capacidade – Mobiliário .......................................................................................................86
4.2.3.2 Espaciosidade – Área ...........................................................................................................89
4.2.3.3 Espaciosidade – Dimensão ..................................................................................................89
4.2.3.4 Funcionalidade......................................................................................................................90
4.2.4 Articulação.............................................................................................................................................91
4.2.4.1 Privacidade............................................................................................................................91
4.2.4.2 Acessibilidade .......................................................................................................................91

VIII
4.2.5 Adaptabilidade ......................................................................................................................................91
4.3 MODELOS.............................................................................................................................................................92

5. ESTAR/REUNIR...........................................................................................................................................................99
5.1 DADOS DE PROGRAMA..........................................................................................................................................99
5.1.1 Conteúdo da função .............................................................................................................................99
5.1.2 Tipos de espaços ..................................................................................................................................99
5.2 EXIGÊNCIAS DE PROJECTO .................................................................................................................................100
5.2.1 Agradabilidade ....................................................................................................................................100
5.2.2 Adequação espacio-funcional ............................................................................................................101
5.2.2.1 Capacidade – Mobiliário .....................................................................................................101
5.2.2.2 Espaciosidade – Área .........................................................................................................103
5.2.2.3 Espaciosidade – Dimensão ................................................................................................103
5.2.2.4 Funcionalidade....................................................................................................................105
5.2.3 Articulação...........................................................................................................................................106
5.2.3.1 Privacidade..........................................................................................................................106
5.2.3.2 Acessibilidade .....................................................................................................................106
5.2.4 Adaptabilidade ....................................................................................................................................107
5.3 MODELOS...........................................................................................................................................................108

6. RECEBER ..................................................................................................................................................................123
6.1 DADOS DE PROGRAMA........................................................................................................................................123
6.1.1 Conteúdo da função ...........................................................................................................................123
6.2 EXIGÊNCIAS DE PROJECTO.................................................................................................................................123

7. RECREIO DE CRIANÇAS.........................................................................................................................................125
7.1 DADOS DE PROGRAMA .......................................................................................................................................125
7.1.1 Conteúdo da função ...........................................................................................................................125
7.1.2 Tipos de espaços ................................................................................................................................125
7.2 EXIGÊNCIAS DE PROJECTO .................................................................................................................................127
7.2.1 Agradabilidade ....................................................................................................................................127
7.2.2 Segurança ...........................................................................................................................................127
7.2.3 Adequação espacio-funcional ............................................................................................................127
7.2.3.1 Capacidade – Mobiliário .....................................................................................................127
7.2.3.2 Espaciosidade – Área .........................................................................................................129
7.2.3.3 Espaciosidade – Dimensão ................................................................................................129
7.2.4 Articulação...........................................................................................................................................130
7.2.4.1 Privacidade..........................................................................................................................130
7.2.4.2 Acessibilidade .....................................................................................................................130
7.2.5 Adaptabilidade ....................................................................................................................................130
7.3 MODELOS...........................................................................................................................................................131

8. ESTUDO/RECREIO DE JOVENS.............................................................................................................................139
8.1 DADOS DE PROGRAMA........................................................................................................................................139
8.1.1 Conteúdo da função ...........................................................................................................................139
8.1.2 Tipos de espaços ................................................................................................................................139

IX
8.2 EXIGÊNCIAS DE PROJECTO .................................................................................................................................140
8.2.1 Agradabilidade ....................................................................................................................................140
8.2.2 Adequação espacio-funcional ............................................................................................................140
8.2.2.1 Capacidade – Mobiliário .....................................................................................................140
8.2.2.2 Espaciosidade – Área .........................................................................................................141
8.2.2.3 Espaciosidade – Dimensão ................................................................................................142
8.2.3 Articulação...........................................................................................................................................142
8.2.3.1 Privacidade..........................................................................................................................142
8.2.3.2 Acessibilidade .....................................................................................................................142
8.2.4 Adaptabilidade ....................................................................................................................................142
8.3 MODELOS...........................................................................................................................................................143

9. TRABALHO/RECREIO DE ADULTOS .....................................................................................................................151


9.1 DADOS DE PROGRAMA........................................................................................................................................151
9.1.1 Conteúdo da função ...........................................................................................................................151
9.1.2 Tipos de espaços ................................................................................................................................151
9.2 EXIGÊNCIAS DE PROJECTO .................................................................................................................................152
9.2.1 Agradabilidade ....................................................................................................................................152
9.2.2 Adequação espacio-funcional ............................................................................................................153
9.2.2.1 Capacidade – Mobiliário .....................................................................................................153
9.2.2.2 Espaciosidade – Área .........................................................................................................154
9.2.2.3 Espaciosidade – Dimensão ................................................................................................154
9.2.3 Articulação...........................................................................................................................................155
9.2.3.1 Privacidade..........................................................................................................................155
9.2.3.2 Acessibilidade .....................................................................................................................155
9.2.4 Adaptabilidade ....................................................................................................................................155
9.3 MODELOS...........................................................................................................................................................156

10. PASSAR A FERRO/COSTURAR ROUPA ...............................................................................................................159


10.1 DADOS DE PROGRAMA........................................................................................................................................159
10.1.1 Conteúdo da função ...........................................................................................................................159
10.1.2 Tipos de espaços ................................................................................................................................159
10.2 EXIGÊNCIAS DE PROJECTO .................................................................................................................................160
10.2.1 Agradabilidade ....................................................................................................................................160
10.2.2 Adequação espacio-funcional ............................................................................................................160
10.2.2.1 Capacidade – Mobiliário .....................................................................................................160
10.2.2.2 Espaciosidade – Área .........................................................................................................161
10.2.2.3 Espaciosidade – Dimensão ................................................................................................161
10.2.3 Articulação...........................................................................................................................................161
10.2.3.1 Privacidade..........................................................................................................................161
10.2.3.2 Acessibilidade .....................................................................................................................161
10.2.4 Adaptabilidade ....................................................................................................................................161

11. LAVAGEM DE ROUPA..............................................................................................................................................163

12. SECAGEM DE ROUPA .............................................................................................................................................163

X
12.1 DADOS DE PROGRAMA........................................................................................................................................163
12.1.1 Conteúdo da função ...........................................................................................................................163
12.1.2 Tipos de espaços ................................................................................................................................163
12.2 EXIGÊNCIAS DE PROJECTO .................................................................................................................................165
12.2.1 Agradabilidade ....................................................................................................................................165
12.2.2 Segurança ...........................................................................................................................................165
12.2.3 Adequação espacio-funcional ............................................................................................................166
12.2.3.1 Capacidade – Mobiliário e equipamento............................................................................166
12.2.3.2 Espaciosidade – Área .........................................................................................................167
12.2.3.3 Espaciosidade – Dimensão ................................................................................................168
12.2.3.4 Funcionalidade....................................................................................................................168
12.2.4 Articulação...........................................................................................................................................169
12.2.4.1 Privacidade..........................................................................................................................169
12.2.4.2 Acessibilidade .....................................................................................................................170
12.2.5 Adaptabilidade ....................................................................................................................................170
12.3 MODELOS...........................................................................................................................................................171

13. HIGIENE PESSOAL ..................................................................................................................................................175


13.1 DADOS DE PROGRAMA........................................................................................................................................175
13.1.1 Conteúdo da função ...........................................................................................................................175
13.2 EXIGÊNCIAS DE PROJECTO .................................................................................................................................175
13.2.1 Agradabilidade ....................................................................................................................................175
13.2.2 Segurança ...........................................................................................................................................176
13.2.3 Adequação espacio-funcional ............................................................................................................176
13.2.3.1 Capacidade – Equipamento................................................................................................176
13.2.3.2 Espaciosidade – Área .........................................................................................................178
13.2.3.3 Espaciosidade – Dimensão ................................................................................................179
13.2.3.4 Funcionalidade....................................................................................................................179
13.2.4 Articulação...........................................................................................................................................180
13.2.4.1 Privacidade..........................................................................................................................180
13.2.4.2 Acessibilidade .....................................................................................................................180
13.2.5 Adaptabilidade ....................................................................................................................................181
13.3 MODELOS...........................................................................................................................................................181

14. PERMANÊNCIA NO EXTERIOR PRIVADO ............................................................................................................187


14.1 DADOS DE PROGRAMA........................................................................................................................................187
14.1.1 Definição do conteúdo da função ......................................................................................................187
14.1.2 Tipos de espaços ................................................................................................................................187
14.2 EXIGÊNCIAS DE PROJECTO DE ESPAÇOS EXTERIORES PRIVADOS ELEVADOS .......................................................190
14.2.1 Agradabilidade ....................................................................................................................................190
14.2.2 Segurança ...........................................................................................................................................191
14.2.3 Adequação espacio-funcional ............................................................................................................192
14.2.3.1 Capacidade – Mobiliário .....................................................................................................192
14.2.3.2 Espaciosidade – Área .........................................................................................................193
14.2.3.3 Espaciosidade – Dimensão ................................................................................................193
14.2.3.4 Funcionalidade....................................................................................................................194

XI
14.2.4 Articulação...........................................................................................................................................195
14.2.4.1 Privacidade..........................................................................................................................195
14.2.4.2 Acessibilidade .....................................................................................................................195
14.3 EXIGÊNCIAS DE PROJECTO DE ESPAÇOS EXTERIORES PRIVADOS TÉRREOS .........................................................195
14.3.1 Agradabilidade ....................................................................................................................................195
14.3.2 Segurança ...........................................................................................................................................196
14.3.3 Adequação espacio-funcional ............................................................................................................196
14.3.3.1 Capacidade – Mobiliário .....................................................................................................196
14.3.3.2 Espaciosidade – Área .........................................................................................................197
14.3.3.3 Espaciosidade – Dimensão ................................................................................................197
14.3.3.4 Funcionalidade....................................................................................................................198
14.3.4 Articulação...........................................................................................................................................198
14.3.4.1 Privacidade..........................................................................................................................198
14.3.4.2 Acessibilidade .....................................................................................................................199
14.4 MODELOS...........................................................................................................................................................200

15. CIRCULAÇÃO ...........................................................................................................................................................203


15.1 DADOS DE PROGRAMA........................................................................................................................................203
15.1.1 Conteúdo da função ...........................................................................................................................203
15.1.2 Tipos de espaços ................................................................................................................................203
15.2 EXIGÊNCIAS DE PROJECTO.................................................................................................................................204
15.2.1 Agradabilidade ....................................................................................................................................204
15.2.2 Segurança ...........................................................................................................................................204
15.2.3 Adequação espacio-funcional ............................................................................................................206
15.2.3.1 Capacidade – Mobiliário .....................................................................................................206
15.2.3.2 Espaciosidade – Área .........................................................................................................209
15.2.3.3 Espaciosidade – Dimensão ................................................................................................210
15.2.3.4 Funcionalidade....................................................................................................................213
15.2.4 Articulação...........................................................................................................................................213
15.2.4.1 Privacidade..........................................................................................................................213
15.2.4.2 Acessibilidade .....................................................................................................................214
15.3 MODELOS...........................................................................................................................................................214

16. ARRUMAÇÃO............................................................................................................................................................223
16.1 DADOS DE PROGRAMA .......................................................................................................................................223
16.1.1 Conteúdo da função ...........................................................................................................................223
16.1.2 Tipos de espaços ................................................................................................................................223
16.2 EXIGÊNCIAS DE PROJECTO DE ESPAÇOS DE ARRUMAÇÃO NO INTERIOR DO FOGO ...............................................226
16.2.1 Agradabilidade ....................................................................................................................................226
16.2.2 Adequação espacio-funcional ............................................................................................................226
16.2.2.1 Capacidade – Mobiliário e equipamento............................................................................226
16.2.2.2 Espaciosidade – Área .........................................................................................................228
16.2.2.3 Espaciosidade – Dimensão ................................................................................................229
16.2.2.4 Funcionalidade....................................................................................................................229
16.2.3 Articulação...........................................................................................................................................229
16.2.3.1 Privacidade..........................................................................................................................229

XII
16.2.3.2 Acessibilidade .....................................................................................................................230
16.2.4 Adaptabilidade ....................................................................................................................................230
16.3 EXIGÊNCIAS DE PROJECTO DE ESPAÇOS DE ARRUMAÇÃO EM ARRECADAÇÃO .....................................................231
16.3.1 Agradabilidade ....................................................................................................................................231
16.3.2 Segurança ...........................................................................................................................................231
16.3.3 Adequação espacio-funcional ............................................................................................................231
16.3.3.1 Capacidade – Mobiliário e equipamento............................................................................231
16.3.3.2 Espaciosidade – Área .........................................................................................................231
16.3.3.3 Espaciosidade – Dimensão ................................................................................................232
16.3.4 Articulação...........................................................................................................................................232
16.3.4.1 Acessibilidade .....................................................................................................................232

17. ESTACIONAMENTO DE VEÍCULOS .......................................................................................................................237


17.1 DADOS DE PROGRAMA........................................................................................................................................237
17.1.1 Conteúdo da função ...........................................................................................................................237
17.1.2 Tipos de espaços ................................................................................................................................237
17.2 EXIGÊNCIAS DE PROJECTO .................................................................................................................................238

BIBLIOGRAFIA....................................................................................................................................................................239

GLOSSÁRIO ........................................................................................................................................................................245

ABREVIATURAS/ACRÓNIMOS .........................................................................................................................................251

ANEXO QUADRO RESUMO DE ÁREAS DE ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS ...................................................253

XIII
XIV
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Dormir/descanso pessoal. Dimensões físicas e de uso de mobiliário (parte 1)..........................................................................................................24


Figura 2 - Dormir/descanso pessoal. Dimensões físicas e de uso de mobiliário (parte 2)..........................................................................................................25
Figura 3 - Dormir/descanso pessoal. Disposições frequentes do mobiliário. .............................................................................................................................26
Figura 4 - Dormir/descanso pessoal. Dimensões críticas de espaços .......................................................................................................................................26
Figura 5 - Dormir/descanso pessoal. Modelos de espaços .......................................................................................................................................................27
Figura 6 - Dormir/descanso pessoal. Modelos de espaços .......................................................................................................................................................28
Figura 7 - Dormir/descanso pessoal. Modelos de espaços .......................................................................................................................................................29
Figura 8 - Dormir/descanso pessoal. Modelos de espaços .......................................................................................................................................................30
Figura 9 - Dormir/descanso pessoal. Modelos de espaços .......................................................................................................................................................31
Figura 10 - Dormir/descanso pessoal. Modelos de espaços .....................................................................................................................................................32
Figura 11 - Dormir/descanso pessoal. Modelos de espaços .....................................................................................................................................................33
Figura 12 - Preparação de refeições. Dimensões físicas e de uso de equipamento (parte 1) .....................................................................................................52
Figura 13 - Preparação de refeições. Dimensões físicas e de uso de equipamento (parte 2) .....................................................................................................53
Figura 14 - Preparação de refeições. Programa de mobiliário e equipamento............................................................................................................................54
Figura 15 - Preparação de refeições. Programa de mobiliário e equipamento............................................................................................................................55
Figura 16 - Preparação de refeições. Dimensões críticas de espaços .......................................................................................................................................56
Figura 17 - Preparação de refeições. Modelos de espaços .......................................................................................................................................................57
Figura 18 - Preparação de refeições. Modelos de espaços .......................................................................................................................................................58
Figura 19 - Preparação de refeições. Modelos de espaços .......................................................................................................................................................59
Figura 20 - Preparação de refeições. Modelos de espaços .......................................................................................................................................................60
Figura 21 - Preparação de refeições. Modelos de espaços .......................................................................................................................................................61
Figura 22 - Preparação de refeições. Modelos de espaços .......................................................................................................................................................62
Figura 23 - Preparação de refeições. Modelos de espaços .......................................................................................................................................................63
Figura 24 - Preparação de refeições. Modelos de espaços .......................................................................................................................................................64
Figura 25 - Preparação de refeições. Modelos de espaços .......................................................................................................................................................65
Figura 26 - Refeições correntes. Dimensões físicas e de uso de mobiliário...............................................................................................................................73
Figura 27 - Refeições correntes. Dimensões críticas de espaços..............................................................................................................................................74
Figura 28 - Refeições correntes. Modelos de espaços..............................................................................................................................................................75
Figura 29 - Preparação de refeições e Refeições correntes. Modelos de espaços .....................................................................................................................76
Figura 30 - Preparação de refeições e Refeições correntes. Modelos de espaços .....................................................................................................................77
Figura 31 - Preparação de refeições e Refeições correntes. Modelos de espaços .....................................................................................................................78
Figura 32 - Preparação de refeições e Refeições correntes. Modelos de espaços .....................................................................................................................79
Figura 33 - Preparação de refeições e Refeições correntes. Modelos de espaços .....................................................................................................................80
Figura 34 - Preparação de refeições e Refeições correntes. Modelos de espaços .....................................................................................................................81
Figura 35 - Preparação de refeições e Refeições correntes. Modelos de espaços .....................................................................................................................82
Figura 36 - Preparação de refeições e Refeições correntes. Modelos de espaços .....................................................................................................................83
Figura 37 - Refeições formais. Dimensões físicas e de uso de mobiliário (parte 1) ...................................................................................................................93
Figura 38 - Refeições formais. Dimensões físicas e de uso de mobiliário (parte 2) ...................................................................................................................94
Figura 39 - Refeições formais. Dimensões críticas de espaços.................................................................................................................................................95
Figura 40 - Refeições formais. Modelos de espaços.................................................................................................................................................................96
Figura 41 - Refeições formais. Modelos de espaços.................................................................................................................................................................97
Figura 42 - Refeições formais. Modelos de espaços.................................................................................................................................................................98
Figura 43 - Estar/reunir. Dimensões físicas e de uso de mobiliário..........................................................................................................................................110
Figura 44 - Estar/reunir. Disposições frequentes do mobiliário................................................................................................................................................111
Figura 45 - Estar/reunir. Dimensões críticas de espaços.........................................................................................................................................................112
Figura 46 - Estar/reunir e Refeições formais. Modelos de espaços .........................................................................................................................................113
Figura 47 - Estar/reunir e Refeições formais. Modelos de espaços .........................................................................................................................................114
Figura 48 - Estar/reunir e Refeições formais. Modelos de espaços .........................................................................................................................................115
Figura 49 - Estar/reunir e Refeições formais. Modelos de espaços .........................................................................................................................................116
Figura 50 - Estar/reunir e Refeições formais. Modelos de espaços .........................................................................................................................................117
Figura 51 - Estar/reunir e Refeições formais. Modelos de espaços .........................................................................................................................................118

XV
Figura 52 - Estar/reunir e Refeições formais. Modelos de espaços .........................................................................................................................................119
Figura 53 - Estar/reunir e Refeições formais. Modelos de espaços .........................................................................................................................................120
Figura 54 - Estar/reunir e Refeições formais. Modelos de espaços .........................................................................................................................................121
Figura 55 - Estar/reunir e Refeições formais. Modelos de espaços .........................................................................................................................................122
Figura 56 - Recreio de crianças. Dimensões físicas e de uso de mobiliário.............................................................................................................................132
Figura 57 - Recreio de crianças. Dimensões críticas de espaços............................................................................................................................................133
Figura 58 - Dormir/descanso pessoal e Recreio de crianças. Modelos de espaços.................................................................................................................134
Figura 59 - Dormir/descanso pessoal e Recreio de crianças. Modelos de espaços.................................................................................................................135
Figura 60 - Dormir/descanso pessoal e Recreio de crianças. Modelos de espaços.................................................................................................................136
Figura 61 - Dormir/descanso pessoal e Recreio de crianças. Modelos de espaços.................................................................................................................137
Figura 62 - Dormir/descanso pessoal e Recreio de crianças. Modelos de espaços.................................................................................................................138
Figura 63 - Estudo/recreio de jovens. Dimensões físicas e de uso de mobiliário .....................................................................................................................144
Figura 64 - Estudo/recreio de jovens. Dimensões críticas e modelos de espaços ...................................................................................................................144
Figura 65 - Dormir/descanso pessoal e Estudo/recreio de jovens. Modelos de espaços .........................................................................................................145
Figura 66 - Dormir/descanso pessoal e Estudo/recreio de jovens. Modelos de espaços .........................................................................................................146
Figura 67 - Dormir/descanso pessoal e Estudo/recreio de jovens. Modelos de espaços .........................................................................................................147
Figura 68 - Dormir/descanso pessoal e Estudo/recreio de jovens. Modelos de espaços .........................................................................................................148
Figura 69 - Dormir/descanso pessoal e Estudo/recreio de jovens. Modelos de espaços .........................................................................................................149
Figura 70 - Trabalho/recreio de adultos. Dimensões físicas e de uso de mobiliário .................................................................................................................157
Figura 71 - Trabalho/recreio de adultos. Dimensões críticas e modelos de espaços ...............................................................................................................157
Figura 72 - Passar a ferro/costurar roupa. Dimensões físicas e de uso de mobiliário ..............................................................................................................162
Figura 73 - Lavagem de roupa e Secagem de roupa. Dimensões físicas e de uso de mobiliário e equipamento.......................................................................172
Figura 74 - Lavagem de roupa. Modelos de espaços..............................................................................................................................................................173
Figura 75 - Lavagem de roupa e Secagem de roupa. Modelos de espaços .............................................................................................................................174
Figura 76 - Higiene pessoal. Dimensões físicas e de uso de mobiliário e equipamento............................................................................................................182
Figura 77 - Higiene pessoal. Modelos de espaços ..................................................................................................................................................................183
Figura 78 - Higiene pessoal. Modelos de espaços ..................................................................................................................................................................184
Figura 79 - Higiene pessoal. Modelos de espaços ..................................................................................................................................................................185
Figura 80 - Permanência no exterior privado. Dimensões físicas e de uso de elementos de mobiliário ....................................................................................201
Figura 81 - Permanência no exterior privado. Dimensões críticas e modelos de espaços ........................................................................................................202
Figura 82 - Circulação. Dimensões físicas e de uso de mobiliário (parte 1).............................................................................................................................215
Figura 83 - Circulação. Dimensões físicas e de uso de equipamento (parte 2) ........................................................................................................................216
Figura 84 - Circulação. Dimensões críticas de espaços ..........................................................................................................................................................217
Figura 85 - Circulação. Modelos de espaços ..........................................................................................................................................................................218
Figura 86 - Circulação. Modelos de espaços ..........................................................................................................................................................................219
Figura 87 - Circulação. Modelos de espaços ..........................................................................................................................................................................220
Figura 88 - Circulação. Modelos de espaços ..........................................................................................................................................................................221
Figura 89 - Arrumação. Dimensões físicas e de uso de mobiliário e equipamento...................................................................................................................234
Figura 90 - Arrumação. Programa de mobiliário e equipamento ..............................................................................................................................................235

XVI
INTRODUÇÃO

CONTEÚDO

Neste documento apresenta-se o programa de qualidade arquitectónica


habitacional aplicável na concepção, análise e avaliação do nível físico dos
Espaços e compartimentos.

O programa foi organizado segundo uma classificação de dezassete funções de


uso da habitação, apresentado-se para cada uma:

1) dados de programa – caracterização geral de cada função e descrição dos


tipos de espaços funcionais mais frequentes;

2) exigências de projecto – definição das exigências de qualidade


arquitectónica, relativas à agradabilidade, segurança, adequação espacio-
1
funcional, articulação e personalização ;

3) modelos – apresentação de exemplos de aplicação do programa proposto


às disposições de mobiliário e equipamento mais frequentes.

INTERESSE

Considera-se que na concepção, análise e avaliação da qualidade da habitação,


a existência de um programa habitacional assume uma grande importância
devido a três razões:

1) os projectistas tendem a projectar conjuntos habitacionais em que


desconhecem os futuros utentes ou em que é muito difícil inquirir cada
utente sobre as suas necessidades e aspirações, servindo neste caso o
programa para definir as exigências que asseguram a satisfação de uma
percentagem alargada dos utentes, e evitar que o projectista seja
simplesmente influenciado pela sua experiência pessoal ou pela
observação de meios sociais limitados;

2) a verificação da satisfação do programa permite realizar uma análise e


avaliação objectiva de habitações em projecto ou construídas;

3) o programa permite acumular os conhecimentos e experiências do


passado, evitando que se repitam erros, e propiciando a aplicação de
soluções que se revelaram satisfatórias.

1
Ver Quadro 1.

INTRODUÇÃO 1
LIMITAÇÕES

O programa habitacional tem como principal objectivo auxiliar o projectista,


fornecendo-lhe informação técnica de base para o desenvolvimento das
propostas, e constituindo um instrumento de análise e avaliação que lhe permite
controlar a qualidade da solução proposta. No entanto, o programa habitacional
não deve ser considerado como um substituto da criatividade, talento e sentido
crítico do projectista, por duas razões:

1) Por um lado, as exigências de qualidade apontam, quando muito, para


modelos abstractos, sendo a função do projectista transformar os modelos
em "arquitectura", concretizando espaços abstractos em experiências reais,
introduzindo a componente estética, simbólica e construtiva.

2) Por outro lado, as exigências de qualidade não são universais, infalíveis, ou


exaustivas, nem prevêem todas as contingências específicas que os casos
concretos e as possibilidades criativas levantam. Assim sendo, as
exigências não são de aplicação automática, devendo ser interpretadas e
adaptadas pelo projectista.

PARÂMETROS DE DEFINIÇÃO

Por se considerar que não existe um programa ideal aplicável a todos os casos,
definiu-se o programa considerando um campo de aplicação privilegiado, e de
um modo que permita facilmente realizar alterações fundamentadas ao
programa proposto.

Para alcançar este objectivo o programa habitacional foi definido segundo os


parâmetros referidos nos pontos seguintes.

Campo de aplicação

O campo de aplicação privilegiado do programa são os empreendimentos


habitacionais cujo nível de qualidade se situa entre a Habitação a Custo
Controlado (HCC) e a habitação de promoção livre de nível médio.

O programa habitacional proposto foi, também, enquadrado pela situação


portuguesa contemporânea no que respeita:

1) à regulamentação da construção de edifícios de habitação e áreas


residenciais;

2) às necessidades e modos de uso da habitação dos tipos de agregados


familiares mais frequentes.

2 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


Funções de uso

O programa habitacional foi definido com base numa classificação em


2
dezassete funções de uso da habitação , e não segundo uma classificação em
tipos de compartimentos.

Esta opção justifica-se porque o modo de uso do mesmo tipo de


compartimentos pode variar significativamente de acordo com as características
e preferências de cada agregado familiar, o seu posicionamento social e a
evolução do ciclo de vida. Assim, a definição do programa com base numa
classificação de tipos de compartimentos, implicaria fixar um modo de uso rígido
para a habitação.

A definição do programa habitacional com base numa classificação de funções


de uso permite definir as exigências associadas a cada função, deixando ao
projectista a possibilidade de combinar as diversas funções nos compartimentos
do modo que melhor se adequa a cada modo de vida.

Número de utentes

O programa habitacional foi definido segundo o número de utentes da


habitação, porque deste modo se podem conjugar as exigências apresentadas
3
segundo qualquer tipologia programática , que melhor satisfaça as
necessidades dos utentes.

Níveis de qualidade

O programa habitacional foi definido segundo três níveis de qualidade, que


representam diferentes patamares de satisfação das necessidades dos utentes.

O significado dos níveis de qualidade é o seguinte:

1) O nível mínimo satisfaz as necessidades elementares de vida quotidiana


dos utentes não concorrendo para os prejudicar pessoalmente nem para
4
restringir significativamente o seu modo de vida .

2) O nível recomendável confere um maior grau de qualidade que o nível


mínimo, o que permite suportar melhor diferentes modos de uso, assim
como, a evolução previsível das necessidades dos utentes durante o
período de vida útil das habitações.

2
Ver Quadro 3.
3
Classificação tipológica da habitação que tem como critério o número de quartos de dormir (por
exemplo, T1, T2, T3, etc.).
4
Este nível é definido pelos regulamentos e normas nacionais aplicáveis, em particular as
Recomendações Técnicas de Habitação Social (RTHS - MES 1985) e o Regulamento Geral das
Edificações Urbanas (RGEU - Portugal 1951). Nos aspectos em que a documentação é omissa, este
nível é definido pela boa prática da construção e do projecto.

INTRODUÇÃO 3
3) O nível óptimo suporta uma resposta integral às necessidades dos utentes,
e permite também o uso permanente por utentes condicionados de
5
mobilidade após pequenas adaptações.

A definição do programa habitacional segundo três níveis de qualidade tem


como vantagens permitir:

1) contemplar as necessidades dos utentes, para além das necessidades


elementares da vida quotidiana presente (níveis recomendável e óptimo);

2) flexibilizar a aplicação do programa, pois cabe ao projectista escolher qual


o nível de satisfação desejado para cada exigência.

Exigências de desempenho da habitação

O programa habitacional foi definido com base na classificação das exigências


de desempenho da habitação apresentadas no Quadro 1.

Quadro 1

Exigências de habitabilidade Agradabilidade* Conforto higrotérmico


Conforto acústico
Conforto visual
Conforto táctil
Qualidade do ar
Protecção/estanquidade à água
Salubridade

Exigências de segurança Segurança* Segurança estrutural


Segurança no uso normal
Segurança contra incêndio
Segurança contra a intrusão
Segurança viária

Exigências de uso Adequação espacio-funcional Capacidade


Espaciosidade
Funcionalidade

Articulação Privacidade
Convivialidade
Acessibilidade
Comunicabilidade

Personalização Adaptabilidade
Apropriação

Exigências estéticas Aspecto e coerência Atractividade


Domesticidade
Integração

Exigências de economia Economia Economia

Esta classificação resulta da compatibilização das classificações propostas por


vários autores, tendo como principal objectivo, integrar as exigências de
natureza arquitectónica na classificação das exigências de desempenho de

5
Ver conceito no glossário.

4 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


edifícios corrente em Portugal, principalmente no domínio da engenharia (Canha
da Piedade 1986; Cabrita 1987; Coelho 1993a).

No programa proposto foram definidas apenas as exigências de desempenho


da habitação indicadas no quadro a "bold", pelas seguintes razões:

1) porque existem contribuições significativas da arquitectura para a sua


satisfação;

2) porque são passíveis de uma definição com base em critérios quantitativos


e mensuráveis.

As exigências indicadas com um asterisco (*) constituem matérias de estudo


das respectivas especialidades, pelo que são apenas tratados os principais
aspectos que estão directamente relacionados com o domínio da arquitectura.

A utilização do termo Agradabilidade representa uma limitação do âmbito das


Exigências de habitabilidade, que se justifica por se considerar que no domínio
da arquitectura não estão em causa problemas de sobrevivência, mas apenas
de agrado e bem-estar.

METODOLOGIA DE DEFINIÇÃO

O programa habitacional foi desenvolvido segundo os dois passos a seguir


indicados.

Em primeiro lugar, foi realizada uma extensa recolha e síntese bibliográfica, que
incluiu o resumo e harmonização das disposições regulamentares e normativas
aplicáveis em Portugal, e a síntese das especificações de qualidade
apresentadas por diversos autores nacionais e estrangeiros. Na realização desta
síntese foi ponderada a actualidade das especificações propostas e a
proximidade da sociedade de referência para que foram realizadas à sociedade
portuguesa contemporânea. Desta síntese resultou uma proposta de programa
de exigências aplicável ao nível físico dos espaços e compartimentos.

Em segundo lugar, foi seguida uma via experimental com base nos dados
recolhidos, constituída pelas fases seguintes:

1) Definição das necessidades de equipamento e mobiliário

Para cada função foram definidas as necessidades de equipamento e


mobiliário, segundo o nível de qualidade e a lotação da habitação.

Os critérios para a selecção do equipamento e mobiliário a atribuir a cada


função são variáveis, pelo que se optou por respeitar a seguinte ordem de
prioridades:

• mobiliário cuja existência é indispensável ao desenvolvimento


adequado da função;

INTRODUÇÃO 5
• mobiliário que com maior frequência é instalado pelos moradores na
habitação, resultando este conhecimento do apuramento de
observações, levantamentos e inquéritos;

• mobiliário que é considerado adequado por autores que tratam este


tema.

2) Definição da dimensão física e de uso do equipamento e mobiliário

Para cada função foram definidas as dimensões físicas e de uso do


mobiliário e equipamento, segundo o nível de qualidade.

As dimensões variam habitualmente entre uma gama limitada de valores,


pelo que, para a sua definição, se optou por respeitar os seguintes
critérios:

• as dimensões propostas pelos diversos autores que abordam este


tema;

• quanto mais elevado o nível de qualidade maior a dimensão física do


mobiliário; este incremento não significa necessariamente que seja
integrado mobiliário com maiores dimensões, mas sim que existe a
possibilidade do espaço comportar maior variedade de mobiliário;

• quanto mais elevado o nível de qualidade maior a dimensão de uso do


mobiliário, traduzindo-se num maior conforto e versatilidade de uso.

3) Definição das disposições mais frequentes do equipamento e mobiliário

Os diversos elementos de equipamento e mobiliário formam, em regra,


algumas configurações mais frequentes, que resultam da conjugação dos
seguintes factores:

• razões funcionais e modos de uso idênticos (por exemplo, a sequência


de acções de preparação de refeições: guardar, preparar, cozinhar,
servir);

• racionalidade na ocupação do espaço (por exemplo, cozinha com


bancada em "L" formando um espaço adequado para a colocação da
mesa de refeições);

• permanência de valores culturais e simbólicos (por exemplo, mesa de


refeições centrada e simétrica relativamente ao aparador).

4) Realização de modelos de espaços funcionais

Para cada função foram realizados modelos de ensaio, segundo o nível de


qualidade e a lotação da habitação.

A realização de modelos conjugou os dados reunidos nos três pontos


anteriores, designadamente: os elementos de mobiliário e equipamento
previstos para cada função, representados segundo as dimensões físicas e
de uso definidas, foram organizados segundo as disposições mais
frequentes.

6 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


Os modelos realizados não pretendem representar todas as possibilidades
de conjugação do mobiliário e equipamento, mas ser exemplificativos das
disposições mais frequentes.

5) Análise dos modelos

A análise dos modelos permitiu, para cada espaço funcional, estudar quais
são as disposições do mobiliário e equipamento mais vantajosas, e aferir
as áreas úteis e dimensões mínimas atribuídas no programa.

A selecção das áreas úteis e dimensões mínimas de cada função foi


realizada ponderando o grau de adaptabilidade pretendido. Isto é, no nível
de qualidade mínimo, a área e dimensão adoptadas apenas permitem um
número reduzido de disposições do mobiliário e equipamento, enquanto
que, no nível de qualidade óptimo, são suportadas a generalidade das
disposições racionais.

Salienta-se que, este estudo beneficiou significativamente dos trabalhos


desenvolvidos no LNEC pelo Arq.º Nuno Portas, em particular o trabalho
intitulado "Estudo das funções e da exigência de áreas da habitação".

FORMA DE APRESENTAÇÃO

A apresentação do programa habitacional é precedida por um capítulo em que


se classificam os níveis de comportamento e espaços da habitação, e se
apresenta uma lista resumo das funções de uso da habitação.

O programa é apresentado em dezassete capítulos que correspondem às


dezassete funções em que foi classificado o uso da habitação. Em cada capítulo
foi utilizada a estrutura de apresentação que seguidamente se resume:

1) Dados de programa

a) Definição e conteúdo da função:

• objectivo e papel da função na vida familiar;

• descrição dos sistemas de actividades e actividades que compõem


a função;

• localização da função nos espaços e compartimentos da habitação;

• descrição dos utentes envolvidos;

• horário e frequência de ocorrência da função.

b) Descrição de tipos de espaços funcionais.

2) Exigências de projecto

a) Agradabilidade (conforto ambiental e valor simbólico).

b) Segurança.

c) Adequação espacio-funcional:

INTRODUÇÃO 7
• Capacidade – Mobiliário e equipamento:

- critérios de dimensionamento de mobiliário e equipamento;

- dimensões do mobiliário e equipamento;

- critérios de atribuição de mobiliário e equipamento;

- programa de mobiliário e equipamento.

• Espaciosidade – Área:

- critérios de atribuição de área;

- áreas de espaços funcionais.

• Espaciosidade – Dimensão:

- critérios de dimensionamento;

- dimensões de espaços funcionais.

• Funcionalidade.

d) Articulação:

• privacidade;

• acessibilidade.

e) Adaptabilidade.

3) Modelos de espaços funcionais

Modelos exemplificativos da aplicação do programa de exigências


proposto às disposições de mobiliário e equipamento consideradas mais
frequentes. Nos modelos as dimensões lineares são cotadas em metros, e
as áreas parciais (área indicada junto a cada modelo) e de referência (A.R.
indicada junto ao título) são apresentadas em metros quadrados.

Em anexo é apresentado um quadro resumo das áreas propostas no programa


para cada uma das funções.

8 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


FUNÇÕES E ACTIVIDADES DA HABITAÇÃO

CLASSIFICAÇÃO DE NÍVEIS DE COMPORTAMENTO E


ESPAÇOS DA HABITAÇÃO

Na definição do programa foi utilizado o sistema de classificação dos níveis de


comportamento, ambientes e espaços físicos concretos, apresentado no Quadro
2.

Quadro 2

Comportamentos Ambientes Espaços físicos concretos


Acção
Actividade
Sistema de actividades Zona de actividade
Função Espaço funcional Compartimentos
Padrão de comportamento Plano genérico Habitações
Processo de evolução Sistema dinâmico Evolução das habitações

No programa optou-se por limitar a hierarquia de níveis de comportamento e


ambientes aos indicados a "bold" no quadro, e cujo significado é desenvolvido
nos pontos seguintes.

Conceitos de actividade, sistema de actividades e função

O significado dos níveis de classificação do comportamento indicados é o


seguinte:

1) actividade – compreende uma sequência de acções (por exemplo, lavar os


dentes);

2) sistema de actividades – compreende um conjunto específico de


actividades funcional e espacialmente relacionadas, que constituem um
sistema de comportamento unificado (por exemplo, as lavagens corporais);

3) função – compreende um conjunto de sistemas de actividades que


constituem uma unidade mais generalizada do comportamento na
habitação (por exemplo, a higiene pessoal).

Conceitos de zona de actividade e espaço funcional

A cada um dos níveis de classificação do comportamento correspondem


ambientes cujo significado é o seguinte:

1) Zona de actividade – é o local onde se desenvolve um determinado sistema


de actividades. A zona de actividade é espacialmente composta por um

FUNÇÕES E ACTIVIDADES DA HABITAÇÃO 9


corpo de elementos concretos (equipamento ou mobiliário) associado a
um campo (espaço de uso).

Um campo de uma zona de actividade admite a sobreposição com outros


campos (por exemplo, o espaço de acesso a um roupeiro de arrumação
pode estar sobreposto ao espaço de acesso a uma cama), excepto
quando exista simultaneidade ou grande frequência de uso.

Um corpo de uma zona de actividade só admite sobreposição com outros


corpos de zonas de actividade se existir sobreposição vertical de
elementos (por exemplo, bancada de cozinha e armário superior) ou se
existir partilha de mobiliário/equipamento por diferentes actividades.

2) Espaço funcional – é o local onde se desenvolve uma determinada função,


compreendendo várias zonas de actividade.

Classificação de funções

As funções podem ser classificadas quanto à sua importância no funcionamento


da habitação nas seguintes categorias:

1) Função dominante – composta por um conjunto de actividades essenciais


do comportamento na habitação (por exemplo, dormir/descanso pessoal,
ou higiene pessoal) e geralmente localizada num tipo de compartimento
próprio (por exemplo, quarto de dormir, ou instalação sanitária).

2) Função associada – composta por um conjunto de actividades nas


seguintes situações:

• actividades não essenciais do comportamento na habitação (por


exemplo, permanência no exterior privado);

• actividades que podem desenvolver-se nas zonas de actividade de


outras actividades (por exemplo, as refeições correntes podem
desenvolver-se no espaço destinado às refeições formais);

• actividades para as quais não são necessárias condições específicas e


que podem ter várias localizações opcionais (por exemplo, conversar
ao telefone, exercício físico, etc.);

• actividades que estão limitadas a certas classes de utentes e que não


podem ser generalizadas (por exemplo, ocupação profissional, uso de
instrumentos musicais, etc.);

• actividades que ocorrem ocasionalmente ou por um período de tempo


relativamente curto no ciclo de vida, e para as quais as condições
adequadas podem ser temporariamente improvisadas (por exemplo,
recreio de crianças).

10 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


LISTA DE FUNÇÕES, SISTEMAS DE ACTIVIDADES E
ACTIVIDADES DE USO DA HABITAÇÃO

No Quadro 3 apresenta-se a classificação das actividades, sistemas de


actividades e funções adoptada no presente documento (Portas 1969; Herbert et
al. 1983).

A classificação das actividades em funções de uso da habitação foi realizada


com base num critério misto, em que se conjugam por ordem hierárquica
decrescente os seguintes aspectos:

1) a natureza das actividades;

2) o local onde são realizadas as actividades;

3) os grupos de idades dos utentes envolvidos.

