Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Unidade IV
7 MODELOS DE QUALIDADE DE SOFTWARE
7.1 Introdução
As mudanças que estão ocorrendo nos clientes e nos ambientes de negócios altamente competitivos
têm motivado as empresas a modificar estruturas organizacionais e seus processos produtivos na área
de software. Todavia, alcançar a competitividade pela qualidade implica tanto na melhoria da qualidade
dos produtos e serviços correlatos como dos processos de produção e distribuição de software. Isso
vem acontecendo com as empresas de outros setores, como a indústria automobilística, as empresas de
serviços da área médica, a indústria aeronáutica etc. A qualidade tem se tornado fator crítico de sucesso
para a indústria de software.
De acordo com a Melhoria de Processo do Software Brasileiro, modelo MPS.BR, para que o
Brasil possua um setor de software competitivo, nacional e internacionalmente, é essencial que os
empreendedores do setor coloquem a eficiência e a eficácia dos seus processos em foco nas empresas,
visando à oferta de produtos e serviços correlatos conforme padrões (normas e modelos) internacionais
de qualidade.
Serão apresentados a seguir os três principais modelos de qualidade de software, que têm como
foco a melhoria contínua da qualidade nos processos e produtos: MPS.BR, ISO/IEC 15504 e CMMI-DEV.
O programa conta com investimentos das empresas por meio do Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID) e de outros parceiros, como o Sebrae e o CNPq.
Saiba mais
No endereço a seguir, é possível encontrar um conjunto de guias
denominadas Guias MPS.BR, que descrevem o modelo MPS e sua estrutura
e aplicabilidade.
<http://www.softex.br/mpsbr/_guias/default.asp>
81
Unidade IV
Conforme o manual do MPS.BR, o foco principal do modelo brasileiro é atender ao perfil de empresas
com diferentes tamanhos e características, públicas e privadas, com especial atenção às micro, pequenas
e médias.
Outro fator importante é que ele seja compatível com os padrões de qualidade aceitos
internacionalmente e que tenha como pressuposto o aproveitamento de toda a competência existente
nos padrões e modelos de melhoria de processo já disponíveis.
Dessa forma, ele tem como base os requisitos de processos definidos nos modelos de melhoria. O MPS.BR
atende à necessidade de implantar os princípios de engenharia de software de forma adequada ao
contexto das empresas brasileiras, estando em consonância com as principais abordagens internacionais
para definição, avaliação e melhoria de processos de software.
Para atender a esses serviços, o MPS.BR foi organizado em três componentes: Modelo de Referência
(MR-MPS4), Método de Avaliação (MA-MPS4) e Modelo de Negócio (MN-MPS4).
O MPS.BR está descrito por meio de documentos em formato de guias. O guia geral de serviços
contém a descrição do MPS.BR e detalha o Modelo de Referência (MR-MPS) com seus componentes e
as definições comuns necessárias para seu entendimento e aplicação.
O guia geral de software contém a descrição geral do modelo MPS.BR, detalha o Modelo de
Referência para software (MR-MPS-SW) e as definições comuns necessárias para seu entendimento
e aplicação.
Há, ainda, o guia de avaliação que descreve o Processo e o Método de Avaliação (MA-MPS), baseado
na norma internacional ISO/IEC 15504, e o guia de implementação, que contém orientações para a
implementação dos sete níveis do Modelo de Referência MR-MPS.
82
QUALIDADE DE SOFTWARE
Observação
• definir o modelo de referência para melhoria de processo de software (MR-MPS) para aplicação
nas empresas brasileiras;
— capacitação no uso;
A figura a seguir apresenta uma visão do modelo MPS.BR. Nela, tem-se um padrão de definição e
implementação do modelo a partir de uma avaliação da realidade das empresas brasileiras e, com o
apoio da Softex, do governo e de universidades, monta-se o modelo brasileiro de qualidade de software,
que foi inspirado nos modelos internacionais CMMI da SEI (Software Engineering Institute) e do padrão
ISO 15504, também denominado de SPICE.
Para a implementação do modelo nas empresas brasileiras, foram definidos dois tipos de instituições:
• Instituições Credenciadas para Implementação (ICI), que têm como função o preparo das empresas
para o uso do modelo;
• Instituições Credenciadas para Avaliação (ICA), que têm como foco a avaliação das empresas com
relação à sua maturidade no desenvolvimento e na manutenção de software.
