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As aventuras de Sullivan: em busca do

queijo eterno
Dedico a meu filho, lembrando-

lhe que através da imaginação

podemos construir mundos

mágicos!
As aventuras de Sullivan: em busca do queijo eterno

Capítulo 1 - A lenda do queijo eterno

Sullivan é um ratinho muito corajoso. Ele mora na tribo Catita 1 e tem 47

irmãos, sendo ele o filho mais novo de dona Josefina e de seu Antenor. Sullivan

anda muito preocupado com a fome que está assolando a sua terra, pois as

plantações de grãos não resultaram em colheita alguma, visto que há quase um ano

que não chovia por lá.

Querendo ajudar de alguma forma, Sullivan decide ir à biblioteca da tribo para

buscar formas de vencer a fome. Ele leu sobre agricultura, astronomia, geologia,

previsão do tempo, física, entre outras coisas, mas, o que realmente chamou a sua

atenção foi um livro sobre lendas da tribo Catita. Neste livro ele leu sobre um queijo

mágico que, ao ter retirado um pedaço, este pedaço voltava a surgir, tornando este

queijo um alimento infinito.

Quando leu sobre esta lenda, Sullivan procurou outros livros para conhecê-la

melhor. Ele anotou tudo o que leu e resolveu investigar para saber se era lenda ou

se era verdade. Nisto, Sullivan encontrou uma grande dificuldade: como saber se a

lenda era real? Quem poderia auxiliá-lo a obter esta resposta?

Sullivan volta para casa e fica dois dias muito pensativo. Sua mãe,

percebendo que algo incomodava o ratinho, vai falar com ele:

- Sullivan - fala dona Josefina.

- Oi mãe - diz Sullivan. O que a senhora quer?

- Eu quero saber o que te incomoda - responde a preocupada mãe do ratinho.

1
- catita é o nome popular de ratos pequenos, daqueles que são mais comuns de ser
encontrados nas residências.
- Eu tô preocupado com a fome em nossa tribo. Eu li algo que pode ser a solução do

nosso problema, mas quero saber se é verdade.

- O que você leu?

- Eu li sobre a lenda do queijo eterno. Quero saber se ele existe mesmo.

Dona Josefina para um pouco e fica pensativa. Em seguida, ela faz cara de

quem lembrou algo e fala para Sullivan:

- Eu já ouvi falar desta lenda. Estava querendo lembrar quem me falou e agora

lembrei: foi o professor Baltazar!

- Professor Baltazar? - pergunta o jovem rato. É aquele rato velho que gosta muito

de conversar e que está sempre lendo um livro na praça?

- Este mesmo - confirma a sua mãe. Se alguém pode confirmar a existência deste

queijo, este alguém é ele!

Sullivan fica feliz com a informação dada pela mãe e decide ir para a praça

falar com o velho professor. Quando estava abrindo a porta para procurá-lo na

praça, sua mãe fala:

- Meu filho, você já viu que horas são agora?

O valente e curioso catita olha para o relógio e percebe que já são quase

onze horas da noite. Ele fecha a porta e decide conversar com o professor no dia

seguinte.

Capítulo 2 - O encontro na praça

Sullivan estava tão ansioso para encontrar com o professor Baltazar que nem

conseguiu dormir. Ele deitou, rolou de um lado para o outro, mas acabou levantando

e foi ler as suas anotações sobre o queijo eterno. Estava tão entretido na leitura que

nem percebeu que o Sol já tinha aparecido, o galo já tinha cantado e que a sua mãe
já havia preparado o café da manhã. Ela havia feito o prato favorito dele: biscoito

com queijo assado! Neste momento a sua mãe lhe chama:

- Sullivan, hora de levantar! O café está na mesa!

Sullivan corre para a mesa, pega um biscoito e um pedaço de queijo, enfia os

dois na boca e vai em direção à porta. Dona Josefina, espantada, pergunta:

- Para onde vai com tanta pressa?

- Vou procurar o professor Baltazar - responde o apressado ratinho.

- Calma aí! - fala rispidamente a sua mãe. Coma direito e vá escovar os dentes!

Ninguém merece falar com alguém que acordou e não escovou os dentes, não é?

Mesmo contrariado, Sullivan senta, come mais uns 43 biscoitos e algumas

fatias de queijo, pede licença à sua mãe e vai em direção ao banheiro.

- Para onde o mocinho pensa que vai? - pergunta dona Josefina.

- Vou escovar os dentes - responde prontamente Sullivan.

- Não está esquecendo nada?

Sullivan percebe que deixou o prato sujo na mesa. Ele volta, pega o prato e o

lava. Em seguida, olha para a mãe e diz:

- Vou escovar os dentes e sair para procurar o professor.

- Pode ir agora - fala a mãe com um sorriso nos lábios.

Sullivan escova os dentes, lava o rosto e corre para a praça. Chegando na

praça ele olha para um lado e para o outro e não encontra o professor.

- Bom dia! - fala Sullivan com um taxista da praça.

- Bom dia! - responde o taxista.

- O senhor conhece o professor Baltazar?

- Claro que sim! Quem da tribo Catita não o conhece?

- O senhor sabe onde ele está?


- Ele foi para o protético, pois os seus dentes incisivos superiores caíram. Eu mesmo

o levei.

- Caíram logo os dentes da frente? Nossa, não dá para imaginar um rato sem eles!

- Pois é...

Neste momento o telefone do taxista toca e ele fala rapidamente e desliga.

Quando vai entrar no carro, ele vira para Sullivan e fala:

- Era o professor. Vou pegá-lo agora. Ele estará aqui em 10 minutos.

