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MANUAL DE EXEGESE

DO
ANTIGO TESTAMENTO
FABIO SABINO DA SILVA

MANUAL DE EXEGESE
DO
ANTIGO TESTAMENTO
UMA CRÍTICA EM EZEQUIEL 28

São Paulo
2009
© by Fabio Sabino da Silva

Diagramação:
Dálet - Diagramações - (11) 3241-1045

Revisão:
Dr. Caramuru Afonso Francisco
Ivan Guariroba

Revisão do Hebraico:
O Autor

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

XXXXX .
XXXX XXXXX.
– São Paulo: Ed. Academia Cristã, 2009.

ISBN 978-85-98481-XXXXX

XXXXXX I. Tìtulo. II. Série.

CDD -XXXX
-XXXX
-XXXX
XXXXX -XXXX

Índices para catálogo sistemático:

1. XXXXX 261.2
2. XXXXX 296.09
3. XXXXX 241.2
4. XXX 227.06

Editora Academia Cristã


Rua Vitória Régia, 1301 - Campestre
09080-320 - Santo André - SP
Tels./Fax: (11) 4424-1204 - Vendas: (11) 4421 81 70
E-mail: academiacrista@globo.com
Site: www.editoraacademiacrista.com.br
SUMÁRIO

ABREVIATURAS MAIÚSCULAS ...............................................................11

ABREVIATURAS MINÚSCULAS ...............................................................13

ABREVIATURAS DOS LIVROS BÍBLICOS ...............................................15

SISTEMA DE TRANSLITERAÇÃO ............................................................17

PREFÁCIO DO AUTOR................................................................................19

AGRADECIMENTOS....................................................................................21

APRESENTAÇÃO .........................................................................................23

INTRODUÇÃO ..............................................................................................25

O LIVRO DE EZEQUIEL ..............................................................................27


Introdução ....................................................................................................27
1. O Tema Central do Livro .......................................................................27
2. Autoria ......................................................................................................27
3. A Estrutura do Livro ..............................................................................30
4. Formas Literárias ....................................................................................31
5. Sua Mensagem.........................................................................................32
BIBLIOGRAFIA SELECIONADA ............................................................34

A CRÍTICA TEXTUAL DO ANTIGO TESTAMENTO .............................37


Introdução ....................................................................................................37
O meio científico .........................................................................................39
A Crítica em Geral ......................................................................................39
1. Baixa crítica ............................................................................................39
2. Alta crítica ..............................................................................................39
6 SUMÁRIO

A Crítica Textual .........................................................................................39


1. A origem da ciência ..............................................................................39
2. Métodos empregados ...........................................................................40
3. As causas dos erros nos manuscritos .................................................40
A Massorá ....................................................................................................44
A Atitude dos Estudantes Medievais para a ..........................................45
Multiplicidade Textual ...............................................................................45
1. Maimônides (Rambam), Hilkhot Sefer Torá 8, 4 ..............................45
2. R. Meir, na sua introdução aos massoretas .......................................45
3. R. Yom Tov em seu trabalho, Tikkun Sefer Torah ...........................46
A Crítica das Fontes ....................................................................................46
Os manuscritos hebraicos ..........................................................................46
A Metodologia da Crítica Textual ............................................................47
A crítica textual envolve evidências externas e internas .......................48
1. Evidências externas ..............................................................................48
2. Evidências internas ...............................................................................49
As Tendências dos Escribas .......................................................................51
1. Mudanças não intencionais .................................................................51
2. Mudanças intencionais.........................................................................57

A CRÍTICA LITERÁRIA DO ANTIGO TESTAMENTO ..........................59


Introdução ....................................................................................................59
1. Delimitação Textual ..............................................................................59
1.1. Normas para delimitar um texto: ..................................................60
2. A Análise Textual..................................................................................61
Capítulo 26 de Ezequiel .............................................................................62
3. A Análise Temática (ou verdade central) ..........................................62
4. A Análise Interpretativa (ou etimológica).........................................63
BIBLIOGRAFIA SELECIONADA ............................................................64
MORFOLOGIA ...........................................................................................67
Classe de Palavras .......................................................................................67
1. Substantivo ............................................................................................67
1.1. O substantivo no hebraico ..............................................................67
1.11 Masculino .......................................................................................68
1.12 Feminino.........................................................................................68
1.13 Masculino plural ...........................................................................69
1.14 Feminino plural .............................................................................69
1.2. O Caso..................................................................................................69
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 7

1.21 O uso do caso nominativo ............................................................69


1.22 O uso do caso genitivo (construto) ..............................................70
1.23 O uso do caso acusativo ................................................................70
2. Adjetivo ....................................................................................................70
2.2. O adjetivo no hebraico ......................................................................71
2.11 O gênero masculino .......................................................................71
2.12 O gênero feminino .........................................................................71
2.13. O uso atributivo ............................................................................72
2.14. O uso predicativo ..........................................................................72
3. Verbo .........................................................................................................72
3.1. Conjugação..........................................................................................73
3.11 Formas especiais de conjugação ..................................................73
3.12 Verbos impessoais e unipessoais .................................................74
3.13 Verbos com duplo particípio passado ........................................74
3.2. O verbo no hebraico ..........................................................................74
3.21. Conjugação.....................................................................................75
4. Pronome .................................................................................................78
4.11 Pronomes pessoais .........................................................................78
4.12 Pronomes pessoais reflexivos e recíprocos ................................78
4.13 Pronomes possessivos ...................................................................79
4.14 Pronomes demonstrativos ............................................................79
4.15 Pronomes relativos ........................................................................79
4.16 Pronomes interrogativos ...............................................................79
4.17 Pronomes indefinidos ...................................................................80
4.2. O pronome no hebraico ....................................................................80
4.21 O pronome pessoal ........................................................................80
4.22 Os pronomes demonstrativos ......................................................81
4.23 O pronome relativo........................................................................81
4.24 Os pronomes possessivos .............................................................82
4.25 Os pronomes interrogativos .........................................................83
5. Artigo ........................................................................................................83
5.1. O artigo no hebraico ..........................................................................83
6. Preposição ................................................................................................84
6.1. Locução prepositiva...........................................................................84
6.2. A preposição no hebraico .................................................................84
7. Conjunção ................................................................................................85
7.1. A conjunção no hebraico ...................................................................85
8. Interjeição .................................................................................................86
8 SUMÁRIO

8.1. A interjeição no hebraico ..................................................................86


BIBLIOGRAFIA SELECIONADA ............................................................86

ANÁLISE MORFOLÓGICADE EZEQUIEL 28 .........................................89


Introdução ..................................................................................................89
Introdução ..................................................................................................90
Resumo geral do versículo primeiro ......................................................93
1. Fundo histórico .....................................................................................142
2. O conceito da filologia..........................................................................143
Comentário ................................................................................................144
1. Origem e significado do termo paraíso ...........................................144
2. O uso na literatura judaica ................................................................144
3. O termo usado por Cristo ..................................................................145
Fundo Histórico ........................................................................................153
1. Os guardiões do paraíso ....................................................................153
2. A visão de Ezequiel ............................................................................153
3. A relação de querubins com outros anjos .......................................154
4. Relatos do talmud e midrash ............................................................154

DELIMITAÇÃO DO TEXTO – CAPÍTULO 26..............................................177


Introdução ..................................................................................................177
1ª Perícope ................................................................................................177
2ª Perícope ................................................................................................179
3ª Perícope ................................................................................................179
4ª Perícope ................................................................................................180
5ª Perícope ................................................................................................181
6ª Perícope ................................................................................................182

DELIMITAÇÃO DO TEXTO – CAPÍTULO 27..............................................185


1ª Perícope ..................................................................................................185
2ª Perícope ..................................................................................................186
3ª Perícope ..................................................................................................197
4ª Perícope ..................................................................................................200
5ª Perícope ..................................................................................................202
6ª Perícope ..................................................................................................215

DELIMITAÇÃO DO TEXTO – CAPÍTULO 28..............................................219


1ª Perícope ..................................................................................................219
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 9

2ª Perícope ..................................................................................................222
3ª Perícope ..................................................................................................224
4ª Perícope ..................................................................................................224

CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................249

O Alfabeto Ugarítico ....................................................................................252

GLOSSÁRIO .................................................................................................253

BIBLIOGRAFIA GERAL .............................................................................261


ABREVIATURAS MAIÚSCULAS

ACF A Bíblia Sagrada. Trad. João Ferreira de Almeida. Edição Corrigida


Fiel, Sociedade Bíblica Trinitariana, 1995.
ARA A Bíblia Sagrada. Trad. João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada,
2ª edição. Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.
ARC A Bíblia Sagrada. Trad. João Ferreira de Almeida. Edição Revista e
Corrigida. São Paulo: Editora Vida, 1981.
AT Antigo Testamento.
BDB F. Brown, S.R. Driver; C.A. Briggs. The Brown-Driver-Briggs Hebrew
and English Lexicon. 4ª edição, 1999.
BHS K. Elliger & W. Rudolph. Biblia Hebraica Stuttgartensia. 5ª ed., 1997.
BJ A Bíblia de Jerusalém. 7ª impr., 1995.
GKC K.C. Gesenius. Gesenius’ Hebrew Grammar. Oxford: Clarendon Press,
19ª edição, 1998.
HALOT W. Baumgartner & L. Koehler. The Hebrew and Aramaic Lexicon of the
Old Testament. Leiden/New York/Köln: E. J. Brill.
L Códice de Leningrado B19a.
LAS L. Alonso Schökel. Dicionário Bíblico Hebraico-Portugues. São Paulo:
Paulus, 1997.
LXX Septuaginta (Tradução Grega dos Setenta).
Mp Masora parva.
1Qª Primeiro Manuscrito da Primeira Gruta de H ̣irbet Qumran.
1Qb Segundo Manuscrito da Primeira Gruta de H ̣irbet Qumran.
TM Texto Massorético.
TWOT Harris, R. Laird et alii. Dicionário Internacional de Teologia do Antigo
Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1998.
WCHS K.W. Bruce & M. O‘Connor. An Introduction to Biblical Hebrew Syntax.
Eisenbrauns: Winona Lake, Indiana. 1990.
ABREVIATURAS MINÚSCULAS

abs. ..............absoluto ctxt .........context impv. ..... imperativo


abstr. ...........abstrato dat. .........dativo inf. ......... infinitivo
acc. ..............caso acusativo def. .........defectivo ins. ......... inserto
adj. ..............adjetivo dem. .......demonstrativo inter. ...... interrogativo
adv. .............advérbio denom. ...denominativo interj. ..... interjeição
aff. ...............aformativo der. .........derivado de intr. ........ intransitivo
affirm. ........afirmativo det. .........determinado inv. ......... inversão
al, ou, alii ...outras pessoas dimin. ....diminutivo juss. ....... jussivo
alt. ...............alternativa dittogr. ...ditografia meth. ..... metátese
anm.............nota, observação dl. ...........deletado pl. ........... plural
ann. .............anais du ...........dual poss. ...... possessivo
aor. ..............aoristo dub .........duvidoso prb. ........ provável
app. .............apêndice ed............edição, editor procl. ..... próclise
arch. ............arcaico emend ....emendas saec. ....... século
archt............arquitetônico emph. .....enfático subst. ..... substantivo
art................artigo definido encl. ........enclítica sffx......... sufixo
assev. ..........asseverar etym .......etimologia simil. ..... similar
assim. .........assimilado euph. ......eufemismo s.v. .......... substituir
attrib. ..........atributivo fig. ..........figurativo tiq. ......... correção
ca. ................cerca de fin. ..........finitivo trsp ........ inversão
caus. ............causativo foll ..........seguido unc......... incerto
cf..................confira frag. ........fragmento usu......... usual
cj. .................conjetura frt............possível v.i. .......... referência
coh. .............coortativo fut. ..........futuro var ......... variante
coll. .............coletivo gem. .......geminado vol. ......... volume
Comm. .......comentários gen..........genitivo
comm..........gênero comum gl.............glossa
comp. ..........comparativo gutt.........gutural
conj. ............conjunção hapax. ....hapax legomenon
conn. ...........conectar com hapl. .......haplografia
cons.............consoante hif. ..........hiphil
consec. ........consecutivo ibid. ........mesma citação
crrpt. ...........corrompido id. ...........mesmo significado
cstr. .............construto impf........Imperfeito
ABREVIATURAS
DOS LIVROS BÍBLICOS

Gn Gênesis Na Naum
Ex Êxodo Hab Habacuque
Lv Levítico Sf Sofonias
Nm Números Ag Ageu
Dt Deuteronômio Zc Zacarias
Js Josué Ml Malaquias
Jz Juízes Sl Salmos
I Sm 1º Livro de Samuel Jó Jó
II Sm 2º Livro de Samuel Pr Provérbios
I Rs 1º Livro dos Reis Rt Rute
II Rs 2º Livro dos Reis Ct Cântico dos Cânticos
Is Isaías Ecl Eclesiastes/Coélet
Jr Jeremias Lm Lamentações
Ez Ezequiel Est Ester
Os Oséias Dn Daniel
Jl Joel Esd Esdras
Am Amós Ne Neemias
Ob Obadias ICr 1º Livro das Crônicas
Jn Jonas II Cr 2º Livro das Crônicas
Mq Miquéias
SISTEMA DE TRANSLITERAÇÃO

´ ......................................forma não pronunciável


` ......................................forma não pronunciável
ä......................................equivalente a pronúnica de “á”
b .....................................equivalente a pronúncia de “v”
d .....................................equivalente a pronúncia de “d”
ü ......................................equivalente a pronúncia de um “e” esvaído
ë ......................................equivalente a pronúncia de “e”
g .....................................equivalente a pronúncia de “g”
h .....................................equivalente a pronúncia de “r”
H .....................................equivalente a pronúncia de “r”
H .....................................um “h” pequeno e elevado é uma forma não pronunciável
k .....................................equivalente a pronúncia de “k”
ö .....................................equivalente a pronúncia de “ô”
p .....................................equivalente a pronúncia de “f”
š ......................................equivalente a pronúncia de “sh”
S ......................................equivalente a pronúncia de “s”
c ......................................equivalente a pronúncia de “ts”
t ......................................equivalente a pronúncia de “t”
y .....................................equivalente a pronúncia de “i”
w.....................................equivalente a pronúncia de “v”
PREFÁCIO DO AUTOR

Há mais de doze anos que tenho apreço pelas línguas semíticas e por
elas que pesquiso minhas dúvidas concernentes aos textos bíblicos.
Após estudar as disciplinas Aramaico Bíblico e Aramaico Tar-
gúmico na Universidade de São Paulo (USP), esta fez surgir ainda
mais luz aos meus conceitos críticos, científicos e literários.
Foram dias analisando variantes, decodificando o aparato críti-
co de edições em hebraico, aramaico e grego, para que assim, tivesse
compreensão da visão dos autores. Após iniciar estudos nas línguas,
acádica, ugarítica e copta, saltou-me o desejo de se obter informações
preciosas de textos bíblicos em português.
Através desse caminho recordei-me de acalorados debates teoló-
gicos e discussões acerca de textos bíblicos.
Sei que não é preciso ser um doutor na Bíblia Sagrada, pois mui-
tos se acham donos da verdade; todavia, um só é e sempre será a
verdade...O Eterno! Aquele que procura a verdade terá no caminho
grandes desafios para encontrá-la. O que me chama atenção é o signi-
ficado da palavra verdade. No hebraico ela é composta por três con-
soantes: o Alef, Mem e Tav,  (´émet).
Alef é a primeira consoante do alfabeto hebraico: Mem, a do meio e
Tav, a última. Há uma mensagem contida nesta palavra: para alcançar
a “verdade” é necessário analisar o começo, o meio e o fim; caso contrá-
rio, seria apenas uma faceta da questão em pauta. Assim, seria impos-
sível ter uma visão clara e verdadeira do assunto.
Procuro ser um expectador de grandes mestres e doutores. Pois foi
por intermédio deles que obtive a força de expressar minha análise crítica
no presente trabalho e sinto-me honrado por aqueles que despertaram e
ainda despertam os desejos do aprendizado científico em minha vida.
O presente trabalho procura detalhar aspectos panorâmicos da
Crítica Textual, Literária, Análise Morfológica e Conceito Teológico.
Como todo bom professor, deixei algumas indagações no presente
trabalho para fim de pesquisas e críticas.
AGRADECIMENTOS

Minha gratidão aos meus alunos de Hebraico Bíblico e Grego


Bíblico da Faculdade Evangélica de São Paulo (FAESP) que foram os
primeiros críticos aos meus argumentos, pois são os iniciadores de
novas pesquisas em todos os campos.
Que a vida não seja meritória de reflexo dos dias passados, mas a
certeza inculcada dentro da vontade de cada um.
Aos meus companheiros docênciais, que me auxiliaram e ajuda-
ram nessa labuta.
Riqueza, seja o conhecimento válido e praticado.
Em especial aos meus grandes amigos, professores, pastores e crí-
ticos; Edson Hanna Machado e Lázaro Edson Alves, que ajudaram a
pensar e repensar, deletar e acrescentar informações precisas.
Que o dia seja o início de novas conquistas e que a noite sempre
venha para exaltá-los.
Também a minha inestimável amiga de anos, Rute Ilídia, que sem-
pre esteve ao meu lado, acreditando em meu potencial.
Que os sonhos nunca sejam esquecidos, mas que a realidade seja
o início de vitórias e concretizações.
Ao meu ilustre Prof. Dr. Reginaldo Gomes de Araújo da Universide
de São Paulo (USP), que me despertou para o conhecimento do
Aramaico Bíblico e Aramaico Targúmico.
Aos professores, Dr. Caramuru Afonso Francisco e Ivan Guariroba,
companheiros da Faculdade Evangélica de São Paulo (FAESP) que fi-
zeram a revisão do português deste trabalho.
Ao professor, Dr. Edson de Faria Francisco da Universidade
Metodista de São Paulo (UMESP), que fez a revisão do hebraico deste
trabalho.
Que a realidade de hoje, seja sempre, a certeza do amanhã triunfante.
22 FABIO SABINO DA SILVA

Agradeço imensamente aos meus familiares e ao Eterno, por me


presentear este trabalho com sua conclusão no mês e dia em que nasci.
Se exaltado, ó Deus, sobre os céus e seja a tua glória sobre toda a
terra.

     


todos a minha sincera e eterna gratidão.

São Paulo, 22 Julho de 2008.

Prof. Fabio Sabino da Silva


prof.fabiosabino@yahoo.com.br
APRESENTAÇÃO

O Prof. Fabio Sabino, de maneira brilhante e num estilo culto,


no contexto da inteligência de quem cultiva intimidade com Deus
e com as línguas originais das Escrituras Sagradas, hebraico, ara-
maico, grego e outras, apresenta, de modo renovador e com rique-
zas de detalhes, não só uma visão panorâmica e sucinta do Livro de
Ezequiel mas também uma análise profunda e segura do Capítulo
28 do Profeta Ezequiel mostrando, objetivamente, o real conteúdo
do citado capítulo.
De fato, o Prof. Sabino, na sua “Análise Morfológica e Crítica
Textual”, argumenta de forma convincente, lógica e racional que o
Capítulo 28 de Ezequiel não enfatiza a queda de Satanás, mas, sim,
a realidade teológica, histórica, geográfica e econômica (comer-
cial) do então poderoso, exaltado e arrogante Itobaal II, rei de Tiro,
Cidade-Estado, não menos poderosa no comércio internacional, nas
artes, nas letras, nas grandes indústrias do que em possantes frotas
de navios.
Paulo, o Apóstolo dos Gentios, sabiamente advertia: “Orarei com
o espírito, mas também com o entendimento” - com a mente; (“nous”,
no grego, razão, termo cunhado de Aristóteles), I Coríntios 14:15. A
verdadeira inteligência ou sabedoria não se opõe à realidade da Bíblia
como poderia pensar algum “apressado espiritual”!
O primeiro exemplo de análise morfológica e de crítica textual
está, certamente, na própria Bíblia, no Antigo Testamento, através do
grande exegeta e exímio expositor de Bíblia, o escriba Esdras e sua
equipe (os levitas): “E Esdras abriu o Livro perante os olhos de todo o
povo (...) E leram o livro, na Lei de Deus: e declarando e explicando o
sentido, faziam que, lendo, se entendesse” (Neemias 8:5-8).
Assim é que, em resumo, o estudioso e preparado mestre das le-
tras sagradas, Prof. Sabino, declara, explica o real e o verdadeiro sen-
tido de Ezequiel 28 para que, lendo-o, sempre seja entendido.
24 FABIO SABINO DA SILVA

O mundo evangélico brasileiro enriqueceu-se, significativamente,


com esta obra teológica, inédita em nossos meios acadêmicos, da la-
vra de um teólogo autóctone e competente.

Dr. Agnaldo Leite do Sacramento


Membro da Academia de Letras da Grande São Paulo.
INTRODUÇÃO

O presente trabalho procurará enfocar o assunto de muitos


anos acerca de Ezequiel 28, onde se insere o conceito da queda de
Satanás.
O problema é que os relatos acerca da afirmação do texto, em fa-
zer menção dessa queda, foram por métodos equivocados, onde se
isolaram palavras para assim afirmarem.
Todo bom seminarista e teólogo sabem que não pode haver ra-
ciocínio lógico, sem o método do contexto geral, remoto, paralelo e
gramatical.
Sei que está preconizado esse raciocínio no mundo teológico e
cristão, mas como seres pensantes e críticos, não pude deixar de ques-
tionar essa tese e demonstrar que é preciso voltar às regras e nunca
esquecê-las.
O trabalho terá como início uma visão panorâmica acerca do livro
de Ezequiel, para conhecermos suas estruturas, seus temas e seus ob-
jetivos.
Logo após, uma explicação do que é a crítica textual e literária,
pois é por elas que todo o trabalho é feito.
Sei que talvez para os grandes exegetas, faltou a análise das for-
mas e fontes; entretanto, procurei inserir o mesmo, em uma análise
minunciosa dos conceitos etimológicos de cada palavra do texto de
Ezequiel 28, para que assim tivesse luz das fontes e formas utilizadas
pelo autor.
Como lidarei com conceitos morfológicos, procurei detalhar a
morfologia do português, comparando, assim, com o hebraico, não
pretendi fazer uma gramática de hebraico e, sim, lançar luz aos inicia-
dores que estão nesse caminho de aprendizado gramatical.
O conceito teológico responde e conclui todo o trabalho realizado
pela seguinte indagação: pode o texto de Ezequiel 28 fazer menção da
queda de Satanás?
26 FABIO SABINO DA SILVA

Foi por essa indagação que procurei ver se realmente procede ou


não as informações de muitos anos. Os métodos aqui empregados po-
dem ser feitos em qualquer outro texto bíblico, levando sempre em
conta o pensamento único do autor e não em silogismo e falácia.
O LIVRO DE EZEQUIEL

Introdução

Antes de analisar o que é a crítica textual e seus pormenores, far-


se-á uma visão panorâmica sobre o livro do profeta Ezequiel. Após o
assunto, tratar-se-á, específicamente, sobre o que é a crítica textual,
suas funções e seus resultados. E para finalização, uma análise morfo-
lógica do capítulo 28 de Ezequiel, como também uma análise teológi-
ca de tudo que foi inserido e discutido.

1. O Tema Central do Livro

Para um gosto moderno, Ezequiel não atrai nada tão poderosa-


mente como Isaías ou Jeremias. Ele não tem a majestade de um, nem
a ternura e a paixão do outro. As suas imaginações, às vezes, limitam
no grotesco e, às vezes, no mecânico. Porém, ele é uma figura histórica
de suma importância.
Tem-se em Ezequiel a riqueza rara de estudos das profecias bem
cuidadosamente elaboradas cuja autenticidade é praticamente in-
disputável. Em seu livro são refletidas as ordens e precisões de uma
mente sacerdotal no uso arranjado e sistemático do livro. O tema geral
poderia ser descrito amplamente como a destruição e a reconstrução
do estado de Israel; a destruição ocupa exatamente a metade do livro
(cap. 1-24) e a reconstrução o restante do livro (cap. 25- 48).

2. Autoria

Há o consenso que o livro, na forma atual, não seja obra de apenas


um autor. É suposto que os autores dos capítulos 1-32 não sejam os
mesmos que escreveram os capítulos 33-48.1

1
Cf. I. B. Gass. Uma Introdução a Bíblia – Exílio Babilônico e Domínio Persa. 2004, p. 48.
28 FABIO SABINO DA SILVA

É de concordância de vários estudiosos que o livro de Ezequiel


não recebeu sua forma final pela escrita do profeta; todavia, alguns
acreditam que sua forma final é proveniente de seus discípulos e não
de círculo de sacerdotes liderados por Ezequiel. A este pensamento,
ainda há a possibilidade desses discípulos serem membros da família
de Ezequiel. 2
Ainda que os acréscimos sejam aceitos, tendo sido pelos discípu-
los ou círculos de sacerdotes é irracional imaginar que todo livro seja
obra de Ezequiel. Contudo, parece claro para alguns que Ezequiel foi
quem escreveu a sua mensagem.3 Essa dificuldade na diferenciação
do material original e na redação posterior é o que gera incertezas nas
pesquisas.4
Para alguns, não há dúvidas que o livro, na disposição que se en-
contra, é trabalho de redação confusa e da mesma forma que outros
autores, admitem a existência de uma parte importante de profecias
verdadeiras apoiadas na forma “autobiográfica” dos textos do profeta.
Diante de toda a problemática concernente ao assunto surgiram
certas perguntas, tais como: de que forma poderia o profeta que foi
chamado para pregar julgamento sobre Jerusalém fazer isso estando
distante do local? Diante de tais interrogações, ocorreram algumas
tentativas, sem sucesso, de reorganizar um Ezequiel que realmente
merecesse credibilidade. Existe uma concordância que as datas en-
contradas no livro, tais como: 24.1; 26.1; 29.1-17; 30.20 e outras, reve-
lam a obra do profeta, pois marcam através da escrita algumas das
suas palavras.5
Quanto à dificuldade de se saber o local em que Ezequiel atuou
encontramos no início do livro a declaração de que fora chamado en-
tre aqueles que foram deportados. Sendo assim, ele foi um profeta do
exílio e teve a responsabilidade de falar aos exilados. Contudo, existe
a dificuldade de compreender a razão do porque ele fala muito mais de
Jerusalém e Judá do que aos exilados. É realmente muito complicado

2
Cf. A. Bentzen. Introdução ao Antigo Testamento. 1968, p. 141-142.
3
Cf. L. Alondo Schökel; J. L. Sicre Diaz. Profetas II – Grande Comentário Bíblico. 1991,
p. 697-698.
4
Cf. W. H. Schmidt. Introdução ao Antigo Testamento. 1994, p. 236.
5
Cf. N. K. Gottwald. Introdução Socioliterária a Bíblia Hebraica. 1988, p. 450-451;
J.Schreiner. Palavra e Mensagem do Antigo Testamento. 2ª ed. 2004, p. 280.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 29

chegar ao consenso e compreensão do porque que ele foi enviado para


a Babilônia, se deveria falar aos povos de Jerusalém.6
Há grande probabilidade de que Ezequiel 1-39 apresenta a fala
de algum ou de um profeta que viveu em Jerusalém antes da des-
truição da cidade, sendo que um copista ou redator reelaborou sua
fala na Babilônia pelo ano de 573 a.C., pondo em evidência, nas pas-
sagens, as marcas do exílio. Surge, ainda, a conjectura de que talvez
o profeta desenvolveu sua atividade na Palestina e na Babilônia, em
outras palavras, ele foi deportado em 597 a.C. e no exílio recebeu sua
vocação divina e depois retornou para Jerusalém. Somente após a
destruição da cidade que o profeta volta para o exílio com o restante
do povo.
No entanto, este raciocínio traz incertezas e dificuldades, pois o
texto afirma seu lugar como em 1.1. Por isso, parece claro o conceito
da tradição; ou seja, que Ezequiel atuou no exílio e a estes falou. Os
textos de Ezequiel não relatam que ele tivesse tentando falar aos de
Jerusalém, mas as pessoas no exílio (14.1; 20.1), pois para esse raciocí-
nio baseia-se em que os seus companheiros estavam sendo enganados
pelos falsos profetas (12.21; 13.16-23), devido a idolatria na Babilônia
(14.1-11). A razão de o profeta fazer menção de Jerusalém é devido a
um ato de fé do povo que pensava que, enquanto o templo não fosse
destruído, seria possível ter esperanças de um retorno.7
Alguns acreditam que realmente Ezequiel esteve pregando em
Jerusalém, caso contrário poderia ser considerado um fracasso, pois
a mensagem de Ezequiel foi dirigida a casa de Israel, conforme 3.4.
Se Ezequiel não estivesse pregando na Judéia, algumas passagens do
livro se tornariam mera fantasia, pois passagens como 12.3 e 20.31
estariam mostrando que o profeta atuou em Jerusalém.8
Mas, não se pode esquecer que os exilados eram, de certa forma,
uma parcela do povo de Jerusalém. Em síntese, é visto que as evidên-
cias não são corroboradas e, suficientemente, para se reconstruir de
forma plena e segura a história da escrita do livro de Ezequiel.
Percebe-se que houve certas partes do texto que foram reelabora-
das, mas a estrutura principal do livro pode ter sido feita pelo profeta.

6
Cf. J. Schreiner. Palavra e Mensagem do Antigo Testamento. 2ª ed. 2004, p. 276-277.
7
Cf. Ibid. p. 278-279.
8
Cf. A. Bentzen. Introdução ao Antigo Testamento. 1968, p. 142-143.
30 FABIO SABINO DA SILVA

O fato de alguns detalhes parecerem obscuros no livro pode ser devi-


do a tal reelaboração.

3. A Estrutura do Livro

O livro em sua estruturação apresenta, primeiramente, uma forma


clara os ditos dirigidos ao povo de Jerusalém e na segunda apresen-
tação, os ditos contra as nações estrangeiras e a terceira apresentação
aos ditos de salvação.9
Todo o livro tem a essência dos acontecimentos em torno da des-
truição de Jerusalém. Esses acontecimentos se dão durante o desen-
volvimento do texto e prepara para a apresentação da estrutura de
juízo e salvação.10

a) Palavras de juízo contra Israel (1-24);


O chamado de Ezequiel (1.1-3.21);
Sinais de juízo (3.22-5.17);
Ditos de juízo (6.1-7.27);
Visões de juízo (8-11);
Sinais e ditos de juízo (12-19);
Ditos de juízo (20-24);

b) Palavras de juízo contra as nações (25-32);


Amon, Moab, Edom e Filístia (25; 35);
Fenícia e Tiro (26-28);
Egito e o Faraó (29-32);

c) Palavras de salvação (33-39);


Ditos de salvação (33-36);
A visão de uma nova vida (37.1-14);
O sinal de um cetro real (37.15-28);
O triunfo sobre Gogue (38-39);

9
Cf. L. Alonso Schökel; J. L. Sicre Diaz. Profetas II – Grande Comentário Bíblico. 1991,
p. 697-698.
10
Cf. W. H. Schmidt. Introdução ao Antigo Testamento. 1994, p. 238, 242.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 31

d) Visões do novo templo e da terra em descanso (40-48);


O projeto do novo templo (40-42);
A volta do Senhor para o novo templo e as medidas do altar (43);
Regras sobre as funções no culto do templo (44);
Divisões da terra, as ofertas e as festas (45);
Mais regras sobre o templo (46);
O templo como fonte de água viva (47);
A partilha da terra e Jerusalém como cidade aberta (48).11

4. Formas Literárias

O livro registra muitos ditos breves, visões, metáforas, alegorias e


retrospectivas históricas.12
Ezequiel desenvolve sua mensagem através de relatos simbólicos,
outras vezes, por parábolas, mas deve-se considerar que tudo envolve
o castigo de Judá e a destruição de Jerusalém.13
Em Ezequiel, as formas literárias que os profetas usavam para
transmitir suas mensagens desaparecem. Quando ele fala, a palavra
é usada para declarar poemas ou fazer exposições de grandes dimen-
sões.14
As evidências simbólicas no livro relatam uma realidade ou ver-
dade com extrema clareza, através do uso de poucas palavras, que
acompanham a ação, para dar o seu significado.15
Todas os relatos simbólicos conduzem o profeta a representar de
forma muito enérgica ou sensível o juízo do Senhor sobre a cidade,
bem como sua salvação. Elas não são apenas formas peculiares para
transmitir a mensagem oral. Ezequiel se distingue dos outros profetas
pela grande quantidade de vezes em que os relatos simbólicos são
utilizados.16

11
Cf. I. B. Gass. Uma Introdução a Bíblia – Exílio Babilônico e Dominação Persa. 2004, p. 49.
12
Cf. W. H. Schmidt. Introdução ao Antigo Testamento. 1994, p. 237-238.
13
Cf. L. Alonso Schökel; J. L. Sicre Diaz. Profetas II – Grande Comentário Bíblico. 1991,
p. 696.
14
Cf. G. V. Rad. Teologia do Antigo Testamento. 1986, Vol. II, p. 212.
15
Cf. T. Ballarini; G. Bressan. O Profetismo Bíblico – Uma Introdução ao Profetismo e
Profetas em Geral. 1978, p. 53.
16
Cf. J. Schreiner. Palavra e Mensagem do Antigo Testamento. 2ª ed. 2004, p. 285.
32 FABIO SABINO DA SILVA

Existem algumas alegorias do livro de Ezequiel tais como: Jerusa-


lém como uma vinha (15), a esposa do Senhor (6.1-43), águias impe-
riais (17.1-21), a dinastia davídica como uma leoa (19.1-9) e uma vinha
(19.10-14), a espada do juízo (21.1-17), a panela de destruição (24.1-14).
Essa alegorias foram usadas como recurso na tentativa de fazer uma
representação das verdades sobre a queda de Jerusalém e fim de Judá.
As alegorias mostram a punição do povo devido eles terem violado o
juramento do Senhor.17
É evidente que as formas de transmissão da palavra do Senhor tinha
uma ligação muito próxima entre a mensagem e os atos. Tudo aquilo que
o profeta utilizava era com o firme propósito e com o objetivo de atingir o
coração do povo deixando o recado muito bem compreendido. Era o que
guiava o profeta e seus discípulos na transmissão da mensagem.
Toda ação simbólica tinha que ser muito bem dramatizado, pois
estaria esclarecendo como o Senhor estaria operando na história do
povo. E era isso que causaria uma expectativa em todos que a ouviam.
As ações poderiam levar esperança ou não, pois apresentavam a ma-
neira como Deus agiria.
Toda ênfase que o profeta dava nos seus atos ajudava na com-
preensão da mensagem e mostrava ao povo que tal coisa se tornaria
mesmo realidade.

5. Sua Mensagem

O problema principal foi à falta de santidade que levou o povo à


queda na história. Esta foi a razão da queda, pois o povo havia profa-
nado o templo, adorado outros deuses e, desta forma, estavam impu-
ros aos olhos do Senhor.18
O profeta faz questão de deixar transparecer em sua mensagem
que a queda de Jerusalém aconteceria devido a falta que o povo come-
tia no trabalho das coisas sagradas; ou seja, profanação do santuário
(5.11), cultos a outros deuses (8.7ss) e idolatria no coração (14.3ss).
Todas as coisas fizeram de Israel um povo contaminado aos olhos do
Senhor, por isso receberiam o castigo.19

17
Cf. G. V. Rad. Teologia do Antigo Testamento. 1986, Vol. II, p. 219.
18
Cf. W. J. Harrington. Chave para a Bíblia. 1985, p. 291.
19
Cf. G. V. Rad. Teologia do Antigo Testamento. 1986, Vol. II, p. 215.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 33

Há um consenso entre os estudiosos de que ainda que Ezequiel te-


nha anunciado a destruição definitiva de Jerusalém, através do tema “O
dia do Senhor”, o motivo da condenação ainda não está muito claro,
pois se fala de maneira geral sobre a rebelião contra as leis do Senhor, de
abominações, ídolos e maldade. Por isso, alguns afirmam que há dificul-
dade de se saber o que o autor está denunciando, se a injustiça devido
aos interesses econômicos ou as mortes por causa da política dos reis.20
Em todos os momentos, Ezequiel mostrou que a ação de Deus acon-
teceu para que o Seu nome fosse “santificado” entre os outros povos da
mesma maneira que deveria ser entre o seu povo escolhido. Através da
frase “Então sabereis que eu sou o Senhor” (6.13; 7.4,9; 11.10,12; 12.20;
13.9,14,23; 14.18,23; 15.7 e outros) a santidade de Deus estava sendo res-
saltada e entrava em contraste com a pecaminosidade do povo. Vários
estudiosos também destacam que tudo foi feito pelo Senhor para que seu
nome fosse conhecido e não desonrado entre as nações (20.9,14,22).21
Ezequiel inclui nos seus relatos, mensagens contra as nações es-
trangeiras: Tiro, Egito, Amom, Moabe, Edom e Filístia. O julgamento
divino contra os inimigos de Israel faz parte do programa de vingança
e restauração para o povo de Deus. A partir do capítulo 33, o livro de
Ezequiel introduz anúncio para salvação. O ministério do profeta é
ampliado de maneira que agora ele também será uma sentinela que
deverá alertar o povo do perigo. Desta forma, a responsabilidade do
profeta é restringida pelos atos do ouvinte, ou seja, o próprio ouvinte
assume a responsabilidade de seus atos.22
Depois das considerações em 33.1-34.24, as palavras de Ezequiel,
que seguem, manifestam esperança. A visão dos ossos (em 37.1-14)
promete um milagre de renovação e restauração para a terra natal. O
ato do cetro real (em 37.15-23 e 34.23-24) promete um reino reunifica-
do sob uma monarquia davídica restaurada.
A mensagem de invasão e derrota de Gogue (38.8,11,14; 39.26),
ainda que anuncia a pior das cenas de invasão estrangeira, alega que
não há necessidade de ansiedade, porque Deus se mostrará poderoso
para defendê-los.

20
Cf. J. L. Sicre Diaz. A Justiça Social nos Profetas. 1990, p. 512-517.
21
Cf. G. V. Rad. Teologia do Antigo Testamento. 1986, Vol. II, p. 228; W.C. Kaiser. Teo-
logia do Antigo Testamento. 2ª ed. 1984, p. 245.
22
Cf. W. H. Schmidt. Introdução ao Antigo Testamento. 1994, p. 244.
34 FABIO SABINO DA SILVA

Provavelmente os ditos dos capítulos 40-48 servem como uma ex-


pansão de 37.25-28, tendo como tema o templo, a terra, o rei e o povo.
Ezequiel falava da possibilidade do povo ser salvo dos inimigos. Na
sua mensagem, a sorte do ser humano, em grande parte, depende de
sua decisão a favor ou contra o Senhor.
Todas as vezes que Ezequiel fala da situação do novo Israel, admite
que o povo viverá em sua terra natal, que Deus multiplicará e abenço-
ará o povo e que, apesar da importância das circunstâncias exteriores é
no coração do ser humano que Deus irá trabalhar. Conforme Ezequiel
36.25 a salvação estava relacionada com purificação e com o perdão
dos pecados. Em Ezequiel, a obra da salvação consiste em Deus tirar o
coração endurecido do povo e o substituir por um novo.23
Fazia parte do recado que o profeta tinha de transmitir: “lamenta-
ções, suspiros e ais” (Ez 2.9-10), devido às transgressões do povo. Esta
mensagem veio para mostrar ao povo que Deus era mais importante
do que o templo. Também revelou que Deus restauraria o povo e no
futuro os levaria de volta à terra.
Além do povo de Israel, a mensagem também estava voltada a
outras nações, pois o Senhor tinha interesse que estas lhe conheces-
sem (36.36). No decorrer da mensagem, a glória do Senhor se mostra
como um ser que tem vontade própria, pois não aceita permanecer
em locais contaminados; por isso sai e retorna ao templo, segundo sua
avaliação pessoal. Deve ser considerado que Deus mandou um duro
recado ao seu povo, pois a retirada da glória do templo era algo difícil
para o povo aceitar, devido ao que esta representava ao povo, ou seja,
proteção e aceitação. A palavra de restauração dada aos desterrados
foi importante porque foi portadora de vida a estes, pois perceberam
que não foram esquecidos e ainda faziam parte do povo do Senhor,
mesmo que tivessem que enfrentar um período de exílio.

BIBLIOGRAFIA SELECIONADA

BALLARINI, Teodorico; Bressan, Gino. O Profetismo Bíblico – Uma In-


trodução ao Profetismo e Profetas em Geral. Petrópolis: Vozes, 1978.

23
Cf. G. V. Rad. Teologia do Antigo Testamento. 1986, Vol. II, p. 226-227.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 35

BENTZEN, Aage. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: ASTE,


1968.
GASS, Ildo Bohn. Uma Introdução a Bíblia – Exílio Babilônico e Domina-
ção Persa. São Leopoldo: Paulus, 2004.
GOTTWALD, Norman K. Introdução Socioliterária a Bíblia Hebraica. São
Paulo: Edições Paulinas, 1988.
HARRINGTON, Wilfrid John. Chave para a Bíblia. São Paulo: Paulus,
1985.
RAD, Gerhard Von. Teologia do Antigo Testamento. São Paulo: ASTE,
1986. Vol. II.
SCHMIDT, Werner H. Introdução ao Antigo Testamento. São Leopoldo:
Sinodal, 1994.
ALONSO SCHÖKEL, L.; SICRE DIAZ, J. L.. Profetas II – Grande Co-
mentário Bíblico. São Paulo: Edições Paulinas, 1991.
SCHREINER, Josef. Palavra e Mensagem do Antigo Testamento. 2 ed. São
Paulo: Editora Teológica, 2004.
SICRE DIAZ, José Luís. A Justiça Social nos Profetas. São Paulo: Edições
Paulinas, 1990.
A CRÍTICA TEXTUAL
DO ANTIGO TESTAMENTO

Introdução

A crítica textual é a disciplina que exige do exegeta não só o saber


as línguas em que a Bíblia foi redigida, mas todas as informações so-
bre os manuscritos, versões, obras antigas (menção de autores eclesi-
ásticos latinos e gregos) como também as tendências dos escribas. Os
eruditos definem a crítica textual como uma iniciativa que tem como
objetivo o realce da integridade de um determinado texto e um dos
seus métodos é a comparação das divergências (variantes) nas cópias
e manuscritos existentes de uma obra e tentar descobrir e/ou restau-
rar qual é a sua forma textual mais antiga; isto é, o texto mais próximo
ao original.1
Os discentes de hoje não estão realizando a verdadeira exegese,
por não estarem bem preparados para este trabalho e poucos são os
que a realizam, pois, infelizmente, não se tem investimento para tal
empreendimento o qual requer tempo e dedicação.
A “crítica” conduz o estudante a ser um crítico (no sentido de
análise e capacidade de julgar o que é exato) e utilizar os métodos
corretos para que assim se tenham os resultados esperados. A crítica
textual mostrará a legitimidade científica e não espiritualista como,
infelizmente, muitos a vêm praticando com grandes equívocos e
pseudas-verdades.
A crítica textual é mais que uma descrição de fenômenos, insi-
nua um processo de peneirar, testar, provar, para que se chegue ao re-
sultado do estabelecimento de uma verdade, às vezes será necessário

1
Cf. J. Trebolle Barrera. A Bíblia Judaica e a Bíblia Cristã – Introdução à História da Bíblia.
1996, p. 306; B. K. Waltke. “Aims of Ot Textual Criticism”. WTJ 51, 1989, p. 94-96; P.K.
McCarter Jr. Textual Criticism – Recovering the Text of the Hebrew Bible. 1986, p. 12.
38 FABIO SABINO DA SILVA

modificar ou inverter opiniões tradicionais. O trabalho da crítica tex-


tual pode ocorrer em erros e deturpações quando estiver sendo prati-
cada por influência religiosa.
A disciplina da crítica textual foi desenvolvida durante os últimos
dois séculos e se tornou um dos pilares da pesquisa da Bíblia e sua
interpretação.
O texto bíblico foi copiado durante séculos e devidamente a isso
esteve sujeito a erros como qualquer outro texto transmitido. Sua flui-
dez sugere que a preocupação de conservar o texto numa única forma
pura passou a ser valorizada somente por volta do século primeiro.
Até que ponto o texto recebido foi preservado em sua forma original?
É uma pergunta que pode ser examinada através de meios críticos e
filológicos.2
Nas últimas décadas grandes testemunhas floresceram na pesqui-
sa do Antigo Testamento, devido a grande influência da arqueologia.
As terras bíblicas como Iraque, Síria, Líbano, Palestina e Egito, se tor-
naram chão fértil para o redescobrimento da antiguidade que estava
encoberto por muitos anos.
Como resultado, os estudiosos hoje se acham mais que nunca ten-
do que tomar decisões críticas sobre traduções, interpretações bíblicas
e decisões, principalmente sobre teologia e ética.
A primeira tarefa para aqueles que querem conhecer e praticar a
exegese do Antigo Testamento é conhecer os passos e fundamentos da
crítica textual, o propósito do estudo não é fazer o discente um crítico
no sentido de rejeitar o que não se compreendeu; mas, alertá-lo sobre
como o texto bíblico foi escrito, preservado e como foram resolvidas
as dificuldades textuais.3
A tarefa daqueles que estudam a crítica textual é descobrir, identi-
ficar e restabelecer o texto original da Bíblia. A esse processo chama-se
de “baixa crítica”. Já a “alta crítica” é o processo que leva a determinar
o autor, data, propósito e integridade dos livros da Bíblia.
A crítica textual terá como função analisar os manuscritos e ver-
sões da Bíblia e não apenas a interpretação de algumas palavras com
métodos hermenêuticos.

2
Cf. J. Trebolle Barrera. A Bíblia Judaica e a Bíblia Cristã – Introdução à História da Bí-
blia. 1996, p. 322 e 450; J. Mackenzie. Dicionário Bíblico. 2ª ed. 1984, p. 929.
3
Cf. E. Tov. Textual Criticism of the Hebrew Bible. 1992, p. 49-50.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 39

O meio científico

Há oposição forte para a crítica textual, pois para muitos o senti-


mento de tal prática contradiz a visão religiosa aceita sobre a santidade
e inerrância dos textos bíblicos sem possibilidade de reconciliação.4
Portanto, qualquer método que lança dúvida na confiança abso-
luta do texto transmitido desperta rejeição por parte de muitos. Do
ponto de vista prático e educacional é salubre para que se reconheça o
valor do método científico e sua habilidade para prover respostas ao
campo empírico.

A CRÍTICA EM GERAL

1. Baixa crítica

A “baixa crítica” trata estritamente dos textos da Bíblia, empreen-


dendo averiguar como os textos de cada livro eram quando veio das
mãos de seus autógrafos.

2. Alta crítica

A “alta crítica” se interessa com os problemas de datação, autoria,


fontes, valor histórico e relação com o período de origem.

A CRÍTICA TEXTUAL

1. A origem da ciência

Os judeus aplicaram uma certa crítica às Escrituras Sagradas. São


vistos vários exemplos nas notas marginais da Bíblia Hebraica (BHS).
Os Pais da Igreja logo cedo começaram a compararem manuscritos
dos livros do Antigo e Novo Testamento, notando as suas diferenças
e julgando os livros.5

4
Cf. E. Tov. Textual Criticism of the Hebrew Bible. 1992, p. 37.
5
Cf. E. Würthwein. The Text of the Old Testament – An Introduction to the Biblia He-
braica. 2ª ed. 1995, p. 28-29; E. R. Brotzman. Old Testament Textual Criticism – A Practical
Introduction. 1994, p. 52.
40 FABIO SABINO DA SILVA

Os reformadores, não aceitaram os julgamentos da antiguidade.


Os materiais à disposição dos estudantes naquele tempo estavam es-
cassos. Com o passar do tempo houve as grandes descobertas e assim
veio o progresso de comparações de manuscritos e versões, os quais
tornaram patentes os textos do Antigo e Novo Testamento.
Assim surgiu a crítica textual que, em muitas direções, atingiu
dimensões vastas e rendeu um imenso corpo de conhecimento seguro
em seu departamento.

2. Métodos empregados

Os materiais com que a crítica textual trabalha são os seguintes:


manuscritos, versões (traduções em outras línguas) e citações em obras
judaicas e cristãs. O primeiro passo da crítica textual é a restauração
do texto o qual fora descoberto, notando assim suas peculiaridades e
datação. A crítica textual verifica as variantes como também as outras
diversidades dos textos (omissões e interpolações).

3. As causas dos erros nos manuscritos

A tradição textual judaica preservou e transmitiu vários elemen-


tos e/ou destaques especiais junto à estrutura consonantal do texto
Proto-Massorético. Os escribas judeus tinham a intenção de preservar
o texto bíblico em todos os seus mínimos detalhes, inclusive determi-
nados elementos textuais.6 Mas alguns erros ou notas ficaram sem ex-
plicações nos manuscritos e eles são destacados no Texto Massorético
(TM), como: o descuido dos escribas, lapsos da memória, semelhanças
de sons, divisões equivocadas de palavras, omissões de uma linha ou
cláusula devida a linhas sucessivas ou cláusulas que terminam com a
mesma palavra. Mudanças intencionais surgiram da inserção de no-
tas marginais e por motivos de harmonização. Além disso, há algu-
mas observações textuais difíceis de estabelecer uma leitura correta e
são elas:

Ø Pontos extraordinários: Há quinze casos na Bíblia Hebraica


(dez na Torá, quatro nos Profetas e um nos Escritos) em que

6
Cf. E. Tov. Textual Criticism of the Hebrew Bible. 1992, p. 49-50.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 41

determinados pontos são escritos acima de algumas letras em


determinadas palavras no texto bíblico. Por sua vez, esses mes-
mos pontos não são sinais de vocalização ou mesmo de acen-
tuação. Alguns estudiosos cogitam que esses pontos poderiam
indicar dúvidas que os escribas tinham em assuntos de forma
e doutrina.7 Exemplo: em Ezequiel 41.20 há pontinhos sobre as
letras da palavra  (hebr. hahêkäl, o santuário). A informa-
ção que se tem é que muitos manuscritos omitem esta palavra
ou a seguinte do versículo 21, pois na Biblia Hebraica Stuttgar-
tensia (BHS), a palavra do versículo 21 é idêntica a última do
versículo 20.
Ø Nun inverso: Há nove casos na Bíblia Hebraica (Nm 10.34, 36
[duas vezes]; Sl 107.21-26,40 [sete vezes]) em que o nun; isto é, a
letra hebraica (  ) é invertida (  ) no final de alguns versículos.8
Exemplo: em Números 10.34-36 é sugerido que haja a transpo-
sição dos versículos 34 e 36.
Ø Letras suspensas: Há quatro casos na Bíblia Hebraica em que
aparecem determinadas letras escritas acima da linha normal
do texto (Jz 18.30; Sl 80.14; Jó 38.13 e 15). As funções dessas le-
tras suspensas são diversas, podem assinalar casos de varian-
tes ou por motivos estatísticos. Exemplo: temos esse caso para
a forma (hebr. münaššè, Manassés ) em Juízes 18.30,
para alguns estudiosos a forma primitiva era (hebr.
möšè, Moisés); ou seja, a forma era “Moisés” e não “Manas-
sés”. Mas qual a razão da mudança uma vez que muitos ma-
nuscritos e edições, lêem o caractere nun suspenso? E também
poucos manuscritos como a LXX não revisada, Vulgata e o Si-
ríaco, atestam a forma Moisés. Qual a razão da mudança? Fora

7
Cf. E. Tov. Textual Criticism of the Hebrew Bible. 1992, p. 55-56; J. Trebolle Barrera. A
Bíblia Judaica e a Bíblia Cristã – Introdução à História da Bíblia. 1996, p. 318; R. Butin.
The Ten Nequdoth of the Torah. 1906, reimpr. 1969, p. 1; C. Levias. “Masorah” in The
Jewish Encyclopedia. vol. 8, 1916, p. 368; A. Dotan. “Masorah” in Encyclopaedia Ju-
daica. vol. 16, 1972. col. 1407; C. D. Ginsburg. Introduction to the Massoretico-Critical
Edition of the Hebrew Bible. 1897, p. 318-320; S. Frensdorff. Das Buch Ochlah W’ochlah.
1864, p. 96. Sobre as quinze passagens onde são atestadas no texto da Bíblia Hebrai-
ca, cf. E. F. Francisco. Manual da Bíblia Hebraica. 2ª ed. 2005, p. 215-216.
8
Cf. C. D. Ginsburg. Introduction to the Massoretico-Critical Edition of the Hebrew Bible.
1897, p. 341-344; E. Tov. Textual Criticism of the Hebrew Bible. 1992, p. 54.
42 FABIO SABINO DA SILVA

proposto pelos estudiosos que seria impossível ser Moisés,


pois o versículo diz que um certo personagem bíblico tornara-
se sacerdote de ídolos e isso geraria uma ofensa à pessoa de
Moisés, para esse fim os escribas acharam por bem intercalar
a letra nun no meio do nome para que os leitores lessem Ma-
nassés e não Moisés.9
Ø Letras minúsculas: Há algumas letras minúsculas inseridas
em palavras na Bíblia Hebraica; entretanto, não há uma forma
precisa de classificar a quantidade, pois alguns manuscritos e
edições têm seus próprios registros de tais peculiaridades. As
causas desse fato no texto bíblico não são inteiramente conheci-
das atualmente pelos eruditos. Exemplo: em Gênesis 2.4 se tem
a seguinte forma:  (hebr.BühiBBä|r´äm, quando foram
criados).10
Ø Letras maiúsculas: Há algumas letras maiúsculas inseridas em
palavras na Bíblia Hebraica; todavia, não há uma forma precisa
de classificar a quantidade, pois alguns manuscritos e edições
têm seus próprios registros de tais minúcias textuais. As causas
desse fato no texto bíblico não são todas inteiramentes conhe-
cidas atualmente pelos eruditos. Exemplo: em Levítico 11.42 se

tem a seguinte forma:  (hebr. GäHôn, ventre), para alguns
eruditos a letra waw assinala o meio exato do Pentateuco, de
acordo com uma observação massorética.11
Ø Correção dos escribas: Há algumas alterações no TM e eles
são tidos por motivos teológicos e religiosos. As causas são
variadas e principalmente ocorrem nas passagens em que o
texto se refere à pessoa de Deus de uma maneira pouco res-
peitosa e incomum. Para os estudiosos a causa principal das
alterações era evitar que o nome de Deus fosse profanado
ou desrespeitado. O número das modificações varia entre

9
Cf. C. D. Ginsburg. Introduction to the Massoretico-Critical Edition of the Hebrew Bible.
1897, p. 334-341; E. Tov. Textual Criticism of the Hebrew Bible. 1992, p. 57; J. Trebolle
Barrera. A Bíblia Judaica e a Bíblia Cristã – Introdução à História da Bíblia. 1996, p. 318;
E. F. Francisco. Manual da Bíblia Hebraica. 2ª ed. 2005, p. 218-219.
10
Cf. E. F. Francisco. Manual da Bíblia Hebraica. 2ª ed. 2005, p. 223.
11
Cf. E. Tov. Textual Criticism of the Hebrew Bible. 1992, p. 57-58; J. Trebolle Barrera.
A Bíblia Judaica e a Bíblia Cristã – Introdução à História da Bíblia. 1996, p. 318; E. F.
Francisco. Manual da Bíblia Hebraica. 2ª ed. 2005, p. 220-221.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 43

sete e treze casos, segundo o Talmude. Contudo, as fontes


massoréticas chegam a listar dezoito correções.12 Exemplo:
Em Jó 32.3, se tem a seguinte expressão: (...) condenavam a
Jó. No entanto, o texto original continha a forma: 
(hä|´élöhîm) Deus, em lugar do nome Jó (). Os escribas
consideraram a expressão: “condenavam a Deus” uma gran-
de ofensa e fizeram a seguinte modificação: eliminaram as
letras lamed (), he () e o mem final (), transformando-os no
nome pessoal, Jó.
Ø Qerê e Ketiv: O termo Qerê significa “lido”, enquanto Ketiv,
“escrito”; ou seja, há várias palavras no TM que apresentam
muitas situações textuais em que uma determinada palavra
deve ser lida de uma forma diferente daquela que está es-
crita no texto. O número total dos casos de Qerê e Ketiv nos
manuscritos e edições da Bíblia Hebraica varia entre 848 e
1566, segundo os estudiosos. Os eruditos relacionam vários
motivos e situações: tradições textuais divergentes, termos
pejorativos, blasfêmias, eufemismos, palavras incomuns, ti-
pos de grafia (escrita plena e defectiva), correções gramati-
cais, alterações exegéticas, questões doutrinárias, alterações
de notas arcaicas.13 Exemplo: na Masora parva (Mp) da BHS
em Ezequiel 28.3, encontra-se a sequinte anotação para a ex-
pressão  (do que Daniel):  (o
Qerê é , esta é uma das três ocorrências em que este
nome aparece com grafia defectiva [isto é, sendo redigido
como ], mas com o mesmo significado [isto é, com o
significado de Daniel]). As outras duas ocorrências do refe-
rido nome bíblico, sendo redigido com ortografia defectiva,
estão em Ezequiel 14.14 e 20.

