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ENGENHARIA ELÉTRICA

Fator de Potência
Aula 11

• Prof. José Carlos do Nascimento


Instalações Elétricas Industriais
1 – Introdução
Os equipamentos utilizados em uma instalação
industrial (motores elétricos de indução,
transformadores, etc) são em sua maioria
consumidores parciais de energia reativa
indutiva, a qual não produz nenhum trabalho
útil. A energia reativa indutiva apenas é
necessária para a formação do campo
magnético dos referidos equipamentos.
A potência reativa indutiva necessária a criação do campo magnético é
normalmente transmitida a partir de uma fonte geradora distante da indústria,
sobrecarregando o sistema e acarretando perdas de transmissão e distribuição.

Desta forma seria interessante que a potência reativa indutiva fornecida (trocada)
pela fonte geradora fosse fornecida por uma fonte local (na própria indústria) de
maneira a aliviar o sistema fornecedor de energia. Assim o sistema poderia
transportar mais energia efetivamente resulte em trabalho útil (energia
ativa/potência ativa no eixo do motor)
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As fontes de reativos podem ser:
✓ Geradores (fonte própria)
✓ Motores síncronos superexcitados (compensador síncrono);
✓ Capacitores.
➢ Quando a carga é constituída somente de potência ativa (aquecedores
elétricos, lâmpadas incandescentes etc.), toda potência gerada é transportada
pelos sistemas de transmissão e de distribuição da concessionária de energia
elétrica e absorvida pela carga
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➢ Quando a carga é constituída de aparelhos (motores) que absorvem uma
determinada quantidade de energia ativa Ea para produzir trabalho e necessita
também de energia reativa de magnetização Er.
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2 – Fator de Potência
Pat P
FP = FP =
Pap S
Onde:
Fp: fator de potência da carga
Pat: Potência ativa (W, kW)
Pap: Potência aparente ou potência total (VA, kVA)

FP = cos Onde ψ é a defasagem angular entre tensão e corrente


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2 – Fator de Potência
Benefícios da Correção do Fator de Potência

Resultados decorrentes da correção do fator de potência:


• As variações de tensão diminuem;
• Os condutores tornam-se menos aquecidos;
• As perdas de energia são reduzidas;
• A capacidade de transformadores alcança melhor aproveitamento;
• Aumento da vida útil dos equipamentos;
• Utilização racional da energia consumida;
• Fim da cobrança do consumo de energia reativa excedente, que é
cobrado na conta de energia.
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Triângulo de potências Potência trifásica – ligação Δ ou Y

S = P2 + Q2 S3 = P + jQ
S
P
ψ
QL FP = cos = S3 = 3VF I F = 3VL I L
P S

sen =
Q P3 = 3VL I L cos
QC
S
Q Q3 = 3VL I Lsen
tan =
P
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➢ Causas do baixo fator de potência

• Motores de indução operando em vazio: tais motores consomem praticamente a


mesma energia reativa, quer operando em vazio, quer operando à plena carga. A
energia ativa, entretanto, é diretamente proporcional à carga mecânica aplicada ao
eixo do motor. Nessas condições, quanto menor a carga, menor a energia ativa
consumida e menor o fator de potência.
• Transformadores operando em vazio ou com pequenas cargas: analogamente
aos motores, os transformadores, quando superdimensionados para a carga que
devem alimentar, consomem uma quantidade de energia reativa relativamente
grande, se comparada à energia ativa, contribuindo para um fator de potência baixo;
• Lâmpadas de descarga: as de descarga (vapor de mercúrio, vapor de sódio,
fluorescentes, etc) necessitam do auxílio de um reator para funcionar. Os reatores
magnéticos, como os motores e os transformadores, possuem bobinas e consomem
energia reativa, contribuindo para redução do fator de potência. O uso de reatores
compensados (com alto fator de potência) podem contornar o problema. Os reatores
eletrônicos, de boa procedência e especificação apresentam um bom comportamento
relativo ao fator de potência, alguns até próximos de 100%.
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➢ Causas do baixo fator de potência

