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24MCT - Catalogo - FINAL Catalogo Tiradentes 2021
24MCT - Catalogo - FINAL Catalogo Tiradentes 2021
apresentam
22 - 30 JANEIRO 2021
MOSTRATIRADENTES.COM.BR
ONLINE E GRATUITA
ORGANIZADORAS
Raquel Hallak d’Angelo
Fernanda Hallak d’Angelo
PRODUÇÃO GRÁFICA
Assunção Tomaz
REVISÃO
Beto Arreguy
universoproducao.com.br
mostratiradentes.com.br
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • APRESENTAÇÃO 4
A VIDA NÃO
TEM ENSAIO
Em tempos tão complexos, em que planejar o futuro próximo é uma utopia, o que cabe
a cada um de nós neste universo hoje? Essa pergunta nos guiou a pensar um dia de cada
vez para ter posicionamentos reais no contexto da produção da 24ª edição da Mostra de
Cinema de Tiradentes.
Vamos para o virtual! Essa continua sendo a realidade de hoje, do presente que muitas
vezes não aprendemos a viver. O presente cheio de memórias, de saudade, de incertezas,
de limitações. O presente que gera estranhezas. O presente da multiplicação de telas. Das
interrogações, rupturas, transformações, mudanças. O novo no velho mundo da política.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • APRESENTAÇÃO 5
Da escassez de empatias, de políticas públicas, de avanços. O ano Diante de tantos aprendizados, vamos amadurecendo nossa maneira de
que já virou filme, aliás vários filmes. O presente de um ano em que o ver e de se posicionar, de criar e inventar, de acreditar e apostar para
mundo parou. gerar convergências, desenvolvimento social, humano e econômico.
Somos parte da indústria do entretenimento, a que mais cresce no
Incorporamos que a Mostra de Cinema de Tiradentes em 2021 mundo. A que conta e faz história. A que discute temas universais.
seria uma edição especial, diferente. Não por escolha, mas como Emociona. Diverte. Aproxima povos e continentes, nos faz imaginar
reflexo do enfrentamento de um tempo em que salvar vidas é outros mundos possíveis.
o que importa. E também com a lição de que a vida acontece
agora, não tem ensaio. Chega de lamentos! Vamos agir dentro Seguimos fortes e convictos de que o trabalho coletivo – equipes,
do possível do que nos cabe. E, mais do que nunca, assumir a profissionais do audiovisual, da cultura, pesquisadores, críticos,
missão é estarmos aqui vivos, reafirmando o mesmo propósito e acadêmicos, imprensa, empresas, governos, público – todos juntos
compromisso de promover, exibir, difundir o cinema brasileiro. representam a equação que multiplica, germina, prospera e fazer eco
Seja em filmes, em debates, em ações formativas, nossa bandeira para os melhores frutos. Gratidão a todos que acreditam e se uniram
é valorizar o que é produzido no Brasil, é projetar e apostar em para fazer da 24ª Mostra Tiradentes uma ponte infinita de oportunidades
verdadeiros gênios criadores do nosso cinema. É fazer chegar até e possibilidades de expansão de ideias, de geração de empregos, de
o público a cultura que revela quem nós somos, o que queremos, intercâmbio e cooperação, de vidas e corpos que se expressam e se doam.
representamos, nos identificamos.
Vamos celebrar este encontro anual, que em 2021 será virtual, mas que
Está aí a 24ª Mostra de Cinema de Tiradentes – tão profunda quanto fortalece nossos laços neste tempo presente histórico em que a essência
aguardada. Tão desafiadora quanto reconhecida pelo público e pela está na simplicidade de fazer o que é possível com a grandeza que a arte
crítica, por parceiros, patrocinadores, lideranças empresariais e políticas merece ser vivenciada e aplaudida.
que tornam possível e somam esforços para a viabilização do maior
evento do cinema brasileiro. Eis a chama acesa! Aquela que vem da alma e transcende.
2021 já começou, o cinema brasileiro está aí, revigorante e majestoso.
De 22 a 30 de janeiro de 2021, 114 filmes de 19 estados brasileiros, Como deve ser, sempre.
112 profissionais no centro de 24 debates e rodas de conversa,
10 oficinas e 225 vagas, Mostrinha de Cinema, exposição, Sejam bem-vindas e bem-vindos!
performance, shows ocupam a sua tela e descortinam diante de
milhares de olhares o que há mais novo e promissor no cinema Raquel Hallak d’Angelo
brasileiro contemporâneo. Quintino Vargas Neto
Fernanda Hallak d’Angelo
Diretores da Universo Produção
Vertentes da Criação é a temática central e Paula Gaitán é a cineasta
Coordenadores da Mostra de Cinema de Tiradentes
homenageada desta Mostra que aposta na vanguarda do audiovisual,
que coloca o tapete vermelho para a diversidade se apresentar, que
amplia as possibilidades para o cinema brasileiro chegar a todos os
cantos do Brasil e do mundo.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • APRESENTAÇÃO 6
MOSTRA DE CINEMA
DE TIRADENTES 2021
A força do audiovisual brasileiro se reafirma a cada nova edição da Mos- Com o tema Vertentes da Criação, o evento, este ano, se debruça no ce-
tra de Cinema de Tiradentes. Em 2021, o evento chega à 24ª edição com nário pandêmico para compreender os processos criativos e vislumbrar,
uma programação inteiramente pensada para o ambiente virtual, que também, um futuro promissor da Sétima Arte. O momento de repensar
será ocupado pela diversidade característica da Mostra, bem como pelas a própria atuação do setor também nos permite olhar para o passado e
potencialidades criativas dos realizadores, produtores e demais profis- entender a importância do cinema brasileiro, marcado pela inventivida-
sionais que integram essa cadeia. de, vanguarda e pioneirismo, características essas que se consolidam
graças à democratização do acesso, à pluralidade de ideias, às políticas
Num momento em que precisamos ficar distantes para estarmos pro- de fomento e à incansável jornada dos profissionais que fazem da Mostra
tegidos, a Mostra de Cinema de Tiradentes amplia seu alcance para um de Cinema de Tiradentes o maior evento dedicado ao cinema contem-
público que, talvez, não pudesse comparecer presencialmente à nossa porâneo no país.
bela cidade histórica. Assim, a projeção do festival torna-se ainda maior
e cada vez mais relevante no cenário do audiovisual brasileiro, setor que Leônidas Oliveira
Secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais
se destaca pela criatividade e pela movimentação econômica.
NOSSO CAPITAL
É O HUMANO
É com muito orgulho que a CBMM consolida sua parceria com a Mostra de Diante dos atuais desafios, a CBMM segue firme no propósito de contribuir
Cinema de Tiradentes marcando presença na 24ª edição desse evento, para a transformação integral por meio da educação formal associada
ao mesmo tempo charmoso e relevante, que há muito rompeu as ao esporte, saúde e cultura. Mesmo separadas fisicamente, mais juntas
fronteiras de Minas e fincou bandeira no calendário do cinema nacional. do que nunca, companhia e Mostra celebram a força do cinema como
Agora, com a edição virtual, voa mais alto e sai de Minas para o mundo. expressão artística e como ferramenta de inclusão e transformação social.
Um olhar simplista pode não ver conexão entre a empresa líder no Viva a cultura!
fornecimento de produtos de nióbio e um evento como a Mostra de
Tiradentes. Mas as afinidades vão além do fato de ambas, empresa e Vida longa à Mostra de Cinema de Tiradentes!
Mostra, terem raízes mineiras. O perfil desbravador da companhia, que
criou e desenvolveu o mercado de nióbio dentro e fora do Brasil, é outro
ponto em comum, mas não o último.
PARA A VIDA sair e ir ao cinema, que levemos a sétima arte para todos!
O cinema tem, mais uma vez, momento de protagonismo. Lentes, Presidente da Copasa
CULTURA E ARTE
EM TODOS OS
CONTEXTOS
O Itaú Cultural (IC) celebra a realização da 24ª edição da Mostra de pós-graduação. No site, muitas dessas ações se concentram na Escola
Cinema de Tiradentes – a oitava a contar com o apoio do Itaú. Promovido Itaú Cultural, plataforma lançada em novembro de 2020.
no início de 2021, o evento se insere num contexto de ações culturais
que, desde o ano passado, se reinventam para seguir cumprindo suas Entre os conteúdos ligados ao campo do cinema, o público encontra
missões, apesar das restrições impostas pela pandemia de covid-19 no portal desde mostras online até mergulhos na trajetória de artistas
– limitando os encontros presenciais e abrindo mais espaço para os específicos – como Eduardo Coutinho, Luiz Sergio Person e Rogério
virtuais, uns tão potentes quanto os outros. Sganzerla, nomes homenageados pelo projeto Ocupação. A página
ainda traz informações sobre o Rumos Itaú Cultural, programa de apoio
No caso do IC, é de longa data a aposta no ambiente online a artistas e pesquisadores de todo o Brasil – o curta-metragem Novo
como um importante aliado para a democratização do acesso às Mundo, de Natara Ney e Gilvan Barreto, que integra as atrações da
manifestações artísticas e culturais do país. Em seu site, itaucultural. Mostra, é um dos 109 projetos desenvolvidos com o auxílio da edição
org.br, a organização traz não apenas a divulgação e o registro de sua 2017-2018 do programa.
programação presencial – atualmente mais restrita para atender aos
protocolos de segurança da pandemia –, mas sobretudo um universo
de conteúdos criados especificamente para a internet, como a
Enciclopédia Itaú Cultural de arte e cultura brasileiras e entrevistas em
vídeo, colunas e podcasts sobre as mais diversas questões e áreas de
expressão do meio cultural.
ORGULHO DE
SER BRASILEIRA
E DE APOIAR A
CULTURA DO
NOSSO PAÍS
Fundada em 1941, a CSN representa um marco no processo de indus- Multinacional com orgulho de ser brasileira, a empresa acredita no país e
trialização do Brasil. O seu aço viabilizou a implantação das primeiras investe nele. Por isso, ao longo de sua história sempre apoiou iniciativas
indústrias nacionais, núcleo do atual parque fabril brasileiro. Ao lon- culturais de relevância indiscutível, como a 24ª Mostra de Cinema de
go de mais de sete décadas, a CSN segue fazendo história, sendo hoje Tiradentes. Patrocinar este evento é motivo de honra e alegria para a
um dos mais eficientes complexos siderúrgicos integrados do mundo, CSN, que reforça seu compromisso com a cultura e com o Brasil.
com atuação em cinco segmentos estratégicos da economia: Siderur-
gia, Mineração, Logística, Cimentos e Energia. Atualmente, entre seus
ativos, a empresa conta com uma usina siderúrgica integrada; cinco
unidades industriais, sendo duas delas no exterior; minas de minério
de ferro, calcário, dolomita e estanho; uma forte distribuidora de aços
planos; terminais portuários; participações em ferrovias; e participa-
ção em duas usinas hidrelétricas. Com uma gestão firme e inovadora,
valoriza a força empreendedora do capital nacional e o enorme poten-
cial brasileiro de competitividade no setor siderúrgico. Com a força do
trabalho de seus mais de 20 mil colaboradores, enfrenta com sucesso
os desafios da economia globalizada.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • APRESENTAÇÃO 11
NA VANGUARDA
DA MINERAÇÃO
A Cedro Mineração é uma empresa cidadã e seu trabalho tem feito toda a para Todos, e em outras inciativas amadoras. A empresa investe
diferença. É especializada na extração, beneficiamento e comercialização do também em modalidades de alta performance, como é o caso do
minério de ferro. Juntamente com isso, a companhia mantém os olhos bem piloto Sérgio Sette Câmara.
abertos para o seu entorno, para as pessoas que vivem nas comunidades
próximas à sua operação no município mineiro de Nova Lima. No que diz respeito às comunidades do entorno, no último mês de
dezembro de 2020, a Cedro Mineração entregou a revitalização da
Ao mesmo tempo em que investe em tecnologia, pesquisa e rotatória de acesso ao bairro Vale do Sol, em Nova Lima, reforçando seu
desenvolvimento de produção sustentável com total respeito ao meio compromisso com a infraestrutura e a segurança da cidade onde atua.
ambiente, a Cedro Mineração aposta fortemente no social. Desde sua A empresa investiu também na aquisição de câmeras de segurança para
criação a empresa investe em projetos culturais, esportivos e sociais. A o bairro Vale do Sol, além de asfaltar uma das principais vias de acesso
Cedro apoia, por meio de instrumentos de incentivo fiscal, 15 projetos aos bairros da região. Doou ainda uma viatura Mitsubishi L200 Triton para
ligados a áreas distintas, como a saúde, em que se destacam os apoios a Primeira Companhia de Polícia Militar Independente, que é responsável
aos hospitais da Baleia e Santa Casa, ambos em Belo Horizonte, à pelo policiamento dos municípios de Nova Lima, Raposos e Rio Acima.
Associação Mineira de Reabilitação (AMR) e ao Instituto Hahaha, que
leva alegria a pacientes desses e de outros hospitais da cidade. A Cedro Mineração é uma das primeiras mineradoras do estado a des-
caracterizar sua antiga barragem de rejeitos e a única da sua região de
Além disso, a Cedro também fez um aporte direto (sem incentivo fiscal) atuação, uma das mais importantes do setor no país, a alcançar 100%
de R$ 1 milhão ao combate à covid-19, juntamente com outras empresas de filtragem dos rejeitos, com empilhamento a seco. Assim, inova na
capitaneadas pela Fiemg. A ação da Cedro foi fundamental para a aplicação de tecnologias ambientais realizando todo o processo de ex-
compra de respiradores para o Centro de Referência de Enfrentamento tração e beneficiamento do minério sem utilização de barragens. E isso
à covid-19 José Rodrigo Machado Zica, que funciona no Instituto Mário faz toda a diferença. Afinal, é sua vocação!
Penna e conta com 60 leitos exclusivos de combate à doença.
CIMENTO NACIONAL
TAMBÉM É CULTURA
A Cimento Nacional atua na indústria cimenteira, com fábricas em Sete
Lagoas (MG) e Pitimbu (PB). Prezamos por excelência e sustentabilidade
em todos os nossos processos.
HOMENAGEM 28
Entrevista 35
Percurso de Paula Gaitán 55
Recortes de críticas 59
Da Paula Gaitán eu falo 61
FILMES 68
Mostra Homenagem 76
Mostra Temática 84
Mostra Aurora 92
Entrevista Mostra Aurora 100
Mostra Olhos Livres 115
Mostra Praça 122
Mostra Sessão da Meia-Noite 134
Mostra Foco Minas 138
Mostra Foco 145
Mostra Panorama 152
Mostra Formação 164
Mostrinha E Mostra Jovem 170
PREMIAÇÃO 181
CURADORES 184
SEMINÁRIO 186
Debates 190
Encontro com os Filmes 192
Rodas de Conversa 195
Lives de aquecimento 198
Currículos convidados 200
OFICINAS 211
ARTE 220
DEPOIMENTOS 239
PROGRAMAÇÃO 246
POUSADAS E 281
RESTAURANTES
VERTENTES DA CRIAÇÃO:
EXPERIÊNCIAS DO
CINEMA CONTEMPORÂNEO
A Mostra de Tiradentes marca a cada ano um ciclo. Um ciclo de filmes produzidos no ano
que antecede o mês de janeiro, quando a Mostra é realizada, um ciclo de questões que
ecoam a partir dos debates do ano anterior, um ciclo de eventos sociais, econômicos,
culturais indissociáveis do que podemos chamar de “campo do cinema brasileiro”.
A verdade é que, se nos últimos anos temos vivenciado um ritmo acelerado na roda da
história – manifestações sociais, golpe parlamentar, cortes cada vez mais profundos nas
políticas sociais e no financiamento do cinema brasileiro –, nada nos preparou para o que
vivenciamos desde março de 2020, quando se deu o início do isolamento social devido
à pandemia do coronavírus. Em um primeiro momento, foi um tempo de suspensão:
reaprender a viver o cotidiano no espaço doméstico fechado, lidar com outras medidas
de tempo, administrar a angústia de uma economia que para sem poder parar e aceitar
a nebulosidade do horizonte de expectativas. Nessa experiência individual, comunitária e
social, a materialidade da realidade é incontornável: revela de um lado os privilégios dos
que podem parar e se recolher e do outro lado aqueles que não podem parar nunca.
relatos de experiências que apontam para ricas e múltiplas vertentes espaços, personagens e dos territórios, uma estética amparada em
de processos criativos do cinema brasileiro contemporâneo. Esses uma perspectiva crítica do automatismo das práticas da expressão
processos criativos não são simplesmente novos modos de produção, audiovisual do mercado e, principalmente, uma economia do tempo
mas uma reconfiguração de ideias, procedimentos, motivos e desejos. que resiste ao modelo célere de velocidade da circulação do capital.
É o desejo de filmar que se encontra com a necessidade de filmar. Esses
processos revelam relações inauditas da imaginação com o real, em Quais são os desejos que guiam/dão origem aos filmes? O que, afinal,
intervenções que não só questionam, mas se descolam de modos e dá forma ao filme? Como se criam métodos particulares para liberar
procedimentos criativos e de produção mais normativos do ponto de experiências particulares? Como pensar os processos de artesania –
vista técnico e estético. a construção dos personagens, do espaço, a escrita, a montagem? O
que se faz com as mãos, os olhos, os corpos e o coração quando se
Até um tempo atrás o conceito de “cinema de processo” era aquele que está criando uma imagem? O convite a esse exercício de pensar esses
confiava o elã criativo ao imponderável da dinâmica entre técnica e real, caminhos do cinema pode criar um léxico, novas palavras, acionar o
se libertando do roteiro e da hierarquia de produção. Hoje para falar em campo de expressão das experiências particulares do trabalho de
processo é preciso entender a variedade de métodos e questões que criação, um trabalho que não está isolado dos processos mais amplos
passam por desejos e circunstâncias muito diferentes entre si. Falar de do mundo (econômicos, técnicos, políticos), mas dele toma parte ativa
processo hoje é entender as novas epistemologias, os novos pontos de com mais proximidade ou com uma calculada (e necessária) distância.
partida que orientam um cinema voltado não somente à intensidade
do presente, mas sobretudo a uma atenção às temporalidades diversas Vertentes da Criação: Experiências do Cinema Contemporâneo não
que atravessam e coexistem nisso que chamamos de presente. busca enquadrar, não procura dar respostas ou tecer conclusões mais
categóricas sobre o cinema brasileiro contemporâneo. Mas indica o
A trama dos exercícios criativos é complexa, porque diversificada na desejo de entender, de dar a ver, de botar na roda o que leva, guia e
sua empiria e nos seus olhares ativos. Um cineasta indígena que faz movimenta quando se criam imagens e sons.
um traveling sozinho com a câmera na mão enquanto guia um barco
tem motivos e conquista sentidos diferentes na imagem daquele Francis Vogner dos Reis
cineasta que, com uma equipe pequena, faz o traveling em meio a um Lila Foster
ritual ou uma diretora que executa um traveling em espaço fechado Curadores
Carta de tarot (Motherpeace) tirada em 05/01/2018 para abrir jogo sobre o filme
Então, quando eu comecei a escrever romances de ficção Foi a nossa vizinhança, uma casa coletiva chamada Zelva e a Casa
científica, eu cheguei carregando esse grande e pesado saco Feminista Nazaré Flor, que nos aproximou e criou vontade de quebrar
de coisas, minha sacola estava cheia de frouxos e desajeitados, o muro entre as casas, trocar mais ideias, criar junto. O projeto
e minúsculos grãos menores que um grão de mostarda, além foi aprovado em 2016, e em 2017 começamos: sentando em roda,
de redes intrincadamente tecidas que quando laboriosamente balançando na rede, contando histórias. Ficamos de abril a junho
se desenrolavam podiam se ver pedaços de uma pedra azul, daquele ano para nossa pré. Escrevendo roteiro com calma, vendo
um cronômetro funcionando imperturbavelmente contando a filmes juntos, visitando espaços e textos, ensaiando diálogos e cenas,
hora em outro mundo e o crânio de um rato; esse saco estava planejando e produzindo.
também repleto de inícios sem fim, de iniciações, de perdas, de
transformações e traduções, e muito mais truques que conflitos, Escrevemos cenas em papel a partir das conversas e colamos pela
muito menos triunfos do que armadilhas e delírios; cheio de parede do quarto onde nos reuníamos (Deyse, Elena, Lila, Lívia, Petrus
naves espaciais que ficam presas, missões que falham e pessoas e muitas vezes Jorge, Rao Ni, além de vários amigos que construíram
que não entendem (Ursula K. Le Guin, A teoria bolsa da ficção). junto o processo).
A fagulha do nosso processo foi juntar pedaços de histórias sonhadas, Manifestação em junho de 2013
vividas, inventadas, e na junção tentarmos compor algum mosaico
que nos ajudasse a preencher lacunas, lacunas sobre o cenário em que dreads perdidos na luta com a polícia
vivemos ou sobre possibilidades de agirmos dentro dele. O que estava
acontecendo com o país depois de 2013? Quais forças ali operavam que Dunas da Sabiaguaba
desenhavam o cenário atual? O que a intuição, a ancestralidade, medos
e sonhos sussurram sobre o tempo? Como contar uma narrativa a partir Sonho de cássia com o local onde os dreads foram escondidos
de diferentes vivências e diferentes corpos? O que podemos juntos?
Como agimos através dos filmes? Pedalada das amigas por Fortaleza em busca dos dreads
Refizemos o desenho.
O fogo, ah, o fogo! Não dá pra ficar de fora, pensando aqui... É uma
cor ou uma temperatura característica do tremor? O brilho da
duna, a fogueira, o sol que ilumina Janaína deitada no quintal, o
decorrer do filme que traz algumas ardências, agora só divagando
em devaneios, e sonhos que pulsam dessa ficção, onde no silêncio
da noite a mata grita.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • TEMÁTICA 25
Deyse Mara
Elena Meirelles
Lívia de Paiva
Realizadoras de audiovisual, integrantes da Molhadas Coletiva
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • TEMÁTICA 26
TRISTEZA
Há uma tristeza nessa feitura. Eu faço filmes porque tem dias que estou triste, e é sempre
a mesma tristeza: a tristeza do esquecimento. A falta de memória me deixa triste, por
isso crio documentários, porque tenho em mim um desejo de acabar com a tristeza do
mundo. Imaginar que daqui a 100 anos outras pessoas viverão a tristeza do esquecimento
também me deixa com raiva, e com raiva eu faço filmes. Tento não esquecer que uma
andorinha só não faz verão, porque sei que meu desejo nada tem a ver com salvar
pessoas, mas criar possibilidade de lembrarem-se que não estão sozinhas.