12
Cf. J. Trebolle Barrera. A Bíblia Judaica e a Bíblia Cristã – Introdução à História da
Bíblia. 1996, p. 328; E. Tov. Textual Criticism of the Hebrew Bible. 1992, p. 65; J. Wein-
green. Introduction to the Critical Study of the Text of the Hebrew Bible. 1982, p. 26-27;
C. D. Ginsburg. Introduction to the Massoretico-Critical Edition of the Hebrew Bible.
1897, p. 347; E. F. Francisco. Manual da Bíblia Hebraica. 2ª ed. 2005, p. 225-227; H.
Simian-Yofre. Metodologia do Antigo Testamento. 2000, p. 48.
13
Cf. E. F. Francisco. Manual da Bíblia Hebraica. 2ª ed. 2005, p. 223; H. Simian-Yofre.
Metodologia do Antigo Testamento. 2000. p. 47.
44 FABIO SABINO DA SILVA

A Massorá

Durante séculos foram feitos esforços intensivos na Palestina e


na Babilônia para preservar uma forma padronizada do texto bíbli-
co hebraico. e a rejeição de outras versões. Este esforço foi feito por
pessoas que dedicaram suas vidas em prol de uma verdade e assim
desenvolver uma variedade de mecanismos que preservariam todos
os detalhes do texto da Bíblia Hebraica.14
A massorá é um sistema de anotações e instruções cujo propósito
era preservar e transmitir o texto consonantal hebraico, sua pronúncia
e sua cantilação.
Os massoretas procuraram com todo cuidado possível preservar
os tipos de ortografia (defectiva e plena), como também outros fenô-
menos textuais e, assim, transmitiram as informações de geração a
geração.
O trabalho dos massoretas de Tiberíades se tornou o modelo de
transmissão aceitado em todos os lugares. O prestígio da massorá de
tradição tiberiense teve sua autoridade decisiva em assuntos textuais
da Bíblia Hebraica, sendo aceito por todas as comunidades judaicas,
a partir do século X.
Muitos manuscritos da Idade Média (século XIX d.C.) sobrevive-
ram principalmente em Israel e Babilônia. Entre os manuscritos, o Có-
dice do Cairo dos Profetas.15
Alguns dos manuscritos massoréticos contêm o texto completo da
Bíblia Hebraica, enquanto outros contêm apenas partes. Segundo os
massoretas, existem cerca de 250 diferenças textuais entre manuscri-
tos produzidos na Palestina e entre os produzidos na Babilônia. Listas
contendo tais variações são encontradas como apêndice em determi-
nados códices massoréticos.
Entre as diferenças dos manuscritos do TM, acha-se uma gama
diferencial nos manuscritos Babilônicos e manuscritos da Palestina.
Pode-se provar que a maioria destas mudanças não é o resultado de

14
Cf. E. F. Francisco. Manual da Bíblia Hebraica. 2ª ed. 2005, p. 94-95; H. Simian-Yofre.
Metodologia do Antigo Testamento. 2000, p. 45-46; C. Levias. Massorah. Vol. 8. Lon-
don, 1916, p. 370.
15
Cf. E. F. Francisco. Manual da Bíblia Hebraica. 2ª ed. 2005, p. 250; H. Simian-Yofre.
Metodologia do Antigo Testamento. 2000, p. 45.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 45

erros dos copistas, mas textos que uma vez fizeram parte do tipo-
textual massorético e que sobreviveram em certos lugares, apesar do
esforço para estabelecer o texto padrão.16

A Atitude dos Estudantes Medievais para a


Multiplicidade Textual

A existência de milhares de variantes nos textos da Bíblia deve ser


causa de investigação; pois, para muitos geram problemas religiosos.
Como podem multiplicidades textuais serem compatíveis com a cren-
ça na precisão de transmissão do TM?
Serão apresentadas três citações de três autoridades da Torá: Mai-
mônides, R. Meir e Yom-Tov. Todos estes três, em virtude dos seus en-
volvimentos com a halakhá (interpretação das regras, leis e normas conti-
das nos textos bíblicos), questionam sobre a escritura dos rolos da Torá:

1. Maimônides (Rambam), Hilkhot Sefer Torá 8, 4

“Desde que vi grande confusão em todos os rolos [da Lei] nes-


tes assuntos e também os massoretas que escreveram [trabalhos es-
peciais], contradisseram se um ao outro, de acordo com os livros nos
quais eles se fundamentaram, eu procurei fixar todas as seções da Lei
e as formas das canções [i.e. Ex.15, Deut.32], para corrigir os rolos ade-
quadamente”.
“A cópia na qual me fundamentei nestes assuntos era um ma-
nuscrito conhecido no Egito que continha a Bíblia inteira, que antiga-
mente estava em Jerusalém. Todo o mundo aceitou como autorizado,
porque Ben Asher tinha feito muitas correções. E usei como base para
a cópia do Rolo da Torá que eu escrevi de acordo com a halakhá”.

2. R. Meir, na sua introdução aos massoretas

“Quando vi o que tinha acontecido com os rolos da massorá, de-


vido as fragmentações, eu senti a necessidade de revisar os códices

16
Cf. E. F. Francisco. Manual da Bíblia Hebraica. 2ª ed. 2005, p. 233 e 240.
46 FABIO SABINO DA SILVA

e as tradições dos massoretas e solucionar os conflitos. Os rolos, re-


centemente produzidos, deveriam ser abandonados a favor dos mais
antigos e fiéis. Para que assim pudesse decidir qualquer controvérsia
da Torá”.

3. R. Yom Tov em seu trabalho, Tikkun Sefer Torah

“Por causa de nossos pecados, a Torá foi esquecida e os escribas


ignorantes e os estudantes não prestam nenhuma atenção a estes as-
suntos. Então eu labutei para achar um rolo da Torá. Assim, se nós
permitirmos que os escribas ignorantes continuem suas práticas habi-
tuais [amoldando os rolos], nós pecamos de propósito”.
“Eles nunca teriam comparado manuscritos a menos que o assun-
to em discussão invalidasse a Torá. Os fatos textuais definitivamente
apontam a ‘enganos’, mas estes mesmos textos incluíram na sua ‘pró-
pria’ leitura”.

A CRÍTICA DAS FONTES

Os manuscritos hebraicos

Os manuscritos do texto bíblico hebraico são muito antigos, sendo


que vários documentos ainda são bem preservados.
O que pode ser demonstrado prontamente é que os escribas tive-
ram determinação para preservarem o texto. O texto sobreviveu por
todos os desastres e devastações. Os livros foram considerados sagra-
dos e os escribas insistiram em sua transmissão precisa.
Havia uma “psicologia de canonicidade” que nutriu um cuidado
e uma preocupação pela preservação das Escrituras Sagradas.17
Entretanto, havia, igualmente, a tendência de algum escriba em
fazer revisões no texto. Eles mudavam o que obscurecia seu racio-
cínio em algumas passagens nos manuscritos, como também faziam
alterações na ortografia, além de efetuarem mudanças literárias e lin-
güísticas.

17
Cf. E. F. Francisco. Manual da Bíblia Hebraica. 2ª ed. 2005, p. 211; E. Tov. Textual
Criticism of the Hebrew Bible. 1992, p. 23.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 47

De 400 a.C. até o tempo da padronização do texto hebraico em


70 d.C. as mesmas tendências continuaram. A presença de um texto-
padrão entre os Rolos do Mar Morto idêntico e preservado pelos mas-
soretas testemunham à preservação fiel do texto.18
Havia a tendência entre os escribas de revisarem os manuscritos.
Os escribas (hebr. soferim) eram os únicos: “autorizados a revisarem
os textos”.
Alguns dos escribas alteraram o texto por razões filológicas e teoló-
gicas. Eles modernizaram o texto substituindo formas arcaicas e cons-
truções, suavizaram dificuldades, completaram o texto com adições.
O resultado de tais tendências era o aparecimento de três recen-
sões diferentes da Bíblia: o Texto Proto-Massorético ou Proto-Rabíni-
co, o Pentateuco Samaritano e a Septuaginta.19
O trabalho de conservar o texto era o interesse das escolas rabíni-
cas. Os massoretas em sua tradição preservaram e vocalizaram o texto
hebraico, sendo denominado posteriormente de Texto Massorético.20
O trabalho da família de Ben Asher de Tiberíades (uma cidade na
costa ocidental da Galiléia) alcançou proeminência com o apoio de
Maimônides (filósofo espanhol) no século XII.21

A METODOLOGIA DA CRÍTICA TEXTUAL

Quando se analisa algumas passagens na Bíblia Hebraica, encon-


tra-se várias dificuldades textuais. Esses problemas textuais terão que
ser estudados na medida em que se tiver preparo para realizá-los.
Na Bíblia Hebraica, as variantes textuais encontradas em manus-
critos hebraicos e em versões bíblicas clássicas são relacionadas nas
anotações do aparato crítico, o qual se localiza no rodapé de cada

18
Cf. E. Tov. Textual Criticism of the Hebrew Bible. 1992, p. 5; J. Trebolle Barrera. A
Bíblia Judaica e a Bíblia Cristã – Introdução à História da Bíblia. 1996, p. 334-337; E. F.
Francisco. Manual da Bíblia Hebraica. 2ª ed. 2005, p. 212.
19
Cf. H. Simian-Yofre. Metodologia do Antigo Testamento. 2000, p.41.
20
Cf. H. Simian-Yofre. Metodologia do Antigo Testamento. 2000, p. 45; E. F. Francisco.
Manual da Bíblia Hebraica. 2ª ed. 2005, p. 232.
21
Cf. H. Simian-Yofre. Metodologia do Antigo Testamento. 2000, p.45; E.F. Francisco.
Manual da Bíblia Hebraica. 2ª ed. 2005, p. 250; I. Yeivin. Introduction to the Tiberian
Masorah. 1980, p. 137,141.
48 FABIO SABINO DA SILVA

página da Biblia Hebraica Stuttgartensia (BHS). Além de tais anotações,


há, ainda, as notas da masora parva, a qual é localizada na margem la-
teral externa da BHS. Estas observações sobre peculiaridades textuais
do texto bíblico hebraico foram elaboradas pelos massoretas. Saben-
do decodificar as variantes no aparato, estar-se-á frente a solucionar
qualquer problema textual.
O aparato crítico conduz o exegeta para informações precisas. O
aparato contém uma série de abreviações e sinais indicativos de ver-
sões e manuscritos que possuem alguma variante textual.
Se não houver nenhuma nota no aparato crítico em um determi-
nado verso, então, o exegeta pode assumir, seguramente que não há
nenhuma relação complicada a ser solucionado.
Os editores da BHS inseriram sugestões no aparato crítico, estas
são chamadas emendas conjecturais, ou seja, são sugestões pelo qual
pensavam haver possíveis mudanças.
Não são todas as dificuldades textuais que levará o exegeta a uma
análise desgastante. Se as variantes são mínimas ou o significado e
tradução são as mesmas, não há razão para grandes debates.
Por exemplo, se o substantivo é singular com um significado co-
letivo e em uma outra versão relata o plural do mesmo substantivo,
isto não seria conseqüência séria. Como regra geral, se há evidência
em outros manuscritos e a variante apresenta grande diferença, então,
deve ser analisada minuciosamente.

A CRÍTICA TEXTUAL ENVOLVE EVIDÊNCIAS


EXTERNAS E INTERNAS

1. Evidências externas

As evidências externas recorrem à avaliação dos manuscritos e ver-


sões que têm as várias leituras que são mais antigas e melhores. É verda-
de que o Texto Massorético é seguro e confiável. Mas, às vezes, suas lei-
turas podem ser muito ásperas e podem não preservar a melhor leitura.
O passo mais importante para lidar com um problema textual é
procurar entender sua problemática, ou seja, o exegeta não pode ava-
liar as evidências enquanto não forem traduzidas e analisadas todas
as variantes e como elas são entendidas e relacionadas no texto.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 49

Cada variante tem que ser traduzida literalmente e analisada cui-


dadosamente dentro da gramática e sintaxe. Para isto, deve-se isolar
as diferenças e identificar as dificuldades.
As sugestões seguintes devem ajudar a refletir as evidências ex-
ternas:

a) Lembre-se que há basicamente três textos antigos. O babilônico


que é refletido no Texto Massorético. O palestino que é refletido no
Pentateuco Samaritano. O egípcio que é representado pela Septua-
ginta. Os Rolos do Mar Morto refletem tais recensões da Bíblia.22
b) As versões são fontes importantes para as informações. A Vul-
gata normalmente apóia o TM, a Peshitta pode refletir uma tra-
dição palestinense ou o TM, como também o grego. Os Rolos
do Mar Morto revelam uma grande quantidade de detalhes e
em geral atesta a antigüidade da tradição do Texto Protomas-
sorético. O Targum é de pouca ajuda para a crítica textual, a
não ser que dê a compreensão e a interpretação judaica aceitá-
vel nas sinagogas.23

2. Evidências internas

Feita a avaliação preliminar do problema, o exegeta terá que ava-


liar o assunto interiormente.
Este processo seguirá os cânones (regras) da crítica textual, para
que seja mantido o procedimento inteiro e constante. As regras con-
duzirão as tendências dos escribas.
É de se imaginar a dificuldade que se tem se não houvesse a tradi-
ção oral. Os escribas preservaram o texto com tal precisão que todas as
formas raras e difíceis foram preservadas. Assim, os massoretas não
estavam inventando vogais ou compondo palavras, mas estavam in-
serindo sinais e marcas para preservar o que tinha sido dado a eles. As
sugestões seguintes devem ajudar a refletir as evidências internas:

a) Quando os manuscritos hebraicos e as versões antigas concor-


dam, conclui-se que a leitura original foi preservada.

22
Cf. H. Simian-Yofre. Metodologia do Antigo Testamento. 2000, p. 41.
23
Cf. E. F. Francisco. Manual da Bíblia Hebraica. 2ª ed. 2005, p. 406-409.
50 FABIO SABINO DA SILVA

b) Onde os manuscritos hebraicos e as versões antigas diferem,


conclui-se que a leitura original não foi preservada.

Por exemplo, se o texto grego e o texto hebraico diferirem, o exe-


geta tem que resolver o problema a partir de ambos os textos.
Assim, se o texto hebraico for à leitura original, o que teria inci-
tado o tradutor do texto grego propor a forma que fez (estava lá uma
mudança acidental, uma mudança intencional e nesse caso qual?). E
se o texto grego for o original, o que teria incitado o escriba a fazer a
mudança que lá está?
Em razão das indagações acima, foi sugerida por estudiosos a se-
guinte informação:

c) A leitura mais difícil será preferida. Em geral, uma forma or-


tográfica, um uso gramatical ou uma idéia difícil que teriam
sido fonte para que alguns escribas fizessem mudanças. Eles
não mudaram formas claras em formas arcaicas ou expressões
comuns para incomuns. Assim se sabe que é provável que a
leitura mais fácil seja secundária.24

Exemplo. Em Ex 32.34 o Senhor diz a Moisés que conduza o povo:



Transliteração: ´el ´ášer-DiBBaºrTî läk
Tradução: “para aquilo que te disse”

A Septuaginta contou: 


Transliteração: eís ton tópon hon eipá soi
Tradução: “ao lugar onde te disse”
Síntese. O TM relata uma dificuldade na expressão, enquanto a
Septuaginta acrescenta a expressão “o lugar”, para tornar clara a or-
dem do Senhor. Nesse caso, fica-se com TM por ser mais difícil.

d) A leitura mais breve prevalece sobre uma mais longa. Em geral,


um escriba poderia ter acrescentado algo ao texto do que omitido.

24
Cf. H. Simian-Yofre. Metodologia do Antigo Testamento. 2000, p. 64; W. Paroschi.
Critica Textual do Novo Testamento. 2002, p.152; M. S. Cássio. Metodologia de Exegese
Bíblica. 2000, p. 46; U. Wegner. Exegese do Novo Testamento – Manual de Metodolo-
gia. 3ª edição, 2002, p. 47.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 51

Exemplo: Em I Sm 5.5, diz que os sacerdotes de Dagom não pu-


nham os pés na soleira do templo: 
Transliteração: `al-mipTan Dägôn
Tradução: “não pisam o limiar (soleira) de Dagom”

A Septuaginta acrescentou a seguinte expressão no final: 



Transliteração: hoti hyperbaínontes hyperbaínoysin
Tradução: “porque passava da soleira”.
Síntese. Esse texto, mais longo, parece ser explicação acrescenta-
da posteriormente e portanto o texto mais breve (TM) é o original.

AS TENDÊNCIAS DOS ESCRIBAS

Além de um conhecimento da história e desenvolvimento dos tex-


tos e versões, para a crítica textual, deve-se estar atento aos tipos de
mudanças que foram feitas nos manuscritos. A relação abaixo condu-
zirá aos discentes a verificarem as tendências dos escribas, mas não
uma análise completa de todos os tópicos:

1. Mudanças não intencionais

a) Confusão de palavras que possui som semelhante. O escriba


pode não ter ouvido a pronúncia da palavra distintamen-
te e pode ter confundido com uma outra palavra. Alguns
exemplos encontram-se nos textos de I Samuel 28.2 e Salmos
28.8.25

I Sm 28.2
TM:     
Transliteração: wayyöº´mer Däwìd ´el-´äkîš läkën ´aTTâ tëda` ´ët
´ášer-ya`áSè `abDeºkä
O Texto Massorético utilizou a palavra “você” (‘attah).

25
Cf. H. Simian-Yofre. Metodologia do Antigo Testamento. 2000, p. 66; M. S. Cássio.
Metodologia de Exegese Bíblica. 2000, p. 47.
52 FABIO SABINO DA SILVA

Septuaginta: 

Transliteração: Kai eipen Dayid pròs anchoys hoytō nyn gnōsei
ha poiēsei ho doylós soy
A Septuaginta utilizou a palavra “agora” (nin).

Versões em português
ARA. Então, disse Davi a Aquis: Assim saberás quanto pode o teu
servo fazer.
ARC. Então, disse Davi a Aquis: Assim saberás tu o que fará o teu
servo.
ACF. Então, disse Davi a Aquis: Assim saberás o que fará o teu
servo.

Síntese. Observe as palavras relacionadas, verás que a terminação


que não está marcada é idêntica,   (esta palavra inicia-se com a
consoante álef e é desta forma que está no Texto Massorético), porém a
pronúncia que os escribas entenderam quando traduziram para o gre-
go foi desta forma:  (esta palavra inicia-se com a consoante ayim
e foi o que os escribas entenderam quando ouviram), conclui-se que
o problema está no início da palavra. Portanto, se vê que em questões
fonéticas, ambas as consoantes iniciais têm a mesma classificação, daí
conclui-se que o escriba entendeu de uma forma que não atestava nos
manuscritos.

Sl 28.8
TM: 
Transliteração: Hwh (´ädönäy) `ö|z-läºmô
O Texto Massorético utilizou a palavra “para eles” (lamo).

Septuaginta: ...
Transliteração: Kírios krataíōma toy laoy a×toy
A Septuaginta utilizou a palavra “de seu povo” (toy laoy a×toy).

Versões em português
ARA. O SENHOR é a força do seu povo...
ARC. O SENHOR é a força do seu povo...
ACF. O SENHOR é a força do seu povo...
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 53

Síntese. O problema encontra se em uma consoante gutural


(ayim), que possivelmente não fora bem pronunciado, levando assim
os escribas a inserirem em suas traduções, resultando daí um outro
significado. As versões em português deram prioridade à Septua-
ginta.

b) Homoioteleuton: termo composto de  (hómoios, se-


melhante) e  (teleuté, fim), ou seja, em síntese relata a
omissão por causa de fins semelhantes. Os olhos dos escribas
podem ter saltado de uma determinada palavra ou uma oração
para uma outra linha por fins de repetição de palavras seme-
lhantes, omitindo o que possivelmente estava entre elas. Um
exemplo pode ser visto no texto de I Samuel 13.15.26

I Sm 13.15
TM:  

Transliteração: wayyäºqom šümû´ël wayyaº`al min-haGGil•Gäl Gib•`at


Bin•yämìn
Tradução: “Então se levantou Samuel e subiu de Gilgal a Gibeá
de Benjamim”

Septuaginta: 




Transliteração: Ai anéstē Samoyēl kai apēlthen ek Galgalōn eis ho-
don aytoy kai to katáleimma toy laoy anébē opísō Saoyl eis apántēsin
opísō toy laoy toy polemistiy autōn paragenoménōn ek Galgalōn eis
Gabaa Beniamin kai epesképsato Saoyl ton laon ton eurethénta met
aytoy hōs exakosíoys andras.
Tradução: “E Samuel levantou se e partiu de Gilgal e foi no seu
caminho; mas os restos das pessoas subiram depois que Saul conhece-
ra os soldados. Então eles vieram de Gilgal a Gibea de Benjamim.”

26
Cf. H. Simian-Yofre. Metodologia do Antigo Testamento. 2000, p. 66; E. F. Francisco.
Manual da Bíblia Hebraica. 2ª ed. 2005, p. 516.
54 FABIO SABINO DA SILVA

Síntese. A Septuaginta como também a Vetus Latina (Códice Gó-


tico Legionense e Editio Princeps), segundo o aparato crítico da BHS,
acrescentaram muitas palavras. O que foi feito por acréscimo é a parte
que está realçada. Entretanto, para os exegetas, a tradução fiel é o TM,
pois torna mais difícil o raciocínio por omissão do que por acréscimo.
As versões em português preferiram acompanhar o TM.

c) Homoioarcton: termo composto de  (hómoios, seme-


lhante) e  (arkhē, início), ou seja, em síntese, são omissões
por causa de início semelhante. Este é o mesmo tipo de erro
idêntico ao anterior, embora menos freqüente. O olho do es-
criba pode ter saltado de uma palavra no início, omitindo o
material interveniente. Exemplo pode ser visto no texto de
Lv 17.10.27

Lv 17.10
TM:  
 

Transliteração: wü´îš ´îš miBBêt yiS•rä´ël ûmin-haGGër haGGär Bütôkäm
´ášer yö´kal Kol-Däm wünätaTTî pänay Banneºpeš hä´ökeºlet ´et-haDDäm
wühik•raTTî ´ötäh miqqeºreb `ammäh
Tradução: E qualquer homem da casa de Israel ou dos estrangei-
ros que peregrinam entre eles, que comer algum sangue, contra aque-
la alma porei a minha face e a extirparei do seu povo.

Lv 17.13
TM:   
  

Síntese. O aparato crítico da BHS, registra que há omissão dos
versículos 10-12 por não serem atestados pelos códices encontrados
na Guenizá da sinagoga Ben Ezra, do Cairo.
d) Haplografia: termo composto de a (háplos, simples) e
 (graphē, escrita). Isto recorre à única escrita de duas

27
Cf. Ibid. H. Simian-Yofre. p. 67; E. F. Francisco. p. 516.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 55

palavras que se aparecem juntas, mas também para a omissão


acidental de palavras. Ou seja, uma palavra, letra ou sílaba que
aparece duas vezes, mas sendo escrita uma única vez. Exemplo
pode ser visto no texto de I Samuel 17.46.28

I Sam 17.46
TM: 
Transliteração: Peºger maHánË püliš•Tîm
Tradução: (...)“Corpo do arraial dos Filisteus”...

Septuaginta: 




Transliteração: Kaì apokleísei se k×rios sēmeron eis tēn kheirá moy kaì
apoktenō se kaì aphelō tēn kephalēn soy apò soy kaì dōsō ta kōlá soy kai
ta kōla parembolēs alloph×lōn em ta×tē tē hēmera tois peteinois toy oyranoy
kaì tois thēríois tēs gēs kaì gnōsetai pasa hē gē hóti estin theòs en Israēl
Tradução: (...)“E darei os seus corpos e os corpos ao exército dos
Filisteus...”

Síntese. O aparato crítico registra as seguintes informações: As ver-


sões como as de Áquila, a Peshitta e muitos manuscritos do Targum de
Ônquelos, relatam a palavra hebraica:  (Peºger, corpo) como sendo plu-
ral. Entretanto, a Septuaginta inseriu palavras para complementação.

e) Ditografia: Termo composto de:  (dittós, duas) e 


(graphē, escrita). Às vezes o escriba copiava novamente algu-
mas palavras que ele há pouco tinha escrito, ou seja, letras, pa-
lavras e sílabas que aparecem uma única vez são escritas duas
vezes. Exemplo pode ser visto no texto de II Samuel 6.3,4.29

28
Cf. H. Simian-Yofre. Metodologia do Antigo Testamento. 2000, p. 66; E. F. Francisco.
Manual da Bíblia Hebraica. 2ª ed. 2005, p. 514; M. S. Cássio. Metodologia de Exegese
Bíblica. 2000, p. 48; U. Wegner. Exegese do Novo Testamento – Manual de Metodologia.
3ª edição, 2002, p. 40.
29
Cf. H. Simian-Yofre. Metodologia do Antigo Testamento. 2000, p .66; M. S. Cássio.
Metodologia de Exegese Bíblica. 2000, p. 48.
56 FABIO SABINO DA SILVA

II Sm 6.3.4
TM:  
 

  
 
Transliteração: wayyar•Kiºbû ´et-´árôn hä|´élöhîm ´el-`ágälâ Hádäšâ
wayyiSSä´uºhû miBBêt ´ábînädäb ´ášer BaGGib•`â wü`uzzä´ wü´aH•yô Bünê
´ábîºnädäºb nöhágîm ´et-hä`ágälâ Hádäšâ wayyiSSä´uºhû miBBêt ´ábî|nädäb
´ášer BaGGib•`â `ìm ´árôn hä´élöhîm wü´aH•yô hölëk• lip•nê hä´ärôn
Tradução: E puseram a arca de Deus em um carro novo e a leva-
ram da casa de Abinadabe, que está em Gibeá; e Uzá e Aiô, filhos de
Abinadabe, guiavam o carro novo. E levando-o da casa de Abinadabe,
que está em Gibeá, com a arca de Deus, Aiô ia adiante da arca.

Septuaginta: 
  
.   

Transliteração: Kaì epebíbasen tēn kibōtòn kyríoy eph´ hámaxan
kainēn kaì ēren aytēn ex oíkoy Aminadab toy en to boynō kaì odza kai
hoì adelphoì aytoy hyioì Aminadab ēgon tēn hàmaxan. Syn tē kibōtō
kaì hoi adelphoì aytoy epore×onto émprosthen tēs kibōtoy.
Tradução: E puseram a arca de Deus em um carro novo e a levaram da
casa de Abinadabe, que está em Gibeá e Uzá e seus irmãos, filhos de Abi-
nadabe, guiavam o carro. Junto da arca, seus irmãos iam diante da arca.

f) Vocalização Incorreta: Um escriba poderia inserir uma vocali-


zação equivocada por questões de indução consonantal ou, também,
por algumas palavras consonantais parecerem com outras, mas ape-
nas mudando seus significados por vogais. Exemplo pode ser visto no
texto de Salmos 130.4.

Sl 130.4
TM: 
Transliteração: Kî|-`immükä hassülîHâ lümaº`an tiwwärë´
Tradução: Mas contigo está o perdão, para que sejas temido.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 57

Septuaginta: ...
Transliteração: Hóti parà soi ho hilasmós estin héneken toy nó-
moy soy...
Tradução: Mas contigo está o perdão, por causa da lei...

Síntese. O aparato crítico da BHS registra as seguintes informa-


ções: A Septuaginta e a versão de Teodocião relatam o acrescenta-
mento que é igual à palavra hebraica: (tôrätkä, tua lei), ou seja,
o copista vendo as consoantes as teve por um substantivo e não por
um verbo, ainda mais por se tratar de um hapax legomenon (palavra ou
expressão que costa uma só vez na Bíblia Hebraica).

2. Mudanças intencionais

Os escribas ao tentaram preservar o texto inseriram formas arcai-


cas ou incorretas.

a) Mudanças gramaticais. Os copistas sentiam-se livres para mu-


dar o texto com tendências a analisar leituras incorretas, con-
cordância verbal e gramatical. Também somavam várias adi-
ções secundárias para relatar uma leitura mais clara.
b) Harmonizações. Copistas acrescentavam regras para que
houvesse harmonização aos versículos por indicações de con-
texto. Em I Samuel 20:5 pode-se ter um bom exemplo, o con-
texto dos versículos 34-35 registra que Davi se escondeu por
três dias.

TM:  


Transliteração: wüšillaHTaºnî wünisTarTî baSSädè `ad hä`eºreb haššülìšît
Tradução: “deixa-me ir e esconder-me-ei no campo, até à tarde do
terceiro dia.”

Septuaginta: 

Transliteração: Kai exaposteleis me kai krybēsomai en tō pedíō
heōs deílēs
Tradução: “Me deixe esconder no campo até a noite.”
58 FABIO SABINO DA SILVA

c) Remoção de expressões difíceis. Esta seção pertence a assun-


tos de história, geografia ou teologia que pareciam ao copista
incorreto ou ofensivo. Um bom exemplo encontra-se em Jó 1:5,
11 e 2:5, 9, onde a expressão “amaldiçoa a Deus” era o original.
A expressão era ofensiva e assim foi mudada para “abençoa a
Deus” (uma situação de eufemismo), embora os escribas sou-
bessem que o original era “amaldiçoa a Deus.”
d) Problemas de pontuação. ACF Isaías 56:9 encontra-se a seguin-
te expressão: Vós, todos os animais do campo, todos os animais
dos bosques, vinde comer:


Isaías 56:9. Todos os animais dos campos, venham comer, vós to-
dos os animais dos bosques. Respeitando a pontuação da forma que
está, a profecia denuncia os chefes tribais cruéis do povo. Mas, os có-
dices de Leningrado B19a e do Cairo dos Profetas relatam um espaço
em branco depois da palavra “comer”, como também um “acento”
(atnah) sob a palavra “campo”. Com esta pontuação segue-se a se-
guinte tradução: “Todos os animais dos campos, venham comer todos
os animais dos bosques. Com esta tradução se obtém o significado
que os animais dos campos (os fracos) comeriam os dos bosques (os
fortes)”.
A CRÍTICA LITERÁRIA
DO ANTIGO TESTAMENTO

Introdução

As maiores dificuldades do estudo e da aprendizagem da crítica


textual, estão diretamente relacionadas com a correspondente dificul-
dade que o estudante encontra na exata compreensão dos textos.
No caso da leitura de textos literários, a seqüência do raciocínio é
apresentada dentro de quadros referenciais fornecidos pela imagina-
ção: através da imaginação é facílimo ter presente os quadros gerais
em que se desenvolve a ação descrita e percebe-se logo o encadea-
mento da história.
Poder-se-ia partir da consideração de que a comunicação se dá quan-
do transmissor de uma mensagem entre um emissor e um receptor.
O emissor transmite uma mensagem que é captada pelo receptor.
Este é o esquema geral apresentado pela teoria da comunicação.
Portanto, ao escrever um texto, o autor (o emissor) está elaboran-
do uma codificação de sua mensagem que, por sua vez, já tinha sido
pensada e racionalizada e o leitor (o receptor) ao ler um texto, está
realizando a decodificação da mensagem do autor, para então pensá-
la, assimilá-la, personalizá-la e compreendendo-a: assim se completa
a comunicação.
As diretrizes metodológicas que são apresentadas a seguir têm
apenas objetivos práticos:

1. Delimitação Textual

A primeira medida a ser tomada pelo leitor é o estabelecimento


de uma unidade de leitura. Unidade é um setor do texto que forme uma
totalidade de sentido.
60 FABIO SABINO DA SILVA

Assim, podemos considerar um capítulo, uma seção ou qualquer


outra sub-divisão. A delimitação torna-se, portanto, necessária para
saber qual é a mensagem do texto, ou seja, ela precisa ter começo, meio
e fim. O trecho da análise escrituraria resultante dessa delimitação re-
cebe o nome de perícope.
O bom do estudo da crítica textual em referência as perícopes é
que as versões que possuímos relatam os livros divididos em perí-
copes tendo cada uma delas suas epígrafes. Entretanto, os editores,
infelizmente, se equivocaram com algumas epígrafes textuais.1

1.1. Normas para delimitar um texto:2

Ø Formas que indicam um início:

a) O tempo. O tempo pode indicar o início, a continuação, a con-


clusão ou a repetição de um episódio, como a seguinte expres-
são: “veio a mim a palavra do Senhor” (atestado no livro de
Ezequiel por várias vezes).
b) Os personagens. Novos personagens nas narrativas são fatores
decisivos para averiguação.
c) Argumentação. A argumentação é clara pelas seguintes ex-
pressões: para isso... por causa de... entretanto... pois.
d) Nova situação. O autor pode inserir uma nova situação ou con-
trastá-la com a anterior. Ou lacunas e questões parentéticas. Exem-
plo: Em Ezequiel 27.8-12 temos uma questão parentética, onde o
autor faz uma ruptura para relatar outras informações e depois
retorna para o argumento inicial em que estava dissertando.
e) Vocativo. Uma forma muito utilizada nos livros proféticos.
Exemplo: ó filho do homem...
f) Mudança de estilo. Mudança de prosa para poesia e vice versa.
Exemplo: no livro de Ezequiel do capítulo 27-28 vemos de uma
forma clara as “quinas” (Lamentação) atesdadas.

1
Cf. M. S. Cássio. Metodologia de Exegese Bíblica. 2000, p. 68; U. Wegner. Exegese do
Novo Testamento – Manual de Metodologia. 3ª edição. 2002, p. 84.
2
Cf. M. S. Cássio. Metodologia de Exegese Bíblica. 2000, p. 70-72; U. Wegner. Exegese do
Novo Testamento – Manual de Metodologia. 3ª edição. 2002, p. 85-86; H. Simian-Yofre.
Metodologia do Antigo Testamento. 2000, p. 79-80.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 61

Ø Formas que indicam um término:3

a) Argumentação. Geralmente se encontra expressão de conclu-


sões, tipos: portanto...para este fim...assim diz o Senhor...., sa-
bereis que eu sou.
b) Tempo. O autor pode expressar o término pelas seguintes ex-
pressões: E partiram... e se acharam... e chamou aquele lugar...
e morreu... pereceu, nunca mais subsistirá.
c) Personagens. É comum nos livros proféticos personagem para
concluírem um oráculo divino. Exemplo: E trarei, farei e assim foi.

2. A Análise Textual

Determinada a delimitação, o estudante deverá proceder então a


uma série de atividades ainda preparatórias para a análise mais apro-
fundada do texto.
A finalidade da leitura é uma tomada de contato com toda a uni-
dade, buscando-se uma visão panorâmica, uma visão de conjunto do
raciocínio do autor. Onde o leitor sentirá seu estilo e método.
Na análise textual assinala-se todo o relato de possíveis dificul-
dades que exigem esclarecimentos para se chegar a compreensão da
mensagem do autor.
Alguns exemplos de dificuldades nessa análise são: semântismo,
pontos geográficos, ruptura textual. Nota-se que este trabalho busca o
esclarecimento com tríplice vantagem:

a) Diversifica as atividades no estudo, torna-o menos monótono e


cansativo.
b) Propicia uma série de informações e conhecimentos que passa-
riam desapercebidos numa leitura sistemática.
c) Torna o texto mais claro, sua leitura e análise ficarão mais agra-
dáveis, além disto, muito mais enriquecedor.

O trabalho da análise textual findará com uma esquematização do


texto, ou seja, detalhar a visão do conjunto da unidade em várias etapas.

3
Cf. M. S. Cássio. Metodologia de Exegese Bíblica. 2000, p.70-72; U. Wegner. Exegese do
Novo Testamento – Manual de Metodologia. 3ª edição, 2202, p. 85-86; H. Simian-Yofre.
Metodologia do Antigo Testamento. 2000, p. 79-80.
62 FABIO SABINO DA SILVA

A melhor maneira de se proceder é dividir inicialmente a unidade


em três ou mais dependendo da análise e os momentos redacionais:
introdução, desenvolvimento e conclusão. Exemplo:

Capítulo 26 de Ezequiel

a) Encargo confiado ao mensageiro (V.1-3);


b) Acusação (fundamentação,V.3);
c) Desenvolvimento da acusação (V.4-6);
d) Fórmula da mensagem (, nos versículos 5,7,14 e19);
e) Anúncio do juízo - isto é, intervenção de Deus (V.3-14);
f) Anúncio do juízo – isto é, conseqüências (V.15-21);
g) Assinatura de conclusão:      (V.21- diz o Senhor
DEUS).

3. A Análise Temática (ou verdade central)

Trata-se, nessa análise temática, de ouvir o autor, de aprender,


sem intervir nele, o conteúdo de sua mensagem. Praticamente, trata-
se de fazer ao texto uma série de perguntas cujas respostas darão o
conteúdo da mensagem.
A primeira questão a se levantar é a de saber do que fala o texto. A
resposta a esta questão será o tema ou assunto da unidade. Nem sem-
pre a epígrafe (ou título) da unidade dá uma idéia fiel ao tema.
A forma mais correta de se obter a verdade central são as “repeti-
ções de palavras”, podendo ser, verbos, substantivos e locais. Pois quem
fala, fala alguma coisa, quem sente, expressa por palavras e assim por
diante. Logo, cabe detalhar as repetições e ver suas associações em
regras contextuais.
Para isso, trata-se de perguntar ao texto em estudo: como o assun-
to está problematizado? Qual a dificuldade a ser resolvida? Qual o
problema a ser solucionado? O que o autor fala sobre o tema, ou seja,
como responde à dificuldade, ao problema levantado? Que posição
assume ele, que idéia defende, o que quer demonstrar?
Chama-se a resposta a esta questão de verdade central, de proposição
fundamental ou de tese. Em geral, nos textos logicamente bem estrutura-
dos, cada unidade terá sempre uma única idéia central, todas as demais,
sendo-lhe vinculadas ou, então, apenas paralelas ou complementares.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 63

Exemplo: Os capítulos 26-28 do Livro de Ezequiel querem apenas de-


monstrar: Trabalho, Orgulho, Juízo e Destruição.

4. A Análise Interpretativa (ou etimológica)

A partir desta compreensão objetiva da mensagem comunicada


pelo texto, o estudante passará a adotar uma atitude de interpretação
sem a qual a compreensão profunda do texto não traria grandes van-
tagens e benefícios.
Interpretar é forçar o autor a um diálogo, explorar toda a fecundi-
dade das idéias expostas, cojetá-las com outras, enfim, ter intimidade
com o autor.
Vê-se perante vários textos a dificuldade de raciocínio quando
não se sabe a origem ou a razão de o autor ter inserido tal palavra, ou
seja, ele criou de imediato ou obteve de outras fontes?
Qual era o seu significado original e qual a conotação para ele
naquele momento? São apenas palavras lançadas ao vento? Como as
pessoas de sua época as entenderam? Para que o autor utilize sempre
a mesma palavra é de se esperar que fosse usual em todos os senti-
dos.
Vê-se esse problema em Ezequiel 28.14, referente à palavra “que-
rubim”, a palavra aqui, denota uma classe herarquica angelical ou um
sentido figurativo aplicado a alguém?
Etimologicamente, a palavra tem sua raiz nas seguintes versões: a
Septuaginta relata a forma . O Targum e a Peshitta relatam a
forma kroÒbaÒ, como um trocadilho.
Entretanto, a versão Árabe propõe a forma karuÒb, a versão Etíope ki/
eruÒb, o acádico kaÒribu/btu, sendo este um particípio de karaÒbu, cujo signi-
ficado se tem em todas elas: “orar”, “consagrar” e “abençoar”.4
Em regra etimológica e contextual, o autor do livro de Ezequiel
utiliza o vocábulo “querubim” não como uma classe herarquica ange-
lical e sim, em seu sentido etimológico (abençoar), pois o contexto do
versículo 16 informa, que ele era comerciante, a ponto de ter multipli-
cado seus rendimentos, mas ficou irado, pecou, foi rejeitado e morreu!
É visto pelo capítulo 27 em seu todo, que o conceito etimológico é

4
Cf. Baumgartner, Walter & Koehler, Ludwig. The Hebrew and Aramaic Lexicon of the
Old Testament. Leiden/New York/Köln: E. J. Brill. Tópico, 4410.
64 FABIO SABINO DA SILVA

correto de ser aplicado, pois a nação de Tiro abençoava as outras na-


ções com o seu comércio.

BIBLIOGRAFIA SELECIONADA

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MORFOLOGIA

Para o presente estudo é necessário responder o que é a morfo-


logia e qual a sua finalidade. A morfologia é parte da gramática que
estuda a estrutura das palavras e a sua formação. O termo morfologia
contrasta com sintaxe (a combinação das palavras em frases e ora-
ções). Far-se-á uma comparação entre o português e hebraico, para
que assim se tenha um conhecimento de como lidar com a morfologia
dos textos hebraicos, em especial com o texto de Ezequiel 28.

CLASSE DE PALAVRAS

1. Substantivo

É a forma que designa os seres em geral e se têm as seguintes clas-


sificações em português:

a) Substantivo: comum ou próprio: pessoas, lugares, instituições,


animais ou coisas pertencentes ao meio físico.
b) São substantivos concretos: José, rapariga, porto, assembléia, leão
e teclado.
c) São substantivos abstratos: estados, ações e qualidades.

1.1. O substantivo no hebraico

Em hebraico, como em todos os idiomas semíticos, reconhece


apenas dois gêneros do substantivo: o masculino e o feminino. Objetos:
inanimados e idéias abstratas pelas quais outros idiomas indicam pelo
neutro, são considerados em hebraico como masculino ou feminino.1

1
Cf. Gesenius, Kautzsch e Cowley. Hebrew Grammar. 1988, §80a; Bruce K. Waltke and
M. O’ Connor. An Introduction to Biblical Hebrew Syntax. 1990, p. 95; P. H. Kelley.
68 FABIO SABINO DA SILVA

O masculino singular é o gênero mais comum e importante, não


tem nenhuma indicação especial para indicar que tal palavra seja mas-
culino singular; entretanto, há partícula para denotar o gênero mascu-
lino plural e feminino singular e plural.

1.11 Masculino

a) O que denota o sexo masculino singular é a: ausência do prefixo


feminino (): (hä´ädäm, o homem),  (meºlek, rei), 
(´äb, pai).
b) O gênero masculino singular denota objetos inanimados: 
(Baºyit, casa), (däbär, palavra), (BäSär, carne).
c) O gênero masculino denota idéias abstratas (principalmente
no plural): (Hayyîm, vida), (nü`ûrîm, mocidade)

1.12 Feminino

O que denota o sexo feminino é o acrescentamento de uma desi-


nência em uma forma masculina: (malKâ, rainha)
O gênero feminino também denota os seguintes conceitos:

a) Nomes de países e cidades:  (mô´äb, Moabe),  (mi-


crayìm, Egito).
Nota. (O masculino é normalmente usado para a população de
uma cidade).

b) Nomes comuns de lugares, distritos:  (šü´ôl, inferno), 


(cäpôn, norte);
c) Nomes de instrumentos e utensílios: (Heºreb, espada);
d) Partes do corpo que ocorrem em pares:  (´öºzen, orelha),
(aºyìn, olho);
e) Nomes dos elementos e forças não vistos:  (´ëš, fogo), 
(rûªH, vento, espírito);

Hebraico Bíblico – Uma Gramática Introdutória. 2003, p. 61; A. P. Ross. Gramática do


Hebraico Bíblico. 2005, p. 75; O. C. P. Carlos. Fundamentos para Exegese do Antigo Tes-
tamento – Manual de Sintaxe Hebraica. 1998, p. 13.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 69

f) Títulos e designações: (qöheºlet, pregador);


g) Idéias abstratas:  (´émûnâ, fidelidade),  (tsedaqah,
justiça).

1.13 Masculino plural

A desinência comum do plural masculino é o seu sufixo em: 


(îm).
Exemplo:  (hammüläkîm, os reis).

a) Pode indicar uma forma de respeito:


Exemplo: “Deus”  (´élöhîm), também chamado de plural
majestático, plural de potencialidade ou plural de eminência. Adjeti-
vos atributivos e verbos que vão com a forma (´élöhîm) normalmente
serão singulares.

1.14 Feminino plural

A terminação plural do gênero feminino geralmente é indicada pela


terminação: (ôt)
Exemplo:  (rûHôt, espíritos).

1.2. O Caso2

O substantivo tem três casos: nominativo, genitivo e acusativo.

1.21 O uso do caso nominativo

O caso nominativo é utilizado para denotar o assunto de uma cláu-


sula (sujeito). Para variações de palavra-ordem e acordo com o assun-
to-verbo.
Exemplo: (hannäHäš hiššî´aºnî, a serpente me iludiu),
Gn 3.13.

2
Cf. A. P. Ross. Gramática do Hebraico Bíblico. 2005, p. 102; P. H. Kelley. Hebraico
Bíblico – Uma Gramática Introdutória. 2003, p. 85; O. C. P. Carlos. Fundamentos para
Exegese do Antigo Testamento – Manual de Sintaxe Hebraica. 1998, p. 16-24.
70 FABIO SABINO DA SILVA

1.22 O uso do caso genitivo (construto)

Os substantivos que estão no caso genitivo tem a tendência de se-


rem governados por uma preposição, incluindo todas as palavras em
estado construto. O genitivo é o possuidor da coisa precedente (uso
comum).
Exemplo: (hêkal yhwh hêkal yhwh
hëºmmâ, templo do SENHOR, templo do SENHOR é este ), Jr 7.4.

1.23 O uso do caso acusativo3

O caso do acusativo, conhecido em nosso português como objeto


direto, sendo este a função normal do acusativo.
Exemplo: (wayyi††a` yhwh ´élöhîm Gan, E
plantou o SENHOR Deus um jardim ), Gn 2.8.

2. Adjetivo

Os adjetivos são modificadores dos substantivos e podem variar


em gênero, número e grau. Adjetivos compostos (estudos anglo-ameri-
canos e populações afro-asiáticas).

2.1. Flexão em Grau. Os adjetivos têm três graus: normal, compara-


tivo e superlativo.
a) Normal (Este rapaz é alto);
b) Comparativo – Comparativo de superioridade (Este rapaz é
mais alto do que…);
c) Comparativo de igualdade (Este rapaz é muito alto como…);
d) Comparativo de inferioridade (Este rapaz é menos alto do
que…);

3
Cf. O. C. P. Carlos. Fundamentos para Exegese do Antigo Testamento – Manual de

Sintaxe Hebraica. 1998, p. 21; onde a partícula (´ët) é conhecida como o sinal do
acusativo porque é escrito com substantivos definidos que estão no caso acusativo.
Mas esta designação é mais conveniente que preciso. Tecnicamente, indica uma
ênfase fraca ou leve, normalmente com o acusativo, mas não exclusivamente. É
escrito comumente com determinados substantivos (o artigo) que pode ter uma
força demonstrativa. O sinal pode ser usado com objetos diretos, objetos indiretos,
acusativos adverbiais e até mesmo com o caso nominativo.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 71

e) Superlativo – Superlativo relativo de superioridade (…o mais


alto da…);
f) Superlativo relativo de inferioridade (…o menos alto da…);
g) Superlativo absoluto analítico (…muito alto);
h) Superlativo absoluto sintético (…altíssimo).

2.2. O adjetivo no hebraico4

O hebraico reconhece apenas dois gêneros do adjetivo: o mascu-


lino e o feminino. E três números: singular, plural e dual. O adjetivo
em hebraico é relacionado em duas classificações, o uso: atributivo e o
predicativo.

2.11 O gênero masculino

Os adjetivos possuem as mesmas terminações dos substantivos.

a) O singular. Como o substantivo, o adjetivo não possue termi-


nação para caracterizar o singular. Exemplo:  (†öb, bom)
b) O plural. Como o substantivo, o adjetivo possue a mesma ter-
minação que o substantivo para caracterizar o plural.
Exemplo:  (†öbîm, bons)

2.12 O gênero feminino

Os adjetivos possuem as mesmas terminações dos substantivos:

a) O singular. Como o substantivo, o adjetivo possue terminação


para caracterizar o singular. Exemplo:  (†ôbâ, boa)
b) O plural. Como o substantivo, o adjetivo possue a mesma ter-
minação que o substantivo para caracterizar o plural.

Exemplo:  (†öbôt, boas)

4
Cf. A. P. Ross. Gramática do Hebraico Bíblico. 2005, p. 85; P. H. Kelley. Hebraico Bíblico
– Uma Gramática Introdutória. 2003, p. 68; O. C. P. Carlos. Fundamentos para Exegese
do Antigo Testamento – Manual de Sintaxe Hebraica. 1998, p. 27; Gesenius, Kautzsch
e Cowley. Hebrew Grammar. 1988, § 133; Bruce K. Waltke and M. O’ Connor. An
Introduction to Biblical Hebrew Syntax. 1990, p. 225.
72 FABIO SABINO DA SILVA

2.13. O uso atributivo

O uso atributivo modifica um substantivo diretamente de tal modo


que as funções da frase combinam como uma única unidade sintática.
Neste uso o adjetivo segue regularmente seu substantivo não modifi-
cando a ordem.

Exemplo:   (šümô haGGädôl, seu grande nome ), I Sm 12.22

2.14. O uso predicativo

O uso predicativo é utilizado em cláusulas verbais para expressar


uma afirmação sobre o assunto da cláusula. O predicado normalmen-
te precede o assunto e sempre é indefinido.

Exemplo: (caDDîq ´aTTâ, Justo és ), Jr 12.1.

3. Verbo

O verbo é uma palavra variável que exprime um processo em de-


senvolvimento ou um estado:

a) O verbo varia em: modo, tempo, pessoa, número e voz.


b) O modo traduz a atitude do sujeito em relação àquilo que expri-
me. Há cinco modos: indicativo, conjuntivo, imperativo, condicio-
nal e infinitivo.
c) O tempo situa a ação no momento em que se fala (presente), num
momento anterior (passado ou pretérito) ou num momento pos-
terior (futuro).
d) A pessoa e o número dispensam comentários.
e) A voz é a forma de apresentar o processo em desenvolvimento
traduzido pelo verbo, indicando a relação entre este e o sujeito.
A voz ativa indica que é o sujeito que pratica a ação, exemplo:
o rapaz lava o carro. A voz passiva apresenta a ação como sofrida
ou recebida pelo sujeito, exemplo: o carro é lavado pelo rapaz. A
voz reflexiva indica que o sujeito pratica e simultaneamente
sofre ou recebe a ação. Exemplo: o rapaz lava-se.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 73

3.1. Conjugação

A conjugação de um verbo é o conjunto das formas de flexão desse


verbo: modos, tempos, pessoas, números e vozes. Os verbos seguem
três modelos de conjugação:

a) a primeira: vogal temática -a; infinitivo em -ar: cantar, pergun-


tar e ousar.
b) a segunda: vogal temática -e; infinitivo em -er: ler, perder e dizer.
c) a terceira: vogal temática -i; infinitivo em -ir: pedir, ouvir e rir.

3.11 Formas especiais de conjugação

a) Conjugação pronominal

Esta conjugação faz-se com os pronomes pessoais: -o, -a, -os, -as, -me,
-te, -lhe, -nos, – vos, -lhes. Exemplo: Eu compro-o(s) / Eu compro-a(s).

b) Conjugação pronominal reflexiva e recíproca

A conjugação pronominal torna-se reflexiva com os pronomes:


me, te, se, nos, vos, se, que referem a mesma pessoa do sujeito. Exemplo:
Eu lavo-me / Tu lavas-te.
A conjugação pronominal reflexiva torna-se recíproca com os pro-
nomes pessoais do plural: nos, vos, se, exprimindo reciprocidade; isto
é, com o significado de um ao outro ou uns aos outros. Exemplo: Nos
olhamo-nos.

c) Conjugação prerifrástica

Constituída por um verbo principal no infinitivo ou no gerúndio


e por um verbo auxiliar, traduzindo as seguintes ideias:

Ø Necessidade (ter de + infinitivo).


Exemplo: Tenho de estudar.

Ø Dispositivo ou resolução (haver de + infinitivo).


Exemplo: Hei-de levantar-me cedo.
74 FABIO SABINO DA SILVA

Ø Proximidade da realização (estar para + infinitivo).


Exemplo: Ela está para partir.

Ø Realização gradual da ação (ir/vir + gerúndio) (ir/vir +


a+infinitivo).
Exemplo: Ele vai escrevendo o romance. Eles vão entrar no ci-
nema.

Ø Realização prolongada da ação (andar a/estar a+infinitivo)


(andar/estar+gerúndio).
Exemplo: Ando a escrever a tese de doutoramento. Estou ano-
tando as incorreções.

3.12 Verbos impessoais e unipessoais

Os verbos impessoais são usados na 3ª pessoa do singular e não


têm sujeito. Os verbos unipessoais conjugam-se apenas na 3ª pessoa
do singular ou no plural e têm sujeito.

3.13 Verbos com duplo particípio passado

Há verbos que apresentam particípios duplos: uma forma regular


em -ado ou -ido, geralmente utilizada na formação dos tempos com-
postos com os auxiliares ter e haver, uma forma irregular, mais curta,
habitualmente utilizada com os auxiliares ser e estar.

3.2. O verbo no hebraico

O verbo é uma palavra variável que exprime um processo em de-


senvolvimento ou um estado.
O verbo no hebraico é um sistema morfológico de derivação antiga.
O que é comum à maioria dos vocabulários antigos e semelhanças
sintáticas. O sistema de três consoantes (triconsonantal) consideradas
como radicais.5

5
Cf. Gesenius, Kautzsch e Cowley. Hebrew Grammar. 1988, §40; Bruce K. Waltke and
M. O’ Connor. An Introduction to Biblical Hebrew Syntax. 1990. p. 344; P. H. Kelley.
Hebraico Bíblico – Uma Gramática Introdutória. 2003, p. 116-118; A. P. Ross. Gramática
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 75

O sistema tricosonantal é o que se denomina de “raiz”; ou seja,


em qualquer palavra, a raiz relaciona o conceito geral do significado
da palavra.
Normalmente, a raiz é inalterável, embora possa ser flexionada
pelo uso de: infixos (elementos que são inseridos dentro da raiz), pre-
fixos e sufixos, os quais denotam mudanças gramaticais e por fim, for-
mará novas palavras com significados relacionados.
Significativamente, as vogais da raiz e conseqüentemente sua vo-
calização, mudarão dependendo em como a raiz será usada em qual-
quer classe de palavra por exemplo: um substantivo, um verbo, caso
ou tempo verbal.
O padrão do uso vocálico e sua mudança serão denominados de
“esquema”. Assim, raiz e esquema são os dois elementos principais
nos quais constituem a palavra dos idiomas Afro-asiáticos.
Por exemplo, em árabe a raiz que pertence ao conceito de “ensinar
e aprender” são: “drs”.
Enquanto os “drs” das consoantes sempre permanecerão o mes-
mo, o esquema e vocalização mudarão dependendo do uso, por
exemplo: darasa, “estudar, aprender”; darrasa, “ensinar”; dars, “lição,
classe”; durus, “lição”; mudaaris, “professor”/mudaarisa, “professo-
ra”; madrasa, “escola”.
São os mesmos sistemas para as línguas semíticas, inclusive o he-
braico. As consoantes permanecem o mesmo, enquanto as vogais e
vocalização mudam de acordo com o uso.

3.21. Conjugação

A conjugação de um verbo é o conjunto das formas de flexão des-


se verbo: modo, tempo, pessoa, número e voz.

a) O modo traduz a atitude do sujeito em relação aquilo que expri-


me. Há cinco modos: indicativo (que em hebraico associamos
ao termo perfeito), conjuntivo (que em hebraico associamos ao
termo imperfeito), imperativo, volitivo, jussivo, coortativo, particípio
e infinitivo.

do Hebraico Bíblico. 2005, p. 94; O. C. P. Carlos. Fundamentos para Exegese do Antigo


Testamento – Manual de Sintaxe Hebraica. 1998, p. 54.
76 FABIO SABINO DA SILVA

b) O tempo situa a ação no momento em que se fala (presente),


num momento anterior (passado ou pretérito) ou num momen-
to posterior (futuro). Entretanto, em hebraico temos o “tempo
perfeito” como é denominado, lida com o tipo de ação. O tipo
da ação que o tempo perfeito reflete é de uma ação completa-
da (completa ou concluída), se no passado, presente ou futuro.
A maioria dos estudantes aprende traduzir o perfeito como
um simples tempo no passado (como o pretérito do perfeito
do português). E também o “tempo imperfeito” o qual pode
ser tido como uma ação simples no futuro, uma ação repetida
(denominado de tempo freqüentativo), habitual, onde também
são utilizados verbos auxiliares (ter, haver, ser, estar, ir, poder)
para uma compreensão do imperfeito e sua tradução.6
c) A pessoa e o número dispensam comentários.
d) A voz é a forma de apresentar o processo em desenvolvimento
traduzido pelo verbo, indicando a relação entre este e o sujei-
to. A voz ativa indica que é o sujeito que pratica a ação. A voz
passiva apresenta a ação como sofrida ou recebida pelo sujeito.
A voz reflexiva indica que o sujeito pratica e simultaneamente
sofre ou recebe a ação. A voz causativa ou intensiva indica que
o sujeito pratica a ação com rigor (dureza). Para compreensão
ter-se-á uma pequena introdução às vozes e também um para-
digma:

Ø Qal (). A forma mais simples da maioria dos verbos em he-


braico, em português é comparada a “voz ativa”. O tronco Qal é tido
como uma forma simples pela razão da raiz não utlilizar nenhum pre-
fixo ou sufixo consonantal à 3ª pessoa do masculino singular do tem-
po perfeito. A palavra: (qäl) origina-se do verbo: (qälal), cujo
significado possui: “ser leve”.7
Exemplo:(qä†al, ele matou).

6
Cf. P. H. Kelley. Hebraico Bíblico – Uma Gramática Introdutória. 2003, p. 163-164; A.
P. Ross. Gramática do Hebraico Bíblico. 2005, p. 134; O. C. P. Carlos. Fundamentos para
Exegese do Antigo Testamento – Manual de Sintaxe Hebraica. 1998, p. 59-69.
7
Cf. P. H. Kelley. Hebraico Bíblico – Uma Gramática Introdutória. 2003, p. 109; A. P.
Ross. Gramática do Hebraico Bíblico. 2005, p. 90; O. C. P. Carlos. Fundamentos para
Exegese do Antigo Testamento – Manual de Sintaxe Hebraica. 1998, p. 45.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 77

Ø Nifal (). Niphal é equivalente a voz passiva do português.


A característica da voz passiva em hebraico é a inserção da consoante
“n” () como prefixo do radical.8
Exemplo: (niq†al, ele se matou).

Ø Piel ( ). Piel é equivalente em português a uma expressão


repetida ou intensiva. As características de sua formação podem ser vis-
tas em gramáticas de Hebraico Bíblico.9
Exemplo: (qi††ël, ele massacrou).

Ø Pual (). Pual é a voz passiva do Piel. As características de sua


formação podem ser vistas em gramáticas de Hebraico Bíblico.10
Exemplo: (qu††al, ele foi massacrado).

Ø Hifil (). Hiphil é a voz causativa do Qal. As caracterís-


ticas de sua formação podem ser vistas em gramáticas de Hebraico
Bíblico.11
Exemplo:  (hiq†îl, ele fez matar).

Ø Hofal ( ). Hophal é a voz causativa passiva do Hiphil. As


características de sua formação podem ser vistas em gramáticas de
Hebraico Bíblico.12
Exemplo: (hoq†al, ele se fez matar).

