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Niterói, julho de 2020

2ª Versão
Circulação Interna

Nome da disciplina: Atualidades

Nome do professor: Dra Michéle Tancman Candido da Silva

Janeiro 2020
Sumário

Seção I .............................................................................................................................. 3
Objeto 1 - SOCIODIVERSIDADE E MULTICULTURALISMO; ......................................... 3
Objeto 2 - SOCIEDADE, VIOLÊNCIA E A CONSTRUÇÃO DE UMA CULTURA DE
PAZ ................................................................................................................................... 5
Objeto 3 - EQUIDADE E DIVERSIDADE DE GÊNERO .................................................. 11
Objeto 4 - RELAÇÕES ETNICO RACIAIS NO BRASIL ................................................. 14
Objeto 5 - HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA, AFRICANA E INDÍGENA ..... 15
Objeto 6 - COMBATE À VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER .......................................... 21
Objeto 7 - EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS E FORMAÇÃO CIDADÃ e
FUNDAMENTOS DA ÉTICA ........................................................................................... 26
Seção II ........................................................................................................................... 38
Objeto 8 - CULTURA E ARTE ........................................................................................ 38
Objeto 9 - CIDADES, HABITAÇÃO E QUALIDADE DE VIDA........................................ 47
Objeto 10 - ESTADO, SOCIEDADE E TRABALHO ....................................................... 63
Objeto 11 – GLOBALIZAÇÃO E A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA ......................... 74
Objeto 12- POLÍTICA INTERNACIONAL E MIGRAÇÃO................................................ 82
Objeto 13 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL -SOCIEDADE
DE CONSUMO ................................................................................................................ 86
Objeto 14 - EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE ................................... 90
Referências Seção II ...................................................................................................... 92
Seção III .......................................................................................................................... 93
Objeto 15 - Acessibilidade e inclusão social – PROTEÇÃO DOS DIREITOS DA
PESSOA COM DEFICIÊNCIA ......................................................................................... 93
Objeto 16 - Políticas públicas para a criança, adolescente e idoso ........................... 99
Objeto 17 - Promoção da saúde e prevenção de doenças ........................................ 105
Objeto 18 - Segurança alimentar e nutricional........................................................... 108
Objeto 19 - Ciência, tecnologia e inovação ................................................................ 112
Objeto 20 - Bioética ..................................................................................................... 120
Referências da seção III: ............................................................................................. 125
Seção I

Nesta Seção iremos apresentar os Temas da atualidade: Sociodiversidade e multiculturalismo, sociedade,


violência e a construção de uma cultura de paz, Equidade e diversidade de gênero, Relações etnico-raciais
no brasil, História e cultura afro-brasileira, africana e indígena, combate à violência contra a mulher,
Educação em direitos humanos e formação cidadã e fundamentos da ética.

Objeto 1 - SOCIODIVERSIDADE E MULTICULTURALISMO;

Objetivo do objeto 1: identificar o quanto a sociedade é plural, isto é diversificada e multicultural.

Vamos iniciar esta seção pedindo para que você faça uma reflexão sobre a figura abaixo e em seguida
responder o que seria da sociedade se todos fossem iguais?

Então? Um mundo homogêneo seria melhor?


Vamos compreender alguns conceitos.

Você já ouviu essas expressões Multiculturalismo e Sociodiversidade? O que é possível revelar sobre
elas?
Segundo o Que Conceito (2019), O multiculturalismo é conhecido como um fenômeno que estabelece
a coexistência de várias culturas em um mesmo espaço territorial e nacional. Atualmente verifica-se muitas
culturas convivendo em um mesmo espaço e isso ocorre, principalmente pelo processo de globalização e as
incidência de muitas migrações, seja elas autorizadas ou não pelos países. Nesse sentido, aceitar uma
sociedade multicultural é realiza uma convivência pacífica de várias culturas em um mesmo ambiente.
E em que o multiculturalismo se difere da sociedade?
Como pudemos observar no primeiro exercício deste material, a sociedade é formada por indivíduos
nada homogêneos. A Sociodiversidade neste sentido, pode ser definida como a diversidade que se faz
presente em uma sociedade.
Em uma sociedade diversificada, as pessoas não pensam e nem se comportam de forma igual diante
das mais variadas situações. São diferentes, inclusive, quanto as suas possibilidades de ser, são diferentes
credos, etnias, opções sexuais, em suas “deficiências “e não há como estabelecer um padrão. Todos fazem
parte da mesma sociedade e todos são importantes. Porém muitos são intolerantes um com os outros. Não

3
é surpresa que, para se viver em sociedade é preciso conviver de forma “hibridas”1 . É preciso desenvolver
a cidadania e adaptar-se as diferenças.
Então, reforçada a ideia pelo Junior (2014) a Sociodiversidade é a convivência pacífica de diversas
sociedades distintas, como o Brasil que é uma grande mistura de etnias, raças, religiões etc.”. Lembramos
Segundo Muñoz (2019) que existe uma grande Sociodiversidade, principalmente no interior do Brasil (grupos
indígenas, pequenos produtores rurais, assentados da reforma agrária, pequenos posseiros tradicionais, comunidades
extrativistas, grupos de “alternativos” migrantes da classe média urbana em direção ao campo), representa um grande
desafio.
Veja os dados dos indígenas apurados pelo IBGE 2010:
- População indígena: 896.917 (0,47% da população Para conhecer detalhes do relatório abra o
brasileira) QRCODE ou visite a página.

- Terras Indígenas: 505 terras indígenas


correspondendo a 12,5% do território brasileiro. Nestas
terras vivem 517.383 índios (57,7% de todos os
indígenas).

- Quantidade de etnias: 305

- Maiores etnias: Tikúna (46 mil), Guarani Kaiowá (43,4


mil), Kaingang (37,4 mil), Makuxí (28,9 mil), Terena (28,8 Baixe um leitor de QR code em seu dispositivo e
mil) e Tenetehara (24,4 mil). use o código para assistir ao vídeo on-line ( ou
acesse:
- Línguas: 274 https://indigenas.ibge.gov.br/images/indigenas/e
Apenas os grupos indígenas no Brasil têm mais de 500 studos/indigena_censo2010.pdf
áreas, 180 idiomas e organização social diferente das de
ribeirinhos, quilombolas ou extrativistas. Mapa das terras indígenas

Baixe um leitor de QR code em seu dispositivo e


use o código para assistir ao vídeo on-line ( ou
acesse: https://indigenas.ibge.gov.br/mapas-
indigenas-2

É importante então que se estabeleça relações sociais a fim de vivenciar e respeitar as diferenças. Ou seja, é
entender, partilhar e aceitar uns aos outros, ou de modo contrário estaremos praticando a exclusão social
de indivíduos de uma sociedade que é plural. Sob esse ponto de vista, nota-se que essas diversidades
realçam os valores humanos e seu entendimento do que é uma vida comum, e como as condições externas
e suas tensões de violência, intolerância, preconceito e ideologias contrarias podem criar questionamentos
de dúvidas sobre essa política de harmonia e sua visão liberal.

1
Significado de Hibrida, Hibrida vem do verbo hibridar. Significado de hibridar Fazer produzir
híbridos; cruzar. Produzir híbridos.

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Objeto 2 - SOCIEDADE, VIOLÊNCIA E A CONSTRUÇÃO DE UMA CULTURA DE PAZ
Objetivo do objeto 2: identificar a necessidade de se estabelecer uma cultura de Paz para se ter uma
sociedade mais justa.

O Nosso segundo objeto de conhecimento solicita um estudo sobre sociedade, violência e a construção
de uma cultura de paz. E para analisa-lo se faz necessário definirmos cada uma das categorias. Valos Lá?

Sociedade:

Sugestão de imagem
O que é sociedade?
Na sociologia sociedade é definida como grupo humano que habita em certo período de tempo e
espaço, seguindo um padrão comum; coletividade.
É muito difícil encontrar um ser humano que viva isoladamente. Existe uma necessidade básica do
homem em se relacionar com os outros e com o mundo. Neste sentido a sociedade foi sendo construída para
que se exerça regras sociais para que se tenha uma convivência minimamente harmônica. Muitas regras sociais
foram criadas a partir da moral e da ética estabelecida por todos os seguimentos da sociedade. Então o que se
pressupõe é que se tenha uma convivência e atividade conjunta do homem, ordenada ou organizada
conscientemente.
Sociabilidade x Socialidade
A sociabilidade, segundo os dicionários, é a qualidade de sociável que apresenta uma pessoa, ou seja,
aquele que de maneira natural tende a viver em sociedade, como também aquele indivíduo amável que se
relaciona bem com todas as pessoas, mas ainda existe um grupo de pessoas que exercem a socialidade que
para Michel Maffesoli (1984), socialidade é um conjunto de práticas quotidianas que escapam ao controle social
rígido e, ao mesmo tempo, um verdadeiro substrato de toda vida em sociedade.
Neste sentido pode-se haver uma cultura de paz para as sociedades no mundo como também uma
cultura da violência.

Violência
Por que o mundo está tão violento? Por que a sociedade brasileira está tão violenta
A violência, segundo a definição do Dicionário Aurélio (2019) é: “Exercer força física contra algo ou
alguém, obrigar, constranger, coagir alguém a fazer algo que não queira”. Esses são alguns exemplos do
significado de Violência.
Há várias formas em que a violência se expressa. A violência segundo o artigo 7º da Lei nº 11.340/2006,
são divididas em tipos e categorias, como: violência contra mulher, de gênero, domestica, familiar, física,
institucional, intrafamiliar, moral, patrimonial, psicológica, social e sexual.
Segundo Sylvia Leser apud Ribeiro Mahlmeister (2019), a violência tem uma origem:

5
A desigualdade vivida pela população urbana pobre é muito agressiva. O cidadão
urbano pobre não apenas está exposto a um abismo material e social que o afasta
das camadas socioeconômicas mais altas da sociedade em que vive. Ele também
deve conviver com a desigualdade de tratamento dado. (LESER, 2018).
De acordo com Leser (2019), a maior causa atribuída para a violência que está sendo vivenciada pela
sociedade brasileira, refere-se aos centro urbanos que recebe uma vasta população sem estar preparada
estruturalmente e organizacionalmente para acomodar e satisfazer as necessidades de quem passa a usar
o espaço urbano. A cidade é desigual e como as carências não são para todos, uma parcela da população,
busca diferentes meios de alcançarem a satisfação (seja ela qual for, para cada indivíduo), o que leva a
estereótipos e muita desigualdade social, acentuando a marginalização.
Essa incapacidade da sociedade urbana em oferecer uma vida digna, com todas as oportunidades, faz com
que parte delas, busquem por meios violentos, à criminalidade como uma das poucas alternativas possíveis e
realizáveis para obter determinados bens materiais. A violência urbana, para a maioria também se tornou
comum, algo “natural”.
A população urbana pobre é vítima da ausência do Estado e políticas públicas.
Ainda para Sylvia Leser apud Felipe Mahlmeister (2019): Essas pessoas se veem obrigadas a estruturar
suas vidas a partir dos elementos que encontram disponíveis e alguns destes elementos são ligados ao
crime, se acomodam na sociedade urbana como podem.
Sendo assim, para Leser (2019), com os acontecimentos da violência desnecessária, grande parte
dessa população tem dificuldades de ter uma visão pacífica para a solução da violência. Verifica-se os
reflexos de uma convivência diária da violência. Ainda assim, diante dessas constatações estatísticas de
violência urbana, algumas instituições como as igrejas exercem um papel de grandes influenciadores de
comportamento social e de acolhimento. A maioria promove alternativas de vida para a sociedade.
Alguns outros tipos de violência que também tem gerado grande repercussão e sido alvo do atual contexto
social do Brasil. Muita intolerância às pessoas com a orientação da identidade de gênero, ao tipo de religião, a
sua ocupação territorial, a sua portabilidade de deficiência, a violência doméstica quando acontece em casa,
ente intrafamiliares. Alguns direitos podem ser negados, muitas situações provocam humilhação além de
agressões físicas.
Um dado importante nos revela Lima (2018) no Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Há registro de
um aumento da taxa de mortes intencionais de 30,3% em comparação ao ano de 2017. A problemática
social é tão alarmante que a taxa de homicídios de negros aumentou em 23%.

Veja o vídeo.
O Brasil mata. Mata muito. Entre 2001 e 2015
houve 786.870 homicídios, a enorme maioria
(70%) causados por arma de fogo e contra
jovens negros.

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use o código para assistir ao vídeo on-line ( ou
acesse:
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/12/11/politica/
1513002815_459310.html

O que você achou do vídeo? Qual seria a sociedade ideal para você?

A CONSTRUÇÃO DE UMA CULTURA DE PAZ

Nesses tempos de intolerância política ideológica, de atos desumanos contra refugiados, de


violência contra travestis e homossexuais, agressões contra moradores de rua, de fundamentalismo
religioso, feminicídio é muito difícil constatar uma de cultura de paz. A UNESCO explica que cultura de paz
está relacionada ao comprometimento de promover e vivenciar o respeito a vida e dignidade de cada
pessoa sem discriminação ou preconceito, a rejeição de qualquer forma de violência, o compartilhar de
tempo e recursos com generosidade a fim de terminar com a exclusão, a injustiça e a opressão política e
econômica, desenvolver a liberdade de expressão e diversidade cultural através do diálogo e da
compreensão do pluralismo, manter um consumo responsável respeitando todas as formas de vida e
contribuir para o desenvolvimento da minha comunidade, área, país e planeta.

A Cultura de Paz, em relação a sua origem,


apesar do movimento de Cultura de Paz ter
sido iniciado com a fundação da UNESCO
em 1945 (ADAMS, 2003), o termo foi
cunhado oficialmente pela primeira vez em
1989 através da Declaração de
Yamoussoukro, elaborada durante a
Conferência Internacional sobre a Paz na
Mente dos Homens na Costa do Marfim.
Em 1995 a Cultura de Paz foi adotada como
Programa da UNESCO, sendo em 1998
proclamado o ano 2000 como o Ano
Internacional pela Cultura de Paz e
proclamado o período de 2001-2010 como a
Década Internacional pela Cultura de Paz e
Não-Violência para as crianças do Mundo.
Atualmente, a Cultura de Paz é promovida

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por diversas organizações ao redor do
globo, sendo o Brasil o país com maior A construção de uma cultura de Paz está
número de instituições com projetos relacionada as categorias tolerância, intolerância e
descritos no relatório da Fundación Cultura solidariedade praticadas pelos indivíduos pertencentes a
de Paz (77 instituições), seguido pelos EUA sociedade.
com 45 instituições e Argentina com 32
instituições (Fundación Cultura de Paz,
2005)

Tolerância

Vamos pensar?

O quão somos tolerantes? Como anda a sua tolerância em relação ao próximo? Você
respeita as diferenças? Todas as diferenças?

Essa reflexão serve como parâmetro para sentirmos o nosso grau de tolerância
Segundo o Dicionário Aurélio (2019), tolerância é: “Boa disposição dos que ouvem com paciência,
opiniões opostas às suas. Aptidão para suportar divergências, situações ou medicamentos”.
Praticar a tolerância, nos permite perceber e entender as diversas situações geradas pela
intolerância, e como é necessário praticar o respeito a todos. Entretanto ter tolerância ilimitada e ser
despreparado de argumento para defender uma sociedade utópica, pacifica, unida e liberta de preconceitos,
só dará mais argumentos aos intolerantes, que a sociedade não consegue desenvolver, defender e viver em
meio dessa diversidade cultural.
Enquanto as escolhas e opiniões forem voluntarias e a segregação for pacifica, a tolerância e o respeito
estão sendo praticado. No fundo, quem não se coloca contra algo, no mínimo é hipócrita, pois, em uma
rápida reflexão, todos nós somos contra algo ou alguém, a diferença é que não precisamos ser violentos
para demonstrar que não concordamos ou não aceitamos algo.

Intolerância
Em contrapartida a tolerância, existe a intolerância.

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Vamos pensar?

Na sua opinião, porque as pessoas tem se tornado intolerantes?

Segundo o Dicionário Aurélio (2019), tolerância é: “A falta de aceitação ou compreensão em relação a


algo ou alguém. Comportamento de repulsa e ódio por determinada situação ou circunstância”.
O mundo e as sociedades, como já foi relatado neste material, é um misto de raças, culturas, tamanhos,
cores, nacionalidades, estilos, biótipos, religiões, ideais, e ainda assim pessoas são bombardeada todos os
dias por ser quem são e por suas escolhas, porque ofendem a muitos por exporem quem são e o que
pensam, o que vestem e que querem. A falta de tolerância, transformam as pessoas e as tornam mais
agressivas, chegam ao extremo de julgarem, em alguns momentos, quem deve viver ou morrer por suas
preferências.
Praticar a tolerância, em situações geradas pela intolerância, é importante para conscientizar a
desnecessidade impulsiva e descomedida de reagir e nutrir repulsa pelos semelhantes. Entre tanto ter
tolerância ilimitada e ser despreparado de argumento para defender uma sociedade mais tolerante e
solidaria, só fará.
No mais, para uma construção de uma cultura de paz, a solidariedade é fundamental para uma
sociedade mais justa.

A solidariedade.
Vamos pensar?

9
Porque a solidariedade é importante para uma cultura de paz?

Segundo o Dicionário Aurélio (2019), solidariedade é: “Um sentimento de amor e compaixão ao próximo,
mais que um sentimento é uma ação em prol de outros indivíduos ás valorizando como pessoas”.
Como descrito no dicionário, a solidariedade é vivida a partir do sentimento de responsabilidade fraterna,
que não exclui nada nem ninguém. O planeta é um exemplo, de que necessita de cuidados. Não é apenas
um romance entre ecologistas e paisagens bonitas, é a preocupação com o futuro, ou ainda, os problemas
enfrentados por países subdesenvolvidos como a carência de alimentos, países e povos em conflito político,
territorial, religioso, são alguns exemplos do panorama internacional. A resposta a essa preocupação, são
vislumbradas pelas organizações de Brigada Internacional da Paz, Médicos Sem Fronteiras reagindo
solidariamente aos problemas enfrentados lá fora.
Solidariedade não é sinônimo de paz, pois a paz é a inexistência de violência ou problemas, já
solidariedade é possibilidade de devolver a cidadania e condições dignas de vida. Uma sociedade solidaria,
é construída pelo reconhecimento de todos os direitos humanos, e toda conservação de vida e ambiente,
visando o bem comum de toda uma sociedade.
Vamos responder?
O mundo seria melhor se a sociedade fosse mais solidaria? Pense em alguns exemplos.

Veja o vídeo
Cultura da Paz e da Não Violência: você já ouviu falar?
Gunther Aleksander, do Movimento Humanista, um dos participantes da Marcha Mundial da Cultura da
Paz, explica o termo e a importância desse debate.

Baixe um leitor de QR code em seu dispositivo e use o código para assistir ao vídeo on-line ( ou acesse:
https://www.youtube.com/watch?v=T7amZib0YyU

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Objeto 3 - EQUIDADE E DIVERSIDADE DE GÊNERO

Objetivo do objeto 3: identificar a diversidade de gênero existente em nossa sociedade e como é


importante o respeito as diferenças
Relações de gênero
As sociedades complexas são marcadas pela “heterogeneidade e variedade de experiências e
costumes, contribuindo para a extrema fragmentação e diferenciação de domínios e papéis, dando um
contorno particular à vida psicológica individual” (VELHO, 1987: 17).
Segundo Guerra (2018), “as ciências sociais argumentam que gênero se refere à organização social da
relação entre os sexos e expressa que homens e mulheres são produtos do contexto social e histórico e
não resultado da anatomia de seus corpos.”
As relações de gênero são constituídas no ambiente social e cultural, sendo influenciada por variáveis
como contexto sócio-político, econômico, cultural etc. Essa concepção de gênero de acordo com o sexo, é
fator limitador, pois reduz atuações e oportunidades.
Carloto (2001) analisa a produção social da existência humana e explica que:
A produção de nossa existência tem bases biológicas que implicam a intervenção
conjunta dos dois sexos, o macho e a fêmea. A produção social da existência, em
todas as sociedades conhecidas, implica por sua vez, na intervenção conjunta dos
dois gêneros, o masculino e o feminino. Cada um dos gêneros representa uma
particular contribuição na produção e reprodução da existência. Para Izquierdo2
poderíamos nos referir aos gêneros como obras culturais, modelos de
comportamento mutuamente excludentes cuja aplicação supõem o
hiperdesenvolvimento de um número de potencialidades comuns aos humanos em
detrimento de outras. Modelos que se impõem ditatorialmente às pessoas em
função do seu sexo. Mas esta só seria uma aproximação superestrutural do
fenômeno dos gêneros”. (CARLOTO, 2018)
A sociedade baseia-se no sexo que o indivíduo possui, feminino ou masculino, conforme características
biológicas e a partir disto, atribui deveres a este. Como no caso da mulher, desde que nasce é criada para
ser mãe, sendo imposto o dever da concepção, criação de filhos e cuidado com o lar. E o homem, que é
referencial de poder e por este motivo, é responsável pela segurança e sustento da família, gerando
um ambiente de relações desiguais e divisões desproporcionais de tarefas, impedindo que o indivíduo faça
suas próprias escolhas sem ferir os padrões sociais.
Vamos conhecer um pouco mais. Veja a figura e as devidas explicações.

21“Bases materiales del sistema sexo/gênero” de Maria Jesus Izquierdo, Profesora del Departamento de Sociologia na Universidad Autónoma
de Barcelona. Notas esparsas utilizada em curso do SOF-Sempreviva Organização Feminista. São Paulo, 1990

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Identidade de Gênero
É o modo como cada indivíduo se identifica, com base em suas características de gênero, não está
necessariamente relacionado com o fator do sexo biológico. Sendo dividido em:
Cisgênero – É quando a identidade de gênero corresponde ao sexo biológico.
Transexuais – É quando a identidade de gênero não corresponde ao sexo biológico.
Não-binário é a classificação que caracteriza a mistura entre masculino e feminino, ou a total indiferença
entre ambos. Os indivíduos não-binários ultrapassam os papéis sociais que são atribuídos aos gêneros,
criando uma terceira identidade que foge do padrão "homem-mulher".
Orientação sexual
Refere-se a característica afetivo-sexual, ou seja, está relacionado ao sexo que o indivíduo sente atração
física.
 Heterossexual – É a pessoa que sente atração por pessoas do sexo biológico oposto.
 Homossexual – É a pessoa que sente atração por pessoas do mesmo sexo biológico.
 Bissexual – É a pessoa que sente atração por ambos sexos biológicos (masculino e feminino).

Sexo Biológico
É a classificação conforme os órgãos sexuais, ou seja, sexo biológico. É definido conforme as
características sexuais que o indivíduo apresenta no momento de seu nascimento. Dividindo-se em:
Feminino – Possui características biológicas do sexo feminino.
Masculino – Possui características biológicas do sexo masculino.
Intersexual (hermafroditas) – Possui características biológicas dos sexos femininos e masculino.

Papel de gênero
É a forma como a sociedade espera que homens e mulheres se comportem, conforme o padrão de
comportamento feminino e masculino.

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E para compreensão final surge a Ideologia de gênero
Onde as pessoas nascem iguais e vão construindo a sua própria identidade, seja como homem, mulher
ou ambos.
Veja a reportagem:
Papéis de gênero são padrões de comportamento masculino e feminino
esperados pela sociedade. São esses que definem o que seria “coisa de
menino” e “coisa de menina”. Nos divide logo ao nascer. O vídeo abaixo, da
página JÁ FALOU PARA O SEU MENINO HOJE?, nos ajuda a entender
melhor essa questão: (TATIANA PEREZ)

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ao vídeo on-line ( ou acesse: http://www.paradoxopsi.com.br/single-
post/2017/03/11/relacoesdegenero

As famílias:
Uma coisa é certa, as famílias estão se constituindo de diferentes formas. Veja a figura a seguir.

13
Não é mais possível negar as inúmeras possiblidades de conjunção familiar.
Veja ainda a tabela proposta com as convenções possíveis, do site NH Gênero x Orientação sexual, sem
esquecer que essas questões são flexíveis e mutáveis:

Fonte: NH (2019)
Não se pode justificar qualquer violência porque os gêneros são diferentes, a sociedade está mudando e
o que deve predominar é o respeito à orientação de gênero de cada indivíduo.

Objeto 4 - RELAÇÕES ETNICO RACIAIS NO BRASIL


Objetivo do objeto 4: identificar as diferenças Étnicos raciais na construção social e política do Brasil.

Quando se explica as diferenças étnicos raciais, no contexto cultural brasileiro nos remete a um período
muito ruim da nossa história onde havia escravidão. Esse período oficialmente durou de 1550 a 1888 e foi
marcado pelas diferenças de cor entre pessoas e os negros eram forçados a atuar em trabalhos escravos,
atendendo aos desejos e necessidades de seus senhores, na sua maioria brancos. Eram considerados
mercadorias e como tal, vendidos e trocados como força de trabalho. Este período, apesar de extinto,
deixou marcas até hoje em nosso cotidiano.

14
Apesar da diversidade de povos e culturas existentes no Brasil, ainda é possível perceber discriminações
e preconceitos. Em função da falta de oportunidades aos negros, eles ainda representam o maior número
de analfabetos, sofrem maior violência, residem em sua maioria em lugares sem infraestrutura e possuem a
maior baixa renda comparada aos brancos. Levando uma relação étnico-racial muito desigual.
Gomes (2011), define relações étnicos-raciais como as relações imersas na alteridade e construídas
historicamente nos contextos de poder e das hierarquias raciais brasileiras, nos quais a raça opera como
forma de classificação social, demarcação de diferenças e interpretação política e indenitária. Trata-se,
portanto, de relações construídas no processo histórico, social, político, econômico e cultural”.

O conceito de raça não está relacionado a superioridade ou inferioridade, mas na construção social e política.
Pode ser entendido também, pela sociedade, como conjunto de atribuições estéticas e físicas. Este é elaborado e
construído no meio social, político e cultural. Características como cor, aspectos físicos, contexto social são
utilizadas como forma de classificação.
Historicamente existe a diferenciação entre relações sociais, raciais e de gênero, formando hierarquias,
resultantes em desigualdades. Pois se diz que uma pessoa tem mais poder em relação a outra devido a sua
cor de pele, sexo e meio social.
Segundo Gomes (2011), “Ao ser adotado, o conceito de etnia diz respeito a um grupo que possui algum
grau de coerência e solidariedade, composto de pessoas conscientes, pelo menos de forma latente, de
terem origens e interesses comuns. Sendo assim, um grupo étnico não é mero agrupamento de pessoas ou
de um setor da população, mas uma agregação cônscia de pessoas unidas ou proximamente relacionadas
por experiências compartilhadas”.
O conceito étnico refere-se à diferenciação entre os povos no processo histórico e cultural, como por
exemplo: povos indígenas, judeus, negros etc. Estes povos se identificam entre si, devido a semelhanças
diversas e se unem.
Assim, o termo “raça” diz respeito aos atributos dispensados a certo grupo e “grupo étnico” se refere a
uma resposta original de um povo quando, em alguma situação, se sente marginalizado pela sociedade. Um
vocábulo que passou a ser utilizado no Brasil e merece destaque é a expressão étnico racial. Seu sentido
determina que as tensas relações raciais estabelecidas no país, vão para além das diferenças na cor da
pele e traços fisionômicos, mas correspondem também à raiz cultural baseada na ancestralidade afro-
brasileira que difere em visão de mundo, valores e princípios da origem europeia (Brasil, 2004, p.13-14).

Objeto 5 - HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA, AFRICANA E INDÍGENA


Objetivo do objeto 5: compreender parte da História social do país para identificar o quanto é importante
a contribuição do Negro e do Índio na formação da cultura brasileira.
Darcy Ribeiro, um antropólogo brasileiro explica no seu livro “O Povo Brasileiro” que a cultura brasileira
foi constituída a partir de uma matriz original formada pelos indígenas nativos, os negros africanos e os
europeus, somando-se a isso os povos que vieram posteriormente. (RIBEIRO, 1995)3

3O Livro pode ser lido na íntegra no endereço http://www.iphi.org.br/sites/filosofia_brasil/Darcy_Ribeiro_-


_O_povo_Brasileiro-_a_forma%C3%A7%C3%A3o_e_o_sentido_do_Brasil.pdf

15
O período entre os séculos XVIII e XIX no Brasil, foi marcado pela necessidade de colonizar o Brasil.
Existiam muitas lavouras de cana-de-açúcar, fazendas, muitos afazeres domésticos e nesse sentido a
necessidade de mão-de-obra. A princípio tentou usar a mão-de-obra indígena como escrava, mas optou-se
para trazer escravos da África através dos navios negreiros. Muitas atrocidades ocorreram nas travessias.
Os negros passaram por humilhações, fome, sede, sem higiene nenhuma e por serem sempre muito
lotados os navios, alguns eram lançados ao mar. Veja o vídeo a seguir sobre o tema.
Navio negreiro - Tráfico de
africanos para as américas

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vídeo on-line ( ou acesse:
https://www.youtube.com/watch?v=4GPICBDb87M

A força de trabalho então para a economia colonialista foi o escravo. Qu7ando chegavam ao porto do
Rio de Janeiro eram classificados e vendidos a partir de seu porte e aparência.
Fica registrado pela história que o negro foi privado de sua liberdade durante anos como escreveu
Mattos (2012), que mesmo após atingirem os anos trabalhados, necessários para a liberdade, eles teriam
que criar meios para sua subsistência e ainda sofriam preconceito:
O preconceito se fazia presente, inclusive na Constituição do Império, que os
impedia de adquirir direitos eletivos. Podiam somente participar de eleições
primárias. Também não podiam se candidatar, sendo-lhes proibido o exercício de
cargos como jurado, juiz de paz, delegado, subdelegado, promotor, conselheiro,
deputado, senador, ministro, magistrado ou referentes ao corpo diplomático e
eclesiásticos. (MATTOS 2012, p. 124)
Alguns escravos conseguiam fugir e assim criavam os Quilombos4 e formaram comunidades
independente.
Houve uma grande pressão dos fugitivos apoiados por abolicionistas influenciando a promover a
abolição da escravidão. A princesa Isabel, assinou, em 13 de maio de 1888, a lei que colocava um fim no

4 Os quilombos surgiram como refúgios de negros que escapavam da repressão durante todo o período de escravidão
no Brasil, entre os séculos 16 e 19. Como a função era de esconderijo, tiveram sucesso os locais de mais difícil acesso.
Pelo mesmo motivo, se fazia necessário criar laços comunitários e promover uma autonomia para não depender de
recursos externos. Os moradores dessas comunidades são chamados de quilombolas. Depois da abolição, grande
parte preferiu continuar nos povoados que formaram. Com a Constituição de 1988, ganharam o direito à propriedade e
ao uso da terra em que estavam. O quilombo mais conhecido, sempre lembrado pelos livros de história, foi Palmares,
instalado na Serra da Barriga, atual região de Alagoas, mas pelo menos dois mil outros deram origens a comunidades
hoje chamadas de remanescentes de quilombo ou quilombolas. Fonte: IG (2019)

16
sistema escravista, sem o pagamento de indenização, contrariando os proprietários. (MATTOS, 2012, p.
150).
Todo esses registros históricos nos ajuda a compreender o quanto os negros foram expostos e
subjugados. Esquecer não dá a dimensão da necessidade de reparação a toda essa desigualdade. As
relações humanas que foram estabelecidas promoveram a cultura de concepção e construção de um povo;
Nesse sentido registra-se a Cultura Afro-Brasileira.

Vamos pensar?
O que se pode compreender quando se fala a cultura afro-brasileira?

Você acertou se escreveu que a cultura afro-brasileira significa as manifestações presentes na cultura
brasileira que tiveram influência direta da cultura africana, vinda com os escravos, desde o Brasil Colônia.
Foi e é uma forma de resistência. É verdade, porém que a cultura sofreu influências de outros povos como
os indígenas e portugueses mesclando assim as manifestações africanas.
Veja um exemplo:
Representadas pelas nações africanas que influenciaram a criação de outra religião, a umbanda, que
além de características africanas, também tem suas raízes no catolicismo e no espiritismo.
A escravidão, de certa forma, delimitou os espaços possíveis de serem ocupados
por esses africanos. A partir da condição social e da convivência de outros grupos
foi possível criar novas formas de se expressar culturalmente. Por isso, as
irmandades são tão importantes quanto qualquer outra forma de expressão, pois
permitiram o encontro de africanos que queriam manifestar aquelas que se
tornaram também as suas crenças e compartilhar suas visões de mundo.
(MATTOS, 2012, p. 167)

A religião não foi a única influência dos negros. A forma com que batucavam, faziam uma grande roda e
dançavam, usando tambores e palmas. A partir disso, foi criado o samba.
Veja o vídeo a respeito dessa Desigualdades sócio étnicas na vida dos negros brasileiros

Desigualdades sócio étnicas na vida dos


negros brasileiros

17
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nVLsi20k1s

História e cultura indígena


Quando ouvimos dizer que o Brasil foi descoberto pelos portugueses introjetamos uma grande falácia
porque os índios já pertenciam ao território brasileiro. Eles são os verdadeiros donos dessa terra. Os
portugueses buscaram um método de trazer o índio para a sua cultura através da religião católica,
catequisando o indígena. A maioria foi resistente e insubordinaram não aceitando ser escravos, mas que
provocou batalhas sangrentas e exterminação de muitos índios.
Veja um trecho da carta de Pero Vaz de Caminhas ao Rei de Portugal à época que chegaram ao Brasil.
A pele deles é parda e um pouco avermelhada. Têm rostos e narizes
bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Nem se preocupam
em cobrir ou deixar de cobrir suas vergonhas mais do se que
preocupariam em mostrar o rosto. E a esse respeito são bastante
inocentes. Ambos traziam o lábio inferior furado e metido nele um
osso verdadeiro, de comprimento de uma mão travessa, e da
grossura de um fuso de algodão, fino na ponta como um furador.
(…)Parece-me gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a
sua fala e eles a nossa, eles se tornariam, logo cristãos, visto que não
aparentam ter nem conhecer crença alguma. Ora veja Vossa Alteza
se quem em tal inocência vive se converterá ou não, ensinando-lhes o
que pertence à sua salvação. Porém o melhor fruto, que nela se pode
fazer, me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a
principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.”
“Referência: Fundação Biblioteca Nacional. Departamento Nacional
do Livro. A CARTA DE PERO VAZ DE CAMINHA. Link:
http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/Livros_eletronicos/carta.pdf .
(2019)

Desafio!!!!
Faça uma pesquisa e identifique a cultura indígena apresentando a sua influência no cotidianos da
sociedade.