E embora eu trabalhe e goze com minha egrégora, ainda assim a solidão em mim
existe e eu a vivo com tristeza e respeito. Eu preciso estar só para conseguir construir
as imagens que serão cultuadas. Mas não posso estar só durante os cultos… e ainda
assim, em alguns momentos, me encontro sozinha. Cultuando sozinha minha própria
criação; e esse não é um dos seus desígnios? Criar, descansar, desejar a permanência
do nosso encontro.
Que tristeza. Pois muitas de minhas ancestrais continuam vivas no Mas quando mergulho no mar e nado para a superfície, pareço
mundo iluminado por tukula. que estou voando. E quando ando no continente ou nas ilhas, sou
como um peixe que infecta e se infecta de tudo aquilo que o ronda;
Mas tenho pensado que talvez isso seja necessário mesmo… algumas em seu caso a Água e em meu caso o Ar. Mas documentários não
vidas serem esquecidas, para não serem cultuadas. E outras documentam, e sim criam. Por isso crio filmes, para conquistar o
relembradas… e outras veladas com cuidado, para que finalmente impossível através da fé. Porque a fé é um exercício de coragem e
possam descansar em paz. Não sei bem… minha obra não é sobre mais nada além da coragem. Por isso sei que
um dia conseguirei levitar. Porque sei que não sou um pássaro.
Tenho sentido que talvez seja isso também, seu sangue será
derramado, mas não o usarei em minha bebida porque sua mistura Castiel Vitorino Brasileiro
não serve para saciar minha sede. Mas nos ajudará a me camuflar. Artista visual, psicóloga e cineasta
Acho que fazer um filme é voar, migrar e voltar. Eu tenho uma vontade
enorme de cair de uma altura bem grande, porque não tenho asas, então
o que me resta é cair. Sendo uma mamífera filha da atmosfera estou a
todo momento sendo empurrada para o centro do planeta pela sua força
gravitacional. Eu não tenho asas, não tenho guelras e além de voar eu
também queria conseguir respirar dentro d’água. No entanto, preciso
respeitar alguns desígnios do planeta Terra, e fico imaginando nossa
espécie Homo sapiens sapiens com asas. Não sei para onde eu voaria,
porque o limite da imagem é a capacidade que meu corpo tem em
exercitar seus músculos e flexibilizar suas articulações. Primeiro quero
ter asas. Segundo, quero voar. Terceiro, quero aprender a pousar. E por
fim, acho que conseguirei imaginar para onde eu voaria novamente.
HOMENAGEM
PAULA GAITÁN
NO CONTRAFLUXO
DA BANALIZAÇÃO
CODIFICADA
Há uma dificuldade de se acomodar Paula Gaitán na história recente do cinema brasileiro.
Francesa quase por acidente, colombiana por ascendência paterna e brasileira em sua experiência
artística/existencial, a artista atua no deslocamento. Estar deslocada não é estar à margem. Nos
últimos 14 anos, esteve entre as cineastas mais ativas do período, realizando uma variedade de
longas documentais ou de ficção, curta, clipes e outras experimentações. Não esteve à margem.
Pelo contrário. No entanto, sua obra é deslocada, em certa ou ampla medida, da produção
contemporânea à sua.
Paula Gaitán não é assinatura de filmes de personagens comuns (pelo contrário), não pratica
subjetivismos autobiográficos (Diário de Sintra não é isso), não lida com questões emergenciais
e políticas de modo direto (É Rocha e Rio, Negro Leo não é isso, apesar das falsas aparências).
Se usa a subjetividade e as imagens de arquivo, outras duas práticas em alta, é de um modo
muito particular. Paula Gaitán não é marca autoral das coisas passageiras e concretas, mas das
permanências em movimentos poéticos. Permanência é o que dura na dissipação, é memória, são
princípios de arte.
Seu estilo marcado por ênfases formais não a situa de largada na tradição moderna do documentário
brasileiro, constituído especialmente pelas imagens de seres ordinários e das camadas profundas
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 30
da cultura, expressas por meio de individualidades ou tipificações falantes São filmes realizados menos sobre os retratados e mais a partir deles,
e em ação. Nada poderia ser mais distante de seus filmes documentais por meio deles e na relação com eles, deixando o próprio ato de
do que as dinâmicas de Eduardo Coutinho, Maria Augusta Ramos, João retratar como parte orgânica e estética do material fílmico. Predomina
Moreira Salles, Marilia Rocha, Cristiano Burlan, Claudia Priscilla ou Kiko a tradição moderna do retrato que retrata quem está retratando. Essa
Goifman, marcas fortes dos últimos 20 anos, cada uma delas distintas ideia transforma o visor da câmera e o monitor do computador em
umas das outras, mas mais próximas entre si do que de Paula Gaitán. espelhos de quem cria. É uma forma de se refletir por meio de outros
gestos da criação, por meio de outras criações, sem deixar de estar
Seu formalismo ensaístico talvez se aproxime, de modo muito em relação a essas obras e artistas, sem querer apenas colocá-los
genérico, das artes visuais e de raros outros cineastas, entre os em uma cinemateca, sem filmar como arquivista ou profissionais
quais: Cao Guimarães, Carlos Nader, Joel Pizzini, Eryck Rocha da biografia, mas como aproximação com atrito, com fricção e com
(seu filho). Se realiza filmes a partir de Glauber Rocha e de Maria extrema autoralidade.
Gladys, cineasta e atriz de intensidades extremas e de percursos
monumentais em importância para o cinema moderno brasileiro, Diário de Sintra (2007) é antes um dispositivo estético de especulação
seu tom é muito distinto e até recolhido na comparação com quem de uma memória particular e de um espectro cultural, de preservação
retrata, como se a projeção de vozes e de corpos de ambos se desse da imagem e de atestado de fantasmagoria em torno de Glauber Rocha,
com minimalismo, com uma calma ao mesmo tempo destoante dos tendo as fotografias como documentos de óbitos de um passado
dois e ainda mais reveladora. e também como seu certificado de embalsamamento, para usar o
termo de André Bazin em “Ontologia da imagem fotográfica”, embora
Não são biografias oficiais ou escandalosas, como desde os anos com um uso antes formalista e nada realista. O diário é de Paula e
90 do século XX vem pipocando nos longas-metragens no Brasil. não de Glauber, a relação com o espaço português é dela, o estilo de
Seus retratos adotam a estratégia de Maya Daren ao aproximar delicadezas visuais nada lembra a atitude estética do cineasta, seu
a autoralidade do amadorismo, a arte do cinema em sintonia companheiro quando de sua morte.
com a produção menor, a inventividade colocada à frente do
profissionalismo técnico. Amador no sentido da realização por Vida (2008) é uma coreografia de imagens e da memória de Maria
necessidade de expressão e por amor à realização, sem nada optar Gladys, mas também de algumas fixações visuais e rítmicas da artista
pelo dever ou pela conveniência. Paula Gaitán, o poético como inevitabilidade mais que como uma
escolha, o poético como a sujeira do ruído, da captação, sem uma
Com Pizzini e Nader, a aproximação é, também, outra: ela e os dois esquematização para sua obtenção. Por 15 minutos, nada se fala. É
criaram os mais fortes e mais inventivos retratos de artistas dentre os cultivada uma atmosfera ritualística por meio da qual se invoca uma vida
retratos realizados nessas primeiras duas décadas de século. Artistas e um temperamento de uma grande artista e militante do antiglamour.
modernos, inventivos, transformadores: Glauber Rocha, Maria Gladys Convivem sem conciliação e com alguma tensão a abordagem mais
e Arto Lindsay (Paula Gaitán), Leonardo Villar, Helena Ignez, Glauber e direta e o anteparo artificial, a crueza e o verso visual, Maria Gladys e a
Ney Mato Grosso (Pizzini), Waly Salomão e Leonilson (Nader). O início autora Paula Gaitán. Filmes de encontros não solicitam apaziguamentos.
do novo século debruçou-se sobre os vulcões artísticos e disruptivos As diferenças podem ser muito mais interessantes.
do século XX. Como encontrar a forma justa e pertinente para lidar
com as obras dessas genialidades da criação? Esses dois filmes ensaísticos, Diário de Sintra e Vida, vinculados ao
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 32
campo do documentário, são do fim da primeira década do século. Um torna nota musical de uma partitura em construção ao vivo. Noite (2015)
período de sedimentação do digital na captação de imagens e do modelo é um complemento, completamente diferente, sem palavras, quase
de entrevistas, catapultado por Eduardo Coutinho, como a forma mais como um filme-vinil com faixas quase independentes e uma unidade a
direta, solidária, justa e mais política de contactar os outros de classe e amarrar fragmentos autônomos: o close up expressivo e transcendental.
de cultura. Há entrevistas nesses dois documentários de Gaitán, mas a
razão e a utilização são outras. O que se diz não é apenas para nos situar, Se passamos pelas palavras e pela música que são antes palavras e
mas para fazer parte da expressão sonora. A lógica de encontro mediado notas, antes de serem funcionalizadas na linguagem, é porque a palavra
pela câmera não se dá entre os corpos e vozes, necessariamente ou e a música são sons e sons são ritmos. Se à primeira vista é a luz e o
apenas assim, mas por intermédio de estratégias formais de diálogo enquadramento que particularizam a obra de Paula Gaitán, logo se
percebe que é uma obra centrada no ritmo, na frequência, nas variações
Se a estetização é cara a Paula Gaitán, a continuidade da filmografia de intensidade, abrindo mão da harmonia e do equilíbrio em nome da
documental na década seguinte despertará modificações, radicalizando volúpia de fazer de cada imagem algo importante. Há uma cruzada
o sentido de encontro na própria forma de filmar em Sutis Interferências contra a banalidade e contra a vulgaridade visual no conjunto das obras.
(2016) e em É Rocha e Rio, Negro Leo (2019), filmes aproximados em Há respeito pelo ato de tornar uma imagem pública.
suas radicalidades formais, mas também em quase tudo distintos. Se
o primeiro é de intervenção fílmica, com o filme estando em cena na As imagens e os sons de Paula Gaitán, em si mesmos e quando colocados
jam session de Arto Lindsay e dela participando ativamente com suas em relação na montagem, são de uma linhagem do Modernismo
escolhas, o segundo é de recuo, com as manifestações visuais do filme experimentador, rebelde, que recusa os sistemas estruturantes já
entrando como rebarba e não como fundamento. transformados em códigos e em convenções. Procura-se em cada
imagem uma forma outra de aproximação com qualquer coisa, com
As palavras importam, principalmente em É Rocha e Rio, Negro Leo, uma foto, um objeto, uma parte do corpo, um espaço, uma ação em um
um filme de ideias, de um movimento elíptico, cíclico e circular do espaço. Na pintura, Cezanne é um emblema desse mesmo movimento.
pensamento do artista diante da câmera doméstica. Talvez importe
menos o conteúdo do que é dito pelo músico por tanto tempo e mais Os cineastas Stan Brakhage e Luis Buñuel, conscientemente ou não,
os vacilos, as redundâncias, os esquecimentos, a relação entre a forma surgem como matrizes. Não pelos filmes que realizaram, não, mas
desse pensar e o consumo de aditivos defendido no começo como forma por um texto que cada um escreveu: “Metáforas da visão” (Brakhage)
de se alterar a percepção das coisas. Paula Gaitán provoca, mas, acima e “Cinema: instrumento de poesia” (Buñuel), ambos presentes na
de tudo, deixa o verbo solto. coletânea A experiência do cinema, organizada por Ismail Xavier. Os dois
cineastas seguem caminhos muito distintos de abordagem, de estilo de
Sutis Interferências é o exato oposto de outro grande retrato de criação escrita e de intenções nas afirmações, mas na essência reivindicam uma
musical, Ne Change Rien (2009), de Pedro Costa, a filmar a cantora mesma coisa: uma arte mais rica e menos direcionadora.
Jeanne Balibar em preto e branco tranquilo. O cineasta português ali é
um olhar atento e quieto. No encontro com Arto Lindsay, Paula é uma Brakhage defende a ruptura com a lógica do reconhecimento que pauta
participação, não somente uma testemunha. Temos a sensação física da a produção de imagens no Ocidente. É preciso que a imagem, rompida
música, como se a câmera fosse um instrumento, a diretora fosse uma com a familiaridade de sua percepção, gere conhecimento, como se
instrumentista e o filme fosse a obra resultante – como é. O plano se fosse a primeira vez de nosso olhar com aquilo visto por nós, como se
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fosse uma maçã de Cézanne. Buñuel defende a preservação do mistério Não é fácil escrever. Menos ainda sobre cinema. E ainda menos sobre
no cinema e seu afastamento de um realismo copista das aparências. uma expressão artística audiovisual como a de Paula Gaitán. A razão
aparente é de largada. Suas obras são organizadas desde a premissa até
Em suas ficções, que reivindicam uma noção qualquer de narratividade a finalização como processos estimuladores de mistério, de dispersão
e de dramaturgia, no caso implodidas pelo filtro moderno e posterior à da razão significadora, de investimento na “materialidade” da imagem
modernidade, também há esse mistério. Talvez o mais forte exemplo (forma direta de abstração), sem fazer de cada fragmento, com maior ou
disso, justamente porque tem latências altas de significações prévias, menor duração, uma função para o organismo fílmico.
é Luz nos Trópicos (2020), seu filme de monumento minimalista, ao
mesmo tempo explosivo na beleza das imagens e contido em seus Se função há nas imagens, não está na orientação, na informação, na
efeitos e em seu desenvolvimento, com um trânsito temporal que ordenação de nossa percepção. Somos convidados – é sempre um
poderia ser espetacular e de performance narrativa, mas antes age convite, não um sequestro – a viver uma experiência. A palavra está
como movimento do tempo, da história e dos espaços. gasta, sem dúvidas, mas faz sentido. A experiência não é exatamente
a do plano, a do instante e a da duração de um acontecimento, como
Poucos filmes foram tão arrebatadores no cinema brasileiro do escreve Jacques Rivette em muitos de seus textos, desde o seminal
século quanto essa jornada longa e adensada jornada de retorno e artigo “Nous ne sommes plus innocents”, de 1950, para o boletim do
de procura, com uma perspectiva metafísica antes de ser histórica, cineclube do Quartier Latin. É quase o contrário do que solicita Rivette,
assim convertendo o close do rosto de uma mulher indígena em mas também é parte de sua defesa.
uma imagem de algo além e aquém do rosto, uma imagem do
invisível, do que não está lá, mas irradia naquela expressão, sem Porque Rivette escreve, aos 21 anos, sobre um cinema da vida, do
jamais aceitar somente uma imagem de uma categoria étnica. Não improviso, da quebra dos esquemas de fracionamento das cenas, de uma
é a indígena particular, sequer a indígena como representação, mas atitude de voyeur e de testemunha, no qual o ponto de vista autoral se
forças que a impregnam. Estamos diante de um filme ritual, atentos manifesta sem ser buscado no modo de olhar. A experiência para a qual
aos restos, vestígios e resíduos do tempo, aos jogos sonoros com somos convidados nas obras de Paula Gaitán é de uma outra natureza.
diferentes idiomas e sotaques, ao vagar como condição mais que São os artifícios menos ou mais enfáticos como artifícios que produzem
como circunstância. essa experiência com as imagens e sons, não a vida que corre, que flui e
foge na imagem, mas o quadro, a luz, a atitude da câmera, a duração de
É um filme lânguido e formalista, com os rostos às vezes nos extremos um gesto discreto, as modificações em um rosto enquadrado em close.
da expressividade com o mínimo de recursos, sobretudo o de Clara
Choveaux, sua atriz recorrente desde Exilados do Vulcão (2013), Nesse sentido, sendo os artifícios empenhados em desnaturalizar o que
com presença marcante também em Noite (2015), com imagens se mostra na imagem e a própria imagem, há uma descodificação, que é
reveladoras do prazer de terem sido elaboradas, com quebras de um o exato contrário da decodificação. E a rasteira nos códigos inflacionados
andamento já todo cheio de surpresas constantes, especialmente é uma das cruzadas de Rivette, avesso a um cinema de discurso retórico,
quando Clara e Arrigo Barnabé comandam sequências cantadas. em conformidade com fórmulas para todos os tipos de uso, com o universo
Há antes momentos de desprendimento da narrativa do que de destruído pelas armadilhas das convenções formais. Não é com a economia
articulações dramáticas. São aditivos sensoriais que carregam a força solicitada pelo crítico francês em 1950 que Paula Gaitán coloca sua
do filme. São cortes na razão estruturante e articuladora. resistência em tela. O caminho dela é antes das explicitações dos caminhos.
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Cleber Eduardo
Crítico, pesquisador e curador DocSP e Festival Online de Filmes de Inquietação
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ENTREVISTA
A PATOLOGIA DE
CADA IMAGEM:
O TRABALHO DE
PAULA GAITÁN
O termo “patologia artística” saiu do radar do repertório crítico e da realização, talvez porque
o termo “patologia” tenha ficado demasiadamente ligado ao imperativo negativo da doença –
algo que se recusa, que não se quer, que causa sofrimento, aquilo sobre o qual se demanda uma
“cura”. Mas no trabalho de criação, patologia tem a ver com os afetos no sistema complexo
de uma obra de arte e nele a sua singularidade “fisiológica”. Paula Gaitán fala, recordando
Julio Bressane, que cada imagem é como um corpo que tem uma lógica anatômica própria,
às vezes desviante, um funcionamento singular e fora da norma. Cada imagem teria uma
anatomia, e por isso, uma patologia. Pathos (doença) e logus (ciência, estudo).
O termo é rico por estimular uma discussão acerca do trabalho artístico, por considerar
uma lógica de criação que não é anterior e ideal, mas que depende das imagens, dos
corpos singulares das imagens e dos sons nos quais aquilo que pode ser considerado
erro, acidente (do acaso, do seu processo fotoquímico ou digital) pode ter um diagnóstico
específico. Paula fala das imagens, dos filmes como corpos vivos, pois as imagens teriam
vida própria, são consequência não só de sua excelência prevista originalmente, mas de
suas falhas, de seus desvios.
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Em uma época em que na discussão sobre cinema vemos uma certa foi chamado de “o poeta da morte e do erotismo”. Ele foi para Paris,
abstração dos conceitos concorrendo com a materialidade das obras, e ser poeta, escritor, exclusivamente, era uma coisa muito difícil na
ver uma artista falar do seu trabalho com minúcia conceitual e prática década de 50. Não era das famílias oligárquicas da capital, das famílias
não é só deslumbrante por ser pródiga em inteligência, mas por ser vital. quatrocentonas privilegiadas, mas era de uma família do interior da
A arte é um ofício em que os sentidos, os porquês, muitas vezes não Colômbia, do lugar “mais longínquo do planeta”, que se chama Cúcuta,
estão, ou não precisariam estar, elucidados de saída. É uma busca, não que é na fronteira com a Venezuela. Ele tinha uma cultura do interior da
um mero exercício de princípios abstratos. O trabalho do artista é a sua Colômbia, não era da capital, o que significava muito nesse momento.
imaginação se sedimentando no mundo e, reciprocamente, as tramas Ele morreu prematuramente num acidente de avião voltando de Paris
do mundo encontrando uma expressão estética (que não está inscrita em Pointe-à-Pitre. Mas essa época dele em Paris, seu encontro com
na natureza e a olho nu. Ou seja: é um olhar e uma intervenção). Nesse minha mãe, que era judia, filha de uma família de imigrantes judeus,
trabalho a dicotomia cinema versus mundo (ou vida) não se coloca, pois foi fundamental. Meu avô materno, Emilio Moscovici, era anatomista e
a arte é um produto do mundo, existe nele, o reflete e a ele se volta. minha avó, Rosa Podval, professora de russo e outros idiomas – talvez
A quem interessa essa separação? O cinema só terá uma importância por isso meu fascínio pela sonoridade e a utilização em vários filmes da
política quando essa dicotomia for superada. O cinema de Paula Gaitán
se fez e se faz nesse caminho. A entrevista com ela segue na íntegra.
porque minha casa era muito informal, era uma casa com quadros, livros, Francis: É porque nos anos 70 você estuda arte em Bogotá, faz fotos. O
uma cama qualquer, mas uma boa cama talvez, mas era muito parecido que você tem de produção artística desse momento dos estudos?
como eu moro. É um gosto particular. E um gosto também pela visão, pelo
olhar, pela ideia de consultar livros desde muito jovem. Tenho livros de Paula: Tenho muita coisa. Muitas fotos. Quando o Glauber me conheceu
arte que tenho desde muito jovem, olhava atentamente pinturas, antes eu já era fotógrafa. As pessoas acham que eu encontrei com o Glauber
mesmo de estudar artes visuais. E não se trata de uma cultura de fazer Rocha e foi paixão, bem, óbvio que foi, mas foi também admiração, tanto
de você uma pessoa culta socialmente, mas se trata de quase um estar dele por mim como eu por ele. Quando eu conheci o Glauber, eu estava
no mundo desse jeito. Não é uma coisa assim, “ah, vou botar você para em Bogotá e era militante da célula universitária do Movimento Operário
estudar a história da arte. Vou botar você para estudar francês, balé”. Independente Revolucionário, eu já era uma pessoa conhecida, muito
jovem, assim com 23 anos. Não é que ele encontrou uma menina fofa.
Francis: Sim, na contramão da convenção. Mas em que época você se Não. Eu era uma pessoa que já tinha uma história e estava estudando
reconhece como artista? filosofia e artes visuais, e como eu te disse, eu não tinha experiência em
cinema, mas tinha muita experiência já com imagem.
Paula: Sempre. Eu sempre pintei e eu sempre escrevi. Tanto que eu
tenho poemas publicados. Eu estou em várias antologias de poesia Francis: Mas nesse momento você produzia mais fotos, pintura
latino-americana. É porque esse lado eu não falo... ou gravura?
