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Capítulo 20
EFICIÊNCIA DO USO DE ENXOFRE ELEMENTAR NA
AGRICULTURA: UMA REVISÃO
RESUMO
A deficiência de enxofre (S) ocorre em diversas regiões do Brasil devido à baixa
fertilidade do solo, bem como, matéria orgânica em menores quantidades, pelo aumento
da exportação de S pelos grãos, atrelados à alta produtividade das variedades
melhoradas, além da lixiviação de sulfato, agravada pela aplicação de calcário e fósforo.
Esse déficit é um limitante da produção agrícola em grandes áreas, principalmente no
Cerrado. Nos adubos, as fontes de enxofre mais comuns são o superfosfato simples
(12% de S-sulfato) e o sulfato de amônio (24% de S-sulfato), de forma isolada ou
compondo fórmulas comerciais com baixa concentração em NPK. Os microrganismos
do solo são os principais responsáveis pela oxidação do S elementar em sulfato. Têm-se
realizado alguns experimentos a fim de comparar a eficiência agronômica do enxofre
elementar com fertilizantes que possuam apenas sulfato de forma pronta disponível para
as plantas.
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INTRODUÇÃO
A deficiência de enxofre ocorre em diversas regiões do Brasil devido à baixa
fertilidade do solo (Malavolta, 1982), bem como, matéria orgânica em menores
quantidades, pelo aumento da exportação de S pelos grãos, atrelados à alta
produtividade das variedades melhoradas, além da lixiviação de sulfato, agravada pela
aplicação de calcário e fósforo (Vitti et al., 2007). Esse déficit é um limitante da
produção agrícola em grandes áreas, principalmente no Cerrado (Horowitz e Meurer,
2005).
O enxofre foi reconhecido como nutriente necessário às plantas há mais de 200
anos (Duke e Reisenauer, 1986). Nos adubos, as fontes de enxofre mais comuns são o
superfosfato simples (12% de S-sulfato) e o sulfato de amônio (24% de S-sulfato), de
forma isolada ou compondo fórmulas comerciais com baixa concentração em NPK.
Fórmulas comerciais que possuem elevadas concentrações de NPK utilizam matérias-
primas com baixas quantidades de enxofre, por exemplo, o superfosfato triplo, que
contém apenas cerca de 1% de S-sulfato. Portanto, nos solos com deficiência de
enxofre, a adição de teores adequados deste nutriente se realiza com a utilização de
fertilizantes com baixa concentração em NPK, proporcionando o encarecimento do
frete, somado ao armazenamento e a aplicação (Horowitz, 2003).
Uma solução que se apresenta para a redução de custos de produção para o
produtor, é a utilização de enxofre elementar que contém 99% de S em sua composição,
adicionado a fórmulas de fertilizantes e assim, produzindo fertilizantes com elevados
teores de NPK e quantidades mais ideais de enxofre. A forma de absorção do S pelas
plantas é o S-sulfato, logo, quando aplicado no solo é necessário que o S0 seja oxidado.
Tal oxidação é feita por diversos grupos de microrganismos presentes no solo e além
disso, outros principais fatores relacionados a oxidação de S elementar a sulfato, são a
temperatura, o pH, a umidade, a aeração, os teores de nutrientes e de matéria orgânica,
bem como, o tamanho da partícula do enxofre elementar.
Através de variados processos industriais, alguns fertilizantes lançados no
mercado mundial trazem consigo esse elemento em formas de pó, granulado ou
juntamente com bentonitas e também agregado ao superfosfato triplo (Horowitz, 2003;
Horowitz e Meurer, 2005). Tendo em vista que no Brasil ainda há a necessidade de
maiores aprofundamentos na utilização e eficiência dos fertilizantes, como também, na
adequação dos níveis de enxofre nos solos das mais diversas regiões do país, esta
revisão tem como objetivos gerais conceituar e debater sobre a eficiência do uso de
enxofre elementar na agricultura.
MATERIAL E MÉTODOS
Para a realização deste estudo foram realizadas pesquisas em sites acadêmicos,
como o Google Acadêmico e o Periódicos CAPES, com o intuito de buscar informações
acerca da temática, através de artigos científicos, dissertações e teses, e além destas,
foram utilizados livros para embasamento teórico.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
O enxofre no solo
Com um teor por volta de 0,06% (Barber, 1995), o enxofre é o décimo terceiro
elemento presente em maior quantidade na crosta da Terra (Bissani e Tedesco, 1988;
Horowitz, 2003). Ele se encontra em compostos sólidos (sais solúveis e insolúveis) e
nas formas gasosas. O gesso, a epsomita, a mirabilita e a pirita são os minerais que
possuem quantidades mais significativas de enxofre nas rochas e no solo (Tisdale et al.,
1993). O S é disponibilizado para os microrganismos e plantas a partir dos processos de
intemperismo físico, químico e biológico que ocorrem com estes minerais e, além disso,
os fertilizantes e defensivos agrícolas, bem como as águas das chuvas (em especial de
regiões adjacentes de polos industriais) são outras formas de adição do elemento no solo
(Horowitz, 2003). No que se diz respeito ao material de origem do solo, os minerais
silicatados possuem uma média de 0,01% de S, contudo, essa quantidade pode ser maior
na biotita, na clorita e em outros minerais. Nas rochas ígneas, o teor varia de 0,02% a
0,07%, já nas rochas sedimentares, de 0,02% a 0,22% (Tisdale et al., 1993; Horowitz,
2003).
