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XXXIV ENSEA
Encontro Nacional sobre
Ensino de Arquitetura e Urbanismo
XVIII CONABEA
Congresso da Associação Brasileira de
Ensino de Arquitetura e Urbanismo
Qualidade no ensino de
Arquitetura e
Brasileira de
Associação
Urbanismo
Arquitetura e Urbanismo:
Ensino de
inovação, competências
e o papel do professor
27 a 29 de setembro, Natal – 2015
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
CADERNO abea 40
XXXIV ENSEA
Encontro Nacional sobre Ensino de
Arquitetura e Urbanismo
XVIII CONABEA
Congresso Nacional da ABEA
27 a 29 de setembro 2015
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
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Presidente
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Vice-Presidente
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GOGLIARDO
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VIEIRA
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UFMS/MS UFMS/MS
Secretário
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DÉBORA
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PINHEIRO
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PUC-Campinas/SP
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Sub-Secretário
Sub-‐Secretário
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Secretário
Secretário
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de Finanças
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de Finanças
Finanças
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DIRETORIA
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CONSELHO
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Titulares
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UNICAMP/SP Jose Antonio Lanchoti
Titulares
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Urbanismo. 4. Prática pedagógica.
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3
XXXIV ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo
XVIII CONABEA – Congresso Nacional da ABEA
APRESENTAÇÃO
1. INOVAÇÕES PEDAGÓGICAS
Consideram-se como inovadores conceitos relativos: ao Projeto Pedagógico de um curso,
desde a sua proposição até a sua mudança, oriunda de exigências sociais ou particulares a uma
determinada realidade; a reorganização curricular e sua flexibilização para atender ao Projeto
Pedagógico ou a novas metas educacionais; a integração de disciplinas e/ou atividades de
modo a superar a fragmentação imposta pelos currículos; a novas práticas e perspectivas do
ateliê de projeto; a aplicação de metodologias que favoreçam o alcance dos vários objetivos
educacionais estimulem o aluno para aprender e possibilitem sua participação no processo de
aprendizagem; a exploração das novas tecnologias aplicadas ao ensino ou a atividades a
distância; a revisão do conceito de avaliação, entendendo-a como avaliação formativa, que
motive o aluno para aprender, que o acompanhe em seu processo de aprendizagem de forma
contínua; à complementaridade da relação tradição/inovação, visto que contrapor tais
conceitos pode levar a uma visão reducionista da própria arquitetura e também do urbanismo.
2. COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS
Sendo o conhecimento a matéria prima do ensino superior, espera-se que sejam apresentados
trabalhos relativos: às competências necessárias ao futuro arquiteto; ao ensino como pesquisa
na graduação; ao uso de novas tecnologias no ateliê de projeto; à reflexão sobre as
consequências das alterações trazidas pela tecnologia para o ensino e formação dos arquitetos
e urbanistas; a experiências relativas a interdisciplinaridade no ensino, ao projeto participativo
e/ou cooperativo; a trabalhos em equipes multidisciplinares; a experiências relativas à
extensão universitária; a políticas institucionais relativas ao estágio profissionalizante, a
assistência técnica e aos escritórios modelo; a parcerias entre os cursos e organizações com
objetivos comuns ou entre os cursos e organizações de áreas diferentes com objetivos afins.
