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Fundamentos de datacenters

APRESENTAÇÃO

Datacenters são ambientes especialmente projetados para alocação de equipamentos eletrônicos


de alta performance, como servidores, roteadores, computadores, unidades de armazenamento
de dados em rede, entre outros.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você aprenderá fundamentos básicos dos datacenters,


reconhecendo os componentes e as classificações desses ambientes e relacionando-os aos
sistemas operacionais, aos recursos computacionais e às estruturas de redes retratadas
anteriormente.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar os fundamentos dos datacenters.


• Descrever os componentes e as classificações de um datacenter.
• Reconhecer a relação de datacenters com sistemas operacionais, recursos computacionais,
redes de computadores e armazenamento.

DESAFIO

Os componentes eletrônicos podem apresentar problemas quando não são devidamente


preservados. Ambientes com altas temperaturas e com a presença de umidade tendem a diminuir
o tempo de vida dos equipamentos, podendo ser essas características responsáveis por ocasionar
perdas de dados vitais dentro de uma organização.

Consideremos a sua contratação em uma empresa, de médio porte e que atua no ramo da saúde,
na qual você será o gerente de TI. A empresa conta com um servidor responsável por manter o
site no ar. Além disso, também comporta uma unidade de armazenamento de rede que acomoda
os dados cadastrais dos clientes. Os equipamentos eletrônicos que armazenam esses dados são
mantidos na sala onde se encontram os funcionários que atuam na contabilidade da empresa,
lugar que mantém temperatura ambiente.

Durante o verão, você notou que muitas das unidades de armazenamento de disco rígido (HD)
estavam apresentando erros de leitura e escrita, e algumas estavam parando de funcionar por
completo, sendo necessário adquirir novos HDs. Ao pesquisar sobre o assunto, você descobriu
que os HDs são componentes naturalmente sensíveis a altas temperaturas. Dito isso, responda:

1) Que ação deve ser tomada para impedir que as altas temperaturas acabem danificando os
novos HDs?

2) Qual seria o TIER mais indicado para um datacenter com poucos servidores?

INFOGRÁFICO

Datacenters oferecem soluções seguras para a infraestrutura de tecnologia da informação.


Entretanto, você já analisou quais seriam as soluções em software adotadas por datacenters e
quais os sistemas operacionais mais utilizados em servidores?

Os sistemas operacionais baseados em Kernel Linux dominam a maior parte dos datacenters.
Neste Infográfico, você verá alguns motivos que podem estar relacionados a isso.
CONTEÚDO DO LIVRO

Datacenters são ambientes altamente controlados para o processamento e armazenamento de


dados. Eles devem fornecer soluções em infraestrutura para o uso de grandes empresas,
garantindo a segurança das informações armazenadas neles.

No capítulo Fundamentos de datacenters, da obra Infraestrutura de TI, você aprenderá a


reconhecer os fundamentos básicos, além dos componentes e classificações de um datacenter,
relacionando-os aos recursos computacionais.

Boa leitura.
INFRAESTRUTURA
DE TI

Diego César Batista Mariano


Fundamentos de
datacenters
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Identificar os fundamentos dos datacenters.


„„ Descrever os componentes e as classificações de datacenters.
„„ Reconhecer a relação de datacenters com sistemas operacionais, re-
cursos computacionais, redes de computadores e armazenamento.

Introdução
Datacenters, também conhecidos como centro de processamento de
dados (CPD), são ambientes especialmente projetados para alocação
de componentes eletrônicos de alto desempenho, como servidores,
roteadores, redes de área de armazenamento, etc., cuja principal função
consiste em fornecer um ambiente altamente controlado para proces-
samento e armazenamento de dados.
O uso de datacenters é essencial para empresas que precisam manter
seus sistemas com alta taxa de disponibilidade, como no caso de ser-
viços de pagamentos on-line, transações bancárias, sistemas de gestão
empresarial (ERP), entre outros (MARQUES, 2015).
Segundo Veras (2009), estima-se que boa parte das empresas norte-
-americanas de grande e médio tenham seus próprios datacenters.
Por exemplo, em 2011 a Alphabet Inc., empresa que controla o Google,
investiu quase 1 bilhão de dólares para a expansão de sua rede global
de datacenters (MILLER, 2012, documento on-line).
2 Fundamentos de datacenters

