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DELIMITAÇÃO DO TEXTO

CAPÍTULO 26

Introdução

O capítulo que será abordado é distribuído de forma geral em


quatro seções, começando com a fórmula: “assim diz o Senhor Deus”.
Sendo Tiro, o grande rei dos mares, a figura central, o qual é ameaça-
do com destruição.

Pode-se esboçar da seguinte forma abaixo:

a) Primeira seção (Ez 26:2-6) há uma ameaça geral de destruição;


b) Segunda seção (Ez 26:7-14) o inimigo é mencionado através do
seu nome, designado como um poderoso, e sua queda será ine-
vitável;
c) Terceira seção (Ez 26:15-18) é demonstrado o espanto pelos ha-
bitantes das ilhas;
d) Quarta seção (Ez 26:19-21) a ameaça está repetida de uma ma-
neira enérgica e o cumprimento da profecia será inevitável.

1ª Perícope

V.1. E SUCEDEU no undécimo ano, ao primeiro do mês, que veio


a mim a palavra do SENHOR, dizendo:
Análise. Início da argumentação. Possivelmente as expressões
declarantes do ano e mês são tidas como sendo o décimo primeiro
ano do exílio de Jeoaquim, o qual fora o ano da conquista e destrui-
ção de Jerusalém (Jr 52.6; Jr 52.12) a ocorrência dos fatos é pressu-
posto em Ez 26.2.
Entretanto, há omissões do dia do mês, ambos aqui e em Ez 32.17.
Porém, dá a entender na palavra:  (Bü´eHäd= no primeiro) uma
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indicação do dia do mês, como também a palavra hebraica: 


(laHöºdeš) significando o primeiro mês do ano.
Há uma visão à objeção que a conquista de Jerusalém ocorreu no
quarto mês e a destruição no quinto (Jr 52.6 e Jr 52.12) e não se pode
afirmar que a conquista era de menos importância aos registros de
Ezequiel do que a destruição.
Conclui-se que o dia do mês possivelmente tenha ocorrido por
uma fragmentação do texto, após ser recopiado.

V.2. Filho do homem, visto que Tiro disse contra Jerusalém: Ah!
está quebrada a porta dos povos; virou-se para mim; eu me encherei,
agora que ela está assolada;
Análise. O orgulho exaltado após a destruição de Jerusalém. O rei
deTiro expressou a sua alegria após a queda de Jerusalém, talvez por
ele ser também um mercador, esperava que o lucro aumentasse pela
extensão do seu comércio.
Encontra-se um semântismo na expressão:   (nišBürâ
Daltôt) “(...) está quebrada as portas...”
O plural:  (Daltôt= portas) indica que as dobradiças do portão
se quebrara. Jerusalém era considerada ao meu ver, a porta das nações,
não por ser um centro comercial das nações; mas, no sentido de seu
santo templo ou santuário, ser a referência para as outras nações.
Pois se disser que Jerusalém era um ponto forte no comércio, terei
sérios problemas com a harmonia textual.

V.3. Portanto assim diz o Senhor DEUS: Eis que eu estou contra
ti, ó Tiro, e farei subir contra ti muitas nações, como o mar faz subir
as suas ondas,
Análise. A conclusão do orgulho vem por uma sentença de
Deus.

Resumo geral. O que levou Deus ao profeta foi o orgulho do rei


Tiro, pela queda de Jerusalém; logo após, desencadeia a argumenta-
ção sentencial e por fim é detalhado o juízo.

A primeira perícope é detalhada pelas expressões hebraicas  


(wayühî), verbo da 3ª pessoa do imperfeito masculino singular de
(häyâ). Registrando assim a idéia de começo (do v.1).
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O versículo 2 possivelmente relata um semântismo pela expres-


são: “quebrada a porta”, (nišBürâ Daltôt); entretanto,
alguns são de opinião que a expressão correta é: “negócio ou nego-
ciar”, (rökeºlet), onde o Targum propõe esta mesma nota com
base no capítulo 27.3.
E também a expressão (läkën Kò|-´ämar), traduzido
por: “portanto assim diz...” (V.3), conclui o primeiro argumento.
Observar-se a figura de linguagem inserida no versículo 3, compa-
rando as nações como as ondas que se elevam:        (Küha
`álôt hayyäm lügalläyw).

2ª Perícope

V.4. Elas destruirão os muros de Tiro, e derrubarão as suas torres;


e eu lhe varrerei o seu pó, e dela farei uma penha descalvada.
Análise. Continua a trama e argumentação da sentença.

V.5. No meio do mar virá a ser um enxugadouro das redes; porque


eu o falei, diz o Senhor DEUS; e servirá de despojo para as nações.
Análise. Fim da primeira perícope, o juízo será inevitável.

Resumo geral. Esta argumentação poderia estar associada ao versí-


culo anterior, pois, o versículo inicia-se com uma conjunção:   (heb
wüšiHátû, e destruirão); entretanto, o versículo 4 destaca o que destrui-
ria a cidade de Tiro, o que se tornaria e por fim termina com a expres-
são que o Senhor dissera.

3ª Perícope

V.6. E suas filhas, que estão no campo, serão mortas à espada; e


saberão que eu sou o SENHOR.
Análise. A conjunção demonstra a continuidade da argumenta-
ção sentencial e assim gera um novo início de uma nova perícope. E
sua finalização é registrada pela expressão final, onde afirma que o
Senhor disse.

Resumo geral. A nova perícope passa da pessoa de Tiro, para tratar


especificamente das suas filhas ou talvez das cidades circunvizinhas.
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Registra a sentença como também o juízo inevitável. O texto da BHS


no final do versículo 6 indica um “parágrafo aberto.”

4ª Perícope

V.7. Porque assim diz o Senhor DEUS: Eis que eu, desde o norte,
trarei contra Tiro a Nabucodonosor, rei de Babilônia, o rei dos reis, com
cavalos, e com carros, e com cavaleiros, e companhias, e muito povo.
Análise. Uma nova conjunção relata uma nova perícope, tratando
agora de um novo personagem, o qual é especificado por um grande
exército.

V.8. As tuas filhas que estão no campo, ele as matará à espada, e


levantará um baluarte contra ti, e fundará uma trincheira contra ti, e
levantará paveses contra ti.
Análise. A sentença ocorre sobre o juízo que virá sobre as filhas e
as técnicas que o inimigo utilizará para dizimar Tiro.

V.9. E disporá os seus aríetes contra os teus muros, e derrubará as


tuas torres com os seus machados.
Análise. A argumentação focaliza sobre a queda dos muros e os
instrumentos que serão utilizados.

V.10. Por causa da multidão de seus cavalos te cobrirá o seu pó; os


teus muros tremerão com o estrondo dos cavaleiros, e das rodas, e dos
carros, quando ele entrar pelas tuas portas, como os homens entram
numa cidade em que se fez brecha.
Análise. Novamente são focalizados o grande exército do inimigo
e seu poderío.

V.11. Com os cascos dos seus cavalos pisará todas as tuas ruas; ao
teu povo matará à espada, e as tuas fortes colunas cairão por terra.
Análise. O argumento é detalhista, pois faz até menção de cascos
de cavalos como também a colunas que eram fortes, que mesmo assim
não suportariam o juízo de Deus.

V.12. E roubarão as tuas riquezas, e saquearão as tuas mercado-


rias, e derrubarão os teus muros, e arrasarão as tuas casas agradáveis;
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e lançarão no meio das águas as tuas pedras, e as tuas madeiras, e o


teu pó.
Análise. O argumento agora detalha as riquezas que existiam e
registra o fim de todas elas.

V.13. E farei cessar o ruído das tuas cantigas, e o som das tuas
harpas não se ouvirá mais.
Análise. Por ser uma cidade festiva, agora haverá luto.

V.14. E farei de ti uma penha descalvada; virás a ser um enxuga-


douro das redes, nunca mais serás edificada; porque eu o SENHOR o
falei, diz o Senhor DEUS.
Análise. Conclui-se o raciocínio voltando ao detalhe do versículo
4. O final da perícope duplica a majestade de Deus por seu nome.

Resumo geral. O argumento é muito mais detalhista, pois procu-


ra focalizar detalhes como a força dos cavalos do inimigo, o nome de
Nabucodonosor e suas estratégias. Há também a repetição da expres-
são: “penha descalvada” e “enxugadouro das redes”. Mesmo assim o
juízo seria inevitável. O texto da BHS no final do versículo 14 indica
um “parágrafo fechado”.

5ª Perícope

V.15. Assim diz o Senhor DEUS a Tiro: Porventura não tremerão


as ilhas com o estrondo da tua queda, quando gemerem os feridos,
quando se fizer uma espantosa matança no meio de ti?
Análise. São detalhados os gemidos das pessoas que iriam ficar
feridas e a grande matança das pessoas de sua cidade.

V.16. E todos os príncipes do mar descerão dos seus tronos, e ti-


rarão de si os seus mantos, e despirão as suas vestes bordadas; se ves-
tirão de tremores, sobre a terra se assentarão, e estremecerão a cada
momento; e por tua causa pasmarão.
Análise. O registro de que os príncipes desceriam, seria de suas
embarcações e não das cidades, pois há alusão da expressão “mar”.
Logo após, adentra conceitos de semântismo nas expressões: “des-
pir as suas vestes bordadas” e “vestirem-se de tremores”. O conceito
de semântismo é luto.
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V.17. E levantarão uma lamentação sobre ti, e te dirão: Como


pereceste, ó bem povoada e afamada cidade, que foste forte no
mar; ela e os seus moradores, que atemorizaram a todos os seus
habitantes!
Análise. Muda a narrativa para a forma de cantiga ou lamenta-
ção. A admiração da queda é o que se destaca para o profeta.

V.18. Agora, estremecerão as ilhas no dia da tua queda; sim, as


ilhas, que estão no mar, turbar-se-ão com tua saída.
Análise. Encerra se o enredo da narrativa pela conclusão das afir-
mações do que haveria.

Resumo geral. Esta perícope procura detalhar a vizinhança de


Tiro e a grande surpresa que haverá pela sua queda.
Como também a forma da narrativa muda de prosa para a poesia
relatando em hebraico um tricolon (conjunto de três cola que formam
uma estrofe) no versículo 17, no versículo 18 um bicolon e encerrado
por um parágrafo fechado.

6ª Perícope

V.19. Porque assim diz o Senhor DEUS: Quando eu te fizer uma


cidade assolada, como as cidades que não se habitam, quando eu fizer
subir sobre ti o abismo, e as muitas águas te cobrirem,
Análise. A narrativa informa o caos que haverá na cidade.

V.20. Então te farei descer com os que descem à cova, ao povo


antigo, e te farei habitar nas mais baixas partes da terra, em lugares
desertos antigos, com os que descem à cova, para que não sejas habi-
tada; e estabelecerei a glória na terra dos viventes.
Análise. A narrativa detalha a morte e sepultamento de Tiro; mas
também, o triunfo e majestade que haverá após a destruição.

V.21. Farei de ti um grande espanto, e não mais existirás; e quan-


do te buscarem então nunca mais serás achada para sempre, diz o
Senhor DEUS.
Análise. A narrativa finaliza com o caos total e a palavra segura
de destruição pelo Eterno.
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Resumo geral. Observa-se que o capítulo procurou detalhar a


causa e o efeito, mas de uma maneira bem minuciosa, onde não have-
ria a probabilidade de restauração.

Conclusão do Capítulo 26. Dentro de todas as observações, pode-


se detalhar que o capítulo aborda os seguintes ditames de caracterís-
ticas aos textos proféticos:
a) Encargo confiado ao mensageiro (V.1-3); b) Acusação
(fundamentação,V.3); c) Desenvolvimento da acusação (V.4-6); d) Fór-
mula da mensagem (, nos versículos 5,7,14 e19); e) Anúncio do juízo
– isto é intervenção de Deus (V.3-14); f) Anúncio do juízo – isto é con-
seqüências (V.15-21) e g) Assinatura de conclusão: 
   (V.21-
diz o Senhor DEUS).
DELIMITAÇÃO DO TEXTO
CAPÍTULO 27

1ª Perícope

V.1. E VEIO a mim a palavra do SENHOR, dizendo:


Análise. Admirar-se a forma que Deus fala com Ezequiel, pois
a primeira atestação desta oração está registrada no capítulo 3.16 e
o assunto é justamente: rebeldia, desobediência e destruição. E todas as
ocorrências deste tipo de oração estão relacionadas com o mesmo.

V.2. Tu pois, ó filho do homem, levanta uma lamentação sobre Tiro.


Análise. O que há na verdade é um canto fúnebre, para contrastar
o estado anterior e o posterior.

V.3. E dize a Tiro, que habita nas entradas do mar, e negocia com
os povos em muitas ilhas: Assim diz o Senhor DEUS:
Análise. A expressão: “entradas do mar”, possivelmente insinua por-
tos, pois a palavra está no plural. Contudo, alguns estudiosos relatam ou-
tras conotações com base em outras formas atestadas e abreviadas como
o Fenício que propõem a forma ,(mübô´),  (mübô´ôt),
(mübô´ê), (mübô´ekä), como em II Sm 3.25.1 Todavia, por
haver várias formas de atestações da palavra, houve várias conota-
ções propostas, veja:

a) A palavra com o sentido de “entrada”. A Septuaginta prin-


cipalmente relata a forma: (eísodos) com esse sentido
aqui (Ez 27.3), como também em Ez 42.9;

1
Cf. C. Jean, & J. Hoftijzer. Dictionnaire des Inscriptions Sémitiques. 1965, p. 141;
A. Schwarzenbach. Die Geographische Terminologie im Hebräischen des Alten Testa-
ments. 1954, p. 79f.
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b) A palavra com o sentido de “acesso”. Entretanto é uma leitura


conjectural a forma (hayyäm)(mübô´), (ter acesso ao
o mar) em Ez 27.3;2
c) A palavra com o sentido de “descida”. Especialmente relacio-
nado ao sol, conforme as seguintes passagens: Dt 11.30; Js 1.4;
23.4; Zc 8.7; Ml 1.11; Sl 104.19.

Análise. A expressão: “e negocia com os povos em muitas ilhas....”.


É proposto que Tiro possuía dois grandes portos, um ao norte chama-
do Sidônios, porque estava ao lado de Sidom e o outro do lado oposto,
ao sul do oriente, que foi chamado de Egípcio por estar na direção do
qual apontava. O Sidônios (nome dado ao porto) era o mais celebre
dos dois e consistia em um porto interno, situado dentro da cidade e o
outro, exterior, que era tido como um ancoradouro, no qual os navios
podiam ancorar.3

Resumo geral. Analisa-se que o autor inicia sua argumentação afir-


mando que a palavra de Deus veio a ele; logo após, desencadeia a argu-
mentação de juízo iniciado pela palavra “lamentação”. O autor procura
detalhar a potência de Tiro em negociações, como também acesso de
outros navios em seus portos, onde muitas pessoas poderiam entrar,
admirar a beleza e a formosura da cidade. E finalizando a perícope, en-
contra-se a assinatura de conclusão: 
    (V.3- diz o Senhor
DEUS).

2ª Perícope

V.4. Ó Tiro, tu dizes: Eu sou perfeita em formosura. No coração


dos mares estão os teus termos; os que te edificaram aperfeiçoaram a
tua formosura.
Análise. Na verdade a expressão: “Ó Tiro, tu dizes: Eu sou per-
feita em formosura”, em quase todas as Bíblias (português), está co-
nectado ao “versículo 3”; entretanto, inseri como fazendo parte do
versículo 4, por haver mudança de linguagem. É claro que a razão

2
Cf. A. Schwarzenbach. Die Geographische Terminologie im Hebräischen des Alten Testa-
ments. 1954, p. 79f.
3
Cf. F. Delitzch. J. Keil. Commentary on the Old Testament. 1894.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 187

da expressão: “Eu sou perfeita em formosura”, está associada em


pontos estratégicos pelos seus portos e ao mesmo tempo, tinha o
mundo de sua época em sua dependência; mas, infelizmente entrou
o orgulho e devido a sua grande riqueza dá início a argumentação
do juízo.

V.5. Fabricaram todos os teus conveses de faias de Senir; trouxe-


ram cedros do Líbano para te fazerem mastros.
Análise. Observa-se que o autor procura detalhar os materiais uti-
lizados na construção das embarcações relatando: “materiais e locais”.
Observe os materiais e locais para fins de compreensão.

1. Materiais utilizados

a) Relatarei sobre a expressão: (...) conveses de faias...

Análise. (lù|Hötäºyim), substantivo absoluto dual masculi-


no de (lûªH), significados: tablete (pedra) e tábua. Entretanto, há
variações da forma da escrita por outros idiomas. O Ugarítico pro-
põem a forma “lhÌ”.4 Já o Aramaico Judaico e o Siríaco relatam a forma
((lûHä´) e o Acadiano a forma leÒÀu, significa tablete de madeira,
pedra ou de metal.5 O que mais chama a atenção é que a forma gra-
matical do substantivo está no “dual” dando a idéia de tábuas dobra-
das; isto é, colocadas em uma ordem dobrada ou nos dois lados dos
quais os navios consistiam ou recorrendo aos dois lados da proa e a
popa. Segundo alguns estudiosos a BHS omitiu o “soph pasuq”; ou
seja, deveria encerrar o versículo após essa palavra. Por qual razão
deveria? Na verdade, dá a entender que os conveses eram feitos de
dois materiais, tanto de “faias” como de “cedros” sem o ponto final;
entretanto, havendo o ponto final, o cedro será a matéria prima ape-
nas dos mastros.6

4
Cf. C. Gordon. Ugaritic Textbook. 1965, p. §19: 1358.
5
Cf. E. S. Drower & R. Macuch. Mandaic Dictionary. 1963, p. 232; V. Soden. Akkadis-
ches Handwörterbuch. 1965, p. 546; G.R. Driver. Semitic Writing. 1948 (second revised
ed. 1954; third revised ed. 1976), p. 79.
6
Cf. Baumgartner, Walter & Koehler, Ludwig. The Hebrew and Aramaic Lexicon of the
Old Testament. Vol. II, tópico 4590.
188 FABIO SABINO DA SILVA

Análise. (Bürôšîm), substantivo plural masculino de


(Bürôš), significados: cipreste, junípero e faia. Entretanto, há va-
riações da forma da escrita por outros idiomas. O Aramaico Judaico
propõem a forma defectiva: (Bürotä´), já o Aramaico Targúmi-
co relata a forma plena: (Bürôtä´), concordando também com a
forma plena o Siríaco e o Aramaico Palestínico Cristão. Entretanto, o
Acadiano discorda na sua forma proposta pelos antecedentes, rela-
tando assim a forma: buraÒsëu, com a conotação de “juniper” (zimbro).7

b) Relatarei sobre a expressão: (...) cedros – para te fazerem mastros.

Análise. (´eºrez), substantivo masculino singular absoluto.


Significado: cedro. Entretanto, há variações da forma da escrita por
outros idiomas. O Ugarítico relata a forma: arz, já o Aramaico e o Ara-
maico Egípcio a forma (´arzä´).8

Análise. (Töºren), substantivo masculino singular absoluto.


Significados: baliza, mastro ou pau para bandeira. Entretanto, há va-
riações da forma da escrita por outros idiomas. O Acadiano relata a
forma waruÖm, aruÖ, com o sentido conduzir; porém é proposto a raiz:
twr: O Acadiano também relata uma outra forma taÖru(m) com a seguin-
te conotação: virar, em círculo e rodar em volta.9 O Ugarítico relata a
forma: twr, com o sentido de revolver e virar uma roda.10 O Aramaico
Judaico trás a forma (Turnä´) correspondendo a um mastro.11

2. Locais geográficos

a) Comentário sobre a palavra Senir.

Análise. Em questões etimológicas pode se ter as seguintes refe-


rências:  (Sünîr) nome de uma montanha, o Pentateuco Samaritano

7
Cf. A. Salonen. Nautica Babylonica. 1942, p. 97; C. Brockelmann. Vergleichende Gram-
matik. 1951, p. 185.
8
Cf. Baumgartner, Walter & Koehler, Ludwig. The Hebrew and Aramaic Lexicon of the
Old Testament. Vol. I, tópico 861.
9
Cf. V. Soden. Akkadisches Handwörterbuch. 1965, tópico 1373a
10
Cf. C. Gordon. Ugaritic Textbook. 1965, p. §19: 2539.
11
Cf. M. Dietrich, O. Loretz & J. Sanmartin. Die keilalphabetischen Texte aus Ugarit.
1976, p. 689: 5.
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propõe a forma: sëinnÝr, já a LXX: , o Aramaico relata a expres-


são . O Arábico propõe a forma SaniÒr: Sanir, montanha ao
norte de Damasco e ao sul do Líbano. Dt 3.9; Ez 27.5; Ct 4.8, I Cr 5.23
de acordo com Dt 3.9 a expressão: Å(Sünîr ou šünîr)é traduzida
pelos amorreus de: (Hermôn), mas em Ct 4.8 e I Cr 5.23 a pala-
vra: Å(Sü´ Hermôn) é uma forma distinta, enquanto em Ez 27.5
(compare com o paralelo: ) o Líbano pode ser denotado como um
todo.12

Análise. Em questões históricas e bíblicas pode se ter as seguin-


tes referências: Senir era a forma que os Amoritas nomeavam. Mas
segundo Dt 3.9 é Hermon. Mas em I Cr 5.23 e Ct 4.8 se têm Senir e
Hermon nomeados como montanhas distintas. Porém, parece prová-
vel que Senir fora aplicado como uma parte definida do Anti-Líbano
ou do Hermon. Uma inscrição de Salmaneser, fala que Azael, rei de
Damasco que fora fortalecido. Em Ez 27.5 Senir de onde Tiro adquiriu
cedros. Os geógrafos árabes denominam o nome de Jebel Sanir para a
parte do Anti-Líbano que fica entre Damasco.13

b) Comentário sobre a palavra Líbano.

