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Como usar um Sidur (Guia Completo)

By admin - julho 17, 2016


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É comum que alguém fique preocupado e perdido ao olhar para um sidur. Este
guia passo-a-passo, e ao mesmo tempo simples de entender e completo em
informações, irá ajudar você a compreender bem o que é, e como manusear
um sidur.

I) O que é um Sidur
A primeira coisa é entender o que é um sidur, para saber o que esperar
encontrar nele:
Um sidur é um livro de rezas que contém as orações tipicamente judaicas, bem
como tradicionais de uma determinada comunidade. Pode ser específico para
uma ocasião (ex: para o Shabat, para dias da semana, etc.) ou prever todos os
dias do calendário judaico.

II) Hebraico, Transliteração ou Português?

Normalmente, um sidur conterá um ou mais dos seguintes tipos de texto:


O hebraico, em caracteres hebraicos.
O hebraico, em caracteres latinos, que chamamos de transliteração.
A tradução para a língua corrente.

Você pode rezar em qualquer idioma desejar. Mas, o importante é que você
saiba o que está rezando, pois a oração não é mantra.
Se você não conseguir compreender o texto do sidur, então é sinal de que
deve escolher uma outra versão.

III) Entender o que você vai encontrar:

Um sidur tipicamente terá:


Bênçãos para diferentes ocasiões e situações
Orações para diferentes horários e dias da semana
Leituras sugeridas da Torá ou dos textos da halakhá (Talmud e/ou Mishná)

Vamos começar falando sobre as bênçãos orações do dia.

IV) Bênçãos da Manhã

Uma coisa que você desde imediato perceberá é que o sidur traz inúmeras
bênçãos. Essas bênçãos só se aplicarão se você se encaixar naquela
situação.
Por exemplo, nas bênçãos da manhã, você encontrará uma bênção que diz:
“Bendito és Tu… que concedes compreensão ao galo para discernir entre dia e
noite.”

Você só irá fazer essa bênção se você ouviu o galo cantar pela manhã.
O mesmo vale para as demais bênçãos: Elas são recitadas ou não
dependendo do que acontecer ao longo do dia.

Na liturgia do dia, você encontrará bênçãos para recitar desde ao acordar,


sentar-se na cama, vestir-se caso tenha dormido nu, entre outros.

Faça aquelas que disserem respeito a você.

Dica: Imprima a bênção para ser recitada ao acordar, e as bênçãos para se


vestir, etc. Você pode encontrá-las aqui: http://judeu.org/materiais-liturgicos/

V) Preparando-se para Orar

Quando vamos nos preparar para orar, o “clima” que desejamos estabelecer é
o de encontrar um rei no seu palácio.

Como você se sentiria ao entrar na corte da rainha da Inglaterra, ou do rei


da Espanha?

Tudo que fazemos diz respeito a isso.

O que vamos descrever agora é justamente como entrarmos nesse “clima”.


Não se preocupe nem se sinta mal se você não puder fazer tudo. Faça o
máximo que puder, dentro daquilo que sentir que faz sentido para você.

Para se aprofundar mais nesses temas, assista aos vídeos indicados a seguir:

1) Higiene e Pureza
Para simbolizar a nossa pureza ao nos encontrarmos com o Eterno, fazemos o
seguinte procedimento:

a) Se não formos tomar banho, lavamos pelo menos os pés, como os


sacerdotes faziam nos tempos bíblicos. Lavamos também o rosto, para não
ficarmos sonolentos.

b) Fazemos uma lavagem ritual das mãos, também como os sacerdotes


faziam.

2) Roupas
O ideal é se vestir de forma adequada e confortável, porém sempre consciente
de que você está adentrando a presença de um rei.
Você não precisa se emperequetar para fazer as orações diárias, mas mostre
respeito e reverência. Não costumamos fazer essas orações diárias de cueca,
ou sem camisa, por exemplo.

3) Concentração

Você não deve orar se estiver com dificuldade de se concentrar. Seja por sono,
fome ou estresse.
Como dito, oração não é mantra. Devemos sempre nos preparar para
conseguir pelo menos um mínimo de concentração.