1 Bases dos datacenters

De modo geral, a infraestrutura de um datacenter deve apresentar redundância


para links de conexão com o backbone da Internet, o sistema de controle de
ar-condicionado, a segurança física de acesso aos componentes armazenados,
o combate a incêndios, a recuperação dos dados e o sistema de energia redun-
dante. Para fornecer um elevado nível quanto à disponibilidade de operação,
a construção de datacenters requer sofisticados projetos de infraestruturas,
que podem apresentar um custo elevado (FIGUEIRÊDO, 2011).

O conceito de datacenters surgiu nos anos 1960 com o mainframe IBM System 360. Main-
frames eram computadores de grande porte destinados a centralizar o gerenciamento e
o processamento de dados de uma empresa (IBM ARCHIVES..., 2003, documento on-line).

Os custos de indisponibilidade (downtime) de datacenters são complexos


de estimar — por exemplo, a bolsa de valores NASDAQ estimou uma possível
perda de até 450 mil dólares a cada hora parada caso seus sistemas entrem em
colapso (GABRIEL; COSTA, 2019). O custo de downtime implica a dificuldade
de operação do negócio caso os serviços de TI estejam indisponíveis, o que
pode acarretar (FERRIGOLO, 2001):

„„ perda de produtividade por ociosidade dos colaboradores;


„„ perda de oportunidade de negócios;
„„ perda de informações importantes;
„„ indisponibilidade no atendimento ao cliente;
„„ alto custo de intervenção técnica;
„„ risco de sofrer penalidades legais por clientes que exigirem indenizações
pela perda de lucros em virtude da indisponibilidade do sistema.

Além dos valores de aquisição, a manutenção e a operação desses equi-


pamentos apresentam altos custos, o que leva à necessidade de adotar boas
práticas para minimizar risco de perda de dados.
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2 Componentes e classificações de datacenters


Datacenters devem ser construídos em locais com baixo risco de desastres,
com estradas que proporcionem fácil acesso e próximas a concessionárias
de energia elétrica e fornecedores de conexão com o backbone da Internet.
Na escolha da localização geográfica de um datacenter, deve-se levar em
consideração até mesmo fatores muitas vezes ignorados, como proximidade
a pistas de aeroporto (em virtude de riscos de acidentes aéreos), proximidade
a rios e mares (pelo risco de inundação), além de locais com risco de desmo-
ronamento, incêndio, abalos sísmicos e tornados (ROSSI, 2012).

Componentes de um datacenter
Datacenters devem fornecer equipamentos eletrônicos para armazenamento
e processamento de um grande volume de dados, contendo de centenas a
milhares de computadores de grande desempenho destinados a realizar a
fornecer serviços preestabelecidos, fato pelo qual levam o nome de servidores.
Em geral, computadores domésticos apresentam a arquitetura de torre, na
qual a central process unit (CPU) e outros componentes ficam armazenados
em um gabinete. Contudo, servidores em datacenters são armazenados em
grandes compartimentos denominados racks (Figura 1).
Racks apresentam uma série de ventoinhas para facilitar a circulação
do ar, além de vidros em acrílico para simplificar a visualização do painel
frontal dos servidores. Em geral, racks para servidores apresentam uma lar-
gura padronizada de 19” (60 cm), e a altura e a profundidade podem variar
conforme o espaço disponível no datacenter ou a necessidade de espaço
físico dos servidores. Por exemplo, racks da WBX apresentam sete valores
de profundidades diferentes: 470, 570, 670, 770, 870, 970 e 1070 mm (RACK
PISO..., 2018, documento on-line). A altura dos racks representa a medida
usada para definir quantos servidores podem ser alocados nas gavetas medidas
em racks units (U), equivalente a 1,75 polegada (44,45 mm). Por exemplo, um
rack de 16 U tem 0,91 metro de altura, enquanto um de 44 U apresenta 2,15
metros de altura (deve-se levar em consideração que há um espaçamento extra
para os pés e as ventoinhas dos racks). A quantidade de componentes de um
servidor pode exigir um gabinete maior, ocupando, assim, mais “U” no rack,
como os servidores com placas de vídeo, que ocupam um espaço maior (4 U),
enquanto aqueles que não as dispõem podem ocupar um espaço menor (2 U).
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Figura 1. Exemplo de racks — cada um deles pode armazenar dezenas de servidores.


