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Este presente estudo tem como propósito conhecer o contexto social e familiar nas comunidades,
especificamente no Marrocos, tendo como amostra crianças e adolescentes do projeto Sim à vida. Como já
havíamos feito um trabalho anterior, não precisamos fazer uma visita inicial para conhecer a instituição.
Porém por se tratar de um novo público, tiramos um dia para conhecê-los e demos início com uma pesquisa
de intervenção e em seguida realizamos a entrevista semiestruturada para sabermos melhor sobre o ambiente
familiar na subjetividade de cada um. A demanda encontrada mediante a fala do nosso público alvo,
juntamente com a nossa observação participante, foi: a falta de comunicação entre pais e filhos, vergonha de
expor sentimentos e a falta de referência familiar de alguns. Foi a partir desta informação que resolvemos
trabalhar nossa intervenção por meio de rodas de conversa nas quais pudéssemos desmistificar a ideia da
família tradicional, mostrando através de relatos da nossa própria experiência e dando espaço de escuta para
que eles falassem. Depois desse primeiro contato pensamos em um filme relacionado ao que queríamos
provocar neles, e optamos pelo filme “Extraordinário”. Com isso, procuramos despertar a empatia, a
necessidade que temos de viver em grupo e que esse grupo não está voltado apenas para o meio familiar e sim
para qualquer lugar onde haja pessoas com as quais nos sentimos acolhidos. Inicialmente percebemos o
quanto eles eram voltados para si, o quanto não demonstravam seus sentimentos em relação ao outrem.
Entretanto com o passar dos encontros eles foram ficando cada vez mais abertos as emoções, tanto de dar
como de receber afeto. Com a seguinte pesquisa de intervenção evidenciou-se a importância de se termos
mais profissionais ou estudantes de psicologia que possam vir a desenvolverem mais trabalhos como esse nas
diversas comunidades tão carentes desse tipo de intervenção.
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CONSIDERAÇÕES INICIAIS
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chegarmos até aquelas crianças e adolescentes, sem anular sua realidade social, seria
através de atividades lúdicas e esportivas, que buscam despertar sonhos, perspectivas de
vida e trabalho em equipe, possibilitando o entendimento sobre regras, disciplina e
autoconhecimento, trabalhando as frustrações, promovendo interações e o melhor convívio
social. Neste segundo momento do trabalho, como a instituição está atuando com o tema
família, direcionamos para esse contexto a nossa possível intervenção, com o intuito de
saber das crianças e adolescentes, o que eles compreendem acerca do assunto e como se
percebem diante dessa temática. E, assim, poder despertar e aprimorar conhecimentos sobre
a importância de se estabelecer laços, independente de serem consanguíneos.
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PROBLEMATIZANDO A INSTITUIÇÃO
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A realidade de dor, medo, fobias e isolamento tem sido alterada positivamente, pois
o movimento de saúde mental comunitária acompanha as transformações das famílias antes
desmotivadas, confusas ou adoecidas diante da problemática social.
Pode-se afirmar que se o Grande Bom Jardim tem passado por transformações e
melhoras nessas duas últimas décadas por conta que as pessoas estão mudando para melhor.
Muitas saíram de um estado de estagnação e hoje são protagonistas da própria vida. A
conquista maior do movimento é o fortalecimento do ser humano em sua integralidade,
graças a um processo contínuo de elaboração coletiva pautada no amor, na alegria e no
respeito. (MSMC, 1996)
O projeto conta com diversos multiprofissionais: Formação de multiplicadores da
ação preventiva, envolvimento de arte educadores, envolvimento de vários profissionais e
lideranças na área da Saúde, Assistência social, Arte, Cultura, Esporte e Direitos Humanos.