FUNÇÕES E ACTIVIDADES DA HABITAÇÃO 11


Quadro 3

Função Sistema de actividades Actividade


Dormir/descanso pessoal y1 Dormir/descanso de casal 1a Dormir de noite, dormir de dia
Dormir/descanso duplo 1b Descansar
Dormir/descanso individual 1c Ler, ver televisão
Estar doente e tratar de pessoa doente
Estar com criança pequena
Vestir e despir roupa
Fazer a cama
Conversar ao telefone
Conversar em privado
Arrumação de roupa pessoal 1d Arrumar roupa pessoal
Preparação de refeições y2 Preparação de refeições 2 Guardar e conservar alimentos
Preparar alimentos
Cozinhar alimentos
Lavar louça
Arrumar louça
Eliminar lixo
Refeições correntes 3 Refeições correntes 3 Pôr a mesa e servir alimentos
Comer
Levantar a mesa
Refeições formais y4 Refeições formais 4 Pôr a mesa e servir alimentos
Comer
Levantar a mesa
Estar/reunir y5 Lazer familiar 5a Conversar, jogar, ler
Ouvir música
Tocar instrumentos musicais
Ver televisão 5b Ver televisão
Receber 6 Receber convidados 6 Apresentar visitas
Servir aperitivos/bebidas
Conversar, jogar
Ouvir música
Ver televisão
Recreio de crianças 7 Recreio de crianças 7 Brincar
Vigiar e tratar crianças
Estudo/recreio de jovens 8 Estudo/recreio de jovens 8 Estudar
Utilizar computador pessoal
Reunir amigos
Jogar, ler, ouvir música, ver televisão
Trabalho/recreio de 9 Trabalho/recreio de adultos 9 Estudar
adultos Trabalhar
Utilizar computador pessoal
Jogar, ler, ouvir música, ver televisão
Passar a ferro/costurar 10 Passar a ferro 10a Passar a ferro
roupa Limpar, arrumar roupa
Costurar roupa 10b Costurar à mão ou à máquina
Limpar, arrumar roupa
Lavagem de roupa 11 Lavagem de roupa na máquina 11a Lavar roupa na máquina
Lavagem de roupa manual 11b Lavar roupa à mão
Secagem de roupa 12 Secagem de roupa na máquina 12a Secar roupa com máquina
Secagem de roupa natural 12b Estender roupa, apanhar roupa
Higiene pessoal y13 Lavagens 13a Lavar as mãos e o rosto
Tomar banho ou dar banho a crianças
Vestir e despir roupa, fazer toillete, fazer a barba
Proceder a curativos
Lavar roupa pequena à mão
Funções vitais 13b Excreções
Permanência no exterior 14 Permanência no exterior privado 14a Descansar e solário
privado elevado Reunir
Permanência no exterior privado 14b Cuidar de flores ou animais
térreo Estar ao ar livre
Circulação y15 Entrada/saída 15a Entrar e sair da habitação
Vestir e despir vestuário de exterior
Atender pessoas estranhas à porta
Esperar e receber visitas
Comunicação/separação 15b Circular entre compartimentos
Separar compartimentos
Arrumação 16 Arrumação geral 16a Arrumar objectos volumosos e de uso eventual
Arrumação de despensa 16b Arrumar alimentos e produtos de limpeza
Arrumação de roupa de casa 16c Arrumar roupa de casa
Estacionamento de 17 Estacionamento de veículos 17 Estacionar veículo
veículos Entrar e sair do veículo
Arrumar utensílios de manutenção do veículo
As funções dominantes estão identificadas com um circulo (y) junto ao número da função.

12 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


1. DORMIR/DESCANSO PESSOAL

1.1 DADOS DE PROGRAMA

1.1.1 Conteúdo da função

A função define-se sobretudo pela actividade de dormir/repouso, à qual estão


geralmente associadas outras actividades (como vestir/despir, descanso, lazer,
arrumação de roupa individual) e outras funções (como recreio de crianças,
estudo/recreio de jovens e trabalho/recreio de adultos).

Sistemas de Os sistemas de actividades que compõem a função dormir/descanso pessoal


actividades e
actividades
são: dormir de casal, dormir individual, dormir duplo e arrumação de roupa.
componentes
As actividades que compõem os sistemas de actividades dormir de casal,
individual e duplo são: dormir de noite, dormir de dia, descansar, ler, ver
televisão, estar doente, tratar de pessoa doente, vestir/despir, fazer a cama,
conversar ao telefone e conversar em privado.

Localização A localização mais comum da função dormir/descanso pessoal é um "quarto de


dormir" com maior ou menor grau de autonomia. A localização alternativa para
esta função é uma sala ou saleta.

Utentes envolvidos Os utentes envolvidos na função dormir/descanso pessoal são, em geral, todos
os elementos do agregado familiar (pais, filhos e outros familiares integrados no
agregado) e eventualmente estranhos ao núcleo familiar (em condições de
permanência como hóspedes, ou em condições transitórias como visitas
ocasionais).

Horário e frequência A função dormir/descanso pessoal ocorre essencialmente durante a noite, mas
pode ocorrer alternativamente durante qualquer período do dia. A frequência
desta função é diária.

1.1.2 Tipos de espaços

Quarto de casal O quarto de casal é o local por excelência da vida íntima do casal pelo que as
suas características devem propiciar boas condições de privacidade.

Quartos para crianças Os quartos para crianças devem apresentar as seguintes características:

1) Serem luminosos e seguros, sendo secundários os requisitos de


privacidade.

DORMIR / DESCANSO PESSOAL 13


2) Englobarem um espaço para as crianças poderem brincar sem
necessidade de utilizarem a zona de espaços comuns da habitação.

3) Permitirem a evolução das necessidades de relacionamento das crianças,


como se descreve em seguida:

• abaixo dos 6 anos de idade, é benéfica a companhia de outras


crianças, nomeadamente durante a noite;

• entre os 6 e os 9 anos, surge a necessidade de separação das crianças


por sexos e de oferecer a cada criança uma zona personalizada (esta
zona pode não corresponder a um compartimento individual);

• a necessidade de independência das crianças acentua-se entre os 13 e


os 15 anos.

4) Permitirem a evolução do programa e das disposições de mobiliário (com


o crescimento das crianças é, em regra, crescente a necessidade de
mobiliário e decrescente a necessidade de área livre para brincar).

5) Estarem próximos do quarto dos pais.

Um quarto pode decompor-se em duas zonas: uma zona estritamente para Alcovas
dormir e descansar (designada de alcova), e outra para estar, brincar ou
estudar. Uma evolução desta separação é a conjugação das zonas de estar de
vários quartos numa zona única, articulada com cada uma das alcovas
individuais.

A existência de alcovas individuais, articuladas com uma zona comum de jogos


e convívio, pode constituir uma boa solução para as crianças que tendem, por
vezes, a sentir-se demasiado isoladas ao dormir sós num quarto "clássico".

As alcovas individuais devem satisfazer as seguintes condições (MHOP e LNEC


1978a; Alexander et al. 1980):

1) possuírem um vão de porta ou outro dispositivo de encerramento que


assegure pelo menos a privacidade visual;

2) no caso de constituírem compartimentos encerrados, possuírem:

• vãos de janela com uma área mínima de 0.50m², que assegure a


iluminação natural e a ventilação;

• uma dimensão mínima de 2.10m;

3) no caso de serem separadas por tabiques que não as encerrem


totalmente, podem ter uma largura mínima não inferior a 1.80m.

No caso de quartos para pessoas idosas devem ser satisfeitas as seguintes Quartos para idosos
exigências:

1) facilidade de acesso a instalações sanitárias;

14 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


2) possibilidade de instalar duas camas individuais, geminadas ou isoladas,
nos quartos de casal;

3) dimensões de uso do mobiliário e das faixas de circulação superiores às


habituais;

4) boas condições de privacidade relativamente ao exterior e ao interior da


habitação.

Dormir fora dos quartos Em situações pontuais, a função dormir/descanso pessoal pode desenvolver-se
em espaços de estar/reunir, nomeadamente:

1) quando um morador pretende repousar/descansar fora do seu quarto;

2) quando visitas ou familiares pernoitam na habitação em condições de


recurso;

3) quando uma pessoa está doente e necessita de um acompanhamento


constante, ou de estar afastada provisoriamente da pessoa com que
compartilha o quarto.

Estas situações justificam a existência de um sofá-cama nos espaços de


estar/reunir ou, em alternativa, a existência de espaço para colocar outro
mobiliário de dormir (por exemplo, cama de dobrar).

Caso se pretenda usar frequente, este mobiliário deve ser cuidadosamente


situado em espaços previstos para o efeito, que não sejam nem excessivamente
intrusivos na vida doméstica normal (geralmente em recantos afastados da zona
de convívio do fogo).

1.2 EXIGÊNCIAS DE PROJECTO

1.2.1 Agradabilidade

O uso dos quartos tende a ser contínuo e multifuncional, porque as horas de


trabalho e de descanso são cada vez menos regulares ou generalizáveis, e
porque os quartos tendem a suportar outras funções para além do
dormir/descanso pessoal, tais como, recreio de crianças, estudo/recreio de
jovens e trabalho/recreio de adultos.

Este modo de uso justifica a existência de adequadas condições de


agradabilidade, designadamente no que respeita ao conforto ambiental e à
possibilidade de disposição do mobiliário de acordo com os diferentes modos
de uso dos moradores.

Quanto ao conforto ambiental nos espaços de dormir/descanso pessoal, devem


ser satisfeitas as seguintes exigências (Portas 1969; Neufert 1981):

DORMIR / DESCANSO PESSOAL 15


1) Conforto acústico – existir um adequado isolamento acústico relativamente
ao exterior, aos espaços do edifício, às habitações vizinhas e aos próprios
espaços da habitação.

2) Conforto visual

• existirem vãos de janela em contacto directo com o exterior que


proporcionem adequadas condições de iluminação natural, de
insolação (de preferência durante o período da manhã) e de abertura
visual sobre o exterior;

• existirem dispositivos que permitam o controlo da radiação solar


excessiva e o obscurecimento total da luz do dia.

3) Qualidade do ar

• existirem vãos de janela em contacto directo com o exterior que


proporcionem adequadas condições de ventilação natural;

• estar assegurado que as camas não estão obrigatoriamente colocadas


em posições susceptíveis de sofrerem correntes de ar, nomeadamente
por baixo ou junto a vãos de janela.

Quanto à disposição do mobiliário nos espaços de dormir/descanso pessoal,


devem ser asseguradas as seguintes possibilidades (Neufert 1981):

1) colocar as camas de modo a aproveitar a iluminação natural e as vistas


exteriores proporcionadas pelos vãos de janela;

2) evitar a contiguidade de camas a paredes exteriores;

3) encostar as camas à parede ou conjugar as camas com armários de modo


a formar recantos individuais e personalizados (estas disposições são
consideradas como psicologicamente mais reconfortantes para o utente,
nomeadamente quando o quarto é ocupado por mais de uma pessoa);

4) colocar as camas em diferentes posições relativas, particularmente quanto


à relação entre as cabeceiras.

1.2.2 Adequação espacio-funcional

1.2.2.1 Capacidade – Mobiliário

O mobiliário da função dormir/descanso pessoal foi atribuído segundo os Critérios de atribuição


de mobiliário
seguintes critérios:

1) nos espaços de dormir/descanso de casal, foi previsto um espaço


destinado a instalar provisoriamente um berço ou uma cama de bebé, que
pode em alternativa ser ocupado por uma mesa de trabalho, uma mesa de
"toilette", um sofá, uma cadeira de braços, ou uma estante;

16 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


2) em todos os espaços de dormir foi incluído um roupeiro destinado à
arrumação da roupa individual dos seus utentes;

3) o mobiliário suplementar (mesa de trabalho e estante) e a área livre para


recreio, geralmente associados ao espaço de dormir, são tratados nas
funções recreio de crianças e estudo/recreio de jovens;

4) não foi feita qualquer distinção no programa de mobiliário segundo o nível


de qualidade, porque se considera que, para além dos elementos de
mobiliário incluídos no programa, não existem outros de importância
secundária.

Dimensões do As dimensões físicas e de uso dos elementos de mobiliário da função


mobiliário
dormir/descanso pessoal são apresentadas no Quadro 4, na Figura 1 e na
Figura 2 (Thiberg 1969; Portas 1969; Lamure 1976; Herbert et al. 1978; Tutt e
Adler 1979; Noble 1982; Swedish Standard 1994a).

Quadro 4

Dimensões físicas Dimensões de uso


Mobiliário
frente profundidade altura frente profundidade
Cama de casal mínimo 2.00 1.50 0.40 a 0 60 2.00+0.60 0.60+1.50+0.60 m
recom. 2.00 1.50 0.40 a 0 60 2.00+0.60 0.60+1.50+0 70 m
óptimo 2.10 1.60 0.40 a 0 60 2.10+0.60 0.70+1.60+0.70 m
Cama individual mínimo 2.00 0.80 0.40 a 0 60 2.00 0.80+0.60 m
recom. 2.00 0.80 0.40 a 0 60 2.00 0.80+0.70 m
óptimo 2.10 0.90 0.40 a 0 60 2.10 0.90+0.70 m
Cama de criança mínimo 1.20 0.60 0.40 a 0 60 2.00 0.60+0.60 m
recom. 1.20 0.60 0.40 a 0 60 2.00 0.60+0.60 m
óptimo 1.20 0.60 0.40 a 0 60 2.00 0.60+0.70 m
Sofá-cama mínimo 2.00 0.90 0.40 a 0 60 2.00 0.90+0.60 m
recom. 2.00 0.90 0.40 a 0 60 2.00 0.90+0.60 m
óptimo 2.10 0.90 0.40 a 0 60 2.10 0.90+0.60 m
Berço 0.75 0.40 0.40 a 0 60 0.75 0.40+0.45 m
Mesa de cabeceira 0.40 0.40 0.40 a 0 70 0.40 0.40+0.60 m
Cómoda com mínimo 0.80 0.45 0 80 a 0 90 0.80 0.45+0.60 m
gavetas
recom. 0.80 0.45 0 80 a 0 90 0.80 0.45+0.75 m
óptimo 1.00 0.45 0 80 a 0 90 1.00 0.45+0.90 m
Arca 0.80 0.60 0.40 a 0 60 0.80 0.60+0.60 m
Mesa de "toilette" mínimo 0.80 0.50 0 60 a 0 90 0.80 0.50+0.70 m
recom. 1.00 0.60 0 60 a 0 90 1.00 0.60+0.70 m
óptimo 1.00 0.60 0 60 a 0 90 1.00 0.60+0.70 m
Roupeiro mínimo 0.80 0.60 1 70 a 2.45 0.80 0.60+0.60 m
individual
recom. 0.80 0.60 1 70 a 2.45 0.80 0.60+0.75 m
óptimo 1.00 0.60 1 70 a 2.45 1.00 0.60+0.90 m
Roupeiro duplo mínimo 1.20 0.60 1 70 a 2.45 1.20 0.60+0.60 m
recom. 1.20 0.60 1 70 a 2.45 1.20 0.60+0.75 m
óptimo 1.60 0.60 1 70 a 2.45 1.60 0.60+0.90 m

DORMIR / DESCANSO PESSOAL 17


No Quadro 5 apresenta-se o programa de mobiliário da função dormir/descanso Programa de mobiliário
pessoal, segundo o sistema de actividades (RTHS Art. 4.2.2.2 - MES 1985).

Quadro 5

Mobiliário Dormir de casal Dormir duplo Dormir individual

Cama de casal 1 - - uni


Cama individual - 2 1 uni
Mesa de cabeceira 2 2 1 uni
Cadeira 2* 2* 1* uni
Mesa de "toilette" com cadeira 1 - - uni
(Cama de criança) 1 - - uni
(Sofá individual) 1 - - uni
(Mesa de trabalho) 1 - - uni
Roupeiro duplo 1 1 - uni
Roupeiro individual - - 1 uni
Cómoda ou arca 1 - - uni

() O mobiliário apresentado entre parêntesis constitui uma alternativa relativamente à primeira hipótese.
* A cadeira pode ser suprimida, no caso de existir, no mesmo compartimento, outro mobiliário que disponha de
cadeira (por exemplo, mesa de estudo).

1.2.2.2 Espaciosidade – Área

Na atribuição de área a espaços de dormir/descanso pessoal devem ser Critérios de atribuição


de área
ponderados os seguintes aspectos:

1) o programa de mobiliário definido para cada sistema de actividades;

2) a largura das faixas de circulação;

3) as disposições mais frequentes do mobiliário.

No Quadro 6 apresentam-se as áreas úteis a atribuir aos espaços de Área de espaços


dormir/descanso pessoal, segundo o sistema de actividades, as funções
associadas e o nível de qualidade (RGEU Art. 66 - Portugal 1951; Portas 1969;
Lamure 1976; MHOP e LNEC 1978a; DGAV 1985).

Quadro 6

Sist. de activid. Função associada Mínimo Recomend. Óptimo


Dormir/descanso de casal 10.50 11.50 12.00 m²
+trabalho/recreio de adultos 10.50+1.00 11.50+2.00 12.00+3.00 m²
Dormir/descanso duplo 9.00 10.00 11.00 m²
+recreio de crianças 9.00+1.50 10 00+2.50 11.00+3.50 m²
+estudo/recreio de jovens 9.00+1.50 10.00+2.50 11.00+3.50 m²
Dormir/descanso individual 5.50 6.00 6.50 m²
+recreio de crianças 5.50+1.00 6.00+1.50 6.50+2.00 m²
+ estudo/recreio de jovens 5.50+1.00 6.00+1.50 6.50+2.00 m²

1.2.2.3 Espaciosidade – Dimensão

18 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


Critérios de
No dimensionamento de espaços de dormir/descanso pessoal, o principal
dimensionamento aspecto a ter em consideração é a posição da cama ou camas. Assim,
apresenta-se no Quadro 7 e na Figura 3 uma síntese das disposições mais
frequentes das camas e suas dimensões mínimas.

A cada uma das disposições das camas pode acrescentar-se faixas para
colocação de mobiliário, cuja largura depende da dimensão física e de uso do
mobiliário a instalar.

Quadro 7

Sist. de activid. Pos. Dimensão Descrição


Dormir/descanso A 2.60x2.70 m cama com cabeceira encostada à parede e com espaço livre de ambos os lados
de casal
Dormir/descanso B 1.50x4.00 m camas em linha com um lado maior encostado à parede
duplo
C 2.90x2.40 m camas paralelas com cabeceiras encostadas à parede e com espaço entre si
D 2.50x2.40 m camas paralelas com cabeceiras encostadas à parede e com espaço entre si
E 2.60x2.40 m camas paralelas com cabeceiras encostadas à parede e com espaço entre si e dos lados
F 2.00x3.40 m camas em "L" com um lado maior e cabeceira encostados à parede
Dormir/descanso G 2.00x1.50 m cama com três lados encostados à parede e apenas com um lado maior livre
individual
H 2.40x1.50 m cama com cabeceira e um lado maior encostados à parede
I 2.80x1.50 m cama com um lado maior encostado à parede
J 2.40x1.90 m cama com cabeceira encostada à parede e ambos os lados livres

As faixas de circulação devem permitir um acesso fácil a todos os pontos do


espaço de dormir/descanso pessoal. Para o efeito, a distância entre o lado maior
da cama e qualquer obstáculo à circulação deve ser adequada ao modo de uso
pretendido, tal como apresentado no Quadro 8.

Quadro 8

Distância Uso
0.35 m Passar de lado
0.60 m Circular; fazer a cama; auxiliar pessoa deitada
0.80 m Circular em cadeira de rodas com dificuldade; limpar debaixo da cama com dificuldade
0.90 m Circular em cadeira de rodas; circular e manobrar utensílios de limpeza
1.00 m Limpar debaixo da cama
1.20 m Rodar em cadeira de rodas com dificuldade
1.30 m Rodar em cadeira de rodas

Dimensão de espaços No Quadro 9 e na Figura 4 apresentam-se as dimensões mínimas dos espaços


de dormir/descanso pessoal, segundo o sistema de actividades e o nível de
qualidade.

Quadro 9

Sistema de actividades Mínimo Recomendável Óptimo


Dormir/descaso de casal 2.60 2.90 3.30 m
Dormir/descaso duplo 2.10 2.40 2.70 m
Dormir/descaso individual 2.10 2.40 2.70 m

DORMIR / DESCANSO PESSOAL 19


1.2.2.4 Funcionalidade

Com vista a assegurara a funcionalidade dos espaços de dormir/descanso


pessoal devem ser satisfeitas as seguintes condições de uso e disposição do
mobiliário:

1) no caso de existirem camas encostadas lateralmente à parede, deve ser


possível desencostá-las cerca de 0.60m, de modo a facilitar a actividade de
"fazer a cama" e a permitir boas condições para tratar pessoas doentes e
acamadas (esta condição é especialmente importante quando as camas se
situam em nichos);

2) perto da cama deve existir um espaço livre para uma pessoa se


vestir/despir, colocar roupa e instalar uma cadeira;

3) em espaços de dormir/descanso duplos e individuais deve ser possível


utilizar a cama como sofá.

1.2.3 Articulação

1.2.3.1 Privacidade

A função dormir/descanso pessoal tem uma relação de compatibilidade


simultânea com as funções estudo/recreio de jovens e trabalho/recreio de
adultos, e uma relação de compatibilidade sucessiva com as funções recreio de
crianças e passar a ferro/costurar roupa.

Os espaços de dormir/descanso pessoal, quando constituem quartos de dormir,


devem estar articulados de modo a satisfazer as seguintes exigências de
privacidade:

1) devem ter um acesso próprio através de um espaço de circulação, ainda


que possuam outro acesso através de um compartimento habitável;

2) devem ter acesso à instalação sanitária que os serve de forma directa ou


através de espaços de circulação separados da zona de espaços comuns;

3) devem ter ligação à porta de entrada/saída do fogo através de um, ou mais,


espaços de circulação separados da sala;
6
4) devem ter ligação à porta de entrada/saída da habitação através de : no
nível mínimo, um mesmo espaço de circulação; no nível recomendável,
dois espaços de circulação demarcados entre si; e no nível óptimo, dois
espaços de circulação isolados entre si;

5) nas habitações de tipologia programática T4 e T5 admite-se que um quarto


não satisfaça as exigências apresentadas nos pontos anteriores.

6
Em fogos de tipologia programática T1, a separação entre os quartos e a porta de entrada/saída da
habitação pode ser menos exigente.

20 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


Quanto à organização do espaço de dormir/descanso pessoal, a posição da
porta de acesso deve salvaguardar a privacidade do(s) utente(s),
nomeadamente quando deitado(s).

1.2.3.2 Acessibilidade

A função dormir/descanso pessoal tem uma relação de conexão com as funções


recreio de crianças, estudo/recreio de jovens, trabalho/recreio de adultos,
higiene pessoal e permanência no exterior privado.

Os espaços de dormir/descanso pessoal, quando constituem quartos de dormir,


devem estar articulados de modo a satisfazer as seguintes exigências de
acessibilidade:

1) devem ter acesso directo, ou através de um espaço de circulação, a um


espaço de higiene pessoal;

2) nas habitações de tipologia programática T4 e T5, um dos quartos duplos


ou individuais deve ter acesso a partir da zona de entrada/saída;

3) nas habitações que se desenvolvem em mais do que um piso:

• deve existir pelo menos um quarto no piso de entrada/saída da


habitação – permite a utilização por utentes com dificuldades de
movimentação;

• deve existir pelo menos um quarto duplo ou individual no piso em se


situa o quarto de casal – permite a utilização por crianças pequenas;

• deve existir pelo menos um quarto no piso em que se situam o espaço


de estar/reunir e o espaço de preparação de refeições – permite a
utilização como quarto de serviço ou como expansão do espaço de
estar/reunir.

1.2.4 Adaptabilidade

Os espaços de dormir/descanso pessoal constituem geralmente quartos que


devem apresentar as características de adaptabilidade que se indicam em
seguida:

1) Flexibilidade do modo de divisão da zona da espaços individuais

A zona de espaços individuais deve ter condições que permitam várias


possibilidades de divisão do espaço, tais como:

• existência de vãos de porta amplos;

• existência de armários ou de paredes leves que permitam uma


colocação/remoção fácil;

DORMIR / DESCANSO PESSOAL 21


• existência de uma solução estrutural e construtiva que permita a
remoção da parede ou a abertura de um vão largo entre dois
compartimentos.

Os quartos resultantes da subdivisão da zona de quartos devem cumprir


todas as exigências definidas no programa.

Pretende-se, por exemplo, que o modo de divisão da zona de quartos


possa acompanhar a evolução das necessidades de privacidade de um
grupo de irmãos, ao longo do seu processo de crescimento, segundo as
seguinte fases: quarto geral para crianças pequenas; espaço para jovens
formado por alcovas individuais e uma zona comum multifuncional; e
conjunto de quartos individuais para adolescentes e adultos jovens.

2) Possibilidade de conjugação de quartos com outros compartimentos

Devem existir condições que permitam a conjugação dos quartos com


outros compartimentos contíguos, designadamente as referidas no ponto
anterior.

Pretende-se, por exemplo, possibilitar a realização de uma alteração


frequentemente introduzida pelos utentes de habitações sub-ocupadas,
que consiste na transformação de um dos quartos em sala de trabalho,
sala de jantar, ou sala de estar.

3) Possibilidade de diferentes modos de uso dos quartos

O modo de acesso aos quartos deve permitir que neles se desenvolvam


diferentes funções, nomeadamente:

• nas habitações de tipologia programática T3 ou superior, deve existir


um quarto fora da zona de espaços individuais e com acesso directo a
zona de entrada/saída da habitação; esse quarto pode servir de sala de
trabalho, sala de visitas, escritório, quarto de visitas, quarto de um filho
adulto, etc.;

• nas habitações de tipologia programática T3 ou superior, um dos


quartos deve ter acesso directo à zona de espaços comuns, sendo
desejável que esse quarto possua uma segunda entrada a partir dos
espaços de circulação da habitação; esse quarto pode servir de sala de
jantar, sala de visitas, sala de estudo, etc..

4) Possibilidade de diferentes modos de disposição do mobiliário

Os quartos pela sua área, dimensão e forma devem permitir diversos


modos de disposição do mobiliário. Para cumprir este requisito, considera-
se que os quartos duplos e individuais devem permitir colocar as camas
alternativamente geminadas ou isoladas e apenas com as cabeceiras
encostadas às paredes.

Pretende-se assegurar que os utentes podem colocar o mobiliário nas


disposições mais adequadas às suas necessidades, apesar dos quartos

22 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


terem sido concebidos com base numa disposição de mobiliário
considerada mais racional ou mais frequente.

1.3 MODELOS

Neste ponto são apresentados modelos exemplificativos da aplicação do


programa de exigências proposto para a função dormir/descanso pessoal, às
disposições de mobiliário consideradas mais frequentes. Para maior facilidade
de consulta dos modelos, apresenta-se no Quadro 10 a lista dos modelos com
os respectivos números de figura e de página.

Quadro 10

Função dominante Sistema de actividades Nível de qualidade Figura n.º Página n.º

Dormir/descanso pessoal Dormir de casal Mínimo Figura 5 27


Recomendável Figura 6 28
Óptimo Figura 7 29

Dormir duplo Mínimo Figura 8 30


Recomendável Figura 9 31
Óptimo Figura 10 32

Dormir individual Mín./Rec./Ópt. Figura 11 33

Nos capítulos 7 e 8 apresentam-se modelos exemplificativos da associação da


função dormir/descanso pessoal com as funções recreio de crianças (Figura 58
à Figura 61) e estudo/recreio de jovens (Figura 65 à Figura 69).

DORMIR / DESCANSO PESSOAL 23


24 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
DORMIR / DESCANSO PESSOAL 25
26 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
DORMIR / DESCANSO PESSOAL 27
28 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
DORMIR / DESCANSO PESSOAL 29
30 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
DORMIR / DESCANSO PESSOAL 31
32 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
DORMIR / DESCANSO PESSOAL 33
2. PREPARAÇÃO DE REFEIÇÕES

2.1 DADOS DE PROGRAMA

2.1.1 Conteúdo da função

A função preparação de refeições consiste num conjunto de actividades ligadas


à confecção de alimentos e serviços complementares.

Actividades São incluídas nesta função as seguintes actividades: guardar, conservar,


componentes
preparar, lavar e cozinhar alimentos, lavar e arrumar louça e talheres, e eliminar
lixo.

Localização A localização desta função é geralmente um compartimento ou espaço de


cozinha, dada a importância do equipamento fixo necessário ao seu
desenvolvimento.

Utentes envolvidos Trata-se de uma função em que participam essencialmente a dona de casa e as
auxiliares domésticas (caso existam) e, com menor incidência, o marido e os
filhos.

Horário e frequência No conjunto das operações diárias domésticas, a função preparação de


refeições tem um lugar dominante, pois chega a ocupar cerca de metade do
tempo do trabalho em casa, um terço do qual junto à bancada de cozinha
(Portas 1969). Hoje em dia, dada a mecanização de algumas das tarefas de
confecção de alimentos e o consumo crescente de alimentos pré-
confecionados, existe uma tendência para a redução deste tempo.

A preparação de refeições desenrola-se essencialmente durante o dia, com uma


frequência diária.

2.1.2 Tipos de espaços

"kitchette" Em habitações de pequena tipologia programática (T0 e T1), o espaço de


preparação de refeições pode estar associado à sala comum, formando uma
"kitchette", que não deve ter uma área inferior a 4.00m², nem uma dimensão
mínima inferior a 1.70m. Por vezes, este tipo de solução motiva alguma
insatisfação nos utentes, que como consequência procuram repor a distinção
entre espaço de preparação de refeições e sala (por exemplo, colocando
paredes divisórias, ou utilizando um espaço de quarto para criar uma sala
autónoma).

PREPARAÇÃO DE REFEIÇÕES 35
O espaço de preparação de refeições pode constituir um compartimento Cozinha simples
isolado, que tem usualmente acesso directo a uma despensa, a uma espaço de
tratamento de roupa (lavagem, secagem, passar a ferro e costurar roupa), ou a
um espaço de refeições. Esta solução tem a vantagem de assegurar a existência
de um espaço para desenvolver a função sem sobreposições com outros usos,
mas pode conduzir a algum isolamento entre os membros do agregado familiar.

O espaço de preparação de refeições pode estar associado aos espaços de Cozinha de serviço
passar a ferro/costurar roupa, de lavagem de roupa e de secagem de roupa,
constituindo uma cozinha de serviço. Esta solução permite a concentração dos
trabalhos domésticos, mas deve ser realizada de modo a assegurar a satisfação
das exigências definidas para todas as funções associadas.

O espaço de preparação de refeições pode estar associado ao espaço de Cozinha e estar/reunir


informal
refeições correntes, constituído uma cozinha de estar/reunir informal. Esta
solução responde a um modo de uso actualmente bastante generalizado, visto
que assegura a proximidade do local de preparação das refeições ao local onde
elas se realizam, permite concentrar as actividades potencialmente menos
limpas em zonas fáceis de limpar, e permite o convívio dos elementos do
agregado familiar. Ao realizar esta associação deve ser assegurada a satisfação
das exigências definidas para todas as funções associadas.

O espaço de preparação de refeições pode estar associado a um Cozinha e sala de


família
compartimento designado por sala de família, que pode conjugar as funções
refeições correntes, estar/reunir (informal), recreio de crianças, estudo/recreio de
jovens, ou passar a ferro/costurar roupa. Como complemento à sala de família
existe geralmente um espaço de estar/reunir com carácter formal. De todas as
soluções descritas, esta é a que assegura um convívio mais intenso entre todos
os elementos do agregado familiar, mas pode implicar incómodos, tais como, a
falta de isolamento (acústico, visual, de cheiros) relativamente ao espaço de
preparação de refeições, e a sobreposição das áreas de uso dos diferentes
elementos de equipamento e mobiliário.

2.2 EXIGÊNCIAS DE PROJECTO

2.2.1 Agradabilidade

A cozinha tem um uso variado, intenso e prolongado, quer por suportar a função
preparação de refeições, quer por constituir um espaço privilegiado para o
convívio familiar e o trabalho doméstico, com usos tais como: refeições
correntes, recreio de crianças, estudo/recreio de jovens, e tratamento de roupa.

36 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


Este modo de uso justifica a existência de adequadas condições de
agradabilidade, designadamente no que respeita ao conforto ambiental e à
possibilidade de disposição dos elementos de mobiliário de acordo com os
diferentes modos de uso dos moradores.

Quanto ao conforto ambiental nos espaços de preparação de refeições, devem


ser satisfeitas as seguintes exigências:

1) Conforto visual

• existir iluminação natural e artificial com intensidade adequada;

• as fontes luminosas estarem localizadas de modo a incidir sobretudo


sobre os planos de trabalho (preparação de alimentos, lavagem de
louça) e a não causar encandeamento, reflexos ou sombras
projectadas dos utentes e elementos de equipamento;

• existirem dispositivos que permitam o obscurecimento controlado e a


protecção conta a insolação excessiva;

• existir ampla abertura e controlo visual que permita vistas sobre o


exterior enquanto se trabalha.

2) Conforto acústico – existir um adequado isolamento acústico relativamente


aos restantes compartimentos da habitação, de modo a evitar incómodos
resultantes do funcionamento de alguns equipamentos (por exemplo,
exaustor, ou máquina de lavar louça).

3) Qualidade do ar – existirem boas condições de ventilação natural mesmo


quando a temperatura exterior obriga a manter as janelas fechadas. No
espaço de preparação de refeições, esta exigência é particularmente
importante porque existe produção de cheiros, vapor de água e gases de
exaustão, e consumo de ar nos aparelhos de combustão.

Apesar do exposto, admite-se que o espaço destinado à preparação de


refeições não tenha vãos em comunicação directa com o exterior, desde que
estejam asseguradas condições de iluminação natural e ventilação equivalentes
7
às regulamentares (RTHS Art. 4.2.4.4 - MES 1985).

Quanto à disposição dos elementos de equipamento nos espaço de preparação


de refeições, devem ser satisfeitas as exigências de funcionalidade definidas no
ponto 2.2.3.4.

2.2.2 Segurança

Nos espaços de preparação de refeições devem ser satisfeitas as seguintes


exigências de segurança:

1) o fogão de cozinha deve estar situado de modo a: não sofrer interferências


de zonas de circulação ou de outras actividades, não ser afectado numa

7
Consultar pontos 2.1.2 e 2.13 da publicação "Programa Habitacional. Habitação" (Pedro 1999a)

PREPARAÇÃO DE REFEIÇÕES 37
profundidade de 0.50m pelo movimento de portas, estar afastado de vãos
de janela exteriores, não ser possível o acesso lateral, estar separado do
lava-louça por uma distância não inferior a 0.60m, estar separado de
qualquer parede ou equipamento lateral com altura superior à sua por uma
distância não inferior a 0.20m;

2) caso exista um "apanha fumos" sobre o fogão, o esquentador deve estar


instalado na sua imediata proximidade, ou deve existir uma tubagem de
ligação à chaminé para evacuação dos gases queimados pelo
esquentador;

3) caso exista um exaustor mecânico sobre o fogão, deve existir uma


tubagem de ligação à chaminé para evacuação dos gases queimados pelo
esquentador;

4) o pavimento deve ser anti-derrapante, de modo a não existir perigo de


queda quando húmido ou molhado.

2.2.3 Adequação espacio-funcional

2.2.3.1 Capacidade – Equipamento

O equipamento da função preparação de refeições foi seleccionado tendo como Critérios de atribuição
de equipamento
base as necessidades resultantes da sequência de actividades seguinte (Portas
1969; Coelho 1993b):

1) Guardar e conservar alimentos


8
• despensa em espaço isolado ou em armário de arrumação ;

• frigorífico e arca congeladora.

2) Preparar alimentos (lavagens, misturas, corte, etc.)

• bacia de lavagem;

• plano de trabalho para uso directo e para disposição de


electrodomésticos de apoio;

• armário para arrumação de utensílios.

3) Cozinhar alimentos

• fogão clássico com forno, ou placa de fogão encastrada em bancada e


forno encastrado em armário;

• "apanha fumos" ou exaustor mecânico;

• forno micro-ondas encastrado em armário ou colocado sobre a


bancada;

• plano de trabalho para apoio ao uso do fogão ou forno;

8
Ver conteúdo do sistema de actividades arrumação de despensa no capítulo 16.

38 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


• armário para arrumação de utensílios.

4) Servir

• plano de trabalho para preparação de pratos e travessas.

5) Lavar louça (louça de mesa, trem de cozinha e outros utensílios)

• bacia de lavagem (lava-louça) com escorredouro;

• equipamento para produção de água quente (esquentador ou termo-


acumulador);

• máquina de lavar louça;

• plano de trabalho para depósito da louça e utensílios a lavar;

• armário para arrumação de produtos de limpeza e lavagem usados


especificamente na cozinha.

6) Arrumar louça (louça de mesa, trem de cozinha e outros utensílios)

• armários para arrumação de louça de mesa, trem de cozinha e outros


utensílios.

7) Eliminar lixo (restos e detritos)

• local de acumulação de restos e detritos em caixote de lixo.

Depois de listado, o equipamento necessário para esta função foi seleccionado


de acordo com os seguintes critérios:

1) as bacias de lavagem para as actividades preparar alimentos e lavar louça


podem ser coincidentes;

2) as dimensões da bacia de lavagem e da zona de secagem podem variar,


mas o conjunto deve ter a dimensão especificada;

3) os armários de bancada destinados às actividades preparar de alimentos,


cozinhar, lavar louça e arrumar louça, podem ter dimensões variáveis mas
devem totalizar a dimensão especificada;

4) os armários de cozinha superiores destinam-se, prioritariamente, à


actividade arrumar louça mas podem suportar outros usos;

5) previu-se a existência de um fogão tradicional com forno, pois caso os


utentes optem por um placa de fogão encastrada na bancada, o forno
pode ser embutido num armário;

6) previu-se o espaço necessário para instalar o frigorífico, o fogão e a


máquina de lavar louça, o que não implica a instalação destes
equipamentos durante a construção.

Dimensões do No Quadro 11, na Figura 12 e na Figura 13, apresentam-se as dimensões físicas


equipamento
e de uso dos equipamentos da função preparação de refeições (Portas 1969;
Thiberg 1969; Lamure 1976; Herbert et al. 1978; Tutt e Adler 1979; Noble 1982;
DGAV 1985; Swedish Standard 1994c).

PREPARAÇÃO DE REFEIÇÕES 39
Salienta-se que, obedecendo a generalidade dos equipamentos desta função a
dimensões normalizadas, não se justifica distinguir diferentes dimensões físicas
para os diferentes níveis de qualidade.

Quadro 11

Dimensões físicas Dimensões de uso


Equipamento
frente profundidade altura (h) frente profundidade
Frigorífico mínimo 0.60 0.60 0.85 a 1.85 0.70 0.60+0.80 m
recom. 0.60 0.60 0.85 a 1.85 0.80 0.60+0.90 m
óptimo 0.60 0.60 0.85 a 1.85 0.90 0.60+1.00 m
Arca congeladora horiz. variável 0.60 0.85 a 0.90 0.60 0.60+0.50 m
Bacia lavagem mínimo 0.60 a 0.80 0.60 0.85 a 0.90 0.60 a 0.80 0.60+0.80 m
recom. 0.60 a 0.80 0.60 0.85 a 0.90 0.70 a 0.90 0.60+0.90 m
óptimo 0.60 a 0.80 0.60 0.85 a 0.90 0.80 a 1.00 0.60+1.00 m
Escorredouro 0.30 a 0.60 0.60 0.85 a 0.90 0.30 a 0.60 0.60+0.80 m
Fogão com forno mínimo 0.40/0.60/0.80 0.60 0.85 a 0.90 0.40/0.60/0.80 0.60+1.00 m
(3/4/6 queim.)
recom. 0.40/0.60/0.80 0.60 0.85 a 0.90 0.50/0.70/0.90 0.60+1.10 m
óptimo 0.40/0.60/0.80 0.60 0.85 a 0.90 0.60/0.80/1.00 0.60+1.20 m
Fogão de mínimo 0.40/0.60/0.80 0.60 0.85 a 0.90 0.40/0.60/0.80 0.60+0.80 m
encastrar
recom. 0.40/0.60/0.80 0.60 0.85 a 0.90 0.50/0.70/0.90 0.60+0.90 m
(3/4/6 queim.)
óptimo 0.40/0.60/0.80 0.60 0.85 a 0.90 0.60/0.80/1.00 0.60+1.00 m
Forno de mínimo 0.60 0.60 - 0.60 0.60+0.80 m
encastrar*
recom. 0.60 0.60 - 0.70 0.60+0.90 m
óptimo 0.60 0.60 - 0.80 0.60+1.00 m
"Apanha fumos" variável* 1 0.60 h≥1.80*2 - - m

Máquina de lavar frontal*3 0.60 0.60 0.85 a 0.90 0.60 0.60+1.10 m


louça lateral*3 0.60 0.60 0.85 a 0.90 0 60+0.60 0.80 m
Esquentador 0.40/0.60 0.30 - - - m
Armário superior variável 0.30 1.35 ≤h≤1.85* 4 - - m
Armário inferior variável 0.60 0.85 a 0.90 variável 0.60+0.80 m

* Forno eléctrico, a gás, ou micro-ondas.


*1 O "apanha-fumos" deve ter uma posição e dimensão que abranja toda a zona destinada ao fogão.
*2 Altura do piso à borda inferior do "apanha fumos".
*3 Forma de acesso à máquina de lavar louça.
*4 Altura inferior da prateleira mais baixa e superior da prateleira mais alta.