8
Cf. P. H. Kelley. Hebraico Bíblico – Uma Gramática Introdutória. 2003, p. 139; A. P.
Ross. Gramática do Hebraico Bíblico. 2005, p. 196; O. C. P. Carlos. Fundamentos para
Exegese do Antigo Testamento – Manual de Sintaxe Hebraica. 1998, p. 46. Nota: O
tronco Niphal tem em sua raiz uma gutural o qual varia no paradigma. Substi-
tui o sheva da primeira consoante da raiz por um chatef-segol ou realiza-se um
alongamento da vogal chireq, para tsere, pois as consoantes guturais rejeitam o
daguesh forte.
9
Cf. P. H. Kelley. Hebraico Bíblico – Uma Gramática Introdutória. 2003, p. 146; A.
P. Ross. Gramática do Hebraico Bíblico. 2005, p. 200-203; O. C. P. Carlos. Fun-
damentos para Exegese do Antigo Testamento – Manual de Sintaxe Hebraica. 1998,
p. 47-48.
10
Cf. Ibid. P. H. Kelley., p. 146; A. P. Ross., p. 207-209; O. C. P. Carlos., p. 47-48.
11
Cf. Ibid. P. H. Kelley., p. 148-149; A. P. Ross., p. 218-220; O. C. P. Carlos., p. 48;
Bruce K. Waltke and M. O’Connor., p. 433.
12
Cf. Ibid. P. H. Kelley., p. 149; A. P. Ross., p. 225-226; O. C. P. Carlos., p. 48; Bruce
K. Waltke and M. O’ Connor., p. 447.
78 FABIO SABINO DA SILVA

Ø Hitpael (). Hitpael é a voz reflexiva o qual indica que o


sujeito pratica e simultaneamente sofre ou recebe a ação.13
Exemplo:(hitqa††ël, ele se massacrou).

4. Pronome

Os pronomes representam um substantivo (pronomes substanti-


vos) ou acompanham um substantivo (pronomes adjetivos). Os pro-
nomes pessoais nunca funcionam como pronomes adjetivos.
Exemplo: A minha [pronome adjetivo] casa não é tão grande como a
tua [pronome substantivo].
Há seis subclasses de pronomes: pessoais, possessivos, demonstrati-
vos, relativos, interrogativos e indefinidos.

4.11 Pronomes pessoais

a) Pronomes pessoais não reflexivos.


Os pronomes pessoais distinguem-se pela função – podem ser: re-
tos (sujeito) e oblíquos (complemento direto, complemento indireto,
complemento circunstacial ou agente da passiva) – e pela acentuação
(átonos e tônicos).
b) Pronomes pessoais retos: eu, tu, ele, ela, nós, vós, eles, elas.
c) Pronomes pessoais oblíquos: me, te, o, a, lhe, nós, vós, os, as, lhes.
d) Pronomes pessoais oblíquos tônicos: mim, comigo, ti, contigo, ele,
ela, nós, conosco, vós, convosco, eles, elas.

4.12 Pronomes pessoais reflexivos e recíprocos

Os pronomes reflexivos têm a função de complemento direto, indi-


reto ou outros e representam a mesma pessoa ou a mesma coisa que o
sujeito do verbo, exemplo: Ela vestiu-se com todo o cuidado.
Há três formas próprias (se, si, consigo), outros pronomes pes-
soais podem funcionar como reflexivos, exemplo: Eu vesti-me com todo
o cuidado.

13
Cf. Ibid. P. H. Kelley., p.147-148; A. P. Ross., p. 212-215; O. C. P. Carlos., p. 50;
Bruce K. Waltke and M. O’ Connor., p. 424.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 79

Os pronomes recíprocos exprimem a reciprocidade; isto é, a idéia de


um ao outro.
Exemplo: O João e o amigo cumprimentaram-se efusivamente.

a) Pronomes reflexivos: me, te, se, si, consigo, nós, vós, se, si, consigo.
b) Pronomes recíprocos: nós, vós, se.

4.13 Pronomes possessivos

Os pronomes possessivos exprimem a relação de posse entre o(s)


possuidore(s) e o(s) objeto(s) possuídos: meu, teu, seu, meus, teus, seus,
minha, tua, sua, minhas, tuas, suas, nosso, vosso, seu, nossos, vossos, seus,
nossa, vossa, sua, nossas, vossas, suas.

4.14 Pronomes demonstrativos

Os pronomes demonstrativos utilizam-se para designar um ser ou


um objeto, podendo situá-lo no espaço ou no tempo (valor deíti-
co): Que casaco queres? Este é mais quente, mas aquele fica-te melhor.
Os pronomes demonstrativos servem também para lembrar o que
foi referido anteriormente ou o que se vai referir (valor anafórico).
A ociosidade gera desinteresse e este conduz ao abandono e ao falhando.
Este, esse, aquele, o outro, o mesmo, tal, o, estes, esses, aqueles, os outros,
os mesmos, tais, os, esta.

4.15 Pronomes relativos

Os pronomes relativos referem-se geralmente a um antecedente: o


qual, qual, quanto, cujo, os quais.

4.16 Pronomes interrogativos

Os pronomes interrogativos são utilizados para formular uma per-


gunta direta ou indireta: “(…) quem, quem ousou entrar (…)” Variá-
veis: qual?, quanto?, quais?, quantos?, …, quantas? – Invariáveis: que?
quem?
80 FABIO SABINO DA SILVA

4.17 Pronomes indefinidos

Os pronomes indefinidos exprimem uma idéia de indeterminação:


“Quanta mulher no teu passado, quanta!” Variáveis: um, algum, nenhum,
todo, muito, pouco, tanto, quanto, outro, certo,
Qualquer. Invariáveis: algúm, ninguém, tudo, outrem, nada, cada,
algo.
As locuções pronominais indefinidas são grupos de palavras
equivalentes a pronomes indefinidos: seja quem for, seja qual for, seja o
que for, quem quer que seja, qualquer que seja, o quer que seja, quem quer que
fosse, qualquer que fosse, o que quer que fosse, fosse quem fosse, fosse o que
fosse, cada um, cada qual, todo aquele que.

4.2. O pronome no hebraico

Os pronomes são palavras que podem representar um substantivo.


Os grupos principais de pronomes são: pessoais, demonstrativos, inter-
rogativos, indefinidos e relativos. Uma variedade de expressões pode
executar o papel de substantivo em uma cláusula, inclusive subs-
tantivos, frases de substantivo, como também pronomes. A classe de
pronomes é morfologicamente diversa: categorias habituais de flexão
hebraica como número e gênero são manifesto, mas às vezes de modo
incomum.14

4.21 O pronome pessoal

Abaixo veremos as formas dos pronomes pessoais do caso reto:15

14
Cf. K. Bruce, Waltke and M. O’ Connor. An Introduction to Biblical Hebrew Syntax.
1990, p. 290.
15
Cf. Gesenius, Kautzsch e Cowley. Hebrew Grammar. 1988, §32; Bruce K. Waltke and
M. O’ Connor. An Introduction to Biblical Hebrew Syntax. 1990, p. 292; P. H. Kelley.
Hebraico Bíblico – Uma Gramática Introdutória. 2003, p. 77; A. P. Ross. Gramática do
Hebraico Bíblico. 2005, p. 98; O. C. P. Carlos. Fundamentos para Exegese do Antigo
Testamento – Manual de Sintaxe Hebraica. 1998, p. 31-32.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 81

Pessoas Singular Transliteração Plural Transliteração


1ª pessoa comum  ´ánî (Eu)  ´ánaHnû (Nós)
2ª pessoa do masculino  ´aTTâ (Tu)  ´aTTem (Vós)
2ª pessoa do feminino  ´aTT (Tu) / ´aTTën /´aTTënâ (Vós)
3ª pessoa do masculino  hû´ (Ele) / Hëm/hëºmmâ (Eles)
3ª pessoa do feminino  hî´ (Ela)  hëºnnâ (Elas)

4. 22 Os pronomes demonstrativos

Os pronomes demonstrativos utilizam-se para designar um ser ou um


objeto, podendo situá-lo no espaço ou no tempo (valor deítico). Os pro-
nomes demonstrativos servem também para lembrar o que foi referido
anteriormente ou o que se vai referir (valor anafórico).16 Abaixo veremos
as formas dos pronomes demonstrativos:17

Gênero Singular Transliteração Plural Transliteração


Masculino  zè (Este)  ´ëºllè (Estes)
Feminino  zö´t (Esta)  ´ëºllè (Estas)
Masculino  hû´ (Aquele) () Hëºmmâ (Hëm) (Aqueles)
Feminino  hî´ (Aquela)  hëºnnâ (Aquelas)

4.23 O pronome relativo

Os pronomes relativos referem-se geralmente a um antecedente: o


qual, qual, quanto, cujo, os quais,…Em hebraico o pronome relativo mais
utilizado e correspondente ao português é a forma: (´ášer).18

16
Cf. K. Bruce, Waltke and M. O’Connor. An Introduction to Biblical Hebrew Syntax.
1990. p. 306.
17
Cf. Gesenius, Kautzsch e Cowley. Hebrew Grammar. 1988, §32; Bruce K. Waltke and
M. O’ Connor. An Introduction to Biblical Hebrew Syntax. 1990, p. 306; P. H. Kelley.
Hebraico Bíblico – Uma Gramática Introdutória. 2003, p. 78; A. P. Ross. Gramática do
Hebraico Bíblico. 2005, p. 98-99; O. C. P. Carlos. Fundamentos para Exegese do Antigo
Testamento – Manual de Sintaxe Hebraica. 1998, p. 32.
18
Cf. Gesenius, Kautzsch e Cowley. Hebrew Grammar. 1988, §36; Bruce K. Waltke and
4.24 Os pronomes possessivos

82
Os pronomes possessivos exprimem a relação de posse entre o(s) possuidore(s) e o(s) objeto(s) possuí-
dos: meu, teu, seu, meus, teus, seus, minha, tua, sua, minhas, tuas, suas, nosso, vosso, seu, nossos, vossos, seus,
nossa, vossa, sua, nossas, vossas, suas.19

Sufixo pronominal possessivo singular


Tradução N.G. Forma com Sufixo Transliteração Sufixo Contração Forma sem Sufixo
Seu cavalo 3ms  sûsô =  + 

FABIO SABINO DA SILVA


Seu cavalo 3fs  sûsäh =  + 
Teu cavalo 2ms  sûsêkä =  + 
Teu cavalo 2fs  sûsëk =  + 
Meu cavalo 1cs  sûsî =  + 
Sufixo pronominal possessivo plural
Seu cavalo (deles) 3mp  sûsäm =  + 
Seu cavalo (delas) 3fp  sûsän =  + 
Vosso cavalo 2mp  sûsêkem =  + 
Vosso cavalo 2fp  sûsêken =  + 
Nosso cavalo 1cp  sûsënû =  + 

M. O’ Connor. An Introduction to Biblical Hebrew Syntax. 1990, p. 330; A. P. Ross. Gramática do Hebraico Bíblico. 2005, p. 114;
O. C. P. Carlos. Fundamentos para Exegese do Antigo Testamento – Manual de Sintaxe Hebraica. 1998, p. 36-38.
19
Cf. A. P. Ross. Gramática do Hebraico Bíblico. 2005, p. 117-121; P. H. Kelley. Hebraico Bíblico – Uma Gramática Introdutória. 2003,
p. 96-105.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 83

4.25 Os pronomes interrogativos

Os pronomes interrogativos são utilizados para formular uma per-


gunta direta ou indireta: “(…) quem, quem ousou entrar (…)”. Variáveis:
qual?, quanto?, quais?, quantos?, quantas? Invariáveis: que? quem?20 Em
hebraico temos as seguintes formas mais utilizadas: (mî), que é re-
lativo a quem? no português e a forma:  (mâ), relativo a que? em
português.

5. Artigo

Os artigos antepõem-se aos substantivos e empregam-se:

• para identificar o substantivo como conhecido, definido.


• para designar objetos ou seres não identificados e para represen-
tar uma espécie.

a) Artigos definidos: o, os, a, as;


b) Artigos indefinidos: um, uma, uns, umas.

Os artigos podem ser contraídos com as seguintes preposições:

Preposições+artigos
definidos: a+o=ao /a+a=à /a+os=aos /a+as= às /e+o=do /…/
em+o=no /…/por(per)+o=pelo.

Preposições+artigos indefinidos: de+um=dum /em+um=num/…

5.1. O artigo no hebraico

Os artigos antepõem-se aos substantivos e empregam-se para iden-


tificar o substantivo como conhecido, definido, como também para

20
Cf. Gesenius, Kautzsch e Cowley. Hebrew Grammar. 1988, §37; Bruce K. Waltke
and M. O’ Connor. An Introduction to Biblical Hebrew Syntax. 1990, p. 317-312; A. P.
Ross. Gramática do Hebraico Bíblico. 2005, p. 114; O. C. P. Carlos. Fundamentos para
Exegese do Antigo Testamento – Manual de Sintaxe Hebraica. 1998, p. 34; P. H. Kelley.
Hebraico Bíblico – Uma Gramática Introdutória. 2003, p. 126-127.
84 FABIO SABINO DA SILVA

designar objetos ou seres não identificados e para representar uma


espécie. O hebraico não tem uma forma para os indefinidos, a ausência
do artigo definido subtende que a palavra está indefinida:

a) A forma mais utilizada em hebraico para o artigo definido


é:  (consoante “h”, mais a vogal “a” e um “ponto diacríti-
co” na primeira consoante), cujo mesmo pode ser traduzido
por: o, os, a, as.21

6. Preposição

As preposições são palavras invariáveis que relacionam dois ter-


mos de uma oração: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre,
para, perante, por (per), sem, sob, sobre, trás.
Há certas palavras, geralmente pertencentes a outras classes, que
funcionam por vezes como preposições: afora, conforme, consoante, du-
rante, excepto, mediante, não obstante, salvo, segundo. Exemplo: Deu-lhe
tudo exceto amor.

6.1. Locução prepositiva

A locução prepositiva é constituída por duas ou mais palavras, sen-


do a última uma preposição.
As locuções prepositivas mais frequentes são: abaixo de, acerca de,
acima de e a despeito de.

6.2. A preposição no hebraico

As preposições são palavras invariáveis que relacionam dois ter-


mos de uma oração: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre,
para, perante, por (per), sem, sob, sobre, trás. Há certas palavras, geral-
mente pertencentes a outras classes, que funcionam por vezes como

21
Cf. Gesenius, Kautzsch e Cowley. Hebrew Grammar. 1988, §35; A. P. Ross. Gramáti-
ca do Hebraico Bíblico. 2005, p. 63-64. Nota: usa-se outro termo para associar a forma
do artigo, alguns preferem a denominação de “he”, mais a “vogal patah” e “daguesh
forte” na primeira consoante diante de todas as “não-guturais”, Cf. P. H. Kelley.
Hebraico Bíblico – Uma Gramática Introdutória. 2003, p. 45-47.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 85

preposições: afora, conforme, consoante, durante, excepto, mediante, não


obstante, salvo, segundo. As formas das preposições mais utilizadas em he-
braico são:22

a) (Bü). A eles, durante, por, com, contra, por causa de, em, na, cujo,
como, dentre;
b) (kü). Como que, como, tanto, quanto, segundo, semelhante;
c) (lü). Para, por ocasião, de, de modo que.

7. Conjunção

A conjunção é uma palavra invariável que serve para relacionar


duas palavras, dois grupos de palavras ou duas orações. Existem dois
tipos de conjunções:

a) conjunções coordenativas: estabelecem ligação entre pala-


vras ou orações de idêntica função. Exemplo: Ou entras ou
sais.
b) conjunções subordinativas: unem duas orações, estabelecen-
do uma relação de dependência entre elas; isto é, a subordina-
da completa o sentido da subordinante. Exemplo: Embora faça
frio, vou sair.

7.1. A conjunção no hebraico

A conjunção é uma palavra invariável que serve para relacionar


duas palavras, dois grupos de palavras ou duas orações. Em hebraico
a forma mais utilizada é o:  (wü), com o sentido de “e”.23

22
Nota: Usam-se outras formas de preposições, como o material não trata de uma
gramática de hebraico, para uma compreensão extença das preposições, veja a
obra de: Bruce K. Waltke and M. O’ Connor. An Introduction to Biblical Hebrew Syn-
tax. 1990, p. 187-225; O. C. P. Carlos. Fundamentos para Exegese do Antigo Testamento
– Manual de Sintaxe Hebraica. 1998, p. 113-136.
23
Nota: Usam-se outras formas de conjunção, para uma compreensão extença das
conjunções, veja a obra de: O. C. P. Carlos. Fundamentos para Exegese do Antigo Tes-
tamento – Manual de Sintaxe Hebraica. 1998, p. 136-146.
86 FABIO SABINO DA SILVA

8. Interjeição

A interjeição traduz de modo vivo e expressivo emoções, senti-


mentos súbitos e espontâneos. As interjeições classificam-se segundo
o sentimento que exprimem:

a) de alegria: ah! oh!


b) de animação: avante! coragem!
c) de aplauso: bis! bem!
d) de desejo: oh! oxalá!
e) de dor: ai! ui!
f) de espanto ou surpresa: ah! oh!
g) de impaciência: hum!
h) de silêncio: psiu!
i) de terror: ui! uh!

8.1. A interjeição no hebraico

As interjeições são tidas como gestos vocais, estimulados involun-


tariamente por certas impressões ou sensações. As formas mais utili-
zadas em hebraico são:24

a) (häh). Ah!
b) (´ännâ). Ah!
c) (haºs). Calai! (haºssû). Calai-vos.

BIBLIOGRAFIA SELECIONADA

ALLEN.P. Ross. Gramática do Hebraico Bíblico. São Paulo: Editora Vida,


2005.
AUVRAY, Paul. Iniciação ao Hebraico Bíblico. Petrópolis: Vozes, 1997.
WALTKE, Bruce K.; O’ CONNOR, Michael. An Introduction to Biblical
Hebrew Syntax. Winona Lake: Eisenbrauns, 1990.

24
Cf. Gesenius, Kautzsch e Cowley. Hebrew Grammar. 1988, § 105.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 87

CARLOS, Osvaldo. P. Fundamentos para Exegese do Antigo Testamento –


Manual de Sintaxe Hebraica. São Paulo: Edições Vida Nova, 1998.
CHOWN, Gordon. Gramática Hebraica – Como Ler o Antigo Testamento
na Língua Original. Rio de Janeiro: Editora, CPAD, 2002.
CUNHA, F. Celso. Gramática da Língua Portuguesa. Editora Fename,
1980.
DAVIDSON, A. B. Hebrew Syntax. Edinburgh, T & T. Clark, 1901.
GESENIUS, Kautzsch e Cowley. Hebrew Grammar. Oxford: Clarendon
Press, 19ª ed., 1998.
MACHADO, I. Carvalho. Português – Uma Língua Brasileira. São Pau-
lo: Editora Scipione, 1989.
MARK, D. Futato. Beginning Biblical Hebrew. Eisenbrauns, Winona
Lake: Indiana, 2003.
KELLEY, Page H. Hebraico Bíblico – Uma Gramática Introdutória. São
Leopoldo: Editora Sinodal, 1998.
KERR, Guilherme. Gramática Elementar da Língua Hebraica. 3ª ed. Rio
de Janeiro: JUERP, 1980.
SOARES, Daso. Como Falar e Escrever Corretamente. Editora Provenza-
no, 2001.
TUFANOM, Douglas. Estudos de Literatura Brasileira. São Paulo: Edi-
tora Moderna, 1988.
ANÁLISE MORFOLÓGICA
DE EZEQUIEL 28

Introdução

Tudo que fora explicado e dissertado anteriormente, será agora


relatado em minúncias. É necessário que o presente trabalho que será
dissertado, seja analisado com um raciocínio crítico e não espiritual.
O presente material está dividido em seu corpo em seis formas:

a) É inserido o versículo em português


A razão de ter colocado os versículos em português é para não per-
der o raciocínio textual; pois, sempre volto a alguns trechos para fim
de compreensão contextual.

b) É inserido o versículo em hebraico


A razão de esboçar os versículos em hebraico é para detalhar mo-
mentos que a versão em português difere e para isso, recorro ao texto
hebraico, para que assim haja soluções lógicas e cabíveis na interpre-
tação.

c) É inserida a transliteração
A transliteração é uma ferramenta para aqueles que não sabem
pronúnciar o texto hebraico, sua transliteração está inserida no início
deste trabalho na parte de “abreviatura de transliteração”.

d) É feita a análise morfológica de cada versículo e em especial


de cada palavra em hebraico
A parte fundamental desse trabalho está realmente na análise mor-
fológica, onde posso encontrar as questões gramaticais e sintáticas.
Na análise morfológica utilizo vários dicionários e léxicos para
uma compreensão mais coerente e racional. Por meio da análise
90 FABIO SABINO DA SILVA

morfológica se descobre a origem etimológica de uma palavra, rela-


tando assim soluções problemáticas em qualquer outro idioma.

e) É feita a análise da Crítica Textual em cada variante


Um passo fundamental, importante e complexo é o julgamento de
uma variante, trabalho esse realizado pelo método da Crítica Textual;
ou seja, há algumas palavras nos textos hebraicos (BHS) que podem
estar ou não atestadas nos textos.
Se puder estar ou não, qual o julgamento? o que ocorreu? muda
o raciocínio do autor? Qual a razão de outras versões não terem feito
suas correções?
Sendo assim, as outras versões insentam-se dessa análise, pois é
um trabalho apenas feito em edições críticas de textos hebraicos.

f) É feita a análise da Masora Parva


Acrescenta-se a isto, a análise da Masora parva, aqui se descobre
a nota do trabalho dos massoretas e escribas com grande riqueza de
informações.

Introdução

O material seguirá a seguinte regra: primeiro o versículo em portu-


guês, segundo em hebraico, terceiro a transliteração e por fim a análise de
cada palavra.

V.1. E VEIO a mim a palavra do SENHOR, dizendo:

V.1. 
Transliteração: wayühî dübar-yhwh(´ädönäy) ´ëlay lë´mör

1. (wayühî) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é um verbo da 3ª pessoa do imperfeito mascu-
lino singular de (häyâ). Verbo do tronco qal mais a conjunção
consecutiva, tendo o seguinte significado: “e então veio”.

BDB. Significados do verbo: resultar, passar, se tornar, acontecer.


Com o imperfeito consecutivo, o verbo:(wayühî), tem o sentido
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 91

de veio, ou passar freqüentemente. (wayühî) também dá a idéia


de começo e continuação.1

TWOT. Significado do verbo: uma tradução freqüente, embora


talvez imprecisa, de: hayâ é, como observamos acima, “vir”. Isto pode
ser visto com relação às passagens aonde à palavra de Deus “vem” a
alguém (Gn 15.1; I Sm 15.10; II Sm 7.4; Jr 36.1).2

Síntese. O verbo inicia-se com uma conjunção consecutiva, pois é


o que se espera de um verbo no imperfeito para expressar o passado
narrativo, indicando uma seqüência. Portanto, a tradução melhor se-
ria: “e então veio”.

2. (dübar) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular construto
de  (Däbär). Significados: fala, palavra e oração.

BDB. Significados do substantivo: fala, discurso, declaração, pala-


vra (como a soma do que é falado), comando, mensagem, novidades,
deliberação, pedido, promessa, reclamação, decisão. Outros sentidos
como: palavra de Deus (como comunicação Divina na forma de or-
dens) e profecia.3

TWOT. Significados do substantivo: palavra, fala e discurso. A


estrutura no construto singular dübar-yhwh, “a palavra do Senhor”,
ocorre 242 vezes e quase sempre (225 vezes) a expressão aparece como
uma forma técnica para a revelação profética.4

Síntese. O Substantivo é ligado por um maqqef (um traço horizontal


pequeno entre a parte superior de duas palavras que assim os conecta

1
Cf. F. Brown, S. Driver and C. Briggs. The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English
Lexicon. 1999, p. 224; tópico 2393.
2
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testa-
mento. 1998. p. 351; tópico 491.
3
Cf. F. Brown, S. Driver and C. Briggs. The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English
Lexicon. 1999, p. 182; tópico 2013.
4
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testa-
mento. 1998, p. 294; tópico 399.
92 FABIO SABINO DA SILVA

em relação de pronúncia e morfologia), para que haja o estado constru-


to, pois o substantivo é bissilábico e ocorreu a redução de suas vogais
para que houvesse o estado construto singular. Portanto, a palavra está
relacionada com o seu possuidor e o seu significado é “palavra do”.

3. (yhwh,´ädönäy) de acordo com os melhores dicionários,


léxicos e gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular
absoluto. Significado: Senhor.

BDB. Significado do substantivo: Senhor.5

TWOT. Significado do substantivo: O tetragrama YHWH o Senhor


ou Iavé, o nome pessoal de Deus é sua mais freqüente designação nas
Escrituras Sagradas ocorre um total de 5.321 ocorrências no AT.6

Síntese. O substantivo “Senhor”, pelos estudiosos é uma relação


de ketiv (lit. o que está escrito) e qerê (lit. o que é lido); entretanto,
tratando-se do tetragrama se tem um qerê permanente.

4.  (´ëlay) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e gra-


máticas a palavra é uma partícula preposicional, mais o sufixo da 1ª
pessoa comum singular de (´el). Significados: para mim, até (de mo-
vimento), em, entre, contra, além de, de acordo com, por e contra.

TWOT. A preposição expressa principalmente a idéia de movi-


mento em direção a alguém ou a alguma coisa.7

5.  (lë´mör) de acordo com os melhores dicionários, léxicos


e gramáticas a palavra é uma partícula preposicional mais o verbo do
tronco qal infinitivo construto de (´ämar). Significados: dizer, fa-
lar, proferir, responder, para dizer no coração da pessoa, pensar, para
comandar, prometer e para pretender.

5
Cf. F. Brown, S. Driver and C. Briggs. The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English
Lexicon. 4ª edição, 1999, p. 217; tópico 2326.
6
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testa-
mento. 1998, p. 345-348; tópico 484a.
7
Ibid., p. 67; tópico 91.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 93

TWOT. Este verbo ocorre no AT quase 5.000 mil vezes, ele tam-
bém ocorre com seus cognatos em outras línguas. Na verdade o in-
finitivo com a preposição lamedh torna-se quase sempre apenas um
sinal do discurso direto, algo como os dois pontos que introduzem
uma citação no português. O verbo pode ser usado no infinitivo com
a preposição lamedh para introduzir um mandamento, um voto ou
uma resposta.8

Síntese. O que se tem na verdade é um gerúndio (dizendo), intro-


duzindo assim o discurso direto e ao mesmo tempo, relatando ordens
e respostas aos capítulos e versículos antecedentes.

Resumo geral do versículo primeiro

É de se admirar a forma que Deus fala com Ezequiel, pois a


primeira atestação desta oração está registrada no capítulo 3.16 e o
assunto é rebeldia, desobediência e destruição. E todas as ocorrências
deste tipo de oração (no livro de Ezequiel) estão relacionadas com o
mesmo.

V.2. Filho do homem, dize ao príncipe de Tiro: Assim diz o Senhor


DEUS: Porquanto o teu coração se elevou e disseste: Eu sou Deus, so-
bre a cadeira de Deus me assento no meio dos mares; e não passas de
homem, e não és Deus, ainda que estimas o teu coração como se fora
o coração de Deus;

V.2.       


      


Transliteração: Ben-´ädäm ´émör lingîd cör Kò|-´ämar ´ádönäy


yhwh (´élöhîm) yaº`an Gäbah liBBükä waTTöº´mer ´ël ´äºnî môšab ´élöhîm
yäšaºbTî Bülëb yammîm wü´aTTâ ´ädäm wü|lö´-´ël waTTiTTën liBBükä Külëb
´élöhîm

8
Ibid., p. 90; tópico 118.
94 FABIO SABINO DA SILVA

1. (Ben) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e gra-


máticas a palavra é um substantivo masculino singular construto de
(Bën). Significados: o filho, neto, criança, o sócio de um grupo, mo-
cidade ou homens jovens.

TWOT. A fórmula “filho do homem” aparece no livro do profe-


ta Ezequiel 93 vezes, onde a frase designa simplesmente homem ou
indivíduo, mas enfatiza a finitude do profeta que se defronta com a
transcendência de Deus.9

2. (´ädäm) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é um substantivo comum masculino singular ab-
soluto. Significados: o homem, gênero humano, Adão.

TWOT. O vocábulo Ugarítico mda(adm) normalmente signi-


fica “povo”. Adam aparece unicamente no absoluto singular em suas
562 ocorrências.10

Síntese. A palavra homem está relacionada com a palavra filho


por um maqqef e a explicação está inserida na análise acima referente
a palavra filho em TWOT.

CRÍTICA TEXTUAL

Variante a ser analisada. Ezequiel 28.2a. A palavra: (Ben-


´ädäm) tem a seguinte conotação “filho do homem”. É analisada no
aparato crítico com as seguintes informações. A tradição do texto gre-
go (LXX), exceto para o códice Alexandrino (séc.V) e para os manus-
critos 407 e 967 da coleção de Alfred Rahlfs (1.935). Ou seja, a LXX trás
antes da palavra “filho” a expressão   (kaì s×), que significa “e tu”
a qual é oriunda da palavra hebraica (wü´aTTâ), que contém o
mesmo significado, “e tu”.

9
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testa-
mento. 1998, p. 190; tópico 254.
10
Ibid., p. 13; tópico 25.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 95

Análise

a) Das dezessete ocorrências da expressão “e tu filho do homem”,


no livro de Ezequiel, apenas duas ocorrências (Ez 15.2 e Ez 28.2)
o TM não concorda com a LXX; entretanto, apenas uma única
vez a LXX não relata a expressão “e tu” (27.2), discordando as-
sim do TM. As passagens que tanto o TM como a LXX concor-
dam são: Ez 2.6,8; 3.25; 4.1; 5.1; 7.2; 12.3; 13.17; 21.11,19,24,33;
22.2 e 24.25.
b) No quesito de texto mais curto, não há preferência, pois no que
um talvez omita o outro acrescenta e assim vice e versa.
c) Em conceito de ênfase textual, tanto o TM como a LXX concor-
dam em destacar alguém ou o que vem para a pessoa. Como as
duas concordam por “quatorze vezes”, essa ênfase atesta a pos-
sibilidade de ser a forma correta, o que é proposto pela LXX.

Conclusão. A expressão “e tu” por todos os conceitos é melhor


para estar no texto como original. Em análise dos capítulos anteceden-
tes (26 e 27), somente aqui aparece o imperativo do verbo, justificando
assim uma ordem direta para o príncipe.

3. (´émör) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é um imperativo de: (´ämar).Verbo do tron-
co qal masculino singular. Significados: dizer, falar, proferir, respon-
der e pensar.
4. (lin•gîd) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e
gramáticas a palavra é umsubstantivo masculino singular construto
de (nägîd), mais a partícula preposicional (para, pertencendo,
com respeito a, de acordo com, em) Significados: para o líder, para o
capitão e para o príncipe. A palavra é também analisada na masora
parva com as seguintes notas e explicações abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 
b) Significado: segundo a Mp, o vocábulo (lin•gîd), é um ha-
pax legomenon.

5. (ou ). (cör) de acordo com os melhores dicionários, lé-


xicos e gramáticas a palavra é umsubstantivo absoluto. Significado:
96 FABIO SABINO DA SILVA

uma pedra. A mais notável das cidades fenícias, situada aproximada-


mente 20 milhas ao Sul de Sidon e 35 ao Norte do Carmelo.
O centro de Tiro ficava situado em uma ilha rochosa. Eles adora-
vam muitos deuses, inclusive Baal, Melkarth e Astarte.
Davi fez uma aliança com Hirão, Rei de Tiro. Ele enviou o cedro
do Líbano para a construção do templo (II Sm 5.11).
Hirão continuou o acordo com Salomão e proveu madeira e ouro
para construir o templo e a sua própria casa (I Rs 5).
Outro Hirão, um artesão qualificado, foi enviado para instruir e
ajudar os artesãos hebreus nos aspectos sobre a construção (I Rs 7.13),
tais como o cobre, os lírios, palmas, bois, leões e querubim.
Os profetas compuseram muitos oráculos e lamentos de destrui-
ção contra Tiro pelo seu orgulho, por ter sido o maior comerciante dos
mares (Is 23; Jr 25. 22; Jr 47.4; Ez 26-28; cf. Sl 45.12).

6. (Kò|-´ämar) de acordo com os melhores dicionários, léxicos


e gramáticas a palavra é uma partícula adverbial (Significados: assim,
aqui, desta maneira, aqui e lá, até agora, até agora... até então e enquanto
isso), mais  (´ämar), verbo do tronco qal da 3ª pessoa masculino sin-
gular. Significados: dizer, falar, proferir, responder, pensar e prometer.

BDB. Advérbio demonstrativo. Significado: assim (na maioria das


freqüência normalmente aponta o que vem em seguida). As formas
com ,  tu diga; esp ’’ assim (ou disse) é exis-
tentes continuamente nos profetas e também em outros idiomas.11
Síntese. O advérbio quer apenas demonstrar o que vem em segui-
da e de quem, esta forma é muito comum no livro do profeta Ezequiel.

7.(´ádönäy) de acordo com os melhores dicionários, léxicos


e gramáticas a palavra é um substantivo absoluto. Significados: meu
senhor, dominador, falado em lugar de Yahweh em exibição judaica
de reverência.

BDB. Substantivo masculino singular. Significado: (´ädôn)


o senhor, dominador e mestre. (1) o termo é aplicado para homens.

11
Cf. F. Brown, S. Driver and C. Briggs. The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English
Lexicon. 4ª edição, 1999 p. 462; tópico 4402.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 97

(2) para Deus: (hä´ädôn yhwh) o Senhor Deus (v. ).


Referência para Deus: (´ádönê hä´ádönîm)Senhor dos
Senhores.12

TWOT. O vocábulo Ugarítico nda (adn) significa “Senhor”


ou “pai”. O vocábulo acadiano adannu tem sentido semelhante “po-
deroso”. Quando o termo aparece no plural, sempre se refere a Deus.
A palavra no plural pode ser considerada um plural intensivo ou um
plural de majestade.13

Síntese. Não tem muito que se discutir sobre o termo Senhor, pois
Ezequiel utiliza várias formas dos nomes de Deus.

CRÍTICA TEXTUAL

A palavra  (´ádönäy, meu Senhor) é analisada no aparato crí-


tico com as seguintes informações. É omitida pela LXX não revisada,
pois a omissão é realizada pelo fato de estar apagada ou tida como
apagada.

Análise

a) Das cento e vinte e quatro atestações da expressão “Senhor


Deus” no livro de Ezequiel até o capítulo 28, cento e seis ocor-
rências a LXX omite a palavra “Deus”; entretanto, há uma única
ocorrência da forma “Deus” (Ez 4.14) e por quinze vezes repete
a mesma expressão em grego para denotar a palavra “Deus”
(Ez 12.10; 23.20; 14.6; 20.39,40; 21.3; 21.12,18; 22.3,31; 23.28,46;
26.19,21 e 28.12) e uma única vez a LXX faz a repetição do ter-
mo grego, porém no vocativo (Ez 21.5).

Conclusão. A expressão “Senhor Deus” por todos os conceitos é


melhor para estar no texto como original.

12
Ibid., p. 10; tópico 147.
13
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes-
tamento. 1998, p. 17; tópico 27b.
98 FABIO SABINO DA SILVA

8. (yhwh) de acordo com os melhores dicionários, léxicos


e gramáticas a palavra é um substantivo absoluto. A raiz significa
qualquer existência ou desenvolvimento. O tetragrama YHWH, ou
SENHOR, ou Yahweh, o nome pessoal de Deus é a designação mais
freqüente na Bíblia, acontecendo 5.321 vezes. A primeira ocorrência
extrabíblica do nome está na Pedra Moabita, cerca de 850 a.C.

Síntese. O comentário sobre a história e formação do tetragrama


é muito extenso e para isso recomendo a leitura de Harris, R. Laird et
alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. São
Paulo: Vida Nova, 1998, p.345-348; tópico 484a.

9. (yaº`an) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é uma partícula adverbial. Significados: porque,
então, que, por causa de e por que (como pronome interrogativo).
10.(Gäbah) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e
gramáticas a palavra é um verbo do tronco qal da 3ª pessoa masculino
singular. Significados: ser alto, ser exaltado e ser arrogante.

TWOT. No livro dos profetas encontramos esse verbo com a sua


maior atestação. Só no livro de Ezequiel são encontradas 22 atestações.
Quando a raiz é usada no sentido básico, descreve a altura de pessoas,
objetos, locais e fenômenos naturais. Portanto, o verbo designa o cresci-
mento de uma árvore (Ez 17.24; 31.5, 10, 14). A nuança comum por trás
das palavras em discussão é a de orgulho e altivez. O orgulho é vinculado
ao coração em Ez 28.2,5,17; Sl 131.1; Pr 18.12;2; II Cr 26.16; 32.25... na
Bíblia são poucos os personagens culpados pelo orgulho: Uzias (II Cr
26.16), Ezequias (II Cr 32.25) e o príncipe de Tiro (Ez 28.2,17).14

LAS. O verbo é relatado no conceito moral negativo, tendo os se-


guintes significados: envaidecer-se, orgulhar-se e dar-se ares de supe-
rioridade.15

Síntese. Como o verbo está associado com a palavra coração, isso


relata a causa e efeito de sua destruição, pois o orgulho na vida dos

14
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes-
tamento. 1998, p. 238; tópico 305 .
15
Cf. Alonso Schökel, L.. Dicionário Bíblico Hebraico-Português. 1997, p. 126.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 99

personagens bíblicos foi o que os conduziu cada um a sua derrota. A


palavra é também analisada na masora parva com as seguintes notas e
explicações abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 1


b) Significado: segundo a Mp, o vocábulo verbal (Gäbah)
consta cinco vezes no texto bíblico hebraico (II Cr 26.16; 32.25;
Sl 131.1; Ez 28.2,17).

11. (liBBükä) de acordo com os melhores dicionários, léxicos


e gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular construto
de  (lëb), mais o sufixo da 2ª pessoa masculino singular. Significa-
dos: o homem interno, coração, entendimento, alma e mente.

HALOT. Relata o significado de uma mente ostentada.16

Síntese. Na verdade as palavras Gäbah e liBBükä estão conectadas


e ambas relatam as questões internas.

12.(waTTöº´mer) de acordo com os melhores dicionários, lé-


xicos e gramáticas a palavra é um verbo do tronco qal da 2ª pessoa do
tempo imperfeito masculino singular de (´ämar), mais a conjun-
ção consecutiva. Significados: dizer, falar, responder e pensar.
13. (´ël) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e gra-
máticas a palavra é umsubstantivo masculino singular absoluto. Sig-
nificados: deus, homens poderosos, homens de grau, heróis, anjos,
falso deus e Deus.

HALOT. Relata o substantivo com os seguintes significados: Deus,


deidade e também em combinações com (´el) como     (´elyäsäp) e
 (´élî) como (´élîhû´) é relatado que muitos manuscritos apre-
sentam a forma (´êlîm). Em Is 57.5 é proposto a seguite forma ï
 (´ëlâ); entretanto,em Ex 15.11; Sl 58.2 encontramos a seguinte forma
 (´ëlìm).17
16
Cf. Baumgartner, Walter & Koehler, Ludwig. The Hebrew and AramaicLlexicon of the
Old Testament. Vol. I, tópico 4509.
17
Ibid., vol I, tópico 489.
100 FABIO SABINO DA SILVA

BDB. Relata o substantivo com os seguintes significados: Deus,


mas com várias aplicações subordinadas para expressar a idéia de po-
der. A palavra pode ser definida como (adj. ou gen.) seu único sufixo
é . A palavra pode ser aplicada a homens de poder, anjos, deuses
das nações, já a forma  (´ël ´ëlîm) ao Deus dos deuses, Deus
supremo e ídolos.18

TWOT. Relata que o substantivo tem procedência no vocábulo


ugarítico l_(il) cujo plural é ml_(ilm), às vezes mhl_(ilhm), a
qual relata o significado de deus ou deus principal.19

14.(´ánî) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e gra-


máticas a palavra é umsubstantivo masculino singular absoluto, mais
o pronome da 1ª pessoa do singular de (´ánî) Significado: Eu.

GKC. A forma  (´änökî) é menos freqüente que (´ánî). O


anterior acontece nas línguas fenícias, moabita e assírica, mas em ne-
nhum outro dialeto.20

15. (môšab) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é umsubstantivo masculino singular construto. Sig-
nificados: assento, assembléia, habitação-lugar, habitação e moradores.

HALOT. A palavra Ugarítica ttm (mtÑb) relata a conotação de


assento conforme o texto de I Sm 20.18.25. A expressão 
(môšab ´élöhîm), significa literalmente “assento dos deuses”.21

16.(´élöhîm) de acordo com os melhores dicionários, léxi-


cos e gramáticas a palavra é um substantivo masculino plural da raiz
,da qual origina-se de (´ël). Significados: regras, julgar, anjos,
deuses, deus, deusa e Deus.

18
Cf. F. Brown, S. Driver and C. Briggs. The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English
Lexicon. 4ª edição, 1999, p. 42; tópico 480.
19
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes-
tamento. 1998, p. 68; tópico 93a.
20
Cf. Gesenius, Kautzsch e Cowley. Hebrew Grammar. 19ª edição, 1998, §32c .
21
Cf. Baumgartner, Walter & Koehler, Ludwig. The Hebrew and Aramaic Lexicon of the
Old Testament. Vol. II, tópico 4951.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 101

Síntese. O comentário sobre a história e formação do termo acima


é muito extenso e para isso recomendo a leitura de Harris, R. Laird et
alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. São
Paulo: Vida Nova, 1998, p. 71-73; tópico 93c.

17. (yäšaºbTî) de acordo com os melhores dicionários, lé-


xicos e gramáticas a palavra é um verbo do tronco qal do tempo
perfeito da 1ª pessoa o singular. Significados: morar, permanecer
e sentar.

HALOT. A palavra é atestada por 1090 vezes. O Ugarítico rela-


ta a forma: ytÑb (impf. 1sg. ÀtÑb = ÀatÑibu; inf. tÑbt); entretanto o Acadiano
relata a seguinte forma (w) asëaÒbu. A palavra é atestada no tronco qal
por 770 vezes. No tempo perfeito temos as seguintes formas (šäb),
(yäšab), (yäšaºbTä), (šäbû), (yäšbû).22
TWOT. A palavra tem a conotação de assento entre os deuses, o
qual o rei de Tiro havia imaginado em sua mente.23

18.  (Bülëb) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular construto,
mais a partícula preposicional. Significados: o homem interno, cora-
ção, entendimento e meio.

HALOT. A palavra é atestada como uma metáfora com o sentido


de dentro de e meio. Existe uma forma abreviada .(Büleb-yäm).
O Acadiano relata a seguinte expressão: ina libbi taÒmti com o seguinte
significado “no meio do mar”, como nos seguintes textos: Ex 15.8; Pr
23.34. Entretanto, encontra-se esta forma: (Bülëb yammîm)
nos seguintes livros, Ez 27.4; 25-27; 28.2.8; Sl 46.3. Relatando o mesmo
significado da forma abreviada.24

22
Cf. Baumgartner, Walter & Koehler, Ludwig. The Hebrew and Aramaic Lexicon of the
Old Testament. Vol. IV, tópico 4020.
23
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes-
tamento. 1998, p. 676; tópico 922.
24
Cf. Baumgartner, Walter & Koehler, Ludwig. The Hebrew and Aramaic Lexicon of the
Old Testament. Vol. II, tópico 4509.
102 FABIO SABINO DA SILVA

LAS. A palavra é estritamente uma forma totalmente figurativa.25

19. (yammîm) de acordo com os melhores dicionários, léxi-


cos e gramáticas a palavra é um substantivo plural masculino absolu-
to. Significados: mar, rio e poderoso.
20. (wü´aTTâ) de acordo com os melhores dicionários, léxicos
e gramáticas a palavra é um pronome da 2ª pessoa masculino singu-
lar, mais a conjunção. Significados: você e tu.
21.  (´ädäm) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e
gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular absoluto.
Significados: o homem e gênero humano Adão.

TWOT. O vocábulo Ugarítico mda(adm) normalmente signifi-


ca “povo”. Adam aparece unicamente no absoluto singular em suas
562 ocorrências.26

22.  (wü|lö´-´ël) de acordo com os melhores dicionários,


léxicos e gramáticas a palavra é uma conjunção, associada por uma
partícula negativa e também com um substantivo masculino singular
ligado por maqqef.

Síntese. A conjunção juntamente com a partícula negativa está


relacionada ao substantivo por um maqqef. Significado: e não Deus.

23. (waTTiTTën) de acordo com os melhores dicionários, léxicos


e gramáticas a palavra é um verbo do tronco qal da 2ª pessoa do tempo
imperfeito masculino singular de , mais a conjunção consecutiva.
Significados: dar, fixar, conceder, permitir, confiar, mencionar, profe-
rir, pôr e nomear.

HALOT. O verbo é analisado como uma continuação da ação na


narrativa. Significado: “e então, ou ainda”.27

25
Cf. Alonso Schökel, L.. Dicionário Bíblico Hebraico-Português. 1997, p. 334.
26
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes-
tamento. 1998, p. 13; tópico 25.
27
Cf. Baumgartner, Walter & Koehler, Ludwig. The Hebrew and Aramaic Lexicon of the
Old Testament. Vol. IV, tópico 6406.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 103

24. (liBBükä) de acordo com os melhores dicionários, léxicos


e gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular construto
de (lëb), mais o sufixo da 2ª pessoa masculino singular. Significa-
dos: 1) o homem interno, coração, entendimento, alma, mente, conhe-
cimento, pensamento, reflexão, memória, determinação, consciência.
2) como assento de emoções ou paixões e assento de coragem.

HALOT. Relata o significado de uma mente ostentada.28

Síntese. Na verdade as palavras Gäbah e liBBükä estão conectadas


e ambas relatam as questões internas.

25. (Külëb) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular construto,
mais a partícula preposicional. Significados: o homem interno, cora-
ção, entendimento e meio.

WCHS. Esta preposição é a única partícula extremamente comum


de relação, que não tem nenhum senso de espaço ou tempo é utilizada
para descrever comparação e correspondência. Na maioria dos casos
a preposição é usada de modo comparável com outras preposições,
mas é distinta em suas características sintáticas.29
Obs. A palavra é também analisada na masora parva com as se-
guintes notas e explicações abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 


b) Significado: segundo a Mp, o vocábulo (Külëb), consta cin-
co vezes no texto bíblico hebraico (II Sm 17.10; Jr 48.41;49.22;
Ez 28.2,6).

26. (´élöhîm). Ver explicações no tópico 16 do versículo 2.

V.3. Eis que tu és mais sábio que Daniel; e não há segredo algum
que se possa esconder de ti.

28
Ibid., vol. II, tópico 4509.
29
Cf. Bruce K. Waltke and M. O’ Connor. An Introduction to Biblical Hebrew Syntax.
1990, p. 203. tópico 2.9.
104 FABIO SABINO DA SILVA

V.3. ()

Transliteração: hinnË Häkäm ´aTTâ miDDänì´ël [miDDä|nî´ël] Kol-


sätûm lö´ `ámämûºkä

1.(hinnË) de acordo com os melhores dicionários, léxicos


e gramáticas a palavra é uma partícula de interjeição. Significados:
veja!, Oh!. (hen) veja, se, para e entretanto.

BDB. Relata a interjeição com os seguintes significados: veja.


Conotado para pessoas ou coisas. b) introduzindo cláusulas que en-
volvem predição (um) com ref. ao passado ou presente, geralmente
aponta uma verdade afirmada. Ou quando relata a natureza de uma
solicitação ou pedido: (hinnË nä´)é freqüentemente a forma
usada, em vez da simples (hinnË) (b) com ref. para o futuro. Ser-
ve também para introduzir uma declaração solene ou importante e
é especialmente usada. Com particípio, em predições ou ameaças:
c.... (wühinnË) mesmo freq. em estilo histórico, especialmente
(mas não exclusivamente) depois de verbos, ver ou descobrir, rela-
tando assim um gráfico narrativo e vívido: (hen)(b), quase raro:
(wühinnË)e vê = e se.30
TWOT. A maioria das orações com hinnË ocorre em discurso di-
reto [...] e serve para introduzir um fato sobre o qual se baseia uma
afirmação ou mandamento que o segue.31

LAS. A interjeição trata-se de uma partícula dêitica ou demons-


trativa que chama a atenção com certa ênfase sobre uma pessoa, um
objeto e uma ação. Serve para apresentar e para identificar.32

Síntese. Os dicionários foram precisos em suas definições em afir-


marem que segundo a oração do versículo três, desencadeia uma afir-
mação sobre a pessoa que será comparada com outra.

30
Cf. F. Brown, S. Driver and C. Briggs. The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English
Lexicon. 4ª edição, 1999, p. 243; tópico 2456.
31
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes-
tamento. 1998, p. 363; tópico 510b.
32
Cf. S Alonso Schökel, L. Dicionário Bíblico Hebraico-Português. 1997, p. 183.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 105

Obs. A palavra é também analisada na masora parva com as se-


guintes notas e explicações abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 2


b) Significado: segundo a Mp, o vocábulo (hinnË), cons-
ta dez vezes no texto bíblico hebraico (Ez 3.8;7.10; 15.4,5;
16.44,49; 22.6; 28.3; 31.3; 39.8) no início dos versículos do livro
de Ezequiel.

2. (Häkäm) de acordo com os melhores dicionários, léxicos


e gramáticas a palavra é um adjetivo masculino singular absoluto.
Significados: sábio (o homem), hábil (no trabalho técnico), sábio (em
administração), astuto, astucioso, esperto, manhoso, sutil, instruído,
prudente e sábio (eticamente e religiosamente).

TWOT. O adjetivo em uso descreve o homem sábio. Ele é perito


em vários tipos de trabalho técnico.33

Síntese. A forma do adjetivo é atestada em todo o livro de Eze-


quiel; entretanto, aqui a sua conotação está relacionada à questão
humana e não abstrata, pois é relacionada uma questão de compa-
ratividade.

3.  
 (´aTTâ). Ver relação da palavra no tópico 20 do versículo 2.
4. (miDDänì´ël; miDDä|nî´ël) de acordo com os melho-
res dicionários, léxicos e gramáticas a palavra é um substantivo pró-
prio, sendo um ketiv absoluto de (Däniyyë´l), mais a partícula
preposicional (min).

HALOT. A palavra é atestada no Ugarítico com a forma de Dnil


= Dan(i)-ilu, como também no Acadiano a forma DaÒniÒlu, Dannilu.
Uma pessoa famosa antigamente, Ez 14.14,20; 28.3. Nome de um anjo, I
Enoque 6.7; 69.2.34

33
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes-
tamento. 1998, p. 461; tópico 647b.
34
Cf. Baumgartner, Walter & Koehler, Ludwig. The Hebrew and Aramaic Lexicon of the
Old Testament. Vol. I, tópico 2131.
106 FABIO SABINO DA SILVA

Obs. A palavra é também analisada na masora parva com as se-


guintes notas e explicações abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 


b) Significado: segundo a Mp, o vocábulo (miDDän
ì´ël; miDDä|nî´ël), é um qerê. Entretanto, existem “três atestações
no livro de Ezequiel” com “escrita defectiva”, mas com o mes-
mo significado.

5. (Kol-sätûm) de acordo com os melhores dicionários,


léxicos e gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular
construto de (ou ), Significando: tudo, inteiro, o todo de e to-
talidade. Entretanto, a palavra é conectada por maqqef a um verbo do
tronco qal passivo particípio masculino singular absoluto de (ou
), e tendo o seguinte significado (verbo): “nenhum segredo”.
HALOT. O substantivo é analisado em outras línguas com as se-
guintes formas: No Targum de Bavli temos a forma (köl), de Yonatan
 (Köºllä´) e no Acadiano kalu, com um negativo, como é na maioria
dos casos separados, conota o sentido de nenhum… nada: …  (lö´
miKKol) não comais de nenhum, Gn 3.1,  (Kol-mülä´kâ
lö´), nenhum trabalho, Ex 12.16.35 Entretanto, o verbo é analisado da
seguinte forma por outros – O Pentateuco Samaritano relata o verbo da
seguinte forma: , Já o Targum de Yonatan e o Siríaco relatam a mesma
forma, sdm. O significado do verbo é o seguinte: calar, ser indiferente e
manter segredo a)    (mar´â), Dn 8.26,   (Dübärîm) 12.4, com-
pare com (Hätùm) 12.9; b)  (sätûm) nenhum segredo Ez 28.3.36

TWOT. Afirma que a partícula é muito comum e que ocorre mais


de 5.400 vezes. O sentido em que a partícula deve ser interpretada
tem de ser dado pelo contexto.37 Entretanto, o verbo ocorre 83 vezes,
geralmente no tronco hifil (45 vezes) ou no nifal (30 vezes). Este último
tronco em muitos casos, reflete o passivo, “esconder-se”.38

35
Ibid., vol. II, tópico 4240.
36
Ibid., vol. II, tópico 6690.
37
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes-
tamento. 1998, p. 722; tópico 985a.
38
Ibid., p. 1063; tópico 1551.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 107

CRÍTICA TEXTUAL

A palavra(Kol-sätûm) tem a seguinte conotação “ne-


nhum segredo”. É analisada no aparato crítico com as seguintes in-
formações. A LXX relata a palavra   (hë sophoi) que significa
“sábios”, que é igual a palavra hebraica (Hákämîm), cujo signi-
ficado é o mesmo da LXX “sábio”, que em paráfrase se tem”nenhum
sábio”.

Análise

a) O TM complica o raciocínio utilizando a expressão “nenhum


segredo”; enquanto, a LXX simplifica com a expressão “nenhum sá-
bio”, dentro do conceito geral da crítica textual, a probabilidade de
se ter como fiel (a palavra, termo ou expressão) é sempre a tendência
do que está complexo, para este caso é preferível para muitos a forma
que o TM atesta.
b) A expressão “nenhum segredo” não é atestada em nenhum ou-
tro lugar no Antigo Testamento pelo que é proposto pelo TM; entre-
tanto, a expressão da LXX “sábio” é atestada no contexto do capítulo
27 (Ez 27.8,9).

Conclusão

Em síntese, o termo “sábio” é melhor para estar no texto devida-


mente ao contexto e não a expressão “nenhum segredo”; pois, se for
aceito o conceito que “nenhum segredo” pode ser ocultado perante
um ser humano ou um ser angelical. Então, tenho que concordar que
ambos possuem “onisciência”.
O qual é impossível ser aplicado a seres humanos ou qualquer ou-
tra gênero pois “onisciência” é atributo natural exclusivamente atribuído
a Divindade – Deus e não as criaturas. Um conceito que os copistas não
atribuiriam ao seres humanos.

6. (lö´) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e gra-


máticas a palavra é uma partícula negativa, tendo os seguintes signi-
ficados: não, nenhum... a) não (com verbo – proibição absoluta), nada
(subst), sem (com partícula) e antes de (de tempo). Freqüentemente
108 FABIO SABINO DA SILVA

expressa (, uma forma enfática de proibição, não faça! Não!) uma
proibição.

HALOT. Atesta que a partícula (lö´) ocorre 35 vezes, e a se-


guinte forma: (lô´) 6 vezes, a forma (Bülô´) 140 vezes, e as
seguintes formas também são atestadas: (hálô´), (hálö´),
(hálò). O Aramaico relata a seguinte forma: (lä´).39
7. (`ámämûºkä) de acordo com os melhores dicionários, lé-
xicos e gramáticas a palavra é um verbo do tronco qal da 3ª pessoa do
plural do tempo perfeito de (`amäm), mais o sufixo da 2ª pessoa
masculino singular. Significados: escurecer, escuro e eclipse.

BDB. Define o verbo com as seguintes conotações: escurecer,


cobrir, ocultar e esconder. O Targum conota a seguinte forma: 
(escuro).40

CRÍTICA TEXTUAL

A palavra (`ámämûºkä) tem as seguintes traduções: “te su-


pera, te escurece e te cobri”.É analisada no aparato crítico com as se-
guintes informações. O Siríaco (séc. II) e o Targum (séc.V) propõem a
variante  (`ämöqmimmeºKKä), o qual relata o seguinte signifi-
cado: “esconder de ti”.

Análise

a) O TM complica o raciocínio utilizando a expressão “te supe-


ra”, ainda mais quando se associa à variante anterior (nenhum
segredo); entretanto, o Siríaco e o Targum simplificam com a
expressão “esconder de ti” (associando a expressão anterior
“nenhum segredo”), dentro do conceito geral, a probabilidade

39
Cf. Baumgartner, Walter & Koehler, Ludwig. The Hebrew and Aramaic Lexicon of the
Old Testament. Vol. II, tópico 4485.
40
Cf. F. Brown, S. Driver and C. Briggs. The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English
Lexicon. 4ª edição, 1999, p. 770; tópico 7183.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 109

de se ter como fiel (a palavra, termo ou expressão) é sempre


a tendência do que está complexo, para este caso é preferível
para muitos a forma que o TM atesta.
b) Em um julgamento externo não há muita preferência pelo Si-
ríaco e pelo Targum, primeiro porque possivelmente o Siríaco
seja uma obra com base na LXX e o que parece, aqui acaba des-
cordando da mesma e dando preferência ao Targum da pales-
tina.

Conclusão. Em síntese vejo que a LXX conotou a mesma palavra


que o TM; enquanto, o Siríaco e o Targum, preferiram alterá-la. A
expressão “te supera” é mais fácil de conotá-la com a palavra “sábio
do V.2.”; pois, inserida se tem: “nenhum sábio te supera”. O qual foi
a razão da LXX ter dado ênfase. Entretanto, o conceito do Siríaco e
do Targum acaba dando margem para a divinização. Para este fim a
forma tida como original é a que foi inserida pelo TM.

V.4. Pela tua sabedoria e pelo teu entendimento alcançaste para ti


riquezas, e adquiriste ouro e prata nos teus tesouros.

V.4. 
 
 
  
  
  
 
 
 
 
 
   
 
 
 
 
 


Transliteração: BüHokmä|tkä ûbitbûnäºtkä `äSîºtä llükä Häºyil waTTaº`aS


zähäb wäkeºsep Bü´ôcrôtʺkä

1.(BüHokmä|tkä) de acordo com os melhores dicionários,


léxicos e gramáticas a palavra é um substantivo feminino singular
construto de: (Hokmâ), mais o sufixo da 2ª pessoa masculino
singular. Significados: sabedoria habilidade, astúcia e prudência.

