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2.

O que tu és

Já ouviste falar do ego, com certeza.


Também já ouviste falar de intuição.
Agora diz-me, o que são um e outro?
E qual a diferença entre intuição e instinto?
A que nível estão?
Quando uma criança nasce, ela não é mais do que um ponto
de luz, uma consciência. Ela é o poder da atenção que ela recebe
como um dom. E decidiu encarnar. Encarnar onde? No mundo
em que nascemos todos. No mundo dos humanos, que é o mun-
do físico, o mundo da matéria, o mundo dual. Hás-de reparar
que tudo o que existe neste mundo em que vivemos é dual. Tudo
é encaixe. Macho-fêmea, alto/baixo, grande/pequeno, escuro/cla-
ro, noite/dia, vida/morte, novo/velho, bom/mau. Tudo, absolu-
tamente tudo, é encaixe. Até as posições sexuais são de encaixe.
Todas. Todas as relações são duais. Os primeiros a habitar no pla-
neta fornecem alimento aos mais recém-chegados. Nada se perde,
nada se ganha, tudo se transforma. A luz e a água alimentam o
vegetal, o vegetal alimenta o herbívoro, o herbívoro alimenta o
carnívoro e todos alimentam os humanos, os últimos a chegar.

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Luís Martins Simões

A água é líquida, depois evapora e volta a cair. Enfim. Este é


o mundo dual. Tudo se completa. O mundo dual é um mundo
que vive do conjunto das suas partes.
O que é o ego?
O ego é apenas o produto do Eu. O ego é o ramo partido na
floresta. Ego quer dizer eu em grego, mas é utilizado para descre-
ver o produto do Eu na matéria, ou seja, o mundo dual. O ego
é então o teu corpo no mundo dual. O teu dedo, no exercício
que fizemos antes.
Existem dois planos de existência. Existem dois “tus”. O Eu
e o ego. A Rita Grande e a Rita pequena.
O nível da fonte, do Eu, do sujeito, do poder da atenção, o
mundo da alma, do todo, do vazio, da intuição, das ideias, do
Ser, da verdadeira realidade, daquela a que vou chamar a Rita
Grande, o do mundo em que todos estão ligados, da unidade,
do agora, do sem tempo, do foco da lanterna. Este nível do foco
de atenção, quando projectado, cria o outro nível, o do objecto.

• Poder da atenção, Eu, fonte, unidade, Tu és Eu e Eu sou Tu


• Reino da intuição, reino do Ser

Objecto do poder de atenção, Ego, corpo físico, separação,


dualidade, reino do raciocínio, do pensamento mental

O segundo nível é o do objecto do poder de atenção, do


ramo partido, do Ego, do corpo físico, da separação, do raciocí-
nio, do pensamento mental, dos cinco sentidos, do cérebro, do
concreto, do sólido, da palavra, do invólucro, da Rita pequena,

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És um Índigo, um Criador? ... ou não passas de um Repetidor?

do livre-arbítrio, da dualidade: do bem e do mal, do prazer e da


dor (que são as duas emoções básicas), do karma e do dharma,
dos alto/baixo, grande/pequeno, escuro/claro, yin/yang.
A alma, o Eu, não reconhece a morte como um fim. Tam-
bém não reconhece o nascimento como um princípio. Para
ela, são transformações que se operam noutro campo. Ela foi,
é, será e sabe sempre o que acontece. Ela é sabedoria infinita,
intemporal.
A alma encarna e vem fazer a experiência do universo no
mundo físico, da dualidade, da matéria, onde o um vem fazer a
experiência do seu verso, vem fazer a experiência deste mundo
em que nada é sem o seu oposto. Este mundo em que, para se
ser íntegro, total, há que viver as duas partes.
Desde que nasce, a criança está ligada à fonte. Ela é a fonte,
é a lanterna e, ao encarnar, decidiu ser também o produto, o
objecto da fonte, ou seja, um corpo físico. Ela funciona por sen-
timento intuitivo. Intuição é uma propriedade característica do
Eu, não do ego. Ou seja, do mundo de onde ela vem. O mundo
do Eu, onde o vazio e o todo são o mesmo. Onde não há dua-
lidade, não há separação. É o mundo da unidade. Em que tudo
se reconhece no todo.
A criança é um com o todo e, por conseguinte, com os pais.
Ela encarna, mas continua, durante cerca de um ano e meio,
a funcionar como funcionava “lá em cima”. Ela está ligada à
fonte, ao todo, a todo o universo. No mundo da alma, tu és
o todo e és também uma parte desse todo. Tudo está ligado.
A criança entende a mãe e o pai totalmente sem saber ainda
falar a linguagem (dual) dos pais. Ela usa o seu conhecimento
intuitivo para entender perfeitamente os humanos sem precisar
de falar com eles. Ela lê o pensamento dos adultos. Numa lin-

