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PUC-SP
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
São Paulo
2011
Adriana Piñeiro Fidalgo
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
São Paulo
2011
i
Banca Examinadora
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
ii
Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta
dissertação, por processos de fotocopiadora ou eletrônicos.
Assinatura: ______________________________
iii
Agradecimentos
Aos meus pais, Antonio e Cida, pelo apoio e amor incondicional, sem os quais nada
disso seria possível. Por sempre terem me deixado segura para fazer as escolhas que me
trouxeram até aqui.
Ao Marcus, por estar presente desde o início. Por ter compartilhado e comemorado
todas as minhas conquistas. Por ter me ajudado a conquistá-las. Pelo carinho e apoio
incondicionais. Pelo conforto nas horas difíceis, fundamental para que eu chegasse até o
fim.
Ao Roberto, por tudo o que me ensinou desde a graduação. Por me mostrar que é
possível ser um excelente terapeuta, pesquisador e professor (tudo ao mesmo tempo).
Pelas orientações carinhosas. Por ter tornado esse trabalho mais interessante.
À Ziza, por ter me apresentado à Análise do Comportamento. Por ter sido a responsável
pelo meu encanto inicial pela teoria.
À Paula, por ter me apresentado à pesquisa. Por me ensinar que trabalhar com dedicação
traz ótimos resultados. Por todas as horas extras que dedicou a mim. Pelo empenho em
ensinar. Por ter feito tudo isso com muito carinho e competência.
À Maly, por ter me apresentado à clínica. Por ter feito eu gostar ainda mais da minha
profissão. Por toda a ajuda que me deu e tem me dado.
À Fátima, por ter contribuído diretamente para a minha formação como pesquisadora.
Por ter feito esse processo se tornar ainda mais prazeroso.
À Maria Eliza, pelo ensino cuidadoso e competente. Pelo bom humor e disponibilidade
dentro e fora da sala de aula.
À Dinha, pela doçura de sempre. Pelas discussões e conversas sobre Educação que tanto
gosto.
À Maria do Carmo, pela disponibilidade infindável para ensinar. Por ter me ensinado
História. Pelas contribuições valiosas.
À Denise, Marcelo, Paola, Sérgio e Maria Amália, por tudo o que me ensinaram da
graduação ao mestrado.
iv
À Téia, por ter me incentivado a estudar e pesquisar comportamento verbal. Por tudo o
que me ensinou. Por ter feito tudo isso com paixão e competência inspiradoras.
À Dinalva, pela disponibilidade carinhosa e bem humorada. Pelo acolhimento. Por toda
a ajuda e incentivo, desde antes do mestrado.
À Talita, pela amizade incondicional. Por cumprir tantos papéis importantes na minha
vida. Pela escuta incansável, pelos conselhos insubstituíveis. Não teria conseguido sem
você.
À Maria Isabel, pela amizade de longa data, pelo cuidado, pelas duplas da graduação à
pós, por ser tão fácil e divertido ser sua amiga.
Ao Jan e ao Jazz, pelo companheirismo, pela audiência não punitiva, pelos almoços que
hoje fazem tanta falta.
À Aninha, à Laura e à Bia – colegas - pela escuta, pelos conselhos, pelas risadas.
À Juliana, presente do Maranhão, pelos almoços especiais, cafés, intervalos... como foi
confortante compartilhar idéias e opiniões com você.
Ao Felipe, pelas brincadeiras, pelas piadas, pelos doces... Por ter tornado esses dois
anos mais prazerosos e leves. Pela ajuda dada a este trabalho.
À Priscila, pelas risadas constantes mesmo nos dias difíceis, que fizeram muita falta
nessa reta final.
À Flávia, Lívia, Ana Felício, Gustavo, Nelson, Tati, Mariana Vieira, Rodrigo, Anita,
Fernanda, Thais, Ritinha e Micha por tornarem minha passagem pelo mestrado ainda
mais prazerosa. Fico muito feliz por ter chegado a tempo ou permanecido a tempo de
conhecer vocês.
À Carol Niero, por não perder o humor nunca, pelos comentários inapropriados que
tanto gosto.
À Samira e à Teka, que se tornaram cada vez mais especiais, pela companhia muito
agradável nas mais diferentes atividades... aulas, atendimentos, especialização,
corrida...
v
À Natalia. Sempre disse que você teria um parágrafo especial nos meus agradecimentos.
Obrigada por ter insistido para que eu entrasse no mestrado, essa foi uma das melhores
e mais importantes escolhas que já fiz. Obrigada por ter sido e ser um modelo de amiga,
colega e profissional. Pela disponibilidade incrível.
À Dhayana, por ter se tornado uma grande amiga. Pelas conversas e discussões sobre
comportamento verbal, fundamentais na elaboração desse trabalho. Quanta falta você
fez e faz.
À Lygia, pelas palavras de incentivo, pelo bom humor e irreverência, que tornaram esse
processo mais leve.
À Júlia Guedes, pela companhia sempre agradável, que muitas vezes faz falta.
Ao André, pelo senso de humor, por fazer a rotina do laboratório mais alegre. Pela
prontidão em ajudar. Pela contribuição direta que teve neste trabalho.
Obrigada.
vi
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..............................................................................................................1
O problema de pesquisa...................................................................................................16
MÉTODO.......................................................................................................................18
Documentos.....................................................................................................................18
Seleção da fonte...............................................................................................................18
RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................................31
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................72
REFERÊNCIAS.............................................................................................................76
ANEXOS.........................................................................................................................79
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 8. Número acumulado de trabalhos nas diferentes linhas de pesquisa por ano.
Figura 11. Número de trabalhos realizados por universidade nos diferentes temas de
investigação.
Figura 12. Número de trabalhos realizados por universidade nos diferentes temas de
investigação.
ix
LISTA DE TABELAS
Fidalgo, A. P. (2011). O estudo do comportamento verbal no Brasil: uma análise com base em
resumos de dissertações e teses. Dissertação de mestrado. Programa de Estudos Pós-Graduados
em Psicologia Experimental: Análise do Comportamento. 118 pag. PUC-SP.
Orientador: Prof°. Dr. Roberto Alves Banaco
Linha de Pesquisa: História e fundamentos epistemológicos, metodológicos e conceituais da
Análise do Comportamento.