BDB. Analisa a palavra da seguinte forma, sabedoria em adminis-


tração, conforme os textos de Dt 34.9; Is 29.14; Jr 49.7; 49.7; II Sm 14.20,
como também a menção do príncipe de Tiro Ez 28.4; 28.5; 28.7; 28.12 e
a nação Babilônica 29.12; 29.17.41

41
Cf. F. Brown, S. Driver and C. Briggs. The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English
Lexicon. 4ª edição, 1999, p. 315; tópico 3037.
110 FABIO SABINO DA SILVA

TWOT. O uso da palavra cobre toda a gama de experiência hu-


mana. A figura da sabedoria no Antigo Testamento “jamais veio a ser
considerada uma divindade independente do Senhor”, por mais que
ela seja personificada (cf. Prov. 8.22-31; 9.1).42

2.  (ûbitbûnäºtkä) de acordo com os melhores dicioná-


rios, léxicos e gramáticas a palavra é um substantivo feminino sin-
gular construto, mais o sufixo da 2ª pessoa masculino singular de:
(Tübûnâ), juntamente com uma preposição e conjunção. Signi-
ficados: entender, inteligência, habilidade e perspicácia.
3.  (`äSîºtä) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e
gramáticas a palavra é umverbo do tronco qal da 2ª pessoa masculino
singular de: (`äSâ). Significados: fazer, formar, realizar, produ-
zir, trabalhar, negociar, agir e efetuar.
4. (llükä) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e gra-
máticas a palavra é umapartícula preposicional, mais o sufixo da 2ª
pessoa masculino singular. Significado: para ti.
5. (Häºyil) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e
gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular absoluto.
Significados: força, poder, eficiência, riqueza, exército e habilidade.
6. (waTTaº`aS) de acordo com os melhores dicionários, léxicos
e gramáticas a palavra é um verbo do tronco qal da 2ª pessoa do tem-
po imperfeito masculino singular de: (`äSâ), mais a conjunção
consecutiva. Significados: fazer, formar, realizar, trabalhar, produzir,
negociar, agir, efeito e efetuar.

HALOT. Relata o significado de adquirir, porém o verbo asso-


ciado com outras palavras, tem outros sentidos como: a) (hayil)
posse, poder, cf. Nm 24.18; Dt 8.17; I Sm 14.48. Riqueza Ez 28.4.43

7. (zähäb) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular absoluto,
Significados: ouro e esplendor (fig).

42
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes-
tamento. 1998, p. 460; tópico 647a.
43
Cf. Baumgartner, Walter & Koehler, Ludwig. The Hebrew and Aramaic Lexicon of the
Old Testament. Vol. II, tópico 7360.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 111

8. (wäkeºsep) de acordo com os melhores dicionários, léxicos


e gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular absoluto.
Significados: prata, dinheiro e talentos.
9. (Bü´ôcrôtʺkä) de acordo com os melhores dicioná-
rios, léxicos e gramáticas a palavra é um substantivo plural masculino
construto de (´ôcär), mais o sufixo da 2ª pessoa masculino singu-
lar. Significados: tesouro, armazém, loja e materiais de comida.

V.5. Pela extensão da tua sabedoria no teu comércio aumentaste


as tuas riquezas; e eleva-se o teu coração por causa das tuas riquezas;

V.5.  

Transliteração: Büröb Hokmätkä Birkullätkä hirBîºtä Hêleºkä wayyig-


Bah lübäbkä BüHêleºkä

1. (Büröb) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular absoluto
de (röb). Mais a preposição. Significados: multidão, abundância,
grandeza e numeroso.

HALOT. A palavra pode ser escrita de forma defectiva ou plena:


), o significado fica sendo o mesmo: maioria, multidão e quantia. O
Targum de Yonatam relata a forma O Siríaco a forma RaurabtaÒ,
cuja tradução se tem: chegar e multidão.44

TWOT. Relata que deriva da raiz verbal semítica “rb”, em que “b”
pode ser uma dentre diversas consoantes...A palavra é atestada 147
vezes no AT.45

LAS. Denota o sentido de imensa sabedoria.46

2. (Hokmätkä) de acordo com os melhores dicionários,


léxicos e gramáticas a palavra é um substantivo feminino singular

44
Ibid., vol IV, tópico, 8622.
45
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes-
tamento. 1998, p. 1391; tópico 2099c.
46
Cf. Alonso Schökel, L.. Dicionário Bíblico Hebraico-Português. 1997, p. 602.
112 FABIO SABINO DA SILVA

construto de (Hokmâ), mais o sufixo da 2ª pessoa masculino


singular. Significados: sabedoria habilidade, astúcia e prudência.

BDB. Define a palavra como sabedoria em administração, no caso


do rei de Tiro.47

TWOT. Relata que a sabedoria é um requisito para os governan-


tes e chefes de estado na administração da nação (Dt 34.9; II Sm 14.20),
incluindo tanto pagãos, quanto israelitas.48

3. (Birkullätkä) de acordo com os melhores dicionários,


léxicos e gramáticas a palavra é um substantivo feminino singular
construto de (rükullâ ), mais a preposição e o sufixo da 2ª pes-
soa masculino singular. Significados: mercadoria, tráfico e comércio.

HALOT. Propõe a conotação de comércio, conforme os textos


de Ez 28.5,16-18; entretanto, o capítulo 27.24, relata a forma      
(BümarkulTëk), que também é proposto a forma     (rükullätëk) ou
   (Bäm rö|kläºyik).49
TWOT. Relata que a palavra é encontrada somente em hebraico
posterior e provavelmente deriva de uma palavra estrangeira para
“mercador”. Aparece basicamente em Ezequiel 27 para descrever Tiro,
no lamento que se faz por essa cidade (Ez 27.3,12,13,15,17,20,21,23
[duas vezes], 24; também em 17.14). Ocorre em apenas três outras pas-
sagens (I Rs 10.15; Ct 3.6; Ne 3.31).50
Obs. A palavra é também analisada na masora parva com as se-
guintes notas e explicações abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 

47
Cf. F. Brown, S. Driver and C. Briggs. The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English
Lexicon. 4ª edição, 1999, p. 315; tópico 3053.
48
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes-
tamento. 1998, p. 460; tópico 647a.
49
Cf. Baumgartner, Walter & Koehler, Ludwig. The Hebrew and Aramaic Lexicon of the
Old Testament. Vol. II, tópico 8814.
50
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes-
tamento. 1998, p. 1429; tópico 2165a.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 113

b) Significado: o vocábulo  (Birkullätkä) é um hapax lego-


menon.

4.  (hirBîºtä) de acordo com os melhores dicionários, léxi-


cos e gramáticas a palavra é um verbo do tronco hifil do tempo per-
feito da 2ª pessoa masculino singular de (räbâ). Significados:
fazer muito, ter muito, multiplicar e aumentar.

TWOT. Explica que essa é a forma semítica ocidental de um


termo bastante comum, o qual é cognato do Ugarítico, rb (rb), e
do Acadiano, “rabû”. A raiz aparece mais de 200 vezes no AT, só no
tronco hifil ocorre 155 vezes, o sentido padrão e mais comum é o de
“multiplicar”.51

5.(Hêleºkä) de acordo com os melhores dicionários, léxi-


cos e gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular
construto de     (Häºyil), mais o sufixo da 2ª pessoa masculino
singular. Significados: força, poder, eficiência, riqueza, exército e
habilidade.
6. (wayyigBah) de acordo com os melhores dicionários, lé-
xicos e gramáticas a palavra é um verbo do tronco qal da 3ª pes-
soa do tempo imperfeito masculino singular de (Gäbah), mais a
conjunção consecutiva. Significados: ser alto, alto, ser exaltado, ser
arrogante e elevar.52
7.(lübäbkä) de acordo com os melhores dicionários, léxicos
e gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular cons-
truto de (lëbäb), mais o sufixo da 2ª pessoa masculino singular.
Significados: o homem interno, coração, alma e conhecimento.53
8. (BüHêleºkä) de acordo com os melhores dicionários, lé-
xicos e gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular
construto de (Häºyil), mais o sufixo da 2ª pessoa masculino sin-
gular. Significados: força, poder, eficiência, riqueza, exército e habi-
lidade.54

51 Ibid., p. 1392; tópico 2103.


52 O assunto já foi dissertado.
53 O assunto já foi dissertado.
54 O assunto já foi dissertado.
114 FABIO SABINO DA SILVA

Obs. É analisada na masora parva com as seguintes notas e expli-


cações abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 
b) Significado: segundo a Mp, a expressão (lübäbkä
BüHêleºkä) é um hapax legomenon.

V.6. Portanto, assim diz o Senhor DEUS: Porquanto estimas o teu


coração, como se fora o coração de Deus,

V.6.  

Transliteração: läkën Kò ´ämar ´ádönäy yhwh yaº`an TiTTükä ´et-


lübäbkä Külëb ´élöhîm

1.(läkën) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é um advérbio com uma preposição. Significa-
dos: assim e então.

BDB. Analisa com as seguintes definições: em conversação, em


resposta para uma objeção e deduz a causa do efeito.55

TWOT. Explica que é um advérbio largamente usado e que ex-


pressa a concretização de algo anteriormente dito. Aparece com fre-
qüência formando par com preposições.56

2. (Kò|-´ämar) de acordo com os melhores dicionários, léxicos


e gramáticas a palavra é uma partícula adverbial (Significados: assim,
aqui, desta maneira, aqui e lá, até agora, até agora... até então, enquanto
isso), mais  (´ämar), verbo do tronco qal da 3ª pessoa masculino sin-
gular. Significados: dizer, falar, proferir, responder, pensar e prometer.

BDB. Advérbio demonstrativo. Significado: assim (na maioria das


freqüências normalmente aponta o que vem em seguida). As formas

55
Cf. F. Brown, S. Driver and C. Briggs. The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English
Lexicon. 4ª edição, 1999, p. 485; tópico 4573.
56
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes-
tamento. 1998, p. 709; tópico 964b.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 115

com: ,  tu diga; esp ’’, assim (ou disse) é exis-
tentes continuamente nos profetas e também em outros idiomas.57
Obs. A expressão (läkën Kò|-´ämar), traduzido por:
“portanto assim diz”... É analisada na masora parva com as seguintes
explicações abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 


b) Significado: segundo a Mp, a expressão (läkën
Kò|-´ämar), consta duas vezes no texto bíblico hebraico com es-
tes “sinais de cantilações” (Jr 25.8; 32.28).

3.  (´ádönäy) de acordo com os melhores dicionários, léxicos


e gramáticas a palavra é um substantivo absoluto. Significados: meu
senhor e dominador. Falado em lugar de Yahweh em exibição judaica
de reverência.

BDB. Substantivo masculino singular. Significado: (´ädôn) o se-


nhor, dominador e mestre. (1) o termo é aplicado para homens. (2) para
Deus:  (hä´ädôn yhwh)o Senhor Deus (v. ). Referência
para Deus: 
     (´ádönê hä´ádönîm) Senhor dos Senhores.58
TWOT. O termo Ugarítico nda (adn) significa “Senhor” ou “pai”.
O Acadiano trás a forma adannu, com sentido de “poderoso”. Quando o
termo aparece no plural, sempre se refere a Deus. A palavra no plural
pode ser considerada um plural intensivo ou um plural de majestade.59

Síntese. Não tem muito que se discutir sobre o termo Senhor, pois
Ezequiel utiliza várias formas dos nomes de Deus.
Obs. A expressão:  (´ádönäy yhwh) traduzido por: “Se-
nhor DEUS”... É analisada na masora parva com as seguintes explica-
ções abaixo:

57
Cf. F. Brown, S. Driver and C. Briggs. The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English
Lexicon. 4ª edição, 1999, p. 462; tópico 4402.
58
Cf. F. Brown, S. Driver and C. Briggs. The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English
Lexicon. 4ª edição, 1999, p. 10; tópico 147.
59
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes-
tamento. 1998, p. 17; tópico 27b.
116 FABIO SABINO DA SILVA

a) A nota da Mp é a seguinte: 


b) Significado: segundo a Mp, a expressão  (´ádönäy
yhwh), consta vinte e nove vezes no texto bíblico hebraico com
estes “sinais de cantilações”.

CRÍTICA TEXTUAL

Variante a ser analisada. Ezequiel 28.6. A palavra:  (´ádönäy),


tem a seguinte conotação: “meu Senhor”. É analisada no aparato crítico
(BHS) com as seguintes informações. É omitida pela LXX não revisa-
da, pois a omissão é realizada pelo fato de estar apagada ou tida como
apagada.

Análise

a) Das cento e vinte e quatro atestações da expressão: “Senhor


Deus” no livro de Ezequiel até o capítulo 28 cento e seis ocor-
rências a LXX omite a palavra “Deus”; entretanto, há uma única
ocorrência da forma “Deus” (Ez 4.14) e por quinze vezes repete
a mesma expressão em grego para denotar a palavra “Deus”
(Ez 12.10; 23.20; 14.6; 20.39,40; 21.3; 21.12,18; 22.3,31; 23.28,46;
26.19,21 e 28.12) e uma única vez faz a repetição do termo gre-
go, porém no vocativo (Ez 21.5).

Conclusão. A expressão: “Senhor Deus” por todos os conceitos é


melhor para estar no texto como original.

4. (yhwh) de acordo com os melhores dicionários, léxicos


e gramáticas a palavra é um substantivo absoluto. A raiz significa
qualquer existência ou desenvolvimento. O tetragrama: YHWH ou
SENHOR ou Yahweh o nome pessoal de Deus é a designação mais
freqüente na Bíblia, acontecendo 5.321 vezes. A primeira ocorrência
extrabíblica do nome está na Pedra Moabita, cerca de 850 a.C.
5. (yaº`an) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e
gramáticas a palavra é uma partícula adverbial. Significados: por-
que, então, que, por causa de e por que (como pronome interroga-
tivo).
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 117

6.
 
 (TiTTükä) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e gra-
máticas a palavra é um verbo do tronco qal do infinitivo construto, mais
o sufixo da 2ª pessoa masculino singular. Significados: dar, conceder,
permitir, designar, empregar, dedicar, consagrar, confiar e proferir.
7.  (´et-lübäbkä) de acordo com os melhores dicionários,
léxicos e gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular
construto, mais o sufixo da 2ª pessoa masculino singular e também a
partícula do objeto direto. Significado: O teu coração.
8. (Külëb) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e
gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular construto,
mais a partícula preposicional. Significados: o homem interno, cora-
ção, entendimento e meio.

WCHS. Esta preposição é a única partícula extremamente comum


de relação que não tem nenhum senso de espaço ou tempo é utilizada
para descrever comparação e correspondência (como, assim e seme-
lhante). Na maioria dos casos a preposição é usada de modo compa-
rável com outras preposições, mas é distinta em suas características
sintáticas.60
Obs. É analisada na masora parva com as seguintes notas e expli-
cações abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 
b) Significado: segundo a Mp, o vocábulo (Külëb), consta cin-
co vezes no texto bíblico hebraico (II Sm 17.10; Jr 48.41; 49.22;
Ez 28.2,6).

9. (´élöhîm). Ver explicações no tópico 16 do versículo 2.

V.7. Por isso eis que eu trarei sobre ti estrangeiros, os mais terrí-
veis dentre as nações, os quais desembainharão as suas espadas con-
tra a formosura da tua sabedoria, e mancharão o teu resplendor.

V.7.    


 

60
Cf. Bruce K. Waltke and M. O’ Connor. An Introduction to Biblical Hebrew Syntax.
1990, p. 203, tópico 2.9.
118 FABIO SABINO DA SILVA

Transliteração: läkën hinnî mëbî´ `älʺkä zärîm `ärîcê Gôyìm


wühërîºqû Harbôtäm `al-yüpî Hokmäteºkä wüHillülû yip`äteºkä

1. (läkën) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é um advérbio com uma preposição. Significa-
dos: assim e então.

BDB. Analisa com as seguintes definições, em conversação, em


resposta para uma objeção, deduz a causa do efeito.61
Obs. É analisada na masora parva com as seguintes notas e expli-
cações abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 


b) Significado: segundo a Mp, o vocábulo (läkën), consta trin-
ta e três vezes no texto bíblico hebraico com este “sinal de can-
tilação”.

2.(hinnî) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é uma interjeição, mais o sufixo da 1ª pessoa de
(hinnË), cuja raiz origina-se de (hen), tendo o seguinte signi-
ficado: veja!

BDB. Relata a interjeição com os seguintes significados: veja! Co-


notado para pessoas ou coisas. b) introduzindo cláusulas que envol-
vem predição: com referência ao passado ou presente, geralmente
aponta uma verdade afirmada. Serve também para introduzir uma
declaração solene ou importante e é especialmente usado.62

TWOT. A maioria das orações com hinnË ocorre em discurso di-


reto [...] e serve para introduzir um fato sobre o qual se baseia uma
afirmação ou mandamento que o segue.63

61
Cf. F. Brown, S. Driver and C. Briggs. The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English
Lexicon. 4ª edição, 1999, p. 485, tópico 4573.
62
Cf. F. Brown, S. Driver and C. Briggs. The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English
Lexicon. 4ª edição, 1999, p. 243; tópico 2456.
63
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes-
tamento. 1998, p. 363; tópico 510b.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 119

LAS. A interjeição trata-se de uma partícula deítica ou demons-


trativa que chama a atenção com certa ênfase sobre uma pessoa, um
objeto e uma ação. Serve para apresentar e para identificar.64

3. (mëbî´) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é um particípio verbal masculino singular abso-
luto do tronco hifil de (Bô´). Significados: conduzir em, levar em,
trazer e juntar.

TWOT. Relata que o verbo é atestado por 2.570 vezes. No texto


de Ezequiel em preferência ao capítulo, conota o anúncio de ameaça e
promessa de destruição.65

4.(`älʺkä) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é uma partícula preposicional, mais o sufixo da
2ª pessoa masculino singular de (`al). Significados: em, de acordo
com, por causa de, em nome de, ao lado de, além de, junto com, sobre,
em cima de, por, em para, para e contra.
5. (zärîm) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e
gramáticas a palavra é um particípio verbal, masculino plural abso-
luto do tronco qal de (zûr). Significados: repugnante, estrangeiro,
prostitua e meretriz.
6. (`ärîcê) adjetivo masculino construto plural de (`ärîc).
Significados: inspirador, temeroso, terrível e cruel.

TWOT. Analisa que o adjetivo é encontrado 20 vezes no AT. Eze-


quiel emprega quatro vezes a expressão `ärîcê Gôyìm, “os impiedosos
das nações” (lit. Ez 28.7; 30.11; 31.12; 32.12).66

7. (Gôyìm) de acordo com os melhores dicionários, léxicos


e gramáticas a palavra é um substantivo masculino plural absoluto
de:(ou ). Significados: nação, pessoas e descendentes.
8. (wühërîºqû) de acordo com os melhores dicionários, lé-
xicos e gramáticas a palavra é um verbo do tronco hifil da 3ª pessoa

64
Cf. Alonso Schökel, L.. Dicionário Bíblico Hebraico-Português. 1997, p. 183.
65
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes-
tamento. 1998, p. 155; tópico 212.
66
Ibid., p. 1175; tópico 1702b.
120 FABIO SABINO DA SILVA

plural do tempo perfeito de (rûq), mais a conjunção consecutiva.


Significados: esvaziar, manter vazio ou faminto.
9.  (Harbôtäm) de acordo com os melhores dicionários, lé-
xicos e gramáticas a palavra é um substantivo plural feminino cons-
truto de (Heºreb), mais o sufixo da 3ª pessoa plural masculino. Sig-
nificados: espada, faca e ferramentas para corte.
10.  (`al-yüpî) de acordo com os melhores dicionários, léxi-
cos e gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular cons-
truto, mais a preposição.

HALOT. Relata a tradução de “beleza da tua”.67

11. (Hokmätkä) de acordo com os melhores dicionários, lé-


xicos e gramáticas a palavra é um substantivo feminino singular cons-
truto de (Hokmâ), mais o sufixo da 2ª pessoa masculino singu-
lar. Significados: sabedoria habilidade, astúcia e prudência.

BDB. Define a palavra como sabedoria em administração, no caso


do rei de Tiro.68

TWOT. Relata que a sabedoria é um requisito para os governan-


tes e chefes de estado na administração na nação (Det 34.9; II Sam
14.20) incluindo tanto pagãos, quanto israelitas.69
Obs. A expressão: 
 
 
 
 
  
 
 (Harbôtäm `al-yüpî Hokmätkä),
traduzido por: “as espadas contra a formosura da tua sabedoria”... É ana-
lisada na masora parva com as seguintes explicações abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 
b) Significado: segundo a Mp, a expressão 
 
 
 
 
  
 

(Harbôtäm `al-yüpî Hokmätkä), na Bíblia Hebraica (BHS) é um
hapax legomenon.

67
Cf. Baumgartner, Walter & Koehler, Ludwig. The Hebrew and Aramaic Lexicon of the
Old Testament. Vol. I, tópico 3873.
68
Cf. F. Brown, S. Driver and C. Briggs. The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English
Lexicon. 4ª edição, 1999, p. 315; tópico 3053.
69
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes-
tamento. 1998, p. 460; tópico 647a.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 121

12. (wüHillülû) de acordo com os melhores dicionários, léxi-


cos e gramáticas a palavra é um verbo do tronco piel do tempo perfeito
da 1ª pessoa do plural, mais a conjunção consecutiva. Significados:
profanar, sujar, poluir, violar a honra e desonrar.

BDB. Estuda a palavra no sentido de profanar o altar, onde o prín-


cipe de Tiro que se considerava deus, em seus lugares santos Ez 28:7;
28:16; 28:18.70

13. (yip`äteºkä) de acordo com os melhores dicionários, léxi-


cos e gramáticas a palavra é um substantivo feminino singular cons-
truto de (yip`â) mais o sufixo da 2ª pessoa masculino singular.
Significados: esplendor, brilho e lustrar.

HALOT. Conota que a palavra é atestada somente em Ez 28.7,17


com o sentido de esplendor radiante.71

BDB. Relata os mesmos significados que os outros dicionários e


léxicos. Significados: brilho, esplendor do príncipe e rei de Tiro.72

TWOT. Relata que em Ezequiel 28 descreve o rei de Tiro e a sabe-


doria pela qual a cidade era conhecida. Mas isto revelou ser o motivo
de sua queda, pois o versículo 17 relata essa causa.73
Obs. É analisada na masora parva com as seguintes notas e expli-
cações abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 
b) Significado: segundo a Mp, o vocábulo (yip`äteºkä) cons-
ta duas vezes no texto bíblico hebraico (Ez 28.7,17).

70
Cf. F. Brown, S. Driver and C. Briggs. The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English
Lexicon. 4ª edição, 1999, p. 320; tópico 3089.
71
Cf. Baumgartner, Walter & Koehler, Ludwig. The Hebrew and Aramaic Lexicon of the
Old Testament. Vol. II, tópico 3881.
72
Cf. F. Brown, S. Driver and C. Briggs. The Brown-Driver-Briggs Hebrew and
English Lexicon. 4ª edição, 1999, p. 422; tópico 4071.
73
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes-
tamento. 1998, p. 641; tópico 890a.
122 FABIO SABINO DA SILVA

V.8. Eles te farão descer à cova e morrerás da morte dos traspas-


sados no meio dos mares.

V.8. 

Transliteração: laššaºHat yô|ridûºkä wämaºTTâ mümôtê Häläl Bülëb


yammîm

1. (laššaºHat) de acordo com os melhores dicionários, léxicos


e gramáticas a palavra é um substantivo feminino singular absoluto
de (šaºHat), mais o sufixo preposicional. Significados: cova e des-
truição.
2. (yô|ridûºkä) de acordo com os melhores dicionários, lé-
xicos e gramáticas a palavra é um verbo do tronco hfhil da 3ª pessoa
do tempo imperfeito masculino plural de (yärad), mais o sufixo
singular da 2ª pessoa. Significados: derrubar, enviar abaixo e tirar.
Obs. É analisada na masora parva com as seguintes notas e expli-
cações abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 
b) Significado: segundo a Mp, o vocábulo (yô|ridûºkä) é um
hapax legomenon.

3. (wämaºTTâ) de acordo com os melhores dicionários, léxicos


e gramáticas a palavra é um verbo do tronco qal do tempo perfeito da
2ª pessoa masculino singular de (mämôt), mais a conjunção con-
secutiva. Significado: morte.

TWOT. Analisa que a palavra é uma raiz universalmente usada


no mundo semítico, que designa o processo de morrer e a própria
morte. Os cananeus empregavam-na como o nome do “deus da mor-
te” e do mudo dos mortos Mot.74
Obs. É analisada na masora parva com as seguintes notas e expli-
cações abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 

74
Ibid., p. 820; tópico 1169b.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 123

b) Significado: segundo a Mp, o vocábulo (wämaºTTâ) é um


hapax legomenon.

4. (mümôtê) de acordo com os melhores dicionários, léxicos


e gramáticas a palavra é um substantivo plural masculino construto
de (môt). Significados: morrer, matar e executado.
Obs. É analisada na masora parva com as seguintes notas e expli-
cações abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 


b) Significado: segundo a Mp, o vocábulo (mümôtê), cons-
ta duas vezes no texto biblico hebraico com “escrita plena” (Jr
16.4; Ez 28.8).

5.  (Häläl) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular absoluto
de (Häläl). Significados: matado e perfurado.

TWOT. Explica que a tradução “traspassado” apóia-se em sua


provável derivação de Häläl. Relata também a conotação de ferir fatal-
mente, perfurar e traspassar.75

6. (Bülëb) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular construto,
mais a partícula preposicional. Significados: o homem interno, cora-
ção, entendimento e meio.

HALOT. A palavra é atestada como uma metáfora, com o sentido


de “dentro de” ou “meio”. Existe uma forma abreviada:  (Bü-
leb-yäm). O Acadiano relata a seguinte expressão: ina libbi taÒmti com
a seguinte significado: “no meio do mar”, como nos seguintes textos:
Ex 15.8 Pr 23.34. Entretanto, encontra se essa forma  (Bülëb
yammîm) nos seguintes livros: Ez 27.4, 25-27; 28.2.8. Sl 46.3. Relatando
o mesmo significado da forma abreviada.76

75
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes-
tamento. 1998, p. 469; tópico 660a.
76
Cf. Baumgartner, Walter & Koehler, Ludwig. The Hebrew and Aramaic Lexicon of the
Old Testament. Vol. I, tópico 4509.
124 FABIO SABINO DA SILVA

LAS. A palavra é estritamente uma forma totalmente figurativa.77

7. (yammîm) de acordo com os melhores dicionários, léxicos


e gramáticas a palavra é um substantivo plural masculino absoluto.
Significados: mar e rio poderoso.

V.9. Acaso dirás ainda diante daquele que te matar: Eu sou Deus?
mas tu és homem, e não Deus, na mão do que te traspassa.

V.9.   




Transliteração: he´ämör Tö´mar ´élöhîm ´äºnî lipnê hö|rgeºkä wü´aTTâ


´ädäm wülö´-´ël Büyad müHalülʺkä

1. (he´ämör) de acordo com os melhores dicionários, léxicos


e gramáticas a palavra é um verbo do tronco qal, infinitivo absoluto da
1ª pessoa do singular de (´ämar), mais a partícula interrogativa.
Significados: dizer, falar, proferir, responder, pensar e prometer.
2. (Tö´mar) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e
gramáticas a palavra é um verbo do tronco qal da 2ª pessoa do tempo
imperfeito masculino singular de (´ämar). Significados: dizer, fa-
lar, proferir, responder, pensar e prometer.
3.  (´élöhîm) de acordo com os melhores dicionários, léxi-
cos e gramáticas a palavra é um substantivo masculino plural da raiz
da qual origina-se de . Significados: regras, julgar, anjos, deu-
ses, deus, deusa e Deus.

Síntese. O comentário sobre a história e formação do termo acima


é muito extenso e para isso recomendo a leitura de Harris, R. Laird et
alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. São
Paulo: Vida Nova, 1998, p.71-73; tópico 93c. 

4.  (´äºnî) ver comentários da palavra no tópico 14 do versículo 2.


5. (lipnê) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e gra-
máticas a palavra é um substantivo plural construto de (Pänîm),

77
Cf. Alonso Schökel, L.. Dicionário Bíblico Hebraico-Português. 1997, p. 334.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 125

mais o sufixo preposicional. Significados: face, presença e superfície.


Com preposição, temos as seguintes conotações: na frente de, antes
de ou à face.

TWOT. Comenta que a palavra sempre ocorre no plural, possivel-


mente numa indicação de que o rosto é composto por uma combina-
ção de diversos aspectos. Entretanto, a palavra usada por uma prepo-
sição relata a conotação “diante do rosto de” e “para o rosto de”.78

6.  (hö|rgeºkä) de acordo com os melhores dicionários, léxicos


e gramáticas a palavra é um verbo do tronco qal particípio masculino
singular construto de (härag), mais o sufixo da 2ª pessoa masculi-
no singular. Significados: matar, assassinar e destruir.

BDB. Registra a informação de morrer depois de uma batalha.79


Obs. É analisada na masora parva com as seguintes notas e expli-
cações abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 
b) Significado: segundo a Mp, o vocábulo  (hö|rgeºkä) é um
hapax legomenon.

CRÍTICA TEXTUAL

Variante a ser analisada. Ezequiel 28.9/10a. A palavra:  


 
 (hö|rgeºkä)
tem a seguinte conotação: “te matar”. É analisada no aparato crítico com
as seguintes informações. Muitos manuscritos de edições medievais (21
a 60 manuscritos) e as versões como a LXX, Siríaco e Vulgata, lêem com
um acréscimo da letra “yod” após o “num”.

Análise

a) O fator de muitas edições e versões acrescentarem letras, torna-se


possível à forma do plural, caso a vogal fosse um hirek (teríamos

78
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes-
tamento. 1998, p. 1222; tópico 1782b.
79
Cf. F. Brown, S. Driver and C. Briggs. The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English
Lexicon. 4ª edição, 1999, p. 247; tópico 2468.
126 FABIO SABINO DA SILVA

uma escrita plena) e não um segol. Porém, é de se esperar que a


“forma breve” prevaleça sobre uma longa, pois é mais compre-
ensível que um editor tenha acrescentado algo ao texto do que
a tenha omitido.
b) Outra razão é que a forma do plural concorda com a palavra
final que está no plural, para dar assim sentido ao texto; porém,
os copistas tinham a tendência de complicar e não simplificar.
c) Em termos de testemunhos e quantidades de edições e versões
fica-se com a forma do plural e não do singular em razões de
haver duas atestações da forma do plural (II Rs 17.25 e Is 14.19),
contra está única forma em Ezequiel que está no singular.

Conclusão. Em síntese é de se esperar que todos os conceitos a, b


e c, sejam tidos como original.

7. (wü´aTTâ) de acordo com os melhores dicionários, léxicos


e gramáticas a palavra é um pronome da 2ª pessoa masculino singu-
lar, mais a conjunção. Significados: você e tu.
8. (´ädäm) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e
gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular absoluto.
Significados: o homem, gênero humano e Adão.

TWOT. O termo Ugarítico mda (adm) normalmente significa


“povo”. Adam aparece unicamente no absoluto singular em suas 562
ocorrências.80

9. (wülö´-´ël) de acordo com os melhores dicionários, léxi-


cos e gramáticas a palavra é uma conjunção associada por uma partí-
cula negativa e também com um substantivo masculino singular liga-
do por maqqe.

Síntese. A conjunção juntamente com a partícula negativa está


relacionada ao substantivo por um maqqef. Significando: e não Deus.

10. (Büyad) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é um substantivo feminino singular construto de

80
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes-
tamento. 1998, p. 13; tópico 25.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 127

(yäd), mais o sufixo preposicional. Significados: na mão, na força,


no poder ou no lado.

CRÍTICA TEXTUAL

Variante a ser analisada. Ezequiel 28.9/10b. A palavra (Büyad)


tem a seguinte conotação: “na mão”. É analisada no aparato crítico com
as seguintes informações. A LXX relata a seguinte palavra:  
(en plëthei), que tem a seguinte conotação: “na multidão”.

Análise

a) A LXX utiliza seu termo para concordar com a palavra anterior


( = te matar) que está no plural. Pois a LXX omite a ex-
pressão final que está no TM (müHalülʺkä) que significa: “te
profanarem”. Uma vez que a palavra final do TM tem problemas de
vocalização. E se vê que o TM não concordou em número à palavra
seguinte e nem na conotação da palavra (müHalülʺkä) que
significa: “te profanarem”.

Conclusão. Em síntese a LXX quer demonstrar a quantidade dos


que iriam exercer a ação. E não relatar uma profanação a alguém;
pois, os capítulos antecedentes, não fazem menção do mesmo. Dian-
te de todas as análises, a palavra que a LXX conotou é tida como
original.

11. (müHalülʺkä) de acordo com os melhores dicionários,


léxicos e gramáticas a palavra é um verbo do tronco piel, particípio
plural masculino construto de (Hälal), mais o sufixo da 2ª pessoa
masculino singular. Significados: profanar, fazer comum, sujar, po-
luir, violar a honra de ou desonrar. É analisada na masora parva com as
seguintes explicações abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 
b) Significado: segundo a Mp, o vocábulo (müHalülʺkä) é
um hapax legomenon.
128 FABIO SABINO DA SILVA

CRÍTICA TEXTUAL

Variante a ser analisada. Ezequiel 28.9/10c. A palavra 


(müHalülʺkä) tem a seguinte conotação: “te profanarem”. É analisada no
aparato crítico com as seguintes informações. Manuscritos medievais tra-
zem a expressão hebraica   
 
 
 (müHölülʺkä) denotando uma mudan-
ça na “vocalização”, que inserida, muda o tronco verbal para “hofal” (voz
passiva causativa) e trás a seguinte conotação “transpassar e perfurar”.

Análise

a) Por estar no final e nada anteceder complica o raciocínio e por


regras é melhor deixar complicado do que facilitar o raciocínio;
pois, os copistas dificultavam e não melhoravam o ententimen-
to textual.

Conclusão. Em síntese, a palavra que no texto está inserida é um


particípio masculino construto do tronco verbal piel (voz ativa intensiva),
inserido com o sufixo masculino da segunda pessoa do singular, enquan-
to que a outra palavra e sua questão verbal que está no texto, procura es-
pecificar o instrumento que matará o indivíduo. Portanto é considerado
como original a forma que está no texto e não as propostas.

V.10. Da morte dos incircuncisos morrerás, por mão de estrangei-


ros, porque eu o falei, diz o Senhor DEUS.

V.10. 
Transliteração: môtê `árëlîm Tämût Büyad-zärîm Kî ´ánî diBBaºrTî
nü´ùm ´ádönäy yhwh

1. (môtê) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é um substantivo plural masculino construto de
(mäºwet), Significados: morte, morrer, morte (personificação), rei-
no dos mortos, morte através de violência (como uma penalidade),
estado de morte ou lugar de morte. É analisada na masora parva com
as seguintes explicações abaixo:
a) A nota da Mp é a seguinte: 
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 129

b) Significado: segundo a Mp, o vocábulo (môtê) é um hapax


legomenon.

2.  (`árëlîm) de acordo com os melhores dicionários, léxicos


e gramáticas a palavra é um adjetivo plural masculino absoluto de
(`ärël). Significado: incircunciso.
3. (Tämût) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e
gramáticas a palavra é um verbo do tronco qal da 2ª pessoa do tempo
imperfeito masculino singular de (môt). Significados: morrer, ser
posto a morte, perecer ou morrer prematuramente (por negligência
de conduta moral).
4. (Büyad-zärîm) de acordo com os melhores dicionários,
léxicos e gramáticas a palavra é um substantivo feminino singular
construto de (yäd), mais o adjetivo plural masculino absoluto de
(zûr), mais a particular preposicional. Significados: nas mãos de
estranho ou nas mãos de estrangeiros.
5. 
  (Kî) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e gramáti-
cas a palavra é uma conjunção. Significados: que, para, porque, quando,
como se, como, porque que, mas, então, certamente e seguramente.
6.  
 (´ánî) ver comentários da palavra no tópico 14 do versículo 2.
7.  (diBBaºrTî) de acordo com os melhores dicionários, léxi-
cos e gramáticas a palavra é um verbo do tronco piel do tempo perfeito
da 1ª pessoa singular de (DiBBër). Significados: falar e prometer.
8. (nü´ùm) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e
gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular construto.
Significados: declaração, expressão vocal ou revelação.
9.  (´ádönäy) de acordo com os melhores dicionários, léxicos
e gramáticas a palavra é um substantivo absoluto. Significados: meu
senhor e dominador. Falado em lugar de Yahweh em exibição judaica
de reverência.

BDB. Substantivo masculino singular. Significado (´ädôn) o se-


nhor, dominador e mestre. (1) o termo é aplicado para homens. (2) para
Deus:  (hä´ädôn yhwh)o Senhor Deus (v. ). Referência
para Deus: 
     (´ádönê hä´ádönîm) Senhor dos Senhores.81
81
Cf. F. Brown, S. Driver and C. Briggs. The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English
Lexicon. 4ª edição, 1999, p. 10; tópico 147.
130 FABIO SABINO DA SILVA

TWOT. O termo Ugarítico: nda (adn) significa “Senhor” ou


“pai”. Já o Acadiano relata o vocábulo adannu com o sentido de “po-
deroso”. Quando o termo aparece no plural, sempre se refere a Deus.
A palavra no plural pode ser considerada um plural intensivo ou um
plural de majestade.82

10. (yhwh). Ver comentário no tópico 54.

CRÍTICA TEXTUAL

Variante a ser analisada. Ezequiel 28.12. A palavra  


 
 (´ádönäy)
tem a seguinte conotação: “meu Senhor”. É analisada no aparato crítico
com as seguintes informações. É omitida pela LXX não revisada; pois, a
omissão é realizada pelo fator de estar apagada ou tida como apagada.

Análise

a) Das cento e vinte e quatro atestações da expressão: “Senhor


Deus” no livro de Ezequiel até o capítulo 28, cento e seis ocor-
rências a LXX omite a palavra “Deus”; entretanto, há uma única
ocorrência da forma “Deus” (Ez 4.14) e por quinze vezes repete
a mesma expressão em grego para denotar a palavra “Deus”
(Ez 12.10; 23.20; 14.6; 20.39,40; 21.3; 21.12,18; 22.3,31; 23.28,46;
26.19,21 e 28.12) e uma única vez faz a repetição do termo gre-
go, porém no vocativo (Ez 21.5).

Conclusão. A expressão: “Senhor Deus” por todos os conceitos é


melhor para estar no texto como original.

V.11. Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo:

V.11. 

Transliteração: wayühî dübar-yhwh(´ädönäy) ´ëlay lë´mör

82
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes-
tamento. 1998, p. 17; tópico 27b.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 131

1. (wayühî) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é um verbo da 3ª pessoa do imperfeito mascu-
lino singular de (häyâ).Verbo do tronco qal, mais a conjunção
consecutiva, tendo o seguinte significado: “e então veio”.

BDB. Significados do verbo: resultar, passar, se tornar e acontecer.


Como imperfeito consecutivo:(wayühî) tem o sentido de veio ou
passar freqüentemente. (wayühî) também dá a idéia de começo e
continuação.83

TWOT. Significado do verbo: uma tradução freqüente embora


talvez imprecisa de hayâ é como observamos acima, “vir”. Isto pode
ser visto com relação às passagens aonde à palavra de Deus “vem” a
alguém (Gn 15:1; I Sm 15:10; II Sm 7:4; Jr 36:1).84

Síntese. O verbo inicia-se com uma conjunção consecutiva; pois


é, o que se espera de um verbo no imperfeito para expressar o passa-
do narrativo, indicando uma seqüência. Portanto, a tradução melhor
seria: “e então veio”.

2.(dübar) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular construto
de  (Däbär). Significados: fala, palavra ou oração.

BDB. Significados do substantivo: fala, discurso, declaração, pala-


vra (como a soma do que é falado), comando, mensagem, novidades,
deliberação, pedido, promessa, reclamação e decisão. Outros sentidos
como: palavra de Deus (como comunicação Divina na forma de or-
dens) e profecia.85

TWOT. Significados do substantivo: palavra, fala e discurso. A


estrutura no construto singular: dübar-yhwh, “a palavra do Senhor”,

83
Cf. F. Brown, S. Driver and C. Briggs. The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English
Lexicon. 4ª edição, 1999, p. 224; tópico 2393.
84
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes-
tamento. 1998, p. 351; tópico 491.
85
Cf. F. Brown, S. Driver and C. Briggs. The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English
Lexicon. 4ª edição, 1999, p. 182; tópico 2013.
132 FABIO SABINO DA SILVA

ocorre 242 vezes e quase sempre (225 vezes) a expressão aparece como
uma forma técnica para a revelação profética.86

Síntese. O Substantivo é ligado por maqqef para que haja o esta-


do construto; pois, o substantivo é bissilábico e ocorreu a redução de
suas vogais para que houvesse o estado construto singular. Portanto,
a palavra está relacionada com o seu possuidor e o seu significado é:
“palavra do”.

3. (yhwh,´ädönäy) de acordo com os melhores dicionários,


léxicos e gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular
absoluto. Significado: Senhor.

BDB. Significado do substantivo: Senhor.87

TWOT. Significado do substantivo: O tetragrama YHWH o Senhor


ou Iavé, o nome pessoal de Deus e sua mais freqüente designação nas
Escrituras, com um total de 5.321 ocorrências no AT.88

Síntese. O substantivo “Senhor” pelos estudiosos é uma relação


de ketiv e qerê; entretanto, tratando-se do tetragrama se tem um qerê
permanente.

4. (´ëlay) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é uma partícula preposicional, mais o sufixo da
1ª pessoa comum singular de (´el). Significados: para mim, até (de
movimento), em, entre, contra, além de, de acordo com, por e contra.

TWOT. A preposição expressa principalmente a idéia de movi-


mento em direção a alguém ou a alguma coisa.89

86
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes-
tamento. 1998, p. 294; tópico 399.
87
Cf. F. Brown, S. Driver and C. Briggs. The Brown-Driver-Briggs Hebrew and
English Lexicon. 4ª edição, 1999, p. 217; tópico 2326.
88
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes-
tamento. 1998, p. 345-348; tópico 484a.
89
Cf. Ibid., p. 67; tópico 91.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 133

5. (lë´mör) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é uma partícula preposicional, mais o verbo no
tronco qal, infinitivo construto de (´ämar). Significados: dizer, fa-
lar, proferir, responder, para dizer no coração da pessoa, pensar, para
comandar, prometer ou para pretender.

TWOT. Este verbo ocorre no AT quase 5.000 mil vezes, ele tam-
bém ocorre com seus cognatos em outras línguas. Na verdade, o in-
finitivo com a preposição lamedh, torna-se quase sempre apenas um
sinal do discurso direto, algo como os dois pontos que introduzem
uma citação no português. O verbo pode ser usado no infinitivo com
a preposição lamedh, para introduzir um mandamento, um voto ou
uma resposta.90

Síntese. O que se tem na verdade é um gerúndio (dizendo), intro-


duzindo assim o discurso direto, ao mesmo tempo relatando ordens,
respostas aos capítulos ou versículos antecedentes.

V.12. Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de


Tiro, e dize-lhe: Assim diz o Senhor DEUS: Tu eras o selo da medida,
cheio de sabedoria e perfeito em formosura.

V.12.     


  

Transliteração: Ben-´ädäm Sä´ qînâ `al-meºlek côr wü´ämaºrTä llô Kò
´ämar ´ádönäy yhwh(´élöhîm) ´aTTâ Hôtëm Toknît mälë´ Hokmâ ûkülîl yöºpî

1.(Ben) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e gra-


máticas a palavra é um substantivo masculino singular construto de
(Bën). Significados: o filho, neto, criança, o sócio de um grupo, mo-
cidade ou homens jovens.

TWOT. A fórmula “filho do homem” aparece no livro do profe-


ta Ezequiel 93 vezes, onde a frase designa simplesmente homem ou

90
Cf. Ibid., p. 90; tópico 118.
134 FABIO SABINO DA SILVA

indivíduo, mas enfatiza a finitude do profeta que se defronta com a


transcendência de Deus.91

2.  (´ädäm) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular absoluto.
Significados: o homem, gênero humano e Adão.

TWOT. O termo Ugaríticomda (adm) normalmente significa


“povo”. Adam aparece unicamente no absoluto singular em suas 562
ocorrências.92

Síntese. A palavra homem está relacionada com a palavra filho


por maqqef.

3.  (Sä´) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e gra-


máticas a palavra é um verbo do tronco qal, imperativo masculino
singular de (näSä´) ou (näºsä´). Significados: erguer, suportar,
levar e levantar.

4. (qînâ) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é um substantivo feminino absoluto singular.
Significados: lamentação, canto e elogio.

TWOT. Analisa que a palavra relata à morte ou destruição imi-


nente.93

5.   (`al-meºlek) de acordo com os melhores dicionários,


léxicos e gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular
construto, mais a partícula preposicional, ligado por maqqef. Signifi-
cado: rei.

Comentário. A palavra  (meºlek) cuja tradução é “rei”,é usa-


da no lugar da palavra (nägîd). O vocábulo (nägîd)designa

91
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes-
tamento. 1998, p. 190; tópico 254.
92
Cf. Ibid., p. 13; tópico 25.
93
Cf. Ibid., p. 1341; tópico 2018a.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 135

o príncipe. Descobre-se uma posição estranha ocupada pelo príncipe


de Tiro; pois, ele não era um monarca comparável aos Babilônicos
e Faraós, as cabeças da alta aristocracia mercantil. O uso da palavra
(nägîd) designada para príncipe é a mesma palavra dirigida para
os príncipes de Israel. Davi por exemplo a quem Deus escolheu e un-
giu como profeta; em outras palavras, para ser o líder das tribos que
formavam uma comunidade independente utilizou o mesmo termo
(veja: I Sm 13:14; II Sm 7:8). O orgulho do príncipe de Tiro é descrito
em Ez 28:2 como consistindo no fato de que ele se considerava ser um
deus e o seu assento na ilha como o assento dos deuses. Ele o chama-
va de: (môšab, cadeira) porque sua capital se salientava no mar.
Pois o poder do estado comercial de Tiro foi fundado em riquezas e
tesouros.
Obs. É analisada na masora parva com as seguintes notas e expli-
cações abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 
b) Significado: segundo a Mp, a expressão   (`al-meºlek),
consta nove vezes no texto bíblico hebraico.

6.  (ou ), (cör). Ver comentário da palavra no versículo 2. É


analisada na masora parva com as seguintes explicações abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte:
b) Significado: segundo a Mp, o vocábulo (ou ) (cör), cons-
ta dez vezes no texto bíblico hebraico com “escrita plena” (I Rs
5.15; Sl 83.8; 87.4; Is 8.16; Ez 27.3,8,32; 28.12; Os 9.13).

7.    (wü´ämaºrTä) de acordo com os melhores dicionários, léxi-


cos e gramáticas a palavra é um verbo do tronco qal do tempo perfeito
da 2ª pessoa do masculino singular de (´ämar), mais a conjunção
consecutiva. Significados: dizer, falar, proferir, responder e pensar.
8. (llô) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e gramá-
ticas a palavra é uma partícula preposicional, mais o sufixo da 3ª pes-
soa masculino singular. Significados: para, pertencendo, com respeito
a, de acordo com ou em.
9. (Kò|-´ämar) de acordo com os melhores dicionários, léxicos
e gramáticas a palavra é uma partícula adverbial (Significados: assim,
136 FABIO SABINO DA SILVA

aqui, desta maneira, lá, até agora, até então e enquanto isso), mais:
 (´ämar) verbo do tronco qal da 3ª pessoa masculino singular. Sig-
nificados: dizer, falar, proferir, responder, pensar e prometer.

BDB. Advérbio demonstrativo. Significado: assim (na maioria das


freqüências normalmente aponta o que vem em seguida). As formas
com: ,  tu diga; esp ’’ assim (ou disse) é exis-
tentes continuamente nos profetas e também em outros idiomas.94

Síntese. O advérbio quer apenas demonstrar o que vem em segui-


da e de quem, esta forma é muito comum no livro do profeta Ezequiel.
Obs. A expressão:   (llô Kò|-´ämar) traduzida por: “por-
tanto assim diz...” É analisada na masora parva com as seguintes notas
e explicações abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 
b) Significado: segundo a Mp, a expressão
 
 
 
 (llô Kò|-´ämar),
consta duas vezes no texto bíblico hebraico (Ez 28.12; 35.3).

10.(´ádönäy) de acordo com os melhores dicionários, léxicos


e gramáticas a palavra é um substantivo absoluto. Significados: meu
senhor e dominador. Falado em lugar de Yahweh em exibição judaica
de reverência.

BDB. Substantivo masculino singular. Significado: (´ädôn)


o senhor, dominador e mestre. (1) o termo é aplicado para homens.
(2) para Deus: (hä´ädôn yhwh)o Senhor Deus (v. ).
Referência para Deus: (´ádönê hä´ádönîm) Senhor dos
Senhores.95

TWOT. O termo Ugarítico nda (adn) significa: “Senhor” ou


“pai”, entretanto o Acadiano relata o vocábulo adannu, com o sentido
de “poderoso”. Quando o termo aparece no plural, sempre se refere

94
Cf. F. Brown, S. Driver and C. Briggs. The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English
Lexicon. 4ª edição, 1999, p. 462; tópico 4402.
95
Cf. F. Brown, S. Driver and C. Briggs. The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English
Lexicon. 4ª edição, 1999, p. 10; tópico 147.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 137

a Deus. A palavra no plural pode ser considerada um plural intensivo


ou plural de majestade.96

Síntese. Não tem muito que se discutir sobre o termo Senhor, pois
Ezequiel utiliza várias formas dos nomes de Deus.

CRÍTICA TEXTUAL

Variante a ser analisada. Ezequiel 28.12. A palavra  (´ádönäy)


tem a seguinte conotação: “meu Senhor”. É analisada no aparato crí-
tico com as seguintes informações. É omitida pela LXX não revisada;
pois, a omissão é realizada pelo fator de estar apagada ou tida como
apagada.

Análise

a) Das cento e vinte e quatro atestações da expressão: “Senhor


Deus” no livro de Ezequiel até o capítulo 28 cento e seis ocor-
rências a LXX omite a palavra “Deus”; entretanto, há uma única
ocorrência da forma “Deus” (Ez 4.14) e por quinze vezes repete
a mesma expressão em grego para denotar a palavra “Deus”
(Ez 12.10; 23.20; 14.6; 20.39,40; 21.3; 21.12,18; 22.3,31; 23.28,46;
26.19,21 e 28.12) e uma única vez faz a repetição do termo gre-
go, porém no vocativo (Ez 21.5).

Conclusão. A expressão: “Senhor Deus” por todos os conceitos é


melhor para estar no texto como original.

11. (yhwh) de acordo com os melhores dicionários, léxicos


e gramáticas a palavra é um substantivo absoluto. A raiz significa
qualquer existência ou desenvolvimento. O tetragrama: YHWH ou
SENHOR ou Yahweh, o nome pessoal de Deus é a designação mais
freqüente na Bíblia, acontecendo 5.321 vezes. A primeira ocorrência
extrabíblica do nome está na Pedra Moabita, cerca de 850 a.C.

96
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes-
tamento. 1998, p. 17; tópico 27b.
138 FABIO SABINO DA SILVA

Síntese. O comentário sobre a história e formação do tetragrama


é muito extenso e para isso recomendo a leitura de Harris, R. Laird et
alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. São
Paulo: Vida Nova, 1998, p. 345-348; tópico 484a.

12.  (´aTTâ) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é um pronome da 2ª pessoa do masculino singu-
lar. Significados: você e tu.
13.  (Hôtëm) de acordo com os melhores dicionários, léxicos
e gramáticas a palavra é um verbo do tronco qal, particípio masculi-
no singular construto de (Hätam). Significados: marcar, anexar e
firmar.

BDB. Relata que a palavra é obscura. Porém, relata a palavra


com o sentido de perfeição, perfeição completa e aferidor de sime-
tria. Vários Códices, como a LXX e Vulgata informa estar corrompido
o texto.97
Obs. A expressão:   (´aTTâ Hôtëm) traduzido por “tu eras
o selo...”. É analisada na masora parva com as seguintes explicações
abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 
b) Significado:segundo a Mp, a expressão   (´aTTâ Hôtëm)
é um hapax legomenon.

CRÍTICA TEXTUAL

Variante a ser analisada. Ezequiel 28.12b. A palavra:  (Hôtëm)


tem as seguintes conotações: “selo, timbre e cunho”. É analisada no
aparato crítico com as seguintes informações. É lido desta forma em
poucos manuscritos (3 a 10 manuscritos). Já as versões como a LXX,
Áquila (sendo uma recensão da LXX) (125/130 d.C) Síríaco e a Vul-
gata conotam a palavra mudando apenas a vogal “e” (tsere) para “a”
(patach).

97
Cf. F. Brown, S. Driver and C. Briggs. The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English
Lexicon. 4ª edição, 1999, p. 368; tópico 3587.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 139

Análise

a) A forma proposta pelas outras versões em mudar de vogal aca-


ba gerando problemas; pois, não há nenhum particípio verbal
com a vocalização em “a” (patach, mas sim com quamets). Como
também não há a probabilidade de haver um particípio desse
verbo com “a” e sim com “u”. Como também não há nenhum
outro tronco verbal que tenha essa vocalização em “a” (patach).
Portanto, a forma de ser o original é a que está inserida no TM
e não nas outras versões.

Conclusão. Em síntese, a vogal “a” é uma vogal “breve”, en-


quanto a vogal “e” é vogal “longa”; pois, não se espera uma vo-
gal longa em uma sílaba fechada não acentuada. Mas as outras
vogais que constroem a forma verbal possuem o “a” como longa
também; portanto, as formas propostas pelas outras versões são
equivocadas.

14.  (Toknît) de acordo com os melhores dicionários, léxicos


e gramáticas a palavra é um substantivo feminino singular absoluto.
Significados: medida, padrão e proporção. É analisada na masora par-
va com as seguintes explicações abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 
b) Significado: segundo a Mp, o vocábulo  (Toknît), consta
duas vezes no texto bíblico hebraico (Ez 28.12; 43.10).

CRÍTICA TEXTUAL

Variante a ser analisada. Ezequiel 28.12c. A palavra (Toknît)


tem as seguintes conotações: “proporção, medição e plano”. É anali-
sada no aparato crítico com as seguintes informações. Vários manus-
critos hebraicos medievais (de 11-20 manuscritos) e versões trazem
a palavra (Tabnît), que conota o sentido de: “imagem; figura e
modelo”.
140 FABIO SABINO DA SILVA

Análise

a) O que pode ter ocorrido fora uma mudança de consoante, pois


a forma da consoante “k” e “b” são quase que idênticas na es-
crita. Entretanto, para muitos a análise do substantivo não é
claro, seu significado essencial é apoiado pela etimologia do
verbo , o qual o Acadiano trás a forma “tiqnu”, no sentido
de “arranjo e decoração”. Já o Arábico conota o sentido de fir-
meza, solidez, conclusão e perfeição. Entretanto, outros pro-
puseram que a forma da palavra origina-se da raiz , com o
sentido de preparado ou alguém que é tratado de forma amável
e cuidadosamente.

Conclusão. Em síntese, o que pode ter ocorrido foi uma troca de


consoantes, pois a consoante “kaf”(k) e “beit” (b) são em sua forma
quase que idênticas, mas ambas tem quase o mesmo sentido. O que
diferencia entre as palavras é que a primeira especifica o que “ele
tinha”; enquanto, a segunda “o que ele é”. Em todos os casos não
há sentido ambíguo; pois, nesse caso contextual o rei era por aquilo
que tinha.

15. (mälë´) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é um adjetivo masculino singular absoluto. Sig-
nificados: cheio, abundante ou que enche.

CRÍTICA TEXTUAL

Variante a ser analisada. Ezequiel 28.12d. A palavra (mälë´)


tem as seguintes conotações: “cheio, repleto, completo e cumulado”.
É analisada no aparato crítico com as seguintes informações. É omitida
pela LXX não revisada; entretanto, pode ter sido adicionado poste-
riormente por apenas conjectura.

16. (Hokmâ) de acordo com os melhores dicionários, léxicos


e gramáticas a palavra é um substantivo feminino singular absoluto.
Significados: sabedoria, habilidade (na guerra), sabedoria (em admi-
nistração), astúcia e prudência (em negócios religiosos).
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 141

CRÍTICA TEXTUAL

Variante a ser analisada. Ezequiel 28.12d. A palavra


 
 
 (Hokmâ)
tem as seguintes conotações: “inteligente, talentoso e habilidoso”. É
analisada no aparato crítico com as seguintes informações. É omitida
pela LXX não revisada; entretanto, pode ter sido adicionado poste-
riormente por apenas conjectura.

17. (ûkülîl) de acordo com os melhores dicionários, léxicos


e gramáticas a palavra é um adjetivo masculino singular construto de
(Kälîl), mais uma conjunção. Significados: inteiro e tudo. 
18. (yöºpî) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e
gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular absoluto.
Significado: beleza.

V.13. Estiveste no Éden, jardim de Deus; de toda a pedra preciosa


era a tua cobertura: sardônia, topázio, diamante, turquesa, ônix, jaspe,
safira, carbúnculo, esmeralda e ouro; em ti se faziam os teus tambores
e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados.

V.13.  



 
 
  
 
 
 
 
   
 
 
  
 
   
 
 
 
 
 


Transliteração: Bü`ëºden Gan-´élöhîm häyîºtä Kol-´eºben yüqärâ


müsùkäteºkä ´öºdem Pi†dâ wüyähálöm Taršîš šöºham wüyoºšpË saPPîr nöºpek
ûborqat wüzähäb müleº´ket TuPPʺkä ûnüqäbʺkä Bäk Büyôm hiBBära´ákä
Kônäºnû

1. (Bü`ëºden) de acordo com os melhores dicionários, léxicos


e gramáticas a palavra é um substantivo próprio, mais um sufixo pre-
posicional. Significado: prazer.

