Você está na página 1de 6

Fator de Potência e Harmônicos

- O Fator de Potência (FP) é um número adimensional que mede o quanto da energia elétrica
consumida está de fato sendo convertida em trabalho útil, ou seja, mede a eficiência com a qual a
energia está sendo aproveitada.
- Segundo a Legislação Brasileira (Reguladora ANEEL), desde 1992, o Fator de Potência mínimo
exigido nas instalações industriais é de 0,92. Abaixo deste valor, a concessionária deve cobrar multa
na fatura de energia sobre o consumo de Potência Reativa que estiver além dos 8% máximos
permitidos.
- Se a carga estiver consumindo potência reativa em excesso (além do permitido), o FP será menor
que 0,92. A energia reativa mantém o campo eletromagnético para o funcionamento das máquinas
elétricas (motores, etc). Portanto, ela é necessária, mas não em excesso.
- O valor máximo do fator de potência é igual a 1,00. Porém, na prática, só se consegue obter este
valor quando a impedância da carga é totalmente resistiva, o que não corresponde à realidade do
ambiente industrial, devido ao grande número máquinas elétricas em operação.
- Consegue-se elevar o Fator de Potência global da carga com a instalação de bancos de
capacitores (controle microprocessado) interligados em paralelo com a entrada de energia, ou
opcionalmente, de forma pontual, ligando-se capacitores na entrada de cada máquina. Esses bancos
introduzem na instalação uma carga capacitiva que tem efeito contrário ao da carga indutiva. Eles
compensam o baixo Fator de Potência elevando-o para valores acima de 0,92 evitando multas.
a) Cargas lineares são cargas com natureza resistiva, capacitiva ou indutiva. Pode ou não haver defasagem
(φ) entre tensão e corrente. Corrente e tensão não sofrem deformação.

FP = cos φ

FP =. Pativa .
Paparente

Um baixo FP (maior φ) requer MAIOR corrente na entrada do


sistema elétrico. Um alto FP (menor φ) exigirá MENOR corrente.

O cosseno do ângulo de defasagem entre a tensão total e a corrente total do circuito, corresponde ao
Fator de Potência.
b) Cargas não-lineares: a corrente e/ou a tensão não tem forma de onda perfeitamente senoidal: há
existência de deformações ou distorções.

Quando a carga é não-linear, o FP é calculado da seguinte forma:

Cargas Não–Lineares:
THD = Taxa de distorção harmônica
V1 = Tensão rms da fundamental
V2 = Tensão rms da harmônica de 2º ordem
Vn = Tensão rms da harmônica de ordem n
Causas do baixo fator de potência na Indústria

Motores de indução operando em vazio

Tais motores consomem praticamente a mesma energia reativa, quer operando em vazio, quer
operando à plena carga. A energia ativa, entretanto, é diretamente proporcional à carga mecânica
aplicada ao eixo do motor.

Nessas condições, quanto menor a carga, menor a energia ativa consumida e menor o fator de
potência;

Transformadores operando em vazio ou com pequenas cargas

Analogamente aos motores, os transformadores, quando superdimensionados para a carga que


devem alimentar, consomem uma quantidade de energia reativa relativamente grande, se comparada
à energia ativa, contribuindo para um fator de potência baixo;

Lâmpadas de descarga, motores e transformadores

As lâmpadas de descarga (vapor de mercúrio, vapor de sódio, fluorescentes, etc.) necessitam do


auxílio de um reator para funcionar. Os reatores magnéticos, como os motores e os
transformadores, possuem bobinas que consomem energia reativa, contribuindo para a redução do
fator de potência.

O uso de reatores compensados (com alto fator de potência) pode contornar o problema.
Os reatores eletrônicos, de boa procedência e especificação, apresentam um bom comportamento
relativo ao fator de potência, alguns até próximos de 100%.

Grande quantidade de motores de pequena potência

Uma grande quantidade de motores de pequena potência provoca muitas vezes, um baixo fator de
potência, pois o correto dimensionamento de tais motores em função das máquinas a eles
acopladas (dependente do tipo de indústria) pode apresentar dificuldades;

Tensão acima da nominal (sobretensão)

A potência reativa é proporcional ao quadrado da tensão aplicada. No caso dos motores de


indução, a potência ativa só depende, praticamente, da carga mecânica aplicada ao eixo do motor.

Assim, quanto maior a tensão aplicada aos motores, maior a energia reativa consumida e menor
o fator de potência.

Na indústria podemos citar as seguintes cargas típicas que contribuem para o baixo FP:

Injetoras, fornos de indução ou a arco, sistemas de solda, prensas, guindastes, pontes rolantes,
bombas, compressores, ventiladores, tornos, retíficas, sistemas de galvanoplastia e eletrólise, entre
outros.
Consequências do baixo FP

- Aumento no valor da corrente elétrica consumida pelo sistema elétrico;


- Aumento no valor (R$) da conta de energia elétrica + pagamento de multa;
- Aumento da corrente no condutor neutro;
- As perdas nas linhas de distribuição aumentam pela dissipação de energia em forma de calor;
- Flutuações e quedas de tensão devido sobrecarga nos circuitos;
- Os dispositivos de proteção precisarão ter a sua capacidade aumentada, assim como os
equipamentos de manobra.