Francis: Eu não sabia. Paula: Era fotografia... Eu posso te mandar muita coisa, era desenho, era
gravura, era fotografia, era tudo visual. E a escrita um pouco dentro dessa
Paula: Nunca cheguei a publicar um livro porque coincidiu com minha ideia como se fosse objeto, como se o poema fosse um poema objeto. Tem
vinda para o Brasil, e meu desejo de publicar meu primeiro livro de essa tradição no Brasil, do Pignatari, do próprio Arnaldo Antunes.
poemas, que era um livro objeto, nunca conseguiu se materializar. Livro
de poemas e fotografias realizadas por mim. E terminou que entrei no Francis: Poesia concreta.
cinema, e quando você entra no cinema, só dá para isso, é tão louco,
exige dedicação total que vai abranger todas as outras artes. Engraçado Paula: É, poesia concreta. Eu já fazia essas coisas sendo muito jovem.
que eu não sou muito de escrever e-mails, a prosa não é minha onda, mas Tenho vários projetos assim, para mim não é nenhuma novidade, aquilo
até já escrevi textos em prosa. Mas a questão do idioma era complicada, era o que eu fazia.
porque eu escrevia em espanhol. Se você botar “Paula Gaitán poemas,
poetas”, eu estou em algumas antologias de poesia colombiana, com 15 Francis: Mas você começa a trabalhar com cinema lá mesmo na
anos de idade, 20, 24... Colômbia? Você faz alguma coisa em direção de arte, algo com imagem
em movimento?
Francis: É uma novidade para mim.
Paula: Muito pouco. Naquela época eu fazia instalações, videoinstalações,
Paula: É, mas isso também é algo que eu mesma também não falo trabalhava com imagem em movimento, mas sempre...
muito. Mas já que você me perguntou...
Francis: Então você já trabalhava com vídeo nos anos 70?
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Paula: Sim, algumas coisas eu cheguei a fazer. Tanto que o primeiro filme
meu, que aliás a Ava fala que é o mais lindo, é o Olho d’Água. Aquilo que
eu fiz no Diário de Sintra, eu já fazia no Olho d’Água.
Paula: Não, antes eu fiz o cartaz do filme Cabeças Cortadas, que Glauber
tinha filmado na Espanha, e a capa do livro Riverão Sussuarana.
maquiagem colorida, foi o fato de eu ter pintado a mão suas roupas e seu
rostro, quer dizer, era uma coisa que tinha um certo artesanato no dia
a dia, os materiais estavam lá e eu ia me inspirando como se estivesse
fazendo um quadro. Que é um pouco como trabalho até hoje. Na realidade,
eu trabalho muito parecido até hoje. Os figurinos dos meus filmes estão
sempre disponíveis, se deslocam junto com os atores a todas as locações.
Levamos sempre todos os figurinos. A Maíra Senise e a Aline Besouro, que
trabalham comigo, sabem que nos filmes de ficção eu trabalho com uma
mais generosa que eu vi na minha vida trabalhando e que oferecia a maior uma questão política bem mais forte que a minha. O político comigo veio
liberdade para a equipe. de outro jeito.
Francis: E o que que ele te influenciou no trabalho? O que você acha que Francis: Como você acha que entra o político no seu trabalho?
dessa parceria trabalho com ele você incorporou ao seu trabalho? Algum
procedimento, alguma relação com a criação, o que seria? Paula: Eu acho que ele vem pelo radicalismo formal às vezes e pela
maneira associativa. Sei lá, eu não sei, porque eu não sei falar muito
Paula: Acho que a velocidade da resolução dos problemas. Ou seja, de do meu trabalho, mas é mais por aí, pela maneira como eu exerço
que não dá para trabalhar em tal locação, você transforma a dificuldade essa liberdade. Acho que é mais, talvez, o que eu aprendi também do
em potência, você transforma um pouco essa coisa entre você reinventar Glauber, é você não ter limite de se expor e não ter medo dos erros e
o processo todos os dias e você partir para uma nova descoberta. Mas de se arriscar. Essa coragem, basicamente, é fundamental, me guiou,
também esse ritmo de velocidade no processo criativo é muito uma a coragem dele, em todos os aspectos, me guiou. Eu acho que é uma
coisa que eu peguei do Glauber, porque a gente deitava e no dia seguinte coragem que me inspira, e muito maior que a minha, porque ele viveu
ele mudava alguma coisa na ordem do dia, por exemplo, na sequência
do Pelourinho com as freiras, que chega a polícia, como você incorpora
isso, esse imprevisto? É um pouco a ideia de você incorporar o acaso
dentro da estética, e como você também incorpora o acaso e também
a velocidade como isso se dá, inclusive na mise-en-scène, como você
cria esse teatro em palco aberto. Essa dinâmica entre os atores e os
diálogos também, eu aprendi isso com ele, que os diálogos quase que
acontecem meia hora antes. Isso não quer dizer que eu chegue como
uma porra louca e invento, não. Eu chego na filmagem com um material
vivido de experiência de pesquisa e de mapeamento muito grande de
Francis: Eu queria que você fizesse uma síntese dessa sua trajetória,
posterior a esses episódios narrados agora, dos anos 80, em que
você trabalha com vídeo, que que você acha de mais relevante a se
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 44
dizer sobre o percurso dessa década da qual eu não encontrei muita Naquele momento já me parecia que eu tinha essa sensibilidade peculiar
informação histórica. com o som, então eu trabalhei, me interessei mais. Achei mais fascinante
trabalhar o som do que a imagem. Mas eu gostei de trabalhar a imagem.
Paula: O projeto O Olho d’Água é desse momento. Mas assim, entenda Mas vamos dizer que eu demorei dois anos montando em moviola, todo
uma coisa simples, que não é tanto tempo nos anos 80, porque quando esse processo, acho que eu fiquei quase um ano trabalhando no som.
eu fui filmar o longa Uaká, digamos foi em 85, 86. Eu fiquei dois anos
e meio montando. Eu montei em moviola. O filme ficou pronto em 89. Francis: Você falou uma coisa que é importante, que no Uaká o som
Eu ganhei o edital do CTAv (Centro Técnico Audiovisual), mas antes te pareceu muito mais interessante que a imagem, e a questão do
disso eu tinha escrito vários roteiros para CTAv e não davam certo. E som no seu trabalho tem um aspecto sofisticado, complexo. Quando
aí eu ganhei o primeiro edital. O filme se chamava Agosto Kuarup e era você percebeu que era mais interessante, e o que te dava vontade de
esse o esse roteiro do Uaká. Foi esse o meu processo. Vamos dizer que experimentar no som? O que havia de instigante nele que você não
o Glauber morreu em 81 e até 82 foi um momento difícil e crítico, eu encontrou no material visual?
fiquei viúva com 28 anos, com duas crianças pequenas, então eu fiquei
um ano, dois anos, um pouco encontrando um lugar para criar meus Paula: Construir um extracampo. O que acontece é que a metade do
filhos. Em paralelo, comecei a fazer o Olho d’Água, que é esse filme que som do Uaká sumiu. O técnico de som, que era muito bom, deixou cair
é lindo, que tem uns 40 minutos, e tanto que o Leon Hirszman viu esse na água do rio. Então chegou com ruídos. Então, aquilo que eu tinha
filme e se apaixonou. Leon foi muito importante, assistiu numa galeria era muito menor que a imagem e a gente teve que trabalhar muito a
de arte, numa projeção, e se apaixonou. Foi em 1984. Por outro lado, ideia desse som sendo reconstruído de várias maneiras, como você fazer
eu fiz coisas com fotografia, participei de exposições de fotografia. Eu uma salada de alface, tomate, cebola e batata, que era uma coisa que eu
tinha essa relação com videoarte, fiz algumas experiências, e digamos comia em Cuba. Na época da escassez, eu passei o ano-novo em Havana,
que até escrever Uaká, em 84, eu já me encaminhei para o Xingu, fui a que foi a experiência mais linda do povo cubano. Essa experiência da
primeira vez para lá para fazer pesquisa, voltei, e aí depois a filmagem comida me ensinou muitas coisas, que você está no Natal e no ano-
foi entre 1986 e 1987. novo e a escassez pode ser altamente produtiva. Então quando você ia
para a mesa, porque a gente foi convidada por uma família cubana para
Francis: Quanto tempo durou a filmagem do Uaká? passar na casa deles o ano-novo, a mesa tinha assim uma salada de
tomate com cebola, com batata e com alface. Todas as saladas tinham
Paula: Durou um mês e meio. os mesmos elementos, mas todas cortadas de maneiras diferentes.
Então o visual era totalmente diferente e você comia aquilo com um
Francis: E o processo todo? Porque você montou o filme também, não é? prazer enorme. Ou seja, a mesma coisa que a montagem, não precisa
ter mil elementos, tinha poucos elementos, mas aquilo visualmente era
Paula: Eu montei com a Aída Marques. E o processo que demorou mais de uma beleza e de uma riqueza e de uma potência incrível. Então é isso,
foi a montagem de som. a gente aprende que com som e com a matéria-prima do que a gente
filma cada imagem tem um poder extraordinário. Então, cada plano,
Francis: Por quê? cada sequência, eu aprendi a utilizar tudo. Tudo tudo. Não tem material,
não tem hierarquias dentro do material. E com os sons a mesma coisa.
Paula: Porque o som já me pareceu mais fascinante que a imagem. Na ilha de edição do som, aquilo foi extraordinário, porque eu percebi
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 45
que aquele não podia ser o fracasso do filme, que eu tinha que construir
o som justamente... Então, já que não tinha o som do lago, da laguna,
então eu comecei a fazer uma espacialização do som. Então, o que que
elas escutariam? Elas escutariam o som das flautas uruá ao longe. Então
eu pegava essas flautas uruá que estavam já ao longo do filme e eu ia
modificando, ia fazendo associações. Assim, eu aprendi a trabalhar com
o mínimo e com o máximo, e o máximo está na imaginação, na maneira
como você associa os elementos, como você associa som e imagem,
Francis: O uso da música e o trabalho com som no seu filme são muito
especiais, porque eles constituem uma verdadeira paisagem sonora
no campo e no extracampo. É como se o som afirmasse ao mesmo
tempo na natureza abstrata dele, mas o seu trabalho se esforçasse
para encontrar também a origem desse som, tanto a busca do seu
aspecto abstrato, o conceito mental da música, a própria experiência
da fruição, quanto no material, sua produção, seu trabalho. No sentido,
por exemplo, do trabalho dos artistas, no caso do Arto Lindsay, do extensão dos olhos, do texto do Stan Brakhage, o “Metáforas da visão”.
Arrigo, do Negro Leo, mas também no efeito dessa música sobre os Então são os artistas que me interessam.
corpos e os espaços. Por exemplo, em Noite. Então sua imagem é uma
espécie de ritmo visual puro. Como que o som determina ou ajuda a Francis: O seu trabalho com o som é uma coisa mesmo muito especial, do
compor o trabalho com a imagem? som como um trabalho da poesia. Eu acho isso muito interessante, porque
a poesia é a palavra, e sobretudo a palavra escrita. No caso do som, o som
Paula: Ele vem, às vezes, primeiro. Ele vem em um som, eu ouço o é uma coisa abstrata. O Ópera dos Cachorros é isso, é um trabalho poético
som e já imagino como será a montagem. Não é que ele já preexiste. no breu, e na tela escura cria uma, várias imagens sonoras. Paisagens. É
O som é, de novo, uma questão de encontrar esses ritmos e essas um filme sem imagem visual, mas que tem muitas imagens, tem muitas
discrepâncias entre som e imagem e ir fazendo essas associações, como camadas, tem uma composição de imagens mentais.
eu tenho feito e fiz na Ópera dos Cachorros, com minha voz, e isso é
um trabalho artesanal e também associativo... É um pouco a relação Paula: São imagens mentais, mas isso na obra de muitos diretores
dos poetas dessa tradição aí, do André Breton, do Paul Éluard... Dessa é importante, não é? Tem diretores que são permeados por essas
escritura automática, através da câmera, da mão, da imagem como uma inquietações. Tem outros que vão por outros caminhos, que são
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 46
problema estranho. É uma falta de memória. E ao mesmo tempo é uma com o Glauber?” “Não, nunca estive aqui.” “Essa casa que você filmou
grande memória visual. Eu não consigo memorizar um texto, eu entendo, dentro, a cama, você morou aí?” Falei: “não. É outra casa”. Mas era
eu leio e tiro um conceito. Mas, por exemplo, o Arrigo (Barnabé), ele fala encontrar uma memória que não é traduzível, mas é uma memória,
poemas do Sousândrade, poemas do, sei lá, do Octavio Paz, ele fala mil algo que permeia uma memória do corpo, uma memória da memória,
poemas. Eu tenho atrofia nesse tipo de memória, e tenho vergonha de um cheiro, uma imagem, um ruído, sabe? Atravessar povoados para
dizer que eu não sei o abecedário. É verdade, é um problema, é algum encontrar o ruído dos sinos, para encontrar a névoa, para encontrar
tipo de coisa que ainda não analisei, teria que ir num neurologista, mas é um pastor, como tem lá no Diário de Sintra. Escalar montanhas para
algum tipo de atrofia que não me deixa ter esse tipo de memória textual. sentir de novo o que seria escalar aquela montanha de Sintra. Porque
é isso, os espaços têm mutações também, então, quando você volta
Francis: Mas tem memória visual. Como isso funciona criativamente? para esses lugares, esses lugares já não são aquilo. Então, como passar
adiante essas sensações, essa memória que é intraduzível? Então você
Paula: A questão da memória visual é importante. Eu acordo, estou vai à procura, e o filme é isso mesmo, o filme diz “caminhos que levam
pensando num filme e tenho uma imagem mental e vou atras dessa a Sintra, ou talvez, a lugar nenhum”. Mas arte é isso também, não é?
imagem, termino encontrando como uma adivinhação, essa imagem Quando você trabalha com materiais, na pintura ou na arte, quando
existe e está lá. O mistério das imagens… Então a questão associativa você trabalha a cor, as camadas de cor, aquarela, por exemplo, toda a
com a imagem, a memorização, a memória da imagem, do espaço, isso série do Cézanne, daquela montanha que ele pintava sempre.
é forte para mim. Quando eu fui fazer Diário de Sintra, houve muita coisa
que eu apaguei. Apaguei anedotas, apaguei o que as pessoas falavam, Francis: A Saint Victoire.
apaguei tudo isso. Mas as imagens, eu fui atras dessas imagens, que
não eram exatamente as imagens que eu tinha vivido com o Glauber. Paula: É isso. Porque que a pessoa quer incessantemente filmar
Até porque eu nunca fui a Monsanto, mas eu me lembrava que Sintra a mesma coisa, o mesmo plano, com várias luzes?! É isso, isso é um
tinha uma atmosfera envolta de névoas e rochas, e eu queria encontrar mistério que leva a gente a criar as imagens. Aí quando você faz as coisas
um espaço que fosse essa Sintra que eu tinha vivido, porque Sintra um pouco levado pela intuição, que foi o caso do Diário de Sintra, fui fazer
já não era mais a mesma quando eu voltei para filmar, depois de 25 um seminário, uma palestra, uma aula aberta do Roberto Machado sobre
anos, era uma Sintra cheia de lojas. Então, no encontro das locações o Proust. Foi quase no final da montagem do Diário de Sintra. Aí eu fui lá
eu comecei a mergulhar numa espécie de onirismo, e eu li muito e ele falou desse livro do Deleuze sobre o Proust, Proust e os signos, e da
Gaston Bachelard naquela época. Me lembrava muito das mulheres memória involuntária. Aí eu me lembro que isso foi um tesouro, porque
portuguesas, do trabalho das mulheres, como as mulheres estendiam eu fui lá, comprei o livro e entendi exatamente esse procedimento
as roupas brancas nos varais. Essa poética do espaço, esses elementos associativo, sonoro, visual, de uma procura de um imaginário que me
circundando o espaço. Como isso iria se materializar em imagens, a levasse a essa concretude, a uma viagem real, mas simultaneamente
partir de uma certa atmosfera, com uma temporalidade proustiana. à construção de espaços mentais, imagens mentais, que não eram
E com o som também. Alguns sons que eu lembrava. Então, eu viajei exatamente os mesmos lugares em que eu tinha ido com o Glauber,
muito para encontrar “nada”, nada encontraria, tudo fugidio, estava mas estava tudo ali. Estava tudo ali. O sentimento, essa memória foi
totalmente errante, a gente foi com a equipe até a Serra da Estrela, construída assim, a partir dessas lacunas e da impossibilidade dessa
e a equipe falava: “mas por que que você está aqui? Você veio com o restituição, porque a gente também tinha aquilo, já não pode mais ser
Glauber?” Eu falava: “não, nunca estive aqui”. “Você foi em Monsanto mais restituído. Então, eu acho muito interessante quando as pessoas
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 48
querem fazer esses filmes históricos, muito precisos, com depoimentos. tanto que Marcélia me impactou com os filmes que eu vi com ela já foi o
Mas eu acho que todo depoimento é sempre uma ficção. suficiente. Às vezes uma imagem com a Marcélia, uma foto, uma imagem
foi tão impactante que me levou a ela. Então, com a Marcélia, no caso
Francis: Você fez filmes que são retratos ensaísticos em torno da persona do Agreste, nos conhecemos lá. Então é assim, é um pouco um risco que
de atrizes, cineastas, músicos, artistas em geral. São retratos digressivos se toma, porque é um trabalho de persuasão, é também uma sedução
dimensionados pelo tempo e pelo atrito das imagens na montagem, e que se dá, é uma relação que se constrói no plano do próprio processo
também na fricção entre o documento e a performance. Vemos isso em da filmagem, de você filmar o outro, mas também do outro também se
Vida, que é com Maria Gladys, em Agreste, que é com Marcélia Cartaxo, aproximar. É um trabalho mútuo de reconhecimento, de dois corpos,
em Sutis Interferências, que é com Arto Lindsay, e em É Rocha e Rio, Negro eu, meu corpo, uma mulher com outra mulher, então é uma espécie de
Leo, com Negro Leo. Memória da Memória não deixa de ser também um entender esse lado do feminino também no meu corpo através dessa
retrato, um autorretrato. O que te estimula nesse retratística? mulher, e entender de uma maneira mais geral em Agreste, porque não
é só a Marcélia. Ela é um ponto de partida para entender outras coisas.
Paula: Eu acho que os retratos têm essa vontade também de estar
terrena, de conviver com o outro, coisa que é importante para mim.
Tanto que eu consigo produzir um filme como É Rocha e Rio, e um
filme como Luz nos Trópicos em paralelo, porque chega uma hora
que aquilo, aquela substância começa a se esgotar e a me esgotar,
como no caso do Luz nos Trópicos. É porque é como se você estivesse
manejando imaginários muito diversos, e às vezes você precisa descer
no terreno das palavras. Então, eu faço em paralelo o filme do Leo, que
me coloca no eixo, “ó, você tá aqui, você tá aqui nesse momento, você
tá viva, estamos no Brasil, esse é o Brasil que tamos vivendo, Paula,
estamos aqui”. Não é? E é isso. E às vezes eu acho que isso está sempre
oscilante dentro dos projetos meus. É uma curiosidade imensa de ouvir
não vou falar disso não. Você tá aqui por quê?”. Aí eu falei: “bom, eu você realmente ir conhecendo aos poucos durante esse processo e de
tô aqui porque eu não sei por que eu tô aqui. Sabe por que que eu tô você não chegar tão severa e tão firme, você descobre coisas recônditas.
aqui? Porque eu sou uma mulher latino-americana, porque você me E começou a criar um ambiente de que aquilo ele que ele estava
trata assim, porque você fala que minhas perguntas são isso, então eu falando, ele estava falando contra o cinema francês, ele estava falando
tô aqui para um embate, então vamos discutir. Eu não tô aqui pra nada. justamente de tudo que não estava escrito no papel, entendeu? Bom,
Se você quiser conversar comigo, então a gente conversa. Mas então a então isso é um exemplo de como você chegar a um ser desconhecido,
gente zera e você fala sobre o que você quiser”. Cara, ele me adorou, e é que você não é justamente uma jornalista, então você vai descobrindo,
um documentário lindo, é um longa, tem uma hora e vinte. A gente ficou você vai com menos certezas e com mais dúvidas e mais curiosidade, eu
amigo, mas isso me mostrou por que que eu estava lá. Eu apenas queria acho que a coisa rola de uma maneira mais interessante.
conversar com ele e chegar a algum lugar desconhecido. E pela primeira
vez eu fiz exatamente ao contrário do que eu estava habituada e levei Francis: Você falou da uma relação com o personagem que é elucidativa,
um megaesporro, parecia uma boba lá com um monte de perguntas. mas e com o espaço?
Então foi lindo, porque quando você se entrega ao ato de não saber, de
Paula: Por exemplo: então eu chego e já me situo do ponto de vista
da câmera, então eu sei que, por exemplo, no caso da Maria Gladys, a
primeira coisa que eu vi foi a janela. Aí eu já sei o lugar da câmera e aquilo
que vai se tornar personagem do filme, que é a janela. Então eu vejo a
espacialidade. Eu vejo os pontos de fuga, os pontos principais. Então eu
vou agregar elementos que estão naquele espaço. Eu não vou botar a
Gladys num lugar idealizado. Mas eu vou criar uma percepção espacial
de onde que esses personagens se encontram para entender que lente,
que imagem, o lugar da câmera, coisas assim, como qualquer diretor.
Mas isso é muito rápido, entendeu? Não preciso de muito tempo para
Frame do programa Abertura,
fazer isso. Isso eu faço na mesma hora. Não sei se estou chegando aonde
você quer chegar.
de Glauber Rocha
na subida das escadas. Tem uma subida que é com o Tim Maia e tem
outra subida que é quando, finalmente, o microfone consegue entrar
com a equipe e o Leo está sentado, e ele até comenta o fato para a Ava.
Porque a gente microfonou e ele fala assim: “ah, não fica com medo, que
quando chegar aqui a gente começa a falar”. Porque a Ava estava com
dúvidas, ela não sabia direito. Então essa parte ficou aparente, mas nem
toda. Então depois também essas passagens do movimento da câmera,
como a câmera vai se deslocando no espaço eu acho muito interessante.
o que é ser epicentro, o que está na margem, o que é centro e o que Francis: O filme tem uma lógica própria. Não é uma coisa que é inventada,
está na margem. Então essas discussões são muito interessantes, e na tirada da cartola depois, não é? Os filmes têm, digamos assim, uma
realidade o filme do Leo coloca isso, quem está vendo quem e o tempo ecologia própria.
de escuta está em toda essa discussão sobre quem ouve e o tempo que
você se dedica a essa escuta. Acho que o Leo é exatamente isso. Mas Paula: Isso, exatamente. É um corpo. Tem uma coisa precisa e ao
isso não pode ser feito com qualquer material, não pode virar modismo. mesmo tempo tem uma coisa intuitiva. É uma questão que tem a ver
A imagem tem uma espécie de anatomia. O Bressane fala uma palavra, com uma patologia, essa é a palavra.
como se fosse uma coisa assim, uma espécie de... Quando você faz um
cadáver e você disseca. Como é que se chama isso? Não é dissecar, é Francis: Uma patologia. Sim.
quando você vai criar toda uma lógica anatômica desse corpo. Acho que
o filme é um pouco isso. Depende do material, depende das imagens, Paula: A patologia de cada imagem. É isso, é interessante isso.
depende do que é dito...
