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O Mito do Sexo dos Anjos

Shirlei Massapust

Estabelecer a diferença entre ʿgbōrîm (‫)גברים‬, nef[i]lîm (‫ נפלים‬ou ‫ )נפילים‬e


refāim (‫)רפאם‬, foi uma obsessão durante uma fase de minha vida. Ao examinar
Gênese 6:1-4 na versão da bíblia hebraica usada hoje em dia, nas sinagogas,
um leitor imparcial compreende, sem sombra de dúvida, que os ʿgbōrîm (‫)גברים‬
são seres humanos longevos (‫)עולם אנשי‬, famosos pela boa reputação (‫)שם‬.
O narrador do episódio faz uso copioso do prefixo ha (‫ )ה‬em haʿadam
(‫)האדם‬, haʿadamah (‫)האדמה‬, haʿelohim (‫)האלהים‬, haʿnefelîm (‫)הנפלים‬, haʿgbōrîm
(‫)הגברים‬, haʿšem (‫)השם‬, na intenção de ressaltar em exclamações que tudo que
lhe importa é muitíssimo importante. Ou seja, que tudo e todos no cenário são
dignos dum profundo respeito ou genuíno temor reverencial. Está escrito:

6:1 Era uma vez, quando ʿadam se multiplicou sobre a face1 desta
terra (Israel) e teve descendentes de sexo feminino, 6:2 os
descendentes varões de elohim vigiaram as descendentes virago
de ʿadam, porque eram boas para desposar, e levaram dentre elas
todas as que haviam escolhido. 6:3 YHWH falou: “Não controlarei
o fôlego de ʿadam para sempre. Por esta razão minha própria
carne durará cento e vinte anos”. 6:4 Havia nefelîm no chão
naqueles dias e também, logo depois, quando os descendentes
varões de Elohim foram às descendentes virago de ʿadam e elas
engravidaram para dar filhos a eles. Estes foram nossos ʿgbōrîm,
os honoráveis homens longevos.

A narrativa descreve um cenário onde ʿgbōrîm se transformam em ʿnefelîm.


A categoria ʿnefelîm faz parte do devir ou vir a ser dos ʿgbōrîm. Isto já acontecia
quando não existia nenhuma pessoa além dos nativos ʿadam na região. Ou seja,
a prole ordinária de varão e virago de gênero humano, dito ʿadam, resultou na
geração de ʿgbōrîm → ʿnefelîm; assim como a prole extraordinária de varões bnei

1 Quando Gênese 6:1 menciona a prosopopéia “face da terra” (‫)פני האדמה‬, lendo isto ao pé da letra, literalmente, seria
como se a forma feminina ʿadamah (‫ )אדמה‬tivesse um rosto tal como sua forma masculina ʿadam (‫ )אדם‬indicativa do
Homo sapiens. A principal diferença entre o barro vermelho ʿadamah (‫ )אדמה‬e a terra fértil comum ʿerets (‫ )ארץ‬é o seu
uso em artesanato.
haʿelohim (‫ )בני האלהים‬com viragos filhas de ʿadam, categoria benoth haʿadam
(‫)בנות האדם‬, também resulta na formação de ʿgbōrîm → ʿnefelîm.
Numa hipótese de união da mulher israelita com migrante ou emigrante
estrangeiro, longe de sucumbir à aculturação pela influência da alteridade, a
esposa mantém sua identidade educando filhos nos usos e costumes regionais.
Entretanto, talvez não seja sensato descartar a hipótese onde ʿelohim (‫ )אלהים‬se
refira à entidade alienígena habitante do universo paralelo do mundo das ideias.
A narrativa se aproxima da conclusão em Gênese 6:3, com um comentário
de YHWH sobre a cenografia dada. A divindade pronuncia uma decisão que eu
não decifrei muito bem. Francamente, me parece que YHWH estava usando o
corpo de alguém ali como avatar e tal pessoa viveu cento e vinte anos (ou ʿadam
é um corpo controlado remotamente por YHWH, por prazo determinado).
Na obscura frase “não controlarei o princípio motor de ʿadam para sempre”
(‫)לא־ידון רוחי באדם לעלם‬, o verbo controlar (‫ )דון‬é o mesmo que denota o poder
de governo e/ou o poder judiciário. Numa hipótese onde YHWH fale em não mais
ditar mandamentos com força de lei, para o Homo sapiens (‫)אדם‬, por todo o
sempre, a deidade estipularia um prazo prescricional para suas disposições ou
proclamaria a vacância do cargo ocupado por si. Mais sensato seria conceber
uma hipótese alternativa onde YHWH não abandona a humanidade e sim
interrompe o controle de um determinado corpo humano (‫ )אדם‬dirigido por meio
do fôlego ou princípio motor, ruach (‫)רוח‬, inserido na carne, bašar (‫)בשר‬, durante
o longevo período de vida de cento e vinte anos (‫)מאה ועשרים שנה‬.
Se ʿelohim (‫ )אלהים‬é algo que se condensa em ectoplasma, ruach (‫)רוח‬,
na intenção de entrar na carne, bašar (‫)בשר‬, do corpo físico, ʿadam (‫)אדם‬, então
nunca houve migrantes nem imigrantes. Eram todos nativos da região. Gente
incorporada, mas não por um breve momento. A divindade entra no feto e nele
permanece durante todo período de vida do corpo físico. Igual Kṛṣṇa. (Todos
somos deuses, desde que vivos, porque a vida é manifestação da divindade?)