Multa = R$14.535,12 + R$8.542,65 = R$23.077,77


Ponta = Horário de maior consumo
Total a pagar = R$ 107.889,90
Ou seja: 21,4% do total a pagar se refere à multa !!!!!
Mas como se calcula o FP a partir dos dados da conta
de energia ?
O valor percentual a ser cobrado = [ (0,92 / FP) – 1 ]
sobre o valor total da conta a ser paga.
Assim: 0,214 = [ (0,92 / FP) – 1 ]  1,214 = (0,92 / FP)
FP = 0,92 / 1,214 = 0,7578
Correção do FP
Corrigir o fator de potência, elevando-o para no minimo 0,92 é fundamental em qualquer instalação
industrial. Quedas de tensão, perdas, sobrecargas são algumas das consequências de um baixo fator
de potência numa instalação.

Fórmula prática:

Onde: w = 2.π.f ; P = Potência ativa total ; V = Tensão de entrada ; ᵠ1 = ᵠA ; ᵠ2 = ᵠD


Para ter uma idéia de como um baixo FP afeta o dimensionamento de cabos, veja o exemplo da
tabela abaixo:
Fator de Potência Seção Relativa
Relativa do Cabo

1,0 1,0
0,90 1,23
0,80 1,56
0,70 2,04
0,60 2,78
0,50 4,0

Observe que se o Fator de Potência cair para 0,5 será preciso quadruplicar a área útil dos cabos para
dar conta da corrente exigida na instalação elétrica. Uma análise simples evidencia que esse
procedimento (aumento de bitola de cabos), soluciona o efeito e não a causa do problema. Portanto, é
recomendável proceder à correção do Fator de Potência.
Para elevar o FP, é comum instalar um banco de capacitores (inserção automática ou manual), na
entrada do sistema elétrico: a reatância capacitiva inserida reduz o excesso da potência reativa:

Exemplos de bancos de
capacitores.
Tipos de bancos de capacitores

O banco de capacitores é uma associação de diversos capacitores em série ou em paralelo de


acordo com os requisitos de determinado projeto, que visa corrigir o baixo fator de potência,
eliminando as multas decorrentes de reativos excedentes, cobradas nas faturas de energia
elétrica.

Os bancos de capacitores são normalmente usados em concessionárias de energia elétrica, empresas


e indústrias, que trabalham com níveis de média e alta tensão.
São normalmente instalados nas entradas de energia elétrica.

Existem 3 tipos de bancos de capacitores:

 Fixo
 Programável
 Automático

Banco de capacitores Fixo

Os capacitores fixos são utilizados quando a carga da indústria praticamente não varia ao logo da
curva de carga diária. A utilização de bancos fixos deve ocorrer com cautela, de forma a não
provocar um baixo fator de potência no período capacitivo, ou seja, quando as cargas indutivas
estiverem desligadas.
O módulo fixo deve conter no mínimo sistema de proteção. É indicado a utilização de manobra por
meio de contatores adequados a esse tipo de carga. Neste sistema os capacitores permanecem
ligados até que uma manobra externa (manual) ocorra.

Banco de capacitores Programável

Ideal para pequenos e médios centros de carga com curva de demanda de perfil estável. Totalmente
adequadas à legislação atual. Faz-se a programação para desligar o sistema de capacitores no
horário capacitivo (geralmente das 0h até as 6:00h), e ligá-los no período indutivo (resto do dia).

Banco de capacitores Automático

Um controlador de Fator de potência microcontrolado monitora em tempo real a defasagem existente


entre a tensão e a corrente de entrada, e insere ou remove células capacitivas, de acordo com a
inclusão ou retirada de cargas indutivas. Ou seja, ele adiciona apenas a quantidade necessária de
células capacitivas para a correção do fator de potência para o valor desejado. Utiliza controladores
automáticos de vários estágios (normalmente de 6 e 12), com parametrização simples.
Localização dos Bancos de Capacitores

1. No primário do transformador:

Os bancos são localizados após a medição de energia no primário do transformador da indústria. Em


geral o custo para instalação é superior ao equivalente localizado no secundário do
transformador devido a necessidade de equipamentos de manobra e proteção em média tensão.

2. No secundário do transformador:

Neste caso os capacitores são geralmente localizados no barramento do QDG (Quadro de


Distribuição Geral), também conhecido como QGF (Quadro Geral de Força).
É a solução indicada para instalações mais simples, em que não existem conjuntos de cargas muito
diferentes entre si.

3. Nos terminais de motores:

Neste caso a correção do FP é feita localmente, diretamente sobre a carga, sendo a mais adequada
devido a vantagem de liberação de carga de todos os circuitos a montante do motor. Entretanto o
custo da correção deve ser levada em conta pois neste caso são necessários vários bancos para
correção de uma indústria com diversos motores.
É a solução indicada quando há a instalação de novos motores na indústria.

Você também pode gostar