Em relação a forma em que os índios hoje vivem, pode-se identificar que fazem parte de um grupo
sem propriedade privada, a sua habitação atende a toda comunidade onde todos são iguais,
descentralizadas politicamente e com status social distinto segundo a divisão do trabalho.

18
Principais etnias indígenas da atualidade no Brasil5
Ticuna Guarani Caiagangue Macuxi Terena Guajajara Xavante Ianomâmi Pataxó Potiguara
Localização das tribos indígenas no território brasileiro

Fonte: https://www.sohistoria.com.br/ef2/indios/p2.php (2019)

Ainda existe uma população em torno de 5500 índios de várias etnias vivendo no Parque Nacional de
Xingu. Uma terra demarcada desde 1961. Seus principais idealizadores foram os irmãos Villas Bôas. A
área tem mais de 27 000 quilômetros quadrados. A região, é plana, predominam as matas altas
entremeadas de cerrados e campos, é cortada pelos formadores do Rio Xingu. É uma área de constantes
ataques de madeireiros e latifundiários. Atualmente lutam contra a barragem de Belo Monte. Uma
hidrelétrica que vai ser a 3ª maior do mundo. Os índios dizem que não foram consultados para fazer uma
obra dessa magnitude em seu território. Afirmam que vão perder com a inundação lembrando que o índio,
majoritariamente vive do pescado e do biju (tapioca).

Veja os vídeos
Filme: Povos do Xingu contra a Filme: O projeto da usina Profissão Repórter – Belo
construção de Belo Monte hidrelétrica Belo Monte Monte – 20/07/2016 Usina de
Belo Monte causa impactos
ambientais e sociais em
Altamira (PA). Após tensões
e polêmica, Belo Monte

5
Veja o mapa interativo do IBGE no endereço https://indigenas.ibge.gov.br/mapas-indigenas-2 (2019)

19
.
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A população negra e seus direitos


Estatuto da Igualdade Racial
A Lei 12.288, conhecida como o Estatuto da Igualdade Racial, foi promulgada em 20 de julho de
2010. Logo em seu artigo 1º determina que o Estado brasileiro deve “garantir à população negra a
efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o
combate à discriminação e às demais formas de intolerância étnica.”
O Estatuto dispõe sobre os Direitos Fundamentais da população negra em áreas como Saúde; Educação,
Cultura, Esporte e Lazer; Liberdade de Consciência e de crença e ao livre exercício dos cultos religiosos;
Acesso à terra e à moradia adequada;

A LEI 10.639/03
"Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se
obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.
§ 1o O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África
e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade
nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à
História do Brasil.
§ 2o Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o
currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras”. Fonte:
Planalto.
A referida lei reconhece os direitos dos negros, enquanto foram marginalizados no contexto social.
Devido ao processo que foram expostos ao longo dos anos, das desigualdades sofridas, opressões e
restrições. A partir desse reconhecimento, proporcionar a inclusão deste assunto nos currículos escolares.

A população indígena e seus direitos


De acordo com OLIVEIRA (2017). Na Constituição de 1988, os direitos dos índios estão expressos
em capítulo específico (Título VIII, Da Ordem Social, Capítulo VIII, Dos Índios) com preceitos que
asseguram o respeito à organização social, aos costumes, às línguas, crenças e tradições. “A população
indígena hoje no Brasil tem o direito de buscar maior integração, bem como de se manter intacta em sua
cultura, aldeada, se assim entender que é a melhor forma de preservação”, explica Proença.
Os direitos dos índios sobre suas terras são definidos como “direitos originários”, isto é, anteriores à
criação do próprio Estado e que levam em conta o histórico de dominação da época da colonização. “O

20
direito indígena se insere dentro dessa problemática de como lidar com os resquícios da desigualdade
derivada de uma colonização que continua criando um panorama de genocídio, de negação da
humanidade, da dignidade, das coisas mais básicas”,
A FUNAI
A Funai (Fundação Nacional do Índio) foi criada em 1967 e é o órgão indigenista oficial do Brasil,
responsável por promover e proteger os direitos dos povos indígenas no território nacional, garantidos pela
Constituição de 1988. Ela representa o alinhamento da política indigenista aos marcos jurídicos nacionais e
internacionais que atuam na defesa, garantia e proteção dos direitos desses povos
Apesar da atuação da Funai, um relatório divulgado pela ONU apontou que a situação dos
indígenas no Brasil é a mais grave desde 1988, sendo o principal problema os assassinatos derivados de
represálias em contextos de reocupação de terras.

Objeto 6 - COMBATE À VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

Objetivo do objeto 6: Identificar que as mulheres tem o direito de não sofrer qualquer tipo de violência e
compreender alguns dos meios de combate à violência contra mulher

Vamos Pensar?
Porque se preocupar com o

Tema violência contra a mulher e seu combate?

Está correto quem escreveu que essa violência é uma das principais formas de violar os direitos
humanos no sentido do direito à vida, a integridade física e não discutir o tema é permitir que aumente ainda
mais, consideravelmente as agressões sofridas pelas mulheres. A violência está estruturada na
desigualdade de gênero.
Veja o vídeo
Cultura e raízes da violência contra as mulheres
A Lógica Que Precisa Ser Descontruída

21
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bQD&time_continue=41&v=VLaAPES4-
F8

Mas como definir o que é a violência contra mulher?


A Convenção de 1994 de Belém do Pará6, definiu violência contra as mulheres como “qualquer ação ou
conduta, baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher,
tanto no âmbito público como no privado” (Art. 1°). Além das violações aos direitos das mulheres e a sua
integridade física e psicológica, a violência impacta também no desenvolvimento social e econômico de um
país.
Na maioria das vezes as violências cometidas contra as mulheres são praticada no âmbito privado,
em suas casas e normalmente por pessoas próximas a elas. É oportuno lembrar que as agressões podem
ser também consideradas físicas ou verbais. Dever-se-ia estabelecer uma relação de afeto e principalmente
de respeito nos lares dessas mulheres porém, por um contexto difícil de explicar, alguns agressores se
veem com “direitos” em agredir suas mulheres e muitas delas se veem acuadas porque estão em condição
de submissão financeira ou por acreditam que seus agressores podem mudar, mas é fato que segundo Alto
Comissariado das Nações Unidas pra os Direitos Humanos (ACNUDH) o Brasil ocupa o 5º lugar no ranking
mundial de Feminicídio.
No Brasil, a taxa de feminicídio é de 4,8 para 100 mil mulheres – a quinta maior no mundo, segundo dados
da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2015, o Mapa da Violência sobre homicídios entre o público
feminino revelou que, de 2003 a 2013, o número de assassinatos de mulheres negras cresceu 54%,
passando de 1.864 para 2.875. (ONU, 2016)
O que é feminicídio?
Veja o vídeo explicativo.
Feminicídio

6
Leia na íntegra CONVENÇÃO INTERAMERICANA PARA PREVENIR, PUNIR E ERRADICAR A
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER, “CONVENÇÃO DE BELÉM DO PARÁ” (Adotada em Belém do Pará,
Brasil, em 9 de junho de 1994,no Vigésimo Quarto Período Ordinário de Sessões da Assembleia Geral).
Disponível em: http://www.cidh.org/Basicos/Portugues/m.Belem.do.Para.htm . Acesso em 13 de jul 2019.

22
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6EQlYGEvWH0RsxDG7PxYlABbQD&time_con
tinue=21&v=MCRT9VSqgPk
Em resumo: É a definição de homicídio de mulheres como crime hediondo quando envolve
menosprezo ou discriminação à condição de mulher e violência doméstica e familiar. A lei define feminicídio
como “o assassinato de uma mulher cometido por razões da condição de sexo feminino” e a pena prevista
para o homicídio qualificado é de reclusão de 12 a 30 anos.
É importante nomear as mortes violentas como femicídio ou feminicídio no sentido sensibilizar as
instituições e a sociedade sobre sua ocorrência e permanência na sociedade, no sentido de combater a
impunidade penal promovendo os direitos das mulheres e estimular a adoção de políticas de prevenção à
violência baseada no gênero.
Segundo a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito sobre Violência contra a Mulher (Relatório
Final, CPMI-VCM, 2013) “O feminicídio é a instância última de controle da mulher pelo homem: o controle
da vida e da morte. Ele se expressa como afirmação irrestrita de posse, igualando a mulher a um objeto,
quando cometido por parceiro ou ex-parceiro; como subjugação da intimidade e da sexualidade da mulher,
por meio da violência sexual associada ao assassinato; como destruição da identidade da mulher, pela
mutilação ou desfiguração de seu corpo; como aviltamento da dignidade da mulher, submetendo-a a tortura
ou a tratamento cruel ou degradante.”
Lei Maria da Penha - Lei nº 11.340/2006
É um dos instrumentos mais importantes para o enfrentamento da violência doméstica e familiar contra as
mulheres. Ela tipifica muitas formas de violência (física, psicológica, sexual, patrimonial e moral), também
prevê a criação de serviços especializados, como os que integram a Rede de Enfrentamento à Violência
contra a Mulher, compostos por instituições de segurança pública, justiça, saúde, e da assistência social.

Diretrizes para identificar razões de gênero nas mortes de mulheres7


Íntimo Morte de uma mulher cometida por uma pessoa com quem a vítima tinha, ou tenha tido, uma
relação ou vínculo íntimo: marido, ex-marido, companheiro, namorado, ex-namorado ou amante,
pessoa com quem tem filho(a)s. Inclui-se a hipótese do amigo que assassina uma mulher –
amiga ou conhecida – que se negou a ter uma relação íntima com ele (sentimental ou sexual)
Não íntimo morte de uma mulher cometida por um homem desconhecido, com quem a vítima não tinha
nenhum tipo de relação. Por exemplo, uma agressão sexual que culmina no assassinato de uma
mulher por um estranho. Considera-se, também, o caso do vizinho que mata sua vizinha sem que
existisse, entre ambos, algum tipo de relação ou vínculo.
Infantil morte de uma menina com menos de 14 anos de idade, cometida por um homem no âmbito de

7 Veja o Painel da violência contra a mulher do Senado Federal Disponível no endereço


http://www9.senado.gov.br/QvAJAXZfc/opendoc.htm?document=senado%2FPainel%20OMV%20-
%20Viol%C3%AAncia%20contra%20Mulheres.qvw&host=QVS%40www9&anonymous=true . Acessado em 13 de jul.
2019.

23
uma relação de responsabilidade, confiança ou poder conferido pela sua condição de adulto
sobre a menoridade da menina.
Familiar morte de uma mulher no âmbito de uma relação de parentesco entre a vítima e agressor. O
parentesco pode ser por consanguinidade, afinidade ou adoção.
Por conexão morte de uma mulher que está “na linha de fogo”, no mesmo local onde um homem mata ou tenta
matar outra mulher. Pode se tratar de uma amiga, uma parente da vítima – mãe, filha – ou de
uma mulher estranha que se encontrava no mesmo local onde o agressor atacou a vítima
Sexual sistêmico morte de mulheres que são previamente sequestradas, torturadas e/ou estupradas. Pode ter
duas modalidades:
•Sexual sistêmico desorganizado. Quando a morte das mulheres está acompanhada de
sequestro, tortura e/ou estupro. Presume-se que os sujeitos ativos matam a vítima num período
de tempo determinado.
•Sexual sistêmico organizado. Presume-se que, nestes casos, os sujeitos ativos atuam como
uma rede organizada de feminicidas sexuais, com um método consciente e planejado por um
longo e indeterminado período de tempo.
Por prostituição morte de uma mulher que exerce prostituição e/ou outra ocupação (como strippers, garçonetes,
ou ocupações massagistas ou dançarinas de casas noturnas), cometida por um ou vários homens. Inclui os
estigmatizadas casos nos quais o(s) agressor(es) assassina(m) a mulher motivado(s) pelo ódio e misoginia que a
condição de prostituta da vítima desperta nele(s). Esta modalidade evidencia o peso de
estigmatização social e justificação da ação criminosa por parte dos sujeitos: “ela merecia”; “ela
fez por onde”; “era uma mulher má”; “a vida dela não valia nada”.

Por tráfico de morte de mulheres produzida em situação de tráfico de pessoas. Por “tráfico”, entende-se o
pessoas recrutamento, transporte, transferência, alojamento ou acolhimento de pessoas, valendo-se de
ameaças ou ao uso da força ou outras formas de coação, quer seja rapto, fraude, engano, abuso
de poder, ou concessão ou recepção de pagamentos ou benefícios para obter o consentimento
da(s) pessoa(s), com fins de exploração. Esta exploração inclui, no mínimo, a prostituição alheia
ou outras formas de exploração sexual, os trabalhos ou serviços forçados, a escravidão ou
práticas análogas à escravidão, a servidão ou a extração de órgãos.
Por contrabando morte de mulheres produzida em situação de contrabando de migrantes. Por “contrabando”,
de pessoas entende-se a facilitação da entrada ilegal de uma pessoa em um Estado do qual a mesma não
seja cidadã ou residente permanente, no intuito de obter, direta ou indiretamente, um benefício
financeiro ou outro benefício de ordem material.
Transfóbico morte de uma mulher transgênero ou transexual, na qual o(s) agressor(es) a mata/m por sua
condição ou identidade de gênero transexual, por ódio ou rejeição.
Lesbo e bifóbico morte de uma mulher bissexual ou lésbica, na qual o(s) agressor(es) a mata(m) por sua
orientação sexual, por ódio ou rejeição.
Racista morte de uma mulher por ódio ou rejeição de sua origem étnica, racial ou de seus traços
fenotípicos.
Por mutilação morte de uma menina ou mulher resultante da prática de mutilação genital.
genital feminina

Fonte: Diretrizes Nacionais para Investigar, Processar e Julgar com Perspectiva de Gênero as Mortes
Violentas de Mulheres – Feminicídio8 (2019)

Combate à Violência contra a mulher.


As mulheres tem o direito de não sofrer qualquer tipo de violência, seja ela em sua casa ou qualquer
lugar público. É muito importante o respeito. A ela deve ser garantido todos os acessos as redes criadas
para auxiliá-las e ao serviço público. Evitar, promover sanções, acabar com todas as formas de violência
contra a mulher, é um dever do Estado e atitudes necessárias para uma sociedade mais justa e menos
desigual entre mulheres e homens.
O que fazer para evitar a violência contra mulher? Pesquise em seu município algum serviço
especializado. Existem muitas iniciativas. Escreva uma que você pesquisou.

8 Leia na íntegra: Diretrizes Nacionais para Investigar, Processar e Julgar com Perspectiva de Gênero as Mortes
Violentas de Mulheres. Disponível em http://www.onumulheres.org.br/wp-
content/uploads/2016/04/diretrizes_feminicidio.pdf . Acesso em 13 jul 2019.

24
Apresentamos a você o texto do Observatório da Mulher contra a Violência (2019) do Senado
Federal sobre os Serviços Especializados de Atendimento à Mulher.
Serviços que atendem exclusivamente a mulheres e que possuem expertise no tema da violência
contra as mulheres.
Centros Os Centros de Referência são espaços de acolhimento/atendimento psicológico e social, orientação e
Especializado de encaminhamento jurídico à mulher em situação de violência, que devem proporcionar o atendimento e
Atendimento à o acolhimento necessários à superação de situação de violência, contribuindo para o fortalecimento da
Mulher mulher e o resgate de sua cidadania.
Casas-Abrigo As Casas-Abrigo são locais seguros que oferecem moradia protegida e atendimento integral a
mulheres em risco de morte iminente em razão da violência doméstica. É um serviço de caráter sigiloso
e temporário, no qual as usuárias permanecem por um período determinado, durante o qual deverão
reunir condições necessárias para retomar o curso de suas vidas.
Casas de Constituem serviços de abrigamento temporário de curta duração (até 15 dias), não-sigilosos, para
Acolhimento mulheres em situação de violência, acompanhadas ou não de seus filhos, que não correm risco
Provisório iminente de morte. Vale destacar que as Casas de Acolhimento Provisório não se restringem ao
atendimento de mulheres em situação de violência doméstica e familiar, devendo acolher também
mulheres que sofrem outros tipos de violência, em especial vítimas do tráfico de mulheres. O
abrigamento provisório deve garantir a integridade física e emocional das mulheres, bem como realizar
diagnóstico da situação da mulher para encaminhamentos necessários.
Delegacias São unidades especializadas da Polícia Civil para atendimento às mulheres em situação de violência.
Especializadas de As atividades das DEAMs têm caráter preventivo e repressivo, devendo realizar ações de prevenção,
Atendimento à apuração, investigação e enquadramento legal, as quais dever ser pautadas no respeito pelos direitos
Mulher (DEAMs) humanos e pelos princípios do Estado Democrático de Direito. Com a promulgação da Lei Maria da
Penha, as DEAMs passam a desempenhar novas funções que incluem, por exemplo, a expedição de
medidas protetivas de urgência ao juiz no prazo máximo de 48 horas.
Núcleos ou Postos Constituem espaços de atendimento à mulher em situação de violência (que em geral, contam com
de Atendimento à equipe própria) nas delegacias comuns.
Mulher nas
Delegacias Comuns
Defensorias Públicas As Defensorias da Mulher têm a finalidade de dar assistência jurídica, orientar e encaminhar as
e Defensorias da mulheres em situação de violência. É órgão do Estado, responsável pela defesa das cidadãs que não
Mulher possuem condições econômicas de ter advogado contratado por seus próprios meios. Possibilitam a
(Especializadas) ampliação do acesso à Justiça, bem como, a garantia às mulheres de orientação jurídica adequada e
de acompanhamento de seus processos.
Juizados Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher são órgãos da Justiça Ordinária com
Especializados de competência cível e criminal que poderão ser criados pela União (no Distrito Federal e nos Territórios)
Violência Doméstica e pelos Estados para o processo, julgamento e a execução das causas decorrentes da prática de
e Familiar contra a violência doméstica e familiar contra a mulher. Segundo a Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha),
Mulher que prevê a criação dos Juizados, esses poderão contar com uma equipe de atendimento
multidisciplinar a ser integrada por profissionais especializados nas áreas psicossocial, jurídica e da
saúde.
Promotorias e A Promotoria Especializada do Ministério Público promove a ação penal nos crimes de violência contra
Promotorias as mulheres. Atua também na fiscalização dos serviços da rede de atendimento.
Especializadas
Casa da Mulher A Casa da Mulher Brasileira integra no mesmo espaço serviços especializados para os mais diversos
Brasileira tipos de violência contra as mulheres: acolhimento e triagem; apoio psicossocial; delegacia; Juizado;
Ministério Público, Defensoria Pública; promoção de autonomia econômica; cuidado das crianças –
brinquedoteca; alojamento de passagem e central de transportes. Mais informações disponíveis
em http://www.spm.gov.br/assuntos/violencia/cmb.
Serviços de Saúde A área da saúde, por meio da Norma Técnica de Prevenção e Tratamento dos Agravos Resultantes da
Geral e Serviços de Violência Sexual contra Mulheres e Adolescentes, tem prestado assistência médica, de enfermagem,
Saúde voltados para psicológica e social às mulheres vítimas de violência sexual, inclusive quanto à interrupção da gravidez
o atendimento dos prevista em lei nos casos de estupro. A saúde também oferece serviços e programas especializados no
casos de violência atendimento dos casos de violência doméstica.
sexual e doméstica
Fonte: Senado Federal (2019)

O Governo ainda possui um serviço para denunciar as violações de direitos humanos conhecido
como disque 100 e lá tem um canal exclusivo para atendimento às mulheres.

25
Enfim, para finalizar este tema. Separamos duas cartilhas para você conhecer um pouco mais sobre
a prevenção e combate a violência contra mulher.

ONU Mulheres. Vamos Conversar? Enfrentando a violência contra a mulher

Baixe um leitor de QR code em seu dispositivo e Baixe um leitor de QR code em seu dispositivo e use o
use o código para assistir ao vídeo on-line ( ou código para assistir ao vídeo on-line ( ou acesse:
acesse: http://www.onumulheres.org.br/wp- https://www12.senado.leg.br/institucional/omv/entenda-
content/uploads/2016/04/CARTILHA_DF.pdf a-violencia/pdfs/enfrentando-a-violencia-contra-a-
mulher-orientacoes-praticas-para-profissionais-e-
voluntarios

Objeto 7 - EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS E FORMAÇÃO CIDADÃ e


FUNDAMENTOS DA ÉTICA

Objetivo do objeto 7: Identificar o quanto é inerente ao humano os direitos humanos cujo o Brasil é
signatário deste tratado e ainda identificar a importância de uma Educação em direitos humanos, conhecer
as definições de cidadania, democracia e ética.

Antes de Iniciarmos a relação entre Educação em Direitos Humanos e Formação Cidadã, é preciso
compreender o conceito de Direitos Humanos.
Direitos Humanos.
De acordo com a definição universal, os direitos humanos são direitos inerentes a todos os seres
humanos, independentemente de raça, sexo, nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer outra
condição. A partir dos direitos humanos estabelecido infere-se que o direito à vida e à liberdade, à liberdade
de opinião e de expressão, o direito ao trabalho e à educação, entre e muitos outros. Nesse sentido são os
direitos de todo ser humano. Todos merecem estes direitos, sem discriminação.
Para se ter uma ideia, a ONU (2019) explica algumas características importantes dos direitos humanos.

ALGUMAS CARACTERÍSTICAS IMPORTANTES DOS DIREITOS


HUMANOS
Os direitos humanos são fundados sobre o respeito pela dignidade e o valor
de cada pessoa;
Os direitos humanos são universais, o que quer dizer que são aplicados de
forma igual e sem discriminação a todas as pessoas;
Os direitos humanos são inalienáveis, e ninguém pode ser privado de seus
direitos humanos; eles podem ser limitados em situações específicas. Por
exemplo, o direito à liberdade pode ser restringido se uma pessoa é considerada

26
culpada de um crime diante de um tribunal e com o devido processo legal;
Os direitos humanos são indivisíveis, inter-relacionados e interdependentes, já
que é insuficiente respeitar alguns direitos humanos e outros não. Na prática, a
violação de um direito vai afetar o respeito por muitos outros;
Todos os direitos humanos devem, portanto, ser vistos como de igual
importância, sendo igualmente essencial respeitar a dignidade e o valor de cada
pessoa.
Fonte: ONU (2019)

É o direito de estar vivo com tudo que lhe é essencial.

O conceito de Direitos Humanos deve ser apropriado e construído em todas as sociedades,


principalmente nos países signatários deste tratado9, como o Brasil.10
Encontra-se na Constituição Federal de 1988, no sentido de garantir a dignidade da pessoa humana, os
direitos humanos, a democracia, a paz e o desenvolvimento socioeconômico.
Trata-se ainda de um debate sobre os direitos humanos que veio se consolidando a partir das décadas
de 1980 e 1990 com propostas e ações da sociedade civil organizada sobre uma a formação para a
cidadania objetivando fortalecer a democracia. Não restam dúvidas que o marco foi a Constituição Federal
de 1988 consolidando o Estado Democrático de Direito reconhecendo a dignidade da pessoa humana e os
direitos ampliados da cidadania (civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais).
A grande questão é como fazer para que os direitos humanos sejam realmente apropriados e
respeitados?
O Brasil tem uma série de iniciativas para estabelecer lembrar a importância dos direitos humanos a
pessoa humana. Entre elas a Educação em Direitos Humanos.
O que é educação em Direitos Humanos EDH?
É uma necessidade de promover não só o discurso, mas principalmente ações que promovam o bem
coletivo dignificando o homem para que possa viver em um mundo melhor.
Toda ação educativa com enfoque nos direitos humanos deve conscientizar acerca da realidade,
identificar as causas dos problemas, procurar modificar atitudes e valores, e trabalhar para mudar as
situações de conflito e de violações dos direitos humanos, trazendo como marca a solidariedade e o
compromisso com a vida. É nesse processo que se constrói o conhecimento necessário para a
transformação da realidade. Tal processo deve ser coletivo, integrado ao meio onde acontece, e em sintonia
com as necessidades de quem dele participa. (BRASIL, 2013)
Como fazer uma Educação em Direitos Humanos - EDH?
Uma possibilidade de resposta está no texto de Benevides (2000) que nos explica que a Educação em
Direitos Humanos parte de três pontos essenciais:

9 Um tratado é um acordo entre os Estados, que se comprometem com regras específicas. Um tratado é
legalmente vinculativo para os Estados que tenham consentido em se comprometer com as disposições do
tratado.
10
O Brasil passou a ratificar os mais importantes tratados internacionais (globais e regionais) de proteção
dos direitos humanos, além de reconhecer a jurisdição da Corte Interamericana de Direitos Humanos e do
Estatuto do Tribunal Penal Internacional

27
O primeiro, é uma educação de natureza permanente, continuada e global.
O Segundo, é uma educação necessariamente voltada para a mudança,
O e terceiro, é uma incutir valores, para atingir corações e mentes e não apenas instrução, meramente
transmissora de conhecimentos.
Para ela deve-se acrescentar uma educação compartilhada por aqueles que estão envolvidos no
processo educacional – os educadores e os educandos - ou ela não será educação e muito menos
educação em direitos humanos. Tais pontos são premissas: a educação continuada, a educação para a
mudança e a educação compreensiva, no sentido de ser compartilhada e de atingir tanto a razão quanto a
emoção. (BENEVIDES, 2000).
O Brasil, em 2003 lançou o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH) e se apoia em
documentos internacionais e nacionais, demarcando a inserção do Estado brasileiro na história da
afirmação dos direitos humanos e na Década da Educação em Direitos Humanos, prevista no Programa
Mundial de Educação em Direitos Humanos (PMEDH) (BRASIL, 2003)
De acordo com a 3ª Edição do PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS foram estabelecidos
os seguintes objetivos:
• destacar o papel estratégico da educação em direitos humanos para o fortalecimento do Estado
democrático de direito;
• enfatizar o papel dos direitos humanos na construção de uma sociedade justa, equitativa e
democrática;
• encorajar o desenvolvimento de ações de educação em direitos humanos pelo poder público e a
sociedade civil por meio de ações conjuntas;
• contribuir para a efetivação dos compromissos internacionais e nacionais com a educação em direitos
humanos;
• estimular a cooperação nacional e internacional na implementação de ações de educação em direitos
humanos;
• propor a transversalidade da educação em direitos humanos nas políticas públicas, estimulando o
desenvolvimento institucional e interinstitucional das ações previstas no PNEDH nos mais diversos setores
(educação, saúde, comunicação, cultura, segurança e justiça, esporte e lazer, dentre outros);
• avançar nas ações e propostas do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH) no que se refere
às questões da educação em direitos humanos;
• orientar políticas educacionais direcionadas para a constituição de uma cultura de direitos humanos;
• estabelecer objetivos, diretrizes e linhas de ações para a elaboração de programas e projetos na área
da educação em direitos humanos;
• estimular a reflexão, o estudo e a pesquisa voltados para a educação em direitos humanos;
• incentivar a criação e o fortalecimento de instituições e organizações nacionais, estaduais e municipais
na perspectiva da educação em direitos humanos;
• balizar a elaboração, implementação, monitoramento, avaliação e atualização dos Planos de Educação
em Direitos Humanos dos estados e municípios;
• incentivar formas de acesso às ações de educação em direitos humanos para pessoas com deficiência.
Fonte: PMEDH (2013)

28
Veja exemplos de como trabalhar o PMEDH nas escolas assistindo o vídeo a seguir.
Educação em direitos humanos e ambiente escolar

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o código para assistir ao vídeo on-line ( ou acesse:
https://tvcultura.com.br/videos/33324_sociologia-da-
educacao-aula-14-educacao-em-direitos-humanos-
e-ambiente-escolar.html

Formação cidadã
O Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH) traz à tona ainda o conceito de
cidadania democrática, cidadania ativa e cidadania planetária a partir de uma concepção contemporânea de
direitos humanos
Entendendo os conceitos:
Cidadania democrática – tem a finalidade de preparar os jovens e os adultos para a vida numa
sociedade democrática contribuindo para que sejam cidadãos ativos, informados e responsáveis.
Cidadania ativa - é um conceito que se aplica a todas as pessoas que integram e se comprometem
com a comunidade. Isto é, o cidadão ativo se encontra absolutamente envolvido em todos os assuntos que
correspondem à comunidade que vive e participa. (Qconceito,2019) Para Benevides (2000) requer a
“participação popular como possibilidade de criação, transformação e controle sobre o poder ou os
poderes”. Por conseguinte, para a concretização da cidadania nesta perspectiva é fundamental o
conhecimento dos direitos, a formação de valores e atitudes para o respeito aos direitos e a vivência dos
mesmos.
Cidadania planetária – Como explica Instituto Paulo Freire (2019), Educar para a cidadania
planetária implica uma reorientação de nossa visão de mundo da educação como espaço de inserção do
indivíduo não numa comunidade local, mas numa comunidade que é local e global ao mesmo tempo.
O texto do PNEDH explica que o processo de construção da concepção de uma cidadania
planetária e do exercício da cidadania ativa requer, necessariamente, a formação de cidadãos(ãs)
conscientes de seus direitos e deveres, protagonistas da materialidade das normas e pactos que os(as)
protegem, reconhecendo o princípio normativo da dignidade humana, englobando a solidariedade
internacional e o compromisso com outros povos e nações. (PNEDH, 2013).
É fato que a cidadania diz respeito ao cidadão e deve ser compreendida como o exercício
dos direitos e deveres civis, políticos e sociais estabelecidos na Constituição de um país.
Em países onde a democracia é reconhecida, OS DIREITOS são conquistados através da
organização e luta políticas. Vários são os movimentos sociais que deflagram a insatisfação de atos
incoerentes ou instauração de pacotes antipopulares. Os políticos devem ser observados.
No Brasil, a sociedade, desde o fim da ditadura militar, procura exercer a sua cidadania. É
possível citar vários exemplos, como:

29
1 – Movimento das diretas já, em 1984 cuja reivindicação foi a eleição de um presidente na
troca da ditadura. Registraram-se manifestações, comícios e passeatas em diversas cidades
brasileiras.
2 – O Movimento das caras-pintadas, em 1992 que defendia o impeachment do presidente do
Brasil na época, Fernando Collor de Mello.
3 – As passeatas de 2013 pelo Brasil organizado pelo Movimento Passe Livre, que defende a
adoção da tarifa zero para o transporte público. Junto aos protestos, os manifestantes também
reivindicam melhoria na educação e saúde e se mostram contra os gastos para a preparação da
Copa do Mundo de 2014, a PEC 37 (proposta de emenda à Constituição que limita os poderes de
investigação do Ministério Público) e a corrupção.
4 – Manifestações 2016 - contra a corrupção e a favor da Operação Lava Jato.

Dica de Link

Você pode conhecer outras manifestações, em tempo real no site do


G1, no Mapa das manifestações no Brasil. No endereço:

http://especiais.g1.globo.com/politica/mapa-manifestacoes-
no-brasil/todos/ . Acesso em jan. 2017

Como proposta de trabalho para uma Educação cidadã, indicamos o Guia para Professor, lançado
pelo TSE com temas e propostas para o professor trabalhar no Ensino Médio
E está disponível no QRcode abaixo:
GUIA DO PROFESSOR EDUCAÇÃO PARA
A CIDADANIA DEMOCRÁTICA

Baixe um leitor de QR code em seu


dispositivo e use o código para assistir ao
vídeo on-line ( ou acesse:
http://www.tse.jus.br/hotsites/partiumudar/as
sets/arquivos/livreto_guia_do_professor_23_
06_17.pdf

Em relação aos DEVERES da cidadania, é muito importante garantir as conquistas anteriores,


principalmente para construir a cidadania de grupos excluídos.

30
È importante ainda para resgatar a cidadania dos excluídos, para aprimorar o governo
democrático. Assim como democracia e cidadania são conceitos complementares, da mesma forma
não se pode conceber direitos sem a contrapartida dos deveres dos cidadãos e cidadãs.

Democracia
Em relação a Democracia, tema necessário para desenvolver os direitos humanos entende-se
segundo o PNEDH (2019) como regime alicerçado na soberania popular, na justiça social e no respeito
integral aos direitos humanos, sendo fundamental para o reconhecimento, a ampliação e a concretização
dos direitos. Para o exercício da cidadania democrática, a educação, como direito de todos e dever do
Estado e da família, requer a formação dos(as) cidadãos(ãs).
Segundo ainda o PNEDH (2019) a Constituição Federal Brasileira e a Lei n. 9.394/1996, Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) afirmam o exercício da cidadania como uma das finalidades
da educação o, ao estabelecer uma prática educativa “inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais
de solidariedade humana, com a finalidade do pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”
Além disso, propõe a formação de cada cidadão(ã) como sujeito de direitos, capaz de exercitar o
controle democrático das ações do Estado.
É oportuno lembrar que pode-se entender a democracia de diferentes formas:
Segundo o dicionário Priberam da Língua Portuguesa (2016), Democracia é o Governo em que o
povo exerce a soberania, direta ou indiretamente.
O Dicionário online (2019) complementa e define democracia como sistema governamental e
político em que os dirigentes são escolhidos através de eleições populares: o Brasil é uma democracia.
Regime que se baseia na ideia de liberdade e de soberania popular; regime em que não existem
desigualdades e/ou privilégios de classes. Nação ou país cujos preceitos se baseiam no sistema
democrático.
Desde seu surgimento entre os Gregos na Antiguidade, seu sentido e importância sofreram diversas
transformações. Atualmente, no Ocidente, democracia significa muito mais um valor e um atributo de
constituições políticas e relações sociais do que uma forma específica de constituição política.
A Democracia não é apenas o governo da maioria, e sim da maioria do povo. Isso significa que
democracia não é o governo da maioria das elites, nem da maioria das corporações, nem da maioria dos
grupos econômicos, nem mesmo da maioria de alguns grupos políticos, que, muitas vezes, são aqueles que
efetivamente fazem a lei, mas nem sempre defendem os interesses da população. (MAZZILLI, 2007).
No entanto, alguns estudiosos entendem que a democracia do mundo contemporâneo perdeu o seu
sentido pleno.
Boaventura Santos (2012), no documentário Thendler (2001) faz uma crítica à democracia
explicando que ela está ligada ao capitalismo neoliberal. Os países vivem e convivem com duas
constituições, nomeadamente a nacional, do país, e a grande constituição das multinacionais e das
instituições financeiras, o constitucionalismo global. Para ele, é a grande dispersão do poder político.
“Agências nacionais e, sobretudo internacionais têm um grande poder de decisão, mas não foram eleitas”.