83
Unidade IV
Modelo MPS.BR
CMMI-DEV
SPICE (ISO/IEC 15504)
ISO/IEC 12207
Guia de
implementação
Figura 8 - Modelo para melhoria do processo de software brasileiro (componentes do modelo) – MPS.BR
Observação
O nível de maturidade em que se encontra uma organização permite prever o seu desempenho
futuro ao executar um ou mais processos.
84
QUALIDADE DE SOFTWARE
• em otimização;
• gerenciado quantitativamente;
• definido;
• largamente definido;
• parcialmente definido;
• gerenciado;
• parcialmente gerenciado.
Para cada um desses sete níveis de maturidade é atribuído um perfil de processos que indica onde a
organização deve colocar o esforço de melhoria.
Os níveis de maturidade devem ser entendidos, na sua complexidade, de forma inversa às letras que
os compõem, isto é, as empresas iniciam no nível G e vão ao longo do tempo evoluindo em direção ao
nível A, que indica as com o maior nível de maturidade.
Esse nível apresenta duas áreas de processo, conforme mostra o quadro a seguir. É composto pelos
processos: Gerência de Projetos e Gerência de Requisitos.
85
Unidade IV
Gerência de Projetos – GPR O propósito desse processo evolui à medida que a organização cresce
em maturidade. Assim, a partir do nível E, alguns resultados evoluem e
outros são incorporados, de forma que a gerência de projetos passa a
ser realizada com base no processo definido para o projeto e nos planos
integrados. No nível B, a gerência de projetos passa a ter um enfoque
quantitativo, refletindo a alta maturidade que se espera da organização.
Novamente, alguns resultados evoluem e outros são incorporados.
Nível F – Gerenciado
Esse nível apresenta cinco áreas de processo. É composto pelos processos do nível de maturidade
anterior (G), acrescidos dos processos Aquisição, Garantia da Qualidade, Gerência de Configuração,
Gerência de Portfólio de Projetos e Medição.
86
QUALIDADE DE SOFTWARE
Esse nível apresenta quatro áreas de processo. É composto pelos processos dos níveis de maturidade
anteriores (G e F), acrescidos dos processos Avaliação e Melhoria do Processo Organizacional, Definição
do Processo Organizacional, Gerência de Recursos Humanos e Gerência de Reutilização. O processo
Gerência de Projetos sofre sua primeira evolução, retratando seu novo propósito: gerenciar o projeto
com base no processo definido para o projeto e nos planos integrados.
Esse nível apresenta cinco áreas de processo. É composto pelos processos dos níveis de maturidade
anteriores (G ao E), acrescidos dos processos Desenvolvimento de Requisitos, Integração do Produto,
Projeto e Construção do Produto, Validação e Verificação.
87
Unidade IV
Nível C – Definido
Esse nível apresenta três áreas de processo. É composto pelos processos dos níveis de maturidade
anteriores (G ao D), acrescidos dos processos Desenvolvimento para Reutilização, Gerência de Decisões
e Gerência de Riscos.
Esse nível de maturidade é composto pelos processos dos níveis de maturidade anteriores (G ao C).
Nele, o processo de Gerência de Projetos sofre sua segunda evolução (Gerência de Projetos – GPR),
sendo acrescentados novos resultados para atender aos objetivos de gerenciamento quantitativo.
A implementação dos processos deve satisfazer aos atributos dos processos: o processo é executado
e gerenciado, os produtos de trabalho do processo são gerenciados, o processo é definido e está
implementado e é otimizado continuamente. A implementação dos processos selecionados para
análise de desempenho deve satisfazer integralmente aos atributos de processo: o processo é medido e
controlado. Esse nível não possui processos específicos.
Nível A – Em otimização
Esse nível de maturidade é composto pelos processos dos níveis de maturidade anteriores (G ao B).
A implementação dos processos deve satisfazer aos atributos de processo: o processo é executado e
gerenciado, os produtos de trabalho do processo são gerenciados, o processo é definido, implementado
e medido.