Se você tiver muita fome, por exemplo, coma primeiro, e depois faça a oração.
Se tem sono, espere um momento em que estiver mais desperto, e então faça
sua oração.

4) Silêncio

Tanto antes quanto depois de orar, faça silêncio por alguns minutos.
Procure pensar no Eterno.
Isso te ajudará a tornar esse tempo especial.

Dica: Para se aprofundar nesses temas, assista os vídeos abaixo


indicados:
https://www.youtube.com/watch?v=03ncK1ZNpWE
https://www.youtube.com/watch?v= cIvrtGmtFQI
https://www.youtube.com/watch?v=st-jerFHmAc

VI) Xale e Filactérios

Normalmente, quando fazem as orações, os homens costumam colocar o talêt


(xale de oração) e o tefilin (filactérios)

Para isso, fazem-se as bênçãos que se encontram no sidur.


Mulheres podem usar talêt e tefilin, mas não são obrigadas. Como a bênção
faz menção à obrigação, então as mulheres não devem recitá-las, ou devem
modificá-las para que não se refiram a uma obrigação, para que o texto não
fique sem sentido.

Dica: Nem todos colocam o talêt e o tefilin em ambas as orações. Vale


ressaltar que a ausência desses itens não invalida a oração

Caso queira se aprofundar, veja este vídeo: https://www.youtube.com/watch?


v=B_2p0-1ujDY

VII) O que fazer: A Proclamação do Shemá`

Dependendo do sidur que você tiver, pode haver muitas orações. Talvez isso te
faça se sentir até um pouco perdido. Não se preocupe! Estamos aqui pra te
ajudar!

A primeira coisa que você irá fazer é a recitação do Shemá` (Ouve). Trata-se
da proclamação do Monoteísmo judaico, que fazemos duas vezes ao dia.

1) Faça as Bênçãos Anteriores


O Shemá` matinal é precedido por duas bênçãos: Uma que bendiz o Eterno por
ter criado as luminárias celestiais, porque o nosso despertar ocorre a partir do
nascer do sol.
A segunda bênção agradece pelo Eterno ter escolhido Israel, em amor. Ela
existe justamente para que aquele que ora se lembre da missão de Israel, que
é o motivo da proclamação.

2) Faça o Shemá` propriamente dito

Em seguida, recita-se o Shemá` propriamente dito, que tem três partes:


o texto de
Dt. 6:4,
Dt. 11:13-21 e
de Nm. 15:37-41.

3) Faça a Bênção posterior

Após o Shemá`, fazemos a bênção que fala de nossos Patriarcas, e termina


bendizendo o Eterno como o Redentor de Israel.

VIII) O que fazer: a Amidá Matinal

A segunda coisa mais importante a fazer na parte da manhã é a `Amidá


(oração de pé).
A `Amidá é uma oração que foi composta nos tempos bíblicos, por Esdras e os
homens da Grande Assembléia, logo depois que os israelitas voltaram do
cativeiro babilônio

Como o povo não sabia bem o que orar, esses homens compuseram uma
oração completa, para pedir ao Eterno por cada coisa que precisavam, desde
sustento material, proteção, cura, etc.
A `Amidá que é feita durante a semana contém 19 bênçãos.
Já a que é feita no Shabat contém apenas 7, pois no Shabat evitamos de fazer
muitos pedidos.

Quando você estiver em comunidade, perceberá que depois da `Amidá


individual, o condutor dos serviços (chamado de Hazan) irá repetir essa oração.
Isso foi instituído para que pessoas que não conhecem a `Amidá ou não sabem
ler possam dizer ‘Amen’ a cada uma das bênçãos.

Dica: Você pode encontrar o texto da `Amidá aqui: http://judeu.org/materiais-


liturgicos/

IX) O que fazer: Adoração e Súplica

Em seguida, você irá fazer a adoração e a súplica. Originalmente, a adoração


era feita prostrando-se perante o Eterno.
Se você gosta da prática mais original, essa é a forma que deve ser feita.
Hoje em dia, a maioria das pessoas se curva, dando passos para trás. Faça o
que se sentir mais confortável.
Em seguida, coloque suas súplicas pessoais diante do Eterno. Esse é o
momento de apresentarmos nossos pedidos mais individuais, diferentemente
da `Amidá, onde a oração é mais coletiva.