TWOT. Registra que a palavra é atestada por 14 vezes no AT.98

98
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes-
tamento. 1998, p. 1079, 1078; tópico 1568.
142 FABIO SABINO DA SILVA

HALOT. A palavra é relatada por várias versões como o Penta-


teuco Samaritano que trás a forma: eÒdÝn, a Septuaginta relata a forma
 (Gn 2.8-10, 4.16). É dito que a palavra provavelmente conota o
sentido de “terra de felicidades” isso por causa das incongruências
fonéticas, sugeridas por um termo Acadiano (edinu= estepe). O Ugarí-
tico trás a forma Ádn meios de uma planície e também um nome de um
lugar. O nome Éden tem várias formas e composições variáveis como:
(Gan-Bü`ëºden) Gn 2.8, > (Gan-`ëºden) (o nome do jardim
foi transferido da região na qual era situado) Gn 2.15; 3.23; Ez 36.35; Jl
2.3. (`ëºden) Gn 4.16; Is 51.3; Ez 28.13 (comparado com );
Ez 31.9.16-18 (`ácê-`ëºden), (Septuaginta, ).99

1. Fundo histórico

A terra na qual o Senhor Deus plantou um jardim e pôs o homem


que tinha formado (Gn 2.8). Nas inscrições Assíricas se tem o vocábu-
lo “idinu”, com o sentido de “planície” e é disto que a palavra bíblica
provavelmente é derivada. As referências da palavra na Bíblia são as
seguintes, Gn 2 e 3; Gn 4.16; Is 51.3; Ez 28.13; 31.9,16,18; 36.35; Jl 2.3. É
dito que o jardim do Éden está “para o leste” (Gn 2.8) onde a vegeta-
ção era luxuosa (2.9) e onde era molhado através do orvalho. Todos os
tipos de animais, inclusive gado, bestas do campo e pássaros, foram
achados ali (2:19,20). Não é de se surpreender que o plural da palavra
tem o significado de “delícia” e foi suposto que aquele Éden significa a
terra de delícias e que a palavra se tornou um sinônimo para Paraíso.
É suposto que seu local é determinado pelas declarações relativa
ao curso dos rios. Há um rio (nahar) (Gn 2.10) que era separado em
quatro cabeças (hebr ro’shim), uma palavra que (Jó 1.17) designa se-
parações principais, nas quais um exército é dividido, sendo assim
significaria divisão, mais corretamente que cabeças, permitindo Jose-
fo e outros interpretarem o rio como recorrendo ao oceano, que pelos
gregos, foi conotado como “o rio” (gr: okeanos) cercando o mundo.
É duvidoso se a frase: “para o leste do Éden” recorre à posição com
referência ao escritor ou simplesmente com referência para o próprio
Éden.

99
Cf. Baumgartner, Walter & Koehler, Ludwig. The Hebrew and Aramaic Lexicon of the
Old Testament. Vol. III, tópico 6814.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 143

2. O conceito da filologia

A Filologia informa que no Leste estão os idiomas monossilábicos,


no Norte os polissílabos ou aglutinantes, no Oeste e Sul os arianos,
dos quais o Sânscrito é um exemplo, se aliando a quase todos os idio-
mas da Europa. Além disso, é a este centro que se localiza a origem de
quase todas as plantas familiarizadas e animais.100

Síntese. Como o primeiro homem foi colocado no jardim de Deus,


no Éden, assim também o príncipe de Tiro foi colocado no meio da
glória paradisíaca. Esta visão não será transtornada por objeções cap-
ciosas, que o Éden não era o Jardim de Deus, mas um local situado no
Éden (Gn 2:8). O fato de Ezequiel chamar (Gan-`ëºden) de pa-
raíso (Ez 36:35); prova somente, que as condições do “Éden, e jardim
de Deus”; não cobrem o mesmo significado; pois, o jardim de Deus,
só ocupou uma porção do Éden. Mas apesar dessas diferenças, Eze-
quiel poderia usar as duas expressões como sinônimas, como Isaías
utilizou-as (Is 51:3).

Porém, há outro ponto a ser observado com relação a esta expres-


são; isto é, que o epíteto jardim de Deus usado aqui e em Ez 31:8-9
considerando que em outros lugares é chamado de paraíso (Is 51.3;
Gn 13.10). Ezequiel escolheu o termo “Elohim” em vez de “Jeová”,
porque o paraíso é usado em comparação, não por causa da signifi-
cação histórica à raça humana em relação ao plano da salvação, mas
simplesmente como a terra mais gloriosa em toda a criação terrestre.

2. (Gan-´élöhîm) de acordo com os melhores dicionários,


léxicos e gramáticas a palavra é um substantivo singular construto
de (Gan), mais o substantivo plural masculino ligado por maqqef.
Significado: jardim.

HALOT. Define que há várias variantes para a palavra jardim em


hebraico e são elas: (gan), (gannah), (gannî) e (gannîm);
entretanto, em grego temos a forma  (kêpos). O Árabe rela-
ta a forma jannah (diminutivo de jannainah). A palavra em hebraico

100
Cf. Stanley, M. Dr. The International Standard Bible Encyclopedia. 1939, tópico 2789.
144 FABIO SABINO DA SILVA

literalmente conota o sentido de “um lugar coberto ou escondido”.


Os jardins são mencionados em Gn 2 e 3; 13.10; Ct 4.12-16; Ec 2.5,6; Ez
28.13; 31.8,9; 36.35; Jl 2.3. Os Babilônicos, Assírios e registros Egípcios
mostram o afeto por jardins. Os desenhos feitos pelos anciões de seus
jardins não deixam nenhuma dúvida sobre as características gerais
com os jardins bíblicos.
Os jardins eram usados como lugares de sacrifício, especialmente
em adoração pagã (Is 1.29; 65.3; 66.17). Eles às vezes serviram como
cemitério (II Rs 21.18, 26; Jn 19.41).
A palavra jardim tem conotação figurativa. Jardins frutíferos fi-
guravam prosperidade (Nm 24.6; Jó 8.16; Is 51.3; 58.11; 61.11; Jr 29.5,
28; 31.12).101

COMENTÁRIO

1. Origem e significado do termo paraíso

Uma palavra provavelmente de origem Persa que significa um


parque real. A palavra ocorre nos textos da Bíblia Hebraica (BHS) por
3 vezes: Ct 4.13 é traduzida por “um pomar”. Ne 2.8 é traduzida por
“uma floresta”. Ecl 2.5 está no plural, “parques”. Na Septuaginta a
palavra é de uso freqüente, também conota outras condições de signi-
ficação semelhante. O Jardim do Éden se tornou “o paraíso do prazer
ou luxo” (Gn 2.15; 3.23; Jl 2.3). O vale do Jordão se tornou o paraíso de
Deus (Gn 13.10). Em Ez 31.8,9 de acordo com Septuaginta, não há ne-
nhuma árvore no paraíso de Deus que na visão do profeta simbolize a
glória da Assíria. As figuras nos primeiros 9 versículos deste capítulo
foram sugeridas pelo profeta, que deve ter visto os jardins e parques
do império Persa.

2. O uso na literatura judaica

Na literatura apócrifa e pseudopígrafo a palavra é extensivamente


usada em conotações espiritual e simbólica, simboliza felicidade a ser

101
Cf. Baumgartner, Walter & Koehler, Ludwig. The Hebrew and Aramaic Lexicon of the
Old Testament. Vol. I, tópico 1832.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 145

herdado pelo íntegro em contraste com o Geena. Na literatura “judai-


ca posterior”, o Sheol é representado como um lugar onde são dados
recompensas preliminares e castigos previamente ao julgamento final
(II Ed 2.19; 8.52). Mas as representações nesta literatura são freqüen-
temente vagas e contraditórias. Prevalecia entre os judeus de Alexan-
dria a visão da separação do íntegro e do ímpio, o qual ocorria após a
morte (Ec 3.14; 4.10; 5.5,17). Isto parece ser a idéia de uso da palavra
no Novo Testamento citada 3 vezes.

3. O termo usado por Cristo

Cristo usou a palavra mais de uma vez (Lc 23.43) quando Ele disse
ao ladrão: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso”.
A consolação precisa ao ladrão penitente que sofre de sede, agonia e
vergonha, fora simbolizado pela concepção popular de paraíso. Os
Essênios, segundo registros acreditavam em uma: “habitação além do
oceano, em uma região que não era oprimida com tempestades, neve
ou com intenso calor, mas este lugar era como refrigério, por um ven-
to ocidental que soprava do oceano (Josefo, BJ, II, viii, 11).102

3.(häyîºtä) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é um verbo do tronco qal, do tempo perfeito da
2ª pessoa masculino singular de (häyâ), Significado: ser, estar,
existir, acontecer e resultar.
4. (Kol-´eºben) de acordo com os melhores dicionários, lé-
xicos e gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular
construto, mais o substantivo feminino singular absoluto ligado por
maqqef. Significados: tudo, inteiro, todo, qualquer coisa e totalidade.
Significados do substantivo: pedra (grande ou pequena) pedra co-
mum (em estado natural), tabletes, mármores e pedras preciosas.
5. (yüqärâ) de acordo com os melhores dicionários, léxicos
e gramáticas a palavra é um adjetivo feminino singular absoluto de
(yäqär), Significados: valioso, pesado, precioso, raro, esplêndido
e glorioso.
6. (müsùkäteºkä) de acordo com os melhores dicionários,
léxicos e gramáticas a palavra é um substantivo feminino singular

102
Cf. Stanley, M. Dr. The International Standard Bible Encyclopedia. 1939, tópico 6641.
146 FABIO SABINO DA SILVA

construto de (müsûkâ), mais o sufixo da 2ª pessoa masculino


singular. Significados: cobrir, uma coberta e cobertura.

Comentário. Jóias caras eram a sua cobertura; ou seja, eles forma-


vam o ornamento de seus trajes. Esta característica na descrição pictó-
rica é levada ao esplendor com os costumes antigos, onde os roupões
eram cobertos com pedras preciosas, pérolas e ouro.

7.  (´öºdem) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular absoluto.
Significados: rubi e pedra preciosa.

CRÍTICA TEXTUAL

Variante a ser analisada. Ezequiel 28.13a. A palavra  (´öºdem)


tem as seguintes conotações: “cornalina ou rubi”. É analisada no apa-
rato crítico com as seguintes informações. Provavelmente adicionado,
confira a LXX e Êx 28.17-20.

Conclusão. O fator de os escribas inserirem o texto de Êxodo é


porque querem aludir que o rei utilizava um peitoral de pedras pre-
ciosas como os sacerdotes.

8. (Pi†dâ) de acordo com os melhores dicionários, léxicos


e gramáticas a palavra é um substantivo feminino singular absoluto.
Significados: topázio ou uma pedra preciosa.
9. (wüyähálöm) de acordo com os melhores dicionários,
léxicos e gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular
absoluto de (yašpè), mais a conjunção. Significado: jaspe (uma
pedra preciosa). É analisada na masora parva com as seguintes notas e
explicações abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 
b) Significado: segundo a Mp, o vocábulo   
   (wüyähálöm), cons-
ta três vezes no texto bíblico hebraico (Êx 28.18;39.11; Ez 28.13).

10. (Taršîš) de acordo com os melhores dicionários, léxicos


e gramáticas a palavra é um substantivo singular masculino absoluto.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 147

Significados: uma pedra preciosa, talvez o crisólito, jaspe amarelo ou


outra pedra de cor amarela.
11.  (šöºham) de acordo com os melhores dicionários, léxicos
e gramáticas a palavra é um substantivo singular masculino absoluto.
Significados: uma pedra preciosa, provavelmente ônix ou berilo.
12.  (wüyoºšpË) de acordo com os melhores dicionários, lé-
xicos e gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular ab-
soluto, mais uma conjunção. Significado: jaspe. É analisada na masora
parva com as seguintes explicações abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 
b) Significado: segundo a Mp, o vocábulo   
    (wüyoºšpË), consta
três vezes no texto bíblico hebraico (Êx 28.20;39.13; Ez 28.13).

13.  (saPPîr) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular absoluto.
Significado: safira.
14. (nöºpek) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e
gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular absoluto.
Significados: uma pedra preciosa no peitoral do sacerdote, talvez uma
esmeralda, turquesa, rubi ou carbúnculo.
15. (ûborqat) de acordo com os melhores dicionários, léxi-
cos e gramáticas a palavra é um substantivo feminino singular abso-
luto de (Bäreºqeºt), ou (Bärqaºt), mais uma conjunção. Signi-
ficados: uma pedra preciosa ou esmeralda.

HALOT. Conota a palavra com o sentido de berilo.103

CRÍTICA TEXTUAL

Variante a ser analisada. Ezequiel 28.13a. A palavra (ûborqat)


tem a seguinte conotação: “carbúnculo”. É analisada no aparato crítico
com as seguintes informações. Provavelmente adicionado, confira a
LXX e Êx 28.17-20.

103
Cf. Baumgartner, Walter & Koehler, Ludwig. The Hebrew and Aramaic Lexicon of the
Old Testament. Vol. I, tópico 1477.
148 FABIO SABINO DA SILVA

Conclusão. O fato de os escribas inserirem o texto de Êxodo é


porque queriam aludir que o rei utilizava um peitoral de pedras pre-
ciosas como os sacerdotes.

16. (wüzähäb) de acordo com os melhores dicionários, léxicos


e gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular absoluto
de (zähäb), mais a conjunção. Significados: ouro, uma medida de
peso, brilho ou esplendor (figurativamente).

CRÍTICA TEXTUAL

Variante a ser analisada. Ezequiel 28.13b. A palavra: (wüzähäb)


tem a seguinte conotação: “ouro”. É analisada no aparato crítico com as
seguintes informações. Conectado com a palavra seguinte.

17. (müleº´ket) de acordo com os melhores dicionários, léxi-


cos e gramáticas a palavra é um substantivo feminino singular cons-
truto de (mülä´kâ). Significados: ocupação, trabalho, negócio,
propriedade, artesanato e serviço.

CRÍTICA TEXTUAL

Variantea ser analisada. Ezequiel 28.13c. Apalavra  


 (müleº´ket)
tem as seguintes conotações: “encher e saturar”. É analisada no aparato
crítico com as seguintes informações. A LXX trás a seguinte expressão:
    (enéplësas toys thësayro×s soy), que tem o
seguinte significado: “enchestes os teus tesouros”. A versão Siríaca co-
nota o mesmo por concordar com o que é proposto pela expressão he-
braica: mljt bjt gzk,      (), cujo significado temos: cheio a
casa do teu tesouro. Entretanto, Áquila (125/130) e Teodocião (180-192)
relataram a seguinte conotação:    (ergon toy kálloys
soy), que tem o seguinte significado: o trabalho da tua formosura. Ou
seja, eles associam a expressão hebraica   , cujo significado
possue: “tua formosura enchestes”. O Targum relata a seguinte expres-
são:  . Já a Vulgata propõe a expressão: “opus decoris tui”,
mas provavelmente deve ser lido conforme o texto massorético.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 149

Análise

a) A LXX e o Siríaco propuseram quase que a mesma forma possi-


velmente para concordar com o V.4.
b) Todavia, Áquila (125/130) e Teodocião (180-192) relataram a
seguinte conotação:    (ergon toy kálloys soy), que
tem o seguinte significado: o trabalho da tua formosura. Ou seja, eles
associam a expressão hebraica , cujo significado possue:
“tua formosura enchestes”. Para concordar também com relação de
contexto de Ez 27.3,4,11 e Ez 28.7.
c) A análise do TM fica sem complementação do qual é proposto
pelas outras versões; ou seja, é concebível que os copistas não aumen-
taram o texto para dar continuidade ao raciocínio.

Conclusão. Fica complicado saber se o TM é tido como original,


pois as formas propostas pelas outras versões como LXX, Siríaco,
Áquila e Teodocião, lidam com regras de contexto. Logo, é preferível
ter a LXX e Siríaco como originais.

18.  (TuPPʺkä) de acordo com os melhores dicionários, léxicos


e gramáticas a palavra é um substantivo plural masculino construto
de (Töp), mais o sufixo da 2ª pessoa masculino singular. Significa-
dos: pandeiro e tambores.

HALOT. Relata uma incerteza textual (?) talvez por estar fra-
guimentado. É proposto que a forma (wüzähäb
müleº´ket TuPPʺkä), conote o sentido de que os tambores foram feitos
de ouro. Porém é proposto uma outra forma: (TuPPîm), o qual
poderia ser brincos ou pendentes adornados com jóias. Como também
uma outra forma: (TuPPʺkä) ou (PiTTûHʺkä) relacionado
as esculturas e gravuras, trabalhadas em ouro. Porém é categórico em
dizer que o teor original tem que permanecer na probabilidade, por
ser difícil de entender a forma (Töp). Assumir qualquer outro sig-
nificado que o habitual, não é convincente.104

104
Cf. Baumgartner, Walter & Koehler, Ludwig. The Hebrew and Aramaic Lexicon of the
Old Testament. Vol. IV, tópico 10255.
150 FABIO SABINO DA SILVA

Obs. É analisada na masora parva com as seguintes notas e expli-


cações abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 
b) Significado: segundo a Mp, o vocábulo  (TuPPʺkä) é um
hapax legomenon.

19. (ûnüqäbʺkä) de acordo com os melhores dicionários,


léxicos e gramáticas a palavra é um substantivo plural masculino
construto de (neºqeºb), mais sufixo da 2ª pessoa masculino singular
e uma conjunção. Significados: encaixar, buraco, cavidade, colocação
é também como um termo técnico relativo ao trabalho de joalheiro.

TWOT. Registra que o sentido é incerto, o qual foram proposta


as sugestões de “pífaros” (ARC), “ornamentos” (ARA) e “lantejoula”
(BJ).105
Obs. É analisada na masora parva com as seguintes notas e expli-
cações abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 
b) Significado: segundo a Mp, o vocábulo  (ûnüqäbʺkä) é
um hapax legomenon.

20. (Bäk) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e gra-


máticas a palavra é um sufixo da 2ª pessoa masculino singular, mais a
preposição. Significado: em ti.

CRÍTICA TEXTUAL

Variante a ser analisada. Ezequiel 28.13d. A palavra (Bäk) tem


a seguinte conotação: “no dia”. É analisada no aparato crítico com as
seguintes informações: deletado por conjectura de ditografia (uma le-
tra, sílaba ou palavra que aparece só uma vez, e é escrita duas vezes),
mas com grau de probabilidade.

105
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes-
tamento. 1998, p. 995; tópico 1409a.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 151

21. (Büyôm) de acordo com os melhores dicionários, léxicos


e gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular constru-
to de (yôm), mais o sufixo preposicional. Significados: no dia, no
tempo, no ano ou no período.
22. (hiBBära´ákä) de acordo com os melhores dicionários,
léxicos e gramáticas a palavra é um verbo do tronco nifal do infini-
tivo construto de (Bärä´), mais o sufixo da 2ª pessoa masculino
singular. Significado: ser criado. É analisada na masora parva com as
seguintes explicações abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 
b) Significado: segundo a Mp, o vocábulo (hiBBära´ákä) é
um hapax legomenon.

23. (Kônäºnû) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é um verbo do tronco polal do tempo perfeito da
3ª pessoa do plural de (Kûn). Significados: ser feito ou pronto.

CRÍTICA TEXTUAL

Variante a ser analisada. Ezequiel 28.13e. A palavra (Kônäºnû)


tem a seguinte conotação: “preparado”. É analisada no aparato crítico
com as seguintes informações. A LXX original (em contraste com re-
visões posteriores) e o Siríaco omitem. A expressão provavelmente
tenha sido adicionada.

V.14. Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te estabeleci; no


monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas.

V.14. 
  
 
 
 
 
 
 
 
  
   

  
 
    
   
 

Transliteração: ´aºTT-Kürûb mimšaH hassôkëk ûnütaTTîºkä Bühar qöºdeš


´élöhîm häyîºtä Bütôk ´abnê-´ëš hithalläºkTä

1. (´aºTT-Kürûb) de acordo com os melhores dicionários,


léxicos e gramáticas a palavra é um pronome da 2ª pessoa feminino
152 FABIO SABINO DA SILVA

singular, mais o substantivo singular construto. Significado. Tu eras


querubim.

HALOT. Registra que a palavra Kürûb é atestada por nove vezes


(Êx 25.19; 37.8; II Sm 22.11; Ed 2.59; Ne 7.61; Sl 18.10; Ez 28.14,16; Ez
41.18). As versões relatam várias formas da palavra e são elas: a Septu-
aginta relata a forma . O Targum, o Aramaico e Siríaco relatam
a forma kroÒbaÒ, como um trocadilho. Entretanto, a versão Arábica
propõe a forma karuÒb, a Etiópica ki/eruÒb, o Acadiano kaÒribu/btu,
sendo este um particípio de karaÒbu, cujo significado, temos em todas
elas: “orar”, “consagrar” e “abençoar”. Relata também que a palavra
está associada com um sacerdote ou um porteiro místico esculpido. Já
o Arábico antigo do sul, propõe a raiz krb, conotando assim o sentido
de sacrifício.106

Comentário. O vocábulo querub (Kürûb) é plural de querubim (que-


rubins). É tido como um lugar na Babilônia, cujas pessoas tinham re-
tornado para sua pátria (Ed 2.59; Ne 7.61). Pela influência da Septua-
ginta a palavra querubim foi usada nas versões inglesas.
Obs. É analisada na masora parva com as seguintes notas e expli-
cações abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 


b) Significado: segundo a Mp, o vocábulo (´aºTT), consta três ve-
zes no texto bíblico hebraico com esta forma, mas se tratando
do “gênero masculino” (Nm 11.15; Dt 5.27; Ez 28.14).

CRÍTICA TEXTUAL

Variante a ser analisada. Ezequiel 28.14a. A palavra (´aºTT-


Kürûb) tem a seguinte conotação: “tu querubim” (o verbo cognato
Acadiano significa: “abençoar”). É analisada no aparato crítico com as
seguintes informações. A LXX e o Siríaco (apenas em parte o Siría-
co concorda) relatam a seguinte expressão    (meta toy

106
Cf. Baumgartner, Walter & Koehler, Ludwig. The Hebrew and Aramaic Lexicon of the
Old Testament. Vol. I, tópico 4410.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 153

cheroyb), cuja conotação temos: “fiz de ti um querubim”. Provavel-


mente deve ser lido da seguinte forma:  (´et k...).

Análise

a) A forma utilizada no texto pode ser confundida quando o texto


ainda não era vocalizado, pois a forma sem sua vocalização,
pode ser tanto um “pronome pessoal” ou até mesmo o “caso
do objeto direto”, talvez ao ver a forma, o escriba se equivocou
colocando o pronome feminino, que é impossível como origi-
nal, porque a palavra seguinte é um “substantivo no gênero
masculino”.
b) Mesmo no conceito de palavra que complica o raciocínio, não
posso ter como original o que o TM propõem, pois torna inteli-
gível perante as regras cabíveis.

Conclusão. A “partícula do objeto direto” é original para estar no


texto; ao invés do”pronome pessoal” da segunda pessoa do feminino
singular. Se adotar o caso do objeto direto, terei a seguinte expressão:
“o querubim” e não: “tu és querubim”.

FUNDO HISTÓRICO

1. Os guardiões do paraíso

Em Gn 3.24 os querubins são colocados por Deus, depois da ex-


pulsão de Adão do jardim do Éden. Em suas funções como guardiões
do paraíso, os querubins evidenciam uma analogia aos touros alados
e leões da Babilônia e Assíria, são como figuras colossais com faces de
humanos e guardando à entrada dos templos e palácios.

2. A visão de Ezequiel

Os querubins como movedores do trono Divino, são tirados cla-


ramente da visão de Ezequiel (capítulo 1, compare com o capítulo 10).
No capítulo 1º o profeta designa-os como: “criaturas vivas” (chayyo-
th); mas ao ouvir as palavras de Deus dirigidas ao “homem vestido de
154 FABIO SABINO DA SILVA

linho” (10.2). Ele percebe que as criaturas que viu na primeira visão
eram querubins (10.20); conseqüentemente, em 9.3 a carruagem ou
trono dos quais a glória de Deus subia é de um querubim. As repre-
sentatividades dessas criaturas são, cada uma com quatro faces: ho-
mem, leão, boi (substituiu no capítulo paralelo por querubim) e águia
(1.10; 10.14). Tendo a figura e mãos de homens (1.5, 8) e os pés de
bezerros (1.7). Cada um tem quatro asas, duas que estão para cima
(1.11) e sustentando o “firmamento” (1.22; 10.1) como o aspecto da se-
melhança de um trono; enquanto, duas estão esticadas descendente,
um para o outro, para cobrir seus corpos (1.11, 23).

3. A relação de querubins com outros anjos

Os querubins de Ezequiel são relacionados claramente aos Serafim


na visão inaugural de Isaías (Is 6). No Livro de Enoque, os Querubins,
Serafim e Ofanim (rodas) e todos os outros anjos, são submissos ao “ar-
canjo Gabriel” (Enoque 20.7; 40; 61.10; 71.7). Na liturgia diária judaica,
os Serafim, Ofanim e as outras criaturas, constituem o coro Divino. No
Talmude, os querubins são representados como tendo a semelhança de
crianças (isso relacionando a etimologia pela preposição “ke”, mais o
substantivo “rubh”, tendo o significado de como uma criança; Chag
13b); entretanto, de acordo com o Midrash, eles não têm nenhuma for-
ma definida, mas aparecem de várias formas, como homens ou mu-
lheres ou como espíritos e seres angelicais (Gen rabba’ 21).

4. Relatos do talmud e midrash

É registrado que o rei de Tiro construiu seu palácio no meio das


águas do mar, no cume de uma rocha. O qual foi estabelecido em
cima de quatro enormes pilares de ferro, fincados no meio do mar;
contendo sete andares na forma de sete céus com suas respectivas
estrelas, tronos, animais sagrados, raios e trovões, cometas e mete-
oros. Sobre o último andar o rei de Tiro mandou edificar um trono
com animais sagrados e “querubins”, dos quais pendiam as mais
finas pedras.107

107
Cf. J. Guinsburg. Histórias do Povo da Bíblia – Relatos do Talmud e do Midrach. 1967,
p. 230.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 155

Os querubins são anjos alados, com semblantes de jovens ou crian-


ças, cujo nome é derivado da palavra que significa “jovem”. Segundo
a interpretação dos místicos, o nome do Senhor dos exércitos habitava
sobre os querubins (II Sm 6.2); isto é, nomes divinos, representando
sefirot masculinas e femininas, estavam gravados em suas testas. Se-
gundo alguns relatos, no santo lugar do templo, haviam dois queru-
bins dourados, um “masculino” e um “feminino” de pé, acima da arca
da aliança.108

2. (mimšaH) de acordo com os melhores dicionários, léxicos


e gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular constru-
to. Significados: untar e expandir; porém, não há uma clareza nos sig-
nificados.

HALOT. Relata que a expressão Å(Kürûb mimšaH) tor-


na-se um adjetivo. Outras formas foram propostas pela palavra ,
o qual pode ter o sentido de: “extensão”. Porém, a Vulgata conota
o sentido de extentus, “comprimento, completo e esticado” ou “com
asas estendidas”. Outro sentido fora proposto como sendo “iluminar”
e “brilhar”. Entretanto, o Acadiano relata a forma misëhäu, nimsëahäu, cuja
conotação temos, “brilho” ou “brilhando”.109

CRÍTICA TEXTUAL

Variante a ser analisada. Ezequiel 28.14b. A palavra (mimšaH)


tem as seguintes conotações: “envergadura ou asas estendidas”. É
analisada no aparato crítico com as seguintes informações. A LXX ori-
ginal (em contraste com revisões posteriores) omite, possivelmente
fora adicionado tardiamente. Os próprios dicionários têm dúvidas
concernentes ao significado da palavra.

3. (hassôkëk) de acordo com os melhores dicionários, lé-


xicos e gramáticas a palavra é um verbo do tronco qal do particípio

108
Cf. A. Unterman. Dictionary of Jewish. 1991, p. 214.
109
Cf. Baumgartner, Walter & Koehler, Ludwig. The Hebrew and Aramaic Lexicon of the
Old Testament. Vol. II, Tópico 5288.
156 FABIO SABINO DA SILVA

masculino singular de (säkak) ou (Säkak), mais o artigo. Sig-


nificados: o protetor ou proteger. É analisada na masora parva com as
seguintes explicações abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 
b) Significado: segundo a Mp, o vocábulo (hassôkëk), cons-
ta três vezes no texto bíblico hebraico (I Cr 28.18; Ez 28.14,16).

CRÍTICA TEXTUAL

Variante a ser analisada. Ezequiel 28.14. A palavra 


 
 (hassôkëk)
tem as seguintes conotações: “cobrir, proteger e envolver”. É analisa-
da no aparato crítico com as seguintes informações. A LXX original (em
contraste com revisões posteriores) omite, possivelmente fora adicio-
nado tardiamente. Os próprios dicionários têm dúvidas concernentes
ao significado da palavra.

4.
 
  (ûnütaTTîºkä) de acordo com os melhores dicionários, léxi-
cos e gramáticas a palavra é um verbo do tronco qal do tempo perfeito
da 1ª pessoa do singular de  (nätan), mais o sufixo da 2ª pessoa mas-
culino singular, como também prefixado a conjunção. Significados:
dar, por, fixar, designar, estabelecer, empregar, confiar e entregar.

CRÍTICA TEXTUAL

Variante a ser analisada. Ezequiel 28.14c. A palavra 


(ûnütaTTîºkä) tem a seguinte conotação: “e te estabeleci”. É analisada
no aparato crítico com as seguintes informações. A LXX trás a seguinte
expressão   (ethëká se), cuja conotação temos: “te constituí ou
te coloquei”. É também a mesma expressão em hebraico, mas sem a
conjunção: , porém conectada com o versículo anterior.

5.(Bühar) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular construto
de (har), mais o sufixo preposicional. Significados: na colina, na
montanha, no país ou no monte.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 157

TWOT. Registra que os povos antigos, como os reis pagãos (da


Babilônia e Tiro) procuravam serem deuses subindo à montanha mito-
lógica dos deuses. 110

Comentário. A palavra “permanecias no monte santo de Deus”


não será interpretada no senso sugerido por Is 14:13 ([...] e no monte
da congregação me assentarei, aos lados do norte...); isto é, Ezequiel
estava pensando na “montanha dos deuses” o qual é encontrado na
mitologia Asiática.

É verdade que Deus colocou querubins como guardião no para-


íso, mas o paraíso não era uma “montanha de Deus”, nem mesmo
uma “terra montanhosa”. A idéia de um monte santo de Deus, era na
verdade o assento do rei de Tiro. Que construiu sua fortaleza em uma
ou duas ilhas rochosas do mediterrâneo. Embora a comparação do
príncipe de Tiro como um querubim, foi sugerida pela descrição do
seu domicílio como um paraíso, o epíteto que demonstra o lugar do
querubim no santuário.
Ezequiel é o único que utiliza a forma de “monte santo de Deus”,
as outras ocorrências então ligadas com o “tetragrama” e não com o
termo “Elohim singularizado”. Quando o termo “Elohim” ocorre é
prefixado com o “artigo”. Não há nenhuma menção no Pentateuco a
forma da palavra que Ezequiel relata (sem o artigo).
Uma outra questão a se observar é que Ezequiel em “nenhum ou-
tro momento” de seus escritos, registra o mesmo ocorrido, senão para
o Rei de Tiro, como também em nenhum outro lugar em todo o An-
tigo Testamento é atestado a mesma forma. Portanto, o que Ezequiel
faz é a menção não do “monte de Deus” (prefixando assim o artigo,
conforme registra o Pentateuco), como é a forma que o Pentateuco
utiliza, mas o “monte dos deuses”. Destacarei a seguir as formas exis-
tênciais que confrontam com a forma de Ezequiel:

a) Êx 3.1.
Transliteração: wayyäbö´ ´el-har hä´élöhîm Hörëºbâ
Tradução: (...) chegou ao monte de Deus, a Horebe.

110
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes-
tamento. 1998, p. 370; tópico 517a.
158 FABIO SABINO DA SILVA

b) Êx 4.27. 
Transliteração: wa|yyipGüšëºhû Bühar hä´élöhîm
Tradução: (...) encontrou-o no monte de Deus...

c) Êx 18.5. 
Transliteração: šäm har hä´élöhîm
Tradução: (...) ao monte de Deus.

d) Êx 24.13. 
Transliteração: wayyaº`al möšè ´el-har hä´élöhîm
Tradução: (...) e subiu Moisés ao monte de Deus.

e) I Rs 19.8. 
Transliteração: `ad har hä´élöhîm
Tradução: (...) até o monte de Deus...

f) I Rs 20.23.
Transliteração: ´ëläyw ´élöhê härîm ´élöºhêheºm
Tradução: (...) Seus deuses são deuses dos montes...

Obs. Segundo o livro de I Rs 20.23 havia um conceito da existência


de uma “região montanhosa”, onde “habitavam os deuses”.

6.  (qöºdeš) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular absoluto.
Significados: santo, apartado e sagrado.

CRÍTICA TEXTUAL

Variante a ser analisada. Ezequiel 28.14d. A palavra  (qöºdeš)


tem as seguintes conotações: “santidade e objeto sagrado”. É analisa-
da no aparato crítico com as seguintes informações. Possivelmente adi-
cionado com base no versículo 16 ou conectado com a palavra 
(Deus) ou o verbo  (estava), apenas conjectura proposta.

7.  (´élöhîm) de acordo com os melhores dicionários, léxi-


cos e gramáticas a palavra é um substantivo masculino plural da raiz
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 159

da qual origina-se de . Significados: regras, julgar, anjos, deu-


ses, deus, deusa e Deus.

Síntese. O comentário sobre a história e formação do termo acima


é muito extenso e para isso recomendo a leitura de Harris, R. Laird et
alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. São
Paulo: Vida Nova, 1998, p. 71-73; tópico 93c.

8.(häyîºtä) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é um verbo do tronco qal do tempo perfeito da
2ª pessoa masculino singular de (häyâ). Significados: ser, existir,
estar, acontecer e resultar.

9.  (Bütôk) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular construto de
 (Tawek), mais o prefixo preposicional. Significados: no meio ou entre.
10. (´abnê-´ëš) de acordo com os melhores dicionários, lé-
xicos e gramáticas a palavra é um substantivo plural feminino cons-
truto de (´eºben), associado a outro substantivo absoluto singular
ligado por maqqef. Significados: pedras afogueadas, tabletes afoguea-
dos, mármores afogueados, pedras preciosas e pedras de fogo.

TWOT. Relata que devidamente ao contexto a expressão (V.13. a


expressão: ´eºben yüqärâ), provavelmente refere-se a uma pedra que
produz faíscas. Hoje os diamantes são freqüentemente descritos como
faiscantes.111

11.  (hithalläºkTä) de acordo com os melhores dicionários,


léxicos e gramáticas a palavra é um verbo do tronco hitpael do tempo
perfeito da 2ª pessoa masculino singular de (hälak). Significados:
atravessar, caminhar aproximadamente e andar. É analisada na maso-
ra parva com a seguinte explicação abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 
b) Significado: segundo a Mp, o vocábulo  (hithalläºkTä),
consta duas vezes no texto bíblico hebraico (Jó 38; Ez 28.14).

111
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes-
tamento. 1998, p. 8; tópico 9.
160 FABIO SABINO DA SILVA

V.15. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste
criado, até que se achou iniqüidade em ti.

V.15.  

Transliteração: Tämîm ´aTTâ Bidräkʺkä miyyôm hiBBä|r´äk `ad-nimcä´


`awläºtâ Bäk

1. (Tämîm) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é um adjetivo masculino singular absoluto. Sig-
nificados: completo, inteiro, são, saudável, incólume, inocente, sem
marca ou perfeito.
2.  (´aTTâ) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e
gramáticas a palavra é um pronome da 2ª pessoa masculino singular.
Significados: você e tu.
3. (Bidräkʺkä) de acordo com os melhores dicionários,
léxicos e gramáticas a palavra é um substantivos plural construto de
(Deºrek), mais o sufixo da 2ª pessoa masculino singular, prefixado
pela partícula preposicional. Significados: modo, estrada, distância,
viagem, maneira, caminho, direção, maneira e hábito.
4. (miyyôm) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e
gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular construto
de (yôm), ligado por sufixo preposicional. Significados: no dia, no
tempo ou no ano.
5.  (hiBBä|r´äk) de acordo com os melhores dicionários, léxi-
cos e gramáticas a palavra é um verbo do tronco nifal infinitivo cons-
truto de (Bärä´), mais o sufixo da 2ª pessoa singular masculino.
Significados: tu foste criado ou tu nasceste. É analisada na masora par-
va com a seguinte explicação abaixo:
a) A nota da Mp é a seguinte: 
b) Significado: segundo a Mp, o vocábulo 
 
 
 
 (hiBBä|r´äk) é um
hapax legomenon.

6. (`ad-nimcä´) de acordo com os melhores dicionários,


léxicos e gramáticas a palavra é um verbo do tronco nifal do tempo
perfeito da 3ª pessoa masculino singular de (mäcä´), mais a par-
tícula preposicional. Significados: até que se achou, até que se encon-
trou ou até que se descobriu.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 161

Comentário. Em Ez 28.15 compara-se o príncipe de Tiro com


Adão. Assim como Adão foi criado sem pecado, o príncipe de Tiro
era inocente em sua conduta pelos anos do seu crescimento; mas, per-
versidades foram achadas nele. Como Adão perdeu a felicidade pela
sua queda, o mesmo aconteceu com o rei de Tiro. Ele entrou em per-
versidade por causa da abundância do seu comércio (Ez 28.16).

7.  (`awläºtâ) de acordo com os melhores dicionários, léxicos


e gramáticas a palavra é um substantivo feminino singular absoluto
de (`ewel) ou (`äºwel), (`awlâ). Significados: injustiça,
erro ou ações violentas de injustiça.

HALOT. Conota o sentido de maldade, malícia e injustiça.112

TWOT. Relata vários conceitos e passagens concernentes a pala-


vra, veja o assunto na página: 1090-1092; tópico 1580a-1580d.
Obs. É analisada na masora parva com a seguinte explicação abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 
b) Significado: segundo a Mp, o vocábulo  (`awläºtâ), cons-
ta três vezes no texto bíblico hebraico (Sl 125.3; Ez 28.15; Os
10.13).

8. (Bäk) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e gra-


máticas a palavra é uma partícula preposicional, mais o sufixo da 2ª
pessoa masculino singular. Significado: em ti.

V.16. Na multiplicação do teu comércio encheram o teu interior


de violência, e pecaste; por isso te lancei, profanado, do monte de
Deus, e te fiz perecer, ó querubim cobridor, do meio das pedras afo-
gueadas.

V.16. 
  

112
Cf. Baumgartner, Walter & Koehler, Ludwig. The Hebrew and Aramaic Lexicon of the
Old Testament. Vol. IV, tópico 6859.
162 FABIO SABINO DA SILVA

Transliteração: Büröb rükullätkä mälû tôkükä Hämäs wa|TTeHé†ä´


wä´eHallelkä mëhar ´élöhîm wä|´aBBedkä Kürûb hassökëk miTTôk ´abnê-´ëš

1.  (Büröb) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular construto
de (röb), mais a partícula preposicional. Significados: na multidão,
na abundância e na grandeza.

CRÍTICA TEXTUAL

Variante a ser analisada. Ezequiel 28.16a. A palavra (Büröb)


tem a seguinte conotação: “multidão, abundância, grandeza, nume-
roso, grandeza e multiplicação”. É analisada no aparato crítico com as
seguintes informações. Possivelmente uma explicação para ser com-
parado com o versículo 18.

2. (rükullätkä) de acordo com os melhores dicionários, lé-


xicos e gramáticas a palavra é um substantivo feminino singular cons-
truto de (rükullâ), mais o sufixo da 2ª pessoa masculino singu-
lar. Significados: mercadoria, tráfico e comércio.

HALOT. Propõe a conotação de comércio, conforme os textos


de Ez 28.5.16-18; entretanto, o capítulo 27.24, relata a forma 
(BümarkulTëk), que também é proposto a forma (Bäm
rükullätëk) ou (Bäm rö|kläºyik).113

TWOT. Relata que a palavra é encontrada somente em hebrai-


co posterior e provavelmente derive de uma palavra estrangeira para
“mercador”. Aparece basicamente em Ezequiel 27 para descrever Tiro,
no lamento que se faz por essa cidade (Ez 27.3,12,13,15,17,20,21,23
[duas vezes], 24; também em 17.14). Ocorre em apenas três outras pas-
sagens (I Rs 10.15; Ct 3.6; Ne 3.31).114

113
Cf. Baumgartner, Walter & Koehler, Ludwig. The Hebrew and Aramaic Lexicon of the
Old Testament. Vol. IV, tópico 8814.
114
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes-
tamento. 1998, p. 1429; tópico 2165a.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 163

3. (mälû) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é um verbo do tronco qal do tempo perfeito da 3ª
pessoa do plural de (mälë´) ou (mälä´). Significados: encher,
estar cheio ou abundância.

HALOT. Conota o sentido de dotar alguém de algo.115

CRÍTICA TEXTUAL

Variante a ser analisada. Ezequiel 28.16b. A palavra  (mälû)


tem a seguinte conotação: “encher, estar cheio, abundância ou dotar
alguém de algo. É analisada no aparato crítico com as seguintes infor-
mações. Poucos manuscritos medievais relatam a palavra da seguinte
forma:   (mäl´û) com o mesmo significado. O que pode ter ouvido
foi uma questão de não terem pronunciado muito bem a consoante
álefe. Entretanto, a LXX e o Siríaco (apenas em parte o Siríaco concor-
da) trás a expressão  (éplësas), cuja conotação temos: “abaste-
cido, cumprido e realizado”. Possivelmente para ser lido em hebraico
(millë´tä), com o sentido de “encher, satisfazer e completar”.
Porém, observar-se que o verbo atestado no aparato crítico está no
“piel” e isso conota uma brutalidade de como ele adquiriu suas pos-
sessões.

4. (tôkükä) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular construto
de (Täwek), mais o sufixo da 2ª pessoa masculino singular. Sig-
nificados: meio, em, por (depois de verbos de movimento), entre (de
vários pessoas) ou entre (de coisas organizadas aos pares).

Comentário. A palavra hebraica (Täwek) “interior” é usada


em um senso físico e não em um senso espiritual. Adão pecou comen-
do do fruto proibido da árvore, o mesmo fez o rei de Tiro se enchendo
de maldade com relação ao comércio. Por isso que Deus o poria longe
da montanha e o destruiria.

115
Cf. Baumgartner, Walter & Koehler, Ludwig. The Hebrew and Aramaic Lexicon of the
Old Testament. Vol. II, tópico 5189.
164 FABIO SABINO DA SILVA

5. (Hämäs) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular absoluto.
Significados: violência, injustiça ou crueldade.
6. (wa|TTeHé†ä´) de acordo com os melhores dicionários, lé-
xicos e gramáticas a palavra é um verbo do tronco qal da 2ª pessoa do
tempo imperfeito masculino singular de (Hä†ä´), mais a conjun-
ção conversiva. Significados: pecar ou perder.

CRÍTICA TEXTUAL

Variante a ser analisada. Ezequiel 28.16a. A palavra 


(wa|TTeHé†ä´) tem a seguinte conotação: “pecar”. É analisada no aparato
crítico com as seguintes informações. Possivelmente uma explicação
para ser comparado com o versículo 18.

7.(wä´eHallelkä) de acordo com os melhores dicionários,


léxicos e gramáticas a palavra é um verbo do tronco piel da 1ª pessoa
do tempo imperfeito singular de (Hälal), mais o sufixo singular
da 2ª masculino singular, como também a conjunção conversiva. Sig-
nificados: profanar, sujar, poluir e violar a honra. É analisada na ma-
sora parva com a seguinte explicação abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 
b) Significado: segundo a Mp, o vocábulo (wä´eHallelkä) é
um hapax legomenon.

CRÍTICA TEXTUAL

Variante a ser analisada. Ezequiel 28.16c. A palavra 


(wä´eHallelkä) tem a seguinte conotação: “profanar, fazer comum, su-
jar, poluir ou violar (uma convenção)”. É analisada no aparato crítico
com as seguintes informações. Assim está no Códice L, entretanto,
muitos manuscritos hebraicos medievais e edições da Bíblia Hebraica
relatam a expressão com mudanças no início da palavra; ou seja, eles
mudaram as vogais das duas primeiras consoantes. Já a LXX, trás a se-
guinte expressão:   (kai etraumatísthës), cuja conotação
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 165

temos: “e feristes ou lesastes”, que é igual a palavra hebraica 


cujo significado temos, ser profanado. Possivelmente correto.

8. (mëhar) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular construto
de (har), mais o sufixo preposicional. Significados: fora da colina,
fora da montanha ou fora do monte.

TWOT. Registra várias histórias antigas concernentes as monta-


nhas, onde o conceito de montanha expressava a majestade, o poder,
a altura das montanhas, elevava-se até os céus e acima das nuvens,
onde naturalmente levou os homens a associá-las aos deuses. Registra
também os povos antigos, como os reis pagãos (da Babilônia e Tiro)
procuravam serem deuses subindo à montanha mitológica dos deu-
ses.116
Obs. A expressão (mëhar ´élöhîm) traduzida por: “do
monte de Deus....”. É analisada na masora parva com a seguinte expli-
cação abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 
b) Significado: segundo a Mp, a expressão (mëhar
´élöhîm) é um hapax legomenon.

9. (´élöhîm) de acordo com os melhores dicionários, léxi-


cos e gramáticas a palavra é um substantivo masculino plural da raiz
da qual origina-se de . Significados: regras, julgar, anjos, deu-
ses, deus, deusa e Deus.

Síntese. O comentário sobre a história e formação do termo acima


é muito extenso e para isso recomendo a leitura de Harris, R. Laird et
alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. São
Paulo: Vida Nova, 1998. p. 71-73; tópico 93c.

10. (wä|´aBBedkä) de acordo com os melhores dicionários,


léxicos e gramáticas a palavra é um verbo do tronco piel da 1ª pessoa

116
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes-
tamento. 1998, p. 370; tópico 517a.
166 FABIO SABINO DA SILVA

do singular do tempo imperfeito de (´äbad), mais o sufixo da 2ª


pessoa masculino singular, como também a conjunção conversiva.
Significados: destruir, matar, perecer e exterminar.

CRÍTICA TEXTUAL

Variante a ser analisada. Ezequiel 28.16d. A palavra  


(wä|´aBBedkä) tem a seguinte conotação: “destruir, matar e perecer”. É
analisada no aparato crítico com as seguintes informações. A LXX, trás
a seguinte expressão:    (kai hëgagén se), cuja conotação
temos: “e te levei” o qual possivelmente poderia ser lido em hebraico
a expressão (wa|yü´iBBadkä); entretanto, outros propõem a for-
ma (wü´iBBadkä).

11. (Kürûb) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é um substantivo absoluto singular masculino.
Significados: o querubim ou querubins (um ser angelical).

HALOT. Registra que a palavra Kürûb é atestada por nove vezes (Êx
25.19; 37.8; II Sm 22.11; Ed 2.59; Ne 7.61; Sl 18.11; Ez 28.14,16; Ez 41.18).
As versões relatam várias formas da palavra e são elas: a Septuaginta
relata a forma: . O Targum, o Aramaico e Siríaco relatam a forma
kroÒbaÒ, como um trocadilho. Entretanto, a versão Arábica propõe a forma
karuÒb, a Etiópica ki/eruÒb, o Acadiano kaÒribu/btu, sendo este um particípio
de karaÒbu, cujo significado, temos em todas elas: “orar”, “consagrar”
e “abençoar”. Relatam também que a palavra está associada com um
sacerdote ou um porteiro místico esculpido. Já o Arábico antigo do sul,
propõe a raiz krb, conotando assim o sentido de sacrifício.117

12. (hassökëk) de acordo com os melhores dicionários, léxi-


cos e gramáticas a palavra é um verbo do tronco qal particípio singu-
lar masculino de (säkak) ou (Säkak), mais o sufixo do artigo.
Significado: o protetor. É analisada na masora parva com a seguinte
explicação abaixo:

117
Cf. Baumgartner, Walter & Koehler, Ludwig. The Hebrew and Aramaic Lexicon of the
Old Testament. Vol. II, tópico 4410.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 167

a) A nota da Mp é a seguinte: 
b) Significado: segundo a Mp, o vocábulo (hassökëk), cons-
ta três vezes no texto bíblico hebraico (I Cr 28.18; Ez 28.14,16).

CRÍTICA TEXTUAL

Variante a ser analisada. Ezequiel 28.16e. A palavra: 


(hassökëk) tem a seguinte conotação: “protetor”. É analisada no apa-
rato crítico com as seguintes informações. É omitida pela LXX não re-
visada.

13.(miTTôk) de acordo com os melhores dicionários, léxicos


e gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular construto
de (Täwek), mais o prefixo preposicional. Significado: entre.
14. ( ´abnê-´ëš) de acordo com os melhores dicionários,
léxicos e gramáticas a palavra é um substantivo plural feminino cons-
truto de (´eben), associado a outro substantivo absoluto singular
ligado por maqqef. Significados: pedras afogueadas ou tabletes afo-
gueados.
TWOT. Nos relata que devidamente ao contexto (V.13. a expres-
são: ´eºben yüqärâ), traduzida provavelmente refere-se a uma pedra
que produz faíscas. Hoje os diamantes são freqüentemente descritos
como faiscantes.118

V.17. Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, cor-


rompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te
lancei, diante dos reis te pus, para que olhem para ti.

V.17.    


 

Transliteração: Gäbah liBBükä Büyopyeºkä šiHaºTTä Hokmätkä `al-yip`äteºkä


`al-´eºrec hišlakTîºkä lipnê müläkîm nütaTTîºkä lüraº´áwâ bäk

118
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes-
tamento. 1998, p. 8, tópico 9.
168 FABIO SABINO DA SILVA

1. (Gäbah) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é um verbo do tronco qal da 3ª pessoa masculino
singular do tempo perfeito. Significados: ser alto, ser exaltado ou ser
arrogante.

TWOT. Só no livro de Ezequiel são encontradas 22 atestações.


Quando a raiz é usada no sentido básico, descreve a altura de pessoas,
objetos, locais e fenômenos naturais. A sutileza comum por trás das
palavras em discussão é a de orgulho e altivez. O orgulho é vinculado
ao coração em: Ez 28.2,5,17; Sl 131.1; Pr 18.12;2; II Cr 26.16; 32.25.119
Obs. É também analisada na masorá parva com as seguintes notas
e explicações abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 1


b) Significado: segundo a Mp, o vocábulo (Gäbah) consta cin-
co vezes no texto bíblico hebraico (II Cr 26.16; 32.25; Sl 131.1;
Ez 28.2,17).

2. 
 
 (liBBükä) de acordo com os melhores dicionários, léxicos
e gramáticas a palavra é um substantivo comum masculino singular
construto de  (lêb), mais o sufixo da 2ª pessoa masculino singular.
Significados: o homem interno, coração, entendimento, alma e mente.

HALOT. Relata o significado de uma mente que revela osten-


tação.120

Síntese. Na verdade as palavras Gäbah e liBBükä estão conectadas


e ambas relatam as questões internas.

3. (Büyopyeºkä) de acordo com os melhores dicionários, léxi-


cos e gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular cons-
truto de , mais o sufixo 2ª pessoa masculino singular e também a
partícula preposicional. Significado: por causa da tua beleza ou por
causa da tua formosura.

119
Ibid., p. 238, tópico 305.
120
Cf. Baumgartner, Walter & Koehler, Ludwig. The Hebrew and Aramaic Lexicon of the
Old Testament. Vol. II, tópico 4509.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 169

TWOT. Relata de forma bem clara o uso da palavra em Ezequiel


quando descreve a sabedoria de Tiro pela qual a cidade foi conhecida
(V.7). O próprio rei é descrito com formosura (V.12). E conclui que “a
causa” da queda do Rei fora a “formosura” e o “resplendor”.121

4. (šiHaºTTä) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é um verbo do tronco piel do tempo perfeito da
2ª pessoa masculino singular de (šäHaT). Significados: deteriorar,
arruinar, perverter ou corromper. É analisada na masora parva com a
seguinte explicação abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 
b) Significado: segundo a Mp, o vocábulo (šiHaºTTä), consta
duas vezes no texto bíblico hebraico (Is 14.20; Ez 28.17).

5. (Hokmätkä) de acordo com os melhores dicionários, lé-


xicos e gramáticas a palavra é um substantivo feminino singular cons-
truto de (Hokmâ), mais o sufixo da 2ª pessoa masculino singu-
lar. Significados: sabedoria habilidade, astúcia e prudência.

BDB. Define a palavra como sabedoria em administração no caso


do rei de Tiro.122

TWOT. Relata que a sabedoria é um requisito para os governan-


tes e chefes de estado na administração da nação (Dt 34.9; II Sm 14.20),
incluindo tanto pagãos quanto israelitas.123

6. (`al-yip`äteºkä) de acordo com os melhores dicioná-


rios, léxicos e gramáticas a palavra é um substantivo feminino sin-
gular construto de (yip`â), mais o sufixo da 2ª pessoa mascu-
lino singular, como também a partícula preposicional. Significados:
esplendor, brilho e lustrar.

121
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes-
tamento. 1998, p. 641; tópico 890a.
122
Cf. F. Brown, S. Driver and C. Briggs. The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English
Lexicon. 4ª edição, 1999, p. 315, tópico 3053.
123
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes-
tamento. 1998, p. 460, tópico 647a.
170 FABIO SABINO DA SILVA

Obs. A palavra (`al), traduzida “por causa”. É analisada na


masora parva com as seguintes explicações abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 


b) Significado: segundo a Mp, a palavra (`al), consta em vinte
e um versículos aparecendo a preposição por “duas vezes” com
uma palavra intercalando no texto bíblico hebraico (Gn 1.20;
Lv 5.22; Lv 6.2; Jz 3.12; Jz 11.38; Jz 18.27; I Sm 1.9; I Sm 15.1; I Sm
26.16; II Sm 7.8; II Rs 7.17; II Rs 15.20; Is 9.16; Is 19.7; Jr 48.31; Ez
28.17; Os 7.14; Ml 2.14; Sl 115.1 e Et 8.7).

Obs. A palavra (yip`äteºkä) é analisada na masora parva com


as seguintes notas e explicações abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 
b) Significado: segundo a Mp, o vocábulo (yip`äteºkä), cons-
ta duas vezes no texto bíblico hebraico (Ez 28.7,17).

7.   (`al-´eºrec) de acordo com os melhores dicionários, léxi-


cos e gramáticas a palavra é um substantivo feminino singular absolu-
to, mais a partícula preposicional. Significados: por terra, por distrito,
por região ou por território. É analisada na masora parva com a seguin-
te explicação abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 


b) Significado: segundo a Mp, a expressão   (`al-´eºrec),
consta nove vezes no texto bíblico hebraico; porém, todas as
expressões são traduzidas por: “toda a terra do Egito” confor-
me está no Pentateuco; entretanto, a expressão que Ezequiel
utiliza é similar (Gn 41.33; Gn 41.45; Ex 8.5,7; Ex 10.12 [2x]); Ex
10.13; Ex 10.21 e Ez 28.17).

8. (hišlakTîºkä) de acordo com os melhores dicionários,


léxicos e gramáticas a palavra é um verbo do tronco hifil do tempo
perfeito da 1ª pessoa do singular de (šälak), mais o pronome da
2ª pessoa masculino singular. Significados: lançar, jogar fora, rejeitar
ou derramar.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 171

TWOT. São possíveis as conotações de jogar alguém ou algo ao


chão com o sentido de um gesto de vitória sobre alguém e de total
aniquilamento dessa pessoa (cf. Dn 8.7).124

9. ( lipnê) de acordo com os melhores dicionários, léxicos


e gramáticas a palavra é um substantivo plural dual construto de
(Pänîm), mais a partícula preposicional. Significados: para face,
na presença ou diante de pessoa.
10. (müläkîm) de acordo com os melhores dicionários, léxi-
cos e gramáticas a palavra é um substantivo plural masculino absolu-
to de (meºlek). Significado: rei.
11.  
  (nütaTTîºkä) de acordo com os melhores dicionários, léxicos
e gramáticas a palavra é um verbo do tronco qal do tempo perfeito da 1ª
pessoa do singular de  (näTan), mais o sufixo da 2ª masculino singular.
Significados: dar, por, fixar, conceder, permitir, designar e empregar.
12. (lüraº´áwâ) de acordo com os melhores dicionários, lé-
xicos e gramáticas a palavra é um verbo do tronco qal do infinitivo
construto de (rä´â), mais o sufixo preposicional. Significados:
ver, olhar, inspecionar, perceber e considerar.
13. (bäk) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e gra-
máticas a palavra é um partícula preposição, mais o sufixo da 2ª pes-
soa masculino singular. Significado: para ti.

V.18. Pela multidão das tuas iniqüidades, pela injustiça do teu co-
mércio profanaste os teus santuários; eu, pois, fiz sair do meio de ti
um fogo, que te consumiu e te tornei em cinza sobre a terra, aos olhos
de todos os que te vêem.

V.18.   


  

Transliteração: mëröb `áwönʺkä Bü`eºwel rükulläºtkä HillaºlTä miqDäšÊºkä


wä|´ôci´-´ëš miTTô|kükä hî´ ´ákälaºtkä wä´eTTenkä lü´ëºper `al-hä´äºrec lü`ênê Kol-
rö´Êºkä

124
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes-
tamento. 1998, p. 1570, tópico 2398.
172 FABIO SABINO DA SILVA

1. (mëröb) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular construto
de (röb), mais a partícula preposicional. Significados: pela multi-
dão, pela abundância e pela grandeza.
2. (`áwönʺkä) de acordo com os melhores dicionários, lé-
xicos e gramáticas a palavra é um substantivo plural construto de
(`áwön) ou (`áwôn), mais o sufixo da 2ª pessoa masculino sin-
gular. Significados: das tuas perversidades, das tuas depravações e
das tuas iniqüidades.
3.  (Bü`eºwel) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e
gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular construto
de (`ewel) ou (`äºwel), (`awlâ), mais a partícula prepo-
sicional. Significados: pela injustiça, pela ação violenta de injustiça e
pela maldade.

HALOT. Conota o sentido de desonestidade no comércio.125

4.
 
  
 
  (rükulläºtkä) de acordo com os melhores dicionários, léxi-
cos e gramáticas a palavra é um substantivo feminino singular constru-
to de    (rükullâ), mais o sufixo da 2ª pessoa masculino singular.
Significados: da tua mercadoria, do teu tráfico ou do teu comércio.

CRÍTICA TEXTUAL

Variante a ser analisada. Ezequiel 28.18b. A palavra 


 
 
  
 
  
(Bü`eºwel rükulläºtkä) tem a seguinte conotação “pela injustiça do teu
comércio”. É analisada no aparato crítico com as seguintes informa-
ções. Possivelmente uma explicação para ser comparado com o ver-
sículo 16.

5. (HillaºlTä) de acordo com os melhores dicionários, léxicos


e gramáticas a palavra é um verbo do tronco piel do tempo perfeito da
2ª pessoa singular masculino de (Hälal). Significados: profanar,
sujar, poluir e violar a honra.

125
Cf. Baumgartner, Walter & Koehler, Ludwig. The Hebrew and Aramaic Lexicon of the
Old Testament. Vol. III, tópico 6857.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 173

6. (miqDäšÊºkä) de acordo com os melhores dicionários,


léxicos e gramáticas a palavra é um substantivo plural masculino
construto de (miqDäš) ou (miqqDäš), mais o sufixo da
2ª pessoa masculino singular. Significados: lugar sagrado, santuário,
templo e tabernáculo. É analisada na masora parva com a seguinte ex-
plicação abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 


b) Significado: segundo a Mp, o vocábulo (miqDäšÊºkä),
consta duas vezes no texto bíblico hebraico com escrita plena (Sl
68.35 e Ez 28.18).