A democracia atual, ainda pensada por Boaventura Santos (2012), é muito diferente da concebida há
alguns anos. A democracia tornou-se o único sistema legítimo e legitimado por pessoas e instituições que
antes lutavam contra ela.

31
Saramago apresenta a Democracia vivida por nós como uma democracia sequestrada.
A democracia em que vivemos é uma democracia sequestrada, condicionada,
amputada. Porque o poder do cidadão, o poder de cada um de nós, limita-se, na
esfera política, a tirar um governo de que não gosta e pôr outro de que talvez
venha a gostar. Nada mais! As grandes decisões são tomadas numa outra grande
esfera e todos sabemos qual é. As grandes organizações financeiras
internacionais, os FMIs, as organizações mundiais de comércio, os bancos
mundiais, tudo isso e nenhum desses organismos é democrático. E, Portanto,
como é podemos continuar a falar de democracia se aqueles que efetivamente
governam o mundo não são eleitos democraticamente pelo povo? Quem é que
escolhe os representantes dos países nestas organizações? ...Onde está então a
democracia? (THENDLER, 2006)

Milton Santos (2006) revela que a Democracia é vazia, para ele a palavra democracia está esvaziada de
conteúdo. Veja:
A gente esvaziou a palavra democracia de conteúdo. Continua-se falando em uma
democracia sem saber muito bem do que se está falando. Nós utilizamos uma
série de conceitos que vêm de outro tempo – e que tornam vazios, porque o tempo
mudou! – da maneira que é conveniente. Usa-se o conceito de democracia com
referência ao meramente eleitoral. O resto – a representatividade, a
responsabilidade, tudo isso – perdeu força. (THENDLER, 2001)

Em relação à ordem mundial, alguns países são mais democráticos que outros e há outros que ao
menos iniciaram um processo democrático.

O Índice de Democracia

É um índice compilado pela revista The Economist para examinar o estado da democracia em 167
países,

A The Economist avalia os países em cinco critérios (processo eleitoral e pluralismo, funcionamento do
governo, participação política, cultura política e liberdades civis), com notas que vão de 0 a 10.

Veja o mapa da Democracia do ano 2015

32
O ranking geral é liderado, de acordo com a tabela 1 – Os melhores países no Índice de democracia
(2016), pela Noruega, seguido de Islândia, Suécia, Nova Zelândia, Dinamarca e Suíça.
Tabela 1 – Os melhores países no Índice de democracia dados de 2015, publicados em 2016.
Data da recolha de
Classificação País Dados
informação
1 Noruega 9.93 2015
2 Islândia 9.58 2015
3 Suécia 9.45 2015
4 Nova Zelândia 9.26 2015
5 Dinamarca 9.11 2015
Fonte : The Economist (2015)
Os piores países do índice de democracia (2016), de acordo com a tabela 2 são a Guiné Equatorial,
República Centro-Africana, Chade, Síria e Coréia do Norte.

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Tabela 2 – Os piores países no índice de democracia, dados de 2015, publicados em 2016.
Data da recolha de
Classificação País Dados
informação
161 Guiné Equatorial 1.77 2015
162 República Centro-Africana 1.57 2015
163 Chade 1.50 2015
164 Síria 1.43 2015
165 Coréia do Norte 1.08 2015
Fonte : The Economist (2015)

Da mesma forma, os direitos de cidadania são potencialmente maiores em países do norte da Europa,
como a Suécia, que atinge índice de 9,5 numa escala de 10. Na outra ponta, só para exemplificar, a Coréia
do Norte, na Ásia, e a Etiópia, na África, estão entre os piores.

Democracia, cidadania não estão separados da ética


Ética
Todo ser humano é dotado de consciência moral, que o faz distinguir entre certo e errado, justo ou
injusto, bom ou ruim. Com isso, é capaz de avaliar suas ações, sendo, portanto, capaz de ética. Esta vem a
ser os valores, que se tornam os deveres incorporados por cada cultura e são expressos em ações. A ética
é, pois, a ciência do dever, da obrigatoriedade, a qual rege a conduta humana (CAMPOS; GREIK; VALE,
2002).
A Ética refere-se ao "estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana suscetível de
qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo
absoluto" (FERREIRA, 1999, p. 848 - 849)
Alguns questionamentos sugeridos por Vasques (1995) podem nos levar a compreender que as relações
cotidianas dos indivíduos entre si, podem causar problemas e merecem a nossa análise.

Vamos Refletir?
1 - devo cumprir a promessa x que fiz ontem ao meu amigo y,
embora hoje perceba que o cumprimento me causará certos prejuízos?
2 - Se alguém se aproxima, à noite, de maneira suspeita e receio que
possa me agredir, devo atirar nele, aproveitando que ninguém pode ver,
a fim de não correr o risco de ser agredido?
3 - Com respeito aos crimes cometidos pelos nazistas durante a
segunda guerra mundial, os soldados que os executaram, cumprindo
ordens militares podem ser moralmente condenados?
4 - Devo dizer sempre a verdade ou há ocasiões em que devo
mentir?
5 - Quem, numa guerra de invasão, sabe que o seu amigo z está
colaborando com o inimigo, deve calar, por causa da amizade, ou deve
denunciá-lo como traidor?
6 - Podemos considerar bom o homem que se mostra caridoso com
o mendigo que bate à sua porta e, durante o dia — como patrão —
explora impiedosamente os operários e os empregados da sua
empresa?

34
7 - Se um indivíduo procura fazer o bem e as consequências de suas
ações são prejudiciais àqueles que pretendia favorecer, porque lhes
causa mais prejuízo do que benefício, devemos julgar que age
corretamente de um ponto de vista moral, quaisquer que tenham sido os
efeitos de sua ação?

Você poderia acrescentar outras situações?

Quantas reflexões são possíveis fazer, não é mesmo?


Chauí (2000) explica que a conduta ética é aquela na qual o agente sabe o que está e o que não está
em seu poder realizar. Ela se refere, portanto, ao que é possível e desejável para um ser humano. Saber o
que está em nosso poder significa, principalmente, não se deixar arrastar pelas circunstâncias, nem pelos
instintos, nem por uma vontade alheia, mas afirmar nossa independência e nossa capacidade de
autodeterminação (...)

Para que o mundo se torne um lugar melhor, não basta apenas conhecimento, sobre o que é tido por
igualdades, mas uma mudança legítima de ponto de vista. Onde se vê a competitividade tão acirrada, as
necessidades sempre tão individualizada, é necessário olhar com olhos mais humanos para a humanidade.
Não para o que ela se tornou hoje, mas para a essência do que ele realmente pode torna-se, igualitária,
respeitosa, boa para todos, quando for entendido que o bem do próximo é reflexo do comportamento
individual, da predisposição de mudar, de ajudar, não apenas julgar.

Conhecido então os conceitos de Ética, Democracia e Cidadania, é importante esclarecer que todos
esses conceitos se complementam, pois não há, em hipótese nenhuma, uma democracia plena sem ética e
sem cidadania e refletindo diretamente aos direitos humanos e apoiados por uma Educação Cidadã.

É oportuno lembrar que é importante desenvolver a democracia e cidadania como aspiração, desejo,
realização da sociedade humana ao longo da história. Sugere que há diferenças entre os países no que diz
respeito aos direitos políticos e civis, e, também, que a conquista dos direitos de cidadania no Brasil devem
ser acrescidos aos deveres correspondentes.

Sugestão de Vídeo!
Veja a dica de Filmes que trabalham com esse tema:
Site da Secretaria de Educação de São Paulo:
1) Crash, No limite – “O filme conta a história de Jean Cabot, rica e mimada esposa de um promotor, em
uma cidade ao sul da Califórnia, que tem o seu carro de luxo roubado por dois assaltantes negros. O roubo
culmina num acidente que provoca a aproximação de habitantes de diversas origens étnicas e classes
sociais de Los Angeles”.
2) Gran Torino – “Conta a história do veterano de guerra Walt Kowalskim, que tem sua rotina solitária e
pacata abalada quando passa a ter como vizinhos imigrantes vindos do Laos.
3) Diários de motocicleta – Em 1952, Ernesto "Che" Guevara, jovem estudante de Medicina, decide
viajar de motocicleta pela América do Sul com seu amigo Alberto Granado. Durante o percurso, encontram

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situações que os levam a questionar os privilégios de minorias, em comparação com o sofrimento da
maioria da população pobre do continente.
4) Direitos da cidadania (Brasil, 1989) – Produção: CETA-IBASE/CECIP/ FASE. 22 min.
Partindo dos direitos garantidos na Constituição, habitação, escola, saúde, segurança, minorias etc., o
programa mostra, através de entrevistas, o que o povo sabe sobre seus direitos e se eles estão sendo
respeitados.
5) O Mundo de Sofia – O filme, que é baseado em um dos mais famosos livros sobre a filosofia, é um
prato cheio para se entender questões filosóficas, incluindo aí ótimas conversas sobre ética e moral. Sofia
Amudsen, personagem central do filme, é uma jovem estudante que vê a sua vida mudar completamente
por conta de cartas anônimas com as mais diversas questões existenciais: quem é você? De onde você
vem? Como começou o mundo? A partir daí, a jovem viaja através da história da filosofia, conhecendo os
grandes filósofos e seus pensamentos.
Nesta Seção apresentamos os Temas da atualidade: Sociodiversidade e multiculturalismo, sociedade,
violência e a construção de uma cultura de paz, Equidade e diversidade de gênero, Relações etnico-raciais
no brasil, História e cultura afro-brasileira, africana e indígena, combate à violência contra a mulher,
Educação em direitos humanos e formação cidadã e fundamentos da ética.

Referencias da seção 1 -

ADAMS, David. História dos Primórdios da Cultura de Paz.2003, 5 p. Disponível


em www.comitepaz.org.br. Acesso em 29 de jun 2019.

BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações
Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana. Brasília: Secad/MEC,
2004.

BRASIL. Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Educação em Direitos Humanos:


Diretrizes Nacionais – Brasília: Coordenação Geral de Educação em SDH/PR, Direitos Humanos,
Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, 2013.

BRASIL. Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos. Plano Nacional de Educação em Direitos
Humanos. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Ministério da Educação, 2003.

BRASIL. Estatuto da Igualdade Racial nº 12.288, de 20 de julho de 2010. Estatuto da Igualdade Racial,.
Brasília, DISTRITO FEDERAL, 20 jul. 2010.

BRASÍLIA - TSE. Brasil. Tribunal Superior Eleitoral. GUIA DO PROFESSOR: Educação para a cidadania democrática
no ensino médio. 2017. Disponível em:
<http://www.tse.jus.br/hotsites/partiumudar/assets/arquivos/livreto_guia_do_professor_23_06_17.pdf>. Acesso em: 15
jul. 2019.

BENEVIDES, Maria Victoria. Educação em Direitos Humanos: de que se trata? 2000. Disponível em:
<http://www.hottopos.com/convenit6/victoria.htm>. Acesso em: 15 jul. 2019.

CARLOTO, Cássia Maria. O conceito de gênero e sua importância para a análise das relações sociais.
Serviço Social, Londrina, jun. 2001. Disponível em:
<http://www.uel.br/revistas/ssrevista/c_v3n2_genero.htm>. Acesso em: 08 ju. 2019.

CONVENÇÃO INTERAMERICANA PARA PREVENIR, PUNIR E ERRADICAR A VIOLÊNCIA CONTRA A


MULHER, “CONVENÇÃO DE BELÉM DO PARÁ” (Adotada em Belém do Pará, Brasil, em 9 de junho de
1994,no Vigésimo Quarto Período Ordinário de Sessões da Assembleia Geral). Disponível em:
http://www.cidh.org/Basicos/Portugues/m.Belem.do.Para.htm . Acesso em 13 de jul 2019.

36
Diretrizes Nacionais para Investigar, Processar e Julgar com Perspectiva de Gênero as Mortes Violentas de
Mulheres. Disponível em http://www.onumulheres.org.br/wp-
content/uploads/2016/04/diretrizes_feminicidio.pdf . Acesso em 13 jul 2019.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio Básico da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1988, p. 214.

GOMES, Nilma Lino. Educação, relações étnico-raciais e a Lei 10.639/03. 2011. Disponível em:
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INSTITUTO PAULO FREIRE (Brasil) (Ed.). Casa da Cidadania Planetária. 2019. Disponível em:
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MATTOS, Regiane Augusto. História e cultura afro-brasileira. São Paulo: Contexto, 2012.

MAZZILLI, Hugo Nigro (Online). Migalhas. O direito das minorias. 2007. ISSN1983-392X. Disponível em:
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MAFFESOLI, M. A conquista do presente. Rio de Janeiro:Rocco, 1984.

MUÑOZ, Manuel. Sociodiversidade, multiculturalidade e sustentabilidade. Disponível em:


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OLIVEIRA Cristiane de (Ed.). Povos Indígenas: conheça os direitos previstos na Constituição: Carta
Magna é considerada um marco na conquista e garantia de direitos. 2017. Agencia Brasil. Disponível em:
<http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2017-04/povos-indigenas-conheca-os-direitos-
previstos-na-constituicao>. Acesso em: 13 jul. 2019.

ONU (Brasil). ONU: Taxa de feminicídios no Brasil é quinta maior do mundo; diretrizes nacionais
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QUE CONCEITO. Conceito de Multiculturalismo. 2019. Disponível em:


<https://queconceito.com.br/multiculturalismo>. Acesso em: 29 jun. 2019.

RIBEIRO, Felipe Mahlmeister; MELLO, Sylvia Leser de. Pobreza, desigualdade e falta de solidariedade
na origem da violência. Disponível em:<https://www.pucsp.br/fecultura/
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RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro: A formação e o sentido de Brasil. 2ª ed. São Paulo: Companhia das
Letras, 1995.

RIVALDO JUNIOR,. Sociodiversidade: Multiculturalidade, Tolerância e Inclusão. 2014. Disponível


em:&lt;https://prezi.com/usaymaeepmir/sociodiversidade-multiculturalidade-toleranc
ia-e-inclusao/&gt;. Acesso em: 15 out. 2018.

Senado Federal. Serviços Especializados de Atendimento à Mulher: Serviços que atendem


exclusivamente a mulheres e que possuem expertise no tema da violência contra as mulheres.. 2019.
Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/institucional/omv/acoes-contra-violencia/servicos-
especializados-de-atendimento-a-mulher>. Acesso em: 14 jul. 2019.

THENDLER, Silvio. Encontro com Milton Santos: O mundo global visto do lado de cá. Documentário, 89
minutos.2001

37
VELHO, Gilberto. Individualismo e cultura: notas para uma antropologia da sociedade
contemporânea. Rio de Janeiro: J. Zahar, 1987

Seção II

Nesta Seção iremos apresentar os Temas da atualidade: Cultura e arte, Cidades, habitação e qualidade
de vida, Estado, sociedade e trabalho, globalização e a sociedade contemporânea, Política internacional e
migração, Educação ambiental e sustentabilidade, Políticas públicas de educação ambiental e sociedade de
consumo

Objeto 8 - CULTURA E ARTE

Cultura e arte;
Antes de Iniciarmos a relação entre Cultura e Arte é necessário compreender o significado dessas
expressões, lembrando que são valores importantíssimos para a humanidade.

Cultura
A cultura é o termo central do humanismo, incapaz de definição clara como um conceito objetivo,
mensurável, e compreensível apenas através da prática. (COSGROVE, 1983). No entanto, é sempre uma
representação coletiva, não importa se é imaterial ou material. Representa as emoções de um povo, a forma
em que se organizam e vivem, a forma em que se vestem e como fazem seus rituais. Cosgrove (1983)
explica que a “cultura” serve para unir os aspectos fundamentais do ser social: trabalho e consciência,
sendo a consciência pautada nas ideias, valores, crenças e ordens morais, nas quais os seres humanos se
tornaram cientes de si mesmos como sujeitos capazes de transcender à grosseira materialidade da
natureza (como “cultura primitiva”, “cultura de classes”, “contracultura”).
Para Geertz (1989) a cultura é um sistema de significados que cria algum tipo de identidade
compartilhada (), uma espécie de código que orienta as práticas sociais de pessoas pertencentes a vários
grupos e categorias sociais dentro de uma sociedade.
Existem várias formas de culturas. Oliveira (2003) explica que se pode considerar pelo menos três tipos
de cultura: A cultura de massa, a cultura erudita e a cultura popular:
1) Cultura de Massa: não está ligada a nenhum grupo específico, pois é
transmitida de maneira industrializada para um público generalizado, de diferentes
camadas socioeconômicas, pelos meios de comunicação em massa. Surge daí a
indústria cultural.
2) Cultura Erudita: é a cultura que se adquire de maneira organizada, como nas
escolas e nos livros, ou pela aceitação de instituições como o Estado, a Igreja, ou
ainda por meio de jornais, revistas, televisão, rádio, cinema etc.
3) Cultura Popular: trata-se da cultura mais simples, que se adquire com a
experiência do contato entre pessoas; é a chamada cultura espontânea, mais
próxima do senso comum; transmitida em geral oralmente, registra as tradições e
os costumes de um determinado grupo social. Da mesma maneira que a cultura
erudita, a cultura popular formas artísticas expressivas e significantes. (OLIVEIRA,
2003)

Hall (1997) apresenta um estudo sobre a centralidade da cultura a partir da dimensão global, para ele
―revolução cultural se expandiu para além do conhecido a partir do século XX. Ao mesmo tempo, a cultura
tem assumido uma função de importância sem igual no que diz respeito à estrutura e à organização da
sociedade moderna tardia, aos processos de desenvolvimento do meio ambiente global e à disposição de

38
seus recursos econômicos e materiais. Os meios de produção, circulação e troca cultural, em particular, têm
se expandido, através das tecnologias e da revolução da informação.
Neste mesmo caminho de Hall, Lévy (1999) apresenta o conceito de cibercultura a partir do crescimento
do ciberespaço11, por se tratar de um novo meio de comunicação que surge da interconexão de
computadores Segundo ele, “a cibercultura expressa o surgimento de um novo universal, diferente das
formas que vieram antes dele no sentido de que ele se constrói sobre a indeterminação de um sentido
global qualquer” (LÉVY, 1999, p. 15). Trata-se de um “novo dilúvio”, provocado pelos avanços tecnológicos
das telecomunicações, em especial, o advento da internet.
Não restam dúvidas que a Globalização reforçada pelos meios de comunicação e informação, podem
interferir na cultura dos diferentes povos do planeta, tanto para afirma-las como para influenciá-las em
mudanças.
Na contra mão da homogeneidade cultural, aparece a diversidade cultural que se apresenta como
possibilidades das diferenças e pluralidade em cada lugar do planeta.
Vamos conhecer algumas culturas?

1 – A cultura indígena - identificada no Parque Nacional do Xingu. São mais de 15 etnias com índios do
mesmo estágio de civilização. Se considerarmos as sociedades industriais, contudo, teríamos que falar de
multiculturalismo. (ver seção I, deste material)
2 – A cultura da mutilação Genital Feminina que consiste na retirada, através de um ritual de parte ou
todo órgão sexual externo da mulher. Uma prática que é realizada nas mulheres na tentativa de controle da
sua sexualidade e no convencimento de que se não fizer serão impuras. Este ritual é aplicado por diversas

11 O termo [ciberespaço] especifica não apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informação que ela

abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. Quanto ao neologismo ‘cibercultura’, especifica aqui o conjunto de técnicas
(materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço
(LÉVY, 1999, p. 17)

39
crenças. Pelo relatório da UNICEF (2016), são mais de 200 milhões de mulheres que sofreram a
mutilação12.
3 – A cultura da autoflagelação chamada Ashura que consiste em martirizar o próprio corpo é uma
prática comum entre os mulçumanos xiitas. Utilizam lâminas afiadas, acontece em homenagem à morte do
neto do profeta Maomé, Imam Hussein, no século 7, em uma batalha chamada Karbala ou Carbala.
4 - As mulheres girafas, na Polinésia, que espicham os próprios pescoços com aros de ferro deixando-os
com mais de 30 cm.
Este tema é tão importante que a UNESCO, em 20 de outubro de 2005, na 33ª Conferência Geral da
UNESCO, aprovou a Convenção sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais
para legitimar e oferecer orientações aos países na elaboração e implementação de políticas culturais
próprias, necessárias à proteção e promoção da diversidade cultural.

Arte
A arte nada mais é do que a expressão da cultura.
Segundo a Multiarte (2015), o termo Arte deriva do latim Ars, ou Artis, cujo significado é Habilidade. Arte,
em palavras simples, é o ato de fazer, produzir ou criar algo. A arte é mutável, ou seja, cada sociedade,
cultura e época produz estilos artes diferentes.
Arte é a atividade humana ligada a manifestações de ordem estética, feita por artistas a partir de
percepção, emoções e ideias, com o objetivo de estimular esse interesse de consciência em um ou mais
espectadores, e cada obra de arte possui um significado único e diferente.
A arte se manifesta tanto individualmente como coletivamente e se apoia em um determinado espaço e
um determinado tempo marcado pela história.
Vejamos alguns exemplos marcados na sociedade:

Renascimento - O homem vitruviano de


Leonardo da Vinci sintetiza o ideário
renascentista: humanista e clássico.
Saiba Mais
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( ou acesse:
https://youtu.be/TJv2a8M2jOQ
).

Fontes:
Imagem superior: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Homem_vitruviano>. Acesso em 22/02/2017 às 11h45.

12
Como sugestão para este tema, assista o filme “Flor do deserto” conta a história de vida de uma mulher chamada
Waris Dirie, nascida no deserto da Somália e que dentre muitos sofrimentos, é mutilada aos 3 anos.

40
Barroco - Giambologna: O rapto da Sabina, 1582.
Florença, uma das mais conhecidas obras do Saiba Mais
Maneirismo Baixe um leitor de QR code
em seu dispo-sitivo e use o código
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on-line.
( ou acesse: https://youtu.be/2I20Qew5Cz8 ).

Imagem inferior: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Giambologna>. Acesso em 22/02/2017 às 11h46.

Romantismo
Goethe na Itália por Johann Heinrich
Wilhelm Tischbein, no Städel.

Saiba Mais

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o código acima para visualizar o conteúdo on-line.

( ou acesse: https://youtu.be/hu0U6xpNa6U).

Fontes:
Imagem superior: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Städel>. Acesso em 22/02/2017 às 17h25.

Primitivismo
Exemplo de arte aborígene australiana. A
cultura aborígene australiana era considerada no
início do século XX como "primitiva" pelos
intelectuais europeus.

Saiba Mais
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visualizar o conteúdo on-line.

( ou acesse: https://youtu.be/ceUeB7AWkaU ).

41
Imagem inferior: <https://simple.wikipedia.org/wiki/Aboriginal_art>. Acesso em 22/02/2017 às 17h27.

Cubismo
Saiba Mais
Juan Gris, 1914: Homem no café. Baixe um leitor
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ao lado para visualizar o
conteúdo on-line.
( ou acesse:
https://youtu.be/QXvejwr_EtQ ).

Imagem superior: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Cubismo>. Acesso em 22/02/2017 às 17h31.

Surrealismo
António Domingues, Fernando Azevedo, António
Pedro, Vespeira, Moniz Pereira – Cadavre Exquis,
1948, óleo sobre tela, 150 x 180 cm.

Saiba Mais
Baixe um leitor de QR code em seu
dispositivo e use o código acima para
visualizar o conteúdo on-line.

( ou acesse: https://youtu.be/h1ZRgF9yCjI ).

Fontes: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Surrealismo>. Acesso em 22/02/2017 às 17h31.

42
Modernismo
Vincent van Gogh é um dos principais
representantes da renovação estética nas artes do Saiba Mais
Baixe um leitor de
fim do século XIX. QR code em seu dispo-
sitivo e use o código
ao lado para visualizar
o conteúdo on-line.
( ou acesse:
http://noticias.universia.com.br/destaque/
noticia/2011/12/23/900859/e-
modernismo.html ).

Fontes:
Imagem superior: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Vincent_van_Gogh>. Acesso em 23/02/2017 às 10h01.

Pop Art
Rubens Gerchman: pintura, colagem e outros
materiais usados em Policiais Identificados na
Chacina ( Registro Policial ), 1968.

Saiba Mais
Baixe um leitor de QR code
em seu dispositivo e use
o código acima para visualizar
o conteúdo on-line.
( ou acesse:
https://youtu.be/K4ZkMs7Z78Q
).

Imagem inferior: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Pop_art>. Acesso em 23/02/2017 às 10h02.


Impressionismo
Saiba Mais
Monet: Mulheres no jardim de 1866. Baixe um leitor
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dispo-sitivo e
use o código
ao lado para visualizar o
conteúdo on-line.
( ou acesse:
https://youtu.be/uTxkPZu0OOA
).

43
Fonte: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Femmes_au_jardin>. Acesso em 23/02/2017 às 10h09.

O HIP HOP e o grafite


O Hip hop é um movimento urbano contemporâneo e definido por vários autores (Cacá Berga, por
exemplo) como um gênero musical, com uma subcultura iniciada durante a década de 1970, nas áreas
centrais de comunidades jamaicanas, latinas e afro-americanas da cidade de Nova Iorque, Afrika
Bambaataa, reconhecido como o criador do movimento, estabeleceu quatro pilares essenciais na cultura hip
hop: o rap, o DJing, breakdance e o graffiti.
O Grafitte
O Brasil tem os gêmeos Gustavo e Otávio Pandolfo reconhecidos como um dos maiores grafiteiros do
Brasil e do mundo. Os desenhos apresentam críticas à sociedade contemporânea.

Veja um dos seus trabalhos

Fonte: Wikipédia 2017.


A arte também se revela na literatura que é o uso estético da linguagem escrita.
Vários livros são clássicos e referências para compreender a cultura de uma sociedade.
Veja alguns exemplos que a UNIVERSIA (2017) indica:

1984
1984 é um romance do escritor inglês Eric Arthur Blair, que assinava seus livros como George Orwell.
1984 é um dos clássicos mundiais por prever uma sociedade onde todos os cidadãos teriam seus
pensamentos e atitudes controlados pelo Grande Irmão (em inglês, Big Brother, daí surgiu o reality show Big
Brother Brasil). A obra é uma grande análise de um regime totalitário e foi o último livro publicado por
Orwell.

Cem Anos de Solidão


Cem Anos de Solidão é um livro escrito pelo colombiano Gabriel García Márquez, que conta a história da
família fictícia Buendía em 7 gerações. Márquez pretendia retratar a solidão humana, quando 100 anos se
passam e nada continua igual, apenas o ser humano fica. É uma leitura obrigatória para todas as gerações.

O Apanhador no Campo de Centeio


A grande importância do livro O Apanhador no Campo de Centeio é a criação da adolescência. Antes da
obra de J. D. Sallinger, a adolescência era vista como uma simples transição entre a infância e a fase
adulta, mas o livro trouxe consigo a cultura jovem. O protagonista do livro, um adolescente chamado Holden

44
Caulfield, tem seu fim de semana narrado. O personagem divaga sobre a sua vida e tenta definir o seu
futuro. O Apanhador no Campo de Centeio é um retrato da realidade jovem e um clássico da literatura
mundial.

Dom Casmurro
Dom Casmurro, o romance de Machado de Assis, já tem o seu nome entre os grandes clássicos da
literatura mundial. Pessoas de todas as idades são envolvidas pela história de Bentinho e Capitu, a mulher
dos “olhos de ressaca” e se perguntam sobre a suposta traição. Com toda a sua genialidade, Machado
discorre sobre a essência do ser humano, que é frágil e contraditório.

A Revolução dos Bichos


A Revolução dos Bichos é a segunda obra de George Orwell que aparece na lista, mas não poderia ficar
de fora. A fábula é uma grande alegoria da ditadura soviética de Stálin, contada através dos porcos Bola-de-
neve e Napoleão, que disputam a liderança da Fazenda dos Bichos, anteriormente chamada de Fazenda do
Solar. É um livro fácil de ler e que pode ensinar muito sobre a história da Revolução Russa.

A Metamorfose
A Metamorfose é uma das grandes obras do alemão Franz Kafka. O personagem principal Gregor
Samsa acorda um dia para perceber que se transformou em uma barata. Kafka apela para o lado emocional
do ser humano, enquanto Gregor entra em estado melancólico ao perceber que seus pais o repudiam. O
conformismo é o centro da história, pois Gregor se conforma com a situação bizarra em que se encontra. A
Metamorfose é uma leitura nojenta de certas formas, mas vale a pena ser lida devido à análise da essência
do ser humano.

O Primo Basílio
O romance de Eça de Queirós é uma análise da sociedade da sua época. A narrativa do autor é irônica
e revela a intimidade da sociedade burguesa com todas as suas imperfeições. O Primo Basílio é uma
história é criativa e sedutora, ganhando espaço nas telas do cinema brasileiro com o filme de mesmo nome.
Fonte: (UNIVERSIA, 2017).

No Brasil, Alguns livros são importantes. Tais como:


1. Memórias Póstumas de Brás Cubas – Machado de Assis
2. O Cortiço – Aluísio Azevedo
3. A Escrava Isaura – Bernardo Guimarães
4. Dom Casmurro – Machado de Assis
5. Os Sertões – Euclides da Cunha
6. Memórias de um Sargento de Milícias – Manuel Antônio de Almeida
7. O Guarani – José de Alencar
8. Triste Fim de Policarpo Quaresma – Lima Barreto
9. Til – José de Alencar
10. O Ateneu – Raul Pompeia

45
Dica!
Na internet tem vários livros clássicos gratuitos para baixar. Dois
exemplos: o site da BULA no endereço
http://www.revistabula.com/647-100-livros-classicos-para-
download/ . Acesso em jan. 2017 e o site do portal MEC para ler
os livros de Machado de Assis, você pode acessar o Portal do
Visitar museus é
MEC. No endereço http://machado.mec.gov.br/obra-completa-
uma forma de conhecer
mainmenu-123 . Acesso em jan. 2017.
a arte e a cultura.
Visitar museus pode te dar um conhecimento extraordinário sobre
Atualmente cultura e arte. existem
muitos museus que
disponibilizam uma visitação virtual. Veja a dica:

Museu do Louvre Dica de mais de 80 Baixe a app Google Arts & Veja as dicas do Profº Paulo
museus Culture13 para 80 museus virtuais

Baixe um leitor de Baixe um leitor de Baixe um leitor de QR code Baixe um leitor de QR code
QR code em seu QR code em seu em seu dispositivo e use o em seu dispositivo e use o
dispositivo e use o dispositivo e use o código para ver ( ou acesse: código para ver ( ou acesse:
código para ver ( ou código para ver ( https://play.google.com/store/ http://www.arede.inf.br/80-dicas-de-
acesse: ou acesse: apps/details?id=com.google.a museus-que-oferecem-vistas-
https://ecolesaintpaul http://www.arede.inf ndroid.apps.cultural&hl=pt_B virtuais-02/
.com.br/faca-um- .br/80-dicas-de- R
tour-virtual-pelo- museus-que-
louvre/ oferecem-vistas-
virtuais-02/

Encerramos esse objeto de estudo reforçando o conceito que Cultura é sempre uma representação
coletiva, não importa se é imaterial ou material. Representa as emoções de um povo, a forma em que se
organizam e vivem, a forma em que se vestem e como fazem seus rituais e arte é a expressão da cultura.
Por tanto, independentemente de se apreciar ou não a arte e a cultura do outro, é imprescindível respeitá-la.

13 Google Arts & Culture é um aplicativo gratuito desenvolvido pelo Googlepara Android e iPhone (iOS). O serviço mostra
endereços de exposições em museus, permite visitas virtuais em espaços de arte pelo mundo, ver obras renomadas e seus
criadores. O serviço é, basicamente, um guia de museus do Brasil, Europa, Estados Unidos e outros países, com informações
sobre grandes pinturas e pintores. Além de reconhecer as obras, o usuário também poderá visitar exposições, descobrir onde
ocorre o evento mais próximo e navegar por dentro do museu. Ou seja, pode conhecer obras de arte navegando pelo celular e
ler sobre autores e pinturas. (VIEIRA, 2019)

46
Objeto 9 - CIDADES, HABITAÇÃO E QUALIDADE DE VIDA

Objetivo do objeto 9 – Identificar que as sociedades estão cada vez mais migrando para as cidades, que a
cidade é um direito de todos, que é na cidade que tem surgido os maiores problemas urbanos, que as
cidades também podem ser alternativas de qualidade de vida, que no Brasil há um déficit habitacional
significativo além das carências sociais.

Vida Urbana e vida rural


Um fato não se deve contestar: ou a população vive na área urbana ou na área rural, por tanto,
desenvolver este tema é apresentar as possibilidades de se viver no espaço geográfico do planeta.
É importante conhecer o conceito de cidades que está inserida neste tema
Cidade
O aparecimento das cidades
O desenvolvimento da técnica, voltada para a agricultura descoberta anteriormente, permite uma elevação
da produtividade do trabalho agrícola e cria o excedente. Com o excedente, parte da população fica liberada
para desenvolver funções que não estão mais voltadas diretamente para a agricultura, fazendo aparecer o
início de uma divisão social do trabalho. Em função dessa conjunção de fatores é que podemos entender o
aparecimento das cidades.
O aparecimento das cidades estimula o desenvolvimento dos meios de transporte e comunicação.
O homem começa a superar distâncias até então vencidas pela força animal ou pelo próprio corpo em
caminhos improvisados.
O aparecimento do veículo de rodas e do barco cria um novo sentido para as distâncias físicas.