X) O que fazer: Versículos de Cânticos

Se você ainda desejar ir além, e passar mais tempo na presença do Eterno,


você pode fazer os chamados “Versículos de Cânticos”.

Geralmente, no sidur serão chamados pelo nome hebraico, “Pessuqim


haZemirot”, ou pelo aramaico “Pessuqê deZimrá”, ou ainda “Zemirot” na
tradição
hispano-portuguesa.

Geralmente, é a recitação ritualística dos salmos 145 a 150. Se o seu sidur não
contiver esse material, ele pode ser lido diretamente da Bíblia Hebraica
(Tanakh).

A recitação dessas passagens era feita pelos sábios do passado, e é


recomendável. Mas, não é obrigatória.

XI) O que fazer: Outras Orações Individuais

As demais orações que estiverem identificadas como pertinentes ao Shaharit,


ou serviço matinal, já são totalmente opcionais.

Elas refletem a tradição de cada comunidade, e por isso podem diferir de sidur
para sidur.

Como diz Maimônides, você pode orar pelo tempo que quiser, e fazer quantas
orações desejar.

XII) Orações Comunitárias

Há diversas orações que são feitas em comunidade, e que não deverão ser
feitas
individualmente, pois remetem a um grupo.

Dentre elas, a mais comum é a oração de Santificação, feita em aramaico,


também conhecida como Qadish.
Normalmente, um sidur trará essas orações comunitárias, bem como alguns
adendos ou parágrafos adicionais a serem feitos quando se tem um quórum de
10 homens, conhecido como Minyan.

Se você está rezando sozinho(a), não deve se preocupar com esses trechos.
XIII) O que fazer: A `Amidá da Tarde
A `Amidá é feita duas vezes ao dia, pois ela procura remeter aos sacrifícios
diários oferecidos no Templo. Na ausência desse, o profeta Oséias diz que nós
ofereceremos ao Eterno o sacrifício de nossos lábios. (Os. 14:2

A preparação para a Oração da tarde é feita de forma idêntica à da manhã,


com a exceção da lavagem do rosto e dos pés.
Não fazemos o Shemá` à tarde.

XIV) O que fazer: O Shemá` da Noite

A proclamação do Monoteísmo judaico também é feita à noite. Com a diferença


nas bênçãos anteriores e posteriores.

As duas bênçãos anteriores são: “Aquele que traz as sombras da noite” e


“Aquele que ama o Seu povo Israel.”
Após o Shemá`, mais duas bênçãos são feitas: A do “Redentor de Israel” e
“Aquele cuja glória é eterna.“

Com isso, totalizamos 7 bênçãos que são feitas junto com o Shemá`:
3 pela manhã, e 4 à noite.

Isso totaliza o número 7, que na cultura israelita representa a totalidade


do tempo.

Isso significa que o nosso testemunho monoteísta deve ocorrer a todo


momento.
Dica: Como o talêt (xale de oração) e o tefilin são mandamentos visuais,
eles não são obrigatórios. Caso deseje utilizá-los, não há problema. Somente
não se faz a bênção de colocação, pois essa bênção faz menção da obrigação,
e à noite a obrigação não existe.

XV) Opcional: A `Amidá da Noite

Embora não seja obrigatório, a maior parte do povo judeu se habituou ao


costume de fazer mais uma `Amidá, à noite.

Enquanto a `Amidá da manhã e da tarde remontam aos sacrifícios diários do


Templo, feitos de manhã e à noite, a `Amidá da noite remete às ofertas
voluntárias. Por isso, é opcional.

Caso seja feita, os preparativos são semelhantes aos da `Amidá da tarde.

XVI) Ao Dormir

Há uma versão do Shemá` que também é recitada deitado na cama, antes de


adormecer. Muitos sidurim também trarão essa parte

Você pode encontrar o texto aqui: http://judeu.org/materiais-liturgicos/

XVII) Bênçãos do Alimentos


Outras bênçãos tipicamente utilizadas no dia-a-dia são as bênçãos dos
alimentos. Essas bênçãos variam de acordo com o tipo de alimento ingerido,
levando-se em conta o alimento principal da refeição.