RESUMO
Fidalgo, A. P. (2011). The study of verbal behavior in Brazil: an analysis based on abstracts of
theses and dissertations. Masters Dissertation. Program of Post Graduate Studies in
Experimental Psychology: Behavior Analysis. 118 pages. PUC-SP.
Thesis Advisor: Prof. Dr. Roberto Alves Banaco.
Research Lines: History and epistemological, methodological and conceptual fundaments of
Behavior Analysis.
ABSTRACT
The purpose of this dissertation was to evaluate how the verbal behavior study, based on the
Skinner (1957) proposal, was established and conducted in Brazil. For that, this study
performed a historical revision of Brazilian dissertations and theses related to the subject and
carried out from 1969 to 2007. The aspects investigated include: (a) number of dissertation and
thesis related to the subject, (b) thesis advisor, (c) type of research (descriptive or experimental),
(d) line of research (basic, applied, conceptual and historical), (e) concepts of the Behavior
Analyses, (f) area of application, (g) subjects, (h) units of analyses and measures, (i) designs of
single subject or group design, and (j) participants. It was analyzed how such aspects varied
over the years and the appropriateness of the methodological aspects employed in research,
based on Skinner's propositions (1957). The publications (articles, abstracts in scientific events
and book chapters) based on dissertations and theses were also investigated in order to estimate
the diffusion of knowledge. In total, 141 dissertations and 41 theses related to the subject were
identified. The Universidade de São Paulo produced the largest number of studies, and was
primarily responsible for expanding such research field in the country; forming and exporting
thesis advisors for other institutions of higher education. Other major research centers identified
were: UnB, UFSCar, UFPA, PUC-SP, UCG and UEL. The researchers identified by the large
number of orientations in this field of study are: Carolina Bori, Deisy das Graças, Emmanuel
Tourinho, Maria Amália Andery, Roberto Banaco, Maria Amélia Matos, Antônio Ribeiro, and
Júlio de Rose. Of the 182 studies reviewed, 104 were applied research, 63 were basic, and 15
were historical and conceptual research. The most recurrent themes were: operant control of
verbal behavior, rule-governed behavior, stimulus equivalence, correspondence between verbal
and nonverbal behavior, and finally, functional hypotheses about the possible control variables
involved in verbal behavior. Generally, Brazilian dissertations and theses about verbal behavior
have followed the methodological model proposed by the Behavior Analysis field, consisting of
experimentation, design of single subject, and unit of functional analysis. Only 51% of the
analyzed studies were published, indicating the need to expand the dissemination of the
knowledge produced by behavior analysts. The results obtained in this research allow to say that
the study of verbal behavior in Brazil was established as a research program and has grown over
the years, following the expansion of the Behavior Analysis through the country.
visto que boa parte das explicações sobre o comportamento verbal era colocada dentro
Para evitar vínculos com conceitos utilizados por outros modelos explicativos e
ressaltar as diferenças de sua proposta, Skinner atribuiu um novo nome aos fenômenos
que pretendia analisar. O termo escolhido por ele foi comportamento verbal. De acordo
e mantido por uma comunidade verbal específica. A causa deste tipo particular de
ambiente.
2
espécie humana. Entre elas, está o fato de que ele não age de forma direta ou mecânica
sobre o meio. Primeiro, o comportamento verbal altera outro indivíduo, o ouvinte, desde
que este tenha passado por um treino especial, o qual lhe permite responder
ainda outro aspecto distintivo do comportamento verbal: este deve ser transmitido de
Alguns autores (Andery, 2010; Andery & Sério, 2002; Richelle, 1981)
comportamento verbal.
Nos capítulos iniciais do livro, Skinner propôs uma análise científica para o
tema. Este deveria ser compreendido por meio de análises funcionais capazes de
intituladas pelo autor de operantes verbais: mando, tato, ecoico, intraverbal, transcrição
envolvidas.
uma resposta verbal cuja topografia especifica a sua consequência. Por esse motivo, o
outros dois grupos: (a) operantes cujos estímulos discriminativos são estímulos não
verbais, chamados tato e (b) operantes sob controle de estímulos antecedentes verbais,
resposta escrita). No intraverbal, por sua vez, uma resposta vocal ou escrita fica sob
verbal em operantes verbais não deve ser um fim em si mesma. Tal formulação é
relevante, pois alerta o analista do comportamento para o problema das diversas fontes
energia da emissão da resposta, (c) velocidade, (d) repetição e (e) frequência geral
(overall frequency).
sua força. Se tal resposta for emitida em circunstâncias pouco apropriadas, ela pode ser
considerada ainda mais forte. De modo semelhante, se a resposta verbal for emitida em
um tom de voz elevado (i.e., com alto nível de energia), ela também poderá ser
considerada forte, assim como se for repetida diversas vezes ou emitida logo após o
verbal. Isso porque o número total de ocorrências de uma resposta praticamente não
informa sobre as variáveis de controle em vigor, uma vez que respostas de uma mesma
5
classe topográfica podem ter funções distintas, isto é, estar sob controle de variáveis
ambientais diferentes.
Skinner (1957) acrescenta ainda que o número de vezes em que uma resposta
comportamento do ouvinte. Por exemplo, falar uma única vez em tom de voz elevado
pode alterar o comportamento de outro indivíduo de maneira mais eficaz do que falar
Verbal Behavior (TAVB) foi especialmente criado para publicar pesquisas sobre o
comportamento verbal.
controvérsias (Eshleman, 1991). Uma delas diz respeito à produção científica resultante
que o livro não incentiva o estudo experimental do comportamento verbal, já que ele
Trata-se das décadas de 1960 e 1970, as quais sinalizariam a rejeição inicial da proposta
Eshleman (1991) realizou uma revisão de publicações da área. O autor analisou artigos
Behavior, JEAB, JABA e TAVB), além de trabalhos apresentados nos encontros anuais
da ABA.
7
escrita, verbos, treino verbal, mediação verbal, contingências verbais, entre outros. Já
os trabalhos apresentados na ABA foram selecionados por meio de suas descrições nos
anais do evento. Estas deveriam conter uma referência clara ao livro Verbal Behavior
ou, ao menos, adotar uma das terminologias presentes na obra (e.g., mando).
nas duas primeiras décadas após a publicação do livro seminal de Skinner. Com o
frequência de publicações ao longo dos anos não tenham sido informados pelo autor.
