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JUAZEIRO-BA
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JUAZEIRO-BA
2018
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Lima, Ravi M. A. P.
L732d Dispositivos têxteis multifuncionais para uso em supercapacitores e aquecedores
elétricos / Ravi Moreno Araujo Pinheiro Lima. –– Juazeiro, 2018.
xiii, 111 f. : il. ; 29 cm.
Referências.
CDD 621.3
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais por todo o amor a mim concedido, pelo incentivo e todo o suporte
necessário ao longo dessa caminhada.
A minha companheira de caminhada por todos os cuidados e por sempre ter estado
ao meu lado me orientando e acalmando o meu coração.
Ao meu co-orientador Dr. José Jarib Alcaraz Espinoza pelo suporte e ensinamentos.
A todo corpo docente e técnicos do PGCM que contribuíram diretamente com a minha
formação.
RESUMO
O desenvolvimento de dispositivos condutores leves e flexíveis com características
multifuncionais e que possam ser integrados em vestimentas surgiu como uma
alternativa para substituir os dispositivos eletrônicos convencionais. A textrônica
permitiu a integração de tecidos e materiais condutores com o objetivo de
confeccionar tecidos e roupas com características especiais. A incorporação de
materiais condutores, como nanotubos de carbono e polímeros condutores, na
superfície de tecidos à base de algodão modifica as propriedades elétricas e
mecânicas destes tecidos, atribuindo novas características e funções aos materiais
que podem ser utilizados como aquecedores elétricos e como supercapacitores.
Linhas de algodão foram revestidas com nanotubos de carbono e polipirrol para obter
um compósito condutor flexível e leve. Todas as amostras foram submetidas à
caracterização eletroquímica e térmica para verificar suas funcionalidades como a
aquecedores elétricos e como dispositivos armazenadores de energia. A alta
condutividade da amostra com nanotubos de carbono e polipirrol (polimerização
interfacial) (10,44 S cm-1) aliado ao seu desempenho eletroquímico fez deste
compósito o mais promissor entre os analisados. Devido à sua condutividade, o
compósito foi utilizado como eletrodo de supercapacitor, obtendo uma capacitância
de 30 F g-1 e, além disso, foi alcançado o valor de temperatura de 70 ºC aplicando um
campo elétrico de apenas 5 V/cm. A partir destes resultados, verificou-se que é
possível associar essas propriedades para a produção de um dispositivo inteligente
que seja capaz de armazenar energia e atuar como aquecedor elétrico.
ABSTRACT
The development of lightweight and flexible conductive devices with multifunctional
features that can be integrated into clothing has emerged as an alternative to replace
conventional eletronic devices. The textronic allowed the integration of fabrics and
conductive materials allowing the development of fabrics and clothes with special
characteristics. The incorporation of conductive materials, such as carbon nanotubes
and conductive polymers on the surface of cotton-based fabrics modifies the electrical
and mechanical properties of these fabrics, assigning new characteristics and
functions to materials that can be used as electrical heaters and supercapacitors.