3. O PAPEL DO PROFESSOR
Reconhecendo-se o professor como um dos pilares fundantes do processo de ensino-
aprendizagem, espera-se trabalhos relativos: à formação continuada e formação pedagógica
do professor de Arquitetura e Urbanismo; a substituição do papel do professor de ministrador
de aulas, transmissor de informações ou o mestre a ser seguido para o papel de mediador
pedagógico, desenvolvendo relação de parceria e corresponsabilidade com seus alunos,
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XVIII CONABEA – Congresso Nacional da ABEA
COMITÊ CIENTÍFICO
PROFESSOR(A) IES
Ana Lucia Nascentes da Silva Abrahim MS UNINILTONLINS - AMAZONAS
Amadja Henrique Borges DR UFRN - RIO GRANDE DO NORTE
Ana Gabriela Godinho Lima DR MACKENZIE - SÃO PAULO
Ana Paula Rabello Lyra DR UVV - ESPÍRITO SANTO
Angela Maria Gordilho Souza DR UFBA - BAHIA
Antonio Ferreira Colchete Filho DR UFJF - MINAS GERAIS
Beatriz Helena Nogueira Diógenes DR UFC - CEARÁ
Betina Tschiedel Martau DR UFRGS - RIO GRANDE DO SUL
Dirceu Lima da Trindade MS PUC GOIÁS - GOIÁS
Edna Moura Pinto DR UFRN - RIO GRANDE DO NORTE
Fabio Mariz Gonçalves DR FAU-USP - SÃO PAULO
Flavio de Lemos Carsalade DR UFMG - MINAS GERAIS
Frederico Braida Rodrigues de Paula DR UFJF - MINAS GERAIS
Gleice Virginia Medeiros de Azambuja Elali DR UFRN - RIO GRANDE DO NORTE
Gogliardo Vieira Maragno DR UFMS - MATO GROSSO DO SUL
Gonçalo Esteves de Oliveira do Canto Moniz DR U. COIMBRA - PORTUGAL
Gutemberg dos Santos Weingartner DR UFMS - MATO GROSSO DO SUL
Joao Carlos Correia DR BARÃO DE MAUÁ - SÃO PAULO
Kleber Pinto Silva DR UNIVERSITÉ DE VERSAILLES SAINT-QUENTIN - FRANÇA
Luiz Manuel do Eirado Amorim DR UFPE - PERNAMBUCO
Marcio Cotrim Cunha DR UFPB - PARAÍBA
Maria Beatriz Camargo Cappello DR UFU - MINAS GERAIS
Mariela Cristina Ayres de Oliveira DR UFTO - TOCANTINS
Marluce Wall de Carvalho Venancio DR UEMA - MARANHÃO
Miguel Ángel Vitale ARQ. UNIVERSIDAD NACIONAL DEL LITORAL - ARGENTINA
Natália Miranda Vieira DR UFRN - RIO GRANDE DO NORTE
Nilson Ghirardello DR UNESP/BAURU - SÃO PAULO
Paula Cristina André dos Ramos Pinto DR ISCTE/IUL - PORTUGAL
Paulo Chiesa DR UFPR - PARANÁ
Regina Andrade Tirello DR UNICAMP - SÃO PAULO
Renato Luiz Sobral Anelli DR IAU-USP - SÃO PAULO
Ricardo Trevisan DR UNB - DISTRITO FEDERAL
Ruth Maria da Costa Ataide DR UFRN - RIO GRANDE DO NORTE
Sara Eloy DR ISCTE/IUL - PORTUGAL
Silvia A. Mikami Gonçalves Pina DR UNICAMP - SÃO PAULO
Wanda Vilhena Freire DR UFRJ - RIO DE JANEIRO
Wilson Florio DR MACKENZIE - SÃO PAULO
Wilson Ribeiro dos Santos Junior DR PUC-CAMPINAS - SÃO PAULO
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XVIII CONABEA – Congresso Nacional da ABEA
PROGRAMAÇÃO
XXXIV ENSEA – XVIII CONABEA
28/9/2015 -
27/9/2015- Domingo 29/9/2015 - Terça
Segunda
Mesa Redonda
MANHÃ
18:00 ABEA
ENSEA – Sessão de Plenária final do
16:15 às 16:30 às CONABEA
Comunicação Eleição diretoria ABEA –
18:15 18:30
(4 salas) 2016/2017
Abertura do
ENSEA/CONABEA
Mesa de Abertura e
18:30 às Conferência Nuno 18:30 às Conferência
18:30
Encerramento do
21:00 Soares 21:00 Vladimír Šlapeta ENSEA/CONABEA
Local: Visual Praia
NOITE
Hotel
Ponta Negra
SUMÁRIO
RESUMO
Este artigo apresenta as alterações introduzidas na metodologia e nas dinâmicas pedagógicas de ensino da
disciplina de Planejamento Regional e Infraestrutura no curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Nove
de Julho, com o objetivo de facilitar o entendimento da complexidade que envolve o planejamento territorial na
escala regional e aproximar os alunos da prática profissional efetivamente observada no desenvolvimento de
serviços contratados pelo poder público e em equipes multidisciplinares. O novo formato exige maior
envolvimento dos professores na elaboração dos produtos, ao mesmo tempo em que torna mais divertidas e
desafiadoras as etapas de trabalho para os alunos, ao adotar instrumentos pedagógicos como o jogo de perguntas
e respostas e o jogo de papéis, a teatralização em forma de escritórios e consórcios profissionais, os roteiros e
manuais oficiais para elaboração de planos setoriais, a construção e avaliação de produtos únicos por turma.
