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Sumário
Tomada Programável ......................................................................................................................................... 5
Régua inteligente coletando medidas e salvando em arquivos ...................................................................... 12
Fonte com GNDs Independentes ..................................................................................................................... 15
Utilizando o Sensor de Temperatura Interno do STM32 ................................................................................. 17
Casos de Oficina (EP24): “Mif, mif, mif” .......................................................................................................... 21

Diretor técnico: Wagner Rambo

Produção e diagramação: Wagner Rambo
Revisão técnica: Pio Rambo
Comercial: Ana Paula Strack
Distribuição: WR Kits Engenharia Eletrônica
Articulistas desta edição: Wagner Rambo, Marcos A. Lage, Gabriel Vigiano, Pio Rambo

Envie seu artigo para publicar na revista: revista@wrkits.com.br

Atendimento ao assinante: assinante@wrkits.com.br

Aviso
Copyright WR Kits 2023 (todos os direitos reservados): Proibida reprodução total ou
parcial sem autorização prévia por parte dos autores. Lei de Direitos Autorais LEI N°
9.610, de 19 de fevereiro de 1998. O uso indevido dos artigos e projetos aqui
apresentados não é de nossa responsabilidade.
 Chegamos em 2023! Continuamos com o desenvolvimento de artigos
para contribuir com o conhecimento de todos os assinantes mensalmente.
Esperamos contar com todos vocês ao longo do ano, podem ter certeza que
vem muita coisa boa por aí. Artigos incríveis, projetos únicos, muitos cursos
cheios de conhecimento para todos.
Em nossa edição de número 26 iniciamos com um projeto completo e
muito bem documento sobre uma tomada programável para automação
residencial. Você leitor aprenderá muito sobre software e hardware em nosso
primeiro projeto do ano. Baixe todos os arquivos também no espaço de
downloads! O assinante Marcos A. Lage enviou um artigo de régua inteligente
desenvolvida com Arduino Nano e também há uma videoaula que ele mesmo
ministrou sobre o projeto. Se pensou em utilizar fontes independentes em seus
projetos profissionais, temos também este artigo disponível aqui!
O STM32 novamente ganha espaço com o especialista Gabriel Vigiano,
dessa vez ensinando como utilizar o sensor de temperatura interno do
dispositivo. Para concluir a edição, o indispensável Casos de Oficina escrito por
Pio Rambo, onde ilustra algumas situações que ocorreram com um cliente
bastante inusitado.
Boa leitura e um excelente 2023 para todos, com muita saúde e
sucesso!
WR