Geralmente, essas bênçãos se dividem em duas categorias: As feitas antes de


comer, e as feitas depois de comer.

Quando se faz uma refeição completa, faz-se uma bênção maior, denominada
de Birkat HaMazon, ou Bênção do Sustento.

Você também pode encontrá-la aqui: http://judeu.org/materiais-liturgicos/

XVIII) Shabat e Solenidades

Nem todo sidur conterá as orações de Shabat e/ou Solenidades Bíblicas,


porque os textos trazem algumas diferenças.

Além de orações comunitárias adicionais, que variam de sidur para sidur,


tipicamente um sidur conterá as seguintes dierenças nas solenidades:

1) Santificação e Separação
Normalmente, duas orações serão feitas. Uma de santificação logo no
começo, denominada de Qidush. E outra de separação, ao término do
dia, denominada Habdalá.

Geralmente, são feitas com um cálice de suco de uva ou vinho ou, na


ausência desse, com pão.

2) Mussaf (Oração Adicional)


Além das orações diárias, encontra-se também a Oração Adicional, ou
Mussaf. Isso ocorre porque, nos tempos bíblicos,os sacerdotes
ofereciam um sacrifício adicional pelo dia solene, além dos sacrifícios
diários.

3)Amidá Diária
A `Amidá Diária costuma ser mais curta no Shabat e nas solenidades,
contendo apenas 7 bênçãos, ao invés das tradicionais 19. Isso ocorre porque
não se foca tanto nas petições nesses momentos.

4) Súplicas
Analogamente, as súplicas costumam ser trocadas por proclamações de louvor
ao Eterno.

5) Trechos Adicionais
Geralmente, haverá trechos adicionais de acordo com cada época, geralmente
na `Amidá e na Birkat HaMazon.

6) Liturgia Especial
Algumas datas trazem liturgia especial. Por exemplo, nos 50 dias entre a Festa
dos Ázimos e aFesta dos Tabernáculos, fazemos a contagem do Omer, uma
contagem diária através da qual indicamos nossos anseios para chegarmos
logo à época festiva.
Noutras datas, pode-se recitar o Halel, que é um conjunto de salmos para
louvor do Eterno, pelo fato de comemorarmos a Sua fidelidade.

Tudo isso geralmente é muito bem indicado nos sidurim.

7) Dias Intermediários e Festividades Menores


Nos dias intermediários da Festa dos Ázimos e da Festa dos
Tabernáculos, assim como em festividades menores, como Purim e Hanuká,
há ainda trechos e orações adicionais, que devem ser lidos.

Geralmente, esses trechos são bem identificados nos sidurim.

XIX) Leitura da Torá

Todos os dias, fazemos também a leitura da Torá e de um trecho da halakhá.


Antes disso,recitamos duas bênçãos, nas quais exaltamos o Eterno como o
“Doador da Torá”

Alguns sidurim podem trazer também trechos tanto da Torá quanto da halakhá
para serem recitados ao longo do ano. Nesse caso, costumam vir ao final do
sidur.

XX) Outras Bênçãos

Geralmente, um sidur também trará outras bênçãos para ocasiões especiais.


Por exemplo, ao se realizar um casamento, ou ao fazer a circuncisão, etc.

Essas bênçãos não serão recitadas no dia-a-dia, mas sim nas ocasiões
especiais indicadas. Na maioria das vezes, os sidurim são muito claros ao
identificar esses elementos.

XXI) Resumo

Abaixo, um resumo de como utilizar o sidur num dia de semana, no Shabat


e/ou solenidades:

De Manhã:
1) Bênçãos do Acordar;
2) Bênçãos Matinais;
3) Lavagem e Higiene;
4) Colocação do talêt e do tefilin;
5) Preparar-se adequadamente;
6) Recitação do Shemá` e suas bênçãos;
7) Recitação da `Amidá e das Súplicas;
8) Recitação dos Sl. 145-150 (opcional);
9) Recitação de outras orações do costume comunitário (opcional);
10) Em algum momento, antes ou depois do Shemá` e da `Amidá, leitura da
Torá e da Halakhá;

