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Mestres da Psicologia Transpessoal

Use a luz que habita em seu interior


para recuperar sua natural clareza de visão.
Lao-Tzu (604-531 a.C.)

Sabendo-se que a mudança evolucionária da consciência


é um pré-requisito vital para o futuro do mundo,
o resultado desse processo depende
da iniciativa de cada um de nós.
Stanislav Grof (1985)

No deserto
o homem jamais chega ao fim.
É preciso que ande sempre
em busca de uma fonte ou de uma sombra.
(...)
Partir para o deserto
é partir para o mais longe
de si mesmo.
Jean-Yves Leloup (1996)
O homem metáfora
De um Deus que ainda
Está para se realizar?

Como o deserto
Metáfora
De um espaço que não é
Ainda habitado?
➢ Jean-Yves Leloup é doutor em Psicologia, Filosofia e
Teologia, escritor, conferencista, dominicano e depois
padre ortodoxo (hesicasta).

➢ Hesicasmo (do grego: "quietude, quieto, silêncio") é


uma tradição de oração solitária na Igreja Ortodoxa e em
algumas Igrejas Católicas Orientais.

➢ O termo grego básico (hesychia) aparece já no século IV


nas obras de alguns Padres da Igreja.

➢ O hesicasmo tradicionalmente é definido como o


processo de retiro interior pela cessação dos sentidos
com o objetivo de obter um conhecimento experimental
de Deus.
Fontes de Saber

➢ A força da palavra de Jean-Yves é que ela é


sistematicamente informada por uma reflexão
filosófica, psicanalítica e espiritual.

➢ Ele tem uma trajetória de interpretação de textos


bíblicos.

➢ Foi discípulo de Graf Dürckheim.

➢ É estudioso, intérprete e divulgador dos


Terapeutas do Deserto (Fílon de Alexandria,
viveu no início da era cristã).
Jean-Yves Leloup é formado em Terapia Iniciática por Karl Graf Dürckheim.

Karlfried Graf Dürckheim (24 de outubro de 1896 - 28 dezembro de 1988) foi


diplomata alemão, psicoterapeuta e Mestre Zen.

➢ Bem jovem, Dürckheim começou a ler o Tao Te Ching, de Lao-Tzu, fonte


de inspiração para seu caminho como pensador, filósofo, psicólogo.
Morou no Japão e teve contato com o Zen Budismo.

➢ Outra forte influência em seus estudos foram as teorias de Jung sobre as


profundezas, os arquétipos e o processo de individuação individuação .

➢ Fundou o "Centro de Desenvolvimento Psicológico Existencial" no começo


de 1950, localizado na Floresta Negra na Alemanha, onde procurou um
caminho de união entre o Tao , o Zen, a Psicologia das profundezas
Junguiana e a Mística Cristã do Mestre Eckhart: pensador da filosofia
alemã medieval (1260/1328), integrante de uma corrente mística neo-
platônica.
Corpo (soma), psique (alma), nous (consciência, espírito) => Eu
existencial.
Espírito (Pneuma) => Eu essencial.
Elementos essenciais da terapia
iniciática
1. Tomar em consideração momentos
privilegiados da existência.
2. Restabelecer o vínculo “eu existencial” e
Ser Essencial” (exercício que é um
trabalho sobre o corpo que somos e
purificação do inconsciente.
3. Permanecer à escuta do Mestre Interior.
1.Tomar em consideração momentos
privilegiados da existência.

➢ Numinoso (do latim "numen", divindade) é um adjetivo


que qualifica algo que é sagrado ou divino. Esse termo
foi posto em circulação no mundo acadêmico por Rudolf
Otto, um dos pais da Fenomenologia Religiosa. É
bastante usado também, numa conotação psicológica,
na Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung.

➢ Tremor de alegria e terror, luz e treva, tudo que nos


interpela, além do horizonte de nossa realidade
cotidiana.