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guagem corrente, é como se a criança estivesse em estado cons-


tante de telepatia, aquilo a que poderíamos chamar ter acesso a
percepções extra-sensoriais.
Ela entende e capta perfeitamente tudo o que os pais e ou-
tros adultos sentem e pensam, mesmo sem lho dizerem. Ela sabe
perfeitamente quando o pai ou a mãe estão em casa sem mesmo
ouvir a porta de entrada. Como já disse, ela é ao mesmo tempo
a fonte e o produto da fonte. Toda a criança que nasce tem aces-
so a percepções extra-sensoriais próprias do mundo do Ser. Ela
está ligada, mas não conscientemente. Ela é pura intuição. Mas
não faz nada por isso. É “automático”.
Isto é facílimo de constatar. Basta estares em presença dum
bebé que logo percebes. E, agora que estás aberto a isso, até te
vai parecer evidente. “Como é que eu não vi isto antes?”
A partir de um ano e meio de idade e, à medida que a
criança vai crescendo, o ego (representação do Eu na matéria)
vai se desenvolvendo, nomeadamente através de uma tomada
de consciência do corpo físico. A criança começa a fazer expe-
riências duais, começa a aprender a linguagem, vai progressi-
vamente, à medida que for crescendo, deixando menos lugar
para a sua comunicação não consciente com o reino do Ser,
com o seu espírito, o Eu, para começar lentamente a afirmar-
-se como personalidade egotista (egotista não tem nada que
ver com egoísmo ou egocentrismo. A não confundir). A crian-
ça começa lentamente a identificar-se com o seu corpo físico.
É nestes momentos que, quando começa a falar, cerca dos dois
anos e meio, três anos, a criança se refere a si própria na tercei-
ra pessoa do singular, falando dela como se fosse um terceiro:
“A Rita quer isto”, diz, pois a sua maior identificação é ainda
com o reino da alma e não com o reino da personalidade ou

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do ego. Para ela, a Rita ainda é uma terceira pessoa. Ela ainda
não se reconhece totalmente como Rita. Mais tarde, a criança
já dirá “eu quero isto”.
Durante esta fase de transição em que o ego se vai instalan-
do, ela vai conversando com o espírito, vai ouvindo o espírito,
em suma, vai comunicando directamente com ele, mas ainda de
um modo não consciente. Uma criança, quando está a aprender
a linguagem, fá-lo de forma intuitiva, de facto.
Ela percebe o que é “cadeira”, o que é “quadro”, porque têm
representação física. Mas ela percebe também “Sim”, “Não”,
“Mas”, “Para”. Como se explica? E a criança percebe. O que
querem dizer as palavras “Significado”, ou “Significa”? E a crian-
ça capta. Nesta altura da sua vida, a criança apreende ainda uma
parte das mensagens de todos os que estão à sua volta pelo meio
da intuição, mas também já pelo raciocínio.
É mais ou menos aos sete anos que a criança assume toda a
sua pertença ao reino do físico. Aqui, a criança já acha que é a
Rita, que é o que vê, o corpo. Ela já fala do seu corpo, do seu
ego, como sendo ela.
O seu ego, o invólucro, o roupão físico que envolve o ser,
está então formado e o espírito, a fonte, o Eu, deixa de comu-
nicar com a criança se ela não o fizer conscientemente. Ou seja,
o canal de comunicação permanente, automática, inconsciente,
com o espírito, fecha-se. A criança, com um espírito indepen-
dente, ligada a um ser uno, tem, a partir dessa altura, um ego
que lhe permite começar a exercer o seu livre-arbítrio, quer di-
zer a mandar na sua vida como bem o entender.
Chama-se religar à comunicação com o espírito que se faz, a
partir de então, de um modo consciente, ou seja, a partir da ma-
téria, a partir do ego e já não inconscientemente. A criança dei-