Análise.(lübänôn) pode haver também a forma defectiva da


palavra (lübänön). A palavra é o nome de uma montanha. O Uga-
rítico propõe a forma: Lbnm ou LabnaÒna.14

Análise. Em questões históricas e bíblicas há as seguintes refe-


rências. Como uma montanha entre o mediterrâneo e o deserto. Ou
também a casa do bosque do Líbano: (Bêt yaº`ar) veja: I Rs 7.2;
10.17-21; II Cr 9.16-20.

12
Cf. J. A. Fitzmyer. Genesis Apocryphon of Qumran Cave I. 1966 (second ed. 1971),
Cp xxi:11, p. 148.
13
Cf. Welt. N. Die Welt des Alten Testaments. 1962 (fourth ed.), p. 54f; Land. Formel-
hafte Wendungen der Umgangssprache im Alten Testament. 1949, tópico 2: 112, em
especial a nota 102, como também; J. Simons. Geographical and Topographical Texts
of the Old Testament. 1959, p. §228; E. B. Reicke & L. Rost. Biblisch-Historisches Hand-
wörterbuch. 1-3, 1962-6, p. 1772.
14
Cf. W. M.Arnold. A Concise Dictionary of the Assyrian Language. 1905, p. 471.
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V.6. Fizeram os teus remos de carvalhos de Basã; os teus bancos


fizeram-nos de marfim engastado em buxo das ilhas dos quiteus.
Análise. Nota-se que o autor procura detalhar os materiais utili-
zados na construção das embarcações, relatando: “materiais e locais”.
Observe os materiais e locais para fins de compreensão.15

1. Materiais utilizados

a) Sobre a expressão: (...) remos de carvalhos...

Análise.(mäšô†), ou (miššô†), substantivo masculino


singular absoluto. Significado: remo.

Análise.  (´allônîm), substantivo plural masculino absoluto


de (´allôn). Significados: carvalho ou grande árvore. Entretanto,
há variações da forma da escrita por outros idiomas. O Acadiano rela-
ta a forma: al(i)aÒnu como sendo uma árvore.16

b) A expressão, (…) bancos – de marfim engastado em buxo...

Análise.(qeºreš), substantivo masculino singular absoluto.


Significado: tábua. Entretanto, há variações da forma da escrita por
outros idiomas. O Pentateuco Samaritano propõem a forma qeÒraâsë. Já
o Aramaico Judaico a forma (qùršä´) com o sentido de tábua. O
Ugarítico relata a forma qrsë.17 Todavia, o significado e derivação são
tidos por incerto, algumas sugestões foram propostas acerca da cono-
tação da palavra e são elas:

1. Residir, residência e literalmente “o que é fixo” proposto do


Arábico a forma: qarisa, onde registra também a conotação de gelar ou
estar duro.18

15
Cf. J. Simons. Geographical and Topographical Texts of the Old Testament. 1959,
p. 344ff.
16
Cf. V. Soden. Akkadisches Handwörterbuch. 1965, tópico 36a.
17
Cf. H. Bauer & P. Leander. Historische Grammatik der Hebräischen Sprache. 1922
(repr. 1969), p. 458s.
18
Cf. J. Gray. The Legacy of Canaan.1957 (second ed. 1965), p. 114.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 191

2. Montanha, algo maciço, duro, sólido e congelado.19


3. Como um equipamento de um navio (banco); porém, o sig-
nificado é incerto, como também muitas versões diferem. Contudo,
alguns estudiosos propuseram as seguintes notas: “enfeitar” (verbo)
ou “cobertura” (substantivo). Como também “sala de estar” ou um
“quarto pequeno”.20

Análise. (šën), substantivo absoluto singular. Significados: den-


te, marfim, pedra pontuda e afiada.

Análise. Segue abaixo as versões em português que divergem mui-


to entre elas em relação a palavra hebraica: (Bat-´ášùrîm).
Algumas versões apresentam o sentido de: “engastado em buxo” e
“engastado em pinho”, como também, a expressão: “a companhia dos
assírios”.

ACF. Ez 27:6 (...) marfim engastado em buxo das ilhas dos quiteus.

ARA. Ez 27:6 (...) marfim engastado em pinho das ilhas dos quiteus.

ARC. Ez 27:6 (...) a companhia dos assírios fez os teus bancos de


marfim das ilhas dos quiteus.

Comentário. É muito complexa a forma que o texto hebraico re-


lata a palavra, segundo a nota da Mp, a palavra trata-se de um “ha-
pax legomenon”; ou seja, não existe em nenhum outro lugar do Antigo
Testamento essa palavra, mas o que aconteceu e qual a origem da
mesma?
E o que levou haver divergência entre as versões em português?
qual a razão de cada uma ter inserido alteração no texto?
O que diz o aparato crítico da BHS referente ao mesmo? Segue
uma averiguação do que talvez poderia ter ocorrido:

19
Cf. G. R. Driver. Canaanite Myths and Legends. 1956 (repr. 1971; revised by J. C. L.
Gibson 1978), p. 53 e 157b.
20
Cf. Dijk, H. J. Van. A Neglected Connotation of three Hebrew verbs. 1968, p. 16-30;
F. Zorrel. Lexicon Hebraicum et Aramaicum Veteris Testamenti. 1954 (second
ed. 1962).
192 FABIO SABINO DA SILVA

a) O problema que se encontra é a palavra: “filha” (= Bat) onde


uma versão em português procurou inseri-la em sua tradução
com o sentido de: “companhia”.
A palavra hebraica para filha tem várias conotações: menina, filha
adotada, nora, irmã, netas, criança, prima, como personificação (al-
deia, país, cidade) e companhia.
Porém, o uso da palavra hebraica: (Bat) não se harmoniza com
relação à palavra marfim.
O Targum parafraseou () com
o sentido de algo dentro ou engastado com marfim.
O aparato crítico propõe que a divisão da palavra em duas
(Bat-´ášùrîm) é duvidosa; pois, há uma variante propondo
ser lida como uma palavra com o sentido de “com marfim”.
Mas se propuser a consoante sem as suas vogais, ou até mesmo
mudar uma única vogal, observa-se á que dará o nome de uma deusa
(Asherah), ou seja, a palavra hebraica em seu estado consonantal po-
deria aludir a forma (´ášërîm), e não (´ášùrîm).
O qual concorda com a palavra filha, pois ambas as palavras estão
no feminino. Talvez o escriba por questões teológicas, acabou omitin-
do o nome da deusa. Mesmo assim, não há uma forma clara de inter-
pretação. Apenas conjectura.
Resumo. Em todo caso, Ezequiel menciona a palavra como um tipo
de madeira, embora não se pode determinar com certeza a que madeira
ele se refere ou de qual lugar procedia. O que se destaca é que a descri-
ção inteira tem um caráter ideal e como conceito, a aplicação de vários
tipos de madeira para as partes das embarcações, se destaca evidente-
mente por questão da poesia, apenas para realçar seus detalhes.

2. Locais geográficos

a) Comentário sobre a palavra Basã.


Análise. (bäšän). A Septuaginta conota a forma (basan),
com o significado de “planície fértil”. Já o Arábico relata a forma ba-
tÑanat, butÑiÒnat.21

21
Cf. B. Maisler. A Genealogical List from Ras Shamra. 1936, p. 9: 80ff.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 193

Análise. Em questões históricas e bíblicas pode ter as seguin-


tes referências. Basã era uma planície extraordinariamente rica, com
um grande pasto para os gados. Uma região com grandes cidades.
Havia uma grande fortaleza no cume da montanha. Basã fora conhe-
cida pelos seus famosos carvalhos (Is 2.13; Ez 27.6). Os “touros de
Basã” representavam uma força brutal (Sl 22.12). Um dos grandes
reis de Basã era Ogue o Amorita. A sua derrota em Edrei marcou o
fim do seu reinado (Nm 21.33 cf. Js 13.11) e assim a terra foi dada à
meia tribo de Manassés (Js 13:30). Nas guerras sírias, Basã foi der-
rotado por Israel (I Rs 22.3 cf. II Rs 8.28; 10.32), mas foi recuperado
por Jeroboão II (II Rs 14.25). No 2º século a.C. estava nas mãos dos
Nabateus. Formou parte do reino de Herodes, o Grande e depois
pertenceu a Felipe e Agripa II.22

b) Comentário sobre a palavra quiteus.

Análise. (KiTTiyyim). A palavra em hebraico tem várias for-


mas registradas na BHS e são elas: (KiTTiyyîm), (KiTTîm)
Is 23.12 (qerê ), (KiTTiyyim), Ez 27.6 e (KiTTim),Gn 10.4;
Nm 24.24; Is 23.1-12. O Pentateuco Samaritano e alguns manuscritos
encontrados na 4ª caverna de Qumran do livro de Naum, relatam a
forma , como também descobertas da 1ª caverna de Qumran do
livro de Habacuque relata a forma .23 Todavia, o Ugarítico tem
dúvida concernente a consoante mediana k(?)t .24

Análise. Em Gn 10.4 a palavra é aplicada aos descendentes de


Javã e indica raças de cujo território estendeu ao longo das costas do
mediterrâneo. Ao lado de Quitim são mencionados, Elisá, Társis e Do-
danim (cf. Rodanim em I Cr 1.7). Alguns estudiosos acham que eram
os habitantes do porto de Chipre. Conjectura com base em Jr 2.10 onde
a palavra é mencionada.

22
Cf. Guthe, Bibelatlas. Zeitschrift des Deutschen PalÄstina. p. 31: 231ff; The Internatio-
nal Standard Bible Encyclopedia. Revision published in 1939, tópico 1188.
23
Cf. R. Meyer. Hebräische Grammatik. Berlin, 1966, p.7. 2; E. Würthwein. Der Text
des Alten Testaments. 1952 (fourth ed. 1973); p. 19f; E. Lohse. Die Texte aus Qumran.
1964 (second ed. 1971; third ed. 1981), p. 10.
24
Cf. C. Gordon. Ugaritic Textbook. 1965, p. §19: 1319.
194 FABIO SABINO DA SILVA

V.7. Linho fino bordado do Egito era a tua cortina, para te servir
de vela; azul e púrpura das ilhas de Elisá era a tua cobertura.
Análise. Observa-se que o autor procura detalhar os materiais
utilizados na construção das embarcações, relatando: “materiais e lo-
cais”. Veja os materiais e locais para fins de compreensão.

1. Materiais utilizados

a) Sobre a expressão: “Linho fino bordado”... “era tua cortina.”..,

Análise.     (šëš-Büriqmâ). Significado: algo alvejado, bran-


co, linho, alabastro e mármore. Enquanto a segunda palavra, sendo um
substantivo feminino singular absoluto: trabalhado, enchido e bordado.
Contudo, há variações da forma da escrita por outros idiomas. É propos-
to que a “raiz semítica” seja: sëdtÑ.25 Já o Ugarítico propõe a forma ttÑ.26

Análise. (mipräS), substantivo masculino singular absoluto.


Significados: esparramar fora ou propagar. Mas, há variações da for-
ma da escrita por outros idiomas. O Arábico propõe a forma: mifrasë,
com o sentido de “toalha de mesa”; porém, há uma outra forma mi-
frasëat, com o sentido de “cobertura”.27

b) A expressão “azul e púrpura”...

Análise.   (Tükëºlet), substantivo feminino singular absoluto. Sig-


nificados: violeta e azul. Mas, há variações da forma da escrita por outros
idiomas. Alguns estudiosos têm o conceito que o substantivo provavel-
mente origina-se do Fenício. Porém, não foram encontradas atestações
em documentos fenícios, mas poderia ter uma pronúncia semelhan-
te ao Hebraico, Aramaico e Acadiano.28 A Septuaginta relata a forma

25
Cf. G. Bergsträsser. Einfuhrung in die Semitischen Sprachen. 1928 (Darmstadt 1963),
p. 191.
26
Cf. C. Gordon. Ugaritic Textbook. 1965, p §7: 14; cf. §19: 2657 e 2766.
27
Cf. Baumgartner, Walter & Koehler, Ludwig. The Hebrew and Aramaic Lexicon of the
Old Testament. Vol. II, tópico 5509.
28
Cf. R. Gradwohl. Die Farben im Alten Testament. BZAW 83, 1963, p. 67f. De acordo
com H. Bauer & P. Leander. Historische Grammatik derHebräischen Sprache. 1922
(repr. 1969), p. 234.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 195

(hyákinthos) e a forma do adjetivo: (hyakínthinos)


formas quase que semelhantes. A informação da produção de mate-
riais tingidos, inclusive o vermelho, que são produzidas ambas as
tinturas roxas de moluscos, produzidos das secreções das glându-
las do verdadeiro caracol que é encontrado no Oceano Atlântico. A
tintura era usada para materiais, tapetes, panos, artigos de vestuário
e linhas.29 Especialmente para artigos de vestuário Ez 23.6; 27.24; Et
8.15; além de outros casos Ez 27.7 para embarcações e revestimento da
parede do palácio Persa, Et 1.6.

Análise. (´arGämän), substantivo masculino singular abso-


luto. Significados: roxo e púrpura. No entanto, há variações da forma
da escrita por outros idiomas. O Ugarítico propõe a forma argmn. Já
o Acadiano a forma argamannu, conotando o sentido de “púrpura”
talvez proveniente dos Quiteus.30

2. Locais geográficos

a) Comentário sobre a palavra Egito.

Análise. (micraºyim). O Pentateuco Samaritano propõe a


forma: misÌrem, já a Septuaginta relata a forma (Mesrain) ou
(Mesraia). O Acadiano duas formas: MusÌur/sÌru, MisÌir. A lín-
gua Pérsica Antiga: MudraÒya, . Todos com o sentido de Egito.31

Análise. Havia quatro tipos de linho no Egito chamado de: Taniti,


Pelusia, Buti e Tentyriti, nomes derivados de províncias onde foram
produzidos. Do segundo tipo foram feitos os artigos das roupas dos
sacerdotes entre os judeus (Misn. Yoma, c. 3. sect. 7); pois, as rou-
pas eram feitas de linho que vieram de Pelusium, uma cidade bem

29
Cf. R. Gradwohl. Die Farben im Alten Testament. BZAW 83, 1963, p. 70f.
30
Cf. C. Gordon. Ugaritic Textbook. 1965, p. 340; J. Friedrich. Hethitisches Wörterbuch
(mit Ergängzungsheften) 1952, p. 30.
31
Cf. W. Brandenstein, M. Mayrhofer. Handbuch des Altpersischen. 1964, p. 133; V. So-
den. Akkadisches Handwörterbuch. 1965 tópico 659; Gordon. Ugaritic Textbook. 1965,
p. §19: 860; Albright, William Foxwell. Recent Progress in North-Canaanite. 1938, p.
18-23; B. Reicke, L. Rost. Biblisch-Historisches Handwörterbuch. 1-3, 1962-6, p. 31ff.
196 FABIO SABINO DA SILVA

conhecida no Egito, se diz que era o melhor e de maior estima (T. Bab.
Yoma, fol. 34. 2.). Os fenícios dos quais Tiro era a cidade principal, le-
vou linho do Egito e comercializou com outras nações, como também
fez uso para eles, particularmente com os etíopes, os habitantes da
ilha de Cernes. A Bíblia faz menção da palavra Egito por várias vezes
Gn 10.6-13; 12.10; 13.10; Is 19.18.32

b) Comentário sobre a palavra Elisá.

Análise. (´élîšâ). O Pentateuco Samaritano propõe a for-


ma: ellesë, a Septuaginta: (elisa), já o Sumeriano a forma: Alasë e o
Acadiano: sinnu, ambos com o sentido de cobre.33

Análise. Parte do Peloponesu, estendendo ao longo da costa oci-


dental da Arcádia, norte de Messênia e ao sul da Acáia. Mencionado
em Gn 10.4 como o filho primogênito de Javã e em Ez 27.7 como a fon-
te da qual Tiro obteve as suas tinturas. Na busca de acharem um local
para os dias de hoje, tentativas foram feitas e alguns identificaram ao
sul da Itália ou o norte da África. Josefo (Ant., I, vi, 1) identificou Elisá
com o Aeolians. O Targum em Ezequiel sugere “uma província da
Itália”. Outras traduções incluem Hellas, Ells e Alsa, o último nomeado
é um reino mencionado nas cartas de Tel el-Amarna, mas seu local
preciso é desconhecido. Ainda é impossível como reivindicar certeza
para quaisquer destas conjecturas.34

Resumo Geral. O autor procurou especificar detalhes de mate-


riais utilizados nas embarcações, relatando sempre “dois materiais” e
“duas cidades” ou “dois lugares geográficos”. Desde os versículos 5-7
o mesmo procurou detalhar sempre a duplicidade de materiais e luga-
res. E isso demonstra os conhecimentos das causas e fatos. A pergunta
que surge é, ele conheceu todas as cidades e materiais? Vivenciou ou
comercializou com Tiro para especificar todos os detalhes? Ou é uma
fonte posterior os quais os compiladores em sua época alteraram e

32
Cf. Baumgartner, Walter & Koehler, Ludwig. The Hebrew and Aramaic Lexicon of the Old
Testament. Vol. II, tópico 5570; G. John. Exposition of the Entire Bible. (Ez 27.7), 1771.
33
Cf. D. Georges. Debir (Muséon). 1948, p. 61: 38f.
34
Cf. Stanley, M. Dr. The International Standard Bible Encyclopedia. 1939, tópico 2998.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 197

incluíram outros pontos? Segundo o livro de Gênesis alguns dos no-


mes já continham seus registros (Gn 10.4), mas não os detalhes; será
que o autor utilizou a história antiga, para complementar às de agora?
Vejo que sim, Ezequiel fazia parte de uma família sacerdotal e isso lhe
dava suporte histórico e real.

3ª Perícope

V.8. Os moradores de Sidom e de Arvade foram os teus remado-


res; os teus sábios, ó Tiro, que se achavam em ti, esses foram os teus
pilotos.
Análise. O autor passa dos materiais para os trabalhadores, essa é
a causa de iniciar uma nova perícope, para isso basta analisar os deta-
lhes do que faziam e os lugares mencionados.

1. Trabalhadores

a) Comentário sobre os “remadores” e “pilotos”.

Análise. (šä†îm), verbo do tronco qal particípio masculino


plural absoluto. Significados: ir, perambular, ir para cá e para lá, mari-
nheiros e remadores. Mas, há variações da forma da escrita por outros
idiomas. O Aramaico Judaico e o Aramaico Antigo propõem a raiz de
(šô†). Já o Pentateuco Samaritano em Nm 11.8 relata o verbo do
tronco qal, mas sendo uma variante do hitpael.35 Porém, o Aramaico
Palestínico Cristão conota o sentido de “vagar aproximadamente, pu-
xar ou mover de um lado para outro”.36 O Acadiano propõe a forma
sëaÖtÌu, com o sentido de “puxar ou arrastar”.37

Análise. (Hôbël), substantivo singular masculino absoluto.


Significados: marinheiros e piloto. Entretanto, há variações da forma

35
Cf. H. Donner & W. Röllig. Kanaanaische und Aramäische Inschriften. 1-3, 1962-4,
p. 222 a: 24; C. Jean, J. Hoftijzer, Dictionnaire des Inscriptions Sémitiques de lrs.ouest.
1965, p. 293; R. Degen. Altaramäische Grammatik der Inschriften des 10.-8. Jahrhun-
derts vor Christus. 1969, p. 45, 75, 87, onde relata o infinitivo perfeito.
36
Cf. E. S. Drower & R. Macuch. A Mandaic Dictionary. 1963, p. 454a.
37
Cf. V. Soden. Akkadisches Handwörterbuch. 1965, tópico 1205a.
198 FABIO SABINO DA SILVA

da escrita por outros idiomas. O Arábico propõe a forma sÌaraÒriÒy, com


o sentido de marinheiro, sua raiz é sÌarra, com o sentido de “puxar”.38

2. Locais geográficos

a) Comentário sobre a palavra Sidom.

Análise. (cîdô) e (cîdön) conforme os textos de Gn 10.15-


19; 49.13 e I Cr 1.13. O Pentateuco Samaritano relata a forma sÌiÒdon, as
escritas Cuneiformes a forma SÌiduÒnu, como também as Cartas de Tel
El Amarna.39

Análise.Uma das cidades fenícias mais antigas, situada em uma


planície estreita entre o Líbano. Possuía dois portos protegidos por
pequenas ilhas. A data de sua fundação é desconhecida, mas há re-
gistros dela nas cartas de Tel El-Amarna do 14º século a.C. segundo
Gn 10.19 é a cidade principal dos Cananeus. Josué (Js 11.8) chama de
a grande Sidom. Conduziu todas as cidades fenícias em negócios ma-
rítimos, seus marinheiros ao navegarem de noite, eram guiados pelas
estrelas. Sidom fora destaque por seus artesãos em prata, bronze, te-
cidos e bordados.40

b) Comentário sobre a palavra Arvade.