88
QUALIDADE DE SOFTWARE
Saiba mais
<http://www.asrconsultoria.com.br/qualidade-de-software/mpsbr/
casos-de-sucesso.php>
O modelo ou norma ISO/IEC 15504 foi criado para harmonizar as diferentes abordagens de avaliação
do processo de software.
Observação
8.1 Introdução
SPICE significa Software Process Improvement and Capability Determination e tem como objetivo
produzir um relatório mais geral e abrangente que os modelos existentes e mais específico que a norma
ISO 9001.
89
Unidade IV
Se uma organização tem por objetivo a melhoria de seus processos, a norma permite avaliá‑los e, a
partir dessa avaliação, elaborar um plano de melhorias. A figura a seguir mostra o uso da ISO/IEC 15504
para a melhoria de processos.
Necessidades Melhoria
da organização de processos Melhorias
e metas institucionalizadas
Registro e
Pedido perfis de
capacidade
Contexto, Avaliação
de processos Modelos e
restrições e métodos
objetivos
Se a organização tem como objetivo avaliar um fornecedor obtendo o seu perfil de capacidade, ela
deve definir os objetivos e o contexto da avaliação, como mostra a próxima figura.
Determinação Relatório de
Requisitos da capacidade do capacidade
processo
Registro e
Pedido perfis de
capacidade
Contexto, Avaliação
de processo Modelos e
restrições e métodos
objetivos
Os manuais da norma ou modelo 15504 têm nove partes (CORTÊS; CHIOSSI, 2001):
• Parte 3 – normativa: realizando uma avaliação. Contém os requisitos para a realização de uma
avaliação de tal maneira que os resultados sejam repetíveis.
90
QUALIDADE DE SOFTWARE
• Parte 4 – informativa: guia para realização de avaliações. Fornece orientações para uma avaliação
em vários contextos.
• Parte 7 – informativa: guia para uso em melhoria de processos. Apresenta orientações para o uso
do modelo para fins de melhoria de processos.
Ele descreve processos que uma organização pode realizar para adquirir, fornecer, desenvolver e
operar software e os atributos que caracterizam a capacidade desses processos.
O propósito do modelo de referência é fornecer uma base comum para modelos e métodos diferentes
para avaliação de processos de software, garantindo que os resultados de avaliação possam ser relatados
num contexto comum.
Saiba mais
A dimensão processo
É caracterizada pela declaração dos propósitos do processo, que são os objetivos essenciais e
quantificáveis de um processo.
91
Unidade IV
Essa dimensão foi fortemente baseada na norma ISO/IEC 12207. Ela apresenta cinco categorias de
processos, conforme apresentadas na figura a seguir, e suas siglas são:
Processos organizacionais
ORG. 1 - Alinhamento
ORG. 2 - Melhoria
MAN.1 - Gestão
ORG. 3 - RH
MAN.2 - Gestão de projeto
ORG. 4 - Infraestrutura
MAN.3 - Gestão da qualidade
ORG. 5 - Medidas
MAN.4 - Gestão de risco
ORG. 5 - Reúso
92
QUALIDADE DE SOFTWARE
Estabelece uma escala de capacidade de processo em geral. A capacidade é definida em uma escala
de seis níveis crescentes, desde o nível inferior, o nível 0, até o nível superior, o nível 5.
Esses níveis são caracterizados por uma série de atributos aplicáveis para qualquer processo, que
representam características quantificáveis necessárias para gerenciar um processo e melhorar sua
capacidade de realização. Cada atributo de processo descreve um aspecto de todas as capacidades de
gerenciamento e melhoria da efetividade de um processo, na busca de seus propósitos e contribuição
para as metas de negócio da organização.
Há nove atributos de processo (PA), que são agrupados nos níveis de capacidade.
• Nível 0 – incompleto: o processo falha no seu propósito, não existe uma clara identificação dos
produtos ou saídas do processo ou que os resultados sejam realmente alcançados.
93
Unidade IV
• Nível 4 – previsível: o processo definido é executado de forma consistente na prática, dentro dos
limites de controle definidos, para atingir os objetivos.
Conforme Côrtes e Chiossi (2001), a filosofia do SPICE (ISO/IEC 15504) baseia-se na verificação do
grau de satisfação dos atributos de processos (PAs) apresentados no quadro anterior.