Com a cidade, os caminhos transformam-se em vias permanentes e estimula-se a conexão entre os


lugares. A cidade vai criando uma rede de circulação a partir da construção de um território, ou seja, de um
espaço próprio. Esse processo possibilita o desenvolvimento ainda maior da técnica.
O desenvolvimento da técnica permite a elevação do domínio do homem em relação ao meio e ao domínio
dos espaços. Ocorre a devastação de bosques, estepes e savanas parcialmente transformadas em cultivos
e a prática das queimadas respondem ao combate de espécies dispensadas do processo de ocupação do
solo pela agricultura. O desenvolvimento dos transportes também permite um alcance espacial maior da
atuação da cidade na sua capacidade de gestão territorial, permitindo influenciar e atuar em outros
contextos espaciais.
A evolução técnica permite também uma mudança na fisionomia paisagística. Os grupos humanos
drenam pântanos, irrigam terras secas, aterram mares, ultrapassam montanhas, levando a paisagem a uma
grande diversidade visual.

47
A vida nas aglomerações altera comportamentos e percepções. Habitats, que antes eram dispersos
ou concentrados, espalham-se no horizonte, dominando meios naturais cada vez mais diferenciados.
Em resumo, além do aprimoramento técnico, outros fatores que explicam o aparecimento das
cidades são:
a) uma organização social associada ao excedente agrícola em função do avanço tecnológico, que
permitiu o alimento ser colhido, armazenado e distribuído;
b) essa estrutura possibilitou organizar a mão-de-obra indispensável para a construção de edifícios
públicos, muralhas da cidade e sistemas de irrigação.

Apresentando uma definição para cidade.


Cidade pode ser compreendida como aglomeração humana localizada numa área geográfica
circunscrita e que tem numerosas casas, próximas entre si, destinadas à moradia e/ou a atividades
culturais, mercantis, industriais, financeiras e a outras não relacionadas com a exploração direta do solo;
urbe.

Vida Urbana e a urbanização


Como a própria palavra urbanização se apresenta, o sufixo “ação” nos remete a um processo
contínuo de movimento. Pode-se interpretar que a Urbanização é “o processo de afastamento das
características rurais de um lugar ou região, para características urbanas. Geralmente, está associado
ao desenvolvimento da civilização e da tecnologia”. (SIGNIFICADOS, 2019). A urbanização aumenta a
população da cidade em relação ao esvaziamento da área rural. O espaço urbanizado é aquele que a
população está atingindo mais de 55% do total de habitantes.
O Relatório Mundial das Cidades 2016, elaborado pelo Programa das Nações Unidas para os
Assentamentos Humanos, ONU-HABITAT apresentou um estudo que atualmente, 54% da população
mundial vive em cidades, e a expectativa é que em meados deste século esse percentual suba para 66% e
alerta que “o atual modelo de urbanização global é insustentável, sendo necessário criar novos padrões
para responder a desafios como desigualdades sociais e a proliferação de favelas especialmente nos
países em desenvolvimento.”
Veja no mapa a seguir a distribuição da população urbana mundial

48
Fonte: ONU (2014)

Mas, o que impulsionou a saída do homem do campo para a cidade?

No mundo a população urbana começou a aumentar a partir da Revolução Industrial que ofereceu
oportunidades de emprego melhores do que o campo e surge a Cidade Global e a Megacidade, dois termos
que se apresentam como realidades diferentes.
As megacidades são os lugares que possui vários conglomerados urbanos com mais de dez
milhões de habitantes. O Brasil possui duas Megacidades que é São Paulo e Rio de Janeiro. São
metrópoles Nacionais. A Maior megacidade do mundo é Tóquio no Japão em torno de 37 milhões de
habitantes.
Veja a tabela a seguir.

49
Cidades Globais - Diferente das Megacidades, as cidades globais possuem uma menor densidade
populacional, no entanto são centros urbanos com grande concentração de poder (político e econômico) e
influência mundial.
No Brasil e em toda a América Latina, o processo de urbanização intensifica a partir do século XX
com a política de construção das cidades, por outro lado o Brasil não oferecia oportunidades de manter o
homem no campo provocando um êxodo rural, isto é a saída do campo para as cidades. Segundo Maricato
(2001). “A drenagem de recursos financeiros para o mercado habitacional, em escala nunca vista no pais,
ocasionou a mudança no perfil das grandes muitas cidades e o financiamento imobiliário não impulsionou a
democratização do acesso a terra via instituição da função social da propriedade”.
Observe esse quadro resumo elaborado a partir do livro da Maricato (2001). Ela chama de Tragédia
Urbana e tem raízes de cinco séculos em especial a partir da privatização da terra e da emergência do
trabalho livre.

50
Ano Economia População/Política Forma de urbanismo
Até 1930 Voltada para setor Burguesia era a que possuía a
agrário exportador propriedade privada da terra
1930 até Consolidação Consolidação da Nação, por outro “à moda” da periferia se revela a
fim mercado interno lado, acentua-se a Desigualdade partir da Segregação Territorial.
2Guerra Regional Somente alguns lugares da cidade
Mundial são beneficiados com o
Saneamento básico para eliminar
epidemias.
Embelezamento paisagístico
Exclusão da população de baixa
renda para os morros e franjas
1950 Processo de Dependência dos centros de
Industrialização bens decisões externa ao país.
duráveis e bens de A população passa a consumir
produção mais e inicia a ideia da
obsolescência Programada
1940 a 7% do PIB são Melhoria de vida de toda a Explosão imobiliária – Concentra-
1980 aplicados como população intensificando a busca se População de baixa renda nos
recursos para o de moradia na cidade. Nova arredores
Sistema Habitacional classe média Urbana surge e ao Megaobras de saneamento
(BNH e SFH) mesmo tempo grande contingente
sem direitos sociais

1980/90 PIB menor que as Impacto social e ambiental Enchente, poluição dos recursos
taxas de crescimento
Concentração da pobreza urbana hídricos; poluição
demográfico – pobreza homogênea desmoronamento, Desarticulação
Aumento do Violência Urbana da rede Urbana. Formação de
mercado informal A Dinâmica demográfica: megapólos. As periferias
diminuição da Tx natalidade cresceram mais que os núcleos
aprofundou a exclusão social Mobilidades restritas ao bairro.
Influência dos países centrais o Aumento de 22% de favelas em
que provocou um aumento de todo Brasil.
vários índices no mundo:
desemprego
Tráfego de drogas
ociosidade e ausência de
atividades culturais e esportivas
1986 – capitais do estados
recuperaram o direito de eleger
diretamente seus prefeitos
2000 30% moram em metrópole com +
de um milhão de habitantes
Obs: Ainda que as taxas de acesso a serviços tenham melhorado, não se pode afirmar que estaria
ligado ao processo de Urbanização.
Desta forma os problemas urbanos surgiram junto com a concentração da pobreza e urbana.
Segundo Maricato (2001) nos anos de 1980 a sociedade brasileira conheceu também, pela primeira vez, um
fenômeno que ficaria conhecido como violência urbana: o início de uma escala de crescimento do número
de homicídios, sem precedentes na história do pais. Atualmente, segundo o censo de 2010, a população
urbana no Brasil é superior a 85%. Veja a lista (2019) das cidades mais populosas do Brasil:
1º- São Paulo (SP): 12.106.920
2º- Rio de Janeiro (RJ): 6.520.266
3º- Brasília (DF): 3.039.444
4º- Salvador (BA): 2.953.986
5º- Fortaleza (CE): 2.627.482
6º- Belo Horizonte (MG): 2.523.794
7º- Manaus (AM): 2.130.264
8º- Curitiba (PR): 1.908.359
9º- Recife (PE): 1.633.697

51
10º- Porto Alegre (RS): 1.484.941
11º- Goiânia (GO): 1.466.105
12º- Belém (PA): 1.452.275
13º- Guarulhos (SP): 1.349.113
14º- Campinas (SP): 1.182.429
15º- São Luís (MA): 1.091.868
16º- São Gonçalo (RJ): 1.049.826
17º- Maceió (AL): 1.029.129

Segundo IBGE (2018) na comparação com 2001, a população estava em torno de 172,3 milhões de
habitantes. Hoje a população brasileira cresceu 21%. Em 2017, quando a população somava 207,6
milhões.
Principais destaques:
 21,8% da população do país (45,5 milhões) vive no estado de São Paulo.
 Apenas 3 estados, todos no Norte, têm menos de 1 milhão de habitantes.
 23,8% da população (49,7 milhões) vive nas 27 capitais.
 Mais da metade da população (57%) vive em apenas 5,7% dos municípios do país (317).
 Dos 5.570 municípios, apenas 46 (0,8%) têm mais de 500 mil habitantes.
 O município mais populoso é São Paulo (SP), com 12,2 milhões de habitantes.
 O município menos populoso é Serra da Saudade (MG), com apenas 786 habitantes.
 Além de Serra da Saudade, apenas outros dois municípios têm menos de mil habitantes: Borá (SP),
com 836, e Araguainha (MT), com 956.
Fonte: G1 (2019)

Problemas urbanos.
A partir da saída do homem do campo para a cidade e o inchaço das cidades, vários problemas
urbanos são identificados tais como: a inadequada mobilidade urbana, o desemprego, habitação, a
violência, a poluição (sonora, visual, atmosférica, de rios, mares etc), serviços inadequados na saúde e
educação, problemas de infraestrutura como coleta de lixo eficiente, saneamento básicos e principalmente
acirramento das desigualdades sociais. O que se identifica é que a cidade não é para todos.

Vamos pensar?

O Você já observou onde é empregado os impostos de seu município?


As salas de cultura e lazer estão distribuídas igualmente em todos os bairros?
A mobilidade urbana é acessível a todos?
A poluição concentra-se em todos os bairros?
A quem pertence o território urbano? Pode-se caminhar tranquilamente em todos os lugares e
exercer o direito de ir e vir?

52
Perceberam que ao tentar responder as perguntas acima, é possível identificar a existência de uma
Cidade partida, uma cidade legal e outra ilegal? Sendo a legal a cidade em que os serviços urbanos são
percebidos e a ilegal é aquela esquecida pelo abandono.
Maricato (2001) ainda nos faz refletir a partir de outras perguntas:
O Planejamento Urbano é possível? O que fazer com a cidade ilegal e violenta? E com as áreas
ambientalmente frágeis, ocupadas pela moradia pobre? Quais soluções para os desabamentos,
desmoronamento, incêndios? Como enfrentar o mercado imobiliário excludente? Como combinar a
ocupação do solo urbano e o sistema viário com as unidades de gestão baseadas em bacias e sub-bacias
hidrográficas? Como implementar a função social da propriedade? Como fazer o controle do uso do solo
protegendo áreas ambientalmente frágeis e assegurando a ampliação da oferta de moradias sociais? Como
convencer a sociedade e o governo das prioridades demandadas pelos problemas de drenagem e
saneamento? Que fazer com comércio informal que ocupa os espaços públicos? Como garantir os padrões
mínimos de habitabilidade em favelas já urbanizadas? Quais os padrões mínimos para o conforto domiciliar,
a circulação viária e de pedestres, as áreas públicas, as coletas de lixo, o saneamento e a manutenção?
Como fomentar o engajamento Social para a resolução de problemas que ultrapassem as reivindicações
pontuais? (MARICATO, 2001)
Muitas perguntas sem respostas que apontam os problemas urbanos de difícil solução.

Em relação à iluminação elétrica por exemplo, o Brasil síntese mostra que em 2014, somente 0,3%
dos domicílios do País ainda não dispunham de iluminação elétrica e este percentual estava em 3,2%, em
2004 e que a coleta de lixo domiciliar cresceu de 84,6%, em 2004 para 89,8%, em 2014, porém, isto
significa que em média, 17 milhões de pessoas ainda não têm coleta de lixo adequada.

O esgoto sanitário (rede geral ou fossa séptica) aumentou a assistência. Segundo os dados do
Brasil Síntese, ocorreu uma expansão do serviço de 2013 para 2014.

(de 76,2% para 76,8%), que decorreu da diminuição do percentual de domicílios


com fossa séptica, uma vez que o percentual daqueles atendidos por rede geral
de esgoto, que estava em 47,9%, em 2004, manteve trajetória de crescimento até
2013 (58,2%), tendo registrado em 2014, queda para 57,6%. (IBGE, 2017).

Em 2013, ainda segundo os dados do IBGE (2019) cresceu 2% o número de residências com
abastecimento de água. Cerca de 85,3% das habitações existentes no país, equivalente a 55,6 milhões,
tinham água encanada no ano 2012. O maior aumento foi observado na Região Sul, de 87,1% para 88,5%.
Já a Região Centro-Oeste teve a maior redução, de 86% para 84,6%.

Vamos refletir

A distribuição de serviços básicos à população, apesar dos


dados acima demostrarem uma realidade de amplo crescimento,
são distribuídos de forma igual a todas as residências? Você pode
dar exemplos?

53
Você acertou se lembrou da forma precárias da maioria das favelas e dos bairros marginalizados. Só
para esclarecer, segundo Denaldi (2003), as favelas ou habitações subnormais são conjuntos formados por
pelo menos 50 domicílios, ocupando terrenos de propriedade alheia aos atuais moradores; essas
habitações são em geral aglomeradas de forma desordenada e carentes de condições básicas de
saneamento e infraestrutura.

Fonte: https://www.freetheessence.com.br/sustentabilidade/na-rua/saneamento-basico/
Para você ter uma ideia, o Brasil tinha 11,42 milhões de pessoas morando em favelas, palafitas ou
outros assentamentos irregulares em 2010. O número corresponde a 6% da população do País e consta do
estudo Aglomerados Subnormais, realizado com dados do último Censo do IBGE.

Veja o mapa a seguir para verificar a carência de infraestrutura urbana em relação aos domicílios
particulares permanentes urbanos segundo unidades da federação -

Fonte: Dados básicos: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Rio de Janeiro: IBGE, v. 33,2013;
v.34, 2014.
Elaboração: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações (CEI)

Habitação

54
Todas as pessoas têm a necessidade de habitar em um lugar. A procura pela casa própria, sempre foi
almejado por todos. Muitos moram pagando aluguel ou não saíram da casa dos pais ou moram de favor ou
pior, habitam nas ruas.
Segundo os dados do Brasil Síntese14 IBGE (2017) houve um aumento dos domicílios alugados entre
2004 a 2014.
No período de 2004 a 2014, no total de domicílios particulares permanentes,
constatou-se crescimento gradual no percentual dos domicílios alugados (de
15,4%, em 2004, para 18,5%, em 2014), enquanto o dos domicílios próprios
apresentou, em 2014, o mesmo percentual de 2004, 73,7% (IBGE, 2017).

Veja a representação gráfica a seguir em relação aos imóveis próprios, alugados, cedido e outras
formas:

A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) junto com a Fundação Getulio Vargas
(FGV) apresentou um estudo cujo déficit de moradias no Brasil cresceu 7% em apenas dez anos, de 2007
a 2017, tendo atingido 7,78 milhões de unidades habitacionais em 2017.

De 2007 a 2015, a média do déficit habitacional relativo (ou seja, a proporção em relação aos domicílios)
no Brasil é de 9,6%, ou seja, esse é o percentual de déficit em relação ao estoque total de moradias no
país. O indicador chegou a quase 12,5% em 2010, maior patamar da série.
Veja o Déficit habitacional do Brasil em relação aos domicílios particulares em 2015, levando-se em
conta o âmbito nacional.

14O Brasil em Síntese reúne informações que permitem traçar um panorama nacional sob a forma de
gráficos e tabelas, apresenta dados sobre território, população, educação, trabalho, habitação,
agropecuária, indústria, comércio, serviços e contas nacionais. (BRASIL SINTESE, 2017)

55
O

Onde mais falta moradia? Déficit habitacional relativo em relação ao número de moradias vagas com
potencial de ocupação, em todos os estados brasileiros, em 2015.

Onde mais falta moradia? Comparação entre déficit de moradias e total de imóveis com potencial de
ocupação nos Estados 2015

56
Para saber mais sobre o
estudo da Fundação João
Pinheiro - Déficit Habitacional
no Brasil

Baixe um leitor de QR code em seu


dispositivo e use o código para ver (
ou acesse:
http://www.fjp.mg.gov.br/index.php/produtos-
e-servicos1/2742-deficit-habitacional-no-
brasil-3

Brasil possui algumas políticas públicas de habitação.


Segundo Bonduki (2007) para pensar em políticas públicas, no que se refere à habitação significa
compreender como se deram essas políticas e seus programas habitacionais. O Brasil apresentou um
acentuado com o processo de industrialização no final do século XIX, e, consequente provocou uma
urbanização desordenada, levando a formação de diversos tipos de ocupação informal do espaço urbano
sem o planejamento necessário. Para você ter uma ideia, a população urbana cresceu entre 1950 a 2000
de 11 milhões para 125 milhões. (BONDUKI, 2007, p.72). Atualmente, estima-se que a população urbana
no Brasil está entre 80% a 85%.

57
Veja o crescimento da população urbana no quadro a seguir:

Distribuição da População Brasileira de 1940 a 2010

Ano População Urbana População Rural

1940 31,2% 68,8%

1950 36,2% 63,3%

1960 44,7% 55,3%

1970 55,9% 44,1%

1980 67,6% 32,4%

1990 73,9% 26,1%

2000 79,0% 21,0%

2010 82,6% 17,4%

Fonte: IBGE, censos demográficos

Pensando nessa camada da população é que o governo federal criou o Banco Nacional de Habitação –
BNH, extinto em 1986 e reformulou o Sistema Financeiro da Habitação (SFH), aprovado pela Lei Nº. 4.380
de 21 de agosto de 1964. O Sistema Brasileiro de Habitação (SFH) se estruturou recursos gerados pela
criação, em 1967 do Fundo de Garantia por Tempo de serviço - FGTS, chamado de poupança compulsória
de todos os assalariados brasileiros e que, somado aos recursos da poupança voluntária, formou o Sistema
Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). (BONDUKI, 2007, p73)

Criou-se ainda a Política Nacional de Habitação (PNH), cujo objetivo principal é garantir condições ao
acesso à moradia digna a todos os segmentos da população. Tem como componentes principais:
Integração Urbana de Assentamentos Precários, a urbanização, regularização fundiária e inserção de
assentamentos precários, a provisão da habitação e a integração da política de habitação à política de
desenvolvimento urbano, que definem as linhas mestras de sua atuação.

Segundo Bonduki et. al. (2009), a PNH tem por objetivo tratar a moradia como um direito e não como
uma mercadoria. O importante é garantir a moradia digna no sentido de promover a inclusão social.

Os dois subsistemas que compõe a PNH, cada qual voltado para classes de rendas específicas, podem
ser resumidos da seguinte forma.

Sistema Nacional de
Política Nacional de Habitação
Habilitação

Sistema Nacional de Habitação


Sistema Nacional de Mercado
de Interesse Social (SNHIS)

Fundo Nacional de Habitação Sistema Financeiro de Habitação


de Interesse Social (FNHIS) (SFH)

Fundo de Garantia por Tempo


Cadernetas de Poupança
de Serviço (FGTS)

Outros fundos Mercado de Capitais

58
Fonte: Ministério das Cidades (2004)

Em 2009, foi criado o programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) com o objetivo de reduzir o déficit de
moradias. Exclusivamente voltado para a população de baixa. O Programa incentiva por meio de taxas de
juros abaixo das de mercado e por subsídios o acesso à unidade habitacional.

Em 2013, o déficit habitacional estimado correspondia a 5,846 milhões de domicílios, dos quais 5,010
milhões, ou 85,7%, estão localizados nas áreas urbanas. Veja no mapa a seguir.

Fonte: Dados básicos: PESQUISA NACIONAL POR AMOSTRA DE DOMICÍLIOS. Rio de Janeiro: IBGE, v.
33, 2013; v.34, 2014. Elaboração: Fundação João Pinheiro (FJP), Centro de Estatística e Informações

Para concluir, a Política pública para habitação deve universalizar o acesso a todos os brasileiros a
conquistarem a sua moradia. É um direito constitucional.

É importante ressaltar que o brasileiro, pelo Estatuto da cidade (Lei no 10.257/2001), no art. 2o, incisos I
e II, que dispõem sobre o direito a cidades sustentáveis. Esse estatuto regulamenta os artigos referentes à
política urbana no âmbito federal (arts. 182 e 183 da Constituição Federal de 1988 – CF/1988). No Estatuto
da Cidade, o direito a cidades sustentáveis é compreendido como “o direito à terra urbana, à moradia, ao
saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao
lazer, para as presentes e futuras gerações” (art. 2o , inciso I). Pode-se dizer, então, que a ideia de direito à
cidade expressa na lei sintetiza um amplo rol de direitos. (BRASIL, 2001)

Qualidade de vida
Qual o percentual da população brasileira que vive em áreas urbanas? Quais problemas as altas taxas
de densidade demográfica e o crescimento desordenado acarretam? O que faz uma cidade ser

59
considerada sustentável? O que é a nova agenda urbana e quais são suas metas? Assista ao vídeo e
encontre a resposta para estas e outras perguntas, fundamentais para entender a importância do tema
e o papel auxiliar do IBGE no cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Cidades Sustentáveis • IBGE Explica

Baixe um leitor de QR code em seu Baixe um leitor de QR code em seu dispositivo e use o código
dispositivo e use o código para ver ( ou para ver ( ou acesse: https://nacoesunidas.org/conheca-
acesse: os-novos-17-objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel-
https://www.youtube.com/watch?time_c da-onu/
ontinue=8&v=am2WOYu4iFc

Objetivos do desenvolvimento Sustentável


Leia a reprodução do texto do caderno temático 2017 cidades sustentáveis.
Duas iniciativas da Organização das Nações Unidas (ONU) avançaram na agenda técnica e
político -institucional sobre as cidades, colocando a necessidade de os países e seus institutos de
geografia e estatística revisarem conceitos e métodos para se pensar e produzir informações sobre o
espaço urbano na contemporaneidade. A primeira iniciativa foi a Resolução adotada em 25 de setembro de
2015, pela Assembleia Geral das Nações Unidas, propondo a Agenda para o Desenvolvimento Sustentável
para 2030, com o estabelecimento de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169
metas. Cada um dos 17 ODS implica a produção de uma série de indicadores que subsidiarão a ação das
diferentes esferas de poder do Estado, assim como o acompanhamento e a participação da sociedade civil,
no cumprimento das metas estabelecidas pela ONU.
A segunda ação foi a realização, em 20 de outubro de 2016, da Terceira Conferência das Nações
Unidas sobre Moradia e Desenvolvimento Urbano Sustentável (Habitat III). No Habitat III, 167 países se
comprometeram a adotar a Nova Agenda Urbana (NAU) com o objetivo de orientar a urbanização pelos
próximos vinte anos em escala mundial. A ONU, através da NAU, assume uma interpretação ampliada do
fenômeno urbano ao assinalar que, até 2050, a população urbana do mundo irá praticamente dobrar, o que
a mantém como tendência transformadora neste início do século XXI. Enquanto o Objetivo 11, dentre os 17
elencados para o Desenvolvimento Sustentável, tem como enunciado “tornar as cidades e os
assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis até 2030”, o Habitat III
propõe uma nova agenda para orientar a “urbanização sustentável nos próximos 20 anos”. (IBGE, 2017)

Veja os 17 objetivos

60
Neste sentido a qualidade de vida na cidade é buscar atingir muitos dos 17 objetivos do
desenvolvimento sustentável.
A Tecnologia contribui muito para a qualidade de vida nas Cidades. A cidade digital é uma das
possibilidades.

Cidades Digitais
As cidades digitais emergem como uma alternativa de potencializar o território de modo
complementar à organização das “cidades reais”. A cidade digital é base para a construção de uma
cidade inteligente, isto é uma cidade que ao mesmo tempo é criativa e sustentável. A tecnologia é a base
para seu processo de planejamento com a participação dos cidadãos. São as cidades cujo conceito se
baseia nos aparatos físicos, cabeamento, por exemplo. Em outras palavras, seriam os aparatos de
infraestrutura, que se instalam numa cidade ou em parte da mesma. Estas cidades possibilitam uma série
de atividades com programas pré-definidos de forma semiautomática e são concebidas para satisfazer as
necessidades de seus habitantes, uma vez que toda a infraestrutura que as compõem está voltada a chegar
a todos os lares, negócios e locais de trabalho. Uma diferença substancial é quando se identifica uma
cidade inteligente, consideram-se os aspectos de infraestrutura resultante de uma série de combinações
tradicionais de provedores, redes equipamentos em seu espaço físico para que todos os moradores possam
desfrutar de certos serviços oferecidos de maneira remota.
As cidades digitais definem uma importância estratégica no ciberespaço. Além de concentrar um
grande número de serviços e atrativos para a sua frequência, criaram mecanismos para universalizar
os acessos aos serviços digitais em diferentes escalas, desde construção de telecentros, como os de várias
cidades, como também, nos programas que visem investir numa alfabetização e inclusão digital.
Considerando as desigualdades sociais e econômicas da cidade real, onde a maioria das pessoas
tem dificuldades de até acessar os espaços públicos, entende-se que a inclusão digital é uma meta, uma
realidade a ser alcançada e não é tarefa fácil, ainda porque, aquelas que já possuem um acesso a rede,

61
não necessariamente se beneficiam de uma banda larga e de conteúdos digitais em constante
desenvolvimento.
A Cidade Digital é um reflexo ou o próprio desenvolvimento social econômico e político da Cidade
Real.
Enfim, a cidade digital é aquela que está conectada e oferece serviços de qualidade proporcionando
ainda lazer e sociabilidade.
No Objeto 9 verificamos que as sociedades estão cada vez mais migrando para as cidades, que a
cidade é um direito de todos, que é na cidade que tem surgido os maiores problemas urbanos, que as
cidades também podem ser alternativas de qualidade de vida, que no Brasil há um déficit habitacional
significativo além das carências sociais.

62
Objeto 10 - ESTADO, SOCIEDADE E TRABALHO

Nesta unidade, serão apresentados o tema da Formação Geral Estado, Sociedade e Trabalho.

A expansão dos territórios e a formação do estado.


A ampliação do excedente e a formação da divisão social do trabalho promovem o aparecimento da
propriedade com suas formas de apropriação, segmentando os componentes de uma comunidade. A partir
desse processo espacial é possível pensar no aparecimento de lutas de classes. Com o surgimento e
intensificação de conflitos, surge a instituição do Estado que possui como base a função da cidade,
desenvolvendo estratégias sobre o território e acaba por se tornar encarregado de sufocar e abafar os
conflitos.
Dessa forma, as paisagens diferenciam-se ainda mais entre si e da arrumação ecológica natural. No
Ocidente europeu, a partir do século X, ocorre a expansão das trocas e o surgimento de uma economia de
mercado, ganha uma dimensão muito forte ao longo do tempo e acaba provocando um fenômeno
conhecido como “europeização” do mundo.
O desenvolvimento do excedente e da propriedade são os responsáveis pelo desenvolvimento da
relação mercantil. O excedente acaba ganhando um caráter de acumulação de capital que impõe à
sociedade, como um todo, uma mudança na natureza da relação mercantil. De um modo de apropriação
simples, o excedente passa a ter um caráter mercantil.
É com o Estado, intermediador do processo narrado, que surge o espaço moderno, onde todo o habitat
passa a ser organizado e arrumado com a finalidade de produzir excedente, com o intuito de acumulação
de capital.
Esse processo acaba virando regra e finalidade principal da produção. É nesse aspecto que o
Estado ganha um papel de destaque na organização espacial de finalidade mercantil. Ele ordena o espaço
sob o ponto de vista dessa nova finalidade. O Estado apoia-se para concretizar essa nova ordem espacial
na cidade e nos meios de circulação. Com o propósito de coordenar as ações por entre seu território, o
Estado busca desenvolver uma uniformização e uma padronização de pesos, medidas, línguas, etnias e
religiões, criando assim o território nacional.
A partir dessa forma de organização espacial sob o ponto de vista da economia de mercado, novas
regras como a expropriação e expulsão do camponês da terra dão uma dimensão mercantil do espaço.
Ocorre a separação entre produção e consumo e unifica os mercados locais num único mercado nacional.
O Estado
O Estado
Por definição o Estado refere-se governo de um povo em determinado território, sendo que este
governo pode ser democrático ou autocrático.
O Território
O território é a porção do espaço definido por e, a partir das relações de poder. Sendo
compreendido como Relações de poder o processo de apropriação por forças de domínio.
Não restam dúvidas que a delimitação do território é a delimitação das relações de poder, domínio e
apropriação nele instaladas.
O Estado Nacional

63
É comum conceber o território como o território nacional, que nos remete ao seu gestor - o Estado -
aos governos, ao sentimento de pátria etc. Desta forma o território nacional seria a base material, física de
um Estado que sobre ela exerce soberania, definida por suas fronteiras com outros Estados formados ao
longo do processo histórico específico de uma nação.
A Nação
A Nação, segundo Smith (1998, p. 3) Termo designativo de um conjunto de pessoas que possuem
língua e tradições comuns. Nesse caso, tem o mesmo sentido de povo. Todavia, o termo pode referir-se,
outrossim, a um grupo de pessoas (povo) vivendo em um território determinado, com hábitos, tradição,
governo e leis próprias, tendo, portanto, o mesmo sentido de país, ainda que não seja reconhecido pela
ordem mundial.
Observa-se que compreender conceito de Estado-Nação é muito importante para conhecer como
funciona um pais r todos os aspectos que devem ser levados em conta na análise. Como se fosse além da
análise da política ou do seu regime econômico, pois envolve aspectos geográficos, étnicos, culturais,
sociais.

Responsabilidade social: setor público, privado e terceiro setor

Faça uma reflexão sobre a figura a seguir e em depois responda o que é um problema social?. O
que as empresas tema ver com isso?

64
O Problema social, segundo a Fundação Semear (2019) é um estado de carência de acesso de
uma parcela da população a aspectos elementares de sua subsistência como alimentação e vestuário, e a
serviços sociais básicos como educação, saúde, saneamento, habitação, emprego, assistência e
previdência social, entre outros. Atualmente, além da irregularidade, precariedade e incerteza na obtenção
de recursos para a sobrevivência, refere-se à exclusão política e cultural e à insegurança quanto ao futuro
imediato.
Compreendido o significado de problema social, o que então, as empresas têm a ver com eles?
Toda essa situação de caos social, segundo a Fundação Semear (2019) vem fazendo com que a
sociedade passe a questionar cada vez mais o comportamento das empresas frente às áreas social e
ambiental e a exigir maior transparência, responsabilidade e contribuição das empresas, independente de
seu porte, no enfrentamento a essa realidade. Além disso, a sustentabilidade da comunidade se reflete
diretamente na sustentabilidade do próprio negócio das empresas. Negócio algum sobrevive em uma
sociedade que não pode consumir o que é produzido.

O que é responsabilidade social?


Segundo diferentes dicionários e sites, a responsabilidade social ocorre quando empresas, de
forma voluntária, adotam posturas, comportamentos e ações que promovam o bem-estar dos seus
públicos interno e externo.
É importante destacar que é uma prática voluntária em que nada pode ser compreendida pelas
ações obrigatórias, ou melhor dizendo, compulsórias imposta pela legislação vigente ou até mesmo quando
existir algum incentivo externo.
A responsabilidade social visa contribuir com o coletivo social seja ela relativa ao público interno
(funcionários, acionistas etc.) ou atores externos (comunidade, parceiros, meio ambiente etc.).
A responsabilidade social corporativa é conceituada por Mcwilliams & Siegel (2001), como ações
das empresas que promovem bem sociais que vão além dos interesses das empresas e o que as leis
prescrevem.
Desta forma, ações sociais realizadas pelas empresas que cumprem somente a lei, não são
consideradas de responsabilidade social, visto que as atividades sociais devem ultrapassar as exigências
legais.
As organizações possuem poder econômico e político, que influenciam na dinâmica social. A
realização das atividades rotineiras das empresas impacta o meio ambiente, bem como a sociedade, desta
forma, as organizações assumem compromissos com a sociedade, a fim de devolver parte dos recursos
humanos, naturais e financeiros que consumiram para o desenvolvimento do lucro (SCHROEDER;
SCHROEDER, 2004).
No ano de 2010, a International Organization for Standardization - ISO, entidade que coordena a
elaboração de normas técnicas Internacionais, publicou a ISO 26000 - Diretrizes sobre Responsabilidade
Social. O entendimento é que Responsabilidade Social aplica-se a todos os tipos de organizações:
privadas, públicas ou organizações sem fins lucrativos, de pequeno, médio ou grande porte.
Neste sentido, fica claro que nem só as empresas provadas devem responsabilidade social em prol
da sociedade e do meio ambiente.
A definição cunhada pela ISO 26000 foi também adotada na norma Brasileira ABNT NBR 16001,
que definiu a Responsabilidade Social de uma organização pelos impactos de suas decisões e atividades

65
na sociedade e no meio ambiente, por meio de um comportamento ético e transparente que: contribua para
o desenvolvimento sustentável, inclusive para a saúde e o bem-estar da sociedade; leve em consideração
as expectativas das partes interessadas; esteja em conformidade com a legislação aplicável; seja
consistente com as normas internacionais de comportamento e esteja integrada em toda a organização e
seja praticada em suas relações.