Sullivan aguarda ansioso. Os 10 minutos pareceram uma eternidade. Quando

já estava quase comendo os dedos, pois as suas unhas já haviam sido roídas, ele

vê o táxi retornando à praça. Ele olha para o táxi e vê o professor Baltazar. Ele

aguarda o velho rato sair do carro e sentar no seu banco preferido, quando, então,

vai até lá e pergunta:

- Professor Baltazar?

Capítulo 3 - A lenda não é lenda!

O velho rato olha para o lado e vê um jovem rato que lhe parece ser um rato

cheio de virtudes. O professor fala:

- Sou eu mesmo! Posso lhe ajudar em alguma coisa?

Sem a menor cerimônia, Sullivan senta no banco, ao lado do professor e

começa a falar:

- Meu nome é Sullivan e estou preocupado com a fome em nossa tribo. Eu pesquisei

muito e li sobre a lenda do queijo eterno. Minha mãe falou que se alguém saberia

algo sobre esta lenda, este alguém é o senhor. É verdadeira esta lenda?

O professor olha admirado para o ratinho curioso e inteligente e lhe responde:


- Lenda é algo que não existe, que as pessoas criam para passar valores, lições de

moral ou mesmo para despertar a curiosidade dos outros. Sendo lenda, lenda

mesmo, por mais que se queira saber algo a mais, em termos de história,

arqueologia, etc. não se provará nada.

- Então o queijo eterno não existe? - pergunta Sullivan, interrompendo o professor

Baltazar.

- Eu não disse isto! Eu ia falar, se você não tivesse me interrompido, que o queijo

eterno não é lenda, pois ele já foi visto e isto está registrado nos livros antigos que

relatam o passado de nosso povo.

- Então o queijo eterno existe! Que legal! Eu vou poder ajudar a acabar com a fome

da nossa tribo! Onde está este queijo, professor?

- Calma, meu filho. O queijo eterno pertencia à nossa tribo desde que ela foi

fundada, há mais de 300 anos! Nos registros das primeiras décadas da tribo Catita,

sempre havia relato do queijo eterno.

- Havia? O que aconteceu com o queijo? Onde ele está agora?

- Onde ele está agora eu não sei informar. A última coisa que li sobre ele foi escrito

há cerca de 150 anos.

- Será que o queijo eterno não era eterno e acabou?

O professor olha para Sullivan por cima dos óculos e diz:

- Não, o queijo é eterno mesmo. Ele durou mais de 100 anos em nossa tribo e

sempre que um pedaço era retirado, o queijo voltava a se completar.

- Então, como ele desapareceu? - questionou Sullivan.

- Ele não desapareceu. Ele foi roubado!

- Roubado? Quem fez isto?


- A tribo Gabiru2.

- Tribo Gabiru? Que tribo é esta que eu nunca ouvi falar? Conheço a tribo Cobaia 3 e

a tribo Timbu4, mas a Gabiru eu não conheço.

- A tribo Gabiru era uma tribo de ratos grandes e perigosos. Eram ratos imundos e

que dominaram esta região há cerca de 200 anos atrás. Depois do roubo do queijo

eterno, nunca mais se teve notícias desta tribo.

- Me fala mais sobre esta tribo, pois, se o queijo existir mesmo, eu vou encontrá-lo e

trazer de volta para a nossa tribo. A fome vai ter fim!

- Filho, você é muito corajoso e determinado. O queijo eterno e a própria tribo Gabiru

sumiram há muito tempo. Nunca mais se teve notícias de nenhum destes. O que eu

sei é que os gabirus viviam em locais sujos e com muita água.

- Tem um pântano fedorento a leste daqui. Eu vi isto em um mapa! Se a tribo Gabiru

ainda existe, eles devem morar por lá.

Capítulo 4 - A grande aventura

Sullivan ficou muito feliz e cheio de esperanças ao saber que o local em que a

tribo Gabiru vivia era parecido com um local que ele sabia existir e sabia até onde

era, pois tinha visto no mapa. Notando a alegria do jovem rato, o professor Baltazar

fez o seguinte alerta:

- Meu caro Sullivan, é melhor você ir com calma. Eu também sei da existência deste

pântano, mas, você sabe o que tem que passar para chegar lá?

2
- Gabiru é como é chamado o rato que é bem grande e vive, normalmente, em esgotos.
3
- Cobaia é um roedor que é muito utilizado para experimentos em laboratórios. Não é um
rato e não é branco.
4
- Timbu é um animal que parece com um rato, só que mais comprido, mas não é roedor e
sim um marsupial (daqueles animais que tem uma bolsa na barriga, como o canguru). É
chamado também de mucura, cassaco ou gambá.
Sullivan olhou assustado para o professor e ficou calado. Nisto o professor

continuou:

- Para chegar no pântano só tem um caminho. Outros ratos valentes já quiseram ir

até lá para procurar o queijo eterno, mas desistiram ao descobrir que teriam que

passar pelo Grande Lago, pelo Vale das Cobras e pelo temido Vale dos Gatos!

- Eu não acredito - fala Sullivan desanimadamente - tem que passar pelo Vale dos

Gatos? Nenhum rato que foi até lá conseguiu voltar! Todos eles morreram!

Acontece um longo período de silêncio, quando Sullivan fala:

- Mesmo que tenha que passar pelo Vale dos Gatos, eu vou! Não posso deixar meus

amigos e parentes morrerem de fome ou terem que deixar a tribo Catita para poder

sobreviver. Se existe uma esperança, mesmo que esta seja bem pequena, eu vou

persegui-la.