A pontuação é feita em uma escala ordenada de quatro valores, escolhidos de acordo com um
percentual de atendimento aos requisitos do atributo de processo. Os quatro valores são: N (não
atendido – 0% a 15%); P (parcialmente atendido – 16% a 50%); L (largamente atendido – 51% a 85%)
e F (totalmente atendido – 86% a 100%).
Observação
8.2.1 Introdução
As empresas querem oferecer produtos e serviços melhores, mais rápidos e mais baratos. Ao mesmo
tempo, no ambiente de alta tecnologia do século XXI, quase todas as organizações têm construído mais
produtos e serviços complexos.
Hoje, uma única empresa geralmente não desenvolve todos os componentes de um produto ou
serviço. Mais comumente, alguns são construídos em casa, outros, adquiridos no mercado; mas todos
são integrados ao produto ou serviço final.
94
QUALIDADE DE SOFTWARE
No mercado atual, existem modelos de maturidade, normas, metodologias e diretrizes que podem
ajudar uma organização a melhorar a forma como faz negócios. No entanto, as mais disponíveis
concentram-se em uma parte específica do negócio e não têm uma abordagem sistêmica para os
problemas que a maioria das organizações está enfrentando. Ao se concentrar em melhorar uma área de
uma empresa, esses modelos têm, infelizmente, perpetuado as barreiras que existem nas organizações.
O Capability Maturity Model Integration® (CMMI) oferece uma oportunidade para evitar ou eliminar
esses obstáculos por meio de modelos integrados que transcendem as disciplinas.
O modelo CMMI-DEV para o desenvolvimento é constituído pelas melhores práticas que as atividades
de desenvolvimento e manutenção indicam como aplicadas aos produtos e serviços. Dirige-se a práticas
que cobrem o ciclo de vida do produto desde a concepção até a entrega e manutenção. A ênfase é sobre
o trabalho necessário para construir e manter um produto total.
Observação
Em sua pesquisa para ajudar as organizações a desenvolver e manter
a qualidade de produtos e serviços, o Software Engineering Institute (SEI)
tem encontrado várias dimensões nas quais uma organização pode se
concentrar para melhorar seus negócios.
O SEI, a partir dessas pesquisas, definiu três dimensões, ilustradas na figura a seguir, que foram
consideradas críticas e nas quais as organizações geralmente se concentram: pessoas, processos e
métodos e ferramentas e equipamentos.
Procedimentos e métodos,
definindo as relações de tarefas
B
A D
Processo
95
Unidade IV
Vive-se em um mundo onde a tecnologia está mudando para uma ordem de magnitude a cada
dez anos. Da mesma forma, as pessoas normalmente trabalham para muitas empresas ao longo das
suas carreiras, ou seja, vive-se em um mundo dinâmico. O foco no processo fornece a infraestrutura
necessária para lidar com uma supramudança do mundo e para maximizar a produtividade das pessoas
e do uso de tecnologia para ser mais competitivo.
Processos eficazes também fornecem um veículo para a utilização de novas tecnologias, de uma
maneira que melhor atenda aos objetivos de negócio da organização.
Watts Humphrey, Ron Radice e outros aplicaram os princípios da qualidade total para a área de
software em seu trabalho na IBM. Humphrey, em seu livro Managing the software process, fornece
uma descrição dos princípios e conceitos básicos sobre os quais muitos dos modelos de capacidade de
maturidade (CMMs) se baseiam.
O SEI tem divulgado que a qualidade de um sistema ou produto é altamente influenciada pela
qualidade dos processos utilizados para desenvolver e manter o sistema, e os modelos CMMs incorporam
essa premissa.
96
QUALIDADE DE SOFTWARE
Saiba mais
<http://www.producao.uff.br/conteudo/rpep/volume62006/RelPesq_
V6_2006_03.pdf>
Desde 1991, os modelos CMMs têm sido desenvolvidos para diversas disciplinas. Alguns dos
mais notáveis incluem modelos de sistemas de engenharia, engenharia de software, aquisição
de software, gerenciamento de força de trabalho e desenvolvimento integrado de produtos e de
processos (IPPD).