Ao Comer:
1) Bênção Anterior;
2) Bênção Posterior (se refeição completa, a Bênção do Sustento, ou Birkat
HaMazon);

À Tarde:
1) Lavagem das Mãos;
2) Colocação do talêt e do tefilin (caso desejado);
3) Preparar-se adequadamente;
4) Recitação da `Amidá e das Súplicas;
5) Recitação dos Sl. 145-150 (opcional);
6) Recitação de outras orações do costume comunitário (opcional);
Guia para Oração

Sempre que alguém tem uma necessidade, seja física (saúde,


dinheiro, filhos, etc.) ou espiritual (felicidade, superação da tentação,
etc.), deve-se sempre rezar para por estas coisas.
Orar para qualquer outro ser – ou não orar de maneira alguma –
mostra que uma pessoa confia em algo diferente de D’us para suas
necessidades; isso seria, na verdade, a adoração de ídolos.
Não há garantia de que D’us dará exatamente o que ele quer, mas
D’us vai dar o que ele realmente precisa; como seres limitados, muitas
vezes não sabemos realmente o que é melhor para nós. Além disso,
D’us sempre ouve e responde às nossas orações; nós não sabemos
necessariamente como ou quando.
Além do dito acima, deve-se orar pelo menos uma vez por dia.
A oração é para a alma como o alimento é para o corpo: Ela
mantém a alma viva e bem, e a fortalece para o dia seguinte. Assim
como geralmente não deixamos de comer, também não devemos deixar
de orar todo dia. Isso se aplica mesmo que alguém não se sinta
“inspirado” a orar – na verdade, aplica-se especialmente quando não se
deseja rezar!
A oração é a causa, não o resultado, de sentir nossa essência
espiritual. Se esperarmos pelo “sentimento” certo, passamos fome de
energia espiritual tão necessária.
Quando a oração parece trabalhosa, dificultosa sabemos que ela
está dando certo. O melhor momento para rezar é nas primeiras horas
da manhã, depois de acordar e se vestir, mas antes de ir trabalhar ou
conduzir qualquer negócio. D’us é o nosso verdadeiro Empregador, e
deve ser reconhecido antes de irmos trabalhar para nossos
“empregadores” humanos, que são meramente vasos de D’us através
dos quais Ele provê nosso sustento.
Além disso, a oração é como um “chamado ao dever” pela manhã,
que nos energiza e dá um foco espiritual para que o dia comece bem.

Antes de começar a oração, deve-se dar pelo menos uma


moeda (talvez uma moeda de dez centavos ou vinte e cinco) para
tzedaka (“caridade”, vagamente traduzida do hebraico). A
moeda deve ser separada, por exemplo, colocada em uma lata ou
caixa com uma fenda no topo, reservada especificamente para
ser dada aos pobres ou aos programas de estudo da Torá.
Em caso de dúvida, pode-se sempre dar o dinheiro a um rabino
ortodoxo em uma sinagoga ou yeshiva; ele vai colocar o dinheiro para
uso adequado.

Ao dar tzedaká, mostramos misericórdia imerecida para com os


outros; em troca, D’us mostra misericórdia imerecida para conosco. Não
importa quantas boas ações realizemos, nunca devemos supor que
temos mérito suficiente para merecer as bênçãos de D’us.
Devemos sempre pedir a misericórdia de D’us, acima e além de
qualquer coisa que possamos merecer, e Ele responderá. A oração deve
ser feita em uma atmosfera de temor de D’us, em condições de
modéstia.

Deve-se estar completamente vestido (os homens devem, de


preferência, usar uma cobertura de cabeça, mesmo que seja apenas um
boné).

A oração nunca deve ser feita em um banheiro ou outro lugar


desrespeitoso, e as portas para qualquer banheiro próximo devem ser
fechadas.
Os homens não devem ver as mulheres durante a oração, pois
eles não devem se distrair de prestar atenção exclusiva somente a D’us;
nas sinagogas, homens e mulheres judeus são separados por um divisor
em duas seções (as mulheres também não devem liderar orações em
grupo que incluam homens, pois suas vozes podem ter o mesmo efeito
de distração).