No dimensionamento vertical do equipamento de cozinha devem ser satisfeitas


as seguintes exigências (Swedish Standard 1994c):

1) Trabalhar de pé

• a altura do plano de trabalho para as actividades preparar alimentos e


cozinhar deve variar entre 0.80 e 1.00m;

• a altura do plano de trabalho para a actividade lavar louça deve variar


entre 0.90 e 1.05m;

• a altura dos armários de arrumação para objectos com uso frequente


deve variar entre 0.90 e 1.40m.

40 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


2) Trabalhar sentado

• a altura do plano de trabalho para a actividade preparar alimentos deve


variar entre 0.60 e 0.80m (por exemplo, bancada, mesa de apoio, ou
prateleira móvel integrada na bancada);

• sob o plano de trabalho deve existir um espaço livre de largura não


inferior a 0.60m e de altura não inferior a 0.60m.

3) Fornos e máquina de lavar

• a base inferior do forno não deve estar a uma altura inferior a 0.90m
(para reduzir o risco de queimadura por encosto de crianças ou
adultos);

• a base do forno micro-ondas não deve estar a uma altura do chão


superior a 1.20m;

• o topo da máquina de lavar não deve estar a uma altura do chão


superior a 1.10m.

Programa de No Quadro 12, na Figura 14 e na Figura 15 apresenta-se o programa de


equipamento
equipamento da função de preparação de refeições, segundo a lotação da
habitação e o nível de qualidade. No programa definem-se a quantidade de
9
equipamentos ou a sua largura (RTHS Art. 4.2.4.2 - MES 1985).

9
Considera-se que todos os equipamentos, com excepção dos armários superiores, possuem uma
profundidade de 0.60m.

PREPARAÇÃO DE REFEIÇÕES 41
Quadro 12

Actividade Número de utentes


Equipamento 1 2 3 4 5 6 7 8 9
ARRUMAÇÃO
Guardar e conservar alimentos
Armário de despensa* mínimo 0.40 0.40 0.40 0.60 0 60 0.60 0.90 0.90 0.90 m
recomen. 0.40 0.60 0.60 0.60 0 90 0.90 0.90 1.20 1.20 m
óptimo 0.60 0.60 0.60 0.90 0 90 0.90 1.20 1.20 1.20 m
Frigorífico 0.60 0.60 0.60 0.60 0 60 0.60 0.60 0.60 0.60 m
BANCADA
Preparar alimentos
Bacia de lavagem mínimo 0.60 0.60 0.60 0.60 0 80 0.80 0.80 0.80 0.80 m
recomen. 0.60 0.60 0.80 0.80 0 80 0.80 0.80 0.80 0.80 m
óptimo 0.60 0.80 0.80 0.80 0 80 0.80 0.80 0.80 0.80 m
Escorredouro mínimo - - - - - - - - - m
recomen. - - - - - - - 0.40 0.40 m
óptimo - - - - - - 0.40 0.40 0.40 m
Cozinhar
Fogão 0.60 0.60 0.60 0.60 0 60 0.60 0.60 0.60 0.60 m
"Apanha fumos" 0.60 0.60 0.60 0.60 0 60 0.60 0.60 0.60 0.60 m
Lavar louça
mínimo 0.40 0.60 0.60 0.60 0 60 0.60 0.60 0.60 0.60 m
Máquina de lavar louça* 1
recomen./óptimo 0.60 0.60 0.60 0.60 0.60 0.60 0.60 0.60 0.60 m
Equipamento de produção de água quente 1 1 1 1 1 1 1 1 1 uni
Eliminar lixo
Recipiente 1 1 1 1 1 1 1 1 1 uni
2
Planos de trabalho*
Comprimento total mínimo 1.00 1.20 1.40 1.60 1 60 1.80 2.00 2.20 2.40 m
recomen. 1.40 1.60 1.60 1.80 2 00 2.20 2.40 2.60 2.60 m
óptimo 1.60 1.60 1.80 2.00 2 20 2.40 2.60 2.60 2.60 m
Espaço para arrumação*3
Armário superior mínimo 2.20 2.40 2.60 2.80 3 00 3.20 3.40 3.60 3.80 m
recomen. 2.60 2.80 3.00 3.20 3.40 3.60 3.80 4.00 4.20 m
óptimo 2.80 3.00 3.20 3.40 3 60 3.80 4.00 4.20 4.40 m
Armário inferior mínimo 1.20 1.20 1.40 1.60 1 80 2.00 2.20 2.40 2.60 m
recomen. 1.40 1.60 1.80 2.00 2 20 2.40 2.60 2.80 3.00 m
óptimo 1.60 1.80 2.00 2.20 2.40 2.60 2.80 3.00 3.20 m
Comprimento total de bancada
mínimo 2.20 2.40 2.60 2.80 3 00 3.20 3.40 3.60 3.80 m
recomen. 2.60 2.80 3.00 3.20 3.40 3.60 3.80 4.00 4.20 m
óptimo 2.80 3.00 3.20 3.40 3 60 3.80 4.00 4.20 4.40 m
ESPAÇO LIVRE*4 óptimo 0.20 0.20 0.20 0.20 0 20 0.40 0.40 0.40 0.40 m

* Pode ser substituído por um compartimento de despensa.


*1 Considera-se que a máquina de lavar louça se encontra situada sob a bancada.
*2 Valor resultante da soma dos planos de bancada das seguintes actividades: preparar alimentos, cozinhar, servir, lavar louça.
*3 Valor resultante da soma dos armários das seguintes actividades: preparar alimentos, cozinhar, servir, lavar louça.
*4 Espaço livre para estar sentado ou para instalar equipamentos suplementares.

Como complemento, refere-se que a existência de uma mesa associada ao


espaço de preparação de refeições pode suportar vários usos, tais como:
constituir um plano de trabalho suplementar (com uma altura que torna possível
o utilizador estar sentado ou em cadeira de rodas), tomar refeições informais e

42 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


dar de comer a crianças, recreio de crianças, estudo/recreio de jovens, costurar
roupa, etc..

2.2.3.2 Espaciosidade – Área

Critérios de atribuição Os critérios de atribuição de área aos espaços de preparação de refeições


de área
devem ser o equipamento previsto para cada lotação da habitação, a disposição
do equipamento e a largura da faixa de circulação.

Área de espaços No Quadro 13 apresentam-se as áreas úteis a atribuir aos espaços de


preparação de refeições, segundo a lotação da habitação, o nível de qualidade e
as funções associadas (RGEU Art. 66 - Portugal 1951; Portas 1969).

Quadro 13

Preparação refeições Arrumação de despensa* Refeições correntes* 1


Lotação
Mín. Rec. Ópt. Mín. Rec. Ópt. Mín. Rec. Ópt.
1 4.5 5.0 5.5 +0.50 +0.75 +1.00 +2.00 +2.00 +2.50 m²
2 4.5 5.5 6.0 +0.50 +0.75 +1.25 +2.00 +2.00 +2.50 m²
3 4.5 5.5 6.0 +0.75 +1.00 +1.25 +2.00 2.50 +3.00 m²
4 5.0 6.0 6.5 +0.75 +1.00 +1.50 +2.50 +3.00 +4.00 m²
5 5.0 6.5 7.0 +1.00 +1.25 +1.50 +3.00 +4.00 +5.00 m²
6 5.0 6.5 7.0 +1.00 +1.25 +1.75 +3.50 +4.50 +5.50 m²
7 5.5 7.0 7.5 +1.25 +1.25 +1.75 +4.00 +5.00 +6.00 m²
8 5.5 7.0 7.5 +1.25 +1.75 +2.00 +4.50 +5.50 +6.50 m²
9 5.5 7.0 7.5 +1.50 +1.75 +2.00 +5.00 +6.00 +7.00 m²

* A arrumação de despensa constitui um sistema de actividades da função arrumação. A área deste sistema de actividades pode variar, sendo
compensada pelas áreas a atribuir aos sistemas de actividades arrumação geral e arrumação de roupa de casa (ver Quadro 85 do ponto 16.2.2 2).
*1 Os valores de área apresentados para a função refeições correntes referem-se a um espaço englobado numa cozinha (ver Quadro 20 do ponto
3 2.3.2).

2.2.3.3 Espaciosidade – Dimensão

Critérios de Os critérios utilizados no dimensionamento dos espaços de preparação de


dimensionamento
refeições foram os seguintes:

1) Dimensões do mobiliário e equipamento

• todos os equipamentos utilizados nesta função podem ser integrados


numa bancada com 0.60m de profundidade;

• as dimensões das mesas de refeições correntes são apresentadas no


Quadro 18 (ponto 3.2.3);

• como complemento ao ponto anterior, são apresentadas no Quadro 14


as dimensões das mesas mais económicas em termos de espaço por
pessoa sentada.

PREPARAÇÃO DE REFEIÇÕES 43
Quadro 14

Dimensões físicas Dimensões de uso*


Mobiliário
frente profundidade* 1 altura (h) frente profundidade
Mesa de 2 lugares 0.75 0.50+0.75+0.50 0.70/0.85 0.75 2.15 m
Mesa de 4 lugares 1.10 0.50+0.75+0.50 0.70/0.85 1.10 2.15 m
Mesa de 6 lugares 1.65 0.50+0.75+0.50 0.70/0.85 1.65 2.15 m

* Apenas levantar/sentar.
*1 Dimensão de cadeira+mesa+cadeira.

2) Faixa circulação

• a largura da faixa de trabalho e circulação varia de acordo com o


definido no Quadro 15;

Quadro 15

Elemento Dimensão Descrição


Espaço de trabalho 0.40 m trabalhar de pé junto a bancada
Espaço de trabalho e circulação 0.40+0.50 m trabalhar + circular (uma bancada)
0.40+0.90 m trabalhar + circular em cadeira de rodas ou com volumes (uma bancada)
0 30+0.50+0.30 m trabalhar + circular com dificuldade + trabalhar (duas bancadas)
0 30+0.60+0.30 m trabalhar + circular + trabalhar (duas bancadas)
1 50 m trabalhar, circular e girar em cadeira de rodas

• a largura mínima da faixa de circulação é, no nível mínimo de 1.10m, e


nos níveis recomendável e óptimo de 1.20m;

• quando se pretende assegurar a possibilidade de uso por


condicionados de mobilidade em cadeira de rodas, o espaço de
circulação deve permitir inscrever um cilindro assente no pavimento,
com 1.50m de diâmetro e 0.30m de altura;

• quando existe um estrangulamento entre uma bancada e o topo de


outra bancada ortogonal, a largura de circulação não deve ser inferior a
0.75m no nível mínimo e 0.80 nos níveis recomendável e óptimo.

No Quadro 16 e na Figura 16 apresentam-se as dimensões mínimas dos Dimensão de espaços


espaços de preparação de refeições, segundo a forma da bancada e o nível de
qualidade.

Quadro 16

Forma da bancada Mín. Rec. Ópt. Descrição


Cozinha com bancada em "I" 1.70 1.80 1.90 m bancada e área de circulação
ou "L"
2.15 2.30 2.40 m bancada, área de circulação e mesa de refeições de 2 lugares
2.40 2.50 2.60 m bancada, área de circulação e mesa de refeições de 3 lugares
2.50 2.60 2.70 m bancada, área de circulação e mesa de refeições de 4 lugares
Cozinha com bancada em 2.30 2.40 2 50 m bancada de dois lados com área de circulação central
duplo "I"
2.30 2.40 2.50 m bancada, área de circulação e mesa de refeições de 2 lugares
2.45 2.50 2.60 m bancada, área de circulação e mesa de refeições de 3 lugares
2.50 2.60 2.70 m bancada, área de circulação e mesa de refeições de 4 lugares
Cozinha com bancada em "U" 2.30 2.40 2.50 m bancada de dois lados e de fundo com área de circulação central

44 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


2.2.3.4 Funcionalidade

As exigências de funcionalidade dos espaços de preparação de refeições são


muito importantes, devendo na sua concepção atender-se às regras de
organização geral, às vantagens e inconvenientes das diferentes configurações
da bancada, e às regras de disposição e pormenorização dos equipamentos.

Regras de organização Na organização dos espaços de preparação de refeições deve atender-se aos
seguintes factores (Lamure 1976; Alexander et al. 1980):

1) Os três postos de trabalho principais são o lava-louça, a bancada de


preparação de alimentos e o fogão. Estes três postos devem encontrar-se
em sequência, não existindo obstáculos ou circulações interpostas nos
percursos entre eles. O local de instalação do frigorífico e de preparação
de pratos são dois elementos complementares que devem ser igualmente
acessíveis a partir dos três postos principais.

2) A organização preferencial dos três postos de trabalho principais (para não


canhotos) é uma sequência, da esquerda para a direita, com o lava-louça,
a bancada de preparação de alimentos e o fogão. Está organização
justifica-se porque permitir usar a mão direita no fogão, enquanto que, com
a esquerda, se usam diversos utensílios.

3) O perímetro de circulação entre os três postos de trabalho principais não


deve ser superior a: 7.00m no nível mínimo, 5.00m no nível recomendável e
3.00m no nível óptimo.

4) Uma configuração regular da cozinha facilita as acções de limpeza.

5) O comprimento total da bancada deve variar com a lotação da habitação, e


não deve existir qualquer troço independente de bancada com menos de
1.20m de comprimento.

Configuração da As configurações correntes das bancadas de preparação de refeições são as


bancada
seguintes (Lamure 1976; Thiberg 1990; Coelho 1993b):

1) Bancada com postos e trabalho dispostos em linha

Esta disposição implica percursos entre postos e trabalho extensos e com


constantes mudanças de direcção. No entanto, pode ser adequada para
espaços de preparação de refeições muito estreitos, em que não se
possam instalar duas bancadas paralelas dispostas de um e outro lado da
zona de circulação, bem como em espaços de preparação de refeições
que se prevê sejam utilizados por mais do que um utente simultaneamente.
Esta disposição assegura uma utilização fácil de todos os armários e
permite configurar compartimentos com uma reduzida extensão de parede
exterior.

PREPARAÇÃO DE REFEIÇÕES 45
2) Bancada com postos e trabalho dispostos em "L"

Esta disposição permite organizar percursos entre postos de trabalho


curtos e com mudanças de direcção suaves, e define zonas livres de
circulação. É uma disposição adequada para os seguintes tipos de
espaços de preparação de refeições: reduzidos em que exista um único
utilizador, correntes (fogos tipologia T2, T3, T4), e quando se pretende
integrar uma mesa suplementar.

3) Bancada com postos e trabalho dispostos em "U"

Esta disposição permite organizar percursos entre postos e trabalho curtos


e com mudanças de direcção suaves, implica uma área de circulação
reduzida, e comporta uma extensão de bancada máxima face à área do
espaço. É uma disposição adequada para espaços de preparação de
refeições muito reduzidos (basta ao utente rodar sobre si próprio para
chegar às diversas superfícies de bancada) ou espaçosos (resulta um
espaço de circulação central multifuncional). No entanto, esta disposição
não é adequada para espaços de preparação de refeições de dimensão
intermédia, pois nestes casos o fogão e as bacias de lavagem ficam em
lados diferentes da bancada, que são demasiado distantes para serem
usados sem implicar deslocações dos utentes e demasiado próximos para
permitir que dois utilizadores trabalhem simultaneamente.

As regras de disposição e pormenorização dos equipamentos de preparação de Regras de disposição e


de pormenorização de
refeições são as seguintes: equipamentos

1) O lava-louça deve satisfazer as seguintes exigências (Tutt e Adler 1976;


Coelho 1993b):

• ser duplo;

• possuir planos de trabalho de ambos os lados com uma dimensão não


inferior a 0.40m (neste caso o espaço de secagem de louça pode ser
considerado como plano de trabalho);

• possuir um escorredouro constituído por uma superfície estriada e


relativamente absorvente de choques, que pode aproveitar um canto da
bancada (o escorredouro não deve constituir um plano de trabalho
convencional, porque nesse caso deveria possuir uma superfície lisa e
rígida).

2) As bancadas de trabalho da cozinha devem satisfazer as seguintes


exigências:

• ser de nível, contínuas e com uma superfície lisa.

• permitir que certas actividades de preparação de refeições possam ser


realizadas na posição sentada ou em cadeira de rodas; para que isto
seja possível podem adoptar-se as seguintes estratégias (Lamure 1976;
Thiberg 1990):

46 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


- existência de variações na altura da bancada consoante as
operações a realizar;

- existência de um plano de trabalho específico (por exemplo, uma


prateleira móvel integrada na bancada);

- instalação de uma mesa de refeições correntes ou de uma mesa de


apoio.

3) O frigorífico deve satisfazer as seguintes exigências (Coelho 1993b):

• a porta do frigorífico deve abrir para fora do triângulo de trabalho


formado pelo lava-louça, bancada de preparação de alimentos e fogão
(actualmente, esta exigência perdeu a sua importância dado que a
maioria dos novos frigoríficos permite colocar o eixo de abertura da
porta de ambos os lados);

• a zona de abertura da porta do frigorífico não deve estar em conflito


com as áreas de uso de outros equipamento ou com a porta de acesso
ao espaço de preparação de refeições.

4) O fogão deve satisfazer as seguintes exigências de localização (MHOP e


LNEC 1978a; Swedish Standard 1994c):

• deve estar separado do lava-louça por um plano de trabalho com uma


frente compreendida entre 0.60m e 1.00m (plano de trabalho
geralmente destinado à actividade preparação de alimentos);

• deve estar separado de qualquer parede ou equipamento lateral, com


altura superior à sua, por um plano de trabalho com frente não inferior a
0.20m (plano de trabalho geralmente destinado à colocação de
utensílios de apoio à actividade cozinhar alimentos);

• não deve ser contíguo ao frigorífico ou a qualquer outro equipamento


de refrigeração.

• não deve ser contíguo a outros electrodomésticos sensíveis a


temperaturas elevadas, ou devem ser tomadas medidas que
assegurem a protecção dos referidos electrodomésticos.

5) O "apanha fumos" tradicional é uma solução preferível ao exaustor


mecânico para a evacuação dos fumos e vapores do fogão; a eficiência do
"apanha fumos" pode ser melhorada com a aplicação de uma ventoinha de
sucção.

6) A máquina de lavar louça deve estar colocada perto do lava-louça e de um


armário para louça.

7) O balde do lixo deve estar próximo da bancada de preparação de


alimentos.

8) Os armários de arrumação devem satisfazer as seguintes exigências:

• devem estar distribuídos de modo a conterem os elementos


necessários a cada actividade num local próximo da sua utilização;

PREPARAÇÃO DE REFEIÇÕES 47
• no caso de armários de canto, devem existir adequadas soluções de
acesso;

• no caso de armários inferiores, o soco deve ser ligeiramente recuado e


relativamente alto para facilitar a limpeza (uma altura entre 0.08 e
0.10m);

• no caso de armários com pés, estes devem ter uma altura que facilite a
limpeza do pavimento sob os armários (cerca de 0.08m, considerando
um espaço livre de "manobra" com cerca de 1.40m; para espaços livres
mais curtos a altura dos pés deverá ser maior).

9) O piso do espaço de preparação de refeições deve apresentar um


rebaixamento (no máximo 0.01m) relativamente aos pisos dos
compartimentos que lhe são contíguos, de modo a limitar os danos
causados em caso de inundação e a facilitar a limpeza.

10) Devem existir espaços livres para instalar equipamentos suplementares (por
exemplo, arca frigorífica, ou pequeno forno).

11) Deve ser cuidadosamente estudada a relação de todos os equipamentos


entre si e com os restantes elementos do compartimento, ponderando
aspectos como os seguintes:

• ressaltos de parede e de pavimento provocados por portas e janelas;

• área de uso de portas, janelas e gavetas;

• puxadores de portas, janelas e armários;

• aquecedores e exaustores;

• canalizações, torneiras e interruptores.

2.2.4 Articulação

2.2.4.1 Privacidade

A função preparação de refeições tem uma relação de compatibilidade


simultânea com as funções refeições correntes, lavagem de roupa e secagem
de roupa, e uma relação de compatibilidade sucessiva com as funções recreio
de crianças e passar a ferro/costurar roupa.

Os espaços de preparação de refeições, quando constituem cozinhas, devem


estar articulados de modo a satisfazer as seguintes exigências de privacidade:

1) a cozinha deve ter um acesso próprio através de um espaço de circulação,


ainda que possua outro acesso através de uma sala (é aceitável que o
acesso à cozinha se realize exclusivamente por uma sala que não seja
única);

48 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


2) a cozinha deve ter acesso a uma instalação sanitária através de um espaço
de circulação separado por porta ou escada da zona de espaços
individuais;

3) a ligação entre a cozinha e a porta de entrada/saída deve ser directa ou


realizar-se por um espaço de circulação que não tenha contacto directo
com outros compartimentos habitáveis.

2.2.4.2 Acessibilidade

A função preparação de refeições tem uma relação de conexão com as funções


refeições correntes, refeições formais, recreio de crianças, lavagem de roupa,
secagem de roupa e permanência no exterior privado.

Os espaços de preparação de refeições, quando constituem cozinhas, devem


estar articulados de modo a satisfazer as seguintes exigências de acessibilidade:

1) a cozinha deve integrar o espaço de refeições correntes, deve existir um


passa-pratos, ou deve ter uma ligação directa com o compartimento onde
se localiza o espaço de refeições correntes;

2) caso não seja satisfeita a exigência do ponto anterior (solução não


aconselhável), o percurso entre os compartimentos deve ser curto, e não
deve atravessar outro compartimento habitável nem a zona de estar da sala
comum;

3) a cozinha deve ter uma ligação directa com o espaço de refeições formais,
deve existir um passa-pratos, ou pode obrigar a passar por um espaço de
circulação;

4) a cozinha deve integrar os espaços de passar a ferro/costurar roupa,


lavagem de roupa e secagem de roupa ou deve ter ligação directa ao
espaço onde se realizam estas funções;

5) a cozinha deve possuir um acesso, através de um espaço de circulação, a


uma instalação sanitária;

6) a cozinha deve possuir acesso directo à despensa, ou deve integrar os


armários de arrumação de produtos alimentares;

7) a cozinha deve possuir um acesso directo ao espaço exterior privado;

8) a cozinha deve ter um acesso a partir de um espaço de circulação que não


implique passagens perigosas, nomeadamente por serem apertadas,
recortadas, longas ou contíguas a fogões, fornos e lava-louças;

9) embora não seja aconselhável, nas habitações com tipologia programática


T0 e T1, o espaço de preparação de refeições pode ter um acesso único
através de um espaço onde têm lugar as funções estar/reunir ou refeições
formais;

PREPARAÇÃO DE REFEIÇÕES 49
10) a ligação entre a cozinha e a porta de entrada/saída da habitação deve ser
directa, ou deve realizar-se por um espaço de circulação que implique um
percurso curto;

11) nas habitações que se desenvolvem em mais do que um piso, o espaço de


preparação de refeições deve localizar-se no piso em se situa a zona de
entrada/saída.

2.2.5 Adaptabilidade

Os espaços de preparação de refeições possuem geralmente um reduzido grau


de adaptabilidade por conterem variados equipamentos cujas posições e
relações são relativamente rígidas. Assim, é importante realizar-se um apurado
estudo de concepção deste espaço e prever-se alguma flexibilidade inicial.

A flexibilidade inicial do espaço de preparação de refeições pode ser


implementada pelas seguintes estratégias:

1) existência de tolerâncias dimensionais;

2) existência de espaço livre que permita instalar equipamentos


suplementares;

3) ausência planos de trabalho ou bancadas fixas (por exemplo, construídas


com elementos de alvenaria de tijolo);

4) existência acabamentos de pavimento e parede por baixo e por detrás das


bancadas e dos armários superiores.

2.3 MODELOS

Neste ponto são apresentados modelos exemplificativos da aplicação do


programa de exigências proposto para a função preparação de refeições, às
disposições de mobiliário e equipamento consideradas mais frequentes. Para
maior facilidade de consulta dos modelos, apresenta-se no Quadro 17 a lista dos
modelos com os respectivos números de figura e de página.

50 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


Quadro 17

Função dominante Função associada Lotação Nível de qualid. Figura n.º Página n.º

Preparação de refeições Arrumação de despensa 1/2/3 Utentes Mínimo Figura 17 57


4/5 Utentes Mínimo Figura 18 58
6/7 Utentes Mínimo Figura 19 59
8/9 Utentes Mínimo Figura 20 60

Arrumação de despensa 1/2 Utentes Rec./Ópt. Figura 21 61


3/4 Utentes Rec./Ópt. Figura 22 62
5/6 Utentes Rec./Ópt. Figura 23 63
7/8 Utentes Rec./Ópt. Figura 24 64
8/9 Utentes Rec./Ópt. Figura 25 65

Os modelos exemplificativos da associação da função preparação de refeições


com a função refeições correntes são apresentados no capítulo 3 (Figura 29 à
Figura 36).

PREPARAÇÃO DE REFEIÇÕES 51
52 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
PREPARAÇÃO DE REFEIÇÕES 53
54 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
PREPARAÇÃO DE REFEIÇÕES 55
56 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
PREPARAÇÃO DE REFEIÇÕES 57
58 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
PREPARAÇÃO DE REFEIÇÕES 59
60 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
PREPARAÇÃO DE REFEIÇÕES 61
62 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
PREPARAÇÃO DE REFEIÇÕES 63
64 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
PREPARAÇÃO DE REFEIÇÕES 65
3. REFEIÇÕES CORRENTES

3.1 DADOS DE PROGRAMA

3.1.1 Conteúdo da função

A função refeições correntes consiste num conjunto de actividades ligadas à


realização de refeições que são condicionadas por necessidades práticas de
serviço ou brevidade.

Actividades As actividades que compõem a função refeições correntes são: pôr a mesa,
componentes
servir alimentos, comer e levantar a mesa.

Localização A função refeições correntes não se desenvolve necessariamente num espaço


próprio, tratando-se de uma função de grande mobilidade de acordo com as
preferências e modos de vida familiar. Assim, esta função pode desenvolver-se
numa zona englobada na cozinha, numa zona de refeições demarcada da
cozinha, numa sala própria (sala de jantar), ou numa zona da sala comum.

Utentes envolvidos Os utentes envolvidos na função refeições correntes são, sobretudo, membros
isolados do agregado familiar, conjuntos incompletos de membros do agregado
familiar, e o agregado familiar completo quando condicionado por falta de
tempo para desenvolver a refeição.

Horário e frequência As refeições correntes são realizadas, geralmente, pela manhã, à hora do
almoço e com menor frequência ao jantar.

3.1.2 Tipos de espaços

Geralmente, os espaços de refeições correntes estão localizados nos seguintes


tipos de compartimentos:

1) Cozinha – nesta solução devem existir zonas próprias adequadas às


funções preparação de refeições e refeições correntes.

2) Espaço demarcado de refeições – solução em que existe um espaço


destinado à realização de refeições, demarcado da cozinha ou da sala, que
pode ser encerrado (por exemplo, com cortina ou porta de correr).

3) Sala de jantar ou sala comum – nesta solução devem existir zonas próprias
adequadas às funções refeições correntes e estar/reunir.

REFEIÇÕES CORRENTES 67
3.2 EXIGÊNCIAS DE PROJECTO

3.2.1 Agradabilidade

As refeições correntes constituem um momento de convívio informal da família,


devendo portanto ser tomados especiais cuidados que assegurem a
agradabilidade. Devem ser satisfeitas as seguintes exigências:

1) ausência de ruídos incómodos (por exemplo, o provocado pelo


funcionamento da máquina de lavar roupa);

2) existência de boas condições de abertura e controlo visual, que permitam


vistas sobre o exterior enquanto se realizam as refeições;

3) existência de um espaço para se poder estar à mesa sem prejudicar as


outras actividades que se desenvolvem no compartimento.

3.2.2 Segurança

Nos espaços de refeições correntes, a mesa deve estar localizada numa posição
que garanta a sua segurança relativamente à abertura de portas e janelas.

3.2.3 Adequação espacio-funcional

3.2.3.1 Capacidade – Mobiliário

Os critérios utilizados no dimensionamento do mobiliário de refeições correntes Critérios de


dimensionamento de
foram os seguintes: mobiliário

1) Mesa

• a frente mínima de uma mesa para duas pessoas sentadas frente-a-


frente é cerca de 0.75m;

• a profundidade mínima de uma mesa para pessoas sentadas frente-a-


frente é cerca de 0.75m;

• a frente da mesa ocupada por uma pessoa sentada numa cadeira


corrente é cerca de 0.55m.

2) Cadeiras

• as dimensões físicas de frente e profundidade de uma cadeira são


cerca de 0.50x0.50m;

• a distância necessária, entre a mesa e outros equipamentos, para uma


pessoa se movimentar (deslocar cadeira, sentar e levantar) é cerca de
0.70m.

68 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


Dimensões do
No Quadro 18 e na Figura 26 apresentam-se as dimensões físicas e de uso do
mobiliário mobiliário da função refeições correntes (Portas 1969; Lamure 1976; Herbert et
al. 1978; Tutt e Adler 1979; Noble 1982; Swedish Standard 1994a).

Quadro 18

Dimensões físicas Dimensões de uso*


Mobiliário Forma
frente profundidade altura frente profundidade
Mesa de 2 quad. 0.75 0.50+0.75+0.50 0.70/0.85 0.75 2.15 m
lugares
circul. 0.75 0.50+0.75+0.50 0.70/0.85 0.75 2.15 m
rect. 1.10 0.60+0.50 0.70/0.85 1.10 1.35 m
Mesa de 3 rect.* 1 (0.60+0.40)+0.50 0.50+0.75+0.50 0.70/0.85 1.70 2.15 m
lugares
quad. 0.75+0.50 0.50+0.75+0.50 0.70/0.85 1.45 2.15 m
circul. 0.80+0.50 0.80+0.50 0.70/0.85 1.50 1.50 m
Mesa de 4 rect. 1.10 0.50+0.75+0.50 0.70/0.85 1.10 2.15 m
lugares
rect. 0.50.0.95+0.50 0.50+0.75+0.50 0.70/0.85 2.35 2.15 m
circul. 0.50+0.85+0.50 0.50+0.85+0.50 0.70/0.85 2.25 2.25 m
Mesa de 5 rect.* 1 (1.10+0.40)+0.50 0.50+0.75+0.50 0.70/0.85 2.20 2.15 m
lugares
rect. 1 30+0.50 0.50+0.75+0.50 0.70/0.85 2.00 2.15 m
circul. 0.50+1.00+0.50 0.50+1.00+0.50 0.70/0.85 2.40 2.40 m
Mesa de 6 rect. 1.65 0.50+0.75+0.50 0.70/0.85 1.65 2.15 m
lugares
rect. 0.50+1.45+0.50 0.50+0.75+0.50 0.70/0.85 2.85 2.15 m
circul. 0.50+1.10+0.50 0.50+1.10+0.50 0.70/0.85 2.50 2.50 m

* Apenas levantar/sentar.
*1 Mesa com aba.

Critérios de atribuição Na atribuição de mobiliário a espaços de refeições correntes devem ser


de mobiliário
ponderados os seguintes aspectos:

1) em cozinhas pequenas, a mesa de refeições correntes deve ter uma


forma rectangular pois é a que, na generalidade dos casos, mais
facilmente se integra e menos espaço ocupa;

2) o número de lugares da mesa de refeições correntes deve ser


estabelecido em função da lotação da habitação, considerando uma
situação em que a família não se encontra completa;

3) o número de lugares da mesa de refeições correntes deve ser ajustado


com o número de lugares previsto para as refeições formais;

4) quando a função refeições correntes está associada à função


preparação de refeições, a mesa de refeições convencional pode ser
substituída por uma mesa na sequência da bancada do tipo "bar para
pequenos almoços";

5) nas habitações com uma lotação de 1 ou 2 utentes, não se considera


necessário existir um espaço de refeições correntes, devendo existir um
espaço de refeições formais com maior capacidade.

REFEIÇÕES CORRENTES 69
No Quadro 19 apresenta-se o programa de mobiliário da função refeições Programa de mobiliário
correntes, segundo a lotação da habitação e nível de qualidade (mínimo/
recomendável/óptimo).

Quadro 19

Lotação
Mobiliário
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Cadeiras - -/-/2 2/2/3 2/3/4 2/3/4 3/4/5 3/4/5 4/5/6 4/5/6 lug.
Mesa - -/-/2 2/2/3 2/3/4 2/3/4 3/4/5 3/4/5 4/5/6 4/5/6 lug.

3.2.3.2 Espaciosidade – Área

Considera-se que só deve existir um espaço de refeições correntes quando Critérios de atribuição
de área
existir também um espaço de refeições formais que satisfaça as exigências
apresentadas no capítulo 4.

Caso exista um espaço para refeições correntes, na atribuição da área devem


ser ponderados os seguintes aspectos:

1) o programa de mobiliário proposto para a lotação da habitação;

2) a localização do espaço de refeições correntes (englobado num


compartimento com a função preparação de refeições ou localizado num
espaço demarcado);

3) a possibilidade de existir espaço para a expansão da mesa de refeições,


geralmente por meio de uma aba móvel.

No Quadro 20 apresentam-se as áreas úteis a atribuir aos espaços de refeições Áreas de espaços
correntes, segundo a sua localização, a lotação da habitação e o nível de
qualidade (Portas 1969; MHOP e LNEC 1978a).

Quadro 20

Em espaço demarcado Em espaço englobado


Lotação
Mín. Rec. Ópt. Mín. Rec. Ópt.
1 - - - - - - m²
2 - - 3.00 - - 2.50 m²
3 2.50 3.00 3.50 2.00 2.50 3.00 m²
4 2.50 3.50 4.50 2.00 3.00 4.00 m²
5 3.00 4.00 5.00 2.50 3.50 4.50 m²
6 3.50 4.50 5.50 3.00 4.00 5.00 m²
7 4.00 5.00 6.00 3.50 4.50 5.50 m²
8 4.50 5.50 6.50 4.00 5.00 6.00 m²
9 5.00 6.00 7.00 4.50 5.50 6.50 m²

70 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


3.2.3.3 Espaciosidade – Dimensão

Critérios de No dimensionamento de espaços de refeições correntes devem ponderar-se a


dimensionamento
dimensão da mesa de refeições, a largura das faixas de circulação e a posição
da mesa (centrada ou com um topo encostado).

No Quadro 21 e na Figura 27 apresentam-se as larguras das faixas de circulação


junto a mesas de refeições correntes.

Quadro 21

Elemento Dimensão Descrição


Cadeira 0.50 m espaço para colocar uma cadeira
Circulação 0 50+0.20 m espaço para levantar/sentar à mesa
0 50+0.40 m espaço para passar de lado atrás de pessoas sentadas
0 50+0 60 m espaço para passar de frente atrás de pessoas sentadas
0 50+0 80 m espaço para passar com tabuleiro atrás de pessoas sentadas

Dimensão de espaços No Quadro 22 e na Figura 27 apresentam-se as dimensões mínimas dos


espaços de refeições correntes, segundo a lotação da habitação e o nível de
qualidade.

Quadro 22

Lotação Mínimo Recomendável Óptimo


1 2.15 2.35 2.55 m
2 2.15 2.35 2.55 m
3 2.15 2.35 2.55 m
4 2.15 2.35 2.75 m
5 2.15 2.35 2.75 m
6 2.15 2.55 2.75 m
7 2.15 2.55 2.75 m
8 2.35 2.55 2.95 m
9 2.35 2.55 2.95 m

3.2.4 Articulação

3.2.4.1 Privacidade

A função refeições correntes tem uma relação de compatibilidade simultânea


com as funções preparação de refeições, estar/reunir e lavagem de roupa, e
uma relação de compatibilidade sucessiva com as funções refeições formais,
recreio de crianças, estudo/recreio de jovens, trabalho/recreio de adultos, passar
a ferro/costurar roupa e secagem de roupa.

3.2.4.2 Acessibilidade

A função refeições correntes tem uma relação de conexão com a função


preparação de refeições.

REFEIÇÕES CORRENTES 71
3.2.5 Adaptabilidade

A existência de um espaço de refeições correntes integrado na cozinha permite


que a mesa de refeições possa servir para apoio a variadas funções, tais como,
preparação de refeições, passar a ferro/costurar roupa, recreio de crianças e
estudo/recreio de jovens.

3.3 MODELOS

Neste ponto são apresentados modelos exemplificativos da aplicação do


programa de exigências proposto para a função refeições correntes, às
disposições de mobiliário consideradas mais frequentes. Para maior facilidade
de consulta dos modelos, apresenta-se no Quadro 23 a lista dos modelos com
os respectivos números de figura e de página.

Quadro 23

Função dominante Função associada Lotação Nível de qualid. Figura n.º Página n.º

Refeições correntes - 2 a 6 Utentes Mín./Rec./Ópt. Figura 28 75

Preparação refeições 4/5 Utentes Mínimo Figura 29 76


6/7 Utentes Mínimo Figura 30 77
8/9 Utentes Mínimo Figura 31 78
1/2 Utentes Rec./Ópt. Figura 32 79
3/4 Utentes Rec./Ópt. Figura 33 80
5/6 Utentes Rec./Ópt. Figura 34 81
7/8 Utentes Rec./Ópt. Figura 35 82
9 Utentes Rec./Ópt. Figura 36 83

72 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


REFEIÇÕES CORRENTES 73
74 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
REFEIÇÕES CORRENTES 75
76 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
REFEIÇÕES CORRENTES 77
78 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
REFEIÇÕES CORRENTES 79
80 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
REFEIÇÕES CORRENTES 81
82 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
REFEIÇÕES CORRENTES 83
4. REFEIÇÕES FORMAIS

4.1 DADOS DE PROGRAMA

4.1.1 Conteúdo da função

A função refeições formais consiste num conjunto de actividades ligadas à


realização de refeições em que existem cuidados quanto ao local e às
presenças.

Actividades As actividades que compõem a função refeições formais são: pôr a mesa, servir
componentes
os alimentos, comer e levantar a mesa.

Localização A função refeições formais não se desenvolve necessariamente num espaço


autónomo, tratando-se de uma função de grande mobilidade de acordo com as
preferências e o modo de vida familiar. A sua localização é, em regra, numa sala
de jantar ou numa zona da sala comum, mas pode também situar-se, numa
varanda ou numa zona do quintal privado.

Utentes envolvidos Geralmente, os utentes envolvidos na função refeições formais são, nas
refeições diárias, o agregado familiar completo e, em dias especiais, a família
com visitas.

Horário e frequência As refeições formais realizam-se, geralmente, à hora do jantar nos dias de
trabalho, e à hora do almoço ou do jantar no fim de semana e nos dias feriados.

4.1.2 Tipos de espaços

Geralmente, os espaços de refeições formais estão localizados nos seguintes


tipos de compartimentos:

1) Sala comum – nesta solução devem existir zonas próprias adequadas às


funções refeições formais e estar/reunir.

2) Espaço demarcado de refeições – solução em que existe um espaço


destinado à realização de refeições, demarcado da cozinha ou da sala, que
pode ser encerrado (por exemplo, com cortina ou porta de correr).

3) Sala de jantar – compartimento destinado exclusivamente a esta função


(esta solução não é frequente em habitações de pequena lotação porque
implica um maior investimento de área).

REFEIÇÕES FORMAIS 85
4.2 EXIGÊNCIAS DE PROJECTO

4.2.1 Agradabilidade

As refeições formais são, por excelência, um período de convívio familiar,


devendo portanto ser tomados especiais cuidados que assegurem um ambiente
agradável. Assim devem ser satisfeitas as seguintes condições (Portas 1969;
Alexander et al. 1980):

1) Conforto ambiental, com particular atenção para:

• adequada iluminação natural, que não tem de ser necessariamente


directa, mas que deve ser segundo o eixo longitudinal da mesa (caso
esta seja rectangular ou oval) para reduzir situações de contraluz ou
ofuscamento;

• amplo controlo visual e abertura visual sobre o exterior que permitam


vistas sobre o exterior enquanto se realizam as refeições;

• adequada protecção contra vistas, ruídos e cheiros provenientes do


espaço de preparação de refeições.

2) Possibilidade de disposição do mobiliário de forma adequada às


preferências dos utentes, destacando-se a frequente preocupação de
simetria das composições de mobiliário e de centralidade da mesa de
refeições no compartimento.

4.2.2 Segurança

Nos espaços de refeições formais a mesa deve estar localizada numa posição
que garanta a sua segurança relativamente à abertura de portas e janelas.

4.2.3 Adequação espacio-funcional

4.2.3.1 Capacidade – Mobiliário

Os critérios utilizados no dimensionamento do mobiliário de refeições formais Critérios de


dimensionamento de
foram os seguintes: mobiliário

1) Mesa

• a frente mínima de uma mesa para duas pessoas sentadas frente-a-


frente , é cerca de 0.80m;

• a profundidade mínima de uma mesa para pessoas sentadas frente-a-


frente é cerca de 0.80m;

• a frente da mesa ocupada por uma pessoa sentada numa cadeira


corrente é cerca de 0.60m.

86 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


2) Cadeiras

• as dimensões físicas de frente e profundidade de uma cadeira são


cerca de 0.50x0.50m;

• a distância necessária, entre a mesa e outros equipamentos, para uma


pessoa se movimentar (deslocar cadeira, sentar e levantar da mesa) é,
no mínimo de 0.70m, sendo recomendável 0.75m, e óptimo 0.80m.

