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Engenharia

Nesta seção você encontra artigos voltados para testes, processo,


modelos, documentação, entre outros

Maturidade em Desenvolvimento de Software


O caso do MPS.BR – Melhoria de Processo do Software Brasileiro

De que se trata o artigo?


Aline Rodrigues Este artigo apresenta o MPS.BR abordando suas
alinecrodrigues@gmail.com principais definições e destacando seus níveis ini-
Analista de Sistemas graduada em Bacha-
ciais de maturidade.
relado de Sistemas de Informação pela
Faculdade Ruy Barbosa e pós-graduanda
em Engenharia de Software na pós gradu- Para que serve?
ação Ruy Barbosa. Atua como analista de O MPS.BR define um modelo de melhoria e ava-

N
requisitos no Instituto do Meio Ambiente o Brasil, devido em parte à liação de processos de software com o foco nas
pela Avansys Tecnologia, na liderança de
grande quantidade de empre- pequenas e médias empresas brasileiras. Ele es-
projetos, de desenvolvimento, supervisão
de equipe técnica, especificação e detalha- sas prestadoras de serviços de tabelece um modelo de processos de software e
mento de requisitos. software que estão surgindo no mer- um método de avaliação de processos de modo a
cado, os clientes passaram a exigir um garantir que o MPS.BR está sendo empregado de
maior nível de qualidade. forma coerente com as suas definições.
Roberto B. Figueredo
beto.boscolo@gmail.com
As grandes empresas desenvolvedoras
Bacharel em Sistemas de Informação pela de software investem muito dinheiro em Em que situação o tema é útil?
Faculdade Ruy Barbosa. Pós-graduando busca da obtenção de uma certificação A discussão deste tema é útil para empresas que
em Engenharia de Software pela Faculdade com o intuito de atingir um nível de pro- tenham interesse no modelo de maturidade de-
Ruy Barbosa. Há quatro anos atuando como dutividade e qualidade internacionais e finido pelo MPS BR e para profissionais da área
desenvolvedor e analista de sistemas.
principalmente uma diferenciação no de software que queiram atualizar seu conheci-
mercado nacional. Desenvolver e dar mento sobre o assunto.
Rodrigo Spínola
rodrigo@sqlmagazine.com.br suporte a sistemas de software é uma
Doutor e Mestre em Engenharia de Sof- tarefa desafiadora. Esse desafio passa
tware pela COPPE/UFRJ. a ser ainda maior para as pequenas e
Diretor de Operações – Kali Software médias empresas brasileiras. O custo de A partir da constatação de que as
(www.kalisoftware.com)
implantação de um modelo de maturi- empresas brasileiras precisariam de
Editor Chefe – SQL Magazine | WebMobile |
Engenharia de Software Magazine dade de software internacional, como é um modelo que se adequasse à sua
Professor do Curso de Pós-Graduação em o caso do CMMI, é elevadíssimo, muitas realidade, a Softex, em parceria com o
Engenharia de Software da Faculdade vezes fora da realidade das empresas governo e universidades iniciou em 2003
Ruy Barbosa. brasileiras. o Programa de Melhoria de Processo