Cotton threads were coated with carbon nanotubes (CNT) and polypyrrole (PPy) to
provide a flexible and light weight composite. All samples were submitted to
electrochemical and thermal characterization to verify their functionalities as electrical
heaters and energy storage devices. The high conductivity of the sample with carbon
nanotubes and polypyrrole (interfacial polymerization) (10,44 S cm-1) allied with its
electrochemical performance made this composite the most promising among those
analyzed. Due to high its conductivity, the composite was used as a supercapacitor
electrode, obtaining a capacitance of 30 F g-1 and, besides that, the temperature value
of 70 ºC was reached applying a electrical field of 5 V/cm. From these results, we
verified the possibility to associate these properties for the development of an
intelligent device that is capable to store energy and act as an electrical heater.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Nanotubos de carbono com uma camada e nanotubos de carbono
multicamada .............................................................................................................. 28
Figura 2: Configuração em zigzag ............................................................................ 29
Figura 3: Configuração braço de cadeira ou arm chair ............................................ 29
Figura 4: Configuração quiral ................................................................................... 30
Figura 5: Configurações dos nanotubos de carbono multicamada ........................... 31
Figura 6: Funcionalização dos nanotubos de carbono ............................................. 32
Figura 7: Funcionalização não covalente dos nanotubos de carbono com: a)
Surfactantes; b) Polímeros ........................................................................................ 34
Figura 8: a) Ilustração do revestimento de nanotubos de carbono sobre a folha de
celulose; b) Sensor de amônia .................................................................................. 37
Figura 9: Supercapacitor fabricado a partir de fibras condutoras ............................. 37
Figura 10: Aquecedor elétrico transparente. a) 0 V; b) 60 V .................................... 38
Figura 11: Estrutura química dos ICPs mais utilizados ............................................ 39
Figura 12: Estrutura química dos polímeros intrinsicamente condutores ................. 40
Figura 13: Formação dos polarons, bipolarons e dos estados energéticos dos
bipolarons .................................................................................................................. 41
Figura 14: Polimerização química in situ .................................................................. 43
Figura 15: Polimerização do pirrol (Py) resultando em polipirrol (PPy). a) Oxidação do
monômero; b) Formação do dímero; c) Continuação da polimerização; d) Reação da
síntese do polipirrol utilizando o oxidante FeCl3 ....................................................... 45
Figura 16: Estrutura das bandas de energia para o polipirrol com baixo, intermediário
e alto níveis de dopagem .......................................................................................... 46
Figura 17: Polimerização interfacial dos monômeros de polipirrol a baixa temperatura
.................................................................................................................................. 48
Figura 18: Polimerização interfacial utilizando solução aquosa e gás contendo pirrol.
a) Início do processo de polimerização; b) Polimerização finalizada ........................ 48
Figura 19: Exemplos de aquecimento Joule a partir da aplicação de uma tensão sobre
um condutor .............................................................................................................. 52
Figura 20: capacitor de dupla camada elétrica ......................................................... 56
Figura 21: Circuito equivalente de um supercapacitor de dupla camada elétrica ..... 56
Figura 22: Modelo de um supercapacitor híbrido ..................................................... 59
9
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 14
2. OBJETIVOS ....................................................................................................... 16
Estrutura e classificação..................................................................... 27
Aplicações ............................................................................................ 35
Pseudocapacitores........................................................................... 57
6. CONCLUSÃO .................................................................................................... 97
1. INTRODUÇÃO
al., 2013; SHIM et al., 2008). Algumas propriedades dos nanotubos de carbono foram
exploradas e aplicadas com o intuito de verificar a sua multifuncionalidade, tais como
a propriedade hidrofóbica investigada em tecidos revestido com nanotubos de
carbono o qual foi verificado que o tecido se tornava impermeável (LIU, Y. et al., 2007).
Um outro estudo foi realizado utilizando esse mesmo nanomaterial para revestir
tecidos que seriam utilizados como eletrodos de supercapacitores (WANG, K. et al.,
2011).
O interesse nos tecidos eletrônicos se dá pela necessidade do desenvolvimento
de dispositivos multifuncionais vestíveis, também conhecidos como tecidos
inteligentes (smart textiles). Os tecidos inteligentes são capazes de integrar
dispositivos que podem resfriar e aquecer, armazenar energia (supercapacitores),
controlar atividade bacteriana e de funcionarem como sensores. Ou seja, são
dispositivos que são capazes de executar múltiplas funções simultaneamente (MOON
et al., 2017).
Visando contribuir com essa nova linha de pesquisa, no presente trabalho foi
desenvolvido um dispositivo multifuncional à base de fibras de algodão revestidas com
nanomateriais condutores capazes de armazenar energia (supercapacitores) e de
controlarem a temperatura de superfícies.
16
2. OBJETIVOS
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Com o passar dos anos estão sendo cada vez mais desenvolvidos dispositivos
eletrônicos multifuncionais portáteis. Devido a essa tendência, uma nova classe de
materiais conhecida como Textrônica está sendo desenvolvida. O aumento do
interesse na pesquisa referente a eletrônica têxtil fez com que houvesse uma evolução
na procura por essa nova classe de material, tornando-a industrialmente relevante.