3) Aparador

• a dimensão de uso do aparador ou armário de apoio é cerca de 0.60m,


no caso de se utilizarem portas de correr e prateleiras, e cerca de
0.80m, no caso de se utilizarem gavetas;

• quando a dimensão de uso for condicionada por uma cadeira é


aceitável a existência de uma distância de apenas 0.60m, porque a
cadeira é um objecto móvel.

As dimensões físicas do mobiliário não variam com o nível de qualidade. No


entanto, às dimensões de uso apresentadas no Quadro 24, correspondentes ao
nível mínimo, devem acrescentar-se 0.10m para o nível recomendável e 0.20m
para o nível óptimo (estas margens suplementares permitem maior facilidade no
uso das cadeiras).

Dimensões do No Quadro 24 e nas Figura 37 e Figura 38 apresentam-se as dimensões físicas e


mobiliário
de uso do mobiliário da função refeições formais (Portas 1969; Lamure 1976;
Herbert et al. 1978; Tutt e Adler 1979; Noble 1982; Swedish Standard 1994a).

REFEIÇÕES FORMAIS 87
Quadro 24

Dimensões físicas Dimensões de uso*


Mobiliário Forma
frente profundidade altura frente profundidade
Mesa de 2 lugares quad. 0.80 0.50+0.80+0.50 0.70/0.85 0.80 2.20 m
circul. 0.80 0.50+0.80+0.50 0.70/0.85 0.80 2.20 m
1
Mesa de 3 lugares rect.* (0 60+0.40)+0.50 0.50+0.80+0.50 0.70/0.85 1.70 2.20 m
quad. 0.80+0.50 0.50+0.80+0.50 0.70/0.85 1.50 2.20 m
circul. 0.90+0.50 0.90+0.50 0.70/0.85 ∅ 1.15 ∅ 1.15 m
Mesa de 4 lugares rect. 1.20 0.50+0.80+0.50 0.70/0.85 1.20 2.20 m
rect. 0.50+1.00+0.50 0.50+0.80+0.50 0.70/0.85 2.40 2.20 m
circul. 0.50+1.00+0.50 0.50+1.00+0.50 0.70/0.85 ∅ 2.40 ∅ 2.40 m
Mesa de 5 lugares rect.* 1 (1 20+0.40)+0.50 0.50+0.80+0.50 0.70/0.85 2.30 2.20 m
rect. 1.40+0.50 0.50+0.80+0.50 0.70/0.85 1.90 2.20 m
circul. 0.50+1.10+0.50 0.50+1.10+0.50 0.70/0.85 ∅ 2.50 ∅ 2.50 m
Mesa de 6 lugares rect. 1.80 0.50+0.80+0.50 0.70/0.85 1.80 2.20 m
rect. 0.50+1.60+0.50 0.50+0.80+0.50 0.70/0.85 3.00 2.20 m
circul. 0.50+1.20+0.50 0.50+1.20+0.50 0.70/0.85 ∅ 2.80 ∅ 2.80 m
Mesa de 7 lugares rect.* 1 (1 80+0.40)+0.50 0.50+0.80+0.50 0.70/0.85 2.90 2.20 m
rect. 2.00+0.50 0.50+0.80+0.50 0.70/0.85 2.70 2.20 m
circul. 0.50+1.40+0.50 0.50+1.40+0.50 0.70/0.85 ∅ 2.80 ∅ 2.80 m
Mesa de 8 lugares rect. 2.40 0.50+0.80+0.50 0.70/0.85 2.40 2.20 m
rect. 0.50+2.10+0.50 0.50+0.90+0.50 0.70/0.85 3.50 2.30 m
circul. 0.50+1.80+0.50 0.50+1.20+0.50 0.70/0.85 3.20 2.80 m
Mesa de 9 lugares rect. 2.60+0.50 0.50+0.80+0.50 0.70/0.85 3.40 2.20 m
rect. 2.55+0.50 0.50+0.90+0.50 0.70/0.85 3.35 2.30 m
circul. 0.50+2.10+0.50 0.50+1.20+0.50 0.70/0.85 3.50 2.80 m
Mesa de 10 lugares rect. 3.00 0.50+0.80+0.50 0.70/0.85 3.00 2.20 m
rect. 0.50+2.70+0.50 0.50+0.90+0.50 0.70/0.85 3.70 2.30 m
circul. 0.50+2.40+0.50 0.50+1.20+0.50 0.70/0.85 3.80 2.80 m
Aparador mínimo variável 0.45 0.85 a 2.10 variável 0.40+0.60 m
recom. variável 0.45 0.85 a 2.10 variável 0.40+0.70 m
óptimo. variável 0.45 0.85 a 2.10 variável 0.45+0.80 m

* Apenas levantar/sentar.
*1 Mesa com aba.

O principal critério de atribuição de mobiliário a esta função é o número de Critérios de atribuição


de mobiliário
lugares sentados à mesa. No mínimo, deve existir um número de lugares
sentados igual à lotação máxima da habitação, mas é recomendável a existência
de lugares suplementares para visitas. Salienta-se que, quanto maior for a
lotação da habitação menor é a necessidade de existirem lugares
suplementares, porque é menos provável que todo o agregado familiar se
encontre reunido com visitas numa refeição.

No Quadro 25 apresenta-se o programa de mobiliário da função refeições Programa de mobiliário


formais, segundo lotação da habitação e nível de qualidade
(mínimo/recomendável/óptimo) (Portas 1969; MHOP e LNEC 1978a).

88 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


Quadro 25

Lotação
Mobiliário
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Cadeiras 4/4/4 4/4/4 3/4/5 4/5/6 5/6/7 6/7/8 7/8/9 8/9/10 9/10/10 lug.
Mesa 4/4/4 4/4/4 3/4/5 4/5/6 5/6/7 6/7/8 7/8/9 8/9/10 9/10/10 lug.
Aparador 1.00 1.00 1.00 1.20 1.20 1.20 1.40 1.40 1.40 m

4.2.3.2 Espaciosidade – Área

Critérios de atribuição Na atribuição de área a espaços de refeições formais devem ser ponderados os
de área
seguintes aspectos:

1) se existe, ou não, um espaço de refeições correntes;

2) o programa de mobiliário previsto para a lotação da habitação;

3) a localização do espaço de refeições formais (integrado na sala de estar,


constituindo um espaço demarcado da sala, ou constituindo uma sala de
jantar);

4) a possibilidade de existir espaço para a expansão da mesa;

5) a possibilidade de existir espaço suplementar que permita colocar algum


elemento de mobiliário com dimensões maiores que o usual, sem
prejudicar as faixas de circulação ou áreas de uso dos restantes elementos
de mobiliário.

Área de espaços No Quadro 26 apresentam-se as áreas úteis a atribuir aos espaços de refeições
formais, segundo a sua localização, a lotação da habitação e o nível de
qualidade (Portas 1969; MHOP e LNEC 1978a).

Quadro 26

Em espaço englobado Em espaço demarcado Em espaço isolado


Lotação
Mín. Rec. Ópt. Mín. Rec. Ópt. Mín. Rec. Ópt.
1 5.0 60 6.5 5.5 6.5 7.0 - - - m²
2 5.0 60 6.5 5.5 6.5 7.0 - - 7.5 m²
3 4.0 60 7.5 4.5 6.5 8.0 - - 8.5 m²
4 5.0 70 8.5 5.5 7.5 9.0 - 8.0 9.5 m²
5 6.0 80 9.5 6.5 8.5 10.0 7.0 9.0 10.5 m²
6 7.0 90 10.5 7.5 95 11.0 8.0 10.0 11.5 m²
7 8.0 10.0 11.5 8.5 10.5 12.0 9.0 11.0 12.5 m²
8 9.0 11.0 12.5 9.5 11.5 13.0 10.0 12.0 13.5 m²
9 10.0 12.0 13.0 10.5 12.5 13.5 11.0 13.0 14.0 m²

4.2.3.3 Espaciosidade – Dimensão

Critérios de No dimensionamento de espaços de refeições formais devem ter-se em


dimensionamento
consideração a largura das faixas de circulação, a dimensão do mobiliário e a
posição da mesa (centrada ou com um topo encostado).

REFEIÇÕES FORMAIS 89
A colocação da mesa de refeições numa posição centrada ocupa mais espaço
que uma mesa com um dos topos encostado. Por esta razão, adoptou-se como
critério para determinação das dimensões mínimas que, no nível mínimo apenas
se assegurava a possibilidade de colocar a mesa encostada, e nos níveis
recomendável e óptimo se assegurava a possibilidade de colocar a mesa numa
posição centrada.

No Quadro 27 apresenta-se a largura das faixas de circulação e de colocação de


mobiliário.

Quadro 27

Elemento Dimensão Descrição


Cadeira 0.50 m espaço para colocar uma cadeira
Circulação 0.50+0.20 m espaço para levantar/sentar à mesa
0.50+0.40 m espaço para passar de lado atrás de pessoas sentadas
0.50+0.60 m espaço para passar de frente atrás de pessoas sentadas
0.50+0.80 m espaço para passar com tabuleiro atrás de pessoas sentadas
Aparador 0.45+0.60 m espaço para instalar um aparador e permitir o acesso a prateleiras
com portas de correr
0.45+0.80 m espaço para instalar um aparador e permitir o acesso a gavetas e
prateleiras com portas

No Quadro 28 e na Figura 39 apresentam-se as dimensões mínimas dos Dimensão de espaços


espaços de refeições formais, segundo a lotação da habitação e o nível de
qualidade.

Quadro 28

Espaço demarcado ou isolado


Lotação
Mínimo Recomendável Óptimo
1 2.40 2.70 3.10 m
2 2.40 2.70 3.10 m
3 2.40 2.70 3.10 m
4 2.40 2.70 3 30 m
5 2.40 2.90 3 30 m
6 2.60 2.90 3 50 m
7 2.60 3.10 3 50 m
8 2.80 3.10 3 70 m
9 2.80 3.30 3 70 m

4.2.3.4 Funcionalidade

A principal exigência de funcionalidade desta função é a possibilidade de


circular à volta da mesa de refeições, com as pessoas sentadas, pois permite
realizar eficientemente as actividades de pôr, servir e levantar a mesa.

90 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


4.2.4 Articulação

4.2.4.1 Privacidade

A função refeições formais tem uma relação de compatibilidade simultânea com


as funções estar/reunir e receber, e uma relação de compatibilidade sucessiva
com as funções refeições correntes e trabalho/recreio de adultos.

Os espaços de refeições formais devem estar articulados de modo a satisfazer


as seguintes exigências de privacidade:

1) a relação com os espaços de dormir/descanso pessoal deve ser distante,


de modo a salvaguardar a privacidade e o isolamento acústico;

2) podem ter ligação directa aos espaços de preparação de refeições, mas


deve ser assegurada a protecção relativamente a vistas, ruídos e cheiros;

3) quando exista mais do que um espaço de higiene pessoal, deve existir um


acesso a este espaço, através de um espaço de circulação, sem entrar na
zona de espaços individuais da habitação.

4.2.4.2 Acessibilidade

A função refeições formais tem uma relação de conexão com as funções


preparação de refeições, estar/reunir e permanência no exterior privado.

Os espaços de refeições formais devem estar articulados de modo a satisfazer


as seguintes exigências de acessibilidade:

1) a ligação com o espaço de preparação de refeições deve assegurar que os


percursos sejam curtos e sem atravessar outros compartimentos habitáveis
ou a zona de estar/reunir da sala comum;

2) deve ser possível ver televisão, durante as refeições, pois este é um hábito
corrente, sublinhado pela coincidência dos "horários nobres" da
programação com os períodos das principais refeições, nomeadamente à
hora do jantar.

4.2.5 Adaptabilidade

Tendo em vista a adaptabilidade do espaço de refeições formais deve prever-se


uma margem de espaço suplementar que permita suportar as seguintes
situações:

1) instalação de mobílias de sala de jantar, geralmente antigas, com


dimensões e número de peças superiores à média;

2) aumento da dimensão da mesa de refeições, em ocasiões em que se


recebem visitas, através da extensão do tampo por troços de,
habitualmente, 0.60m de largura.

REFEIÇÕES FORMAIS 91
4.3 MODELOS

Neste ponto são apresentados modelos exemplificativos da aplicação do


programa de exigências proposto para a função refeições formais, às
disposições de mobiliário consideradas mais frequentes. Para maior facilidade
de consulta dos modelos apresenta-se no Quadro 29 a lista dos modelos com
os respectivos números de figura e de página.

Quadro 29

Função dominante Lotação Nível de qualid. Figura n.º Página n.º

Refeições formais 2 a 4 Utentes Mín./Rec./Ópt. Figura 40 96


5 a 7 Utentes Mín./Rec./Ópt. Figura 41 97
8 a 10 Utentes Mín./Rec./Ópt. Figura 42 98

Os modelos exemplificativos da associação da função refeições formais com a


função estar/reunir são apresentados no capítulo 5 (Figura 49 à Figura 55).

92 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


REFEIÇÕES FORMAIS 93
94 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
REFEIÇÕES FORMAIS 95
96 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
REFEIÇÕES FORMAIS 97
98 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
5. ESTAR/REUNIR

5.1 DADOS DE PROGRAMA

5.1.1 Conteúdo da função

Esta função, que agrupa muitas actividades diferenciadas e variáveis de família


para família, pode definir-se pelo conjunto de actividades ligadas ao reunir e
estar em grupo, sobretudo nos tempos livres.

Actividades As principais actividades que compõem a função estar/reunir são conversar,


componentes
jogar, ouvir música, ler, tocar instrumentos musicais e ver televisão.

Localização A função estar/reunir desenvolve-se, essencialmente, na sala comum, na sala de


estar ou saleta, mas pode também realizar-se alternativamente num quarto,
numa varanda, num terraço ou num quintal privado.

Utentes envolvidos Na função estar/reunir participam os membros do agregado familiar


individualmente ou, com maior frequência, em grupos.

Horário e frequência Os períodos de realização da função estar/reunir correspondem geralmente aos


momentos de tempo livre dos elementos do agregado familiar, concentrando-se
portando nos fins de tarde e serões dos dias de trabalho, e nas tardes e noites
dos dias de fim de semana e feriados.

5.1.2 Tipos de espaços

Geralmente, os espaços de estar/reunir estão localizados nos seguintes tipos de


compartimentos:

1) Sala comum – nesta solução devem existir zonas próprias adequadas às


funções refeições formais e estar/reunir.

2) Espaço demarcado de estar/reunir – solução em que existe um espaço


destinado à função estar/reunir, demarcado da sala comum, que pode ser
encerrado (por exemplo, com cortina ou porta de correr).

3) Sala de estar – compartimento destinado exclusivamente a esta função


(esta solução não é frequente em habitações de pequena lotação porque
implica um maior investimento de área).

ESTAR / REUNIR 99
5.2 EXIGÊNCIAS DE PROJECTO

5.2.1 Agradabilidade

O espaço de estar/reunir deve possuir boas condições para o convívio, existindo


especial cuidado com o conforto ambiental e com a possibilidade de disposição
do mobiliário de acordo com os modos de uso dos moradores.

Quanto ao conforto ambiental, nos espaços de estar/reunir, devem ser satisfeitas


as seguintes exigências:

1) adequado isolamento acústico relativamente aos restante compartimentos


do fogo, visto que neles se desenvolvem actividades com diferentes
características em termos acústicos, incluindo actividades ruidosas (por
exemplo, recreio de crianças, ver televisão, ouvir música, jogos e
conversas) e actividades que carecem de silêncio (por exemplo, ler,
estudar e trabalhar);

2) existência de vãos de janela em contacto directo com o exterior que


proporcionem:

• adequadas condições de iluminação, evitando-se que os sofás e as


cadeiras estejam em situações de contraluz;

• um amplo controlo e abertura visual sobre o exterior, podendo utilizar-


se, por exemplo, janelas de peito baixo (altura do peitoril ao pavimento
inferior a 0.60m), janelas projectas sobre o exterior ("bow window "), ou
janelas de sacada;

3) existência de dispositivos que permitam o controlo da radiação solar


excessiva e o obscurecimento controlado.

Quanto à disposição do mobiliário, nos espaços de estar/reunir, devem ser


asseguradas as seguintes condições (Portas 1969; Alexander et al. 1980):

1) Disposição dos assentos

• os assentos devem formar uma configuração de conjunto


aproximadamente circular;

• os focos destas configurações circulares de assentos são geralmente a


lareira, uma carpete, o aparelho de televisão, uma mesa, ou outro
aspecto específico da sala;

• os assentos devem possuir diferentes características físicas e de


espaçamento entre si (dispersos ou adjacentes), de modo a responder,
quer aos diversos tipos de relações de intimidade dos utentes, quer aos
diferentes graus de privacidade requeridos pelas actividades a
desenvolver.

100 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


2) Relação com zonas de circulação

• as zonas de estar não devem ser atravessadas por circulações de uso


frequente.

3) Relação com fogão de sala

• o fogão de sala deve ser visto de vários pontos do compartimento, por


quem o atravessa e, mesmo, a partir de zonas contíguas, para que
possa funcionar como pólo de atracção para o convívio familiar;

• deve existir uma concentração entre o fogão de sala e outras vistas (por
exemplo, uma janela com ampla abertura visual sobre o exterior).

5.2.2 Adequação espacio-funcional

5.2.2.1 Capacidade – Mobiliário

Critérios de Os critérios utilizados no dimensionamento do mobiliário de estar/reunir foram


dimensionamento de
mobiliário
os seguintes:

1) não se distinguiram as dimensões físicas e de uso por nível de qualidade,


por não se terem encontrado variações significativas nas propostas dos
vários autores que abordam este tema;

2) a distância de uso da televisão varia de acordo com as dimensões do ecrã,


e deve respeitar-se um ângulo de visão máximo de 45° em relação a um
eixo perpendicular ao plano do ecrã;

3) a dimensão de frente de cada módulo de estante é variável, situando-se


geralmente entre 0.60 e 1.00m.

Dimensões de As dimensões físicas e de uso do mobiliário da função estar/reunir são


mobiliário
apresentadas no Quadro 30 e na Figura 43 (Thiberg 1969; Portas 1969; Lamure
1976; Herbert et al. 1978; Tutt e Adler 1979; Noble 1982; DGAV 1985; Swedish
Standard 1994a).

ESTAR / REUNIR 101


Quadro 30

Dimensões físicas Dimensões de uso


Mobiliário
frente profundidade altura frente profundidade
Sofá cama 2.00 0.90 0 65/1.05 2.00 0.90+0.25 m
triplo 2.00 0.80 0 65/1 05 2.00 0.20+0.80+0.25 m
duplo 1.60 0.80 0.65/1 05 0.20+1.60+0.20 0.20+0.80+0.25 m
individual 0.80 0.80 0.65/1 05 0.20+0.80+0.20 0.20+0.80+0.25 m
Mesa de café quadrada 0.70 0.70 0 30/0.50 - - m
circular ∅ 0.70 - 0.30/0.50 - - m
rectang. 1.00 0.50 a 0.70 0 30/0.50 - - m
Mesa de apoio circular ∅ 1.00 - 0.85/0.90 - - m
quadrada 0.80 0.80 0 85/0.90 - - m
Estante de sala mínimo 0.60/0.80/1.00 0.45 2.10 0.60/0.80/1.00 0.45+0.50 m
recom. 0.60/0.80/1.00 0.45 2.10 0.60/0.80/1.00 0.45+0.60 m
óptimo 0.60/0.80/1.00 0.45 2.10 0.60/0.80/1.00 0.45+0.70 m
Televisão 0.60 0.45 0.40 variável variável m

Na atribuição de mobiliário à função estar/reunir adoptaram-se os seguintes Critérios de atribuição


de mobiliário
critérios:

1) o número de lugares sentados em sofás é proporcional à lotação da


habitação;

2) nos níveis recomendável e óptimo, existe espaço para instalar um sofá-


cama ou um sofá triplo, em todas as lotações de habitações.

No Quadro 31 apresenta-se o programa de mobiliário da função estar/reunir, Programa de mobiliário


segundo a lotação da habitação e o nível de qualidade (mínimo/
recomendável/óptimo) (Portas 1969; Thiberg 1990).

Quadro 31

Lotação
Mobiliário
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Sofá-cama/sofá triplo 0/0/3 0/0/3 0/3/3 3 3 3 3 3 3 lug.
Sofá duplo/sofá individual* 2/3/1 2/3/1 3/1/2 1/2/3 1/2/3 2/3/2+2 3/4/3+2 4/3+2/4+2 4/3+2/4+2 lug.
Número total de lugares 2/3/4 2/3/4 3/4/5 4/5/6 4/5/6 5/6/7 6/7/8 7/8/9 7/8/9 lug.
Mesa de café (1.00x0.60m) 1 1 - - - - 1 1 1 uni
Mesa de café (1.50x0.60m) - - 1 1 1 1 1/1/1 1/1/1 1 uni
Estante (0.60x0.40m) 2/2/3 2/2/3 2/3/3 2/3/3 3/3/4 3/3/4 3/4/4 3/4/4 4 uni
Televisão (0.60x0.40m) 1 1 1 1 1 1 1 1 1 uni

* A parcelas separadas por um sinal mais (+) referem-se a casos em que devem existir duas zonas de sofás
distintas, que podem no entanto estar fisicamente próximas.

Actualmente, o papel funcional do fogão de sala no aquecimento da habitação


tende a ser menos importante que no passado, assumindo este elemento um
papel sobretudo simbólico na criação do ambiente doméstico.

No entanto, caso se justifique pela características da zona climática, deve ser


prevista a possibilidade de instalar no espaço de estar/reunir um fogão de sala
ou outro dispositivo de aquecimento.

102 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


5.2.2.2 Espaciosidade – Área

Critérios de atribuição Na atribuição de área à função estar/reunir deve ter-se em consideração o


de área
programa de mobiliário previsto para cada lotação da habitação, a localização
do espaço de estar/reunir (integrado na sala comum ou constituindo uma sala
de estar) e o grau de flexibilidade que se pretende para a disposição do
mobiliário.

Área de espaços No Quadro 32 apresentam-se as áreas úteis a atribuir aos espaços de


estar/reunir, segundo a lotação da habitação e o nível de qualidade (Portas
1969; MHOP e LNEC 1978a).

Quadro 32

Lotação Mínimo Recomendável Óptimo


1 6.0 7.5 9.0 m²
2 6.0 7.5 9.0 m²
3 7.5 9.5 10.5 m²
4 9.0 10.5 12.0 m²
5 9.0 10.5 12.0 m²
6 10.5 12.0 15.5 m²
7 12.0 15.5 19.0 m²
8 15.5 19.0 22.5 m²
9 15.5 19.0 22.5 m²

5.2.2.3 Espaciosidade – Dimensão

Critérios de No dimensionamento dos espaços de estar/reunir devem ter-se em


dimensionamento
consideração os seguintes critérios:

1) as dimensões físicas e de uso do mobiliário previsto para cada lotação de


habitação;

2) as disposições mais frequentes desse mobiliário;

3) as largura das faixas de circulação;

4) o grau de flexibilidade que se pretende para a disposição do mobiliário.

Quanto à disposição dos assentos e mesas de apoio, existem determinadas


configurações mais frequentes deste mobiliário, cujas dimensões se apresentam
no Quadro 33 e na Figura 44 (Thiberg 1970).

ESTAR / REUNIR 103


Quadro 33

N.º Lug. Dimensão Descrição


1 lugar 1.80x1.60 m sofá individual com mesa de apoio lateral
1.20x2.05 m sofá individual com mesa de apoio frontal
2 lugares 2.20x2.05 m dois sofás individuais lado-a-lado com mesa de apoio frontal
3.10x1.20 m dois sofás individuais frente-a-frente com mesa de apoio central
4 lugares 2.10x3.00 m sofá triplo frente a sofá individual com mesa de apoio central
3.00x2.10 m sofá triplo com sofá individual de lado e mesa de apoio central
5 lugares 2.20x3.0 m sofá triplo frente a dois sofás individuais com mesa de apoio central
4.00x2.10 m sofá triplo com dois sofás individuais de lado e mesa de apoio central
6 lugares 3.00x3.00 m sofá triplo com dois sofás individuais de frente, um sofá individual de lado,
e mesa de apoio central
4.00x3.00 m sofá triplo com dois sofás individuais de lado, um sofá individual de frente,
e mesa de apoio central
7 lugares 4.00x3.10 m sofá triplo com dois sofás individuais de frente, dois sofás individuais de
lado, e mesa de apoio central
4.00x3.10 m sofá triplo com dois pares de sofás individuais de lado e mesa de apoio
central

No Quadro 34 apresenta-se um resumo da largura das faixas de circulação e


das dimensões de uso de estantes.

Quadro 34

Elemento Dimensão Descrição


Estante 0.45+0.60 m espaço para instalar uma estante e ter acesso a prateleiras com portas
de correr
0.45+0.80 m espaço para instalar uma estante e ter acesso a gavetas ou prateleiras
com portas
Circulação 0.40 m espaço para uma pessoa passar de lado
0.60 m espaço para uma pessoa passar de frente
0.80 m espaço para uma pessoa passar com tabuleiro
espaço para passar em cadeira de rodas (apertado)
0.90 m espaço para passar em cadeira de rodas

No Quadro 35 e na Figura 45 apresentam-se as dimensões mínimas dos Dimensão de espaços


espaços de estar/reunir, segundo a lotação da habitação e nível de qualidade.

Quadro 35

Lotação Mínimo Recomendável Óptimo


1 2.70 2 85 3.00 m
2 2.70 2 85 3.00 m
3 2.70 2 85 3.00 m
4 2.85 3 00 3.30 m
5 2.85 3 00 3.30 m
6 2.85 3 30 3.60 m
7 3.00 3 30 3.60 m
8 3.00 3 60 3.90 m
9 3.00 3 60 3.90 m

104 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


5.2.2.4 Funcionalidade

Com vista a assegurar a funcionalidade dos espaços de estar/reunir devem ser


previstas adequadas condições para ver televisão e de compatibilização entre
equipamentos.

Condições para ver Actualmente, a televisão assume um importante papel de entretenimento e


televisão
informação nos períodos de convívio da família. Esta importância justifica o lugar
privilegiado que a televisão ocupa no espaço de estar/reunir e torna
particularmente importantes as exigências de funcionalidade que lhe estão
associadas, nomeadamente as que seguidamente se referem:

1) A televisão deve situar-se contra um fundo fechado, de modo a que a luz


natural atinja o mais possível paralelamente o ecrã, não produzindo
reflexões perturbadoras.

2) A distância dos telespectadores à televisão depende da dimensão do


aparelho e das condições de iluminação ambiente (no caso de aparelhos
10
pequenos a distância mínima do telespectador deve ser cerca de 2.0m, e
no caso de aparelhos maiores a distância de visionamento pode aumentar
até cerca de 4.0m).

3) A televisão "panorâmica" constitui usualmente um elemento independente


que, apesar de ser ainda pouco frequente, virá provavelmente no futuro a
requerer algumas exigências específicas, quer para a sua instalação, quer
de espaço para o seu visionamento.

4) A cada vez maior integração da televisão com outros equipamentos


audiovisuais e de recreio (por exemplo, vídeo, computador, consola de
jogos, alta-fidelidade, etc.), implica especiais cuidados na localização
destes equipamentos nos espaços de estar/reunir.

Compatibilização de Existe geralmente alguma dificuldade em compatibilizar os dois pólos de


equipamentos
atenção dos espaços de estar/reunir, que são os equipamentos técnicos
(televisão, vídeo, alta-fidelidade) e o fogão de sala. Como forma de solucionar
este problema podem adoptar-se as seguintes estratégias:

1) uma integração total, conseguida com um desenho unificador e


salvaguardando as distâncias necessárias para o bom funcionamento de
todos os aparelhos;

2) uma dissociação, criando um recanto de lareira e uma zona de


equipamentos distintas.

10
Considera-se que um aparelho é pequeno se tiver um ecrã com cerca de 0.50m de dimensão
diagonal.

ESTAR / REUNIR 105


5.2.3 Articulação

5.2.3.1 Privacidade

A função estar/reunir tem uma relação de compatibilidade simultânea com as


funções refeições correntes, refeições formais, receber e passar a ferro/costurar
roupa, e uma relação de compatibilidade sucessiva com a função
trabalho/recreio de adultos.

Os espaços de estar/reunir, quando constituem salas, devem estar articulados


de modo a satisfazer as seguintes exigências de privacidade:

1) a relação entre a sala e os espaços de dormir/descanso pessoal deve ser


distante;

2) a sala pode ter ligação directa ao espaço de preparação de refeições, mas


deve ser assegurada a protecção relativamente a vistas, ruídos e cheiros;

3) quando exista mais do que um espaço de higiene pessoal, deve existir um


acesso a este espaço, através de um espaço de circulação, sem entrar na
zona de espaços individuais da habitação;

4) a sala deve ter um acesso próprio através de um espaço de circulação ou


de outra sala;

5) a sala deve ter acesso à porta de entrada através de outra sala ou de um


ou mais espaços de circulação isolados;

6) embora não seja aconselhável, se a zona de entrada/saída estiver


integrada no mesmo compartimento que o espaço de estar/reunir, deve ser
salvaguardada a privacidade deste espaço relativamente à porta de
entrada/saída pela existência de um recanto (criado, por exemplo, pela
configuração do compartimento, por biombos, por painéis, ou por
elementos de mobiliário).

5.2.3.2 Acessibilidade

A função estar/reunir tem uma relação de forte conexão com as funções


refeições formais e receber.

Os espaços de estar/reunir, quando constituem salas, devem estar articulados


de modo a satisfazer as seguintes exigências de acessibilidade:

1) em habitações de tipologia programática T4 e T5, pode existir um quarto


para a função dormir/descanso pessoal com um acesso único pela sala;
nesta situação, o quarto é também adequado para prolongamento da
função estar/reunir ou para as funções refeições formais e trabalho/recreio
de adultos;

106 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


2) a sala deve ter uma relação de contiguidade com o espaço de refeições
correntes ou formais, que permita um mútuo alargamento dos espaços e o
visionamento da televisão durante as refeições;

3) a sala deve possuir um acesso, através de um espaço de circulação, a uma


instalação sanitária;

4) a sala deve possuir um acesso directo ao espaço exterior privado (caso


exista), que permita o seu prolongamento visual e físico e possibilite uma
localização alternativa para as funções refeições formais, estar/reunir e
receber (quando as condições climatéricas o permitirem);

5) a sala deve estar próximo da zona de entrada/saída na habitação e formar


com ela um conjunto destinado à recepção e convívio, que não implique a
perda de privacidade;

6) quando a habitação se desenvolve em mais de um piso, o espaço de


estar/reunir deve localizar-se no piso em que se situa a zona de
entrada/saída.

5.2.4 Adaptabilidade

Os espaços de estar/reunir devem apresentar um elevado grau de


adaptabilidade, pelas seguintes razões:

1) Variabilidade das dimensões dos elementos de mobiliário

Apesar do mobiliário actual das salas de estar apresentar habitualmente


pequenas variações de dimensão, verifica-se com alguma frequência a
utilização de mobiliário proveniente de antigas habitações, cujas
dimensões são geralmente superiores. Os espaços de estar/reunir devem
ser dimensionados de modo a poder receber o mobiliário previsto e
eventualmente algum elemento de mobiliário com maiores dimensões.

2) Variabilidade da disposição do mobiliário

A disposição do mobiliário varia significativamente com os hábitos de cada


família e, inclusivamente, na mesma família são frequentes as alterações
realizadas com o decorrer do tempo, de modo a responder à evolução do
ciclo de vida ou apenas devidas ao natural desejo de mudança.
Frequentemente, esta variabilidade da disposição do mobiliário revela-se
pela grande diferença entre os modelos de ocupação previstos pelos
projectistas e os realmente implementados pelos ocupantes. Por esta razão
os espaços de estar/reunir devem possibilitar variadas disposições de
elementos de mobiliário.

ESTAR / REUNIR 107


3) Variabilidade do número de utentes

O número de utentes do espaço de estar/reunir apresenta uma grande


amplitude de variação, podendo ser, por exemplo, um utilizador isolado a
ver televisão, um casal a conversar, o agregado familiar reunido num
momento de lazer, o agregado familiar completo com visitas num dia de
festa.

4) Variabilidade dos modos de uso

No espaço de estar/reunir decorrem actividades muito variadas, como por


exemplo, estar, conversar, ler, jogar, ouvir música, ver televisão, estudar,
passar a ferro, costurar roupa, recreio de crianças, etc.. Assim a sala de
estar/reunir deve ter um carácter polivalente, em termos de ambiente e de
zonas de actividade, de modo a permitir suportar diversos modos de uso.

5) Variabilidade na prioridade dos elementos de mobiliário

O programa de mobiliário dos espaços de estar/reunir procura responder


às necessidades mais frequentes da maioria dos utentes. É, no entanto,
frequente nestes espaços (que são os espaços privilegiados de
representação da habitação quando se recebem visitas) os utentes
optarem por instalar mobiliário de importância funcional secundária, mas
que respondem a uma desejo de afirmação social ou a uma moda (por
exemplo, móvel tipo "bar").

5.3 MODELOS

Neste ponto são apresentados modelos exemplificativos da aplicação do


programa de exigências proposto para a função estar/reunir, às disposições de
mobiliário consideradas mais frequentes. Para maior facilidade de consulta dos
modelos, apresenta-se no Quadro 36 a lista dos modelos com os respectivos
números de figura e de página.

108 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


Quadro 36

Função dominante Função associada Lotação Nível de qualid. Figura n.º Página n.º

Estar e reunir - 1 a 6 Utentes Mín./Rec./Ópt. Figura 46 113


4 a 9 Utentes Mín./Rec./Ópt. Figura 47 114
7 a 9 Utentes Mín./Rec./Ópt. Figura 48 115

Refeições formais 1 a 5 Utentes Mínimo Figura 49 116


6 a 7 Utentes Mínimo Figura 50 117
8 a 9 Utentes Mínimo Figura 51 118
1 a 3 Utentes Rec./Ópt. Figura 52 119
3 a 5 Utentes Rec./Ópt. Figura 53 120
5 a 7 Utentes Rec./Ópt. Figura 54 121
7 a 9 Utentes Rec./Ópt. Figura 55 122

ESTAR / REUNIR 109


110 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
ESTAR / REUNIR 111
112 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
ESTAR / REUNIR 113
114 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
ESTAR / REUNIR 115
116 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
ESTAR / REUNIR 117
118 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
ESTAR / REUNIR 119
120 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
ESTAR / REUNIR 121
122 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
6. RECEBER

6.1 DADOS DE PROGRAMA

6.1.1 Conteúdo da função

A função é composta por um conjunto de actividades semelhantes às da função


estar/reunir, designadamente as ligada ao lazer e à ocupação de tempos livres,
mas inclui como personagens, além dos membros da família, elementos
exteriores ao agregado familiar.

Actividades As principais actividades que compõem a função receber são: apresentar visitas,
componentes
servir aperitivos/bebidas, conversar, jogar, ouvir música e ver televisão.

Localização A função receber pode ter lugar, essencialmente, na sala de estar, na sala de
visitas, na sala comum, ou no vestíbulo, e por vezes também numa varanda,
num terraço, ou num quintal privado.

Utentes envolvidos Os utentes envolvidos na função receber são os membros do agregado familiar
(individualmente, ou com maior frequência em grupos) e visitas de familiares, de
amigos, ou de outras pessoas.

Horário e frequência A função receber desenvolve-se essencialmente nos períodos do fim da tarde e
princípio da noite, tendendo a sua ocorrência a acentuar-se nos dias feriados ou
de fim de semana.

6.2 EXIGÊNCIAS DE PROJECTO

As exigências de projecto para esta função são semelhantes às apresentadas


para a função estar/reunir (capítulo 5).

RECEBER 123
7. RECREIO DE CRIANÇAS

7.1 DADOS DE PROGRAMA

7.1.1 Conteúdo da função

Actividades As principais actividades que compõem a função recreio de crianças são, por
componentes
um lado, as crianças jogarem e brincarem, e por outro lado, os adultos vigiarem
e tratarem das crianças.

Localização A função recreio de crianças pode ter diferentes associações com outras
funções e localizar-se em diversos compartimentos, como os que seguidamente
se indicam: quartos de dormir, sala de família, quarto de trabalho, cozinha, zona
de circulação, varanda, quintal privado, espaço de brincar de várias alcovas, ou
quarto de brincar.

Utentes envolvidos Os utentes envolvidos nesta função são as crianças e a mãe, e com menor
frequência, o pai e os irmãos mais velhos.

Horário e frequência Esta função desenvolve-se essencialmente durante o dia.

7.1.2 Tipos de espaços


Evolução das crianças
A definição das exigências de projecto dos espaços de recreio de crianças deve
ser realizada tendo em atenção que as necessidades das crianças variam
rapidamente com o seu crescimento.

Em termos de necessidades de espaço e contacto com os restantes membros


do agregado familiar, a evolução das crianças pode ser dividida nos seguintes
quatro períodos (Portas 1969; Deilmann et al. 1973):

1) do nascimento aos 18 meses de vida – período em que se processa a


aprendizagem dos movimentos no berço, no parque, e nos espaços da
habitação em geral; existe a necessidade de uma forte assistência e
vigilância dos adultos;

2) dos 18 meses aos 4 anos de idade – período caracterizado pela mobilidade


da criança, pelo início do contacto com a restante família, e pela tendência
para seguir os adultos por toda a habitação;

3) dos 4 aos 7 anos – período caracterizado pela necessidade da criança ter


um ambiente "seu", pela procura do convívio com outras crianças formando

RECREIO DE CRIANÇAS 125


grupos, e pela utilização dos espaços exteriores (parques infantis, locais de
jogos, etc.);

4) dos 7 aos 11 anos – período caracterizado por uma evolução nítida no


sentido da inteligência lógica e da afectividade social, fortificando os seus
grupos e criando centros de interesse exteriores; a actividade escolar exige
condições de estudo crescentes em termos espaço, mobiliário e
isolamento.

Geralmente, os espaços de recreio de crianças estão localizados nos seguintes Tipos de espaços
tipos de compartimentos:

1) Quarto de dormir – solução adequada para a criar um recanto individual da


criança onde se podem desenvolver actividades que não necessitem de
uma forte vigilância dos adultos.

2) Sala de família – solução que permite a vigilância das crianças pequenas


durante períodos de convívio informal dos adultos e que facilita o
acompanhamento das actividades de recreio e de trabalhos escolares.

3) Cozinha ou quarto de trabalho – solução que permite a vigilância das


crianças pequenas enquanto os adultos trabalham e que facilita o
acompanhamento das actividades de recreio e de trabalhos escolares.

4) Quarto de recreio – solução resultante da associação dos espaços de


recreio de várias crianças num compartimento único que propicia o
convívio das crianças.

5) Espaço de circulação (alargamento de "hall" ou corredor) – solução,


geralmente provisória, que permite a vigilância natural das crianças e que
não implica investimento suplementar de área, mas que pode motivar
alguma desarrumação da habitação.

6) Espaço exterior privado (varanda, terraço ou quintal privado) – solução que


permite o contacto directo das crianças com o exterior, mas que é
condicionada pelas condições climatéricas e que implica cuidados
especiais de segurança no caso de espaços exteriores elevados.

A função recreio de crianças pode também desenrolar-se em espaços exteriores


comuns do edifício ou equipamentos de jogo e recreio públicos. Nestes casos o
desenvolvimento da função é condicionado pelos seguintes aspectos:
condições climatéricas, segurança relativamente à circulação viária,
acessibilidade da habitação ao espaço de recreio, e possibilidade de vigilância
dos pais a partir do interior da habitação.

126 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


7.2 EXIGÊNCIAS DE PROJECTO

7.2.1 Agradabilidade

Os espaços onde se realiza a função recreio de crianças influenciam fortemente


o seu desenvolvimento, pelo que devem ser concebidos de modo a garantir que
as crianças tenham um ambiente próprio em que se possam expressar com
relativa liberdade, afastadas dos adultos mas sob a vigilância destes. Para que
isso seja possível, os espaços de recreio de crianças devem possuir adequadas
condições de conforto ambiental e de disposição do mobiliário.

Quanto ao conforto ambiental dos espaços de recreio de crianças, destacam-se


as seguintes condições: boa iluminação e insolação, ampla abertura visual
sobre o exterior e adequado isolamento acústico relativamente aos restantes
espaços da habitação.

Quanto à disposição do mobiliário, destaca-se que as crianças necessitam


fundamentalmente de áreas livres para brincarem.

7.2.2 Segurança

Os espaços de recreio de crianças devem satisfazer as seguintes exigências de


segurança:

1) devem ser espaçosos mesmo depois de mobilados, evitando-se a


existência de grande número de arestas e recantos;

2) no caso de se situarem em habitações de pisos elevados, os vãos devem


ser adequadamente protegidos (ver ponto 2.2.1 da publicação "Programa
Habitacional. Habitação" – Pedro 1999a);

3) as guardas de escadas (ver ponto 15.2.2) e de espaços exteriores privados


elevados (ver ponto 14.2.2) devem ser adequadamente concebidas.