Algumas hipóteses foram levantadas por Eshleman (1991) para explicar o hiato
obra de Skinner envolve conceitos novos e complexos, o que dificulta não apenas o
pesquisa e (d) o intervalo de tempo “natural” entre uma proposição teórica e a produção
empírica decorrente.
temas principais: (a) controle operante do comportamento verbal, (b) controle operante
autor como modelagem de repertório verbal. A maioria dessas pesquisas era de natureza
Eshleman (1991), a maior parte dos trabalhos encontrados não foi empírica. Dos 150
realizadas na área de comportamento verbal, Andery (2001) propôs que uma análise
Afinal, ainda que Skinner já tivesse escrito diversos artigos sobre o assunto desde 1934,
se refere à delimitação (a) do tipo de trabalho a ser avaliado (e.g., artigos, dissertações,
teses e livros) e (b) dos meios a ser utilizados para busca e análise do material levantado
9
- até porque uma revisão completa de todos os trabalhos sobre comportamento verbal
seria inviável. Nesse sentido, a autora decidiu realizar uma revisão de artigos publicados
em renomados periódicos da área, seja pelo caráter recorrente, seja pela facilidade de
acesso.
verbal), o JEAB e o JABA (estes últimos considerados pela autora como dois dos mais
Por meio de busca eletrônica nos sites dos periódicos, realizada com as palavras
publicados no JEAB (de 1958 a 1999) e no JABA (de 1968 a 1999). No TAVB, a autora
palavras, o tema vem sendo estudado de forma constante desde a sua criação, embora
não seja um dos mais valorizados pela pesquisa básica - ao menos do ponto de vista da
política editorial do JEAB, como ressalta Andery (2001). Em 1982, mesmo com a
frequentes nos primeiros anos de publicação, tais pesquisas tinham por objetivo testar e
foram: (a) aquisição e interação entre operantes verbais, (b) aquisição da linguagem
enquanto repertório mais amplo do que a mera aquisição de operantes verbais (trabalhos
correspondência entre comportamento verbal e não verbal (a partir dos anos 1970), (d)
comportamento governado por regras (a partir dos anos 1980), (e) independência
funcional entre operantes verbais, (f) solução de problemas, (g) questões conceituais
verbal (i.e., medidas e procedimentos mais adequados para seu estudo) e (i) revisão e
lecionada ou praticada. Somente na década de 1960, após a vinda de Fred Keller para o
pesquisa no Brasil (Matos, 1998). Em 1961, Keller veio ao país para ministrar aulas de
psicologia experimental na Universidade de São Paulo (USP). Três anos depois, ele
11
psicologia da instituição.
Brasil desde a década de 1960, Micheletto, Guedes, César e Pereira (2010) realizaram
Experimental da USP, fundado em 1971 - foi responsável pela grande maioria das
algumas universidades do país, entre elas UnB (1974), UFSCar (1978) e UFPA (1987).
1
Ciência e Cultura (1961-2007), Modificação do Comportamento (1976), Psicologia (1975-1987),
Cadernos de Análise do Comportamento (1981-1982), Temas em Psicologia (1993-2007), Psicologia:
Teoria e Pesquisa (1985-2007), Psicologia USP (1990-2007), Revista Brasileira de Terapia
Comportamental e Cognitiva (1999-2007) e Revista Brasileira de Análise do Comportamento (2004-
2006).
2
O levantamento de dissertações e teses feito pelas autoras deu origem ao Banco de Dados de
Dissertações e Teses em Análise do Comportamento no Brasil (BDTACB). Este banco foi utilizado como
fonte de dados na presente pesquisa e será melhor descrito na seção Método.
12
trabalhos avaliados por Micheletto et al. na década de 1970) e Maria Amélia Matos
(responsável por 22% dos trabalhos analisados pelas autoras). Ambas tiveram papel
dissertações e teses a partir dos anos 1990. As cinco universidades com maior número
a ser elaboradas, ainda que em menor quantidade do que trabalhos básicos e aplicados
comportamento verbal. As pesquisas aplicadas, por sua vez, foram realizadas sobretudo
na área de educação. Somente a partir da década de 90, elas foram estendidas às áreas
3
Universidade de São Paulo – Campus de Ribeirão Preto (USP-RP), Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo (PUC-SP), Universidade Presbiteriana Mackenzie, Pontifícia Universidade Católica de
Campinas (PUC-Campinas), Universidade Católica de Brasília (UCB), Universidade Católica de Goiás
(UCG), Universidade Estadual de Londrina (UEL), Universidade Federal do Paraná (UFPR),
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Universidade Estadual de São Paulo (UNESP).
13
Desde então, o surgimento de outros periódicos parece ter fomentado uma prática
pelo Brasil, pouco se sabe sobre a maneira como o conceito de comportamento verbal
foi explorado ao longo dos anos nos diferentes centros de pesquisa do país.
identifica no Brasil um sensível interesse por pesquisa sobre o tema” (p. 8).
conceito entre 1994 e 1998. Os autores utilizaram como fonte de dados 55 periódicos da
em Psicologia. Além disso, ênfase maior foi reservada às pesquisas teóricas (61,3%)
empíricos: (a) processos básicos (51%), (b) educação (30%), (c) clínica (13%), (d)
universitários.
Por outro lado, Moroz et al. (2001) praticamente não encontraram pesquisas
definições conceituais, assim como suas implicações práticas. A outra parcela dos
comportamento governado por regras (17%), (c) equivalência de estímulos (14%), (d)
15
resolução de problemas (12%), (e) operantes verbais (11%), (f) modelo explicativo
Skinneriano (11%), (g) relato verbal (3%) e (h) avaliação do repertório verbal (2%).
comportamento verbal.
Diversos autores (Donahoe, 1998; Drash & Tudor, 1991; Eshleman, 1991;
O Problema de Pesquisa
À exceção do estudo de Moroz et al. (2001), não foi encontrado nenhum outro
trabalho que tenha proposto a sistematização das pesquisas sobre comportamento verbal
trabalhos de uma determinada área se faz necessária para compreender como ela se
encontra no momento e como deverá ser construída no futuro. Morris, Todd, Bryan,
215).
qual proposto por Skinner (1957), vem sendo estudado por pesquisadores brasileiros
dissertações e teses sobre o conceito de comportamento verbal no Brasil. Para isso, dois
estudos foram conduzidos. No primeiro, analisaram-se aspectos mais gerais dessa área
de pesquisa: (a) autores, (b) orientadores, (c) instituições de ensino superior em que os
trabalhos foram defendidos, (d) tipos de trabalho (i.e., dissertação ou tese), (e) linhas de
mesmo tempo, avaliou-se como tais fatores variaram ao longo dos anos.
grupo ou sujeito único), (d) unidade de análise e (e) medida do comportamento verbal.
pesquisadores.