Francis: Eu quando estava bolando a entrevista, perguntei para dois
amigos que você conhece e admiram muito seu o trabalho, Bernardo
Oliveira e o Juliano Gomes, o que que eles perguntariam para você. E cada
um fez uma pergunta que eu queria te passar agora. Vou fazer a primeira
pergunta que é do Juliano: “Queria saber mais sobre você e o Brasil. Que
você tem uma vivência, uma relação forte com a América do Sul. De
certa forma, você estar no Brasil trabalhando acaba sendo uma escolha.
Tenho curiosidade sobre o Brasil da Paula, o Brasil que te interessa filmar.
Exilados, o Luz nos Trópicos ou o Sutis Interferências são filmes muito
particulares, que têm uma ideia de Brasil que é muito particular, que ela
não é comum. Então eu queria saber um pouco que Brasil é esse país que
te interessa, que você filma”.
Foto: Hernan Dias
essas pessoas “iluminadas”, que são ambições que eu não tenho, acho Francis: A última pergunta aqui é do Bernardo, ele diz o seguinte: “Os
um pouco demagógicas e um pouco diletantes e um pouco oportunistas. filmes da Paula partem de indagações não necessariamente atreladas
Eu quero estar junto com esses artistas que fui conhecendo ao longo de ao campo cinematográfico. Arte sonora, antropologia, literatura,
anos de trabalho e filmagem, mas eu não posso dizer que me apropriei política. E acho que isso tem a ver com o fato de que ela é, também, uma
da alma desses personagens que a eles pertence, que está materializada camerawoman andarilha, antes de ser uma cinéfila ou uma metteur en
por exemplo na prodigiosa atuação de Maria Gladys no filme Vida. Acho scène. Paula, quanto vale a estrada?”.
isso uma prepotência, uma vergonha, você querer se apropriar como
alguns cineastas fazem da história do seu povo, e tornar-se centro dessa Paula: Eu acho que essa ideia de andarilho é isso mesmo, a ideia de ser
história. Você querer se apropriar de tudo, devorar tudo? Então meu gesto câmera. Hoje em dia tem muitas câmera women diretoras. Mas é assim,
procura o contrário, é um gesto de aprendizagem, de poder trabalhar essa é entender que hoje em dia eu tenho uma capacidade de produzir um
matéria humana, essa matéria valiosa, de fortalecer esse diálogo entre e trabalho sozinha, se eu quiser. Não porque eu sou egocêntrica. Todo
com artistas diversos. Mas eu não sou o Leo, eu não sou a Gladys, eu não mundo é um pouco egocêntrico. Quem diz que não é egocêntrico está
sou o Arrigo, e engatinho na descoberta desse universo muito particular mentindo. O egocêntrico fala muito de si, mas eu falo dos outros também,
de cada um deles, lembrando aqui o ensaio “Metáforas da visão”, do Stan porque eu acho que esses projetos não existiriam se não fosse pelos
Brakhage, quando ele diz que temos que reaprender a observar o mundo outros, pelas pessoas que me acompanharam ao longo desses anos
como uma criança que engatinha na relva de um parque através das frestas e que justamente pelo fato de eu ser estrangeira e de não pertencer a
dos dedos da mão. Esses momentos em que esses universos se conectam nenhum lugar específico, não ser identificada com nenhum movimento,
ou deslocam são muito inspiradores. Eu não sou mineira, mas eu faço um nem como um personagem icônico dentro da cultura brasileira, nem
filme em Minas. Eu não tento ser mineira. Ou falar que eu sou mineira... Não, como uma artista plástica e artista visual, nem como uma poeta, então
não sou mineira. Então isso tem que estar muito claro no meu trabalho, poderia ser um fracasso, mas eu consegui. Uma coisa que é importante é
eu não possuo o outro como um ato de devoração, de apropriação e de a disciplina, eu consegui focar nessa produção audiovisual. Mas eu acho
lugar de fala. Assim, “ah, sou eu que fiz isso”. Não, não sou. Sou apenas um que, bem ou mal, dentro da linguagem audiovisual, eu consegui produzir
corpo que é um corpo. Eu trabalho muito, assim, acho que qualquer gesto muita coisa, que me parece ter alguns momentos especiais, e acho que
que me pareça demagógico eu retiro de qualquer projeto meu. Qualquer dentro de cada filme encontraremos momentos fortes. Aliás, como na
farsa, qualquer utilização para uma coisa. Então eu sinto que nesse sentido obra de qualquer diretor, não é? Mas eu sinto que é um projeto de vida
eu sou uma exilada, de certa maneira. Então eu diria isso para o Juliano, que foi, mesmo eu sendo andarilha, que foi feito com muita potência
que nem tudo eu sei, eu busco porque eu não sei, não sei por que que são e com estratégias muito firmes de produção. Que eu acho que isso é
essas pessoas e não outras, não sei por que essas conexões vieram antes, importante, pensar que eu tenho 68 anos agora e que eu tenho uma
mas essa é a minha vida. Não sei, não tem uma lógica premeditada assim. conexão muito forte com a obra de jovens realizadores, e não é de agora. É
Tem uma curiosidade e tem, talvez, a compreensão de que essa pessoa uma estrada que eu estou fazendo desde que eu voltei ao Brasil em 2000.
tem muito a dizer, como qualquer vida é interessante, e que me apaixona, Então não é uma coisa artificial, “ah, porque eu sou jovem, porque eu tô
portanto, eu posso me dedicar a trabalhar nesse projeto com paixão. Eu conectada na onda”. Eu nunca fui vista como cineasta, mal era vista... Eu
não faço produtos, eu faço encontros que se tornam um pouco ensaio, um nunca fui vista como nada, para começar. Isso no fundo colaborou muito
pouco conversa. E nunca é uma coisa muito elaborada, porque que eu vou com essa liberdade minha, e com essa amplitude de eu ter me nutrido
ao encontro dessa pessoa, não de outra. São intenções pouco elaboradas também muito dessa produção mais jovem. E uma das coisas que me
de uma maneira racional para mim. afetou muito positivamente foi o trabalho de novas gerações, eu estou
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 54
PAULA
GAITÁN
CAMINHANTE, NÃO HÁ
CAMINHO, O CAMINHO
FAZ-SE AO ANDAR*
Sou poeta, fotógrafa, artista visual, professora e cineasta. Estudei Artes Visuais e Filosofia em
Bogotá, Colômbia, meu país de origem. Publiquei poemas em revistas literárias e antologias de
poesia latino-americana. Vim para o Brasil, minha segunda pátria, em 1977. Sou filha de mãe
brasileira, a diretora de teatro Dina Moscovici, e pai colombiano, o poeta Jorge Gaitán Durán.
Foi no Brasil que realizei minhas primeiras instalações com imagens em movimento e fotografia.
Fui convidada para trabalhar na direção de arte do filme A Idade da Terra (1980), de Glauber
Rocha, experiência determinante na minha formação estética e na percepção e aprendizagem
da linguagem cinematográfica. A partir desse momento, comecei a trabalhar no cinema como
realizadora, sempre fortalecendo meu diálogo com as artes visuais, a fotografia e a performance.
Meus filmes às vezes são fotografados e editados por mim. São obras que podem ser exibidas
em salas de cinema, espaços públicos ou em galerias de arte. Percebo desde então meu
interesse constante e inesgotável em pesquisas visuais e sonoras.
Há momentos marcantes na minha trajetória, como a filmagem em 1987 de Uaká, meu primeiro
longa-metragem, na aldeia Kamaiurá, no Alto Xingu (MT), onde filmei a homenagem aos mortos
e pude testemunhar a cosmologia Kamaiurá e a relação que os indígenas desse povo têm com a
vida e a morte, tecido invisível de fios entrelaçados à luz do materialismo histórico.
Vivi no Brasil entre 1977 e 1994, quando me vi obrigada a voltar à Colômbia para trabalhar.
Na televisão colombiana produzi diversas obras, nos mais diferentes formatos. Voltei
para o Brasil no ano 2000, vivendo novamente no Rio de Janeiro.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 57
Dirigi nove longas-metragens: Uaká (1987), premiado no 21º Festival de Aída Marques, Fábio Andrade, Dib Lutfi, Clara Choveaux, Pedro Urano,
Brasília do Cinema Brasileiro (Prêmio Especial do Júri, Melhor Fotografia, Lucas Barbi, Daniel Passi, Jura Capela, Monica Botelho, Calos Alberto
Melhor Montagem, Melhor Som entre Longas 16mm), Diário de Sintra Camuyrano, Daniel Santos, Louise Botkay Courcier, Bernardo Oliveira,
(2007), exibido em inúmeros festivais nacionais e internacionais, Vida Vitor Graize, Edson Secco, Marcos Lopes, Tiago Bello, Aline Besouro,
(2008), Agreste (2010), Exilados do Vulcão (2013), Melhor Longa Ficção Rodrigo de Oliveira, entre tantos outros.
e Melhor Som no 46º Festival de Brasília, Noite (2015), exibido no Festival
de Pesaro (Itália), Sutis Interferências (2016), exibido no FID Marseille, Entre tantas, a parceria de vida com meus filhos-artistas-criadores
sobre a relação entre imagem e som a partir do trabalho do músico Arto Ava Gaitán, Eryk Rocha e Maíra Senise é o combustível de criatividade
Lindsay. E finalmente, lançados em 2020, É Rocha e Rio, Negro Leo, filme que me alimenta.
manifesto com o músico, compositor e sociólogo maranhense Leonardo
Campelo Gonçalves, que estreou na Mostra de Cinema de Tiradentes e Os filmes reúnem uma enorme variedade de estilos e formatos, de
também foi exibido no Doclisboa, e Luz nos Trópicos, um river movie adaptações literárias a videoclipes. Tenho um interesse constante pelo
filmado entre as Américas do Sul e do Norte, épico transnacional latino- trabalho de outros artistas, o que me levou a filmar pessoas como
americano, cuja estreia mundial ocorreu na Fórum da 70ª Berlinale. Eliane Radigue, Antonio Negri, Ken Jacobs, Maria Gladys, Agnès Varda,
Matana Roberts, Arto Lindsay, Marcélia Cartaxo, Musa Michelle Mattiuzzi,
Na minha filmografia constam ainda os curtas-metragens Memória da Lygia Pape, Renato Berta, Arrigo Barnabé, Elza Soares, Negro Leo, Sonia
Memória (2013), Monsanto (2008), Kogi (2009), A Chuva no meu Jardim Guajajara, Jean-Claude Bernardet, John Gianvito, Jorge Gaitán Durán,
– Agnès Varda e o média-metragem Lygia Pape (1991), além de inúmeros Marta Traba e Rogelio Salmona.
documentários e a série Os Resistentes, temporadas 1 e 2. Também
destaco o videoclipe Mulher do Fim do Mundo (2017), com Elza Soares. Há algumas décadas os sonhos permeiam minha vida. Trabalhar com
cinema é permitir que imagens habitem os sonhos, a imaginação,
Em 2018 me mudei para São Paulo. Atualmente me encontro em que imagens mentais e fantasmagóricas povoem meus dias e noites,
processo de finalização de um novo filme a partir de uma entrevista com insistindo em existir, em se materializar. Eu penso no destino das
o cineasta norte-americano Ken Jacobs no Anthology Film Archive, em imagens e finalmente elas nascem, ganham corpo e se tornam reais,
Nova York, em 2015. visíveis, sem nunca deixarem de ser espectrais. Tornam-se imagens em
movimento, experiências sonoras e filmes compartilháveis.
Independentemente do tamanho de cada produção, desenvolvo
uma relação íntima e pessoal com os materiais e ferramentas com os *Trecho de Proverbios y cantares XXIX, da obra Campos de Castilla (1912),
quais trabalho, em todas as fases do processo de filmagem, desde o de Antonio Machado.
conceito até a mixagem de som e a marcação de cor, transformando
erros em descobertas, inabilidade em potência, aproveitando tudo o Paula Gaitán
que tenho em mãos sem hierarquias nem preconceitos. Os projetos Cineasta homenageada da 24ª Mostra de Cinema de Tiradentes
BIOFILMOGRAFIA
PAULA GAITÁN
LONGAS-METRAGENS CURTAS-METRAGENS
ANO TÍTULO ANO TÍTULO
2020 É Rocha e Rio, Negro Leo 2021 Ópera dos Cachorros
2020 Luz nos Trópicos 2015 A Chuva no meu Jardim, Agnes Varda
2017 Sutis Interferências 2013 Memória da Memória
2015 Noite 2009 Kogi
2013 Exilados do Vulcão 2008 Monsanto
2010 Agreste 2007 Pelo Rio
2008 Vida 2004 Pela Água
2007 Diário de Sintra 1997 Marta Traba, Palabra Mujer
1988 Uaká 1996 Presencia, Ausencia
1995 Vuelo de Condor
MÉDIAS-METRAGENS VIDEOCLIPE
ANO TÍTULO ANO TÍTULO ARTISTA
2021 Ostinato 2017 Mulher do Fim do Mundo Elza Soares
2021 Se Hace Camino al Andar
1991 Lygiapape
1987 Olho d’Água SÉRIE
ANO TÍTULO TEMPORADAS
2015 e 2020 Os Resistentes 1 e 2 | 12 episódios de 25’ a 30’
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 59
RECORTES DE
CRÍTICAS DE FILMES
DA PAULA GAITÁN
“Assistir ao Diário de Sintra, de Paula Gaitán, é como mergulhar num continente cinematográfico
inexplorado. Uma meditação de uma grande força poética sobre os temas da memória, do
tempo e das perdas que nos acompanham, Diário de Sintra é também um dos relatos mais
envolventes e honestos apresentados no cinema em muito tempo.”
Walter Salles, cineasta, em Diário de Sintra: reflexões sobre o filme de Paula Gaitán,
org. Rodrigo de Oliveira (Confraria do Vento, 2009)
“Um poema de tom alquímico sobre seu falecido marido, o pioneiro do Cinema Novo brasileiro
Glauber Rocha, Diário de Sintra, de Paula Gaitán, explora os limites exteriores da memória.
Fotos de Rocha são penduradas de árvores, colocadas para flutuar até o mar ou esparramadas
poeticamente sobre rochas. Mas quando Gaitán coloca esses restos fetichizados de memória
particular nas mãos calejadas de trabalhadores, que vão encará-las com reverência (“ele parece
um homem bom”) ou revirá-las com impaciência (como as vendedoras de peixe que discutem
se ele é uma estrela de novela), Gaitán entra na arena política de forma tão assertiva quanto o
criador de Antônio das Mortes, embora por um caminho indireto, feminino.”
Trecho de crítica de Ronnie Scheib. Variety, 27 de maio de 2008. Disponível em: https://variety.
com/2008/film/markets-festivals/days-in-sintra-1200522052/
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 60
“Lembro que Paula Gaitán distribuiu tampões de ouvido aos Em Exilados do Vulcão tudo muda a partir de um movimento do olhar ou
espectadores do longa Noite, na Semana dos Realizadores de 2014. Ela de uma mudança de luz. À fluidez da passagem entre presente e passado,
sabia que fez um filme “extremo”, e não apenas no aspecto sonoro. fato e memória, realidade objetiva e mundo interior, corresponde a
Depois do relativamente narrativo Exilados do Vulcão, quis partir para fluidez do deslocamento da câmera pelos espaços – e a fluidez do
uma empreitada ainda mais experimental. Assumiu ela mesma a próprio espaço. Os estados de transição predominam, até mesmo entre
câmera (e depois a edição) para filmar instantâneos da noite carioca, os quatro elementos: a bruma (fusão de água e ar), a poeira (ar e terra)
principalmente em dois points festeiros de Botafogo. Hits de pauleira e a fumaça (fogo e ar).
eletrônica e de música noise se alternam com blues, canções latinas e
performances de Arrigo Barnabé, Arto Lindsay e Ava Rocha, entre outros, Trecho de “O corpo e a paisagem”, de José Geraldo Couto.
num filme que é puro exercício de mixagem audiovisual. As músicas se Blog IMS, 29 de abril de 2016. Disponível em:
sucedem sem pausa e dialogam com a busca incessante de Paula por https://blogdoims.com.br/um-filme-de-cinema/
texturas sobrepostas, pixelizações, estroboscopia, refrações de luz e de
cor. Mas há sobretudo a procura de um estado de alteração dos corpos
dançantes, algo que vai da anomia ao êxtase.”
DA PAULA GAITÁN
EU FALO...
Paula é luz. Para mim, mãe ser cinema, como o cinema é um ser mulher. O olho da terra. Olho
d’água no útero aldeia dos sons e das imagens. Assim vejo minha mãe, um portal de luz para
um mundo real e imaginado. O seu cinema é seio que me alimenta como leite. É ventre parindo
imagens que são como montanhas, que falam por si só. Como travessias que falam além de si.
Como memórias fotogramas, fragmentos pangeicos que são. Suas imagens são como filhos que
nascem para serem vivos, autônomos e livres. Assim são as imagens de minha mãe Paula, e eu
me sinto irmã delas, criadas lado a lado. Sinto esse amor materno, e vejo como Paula ama todos
seus filhos por igual. Sua paixão na criação é tão intensa, que é leoa, caçadora e protetora. Com
garra é guerreira destemida na trajetória que toda mulher escolhe pra si. É vencedora de seus
sonhos. Uma autêntica mulher artista, inventora de seu tempo e de seus poderes. Tecedora de
seus caminhos, sempre os abre para si e para os demais. Admiradora da juventude que mora
na liberdade, anda junto às novas gerações aplaudindo toda ousadia revolucionária. Paula é
mulher atenta ao seu tempo e aos seus desejos. Não mora numa casa de quatro paredes, e sim
debaixo da queda da cachoeira. Filha de Oxum, judia, colombo-brasileira, latino-americana, seus
cabelos dourados são do banho do som do sol e do sol do som, inexplicáveis ao balançar do
vento, carregando uma história de mil cores e mil cantos. Manto ancestral que me cobre. Sem ela
nada seria, nada saberia. Ela cria como acaricia, nos ensina como quem ri e chora, na caverna do
cinema, seu quarto de sombras. Imaginem a cena. A mina de ouro. O sangue água. A beleza das
criaturas. A projeção das raízes. Paula não faz cinema, é o cinema. O cinema é mulher. O olho da
terra. O olho d’água. O ventre que nos pariu.
Qualquer respiro ao lado da Paula é um respiro que vai te fazer ver com ela, em cena uma encarnação nossa e então ser capturada por
todas as coisas em volta de uma maneira diferente. Ela é uma fonte seu olho-câmera, sempre da forma mais sublimada. Na vida e na arte,
vigente de vida e de imaginação. Nada vai ser do jeito que você espera, a mais bela e forte experiência.
sempre único, inesperado e mágico. É muita dedicação e honestidade
no trabalho dela. A Paula não vai ceder nada por modismos ou por Clara Choveaux
regras. Eu sou duplamente sortuda: por ter trabalhado com ela e por atriz e amiga
Maíra Senise Conheço a Paula pessoalmente há mais de sete anos. Nesse tempo,
artista plástica e figurinista creio que não tivemos nenhuma conversa que não fosse atravessada de
paixão. Acho isso muito bonito na Paula, esse caráter apaixonado com
que ela se move no mundo, e que move as coisas ao redor. Muitas vezes
Conhecer o tempo é esperar que ele habite alem da consciência, é uma força que desestabiliza. Mas muitas vezes também é acolhedor.
no entanto não existe meio de conhecer o tempo fora da ilusão da As coisas andam juntas. E acho isso muito presente nos filmes dela,
consciência. O transe, tecnologia ancestral de viagem temporal, é que constroem poéticas que nos tiram do lugar e que nos alimentam.
justamente a trança do tempo, o passado vindo do futuro e vice- Também vejo isso na maneira como ela se relaciona com outros filmes,
versa. Ele, assim como o cinema, cria a ilusão do movimento a partir de nas discussões que ela propõe. Um olhar e um fazer profundamente
imagens paradas. Poucos artistas conhecem o segredo do movimento inquietos, cheios de energia e de dúvidas e de procura e de beleza.
das imagens paradas, Paula Gaitán é certamente uma mestra. Tenho Como as canções ou os poemas que ela me envia para salvar alguns
muito orgulho de ser amigo, genro e pai de sua neta, ela, q traz no nome dos meus dias.
a delicadeza das coisas impermanentes, e nos olhos o brilho pio das
ideias originais. Caetano Gotardo
cineasta e amigo
Negro Leo
cantor e compositor
Gaitán pelo processo artístico também como tema recorrente em seu de vida com filhos, de perdas e ganhos. Fui documentada por ela em
trabalho. Seus filmes são muito diferentes entre si, indo de adaptações um filme chamado Vida. Só tenho que agradecer, de poder participar
literárias a videoclipes, mas trazem como marca a convivência entre de vários momentos de sua trajetória como mulher e artista. Esperando
várias artes – a fotografia, a música, a literatura, a dança, a escultura, para poder abraçá-la, faz tempo que não estamos juntas, estar ao seu
a performance, tudo dentro do próprio cinema. Mais do que um mero lado é sempre muito enriquecedor. Parabéns!
dispositivo de produção, seu processo é um reflexo de uma visão de
mundo e de uma ética de vida das quais os filmes são, ao mesmo tempo, Maria Gladys
expressão e testemunho. atriz
Fábio Andrade
crítico, pesquisador e artista O cinema de Paula Gaitán é onde encontro ecos dos meus próprios
sonhos, um lugar de intimidade compartilhada onde sentimentos e
anseios são sensivelmente traduzidos em texturas, imagens e sons,
Paula, quem fala é seu amigo Bernardo. Amigo e admirador dos seus montados numa sintonia mística que transcende o tempo-espaço.