Então, ele se levanta, agradece ao professor Baltazar pelas informações e

decide fazer os preparativos para a aventura. Mas, uma aventura deste tipo não

seria possível se viver sozinho. Sullivan sabe disto e pensa no mesmo instante nos

seus amigos inseparáveis Valério, Apolônio e Max.

Sullivan combina um encontro com seus três amigos. Quando todos estão

reunidos, conversando animadamente, Sullivan fala:

- Meus amigos, estou muito preocupado com a fome em nossa tribo.

Os seus três amigos, que também estavam preocupados, balançam a cabeça

concordando com Sullivan e prestam muita atenção ao que ele fala. Sullivan

continua:

- Eu andei sumido nestes dias porque estava pesquisando uma forma de ajudar a

tribo e, enfim, encontrei. Mas para que isto ocorra, preciso da ajuda de vocês três.
Valério, Apolônio e Max ficam felizes com a notícia e Max, o mais corajoso

dos quatro amigos, fala:

- Que bom! Faremos o que for preciso para ajudar a tribo, não é amigos? - fala

olhando para Valério e Apolônio.

- Claro que sim! - concordam os outros dois ratinhos.

- Fico feliz em saber disto - diz Sullivan com um sorriso de alívio. O que temos que

fazer para ajudar a tribo vai ser uma grande aventura, uma verdadeira epopeia 5 em

busca do queijo eterno.

Nisto Valério fala:

- Queijo eterno? Eu já ouvi falar dele, mas sempre pensei que fosse apenas uma

lenda.

- Não é lenda não! - responde Sullivan. Ele está registrado nos documentos mais

antigos da nossa tribo.

- Que aventura é esta que você falou? - pergunta com voz trêmula o medroso

Apolônio - Onde é que está este queijo?

Os três amigos ficam estáticos olhando pra Sullivan e ele responde:

- Está com a tribo Gabiru, que deve morar no pântano que fica a poucos dias de

viagem daqui, logo após o Vale das Cobras, o Grande Lago e o temível Vale dos

Gatos.

Max, Apolônio e Valério arregalam os olhos e ficam olhando um para o outro.

Max, então, fala:

- Se existe esta possibilidade, eu vou atrás dela! Melhor morrer tentando salvar a

tribo que ficar aqui parado e morrer de fome. Apolônio e Valério, vocês vêm

conosco?

5
- aventura fabulosa
Valério confirma imediatamente e Apolônio, embora com muito medo, após os

olhares dos seus amigos fazerem enorme pressão sobre ele, também confirma que

vai. Os quatro amigos decidem arrumar as mochilas e partir no outro dia, antes

mesmo do Sol nascer.

Capítulo 5 - O início da jornada

No outro dia, quando ainda estava escuro, os quatro ratinhos se reuniram na

praça e estão prontos para a perigosa jornada. Cada um estava com a sua mochila,

na qual levavam roupas, comida, cobertor, bússola, lanternas, etc. Eles começam a

caminhar, quando escutam um grito:

- Esperem!

Eles se assustam e viram para ver quem os havia chamado. Como estava

escuro, eles não conseguiram identificar o autor do grito. Quando o rato que gritou

chegou mais perto, os amigos puderam ver quem era:

- Professor Baltazar? - falou Sullivan, extremamente surpreso.

- Eu não posso ir com vocês, mas quero ajudá-los - falou o sábio professor. Eu vim

trazer um mapa que leva para o local onde o lago tem as margens mais próximas,

sendo mais fácil a sua travessia.

- Obrigado professor - agradece Sullivan - com certeza este mapa será muito útil!

- Mas não é só isto - completa o professor - eu também trouxe o queijo da coragem.

- Queijo da coragem? - perguntam os quatro amigos, ao mesmo tempo.

- Isto mesmo - responde o professor. Este queijo, tal como o queijo eterno, também

é um queijo mágico, só que o queijo da coragem acaba, mas faz o rato perder

totalmente o medo. Só o comam quando for extremamente necessário, pois só

tenho este pequeno pedaço.


Eles agradecem ao professor e se despedem dele. Valério pega o queijo da

coragem e o guarda em sua bolsa. Os ratinhos, após isto, iniciam a longa

caminhada. Já estava claro quando eles saem da tribo. Eles caminham durante toda

a manhã e, quando o Sol já estava bem alto e eles bastante cansados, decidem

descansar. Neste momento Apolônio diz:

- Tô muito cansado! Vamos sentar embaixo daquela árvore - fala apontando para

uma árvore que estava um pouco mais à frente deles.

- Vamos - concorda Max - precisamos nos alimentar e descansar um pouco, pois a

jornada é muito longa.

Os amigos vão para a sombra da frondosa árvore. Lá eles se alimentam e

descansam um pouco, quando Apolônio fala:

- Eu vi as folhas da árvores se mexendo!

Max, Sullivan e Valério olham para onde ele falou que havia mexido e Valério

fala:

- Deve ter sido o vento! Deixa de ser medroso!

Mal Valério termina de falar e as folhas da árvore se movem novamente.

- Eu disse que as folhas se mexeram! Elas mexeram agora e não estava ventando!

Os quatro amigos ficam estáticos, olhando para as folhas, quando, de

repente, uma enorme cobra aparece e dá um bote na direção dos ratinhos. Por

sorte, eles conseguiram pular antes da cobra chegar ao chão e escapam. Sullivan

então grita:

- Vamos fugir!