18
MÉTODO
Documentos
Seleção da Fonte
Guedes, Pereira & Silva, 2008). Este banco foi elaborado por meio de uma pesquisa
[1971], UnB [1974], UFSCar [1978], UFPA [1987] e PUC-SP [1999]) e de outras
inicial.
4
Pesquisa realizada ao longo de dois anos pelos alunos e professores do mestrado em Psicologia
Experimental: Análise do Comportamento da PUC-SP, como parte das atividades curriculares da
disciplina Pesquisa Supervisionada: História e Fundamentos Epistemológicos, Metodológicos e
Conceituais da Análise do Comportamento.
5
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.
19
pesquisadores.
O levantamento completo das dissertações e teses foi realizado por três gerações
Entre as informações listadas para cada trabalho, estão: (a) autor, (b) título, (c)
ano da defesa, (d) orientador, (e) instituição de ensino superior, (f) tipo de trabalho (i.e.,
conceitual). Apenas uma parcela dos estudos apresenta informações sobre (a) filiação
atual do autor, (b) filiação atual do orientador, (c) co-orientador, (d) filiação atual do co-
Resumo, 145 ainda permaneceram dessa forma. Para tais pesquisas, apenas o título foi
6
A atualização do BDTACB foi realizada pela autora do presente trabalho e por uma pesquisadora
integrante do Laboratório de Estudos Históricos em Análise do Comportamento (LEHAC) da PUC-SP.
20
transcrição, textual, ditado, cópia, autoclítico e audiência. Para ser incluído na presente
pesquisa, o estudo deveria apresentar pelo menos um dos termos citados no título ou no
Resumo.
visto que a escolha de algumas delas (e.g., verbal e verbais) dispensou o uso de termos
Para alguns autores (Hall, 1998; Hall & Chase, 1991; Horne & Lowe, 1997;
equivalência de estímulos, pois Skinner não se referiu a esse conceito ao longo de sua
vasta obra.
governado por regras também não foram incluídos entre as palavras de busca desta
pesquisa. Isso porque adotou-se como referência para a definição de temas ligados ao
enquanto a expressão comportamento governado por regras surge pela primeira vez
Verbal Behavior (Mendonça, 2010). Outros conceitos tratados pelo autor no âmbito do
Categorias do Estudo 1.
verbal, um novo banco de dados foi criado com o programa Microsoft Office Excel
2007. Por estarem completos, alguns campos do BDATCB foram copiados diretamente
• Autor do trabalho;
• Título do trabalho;
• Ano da defesa;
• Orientador;
7
Trabalhos destinados a investigar experimentalmente conceitos e processos comportamentais básicos,
fundamentados no referencial teórico da Análise do Comportamento.
8
Trabalhos voltados a analisar problemas originados de uma demanda social concreta, cujos resultados
buscam atender às demandas.
9
Trabalhos destinados a avaliar o desenvolvimento histórico e as bases epistemológicas, metodológicas e
conceituais do Behaviorismo Radical e da Análise do Comportamento.
22
pela pesquisadora após a leitura integral dos resumos das dissertações e das teses. Entre
eles:
• Área de aplicação,
• Temas.
Área de aplicação.
Esta categoria destinou-se apenas às pesquisas aplicadas, pelo fato de elas serem
áreas de aplicação, considerou-se o setting em que o estudo foi realizado (e.g., escola e
Clínica.
menos um dos seguintes critérios: (a) clínica psicológica como setting; (b) terapeutas,
Educação.
menos um dos seguintes critérios: (a) escola ou outras instituições de ensino como
intervenção.
23
Saúde.
menos um dos seguintes critérios: (a) instituições de saúde (e.g., hospitais) como
setting; (b) profissionais da saúde (e.g., médicos e enfermeiros) como participantes e (c)
Outros.
categorias anteriores. Devido ao seu número limitado, elas não justificaram a elaboração
Esta categoria se aplicou apenas às pesquisas básicas, pelo fato de elas terem
por regras (i.e., controle instrucional e regras), (b) contingências de reforçamento (i.e.,
10
Embora termos relacionados aos conceitos de equivalência de estímulos e comportamento governado
por regras não tenham sido incluídos entre as palavras de busca adotadas nesta pesquisa, uma parte dos
trabalhos selecionados abordou tais conceitos, justificando a criação de categorias capazes de abarcá-los.
Mais considerações sobre essas categorias serão feitas na seção Resultados e Discussão.
24
Temas.
Solução de problemas.
11
Neste item, incluíram-se os conceitos que, por terem aparecido poucas vezes, não justificaram a criação
de novas categorias. Entre eles, eventos privados, metacontingência, variabilidade, operação motivadora e
autocontrole.
12
Assim como no campo Conceitos da Análise do Comportamento aplicado somente às pesquisas
básicas, uma parte dos trabalhos selecionados envolveu os conceitos de equivalência de estímulos e
comportamento governados por regras, justificando a criação de categorias capazes de abarcá-los. Mais
considerações sobre essas categorias serão feitas na seção Resultados e Discussão.
25
Análise teórico-conceitual.
Radical, voltada a sistematizar e refinar sua base conceitual) e (b) análise inter-
experimentais.
26
estabelecer qualquer tipo de relação causal entre elas e os eventos ambientais (i.e.,
Conceitos da
Tipo de Linha de Área de
Autor Título Ano Orientador Instituição Resumo Análise do Temas
trabalho pesquisa aplicação
Comportamento
Categorias do Estudo 2.
Tipo de Metodologia.
variáveis experimentais.
27
Participantes.
Delineamento experimental.
variável experimental) ou (b) de grupo (i.e., estudos nos quais diferentes grupos de
comparados).
Unidade de análise.
Medida utilizada.
resposta verbal, (b) nível de energia da resposta verbal, (c) velocidade, (d) porcentagem,
Delineamento
Metodologia Participantes Unidade de análise Medida
experimental
28
Foram registrados (1) o número de publicações por dissertação e/ou tese, (2) os
tipos de publicação (e.g., artigo), (3) o nome do periódico científico (no caso de
entre juízes.
da seguinte maneira:
29
pesquisadores.