Os profissionais voltados especificamente para o Marrocos, local do “Sim á Vida” por nós
escolhido para desenvolvermos nosso trabalho, são compostos por: Arte Educador Israel;
Assistente Social Luciana e a Psicóloga Mariane, que entre si desenvolvem atividades
pedagógicas e disciplinares, que são passadas objetivamente na busca de manter as crianças
motivadas a frequentarem o projeto e por vez se manterem assíduas na escola. A assistente
Social junto com a Psicóloga tem um papel mais efetivo na comunidade, em si, por
efetuarem visitas em domicílio, quando surge alguma demanda burocrática ou de ordem
emergencial, cito: crianças sem certidão de nascimento, fora da escola, adolescente grávida
sem está fazendo o pré-natal, crianças abandonadas, entre outros. Isso foi o que nos foi
passado pela psicóloga Mariane, em partes da entrevista, que segue na íntegra nos anexos.
As atividades desenvolvidas no projeto Sim Á Vida são: A abordagem Sistêmica
Comunitária (ASC): Acolhe escuta e sensibiliza para elevação da autoestima e o
desenvolvimento dos potenciais criativos. Promove a corresponsabilidade no
desenvolvimento familiar, pessoal, e comunitário. Ativa a arte, a cultura, a teatralidade e a
música com hábitos que evitam o contato primário com as drogas. Contempla o ser humano
em sua múltipla dimensão biopsicossocioespiritual.
A demanda psicológica das crianças e adolescentes do local, observada e nos trazida
pela psicóloga e o arte educador que é a pessoa de maior convívio com elas, foi: de grande
vulnerabilidade social e fragilidade familiar. É uma demanda muito complexa e delicada,
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por se tratar de crianças que convivem em ambientes hostis, envoltas entre brigas de
facções, pais e por vez, irmãos mais velhos envolvidos, ou se não, usuários de drogas. O
arte educador é a pessoa de maior contato e aproximação com as crianças e adolescentes,
por estar com eles de segunda a sábado. As recebe no horário de contra fluxo da escola, faz
o acolhimento e desenvolve algumas atividades e fica com eles até o final do turno.
A estrutura física do local, especificamente do Sim à Vida (Marrocos), onde foi
desenvolvido o nosso trabalho conta com um espaço aberto amplo, um pátio para realização
de atividades, e um outro pátio com cadeiras e refeitório.
Rua: Dr. Fernando Augusto, N° 609 – Bom Jardim, CEP: 60540-260. Fortaleza –
CE – Brasil Contato: (85) 3497-0892 – www.msmcbj.org.br - E-mail: msmcbj@gmail.com
Responsável: Balbina Lucas.
METODOLOGIA
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Neste trabalho nos propomos através da teoria vivenciada em sala, correlacionar
com a prática, que está voltada para crianças e adolescentes que participam do projeto Sim
à Vida, pertencente ao Movimento de Saúde Mental localizado no bairro Bom Jardim, na
cidade de Fortaleza.
Esta pesquisa caracteriza-se como qualitativa, que segundo Lima (2004), tem por
objetivo explicar os aspectos da realidade, para se possível, agir sobre ela, identificando
problemas, formulando, avaliando e aperfeiçoando alternativas de solução, com intenção de
contribuir para o aperfeiçoamento dessa realidade, como objeto de investigação e
identificar a importância da família no processo social.
A proposta de intervenção aqui discutida, insere-se no campo das pesquisas
aplicadas. Usando as palavras de Tripp (2005) relativas à pesquisa-ação - que se assemelha
ao que se denomina intervenção - podemos dizer que esse é um tipo de pesquisa “feita pelo
prático, adaptada às exigências (formais) de trabalhos acadêmicos” (p.463). Portanto a
pesquisa de intervenção inicialmente se deu através das observações feitas no projeto,
assim, utilizamos a observação participante. Para Martins (1996), a observação participante
é uma metodologia muito adequada para o investigador apreender, compreender e intervir
nos diversos contextos em que se move. A observação toma parte no meio onde as pessoas
se envolvem. Por um lado, esta metodologia proporciona uma aproximação ao quotidiano
dos indivíduos e das suas representações sociais, da sua dimensão histórica e sociocultural
dos seus processos. Por outro lado, permite-lhe intervir nesse mesmo quotidiano e nele
trabalhar ao nível das representações sociais e propiciar a emergência de novas
necessidades para os indivíduos que ali desenvolvem as suas atividades.