Os quatro amigos começam a correr e, enquanto correm, percebem que

haviam muitas cobras que estavam indo na direção deles e eles não tinham

percebido antes.
- Onde é que estamos? - pergunta Max. Nunca vi tantas cobras juntas!

- Sei não - responde Apolônio - mas é melhor corrermos mais se quisermos sair

daqui vivos!

- Este deve ser o Vale das Cobras - comenta Sullivan.

- É melhor a gente calar a boca e correr - reclama Valério.

Os ratinhos se calam e correm desesperadamente. Aos poucos eles vão se

afastando das cobras e, após alguns minutos correndo mais que os quenianos6, eles

não conseguem visualizar mais nenhuma cobra. Neste instante Sullivan fala:

- Vamos parar um pouco! Estou morto de cansado!

Os ratinhos param de correr e observam tudo ao seu redor com muito

cuidado. Eles não veem mais cobra alguma, mesmo assim, eles decidem continuar

andando rápido, para se afastarem cada vez mais das cobras, quando Valério fala:

- Olhem! - fala enquanto aponta para a frente.

Capítulo 6 - A imensidão verde

Apolônio, Max e Sullivan olham para onde Valério aponta e observam, bem

longe, uma linha esverdeada no horizonte.

- O que é aquilo? - pergunta o medroso Apolônio.

- Deve ser o Grande Lago - responde Sullivan, sem titubear.

Os quatro ratinhos ficam felizes ao verem o lago, pois sabiam que estavam

indo no caminho correto. Embora felizes por estarem alcançando uma outra etapa

da jornada, os ratinhos estavam com muito medo, pois não sabiam o que esperava

por eles mais à frente. Max, o destemido, comenta:

6
- pessoas que nasceram no Quênia, país africano. Os quenianos são conhecidos por
terem excelentes resultados em provas de corrida, especialmente nas maratonas (provas
com extensão de 42,195 km).
- Seria muito bom que nós fôssemos diretamente para o local onde as margens do

lago ficam mais próximas. Isto ia facilitar bastante a nossa travessia.

- É só a gente procurar a Pedra do Rato - fala Sullivan.

- Pedra do Rato? - perguntam Apolônio, Max e Valério, em uníssono.

- Sim - responde Sullivan - o professor Baltazar comentou comigo, durante as

nossas conversas, que o local onde é menor a área do lago que temos que

atravessar, tem uma pedra que parece um rato. É só nós procurarmos esta pedra

para a gente saber que estamos no local em que o lago é mais estreito.

- Até o momento que as cobras apareceram, nós estávamos na direção correta, de

acordo com a bússola e o mapa - afirma Valério, procurando a bússola em sua

mochila. Espero que durante a nossa corrida não tenhamos nos desviado da rota

correta!

Valério encontra a bússola e a pega. Após observá-la bem, olha para os

amigos, aponta para a direção nordeste e diz:

- Temos que ir nesta direção. É melhor irmos depressa, pois, daqui a pouco vai

escurecer.

Os quatro amigos vão na direção apontada por Valério. Eles caminham

rapidamente, pois não sabiam exatamente a que distância a margem do lago estava

deles. Eles sabiam que não daria para atravessar o lago neste mesmo dia e que

teriam que procurar um local seguro para passarem a noite. Os amigos continuam

caminhando rapidamente, mas, mesmo assim a noite se aproxima cada vez mais até

que se torna difícil enxergar as coisas que estão ao redor deles.

Cada ratinho pega a sua lanterna, mas isto não impede que um acidente

aconteça.

- Aaaaaaahhhhhhhhhh - grita desesperadamente Apolônio.


Valério, Max e Sullivan procuram o amigo, mas não o encontram. Enquanto

procuram por Apolônio, o chão em que pisavam afunda e eles saem escorregando

por uma descida muito grande.

Após deslizarem por uma longa descida, os três amigos chegam ao final dela.

Eles perguntam um para o outro se estão bem e, como todos responderam

afirmativamente, eles se levantam e, para a surpresa deles, Apolônio estava de pé

olhando-os e fala:

- Até que enfim! Pensei que não iriam chegar nunca! Eu dei uma olhada ao redor e

este local parece ser seguro. Como já está bem escuro, é melhor acamparmos aqui

mesmo.

Os quatro amigos, novamente reunidos, se preparam para dormir. Eles

comentam um pouco sobre as aventuras e perigos do dia e vão descansar, pois o

outro dia não seria nada fácil...

Capítulo 7 - Tem sapo no lago!

Após uma noite tranquila de sono, os ratinhos corajosos se levantam, comem

um pouco de queijo e de cereais e percebem que o Grande Lago está muito

próximo. Eles decidem ir em busca da Pedra do Rato, quando Valério fala:

- Me esperem! Ainda não terminei de passar o protetor solar - fala ele enquanto

passa o protetor solar e se olha no espelho.

Ele termina e guarda o protetor e o espelho em sua bolsa e parte à procura da

Pedra do Rato. Ele corre um pouco para alcançar os seus três amigos, que já

estavam bem à frente. Quando os alcança, Valério pergunta:

- Como eu vou saber qual é a Pedra do Rato?


Neste momento os quatro ratos param e Max, Valério e Apolônio ficam

olhando para Sullivan. Sullivan, então, fala:

- De acordo com o que li na Biblioteca, é muito simples: basta procurarmos uma

pedra que pareça realmente um rato, com orelhas grandes e arredondadas e tudo!

- Então eu acho que é aquela ali! - fala Max, apontando para uma pedra que estava

bem próximo da água.

- É ela mesmo! - confirma Sullivan - Viva!