Homem elástico e bebês semidivinos

O tamanho de um gigante lendário é indeterminável e flexível. De acordo


com um texto cuneiforme (KTU 1.23), a miscigenação entre deuses e humanos
começou quando duas devotas de El rezaram durante o banho. O deus escutou
as preces e foi surpreendido pela visão de mulheres nuas. Então estendeu a
mão, apanhou as devotas e as levou até ele:

tìrkm.yd.ìl.kym
wyd ìl.kmdb.
àrk.yd. ìl.kym
w.yd.ìl.kmdb.

A mão de El cresceu como o mar.


Sua mão é como a enchente.
A mão de El realmente cresceu como o mar.
Sua mão é como a enchente.2

El perguntou respeitosamente às devotas se o prefeririam no papel de pai


ou esposo. Ambas escolheram a segunda opção. Ao devido tempo, cada uma
concebeu um dos deuses graciosos que são “as espadas do mar, as crianças do
mar”. Os irmãos foram chamados de Šaḥar3 e Šalem4 (šḥr.wšlm)5.
Segundo Ronald Hendel, professor de História Antiga e Arqueologia do
Mediterrâneo na faculdade de Berkley, existem outras menções em escrita
cuneiforme. Em Ugarit, a expressão banu ili ou banu ili-mi ocorre com frequência.
São filhos ou descendentes (banu) de El (ìl), deus principal do panteão
canaanita, cujo nome significa literalmente “divino”. Inscrições fenícias datadas
do século VIII ao VII a.C. e uma inscrição amonita do século IX a.C., descoberta
em Amã, Jordânia, atesta o uso da variante bene ‘elim, mais próxima do hebraico
bíblico. Sendo assim, o conceito de Filhos de Deus esteve presente nas
tradições canaanitas durante um período bastante extenso.

2 GIBSON, J. C. L. Canaanite Myths and Legends. Londres, T& T Clark, 2004, p 125.
3 Seguindo hipótese de Gibson este Šaḥar (šḥr), filho de El, é o pai epônimo do clã Bnei Šaḥar (‫ בני שחר‬citado no início
do documento 4Q298) ao qual pertencia o homem chamado Hylyl Ben Šaḥar (‫ היליל בן שחר‬mencionado em 1Q Isaª,
coluna XII, linha 14). Contudo, não há no texto o menor indício de conexão entre KTU 1.23 e 4Q298 e Isaías 14:12.
4 Tenho lido sugestões de que Šalem (šlm) seria a raiz do termo Jerusalém, talvez um hipotético padroeiro da cidade.
5 GIBSON, J. C. L. Op cit, p 126.
As raízes canaanitas dos Filhos de Deus nos proporcionam um
vislumbre, na antiguidade, dessas figuras e tornam claro que se
trata realmente de seres divinos. O uso da expressão pelos
israelitas tem sua origem no acervo do conhecimento tradicional
herdado dos canaanitas.6

Gibson opinou que o alargamento da mão de El é uma metáfora para a


ereção masculina. Eu prefiro não ler pênis onde está escrito mão.

Bnei ha Elohim (‫)בני האלהים‬

O status de divindade eloha (‫)אלה‬, com plural comum e plural majéstico elohim
(‫)אלהים‬, é uma forma hebraica atualizada do sufixo/prefixo ʾĒl (‫)אל‬, derivado do nome
próprio masculino singular ʾĒl na escrita cuneiforme e literatura cognata.
Elohim (‫ )אלהים‬adjetiva os elementos não humanos que usaram a si mesmos
como protótipos a serem replicados em aparência na narrativa da criação dos bonecos
de argila industrializados que deram início à raça humana (Gênese 1:26-27).
Como Elohim (‫ )אלהים‬consegue gerar descendência, Bnei Elohim (‫)בני־האלהים‬,
se eloha é originalmente composto de ruach (‫)רוח‬, um corpo abstrato de ectoplasma7?
Quando o(s) pioneiro(s) vivifica(m) a matéria pela inserção de ruach em bašar, que é o
corpo humano, o ser vivo, ser movente, se torna apto a executar a função reprodutiva
pela união fecunda, gerando mais unidades de bašar para os Bnei Elohim (‫)בני־האלהים‬
que ainda não haviam tido oportunidade de encarnar (Gênese 6:3).
Não há perda de potência no lapso ente a primeira e a terceira geração. O
milésimo primogênito em linha sucessória ainda poderia ser alcunhado Ben Elohim se
não fosse pelo fato dos netos, bisnetos, etc., preferirem homenagear o contemporâneo
ʿEnaq (‫ )ענק‬com novas alcunhas personalizadas: Bnei ha ʿEnaq (‫ )בני הענק‬e ʿEnaqim
(‫)ענקים‬. Isto, claro, quando não se agrupavam noutros clãs.
Repare que há uma falha na hipótese supracitada, pois o pré-requisito da vida
humana excluiria a pré-existência de Bnei Elohim (‫ )בני־האלהים‬trabalhando na criação
do mundo (Gênese 1; Jó 38:7) e deliberando no conselho celeste (Jó 1:6 e 2:1; Salmos
89:7 e 29:1). Se eloha reproduzia-se enquanto tal, mesmo antes de encarnar, isto não