Fonte: Yentafern/Shutterstock.com.­­

Entretanto, não apenas computadores de alto desempenho estão presentes


em centros de processamento de dados (CPD). Para conectá-los, são necessários
diversos outros componentes, como os switches (ou comutadores de redes),
responsáveis pelo encaminhamento de pacotes entre dispositivos de uma rede e
nos quais se conecta o cabeamento que interliga os racks e os servidores. Para
facilitar a organização do cabeamento, pode-se utilizar painéis complementares
aos switches (denominados patch panels). Fisicamente, switches e patch panels
são parecidos, entretanto, enquanto os primeiros realizam o encaminhamento
de pacotes de maneira inteligente para evitar conflitos, os segundos apenas
conectam partes do cabeamento a outras. Além dos switches, roteadores de
alto desempenho utilizados em datacenters permitem o tráfego de imensas
quantidades de dados (na casa dos petabytes), fornecendo rotas robustas entre
pontos distintos (Figura 2).
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Figura 2. Roteadores de alto desempenho utilizados em datacenters.


Fonte: Maximumm/Shutterstock.com.

Armazenamento em datacenters
Datacenters devem dispor de componentes de armazenamento mais robustos, que
garantam a segurança e a integridade dos dados, como métodos de backup arma-
zenados remotamente, para que, em caso de desastres de grande proporção, cópias
dos dados possam estejam seguras em locais distantes. A infraestrutura de datacenters
conta com diversas tecnologias de armazenamento, como SAN e NAS. SAN (storage area
network) são redes privadas que conectam diversos dispositivos de armazenamento
a servidores, permitindo flexibilidade, disponibilidade e escalabilidade. Redes de
armazenamento podem utilizar discos rígidos (HD), unidades de armazenamento
sólido (SSD), armazenamento em fitas, servidores de bancos de dados, etc. Já o NAS
(network attached storage) é um dispositivo de rede para armazenamento de dados,
com um sistema próprio que possibilita a interoperabilidade de acesso, ou seja, pode
ser acessado a partir de qualquer sistema operacional. Tais equipamentos devem utilizar
tecnologias que permitam a proteção dos dados. Os servidores costumam adotar a
tecnologia redundant array of independent disks (RAID, ou, em português, conjunto
redundante de discos independentes), que utiliza recursos de componentes do har-
dware controlados via software para promover redundância de informações gravadas.
6 Fundamentos de datacenters

Existem diversas versões e implementações do RAID, sendo uma das mais comuns a
RAID-1, tecnologia que fornece o espelhamento: dado um par de HD conectados ao
mesmo computador e configurados para operar usando RAID-1, a tecnologia RAID
forneceria a imediata cópia dos dados gravados em um HD para outro; caso algum
arquivo corrompesse, haveria uma cópia de segurança na unidade de armazenamento
espelhada (RAID NÃO..., 2011, documento on-line).

Classificação ANSI/TIA/EIA-942
Com o objetivo de garantir a padronização da construção de datacenters
mais seguros, as normas internacionais ANSI/TIA/EIA-942 estipulam uma
série de medidas, classificadas em quatro camadas e denominadas Tier, cuja
certificação é fornecida pelo Uptime Institute Professional Services (MAR-
QUES, 2015). Os níveis Tier consideram os níveis de redundância adotados,
a capacidade de telecomunicação, a estrutura física e as instalações elétricas
(VERAS, 2009). No Quadro 1, são exibidas as nomenclaturas adotadas para
definições de redundâncias em datacenters.