Foi desenvolvida uma entrevista semiestruturada à maleabilidade existente neste
modelo de entrevista, apesar de o entrevistador poder ter as perguntas previamente
preparadas, a maioria das perguntas surge à medida que a entrevista vai acontecendo,
permitindo ao entrevistador ou à pessoa entrevistada a flexibilidade para aprofundar ou
confirmar, se necessário. Para Triviños (1987) a entrevista semiestruturada tem como
característica questionamentos básicos que são apoiados em teorias e hipóteses que se
relacionam ao tema da pesquisa. Os questionamentos dariam frutos a novas hipóteses
surgidas a partir das respostas dos informantes. O foco principal seria colocado pelo
investigador-entrevistador.
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A primeira reunião do grupo foi para planejar os dias das visitas, propondo
estabelecer inicialmente um primeiro contato com as crianças, e o responsável pelo local.
Delimitamos dois dias para observação participante e os demais para desenvolvermos, aos
poucos, algumas atividades, as quais pudéssemos conhecê-los melhor e intervirmos
mediante as nossas observações.
No primeiro momento, acompanhamos a aula de capoeira, e observamos o
comportamento das crianças e adolescentes. Aproveitamos para conversar com o arte
educador e ele nos informou que a temática que estava sendo trabalhada com as crianças
era sobre família.
Na outra semana, após reunião do nosso grupo, decidimos levar chocolates e montar
uma bola de papel com perguntas, para passar enquanto uma música seria tocada, e quando
música parasse, na mão de quem a bola estivesse teria que responder a pergunta que estava
no papel, ganhando assim o chocolate como prêmio. Após este momento, iniciamos uma
roda de conversa sobre o tema família, onde partilhamos nossa própria experiência familiar
com eles, tentando descontruir a ideia de família tradicional.
No terceiro encontro passamos o filme " extraordinário" e para tornar o ambiente
mais parecido com o cinema, levamos data show, caixa de som, lona para escurecer um
pouco o local, pipoca e refrigerante. Ao termino do filme pedimos a eles para nos trazerem
um feedback sobre a roda de conversa da semana anterior e o filme exibido.
No quarto encontro, conforme proposto na semana anterior, discutimos sobre o
filme, e o tínhamos conversado até ali sobre família. Levamos cartões com frases de afetos
e sugerimos para que entregassem a alguém que eles admirassem ou que tivessem como
referência de vida. Também comunicamos que o nosso último dia seria a próxima semana e
pedimos para que eles trouxessem uma devolutiva da nossa intervenção.
Quinto e último dia, ouvimos a devolutiva de todos os nossos encontros e fizemos
uma despedida para encerrar, e servimos bolo e refrigerante.
PAPEL DO PSICÓLOGO
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significativamente no comportamento social dele. A família, desde os tempos mais
antigos, corresponde a um grupo social que exerce marcada influência sobre a vida das
pessoas, sendo encarada como um grupo com uma organização complexa, inserido em
um contexto social mais amplo com o qual mantém constante interação (BIASOLI-
ALVES, 2004)
O papel do psicólogo não é mais o de técnico que só atua do ponto de vista do
conhecimento específico, principalmente dos testes. O papel do psicólogo agora é a
atenção na proteção integral, e ele deve considerar a criança e o adolescente sujeitos de
sua história, sujeitos de direitos, protagonistas; tem que atuar em rede,
interdisciplinarmente. (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2003).
Dando principalmente voz aos sujeitos oprimidos pela sociedade, combinando
técnicas de intervenções para possibilitar que o sujeito escute-se, e saiba que faz parte de
um contexto social, mas ele é altamente capaz de se desenvolver e mudar sua realidade.