4
Revista Eletrônica WR
 Tomada Programável
Dr. Eng. Wagner Rambo
Introdução um fato que os televisores atuais chegando no valor 9, com um
têm funções para temporização, novo clique ele retorna para 1 e
A cada dia a automação
mas com um detalhe: o aparelho assim por diante. Com isso fica
residencial torna-se mais
ficará em standby. A tomada bastante simples de visualizarmos
presente em nossos lares. Logo,
programável poderá desligar por quantas horas a tomada vai
projetos que envolvam este tipo
totalmente o equipamento, além operar. Para reduzir o número de
de tecnologia sempre são muito
disso poderá desligar outros saídas necessárias no
solicitados e têm grande utilidade
atrelados ao seu televisor como microcontrolador, um circuito
prática. É verdade que os
um receptor de TV a cabo, uma integrado CMOS decodificar para
produtos atuais envolvem
Apple TV, um videogame, etc. display de 7 segmentos será
comunicação por WiFi, Bluetooth
Além disso, a tomada aplicado no sistema. Após o
e outros meios de transmissão,
programável também poderá ser ajuste, o usuário deve pressionar
lembrando é claro dos comandos
um temporizador de uso geral. Na e manter pressionado por 2
por voz. No entanto é sempre
Figura 1 você pode conferir o segundos o botão, com isso o relé
interessante um projeto de
diagrama em blocos do projeto vai ligar ativando o AC da tomada
automação “raiz”. É sobre isso
proposto. e a ação poderá ser confirmada
que se trata o presente
artigo, trarei para você o
projeto de uma tomada
programável, que tem o seu
funcionamento bastante
elementar, porém, com a
correta instalação, poderá
fazer parte de sua empresa
ou residência por muito
tempo.
O propósito do
circuito é bastante simples: o
usuário entre com um valor Figura 1 – Diagrama em blocos da tomada programável.
de hora de 1 até 9 e inicia a
temporização. A tomada ficará com LED indicador. Ao terminar a
Será utilizado um
operando por este tempo temporização, o display mostra ‘0’
microcontrolador PIC de baixo
programado, então, ao encerrar a e o relé será desligado,
custo, porém bastante confiável
temporização, o circuito desliga a juntamente com o aparelho que
para aplicações deste tipo. O
carga, até que seja configurado estivar ligado nessa tomada.
dispositivo vai operar com seu
novamente. Esse tipo de sistema
clock interno de 4MHz. O sistema Veja que utilizei o conceito
tem grande utilidade quando
contará com um único botão, de tomada, mas a mesma poderá
queremos manter algum
facilitando o ajuste. Como ser uma régua com filtro de linha,
eletrodoméstico ou lâmpada
interface visual teremos um contendo diversos aparelhos. É
ligado por um certo tempo.
display de 7 segmentos catodo importante apenas observar a
Muitos gostam de adormecer
comum. A cada clique no botão, o potência suportada pelas chaves
com a TV ligada (embora isso não
display é incrementado de 1 até 9, do relé que você for utilizar no
seja muito recomendado). Sim, é
5
Edição 0026, janeiro, 2023
 Figura 2 – Diagrama esquemático completo da tomada programável.
acionamento. Outra questão
relevante no projeto é o total
isolamento do circuito digital para
a etapa de potência, garantindo
uma boa imunidade a ruído.
Observe que temos duas fontes
de alimentação totalmente
independentes, uma de 5V e
outra de 12V. Também repare no
símbolo de GND que é diferente
entre os circuitos lógicos e o
circuito do relé, indicando o
isolamento galvânico. Esse tipo de
procedimento é sempre
recomendado quando desejamos
o acionamento de cargas de
potência a partir de circuitos
envolvendo microcontroladores.
Hardware
Agora que o como você deve imaginar é do
funcionamento geral do sistema
já foi compreendido, vamos
analisar o diagrama esquemático
6
completo do circuito da tomada Para este último utilizei o
programável, presente na Figura PIC12F629, um microcontrolador
2. de 8 pinos que além de compacto,
apresenta baixo custo e é
O botão SW1 é conectado
totalmente confiável, pois
ao GND do circuito da fonte de 5V
apresenta a robustez que todo PIC
(observe bem o símbolo de
tem. As saídas GP0, GP1, GP2 e
ground utilizado). Há um resistor
GP4 foram utilizadas
de 10k (R1) que funciona como
respectivamente para os bits A, B,
pull-up para garantir que a
C e D que servirão para indicar ao
entrada do microcontrolador
usuário por quantas horas a
(GP3, pino 4), permaneça em nível
tomada irá operar. Estes 4 bits
lógico alto enquanto o botão
irão acionar um decodificar de
estiver solto. Veja também que
display de 7 segmentos catodo
utilizei a entrada Master Clear
comum, o já conhecido 4511 que
(reset) como uma entrada digital
converte esta informação para os
padrão. Isso é realizado na
números de ‘0’ a ‘9’ a serem
configuração do fuse bit do PIC.
exibidos no display. Os resistores
Também será habilitado o sistema
R3 a R9 limitam a corrente de
de clock interno de 4MHz para o
cada segmento do display, que
PIC. O capacitor C1 serve para
desacoplamento filtrando a fonte
tipo catodo comum.
e ficará bem próximo ao circuito
integrado U1. Agora vamos entender o
circuito da parte inferior do
Revista Eletrônica WR
diagrama. A saída LOAD consiste
no pino GP5 do PIC e será utilizada
para acionar o LED infravermelho
presente no interior de um
acoplador óptico do tipo PC817,
bastante comum e fácil de
encontrar. Quando esse LED ligar,
o foto-transistor interno satura
enviando 12V para o resistor R10.
Esse sinal ativa o amplificador
Classe B formado por Q1 e Q2,
que funciona como um driver de
corrente para o MOSFET Q3. O
resistor R11 é para a polarização
do MOSFET e R12 evita disparos
acidentais do mesmo. Sim, optei
pelo uso de um transistor de
efeito de campo IRF640 pois o
mesmo poderá ser utilizado para
acionar relés de grande porte,
inclusive você poderá conectar
esse relé fora da placa de circuito
impresso dependendo da carga
que for acionar. Lembrando
também de utilizar um dissipador
de calor em Q3 no caso do
Figura 3 – Fluxograma do código principal.
Edição 0026, janeiro, 2023
acionamento de relés que vão
consumir mais de 100mA. O diodo
D1 é para evitar picos de tensão
reversa que podem ser
provocados pela bobina do relé, o
famigerado diodo de roda livre.
Há também um LED (D2) com seu
resistor limitador de corrente R13
para que possamos ver quando o
relé está ligado.
O relé RL1 é um modelo
JQC-3F(T73) de 12V que suporta
até 10A em 127Vac, mais que
suficiente para a maioria dos
eletrodomésticos. Ele apresenta 5
terminais sendo 2 para a bobina e
3 para chave de 1 polo x 2
posições. Qualquer modelo
similar pode ser utilizado ou
aplique um modelo conforme a
potência da carga que você for
controlar. A linha de fase da rede
de 127/220Vac vai passar pela
chave do relé (contato
normalmente aberto) e o terminal