Análise. (´arwad). De uma forma duvidosa uma ilha-cidade


ao norte da Fenícia. O Siríaco relata a forma .41

Análise. Uma cidade ao largo da costa da Síria. Possuia uma ma-


rinha poderosa e seus navios são mencionados nos monumentos do

38
Cf. S. Fraenkel. Die Aramäischen Fremdwörter im Arabischen. 1886 (repr. Hildesheim
1962), p. 215.
39
Cf. S. Parpola. Neo-Assyrian Toponyms. (Neukirchen e Vluyn. Veröffentlichungen zur
Kultur und Geschichte des alten Orients und des Alten Testaments. p. 6.), 1970, p. 322f.
40
Cf. J. Simons. Geographical and Topographical Texts of the Old Testament. 1959, p. 191f;
B. Maisler. Untersuchungen zur alten Geschichte und Ethnographie Syriens und Paläs-
tinas. 1930, p. 7ff; Canaan and the Canaanites. 1946, p. 7-11.
41
Cf. N. Martin. Zum Ursprung der Phönikischen Küstenstädte. 1947-52, p. 1: 25; B. Rei-
cke & L. Rost. Biblisch-Historisches Handwörterbuch. 1-3, 1962-6, p. 1: 133.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 199

Egito e da Assíria. Teve sua própria dinastia, alguns dos nomes de


seus reis foram recuperados. Seus habitantes são mencionados em Gn
10.18 e em Ez 27.8,11 onde relata seus marinheiros e soldados ao ser-
viço de Tiro. Sua independência dominou algumas de suas cidades
vizinhas. Tutmés III, do Egito, a levou em uma campanha ao norte da
Síria (1472 a.C.). Há registros nas cartas de Tel El-Amarna que estava
associada com os Amoritas. Sua importância marítima é indicada pe-
las inscrições dos reis assírios.42

V.9. Os anciãos de Gebal e seus sábios foram em ti os que con-


sertavam as tuas fendas; todos os navios do mar e os marinheiros se
acharam em ti, para tratarem dos teus negócios.
Análise. O autor passa dos materiais para os trabalhadores, para
isso basta analisar os detalhes do que faziam e os lugares mencionados.

1. Locais geográficos

a) Comentário sobre Gebal.

Análise. (gübal). O Ugarítico propõe a forma Gbl, já o Assírio


a forma Gublu. Todavia, a Septuaginta relata a forma (B×blioi),
já o grego a forma (B×blos).43

Análise. Uma cidade da antiga fenícia. Era um dos portos prin-


cipais da Fenícia e teve um porto para navios pequenos. Foi consi-
derada como uma cidade santa pelos anciões. Fílo menciona que foi
fundada por Kronos e era sagrado à adoração de Beltis e depois Adonis,
cujos ritos eram anualmente célebres. É mencionado em Js 13.5 como
a terra do Gibleus. Os Gibleus são mencionados em I Rs 5.18 como tra-
balhadores da construção do templo de Salomão. A menção de Gebal
é encontrada nas Cartas de Tel El-Amarna. Foi dependente do Egito
nos dias de Tutmés III e estava a serviço dos governadores egípcios;
mas, no reinado de Amenotepe IV (Ikhnaton), os Hititas e Amoritas
do Norte atacaram o território de Gebal e seu governador escreveu

42
Cf. The International Standard Bible Encyclopedia. Revision 1939, tópico 781.
43
Cf. J. Simons. Handbook of Egyptian Topographical Lists. 1937, p. 217; B. Reicke & L.
Rost. Biblisch-Historisches Handwörterbuch. 1-3, 1962-6, p. 1: 293f.
200 FABIO SABINO DA SILVA

cartas a Amenotepe, solicitando ajuda. Gebal ficou independente


posteriormente, como é relatado pelos registros de Ramesés IX (1442-
1423 a.C.). A cidade submeteu-se a Alexander, o Grande sem oposição
e forneceu uma frota para o ajudar no assédio a Tiro (332).44

Resumo. Vemos que aqui o autor procura destacar sua grandeza


por parte daqueles que o serviam em seu comércio.

4ª Perícope

V.10. Os persas, e os lídios, e os de Pute eram no teu exército os


teus soldados; escudos e capacetes penduraram em ti; eles manifesta-
ram a tua beleza.
Análise. O poema é interrompido por uma enumeração pormenori-
zada das relações comerciais de Tiro, que não faz parte do oráculo divino.
Como também a forma inicial da narrativa muda; ou seja, nos versículos
antecedentes o autor não começava de imediato relatando um nome de
uma cidade ou ponto geográfico como é o caso aqui, o que demonstra
uma nova perícope. Basta para tanto, detalhar os locais geográficos.

1. Locais geográficos

a) Comentário sobre Persas.

Análise. (Päras). É o nome de uma nação. O Antigo Persa re-


lata a forma PaÒrsa, já o Babilônico Parsu. O Arábico a forma FaÒris.45

Análise. Na Bíblia (II Cr 36.20,22,23; Ed 1.1,8; Et 1.3,14,18; 10.2; Ez


27.10; 38.5; Dn 8.20; 10.1; 11.2) este nome denota a província moderna
de Fares. A província consistia em montanhas altas, íngremes e pla-
naltos, com vales férteis. Tiro tinha feito a melhor provisão para sua
defesa. Manteve um exército de tropas mercenárias de países estran-
geiros para proteger suas colônias e estender suas determinações.

44
Cf. Stanley, M. Dr. The International Standard Bible Encyclopedia. 1939, tópico 3691.
45
Cf. E. S. Drower & R. Macuch. A Mandaic Dictionary. 1963, p. 364b; B. Reicke &
L. Rost. Biblisch-Historisches Handwörterbuch. 1-3, 1962-6, p. 1423-1426; J. Simons.
Geographical and Topographical Texts of the Old Testament. 1959, p. 193.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 201

b) Comentário sobre Lídios.

Análise. (lûd). Palavra que tem suas variações de escrita.


Sua forma plural pode ser atestada por duas formas:  (lûdîm) e
(lûdiyyîm) conforme I Cr 1.11 sendo esse um ketiv. A Septua-
ginta propõe a forma (L×doi).46

Análise. Em Gn 10.13, os Lídios aparecem como que gerados de


Mizraím (o Egito) e em 10.22, Lude é o quarto filho de Sem. É neces-
sário ver como duas nacionalidades diferentes, nem sempre será fácil
de distinguir. Em I Cr 1.11,17 repete as declarações de Gn 10.13,22. Em
Is 66.19 Lude é mencionado com Társis, Pul, Tubal, Javã até as ilhas.
Aceitando esta relação, a passagem concorda com Jr 46.9, onde Ludim
são tratados como aliados do Egito.47

c) Comentário sobre Pute.

Análise. (pû†). Apresenta-se como o nome de um lugar. A


Septuaginta relata a forma /(phuyd/th) em Ez 27.10, já em Ez
38.5 relata a forma (Líbyes); contudo, a Vulgata registra: Libyes,
o Pentateuco Samaritano fotÌ; ?, O Elamita pu-uÃ-ti-ya-ap, o Babilônico
ÀsupÁmatupu-u-t\a, o Antigo Persa put[i]ya. Provavelmente não sendo
Pute, mas Líbia. Palavra está registrada em Gn 10.6; Is 66.19; Jr 46.9;
Ez 27.10; 30.5; 38.5; Na 3.9.48

Análise. Por causa de identificação, os profetas têm a palavra


como sendo “a Líbia”. No entanto, a Vulgata tem: “Pute”, “Puth”
e nos Profetas: “Libyes” e “Líbia”. Na “classificação das Nações” é
apresentada como descendentes de Cão (Gn 10.6).49

46
Cf. J. Simons. Geographical and Topographical Texts of the Old Testament. 1959, p.
150/51; G. Hölscher. Drei Erdkarten. 1949, p. 51f, 70; A. Goetze. Kleinasien. 1957
(second ed.), p. 206ff.
47
Cf. Stanley, M. Dr. The International Standard Bible Encyclopedia. 1939, tópico 5569.
48
Cf. A. Erman & H. Grapow. Aegyptisches Handwörterbuch. 1921 (repr. Hildesheim
1961), p. 1: 570; B. Couroyer. Origine des Phéniciens. 1973, p. 272; J. A. Fitzmyer.
Genesis Apocryphon of Qumran Cave I. 1966 (second ed. 1971), p. 100; J. Simons. Geo-
graphical and Topographical Texts of the Old Testament. 1959, p. §149, 198, 1313, 1601;
B. Reicke & L. Rost. Biblisch-Historisches Handwörterbuch. 1-3, 1962-6, p. 1533.
49
Cf. Stanley, M. Dr. The International Standard Bible Encyclopedia. 1939, tópico 7120.
202 FABIO SABINO DA SILVA

V.11. Os filhos de Arvade e o teu exército estavam sobre os teus


muros em redor, e os gamaditas nas tuas torres; penduravam os seus
escudos nos teus muros em redor; eles aperfeiçoavam a tua formosura.
Análise. Vemos que o autor procurou repetir a palavra Arvade
do versículo 8, como também os utensílios que estavam pendurados
e também a forma final do versículo 10, inserindo um sinônimo para
demonstrar a formosura. Ele procura detalhar a riqueza da cidade. O
comentário da palavra Arvade está registrado no versículo 8.

1. Locais geográficos

a) Comentário sobre gamaditas.

Análise. (gaºmmädîºm). A palavra é supostamente desco-


nhecida, pois a nota da masora parva da BHS, relata ser um hapax lego-
menon. Todavia, a Septuaginta e a Peshita, conotam a palavra com o
sentido de “guardião”.50

Análise. Alguns estudiosos relatam que a palavra tem sua raiz


no Siríaco, com o significado de “ousado” ou “os homens de poder”.
Contudo, outros acham que a palavra procede de uma raiz hebraica,
conotando o sentido de “um punhal” ou uma espada (Jz 3.16).51

Resumo geral. É observado que o autor procurou especificar os sol-


dados e o que eles eram e faziam para Tiro, os detalhes dão realce aos
soldados e instrumentos de guerra. O autor procura detalhar a segurança
que havia na cidade de Tiro; entretanto, pode se constatar que esses dois
versículos tem uma visão parentética, pois o versículo próximo (12) retor-
na para as comercializações e isso denota o início de uma nova perícope.

5ª Perícope

V.12. Társis negociava contigo, por causa da abundância de toda


a casta de riquezas; com prata, ferro, estanho e chumbo, negociavam
em tuas feiras.

50
Cf. J. Simons. Geographical and Topographical Texts of the Old Testament. 1959, p. 1427.
51
Cf. A. R. Fausset & D. Brown. Commentary on the Old and New Testaments. tópico Ez
27.10.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 203

Análise. O autor procura retornar as comercializações, como é


atestado nos versículos 5-7. Porém, o autor não especifica “dois lo-
cais” e sim, apenas “um local”; mas, detalha vários materiais como
nos versículos anteriores. A razão da nova perícope é pelo fato de
retornar as práticas da comercialização que tivera início nos versí-
culos 5-7.

1. Local geográfico

a) Comentário sobre Társis.

Análise. (Taršîš). O termo é o nome de lugar ou de um ter-


ritório. Os estudiosos informam que o termo: (Taršîšâ) pode
ser localizado em algum ponto do litoral do mar Mediterrâneo ou em
alguma ilha desse mar.52 O Pentateuco Samaritano propõe a forma tar-
sëÝsë, derivando a etimologia de Å.53 Mas, o local atual de Å, dentro
das terras do mediterrâneo não foi estabelecido como alguns suge-
riram a uma das ilhas (ou territórios litorais) ao oeste da Palestina.
Foram propostas várias sugestões diferentes como:54

1. A informação mais antiga sobre o local é relatada pela Septua-


ginta, que identifica: Åcom Cartago/.55
2. Materiais dos quais foram exportados: Å, incluindo prata (Jr
10.9), ferro, estanho e chumbo (Ez 27.12) e estes apontam para a Espa-
nha com seu alto recurso de minerais.

Análise. É relatado que a palavra é o nome de uma cidade ou


de uma região Is 23.6; Jr 10.9; Ez 27.12; 38.13; Jn 1.3;. 4.2; II Cr 9.21;
20.36,37. Também como o nome de uma terra distante Sl 72.10 ou de

52
Cf. K. Galling. Biblisches Reallexikon. HbAT 1/1, 1937 (second ed. 1977), p. 332a.
53
Cf. W. F. Albright. Archaeology and the Religion of Israel (1946), p. 133, 136 = Die
Religion Israels im Lichte der Archäologischen Ausgrabungen (1956), p. 151, 153.
54
Cf. B. Reicke & L. Rost. Biblisch-Historisches Handwörterbuch. 1-3, 1962-6, cita; IDB 4,
p. 517; Wolff, BK 14/3: 79; sugestões mais antigas estão relacionadas por W. Gese-
nius & F. Buhl. Hebräisches und Aramäisches Handwörterbuch über das Alte Testament.
1915 (seventeenth ed.); KBL (onde Åé identificado como a moderna cidade de
Cartago).
55
Cf. P. R. Berger, Ellasar. Tarschisch und Jawan. (WdO 13 (1982), p. 61-77, 76f.
204 FABIO SABINO DA SILVA

pessoas Is 66.19. Há o conceito de personificação da cidade ou pessoas:


o filho de (yäwän) Gn 10.4; I Cr 1.7.56

V.13. Javã, Tubal e Meseque eram teus mercadores; em troca das


tuas mercadorias davam pessoas de homens e objetos de bronze.
Análise. O autor especifica relatos que possivelmente lhe eram
conhecido. Observe o relato sobre os nomes mencionados.

1. Locais geográficos

a) Comentário sobre Java.

Análise. (yäwän). A palavra tem uma correlação de homôni-


mo. O Ugarítico registra a forma ynt, já o Aramaico Judaico a forma
(yôgüt´); entretanto, o Aramaico judaico seguido pela tradição
babilônica relata a forma (yôná´) e o Aramaico judaico seguindo
a tradição galiléia a forma (yawná´). O Siríaco propõe a forma
yaunaÒ, sendo tanto feminino como masculino.57

Análise. A palavra tem sua atestação em Gn 10.2,4 = I Cr 1.5,7; Is


66.19; Ez 27.13; Dn 8.21; 10.20; 11.2; Zc 9.13; Jl 3.6, como da descendência:
“Jafé”. A referência em Ez 27.13 (do qual em Is 66.19 é copiado) é o país
personificado. No livro do profeta Joel o hebraico registra o plural yewa-
nim. No livro do profeta Daniel o nome é atribuído aos gregos. A palavra
yevan-(n) ocorre desta forma no egípcio; todavia, nas cartas de Tel El-
Amarna a forma Yivana é atestada como sendo parte da terra de Tiro.58

b) Comentário sobre Tubal.

Análise. (Tùbal). A palavra é tida como um nome de um terri-


tório. A Septuaginta propõe a forma (Thobel), com exceção em

56
Cf. Harris, R. Laird et alii (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes-
tamento. 1998, p. 1661; tópico 2547.
57
Cf. J. Aistleitner. Wörterbuch der Ugaritischen Sprache. 1963 (third ed. 1967), p. 1185;
E.S. Drower & R. Macuch. A Mandaic Dictionary. 1963, p. 185b.
58
Cf. E. Schrader. Die Keilinschriften und das Alte Testament. 1903 (third ed. by H.
Winckler & H. Zimmern), p. 43.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 205

Ez 27.13, onde a Septuaginta inseriu antes da palavra uma conjunção:


“” e modificando a palavra com o acréscimo da expressão: “
” (s×mpasa kai ta parateínonta). A Vulgata relata
a palavra Tubal, mas com exceção em Is 66.19, conotando a palavra
hebraica  (Tùbal wüyäwän) para a seguinte expressão: “in Ita-
liam et Graeciam” (Itália e Grécia).59 Designa também um território (e
também um estado que durante algum tempo teve seu território sob o
controle de Assur) na Ásia Menor, talvez a Cilícia.60 Tubal é atestado
nas inscrições de Sargão II, onde inclui em seus registros os países
dominados pelo controle político de Assur e o rei MitaÖ.61 De acordo
com Ez 27.13 a expressão: (külê nüHöºšet) “objetos de bron-
ze”, provavelmente vieram da terra de (Tùbal) e (meºšek).
Isso pode ser confirmado por inscrições assírias para TabaÒl e Musku.
Na região de Tubal há ricos depósitos de ferro, cobre e prata.62

c) Comentário sobre Meseque.

Análise. (meºšek). O Aramaico Judaico propõe a forma 


(mù/mašKá´), já o Aramaico Palestínico Cristão e o Siríaco a for-
ma mesëkaÒ. O Acadiano relata a forma masëku; o grego a forma
(méskos). Contudo, o Pentateuco Samaritano registra a forma
muÒsëak, a Septuaginta a forma (Mosoch), como sendo morado-
res da Ásia Menor (Caucasia).63

V.14. Os da casa de Togarma trocavam pelas tuas mercadorias,


cavalos, e cavaleiros e mulos.
Análise. Segue-se o mesmo padrão do versículo anterior.

59
Cf. A. Schalit. Namenwörterbuch zu Flavius Josephus (supplement to K.H. Rengstorf
(ed.) – A Complete Concordance to Flavius Josephus), 1968, p. 54.
60
Cf. Weippert & Manfred. Menahem von Israel und seine Zeitgenossen in einer Stele-
ninschrift Tiglathpilesers III aus dem Iran. 1973, p. 48f.
61
Cf. J. Simons. Geographical and Topographical Texts of the Old Testament. 1959,
p. §162.
62
Cf. M. Wäfler. Zu Status und Lage von TabaÒl (Orientalia 52), 1983, p. 193.
63
Cf. E. S. Drower & R. Macuch. A Mandaic Dictionary. 1963, p. 270b; V. Soden. Akka-
disches Handwörterbuch. 1965, tópico 627b; H. Lewy. Die semitischen Fremdwörter im
Griechischen. 1895, p. 131; M. L. Mayer. “Gli Impresti Semitici in Greco” – Rendiconti
del Istituto Lombardo di scienze e lettere Milano. 1960, p. 330.
206 FABIO SABINO DA SILVA

1. Local geográfico

a) Comentário sobre Togarma.

Análise. (Tôgarmâ). Uma palavra sem derivações por ou-


tros idiomas, como também formas de identificações sugeridas. Se-
gundo Gn 10.3 é da descendência de Jafé, sendo o terceiro filho de
Gomer, os seus irmãos foram, Asquenaz e Rifate. O significado do
nome é duvidoso. Alguns sugeriram que o nome origina-se do Sâns-
crito, fazendo se uma divisão do nome da seguinte forma, “toga” com
o sentido de “tribo” e “arma” com o sentido de Armênia. Ou a forma
Assíria, Til-garimmu, com o sentido de “colina de Garimmu”, possi-
velmente uma fortaleza, nas bordas de Tabal (Tubal). Outros consi-
deraram Togarma como sendo a Armênia e esta tem sido a opinião
geral.64

V.15. Os filhos de Dedã eram os teus mercadores; muitas ilhas


eram o comércio da tua mão; dentes de marfim e pau de ébano torna-
vam a dar-te em presente.
Análise. Segue-se o mesmo padrão do versículo anterior.

1. Local geográfico

a) Comentário sobre Dedã.

Análise.(düdän). A Septuaginta propõe a forma //.


Alguns nomearam com base em Gn 10.7 como descendentes de Cuxe,
já em Gn 25.3 como descendente de Quetura. Em Is 21.13 vemos o re-
gistro das caravanas de Dedãn pela seguinte expressão: “nos bosques
da Arábia passareis a noite, ó viandantes de Dedanim”. No entanto,
na primeira caverna de Qunran acerca desse mesmo versículo, temos
uma outra forma (1QIsa )65.

64
Cf. F. Delitzsch. Philologische Forderungen an die Hebräische Lexikographie. 1916,
p. 161-172; A. Dillman. Lexicon Linguae Aethiopicae. 1865 (repr. Osnabrück 1970) e
Grammatik der aethiopischen Sprache. 1899 (second ed.; repr. Graz 1959).
65
Cf. C. J. Gadd. “The Harran Inscription of Nabonidus”. 1938, p. 58f, 81; E. Y. Kutscher.
The Language of the Isaia Scroll. 1959, (Hebrew ed.), 1974 (English ed.), p. 75f.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 207

V.16. A Síria negociava contigo por causa da multidão das tuas


manufaturas; pelas tuas mercadorias davam esmeralda, púrpura,
obra bordada, linho fino, corais e ágata.
Análise. Segue-se o mesmo padrão do versículo anterior. Mas,
não foram especificados os materiais por concordarem com o Texto
Massorético.

1. Local geográfico

a) Comentário sobre Síria.