filmes. O festival me pede para te escrever algumas palavras sobre essa Da poesia etnográfica de Uaká ao deslumbrante Luz nos Trópicos,
amizade. Eu só tenho a agradecer e dizer que muito do que penso hoje Paula se mostra sempre comprometida a contar histórias urgentes
sobre cinema é proveniente de nossas conversas. Isso porque seus de formas originais e singulares, em uma elegância e ousadia que
filmes partem sempre de indagações não necessariamente atreladas refletem seu próprio ser-artista-mulher orgulhosamente latino-
ao campo cinematográfico – arte sonora, antropologia, literatura, americana. Sorte a nossa. “A memória da memória”, “A imagem da
política – e isso me atrai e interessa muito. Acho que isso tem a ver imagem”. Suas obras são dádivas e retratos de uma força insondável
com o fato de que você não é somente uma cineasta ou metteur-en- que procura experimentar e expandir horizontes, sendo um alento
scéne, mas uma camerawoman, uma andarilha. Seus filmes deixam inspirador para novas gerações de realizadores. Do mesmo modo que
transparecer os extratos e resíduos de algo vivido e experimentado sua arte, Paula Gaitán é única.
para além do cinema. Um cinema carregado por uma sensibilidade
simultaneamente memorial e criativa. A memória se impondo pela Rodrigo Ribeiro
urgência da necessidade, uma agência criadora. Por isso te perguntei cineasta, amigo e admirador
Somos marinheiras, uma da outra, criadas por nossa imaginação, que conheço, jovem no espírito de sua obra, jovem pois a cada filme
cada uma pela outra, que atravessam o tempo, isoladas nas ilhas de se relaciona com o cinema como uma arte viva, nova, e que está em
nossas existências, através de cujos sonhos fazem nossa vida ser real. pleno movimento e descoberta. Jovem porque com o cinema Paula
Filmamos, criamos paisagens, abrimos os peitos, operamos corações, experimenta a imaginação do mundo, dessa época e de todas as
contemplamos imagens, varremos o chão, lavamos as roupas, épocas. Seus filmes são uma grande cosmologia, uma grande árvore
colocamos a mesa, arrumamos a casa, nos vemos, nos assistimos, nos (imagem recorrente em vários de seus filmes) com múltiplos galhos
escutamos, nos contrastamos, nos confundimos, nos trançamos, nos e ramificações. Uma artista tão rara com intuição tão poderosa e que
advertimos, nos corrigimos, nos intrometemos, nos incentivamos, nos ao longo de quatro décadas criou uma obra original e radical sem
socorremos, nos atrapalhamos, nos amamos! Longo convívio com essa fazer concessões, principalmente numa era onde o tal mercado e a tal
homenageada amada, mantra de aprendizado, sem nunca saber como comunicação parecem querer achatar o mundo a uma espécie de “terra
é... sendo. Ela tem coragem de acreditar que nenhum sonho acaba... plana” ou de monocultura do imaginário. Uma cineasta destemida que
Fazer do sonho esta coisa vaga a que chamamos vida. E navegar... do aposta com liberdade em processos artesanais muito pessoais e que
umbigo até a ponta dos longos fios de cabelo. passam longe de fórmulas institucionalizadas de arte nesse contexto
de um capitalismo destruidor do planeta. Nesse sentido a obra de Paula
“Por que é um singular lampejo de invenção, um respiro de vida, de desejos,
é que se morre? de estados inomináveis, movidos por uma espiritualidade própria onde
Talvez por não se sonhar bastante...” muitas vezes não existe hierarquização da presença do humano em
relação aos outros habitantes e forças da terra. O humano é apenas
(Fernando Pessoa – “O marinheiro”) mais um que dança nesse grande cosmos que é a terra. No universo
de Paula Gaitán não há fronteira entre natureza e humanidade, pois
Luciana Domschke isso seu cinema é perspectivista, telúrico, onde povos humanos e não
médica, atriz e amiga humanos, montanhas, árvores, rios, animais, objetos, tudo conversa,
e está respirando… Onde tudo que existe é vivo, e está amalgamado
numa grande coreografia de tempos, paisagens, memórias, corpos,
Difícil escrever em poucas linhas sobre alguém tão importante em luzes, cores, texturas, ruídos, sons… um cinema que fecunda os olhos
minha vida. Mas aqui não vou escrever sobre minha mãe, que foi mãe e nos faz lembrar que somos parte de um todo, que somos feitos de
e pai ao mesmo tempo, e que me criou junto com minhas irmãs com restos de estrelas, aquilo que foi esquecido, aquilo que podemos ser.
tanto amor, arte e coragem. Aqui vou falar de uma pessoa que é minha
mestra, e uma das artistas mais inspiradoras que conheci nesta vida. Eryk Rocha
cineasta
profundo. O conjunto dos seus filmes possui um teor estético fora do Paula Gaitán, ficam entre os mais épicos e fantásticos da minha vida.
comum e dá um caráter singular também para o significado de obra Obrigado, Paula, que sorte que tenho!
no Brasil. Em tantos encontros e conversas em festivais e mostras,
principalmente a de Tiradentes, vejo também em Paula o seu olhar Vincenzo Amato
afetuoso e encorajador para vários diretores e diretoras em início de ator
caminhada no cinema. Parabéns, Paula, pelo seu olhar singular pra vida,
para as pessoas e para os filmes.
A minha amizade com Paula Gaitán começou em Tiradentes. Foi em
André Novais Oliveira 2014, logo após a exibição do A Vizinhança do Tigre no festival. Estava
diretor e roteirista com a equipe do filme, ainda me recuperando da descarga de tensão
da sessão, quando Paula chegou, irrompendo do meio do nada, como
um furacão humano sem atentar a qualquer convenção social, pra me
Para mim, ver um filme de Paula Gaitán é como escutar uma música dizer que tinha gostado do filme. Não a conhecia pessoalmente, sabia
do Dylan. É uma sensação de tempo espiralado, como se passado quem ela era por nome e por obra e me marcou profundamente esse
presente e futuro estivessem presentes em cada verso-frame de intempestivo rasgo de sinceridade. Depois nos tornamos amigos e
modo radical. Às vezes não é possível entender a poesia porque se confidentes. Mostrei a ela os meus filmes até mesmo antes de estrear, ela
trata da ousadia de inventar linguagem, então é preciso dançar com me contou dos seus planos e projetos. Fui na sua casa no Rio e também
ela, uma música audiovisual. Música que é sempre um dos fortes em São Paulo, quando se mudou. Tomamos cafés que duraram horas
elementos em sua criação. Tenho o privilégio de acompanhar Paula destilando nossos sonhos particulares e também nossas amarguras
de perto, e uma das coisas que mais me impressiona é justamente diante do curso insensato do mundo e das rasteiras econômicas e morais
a ousadia dessa mulher com sua câmera. Dessa mulher com sua do cinema brasileiro. Brigamos também e verifiquei que a recusa podia
ilha de edição. Dessa mulher e sua criação. Sua aversão a qualquer ter a mesma intensidade do abraço. Ao fim de um tempo, retomamos a
caretice. Paula é um jorro e ela é imparável. amizade, claro, mas com Paula Gaitán é assim: não se passa incólume
pela eletricidade do seu convívio. Em seu cinema, Paula é como na vida:
Gabriela Carneiro da Cunha risco, intensidade e sinceridade. Filha de poeta, Paula perscruta a poesia
atriz e diretora do mundo em seus filmes. O correr de um rio, a neblina que corta a
montanha, alguém colocar uma jaqueta ganham outro relevo em suas
imagens e são vistos (e nos desafia a vê-los) como se fosse a primeira
Conheci Paula no Rio de Janeiro, ela me convidou pra comer e depois vez que se manifestassem. Com rigor e experimentação, com atenção
me convidou a fazer um filme com ela. Tudo muito fácil, tudo normal, à memória e consciente do poder da observação, trabalhando a banda
tudo certo. E quando cheguei no set em Minas tudo foi muito difícil, o sonora como poucos e poucas no cinema brasileiro, Paula Gaitán é uma
jogo era misterioso, o caminho era misterioso. Difícil porque eu tive cineasta que admiro profundamente. Essas mal traçadas linhas são um
que aprender coisas novas, forçar minha cabeça e meu corpo a fazer abraço distante e um agradecimento a ela pela amizade e inspiração.
coisas desconhecidas. Medo, insegurança são coisas que podem
levar um ator a fazer coisas boas. E acho que a gente fez coisas boas. Affonso Uchôa
Eu hoje sinto que aqueles tempos em Minas Gerais, na “roça” com cineasta e amigo
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 66
Conviver com a Paula é um aprendizado constante. Sempre fui grato à e sofrimento são compartilhados para sempre e são para sempre só
sua confiança ao me convidar para produzir alguns dos seus projetos. Em seus”. Para mim, Thomas poderia muito bem estar descrevendo o
nome dos filmes estabelecemos uma amizade de dez anos, com longos cinema de Paula Gaitán. Sim, são filmes que fazem as minhas “unhas
períodos de convívio durante as produções, em territórios de sonho e dos pés arrepiarem”!
realidade que seu cinema oferece à equipe como desafio e ao público
como deleite. Admiro a seriedade com que trabalha, a forma segura e John Gianvito
livre como pensa a vida e a criação artística. Nos últimos quatro anos cineasta
diário requintado. Através do meu trabalho de programação, fiquei, Paula Gaitán, amiga da arte sem fronteiras, aventureira de paisagens
portanto, satisfeito por ter ajudado a trazer a voz criativa de Paula para poéticas onde não há eras.
o público dos EUA. Mãe guerreira, que cuida e compartilha com seus filhos e amigos até as
estrelas.
Jon Gartenberg Expedicionária incansável, de planetas imaginários e metáforas
curador e presidente da Gartenberg Media Enterprises cotidianas.
Trabalhadora, como uma formiga amazônica, que nasce e renasce, que
inventa e se reinventa, como uma alma ancestral do futuro ou como um
Tive a honra, e a grande felicidade, de conhecer Paula Gaitán em futuro que não esquece o passado.
julho de 2017 em Marselha. Ela veio acompanhar sua última obra Abraços em momentos fantásticos para quem busca o santo graal da
no FID Marseille, Sutis Interferências, um magnífico filme dedicado criatividade
a um magnífico músico, Arto Lindsay. Filme muito impressionante,
com imagens e enquadramentos marcantes, em preto e branco e a Inti Briones
cores. De maneira inesperada e, ao mesmo tempo, muito cômica, diretor de fotografia
Jean-Pierre Rehm
diretor do FID Marseille
FILMES
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • FILMES 69
FILMES EM
EXIBIÇÃO
LONGAS
MÉDIAS
CURTAS
À Beira do Planeta Mainha Soprou a Gente Bruna Barros e Bruna Castro BA Panorama
A Destruição do Planeta Live Marcus Curvelo BA Foco
A Pontualidade dos Tubarões Raysa Prado PB Panorama
A Verdade Sai de seu Poço para Envergonhar a Humanidade Matheus Strelow RS Formação
Abjetas 288 Júlia da Costa e Renata Mourão SE Foco
Adelaide, Aqui Não Há Segunda Vez para o Erro Anna Zêpa SP Panorama
Ainda te Amo Demais Flávia Correia AL Praça
Animais na Pista Otto Cabral PB Panorama
Babelon Leon Barbero SP Panorama
Caminhos Encobertos Beatriz Macruz e Maria Clara Guiral SP Panorama
Caminhos na Noite Douglas Oliveira SE Formação
Casa com Parede Dênia Cruz RN Praça
Céu de Agosto Jasmin Tenucci SP Foco
Choveu Há Pouco na Montanha Deserta Rei Souza GO Panorama
Comboio pra Lua Rebeca Francoff MG Formação
Construção Leonardo da Rosa RS Panorama
Crua Clara Vilas Boas e Emanuele Sales MG Foco Minas
De Costas pro Rio Felipe Aufiero AM/PR Foco
De Dora, por Sara Sara Antunes SP Panorama
Drama Queen Gabriela Luíza MG Foco
Ela que Mora no Andar de Cima Amarildo Martins PR Praça
Ela Viu Aranhas Larissa Muniz MG Formação
Enterrado no Quintal Diego Bauer AM Panorama
Eu te Amo, Bressan Gabriel Borges PR Foco
Filme de Domingo Lincoln Péricles SP Temática
Foguete Pedro Henrique Chaves DF Mostrinha
Fora de Época Drica Czech e Laís Catalano Aranha SP Panorama
Ilha do Sol Lucas Parente, Rodrigo Lima e Walter Reis RJ Panorama
Lambada Estranha Luísa Marques e Darks Miranda RJ Foco
Lençol Branco Rebecca Moreno MG Foco Minas
Letícia, Monte Bonito, 04 Julia Regis RS Jovem
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • FILMES 72
SOBRE OS FILMES
INSCRITOS E EM
EXIBIÇÃO
A 24ª edição da Mostra de Cinema de Tiradentes recebeu 748 inscrições válidas de curtas-
metragens e selecionou 79 produções que estão espalhadas em diferentes sessões da
programação. Minas Gerais e São Paulo são os estados com a maior quantidade de
curtas na seleção, com 16 títulos cada um. A Mostra também inclui curtas de Alagoas (1),
Amazonas (4), Bahia (4), Ceará (4), Brasília (2), Espírito Santo (2), Goiás (1), Mato Grosso
(1), Pará (3), Paraíba (1), Paraná (5), Pernambuco (4), Rio de Janeiro (8), Rio Grande do
Norte (1), Rio Grande do Sul (5), Santa Catarina (2) e Sergipe (2).
Quanto aos dados de etnia/raça de realizadores com curtas inscritos, 403 deles se
autodeclararam brancos/caucasianos, 124 pretos, 75 pardos, 9 amarelos, 5 indígenas, 1
afro-indígena, 1 não branco. Em identidade de gênero, 308 se autodeclararam homens
cisgênero, 252 mulheres cisgênero, 15 não binário, 5 mulheres transgênero, 3 homens
transgênero, 1 travesti e 1 travesti não binário; 200 não declararam etnia/raça e 192 não
forneceram informações sobre identidade de gênero.
Camila Vieira
Felipe André Silva
Tatiana Carvalho Costa
Francis Vogner dos Reis
Lila Foster
Curadores
MOSTRA
HOMENAGEM
CRIAÇÃO EM
MOVIMENTO.
CONCEITO
E PRÁTICA
Paula Gaitán é um tipo de artista rara no cinema contemporâneo, pois investe, tal como
preconizado pelo cinema de vanguarda do século XX, uma radicalidade de alteração
da percepção, por meio das imagens e sons estimula outros vetores da experiência
cognitiva e sensorial. Mas se em alguma medida a obra de Paula Gaitán está no lastro
das invenções e da prática das vanguardas, ela é uma artista do século XXI, que leva na
sua criação e no seu trabalho todas as implicações da imagem que habitam a realidade
sensível da nossa época, ao mesmo tempo que é o avesso da economia da atenção
contemporânea: seus filmes possuem um tempo próprio, fazem sentir a duração dos
eventos, do “tempo da forma”. Gaitán faz imagens que são a renúncia do tempo célere
da informação, da ansiedade sistêmica à qual aos circuitos de imagem hoje respondem
com imensa violência. Esse é também seu aspecto mais fortemente político, não porque
trate de “temas” ou “assuntos” politizados, mas porque faz uma intervenção aguda na
nossa experiência com as imagens, nos propõe outro modo de viver e interagir com as
imagens. Faz proposições, dá escolhas (incluindo a de recusá-la).
matéria fluida e matéria concreta. Essa dinâmica busca encontrar Mundo, Noite é um filme de presença e gratuidade total em que música
percepções inéditas para imagens que se recusam a significações e imagem criam fusões e atritos em um filme de arquetipia feminina
imediatas em uma espécie de geologia das imagens. É como se cada muitíssimo forte.
imagem, cada memória, cada fragmento de história fosse a evidência
possível de um rio caudaloso de sentidos e experiências que passam por A matéria de trabalho de Paula Gaitán varia da variedade e da
debaixo delas, muitas vezes por brechas e rachaduras, vindo à tona com quantidade generosa de imagens e sons à economia radical, a um
energia e mudando a paisagem mental e/ou histórica. Não é levantar minimalismo expansivo, se assim podemos dizer. Dois dos seus três
questões e discuti-las com repertórios e ferramentas da reflexão filmes inéditos e que estreiam na Mostra, Hace Camino al Andar, e
tradicionais do pensamento (ciência social, política ou histórica), mas Ópera dos Cachorros, tomam esse caminho. Hace Camino al Andar é
acessar o sensível, sem abrir mão dos elementos concretos, e vivos, um trabalho com o artista Paulo Nazareth que tem uma construção
que constituem o mundo. É um outro tipo de prospecção sobre as musical de tema e variação. Paula trabalha poucos fragmentos em
imagens, por isso “patologia” e “geologia” talvez sejam mais eficazes plano sequência. Os espaços são somente uma estrada e um campo.
para entender os esforços da imaginação da diretora do que categorias Dois corpos: Paulo Nazareth que avança em direção à câmera e volta,
narrativas e de pensamento às quais estamos mais acostumados. corre de encontro a um trator moderno que avança contra a câmera
vorazmente. Um plano com variações de tempo. Em seguida, Paulo
É assim também com Diário de Sintra, Noite e o videoclipe de Elza Nazareth em um campo. O trabalho sonoro, na construção diegética e
Soares Mulher do Fim do Mundo. Em Diário de Sintra Paula Gaitán muscial, também promove deslocamentos.
faz uma cartografia afetiva que, para acessar certos sentimentos
inauditos, precisar recriar uma paisagem da memória com espaços e Já Ópera dos Cachorros é um filme em tela preta com tramas poéticas
imagens que não tem relação concreta com os originais (que jazem no e sonoras que criam imagens muito vivas, robustas, que ao mesmo
passado), mas que evocam e presentificam sentimentos e experiências tempo delineiam uma solidão imaginativa e uma imaginação povoada.
irreprodutíveis na representação que busca a estreita repetição e a Segundo Gaitán, a base são áudios que fez em São Paulo e que traduzem
similaridade. Como não é possível repetir, reproduzir e representar sua experiência da cidade onde vive hoje. Como os outros filmes da
a experiência de Sintra no fim dos anos 1970 com Glauber Rocha e cineasta, é uma experiência com distintas naturezas de imagem.
filhos, é necessário encontrar outros caminhos, outros materiais para
elaborar memória por sentimentos que são vivos. Não é nostalgia (que Por fim, Ostinato, filme com Arrigo Barnabé e que abre a 24ª Mostra de
repete pela lembrança ou por recursos de representação o que se foi), Cinema de Tiradentes, é um retrato que Paula faz do artista. A começar
mas é memória que é algo vivo e presente, não é passado ressurrecto. pelo título: o termo ostinato se refere a uma ideia, um padrão rítmico
de repetição. Tema de Arrigo Barnabé, mas também de Paula Gaitán. E o
Noite é um dos seus filmes mais sortidos de imagens distintas entre retrato do Arrigo é também o retrato do trabalho. Arrigo fala de música,
si e realizadas com variados suportes, no corpo a corpo com espaços, de seus processos, toca e anda por São Paulo, cidade atonal na qual sua
pessoas e aparatos de imagem que orientam com intensidade o que se música se consolidou como uma de suas principais expressões. Mas é
vê. É um filme físico, da Paula Gaitán camerawoman, mas que também um trabalho de Paula Gaitán e por isso o filme não vai se contentar
se dirige aos olhos e ao corpo de quem vê. As sonoridades de Noite têm com uma construção carinhosa do personagem (ainda que aja afeto),
um efeito físico, as imagens reorientam a relação do(a) espectador(a), no fascínio pelo artista (ainda que seja evidente a admiração) e nem
do seu corpo, com o tempo. Como também em Mulher do Fim do pela construção biográfica do personagem. Interessa à cineasta
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA HOMENAGEM 79
Foto: divulgação
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DIÁRIO DE SINTRA EXILADOS DO VULCÃO
DOCUMENTÁRIO, HDCAM/ SUPER-8/16MM, COR, 90MIN, PORTUGAL/BRASIL, 2007 FICÇÃO, DCP, COR, 125MIN, MG, 2013
Roteiro e Direção: Paula Gaitán Assistente de Direção: Clara Linhart Diretor de Fotografia: Direção: Paula Gaitán Fotografia e Câmera: Inti Briones Montagem: Paula Gaitán e Fábio
Pedro Urano Fotografia Complementar: Paula Gaitán (imagens fotográficas e Super-8) Andrade Direção de Arte: Diogo Hayashi Figurino: Maíra Senise e Aline Besouro Som
Montagem: Daniel Paiva, Paula Gaitán Design Sonoro: Paula Gaitán Edson Secco, Edição Direto: Edson Secco Desenho de Som: Fábio Andrade Roteiro: Rodrigo de Oliveira Direção
de Som e Mixagem: Edson Secco Trilha Sonora Original: Edson Secco e Ava Rocha de Produção: Vitor Grazie Produção Executiva: Ailton Franco Jr. e Eryk Rocha Coprodução:
Produção: Eryk Rocha, Leonardo Edde Participação Especial de Maíra Senise, Ava Rocha, Franco Filmes, Aruac Filmes e Mutuca Filmes Elenco: Vincenzo Amato, Clara Choveaux,
Eryk Rocha Simone Spoladore, Bel Garcia, Lorena Lobato, Maíra Senise, Ava Rocha, Bruno Cezario,
Daniel Passi
Em que se diferem o viajante e o exilado? Como pensar a memória criada no exílio?
Esses são os eixos pelos quais gira Diário de Sintra. O filme é um relato poético do exílio Ela conseguiu salvar do incêndio uma pilha de fotografias e um diário com frases
de Glauber Rocha nessa cidade, em que as fotografias servem de guia mnemônico para escritas à mão. Essas palavras e rostos são os únicos rastros deixados pelo homem
a busca de vestígios da passagem do cineasta por Sintra. O filme se constrói na fronteira que ela um dia conheceu e amou. Cruzando montanhas e estradas, ela tenta refazer os
de uma memória fragmentada, involuntária, inconclusa e precária. passos dele. Os lugares que ela visita carregam pessoas, gestos, lembranças e histórias
que, pouco a pouco, se tornam parte de sua vida.