CRÍTICA TEXTUAL

Variante a ser analisada. Ezequiel 28.18c. A palavra 


(miqDäšÊºkä) tem a seguinte conotação: “lugar sagrado, santuário e
templo”. É analisada no aparato crítico com as seguintes informações.
Fragmentos de códices hebraicos da Guenizá da sinagoga Ben Ezra,
do Cairo (séc V-IX), muitos manuscritos hebraico medievais, edi-
ções da Bíblia Hebraica, como também a Síria Peshita e o Targum
de Jônatas ben Uziel, relatam uma escrita defectiva. Entretanto é pro-
posta a forma hebraica (miqDäšî) e em outros lugares a forma
(qodšükä); porém, o texto grego da LXX, baseado na recensão
de Luciano de Antioquia, como também a de Símaco e a Vulgata
concordam em parte.

7. (wä|´ôci´-´ëš) de acordo com os melhores dicionários,


léxicos e gramáticas a palavra é um verbo do tronco hifil da 1ª pessoa
do tempo imperfeito singular de (yäcä´), mais o substantivo sin-
gular absoluto, como também a conjunção consecutiva. Significados:
sair um fogo e tirar um fogo. É analisada na masora parva com a se-
guinte explicação abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 


b) Significado: segundo a Mp, o vocábulo (wä|´ôci´), consta
três vezes; entretanto, duas delas com escrita defectiva e uma
com escrita plena (Nm 20.8; Pr 30.33 e Ez 28.18).
174 FABIO SABINO DA SILVA

8.   (miTTô|kükä) de acordo com os melhores dicionários, léxi-


cos e gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular cons-
truto de (Täwek), mais o da sufixo 2ª pessoa masculino singular,
como também a partícula preposicional. Significado: do meio de ti.

CRÍTICA TEXTUAL

Variante a ser analisada. Ezequiel 28.18d. A palavra  


(miTTô|kükä) tem a seguinte conotação “sair do meio de ti”. É analisada
no aparato crítico com as seguintes informações. É proposta a forma
hebraica (miTTôkô).

9.   (hî´) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e gra-


máticas a palavra é um pronome da 3ª pessoa feminino singular. Sig-
nificados: ela, que ou isto (predicado).
10. (´ákälaºtkä) de acordo com os melhores dicionários, lé-
xicos e gramáticas a palavra é um verbo do tronco qal do tempo per-
feito da 3ª pessoa do singular feminino de (´ákäl), mais o sufixo
pronominal da 2ª pessoa masculino singular. Significados: comer, de-
vorar, queimar e consumir.
11.  (wä´eTTenkä) de acordo com os melhores dicionários, lé-
xicos e gramáticas a palavra é um verbo do tronco qal da 1ª pessoa
do tempo imperfeito singular de (nätan), mais a conjunção con-
secutiva, como também o sufixo pronominal da 2ª pessoa masculino
singular. Significados: dar, por, fixar, conceder, permitir, designar e
empregar.
12.  (lü´ëºper) de acordo com os melhores dicionários, léxicos
e gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular absoluto
de (´ëºper), mas a partícula preposicional. Significado: cinzas.
13.  (`al-hä´äºrec) de acordo com os melhores dicionários,
léxicos e gramáticas a palavra é um substantivo feminino singular ab-
soluto, mais a partícula preposicional. Significados: terra, terra inteira
(ao invés de uma parte), terra (ao invés de céu), terra (os habitantes),
país, território, distrito ou região.
14. (lü`ênê) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e
gramáticas a palavra é um substantivo dual construto de (`ayin),
mais a partícula preposicional. Significados: olho e presença.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 175

15. 
 
 
 (Kol-rö´Êºkä) de acordo com os melhores dicionários, lé-
xicos e gramáticas a palavra é um verbo do tronco qal, particípio plural
masculino construto de  (rä´â), mais o sufixo da 2ª pessoa masculino
singular, como também o substantivo masculino singular construto. Sig-
nificados: ver, olhar, inspecionar, perceber, considerar e contemplar.

V.19. Todos os que te conhecem entre os povos estão espantados


de ti; em grande espanto te tornaste, e nunca mais subsistirá.

V.19.
    
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Transliteração: Kol-yôd`ʺkä Bä|`ammîm šämümû `älʺkä Ballähôt


häyîºtä wü´ênkä `ad-`ôläm

1.  (Kol-yôd`ʺkä) de acordo com os melhores dicioná-


rios, léxicos e gramáticas a palavra é um verbo do tronco qal particípio
plural masculino construto de (yäda`), mais o sufixo da 2ª pessoa
masculino singular, como também o substantivo masculino singular
construto. Significados: saber, aprender e conhecer. É analisada na
masora parva com a seguinte explicação abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 
b) Significado: segundo a Mp, o vocábulo   (yôd`ʺkä) é um
hapax legomenon.

2.  (Bä|`ammîm) de acordo com os melhores dicionários, lé-


xicos e gramáticas a palavra é um substantivo plural masculino abso-
luto de (|`am), mais a partícula preposicional. Significados: nação,
pessoas, compatriotas e família.
3. 
 
 (šämümû) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e gra-
máticas a palavra é um verbo do tronco qal do tempo perfeito da 3ª pessoa
do plural. Significados: estar desolado, espantado, surpreso e pasmo.
4. (`älʺkä) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e
gramáticas a palavra é uma partícula preposicional, mais o pronome
da 2ª pessoa singular masculino. Significado: de ti.
5. (Ballähôt) de acordo com os melhores dicionários, léxi-
cos e gramáticas a palavra é um substantivo plural feminino absoluto.
Significados: terror, destruição, calamidade ou espanto.
176 FABIO SABINO DA SILVA

6.  (häyîºtä) de acordo com os melhores dicionários, léxicos e


gramáticas a palavra é um verbo do tronco qal do tempo perfeito da
2ª pessoa masculino singular de (häyâ). Significados: ser, estar,
existir, acontecer e resultar.
7.  (wü´ênkä) de acordo com os melhores dicionários, léxicos
e gramáticas a palavra é um sufixo adverbial de (´ayin), mais o
sufixo da 2ª pessoa singular masculino, como também a conjunção.
Significados: nada, incurável, nunca, não e nenhum. É analisada na
masora parva com a seguinte explicação abaixo:

a) A nota da Mp é a seguinte: 
b) Significado: segundo a Mp, o vocábulo  (wü´ênkä), consta
duas vezes no texto bíblico hebraico (I Rs 21.5 e Ez 28.19).

8. (`ad-`ôläm) de acordo com os melhores dicionários,


léxicos e gramáticas a palavra é um substantivo masculino singular
absoluto, mais a partícula preposicional. Significados: para sempre,
perpétuo e eternamente.
DELIMITAÇÃO DO TEXTO
CAPÍTULO 26

Introdução

O capítulo que será abordado é distribuído de forma geral em


quatro seções, começando com a fórmula: “assim diz o Senhor Deus”.
Sendo Tiro, o grande rei dos mares, a figura central, o qual é ameaça-
do com destruição.

Pode-se esboçar da seguinte forma abaixo:

a) Primeira seção (Ez 26:2-6) há uma ameaça geral de destruição;


b) Segunda seção (Ez 26:7-14) o inimigo é mencionado através do
seu nome, designado como um poderoso, e sua queda será ine-
vitável;
c) Terceira seção (Ez 26:15-18) é demonstrado o espanto pelos ha-
bitantes das ilhas;
d) Quarta seção (Ez 26:19-21) a ameaça está repetida de uma ma-
neira enérgica e o cumprimento da profecia será inevitável.

1ª Perícope

V.1. E SUCEDEU no undécimo ano, ao primeiro do mês, que veio


a mim a palavra do SENHOR, dizendo:
Análise. Início da argumentação. Possivelmente as expressões
declarantes do ano e mês são tidas como sendo o décimo primeiro
ano do exílio de Jeoaquim, o qual fora o ano da conquista e destrui-
ção de Jerusalém (Jr 52.6; Jr 52.12) a ocorrência dos fatos é pressu-
posto em Ez 26.2.
Entretanto, há omissões do dia do mês, ambos aqui e em Ez 32.17.
Porém, dá a entender na palavra:  (Bü´eHäd= no primeiro) uma
178 FABIO SABINO DA SILVA

indicação do dia do mês, como também a palavra hebraica: 


(laHöºdeš) significando o primeiro mês do ano.
Há uma visão à objeção que a conquista de Jerusalém ocorreu no
quarto mês e a destruição no quinto (Jr 52.6 e Jr 52.12) e não se pode
afirmar que a conquista era de menos importância aos registros de
Ezequiel do que a destruição.
Conclui-se que o dia do mês possivelmente tenha ocorrido por
uma fragmentação do texto, após ser recopiado.

V.2. Filho do homem, visto que Tiro disse contra Jerusalém: Ah!
está quebrada a porta dos povos; virou-se para mim; eu me encherei,
agora que ela está assolada;
Análise. O orgulho exaltado após a destruição de Jerusalém. O rei
deTiro expressou a sua alegria após a queda de Jerusalém, talvez por
ele ser também um mercador, esperava que o lucro aumentasse pela
extensão do seu comércio.
Encontra-se um semântismo na expressão:   (nišBürâ
Daltôt) “(...) está quebrada as portas...”
O plural:  (Daltôt= portas) indica que as dobradiças do portão
se quebrara. Jerusalém era considerada ao meu ver, a porta das nações,
não por ser um centro comercial das nações; mas, no sentido de seu
santo templo ou santuário, ser a referência para as outras nações.
Pois se disser que Jerusalém era um ponto forte no comércio, terei
sérios problemas com a harmonia textual.

V.3. Portanto assim diz o Senhor DEUS: Eis que eu estou contra
ti, ó Tiro, e farei subir contra ti muitas nações, como o mar faz subir
as suas ondas,
Análise. A conclusão do orgulho vem por uma sentença de
Deus.

Resumo geral. O que levou Deus ao profeta foi o orgulho do rei


Tiro, pela queda de Jerusalém; logo após, desencadeia a argumenta-
ção sentencial e por fim é detalhado o juízo.

A primeira perícope é detalhada pelas expressões hebraicas  


(wayühî), verbo da 3ª pessoa do imperfeito masculino singular de
(häyâ). Registrando assim a idéia de começo (do v.1).
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 179

O versículo 2 possivelmente relata um semântismo pela expres-


são: “quebrada a porta”, (nišBürâ Daltôt); entretanto,
alguns são de opinião que a expressão correta é: “negócio ou nego-
ciar”, (rökeºlet), onde o Targum propõe esta mesma nota com
base no capítulo 27.3.
E também a expressão (läkën Kò|-´ämar), traduzido
por: “portanto assim diz...” (V.3), conclui o primeiro argumento.
Observar-se a figura de linguagem inserida no versículo 3, compa-
rando as nações como as ondas que se elevam:        (Küha
`álôt hayyäm lügalläyw).

2ª Perícope

V.4. Elas destruirão os muros de Tiro, e derrubarão as suas torres;


e eu lhe varrerei o seu pó, e dela farei uma penha descalvada.
Análise. Continua a trama e argumentação da sentença.

V.5. No meio do mar virá a ser um enxugadouro das redes; porque


eu o falei, diz o Senhor DEUS; e servirá de despojo para as nações.
Análise. Fim da primeira perícope, o juízo será inevitável.

Resumo geral. Esta argumentação poderia estar associada ao versí-


culo anterior, pois, o versículo inicia-se com uma conjunção:   (heb
wüšiHátû, e destruirão); entretanto, o versículo 4 destaca o que destrui-
ria a cidade de Tiro, o que se tornaria e por fim termina com a expres-
são que o Senhor dissera.

3ª Perícope

V.6. E suas filhas, que estão no campo, serão mortas à espada; e


saberão que eu sou o SENHOR.
Análise. A conjunção demonstra a continuidade da argumenta-
ção sentencial e assim gera um novo início de uma nova perícope. E
sua finalização é registrada pela expressão final, onde afirma que o
Senhor disse.

Resumo geral. A nova perícope passa da pessoa de Tiro, para tratar


especificamente das suas filhas ou talvez das cidades circunvizinhas.
180 FABIO SABINO DA SILVA

Registra a sentença como também o juízo inevitável. O texto da BHS


no final do versículo 6 indica um “parágrafo aberto.”

4ª Perícope

V.7. Porque assim diz o Senhor DEUS: Eis que eu, desde o norte,
trarei contra Tiro a Nabucodonosor, rei de Babilônia, o rei dos reis, com
cavalos, e com carros, e com cavaleiros, e companhias, e muito povo.
Análise. Uma nova conjunção relata uma nova perícope, tratando
agora de um novo personagem, o qual é especificado por um grande
exército.

V.8. As tuas filhas que estão no campo, ele as matará à espada, e


levantará um baluarte contra ti, e fundará uma trincheira contra ti, e
levantará paveses contra ti.
Análise. A sentença ocorre sobre o juízo que virá sobre as filhas e
as técnicas que o inimigo utilizará para dizimar Tiro.

V.9. E disporá os seus aríetes contra os teus muros, e derrubará as


tuas torres com os seus machados.
Análise. A argumentação focaliza sobre a queda dos muros e os
instrumentos que serão utilizados.

V.10. Por causa da multidão de seus cavalos te cobrirá o seu pó; os


teus muros tremerão com o estrondo dos cavaleiros, e das rodas, e dos
carros, quando ele entrar pelas tuas portas, como os homens entram
numa cidade em que se fez brecha.
Análise. Novamente são focalizados o grande exército do inimigo
e seu poderío.

V.11. Com os cascos dos seus cavalos pisará todas as tuas ruas; ao
teu povo matará à espada, e as tuas fortes colunas cairão por terra.
Análise. O argumento é detalhista, pois faz até menção de cascos
de cavalos como também a colunas que eram fortes, que mesmo assim
não suportariam o juízo de Deus.

V.12. E roubarão as tuas riquezas, e saquearão as tuas mercado-


rias, e derrubarão os teus muros, e arrasarão as tuas casas agradáveis;
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 181

e lançarão no meio das águas as tuas pedras, e as tuas madeiras, e o


teu pó.
Análise. O argumento agora detalha as riquezas que existiam e
registra o fim de todas elas.

V.13. E farei cessar o ruído das tuas cantigas, e o som das tuas
harpas não se ouvirá mais.
Análise. Por ser uma cidade festiva, agora haverá luto.

V.14. E farei de ti uma penha descalvada; virás a ser um enxuga-


douro das redes, nunca mais serás edificada; porque eu o SENHOR o
falei, diz o Senhor DEUS.
Análise. Conclui-se o raciocínio voltando ao detalhe do versículo
4. O final da perícope duplica a majestade de Deus por seu nome.

Resumo geral. O argumento é muito mais detalhista, pois procu-


ra focalizar detalhes como a força dos cavalos do inimigo, o nome de
Nabucodonosor e suas estratégias. Há também a repetição da expres-
são: “penha descalvada” e “enxugadouro das redes”. Mesmo assim o
juízo seria inevitável. O texto da BHS no final do versículo 14 indica
um “parágrafo fechado”.

5ª Perícope

V.15. Assim diz o Senhor DEUS a Tiro: Porventura não tremerão


as ilhas com o estrondo da tua queda, quando gemerem os feridos,
quando se fizer uma espantosa matança no meio de ti?
Análise. São detalhados os gemidos das pessoas que iriam ficar
feridas e a grande matança das pessoas de sua cidade.

V.16. E todos os príncipes do mar descerão dos seus tronos, e ti-


rarão de si os seus mantos, e despirão as suas vestes bordadas; se ves-
tirão de tremores, sobre a terra se assentarão, e estremecerão a cada
momento; e por tua causa pasmarão.
Análise. O registro de que os príncipes desceriam, seria de suas
embarcações e não das cidades, pois há alusão da expressão “mar”.
Logo após, adentra conceitos de semântismo nas expressões: “des-
pir as suas vestes bordadas” e “vestirem-se de tremores”. O conceito
de semântismo é luto.
182 FABIO SABINO DA SILVA

V.17. E levantarão uma lamentação sobre ti, e te dirão: Como


pereceste, ó bem povoada e afamada cidade, que foste forte no
mar; ela e os seus moradores, que atemorizaram a todos os seus
habitantes!
Análise. Muda a narrativa para a forma de cantiga ou lamenta-
ção. A admiração da queda é o que se destaca para o profeta.

V.18. Agora, estremecerão as ilhas no dia da tua queda; sim, as


ilhas, que estão no mar, turbar-se-ão com tua saída.
Análise. Encerra se o enredo da narrativa pela conclusão das afir-
mações do que haveria.

Resumo geral. Esta perícope procura detalhar a vizinhança de


Tiro e a grande surpresa que haverá pela sua queda.
Como também a forma da narrativa muda de prosa para a poesia
relatando em hebraico um tricolon (conjunto de três cola que formam
uma estrofe) no versículo 17, no versículo 18 um bicolon e encerrado
por um parágrafo fechado.

6ª Perícope

V.19. Porque assim diz o Senhor DEUS: Quando eu te fizer uma


cidade assolada, como as cidades que não se habitam, quando eu fizer
subir sobre ti o abismo, e as muitas águas te cobrirem,
Análise. A narrativa informa o caos que haverá na cidade.

V.20. Então te farei descer com os que descem à cova, ao povo


antigo, e te farei habitar nas mais baixas partes da terra, em lugares
desertos antigos, com os que descem à cova, para que não sejas habi-
tada; e estabelecerei a glória na terra dos viventes.
Análise. A narrativa detalha a morte e sepultamento de Tiro; mas
também, o triunfo e majestade que haverá após a destruição.

V.21. Farei de ti um grande espanto, e não mais existirás; e quan-


do te buscarem então nunca mais serás achada para sempre, diz o
Senhor DEUS.
Análise. A narrativa finaliza com o caos total e a palavra segura
de destruição pelo Eterno.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 183

Resumo geral. Observa-se que o capítulo procurou detalhar a


causa e o efeito, mas de uma maneira bem minuciosa, onde não have-
ria a probabilidade de restauração.

Conclusão do Capítulo 26. Dentro de todas as observações, pode-


se detalhar que o capítulo aborda os seguintes ditames de caracterís-
ticas aos textos proféticos:
a) Encargo confiado ao mensageiro (V.1-3); b) Acusação
(fundamentação,V.3); c) Desenvolvimento da acusação (V.4-6); d) Fór-
mula da mensagem (, nos versículos 5,7,14 e19); e) Anúncio do juízo
– isto é intervenção de Deus (V.3-14); f) Anúncio do juízo – isto é con-
seqüências (V.15-21) e g) Assinatura de conclusão: 
   (V.21-
diz o Senhor DEUS).
DELIMITAÇÃO DO TEXTO
CAPÍTULO 27

1ª Perícope

V.1. E VEIO a mim a palavra do SENHOR, dizendo:


Análise. Admirar-se a forma que Deus fala com Ezequiel, pois
a primeira atestação desta oração está registrada no capítulo 3.16 e
o assunto é justamente: rebeldia, desobediência e destruição. E todas as
ocorrências deste tipo de oração estão relacionadas com o mesmo.

V.2. Tu pois, ó filho do homem, levanta uma lamentação sobre Tiro.


Análise. O que há na verdade é um canto fúnebre, para contrastar
o estado anterior e o posterior.

V.3. E dize a Tiro, que habita nas entradas do mar, e negocia com
os povos em muitas ilhas: Assim diz o Senhor DEUS:
Análise. A expressão: “entradas do mar”, possivelmente insinua por-
tos, pois a palavra está no plural. Contudo, alguns estudiosos relatam ou-
tras conotações com base em outras formas atestadas e abreviadas como
o Fenício que propõem a forma ,(mübô´),  (mübô´ôt),
(mübô´ê), (mübô´ekä), como em II Sm 3.25.1 Todavia, por
haver várias formas de atestações da palavra, houve várias conota-
ções propostas, veja:

a) A palavra com o sentido de “entrada”. A Septuaginta prin-


cipalmente relata a forma: (eísodos) com esse sentido
aqui (Ez 27.3), como também em Ez 42.9;

1
Cf. C. Jean, & J. Hoftijzer. Dictionnaire des Inscriptions Sémitiques. 1965, p. 141;
A. Schwarzenbach. Die Geographische Terminologie im Hebräischen des Alten Testa-
ments. 1954, p. 79f.
186 FABIO SABINO DA SILVA

b) A palavra com o sentido de “acesso”. Entretanto é uma leitura


conjectural a forma (hayyäm)(mübô´), (ter acesso ao
o mar) em Ez 27.3;2
c) A palavra com o sentido de “descida”. Especialmente relacio-
nado ao sol, conforme as seguintes passagens: Dt 11.30; Js 1.4;
23.4; Zc 8.7; Ml 1.11; Sl 104.19.

Análise. A expressão: “e negocia com os povos em muitas ilhas....”.


É proposto que Tiro possuía dois grandes portos, um ao norte chama-
do Sidônios, porque estava ao lado de Sidom e o outro do lado oposto,
ao sul do oriente, que foi chamado de Egípcio por estar na direção do
qual apontava. O Sidônios (nome dado ao porto) era o mais celebre
dos dois e consistia em um porto interno, situado dentro da cidade e o
outro, exterior, que era tido como um ancoradouro, no qual os navios
podiam ancorar.3

Resumo geral. Analisa-se que o autor inicia sua argumentação afir-


mando que a palavra de Deus veio a ele; logo após, desencadeia a argu-
mentação de juízo iniciado pela palavra “lamentação”. O autor procura
detalhar a potência de Tiro em negociações, como também acesso de
outros navios em seus portos, onde muitas pessoas poderiam entrar,
admirar a beleza e a formosura da cidade. E finalizando a perícope, en-
contra-se a assinatura de conclusão: 
    (V.3- diz o Senhor
DEUS).

2ª Perícope

V.4. Ó Tiro, tu dizes: Eu sou perfeita em formosura. No coração


dos mares estão os teus termos; os que te edificaram aperfeiçoaram a
tua formosura.
Análise. Na verdade a expressão: “Ó Tiro, tu dizes: Eu sou per-
feita em formosura”, em quase todas as Bíblias (português), está co-
nectado ao “versículo 3”; entretanto, inseri como fazendo parte do
versículo 4, por haver mudança de linguagem. É claro que a razão

2
Cf. A. Schwarzenbach. Die Geographische Terminologie im Hebräischen des Alten Testa-
ments. 1954, p. 79f.
3
Cf. F. Delitzch. J. Keil. Commentary on the Old Testament. 1894.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 187

da expressão: “Eu sou perfeita em formosura”, está associada em


pontos estratégicos pelos seus portos e ao mesmo tempo, tinha o
mundo de sua época em sua dependência; mas, infelizmente entrou
o orgulho e devido a sua grande riqueza dá início a argumentação
do juízo.

V.5. Fabricaram todos os teus conveses de faias de Senir; trouxe-


ram cedros do Líbano para te fazerem mastros.
Análise. Observa-se que o autor procura detalhar os materiais uti-
lizados na construção das embarcações relatando: “materiais e locais”.
Observe os materiais e locais para fins de compreensão.

1. Materiais utilizados

a) Relatarei sobre a expressão: (...) conveses de faias...

Análise. (lù|Hötäºyim), substantivo absoluto dual masculi-


no de (lûªH), significados: tablete (pedra) e tábua. Entretanto, há
variações da forma da escrita por outros idiomas. O Ugarítico pro-
põem a forma “lhÌ”.4 Já o Aramaico Judaico e o Siríaco relatam a forma
((lûHä´) e o Acadiano a forma leÒÀu, significa tablete de madeira,
pedra ou de metal.5 O que mais chama a atenção é que a forma gra-
matical do substantivo está no “dual” dando a idéia de tábuas dobra-
das; isto é, colocadas em uma ordem dobrada ou nos dois lados dos
quais os navios consistiam ou recorrendo aos dois lados da proa e a
popa. Segundo alguns estudiosos a BHS omitiu o “soph pasuq”; ou
seja, deveria encerrar o versículo após essa palavra. Por qual razão
deveria? Na verdade, dá a entender que os conveses eram feitos de
dois materiais, tanto de “faias” como de “cedros” sem o ponto final;
entretanto, havendo o ponto final, o cedro será a matéria prima ape-
nas dos mastros.6

4
Cf. C. Gordon. Ugaritic Textbook. 1965, p. §19: 1358.
5
Cf. E. S. Drower & R. Macuch. Mandaic Dictionary. 1963, p. 232; V. Soden. Akkadis-
ches Handwörterbuch. 1965, p. 546; G.R. Driver. Semitic Writing. 1948 (second revised
ed. 1954; third revised ed. 1976), p. 79.
6
Cf. Baumgartner, Walter & Koehler, Ludwig. The Hebrew and Aramaic Lexicon of the
Old Testament. Vol. II, tópico 4590.
188 FABIO SABINO DA SILVA

Análise. (Bürôšîm), substantivo plural masculino de


(Bürôš), significados: cipreste, junípero e faia. Entretanto, há va-
riações da forma da escrita por outros idiomas. O Aramaico Judaico
propõem a forma defectiva: (Bürotä´), já o Aramaico Targúmi-
co relata a forma plena: (Bürôtä´), concordando também com a
forma plena o Siríaco e o Aramaico Palestínico Cristão. Entretanto, o
Acadiano discorda na sua forma proposta pelos antecedentes, rela-
tando assim a forma: buraÒsëu, com a conotação de “juniper” (zimbro).7

b) Relatarei sobre a expressão: (...) cedros – para te fazerem mastros.

Análise. (´eºrez), substantivo masculino singular absoluto.


Significado: cedro. Entretanto, há variações da forma da escrita por
outros idiomas. O Ugarítico relata a forma: arz, já o Aramaico e o Ara-
maico Egípcio a forma (´arzä´).8

Análise. (Töºren), substantivo masculino singular absoluto.


Significados: baliza, mastro ou pau para bandeira. Entretanto, há va-
riações da forma da escrita por outros idiomas. O Acadiano relata a
forma waruÖm, aruÖ, com o sentido conduzir; porém é proposto a raiz:
twr: O Acadiano também relata uma outra forma taÖru(m) com a seguin-
te conotação: virar, em círculo e rodar em volta.9 O Ugarítico relata a
forma: twr, com o sentido de revolver e virar uma roda.10 O Aramaico
Judaico trás a forma (Turnä´) correspondendo a um mastro.11

2. Locais geográficos

a) Comentário sobre a palavra Senir.

Análise. Em questões etimológicas pode se ter as seguintes refe-


rências:  (Sünîr) nome de uma montanha, o Pentateuco Samaritano

7
Cf. A. Salonen. Nautica Babylonica. 1942, p. 97; C. Brockelmann. Vergleichende Gram-
matik. 1951, p. 185.
8
Cf. Baumgartner, Walter & Koehler, Ludwig. The Hebrew and Aramaic Lexicon of the
Old Testament. Vol. I, tópico 861.
9
Cf. V. Soden. Akkadisches Handwörterbuch. 1965, tópico 1373a
10
Cf. C. Gordon. Ugaritic Textbook. 1965, p. §19: 2539.
11
Cf. M. Dietrich, O. Loretz & J. Sanmartin. Die keilalphabetischen Texte aus Ugarit.
1976, p. 689: 5.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 189

propõe a forma: sëinnÝr, já a LXX: , o Aramaico relata a expres-


são . O Arábico propõe a forma SaniÒr: Sanir, montanha ao
norte de Damasco e ao sul do Líbano. Dt 3.9; Ez 27.5; Ct 4.8, I Cr 5.23
de acordo com Dt 3.9 a expressão: Å(Sünîr ou šünîr)é traduzida
pelos amorreus de: (Hermôn), mas em Ct 4.8 e I Cr 5.23 a pala-
vra: Å(Sü´ Hermôn) é uma forma distinta, enquanto em Ez 27.5
(compare com o paralelo: ) o Líbano pode ser denotado como um
todo.12

Análise. Em questões históricas e bíblicas pode se ter as seguin-


tes referências: Senir era a forma que os Amoritas nomeavam. Mas
segundo Dt 3.9 é Hermon. Mas em I Cr 5.23 e Ct 4.8 se têm Senir e
Hermon nomeados como montanhas distintas. Porém, parece prová-
vel que Senir fora aplicado como uma parte definida do Anti-Líbano
ou do Hermon. Uma inscrição de Salmaneser, fala que Azael, rei de
Damasco que fora fortalecido. Em Ez 27.5 Senir de onde Tiro adquiriu
cedros. Os geógrafos árabes denominam o nome de Jebel Sanir para a
parte do Anti-Líbano que fica entre Damasco.13

b) Comentário sobre a palavra Líbano.

Análise.(lübänôn) pode haver também a forma defectiva da


palavra (lübänön). A palavra é o nome de uma montanha. O Uga-
rítico propõe a forma: Lbnm ou LabnaÒna.14

Análise. Em questões históricas e bíblicas há as seguintes refe-


rências. Como uma montanha entre o mediterrâneo e o deserto. Ou
também a casa do bosque do Líbano: (Bêt yaº`ar) veja: I Rs 7.2;
10.17-21; II Cr 9.16-20.

12
Cf. J. A. Fitzmyer. Genesis Apocryphon of Qumran Cave I. 1966 (second ed. 1971),
Cp xxi:11, p. 148.
13
Cf. Welt. N. Die Welt des Alten Testaments. 1962 (fourth ed.), p. 54f; Land. Formel-
hafte Wendungen der Umgangssprache im Alten Testament. 1949, tópico 2: 112, em
especial a nota 102, como também; J. Simons. Geographical and Topographical Texts
of the Old Testament. 1959, p. §228; E. B. Reicke & L. Rost. Biblisch-Historisches Hand-
wörterbuch. 1-3, 1962-6, p. 1772.
14
Cf. W. M.Arnold. A Concise Dictionary of the Assyrian Language. 1905, p. 471.
190 FABIO SABINO DA SILVA

V.6. Fizeram os teus remos de carvalhos de Basã; os teus bancos


fizeram-nos de marfim engastado em buxo das ilhas dos quiteus.
Análise. Nota-se que o autor procura detalhar os materiais utili-
zados na construção das embarcações, relatando: “materiais e locais”.
Observe os materiais e locais para fins de compreensão.15

1. Materiais utilizados

a) Sobre a expressão: (...) remos de carvalhos...

Análise.(mäšô†), ou (miššô†), substantivo masculino


singular absoluto. Significado: remo.

Análise.  (´allônîm), substantivo plural masculino absoluto


de (´allôn). Significados: carvalho ou grande árvore. Entretanto,
há variações da forma da escrita por outros idiomas. O Acadiano rela-
ta a forma: al(i)aÒnu como sendo uma árvore.16

b) A expressão, (…) bancos – de marfim engastado em buxo...

Análise.(qeºreš), substantivo masculino singular absoluto.


Significado: tábua. Entretanto, há variações da forma da escrita por
outros idiomas. O Pentateuco Samaritano propõem a forma qeÒraâsë. Já
o Aramaico Judaico a forma (qùršä´) com o sentido de tábua. O
Ugarítico relata a forma qrsë.17 Todavia, o significado e derivação são
tidos por incerto, algumas sugestões foram propostas acerca da cono-
tação da palavra e são elas:

1. Residir, residência e literalmente “o que é fixo” proposto do


Arábico a forma: qarisa, onde registra também a conotação de gelar ou
estar duro.18

15
Cf. J. Simons. Geographical and Topographical Texts of the Old Testament. 1959,
p. 344ff.
16
Cf. V. Soden. Akkadisches Handwörterbuch. 1965, tópico 36a.
17
Cf. H. Bauer & P. Leander. Historische Grammatik der Hebräischen Sprache. 1922
(repr. 1969), p. 458s.
18
Cf. J. Gray. The Legacy of Canaan.1957 (second ed. 1965), p. 114.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 191

2. Montanha, algo maciço, duro, sólido e congelado.19


3. Como um equipamento de um navio (banco); porém, o sig-
nificado é incerto, como também muitas versões diferem. Contudo,
alguns estudiosos propuseram as seguintes notas: “enfeitar” (verbo)
ou “cobertura” (substantivo). Como também “sala de estar” ou um
“quarto pequeno”.20

Análise. (šën), substantivo absoluto singular. Significados: den-


te, marfim, pedra pontuda e afiada.

Análise. Segue abaixo as versões em português que divergem mui-


to entre elas em relação a palavra hebraica: (Bat-´ášùrîm).
Algumas versões apresentam o sentido de: “engastado em buxo” e
“engastado em pinho”, como também, a expressão: “a companhia dos
assírios”.

ACF. Ez 27:6 (...) marfim engastado em buxo das ilhas dos quiteus.

ARA. Ez 27:6 (...) marfim engastado em pinho das ilhas dos quiteus.

ARC. Ez 27:6 (...) a companhia dos assírios fez os teus bancos de


marfim das ilhas dos quiteus.

Comentário. É muito complexa a forma que o texto hebraico re-


lata a palavra, segundo a nota da Mp, a palavra trata-se de um “ha-
pax legomenon”; ou seja, não existe em nenhum outro lugar do Antigo
Testamento essa palavra, mas o que aconteceu e qual a origem da
mesma?
E o que levou haver divergência entre as versões em português?
qual a razão de cada uma ter inserido alteração no texto?
O que diz o aparato crítico da BHS referente ao mesmo? Segue
uma averiguação do que talvez poderia ter ocorrido:

19
Cf. G. R. Driver. Canaanite Myths and Legends. 1956 (repr. 1971; revised by J. C. L.
Gibson 1978), p. 53 e 157b.
20
Cf. Dijk, H. J. Van. A Neglected Connotation of three Hebrew verbs. 1968, p. 16-30;
F. Zorrel. Lexicon Hebraicum et Aramaicum Veteris Testamenti. 1954 (second
ed. 1962).
192 FABIO SABINO DA SILVA

a) O problema que se encontra é a palavra: “filha” (= Bat) onde


uma versão em português procurou inseri-la em sua tradução
com o sentido de: “companhia”.
A palavra hebraica para filha tem várias conotações: menina, filha
adotada, nora, irmã, netas, criança, prima, como personificação (al-
deia, país, cidade) e companhia.
Porém, o uso da palavra hebraica: (Bat) não se harmoniza com
relação à palavra marfim.
O Targum parafraseou () com
o sentido de algo dentro ou engastado com marfim.
O aparato crítico propõe que a divisão da palavra em duas
(Bat-´ášùrîm) é duvidosa; pois, há uma variante propondo
ser lida como uma palavra com o sentido de “com marfim”.
Mas se propuser a consoante sem as suas vogais, ou até mesmo
mudar uma única vogal, observa-se á que dará o nome de uma deusa
(Asherah), ou seja, a palavra hebraica em seu estado consonantal po-
deria aludir a forma (´ášërîm), e não (´ášùrîm).
O qual concorda com a palavra filha, pois ambas as palavras estão
no feminino. Talvez o escriba por questões teológicas, acabou omitin-
do o nome da deusa. Mesmo assim, não há uma forma clara de inter-
pretação. Apenas conjectura.
Resumo. Em todo caso, Ezequiel menciona a palavra como um tipo
de madeira, embora não se pode determinar com certeza a que madeira
ele se refere ou de qual lugar procedia. O que se destaca é que a descri-
ção inteira tem um caráter ideal e como conceito, a aplicação de vários
tipos de madeira para as partes das embarcações, se destaca evidente-
mente por questão da poesia, apenas para realçar seus detalhes.

2. Locais geográficos

a) Comentário sobre a palavra Basã.


Análise. (bäšän). A Septuaginta conota a forma (basan),
com o significado de “planície fértil”. Já o Arábico relata a forma ba-
tÑanat, butÑiÒnat.21

21
Cf. B. Maisler. A Genealogical List from Ras Shamra. 1936, p. 9: 80ff.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 193

Análise. Em questões históricas e bíblicas pode ter as seguin-


tes referências. Basã era uma planície extraordinariamente rica, com
um grande pasto para os gados. Uma região com grandes cidades.
Havia uma grande fortaleza no cume da montanha. Basã fora conhe-
cida pelos seus famosos carvalhos (Is 2.13; Ez 27.6). Os “touros de
Basã” representavam uma força brutal (Sl 22.12). Um dos grandes
reis de Basã era Ogue o Amorita. A sua derrota em Edrei marcou o
fim do seu reinado (Nm 21.33 cf. Js 13.11) e assim a terra foi dada à
meia tribo de Manassés (Js 13:30). Nas guerras sírias, Basã foi der-
rotado por Israel (I Rs 22.3 cf. II Rs 8.28; 10.32), mas foi recuperado
por Jeroboão II (II Rs 14.25). No 2º século a.C. estava nas mãos dos
Nabateus. Formou parte do reino de Herodes, o Grande e depois
pertenceu a Felipe e Agripa II.22

b) Comentário sobre a palavra quiteus.

Análise. (KiTTiyyim). A palavra em hebraico tem várias for-


mas registradas na BHS e são elas: (KiTTiyyîm), (KiTTîm)
Is 23.12 (qerê ), (KiTTiyyim), Ez 27.6 e (KiTTim),Gn 10.4;
Nm 24.24; Is 23.1-12. O Pentateuco Samaritano e alguns manuscritos
encontrados na 4ª caverna de Qumran do livro de Naum, relatam a
forma , como também descobertas da 1ª caverna de Qumran do
livro de Habacuque relata a forma .23 Todavia, o Ugarítico tem
dúvida concernente a consoante mediana k(?)t .24

Análise. Em Gn 10.4 a palavra é aplicada aos descendentes de


Javã e indica raças de cujo território estendeu ao longo das costas do
mediterrâneo. Ao lado de Quitim são mencionados, Elisá, Társis e Do-
danim (cf. Rodanim em I Cr 1.7). Alguns estudiosos acham que eram
os habitantes do porto de Chipre. Conjectura com base em Jr 2.10 onde
a palavra é mencionada.

22
Cf. Guthe, Bibelatlas. Zeitschrift des Deutschen PalÄstina. p. 31: 231ff; The Internatio-
nal Standard Bible Encyclopedia. Revision published in 1939, tópico 1188.
23
Cf. R. Meyer. Hebräische Grammatik. Berlin, 1966, p.7. 2; E. Würthwein. Der Text
des Alten Testaments. 1952 (fourth ed. 1973); p. 19f; E. Lohse. Die Texte aus Qumran.
1964 (second ed. 1971; third ed. 1981), p. 10.
24
Cf. C. Gordon. Ugaritic Textbook. 1965, p. §19: 1319.
194 FABIO SABINO DA SILVA

V.7. Linho fino bordado do Egito era a tua cortina, para te servir
de vela; azul e púrpura das ilhas de Elisá era a tua cobertura.
Análise. Observa-se que o autor procura detalhar os materiais
utilizados na construção das embarcações, relatando: “materiais e lo-
cais”. Veja os materiais e locais para fins de compreensão.

1. Materiais utilizados

a) Sobre a expressão: “Linho fino bordado”... “era tua cortina.”..,

Análise.     (šëš-Büriqmâ). Significado: algo alvejado, bran-


co, linho, alabastro e mármore. Enquanto a segunda palavra, sendo um
substantivo feminino singular absoluto: trabalhado, enchido e bordado.
Contudo, há variações da forma da escrita por outros idiomas. É propos-
to que a “raiz semítica” seja: sëdtÑ.25 Já o Ugarítico propõe a forma ttÑ.26

Análise. (mipräS), substantivo masculino singular absoluto.


Significados: esparramar fora ou propagar. Mas, há variações da for-
ma da escrita por outros idiomas. O Arábico propõe a forma: mifrasë,
com o sentido de “toalha de mesa”; porém, há uma outra forma mi-
frasëat, com o sentido de “cobertura”.27

b) A expressão “azul e púrpura”...

Análise.   (Tükëºlet), substantivo feminino singular absoluto. Sig-


nificados: violeta e azul. Mas, há variações da forma da escrita por outros
idiomas. Alguns estudiosos têm o conceito que o substantivo provavel-
mente origina-se do Fenício. Porém, não foram encontradas atestações
em documentos fenícios, mas poderia ter uma pronúncia semelhan-
te ao Hebraico, Aramaico e Acadiano.28 A Septuaginta relata a forma

25
Cf. G. Bergsträsser. Einfuhrung in die Semitischen Sprachen. 1928 (Darmstadt 1963),
p. 191.
26
Cf. C. Gordon. Ugaritic Textbook. 1965, p §7: 14; cf. §19: 2657 e 2766.
27
Cf. Baumgartner, Walter & Koehler, Ludwig. The Hebrew and Aramaic Lexicon of the
Old Testament. Vol. II, tópico 5509.
28
Cf. R. Gradwohl. Die Farben im Alten Testament. BZAW 83, 1963, p. 67f. De acordo
com H. Bauer & P. Leander. Historische Grammatik derHebräischen Sprache. 1922
(repr. 1969), p. 234.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 195

(hyákinthos) e a forma do adjetivo: (hyakínthinos)


formas quase que semelhantes. A informação da produção de mate-
riais tingidos, inclusive o vermelho, que são produzidas ambas as
tinturas roxas de moluscos, produzidos das secreções das glându-
las do verdadeiro caracol que é encontrado no Oceano Atlântico. A
tintura era usada para materiais, tapetes, panos, artigos de vestuário
e linhas.29 Especialmente para artigos de vestuário Ez 23.6; 27.24; Et
8.15; além de outros casos Ez 27.7 para embarcações e revestimento da
parede do palácio Persa, Et 1.6.

Análise. (´arGämän), substantivo masculino singular abso-


luto. Significados: roxo e púrpura. No entanto, há variações da forma
da escrita por outros idiomas. O Ugarítico propõe a forma argmn. Já
o Acadiano a forma argamannu, conotando o sentido de “púrpura”
talvez proveniente dos Quiteus.30

2. Locais geográficos

a) Comentário sobre a palavra Egito.

Análise. (micraºyim). O Pentateuco Samaritano propõe a


forma: misÌrem, já a Septuaginta relata a forma (Mesrain) ou
(Mesraia). O Acadiano duas formas: MusÌur/sÌru, MisÌir. A lín-
gua Pérsica Antiga: MudraÒya, . Todos com o sentido de Egito.31

Análise. Havia quatro tipos de linho no Egito chamado de: Taniti,


Pelusia, Buti e Tentyriti, nomes derivados de províncias onde foram
produzidos. Do segundo tipo foram feitos os artigos das roupas dos
sacerdotes entre os judeus (Misn. Yoma, c. 3. sect. 7); pois, as rou-
pas eram feitas de linho que vieram de Pelusium, uma cidade bem

29
Cf. R. Gradwohl. Die Farben im Alten Testament. BZAW 83, 1963, p. 70f.
30
Cf. C. Gordon. Ugaritic Textbook. 1965, p. 340; J. Friedrich. Hethitisches Wörterbuch
(mit Ergängzungsheften) 1952, p. 30.
31
Cf. W. Brandenstein, M. Mayrhofer. Handbuch des Altpersischen. 1964, p. 133; V. So-
den. Akkadisches Handwörterbuch. 1965 tópico 659; Gordon. Ugaritic Textbook. 1965,
p. §19: 860; Albright, William Foxwell. Recent Progress in North-Canaanite. 1938, p.
18-23; B. Reicke, L. Rost. Biblisch-Historisches Handwörterbuch. 1-3, 1962-6, p. 31ff.
196 FABIO SABINO DA SILVA

conhecida no Egito, se diz que era o melhor e de maior estima (T. Bab.
Yoma, fol. 34. 2.). Os fenícios dos quais Tiro era a cidade principal, le-
vou linho do Egito e comercializou com outras nações, como também
fez uso para eles, particularmente com os etíopes, os habitantes da
ilha de Cernes. A Bíblia faz menção da palavra Egito por várias vezes
Gn 10.6-13; 12.10; 13.10; Is 19.18.32

b) Comentário sobre a palavra Elisá.

Análise. (´élîšâ). O Pentateuco Samaritano propõe a for-


ma: ellesë, a Septuaginta: (elisa), já o Sumeriano a forma: Alasë e o
Acadiano: sinnu, ambos com o sentido de cobre.33

Análise. Parte do Peloponesu, estendendo ao longo da costa oci-


dental da Arcádia, norte de Messênia e ao sul da Acáia. Mencionado
em Gn 10.4 como o filho primogênito de Javã e em Ez 27.7 como a fon-
te da qual Tiro obteve as suas tinturas. Na busca de acharem um local
para os dias de hoje, tentativas foram feitas e alguns identificaram ao
sul da Itália ou o norte da África. Josefo (Ant., I, vi, 1) identificou Elisá
com o Aeolians. O Targum em Ezequiel sugere “uma província da
Itália”. Outras traduções incluem Hellas, Ells e Alsa, o último nomeado
é um reino mencionado nas cartas de Tel el-Amarna, mas seu local
preciso é desconhecido. Ainda é impossível como reivindicar certeza
para quaisquer destas conjecturas.34

Resumo Geral. O autor procurou especificar detalhes de mate-


riais utilizados nas embarcações, relatando sempre “dois materiais” e
“duas cidades” ou “dois lugares geográficos”. Desde os versículos 5-7
o mesmo procurou detalhar sempre a duplicidade de materiais e luga-
res. E isso demonstra os conhecimentos das causas e fatos. A pergunta
que surge é, ele conheceu todas as cidades e materiais? Vivenciou ou
comercializou com Tiro para especificar todos os detalhes? Ou é uma
fonte posterior os quais os compiladores em sua época alteraram e

32
Cf. Baumgartner, Walter & Koehler, Ludwig. The Hebrew and Aramaic Lexicon of the Old
Testament. Vol. II, tópico 5570; G. John. Exposition of the Entire Bible. (Ez 27.7), 1771.
33
Cf. D. Georges. Debir (Muséon). 1948, p. 61: 38f.
34
Cf. Stanley, M. Dr. The International Standard Bible Encyclopedia. 1939, tópico 2998.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 197

incluíram outros pontos? Segundo o livro de Gênesis alguns dos no-


mes já continham seus registros (Gn 10.4), mas não os detalhes; será
que o autor utilizou a história antiga, para complementar às de agora?
Vejo que sim, Ezequiel fazia parte de uma família sacerdotal e isso lhe
dava suporte histórico e real.

3ª Perícope

V.8. Os moradores de Sidom e de Arvade foram os teus remado-


res; os teus sábios, ó Tiro, que se achavam em ti, esses foram os teus
pilotos.
Análise. O autor passa dos materiais para os trabalhadores, essa é
a causa de iniciar uma nova perícope, para isso basta analisar os deta-
lhes do que faziam e os lugares mencionados.

1. Trabalhadores

a) Comentário sobre os “remadores” e “pilotos”.

Análise. (šä†îm), verbo do tronco qal particípio masculino


plural absoluto. Significados: ir, perambular, ir para cá e para lá, mari-
nheiros e remadores. Mas, há variações da forma da escrita por outros
idiomas. O Aramaico Judaico e o Aramaico Antigo propõem a raiz de
(šô†). Já o Pentateuco Samaritano em Nm 11.8 relata o verbo do
tronco qal, mas sendo uma variante do hitpael.35 Porém, o Aramaico
Palestínico Cristão conota o sentido de “vagar aproximadamente, pu-
xar ou mover de um lado para outro”.36 O Acadiano propõe a forma
sëaÖtÌu, com o sentido de “puxar ou arrastar”.37

Análise. (Hôbël), substantivo singular masculino absoluto.


Significados: marinheiros e piloto. Entretanto, há variações da forma

35
Cf. H. Donner & W. Röllig. Kanaanaische und Aramäische Inschriften. 1-3, 1962-4,
p. 222 a: 24; C. Jean, J. Hoftijzer, Dictionnaire des Inscriptions Sémitiques de lrs.ouest.
1965, p. 293; R. Degen. Altaramäische Grammatik der Inschriften des 10.-8. Jahrhun-
derts vor Christus. 1969, p. 45, 75, 87, onde relata o infinitivo perfeito.
36
Cf. E. S. Drower & R. Macuch. A Mandaic Dictionary. 1963, p. 454a.
37
Cf. V. Soden. Akkadisches Handwörterbuch. 1965, tópico 1205a.
198 FABIO SABINO DA SILVA

da escrita por outros idiomas. O Arábico propõe a forma sÌaraÒriÒy, com


o sentido de marinheiro, sua raiz é sÌarra, com o sentido de “puxar”.38

2. Locais geográficos

a) Comentário sobre a palavra Sidom.

Análise. (cîdô) e (cîdön) conforme os textos de Gn 10.15-


19; 49.13 e I Cr 1.13. O Pentateuco Samaritano relata a forma sÌiÒdon, as
escritas Cuneiformes a forma SÌiduÒnu, como também as Cartas de Tel
El Amarna.39

Análise.Uma das cidades fenícias mais antigas, situada em uma


planície estreita entre o Líbano. Possuía dois portos protegidos por
pequenas ilhas. A data de sua fundação é desconhecida, mas há re-
gistros dela nas cartas de Tel El-Amarna do 14º século a.C. segundo
Gn 10.19 é a cidade principal dos Cananeus. Josué (Js 11.8) chama de
a grande Sidom. Conduziu todas as cidades fenícias em negócios ma-
rítimos, seus marinheiros ao navegarem de noite, eram guiados pelas
estrelas. Sidom fora destaque por seus artesãos em prata, bronze, te-
cidos e bordados.40

b) Comentário sobre a palavra Arvade.

Análise. (´arwad). De uma forma duvidosa uma ilha-cidade


ao norte da Fenícia. O Siríaco relata a forma .41

Análise. Uma cidade ao largo da costa da Síria. Possuia uma ma-


rinha poderosa e seus navios são mencionados nos monumentos do

38
Cf. S. Fraenkel. Die Aramäischen Fremdwörter im Arabischen. 1886 (repr. Hildesheim
1962), p. 215.
39
Cf. S. Parpola. Neo-Assyrian Toponyms. (Neukirchen e Vluyn. Veröffentlichungen zur
Kultur und Geschichte des alten Orients und des Alten Testaments. p. 6.), 1970, p. 322f.
40
Cf. J. Simons. Geographical and Topographical Texts of the Old Testament. 1959, p. 191f;
B. Maisler. Untersuchungen zur alten Geschichte und Ethnographie Syriens und Paläs-
tinas. 1930, p. 7ff; Canaan and the Canaanites. 1946, p. 7-11.
41
Cf. N. Martin. Zum Ursprung der Phönikischen Küstenstädte. 1947-52, p. 1: 25; B. Rei-
cke & L. Rost. Biblisch-Historisches Handwörterbuch. 1-3, 1962-6, p. 1: 133.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 199

Egito e da Assíria. Teve sua própria dinastia, alguns dos nomes de


seus reis foram recuperados. Seus habitantes são mencionados em Gn
10.18 e em Ez 27.8,11 onde relata seus marinheiros e soldados ao ser-
viço de Tiro. Sua independência dominou algumas de suas cidades
vizinhas. Tutmés III, do Egito, a levou em uma campanha ao norte da
Síria (1472 a.C.). Há registros nas cartas de Tel El-Amarna que estava
associada com os Amoritas. Sua importância marítima é indicada pe-
las inscrições dos reis assírios.42

V.9. Os anciãos de Gebal e seus sábios foram em ti os que con-


sertavam as tuas fendas; todos os navios do mar e os marinheiros se
acharam em ti, para tratarem dos teus negócios.
Análise. O autor passa dos materiais para os trabalhadores, para
isso basta analisar os detalhes do que faziam e os lugares mencionados.

1. Locais geográficos

a) Comentário sobre Gebal.

Análise. (gübal). O Ugarítico propõe a forma Gbl, já o Assírio


a forma Gublu. Todavia, a Septuaginta relata a forma (B×blioi),
já o grego a forma (B×blos).43

Análise. Uma cidade da antiga fenícia. Era um dos portos prin-


cipais da Fenícia e teve um porto para navios pequenos. Foi consi-
derada como uma cidade santa pelos anciões. Fílo menciona que foi
fundada por Kronos e era sagrado à adoração de Beltis e depois Adonis,
cujos ritos eram anualmente célebres. É mencionado em Js 13.5 como
a terra do Gibleus. Os Gibleus são mencionados em I Rs 5.18 como tra-
balhadores da construção do templo de Salomão. A menção de Gebal
é encontrada nas Cartas de Tel El-Amarna. Foi dependente do Egito
nos dias de Tutmés III e estava a serviço dos governadores egípcios;
mas, no reinado de Amenotepe IV (Ikhnaton), os Hititas e Amoritas
do Norte atacaram o território de Gebal e seu governador escreveu

42
Cf. The International Standard Bible Encyclopedia. Revision 1939, tópico 781.
43
Cf. J. Simons. Handbook of Egyptian Topographical Lists. 1937, p. 217; B. Reicke & L.
Rost. Biblisch-Historisches Handwörterbuch. 1-3, 1962-6, p. 1: 293f.
200 FABIO SABINO DA SILVA

cartas a Amenotepe, solicitando ajuda. Gebal ficou independente


posteriormente, como é relatado pelos registros de Ramesés IX (1442-
1423 a.C.). A cidade submeteu-se a Alexander, o Grande sem oposição
e forneceu uma frota para o ajudar no assédio a Tiro (332).44

Resumo. Vemos que aqui o autor procura destacar sua grandeza


por parte daqueles que o serviam em seu comércio.

4ª Perícope

V.10. Os persas, e os lídios, e os de Pute eram no teu exército os


teus soldados; escudos e capacetes penduraram em ti; eles manifesta-
ram a tua beleza.
Análise. O poema é interrompido por uma enumeração pormenori-
zada das relações comerciais de Tiro, que não faz parte do oráculo divino.
Como também a forma inicial da narrativa muda; ou seja, nos versículos
antecedentes o autor não começava de imediato relatando um nome de
uma cidade ou ponto geográfico como é o caso aqui, o que demonstra
uma nova perícope. Basta para tanto, detalhar os locais geográficos.

1. Locais geográficos

a) Comentário sobre Persas.

Análise. (Päras). É o nome de uma nação. O Antigo Persa re-


lata a forma PaÒrsa, já o Babilônico Parsu. O Arábico a forma FaÒris.45

Análise. Na Bíblia (II Cr 36.20,22,23; Ed 1.1,8; Et 1.3,14,18; 10.2; Ez


27.10; 38.5; Dn 8.20; 10.1; 11.2) este nome denota a província moderna
de Fares. A província consistia em montanhas altas, íngremes e pla-
naltos, com vales férteis. Tiro tinha feito a melhor provisão para sua
defesa. Manteve um exército de tropas mercenárias de países estran-
geiros para proteger suas colônias e estender suas determinações.

44
Cf. Stanley, M. Dr. The International Standard Bible Encyclopedia. 1939, tópico 3691.
45
Cf. E. S. Drower & R. Macuch. A Mandaic Dictionary. 1963, p. 364b; B. Reicke &
L. Rost. Biblisch-Historisches Handwörterbuch. 1-3, 1962-6, p. 1423-1426; J. Simons.
Geographical and Topographical Texts of the Old Testament. 1959, p. 193.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 201

b) Comentário sobre Lídios.

Análise. (lûd). Palavra que tem suas variações de escrita.


Sua forma plural pode ser atestada por duas formas:  (lûdîm) e
(lûdiyyîm) conforme I Cr 1.11 sendo esse um ketiv. A Septua-
ginta propõe a forma (L×doi).46

Análise. Em Gn 10.13, os Lídios aparecem como que gerados de


Mizraím (o Egito) e em 10.22, Lude é o quarto filho de Sem. É neces-
sário ver como duas nacionalidades diferentes, nem sempre será fácil
de distinguir. Em I Cr 1.11,17 repete as declarações de Gn 10.13,22. Em
Is 66.19 Lude é mencionado com Társis, Pul, Tubal, Javã até as ilhas.
Aceitando esta relação, a passagem concorda com Jr 46.9, onde Ludim
são tratados como aliados do Egito.47

c) Comentário sobre Pute.

Análise. (pû†). Apresenta-se como o nome de um lugar. A


Septuaginta relata a forma /(phuyd/th) em Ez 27.10, já em Ez
38.5 relata a forma (Líbyes); contudo, a Vulgata registra: Libyes,
o Pentateuco Samaritano fotÌ; ?, O Elamita pu-uÃ-ti-ya-ap, o Babilônico
ÀsupÁmatupu-u-t\a, o Antigo Persa put[i]ya. Provavelmente não sendo
Pute, mas Líbia. Palavra está registrada em Gn 10.6; Is 66.19; Jr 46.9;
Ez 27.10; 30.5; 38.5; Na 3.9.48

Análise. Por causa de identificação, os profetas têm a palavra


como sendo “a Líbia”. No entanto, a Vulgata tem: “Pute”, “Puth”
e nos Profetas: “Libyes” e “Líbia”. Na “classificação das Nações” é
apresentada como descendentes de Cão (Gn 10.6).49

46
Cf. J. Simons. Geographical and Topographical Texts of the Old Testament. 1959, p.
150/51; G. Hölscher. Drei Erdkarten. 1949, p. 51f, 70; A. Goetze. Kleinasien. 1957
(second ed.), p. 206ff.
47
Cf. Stanley, M. Dr. The International Standard Bible Encyclopedia. 1939, tópico 5569.
48
Cf. A. Erman & H. Grapow. Aegyptisches Handwörterbuch. 1921 (repr. Hildesheim
1961), p. 1: 570; B. Couroyer. Origine des Phéniciens. 1973, p. 272; J. A. Fitzmyer.
Genesis Apocryphon of Qumran Cave I. 1966 (second ed. 1971), p. 100; J. Simons. Geo-
graphical and Topographical Texts of the Old Testament. 1959, p. §149, 198, 1313, 1601;
B. Reicke & L. Rost. Biblisch-Historisches Handwörterbuch. 1-3, 1962-6, p. 1533.
49
Cf. Stanley, M. Dr. The International Standard Bible Encyclopedia. 1939, tópico 7120.
202 FABIO SABINO DA SILVA

V.11. Os filhos de Arvade e o teu exército estavam sobre os teus


muros em redor, e os gamaditas nas tuas torres; penduravam os seus
escudos nos teus muros em redor; eles aperfeiçoavam a tua formosura.
Análise. Vemos que o autor procurou repetir a palavra Arvade
do versículo 8, como também os utensílios que estavam pendurados
e também a forma final do versículo 10, inserindo um sinônimo para
demonstrar a formosura. Ele procura detalhar a riqueza da cidade. O
comentário da palavra Arvade está registrado no versículo 8.

1. Locais geográficos

a) Comentário sobre gamaditas.