A menos que de outra forma impossível, a oração deve ser feita


dentro de casa, de frente para uma parede sem espelhos, imagens ou
outras imagens potencialmente idólatras; Desnecessário será dizer que
nunca se deve orar em direção a uma estátua de qualquer tipo (algumas
estátuas aparentemente inocentes e estatuetas são consideradas
idólatras pela Torá, e é preciso aprender as regras para evitar a posse
acidental de ídolos ou seus equivalentes).

Cruzes cristãs, é claro, estão absolutamente fora de questão. A


oração é realizada através da fala, que é uma ação e, portanto, uma boa
ação, ao invés de um simples pensamento. Pensamentos espirituais são
sempre bons, mas a menos que se tornem físicos, eles não cumprem a
vontade de D’us. De fato, é melhor orar as palavras com os próprios
lábios, enquanto a mente está distraída em outro lugar, do que pensar
nas orações sem dizê-las.
Mesmo uma oração sem a devida atenção mental tem um efeito
positivo, embora a oração ganhe um tremendo poder quando os
pensamentos participam também.

A oração deve ser sempre dita (ou seja, sussurrada ou em voz


baixa) em voz alta o suficiente para a pessoa ouvir a própria voz, mas
nem sempre alto o suficiente para distrair os outros que estão orando
por perto. Em outras palavras, o ato mais importante é que os lábios se
movam, independentemente de quão alto ou quieto seja o discurso.

A oração deve ser dirigida, em nosso discurso e pensamentos,


somente para D’us diretamente. A oração nunca deve ser dirigida a
qualquer “intermediário”, nem deve terminar em nome de alguém
(messias, etc) … “Quando oramos através de qualquer intermediário,
D’us para de escutar nossas orações; orando diretamente a D’us, nós
removemos o principal obstáculo entre nós e o Criador que nos sustenta
e nos dá vida em todos os momentos, sempre está disponível e pronto
para ouvir, desde que estejamos prontos para falar com Ele – e somente
com Ele.
Como D’us declara em Sua Bíblia, “Antes de mim nenhum deus foi
formado, nem haverá depois de mim. Eu, somente eu sou Hashem, e
além de mim não há salvador “(Isaías 43: 10-11).

Pelo menos nos pensamentos, as orações da pessoa devem ser


direcionadas para a localização do templo sagrado em Jerusalém (mas
não há obrigatoriedade de rezar exatamente na sua direção). Embora
D’us esteja “em toda parte” (na verdade, Ele está acima dos próprios
conceitos de espaço e tempo), Sua santidade – até hoje, quando não há
Templo no local – é mais revelada no local do Templo.
Algumas pessoas preferem realmente direcionar-se ao Templo,
como é a maneira dos judeus (no Brasil, isso significa virar-se para o
leste ou nordeste, dependendo da região que está); em qualquer caso,
deve-se pensar em suas orações sendo ouvidas no local do Templo. O
rei Salomão, que construiu o primeiro Templo, pediu em sua dedicação a
oração: “E tu podes ouvir a oração do teu servo e do teu povo Israel que
ora por este lugar” (1 Reis 8:30), e quanto aos gentios chassídicos ele
perguntou D’us, “E também, com relação ao estrangeiro que não é do
teu povo Israel, e que vem de uma terra distante por causa do teu nome
… e ele vem orar em direção a esta casa: “Ouve nos céus, Tua morada,
e responde a tudo o que o estrangeiro te pede, para que todos os povos
da terra conheçam o teu nome e te temam, como o teu povo Israel” (I
Reis 8: 41-43).

O conteúdo da oração é particularmente importante.

Quando alguém se dirige ao infinitamente grandioso e majestoso


Rei, não se deve ser desrespeitoso ou apenas fazer exigências. A oração
não é apenas para as nossas necessidades; é uma maneira importante
de servir D’us, pois Ele criou a Criação para que ela finalmente O
revelasse e O louvasse.