Contato: paulagitan@gmail.com
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24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA HOMENAGEM • LONGAS 81
Foto: divulgação
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LUZ NOS TRÓPICOS NOITE
FICÇÃO, DCP, COR, 255MIN, MT/RJ/EUA, 2020 EXPERIMENTAL, DCP, COR, 87MIN, RJ, 2015
Roteiro, direção e Montagem: Paula Gaitán Direção de Fotografia: Pedro Urano Assistentes Direção Fotografia e Câmera e Montagem: Paula Gaitán Edição de Som: Paula Gaitán
de Fotografia: Diogo Lisboa e Rick Mello Direção de Arte: Diogo Hayashi Figurinos: Maíra Produção Executiva: Bernardo de Oliveira, Paula Gaitán Design Gráfico, Letreiros: Lucas
Senise e Aline Besouro Sound Design: Marcos Lopes, Tiago Bello, Paula Gaitán Som Direto: Pires, Ava Rocha Trilha Musical: Dedo, Baile Primitivo, Thomas Rohrer, Cadu Tenorio, Negro
Marcos Lopes da Silva Fotografia Adicional Super-8: Paula Gaitán Assistentes de Direção: Leo, Cassius Augusto, Savio Queiroz, Ava Rocha, Carlos Issa, Arto Lindsay, Gilmar Monte,
Manuel Moruzzi e Rodrigo Fischer Produtor Executivo: Vitor Graize Produtores: Vitor Arrigo Barnabé Elenco: Clara Choveaux, Nash Laila, Cassius Augusto, Ava Rocha, Negro
Graize, Eryk Rocha, Paula Gaitán Diretora de Produção: Violeta Rodrigues Finalização: Leo, Andre Novais, Maira Senise, Daniel Passi, Mell Brigida, Carolina Caju, Joana dos Santos
Clandestino Produtora: Aruac Filmes Coprodução: Pique-Bandeira Filmes Elenco: Carloto
Cotta, Clara Choveaux, Kanu Kuikuro, Maíra Senise, Begê Muniz, Arrigo Barnabé, Carolina Gravada na Audio Rebel, Comuna e outros lugares da cidade do Rio de Janeiro entre 2011
Virguez, Vincenzo Amato, Daniel Passi, Erik Martincues, Nilton Amazonas, John Scott- e 2014.
Richardson, Vitor Peruare
“Porque a noite pertence aos amantes
Em Luz nos Trópicos a cineasta Paula Gaitán tece uma densa estrutura de histórias Porque a noite pertence à luxúria
e linhas do tempo, enredadas por cosmogonias indígenas, cadernos de viagem e Porque a noite pertence aos amantes
literatura antropológica. O filme é um tributo à abundante vegetação das Américas e às Porque a noite pertence a nós”
populações nativas do continente. Um filme de navegação livre como um rio sinuoso.
Contato: paulagitan@gmail.com
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24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA HOMENAGEM • MÉDIAS 82
Foto: divulgação
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OSTINATO SE HACE CAMINO AL ANDAR
DOCUMENTÁRIO, COR, DCP, 56MIN, SP, 2021 DOCUMENTÁRIO EXPERIMENTAL, COR, DCP, 35MIN, MT, 2021
Roteiro e Direção: Paula Gaitán Direção de Fotografia: Lucas Barbi Assistente de Câmera: Direção e Montagem: Paula Gaitán Direção de Fotografia: Pedro Urano Assistente de
Anna Julia Santos Direção de Arte: Diogo Hayashi Montagem: Tomás Von Der Osten Fotografia: Diogo Lisboa Diretor de Arte: Diogo Hayashi Figurino: Aline Besouro Som
Montagem Adicional: Paula Gaitán Edição de Som: Rubem Valdes Produção: Vitor Graize Direto: Marcos Lopes Da Silva Design Sonoro: Paula Gaitán Mixagem: Rubem Valdes
e Matheus Rufino Design Gráfico: Thiago Lacaz Finalização: Matheus Rufino Trilha Original: Ava Rocha
Documentário sobre o processo criativo de Arrigo Barnabé. Percurso de um homem através do tempo ou espaço infinito.
Contato: paulagitan@gmail.com
MOSTRA
TEMÁTICA
NO ENGAJAMENTO
DA CRIAÇÃO
Em Pajeú, de Pedro Diógenes, uma entidade performa em meio às poucas
águas do Rio Pajeú. Não sabemos se ela é sonho, símbolo, assombro ou um
último vestígio do que outrora podia ser visto. Uma das primeiras imagens
do filme, sua presença vem a simbolizar esse rio que uma vez cortou a
cidade de Fortaleza de forma visível, para ser lentamente soterrado pelas
ondas de progresso. Um filme que não pode ser necessariamente encerrado
em um único gênero, Pajeú não constrói o seu fluxo num único gesto. Para
entender e dar a ver a história desse rio, que é também a história de uma
cidade, de uma mulher que vê no rio a expressão da sua dor, é entre o visível
e o invisível que o filme trabalha. Assim como o rio, que ainda pode ser visto
através de pequenos fluxos d›água e dos efeitos do seu aprisionamento, é
na instabilidade que tudo se assenta, dentro e fora do cinema
Agora, de Déa Ferraz, traz uma acepção radical para a noção do tempo
presente se valendo do corpo e do improviso para responder à seguinte
pergunta: qual é o gesto possível diante de um país que mergulhou numa
violenta onda de retrocesso? Como a matéria do corpo responde a um
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA TEMÁTICA 86
tempo de perplexidade? A diretora convida artistas diversos para que Negro em mim, de Macca Ramos, vai, de certa forma, historiar a arte
performem imbuídos do sentido e do sentimento do tempo presente. brasileira partindo do trabalho de historiadores e de artistas negros.
Um cenário preto, uma cenografia mínima e um convite a que Através de performances, registros de peças, shows de música,
respondam com o corpo. Um dispositivo que dá forma à respiração, à entrevistas e palestras, o documentário habita a efervescência do
coreografia, à vontade de expressar o desejo e a dor. tempo presente para dar a ver os diversos matizes da arte negra e
como o trabalho artístico vai propor desafios às histórias oficiais e
#eagoraoque, de Rubens Rewald e Jean-Claude Bernardet, também suas representações. A pergunta pela brasilidade, construída como
se valem do dispositivo, aqui numa chave quase oposta. Ao tentar um conceito relativamente estável, é posta em questão pelas falas,
responder a pergunta “e agora o quê?”, os diretores se voltam ao mas também por todos os trabalhos e obras de arte que compõem o
intelectual de esquerda e professor Vladimir Safatle se utilizando documentário. Uma afirmação que se dá pela presença.
de gestos violentos, rituais de constrangimentos, encurralando o
intelectual-ator diante das contradições do intelectual de esquerda Os curtas da Mostra Temática modulam tensões contemporâneas que
de classe média que parece habitar um mundo distante em relação a desafiam o fazer e o pensar no Cinema Brasileiro. Realizados a partir
onde se situam as verdadeiras demandas sociais e de engajamento. de sujeitos e lugares não hegemônicos, os filmes incorporam outras
Dar a ver essa distância, porém, não responde à pergunta e o filme cosmopoéticas e promovem deslocamentos em formas conhecidas,
parece girar em torno de uma proposta de demolição que está longe em ricas provocações éticas e poéticas.
de se concretizar. O dispositivo, aqui, parece se sobrepor ao que
nos faz pensar na historicidade de certas formas documentais, suas Dirigido por Grace Passô, República é uma vertigem. A diretora, atriz
potencialidades e limites. Fica um filme edificado diante dos seus e dramaturga nos mergulha, com sua mise-en-abyme, na densidade
próprios escombros: o que pode o cinema, afinal? atemporal da exaustão e do não pertencimento negro, ao mesmo
tempo em que nos apresenta a vivência-latência de corpos ameaçados
Entre Nós Talvez Estejam Multidões, de Aiano Bemfica e Pedro Maia, no e confinados pela presença ameaçadora de um vírus com potência
seu primeiro longa-metragem, continuam um percurso de um cinema letal. Gingando com os já instituídos clichês da recente categoria de
feito dentro dos movimentos pela luta por moradia, marcadamente o “filmes de pandemia”, o duplo movimento do filme também se dá
MBL – Movimento de Luta pelos Bairros, Vilas e Favelas. Nessa incursão, no desdobramento do corpo, na articulação das personagens – uma
os diretores filmam os espaços e fazem entrevistas com moradores da mulher e seu duplo – que cria uma alegoria de um tipo de vivência
Ocupação Eliana. Se nos curtas o sentido da ação direta predomina, com subjetiva não hegemônica numa sociedade atravessada por traumas
imagens captadas no fluxo das ocupações e da resistência à força policial, raciais transtemporais e é sintetizado num grito: “O teu Brasil acabou
é um tempo mais decantado que se forma nesse longa-metragem e o meu nunca existiu. Nunca existiu. Nunca existiu. Nunca!”.
próximo das pessoas que ali habitam. A entrevista revela muito dos sonhos
e desejos dos entrevistados, mas o filme também se vale de pequenos “E se eu abandonasse a linearidade e assumisse a encruzilhada?”,
quadros nos quais os moradores, em um enquadramento frontal pergunta-se Castiel Vitorino Brasileiro, realizadora-performer que
minuciosamente construído, dançam, tocam instrumentos, dão forma ao dirige Uma Noite sem Lua. Castiel empreende uma figuração ensaística
que podemos chamar de tempo de lazer/prazer. O gesto cinematográfico de si a partir de seu “corpo-mandinga” em uma prática artística
visa sempre à proximidade, aqui com um trabalho de fotografia e câmera de transmutação. Assumindo-se essa “encruzilhada” – ao um só
em um momento mais estável na conquista por moradia. tempo interseção e ponto radial –, ela articula dança, performance
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA TEMÁTICA 87
Camila Vieira
Felipe André Silva
Tatiana Carvalho Costa
Francis Vogner dos Reis
Lila Foster
Curadores
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA TEMÁTICA • LONGAS 88
Direção e Roteiro: Jean-Claude Bernardet / Rubens Rewald Produção Executiva: Simone Direção: Dea Ferraz Empresa Produtora: Parêa Filmes Coprodução: Alumia Filmes, Ateliê
Hernandez / Emily Hozokawa Montagem: Gustavo Aranda Fotografia: André Moncaio Produções Empresa Distribuidora: Ventana Filmes
Figurino: Isis Cecchi Som Direto e Edição de Som: João Godoy Mixagem: Sergio Abdala
Trilha Sonora: Mateus Capelo / Vladimir Safatle Empresa Produtora: Confeitaria de O corpo acionando outros códigos de relação com as imagens. O cinema ativando
Cinema Elenco: Vladimir Safatle, Palomaris Mathias, Jean-Claude Bernardet outras formas de relação com o corpo. Agora convida artistas a se lançarem no vazio
do tempo presente, deixando o corpo improvisar sobre o que sentem e vivem, tentando
Como agir hoje politicamente? É possível mudar as coisas, as pessoas, a sociedade? E entender-se com seus medos, com suas dores, suas buscas, mas conectados por um
agora, o que fazer? Um intelectual e suas contradições. fio invisível de existência.
Foto: divulgação
ENTRE NÓS TALVEZ ESTEJAM MULTIDÕES NEGRO EM MIM
DOCUMENTÁRIO, COR, DCP, 92MIN, MG/PE, 2020 DOCUMENTÁRIO, COR, DCP, 111MIN, SP/MG/BA/PE/PA, 2020
Direção e Roteiro: Aiano Bemfica e Pedro Maia de Brito Assistente de Direção: Isabela Direção, Roteiro e Montagem: Macca Ramos Produção Executiva e Direção de Produção:
Furtado Produção Executiva: Pedro Maia de Brito, Tatiana Mitre e Vitor Cunha Direção de Tiago Tambelli Assistente de Produção: Gabriela Gaabe, Karen Almeida Direção de
Produção: Tatiana Mitre e Patrícia Duarte Montagem: Gabriel Martins Fotografia: Raphael Fotografia: Bruno Rico Fotografia Adicional: Anna Raquel da Silva Consultoria em
Malta Clasen e Rick Mello Som Direto: Glaydson Mendes e Marcela Santos Mixagem: Montagem: Joyce Prado Som Direto: Ubiratan da Silva Guidio – Bira Mixagem e Edição
Nicolau Domingues Edição de Som: Nicolau Domingues e Caio Domingues Empresa de Som: Tico Pró Estúdio Laranja Preta Trilha Sonora: Romulo Alexis e Wagner Ramos
Produtora: Amarillo Produções Audiovisuais Coprodução: Miúdo Cinematográfico e Finalização: Luiz Totem Empresa Produtora: Lente Viva Filmes Coprodução: Encouraçado
Riacho Doce Filmes Empresa Distribuidora: Embaúba Filmes Elenco: Comunidade da Filmes Elenco: Salloma Salomão, Stephanie Ribeiro, Eugenio Lima, Fernando Neves,
Ocupação Eliana Silva Renata Felinto, Deca Carolyne, Fernanda Júlia Onisajé, Vinny Rodrigues, Felipe Soares,
Efigênia Maria, Miró da Muribeca, Dirce Thomaz, Bruno de Jesus, Rilton Junior, Gabriela
O filme propõe uma jornada experiencial através da Ocupação Eliana Silva ao longo Okpijah Bruce, Allan Roosevelt, Vitor Trindade, Rômulo Alexis, Wagner Ramos, Dinho
da campanha que elegeu Bolsonaro, na recente ascensão do fascismo ao poder Trindade, Inah Irenan, Sidney Amaral, Rosana Paulino, Demili da Silva, Priscila Rezende,
no Brasil, e é conduzido pela profundidade dos sujeitos que vivem na comunidade Luedji Luna, Joyce Prado, Luciane Ramos, Gabriel Hilair, Cássio Bomfim, Ruan Vitor,
e onde, através de seus sonhos, desejos, contradições e lembranças, constituem o Moisés Patrício, Erica Malunguinho, Rosana Paulino
imaginário desse microcosmos, construindo um documentário que se articula como
uma pintura mural. Documentário investigativo com artistas e pensadores negros no Brasil de hoje. Um
retrato de um Brasil plural a partir da discussão racial, promovido por uma viagem
Contato: contato@amarillo.art.br por seis cidades brasileiras, o filme traz a arte, a cultura e a política como reflexão da
diáspora e do devir negro no mundo.
Foto: divulgação
PAJEÚ
DOCUMENTÁRIO, COR, DCP, 74MIN, CE, 2020
Direção e Roteiro: Pedro Diogenes Produção Executiva: Amanda Pontes e Caroline Louise
Assistente de Produção: Michelline Helena Direção de Produção: Rubia Mercia e Victor
Furtado Montagem: Guto Parente e Victor Costa Lopes Fotografia: Victor de Melo Direção
de Arte: Filipe Arara, Natalia Parente e Themis Memoria Cenografia: Filipe Arara, Natalia
Parente e Themis Memoria Figurino: Filipe Arara, Natalia Parente e Themis Memoria
Som Direto, Edição de Som e Mixagem: Lucas Coelho Trilha Sonora: Vitor C. Empresa
Produtora: Marrevolto Filmes Empresa Distribuidora: Embaúba Filmes Elenco: Fatima
Muniz e Yuri Yamamoto
Maristela está sendo atormentada por um sonho constante: uma criatura emergindo
das aguas do Riacho Pajeú. A estranheza e insistência do pesadelo começam a
atrapalhar o sono e o cotidiano de Maristela, que, procurando uma solução para seu
problema, inicia uma pesquisa sobre o Riacho, sua história e seu desaparecimento. Os
pesadelos não param. Sonho e realidade se misturam. Pessoas próximas a Maristela
começam a desaparecer, assim como o Pajeú desapareceu. A angústia dela aumenta
junto com o medo de também sumir.
Contato: marrevoltofilmes@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA TEMÁTICA • CURTAS 91
Foto: divulgação
Foto: divulgação
Foto: divulgação
FILME DE DOMINGO UMA NOITE SEM LUA REPÚBLICA
FICÇÃO, COR, DIGITAL, 26MIN, SP, 2020 DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 27MIN, ES/SP, 2020 FICÇÃO, COR, DCP, 15MIN, SP, 2020
Direção e Montagem: Lincoln Péricles Direção, Roteiro e Montagem: Castiel Vitorino Brasileiro Direção: Grace Passô
Domingo de sol na quebrada. Um tio babão, uma mãe O limite das linguagens usadas para descrever nossas Numa noite, uma brasileira desperta num país exausto
zika, uma criança artista. transfigurações é a palavra. A palavra travesti é um de atos violentos. O filme é um curta-metragem
limite, um convite e um lembrete. E minha escuridão realizado em casa, no início da quarentena de 2020, no
Contato: francineide.bandeira@hotmail.com preexiste à raça e ao gênero. A comunidade é, ao Centro da cidade de São Paulo, no bairro República.
mesmo tempo, veneno e mel. Eu sou bantu. Eu sou
a mensageira que anuncia a transmutação que Contato: alvesjunior01@gmail.com
nomeamos de travesti.
Contato: castielvitorinob@gmail.com
MOSTRA
AURORA
FILMES NO
INTERVALO ENTRE
DOIS MUNDOS
Em 2020, o mundo no qual nos assentamos teve uma rápida e inesperada mudança. Para
o cinema brasileiro, que mergulhou mais profundamente em uma crise que destruiu quase
por completo a estrutura de fomento estatal de produção, o ano foi desafiador também
pela reinvenção de formas de filmar e de assistir aos filmes. Os festivais se tornaram online,
o rito coletivo em torno do cinema deixou de ser o compartilhamento de um mesmo
espaço e tempo e se dissipou nas lives, nos filmes disponíveis online e no encurtamento
das distâncias entre os festivais e um público em potencial espalhado pelo país. Não foi
bom, não foi ruim, foi inaudito.
cinema pode construir um mundo sonoro e visual de experimentações e vividos nesse embate entre o mundo externo e interno, entre o mundo
vivências ao ar livre e em contato com a natureza, como Oráculo, Kevin dos homens e o mundo das mulheres. É na descoberta de uma outra
e Rosa Tirana. O cinema também pode ser clausura, como em A Mesma forma de viver o desejo e o gozo que rearticula as formas de resistência
Parte de um Homem e O Cerco, nos quais os corpos de atrizes e atores se de mãe e filha diante de um mundo que parece sempre ameaçador.
tornam eixo central. O cinema pode condensar uma experiência social e
econômica de exploração perene, mas que não deixa de se transformar Entre uma ficção documentarizante ou um documentário com toques
e se tornar mais aguda no tempo presente, como em Eu, Empresa. de ficção, Kevin, de Joana Oliveira, trata do reencontro da diretora,
O cinema pode construir uma outra temporalidade, uma forma de uma mulher branca, sem filhos e brasileira, e sua amiga Kevin, uma
dar a ver o não visto e criar um novo gênero cinematográfico como o mulher negra, com dois filhos e recém-instalada no seu país de
documentário-suspense Açucena. origem, Uganda. Amigas desde o período em que moraram juntas
durante a juventude, o documentário tece a fina trama que é uma
A Mostra Aurora de 2021 nos mostra um outro tempo, outros espaços, não conversa entre duas amigas: as histórias do passado, os desejos, os
sem que possamos vislumbrar a abertura de caminhos nesses tempos caminhos trilhados, os diferentes modos de encarar a matéria do
de incerteza. No campo da criação ficcional, dois filmes trazem um forte vivido e um elo de amor e sororidade que resiste à distância e ao
investimento na dramaturgia, na construção de seus personagens e dos tempo. Filmado em Uganda, o choque cultural, as discussões sobre o
diálogos, filmes que intensificam, no seu trabalho artístico, um senso racismo, a expectativa da maternidade e a realidade do cuidado com
de isolamento. Nos dois filmes, duas personagens femininas incorporam os filhos atravessam as longas conversas. A câmera que acompanha,
um choque com o mundo tecendo resistências cotidianas. Em O Cerco, de forma quase imperceptível, a dinâmica do cotidiano da vida de
de Aurélio Aragão, Gustavo Bragança e Rafael Spínola, a personagem Kevin vira uma espécie de testemunho de um pequeno grande evento
principal é Ana. Dentro de uma casa que parece abrigar fantasmas, ela se na vida dessas duas mulheres.
vê espremida entre uma opressiva dinâmica da cidade do Rio de Janeiro
– policiais e homens em fuga – e a presença de jovens vizinhos que a Grande destaque deste ano, a produção baiana traz três filmes com
aterrorizam. As tensões da cidade e as tensões da história vão invadindo registros distintos, apontando para a riqueza da produção do estado. Eu,
a sua casa, tensionamento que também se estende para o seu corpo Empresa, de Marcus Curvelo e Leon Sampaio, é um filme radicalmente
dessa personagem que é atriz e mãe. Entre conversas sussurradas, atento a seu tempo. O longa traz novamente o personagem Joder,
dramas sugeridos, tudo parece estar a meio caminho. O que se instaura, persona cinematográfica do diretor Marcus Curvelo, presente nos
porém, na construção espacial e temporal do filme é uma tensão perene, seus curtas anteriores. Joder é um sujeito espremido pelo seu tempo
o cerco como um estado de sítio não declarado pela cidade do Rio de e que tenta sempre encontrar saídas para esse país inviável. Sem criar
Janeiro, uma mulher que parece desprotegida. barreiras entre a performance, o registro documental e a encenação
ficcionalizante, o filme é a síntese da precarização do trabalho,
A Mesma Parte de um Homem, de Ana Johann, também opta por um precarização da qual o mercado audiovisual parece ser vanguarda: nos
espaço concentrado e forte investimento na construção cênica. Aqui tornamos empresas antes mesmo do processo violento de uberização
a atmosfera conferida ao drama de duas mulheres que vivem em um do trabalho que testemunhamos nos últimos anos. O gesto político
sítio isolado assume ares um pouco mais surreais com a chegada de aqui se assenta em esmiuçar o aspecto tragicômico da exploração e
um homem sem nome e sem história. O lado de fora também é uma como o setup contemporâneo do capitalismo infiltra de forma cada vez
ameaça e os corpos são os grandes portadores dos dramas e tensões mais incisiva a nossa constituição subjetiva: eu, empresa.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA AURORA 95
Açucena, de Isaac Donato, é um documentário que dá a ver de forma segue em curso, está marcado pela dúvida, pela morte, pela melancolia,
fragmentar a personagem Açucena, uma mulher fascinada por mas também por um desejo de mudança e liberdade que se torna
bonecas, um gesto documental sutil e permeado de mistério. Com mais intenso. Poderia se esperar desses filmes um mero diagnóstico
retratos parciais – a câmera que por vezes só enquadra parte do corpo, do fracasso, elegias de uma dor incurável, mas esses sete filmes
detalhes de uma casa, pedaços de conversas – a montagem dá tempo revelam uma outra coisa: o mundo não parou e não está marcado
ao olhar e aguça a intuição do espectador que vai construindo o sentido irremediavelmente pela fatalidade. Estão nessa dobra e a olham de
do ritual. É um filme que não constrói necessariamente um retrato frente. É possível entender que as tramas da vida, do mundo e da história
de sua personagem principal, mas sim a potência da sua presença. O seguem em sua dinâmica com uma complexidade que nos desafia.
documentário instaura uma outra forma de fruir o tempo, um tempo de
preparo e de busca espiritual. Francis Vogner dos Reis
Lila Foster
No espectro fabular, o também baiano Rosa Tirana, de Rogério Sagui, é Curadores
Foto: divulgação
A MESMA PARTE DE UM HOMEM AÇUCENA
FICÇÃO, COR, DCP, 99MIN, PR, 2021 DOCUMENTÁRIO, COR, DCP, 71MIN, BA, 2021
Direção: Ana Johann Roteiro: Ana Johann e Alana Rodrigues Assistente de Direção: Direção: Isaac Donato Roteiro: Isaac Donato e Marília Cunha Assistente de Direção,
Louise Fiedler Produção Executiva: Chris Spode e Raiane Rodrigues Direção de Produção: Produção Executiva, Direção de Produção: Marília Cunha Montagem: Marcos Lé e Andressa
Eduardo Calegari Montagem: Aristeu Araújo Fotografia: Hellen Braga Direção de Arte: Santos Fotografia: Flávio Rebouças Trilha Sonora: O Grivo Som Direto: Haydson Oliveira
Fabíola Bonofíglio Figurino: Isbella Brasileiro Som Direto: Henrique Bertol e Felipe Debiasio Mixagem e Edição de Som: Lucas Coelho Empresa Produtora: Movie Ações Audiovisuais
Mixagem: Ulisses Galetto Edição de Som: Débora Opolski Empresa Produtora: Grafo
Audiovisual Distribuição: Olhar Elenco: Clarissa Kiste, Laís Cristina, Irandhir Santos, Todo ano, uma mulher de 67 anos comemora seu aniversário de sete anos.