Segundo a psicóloga Mariane do “SIM A VIDA”, “O psicólogo comunitário trabalha
com as crianças e adolescentes envolvendo seus familiares para que juntos se estabeleça
o diálogo e o desenvolvimento psicossocial.”
A Psicologia Comunitária teve sua origem nos movimentos sociais comunitários
(sobretudo no de saúde mental) de distintos países da América e Europa. Na Europa, o
nascimento da psicologia Comunitária teve a mesma origem que a dos Estados Unidos,
mas com certas variantes próprias, decorrentes da influência do Estado do Bem-Estar
(GÓIS, 2005).
Fazer psicologia comunitária é estudar as condições (internas e externas) ao
homem que o impedem de ser sujeito e as condições que o fazem sujeito numa
comunidade, ao mesmo tempo que, no ato de compreender, trabalhar com esse
homem a partir dessas condições, na construção de sua personalidade, de sua
individualidade crítica, da consciência de si (identidade) e de uma nova realidade
social. (GÓIS, 2005 p.87)
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era criar círculos de cultura na periferia de Fortaleza para a luta e organização
comunitária. O objetivo inicial era aproximar a Psicologia dos grupos pobres do estado e
suas primeiras atividades eram trabalho com grupos de jovens marginalizados e
alfabetização de adultos (GÓIS, 2003).
Cabe ao psicólogo junto às instituições; elaborarem um plano de desenvolvimento
para o “ser poder ser”. Um indivíduo de possibilidades dentro do contexto social e
cultural ao qual está inserido, este reconhecimento de si, se dá por meio de pequenas
intervenções feitas a níveis grupais. E o psicólogo enquanto pesquisador, observador e
integrante do grupo busca formas de análises mais precisas nos problemas e conflitos
emergentes. A psicóloga relata que esse trabalho é realizado juntamente com os
educadores de referência e a assistente social, visitando as residências das crianças e
adolescentes do projeto. Define intervenção psicossocial da seguinte maneira: A
intervenção psicossocial é, dessa maneira, um trabalho de relação direta entre
facilitador-interventor com o grupo-alvo, que incide em transformações nas histórias, ou
melhor, na vida cotidiana, espaço onde as histórias pessoais, grupais ou coletivas
ocorrem. (SARRIERA,2004)
Fundamental para compreensão da Psicologia Comunitária é o conceito de
comunidade, seu objeto material e campo de atuação. O termo Comunidade, utilizado
hoje em dia na Psicologia Social, é bastante elástico e capaz de incluir em seu escopo
desde um pequeno grupo social, um bairro, uma vila, uma escola, um hospital, um
sindicato, uma associação de moradores, uma organização não - governamental, até
abarcar os indivíduos que interagem numa cidade inteira. (GOMES, 1999)
Tendo em vista as crianças e adolescentes inseridas nesta comunidade, o psicólogo
busca trabalhar as questões do desenvolvimento, para que estes indivíduos se tornem
cidadãos contribuintes, para isto o desenvolver precisa ser de maneira garantida pela
educação. Uma das exigências do projeto, como nos foi relatado pela psicóloga Mariane,
é que a criança ou adolescente esteja matriculado na escola e frequentando diariamente;
e não ter tido também o primeiro contato com as drogas.
Segundo Vygotsky, apenas as funções psicológicas elementares se caracterizam
como reflexos. Os processos psicológicos mais complexos - ou funções psicológicas
superiores, que diferenciam os humanos dos outros animais - só se formam e se
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desenvolvem pelo aprendizado. Entre as funções complexas se encontram a consciência
e o discernimento. "Uma criança nasce com as condições biológicas de falar, mas só
desenvolverá a fala se aprender com os mais velhos da comunidade. (REGO, 2001).