Observação
O projeto CMM Integration (CMMI) foi formado para resolver o problema do uso de diversos CMMs.
A missão inicial do time de produto CMMI era combinar três modelos como fonte:
A combinação desses modelos em um único quadro de melhoria foi utilizada por organizações na
busca de toda empresa pelo aperfeiçoamento dos processos. Os três modelos de fonte foram escolhidos
devido a sua ampla adoção do software, engenharia de sistemas e comunidades e por suas diferentes
abordagens para a melhoria dos processos em uma organização.
97
Unidade IV
Utilizando as informações desses modelos populares e o material bem considerado de origem, o CMMI
Product Team criou um conjunto coeso de modelos integrados que podem ser adotados por aqueles que
usam atualmente os modelos origens, assim como por aqueles que são novos para o conceito de CMM.
Para a utilização de processos que promovam consenso, o CMMI Product Team construiu um quadro
que acomoda múltiplas disciplinas e é flexível o suficiente para suportar as diferentes abordagens dos
modelos de origem (AHERN, 2003).
CMMI for
CMMI for Acquisition Development v1.2 CMMI for Services
v1.2 (2007) (2006) v1.2 (2007)
Desde o lançamento do CMMI V1.1, o SEI notou que o quadro de melhoria pode ser aplicado a outras
áreas de interesse, e os grupos do quadro de melhores práticas foram chamados de constelações.
Lembrete
• integrar os diversos modelos CMMs existentes e com isso eliminar inconsistências e reduzir as
duplicações;
98
QUALIDADE DE SOFTWARE
• aumentar a compreensão sobre terminologia, estilo, regras e componentes dos modelos existentes;
• assegurar a consistência com a ISO 15504 ou SPICE, que avalia a capacidade dos processos, e não
da organização; para isso, o CMMI cria a representação contínua;
Dessa forma, o CMMI melhora o modelo anterior SW-CMM e outras práticas ao conectar mais
explicitamente as atividades de gerenciamento e engenharia com os objetivos do negócio; expandir o
escopo e a visibilidade do ciclo de vida do produto e atividades de engenharia ao assegurar que produtos
ou serviços atendem às expectativas dos clientes; incorporar lições aprendidas de áreas adicionais de
melhores práticas, isto é, medição, gerenciamento de riscos e de fornecedor; implementar práticas mais
robustas de alta maturidade; tratar funções organizacionais adicionais críticas para produtos e serviços
e estar em maior conformidade com padrões ISO.
Para isso, foram considerados relacionamentos entre diversos modelos mostrados na figura AM, a
seguir:
SPICE
ou ISO/IEC
15504
CMM
(P/SA/SE/ CMMI
SW CMM e (por estágios
PIPD- e contínuo)
CMM)
Onde:
• Software Process Improvement & Capability Determination – SPICE: modelo ou norma ISO/IEC
15504, usado para melhoria de processo e determinação da capacidade de processo.
• Personal Capability Maturity Model – P-CMM: avalia a maturidade da organização em seus processos
de gerenciamento de recursos humanos naquilo que se refere a software, recrutamento e seleção de
profissionais de tecnologia da informação, treinamento e desenvolvimento, remuneração etc.
• Software Acquisition Capability Maturity Model – SA-CMM: usado para avaliar a maturidade de
uma organização em seus processos de seleção, aquisição e instalação de software de terceiros.
99
Unidade IV
• Software Capability Maturity Model – SW-CMM: usado para avaliar a maturidade de uma
organização em seus processos de desenvolvimento de software.
• Integrated Product Development Capability Maturity Model – IPD-CMM: mais abrangente que o
SE-CMM, inclui processos necessários à produção e ao suporte para o produto, como suporte ao
usuário, processos de fabricação, entre outros.
Na prática, essas formas de representação determinam a forma pela qual a organização irá trabalhar
com as áreas de processo do CMMI (KULPA; JOHNSON, 2003).
A forma de agrupamento por estágios é mais conhecida e provém do CMM. Ela estabelece uma
estrutura na qual a organização irá evoluindo por meio dos níveis de maturidade dos seus processos, de
acordo com a implantação das práticas de determinadas áreas de processo.