Os quatro amigos comemoram e dirigem-se à referida pedra. Quando chegam

na pedra, Apolônio pergunta:

- Nós achamos a Pedra do Rato, mas como iremos atravessar o Grande Lago?

- Com este barco! - responde Max, que estava explorando o local em que estava a

Pedra do Rato. O barco é antigo, mas parece em bom estado. Estamos com muita

sorte!

Os ratinhos empurram o barco para a água e percebem que não tem nenhum

vazamento e que parece seguro para fazer a travessia. Eles sobem no barco e

começam a remar. A margem vai ficando cada vez mais longe, até que ela some por

completo. Neste momento o barco estava totalmente cercado de água e não se

conseguia ver nada, além do céu e da água.

- Nossa, este lago é grande mesmo - exclama Sullivan.

- Pois é - concorda Valério - já estou cansado de remar e nem sinal da outra

margem!

- Estamos todos cansados - fala Max - já remamos a manhã inteira. Vamos parar um

pouco para descansar e para nos alimentarmos. Valério, fica de olho na bússola

para que o vento não nos afaste do caminho correto!

- Pode deixar! - fala Valério. Que fome! Me dá um pedaço de queijo!


Os quatro amigos comem enquanto descansam um pouco. Quando estavam

bem sossegados, o barco começa a balançar.

- O que foi isto? - pergunta o medroso Apolônio.

- Deve ter sido o vento - fala Sullivan.

Quando Sullivan termina de falar, um enorme sapo surge na água! Os quatro

ratos ficam com muito medo e sem ação, pois não teriam para onde fugir. Eles

poderiam ser a refeição do sapo! Valério abre a bolsa e fala:

- Eu acho que é uma boa hora para vermos se o queijo da coragem funciona!

- Éééé - respondem Max, Apolônio e Sullivan.

Valério, então, dá um pedaço pequeno para cada amigo, pega um pedaço

para si mesmo e guarda o restante na bolsa. Os quatro comem com uma só mordida

e ficam mais tranquilos no mesmo instante, quando Sullivan sugere:

- Vamos remando devagar. Quem sabe este sapo nos deixa ir!

Os quatro pegam os remos e começam a remar, quando, de repente, o sapo

some na água e, quando os ratinhos começam a ficar felizes, ele surge novamente,

desta vez embaixo do barco, virando-o e jogando os ratinhos na água.

Capítulo 8 - Perigo no ar

Enquanto os ratinhos estavam na água, Max, ainda mais corajoso que era

normalmente, fala:

- Vamos pegar este sapo! Nós quatro juntos damos conta dele!

Apolônio, que não parecia ter comido o queijo da coragem, faz uma oração

para o Protetor dos animais:


- Meu Deus querido! Nos ajuda neste momento. Tu sabes que a nossa intenção é de

ajudar a nossa tribo. Não permitas que fiquemos por aqui e não consigamos o nosso

objetivo. Nos ajuda!

Enquanto Apolônio orava, Valério olha ao redor e percebe outros sapos vindo

para onde eles estavam. Quando todos pensam ser o fim, uma bolha surge,

envolvendo os ratinhos. A bolha, então, segue para a outra margem do lago e os

ratinhos chegam lá em segurança. Sullivan fala:

- Nossa! Isto foi um milagre! Temos que agradecer a Deus!

- É verdade - comenta Max. Isto também é um sinal que estamos fazendo a coisa

certa!

Os quatro amigos agradecem a Deus pelo milagre e descansam um pouco.

Enquanto descansam, olham ao redor e percebem uma planície muito grande e

basicamente sem árvores, parecendo um deserto. Apolônio comenta:

- É melhor começarmos a andar! Aqui na margem ainda estamos ao alcance dos

sapos.

Sullivan, Max e Valério concordam e os amigos começam a andar. Eles

caminham bastante e, com o Sol ainda muito forte, percebem uma sombra se

movendo rapidamente no chão.

- O que foi isto? - pergunta Valério.

- O que eu não queria - responde Sullivan, apontando para o céu.

Os ratinhos olham para cima e veem um enorme gavião voando em círculos,

acima deles.

- Vamos fugir e nos esconder - sugere Apolônio.

- Para onde? - pergunta Max. Estamos em um descampado, sem árvores e quase

sem pedras. Temos que enfrentá-lo!


- Nós não temos chance - esmorece Sullivan.

Os ratinhos ainda falavam quando o gavião dá um voo rasante, que, se os

ratinhos não tivessem se abaixado, não escapariam. Valério, então fala:

- Eu tenho uma ideia! - fala enquanto remexe a sua bolsa e retira dela um espelho.

- Você quer morrer bonito é? - questiona o irritado Apolônio.

- Nada disto - reclama Valério. Veja só...

- Ele vai ofuscar o gavião! - fala Sullivan alegremente. Grande ideia Valério!

- Como ele vai fazer isto? - pergunta Apolônio.

- É simples - responde Valério - preste atenção.

Neste momento os amigos percebem que o gavião se prepara para fazer

outro ataque. Valério espera um pouco e, quando percebe que o gavião estava

descendo rapidamente, vindo ao encontro deles, pega o espelho e direciona a luz do

Sol na direção da ave. O gavião, que vinha muito rápido, fica ofuscado pela luz do

Sol e bate no chão, violentamente.

Os ratinhos percebem que o gavião está desacordado. Sullivan pergunta:

- Será que ele morreu?

- Não, ele só está desmaiado - responde Max. Vamos aproveitar e amarrá-lo. Assim,

nós poderemos fugir em segurança.