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de Software Brasileiro – MPS. BR. O MPS.BR é uma solução e dos processos que fazem parte de cada nível, seus propósitos,
brasileira totalmente compatível com o modelo CMMI e em além da descrição dos atributos de processo, que são requeridos
harmonia com as normas ISO/IEC 12207 e 15504. Neste con- para o alcance de determinado nível de maturidade e o resultado
texto, neste artigo apresentaremos o MPS.BR destacando seus esperado dos processos e dos atributos de processo.
níveis iniciais de maturidade. O Guia Geral é destinado a todas as organizações interessadas
em melhorar os seus processos de software e a instituições cujo
MPS.BR objetivo é implementar ou avaliar o modelo. Essas instituições
O MPS.BR define um modelo de melhoria e avaliação de devem ser autorizadas, mediante convênio com a Softex com
processos de software com o foco nas pequenas e médias em- base em um parecer do Fórum de Credenciamento e Controle.
presas brasileiras, de modo a atender as suas necessidades de
negócio e ser reconhecido nacional e internacionalmente como Guia de Implementação
um modelo aplicável à indústria de software. Ele estabelece um Fornece orientações para implementar os níveis de maturida-
modelo de processos de software e um método de avaliação de descritos no modelo de referência MR-MPS, detalhando os
de processos de modo a garantir que o MPS.BR está sendo processos contemplados nos respectivos níveis de maturidade
empregado de forma coerente com as suas definições. e os resultados esperados com a implementação dos processos.
O guia de implementação é dividido em 10 partes iniciando
Principais Conceitos com a implementação do nível mais baixo de maturidade, nível
Alguns conceitos são essenciais para o entendimento do G. Os demais documentos seguem com a implementação dos
modelo. A maioria deles são tirados de normas como ISO demais níveis e a partir da parte 8 passa a descrever orientações
12204 e ISO 15504: para a implementação do modelo de referência para organiza-
• Processo de software: framework para todas as tarefas que ções que adquirem software, que trabalham como uma Fábrica
são necessárias para construir software de alta qualidade de Software ou Fábrica de Testes de software.
(PRESSMAN, 2007);
• Atributo de processo: característica mensurável da capa- Guia de Aquisição
cidade do processo aplicável a qualquer processo (ISO/IEC Descreve um processo de aquisição de software e serviços
15504-1, 2004); correlatos visando servir como um guia para empresas que
• Resultado esperado: um resultado observável do sucesso adquirem esses serviços. O guia detalha todas as atividades e
do alcance do propósito do processo (ISO/IEC 12207:1995/ tarefas envolvidas, descreve os produtos de trabalho e fornece
Amd 1:2002); exemplos de como os principais documentos são preenchidos.
• Capacidade do processo: uma característica da habilidade São considerados nesse contexto tanto o produto de softwa-
do processo atingir os objetivos de negócio atuais ou futuros re propriamente dito como os serviços relacionados ao seu
(ISO/IEC 15504-1, 2004). Essa capacidade é representada por desenvolvimento como manutenção, suporte, implantação,
um conjunto de atributos de processo que são descritos em treinamento, configuração do software e do ambiente opera-
termos de resultados esperados. Expressa o grau de refina- cional, entre outros. Também é ajustado para aquisições de
mento e institucionalização com que o processo é executado produtos de prateleira, produtos personalizados ou de domínio
na organização. Para uma organização passar para um nível específico tanto por instituições privadas como por institui-
mais alto de maturidade cada processo deve alcançar um nível ções públicas. O guia possui diversos anexos apresentando
maior de capacidade. sugestões de modelos de documentos que podem utilizados
• Ativo de processo: qualquer coisa que a organização consi- e personalizados pelos compradores.
dere útil para atingir os objetivos do processo como políticas,
processos definidos, lições aprendidas, templates de documen- Guia de Avaliação
tos, padrões, material de treinamento (SEI, 2006); Tem o objetivo de verificar a maturidade organizacional na
• Perfil do Processo: conjunto de pontuação de atributos de execução dos seus processos de software. Este guia descreve
processo para um processo avaliado (ISO/IEC 15504-1, 2004). as atividades e tarefas a serem realizadas para verificar se a
organização alcançou determinado nível de maturidade. Esse
Guias MPS.BR processo permite a avaliação objetiva de uma organização ou
O modelo MPS.BR é descrito por meio de quatro documentos unidade organizacional, permite que se atribua um nível de
em formato de guias. São eles: guia geral, guia de implemen- maturidade com base no resultado da avaliação tanto para
tação, guia de aquisição e guia de avaliação. uma unidade como para a organização como um todo, sendo
aplicável a qualquer domínio na indústria de software e a
Guia Geral organizações de qualquer tamanho.
Descreve de forma detalhada todo o MPS.BR assim como as de- A avaliação tem início com a seleção de uma Instituição Ava-
finições sobre cada um dos documentos que compõem o modelo. liadora que registrará a avaliação na base de dados confidencial
Nesse documento encontram-se todos os conceitos relacionados da Softex. De acordo com o Guia de Avaliação, para que uma
ao MPS.BR, a descrição detalhada de cada nível de maturidade avaliação tenha sucesso, é necessário:

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PROC ESS O

• Comprometimento do patrocinador, de modo que todos os


recursos necessários estejam disponíveis para a execução da
avaliação;
• Motivação por parte dos participantes da avaliação, respon-
sabilidade do gerente da unidade organizacional;
• Fornecimento de feedback de modo que seja possível que
a organização discuta sobre os resultados da avaliação fa-
zendo com que a avaliação seja significativa para a unidade
organizacional;
• Confidencialidade das informações durante a avaliação
para que nenhum entrevistado se sinta ameaçado e para que
todos possam se expressar livremente. Também abrange as
informações contidas nos documentos;
• Todos os membros devem perceber que a avaliação resul-
tará em benefícios que os ajudarão no desempenho do seu
trabalho.
• Os patrocinadores e colaboradores da unidade organizacional
Figura 1. Comparação entre os modelos MPS.BR e o CMMI
devem confiar nos avaliadores, afinal, a avaliação deve chegar
a um resultado representativo para eles.