Análise.  (´áräm). Segundo os registros é filho de Sem Gn 10.22;


I Cr 1.17, da tribo de Aser I Cr 7.34. É apresentado como topônimo de
    (´áram na|háraºyim) em Gn 24.10. A expressão é também rela-
cionada ao território de Damasco sobre a jurisdição dos Arameus. Em
outro lugar encontra se a forma  (´áräm)simplesmente como um
substantivo e topônimo relacionado a Síria. O nome não é atestado no
Texto Massorético nem no Aramaico, mas na Septuaginta e Peshita do
Novo Testamento, como também na Mishna. Na Septuaginta represen-
ta “Aram” em todas suas combinações. Síria é indubitavelmente uma
extensão do nome “Suri”, uma designação babilônica antiga de um dis-
trito ao Norte da Mesopotâmia. A história da Síria começa no 3º milênio
a.C. a mesma já estava ocupada por uma população de semitas que
pertenciam aos cananitas; isto é, com dialetos hebraicos ou fenícios.66

V.17. Judá e a terra de Israel, eram os teus mercadores; pelas tuas mer-
cadorias trocavam trigo de Minite, e Panague, e mel, azeite e bálsamo.
Análise. Segue-se o mesmo padrão do versículo anterior.

1. Locais geográficos

a) Comentário sobre Judá.

Análise. (yühûdâ). O Pentateuco Samaritano registra a


forma: yeÒÀuÒda, já a Septuaginta a forma (Ioyda); entretanto, o

66
Cf. B. Mazar. The Aramean empire and its relations with Israel. 1962, p. 25: 98ff; Rei-
cke & L. Rost. Biblisch-Historisches Handwörterbuch. 1-3, 1962-6, p. 1: 119f.
208 FABIO SABINO DA SILVA

Aramaico Babilônico e inscrições hebraicas, relatam as seguintes for-


mas: , , todos conotando a palavra Judá.67 Porém, outros
estudiosos acham que a etimologia é incerta. Em Gn 29.35 o Códice
Vaticano relata a forma grega “Ioudan”, o Códice Alexandrino a for-
ma “Iouda” e em outro lugar, tanto o Códice Vaticano e Alexandrino
relatam a forma grega “Ioudas”. Judá é 4º filho de Jacó e Lia, nascido
em Padãn-aram.68

b) Comentário sobre Israel.

Análise., (yiSrä´ël). O Pentateuco Samaritano relata a forma


yisëraÒÀel, a Septuaginta (Israel).69 O Ugarítico a forma ysÃril. Já o
Aramaico Antigo do sul propõe a forma YsërÀl.70

c) Comentário sobre Minite.

Análise. (minnît). O Códice Vaticano relata a forma grega


achris, o Códice Alexandrino relata a forma semoeith. Encontra-se a
palavra Minite em Jz 11.33. Eusébio menciona um lugar chamado Ma-
aniti. Realmente não há nenhum dado seguro em sugerir uma iden-
tificação, pois há razões sérias para suspeitar a integridade do texto.71

d) Comentário sobre Panague.

Análise.  (pannag). A palavra é um hapax legomenon em Ez


27.17 e sua forma é incerta, mas de acordo com o contexto, trata-se de

67
Cf. W. F. Albright. TheNames “Israel” and “Judah” – with an Excursus on the Etymology
of todah and Torah. 1927, (JBL 46: 172ff); C. Brockelmann. Grundriss der Vergleichenden
Grammatik der Semitischen Sprachen. 1-2, 1908-13 (repr. Hildesheim 1966), p. 1: 398.
68
Cf. M. Noth. Die Welt des Alten Testaments. 1962 (fourth ed.), p. 50f; H. S. Nyberg.
Studien zum Hoseabuch. 1935, p. 77ff; Reicke & L. Rost. Biblisch-Historisches Han-
dwörterbuch. 1-3, 1962-6, p. 898.
69
Cf. C. Brockelmann. Grundriss der Vergleichenden Grammatik der Semitischen Spra-
chen. 1-2, 1908-13 (repr. Hildesheim 1966), p. 1: 187; G. Bergsträsser. Hebräische
Grammatik. Vol. I (1918); Vol. II (1929), p. 1: 104t.
70
Cf. C. Gordon. Ugaritic Textbook. 1965, p. §19: 1164; K. Conti Rossini. Chrestomathia
Arabica Meridionalis Epigraphica. 1931, p. 165a.
71
Cf. F. M. Abel. Géographie de Palestine. 1-2, 1938, p. 2: 388; J. Simons. Geographical
and Topographical Texts of the Old Testament. 1959, p. §596/7.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 209

um produto do país. O Acadiano propõe a forma pannigu, tratando


a palavra com o sentido de “bolo”. A Septuaginta relata a expressão
 (óleo consagrado e cassia [canela]). Além disso, a
Vulgata relatou o sentido de balsamum (bálsamo) e o grego a expres-
são , , conotando o sentido de doces.72

V.18. Damasco negociava contigo, por causa da multidão das tuas


obras, por causa da abundância de toda a sorte de riqueza, dando em
troca vinho de Helbom e lã branca.
Análise. Segue-se o mesmo padrão do versículo anterior.

1. Locais geográficos

a) Comentário sobre Damasco.

Análise. (DammeºSeq). O Pentateuco Samaritano propõe a


forma damsëeq, o Aramaico Judaico da Galiléia relata a forma .
A Septuaginta propõe a forma (Damaskós), o Arábico a for-
ma Dama/isëq, Dimisëq. A origem de Damasco é desconhecida. A pala-
vra aparece possivelmente na história de Abraão. Em Gn 14.15 há a
menção de Damasco, mas isto simplesmente é uma nota geográfica
que mostra Damasco bem conhecida na ocasião (Gn 14).73

b) Comentário sobre Helbom.

Análise. (HelBôn). O nome é atribuído a uma floresta. O


Ugarítico propõe vocábulo Hélb/Héalbi. É também uma região de vinho.
Admite-se universalmente ser Helbom, uma aldeia ao lado oriental
do Anti-Líbano, 13 Km ao norte de Damasco. A região foi famosa por
suas melhores uvas. Helbom não deve ser confundido com, a provín-
cia grego-romana de Alepo.74

72
Cf. V. Soden. Akkadisches Handwörterbuch. 1965, tópico 818b.
73
Cf. M. Wagner. Die Lexikalischen und Grammatikalischen Aramäismen im Alttesta-
mentlichen Hebräisch. 1966, p. 70; J. Simons. Geographical and Topographical Texts of
the Old Testament. 1959, p. 219; F. Rosenthal. Die aramaistische Forschung seit Th.
Nöldekers.s Veröffentlichungen. 1939, p. 15ff.
74
Cf. R. Dussaud. Topographie Historique de la SyrieAantique et Médiévale. 1926, p. 285ff;
F. M. Abel. Géographie de Palestine. 1-2, 1933, 1938, p. 2: 347; J. Simons. Geographical
and Topographical Texts of the Old Testament. 1959, p. §1428c.
210 FABIO SABINO DA SILVA

V.19. Também Dã e Javã, de Uzal, pelas tuas mercadorias, davam


em troca ferro trabalhado, cássia e cálamo aromático, que assim entra-
vam no teu comércio.
Análise. Segue-se o mesmo padrão do versículo anterior.

1. Locais geográficos

a) Comentário sobre Dã.

Análise.  (Dän). Há uma outra forma de atestação: (). O Amo-


rita propõe o vocábulo danaÒnu, traduzindo para “ser forte”. O nome
também faz referência uma divindade: Dann. É o nome de um dos
filhos de Jacó Gn 30.6, de uma tribo Nm 1.12; Dt 27.13;33.22, também
como os filhos de Dã:  (bünê-dän) nas seguintes passagens: Gn
46.23; 49.16; Nm 1.38;2.25; 7.66; 26.42; Js 19.47; Jz 1.34.75

b) Comentário sobre Javã.

Análise.(yäwän). O Pentateuco Samaritano propõe o vocábu-


lo yaÒban; porém, a Septuaginta em Gn 10.2,4 apresenta o vocábulo
(Ioyan) e (Ellás)(Ellenes). O Síriaco relata yauniÒ
e ayunen. O Pérsico Antigo YaunaÒ, o grego , (). O Assírio e o
Babilônico o vocábulo Yawanu.76

c) Comentário sobre Uzal.

Análise.(´ûzäl). O Pentateuco Samaritano propõe o vocábu-


lo iÒzal, a Septuaginta //, em Árabe SÌanÁa, como capital do
Yemen. Entretanto, muitos manuscritos da Septuaginta relatam a
(mü´ûzzäl).77
V.20. Dedã negociava contigo com panos preciosos para carros.
Análise. Ver comentário de Dedã no versículo 15.

75
Cf. F. Nötscher. Alttestamentliche Studien. BBB 1, 1950, p. 187; A. Alt. Geschichte und
Altes Testament. 1953-4, p. 1: 146.
76
Cf. M. Mayrhofer & W. Brandenstein. Handbuch des Altpersischen. 1964, p. 156; E. G.
Kraeling. The Brooklyn Museum Aramaic Papyri. 1953, p. 40.
77
Cf. A. R. Millard. Ezekiel 27:19 – the wine trade of Damascus. 1962, p. 7: 201-203.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 211

V.21. A Arábia, e todos os príncipes de Quedar, eram mercadores


ao teu serviço, com cordeiros, carneiros e bodes; nestas coisas nego-
ciavam contigo.
Análise. Segue-se o mesmo padrão do versículo anterior.

1. Locais geográficos

a) Comentário sobre Arábia.

Análise.  (`árab). A Septuaginta propõe a forma, mas


em Is 10.9 temos , e Is 11.11 (apenas questões de ca-
sos). O Acadiano trás a forma Arabu e Aribi. O Pérsico AntigoarabaÒia,
conotando a Arábia. Todavia, segundo os estudiosos a etimologia é de
um tempo nômade. Alguns conotaram sendo os colonos ou seminô-
mades dos beduínos. Entretanto, outros se referindo aos nômades do
deserto sírio-árabe, isso com base em Jr 25.24, pela seguinte expressão
parafraseada: …  (`áräb... haššöknîm
BammidBär Kol-malkê), Arábia... que habita no deserto e todos os reis.78
A Arábia era cercada por quatro lados, pelo Oceano Índico, pelo Mar
Vermelho, o Golfo Persíco e além do deserto da Síria. Os estudiosos
apontam como neto de Sem. Em Gn 36.12 encontra-se como um neto
de Esaú. É suposto que foram conhecidos primeiramente com os Cal-
deus, do qual eles foram subjugados pelo poder Assírio sob o governo
de Ninrode.79

b) Comentário sobre Quedar.

Análise. (qëdär). O nome de uma tribo. O Pentateuco Sama-


ritano e algumas outras versões propõem a forma qaÒãdaâd, já o
Arábico antigo do Sul qdrn = QaÒdiraÒn, QadraÒn, sendo este também o
nome de uma tribo. O Assírio propõem várias formas como: Qadri,

78
Cf. W. F. Albright. Egypt and the earlyHistory of the Negeb. 1924, p. 205. op. cit. Die
Religion Israels im Lichte der Archäologischen Ausgrabungen. 1956, p. 149f; R. G. Kent.
Old Persian Grammar – Texts and Lexicon. 1953 (second ed.), p. 169; Reallexikon der
Assyriologie. 1932, p. 1: 125f; J. A. Montgomery. Arabia and the Bible. 1934, p. 27f;
J. J. Hess. Von den Beduinen dês Inneren Arabiens. 1938, p. 56f; B. Reicke & L. Rost.
Biblisch-Historisches Handwörterbuch. 1-3, 1962-6, p. 118.
79
Cf. Stanley, M. Dr. The International Standard Bible Encyclopedia. 1939, tópico 657.
212 FABIO SABINO DA SILVA

Qadari, Qidri, Qidir.80 Alguns estudiosos localizam como um povo nô-


made no deserto sírio-árabe ou mais precisamente na região entre o
Egito, Dedã e Edom.81 O nome acontece como típico de um país oriental
distante em oposição às terras do mediterrâneo (Jr 2.10). Em Is 60.7 en-
contramos a tribo em companhia com os Nabaiot e são representados
ambos como donos de rebanhos. Evidências de seus hábitos nômades
aparecem em Jr 49.28,29 onde é feito menção de tendas, rebanhos, lonas
e mobília. Em Is 21.16,17 é refletida a sua bravura pelos valentes flechei-
ros e nas referências figurativas para as tendas (Sl 120.5; Ct 1.5). Nesta
última passagem as tendas são simbolizadas pela beleza.

V.22. Os mercadores de Sabá e Raamá eram os teus mercadores;


em todos os seus mais finos aromas, em toda a pedra preciosa e ouro,
negociaram nas tuas feiras.
Análise. Segue-se o mesmo padrão do versículo anterior.

1. Locais geográficos

a) Comentário sobre Sabá.

Análise. (šübä´). O nome de algumas pessoas. O Pentateuco


Samaritano propõe a seguinte forma: sëaâba, a Septuaginta (Saba).
Contudo, Josefo relata as formas: (Sabaioi), (Sabaios),
(Sabakínes) e (Sáphas).82 O Arábico Antigo do Sul
trás a forma sbÀ, o Assírio SabÀaya e similaridades, conotando os gen-
tios. Os estudiosos relatam a palavra a algumas pessoas ou um reino
na Arábia onde se presumi algumas colônias que comercializavam
na Arábia. No período Neo-Assírio (no tempo de Tiglate-Pilesser III)
havia contatos com o reino de Sabá, como também com suas depen-
dências no norte.83 Sabá e Dedã foram os dois filhos do filho de Raamá

80
Cf. K. C. Rossini. Chrestomathia Arabica Meridionalis Epigraphica. 1931, p. 229b; S.
Parpola. Neo-Assyrian Toponyms. AOAT 6.1970, p. 285.
81
Cf. F. V. Winnett. A Himyaritic Inscription from the Persian. (BASOR. 102), 1946, p. 194.
82
Cf. A. Schalit. Namenwörterbuch zu Flavius Josephus (supplement to K. H. Rengstorf
(ed.) – A Complete Concordance to Flavius Josephus). 1968, p. 103, 104 e 108.
83
Cf. K. C. Rossini. Chrestomathia Arabica Meridionalis Epigraphica. 1931, p. 192f; S.
Parpola. Neo-Assyrian Toponyms (AOAT 6). 1970, p. 297; H. Gese, M. Höfner &
K. Rudolph. Die Religionen Altsyriens – Altarabiens und der Mandäer. 1970, p. 240ff
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 213

e Cuxe (Gn 10.7). (2) Sabá e Dedã foram os dois filhos de Jocsã, filho
de Abraão com Quetura (Gn 25.3). (3) Sabá também foi filho de Jocsã
e Eber que era descendente de Sem (Gn 10.28). O Sabeus ou habitan-
tes de Sabá; eram grandes comerciantes em ouro e temperos (Jr 6.20;
Sl 72.15), como também escravos (Jl 3:8). Pelos genealogistas árabes,
Sabá é representado como neto de Jocsã e antepassado de todas as
tribos Sul-árabes.

b) Comentário de Raamá.

Análise. (ra`mâ). A palavra tem várias formas de leitu-


ra conjectural como: (ra`mâ) ou: (ra`mäteKä). A Sep-
tuaginta propõe a forma (Regma), (Ragma), já Josefo
(Rámos), provavelmente para ser comparado com a região de
NajraÒn. Um filho de Cuxe e pai de Sabá e Dedãn (Gn 10.7; I Cr 1.9). Os
estudiosos apontam como uma cidade na Arábia ao sudeste do Golfo
Pérsico. A Septuaginta supõe este local. Mas o nome árabe da cidade
aqui indicado é soletrado com um “g” e assim dá origem a uma difi-
culdade fonológica.84

V.23. Harã, e Cane e Éden, os mercadores de Sabá, Assur e Quil-


made negociavam contigo.

1. Locais geográficos

a) Comentário sobre Harã.

Análise. (Härän). A Septuaginta propõe a forma  (Char-


ran). O Acadiano häarraÒnu, com o significado de estrada.85 Cidade de onde
partiu Abraão em peregrinação para Canaã (Gn 12.1). Provavelmente

e 258ff; S. Hermann. Geschichte Israels in Alttestamentlicher Zeit. 1971 (second ed.


1980), p. 222; F. Zorrel. Lexicon Hebraicum et Aramaicum Veteris Testamenti. 1954
(second ed. 1962), p. 814b.
84
Cf. A. Schalit. Namenwörterbuch zu Flavius Josephus (supplement to K. H. Rengstorf
(ed.) – A Complete Concordance to Flavius Josephus). 1968, p. 100; G. Ryckmans. Les
noms propres sud-sémitiques. 1-3, 1934-5, p. 1: 368b.
85
Cf. B. Reicke & L. Rost. Biblisch-Historisches Handwörterbuch. 1-3, 1962-6, p. 647.
214 FABIO SABINO DA SILVA

“era a cidade de Naor” onde o servo de Abraão foi encontrar uma es-
posa para Isaque (Gn 24.10). Uma cidade que foi destruída pelo rei da
Assíria (II Rs 19.12; Is 37.12). O nome aparece em registros Assírios e
Babilônicos como Harran com o sentido de “estrada”, possivelmente
pela rota de comércio entre Damasco e Nínive para Carquemis.86

b) Comentário sobre Cane.

Análise.  (kannË). A Septuaginta propõe a forma  (Chan-


na), aparece como um lugar ao norte da Mesopotâmia ou na Arábia.
Mencionado em Ez 27.23 com relação a Harã e Éden como um dos lu-
gares com que Tiro teve relações comerciais. Entretanto, esta é a única
referência do lugar, mas o local é desconhecido. Alguns estudiosos pro-
puseram ser Calno com referência a passagem de Is 10.9. De acordo com
o Targum, Eusébio e Jerônimo, este lugar era situado perto de Tigres.87

c) Comentário sobre Éden.

Análise.  (`eºden). O Acadiano propõe a forma BiÒt Adini, como


uma região em qualquer lugar do rio Eufrates.88

d) Comentário sobre Assur.

Análise. (´aššûr). Em I Cr 5.6 temos uma escrita defectiva:


(´aššur). A palavra é usada também como um topônimo. O Aca-
diano relata Asësëur, como uma alternativa ortográfica.

e) Comentário sobre Quilmate.

Análise.(Kilmad). Era um centro comercial, um lugar possi-


velmente na Arábia. Alguns estudiosos propuseram uma mudança da
consoante “m” para “w”, sendo assim seria comparado com Kalwada

86
Cf. Stanley, M. Dr. The International Standard Bible Encyclopedia. 1939, tópico 4076.
87
Cf. K. R. Conti. Chrestomathia Arabica Meridionalis Epigraphica. 1931, p. 232b; I. Wis-
sman & M. Höfner. Beiträge zur Historischen Geographie des Vorislamischen Südara-
bien. 1953, p. 4: 98f, 103.
88
Cf. S. Parpola. Neo-Assyrian Toponyms. AOAT 6. 1970, p. 75f.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 215

perto de Bagdá, mas a identificação parece improvável. Embora a Sep-


tuaginta e a Vulgata considerem o nome de um país; mas, há dúvidas
se esta visão está correta.89

V.24. Estes eram teus mercadores em roupas escolhidas, em pano


de azul, e bordados, e em cofres de roupas preciosas, amarrados com
cordas e feitos de cedros, entre tua mercadoria.

Resumo geral da perícope. O autor procurou especificar os que


negociavam com Tiro e qual era o tipo de negócio. Esta perícope en-
cerra-se com um pronome demonstrativo e o verbo esclarecendo a
riqueza que Tiro possuía com os que negociavam com ele.

6ª Perícope

V.25. Os navios de Társis eram as tuas caravanas que traziam tuas


mercadorias; e te encheste, e te glorificaste muito no meio dos mares.
Análise. O autor relata o clímax de tudo que fora dissertado na
perícope anterior. Não somente o clímax é relacionado, como também
a mudança de detalhes, o autor retorna para as embarcações e assim
relata a argumentação de fundamentação.

V.26. Os teus remadores te conduziram sobre grandes águas; o


vento oriental te quebrou no meio dos mares.
Análise. O autor procura especificar os operários, como também
o que ocorreu com as embarcações.

V.27. As tuas riquezas, as tuas feiras, e tuas mercadorias, os teus


marinheiros, os teus pilotos, os que consertavam as tuas fendas, os
que faziam os teus negócios, e todos os teus soldados, que estão em ti,
juntamente com toda a tua companhia, que está no meio de ti, cairão
no meio dos mares no dia da tua queda.
Análise. O autor procura detalhar as riquezas, pessoas e funções,
os quais todos pereceriam.

89
Cf. J. Simons. Geographical and Topographical Texts of the Old Testament. 1959,
p. §1428; E. I. Wissman & M. Höfner. Beiträge zur Historischen Geographie des Voris-
lamischen Südarabien. 1953, p. 4: 98f., 103.
216 FABIO SABINO DA SILVA

V.28. Ao estrondo da gritaria dos teus pilotos tremerão os arra-


baldes.
Análise. O fim das embarcações será inevitável.

V.29. E todos os que pegam no remo, os marinheiros, e todos os


pilotos do mar descerão de seus navios, e pararão em terra.
Análise. Frustração em todos os lugares.

V.30. E farão ouvir a sua voz sobre ti, e gritarão amargamente; e


lançarão pó sobre as cabeças, e na cinza se revolverão.
Análise. Momento de luto.

V.31. E far-se-ão calvos por tua causa, e cingir-se-ão de sacos, e


chorarão sobre ti com amargura de alma, e com amarga lamentação.
Análise. Sinais de luto.