Quadro 1. Nomenclaturas adotadas para definição de níveis de redundância em data-


centers

Classificação Descrição

N Sem redundância

N+1 Apresenta um método de redundância


(nobreak, gerador ou link)

N+2 Apresenta dois métodos de redundância

2N Redundância completa (p. ex., utiliza ao mesmo tempo


duas empresas distintas fornecedores de energia)

2(N+1) Todos os equipamentos apresentam redundância extra

Fonte: Adaptado de Marin (2011).


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Segundo Data Center... (2013, documento on-line), os quatro níveis Tier


são (Quadro 2):

1. básico;
2. componentes redundantes;
3. sistema autossustentável;
4. alta tolerância a falhas.

Quadro 2. Classificações Tier

Disponi- Downtime Componentes


Nível Descrição
bilidade (anual) redundantes

Tier 1 Básico 99,671% 28,8 h N

Tier 2 Componentes 99,749% 22 h N+1


redundantes

Tier 3 Sistema 99,982% 1,6 h N+1


autossustentado

Tier 4 Alta tolerância 99,995% 0,4 h 2(N+1)


a falhas

Fonte: Adaptado de Data Center... (2013).

O Tier 1, considerado o nível básico, exige que os datacenters tenham


uma disponibilidade mínima de 99,671% ao ano, limitando o downtime a no
máximo 28,8 horas. Para serem certificados com o Tier 1, os datacenters não
precisam apresentar rotas de redundância, sendo mais suscetíveis a interrupções
de energia elétrica ou falta de conectividade com a rede de telecomunicações
(MARQUES, 2015).
Para a certificação de componentes redundantes Tier 2, os datacenters
devem apresentar uma indisponibilidade máxima de 22 horas anualmente,
ou seja, 99,749% de disponibilidade. A regra Tier 2 deve cumprir todos os
requisitos do Tier 1, além de exigir componentes redundantes N+1, apresen-
tando redundância para serviços de rede elétrica e conexão de rede, bem como
um sistema de controle de ar-condicionado ininterrupto (MARQUES, 2015).
O Tier 3 (sistema autossustentado) requer uma indisponibilidade máxima
de 1,6 hora (99,982% de disponibilidade), exigindo todos os requisitos dos Tier
8 Fundamentos de datacenters

1 e 2, além de uma redundância N+1, em que os datacenters são atendidos por


pelo menos duas operadoras de telecomunicações diferentes, e uma redundância
nos sistemas elétricos (com nobreaks e geradores), nos sistemas de proteção
contra incêndio e nos sistemas de refrigeração. Ainda, os dados armazenados
precisam ter cópias de segurança, denominadas backups (MARQUES, 2015).
Por fim, o Tier 4 deve ser adotado em casos extremos, uma vez que requer
um alto investimento para suprir o nível de redundância necessário para
fornecer uma alta tolerância a falhas, atendendo a todos os requisitos dos
Tier 1 a 3. O nível de redundância é o 2(N+1), com downtime máximo de
0,4 hora por ano (ou seja, 99,995% de disponibilidade). Para isso, no Tier 4 até
mesmo o cabeamento backbone precisa apresentar redundância. O sistema de
energia deve ter fornecedores distintos provindos de diferentes concessionárias
de energia, além de ser protegido por nobreaks e geradores. Temperatura e
umidade do ar precisam ser controlados por sistemas com vários conjuntos
de ar-condicionados (MARQUES, 2015).

Características do projeto de um datacenter

Piso elevado

Para facilitar a distribuição do cabeamento e a circulação de ar em um data-


center, recomenda-se que os servidores sejam alocados sobre piso elevado,
cujo tamanho pode variar de acordo com a necessidade — indica-se que ele
esteja a no mínimo 15 cm do chão ou 30 cm caso seja utilizada refrigeração
abaixo do piso. Entretanto, ao aplicar piso elevado, a norma TIA 942 aponta
que a distância do piso ao teto deve ser de no mínimo 2,6 m (ROSSI, 2012).
Deve-se, ainda, realizar aterramento da estrutura que compõe o piso para evitar
que o acúmulo de energia estática danifique os equipamentos (MARIN, 2011).