No solo, o enxofre se encontra em duas formas: orgânica e inorgânica (Freney,
1986), de maneira que, o tipo de solo e a profundidade são fatores que influenciam na
proporção dessas duas formas, por exemplo, nos horizontes superficiais, especialmente
dos solos tropicais, o S orgânico é encontrado em maior quantidade (Horowitz, 2003). À
medida que se aumenta a profundidade, o orgânico diminui devido a menor presença da
matéria orgânica (Duke e Reisenauer, 1986). Neptune et al., 1975, constataram valores
de 77% a 95% para o enxofre orgânico em relação ao S total, nos horizontes superficiais
de diversos solos brasileiros.
O enxofre na planta
Tendo seu reconhecimento como nutriente necessário às plantas há mais de 200
anos, os primeiros relatos com aumento da produtividade em pastagens envolvendo o
enxofre se deu no ano de 1768, na Suíça. Consequentemente, a aplicação do nutriente
foi aceita com rapidez nos continentes europeu e americano (Duke e Reisenauer, 1986;
Horowitz, 2003).
O enxofre é de grande importância para a planta, pois seus compostos colaboram
com reações fisiológicas e bioquímicas e, além do mais, sendo o S em sua maioria, na
forma orgânica dentro da planta, também constitui proteínas e peptídeos, através da
presença de cisteína e metionina. Por sua vez, esses aminoácidos estão em compostos
importantes e compõem enzimas que sintetizam substâncias para o vegetal.
No aspecto nutricional, o enxofre atua na fisiologia da planta influenciando na
redução do nitrato, na fixação biológica do nitrogênio e na síntese de proteínas nos
tecidos vegetativos e reprodutivos. Esse elemento também está relacionado ao melhor
aproveitamento do nitrogênio, uma vez que, o mesmo participa do funcionamento da
enzima nitratoredutase, ou seja, sua deficiência inibe a redução do N-NO3 e devido a
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Microrganismos
A especificidade dos microrganismos, bem como o tamanho de sua população
são fatores críticos para que aconteça a oxidação biológica do S elementar (Horowitz,
2003). É necessário que tal processo siga a ordem dos fatores formados (Nor e
Tabatabai, 1977):
S0 → S2O3-² → SO2 → SO4-²
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CONCLUSÕES
Como se sabe, o enxofre é de grande importância não somente para as plantas,
mas também para a sobrevivência e desenvolvimento das inúmeras formas de vida
presentes no solo e fora dele, fazendo assim, com que haja todo um equilíbrio e
dinâmica nos mais complexos e diversos sistemas, cadeias, ciclos etc, presentes na
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natureza. Sendo o tema principal desta revisão a eficiência do uso de enxofre elementar
na agricultura, viu-se que o enxofre é necessário para o bom funcionamento de reações
fisiológicas e bioquímicas nas plantas, além de estar presente em aminoácidos e
constituir proteínas, peptídeos e atuar em enzimas, possibilitando ao vegetal realizar
processos como síntese de proteínas e demais substâncias, fixação biológica do
nitrogênio, entre outros. Além disso, na forma inorgânica o S atua principalmente como
reserva energética para a planta. Também no solo, o enxofre está presente nas formas
orgânica e inorgânica, seja em minerais, compostos sólidos e formas gasosas, ou, no
caso do orgânico, principalmente na matéria orgânica. Logo, a quantidade deste
elemento é influenciada por fatores como profundidade e o tipo de solo. Sabe-se que o
S elementar por si só não é suficiente para nutrir as culturas, ou seja, é necessário que o
mesmo seja oxidado para sulfato, que é a forma assimilável. Para tanto, é preciso que
haja a presença de microrganismos que atuem nesse processo, sendo o mesmo também
impactado por fatores como temperatura, textura, aeração, pH, fertilidade do solo,
tamanho e formato da partícula de enxofre etc. Dentre os muitos trabalhos encontrados
na literatura que demonstram aspectos positivos do uso de fertilizantes com enxofre
elementar, de maneira enfática após os primeiros ciclos de cultivo ou o primeiro ano de
aplicação, bem como, do sulfato nos primeiros anos em solos deficientes de S e, tendo
em vista, a importância dos microrganismos para a oxidação do S elementar, conclui-se
que é necessário haver melhores aprofundamentos nos estudos sobre a eficiência dos
fertilizantes e principalmente sobre tais formas de vida presentes no solo, de maneira
que, principalmente no Brasil, onde segundo a literatura há uma grande quantidade de
solos deficientes em enxofre, faça-se o uso e manejo correto dos mesmos e também das
culturas nas propriedades, visando proporcionar um ambiente ideal para esses
microrganismos benéficos e, consequentemente para as plantas, suprindo-lhes de
maneira mais eficaz a necessidade de enxofre.
REFERÊNCIAS
ALAM, M.L.; AHMED, F.; KARIM, M. Effect of different sources of sulphur on rice
under submerged condition. Journal of Indian Society Soil Science, New Delhi, v. 33,
p. 586-590, 1985.
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TISDALE, S. L.; NELSON, W. L.; BEATON, J. D.; HAVLIN, J. L. Soil and fertilizer
sulfur, calcium and magnesium. In: Soil fertility and fertilizers. 5. ed. New York:
MacMillan, 1993. p. 266-303.
VITTI, G.C.; LIMA, E.; CICARONE, F. Cálcio, magnésio e enxofre. In: MANLIO,
S.F. (Ed.). Nutrição mineral de plantas. Viçosa: Sociedade Brasileira de Ciência do
Solo, 2006. p.299-325.
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