V.32. E no seu pranto levantarão uma lamentação sobre ti, e la-


mentarão sobre ti, dizendo: Quem foi como Tiro, como a que foi des-
truída no meio do mar?
Análise. O autor relaciona uma quina, como é atestado no capítu-
lo antecedente.

V.33. Quando as tuas mercadorias saiam pelos mares, fartaste a


muitos povos; com a multidão das tuas riquezas e do teu negócio,
enriqueceste os reis da terra.
Análise. O autor relata a grandeza de Tiro a ponto de enriquecer
os reis.

V.34. No tempo em que foste quebrantada pelos mares, nas pro-


fundezas das águas, caíram, no meio de ti, os teus negócios e toda a
tua companhia.
Análise. Palavras de inexistências.

V.35. Todos os moradores das ilhas estão a teu respeito cheios de


espanto; e os seus reis tremeram sobremaneira, e ficaram perturbados
nos seus rostos;
Análise. O autor procura detalhar o grande espanto gerado pela
queda de Tiro.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 217

V.36. Os mercadores dentre os povos assobiaram contra ti; tu te


tornaste em grande espanto, e jamais subsistirá.
Análise. O autor não inseriu o conceito de conclusão, conforme
o capítulo antecedente, mas inseriu no final da perícope uma outra
forma de conclusão, a de argumentação.

Resumo geral. É notável o detalhe dissertado pelo autor, como


conhecimento de relações comerciais, geográficos e mão de obra. A
pergunta que se levanta é: como pode Ezequiel ter todas essas infor-
mações preciosas? E porque o autor não encerrou o capítulo como a
forma antecedente do outro capítulo? E porque esses nomes não apa-
recem nos outros capítulos com as mesmas relações?
DELIMITAÇÃO DO TEXTO
CAPÍTULO 28

1ª Perícope

V.1. E VEIO a mim a palavra do SENHOR, dizendo:


Análise. A forma como Deus fala com Ezequiel causa admiração,
pois a primeira atestação desta oração esta registrada no capítulo 3.16
e o assunto é justamente: rebeldia, desobediência e destruição. E todas as
ocorrências deste tipo de oração estão relacionadas neste capítulo.

V.2. Filho do homem, dize ao príncipe de Tiro: Assim diz o Senhor


DEUS: Porquanto o teu coração se elevou e disseste: Eu sou Deus, so-
bre a cadeira de Deus me assento no meio dos mares; e não passas de
homem, e não és Deus, ainda que estimas o teu coração como se fora
o coração de Deus;
Análise. O advérbio (Kò) quer apenas demonstrar o que vêm
em seguida e de quem, esta forma é muito comum no livro do profeta
Ezequiel. A arrogância está relacionada a questão de divinização. Pois
o príncipe faz muita menção de ser Deus. Porém, há o contraste para
refutar sua afirmação. Veja abaixo:

Conceito afirmativo
a) Eu sou Deus...
b) sobre a cadeira de Deus me assento...

Conceito negativo
a) não és Deus...
b) como se fora o coração de Deus;

Análise. As formas afirmativas e negativas são contrastadas pelos


mesmos termos em hebraico; ou seja, há duas formas utilizadas no
220 FABIO SABINO DA SILVA

capítulo para a expressão “Deus” e são elas: (´ël), cujo significado


temos: deus, homens poderosos, homens de grau, heróis, anjos, falso
deus e Deus. Como também a palavra (´élöhîm), significa: re-
gras, julgar, anjos, deuses, deus, deusa e Deus. Não houve hesitação
do autor em contrastar utilizando as mesmas formas.

Síntese. Em análise dos capítulos antecedentes (26 e 27) observa-


se que houve um grande crescimento do império do príncipe de Tiro
e há muitas razões por ele ter afirmado ser deus; mas também, há o
conceito nos mesmos para negar sua divindade, veja abaixo as rela-
ções de sua afirmativa pelos capítulos antecedentes:

Capítulo 26

a) afirmativo

V.2. eu me encherei...
V.12. riquezas..., mercadorias.... e casas agradáveis...
V.13. cantigas..., e instrumentos musicais...
V.17. ó bem povoada... afamada cidade..., forte no mar..., que ate-
morizaram a todos os seus habitantes!

b) negativo
V.4. destruirão os muros..., derrubarão as suas torres..., eu lhe var-
rerei o seu pó...., dela farei uma penha descalvada.
V.12. roubarão as riquezas..., saquearão as mercadorias..., derru-
barão os muros..., arrasarão as casas agradáveis...
V.13. cessar o ruído das cantigas...., som das harpas não se ouvirá
mais.
V.17. Como pereceste, povoada e afamada cidade...

Capítulo 27

a) afirmativo

V.3. habita nas entradas do mar..., negocia com os povos em mui-


tas ilhas..., perfeita em formosura.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 221

V.4. No coração dos mares estão os teus termos..., aperfeiçoaram


a tua formosura.
V.5. conveses de faias de Senir..., cedros do Líbano para te faze-
rem mastros.
V.6. teus remos de carvalhos de Basã..., teus bancos fizeram-nos
de marfim engastado em buxo das ilhas dos quiteus.
V.7. Linho fino bordado do Egito era a tua cortina..., azul e púrpu-
ra das ilhas de Elisa...,
V.8. Sidom e Arvade foram os teus remadores...., os teus sábios, se
achavam em ti..., foram os teus pilotos.
V.9. Gebal e seus sábios os que consertavam as tuas fendas..., to-
dos os navios e marinheiros se acharam em ti..., negócios.
V.10. Persas, lídios, e os de Pute eram no teu exército os teus sol-
dados..., escudos, capacetes penduraram em ti..., eles manifestaram a
tua beleza.
V.11. Arvade e o teu exército estavam sobre os teus muros em
redor..., Gamaditas nas tuas torres..., escudos nos teus muros em re-
dor..., perfeição..., formosura.
V.12. ...abundância de riquezas..., prata, ferro, estanho e chumbo,
negociavam em tuas feiras.
V.13. Javã, Tubal e Meseque eram teus mercadores..., mercado-
rias..., pessoas..., bronze.
V.14. Togarma trocavam pelas tuas mercadorias, cavalos e cava-
leiros e mulos.
V.15. Dedã eram os teus mercadores..., comércio..., dentes de mar-
fim, pau de ébano...,
V.16. manufaturas..., esmeralda, púrpura, obra bordada, linho
fino, corais e ágata.
V.17. Judá e a terra de Israel..., trigo de Minite, Panague, mel, azei-
te e bálsamo.
V.18. Damasco..., abundância de toda a sorte de riqueza..., vinho
de Helbom e lã branca.
V.19. Dã e Javã, de Uzal..., mercadorias..., ferro trabalhado, cássia
e cálamo aromático... comércio.
V.20. Deda..., panos preciosos para carros.
V.21. Arábia, e todos os príncipes de Quedar, eram mercadores ao
teu serviço..., cordeiros, carneiros e bodes...,
V.22. Sabá e Raamá ..., finos aromas..., pedra preciosa e ouro...,
222 FABIO SABINO DA SILVA

V.23. Harã, Cane e Éden..., Sabá, Assur e Quilmade negociavam


contigo.
V.24. Estes eram teus mercadores em roupas escolhidas..., pano
de azul, bordados..., cofres de roupas preciosas..., cordas e feitos de
cedros...
V.25. Os navios de Társis eram as tuas caravanas que traziam tuas
mercadorias... encheste..., glorificaste muito no meio dos mares.
V.26. remadores...,
V.27. riquezas..., feiras..., mercadorias..., marinheiros..., pilotos...,
os que consertavam as tuas fendas, os que faziam os teus negócios...,
soldados..., companhia...,
V.33. fartaste a muitos povos..., enriqueceste os reis da terra.

b) negativo

V.27. cairão no meio dos mares..., queda...,


V.28. gritaria dos teus pilotos..., tremerão os arrabaldes.
V.29. descerão de seus navios, e pararão em terra.
V.30. gritarão amargamente..., lançarão pó sobre as cabeças..., na
cinza se revolverão.
V.31. far-se-ão calvos por tua causa..., cingir-se-ão de sacos..., cho-
rarão com amargura de alma, e com amarga lamentação.
V.32. pranto..., lamentação..., destruída no meio do mar?
V.34. quebrantada pelos mares..., caíram, no meio de ti, os teus
negócios e toda a tua companhia.
V.35. espanto..., e os seus reis tremeram sobremaneira, perturbados...
V.36. assobiaram contra ti..., grande espanto..., jamais subsistirá.
Comentário. Após todas essas descrições o verbo (´émör), está no
imperativo, em análise dos capítulos antecedentes (26 e 27), somente
aqui aparece, justificando assim uma ordem direta para o príncipe, as
conseqüências que virão pelo seu orgulho, estadia e governo.

2ª Perícope

V.3. Eis que tu és mais sábio que Daniel; e não há segredo algum
que se possa esconder de ti.
Análise. A maioria das orações com (hinnË) ocorrem em
discurso direto [...] e servem para introduzir um fato sobre o qual se
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 223

baseia uma afirmação ou mandamento que o segue. A interjeição tra-


tando-se de uma partícula dêitica ou demonstrativa, chama a atenção
com certa ênfase sobre uma pessoa, um objeto, uma ação, servindo
assim para apresentar e para identificar. A Massorá parva relata que a
expressão é atestada por “dez vezes” (Ez 3.8;7.10; 15.4,5; 16.44,49; 22.6;
28.3;31.3;39.8) no início dos versículos do livro de Ezequiel. E pode
ser verificado que todas as ocorrências no início dos versículos vem
tratando de julgamento e juízo.

V.4. Pela tua sabedoria e pelo teu entendimento alcançaste para ti


riquezas, e adquiriste ouro e prata nos teus tesouros.
Análise. Sabedoria, entendimento foram fontes para alcançar a
riqueza, como ouro, prata que acumulou em seu tesouro.

V.5. Pela extensão da tua sabedoria no teu comércio aumen-


taste as tuas riquezas; e eleva-se o teu coração por causa das tuas
riquezas;
Análise. A sabedoria era vista por outras pessoas pelo seu co-
mércio e suas riquezas aumentaram sobremaneira a ponto de ter ge-
rado o orgulho.

V.6. Portanto, assim diz o Senhor DEUS: Porquanto estimas o teu


coração, como se fora o coração de Deus,
Análise. A expressão: (läkën Kò|-´ämar), traduzido
por “portanto assim diz...”, conclui o primeiro argumento. E nova-
mente nota-se a sua presunção, conforme o versículo 2.

Comentário. Pode ser visto que as palavras mais enfatizadas des-


ta perícope são:

V.3. sábio, segredo e esconder;


V.4. sabedoria, entendimento e riqueza;
V.5. sabedoria, comércio, riqueza e orgulho;
V.6. orgulho.

Síntese. As palavras enfatizadas estão de acordo com a regra con-


textual dos capítulos antecedentes e pode ter a seguinte conclusão. O que
levara o príncipe afirmar ser deus era devido sua grande sabedoria na
224 FABIO SABINO DA SILVA

sua comercialização, onde gerou riquezas e por fim o orgulho, verifi-


ca-se então os conceitos afirmativos.

3ª Perícope

V.7. Por isso eis que eu trarei sobre ti estrangeiros, os mais terrí-
veis dentre as nações, os quais desembainharão as suas espadas con-
tra a formosura da tua sabedoria, e mancharão o teu resplendor.
Análise. Abre se agora a sentença negativa por um advérbio e
interjeição conforme o versículo 3. Os conceitos negativos são:

a) estrangeiros..., terríveis..., desembainharão as espadas..., contra


a formosura da tua sabedoria e mancharão o teu resplendor.
b)V.8. farão descer à cova..., morrerás da morte dos traspassados...
c) V.9. Acaso dirás ainda diante daquele que te matar: Eu sou
Deus? mas tu és homem, e não Deus, na mão do que te traspassa.
d) V.10. Da morte dos incircuncisos morrerás, por mão de estran-
geiros, porque eu o falei, diz o Senhor DEUS.

Síntese. Observa-se aqui o seguinte esboço:

a) Encargo confiado ao mensageiro (V.1-2); b) Acusação (fun-


damentação, V.2); c) Desenvolvimento da acusação (V.3-6); d) Fór-
mula da mensagem ([läkën Kò|-´ämar], no versículos 6:
, no versículo 7 ); e) Anúncio do juízo; isto é, intervenção de
Deus (V.6); f) Anúncio do juízo; isto é, conseqüências (V.7-10); g) As-
sinatura de conclusão: (V.10 diz o Senhor DEUS).

4ª Perícope

V.11. Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo:

V.12. Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de


Tiro, e dize-lhe: Assim diz o Senhor DEUS: Tu eras o selo da medida,
cheio de sabedoria e perfeito em formosura.
Análise. O autor faz mudança de linguagem de prosa para a poesia
como é atestada também nos capítulos antecedentes em 26.17 e 27.2.
Destaca-se como verdade central às expressões, sabedoria, perfeito e
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 225

formosura, palavras também confirmadas nos capítulos anteriores;


ou seja, à análise do argumento do autor está em continuação e não
em novas sentenças.

V.13. Estiveste no Éden, jardim de Deus; de toda a pedra preciosa


era a tua cobertura: sardônia, topázio, diamante, turquesa, ônix, jaspe,
safira, carbúnculo, esmeralda e ouro; em ti se faziam os teus tambores
e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados.
Análise. O autor relata seus momentos paradisíacos e não no sen-
tido literal, como se realmente ele estivesse no Éden, jardim de Deus.

V.14. Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te estabeleci;


no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas
andavas.
Análise. O autor procura inseri-lo como um grande ajudador das
nações, conforme é apresentado pela etimologia da palavra querubim
como também pelo contexto do capítulo 27.

V.15. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste
criado, até que se achou iniqüidade em ti.
Análise. O rei tinha estado completo, pelo contexto antecedente,
cheio de sabedoria, formosura e riqueza.

V.16. Na multiplicação do teu comércio encheram o teu interior


de violência, e pecaste; por isso te lancei, profanado, do monte de
Deus, e te fiz perecer, ó querubim cobridor, do meio das pedras afo-
gueadas.
Análise. Eis a razão de sua queda, comércio é a palavra central,
dentro desse raciocínio há os lados positivos e negativos conforme os
contextos antecedentes veja:

Conceito afirmativo

a) multiplicação, comércio, querubim, cobridor e pedras afogueadas.

Conceito negativo

b) violência, pecaste, lancei, profanado e perecer.


226 FABIO SABINO DA SILVA

V.17. Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, cor-


rompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te
lancei, diante dos reis te pus, para que olhem para ti.
Análise. Orgulho é relatado de forma clara conforme ocorrido
nos capítulos antecedentes.

V.18. Pela multidão das tuas iniqüidades, pela injustiça do teu co-
mércio profanaste os teus santuários; eu, pois, fiz sair do meio de ti
um fogo, que te consumiu e te tornei em cinza sobre a terra, aos olhos
de todos os que te vêem.
Análise. Juízo é relatado devido sua arrogância.

V.19. Todos os que te conhecem entre os povos estão espantados


de ti; em grande espanto te tornaste, e nunca mais subsistirá.
Análise. A sentença encerra conforme os capítulos anteriores
como em 26.21 e 27.36.

Síntese. O que temos aqui é o seguinte esboço:

a) Encargo confiado ao mensageiro (V.11);


b) Acusação (fundamentação, V.12-15);
c) Desenvolvimento da acusação (V.16);
e) Anúncio do juízo – isto é intervenção de Deus (V.17-18);
f) Anúncio do juízo – isto é conseqüências (V.18-19).

Conceito Teológico

Introdução. Para o presente trabalho ter sua conclusão, cabe ago-


ra, registrar todas as ocorrências até aqui realizadas, para isso será
analisado, versículo por versículo, demonstrando a impossibilidade
do texto de Ezequiel 28, fazer alusão à queda de Satanás.

Tema. Porque o capítulo 28 de Ezequiel não faz e nem pode aludir


sobre a queda de Satanás?

V.1. E VEIO a mim a palavra do SENHOR, dizendo:


Análise. Primeiro porque o verbo (wayühî) inicia-se com uma
conjunção consecutiva, para expressar o passado narrativo, indicando
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 227

uma seqüência, em outras palavras, o autor continua em seu raciocí-


nio argumentando sobre um ser humano e não sobre um ser espiritual
(Satanás).

2ª Porque a fala introdutória (E VEIO a mim a palavra do SE-


NHOR, dizendo:) tem sua primeira apresentação no capítulo 3.16 e
em todas as atestações desta expressão até o capítulo 28, os assuntos
são: rebeldia, desobediência e destruição aos seres humanos e não seres
espirituais (Satanás).

V.2. Filho do homem, dize ao príncipe de Tiro: Assim diz o Senhor


DEUS: Porquanto o teu coração se elevou e disseste: Eu sou Deus, so-
bre a cadeira de Deus me assento no meio dos mares; e não passas de
homem, e não és Deus, ainda que estimas o teu coração como se fora
o coração de Deus;
Análise. Primeiro porque o advérbio (Kò) demonstra o que
vem em seguida e de quem, esta forma é muito comum no livro do
profeta Ezequiel. A arrogância está relacionada à questão de divini-
zação. Pois o príncipe faz muita menção de ser Deus. Porém, há o
contraste para refutar sua afirmação. Veja abaixo:

Conceito afirmativo

a) Eu sou Deus...
b) sobre a cadeira de Deus me assento...

Conceito negativo

a) não és Deus...
b) como se fora o coração de Deus;

2ª As formas afirmativas e negativas são contrastadas pelos mes-


mos termos em hebraico; ou seja, há duas formas utilizadas no ver-
sículo para a expressão “Deus” e são elas: (´ël), significado: deus,
homens poderosos, homens de grau, heróis, anjos, falso deus e Deus.
Como também a palavra (´élöhîm), significado: regras, julgar,
anjos, deuses, deus, deusa e Deus. Não houve hesitação do autor em
contrastar utilizando as mesmas formas.
228 FABIO SABINO DA SILVA

Síntese. Em análise dos capítulos antecedentes (26 e 27) houve


um grande crescimento do império do príncipe de tiro e há muitas
razões por ele ter afirmado ser deus; mas também há o conceito nos
mesmos para negar sua divindade, veja as relações de sua afirmativa
nos capítulos antecedentes em delimitação de Ezequiel 26 e 27.

3ª Após todas as descrições tanto de conceito afirmativo e nega-


tivo, adentra o verbo (´émör), no imperativo e em análise dos ca-
pítulos anteriores (26 e 27), somente aqui aparece, justificando assim
uma ordem direta para o príncipe e as conseqüências que virão pelo
seu orgulho, estadia, governo e não à Satanás.

4ª A palavra príncipe utilizada no Novo Testamento em Mt 9.34;


12.24; Mc 3.22; Lc 11.15; Jo 12.31; 14.30; 16.11; Ef 2.2, está associada a uma
cultura milenar, sobre o famoso Belzebu (Gr./ Hb. ) ,
onde se encontra a sua história registrada em II Rs 1.2, afirmando ser
deus de Ecrom.
No tempo de Cristo este era o nome atual para o chefe ou príncipe
dos demônios, foi identificado como Satanás e Diabo. Por que Baalze-
bub se tornou Beelzebul, por que o “b” mudou em “l” é uma questão
de conjectura. Pode ter sido um acidente de pronúncia popular ou um
erro consciente (Beelzebul em Siríaco significa: “senhor do esterco”).
Mas já que era tão difundida essa cultura popular, porque os es-
critores não afirmaram sua história e queda?
Outra questão, se o próprio Jesus afirma que ele é “príncipe”,
como pode ser ele um “Rei”? Pois não há a possibilidade nem em He-
braico, Aramaico e Grego haver uma “única palavra” para o mesmo
ofício aqui (príncipe e rei) e sim, o que há são palavras distintas, para
cada um dos ofícios.

5ª A palavra hebraica para príncipe em Ezequiel é: (lin•gîd),


há uma nota na Mp registrando a seguinte informação: ; ou seja,
segundo a Mp, o vocábulo (lin•gîd) é um hapax legomenon e fica
impossível defender qualquer raciocínio por uma única atestação.
6ª Qual a razão de o príncipe de Tiro se considerar um deus? Faço
a relação abaixo para fins de compreensão:

a) A sua cidade era a “mais notável” das cidades fenícias;


MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 229

b) O centro de Tiro ficava situado em uma “ilha rochosa”;


c) Eles “adoravam muitos deuses” inclusive: “Baal, Melkarth e
Astarte”;
d) O espaço dentro da cidade comportava 40.000 habitantes;
e) Era fértil, bem regada pelo o rio Leontes (Litany) tinha uma
grande provisão para a cidade e os “jardins”;
f) Tiro era notado pela habilidade de seus artífices e seus produ-
tos fabricados eram “famosos por todo o mundo”;
g) Hirão, o rei aumentou e embelezou a sua capital. Ele uniu as duas
ilhas pequenas nas quais a cidade fora construída e assim cons-
truiu um: “templo esplêndido aos deuses” à Melkarth e Astarte;
h) Não se pode esquecer todo o capítulo 27, que descreve sua po-
tência em comercialização.

