Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
AMANDA RODRIGUES
Florianópolis, SC
2013
0
Agradecimentos
Ao meu orientador professor João Josué da Silva Filho, que acreditou na importância
deste trabalho para área da Educação Infantil, por ter sempre me guiado quando parecia
estar perdida e foi me ensinando a ter o olhar sempre atento às crianças.
Ao meu namorado Eduardo que nos minutos no cansaço do trabalho, nunca deixou de
acreditar em mim até mesmo quando nem eu mais acreditava.
Ao meu padrasto e minha mãe que sempre acreditaram em cada passo que eu seguia na
minha vida.
Aos meus amigos que sempre estiveram presentes quando eu precisava e quando não
precisava também, mas apenas pelo prazer da companhia.
A todas as pessoas que passaram na minha vida e me ensinaram a ser o que sou hoje,
que me ensinaram bons valores, que me ensinaram a entender as minhas dores quando
estas pareciam insuportáveis e o mais importante, me ensinaram a olhar a dor do Outro
e saber que nada está perdido e que sempre podemos recomeçar.
Meu muito obrigada a todos que me tornaram a pessoa que sou hoje!
1
“Tratar biena un niño es también darle lós uitensilios para que desarrolle su
capacidade de amar, de hacer el bien y de apreciar ló que es bueno y placentero. Para
ello debemos ofrecerles la possibilidad de viivir en contextos no violentos, donde lós
buenos tratos, la verdad y la coherencia sean los pilares de su educación”.
2
Resumo
3
Abstract
The present work is a Brazilian review literature which discusses coercive parenting
practices and the impact on child development. We conducted a literature review using
keywords in national databases, it was found 11 articles. Outlining the structure of the
work, first we developed a brief history of the child, conceptions prevalent each season
therefore discussed parenting practices, understood as strategies of parents to educate
their children, with a view to enhancing inductive practices and coercive. Then covers
up parenting styles, defined as a set of attitudes that include parenting practices and
affective dimension. Baumrind (1966, 1971) and Maccoby and Martin (1983)
developed four parenting styles based on two dimensions: control and support an
emerging model: authoritative, authoritarian, permissive and neglectful.
Complementing the positive parenting Gomide (2003) divided into two groups: positive
monitoring and moral behavior and negative divided into five groups: inconsistent
punishment, negative monitoring, relaxed discipline, physical abuse and neglect. The
work provides elements to explain how violence against children within the family can
be short or long-term harmful to the emotional/psychological, aged 0-6 years. In this
way, we intend to provide arguments for the guidance of parents who can recognize the
coercive parenting practices as harmful to the development of their children and, since
children are socialized increasingly earlier in collective environments socialization, in
case, nurseries and pre-schools, the teachers may have an important contribution in
order to signal to families about the positive effects of educational practices inductive.
4
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................6
2. PROBLEMATIZAÇÃO ...........................................................................................................8
3. OBJETIVOS ..........................................................................................................................11
5
1. INTRODUÇÃO
“Ao recordar de minha infância, lembro com certa indignação de uma criança
chamada Bruna1 que vivia em uma família monoparental2, ou seja, composta apenas
pela mãe que a ‘educava’, pois seu pai ela nunca soube quem era ou onde estava
enquanto crescia. Durante muito tempo de sua infância, Bruna era alvo de muita raiva
por parte de sua mãe; qualquer comportamento considerado inadequado que essa
criança tivesse, era motivo para ser surrada, independente de onde estivesse ou com
quem estivesse. Mas o pior que presenciei ocorrer com Bruna aconteceu em uma certa
tarde de novembro em que ela saiu para passear pelo bairro (bastante tranquilo naquela
época) com seu cachorro. Envolvida pelo prazer daquele passeio Bruna perdeu a noção
das horas. Quando estava voltando para casa encontrou sua mãe em estado colérico. A
mãe correu em direção a Bruna, arrancou o cachorro do colo dela, agarrou-a pelo braço
e arrastou correndo para o quarto. Do lado de fora da casa era possível ouvir-se os
ruídos de surra, soluços e choro. O que mais marcou minha memória é que estes
arroubos de violência e fúria contra Bruna repetiram-se por alguns anos de sua vida!”
1
. Nome verdadeiro foi modificado para preservar a identidade da criança.
2
. Composta apenas pela mãe ou pelo pai.