comum vai ligado à tomada que
será utilizada para alimentar o
equipamento desejado. Perceba
que há um novo isolamento
galvânico assegurado pelo relé,
pois a ligação com a rede elétrica
fica totalmente isolada do
circuito.
Software
O software foi
desenvolvido no MikroC Pro For
PIC v.7.1.0 em Linguagem C,
porém visei a máxima
portabilidade para outras IDEs,
caso o leitor prefira. O mesmo
está para download na
plataforma da revista, junto com
os demais arquivos que você vai
precisar para o projeto. Por
apresentar mais de 200 linhas de
código não convém explicar aqui
no artigo-texto, no entanto está
ricamente comentado para sua
maior compreensão. Destaco
nossos cursos de C e C++ que são
indispensáveis para o leitor
conseguir criar seus
próprios códigos
profissionais, considere
fazê-los, acessando os
links a seguir:
Curso Definitivo de
Linguagem C
Curso Completo de C++
No entanto
elaborei o desenho do
fluxograma completo do
software, onde você
poderá ter um
panorama geral.
Inicialmente veja o
fluxograma do código
principal explícito na
Figura 3.
7
 À esquerda você pode
conferir o fluxo principal do
programa, que inicia em Start.
Temos o vetor de interrupção e
configurações do PIC. Após
entramos no loop infinito do
código, que consiste em testar
uma flag de condição. Com esta
flag zerada, chamamos a função
de ajuste de tempo e exibimos no
display o conteúdo da variável
horaOff. Logo veremos o
fluxograma das funções auxiliares
presentes no código, mas
inicialmente compreenda que em
ajuste fazemos a leitura do botão
Figura 4 – Fluxograma das funções auxiliares.
e ao pressionar e manter por 2
segundos a flag de condição é
setada e passamos a exibir o valor
das horas que estarão rodando no
próprio relógio interno.
À direita temos a rotina de
interrupção onde o estouro
8
(overflow) do Timer0 ocorrerá
sempre e gerando uma base de
tempo de 1 segundo. Veja que
caso a flag de condição estiver
setada, a função do relógio
(clockwork) será chamada,
rodando a temporização. Do
contrário, testaremos o estouro
do Timer1. Se o estouro ocorrer,
significa que o usuário pressionou
e manteu o botão por mais de 2
segundos, então setamos a flag de
condição, ligamos a carga (relé) e
desligamos o Timer1. Caso o
estouro não ocorra, retornamos
da interrupção.
Vamos entender as 3
funções auxiliares desenvolvidas
para o projeto. Veja o fluxograma
delas na Figura 4.
A função clockwork é um
relógio convencional. Como vimos
ela é chamada a cada segundo na
interrupção do Timer0, desde que
a flag de condição esteja setada.
Nela ocorre o incremento dos
segundos e o teste para ver se
passou de 59. Caso positivo,
devemos incrementar os minutos
e também zerar os segundos
(essa última ação foi omitida do
fluxograma apenas para
simplificar). Aí testamos também
os minutos, se passar de 59,
incrementamos as horas e
zeramos os minutos. Na mesma
função ocorre a comparação
entre o valor ajustado pelo
usuário (horaOff) e o valor das
horas. Se forem iguais, o relé é
desligado e as variáveis do código
são reiniciadas. Caso sejam
diferentes, apenas retornamos
para o relógio seguir rodando (e o
relé continua ligado).
Revista Eletrônica WR
 Na função adjust é
realizada a priori a leitura do
botão. Se pressionado, uma flag
de status do botão é ligada
juntamente com o Timer1
(começa uma temporização para
o caso do botão ser mantido
pressionado por 2 segundos).
Sendo o botão solto e sua flag
estando setada, o Timer1 é
desligado (apesar de omitido as
variáveis do Timer1 são zeradas
aqui também) e ocorre o
incremento do parâmetro de
ajuste horaOff. Por fim, testamos
se horaOff é maior que 9, para
retornar para 1 (lógica circular de
ajuste). Caso contrário a função
retorna.
A última função é
totalmente simples. As 4 saídas Figura 5 – Face superior (top) e inferior (bottom) do cobre para
a PCB do projeto.
do PIC irão apresentar o conteúdo
da variável passada como
parâmetro para set_outputs. Com uma vez que envolve software que torna um pouco mais difícil a
isso, o decodificar irá receber o (você deve ter algum confecção artesanal. Porém essa
valor binário de 0 a 9, exibindo conhecimento em Linguagem C). técnica é possível e já apresentei
corretamente no display de 7 Também é necessário gravar o no YouTube, dê uma busca lá no
segmentos. firmware no microcontrolador canal WR Kits sobre placa de
PIC. É claro que dupla face. Os arquivos Gerber
os leitores estão disponíveis no pacote de
mais ousados arquivos desta edição, para
(e encorajo aqueles que quiserem mandar
isso) podem direto para a fabricação, o que é
buscar tal uma opção bem interessante para
conhecimento tirar o seu projeto do papel. Na
em nosso Figura 5 você pode conferir a face
canal WR Kits superior (acima) e inferior (abaixo
no YouTube. e espelhada) do layout da placa de
Outro detalhe circuito impresso.
Figura 6 – Silkscreen dos componentes. é em relação à
Dessa vez utilizei o Proteus
placa de
para a criação do layout, mas você
circuito
Montagem prática poderá utilizar o KiCAD (software
impresso. Para que a mesma
gratuito e profissional) sem
O projeto em questão ficasse compacta
maiores problemas. Mas destaco
talvez não seja tão recomendado (aproximadamente 7,6 x 5,0cm), mais uma vez que os arquivos
para o iniciante em eletrônica, utilizei layout em dupla face, o Gerber de fabricação estão
9
Edição 0026, janeiro, 2023
disponíveis. Para que fique mais
fácil de localizar os componentes
na placa de circuito, analise a
Figura 6, que contém o silkscreen
dos componentes sobre a face
inferior de cobre.
O circuito final poderá
estar acondicionado em uma
caixa plástica existindo uma
pequena janela para a
visualização do display. Também
o botão e os contatos do relé
deverão estar à disposição do
usuário final, de modo que
consiga operar o sistema. A Figura 7 – Imagem 3D da placa de circuito impresso.
conexão SW (canto inferior direito
da placa) consiste em um KRE de um circuito completo que servirá pelo fato de termos uma
2 terminais padrão, o que torna para este projeto e também para proximidade com a rede de
simples a ligação para controlar o outros diversos que possam energia elétrica. Se você for um
equipamento (ou régua de utilizar 5V e 12V. Na Figura 7 projetista com pouca experiência,
equipamentos). É importante o podemos conferir o 3D da placa solicite ajuda a alguém com mais
uso de fontes de 5V e 12V de circuito impresso, facilitando experiência que você para
independentes para o circuito. ainda mais o entendimento do executar o projeto. Sempre
Você pode optar por unir dois projeto real. respeite a eletricidade.
modelos comerciais, mas para os
que quiserem montar sua própria Tenha bastante atenção
fonte, nesta mesma edição terá na montagem, especialmente