Otavio Linhares, Zeca Cenovicz
Contato: contato@produtoramovieaa.com
Renata vive isolada no interior com sua filha adolescente e seu marido, compreendendo
o medo como um sentimento comum. A chegada de um desconhecido desperta nela o
desejo por tudo o que estava adormecido.
Contato: contato@grafoaudiovisual.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA AURORA • LONGAS 97
Direção: Leon Sampaio, Marcus Curvelo Roteiro: Amanda Devulsky, Camila Gregório, Direção: Joana Oliveira Roteiro: Joana Oliveira, Laura Barile Produção: Luana Melgaço,
Leon Sampaio, Marcus Curvelo Assistente de Direção: Bianca Muniz Produção Executiva: Joana Oliveira Produção Executiva: Luana Melgaço Direção de Produção: Camila Bahia,
Marisa Merlo Direção de Produção: Thamires Vieira Montagem: Frederico Benevides, Irene Nduta Mungai, Vanessa Santos Fotografia: Cristina Maure Direção de Arte: Rimenna
Leon Sampaio, Marcus Curvelo, Ramon Coutinho Fotografia: Victor de Melo Direção de Procópio Som Direto e Edição de Som: Gustavo Fioravante Montagem: Clarissa Campolina
Arte, Cenografia e Figurino: Camila Gregório Som Direto: Marcela Santos Mixagem e Edição Cor e Finalização: Lucas Campolina Mixagem: Pedro Durães Trilha Sonora: Thaís de
de Som: Daniel Turini, Fernando Henna, Henrique Chiurciu Empresa Produtora: Transes Campos Empresa Produtora: Bukaya Filmes Coprodução: Anavilhana; Vaca Amarela
Filmes, Anacoluto, Filmes Amarelos Empresa Distribuidora: Embaúba Filmes Elenco: Filmes Empresa Distribuidora: Embaúba Filmes Elenco: Joana Oliveira, Kevin Adweko
Marcus Curvelo, Carlos Baumgarten, Aristides de Sousa (Juninho Vende-Se), Mariana Rios,
Carol Alves, Thiago Almasy, Ritah Oliveira, Felipe Pedrosa, Rachel Sauder, Gaba Reznik É a primeira vez que Joana, uma brasileira, visita sua amiga Kevin em seu país, a
Uganda. Elas se conheceram há 20 anos quando estudaram juntas na Alemanha e
Um trabalhador informal enfrenta problemas financeiros e emocionais. Sem faz muito tempo que não se veem. Agora estão próximas de completar 40 anos e a
oportunidades decentes de trabalho, ele cria um canal no Youtube pra tentar monetizar vida se mostra mais complexa que na juventude. Esse é um filme sobre uma amizade
suas pequenas histórias de fracasso, enquanto presta serviços precarizados para entre mulheres.
empresas estrangeiras.
Contato: embaubafilmes@gmail.com
Contato: eumamerlo@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA AURORA • LONGAS 98
Foto: divulgação
Foto: divulgação
O CERCO ORÁCULO
FICÇÃO, P&B, DCP, 87MIN, RJ, 2020 EXPERIMENTAL, COR, DCP, 61MIN, SC, 2020
Direção: Aurélio Aragão, Gustavo Bragança e Rafael Spínola Roteiro: Aurélio Aragão, Gustavo Direção: Melissa Dullius e Gustavo Jahn Roteiro, Produção Executiva, Direção de
Bragança, Rafael Spínola e elenco Direção de Produção: Aurélio Aragão, Gustavo Bragança, Produção, Direção de Arte, Cenografia, Figurino: Distruktur Montagem, Fotografia, Som
Lobo Mauro, Manuelle Rosa e Rafael Spínola Montagem: Gabriel Medeiros e Lobo Mauro Direto, Edição de Som: Gustavo de Mattos Jahn Trilha Sonora: Sonsdecura, Innsyter, 2020
Fotografia: Bárbara Bergamaschi, Fabricio Menicucci, John CM e Rodrigo Torres Direção de Mixagem: Benoît Héry Empresa Produtora: Distruktur Elenco: Juarez Nunes, Alice
Arte: Aurélio Aragão, Gustavo Bragança e Rafael Spínola Som Direto: Lobo Mauro Mixagem Bennaton, Fernando Goulart Jahn, Aline Maya, Luana Raiter
e Edição de Som: Hugo Rocha e Miguel Mermelstein Narração: Stella Rabello Pós-Produção:
Cajamanga Post Coordenação: Estevão Meneguzzo Finalização: Gui Ferreira Assistência de Os espaços são seis: um rochedo, uma montanha, a areia desenhada pelas ondas, o
Finalização: Fábio Cardoso e Isabel Salomon Colorista: Diego Quindere Adm: Suraia Abi Madi quebra-mar de uma praia do outro lado do oceano, a passarela sob uma ponte que
Empresa Produtora: Rocinante Produções Elenco: Liliane Rovaris, Geovanna Lopes, Marco liga uma ilha ao continente, o quarto de uma adolescente. Personagens são três: um
Lopes, Matheus Lopes, Alberto Moura, Breno Nina, Aurélio Aragão, Gustavo Bragança, homem que está preso num ciclo de vida e morte, um segundo que revisita um lugar
Rafael Spínola, Lobo Mauro, Fabricio Menicucci, Filipe Cretton, Doralice Maria, Iara Maria, onde uma transformação irreversível aconteceu, e uma jovem que está iniciando sua
Lindembergue Bragança, Lucas Nascimento, Lucas Santana vida de artista. O filme situa-se entre experimento, método e dispositivo, e convida
à contemplação. Particular em sua forma e ritmo, é universal nas lembranças que
Ana está cercada. No apartamento debaixo, os fantasmas do passado; e no terraço, os faz ecoar, comuns a todas as pessoas: família; começos, fins e recomeços; dores e
fantasmas do futuro. Mas ela resiste. traumas, e desejo intenso de vida e de sentido.
Direção, Roteiro e Direção de Produção: Rogério Sagui Assistente de Direção: João Dias
Produção Executiva: Carolina Amorim, Rogério Sagu Fotografia: Luis Henrique Girade,
Filipe Sobral Direção de Arte: Julia Letícia Cenografia: Ângela Rodrigues, Daiane Fróis
Figurino: Lourdes Santana Montagem: Carlito Jr., Rogério Sagui Som Direto: Rayane
Teles, Anderson Silva Mixagem e Edição de Som: Daniel Marinho Drumond Trilha Sonora:
Elba Ramalho, Alício Amaral, Di Freitas Empresa Produtora: Gramugêiro Filmes Elenco:
Kiarah Rocha, José Dumont, Stela de Jesus, Rogério Leandro, Carlos White, Yan Quadros,
Jocimário Kannário, Mufula, Eliene D’Goió, Sindy Rodrigues, Maria Flor
Em uma terra banhada de sol, durante a maior seca que o Sertão nordestino já viveu,
a menina Rosa mergulha em uma longa travessia pela Caatinga árida e fantasiosa,
em busca de um encontro com Nossa Senhora Imaculada, a rainha do Sertão. Com
um tom perspicaz, a trama é envolvida por um amálgama de fatores que, na aridez da
paisagem retratada, torna-se fertilizante para a compreensão do drama humano, a
partir do olhar da pequena protagonista.
Contato: rogério.sagui@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA AURORA 100
ENTREVISTA
MOSTRA
AURORA
A Mostra de Cinema de Tiradentes propôs um pequeno questionário aos diretores dos sete
filmes selecionados para a Mostra Aurora, na qual são exibidas obras de realizadores em
início de carreira de longa, que são avaliados pelo Júri Oficial.
Ana Johann
Diretora – A Mesma Parte de um Homem
Eu nasci e cresci em uma vila rural no Sul do Brasil até os 15 anos e acredito que também por
estar bastante isolada nessa vila fazia exercícios de observação e simulação. Eu lia muitos
livros de literatura que me transportavam para outros lugares e a televisão também era uma
pequena referência que era disputada por sete pessoas em uma casa e sem muita variedade.
Na adolescência e já no ensino médio comecei a ensaiar a escrever contos e era bastante
incentivada pela minha professora de literatura, a Ivana Jakubiu. Quando fui escolher uma
graduação, fiquei entre Jornalismo, porque gostava de escrever, e Arquitetura. Optei por
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA AURORA 101
Jornalismo, mas hoje percebo o quanto essas duas vertentes de ensino Leon Sampaio e Marcus Curvelo
conjugam bem o que eu escolhi alguns anos mais tarde – o cinema. Já na Diretores – Eu, Empresa
imagem em movimento.
Sou formada em Comunicação Social pela PUC-Minas e em Direção
No cinema, interessa-me o jogo narrativo de duas forças, o real e o de Cinema pela EICTV, Cuba. Fiz também mestrado em Cinema na
irreal, sem prevalências individuais, mas integradas. Os dois registros se UFMG, com o foco na obra do roteirista neorrealista italiano Cesare
amalgamam em continuidade, no meu processo de contar histórias que, Zavattini e seu processo criativo. Fiz também um intercâmbio na
geralmente, prefiro entender como extratos de biografias individuais. Universidade de Cinema alemã Konrad Wolf. Mas minha formação
Afinal, como sinaliza a sociologia, toda biografia só é objetivamente passa por ver muitos filmes, frequentar festivais, mostras de cinema
real na medida em que há o reconhecimento coletivo – sobretudo, da e cursos livres, além de ter trabalhado com profissionais que me
recepção fílmica, dessa figura sensível do espectador. ensinaram muito durante a feitura de trabalhos em videoarte, curtas,
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA AURORA 102
longas e televisão. Desde pequena sempre assistia a muitos filmes, Melissa Dullius e Gustavo Jahn
adorava ir em locadoras de filmes e ler os resumos nas cartelas de Diretores – Oráculo
considero ruim pros meus processos criativos, pois tendo a literalizar mulheres, diferente de Kevin, que é um filme sobre uma viagem.
muito. Em relação ao teatro, eu sou bem desatento. Quando vim morar Mas, no fundo, também é sobre uma relação de uma vida inteira,
em Recife, passei a frequentar e conhecer mais de teatro, mas ainda então me conectava com os caminhos dessas narrativas, com a
assim tenho pouco repertório e, em consequência disso, a influência é complexidade das histórias, suas camadas e questões apresentadas.
bem reduzida nas minhas obras.
Marcus: Sou muito influenciado por artistas que conseguem expor Aurélio Aragão, Gustavo Bragança e Rafael Spínola
suas vulnerabilidades e que conseguem existir em suas mais honestas Diretores – O Cerco
formas. São muitos. Descobri a obra do artista conceitual Bas Jan Ader
em 2019 e fiquei bastante mexido. Ele morreu no meio de seu último Gustavo: Nenhuma influência se dá de forma consciente – mas talvez
trabalho, In Search of the Miraculous, tentando atravessar o oceano em haja alguma busca irracional por afinidades.
um pequeno barco. Jonas Mekas e Chantal Akerman também. Sempre
choro quando vejo os seus filmes. Há uma urgência, como se aqueles Rafael: Minhas referências mais diretas vêm mesmo do cinema. No caso do
textos, quadros e filmes fossem os últimos de suas vidas e não há mais Cerco, me vêm à cabeça os filmes de Haneke e os filmes de Teddy Williams.
nada depois. Você escreve, performa ou filma a última coisa da sua vida,
porque você precisa, e depois você morre porque não há nada mais a Aurélio: Na origem, O Cerco bebeu na fonte de algumas imagens e
ser feito. E depois você morre de novo e de novo. premissas do Dostoievsky, sobretudo Crime e castigo. Muito mais como
inspiração do que uma pretensão de adaptação. Mas, pra ser justo, acho
que a gente também foi muito provocado pelas imagens e cenas das
Joana Oliveira redes sociais à época do país convulsionado em 2013 e o que se seguiu
Diretora – Kevin dali. A gente foi muito tocado pelo trabalho de Mídia Ninja, Jornalistas
Livres etc. Mas também transtornado pelos registros das redes da
É interessante pensar na influência de outras artes em meu trabalho, ultradireita, em que o bolsonarismo, o olavismo e outros tenebrosos
porque ela não acontece de maneira óbvia. Às vezes estar presente “abismos” iam ganhando protagonismo.
em uma manifestação artística me conecta com uma parte de
um projeto em que estou trabalhando de uma forma totalmente
inesperada. É meio como a vida mesmo, você entra em uma peça Melissa Dullius e Gustavo Jahn
de teatro ou num concerto de música e se vê pensando em uma Diretores – Oráculo
passamos a fazer trilhas pros nossos filmes (duo Distruktur). O Ana Johann
gosto pela aventura sempre esteve presente. Daí à prática de cruzar Diretora – A Mesma Parte de um Homem
duas delas). Em comum, todas elas mantêm princípios que, dentro da crítica do empreendedorismo de si mesmo, eu tinha muito interesse
liturgia negra, se configuram como a necessidade humana de produzir na performance desses empreendedores, sobretudo, dos youtubers e
um mundo próprio, colocando-se em dia consigo mesmo, realizando instragrammers. Nessa época, por volta de 2017, eles se multiplicavam
festas e reverenciando o passado (mas com os pés no presente). Uma nas redes com discursos de positividade e vitória, e outros grupos com
atmosfera, porém, de muito mistério. Essa facticidade compartilhada falas emotivas, frágeis, em que justificavam seus erros a partir de uma
sempre me inquietou. defesa da autenticidade. Aos poucos, fui me dando conta dos padrões de
comportamento e de como pessoas do meu entorno adotavam muitas
Trazer à tela a experiência da nossa protagonista Guiomar Monteiro dessas posturas. O primeiro argumento do filme surgiu nesse período,
começa, também, com a corroteirista e produtora desse filme, Marília como um desdobramento do meu trabalho anterior, o documentário
Cunha, a quem passo a palavra: – Conheci D. Guiomar em 2016, quando Gente Bonita, em que propus a uma série de pessoas filmarem suas
estava fazendo uma pesquisa para um outro projeto audiovisual. Como experiências em pau de selfie nos camarotes do Carnaval de Salvador.
cineastas, estamos sempre apreendendo outros mundos como uma Aí quando fui morar com Marcus, passamos a conversar muito sobre a
realidade dotada de sentido. E essa interiorização começa com o fato de influência das redes sociais nas nossas vidas, em como nos sentíamos
assumirmos o mundo no qual os outros já vivem. Esse mundo, uma vez impelidos a postar novidades, a compartilhar nosso cotidiano. A partir
assumido, pode ser modificado de maneira criadora. Contei essa história desse diálogo intenso, a proposta do filme começou a tomar outra
para Isaac e descobri pontos de conexão com a sua biografia. Desde forma. Ele vinha realizando uma série de curtas explorando a autoficção
então, passamos a compreender a subjetividade da nossa personagem e tinha vontade de fabular algo dentro desse universo da internet e do
e o seu mundo tornou-se o nosso próprio. Só após essa constatação empreendedorismo. Quando surgiu o edital de audiovisual na Bahia com
chegamos ao momento de criar e fazer um filme. a categoria de Documentário para Jovens Empreendedores, achamos
que seria uma ótima oportunidade de reescrever o argumento e
submeter o projeto. Marisa Merlo, nossa produtora executiva, colaborou
Leon Sampaio e Marcus Curvelo bastante nesse período, e após o projeto aprovado, Amanda Devulsky
Diretores – Eu, Empresa contribuiu muito também, trazendo inúmeras novidades acerca dos
influencers e dos nichos da internet.
Leon: O ímpeto inicial para o Eu, Empresa surgiu a partir do momento em
que passei a ver muitas matérias e conteúdo nas redes sobre o fenômeno Marcus: A experiência da autoficção nos meus trabalhos certamente foi
do empreendedorismo de si mesmo. A maioria desse conteúdo tinha um dos impulsos. Principalmente desde os curtas Mamata e Joderismo,
uma abordagem positiva, e isso de alguma forma me provocou, porque quando contribuí com a cineasta brasiliense Amanda Devulsky. Desde lá,
muitas pessoas do meu círculo social e do campo da esquerda também viemos delineando o alter ego Joder, protagonista (e também alter ego)
estavam lendo o fenômeno de uma maneira positiva, sem compreendê- do personagem Marcus nesse filme. Lá por 2017, como bem falou Leon,
lo dentro de um arranjo da arquitetura do capital. A leitura que eu fazia estávamos todos meio arrebatados por essa torrente de influenciadores,
e ainda faço é que essa onda empreendedora consiste numa forma empreendedores de si, e tudo estava envolto por uma onda meio
atualizada do projeto neoliberal, com fins além de econômicos, também doida de positividade mesmo. Quando ele trouxe o argumento, diante
morais, como a propagação de valores individualistas e meritocráticos, do edital que estava aberto na época e que tinha a categoria Jovens
bem como sociais, como a desestabilização dos sindicatos e a Empreendedores, ficamos animados com a possibilidade de fabular a
precarização do trabalho em larga escala. Articulada a essa leitura história da tentativa de transformar este meu alter ego, o Joder, em um
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA AURORA 107
empreendimento, um youtuber. Daí chamamos a Amanda, que desde Aurélio Aragão, Gustavo Bragança e Rafael Spínola
a pesquisa e o argumento construiu conosco esses conflitos centrais Diretores – O Cerco
no tempo e no espaço pela câmera e pelo rolo de filme. A câmera que – 4) O cinema é um trabalho coletivo e o diálogo com as
ao ser disparada e começar a rodar – marca o início, vai marcar também diversas áreas técnicas é constitutivo do processo de
– ao parar, assim que o fim do filme passa pela janela de exposição – escritura fílmica. Comente sobre as contribuições e o
o fim de toda a ação. Cada cena foi pensada e ensaiada para “caber” trabalho colaborativo com a equipe do filme.
em aproximadamente 10min, tempo de filmagem de um rolo inteiro de
película 16mm. Nenhuma cena foi repetida. Cada cena funciona como Ana Johann
um núcleo independente e os personagens do filme não se comunicam; Diretora – A Mesma Parte de um Homem
pessoas que já admirávamos de outros trabalhos, como a técnica de Aurélio Aragão, Gustavo Bragança e Rafael Spínola
som Marcela Santos, a diretora de produção Thamires Vieira, o fotógrafo Diretores – O Cerco
com poucos meios. Os atores foram corroteiristas. Após combinarmos Ana Johann
cada cena, ensaiamos uma, duas vezes no máximo – moldando a ação Diretora – A Mesma Parte de um Homem
/ Argentina (2020), percebi que o projeto tinha alcançado o nível de Marcus: Concordo com o Leon. Ando deprimido demais para elaborar
amadurecimento que buscávamos. algo a mais sobre este assunto. Posso compartilhar a minha carta de
intenção para um edital que perdi há um ano e meio atrás. Aqui vai: “Não
Mas foi em 2016 que tudo começou mesmo. Tomamos contato com consigo mais filmar, estou dizendo a verdade. E logo tudo vai acabar,
a história da Guiomar Monteiro, 68 anos, que sempre comemorava de novo. A Ancine, o país, tudo. E já se foram pelo menos três editais
seu aniversário de sete anos, todos os anos. Descobrimos que seu perdidos, apenas este ano. Ainda dá para viver até o meio de novembro,
cotidiano era marcado pela ideia de retrospecção (o passado que se se eu cozinhar filé de frango todos os dias, mas é isso. Quem sabe carré
modifica) e prospecção (fazer acontecer). e calabresa também. Final de novembro, talvez. Certa vez, disse para um
escritor que preferia escrever, que escrever era mais fácil, e ele tentou
Penso que, de certo modo, podemos associar esses dois estágios chutar a minha cara. Eu preciso desistir do cinema! Ajudem-me! Vai dar
temporais ao fazer artístico, num momento em que os agentes culturais certo! Já está acontecendo, posso provar. Tenho um livreto de contos
brasileiros vêm lutando contra a interrupção de políticas públicas que, sim, publicado e sou ex-cronista esportivo não remunerado do portal Radar
não deixaram para trás cinematografias até então pouco vistas (ou quase da Bahia. Está acontecendo! É o que faria se estivesse vivo em qualquer
nunca!). Esse filme, preciso reiterar, é fruto de um modelo de fomento outra era da humanidade, antes de inventarem a câmera. Se estivesse
à produção audiovisual concentrada na Ancine, desde a década passada. vivo no século XV, ou XVI, seria isso. Um trabalho em uma marcenaria e
Uma Ancine transparente, necessária, que possibilitou o surgimento de alguns livros publicados. É a natureza! Escrevi o meu primeiro conto no
novas produtoras e, consequentemente, de novas cosmologias. final do século XX, aos 13 anos, na minha escola, e foi a melhor coisa que
me aconteceu. Não sei por que andei fazendo filmes todos esses anos.