PALAVRAS-CHAVE: modelo pedagógico; ensino participativo; papel do professor; dinâmicas de atores;
sociedade da informação
1 INTRODUÇÃO
1Em diversos países latino-americanos, os regimes autoritários que predominaram em governos nacionais nas décadas de
1960 e 1970 foram, gradualmente, sendo substituídos por governos eleitos democraticamente, que procuraram abrir
espaço para a participação popular na gestão pública. No Brasil, a Constituição Federal de 1988 simbolizou a
redemocratização e descentralização do poder central e, nos capítulos e artigos diretamente relacionados ao planejamento
territorial e à gestão de cidades, foi instituída a participação popular nos processos de formulação, execução e
acompanhamento de planos e programas.
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XXXIV ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo
XVIII CONABEA – Congresso Nacional da ABEA
Houve também, nas últimas cinco décadas, uma aproximação entre a intervenção na escala
metropolitana e o projeto urbano — concomitante à articulação entre planejamento
estratégico e desenho urbano1 — fato que proporcionou nova ótica de compreensão dos
espaços urbano e metropolitano. O espaço existente passou a ser visto não somente como
“[...] referência para a ação”, mas também “[...] como um campo de informação sobre a
possibilidade de realização da proposta” (MEYER, 2003, p. 74).
A observação das próprias dinâmicas de transformação instaladas no território metropolitano
e o reconhecimento dos trechos urbanos passíveis de se tornarem unidades de projetos
específicos, dentro da lógica de desenvolvimento estabelecida para a região objeto de
intervenção, criaram as condições para a elaboração do que a urbanista Regina Meyer chama
de “projeto urbano metropolitano”. Tal projeto
[...] tanto terá como tarefa incentivar como buscar corrigir processos em andamento.
No caso da dinâmica detectada conter uma potencialidade de transformação positiva
o projeto é indispensável e terá o caráter descrito pelo urbanista espanhol Manuel
Hece Vallejo2 como ”urbanismo de oportunidade” (MEYER, 2003, p. 75) .
1 Jáuregui (2003, p. 36) apresenta, como desafio dessa articulação, a produção de um espaço de qualidade que não
promova a gentrificação e que aponte ações na direção da conectividade geral da estrutura da cidade a partir de uma
consideração equilibrada da relação custo-benefício.
2 VALLEJO, Manuel H. (1999). “Proyectos de infraestruturas y ordenación urbana”. Texto publicado em catálogo. O texto foi
O novo papel que se impõe aos educadores no contexto de digitalização de informações e seu
compartilhamento tem sido muito debatido nos meios pedagógicos e acadêmicos.
A quantidade de dados e informações à disposição do aluno e a possibilidade de gerarem
confusão e ansiedade exigem uma postura docente de atenção e um papel importante de
orientador na seleção, na comparação e na síntese do que é mais relevante, como afirmam
Moran, Masseto e Behrens (2000). A experiência acadêmica e profissional do docente é
fundamental para esta orientação, assim como para recordar o aluno das questões relativas a
ética e à proteção da autoria de informações.