Olhando em toda a Bíblia, encontramos certos elementos comuns


nas orações de tais líderes justos como Moisés, Chana (a mãe de
Samuel, o profeta), o rei Davi, o rei Salomão, Daniel, o profeta, e assim
por diante. Com base nesses exemplos, as orações judaicas contêm três
elementos, nesta ordem: (1) Louvor (reconhecendo a grandeza de D’us
como, por exemplo, revelada através da Criação, e agradecendo a D’us
por Suas bênçãos passadas), (2) pedidos por nossas necessidades
espirituais e físicas, tudo para nos ajudar a servi-Lo) e (3) confissão
(admitindo nossos pecados e erros, e pedindo perdão a D’us).
Também é útil perguntar, não apenas para as necessidades
individuais, mas também para as necessidades da família, comunidade,
nação, e até o mundo inteiro.

Todos esses elementos tornam a oração muito mais eficaz. Como


não somos gigantes espirituais como os tsadikim (líderes justos) dos
tempos bíblicos, não sabemos como pronunciar nossas próprias orações
adequadamente. Portanto, é importante ler nossas orações a partir de
textos escritos, palavra por palavra.

Nossos pensamentos trazem os significados apropriados para


essas palavras, fazendo com que qualquer oração se aplique às nossas
circunstâncias e necessidades únicas. Os Salmos – todos os 150 deles –
são orações sagradas formuladas para todas as necessidades possíveis;
as palavras são divinamente inspiradas.
De fato, as orações judaicas são em grande parte compostas de
Salmos, enquanto as partes mais sagradas das orações são
indiretamente baseadas nos Salmos. Rav Yacov Gerenstadt, orientador
do movimento Bnei Noach Brasil organizou um Sidur com rezas
apropriadas para Bnei Noach, extraído do Sidur Judaico Tehilat Hashem,
omitindo rezas específicas para povo judeu.

Além das orações regulares, muitos judeus têm o costume de


recitar Salmos adicionais todos os dias.
Rav Yacov recomenda que os Bnei Noach recitem os Salmos nesta
mesma programação, em sincronia com o povo judeu, no qual os 150
Salmos são divididos ao longo dos 29 ou 30 dias de cada mês no
calendário hebraico.
No primeiro dia de cada novo mês hebraico, dizemos Salmos 1-9;
no segundo dia, Salmos 10-17; e assim por diante. A programação está
listada abaixo. Data Hebraica Salmo 1 1-9 2 10-17 3 18-22 4 23-28 5
29-34 6 35-38 7 39-43 8 44-48 9 49-54 10 55-59 11 60-65 12 66-68 13
69-71 14 72-76 15 77-78 16 79-82 17 83-87 18 88-89 19 90-96 20 97-
103 21 104-105 22 106-107 23 108-112 24 113-118 25 119:1-96 26
119:97-176 27 120-134 28 135-139 29 140-144 30 145-150 Quando o
mês tem apenas 29 dias, recitam-se os salmos 140-150 no dia 29.

Se alguém conhece hebraico, certamente é bom ler os salmos (ou


qualquer oração) no idioma sagrado. Mas todas as orações, incluindo os
Salmos, podem ser ditas em qualquer idioma (é melhor usar uma boa
tradução judaica; os tradutores cristãos alteraram ou distorceram
deliberadamente certas interpretações para se ajustarem às doutrinas
do Novo Testamento).
Simplesmente recite os Salmos como eles são, sem acrescentar
nada antes ou depois.
Também é um bom costume recitar diariamente o Salmo que
corresponde à nossa idade. Isso é de acordo com o ano da vida de uma
pessoa; um jovem de 25 anos está em seu 26º ano, então ele diria
Salmo 26 – até seu 26º aniversário, quando ele começa a dizer Salmos
27 (ou seja, o Salmo deve ser sempre um a mais do que a idade da
pessoa).

Para ocasiões especiais, outros Salmos podem ser adicionados às


orações diárias. Alguns Salmos são adicionados em feriados judaicos
particulares; outros são adicionados para pedir a recuperação completa
de uma pessoa doente. Cada ocasião é conectada com Salmos
específicos, e deve-se verificar fontes judaicas apropriadas para
identificá-los.

Temos a orientação de recitar os salmos até o por-do-sol, segundo


o costume Chabad, pois entre o por-do-sol e o início da madrugada é um
período de severidade onde os efeitos de nossa recitação são
minimizados.

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