No final da década de 90, com o objetivo de encontrar uma maneira de integrar fios
condutores e circuitos em materiais têxteis, foram realizados diversos experimentos
utilizando circuitos eletrônicos com sensores e atuadores integrados aos tecidos.
Estes tecidos passaram a ser chamados de tecidos inteligentes ou smart textiles.
Dessa forma, foi possível criar vestimentas com características condutoras e com
outras funcionalidades. Esse novo tipo de vestuário ficou conhecido como vestimentas
inteligentes (SCHNEEGASS; AMFT, 2003).
Os smart textiles têm como estrutura básica os tecidos ou malhas com
características distintas dos convencionais e, devido a isso, possuem funções que
permitem que sejam utilizados em diversas aplicações inovadoras (SCHNEEGASS;
AMFT, 2003). Segundo Langenhove e Hertleer (2004), essa classe de materiais
inteligentes são definidas como materiais têxteis que podem sentir e fornecer uma
resposta provocada por um estímulo externo a partir da integração de novos materiais
nos tecidos. Cherenack e Pieterson (2012) afirma que os tecidos inteligentes são
classificados em três categorias diferentes. A primeira categoria relaciona o tecido
apenas como um substrato para a integração de componentes eletrônicos como fibras
e fios condutores que são utilizados para conectar os sensores, atuadores e outros
dispositivos eletrônicos. Na segunda categoria, os tecidos atuam como sensores e
atuadores, substituindo alguns dispositivos eletrônicos convencionais. Por fim, a
terceira categoria engloba apenas tecidos inteligentes sem nenhum componente
eletrônico, dessa forma, os tecidos substituem por completo todos os dispositivos
eletrônicos.
Os tecidos inteligentes são produtos têxteis nos quais são incorporados
dispositivos eletrônicos ou fios condutores funcionalizados. Esta combinação permite
confeccionar roupas que funcionem como armazenadores de energia, aquecedores,
18
No trabalho proposto por Zhang, Baima e Andrew (2017) foi demonstrado que
tecidos de algodão revestidos com poli(3,4-etilenodioxitiofeno) (PEDOT) tornam-se
condutores e podem atuar como aquecedores elétricos. É possível observar no
trabalho que após o revestimento com PEDOT não é necessária a aplicação de altas
tensões para que o tecido seja aquecido pelo efeito Joule. Para verificar esse
comportamento, foram utilizados tecidos com uma camada (148 Ω) e com duas
camadas (69 Ω) de PEDOT. Quando foi aplicada uma tensão de 6 V na amostra com
menor resistência, ela atingiu uma temperatura de 75,3 °C em apenas 20 s. Um outro
teste foi feito utilizando uma bateria de 4,5 V e o sistema atingiu 56 °C em 20 s e
permaneceu constante durante 1 h. Dessa forma, conclui-se que o comportamento
desse compósito é de grande importância para os tecidos inteligentes multifuncionais,
pois possuem uma resposta relativamente rápida quando se aplica uma baixa tensão.
Ilanchezhiyan et al. (2015) desenvolveram um trabalho no qual foi estudado o
comportamento térmico e elétrico dos tecidos revestidos com nanotubos de carbono
funcionalizados. Visando explorar o potencial térmico do compósito, as amostras
foram submetidas a tensões elétricas afim de verificar a taxa de aquecimento e a
densidade de potência. Após deposições de camadas de nanotubos de carbono na
superfície dos tecidos, a resistência elétrica da amostra reduziu de 195 kΩ para 5 kΩ.
Isso ocorre por causa das interconexões que os nanotubos de carbono vão criando
ao longo da superfície do substrato. As amostras foram submetidas a diferentes
valores de tensão elétrica e a temperatura máxima alcançada foi de 96 °C para um
valor de tensão de 40 V. Para esses valores, a densidade de potência calculada foi
de 0,27 W/cm2. Estes resultados mostram claramente a eficiência do compósito como
dispositivos aquecedores flexíveis.