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xou de estar ligada permanentemente. A partir daqui, só se liga


ou se religa quando ela, a criança, o decide. Se o decidir, claro.
Dos zero ao ano e meio, a criança está em contacto perma-
nente com a fonte. Do ano e meio aos sete, a criança ora está
em contacto inconsciente com a fonte, ora está em contacto
consciente com a matéria. É a fase de transição. A partir dos
sete anos, só estará em contacto com a fonte quando ela (neste
caso a criança no seu ego) decidir fazê-lo. Curioso privilégio, o
de poder decidir religar-se ou não. E, para te religares, aquilo
que precisas de aprender é a libertar-te do ego, voltar a relem-
brar que és um todo, uma lanterna, uma alma que deve viver a
matéria, servir-se dela, mas não viver para ela.
A criança fechou o canal permanente. Só acede à fonte quan-
do decide fazê-lo. Mas a fonte, essa, não desaparece. Permanece
lá. Dentro da criança. E continua a comunicar com a criança.
Embora deixemos de o escutar a partir de certa idade, o espíri-
to, o Eu, continua dentro de nós bem atento. A criança é que
está menos aberta a essa comunicação extra-sensorial. A partir
daqui, a decisão de religação à fonte interior dependerá do grau
de identificação que ela tiver com o ego. Esta identificação pode
ser tão forte que ela deixa de ouvir a vozinha interior do Eu.
E como é que o Eu se manifesta? Ele manifesta-se-nos através
de sonhos, de memórias, de visões, de intuições, de insights que
tomam as mais variadas formas e aparências.
Se seguires o teu caminho sem ouvir o Eu, ele alerta-te, co-
munica contigo através da intuição em primeiro lugar, depois
na matéria, no ego, através das emoções e, por fim, também na
matéria, no corpo físico. É aqui que podemos afirmar que ser
equilibrado é estar atento à intuição, ao que o ser interior nos
quer fazer entender.

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3. E tu, serás índigo?

No fim do capítulo anterior, falámos de crianças não livres,


de autistas, de mongolismo, de crianças hiperactivas, de crian-
ças índigo ou de crianças estrela.
E dissemos que estava na moda falar-se muito disto. Vê-
-se filmes, lê-se livros, assiste-se a palestras. Enfim. Tornou-se
actual. E porquê?
É que, de facto, uma das tendências a que temos vindo a as-
sistir, nos últimos anos, é ao nascimento de um cada vez maior
número de crianças algo diferentes. E diferentes, sobretudo, no
modo como reagem ao envolvimento social da humanidade.
Aliás, muitos técnicos especialistas em lidar com pessoas, e par-
ticularmente com crianças, conseguem verificá-lo.
Não, não é que se tornam diferentes depois de nascer devido
aos computadores. Já nascem com outro tipo de estrutura, de
pré-disposição.
Este tipo de crianças já existia, mas agora a quantidade é
muito maior. E tenderá a sê-lo cada vez mais.
Como são diferentes, na sociedade estamos inclinados a achar
que são crianças com problemas. Mas elas são é inadaptadas.

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Ora bem, de que estamos a falar?


Todas as crianças que nascem, nascem abertas, ligadas à
fonte. Já vimos.
Dizia eu no capítulo anterior que, a partir dos sete anos,
a decisão de re-ligação à fonte interior dependeria do grau de
identificação que a criança tivesse com o ego. E que essa iden-
tificação poderia ser tão forte que a criança deixaria de ouvir a
vozinha interior do Eu.
Não existe a criança normal. Cada criança é uma individua­
lidade. Mas nascem todas abertas, ligadas. Só que há algumas
que se tornam muito rapidamente crianças muito fechadas (vi-
vendo no mundo do ego, na separação) e outras que se mantêm
muito abertas e ligadas. E não é por serem influenciadas pelo
envolvimento. Todas o são. O que se passa é que reagem de ma-
neira diferente ao envolvimento, como já o disse. As fechadas
são os pequenos adultos, muito intelectualizados, muito terra
a terra, que não gostam de contos de fadas. As abertas são as
sonhadoras, que não têm os pés na terra. Não mudam com o
ambiente. Vão sempre ao contrário da sociedade, pois elas estão
mais identificadas com a fonte do que com o ego.
E não é preciso esperar pelos sete anos. As crianças que se
mantém muito ligadas a partir dos três anos, sem mostrar sinais
de começar pouco a pouco a fechar o ego, nesta sociedade em
que vivemos, em que o deus é o ego, têm tendência a tornar-se
inadaptadas. Já nessa idade a sociedade lhes chama difíceis, mas
elas não se acham difíceis. Elas acham é que a sociedade é difícil.
As crianças inadaptadas não estão doentes. São apenas di-
ferentes.
Nos EUA, chamam-lhes as ADD (attention deficit disorder),
o que quer dizer que não conseguem focar a atenção, ou mesmo