Max pega uma corda em sua mochila e junto com seus amigos amarra a ave.

Quando terminam de amarrá-lo, o gavião acorda e grita:

- Me soltem! Vocês estão perdidos! Eu ainda vou jantar vocês!

- Cala a boca! - responde Max, dando um tapa na ave. Aproveite bem este tempo e

aprenda a não mexer com quem não deve!

Após isto, os ratinhos continuam a caminhada e Sullivan fala:

- Melhor irmos rápido! Não sabemos quanto tempo temos até o gavião escapar.
Os amigos caminham rapidamente até que escurece. Eles armam

acampamento e decidem descansar até amanhecer. Depois de tantas aventuras,

decidem que sempre algum deles ficará acordado, vigiando para que nenhuma nova

surpresa ocorra.

Capítulo 9 - No Vale dos Gatos

Após uma renovadora noite de sono, quando ainda estava muito cedo, os

ratinhos se levantam, comem um pouco e decidem recomeçar a jornada.

- Valério - fala Sullivan - confere na bússola se estamos na direção correta.

- Pode ficar tranquilo - responde Valério - eu já fiz isto e estamos indo certinho!

Os amigos caminham na imensa planície, sempre procurando algo que

lembrasse o terrível Vale dos Gatos. Após caminharem bastante, eles percebem

umas rochas, que poderiam lhes fornecer sombra para um breve descanso. Ao

chegar nestas rochas, os quatro catitas valorosos sentam na sombra, comem um

pouco e também bebem água, até que Apolônio fala assustado, meio que

sussurrando:

- Olhem para esta pedra atrás da gente!

Assustados, Max, Valério e Sullivan olham e Sullivam comenta:

- A Pedra do Gato! Já estamos no Vale dos Gatos!

Sullivan explica que a Pedra do Gato era uma escultura em forma de gato que

ficava próximo ao centro do Vale dos Gatos. Ao ouvir isto, Max fala:

- Já estamos no meio do Vale dos Gatos? Onde eles estão? É estranho, está tudo

muito tranquilo!

Mal ele termina de falar, Apolônio fala:

- Eu vi algo se mexendo ali!


- Eu também fiquei com esta impressão - concorda Valério.

De repente, os ratinhos percebem que tem muito movimento ao redor deles. É

quando os gatos, que estavam abaixados e se favoreciam por ter os pelos da cor do

chão, se levantam e caminham na direção deles. Sullivan, então fala:

- Estamos cercados! É uma boa hora para o queijo da coragem!

Imediatamente Valério pega o pedaço que ainda tinham do queijo da coragem

e divide entre ele e os amigos. Com mais coragem que o normal, Max diz para os

amigos:

- Não podemos deixar os gatos chegarem mais perto da gente. Nossa única chance,

ao menos para ganharmos mais tempo, é escolhermos um gato e dar uma lição

nele. Os outros gatos vão se assustar e talvez até nos deixem ir.

Seus três amigos, embora achassem a ideia bastante perigosa, concordam.

Eles escolhem um gato, o que parecia mais fraco e sarnento e, antes de deixar os

outros gatos chegarem mais perto, correm para cima deste. Cada rato segura uma

pata do gato, que não consegue escapar. Os ratos, então amarram o gato e Max

grita:

- Quem será o próximo?

Tem-se um silêncio e uma voz bem grave responde:

- Eu!

Os catitas se assustam com a resposta e se assustam ainda mais ao verem o

tamanho do gato que falara. Este gato era um enorme Maine Coon7 e era o rei dos

gatos. Sullivan, ao perceber que não teriam chance, falou para o gato-rei:

- Iremos fazer o seguinte: um de nós contra um de vocês!

7
- Maine Coon é considerada pelo Livro dos Recordes a raça dos maiores gatos
domésticos.
- Vocês não tem condições de pedir nada - fala o rei dos gatos que se chamava

Catking, caçoando dos ratinhos.

- Se você está com medo, diga logo! - dispara Sullivan.

Para não ser desmoralizado na frente de seus súditos, Catking aceita a

proposta. Apolônio, então conversa com Sullivan:

- O que você está fazendo?

- Vamos tentar isto - responde Sullivan - Um de nós fica, se sacrifica pela tribo Catita

e os outros três terão uma chance, mesmo que remota, de fugir. Aproveitem o

momento de distração dos felinos!

Catking interrompe a conversa e pergunta:

- Qual de vocês vai lutar comigo?

- Eu - responde uma voz vindo por trás dos gatos.

Capítulo 10 - O Amigo

Os gatos ficaram muito surpresos com esta voz, pois pensavam que os quatro

ratinhos estavam sozinhos. Os quatro ratinhos ficaram ainda mais surpresos que os

gatos, pois eles não sabiam que tinha mais alguém com eles. Tanto os gatos como

os ratos olham para trás ao mesmo tempo e, para a alegria dos ratos e para a

tristeza dos gatos, a voz era de um cachorro.

- Agora é só você e eu - fala o cachorro para Catking. Se eu ganhar, cumpra o

acordo e liberte os meus amigos.

- Rá rá rá - ri Catking - não tem nem risco de você ganhar - fala o gato enquanto

lambe as patas, mostrando as suas enormes garras.

- Prometa que vai cumprir! - grita o cachorro.

- Se você ganhar, eu cumpro - confirmou o rei dos gatos. Se você ganhar!


Então, uma roda se forma e no meio desta roda os dois lutadores.

- Parem com isto! - reclama Catking - Eu não vou lutar aqui e sujar meu pelo na terra.

Vamos para o octógono!