Em um estudo feito por Li et al. (2017), foi desenvolvido um dispositivo
aquecedor utilizando folhas de nanotubos de carbono alinhados e silicone
termocrômico. Na medida em que a espessura da camada de nanotubos foi
aumentando de 360 nm para 1,8 µm, a resistência do tecido diminuiu de 748 Ω para
145 Ω. Aplicando tensões de 3,5, 5 e 7,5 V, as amostras alcançaram temperaturas de
34, 45 e 68 °C, respectivamente. Devido a esse resultado, o estudo propõe que o
compósito é viável para aplicações em vestimentas para gerar conforto térmico bem
como para utilização em terapias térmicas.
Com base nos resultados encontrados, observa-se que os aquecedores
elétricos flexíveis e de baixo peso fabricados a partir de fibras e tecidos de algodão
23
modificados estão sendo investigados e aprimorados para que se possa utilizar tais
dispositivos em vestimentas, buscando fornecer ao usuário uma nova concepção de
aquecedor flexível vestível (ZHANG; BAIMA; ANDREW, 2017).
Estrutura e classificação
podem ser formados assim como outros defeitos. Isso acarreta mudanças não
desejadas nas propriedades destes materiais (DE VOLDER et al., 2013; RAFIEE;
MOGHADAM, 2014).
A depender de quantas camadas sejam enroladas os CNTs serão classificados
como nanotubos de carbono com uma única camada, também conhecidos em inglês
por single wall carbon nanotubes (SWCNTs), caso a estrutura seja formada por
apenas um cilindro, e como nanotubos de carbono com multicamadas, também
conhecidos em inglês como multi wall carbon nanotubes (MWCNTs) se a estrutura for
formada por dois ou mais cilindros concêntricos. Nos MWCNTs a distância entre as
paredes dos cilindros é, em média, em torno de 0,34 nm e o diâmetro externo pode
variar de 2,5 até 100 nm. Já nos SWCNTs, o diâmetro externo pode ter valores de 0,6
até 2,4 nm, como mostrado na Figura 1 (CIRILLO et al., 2014).
Fonte: Autor
Fonte: Autor
30
Fonte: Autor
Aplicações
nas quais ligações simples e duplas alternam entre cada átomo de carbono, como
mostrado na Figura 12. Dessa forma, os átomos de carbono são ligados
covalentemente com hibridização do tipo sp2, fazendo com que os elétrons situados
nas camadas mais energéticas formem três ligações σ e uma ligação π. A ligação σ
mantém a estrutura principal formada enquanto que a ligação π é deslocada
perpendicularmente em relação aos átomos de carbono favorecendo o deslocamento
de elétrons fazendo com que haja uma maior densidade eletrônica na região ao longo
da cadeia polimérica, facilitando assim o transporte de elétrons ao longo de toda a
estrutura polimérica (BHARTI et al., 2018).
Fonte: Autor
Figura 13: Formação dos polarons, bipolarons e dos estados energéticos dos
bipolarons
Fonte: Autor
42
Polipirrol (PPy)
produzido com uma extensa área superficial com diferentes porosidades (BALINT;
CASSIDY; CARTMELL, 2014).
A capacidade de responder a estímulos externos faz com que o polipirrol seja
considerado um biomaterial inteligente. Outras duas características importantes desse
polímero intrinsicamente condutor é que ele possui biocompatibilidade em in vitro e
em in vivo, e que é um material com atividade antibacteriana (BALINT; CASSIDY;
CARTMELL, 2014; VARESANO et al., 2013).
Figura 16: Estrutura das bandas de energia para o polipirrol com baixo,
intermediário e alto níveis de dopagem
na Figura 17. Esse processo se repetiu utilizando uma nova solução oxidante com
cloreto férrico e ácido toluenossulfônico como agente oxidante e dopante,
respectivamente. A condutividade do primeiro filme obtido foi de 430 S cm-1, e a
condutividade do segundo filme foi de 2010 S cm-1.
No trabalho proposto por Lei et al. (2011), foi feito a polimerização interfacial
dos monômeros de pirrol utilizando uma solução oxidante e um gás contendo os
monômeros de pirrol. A solução oxidante foi feita dissolvendo cloreto férrico em 40 mL
de água deionizada. Posteriormente, a solução foi colocada dentro de um dessecador
a vácuo, juntamente com a solução orgânica contendo 1 mL de monômero de pirrol.