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ADHD (attention deficit hiperactivity disorder), ou uma coisa pa-


recida. Adoram siglas. Adoram rótulos.
Afinal de contas, encontraram um rótulo para estas crianças:
ADD ou ADHD.
E, como a sociedade precisa de rótulos para se sentir con-
fortável, arranjou mais dois ou três, o de criança índigo sendo
o mais apetecível.
Porque, de facto, se parares um bocadinho para pensar nes-
tes dois rótulos, ADD e ADHD, cheiram a má rês.
Mas Índigo já não. Uma criança índigo é especial. É um
rótulo bom... É apetecível... Apetece ser índigo...
Mas olha lá, já reparaste que todas as crianças entre um ano
e meio e três anos são hiperactivas? Todas as crianças! Nunca se
cansam. Estão sempre a fazer qualquer coisa. O que é norma-
líssimo. Não tem nada de mal. Mas o problema é que, após os
três anos, a sociedade espera que elas entrem na linha e, como
elas não se adaptam ao ego, a sociedade dá lhes um rótulo mau:
hiperactivas.
De facto, elas podem ser distraídas, desobedientes, imposi-
toras, contraditoras, hiperactivas, sonhadoras, inoperacionais...
E quais são, afinal, as características destas crianças ligadas?
Estas crianças têm muito mais tendência a permanecer crian-
ças, no sentido de fantasiar, sonhar, idealizar.
A criança a que se dá o rótulo de ADD não tem, de facto,
deficiência de atenção, ela tem é muito mais atenção, só que
não a restringe à sala onde está. Ela desaparece do recinto, de-
saparece da sala. Ela está presente no ambiente em redor. Está
atenta a tudo. Capta milhares de coisas. A atenção está em todo
o lado, em milhares de coisas, não está é focada no professor. E é
atenção proveniente da intuição. Ela está literalmente ligada ao

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ambiente. Parece uma borboleta. A atenção fica pouco tempo


em cada objecto. Em alguns segundos, ela capta muito mais do
que a criança “normal” em 30 minutos. Esta criança não foca
a atenção dum modo muito dirigido. Deixa-a passear-se. Mas
quando algo lhe interessa e lhe agrada, aí sim, ela foca.
A diferença básica entre o ADD e o ADHD é que a hiperacti­
va tem de levar o corpo para onde viajou a atenção. O corpo
tem de ir atrás. Não olha só. Não sente só. Tem de lá ir. Está
sempre em movimento, como se ainda tivesse entre um ano e
meio e três anos.
A criança que permanece ligada à fonte lê o pensamento e o
sentimento dos adultos. Descobre imediatamente o adulto que
não é sincero, que não é genuíno.
E as chamadas crianças índigo pertencem a este tipo de crian-
ças com uma enorme sensibilidade, com muitas percepções extra-
-sensoriais.
O escritor Flaubert, por exemplo, muito conhecido escri-
tor francês, parece só ter aprendido a escrever aos treze anos.
Os grandes pensadores criativos sempre foram, numa enorme
maioria, maus alunos na escola.
Estas crianças índigo, ou estrela, etc... vivem muitas frus-
trações com o modo de agir da família, da escola e da socieda-
de em geral.
Cada criança deve ser aceite tal como é. Mas a sociedade
pretende moldá-las e não as aceitar como são.
Estas crianças detestam responder às perguntas de controlo,
de avaliação. Só gostam de responder às perguntas para as quais
ainda não tenha sido dada a resposta.

