AL

ER

SC
VI

PITS
DAS PROFUNDEZAS

DAS VÍSCERAS

DO âMAGO

do vago

PITS
feito PRA CONFUNDIR
NÃO É SOBRE O AMOR
NÃO É SOBRE O OUTRO
É TUDO SOBRE NÓS.

se não quiser se encarrar não entre

 MAPA

1. DEDICO
2. APRESENTO
3. CLAREIO
4. GRAVO
5. AJO
6. ATUO
7. EXPLICO
.
.
.

a quem você sabe

a quem você quiser
a quem você deixou de ser
.
.
.

.
.
.

Este resolveu sair como vômito, como um jato

incontrolável que limpou todo meu estômago,
rasgou as palavras paradas que estavam em
minha garganta, e despejou toda a verdade que
eu nunca aceitei e de quem adianta esconder,
alguém em algum lugar do mundo está
esperando pra se reconhecer em outro alguém
que sofra por um motivo parecido e se sinta
acolhido. Eu sei, muitas de nós nos sentimos
assim algum dia, programadas para suprir o
vazio de alguém que não sejam nós mesmas,
porque nós estaremos sempre sujeitas a que a
mão do outro nos complete. e por vezes
acreditamos nessa grande mentira.

Espero que sintam-se acolhidas, e não tenham

vergonha de assumir que sim, da raiva, mas
faz falta, alguma coisa de ti.

Você sabe quem.

.
.
.

 AL
ER

SC
VI

PITS
 1. LUZ
Não sei qual é a causa da falta mas, sinto que falta
o rombo que você deixou não tá fácil de suprir
e o problema é, só eu posso preencher
esses vazios que encontro
você foi como um pedaço do corpo que se quebrou
e não se regenera
não cicatriza, a ferida não fecha e direto insisto em cutucar
tirar a casquinha de cima como uma forma de relembrar
que você esteve aqui algum dia e não estará mais.

Por algum motivo você me revisita sempre, em memórias

e por dias eu vejo sua imagem em minha mente
em lugares específicos, tudo o que passamos em 6 meses
e foi o suficiente pra eu ser feliz
daí em diante vieram as avalanches
que lá atrás poderíamos ter evitado
por falta de diálogo talvez mas, acredito no contrário
a falta de sinceridade de sua parte
foi a pedra que por muito tempo
segurou a queda.

Enganou, assim. . .
Fantasiei em minha cabeça quem você poderia vir a ser
e apesar disso, você mesmo não conseguiu
continuar a se enganar
Você se viu num beco sem saída e
por mais que eu acredite que o amor existiu,
você não queria estar ali, quanto eu queria que você estivesse..
e isso dói mais, quando percebo que os buracos hoje deixados
eu preenchi a vida toda sozinha.
 2. CÂMERA

Desde pequenininha eu aprendi a preencher

os espaços vagos.
Criar novas massas e remendar as rachaduras,
dar novos significados às coisas, aos objetos,
por muito tempo aprendi a como lidar com a dor.
Eu me era suficiente até você aparecer.
Eu estava tão cansada de carregar os fardos sozinhos que
pensei que poderíamos partilhar nossas dores, e se
assegurar um no peito do outro.
Aí eu peguei todas as tintas, as massas, os fios enrolados que
eu tentava a anos resolver e te entreguei. Toma, todas as
minhas inseguranças e vulnerabilidades, meus desejos,
minhas faltas, todas as minhas vontades.
Distribuindo sem explicar o sentido das coisas. . .

Ainda assim, você aceitou e disse

que me ajudaria a encontrar o caminho.
Que ilusão tola, você pegou minhas coisas
e trancou no armário
me deu Suas chaves e pediu pra eu cuidar
dos problemas da casa.
Cuidei como se fossem os meus, preenchi teus buracos, te
ajudei a rebocar as paredes, a asfaltar o chão. . .
e me esqueci.
As rachaduras da minha casa foram aumentando com o
tempo porque o chão estava tão instável, que todo passo era
um terremoto.