7.2.3 Adequação espacio-funcional

7.2.3.1 Capacidade – Mobiliário

Critérios de atribuição O mobiliário da função recreio de crianças deve ser atribuído segundo os
de mobiliário
seguintes critérios:

1) deve ser dada prioridade à existência de objectos de grande mobilidade e


de áreas livres, em detrimento de mobiliário fixo;

2) com vista a estimular o aspecto lúdico do trabalho, as crianças devem


poder dispor de espaços de estudo individualizados com condições

RECREIO DE CRIANÇAS 127


semelhantes às indicadas para a função estudo/recreio de jovens, mas
mais reduzidos;

3) deve ser dada preferência à área livre para a criança brincar em detrimento
do parque, porque ambos suportam usos muito semelhantes em fases
sucessivas do crescimento da criança, sendo no entanto a utilização da
área livre mais prolongada no tempo e mais exigente em termos de
superfície;

4) o parque e a área livre para a criança brincar têm um uso não permanente,
pelo que podem estar sobrepostos com outros espaços de uso ou com
mobiliário facilmente deslocável (por exemplo, uma cadeira ou uma
pequena mesa);

5) o espaço para colocar o berço e a cama de criança foi tratado na função


dormir/descanso pessoal.

No Quadro 37 e na Figura 56 apresentam-se as dimensões físicas e de uso do Dimensões do


mobiliário
mobiliário da função recreio de crianças, segundo o nível de qualidade (Portas
1969).

Quadro 37

Dimensões físicas Dimensões de uso


Mobiliário
frente profundidade altura frente profundidade
Parque de criança mínimo 1.00 1.00 - 1.00 1.00+0.50 m
recom. 1.00 1.00 - 1.00 1.00+0.60 m
óptimo 1.00 1.00 - 1.00 1.00+0.70 m
Mesa de trabalho com cadeira 0.80 0.60+0.50 0 80 0.80 0.60+0.70 m
Estante ou caixa de brinquedos mínimo 0.60 0.45 2.10 0.60 0.45+0.50 m
recom. 0.60 0.45 2.10 0.60 0.45+0.60 m
óptimo 0.60 0.45 2.10 0.60 0.45+0.70 m
Área livre mínimo - - - ∅ 1.20 - m
recom. - - - ∅ 1.40 - m
óptimo - - - ∅ 1.60 - m

No Quadro 38 apresenta-se o programa de mobiliário para a função recreio de Programa de mobiliário


crianças, segundo o nível de qualidade e o número de crianças.

Quadro 38

Espaço individual Espaço duplo


Mobiliário
Mín. Rec. Ópt. Mín. Rec. Ópt.
Mesa de trabalho com cadeira 1 1 1 1 2 2 uni.
Estante ou caixa de brinquedos - 1 1 1 2 2 uni.
Área livre 1 20 1.40 1.60 1.20 1.40 1.60 uni.

128 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


7.2.3.2 Espaciosidade – Área

Critérios de atribuição Na atribuição de área aos espaços de recreio de crianças devem ser
de área
ponderados os seguintes aspectos:

1) os elementos de mobiliário e a área livre da função recreio de crianças não


exigem, em regra, um espaço específico, porque podem estar associados
com outras funções e ter várias localizações alternativas;

2) alguns dos elementos do mobiliário exigidos por esta função são


necessários apenas durante um período relativamente curto do
crescimento da crianças (berço, parque) e são progressivamente
substituídos por outros elementos de mobiliário (cama de criança, espaço
para brincar);

3) as zonas livres necessárias para as crianças brincarem não são,


necessariamente, espaços específicos ou de uso permanente, pelo que se
podem sobrepor com outros usos (correspondem com frequência a faixas
de circulação alargadas em quartos de dormir ou salas comuns).

Área de espaços No Quadro 39 apresentam-se as áreas úteis a atribuir aos espaços de recreio de
crianças, segundo a sua localização na habitação e o nível de qualidade.

Quadro 39

Localização Mínimo Recomendável Óptimo


Espaço demarcado
• individual 3.00 3.50 4.00 m²
• duplo 3.50 4.00 4.50 m²
Espaço englobado
• individual 1.00 1.50 2.00 m²
• duplo 1.50 2.50 3.50 m²

7.2.3.3 Espaciosidade – Dimensão

Critérios de Geralmente, na função recreio de crianças não existem posições fixas entre os
dimensionamento
elementos de mobiliário nem existe um compartimento ou espaço específico.
Assim, as dimensões mínimas dos espaços de recreio de crianças decorrem
directamente das dimensões do mobiliário proposto para esta função (ver
Quadro 37).

Dimensão de espaços No entanto, se considerar-mos que o mobiliário e a área livre estão colocados
numa posição lado-a-lado e encostada à parede, as dimensões mínimas
resultantes são as indicadas no Quadro 40 e na Figura 57.

Quadro 40

Função Mínimo Recomendável Óptimo


Recreio de crianças individual 1.30 1.40 1.60 m

RECREIO DE CRIANÇAS 129


7.2.4 Articulação

7.2.4.1 Privacidade

A função recreio de crianças tem uma relação de compatibilidade simultânea


com as funções preparação de refeições, passar a ferro/costurar roupa e
lavagem de roupa, e uma relação de compatibilidade sucessiva com todas as
restantes funções com excepção da higiene pessoal.

As principais situações de incompatibilidade simultânea da função recreio de


crianças acontecem com as seguintes funções:

1) dormir/descanso pessoal, se existir a necessidade de dormir durante o dia


(por exemplo, adultos que trabalhem por turnos);

2) refeições formais, estar/reunir e receber, se existir a necessidade de


formalidade no desenvolvimento destas funções (por exemplo, receber
visitas);

3) estudo/recreio de jovens e trabalho/recreio de adultos, se existir a


necessidade de realizar actividades que exijam sossego e concentração
(por exemplo, ler ou estudar).

7.2.4.2 Acessibilidade

A função recreio de crianças tem uma relação de conexão com as funções


dormir/descanso pessoal, preparação de refeições, passar a ferro/costurar
roupa e lavagem de roupa.

7.2.5 Adaptabilidade

Os espaços onde se desenvolve a função recreio de crianças devem ser


adaptáveis a diferentes tipos de uso pelos seguintes motivos:

1) esta função só se desenrola durante o(s) período(s) de uso da habitação


em que existem crianças no agregado familiar – nos restantes períodos as
necessidades dos utentes são diferentes;

2) o crescimento das crianças implica uma evolução progressiva das suas


necessidades – com o crescimento das crianças é, em regra, crescente a
necessidade de privacidade e de mobiliário, e é decrescente a
necessidade de área livre para brincar;

3) a habitação pode não acomodar crianças – neste caso o espaço destinado


ao recreio de crianças deve poder ser utilizado para instalar outro tipo de
mobiliário (por exemplo, sofá, estante, roupeiro, etc.).

130 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


7.3 MODELOS

Neste ponto são apresentados modelos exemplificativos da aplicação do


programa de exigências proposto para a função recreio de crianças, às
disposições de mobiliário consideradas mais frequentes. Para maior facilidade
de consulta dos modelos, apresenta-se no Quadro 41 a lista dos modelos com
os respectivos números de figura e de página.

Quadro 41

Função dominante Função associada Sist. de activid. Nível de qualid. Figura n.º Página n.º

Recreio de crianças - Mín./Rec./Ópt. Figura 57 133

Dormir/descanso pessoal Recreio de crianças Duplo Mínimo Figura 58 134


Duplo Recomendável Figura 59 135
Duplo Óptimo Figura 60 136
Individual Mín /Rec. Figura 61 137
Individual Óptimo Figura 62 138

RECREIO DE CRIANÇAS 131


132 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
RECREIO DE CRIANÇAS 133
134 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
RECREIO DE CRIANÇAS 135
136 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
RECREIO DE CRIANÇAS 137
138 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
8. ESTUDO/RECREIO DE JOVENS

8.1 DADOS DE PROGRAMA

8.1.1 Conteúdo da função

Actividades As actividades que compõem a função estudo/recreio de jovens são estudar,


componentes
utilizar computador, reunir com amigos, jogar, ler, ouvir música e ver televisão.

Localização Esta função desenvolve-se geralmente num quarto de dormir ou num espaço
próprio, e alternativamente, numa sala, numa varanda, ou num quintal privado.

Utentes envolvidos Os utentes envolvidos na função estudo/recreio de jovens são os jovens do


agregado familiar, sobretudo os que estão em situação de frequência escolar.

Horário e frequência Esta função tem lugar, essencialmente, durante a tarde e noite (quanto mais
velhos são os jovens até mais tarde se tende a prolongar o desempenho da
função).

8.1.2 Tipos de espaços

Espaços de Geralmente, os espaços de estudo/recreio de jovens estão localizados nos


estudo/recreio de
jovens no fogo
seguintes tipos de compartimentos:

1) Quarto de dormir – solução mais comum que permite repartir a área


atribuída à função por cada um dos quartos, e deste modo garantir a
necessária privacidade (exigida sobretudo pela actividade de estudo).

2) Quarto de estudo/recreio – solução que privilegia o convívio em ocasiões


de recreio, em detrimento da privacidade para a actividade de estudo.

3) Quarto de estudo/recreio articulado com alcovas – solução cumulativa das


duas anteriores, que proporciona a criação de um espaço comum de
convívio e pequenos recantos de estudo individuais.

4) Cozinha, sala de estar, ou sala de família – estas soluções podem originar


conflitos por falta de privacidade para a actividade de estudo ou por
intrusão do recreio juvenil no sossego doméstico. Assim, tratam-se de
soluções adequadas apenas a habitações de tipologia programática T0 e
T1, ou a certos modos de vida familiar específicos. Para que estas soluções
possam ter êxito os compartimentos devem poder ser subdivididos em sub
zonas.

ESTUDO / RECREIO DE JOVENS 139


Salienta-se que a actividade de receber amigos, quando considerada
isoladamente, permite mais localizações que as referidas, sendo possível a
localização numa sala de estar, sala comum, sala de família, varanda, ou quintal
privado.

Certas actividades de jovens, nomeadamente passatempos e trabalhos Espaços de recreio de


jovens em
oficinais/artesanais, exigem espaços e condições difíceis de integrar no interior dependências do fogo
de fogos, o que poderá levar a prever dependências do fogo para esses fins (por
exemplo, anexo para trabalhos artesanais/oficinais de jovens e adultos, na
contiguidade da garagem e do espaço exterior privado). A existência destas
dependências é muito rara, acontecendo quase exclusivamente em habitações
unifamiliares.

8.2 EXIGÊNCIAS DE PROJECTO

8.2.1 Agradabilidade

Os espaços de estudo/recreio de jovens são locais de longa permanência e


suportam actividades que exigem concentração e sossego. Devem por isso ser
tomados especiais cuidados que assegurem um ambiente agradável,
nomeadamente, adequada iluminação natural em intensidade e direcção,
ausência de ruídos incómodos e ampla abertura visual que proporcione vistas
sobre o exterior a partir da posição de estudo.

8.2.2 Adequação espacio-funcional

8.2.2.1 Capacidade – Mobiliário

Na atribuição do mobiliário a esta função adoptaram-se os seguintes critérios: Critérios de atribuição


de mobiliário
1) existir uma mesa de trabalho por cada cama individual;

2) existir uma estante de arrumação junto à mesa de trabalho (no nível


mínimo, a estante pode estar sobre a mesa de trabalho e, nos níveis
recomendável e óptimo, deve ser colocada separadamente);

3) a actividade reunir com amigos não necessita de mobiliário específico,


porque pode realizar-se num espaço livre do quarto ou na sala comum.

No Quadro 42 e na Figura 63 apresentam-se as dimensões físicas e de uso do Dimensões do


mobiliário
mobiliário de estudo/recreio de jovens (Thiberg 1969; Portas 1969; Lamure 1976;
Herbert et al. 1978; Tutt e Adler 1979; Swedish Standard 1994a).

140 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


Quadro 42

Dimensões físicas Dimensões de uso


Mobiliário
frente profundidade altura frente profundidade
Mesa de mínimo 0.80 0.60+0.50 0.80 0.80 0.60+0.50+0.20 m
trabalho com
recom. 1.00 0.60+0.50 0.80 1.00 0.60+0.50+0.20 m
cadeira
óptimo 1.20 0.60+0.50 0.80 1.20 0.60+0.50+0.20 m
Estante mínimo 0.40 0.45 1.80 a 2.10 0.40 0.45+0.50 m
recom. 0.80 0.45 1.80 a 2.10 0.80 0.45+0.60 m
óptimo 1.20 0.45 1.80 a 2.10 1.20 0.45+0.70 m

Programa de mobiliário No Quadro 43 apresenta-se o programa de mobiliário da função estudo/recreio


de jovens, segundo o número de jovens.

Quadro 43

Mobiliário Espaço individual Espaço duplo


Mesa de trabalho 1 2 uni
Estante 1 2 uni

8.2.2.2 Espaciosidade – Área

Critérios de atribuição Na atribuição de área a espaços de estudo/recreio de jovens devem ser


de área
ponderados os seguintes aspectos:

1) as dimensões físicas e de uso do programa de mobiliário previsto para


cada lotação da habitação;

2) nos casos em que não existam jovens com actividades de estudo, as áreas
atribuídas a esta função podem ser utilizadas por outro mobiliário,
geralmente de estar/reunir (por exemplo, sofá, estante, roupeiro, etc.);

3) a zona para reunir pequenos grupos de amigos não exige uma área
específica porque esta actividade tem um carácter eventual e pode ter
lugar numa zona do quarto ou da sala comum.

Área de espaços No Quadro 44 indicam-se as áreas úteis a atribuir aos espaços de estudo/recreio
de jovens, segundo a localização e o nível de qualidade.

Quadro 44

Localização Mín. Rec. Ópt.


Espaço associado à função dormir/descanso pessoal
• Espaço individual 1.00 1.50 2.00 m²
• Espaço duplo 1.50 2.50 3.50 m²
Espaço demarcado
• Espaço individual 1.50 2.00 2.50 m²
• Espaço duplo 3.00 4.00 5.00 m²

ESTUDO / RECREIO DE JOVENS 141


8.2.2.3 Espaciosidade – Dimensão

Os elementos de mobiliário desta função são apenas dois (mesa de trabalho e Critérios de
dimensionamento
estante) e não existem entre eles posições fixas. Assim, as dimensões mínimas
dos espaços de estudo/recreio de jovens decorrem directamente das dimensões
do mobiliário proposto para esta função (ver Quadro 42).

No entanto, se considerarmos que a mesa de trabalho e a estante estão Dimensão de espaços


colocadas numa posição lado-a-lado e encostada à parede, as dimensões
mínimas resultantes são as indicadas no Quadro 45 e na Figura 64.

Quadro 45

Função Mínimo Recomendável Óptimo


Estudo/recreio de jovens 1.20 1.30 1.40 m

8.2.3 Articulação

8.2.3.1 Privacidade

A função estudo/recreio de jovens tem uma relação de compatibilidade


simultânea com a função dormir/descanso pessoal, e uma relação de
compatibilidade sucessiva com as funções receber, recreio de crianças,
trabalho/recreio de adultos e passar a ferro/costurar.

As principais situações de incompatibilidade simultânea da função


estudo/recreio de jovens acontecem com as seguintes funções:

1) dormir/descanso pessoal, se existir a necessidade de dormir durante o dia


(por exemplo, adultos que trabalhem por turnos);

2) refeições formais, estar/reunir e receber, se existir a necessidade de


formalidade no desenvolvimento destas funções (por exemplo, quando
envolvem visitas), ou se forem realizadas actividades que perturbem o
sossego e a concentração (por exemplo, conversar, jogar ou ver televisão);

3) recreio de crianças, se forem realizadas actividades que perturbem o


sossego e a concentração (por exemplo, brincar).

8.2.3.2 Acessibilidade

A função estudo/recreio de jovens tem uma relação de conexão com a função


dormir/descanso pessoal.

8.2.4 Adaptabilidade

Os espaços onde se desenvolve a função estudo/recreio de jovens devem ser


adaptáveis a diferentes tipos de uso pelos seguintes motivos:

142 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


1) esta função só se desenrola durante o(s) período(s) de uso da habitação
em que existem jovens – nos restantes períodos as necessidades dos
utentes são diferentes;

2) o crescimento dos jovens implica uma evolução progressiva das suas


necessidades – com o crescimento dos jovens é, em regra, crescente a
necessidade de privacidade e de mobiliário (dimensão da mesa de
trabalho, capacidade de arrumação, possibilidade de instalar computador
ou alta-fidelidade), e é decrescente a necessidade de área livre para
recreio;

3) a habitação pode não acomodar utentes jovens – neste caso o espaço


destinado ao estudo/recreio de jovens deve poder ser utilizado para instalar
outro tipo de mobiliário de apoio (por exemplo, sofá, estante, roupeiro,
etc.).

8.3 MODELOS

Neste ponto são apresentados modelos exemplificativos da aplicação do


programa de exigências proposto para a função recreio/estudo de jovens, às
disposições de mobiliário consideradas mais frequentes. Para maior facilidade
de consulta dos modelos apresenta-se no Quadro 46 a lista dos modelos com
os respectivos números de figura e de página.

Quadro 46

Função dominante Função associada Sist. de activid. Nível de qualid. Figura n.º Página n.º

Recreio/estudo de jovens - Mín./Rec./Ópt. Figura 64 144

Dormir/descanso pessoal Recreio/estudo jovens Duplo Mínimo Figura 65 145


Duplo Recomendável Figura 66 146
Duplo Óptimo Figura 67 147
Individual Mín /Rec. Figura 68 148
Individual Óptimo Figura 69 149

ESTUDO / RECREIO DE JOVENS 143


144 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
ESTUDO / RECREIO DE JOVENS 145
146 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
ESTUDO / RECREIO DE JOVENS 147
148 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
ESTUDO / RECREIO DE JOVENS 149
9. TRABALHO/RECREIO DE ADULTOS

9.1 DADOS DE PROGRAMA

9.1.1 Conteúdo da função

Actividades As actividades que compõem a função trabalho/recreio de adultos são estudar,


componentes
trabalhar, utilizar computador pessoal, jogar, ler, ver televisão e ouvir música.

Localização Esta função tem lugar geralmente em salas, quartos, ou espaços de serviço, e
alternativamente em anexos, varandas, ou quintais privados.

Utentes envolvidos Os utentes envolvidos na função trabalho/recreio de adultos são, naturalmente,


os adultos do agregado familiar.

Horário e frequência A função trabalho/recreio de adultos desenvolve-se essencialmente durante os


períodos do fim da tarde e noite nos dias úteis e durante a manhã, tarde e noite
nos fins de semana e dias feriados. Deve, no entanto, referir-se que o horário e a
frequência desta função pode variar significativamente consoante o tipo de
trabalho desenvolvido e a ocupação profissional dos adultos.

9.1.2 Tipos de espaços

Espaços de trabalho/ Geralmente, os espaços de trabalho/recreio de adultos estão localizados nos


recreio de adultos no
fogo
seguintes tipos de compartimentos:

1) Escritório – solução em que existe um compartimento específico para as


actividades "de secretária" desta função. Este compartimento deve ter
acesso a partir da zona de entrada/saída.

Esta solução tem como vantagens assegurar o sossego para actividades


que exijam isolamento e concentração (por exemplo, a escrita, o estudo e a
leitura) e salvaguardar a privacidade do fogo relativamente a actividades
que impliquem receber visitas ou estranhos (por exemplo, clientes), mas
tem como inconveniente implicar um significativo investimento de área.

2) Quartos de dormir – solução que permite salvaguardar as actividades que


exijam condições de privacidade e concentração. Um desenvolvimento
desta solução, pouco comum, consiste na criação de pequenas "suites"
compostas por diversos espaços, entre os quais existe um recanto de estar
e de trabalho privado do casal ou de membros adultos do agregado
familiar.

TRABALHO / RECREIO DE ADULTOS 151


3) Saleta – solução em que se associam num mesmo compartimento as
funções trabalho/recreio de adultos, receber e estar/reunir. Este
compartimento deve ter um acesso autónomo a partir de um espaço de
circulação, e pode ter um segundo acesso a partir do espaço de
estar/reunir.

Esta solução permite salvaguardar alguma privacidade para as actividades


que exijam isolamento e concentração, permite criar um espaço para a
função receber, e permite o alargamento do espaço de estar/reunir em
ocasiões particulares.

4) Sala comum, sala de estar ou sala de família – soluções que são apenas
adequadas para as actividades de recreio desta função, tais como, jogar,
ouvir música, ler e ver televisão.

Os espaços de trabalho/recreio de adultos englobam actividades que pela sua Espaços de


trabalho/recreio de
natureza podem ser difíceis de integrar dentro dos fogos, o que poderá levar a adultos em
prever os seguintes espaços para esses fins: dependências do fogo

1) Quintal privado – solução que é especialmente destinada ao


desenvolvimento de actividades de horticultura e floricultura.

2) Dependências para recreio/trabalho de jovens e adultos – solução que é


adequada ao desenvolvimento da componente da função relacionada com
os trabalhos manuais e oficinais.

No entanto a existência destes espaços é muito rara, acontecendo quase


exclusivamente em habitações unifamiliares.

9.2 EXIGÊNCIAS DE PROJECTO

9.2.1 Agradabilidade

Na definição das exigências de agradabilidade dos espaços de trabalho/recreio


de adultos, devem distinguir-se as seguintes situações:

1) As zonas destinadas a actividades de estudo e trabalho "de secretária",


devem seguir recomendações idênticas às indicadas para os espaços de
estudo/recreio de jovens (capítulo 8).

2) As zonas destinadas a trabalhos artesanais ou oficinais, devem:

• ter recantos que permitiam a arrumação provisória do mobiliário e


equipamento utilizado, sem prejuízo das funções principais do
compartimento;

• ser fáceis de limpar;

• ser bem ventiladas;

152 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


• estar separadas do resto da habitação, quando se trate de trabalhos
que produzam ruído ou muito lixo, e quando se empreguem materiais
tóxicos.

3) As zonas destinadas a actividades de recreio de adultos podem ser


incluídos nos espaços de estar/reunir, pelo que devem seguir as
indicações apresentadas para esses espaços (capítulo 5).

9.2.2 Adequação espacio-funcional

9.2.2.1 Capacidade – Mobiliário

Critérios de atribuição Na atribuição de mobiliário aos espaços de trabalho/recreio de adultos


de mobiliário
adoptaram-se os seguintes critérios:

1) Zonas de trabalho e estudo

• existir uma mesa de trabalho por cada cama de casal;

• nos níveis recomendável e óptimo, ser possível instalar uma mesa de


trabalho com grandes dimensões (por exemplo, um estirador ou uma
secretária);

• existir uma estante de arrumação junto à mesa de trabalho (no nível


mínimo, a estante pode estar sobre a mesa de trabalho e, nos níveis
recomendável e óptimo, deve ser colocada separadamente).

2) Zonas de trabalhos oficinais e artesanais

• existir espaço para instalar mobiliário e equipamento destinado a


diversos tipos de actividades não domésticas (por exemplo, bancada
oficinal, bancadas de apoio, ou armários de arrumação).

Dimensões do As dimensões físicas e de uso do mobiliário da função trabalho e de recreio de


mobiliário
adultos são apresentadas no Quadro 47 e na Figura 70 (Thiberg 1969; Portas
1969; Lamure 1976; Herbert et al. 1978; Tutt e Adler 1979; Swedish Standard
1994a).

Quadro 47

Dimensões físicas Dimensões de uso


Mobiliário
frente profundidade altura frente profundidade
Mesa de trabalho mínimo 1.00 0.60+0.50 0.80 1.00 0.60+0.50+0.2 m
com cadeira
recom. 1.20 0.60+0.50 0.80 1.20 0.60+0.50+0.2 m
óptimo 1.40 0.80+0.50 0.80 1.40 0.80+0.50+0.3 m
Estirador ou mínimo 1.20 0.80+0.50 0.80 1.20 0.80+0.50+0.4 m
grande secretária
recom. 1.20 0.80+0.50 0.80 1.20 0.80+0.50+0.4 m
óptimo 1.40 0.80+0.50 0.80 1.40 0.80+0.50+0.4 m
Estante mínimo 0.40 0.45 1.80 a 2.10 0.60 0.45+0.50 m
recom. 0.80 0.45 1.80 a 2.10 0.80 0.45+0.60 m
óptimo 0.60+0.60 0.45 1.80 a 2.10 0 60+0.60 0.45+0.70 m

TRABALHO / RECREIO DE ADULTOS 153


No Quadro 48 apresenta-se o programa de mobiliário da função trabalho/recreio Programa de mobiliário
de adultos, a atribuir por cada cama de casal.

Quadro 48

Mobiliário Cama casal


Mesa de trabalho com cadeira 1 uni
Estante 1 uni

Salienta-se que no futuro próximo, os espaços de trabalho de adultos poderão


vir a ter um maior desenvolvimento espacial e autonomia de localização, dado o
11
surgimento de hábitos de teletrabalho .

9.2.2.2 Espaciosidade – Área

Na atribuição de área a espaços de trabalho/recreio de adultos devem ser Critérios de atribuição


de área
ponderados os seguintes aspectos:

1) o programa de mobiliário previsto para cada lotação da habitação;

2) nos casos em que não é necessário instalar mobiliário para esta função, as
áreas atribuídas podem ser utilizadas por outro tipo de mobiliário (por
exemplo, sofá, estante, roupeiro, etc.);

3) a área atribuída a esta função pode ser dividia pelas actividades de


trabalho "de secretária", trabalho artesanal/oficina e recreio;

4) geralmente, para o recreio de adultos não se considera essencial reservar


área porque esta actividade pode ser realizada no espaço de estar/reunir.

No Quadro 49 apresentam-se as áreas úteis a atribuir aos espaços de Área de espaços


trabalho/recreio de adultos, por cada cama de casal, segundo a localização e o
nível de qualidade.

Quadro 49

Localização Mínimo Recomendável Óptimo


Espaço englobado 1.00 2.00 3.00 m²
Espaço demarcado 2.00 3.00 4.00 m²

9.2.2.3 Espaciosidade – Dimensão

Os elementos de mobiliário para esta função são apenas dois (mesa de trabalho Critérios de
dimensionamento
e estante) e não existem entre eles posições fixas. Assim, as dimensões mínimas
dos espaços de trabalho/recreio de adultos decorrem directamente das
dimensões do mobiliário proposto para esta função (ver Quadro 47).

11
Actividade profissional realizada na habitação, mas em comunicação com o local tradicional de
trabalho, por meio das potencialidades da informática e das telecomunicações.

154 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


Dimensão de espaços
No entanto, se consideramos que a mesa de trabalho e a estante estão
colocadas numa posição lado-a-lado e encostada à parede, as dimensões
mínimas resultantes são as indicadas no Quadro 50 e na Figura 71.

Quadro 50

Função Mínimo Recomendável Óptimo


Trabalho/recreio de adultos 1.30 1.40 1.60 m

9.2.3 Articulação

9.2.3.1 Privacidade

A função trabalho/recreio de adultos tem uma relação de compatibilidade


simultânea com a função dormir/descanso pessoal, e uma relação de
compatibilidade sucessiva com as funções refeições correntes, refeições
formais, estar/reunir, receber e passar a ferro/costurar roupa.

As principais situações de incompatibilidade simultânea da função


trabalho/recreio de adultos acontecem com as seguintes funções:

1) dormir/descanso pessoal, se existir a necessidade de dormir durante o dia


(por exemplo, adultos que trabalhem por turnos);

2) refeições formais, estar/reunir e receber, se existir a necessidade de


formalidade no desenvolvimento destas funções (por exemplo, quando
envolvem visitas), ou se forem realizadas actividades que perturbem o
sossego e a concentração (por exemplo, conversar, jogar ou ver televisão);

3) recreio de crianças, se forem realizadas actividades que perturbem o


sossego e a concentração (por exemplo, brincar).

9.2.3.2 Acessibilidade

A função trabalho/recreio de adultos tem uma relação de conexão com a função


dormir/descanso pessoal.

9.2.4 Adaptabilidade

Os espaços de trabalho/recreio de adultos devem apresentar as seguintes


características de adaptabilidade:

1) permitir colocar o mobiliário em diferentes disposições provisórias,


necessárias apenas enquanto decorre a actividade de recreio ou de
trabalho;

2) permitir desenvolver diversos tipos de uso dos espaços (por exemplo,


quarto para dormir com zona de trabalho, ou escritório com sofá-cama de
recurso).

TRABALHO / RECREIO DE ADULTOS 155


9.3 MODELOS

Neste ponto são apresentados modelos exemplificativos da aplicação do


programa de exigências proposto para a função trabalho/recreio de adultos, às
disposições de mobiliário consideradas mais frequentes. Para maior facilidade
de consulta dos modelos, apresenta-se no Quadro 51 a lista dos modelos com
os respectivos números de figura e de página.

Quadro 51

Função dominante Nível de qualidade Figura n.º Página n.º

Trabalho/recreio de adultos Mín./Rec./Ópt. Figura 71 157

156 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


TRABALHO / RECREIO DE ADULTOS 157
10. PASSAR A FERRO/COSTURAR ROUPA

10.1 DADOS DE PROGRAMA

10.1.1 Conteúdo da função

Actividades Os sistemas de actividades que compõem esta função são passar a ferro e
componentes
costurar roupa. As actividades que compõem o sistema de actividades passar a
ferro são passar a ferro, limpar e arrumar roupa. As actividades que compõem o
sistema de actividades costurar roupa são costurar à mão, costurar com
máquina, limpar e arrumar roupa.

Localização A função passar a ferro/costurar roupa localiza-se geralmente numa marquise ou


num quarto de serviço, e alternativamente, na cozinha ou na sala.

Utentes envolvidos Os utentes envolvidos na função passar a ferro/costurar roupa são sobretudo a
dona de casa e as auxiliares domésticas (caso existam), e com menor incidência
o marido e os filhos.

Horário e frequência A função pode ocorrer em qualquer altura do dia ou do princípio da noite, com
uma frequência variável consoante a dimensão e modo de vida do agregado
familiar.

10.1.2 Tipos de espaços

Geralmente, a função passar a ferro/costurar roupa desenvolve-se nos seguintes


tipos de compartimentos:

1) Quarto de serviço ou marquise – solução em que se associam as funções


passar a ferro/costurar roupa, lavagem de roupa e, eventualmente,
secagem de roupa ou arrumação. Esta solução permite criar um
compartimento destinado ao tratamento de roupa, mas tem como
inconveniente implicar um significativo investimento de área.

2) Cozinha – solução em que se deve assegurar a existência de espaços não


sobrepostos para as funções preparação de refeições e passar a
ferro/costurar roupa.

3) Sala ou quartos – solução em que se aproveita um alargamento das faixas


de circulação para desenvolver a função passar a ferro/costurar roupa. Esta
solução tem como vantagem assegurar o convívio entre os elementos do
agregado familiar, mas deve constituir apenas uma alternativa

PASSAR A FERRO / COSTURARA ROUPA 159


relativamente às anteriores porque implica constrangimentos no uso dos
compartimentos em que se localiza.

10.2 EXIGÊNCIAS DE PROJECTO

10.2.1 Agradabilidade

Os espaços para passar a ferro/costurar roupa devem ter condições de conforto


semelhantes às de um espaço de estar com uso diurno, podendo constituir
pequenos espaços de estar/reunir informal, de recreio e trabalho de crianças,
bem como de reserva para estadias de familiares e amigos.

10.2.2 Adequação espacio-funcional

10.2.2.1 Capacidade – Mobiliário

Na atribuição de mobiliário a espaços de passar a ferro/costurar roupa devem Critérios de atribuição


de mobiliário
ser ponderados os seguintes critérios:

1) o programa de mobiliário e equipamento necessário para esta função pode


ser igual em todas as lotações da habitação;

2) deve existir uma zona para usar a tábua de passar a ferro, ainda que
sobreposta com faixas de circulação ou áreas de uso de outro mobiliário;

3) em situações pontuais, pode ser necessário prever o espaço para usar e


arrumar uma máquina de costura.

No Quadro 52 e na Figura 72 apresentam-se as dimensões físicas e de uso do Dimensões do


mobiliário
mobiliário de passar a ferro/costurar roupa.

Quadro 52

Dimensões físicas Dimensões de uso


Mobiliário
frente profundidade altura frente profundidade
Tábua de passar a mín. 1.40 0.30 0 80 a 0 90 1.40+0.20 0.50+0.30+0.30 m
ferro
rec. 1.40 0.30 0 80 a 0 90 1.40+0.40 0.60+0.30+0.30 m
ópt. 1.40 0.30 0 80 a 0 90 1.40+0.60 0.70+0.30+0.30 m
Armário de mín. 0.30 0.60 0 90 a 2.10 0.30 0.60+0.60 m
arrumação
rec. 0.30 0.60 0 90 a 2.10 0.30 0.60+0.75 m
ópt. 0.30 0.60 0 90 a 2.10 0.30 0.60+0.90 m

No Quadro 53 apresenta-se o programa de mobiliário da função passar a Programa de mobiliário


ferro/costurar roupa, segundo o nível de qualidade.

160 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


Quadro 53

Mobiliário Mínimo Recomend. Óptimo


Espaço para uso de tábua de passar a ferro 1 1 1 uni.
Armário de arrumação - 1 1 uni.
Espaço para máquina de costura - - 1 uni.

10.2.2.2 Espaciosidade – Área

Critérios de atribuição Não foi atribuída área à função passar a ferro/costurar roupa pelas seguintes
de área
razões:

1) a função pode realizar-se, sem prejuízo significativo, noutros espaços


funcionais;

2) os elementos de mobiliário necessários são poucos, pequenos, móveis,


facilmente desmontável e de uso eventual;

3) a função admite variadas associações com outras funções.

10.2.2.3 Espaciosidade – Dimensão

Critérios de Os elementos de mobiliário desta função são apenas dois (tábua de passar a
dimensionamento
ferro e armário de arrumação) e não existem entre eles posições fixas. Assim, as
dimensões mínimas para os espaços de passar a ferro/costurar roupa decorrem
directamente das dimensões físicas e de uso dos equipamentos apresentadas
no Quadro 52.

10.2.3 Articulação

10.2.3.1 Privacidade

A função passar a ferro/costurar roupa tem uma relação de compatibilidade


simultânea com as funções refeições correntes, estar/reunir, recreio de crianças,
lavagem de roupa e secagem de roupa, e uma relação de compatibilidade
sucessiva com as funções dormir/descanso pessoal, preparação de refeições e
receber.

10.2.3.2 Acessibilidade

A função refeições correntes tem uma relação de conexão com as funções


preparação de refeições, recreio de crianças, lavagem de roupa e secagem de
roupa.

10.2.4 Adaptabilidade

Os espaços de passar a ferro/costurar roupa não implicam uma ocupação


permanente pelo que podem ser utilizados para outros usos não simultâneos.

PASSAR A FERRO / COSTURARA ROUPA 161


162 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
11. LAVAGEM DE ROUPA

e
12. SECAGEM DE ROUPA

12.1 DADOS DE PROGRAMA

12.1.1 Conteúdo da função

Actividades As funções lavagem de roupa e secagem de roupa são compostas,


componentes
respectivamente, pelos sistemas de actividades lavagem de roupa na máquina
ou à mão, e secagem de roupa na máquina ou natural.

Localização Os sistemas de actividades lavagem e secagem de roupa na máquina podem


realizar-se num espaço próprio (marquise, quarto de tratamento de roupa,
recanto de lavagens), numa zona de um compartimento (cozinha, sala de
família) ou numa dependência do fogo.

Os sistemas de actividades lavagem de roupa à mão e secagem de roupa


natural realizam-se geralmente numa zona exterior contígua à habitação
(estendal exterior, varanda, terraço) ou numa zona interior de tratamento de
roupa (marquise, cozinha).

Utentes envolvidos Os utentes envolvidos nas funções lavagem e secagem de roupa são
essencialmente a dona de casa e as auxiliares domésticas (caso existam), e com
menor incidência o marido e os filhos.

Horário e frequência As funções lavagem e secagem de roupa podem ocorrer durante qualquer
período do dia ou do princípio da noite, com uma frequência variável consoante
a dimensão e o modo de vida do agregado familiar.

12.1.2 Tipos de espaços

Espaços e lavagem e Geralmente, os espaços de lavagem e secagem de roupa estão localizados nos
secagem de roupa no
fogo
seguintes tipos de compartimentos:

1) Cozinha – solução que permite economizar área, sendo sobretudo


aconselhável em habitações de tipologia programática T0 e T1. Nesta
solução deve ser garantida a separação entre a zona de lavagem de roupa
e as actividades de preparação de refeições, para assegurar condições de
higiene e atenuar o ruído produzido pela máquina de lavar roupa.

LAVAGEM / SECAGEM DE ROUPA 163


2) Sala de família – solução em que se pode conjugar num compartimento
isolado as seguintes funções: refeições correntes, estar/reunir informal,
recreio de crianças, passar a ferro/costurar roupa e lavagem de roupa. Esta
solução permite concentrar as actividades de serviço doméstico e
assegura o convívio informal dos membros do agregado familiar.

3) Quarto de serviço – solução que permite associar todas as funções


relacionadas com o tratamento de roupa num compartimento, mas que,
geralmente, implica um maior investimento de área, pelo que é apenas
aconselhável em habitações de tipologia programática T4 e T5.

4) Lavagem e secagem numa instalação sanitária – solução que implica a


existência de uma máquina de secar roupa, pelo que só deve ser
considerada como solução alternativa.

5) Lavagem numa instalação sanitária e secagem no exterior – solução que


tem como importante inconveniente o percurso que normalmente é
necessário percorrer entre o local de lavagem e o de secagem.

Os espaços de lavagem e secagem de roupa podem estar localizados numa Espaços de lavagem e
secagem de roupa em
dependência do fogo designada por dependência de lavagem de roupa. Esta dependências do fogo
localização é muito pouco frequente acontecendo quase exclusivamente em
habitações unifamiliares.

As dependências de lavagem de roupa devem satisfazer as seguintes


exigências:

1) terem acesso por um espaço privado;

2) estarem na proximidade do espaço de preparação de refeições;

3) estarem localizadas de modo a permitir um aproveitamento máximo do


espaço exterior privado;

4) não possuírem redes de instalações separadas das dos edifício de


habitação, salvo em casos especiais devidamente justificados.

Os espaços de lavagem e secagem de roupa de diferentes habitações podem Espaços comuns de


lavagem e secagem de
estar associados entre si, formando uma lavandaria comum. Este solução, roupa
embora frequente em outros países, é muito rara em Portugal, pelo que só deve
ser utilizada nos casos em que exista o acordo dos futuros utentes.

Considera-se que mesmo existindo uma lavandaria comum, deve existir na


habitação espaço para instalar uma máquina de lavar roupa individual.

164 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


12.2 EXIGÊNCIAS DE PROJECTO

12.2.1 Agradabilidade

O espaço de lavagem de roupa deve possuir adequadas condições de:

1) isolamento acústico relativamente a outros espaços da habitação, de modo


a atenuar os ruídos produzidos pelas máquinas de lavar e secar roupa;

2) iluminação natural, de modo a permitir manusear e verificar a limpeza da


roupa.

A solução de secagem de roupa deve possuir adequadas condições de:

1) ventilação, de modo a facilitar a secagem da roupa e evitar a acumulação


de humidade no interior do fogo ;

2) orientação, de modo a assegurar a exposição directa aos raios solares e


assim facilitar a secagem da roupa;

3) articulação com o interior da habitação, de modo a não reduzir ou, mesmo,


anular as vistas sobre o exterior;

4) articulação com o exterior, de modo não prejudicar a imagem do edifício.

12.2.2 Segurança

O espaço de lavagem de roupa deve satisfazer as seguintes exigências de


segurança:

1) o pavimento deve ser anti-derrapante, de modo a não existir perigo de


queda quando húmido ou molhado;

2) o pavimento deve apresentar um rebaixamento (no máximo 0.01m)


relativamente aos pavimentos dos compartimentos contíguos, de modo a
facilitar a limpeza e limitar os danos causados em caso de inundação.

A solução de secagem de roupa deve satisfazer as seguintes exigências de


segurança:

1) devem ser criadas condições que assegurem facilidade e comodidade no


uso do estendal;

2) o estendal exterior não se deve projectar da fachada (por exemplo, pode


localizar-se num espaço exterior privado ou numa marquise);

3) caso exista um estendal exterior que se projecte da fachada, o acesso ao


estendal deve realizar-se por um vão de janela cuja altura interior de peito
não deve ser superior a 0.90m ou inferior a 0.70m, e não deve existir
mobiliário ou equipamento numa posição que dificulte o acesso ao
estendal.

LAVAGEM E SECAGEM DE ROUPA 165


12.2.3 Adequação espacio-funcional

12.2.3.1 Capacidade – Mobiliário e equipamento

Na atribuição de mobiliário e equipamento às funções lavagem e secagem de Critérios de atribuição


de mobiliário e
roupa devem ser ponderados os seguintes critérios: equipamento

1) a capacidade do espaço de tratamento de roupa, incluindo arrumação,


lavagem e secagem, deve aumentar com a lotação da habitação;

2) não se considera necessário existir espaço para um tanque de roupa


(apesar do tanque de roupa ser um equipamento útil para a lavagem de
roupa que implique um tratamento especial, não constitui, actualmente, um
equipamento muito solicitado pelos moradores);

3) o comprimento de linha por utente do estendal de secagem deve ser


aproximadamente de: 0.75m no nível mínimo, 1.00m no nível
recomendável, e 1.25m no nível óptimo;

4) num nível mínimo e recomendável, considera-se que a máquina de secar


roupa, caso exista, poderá ser montada sobre a máquina de lavar roupa;
num nível óptimo, considera-se que deve existir espaço para instalar uma
máquina de secar roupa (a máquina de secar roupa é um equipamento
muito prático, principalmente durante o período de Inverno, mas é ainda
pouco frequente em Portugal).