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Revista Eletrônica WR
 Lista de Componentes Tomada Programável
QTD. REF. Componente OBS.
3 R1, R10, R12 Resistor 10kΩ 1/4W
1 R2 Resistor 220Ω 1/4W
7 R3 até R9 Resistor 330Ω 1/4W
1 R11 Resistor 10Ω 1/4W
1 R13 Resistor 1,8kΩ 1/4W
2 C1, C2 Capacitor 100nF Cerâmico 50V
1 D1 1N4007 Diodo retificador
1 D2 LED Difuso comum
1 Q1 BC337 Transistor NPN
1 Q2 BC327 Transistor PNP
1 Q3 IRF640 MOSFET canal N
1 U1 PIC12F629 Microcontrolador
1 U2 4511 Decodificador display 7 seg.
1 U3 PC817 Acoplador óptico NPN
1 SW1 Chave táctil -
1 RL1 Relé 12V 5 terminais. 1 polo 2 posições
1 - Display 7 segmentos Catodo comum
1 - Soquete DIP8 Estampado
1 - Soquete DIP16 Estampado
Diversos PCB, conectores, fios e cabos,
caixa para alojamento, etc.

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Edição 0026, janeiro, 2023
Régua inteligente coletando medidas e salvando em
arquivos
Téc. Marcos A. Lage
Sabemos que desde os primórdios da resultado o tamanho daquele animal. O bom de
civilização houve uma necessidade de tudo isso será ter a possibilidade de fazer um
conhecermos medidas das mais variadas. Medir gerenciamento de arquivos onde em cada um pode
algo está presente no nosso dia a dia desde coisas ser colocado várias medidas e quando necessário
básicas há até medidas especificas que devem ter separar as medidas, pode estar criando um arquivo
precisões extremas. novo, por exemplo medindo gado pode gerar o
arquivo para medir
Pensando na
um lote especifico
agricultura nos
salvando as medidas
deparamos com
de cada animal e
várias atividades que
outro arquivo para
precisam estar
outro lote, no final da
coletando dados e
atividade basta retirar
estes precisam ser
o cartão SD com os
tratados
dados e descarregar
posteriormente,
no computador onde
vamos pensar num
abre um leque infinito
centro de pesquisa
de possibilidades para
que acompanha
tratamento destes
desenvolvimento de
dados gerando
plantas e precisam
gráficos por exemplo,
registrar estes dados
leitores mais curiosos
ou até mesmo na
com certeza vai
pecuária que o gado a cada pesagem seja
imaginar diversas possibilidades, então vamos por
necessário acompanhar o crescimento dos animais,
a mão na massa.
a ideia apresentada neste artigo pode ser uma
solução para este trabalho que a princípio teria de Lista dos materiais necessários para a nossa
ser manualmente. régua inteligente:
Este projeto visa disponibilizar a 1 Arduino nano
possibilidade de realizar medidas em um range de
1 Módulo micro SD card
até dois metros, podendo ser facilmente
modificado este range realizando ajustes na parte 1 Sensor VL53L0/1XV2
física e no software na altura inicial. Por exemplo
2 Botões
se irá medir algo somente acima de um metro
pode-se tarar o ajuste fisicamente na régua 1 Cartão SD e adaptador
estabelecendo este valor somando com o que está
2 Resistores de 1k ohms
sendo lido pelo sensor em tempo real aumentando
o range para 3 metros. No caso de medidas de 1 Led vermelho para status dos módulos
animais pode fixar o sensor numa altura conhecida
1 Led azul para status de salvamento de dados
e assim que o animal passar por baixo coletar a
medida e calcular a diferença tendo como
12
Revista Eletrônica WR
1 Shield para bateria 18650 com carregador LED DE STATUS MODULOS ARDUINO
(Também pode usar bateria 9 volts alimentando
ANODO RESISTOR 1K D5
pela entrada Vin do Arduino).
LED STATUS SALVAMENTO DADOS
Vamos agora montar numa protoboard
todos os módulos e sensores onde abaixo estão ANODO RESISTOR 1K D6
todas as ligações de cada item.
BOTÕES
PINOS CONEXÃO MICRO SDCARD
BOTAO 1 2
MÓDULO SD ARDUINO
BOTÃO 2 3
PINO CS ======> 10
PINO SCK======> 13
Realizando todas as ligações com calma
PINO MOSI=====> 11 será bem tranquilo a montagem, no final do artigo
encontra-se um QR code para o vídeo especifico da
PINO MISO=====> 12
régua onde é explicado todo o software as ligações
PINO VCC======> +5V e também links com todos os arquivos para
download.
PINO GND======> GND
Posteriormente pode ser fabricado uma
PINOS CONEXÃO SENSOR VL53L0/1XV2
placa de circuito impresso para montar um produto
SENSOR ARDUINO final e também ser desenvolvido a parte mecânica
da régua onde ficarei curioso para saber como foi
VIN 5V
feito. Encorajo você leitor a montar este projeto e
GND GND realizar diversas melhorias bem como implementar
o monitoramento da tensão da bateria, fazer uma
SDA A4
haste telescópica que possa esticar e posicionar o
SCL A5 sensor na altura que precisa ler e por aí vai, o limite
será a imaginação.