O modelo integrado ainda organiza as áreas de processos (PAs) em quatro áreas de conhecimento
para escolha da organização, quando da seleção de um modelo CMMI. São elas: engenharia de sistemas,
engenharia de software, produto e processo de desenvolvimentos integrados e monitoramento (gestão)
de fornecedores.
Engenharia de sistemas
Cobre o desenvolvimento total de sistemas, que pode ou não incluir software. Ela é focada na
transformação das necessidades dos clientes, nas expectativas e restrições nas soluções dos produtos e
suporte por meio do ciclo de vida do produto.
Quando a engenharia de sistemas é selecionada para ser o modelo, conterá as áreas: gerenciamento
de processos, gerenciamento de projetos, suporte e engenharia de processos.
Engenharia de software
100
QUALIDADE DE SOFTWARE
Quando a engenharia de software é selecionada para ser o modelo, conterá as áreas: gerenciamento
de processos, gerenciamento de projetos, suporte e engenharia de processos.
É uma abordagem sistemática que busca uma colaboração pontual dos stakeholders relevantes com
a vida do produto, para melhor satisfazer as necessidades, expectativas e requisitos.
Os processos para suportar uma abordagem IPPD são integrados com outros na organização. As
áreas de processos IPPD especificam metas e práticas específicas que sozinhas não realizam o IPPD. Ele
inclui: gerenciamento de processos, gerenciamento de projetos e áreas de processos da engenharia que
podem ser aplicadas em conjuntos com IPPD.
Certos projetos podem usar fornecedores para realizar funções ou acrescentar modificações nos
produtos necessários ao projeto.
Quando essas atividades são críticas, o projeto se beneficia da análise dos fornecimentos e do
monitoramento das atividades dos fornecedores antes da liberação do produto.
• inicial (nível 1): processo imprevisível, pouco controlado e reativo, o sucesso depende de heróis;
• gerenciado (nível 2): processo caracterizado por projetos e frequentemente reativo, capacidade de
gestão de projetos;
• definido (nível 3): processo caracterizado para a organização é proativo, processo comum adaptado
às necessidades dos projetos;
• otimizado (nível 5): foco na melhoria contínua do processo, capacidade de prevenir defeitos.
Segundo Chrissis, Konrad e Shurm (2004), as áreas de processo (PA) são consideradas um grupo de
práticas relacionadas que, quando implantadas coletivamente, satisfazem a metas importantes para
realizar uma melhora significativa naquela área ou tema.
A próxima figura mostra uma visão estrutural do modelo de agrupamento por estágios do manual
do CMMI da SEI.
PAs
Process area 1 Process area 2 Process area n
GG
Specific Generic
SG goals goals
Common features
SP Generic GP
practices
As PAs são organizadas em metas específicas (Specific Goals - SG) e metas genéricas (Generic Goals
- GG). As metas genéricas são organizadas em práticas genéricas (Generic Practices - GP) e as metas
específicas, em práticas específicas (Specific Practices - SP).
A figura a seguir apresenta uma visão da organização para os níveis com seus focos e as áreas de
processos (PAs) envolvidas em cada nível.
102
QUALIDADE DE SOFTWARE
Agrupamento contínuo
A figura a seguir mostra a representação contínua, o gráfico de barras mostra no eixo horizontal
as áreas de processo (PAs) e no eixo vertical os níveis de maturidade ou capacidade de cada área de
processo. A parte inferior da figura mostra a organização das áreas de processo nas metas genéricas
e específicas.
Níveis de
maturidade Áreas de processos (PAs)
0 1 2 3 4 5
dos
Capability
processos
(PAs)
Áreas de
processos (PAs)
Metas Metas
específicas genéricas
Specific Generic
Práticas goals goals
específicas Práticas
genéricas
Specific Generic
practices Capability levels practices
• 0 – incompleto;
• 1 – realizado;
• 2 – administrado;
• 3 – definido;
• 4 – administrado quantitativamente;
• 5 – otimizado.
Assim, é possível uma organização estar no nível de capacidade 3 para gerenciamento de requisitos
e nível 2 para gerenciamento de configuração; modelo ideal para empresas que buscam melhoria de
processos por meio de um enfoque minimalista ou segmentado.
O quadro a seguir apresenta uma visão da organização das PAs do modelo contínuo, por categoria
e por áreas de processo.