Veja a norma ISO


26000 , conhecendo as suas
funcionalidades, vantagens de Baixe um leitor de QR code em seu dispositivo e
diretrizes no site use o código para ver ( ou acesse:
https://www.normastecnicas.com/iso/iso-26000/ Disponível em 25 fev
2018.
Conheça a cartilha do
INMETRO sobre
Responsabilidade social no
endereço
Baixe um leitor de QR code em seu dispositivo e
use o código para ver ( ou acesse:
http://www.inmetro.gov.br/qualidade/responsabilidade_social/cartilha_comp
reendendo_a_responsabilidade_social.pdf Disponível em 25 fev 2018.
INMETRO

Baixe um leitor de QR code em seu dispositivo e


use o código para ver ( ou acesse:
http://www.inmetro.gov.br/qualidade/responsabilidade_social/cartilha_comp
reendendo_a_responsabilidade_social.pdf

Existem Institutos, revistas, organizações e várias entidades que procuram ranquear as empresas
que mais contribuem com responsabilidade social e nesse sentido procuram incentivar através de bons
exemplo a outras empresas. Uma entidade considerada pelo meio é a Corporate Knights com sua
publicação que seleciona empresas de todos os setores com base em 12 indicadores principais. São eles:
energia, emissões de carbono, consome de água, resíduos sólidos, capacidade de inovação, pagamentos
de impostos, a relação entre o salário médio do trabalhador e o do CEO, planos de previdência corporativos,
segurança do trabalho, percentual de mulheres na gestão e o chamado “bônus por desempenho”. Quem
liderou a lista em 2016 foi a BMW. A empresa, segundo a Revista exame (2016) marcou mais de 80 por
cento nos 12 principais indicadores, com performances nas áreas de energia, resíduos e redução no uso de
água, além de uma nota máxima em “bônus por desempenho”.

66
Duas companhias brasileiras, no ano de 2016 integraram a edição do The Global 100: a Natura
(61ª) e o Banco do Brasil (75ª).

Você pode
conhecer a lista completa
acessando o link

Baixe um leitor de QR code em seu dispositivo e use o código para ver


( ou acesse: https://exame.abril.com.br/negocios/as-100-empresas-mais-
sustentaveis-do-mundo-em-2016/ . Acesso em 25 fev 2018.

Depois de tudo que foi visto até aqui, fica mais claro compreender a importância de uma empresa
quando exerce a Responsabilidade Social. Concorda? Escreva a sua opinião? Você conhece alguma
empresa que retorna à sociedade parte de seus lucros com ações responsáveis?

Coutinho e Macedo (2002), explicam que a sociedade tem exigido das organizações prestação de
contas em relação aos investimentos realizados nos aspectos econômicos e sociais, visto que as empresas
têm consumido os recursos naturais, que são patrimônios da humanidade, utilizando-se também de
recursos humanos, físicos e tecnológicos, que são propriedades da sociedade. O objetivo destas exigências
é acompanhar a utilização eficaz e responsável dos recursos da sociedade.
Neste sentido Responsabilidade Social é uma exigência social e de mercado. Hoje, os
consumidores estão mais informados e mais críticos. Não aceitam mais adquirir produtos de empresas
poluidoras ou daquelas que exploram recursos naturais. É preciso que parte do lucro das empresas retorne
a sociedade através de ações . A responsabilidade Social também tem se tornado essencial em função aos
modelos que chegam junto às novas organizações e ainda pela ausência muitas vezes da atuação do
Estado em amenizar os problemas sociais.
100

80

O que60é responsabilidade social? Leste


Oeste
40
Norte
20 A responsabilidade social é responsabilidade só das empresas? O que você acha?
0 Não! A responsabilidade social diz respeito aos três setores da economia, que deverão articular
1° Trim 2° Trim 3° Trim 4° Trim
esforços para enfrentar esta realidade social e construir uma sociedade melhor. São eles:

1° Setor - Governo
2° Setor - Mercado
3° Setor - Sociedade Civil Organizada-ONGs.
No Primeiro Setor, que é o público, são utilizados recursos públicos para fins públicos.
No Segundo Setor, são utilizados recursos privados para fins privados e públicos.
No Terceiro Setor, são utilizados recursos privados e públicos para fins públicos.

67
O setor público, por definição, é a esfera da economia na qual o Estado é o principal protagonista e
que se opõe ao setor privado, onde a iniciativa empresarial é o motor da atividade econômica.
(QUECONCEITO, 2018)
Deve-se compreender que o setor público tem como representação o Estado que na teoria deveria
responder pelo bem estar social. No entanto, na prática, o Estado não consegue dar conta dessas
“obrigações”, principalmente nas comunidades mais carentes.
O Terceiro Setor é representado pelas organizações da sociedade civil - movimentos, organizações
e associações que buscam soluções aos problemas sociais (organizações sem fins lucrativos, não
governamentais, incluindo, logo, organizações empresariais com fins públicos como institutos e fundações,
associações recreativas, assistenciais, culturais, recreativas, científicas e educacionais, museus e
bibliotecas). É mantido pela complementariedade de recursos públicos e privados.
O que nos interessa destacar, após uma breve descrição sobre o tema é a necessidade das
organizações, públicas ou privadas ou terceiro setor, ficarem atentas aos problemas sociais e ambientais no
sentido de cumprirem as suas responsabilidades sócias.
Trata-se de um diferencial relevante para a imagem que as empresas querem ter perante o
mercado está ligado à forma como elas se relacionam com a comunidade à sua volta. Essa nova
consciência do contexto social e cultural no qual se inserem as empresas é a chamada responsabilidade
social.
É ficar atento da forma com que os empresários fazem a sua gestão e como isso pode afetar a
sociedade, ou seja, a maneira como a empresa busca o sucesso do seu negócio é crucial para maior ou
menor desenvolvimento da sociedade. As empresas responsáveis devem ser éticas no sentido de
desenvolver uma sociedade menos desigual, mais justa e com total acesso a produtos e serviços.
Sugerimos assistir a um Filme bem legal! O título é “Quanto Vale ou É por
Quilo?” um drama dirigido por Sérgio Bianchi. O filme faz uma analogia entre o
antigo comércio de escravos e a atual exploração da miséria pelo marketing social,
que formam uma solidariedade de fachada. O filme faz uma grande crítica às
ONGs e suas captações de recursos junto ao governo e empresas privada
(informação do diretor)
Baixe um leitor de QR code em seu dispositivo e use o código para ver ( ou
acesse: https://www.youtube.com/watch?v=ZHme5hHEY84

Um diferencial relevante para a Cinco reportagens especiais mostram como cidadãos


imagem que as empresas querem ter comuns, instituições e organizações não governamentais
perante o mercado está ligado à forma ganham cada vez mais espaço. É um trabalho que ocupa
como elas se relacionam com a parte das ações que seriam de responsabilidade do Poder
comunidade à sua volta. Essa nova Público e até da iniciativa privada...
consciência do contexto social e cultural no
qual se inserem as empresas é a chamada
responsabilidade social.

68
Baixe um leitor de QR code em seu Baixe um leitor de QR code em seu dispositivo e use o
dispositivo e use o código para ver ( ou código para ver ( ou acesse:
acesse: https://www.youtube.com/watch?v=4_wUSoxR-vU
https://www.youtube.com/watch?v=96s38E
DS43Q

Relações de trabalho

Trabalho
O dicionário Michaelis (2018) define trabalho com Conjunto de atividades produtivas ou intelectuais
exercidas pelo homem para gerar uma utilidade e alcançar determinado fim.
O trabalho é extremamente importante a vida das pessoas e da sociedade em que se vive. Ao
refletir sobre o indivíduo é uma realização pessoal e ainda uma maneira de interação social.
O trabalho é uma fonte que gera renda e riqueza não só para o indivíduo, mas também para a
sociedade.
O trabalho faz parte da conquista da dignidade humana.
Emprego
O emprego é uma relação jurídica que se estabelece a partir de uma prestação de serviços entre
uma pessoa a outra ou a sendo a alguma empresa, pessoa se caracteriza como pessoa física e a empresa
como pessoa jurídica. Uma pessoa física também pode prestar serviços a outra pessoa física. Toda essa
prestação de serviços é configurada por uma forma subordinada, prevista em contrato. Ter um emprego,
segundo a Enciclopédia Global (2018) não só constitui o principal recurso com que conta a maioria das
pessoas para suprir as suas necessidades materiais, como também lhes permite plena integração social.
Por isso, a maior parte dos países reconhece o direito ao trabalho como um dos direitos fundamentais dos
cidadãos.
No Brasil, da década de 1990, para cá, segundo IPEA (2006), os índices relativos ao trabalho
denunciam as consequências do descompasso entre a oferta de mão de obra e a oferta de ocupação. Hoje,
os principais problemas enfrentados pelo trabalhador são o desemprego, a informalidade e a queda da
renda média real. Neste sentido a informalidade aumentou.
Relações de trabalho
As relações de trabalho, como descrito anteriormente são os vínculos que se estabelecem no
âmbito do trabalho, mas nem sempre este vínculo é estabelecido por um contrato de trabalho.
Vamos citar algumas formas de trabalho para este tema.
Trabalho informal

69
É conhecido àqueles trabalhadores que não tem vínculo empregatício e este fato irá refletir na fata
dos direitos trabalhistas assim como os benefícios e as garantias de proteções sociais. Ocorre também
quando uma empresa exerce a ilegalidade de não registrar o trabalhador.
Trabalho Infantil

Na maioria dos casos o trabalho infantil ocorre pela carência familiar é o trabalho exercido por
crianças e adolescentes, que estejam abaixo da idade mínima legal permitida para o trabalho, e isso pode
variar de cada país. No Brasil, qualquer criança ou adolescente, que trabalhe com menos de 16 anos, é
considerado trabalho infantil, que é proibido por lei.
O trabalho infantil não é justo para criança que nessa fase de sua vida deve estudar e brincar.

70
Veja a série de vídeos da Rede Peteca

Baixe um leitor de QR code em seu dispositivo e use o código para


ver ( ou acesse: https://www.youtube.com/watch?list=PLRj-
sG9jrP2VgTBSzJwfh65ZB3meFfFdS&time_continue=76&v=gK8HuSaP648

Veja o mapa on-line iterativo sobre o trabalho infantil no Brasil. Você pode clicar no seu estado e
conhecer mais dados sobre ele.

http://www.chegadetrabalhoinfantil.org.br/mapa-do-trabalho-infantil/

Você tem ideia de quantas crianças trabalham no mundo?


De acordo com dados divulgados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e pela
Fundação Walk Free, em parceria com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), 152 milhões
de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos foram submetidas ao trabalho infantil em 2016.

71
A OIT Organização Internacional do Trabalho (OIT), na Convenção 18215 estabeleceu as piores
formas da exploração do trabalho infantil nos seguintes critérios e classificações:
1 – Todas as formas de escravidão ou pratica análoga à escravidão tais como a venda e tráfico de
crianças a servidão por dívidas e a condição de servo e o trabalho forçado ou obrigatório, inclusive o
recrutamento forçado e obrigatório de crianças para serem utilizadas em conflitos armados.
2 - Utilização, o recrutamento ou oferta de crianças para prostituição, a produção de pornografia ou
atuações pornográficas.
3 – A utilização, recrutamento ou a oferta de crianças para a realização de atividades ilícitas, em
particular a produção e o tráfico de entorpecentes, tais como definidos nos tratados internacionais
pertinentes.
4 - O trabalho que, por sua natureza ou pelas condições em que é realizada, é suscetível de
prejudicar a saúde, a segurança ou a moral das crianças
O Brasil foi signatário da convenção ratificando e adotando suas diretrizes a partir de 2008 por meio
do Decreto 6.48116. O decreto listou mais noventa atividades que trazem riscos – é a Lista TIP.
Concordamos com Vargas (2011) quando analisa que o trabalho da criança e do adolescente
resulta de fenômeno social multifacetado, que abrange características econômicas, familiares, culturais e
educacionais, tais como a pobreza, a luta pela sobrevivência, o capitalismo globalizado.
Para erradicar o trabalho infantil se faz necessário criar políticas públicas, visando à transformação
das relações de produção nas atividades econômicas que vêm mantendo uso intensivo da mão-de-obra
infantil.
Trabalho escravo

Segundo a OIT (2018), o trabalho análogo à escravidão é “todo trabalho ou serviço exigido de uma
pessoa sob ameaça de sanção e para o qual ela não tiver se oferecido espontaneamente. Além de estar
relacionado a baixos salários e más condições de trabalho, inclui uma situação de cerceamento da
liberdade dos trabalhadores”.
Pode-se ser também compreendido como o trabalho explorado pelo empregador, a contratação se
realiza de forma ilegal.
A escravidão, na verdade foi extinta em todos os países, em tese. Porém, na África, ainda
encontram-se lugares onde crianças e mulheres são submetidas ao trabalho escravo.

15 Você pode conhecer a convenção na íntegra no endereço http://pfdc.pgr.mpf.mp.br/pfdc/atuacao-e-conteudos-de-apoio/legislacao/crianca-e-


adolescente/convencao_OIT_182_proibicao_trabalho_infantil.pdf . Acesso em 28 fev. 2018.
16 Você pode conhecer o decreto 6481 no endereço http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/decreto/d6481.htm Acesso em 28

fev. 2018.

72
O Índice Global da Escravidão realizado pela Walk Free Foundation (2016), concluiu que quase 46
milhões vivem regime de escravidão no mundo. Este fato significa que milhões de pessoas em todo o
mundo estão sujeitas a alguma forma de escravidão moderna. O Brasil possui 161 mil escravos,
aparecendo na 151ª posição em ranking com 167 países.
O relatório revela os cinco países com maiores percentuais de escravo (ver a tabela a seguir) e
define o que é escravidão moderna. Para eles a escravidão moderna ocorre quando uma pessoa controla a
outra, de tal forma que retire dela sua liberdade individual, com a intenção de explorá-la. Entre as formas de
escravidão estão o tráfico de pessoas, o trabalho infantil, a exploração sexual, o recrutamento de
pessoas para conflitos armados e o trabalho forçado em condições degradantes, com extensas
jornadas, sob coerção, violência, ameaça ou dívida fraudulenta.
Os cinco países com o maior percentual de
‘escravos’

País Número % da
de Pessoas População

Coréia do 1,1 milhão 4,4


Norte

Uzbequistã 1,2 milhão 4,0


o

Camboja 256,8 mil 1,6

Índia 18,4 1,4


milhões

Catar 30,3 mil 1,4


Fonte: Global Slavery Index 2016 (2016)

Você pode acompanhar os dados sobre


trabalho escravo no Brasil acessando o observatório
Smartlab17 criado para este fim.

Baixe um leitor de QR code em seu


dispositivo e use o código para ver ( ou acesse:
https://observatorioescravo.mpt.mp.br/

17O SMARTLAB de Trabalho Decente é um laboratório multidisciplinar de gestão do conhecimento instituído


por meio de um acordo de cooperação técnica internacional entre o Ministério Público do Trabalho (MPT) e
a Organização Internacional do Trabalho (OIT) com foco na promoção do trabalho decente no Brasil.

73
A OIT explica que a mulheres são as maiores vítimas representam 99% na execução de trabalho
forçado na indústria comercial do sexo e 84% dos casamentos são forçados.
Trabalho a distância ou teletrabalho

É a mais nova modalidade de trabalho oriunda da Revolução Tecnológica. O trabalhador ocupa


espaço diferente da unidade empregadora e através de fluxos informacionais e comunicacionais realiza
trabalho. O desenvolvimento da Internet propiciou essa oportunidade. Neste sentido, o trabalhador tem
várias vantagens, entre elas a vantagem de não ter que percorrer a cidade em horários de rush, cuja malha
viária é um complicador.
No mundo, esse tipo de trabalho é uma tendência e visa flexibilizar as relações trabalhistas.
No Brasil, a Lei nº 13.467 de 13 de julho de 2017O art. 75-B a CLT passa a considerar como
teletrabalho como “a prestação de serviços preponderantemente fora das dependências do empregador,
com a utilização de tecnologias de informação e de comunicação que, por sua natureza, não se constituam
como trabalho externo”.
Para finalizar, sugerimos você assistir os seguintes vídeos.

Relações de trabalho História do emprego e


relações de trabalho no mundo

Baixe um leitor de QR code Baixe um leitor de QR


em seu dispositivo e use o código code em seu dispositivo e use o
para ver ( ou acesse: código para ver ( ou acesse:
https://www.youtube.com/watch?v= https://www.youtube.com/watch?v
GeKs6rjffA0 =mT1c6KpHlG4

Objeto 11 – GLOBALIZAÇÃO E A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

Nesta unidade, iremos apresentar o tema Globalização e Sociedade contemporânea

Objetivos da unidade:

74
O objetivo desta unidade é conhecer os temas Globalização e a Sociedade
Globalização
Muito se tem ouvido falar da Globalização e muitos são os questionamentos sobre ela, desde o que de
fato ela significa, como também refletir sobre as suas implicações no lugar, quem são os beneficiados
diretos dos processos globalizantes, quem está excluído deste processo, entre outros inúmeros
questionamentos.

Vamos refletir?
Você poderia pesquisar uma definição sobre Globalização?
O que ela significa no seu cotidiano?
Responda e envie para o seu professor tutor.

Veja se o que você escreveu é semelhante à definição que encontramos, no Dicionário Giovannetti e
Lacerda (1996) isto é:
A globalização é um “processo acentuado nas últimas décadas do século pela aceleração e
padronização dos meios técnicos, a instantaneidade da informação e da comunicação e a mundialização da
economia, e que promove a reorganização e reestruturação dos espaços nacionais e regionais, em escala
mundial, a partir do controle e regulamentação dos centros hegemônicos.”
Algumas categorias descritas no texto são importantes para compreensão do processo de globalização e
a influência no espaço do lugar.
Veja:
a – Aceleração
A palavra aceleração vem do latim acceleratione que significa o ato de acelerar; aumento da velocidade.
No sentido figurado identifica a pronta execução, rapidez.
David Harvey18 define a aceleração, como ‘compressão tempo-espaço’, isto porque a velocidade dos
acontecimentos pode aniquilar o espaço pelo tempo e por sua vez, este fato, interessa ao capital visto que a
aceleração provoca uma competição no processo de Globalização.
Vamos exemplificar: Leia a Reportagem abaixo intitulada: “Diagnóstico participativo movimenta
comunidade” referente à Comunidade do Lodo (município de Barra do Pojuca, BA feita pelo Instituto de
Permacultura da Bahia.
Procure observar no texto:
 As condições técnicas do lugar.
 Qual seria o impacto no cotidiano da comunidade de mulheres, se chegasse as suas casas, a rede
de abastecimento de água, a estrada fosse pavimentada?
 A técnica empregada no espaço iria acelerar ou intensificar o tempo?

1 A condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. David HARVEY, SP, Ed. Loyola, 2003, 12ª ed.

75
Diagnóstico participativo movimenta comunidade (14/1/2005)
http://www.permacultura-bahia.org.br/noticias.asp?cod=27
As ações iniciadas pelo Instituto de Permacultura da Bahia na
Comunidade do Lodo (município de Barra do Pojuca, BA) estão gerando
os primeiros resultados. Desde setembro de 2004, foram realizadas
várias oficinas com os representantes de cada uma das 22 famílias
dessa comunidade. Cada morador fez o mapa de sua propriedade, com
o auxílio de alguns deles, que foram capacitados para fazer o desenho,
as legendas etc.
Animados com a perspectiva de poderem encontrar soluções para os
problemas mais graves da comunidade, os moradores já elegeram uma
nova diretoria para a Associação Comunitária, formada por pessoas
mais jovens, com pique para trabalhar em prol do bem comum (mas não
ordinário!). A vice-presidente, Débora, é uma jovem professora que está
bastante engajada em todo o processo, que está sendo chamado de
DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO.
Em uma oficina realizada com as mulheres, elas contaram os
problemas que têm na comunidade: a falta de água encanada (lata
d`água na cabeça, subindo ladeira todo dia - uma tarefa difícil e quase
que exclusivamente realizada pelas mulheres); uma estrada em
condições precárias (deixando crianças e jovens sem poderem
freqüentar a escola durante até 15 dias, no período de chuvas);
atendimento médico deficiente; e apenas um telefone público na
comunidade.
Durante a oficina, elas listaram todas as tarefas que precisam fazer
diariamente, quais delas elas fazem sozinhas e em quais recebem ajuda
de marido, filhos homens e filhas mulheres. Resultado: as mulheres
(incluindo as meninas) trabalham muito mais, pois além de fazer todas
as tarefas domésticas também vão pra roça, onde dividem igualmente
os trabalhos com os homens.

Vamos Pensar? Qual seria o impacto no tempo e no cotidiano para essas mulheres se a água chegasse
as suas casas?
Concluímos então que a técnica empregada no espaço acelera o tempo no sentido de potência.
Técnica - Conjunto de procedimentos metódicos empregados para obter um determinado resultado;

Potência. - Na Física, potência é a grandeza que determina a quantidade de energia concedida por
uma fonte a cada unidade de tempo. Em outros termos, potência é a rapidez com a qual uma certa
quantidade de energia é transformada ou é a rapidez com que o trabalho é realizado.

76
Pense você em outro exemplo?
Uma dica! Como seria o seu tempo se este curso fosse oferecido única e exclusivamente de forma
presencial? Explique qual seria o trajeto a percorrer e o tempo destinado para este fim.

O geógrafo Milton Santos (1993) explica que:


A aceleração contemporânea impôs novos ritmos ao deslocamento dos corpos e ao transporte das
ideias, mas também, acrescentou novos itens a história.
 Evolução das potências e dos rendimentos,
 O uso de novos materiais,
 Novas formas de energia,
 O domínio mais completo do espectro eletromagnético,
 A expansão urbana e a explosão do consumo.

Em relação ao processo de Globalização, o progresso dos lugares, segundo a ordem mundial, ocorre de
forma desigual de um lugar a outro.
Os lugares são preparados para absorverem uma infraestrutura técnica, aceleram o tempo e no contexto
mundial são mais competitivos no mercado global.
b – Padronização

É o ato de Organizar ou estabelecer padrões; submeter a um só padrão, modelo.


“A Padronização provoca um Globaritarismo, termo explicado por Milton Santos (2000) como o
totalitarismo que as nações hegemônicas impõem nas periféricas, seja no âmbito econômico, social ou
cultural. E isso ocorre principalmente através da “tirania da informação” e da tirania do dinheiro.

77
O Globaritarismo atual exige um comportamento “Standard” seguindo modelos e bulas. Todo escape
ao processo de padronização é punido na primeira esquina comprometendo o exercício de cidadania pela
carência de liberdade. (Santos, 2000)
A padronização provoca um rankeamento dos lugares e atribuídos a eles o status de ser mais ou
menos atrativo a investimentos públicos e internacionais.
Uma questão dever ser analisada.
A partir da padronização, um relógio mundial, fruto do progresso técnico dos países hegemônicos, passa
a ser referência global.
A competitividade entre os lugares é estabelecida como se o lugar passasse a ser um espaço para ali
ser globalizado ou não. As implicações de ordem são inúmeras, desde a ampliação as oportunidades
advindas da Globalização como o extremos da formação de Aglomerados de exclusão19.
C - A instantaneidade da informação e da comunicação
Até que ponto a instantaneidade da informação e da comunicação poderá influenciar no cotidiano DAS
PESSOAS?
Virilio (1999) analisa a Instantaneidade da informação como a perda do lugar/cidade/nação em favor da
globalidade, implica a perda do exercício do direito, da democracia.
Os lugares sem a infraestrutura básica ao acesso da informação acabam privando, através da
exclusão digital, direitos políticos e privilégios. Não é por acaso que as Metas do Milênio proposto pela ONU
determinam entre outras metas, estar em cooperação com o setor privado, para tornar acessíveis os
benefícios das novas tecnologias, em especial das tecnologias de informação e de comunicações.
No Livro de BAUMAN (1999), ele aponta um lado extremo da exclusão informacional. Ele alerta que o
novo padrão tecnológico imposto pelo capitalismo gerou uma massa de despossuídos sem o menor acesso
às redes informacionais. Essa massa de miseráveis, que frequentam as linhas “abaixo da pobreza” das
estatísticas, formam verdadeiros amontoados humanos, disformes para o grande público consumidor.
Grande público que vai dos incluídos digitais aos cidadãos do “jet set” (todos turistas).

Por outro lado, também se verifica a possibilidade de melhorar a capacidade produtiva, a criatividade
cultural e potencial de comunicação. Como o caso de KEVIN BARBIEUX20. Observe o texto abaixo.
A voz dos sem-teto
Kevin Barbieux acorda às 4h45, arruma a cama, veste-se e caminha até um Burger King no centro de
Nashville, no Estado americano do Tennessee. Come ovos com bacon e toma uma Coca Light no café da
manhã. Lê um pouco – adora o mestre da psicanálise Carl Jung –, conversa com os colegas, dá uma

2
Grupos marginais no sentido da exclusão social de fato, grande massa de desvalidos da globalização, especialmente em países em grave crise econômica na
América Latina.

20MAGESTE Paula Entrevista revista época A voz dos sem-teto. Endereço eletrônico http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT435407-1666,00.html .
Último acesso 03/07/19

78
passada em um café, bate mais um papo e olha os jornais do dia. Então vai para a biblioteca pública, e lá
fica até a hora em que fecha, dividido entre livros e um computador ligado à internet. Todos os dias ele
atualiza seu blog, um diário que pode ser lido por qualquer cidadão que navegue na rede:
www.thehomelessguy.blospot.com. Seria uma rotina banal, não fosse Barbieux, de 41 anos, um sem-teto.
Obviamente, a inclusão digital de Kevin Barbieux não modificou a sua condição de sem-teto, porém
permitiu o acesso à informação, condição básica para hoje ter acesso ao mercado de trabalho.
Outra questão relevante é o controle global da informação que se estabelece como uma ameaça à
democracia.21

Atividade Complementar
E você, o que pensa a respeito da exclusão digital?
A localidade sem acesso à instantaneidade da informação e da
comunicação está fadada à exclusão do mercado Global?

Embora a discussão não se esgote, podemos também afirmar que a informação é instrumento das
grandes finanças e é manejado por grupos inteligentes que determinam o consumo, o mercado de trabalho
e portando a educação.
d – A mundialização da economia
A mundialização é quase um sinônimo de globalização.
Os americanos falam em globalização. Os franceses preferem mundialização.
A mundialização da Economia, segundo Bertrand (1992) tem um caráter diferente da Globalização, pois
não são apenas de quantidade, ligadas à ocupação de novos espaços pelo efeito da globalização, mas
também de alterações qualitativas ao nível da estrutura, das regras de funcionamento e dos suportes
normativos. Se as relações internacionais, características da sociedade industrial, foram relações de
dependência ou de interdependência, hoje, as tendências vão ao sentido da integração da economia
mundial, fato que se apresenta como um processo "irreversível" (BERTRAND, 1992)
Segundo Chesnais (1996) o termo latino mundialização, ao contrário do viés ideológico contido no
termo globalização, melhor se aplica para explicar os mecanismos de estruturação e valorização do capital
produtivo e financeiro a nível internacional.
Seja qual for o viés de interpretação de mundialização, é consenso que as práticas sociais, as políticas
públicas, o lugar e o Estado, ao buscar se inserir no mercado internacional contribui para um quadro, de
desemprego estrutural e crônico, aumento da pobreza nos países periféricos.

79
Nos países mais desenvolvidos há uma tendência de concentração de atividades ligadas à tecnologia, à
engenharia de produtos e à comercialização. Já nos países com menores índices de desenvolvimento,
verifica-se uma concentração de atividades de produção, onde há menos custos com a mão de obra, com o
solo e com taxas.
Por uma outra globalização.
Milton Santos (2000) ainda apresenta a Globalização sob uma perspectiva positiva do processo de
Globalização. “Apesar de toda essa “perversidade sistêmica prevalecendo hoje em dia, há uma boa
possibilidade de começar uma mudança estrutural da globalização atual. ”
A mudança deve acontecer “de baixo para cima”, a partir dos países subdesenvolvidos, pois apenas
esses têm condições de tirar a hegemonia da tríade (Estados Unidos, Europa e Japão) dominante.
A partir da ideia de que o processo de globalização poderá promover mudanças qualitativas e que estas
mudanças virão num movimento “de baixo para cima”.
Depois de compreendermos as categorias que reforçam o processo de globalização peço que você
releia o conceito inicial que definimos para Globalização.

Importante!
A globalização é um "processo acentuado nas últimas
décadas do século pela aceleração e padronização dos meios
técnicos, a instantaneidade da informação e da comunicação e a
mundialização da economia, e que promove a reorganização e
reestruturação dos espaços nacionais e regionais, em escala mundial, a
partir do controle e regulamentação dos centros hegemônicos.

De todo modo, é possível concordar com muitos autores que descrevem a globalização como
representante da expansão do sistema capitalista e da cultura ocidental por todo o planeta, por todo o
globo, a nível mundial.

Os Processos de Fragmentação a Partir da Ideia de Globalização

Assim como a globalização não é um conceito singular porque se revela de formas diferenciadas, a
fragmentação também deve ser observada a partir de suas múltiplas inserções. A fragmentação pode estar
relacionada ao processo de globalização como a sua contestação.
Se por um lado a globalização é vista como a possibilidade de homogeneização, uniformizando as
diferenças, a fragmentação é vista como o processo oposto. Relaciona-se o processo de fragmentação com
o fato de encontrar-se envolto a uma dinâmica de segmentação global e local, produzindo diferenças no
interior de uma cultura.
Podemos distinguir dois tipos de fragmentação: fragmentação inclusiva ou integradora e a fragmentação
excludente ou desintegradora.
Fragmentação Inclusiva ou Integradora
A fragmentação inclusiva ou integradora estaria relacionada ao processo de globalização, constituindo-
se em uma forma de concretizá-la. Podemos pensar nesse processo de fragmentação como a ideia clássica
de dividir para melhor governar, ou seja, fragmentar para governar melhor. Destacamos como exemplos as

21 Por exemplo, censura na rede, ameaças terroristas, sites como Facebook e outros

80
dinâmicas das subcontratações e terceirizações, trabalho temporário, as firmas que se distribuem pelo
mundo e a renovação constante de produtos.
Essa flexibilidade dos circuitos produtivos ocorre em todas as suas dimensões: competitividade,
desarticulação dos movimentos trabalhistas, criação de novos métodos de produção, novas tecnologias e
aceleração dos ciclos produtivos.
Fragmentação Excludente ou Desintegradora
Esse tipo de globalização constitui-se como um produto da globalização, mas que acaba se contrapondo
a ela. Podemos citar exemplos como os projetos alternativos de globalização de algumas ONGs,
promovendo a ideia da não globalização. Por sua vez, esse processo de fragmentação pode ser subdividido
em duas vertentes: uma que se contrapõe aos processos de globalização econômica ligados ao padrão
tecnológico poupador de mão de obra do desemprego generalizado. A segunda vertente seria a que
desenvolve reações ou resistências aos processos de globalização na perspectiva ideológica e cultural.
Como exemplo dessa segunda vertente, destacamos os movimentos fundamentalistas islâmicos e os
neonacionalismos.
Vamos refletir

Como não conhecemos o mundo todo, ele é o que apresentam para nós.

81
Objeto 12- POLÍTICA INTERNACIONAL E MIGRAÇÃO

Política Internacional
A política internacional tem como objetivo acontecimentos e processos políticos que ocorrem além das
fronteiras dos Estados nacionais e deve-se levar em conta a ordem mundial estabelecida e a correlação de
forças entre países e potências que através de um esforço diplomático, procura impactar o mínimo possível
à paz mundial, as relações comerciais, culturais e políticas.

A política internacional tem procurado a busca da afirmação do poder e a ética.


Quem primeiro pensou na definição de Política Internacional foi Raymond Aron que procurou com
esse termo expressar a realidade existente no mundo em termos de seus acontecimentos e processos
políticos que perpassam e ultrapassam as fronteiras dos Estados nacionais.
Alguns temas são relevantes para serem debatidos internacionalmente tais como: segurança, meio
ambiente, crise dos refugiados economia e relações diplomáticas. Em termos da teoria das relações
internacionais, a política internacional também se foca nos conflitos de guerras entre os países e no
desenvolvimento de bons relacionamentos entre as nações.
A soberania dos países, pela ordem mundial é uma das matérias mais importantes na discussão da
política internacional.
O conceito de ordem mundial refere-se ao equilíbrio internacional de poder, envolvendo as grandes
potências, com suas áreas de influência, e disputas comerciais, econômicas, políticas, diplomáticas e
culturais entre os Estados ou países.
Quantos países tem no mundo?
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), existem 193 países. Mas há algumas
ausências nessa lista. As duas mais famosas são Taiwan, cuja independência não é reconhecida pela
China, e o Vaticano, que, apesar de ficar de fora do cadastro da ONU, é “observador permanente” da
entidade, status que dá direito a voto nas conferências. A Palestina também é um Estado observador. Além
disso, a ONU não contabiliza possessões e territórios. A Groenlândia, por exemplo, fica de fora porque é
território da Dinamarca. Sudão do Sul e Montenegro são os mais novos países independentes.
(MOTOMURA, 2019).

Sugestão de vídeo!

Globalização Milton Santos -


O mundo global visto do lado de cá.
Baixe um leitor de QR code em seu dispositivo, use
o código ao lado e assista ao vídeo on-line ( ou
acesse: https://youtu.be/-UUB5DW_mnM ).

Atividade!
Depois de assistir o documentário, responda:
1 - Hoje é possível verificar três mundos? Explique.
2 - Qual o impacto do consenso de Washington para o fortalecimento dos movimentos sociais?

82
3 - Como é feita a produção da informação pelas agências de notícias? Explique com suas palavras
utilizando um exemplo apresentado no filme.
4 - Explique a técnica como plataforma de liberdade.
5 – A partir da apropriação de uma cultura de massa, como a periferia pode reverter à ordem local,
regional e mundial?
6 – Quais os impactos positivos da tecnologia nas tribos indígenas?
7 - Quais os movimentos sociais identificados no filme?
8 -O que é democracia sobre o olhar de Saramago?
9 -Quanto à afirmação de Milton Santos de que hoje já se pode conviver com um futuro possível, qual a
sua opinião?
10 - Quais as ideias que lhe ocorreram a partir do filme?
Processos migratórios.
Os processos migratórios significam a mudança de um grupo ou população de um lugar ao outro e nos
remete a três categorias de análise importantes. A saber: Migração, Emigração e imigração.
Migração: è qualquer tipo de movimentação no território.
Emigração: é quando o indivíduo, ou grupo ou a população sai de sua origem.
Imigração: já se pode considerar o contrário da emigração, pois ocorre quando o indivíduo, ou grupo ou
a população chega a um lugar.