 3.AÇÃO
Por fim, você tirou o calço que estava segurando a porta
Vieram todas as coisas que estavam sendo seguradas por aquela
pedra
que evitava a avalanche, essa pedra era tão frágil quanto as
mentiras que você proferia.
tudo de uma vez em minhas costas.
Aquele gelo todo eu ainda tentei secar
como se eu fosse ensacar o ar pra você respirar quando precisasse.
e eu fui vendo cada máscara sua cair.
no começo eu acho que você fez coisas para me impressionar
porque todos nós sabemos que eu era muito pra você
todos sabiam, que nós não estávamos no mesmo patamar
Só eu que não, porque você soube direitinho escalar minha torre.
Eu ingênua, tão nova, ainda não tinha colocado barreiras de
proteção
você invadiu, me contou mil casos, me hipnotizou, me mostrou
paisagens que eu jamais tinha explorado, é verdade.
mas, depois de um tempo aquilo foi deixando de ser maravilhoso
para ser apenas legal, e você continuava a tentar me impressionar
demorou pra eu conseguir sair daquela cortina de fumaça
Descemos a serra com neblina e eu jurei que no fim encontraria
uma estrada com belas vistas mas, encontrei escombros, encontrei
mais vias esburacadas e eu ainda continuei tentando preencher.
Mas castelo de areia não dura muito tempo…
Ainda bem que eu desisti de colocar telhado.

Eu achei que já tinha superado essa fase mas, pelo jeito vai demorar
Demorar para eu parar de revisitar esses lugares.
Pois quando todos se vão, e as luzes se apagam, eu fico só
Olhando para os dois lados do palco, enxergo as cochias vazias
ninguém mais entrará no show, nem mesmo os trabalhadores da
manunteção..

 4. ENCENAÇÃO
Acabou o espetáculo, deixamos de atuar antes mesmo do fim
para falar a verdade.
Então, eu tenho que lidar com os problemas sozinhas, sem a palavra
que um dia me foi calma, aconchego, e acolhida.
Será que você me ouvia ou também fingia?
Porque no fim, você nunca tinha solução pra mim só ouvidos mesmo.
Sua boca nunca emitiu uma frase que soluciona-se os problemas,
seus atos eram nulos
o caminho da melhora nunca foi trilhado por nós.
Será que só eu que percebo isso?
E ainda no fim eu fiquei com mais problemas a serem resolvidos
e agora, ainda mais sem solução
porque não encontro o armário da manutenção
Aqueles fios embaraçados continuam em algum lugar sem resolução
e isso só vai melhorar quando os encontrar.

E me incomoda a falta que você me faz pois,

no fundo sempre fui eu em tudo
até o que faltava eu mesma repunha
e agora eu não acho os materiais necessários,
as peças não encontro pois as uso para te olhar com empatia.
Você era só a figura, só as projeções do meu eu. E você levou consigo.
Esses espaços que você ilusóriamente ocupou, ficaram.
porque no fim eu nunca tive buracos, nem quartos vazios
eu tinha espaços bagunçados, que precisavam de uma limpa
mas, eu tirei a bagunça achando que você arrumaria, eu até arranjei
mais espaços para você depositar a SUA bagunça
Esses sim se encontram vazios, porque nínguem preencherá esses
espaços até que eles declarem falência. talvez nunca declarem
Mas eu juro que vou encontrar esse fio desencapado que ta em curto
Ai, as luzes deixaram de piscar em forma de aviso
“ta faltando algo aqui”
Porque não falta mas, acreditam que sim
os fios continuam conectados em mim
mas procuram conexão com energias irrenováveis .
 Luz, câmera, ação, encenação
Da dramaturgia da vida real, de minha
própria vida, saído das vísceras, de onde ainda
dói, da saudade de quem eu idealizei, e uma vez
idealizado nunca pôde ser real, porque fica no
campo do amor romântico, não do amor real.
E a idealização vem de dentro de nós,
daquilo que achamos que o outro pode ser, e
fazer por nós, quando há apenas um
protagonista de nossas vidas, e não são nossos
pais, nossos amores, nossos filhos, nossos
nadas... A idealização é a projeção do eu, de
quem queríamos ser, daquilo que queríamos ter,
e então despeja-se no outro aquilo que só você
pode vir a se tornar, e assim então se suprir, e se
autogerir. . .
Clareio o problema que é a falta de um
alguém, que um dia representou algo e que hoje
faz falta. Gravo na memória, que nunca
devemos então deixar "nossa vida" nas mãos de
outrem, como se não pudêssemos fazer com
nossas próprias mãos. Ajo quando tudo começa
a desmoronar, e percebo que o que foi mostrado
não é real, portanto foi esse o motivo de tanta
idealização. Atuo como aquela que superou
tudo, e que diz não sentir a falta de quem um dia
esteve, e nunca estará mais como o mesmo