No Quadro 54 e na Figura 73 apresentam-se as dimensões físicas e de uso do Dimensões do


mobiliário e
mobiliário e do equipamento das funções lavagem e secagem de roupa (Portas equipamento
1969; Lamure 1976; Herbert et al. 1978; Tutt e Adler 1979; Noble 1982; Swedish
Standard 1994a).

166 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


Quadro 54

Mobiliário Dimensões físicas Dimensões de uso


Equipamento frente profundidade altura frente profundidade
Tanque de lavar mínimo 0 60 0.60 0.55 0.60 0.60+0.80 m
roupa
recom. 0.60 0.60 0.55 0.60 0.60+0.90 m
óptimo 0.70 0.70 0.55 0.70 0.70+0.90 m
Máquina de lavar mínimo 0 60 0.60 0.80 0.60+0.10 0.60+0.60 m
roupa
recom. 0.60 0.60 0.80 0.10+0.60+0.10 0.60+0.75 m
óptimo 0 60 0.60 0.80 0.10+0.60+0 20 0.60+0.90 m
Máquina de secar mínimo 0 60 0.60 0.80 0.60+0.10 0.60+0.60 m
roupa
recom. 0.60 0.60 0.80 0.10+0.60+0.10 0.60+0.75 m
óptimo 0 60 0.60 0.80 0.10+0.60+0 20 0.60+0.90 m
Estendal interior variável 0.60 - 0.80 0.60 m
Estendal exterior variável 0.60 - 0.80 0.60+0.90 m
Armário de mínimo variável 0.60 0.90 a 2.10 variável 0.60+0.60 m
arrumação de
recom. variável 0.60 0.90 a 2.10 variável 0.60+0.70 m
roupa
óptimo variável 0.60 0.90 a 2.10 variável 0.60+0.90 m
Cesto de roupa 0.30 0.60 - - - m
Lavatório de mínimo 0 60 0.60 0.80/0.90 0.60 0.60+0.80 m
apoio à lavagem
recom. 0.60 0.60 0.80/0.90 0.70 0.60+0.80 m
óptimo 0.60 0.60 0.80/0.90 0.80 0.60+0.90 m

Programa de mobiliário No Quadro 55 indica-se o programa de mobiliário e equipamento das funções


e equipamento
lavagem e secagem de roupa, segundo a lotação da habitação e o nível de
qualidade (mínimo/recomendável/óptimo).

Quadro 55

Lotação
Mobiliário Equipamento
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Tanque de lavar roupa - - - - - - - - - uni
Máquina de lavar roupa 1 1 1 1 1 1 1 1 1 uni
Armário de arrumação de roupa* 0/1/1 0/1/1 0/1/1 0/1/1 0/1/1 0/1/1 0/2/2 0/2/2 0/2/2 uni
Armário/cesto de roupa suja 1/1/1 1/1/1 1/1/1 1/1/1 1/1/1 1/1/1 1/1/1 1/1/1 1/1/1 uni
Lavatório de apoio à lavagem*1 0/0/0 0/0/0 0/0/1 0/0/1 0/0/1 0/0/1 0/0/1 0/0/1 0/0/1 uni
Máquina de secar roupa 0/0/1 0/0/1 0/0/1 0/0/1 0/0/1 0/0/1 0/0/1 0/0/1 0/0/1 uni
Estendal (comprimento de linha) 4/5/6 4/5/6 4/5/6 4/5/6 4/5/7 5/6/8 6/7/9 7/8/10 8/9/11 m

* Módulos 0 30m de frente.


*1 Necessário apenas quando existir um compartimento próprio para a lavagem de roupa.

12.2.3.2 Espaciosidade – Área

Critérios de atribuição Na atribuição de área aos espaços de lavagem e secagem de roupa devem
de área
ponderar-se os seguintes aspectos:

1) o programa de mobiliário e equipamento previsto para cada lotação de


habitação;

2) a localização do espaço de tratamento de roupa (por exemplo, num


compartimento próprio, associado a outros espaços, ou numa
dependência do fogo).

LAVAGEM E SECAGEM DE ROUPA 167


No Quadro 56 apresentam-se as áreas úteis a atribuir aos espaços de lavagem e Área de espaços
secagem de roupa, por lotação da habitação, localização e nível de qualidade.

Quadro 56

Espaço englobado* Espaço demarcado/isolado*


Lotação
Mínimo Recomen. Óptimo Mínimo Recomen. Óptimo
1 1.0+1.0 1.5+1.0 2.0+1.0 - - - m²
2 1.0+1.0 1.5+1.0 2.0+1.0 - - - m²
3 1.0+1.0 1.5+1.0 2.0+1.0 - - - m²
4 1.0+1.0 1.5+1.0 2.0+1.0 1.5+1.0 2 0+1.0 2.5+1.0 m²
5 1.0+1.0 1.5+1.0 2.0+1.0 1.5+1.0 2 0+1.0 2.5+1.0 m²
6 1.0+1.0 1.5+1.0 2.0+1.0 1.5+1.0 2 0+1.0 2.5+1.0 m²
7 1.0+1.0 2.0+1.0 2.5+1.0 1.5+1.0 2 5+1.0 3.0+1.0 m²
8 1.0+1.0 2.0+1.0 2.5+1.0 1.5+1.0 2 5+1.0 3.0+1.0 m²
9 1.0+1.0 2.0+1.0 2.5+1.0 1.5+1.0 2 5+1.0 3.0+1.0 m²

* Área de lavagem de roupa + secagem de roupa.

12.2.3.3 Espaciosidade – Dimensão

No dimensionamento de espaços de lavagem e secagem de roupa devem Critérios de


dimensionamento
ponderar-se a dimensão física e de uso dos equipamentos previstos no
programa, a largura das faixas de circulação (apresentadas no Quadro 57), e a
disposição habitual dos equipamentos (frente-a-frente ou lado-a-lado).

Quadro 57

Equipamento Dimensão
Faixa circulação 0.90 m Equipamentos de um só lado
1.10 m Equipamentos dos dois lados (mínimo e recomendáve )
1.20 m Equipamentos dos dois lados (óptimo)

No dimensionamento de espaços de secagem em estendal deve ponderar-se o


número de linhas do estendal e o comprimento de linha previsto para cada
lotação da habitação. Os estendais têm em regra duas ou três linhas
distanciadas 0.20m (entre si, da parede e de eventuais protecções exteriores).

No Quadro 58 apresentam-se as dimensões mínimas dos espaços de lavagem e Dimensão de espaços


secagem, segundo a disposição dos equipamentos e o nível de qualidade.

Quadro 58

Equipamento Mínimo Recomendável Óptimo


Equipamentos de um só lado 1.50 1.50 1.60 m
Equipamentos dos dois lados 2.30 2.30 2.40 m

12.2.3.4 Funcionalidade

O espaço de lavagem de roupa deve ser concebido de modo a ser resistente à


água e à humidade, e a permitir uma fácil limpeza.

168 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


O espaço de secagem deve satisfazer as seguintes exigências de
funcionalidade:

1) deve possuir uma pormenorização que evite que a roupa de uns vizinhos
pingue sobre a de outros;

2) deve ser coberto (por exemplo, varanda coberta ou marquise);

3) deve estar abrigado do vento excessivo e da vista (por exemplo, estendal


projectado na fachada com elementos de protecção frontais);

4) deve estar orientado entre Este-Sul-Oeste para facilitar a secagem;

5) deve ser exterior ou possuir um amplo contacto com o exterior (por


exemplo, marquise de serviço);

6) devem existir soluções de secagem de roupa na habitação que permitam


realizar esta função em diferentes condições climatéricas.

Ao concretizar estas exigências deve ser ponderada a seguinte ordem de


prioridades, segundo os níveis de qualidade:

1) no nível mínimo, admite-se que a única solução de secagem de roupa seja


um estendal exterior projectado na fachada, ou um estendal interior
localizado num espaço com amplo contacto com o exterior (por exemplo,
marquise de serviço);

2) no nível recomendável, deve existir um estendal interior localizado num


espaço com amplo contacto com o exterior e com dispositivos que
permitam a ventilação natural regulável (por exemplo, lamelas reguláveis,
dispositivos de ventilação permanente reguláveis, janelas de correr), ou um
estendal exterior abrigado mas não coberto;

3) no nível óptimo, devem existir duas soluções de secagem de roupa em que


uma delas se enquadra nas seguintes descrições: um estendal interior
localizado num espaço com amplo contacto com o exterior e com
dispositivos que permitam a ventilação natural regulável, ou um estendal
exterior abrigado e coberto (por exemplo, "loggia" ou varanda coberta).

Geralmente, a existência de uma solução de secagem de roupa inadequada tem


como consequência a construção de estendais exteriores pelos moradores, que
prejudicam a imagem do edifício.

12.2.4 Articulação

12.2.4.1 Privacidade

Os sistemas de actividades lavagem e secagem de roupa na máquina têm uma


relação de compatibilidade simultânea com as funções preparação de refeições,
recreio de crianças e passar a ferro/costurar roupa, e uma relação de

LAVAGEM E SECAGEM DE ROUPA 169


compatibilidade sucessiva com as funções refeições correntes e higiene
pessoal.

O sistema de actividades lavagem de roupa manual têm uma relação de


compatibilidade sucessiva com as funções secagem de roupa e permanência no
exterior privado.

Se o único local de lavagem de roupa for numa instalação sanitária, o espaço


que suporta esta função deve estar isolado ou destacado da zona da sanita.

12.2.4.2 Acessibilidade

A função lavagem de roupa tem uma relação de conexão com as funções


preparação de refeições, passar a ferro/costurar roupa e secagem de roupa.

Os espaços de lavagem e secagem de roupa devem estar articulados de modo


a satisfazer as seguintes exigências de acessibilidade:

1) o espaço de lavagem de roupa e o espaço de secagem de roupa devem


estar no mesmo compartimento ou em compartimentos com acesso
directo entre si;

2) caso o espaço de secagem de roupa não tenha ligação directa ao espaço


de lavagem de roupa, o percurso de transporte da roupa entre eles deve
realizar-se sem passar através de outros compartimentos habitáveis, e deve
ser curto e cómodo (sem escadas ou passagens estreitas);

3) caso o espaço de secagem de roupa se localize no exterior do fogo, não


deve ser necessário: no nível mínimo, subir mais do que a altura de um
piso em escadas ou percorrer uma distancia superior a 30m, e no nível
recomendável e óptimo, subir escadas ou percorrer uma distância superior
a 20m;

4) o espaço de lavagem, em particular a máquina de lavar roupa, deve


permitir a vigilância do seu funcionamento a partir do espaço de
preparação de refeições ou do espaço de estar/reunir;

5) caso exista, a lavandaria comum, deve estar localizada a uma distância não
superior a 30m da entrada do edifício, e 50m da entrada de cada uma das
habitações.

12.2.5 Adaptabilidade

Os espaços de lavagem e secagem de roupa devem ter características que


permitam:

1) suportar diversos tipos de ocupação eventual como passar a ferro/costurar


roupa;

170 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


2) colocar equipamento com dimensões maiores que as correntes (por
exemplo, tanque de lavar, ou um conjunto de máquina de lavar e secar
roupa).

12.3 MODELOS

Neste ponto são apresentados modelos exemplificativos da aplicação do


programa de exigências proposto para as funções lavagem e secagem de
roupa, às disposições de mobiliário e equipamento consideradas mais
frequentes. Para maior facilidade de consulta dos modelos, apresenta-se no
Quadro 59 a lista dos modelos com os respectivos números de figura e de
página.

Quadro 59

Função dominante Lotação Nível de qualidade Figura n.º Página n.º

Lavagem e secagem de roupa 1 a 9 utentes Mín./Rec./Ópt. Figura 74 173


1 a 9 utentes Mín./Rec./Ópt. Figura 75 174

LAVAGEM E SECAGEM DE ROUPA 171


172 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
LAVAGEM E SECAGEM DE ROUPA 173
174 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
13. HIGIENE PESSOAL

13.1 DADOS DE PROGRAMA

13.1.1 Conteúdo da função

Actividades Os sistemas de actividades que compõem a função higiene pessoal são as


componentes
lavagens e as "funções vitais".

As actividades que compõem o sistema de actividades lavagens são: lavar as


mãos e o rosto, tomar banho ou dar banho a crianças, vestir-se, fazer toillete,
barbear-se, proceder a curativos e lavar à mão roupa pequena.

A actividade que compõe o sistema de actividades funções vitais é designada


por excreções.

Localização A função higiene pessoal localiza-se geralmente numa instalação sanitária, dada
a importância do equipamento e a natureza das actividades que a compõem.

Utentes envolvidos Os utentes envolvidos na função higiene pessoal são todos os elementos do
agregado familiar e, eventualmente, as visitas.

Horário e frequência O sistema de actividades lavagens decorre essencialmente nos períodos do


início da manhã e do fim da tarde, podendo existir utilizações pontuais em
qualquer momento do dia ou da noite. O sistema de actividades funções vitais
pode ocorrer em qualquer momento do dia ou da noite.

13.2 EXIGÊNCIAS DE PROJECTO

13.2.1 Agradabilidade

Os espaços de higiene pessoal assumem grande importância no uso da


habitação, resultado da crescente atenção atribuída ao cuidado individual com
corpo, e que se traduz em diversos aspectos como, por exemplo, a frequência
das lavagens. Para que nestes espaços exista um ambiente agradável, devem
ser asseguradas as seguintes condições:

1) iluminação natural, de preferência obtida através de um vão em contacto


directo com o exterior;

HIGIENE PESSOAL 175


2) ventilação obtida através de vão em contacto directo com o exterior (por
exemplo, vão de janela), ou em alternativa, ventilação obtida através de
grelhas de entrada e saída de ar;

3) possibilidade de integrar mobiliário de apoio (por exemplo, banco ou


armário de arrumação).

13.2.2 Segurança

Nos espaços destinadas à higiene pessoal devem satisfazer-se as seguintes


exigências de segurança (Coelho 1993b):

1) o pavimento deve ser anti-derrapante de modo a não existir perigo de


queda quando húmido ou molhado;

2) devem cumprir-se as dimensões de uso do equipamento definidas no


Quadro 60;

3) em casos particulares de habitações para utentes condicionados de


mobilidade ou utentes com dificuldades de movimentação, devem instalar-
se dispositivos específicos para auxilio no manuseamento dos
equipamentos e deslocação no interior da instalação sanitária; neste caso
os dispositivos para auxilio na deslocação devem ser sólidos, sem
extremidades aguçadas e em materiais duráveis;

4) as portas e protecções da banheira e do duche devem ser constituídos por


vidro de segurança, ou em outro material com idênticas características
físicas;

5) as portas da banheira e do duche não devem ter fechadura;

6) não devem existir portas de acesso aos espaços de higiene pessoal a abrir
sobre a área de uso de equipamentos sanitários, sendo excepção a
banheira.

13.2.3 Adequação espacio-funcional

13.2.3.1 Capacidade – Equipamento

Na atribuição de equipamento à função higiene pessoal devem seguir-se os Critérios de atribuição


de equipamentos
seguintes critérios:

1) Em habitações de tipologia programática T3 deve existir, pelo menos, uma


instalação sanitária completa (lavatório, banheira, sanita e bidé). A solução
desdobrada (duas instalações sanitárias, uma com lavatório e banheira, e
outra com sanita, bidé e lavatório) não é aconselhável.

176 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


2) Sempre que exista uma sanita num espaço de higiene pessoal, deve existir
12
também um lavatório ou lava-mãos .

3) Nos níveis de qualidade recomendável e óptimo, deve existir um espaço


com cerca de 0.60x0.60m que permita colocar um armário de arrumação
(por exemplo, para guardar toalhas, papel higiénico, artigos de higiene e
beleza, etc.); este espaço permite em alternativa a colocação de uma
cadeira ou banco, úteis no apoio aos banhos e a outros usos do espaço de
higiene pessoal.

4) Nos níveis de qualidade recomendável e óptimo, deve ser possível


inscrever no espaço de higiene pessoal principal uma área de circulação
com 1.50m de diâmetro (medido ao nível do pavimento) que permita a
rotação de uma cadeira de rodas.

Dimensões do No Quadro 60 e na Figura 76 apresentam-se as dimensões físicas e de uso do


equipamento
mobiliário e equipamento de higiene pessoal (Portas 1969; Lamure 1976;
Herbert et al. 1978; Tutt e Adler 1979; Neufert 1981; Noble 1982; RTHS Art.
4.2.5.2 - MES 1985).

Quadro 60

Mobiliário Dimensões físicas Dimensões de uso


Equipamento frente profundidade altura frente profundidade
Sanita com mínimo 0.40 0.65 0.40+0 35 0.10+0.40+0.10 0.65+0.50 m
autoclismo de
recom. 0.40 0.65 0.40+0 35 0.15+0.40+0.15 0.65+0.55 m
"mochila"
óptimo 0.40 0.70 0.40+0 35 0.20+0.40+0.20 0.70+0.60 m
Bidé mínimo 0.40 0.60 0.40+0 35 0.10+0.40+0.10 0.60+0.50 m
recom. 0.40 0.65 0.40+0 35 0.15+0.40+0.15 0.65+0.55 m
óptimo 0.40 0.70 0.40+0 35 0.20+0.40+0.20 0.70+0.60 m
Lavatório mínimo 0.60 0.50 0.90 0.10+0.60+0.10 0.50+0.50 m
recom. 0.60 0.50 0.90 0.15+0.60+0.15 0.50+0.60 m
óptimo 0.60 0.50 0.90 0.20+0.60+0.20 0.50+0.70 m
Lava-mãos mínimo 0.50 0.40 0.90 0.05+0.50+0.05 0.40+0.50 m
recom. 0.50 0.40 0.90 0.15+0.50+0.10 0.40+0.55 m
óptimo 0.50 0.40 0.90 0.20+0.50+0.15 0.40+0.60 m
Banheira mínimo 1.50 0.70 0.40 a 0.60 1.50 (0.85) 0.70+0.50 m
recom. 1.60 0.70 0.40 a 0.60 1.60 (0.85) 0.70+0.70 m
óptimo 1.70 0.70 0.40 a 0.60 1.70 (0.85) 0.70+0.80 m
Base de duche mínimo 0.70 0.70 0.10 a 0.20 0.70 0.70+0.60 m
recom. 0.80 0.80 0.10 a 0.20 0.80 0.80+0.65 m
óptimo 0.90 0.90 0.10 a 0.20 0.90 0.90+0.70 m
Armário de mínimo 0.60 0.40 90 a 1.80 0.60 0.40+0.50 m
arrumação
recom. 0.60 0.40 90 a 1.80 0.60 0.40+0.60 m
óptimo 0.60 0.40 90 a 1.80 0.60 0.40+0.70 m
Área de mínimo ∅ 1.50 - 0.15 - - m
circulação
recom. ∅ 1.50 - 0.15 - - m
óptimo ∅ 1.50 - 0.15 - - m
Banco - 0.40 0.40 0.45 a 0.80 - - m

12
Lavatório de pequenas dimensões destinado essencialmente a lavar as mãos.

HIGIENE PESSOAL 177


No Quadro 61 apresenta-se o programa de mobiliário e equipamento da função Programa de
equipamento
higiene pessoal, segundo a lotação da habitação e o nível de qualidade
(mínimo/recomendável/óptimo) (RGEU Art. 84.1 - Portugal 1951; Portas 1969;
ITCC 1983; RTHS Art. 4.2.5.2 - MES 1985; MOPTC 1989; Swedish Standard
1994a).

Quadro 61

Mobiliário Instalação Lotação


Equipamento sanitária 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Sanita principal 1 1 1 1 1 1 1 1 1 uni
segunda - 1* 1* 1* 1*/1*/1 1*/1/1 1 1 1 uni
terceira - - - - - 0/0/1 0/0/1 0/1/1 0/1/1 uni
Bidé principal 1 1 1 1 1 1 1 1 1 uni
Lavatório principal 1 1 1 1 1 1 1 1 1 uni
segunda - - - - - 0/0/1 0/0/1 0/0/1 0/0/1 uni
Lava-mãos principal - - - - - - - - - uni
segunda - 1* 1* 1* 1*/1*/1 1*/1/0 1/1/0 1/1/0 1/1/0 uni
terceira - - - - - 0/0/1 0/0/1 0/1/1 0/1/1 uni
Banheira principal 1 1 1 1 1 1 1 1 1 uni
Duche principal - - - - - - - - - uni
segunda - - - - - 0/0/1 0/1/1 1 1 uni
Armário principal 0/0/1 0/0/1 0/0/1 0/0/1 0/0/1 0/0/1 0/0/1 0/0/1 0/0/1 uni
Banco principal 0/0/1 0/0/1 0/0/1 0/0/1 0/0/1 0/0/1 0/0/1 0/0/1 0/0/1 uni
Área de circul. principal 0/1/1 0/1/1 0/1/1 0/1/1 0/1/1 0/1/1 0/1/1 0/1/1 0/1/1 uni

* Aplicável apenas a habitações que se desenvolvem em mais do que um piso (dúplex ou tríplex).

13.2.3.2 Espaciosidade – Área

Na atribuição de área aos espaços de higiene pessoal devem ponderar-se os Critérios de atribuição
de área
seguintes aspectos:

1) o programa de mobiliário e equipamento previsto para cada lotação da


habitação;

2) as características dos utentes, nomeadamente, a existência de crianças


pequenas (tomam banhos frequentes e geralmente assistidos pelos pais)
ou de pessoas idosas (têm algumas dificuldades de movimentação).

No Quadro 62 apresentam-se as áreas úteis a atribuir aos espaços de higiene Área de espaços
pessoal, segundo a lotação da habitação e o nível de qualidade (RGEU Art. 68 -
Portugal 1951; Portas 1969; MHOP e LNEC 1978a).

178 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


Quadro 62

Lotação Mínimo* Recomendável* Óptimo*


1 4.00 4.50 5.00 m²
2 4.00 4.50 5.00 m²
3 4.00 4.50 5.00 m²
4 4.00 4.50 5.00 m²
5 4.00 4.50 5.00+2.00 m²
6 4.00 4.50+1 50 5.00+2.00 m²
7 4.00+1.50 4.50+2 50 5.00+3.00+2.00 m²
8 4.00+2.50 4.50+2.50+1.50 5.00+3.00+2.00 m²
9 4.00+2.50 4.50+2.50+1.50 5.00+3.00+2.00 m²

* IS principal + segunda IS + terceira IS.

13.2.3.3 Espaciosidade – Dimensão

Critérios de Na definição da dimensão mínima dos espaços de higiene pessoal devem


dimensionamento
ponderar-se os seguintes aspectos:

1) as dimensões físicas e de uso dos equipamentos sanitários adequadas a


utentes comuns e utentes com dificuldades de movimentação;

2) as dimensões das faixas de circulação;

3) a possibilidade de colocar mobiliário suplementar (por exemplo, armário de


arrumação ou cesto para roupa suja);

4) a facilidade de limpeza do espaço e dos respectivos equipamentos fixos.

Dimensão de espaços No Quadro 63 apresentam-se as dimensões mínimas dos espaços de higiene


pessoal por nível de qualidade e programa de equipamento.

Quadro 63

Equipamento Mínimo Recomend. Óptimo


Integrando apenas uma sanita 0.80 0.80 0.90 m
Integrando sanita e lavatório 0.80 0.80 0.90 m
Integrando sanita, lavatório e base de duche 1.30 1.40 1.60 m
Integrando sanita, bidé, lavatório e banheira 1.50 - - m
Integrando sanita, bidé, lavatório, banheira e área - 1.70 1.90 m
de circulação

13.2.3.4 Funcionalidade

Nos espaços de higiene pessoal devem ser satisfeitas as seguintes exigências


de funcionalidade:

1) A instalação sanitária principal não deve ser desdobrada. Uma solução


desdobrada tem como vantagem permitir maior capacidade de uso em
períodos de utilização intensa e o uso independente da sanita e do espaço
de lavagens. No entanto, uma solução desdobrada provoca maiores
incómodos na rotina habitual de higiene pessoal, implica uma menor
concentração de áreas livres (diminui a capacidade de uso por utentes

HIGIENE PESSOAL 179


com reduzida capacidade de movimentação e a facilidade de limpeza), e
13
em Portugal é geralmente mal aceite pelos utentes.

2) Para facilitar a limpeza, as instalações sanitárias devem possuir uma


dimensão mínima interior de 1.0m (largura ou profundidade), prevendo-se
no caso de compartimentos mais pequenos a existência de lavatórios em
consola.

3) O piso das instalações sanitárias deve apresentar um rebaixamento (no


máximo 0.01m) relativamente aos pisos dos compartimentos que lhe são
contíguos, de modo a facilitar a limpeza e limitar os danos em caso de
inundação.

13.2.4 Articulação

13.2.4.1 Privacidade

Geralmente, a função higiene pessoal não se encontra associada a outras


funções da habitação, sendo excepções a esta regra os sistemas de actividade
lavagem e secagem de roupa na máquina.

Os espaços de higiene pessoal constituem instalações sanitárias, que devem


estar articuladas de modo a satisfazer as seguintes exigências de privacidade:

1) a instalação sanitária principal deve servir a zona de espaços individuais;

2) quando existe uma segunda instalação sanitária, deve servir a zona de


espaços comuns;

3) as instalações sanitárias com sanita não devem ter acesso directo à sala,
cozinha, copa ou despensa;

4) nos restantes tipos de compartimentos o acesso às instalações sanitárias


com sanita pode ser directo, se forem adoptadas as disposições
necessárias para assegurar que deste facto não resulta difusão de maus
cheiros, nem prejuízo para a salubridade dos compartimentos
comunicantes;

5) o acesso às instalações sanitárias não deve ser visível da zona de


entrada/saída.

13.2.4.2 Acessibilidade

A função higiene pessoal tem uma relação de conexão com a função


dormir/descanso pessoal, refeições formais e receber.

Os espaços de higiene pessoal constituem instalações sanitárias, que devem


estar articuladas de modo a satisfazer as seguintes exigências de acessibilidade:

13
Contrariamente ao que acontece em outros países.

180 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


1) as instalações sanitárias devem ter uma localização que facilite o acesso a
partir de todos os compartimentos habitáveis;

2) em habitações dúplex:

• devem existir pelo menos duas instalações sanitárias, uma em cada


piso;

• as instalações sanitárias devem distribuir-se do seguinte modo: a


instalação sanitária completa deve localizar-se no piso dos quartos, a
instalação sanitária incompleta deve localizar no piso de espaços
comuns, e caso exista uma terceira instalação sanitária deve localizar-
14
se no piso de quartos .

13.2.5 Adaptabilidade

A alteração das instalações sanitárias implica geralmente trabalhos onerosos e


de difícil realização, dado o tipo de revestimentos e equipamentos que contêm e
a localização fixa de algumas das canalizações.

Por este motivo as instalações sanitárias devem ser concebidas com um elevado
grau de adaptabilidade inicial, que satisfaça as seguintes condições:

1) deve ser possível instalar mobiliário de arrumação suplementar para apoio


à higiene pessoal;

2) deve ser possível adaptar as instalações sanitárias para utilização por


utentes com dificuldades de movimentação ou utentes condicionados de
mobilidade.

13.3 MODELOS

Neste ponto são apresentados modelos exemplificativos da aplicação do


programa de exigências proposto para a função higiene pessoal, às disposições
de mobiliário e equipamento consideradas mais frequentes. Para maior
facilidade de consulta dos modelos, apresenta-se no Quadro 64 a lista dos
modelos com os respectivos números de figura e de página.

Quadro 64

Função dominante Nível de qualidade Figura n.º Página n.º

Higiene pessoal Mínimo Figura 77 184


Recomendável Figura 78 183
Óptimo Figura 79 185

14
As instalações sanitárias com equipamento reduzido (sanita e lava-mãos) podem localizar-se sob os
desvãos das escadas privadas.

HIGIENE PESSOAL 181


182 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
HIGIENE PESSOAL 183
184 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
HIGIENE PESSOAL 185
14. PERMANÊNCIA NO EXTERIOR PRIVADO

14.1 DADOS DE PROGRAMA

14.1.1 Definição do conteúdo da função

Actividades As actividades que compõem a função permanência no exterior privado são


componentes
geralmente o prolongamento ao ar livre de algumas funções que se desenrolam
no interior da habitação, nomeadamente: dormir/descanso pessoal, refeições
correntes, refeições formais, estar/reunir, recreio de crianças, estudo/recreio de
jovens, trabalho/recreio de adultos, lavagem de roupa e secagem de roupa. No
caso de espaços exteriores privados térreos podem surgir outras funções
complementares, tais como, estacionamento de veículos automóveis e
jardinagem/horticultura.

Localização A função permanência no exterior privado localiza-se geralmente numa varanda,


"loggia", terraço, pátio, quintal, ou jardim.

Utentes envolvidos Os utentes envolvidos nesta função são todos os elementos do agregado
familiar, e por vezes as visitas.

Horário e frequência A utilização dos espaços exteriores privados pode acontecer durante qualquer
período do dia e princípio da noite, com uma frequência variável consoante as
características do agregado familiar.

14.1.2 Tipos de espaços

Classificação de Os espaços exteriores privados podem ser classificados nos tipos seguintes:
espaços exteriores
privados 1) Espaços exteriores privados elevados:

a) varanda ou balcão – espaço predominantemente saliente do plano de


fachada, apenas com um ou dois lados ligados à habitação;

b) "loggia" – espaço predominantemente reentrante no volume do edifício,


com 3 lados ligados à habitação;

c) terraço – espaço sobre um volume construído, habitualmente sem


cobertura, situado na parte superior do edifício ou aproveitando um
escalonamento do edifício.

2) Espaços exteriores privados térreos:

a) pátio – espaço exterior térreo, geralmente, totalmente pavimentado;

PERMANÊNCIA NO EXTERIOR PRIVADO 187


b) quintal ou jardim – espaço exterior térreo, geralmente, apenas
parcialmente pavimentado.

Apesar de não constituírem espaços exteriores, devem também incluir-se nesta


classificação os seguintes espaços de transição entre o exterior e o interior da
habitação, que suportam actividades semelhantes ou que resultam da evolução
dos espaços exteriores privados:

a) marquise – espaço de varanda encerrado com envidraçados;

b) estufa – espaço encerrado por envidraçados, geralmente, concebido de


raiz, em que existe a intenção de proporcionar um uso intenso e
permitir controlar a temperatura do interior da habitação;

c) "bow window" – espaço de estar encerrado por envidraçados e


superfícies opacas, geralmente saliente do plano da fachada, que
permite um amplo contacto visual com o exterior.

Os espaços exteriores elevados permitem desenvolver várias actividades, tais Espaços exteriores
privados elevados –
como, realizar refeições, repousar/descansar, conversar, jogar, ler, brincadeiras Varanda, "Loggia" ou
de crianças, pôr os bebés a "apanhar ar", vigiar as crianças na rua, cultivar Terraço

plantas/flores e estender roupa. Estes espaços proporcionam também um


alargamento dos espaços interiores, um sentimento de estar no exterior mas
ainda sob a influência directa do interior doméstico, uma maior protecção
térmica do interior da habitação (sobretudo por sombreamento no Verão), e uma
maior abertura e controlo visual do exterior.

Em resumo, os espaços exteriores elevados constituem uma compensação para


a ausência de espaços exteriores privados térreos nas habitações situadas em
pisos elevados.

No entanto os espaços exteriores elevados pode também ter inconvenientes,


tais como, diminuir o nível de iluminação natural dos compartimentos contíguos,
apresentar problemas de segurança relativamente à queda de utentes ou ao
arremesso de objectos, e permitir a construção de marquises que podem
prejudicar a imagem do edifício.

As habitações com espaços exteriores privados elevados são adequadas para


agregados familiares compostos por idosos pouco activos, e agregados
familiares com crianças pequenas ou sem crianças.

Os espaços exteriores privados térreos permitem o desenvolvimento das Espaços exteriores


privativos térreos –
mesmas actividades que as indicadas para os espaços exteriores privados Quintal, Pátio ou
elevados, com a vantagem de possuírem geralmente mais área. Jardim

Os espaços exteriores privados térreos surgem geralmente associados a uma


das seguintes situações: habitações unifamiliares, habitações integradas em
edifícios multifamiliares até três pisos de altura, e habitações situadas nos pisos
térreos de edifícios multifamiliares.

188 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


Estes espaços podem ser de dois tipos:

1) de representação, geralmente articulados com a zona de entrada/saída


principal da habitação e com a sala;

2) de estar/serviço, geralmente articulados com a cozinha, sala de estar ou


quartos.

Na generalidade dos casos os espaços exteriores privados térreos respondem a


uma importante aspiração dos moradores, sendo a sua existência motivo de
forte satisfação. Apenas nos casos de utentes idosos ou de crianças pequenas
se considera que as actividades desenvolvidas no espaço exterior térreo privado
podem ser integralmente asseguradas por um espaço exterior elevado
espaçoso, ou por um jardim público.

No entanto, a existência de espaços exteriores privados térreos pode também


ter inconvenientes, nomeadamente: caso os espaços exteriores privados térreos
tenham dimensões muito pequenas, podem surgir problemas de falta de
privacidade entre os diversos espaços o que inibe o seu uso; e pode verificar-se
uma apropriação indisciplinada dos espaços exteriores privados térreos que
subverta a imagem do conjunto edificado.

As habitações com espaços exteriores privados térreos são particularmente


adequadas para agregados familiares com crianças e agregados familiares
compostos por idosos activos.

Espaços de transição – As estufas são espaços pouco comuns nas habitações, mas podem apresentar
Estufa
as seguintes qualidades:

1) contribuem para fomentar o cultivo de plantas em vasos e floreiras;

2) permitem um maior controlo da temperatura no interior da habitação e,


como consequência, podem conduzir a uma poupança de energia
(aquecimento da habitação durante o período frio, e maior isolamento no
período quente);

3) permitem o uso durante todo o ano para suporte de diversas actividades


(por exemplo, tomar refeições, repousar, trabalhar, recreio de crianças);

4) constituem espaços com muito boas condições ambientais, pois conjugam


a relação com o interior das habitações, a presença de elementos verdes e
o amplo contacto visual com o exterior.

De modo a garantir o bom funcionamento das estufas ao longo de todo o ano,


devem existir vãos exteriores de ventilação e dispositivos de sombreamento
reguláveis, vãos envidraçados controláveis entre as estufas e os compartimentos
contíguos, e um adequado dimensionamento e orientação do espaço.

Os elementos de vegetação (plantas em vasos, floreiras Elementos de


vegetação
ou canteiros) são elementos muito frequentes em todos

PERMANÊNCIA NO EXTERIOR PRIVADO 189


os tipos de espaços exteriores e de transição exterior/interior. A sua existência
tem, geralmente, as seguintes vantagens:

1) podem constituir filtros e barreiras visuais, que favorecem privacidade,


designadamente entre pisos térreos habitacionais e espaços públicos;

2) permitem delimitar fronteiras entre diferentes espaços;

3) proporcionam um ambiente mais humano, por complemento ou contraste


com os elementos não naturais;

4) permitem aumentar a segurança da varanda tornando as guardas e


parapeitos mais "profundos".

14.2 EXIGÊNCIAS DE PROJECTO DE ESPAÇOS


EXTERIORES PRIVADOS ELEVADOS

Neste ponto são desenvolvidas as exigências relativas a espaços exteriores


privados elevados (varandas, balcões e terraços).

14.2.1 Agradabilidade

Os espaços exteriores privados elevados são particularmente sensíveis às


condições de agradabilidade, considerando-se que, caso não seja possível
proporcionar adequadas condições, é preferível atribuir a área desses espaços
ao interior das respectivas habitações.

Nos espaços exteriores privados elevados devem ser satisfeitas as seguintes


exigências de agradabilidade:

1) devem existir adequadas condições de conforto ambiental,


nomeadamente:

• protecção relativamente a fontes de ruídos exteriores;

• orientação solar adequada e protecção contra a insolação excessiva;

• protecção contra os ventos dominantes (afastados dos ângulos do


edifício e com uma reduzida altura do solo);

• vista sobre o espaço público e paisagem envolvente;

• amplo contacto visual com os espaços interiores do fogo (por exemplo,


através de janelas de sacada);

• ausência de guardas e parapeitos totalmente opacos que constituam


um obstáculo às vistas sobre o exterior (a partir de posições sentadas
tanto nestes espaços como dos espaços interiores contíguos);

2) a configuração dos espaços deve ser fortemente afirmada e


adequadamente encerrada (por exemplo, localizados em recantos e com
zonas parcialmente cobertas por toldos ou pérgulas).

190 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


As "loggias", por serem parcialmente reentrantes, são menos expostas que as
varandas proporcionando, geralmente, melhores condições de agradabilidade,
de segurança e de privacidade.

Quando existem espaços exteriores privados elevados com deficientes


condições de agradabilidade que não estimulam o seu uso frequente, verifica-se
que os moradores tendem a transformar estes espaços em marquises que
subvertem a imagem do edifício. Quando não existe certeza sobre o sucesso da
solução adoptada para o espaço exterior privado elevado, é prudente realizar
um projecto-tipo que o permita converter em marquise.

14.2.2 Segurança

Nos espaços exteriores privados elevados e em todos os vãos exteriores


elevados das habitações deve reduzir-se o risco de queda de pessoas e de
arremesso de objectos, nomeadamente, por crianças.

Para o efeito devem cumprir-se as seguintes exigências de concepção de


guardas (ITCC 1983):

1) o espaço (intervalo) livre máximo nos orifícios ou distâncias entre


elementos existentes nas guardas não deve ser superior a: 0.12m no nível
mínimo, 0.10m no nível recomendável, e 0.05m no nível óptimo;

2) a distância entre o pavimento e o extremo inferior da guarda não deve ser


superior a: 0.10m no nível mínimo, 0.05 no nível recomendável, e nula no
nível óptimo;

3) quando situadas até 9.00m de altura do solo, as guardas e parapeitos não


devem ter uma altura (medida relativamente ao pavimento contíguo) inferior
a: 0.85m no nível mínimo, 0.90m no nível recomendável, 1.00m no nível
óptimo; quando situadas acima dos 9.00m, deve ser adicionada uma
margem de 0.10m à altura definida;

4) não devem existir elementos horizontais nas guardas que facilitem a


escalada por crianças;

5) não devem existir guardas e parapeitos totalmente opacos que frustem a


natural curiosidade das crianças de ver o que se passa no exterior;

6) podem existir elementos junto às guardas que aumentem a sua espessura


(por exemplo, floreiras);

7) deve existir facilidade de tratamento de plantas em floreiras exteriores.

PERMANÊNCIA NO EXTERIOR PRIVADO 191


14.2.3 Adequação espacio-funcional

14.2.3.1 Capacidade – Mobiliário

O mobiliário dos espaços exteriores privados elevados é geralmente composto Critérios de atribuição
de mobiliário
por mobiliário deslocado do interior da habitação para o exterior, e pode variar
significativamente consoante o tipo de uso.

Em seguida referem-se três tipos de uso frequente e as respectivas exigências


de mobiliário:

1) espaço para realizar refeições correntes e estar/reunir – integra mesa e


cadeiras (de preferência desdobráveis) e elementos complementares (por
exemplo, grelhador, chapéu de sol, toldo, etc.);

2) espaço para ornamentar e prolongar o interior da habitação – integra faixa


de circulação e vasos ou floreiras com plantas;

3) espaço de transição e contacto com o exterior – integra apenas uma


estreita faixa de circulação.

No Quadro 65 e na Figura 80 indicam-se as dimensões físicas e de uso do Dimensões do


mobiliário
mobiliário de espaços exteriores privados (Portas 1969; Lamure 1976; Herbert et
al. 1978; Tutt e Adler 1979; Noble 1982).

Quadro 65

Dimensões físicas Dimensões de uso*


Mobiliário Forma
frente profundidade altura frente profundidade
Mesa de 2 lugares quad. 0.75 0.50+0.75+0.50 0.70/0.85 0.75 2.15 m
circul. 0.75 0.50+0.75+0.50 0.70/0.85 0.75 2.15 m
Mesa de 3 lugares rect.* 1 (0.6+0.4)+0.50 0.50+0.75+0.50 0.70/0.85 1.70 2.15 m
quad. 0.75+0.50 0.50+0.75+0.50 0.70/0.85 1.45 2.15 m
circul. 0.85+0.50 0.85+0.50 0.70/0.85 1.55 1.55 m
Mesa de 4 lugares rect. 1.10 0.50+0.75+0.50 0.70/0.85 1.10 2.15 m
rect. 0.50+0 95+0.50 0.50+0.75+0.50 0.70/0.85 2.35 2.15 m
circul. 0 50+0.85+0.50 0.50+0.85+0.50 0.70/0.85 1.85 1.85 m
Cadeira com braços 0.60 0.60 - 0.60 0.60+0.25 m
Cadeira de repouso 0.55 0.90 - 0.55 0.90+0.25 m
Circulação 0.60 - - - - m

* Apenas levantar/sentar.
*1 Mesa com aba.

As dimensões físicas e de uso do mobiliário desta função não variam


significativamente, pelo que não foram consideradas diferenças entre os vários
níveis de qualidade.

