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EFICIÊNCIA DO USO DE ENXOFRE ELEMENTAR NA AGRICULTURA: UMA


REVISÃO

Chapter · December 2022

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5 authors, including:

Abraão Targino de Sousa Neto Amon Rafael De Macedo


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Josefa Vanessa dos Santos Araújo Emanuel Cavalcante


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PESQUISA CIENTÍFICA E INOVAÇÃO EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS
Vol. Único, 2022
260

Capítulo 20
EFICIÊNCIA DO USO DE ENXOFRE ELEMENTAR NA
AGRICULTURA: UMA REVISÃO

SOUSA NETO, Abraão Targino de


Pós-graduando em Ciência do Solo (PPGCS)
Centro de Ciências Agrárias (CCA/UFPB)
abraaosousa97@gmail.com
MACEDO, Amon Rafael de
Pós-graduando em Ciência do Solo (PPGCS)
Centro de Ciências Agrárias (CCA/UFPB)
amonmcd@gmail.com
ARAÚJO, Josefa Vanessa dos Santos
Pós-graduando em Ciência do Solo (PPGCS)
Centro de Ciências Agrárias (CCA/UFPB)
vaneessaif@gmail.com
CARNEIRO, Éricka Aguiar
Pós-graduando em Ciência do Solo (PPGCS)
Centro de Ciências Agrárias (CCA/UFPB)
ericka27aguiar@gmail.com
CAVALCANTE, Emanuel da Costa
Pós-graduando em Ciência do Solo (PPGCS)
Centro de Ciências Agrárias (CCA/UFPB)
emanueltfc@gmail.com

RESUMO
A deficiência de enxofre (S) ocorre em diversas regiões do Brasil devido à baixa
fertilidade do solo, bem como, matéria orgânica em menores quantidades, pelo aumento
da exportação de S pelos grãos, atrelados à alta produtividade das variedades
melhoradas, além da lixiviação de sulfato, agravada pela aplicação de calcário e fósforo.
Esse déficit é um limitante da produção agrícola em grandes áreas, principalmente no
Cerrado. Nos adubos, as fontes de enxofre mais comuns são o superfosfato simples
(12% de S-sulfato) e o sulfato de amônio (24% de S-sulfato), de forma isolada ou
compondo fórmulas comerciais com baixa concentração em NPK. Os microrganismos
do solo são os principais responsáveis pela oxidação do S elementar em sulfato. Têm-se
realizado alguns experimentos a fim de comparar a eficiência agronômica do enxofre
elementar com fertilizantes que possuam apenas sulfato de forma pronta disponível para
as plantas.

PALAVRAS-CHAVE: Microrganismos, Sulfato, Oxidação.