➢ Lugares privilegiados de vibração e de abertura: a


natureza, a arte, o encontro, o culto.
2. Restabelecer o vínculo “eu existencial” e Ser
Essencial” (exercício que é um trabalho sobre o
corpo que somos e purificação do inconsciente.
➢ O confronto com a sombra é a própria condição da
passagem. (Cinco principais processos de repressão:
agressividade, criatividade, sexualidade, dimensão
feminina do ser, espiritualidade).
➢ A resistência do ego: tantos combates lhe foram
necessários e agora lhe é exigido que passe ao segundo
plano.
➢ A normose: conjunto de normas, valores, estereótipos,
aprovados pela maioria de uma sociedade. Medo do
aberto.
➢ Trabalho com o hara: centro de força vital.
➢ O Hara, termo usado nas tradições orientais
corresponde ao segundo chakra dos hindus, ou
ainda, simplesmente, ao interior do abdômen,
onde todos nós fomos gerados e nos
desenvolvemos no princípio da vida. É
considerado o centro original da vida, o centro
de apoio gravitacional ou de assentamento
energético do ser humano quando este está em
pé. É seu centro de força, pois concentra
energia de vida. É no Hara que as forças do céu
e da terra se encontram, assim, é no contato
com esse centro vital situado uns 3 ou 4 dedos
abaixo do umbigo, que o indivíduo se conecta
com o universo e com ele permanece integrado.
3. A escuta do Mestre Interior
➢ O terapeuta desperta no paciente o nível de
profundidade recalcada onde está a raiz de sua
perturbação e de seu mal-estar.

➢ Ele abre então ao paciente a porta para seu


próprio mistério. Caminho de busca do self:
instância organizadora e integradora do ser.

➢ Necessária a Prática da Atenção permanente.


➢ A Prática da Atenção permanente. É uma decisão pessoal completa de
quem percebe que só assim se avança no Caminho do Processo
Evolutivo, é preciso profundidade nessa decisão e, sobretudo ser fiel a
ela.

➢ Exige uma forte disciplina interior, nada imposto do exterior, mas em


plena liberdade.

➢ Métodos de Concentração:

1. Respiração.
2. Declamar um ‘mantra’.
3. Manter uma vela acesa, um ícone, uma imagem em casa que sirva de
‘Foco’.
4. Durante o dia, fora de casa, manter no bolso, uma peça, uma pedra ou
outro objeto simbólico que, tocando-o, nos lembre do Caminho a que
decidimos devotar a nossa vida.
5. Ritualizar o nosso dia a dia com gestos e cerimônias ao acordar, ao
deitar, desde abrir oratórios para acender uma luz para o dia, desde
rezar, elevar as mãos em gesto de humildade, tudo isto nos ‘foca’ e
nos remete para o Caminho.
Fílon e os terapeutas do Deserto
Fílon evidenciava a condição humana dentro de um quaternário:
➢ Basar, a dimensão corporal;
➢ Nephesh, a alma;
➢ Nous, a consciência;
➢ Rouah ou pneuma, o sopro, o espírito.

Corpo (soma), psique (alma), nous (consciência, espírito) e Espírito


(Pneuma)

E para os Terapeutas de Alexandria, saúde plena era a


conjugação do corpo com a alma e a consciência, habitados pelo
espírito. Exímios na arte da interpretação das Escrituras, tinham
como objetivo desvendar o sentido da dor, porque consideravam a
enfermidade susceptível de interpretação, como se esta fosse um
texto sagrado.
Cuidar integralmente de si para cuidar integralmente do
outro: corpo, psique, espírito, pneuma.

➢ Cuidar do silêncio para que a escuta seja aberta e


inclusiva.

➢ Observar-se e interrogar-se a si próprio.

➢ Acolher a mensagem que revela os sintomas e de forma


ativa e criativa reúne e organiza informações, intuições,
visões e imagens. O terapeuta interpreta e a
interpretação possibilita outro ponto de vista que faz
criar um movimento no bloqueio em que se fechou
aquele que cuidamos.
➢ O trabalho terapêutico verdadeiramente nunca
estaria separado da dimensão espiritual.

➢ O Terapeuta é um ser que “sabe orar” pela


saúde do outro, isto é, chamar sobre ele a
presença e a energia do Vivente.

➢ O Terapeuta não cura, ele “cuida”, é o Vivente


que trata e cura. O Terapeuta está lá apenas
para orientar a pessoa em melhores condições
possíveis para que o Vivente atue e venha a
cura.
O Terapeuta cuida-se para poder
cuidar os outros:
➢ Cuidar do corpo: de suas roupas, de suas
moradias, de sua alimentação (vegetarianos,
frutívoros) “O que está em nosso prato é nosso
melhor médico”.
➢ Cuidar de seu imaginal: vigiar as grandes
imagens que habitam em nós. Os arquétipos
que nos guiam para o melhor ou o pior de nós
mesmos, vigiar para que nosso imaginário
esteja aquecido de imagens estruturantes, como
as percebidas nos textos sagrados.
➢ Os Terapeutas não se contentam apenas em
discorrer com brilho sobre determinados temas,
mas se esforçam por conformar o seu agir com
o pensamento e o pensamento com seu Ser
profundo. O Terapeuta não se limita apenas a
especular, ele se transforma.