13
Edição 0026, janeiro, 2023
 Para maiores informações sobre o projeto, detalhes de funcionamento e arquivos, assista o vídeo
completo aqui ou aponte a câmera do seu celular para o QR code abaixo. Já aproveite e se inscreva no canal
Entendendo as Coisas!

Iniciante em Arduino? Invista em nosso curso:

14
Revista Eletrônica WR
 Fonte com GNDs Independentes
Dr. Eng. Wagner Rambo
Existem muitos casos na eletrônica onde
desejamos fontes totalmente independentes,
incluindo os seus GNDs (referencial de terra).
Especialmente quando utilizamos algum circuito
digital, microprocessador, microcontrolador, etc,
para acionar cargas altamente ruidosas e/ou
indutivas. Por se tratarem de circuitos sensíveis, é
muito fácil de ocorrer uma falha, um reset
indesejado ou mesmo a destruição do próprio
circuito, dependendo do ruído gerado. Para esse
tipo de situação é extremamente necessário o uso
de um isolamento galvânico, que é quando não
Figura 1 – Diagrama em blocos da
fonte com GNDs independentes.
existe nenhum contato elétrico entre um circuito e
outro, mas conseguimos fazer a comunicação e
controle.
Vou apresentar um projeto bem simples de
fonte de alimentação dupla que apresenta GNDs
independentes para você aplicar nesse tipo de
projeto. A partir da compreensão do projeto você
poderá criar quantas fontes independentes quiser,
dependendo da aplicação que irá utilizar. Optei por
Edição 0026, janeiro, 2023
apresentar uma topologia linear, por sua
simplicidade de projeto e construção, que
certamente atenderá os leitores do iniciante ao
experiente, mas no futuro poderemos trazer algum
projeto de topologia chaveada. As tensões
escolhidas são de 5V e 12V por serem tensões
bastante comuns de encontrarmos em projetos. A
de 5V servirá para alimentar os circuitos lógicos e a
de 12V para uma etapa de potência. Se você leu o
artigo de capa dessa revista, sobre a tomada
inteligente, já poderá utilizar esta fonte naquele
projeto. O diagrama em blocos da fonte pode ser
visto na Figura 1.
Olhando para o diagrama em blocos fica
bastante simples de entender como isolamos as
fontes, mas ficará ainda melhor no diagrama
esquemático, que será apresentado em breve. A
entrada AC da rede será aplicada ao primário de
um transformador, que você poderá ter uma chave
de seleção para 127/220Vac. Este transformador
terá dois enrolamentos de secundário separados,
um para 12Vac e outro para 8Vac. A partir daí só
precisamos construir as duas fontes sem realizar a
ligação dos GNDs, deixando-os completamente
isolados. Para este caso, após a retificação teremos
aproximadamente 17Vdc para o enrolamento de
12Vac e 11,3Vdc para o enrolamento de 8Vac
(basta multiplicar por raiz de 2). Por fim, é só
utilizar os reguladores lineares da série 78xx para
os níveis de tensão desejados. No projeto utilizei o
7812 e o 7805 para 12V e 5V respectivamente.
O maior contratempo para o projeto é o
transformador com dois secundários
independentes, que muitas vezes é um pouco difícil
de encontrar. Mas você pode obter na sucata,
aparelhos de som antigos costumam ter estes
transformadores. Outra opção é realizar a
encomenda do modelo sob medida na Toroid do
Brasil. Uma outra alternativa é comprar dois
15
 Figura 2 – Diagrama esquemático completo da fonte com GNDs independentes.