6 HENDEL, Ronald S. Quando os Filhos dos Deuses se Divertiam com as Filhas dos Homens. Em: SHANKS, Hershel
(Org) Para Compreender os Manuscritos do Mar Morto. Trd. Laura Rumchinsky. Rio de Janeiro, Imago, 1993, p 182-183.
7 Talvez não seja inútil mencionar um caso isolado de homofonia. Em aramaico, aṭma (‫ )אטמא‬significa “coxa”. Em
sânscrito, desde a cultura védica, ātmā (आत्म) é um corpo de ectoplasma capaz de transmigrar a um corpo humano.
é estéril como as forças antropomorfas da natureza na mitologia grega, todas incapazes
de gerar heróis sem parceria humana. Embora não haja ʿgbōrîm → ʿnefelîm sem pessoas,
verificamos dentro do contexto narrativo que de fato há Elohim em abundância.
A mais antiga versão do Deuteronômio 32:8 diz que YHWH repartiu as nações e
fixou fronteiras para os povos conforme o número dos Bnei Elohim (‫)בני אלהים‬. Por isso
YHWH é a única divindade de Israel.8 Há mais deles, porém não em território israelita.
É digno de nota o episódio9 no qual o rei Šaul sai do território israelita e viaja à
’Ên Dôr na intenção de consultar uma Baálat-ôv (‫)בעלת־אןב‬, título que designa a função
duma mulher especializada em conjurar os mortos ilustres. Ele lhe pede que entre em
contato com seu velho conhecido Šamuel (‫ )שמןאל‬e ela o faz anunciando: “Eu vi Elohim
saindo da terra” (‫)מן־הארץ עלים ראיתי אלהים‬. O que acontece em 1 Samuel 28:13? Um
humano finado consta entre os Elohim? Assim me parece. Desde que pessoas possam
vir a ser Elohim, terminamos com uma sucessão de metamorfoses valorativas e retorno
à condição original: ʿelohim → ʿgbōrîm → ʿnefelîm → refāim → ʿelohim.

ʿgbōrîm (‫)גברים‬

O adjetivo ʿgbōur (‫)גבור‬, plural ʿgbōrîm (‫)גברים‬, deriva do verbo ʿgbr (‫)גָּבַר‬, que
significa vigor e virilidade, descarga de adrenalina. De acordo com Raymond Van
Leeuwen, professor de Estudos Bíblicos, emérito da Universidade de Toronto, ʿgbr (‫)גבר‬
é o antônimo do verbo ḥlš (‫ )חלש‬e ambos representam, respectivamente, o aumento e
a diminuição do vigor físico e/ou mental de alguém, em qualquer situação10. Por
exemplo, em Êxodo 17:11 e 17:13 lemos que ʿgbr (‫בר‬
ַַ ָּ‫ )ג‬é a potência motivacional que
a liderança de Moisés confere ao exército de Israel, ao lutar contra a tropa de Amelek.