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INTRODUÇÃO
A deficiência de enxofre ocorre em diversas regiões do Brasil devido à baixa
fertilidade do solo (Malavolta, 1982), bem como, matéria orgânica em menores
quantidades, pelo aumento da exportação de S pelos grãos, atrelados à alta
produtividade das variedades melhoradas, além da lixiviação de sulfato, agravada pela
aplicação de calcário e fósforo (Vitti et al., 2007). Esse déficit é um limitante da
produção agrícola em grandes áreas, principalmente no Cerrado (Horowitz e Meurer,
2005).
O enxofre foi reconhecido como nutriente necessário às plantas há mais de 200
anos (Duke e Reisenauer, 1986). Nos adubos, as fontes de enxofre mais comuns são o
superfosfato simples (12% de S-sulfato) e o sulfato de amônio (24% de S-sulfato), de
forma isolada ou compondo fórmulas comerciais com baixa concentração em NPK.
Fórmulas comerciais que possuem elevadas concentrações de NPK utilizam matérias-
primas com baixas quantidades de enxofre, por exemplo, o superfosfato triplo, que
contém apenas cerca de 1% de S-sulfato. Portanto, nos solos com deficiência de
enxofre, a adição de teores adequados deste nutriente se realiza com a utilização de
fertilizantes com baixa concentração em NPK, proporcionando o encarecimento do
frete, somado ao armazenamento e a aplicação (Horowitz, 2003).
Uma solução que se apresenta para a redução de custos de produção para o
produtor, é a utilização de enxofre elementar que contém 99% de S em sua composição,
adicionado a fórmulas de fertilizantes e assim, produzindo fertilizantes com elevados
teores de NPK e quantidades mais ideais de enxofre. A forma de absorção do S pelas
plantas é o S-sulfato, logo, quando aplicado no solo é necessário que o S0 seja oxidado.
Tal oxidação é feita por diversos grupos de microrganismos presentes no solo e além
disso, outros principais fatores relacionados a oxidação de S elementar a sulfato, são a
temperatura, o pH, a umidade, a aeração, os teores de nutrientes e de matéria orgânica,
bem como, o tamanho da partícula do enxofre elementar.
Através de variados processos industriais, alguns fertilizantes lançados no
mercado mundial trazem consigo esse elemento em formas de pó, granulado ou
juntamente com bentonitas e também agregado ao superfosfato triplo (Horowitz, 2003;
Horowitz e Meurer, 2005). Tendo em vista que no Brasil ainda há a necessidade de
maiores aprofundamentos na utilização e eficiência dos fertilizantes, como também, na
adequação dos níveis de enxofre nos solos das mais diversas regiões do país, esta
revisão tem como objetivos gerais conceituar e debater sobre a eficiência do uso de
enxofre elementar na agricultura.

MATERIAL E MÉTODOS
Para a realização deste estudo foram realizadas pesquisas em sites acadêmicos,
como o Google Acadêmico e o Periódicos CAPES, com o intuito de buscar informações
acerca da temática, através de artigos científicos, dissertações e teses, e além destas,
foram utilizados livros para embasamento teórico.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

O enxofre no solo
Com um teor por volta de 0,06% (Barber, 1995), o enxofre é o décimo terceiro
elemento presente em maior quantidade na crosta da Terra (Bissani e Tedesco, 1988;
Horowitz, 2003). Ele se encontra em compostos sólidos (sais solúveis e insolúveis) e
nas formas gasosas. O gesso, a epsomita, a mirabilita e a pirita são os minerais que
possuem quantidades mais significativas de enxofre nas rochas e no solo (Tisdale et al.,
1993). O S é disponibilizado para os microrganismos e plantas a partir dos processos de
intemperismo físico, químico e biológico que ocorrem com estes minerais e, além disso,
os fertilizantes e defensivos agrícolas, bem como as águas das chuvas (em especial de
regiões adjacentes de polos industriais) são outras formas de adição do elemento no solo
(Horowitz, 2003). No que se diz respeito ao material de origem do solo, os minerais
silicatados possuem uma média de 0,01% de S, contudo, essa quantidade pode ser maior
na biotita, na clorita e em outros minerais. Nas rochas ígneas, o teor varia de 0,02% a
0,07%, já nas rochas sedimentares, de 0,02% a 0,22% (Tisdale et al., 1993; Horowitz,
2003).
No solo, o enxofre se encontra em duas formas: orgânica e inorgânica (Freney,
1986), de maneira que, o tipo de solo e a profundidade são fatores que influenciam na
proporção dessas duas formas, por exemplo, nos horizontes superficiais, especialmente
dos solos tropicais, o S orgânico é encontrado em maior quantidade (Horowitz, 2003). À
medida que se aumenta a profundidade, o orgânico diminui devido a menor presença da
matéria orgânica (Duke e Reisenauer, 1986). Neptune et al., 1975, constataram valores
de 77% a 95% para o enxofre orgânico em relação ao S total, nos horizontes superficiais
de diversos solos brasileiros.

