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CONTRIBUIÇÕES DA TERAPIA OCUPACIONAL

PARA O DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS NO


CONTEXTO ESCOLAR
Patos/PB

Um convite a refletir sobre o ser-fazer cuidado na escola

Por Thaís Munholi Raccioni


Terapia Ocupacional

Atividade Humana é toda manifestação humana!


Não existe o fazer nada!
Atividade Humana:

• Potencializar a vida • Produzir valor


• Promover transformações • Significar e Ressignificar o
cotidiano
Atividade Humana e Cotidiano

É através do fazer que satisfazemos as nossas necessidades humanas!


Onde acontecemos?
Quais são as necessidades humanas?
O que determina nossos modos de ser e fazer?

“O conceito de atividade possibilita à terapia ocupacional acesso à toda manifestação


humana. Coloca sob seu domínio: o cotidiano nas necessidades de autocuidado e
automanutenção, a capacidade de criação e produção, o lazer, a brincadeira infantil, a
necessidade de instrumentos para a adaptação (Galheigo, 1988, p. 69)
Atividade Humana e Cotidiano

Elementos da Atividade Humana


“[...] o lúdico, o corpo, a arte, a criação de objetos, os estudos e o
conhecimento, a organização dos espaços e o cuidado com o cotidiano, os
cuidados pessoais, os passeios, as viagens, as festas, as diversas formas
produtivas, a vida cultural [...]”

Cardinalli e Silva, 2021


Atividade Humana e Cotidiano

“A vida cotidiana é a vida de todo homem, pois não há quem esteja fora
dela, e do homem todo, na medida em que, nela, são postos em
funcionamento todos os seus sentidos, as capacidades intelectuais e
manipulativas, sentimentos e paixões, idéias e ideologias” Galheigo, 2020

“O cotidiano não é rotina, não é a simples


repetição mecânica de ações que levam a um
fazer por fazer” Francisco, 2001
“O cotidiano é um espaço-tempo no qual o sujeito, individual ou
coletivo, de modo imediato e nem sempre consciente, acessa
oportunidades e recursos, enfrenta adversidades e limites, toma
decisões, adota mecanismos de resistência e inventa novos
modos de ser, estar, viver e fazer.” Galheigo, 2020

Inúmeras atividades humanas compõe o dia-a-dia


Elementos importantes do cotidiano

• Desenvolvimento da consciência do Eu e de nós


• Contexto histórico, cultural, político, econômico
• Singularidades
• Diversidade
• Complexidade
• Construção de Autonomia
Cotidiano escolar
“A organização da rotina em uma instituição de educação infantil revela muito
sobre as concepções de currículo, criança, infância e educação infantil.” (Monção, 2017)

• O que vocês fazem no cotidiano escolar?


• O que determina as atividades: as necessidades das crianças ou o da instituição?
• Como são as condições para desenvolver o trabalho?
EDUCAÇÃO
COTIDIANO
FAZER HUMANO

É possível pensar em contribuir para a autodeterminação dos sujeitos desde a infância?


“Na medida em que não se prioriza o tempo da criança para suas
aprendizagens, o tempo institucional é o que determina as ações,
prevalecendo a perspectiva tradicional de organização do cotidiano da
criança, com traços marcantes de homogeneidade e ritualização.” (Monção, 2017)
“Não podemos ter a ingenuidade de achar que se as coisas não
acontecem dentro da creche é por má vontade das professoras. Algumas
vezes, as condições estruturais são realmente impeditivas. (Monção, 2017)

• Existem outras possibilidades de organização e planejamento que considerem


os tempos e necessidades das crianças?
• Como compreender as necessidades a partir das crianças?
• A rotina atropela ou favorece a oportunidade de novas experiências?
Falando nisso...

Vamos falar sobre Neurodiversidade?


Sobre aquelas crianças que chamamos atípicas
Pensamos nossa prática cotidiana a partir da Neurodiversidade?

Consideramos as múltiplas formas de existir e os diferentes


níveis de suporte ao pensar ou realizar uma tarefa ou uma
atividade?
Como as crianças atípicas se vêem e se sentem na escola?
Vídeo:
“Um homenzinho torto”

Direito ao brincar, aprender, estudar

CAPACITISMO

Se refere ao grupo das pessoas com deficiência, que


ao longo da história vem tendo suas capacidades
subjugadas, o que envolve exclusão, preconceito e
discriminação vivenciado por essas pessoas. Isso se
dá, geralmente, por meio de atitudes veladas e, por
isso mesmo, imperceptíveis.
Consideramos que aquela criança pode mudar as necessidades de suporte
a depender como é educada e cuidada?

Quem ou o quê define o nível de suporte que uma criança precisa?


Como tem sido o cotidiano com as crianças atípicas?
Barbie – Vídeo
“(...) Não são os estereótipos que as pessoas nomeiam como autismo que o
define, mas a estrutura de existência diferenciada que eles possuem e que faz
com que vejam e sintam o mundo diferente; que entendi o que eu pude fornecer
ao meu filho, para que ele se desenvolvesse com a liberdade de ser quem era.