104
QUALIDADE DE SOFTWARE
Na representação por estágios, cada prática genérica começa com GP, seguida de um número no
formato x.y, como: GP 1.1, onde x = número da meta/nível de capacidade e y= número sequencial da
prática.
Na representação contínua, cada prática específica começa com SP, seguida de um número no
formato x.y-z, por exemplo: SP 1.1-1, onde x = número da meta/nível de capacidade, y = número
sequencial e z = ampliação do nível de capacidade.
Área de processo (PA) – foco no processo organizacional: estabelecer e manter uma compreensão
dos processos organizacionais e identificar, planejar e implementar atividades de melhorias de
processos.
105
Unidade IV
Área de processo (PA) – planejamento de projeto: estabelecer e manter planos que definam atividade
do projeto.
O método Scampi é utilizado para avaliar o processo de engenharia (software, sistemas, hardware)
versus o CMMI. É contratada por um patrocinador e liderada por um lead appraiser autorizado que, junto
com uma equipe de 4 a 10 pessoas, avalia requisitos específicos internos ou externos à organização.
Utiliza o CMMI como modelo de referência, gasta um grande esforço de coleta de dados e evidências
antes do trabalho onsite, e não está somente focado em software, mas também em sistema.
A representação por estágio utiliza nível de maturidade para medir a melhoria organizacional, tem
um tipo de prática específica, somente aparecem práticas genéricas para os níveis de capacidade 2 e 3,
e não existem para os níveis 4 e 5.
A representação contínua utiliza níveis de capacidade para medir a melhoria de processos. Existem
mais práticas específicas e as práticas genéricas existem em todos os níveis de capacidade de 1 a 5.
Saiba mais
No portal da empresa ISD Brasil está disponível material que apresenta
a análise feita sobre os impactos das mudanças que o modelo CMMI 1.3
traz em relação à versão anterior.
<http://www.isdbrasil.com.br/imprensa.php?ID=70>
106
QUALIDADE DE SOFTWARE
Resumo
Exercícios
107
Unidade IV
Porque
Justificativa geral: como vem ocorrendo com as empresas de outros setores, o desenvolvimento
da qualidade tem se tornado um fator crítico para o sucesso da indústria de softwares. De acordo
com a edição de junho de 2011 da Revista do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade em
Software, do Ministério da Ciência e Tecnologia, o desenvolvimento de softwares é uma atividade
criativa e de excelência técnica que se realiza em equipe: é um trabalho de pura sinergia. A qualidade é
um valor muitas vezes subjetivo, mas é percebida pelos clientes e é alvo de constantes buscas por parte
das empresas que prestam serviços de desenvolvimento de software. Qualificar, mostrar diferencial e
buscar modelos de qualidade passaram a ser relevantes. Mais que isso, criar formas de gerar retorno de
investimento (Return of Investment – ROI) para clientes torna-se um assunto cada vez mais presente
nas empresas do mercado de TI. Já de acordo com o modelo MPS.BR (Melhoria de Processo do Software
Brasileiro), para que o Brasil possua um setor de software competitivo nacional e internacionalmente, é
essencial que os empreendedores do setor coloquem a eficiência e a eficácia dos seus processos em foco
nas empresas, visando à oferta de produtos de software e serviços correlatos conforme padrões (normas
e modelos) internacionais de qualidade.
Justificativa: as mudanças que estão ocorrendo no comportamento dos clientes e nos ambientes de
negócios, altamente competitivos, têm levado as empresas a modificar suas estruturas organizacionais,
principalmente nas áreas de TI, criando e investindo cada vez mais na qualidade de seus produtos e
serviços, já que essa qualidade é um valor percebido por clientes e fornecedores.
108
QUALIDADE DE SOFTWARE
Justificativa: de acordo com o modelo CMMI-DEV, as organizações devem ser capazes de gerir e
controlar o complexo processo de desenvolvimento e manutenção de softwares. Os problemas dessas
organizações nos dias de hoje envolvem soluções que exigem uma abordagem integrada. Uma gestão
eficaz dos ativos da organização é fundamental tanto para o sucesso empresarial quanto para a
qualidade dos processos e dos produtos de software. Assim, as duas afirmações são verdadeiras, e a
segunda justifica a primeira.