O terapeuta não é uma pessoa de quem se supõe


saber, mas uma pessoa de quem se supõe que saiba
escutar. O seu ouvido, colado às cascas e aos musgos
deste mundo, ouve os passos de Deus que se aproxima.
Cuidar do desejo: sem estimulá-lo e
nem destruí-lo, mas reorientá-lo.
➢ Desorientação do desejo: Da mesma forma que
o mal não está no prazer, mas na dependência
dele, o mal também não consiste em não
desejar, mas na má orientação do desejo.

➢ O ser humano é um ser desejante, mas o desejo


pode se tornar um drama quando realidades
transitórias são tomadas como imutáveis. O
desejo idolatra seus objetos e esta é a sua
enfermidade: pedir o Infinito a seres finitos, pedir
o Absoluto a seres relativos.
Quais são esses nós ou essas
doenças da alma?
➢ Apego ao prazer: O prazer em si mesmo não é
uma coisa má; é até um sinal que uma coisa
está sendo bem feita. A fonte de sofrimento
estaria no apego ao prazer, sem o entendimento
que ele é fugaz.

➢ Tristeza: existem diferentes formas de tristeza,


desde o simples pesar até o desespero ou ainda
essa falta de apetite de todas as coisas e, mais
particularmente, da vida espiritual. A tristeza é o
sintoma de uma vida longe do Ser.
➢ As fobias: medos, temores, obsessões, manifestações de
ansiedade, medo de sair de casa, de animais, de cometer uma ação
perigosa, hipocondria, fobias de objetos como por ex. facas,
tesouras, fobias de lugares altos ou fechados; ou ainda, medo de
doenças, de avião, de viagem etc.

➢ A fobia geralmente é conseqüência de uma pulsão agressiva ou


sexual recalcada, que o ego não pode aceitar. A tendência instintiva
se converte numa tendência oposta: o desejo de ter uma relação
sexual se transforma no seu contrário, o medo de ter uma relação
sexual.

➢ Cabe ao Terapeuta poder escutar, sem angústia, a angústia do


outro. E dessa escuta não contaminada podem nascer uma certa
descontração e um certo repouso, pois o fóbico está fatigado,
esgotado às vezes, de tanto lutar contra si mesmo.
➢ A escuta atenta é o que leva os terapeutas à presença
do Ser. E é desse Ser que importa cuidar. Fílon diz com
precisão: “cuidar do Ser” e não do “meu” ser ou do “seu”
ser.

➢ Um dos aspectos concretos da terapia dos “Terapeutas”


consistirá em propor um modo de vida “desentulhado”
(“sem entraves”). O “desentulho” dos Terapeutas não diz
respeito somente aos bens materiais, mas também aos
bens afetivos.

➢ Grande parte da vida dos Terapeutas é consagrada à


meditação e à interpretação das Escrituras. O texto
sagrado é um espelho no qual pode-se descobrir a si
mesmo, em ressonâncias arquetípicas, em múltiplos
níveis de interpretação simbólica (ler os textos sagrados
no sentido literal é desviar-nos do verdadeiro sentido).
➢ O sonho: para os Terapeutas, os sonhos não
são somente “a estrada real para o
inconsciente”, mas também o caminho real para
o logos do Ser, para a Palavra Sagrada e
criadora que os informa e lhes dirige a
existência.

➢ Preparação para o sonho: “à noite, é necessário,


antes de entregar-se ao sono, evitar as
conversas, afastar as agitações e os ruídos do
dia, purificar a inteligência perturbada, acalmar-
se e dispor-se bem para receber sonhos
salutares”.
➢ Para os Terapeutas, os doentes não são
“pacientes”, mas “hóspedes”, que respeitam não
apenas a sua humanidade, mas também a
presença misteriosa que os habita.
“Não se esqueçam da hospitalidade,pois foi
praticando-a que, sem o saber, alguns
acolheram anjos” (Hebreu, 13).

➢ Eles organizavam, preparavam e embelezavam


espaços de estudo, de meditação, de
atendimento e de prece.
Stanislav Grof
Stanislav Grof, psiquiatra
tcheco, nascido em 1 de
Julho, psiquiatra tcheco,
nascido em 1 de Julho de
1931, psiquiatra tcheco,
nascido em 1 de Julho de
1931 na cidade de Praga,
psiquiatra tcheco, nascido
em 1 de Julho de 1931 na
cidade de Praga, é um dos
pioneiros da Psicologia
Transpessoal, e um
estudioso dos estados
ampliados de consciência
ou estados não comuns da
Seu interesse pelos estados não normais da
consciência surgiu em 1956, após sua
graduação em medicina, quando submeteu-se
pessoalmente à sua primeira sessão com LSD.
A experiência que teve de alargamento da
percepção, de contato com emoções ocultas e
sensações de integração com o universo, foi tão
intensa e pessoalmente tão transformadora, que
Grof decidiu então se dedicar ao estudo da
consciência como um compromisso de vida.
➢ De 1960 a 1967, Grof trabalhou no
Departamento para o Estudo de Relações
Interpessoais, no Instituto de Pesquisas
Psiquiátricas em Praga, pesquisando o potencial
terapêutico das substâncias psicodélicas. Nessa
época, apenas a Suíça e a Tchecoslováquia
produziam oficialmente LSD.