Análise. (gaºmmädîºm). A palavra é supostamente desco-


nhecida, pois a nota da masora parva da BHS, relata ser um hapax lego-
menon. Todavia, a Septuaginta e a Peshita, conotam a palavra com o
sentido de “guardião”.50

Análise. Alguns estudiosos relatam que a palavra tem sua raiz


no Siríaco, com o significado de “ousado” ou “os homens de poder”.
Contudo, outros acham que a palavra procede de uma raiz hebraica,
conotando o sentido de “um punhal” ou uma espada (Jz 3.16).51

Resumo geral. É observado que o autor procurou especificar os sol-


dados e o que eles eram e faziam para Tiro, os detalhes dão realce aos
soldados e instrumentos de guerra. O autor procura detalhar a segurança
que havia na cidade de Tiro; entretanto, pode se constatar que esses dois
versículos tem uma visão parentética, pois o versículo próximo (12) retor-
na para as comercializações e isso denota o início de uma nova perícope.

5ª Perícope

V.12. Társis negociava contigo, por causa da abundância de toda


a casta de riquezas; com prata, ferro, estanho e chumbo, negociavam
em tuas feiras.

50
Cf. J. Simons. Geographical and Topographical Texts of the Old Testament. 1959, p. 1427.
51
Cf. A. R. Fausset & D. Brown. Commentary on the Old and New Testaments. tópico Ez
27.10.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 203

Análise. O autor procura retornar as comercializações, como é


atestado nos versículos 5-7. Porém, o autor não especifica “dois lo-
cais” e sim, apenas “um local”; mas, detalha vários materiais como
nos versículos anteriores. A razão da nova perícope é pelo fato de
retornar as práticas da comercialização que tivera início nos versí-
culos 5-7.

1. Local geográfico

a) Comentário sobre Társis.

Análise. (Taršîš). O termo é o nome de lugar ou de um ter-


ritório. Os estudiosos informam que o termo: (Taršîšâ) pode
ser localizado em algum ponto do litoral do mar Mediterrâneo ou em
alguma ilha desse mar.52 O Pentateuco Samaritano propõe a forma tar-
sëÝsë, derivando a etimologia de Å.53 Mas, o local atual de Å, dentro
das terras do mediterrâneo não foi estabelecido como alguns suge-
riram a uma das ilhas (ou territórios litorais) ao oeste da Palestina.
Foram propostas várias sugestões diferentes como:54

1. A informação mais antiga sobre o local é relatada pela Septua-


ginta, que identifica: Åcom Cartago/.55
2. Materiais dos quais foram exportados: Å, incluindo prata (Jr
10.9), ferro, estanho e chumbo (Ez 27.12) e estes apontam para a Espa-
nha com seu alto recurso de minerais.

Análise. É relatado que a palavra é o nome de uma cidade ou


de uma região Is 23.6; Jr 10.9; Ez 27.12; 38.13; Jn 1.3;. 4.2; II Cr 9.21;
20.36,37. Também como o nome de uma terra distante Sl 72.10 ou de

52
Cf. K. Galling. Biblisches Reallexikon. HbAT 1/1, 1937 (second ed. 1977), p. 332a.
53
Cf. W. F. Albright. Archaeology and the Religion of Israel (1946), p. 133, 136 = Die
Religion Israels im Lichte der Archäologischen Ausgrabungen (1956), p. 151, 153.
54
Cf. B. Reicke & L. Rost. Biblisch-Historisches Handwörterbuch. 1-3, 1962-6, cita; IDB 4,
p. 517; Wolff, BK 14/3: 79; sugestões mais antigas estão relacionadas por W. Gese-
nius & F. Buhl. Hebräisches und Aramäisches Handwörterbuch über das Alte Testament.
1915 (seventeenth ed.); KBL (onde Åé identificado como a moderna cidade de
Cartago).
55
Cf. P. R. Berger, Ellasar. Tarschisch und Jawan. (WdO 13 (1982), p. 61-77, 76f.
204 FABIO SABINO DA SILVA

pessoas Is 66.19. Há o conceito de personificação da cidade ou pessoas:


o filho de (yäwän) Gn 10.4; I Cr 1.7.56

V.13. Javã, Tubal e Meseque eram teus mercadores; em troca das


tuas mercadorias davam pessoas de homens e objetos de bronze.
Análise. O autor especifica relatos que possivelmente lhe eram
conhecido. Observe o relato sobre os nomes mencionados.

1. Locais geográficos

a) Comentário sobre Java.

Análise. (yäwän). A palavra tem uma correlação de homôni-


mo. O Ugarítico registra a forma ynt, já o Aramaico Judaico a forma
(yôgüt´); entretanto, o Aramaico judaico seguido pela tradição
babilônica relata a forma (yôná´) e o Aramaico judaico seguindo
a tradição galiléia a forma (yawná´). O Siríaco propõe a forma
yaunaÒ, sendo tanto feminino como masculino.57

Análise. A palavra tem sua atestação em Gn 10.2,4 = I Cr 1.5,7; Is


66.19; Ez 27.13; Dn 8.21; 10.20; 11.2; Zc 9.13; Jl 3.6, como da descendência:
“Jafé”. A referência em Ez 27.13 (do qual em Is 66.19 é copiado) é o país
personificado. No livro do profeta Joel o hebraico registra o plural yewa-
nim. No livro do profeta Daniel o nome é atribuído aos gregos. A palavra
yevan-(n) ocorre desta forma no egípcio; todavia, nas cartas de Tel El-
Amarna a forma Yivana é atestada como sendo parte da terra de Tiro.58

b) Comentário sobre Tubal.

Análise. (Tùbal). A palavra é tida como um nome de um terri-


tório. A Septuaginta propõe a forma (Thobel), com exceção em

56
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes-
tamento. 1998, p. 1661; tópico 2547.
57
Cf. J. Aistleitner. Wörterbuch der Ugaritischen Sprache. 1963 (third ed. 1967), p. 1185;
E.S. Drower & R. Macuch. A Mandaic Dictionary. 1963, p. 185b.
58
Cf. E. Schrader. Die Keilinschriften und das Alte Testament. 1903 (third ed. by H.
Winckler & H. Zimmern), p. 43.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 205

Ez 27.13, onde a Septuaginta inseriu antes da palavra uma conjunção:


“” e modificando a palavra com o acréscimo da expressão: “
” (s×mpasa kai ta parateínonta). A Vulgata relata
a palavra Tubal, mas com exceção em Is 66.19, conotando a palavra
hebraica  (Tùbal wüyäwän) para a seguinte expressão: “in Ita-
liam et Graeciam” (Itália e Grécia).59 Designa também um território (e
também um estado que durante algum tempo teve seu território sob o
controle de Assur) na Ásia Menor, talvez a Cilícia.60 Tubal é atestado
nas inscrições de Sargão II, onde inclui em seus registros os países
dominados pelo controle político de Assur e o rei MitaÖ.61 De acordo
com Ez 27.13 a expressão: (külê nüHöºšet) “objetos de bron-
ze”, provavelmente vieram da terra de (Tùbal) e (meºšek).
Isso pode ser confirmado por inscrições assírias para TabaÒl e Musku.
Na região de Tubal há ricos depósitos de ferro, cobre e prata.62

c) Comentário sobre Meseque.

Análise. (meºšek). O Aramaico Judaico propõe a forma 


(mù/mašKá´), já o Aramaico Palestínico Cristão e o Siríaco a for-
ma mesëkaÒ. O Acadiano relata a forma masëku; o grego a forma
(méskos). Contudo, o Pentateuco Samaritano registra a forma
muÒsëak, a Septuaginta a forma (Mosoch), como sendo morado-
res da Ásia Menor (Caucasia).63

V.14. Os da casa de Togarma trocavam pelas tuas mercadorias,


cavalos, e cavaleiros e mulos.
Análise. Segue-se o mesmo padrão do versículo anterior.

59
Cf. A. Schalit. Namenwörterbuch zu Flavius Josephus (supplement to K.H. Rengstorf
(ed.) – A Complete Concordance to Flavius Josephus), 1968, p. 54.
60
Cf. Weippert & Manfred. Menahem von Israel und seine Zeitgenossen in einer Stele-
ninschrift Tiglathpilesers III aus dem Iran. 1973, p. 48f.
61
Cf. J. Simons. Geographical and Topographical Texts of the Old Testament. 1959,
p. §162.
62
Cf. M. Wäfler. Zu Status und Lage von TabaÒl (Orientalia 52), 1983, p. 193.
63
Cf. E. S. Drower & R. Macuch. A Mandaic Dictionary. 1963, p. 270b; V. Soden. Akka-
disches Handwörterbuch. 1965, tópico 627b; H. Lewy. Die semitischen Fremdwörter im
Griechischen. 1895, p. 131; M. L. Mayer. “Gli Impresti Semitici in Greco” – Rendiconti
del Istituto Lombardo di scienze e lettere Milano. 1960, p. 330.
206 FABIO SABINO DA SILVA

1. Local geográfico

a) Comentário sobre Togarma.

Análise. (Tôgarmâ). Uma palavra sem derivações por ou-


tros idiomas, como também formas de identificações sugeridas. Se-
gundo Gn 10.3 é da descendência de Jafé, sendo o terceiro filho de
Gomer, os seus irmãos foram, Asquenaz e Rifate. O significado do
nome é duvidoso. Alguns sugeriram que o nome origina-se do Sâns-
crito, fazendo se uma divisão do nome da seguinte forma, “toga” com
o sentido de “tribo” e “arma” com o sentido de Armênia. Ou a forma
Assíria, Til-garimmu, com o sentido de “colina de Garimmu”, possi-
velmente uma fortaleza, nas bordas de Tabal (Tubal). Outros consi-
deraram Togarma como sendo a Armênia e esta tem sido a opinião
geral.64

V.15. Os filhos de Dedã eram os teus mercadores; muitas ilhas


eram o comércio da tua mão; dentes de marfim e pau de ébano torna-
vam a dar-te em presente.
Análise. Segue-se o mesmo padrão do versículo anterior.

1. Local geográfico

a) Comentário sobre Dedã.

Análise.(düdän). A Septuaginta propõe a forma //.


Alguns nomearam com base em Gn 10.7 como descendentes de Cuxe,
já em Gn 25.3 como descendente de Quetura. Em Is 21.13 vemos o re-
gistro das caravanas de Dedãn pela seguinte expressão: “nos bosques
da Arábia passareis a noite, ó viandantes de Dedanim”. No entanto,
na primeira caverna de Qunran acerca desse mesmo versículo, temos
uma outra forma (1QIsa )65.

64
Cf. F. Delitzsch. Philologische Forderungen an die Hebräische Lexikographie. 1916,
p. 161-172; A. Dillman. Lexicon Linguae Aethiopicae. 1865 (repr. Osnabrück 1970) e
Grammatik der aethiopischen Sprache. 1899 (second ed.; repr. Graz 1959).
65
Cf. C. J. Gadd. “The Harran Inscription of Nabonidus”. 1938, p. 58f, 81; E. Y. Kutscher.
The Language of the Isaia Scroll. 1959, (Hebrew ed.), 1974 (English ed.), p. 75f.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 207

V.16. A Síria negociava contigo por causa da multidão das tuas


manufaturas; pelas tuas mercadorias davam esmeralda, púrpura,
obra bordada, linho fino, corais e ágata.
Análise. Segue-se o mesmo padrão do versículo anterior. Mas,
não foram especificados os materiais por concordarem com o Texto
Massorético.

1. Local geográfico

a) Comentário sobre Síria.

Análise.  (´áräm). Segundo os registros é filho de Sem Gn 10.22;


I Cr 1.17, da tribo de Aser I Cr 7.34. É apresentado como topônimo de
    (´áram na|háraºyim) em Gn 24.10. A expressão é também rela-
cionada ao território de Damasco sobre a jurisdição dos Arameus. Em
outro lugar encontra se a forma  (´áräm)simplesmente como um
substantivo e topônimo relacionado a Síria. O nome não é atestado no
Texto Massorético nem no Aramaico, mas na Septuaginta e Peshita do
Novo Testamento, como também na Mishna. Na Septuaginta represen-
ta “Aram” em todas suas combinações. Síria é indubitavelmente uma
extensão do nome “Suri”, uma designação babilônica antiga de um dis-
trito ao Norte da Mesopotâmia. A história da Síria começa no 3º milênio
a.C. a mesma já estava ocupada por uma população de semitas que
pertenciam aos cananitas; isto é, com dialetos hebraicos ou fenícios.66

V.17. Judá e a terra de Israel, eram os teus mercadores; pelas tuas mer-
cadorias trocavam trigo de Minite, e Panague, e mel, azeite e bálsamo.
Análise. Segue-se o mesmo padrão do versículo anterior.

1. Locais geográficos

a) Comentário sobre Judá.

Análise. (yühûdâ). O Pentateuco Samaritano registra a


forma: yeÒÀuÒda, já a Septuaginta a forma (Ioyda); entretanto, o

66
Cf. B. Mazar. The Aramean empire and its relations with Israel. 1962, p. 25: 98ff; Rei-
cke & L. Rost. Biblisch-Historisches Handwörterbuch. 1-3, 1962-6, p. 1: 119f.
208 FABIO SABINO DA SILVA

Aramaico Babilônico e inscrições hebraicas, relatam as seguintes for-


mas: , , todos conotando a palavra Judá.67 Porém, outros
estudiosos acham que a etimologia é incerta. Em Gn 29.35 o Códice
Vaticano relata a forma grega “Ioudan”, o Códice Alexandrino a for-
ma “Iouda” e em outro lugar, tanto o Códice Vaticano e Alexandrino
relatam a forma grega “Ioudas”. Judá é 4º filho de Jacó e Lia, nascido
em Padãn-aram.68

b) Comentário sobre Israel.

Análise., (yiSrä´ël). O Pentateuco Samaritano relata a forma


yisëraÒÀel, a Septuaginta (Israel).69 O Ugarítico a forma ysÃril. Já o
Aramaico Antigo do sul propõe a forma YsërÀl.70

c) Comentário sobre Minite.

Análise. (minnît). O Códice Vaticano relata a forma grega


achris, o Códice Alexandrino relata a forma semoeith. Encontra-se a
palavra Minite em Jz 11.33. Eusébio menciona um lugar chamado Ma-
aniti. Realmente não há nenhum dado seguro em sugerir uma iden-
tificação, pois há razões sérias para suspeitar a integridade do texto.71

d) Comentário sobre Panague.

Análise.  (pannag). A palavra é um hapax legomenon em Ez


27.17 e sua forma é incerta, mas de acordo com o contexto, trata-se de

67
Cf. W. F. Albright. TheNames “Israel” and “Judah” – with an Excursus on the Etymology
of todah and Torah. 1927, (JBL 46: 172ff); C. Brockelmann. Grundriss der Vergleichenden
Grammatik der Semitischen Sprachen. 1-2, 1908-13 (repr. Hildesheim 1966), p. 1: 398.
68
Cf. M. Noth. Die Welt des Alten Testaments. 1962 (fourth ed.), p. 50f; H. S. Nyberg.
Studien zum Hoseabuch. 1935, p. 77ff; Reicke & L. Rost. Biblisch-Historisches Han-
dwörterbuch. 1-3, 1962-6, p. 898.
69
Cf. C. Brockelmann. Grundriss der Vergleichenden Grammatik der Semitischen Spra-
chen. 1-2, 1908-13 (repr. Hildesheim 1966), p. 1: 187; G. Bergsträsser. Hebräische
Grammatik. Vol. I (1918); Vol. II (1929), p. 1: 104t.
70
Cf. C. Gordon. Ugaritic Textbook. 1965, p. §19: 1164; K. Conti Rossini. Chrestomathia
Arabica Meridionalis Epigraphica. 1931, p. 165a.
71
Cf. F. M. Abel. Géographie de Palestine. 1-2, 1938, p. 2: 388; J. Simons. Geographical
and Topographical Texts of the Old Testament. 1959, p. §596/7.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 209

um produto do país. O Acadiano propõe a forma pannigu, tratando


a palavra com o sentido de “bolo”. A Septuaginta relata a expressão
 (óleo consagrado e cassia [canela]). Além disso, a
Vulgata relatou o sentido de balsamum (bálsamo) e o grego a expres-
são , , conotando o sentido de doces.72

V.18. Damasco negociava contigo, por causa da multidão das tuas


obras, por causa da abundância de toda a sorte de riqueza, dando em
troca vinho de Helbom e lã branca.
Análise. Segue-se o mesmo padrão do versículo anterior.

1. Locais geográficos

a) Comentário sobre Damasco.

Análise. (DammeºSeq). O Pentateuco Samaritano propõe a


forma damsëeq, o Aramaico Judaico da Galiléia relata a forma .
A Septuaginta propõe a forma (Damaskós), o Arábico a for-
ma Dama/isëq, Dimisëq. A origem de Damasco é desconhecida. A pala-
vra aparece possivelmente na história de Abraão. Em Gn 14.15 há a
menção de Damasco, mas isto simplesmente é uma nota geográfica
que mostra Damasco bem conhecida na ocasião (Gn 14).73

b) Comentário sobre Helbom.

Análise. (HelBôn). O nome é atribuído a uma floresta. O


Ugarítico propõe vocábulo Hélb/Héalbi. É também uma região de vinho.
Admite-se universalmente ser Helbom, uma aldeia ao lado oriental
do Anti-Líbano, 13 Km ao norte de Damasco. A região foi famosa por
suas melhores uvas. Helbom não deve ser confundido com, a provín-
cia grego-romana de Alepo.74

72
Cf. V. Soden. Akkadisches Handwörterbuch. 1965, tópico 818b.
73
Cf. M. Wagner. Die Lexikalischen und Grammatikalischen Aramäismen im Alttesta-
mentlichen Hebräisch. 1966, p. 70; J. Simons. Geographical and Topographical Texts of
the Old Testament. 1959, p. 219; F. Rosenthal. Die aramaistische Forschung seit Th.
Nöldekers.s Veröffentlichungen. 1939, p. 15ff.
74
Cf. R. Dussaud. Topographie Historique de la SyrieAantique et Médiévale. 1926, p. 285ff;
F. M. Abel. Géographie de Palestine. 1-2, 1933, 1938, p. 2: 347; J. Simons. Geographical
and Topographical Texts of the Old Testament. 1959, p. §1428c.
210 FABIO SABINO DA SILVA

V.19. Também Dã e Javã, de Uzal, pelas tuas mercadorias, davam


em troca ferro trabalhado, cássia e cálamo aromático, que assim entra-
vam no teu comércio.
Análise. Segue-se o mesmo padrão do versículo anterior.

1. Locais geográficos

a) Comentário sobre Dã.

Análise.  (Dän). Há uma outra forma de atestação: (). O Amo-


rita propõe o vocábulo danaÒnu, traduzindo para “ser forte”. O nome
também faz referência uma divindade: Dann. É o nome de um dos
filhos de Jacó Gn 30.6, de uma tribo Nm 1.12; Dt 27.13;33.22, também
como os filhos de Dã:  (bünê-dän) nas seguintes passagens: Gn
46.23; 49.16; Nm 1.38;2.25; 7.66; 26.42; Js 19.47; Jz 1.34.75

b) Comentário sobre Javã.

Análise.(yäwän). O Pentateuco Samaritano propõe o vocábu-


lo yaÒban; porém, a Septuaginta em Gn 10.2,4 apresenta o vocábulo
(Ioyan) e (Ellás)(Ellenes). O Síriaco relata yauniÒ
e ayunen. O Pérsico Antigo YaunaÒ, o grego , (). O Assírio e o
Babilônico o vocábulo Yawanu.76

c) Comentário sobre Uzal.

Análise.(´ûzäl). O Pentateuco Samaritano propõe o vocábu-


lo iÒzal, a Septuaginta //, em Árabe SÌanÁa, como capital do
Yemen. Entretanto, muitos manuscritos da Septuaginta relatam a
(mü´ûzzäl).77
V.20. Dedã negociava contigo com panos preciosos para carros.
Análise. Ver comentário de Dedã no versículo 15.

75
Cf. F. Nötscher. Alttestamentliche Studien. BBB 1, 1950, p. 187; A. Alt. Geschichte und
Altes Testament. 1953-4, p. 1: 146.
76
Cf. M. Mayrhofer & W. Brandenstein. Handbuch des Altpersischen. 1964, p. 156; E. G.
Kraeling. The Brooklyn Museum Aramaic Papyri. 1953, p. 40.
77
Cf. A. R. Millard. Ezekiel 27:19 – the wine trade of Damascus. 1962, p. 7: 201-203.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 211

V.21. A Arábia, e todos os príncipes de Quedar, eram mercadores


ao teu serviço, com cordeiros, carneiros e bodes; nestas coisas nego-
ciavam contigo.
Análise. Segue-se o mesmo padrão do versículo anterior.

1. Locais geográficos

a) Comentário sobre Arábia.

Análise.  (`árab). A Septuaginta propõe a forma, mas


em Is 10.9 temos , e Is 11.11 (apenas questões de ca-
sos). O Acadiano trás a forma Arabu e Aribi. O Pérsico AntigoarabaÒia,
conotando a Arábia. Todavia, segundo os estudiosos a etimologia é de
um tempo nômade. Alguns conotaram sendo os colonos ou seminô-
mades dos beduínos. Entretanto, outros se referindo aos nômades do
deserto sírio-árabe, isso com base em Jr 25.24, pela seguinte expressão
parafraseada: …  (`áräb... haššöknîm
BammidBär Kol-malkê), Arábia... que habita no deserto e todos os reis.78
A Arábia era cercada por quatro lados, pelo Oceano Índico, pelo Mar
Vermelho, o Golfo Persíco e além do deserto da Síria. Os estudiosos
apontam como neto de Sem. Em Gn 36.12 encontra-se como um neto
de Esaú. É suposto que foram conhecidos primeiramente com os Cal-
deus, do qual eles foram subjugados pelo poder Assírio sob o governo
de Ninrode.79

b) Comentário sobre Quedar.

Análise. (qëdär). O nome de uma tribo. O Pentateuco Sama-


ritano e algumas outras versões propõem a forma qaÒãdaâd, já o
Arábico antigo do Sul qdrn = QaÒdiraÒn, QadraÒn, sendo este também o
nome de uma tribo. O Assírio propõem várias formas como: Qadri,

78
Cf. W. F. Albright. Egypt and the earlyHistory of the Negeb. 1924, p. 205. op. cit. Die
Religion Israels im Lichte der Archäologischen Ausgrabungen. 1956, p. 149f; R. G. Kent.
Old Persian Grammar – Texts and Lexicon. 1953 (second ed.), p. 169; Reallexikon der
Assyriologie. 1932, p. 1: 125f; J. A. Montgomery. Arabia and the Bible. 1934, p. 27f;
J. J. Hess. Von den Beduinen dês Inneren Arabiens. 1938, p. 56f; B. Reicke & L. Rost.
Biblisch-Historisches Handwörterbuch. 1-3, 1962-6, p. 118.
79
Cf. Stanley, M. Dr. The International Standard Bible Encyclopedia. 1939, tópico 657.
212 FABIO SABINO DA SILVA

Qadari, Qidri, Qidir.80 Alguns estudiosos localizam como um povo nô-


made no deserto sírio-árabe ou mais precisamente na região entre o
Egito, Dedã e Edom.81 O nome acontece como típico de um país oriental
distante em oposição às terras do mediterrâneo (Jr 2.10). Em Is 60.7 en-
contramos a tribo em companhia com os Nabaiot e são representados
ambos como donos de rebanhos. Evidências de seus hábitos nômades
aparecem em Jr 49.28,29 onde é feito menção de tendas, rebanhos, lonas
e mobília. Em Is 21.16,17 é refletida a sua bravura pelos valentes flechei-
ros e nas referências figurativas para as tendas (Sl 120.5; Ct 1.5). Nesta
última passagem as tendas são simbolizadas pela beleza.

V.22. Os mercadores de Sabá e Raamá eram os teus mercadores;


em todos os seus mais finos aromas, em toda a pedra preciosa e ouro,
negociaram nas tuas feiras.
Análise. Segue-se o mesmo padrão do versículo anterior.

1. Locais geográficos

a) Comentário sobre Sabá.

Análise. (šübä´). O nome de algumas pessoas. O Pentateuco


Samaritano propõe a seguinte forma: sëaâba, a Septuaginta (Saba).
Contudo, Josefo relata as formas: (Sabaioi), (Sabaios),
(Sabakínes) e (Sáphas).82 O Arábico Antigo do Sul
trás a forma sbÀ, o Assírio SabÀaya e similaridades, conotando os gen-
tios. Os estudiosos relatam a palavra a algumas pessoas ou um reino
na Arábia onde se presumi algumas colônias que comercializavam
na Arábia. No período Neo-Assírio (no tempo de Tiglate-Pilesser III)
havia contatos com o reino de Sabá, como também com suas depen-
dências no norte.83 Sabá e Dedã foram os dois filhos do filho de Raamá

80
Cf. K. C. Rossini. Chrestomathia Arabica Meridionalis Epigraphica. 1931, p. 229b; S.
Parpola. Neo-Assyrian Toponyms. AOAT 6.1970, p. 285.
81
Cf. F. V. Winnett. A Himyaritic Inscription from the Persian. (BASOR. 102), 1946, p. 194.
82
Cf. A. Schalit. Namenwörterbuch zu Flavius Josephus (supplement to K. H. Rengstorf
(ed.) – A Complete Concordance to Flavius Josephus). 1968, p. 103, 104 e 108.
83
Cf. K. C. Rossini. Chrestomathia Arabica Meridionalis Epigraphica. 1931, p. 192f; S.
Parpola. Neo-Assyrian Toponyms (AOAT 6). 1970, p. 297; H. Gese, M. Höfner &
K. Rudolph. Die Religionen Altsyriens – Altarabiens und der Mandäer. 1970, p. 240ff
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 213

e Cuxe (Gn 10.7). (2) Sabá e Dedã foram os dois filhos de Jocsã, filho
de Abraão com Quetura (Gn 25.3). (3) Sabá também foi filho de Jocsã
e Eber que era descendente de Sem (Gn 10.28). O Sabeus ou habitan-
tes de Sabá; eram grandes comerciantes em ouro e temperos (Jr 6.20;
Sl 72.15), como também escravos (Jl 3:8). Pelos genealogistas árabes,
Sabá é representado como neto de Jocsã e antepassado de todas as
tribos Sul-árabes.

b) Comentário de Raamá.

Análise. (ra`mâ). A palavra tem várias formas de leitu-


ra conjectural como: (ra`mâ) ou: (ra`mäteKä). A Sep-
tuaginta propõe a forma (Regma), (Ragma), já Josefo
(Rámos), provavelmente para ser comparado com a região de
NajraÒn. Um filho de Cuxe e pai de Sabá e Dedãn (Gn 10.7; I Cr 1.9). Os
estudiosos apontam como uma cidade na Arábia ao sudeste do Golfo
Pérsico. A Septuaginta supõe este local. Mas o nome árabe da cidade
aqui indicado é soletrado com um “g” e assim dá origem a uma difi-
culdade fonológica.84

V.23. Harã, e Cane e Éden, os mercadores de Sabá, Assur e Quil-


made negociavam contigo.

1. Locais geográficos

a) Comentário sobre Harã.

Análise. (Härän). A Septuaginta propõe a forma  (Char-


ran). O Acadiano häarraÒnu, com o significado de estrada.85 Cidade de onde
partiu Abraão em peregrinação para Canaã (Gn 12.1). Provavelmente

e 258ff; S. Hermann. Geschichte Israels in Alttestamentlicher Zeit. 1971 (second ed.


1980), p. 222; F. Zorrel. Lexicon Hebraicum et Aramaicum Veteris Testamenti. 1954
(second ed. 1962), p. 814b.
84
Cf. A. Schalit. Namenwörterbuch zu Flavius Josephus (supplement to K. H. Rengstorf
(ed.) – A Complete Concordance to Flavius Josephus). 1968, p. 100; G. Ryckmans. Les
noms propres sud-sémitiques. 1-3, 1934-5, p. 1: 368b.
85
Cf. B. Reicke & L. Rost. Biblisch-Historisches Handwörterbuch. 1-3, 1962-6, p. 647.
214 FABIO SABINO DA SILVA

“era a cidade de Naor” onde o servo de Abraão foi encontrar uma es-
posa para Isaque (Gn 24.10). Uma cidade que foi destruída pelo rei da
Assíria (II Rs 19.12; Is 37.12). O nome aparece em registros Assírios e
Babilônicos como Harran com o sentido de “estrada”, possivelmente
pela rota de comércio entre Damasco e Nínive para Carquemis.86

b) Comentário sobre Cane.

Análise.  (kannË). A Septuaginta propõe a forma  (Chan-


na), aparece como um lugar ao norte da Mesopotâmia ou na Arábia.
Mencionado em Ez 27.23 com relação a Harã e Éden como um dos lu-
gares com que Tiro teve relações comerciais. Entretanto, esta é a única
referência do lugar, mas o local é desconhecido. Alguns estudiosos pro-
puseram ser Calno com referência a passagem de Is 10.9. De acordo com
o Targum, Eusébio e Jerônimo, este lugar era situado perto de Tigres.87

c) Comentário sobre Éden.

Análise.  (`eºden). O Acadiano propõe a forma BiÒt Adini, como


uma região em qualquer lugar do rio Eufrates.88

d) Comentário sobre Assur.

Análise. (´aššûr). Em I Cr 5.6 temos uma escrita defectiva:


(´aššur). A palavra é usada também como um topônimo. O Aca-
diano relata Asësëur, como uma alternativa ortográfica.

e) Comentário sobre Quilmate.

Análise.(Kilmad). Era um centro comercial, um lugar possi-


velmente na Arábia. Alguns estudiosos propuseram uma mudança da
consoante “m” para “w”, sendo assim seria comparado com Kalwada

86
Cf. Stanley, M. Dr. The International Standard Bible Encyclopedia. 1939, tópico 4076.
87
Cf. K. R. Conti. Chrestomathia Arabica Meridionalis Epigraphica. 1931, p. 232b; I. Wis-
sman & M. Höfner. Beiträge zur Historischen Geographie des Vorislamischen Südara-
bien. 1953, p. 4: 98f, 103.
88
Cf. S. Parpola. Neo-Assyrian Toponyms. AOAT 6. 1970, p. 75f.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 215

perto de Bagdá, mas a identificação parece improvável. Embora a Sep-


tuaginta e a Vulgata considerem o nome de um país; mas, há dúvidas
se esta visão está correta.89

V.24. Estes eram teus mercadores em roupas escolhidas, em pano


de azul, e bordados, e em cofres de roupas preciosas, amarrados com
cordas e feitos de cedros, entre tua mercadoria.

Resumo geral da perícope. O autor procurou especificar os que


negociavam com Tiro e qual era o tipo de negócio. Esta perícope en-
cerra-se com um pronome demonstrativo e o verbo esclarecendo a
riqueza que Tiro possuía com os que negociavam com ele.

6ª Perícope

V.25. Os navios de Társis eram as tuas caravanas que traziam tuas


mercadorias; e te encheste, e te glorificaste muito no meio dos mares.
Análise. O autor relata o clímax de tudo que fora dissertado na
perícope anterior. Não somente o clímax é relacionado, como também
a mudança de detalhes, o autor retorna para as embarcações e assim
relata a argumentação de fundamentação.

V.26. Os teus remadores te conduziram sobre grandes águas; o


vento oriental te quebrou no meio dos mares.
Análise. O autor procura especificar os operários, como também
o que ocorreu com as embarcações.

V.27. As tuas riquezas, as tuas feiras, e tuas mercadorias, os teus


marinheiros, os teus pilotos, os que consertavam as tuas fendas, os
que faziam os teus negócios, e todos os teus soldados, que estão em ti,
juntamente com toda a tua companhia, que está no meio de ti, cairão
no meio dos mares no dia da tua queda.
Análise. O autor procura detalhar as riquezas, pessoas e funções,
os quais todos pereceriam.

89
Cf. J. Simons. Geographical and Topographical Texts of the Old Testament. 1959,
p. §1428; E. I. Wissman & M. Höfner. Beiträge zur Historischen Geographie des Voris-
lamischen Südarabien. 1953, p. 4: 98f., 103.
216 FABIO SABINO DA SILVA

V.28. Ao estrondo da gritaria dos teus pilotos tremerão os arra-


baldes.
Análise. O fim das embarcações será inevitável.

V.29. E todos os que pegam no remo, os marinheiros, e todos os


pilotos do mar descerão de seus navios, e pararão em terra.
Análise. Frustração em todos os lugares.

V.30. E farão ouvir a sua voz sobre ti, e gritarão amargamente; e


lançarão pó sobre as cabeças, e na cinza se revolverão.
Análise. Momento de luto.

V.31. E far-se-ão calvos por tua causa, e cingir-se-ão de sacos, e


chorarão sobre ti com amargura de alma, e com amarga lamentação.
Análise. Sinais de luto.

V.32. E no seu pranto levantarão uma lamentação sobre ti, e la-


mentarão sobre ti, dizendo: Quem foi como Tiro, como a que foi des-
truída no meio do mar?
Análise. O autor relaciona uma quina, como é atestado no capítu-
lo antecedente.

V.33. Quando as tuas mercadorias saiam pelos mares, fartaste a


muitos povos; com a multidão das tuas riquezas e do teu negócio,
enriqueceste os reis da terra.
Análise. O autor relata a grandeza de Tiro a ponto de enriquecer
os reis.

V.34. No tempo em que foste quebrantada pelos mares, nas pro-


fundezas das águas, caíram, no meio de ti, os teus negócios e toda a
tua companhia.
Análise. Palavras de inexistências.

V.35. Todos os moradores das ilhas estão a teu respeito cheios de


espanto; e os seus reis tremeram sobremaneira, e ficaram perturbados
nos seus rostos;
Análise. O autor procura detalhar o grande espanto gerado pela
queda de Tiro.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 217

V.36. Os mercadores dentre os povos assobiaram contra ti; tu te


tornaste em grande espanto, e jamais subsistirá.
Análise. O autor não inseriu o conceito de conclusão, conforme
o capítulo antecedente, mas inseriu no final da perícope uma outra
forma de conclusão, a de argumentação.

Resumo geral. É notável o detalhe dissertado pelo autor, como


conhecimento de relações comerciais, geográficos e mão de obra. A
pergunta que se levanta é: como pode Ezequiel ter todas essas infor-
mações preciosas? E porque o autor não encerrou o capítulo como a
forma antecedente do outro capítulo? E porque esses nomes não apa-
recem nos outros capítulos com as mesmas relações?
DELIMITAÇÃO DO TEXTO
CAPÍTULO 28

1ª Perícope

V.1. E VEIO a mim a palavra do SENHOR, dizendo:


Análise. A forma como Deus fala com Ezequiel causa admiração,
pois a primeira atestação desta oração esta registrada no capítulo 3.16
e o assunto é justamente: rebeldia, desobediência e destruição. E todas as
ocorrências deste tipo de oração estão relacionadas neste capítulo.

V.2. Filho do homem, dize ao príncipe de Tiro: Assim diz o Senhor


DEUS: Porquanto o teu coração se elevou e disseste: Eu sou Deus, so-
bre a cadeira de Deus me assento no meio dos mares; e não passas de
homem, e não és Deus, ainda que estimas o teu coração como se fora
o coração de Deus;
Análise. O advérbio (Kò) quer apenas demonstrar o que vêm
em seguida e de quem, esta forma é muito comum no livro do profeta
Ezequiel. A arrogância está relacionada a questão de divinização. Pois
o príncipe faz muita menção de ser Deus. Porém, há o contraste para
refutar sua afirmação. Veja abaixo:

Conceito afirmativo
a) Eu sou Deus...
b) sobre a cadeira de Deus me assento...

Conceito negativo
a) não és Deus...
b) como se fora o coração de Deus;

Análise. As formas afirmativas e negativas são contrastadas pelos


mesmos termos em hebraico; ou seja, há duas formas utilizadas no
220 FABIO SABINO DA SILVA

capítulo para a expressão “Deus” e são elas: (´ël), cujo significado


temos: deus, homens poderosos, homens de grau, heróis, anjos, falso
deus e Deus. Como também a palavra (´élöhîm), significa: re-
gras, julgar, anjos, deuses, deus, deusa e Deus. Não houve hesitação
do autor em contrastar utilizando as mesmas formas.

Síntese. Em análise dos capítulos antecedentes (26 e 27) observa-


se que houve um grande crescimento do império do príncipe de Tiro
e há muitas razões por ele ter afirmado ser deus; mas também, há o
conceito nos mesmos para negar sua divindade, veja abaixo as rela-
ções de sua afirmativa pelos capítulos antecedentes:

Capítulo 26

a) afirmativo

V.2. eu me encherei...
V.12. riquezas..., mercadorias.... e casas agradáveis...
V.13. cantigas..., e instrumentos musicais...
V.17. ó bem povoada... afamada cidade..., forte no mar..., que ate-
morizaram a todos os seus habitantes!

b) negativo
V.4. destruirão os muros..., derrubarão as suas torres..., eu lhe var-
rerei o seu pó...., dela farei uma penha descalvada.
V.12. roubarão as riquezas..., saquearão as mercadorias..., derru-
barão os muros..., arrasarão as casas agradáveis...
V.13. cessar o ruído das cantigas...., som das harpas não se ouvirá
mais.
V.17. Como pereceste, povoada e afamada cidade...

Capítulo 27

a) afirmativo

V.3. habita nas entradas do mar..., negocia com os povos em mui-


tas ilhas..., perfeita em formosura.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 221

V.4. No coração dos mares estão os teus termos..., aperfeiçoaram


a tua formosura.
V.5. conveses de faias de Senir..., cedros do Líbano para te faze-
rem mastros.
V.6. teus remos de carvalhos de Basã..., teus bancos fizeram-nos
de marfim engastado em buxo das ilhas dos quiteus.
V.7. Linho fino bordado do Egito era a tua cortina..., azul e púrpu-
ra das ilhas de Elisa...,
V.8. Sidom e Arvade foram os teus remadores...., os teus sábios, se
achavam em ti..., foram os teus pilotos.
V.9. Gebal e seus sábios os que consertavam as tuas fendas..., to-
dos os navios e marinheiros se acharam em ti..., negócios.
V.10. Persas, lídios, e os de Pute eram no teu exército os teus sol-
dados..., escudos, capacetes penduraram em ti..., eles manifestaram a
tua beleza.
V.11. Arvade e o teu exército estavam sobre os teus muros em
redor..., Gamaditas nas tuas torres..., escudos nos teus muros em re-
dor..., perfeição..., formosura.
V.12. ...abundância de riquezas..., prata, ferro, estanho e chumbo,
negociavam em tuas feiras.
V.13. Javã, Tubal e Meseque eram teus mercadores..., mercado-
rias..., pessoas..., bronze.
V.14. Togarma trocavam pelas tuas mercadorias, cavalos e cava-
leiros e mulos.
V.15. Dedã eram os teus mercadores..., comércio..., dentes de mar-
fim, pau de ébano...,
V.16. manufaturas..., esmeralda, púrpura, obra bordada, linho
fino, corais e ágata.
V.17. Judá e a terra de Israel..., trigo de Minite, Panague, mel, azei-
te e bálsamo.
V.18. Damasco..., abundância de toda a sorte de riqueza..., vinho
de Helbom e lã branca.
V.19. Dã e Javã, de Uzal..., mercadorias..., ferro trabalhado, cássia
e cálamo aromático... comércio.
V.20. Deda..., panos preciosos para carros.
V.21. Arábia, e todos os príncipes de Quedar, eram mercadores ao
teu serviço..., cordeiros, carneiros e bodes...,
V.22. Sabá e Raamá ..., finos aromas..., pedra preciosa e ouro...,
222 FABIO SABINO DA SILVA

V.23. Harã, Cane e Éden..., Sabá, Assur e Quilmade negociavam


contigo.
V.24. Estes eram teus mercadores em roupas escolhidas..., pano
de azul, bordados..., cofres de roupas preciosas..., cordas e feitos de
cedros...
V.25. Os navios de Társis eram as tuas caravanas que traziam tuas
mercadorias... encheste..., glorificaste muito no meio dos mares.
V.26. remadores...,
V.27. riquezas..., feiras..., mercadorias..., marinheiros..., pilotos...,
os que consertavam as tuas fendas, os que faziam os teus negócios...,
soldados..., companhia...,
V.33. fartaste a muitos povos..., enriqueceste os reis da terra.

b) negativo

V.27. cairão no meio dos mares..., queda...,


V.28. gritaria dos teus pilotos..., tremerão os arrabaldes.
V.29. descerão de seus navios, e pararão em terra.
V.30. gritarão amargamente..., lançarão pó sobre as cabeças..., na
cinza se revolverão.
V.31. far-se-ão calvos por tua causa..., cingir-se-ão de sacos..., cho-
rarão com amargura de alma, e com amarga lamentação.
V.32. pranto..., lamentação..., destruída no meio do mar?
V.34. quebrantada pelos mares..., caíram, no meio de ti, os teus
negócios e toda a tua companhia.
V.35. espanto..., e os seus reis tremeram sobremaneira, perturbados...
V.36. assobiaram contra ti..., grande espanto..., jamais subsistirá.
Comentário. Após todas essas descrições o verbo (´émör), está no
imperativo, em análise dos capítulos antecedentes (26 e 27), somente
aqui aparece, justificando assim uma ordem direta para o príncipe, as
conseqüências que virão pelo seu orgulho, estadia e governo.

2ª Perícope

V.3. Eis que tu és mais sábio que Daniel; e não há segredo algum
que se possa esconder de ti.
Análise. A maioria das orações com (hinnË) ocorrem em
discurso direto [...] e servem para introduzir um fato sobre o qual se
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 223

baseia uma afirmação ou mandamento que o segue. A interjeição tra-


tando-se de uma partícula dêitica ou demonstrativa, chama a atenção
com certa ênfase sobre uma pessoa, um objeto, uma ação, servindo
assim para apresentar e para identificar. A Massorá parva relata que a
expressão é atestada por “dez vezes” (Ez 3.8;7.10; 15.4,5; 16.44,49; 22.6;
28.3;31.3;39.8) no início dos versículos do livro de Ezequiel. E pode
ser verificado que todas as ocorrências no início dos versículos vem
tratando de julgamento e juízo.

V.4. Pela tua sabedoria e pelo teu entendimento alcançaste para ti


riquezas, e adquiriste ouro e prata nos teus tesouros.
Análise. Sabedoria, entendimento foram fontes para alcançar a
riqueza, como ouro, prata que acumulou em seu tesouro.

V.5. Pela extensão da tua sabedoria no teu comércio aumen-


taste as tuas riquezas; e eleva-se o teu coração por causa das tuas
riquezas;
Análise. A sabedoria era vista por outras pessoas pelo seu co-
mércio e suas riquezas aumentaram sobremaneira a ponto de ter ge-
rado o orgulho.

V.6. Portanto, assim diz o Senhor DEUS: Porquanto estimas o teu


coração, como se fora o coração de Deus,
Análise. A expressão: (läkën Kò|-´ämar), traduzido
por “portanto assim diz...”, conclui o primeiro argumento. E nova-
mente nota-se a sua presunção, conforme o versículo 2.

Comentário. Pode ser visto que as palavras mais enfatizadas des-


ta perícope são:

V.3. sábio, segredo e esconder;


V.4. sabedoria, entendimento e riqueza;
V.5. sabedoria, comércio, riqueza e orgulho;
V.6. orgulho.

Síntese. As palavras enfatizadas estão de acordo com a regra con-


textual dos capítulos antecedentes e pode ter a seguinte conclusão. O que
levara o príncipe afirmar ser deus era devido sua grande sabedoria na
224 FABIO SABINO DA SILVA

sua comercialização, onde gerou riquezas e por fim o orgulho, verifi-


ca-se então os conceitos afirmativos.

3ª Perícope

V.7. Por isso eis que eu trarei sobre ti estrangeiros, os mais terrí-
veis dentre as nações, os quais desembainharão as suas espadas con-
tra a formosura da tua sabedoria, e mancharão o teu resplendor.
Análise. Abre se agora a sentença negativa por um advérbio e
interjeição conforme o versículo 3. Os conceitos negativos são:

a) estrangeiros..., terríveis..., desembainharão as espadas..., contra


a formosura da tua sabedoria e mancharão o teu resplendor.
b)V.8. farão descer à cova..., morrerás da morte dos traspassados...
c) V.9. Acaso dirás ainda diante daquele que te matar: Eu sou
Deus? mas tu és homem, e não Deus, na mão do que te traspassa.
d) V.10. Da morte dos incircuncisos morrerás, por mão de estran-
geiros, porque eu o falei, diz o Senhor DEUS.

Síntese. Observa-se aqui o seguinte esboço:

a) Encargo confiado ao mensageiro (V.1-2); b) Acusação (fun-


damentação, V.2); c) Desenvolvimento da acusação (V.3-6); d) Fór-
mula da mensagem ([läkën Kò|-´ämar], no versículos 6:
, no versículo 7 ); e) Anúncio do juízo; isto é, intervenção de
Deus (V.6); f) Anúncio do juízo; isto é, conseqüências (V.7-10); g) As-
sinatura de conclusão: (V.10 diz o Senhor DEUS).

4ª Perícope

V.11. Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo:

V.12. Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de


Tiro, e dize-lhe: Assim diz o Senhor DEUS: Tu eras o selo da medida,
cheio de sabedoria e perfeito em formosura.
Análise. O autor faz mudança de linguagem de prosa para a poesia
como é atestada também nos capítulos antecedentes em 26.17 e 27.2.
Destaca-se como verdade central às expressões, sabedoria, perfeito e
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 225

formosura, palavras também confirmadas nos capítulos anteriores;


ou seja, à análise do argumento do autor está em continuação e não
em novas sentenças.

V.13. Estiveste no Éden, jardim de Deus; de toda a pedra preciosa


era a tua cobertura: sardônia, topázio, diamante, turquesa, ônix, jaspe,
safira, carbúnculo, esmeralda e ouro; em ti se faziam os teus tambores
e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados.
Análise. O autor relata seus momentos paradisíacos e não no sen-
tido literal, como se realmente ele estivesse no Éden, jardim de Deus.

V.14. Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te estabeleci;


no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas
andavas.
Análise. O autor procura inseri-lo como um grande ajudador das
nações, conforme é apresentado pela etimologia da palavra querubim
como também pelo contexto do capítulo 27.

V.15. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste
criado, até que se achou iniqüidade em ti.
Análise. O rei tinha estado completo, pelo contexto antecedente,
cheio de sabedoria, formosura e riqueza.

V.16. Na multiplicação do teu comércio encheram o teu interior


de violência, e pecaste; por isso te lancei, profanado, do monte de
Deus, e te fiz perecer, ó querubim cobridor, do meio das pedras afo-
gueadas.
Análise. Eis a razão de sua queda, comércio é a palavra central,
dentro desse raciocínio há os lados positivos e negativos conforme os
contextos antecedentes veja:

Conceito afirmativo

a) multiplicação, comércio, querubim, cobridor e pedras afogueadas.

Conceito negativo

b) violência, pecaste, lancei, profanado e perecer.


226 FABIO SABINO DA SILVA

V.17. Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, cor-


rompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te
lancei, diante dos reis te pus, para que olhem para ti.
Análise. Orgulho é relatado de forma clara conforme ocorrido
nos capítulos antecedentes.

V.18. Pela multidão das tuas iniqüidades, pela injustiça do teu co-
mércio profanaste os teus santuários; eu, pois, fiz sair do meio de ti
um fogo, que te consumiu e te tornei em cinza sobre a terra, aos olhos
de todos os que te vêem.
Análise. Juízo é relatado devido sua arrogância.

V.19. Todos os que te conhecem entre os povos estão espantados


de ti; em grande espanto te tornaste, e nunca mais subsistirá.
Análise. A sentença encerra conforme os capítulos anteriores
como em 26.21 e 27.36.

Síntese. O que temos aqui é o seguinte esboço:

a) Encargo confiado ao mensageiro (V.11);


b) Acusação (fundamentação, V.12-15);
c) Desenvolvimento da acusação (V.16);
e) Anúncio do juízo – isto é intervenção de Deus (V.17-18);
f) Anúncio do juízo – isto é conseqüências (V.18-19).

Conceito Teológico

Introdução. Para o presente trabalho ter sua conclusão, cabe ago-


ra, registrar todas as ocorrências até aqui realizadas, para isso será
analisado, versículo por versículo, demonstrando a impossibilidade
do texto de Ezequiel 28, fazer alusão à queda de Satanás.

Tema. Porque o capítulo 28 de Ezequiel não faz e nem pode aludir


sobre a queda de Satanás?

V.1. E VEIO a mim a palavra do SENHOR, dizendo:


Análise. Primeiro porque o verbo (wayühî) inicia-se com uma
conjunção consecutiva, para expressar o passado narrativo, indicando
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 227

uma seqüência, em outras palavras, o autor continua em seu raciocí-


nio argumentando sobre um ser humano e não sobre um ser espiritual
(Satanás).

2ª Porque a fala introdutória (E VEIO a mim a palavra do SE-


NHOR, dizendo:) tem sua primeira apresentação no capítulo 3.16 e
em todas as atestações desta expressão até o capítulo 28, os assuntos
são: rebeldia, desobediência e destruição aos seres humanos e não seres
espirituais (Satanás).

V.2. Filho do homem, dize ao príncipe de Tiro: Assim diz o Senhor


DEUS: Porquanto o teu coração se elevou e disseste: Eu sou Deus, so-
bre a cadeira de Deus me assento no meio dos mares; e não passas de
homem, e não és Deus, ainda que estimas o teu coração como se fora
o coração de Deus;
Análise. Primeiro porque o advérbio (Kò) demonstra o que
vem em seguida e de quem, esta forma é muito comum no livro do
profeta Ezequiel. A arrogância está relacionada à questão de divini-
zação. Pois o príncipe faz muita menção de ser Deus. Porém, há o
contraste para refutar sua afirmação. Veja abaixo:

Conceito afirmativo

a) Eu sou Deus...
b) sobre a cadeira de Deus me assento...

Conceito negativo

a) não és Deus...
b) como se fora o coração de Deus;

2ª As formas afirmativas e negativas são contrastadas pelos mes-


mos termos em hebraico; ou seja, há duas formas utilizadas no ver-
sículo para a expressão “Deus” e são elas: (´ël), significado: deus,
homens poderosos, homens de grau, heróis, anjos, falso deus e Deus.
Como também a palavra (´élöhîm), significado: regras, julgar,
anjos, deuses, deus, deusa e Deus. Não houve hesitação do autor em
contrastar utilizando as mesmas formas.
228 FABIO SABINO DA SILVA

Síntese. Em análise dos capítulos antecedentes (26 e 27) houve


um grande crescimento do império do príncipe de tiro e há muitas
razões por ele ter afirmado ser deus; mas também há o conceito nos
mesmos para negar sua divindade, veja as relações de sua afirmativa
nos capítulos antecedentes em delimitação de Ezequiel 26 e 27.

3ª Após todas as descrições tanto de conceito afirmativo e nega-


tivo, adentra o verbo (´émör), no imperativo e em análise dos ca-
pítulos anteriores (26 e 27), somente aqui aparece, justificando assim
uma ordem direta para o príncipe e as conseqüências que virão pelo
seu orgulho, estadia, governo e não à Satanás.

4ª A palavra príncipe utilizada no Novo Testamento em Mt 9.34;


12.24; Mc 3.22; Lc 11.15; Jo 12.31; 14.30; 16.11; Ef 2.2, está associada a uma
cultura milenar, sobre o famoso Belzebu (Gr./ Hb. ) ,
onde se encontra a sua história registrada em II Rs 1.2, afirmando ser
deus de Ecrom.
No tempo de Cristo este era o nome atual para o chefe ou príncipe
dos demônios, foi identificado como Satanás e Diabo. Por que Baalze-
bub se tornou Beelzebul, por que o “b” mudou em “l” é uma questão
de conjectura. Pode ter sido um acidente de pronúncia popular ou um
erro consciente (Beelzebul em Siríaco significa: “senhor do esterco”).
Mas já que era tão difundida essa cultura popular, porque os es-
critores não afirmaram sua história e queda?
Outra questão, se o próprio Jesus afirma que ele é “príncipe”,
como pode ser ele um “Rei”? Pois não há a possibilidade nem em He-
braico, Aramaico e Grego haver uma “única palavra” para o mesmo
ofício aqui (príncipe e rei) e sim, o que há são palavras distintas, para
cada um dos ofícios.

5ª A palavra hebraica para príncipe em Ezequiel é: (lin•gîd),


há uma nota na Mp registrando a seguinte informação: ; ou seja,
segundo a Mp, o vocábulo (lin•gîd) é um hapax legomenon e fica
impossível defender qualquer raciocínio por uma única atestação.
6ª Qual a razão de o príncipe de Tiro se considerar um deus? Faço
a relação abaixo para fins de compreensão:

a) A sua cidade era a “mais notável” das cidades fenícias;


MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 229

b) O centro de Tiro ficava situado em uma “ilha rochosa”;


c) Eles “adoravam muitos deuses” inclusive: “Baal, Melkarth e
Astarte”;
d) O espaço dentro da cidade comportava 40.000 habitantes;
e) Era fértil, bem regada pelo o rio Leontes (Litany) tinha uma
grande provisão para a cidade e os “jardins”;
f) Tiro era notado pela habilidade de seus artífices e seus produ-
tos fabricados eram “famosos por todo o mundo”;
g) Hirão, o rei aumentou e embelezou a sua capital. Ele uniu as duas
ilhas pequenas nas quais a cidade fora construída e assim cons-
truiu um: “templo esplêndido aos deuses” à Melkarth e Astarte;
h) Não se pode esquecer todo o capítulo 27, que descreve sua po-
tência em comercialização.

7ª A expressão: (...) teu coração se elevou... na BHS, o verbo é as-


sociado com a palavra coração (Ez 28.2,5,17; Sl 131.1; Pr 18.12;2; II Cr
26.16; 32.25) isso relata a causa e efeito de sua destruição; pois, o orgu-
lho na vida dos personagens bíblicos foi o que os conduziu cada um
a sua derrota. A palavra é também analisada na Mp (diz haver “cinco
atestação dessa forma”) e relata grandes ensinos. Veja:

a) II Cr 26.16. Mas, havendo-se já fortificado, “exaltou-se o seu


coração” até se corromper; e transgrediu contra o SENHOR seu
Deus, porque entrou no templo do SENHOR para queimar in-
censo no altar do incenso.
b) II Cr 32.25. Mas não correspondeu Ezequias ao benefício que
lhe fora feito; porque o “seu coração se exaltou”; por isso veio
grande ira sobre ele, e sobre Judá e Jerusalém.
c) Sl 131.1. SENHOR, o meu coração não se elevou nem os meus
olhos se levantaram; não me exercito em grandes matérias,
nem em coisas muito elevadas para mim.
d) Ez 28.2. (...) Porquanto o teu coração se elevou e disseste...
e) Ez 28.17. Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura,
corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por
terra te lancei, diante dos reis te pus, para que olhem para ti.

Resumo. O que se destaca em todas essas passagens, o que está


em foco são “seres humanos” e não, “espirituais” (Satanás).
230 FABIO SABINO DA SILVA

8ª A expressão de ele afirmar ser Deus não passa de equívocos.


Primeiro que a palavra hebraica (´ël), (na BHS) conotada para
Deus, tem aplicações subordinadas para expressar a idéia de poder. A
palavra pode ser definida como adj. ou gen.; como também, pode ser
aplicada a homens de poder e grau como é o caso aqui.
9ª Para reforçar que este versículo não se trata de Satanás é visto
pela expressão: (...) cadeira de Deus me assento:
(môšab ´élöhîm yäšaºbTî) registra que a expressão correta é “assento entre
os deuses” o qual o rei de Tiro havia imaginado em sua mente e não
de Deus.
10ª Para concluir o V. 2, termino com a expressão “no meio dos
mares” (Bülëb yammîm). É complexo imaginar Satanás com
uma cadeira no meio dos mares, tanto antes, como após a qualquer
coisa. Qual a finalidade de lá estar, se procede, então não está nas po-
testades. Em Jó há informação que ele passeia sobre a terra e nãosobre
os mares, como também não há nenhuma menção de ter residência ou
habitação nos mares.

V.3. Eis que tu és mais sábio que Daniel; e não há segredo algum
que se possa esconder de ti.
Análise. A expressão que afirma que ele era mais sábio que Da-
niel e nenhum segredo poderia ser escondido dele, encontram-se vá-
rios problemas, pelas seguintes razões:

1ª A maioria das orações com (hinnË) ocorrem em discurso


direto [...] e servem para introduzir um fato sobre o que se baseia uma
afirmação ou mandamento que o segue.
A interjeição tratando-se de uma partícula dêitica ou demonstra-
tiva chama a atenção com certa ênfase sobre uma pessoa, um objeto,
uma ação, servindo assim para apresentar e para identificar.
A Mp relata que a expressão é atestada por dez vezes (Ez 3.8; 7.10;
15.4,5; 16.44,49; 22.6; 28.3; 31.3; 39.8) no início dos versículos do livro
de Ezequiel.
E pode ser verificado que todas as ocorrências no início dos versí-
culos vem tratando de “julgamento” e “juízo” a seres humanos e não
espiritual (Satanás).
2ª A palavra hebraica para sábio: (Häkäm) é atestado em todo
o livro de Ezequiel; todavia, aqui a sua conotação está relacionada à
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 231

“questão humana” e não abstrata, pois é relacionada uma questão de


comparação.
3ª Há problemas pela Mp concernente ao nome: Daniel 
(Däniyyë´l); ou seja é proposta a forma Danel.
Porém, os idiomas arcaicos como o Ugarítico relata a forma: Dnil =
Dan(i)-ilu, como também o Acadiano a forma: DaÒniÒlu, Dannilu. E os mes-
mos fazem menção de uma pessoa famosa antigamente, Ez 14.14,20;
28.3. A palavra é aplicada também a um “nome de um anjo”, I Enoque
6.7; 69.2. Portanto, não se deve confundir o nome com o Profeta Daniel,
cuja tradição, atribui-lhe o primeiro livro dos profetas menores.
Além disso, a Mp relata que a expressão é um “Qerê”. Mas, exis-
tem “três atestações no livro de Ezequiel” com “escrita defectiva”,
mas com o mesmo significado.
Em síntese temos, Danel ou Daniel?
4ª Outro problema é a expressão: “nenhum segredo” que na BHS
temos: (Kol-sätûm). A expressão “nenhum segredo” não é
atestada em nenhum outro lugar no Antigo Testamento pelo que é
proposto pelo TM; todavia, a expressão da LXX, “sábio” é atestada no
contexto do capítulo 27 (Ez 27.8,9).
Em síntese, o vocábulo”sábio” é melhor para estar no texto de-
vidamente ao contexto e não a expressão “nenhum segredo”; pois, se
for aceito o conceito que “nenhum segredo” pode ser ocultado peran-
te um ser humano ou um ser angelical (Satanás). Desta forma, temos
que concordar que ambos possuem “onisciência”.
O qual é impossível ser aplicado a seres humanos ou qualquer ou-
tro gênero; pois, “onisciência” é atributo natural exclusivamente atribuí-
do a Divindade – Deus e não as criaturas. Um conceito que os copistas
não atribuiriam ao seres humanos.
5ª A expressão “esconder de ti”:  (`ämöqmimmeºKKä) não
é atestada na BHS e sim, em outras versões. Em síntese, o texto he-
braico propõem a expressão: (`ámämûºkä) seu significado é “te
supera, te escurece e te cobri” o qual a LXX aceitou, enquanto o Siríaco
e o Targum, preferiram alterá-la.
A expressão “te supera” é mais fácil de conotá-la com a palavra
“sábio do V.2.”, pois inserida se tem “nenhum sábio te supera”.
Portanto, o conceito do Siríaco e do Targum acaba dando margem
para a divinização. Para este fim a forma tida como original é a que
foi inserida pelo TM.
232 FABIO SABINO DA SILVA

V.4. Pela tua sabedoria e pelo teu entendimento alcançaste para ti


riquezas, e adquiriste ouro e prata nos teus tesouros.
Análise. Por observação das escrituras nenhum ser angelical (Sa-
tanás) por mais sábio que fora realizou algum trabalho em comércio,
negociando ouro, prata ou qualquer outra coisa para se tornar um
mercador e por fim ter até mesmo um local onde colocá-lo. Mas, de-
talharei algumas importâncias do versículo para atestar o “Mito de
Satanás” aqui.