Ao mesmo tempo em que exige esses cuidados, o acesso imediato a dados, imagens de
satélite, mapas, fotos aéreas e suas múltiplas interpretações, cruzamentos e associações,
motiva os alunos e facilita a análise e a compreensão do fenômeno regional, especialmente
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4 EVOLUÇÃO DA EXPERIÊNCIA
PRIMEIROS EXPERIMENTOS
As primeiras alterações na disciplina de Planejamento Regional e Infraestrutura da Uninove
ocorreram no primeiro semestre de 2012.
A ementa original da disciplina, de 1995, compreendia a análise de processos de
metropolização e estudos de polarização, o reconhecimento, a compreensão e a avaliação de
recomendações para os sistemas públicos de infraestrutura urbana, com ênfase no setor de
transportes. A partir dos anos 2000, com o agravamento das questões ambientais e das
questões relativas ao abastecimento de água e ao saneamento das cidades, o foco da disciplina
foi direcionado para o setor de saneamento, e sua ementa foi alterada.
Nesta mesma época, o início da construção do Rodoanel Metropolitano em São Paulo e a
retomada de estudos e debates acadêmicos relacionados às características de dispersão
funcional e descontinuidade territorial das localizações urbanas no contexto metropolitano
fizeram reconhecer a importância da organização dos polos de mobilidade metropolitana
(MEYER, 2003, p. 76) como antídoto para estas duas características e trouxeram de volta o
1 Os alunos das universidades privadas, em especial aqueles que cursam o período noturno, apresentam menor
disponibilidade de tempo e de deslocamento para reconhecimento de uma área de estudo de âmbito regional e para
acesso a órgãos de gestão regional e/ou metropolitana, devido a seus compromissos profissionais e pouca familiaridade
com a escala de trabalho. Muitos estudantes desenvolvem estágios em órgãos públicos municipais, mas poucos têm a
oportunidade de estagiar em empresas, autarquias ou órgãos de atuação regional.
2 O leitor imersivo/virtual, que não está “preso” à linearidade e possui habilidades de leitura que prescindem de um "objeto
AQUECIMENTO
A partir do segundo semestre de 2013, com a incorporação de outras experiências vivenciadas
pelos professores da disciplina em administrações públicas municipais, em conselhos e
comitês setoriais e em consultorias na área de planejamento urbano e regional, é proposta
nova forma de organização das etapas de trabalho e a adoção de linguagens e instrumentos
mais próximos, tanto da atuação profissional, quanto das informações disponíveis no mundo
virtual.
Para reforçar e formalizar a relação autônoma e profissional entre alunos e professores, com
base em arranjos institucionais, criados em consequência da descentralização de poder com a
Constituição Federal de 1988, e em parcerias público-privadas, as tradicionais equipes de
alunos assumem o status de escritórios contratados pelos docentes na modalidade de
consórcio para o desenvolvimento de um plano regional setorial para a região definida como
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1No curso de Arquitetura e Urbanismo da Uninove, as disciplinas de cada semestre definem, em conjunto e no início do
semestre, a área objeto de estudo, pois duas das três avaliações semestrais são integradas, e a última avaliação
compreende a aplicação do conteúdo desenvolvido em cada disciplina no objeto abordado na disciplina projetual do
semestre — em Projeto Arquitetônico, do primeiro ao oitavo semestres, e em Projeto Integrado de Arquitetura Urbana, no
nono semestre.