O enxofre na planta
Tendo seu reconhecimento como nutriente necessário às plantas há mais de 200
anos, os primeiros relatos com aumento da produtividade em pastagens envolvendo o
enxofre se deu no ano de 1768, na Suíça. Consequentemente, a aplicação do nutriente
foi aceita com rapidez nos continentes europeu e americano (Duke e Reisenauer, 1986;
Horowitz, 2003).
O enxofre é de grande importância para a planta, pois seus compostos colaboram
com reações fisiológicas e bioquímicas e, além do mais, sendo o S em sua maioria, na
forma orgânica dentro da planta, também constitui proteínas e peptídeos, através da
presença de cisteína e metionina. Por sua vez, esses aminoácidos estão em compostos
importantes e compõem enzimas que sintetizam substâncias para o vegetal.
No aspecto nutricional, o enxofre atua na fisiologia da planta influenciando na
redução do nitrato, na fixação biológica do nitrogênio e na síntese de proteínas nos
tecidos vegetativos e reprodutivos. Esse elemento também está relacionado ao melhor
aproveitamento do nitrogênio, uma vez que, o mesmo participa do funcionamento da
enzima nitratoredutase, ou seja, sua deficiência inibe a redução do N-NO3 e devido a

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isso, ocorre uma diminuição da concentração de proteínas na planta. O sulfato é a forma


de S inorgânico presente na planta e atua como reserva, sendo assim, ele desempenha
três funções de grande importância: a) principal forma móvel na planta; b) quando a
absorção das raízes é insuficiente, o sulfato serve como fonte de enxofre; c) em alguns
produtos agrícolas como a cebola, o alho e algumas forrageiras, interfere no odor e no
sabor dos mesmos.
Alguns dos problemas que podem acontecer com a deficiência de enxofre é a
redução de produtividade e também redução da qualidade dos produtos, devido a
diminuição da quantidade de cisteína e metionina nas proteínas. Nos vegetais, os teores
de enxofre podem alternar entre 0,1% a 1,5%, salientando que as famílias mais
exigentes por este nutriente são a cruciferae e a liliaceae (Duke e Reisenauer, 1986;
Horowitz, 2003).

A oxidação do enxofre elementar


Os microrganismos do solo são os principais responsáveis pela oxidação do S
elementar em sulfato. Atrelado a isto, tais formas de vida são influenciadas pelo manejo
e por fatores no solo, como: temperatura, textura, aeração, pH e fertilidade do solo, além
do tamanho da partícula do enxofre elementar, pois essa está correlacionada com a área
de superfície específica que, por sua vez, tem a ver com o formato da partícula, com seu
tamanho, com sua composição, seu grau de dispersão e a taxa de aplicação. Logo, à
medida que a área de superfície específica for maior, havendo a presença desses
microrganismos, maior será a taxa de oxidação e, consequentemente, maior será a
quantidade de enxofre elementar transformado em sulfato (Germida e Janzen, 1993;
Horowitz, 2003).

Microrganismos
A especificidade dos microrganismos, bem como o tamanho de sua população
são fatores críticos para que aconteça a oxidação biológica do S elementar (Horowitz,
2003). É necessário que tal processo siga a ordem dos fatores formados (Nor e
Tabatabai, 1977):
S0 → S2O3-² → SO2 → SO4-²

No Canadá, realizou-se pesquisas com 28 solos, onde observou-se grande


correlação entre o aumento da oxidação do enxofre elementar com a biomassa
microbiana e com a taxa de respiração do solo. Assim, conclui-se que a taxa de
oxidação do S elementar é determinada pelo tamanho da população microbiana
específica e pela atividade da mesma (Lawrence e Germida, 1988). Nesse sentido, como
a oxidação a sulfato depende dos microrganismos, acontece que onde se têm condições
favoráveis ao desenvolvimento de plantas, também há, geralmente, condições
favoráveis para oxidação microbiológica (Watkinson e Blair, 1993; Horowitz, 2003).