Uma bomba foi utilizada para gerar vácuo dentro do dessecador e, durante esse
processo, ocorreu a polimerização. A Figura 18 mostra que, após a polimerização, foi
gerada uma fina camada de polipirrol.
Figura 18: Polimerização interfacial utilizando solução aquosa e gás contendo pirrol.
a) Início do processo de polimerização; b) Polimerização finalizada
utilizando esse compósito, como traje desportivo de inverno e luvas aquecedoras para
tratamento médico.
Em um trabalho semelhante, Lee, Park e Lim (2003) foi desenvolvido um
aquecedor do tipo Joule a partir da polimerização química e eletroquímica dos
monômeros de pirrol sobre os tecidos de algodão. Na polimerização química, foram
utilizadas três técnicas diferente: in situ, spray e polimerização com alta temperatura
e alta pressão. A última técnica mostrou ser a mais promissora com uma resistividade
de 1,6 × 102 Ω cm-2. No processo eletroquímico, após duas horas de polimerização, a
resistividade do compósito chegou a 5 Ω cm-2. O compósito com a melhor
condutividade teve o melhor desempenho quando utilizado como aquecedor do tipo
Joule. Uma bateria de 3,6 V foi conectada ao compósito fazendo com que a
temperatura aumentasse até 55 ºC em 2 min e permanecesse assim por 80 min.
Da Silva et al. (2016) realizaram um estudo com o objetivo de verificar a
influência da polimerização química sobre tecidos, realizada em diferentes condições,
na morfologia e na atividade antibacteriana dos compósitos resultantes. Para isso,
foram utilizados cinco sistemas diferentes, em que no primeiro sistema foi utilizado
PPy ramificado, no segundo foram utilizados PPy/Ag ramificados, o terceiro sistema
foi composto por PPy convencional, o quarto por PPy solúvel e o último com PPy/Ag
coloidal. A técnica de ágar de difusão foi utilizada para explorar a atividade
antibacteriana das amostras de PPy ramificado e de PPy/Ag ramificados. Os autores
concluíram que a adição de prata no polipirrol melhora a atividade antibacteriana do
compósito contra E. coli, Klebsiella pneumoniae e S. aureus. Além disso, foi feito o
ensaio para caracterizar o tempo de morte das bactérias quando entram em contato
com os agentes antibacterianos e foi verificado que a eficiência foi melhor para o PPy
solúvel e a pior para o PPy convencional.
No trabalho proposto por Cho et al. (2005), foi fabricado um sensor com um
substrato de alumina, o qual foi revestido com polipirrol através da polimerização
química. Foi estudado o comportamento sensitivo do sensor quando submetido a uma
atmosfera com gás metanol com diferentes condições de umidade e temperatura. O
trabalho mostra que a resistividade do sensor aumentava com o aumento da umidade,
ou seja, a sensibilidade do sensor ao vapor de metanol diminuía quando a umidade
relativa era alta. Porém, com baixa umidade e baixa temperatura, o sensor apresentou
um desempenho satisfatório.
51
De forma análoga, no estudo feito por Mabrook, Pearson e Petty, (2006) foi
utilizada uma impressora a jato para revestir um filme de poliéster com polipirrol
objetivando desenvolver um sensor de gases como metanol, etanol, propanol,
clorofórmio e benzeno. Foi observado que os sensores apresentavam melhores
respostas em ambientes com baixa umidade. O melhor resultado foi obtido para o
sensor que foi submetido ao gás metanol, que apresentou uma variação na resistência
de 90% e o pior resultado foi obtido para o gás de benzeno, em que o sensor
apresentou uma variação abaixo de 40% na sua resistência.