No Quadro 66 apresenta-se o programa de mobiliário dos espaços exteriores Programa de mobiliário


privados elevados, segundo a lotação da habitação e o nível de qualidade
(mínimo/recomendável/óptimo).

192 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


Quadro 66

Lotação
Equipamento
1, 2 e 3 4, 5 e 6 7, 8 e 9
Mesa e cadeiras 0/0/2 0/2/3 0/3/4 uni
(Cadeira de repouso) 0/0/1 0/1/2 0/2/2 uni
(Mesa de apoio) 0 0 0/0/1 uni
Faixa circulação 0/1/0 0 0 uni

() O mobiliário apresentado entre parêntesis constitui uma alternativa relativamente à primeira hipótese.

14.2.3.2 Espaciosidade – Área

Critérios de atribuição Na atribuição de área aos espaços exteriores privados elevados devem
de área
ponderar-se os seguintes aspectos: o tipo de uso pretendido, o mobiliário
previsto para cada lotação da habitação, a existência de espaços exteriores
comuns e a proximidade a espaços exteriores públicos.

Área de espaços No Quadro 67 apresentam-se as áreas úteis a atribuir aos espaços exteriores
privados, segundo a lotação da habitação e o nível de qualidade.

As áreas apresentadas são valores mínimos definidos segundo uma orientação


de economia, adequação aos usos previstos e equilíbrio com a área das
restantes funções.

Quadro 67

Lotação Mínimo Recomendável Óptimo


1 - 1.50 2.50 m²
2 - 1.50 2.50 m²
3 - 1.50 2.50 m²
4 - 2.50 3.50 m²
5 - 2.50 3.50 m²
6 - 2.50 3.50 m²
7 - 3.00 4.00 m²
8 - 3.00 4.00 m²
9 - 3.00 4.00 m²

Caso os espaços exteriores elevados sejam em terraço, é aceitável a atribuição


de uma área suplementar visto que estes espaços resultam do aproveitamento
da cobertura de outros espaços.

No nível mínimo, quando se pretenda propor um espaço exterior privado


elevado, ele não deverá ter uma área superior a 4.00m². Note-se que, caso
existam limites máximos de área para a habitação, a sua existência implicará a
redução da área atribuída às restantes funções.

14.2.3.3 Espaciosidade – Dimensão

Critérios de As dimensões mínimas dos espaços exteriores privados dependem, tal como o
dimensionamento
programa de mobiliário e de áreas, do tipo de uso proposto. No Quadro 68

PERMANÊNCIA NO EXTERIOR PRIVADO 193


apresentam-se as dimensões mínimas destes espaços, segundo o tipo de uso
que se pretenda atribuir.

Quadro 68

Tipo de uso Dimensão Descrição


Circular 0.30/0.45 m abrir janela de sacada
0.60 m faixa de circulação
0.90 m faixa de circulação e floreira
Estar e 1.25 m mesa com dois lugares frente-a-frente e faixa de circulação
circular
1.25 m cadeira de repouso
1.80 m mesa com quatro lugares e faixa de circulação

O modo de uso dos espaços exteriores privados está fortemente dependente da


sua dimensão mínima, podendo estabelecer-se os seguintes dois patamares:

1) com uma dimensão mínima inferior a 1.25m, apenas permitem um uso


eventual para o contacto com o exterior;

2) com uma dimensão mínima igual ou superior a 1.25m, permitem um uso


mais frequente e flexível, em funções tais como, dormir/descanso pessoal,
estar/reunir e refeições formais.

No Quadro 69 apresentam-se as dimensões mínimas dos espaços exteriores Dimensão de espaços


privados, por lotação da habitação e nível de qualidade.

Quadro 69

Lotação Mínimo Recomendável Óptimo


1 - 0.60 1.25 m
2 - 0.60 1.25 m
3 - 0.60 1.25 m
4 - 1.25 1.50 m
5 - 1.25 1.50 m
6 - 1.25 1.50 m
7 - 1.50 1.80 m
8 - 1.50 1.80 m
9 - 1.50 1.80 m

14.2.3.4 Funcionalidade

Os espaços exteriores privados elevados devem satisfazer as seguintes


exigências de funcionalidade:

1) as zonas pavimentadas devem ser inclinadas na direcção do logradouro,


com uma inclinação que permita o fácil escoamento superficial da água da
chuva ou de lavagens, sem recurso a ralos de pavimento;

2) caso a função secagem de roupa esteja localizada num espaço exterior


privado elevado, não deve estar sobreposta com o espaço de permanência
no exterior.

194 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


14.2.4 Articulação

14.2.4.1 Privacidade

Geralmente, o sistema de actividades permanência no exterior privado elevado


não se encontra associado a outras funções da habitação, sendo excepções as
funções lavagem de roupa e secagem de roupa. Apenas como localização
alternativa, todas as restantes funções (com excepção da higiene pessoal)
podem estar associadas a este sistema de actividades.

Os espaços exteriores privados elevados devem ter características que


assegurem a privacidade relativamente aos espaços públicos com uso intenso,
aos edifícios com fachadas em confronto e às habitações vizinhas.

14.2.4.2 Acessibilidade

O sistema de actividades permanência no exterior privado elevado tem uma


relação de conexão com as funções dormir/descanso pessoal, preparação de
refeições, refeições formais, estar/reunir.

Os espaços exteriores privados elevados devem ter acesso aos seguintes


espaços da habitação (por ordem decrescente de prioridade):

1) espaço de estar/reunir – promove o uso colectivo do exterior para


actividades de estar;

2) espaço de preparação de refeições – promove o uso do exterior para


actividades de serviço, para a prática de refeições no exterior e facilita a
vigilância de crianças;

3) espaços de dormir – promove o uso individual do exterior para actividades


de estar.

14.3 EXIGÊNCIAS DE PROJECTO DE ESPAÇOS


EXTERIORES PRIVADOS TÉRREOS

Neste ponto são desenvolvidas as exigências relativas a espaços exteriores


privados térreos (quintais, jardins, ou pátios).

14.3.1 Agradabilidade

O jardim, o terraço e o pátio domésticos constituíram, ao longo da história,


verdadeiros compartimentos privados da casa, que embora sem tecto
construído, funcionavam como salas de estar ao ar livre, com um uso intenso e
com um ambiente aprazível (Alexander et al. 1980).

Para se conseguirem recriar semelhantes efeitos os espaços exteriores privados


térreos devem satisfazer as seguintes exigências de agradabilidade:

PERMANÊNCIA NO EXTERIOR PRIVADO 195


1) Devem existir adequadas condições de conforto ambiental,
nomeadamente:

• protecção relativamente a fontes de ruídos exteriores;

• orientação solar adequada e existência de uma zona protegida contra a


insolação excessiva (por exemplo, pérgula ou ramada);

• vista sobre o espaço público e paisagem envolvente;

• protecção contra os ventos dominantes;

• amplo contacto visual com os espaços interiores do fogo (por exemplo,


através de janelas de sacada);

• existência de uma zona protegida contra a chuva (por exemplo,


alpendre ou telheiro).

2) A configuração do espaço deve ser fortemente afirmada e adequadamente


encerrada.

14.3.2 Segurança

Os espaços exteriores privados térreos devem satisfazer as seguintes exigências


de segurança:

1) as vedações devem ser sólidas e construídas em materiais duráveis, e não


devem possuir arestas cortantes, pontas ou extremidades aguçadas;

2) as vedações construídas por razões de segurança devem ser difíceis de


escalar por crianças e os portões devem fechar automaticamente;

3) devem existir dispositivos de protecção (guardas, vedações ou outros) em


situações em que existam mudanças de nível do pavimento superiores a
0.50m;

4) devem existir protecções contra o acesso de crianças a locais


potencialmente perigosos (por exemplo, poços, garagens, espaços
utilizados para arrumação de ferramentas, compartimentos com
equipamentos ou instalações técnicas, etc.).

14.3.3 Adequação espacio-funcional

14.3.3.1 Capacidade – Mobiliário

O mobiliário a instalar nos espaços exteriores privados térreos varia com o tipo Programa de mobiliário
de uso pretendido, tal como se indica em seguida:

1) na generalidade dos casos, segue o proposto para espaços exteriores


elevados (ponto 14.2.3.1);

196 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


2) caso se pretenda desenvolver a função preparação de refeições no
exterior, devem existir os seguintes equipamentos (por ordem decrescente
de prioridade): um suporte para um tipo de lume a definir, um apanha-
fumos e respectiva chaminé, uma bancada de trabalho, uma tomada de
água e uma pia de despejo;

3) caso se pretenda desenvolver a função refeições no exterior, deve existir


uma mesa de refeições;

4) caso se pretenda desenvolver as funções estar/reunir e receber no exterior,


deve existir uma mesa de apoio e lugares sentados.

14.3.3.2 Espaciosidade – Área

Critérios de atribuição Na atribuição de área a espaços exteriores privados térreos, devem ser
de área
ponderados os seguintes aspectos:

1) os espaços exteriores privados térreos, se não forem nem pavimentados


nem cobertos, não têm custos de construção implicando apenas o custo
do terreno;

2) geralmente, a existência de espaços privados térreos permite reduzir a área


de espaços públicos investida em zonas de uso pedonal e de
estacionamento.

Área de espaços A área útil a atribuir aos espaços exteriores privados térreos deve ser calculada
segundo a seguinte percentagem da área útil do fogo: 25% no nível mínimo,
50% no nível recomendável e 75% no nível óptimo.

14.3.3.3 Espaciosidade – Dimensão

Critérios de Na definição da dimensão mínima de espaços exteriores privados térreos devem


dimensionamento
ponderar-se as dimensões físicas e de uso do mobiliário proposto, a largura das
faixas de circulação, e a necessidade de afastamento entre vãos de janelas e
zonas comuns ou públicas.

No Quadro 70 apresenta-se a largura das zonas que podem ser integradas nos
espaços exteriores privados térreos, segundo nível de qualidade (Prinz 1984).

PERMANÊNCIA NO EXTERIOR PRIVADO 197


Quadro 70

Modo de uso Mínimo Recomen. Óptimo


Faixas de circulação:
• de pessoas 1.20 1.35 1.50 m
• de viaturas 2.50 2.75 3.00 m
Canteiro:
• estreito 0.50 0.75 1.00 m
• largo 1.00 1.50 2.00 m
Jardim/quintal
• estreito (de representação) 2.00 3.00 4.00 m
• médio 3.00 4.00 5.00 m
• largo (com uso multifuncional) 9.00 10 50 12.00 m
Estacionamento de veículo 5.50 6.00 6.50 m

No Quadro 71 apresentam-se as dimensões mínimas dos espaços exteriores Dimensão de espaços


privados térreos, por nível de qualidade.

Quadro 71

Tipo de espaço Mínimo Recomen. Óptimo


Jardim/Pátio/Quintal 2.00 4.00 6 00 m
Canteiros 1.00 1.50 2.00 m

14.3.3.4 Funcionalidade

Os espaços exteriores privados térreos devem satisfazer as seguintes exigências


de funcionalidade:

1) Para impedir uma apropriação indisciplinada que subverta a imagem do


conjunto edificado, devem ser:

• definidos os tipo de uso e a natureza das alterações admitidas (por


exemplo, regulamento de uso);

• estudados projectos-tipo para as intervenções de construção admitidas


(por exemplo, arrumações, garagem, expansão da habitação,
dispositivos de sombreamento).

2) Caso existam zonas pavimentadas:

• devem ser inclinadas na direcção oposta ao edifício;

• pelo menos uma zona com 5.00m² do espaço exterior não deve ser
pavimentada.

14.3.4 Articulação

14.3.4.1 Privacidade

O sistema de actividades permanência no exterior privado térreo não se


encontra geralmente associado a outras funções da habitação, sendo

198 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


excepções as funções lavagem de roupa e secagem de roupa. Apenas como
localização alternativa, todas as restantes funções (com excepção da higiene
pessoal) podem estar associadas a este sistema de actividades.

Os espaços exteriores privados térreos de estar devem ser articulados de modo


a satisfazer as seguintes exigências de privacidade:

1) devem ter uma localização recatada relativamente aos espaços públicos


com uso intenso, que permita um uso normal sem perturbações ou
intromissões do público;

2) devem ter um grau de privacidade ajustável, pois certos utentes apreciam


poder ver o que se passa na sua envolvente, enquanto outros preferem o
isolamento (o ajuste do grau de privacidade pode realizar-se, por exemplo,
pela opção entre diferentes tipos e alturas de vedações e sebes, desde que
a imagem do conjunto edificado não seja prejudica);

3) devem ser parcialmente visíveis a partir do espaço público, como forma de


assegurar um controlo informal sobre os modos de uso, evitar
apropriações indevidas e constituir uma pressão social para uma boa
manutenção;

4) devem ser claramente definidos os seus limites, dependendo o modo de


delimitação da dimensão do espaço, do tipo de uso e da tradição local (por
exemplo, pequena sebe, muro com 0.70 e 1.10m de altura, vedação opaca
com 2.00 a 2.10m de altura medidos do lado público).

14.3.4.2 Acessibilidade

O sistema de actividades permanência no exterior privado térreo tem uma


relação de conexão com as funções dormir/descanso pessoal, preparação de
refeições, refeições formais, estar/reunir.

Os espaços exteriores privados térreos de estar devem ser articulados de modo


a satisfazer as seguintes exigências de acessibilidade:

1) deve existir um acesso directo ao espaço público;

2) deve existir uma ligação visual ampla com os espaços do fogo, de modo a
permitir o seu prolongamento pelo exterior;

3) deve existir um acesso directo aos seguintes espaços da habitação (por


ordem decrescente de prioridade):

• preparação de refeições – promove o uso do exterior para actividades


de serviço, para a prática de refeições no exterior, e facilita a vigilância
de crianças;

• estar/reunir – promove o uso colectivo do exterior para actividades de


estar;

PERMANÊNCIA NO EXTERIOR PRIVADO 199


• dormir/descanso pessoal – promove o uso individual do exterior para
actividades de estar.

14.4 MODELOS

Neste ponto apresentam-se modelos exemplificativos da aplicação do programa


de exigências proposto para a função permanência no exterior privado, às
disposições de mobiliário e equipamento consideradas mais frequentes. Para
maior facilidade de consulta dos modelos, apresenta-se no Quadro 72 a lista dos
modelos com os respectivos números de figura e de página.

Quadro 72

Função dominante Nível de qualidade Figura n.º Página n.º

Permanência no exterior privado Mín./Rec./Ópt. Figura 81 202

200 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


PERMANÊNCIA NO EXTERIOR PRIVADO 201
202 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
15. CIRCULAÇÃO

15.1 DADOS DE PROGRAMA

15.1.1 Conteúdo da função

Actividades A função circulação é composta por dois sistemas de actividades: a


componentes
entrada/saída e a comunicação/separação.

O sistema de actividades entrada/saída comporta geralmente as seguintes


actividades: entrar e sair da habitação, vestir e despir vestuário de exterior,
atender pessoas estranhas à porta, esperar e receber visitas.

O sistema de actividades comunicação/separação comporta as actividades


circular e separar compartimentos da habitação.

Localização O sistema de actividades entrada/saída está, geralmente, localizado num


vestíbulo ou numa zona demarcada de outro compartimento (por exemplo,
corredor ou sala).

O sistema de actividades comunicação/separação está, geralmente, localizado


num corredor, num "hall", numa escada, ou em faixas de circulação englobadas
noutros compartimentos (por exemplo, sala).

Utentes envolvidos Os utentes envolvidos na função circulação são todos os elementos do


agregado familiar, visitas e estranhos.

Horário e frequência A utilização dos espaços de circulação pode acontecer durante qualquer
período do dia ou da noite.

15.1.2 Tipos de espaços

Tipos de zonas de O modo de articulação da zona de entrada/saída com os restantes


entrada/saída
compartimentos da habitação define o seu tipo, tal como se indica em seguida:

1) Zona de entrada/saída constitui um compartimento isolado (vestíbulo) –


solução que implica um maior investimento de área mas garante o
isolamento visual e acústico da zona de entrada/saída.

2) Zona de entrada/saída demarcada de outro compartimento – esta solução


permite economizar área e contribui para aumentar a espaciosidade do
compartimento a que a zona de entrada/saída está associada (geralmente
um espaço de estar ou de circulação).

CIRCULAÇÃO 203
3) Zona de entrada/saída englobada noutro compartimento – está solução é
aceitável caso a zona de entrada/saída esteja englobada num
compartimento exclusivamente de circulação (por exemplo, corredor ou
"hall") ou num compartimento habitável que não é único (por exemplo, sala
de visitas existindo sala comum).

Os espaços de separação/comunicação podem ser horizontais, constituindo um Tipos de espaços de


comunicação
"hall" ou um corredor, ou verticais constituindo escadas. /separação

15.2 EXIGÊNCIAS DE PROJECTO

15.2.1 Agradabilidade

Nos espaços de circulação não se desenvolvem, geralmente, funções que


impliquem a permanência dos utentes durante longos períodos, pelo que as
exigências de agradabilidade têm pouca importância. A principal exigência que
se coloca aos espaços de circulação, sobretudo na zona de entrada/saída, é a
existência de iluminação natural, mesmo que obtida através de envidraçados em
portas interiores, ou em bandeiras superiores, que comuniquem com a sala ou
com a cozinha.

15.2.2 Segurança

Os espaços de circulação devem proporcionar uma organização da habitação


que satisfaça as seguintes exigências de segurança:

1) Os espaços de circulação devem estar isolados dos compartimentos


15
habitáveis caso constituam o único percurso de saída de emergência
(RSCIEH Art. 13, 29, 57 - Portugal 1990).

Na prática, esta exigência significa, por exemplo, que não podem existir
corredores ou escadas abertos para salas, caso não exista um percurso de
saída de emergência alternativo. Esta disposição regulamentar é
considerada um pouco "excessiva", pelo que tem existido, em alguns
casos, alguma permissividade na sua aplicação.

2) Quando a habitação possui mais do que um piso, não é aceitável a ligação


entre eles realizada exclusivamente por uma escada de caracol (RSCIEH
Art. 18.1 - Portugal 1990).

15
Ver definição no glossário.

204 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


Nos espaços de circulação devem ser asseguradas as seguintes condições de
segurança (WHO 1988; Thiberg 1990):

1) Espaços de circulação em geral

• deve existir iluminação natural;

• devem ser respeitadas as regras de dimensionamento mínimo definidas


no ponto 15.2.3.3.

2) Espaços de circulação horizontal

• o pavimento deve ser anti-derrapante, de modo a não existir perigo de


queda em condições de uso normal;

• não devem existir degraus isolados; caso isso não seja possível, os
degraus devem estar assinalados (por exemplo, com uma cor diferente
do restante pavimento).

3) Espaços de circulação vertical

• não devem existir degraus em número inferior a três, e caso existam os


degraus deve estar claramente assinalados (por exemplo, com uma cor
diferente do restante pavimento);

• não devem existir escadas sem espelho ou com troços curvos;

• os degraus devem ter espelhos e cobertores de dimensão constante ao


longo de toda a escada.

• as escadas devem ter, pelo menos, um corrimão situado do lado direito


de quem desce;

• o corrimão deve estender-se, no mínimo, até à vertical do focinho dos


degraus da base e do topo da escada;

• os elementos do corrimão e as guardas da escada não devem ter


extremidades "agressivas" (por exemplo, extremidades aguçadas ou
pontiagudas);

4) Guardas

• não devem existir escadas ou outros desníveis com altura superior a


0.50m sem guardas;

• não devem existir guardas interiores com aberturas que permitam a


passagem de uma esfera rígida com diâmetro superior a 0.15m;

• as guardas não devem possuir elementos que possibilitem a escalada


de crianças.

5) Portas

• deve existir um espaço livre de cada um dos lados das portas, com
largura e profundidade igual à sua largura mais uma faixa variável de
tolerância;

CIRCULAÇÃO 205
• as portas devem abrir no mínimo 90°, sendo aconselhável um ângulo
de 110°;

• as portas devem preferencialmente abrir contra paredes ou, em


alternativa, contra elementos de mobiliário e equipamento fixos (por
exemplo, roupeiros);

• as portas não devem interferir entre si quando abertas;

• a zona de uso de portas não deve interferir com as actividades que se


desenrolam nos espaços;

• não devem ser utilizadas portas que abram nos dois sentidos.

15.2.3 Adequação espacio-funcional

15.2.3.1 Capacidade – Mobiliário

Na atribuição do mobiliário às zonas de entrada/saída devem ser ponderados os Critérios de atribuição


de mobiliário
seguintes aspectos:

1) a existência de uma cadeira simples ou de braços permite às pessoas


sentarem-se para descansar, falar ao telefone e calçar-se/descalçar-se;

2) a existência de um armário de parede ou roupeiro fechado (para cabides),


permite arrumar o vestuário de uso no exterior (por exemplo, casacos e
gabardinas de moradores e visitantes, sapatos, chapéus, etc.);

3) tradicionalmente, o telefone e uma mesa de apoio situavam-se na zona de


entrada/saída para facilitar acesso de todos os moradores e eventuais
visitas; hoje em dia a existência de telefones sem fios e a exiguidade de
alguns zonas de entrada/saída tende a reduzir a importância desta
localização;

4) a existência de uma área livre de mobiliário permite o desempenho, em


condições de desafogo, de actividades tais como, vestir e despir casacos
com ou sem auxílio, duas a quatro pessoas cumprimentarem-se e
conversarem mantendo distâncias convenientes, uma pessoa circular com
um carrinho de bebé, em cadeira de rodas ou transportando um grande
volume;

5) os contadores de electricidade, água, e gás devem estar localizados no


exterior da habitação; nos casos em que tal não aconteça deve existir um
armário na zona de entrada/saída que permita concentrar estes
dispositivos;

6) para além dos elementos referidos nas alíneas anteriores podem existir
outros elementos de dimensões mais reduzidas tais como: um local para
arrumar chapéus-de-chuva, um espelho de parede e vasos ou floreiras
para plantas.

206 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


Nas zonas de comunicação/separação podem existir, para além do mobiliário
referido para as zonas de entrada/saída, vários tipos de móveis de arrumação,
tais como, estantes, roupeiros, arcas e armários de parede.

Dimensões do No Quadro 73 e na Figura 82 apresentam-se as dimensões físicas e de uso do


mobiliário
principal mobiliário de zonas de entrada/saída (Portas 1969; Lamure 1976;
Herbert et al. 1978; Tutt e Adler 1979; Thiberg 1990).

Quadro 73

Dimensões físicas Dimensões de uso


Mobiliário
frente profundidade altura frente profundidade
Cadeira 0.50 0.50 0 80 a 0.85 0.50 0.50+0.40 m
Cadeira de braços 0.60 0.60 0 80 a 0 85 0.60 0.60+0.40 m
Mesa de apoio circular ∅ 0.60 - 0.3 a 0.90 - - m
Mesa de apoio quadrada 0.60 0.60 0 30 a 0.90 - - m
Mesa de apoio rectangular 0.80 0.40 0 30 a 0.90 - - m
Armário de mínimo variável 0.60 0 90 a 2.10 variável 0.60+0.60 m
Arrumação
recom. variável 0.60 0 90 a 2.10 variável 0.60+0.75 m
óptimo variável 0.60 0 90 a 2.10 variável 0.60+0.90 m
Estante mínimo 0.60/0.80 0.45 0.90 a 2.10 0.60/0.80 0.45+0.50 m
recom. 0.60/0.80 0.45 0 90 a 2.10 0.60/0.80 0.45+0.60 m
óptimo 0.60/0.80 0.45 0 90 a 2.10 0.60/0.80 0.45+0.70 m
Estante estreita mínimo variável 0.30 0 90 a 2.10 variável 0.30+0.40 m
recom. variável 0.30 0 90 a 2.10 variável 0.30+0.50 m
óptimo variável 0.30 0 90 a 2.10 variável 0.30+0.60 m
Área de mínimo ∅ 1.20 - - - - m
circulação
recom. ∅ 1.30 - - - - m
óptimo ∅ 1.50 - - - - m

No Quadro 74 e na Figura 83 apresentam-se as dimensões físicas e de uso dos


vãos de porta (Herbert et al. 1978; Tutt e Adler 1979; Thiberg 1990; Swedish
Standard 1994a).

CIRCULAÇÃO 207
Quadro 74

Dimensões físicas Dimensões de uso


Mobiliário
frente profundidade* altura frente profundidade* 1
Porta mínimo inferior a 0.75 variável 2.00 a 2.25 0.025+var.+0.025 var.+0.25 m
(inferior a 0 75) recom. inferior a 0.75 variável 2.00 a 2.25 0.05+var.+0.05 var.+0.05 m
óptimo inferior a 0.75 variável 2.00 a 2.25 0.05+var.+0.10 var.+0.10 m
Porta mínimo 0.75 a 0.95 variável 2.00 a 2.25 0.025+var.+0.025 var.+0.25 m
(0 75 a 0 95) recom. 0.75 a 0.95 variável 2.00 a 2.25 0.05+var.+0.05 var.+0.05 m
óptimo 0.75 a 0.95 variável 2.00 a 2.25 0.05+var.+0.10 var.+0.10 m
Porta mínimo superior a 0.95 variável 2 00 a 2.25 0.05+var.+0.05 var.+0.25 m
(superior a 0.95) recom. superior a 0.95 variável 2.00 a 2.25 0.05+var.+0.10 var.+0.05 m
óptimo superior a 0.95 variável 2 00 a 2.25 0.05+var.+0.15 var.+0.10 m
Porta de correr mínimo inferior a 0.75 variável 2.00 a 2.25 0.025+var.+0.025 var.+0.25 m
(inferior a 0 75) recom. inferior a 0.75 variável 2.00 a 2.25 0.05+var.+0.05 var.+0.05 m
óptimo inferior a 0.75 variável 2.00 a 2.25 0.05+var.+0.05 var.+0.10 m
Porta de correr mínimo 0.75 a 0.95 variável 2.00 a 2.25 0.025+var.+0.025 var.+0.25 m
(0 75 a 0 95) recom. 0.75 a 0.95 variável 2.00 a 2.25 0.05+var.+0.05 var.+0.05 m
óptimo 0.75 a 0.95 variável 2.00 a 2.25 0.05+var.+0.05 var.+0.10 m
Porta de correr mínimo superior a 0.95 variável 2 00 a 2.25 0.025+var.+0.025 0.95 m
(superior a 0.95) recom. superior a 0.95 variável 2.00 a 2.25 0.05+var.+0.05 1.00 m
óptimo superior a 0.95 variável 2 00 a 2.25 0.05+var.+0.05 1.05 m

* Largura da parede.
*1 Área livre para circulação que deve existir de ambos os lados da porta (entrada/saída). Dimensão da porta mais margem de tolerância para manobra.

No Quadro 75 apresenta-se o programa de mobiliário das zonas de Programa de mobiliário


entrada/saída, segundo a lotação da habitação e o nível de qualidade
(mínimo/recomendável/óptimo).

Quadro 75

Lotação
Mobiliário
1, 2 e 3 4, 5 e 6 7, 8 e 9
Cadeira 0 0/0/1 0/1/2 uni
Mesa ou cómoda de apoio 0/1/1 0/1/1 0/1/1 uni
Armário de arrumação 0/0.60/0.90 0/0.80/1.00 0/1.00/1.20 m
Área de circulação 1 1 1 uni

As zonas de comunicação/separação não comportam nenhum mobiliário


específico para suporte desta função. No entanto, a largura das portas pode
condicionar fortemente o modo de uso dos espaços, sobretudo no caso de
utentes condicionados de mobilidade. No Quadro 76 apresenta-se a largura útil
mínima dos vãos de acesso aos compartimentos que contêm os diversos
espaços funcionais.

208 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


Quadro 76

Espaços (número das funções incluídas) Mínimo Recomen. Óptimo


Espaços habitáveis (1 a 9) 0.75 0.80 0.80 m
Espaços de tratamento de roupa (10, 11 e 12) 0.70 0.75 0.80 m
Espaços de higiene pessoal (13) 0.75 0.80 0.80 m
Espaços de permanência no exterior privado (14) 0.70 0.75 0.80 m
Acesso do exterior à zona de entrada/saída (15a) 0.80 0.90 0 90 m
Espaços de arrumação (16) 0.60 0.70 0 75 m

15.2.3.2 Espaciosidade – Área

Critérios de atribuição Na atribuição de área às zonas de entrada/saída devem ser ponderados os


de área
seguintes aspectos:

1) a área da zona de entrada/saída deve variar de acordo com a lotação da


habitação e deve ser adequada ao modo de vida dos seus habitantes (mais
informal ou com maior "cerimónia");

2) deve existir uma compensação entre as condições de espaciosidade da


zona de entrada/saída da habitação e do espaço comum do edifício
contíguo à porta de entrada (caso exista um amplo patim comum com uma
zona diferenciada e semi-privada contígua à porta da habitação, um
pequeno vestíbulo, basicamente de passagem, pode funcionar de modo
aceitável);

3) em habitações em que a zona de entrada/saída tem acesso directo ao


espaço exterior privado, comum ou público, a acção de receber pode
também ter lugar no átrio, na galeria ou patim exterior.

Na atribuição de área às zonas de comunicação/separação, devem ser


ponderados os seguintes aspectos:

1) a área dos espaços de circulação deve ser a menor possível, que assegure
a conveniente comunicação/separação entre os diferentes espaços
funcionais;

2) a adequação da largura do espaço de circulação ao modo de uso previsto


(por vezes um espaço de circulação que suporta um uso multifuncional –
por exemplo, circulação e arrumação ou recreio de crianças – pode
permitir uma economia de área no conjunto da habitação).

Área de espaços A área dos espaços de circulação (incluindo zona de entrada/saída e zona de
comunicação/separação) deve representar no máximo 10% da área útil dos
restantes espaços que compõem a habitação.

No Quadro 77 apresentam-se os valores de área útil a atribuir às zonas de


entrada/saída, segundo a lotação da habitação e o nível de qualidade.

CIRCULAÇÃO 209
Quadro 77

Lotação Mínimo Recomendável Óptimo


1 1.50 2.50 3.50 m²
2 1.50 2.50 3.50 m²
3 1.50 3.50 4.50 m²
4 2.00 3.50 4.50 m²
5 2.00 4.00 5.00 m²
6 2.00 4.00 5.00 m²
7 2.50 4.50 5.50 m²
8 2.50 4.50 5.50 m²
9 2.50 5.00 6.00 m²

As escadas interiores permanentes podem assumir diversas configurações,


ocupando praticamente sempre a mesma área. No Quadro 78 apresenta-se a
área de circulação que deve ser atribuída a uma escada, segundo o nível de
qualidade.

Quadro 78

Área Mínimo Recomendável Óptimo


Escada 3.00 4.50 7.00 m²

15.2.3.3 Espaciosidade – Dimensão

Na definição da dimensão mínima de zonas de entrada/saída devem ponderar- Critérios de


dimensionamento
se as dimensões físicas e de uso do mobiliário e das áreas livres de circulação.

Na definição da dimensão mínima de zonas de comunicação/separação devem


ponderar-se as larguras mínimas de circulação para diferentes grupos de
utentes (por exemplo, crianças, adultos, utentes em cadeiras de rodas, idosos
com dificuldades de mobilidade, utentes com volumes, etc.) e as dimensões
físicas e de uso do mobiliário que se pretenda integrar.

No Quadro 79 apresentam-se as dimensões de largura mínimas dos espaços de


circulação segundo o tipo de ocupação.

210 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


Quadro 79

Elemento Dimensão Descrição


Circulação 0.60 m Uma pessoa circular de frente
0.90 m Duas pessoas cruzarem-se de lado
Uma pessoa com dificuldades de movimentação circular de frente
Uma pessoa circular em cadeira de rodas
Uma pessoa aceder a uma porta lateral (rodar 90°)
1.00 m Duas pessoas cruzarem-se, uma de frente e outra de lado
Uma pessoa circular com volumes
1.10 m Uma pessoa circular de frente junto a móvel ou estante baixa (0.60+0.50)
Uma pessoa circular e dar curvas até 90ºem cadeira de rodas
1.20 m Duas pessoas cruzarem-se de frente
Uma pessoa circular de frente junto a móvel baixo (0.60+0.60)
Uma pessoa em cadeira de rodas aceder a porta lateral (rodar 90°)
1.50 m Uma pessoa circular e dar curvas até 180º em cadeira de rodas
Uma pessoa circular de frente junto a móvel alto (0.90+0.60)

Dimensão de espaços No Quadro 80 apresentam-se as dimensões mínimas das zonas de


entrada/saída, por lotação da habitação e nível de qualidade.

Quadro 80

Lotação Mínimo Recomendável Óptimo


1 1.20 1.40 1.50 m
2 1.20 1.40 1.50 m
3 1.20 1.40 1.50 m
4 1.20 1.60 1.70 m
5 1.20 1.60 1.70 m
6 1.20 1.60 1.70 m
7 1.20 1.90 2.00 m
8 1.20 1.90 2.00 m
9 1.20 1.90 2.00 m

No Quadro 81 e na Figura 84 apresentam-se as dimensões de largura mínimas


das zonas de comunicação/separação horizontal, segundo o nível de qualidade
(RGEU Art. 79 - Portugal 1951; MOPTC 1989).

Quadro 81

Largura mínima Mínimo Recomendável Óptimo


Circulação entre paredes 1.10 1.10 1.20 m
Troço de circulação entre paredes* 0.90 1.00 1.10 m

* Circulações de comprimento não superior a 1.50m e sem acessos laterais a compartimentos habitáveis ou a uma
instalação sanitária principal.

No Quadro 82 apresentam-se as exigências de dimensionamento de escadas


interiores (RGEU Art. 46.1 - Portugal 1953; RSCIEH Art. 18 - Portugal 1990; RTHS
Art. 4.2.6.2 - MES 1985):

CIRCULAÇÃO 211
Quadro 82

Escadas interiores Mínimo Recomend. Óptimo


Largura
• escadas soltas de um ou dos dois lados 0.80 0.90 1.00 m
• escadas entre paredes 0.90 1.00 1.10 m
Degrau
• altura de espelho 0.195 0.18 0.17 m
• profundidade do cobertor* 0.25 0.28 0.30 m
Pé-direito livre mínimo* 1 2.20 2.30 2.40 m
2
Número de degraus*
• para vencer uma altura piso-a-piso* 3 14 16 18
• número mínimo de degraus consecutivos - 3 3
• número máximo de degraus consecutivos 20 18 16
Patamar intermédio - - sim
Inclinação máxima
• percentagem 78 68 60 %
• graus 38 34 31 °
Correcção de degrau*4 - sim sim
Lanços rectos - sim sim

* Em escadas com lanços curvos a profundidade do cobertor deve ser medida no ponto a 0.40m do lado mais
apertado do degrau.
*1 Altura medida entre o tecto e o patim ou o focinho dos degraus.
*2 O número de degraus deve ser contado pelo número de espelhos.
*3 Considerando uma distância de piso a piso de: 2.70m no nível mínimo; 2 90m no nível recomendável, e 3 00m no
nível óptimo.
*4 O último degrau de um lanço ascendente está ao nível do patamar, o que permite uma utilização mais cómoda e
uma construção mais simples.

No Quadro 83 apresentam-se as exigências de dimensionamento relativas a


corrimãos e guardas de escadas interiores.

Quadro 83

Corrimãos e guardas de escadas Mínimo Recomend. Óptimo


Número de corrimãos em escadas com mais de
3 degraus
• escada solta dos dois lados dois dois dois
• escada solta de um dos lados um dois dois
• escada entre paredes - um dois
Altura mínima do corrimão (lanços*/patins) 0.80/0 90 0.85/0.95 0 90/1.00 m
Largura do perfil do corrimão
• mínima 0.04 0.04 0.04 m
• máxima 0.08 0.08 0.08 m
Espaço livre mínimo para agarrar o corrimão
• entre o corrimão e quaisquer outros 0.04 0.04 0.04 m
elementos que constituam a escada
• entre o corrimão e a parede 0.05 0.05 0.05 m
Dimensão máxima de aberturas nas guardas de Ø 0.175 Ø 0.15 Ø 0.125 m
escadas*1

* Altura medida na vertical entre a aresta do focinho do degrau e o bordo superior do corrimão.
*1 Não deve ser possível passar através da guarda uma esfera rígida com diâmetro superior ao definido.

212 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


15.2.3.4 Funcionalidade

As zonas de entrada/saída devem respeitar as seguintes regras de


funcionalidade (Coelho 1993b; Thiberg 1990):

1) não devem ser atravessadas por outros percursos de circulação;

2) deve ser possível ver, claramente, o espaço exterior à porta de


entrada/saída sem ser necessário abri-la;

3) se o espaço de entrada/saída for muito reduzido, apenas a porta do fogo


deve abrir para o seu interior;

4) as zonas de uso da porta do fogo e dos armários de arrumação não se


devem sobrepor.

As zonas de comunicação/separação devem respeitar as seguintes regras de


funcionalidade:

1) devem ser claras;

2) não devem existir conflitos entre portas de acesso a armários de arrumação


e espaços de circulação;

3) não devem existir estrangulamentos ou cotovelos.

15.2.4 Articulação

15.2.4.1 Privacidade

Os espaços de circulação devem estar articulados de modo a satisfazer as


seguintes exigências de privacidade:

1) devem permitir a divisão da habitação em duas zonas distintas, a zona de


espaços individuais e a zona de espaços comuns;

2) devem permitir que todos os compartimentos habitáveis tenham acesso ao


exterior através de espaços de circulação demarcados ou,
preferencialmente, isolados de outros compartimentos habitáveis (por
exemplo, os quartos devem ter acesso ao exterior através de espaços de
circulação que não estejam em contacto directo com a sala);

3) deve existir uma zona de entrada/saída demarcada ou isolada; esta


exigência é particularmente importante porque permite evitar que estranhos
ou visitas tenham acesso directo à zona de estar da habitação.

Estas exigências podem não ser satisfeitas se existirem circulações alternativas,


ou se existirem dois compartimentos habitáveis que suportem a mesma função
com graus de formalidade diferentes (por exemplo, vestíbulo demarcado da sala
de estar/reunir formal, com acesso a uma segunda sala onde se desenvolvem as
funções estar/reunir familiar e refeições).

CIRCULAÇÃO 213
15.2.4.2 Acessibilidade

Os espaços de circulação devem estar articulados de modo a satisfazer as


seguintes exigências de acessibilidade:

1) A zona de entrada/saída deve integra-se na zona de espaços comum da


habitação.

2) A zona de comunicação/separação deve integrar-se na zona de espaços


individuais da habitação.

3) A zona de entrada/saída deve ter ligação ao espaço exterior do fogo


(espaço exterior privado, espaço comum do edifício ou espaço público)
através de um vão de porta cuja soleira não deve ter uma altura superior a:
0.10m no nível mínimo, 0.05m no nível recomendável e 0.025m no nível
óptimo.

4) Caso o vão de porta confronte directamente com um espaço exterior (por


exemplo quintal privado ou galeria comum) a soleira não deve ter uma
altura inferior a 0.025m, como forma de evitar a entrada de água e sujidade
do exterior, e deve existir junto à porta do fogo uma zona exterior coberta e
protegida do vento.

15.3 MODELOS

Neste ponto são apresentados modelos exemplificativos da aplicação do


programa de exigências proposto para a função circulação às disposições de
mobiliário consideradas mais frequentes. Para maior facilidade de consulta dos
modelos, apresenta-se no Quadro 84 a lista dos modelos com os respectivos
números de figura e de página.

Quadro 84

Função dominante Sistema de actividades Nível de qualidade Figura n.º Página n.º

Circulação Entrada/saída Mín./Rec./Ópt. Figura 85 218

Comunicação/separação Mínimo Figura 86 219


Recomendável Figura 87 220
Óptimo Figura 88 221

214 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


CIRCULAÇÃO 215
216 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
CIRCULAÇÃO 217
218 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
CIRCULAÇÃO 219
220 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
CIRCULAÇÃO 221
16. ARRUMAÇÃO

16.1 DADOS DE PROGRAMA

16.1.1 Conteúdo da função

A função arrumação responde à necessidade de arrumar os bens pessoais e de


consumo em compartimentos, roupeiros, armários fixos e/ou moveis. O âmbito
desta função está limitado à arrumação de bens que servem o conjunto da
habitação e que não estão atribuídos a nenhuma outra função.

Actividades
componentes A função arrumação é composta por três sistemas de actividades: arrumação
geral, arrumação de despensa e arrumação de roupa de casa.

As actividades que compõem a função arrumação são: a arrumação geral de


objectos volumosos de uso eventual, a arrumação de roupa de casa e a
arrumação de alimentos e produtos de limpeza.

Localização A função arrumação pode estar localizada em qualquer dos espaços do fogo ou
constituir uma dependência deste (arrecadação).

Utentes envolvidos Os utentes envolvidos nesta função são todos os elementos do agregado
familiar.

Horário e frequência Os espaços de arrumação podem ser utilizados durante qualquer período do dia
ou noite.

16.1.2 Tipos de espaços

Os espaços e equipamentos de arrumação da habitação são em seguida


classificados consoante o tipo de acesso e conforme estejam atribuídos a uma
função ou sirvam a habitação em geral.

Espaços de arrumação Os espaços e equipamentos de arrumação que têm acesso pelo interior do fogo
do fogo
são os seguintes:

1) Arrumação atribuída a uma função:

a) Dormir/descanso pessoal – roupeiros localizados em todos os quartos


de dormir (embora não seja aconselhável, os roupeiros podem também
estar localizados nos espaços de circulação).