Vamos refletir
Pense um pouco? Por que as pessoas migram?

Acertou se você respondeu que os migrantes saem dos seus lugares de origem porque estão buscando
dias melhores e muitas vezes lutando para sua sobrevivência, seja pela busca de recursos naturais
importantes como a água, seja para fugir de um desastre ambiental ou fugir de conflitos étnicos ou fugir de
perseguição política ou busca de oportunidades, como um emprego, entre outros.
Um dos maiores problemas dos processos migratórios diz respeito à ordem mundial que divide o
planeta em territórios dominados pelas nações e neste sentido não é simplesmente sair de um lugar
ao outro e sim enfrentar os impedimentos de buscar um lugar mais seguro e mais apropriado para
viver. Poucos são os aceitos como asilado políticos que acabam ficando na ilegalidade do País.
Agrava-se o fato de que muitos vêm fugidos e passam por traumas pelo perigo que estão correndo ao
enfrentar situações muito adversas, como o caso dos naufrágios no mar mediterrâneo. A ONU (2016),
através do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais divulgou que o número dos migrantes
internacionais alcançou a marca de 244 milhões em 2018. Dentro desta cifra, 60 milhões são refugiados.

83
Veja o mapa interativo na página http://metrocosm.com/global-immigration-map/ (2016)
O número de pessoas fugindo de guerras, perseguições e conflitos superou a marca de 70 milhões em
2018. Este é o maior nível de deslocamento forçado registrado pela Agência da ONU para Refugiados
(ACNUR).
E quem são os refugiados?
De acordo Convenção relativa ao estatuto dos refugiados de 1967, no seu artigo 1° o refugiado é toda a
pessoa que, em razão de fundados temores de perseguição devido à sua raça, religião, nacionalidade,
associação a determinado grupo social ou opinião política, encontra-se fora de seu país de origem e que,
por causa dos ditos temores, não pode ou não quer fazer uso da proteção desse país ou, não tendo uma
nacionalidade e estando fora do país em que residia como resultado daqueles eventos, não pode ou, em
razão daqueles temores, não quer regressar ao mesmo. (ACNUR, 1967).
Veja os gráficos a seguir da ACNUR https://www.acnur.org/portugues/dados-sobre-refugio/ (2019)22

Xenofobia
Você já ouviu falar de xenofobia? Vamos tentar responder?

22O ACNUR contabiliza e monitora o número de refugiados, deslocados internos, retornados, solicitantes de
refúgio e pessoas apátridas. O relatório Tendências Globais é publicado anualmente para analisar as

84
Segundo o dicionário português (2017) xenofobia é a Aversão a estrangeiros; repugnância a pessoas
e/ou coisas provenientes de países estrangeiros: refugiados sofriam xenofobia em alguns países.
Hostilidade; receio, medo ou rejeição direcionados a quem não faz parte do local onde se vive ou habita.
Depois que as guerras cíveis, os conflitos religiosos, o terrorismo e outros se acirraram ainda mais nesta
última década, levando um acentuado movimento migratório, principalmente para Europa, a intolerância da
xenofobia vem tomando conta de muitos países porque na xenofobia, o outro é visto como uma ameaça. A
intolerância que está presente para os grupos estrangeiros vem sempre motivada pelas diferenças culturais
e sociais, com inúmeros casos de intolerância social, racial e religiosa.
Um caso bem comentado nos noticiários foi a de uma jornalista Húngara que deu uma rasteira em um
dos refugiados e chutou outro num momento de corrida que forçou o rompimento de um cordão de
isolamento próximo a fronteira da Sérvia. A jornalista foi condenada.

Sugestão de vídeo!

Assista o vídeo Refugiados na Europa nº.61


UNIVERSO Dez.2016 | Jan.2017, onde Especialistas
falam da crise imigratória mundial, explicam as razões
e as consequências dessas imigrações e como ocorre
o acolhimento desses refugiados da Revista Pré-
Univesp.
Baixe um leitor de QR code em seu dispositivo e use o
código para assistir ao vídeo on-line ( ou acesse:
https://youtu.be/Wfubt4hgQ9o ).

Este tema Processos migratórios é extremamente importante e atual, porque interfere nos espaços
geográficos de todas as formas. É lamentável assistir os noticiários sobre os refugiados e identificar tantos
problemas sociais.

Como pode observar, são muitos temas que envolve a Política Internacional e devemos
acompanha-los através dos noticiários.
Uma sugestão final de leitura
2019: guia político mundial para um ano de luta entre potências e de classes

Baixe um leitor de QR code em seu dispositivo e use o código para assistir ao vídeo on-line ( ou
acesse: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/12/31/internacional/1546253035_393889.html

mudanças nas populações de interesse do ACNUR e ajudar as organizações e os Estados a planejarem


suas respostas humanitárias.

85
Objeto 13 - POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL -SOCIEDADE DE
CONSUMO

Políticas públicas de Questões ambientais

Antes de iniciarmos gostaria de pergunta-lo o que você entende por política pública? Quando e por que ela
se estabelece?

Para respondermos essas perguntas buscamos Peter (1996) que define política pública como a soma
das atividades dos governos, que agem diretamente ou através de delegação, e que influenciam a vida dos
cidadãos. Por mais que desejamos uma Educação melhor, uma mobilidade urbana melhor, mais saúde,
mais segurança, melhorar o meio ambiente e assegurar a defesa, nada será alcançado sem a ajuda de uma
política pública. Neste sentido, é preciso compreender que a vida em sociedade é um tanto complexa,
existe uma acirrada desigualdade social e que muitos conflitos são identificados. Não é comum se ter a
mesma opinião, os mesmos interesses e valores.
A política, de acordo com Rua (2009), compreende um conjunto de procedimentos destinados à
resolução pacifica de conflitos em torno da alocação de bens e recursos públicos. Quem são os envolvidos
nestes conflitos? São os chamados "atores políticos". Os atores políticos são diversos e possuem
características distintas.
Rua (2009) explica que a decisão de se fazer uma política pública não garante o seu resultado positivo.
A rigor, uma decisão em política pública representa apenas um amontoado de intenções sobre a solução
de um problema, expressas na forma de determinações legais: decretos, resoluções, etc. Nada disso
garante que a decisão se transforme em ação e que a demanda que deu origem ao processo seja
efetivamente atendida. Ou seja, não existe um vínculo ou relação direta entre o fato de uma decisão ter sido
tomada e a sua implementação. E também não existe relação ou vínculo direto entre o conteúdo da decisão
e o resultado da implementação. (RUA, 2009)
Nas eleições, os políticos prometem, em suas campanhas, uma série de medidas que servirão de
políticas públicas no sentido de atender os anseios da população. Espera-se que ao assumirem seus
cargos que assumam tais promessas. O comportamento politicamente correto exige que as promessas de
campanha sobre políticas públicas sejam cumpridas, ou pelo menos iniciadas, quando se trata de projetos
de longo prazo.

Questões ambientais.
Assista o vídeo História das coisas.
História das coisas23

23
Veja a sinopse: Da extração e produção até a venda, consumo e descarte, todos os produtos em nossa
vida afetam comunidades em diversos países, a maior parte delas longe de nossos olhos. História das
Coisas é um documentário de 20 minutos, direto, passo a passo, baseado nos subterrâneos de nossos
padrões de consumo. História das Coisas revela as conexões entre diversos problemas ambientais e
sociais, e é um alerta pela urgência em criarmos um mundo mais sustentável e justo.História das Coisas

86
Baixe um leitor de QR code em seu
dispositivo e use o código para assistir ao vídeo
on-line ( ou acesse:
https://www.youtube.com/watch?v=7qFiGMSnNjw

Percebeu o quanto a nossa vontade de consumir prejudica o meio ambiente?


O Brasil e o mundo, ao buscar se estruturar economicamente e industrialmente, provocou
sérios danos ao meio ambiente conforme observado anteriormente no vídeo História das coisas. A
ação antrópica, que é a ação do homem no meio ambiente, provocando interferência de solo,
erosão, paisagem, vegetação etc. se agravou desde a Revolução Industrial. Hoje as nações são
signatárias em diferentes acordos mundial para combater o efeito estufa e o aquecimento global,
combater a diminuição da camada de ozônio com a emissão excessiva de substâncias químicas
sintetizadas pelo homem para diversas aplicações. Substâncias24 essas utilizadas na refrigeração
doméstica, comercial, industrial e automotiva, na produção de espumas, na agricultura, em
laboratórios e também como matéria-prima de vários processos industriais, combater emissão em
grande parcela do CO2, combater a desertificação, o desmatamento, a extinção de espécies, o
derretimento das calotas polares, a contaminação de fontes d’água, chuvas ácidas, diminuição
dos recursos naturais, caça e pesca predatórias, entre outros
Neste sentido, o Brasil possui várias políticas públicas para proteger o meio ambiente. O
grande ponto de partida é Lei nº 6.938/1981 que instaura a Política Nacional do Meio Ambiente
- PNMA que tem como objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental
propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos
interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana.25
Foi a partir da PNMA, que se instituiu o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA)
que é a estrutura adotada para a gestão ambiental no Brasil, e é formado pelos órgãos e
entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios responsáveis pela
proteção, melhoria e recuperação da qualidade ambiental no Brasil (Decreto 99274/1990) ;

nos ensina muita coisa, nos faz rir, e pode mudar para sempre a forma como vemos os produtos que
consumimos em nossas vidas. (https://filmow.com, 2019)

24
O Protocolo de Montreal dividiu estas substâncias químicas em sete famílias: clorofluorcarbonos (CFCs),
hidroclorofluorcarbonos (HCFCs), halons, brometo de metila, tetracloreto de carbono (CTC), metilclorofórmio
e hidrobromofluorcarbonos (HBFCs).

25 Conheça a Política Nacional do meio Ambiente na íntegra e os seus princípios no endereço


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6938.htm. Acesso em 02/06/2019

87
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) que é o órgão consultivo e deliberativo do
Sistema Nacional do Meio Ambiente-SISNAMA ( Decreto 99.274/90); posteriormente a criação do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), entre
outros propostos para realizar uma gestão integrada dos recursos naturais.
Outras leis importantes que ajudam o meio ambiente.
Lei dos Crimes Ambientais, Objetivo de Reordenar a legislação ambiental quanto às infrações e
9.605/1998 punições. Concede à sociedade, aos órgãos ambientais e ao
Ministério Público mecanismo para punir os infratores do meio
ambiente. Destaca-se, por exemplo, a possibilidade de penalização
das pessoas jurídicas no caso de ocorrência de crimes ambientais.
Lei da Política Nacional de Estabelece diretrizes à gestão integrada e ao gerenciamento
Resíduos Sólidos (PNRS) ambiental adequado dos resíduos sólidos. Propõe regras para o
12.305/2010 cumprimento de seus objetivos em amplitude nacional e interpreta a
responsabilidade como compartilhada entre governo, empresas e
sociedade. Na prática, define que todo resíduo deverá ser processado
apropriadamente antes da destinação final e que o infrator está sujeito
a penas passivas, inclusive, de prisão.
Lei da Política Nacional de que aborda o conjunto de serviços de abastecimento público de
Saneamento Básico água potável; coleta, tratamento e disposição final adequada dos
(11.445/2007 esgotos sanitários; drenagem e manejo das águas pluviais urbanas,
além da limpeza urbana e o manejo dos resíduos sólidos.
Lei 9.985/2000 que Institui o Entre seus objetivos estão a conservação de variedades de espécies
Sistema Nacional de biológicas e dos recursos genéticos, a preservação e restauração da
Unidades de Conservação da diversidade de ecossistemas naturais e a promoção do
Natureza desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais.
Lei Política e o Sistema Define a água como recurso natural limitado, dotado de valor
Nacional de Recursos econômico. Prevê também a criação do Sistema Nacional para a
Hídricos (9.433/1997) coleta, tratamento, armazenamento e recuperação de informações
sobre recursos hídricos e fatores intervenientes em sua gestão.
Lei de Gestão de Florestas Normatiza o sistema de gestão florestal em áreas públicas e com a
Públicas -11284/2006 - criação do órgão regulador (Serviço Florestal Brasileiro) e do Fundo
de Desenvolvimento Florestal.
Novo Código Florestal Revoga o Código Florestal Brasileiro de 1965 e define que a proteção
Brasileiro - Lei 12.651/2012 do meio ambiente natural é obrigação do proprietário mediante a
manutenção de espaços protegidos de propriedade privada, divididos
entre Área de Preservação Permanente (APP) e Reserva Legal (RL).
Política Nacional de São objetivos fundamentais da educação ambiental:
Educação Ambiental - Lei nº I - o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio
9.795 1999 ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo
aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais,
econômicos, científicos, culturais e éticos;
II - a garantia de democratização das informações ambientais;
III - o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a
problemática ambiental e social;
IV - o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e
responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente,
entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor
inseparável do exercício da cidadania;
V - o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em
níveis micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma
sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da
liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social,
responsabilidade e sustentabilidade;
VI - o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a
tecnologia;
VII - o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e
solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade.
Fontes: Tera (2019) e MMA (2019)

88
Vamos Pesquisar?
Vamos procurar e registrar 3 propostas de cumprimento de Políticas públicas para o meio
ambiente? Dê sua opinião quando a importância da ação para o meio ambiente.

E então? Que tal a sua pesquisa? Muitas são as iniciativas de fazer cumprir a legislação e o que
você precisa saber é que o Brasil tem uma das melhores legislação sobre Meio ambiente comparadas ao
Mundo. Infelizmente ainda existem muitos crimes ambientais como a caça ilegal de animais silvestre,
destruição da mata nativa, lançamento de esgoto in natura nos rios e lagos, contaminação dos lençóis
freáticos, entre outros que precisam ser combatidos com mais eficiência. A fiscalização, muitas vezes não
dá conta do número de crimes contra o meio ambiente. É preciso a sociedade civil controlar certos atos e
denunciar. Algumas empresas, preocupadas com a opinião dos seus consumidores, estão procurando se
adequar a legislação ambiental. A tecnologia está apresentando alternativas importantes para o ambiente
como: o uso de energia solar em fazendas, captura de carbono através de solventes, programas como
Clickarvore26, um programa de preservação do meio ambiente voltado ao reflorestamento.
Algumas prefeituras incentivam nações ambientai através do IPTU verde, isto é uma redução no
valor do IPTU para imóveis que adotarem soluções sustentáveis. Enfim são muitas iniciativas.
Você pode se aprofundar um pouco mais a partir do estudo realizado pelo Ministério do Meio
Ambiente e Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (2008)27, intitulado
Legislação ambiental básica,

Documentário - Legislação Documentário - Legislação Sobre Meio Legislação ambiental básica,


Sobre Meio Ambiente- Ambiente- Parte 2 (13/06/11)
Parte 1 (13/06/11)

26 Contabiliza-se que mais de 2 milhões de mudas de árvores foram plantadas> disponível em


https://www.sosma.org.br/projeto/clickarvore/ . Acesso em 31/008/2019

27 Legislação ambiental básica. Disponível em


https://www.mma.gov.br/estruturas/secex_conjur/_arquivos/108_12082008084425.pdf . Acesso em
31/08/2019.

89
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vídeo on-line ( ou acesse: https://www.youtube.com/watch?v=S5n2 acesse:
https://www.youtube.com/w HzDEL9I Acesso 31/08/2019 http://www.mma.gov.br/estruturas
atch?v=AbJMsbCbNQs /secex_conjur/_arquivos/108_120
Acesso 31/08/2019 82008084425.pdf. Acesso
31/08/2019

Objeto 14 - EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE

Dando continuidade ao tema anterior, aprofundaremos um pouco mais na necessidade de se


Instituir e fazer uma Educação ambiental.
O Brasil possui uma legislação específica: A Política Nacional de Educação Ambiental. Lei nº 9.795,
de 27 de abril de 1999 Dispõe sobre a educação ambiental.
É muito importante a sua leitura e por tanto, antes de prosseguir pedimos que leia agora.
Política Nacional de Educação Ambiental Lei nº 9.795,
de 27 de abril de 1999

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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm

Educação ambiental
Para a legislação a educação ambiental refere-se aos processos por meio dos quais o indivíduo e
a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas
para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e
sua sustentabilidade.
Todos têm direito à educação ambiental e tem como princípios básicos o enfoque humanista,
holístico, democrático e participativo; a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a
interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade; o
pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, na perspectiva da Inter, multi e Transdisciplinaridade; a
vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais; a garantia de continuidade e
permanência do processo educativo; a permanente avaliação crítica do processo educativo; a abordagem
articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais; e por fim o reconhecimento e o
respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural.
A educação ambiental pode ser formal e Não-Formal.
Após a sua leitura, responda o seguinte estudo dirigido.
1 –O que é a Educação Ambiental segundo Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999
2 - De que forma a Educação Ambiental deve ser articulada?

90
3 – Quem tem direito a Ed. Ambiental? como ela é aplicada e quais os órgãos, as instituições
responsáveis?
4 - Quais os princípios básicos da Educação Ambiental?
5 - Quais são os objetivos fundamentais da Educação Ambiental?
6 - Segundo o Art. 7.Qual os quais esfera(s) de ação envolve a Política Nacional de Educação Ambiental
7 – Como devem ser desenvolvidas as atividades vinculadas à Política Nacional de Educação Ambiental e
quais linhas de atuação?
8 – Em relação ao Ensino Formal como é entendida a educação ambiental na educação escolar a
desenvolvida no âmbito dos currículos das instituições de ensino públicas e privadas?
9 - Explique: A educação ambiental será desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e
permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal.
10- Em relação a formação de professores, o que é instituído no artigo 11?
11 – Defina o que é educação ambiental não formal segundo a lei 9795?
12 – Como será coordenada a execução da política nacional de educação ambiental?
13 – Quais são as atribuições do órgão gestor?
14 – Como estabelecer a eleição de planos e programas, para fins de alocação de recursos públicos
vinculados à Política Nacional de Educação Ambiental? Quais os critérios?

Depois de identificar a Política Nacional de Educação Ambiental através do Estudo Dirigido, ficou
mais claro a compreensão da necessidade de zelar pelo meio ambiente?
Para melhorar a sua concepção sobre o meio ambiente, Veja o vídeo a Carta, o cacique de Seattle,
conhecida no mundo todo como forma de valorização e reflexão ao meio ambiente.
A Carta, o cacique de Seattle

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código para ver o vídeo on-line ( ou acesse:
https://www.youtube.com/watch?v=KeCCeXgbb2o

Sustentabilidade
O que é sustentabilidade?
Sustentabilidade é um conceito relacionado ao desenvolvimento sustentável, ou seja, formado
por um conjunto de ideias, estratégias e demais atitudes ecologicamente corretas, economicamente viáveis,
socialmente justas e culturalmente diversas.

91
A sustentabilidade serve como alternativa para garantir a sobrevivência dos recursos naturais do
planeta, ao mesmo tempo que permite aos seres humanos e sociedades soluções ecológicas de
desenvolvimento.
É possível atender as necessidades humanas e ser sustentável?
Três pilares do desenvolvimento sustentável
• Desenvolvimento econômico
• Proteção ambiental.
• Equidade social
Para muitos é um tanto difícil ter um Desenvolvimento Sustentável em função da dificuldade de se
atingir uma equidade social. E ... nos moldes capitalistas que estamos inseridos, enquanto não houver
diminuição do consumo, dificilmente se consegue uma proteção ambiental eficaz.
De qualquer forma, como bem apresentado no filme história das coisas, há uma nova escola de
pensamento nestes assuntos, e é baseada em sustentabilidade e equidade. Química verde, zero resíduos,
produção em ciclo fechado, energia renovável, economias locais vivas.

Nesta Seção apresentamos os Temas da atualidade: Cultura e arte, Cidades, habitação e qualidade de
vida, Estado, sociedade e trabalho, globalização e a sociedade contemporânea, Política internacional e
migração, Educação ambiental e sustentabilidade, Políticas públicas de educação ambiental e sociedade de
consumo.

Referências Seção II
BAUMAN, Zygmunt. Globalização: as consequências humanas, Rio de janeiro: Zahar, 1999.
BRASIL. Lei 10.257, de 10 de julho de 2001. Estatuto da Cidade. Regulamenta os arts. 182 e 183 da
Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providencias. Vade
Mecum, São Paulo: Saraiva, 2013
BERTRAND, Maurice (1992), "L’intégration européenne dans une perspective mondiale", Revue
Internationale des Sciences Sociales, n.º 131, pp. 57-66.
BONDUKI, Nabil. Política Habitacional e Inclusão Social no Brasil: Revisão Histórica e Novas
Perspectivas no Governo Lula. 2007, p. 70-103.
CHESNAIS, FRANÇOIS. A Mundialização do Capital, São Paulo, Ed. Xamã, 1996.
COSGROVE, Denis E. Towards a radical cultural geography: problems of theory. Antipode, v. 15, n. 1, p. 1-
11, 1983.
DENALDI, Rosana. Políticas de Urbanização de Favelas: evolução e impasses. Tese de Doutorado pela
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Estado de São Paulo. São Paulo: UESP, 2003.
GEERTZ, C. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Zahar, 1989.
FUNDAÇÃO SEMEAR (Ed.). Responsabilidade Social: um Panorama Empresarial: a educação para o
social e para a cidadania. 2012. 3ª edição. Disponível em: <http://www.ciesp.com.br/arquivo-
download/?id=5709>. Acesso em: 04 jul. 2017.
GIOVANNETTI, GILBERTO e LACERDA, MADALENA. Melhoramentos Dicionário de Geografia, São
Paulo, Ed.Melhoramentos, 1996.
HALL, S. The centrality of culture: notes on the cultural revolutions of our time. In.: THOMPSON, Kenneth
(ed.). Media and cultural regulation. London, Thousand Oaks, New Delhi: The Open University; SAGE
Publications, 1997. ( Cap. 5)
IBGE. Atlas Digital do Brasil os mapas do caderno temático 2017 - Cidades Sustentáveis:. 2017.
Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/apps/atlas_nacional/>. Acesso em: 18 jul. 2019.

92
LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.
LIONARD. Annie. História das coisas: da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que consumimos. Rio
de Janeiro: Zahr, 2011.
MCWILLIAMS, A. and Siegel, D. (2001). ‘Corporate social responsibility: a theory of the firm
perspective.Academy of Management Review, 26, 117–27.
MARICATO, Ermínia. Brasil, Cidades. Alternativas para a Crise Urbana. Petrópolis: Vozes, 2001.
MOTOMURA, Marina. Quantos países existem atualmente? Disponível em:
<https://super.abril.com.br/mundo-estranho/quantos-paises-existem-atualmente/>. Acesso em: 31 ago.
2019.
OLIVEIRA, Pérsio Santos. Introdução à Sociologia. São Paulo, Ática, 2003.
PETERS, B. G. American Public Policy. Chatham, EUA: Chatham House, 1996.
RUA, Maria das Graças. Políticas Públicas. Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração /
UFSC, 2009.
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização. Rio de Janeiro; Record, 2000.
SANTOS, Ubiratan Félix Pereira dos. Entendendo o Saneamento Ambiental no Brasil. Rio de Janeiro:
Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros, 2007. (Cartilhas Fisenge)
SANTOS, Milton – “A aceleração contemporânea: tempo mundo e espaço mundo”em Fim de Século e
Globalização (org. Milton Santos, Maria Adélia a. De Souza e outros) – São Paulo: Hucitec-Anpur, 1993
SILVA, Michele Tancman Candido da. O Impacto do Programa Cidades Digitais e outras iniciativas
do/no RJ: Alternativas de potencializar o território de modo a complementar a organização das
cidades reais (Portuguese Edition) (Portuguese) Paperback. Internet: Novas Edições Acadêmicas, 2017.
68 p. Disponível em: <https://www.morebooks.de/store/gb/book/o-impacto-do-programa-cidades-digitais-e-
outras-iniciativas-do-no-rj/isbn/978-3-330-75995-4>. Acesso em: 18 jul. 2019.MITH, A. A Riqueza das
Nações: Investigação Sobre sua Natureza e suas Causas. São Paulo: Abril Cultural, 1982. vol. 1
VIEIRA, Luciana. Google Arts & Culture permite visitar museus de todo o mundo pelo celular. 2016.
Revista TECHTUDO. Disponível em: <https://www.techtudo.com.br/tudo-sobre/arts-culture.html>. Acesso
em: 16 jul. 2019.
VIRILIO, Paul. A bomba informática. São Paulo: Estação Liberdade, 1999.

Seção III

Nesta Seção iremos apresentar os Temas da atualidade: Acessibilidade e inclusão social - políticas
públicas para a criança, adolescente e idoso, Promoção da saúde e prevenção de doenças, Acessibilidade
e inclusão social – proteção dos direitos da pessoa com deficiência, Segurança alimentar e nutricional,
Ciência, tecnologia e inovação e bioética

Objeto 15 - Acessibilidade e inclusão social – PROTEÇÃO DOS DIREITOS DA


PESSOA COM DEFICIÊNCIA

Acessibilidade e Inclusão social, os dois termos, dizem respeito as pessoas com alguma deficiência.

O que é ser deficiente?

Para responder essa pergunta buscamos a Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência –
ONU – Organização das Nações Unidas/ 2006, que revela que “as pessoas com deficiência são aquelas
que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual (mental), ou sensorial (visão e audição)

93
os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na
sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas”. (ONU, 2019).
Como devo me referir ao

Qual o termo que se deve usar para as pessoas que tem tais dificuldades?
Os termos portador de deficiência, portador de necessidades especiais (PNE) e pessoa portadora
de deficiência (PPD) não são os mais adequados.
No lugar deles, recomenda-se usar "pessoa com deficiência" ou "PcD". Asigla PcD é invariável. Por
exemplo: a PcD, as PcD, da PcD, das PcD.
A exemplo Portador de Deficiência que não deve ser usada pois as pessoas não carregam suas
deficiências nas costas, necessariamente, como um fardo e, de vez em quando, descansam delas para
obter a garantia de algum direito ou de um simples desejo, como conseguir um trabalho mais bem
remunerado, por exemplo; (RS, 2019)
Enfatiza-se que foi a Portaria SEDH Nº 2.344, de 03 de novembro de 2010, que substituiu o termo
Pessoa Portadora de Deficiência pelo termo Pessoa com Deficiência (BRASIL, 2010).
Vamos pensar?

Deficiência não é sinônimo de doença e, portanto, uma pessoa não pode ter sua vida
prejudicada em razão de sua deficiência. (ONU, 2019).
A partir dessa premissa como a sociedade pode contribuir para que os deficientes sejam
aceitos e se engajem na sociedade?

Acertou quem escreveu que a acessibilidade e a inclusão social são extremamente necessárias
para o engajamento dos deficientes em/na sociedade. Devemos pensar que, sendo ou não deficientes, é
responsabilidade de todos fazer com que a sociedade seja plural e neste sentido, ser inclusiva.
Para você ter uma ideia, o IBGE, no censo de 2010, computou que 46 milhões de brasileiros, cerca
de 24% da população, declarou ter algum grau de dificuldade em pelo menos uma das habilidades
investigadas (enxergar, ouvir, caminhar ou subir degraus), ou possuir deficiência mental / intelectual.
Veja no gráfico a seguir.

94
Como pode observar, há um grande número de pessoas que se declaram com alguma deficiência
no Brasil.

Vamos compreender os termos Inclusão Social e Acessibilidade.

O que é Inclusão Social? Sugestão de imagem

95
Fonte28: FOMENTA (2019)
Encontram-se muitas formas de definir Inclusão Social entre elas, o conceito que diz respeito à
promoção de uma sociedade adaptada para receber a pessoa com deficiência e deixá-la ser o que ela é,
um cidadão. Esse processo deve iniciar na família, posteriormente, nas escolas.
Identifica-se um ponto comum nas definições que é a introdução de uma nova forma de sociedade,
porque trata-se de uma necessidade de se conquistar direitos por diferentes representantes sociais. Tais
como: pessoas portadoras de necessidades especiais, os explorados, excluídos e discriminados em razão
da raça, do sexo, da orientação sexual, da idade, da origem-etnia, etc.
Então, o termo inclusão social refere-se também ao que se pode chamar de marginalizados.
Aqueles que por alguma razão estão à margem da sociedade ou seja estar segregado do resto da
sociedade, ocupando a periferia da sociedade sem participar do núcleo das coisas.
Nessa unidade estamos nos referindo a inclusão de pessoas com alguma deficiência de natureza
física, intelectual (mental), ou sensorial (visão e audição)

O que é acessibilidade?

Fonte: JEONLINE (2019)29


Um conceito bem simples diz respeito a um conjunto de medidas voltadas a garantir que haja a
possibilidade de acesso para pessoas que possuam necessidades especiais.
De acordo com a NBR 9050/2004, “acessibilidade” é definido como a possibilidade e condição de
alcance, percepção e entendimento para a utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço,
mobiliário, equipamento urbano e elementos. E conceitua que, para ser “acessível”, o espaço, edificação,
mobiliário, equipamento urbano ou elemento tem que permitir o alcance, acionamento, uso e vivência por

28 PHOMENTA. Disponível em https://phomenta.com.br/o-que-e-inclusao-social-e-como-


praticar/?gclid=Cj0KCQjwqs3rBRCdARIsADe1pfTbYJtSE0Wh2Qzb_ky8mCEs2Nfb8lBp5sLmU6dqMe_Aff43
UjP_MWcaAqWYEALw_wcB . Acessado em 07 de set 2019.
29
JEONLINE. Disponível em https://jeonline.com.br/coluna/2077/acessibilidade-para-todos . Acesso em: 07
set 2019.

96
qualquer pessoa, inclusive por aquelas com mobilidade reduzida. O termo “acessível” implica tanto
acessibilidade física como de comunicação.
Aprimorando esse conceito busca-se a LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015 que Institui a Lei
Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência) a acessibilidade é a
possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários,
equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e
tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de
uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida;
(BRASIL, 2015)
A Acessibilidade procura tratar do acesso de pessoas com deficiência aos meios de transportes,
serviços públicos e ambientes físicos.
Para o W3C (2005), “a acessibilidade diz respeito a locais, produtos, serviços ou informações
efetivamente disponíveis ao maior número e variedade possível de pessoas (...)”. Isto requer a eliminação
de barreiras arquitetônicas, a disponibilidade de comunicação, de acesso físico, de equipamentos e
programas adequados, de conteúdo e apresentação da informação em formatos alternativos.
Ao definir Acessibilidade, é comum associar somente ao meio físicos, porém também refere-se a uma
série de questões diversas, complementares e indispensáveis para que haja efetiva inclusão.
Segundo SASSAKI (2009), existem seis dimensões de acessibilidade que a sociedade deve garantir
para que qualquer pessoa, com ou sem deficiência, possa circular com autonomia:
1 - ACESSIBILIDADE ARQUITETÔNICA: ausência de barreiras físicas e no transporte. É a forma de
acessibilidade sem barreiras ambientais físicas, nas residências, nos edifícios, nos espaços urbanos, nos
equipamentos urbanos, nos meios de transporte individual ou coletivo.
2 - ACESSIBILIDADE COMUNICACIONAL: ausência de barreiras na comunicação interpessoal, na
comunicação escrita e na comunicação virtual. Para isso, é importante a aprendizagem da língua de sinais,
utilização de textos em braile, textos com letras ampliadas para quem tem baixa visão e outras tecnologias
assistivas. É a acessibilidade que se dá sem barreiras na comunicação interpessoal (face a face, língua de
sinais), escrita (jornal, revista, livro, carta, apostila etc., incluindo textos em braile, uso do computador
portátil) e virtual (acessibilidade digital).
3 - ACESSIBILIDADE METODOLÓGICA: ausência de barreiras nos métodos e técnicas de trabalho
ou de vida diária. Sem barreiras nos métodos e técnicas de estudo (escolar), de trabalho (profissional), de
ação comunitária (social, cultural, artística etc.), de educação dos filhos (familiar).
4 - ACESSIBILIDADE INSTRUMENTAL: ausência de barreiras nos instrumentos de trabalho ou de
vida diária, como utensílios e ferramentas de estudo (escolar), de trabalho (profissional), de lazer e
recreação (comunitária, turística, esportiva etc. ).
5 - ACESSIBILIDADE PROGRAMÁTICA: muitas vezes imperceptíveis, embutidas em políticas
públicas (leis, decretos, portarias etc.), normas e regulamentos (institucionais, empresariais etc.).
6 - ACESSIBILIDADE ATITUDINAL: ausência de preconceitos, estigmas, estereótipos e
discriminações em relação às pessoas em geral, sendo, para tal, importante realizar ações de
sensibilização, conscientização e acompanhamento. ACESSIBILIDADE TECNOLÓGICA: Não é uma forma
de acessibilidade específica. Deve permear as demais.

97
Proteção dos direitos da pessoa com deficiência

Ainda em relação a acessibilidade identifica-se que várias empresas e estabelecimento não fizeram
o dever de casa e não se adaptaram as exigências da legislação. É comum culpar a crise e a dificuldade
financeira, mas existe legislações para ser cumprida. Uma delas é a de Cotas, que determina a contratação,
por empresas com mais de 100 funcionários, de 2% a 5% de pessoas com deficiência.
Conheça, na íntegra a Veja alei na Íntegra a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência
Lei no 13.146/2015
Art. 1o É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência
(Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada a assegurar e a promover, em
condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por
pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania.

Baixe um leitor de QR code em seu dispositivo e use o código para ler on-line ( ou acesse:
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/513623/001042393.pdf
E Então... o que considerou de mais importante na lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência?
Em relação a Educação, muitos pareceres, leis, portarias, programas e outros surgiram a fim de
contribuir coma a acessibilidade e a inclusão do estudante deficiente.
Indicamos o link a seguir como extrema relevância para se conhecer resumidamente as principais
legislações sobre educação especial do Brasil
Principais leis, diretrizes e programas
sobre educação especial do Brasil.