3600 × 𝐸 (4)
𝑃=
𝑡
Se 𝐶𝑎 = 𝐶𝑐 , então
1
𝐶= 𝐶 (11)
2 𝑎
Pseudocapacitores
𝑛𝐹
𝐶= (13)
𝑀𝑉
58
Fonte: (CAI et al., 2013; MENG; LI; ZHENG, 2017) com modificações
60
4. MATERIAIS E MÉTODOS
Fonte: Autor
com água deionizada para posterior agitação através do sonicador. Essa solução foi
sonicada durante 1 h para que houvesse a completa dispersão dos MWCNTs. Feito
isso, as fibras limpas de algodão foram imersas nessa solução e colocadas para
sonicar durante 15 min. Depois de sonicadas, as fibras foram colocadas numa estufa
a uma temperatura entre 90 e 100 °C durante 10 min para remover o solvente. Após
secas, as fibras foram lavadas com água deionizada diversas vezes com o objetivo
de remover partículas não agregadas à superfície do material pois estas poderiam
interferir no processo contínuo de revestimento das fibras. Novamente, as fibras foram
colocadas para secar numa estufa a uma temperatura entre 90 e 100 °C. Feito isso,
as fibras foram imersas novamente na solução. Esse ciclo se repetiu 5 vezes ou até
que os nanotubos tivessem revestidos a fibra de algodão uniformemente. Um
fluxograma relacionado a este procedimento é exibido na Figura 25. A Figura 26
mostra o antes e depois do processo de revestimento com CNT. (BHARATH et al.,
2015).
Fonte: Autor
64
a) b)
Fonte: Autor
a) b)
Fonte: Autor
65
Fonte: Autor
Esta técnica foi utilizada para preparar amostras com PPy dopado em fibras de
algodão pura e em fibras de algodão revestidas com CNTs. Para tal, foram utilizadas
fibras puras e fibras revestidas com CNTs. Esse processo de polimerização envolve
duas soluções distintas, sendo uma de ácido canforsulfônico (ACS) com cloreto férrico
66
e a outra de hexano com pirrol. A primeira solução foi preparada adicionando 251 mg
de ACS em 3 mL de água deionizada. Após a solubilização do ACS, foram adicionadas
175 mg de FeCl3 e depois a solução foi agitada utilizando um agitador magnético a
partir de uma placa aquecedora a 50 ºC durante 40 min ou até que o FeCl 3 estivesse
completamente solubilizado. Depois que essa solução ficou pronta, ela foi dividida
pela metade em dois béqueres para que a fibra de algodão puro e a fibra de algodão
revestida com MWCNT pudessem ser polimerizadas separadamente. Após adicionar
as fibras nos seus respectivos béqueres com a solução de ACS e FeCl3 os béqueres
foram colocados no congelador para que fossem resfriados até 3 ºC. Na segunda
solução foram adicionados 50 µL de pirrol em 3 mL de hexano. Essa solução foi
dividida igualmente em dois béqueres os quais foram levados ao congelador para que
fossem resfriados até 3º C. Após as duas soluções atingirem a temperatura desejada,
com uma pipeta de pasteur, cada solução de pirrol com hexano foi adicionada
lentamente nas duas soluções de cloreto férrico formando uma solução com duas
fases, como mostrado na Figura 29. No final desse processo, os béqueres contendo
as amostras foram colocados na geladeira para que o processo de polimerização
ocorresse a baixa temperatura (DE OLIVEIRA; SYDLIK; SWAGER, 2013; QI; WU;
WANG, 2013).
Figura 29: Polimerização interfacial das fibras de algodão. a) Solução com duas
fases distintas; b) Início da polimerização; c) Polimerização finalizada
Fonte: Autor
67
mínima sem que houvesse contato entre elas, como mostrado na Figura 30. Esse
dispositivo foi colocado na estufa a 40 ºC para secagem. Tal processo foi repetido
várias vezes até que as duas fibras estivessem revestidas de forma uniforme.
Fonte: Autor
Fonte: Autor
Espectroscopia RAMAN
Fonte: Autor
70
Figura 33: Medição das tensões e das correntes da fibra de algodão revestida com
PPy in situ
Fonte: Autor
temperatura gerado pelo efeito Joule na fibra, como mostrado na Figura 34. A partir
desse ensaio foram geradas as curvas de I-V, I-T e V-T.
Figura 34: Efeito Joule nas amostras revestidas com a) PPy e b) CNT
Fonte: Autor
Ciclabilidade térmica
Para verificar a estabilidade térmica das fibras foi feito um ensaio de carga e
descarga aplicando uma tensão de 4 V durante 10 s e, após esse tempo, a fonte de
alimentação foi desligada e mantida assim por 10 s. Esse processo completo foi
repetido 125 vezes. Durante esse processo foram feitas medições da temperatura da
fibra com o intuito de verificar se a mesma, após sucessivos ciclos de aquecimento,
iria manter suas propriedades elétricas.