Sistema de refrigeração

Os equipamentos alocados em datacenter consomem energia elétrica transfor-


mada em calor que, por sua vez, precisa ser removido do ambiente (MARIN,
2011). Uma má gestão da refrigeração e da umidade em datacenters pode
causar diversos danos aos componentes eletrônicos, como no caso dos discos
rígidos, que tendem a apresentar problemas de leitura e gravação em tempo
menor do que o esperado quando submetidos a altas cargas de trabalho em
ambientes de altas temperaturas. Portanto, conclui-se que a temperatura e
a umidade de CPD devem ser rigidamente controladas (ROSSI, 2012).
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Com o objetivo de padronizar regras para manter a integridade de


componentes eletrônicos em datacenters, a American Society of Heating,
Refrigerating and Air-Conditioning Engineers (ASHRAE, ou, em portu-
guês, Sociedade Americana de Engenheiros de Aquecimento, Refrigeração e
Ar-Condicionado) propôs recomendações para gestão de temperatura e umi-
dade em datacenters (Quadro 3).

Quadro 3. Recomendações e especificações para gestão de umidade relativa e tempera-


tura em datacenters propostos pela ASHRAE

Temperatura Temperatura Umidade Umidade


(permitida) (recomendada) (permitida) (recomendada)

15 a 32,2 ºC 20 a 25 ºC 20 a 80% 40 a 55%

Fonte: Adaptado de Beaty (2016).

Gestão de energia em datacenters

O sistema elétrico de um datacenter deve operar de forma ininterrupta, fato


pelo qual é denominado uninterruptible power supply (UPS). Logo, a ausência
de energia representa um estado crítico, tornando-se necessário um planeja-
mento para controle de danos.
Sugere-se que servidores sejam conectados a nobreaks: dispositivos que
armazenam energia capazes de manter os servidores ligados por determinado
período. Além disso, datacenters devem dispor de sistemas que garantam o
funcionamento em períodos maiores, como geradores de energia que operam
por meio de combustíveis fósseis. Em um datacenter de alta demanda, quando
de uma falha crítica no fornecimento de energia, os nobreaks devem manter
os servidores em funcionamento pelo menos até que os geradores estejam
operantes (uma vez que geradores levam alguns minutos para entrar em ope-
ração). O fornecimento de energia por fontes secundárias deve ser mantido
até que a concessionária de energia principal volte a operar, mesmo que isso
demore alguns dias.
Outra tecnologia passível de aplicar em um servidor em um datacenter é
o padrão wake-on-lan (“acordar na rede”) — um dispositivo com o padrão
wake-on-lan ativado deve ligar automaticamente por uma mensagem de rede.
10 Fundamentos de datacenters

Entretanto, o desligamento de servidores por falta de energia em um datacenter


corresponde a um estado crítico a ser evitado a todo custo.

Segurança

Datacenters devem apresentar salas protegidas contra possíveis danos e


catástrofes (também conhecidas como salas-cofre), cujo acesso precisa ser
restrito a pessoal autorizado, e um sistema de proteção contra incêndios. Para
representar a alocação de componentes em um datacenter, podemos dividi-lo
em cinco regiões (Quadro 4):

1. EDA, área de distribuição de equipamentos;


2. ER, sala de entrada;
3. HDA, área de distribuição horizontal;
4. MDA, área de distribuição principal;
5. ZDA, área de distribuição da zona.

Quadro 4. As cinco áreas de um datacenter

Sigla Significado Definição

EDA Equipment Área de distribuição de equipamentos; sala onde


distribution area ficam localizados racks com servidores e unidades
de armazenamento

ER Entrace room Sala de entrada, na qual ocorre a ligação do


cabeamento do datacenter com a rede de
telecomunicações

HDA Horizontal Área de distribuição horizontal, reservada para


distribution area equipamentos como switches LAN, SAN e KVM
(keyboard, video e mouse).

MDA Main Área de distribuição principal, na qual se localizam


distribution area roteadores e o cabeamento de backbone

ZDA Zone Área de distribuição da zona; setor opcional entre as


distribution area áreas de distribuição horizontal (HDA) e de distribui-
ção de equipamentos (EDA)

Fonte: Adaptado de Rossi (2013).


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Na Figura 3, é possível ver a distribuição dessas regiões em um datacenter.