Baixe um leitor de QR code em seu


dispositivo e use o código para ler on-line (
ou acesse: https://diversa.org.br/artigos/a-
legislacao-federal-brasileira-e-a-educacao-
de-alunos-com-deficiencia/

Veja o vídeo
Inclusão Social Sinopse

98
Há uma lei que obriga todas as escolas a aceitarem
matrículas de alunos com deficiência. O número de crianças
e jovens com deficiência nas salas de aula regulares cresce
a cada ano: em 2001, eram 81 mil; em 2002, 110 mil; e
2009, mais de 386 mil. Mas como se dá essa inclusão? O
que pensam médicos, educadores e as famílias sobre o
assunto? O melhor é escola especial ou escola regular? O
Papo de Mãe desta semana discutirá o assunto com as
presenças da médica neurologista Maria Bernardete Dutra
Baixe um leitor de QR code em seu
Resende, do Hospital das Clínicas da Faculdade de
dispositivo e use o código para assistir ao
Medicina da USP; da educadora Maria Stela Santos
vídeo on-line ( ou acesse:
https://www.youtube.com/watch?v=ThCo Graciani, coordenadora do Núcleo de Trabalhos
qBRTjCY Comunitários da PUC-SP, e do advogado Wladimyr Alves
Bitencourt, coordenador do Núcleo dos Direitos do Idoso e
da Pessoa com Deficiência da Defensoria Pública do Estado
de São Paulo.

Então... depois de conhecer a legislação e assistir o vídeo, você considera que o Brasil tem
uma boa política de Inclusão Social e acessibilidade para os deficientes?
Pesquise na Internet os municípios que mais promovem a acessibilidade e tenha eles
como exemplo e parâmetro para o cumprimento dessas políticas.

Objeto 16 - Políticas públicas para a criança, adolescente e idoso

Instigaremos o tema apresentando o que se entende por políticas públicas e os direitos sociais
dos cidadãos brasileiros a partir do artigo 6º da Constituição Federal.
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a
moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição. (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988)
Na Constituição, como vimos, os direitos sociais devem ser garantidos.
Qual seria a melhor forma de cumprir que todos tenham benefícios a esses direitos?
Acertou se você respondeu que é necessário criar Políticas Públicas.
Veja porquê.
As Políticas Públicas de acordo com Peter (1996) podem ser compreendidas como a soma das
atividades dos governos, que agem diretamente ou através de delegação, e que influenciam a vida dos
cidadãos.
Por mais que desejamos uma Educação melhor, uma mobilidade urbana melhor, mais saúde, mais
segurança, melhorar o meio ambiente, assegurar a defesa nacional, assegurar o direito da criança, do
adolescente e do idoso, nada será alcançado sem a ajuda de uma política pública.
A vida em sociedade é um tanto complexa. Existe de fato uma acirrada desigualdade social onde
muitos conflitos são identificados.
Os conflitos se estabelecem pela diversidade que se estabelece na sociedade. Não é comum se ter
a mesma opinião, os mesmos interesses e valores para os temas sociais. A política, de acordo com Rua
(2009), compreende um conjunto de procedimentos destinados à resolução pacifica de conflitos em torno da
alocação de bens e recursos públicos. Quem são os envolvidos nestes conflitos? São os chamados "atores
políticos". Os atores políticos são diversos e possuem características distintas.

99
Relembrando a seção 2 deste material, Rua (2009) explica que a decisão de se fazer uma política
pública não garante o seu resultado positivo.
A rigor, uma decisão em política pública representa apenas um amontoado de intenções sobre a
solução de um problema, expressas na forma de determinações legais: decretos, resoluções, etc, etc...
Nada disso garante que a decisão se transforme em ação e que a demanda que deu origem ao
processo seja efetivamente atendida. Ou seja, não existe um vínculo ou relação direta entre o fato de uma
decisão ter sido tomada e a sua implementação. E também não existe relação ou vínculo direto entre o
conteúdo da decisão e o resultado da implementação. (RUA, 2009).

Políticas Públicas para a Criança e Adolescente


O direito da Criança foi consolidado na Convenção dos Direitos da Criança realizada pela ONU
em 1989 procurando adotar a população infanto-juvenil uma proteção integral. No Brasil, esses princípios
foram adotados e integrados ao artigo 227 da Constituição Federal conforme descrito a seguir:
Artigo 227

É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com


absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a
salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

§ 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança, do adolescente e


do jovem, admitida a participação de entidades não governamentais, mediante políticas específicas e
obedecendo aos seguintes preceitos:
I - aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde na assistência materno-
infantil;
II - criação de programas de prevenção e atendimento especializado para as pessoas
portadoras de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente e do
jovem portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do
acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos arquitetônicos e de todas as formas
de discriminação.
§ 2º A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e
de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras
de deficiência.
§ 3º O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos:
I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o disposto no art. 7º,
XXXIII;
II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;
III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à escola;
IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, igualdade na
relação processual e defesa técnica por profissional habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar
específica;
V - obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de
pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida privativa da liberdade;
VI - estímulo do poder público, através de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios,
nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandonado;
VII - programas de prevenção e atendimento especializado à criança, ao adolescente e ao
jovem dependente de entorpecentes e drogas afins.
§ 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do
adolescente.
§ 5º A adoção será assistida pelo poder público, na forma da lei, que estabelecerá casos e
condições de sua efetivação por parte de estrangeiros.
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos
e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
§ 7º No atendimento dos direitos da criança e do adolescente levar-se-á em consideração o
disposto no art. 204.
§ 8º A lei estabelecerá:

100
I - o estatuto da juventude, destinado a regular os direitos dos jovens;
II - o plano nacional de juventude, de duração decenal, visando à articulação das várias
esferas do poder público para a execução de políticas públicas.

A criança e o adolescente passam a ser reconhecidos como aqueles que adquiriam a cidadania e
direitos.

O ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente


Estatuto da Criança e do Adolescente. O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) foi instituído
pela Lei 8.069 de 13 de julho de 1990. Trata-se de um conjunto de normas que tem como objetivo proteger
a integridade da criança e do adolescente no Brasil.
A criança é aquela considerada até 12 anos incompletos
O adolescente é aquele que está entre 12 e 18 anos
É muito importante você ler esta Lei na Íntegra e por isso pedimos que você acesse o link a seguir
antes de continuar.
O ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente - Nova Edição

Considerado o maior símbolo dessa nova forma de se tratar a infância e a


adolescência no país, o ECA inovou ao trazer a proteção integral, na qual crianças
e adolescentes são vistos como sujeitos de direitos, em condição peculiar de
desenvolvimento e com prioridade absoluta. Também reafirmou a responsabilidade
da família, sociedade e Estado de garantir as condições para o pleno
desenvolvimento dessa população, além de colocá-la a salvo de toda forma de
discriminação, exploração e violência. (MDH,2019)
Baixe um leitor de QR code em seu dispositivo e use o código para ver o arquivo on-line ( ou acesse:
https://www.mdh.gov.br/todas-as-noticias/2019/maio/governo-federal-lanca-nova-edicao-do-estatuto-da-crianca-e-do-adolescente-
eca/ECA2019digital.pdf

O ECA, como acabamos de mencionar, ocorreu logo a seguir da Constituição em 1990. É a lei
n.°8.069 e teve como contribuição, regulamentar os direitos estabelecidos na Constituição Federal de 1988,
especificamente no Capítulo VII no que tange aos direitos da criança e do adolescente.
As premissas para a elaboração do ECA foi compreender a criança e o adolescente são pessoas
em condições de desenvolvimento e sujeitos de direitos fundamentais com absoluta prioridade de proteção
pelo Estado, pela família e pela sociedade em geral.
Em maio de 2019, o ECA teve algumas atualizações a partir das leis nº 13.812/19 e 13.798/19. A
primeira lei criou a Política Nacional de Busca de Pessoas Desaparecidas e o Cadastro Nacional de
Pessoas Desaparecidas, assim como estabeleceu regras mais rigorosas para crianças e adolescentes que
viajaram desacompanhados dos pais. Já a segunda lei instituiu a Semana Nacional de Prevenção da
Gravidez na Adolescência.
Quais os direitos e deveres do ECA?
Bodião (2016) explica ao analisar a lei, que todo cidadão já passou pela experiência de ser
desrespeitado (no exercício de um direito) ou punido com excesso (quando não cumpre um dever). Isso
pode ter acontecido pela ação de um policial, na escola ou em casa. Como vivemos em sociedade, não

101
podemos sair fazendo o que queremos, sem pensar nas consequências. Como também, ninguém pode
fazer isso conosco, nem juiz, policial … nem nossos pais. Todos temos direitos e deveres, em casa, na
escola, no trabalho, em sociedade.
O Importante é compreendermos que qualquer tipo de agressão, seja ela física ou não, a criança
e ao adolescente, não deve mais ocorrer. O jovem deve ter ser direitos e deveres garantidos. Esse cuidado
com a criança e adolescente é um dever de todos. Não só dos familiares, mas da sociedade e do Estado
também.
Só para se ter uma ideia, o Brasil está entre os países com maior número de mortes violentas de
jovens. Segundo o Atlas da Violência, foram 33.590 jovens assassinados no país em 2016. Ainda segundo
o Atlas, o Perfil das vítimas são Homem jovem, solteiro, negro, com até sete anos de estudo e que esteja
na rua nos meses mais quentes do ano entre 18h e 22h. Este é o perfil dos indivíduos com mais
probabilidade de morte violenta intencional no Brasil. Os homicídios respondem por 59,1% dos óbitos de
homens entre 15 a 19 anos no país. (APLICADA; PÚBLICA, 2019).

Conselhos Tutelares e o Conanda.


Criado em 1991 pela Lei nº 8.242, o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente
(Conanda) foi previsto pelo Estatuto da Criança e do Adolescente como o principal órgão do sistema de
garantia de direitos. Por meio da gestão compartilhada, governo e sociedade civil definem, no âmbito do
Conselho, as diretrizes para a Política Nacional de Promoção, Proteção e Defesa dos Direitos de Crianças e
Adolescentes.
Os Conselhos Tutelares são órgãos municipais autônomos e permanentes, independentes do Poder
Judiciário, que têm a função de garantir o cumprimento dos direitos das crianças e dos adolescentes. Esses
órgãos integram o Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente junto com outras instâncias
do poder público e da sociedade civil, tais como a Justiça da Infância e Juventude, o Ministério Público, a
Defensoria Pública, a Segurança Pública e os Centros de Defesa. (CONANDA, 2019)

A Saúde e o ECA.
O artigo 7 do ECA determina que a criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde,
mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e
harmonioso, em condições dignas de existência. A proteção do direito à saúde começa desde a concepção,
por meio da prestação de medidas efetivas de atendimento pré e perinatal. Tudo isso é enfatizado para que
se assegure o sadio desenvolvimento das crianças e dos adolescentes.
Na rede pública, o atendimento às crianças e aos adolescentes é realizado pelo Sistema Único de
Saúde, sendo assegurada a observância dos princípios da universalidade e da igualdade.
Veja os vídeos
TODA CRIANÇA É CRIANÇA 26 anos do Estatuto da Criança e do ANIMAÇÃO - DIREITO DAS
- o Estatuto da Criança e do Adolescente CRIANÇAS - (TV CULTURA)
Adolescente 1992

102
Documentário
registra vivências,
histórias e ações
da sociedade e do
Estado alinhadas à
rede de proteção à
infância e à
juventude estabelecidas pelo Estatuto
da Criança e do Adolescente
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o código para assistir ao vídeo assistir ao vídeo on-line ( ou acesse: para assistir ao vídeo on-line ( ou
on-line https://www.youtube.com/watch?time_ acesse:
https://www.youtube.com/watc continue=7&v=uCBEdnYZs-I https://www.youtube.com/watch?v
h?v=yt4ZdpwogQ0 =wmjeNpF1CXc

Políticas Públicas para o Idoso

Antes de iniciarmos é preciso explicar quem é idoso


Buscamos os dados na Organização Mundial da Saúde – OMS que determinou como uma pessoa
idosa aquela que possui mais de 65 anos nos países desenvolvidos e com mais de 60 anos em países
que estão em desenvolvimento.
A OMS informa que dois bilhões de pessoas até 2050 estarão com idade superior a 60 anos e que
se chegará a 2 bilhões de pessoas até 2050; Este dado nos remete a ideia que 20% da população mundial
em 2050 estará idosa em 2030, o número de idosos ultrapassará o total de crianças entre zero e 14 anos. O
Brasil terá alta proporção de pessoas idosas.
Em 2020 espera-se que o Brasil tenha 29,8 milhões de idosos representando 14% do total
populacional. A expectativa de vida atual é de 76 anos.
Vamos pensar?

O que isso pode significar em relação ao Brasil? A População envelhecer.

Segundo COTTA (2002) o envelhecimento aumenta o risco de adquirir enfermidades e


incapacidades, e com ele a necessidade de implantar e implementar políticas que visem, garantir e manter,
às condições de vida e de assistência sócio sanitárias adequadas para a população idosa. Porém por um
outro viés, concorda-se também com Areosa (2008), que o idoso da contemporaneidade está apresentando
novos significados sobre o processo de envelhecimento e de velhice e perfis distintos em relação aos
comportamentos adotados após a aposentadoria. Vê-se surgir, assim, a vontade de viver novas
experiências e desfrutar das possibilidades oferecidas pela sociedade. O grande desafio é proporcionar a
esses idosos a garantia dos seus direitos, por meio da ação do poder público, cuja função é desenvolver e
aprimorar políticas já existentes para se possibilite aos idosos gozar de qualidade de vida.

103
Políticas Públicas para o Idoso
Política Nacional do Idoso – Lei nº 8.842, sancionada em 4 de janeiro de 1994 e regulamentada pelo
Decreto nº 1.948, de 3 de julho de 1996.
Ela assegura os direitos sociais e amplo amparo legal ao idoso e estabelece as condições para promover
sua integração, autonomia e participação efetiva na sociedade.
Seu objetivo é atender às necessidades básicas da população idosa no tocante a educação, saúde,
habitação e urbanismo, esporte, trabalho, assistência social e previdência, justiça.

Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003)


Entre outros regulamenta os direitos assegurados a todos os cidadãos a partir dos 60 anos de idade,
estabelecendo também deveres e medidas de punição.
É a forma legal de maior potencial da perspectiva de proteção e regulamentação dos direitos da pessoa
idosa.
No artigo 3º, dispõe sobre as obrigações familiares e sociais com relação ao idoso.
Afirma que é obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Estado assegurar à pessoa idosa a
efetivação dos direitos à vida, à educação, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, ao
trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
No artigo 4º, explica que é proibido qualquer tipo de discriminação, violência, negligência ou crueldade que
atinja ou afronte os direitos do idoso, seja por ação seja por omissão, e, se isso acontecer, há punição
prevista em lei.
É muito importante você ler esta Lei na Íntegra e por isso pedimos que você acesse o link a seguir
antes de continuar.

LEI No 10.741, DE 1º DE OUTUBRO DE 2003.


Dispõe sobre o Estatuto
do Idoso e dá outras
providências.

Baixe um leitor de QR code em seu dispositivo e use o código


para ver o arquivo on-line ( ou acesse:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm

Veja a análise de Ferreira (2003) e Biasioli (2003) apud Milnitzky, Sung e Pereira (2004) em relação
aos pontos positivos para o idoso apontados na legislação, no link a seguir. Eles analisam na legislação o
direito à vida, Direito à liberdade, ao respeito e à dignidade, Alimentos, Direito à saúde, Educação, cultura,
esporte e lazer, Profissionalização e trabalho, Previdência social., Assistência Social, Habitação, Transporte,
as Medidas de proteção ao idosos, Entidades de Atendimento e sua fiscalização, Acesso à justiça e Crimes.

104
Envelhecimento e políticas públicas: conquistas e desafios

.
Baixe um leitor de QR code em seu dispositivo e use o código para ver o arquivo on-line (
ou acesse: http://www.oabsp.org.br/comissoes2010/gestoes-anteriores/direito-
terceiro-setor/artigos/envelhecimento-e-politicas-publicas-conquistas-e-desafios-
dr.-rodrigo-mendes-pereira

Objeto 17 - Promoção da saúde e prevenção de doenças

Promoção da saúde.

A Promoção da saúde não é algo que vem de agora e as primeiras definições foram feitas por dois
autores Winslow (1920), e Sigerist, (1946) onde foi definida quatro atitudes importantes na medicina que
seriam.
1 - a promoção da saúde,
2 - a prevenção das doenças,
3 - a recuperação
4 - a reabilitação.

A literatura sobre o tema, menciona que a partir de um estudo de Leavell e Clark (1965) cujo
trabalho foi delinear o modelo da história natural das doenças, foram definidos três níveis de prevenção de
doença que seriam:
1 – a primária – no sentido de ampliar a saúde e o bem-estar gerais
2 – a secundária -
3 - a terciária
Quando surgiu o movimento para Prevenção de doenças?
Foi em 1974, no Canadá a partir de um documento que ficou conhecido como Informe Lalonde cujo título é
A new perspective on the health of canadians”. Esse apresentava o quanto se gastava com a assistência a
saúde e ao mesmo tempo questionava-se a forma centralizada em que o médico realizava quanto ao
manejo das doenças crônicas, uma vez que as resultantes eram pouco significativas.
Foi a partir do informe Lalonde, que identifica-se que a biologia humana, o meio ambiente e o estilo
de vida estavam relacionados às principais causas de morbimortalidade no Canadá e que os maiores
gastos em saúde estavam na organização da assistência.
Verificou-se a necessidade da criação de cinco estratégias para abordar os problemas do campo da
saúde:
1 - promoção da saúde,

105
2 - regulação,
3 – pesquisa
4 - fixação de objetivos
5 - eficiência da assistência médica,

Foi a partir deste documento que se realizou a I Conferência Internacional sobre Cuidados Primários
de Saúde, em 1978, em Alma-Ata, com grande repercussão em quase todos os sistemas de saúde do
mundo (BUSS, 2003).
Em 1986, foi a vez surge a Carta de Ottawa a partir da I Conferência Internacional sobre Promoção
da Saúde.
E assim define-se o que é a Promoção da Saúde:
Promoção da saúde é o nome dado ao processo de capacitação da comunidade para atuar na
melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo.
(WHO, 1986).
Neste sentido a saúde deve ser vista como um recurso para a vida, e não como objetivo de viver. A
saúde passa a ser vista como um conceito positivo e desse modo não pode ser mais compreendida como
exclusividade do setor saúde. É muito mais do que isso, é uma necessidade de conquistar um bem-estar
global. (CARTA DE OTTAWA, 1986)

Carta de Ottawa

Baixe um leitor de QR code em seu dispositivo e use o código para ver o


arquivo on-line ( ou acesse:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/carta_ottawa.pdf

Assim, alguns temas passa a ser relevantes de acordo com Farinatti e Ferreira (2006):
 A deterioração do meio ambiente,
 Os modos de vida,
 As diferenças culturais entre as nações
 As classes sociais, e a educação para a saúde
A conclusão que se pode chegar é que o significado do termo Promoção da Saúde foi se alterando ao
longo do tempo e, hoje está associado a valores como: vida, saúde, solidariedade, equidade, democracia,
cidadania, desenvolvimento, participação e parceria. Além disso, está relacionado à ideia de
“responsabilização múltipla”, uma vez que envolve as ações do Estado (políticas públicas saudáveis), dos
indivíduos e coletividades (desenvolvimento de habilidades pessoais e coletivas), do sistema de saúde
(reorientação do sistema de saúde) e das parcerias intersetoriais (BUSS, 2003), na definição de prioridades,
planejamento e implementação de estratégias para promover saúde.

106
O termo, por exemplo empowerment, autocuidado e capacitação (ou autocapacitação) está cada vez
mais sendo notório porque promover saúde requer desenvolver ainda as habilidades de cada indivíduo
Quanto as ações preventivas
Segundo Buss apud Czeresnia (2003) definem-se como intervenções orientadas a evitar o surgimento
de doenças específicas, reduzindo sua incidência e prevalência nas populações e se baseiam no
conhecimento epidemiológico de doenças e de outros agravos específicos (CZERESNIA, 2003). A
prevenção orienta-se às ações de detecção, controle e enfraquecimento dos fatores de risco de
enfermidades, sendo o foco a doença e os mecanismos para atacá-la (BUSS, 2003).
Para a prevenção, o foco é evitar qualquer e, nesse sentido eliminar a doença.
Promover a saúde é por tanto evitar a doença.
Saúde no Brasil.
Vamos pensar?

Qual a sua opinião em relação a saúde no Brasil? Todo Brasileiro tem direito a
saúde?

De acordo com a Constituição de 1988, a Saúde é um direito de todo cidadão brasileiro e um dever do
Estado. Ocorre que segundo os dados da Organização Mundial da Saúde, OMS (2018) , o orçamento para
os gastos com a saúde do Brasil fica abaixo da média mundial. Apenas 3,6% do orçamento do governo
federal foi destinado à saúde em 2018. O percentual fica bem abaixo da média mundial, de 11,7%, de
acordo com a OMS. Essa taxa é menor do que a média no continente africano (9,9%), nas Américas
(13,6%) e na Europa (13,2). Na Suíça, essa proporção é de 22%.
Quanto à forma com que está dividida a saúde no Brasil identifica-se que a saúde é de responsabilidade
pública mas também tem a saúde suplementar.
O Sistema Único de Saúde (SUS) estrutura a saúde pública do Brasil que atende 75% da população e
os Planos de Saúde estruturam a saúde suplementar ou a saúde privada.
Vários são os autores que revelam que o SUS precisa resolver dois problemas para melhor eficácia: o
primeiro é ter uma melhor gerência e o segundo é ampliar o seu financiamento. Ocorre que em 2019, o SUS
perdeu cerca de R$ 9,5 bilhões no orçamento federal, devido às restrições impostas pela Emenda
Constitucional - EC 95.
Uma relação desigual na distribuição de médicos no território brasileiro
Segundo a Organização Mundial da Saúde, o ideal de atenção à saúde é de 1 médico para cada mil
habitantes. No Brasil existem 2,11 médicos para cada mil habitantes. Excelente proporção se não fosse a
distribuição de médicos pelo território. Veja a Tabela a seguir com a distribuição de médicos pelo território, o
que torna uma distribuição desigual.

107
Para finalizar sugiro que você veja o vídeo do Dr. Drauzio que faz uma análise da saúde no país,
envolvendo os sistemas públicos, privado e planos de saúde.
Raio X da Saúde no Brasil

Baixe um leitor de QR code em seu dispositivo e use o código para ver o vídeo on-line ( ou acesse:
https://www.youtube.com/watch?v=4p_FK3ek29w

Objeto 18 - Segurança alimentar e nutricional

Segurança Alimentar e Nutricional

Segundo as publicações do Senado Federal (2019), Segurança Alimentar e Nutricional consiste na


realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade
suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas
alimentares promotoras da saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural,
econômica e socialmente sustentáveis.
Nesse sentido é possível afirmar que todos têm direito a se alimentar de forma saudável, em
conformidade com a legislação, de forma que seja acessível, com qualidade e que a quantidade seja
suficiente e de modo permanente.

108
Insegurança alimentar
Segundo a Lei De Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) , a Insegurança alimentar e nutricional
podem ser detectadas a partir de algumas situações que se relacionam a fome, obesidade, doenças
associadas à má alimentação, consumo de alimentos de qualidade duvidosa ou prejudicial à saúde,
estrutura de produção de alimentos predatória em relação ao ambiente e bens essenciais com preços
abusivos e imposição de padrões alimentares que não respeitem a diversidade cultural.
A insegurança alimentar atinge comunidades em todo o planeta onde a pobreza impede acesso ao
provisionamento de alimentos. É certo que a insegurança alimentar causa sofrimento humano generalizado
e contribui para a degradação e esgotamento dos recursos naturais.
A fome, a desnutrição e a insegurança alimentar são simultaneamente causas e efeitos da pobreza,
comprometendo o desenvolvimento humano, as perspectivas de desenvolvimento das sociedades e o
potencial económico dos países. Encontrar alimentos a preços acessíveis, que promovam a saúde e a boa
nutrição, para uma população mundial em crescimento, permanece um grande desafio internacional. A
promoção de sistemas alimentares mais sustentáveis, resilientes, responsáveis, competitivos, diversos e
inclusivos é um imperativo de Desenvolvimento, que requer a participação de todos (FERREIRA, 2018).

Veja o vídeo
Documentário "Por Uma Vida DOCUMENTAÇÃO - 04.03.12: O destaque deste programa é a questão
Melhor" retrata segurança
da segurança alimentar e nutricional no nosso país. Todo homem tem
alimentar e nutricional no Brasil
antes do Brasil sair do Mapa da direito ao acesso permanente à água e à alimentação adequadas, em
Fome
quantidade e qualidade suficientes, que lhe permitam uma vida saudável.
Apesar disso, o Brasil ainda luta para superar deficiências graves nesta
área, em especial no que se refere ao histórico problema da fome. "Por
uma vida melhor", de Thereza Jessouroun, é uma realização de CECIP,
CESE e IBASE
Baixe um leitor de QR code em seu dispositivo, use o código ao
lado e assista ao vídeo on-line ( ou acesse:
https://www.youtube.com/watch?v=1sHrxvC73GE
).

A Fome
Qual é o problema da fome no mundo?

Não é possível que num planeta, onde a quantidade de produção de alimentos daria para todos,
ainda há pessoas com fome. Quase 1 bilhão de pessoas passam fome. Existem, segundo os dados de
2018 da ONU cerca de 820 milhões de indivíduos que não tiveram acesso suficiente a alimentos. Desse

109
total, a grande maioria, se encontra geograficamente nos países em desenvolvimento. Outro bilhão
consome para além do que possamos de chamar de necessário
A fome não é um fenômeno natural, ela é produzida a partir das relações sociais em um
determinado espaço. A fome não é recente, “[...] a fome sempre existiu como sempre houve pobreza e
miséria ao lado da riqueza e do luxo” (CASTRO, 1966, p. 21), portanto, a fome não é atual, ela resulta de
muitos anos de má distribuição de renda, onde poucos estão com muito e muitos estão sem nada.
Segundo o Geógrafo Milton Santos (2000) a questão da fome não é a produção de alimentos, mas a
distribuição dos alimentos. Produzimos mais comida do que consumimos. Os poderosos decidem que
alguns não devem comer? As novas tecnologias possibilitam a produção de alimentos em larga escala, mas
a busca por lucro impede que uma real distribuição de alimentos ocorra. Dessa forma, milhões de toneladas
de alimento são jogadas fora todos os anos por conta da falta de logística humanitária na perspectiva de
compartilhamento de alimentos.

A Pobreza no Brasil - Documentário


completo
Baixe um leitor de QR code em seu
dispositivo, use o código ao lado e assista
ao vídeo on-line ( ou acesse:
https://www.youtube.com/watch?v=-
3xtexbnufA ).

O mapa da Fome no mundo


O mundo possui um indicador, utilizado pela ONU e outras Instituições que visam concentrar
medidas e projetos para erradicar a fome no planeta, chamado mapa da fome no mundo. O mapa aponta
mais de 5% da população em pobreza extrema. Na prática significa dizer que a cada 20 pessoas, uma está
em situação de pobreza e fome. (. FDR, 2020). O Brasil saiu deste mapa em 2014, mas especialistas
afirmam, por conta da epidemia do covid19, a estimativa é que o Brasil retorne aos índices que configuram
o mapa da fome, porque já está com 14,7 milhões de pessoas, (7% da população) na extrema pobreza
(previsão para até o fim de 2020, segundo estudos do Banco Mundial. Quando você ler este material é
importante acompanhar novos dados. Muitas possibilidades de sucesso ao combate a fome são
imprevisíveis. O que se tem certeza nesse momento é que o mundo está caminhando para uma recessão e
o Brasil não estaria de fora desse caminho. Percebe-se, no entanto, a solidariedade de muitas sociedades
no sentido de combater a fome emergencial.

A Segurança alimentar face as mudanças climáticas


O meio ambiente seguro é condição essencial para garantir a segurança alimentar.
O clima está mudando, o efeito estufa está sendo provocado pela emissão de gases poluentes na
atmosfera. Vários eventos climáticos extremo como aumento da temperatura, secas e inundações já são
mais frequentes e graves impactando a sociedade. É evidente que as mudanças climáticas globais terão um

110
efeito adverso na produção agrícola, levanto ao limite muitas regiões. As áreas que estão já em insegurança
alimentar deverão desproporcionalmente sentir esses efeitos negativos.
Os processos de erosão de solos reduzem ainda mais a disponibilização de água potável
disponível, pois identifica-se a escassez, ao mesmo tempo que aumenta a desertificação mundial.
É enganoso pensar que a agroindústria, muitas vezes justificada pela necessidade de alimentar um
grande contingente populacional, é a solução para alcançar uma segurança alimentar. É também na
agroindústria que se verifica o agravamento das condições ambientais e climáticas. É um processo
destrutivo que impacta as atividades humanas porque são modelos agrícolas que se baseiam na
monocultura intensiva se fazendo valer de defensivos agrícolas, da destruição da vegetação nativa,
voltados majoritariamente para a exportação e concentração dos lugares de distribuição dos alimentos.
Segundo Ferreira (2018) A agricultura convencional, o desmatamento e a utilização dos solos representam
um total de aproximadamente 25% das emissões mundiais anuais de gases com efeitos de estufa. Ainda de
acordo com Ferreira (2018) A insegurança alimentar tem aumentado em zonas afetadas por catástrofes,
fenômenos meteorológicos extremos e alterações climáticas, os quais têm um impacto cada vez maior nas
práticas agrícolas e no desenvolvimento.
Para reduzir o efeito das mudanças climáticas na garantia de alimento para o maior número de
pessoas, é necessário aumentar muito a capacidade de adaptação (sustentabilidade) na agricultura.
A comunidade mundial deve operar dentro de três limites: A quantidade de alimentos que podem
ser produzidos num determinado clima; a quantidade necessária por uma população em crescimento e em
modificação; e o efeito da produção de alimentos no clima. Atualmente o planeta funciona fora de um
espaço seguro, identificado pela quantidade enorme de pessoas subnutridas.
Nesse sentido é muito importante apresentar tentativa de soluções e políticas para promoção de
Segurança Alimentar e Nutricional. Elas devem se basear nas práticas alimentares que visam a promoção
da saúde, e sempre garantir o acesso a outras necessidades essenciais.
No Brasil, devido a legislação, é um direito de cada brasileiro, é um direito de poder fazer uma
alimentação devida e nutricionalmente saudável, respeitando particularidades e características culturais de
cada região.
Veja o artigo 4º da legislação sobre a abrangência da segurança alimentar e nutricional
I – Ampliação das condições de acesso aos alimentos por meio da produção, em especial da agricultura
tradicional e familiar, do processamento, da industrialização, da comercialização, incluindo-se os acordos
internacionais, do abastecimento e da distribuição dos alimentos, incluindo a água, bem como da geração
de emprego e da redistribuição de renda;
II – Conservação da biodiversidade e utilização sustentável dos recursos;
III – a promoção da saúde, da nutrição e da alimentação da população, incluindo-se grupos populacionais
específicos e populações em situação de vulnerabilidade social;
IV – A garantia da qualidade biológica, sanitária, nutricional e tecnológica dos alimentos, bem como seu
aproveitamento, estimulando práticas alimentares e estilos de vida saudáveis que respeitem a diversidade
étnica e racial e cultural da população;
V – A produção de conhecimento e o acesso à informação; e
VI – A implementação de políticas públicas e estratégias sustentáveis e participativas de produção,
comercialização e consumo de alimentos, respeitando- se as múltiplas características culturais do País.

111
É importante fazer cumprir a legislação e enfatizar que se as atuais tendências de crescimento
populacional, regimes alimentares, produção das colheitas e mudanças climáticas continuarem, o mundo
não alcançará um espaço seguro em 2050. Essa é uma situação insustentável apresentando pouquíssimos
espaços para produção de alimentos. É necessário fazer mudanças para alcançar esse espaço seguro. Por
exemplo é certo que haverá procura maior de alimentos com o crescimento da população, mas será que a
quantidade de alimentos produzida deveria continuar da forma que está sendo produzida? Não! É
necessário reduzir a produção e eliminar os desperdícios das cadeias de abastecimento, garantindo o
acesso mais justo, avançando para regimes alimentares mais ricos em vegetais e mais eficientes ao nível
dos recursos. Deve-se ainda pensar na inovação agrícola, incluindo uma melhor gestão dos recursos
hídricos e uma boa governança.
E porque 2050? Segundo relatório produzido pela FAO, a agência da ONU para alimentação e
agricultura, A produção mundial de alimentos deve aumentar em 70% nos próximos anos para suprir a
demanda crescente.

Objeto 19 - Ciência, tecnologia e inovação


Objetivo do objeto 19: identificar o quanto é necessário para o desenvolvimento social, econômico e
ambiental, o fomento a Ciência, a Tecnologia e a Inovação

Antes de começarmos a seção é preciso compreender cada um dos termos a que se refere este
estudo. Os conceitos foram definidos não só pela UNESCO, mas ainda por diferentes autores.

Definindo ciência
Ciência é o conjunto organizado de conhecimentos sobre os mecanismos de causalidade dos fatos
observáveis, obtidos através do estudo objetivo dos fenômenos empíricos

Definindo Tecnologia
Tecnologia é o conjunto de conhecimentos científicos ou empíricos diretamente aplicáveis à
produção ou melhoria de bens ou serviços. Ainda poder-se-ia definir como o conhecimento de fenômenos a
partir de comprovações das teorias que impactam a sociedade e a economia. Geralmente é aplicada ao
surgimento de novos materiais, processos novos, no surgimento de processos originais, produtos que se
reinventam ou que também seriam criados ou ainda a aplicação e novos métodos.
O termo tecnologia é muito inserido nos textos e nos discursos de muitos autores que escrevem
sobre modernização da inovação, da sociedade e ainda na sobrevivência e busca de mercados pela
empresa e, nesse sentido, a abrangência do termo apresenta inúmeras considerações.
Por outro lado, cotidianamente outros termos apresentam-se como emprego arbitrário da tecnologia
apesar de perceber uma relação com a tecnologia.
Gama (1987) revela que não é possível uma definição precisa da palavra tecnologia:
Uma definição exata e precisa da palavra tecnologia fica difícil de ser estabelecida
tendo em vista que ao longo da história o conceito é interpretado de diferentes
maneiras, por diferentes pessoas, embasadas em teorias muitas vezes
divergentes e dentro dos mais distintos contextos sociais (GAMA, 1987).

