Você está na página 1de 12

ESTERIOTIPO

INDIGENA
PSICOLOGIA SOCIAL
O QUE É ESTEREÓTIPO?
Sabe-se que o estereótipo é a atribuição de características individuais a um
grupo inteiro. Podemos criar uma visão estereotipada de objetos e/ou pessoas.
Significado de Estereótipo no dicionário 0n-line de português:
substantivo masculino padrão estabelecido pelo senso comum e baseado na
ausência de conhecimento sobre o assunto em questão. Concepção baseada em
ideias preconcebidas sobre algo ou alguém, sem o seu conhecimento real,
geralmente de cunho preconceituoso ou repleta de afirmações gerais e
inverdades. Algo desprovido de originalidade e repleto de clichês.
Comportamento desprovido de originalidade que, faltando adequação à
situação presente, se caracteriza pela repetição automática de um modelo
anterior, anônimo ou impessoal.
ESTEREÓTIPO DO INDÍGENA , O QUE
GERA?
Tomando como base o vídeo conseguimos perceber que o estereótipo indígena
gera uma desumanização. Que nos lembra muito mais de animais do que de
humanos.
O QUE O CRP FAZ POR ESTA
POPULAÇÃO?

O CRP/SP tem um grupo de trabalho (G.T) “Psicologia e povos indígenas” e


este existe desde 2005. Em 2007 foi seu primeiro encontro presencial, o qual
contavam com a participação de alguns representantes, dos diversos, povos
indígenas e representantes do CRP/SP.

O CRP/SP antes de entrar nas aldeias indígenas pesquisou e formou seus


psicólogos para trabalhar com essa população.
A INTERDISCIPLINARIDADE É
IMPORTANTE NESTA ÁREA DE ATUAÇÃO?

do trabalho
As duas pesquisas, e nossas duas entrevistadas, falam da importância
interdisciplinar. Segundo estes estudos, podemos e devemos ter diferentes
visões sobre a população indígena. Discutir e ampliar os conceitos referentes a
cultura, a luta por terra, etc.
ENTREVITAS
1- Qual o seu trabalho com a população indígena e qual organização te da o apoio, para seu
trabalho com essa população?
Amanda: Ela é Psicóloga da UBS Aldeia do Jaraguá, administrada pela organização social
SPDM PAIS. Dentre suas atribuições estão: atendimentos individuais, grupo de futebol, grupo de
jovens, grupo de professores, grupo de vestimentas e ornamentos, grupo de mulheres, bem como
realização de reuniões de equipe , com discussões de caso, articulação de equipes Inter setoriais e
com a rede de saúde mental. Refere que também realiza atividades com a USP.
Natani Alves Rodrigues: Ela é Bacharel em Lazer e Turismo - EACH USP e Terapeuta
Ocupacional - FM USP. Refere não ter vínculo empregatício ou qualquer ligação a um cargo de
trabalho com a população indígena. É convivente de um projeto que promove vivências com as
populações indígenas que habitam as terras demarcadas ou estão em luta para demarcação das
mesmas no Estado de São Paulo. O grupo que me possibilita tais vivências é a AUPI - Aliança
Universidade e Povos Indígenas, que é um coletivo sem fins lucrativos que atua juntamente aos
povos indígenas em prol da defesa e luta pela cultura dos povos originários, promovendo ações
que geram impacto social e ambiental nas comunidades indígenas com o objetivo de garantir o
direito a vida, com base nos 17 objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.
2- Quais os desafios de trabalhar com a população indígena?

Amanda: São inúmeros os desafios, a começar por eles terem uma outra cultura. O indígena tem
uma noção diferente de saúde, do que é corpo, do que é terra, do que é problema de saúde mental.
Sem falar de todos os obstáculos de vulnerabilidade social, não tem espaço suficiente para terem
seu modo de vida tradicional. Neste local, são seis aldeias, e somente uma é demarcada. Isso acaba
por trazer grandes problemas a essa população. Amanda cita a dificuldade, do índio, de acesso há
alguns recursos da comunidade envolvente, como universidades, cultura e etc. Tais dificuldades
influenciam diretamente na saúde mental dessas pessoas. Uma outra coisa destacada por Amanda
foi de que no inicio houve dificuldades dela adentrar nas aldeias, pois os índios desejavam a
presença de uma psicóloga na área, mas ficaram desconfiados, pois ela representa o Estado nestas
relações.

Natani: Não vivencio desafios nas convivências com a população indígena, muito pelo contrário,
acredito que os desafios envolvem promover que aqueles que não conhecem e convivem com as
comunidades indígenas tenham essa oportunidade e que acima de tudo, as respeitem, dado que a
causa indígena é de todos!
3- Você como profissional transforma o cotidiano da população atendida e /ou a população
atendida transforma você como profissional?