O cabeamento oriundo da rede energética e da rede de comunicação é recebido
na sala de entrada (ER). O cabeamento backbone é levado até a MDA, onde
se encontram roteadores e switches, ponto a partir do qual será distribuído
aos outros switches e patch panels alocados na HDA. Servidores e unidades
de armazenamento ficam alocados na EDA.

Figura 3. Exemplo da estrutura de um datacenter, com base no padrão desenvolvido pelo


grupo Furukawa.
Fonte: Adaptada de Rossi (2013).

É importante ressaltar que a área destinada aos equipamentos deve ser


isolada da área reservada aos funcionários, assim como isolada a áreas que
exigem uma maior quantidade de acessos, como a sala de telecomunicações.
O gerenciamento do CPD é preferencialmente realizado de maneira remota,
uma vez que o acesso de pessoal à sala de equipamentos pode representar um
risco ao funcionamento.
12 Fundamentos de datacenters

3 Sistemas operacionais, recursos de


processamento e redes em datacenters
No modelo de infraestrutura de tecnologia de informação (TI) proposto por
Laan (2011), os datacenters constituem a base para instalação dos componentes
de hardware (Figura 4). Nos datacenters, devem ficar alocados os servidores,
conectados a partir de uma rede, e os dispositivos de armazenamento. Os sis-
temas de virtualização permitem que os servidores físicos sejam divididos em
servidores virtuais, capazes de receber distintos sistemas operacionais. Ainda
fazem parte do modelo de infraestrutura de TI os dispositivos de usuários
finais, utilizados para acessar os servidores do datacenter.

Figura 4. Importância dos datacenters no modelo de infraestrutura de TI.


Fonte: Adaptada de Laan (2017).
Fundamentos de datacenters 13

A infraestrutura proposta por datacenters fornece um ambiente propício


para que componentes eletrônicos operem em todo o seu potencial. O aumento
da capacidade de processamento dos componentes modernos tem levado ao
superaquecimento desses componentes, o que reduz a sua vida útil e exige uma
refrigeração maior. Concentrar componentes de hardware em um único local
facilita que um sistema de refrigeração único mantenha todos os dispositivos
sob uma mesma condição.
Ao restringirem o acesso à sala onde os componentes estão alocados, os
datacenters reduzem o risco de os dispositivos serem danificados por erro
humano, além de protegê-los de outros possíveis riscos. Entretanto, para que
datacenters sejam acessados remotamente, é necessário que sejam ligados
a robustas e redundantes conexões de rede. Servidores indisponíveis em
datacenters podem representar graves problema para empresas, causando
prejuízos inestimáveis.
Além disso, a alocação física de servidores em um mesmo local possibilita
que eles trabalhem em conjunto, como clusters: nos clusters multicompu-
tadores, uma série de distintas máquinas pode processar dados de maneira
homogênea, como se fossem um único dispositivo de alto poder computacional.
Para que eles operem de modo eficaz, devem ser conectados em redes de alto
desempenho, uma vez que requerem um alto nível de comunicação. O ambiente
de um datacenter é propício a isso, já que as máquinas estão localizadas
próximas entre si, sendo expostas às mesmas condições.
Ainda, os datacenters podem fornecer acesso virtualizado, permitindo a
instalação e a utilização de múltiplos sistemas operacionais, os quais, nesse
caso, apresentam certas diferenças em relação a sistemas operacionais dedi-
cados ao usuário final, visto precisarem fornecer nativamente drivers para
componentes de hardware de alto desempenho. Além disso, interfaces gráficas
não têm grande importância para esses sistemas operacionais, uma vez que a
maior parte do acesso se dá remotamente, como o sistema operacional base-
ado em kernel Linux Ubuntu Server, que não oferece uma interface gráfica,
sendo acessado principalmente por linha de comando. Entretanto, alguns
sistemas operacionais fornecem interfaces gráficas além do acesso por linha
de comando, por exemplo, aqueles baseados em Windows Server. Sistemas
operacionais baseados em Linux dominam a maior parte dos datacenters em
virtude de sua robustez, ampla compatibilidade e estabilidade, além do fato
de muitas distribuições serem gratuitas e de código-fonte aberto.
14 Fundamentos de datacenters