ARRUMAÇÃO 223
b) Preparação de refeições:

• armários e frigorífico com alimentos para preparação imediata de


refeições;

• armários para arrumação de utensílios de preparação de alimentos,


de cozinhar e de lavar louça;

• armários para arrumação de louça de mesa, de trem de cozinha e


outros utensílios.

c) Refeições correntes e refeições formais – armários para arrumação de


objectos relacionados com o serviço da mesa.

d) Passar a ferro/costurar roupa e lavagem de roupa – armários para


arrumação de roupa suja, roupa lavada para passar, artigos usados na
limpeza e tratamento da roupa, etc..

e) Higiene pessoal – armários para arrumação de roupa, objectos de


higiene pessoal e medicamentos.

f) Circulação – armários multifuncionais para arrumação de roupa de


exterior, sapatos, etc..

2) Arrumação para serviço da habitação no seu conjunto:

a) Arrumação de despensa – espaço destinado à arrumação de produtos


para a preparação de refeições, produtos de limpeza e, por vezes,
produtos e objectos gerais. Esta arrumação pode ser realizada em duas
localizações:

• Compartimento isolado, situado na proximidade do espaço de


preparação de refeições. Esta solução tem grande capacidade e
flexibilidade de uso, sendo geralmente preferida pelos moradores.

• Armários situados no interior ou na proximidade imediata do espaço


de preparação de refeições. Esta solução permite uma grande
acessibilidade aos diversos géneros e produtos guardados e uma
fácil monitorização do seu estado de conservação e de eventuais
faltas, estando adequada a um modo de uso citadino e a habitações
de pequena tipologia.

No caso de predominância de um modo de vida rural, existe a


necessidade de reforçar a capacidade de arrumação de produtos
alimentares e de apoio aos trabalhos domésticos.

b) Arrumação de roupa de casa – roupeiros destinados à arrumação de


roupa de casa ou à extensão dos espaços de arrumação de roupa
individual, geralmente localizados nos espaços de circulação.

c) Arrumação geral – espaço de arrumação de objectos e produtos gerais


(por exemplo, carrinho de bebé, brinquedos volumosos, equipamento
desportivo, cadeiras desdobráveis, etc.).

224 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


A arrumação geral deve estar localizada num compartimento isolado
embora possa também situar-se em armários gerais. Seja qual for a
solução, o espaço de arrumação geral deve estar situada numa posição
central e ter acesso a partir de um espaço de circulação.

Espaços de arrumação Os espaços de arrumação que não têm acesso pelo interior do fogo, constituem
em dependências do
fogo
dependências do fogo designadas de arrecadações. Este espaços destinam-se
à arrumação de objectos e produtos equivalentes aos da arrumação geral e
eventualmente da despensa.

Em edifícios multifamiliares, as arrecadações privadas devem localizar-se nos


espaços pouco adequados para habitação, designadamente na cave, no sótão,
ou, eventualmente, no piso térreo. Em edifícios unifamiliares, as arrecadações
privadas podem localizar-se em caves ou em dependências anexas ao edifício
16
principal de habitação .

As arrecadações podem colocar problemas de falta de segurança contra a


intrusão, problemas de humidade e problemas de falta de ventilação.

Critérios de localização A opção de destacar do fogo parte da área destinada à função arrumação para
de espaços de
arrumação
propor uma arrecadação, deve ponderar os seguintes aspectos:

1) em habitações com nível de qualidade mínimo não devem existir


arrecadações porque a área do fogo é reduzida;

2) em habitações com nível de qualidade recomendável ou óptimo, surgem


vantagens em destacar esta área para constituir um compartimento
isolado, nomeadamente por possibilitar a arrumação de objectos
volumosos e pela facilidade de acesso a partir do exterior quando as
arrumações são térreas;

3) em todos os casos devem ser ponderadas as necessidades concretas dos


moradores e as características do edifício.

16
Note-se que, em edifícios unifamiliares, as arrumações privadas do tipo sótão ou cave que tenham
acesso pelo interior do fogo são consideradas como parte integrante do fogo e não como
dependências.

ARRUMAÇÃO 225
16.2 EXIGÊNCIAS DE PROJECTO DE ESPAÇOS DE
ARRUMAÇÃO NO INTERIOR DO FOGO

Neste ponto são tratadas as exigências de projecto relativas aos espaços de


arrumação para serviço da habitação no seu conjunto, que têm acesso pelo
interior do fogo.

16.2.1 Agradabilidade

Os espaços de arrumação não têm importantes exigências de agradabilidade


visto não se destinarem à permanência de utentes.

No entanto, a existência de arrumações pode proporcionar uma melhoria das


condições de agradabilidade dos compartimentos contíguos, como se refere em
seguida:

1) Expressão visual dos vãos – os roupeiros têm um papel importante no


desenvolvimento e no reforço da expressão da espessura entre
compartimentos, atribuindo força visual aos vãos abertos nas zonas de
roupeiro.

2) Isolamento acústico entre espaços interiores – o isolamento acústico entre


espaços interiores (quartos/quartos, quartos/salas, quartos/circulações e
circulações/salas) pode aumentar significativamente pela instalação de
roupeiros embutidos.

3) Isolamento térmico e acústico entre o exterior e o interior – o isolamento


térmico e acústico entre o exterior e os espaços interiores pode ser
significativamente reforçado com a instalação de roupeiros embutidos nas
paredes exteriores.

16.2.2 Adequação espacio-funcional

16.2.2.1 Capacidade – Mobiliário e equipamento

Os espaços de arrumação não necessitam de mobiliário ou equipamento Programa de mobiliário


e equipamento
especial, devendo prever-se a integração dos seguintes elementos de acordo
com o tipo de arrumação:

1) arrumação de roupa de casa – armário com gavetas e prateleiras;

2) arrumação de despensa – espaço livre e prateleiras para arrumação,


17
essencialmente, de produtos alimentares e de limpeza ;

3) arrumação geral – prateleiras e espaço livre.

17
Em habitações de tipologia programática T3 ou superior deve existir um compartimento de despensa.
Nas habitações de tipologia programática menor podem existir, em alternativa à despensa, armários de
cozinha com capacidade de arrumação equivalente.

226 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


Dimensões de As dimensões físicas e de uso do mobiliário e equipamento dos espaços de
mobiliário e
equipamento
arrumação são apresentadas, segundo o tipo de arrumação, na Figura 89 e nos
pontos seguintes:

1) Arrumação geral (Portas 1969; Lamure 1976):

a) largura do acesso: mínimo 0.60m, recomendável 0.70m, óptimo 0.80m;

b) prateleiras com uma profundidade de 0.60m;

c) prateleiras com uma profundidade de 0.30m;

d) espaço para encosto de volumes;

e) disposição das prateleiras em U ou em L.

2) Arrumação de despensa:

a) largura de acesso: mínimo 0.50m, recomendável 0.60m, óptimo 0.70m;

b) espaço para uso de prateleiras: mínimo 0.50m, recomendável 0.60m,


óptimo 0.70m;

c) prateleiras com uma profundidade de 0.60m;

d) prateleiras com uma profundidade de 0.30m.

3) Arrumação de roupa de casa:

a) largura de acesso: toda a frente do roupeiro;

b) espaço para uso dos roupeiros: 0.60m (mínimo) permite usar cabides
pendurados em varão e prateleiras; 0.75m (recomendável) permite usar
gavetas pouco fundas; 0.90m (óptimo) permite usar gavetas fundas e
ver-se ao espelho;

b) profundidade interior dos roupeiros: 0.55m;

c) altura livre do espaço interior dos roupeiros: 1.40 a 1.50m permite


pendurar vestidos compridos ou casacos longos; 2.10m, permite
pendurar dois níveis de peças de vestuário curtas sobrepostas (por
exemplo, casacos curtos).

As dimensões verticais de uso (alturas medidas ao pavimento) são as seguintes


(Tutt e Adler 1979; Coelho 1993b):

1) Os artigos que são frequentemente solicitados devem estar dispostos


numa zona com acesso compreendido entre 0.70m e 1.30m de altura. Esta
zona correspondente a um intervalo medido entre a altura dos ombros e o
nível das pontas dos dedos, quando os braços estão estendidos ao longo
do corpo.

2) Os artigos mais leves podem ser dispostos numa zona com acesso
compreendido entre 0.50m e 1.90m de altura. Esta zona corresponde a um
intervalo espacial medido ao alcance dos braços estendidos para cima e a
altura do nível das mãos, quando o tronco humano está semi-inclinado
para a frente.

ARRUMAÇÃO 227
3) As zonas de arrumação situadas mais acima ou mais abaixo das referidas
nos pontos 1) e 2) devem ser reservadas para a arrumação de artigos
raramente usados.

4) A necessidade de manusear objectos dispostos nas prateleiras em filas


sucessivas, pode obrigar a uma redução dos intervalos referidos nos
pontos 1) e 2), em cerca de 0.10m.

16.2.2.2 Espaciosidade – Área

Na definição da área dos espaços de arrumação devem ser ponderados os Critérios de atribuição
de área
seguintes critérios:

1) o grau de autonomia e auto-suficiência pretendido para a habitação;

2) a localização rural ou citadina da habitação;

3) a capacidade de arrumação da habitação no seu todo.

Refere-se que, caso não exista suficiente espaço de arrumação na habitação, é


frequente serem utilizadas as varandas, as instalações sanitárias e os quartos
não ocupados, como espaços de arrumação.

Na definição da área dos espaços de arrumação devem distinguir-se duas Área de espaços
situações:

1) No caso dos espaços de arrumação constituírem espaços demarcados ou


isolados, devem ser satisfeitas as áreas úteis apresentadas no Quadro 85,
segundo a lotação da habitação, o nível de qualidade, e o tipo de
arrumação (Portas 1969; MHOP e LNEC 1978a).

Quadro 85

Arrumação geral Arrumação de despensa Arrum. de roupa de casa Área total de arrumação
Lotação
Mín. Rec. Ópt. Mín. Rec. Ópt. Mín Rec. Ópt. Mín Rec. Ópt
1 1.00 1.00 1.25 0.50 0.75 1.00 0.50 0.75 0.75 2.00 2.50 3.00 m²
2 1.00 1.00 1.25 0.50 0.75 1.25 0.50 0.75 1.00 2.00 2.50 3.50 m²
3 1.00 1.00 1.50 0.75 1.00 1.25 0.75 1.00 1.25 2.50 3.00 4.00 m²
4 1.00 1.25 1.50 0.75 1.00 1.50 0.75 1.25 1.50 2.50 3.50 4.50 m²
5 1.00 1.25 1.75 1.00 1.25 1.50 1.00 1.50 1.75 3.00 4.00 5.00 m²
6 1.00 1.25 1.75 1.00 1.25 1.75 1.00 1.50 2.00 3.00 4.00 5.50 m²
7 1.00 1.50 2.00 1.25 1.25 1.75 1.25 1.75 2.25 3.50 4.50 6.00 m²
8 1.00 1.50 2.00 1.25 1.50 2.00 1.25 2.00 2.50 3.50 5.00 6.50 m²
9 1.00 1.75 2.25 1.50 1.75 2.00 1.50 2.00 2.75 4.00 5.50 7.00 m²

2) No caso dos espaços de arrumação serem compostos por elementos de


mobiliário ou equipamento, deve ser seguida a tabela apresentada na
Figura 90.

228 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


16.2.2.3 Espaciosidade – Dimensão

Critérios de Na definição da dimensão mínima de espaços de arrumação devem distinguir-se


dimensionamento
duas situações:

1) os elementos de arrumação de roupa de casa estão em regra integrados


noutros compartimentos, pelo que as suas dimensões mínimas resultam
directamente das dimensões físicas e de uso dos roupeiros;

2) nos espaços de despensa e de arrumação geral existem apenas dois tipos


de elementos, a faixa de circulação e as prateleiras, pelo que as dimensões
mínimas destes espaços resultam directamente das dimensões físicas e de
uso destes elementos.

Dimensão de espaços No Quadro 86 apresentam-se as dimensões mínimas dos espaços de


arrumação, por sistema de actividades e nível de qualidade.

Quadro 86

Sistema de actividades Mínimo Recomendável Óptimo


Arrumação de despensa 0.90 1.20 1.50 m
Arrumação gerais 0 90 1.20 1.50 m
Arrumação de roupa de casa 0.90 1.20 1.50 m

16.2.2.4 Funcionalidade

Os espaços de arrumação devem ser integrados no fogo de modo a rentabilizar


a área ocupada, podendo ser utilizadas algumas das seguintes estratégias:

1) integrar os elementos/espaços de arrumação na configuração dos espaços


funcionais;

2) localizar os elementos/espaços de arrumação em recantos de difícil


resolução arquitectónica;

3) concentrar os elementos de arrumação encastrados em conjuntos;

4) utilizar os elementos/espaços de arrumação para integrar as prumadas das


condutas de adução e evacuação (por exemplo, ventilação, águas,
esgotos, etc.).

16.2.3 Articulação

16.2.3.1 Privacidade

Os espaços de arrumação podem estar associados no mesmo compartimento


com todos os restantes espaços funcionais da habitação.

ARRUMAÇÃO 229
16.2.3.2 Acessibilidade

A relação dos espaços de arrumação com os restantes espaços funcionais da


habitação depende do seu tipo, devendo ser satisfeitas as exigências de
acessibilidade seguintes:

1) os espaços de arrumação de despensa devem localizar-se perto do


espaço de preparação de refeições e, preferencialmente, com ligação
directa a este espaço;

2) os espaços de arrumação de despensa devem localizar-se de modo a


permitir o acesso do exterior através da zona de entrada/saída e/ou do
espaço de preparação de refeições;

3) os espaços de arrumação de roupa de casa e de arrumação geral devem


localizar-se em posições centrais e funcionalmente neutras da habitação,
tais como, espaço de circulação ou espaço de tratamento de roupa.

16.2.4 Adaptabilidade

Ao optar entre instalar o mobiliário e equipamento de arrumação durante a


construção ou deixar o espaço livre para os utentes o fazerem, devem ser
ponderados os seguintes aspectos:

1) o mobiliário encastrado permite uma pequena economia de espaço


relativamente a armários móveis (cerca de 0.05m suplementares a todo o
comprimento do elemento);

2) a ausência de mobiliário encastrado permite maior flexibilidade na


organização inicial dos espaços; esta vantagem é particularmente notória
quando os moradores possuem conjuntos de mobília completos (por
exemplo, mobília de quarto de casal);

3) geralmente, o mobiliário colocado pelos moradores permite maior


flexibilidade na alteração da organização dos compartimentos;

4) o mobiliário colocado pelos moradores pode implicar um certo


"atravancamento" dos compartimentos quando a sua localização não foi
adequadamente prevista;

5) a possibilidade dos utentes decidirem a disposição do mobiliário de


arrumação contribui para reforçar o seu sentimento de apropriação da
habitação, mas representa um encargo financeiro acrescido.

Um modo de aumentar a adaptabilidade dos espaços de arrumação consiste


em possibilitar aos utentes adicionar ou substituir módulos de arrumação (por
exemplo, prateleiras, gavetas, cestos, etc.) dentro de roupeiros ou armários.

230 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


16.3 EXIGÊNCIAS DE PROJECTO DE ESPAÇOS DE
ARRUMAÇÃO EM ARRECADAÇÃO

Neste ponto são tratadas as exigências de projecto relativas aos espaços de


arrumação para serviço da habitação no seu conjunto, que constituem
dependências do fogo.

16.3.1 Agradabilidade

Os espaços de arrecadação não têm importantes exigências de agradabilidade


visto que não se destinam à permanência de utentes. No entanto deve existir
ventilação natural assegurada por aberturas directas para o exterior.

16.3.2 Segurança

Os espaços de arrecadação devem possuir características que proporcionem


adequadas condições de segurança contra a intrusão.

16.3.3 Adequação espacio-funcional

16.3.3.1 Capacidade – Mobiliário e equipamento

Os espaços de arrecadação não necessitam de mobiliário ou equipamento


especial, devendo ser seguidas as exigências apresentadas para a arrumação
de artigos gerais no ponto 16.2.2.1.

16.3.3.2 Espaciosidade – Área

Critérios de atribuição A área dos espaços de arrecadação deve ser contabilizada na área bruta da
de área
habitação, segundo os seguintes critérios:

1) em 100%, nas arrecadações localizadas no piso térreo;

2) em 100%, nas arrecadações localizadas no sótão, quando o pé-direito não


é inferior a 2.20m;

3) em 50%, nas arrecadações localizadas na cave, quando resultantes do


18
aproveitamento do declive do terreno .

A existência de espaços de arrecadação não deve implicar uma redução


superior 50% da área definida no Quadro 85 para os espaços de arrumação
existentes do fogo. Esta limitação justifica-se porque a existência de espaços de
arrecadação permite libertar os espaços de arrumos gerais existentes no fogo,
mas não os espaços de arrumos de roupa de casa e de despensa.

18
Aplicável apenas à HCC (RTHS Art. 4.2.7.5 – MES 1985).

ARRUMAÇÃO 231
No Quadro 87 apresentam-se os valores máximo e mínimo de área a atribuir a Área de espaços
espaços de arrecadação, por nível de qualidade.

Quadro 87

Área Lotação Mínimo Recomendável Óptimo


Área mínima 1.20 1.50 2.00 m²
Área máxima 1 - - - m²
2 - - - m²
3 1.25 1.50 2.00 m²
4 1.25 1.75 2.25 m²
5 1.50 2.00 2.50 m²
6 1.50 2.00 2.75 m²
7 1.75 2.25 3.00 m²
8 1.75 2.50 3.25 m²
9 2.00 2.75 3.50 m²

Em edifícios unifamiliares, os espaços de arrecadação podem também


comportar às funções lavagem de roupa e secagem de roupa, devendo neste
caso incorporar a área afecta a essas funções.

16.3.3.3 Espaciosidade – Dimensão

No Quadro 88 apresentam-se as exigências de dimensão mínima dos espaços


de arrecadação segundo o nível de qualidade (MOPTC 1989).

Quadro 88

Dimensão Mínimo Recomendável Óptimo


Dimensão mínima 1.10 (0.80+0.30) 1.20 (0.90+0.30) 1.50 (0.90+0.60) m
Pé-direito mínimo 2.20 2.30 2.40 m

16.3.4 Articulação

16.3.4.1 Acessibilidade

Em edifícios multifamiliares, os espaços de arrecadação devem satisfazer as


seguintes exigências de acessibilidade:

1) as arrecadações devem estar situadas o mais próximo possível das


habitações que servem;

2) as arrecadações devem ter acesso de nível ao exterior (permite guardar


bicicletas ou outros objectos de recreio no exterior);

3) o acesso aos espaços de arrecadação deve ser feito através de um espaço


de comunicação comum interior;

4) caso exista elevador, ele deve servir o piso em que se encontram as


arrecadações;

232 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


5) as arrecadações não devem formar grandes conjuntos.

Em edifícios unifamiliares, o acesso aos espaços de arrecadação deve feito


através do espaço exterior privado.

ARRUMAÇÃO 233
234 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS
ARRUMAÇÃO 235
17. ESTACIONAMENTO DE VEÍCULOS

17.1 DADOS DE PROGRAMA

17.1.1 Conteúdo da função

A função estacionamento de veículos responde à necessidade crescente de


estacionar veículos automóveis e motorizadas.

Actividades As principais actividades que compõem a função estacionamento de veículos


componentes
são: estacionar veículo, entrar e sair do veículo, e arrumar utensílios
relacionados com a manutenção do veículo.

Localização A função estacionamento de veículos pode ter lugar numa garagem ou


estacionamento do tipo individual, comum ou público.

Utentes envolvidos Os utentes envolvidos nesta função são os elementos adultos e adolescentes do
agregado familiar (individualmente, ou com maior frequência em grupos) e
eventualmente as visitas.

Horário e frequência A função estacionamento de veículos desenvolve-se essencialmente no início do


dia e fim da tarde ou princípio da noite, mas pode ocorrer em qualquer altura do
dia ou da noite.

17.1.2 Tipos de espaços

A função estacionamento de veículos pode desenvolver-se em variados tipos de


espaços, apresentando-se em seguida uma classificação segundo a
propriedade do espaço e o seu grau de encerramento:

1) Estacionamento em espaço privado

a) no exterior em pátio ou quintal privado:

- não coberto;

- coberto (por exemplo, pérgula, telheiro ou alpendre);

b) no interior em garagem individual:

- isolada (geralmente junto ao edifício);

- em conjuntos (com acesso directo ao exterior ou através de espaço


comum).

ARRUMAÇÃO 237
2) Estacionamento em espaço comum

a) no exterior em logradouro comum:

- não coberto;

- coberto (por exemplo, pérgula, telheiro ou alpendre);

b) no interior em garagem comum.

3) Estacionamento público

a) marginal à via pública;

b) em parque público:

- parques exteriores;

- parques interiores (garagens públicas).

17.2 EXIGÊNCIAS DE PROJECTO

As exigências de projecto aplicáveis a esta função encontram-se


pormenorizadamente desenvolvidas em:

1) espaços de estacionamento individual – ponto 3.5.3 da publicação


"Programa Habitacional. Edifício" (Pedro 1999b);

2) espaços de estacionamento comum – ponto 3.1.10 da publicação


"Programa Habitacional. Edifício" (Pedro 1999b);

3) estacionamentos exteriores públicos – ponto 3.5.4 da publicação "Programa


Habitacional. Vizinhança próxima" (Pedro 1999c).

238 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


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240 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


projectos de habitação promovida pelo estado. Documento 2: Exigências
relativas aos espaços e ao equipamento. Lisboa, Ed. LNEC, 1978a.

29. MINISTÉRIO DA HABITAÇÃO E OBRAS PÚBLICAS e LABORATÓRIO


NACIONAL DE ENGENHARIA CIVIL (MHOP e LNEC) – Instruções para
projectos de habitação promovida pelo estado. Documento 5: Regras de
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BIBLIOGRAFIA 241
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BIBLIOGRAFIA 243
GLOSSÁRIO

Tipos de utentes

Utentes condicionados Utentes condicionados de mobilidade constituem uma categoria que engloba
de mobilidade
utentes, permanentemente ou temporariamente, nas seguintes condições: em
cadeira de rodas, utilizando bengala, ou utilizando canadianas.

Utentes com Utentes com dificuldades de movimentação constituem uma categoria que
dificuldades de
movimentação
engloba os seguintes tipos de utentes: grávidas, acompanhantes crianças de
colo, crianças pequenas, condicionados de mobilidade, invisuais, idosos e
indivíduos transportando volumes.

Níveis físicos

Habitação

Habitação Habitação é a unidade em que se processa a vida de cada família,


compreendendo o fogo e as dependências do fogo (RTHS Anexo III Art. 1 - MES
1985).

Fogo Fogo é o conjunto dos espaços privados nucleares de cada habitação,


confinado por uma envolvente que o separa do ambiente exterior e do resto do
edifício. O fogo inclui espaços tais como, a sala, os quartos, a cozinha, as
instalações sanitárias, os arrumos, a despensa, os corredores, os vestíbulos,
etc.. O fogo pode ainda integrar arrumações em sótão ou em cave que tenham
acesso pelo seu interior.

Dependências do fogo Dependências do fogo são os espaços privados periféricos à envolvente que
confina o fogo, como por exemplo:

1) nos edifícios multifamiliares – as varandas, os terraços, as arrecadações;

2) nos edifícios unifamiliares – os corpos anexos, os logradouros, os quintais,


os jardins, os telheiros e os alpendres.

Compartimentos

Compartimento Compartimento de um fogo é um espaço privado, ou um conjunto de espaços


privados directamente interligados, delimitado por paredes e com acesso
através de vão ou vãos guarnecidos com portas ou disposições construtivas

GLOSSÁRIO 245
equivalentes (caso de vãos de acesso a caves ou a sótãos) (RTHS Anexo III Art.
4 - MES 1985).

Compartimento habitável de um fogo é um compartimento utilizado Compartimento


habitável
exclusivamente como sala, quarto, ou cozinha desse fogo, ou um
compartimento que abranja um conjunto de espaços privados directamente
interligados que inclua a sala ou a cozinha desse fogo, no qual são respeitadas
as condições de área, de pé-direito e de iluminação natural, que, para tais
compartimentos, são definidas na regulamentação em vigor (RTHS Anexo III Art.
5 - MES 1985).

Compartimento não habitável de um fogo é um compartimento que não se Compartimento não


habitável
enquadra dentro dos requisitos dos compartimentos habitáveis, sendo
usualmente utilizado como: instalação sanitária, vestíbulo, corredor, "hall",
arrumação, ou despensa.

Compartimentos principais incluem os quartos, a sala (comum, de estar, e de Compartimentos


principais
jantar) e outros compartimentos cuja função dominante seja: estar/reunir;
refeições correntes, refeições formais, recreio de crianças, recreio e estudo de
jovens, ou recreio e trabalho de adultos.

Compartimentos de serviço incluem a cozinha, as instalações sanitárias, e outros Compartimentos de


serviço
compartimentos cuja função dominante seja: lavagem e secagem de roupa, ou
arrumos.

Espaços

Zona de espaços comuns de um fogo congrega os espaços e compartimentos Zona de espaços


comuns
de uso predominantemente comum, designadamente as salas, a cozinha e
eventualmente uma instalação sanitária.

Zona de espaços individuais de um fogo congrega os espaços e Zona de espaços


individuais
compartimentos de uso predominantemente individual, designadamente os
quartos e as instalações sanitárias que os servem.

Um espaço pode ser classificado pela relação que estabelece com os restantes Espaços isolados,
demarcados, e
espaços nas seguintes categorias: englobados

1) Espaço isolado, se constituir um compartimento com possibilidade de


separação permanente.

2) Espaço demarcado, se a forma do compartimento induzir à sua subdivisão


natural em sub-espaços, e se existirem dispositivos que asseguram o
isolamento (no mínimo visual), ou grande facilidade em os instalar.

3) Espaço englobado, se não existir a demarcação de um espaço autónomo.

246 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


Elementos da habitação/edifício

Saída de emergência As saídas de emergência podem ser realizadas (RSCIEH Art. 13 - Portugal
1990b):

1) através de janelas de área não inferior a 1.00m², cuja menor dimensão seja
pelo menos de 0.60m, e o peitoril se situe a altura não superior a 1.00m
relativamente ao pavimento, nem superior a 3.00m relativamente ao terreno
exterior adjacente;

2) através de escadas de emergência fixas.

Fachada Fachada é uma parede da habitação, em contacto directo com o exterior, onde é
possível abrir vãos de janela ou de porta.

Empena Empena é uma parede da habitação, geralmente contígua a outro edifício ou ao


limite do lote, onde não é possível abrir vãos de janela ou de porta.

Áreas

Área habitável

Área habitável de um
compartimento Área habitável de um compartimento habitável é o menor dos valores seguintes:
habitável
1) a área do compartimento em apreço;

2) o décuplo da área dos vãos de iluminação natural desse compartimento,


sem obstruções exteriores.

A área do compartimento é determinadas segundo as regras de medição


seguintes:

"1) nos compartimentos constituídos por um único espaço de configuração


regular, a área a considerar é a área útil desse compartimento;

2) nos compartimentos redutíveis a um espaço principal em ligação directa


com espaços adjacentes através de vãos de largura inferior a 2.10m, a área
a considerar é apenas a área útil do espaço principal desse compartimento;

3) nos compartimentos redutíveis a um espaço principal em ligação directa


com espaços adjacentes através de vãos de largura não inferior a 2.10m, ou
1.70m no caso das cozinhas, a área a considerar é apenas a área útil do
espaço principal, acrescida das áreas úteis dos espaços adjacentes até
uma profundidade não superior à largura do vão;

4) nos compartimentos com percursos de passagem obrigatória, a área a


considerar é a que for adequada à configuração do compartimento em
apreço, deduzida da área de faixas de passagem de largura igual a 0.80m e
desenvolvimento correspondente ao percurso mínimo de atravessamento."
(RRTHS Anexo III Art. 15 - Duarte e Paiva 1994b).

GLOSSÁRIO 247
Área habitável de um fogo é igual à soma da área habitável de todos os Área habitável de um
fogo
compartimentos habitáveis desse fogo.

Área habitável de uma habitação é igual à área habitável do fogo dessa Área habitável de uma
habitação
habitação.

Área útil

Área útil de um compartimento é a área de pavimento desse compartimento, Área útil de um


compartimento
incluindo roupeiros fixos, deduzida da área de implantação de pilares
destacados e da área de superfície com pé-direito inferior aos mínimos
regulamentares; nos compartimentos que se desenvolvem em dois níveis, a área
do compartimento integra as áreas dos dois pavimentos e a área em planta da
escada de ligação (RTHS Anexo III Art. 8 - MES 1985).

Área útil de um fogo é igual à soma das áreas úteis de todos os compartimentos Área útil de um fogo
desse fogo.

Área útil de uma habitação é igual à soma das áreas úteis de todos os Área útil de uma
habitação
compartimentos e dependências do fogo que constituem essa habitação.

Área bruta

Área bruta de um fogo é igual à soma das áreas ocupadas pelo fogo em cada Área bruta de um fogo
piso de pé-direito não inferior a 2.20m. As áreas são delimitadas da seguinte
forma:

1) pelo contorno externo das paredes exteriores do edifício e de anexos;

2) pelo eixo das paredes que separam o fogo, de espaços comuns do


edifício, de outros fogos, de dependências, e de espaços ocupados por
terceiros.

Área bruta de dependências do fogo é a soma das áreas ocupadas pelos Área bruta de
dependências do fogo
espaços privados exteriores à envolvente do fogo de pé-direito não inferior a
2.20m. As áreas são delimitadas da seguinte forma:

1) pelo contorno externo das paredes exteriores das dependências do fogo;

2) pelo eixo das paredes que separam as dependências do fogo, de espaços


comuns do edifício, de fogos, de dependências de outros fogos, e de
espaços ocupados por terceiros.

248 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS


Área bruta de espaços
Área bruta de espaços comuns é igual à soma das áreas ocupadas pelos
comuns seguintes tipos de espaços comuns:

1) espaços interiores do edifício, de pé-direito não inferior a 2.20m;

2) espaços exteriores à envolvente do edifício, cobertos e pavimentados, de


pé-direito não inferior a 1.80m.

As áreas são delimitadas da seguinte forma:

1) pelo contorno externo das paredes exteriores dos espaços comuns;

2) pelo eixo das paredes que separam os espaços comuns, de fogos, de


dependências de fogos, e de espaços ocupados por terceiros.

Área bruta de uma Área bruta de uma habitação é igual à soma da área bruta do fogo, das suas
habitação
dependências e da quota-parte dos espaços comuns. A parcela de área de
espaços comuns deve ser proporcional à área bruta do fogo.

Não entram no cálculo da área bruta de uma habitação, as seguintes áreas:

1) Áreas ocupadas por terceiros;

2) Área de galerias e espaços públicos cobertos quando correspondam ao


cumprimento de exigências de Planos de Ordenamento do Território
aprovados ou a exigências de integração urbanística local.

GLOSSÁRIO 249
ABREVIATURAS/ACRÓNIMOS

Sigla Significado
Ec Espaços e compartimentos
Ed Edifício
Ha Habitação
Vp Vizinhança próxima
HCC Habitação a Custo Controlado
IPHPE Instruções para Projectos de Habitação Promovidos pelo Estado
RGE Proposta de Regulamento Geral das Edificações
RGEU Regulamentos Geral das Edificações Urbanas
RRTHS Proposta de Revisão das Recomendações Técnicas de Habitação Social
RSCIEH Regulamento de Segurança Contra Incêndio em Edifícios de Habitação
RTHS Recomendações Técnicas de Habitação Social
DGAV Direcção Geral de Arquitectura y Vivienda (Espanha)
LNEC Laboratório Nacional de Engenharia Civil
INH Instituto Nacional de Habitação
ITCC Institut de Tecnologia de la Construcciò de Catalunya (Espanha)
MES Ministério do Equipamento Social
MHOP Ministério da Habitação e Obras Públicas
MOPTC Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações
MOPU Ministerio de Obras Publicas y Urbanismo (Espanha)
OMS Organização Mundial Saúde
WHO World Health Organization (ONU)

ABREVIATURAS/ACRÓNIMOS 251
ANEXO QUADRO RESUMO DE ÁREAS DE ESPAÇOS E
COMPARTIMENTOS

No Quadro 89 e no Quadro 90 apresenta-se um resumo das áreas atribuídas a


cada espaço funcional da habitação, por número de utentes e nível de
qualidade.

Quadro 89

NÚMERO DE UTENTES
FUNÇÃO
1 2 3 4 5 6 7 8 9

1 Dormir/descanso Casal Mín. 10.5 10.5 10.5 10.5 10.5 10.5 10.5 10.5 10.5 m²
pessoal
Rec. 11.5 11.5 11.5 11.5 11.5 11.5 11.5 11.5 11.5 m²
Ópt. 12.0 12.0 12.0 12.0 12.0 12.0 12.0 12.0 12.0 m²
Duplo Mín. 9.0 9.0 9.0 9.0 9.0 9.0 9.0 9.0 9.0 m²
Rec. 10.0 10.0 10.0 10.0 10.0 10.0 10.0 10.0 10.0 m²
Ópt. 11.0 11.0 11.0 11.0 11.0 11.0 11.0 11.0 11.0 m²
Individual Mín. 5.5 5.5 5.5 5.5 5.5 5.5 5.5 5.5 5.5 m²
Rec. 6.0 6.0 6.0 6.0 6.0 6.0 6.0 6.0 6.0 m²
Ópt. 6.5 6.5 6.5 6.5 6.5 6.5 6.5 6.5 6.5 m²
2 Preparação de Mín. 4.5 4.5 4.5 5.0 5.0 5.0 5.5 5.5 5.5 m²
refeições
Rec. 5.0 5.5 5.5 6.0 6.5 6.5 7.0 7.0 7.0 m²
Ópt. 5.5 6.0 6.0 6.5 7.0 7.0 7.5 7.5 7.5 m²
3 Refeições Englobada Mín. - - 2.0 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0 4.5 m²
correntes
Rec. - - 2.5 3.0 3.5 4.0 4.5 5.0 5.5 m²
Ópt. - 3.0 3.5 4.0 4.5 5.0 5.5 6.0 6.5 m²
Demarcada Mín. - - 2.5 2.5 3.0 3.5 4.0 4.5 5.0 m²
Rec. - - 3.0 3.5 4.0 4.5 5.0 5.5 6.0 m²
Ópt. - 3.5 4.0 4.5 5.0 5.5 6.0 6.5 7.0 m²
4 Refeições formais Englobada Mín. 5.0 5.0 4.0 5.0 6.0 7.0 8.0 9.0 10.0 m²
Rec. 6.0 6.0 6.0 7.0 8.0 9.0 10.0 11.0 12.0 m²
Ópt. 6.5 6.5 7.5 8.5 9.5 10.5 11.5 12.5 13.0 m²
Demarcada Mín. 3.5 3.5 4.5 5.5 6.5 7.5 8.5 9.5 10.5 m²
Rec. 5.5 5.5 6.5 7.5 8.5 9.5 10.5 11.5 12.5 m²
Ópt. 6.0 7.0 8.0 9.0 10.0 11.0 12.0 13.0 13.5 m²
Isolada Mín. - - - - 7.0 8.0 9.0 10.0 11.0 m²
Rec. - - - 8.0 9.0 10.0 11.0 12.0 13.0 m²
Ópt. - - 8.5 9.5 10.5 11.5 12.5 13.5 14.0 m²
5 Estar/reunir Mín. 6.0 6.0 7.5 9.0 9.0 10.5 12.0 15.5 15.5 m²
Rec. 7.5 7.5 9.0 10.5 10.5 12.0 15.5 19.0 19.0 m²
Ópt. 9.0 9.0 10.5 12.0 12.0 15.5 19.0 22.5 22.5 m²
7 Recreio de Duplo Mín. 1.5 1.5 1.5 1.5 1.5 1.5 1.5 1.5 1.5 m²
crianças
Rec. 2.5 2.5 2.5 2.5 2.5 2.5 2.5 2.5 2.5 m²
(englobado)
Ópt. 3.5 3.5 3.5 3.5 3.5 3.5 3.5 3.5 3.5 m²
Individual Mín. 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 m²
Rec. 1.5 1.5 1.5 1.5 1.5 1.5 1.5 1.5 1.5 m²
Ópt. 2.0 2.0 2.0 2.0 2.0 2.0 2.0 2.0 2.0 m²

ANEXO 1 253
Quadro 90

NÚMERO DE UTENTES
FUNÇÃO
1 2 3 4 5 6 7 8 9

8 Estudo/recreio de Duplo Mín. 1.5 1.5 1.5 1.5 1.5 1.5 1.5 1.5 1.5 m²
jovens
Rec. 2.5 2.5 2.5 2.5 2.5 2.5 2.5 2.5 2.5 m²
(englobado)
Ópt. 3.5 3.5 3.5 3.5 3.5 3.5 3.5 3.5 3.5 m²
Individual Mín. 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 m²
Rec. 1.5 1.5 1.5 1.5 1.5 1.5 1.5 1.5 1.5 m²
Ópt. 2.0 2.0 2.0 2.0 2.0 2.0 2.0 2.0 2.0 m²
9 Trabalho/recreio Casal Mín. 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 m²
de adultos
Rec. 2.0 2.0 2.0 2.0 2.0 2.0 2.0 2.0 2.0 m²
(englobado)
Ópt. 3.0 3.0 3.0 3.0 3.0 3.0 3.0 3.0 3.0 m²
11 Lavagem de roupa Englobada Mín. 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 m²
Rec. 1.5 1.5 1.5 1.5 1.5 1.5 2.0 2.0 2.0 m²
Ópt. 2.0 2.0 2.0 2.0 2.0 2.0 2.5 2.5 2.5 m²
Demarcada Mín. 1.5 1.5 1.5 1.5 1.5 1.5 1.5 1.5 1.5 m²
Rec. 2.0 2.0 2.0 2.0 2.0 2.0 2.5 2.5 2.5 m²
Ópt. 2.5 2.5 2.5 2.5 2.5 2.5 3.0 3.0 3.0 m²
12 Secagem roupa Mín. 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 m²
Rec. 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 m²
Ópt. 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 m²
13 Higiene pessoal Principal Mín. 4.0 4.0 4.0 4.0 4.0 4.0 4.0 4.0 4.0 m²
Rec. 4.5 4.5 4.5 4.5 4.5 4.5 4.5 4.5 4.5 m²
Ópt. 5.0 5.0 5.0 5.0 5.0 5.0 5.0 5.0 5.0 m²
Segunda Mín. - - - - - - 1.5 2.5 2.5 m²
Rec. - - - - - 1.5 2.5 2.5 2.5 m²
Ópt. - - - - 2.0 3.0 3.0 3.0 3.0 m²
Terceira Mín. - - - - - - - - - m²
Rec. - - - - - - - 1.5 1.5 m²
Ópt. - - - - - - 2.0 2.0 2.0 m²
14 Permanência no Elevado Mín. - - - - - - - - - m²
exterior privado
Rec. 1.5 1.5 1.5 2.5 2.5 2.5 3.5 3.5 3.5 m²
Ópt. 2.5 2.5 2.5 3.5 3.5 3.5 4.5 4.5 4.5 m²
Térreo* Mín. 25 25 25 25 25 25 25 25 25 %
Rec. 50 50 50 50 50 50 50 50 50 %
Ópt. 75 75 75 75 75 75 75 75 75 %
15 Circulação Total*1 M/R/O 10 10 10 10 10 10 10 10 10 %

Entrada/saída Mín. 1.5 1.5 1.5 2.0 2.0 2.0 2.5 2.5 2.5 m²
Rec. 2.5 2.5 3.5 3.5 4.0 4.0 4.5 4.5 5.0 m²
Ópt. 3.5 3.5 4.5 4.5 5.0 5.0 5.5 5.5 6.0 m²
16 Arrumação Roupa casa Mín. 0.50 0.50 0.75 0.75 1.00 1.00 1.25 1.25 1.50 m²
Rec. 0.75 0.75 1.00 1.25 1.50 1.50 1.75 2.00 2.00 m²
Ópt. 0.75 1.00 1.25 1.50 1.75 2.00 2.25 2.50 2.75 m²
Despensa Mín. 0.50 0.50 0.75 0.75 1.00 1.00 1.25 1.25 1.50 m²
Rec. 0.75 0.75 1.00 1.00 1.25 1.25 1.25 1.50 1.75 m²
Ópt. 1.00 1.25 1.25 1.50 1.50 1.75 1.75 2.00 2.00 m²
Gerais Mín. 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 m²
Rec. 1.00 1.00 1.00 1.25 1.25 1.25 1.50 1.50 1.75 m²
Ópt. 1.25 1.25 1.50 1.50 1.75 1.75 2.00 2.00 2.25 m²

* A área de referência dos espaços exteriores privados térreos deve ser calculada segundo uma percentagem da área útil da habitação.
*1 A área total de circulação é calculada segundo uma percentagem da soma da área útil de todos os restantes espaços da habitação. O valor obtido é
subdividido em duas parcelas: uma área atribuída ao sistema de actividades entrada/saída, e a restante atribuída ao sistema de actividades
comunicação/separação.

254 PROGRAMA HABITACIONAL • ESPAÇOS E COMPARTIMENTOS

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