Níveis de Maturidade
Os níveis de maturidade do MPS.BR, como no CMMI, esta-
belecem patamares de evolução de processos caracterizando
estágios de melhoria da implementação de processos organi-
zacionais. Essa divisão, embora baseada no CMMI, tem uma
graduação diferente. O MPS.BR subdividiu dois níveis do
modelo CMMI para melhor se adequar à realidade das micro e
pequenas empresas brasileiras. Na Figura 1 temos um quadro
comparativo entre os níveis de maturidade MPS.BR e os níveis
de maturidade do CMMI.
Essa maior graduação de níveis de maturidade possibilita
às empresas brasileiras uma evolução mais gradual e com
um custo inferior a sua equivalente internacional. Um maior
número de níveis possibilita também uma comparação mais
precisa entre unidades intra e inter-organizacionais. Figura 2. ฀ ฀ ฀ ฀ ฀ ฀
Assim, o MPS.BR define 7 níveis de maturidade: A (Em
Otimização, B (Gerenciado Quantitativamente), C (Defini- processo é executado na organização. Um determinado nível
do), D (Largamente Definido), E (Parcialmente Definido), F de capacidade de um processo é atingido quando os resultados
(Gerenciado), G (Parcialmente Gerenciado) conforme mostra esperados de cada atributo de processo requerido para aquele
a Figura 2. nível é atingido. É necessário que todos os processos requeridos
para determinado nível de maturidade atinjam os resultados
Processos esperados dos atributos requeridos para aquele nível.
De acordo com (PRESSMAN, 2006), processo de software é Os níveis de capacidade dos processos são cumulativos.
um framework contendo todas as atividades necessárias para Para uma organização avançar do nível de maturidade G
a construção de software de qualidade. No MPS.BR eles são para o nível F, é necessário que todos os processos, tanto os
descritos em termos de propósitos e resultados esperados, ou de nível G como os de nível F, estejam no nível de capacida-
seja, os objetivos gerais a serem atingidos pelo processo e os de relativo ao nível de maturidade F. Assim, os processos
resultados que se espera que o processo gere pela sua efetiva do nível G devem possuir todos os atributos de processo
implementação. Esses resultados podem ser artefatos como do nível F.
documentos e componentes de software ou podem ser apenas
uma mudança no estado do processo. Atributos de processo
Na versão mais recente do MPS.BR são descritos nove atri-
Capacidade dos processos butos de processo:
A capacidade do processo é a propriedade que expressa • AP 1.1: O processo é executado: o processo atinge o seu
o grau de refinamento e institucionalização com que cada propósito não importando de que maneira ele é executado.