6
desenvolvimento e, neste sentido, busco no presente trabalho, subsídios para sustentar
teoricamente minha preocupação. As práticas punitivas utilizadas para extinguir o
comportamento inadequado podem funcionar de imediato, enquanto mantêm-se
presentes, entretanto parecem não resolver a questão a longo prazo. Em geral, frente a
essas disciplinas coercitivas a criança evita repetir as mesmas ações apenas para se
‘livrar’ das punições físicas e não porque realmente compreendeu o que estaria errado
ou inadequado.
7
2. PROBLEMATIZAÇÃO
3
Agressão verbal ou física, destruição de objetos, mentira, roubo, habilidades sociais inadequadas.
4
Retração Social, ansiedade, depressão, baixa autoestima.
5
SALVO; SILVARIS; TONI, apud GOMIDE, 2004.
9
e desgaste das relações pais e filhos. Citando Smith (apud Marques, 2010), Marques
enfatiza a associação entre o castigo físico e problemas de comportamento na escola, de
falta de integração com grupos de pares e até mesmo de crime e delinquência.
Contrariando o desenvolvimento da internalização moral, de atitudes e valores que os
pais pretendem transmitir aos seus descendentes.
10
3. OBJETIVOS
Geral:
Específicos:
11
5. ASPECTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
12
TÍTULO AUTOR ANO PALAVRAS- PUBLICAÇÃO PESQUISADO
CHAVES
Buenos Tratos a Jorge Barudy 2009 Resiliencia, Buenos Gedisa
La Infancia: tratos, infância. Editorial,
Parentalidad, Barcelona
apego y
resiliencia.
Definições, Ricardo 2010 Parentalidade, Psychologica, Universidade
dimensões e Barroso e Práticas Parentais, 52, vol. 1 de Coimbra.
deterinantes da Carla Desenvolvimento da
parentalidade. Machado Criança.
Práticas Alessandra 2003 Práticas educativas, Psicologia em ScieLo
Educativas, Marques Estilos Parentais, Estudo,
Estilos Parentais Cecconello, Abuso físico. Maringá, v. 8.
e abuso físico no Clarissa De
contexto Antoni,
familiar. Sílvia Helena
Koller.
As crenças, o Ana Isabel 2003 Violência Tese de Universidade
discurso e a Martins Sani. Interparental. Doutorado. do Minho.
ação: as
construções de
crianças
expostas à
violência
interparental.
Crenças Ana Cristina 2010 Crenças sobre Dissertação de Universidade
Parentais sobre a Tomé punição física, Mestrado. de Coimbra.
punição física e Marques. comportamentos de
a identificaçõ externalização,
dos problemas comportamentos de
de internalização.
comportamentais
13
e de adaptação
psicossocial das
crianças em
idade pré-
escolar.
Bater não educa Naiana 2012 Educação, família, Educ. Pesqui., ScieLo
ninguém! Dapieve escola, prática São Paulo, v.
Práticas Patias, Aline coercitiva. 38, n. 4.
educativas Cardoso
parentais Siqueira e
coercitivas e Ana Cristina
suas Garcia Dias.
repercussões no
contexto escolar.
O uso das Lidia Natalia 2004 Punição corporal, Estudo de ScieLo
palmadas e Dobrianskyj práticas educativas, Psicologia
surras como Weber, Ana violência contra a
práticas Paula criança.
educativas. Viezzer e
Olivia Justen
Brandenburg.
Práticas Angela 2012 Práticas educativas, Estudos de ScieLo
educativas Helena competência social, Psicologia
parentais, Marin, Cesar idade pré-escolar. 17(1).
problemas de Augusto
comportamento Piccinini,
e competência Jonathan R.
social de H. Tudge.
crianças em
idade pré-
escolar.
Ética disciplinar Cristiano da 2005 Educação infantil, Instituto de ScieLo.
e punições Silveira relação pais- Psicologia da
14
corporais na Longo. crianças, punição, USP, 16(9).
infância. terapia familiar.
Experiências Lilian Paula 2010 Relações familiares, Psicologia: ScieLo.
infantis e risco Degobbi disciplina da criança, Reflexão e
de abuso físico: Bérgamo e abuso infantil, Crítica, 24(4).
mecanismos Marina transmissão
envolvidos na Rezende geracional,
repetição da Bazon. aprendizagem/apego.
violência.
Práticas Caroline 2005 Práticas educativas, Estudos de ScieLo.
educativas como Guisantes de habilidades sociais, Psicologia,
forma de Salvo, problemas de Campinas.
predição de Edwiges comportamento.
problemas de Ferreira de
comportamento Matos
e competência Silvares,
social. Plinio Marco
de Toni.