O objeto da Psicologia Comunitária é caracterizado como o reflexo psíquico do
modo de vida comunitário que se desenvolve nos processos deflagrados na atividade
comunitária que é:
A atividade prática e coletiva realizada por meio da cooperação e do diálogo em
uma comunidade, sendo orientada por ela mesma e pelo significado (sentido
coletivo) e sentido (significado pessoal) que a própria atividade e a vida
comunitária têm para os moradores da comunidade. A comunidade é um espaço
territorial em que a subjetividade se constrói nas relações de seus moradores entre
si e com os contextos sociais. São construídos vínculos afetivos, sentimento de
pertença, problematizações sobre a vida e a realidade. (GÓIS, 2005, p. 89)
Uma das técnicas que vem sendo utilizadas pelos profissionais no âmbito social e
comunitário está pautada no trabalho com grupos. Pesquisas científicas em psicologia
social evidenciaram o espaço singular que os grupos ocupam no contexto sócio histórico
da sociedade moderna (MOTTA et al., 2007).
O projeto MSMC abrange diversas modalidades de atividades oferecidas em grupo
para toda a comunidade. Segundo a psicóloga Mariane “trabalhando com crianças e
com familiares, para assim ter uma melhor interação’’. Alguns familiares das crianças e
adolescentes inseridos no projeto participam das atividades desenvolvidas pela
instituição. Tentando assim, trabalhar com todos, mas ainda há uma grande dificuldade
de aceitação por parte de alguns familiares. A questão referente à entrada do psicólogo
na comunidade pressupõe necessariamente uma relação que se estabelece entre ambos,
essa relação é essencial para se pensar em um modelo de intervenção.
De acordo com o artigo de José Ornelas, "O termo Psicologia Comunitária surge em
1965, no âmbito da Conferência de Swampscott– Boston, que incidiu sobre o papel dos
psicólogos no Movimento de Saúde Mental Comunitária." (p. 377)
Nas últimas duas décadas, a Psicologia Comunitária tem-se focalizado na criação
de serviços adequados a populações socialmente marginalizadas, ao
desenvolvimento de técnicas inovadoras de prestação de serviços e estratégias de
Empowerment no sentido de facilitar a participação destes grupos. (ORNELAS,
p.377, 1997)
De um lado existe o psicólogo que possui sua formação, seus conhecimentos, e sua
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metodologia de trabalho, sua percepção sobre o mundo e homem. Como vimos na
entrevista com a psicóloga Mariane: “uso a abordagem diariamente nas escutas
realizadas’’(Gestalt Terapia). Do outro lado, existe a Comunidade com suas características
próprias, com o seu modo de funcionamento, vivendo um momento histórico determinado.
Os profissionais e a Comunidade possuem modos de ações diferentes, manifestados através
das visões de mundo que, muitas vezes, não são conciliáveis (FREITAS, 1986).
O psicólogo comunitário tem como proposta de saúde e bem-estar, de caráter individual
com uma abordagem coletiva em determinadas comunidades. Ele vai trabalhar com
questões sociais entre grupos minoritários; Desenvolvimento, implementação, e avaliação
de atividades em prol da comunidade em Geral; encontrar maneiras de ajudar os indivíduos
desfavorecidos ou marginalizados a se sentirem mais conectados com as suas comunidades
locais. Percebe-se que os psicólogos que atuam em comunidades têm várias formas de
invenções e podem ser um diferencial positivo importantíssimo, principalmente em
comunidades carentes onde as vezes a psicologia não chega. (CHERRY, 2019).
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DISCUSSÃO E RESLTADOS DA INTERVENÇÃO
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sociedades existentes e que sofre transformações no decorrer do processo histórico-social.
Assim, a estruturação da família está intimamente associada com o momento histórico que
perpassa a sociedade da qual ela faz parte, uma vez que os diferentes tipos de composições
familiares são determinados por um agrupamento significativo de variáveis ambientais,
econômicas, sociais, culturais, religiosas, políticas, e históricas.