Este processo se estendeu até ser alcançado 80% de concordância entre os juízes
pesquisa.
mando selecionou palavras como comando e confirmando. Por esse motivo, após o
Este processo de exclusão das pesquisas citadas se deu por meio da leitura
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Estudo 1
Anexo 1). Como mostra a Figura 1, o número de pesquisas variou ao longo dos anos.
UEL
PUC-SP
UFSCar UFPA UCG
UnB
USP
psicologia, orientada por Carolina Bori. De 1969 a 1979, a produção de trabalhos sobre
13
A primeira defesa de uma dissertação de mestrado e/ou de uma tese de doutorado só pode ser realizada
dois anos após a criação de um programa de pós-graduação. Na Figura 1, foram destacados os anos em
que provavelmente os primeiros trabalhos foram defendidos em cada universidade citada.
32
o tema foi limitada no Brasil: apenas seis pesquisas, todas orientadas por Carolina Bori,
na USP.
número de estudos sobre comportamento verbal. Até 1990, tal crescimento não pode ser
trabalhos identificados até este ano, apenas dois não foram produzidos na USP. Em vez
Entre eles, Maria Amélia Matos, Rachel Kerbauy e Luis Cláudio Figueiredo.
pesquisas sobre comportamento verbal nessa época foi a tradução do livro Verbal
outras universidades, como a UnB, a UFPA e a UFSCar. Interessante notar que, apesar
década de 1970, somente a partir dos anos 1990 elas começaram a produzir estudos
(2010) também apontaram este fator como um dos responsáveis pelo crescimento
ano 2000.
33
que o número de estudos sobre o tema equivale a apenas 18% do total de pesquisas
pesquisa no país.
34
Tipo de trabalho.
teses cresceu de maneira expressiva. Talvez isso se deva ao fato de a abertura de cursos
universidade.
Tabela 1
PUC-SP, com 36 pesquisas - a maioria delas dissertações de mestrado.14 Vale notar que,
embora o programa de mestrado da PUC-SP tenha sido criado algumas décadas depois
14
O programa de doutorado em psicologia experimental da PUC-SP foi criado em 2008, o que explica o
pequeno número de teses defendidas na instituição (três). Estas foram elaboradas em outros programas de
doutorado da universidade, não representando programas específicos em Análise do Comportamento.
36
trabalhos sobre comportamento verbal (29 dissertações e três teses), seguida pela UnB
(21 dissertações e sete teses), a UFSCar (15 dissertações e nove teses), a UCG (15
PUC-SP
UCG
UFPA
UFSCar
USP
UnB
produzir trabalhos sobre o tema alguns anos após a abertura de seus programas de pós-
interessados na nova área de pesquisa, parece ter incentivado seu crescimento. No caso
orientação data de 1996. Na UFSCar, por sua vez, Júlio de Rose concluiu a primeira
grande número de dissertações e teses sobre comportamento verbal defendido logo após
Orientadores.
12-13-14-15-16
Elias, N. C. (2007 – D – UFSCar)
Matos, M. A.
(USP) Cavalcante, M. R. (1999 – D – USP) Elias, N.C. (2007 – D – UFSCar)
Fontes, J.C.S.
(UFPA) Oliveira, M. S. (1996 – M – UFPA)
22
Souza Filho, R. C. (2001 – M - UFPA)
por Carolina Bori, Maria do Carmo Guedes, Maria Amélia Matos, José Carlos Fontes e
modo indireto, ela também foi responsável pela formação de outros quatro
pesquisadores (i.e., orientandos de seus orientandos). Maria do Carmo Guedes, por sua
mesma linha, José Carlos Fontes formou dois pesquisadores e contribuiu, de maneira
indireta, à pós-graduação de outros três. Por último, Luís Cláudio Figuereido orientou
outros 11.
eram da USP (Carolina Bori, Maria Amélia Matos e Luis Cláudio Figueiredo),
sobre o tema. Juntos, os primeiros orientadores da USP neste campo foram responsáveis
Figura 6. Orientadores e orientandos sobre comportamento verbal em cada universidade. Intercambio de orientadores entre as instituições de ensino superior. Os nomes destacados em negrito e sublinhados representam os orientadores de cada
instituição. Os nomes grifados na cor cinza se referem aos pesquisadores que concluíram o mestrado ou o doutorado em uma instituição e, em seguida, tornaram-se orientadores na mesma área de pesquisa (i.e., comportamento verbal), migrando
ou não para outra universidade. As flechas indicam onde o pesquisador se formou e em qual instituição se tornou orientador. Os números embaixo dos nomes dos orientadores remetem aos seus orientandos (a relação completa dos nomes consta
do Anexo 3).
42
maior responsável pela expansão deste campo de pesquisa no país, visto que cinco dos
seis orientadores formados pela USP se transferiram para outras universidades (i.e.,
outro lado, a UEL, a UCG e a UFSC não formaram pesquisadores que se tornaram
UFPA , oito da PUC-SP, oito da UnB, sete da USP, seis da UFSCar, cinco da UCG,
USP.
orientaram de dois a três trabalhos, 18% orientaram de quatro a seis trabalhos e 16%
orientaram sete ou mais trabalhos. Entre eles, destacaram-se Carolina Bori, Deisy das
Graças Sousa, Emmanuel Tourinho, Maria Amália Andery, Roberto Banaco, Maria
Amélia Matos, Antônio Ribeiro e Júlio de Rose. Juntos, eles foram responsáveis pela
nove teses). Na sequência, aparecem Deisy das Graças de Souza (12 orientações: nove
dissertações e três teses), Emmanuel Tourinho (11 orientações: nove dissertações e duas
teses), Maria Amália Andery (10 dissertações), Roberto Banaco (nove dissertações),
Maria Amélia Matos (nove orientações: duas dissertações e sete teses), Antônio Ribeiro
(oito orientações: seis dissertações e duas teses) e, por fim, Júlio de Rose (sete
O número de orientações feitas por cada pesquisador oscilou ao longo dos anos.