ʿgbōrîm nefelîm (‫)גבורים נפלים‬

8 Ronald S. Hendel. “Quando os Filhos dos Deuses se Divertiam com as Filhas dos Homens”. In. Hershel
Shanks (Org) Para Compreender os Manuscritos do Mar Morto. Imago, Rio de Janeiro, 1993. Pág. 180.
9
O episódio de 1 Samuel 28:3-25 começa quando, num ato de intolerância religiosa, o rei Šaul expatria antepassados
ovôt (‫ )אבןת‬e conjuradores yideonim (‫)ידענים‬. Então YHWH deixa de responde-lo por intermédio dos profetas e ele fica
sem ter a quem consultar sobre uma guerra iminente.
10 LEEUWEN, Raymond C. Van. Isa 14:12, Ḥôlēš ‘al gwym and Gilgamesh XI, 6. Em: Journal of Biblical Literature, Vol.
99, Nº 2 (Jun., 1980), p 176-177.
Ezequiel 32:27 descreve militares ou mercenários11 que desceram à Šheol
(‫)שאול‬, o lugar dos mortos, enterrados com suas armas de guerra (‫)כלי־מלחמתם‬, sendo
por isto conceituados pelo rótulo honorável ʿgbōrîm nefelîm (‫)גבורים נפלים‬.
Num contexto narrativo de elogio da guerra, tudo indica que nefelii (‫)נפלין‬, plural
nefelîm ou nōfelîm (‫)נפלים‬, deriva do verbo cair, nefel (‫)נפל‬, e descreve a boa morte.
Imagino que ʿgbōrîm nefelîm sejam heróis nacionais de Israel e arredores.
De acordo com Józef Tadeusz Milik (1922-2006), tradutor da editio princeps dos
fragmentos aramaicos do Livro dos Vigilantes, tal opúsculo chama os filhos dos
vigilantes de gibbor (‫ )גברין‬e nefîlā (‫)נפיליא‬12. O autor de 4EnGiantsc inclui entre eles o
herói Guilgamés (‫ סימגלג‬ou ‫)גלגׁמיש‬13, personagem que leva o nome do rei de Uruk, o
qual a literatura cuneiforme contemporânea à ocupação de Tel Dan descrevia como
descendente direto dum gênio lillû (ab-ba-ni li2-la2).14
Outros registros de novelistas de Ḫirbet Qumrân somam os nomes do rei Aḥîram
(‫)אחירם‬, que governou uma região mais ao norte da montanha, e dos carismáticos anti-
heróis Mahawai (‫)יוהמ‬, Ohyah (‫)היהוא‬, Hahyah (‫)היהה‬, Ḥôbabiš (‫ )שבבוח‬e Adk (‫)כדא‬.15
Era possível integrar a categoria sendo um trabalhador comum. Jeremias 6:15 informa,
sobre os cidadãos israelitas, que os justos jazem entre os nefelîm (‫)לכן יפלו בנפלים‬. Todos
que não causavam desgosto (‫ )הבעות‬e desapontamento (‫ )שוב‬na comunidade eram
dignos de respeito e recebiam a visita de YHWH. Apenas a sanção penal (‫ )ידעו‬conferia
o estigma da indignidade.
O parágrafo de 1Q Isaª Col. XII, linhas 6-17, que expõe a causa da morte do
instrutor de madeireiros Hylyl Ben Šaḥar informa que ele teve a vida encurtada ao
fraturar a bacia num acidente de trabalho (queda de árvore). A proximidade dos verbos
nefelth (‫ )נפלתה‬e ḥlš (‫ )חלש‬sugere uma morte rápida. O corpo foi decentemente sepulto
numa cisterna funerária, um nível de terra acima do finado clã Kôchevêi ʾĒl” (‫)לכוכבי אל‬,
tendo o personagem ganho um trono (‫ )כסא‬entre os tronos (‫ )מכסאותם‬dos rafāim (‫)רפאים‬,
na necrópole Šheol (‫)שאול‬.

refāim (‫)רפאם‬

11 Um mercenário é alguém que aluga sua força física para trabalhar temporariamente como segurança, transportador
de cargas, estivador, soldado, caçador, etc. Ou seja, este profissional é o valoroso homem forte que faz um pouco de
tudo.
12 MILIK, J.T. The Books of Enoch: Aramaic Fragments of Qumrân Cave 4. Oxford, Oxford University Press, 1976, p 299.
13 MILIK, J.T. The Books of Enoch, p 29-313.
14 Epopéia de Gilgameš (iii 18). Em: SHIPP, R. Mark. Of Dead Kings and Dirges: Myth and Meaning in Isaiah 14:4b-21.
Atlanta, Society of Biblical Literature, 2002, p 92-93.
15 MILIK, J.T. The Books of Enoch, p 29 e 313.
Historicamente, o conceito de rafā (‫)רפא‬, plural refāim (‫)רפאם‬, é tão antigo que
antecede à cultura israelita. Eles formavam a classe aristocrática entre os mortos. R.
Mark Shipp transliterou e traduziu o Livro do Sacrifício aos Rafāim (RS 34.126/KTU
1.1161) do Rei Niqmaddu16. J. N. Ford compilou vasto material sobre o chamamento
dos refāim num artigo aceito no prestigioso periódico acadêmico Ugarit-Forschungen17.
Conforme exposto, no que concerne ao pano de fundo da cenografia bíblica,
numa ocasião feliz teríamos ʿgbōrîm se tornado ʿnefelîm e depois refāim.
A expressão Senhor dos Exércitos aparece dezenas de vezes na Bíblia. Isaías
1:24 explica claramente que a própria divindade vai à luta: “YHWH comanda o poderoso
exército de Israel” (‫)יהוה צבאות אביר ישראל‬. E comandava mesmo, na forma de vento
congelante, tornado, etc. Porém, o povo necessitava de treinamento intensivo para
conviver com uma natureza tão temperamental. Um dos títulos de YHWH é El Šadai
(‫)אל שדי‬, conforme lido em Êxodo 6:3, o que pode ser traduzido literalmente como “Deus
Morto” ou “Deus Fantasma”; possivelmente semelhante a Indra (इन्द्र), personificação da
guerra entre povos arianos, ou ainda Yama (यम), a Morte na mitologia hindu.
O plural de šadai (‫ )שדי‬é šedim (‫)שדים‬. Parte da população firmou uma identidade
baseada nesta variante do culto, pois o novo clero averiguou que “eles faziam sacrifícios
para os šedim” (‫ )לשדים לשדים‬e não para Elʾha Elohim (‫ )אלה אלהים‬conforme o habito
dos antepassados (Deuteronômio 32:17). Extremistas sacrificavam filhos e até filhas
para šedim que tinham uma espécie de congá (‫ )עצביהם‬ornado com estátuas produzidas
por artesãos regionais (Salmo 106:36-39).
Ignoro se a diferença entre šedim (‫ )שדים‬e refāim (‫ )רפאים‬era apenas o fato do
gênio familiar (‫ )שד‬ser enterrado num cômodo da casa, na posição fetal, dentro de um
garrafão, enquanto o rāfā (‫ )רפא‬ficava deitado num aconchegante sarcófago de madeira
enterrado na necrópole (‫)שאול‬. O deus de Israel é alcunhado El Šadai (‫ )אל שדי‬em Êxodo
6:3, mas também YHWH Rāfā (‫ )יהוה רפא‬em Êxodo 15:26. A cultura local associava seu
deus a todos os tipos de mortos.