➢ Em março de 1967, Grof deixa a


Tchecoslováquia e vai para os Estados Unidos.
É convidado a trabalhar na Universidade John
Hopkins, como médico e pesquisador. Nesse
final da década de 1960 até o início da década
de 1970, Grof estuda o efeito dos psicodélicos
em pacientes com câncer terminal.
➢ Em 1973, Grof é convidado a mudar-se
para Big Sur, na Califórnia, para trabalhar
no Instituto Esalen. O Instituto Esalen é
uma organização sem fins lucrativos, um
Centro Educacional multidisciplinar com
foco em disciplinas "alternativas",
Meditação é uma organização sem fins
lucrativos, um Centro Educacional
multidisciplinar com foco em disciplinas
"alternativas", Meditação, Massagem é
uma organização sem fins lucrativos, um
➢ Em Esalen, Grof ministra palestras e cursos, e
continua suas pesquisas com psicodélicos.
Entretanto, o LSD havia sido proibido nos EUA
no mesmo ano em que Grof chegou a esse país,
e foi ficando cada vez mais difícil conseguir a
droga. Em 1975, ele conhece Christina, sua
futura esposa, com quem passa a trabalhar em
Esalen. Juntos, desenvolvem a técnica da
Respiração Holotrópica e passam a usá-la no
trabalho terapêutico, combinando essa
respiração com músicas, grafismo, trabalho
corporal e artístico, para induzir um estado de
consciência semelhante àquele observado no
uso do LSD.
➢ O termo “holotrópico” foi criado por Grof e
significa “orientado para a
totalidade/inteireza” (vem do grego
holos=todo e trepein=movendo-se). Grof
afirma que no estado holotrópico, a
pessoa tende a perceber o todo mais do
que as partes. Ela pode então
compreender as interconexões entre
fatos, pessoas, sentimentos, e a partir
dessa compreensão, consegue
transformar positivamente sua vida.
Principais influenciadores
➢ Sigmund Freud (1856-1939), neurologista
austríaco
➢ Carl Gustav Jung (1875-1961), psiquiatra
suíço
➢ Abraham Maslow (1908-1970), psicólogo
americano
Focos principais de suas pesquisas sobre os
estados holotrópicos da consciência:

➢ Fonte útil de dados sobre a psique humana,


especialmente aquelas que revelam vários
aspectos da dimensão espiritual.

➢ Potencial de cura, de transformação e de


evolução, contido nessas experiências.
A partir de décadas de trabalho como
terapeuta, Grof caracterizou três tipos de
experiências principais:

Nível Biográfico-Rememorativo

Nível Perinatal

Nível Transpessoal
➢ 1-Nível biográfico-rememorativo: inclui o
inconsciente individual e acontecimentos
importantes na história individual. É o domínio
mais facilmente acessível da psique.

➢ 2-Nível Perinatal: o prefixo "peri" significa


próximo ou ao redor, enquanto que "natal" quer
dizer nascimento. Assim, perinatal diz respeito
ao período que vai desde que o bebê se
encontra no útero materno até a sua saída
completa pelo canal de nascimento para o
mundo.
➢ 3-Nivel Transpessoal: As experiências
transpessoais se caracterizam por uma
ampliação dos limites usuais e comuns a
que estamos acostumados a perceber a
nós mesmos na vida cotidiana. Quando
entramos em contato com experiências
transpessoais, percebemos que estamos
identificados com uma pequenina parcela
daquilo que realmente somos.
Principais observações
➢ A consciência não é produto do cérebro, mas,
sim, um princípio primário da existência.