A Tabela 2 mostra a quantidade de dissertações e teses orientadas a cada dois anos pelos
Tabela 2
Número de Trabalhos Orientados por Pesquisador ao Longo dos Anos
Bori, Matos, Ribeiro, Souza, De Rose, Tourinho, Andery, Banaco,
C. M. M. A. A. F. D. G. J. C. C. E. Z. M.A.P.A. R. A.
De acordo com a Tabela 2, dos oito pesquisadores listados, apenas Carolina Bori
comportamento verbal. Ao lado de Carolina Bori, ela liderou as orientações nesta área
até 1994, quando dois outros pesquisadores sobressaíram: Deisy das Graças Sousa e
sobre comportamento verbal, Carolina Bori interrompe essa atividade. No ano seguinte,
orientações conduzidas por Emmanuel Tourinho e Deisy das Graças, além da abertura
seis anos um número de estudos equivalente ao total de pesquisas realizadas nas duas
Linha de pesquisa.
se que, dos 182 estudos sobre comportamento verbal, 104 eram pesquisas aplicadas
década de 1990 (Micheletto et al., 2010), a maioria dos trabalhos sobre comportamento
no presente estudo. A partir do ano 2000, vale acrescentar, trabalhos nas três linhas de
Pesquisas aplicadas.
de terapeutas para a prática clínica (duas pesquisas), (d) a orientação de pais voltada ao
Apenas 10% dos trabalhos aplicados foram realizados na área da saúde. Boa
parte deles empregou o método experimental (70%) e investigou o controle exercido por
hábitos alimentares e de higiene mais saudáveis (uma pesquisa), bem como (c) as
aplicação, tais como (a) esporte (um trabalho investigou o controle do comportamento
de atletas por meio de regras), (b) mídia (dois trabalhos analisaram relatos verbais em
comportamento verbal no campo da educação (30%), seguidos por estudos nas áreas
Pesquisas básicas.
governado por regras (24%). Embora excluído das palavras de busca utilizadas no
presente estudo para localizar os trabalhos sobre comportamento verbal, tal conceito foi
identificado em diversas pesquisas selecionadas. Segundo Vaughan (1989), ele pode ser
Pesquisas histórico-conceituais.
Bloomfield e M. Bakhtin.
Metodologia.
respectivamente.
mais frequentes.
51
de trabalhos descritivos), assim como da USP, cuja maioria dos estudos adotou
década de 1990 - o que explica a prevalência de estudos descritivos nas três primeiras
Temas de investigação.
Pesquisas experimentais.
Tabela 3
Número Total e Porcentagem dos Temas de Investigação das Pesquisas
Experimentais
Temas N %
Equivalência de estímulos 31 27%
Controle operante do comportamento verbal 24 21%
Comportamento governado por regras 18 16%
Correspondência entre comportamento verbal e não verbal 16 14%
Independência funcional entre operantes verbais 9 8%
Aquisição, manutenção e generalização de operantes verbais 7 6%
Comportamento verbal e noção de subjetividade 4 3%
Metodologia utilizada no estudo do comportamento verbal 3 3%
Solução de problemas 2 2%
Controle do comportamento verbal sobre o comportamento não
2
verbal correspondente 2%
Total 116 -
tema mais investigado pelas pesquisas experimentais (27%). Boa parte dos trabalhos
(21%). Esses estudos analisaram o modo como processos operantes básicos se aplicam
A independência funcional entre operantes verbais, por sua vez, foi o tema
operantes.
Cabe citar, ainda, outros temas identificados: (a) noção de subjetividade (3%),
temas diferiu entre os estudos. No trabalho de Moroz et al., destacaram-se (a) eventos
privados (30%), (b) comportamento governado por regras (17%), (c) equivalência de
55
estímulos (14%), (d) solução de problemas (12%) e (e) operantes verbais (11%). Tal
discrepância pode ser atribuída tanto à diferença entre a natureza dos trabalhos
afeitos a artigos das mais diferentes naturezas, as dissertações e teses analisadas neste
variou ao longo dos anos. A Tabela 4 mostra o número de pesquisas sobre cada tema de
Tabela 4
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9.
Controle Cpto. Relações Correspond. Subjetiv. Independ. Aquis. e Controle Solução
operante governado emergentes entre funcional manut. de do CV de
do CV por regras entre estímulos CV e CNV entre OV OV sobre o problemas
CNV
corresp.
1969-1970
1971-1972 X
1973-1974
1975-1976
1977-1978
1979-1980 X
1981-1982 X X
1983-1984
1985-1986
1987-1988 X
1989-1990 X
1991-1992 X X
1993-1994 X X
1995-1996 XX X
1997-1998 X X XX XX X
1999-2000 X XXX XX X
2001-2002 XXX XXXX XXXXX XXXX XX XX X X
2003-2004 XXXX XXXXXXX XXXXXXXXX XXX XXX XX X
2005-2006 XXXXXX XXXX XXXX XX X XX XXX X
2007 XXXX X XXXXX XX X
operante e, como tal, está sujeito às mesmas leis que regem qualquer comportamento
controle de estímulos.
tardio, em 1990, aumentando de frequência a partir de 2001. Ao que tudo indica, esse
crescimento resultou das orientações conduzidas por Deisy das Graças, Júlio de Rose e
De novo, vale fazer uma ressalva: o presente trabalho não teve por objetivo
conceitos, estes foram detectados na amostra final. Ainda assim, os resultados aqui
descritos não devem ser considerados representativos dos campos de pesquisa sobre
comportamento verbal.
consolidando-se como área de pesquisa após o ano de 1998. Por outro lado, raras foram
2000.
investigada na UFSCar (3), na UCG (2), na UnB (1) e PUC-SP (1). Das seis
universidades analisadas, vale notar, apenas a UCG (3) e a USP (1) estudaram a noção
disso, enquanto a UFPA foi a única instituição voltada ao tema resolução de problemas,
se ao estudo dos diferentes temas de investigação citados, ainda que alguns deles
Pesquisas descritivas.