No terceiro encontro levamos um filme que retratava uma história familiar e de
superação, com o objetivo de despertarmos neles uma reflexão. Optamos pelo filme
“Extraordinário” que conta a história de um garoto chamado August/Auggie Pullman que
nasceu com uma síndrome genética cuja sequela é uma deformidade facial, que lhe impôs
diversas cirurgias e complicações médicas. Por isso ele não frequentava à escola, estudando
em casa e sempre que saía para algum lugar usava um capacete. Até chegar o momento que
teve que enfrentar um ambiente escolar, bastante hostil, mas mesmo assim enfrentado por
ele, apesar do receio dos pais. A narrativa do filme é bem interessante pois é contada de
maneira linear com capítulos do ponto de vista do garoto e em algumas partes, temos uma
narrativa de outros pontos de vista como da mãe, do pai, da irmã, da amiga Summer, do
melhor amigo, e até da melhor amiga da irmã que via a família deles como referência para
ela. Após a exibição sugerimos que eles pudessem refletir sobre o filme e a nossa roda de
conversa anterior sobre família, para discutirmos sobre na semana conseguinte.
No nosso quarto encontro abrimos novamente uma roda de conversa para termos o
feedback do filme e sabermos a relação que eles fizeram com o tema família. Que Sampaio
(2014) nos diz que as rodas de conversas possibilitam encontros dialógicos, criando
possibilidades de produção e ressignificação de sentido – saberes – sobre as experiências
dos partícipes. Alguns comentários surgiram sobre as dificuldades enfrentadas pelo menino,
e os preconceitos dos colegas para com o garoto. Falaram sobre a importância de sermos
aceitos como somos e o quanto valia o apoio da família neste processo.
No final avisamos que na próxima semana seria o nosso último encontro.
Entregamos uns cartões com frases diversas sobre admiração, amizade, carinho, entre
outros, para que eles entregassem a alguém que eles tivessem como referência e/ou que se
enquadrassem nas palavras contidas no cartão e observassem a reação da pessoa ao receber.
Nesse momento um dos meninos disse que depois da semana anterior que conversamos
sobre família e da importância de expressarmos com palavras ou gestos o que sentimos, ele
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teve uma experiência emocionante quando foi colocar em prática em casa e disse pra sua
mãe e seu pai, o quanto os amava e admirava. “Foi um chororô só. Chorou minha mãe, meu
pai, eu e no final estava todo mundo chorando”. Apesar de toda choradeira, foi muito
gratificante pra gente ouvir isso, saber que algo que trouxemos já começava a nos mostrar
resultados. Em seguida nos foi informado pelo o arte educador Israel que o projeto tinha
recebido de uma empresa um poço de água para comunidade e tinha sido pedido a ele pelos
dirigentes do projeto para fazer um cartaz e uma filmagem com as crianças agradecendo.
Perguntou então se podíamos conduzirmos e fazermos parte desse momento, o qual
participamos e foi um momento muito rico.
Chegamos ao último encontro. Como combinado levamos bolo e refrigerantes e
esperamos chegar a maioria, já que a ida deles é muito inconstante e variada. Pouco a
pouco eles foram chegando e quando se fez maioria demos início ao que nos propomos na
semana anterior. Pedimos para cada um falar para quem entregou o cartão, o porquê da
escolha da pessoa, a reação e para definirem em uma palavra ou mais o que mudou de todos
os encontros que tivemos e de tudo que trouxemos até ali. De início eles ficaram meio
tímidos, mas logo o arte educador pediu para iniciar e falou: “a palavra que acho que define
bem tudo que vivenciei com a vinda de vocês aqui, é gratidão. Queria agradecer a vocês e
dizer que as portas aqui do projeto estarão sempre abertas”. E brincou no final dizendo: “
hashtag já estou com saudades e voltem logo”. A partir dali o clima ficou mais descontraído
e a maioria se interessou para falar. Alguns apenas disseram para quem entregou (grande
maioria mãe por coincidir com o dia), mas uns, os maiores, foram bem específicos na fala e
algumas nos tocaram bastantes, como a de uma menina que disse que achou muito
importante o que fizemos lá, por que de todas as pessoas que passaram por lá nós fomos as
únicas que demos importância para ouvirmos o que eles tinham a falar e ouvirmos a
história deles.