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8. O caminho da intuição.
O puzzle

Entrar pelo caminho da intuição é descobrir uma outra di-


mensão dentro de ti e no universo que te envolve. É aprender a
desfrutar de muito mais do que apenas da matéria. É o verda-
deiro estado de evolução. É o caminho de uma vida sem esfor-
ço, sem stress, de autoconhecimento. Em suma, de evolução.
É abrir o caminho da mudança neste mundo.
Não é possível melhorar este mundo. Melhorar implica
medir, implica comparar dois estados, um presente e um fu-
turo, implica portanto tempo e separação. É disso que o ego
gosta, pois assim ele domina. E ele domina a cultura da hu-
manidade há milhares de anos. A sociedade quer melhorar,
as escolas querem melhorar, as pessoas querem melhorar, as
igrejas querem melhorar. É linguagem do ego. Melhorar faz
sentido quando lidas com a matéria, quando estás na escola
da matéria. Mas não faz sentido melhorar quando se trata da
escola do ser, da escola da vida.
Há milhares de anos que queremos melhorar.

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Já viste no que deu? Valeu a pena.


Mas se olhares atentamente à tua volta, quase tudo e todos,
dos mais intelectuais aos mais manuais, todos têm o verbo me-
lhorar na boca.
Mas melhorar, na escola da vida, é permanecer.
Destruir também é permanecer. É, aliás, o que fazem os gru-
pos radicais que detestam este mundo e esta sociedade. E, é
claro, acampam no ego. Não saem dele. São iguaizinhos aos
que eles querem destruir. E isso traz mais guerras, mais dor.
E permanecemos. Com uma falta enorme de lucidez, aliás.
Desconstruir! Desconstruir!
Quer dizer deixar cair, deixar desabar, constatar a queda,
constatar a morte de um ciclo. E então criar uma nova realida-
de. É por aqui que passa o caminho da intuição.
O ego detesta a morte. Por isso a humanidade lida tão mal
com ela.
O cérebro, com a sua experiência de dor associada à morte
de milhares de anos, quando sente a morte a chegar, procura
evitar-te essa dor. Por isso o ego só se interessa pela sobrevivên-
cia e nem sequer percebe o que é evolução. Olha agora ao teu
redor. Constata o espectro da morte. Sempre presente. Ouve
as estatísticas dos acidentes. O que ouves sempre? O número
de mortos. Isso é que é grave para a sociedade do ego. Quanto
aos feridos, ninguém sabe se estão a passar por uma dor física
enorme. Não interessa nada. Estão vivos. A sobrevivência foi
alcançada.
Constata, ouve, observa. Fica atento e verás…
Todo o fim de ciclo é uma pequena morte. Ela faz parte da
vida. Só os humanos é que não a entendem. Porquê? Depois
de repetir tantos milhões de vezes que a morte é o pior, é claro

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És um Índigo, um Criador? ... ou não passas de um Repetidor?

que, quem não tem consciência de si próprio, só pode acreditar,


mesmo inconscientemente, que a morte é o mal maior.
Se quiseres, debruça-te mais de perto sobre o modo de
pensar da medicina, e sobre as leis da eutanásia, e do aborto…
Não vou entrar por aqui agora, mas podes começar a partir
pedra por tua conta. Observa. Constata.
O caminho da intuição é o caminho da religação ao ser,
ao um, ao todo, é o caminho da tomada de consciência do
que sou.
A intuição é aquilo a que alguns chamam pensamento cog-
nitivo, ou mesmo ainda, sentimento cognitivo. Aparece em sen-
timento, em imagens, difícil de definir com as palavras, porque
as palavras são duais. As palavras são do mundo do ego e, por
isso, limitadas, tal como o pensamento egotista, o raciocínio, a
dedução.
A intuição constata-se.
E qual a diferença entre intuição e instinto?
Já te fiz esta pergunta antes, mas não respondemos ainda.
O instinto é próprio do reino animal e, portanto, nos hu-
manos, próprio do seu lado animal também. É resultado da
acumulação de experiências do cérebro. Instinto é pulsão de
sobrevivência, procura de prazer. Está ligado às emoções, nos
animais. Nos humanos, está ligado às emoções e ao córtex ce-
rebral.
A intuição está a outro nível. Não tem nada a ver com so-
brevivência. Muita gente confunde medos e desejos, que são
instintos, com intuição.
Mas instinto e intuição são de facto bem diferentes. Uma
dependência sexual, por exemplo, é instintiva. Ao nível da in-
tuição, não há dependências.

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