7ª A expressão: (...) teu coração se elevou... na BHS, o verbo é as-


sociado com a palavra coração (Ez 28.2,5,17; Sl 131.1; Pr 18.12;2; II Cr
26.16; 32.25) isso relata a causa e efeito de sua destruição; pois, o orgu-
lho na vida dos personagens bíblicos foi o que os conduziu cada um
a sua derrota. A palavra é também analisada na Mp (diz haver “cinco
atestação dessa forma”) e relata grandes ensinos. Veja:

a) II Cr 26.16. Mas, havendo-se já fortificado, “exaltou-se o seu


coração” até se corromper; e transgrediu contra o SENHOR seu
Deus, porque entrou no templo do SENHOR para queimar in-
censo no altar do incenso.
b) II Cr 32.25. Mas não correspondeu Ezequias ao benefício que
lhe fora feito; porque o “seu coração se exaltou”; por isso veio
grande ira sobre ele, e sobre Judá e Jerusalém.
c) Sl 131.1. SENHOR, o meu coração não se elevou nem os meus
olhos se levantaram; não me exercito em grandes matérias,
nem em coisas muito elevadas para mim.
d) Ez 28.2. (...) Porquanto o teu coração se elevou e disseste...
e) Ez 28.17. Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura,
corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por
terra te lancei, diante dos reis te pus, para que olhem para ti.

Resumo. O que se destaca em todas essas passagens, o que está


em foco são “seres humanos” e não, “espirituais” (Satanás).
230 FABIO SABINO DA SILVA

8ª A expressão de ele afirmar ser Deus não passa de equívocos.


Primeiro que a palavra hebraica (´ël), (na BHS) conotada para
Deus, tem aplicações subordinadas para expressar a idéia de poder. A
palavra pode ser definida como adj. ou gen.; como também, pode ser
aplicada a homens de poder e grau como é o caso aqui.
9ª Para reforçar que este versículo não se trata de Satanás é visto
pela expressão: (...) cadeira de Deus me assento:
(môšab ´élöhîm yäšaºbTî) registra que a expressão correta é “assento entre
os deuses” o qual o rei de Tiro havia imaginado em sua mente e não
de Deus.
10ª Para concluir o V. 2, termino com a expressão “no meio dos
mares” (Bülëb yammîm). É complexo imaginar Satanás com
uma cadeira no meio dos mares, tanto antes, como após a qualquer
coisa. Qual a finalidade de lá estar, se procede, então não está nas po-
testades. Em Jó há informação que ele passeia sobre a terra e nãosobre
os mares, como também não há nenhuma menção de ter residência ou
habitação nos mares.

V.3. Eis que tu és mais sábio que Daniel; e não há segredo algum
que se possa esconder de ti.
Análise. A expressão que afirma que ele era mais sábio que Da-
niel e nenhum segredo poderia ser escondido dele, encontram-se vá-
rios problemas, pelas seguintes razões:

1ª A maioria das orações com (hinnË) ocorrem em discurso


direto [...] e servem para introduzir um fato sobre o que se baseia uma
afirmação ou mandamento que o segue.
A interjeição tratando-se de uma partícula dêitica ou demonstra-
tiva chama a atenção com certa ênfase sobre uma pessoa, um objeto,
uma ação, servindo assim para apresentar e para identificar.
A Mp relata que a expressão é atestada por dez vezes (Ez 3.8; 7.10;
15.4,5; 16.44,49; 22.6; 28.3; 31.3; 39.8) no início dos versículos do livro
de Ezequiel.
E pode ser verificado que todas as ocorrências no início dos versí-
culos vem tratando de “julgamento” e “juízo” a seres humanos e não
espiritual (Satanás).
2ª A palavra hebraica para sábio: (Häkäm) é atestado em todo
o livro de Ezequiel; todavia, aqui a sua conotação está relacionada à
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 231

“questão humana” e não abstrata, pois é relacionada uma questão de


comparação.
3ª Há problemas pela Mp concernente ao nome: Daniel 
(Däniyyë´l); ou seja é proposta a forma Danel.
Porém, os idiomas arcaicos como o Ugarítico relata a forma: Dnil =
Dan(i)-ilu, como também o Acadiano a forma: DaÒniÒlu, Dannilu. E os mes-
mos fazem menção de uma pessoa famosa antigamente, Ez 14.14,20;
28.3. A palavra é aplicada também a um “nome de um anjo”, I Enoque
6.7; 69.2. Portanto, não se deve confundir o nome com o Profeta Daniel,
cuja tradição, atribui-lhe o primeiro livro dos profetas menores.
Além disso, a Mp relata que a expressão é um “Qerê”. Mas, exis-
tem “três atestações no livro de Ezequiel” com “escrita defectiva”,
mas com o mesmo significado.
Em síntese temos, Danel ou Daniel?
4ª Outro problema é a expressão: “nenhum segredo” que na BHS
temos: (Kol-sätûm). A expressão “nenhum segredo” não é
atestada em nenhum outro lugar no Antigo Testamento pelo que é
proposto pelo TM; todavia, a expressão da LXX, “sábio” é atestada no
contexto do capítulo 27 (Ez 27.8,9).
Em síntese, o vocábulo”sábio” é melhor para estar no texto de-
vidamente ao contexto e não a expressão “nenhum segredo”; pois, se
for aceito o conceito que “nenhum segredo” pode ser ocultado peran-
te um ser humano ou um ser angelical (Satanás). Desta forma, temos
que concordar que ambos possuem “onisciência”.
O qual é impossível ser aplicado a seres humanos ou qualquer ou-
tro gênero; pois, “onisciência” é atributo natural exclusivamente atribuí-
do a Divindade – Deus e não as criaturas. Um conceito que os copistas
não atribuiriam ao seres humanos.
5ª A expressão “esconder de ti”:  (`ämöqmimmeºKKä) não
é atestada na BHS e sim, em outras versões. Em síntese, o texto he-
braico propõem a expressão: (`ámämûºkä) seu significado é “te
supera, te escurece e te cobri” o qual a LXX aceitou, enquanto o Siríaco
e o Targum, preferiram alterá-la.
A expressão “te supera” é mais fácil de conotá-la com a palavra
“sábio do V.2.”, pois inserida se tem “nenhum sábio te supera”.
Portanto, o conceito do Siríaco e do Targum acaba dando margem
para a divinização. Para este fim a forma tida como original é a que
foi inserida pelo TM.
232 FABIO SABINO DA SILVA

V.4. Pela tua sabedoria e pelo teu entendimento alcançaste para ti


riquezas, e adquiriste ouro e prata nos teus tesouros.
Análise. Por observação das escrituras nenhum ser angelical (Sa-
tanás) por mais sábio que fora realizou algum trabalho em comércio,
negociando ouro, prata ou qualquer outra coisa para se tornar um
mercador e por fim ter até mesmo um local onde colocá-lo. Mas, de-
talharei algumas importâncias do versículo para atestar o “Mito de
Satanás” aqui.

1ª A expressão, “pela tua sabedoria”: (BüHokmä|tkä) na


BHS está relacionada a toda a gama de “experiência humana”. A figu-
ra da sabedoria no Antigo Testamento “jamais veio a ser considerada
uma divindade independente do Senhor”, por mais que ela seja perso-
nificada (cf. Pr 8.22-31; 9.1).
2ª A palavra “sabedoria” e “entendimento”, são algumas das
“verdades centrais” de Ezequiel 28, o qual está em harmonia com os
capítulos antecedentes. As duas qualidades foram “causas” para ad-
quirir “riqueza”. As riquezas adquiridas pelo príncipe, podem ser vis-
to no capítulo 27, veja:

a) Negocia com os povos em muitas ilhas V.3;


b) Faias, e cedros,V.5;
c) Carvalhos e marfim, V.6;
d) Linho fino bordado e púrpura, V.7;
e) Prata, ferro, estanho e chumbo, negociavam em tuas feiras,
V.12;
f) Objetos de bronze, V.13;
g) Cavalos, cavaleiros e mulos, V.14;
h) Dentes de marfim e pau de ébano, V.15;
i) Esmeralda, púrpura, obra bordada, linho fino, corais e ágata,
V.16;
j) Trigo de Minite, Panague, mel, azeite e bálsamo, V.17;
l) Vinho de Helbom e lã branca, V.18;
m) Ferro trabalhado, cássia e cálamo aromático, V.19;
n) Panos preciosos, V.20;
o) Cordeiros, carneiros e bodes, V.21;
p) finos aromas... pedra preciosa e ouro, V.22.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 233

V.5. Pela extensão da tua sabedoria no teu comércio aumentaste


as tuas riquezas; e eleva-se o teu coração por causa das tuas riquezas;
Análise. Por análise é dito que o orgulho entrou por causa de fa-
turamento e não há nenhuma atestação, como também em nenhum
outro lugar, anjos (Satanás) negociando valores monetários. Procu-
rarei detalhar mais alguns aspectos deste versículo como prova do
“Mito de Satanás”.

1ª É de se observar que o autor procura enfatizar a “sabedoria” de


Tiro no “comércio” que está totalmente em completa harmonia com
o capítulo 27.

2ª A expressão, “no teu comércio”: (Birkullätkä) é luz ao


capítulo 27, onde demonstra claramente sua comercialização. Fica im-
possível ter um ser espiritual (Satanás) dentro de uma embarcação,
negociando com seres humanos.
3ª Explica-se por escritas arcaicas que a palavra “aumentar” é a
forma semítica ocidental de um termo bastante comum, o qual é cog-
nato do Ugarítico: rb (rb) e do Acadiano “rabû”. A raiz aparece
mais de 200 vezes no AT, só no tronco hifil, ocorre 155 vezes, o sentido
padrão e mais comum é o de “multiplicar”. Portanto, só se multiplica
do que existe, e quem é sábio em multiplicar.
4ª A expressão “eleva-se”:(wayyigBah) é demonstrado pelo
contexto o orgulho que adentrou “por causa” das “riquezas” e não em
querer tomar o trono de Deus.

V.6. Portanto, assim diz o Senhor DEUS: Porquanto estimas o teu


coração, como se fora o coração de Deus,
Análise. Quando foi que Deus deu um coração, no sentido literal
aos anjos (Satanás), como eles caíram por dinheiro. Como queriam ser
Deus se não eram eternos e como puderam se corromper se o verda-
deiro Deus não se corrompe.
Procurarei detalhar mais alguns aspectos deste versículo como
prova do “Mito de Satanás”.

1ª É justamente neste versículo que se encontra o “Clímax” (obser-


ve o clímax também nos capítulos anteriores em 26.2 e 27.25) desde
o versículo 1, ou seja é aqui que o autor conclui e chama a atenção
234 FABIO SABINO DA SILVA

para o que é e virá. O clímax é apresentado pela seguinte expressão


em hebraico: (läkën Kò|-´ämar), traduzido por “portanto
assim diz...”, conclui o primeiro argumento. E novamente aparece a
presunção conforme o versículo 2.

Comentário. Pode ser visto que as palavras mais enfatizadas des-


ta perícope são:

V.3. sábio, segredo e esconder;


V.4. sabedoria, entendimento e riqueza;
V.5. sabedoria, comércio, riqueza e orgulho;
V.6. orgulho.

Síntese. Observa-se que as palavras enfatizadas estão de acordo


com a regra contextual dos capítulos antecedentes e pode ter a seguin-
te conclusão. O que levara o príncipe afirmar ser deus, foi devido a
sua grande sabedoria na sua comercialização, onde gerou riquezas e
por fim o orgulho.

2ª É fato comprovado pela nota da Mp: , que a expres-


são: (läkën Kò|-´ämar) é atestada por “duas vezes” com
estes “sinais de cantilações” no texto bíblico hebraico (Jr 25.8; 32.28) e
que a forma que o autor introduz está relacionado com “juízo”; pois,
as duas atestação que há da mesma expressão, relatam a mesma co-
notação e por fim, fica complexo relacionar com um ser espiritual (Sa-
tanás).
3ª A sua presunção de se comparar com o coração de Deus é por
razões de crescimento de seu império, ele se tornou um soberano, onde
todas as suas palavras e desejos eram obedecidos. Longe de ser o Eter-
no, como um ser humano, quanto mais um ser espiritual (Satanás).

V.7. Por isso eis que eu trarei sobre ti estrangeiros, os mais terrí-
veis dentre as nações, os quais desembainharão as suas espadas con-
tra a formosura da tua sabedoria, e mancharão o teu resplendor.
Análise. Como pode um anjo (Satanás) ser ferido por espadas se
é espírito? Logo, deveria escapar com sua velocidade e não ser pego
por uma grande multidão. O objetivo é detalhar mais alguns aspectos
deste versículo como prova do “Mito de Satanás”.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 235

1ª O autor inicia o versículo relatando a sentença negativa por


um advérbio e interjeição, conforme o versículo 3; ou seja, o que era
qualidade do príncipe no início, agora é a causa de sua destruição.
Portanto, o que resta é apenas informar os conceitos negativos:

a) estrangeiros... terríveis... desembainharão as espadas..., contra


a formosura da tua sabedoria, e mancharão o teu resplendor.

2ª O verbo “trarei”: (mëbî´) na BHS é atestado por 2.570


vezes. No texto de Ezequiel e em preferência ao versículo, conota o
anúncio de ameaça e promessa de destruição. Logo, não pode ser para
um ser espiritual (Satanás), senão teria que informar que o mesmo
não existe mais.
Mas talvez alguns poderiam argumentar, que não é a sua pessoa
e sim, seu poder, se seu poder foi minimizado, o que dizer de textos
aludindo sua atuação.
Para aguçar este raciocínio, relato que o verbo atestado na BHS
trás sua forma no hiphil, sendo este uma forma verbal que expressa
uma ação ativa causativa. Portanto, é complexo ver Satanás relatado
neste versículo.

3ª A expressão “os mais terríveis dentre as nações”:   (`ärîcê


Gôyìm), demonstra de uma forma clara que o príncipe de Tiro não era o
mais terrível, quanto mais um ser espiritual, como pode Satanás ser ter-
rível se há maiores do que ele? Não esquecendo que a expressão: “terrí-
veis dentre as nações” é atestada por 20 vezes no AT. E Ezequiel emprega
“quatro vezes” a expressão: `ärîcê Gôyìm, como sendo “os impiedosos das
nações” (lit. Ez 28.7; 30.11; 31.12; 32.12) cuja a expressão e as atestações, não
estão relacionadas a seres espirituais exercendo ação a seres espirituais.

V.8. Eles te farão descer à cova e morrerás da morte dos traspas-


sados no meio dos mares.
Análise. Anjos (Satanás) têm cova? Cova é para o corpo físico,
e não espiritual. Observe mais alguns aspectos deste versículo como
prova do “Mito de Satanás”.

1ª É apresentado de uma forma clara que o príncipe sofreria e os


mesmos utilizariam a brutalidade; pois, é o que se vê pela expressão:
236 FABIO SABINO DA SILVA

“Eles te farão descer”: (yô|ridûºkä), onde o verbo atesta essa for-


ma por estar no hiphil.
2ª Segundo a palavra: “morrerás” não abre a probabilidade de
vida, pois a palavra hebraica: (mämôt) é uma raiz universalmen-
te usada no mundo semítico e designa o processo de morrer e a pró-
pria morte. Logo, é complexo ter a figura de Satanás.

V.9. Acaso dirás ainda diante daquele que te matar: Eu sou Deus?
mas tu és homem, e não Deus, na mão do que te traspassa.
Análise. Onde está escrito que anjos (Satanás) são Deus e ao mes-
mo tempo podem ser mortos por pessoas? quando foi que um anjo
(Satanás) morreu por mão de seres humanos? Veja mais detalhes des-
te versículo como prova do “Mito de Satanás”.

1ª Não pode haver o conceito de ser Satanás, porque o próprio


autor afirma que ele é “homem” isso não passa de sua presunção e
orgulho.

V.10. Da morte dos incircuncisos morrerás, por mão de estrangei-


ros, porque eu o falei, diz o Senhor DEUS.
Análise. Como os anjos (Satanás) em sua sapiência poderiam ser
mortos por pessoas estranhas? afinal, eles não tem conhecimento de
pessoas?

1ª Dentro de tudo que fora apresentado, segue esta análise com o


seguinte esboço:
a) Encargo confiado ao mensageiro (V.1-2);
b) Acusação (fundamentação, V.2);
c) Desenvolvimento da acusação (V.3-6);
d) Fórmula da mensagem: ([läkën Kò|-´ämar], no ver-
sículos 6; [läkën hinnî], no versículo 7);
e) Anúncio do juízo – isto é, intervenção de Deus (V.6);
f) Anúncio do juízo – isto é, conseqüências (V.7-10);
g) Assinatura de conclusão: (V.10- diz o Senhor
DEUS).

Conclusão: Por todos os meios o autor está em um único raciocí-


nio; isto é, relatar juízo sobre Tiro e não a Satanás.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 237

V.11. Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo:


Análise. Os detalhes acerca deste versículo podem ser observados
pelo versículo 1.

V.12. Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de


Tiro, e dize-lhe: Assim diz o Senhor DEUS: Tu eras o selo da medida,
cheio de sabedoria e perfeito em formosura.
Análise. Quando foi que um anjo (Satanás) se tornou rei? e
em qual lugar geográfico ele se estabeleceu? E quem o constituiu?
quem foram os seus súditos e haréns? Quem o viu para admirar
sua beleza? e como foi que ele adquiriu sua perfeição? Logo, teria
que ter aprendido para que houvesse perfeição em sua sabedoria
ou o que seja. Já que é perfeito, pode fazer o que quer, porque tem
que ser submisso? Porque não conseguiu ter tudo o que quis? Ob-
serve mais alguns detalhes deste versículo como prova do “Mito
de Satanás”.

1ª O autor faz mudança de linguagem de prosa para a poesia como


é atestada também nos capítulos antecedentes em 26.17 e 27.2.
Destaca-se como verdade central às expressões “sabedoria”, “per-
feito” e “formosura”, palavras também apresentadas nos capítulos
anteriores.
Ou seja, o argumento do autor está em continuação e não em no-
vas sentenças. Logo, ele não trata de nenhum ser espiritual (Satanás).
2ª A palavra lamentação: (qînâ), nunca foi utilizada em um
senso espiritual (para Satanás) nas narrativas bíblicas.
3ª A forma em construto da expressão: (`al-meºlek
côr), é impossível ser aplicado a Satanás, pois não há registros bíblicos
de ter sido rei da cidade de Tiro.
4ª A expressão: “Tu eras o selo da medida...”: 
(´aTTâ Hôtëm Toknît), segundo parece é uma palavra do próprio autor e
de sua época, pois a Mp registra ser um “hapax legomenon” Como não
há definição de uma forma precisa da palavra, fica o que fora propos-
to pelas versões, mas mesmo assim há uma luz pelo contexto.
5ª A expressão: “cheio de sabedoria...”:(mälë´ Hok-
mâ) é repleta de problemas pois é omitida pela LXX não revisada.
Todavia, a razão de ser considerado um padrão é justamente por sua
grande sabedoria e nadas mais.
238 FABIO SABINO DA SILVA

V.13. Estiveste no Éden, jardim de Deus; de toda a pedra preciosa


era a tua cobertura: sardônia, topázio, diamante, turquesa, ônix, jaspe,
safira, carbúnculo, esmeralda e ouro; em ti se faziam os teus tambores
e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados.
Análise. Segundo as escrituras, Deus criou um jardim no Éden,
mas não diz que os anjos que ali estavam (Satanás) eram vestidos com
este tipo de roupa ou que admiravam as pedras preciosas.
Mas pode se argumentar, que não era o Éden de Adão e sim um
outro Éden, onde viveram outros seres, se isso procede, o que acon-
teceu?
E quem foi que criou os instrumentos musicais para ele (Satanás)
e de qual matéria obteve?
De onde tirou? Esse Éden é na terra ou na eternidade? Se for na ter-
ra, então não houve uma criação em massa de seres angelicais, pois des-
taca o versículo que ele fora criado “no dia”. Havia dia de 24 horas?
Se o Éden é na eternidade, então há árvores, escola de música,
pois onde há instrumentos musicais, tem que haver professores para
ensinar. Veja mais alguns aspectos deste versículo como prova do
“Mito de Satanás”.