➢ Mudanças extraordinárias na percepção


sensorial: imagens da história pessoal, do
inconsciente coletivo, de arquétipos, visões da
natureza, do cosmo, dos reinos mitológicos,
sensações físicas, percepção de sons, cheiros.
Podem aparecer emoções que vão desde
sensações de paz, enlevo, bem-estar ou terror,
raiva, culpa consumidora, sofrimento extremo.
➢ Pode-se experimentar seqüências de morte
e renascimento.
➢ Memórias de vidas passadas, comunicação
com entidades desencarnadas.
➢ Experiências fora do corpo.
➢ Sensação de encontro com o princípio
supremo do universo (palavras para o
indizível).
As experiências holotrópicas podem também ser
induzidas por meio de várias técnicas:

➢ Sons de tambores, gongos, cânticos, danças


rítmicas, utilização ritualística de plantas, giros
dos dervixes, meditação, prática hesicasta cristã
(silêncio), e outras.

➢ Ou ainda: isolamento, jejum, privação de som,


desidratação.
O Processo Perinatal
➢ As experiências perinatais representam uma
encruzilhada experiencial de grande
importância: biológica, psique e espírito
(sensação de vida e morte, sonhos).
➢ A história perinatal tem implicações importantes
para nossa vida espiritual (“útero bom” é ponte
para a vivência do nível transcendental).
➢ O parto ativa o inconsciente perinatal da mãe, o
qual pode interferir com o processo de
nascimento.
Primeira Matriz Perinatal Básica: O universo amniótico.

➢ O feto encontra-se em perfeita simbiose com a mãe. Se


a vida no útero materno for tranqüila, as condições do
feto se aproximam do ideal. (Imagem de regiões sem
fronteira, oceano, espaço interestelar).

➢ No entanto, caso a gravidez tenha sido de alguma


maneira perturbada por doenças maternas, fumo,
bebidas, drogas, desequilíbrios químicos dentro do
útero, a vivência não será tão positiva e alimentadora.
(Perigos submarinos, poluição de rios, mares ou
oceanos, natureza contaminada e inóspita).
Segunda Matriz Perinatal Básica: Contrações em um sistema uterino
fechado. Experiência de engolfamento cósmico.

➢ Neste estágio do parto, o canal vaginal ainda não está


aberto, e o bebê não pode sair, enquanto enormes
pressões atuam sobre ele. O conforto do estágio anterior
não existe mais, a temperatura costuma estar mais fria,
a pressão sobre o corpo do bebê pode estar
atrapalhando a circulação e o fornecimento de sangue e
de calor para ele.

➢ Os sentimentos relacionados são: ausência de saída,


ausência de sentido da vida, estar em uma situação sem
solução possível, tais como prisioneiros em campos de
concentração, internos em hospícios, isolamento,
solidão existencial, medo, vitimização completa, medo
de enlouquecer ou de nunca mais voltar.
Terceira Matriz Perinatal Básica: Luta de morte-
renascimento.

➢ Nesse estágio do parto ainda existem pressões sobre o


bebê, porém o canal de parto encontra-se com alguma
abertura. Costuma-se dizer "Uma luz no fim do túnel”.

➢ O bebê não é uma mera vítima, presa em um ambiente


sem saída como antes, mas agora também se esforça
para sobreviver e sair do canal de parto. Envolve
pressões mecânicas, dores e muitas vezes um alto grau
de anoxia e asfixia. Intensa ansiedade é um elemento
concomitante natural de tal situação. (Imagens de
batalhas, rituais de sacralidade, caminhos de salvação).
➢ Quarta Matriz Perinatal Básica (MPB IV): Experiência de morte-
renascimento.

➢ Essa última matriz está relacionada com os momentos que se


sucedem à saída do canal de parto e aos cuidados imediatamente
recebidos pela mãe, por médicos e enfermeiras. Como em todas as
matrizes, como existem fortes sentimentos envolvidos, sempre
podemos experienciar arquétipos e experiências coletivas
concomitantes ao nascimento biológico.

➢ Se o parto real foi sem problemas, sem muita anestesia e os


cuidados foram os ideais, então as memórias e experiências
arquetípicas associadas são as melhores possíveis: bem-
aventurança, sentir-se vitorioso e merecedor da vida, sentir-se
amado e querido, sentir-se amado incondicionalmente, sentir-se
livre após um grande esforço, sensação de ter deixado tudo o que
passou para trás e novo em folha.
(Fênix, renascimento, arco-íris, Grande Deusa Mãe, seres
angelicais surgindo em luz). (Aspectos negativos do parto:
sensação de náusea, tonturas, consciência turva).
As folhas caem como se do alto
caíssem, murchas, dos jardins do céu;
caem com gestos de quem renuncia.
E a Terra, só, na noite de cobalto,
cai de entre os astros na amplidão vazia.
Caímos todos nós. Cai esta mão.
Olha em redor: cair é a lei geral.
E a terna mão de Alguém colhe, afinal,
todas as coisas que caindo vão.
Rainer Maria Rilke

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