Tabela 5
Número Total e Porcentagem dos Temas de Investigação das Pesquisas Descritivas
realizado pelos autores, uma porcentagem menor de estudos (32%) também realizou
registro de respostas verbais. Uma parcela menor dos trabalhos descritivos (6%)
respostas verbais.
longo dos anos. A Tabela 6 mostra o número de trabalhos por tema de investigação a
Tabela 6
1969-1970 X
1971-1972 X
1973-1974 X
1975-1976 X
1977-1978
1979-1980 XX
1981-1982 X XX
1983-1984 X X
1985-1986
1987-1988 XXX
1989-1990 XXXX
1991-1992 X X
1993-1994 X X
1995-1996 X X
1997-1998 X X
1999-2000 XXX X XXX
2001-2002 X XXXXXXXXXXXX XXX
2003-2004 XXX X X
2005-2006 XXXXXX XX
2007 XX XX
Nota. Células em branco indicam a ausência de trabalhos sobre o tema. Cada X
corresponde a um trabalho sobre o tema. Dessa forma, por exemplo, a notação XX
equivale a dois trabalhos sobre o tema em questão e assim sucessivamente.
partir de 1983, apresentaram produção limitada. Este dado condiz com a proposta de
conceito deve ser realizado por meio da identificação de relações funcionais entre
Figura 12. Número de trabalhos realizados por universidade nos diferentes temas de
investigação.
funcionais (17), seguida pela UFPA (7) e pela PUC-SP (5). Análises teórico-conceituais
distribuíram-se de forma equilibrada entre a UFPA (4), a USP (3) e a UFSCar (3). Já
análises de conteúdo limitaram-se à USP (2), à PUC-SP (1) e à UFSCar (1). A USP
publicação considerados foram (1) resumos em anais de eventos científicos, (2) artigos
abordagens.
Uma vez que apenas metade (51%) dos pesquisadores da área publicou seus
trabalhos, o acesso aos demais estudos restringe-se aos exemplares presentes nas
as diferentes regiões do país. Afinal, para obter a íntegra de uma dissertação da UFPA,
por exemplo, um pesquisador de São Paulo teria de se deslocar até o Pará. Daí a
Sudeste.
publicado. Entre eles: Ciclo de Estudos sobre Deficiência Mental, Congresso Brasileiro
Esporte.
outras áreas do conhecimento (e.g., educação e ciências da saúde), sinal de diálogo dos
publicações desse tipo se distribuíram pelos seguintes livros, cada qual com apenas uma
(um artigo), Interação em Psicologia (um artigo), Reflexão e Crítica (um artigo), Sensu
Pós-Graduação em Revista (um artigo), Temas em Psicologia (um artigo), Vida e Saúde
(um artigo), Acta Comportamentalia (um artigo), Journal of the Experimental Analysis
grande parte, da área da psicologia. Portanto, não pôde ser constatada a interação com
comportamento em terem seus trabalhos aceitos para publicação pelo corpo editorial de
área da psicologia.
implicações na análise dos dados aqui apresentados. Não são todos os pesquisadores
número de publicações decorrentes de dissertações e teses pode ser ainda maior do que
Estudo 2
identificados, 114 deles utilizaram sujeitos humanos e apenas dois, sujeitos infra-
adolescentes. Treze trabalhos não especificaram nos resumos a faixa etária dos
dados confirmam os achados de Normand et al. (2002) e Moroz et al. (2001), que
acadêmico.
por Moroz et al. (2001), em revisão de artigos brasileiros sobre comportamento verbal.
de forma clara nos resumos a unidade de análise selecionada. Destas, 85% investigaram
forma de categorizar contingências verbais, somente uma pequena parcela das pesquisas
70
experimentais os adotou como unidades de análise (16 estudos dos 116 identificados).
das variáveis antecedentes que controlam o responder. Identificar tais variáveis, porém,
não é uma tarefa fácil - pois requer o conhecimento da história responsável por conferir
contingência verbal (pelo menos até onde a metodologia da área pôde avançar até hoje),
Alguns autores (Donahoe, 1998; Drash & Tudor, 1991; Eshleman, 1991;
Leigland, 1998) atribuem o pequeno número de trabalhos que utilizam operantes verbais
razoável supor que o interesse de analistas do comportamento está voltado para outros
contingências em operantes verbais. Por esse motivo, sugere-se que trabalhos futuros
que ela não seria o parâmetro mais adequado para o estudo do comportamento verbal.
Cabe reconhecer, ainda, que o pequeno número de trabalhos que informaram nos
futuras analisem de maneira mais completa esses aspectos, selecionando como material
CONSIDERAÇÕES FINAIS
1991; Leigland, 1998) têm afirmado que a proposta de Skinner (1957) para o estudo do
área. A USP foi a instituição que produziu o maior número de trabalhos sobre
UCG e UEL.
um trabalho sobre o tema no país, desempenhando essa função com exclusividade por
13 anos (1969-1982). Outros pesquisadores que merecem destaque pelo grande número
de trabalhos orientados neste campo de pesquisa são: Deisy das Graças Sousa,
Emmanuel Tourinho, Maria Amália Andery, Roberto Banaco, Maria Amélia Matos,
governado por regras, já que ambos não foram abordados por Skinner no livro Verbal
Behavior (1957). No entanto, o grande número de dissertações e teses sobre esses temas
evidencia uma relação estreita entre eles e o estudo do comportamento verbal. Por esse
motivo, sugere-se que trabalhos futuros investiguem de forma mais cuidadosa aspectos
específicos dessas três áreas de pesquisa e analisem criteriosamente a forma como elas
interagem.
como motivadora, visto que nos dois casos o efeito sobre a resposta pode ser igual (i.e.,
evocativo).
fora do laboratório experimental (onde novas respostas e histórias podem ser criadas),
teses, o presente trabalho não teve acesso a descrições mais detalhadas sobre os
verbal. Mais uma vez, as limitações do material utilizado para análise (i.e., resumos de
futuros investigarem tais aspectos, com vistas a identificar problemas e propor soluções.
O presente trabalho mostrou ainda que apenas metade das dissertações e teses
comportamento verbal vem sendo abordado nos meios de divulgação. Tal análise é
REFERÊNCIAS
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of Verbal Behavior, 15, 113-116.
Hall, G. A. & Chase, P. N. (1991). The relationship between stimulus equivalence and
verbal behavior. The Analysis of Verbal Behavior, 9, 107-119.
Horne, P. J. & Lowe, C. F. (1997). Toward a theory of verbal behavior. Journal of the
Experimental Analysis of Behavior, 68, 271-296.
Morris, E. K., Todd, J. T., Midgley, B. D., Schneider, S. M. & Johnson, L. M. (1985).
Conclusion: Some historiography of behavior analysis and some behavior analysis
of historiography. Em J. T. Todd & E. K. Morris (Eds.), Modern perspectives on B.
F. Skinner and contemporary behaviorism (pp. 131-158). Westport, Estados Unidos
da América: Greenwood Press.