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Dentre os mais diversos grupos de microrganismos que podem oxidar o S


elementar no solo, podem-se classifica-los em: a) quimiautotróficos, a exemplo das
bactérias do gênero Thiobacillus; b) fotoautotróficos e c) heterotróficos (bactérias e
fungos). Portanto, na maior parte dos solos bem oxigenados, os organismos
quimioautotróficos e heterotróficos, possuem maior relevância (Germida e Janzen,
1993).
Uma observação feita por Grayston e Germida (1990), constatou um acréscimo
na quantidade de microrganismos oxidantes do S elementar na rizosfera das plantas,
porém Janzen (1990), demonstrou que não houve interferência significativa na taxa de
oxidação do enxofre elementar em uma situação com cultivo de diferentes espécies
vegetais comparado a uma área em pousio. Algumas explicações possíveis para tal
circunstância seriam que a influência da rizosfera na oxidação do S elementar em
relação ao restante do volume do solo pode ser pequena, ou não necessariamente uma
maior população de microrganismos oxidantes observados por Grayston e Germida
(1990), pode resultar em uma maior taxa de oxidação (Horowitz, 2003).

Atributos físicos e químicos do solo


Entre os atributos físicos e químicos do solo que afetam a taxa de oxidação do S
elementar, estão a temperatura, aeração, pH, textura, teor de matéria orgânica e
fertilidade (Germida e Janzen, 1993). As práticas de manejo do solo podem alterar
algumas dessas características, influenciando assim, a taxa de oxidação do S elementar
devido às alterações feitas sobre tais características físicas e químicas, além das
propriedades dos fertilizantes utilizados no solo (Germida e Janzen, 1993). Fatores que
modificam a temperatura do solo, como por exemplo, práticas de mobilização, manejo
de resíduos e rotação de culturas, afetam indiretamente a taxa de oxidação do enxofre
elementar, além disso, algumas práticas agronômicas podem influenciar diretamente nas
transformações do S elementar (Germida e Janzen, 1993; Horowitz, 2003). Segundo
Wainwright (1979) e Germida e Janzen (1993), esse processo de oxidação também pode
ser suprimido pela aplicação de alguns pesticidas, muito embora, nas dosagens corretas
os efeitos não são significantes.
De acordo com Chapman (1989), pode haver influência do manejo da adubação
sobre a taxa de oxidação do S elementar, isso devido ao solo apresentar uma defasagem
de tempo para que atinja sua máxima taxa de oxidação, posteriormente à uma aplicação
inicial (Horowitz, 2003). Portanto, geralmente os solos que receberem uma adição de S
elementar previamente, apresentarão maior taxa de oxidação comparados aos solos que
não receberem (Janzen e Bettany, 1987b). Em consequência disso, a eficiência da
aplicação de fertilizantes com esta fonte de S, pode sofrer efeitos significantes
(Horowitz, 2003).

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Eficiência agronômica de fertilizantes com S elementar


De acordo com Horowitz (2003), têm-se realizado alguns experimentos a fim de
comparar a eficiência agronômica do enxofre elementar com fertilizantes que possuam
apenas sulfato de forma pronta disponível para as plantas. Foi constatado por Lawrence
e Germida (1988) que existe uma relação direta entre a eficiência agronômica dos
fertilizantes que possuem S elementar com a oxidação do mesmo para sulfato.
Em experimento feito por Donald e Chapman (1998) no Reino Unido, em
condições de temperatura acima dos 15ºC não se observou diferença entre o sulfato de
potássio e o S elementar com dimensão de partícula de 0,125mm a 0,048mm na cultura
do azevém com 22 semanas de cultivo e do trevo com 25 semanas (Horowitz, 2003).
Na Austrália, com a cultura do trevo branco, McLaughin e Holford (1982)
testaram três fontes de enxofre por três anos, sendo essas fontes o S elementar, o gesso
agrícola e superfosfato com S elementar incorporado (45% S e 8% de sulfato).
Observou-se que no primeiro ano, o gesso e o superfosfato foram superiores, contudo,
nos outros dois anos, a fonte com enxofre elementar (tendo 65% das partículas com
tamanho maior que 0,5mm) e o superfosfato atingiram melhores resultados.
Logo, conclui-se que nos casos dos solos deficientes em enxofre, faz-se
necessário a aplicação do sulfato pelo menos no primeiro ano (Horowitz, 2003). Alam
et al. (1985), em experimento com a cultura do arroz em solo alagado, observaram
maior eficiência para as fontes de sulfato (sulfato de amônio) em relação ao S
elementar. No Canadá, com as culturas da canola e cevada em sistema de rotação,
Karamanos e Janzen (1991), testaram três fontes de enxofre elementar (S elementar em
pó, duas fontes comerciais de S elementar + bentonita e sulfato de amônio) em
experimento de três anos, sendo nos primeiros cultivos o melhor resultado para o
elementar em pó e sulfato, e nos dois anos seguintes, as fontes não divergiram entre si.
Outros dois trabalhos no Canadá citados por Horowitz (2003), mostram que
fertilizantes granulados com S elementar em pastagens após dois anos de cultivo,
obtiveram resultados semelhantes ao do sulfato (Malhi et al., 2000). Por sua vez, em
sistema de rotação entre canola, cevada e ervilha, Wen et al. (2003), utilizaram o
fertilizante Sulfer-95, que contém 95% de S elementar, sendo as partículas de tamanho
inferior a 0,044 mm, cujo resultado proporcionou uma maior eficiência agronômica em
relação ao gesso agrícola, em todos os três cultivos (Horowitz, 2003). Em um Latossolo
Vermelho, no Cerrado brasileiro, em pesquisa conduzida por três cultivos sucessivos de
milho, constatou-se que, com partículas menores que 0,5mm, o S elementar foi
equivalente em eficiência agronômica ao gesso agrícola, nos três cultivos (Embrapa,
1997; Horowitz, 2003).