16 SHIPP, R. Mark. Of Dead Kings and Dirges: Myth and Meaning in Isaiah 14:4b-21. Atlanta, Society of Biblical Literature,
2002, p 57.
17 FORD, J. N. The “Living Rephaim” of Ugarit: Quick or Defunct? Em: Ugarit-Forschungen, Band 24 (1992), p 73-101.
Monumento megalítico da segunda era do bronze (3000–2700 a.C.), na parte alta de Golan, feito
de pedras basálticas arrumadas na forma de quatro círculos concêntricos. O maior círculo possui
cento e cinquenta metros de diâmetro, com 2,4m de altura. Arqueólogos exploraram um cômodo
no centro parecido com um túmulo, contendo objetos que normalmente costumam ser deixados
em túmulos, mas nenhum esqueleto foi encontrado. Os habitantes da região o chamam por
diferentes nomes, sendo um deles Círculo dos Rafaʾīm (‫)גלגל רפאים‬.

yelîde hā-rāpāh (‫)ילדי הרפה‬, yelîde hā-repāîm (‫)ילדי הרפאים‬

Segundo Josué 12:4 e Deuteronômio 3:11, o rei Og (‫ )עוג‬foi o último dentre os


rafāîm, em hebraico mi-yeter ha rafāîm (‫)מיתר הרפים‬, notadamente por haver sido o último
morto sepulto num determinado local onde não cabia mais ninguém. Seu sarcófago de
ferro (‫ )ערש ברזל‬tinha nove côvados (cerca de 4,11m) de comprimento e quatro côvados
(1,8m) de largura.18 Era tão grande que entalou no gargalo da cova coletiva e ficou na
superfície do fosso vertical, arrolhando-o. Uma nota de pé de página da Bíblia de
Jerusalém acrescenta que este leito de ferro, ou de basalto ferruginoso, “era talvez um
dos dólmens que se podem ver na região de Amã”.
Outra hipótese razoável para explicar o tamanho da “cama” de Og seria o uso
de sarcofagi (conjunto de sarcófagos postos uns dentro dos outros, como uma boneca
Matrioska russa). Me parece claro que o personagem se tornou rapā após o óbito, mas
Maimônides insinua que Og foi um gigante da vida real. Não um herói fabuloso do

18 Deuteronômio 3:10-11 diz o seguinte: “10Todas as cidades da planície, todo o Guilead, todo o Bashán até Salchá, e
Edrêi, eram cidades do reino de Og, em Bashán. 11Porque somente Og, rei de Bashán, foi que restou dos Refaim. Eis
aqui seu leito de ferro, de certo está em Rabat Amon; tem nove cúbitos de comprimento e quatro cúbitos de largura,
segundo o cúbito do homem”. O cúbito ou côvado era medido pela distância entre o cotovelo e as pontas dos dedos.
Segundo o rabino Meir Matzliah Melamed, “o exegeta Rashi disse que os cúbitos mencionados neste versículo se referem
aos cúbitos do rei gigante. E, segundo o Talmude (Berachot 54), Og arrancou uma imensa montanha de três milhas, o
que parece impossível fazer um homem que tem aproximadamente oito cúbitos daqueles de um homem normal”
(MELAMED, Rabino Meir Matzliah. Torá: A Lei de Moisés. São Paulo, Sêfer, 2001, p 512-513). Noutras fontes é dito que
Og seria o único sobrevivente dentre os rafāîm porque nadou ao lado da arca de Noé quando as águas do dilúvio subiram,
prometendo servi-lo e aos seus descendentes para sempre, em troca de alimento (Pirkei D’Rebbe Eliezer 23).
tamanho duma árvore conífera, mas um homem tão alto quanto meu finado tio Serafino,
que chegou à idade adulta com dois metros e trinta e dois centímetros de altura.
O problema é que não há registros médicos de alguém com 4,11m. Enfermos de
gigantismo crescem em média de 2,30m a 2,72m, faltando mais 1,30m para preencher
o caixão de Og.