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• AP 2.1: O processo é gerenciado: a execução do processo Nível G – Parcialmente Gerenciado
é gerenciada. Uma política organizacional é mantida para o Este nível demonstra a importância do gerenciamento de
processo, planejamento da execução, monitoramento e ajustes projetos para a organização que pretende obter um modelo de
realizados para atender o que foi planejado, entre outras ativi- maturidade de processo. A organização sai de um ambiente
dades de gerenciamento. “caótico” onde processos improvisados são utilizados e o
• AP 2.2: Os produtos de trabalho do processo são gerencia- sucesso depende de verdadeiros “heróis” fazendo com que
dos: gerenciamento apropriado de todos os artefatos gerados constantemente o projeto ultrapasse o orçamento previsto.
na execução do projeto. Para uma organização poder se considerar como sendo do
• AP 3.1: O processo é definido: medida de quão padroniza- nível G de maturidade, deve implementar os dois processos
dos estão os processos. Processos que possuem esse atributo requeridos, Gerência de Projetos e de Gerência de Requisitos e
seguem um padrão definido para a sua execução. Significa esses processos devem possuir atributos de processo de nível
que em todos os projetos da organização esse projeto deverá 1.1 e 2.1, explicados anteriormente.
ser executado de acordo com diretrizes definidas.
• AP 3.2: O processo está implementado: o processo está sendo Gerência de Projetos
efetivamente implementado como um processo definido para O propósito desse processo, de acordo com o guia geral, é
atingir os seus resultados. Coleta e análise de dados são reali- o estabelecimento de planos que definem as atividades, re-
zadas para que esse processo passe a ser mais bem entendido cursos e habilidades do projeto, bem como o provimento de
pela organização e para que sejam identificados em que pontos informações sobre o andamento do projeto que permitam a
do processo podem ser feitas melhorias contínuas. realização de correções quando houver desvios significativos
• AP 4.1: O processo é medido: a partir do conjunto de pro- no desempenho do projeto. Esse processo tem a característica
cessos padronizados da empresa, medições são realizadas de evoluir conforme a organização cresce em nível de matu-
nos processos relevantes da organização. Esse atributo é uma ridade. Novos resultados são esperados para esse processo
medida de quanto os resultados das medições são usados para a partir do momento que a organização atinge o nível E de
melhoria de processos. maturidade e novos resultados são incorporados.
• AP 4.2: O processo é controlado: medida de quanto o pro- Nesse nível, a gerência de projeto passa a ser desempenhada
cesso é controlado utilizando-se dados estatísticos. baseada em um processo definido para a organização como um
• AP 5.1: O processo é objeto de inovações: medida de todo. Quando a organização evolui para o nível B de maturi-
quanto as mudanças no processo são identificadas a partir dade, esse processo de gerenciamento passa a ser gerenciado
de análise de causas comuns de variação do desempenho e quantitativamente refletindo a alta maturidade que se espera
da investigação de enfoques inovadores para a definição e da organização. Alguns resultados esperados evoluem e novos
inovação do processo. São definidos objetivos de melhoria são incorporados.
no processo. Dados são coletados a partir de medições feitas Conforme descrito no Guia Geral, os resultados esperados
estatisticamente para identificar causas comuns de variação para o processo de Gerência de Projetos são:
do desempenho do processo. 1. O escopo do trabalho para o projeto é definido;
• AP 5.2: O processo é otimizado continuamente: medida de 2. As tarefas e os produtos de trabalho do projeto são dimen-
quanto as mudanças têm impacto efetivo para o alcance dos sionados utilizando métodos apropriados;
objetivos relevantes de melhoria do processo. 3. O modelo e as fases do ciclo de vida do projeto são
definidas;
Descrição dos níveis de maturidade 4. (Até o nível F). O esforço e o custo para a execução das ta-
Como visto, o modelo MPS.BR é composto por 7 níveis de refas e dos produtos de trabalho são estimados com base em
maturidade. Para uma organização adquirir a certificação ní- dados históricos ou referências técnicas; (A partir do nível E)
vel A de maturidade, ela deve ter implementados todos os 22 O planejamento e as estimativas das atividades do projeto são
processos descritos no modelo. Com a versão 1.2 do modelo, feitos baseados no repositório de estimativas e no conjunto de
foi introduzido um novo conceito, de evolução de processos. ativos de processo organizacional;
Isso significa que ao invés de um nível de maturidade mais 5. O orçamento e o cronograma do projeto, incluindo marcos
elevado possuir um novo processo de Gerência de Projetos, e/ou pontos de controle, são estabelecidos e mantidos;
por exemplo, existe a evolução desse processo que aparece no 6. Os riscos do projeto são identificados e o seu impacto,
primeiro nível de maturidade. Essa evolução ocorre também probabilidade de ocorrência e prioridade de tratamento são
para o processo Gerência de Configuração. determinados e documentados;
Aqui, serão descritos com um maior nível de detalhes o nível 7. Os recursos humanos para o projeto são planejados conside-
G de maturidade, pois esse é o ponto de partida para uma or- rando o perfil e o conhecimento necessários para executá-lo;
ganização que deseja adequar seus processos para o MPS.BR. 8. As tarefas, os recursos e o ambiente de trabalho necessário
Nele aparecem dois processos requeridos: o processo Gerência para executar o projeto são planejados;
de Projeto, que aparece em outros níveis mas com um nível de 9. Os dados relevantes do projeto são identificados e planeja-
capacidade maior e o processo Gerência de Requisitos. dos quanto à forma de coleta, armazenamento e distribuição.