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1Deste modo, quando o plano regional do semestre for o de mobilidade, as aulas expositivas abordarão os conceitos gerais
e apresentarão os aspectos específicos de saneamento da área de estudo; quando o plano regional do semestre for o de
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XVIII CONABEA – Congresso Nacional da ABEA
c) semanalmente, no segundo módulo das aulas, ocorrem as reuniões de trabalho, nas quais
acontece a troca de informações e debates entre os escritórios e é elaborado o mapa-
síntese da região de estudo, para composição do plano regional. Sobre uma base de papel
sulfite, na qual é projetada uma imagem de satélite (Google) ou imagens produzidas por
órgãos públicos de gestão regional (Emplasa, Sabesp), os escritórios do consórcio inserem,
gradativa e cumulativamente, as informações da estruturação física e territorial da região
de estudo e as informações relativas ao tema setorial do semestre – estrutura atual e
futura (planos e projetos).
Para a elaboração dos relatórios da etapa de caracterização, os escritórios devem utilizar as
informações disponíveis na internet e nas fontes indicadas pelos professores: relatórios e
diagnósticos produzidos pelos órgãos, empresas, autarquias, comitês e consórcios que
elaboram estudos e/ou atuam na região de estudo, inclusive e preferencialmente os planos
regionais que porventura tenham sido desenvolvidos para o local. Os escritórios devem
exercitar a leitura crítica do material disponível, confrontando as informações com os debates
realizados nas reuniões de trabalho que acontecem a cada aula.
No caso do Plano de Mobilidade para a Sub-Região Sudeste da RMSP, por exemplo, o
diagnóstico desenvolvido pelo Consórcio Intermunicipal do ABC para elaboração do Plano de
Mobilidade Regional (2013) foi utilizado como base para a elaboração dos relatórios. No caso
do Plano de Saneamento para a Sub-Região Leste da RMSP, foi utilizado o Relatório de Situação
dos Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê (UGRHI 06), elaborado pela Fundação
Agência da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê (FABHAT), em 2014.
Figura 3 – Caracterização da área: mobilidade (2014-1)
saneamento, caberá aos professores apresentar as características do sistema de mobilidade e centralidades da região de
estudo.
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nas pesquisas realizadas, a buscar outras e diversas fontes para a atualização dos dados
disponíveis no material básico indicado: sites das prefeituras dos municípios integrantes da
região de estudo; sites das concessionárias responsáveis pela gestão dos serviços relacionados
ao tema setorial desenvolvido no semestre; estudos e projetos eventualmente desenvolvidos
por empresas para a região; jornais municipais e regionais, dentre outras.
Figura 4 – Caracterização da área: saneamento (2015-1)
Para a construção do mapa da região de estudo, realiza-se a troca e o debate das informações
trazidas pelos professores, nas aulas expositivas, e pelos escritórios, com discussão e correção
das informações baseadas em depoimentos e na experiência de alunos residentes ou que
trabalham na região de estudo — que exercem o papel de “consultores” do consórcio.
Sobre a base projetada, iniciam-se a identificação e a territorialização dos elementos
estruturadores regionais arrolados a seguir.
I. Os elementos do meio físico de caráter regional: a hidrografia e a topografia regionais
— principais rios, reservatórios, linhas de drenagem naturais.
II. As restrições e incidência de legislação ambiental: as áreas de proteção de mananciais,
reservas ambientais, parques de caráter regional.
III. Os elementos estruturadores da mobilidade regional: sistema viário e de transportes
regional.
IV. As centralidades e a rede regional de cidades: manchas urbanas, setores residenciais
de baixa e alta renda, equipamentos de caráter regional.
Com base nas informações levantadas para a elaboração dos relatórios, cada escritório passa
a desenhar, no mesmo mapa, as informações relativas aos aspectos da infraestrutura setorial
de estudo — atual e futura — identificados nos relatórios, conforme solicitação e orientação
dos professores.
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1 A segunda avaliação semestral (AV2), para os alunos do 9º semestre, corresponde a uma prova que reúne questões de
múltipla escolha e dissertativas sobre o conteúdo de todas as disciplinas do curso.