Um menino, que chamaremos de Léo (nome fictício), menino esse muito
participativo e falante, que percebemos que os outros o têm como referência, definiu nosso
trabalho como de suma importância, pois trouxemos vários questionamentos, despertamos
neles a vontade de falarem sobre os sentimentos, que muitas vezes temos por alguém, como
pai, mãe, amigos, mas não demonstramos. E que muitas vezes somos ingratos com quem
amamos. Falou também sobre a dinâmica que trouxe a possibilidade de demonstrar pros
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amigos o quanto eles eram importantes. Também pontuou sobre o filme, dizendo que
devemos aceitar as pessoas como elas são e que a beleza de alguém vai muito além da
aparência física. Houve um relato que também nos tocou de outra forma, que foi de um
menino que nos falou em particular, que deu o cartão para a avó e ela disse que preferia ter
ganhado uma caixa de chocolate, e antes mesmo da gente falar algo, ele completou: “tia, ela
é muito mal agradecida”. No final percebemos que tivemos uma boa devolutiva do que
levamos, e que nos surpreendemos bastante com algumas falas que eles trouxeram como
resultado da nossa intervenção.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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pequena semente e que os resultados à longo prazo dependerá das circunstâncias, da
vivência de cada sujeito e de profissionais que possam vir a dar continuidade ao que
iniciamos. Mediante a isso, concluímos que o trabalho por nós executado nos trouxe muito
aprendizado e nos despertou uma consciência social que levaremos não só para nossa vida
profissional, mas também para nossa vida pessoal.
Dando importância ao trabalho do psicólogo comunitário e o papel da instituição
para ajudar as crianças e os adolescentes mencionados, frisamos a necessidade de um
acompanhamento multiprofissional e de pesquisas no campo da psicologia comunitária para
uma melhor compreensão e prática da mesma.
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REFERÊNCIAS
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LANE, Sílvia Tatiana Maurer . Histórico e Fundamentos da Psicologia Comunitária no
Brasil. 1996. In: CAMPOS, Regina Helena de Freitas (Org.). Psicologia Social
Comunitária: Da solidariedade à autonomia. Petrópolis, Rj: Vozes, 8ª Ed, 2002.
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ANEXOS
ANEXO 1 (TRANSCRIÇÃO – ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA)
ENTREVISTA COM PSICÓLOGO: Movimento de Saúde Mental Comunitária
R) 10 meses
3) Você pode nos contar um pouco sobre a história do projeto e como é mantido?
R) O projeto Sim á Vida é um projeto de prevenção as drogas e melhor acesso aos serviços
sociais de saúde. Atende crianças de 7 a 14 anos em estado de vulnerabilidade social. É co-
financiado pela união europeia e doação.
R) Crianças e adolescentes
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R) As exigências são: está dentro da faixa etária de idade; está matriculada na escola e
frequentar diariamente; não ter tido o primeiro contato com drogas.
R) Temos várias atividades. Pra começar temos o relaxamento que é uma atividade diária.
É o momento em que a criança tem consigo mesma.
10) Como a psicologia enquanto ciência pode melhorar a realidade social dessas
crianças e adolescentes?
R) Trabalhando com as crianças e com os familiares, para assim ter uma melhor interação.
12) Qual é o grau de assiduidade dos jovens no projeto, e quando não há, quais
medidas são tomadas?
R) Temos frequência diariamente e a criança e/ou jovem só tem direito a faltar três vezes ao
mês. Faltar mais vezes sem comunicar, a mãe ou responsável tem que ir até o projeto
justificar.
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R) O nosso quadro de funcionários é bem reduzido devido as condições e a quantidade de
crianças serem grandes, trabalhamos com parcerias onde encaminhamos para um possível
acompanhamento.
15) Você diria que a finalidade do projeto vem sendo conquistada durante todos esses
anos?
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