• Grande quantidade de motores de pequena potência: provoca muitas vezes, um


baixo fator de potência, pois o correto dimensionamento de tais motores em função
das máquinas a eles acopladas (dependente do tipo de indústria) pode apresentar
dificuldades;
• Tensão acima da nominal (sobretensão): a potência reativa é proporcional ao
quadrado da tensão aplicada. No caso de motores de indução, a potência ativa só
depende, praticamente, da carga mecânica aplicada ao eixo do motor. Assim, quanto
maior a tensão aplicada aos motores, maior a energia reativa consumida e menor o
fator de potência;
• Outras cargas típicas de baixo fator de potência: injetoras, fornos de indução ou a
arco, sistemas de solda, prensas, guindastes, pontes rolantes, bombas,
compressores, ventiladores, tornos, retíficas, sistemas de galvanoplastia e eletrólise,
entre outros.
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➢ Considerações sobre a legislação do FP (PRODIST – MODULO 8 E ANEEL
RES. 414)
• A medição e avaliação do fator de potência poderá ser feito através de duas formas:
1. Avaliação horária: o fator de potência será calculado através dos valores de
potência/energia ativa e reativa medidos a cada intervalo de 1 hora, durante o
período de faturamento (tarifas azul e verde);
2. Avaliação mensal: O fator de potência será calculado através dos valores de
potência/energia ativa e reativa medidos para o período de faturamento (tarifa
convencional).

Para a avaliação horária é verificado o fator de potência indutivo e capacitivo nos


seguintes horários:
a) Entre o horário das 06:00 e 24:00 horas verifica-se a cada 1 hora o FP indutivo
b) Entre o horário das 00:00 horas e 06:00 horas verifica-se a cada 1h o FP capacitivo.

Para unidade consumidora com tensão inferior a 230 kV, o fator de potência no ponto de
conexão deve estar compreendido entre 0,92 e 1 indutivo no período a) ou 1 e 0,92
capacitivo no período dado em b). Caso o FP medido não satisfaça essas condições será
cobrado excedente de energia reativa com aumento do faturamento de energia.
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• curva de carga de potência reativa
de uma instalação cuja
concessionária local escolheu o
intervalo de avaliação de energia
reativa indutiva entre as 6 e as 24
horas e o de energia reativa
capacitiva entre 0 e 6 horas.
De acordo com a legislação, para
cada kWh de energia ativa
consumida, a concessionária
permite a utilização de 0,425 kVArh
de energia reativa indutiva ou
capacitiva, sem acréscimo no
faturamento.

Na avaliação do fator de potência


não são considerados os dias de
sábado, domingos e feriados.
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➢ Faturamento da energia reativa excedente
O faturamento da demanda e do consumo de energia reativa excedente será
determinado, respectivamente, pelas Equações:

 n  0,92   n   0,92  
Fdrp =  máx  Dat   − D fp   Tdap Ferp =  Cat   − 1   Teap
t =1  t =1 
 F 
  Fpp     pp 
Onde:
Fdrp: faturamento da demanda de potência reativa excedente por posto tarifário (R$);
Ferp: faturamento de consumo de energia reativa excedente por posto tarifário (R$);
Dat: demanda de potência ativa medida em cada intervalo de 1h (kW);
Dfp: demanda de potência ativa faturada em cada posto horário (kW);
Tdap: tarifa de demanda de potência ativa, por posto tarifário (R$/kW);
Cat: consumo de energia ativa medido em cada intervalo de 1 hora (kWh);
Teap: tarifa de energia ativa, por posto tarifário (R$/kWh);
Máx: função que indica o maior valor da expressão entre parênteses, calculada a cada
intervalo de 1 hora;
t: cada intervalo de 1 hora;
n: número de intervalos de 1 hora por posto horário no período de faturamento;
p: posto tarifário, isto é, ponta e fora de ponta.
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➢ Faturamento da energia reativa excedente

 Erh 
Fpp = cos arctg  
 ah 
E

Onde:
Erh: energia reativa indutiva ou capacitiva medida a cada intervalo de 1 hora;
Fah: energia ativa medida a cada intervalo de 1 hora.

Os valores negativos do faturamento de energia reativa excedente Ferp e de


demanda de potência reativa excedente, Fdrp, não devem ser considerados.
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Exemplo de Aplicação 4.1
Considerar uma indústria metalúrgica com potência instalada de 3.000 kVA atendida em 69
kV, por conveniência da concessionária e cuja avaliação de carga em um período de 24
horas está expressa na Tabela 4.1. Da Tabela 1.9 extraem-se os valores do segmento
tarifário azul, no período seco.
• Tarifa de demanda na ponta: R$ 6,03/kW
• Tarifa de demanda fora de ponta: R$ 1,76/kW
• Tarifa de consumo na ponta: R$ 0,34037/kWh
• Tarifa de consumo fora de ponta: R$ 0,20748/kWh
• Demanda contratada fora de ponta: 2.300 kW
• Demanda contratada na ponta: 210 kW
• Demanda registrada fora de ponta: 2.260 kW (intervalo de integração de 15 min)
• Demanda registrada na ponta: 205 kW (intervalo de integração de 15 min)

Considerar que as leituras verificadas na Tabela 4.1 sejam constantes para os 22 dias do mês
durante os quais essa indústria trabalha. O período de ponta de carga é das 17 às 20 horas.