Relações entre Frnacieli 2008 Estilos parentais, Dissertação de Programa de
práticas Hennig. práticas educativas Mestrado, Pós-graduação
educativas parentais, memórias em Psicologia,
parentais e de cuidados na UFSC.
memórias de infância, transmissão
cuidados na intergeracional.
infância.
15
parece ter grande influência para os pais e educadores e os que se posicionam
contrários, em algum momento concordam com algum tipo de punição ou castigo, são
poucos os autores que se posicionam totalmente contrários a essa prática.
16
seguida o agente punidor mais frequente é a mãe com 86,1% diferentemente do pai com
58,6%, os irmãos 23,6%, em seguida avôs 9,4%, tios 7,4% e outros 5,3% ; a mão
(62,3%) é o meio mais utilizado para aplicar a punição seguido do cinto (43%), depois o
chinelo (42,3%) e por último a vara (13,5%) e o local do corpo das crianças que é mais
punido são as nádegas (64,7%) e o segundo lugar foi a perna (36,5%), depois os braços
(27,6%) e costas, em último lugar com (19,5%).
17
empírica comparativa com os pais e cuidadores que sofreram abuso físico na infância e
outros que não sofreram e a repetição da violência como forma de educação. Pais que
foram abusados fisicamente e emocionalmente apresentam maior chance de
comportamentos para educação punitiva. Nesta pesquisa foi abordado a Teoria da
Aprendizagem Social que as crianças aprendem através de imitação e observação, sendo
assim pais que foram abusados teriam mais propensão a educar coercitivamente seus
filhos, porém quando os pais sabem dos fatores e consequências negativas das punições
para crianças, isso se torna um fator de proteção para seus filhos. A Teoria do Apego
são as relações interpessoais que as crianças tem capacidade de estabelecer, crianças
que são maltratadas, tornam as respostas a essas relações fragilizadas. Participaram da
pesquisa 30 pais abusados e 30 não abusados e crianças até 15 anos. Os pesquisadores
finalizam sua pesquisa fazendo a relação da infância do cuidador com as práticas
abusivas usadas por eles para educar os filhos, já que os abusos que os adultos sofreram
quando crianças são lembrados e reproduzidos, tornando assim a prática educativa
coercitiva um ciclo, mas não podendo ser generalizado.
Outro artigo recente das autoras Patias, Siqueira e Dias (2012) é uma pesquisa teórica
que reflete sobre os efeitos das práticas punitivas para o desenvolvimento das crianças,
não há delimitação de faixa etária, discute a questão da violência como forma de
educação, a aceitação ainda hoje da nossa sociedade dessa forma de ‘educação’ e as
18
consequências negativas e o desenvolvimento de comportamentos agressivos em
crianças, já que a família é o primeiro espaço social da criança, todos os
comportamentos aprendidos no contexto familiar são reproduzidos pelas crianças com
outras pessoas e em outros espaços, principalmente na escola.
19
4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Até por volta do século XII, a arte medieval desconhecia a infância ou não
tentava representa-la. É difícil crer que essa ausência se devesse a
incompetência ou à falta de habilidade. É mais provável que não houvesse
lugar para a infância nesse mundo. (p. 50)
20
pelas informações relacionadas com as contingências sociais e econômicas direcionada
às crianças e também a importância do meio familiar para o desenvolvimento desta.
21
O breve histórico relatado acima possibilita a percepção da criança no momento atual
em que vive a sociedade, entre um sujeito de direitos e também, um sujeito sem direitos,
submetidos ao poder adulto. Neste sentido, pretende-se enfatizar nas questões
relacionadas às práticas parentais educativas e as consequências para o desenvolvimento
infantil e por último as formas de violência física e emocional contra as crianças.
22
tipo de prática provoca na criança medo, raiva e ansiedade e o controle do seu
comportamento depende de controle externo, não favorecendo a interiorização das
regras sociais e dos padrões normais. As técnicas de retirada do afeto são igualmente
nocivas para a criança que se vê muitas vezes isolada, ridicularizada e psicologicamente
afetada.