Para a implementação do modelo brasileiro de qualidade de software MPSBR nas empresas, foram
definidos dois tipos de instituição: as credenciadas para essa implementação (ICI), que têm como função
preparar outras empresas para o uso do modelo; e as credenciadas para realizar avaliações (ICA), que
têm como foco analisar outras empresas com relação à sua maturidade no desenvolvimento e na
manutenção de softwares.
Porque
Para o modelo MPSBR, as instituições ICI e ICA podem ser ao mesmo tempo implementadoras do
modelo e avaliadoras da maturidade no desenvolvimento e da manutenção em uma determinada
empresa de softwares.
109
REFERÊNCIAS
Textuais
AHERN, D. M.; CLOUSE, A; TURNER, R. CMMI distilled: a practical introduction to integrated process
improvement. 2. ed. Boston: Addison-Wesley, 2003.
BROCKA, B. M.; BROCKA, S. Gerenciamento da qualidade. São Paulo: Makron Books, 1994.
CARD, D. N. Software quality engineering. Information and software technology, EUA, Butterworth, v.
32, n. 1, jan. 1990.
CHRISSIS, M. B.; KONRAD, M.; SHURM, S. CMMI guidelines for process integration and product
improvement. 4. ed. Boston: Addison-Wesley, 2004.
COSTA NETO, P. L. O. Qualidade e competência nas decisões. São Paulo: Blucher, 2007.
CÔRTES, M. L.; CHIOSSI, T. C. S. Modelos de qualidade de software. Campinas: Editora da Unicamp, 2001.
DEMING, W. E. Quality, productivity and competitive position. EUA: Center for Advanced Engineering
Study, MIT Press, 1982.
FALCONI, C. V. TQC: controle da qualidade total (no estilo japonês). Belo Horizonte: Universidade
Federal de Minas Gerais, 1992.
FAZANO, C. A. Qualidade: a evolução de um conceito. Banas Qualidade, São Paulo, n. 172, set. 2006.
KULPA, M. K.; JOHNSON, K. A. Interpreting the CMMI: a process improvement approach. Boca Raton:
Auerbach Publications, 2003.
MEZOMO, J. C. Gestão da qualidade na escola: princípios básicos. São Paulo: Terra, 1994. p. 207.
MOLINARI, L. Testes de software: produzindo sistemas melhores e mais confiáveis. São Paulo: Érica, 2003.
MPS.BR. Melhoria de processo de software e serviços. Guia geral MPS de serviços. Brasil: Softex, 2012.
Disponível em: <http://www.softex.br/mpsbr/_guias/guias/MPS.BR_Guia_Geral_Servicos_2012.pdf>.
Acesso em: 1 jul. 2013.
111
PALADINI, E. P. et al. Gestão da qualidade: teoria e casos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
PEZZÉ, M.; YOUNG, M. Teste e análise de software: processos, princípios e técnicas. Porto Alegre:
Bookman, 2008.
PFLEEGER, S. L. Engenharia de software: teoria e prática. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2003.
RIOS, E. et al. Base de conhecimento em teste de software. São Paulo: Martins, 2007.
ROCHA, A. R. C.; MALDONADO, J. C.; WEBER, K. C. Qualidade de software: teoria e prática. São Paulo:
Prentice Hall, 2001.
SOFTWARE Engineering Institute. CMMI for Development (CMMI-DEV), version 1.2, Technical Report
CMU/SEI-2006-TR-008. Pittsburgh, PA: Software Engineering Institute, Carnegie Mellon University,
2006.
SEI 1997. Integrated Product Development Capability Maturity Model, draft version 0.98. Pittsburgh,
PA: Enterprise Process Improvement Collaboration and Software Engineering Institute, Carnegie
Mellon University, Jul.1997.
SEI 1997b. Software Engineering Institute. Software CMM, version 2.0 (Draft C), oct. 22, 1997.
SHIBA, S. TQM: quatro revoluções na gestão da qualidade. Porto Alegre: Bookman, 1997.
TAYLOR, F. W. The principle of scientific management. Nova York: Harper & Row, 1911.
Sites
<http://www.fnq.org.br/>
112
113
114
115
116
117
118
119
120
Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000