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Curso: Farmácia Clinica Direcionada à Prescrição Farmacêutica

Disciplina: Legislação Farmacêutica, Comunicação interpessoal e Bioestatística (1)


Identificação da tarefa: Tarefa 4.2. Segunda tarefa final da disciplina. Envio de arquivo.
Pontuação: 15 pontos de 40

TAREFA 4.2

A Estatística é importante para a tomada de decisões, utilizada em todas as atividades, deve


ser levada à sério, caso contrário, pode-se divulgar resultado de pesquisas totalmente
equivocados como aconteceu, recentemente com o resultado da pesquisa feita pelo IPEA.
O Instituto reconheceu o erro na pesquisa que dizia que 65% dos brasileiros concordam que
mulheres que mostram corpo merecem ser atacadas. Na verdade, são 26%. A pesquisa
denominada “Tolerância social à violência contra as mulheres" foi destaque no Brasil pelo
resultado com número de maior repercussão mostrava que 65% dos brasileiros concordavam
com a afirmação "mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas".
O pesquisador pediu exoneração do cargo.  
Fonte: http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?
option=com_content&view=article&id=21971

Faça a leitura da errata da pesquisa que está disponível na biblioteca e elabore um texto
opinativo sobre o resultado da pesquisa e quais as possíveis causas, desses erros, dentro do
que você aprendeu em Bioestatística.

O texto deve ter entre 500 e 1.000 palavras, excluídas as referências bibliográficas. Vale de 0
(zero) a 15 (quinze) pontos desde que você envie no prazo determinado e alcance os
objetivos propostos.

Resposta

Sobre a pesquisa “Tolerância social à violência contra as mulheres” o tema por si só já


guarda diversos conceitos e ideias altamente preconceituosas da sociedade, que de tão
machista, influenciam inclusive o comportamento das mulheres, que no caso eram o alvo da
pesquisa. Observando o estudo, definir sua metodologia é tarefa crítica, em um tema como
este, é extremamente difícil definir o grupo a ser entrevistado, pois a amostra, se não muito
for bem selecionada, por técnicas adequadas, pode trazer viés no resultado (FREITAG,
2018; PEREIRA & GALVÃO, 2014; AYRES, et al., 2007).
O que se buscou foi caracterizar a amostra, e sua opinião sobre o tema. Mas com que
objetivo? Simplesmente demostrar a opinião dos entrevistados, ou ditar um novo
comportamento? Se a maioria absoluta dos entrevistados tivessem declarado que
concordam, que mulheres que colocam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas,
a população poderia inferir que para mitigar os ataques a mulheres, basta que usem burcas?!
Demonstrando uma técnica estatística inferencial deturpada. Poderiam ainda chegar ao
absurdo de declara que estas mulheres são corresponsáveis pelo seu destino, já que técnicas
estatísticas inferenciais nos permitem elaborar teses (LAPA, 2021; DE SOUZA PENA, 2012).

Para tal pesquisa, o primeiro ponto a ser questionado é a técnica de amostragem


empregada, já que, se os entrevistados pertencem a uma determinada faixa etária ou grupo
religioso, a resposta seria totalmente tendenciosa e com viés. O ideal seria não fazer tal
pesquisa, o tema por si só já incita a violência contra a mulher, afinal esta parece poder ser
atacada, isso só de consider o tema. Mas já que tal pesquisa foi infelizmente realizada, a
melhor técnica de amostragem seria a aleatória estratificada, devendo ser probabilística,
onde seria divido os grupos (estratos) e a pesquisa seria aplicada, com o objetivo de alcançar
a representatividade da amostra (BOLFARINE, 2005).

A variável encontrada foi se “mulher com roupas que mostram o corpo merecem ser
atacadas” ou NÃO, uma variável quantitativa discreta, pois apontou no final o número de
entrevistados que discordam ou concordam com a afirmação. Para dar maior robustez a
pesquisa, o cálculo do tamanho da amostra, definir o erro amostral e o intervalo de
confiança seriam vitais (OLIVEIRA, SANTANA & LOPES, 1997). Lógico, que o pesquisador do
Ipea cometeu um erro com os dados, que pode ter sido fomentado por seu próprio
machismo, mas ao traçar o intervalo de confiança, poderia apontar o tamanho do resultado
na população de origem, e a margem de incerteza nos cálculos.

O pesquisador utilizou um infográfico para ilustrar o resultado da pesquisa, que


lembra um histograma, já que é uma pesquisa de ampla leitura, inclusive, em sua maioria
por leigos em estatística e que não são pesquisadores. A pesquisa como quantitativa
discreta, apresentou frequência sem intervalo de classe, a resposta pode ser concordo
totalmente, concordo parcialmente, neutro, discordo parcialmente e discordo totalmente.
Então havia um rol, onde os dados estão representados em determinada ordem
(GERHARDT, 2009).

O erro que ocorreu com o cálculo percentual, onde o divulgado foi que 65% dos
brasileiros concordavam com a afirmação, quando na realidade, apenas 26% concordaram,
pode ter ocorrido por vários fatores, como troca dos valores na hora de tabular os dados,
erro no cálculo percentual, etc. Mas o que causa um certo desconforto, é que parece ter sido
a opinião do pesquisador, que causou tamanha confusão. De tão convencido que a mulher é
responsável por ser agredida, acabou trazendo um erro ao seu trabalho.

Referências Bibliográficas

AYRES, Manuel et al. Aplicações estatísticas nas áreas das ciências bio-médicas. Instituto
Mamirauá, Belém, v. 364, 2007.

BOLFARINE, Heleno; DE OLIVEIRA BUSSAB, Wilton. Elementos de amostragem. Editora


Blucher, 2005.

DE SOUZA PENA, André et al. Alguns métodos estatísticos voltados às unidades de


informação. Biblios, n. 46, p. 1-13, 2012.

FREITAG, Raquel Meister Ko. Amostras sociolinguísticas: probabilísticas ou por conveniência?.


Revista de estudos da linguagem, v. 26, n. 2, p. 667-686, 2018.

GERHARDT, Tatiana Engel; SILVEIRA, Denise Tolfo. Métodos de pesquisa. Plageder, 2009.

LAPA, Luis. Testes estatísticos: breves reflexões. Reflexões em torno de Metodologias de


Investigação: recolha de dados, v. 2, p. 73-86, 2021.

OLIVEIRA, Nelson F. de; SANTANA, Vilma S.; LOPES, Antonio Alberto. Razões de proporções e
uso do método delta para intervalos de confiança em regressão logística. Revista de Saúde
Pública, v. 31, n. 1, p. 90-99, 1997.

PEREIRA, Mauricio Gomes; GALVÃO, Taís Freire. Heterogeneidade e viés de publicação em


revisões sistemáticas. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 23, p. 775-778, 2014.

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