transformadores individuais, esta talvez seja a Na Figura 3 você pode conferir como ficará
solução mais rápida e viável para o seu projeto. a ligação no caso de optar pelo uso de 2
transformadores individuais.
O diagrama esquemático completo da fonte
pode ser apreciado na Figura 2. Veja que os
símbolos de GND utilizados são totalmente
diferentes.
A entrada da rede de energia passa pela
chave ON/OFF para ligar/desligar a mesma da
tomada. Em seguida há uma chave de 1 polo e 2
posições, para selecionarmos a tensão da rede
elétrica. Veja que para isso o transformador deverá
ter as duas opções em seu enrolamento primário.
Também temos um fusível de 500mA para surtos
de tensão e corrente. Para o enrolamento de 8Vac
Figura 3 – Utilizando dois transformadores.
utilizamos uma retificação em ponte com os diodos
1N4007, seguida de uma filtragem com os
Simplesmente ligue os primários em
capacitores C1 e C2 (utilizei 2 de 2200µF para
paralelo conforme o diagrama esquemático.
minimizar o tamanho da fonte) e mais um de 100nF
Também previ o uso de um transformador com
para altas frequências. Finalmente, o regulador
secundário de 9Vac neste caso, que é mais simples
7805 com dissipador de calor é utilizado para gerar
de encontrar no mercado e poderá ser utilizado
os 5Vdc estabilizados que precisamos. A corrente
sem problemas para a fonte de 5V. Em outras
de saída suportada é até 1A. O mesmo raciocínio é
palavras, o projeto consistirá na construção de
válido para o enrolamento de 12V onde obteremos
duas fontes individuais como você pode perceber.
12V estabilizados com o 7812. Não adicionei LEDs
Com o conceito aprendido neste artigo, é possível
de indicação mas o leitor que desejar poderá fazê-
que o leitor desenvolva suas próprias fontes
lo a partir do projeto correto do resistor limitador
lineares com topologias independentes. Bons
de corrente.
projetos!

16
Revista Eletrônica WR
 Utilizando o Sensor de Temperatura Interno do
STM32
Esp. Eng. Gabriel Vigiano
Introdução: próprio dispositivo, neste Durante o processo de
microcontrolador o mesmo é fabricação os dados de calibração
Um dos recursos
internamente conectado ao canal do sensor interno de temperatura
disponíveis nos
de entrada “ADC1_IN16” que é assim como a tensão de
microcontroladores STM32 são os
usado para converter a tensão de referência são armazenados no
sensores de temperatura
saída do sensor em um valor sistema de memória o qual
internos, estes podem ser
digital. A resposta de leitura do devemos acessar para posterior
utilizados para as mais variadas
sensor apresenta uma boa cálculo da temperatura. Todos os
finalidades, desde proteção ou
linearidade e uma boa precisão. A cálculos e endereços de memória
mesmo monitoramento.
fim de garantir esta precisão cada são apresentados na
Neste artigo será dispositivo é internamente documentação dos dispositivos os
demonstrado como implementar calibrado individualmente pela quais podem ser acessados pelo
uma leitura analógica de ST. site STMicroelectronics.
temperatura através do sensor
É importante se atentar
interno utilizando o
que cada microcontrolador
microcontrolador Obtendo informações de
apresenta uma característica
STM32G431RBT6, contudo estas calibração pelo datasheet e
única de funcionamento do
análises poderão ser aplicadas e manual de referência:
sensor interno portanto a leitura
projetadas em outros modelos do
no datasheet do dispositivo é Inicialmente os primeiros
STM32

Figura 1 – Valores de calibração e endereço de memória (datasheet STM32G431RBT6).

seguindo os passos aqui

necessária quando o projetista passos consiste em realizar o
apresentados.
faça a opção de utilização desta download do datasheet e do
funcionalidade. manual de referência do
STM32G431RBT6. Acessando as
Funcionamento do sensor:
O sensor interno de
temperatura pode ser
habilitado em conjunto Figura 2 – Fórmula para cálculo da temperatura em graus Celsius (manual de
com os demais canais de referência STM32G431RBT6).
leitura analógica do
17
Edição 0026, janeiro, 2023