DATA CENTER Solutions. Lautan Kencana, Jakarta, 2013. Disponível em: http://lautanken-
cana.com/data-center-solutions. Acesso em: 17 jan. 2020.
FERRIGOLO, R. M. O custo do downtime. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CUSTOS, 8.,
2001, São Leopoldo. Anais […]. São Leopoldo: Anfiteatro Pe. Werner, Universidade do
Vale do Rio dos Sinos, 2001. Disponível em: https://anaiscbc.emnuvens.com.br/anais/
article/view/2927. Acesso em: 17 jan. 2020.
FIGUEIRÊDO, J. J. C. Análise de dependabilidade de sistemas data center baseada em
índices de importância. Orientador: Paulo Romero Martins Maciel. 2011. 103 f. Disser-
tação (Mestrado em Ciência da Computação) – Centro de Informática, Universidade
Federal de Pernambuco, Recife, 2011. Disponível em: https://repositorio.ufpe.br/han-
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GABRIEL, A. F.; COSTA, M. A. Data Center II: Sistema de Detecção, Alarme e Combate a
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LAAN, S. IT infrastructure architecture: infrastructure building blocks and concepts. 3. ed.
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MARIN, P. S. Data centers: desvendando cada passo: conceitos, projeto, infraestrutura
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MARQUES, M. R. Estudo de caso: gerenciamento de um projeto de datacenter com as
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Acesso em: 17 jan. 2020.
Fundamentos de datacenters 15

ROSSI, F. Data Center I: Classificações e Normas de Data Centers. Teleco Inteligência em


Telecomunicações, São José dos Campos, 11 fev. 2013. Disponível em: https://www.
teleco.com.br/tutoriais/tutorialdcseg1/pagina_2.asp. Acesso em: 17 jan. 2020.
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Piccolo de Matos. 2012. 47 f. Monografia (Bacharelado em Engenharia da Computação)
– Universidade São Francisco, Itatiba, 2012. Disponível em: http://lyceumonline.usf.edu.
br/salavirtual/documentos/2374.pdf. Acesso em: 17 jan. 2020.
VERAS, M. Datacenter: componente central da infraestrutura de TI. Rio de Janeiro:
Brasport, 2009. 376 p.

Leitura recomendada
O QUE é um Data Center? TeleCorp, Curitiba, 2018. Disponível em: https://www.telecorp.
com.br/glossario/data-center/. Acesso em: 17 jan. 2020.

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entanto, pelo fato de a rede ser extremamente dinâmica e suas páginas estarem
constantemente mudando de local e conteúdo, os editores declaram não ter qualquer
responsabilidade sobre a qualidade, a precisão ou a integralidade das informações
referidas em tais links.
DICA DO PROFESSOR

Datacenters demandam métodos de armazenamento de dados robustos, que asseguram a


segurança e facilidade de acesso. Nesta Dica do Professor, você descobrirá quais são as soluções
de armazenamento em datacenters e descobrirá um pouco mais sobre a gravação em fita.

Você irá aprender também sobre a tecnologia SAN (Storage Area Network, ou rede de área de
armazenamento), que constitui um array de dispositivos de armazenamento agrupados em uma
só rede. Eles estão presentes em datacenters de grande porte e são responsáveis por formar a
rede de acesso a dados armazenados nos servidores storage.

Dentro das redes SAN podem estar presentes dispositivos de armazenamento do tipo NAS. Os
dispositivos NAS (Network Attached Storage, ou armazenamento conectado à rede) permitem
que o armazenamento de dados permaneça centralizado em uma rede de computadores. Veja a
seguir:

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

EXERCÍCIOS

1) As normas internacionais ANSI/TIA/EIA-942 estipulam uma série de medidas


classificadas em quatro níveis denominados de TIERs. Os níveis TIER levam em
consideração: redundância, telecomunicação, arquitetura, estrutura, instalações
elétricas e mecânica.

Assinale abaixo a alternativa que apresenta as normas TIER, que pedem um nível de
redundância igual ou superior a N+1.

A) TIER 1 e TIER 2.