Todos, neste instante, dirigem-se para o ginásio do Vale dos Gatos. Na entrada do

ginásio havia duas estátuas de gatos muito fortes, com caras que davam medo até nos

cachorros. Dentro do ginásio havia uma série de troféus e uma foto enorme de Catking

ganhando um cinturão por haver derrotado um cachorro na final do Cãopeonato Mundial de

Luta. Valério comenta baixinho com seus três amigos:

- Eu pensei que estivéssemos salvos quando este cachorro apareceu, mas agora acho que

é realmente o nosso fim!

Os gatos se amontoavam nas arquibancadas e havia uma miadeira ensurdecedora.

Todos eles estavam certos da vitória de Catking. Porém, o cachorro não demonstrava

nenhum medo, apenas indiferença. Miaucrofone, o gato-narrador do ginásio pergunta o

nome do cachorro, que prontamente responde: "Amigo". Então Miaucrofone começa a

narrar e a luta inicia.

Amigo e Catking ficam observando os movimentos um do outro, quando, Catking dá

uma patada no focinho de Amigo, machucando-o com as suas garras. Os gatos da plateia

gritam "Já ganhou! Já ganhou!". Amigo ainda estava com a mesma tranquilidade. Ele não se

abatia com nenhuma provocação.

Catking, muito confiante, procura atacar novamente o cachorro, que apenas o

observa. Então, Catking desfere outra patada em Amigo, que vira a cara e morde a pata do

rei dos gatos. Amigo, então, joga o gato no chão e fica em cima dele.

- Se renda! - fala Amigo.

- Nunca! - responde Catking.

Amigo rosna no ouvido de Catking, que ficou com muito medo e bateu com a pata na

lona do octógono e disse:

- Eu me rendo!

Amigo saiu de cima do gato e disse para ele:


- Deixe os meus amigos partirem em segurança!

- Eu deixo sim! - respondeu Catking. Eu sou o rei porque tenho palavra!

Catking olha para os ratos e diz:

- Vão embora! Rápido!

Os ratos saem meio que correndo e Amigo vai junto com eles. Quando estão perto

de saírem do Vale dos Gatos, uma corda é laçada no pescoço de Amigo e depois outra e

outra e outra, prendendo-o. O cachorro e os ratinhos olham ao redor e percebem muitos

gatos, inclusive Catking, que fala para Amigo:

- O prometido era eles saírem, não você!

- Corram - diz o cachorro para os ratinhos - Não se preocupem comigo, que depois eu

alcanço vocês!

Capítulo 11 - O queijo eterno

Os quatro ratinhos saíram correndo do Vale dos Gatos, frustrados por não

poderem ajudar o cachorro Amigo. Sullivan, então comenta com os demais ratinhos:

- Nós temos que ajudar Amigo! Quando nós precisamos, ele nos ajudou! É nosso

dever retribuir esta ajuda!

- Ainda não! - fala Apolônio - Dá uma olhada ali (fala apontando para o lado).

Quando Sullivan olha, seguido por Valério e Max, eles percebem uma pedra

com umas pinturas rupestres8, muito antigas, de enormes ratos.

- Será que chegamos na tribo Gabiru? - questiona Valério.

- Eu acho que não! - responde Sullivan. Pelo menos eu penso que os gabirus

deveriam morar em locais pantanosos.

Eles continuam caminhando, quando Max fala:

8
- pinturas rupestres são aquelas encontradas em rochas e que foram feitas por seres pré-
históricos (antes da invenção da escrita, há mais ou menos 4000 anos antes de Cristo, ou
seja, há mais de 6000 anos atrás!)
- Meus amigos, observem isto!

Max aponta para o chão e os ratinhos percebem pegadas de ratos, porém

muito maiores que as deles.

- São pegadas dos gabirus! - completa Max.

- Vamos nos esconder - propõe o medroso Apolônio - os gabirus devem estar por

perto!

Os quatro catitas se escondem e Sullivan fala:

- Nós temos que encontrar o queijo eterno! Já estamos tão perto!

- Então nos sigam! - fala uma voz alta, por trás de onde os ratinhos estavam.

Os quatro ratinhos se assustam e percebem que havia alguns enormes

gabirus bem próximo deles.

- Vocês não vão nos pegar! - grita Apolônio enquanto começa a correr.

Os outros catitas iam fazer o mesmo, mas os gabirus os seguraram. Apolônio

olha para trás e nota que os amigos estão nas mãos dos gabirus e, neste momento,

enquanto ainda corria, esbarra em um enorme gabiru, que o agarra e o leva para

junto dos outros.

- Não se preocupem - fala Heitor, o chefe da segurança da tribo Gabiru. Já estamos

acompanhando vocês há um bom tempo. Não queremos lhes fazer mal nenhum.

Vocês são muito bem vindos!

Ao falar isto, Heitor pede para os gabirus soltarem os catitas, que ficam

atônitos com esta atitude. Sullivan, então fala:

- Nós viemos atrás do queijo eterno, mas antes temos que voltar para o Vale dos

Gatos! Temos que socorrer Amigo!

- Nós já fomos socorrê-lo - fala Heitor. Como estávamos acompanhando vocês há

um bom tempo, ouvimos que Amigo estava em perigo e o GOL foi ao seu resgate.
- Gol? - perguntam os quatro catitas a uma só voz.

- Sim - responde Heitor. GOL é o Grupo de Operações para a Libertação. Amigo é

um cachorro especial. Ele é filho do rei dos cães. Os cachorros são grandes amigos

dos gabirus!