1ª A palavra: (`ëºden) é relatada por várias versões como o


Pentateuco Samaritano que trás a forma: eÒdÝn, a Septuaginta relata a
forma: (Gn 2.8-10; 4.16). É argumentado que a palavra provavel-
mente conota o sentido de “terra de felicidades”.
Fica fácil o raciocínio, pois o rei de Tiro tinha todas as regalias
possíveis, onde leva o autor comparar a sua terra com o Éden.
Não é de se surpreender que o plural da palavra tem o significado
de “delícia” e foi suposto que aquele Éden significa a terra de delícias
e que a palavra se tornou um sinônimo para Paraíso.
2ª O livro de Ezequiel quando utiliza a expressão “Éden”, não
quer provar nada além de uma forma de expressar regozijo e feli-
cidade no sentido positivo, mas se tratando de um juízo, abre-se à
sentença de algo que era maravilhoso (Éden) e agora arruinado. Este
raciocínio pode ser visto em passagens como:

a) Ez 31.9. Formoso o fiz com a multidão dos seus ramos; e todas


as árvores do Éden, que estavam no jardim de Deus, tiveram
inveja dele.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 239

Análise. O profeta aqui em momento algum, faz alusão a Satanás,


mas simplesmente ao Rei do Egito, pois se não teria que atribuir de
uma forma totalmente equivocada todas essas expressões a ele. Mas
não há possibilidade, pois teria que desfazer todo o raciocínio do au-
tor e sair de toda regra contextual.

b) Ez 31.16. Ao som da sua queda fiz tremer as nações, quando o fiz


descer ao inferno, com os que descem à cova; e todas as árvores
do Éden, a flor e o melhor do Líbano, todas as árvores que be-
bem águas, se consolavam nas partes mais baixas da terra.
Análise. Imagine-se aplicar este versículo a Satanás, teria que de-
fender à existência do inferno antes dele mesmo. O que se tem aqui é
apenas figuras de linguagem.

c) Ez 31:18. A quem, pois, és semelhante em glória e em grandeza


entre as árvores do Éden? Todavia serás precipitado com as
árvores do Éden às partes mais baixas da terra; no meio dos
incircuncisos jazerás com os que foram traspassados à espada;
este é Faraó e toda a sua multidão, diz o Senhor DEUS.
Análise. O autor registra de uma forma clara todo esse capítulo
atribuindo exclusivamente a Faraó e nada mais; entretanto, ele quer
demonstrar que o reinado de Faraó era próspero, e isso a história com-
prova.

e) E dirão: Esta terra assolada ficou como jardim do Éden: e as


cidades solitárias, e assoladas, e destruídas, estão fortalecidas e
habitadas.
Análise. O autor procura fazer um contraste; ou seja, o que outro-
ra era muito bom, agora está totalmente em um caos.

Conclusão. É patente a forma em que o autor procura expressar a be-


leza do rei. Demonstra isso utilizando excelentes figuras de linguagem.
Porém, há outro ponto a ser observado com relação a esta expres-
são; isto é, que o epíteto “jardim de Deus” usado aqui e em Ez 31:8-9,
considera-se que em outros lugares é chamado de apenas: “paraíso”
(Is 51.3; Gn 13.10). Ezequiel escolheu o termo “Elohim” em vez de
“Jeová”, porque o paraíso é apresentado em comparação, não por
causa da significação histórica à raça humana em relação ao plano da
240 FABIO SABINO DA SILVA

salvação, mas simplesmente como a: “terra mais gloriosa em toda a


criação terrestre”. Este é foco do autor e não declarar um jardim onde
habitava Satanás. Sua finalidade é de apenas relatar os momentos pa-
radisíacos e não no sentido literal, como se realmente ele estivesse no
Éden jardim de Deus.

3ª A expressão: “toda a pedra preciosa era a tua cobertura”


(Kol-´eºben yüqärâ) não passa de uma infor-
mação dos trajes utilizados naquela época; ou seja, elas formavam o
ornamento de seus trajes.
Esta característica na descrição pictórica é levada ao esplendor
com os costumes antigos, onde os roupões eram cobertos com pedras
preciosas, pérolas e ouro. E esta posição é defendida pelos costumes
antigos e versões que relatam uma comparação com o livro do Êxo-
do, onde se relata que o rei utilizava um peitoral de pedras preciosas
como os sacerdotes.
4ª A expressão: “faziam os teus tambores e os teus pífaros” é total-
mente complexa por qualquer outra versão, pois a expressão por com-
pleta, não tem atestação em nenhum outro lugar no Antigo Testamento.
5ª A expressão: “no dia em que foste criado foram preparados”,
ajuda a compreender o raciocínio do autor, o que pode ser apresen-
tado é a probabilidade da expressão “no dia” estar associada a sua
coroação e que no ato, houve um momento festivo, pois o capítulo
antecedente faz a seguinte menção: “E farei cessar o ruído das tuas
cantigas, e o som das tuas harpas não se ouvirá mais” (26.13).
Ou seja, a cidade era festiva. E não vejo nenhuma atestação de Sa-
tanás nem aqui e muito menos em qualquer outro lugar, quanto mais
nas escrituras bíblicas ser um músico.
Se imaginar que Deus ao criar Satanás (utilizarei essa forma, pois
não há outra na Bíblia, que denomine melhor como nome), realizou
uma grande festa. Logo, a criação dos seres angelical não foi em mas-
sa! E se não foi, vejo que Deus o destacou dentre todos.

V.14. Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te estabeleci; no mon-


te santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas.
Análise. Segundo o versículo ele era: “Querubim ungido para pro-
teger”. O que ele “protegia” (Satanás), se tem que proteger é porque
alguém quer “pegar”, “destruir” e “roubar”. Como pode ser isso?
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 241

Quando foi a sua consagração? Se ele era “ungido”, era separado,


para que? Qual ofício? Onde está o registro da consagração dos de-
mais? Toda classe Querúbica também é? Ou apenas ele? Qual o shofar
(chifre) e que tipo de azeite utilizado para ungí-lo?
Procurarei detalhar mais alguns aspectos deste versículo como
prova do “Mito de Satanás”.

1ª A expressão “tu eras”: (´aTT) há grande problemas, pois esta


forma apresentada não pode estar correlacionada com a palavra se-
guinte; ou seja, a expressão em hebraico: (´aTT) é um pronome da
2ª pessoa “feminino singular”, como pode um pronome “feminino”
reger um “substantivo no masculino singular”?
A Mp relata que a palavra é atestada por “três vezes” com esta
forma, mas se tratando do “gênero masculino” (Nm 11.15; Dt 5.27;
Ez 28.14).
As versões como a LXX e o Siríaco (apenas em parte o Siríaco con-
corda) relatam a seguinte expressão: (meta toy che-
royb), cuja conotação se tem: “fiz de ti um querubim”. Provavelmente
deve ser lido da seguinte forma:  (´et k...).
A forma utilizada no texto pode ser confundida quando o texto
ainda não era vocalizado, pois a forma sem sua vocalização, pode ser
tanto um “pronome pessoal” ou até mesmo o “caso do objeto direto”,
talvez ao ver a forma, o escriba se equivocou colocando o pronome
feminino, que é impossível como original, porque a palavra seguinte
é um “substantivo no gênero masculino”.

A palavra complica o raciocínio e não posso ter como original o


que o TM propõem, pois torna inteligível perante as regras cabíveis.

Conclusão. A “partícula do objeto direto” é aceita pertencendo


como original para estar no texto, em vez do “pronome pessoal” da
segunda pessoa do feminino singular.
Se adotar o caso do objeto direto, tenho a seguinte expressão: “o
querubim” e não: “tu és querubim”.
Portanto, a forma que a LXX relata é mais clara e óbvia de ser acei-
ta; logo, o autor quer informar que o Rei foi feito um Querubim (no
sentido de abençoador) e não deixar de ser.
2ª A palavra Querubim é apresentada de várias maneiras como:
242 FABIO SABINO DA SILVA

a) Com artigo e no singular: (haKKürûb), a palavra é atesta-


da em todo Antigo Testamento por “quinze vezes”, dentre os
profetas maiores, apenas Ezequiel registra (Ez 9.3; 10.4,7,9 [2x]
e 10.11).
b) Com artigo, no plural e escrita plena:  (haKKürûbîm),
a palavra é atestada em todo Antigo Testamento por “vinte e
uma vezes”, dentre os profetas maiores, apenas Ezequiel regis-
tra (Ez 10.5,9,15,16[2x],18,19; 11.22 e 41.20).
c) Com artigo, no plural e escrita defectiva:  (haKKürùbîm),
a palavra é atestada em todo Antigo Testamento por “dezeno-
ve vezes”, dentre os profetas maiores, apenas Isaías (Is 37.16) e
Ezequiel registra (Ez 10.1,7).
d) Sem artigo e no singular: (Kürûb), a palavra é atestada em
todo Antigo Testamento por “nove vezes”, dentre os profetas
maiores, apenas Ezequiel registra (Ez 28.14,16 e 41.18).
e) Sem artigo, no plural e sem daguesh na primeira consoante:
 (kürûbîm), a palavra é atestada em todo Antigo Testa-
mento por “duas vezes”, dentre os profetas maiores, apenas
Ezequiel registra (Ez 10.20).
f) Sem artigo, no plural e com daguesh na primeira consoante
 (Kürûbîm), a palavra é atestada em todo Antigo Tes-
tamento por “dez vezes”, dentre os profetas maiores, apenas
Ezequiel registra (Ez 41.18, 25).

Comentário. O vocábulo “Querubim”. As versões mais antigas


que o TM, apresentam outras formas; porém, com o mesmo significa-
do, como: A Septuaginta relata a forma: . O Targum, o Aramaico e
Siríaco relatam a forma: kroÒbaÒ, como um trocadilho. Todavia, a versão
Arábica propõe a forma: karuÒb, a Etiópica ki/eruÒb, o Acadiano kaÒribu/btu,
sendo este um particípio de karaÒbu, cujo significado, temos em todas
elas: “orar”, “consagrar” e “abençoar”.
Qual a razão do autor utilizar esta palavra a um ser humano? Pode
isso ser possível? Sim, se a conotação é “orar”, “consagrar” e “abençoar”;
logo, vejo uma forma propícia para ser aplicado ao Rei de Tiro, pois o
mesmo, “abençoava” as outras nações e isso é claro no capítulo 27, como:

a) Quem negocia, acaba ajudando os outros ter o que não se têm,


27.3 e 12-24;
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 243

b) Quem contrata para trabalhar é tido como abençoador, 27.25-27;


c) Quem farta ao faminto e enriquece outras pessoas é tido como
abençoador, 27.33.

Conclusão. Portanto, a palavra “Querubim” é muito comum para


Ezequiel é o único que relata a palavra de várias formas, se ele tives-
se a figura de “Satanás”, poderia ter inserido em outras passagens.
Para ele está bem difundida a palavra em sua mente, sem falar que ele
pertencia a uma família sacerdotal. Logo, não faz nenhuma alusão a
palavra em um sentido pejorativo, quando utiliza para o rei de Tiro,
utiliza em sua conotação literal. No sentido de “abençoador”, pois é o
que se vê acima detalhado

3ª O que diz as outras fontes referentes à palavra Querubim?

a) Os querubins de Ezequiel são relacionados claramente aos Se-


rafim na visão inaugural de Isaías (Is 6). No Livro de Enoque, os
Querubins, Serafim, Ofanim (rodas) e todos os outros anjos, são
submissos ao “arcanjo Gabriel” (Enoque 20.7; 40; 61.10; 71.7).
b) Na liturgia diária judaica, os Serafim, Ofanim e as outras cria-
turas, constituem o coro Divino.
c) No Talmude, os Querubins são representados como tendo a se-
melhança de crianças (isso relacionando a etimologia pela pre-
posição “ke”, mais o substantivo “rubh”, tendo o significado
de como uma criança: Chag 13b); entretanto, de acordo com o
Midrash, eles não têm nenhuma forma definida, mas aparecem
de várias formas, como homens ou mulheres ou como espíritos
e seres angelicais (Gen rabba’ 21).
d) É registrado que o rei de Tiro construiu seu palácio no meio das
águas do mar, no cume de uma rocha. O qual foi estabelecido
em cima de quatro enormes pilares de ferro, fincados no meio
do mar; contendo sete andares na forma de sete céus com suas
respectivas estrelas, tronos, animais sagrados, raios e trovões,
cometas e meteoros. Sobre o último andar o rei de Tiro man-
dou edificar um trono com animais sagrados e “querubins”,
dos quais pendiam as mais finas pedras.
e) Os querubins são anjos alados, com semblantes de jovens ou crian-
ças, cujo nome é tido como derivado da palavra que significa
244 FABIO SABINO DA SILVA

“jovem”. Segundo a interpretação dos místicos, o nome do Se-


nhor dos exércitos habitava sobre os querubins (II Sm 6.2); isto
é, nomes divinos, representando sefirot masculinas e femininas,
estavam gravados em suas testas. Segundo alguns relatos, no
santo lugar do templo, haviam dois querubins dourados, um
“masculino” e um “feminino” de pé, acima da arca da aliança.

Conclusão. Nenhuma destas fontes coloca Satanás como um Que-


rubim.

4ª A expressão “no monte santo de Deus estavas...”


: (Bühar qöºdeš ´élöhîm häyîºtä), não será interpre-
tada no senso sugerido por Is 14:13 ([...] e no monte da congregação me
assentarei, aos lados do norte...); isto é, Ezequiel estava pensando na
“montanha dos deuses”, o qual é encontrado na mitologia Asiática.
É verdade que Deus colocou querubins como guardião no paraí-
so, mas o paraíso não era uma “montanha de Deus”, nem mesmo uma
“terra montanhosa”.
A idéia de um monte santo de Deus, era na verdade: “o assento
do rei de Tiro”. Tiro construiu sua fortaleza em uma ou duas ilhas
rochosas do mediterrâneo. Embora a comparação do príncipe de
Tiro como um querubim, foi sugerida pela descrição do seu domicí-
lio como um paraíso, o epíteto que demonstra o lugar do querubim
no santuário.
Ezequiel é o único que utiliza a forma de: “monte santo de Deus”,
as outras ocorrências então ligadas com o “tetragrama” e não com o
termo: “Elohim singularizado”. Quando o termo “Elohim” ocorre é
prefixado com o “artigo”. Não há nenhuma menção no Pentateuco a
forma da palavra que Ezequiel relata (sem o artigo).
Ezequiel em “nenhum outro momento” de seus escritos, registra o
mesmo ocorrido, senão para o Rei de Tiro, como também em nenhum
outro lugar em todo o Antigo Testamento é atestado a mesma forma.
Portanto, o que Ezequiel faz é a menção não do “monte de Deus”
(prefixando assim o artigo, conforme registra o Pentateuco), como é a
forma que o Pentateuco utiliza, mas o “monte dos deuses”.
5ª A expressão “pedras afogueadas”: (´abnê-´ëš), refere-
se a uma pedra que produz faíscas. Hoje os diamantes são freqüente-
mente descritos como faiscantes.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 245

V.15. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste
criado, até que se achou iniqüidade em ti.
Análise. Como pode uma pessoa perfeita errar? Logo, não é per-
feição! diz o versículo que foi achado, pois diz o ditado: “quem procu-
ra acha”, se acha é porque existe, se existe é porque alguém colocou,
quem?

1ª O rei tinha estado completo, pelo contexto antecedente, cheio


de sabedoria, formosura e riqueza.

V.16. Na multiplicação do teu comércio encheram o teu interior de


violência, e pecaste; por isso te lancei, profanado, do monte de Deus, e
te fiz perecer, ó querubim cobridor, do meio das pedras afogueadas.
Análise. O que os anjos (Satanás) comercializavam e com quem?
acho que eram as pedras, vejo que comercializavam entre eles (an-
jos) e porque hoje não comercializam conosco? talvez o mundo seria
melhor, anjos e homens... que beleza! Pois eles eram muito bons, pois
conseguiram multiplicar seus rendimentos, será que Pitágoras apren-
deu com eles (Satanás) a matemática? Ou os grandes economistas por
influência deles? Que pena, ele encheu o interior de violência, pecou
e Deus por isso o lançou profanado do monte de Deus. Ele morreu,
pereceu e pelo que vejo, ele (Satanás) ressuscitou!
Risadas à parte.... Procurarei detalhar mais alguns aspectos deste
versículo como prova do “Mito de Satanás”.

1ª É justamente neste versículo que se encontra o “Clímax” (o clí-


max já aparece nos capítulos anteriores em 26.2 e 27.25). Aqui o autor
relatará e chamará a atenção para o que ocorrerá.
O clímax é apresentado pela seguinte expressão em hebraico:
 (Büröb rükullätkä mälû tôkükä
Hämäs wa|TTeHé†ä´) traduzido por: “Na multiplicação do teu comércio
encheram o teu interior de violência, e pecaste”. Quando foi que Sa-
tanás trabalhou em comércio? Dentro do contexto, só me resta aplicar
ao Rei de Tiro e não a Satanás.
2ª A palavra “multiplicação”: (röb) está totalmente ligada ao
capítulo 27, onde registra que o Rei de Tiro comercializava e por fim,
houve a multiplicação de seu comércio; há também, uma conexão com
o versículo 18 deste mesmo capítulo. Logo, não há a possibilidade de
246 FABIO SABINO DA SILVA

ser inserido argumentos isolados, fora de seu contexto. Portanto, é


impossível aplicar algum comércio a Satanás.
3ª A expressão “do teu comércio”:  (rükullätkä), registra o
mesmo conceito da análise da palavra anterior. A palavra é encontra-
da somente em hebraico posterior e provavelmente derive de uma
palavra estrangeira para “mercador”. Aparece basicamente em Eze-
quiel 27 para descrever Tiro, no lamento que se faz por essa cidade (Ez
27.3,12-13,15,17,20,11,23 [duas vezes], 24; também em 17.14). Ocorre
em apenas três outras passagens (I Rs 10.15; Ct 3.6; Ne 3.31). E não a
Satanás.
4ª A palavra “encher”:   (mälû) tem uma forma bem inten-
siva, pois segundo registro do aparato crítico da BHS registra que a
LXX e o Siríaco (apenas em parte o Siríaco concorda) trás a expressão:
(éplësas), cuja conotação temos: “abastecido, cumprido e reali-
zado”. Possivelmente, para ser lido em hebraico:  (millë´tä), com o
sentido de “encher, satisfazer e completar”. Porém é importante obser-
var que o verbo apresentado no aparato crítico está no “Piel” e isso co-
nota uma brutalidade de como ele adquiriu suas possessões. E não vejo
Satanás em nenhum momento usando de tal brutalidade em comércio.
5ª A palavra “interior”:  (Täwek) é usada em um “senso físico”
e não em um senso “espiritual”. Assim como Adão pecou comendo da
fruta proibida da árvore, assim fez o rei de Tiro se enchendo de malda-
de com relação ao comércio. Por isso que Deus o poria longe da monta-
nha e o destruiria. Logo, se torna impossível ser aplicado a Satanás.
6ª A expressão “do monte de Deus”: (mëhar ´élöhîm)
não pode ser associado de forma literal, pois há histórias antigas con-
cernentes as montanhas, onde o conceito de montanha expressava a
majestade, o poder e a altura das montanhas, elevava-se até os céus,
acima das nuvens, onde naturalmente levou os homens a associá-las
aos deuses. Há registros também que os povos antigos, como os reis
pagãos (da Babilônia e Tiro) procuravam serem deuses subindo à
montanha mitológica dos deuses. Fica impossível ver Satanás aqui.
7ª A expressão “e te fiz perecer”:  (wä|´aBBedkä) analisada
dentro da morfologia explicará que houve uma inexistência da atuação
do Rei de Tiro, pois o verbo está no Piel, sendo este uma voz ativa inten-
siva, onde dá argumentação para uma suposta restauração. Portanto,
como pode Satanás ter sido extinguido e ao mesmo tempo estar em
ação? logo, não cabe esse texto para a sua queda ou o que seja.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 247

8ª A expressão “ó querubim cobridor, do meio das pedras afo-


gueadas”:
(Kürûb hassökëk miTTôk ´abnê-´ëš), fica
impossível associar este versículo a Satanás, pois tudo está relaciona-
do ao comércio, trabalho, que Tiro realizou, não posso isolar palavras
e personificá-las, quando a mesma não me dá apoio para isso. O voca-
tivo relata a existência de uma pessoa e a mesma á descrita com juízo
inevitável por razões de seu orgulho no comércio.

Conclusão. Aqui temos a razão da queda do Rei de Tiro, “comér-


cio” é a palavra central e dentro desse raciocínio tem-se os lados posi-
tivos e negativos conforme os contextos antecedentes, veja:

Conceito afirmativo

a) multiplicação, comércio, querubim, cobridor e pedras afogueadas.

Conceito negativo

b) violência, pecaste, lancei, profanado e perecer.

V.17. Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, cor-


rompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te
lancei, diante dos reis te pus, para que olhem para ti.
Análise. Esta parte é interessante, pois ele (Satanás) não vigiou,
orgulhou-se por causa da formosura e corrompeu a sabedoria por
causa do seu resplendor. Logo, não é mais tão sábio como antes! Veja
que Deus o lançou na terra e diante dos reis o colocou, para que olhas-
sem para ele. Mas, já havia reis antes da sua queda? Quem foram? Ele
não caiu antes de Adão? Acho que não...foi depois dos primeiros reis,
então, como Adão pecou? Quem influenciou a serpente? Onde esta-
vam esses reis, palácios e dinheiros.

V.18. Pela multidão das tuas iniqüidades, pela injustiça do teu co-
mércio profanaste os teus santuários; eu, pois, fiz sair do meio de ti
um fogo, que te consumiu e te tornei em cinza sobre a terra, aos olhos
de todos os que te vêem.
Análise. Vitória! Deus o consumiu e o “tornou em cinzas” sobre
a terra, aos olhos de todos os que o viam. Satanás morreu! Estamos
248 FABIO SABINO DA SILVA

livres... o pecado e o que fazemos não passa de mito! Se atribuo esse


texto a sua queda e destruição, logo ele não existe. Observe mais al-
guns aspectos deste versículo como prova do “Mito de Satanás”.