30 Engenharia de Software Magazine - Maturidade em Desenvolvimento de Software


PROC ESS O

Um mecanismo é estabelecido para acessá-los, incluindo, se 3. A rastreabilidade bidirecional entre os requisitos e os pro-
pertinente, questões de privacidade e segurança; dutos de trabalho é estabelecida e mantida;
10. (Até o nível F). Planos para a execução do projeto são esta- 4. Revisões em planos e produtos de trabalho do projeto são
belecidos e reunidos no Plano do Projeto; (A partir do nível E). realizadas visando identificar e corrigir inconsistências em
Um plano geral para a execução do projeto é estabelecido com relação aos requisitos;
a integração de planos específicos; 5. Mudanças nos requisitos são gerenciadas ao longo do
11. A viabilidade de atingir as metas do projeto, considerando projeto.
as restrições e os recursos disponíveis, é avaliada. Se necessário,
ajustes são realizados; Diferentemente do processo de Gerência do Projeto, que
12. O Plano do Projeto é revisado com todos os interessados e o possui uma característica evolutiva, todos os resultados es-
compromisso com ele é obtido; perados são requisitos obrigatórios para o alcance do nível
13. (Até o nível F). O progresso do projeto é monitorado com de maturidade G. Esse processo é requisito obrigatório para a
relação ao estabelecido no Plano do Projeto e os resultados são progressão aos demais níveis de maturidade.
documentados; (A partir do nível E) O projeto é gerenciado
utilizando-se o Plano do Projeto e outros planos que afetam o Nível F – Gerenciado
projeto. Os resultados são documentados; O nível F, assim como todos os níveis subseqüentes, possui
14. O envolvimento das partes interessadas no projeto é todos os processos descritos no nível G acrescido de mais qua-
gerenciado; tro processos. Todos os processos acumulados até aqui devem
15. Revisões são realizadas em marcos do projeto e conforme satisfazer os atributos de processo AP 1.1, AP 2.1, AP 2.2.
estabelecido no planejamento; Os processos requeridos para esse nível são:
16. Registros de problemas identificados e o resultado da análise 1. Aquisição: gerenciamento da aquisição de produtos e
de questões pertinentes, incluindo dependências críticas, são serviços;
estabelecidos e tratados com as partes interessadas; 2. Gerência de Configuração: tem como objetivo estabelecer e
17. Ações para corrigir desvios em relação ao planejado e para manter a integridade de todos os produtos de trabalho de um
prevenir a repetição dos problemas identificados são estabele- processo ou projeto e disponibilizá-los a todos os membros
cidas, implementadas e acompanhadas até a sua conclusão; do projeto;
18. (Nos níveis E, D e C) Um processo definido para o projeto 3. Garantia da Qualidade: assegurar que os produtos de tra-
é estabelecido de acordo com a estratégia para adaptação do balho e a execução dos processos estejam em conformidade
processo da organização; (Nos níveis A e B). Os sub-processos com os planos e recursos pré-definidos;
mais adequados para compor o processo definido para o projeto 4. Medição: coletar e analisar dados relativos aos produtos
são selecionados com base na estabilidade histórica, em dados de desenvolvidos.
capacidade e em outros critérios previamente estabelecidos;
19. (A partir do nível E) Produtos de trabalho, medidas e expe- Nível E – Parcialmente Definido
riências documentadas contribuem para os ativos de processo Nesse nível o processo Gerência de Projetos sofre sua primei-
organizacional; ra evolução, retratando o propósito do nível E de estabelecer
20. (A partir do nível B) Os objetivos para a qualidade e para o um processo de gerenciamento definido. Todos os processos
desempenho do processo definido para o projeto são estabele- passam a ter os atributos de processo AP 3.1 e AP 3.2.
cidos e mantidos. Os processos desse nível são:
1. Avaliação e Melhoria do Processo Organizacional: avaliar
Como pode ser observado, nem todos os resultados espera- a contribuição dos processos padrão da organização;
dos descritos acima valem para o nível de maturidade G, mas 2. Definição do Processo Organizacional: estabelecer e man-
como esse processo aparece em outros níveis de maturidade ter um conjunto de ativos de processo organizacional e padrões
como uma evolução, os resultados esperados foram descritos usáveis e aplicáveis às necessidades de negócio;
todos aqui. 3. Gerência de Recursos Humanos: prover os recursos huma-
nos necessários e manter suas competências consistentes com
Gerência de Requisitos as necessidades do negócio;
O objetivo desse processo é gerenciar os requisitos dos pro- 4. Gerência de Reutilização: gerenciar o ciclo de vida dos
dutos e componentes e identificar as possíveis inconsistências ativos reutilizáveis.
entre os requisitos.
Conforme descreve o Guia Geral, o processo Gerência de Nível D – Largamente Definido
Requisitos possui cinco resultados esperados: O nível de maturidade D denota um novo estágio de pa-
1. O entendimento dos requisitos é obtido junto aos fornece- dronização da organização. Novos processos são integrados
dores de requisitos; ao modelo exigindo que todos os processos anteriores sejam
2. Os requisitos de software são aprovados utilizando critérios definidos como padrão da organização.
objetivos; Os processos desse nível são:

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1. Desenvolvimento de Requisitos: estabelecer os requisitos a contínua otimização dos processos de software. Com isso,
do produto e do cliente; um novo processo aparece nesse nível, a Análise de Causas
2. Integração do Produto: compor os componentes do de Problemas e Resolução, cujo principal objetivo é identificar
produto; causas de defeitos e de outros problemas e tomar ações para
3. Projeto e Construção do Produto: projetar e desenvolver a prevenir suas ocorrências no futuro.
solução para atender os requisitos do cliente;
4. Validação: assegurar que o produto atende o propósito para Conclusão
o qual foi especificado; A qualidade de software, especialmente em projetos grandes,
5. Verificação: confirmar que cada serviço ou produto atende está diretamente ligada à maneira como o trabalho de desen-
os requisitos especificados. volvimento é realizado durante todas as fases do ciclo de vida.
Para grandes empresas de desenvolvimento, como fábricas de
Nível C – Definido software, a existência de um processo bem definido dentro da
Nesse nível o processo Desenvolvimento para Reutilização organização é essencial para a manutenção da qualidade do
sofre evolução para refletir os atributos de processo requeridos produto desenvolvido e para o reaproveitamento de compo-
para esse nível. nentes utilizados em projetos anteriores. Além disso, a grande
Os processos desse nível são: quantidade de concorrentes no mercado vem forçando essas
1. Desenvolvimento para Reutilização: identificar opor- empresas a se “certificarem” em modelos de maturidade. Para
tunidades para reutilização e estabelecer um programa de pequenas e médias empresas, adotar um modelo de maturi-
reutilização para desenvolver ativos a partir de engenharia dade como o CMMI pode ser muito caro. Por isso, a adoção de
de domínios da aplicação; um modelo mais adequado à sua realidade, como o MPS.BR,
2. Gerência de Riscos: identificar, analisar, tratar, monitorar pode trazer benefícios de curto prazo com custos inferiores
e reduzir continuamente os riscos. aos modelos internacionais.

Nível B – Gerenciado Quantitativamente Referências


Para este nível de maturidade não existe nenhum processo International Organization for Standardization and International Electrotechnical Comission.
novo. Mais uma vez o conceito de evolução de processo atri-
bui novos resultados esperados para o processo Gerência de ISO/IEC 15504 - http://www.iso.org/iso/iso_catalogue/. Acesso em 05/04/2011
Projetos. No nível B a gerência de projetos deve ser efetuada PRESSMAN, R. S. Engenharia de Software, 6ª edição, Macgraw Hill, 2006.
utilizando-se dados estatísticos coletados a partir da análise
dos processos padrões da organização. Essa análise quanti- SOFTEX, Guia Geral v1.2 – http://www.softex.br/mpsbr - Acesso em: 30/03/2011
tativa deve ser feita para outros processos relevantes para a SOFTEX, Guia de Avaliação – http://www.softex.br/mpsbr - Acesso em: 05/04/2011
empresa. Nesse nível, dois atributos de processo são reque-
ridos para os processos em que a análise quantitativa é mais SOFTEX, Guia de Implementação – http://www.softex.br/mpsbr - Acesso em: 05/04/2011
relevante, AP 4.1 e AP 4.2.

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Nível A – Em Otimização eu
s

Para uma organização ser considerada como sendo do nível A Engenharia de Software Magazine tem que ser feita ao seu gosto.
sobre e
mais alto do modelo MPS.BR, nível A, ela deve ter todos os Para isso, precisamos saber o que você, leitor, acha da revista! ta s
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como prover análise quantitativa para determinados processos
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32 Engenharia de Software Magazine - Maturidade em Desenvolvimento de Software

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