Figura 3 – Habilitando a leitura interna do sensor de temperatura.
páginas 29 e 30 do datasheet
podemos encontrar informações
e os valores de calibração do
sensor que são apresentadas
conforme tabela da Figura 1.
Sequencialmente
podemos através do manual de
referência obter a fórmula de
cálculo da temperatura interna
conforme demonstrado na Figura
2.
Onde os valores
apresentados na fórmula acima
são:
• TS_CAL2 é o valor de
calibração adquirido na
temperatura TS_CAL2_TEMP.
• TS_CAL1 é o valor de
calibração adquirido na
temperatura TS_CAL1_TEMP.
• TS_DATA é a saída do
sensor de temperatura atual
convertida pelo ADC.
Conforme demonstrado
na Figura 1 os valores de
temperaturas que foram
realizadas as calibrações
TS_CAL1_TEMP e TS_CAL2_TEMP
são 30 e 130 graus Celsius
respectivamente. Por fim o
documento nos demonstra
18
também que a aquisição dos
valores de calibração realizaram-
se sob as condições de
alimentação do canal analógico
VDDA em 3,0 Volts, como nesta
situação a tensão de referência
VREF também é igual a VDDA a
conversão na fórmula deverá ser
também aplicada para uma
correta amostragem do valor da
temperatura.
Criando o projeto com o
STM32CubeIDE e implementação
do algoritmo:
Para a implementação
prática é necessário criar um
projeto com o microcontrolador
descrito neste artigo através do
compilador profissional
STM32CubeIDE. Neste exemplo
será
Figura 4 – Declaração das variáveis globais do projeto.
direcionado apenas a utilização
do sensor e outras configurações
elementares serão omitidas de
forma intencional.
O primeiro passo consiste
em habilitar através do canal
ADC1 a leitura do sensor
conforme Figura 3.
A resolução de leitura do
canal analógico será de 12 bits o
qual posteriormente utilizaremos
na fórmula em questão, esta
configuração é realizada através
da aba “Parameter Settings”. As
demais configurações
permanecem sem alterações.
Neste exemplo
utilizaremos a forma mais simples
de conversão analógica, sem
recursos de acesso direto à
memória (DMA) ou mesmo
interrupções.
Com as etapas anteriores
já entendidas e realizadas o passo
seguinte é o desenvolvimento do
algoritmo propriamente dito. O
Algoritmo aqui demonstrado terá
um carácter didático para fácil
entendimento da funcionalidade
do recurso. Assim se inicia com a
declaração das variáveis globais
conforme Figura 4.
Revista Eletrônica WR

Figura 5 – Leitura do TS_DATA.
A imagem acima
demonstra as variáveis
declaradas, nota-se que além das
variáveis uint32_t também
declaram-se variáveis do tipo
float. Estas são necessárias uma
vez que precisamos converter
os dados para a resolução
selecionada (12bits).
Posterior as declarações
das variáveis, a leitura do
sensor de temperatura
(TS_DATA) é realizada através
do canal analógico utilizando os
drivers HAL através do método
“PollForConversion”
demonstrado na Figura 5.
Nesta etapa devemos
obter os valores de calibração do
Figura 7 – Algoritmo didático final para cálculo do valor de
temperatura do sensor interno.
Edição 0026, janeiro, 2023
Estas definições são
encontradas nos arquivos header,
especificamente para este projeto
no arquivo “stm32g4xx_II_adc.h”.
Assim como percebemos o
próprio compilador durante a
criação do projeto fornece as
configurações de endereço de
memória dos valores de
dispositivo realizando o acesso calibração, temperatura de
através do endereço de memória calibração e valores de tensão de
mencionado no datasheet referência para cada dispositivo
conforme Figura 1. Isto pode ser facilitando o desenvolvimento do
realizado utilizando as próprias projeto.
Figura 6 – Definições dos valores de configuração e endereços do sensor de
temperatura.
definições estabelecidas pelo Finalmente com todos os
STM32CubeIDE demonstrado dados já disponíveis podemos
Figura 6. implementar o algoritmo, o
mesmo é apresentado na Figura
7.
É interessante analisar que
os valores necessitam ser
convertidos para a resolução
selecionada, neste exemplo 12
bits.
Vimos também que o valor
de TS_DATA final é convertido e
multiplicado por 1,1.
Esta multiplicação por 1,1
é necessária pois o valor de
calibração difere do valor aplicado
no VREF para este exemplo
prático que no caso é 3,3V,
portanto 3,3V deverá ser dividido
19
por 3,0V que são os valores de
calibração fornecidos pelo
datasheet, assim resultamos no
fator 1,1 que deverá ser utilizado
no equacionamento.
Com todos os valores de
calibração convertidos em
formato float e devidamente
adequados a resolução de 12 bits
podemos finalmente utilizar o
equacionamento baseado na
Figura 2 deste artigo e obter o
valor da temperatura interna do
sensor. Figura 8 – Resultados práticos da leitura da temperatura interna.

Validação prática da leitura do

sensor e conclusão do artigo:
Para consolidarmos as
teorias e informações
apresentadas neste artigo da
revista, utilizaremos o recurso de
debugger do STM32CubeIDE que
permite a visualização das
variáveis em tempo real e
verificar a leitura da temperatura
do sensor calculado pelo
algoritmo em questão.
A Figura 8 demonstra os
resultados práticos obtidos
através da janela do debugger.
O resultado visto na Figura que devemos recorrer a
8 demonstra o valor da documentação para
temperatura medida através do implementação da
STM32G431RBT6 que é 22,83 funcionalidade. Utilizando as
graus Celsius durante o final da definições geradas pelo próprio
prática. compilador podemos facilmente
implementar a fórmula
Por fim chegamos ao
apresentada no datasheet.
término de mais um artigo, vimos
neste trabalho que é possível Informações teóricas e
utilizar o sensor de temperatura testes práticos validam os
interno para diversos propósitos experimentos apresentados neste
de aplicação. Analisamos também trabalho.
que cada dispositivo possui um
valor de calibração específico e