Ao terminar de falar, Heitor mostra que os gabirus do GOL estavam voltando

com Amigo. Os quatro catitas ficam bastante contentes ao verem Amigo bem e em

segurança.

- Amigo, que bom que você está bem! - festeja Valério.

- É verdade - fala Amigo. Meus amigos gabirus me salvaram.

Amigo olha para Heitor e pergunta:

- Onde está o Salomão?

- Está no palácio - responde Heitor. Vou levá-los até lá.

Enquanto se dirigiam ao palácio, Amigo comenta da amizade entre os

cachorros e os gabirus. Fala também que Salomão, o rei dos gabirus, é conhecido

pela sua sabedoria e senso de justiça. Heitor leva os quatro catitas e Amigo até a

sala do trono, onde o rei Salomão já os esperava. Heitor e os demais se curvam, em

respeito ao rei, que fala:

- Levantem-se!

Todos se levantam e o rei prossegue:

- Amigo, que bom reencontrá-lo!

- É muito bom estar aqui - responde Amigo.

- E vocês, querem o queijo eterno, não é? - fala o rei aos ratinhos. Tragam o queijo

aqui (pede para os guardas do palácio, que o trazem imediatamente).

Para a surpresa dos catitas, o queijo realmente existia, mas estava estragado!
Capítulo 12 - O milagre e o retorno

Ao verem o queijo eterno estragado, os catitas desanimaram muito. Sullivan

disse, cabisbaixo:

- Nós corremos tantos riscos para chegarmos até aqui! Enfrentamos cobras, sapos,

gaviões e gatos para quê? Este queijo era a nossa esperança para acabar com a

fome que assola a nossa terra!

Sullivan e seus amigos choram. O rei Salomão, também emocionado, fala:

- Vocês cumpriram a missão de vocês e vão levar o queijo eterno de volta para a

tribo Catita, de onde ele nunca deveria ter saído!

Sullivan agradece, mas diz que um queijo estragado não vai ajudar em nada a

sua tribo. O rei Salomão fala que após o queijo chegar na tribo Gabiru, há mais de

150 anos atrás, a tribo perdeu terras e riquezas, como uma espécie de maldição.

Os catitas conversam mais um pouco com o rei Salomão e Amigo. O rei

prepara quartos para que os catitas possam descansar antes da longa viagem de

volta. Após uma boa alimentação e um merecido descanso, os catitas se preparam

para partir rumo à sua tribo. O rei dos gabirus oferece algumas provisões para a

longa jornada dos ratinhos e junto o queijo eterno.

- Boa viagem, meus amigos! - deseja o rei ao catitas.

- Obrigado - agradecem os ratinhos.

- Lembrem-se do túnel por baixo do lago - comenta o rei. O seu retorno vai ser muito

mais rápido e tranquilo.

O rei Salomão entrega um mapa para os catitas e Valério pergunta para

Amigo:

- Você vem conosco?


- Vão andando, que eu os alcanço - responde Amigo. Tenho ainda uns assuntos a

tratar com o rei Salomão.

Antes de partirem, Sullivan pega o queijo eterno e fala para o rei Salomão:

- Eu pus as esperanças para salvar a minha tribo neste queijo e acredito que ele

ainda irá ajudá-la! Não quero ajudar apenas a minha tribo, visto que vocês foram tão

bons conosco. Quero ajudar a sua tribo também. Quero que vocês fiquem com um

pedaço deste queijo.

Ao terminar de falar, Sullivan parte o queijo eterno bem no meio e entrega um

pedaço para o rei Salomão. Para a surpresa de todos, os dois pedaços viram dois

queijos inteiros e, como em um passe de mágicas, voltam a ficar bom para o

consumo.

- A profecia é verdadeira! - exclama Salomão. "Se o verdadeiro dono do queijo

utilizá-lo realmente para o bem, ele será renovado e extremamente saboroso!".

Quando os meus antepassados roubaram o queijo eterno, eles queriam vender os

seus pedaços para ficarem ricos. Deve ter sido por conta disto que o queijo se

estragou! Muito obrigado Sullivan!

Eles se abraçam e os catitas iniciam a jornada de volta para casa. Os guardas

da tribo Gabiru os levaram até a entrada do túnel que passa por baixo do Grande

Lago. Os guardas comentaram que o túnel é bem antigo e que o queijo eterno

chegou à tribo Gabiru através dele. Os catitas se despedem dos guardas, pegam as

lanternas e começam a travessia. Algum tempo depois Apolônio fala:

- Eu estou preso!

- Nós também - falam Sullivan e Valério.

- Eita, agora eu também - fala Max.


Eles percebem que estão presos por fios finos e pegajosos, muito resistentes

e notam uma enorme aranha vindo ao encontro deles.

- Estamos perdidos! - fala chorando Apolônio. Eu quero a minha mãe!

- Ela não está aqui. Será que eu sirvo?

Os ratinhos reconhecem a voz de Amigo, que os livra das teias e coloca a

aranha para correr. Após isto, em pouco tempo, eles saem do outro lado do túnel e,

no mesmo dia chegam na tribo Catita.

A tribo Catita, ao receber os quatro valentes ratinhos e o cachorro Amigo, faz

a maior festa. Sullivan, Apolônio, Max e Valério, juntamente com Amigo, tornaram-se

heróis na tribo, pois, quando chegaram com o queijo eterno, acabaram com a fome

que os assolava. Amigo, muito feliz, comenta:

- A sua tribo está salva, Sullivan. Agora, que tal nós salvarmos a minha?

Sullivan e os seus três amigos concordam na hora. Mas, isto é outra história...

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