1ª A expressão: “pela injustiça do teu comércio” 


(Bü`eºwel rükulläºtkä). A expressão sendo analisada no aparato crítico,
segue a informação que a mesma está relacionada com o contexto do
versículo 16.
2ª A expressão: “teus santuários”   
 
 
 (miqDäšÊºkä). Não sabia
que Satanás teve templo? Quem os construiu? Para que templo, se ele
lá não habita? Vive passeando, uma hora está na terra, outra nas regiões
celestiais, confuso! Qual foi a quantidade de sacrifícios realizados para
o mesmo! Onde estão os registros bíblicos de seus templos?
3ª A expressão: “te tornei em cinza sobre a terra, aos olhos de to-
dos os que te vêem”
          (wä´eTTenkä lü´ëºper `al-hä´äºrec
lü`ênê Kol-rö´Êºkä). Satanás virou um montão de cinzas, só não posso
esquecer que Deus deve ter lhe dado um corpo físico, pois para que
haja cinzas, tem que ser queimado com fogo. Onde é que está esse mo-
numento de cinzas para ver, pois se os outros viram. Logo é verdade.
Em síntese, ele morreu!

V.19. Todos os que te conhecem entre os povos estão espantados


de ti; em grande espanto te tornaste, e nunca mais subsistirá.
Análise. Pena que não o conhecemos em pessoa como as outras
no passado, pois o versículo diz: “Todos os que te conhecem entre os
povos estão espantados de ti; em grande espanto te tornaste, e nunca
mais subsistirá.”

Conclusão. A sentença encerra conforme os capítulos anteceden-


tes como em 26.21 e 27.36.

Síntese. O que temos aqui é o seguinte esboço:


a) Encargo confiado ao mensageiro (V.11);
b) Acusação (fundamentação, V.12-15);
c) Desenvolvimento da acusação (V.16);
e) Anúncio do juízo – isto é, intervenção de Deus (V.17-18);
f) Anúncio do juízo – isto é, conseqüências (V.18-19).
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Procurei ser mais simples possível em todas as minhas análises,


sei que em partes do meu trabalho haverá rejeições, mas isso é nor-
mal, uma vez que o trabalho lida com a “crítica textual” etc.
Procurei utilizar o capítulo de Ezequiel 28 de uma forma detalha-
da, talves algumas informações me tenham passado desapercebido. A
razão de ter utilizado o capítulo de Ezequiel 28 é por ser bem discuti-
do, e para a crítica textual aguça o saber.
Sei que muitos defendem a tese da queda de Satanás em Ezequiel
28. Mas acredito que haverá mais desejo de se buscar maiores infor-
mações, pois foi o que procurei e encontrei muitas riquezas de infor-
mações em outras versões como também na BHS.
Os métodos utilizados no presente material foram:

a) Análise Contextual;
b) Análise Etimológica;
c) Análise Semântica;
d) Análise Cultural;
e) Análise Gramatical;
f) Análise Histórica;
g) Análise Teológica;
h) Crítica Textual;
i) Crítica Literária;

O trabalho está à disposição para as devidas refutações, contesta-


ções, até réplicas; todavia, que sejam apresentadas através de méto-
dos investigativos adequados e coerentes.
Paradigma Verbal de Strong
Stem Qal Niphal Piel Pual Hiphil Hophal Hithpael Stative Qal

250
Perf 3ms         
3fs         
2ms         
2fs         
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FABIO SABINO DA SILVA


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Classificação Geográfica das línguas Semíticas
Semítico – Norte Oriental
Acadiano Babilônico-Assírico
Semítico – Norte Ocidental
Eblaita Idioma recentemente descoberto em Ebla, Síria, 2400 a.C.
Idioma de Biblos Alguns documentos com inscrições hieroglíficas 14º século. a.C.
Proto-Sinaitico Inscrições do alfabeto mais antio, 15º século a.C.
Linguagem de Laquis Textos antigos da cidade Palestínica Laquis

MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO


Amorita Conhecidos apenas nomes próprios, 2000-1600 a.C.
Ugarítico Cidade de Ugariti. Síria, em 1928,15º ao 13º século. a.C.
Linguagem de Tel- el Amarna Cartas do12º século.
Grupo Canaanita Hebraico (Antigo Testamento e Talmude)
Hebraico moderno (Ivrite)
Fenício e Punico (Punico é a linguagem de Cartago; do 9º século).
Grupo Aramaico
Aramaico Antigo (idioma da Síria, 10-8 século)
Aramaico (idioma do novo império assírio, 7-4 século)
Aramaico Ocidental
Nabateu (Rolos de Qunran; População árabe de Petra, Jordão)
Palmireno (população Árabe de Palmira)
Aramaico dos Judeus-Palestinicos (idioma de Jesus)
Aramaico Samaritano (4º século)
Aramaico atual em cidades perto de Damasco
Aramaico Oriental
Siríaco da cidade de Edessa (3-13º século d.C.)
Siríaco Babilônico, do talmude babilônico (4-6º século. AD)
Mandaico, comunidades religiosas gnósticas (3-8º século. AD)
Semítico, Sul Ocidental
Árabe Árabe pré-clássico (5-4º século. AD)
Árabe norte clássico (4-10º século. AD)
Dialetos do Árabe moderno
Antigo Árabe do sul (8-6º século. a.C.)
Dialetos Árabes modernos do Sul
Etíope

251
Antigo Etíope
Idioma Etíope moderno (muitos)
252 FABIO SABINO DA SILVA

O Alfabeto Ugarítico
Observe abaixo a tabela do alfabeto ugarítico
com suas formas consonantais.
GLOSSÁRIO

Acádico: Acadiano (ou babilônico-assírio) é o nome coletivo para os


dialetos semíticos falados no terceiro milênio a.C na Mesopotâmia.
O nome acadiano fora assim chamado em tempos antigos. É deriva-
do da cidade de Acade, fundada no meio do terceiro milênio a.C, e
capital de um dos primeiros impérios da história humana.
Afro-asiáticos: A família afro-asiática, ou camito-semítico de idiomas
cercam quase todos os idiomas do leste e norte da África. O afro-
asiático consiste em seis ramificações coordenada, cada ramificação
com seus próprios idiomas fixos. Egípcio (o Egito antigo): egípcio,
mediano antigo, demótico, cóptico, cushitico, galla, somali, oromo
e hadia.
Alfred Rahlfs: Estudioso que calculou que havia cerca de 1500 manus-
critos completos e fragmentados da Septuaginta. É por seu trabalho
que se encontra o elenco mais completo de manuscritos gregos do
Antigo Testamento.
Anafórico: Repetição de uma ou mais palavras no início de versículos
ou frases sucessivas.
Aparato crítico: É um vasto conteúdo de texto encontrado no rodapé
das páginas das edições críticas e dedicado a fornecer notas e expli-
cações à crítica textual. Sua principal função é prover informações
sobre palavras da BHS.
Apócrifo: Obra não incluída no cânone da Bíblia, mas aceita em ou-
tras versões bíblicas, como a Septuaginta.
Aquiba: Umsábio mishnaico. Aquiba foi um apoiador da revolta de
Bar Kochba contra os romanos. Foi martirizado quando tinha 120
anos, durante as perseguições de Adriano.
Áquila: Um oficial pagão convertido ao judaísmo. Fez uma versão
grega do texto bíblico hebraico, em meados de 125-130.
Árabe: Versão surgida por volta dos séculos X, XIII e XVI.
Arábico: Nome dado aos textos provenientes do árabe.
254 FABIO SABINO DA SILVA

Aramaico: Idioma semítico pertencente ao ramo norte-ocidental e


que desenvolveu durante a primeira metade do segundo século
milênio a.C.
Bavli: Nome dado à recensão babilônica do Talmude, cerca de
500 d.C.
Ben Asher: Família de massoretas de Tiberíades, na Palestina, ativa
desde o século VIII até a primeira metade do século X.
Códice do Cairo dos Profetas: Nome dado a um códice qual contém
somente os Profetas Anteriores (de Josué a II Reis) e Posteriores (de
Isaías a Malaquias) e teria sido composto por volta de 895/896 por
Moisés ben Asher e é o manuscrito massorético mais antigo conhe-
cido pelos eruditos. Atualmente, este manuscrito está sendo datado
entre 990 e 1170, por causa de novas pesquisas de datação por meio
de testes do carbono-14.
Cânones ou cânon: Termo designativo de um vocábulo hebraico cha-
mado kannesh, significando, “vara reta de medir”, e também um vo-
cábulo grego chamado kanón e do latim canon, todos com o mesmo
significado, padrão, regra de procedimento, critério, norma, etc. Em ter-
mos mais técnicos pode-se definir como: coleção de livros reconhe-
cidos e atestados como oficiais.
Cantilação: Nome dado a uma série de sinais de acentuação onde mar-
cam a melodia dos vocábulos dos versículos da Bíblia Hebraica.
Clímax: É o ponto culminante de um texto, ou seja, a verdade central
de um argumento.
Códice Alexandrino: É tido como o mais fiel aos escritos originais da
LXX, sobretudo por apresentar-se, quando comparado com outros,
como mais breve e menos polido ou desenvolvido em questões de
estilo e gramática.
Códice Vaticano: Escrito em pergaminho. Contém todo o Antigo Tes-
tamento e a maior parte do Novo Testamento em Grego. Foi escrito
no início do século IV.
Códice: Termo que se origina do latim codex, que designava a princí-
pio uma tábua geralmente coberta de cera, na qual escrevia com um
ponteiro de ferro chamado stilus.
Conjunção: A conjunção é uma palavra invariável que serve para re-
lacionar duas palavras, dois grupos de palavras ou duas orações.
Consecutivo: Conceito morfológico que destaca uma forma gramati-
cal que se segue imediatamente na ordem temporal ou numérica.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 255

Construto: O objetivo principal do estado construto é expressar uma


relação de genitivo (relação de posse). Também serve para expressar
as várias possibilidades de relacionar dois substantivos.
Coortativo: forma verbal que expressa desejo, determinação ou auto-
encorajamento do sujeito do verbo.
Crítica literária: Método que procura estudar os textos como unida-
des literariamente formuladas e acabadas.
Crítica textual: Método que tem como iniciativa e objetivo o realce da
integridade de um determinado texto, comparando as divergências
nas cópias manuscritas existentes de uma obra e tentar descobrir e/ou
restaurar qual é a sua forma textual mais antiga, mais autêntica, isto é,
o texto mais próximo ao original.
Daguesh: Palavra que em hebraico significa ênfase. É um ponto inse-
rido em seis consoantes em hebraico para indicar um som oclusivo
ou plosivo na pronúncia.
Delimitar: É reconhecer o início e o fim de um uma narrativa. Torna-
se necessária para saber qual é a mensagem de um texto.
Ditografia: Erro de cópia que é resultado de repetição acidental de
letras, sílabas, e palavras em um determinado documento.
Dual: Forma utilizada em hebraico para designar objetos que ocorrem
em pares, especialmente os órgãos do corpo.
Elamita: Nome dado originalmente a um dialeto de Susã. Caracteri-
zada por uma classificação fonética aglutinante, o qual não é relacio-
nado aparentemente a qualquer outro idioma conhecido.
Escrita defectiva: Refere-se ao texto ou a uma palavra dentro de um texto
que foi escrita sem o recurso de letras vocálicas ou indicadores de vogais.
Escrita plena: Denomina um texto provido de consoantes extras que
indicavam os sons vocálicos no período em que os textos ainda não
eram pontuados.
Essênios: Nome dado a uma ramificação judaica que floresceu no século
II a.C até a destruição do segundo templo, em 70 d.C. Presume-se que os
judeus de Hirbet Qumran, em cuja biblioteca acharam-se os remanes-
centes que constituem os Rolos do Mar Morto, teriam sido essênios.
Etimologia: Estudo que procura conhecer e detalhar a origem de uma
palavra.
Etiópico ou Etíope: Versão bíblica produzida a partir do texto da LXX.
Surgiu no século IV, na Etiópia. Seus manuscritos datam somente
do século XIII.
256 FABIO SABINO DA SILVA

Fragmentos: Nome dado a manuscritos que estão deteriorados, ou


apagados.
Guenizá: Designa o depósito nas sinagogas em que eram depositados
tanto os livros bíblicos como os livros religiosos em desuso e gastos
pelo tempo.
Halakhá: Tradição legalista do judaísmo, que se confronta com a teo-
logia e ética.
Hapax legomenon: Termo técnico usado pela crítica textual para desig-
nar o vocábulo ou expressão que aparece uma única vez ao longo do
texto da Bíblia Hebraica.
Haplografia: Erro de cópia que é resultado de uma omissão acidental
de letras, sílabas, de palavras em um determinado documento.
Hesíquio de Alexandria: Bispo que realizou a revisão do texto da
LXX feita no Egito no século IV.
Héxapla: Obra principal de Orígines de Alexandria. Surgida por volta
de 250. Tal obra possuía seis colunas dedicadas ao texto bíblico.
Hiphil: O sexto tronco verbal, que normalmente indica o causativo do
significado das formas verbais do Qal.
Hirek: Nome dado a vogal breve do hebraico, equivalente ao som
de “i”.
Hitpael: O quinto tronco verbal, caracterizado por um prefixo mais
longo, e pela reduplicação do radical do meio. São considerados in-
transitivos e uma força reflexiva.
Homoioarcton: Erro de cópia relacionado a omissão acidental de ele-
mentos do texto devido ao final similar u igual de letras, sílabas e
palavras.
Homoioteleuton: Erro de cópia relacionado a omissão acidental de
elementos do texto devido ao final similar ou igual de letras, silabas
e palavras.
Hophal: O sétimo tronco verbal, que indica a voz passiva do acusa-
tivo.
Imperfeito: A conjugação do verbo que designa uma ação incompleta
u não concluída.
Infinitivo: forma verbal que indica a idéia básica de uma raiz sem as
limitações de pessoa, gênero e número.
Jacobita: Nome dado ao grupo de cristãos sírios. Entre os jacobitas
destacou-se o bispo de edessa, Jacó Baradeo [? -578] que foi propa-
gador do monofisismo.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 257

Jussivo: Modo do imperfeito para expressar um desejo, uma vontade,


uma ordem.
Ketiv: Forma tradicionalmente escrita de uma determinada palavra ou
expressão do texto da Bíblia hebraica.
Lamed: Nome de uma consoante hebraica (seu equivalente em portu-
guês é um “l”).
Luciano de Antioquia: Presbítero de Antioquia o qual realizou uma
recensão da LXX, sendo utilizada na Síria e na Ásia menor.
Maimônides: Filósofo e halachista espanhol, geralmente conhecido
como Rambam. Atuou em uma comunidade judaica egípcia, com-
pondo um importante código haláchico em hebraico, o Mishne Torá
(1180) e, em árabe, a mais importante obra filosófica judaica, o Guia
para os perplexos (1190).
Maqqef: Curta linha horizontal usada para juntar duas palavras ou
mais em uma unidade de fala.
Masora parva: Corpo principal das anotações massoréticas escrito nas
laterais do texto bíblico nos códices medievais da Bíblia hebraica de
tradição tiberiense.
Massorá: Texto da Bíblia Hebraica desenvolvida e padronizada pelos
massoretas que inseriram no texto hebraico sinais vocálicos, acentos
e notas de observação textuais.
Massoretas: Escribas judeus medievais que desenvolveram um siste-
ma de padronização para o texto bíblico hebraico.
Meir: Sábio mishnaico do século II d.C. Foi ativo na reconstrução
da vida judaica após as devastações das rebeliões de Bar Kochba,
e muito do material da Mishná vem da disposição original por ele
organizada.
Midrash: Método homilético de interpretação bíblica no qual o texto é
explicado diferentemente de seu significado literal.
Minúsculos: Manuscritos antigos gregos escritos em letra minúscu-
las, também conhecidos como cursivos.
Mishná: A mais antiga das obras remanescentes da literatura rabíni-
ca, editada por Judá Há-Nassi e completada por membros de seu
círculo após sua morte, no início do século III d.C.
Morfologia: Parte da gramática que estuda a estrutura das palavras e
a sua formação.
Nabateus: Dialeto falado no celebre oásis do deserto sírio.
258 FABIO SABINO DA SILVA

Nestoriano: Nome dado ao grupo de cristãos sírios proveniente do


patriarca de constantinopla, Nestório de constantinopla [381-451]
que foi propagador do nestorianismo.
Niphal: O segundo tronco verbal, normalmente identificado pelo pre-
fixo “n”. É comumente a voz passiva do Qal.
Ofanim: Tido como uma classe hierárquica angelical.
Particípio: Formas verbais que compartilham as propriedades de ad-
jetivos, verbos e substantivos, podendo exercer a função de cada um
deles.
Pentateuco Samaritano: O Pentateuco Samaritano constitui as Escritu-
ras Sagradas dos samaritanos e é composto somente dos cinco livros
do Pentateuco (Torá). Seu texto é composto em hebraico e em escrita
paleohebraica (antiga escrita hebraica do período pré-exílico).
Perfeito: Conjugação verbal que descreve uma ação concluída tanto
no passado quanto no presente ou futuro.
Perícope: Pequeno trecho bíblico, delimitado por sua forma e conteú-
do, e representando uma unidade de sentido autônoma em relação
à anterior e posterior.
Peshitta: Versão síria que surgiu por volta do século II d.C.
Piel: Terceiro tronco verbal que se caracteriza pela reduplicação da
consoante mediana da raiz. Sua função verbal é intensificar uma
ação.
Protomassorético: Texto consonantal anterior a época do trabalho dos
massoretas.
Pseudopígrafo: Nome dado aos livros que não constam no cânone da
Bíblia Hebraica, da LXX e da Vulgata.
Pual: Quarto tronco verbal, que se caracteriza pela reduplicação do
radical do meio. Voz passiva do Piel.
Qal: Tronco básico do verbo em hebraico, do qual derivam todos s
outros troncos. É classificado como voz ativa simples.
Qerê permanente: Expressão dada aos casos de Qerê que são sempre
escritos no texto bíblico de uma maneira diferente. Não é assinalado
a Masora parva, mas sempre subtendido pelo leitor.
Qerê: Forma atestada na Masora parva para indicar palavra que deve
ser lida.
Hirbet Qumran: Região a 12 km ao sul de Jericó, na região noroeste
do mar Morto, local onde se descobriram pergaminhos bíblicos mui-
tos antigos.
MANUAL DE EXEGESE DO ANTIGO TESTAMENTO 259

Recensão: Revisão ou apreciação crítica de um documento na inten-


ção de corrigi-lo ou melhorá-lo.
Sânscrito: Língua da família indo–européias. Classificado como indo-
irariana sendo uma língua da índia.
Segol: Nome dado a uma vogal breve, sua correspondência fonética
equivalente ao português de “é”.
Septuaginta: A LXX foi a tradução para o grego das Escrituras hebrai-
cas feitas em Alexandria, Egito a partir do século III a.C. No período
cristão, a LXX tornou-se a Escritura Sagrada da Igreja Cristã.
Símaco: Estudioso que realizou uma tradução grega em meados
de 170.
Sintaxe: É parte da gramática que relaciona a combinação das pala-
vras em frases e orações.
Sírio: Versão surgida entre os séculos IV e VI, sendo produzida por
cristãos sírios.
Soferim: Os antigos escribas eram assim denominados porque eram
guardiões do texto canônico da Bíblia Hebraica.
Soph pasuq: Nome dado a dois pontos que sinalizam o fim de um ver-
sículo ou oração em hebraico.
Talmude: A obra mais importante da Torá Oral, editada sob a forma
de um longo comentário em aramaico sobre seções da Mishná.
Targum: Versão da Bíblia Hebraica para o aramaico.
Tel El-amarna: Coleção de cerca de 350 tabletes de barro escrito no
Egito, em escrita cuneiforme, sendo parte dos arquivos reais de
Amenophis III e Amenophis IV; reis da XVIII dinastia egípcia apro-
ximadamente 1480 a 1460 a.C. Alguns dos tabletes estão quebrados
e há pouca incerteza ao número exato de cartas separadas. 81 estão
no Museu Britânico; 160 no Museu Assírio, Berlim; 60 no Museu do
Cairo; 20 em Oxford; o resto, 20 ou mais, estão em outros museus.
Teodocião: Estudioso que realizou o trabalho de criar uma versão bí-
blica em grego em meados de 180-192.
Tetragrama: Nome dado a quatro consoantes em hebraico do nome
pessoal do Deus de Israel.
Texto Massorético: Texto da Bíblia Hebraica realizada pelos massore-
tas, os quais introduziram em sua estrutura consonantal os sinais de
vocalização, acentuação e as notas massoréticas.
Tikkun Sefer Torah: São correções ou alterações feitas pelos antigos es-
cribas judeus na Torá.
260 FABIO SABINO DA SILVA

Torá: É o primeiro bloco do cânone da Bíblia Hebraica compreenden-


do os cinco primeiros livros da Bíblia.
Tronco: Também denominado de conjugação, ou binyan que significa
construção em hebraico, forma utilizada para conjugar as sete prin-
cipais conjugações dos verbos em hebraico.
Ugarítico: Nome relacionado a Ugarit, antiga cidade das colinas de
Ras Shamra onde se encontraram várias tabuas escritas em língua
cuneiforme desconhecida.
Variante: Leituras alternativas apresentadas em certos manuscritos
que diferem da leitura aceita como original em determinadas pas-
sagens bíblicas.
Vulgata: Versão latina da Bíblia feita por Jerônimo de Estridônia entre
390 e 405, em Belém, na Palestina.
Yonatan: Estudioso que realizou a obra do Targum dos Profetas An-
teriores e Posteriores em meados do séculos III - V d.C.
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