Ter trocado as telas que deixavam seus olhos cheios de opacidade, e trazer a
vivacidade das telas que permitem cor, criatividade e imaginação, certamente
foi a melhor escolha para uma construção respeitosa e longe da mecanização
e robotização que muitos vêem como salvação para a socialização do autista.
“Uma pessoa que procura um significado para sua existência.
Encontrar a arte e utilizá-la no tratamento do Mateus, fez com que o seu
processo de desenvolvimento humano e os recursos utilizados, tivessem muito
mais eficácia e eficiência.”

“Com um sentido tudo faria mais sentido.” (Duda Rosa)


Escola e Desenvolvimento humano

“Nos três primeiros anos, a criança aprende a falar, a andar, a alimentar-se sozinha e estabelece
comunicação com os adultos e crianças que estão ao seu redor. São práticas sociais efetivadas
tanto no contexto educacional quanto familiar. Entretanto, é preciso lembrar que, na creche, tais
práticas devem ser associadas ao conhecimento sobre o desenvolvimento da criança e à
educação em espaços coletivos, não desvinculando o cuidado do corpo do desenvolvimento da
personalidade da criança.” (Monção, 2017)
Suporte nas atividades de autocuidado

• Autonomia e independência

• Auxiliar diretamente ou se retirar para favorecer a independência

• Deficiências visíveis x Deficiências não visíveis


Educação e Neurodiversidade: Temas, histórias e possibilidades

• Seletividade alimentar x frescura x necessidade social

• Autopercepção: fome, vontade de ir ao banheiro

• Acesso ao corpo: Permissão, Referência sobre como tocar, limites corporais,

identidade e esquema corporal, propriocepção)

• Hiper x Hipossensibilidade a dor

• Sobrecarga sensorial
Educação e Neurodiversidade: Temas, histórias e possibilidades

• Desfralde: compulsório x “Esperar o tempo da criança”

• Constrangimento e exposição: "fazer isso é feio“, “você é tão grande e ainda...”

• A riqueza do banho: auto regulação, relação com a água, sensorial, pudor,

autoconhecimento, apropriação do próprio corpo, propriocepção, habilidades

psicomotoras, esquema corporal, autonomia de acordo com a possibilidade do mini

humano
Educação e Neurodiversidade: Temas, histórias e possibilidades

• CRISE: o que desencadeia? Como manejar? Como eu me sinto após uma situação

de crise? Com quem isso tudo é partilhado?

• limiar de frustração (da criança e do profissional, dedo da ferida da nossa criança

ferida, birra, manha, preguiça, malícia, cansaço)

• Importante: construção do vínculo adequado. Lugares definidos na relação,

responsabilidade afetiva!

• Vínculo sincero, sem promessas!

• Previsibilidade

• Criatividade

QUEM CUIDA DA CUIDADORA?


Educação e Neurodiversidade: Temas, histórias e possibilidades

• Brinquedos sensoriais, Adaptações, fone, PICs, Aperfeiçoamento AVASUS, AVAMEC


Educação e Neurodiversidade: Temas, histórias e possibilidades

Vídeo Bambolê
Referências no Instagram

@Ivanbaron @Familia_atípica

@Lucasatipico @artebiscoitooubolacha

@Eleartista @criacao_neurocompativel

@Carolsouza_autistando @humaninhostdl

"Nada sobre nós sem nós"


[...] temos o direito a ser iguais quando a nossa diferença nos
inferioriza; e temos o direito a ser diferentes quando a nossa
igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade de uma igualdade
que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza,
alimente ou reproduza as desigualdades.

Boaventura de Sousa Santos, 2003


Referências
• Castro, E. D., Lima, E. M. F. A., & Brunello, M. I. B. (2001). Atividades humanas e terapia ocupacional. In M. M. R. P. Carlo & C. C.
Bartalotti (Eds.), Terapia ocupacional no Brasil: fundamentos e perspectivas (pp. 41-59). São Paulo: Plexos.GALHEIGO, S. M..
Terapia ocupacional, cotidiano e a tessitura da vida: aportes teórico-conceituais para a construção de perspectivas críticas e
emancipatórias. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, v. 28, n. 1, p. 5–25, jan. 2020.
• CARDINALLI, I.; SILVA, C. R.. Atividades humanas na terapia ocupacional: construção e compromisso. Cadernos Brasileiros de
Terapia Ocupacional, v. 29, p. e2880, 2021.
• GALHEIGO, S. M. O cotidiano na terapia ocupacional: cultura, subjetividade e contexto histórico-social . Revista de Terapia
Ocupacional da Universidade de São Paulo, [S. l.], v. 14, n. 3, p. 104-109, 2003. DOI: 10.11606/issn.2238-6149.v14i3p104-
109. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rto/article/view/13924. Acesso em: 7 maio. 2023.
• Heller, A. (2000). O cotidiano e a história São Paulo: Paz e Terra.
• MONÇÃO, M. A. G.. Cenas do cotidiano na educação infantil: desafios da integração entre cuidado e educação. Educação e
Pesquisa, v. 43, n. 1, p. 162–176, jan. 2017.
• https://ccsa.ufrn.br/portal/?p=13358#:~:text=O%20conceito%20de%20capacitismo%20se,%2C%20por%20isso%20mesmo
%2C%20impercept%C3%ADveis.
Contatos:

Thaism.Raccioni@gmail.com

Agradecida! 83 98652-0187

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