CONCLUSÕES
Como se sabe, o enxofre é de grande importância não somente para as plantas,
mas também para a sobrevivência e desenvolvimento das inúmeras formas de vida
presentes no solo e fora dele, fazendo assim, com que haja todo um equilíbrio e
dinâmica nos mais complexos e diversos sistemas, cadeias, ciclos etc, presentes na

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natureza. Sendo o tema principal desta revisão a eficiência do uso de enxofre elementar
na agricultura, viu-se que o enxofre é necessário para o bom funcionamento de reações
fisiológicas e bioquímicas nas plantas, além de estar presente em aminoácidos e
constituir proteínas, peptídeos e atuar em enzimas, possibilitando ao vegetal realizar
processos como síntese de proteínas e demais substâncias, fixação biológica do
nitrogênio, entre outros. Além disso, na forma inorgânica o S atua principalmente como
reserva energética para a planta. Também no solo, o enxofre está presente nas formas
orgânica e inorgânica, seja em minerais, compostos sólidos e formas gasosas, ou, no
caso do orgânico, principalmente na matéria orgânica. Logo, a quantidade deste
elemento é influenciada por fatores como profundidade e o tipo de solo. Sabe-se que o
S elementar por si só não é suficiente para nutrir as culturas, ou seja, é necessário que o
mesmo seja oxidado para sulfato, que é a forma assimilável. Para tanto, é preciso que
haja a presença de microrganismos que atuem nesse processo, sendo o mesmo também
impactado por fatores como temperatura, textura, aeração, pH, fertilidade do solo,
tamanho e formato da partícula de enxofre etc. Dentre os muitos trabalhos encontrados
na literatura que demonstram aspectos positivos do uso de fertilizantes com enxofre
elementar, de maneira enfática após os primeiros ciclos de cultivo ou o primeiro ano de
aplicação, bem como, do sulfato nos primeiros anos em solos deficientes de S e, tendo
em vista, a importância dos microrganismos para a oxidação do S elementar, conclui-se
que é necessário haver melhores aprofundamentos nos estudos sobre a eficiência dos
fertilizantes e principalmente sobre tais formas de vida presentes no solo, de maneira
que, principalmente no Brasil, onde segundo a literatura há uma grande quantidade de
solos deficientes em enxofre, faça-se o uso e manejo correto dos mesmos e também das
culturas nas propriedades, visando proporcionar um ambiente ideal para esses
microrganismos benéficos e, consequentemente para as plantas, suprindo-lhes de
maneira mais eficaz a necessidade de enxofre.

REFERÊNCIAS

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