Normand, M. P., Fossa, J. F. & Poling, A. (2002). Publication trends in the analysis of
verbal behavior: 1982-1998. The Analysis of Verbal Behavior, 17, 167-173.
ANEXOS
80
Flores, E. P. (2003). Saber como e saber sobre em uma tarefa de pares associados:
efeitos da complexidade da tarefa e das instruções (Tese de doutorado).
Universidade de Brasília, Brasília, DF.
Kovac, R. (2001). Uma comparação entre duas propostas metodológicas para a análise
do registro de uma interação verbal em uma situação aplicada: o setting clínico
(Dissertação de mestrado). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São
Paulo, SP.
Pergher, N. K. (2002). De que forma as coisas que nós fazemos são contadas por
outras pessoas? Um estudo de correspondência entre comportamento não verbal e
verbal (Dissertação de mestrado). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,
São Paulo, SP.
29. Utida, H. H.
30. Silva, D. R.
31. Rubano, D. R.
32. Rodrigues, M. E.
33. Leme, R. C.
34. Mello, Maria E. M. P.
35. Sadi, H. M.
36. Magalhâes, K.
37. Iégas, A. L. F.
38. Menezes, M. V.
39. Eliotério, E. C. P.
40. Silva, F. M.
41. Silva, L. S.
42. Ferreira, S. L. L.
43. Carmo, D. R. C. S.
44. Sampaio, M. E. C.
45. Branco, C. M.
46. Paracampo, C. C. P.
47. Barros, R. S.
48. Ramos, L.
49. Darwich, R. A.
50. Dias, P. R. P.
51. Alves, K. R. S.
52. Sena, M. F. M.
53. Cardoso, D. G.
54. Maués, A. S.
55. Pereira, M. E. F.
56. Reis, A. A.
57. Albuquerque, N. M. A.
99
58. Santos, J. G. W.
59. Moreira, S. A. R.
60. Galvão, S. C.
61. Martins, P. S.
62. Azevedo, Y. L.
63. Medeiros, M. L. A.
64. Souza Filho, R. C.
65. Maciel, J. M.
66. Silva M. C. O.
67. Barbosa, J. I. C.
68. Oliveira, M. S.
69. Nelson, T.
70. Coelho, N. L.
71. Darwich, R. A.
72. Neis, V. L.
73. Lopes, C. E.
74. Soares, E. M. S.
75. Ribeiro, I. G.
76. Zanotto, M. A. C.
77. Domeniconi, C.
78. Maranhe, E. A.
79. Bandini, H. H. M.
80. Baptista, M. Q. G.
81. Bandini, C. S. M.
82. Robles, H. S. M.
83. Elias, N. C.
84. Silva, A. M. R. C.
85. Ribeiro, D. M.
86. Piccolo, A. A. T.
100
87. Bortolozzi, A. C.
88. Schmidt, A.
89. Gallo, A. E.
90. Paulino, E. C.
91. Costa, A. R. A.
92. Costa, A. R. A.
93. Verdu, A. C. M. A.
94. Gaia, T. F.
95. Huziwara, E. M.
96. Oshiro, C. B.
97. Ottoni, T. M.
98. Sazonov, G. C.
99. Martins, M.G.
100. Mesquita, A.
101. Panagiotidou, E.
102. Pedrosa, E. P.
103. Oliveira, C. I.
104. Nalini, L. E.
105. Flores, E. P.
106. Oliveira, S. C. M.
107. Silva, W. C. M. P.
108. Medeiros, C. A.
109. Villani, M. C. S.
110. Silva, W.C.M.P.
111. Mousinho, L. S.
112. Cordoba, L. F.
113. Lage, M. N. A.
114. Hech, E. T. S.
115. Beckert, M. E.
101
116. Hech, E. T. S.
117. Lima, E. L. T. A.
118. Natalino, P. C.
119. Caló, F.A. N.
120. Gadelha, Y.A.
121. Àvila, R. R.
122. Miranda, P. F.
123. Coutinho, S. M. G.
124. Ferreira, E. A. P.
125. Sasso, E. C.
126. Cunha, G. N. B.
127. Oliveira, E. H. P. D.
128. Rodrigues, A. M. P. L.
129. Silva, K. P.L.
130. Santos, D. C. O.
131. Carneiro, M. A. M. P.
132. Leite, M. T. L.
133. Barbosa, M. C.
134. Oliveira, L. H. R.
135. Bueno,G. F. T.
136. Simonassi, L.
137. Menezes, M. A. C.
138. Guimarães, G.
139. Amorosino, I.
140. Francescantônio, I. C.
141. Moreira, M. B.
142. Dias, F. C.
143. Santos, T. C. E. S.
144. Balau, R. M. S. C.
102
145. Leite, M. K. O. S.
146. Goes, Z. S.
147. Tunes, E.
148. Battistelli, M. O. L.
149. Goyos, A. C. N.
150. Simão, L. M.
151. Costa, M. P. R.
152. Navarro, D. L. C.
153. Engelmann, A.
154. Marturano, E. M.
155. Ramos, A. T. A.
156. Motta, M. M. M.
157. Cerqueira, A. T. A. R.
158. Monteiro, M. I. B.
159. Almeida, L. M. A.
160. Engelmann, A.
161. Wielenska, R. C.
162. Lopes Junior, J.
163. Tourinho, E. Z.
164. Faleiros, T. C.
165. Delitti, A. M. C.
166. Wielenska, R. C.
167. Falqueiro, A. M. L.
168. Sales, C. A. C. C.
169. Pereira, M. E. M.
170. Fazolari, V.
171. Hubner, M. M.
172. Schmidt, A.
173. Batista, C. G.
103
174. Malerbi, F. E. K.
175. Paracampo, C. C. P.
176. Passos, M. L. R. F.
177. Cavalcante, M. R.
178. Del Prette, G.
179. Nardi, R.
180. Stella, E. M.
181. Marins, S. C. F.
182. Hamasaki, E. I. M.
104
Pereira, E. F. A. 1 0 1
Gil, M. S. C. A. 1 0 1
Guedes, M. C. 0 1 1
Kubo, O. M. 1 0 1
Marinho, M. L. 1 0 1
Silvares, E. F. M. 1 0 1
Souza, C. B. A. 1 0 1
Todorov, J. C. 1 0 1
Tomanari, G. A. Y. 1 0 1
N/D 1 0 1
Total 141 41 182