Amanda: Acredita que a chegada de um psicólogo lá tenha possibilitado a escuta e a mediação de


espaços que eles possam traçar as próprias estratégias e a solução dos problemas. Amanda fala do
sofrimento de viver da forma que essa população vive e da importância de escuta-los, acolhe-los
e resignificar todo este sofrimento. Tal situação é mais uma questão de estar disponível
continuamente e tentar traçar co-autoria e projetos, além de ações que possam atuar na
transformação social, visando um futuro melhor para os jovens destas comunidades, dentro da
perspectiva tradicional e dentro de uma perspectiva que gere renda e considere suas questões
espirituais. Amanda refere que é transformada todo o tempo nessa relação. Conta da necessidade
que teve de questionar tudo o que ela viu na psicologia, o setting, os paradigmas, a
temporalidade. Foi necessário se reinventar, descobrir novos métodos e formas de atuação.

Natani: Não atuo como Terapeuta Ocupacional nesse movimento, mas com eles aprendo,
vivencio e celebro as tradições, as memórias e a cultura junto aos povos originários e com certeza
isso faz de mim uma Terapeuta Ocupacional muito melhor! Em vista do engajamento na causa
indígena, compreendo a minha trajetória como um constante aprendizado, e isso me torna a cada
dia uma pessoa melhor ...
4- Qual a importância da interdisciplinaridade para o trabalho com a população indígena?
Amanda: É fundamental a interdisciplinaridade. Ela é necessária, tanto na atuação junto a
equipamentos, quanto com a população indígena, no entendimento das questões do índio.
Nossa equipe conta com médico generalista, dentista, enfermeiro, assistente social, psicólogo.
Atuamos junto com o Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF), contando com
fisioterapeuta, fonoaudiólogo, psicólogo e Assistente Social. Utilizamos da arte, da cultura, para
nos aproximar das pessoas e criar vínculos para assim trabalhar outras questões. Não existe neste
campo uma atuação isolada.

Natani: Acredito que a importância se dá embasada no próprio conceito de interdisciplinaridade;


ainda que pese a polissemia do termo, a interdisciplinaridade se dá na tentativa do indivíduo
conhecer as interações entre mundo natural e a sociedade, criação humana e natureza, e em
formas e maneiras de captura da totalidade social, incluindo a relação indivíduo/sociedade e a
relação entre indivíduos. Em relação as vivências com as comunidades indígenas, a
interdisciplinaridade é importante para os processos de interação entre conhecimento racional e
conhecimento sensível, e da integração entre saberes tão diferentes, e, ao mesmo tempo,
indissociáveis na produção de sentido da vida.
5- Você percebe o estereótipo indígena e como lidar com ele?

Amanda: O estereótipo do índio é muito forte, pois para a sociedade eles não existem mais, são
povos do passado, atrasados. Todos os índios são conectados a o estereotipo do indígena
amazônico, que são aqueles de cabelo liso, olhos puxados, que não usam roupa, que não usam
celular celular. E isso é muito maléfico para a compreensão da situação atual. Primeiro porque
existe uma generalização e as pessoas tem uma grande dificuldade de compreender que toda
cultura se transforma ao longo do tempo.

Natani: Sim, o percebo na sociedade como um todo, e o desconstruo em mim a cada vivência. A
hegemonia da cultura européia nos é apresentada desde nossa formação escolar de base e o que
aprendemos sobre os indígenas é o que os os "juruás", em guarani mbya "homens brancos",
escrevem sobre eles. Além do fato de que parte da sociedade os estigmatizam e os colocam num
papel de indivíduos marginalizados, entre outros exemplos, como indivíduos sem direitos e
deveres, sem participação social, cultural, política e econômica, ou então como indivíduos sem
alma, dentre outros papéis estigmatizados que os são dados.
CONCLUSÃO

O estereótipo é uma categorização que gera o preconceito, podendo inclusive


influenciar a saúde mental do ser humano.

A atuação interdisciplinar é de grande valor na compreensão das diversas


realidades existentes. Com ela, temos uma tentativa de “capturar a totalidade
social”(Natani) , unir as diferentes visões de mundo, e auxiliar na integração e
na distribuição de equidade de oportunidades a população indígena.
BIBLIOGRAFIA

• Dicionário de português on line. O que é estereótipo? Disponível em: https://


www.dicio.com.br/estereotipo/.Acesso em: 24 out. 2019.
• LIMA,Marcos, SANTOS, Mayara. A desumanização Presente nos Estereótipos de Índios e
Ciganos. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ptp/v32n1/1806-3446-ptp-32-01-00219.pdf.
Acesso em: 03 NOV. 2019.
• SÃO PAULO, Conselho Regional de Psicologia. Psicologia e povos indígenas. São Paulo
2010.

Você também pode gostar