A cama de um homem não é exatamente do seu tamanho, pois não é


uma vestimenta. A cama é sempre maior que o indivíduo que dorme
nela. É sabido e conhecido o fato do comprimento duma cama ser
cerca de 1/3 maior que o indivíduo. Se o comprimento da cama em
questão é de nove côvados, o comprimento de quem dorme nela deve
estar em conformidade com a proporção usual das camas, medindo
cerca de seis cúbitos ou um pouco mais. E está escrito: “Calculado pelo
cúbito do homem” (Deut. 3:11) Isto é, de acordo com o cúbito do
homem médio – digo, do resto dos homens. – E não conforme o cúbito
do próprio Og. Pois todo mudo possui membros de tamanho
aproximado. Por esta razão digo que a estatura de Og era o dobro da
do homem médio ou um pouco mais.19

Gigantes plausíveis não tinham sorte com os fundamentalistas bíblicos. Moisés


matou Og sem nenhum motivo aparente (Deuteronômio 1:4). De acordo com o Talmude,
dois homens altos de nome Siḥon e Og eram filhos de Aḥiyah e netos de Šemîḥazah
(Niddah 61a). Em 1 Crônicas 11:23 lemos que Benaia surpreendeu um soldado egípcio
desarmando-o e matando-o com sua própria lança só porque o desconhecido tinha
cinco côvados de altura (cerca de 2,25m). Neste caso somos informados que o atacante
desejava ganhar fama vencendo um oponente de tipo físico invulgar, impressionante.
Um filisteu ou pai hipônimo nominado Rapā (‫)רפה‬20 foi o genitor de Saf (‫)סף‬,
Goliat (‫)גלית‬, Sipay (‫ )ספי‬e outro irmão que não é lembrado pelo nome, mas somente
pelo aspecto físico de “homem alto” com “seis dedos em cada mão e seis dedos em
cada pé, somando vinte e quatro dedos ao todo”. Todos os quatro homens vivos eram
rotulados yelîde hā-rāpāh (‫ )ילדי הרפה‬ou yelîde hā-repāîm (‫)ילדי הרפאים‬, residiam em
Gath e prestaram serviço militar numa guerra (2 Samuel 21:19-22, 1 Crônicas 20:4).

19 MOSES MAIMONIDES. The Guide of the Perplexed. Trd. Shlomo Pines. Chicago, University of Chicago Press, 1963,
vol 2, p 407-408.
20 O fato de alguém descender de Rapā (‫)רפה‬, um fantasma, muito provavelmente significa que era órfão ou que o nome
do pai era Rapā mesmo. Afinal, o cognato Rafael é nome dado a muitos bebês ainda hoje.
A medicina sustenta que a causa do aparecimento do sexto dedo é uma herança
genética autossômica dominante.

Polidactilia em radiografias de mão e pé humanos.

Numa hipótese onde tratemos de personagens históricos, isso significaria que o


fato do “homem alto” (‫ )איש מדין‬ter polidactilia (segundo 2 Samuel 21:20) basta para
pressupor presença de carga genética causadora de polidactilia em todos os parentes
consanguíneos, incluindo seu irmão Goliat. Todavia, a menção a um gigante não implica
na existência duma família de gigantes pois o gigantismo não é hereditário. O fato de
Goliat ter seis côvados e um palmo (cerca de 2,89 m) de altura, segundo 1 Samuel 17:4,
não assegura desenvolvimento de distúrbio hormonal no “homem alto” para o padrão
mediano, que provavelmente era muito mais baixo que o único irmão gigante.
O que não falta no meio de uma guerra é gente para matar, mas, nesta narrativa,
parece que todos desejavam derrubar Rapā e sua bela família cheia de dedinhos,
especialmente Goliat (que, supondo ser este um relato histórico, mal poderia se
defender em decorrência do crescimento desigual dos músculos em relação aos ossos).
Outra questão complicada é: Goliat foi morto por Elanã ou por Davi? Em 2
Samuel 21:19, é um guerreiro de nome Elanã que derrota Goliat. Essa história soa mais
familiar em 1 Samuel 17, onde Davi luta contra o mesmíssimo sujeito e o vence. Ronald
Hendel opinou no sentido de que esse é um exemplo de história que, na tradição oral,
“deriva” de um herói menor para um maior.21

21 HENDEL, Ronald S. Quando os Filhos dos Deuses se Divertiam com as Filhas dos Homens. Em: SANKS, Hershel e
outros. Para Compreender os Manuscritos do Mar Morto. Trad. Laura Rumchinsky. Rio de Janeiro, Imago, 1992, p 316,
nota 10.
Filhos dos homens grandes de Órion, nativos da terra prometida (Qiryat Arba)?