72
Fonte: Autor
Ensaios de supercapacitores
Fonte: Autor
Fonte: Autor
Fonte: Autor
76
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir da análise das MEVs, pôde-se observar na Figura 39a que o fio de
algodão possui um diâmetro médio de 500 µm e é composto por múltiplas fibras
individuais de algodão que apresentam uma estrutura semelhante à de uma fita.
Essas fibras individuais possuem uma largura média de 13 µm.
É possível observar na Figura 39b que a incorporação dos nanotubos de
carbono a partir do banho ultrassônico não interferiu na micromorfologia dos fios de
algodão, ocorreu apenas uma modificação na superfície das fibras. Houve um
aumento na rugosidade do material devido a formação de contínuas interconexões ao
longo das fibras de algodão causadas pela incorporação dos nanotubos de carbono
na fibra. A razão pela qual os MWCNTs foram adsorvidos na superfície do fio de
algodão reside na funcionalização dos nanotubos de carbono pois esse pré-
tratamento incorporou diversos grupos funcionais como carboxila, hidroxila e epóxi os
quais são capazes de interagir, através das ligações de hidrogênio, com os grupos de
hidroxila da celulose (HU et al., 2010b)
Após a adsorção dos nanotubos de carbono nos fios de algodão, foi feita a
polimerização do Py nestes fios através de duas metodologias diferentes,
polimerização química in situ e interfacial. Na Figura 39c, é apresentado o fio de
algodão revestido com PPy utilizando o método de polimerização in situ. É possível
observar a deposição homogênea de PPy ao longo das fibras de algodão com a
presença de pequenos aglomerados. Por outro lado, o processo de polimerização in
situ nos fios previamente modificados com MWCNTs apresentou um revestimento
mais denso de PPy quando comparado com o revestimento de PPy em fios de algodão
puros, como mostrado na Figura 39d. Para entender isso, é necessário considerar
dois fatos, o aprimoramento da superfície do fio de algodão a partir do seu
revestimento com MWCNTs e atividade química dos MWCNTs. Como foi discutido
acima, os MWCNTs oferecem a possibilidade de formar ligações de hidrogênio, neste
caso com Py, mas além disso, eles podem interagir com Py via empilhamento π-π
devido à natureza aromática do Py. De outra forma, como a polimerização de Py
77
Figura 39: MEV da superfície das amostras produzidas com aproximação de 5 µm.
Os insets são imagens das fibras com aproximações menores, em torno de 200 µm.
a) Fibra pura; b) Fibra com CNT; c) Fibra com PPy; d) Fibra com CNT-PPy; e) Fibra
com I-PPy; f) CNT-I-PPy
Fonte: Autor
Espectroscopia Raman
Figura 40: Espectroscopia Raman das amostras revestidas com: a) CNT; b) PPy;
c)CNT-PPy; d) I-PPy; e) CNT-I-PPy
Fonte: Autor
Fonte: Autor
82
de elétrons, dessa forma, eles formam uma ponte condutora facilitando processo de
transferência de cargas, compensando os defeitos do PPy (LIU, 2005).
A fibra de algodão revestida com I-PPy apresentou uma excelente
condutividade elétrica em relação a amostra com PPy. Tal fato é uma consequência
clara do processo de polimerização interfacial. Como discutido anteriormente, o I-PPy
apresentou um alto grau de conjugação e dopagem devido as condições de síntese
como tempo de reação, dopante e temperatura. No trabalho de Qi, Wu e Wang (2013)
é descrito que a razão da alta condutividade reside na seleção de um solvente
apropriado para o Py, baixa concentração de monômero e uso de ácido sulfônico, que
no presente estudo foi utilizado o ácido canforsulfônico (ACS). Neste sistema, o ACS
é uma componente chave, pois atuou como um surfactante na interface devido à sua
natureza anfifílica, o que permitiu uma fácil incorporação no Py à medida em que ele
se difundia e polimerizava lentamente, aumentando o nível de ACS e,
consequentemente, aumentando o grau de dopagem.