2 A disciplina de PIAU trabalha o desenvolvimento de um projeto integrado, abrangendo edificações, equipamentos,
sistema viário e transportes, e relacionando-os ao contexto urbano, com análise de impactos e formulação de critérios de
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XVIII CONABEA – Congresso Nacional da ABEA
5 RESULTADOS
implantação do conjunto. Os alunos são chamados a identificar a relação entre as propostas elaboradas em PRI e as
propostas desenvolvidas no projeto de PIAU, especialmente quanto a sua contribuição para a redução de impactos e
melhoria dos sistemas analisados (mobilidade, saneamento).
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XVIII CONABEA – Congresso Nacional da ABEA
tecnicamente frente às questões que lhes são colocadas nos debates, bem como a defender
seus pontos de vista, adquirindo atitude mais profissional.
Em todo o processo, o exercício das argumentações lógicas é estimulado. Além disto, melhora-
se a socialização e se diminui a evasão de alunos na disciplina, pois cada aula se torna uma
“reunião de trabalho”, na qual os dados coletados são apresentados, debatidos e confrontados
(diferentes fontes de pesquisa, dados contraditórios) para elaboração do diagnóstico comum
e unificado do consórcio.
O jogo de perguntas e respostas, sem dúvida, é a atividade mais elogiada pelos alunos. A
eliminação da formalidade em sala de aula, a competição pelo acerto, o modo como testam
seus conhecimentos e absorvem novas informações de maneira divertida e lúdica, a forma
como os professores apresentam justificativas para as alternativas certas e erradas fazem com
que os estudantes se envolvam na dinâmica proposta e “aprendam brincando”. Comentários
positivos e entusiasmados nas redes sociais, imediatamente após a aplicação da dinâmica,
atestam o sucesso dessa técnica pedagógica.
A construção do mapa de caracterização único1, de forma manual e mecânica, rapidamente,
também é avaliada de forma positiva: a sobreposição das informações, a necessidade de
selecionar e organizar formas de representação e legendas, a visualização das
interdependências e associações de diferentes aspectos setoriais facilitam a compreensão da
estruturação e das tendências de desenvolvimento regional.
A construção conjunta e a permanência do mapa em sala durante as reuniões de trabalho, as
orientações e provocações dos professores-contratantes para inserção das informações fazem
com que mesmo os alunos que se distraem com celulares ou trabalhos de outras disciplinas
absorvam parte da discussão e das informações, reconhecendo elementos importantes da
área de estudo.
Os professores desempenham um papel ainda mais ativo no desenvolvimento dos trabalhos
dos alunos, atuando conjuntamente no processo de leitura e síntese das informações
selecionadas pelos alunos e na própria elaboração das peças gráficas e planilhas-sínteses.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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<http://www.cidades.gov.br/images/stories/ArquivosSEMOB/Biblioteca/LivroPlanoMobilidade.pdf>. Acesso
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______. Plano Nacional de Saneamento Básico – PLANSAB. Brasília: Ministério das Cidades, maio de 2013.
Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/port/conama/processos/AECBF8E2/Plansab_Versao_Conselhos_Nacionais_02052013
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CAMPOS, V. N. O.; FRACALANZA, A. P. Governança das águas no Brasil: conflitos pela apropriação da água e a
busca da integração como consenso. Ambiente e Sociedade, Campinas, vol. 13, p. 365-382, 2010.
DUCROT, Raphaèle; JACOBI, Pedro Roberto; BARBAN, Vilma; CLAVEL, Lucie; CAMARGO, Maria Eugenia;
CARVALHO, Yara M. Chagas de; FRANCA, Terezinha J. F.: SENDACZ, Suzana; GUNTHER, Wanda M. Risso.
Elaboração multidisciplinar e participativa de jogos de papéis: uma experiência de modelagem de
acompanhamento em torno da gestão dos mananciais da Região Metropolitana de São Paulo. Ambiente e
Sociedade, Campinas, vol. XI, n. 2, p. 355-372, 2008.
JÁUREGUI, J. Urbanismo e transdiciplinaridade: articulação do formal e do informal na América Latina. In:
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