23
Além disso, são afetuosos nas relações com eles, responsivos às suas
necessidades e, frequentemente, solicitam sua opinião quando conveniente,
encorajando a toma de decisões e proporcionando oportunidades para o
desenvolvimento de suas habilidades. (BAUMRIND, 1966; GLASGOW,
DORNBUSCH, TROYLER, STEINBERG & RITTER, 1997 apud
CECCONELLO; ANTONI; KOLLER, 2003)
Por último, o modelo negligente, os pais não são nem amorosos e nem exigentes,
só respondem às necessidades básicas das crianças, não monitoram o comportamento da
criança e não se importam com o processo de socialização da criança. São
frequentemente inconsistentes nos seus afetos, emocionalmente pouco disponíveis ou
pouco atentos as necessidades desenvolvimentais dos filhos. Tanto podem negligenciar
24
o uso da disciplina quanto podem utilizar eventualmente práticas severas. Os filhos
tendem a manifestar maiores dificuldades a nível das competências sociais e cognitivas ,
no desempenho escolar e no bem estar psicológico, podendo apresentar problemas de
conduta . “Enquanto os pais indulgentes estão envolvidos com seus filhos, os pais
negligentes estão, frequentemente, centrados em seus próprios interesses” (GLASGOW,
DORNBUSCH, TROYLER, STEINBERG & RITTER, 1997 apud CECCONELLO;
ANTONI; KOLLER, 2003, p. 48).
25
prática e o apoio e o amor, sendo assim, a demonstração de afeto é muito importante,
principalmente nos momentos de maior necessidade da criança. No comportamento
moral é o modo como são transmitidos os valores dos pais para os filhos, através do
próprio comportamento (dos pais), dos diálogos, referentes aos termas como justiça,
empatia, respeito, honestidade e outros.
26
Na prática educativa, o abuso físico é uma forma de violência contra as crianças
com a finalidade de educá-las, assim os pais usam da força física para corrigir
comportamentos inadequados. Como essa prática está sempre vinculada às demais e
também a que causa efeito mais danoso para a criança.
Para finalizar a discussão, pretende-se refletir a partir dos estilos parentais e das
práticas educativas um novo olhar sobre a educação das crianças e a orientação dos pais
que utilizam-se das punições físicas e emocionais para controlar e modificar o
comportamento dos filhos. É preciso conscientizar os pais que a violência como
disciplina só tem efeitos nocivos para o desenvolvimento da criança. Assim, “um
adequado desenvolvimento infantil é um somatório de diversos fatores, porém, os pais
estão entre os mais importantes.” (SALVO; SILVARIS; TONI, 2005)
27
problemas de comportamento estão identificadas em famílias com menor nível
socioeconômico. Enquanto alguns pais reprovam e não legitimam a prática punitiva na
educação dos filhos, outros pais são favoráveis ao uso da punição e foram os que mais
reportaram um maior número de problemas de comportamento nos filhos.
28
6. ANÁLISE DA PESQUISA
A questão central deste trabalho é refletir sobre o efeito das práticas educativas
coercitivas para o desenvolvimento das crianças, enfatizando a faixa etária de zero a 6
anos. A busca na literatura brasileira indicou poucas pesquisas científicas em relação a
essa temática, principalmente relacionada a faixa etária pretendida inicialmente. A
despeito do pequeno número de artigos encontrados, relacionados a temática, a
contribuição em termos de compreensão do fenômeno possibilitou a percepção em
relação as práticas escolhidas pelos pais para educação dos filhos, que podem ou não ser
prejudiciais para o desenvolvimento íntegro da criança.
A punição enfoca o erro e não ensina o certo; então, tal comportamento pode
deixar de ser emitido por algum tempo, mas não necessariamente há a
aprendizagem de qual deve ser o comportamento adequado. (BETTNER &
LEW, 2000; SIDMAN, 1995; SKINNER, 1953/1976 apud WEBER,
VIEZZER, BRANDENBURG, 2004, p. 229)
29
criança se depara, principalmente na escola, por isso a escola tem um papel importante
para identificação da violência cometida pela família e assim, podendo orientar os pais
sobre as graves consequências que as práticas educativas têm para as crianças.
30
com a monitoria negativa e a negligência, os pais não se interessam pelo processo de
socialização e atendem somente necessidades básicas da criança.
Um dos aspectos a destacar sobre a temática que parece privilegiar mais a faixa
etária dos adolescentes porque esses já expressam na linguagem oral e escrita em
relação às práticas educativas exercidas sobre eles, podem ter contato direto com os
pesquisadores e os próprios responderem aos questionários sobre as práticas parentais.
Com crianças menores de 6 anos já ocorre uma dificuldade porque muitas não se
expressam verbalmente e por ser um tema de pesquisa de extrema complexidade para a
faixa etária.