Na bíblia hebraica não há consenso sobre o tamanho de personagens


gigantescos. Segundo Números 13:31-33, quando Moisés envia representantes das
doze tribos para explorar a terra prometida, todos eles voltam se queixando que os filhos
de Israel (‫ )אל־בני ישראל‬seriam fisicamente incapazes de suplantar homens de estatura
acima da média (‫ )אנשי מדות‬diante dos quais os chefes das doze tribos se sentiram
diminutos tal qual gafanhotos (‫)כחגבים‬. Os nativos da região estavam socialmente
organizados numa nação (‫ )םע‬forte e/ou violenta (‫)תזק‬, dita terra que devora seus
habitantes (‫)ארץ אכלת יושביה הוא וכל־העם‬.
Números 13:33 esclarece que, entre os demais conterrâneos, o referido território
era habitado pelo clã Bnei ʿEnaq, ascendente dos nefilîm e descendente dos nefelîm (‫מן־‬
‫)נפילים בני ענק הנפלים‬. Haveria dois modos de escrever uma mesma coisa, com ou sem
uso supérfluo de matre lectionis, ou ocorreria diferença conceitual entre variantes do
vernáculo, conforme grafado com e sem a primeira letra iod (‫ ?)י‬Seria nefilîm (‫)נפילים‬,
uma expectativa de condição futura oposta à concretude do tempo passado nefelîm
(‫)נפלים‬, plural do verbo nefel (‫ )נפל‬que descreve a boa morte? Ou ainda o vernáculo
regular nefelîm (‫ )נפילים‬teria por raiz o verbo cair, nefel (‫)נפל‬, enquanto o hápax nefilîm
(‫)נפילים‬, que só ocorre em Números 13:33, seria forma plural de nāfîl (‫?)נפיל‬
O autodidata Petros Koutoupis, que cultiva o hobby da arqueologia, tem uma
teoria digna de nota. Ele descobriu que numa versão aramaica do Livro de Jó, achada
em Qunran, a constelação de Órion é chamada pelo termo feminino nefîlā’ (‫ )נפילא‬cuja
forma masculina singular é nāfîl (‫)נפיל‬, plural nephîlîn (‫)נפילין‬. Para fazer disso uma
palavra em hebraico, precisamos remover a última letra nun (‫ )ן‬e substituí-la por mem
(‫)ם‬. Então teremos nefilîm (‫)נפילים‬.22 Sendo assim, Órion poderia ter sido um lugar no
céu associado à boa morte.
Num obscuro episódio bíblico, ao término duma guerra no Vale de Sidīm, dois
representantes da coligação vencida estiveram numa área de extração de betume, nas
poças de petróleo (‫ )בארת בארת חמר‬e mergulharam ali (‫ )יפל־שמה‬ao invés de partir junto
aos colegas sobreviventes (Gênese 14:10).
Suponho que já estavam mortos. Tal procedimento remete à primeira etapa da
mumificação à moda egípcia, que consiste na imersão em betume. A crença geral no
Egito professava que as almas dos mortos sobem para Órion e, conforme exposto, em

22 KOUTOUPIS, Petros. The Nephilim: Their Origins and Evolution, p 4. Publicado no portar Graham Hancock, em
12/04/2007. Link: <https://grahamhancock.com/nephilim-origins-koutoupis/> Acessado em 04/05/2017, às 12:23h.
Números 13:33 os ascendentes de ʿEnaq são adjetivados por um termo cognato à
nephîlā (‫)נפילא‬, nome de Órion no manuscrito 11Q10.
Poderemos então concluir que uma geração de personagens foi constituída de
avatares cujo princípio motor procedeu dum ponto específico no espaço sideral? Existe
pelo menos um conto tardio onde, à época do dilúvio mítico, os Bnei Elohim peticionam
a YHWH requerendo passagem deste planeta para Ursa Maior, porque tal lugar no
espaço lhes era preferível à morada nas Plêiades, Ursa Menor ou Órion.23

yelîde hāʿEnaq (‫)ילידי הענק‬, Bnei ha ʿEnaq (‫)בני הענק‬, ʿEnaqim (‫)ענקים‬

Recapitulando, temos lido em Números 13:33 que Arba (‫ )עברא‬e seus


descendentes são ascendentes dos nefilîm e descendentes dos nefelîm. O nome deste
patriarca significa “o quádruplo” e parece remeter a uma daquelas figuras de quatro
faces que habitavam fábulas indo-europeias. Josué 15:13-14, Juízes 1:20; Números
13:22 e 13:28-33, o descrevem como pai hipônimo fundador do assentamento Qiryat
Arba, o qual se expandiu e virou uma cidade fortificada.
Descendentes de segunda geração foram classificados pelas alcunhas
genéricas Bnei ha ʿEnaq (‫)בני הענק‬, Bnei ʿEnaq (‫ )בני ענק‬e ʿEnaqim (‫)ענקים‬, bem como
pela herança genética, yelîde hāʿEnaq (‫)ילידי הענק‬. Arba foi sucedido pelo seu filho
primogênito, ʿEnaq (‫)ענק‬, que gerou três filhos nomeados Šëšay (‫)ששי‬, ʿÁçîman (‫)אחימן‬
e Talmay (‫)תלמי‬. Há quem sugira a hipótese de I Crônicas 9:17 espelhar tal narrativa,
com base na semelhança de nomes de personagens:

ʿEnakim Números 13:22 e Josué 15:14 Porteiros I Crônicas 9:17

Pai ‫ענק‬ ʿEnaq Chefe ‫שלום‬ Šallûm

Filho ‫ששי‬ Šëšay Guarda ‫עקוב‬ ʿAkkûv

Filho ‫אחימן‬ ʿÁçîman Guarda ‫אחימן‬ ʿÁçîman

Filho ‫תלמי‬ Talmay Guarda ‫טלמן‬ Talmôn

23 SEPHER REZIAL HEMELACH: The Book of the Angel Rezial. Trd. Steve Savedow. San Francisco, Weiser Books,
2000, p 111-112.
Caleb expulsou a família inteira de Qiryat Arba, renomeou a cidade como Ḥevron
e proibiu o comércio de livros24 no entorno. Os ʿEnaqim burlaram o ostracismo
retornando às montanhas de Israel quando a oportunidade surgiu, mas tornaram a ser
perseguidos durante a reforma religiosa de Josué. Apenas em Gaza, Gat e ʿAšdod
alguns sobreviveram (Josué 11:21-22).
Teriam dois filhos de ʿEnaq se tornado porteiros e tesoureiros do templo de
YHWH em Ḥevron? Teria um caso fortuito produzido um incêndio neste local cheio de
oferendas votivas crepitantes? O autor do Livro de Números achou que a ocorrência se
deu porque YHWH não estava feliz com o governo de Arba nem com a prestação de
serviço dos seus descendentes na cidadela. A balbúrdia foi tanta que os malditos
tiveram de migrar para o sul.
Em Deuteronômio 2:10-11 e Gênese 14:5 é dito que os descendentes de ʿEnaq
continuaram a ser chamados de ʿEnaqim (‫ )ענקים‬a despeito da evolução numérica que
fez do clã uma tribo e da tribo uma nação. Em Šawe Qiryataym, cidadela ou
assentamento estabelecido em território moabita, ao sul de Israel, tal povo era
alcunhado ʿAmim (‫ )אמים‬ou ʿAimim (‫)אימים‬, plural de ʿAmh (‫ )אמה‬ou ʿAimh (‫)אימה‬.
Também ali eles inspiravam temor reverencial. A população local formulava rezas tais
como a imprecação no Livro de Jó 13:21: “Tire sua mão de mim e não deixe que ʿAmh
me amedronte” (‫)כפך מעלי הרחק ואמתך אל־תבעתני‬.
O Deuteronômio 2:11 informa que, entre os descendentes de ʿEnaq, havia repāîm
(‫ )רפאים‬ou, mais especificamente, que repāîm eram fabricados por eles (‫יחשבו אף־הם‬
‫)רפאים‬. Isso significa que tais pessoas mumificavam os mortos?
Em Gênese 14:5 uma coligação de reis promoveu um tipo de intervenção federal
no intuito de abafar protestos que culminaram numa guerra civil pela independência das
colônias da planície. Os descendentes de ʿEnaq residentes em Šawe Qiryataym
constavam entre os agitadores vencidos na ocasião da varredura que pôs um fim aos
repāîm (‫ )רפאים‬de ʿAšterot Karnayim.
Este era o cemitério onde o impressionante mausoléu de Og (‫)עוג‬, rei de Bašan,
fazia a alegria de romeiros e turistas. Segundo o Deuteronômio 3:11, faltou espaço
numa gruta ou cisterna funerária para enterrar Og (‫)עוג‬, rei de Bašan, entre os repāîm.
Ele ficou na superfície, acima de todos, provavelmente na casa da cisterna onde
algumas poucas urnas funerárias ficavam visíveis para apreciação pública. Seu

24 Caleb prometeu sua filha em casamento a quem tomasse Qiryat Séfer. Otniel (‫ )עתיאל‬foi o destruidor da “zona livreira”
onde presumivelmente trabalhavam escribas e fabricantes de pergaminhos. Ele desposou a princesa A¢sà (‫עכסה‬, talvez
cognato ao sânscrito ākāśa आकाश) e o lugar foi renomeado Devir (‫)דביר‬. (Josué 15:16, Juízes 1:12).
sarcófago de ferro (‫ )ערש ברזל‬tinha nove côvados (cerca de 4,11m) de comprimento e
quatro côvados (1,8m) de largura.
O exemplo de Arba e seus descendentes demonstra que os heróis de uma nação
automaticamente se revelam personae non gratae para os conquistadores da mesma
nação. De heróis, eles passaram a anti-heróis, formando bandos de opositores
desterrados e anarquistas.

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