As fibras de algodão revestidas com nanotubos de carbono polimerizadas
interfacialmente com polipirrol dopado resultou numa estrutura mais condutora, cerca
de dez vezes mais o nível de condutividade das amostras com I-PPy, caracterizando
uma alternativa promissora para aplicação em aquecedores elétricos de forma
eficiente devido ao efeito mútuo da dopagem de ACS / CNT e da rica morfologia
fornecida pela polimerização interfacial.
Vale ressaltar que diferentes estratégias foram feitas para produzir tecidos
altamente condutores. A comparação com dados relatados na literatura, resumidos
na Tabela 1, revela que a baixa condutividade do PPy nos tecidos de algodão
(0,69×10-3 S cm-1) representa um ponto importante a ser abordado. No estudo
desenvolvido por Xu et al. (2015) foi utilizada a polimerização in situ do polipirrol
usando nanopartículas de CuO e foi alcançado uma condutividade de 10 S cm-1. No
presente estudo, a melhor condutividade observada foi com as amostras de CNT-I-
PPy (10,44 S cm-1), revelando que o trabalho desenvolvido é um sistema promissor e
competitivo para aplicação em dispositivos eletrônicos. Portanto, os demais
experimentos foram realizados apenas para a fibra de algodão revestida com CNT-I-
PPy.
Antes das aplicações reais, é necessário verificar se as propriedades elétricas
da amostra vão permanecer iguais ou se vão alterar após serem aplicadas tensões
elétricas repetidas vezes e após submeter a amostra a diversos esforços mecânicos.
84
Fonte: Autor
Fonte: Autor
Fonte: Autor
Fonte: Autor
88
Fonte: Autor
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Fonte: Autor
Figura 48: Comparativo do voltagrama cíclico entre as amostras de PPy, CNT, CNT-
PPy, I-PPy e CNT-I-PPy
Fonte: Autor
Fonte: Autor
Figura 50: a) Voltametria cíclica da amostra com CNT-I-PPy com diferentes taxas de
escaneamento; b) Capacitância linear da amostra com CNT-I-PPy em função da
taxa de escaneamento
Fonte: Autor
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Fonte: Autor
2𝐷á𝑟𝑒𝑎 × 𝐼
𝐶𝑒𝑠 = (15)
𝑉2 × 𝑚
Em que, 𝑉 é a tensão de carga até a descarga, 𝐼 é a corrente de descarga
aplicada, 𝑚 é a massa efetiva do eletrodo (PPy-I-CNT) e 𝐷á𝑟𝑒𝑎 é a área abaixo da
curva de descarga.
Como esperado, a curva da capacitância específica da Figura 52 confirma que
a capacitância varia inversamente com o aumento da densidade de corrente,
alcançando um valor máximo de 30 F g-1.
Fonte: Autor
Fonte: Autor
Analisando o trabalho feito por Cheng et al. (2012), é possível verificar que o
supercapacitor feito com eletrodos de G/MnO2/FWCNT teve uma redução de 10% na
retenção capacitiva após 1000 ciclos. Wang et al. (2013) fizeram um estudo em que
foram fabricados dois supercapacitores utilizando eletrodos apenas com nanotubos e
eletrodos com nanotubos de carbono e polianilina, os quais tiveram reduções nas
retenções capacitivas de 0% e 10% após 800 ciclos, respectivamente. Já no trabalho
proposto por Shang et al. (2015) foram utilizados eletrodos de nanotubos de carbono
revestidos com polipirrol para a confecção do supercapacitor, o qual apresentou uma
diminuição na retenção capacitiva de 10% após 1000 ciclos. Desse modo, é possível
95
Fonte: Autor
Número de 𝑹𝟎 𝑹𝟏 𝒀𝟎 𝒏 𝒀𝟏
cliclos (Ω) (Ω) (mMho) (mMho)
0 69,8 28,2 7,4 0,455 16,3
2000 123 71,8 4,9 0,352 11,7
6. CONCLUSÃO
Fonte: Autor
99
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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