6
Achenbach, 1991
7
Rodrigues, Figueiredo, Pacheco, Costa, Cabeleira & Magarinho, 2004
8
Sani, 2003
31
Children Perception of Interparental Conflict (C.P.I.C) 10, Escala de Crenças sobre a
Punição Física (E.C.P.F) 11, questionário de adaptação psicossocial da criança
(A.P.S.E)12.
Esses instrumentos foram utilizados pelos pesquisadores para identificar as
práticas parentais, os comportamentos das crianças, como os pais agem em situações
diversas com os filhos, como quando a criança faz birra, não quer comer/dormir, bate
em alguém, como as crianças percebem a violência interparental, como por exemplo a
associação do álcool e drogas com a violência.
A punição corporal pode ser eficaz no instante em que é aplicada, mas ela traz
muitos prejuízos a longo prazo, não somente para o indivíduo como também
para os outros com quem convive, devido ao risco de delinquência, de
criminalidade violenta, de violência contra o cônjuge. (STRAUS, 1991;
STRAUS & MCCORD, 1998 apud WEBER, VIEZZER, BRANDENBURG,
2004, p. 229 ).
9
Sani, 2003
10
Elaborado por Grych, Seid & Fincham e traduzido e adaptado por Sani, 2001
11
Machado, Gonçalves & Matos, 2000
12
Stayer & Nöel, 1990 e traduzido e adaptado por Silva, Veríssimo & Santos, 2004
32
Diante de diversas questões em relação as práticas parentais e o
desenvolvimento da criança, focamos apenas na violência dos pais contra as crianças,
por isso para finalizar trago a questão dos bons tratos na relação pais-filhos. De acordo
com Barudy (2009) as capacidades parentais fundamentais são um conjunto de
capacidades biológicas e hereditárias que são moduladas pela experiências vitais e
influenciadas pela cultura e pelos contextos sociais. Na perspectiva do autor as
capacidades parentais fundamentais são divididas em quatro tópicos, primeiro a
capacidade de apegar-se ao seu filho, são os recursos emotivos, cognitivos e de conduta
para apegar-se a criança; a empatia, capacidade de perceber vivências internas dos seus
filhos, através das manifestações emocionais e gestuais; modelo de criança, respostas as
necessidades dos seus filhos, assim como protege-los e educa-los e por último a
capacidade de participar de rede social de apoio e dos recursos comunitários,
capacidade de pedir e receber ajuda dos familiares ou de redes de apoio.
Barudy (2009) ainda evidencia as redes de apoio que as crianças que são vítimas
de violência podem contar, como por exemplo, no contexto escolar os professores, o
diretor, a merendeira, podem ser um bom exemplo para as crianças e muitas vezes a
escola é a única fonte de bons tratos que a criança reconhece, por isso, a creche e as
escolas deveriam ter orientações psicológicas para saber reconhecer e enfrentar
situações de abuso infantil, já que as crianças são vítimas ‘silenciosas’ dessa forma de
violência na nossa sociedade.
Concluindo, os estudos apontam que questões condicionantes das práticas
educativas parentais coercitivas, são multidimensionais, ou seja, são influenciados por
fatores de dentro e de fora do sistema familiar. No âmbito das questões relacionadas ao
contexto externo a família, são imprescindíveis políticas voltadas para a saúde,
emprego, educação e lazer, a curto, médio e longo prazo que fortaleçam os laços entre
cada um dos membros das famílias e qualifiquem melhor o ambiente em que cresce a
criança. No que diz respeito ao contexto interno, as redes de apoio social informal e
formal podem capacitar melhor os pais para o enfrentamento de situações complexas na
educação dos filhos. As redes informais como família ampliada, avós, tias, madrinhas,
podem auxiliar na educação das crianças. As redes formais como escolas, centros de
saúde, centros comunitários, igrejas, entre outros, podem oferecer suporte e formação
para os pais exercerem com mais competência a sua parentalidade.
33
34
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para concluir espera-se que este trabalho possa servir de orientação para pais e
principalmente para os profissionais da área da educação infantil, terem um olhar mais
atento para as crianças na pré-escola, identificando situações de risco e assim trabalhar
para intervenção de possíveis problemas no desenvolvimento de crianças pequenas.
35
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
36
MARQUES, A. C. T. Crenças parentais sobre a punição física e a identificação dos
problemas comportamentais e de adaptação psicossocial das crianças em idade
pré-escolar. Dissertação de Mestrado, Universidade de Coimbra, 2010.
37