1ª A expressão, “pela tua sabedoria”: (BüHokmä|tkä) na


BHS está relacionada a toda a gama de “experiência humana”. A figu-
ra da sabedoria no Antigo Testamento “jamais veio a ser considerada
uma divindade independente do Senhor”, por mais que ela seja perso-
nificada (cf. Pr 8.22-31; 9.1).
2ª A palavra “sabedoria” e “entendimento”, são algumas das
“verdades centrais” de Ezequiel 28, o qual está em harmonia com os
capítulos antecedentes. As duas qualidades foram “causas” para ad-
quirir “riqueza”. As riquezas adquiridas pelo príncipe, podem ser vis-
to no capítulo 27, veja:

a) Negocia com os povos em muitas ilhas V.3;


b) Faias, e cedros,V.5;
c) Carvalhos e marfim, V.6;
d) Linho fino bordado e púrpura, V.7;
e) Prata, ferro, estanho e chumbo, negociavam em tuas feiras,
V.12;
f) Objetos de bronze, V.13;
g) Cavalos, cavaleiros e mulos, V.14;
h) Dentes de marfim e pau de ébano, V.15;
i) Esmeralda, púrpura, obra bordada, linho fino, corais e ágata,
V.16;
j) Trigo de Minite, Panague, mel, azeite e bálsamo, V.17;
l) Vinho de Helbom e lã branca, V.18;
m) Ferro trabalhado, cássia e cálamo aromático, V.19;
n) Panos preciosos, V.20;
o) Cordeiros, carneiros e bodes, V.21;
p) finos aromas... pedra preciosa e ouro, V.22.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 233

V.5. Pela extensão da tua sabedoria no teu comércio aumentaste


as tuas riquezas; e eleva-se o teu coração por causa das tuas riquezas;
Análise. Por análise é dito que o orgulho entrou por causa de fa-
turamento e não há nenhuma atestação, como também em nenhum
outro lugar, anjos (Satanás) negociando valores monetários. Procu-
rarei detalhar mais alguns aspectos deste versículo como prova do
“Mito de Satanás”.

1ª É de se observar que o autor procura enfatizar a “sabedoria” de


Tiro no “comércio” que está totalmente em completa harmonia com
o capítulo 27.

2ª A expressão, “no teu comércio”: (Birkullätkä) é luz ao


capítulo 27, onde demonstra claramente sua comercialização. Fica im-
possível ter um ser espiritual (Satanás) dentro de uma embarcação,
negociando com seres humanos.
3ª Explica-se por escritas arcaicas que a palavra “aumentar” é a
forma semítica ocidental de um termo bastante comum, o qual é cog-
nato do Ugarítico: rb (rb) e do Acadiano “rabû”. A raiz aparece
mais de 200 vezes no AT, só no tronco hifil, ocorre 155 vezes, o sentido
padrão e mais comum é o de “multiplicar”. Portanto, só se multiplica
do que existe, e quem é sábio em multiplicar.
4ª A expressão “eleva-se”:(wayyigBah) é demonstrado pelo
contexto o orgulho que adentrou “por causa” das “riquezas” e não em
querer tomar o trono de Deus.

V.6. Portanto, assim diz o Senhor DEUS: Porquanto estimas o teu


coração, como se fora o coração de Deus,
Análise. Quando foi que Deus deu um coração, no sentido literal
aos anjos (Satanás), como eles caíram por dinheiro. Como queriam ser
Deus se não eram eternos e como puderam se corromper se o verda-
deiro Deus não se corrompe.
Procurarei detalhar mais alguns aspectos deste versículo como
prova do “Mito de Satanás”.

1ª É justamente neste versículo que se encontra o “Clímax” (obser-


ve o clímax também nos capítulos anteriores em 26.2 e 27.25) desde
o versículo 1, ou seja é aqui que o autor conclui e chama a atenção
234 FABIO SABINO DA SILVA

para o que é e virá. O clímax é apresentado pela seguinte expressão


em hebraico: (läkën Kò|-´ämar), traduzido por “portanto
assim diz...”, conclui o primeiro argumento. E novamente aparece a
presunção conforme o versículo 2.

Comentário. Pode ser visto que as palavras mais enfatizadas des-


ta perícope são:

V.3. sábio, segredo e esconder;


V.4. sabedoria, entendimento e riqueza;
V.5. sabedoria, comércio, riqueza e orgulho;
V.6. orgulho.

Síntese. Observa-se que as palavras enfatizadas estão de acordo


com a regra contextual dos capítulos antecedentes e pode ter a seguin-
te conclusão. O que levara o príncipe afirmar ser deus, foi devido a
sua grande sabedoria na sua comercialização, onde gerou riquezas e
por fim o orgulho.

2ª É fato comprovado pela nota da Mp: , que a expres-


são: (läkën Kò|-´ämar) é atestada por “duas vezes” com
estes “sinais de cantilações” no texto bíblico hebraico (Jr 25.8; 32.28) e
que a forma que o autor introduz está relacionado com “juízo”; pois,
as duas atestação que há da mesma expressão, relatam a mesma co-
notação e por fim, fica complexo relacionar com um ser espiritual (Sa-
tanás).
3ª A sua presunção de se comparar com o coração de Deus é por
razões de crescimento de seu império, ele se tornou um soberano, onde
todas as suas palavras e desejos eram obedecidos. Longe de ser o Eter-
no, como um ser humano, quanto mais um ser espiritual (Satanás).

V.7. Por isso eis que eu trarei sobre ti estrangeiros, os mais terrí-
veis dentre as nações, os quais desembainharão as suas espadas con-
tra a formosura da tua sabedoria, e mancharão o teu resplendor.
Análise. Como pode um anjo (Satanás) ser ferido por espadas se
é espírito? Logo, deveria escapar com sua velocidade e não ser pego
por uma grande multidão. O objetivo é detalhar mais alguns aspectos
deste versículo como prova do “Mito de Satanás”.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 235

1ª O autor inicia o versículo relatando a sentença negativa por


um advérbio e interjeição, conforme o versículo 3; ou seja, o que era
qualidade do príncipe no início, agora é a causa de sua destruição.
Portanto, o que resta é apenas informar os conceitos negativos:

a) estrangeiros... terríveis... desembainharão as espadas..., contra


a formosura da tua sabedoria, e mancharão o teu resplendor.

2ª O verbo “trarei”: (mëbî´) na BHS é atestado por 2.570


vezes. No texto de Ezequiel e em preferência ao versículo, conota o
anúncio de ameaça e promessa de destruição. Logo, não pode ser para
um ser espiritual (Satanás), senão teria que informar que o mesmo
não existe mais.
Mas talvez alguns poderiam argumentar, que não é a sua pessoa
e sim, seu poder, se seu poder foi minimizado, o que dizer de textos
aludindo sua atuação.
Para aguçar este raciocínio, relato que o verbo atestado na BHS
trás sua forma no hiphil, sendo este uma forma verbal que expressa
uma ação ativa causativa. Portanto, é complexo ver Satanás relatado
neste versículo.

3ª A expressão “os mais terríveis dentre as nações”:   (`ärîcê


Gôyìm), demonstra de uma forma clara que o príncipe de Tiro não era o
mais terrível, quanto mais um ser espiritual, como pode Satanás ser ter-
rível se há maiores do que ele? Não esquecendo que a expressão: “terrí-
veis dentre as nações” é atestada por 20 vezes no AT. E Ezequiel emprega
“quatro vezes” a expressão: `ärîcê Gôyìm, como sendo “os impiedosos das
nações” (lit. Ez 28.7; 30.11; 31.12; 32.12) cuja a expressão e as atestações, não
estão relacionadas a seres espirituais exercendo ação a seres espirituais.

V.8. Eles te farão descer à cova e morrerás da morte dos traspas-


sados no meio dos mares.
Análise. Anjos (Satanás) têm cova? Cova é para o corpo físico,
e não espiritual. Observe mais alguns aspectos deste versículo como
prova do “Mito de Satanás”.

1ª É apresentado de uma forma clara que o príncipe sofreria e os


mesmos utilizariam a brutalidade; pois, é o que se vê pela expressão:
236 FABIO SABINO DA SILVA

“Eles te farão descer”: (yô|ridûºkä), onde o verbo atesta essa for-


ma por estar no hiphil.
2ª Segundo a palavra: “morrerás” não abre a probabilidade de
vida, pois a palavra hebraica: (mämôt) é uma raiz universalmen-
te usada no mundo semítico e designa o processo de morrer e a pró-
pria morte. Logo, é complexo ter a figura de Satanás.

V.9. Acaso dirás ainda diante daquele que te matar: Eu sou Deus?
mas tu és homem, e não Deus, na mão do que te traspassa.
Análise. Onde está escrito que anjos (Satanás) são Deus e ao mes-
mo tempo podem ser mortos por pessoas? quando foi que um anjo
(Satanás) morreu por mão de seres humanos? Veja mais detalhes des-
te versículo como prova do “Mito de Satanás”.

1ª Não pode haver o conceito de ser Satanás, porque o próprio


autor afirma que ele é “homem” isso não passa de sua presunção e
orgulho.

V.10. Da morte dos incircuncisos morrerás, por mão de estrangei-


ros, porque eu o falei, diz o Senhor DEUS.
Análise. Como os anjos (Satanás) em sua sapiência poderiam ser
mortos por pessoas estranhas? afinal, eles não tem conhecimento de
pessoas?

1ª Dentro de tudo que fora apresentado, segue esta análise com o


seguinte esboço:
a) Encargo confiado ao mensageiro (V.1-2);
b) Acusação (fundamentação, V.2);
c) Desenvolvimento da acusação (V.3-6);
d) Fórmula da mensagem: ([läkën Kò|-´ämar], no ver-
sículos 6; [läkën hinnî], no versículo 7);
e) Anúncio do juízo – isto é, intervenção de Deus (V.6);
f) Anúncio do juízo – isto é, conseqüências (V.7-10);
g) Assinatura de conclusão: (V.10- diz o Senhor
DEUS).

Conclusão: Por todos os meios o autor está em um único raciocí-


nio; isto é, relatar juízo sobre Tiro e não a Satanás.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 237

V.11. Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo:


Análise. Os detalhes acerca deste versículo podem ser observados
pelo versículo 1.

V.12. Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de


Tiro, e dize-lhe: Assim diz o Senhor DEUS: Tu eras o selo da medida,
cheio de sabedoria e perfeito em formosura.
Análise. Quando foi que um anjo (Satanás) se tornou rei? e
em qual lugar geográfico ele se estabeleceu? E quem o constituiu?
quem foram os seus súditos e haréns? Quem o viu para admirar
sua beleza? e como foi que ele adquiriu sua perfeição? Logo, teria
que ter aprendido para que houvesse perfeição em sua sabedoria
ou o que seja. Já que é perfeito, pode fazer o que quer, porque tem
que ser submisso? Porque não conseguiu ter tudo o que quis? Ob-
serve mais alguns detalhes deste versículo como prova do “Mito
de Satanás”.

1ª O autor faz mudança de linguagem de prosa para a poesia como


é atestada também nos capítulos antecedentes em 26.17 e 27.2.
Destaca-se como verdade central às expressões “sabedoria”, “per-
feito” e “formosura”, palavras também apresentadas nos capítulos
anteriores.
Ou seja, o argumento do autor está em continuação e não em no-
vas sentenças. Logo, ele não trata de nenhum ser espiritual (Satanás).
2ª A palavra lamentação: (qînâ), nunca foi utilizada em um
senso espiritual (para Satanás) nas narrativas bíblicas.
3ª A forma em construto da expressão: (`al-meºlek
côr), é impossível ser aplicado a Satanás, pois não há registros bíblicos
de ter sido rei da cidade de Tiro.
4ª A expressão: “Tu eras o selo da medida...”: 
(´aTTâ Hôtëm Toknît), segundo parece é uma palavra do próprio autor e
de sua época, pois a Mp registra ser um “hapax legomenon” Como não
há definição de uma forma precisa da palavra, fica o que fora propos-
to pelas versões, mas mesmo assim há uma luz pelo contexto.
5ª A expressão: “cheio de sabedoria...”:(mälë´ Hok-
mâ) é repleta de problemas pois é omitida pela LXX não revisada.
Todavia, a razão de ser considerado um padrão é justamente por sua
grande sabedoria e nadas mais.
238 FABIO SABINO DA SILVA

V.13. Estiveste no Éden, jardim de Deus; de toda a pedra preciosa


era a tua cobertura: sardônia, topázio, diamante, turquesa, ônix, jaspe,
safira, carbúnculo, esmeralda e ouro; em ti se faziam os teus tambores
e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados.
Análise. Segundo as escrituras, Deus criou um jardim no Éden,
mas não diz que os anjos que ali estavam (Satanás) eram vestidos com
este tipo de roupa ou que admiravam as pedras preciosas.
Mas pode se argumentar, que não era o Éden de Adão e sim um
outro Éden, onde viveram outros seres, se isso procede, o que acon-
teceu?
E quem foi que criou os instrumentos musicais para ele (Satanás)
e de qual matéria obteve?
De onde tirou? Esse Éden é na terra ou na eternidade? Se for na ter-
ra, então não houve uma criação em massa de seres angelicais, pois des-
taca o versículo que ele fora criado “no dia”. Havia dia de 24 horas?
Se o Éden é na eternidade, então há árvores, escola de música,
pois onde há instrumentos musicais, tem que haver professores para
ensinar. Veja mais alguns aspectos deste versículo como prova do
“Mito de Satanás”.

1ª A palavra: (`ëºden) é relatada por várias versões como o


Pentateuco Samaritano que trás a forma: eÒdÝn, a Septuaginta relata a
forma: (Gn 2.8-10; 4.16). É argumentado que a palavra provavel-
mente conota o sentido de “terra de felicidades”.
Fica fácil o raciocínio, pois o rei de Tiro tinha todas as regalias
possíveis, onde leva o autor comparar a sua terra com o Éden.
Não é de se surpreender que o plural da palavra tem o significado
de “delícia” e foi suposto que aquele Éden significa a terra de delícias
e que a palavra se tornou um sinônimo para Paraíso.
2ª O livro de Ezequiel quando utiliza a expressão “Éden”, não
quer provar nada além de uma forma de expressar regozijo e feli-
cidade no sentido positivo, mas se tratando de um juízo, abre-se à
sentença de algo que era maravilhoso (Éden) e agora arruinado. Este
raciocínio pode ser visto em passagens como:

a) Ez 31.9. Formoso o fiz com a multidão dos seus ramos; e todas


as árvores do Éden, que estavam no jardim de Deus, tiveram
inveja dele.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 239

Análise. O profeta aqui em momento algum, faz alusão a Satanás,


mas simplesmente ao Rei do Egito, pois se não teria que atribuir de
uma forma totalmente equivocada todas essas expressões a ele. Mas
não há possibilidade, pois teria que desfazer todo o raciocínio do au-
tor e sair de toda regra contextual.

b) Ez 31.16. Ao som da sua queda fiz tremer as nações, quando o fiz


descer ao inferno, com os que descem à cova; e todas as árvores
do Éden, a flor e o melhor do Líbano, todas as árvores que be-
bem águas, se consolavam nas partes mais baixas da terra.
Análise. Imagine-se aplicar este versículo a Satanás, teria que de-
fender à existência do inferno antes dele mesmo. O que se tem aqui é
apenas figuras de linguagem.

c) Ez 31:18. A quem, pois, és semelhante em glória e em grandeza


entre as árvores do Éden? Todavia serás precipitado com as
árvores do Éden às partes mais baixas da terra; no meio dos
incircuncisos jazerás com os que foram traspassados à espada;
este é Faraó e toda a sua multidão, diz o Senhor DEUS.
Análise. O autor registra de uma forma clara todo esse capítulo
atribuindo exclusivamente a Faraó e nada mais; entretanto, ele quer
demonstrar que o reinado de Faraó era próspero, e isso a história com-
prova.

e) E dirão: Esta terra assolada ficou como jardim do Éden: e as


cidades solitárias, e assoladas, e destruídas, estão fortalecidas e
habitadas.
Análise. O autor procura fazer um contraste; ou seja, o que outro-
ra era muito bom, agora está totalmente em um caos.

Conclusão. É patente a forma em que o autor procura expressar a be-


leza do rei. Demonstra isso utilizando excelentes figuras de linguagem.
Porém, há outro ponto a ser observado com relação a esta expres-
são; isto é, que o epíteto “jardim de Deus” usado aqui e em Ez 31:8-9,
considera-se que em outros lugares é chamado de apenas: “paraíso”
(Is 51.3; Gn 13.10). Ezequiel escolheu o termo “Elohim” em vez de
“Jeová”, porque o paraíso é apresentado em comparação, não por
causa da significação histórica à raça humana em relação ao plano da
240 FABIO SABINO DA SILVA

salvação, mas simplesmente como a: “terra mais gloriosa em toda a


criação terrestre”. Este é foco do autor e não declarar um jardim onde
habitava Satanás. Sua finalidade é de apenas relatar os momentos pa-
radisíacos e não no sentido literal, como se realmente ele estivesse no
Éden jardim de Deus.

3ª A expressão: “toda a pedra preciosa era a tua cobertura”


(Kol-´eºben yüqärâ) não passa de uma infor-
mação dos trajes utilizados naquela época; ou seja, elas formavam o
ornamento de seus trajes.
Esta característica na descrição pictórica é levada ao esplendor
com os costumes antigos, onde os roupões eram cobertos com pedras
preciosas, pérolas e ouro. E esta posição é defendida pelos costumes
antigos e versões que relatam uma comparação com o livro do Êxo-
do, onde se relata que o rei utilizava um peitoral de pedras preciosas
como os sacerdotes.
4ª A expressão: “faziam os teus tambores e os teus pífaros” é total-
mente complexa por qualquer outra versão, pois a expressão por com-
pleta, não tem atestação em nenhum outro lugar no Antigo Testamento.
5ª A expressão: “no dia em que foste criado foram preparados”,
ajuda a compreender o raciocínio do autor, o que pode ser apresen-
tado é a probabilidade da expressão “no dia” estar associada a sua
coroação e que no ato, houve um momento festivo, pois o capítulo
antecedente faz a seguinte menção: “E farei cessar o ruído das tuas
cantigas, e o som das tuas harpas não se ouvirá mais” (26.13).
Ou seja, a cidade era festiva. E não vejo nenhuma atestação de Sa-
tanás nem aqui e muito menos em qualquer outro lugar, quanto mais
nas escrituras bíblicas ser um músico.
Se imaginar que Deus ao criar Satanás (utilizarei essa forma, pois
não há outra na Bíblia, que denomine melhor como nome), realizou
uma grande festa. Logo, a criação dos seres angelical não foi em mas-
sa! E se não foi, vejo que Deus o destacou dentre todos.

V.14. Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te estabeleci; no mon-


te santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas.
Análise. Segundo o versículo ele era: “Querubim ungido para pro-
teger”. O que ele “protegia” (Satanás), se tem que proteger é porque
alguém quer “pegar”, “destruir” e “roubar”. Como pode ser isso?
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 241

Quando foi a sua consagração? Se ele era “ungido”, era separado,


para que? Qual ofício? Onde está o registro da consagração dos de-
mais? Toda classe Querúbica também é? Ou apenas ele? Qual o shofar
(chifre) e que tipo de azeite utilizado para ungí-lo?
Procurarei detalhar mais alguns aspectos deste versículo como
prova do “Mito de Satanás”.

1ª A expressão “tu eras”: (´aTT) há grande problemas, pois esta


forma apresentada não pode estar correlacionada com a palavra se-
guinte; ou seja, a expressão em hebraico: (´aTT) é um pronome da
2ª pessoa “feminino singular”, como pode um pronome “feminino”
reger um “substantivo no masculino singular”?
A Mp relata que a palavra é atestada por “três vezes” com esta
forma, mas se tratando do “gênero masculino” (Nm 11.15; Dt 5.27;
Ez 28.14).
As versões como a LXX e o Siríaco (apenas em parte o Siríaco con-
corda) relatam a seguinte expressão: (meta toy che-
royb), cuja conotação se tem: “fiz de ti um querubim”. Provavelmente
deve ser lido da seguinte forma:  (´et k...).
A forma utilizada no texto pode ser confundida quando o texto
ainda não era vocalizado, pois a forma sem sua vocalização, pode ser
tanto um “pronome pessoal” ou até mesmo o “caso do objeto direto”,
talvez ao ver a forma, o escriba se equivocou colocando o pronome
feminino, que é impossível como original, porque a palavra seguinte
é um “substantivo no gênero masculino”.

A palavra complica o raciocínio e não posso ter como original o


que o TM propõem, pois torna inteligível perante as regras cabíveis.

Conclusão. A “partícula do objeto direto” é aceita pertencendo


como original para estar no texto, em vez do “pronome pessoal” da
segunda pessoa do feminino singular.
Se adotar o caso do objeto direto, tenho a seguinte expressão: “o
querubim” e não: “tu és querubim”.
Portanto, a forma que a LXX relata é mais clara e óbvia de ser acei-
ta; logo, o autor quer informar que o Rei foi feito um Querubim (no
sentido de abençoador) e não deixar de ser.
2ª A palavra Querubim é apresentada de várias maneiras como:
242 FABIO SABINO DA SILVA

a) Com artigo e no singular: (haKKürûb), a palavra é atesta-


da em todo Antigo Testamento por “quinze vezes”, dentre os
profetas maiores, apenas Ezequiel registra (Ez 9.3; 10.4,7,9 [2x]
e 10.11).
b) Com artigo, no plural e escrita plena:  (haKKürûbîm),
a palavra é atestada em todo Antigo Testamento por “vinte e
uma vezes”, dentre os profetas maiores, apenas Ezequiel regis-
tra (Ez 10.5,9,15,16[2x],18,19; 11.22 e 41.20).
c) Com artigo, no plural e escrita defectiva:  (haKKürùbîm),
a palavra é atestada em todo Antigo Testamento por “dezeno-
ve vezes”, dentre os profetas maiores, apenas Isaías (Is 37.16) e
Ezequiel registra (Ez 10.1,7).
d) Sem artigo e no singular: (Kürûb), a palavra é atestada em
todo Antigo Testamento por “nove vezes”, dentre os profetas
maiores, apenas Ezequiel registra (Ez 28.14,16 e 41.18).
e) Sem artigo, no plural e sem daguesh na primeira consoante:
 (kürûbîm), a palavra é atestada em todo Antigo Testa-
mento por “duas vezes”, dentre os profetas maiores, apenas
Ezequiel registra (Ez 10.20).
f) Sem artigo, no plural e com daguesh na primeira consoante
 (Kürûbîm), a palavra é atestada em todo Antigo Tes-
tamento por “dez vezes”, dentre os profetas maiores, apenas
Ezequiel registra (Ez 41.18, 25).

Comentário. O vocábulo “Querubim”. As versões mais antigas


que o TM, apresentam outras formas; porém, com o mesmo significa-
do, como: A Septuaginta relata a forma: . O Targum, o Aramaico e
Siríaco relatam a forma: kroÒbaÒ, como um trocadilho. Todavia, a versão
Arábica propõe a forma: karuÒb, a Etiópica ki/eruÒb, o Acadiano kaÒribu/btu,
sendo este um particípio de karaÒbu, cujo significado, temos em todas
elas: “orar”, “consagrar” e “abençoar”.
Qual a razão do autor utilizar esta palavra a um ser humano? Pode
isso ser possível? Sim, se a conotação é “orar”, “consagrar” e “abençoar”;
logo, vejo uma forma propícia para ser aplicado ao Rei de Tiro, pois o
mesmo, “abençoava” as outras nações e isso é claro no capítulo 27, como:

a) Quem negocia, acaba ajudando os outros ter o que não se têm,


27.3 e 12-24;
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 243

b) Quem contrata para trabalhar é tido como abençoador, 27.25-27;


c) Quem farta ao faminto e enriquece outras pessoas é tido como
abençoador, 27.33.

Conclusão. Portanto, a palavra “Querubim” é muito comum para


Ezequiel é o único que relata a palavra de várias formas, se ele tives-
se a figura de “Satanás”, poderia ter inserido em outras passagens.
Para ele está bem difundida a palavra em sua mente, sem falar que ele
pertencia a uma família sacerdotal. Logo, não faz nenhuma alusão a
palavra em um sentido pejorativo, quando utiliza para o rei de Tiro,
utiliza em sua conotação literal. No sentido de “abençoador”, pois é o
que se vê acima detalhado

3ª O que diz as outras fontes referentes à palavra Querubim?

a) Os querubins de Ezequiel são relacionados claramente aos Se-


rafim na visão inaugural de Isaías (Is 6). No Livro de Enoque, os
Querubins, Serafim, Ofanim (rodas) e todos os outros anjos, são
submissos ao “arcanjo Gabriel” (Enoque 20.7; 40; 61.10; 71.7).
b) Na liturgia diária judaica, os Serafim, Ofanim e as outras cria-
turas, constituem o coro Divino.
c) No Talmude, os Querubins são representados como tendo a se-
melhança de crianças (isso relacionando a etimologia pela pre-
posição “ke”, mais o substantivo “rubh”, tendo o significado
de como uma criança: Chag 13b); entretanto, de acordo com o
Midrash, eles não têm nenhuma forma definida, mas aparecem
de várias formas, como homens ou mulheres ou como espíritos
e seres angelicais (Gen rabba’ 21).
d) É registrado que o rei de Tiro construiu seu palácio no meio das
águas do mar, no cume de uma rocha. O qual foi estabelecido
em cima de quatro enormes pilares de ferro, fincados no meio
do mar; contendo sete andares na forma de sete céus com suas
respectivas estrelas, tronos, animais sagrados, raios e trovões,
cometas e meteoros. Sobre o último andar o rei de Tiro man-
dou edificar um trono com animais sagrados e “querubins”,
dos quais pendiam as mais finas pedras.
e) Os querubins são anjos alados, com semblantes de jovens ou crian-
ças, cujo nome é tido como derivado da palavra que significa
244 FABIO SABINO DA SILVA

“jovem”. Segundo a interpretação dos místicos, o nome do Se-


nhor dos exércitos habitava sobre os querubins (II Sm 6.2); isto
é, nomes divinos, representando sefirot masculinas e femininas,
estavam gravados em suas testas. Segundo alguns relatos, no
santo lugar do templo, haviam dois querubins dourados, um
“masculino” e um “feminino” de pé, acima da arca da aliança.

Conclusão. Nenhuma destas fontes coloca Satanás como um Que-


rubim.

4ª A expressão “no monte santo de Deus estavas...”


: (Bühar qöºdeš ´élöhîm häyîºtä), não será interpre-
tada no senso sugerido por Is 14:13 ([...] e no monte da congregação me
assentarei, aos lados do norte...); isto é, Ezequiel estava pensando na
“montanha dos deuses”, o qual é encontrado na mitologia Asiática.
É verdade que Deus colocou querubins como guardião no paraí-
so, mas o paraíso não era uma “montanha de Deus”, nem mesmo uma
“terra montanhosa”.
A idéia de um monte santo de Deus, era na verdade: “o assento
do rei de Tiro”. Tiro construiu sua fortaleza em uma ou duas ilhas
rochosas do mediterrâneo. Embora a comparação do príncipe de
Tiro como um querubim, foi sugerida pela descrição do seu domicí-
lio como um paraíso, o epíteto que demonstra o lugar do querubim
no santuário.
Ezequiel é o único que utiliza a forma de: “monte santo de Deus”,
as outras ocorrências então ligadas com o “tetragrama” e não com o
termo: “Elohim singularizado”. Quando o termo “Elohim” ocorre é
prefixado com o “artigo”. Não há nenhuma menção no Pentateuco a
forma da palavra que Ezequiel relata (sem o artigo).
Ezequiel em “nenhum outro momento” de seus escritos, registra o
mesmo ocorrido, senão para o Rei de Tiro, como também em nenhum
outro lugar em todo o Antigo Testamento é atestado a mesma forma.
Portanto, o que Ezequiel faz é a menção não do “monte de Deus”
(prefixando assim o artigo, conforme registra o Pentateuco), como é a
forma que o Pentateuco utiliza, mas o “monte dos deuses”.
5ª A expressão “pedras afogueadas”: (´abnê-´ëš), refere-
se a uma pedra que produz faíscas. Hoje os diamantes são freqüente-
mente descritos como faiscantes.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 245

V.15. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste
criado, até que se achou iniqüidade em ti.
Análise. Como pode uma pessoa perfeita errar? Logo, não é per-
feição! diz o versículo que foi achado, pois diz o ditado: “quem procu-
ra acha”, se acha é porque existe, se existe é porque alguém colocou,
quem?

1ª O rei tinha estado completo, pelo contexto antecedente, cheio


de sabedoria, formosura e riqueza.

V.16. Na multiplicação do teu comércio encheram o teu interior de


violência, e pecaste; por isso te lancei, profanado, do monte de Deus, e
te fiz perecer, ó querubim cobridor, do meio das pedras afogueadas.
Análise. O que os anjos (Satanás) comercializavam e com quem?
acho que eram as pedras, vejo que comercializavam entre eles (an-
jos) e porque hoje não comercializam conosco? talvez o mundo seria
melhor, anjos e homens... que beleza! Pois eles eram muito bons, pois
conseguiram multiplicar seus rendimentos, será que Pitágoras apren-
deu com eles (Satanás) a matemática? Ou os grandes economistas por
influência deles? Que pena, ele encheu o interior de violência, pecou
e Deus por isso o lançou profanado do monte de Deus. Ele morreu,
pereceu e pelo que vejo, ele (Satanás) ressuscitou!
Risadas à parte.... Procurarei detalhar mais alguns aspectos deste
versículo como prova do “Mito de Satanás”.

1ª É justamente neste versículo que se encontra o “Clímax” (o clí-


max já aparece nos capítulos anteriores em 26.2 e 27.25). Aqui o autor
relatará e chamará a atenção para o que ocorrerá.
O clímax é apresentado pela seguinte expressão em hebraico:
 (Büröb rükullätkä mälû tôkükä
Hämäs wa|TTeHé†ä´) traduzido por: “Na multiplicação do teu comércio
encheram o teu interior de violência, e pecaste”. Quando foi que Sa-
tanás trabalhou em comércio? Dentro do contexto, só me resta aplicar
ao Rei de Tiro e não a Satanás.
2ª A palavra “multiplicação”: (röb) está totalmente ligada ao
capítulo 27, onde registra que o Rei de Tiro comercializava e por fim,
houve a multiplicação de seu comércio; há também, uma conexão com
o versículo 18 deste mesmo capítulo. Logo, não há a possibilidade de
246 FABIO SABINO DA SILVA

ser inserido argumentos isolados, fora de seu contexto. Portanto, é


impossível aplicar algum comércio a Satanás.
3ª A expressão “do teu comércio”:  (rükullätkä), registra o
mesmo conceito da análise da palavra anterior. A palavra é encontra-
da somente em hebraico posterior e provavelmente derive de uma
palavra estrangeira para “mercador”. Aparece basicamente em Eze-
quiel 27 para descrever Tiro, no lamento que se faz por essa cidade (Ez
27.3,12-13,15,17,20,11,23 [duas vezes], 24; também em 17.14). Ocorre
em apenas três outras passagens (I Rs 10.15; Ct 3.6; Ne 3.31). E não a
Satanás.
4ª A palavra “encher”:   (mälû) tem uma forma bem inten-
siva, pois segundo registro do aparato crítico da BHS registra que a
LXX e o Siríaco (apenas em parte o Siríaco concorda) trás a expressão:
(éplësas), cuja conotação temos: “abastecido, cumprido e reali-
zado”. Possivelmente, para ser lido em hebraico:  (millë´tä), com o
sentido de “encher, satisfazer e completar”. Porém é importante obser-
var que o verbo apresentado no aparato crítico está no “Piel” e isso co-
nota uma brutalidade de como ele adquiriu suas possessões. E não vejo
Satanás em nenhum momento usando de tal brutalidade em comércio.
5ª A palavra “interior”:  (Täwek) é usada em um “senso físico”
e não em um senso “espiritual”. Assim como Adão pecou comendo da
fruta proibida da árvore, assim fez o rei de Tiro se enchendo de malda-
de com relação ao comércio. Por isso que Deus o poria longe da monta-
nha e o destruiria. Logo, se torna impossível ser aplicado a Satanás.
6ª A expressão “do monte de Deus”: (mëhar ´élöhîm)
não pode ser associado de forma literal, pois há histórias antigas con-
cernentes as montanhas, onde o conceito de montanha expressava a
majestade, o poder e a altura das montanhas, elevava-se até os céus,
acima das nuvens, onde naturalmente levou os homens a associá-las
aos deuses. Há registros também que os povos antigos, como os reis
pagãos (da Babilônia e Tiro) procuravam serem deuses subindo à
montanha mitológica dos deuses. Fica impossível ver Satanás aqui.
7ª A expressão “e te fiz perecer”:  (wä|´aBBedkä) analisada
dentro da morfologia explicará que houve uma inexistência da atuação
do Rei de Tiro, pois o verbo está no Piel, sendo este uma voz ativa inten-
siva, onde dá argumentação para uma suposta restauração. Portanto,
como pode Satanás ter sido extinguido e ao mesmo tempo estar em
ação? logo, não cabe esse texto para a sua queda ou o que seja.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 247

8ª A expressão “ó querubim cobridor, do meio das pedras afo-


gueadas”:
(Kürûb hassökëk miTTôk ´abnê-´ëš), fica
impossível associar este versículo a Satanás, pois tudo está relaciona-
do ao comércio, trabalho, que Tiro realizou, não posso isolar palavras
e personificá-las, quando a mesma não me dá apoio para isso. O voca-
tivo relata a existência de uma pessoa e a mesma á descrita com juízo
inevitável por razões de seu orgulho no comércio.

Conclusão. Aqui temos a razão da queda do Rei de Tiro, “comér-


cio” é a palavra central e dentro desse raciocínio tem-se os lados posi-
tivos e negativos conforme os contextos antecedentes, veja:

Conceito afirmativo

a) multiplicação, comércio, querubim, cobridor e pedras afogueadas.

Conceito negativo

b) violência, pecaste, lancei, profanado e perecer.

V.17. Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, cor-


rompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te
lancei, diante dos reis te pus, para que olhem para ti.
Análise. Esta parte é interessante, pois ele (Satanás) não vigiou,
orgulhou-se por causa da formosura e corrompeu a sabedoria por
causa do seu resplendor. Logo, não é mais tão sábio como antes! Veja
que Deus o lançou na terra e diante dos reis o colocou, para que olhas-
sem para ele. Mas, já havia reis antes da sua queda? Quem foram? Ele
não caiu antes de Adão? Acho que não...foi depois dos primeiros reis,
então, como Adão pecou? Quem influenciou a serpente? Onde esta-
vam esses reis, palácios e dinheiros.

V.18. Pela multidão das tuas iniqüidades, pela injustiça do teu co-
mércio profanaste os teus santuários; eu, pois, fiz sair do meio de ti
um fogo, que te consumiu e te tornei em cinza sobre a terra, aos olhos
de todos os que te vêem.
Análise. Vitória! Deus o consumiu e o “tornou em cinzas” sobre
a terra, aos olhos de todos os que o viam. Satanás morreu! Estamos
248 FABIO SABINO DA SILVA

livres... o pecado e o que fazemos não passa de mito! Se atribuo esse


texto a sua queda e destruição, logo ele não existe. Observe mais al-
guns aspectos deste versículo como prova do “Mito de Satanás”.

1ª A expressão: “pela injustiça do teu comércio” 


(Bü`eºwel rükulläºtkä). A expressão sendo analisada no aparato crítico,
segue a informação que a mesma está relacionada com o contexto do
versículo 16.
2ª A expressão: “teus santuários”   
 
 
 (miqDäšÊºkä). Não sabia
que Satanás teve templo? Quem os construiu? Para que templo, se ele
lá não habita? Vive passeando, uma hora está na terra, outra nas regiões
celestiais, confuso! Qual foi a quantidade de sacrifícios realizados para
o mesmo! Onde estão os registros bíblicos de seus templos?
3ª A expressão: “te tornei em cinza sobre a terra, aos olhos de to-
dos os que te vêem”
          (wä´eTTenkä lü´ëºper `al-hä´äºrec
lü`ênê Kol-rö´Êºkä). Satanás virou um montão de cinzas, só não posso
esquecer que Deus deve ter lhe dado um corpo físico, pois para que
haja cinzas, tem que ser queimado com fogo. Onde é que está esse mo-
numento de cinzas para ver, pois se os outros viram. Logo é verdade.
Em síntese, ele morreu!

V.19. Todos os que te conhecem entre os povos estão espantados


de ti; em grande espanto te tornaste, e nunca mais subsistirá.
Análise. Pena que não o conhecemos em pessoa como as outras
no passado, pois o versículo diz: “Todos os que te conhecem entre os
povos estão espantados de ti; em grande espanto te tornaste, e nunca
mais subsistirá.”

Conclusão. A sentença encerra conforme os capítulos anteceden-


tes como em 26.21 e 27.36.

Síntese. O que temos aqui é o seguinte esboço:


a) Encargo confiado ao mensageiro (V.11);
b) Acusação (fundamentação, V.12-15);
c) Desenvolvimento da acusação (V.16);
e) Anúncio do juízo – isto é, intervenção de Deus (V.17-18);
f) Anúncio do juízo – isto é, conseqüências (V.18-19).
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Procurei ser mais simples possível em todas as minhas análises,


sei que em partes do meu trabalho haverá rejeições, mas isso é nor-
mal, uma vez que o trabalho lida com a “crítica textual” etc.
Procurei utilizar o capítulo de Ezequiel 28 de uma forma detalha-
da, talves algumas informações me tenham passado desapercebido. A
razão de ter utilizado o capítulo de Ezequiel 28 é por ser bem discuti-
do, e para a crítica textual aguça o saber.
Sei que muitos defendem a tese da queda de Satanás em Ezequiel
28. Mas acredito que haverá mais desejo de se buscar maiores infor-
mações, pois foi o que procurei e encontrei muitas riquezas de infor-
mações em outras versões como também na BHS.
Os métodos utilizados no presente material foram:

a) Análise Contextual;
b) Análise Etimológica;
c) Análise Semântica;
d) Análise Cultural;
e) Análise Gramatical;
f) Análise Histórica;
g) Análise Teológica;
h) Crítica Textual;
i) Crítica Literária;

O trabalho está à disposição para as devidas refutações, contesta-


ções, até réplicas; todavia, que sejam apresentadas através de méto-
dos investigativos adequados e coerentes.
Paradigma Verbal de Strong
Stem Qal Niphal Piel Pual Hiphil Hophal Hithpael Stative Qal

250
Perf 3ms         
3fs         
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2fs         
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2fp         
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FABIO SABINO DA SILVA


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3fp        
2mp        
2fp        
1cp        
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2mp      
2fp      
Inf Abs        
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Cs       
Ptc Act      
Pass    
Classificação Geográfica das línguas Semíticas
Semítico – Norte Oriental
Acadiano Babilônico-Assírico
Semítico – Norte Ocidental
Eblaita Idioma recentemente descoberto em Ebla, Síria, 2400 a.C.
Idioma de Biblos Alguns documentos com inscrições hieroglíficas 14º século. a.C.
Proto-Sinaitico Inscrições do alfabeto mais antio, 15º século a.C.
Linguagem de Laquis Textos antigos da cidade Palestínica Laquis

MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO


Amorita Conhecidos apenas nomes próprios, 2000-1600 a.C.
Ugarítico Cidade de Ugariti. Síria, em 1928,15º ao 13º século. a.C.
Linguagem de Tel- el Amarna Cartas do12º século.
Grupo Canaanita Hebraico (Antigo Testamento e Talmude)
Hebraico moderno (Ivrite)
Fenício e Punico (Punico é a linguagem de Cartago; do 9º século).
Grupo Aramaico
Aramaico Antigo (idioma da Síria, 10-8 século)
Aramaico (idioma do novo império assírio, 7-4 século)
Aramaico Ocidental
Nabateu (Rolos de Qunran; População árabe de Petra, Jordão)
Palmireno (população Árabe de Palmira)
Aramaico dos Judeus-Palestinicos (idioma de Jesus)
Aramaico Samaritano (4º século)
Aramaico atual em cidades perto de Damasco
Aramaico Oriental
Siríaco da cidade de Edessa (3-13º século d.C.)
Siríaco Babilônico, do talmude babilônico (4-6º século. AD)
Mandaico, comunidades religiosas gnósticas (3-8º século. AD)
Semítico, Sul Ocidental
Árabe Árabe pré-clássico (5-4º século. AD)
Árabe norte clássico (4-10º século. AD)
Dialetos do Árabe moderno
Antigo Árabe do sul (8-6º século. a.C.)
Dialetos Árabes modernos do Sul
Etíope

251
Antigo Etíope
Idioma Etíope moderno (muitos)
252 FABIO SABINO DA SILVA

O Alfabeto Ugarítico
Observe abaixo a tabela do alfabeto ugarítico
com suas formas consonantais.
GLOSSÁRIO

Acádico: Acadiano (ou babilônico-assírio) é o nome coletivo para os


dialetos semíticos falados no terceiro milênio a.C na Mesopotâmia.
O nome acadiano fora assim chamado em tempos antigos. É deriva-
do da cidade de Acade, fundada no meio do terceiro milênio a.C, e
capital de um dos primeiros impérios da história humana.
Afro-asiáticos: A família afro-asiática, ou camito-semítico de idiomas
cercam quase todos os idiomas do leste e norte da África. O afro-
asiático consiste em seis ramificações coordenada, cada ramificação
com seus próprios idiomas fixos. Egípcio (o Egito antigo): egípcio,
mediano antigo, demótico, cóptico, cushitico, galla, somali, oromo
e hadia.
Alfred Rahlfs: Estudioso que calculou que havia cerca de 1500 manus-
critos completos e fragmentados da Septuaginta. É por seu trabalho
que se encontra o elenco mais completo de manuscritos gregos do
Antigo Testamento.
Anafórico: Repetição de uma ou mais palavras no início de versículos
ou frases sucessivas.
Aparato crítico: É um vasto conteúdo de texto encontrado no rodapé
das páginas das edições críticas e dedicado a fornecer notas e expli-
cações à crítica textual. Sua principal função é prover informações
sobre palavras da BHS.
Apócrifo: Obra não incluída no cânone da Bíblia, mas aceita em ou-
tras versões bíblicas, como a Septuaginta.
Aquiba: Umsábio mishnaico. Aquiba foi um apoiador da revolta de
Bar Kochba contra os romanos. Foi martirizado quando tinha 120
anos, durante as perseguições de Adriano.
Áquila: Um oficial pagão convertido ao judaísmo. Fez uma versão
grega do texto bíblico hebraico, em meados de 125-130.
Árabe: Versão surgida por volta dos séculos X, XIII e XVI.
Arábico: Nome dado aos textos provenientes do árabe.
254 FABIO SABINO DA SILVA

Aramaico: Idioma semítico pertencente ao ramo norte-ocidental e


que desenvolveu durante a primeira metade do segundo século
milênio a.C.
Bavli: Nome dado à recensão babilônica do Talmude, cerca de
500 d.C.
Ben Asher: Família de massoretas de Tiberíades, na Palestina, ativa
desde o século VIII até a primeira metade do século X.
Códice do Cairo dos Profetas: Nome dado a um códice qual contém
somente os Profetas Anteriores (de Josué a II Reis) e Posteriores (de
Isaías a Malaquias) e teria sido composto por volta de 895/896 por
Moisés ben Asher e é o manuscrito massorético mais antigo conhe-
cido pelos eruditos. Atualmente, este manuscrito está sendo datado
entre 990 e 1170, por causa de novas pesquisas de datação por meio
de testes do carbono-14.
Cânones ou cânon: Termo designativo de um vocábulo hebraico cha-
mado kannesh, significando, “vara reta de medir”, e também um vo-
cábulo grego chamado kanón e do latim canon, todos com o mesmo
significado, padrão, regra de procedimento, critério, norma, etc. Em ter-
mos mais técnicos pode-se definir como: coleção de livros reconhe-
cidos e atestados como oficiais.
Cantilação: Nome dado a uma série de sinais de acentuação onde mar-
cam a melodia dos vocábulos dos versículos da Bíblia Hebraica.
Clímax: É o ponto culminante de um texto, ou seja, a verdade central
de um argumento.
Códice Alexandrino: É tido como o mais fiel aos escritos originais da
LXX, sobretudo por apresentar-se, quando comparado com outros,
como mais breve e menos polido ou desenvolvido em questões de
estilo e gramática.
Códice Vaticano: Escrito em pergaminho. Contém todo o Antigo Tes-
tamento e a maior parte do Novo Testamento em Grego. Foi escrito
no início do século IV.
Códice: Termo que se origina do latim codex, que designava a princí-
pio uma tábua geralmente coberta de cera, na qual escrevia com um
ponteiro de ferro chamado stilus.
Conjunção: A conjunção é uma palavra invariável que serve para re-
lacionar duas palavras, dois grupos de palavras ou duas orações.
Consecutivo: Conceito morfológico que destaca uma forma gramati-
cal que se segue imediatamente na ordem temporal ou numérica.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 255

Construto: O objetivo principal do estado construto é expressar uma


relação de genitivo (relação de posse). Também serve para expressar
as várias possibilidades de relacionar dois substantivos.
Coortativo: forma verbal que expressa desejo, determinação ou auto-
encorajamento do sujeito do verbo.
Crítica literária: Método que procura estudar os textos como unida-
des literariamente formuladas e acabadas.
Crítica textual: Método que tem como iniciativa e objetivo o realce da
integridade de um determinado texto, comparando as divergências
nas cópias manuscritas existentes de uma obra e tentar descobrir e/ou
restaurar qual é a sua forma textual mais antiga, mais autêntica, isto é,
o texto mais próximo ao original.
Daguesh: Palavra que em hebraico significa ênfase. É um ponto inse-
rido em seis consoantes em hebraico para indicar um som oclusivo
ou plosivo na pronúncia.
Delimitar: É reconhecer o início e o fim de um uma narrativa. Torna-
se necessária para saber qual é a mensagem de um texto.
Ditografia: Erro de cópia que é resultado de repetição acidental de
letras, sílabas, e palavras em um determinado documento.
Dual: Forma utilizada em hebraico para designar objetos que ocorrem
em pares, especialmente os órgãos do corpo.
Elamita: Nome dado originalmente a um dialeto de Susã. Caracteri-
zada por uma classificação fonética aglutinante, o qual não é relacio-
nado aparentemente a qualquer outro idioma conhecido.
Escrita defectiva: Refere-se ao texto ou a uma palavra dentro de um texto
que foi escrita sem o recurso de letras vocálicas ou indicadores de vogais.
Escrita plena: Denomina um texto provido de consoantes extras que
indicavam os sons vocálicos no período em que os textos ainda não
eram pontuados.
Essênios: Nome dado a uma ramificação judaica que floresceu no século
II a.C até a destruição do segundo templo, em 70 d.C. Presume-se que os
judeus de Hirbet Qumran, em cuja biblioteca acharam-se os remanes-
centes que constituem os Rolos do Mar Morto, teriam sido essênios.
Etimologia: Estudo que procura conhecer e detalhar a origem de uma
palavra.
Etiópico ou Etíope: Versão bíblica produzida a partir do texto da LXX.
Surgiu no século IV, na Etiópia. Seus manuscritos datam somente
do século XIII.
256 FABIO SABINO DA SILVA

Fragmentos: Nome dado a manuscritos que estão deteriorados, ou


apagados.
Guenizá: Designa o depósito nas sinagogas em que eram depositados
tanto os livros bíblicos como os livros religiosos em desuso e gastos
pelo tempo.
Halakhá: Tradição legalista do judaísmo, que se confronta com a teo-
logia e ética.
Hapax legomenon: Termo técnico usado pela crítica textual para desig-
nar o vocábulo ou expressão que aparece uma única vez ao longo do
texto da Bíblia Hebraica.
Haplografia: Erro de cópia que é resultado de uma omissão acidental
de letras, sílabas, de palavras em um determinado documento.
Hesíquio de Alexandria: Bispo que realizou a revisão do texto da
LXX feita no Egito no século IV.
Héxapla: Obra principal de Orígines de Alexandria. Surgida por volta
de 250. Tal obra possuía seis colunas dedicadas ao texto bíblico.
Hiphil: O sexto tronco verbal, que normalmente indica o causativo do
significado das formas verbais do Qal.
Hirek: Nome dado a vogal breve do hebraico, equivalente ao som
de “i”.
Hitpael: O quinto tronco verbal, caracterizado por um prefixo mais
longo, e pela reduplicação do radical do meio. São considerados in-
transitivos e uma força reflexiva.
Homoioarcton: Erro de cópia relacionado a omissão acidental de ele-
mentos do texto devido ao final similar u igual de letras, sílabas e
palavras.
Homoioteleuton: Erro de cópia relacionado a omissão acidental de
elementos do texto devido ao final similar ou igual de letras, silabas
e palavras.
Hophal: O sétimo tronco verbal, que indica a voz passiva do acusa-
tivo.
Imperfeito: A conjugação do verbo que designa uma ação incompleta
u não concluída.
Infinitivo: forma verbal que indica a idéia básica de uma raiz sem as
limitações de pessoa, gênero e número.
Jacobita: Nome dado ao grupo de cristãos sírios. Entre os jacobitas
destacou-se o bispo de edessa, Jacó Baradeo [? -578] que foi propa-
gador do monofisismo.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 257

Jussivo: Modo do imperfeito para expressar um desejo, uma vontade,


uma ordem.
Ketiv: Forma tradicionalmente escrita de uma determinada palavra ou
expressão do texto da Bíblia hebraica.
Lamed: Nome de uma consoante hebraica (seu equivalente em portu-
guês é um “l”).
Luciano de Antioquia: Presbítero de Antioquia o qual realizou uma
recensão da LXX, sendo utilizada na Síria e na Ásia menor.
Maimônides: Filósofo e halachista espanhol, geralmente conhecido
como Rambam. Atuou em uma comunidade judaica egípcia, com-
pondo um importante código haláchico em hebraico, o Mishne Torá
(1180) e, em árabe, a mais importante obra filosófica judaica, o Guia
para os perplexos (1190).
Maqqef: Curta linha horizontal usada para juntar duas palavras ou
mais em uma unidade de fala.
Masora parva: Corpo principal das anotações massoréticas escrito nas
laterais do texto bíblico nos códices medievais da Bíblia hebraica de
tradição tiberiense.
Massorá: Texto da Bíblia Hebraica desenvolvida e padronizada pelos
massoretas que inseriram no texto hebraico sinais vocálicos, acentos
e notas de observação textuais.
Massoretas: Escribas judeus medievais que desenvolveram um siste-
ma de padronização para o texto bíblico hebraico.
Meir: Sábio mishnaico do século II d.C. Foi ativo na reconstrução
da vida judaica após as devastações das rebeliões de Bar Kochba,
e muito do material da Mishná vem da disposição original por ele
organizada.
Midrash: Método homilético de interpretação bíblica no qual o texto é
explicado diferentemente de seu significado literal.
Minúsculos: Manuscritos antigos gregos escritos em letra minúscu-
las, também conhecidos como cursivos.
Mishná: A mais antiga das obras remanescentes da literatura rabíni-
ca, editada por Judá Há-Nassi e completada por membros de seu
círculo após sua morte, no início do século III d.C.
Morfologia: Parte da gramática que estuda a estrutura das palavras e
a sua formação.
Nabateus: Dialeto falado no celebre oásis do deserto sírio.
258 FABIO SABINO DA SILVA

Nestoriano: Nome dado ao grupo de cristãos sírios proveniente do


patriarca de constantinopla, Nestório de constantinopla [381-451]
que foi propagador do nestorianismo.
Niphal: O segundo tronco verbal, normalmente identificado pelo pre-
fixo “n”. É comumente a voz passiva do Qal.
Ofanim: Tido como uma classe hierárquica angelical.
Particípio: Formas verbais que compartilham as propriedades de ad-
jetivos, verbos e substantivos, podendo exercer a função de cada um
deles.
Pentateuco Samaritano: O Pentateuco Samaritano constitui as Escritu-
ras Sagradas dos samaritanos e é composto somente dos cinco livros
do Pentateuco (Torá). Seu texto é composto em hebraico e em escrita
paleohebraica (antiga escrita hebraica do período pré-exílico).
Perfeito: Conjugação verbal que descreve uma ação concluída tanto
no passado quanto no presente ou futuro.
Perícope: Pequeno trecho bíblico, delimitado por sua forma e conteú-
do, e representando uma unidade de sentido autônoma em relação
à anterior e posterior.
Peshitta: Versão síria que surgiu por volta do século II d.C.
Piel: Terceiro tronco verbal que se caracteriza pela reduplicação da
consoante mediana da raiz. Sua função verbal é intensificar uma
ação.
Protomassorético: Texto consonantal anterior a época do trabalho dos
massoretas.
Pseudopígrafo: Nome dado aos livros que não constam no cânone da
Bíblia Hebraica, da LXX e da Vulgata.
Pual: Quarto tronco verbal, que se caracteriza pela reduplicação do
radical do meio. Voz passiva do Piel.
Qal: Tronco básico do verbo em hebraico, do qual derivam todos s
outros troncos. É classificado como voz ativa simples.
Qerê permanente: Expressão dada aos casos de Qerê que são sempre
escritos no texto bíblico de uma maneira diferente. Não é assinalado
a Masora parva, mas sempre subtendido pelo leitor.
Qerê: Forma atestada na Masora parva para indicar palavra que deve
ser lida.
Hirbet Qumran: Região a 12 km ao sul de Jericó, na região noroeste
do mar Morto, local onde se descobriram pergaminhos bíblicos mui-
tos antigos.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 259

Recensão: Revisão ou apreciação crítica de um documento na inten-


ção de corrigi-lo ou melhorá-lo.
Sânscrito: Língua da família indo–européias. Classificado como indo-
irariana sendo uma língua da índia.
Segol: Nome dado a uma vogal breve, sua correspondência fonética
equivalente ao português de “é”.
Septuaginta: A LXX foi a tradução para o grego das Escrituras hebrai-
cas feitas em Alexandria, Egito a partir do século III a.C. No período
cristão, a LXX tornou-se a Escritura Sagrada da Igreja Cristã.
Símaco: Estudioso que realizou uma tradução grega em meados
de 170.
Sintaxe: É parte da gramática que relaciona a combinação das pala-
vras em frases e orações.
Sírio: Versão surgida entre os séculos IV e VI, sendo produzida por
cristãos sírios.
Soferim: Os antigos escribas eram assim denominados porque eram
guardiões do texto canônico da Bíblia Hebraica.
Soph pasuq: Nome dado a dois pontos que sinalizam o fim de um ver-
sículo ou oração em hebraico.
Talmude: A obra mais importante da Torá Oral, editada sob a forma
de um longo comentário em aramaico sobre seções da Mishná.
Targum: Versão da Bíblia Hebraica para o aramaico.
Tel El-amarna: Coleção de cerca de 350 tabletes de barro escrito no
Egito, em escrita cuneiforme, sendo parte dos arquivos reais de
Amenophis III e Amenophis IV; reis da XVIII dinastia egípcia apro-
ximadamente 1480 a 1460 a.C. Alguns dos tabletes estão quebrados
e há pouca incerteza ao número exato de cartas separadas. 81 estão
no Museu Britânico; 160 no Museu Assírio, Berlim; 60 no Museu do
Cairo; 20 em Oxford; o resto, 20 ou mais, estão em outros museus.
Teodocião: Estudioso que realizou o trabalho de criar uma versão bí-
blica em grego em meados de 180-192.
Tetragrama: Nome dado a quatro consoantes em hebraico do nome
pessoal do Deus de Israel.
Texto Massorético: Texto da Bíblia Hebraica realizada pelos massore-
tas, os quais introduziram em sua estrutura consonantal os sinais de
vocalização, acentuação e as notas massoréticas.
Tikkun Sefer Torah: São correções ou alterações feitas pelos antigos es-
cribas judeus na Torá.
260 FABIO SABINO DA SILVA

Torá: É o primeiro bloco do cânone da Bíblia Hebraica compreenden-


do os cinco primeiros livros da Bíblia.
Tronco: Também denominado de conjugação, ou binyan que significa
construção em hebraico, forma utilizada para conjugar as sete prin-
cipais conjugações dos verbos em hebraico.
Ugarítico: Nome relacionado a Ugarit, antiga cidade das colinas de
Ras Shamra onde se encontraram várias tabuas escritas em língua
cuneiforme desconhecida.
Variante: Leituras alternativas apresentadas em certos manuscritos
que diferem da leitura aceita como original em determinadas pas-
sagens bíblicas.
Vulgata: Versão latina da Bíblia feita por Jerônimo de Estridônia entre
390 e 405, em Belém, na Palestina.
Yonatan: Estudioso que realizou a obra do Targum dos Profetas An-
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