Observar que houve erro no controle da manutenção operacional da indústria na conexão e


desconexão do banco de capacitores e que permitiu ter excesso de energia reativa indutiva no
período de ponta e fora de ponta por algumas horas, bem como ter excesso de energia reativa
capacitiva em períodos de 0 a 6 horas. Determinar o faturamento de energia reativa excedente
mensal da referida indústria.
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Exemplo de Aplicação 4.1
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Exemplo de Aplicação 4.1
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Exemplo de Aplicação 4.1
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Exemplo de Aplicação 3.7
Resposta:
Serão demonstrados os cálculos de faturamento horário apenas em alguns pontos
do ciclo de carga:
a) Período de 0 a 1 hora

 0,92   0,92 
= Dat  
 F  Ddrph = 150   = 418kW
Ddrph 
 pp   0,33 
n   0,92     0,92 
Ferp =  Cat   − 1   Teap Ferp = 150   − 1   0, 20748 = − R$117,88
t =1 
 F    −0,33 
  pp 

(pagará pelo excedente de energia reativa capacitiva excedente nesse período)


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Exemplo de Aplicação 4.1
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Exemplo de Aplicação 4.1
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Exemplo de Aplicação 4.1
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Exemplo de Aplicação 3.7
Resposta:
b) Período de 3 às 4 horas
 0,92    0,92  
Ddrph = 140    = 134kW Ferp = 140   − 1   0, 20748 = −R$56,88
 0,96    0,96  
(não pagará pelo excedente de energia reativa indutiva excedente nesse
período→Ferp=R$ 0,00)
c) Período de 11 às 12 horas
 0,92    0,92  
= 1900   =
= 1.986kW erp 
F 1.900   0,88 − 1   0, 20748 = − R$17,92
Ddrph    
 0,88 
d) Período de 12 às 13 horas
 0,92    0,92 
Ddrph = 800    = 1.565kW Ferp = 800   − 1   0, 20748 = −R$490,88
 0, 47    −0, 47 
(Como o fator de potência é capacitivo não há pagamento de energia reativa
excedente→Ferp=R$ 0,00)
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Exemplo de Aplicação 3.7
Resposta:

e) Período de 15 às 16 horas

 0,92    0,92  
= 2.200   =
= 2.224kW erp 
F 2.200   0,91 − 1   0, 20748 = R$5,02
Ddrph    
 0,91 
(não pagará pelo excedente de energia reativa indutiva excedente nesse
período→Ferp=R$ 0,00)

f) Período de 17 às 18 horas

 0,92    0,92  
= 200   = 216kW Ferp =  200   − 1   0,34037 = R$5,61
Ddrph    0,85  
 0,85 
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Exemplo de Aplicação 4.1
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Exemplo de Aplicação 3.7
Resposta:
g) Acréscimo na fatura mensal
 0,92 
Os valores máximos da expressão Ddrph = Dat    obtidos na tabela, no período
F
 pp 
fora de ponta e ponta, correspondem respectivamente aos intervalos das 9 às 10
horas e das 17 às 18 horas.
 n  0,92    0,92 
Fdrp =  máx  Dat   − D fp   Tdap Fdrpp =  200  − 210   6, 03 = R$39,01
t =1   
  Fpp   0,85

 0,92 
Fdrpf =  2.251 − 2.300  1, 76 = −R$170,53 → Fdrpf = R$0, 00
 0,94 

Os valores de 2.300 kW e 210 kW correspondem, respectivamente, às demandas


contratadas fora de ponta e na ponta, que foram superiores às demandas registradas
de 2.251 kW fora de ponta e de 200 kW de ponta
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Exemplo de Aplicação 3.7
Resposta:
g) Acréscimo na fatura mensal

A soma dos valores de consumo fora de ponta é de R$ 435,62. Já a soma dos


valores de consumo na ponta vale R$ 6,07, conforme a Tabela.

O faturamento de demanda e energia reativas excedentes da indústria no final do


mês, considerando-se 22 dias de trabalho útil mensal e todos os ciclos de carga
perfeitamente iguais, vale:

Ftot = Fdrpf + Fdrpp + Ferpp = 0, 00 + 39, 01 + ( 22  435, 62 ) + ( 22  6, 07 )

Ftot = R$9.756,19

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