112
Segundo o dicionário Priberam da Língua Portuguesa (2020), Tecnologia é uma ciência cujo objeto
é a aplicação do conhecimento técnico e científico para fins industriais e comerciais. Ainda é compreendida
como
Salomon (1984) a define como o uso do conhecimento racional - técnico ou científico - para
satisfazer necessidades, desejos ou fantasias, por meio da criação, distribuição e produção de bens e
serviços. Para ele, os objetos que a tecnologia cria ou sobre os quais ela atua não são apenas bens físicos,
mas também intangíveis, tais como: programas de computadores, desenhos, métodos de gerência e
tomadas de decisão (SALOMON, 1984:128).
Sabato (1972) define a tecnologia como um conjunto ordenado, organizado e articulado de
conhecimentos empregados na produção e comercialização de bens e serviços.
Alguns termos relacionados à tecnologia, devem ser considerados:
A Alta tecnologia - O mesmo que tecnologia de ponta.
A tecnologia de ponta - A de última geração, a mais avançada.
A alta tecnologia ou tecnologia de ponta faz referências à última geração da tecnologia empregada para
um determinado produto ou fim. O conhecimento científico é empregado.

Definindo inovação
Inovação é a ação ou o ato de inovar, ou seja, modificando antigos costumes, manias, legislações,
processos etc.; efeito de renovação ou criação de uma novidade. O conceito de inovação é bastante
utilizado no contexto empresarial, ambiental ou mesmo econômico.
É um ato de introduzir novidades, uma mudança no método ou na tecnologia;
É um afastamento útil e positivo das formas anteriores de se fazer as coisas.
A inovação é a chave para a competitividade, base para gerar riquezas, e muitas organizações
estão buscando, através do desenvolvimento de tecnologias e estimulando a criatividade dos seus
colaboradores, empreender em inovação.
A inovação interfere diretamente no ciclo de vida de um produto em função da substituição
A terceira edição do Manual de Oslo, publicado pela Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico10, define que “uma inovação é a implementação de um produto (bem ou
serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um
novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações
externas”.
O Manual Frascati30 considera a inovação como a transformação de uma ideia em um produto novo
ou melhorado que se introduz no mercado, ou em novos sistemas de produção, e em sua difusão,
comercialização e utilização. É uma inovação tecnológica, a melhoria substancial de produtos ou processos
já existentes.

Qual a relação entre Ciência, Tecnologia e Inovação?

30 O Manual de Frascati é um documento que traz a metodologia para o fomento da Pesquisa e


Desenvolvimento. Suas definições são aceitas em todo o mundo e seus princípios utilizados como base
para diversas leis de incentivo econômico, tais como a Lei de Informática, Lei do Bem, dentre outras.

113
A partir da compreensão de cada conceito é mais fácil identificar o quanto é importante um país
desenvolver Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I).
Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I), são três termos que formam uma única expressão e que
pode ser traduzida como a presença ou não de desenvolvimento econômico, social e ambiental. “são, no
cenário mundial contemporâneo, instrumentos fundamentais para o desenvolvimento, o crescimento
econômico, a geração de emprego e renda e a democratização de oportunidades” (PACTI, 2007, p. 29). Isto
é, podem provocar mudanças econômicas, sociais e ambientais significativas.
Nos países que procuram desenvolver a Ciência, Tecnologia e Inovação verifica-se que a base do
seu desenvolvimento está cada vez mais atrelada a inovação e que por sua vez remete ao desenvolvimento
científico e tecnológico. É muito importante desenvolver nessa base científica e tecnológica o incentivo a
formação de pesquisadores e cientistas.
Segundo o IBGE (2020), essa tríade compreende as informações sobre a nova produção do
conhecimento, abrangendo Pesquisa e Desenvolvimento - P&D; inovação; recursos humanos em Ciência,
Tecnologia e Inovação - CT&I; tecnologias transversais (biotecnologia, nanotecnologia, entre outras);
financiamentos em P&D e inovação; indústrias de alta tecnologia; e serviços baseados no conhecimento,
entre outros aspectos.
Visto pelo paradigma da sustentabilidade, é uma forma de utilizar o conhecimento produzido e
eticamente responsável para, garantir a preservação dos recursos disponíveis no planeta para as
futuras gerações.
As desigualdades Tecnológicas são identificadas ao comparar vários países, face aos
investimentos ou não de recursos para pesquisas no desenvolvimento da Inovação. A industrialização
tardia, orçamentos comprometidos para à formação de cérebros que possam desenvolver pesquisas,
financiamentos no limite, levam a consolidação das desigualdades.
Veja o que está escrito no documento Estratégia nacional de ciência, tecnologia e inovação 2016-
2022 em relação ao Brasil:
Os países de industrialização tardia exitosa tiveram suas estratégias assentadas
em inflexões decisivas no contexto da educação e da ciência e tecnologia. O Brasil
não promoveu essa revolução e, a despeito de avanços importantes, poderá
perder oportunidades face à necessidade de se avançar rápido no domínio do
conhecimento. As estratégias passadas, mesmo as mais exitosas, não mais
poderão ser repetidas, devendo o Brasil procurar novos caminhos para atingir seu
objetivo de criação e distribuição de riqueza compatível com as aspirações de sua
população.
Países como os Estados Unidos e China, priorizam a inovação que está no centro de suas
estratégicas para o crescimento, principalmente após a crise de 2008 e mais recentemente ao colapso
global provocado pela pandemia do COVID 19. Esse fato nos leva a inferir que as desigualdades dos
países desenvolvidos e em desenvolvimento podem ser relacionadas as desigualdades tecnológicas.

Principais tendências mundiais das políticas de CT&I


As políticas de CT&I no mundo estão sendo adaptadas e orientadas a buscar soluções para
grandes desafios sociais, ambientais e econômicos.

114
Neste sentido alguns temas estão na pauta das discussões tais como:
 Segurança alimentar nutricional, energética e hídrica
 Iniciativas para enfrentar as mudanças do climáticas e do uso sustentável dos recursos naturais
 Estratégias para o avanço da inovação.
Segundo o relatório da OCDE (2012) são 12 recomendações para a promoção de melhores
políticas regulatórias. Entre as recomendações é enfatizada a importância da pesquisa regulatória desde a
concepção de novas tecnologias à produção de bens. A pesquisa regulatória e a interação desses grupos
de pesquisa com agências reguladoras, indústria e legisladores formam a estrutura para a inovação
responsável, sendo esta uma das tendências mundiais identificadas pela OCDE para a CT&I.
A adoção de uma inovação aberta cujo modelo é de cooperação e troca vem sendo incentivada como
mais uma tendência mundial.
Leia o documento na íntegra: Manual de Oslo Diretrizes Para Coleta E
Interpretação De Dados Sobre Inovação
Baixe um leitor de QR code em seu dispositivo e use o código para
conhecer o documento on-line ( ou acesse:
https://www.finep.gov.br/images/apoio-e-financiamento/manualoslo.pdf

Algumas políticas nacionais de CT&I, de acordo com o documento intitulado Estratégia nacional
de ciência, tecnologia e inovação 2016-2022 (adaptado).

São identificados alguns exemplos de áreas e tecnologias prioritárias de países com maiores avanços
no setor, que tem maior reflexo com a política e interesse brasileiros:
Estratégia nacional de ciência, tecnologia e
inovação 2016-2022
Leia o documento na íntegra
Baixe um leitor de QR code em seu dispositivo e use o
código para conhecer o documento on-line ( ou acesse:
http://www.finep.gov.br/images/a-
finep/Politica/16_03_2018_Estrategia_Nacional_de_Cie
ncia_Tecnologia_e_Inovacao_2016_2022.pdf

A Defesa que é para alguns países uma das prioridades é o que acontece com grande parte do
orçamento de diversos países, especialmente nos EUA.
Mudança Climática
Estratégias para minimizar os efeitos das Mudança Climática no sentido de redução das emissões de
gases no efeito estufa e a procura de matrizes energéticas alternativas e sustentáveis

115
O incentivo ao avanço do conhecimento e ao desenvolvimento de soluções tecnológicas em áreas
como energia nuclear, energias renováveis, eficiência energética, captura e armazenamento de carbono
está presente em muitas dessas estratégias.
Redução do Risco e de Impactos de Desastres Naturais - a importância de enumerar os impactos e
buscar reunir conhecimentos no sentido de subsidiar uma melhor adaptação das sociedades buscando
mitigar seus impactos sociais, econômicos e ambientais.
Oceanos e Antártica
É tema dado a importância para a permanência da vida no planeta e a influência direta dos processos
polares na dinâmica da Terra. A Antártica é uma questão estratégica e de geopolítica. A sustentabilidade
ambiental que está relacionada ao futuro das espécies
Sistemas Urbanos Sustentáveis
A importante missão de tornar as cidades mais segura e com qualidade de vida. Nesse sentido
melhorar a vida nas cidades, tornando-as mais eficientes no uso de recursos e mais seguras para a
mobilidade de seus cidadãos.
Combate às desigualdades de gênero
Garantir e incentivar a participação plena e efetiva das mulheres nas Ciências e assegurar a igualdade
de oportunidades na área de CT&I apresentam-se com uma forte tendência mundial com benefícios diretos
para a sociedade como um todo. França, Inglaterra e Estados Unidos estão entre os países que
implantaram programas de combate à desigualdade de gênero com foco na redução das disparidades no
desenvolvimento da carreira de CT&I e no fomento de pesquisas que incluam a transversalidade da
abordagem de gênero.
Envelhecimento da população
A importância de se aumentar a longevidade assegurando boas condições de saúde, de mobilidade
urbana, de cuidados domésticos e de integração social.
Métodos alternativos ao uso de animais
Há 50 anos, a proposição do princípio dos 3Rs (Substituição, Redução e Refinamento ou,
respectivamente, Replacement, Reduction and Refinement em inglês) foi um marco na experimentação
animal e proporcionou um aumento no desenvolvimento de métodos alternativos ao uso de animais. Tal
qual o documento intitulado Estratégia nacional de ciência, tecnologia e inovação 2016-2022
Esse princípio tem sido adotado em vários países com o intuito de promover o alívio ou a minimização
da dor, sofrimento ou estresse do animal utilizado na experimentação, utilizando menos ou substituindo o
uso de vertebrados vivos para a obtenção do nível equiparável de informação.
Novos processos produtivos
Refere-se a um nível mais avançado de industrialização e que determinarão protocolos de
comunicação de digitalização de insumos e produtos.
Temas como nanotecnologia, novos materiais, impressoras 3D (manufatura aditiva), sistemas
ciberfísicos (CPS), ferramentas de Internet das Coisas, incluindo comunicação máquina a máquina (M2M), e
manufatura avançada são recorrentes nos documentos das políticas de inovação de diversos países.

Sociedade e economia digital

116
Refere-se a análise de Big Data, Computação na Nuvem, Internet das Coisas e Comunicações Móveis
de 5ª Geração (5G) como alguns dos temas prioritários que têm orientado os investimentos em inovação no
campo das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC).
Energia
Um esforço de inovar para a segurança energética, principalmente na alternativa de geração de
energia limpa, segura e eficiente. Fontes renováveis está na pauta como geração para uso smart grids,
veículos elétricos, novas baterias, biocombustíveis e reatores nucleares modulares intrinsecamente
seguros.
Convergência tecnológica
Como mote o estabelecimento de abordagens integradas entre nanotecnologia, biotecnologia,
tecnologia da informação e ciências cognitivas têm forte potencial para avançar no enfrentamento de
desafios globais e sociais. A convergência tecnológica lança mão de uma abordagem interdisciplinar e vai
ao encontro da necessidade de vários países de conferir maior foco aos investimentos, bem como obter
respostas mais rápidas para os diversos desafios.
A integração dessas abordagens contribui para um salto científico-tecnológico nas próximas décadas,
por possuírem característica intrinsecamente inovadora, transversal e disruptiva, tecnologias tais como a
nanotecnologia, a cibernética, as ciências ômicas e as ciências de materiais.
Tecnologias Habilitadoras
Tal qual o documento elas são identificadas como tecnologias habilitadoras-chave a biotecnologia
industrial, os materiais avançados, a fotônica, a micro e nanoeletrônica, a nanotecnologia e as tecnologias
avançadas de manufatura. Tais tecnologias provêm a base para inovação em uma gama de produtos de
diversos setores. Incentivar e fomentar as ações em nanotecnologia demonstram a capacidade do País em
inovar em segmentos competitivos e de fronteira, por exemplo:
a) saúde, no monitoramento em tempo real, no diagnóstico preciso e precoce, na terapêutica, por meio
de sistemas de liberação controlada de drogas que possibilitam a diminuição da dosagem e,
concomitantemente, atenuam os efeitos adversos;
b) energia, com melhoria na produção limpa, no armazenamento, na conversão, na distribuição, com
promissoras possibilidades de aumento da eficiência e da economicidade;
c) segurança alimentar e agronegócio, com o desenvolvimento de embalagens inteligentes,
comestíveis e/ou biodegradáveis, liberação controlada e em doses reduzidas de defensivos agrícolas e
(nano)(bio)sensores de alimentos;
d) recursos hídricos, com o desenvolvimento de nanopartículas e nanofiltros capazes de detectar e
remover contaminantes orgânicos e inorgânicos. Economias em processo de transição para a economia
verde investem em iniciativas de apoio ao desenvolvimento de tecnologias habilitadoras.

Outros temas identificados como centrais nas estratégias nacionais de CT&I são:
• Segurança Hídrica e Alimentar;
• Saúde e Bem-Estar;
Aeroespacial;
• Tecnologias Nucleares;
• Minerais e Materiais Estratégicos;
• Bioeconomia.

117
Marco regulatório de Ciência Tecnologia e Inovação

O Brasil possui o marco regulatório de Ciência Tecnologia e Inovação que se inicia na promulgação da
da Emenda Constitucional nº 85, em 26 de fevereiro de 2015, definindo o Estado como protagonista na
promoção e incentivo ao desenvolvimento científico, à pesquisa, à capacitação científica e tecnológica e à
inovação, estabelecendo que a pesquisa básica e a pesquisa tecnológica receberão tratamento prioritário
do Estado, tendo em vista o bem público e progresso. Essa Emenda tem um ponto que se destaca ao se
referir sobre a institucionalização do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (SNCTI), que
deverá ser organizado em regime de colaboração entre entes, tanto públicos quanto privados, com vistas ao
desenvolvimento científico e tecnológico do País.
Outra regulação se apresenta a partir da promulgação da Lei 13.243, em 11 de janeiro de 201631,
conhecida como lei da Inovação. Esse novo marco legal prevê a diminuição dos entraves burocráticos e
mais liberdade para a pesquisa científica, por meio da simplificação de processos diversos e do incentivo à
integração de empresas privadas ao sistema público de pesquisa. O documento Estratégia nacional de
ciência, tecnologia e inovação 2016-2022 faz uma análise sobre essa lei e explica que “O novo marco
reconhece e busca sanar gargalos relevantes nos processos de PD&I brasileiros e aponta para o desafio da
maior conversão de “ciência e tecnologia” em “produtos, processos e serviços inovadores”.
A lei de Biodiversidade pode também ser considerada como um grande avanço, é a lei de 13.123
promulgada em 2015, ela regula o acesso ao patrimônio genético da biodiversidade brasileira e aos
conhecimentos tradicionais a ele associados. A Lei define regras para acesso a esses recursos por
pesquisadores e pela indústria, regulamentando o direito dos povos tradicionais à repartição dos benefícios
pelo uso de seus conhecimentos da natureza, inclusive com a criação de um fundo específico para esse
pagamento. Esse novo marco legal busca diminuir a burocracia na pesquisa científica, facilitando o trabalho
de cientistas e empresários envolvidos com a temática.
Veja os documentos citados na íntegra.
Emenda Constitucional nº 85, em 26 de fevereiro de 2015
Baixe um leitor de QR code em seu dispositivo e use o código para conhecer o
documento on-line ou acesse:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc85.htm

31
Essa lei dispõe sobre estímulos ao desenvolvimento científico, à pesquisa, à capacitação científica e
tecnológica e à inovação e altera a Lei nº 10.973, de 2 de dezembro de 2004, a Lei nº 6.815, de 19 de
agosto de 1980, a Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, a Lei nº 12.462, de 4 de agosto de 2011, a Lei nº
8.745, de 9 de dezembro de 1993, a Lei nº 8.958, de 20 de dezembro de 1994, a Lei nº 8.010, de 29 de
março de 1990, a Lei nº 8.032, de 12 de abril de 1990, e a Lei nº 12.772, de 28 de dezembro de 2012, nos
termos da Emenda Constitucional nº 85, de 26 de fevereiro de 2015.

118
Lei 13.243, em 11 de janeiro de 2016, conhecida como lei da Inovação.
Baixe um leitor de QR code em seu dispositivo e use o código para conhecer o
documento on-line ( ou acesse:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2016/lei/l13243.htm#:~:text=1%C2%BA%20Esta%20Lei%20estabelece%
20medidas,Pa%C3%ADs%2C%20nos%20termos%20dos%20arts.

Marco Regulatório em Ciência, Tecnologia e Inovação Texto e contexto da


Lei nº 13.243/2016.
Leia o documento na íntegra
Baixe um leitor de QR code em seu dispositivo e use o código para conhecer o
documento on-line ( ou acesse: http://www.fundep.ufmg.br/wp-
content/uploads/2018/09/Livro_MARCO_REGULATORIO_EM_CIENCIA_TE
CNOLOGIA_E_INOVACAO.pdf

Lei da Biodiversidade
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documento on-line ( ou acesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2015/Lei/L13123.htm )

Os Estados da Federação também possuem legislação própria sobre o tema procurando


estabelecer parcerias entre as Instituições de Pesquisa Científica e Tecnológica (ICT) que de acordo com a
legislação são conhecidas como órgãos ou entidades da administração pública ou entidades privadas sem
fins lucrativos que tenham como missão institucional, dentre outras, executar atividades de pesquisa básica
ou aplicada de caráter científico ou tecnológico e as empresas.
Segundo a VIA Estação Conhecimento (2020), identificada como um grupo de professores e alunos
que busca transformar o conhecimento de forma tangível e utilitária para a sociedade da Universidade
Federal de Santa Catarina. Já são 46 municípios que possuem legislação própria sobre inovação. Eles
disponibilizam um mapa interativo Legislação Brasileira para CTI.

Veja o mapa interativo Legislação Brasileira para CTI

Baixe um leitor de QR code em seu dispositivo e use o código para conhecer o


documento on-line ( ou acesse: http://via.ufsc.br/mapas-da-via/)

119
Enfim, é importante finalizar o tema identificando o quanto é necessário para o desenvolvimento
social, econômico e ambiental, o fomento a Ciência, a Tecnologia e a Inovação

Objeto 20 - Bioética
Objeto 20 - Bioética
Objetivo do objeto 20: identificar a importância que o tema bioética tem para vida, seja ela dos humanos
ou de outras espécies.

Iniciamos definindo bioética

Definindo Bioética
Bioética é uma junção das palavras ética e biologia que fundamentam princípios éticos para
condução da vida, de modo que não a coloque em risco
Etimologicamente a Bioética está vinculada a palavra bios que vem do grego significando vida e da
palavra ethos compreendida como ética. É uma sabedoria prática e usual dos costumes e do saber sobre a
vida. Quando se identifica problemas vinculados a vida humana ou de outros animais, identifica-se que
esses problemas são bioéticos. A bioética está vinculada ao conhecimento transdisciplinar entre Ciências
Biológicas, Ciências da Saúde, Filosofia (Ética), e Direito (Biodireito) no sentido de investigar as formas
necessárias para administrar responsavelmente a vida humana, animal e ambiental.
Bioética se faz presente em todos os ramos de estudo que lidam diretamente com a vida humana
ou de qualquer espécie do planeta.
Cohen (2008) explica que a Bioética nasce dos conflitos trazidos pela transformação humana e seus
valores, por exemplo, quando colocamos a questão de a quem pertence a nossa vida: ao próprio indivíduo,
a sociedade ou a Deus. Podemos dizer que socialmente este conflito deverá ser entendido desde uma visão
pluralista, sendo muito difícil afirmar o que deva ser aceito universalmente como certo ou errado, pois
sabemos que isto dependerá da situação e do momento histórico. Por outro lado, individualmente cada um
deverá resolver este conflito
Bioética é uma ética aplicada que se ocupa do uso correto das novas tecnologias na área das
ciências médicas e da solução adequada dos dilemas morais por elas apresentados” (CLOTET J., 1995)
Pessini e Barchifontaine (2002), apontam o ser humano como referência central da bioética. “é o
ser humano especialmente considerado em dois momentos básicos: o nascimento e a morte”. Identificam
maturidade humana como o alcance do estado ético, em que o ser humano livre e autónomo age segundo
valores adequados ao seu modo de existir. Analisam ainda, o viés dos valores culturais do homem que são
adquiridos pela experiência e tradição humana. Valores que coexistem.

Vamos pensar?
Existe relação entre a ética e a vida?

Você acertou se respondeu positivamente a essa pergunta: a vida de um ser está relacionada a de
outro.

120
Algumas questões sobre o tema são relevantes, pois tratam-se de como decidir ou não sobre a vida
de si e do outro. Peter Singer (2012) analisa várias concepções de condutas éticas, principalmente no seu
livro Ética Prática. Para se ter uma ideia, os capítulos do livro têm como objetos de estudos:
 Natureza da ética;
 Noção de igualdade;
 Direitos dos animais:
 Eutanásia;
 Aborto;
 Fome no mundo;
 Problema dos refugiados;
 Ética do meio ambiente;
 Desobediência civil;
 Natureza da ação ética;
 Sentido da vida.

Você pode baixa-lo na íntegra


O livro Ética Prática está disponível na íntegra. Trata-se de uma
leitura obrigatória para todos aqueles que buscam uma reflexão
mais apurada dos dilemas morais que nos cercam nessa época de
turbulências que vivenciamos no dia a dia
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os/Peter%20Singer%20-
%20%C9tica%20pr%E1tica(286p)%20++.pdf

Esses temas levam a sociedade fazer questionamentos do tipo:


Como lutar para e pelos Direitos dos animais a vida e ao não sofrimento, a liberdade, a
possibilidade de viver a vida naturalmente?
Peter Singer debate, por exemplo, dois conceitos importantes
1 – A consciência - os seres humanos possuem consciência, o ser humano não só senti a vida
como toma decisões que afetam só a si mesmo como também a do outro. Fortalecido o conceito pela
Declaração universal sobre bioética e direitos humanos, a consciência é capacidade única dos seres
humanos de refletir sobre sua própria existência e sobre o seu meio ambiente; de perceber a injustiça; de
evitar o perigo; de assumir responsabilidade; de buscar cooperação e de demonstrar o sentido moral que dá
expressão a princípios éticos,
2 – A Senciência que pode ser pensada em relação aos bebes e a outros animais. Apena é
sentido. Como exemplos o perigo, a dor, a fome, mas não tem a consciência o porquê que está lhe
causando isso tudo. A senciência possibilita os animais a terem interesses, no mínimo, o interesse evitar a
dor e o sofrimento. É por essa razão que devem ser incluídos nas decisões morais.

121
Os seres humanos dotados da consciência são parte integrante da biosfera, com um papel
importante na proteção um do outro e das demais formas de vida, em particular dos animais (Declaração
universal sobre bioética e direitos humanos)
Peter Singer explica que quando se toma uma ação consciente se deve levar em consideração o
que essa ação afeta os outros. Terá sofrimento alheio?
O aborto é eticamente correto?
A Eutanásia e o suicídio assistido são eticamente correto?
A Eugenia – Projeto do genoma humano possibilitando, por exemplo, a descoberta precoce de
doenças como também a interferência de características humanas, podendo inclusive moldar
comportamentos, moldar alimentos, seria correto a aplicação de seu estudo?
Um meio ambiente saudável é possível diante de um sistema capitalista voltado para o consumo?
A ética ambiental a partir da relação homem x natureza, cuja sobrevivência humana depende de um
ecossistema seguro e saudável. Preocupações diretas advindas da urbanização, da forma em que se
produz alimento, do consumo da água, do uso de energia, da manutenção das matas originais, do uso DDT
(dicloro-difenil-tricloroetano) na agricultura, o aumento da temperatura do planeta a partir da emissão de
gases que contribuam para o efeito estufa, o impacto entre outras preocupações.
Quais os desafios éticos da medicina e ciências afins?
Percebam que essas são algumas questões fundamentais da vida humana e que podem, a partir da
tentativa de responde-las ou até adotar atitudes, promover impactos a sociedade não só de imediato, mas
em relação ao futuro.
Cohen (2008) faz uma correlação da bioética na vida cotidiana apontando que a bioética dá pouca
atenção ao cotidiano da vida. Por exemplo, como lidar eticamente com as novas definições de início e de
fim da vida humana ou da qualidade de vida humana, o que pode ser realizado do ponto de vista ético em
experimentos científicos, como lidar eticamente com o meio ambiente. Porém, entendo que a bioética dá
pouca atenção ao cotidiano da vida. (COHEN, 2008).

Sugestão de vídeo
O professor e doutor em Bioética pela USP, Reinaldo Ayer de Oliveira provoca reflexões ao buscar
responder quais os limites da bioética? Qual o limite da vida e morte?

Quais os limites da bioética? Um Olhar Sobre o Mundo explora os


limites da vida e da morte

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livro ( ou acesse https://tvbrasil.ebc.com.br/um-olhar-sobre-o-

mundo/2019/08/quais-os-limites-da-bioetica

Princípios bioéticos

122
Inicialmente os princípios da bioética foram apresentados no Relatório Belmont (1978)32 para
orientar as pesquisas com seres humanos e, em 1979, Beauchamps e Childress, em sua obra Principles of
biomedical ethics, estenderam a utilização deles para a prática médica, ou seja, para todos aqueles que se
ocupam da saúde das pessoas. (AZEVEDO, 2010)
Roqué-sánchez et al. (2018) explica que esses princípios são utilizados para análise das questões
práticas e que são adotados na maioria dos países. São paradigmas de avaliação moral na prática clínica.
São eles:
Autonomia - autonomia requer que os indivíduos capacitados de deliberarem sobre suas escolhas
pessoais, devam ser tratados com respeito pela sua capacidade de decisão. As pessoas têm o direito de
decidir sobre as questões relacionadas ao seu corpo e à sua vida. Quaisquer atos médicos devem ser
autorizados pelo paciente.
Beneficência - refere-se à obrigação ética de maximizar o benefício e minimizar o prejuízo. O
profissional deve ter a maior convicção e informação técnicas possíveis que assegurem ser o ato médico
benéfico ao paciente (ação que faz o bem).
Não-maleficência - prepondera sobre o da beneficência, ou seja, tomam-se medidas que
proporcionam o alívio da dor em primeira instância. Se instituído nesta fase um tratamento mais agressivo,
visando a cura (um transplante, por exemplo), além de ineficaz, traria maior sofrimento.
Justiça - estabelece como condição fundamental a equidade: obrigação ética de tratar cada
indivíduo conforme o que é moralmente correto e adequado, de dar a cada um o que lhe é devido. O
médico deve atuar com imparcialidade, evitando ao máximo que aspectos sociais, culturais, religiosos,
financeiros ou outros interfiram na relação médico-paciente. Os recursos devem ser equilibradamente
distribuídos, com o objetivo de alcançar, com melhor eficácia, o maior número de pessoas assistidas.
A Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos de 200533, promovida pela UNESCO
ampliou o número de princípios, do artigo 3 ao artigo 17.

Diretrizes éticas nacionais para pesquisas


Jácome, Garrafa e Araujo (2017) explicam que “Ao longo do tempo, experiências acumuladas em
vários sistemas de avaliação ética revelaram que a autorregulação exercida por pesquisadores não é
suficiente, impondo-se a necessidade de comissões independentes com enfoque no controle social ” e que a
regulação brasileira vem sendo atribuída por Comitês de Ética em Pesquisa (CEP) e pela Comissão
Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), que juntos formam o sistema CEP/Conep. Cabendo à Conep
estimular e acompanhar os trabalhos dos CEP. (JÁCOME; GARRAFA; ARAUJO, 2017). Discutem em
termos éticos e morais
Ressaltam ainda que, uma proposta de criação de Conselho Nacional de Bioética tramita desde
2005 no Congresso Nacional.
No entanto, Diretrizes éticas nacionais para pesquisas envolvendo seres humanos foram definidas
na Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) que aprovou as diretrizes e normas

32 Documento foi considerado um marco importante e estabeleceu três princípios éticos considerados
básicos para a orientação de condutas aceitáveis na pesquisa médica: o respeito pela autonomia das
pessoas, a beneficência e a justiça. (AZEVEDO, 2010)
33Veja a Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos, na íntegra. Noe endereço

http://www.bioetica.org.br/?siteAcao=DiretrizesDeclaracoesIntegra&id=17. Acesso em jun 2020.

123
regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Homologada pelo Ministério da Saúde em 13
de junho de 2013, substitui a Resolução CNS 196/1996 9, que vigorou por quase 17 anos. (JÁCOME;
GARRAFA; ARAUJO, 2017)
A Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep)34, está subordinada ao Conselho Nacional de
Saúde (CNS) e tem como missão avaliar aspectos éticos das pesquisas que envolvem seres humanos no
Brasil. Neste sentido elabora e atualiza as diretrizes e normas para a proteção dos participantes de
pesquisa e também coordena a rede de Comitês de Ética em Pesquisa (CEP) das instituições – Sistema
CEP/Conep. (MINISTÉRIO DA SAÙDE)
O Conep avalia eticamente e acompanha os protocolos de pesquisa em áreas temáticas especiais
como genética e reprodução humana, novos equipamentos, dispositivos para a saúde, novos
procedimentos, população indígena, projetos ligados à biossegurança, dentre outros.
É importante destacar que o Brasil não tem uma Política Nacional de Bioética, mas é signatário
da Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos homologada em outubro de 2005 pela
UNESCO que apresenta 28 artigos e 15 princípios.
A Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos representou um marco para o tema
bioética que ficou contextualizado em vários países, tornando-a um documento relevante na discussão
sobre as populações mais vulneráveis. A partir da Declaração apontou-se o caráter social da bioética e
ampliaram-se definitivamente suas discussões para além da temática biomédica e biotecnológica. Ela
representa um entendimento bem mais amplo sobre o conceito bioética norteando os espaços acadêmico e
político para esse fim, capaz de contribuir concretamente na discussão de temas da cotidianidade das
pessoas, povos e nações, tais como a exclusão social, a vulnerabilidade, a guerra e a paz, o racismo, a
saúde pública, pobreza, analfabetismo, direito e acesso a saúde, direito ao acesso a novos medicamentos,
a importância dos ecossistemas, da biodiversidade entre outros (Garrafa, 2006)
Ela não é uma lei e sim uma norma vinculante e pode dar direcionamento ao legislativo dos países.
Veja dois vídeos a seguir cujo entrevistado é o Dr. Volnei Garrafa, coordenador da cátedra de
Bioética da UNESCO no Brasil e professor da UnB. O Primeiro apresenta uma comemoração aos 10 anos
da adoção da Declaração Internacional sobre Bioética e Direitos Humanos e o segundo apresenta a bioética
e suas aplicações.

34 é uma das 18 comissões do Conselho Nacional de Saúde (CNS), criada por meio da Resolução CNS nº
196/1996, com constituição atualmente designada pela Resolução nº 446/2011. Conforme definida seu
artigo 1º A Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP/ CNS/MS) é uma instância colegiada, de
natureza consultiva, deliberativa, normativa, educativa, independente, vinculada ao Conselho Nacional de
Saúde, cujo processo eleitoral dar-se-á de acordo com a presente resolução.

124
10 anos da adoção da Declaração Internacional sobre Bioética e
Direitos Humanos.
Em vídeo lançado para comemorar os 10 anos da adoção da Declaração
Internacional sobre Bioética e Direitos Humanos, o coordenador da
cátedra de Bioética da UNESCO no Brasil e professor da UnB, Dr. Volnei
Garrafa, fala sobre o papel da Organização na promoção de valores
éticos e humanos na pesquisa científica. Baixe um leitor de QR code em
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https://www.youtube.com/watch?v=j2886GvznHc
A bioética e suas aplicações

Programa trouxe o tema Bioética e suas aplicações no universo


científico-tecnológico e social, com o professor da UnB Volnei Garrafa,
coordenador da Cátedra Unesco de Bioética da Universidade de Brasília.
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livro ( ou acesse https://www.youtube.com/watch?v=HesYrlU9U9s

Conclui-se que esse tema enfatiza a necessidade de buscar diretrizes para fortalecer valores e
princípios que ajudem a sociedade discernir o que é certo e errado para a dignidade humana e de outros
seres e que se tenha em mente que algumas questões são fundamentais sobre a vida de si e a do outro. A
bioética racionaliza Conflitos morais.

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<http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/relatorio_institucional/190605_atlas_da_violencia_2019.
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http://www.scielo.mec.pt/pdf/nas/v19n4/v19n4a05.pdf. Acesso em: 07 jun. 2020.

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2018/2015/Lei/L13146.htm; acesso em: 24 julho 2019.

BRASIL. Emenda Constitucional n. 85, de 26 de fevereiro de 2015. Altera e adiciona dispositivos na


Constituição Federal para atualizar o tratamento das atividades de ciência, tecnologia e inovação. Diário
Oficial Marco Regulatório em Ciência, Tecnologia e Inovação 115 da União, Brasília, 03 de mar. De 2015.
Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ emendas/emc/emc85.htm>. Acesso em
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Segurança Alimentar e Nutricional. Brasília, DF: Diário Oficial, 18 set. 2006. Presidência da
República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11346.htm. Acesso em: 01 jun. 2006.

Brasil. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012. Aprova as diretrizes e
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