B) TIER 2, TIER 3 e TIER 4.

C) TIER 1, TIER 2 e TIER 3.


D) TIER 4.

E) TIER 2.

2) Datacenters são a base do modelo de infraestrutura em TI. Eles devem fornecer uma
série de facilidades para alocação de componentes de hardware, como, por exemplo, o
sistema de refrigeração, abastecimento energético, prevenção contra incêndios, além
de toda a estrutura física para armazenamento dos equipamentos eletrônicos.

São componentes do modelo de infraestrutura, além dos datacenters:

A) Cabeamento backbone, armazenamento, sistemas de virtualização, sala reservada a


técnicos.

B) Servidores, cabeamento, teto rebaixado, sistemas operacionais e servidores de usuário


final.

C) Servidores, redes, armazenamento, sistemas de virtualização, sistemas operacionais,


dispositivos do usuário final.

D) Sistema energético, cabeamento, servidores remotos, piso sustentável e usuários finais.

E) Servidores, cabeamento de rede, sistema de armazenamento, sistemas operacionais e


usuário final.

3) A temperatura e a umidade de salas em datacenters precisam ser estritamente


controladas. Os problemas com a refrigeração do local são responsáveis por danos
em componentes eletrônicos. A Sociedade Americana de Engenheiros de
Climatização (ASHRAE) propõe uma série de especificações de temperatura e
umidade para datacenters.

Segundo as especificações para classe 1, quais são as faixas de temperatura e umidade


recomendadas para datacenters, respectivamente?
A) 15-32,2oC / 20-80%

B) 20-25oC / 40-55%

C) 15-32,2oC / 40-55%

D) 20-25oC / 20-80%

E) 15oC / 55%

4) O sistema elétrico de um datacenter deve operar de forma ininterrupta; por esse


motivo é denominado de UPS (Uninterruptible Power Supply, ou sistema
ininterrupto de energia).

São dispositivos utilizados para manter o funcionamento da rede em caso de imediata


queda de energia:

A) Geradores elétricos.

B) Wake-on-lan.

C) Nobreaks.

D) Geradores a combustível.

E) Rede secundária.

5) Datacenters devem possuir salas protegidas contra possíveis danos e catástrofes. Por
conta disso, o acesso a essa sala deve ser restrito ao pessoal autorizado, além de
necessitar de um sistema para prevenção de incêndios. Para uma melhor
representação da sala de um centro de processamento de dados (CPD) podemos
dividi-la em cinco partes: EDA, ER, HDA, MDA e ZDA.
São áreas destinadas à alocação de servidores:

A) EDA.

B) ER.

C) HDA.

D) MDA.

E) ZDA.

NA PRÁTICA

As grandes empresas de telecomunicação necessitam de soluções robustas em infraestrutura de


tecnologia da informação. Esse fato ocorre devido à necessidade de armazenar um grande
volume de dados, os quais precisam ser rapidamente acessados sempre que necessário.

A TVCOM, um pequeno operador brasileiro de televisão a cabo e via Internet, decidiu iniciar
um projeto para construção de um novo datacenter para armazenamento de conteúdo. A
TVCOM armazena centenas de horas de programas gravados em vídeo.

José foi contratado para analista de TI pela TVCOM e exerce a função de levantar os requisitos
para construção desse datacenter. Neste Na Prática, você verá quais equipamentos José sugeriu
para o projeto.

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SAIBA +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Sistema Tier Classification

Neste artigo, você conhecerá mais sobre o padrão do Sistema Tier Classification, desenvolvido
pelo Uptime Institute. O padrão TIER permite avaliar efetivamente a infraestrutura de
datacenters baseando-se no tempo de funcionamento e no desempenho esperado da
infraestrutura.

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Computação em nuvem: principais serviços e implementações

Neste artigo, você aprenderá características, arquiteturas e modelos de implementação de


computação nas nuvens. O texto também aborda as diferenças da adoção de computação nas
nuvens em comparação com a administração de datacenters locais.

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Você sabe o que é e como funciona um datacenter?

Neste vídeo, você aprenderá o que é e como funcionam os datacenters. Confira:

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