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Revista Eletrônica WR
 Casos de Oficina (EP24): “Mif, mif, mif”
Pio Rambo
Quem não tem um amigo diferente? Todos
têm! Amigos diferentes são o motivo de nossas
risadas diárias, nossas alegrias reprimidas e nossos
exemplos a não serem seguidos, ou talvez, a serem
seguidos pela sua inocência e ingenuidade.
Explico: Amigos diferentes geralmente se
julgam ser seu umbigo o centro do mundo quando
o mundo a sua volta premiou todos os umbigos,
menos os deles. Mas eles não sabem. Este é o lado
inocente e ingênuo da questão. E eles se apoiam
nesses princípios, seguindo a vida felizes através de
muitas trapalhadas e cenas engraçadas, das quais
se orgulham em proporcionar.
Eu tenho um amigo desses. O conheci há
muitos anos, no tempo em que conseguiu adquirir
um Fusca Fafá verde água que era seu orgulho.
Vivia dizendo:
- Minha Fafá me leva para qualquer lugar, non
brecisa nem pusinar borque as suas sinaleiras son
crandes! Mif, mif, mif.
Ele sempre terminava suas frases filosóficas
com a risadinha Mif, mif, mif, enquanto alisava a
ponta do nariz com o indicador direito. Um cacoete
e tanto! A ponto de quando o via, eu fazia de tudo
para ele repetir esse cacoete na minha frente.
Reproduzo o jeito de ele falar, que era um
português complicado, já que só falava alemão até
sua adolescência.
Quanto ao Fusca, dizíamos que ele
literalmente vestia ele, porque ele, tem mais de um
metro e oitenta, fortão, quando entrava no carro
se via mais ele do que o carro. E isso também era
orgulho para ele. Dizia que o Fusca era a "gouraça"
do seu escudo de defesa. Se caso batesse, o carro
estaria moldado em seu corpo e os danos seriam
pequenos.
Esse meu amigo aparecia umas três vezes
por semana na minha oficina. Sempre do mesmo
jeito: com seu fusquinha, roupa surrada dos anos
Edição 0026, janeiro, 2023
80, com uma rodela de suor no sovaco e a pastinha
de vendedor embaixo do braço, que não largava
por nada. Chegava lá para bater papo, tomar uma
água gelada e se gabar pelos feitos do dia, que não
iam além de sua obrigação de vendedor.
Um dia, eu, não aguentando aquela nhaca
de sovaco tomando conta de minha oficina, disse a
ele que se quisesse vir mais uma vez me visitar, que
botasse desodorante.
No outro dia, ele apareceu todo sorridente,
com o sovaco devidamente bento com uma porção
generosa de Rexona spray, aquele que mais cheira
a álcool do que a limpeza ou perfume. Mas, estava
valendo. Colocou a pastinha sobre a mesa, e se
rindo todo disse:
- Mif, mif, mif! Zabia que exclusividade dem seu
breço?
Eu, curioso, perguntei:
- É? O que houve?
E ele, todo orgulhoso respondeu:
- Dem uns gara que brocuram pelo em ovo, guando
eu chá fiz a omelete desse ovo. Mif, mif, mif!
Desatei a rir. Tentei descobrir sobre o que
estava acontecendo com ele, mas ele não abriu o
jogo. Sempre faceiro e alegre, não queria inimizade
com ninguém.
Com o passar do tempo, ele descobriu que
seu "Rexona" trouxe vários clientes novos que não
estavam o contratando antes de ele adotar essa
higiene. Então, veio na oficina e se rindo todo disse:
- Mif, mif mif! Não esberrava gue um jeirinho
embaixo do sovaco fosse me tracer tanto drabalho!
Comecei a rir muito. Ele era uma figura e eu
adorava seu senso de humor misturado com
ingenuidade. Então eu disse:
- É lógico que não! Ninguém gosta de gente que
cheira a falta de banho!
21
 Então, ele se ofendeu. E quando ficava
ofendido, puxava aquela pastinha de plástico
embaixo do braço, dava três passos para trás,
ficava em posição de atacante do jogo de futebol e
gesticulando com o dedo indicador, só bufava.
- Maf, maf, maf!
E eu, para deixá-lo mais brabo, dizia:
- O que foi fulano?
E ele, com o indicador em riste, dizia brabo:
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- Borque eu não botei desodorande, guer dicer que
sou borco! Meu gorpo dá limpinho e dem cheiro de
sabom de klicerina. Só gue meu sovaco nom diz a
hora gue guer xatear.
Para ele parar de ficar alterado, disse que
entendia ele.
Este foi um dos clientes mais icônicos que
tive na oficina. Nunca mandou consertar nada, mas
toda semana passava lá para se gabar do que tinha
feito ou do que iria fazer,
Mif, mif, mif.
Revista Eletrônica WR
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Edição 0026, janeiro, 2023