Isso foi errado, porque quando estava na sétima série, e escrevi aquele
Leon Sampaio e Marcus Curvelo conto em uma página de caderno, e meus amigos riram e gritaram,
Diretores – Eu, Empresa aquele foi o melhor momento da minha vida. Uma folha de papel e os
meus amigos me amavam. Uma única folha e o amor. É isso! Ora, tudo
Leon: Não há filme sem condições materiais para que ele ocorra. O bem! Talvez mais dois filmes. Tem a série, que já está toda filmada. E
cinema brasileiro passa por uma grave crise nesse momento, que, vamos fazer o corte de longa, por que não? E tem esse curta, que já
sabemos, é responsabilidade do Governo Federal e das suas políticas está quase todo filmado também. E o roteiro de longa. Tanto tempo
de corte para a cultura. É catastrófico o que está acontecendo, mas trabalhando nele. Mas nada além disso! Editais de literatura! Escrever
seguimos aqui, tentando exibir nossos filmes, da maneira como nos é todos os dias. Mas um dia, quem sabe. Um dia, talvez. Marcus Curvelo,
possível. Em relação ao Eu, Empresa, os desafios que enfrentamos para o ex-cineasta”.
a realização foram enormes, porque o orçamento com que contávamos
se destinava à realização de uma série de TV, com cinco episódios de
26 minutos. O corte de longa-metragem foi uma aposta que fizemos Joana Oliveira
e que tivemos que contar com apoios e parcerias para poder finalizar. Diretora – Kevin
projetos pessoais, fui também produtora além de diretora e roteirista. começou a ter suas atividades paralisadas até se transformar em uma
Eu sabia que Kevin seria um filme que demoraria a realizar. Como se agência que não consegue operar, como é hoje. O financiamento para
trata de uma relação de amizade entre mulheres de países diferentes, longas está parado no âmbito federal e também no estadual (no caso de
não haveria como fazer o filme com um orçamento muito pequeno. Minas Gerais). O panorama é desanimador, mas seguimos lutando para
Apesar da produção ter sido extremamente econômica e simples. Os transformar nossas ideias em filmes.
filmes independentes sempre dependem de um financiamento inicial,
então dependemos de políticas públicas e, no Brasil, nada é estável.
Então, ser paciente e incansável é um pouco minha política para Aurélio Aragão, Gustavo Bragança e Rafael Spínola
conseguir transformar uma ideia em um filme. Eu também escolho as Diretores – O Cerco
histórias que são mais factíveis. No caso de Kevin, eu tive a sorte de ter
como parceira e sócia no filme a experiente e criativa produtora Luana Gustavo: Apesar de termos feito um filme de “guerrilha”, sem recursos
Melgaço. Digo isso porque ela escolhe os projetos aos quais se associa. públicos diretos, acreditamos que a criação artística só é possível com
Kevin teve sua primeira versão escrita em 2013. Desde então, Luana a colaboração do Estado, de diversas formas, não apenas agenciando,
e eu travamos uma batalha para tentar o financiamento que acabou como diretamente fomentando e distribuindo recursos. Para se ter um
acontecendo em duas etapas. Conseguimos 20% do orçamento pela Lei cinema amplo e diverso, não podemos unicamente nos deter às leis do
de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte e filmamos uma parte do filme mercado, do consumo direto. É preciso criar espaço para que as obras
em 2017. No mesmo ano, fomos selecionadas em um edital da Ancine as mais diversas existam e, mais do que isso ou ao lado disso, para que
que cobriria o resto do custo. O desembolso saiu em 2019 e foi quando elas circulem – e, assim, efetivamente existam. Não se trata apenas de
pudemos filmar a segunda etapa e partir para a edição de imagem e uma questão quantitativa, de fazer um filme estourar nas bilheterias,
som. No ano passado, 2020, a finalização parou por vários meses por mas de fazê-lo ser visto mesmo que por um público restrito e, assim,
causa da pandemia da covid-19 e foi retomada só em outubro. Estrear ter efeito, sempre imensurável, sobre as pessoas que puderam assisti-
no início de 2021 fecha um ciclo de oito anos. lo – e, caso sejam muitas, tanto melhor. De todo modo, podemos dizer
que nosso filme só tem a cara que tem pelo fato de que não tínhamos
Acredito que é difícil financiar um filme no Brasil, mas houve um grandes recursos para realizá-lo; ele foi, assim, o filme que nos foi
momento muito propício durante o fortalecimento da Agência Nacional possível fazer. Mas também foi o filme que queríamos fazer. Em outros
de Cinema nos anos 2010. Principalmente para diretoras mulheres, isso termos, não nos foram vedados os recursos para realizá-lo, pois nem
aconteceu entre 2015 e 2017, quando a Ancine, na figura da diretora buscamos esses recursos; nós sabíamos o filme que queríamos fazer e
Débora Ivanov, começou a instituir comissões de seleção mistas. estávamos certos de que não dependermos de grandes recursos ou de
Houve um estudo sobre o caminho do financiamento de longas e essa cronogramas apertados, enfim, de todas as amarras de tempo, espaço
pesquisa mostrava que poucos projetos de diretoras mulheres eram e de grana, claro, era fundamental para chegarmos perto do que nos
financiados. Identificaram um gargalo grande nas comissões, que eram havíamos proposto a construir coletivamente.
sempre compostas por homens brancos. Essa mudança na comissão
de seleção e a adição de pontuação para filmes dirigidos por mulheres Rafael: Vivemos um momento muito complicado para a cultura.
já fez com que o resultado dos editais fosse muito diferente em termos Acreditamos que o poder público tem o dever de apoiar e financiar
de paridade de gênero. Estavam instituindo também a paridade de uma arte que se desloca das leis de mercado. Uma arte que vai
raça. Entretanto, tudo mudou nos últimos três anos, quando a Ancine explorar os limites da linguagem e pode abrir terreno para inovações
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA AURORA 114
até mesmo na indústria. Apesar de termos demorado para finalizar que estão em nosso meio…). São muitas as maneiras de se fazer filmes,
O Cerco, precisávamos começar quando começamos pela urgência e tais códigos e convenções viabilizam sistemas (o financeiro entre eles)
que sentíamos na época. Fizemos um filme sem dinheiro porque que algumas pessoas podem acessar. Mas é preciso ter consciência de
precisávamos fazer e em algum nível as limitações se tornaram um que filmes que participam da mesma cadeia de produção vão se parecer
potencial criativo, mas esse não deve ser o modelo. Trabalhamos com na forma, independentemente de onde são feitos. Historicamente os
cultura por uma paixão e urgência – e merecemos receber por isso. festivais de cinema têm ajudado nessa padronização, mas isso pode
estar mudando e uma maneira de fazer e mostrar mais plural, inclusiva,
Aurélio: O estado atual do cinema é sintoma de um momento histórico horizontal e local pode estar pintando por aí. Oxalá.
em que se fecham as possibilidades de articulação entre dinheiro e
experiência criativa em todas as áreas: arte, ciência, saúde, trabalho
comunitário, educação etc. A gente precisa sentir que a luta por Rogério Sagui
políticas públicas para o cinema (que são fundamentais) fazem parte Diretor – Rosa Tirana
OLHOS LIVRES –
OS TERRITÓRIOS DO
CINEMA BRASILEIRO
COMO UM ARQUIPÉLAGO
CONTINENTAL
A Mostra Olhos Livres desde seu início se notabilizou pela diversidade de olhares e formas e,
por abrir mão de um conceito fechado e critérios uniformizantes, ela se consolidou como
uma mostra competitiva que esboça um panorama mais amplo, apresentando algumas
das proposições mais instigantes do cinema contemporâneo brasileiro.
Neste ano a Mostra conta com filmes de práticas, processos criativos distintos e perspectivas
contrastantes. Neles encontramos ideias e fundamentos singulares e que possuem meios
materiais e esforços expressivos completamente diferentes uns dos outros. O conjunto
dos filmes, mais do que um país (o que poderia sugerir uma unidade e uma identidade),
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA OLHOS LIVRES 117
revelam, na sua diversidade, um arquipélago continental: ilhas que a desculpa de ser um espaço decadente no Centro da cidade e a lendas
dividem a mesma origem geológica, mas que desprendidas de território das galerias subterrâneas dos jesuítas que escondiam tesouros. O caso
continental se dividiram em pequenos territórios que podem se do Morro do Castelo, além de ser um paradigma da cidade do Rio como
comunicar com mais ou menos intensidade, com diferenças de forma, conhecemos, é também exemplar do modelo de modernização brasileiro
de dimensão, de linguagem. que expulsa os pobres das capitais a partir de intervenções violentas. O
filme de Pedro Urano é uma investigação narrativa e imagética, mistura
Pensar o país como um arquipélago continental não é fragmentar de fábula com documentário das fantasmagorias que se escondem sob
e particularizar os imaginários e os constrangimentos históricos do uma cidade que a um só tempo ruína e monumento. Em Subterrânea
Brasil, mas é estabelecer pontos de vista e fundamentos distintos para como em Nũhũ Yãg Mũ Yõg Hãm: essa Terra É nossa!, o presente é
sentimentos, narrativas, territórios, culturas e discursos que possuem repleto de passado.
intensidades únicas, ainda que seja importante tecer um fio que possa unir
as tramas políticas e temporais de cada filme: a presença dos ancestrais Há filmes, no entanto, que se deslocam do presente para o futuro, ou
na terra demarcada e delimitada dos Maxakali em Nũhũ Yãg Mũ Yõg Hãm: na sua impossibilidade, como é o caso de Irmã, de Luciana Mazeto e
essa Terra É nossa!, de Isael Maxakali, Sueli Maxakali, Carolina Ganguçu e Vinicius Lopes. Aqui há um outro tipo de reconhecimento de território
Roberto Romero, passando pelas histórias e pelas lendas na demolição do (as personagens vão de Porto Alegre ao interior do Rio Grande do Sul),
Morro do Castelo no Rio de Janeiro em Subterrânea, de Pedro Urano, pela quando duas filhas buscam o reencontro com o pai. Duas situações limite
imanência de um artista que vive radicalmente o presente em Amador, emolduram essa narrativa que tem tons fantásticos e experimentam
de Cris Ventura, pelo país de hoje visto desde o futuro em Voltei, de Ary com cores e texturas nesse trânsito entre a narrativa dramática e o
Rosa e Glenda Nicácio, e Rodson ou (Onde o Sol Não Tem Dó), de Cleyton contato com os filmes de ficção científica: de um lado, o drama pessoal
Xavier, Clara Chroma, Orlok Sombra, e chegando a uma narrativa em que de uma morte iminente, de outro a chegada de um meteoro que
o mundo chega aos seus estertores na iminência de um apocalipse em pode significar o fim do mundo. Com uma trajetória tecida através da
Irmã, de Luciana Mazeto e Vinícius Lopes. produção de curtas-metragens experimentais, muitos deles se valendo
da artesania cinematográfica e a filmagem analógica, aqui os dois
Nũhũ Yãg Mũ Yõg Hãm: essa Terra É nossa!, filme que traz pelo segundo diretores experimentam com a construção de um filme mais narrativo.
ano consecutivo à Olhos Livres os realizadores Isael Maxakali, Sueli
Maxakali, Carolina Canguçu e Roberto Romero, olha para o presente e a Por sua vez, Rodson ou (Onde o Sol Não Tem Dó), de Cleyton Xavier, Clara
ancestralidade Maxakali no Vale do Mucuri, revelando os desdobramentos Chroma e Orlok Sombra, e Voltei!, de Ary Rosa e Glenda Nicácio, veem
do processo histórico colonial juntamente a uma dimensão do tempo o perecimento do nosso momento histórico desde o futuro. Rodson se
vivido em que os espíritos dos antepassados possuem um papel ativo situa no ano 3000; Voltei, em 2030. Em Rodson, o protagonista artista
junto à terra e ao povo. O cinema como um instrumento de confluência se lança em uma aventura em um mundo lisérgico, anarcototalitário e
entre tempos, entre testemunho e narrativa e de confronto direto com os consumista onde, como diz o título, o “sol não tem dó”. A radicalidade
seus algozes. Aqui, o cinema se torna uma incisão profunda nas disputas está na forma: o próprio filme é um híbrido de geringonça tecnológica,
territoriais e simbólicas de um território. videografia, artesanato, performance e viagem de cogumelo ou chá
de trombeta. Em Voltei, é um futuro precário, em uma casa imersa
Subterrânea olha para a origem do Rio de Janeiro que conhecemos hoje na escuridão e sem energia elétrica, que duas irmãs recebem a
a partir de seu arrasamento em 1922 pelo prefeito Carlos Sampaio, com visita de um fantasma. Como em Até o Fim (filme com que Nicácio e
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA OLHOS LIVRES 118
Foto: divulgação
Foto: divulgação
AMADOR IRMÃ
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 80 MIN, GO/MG, 2020 FICÇÃO, COR, DCP, 88MIN, RS, 2020
Direção, Fotografia, Som Direto e Montagem: Cris Ventura Performance e Composições: Direção e Roteiro: Luciana Mazeto, Vinícius Lopes Produção Executiva: Jaqueline
Jônatas Amador Imagens Adicionais de Belo Horizonte: Carlos Magno Rodrigues Edição de Beltrame Direção de Produção: Leandro Engelke Fotografia: Carine Wallauer Direção de
Som e Mixagem: Guile Martins Design de Títulos: Elder Patrick Arte: Gabriela Burck Assistente de Direção: Eduardo Piotroski Cenografia: Gabriela Burck,
Eder Ramos Figurino: Gabriela Burck Som Direto, Mixagem, Edição de Som e Trilha Sonora:
Vidigal, compositor, cantor e performer, vivia entre as ruas do baixo centro belo- Kevin Agnes Montagem: Luciana Mazeto Empresa Produtora: Pátio Vazio Empresa
horizontino, onde faleceu após uma crise convulsiva e pela falta de atendimento. As Distribuidora: Elo Company Elenco: Maria Galant, Anaís Grala Wegner, Felipe Kannenberg
filmagens interrompidas pela distância geográfica pretendiam retratá-lo apenas em
condições de sobriedade, valorizando sua inteligência criativa. Quando a doença de sua mãe se agrava, Ana e Julia viajam ao interior do Rio Grande do
Sul em busca de seu pai. No caminho: fantasmas, superpoderes e dinossauros.
Contato: crisventura7@gmail.com
Contato: contato@patiovazio.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA OLHOS LIVRES • LONGAS 120
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NuHu YÃGMu YÕG HÃM: ESSA TERRA É NOSSA! RODSON OU (ONDE O SOL NÃO TEM DÓ)
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 70MIN, MG, 2020 FICÇÃO, COR, DIGITAL, 74MIN, CE, 2020
Direção: Isael Maxakali, Sueli Maxakali, Carolina Canguçu, Roberto Romero Fotografia: Direção: Cleyton Xavier, Clara Chroma e Orlok Sombra Roteiro: Cleyton Xavier e Urutau M.
Isael Maxakali, Carolina Canguçu, Jacinto Maxakali, Alexandre Maxakali, Sueli Maxakali, Pinto Produção Executiva: Christopher Faust, Lupércia Dolores, Jáguerson Porotinho, Mr.
Roberto Romero Montagem: Carolina Canguçu e Roberto Romero Direção de Produção: Satã Direção de Produção: Cleyton Xavier, Urutau M. Pinto e Lyna Lurex Montagem: Clara
Paula Berbert Som Direto e Edição de Som: Marcela Santos Personagens: Delcida Chroma e Cleyton Xavier Fotografia: Cleyton Xavier, Urutau Maria Pinto, Insiranomeaqui,
Maxakali, Totó Maxakali, Mamei Maxakali, Pinheiro Maxakali, Manuel Damázio, Arnalda Orlok Sombra, Biela, Lyna Lurex, Nirá Link Figurino: Lyna Lurex, Cleyton Xavier, Urutau Maria
Maxakali, Dozinho Maxakali, Vitorino Maxakali, Israel Maxakali, Marinho Maxakali, Pinto, Orlok Sombra, Banda Glamourings, Lulu Ribeiro, Keoma Mixagem: Clara Chroma
Américo Maxakali, Veronildo Maxakali, Noêmia Maxakali, Pedro Vieira, Joviel Maxakali, Edição de Som e Trilha Sonora: Clara Chroma e Cleyton Xavier Empresa Produtora: Chorumex
Neusa Maxakali, Manuel Kelé, Tevassouro Maxakali Coprodução: Jiboya Corp e Sombra Filmes Elenco: Orlok Sombra, S.brxxzkjxkzxkxkz, Nirá
Link, Gadi Bergamota, Lyna Lurex, Tina Reinstrings, Melindra Lindra, Sabiá Pensativo,
Antigamente, os brancos não existiam e nós vivíamos caçando com os nossos espíritos Rodolfo Keoma, Biela, Will, Insiranomeaqui, Guika, Kaê Marques, Cyborgue Oleosa, Abi Gaiu
yãmĩyxop. Mas os brancos vieram, derrubaram as matas, secaram os rios e espantaram Oliveira, Lulu Ribeiro, Vitrilis Sarambaxo, Anaya Ókun, Sapata Deslizante, Kaye Djamiliá, Big
os bichos para longe. Hoje, as nossas árvores compridas acabaram, os brancos nos Bug, Ariza Torquato, Rachid, Jane Malaquias, Davi Sampaio, Antoni Dia
cercaram e a nossa terra é pequenininha. Mas os nossos yãmĩyxop são muito fortes e
nos ensinaram as histórias e os cantos dos antigos que andaram por aqui. São os pré-anos 3000. Arte é crime. Refletir é proibido. Ler não existe mais. Somente
produções e consumos em massa são permitidos. Rodson®. Um garoto com seu
Contato: roberomerojr@gmail.com animalesco instinto artístico repremido pela sociedade ao seu redor, só mais um de
muitos... O governo anarcocrenty comete o engano de achar que a besta estivera sob
controle, mas sua mente concebe Caleb®, o alterego de Rodson®, que o lança estrada
afora, abandonando ares-condicionados em busca da alucinação perfeita sob o sol
sem dó de 2000°C que a última camada de exosfera proporciona à vigente sociedade.
Contato: clara.c.rey@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA OLHOS LIVRES • LONGAS 121
Foto: divulgação
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SUBTERRÂNEA VOLTEI!
FICÇÃO, COR, DIGITAL, 83MIN, RJ, 2020 FICÇÃO, COR, DCP, 77MIN, BA, 2020
Direção: Pedro Urano Roteiro: João Paulo Cuenca Produção Executiva: Samantha Direção: Ary Rosa e Glenda Nicácio Roteiro: Ary Rosa Produção Executiva: Ary Rosa, Camila
Capdeville e Maria Continentino Assistente de Direção: Sofia Saadi Direção de Produção: Gregório, Reifra Assistente de Produção: Iago Cordeiro Ribeiro Direção de Produção:
Ocimar Marques Produção: Samantha Capdeville Montagem: Alice Furtado Fotografia: Glenda Nicácio, Gabriella Fiais Montagem: Poliana Costa, Thacle de Souza Fotografia:
Pedro Urano Direção de Arte: Andre Weller Cenografia: Marquinhos Reis Figurino: Rô Augusto Bortolini, Poliana Costa, Thacle de Souza Direção de Arte e Cenografia: Glenda
Nascimento e Lilian Butini Som Direto: Sérgio Scliar Mixagem e Edição de Som: Bernardo Nicácio Figurino: Reifra Som Direto e Edição de Som: Cássio Duarte, Leandro Conceição
Gebara Trilha Sonora: Gustav Holst, Armando Lobo e Negro Leo Empresa Produtora: Mixagem: Napoleão Cunha Trilha Sonora: Moreira Empresa Produtora: Rosza Filmes
Filmegraph Ltda. Elenco: Silvana Stein, Negro Leo, Clara Choveaux, Helena Ignez, Cabelo Elenco: Arlete Dias, Mary Dias, Wall Diaz
Cobra Coral, Alexandre Dacosta
Brasil, 2030. As irmãs Alayr e Sabrina estão ouvindo no radinho de pilha o julgamento
Sub que pode mudar os rumos de um país “sem energia”. Elas são surpreendidas por
Sub solo Fátima, a irmã que volta dos mortos para confraternizar nessa noite histórica.
Sub terra
Sub mundo Contato: roszafilmesproducoes@gmail.com
Sub desenvolvido
Sub América
Sub verter
Sub liminar
Sub alterno
Sub mergir pelas matas ou nas ondas do mar
Sub way
(depois de H.O.)
Contato: samanthaproducao@gmail.com
MOSTRA
PRAÇA
DIVERSÃO E
ENGAJAMENTO NA
MOSTRA PRAÇA
Diante dos desafios impostos pela pandemia da covid-19, o encontro em Tiradentes e as
calorosas trocas da Mostra Praça tiveram que ser adaptados para a esfera virtual. Mesmo
que o encontro físico não seja possível, o espírito popular da Mostra Praça permanece, com
sessões de longas e curtas que trazem um apelo popular e a mobilização de importantes
debates em relação ao contemporâneo.
A seleção de longas-metragens traz neste ano como marca o trânsito entre diversos
gêneros e formas narrativas e documentais. Entre os documentários que compõem a
programação, Sementes: Mulheres Pretas no Poder, de Éthel Oliveira e Júlia Mariano,
acompanha a transformadora eleição de 2018, na qual houve um aumento nas
candidaturas de mulheres negras para diferentes cargos políticos pelo estado do Rio
de Janeiro. O documentário retrata não somente a trajetória da campanha de Mônica
Francisco, Rose Cipriano, Renata Souza, Jaqueline de Jesus, Tainá de Paula e Talíria Petrone,
mas os meandros de uma política que se faz em contato próximo com o seu eleitorado,
em meio às periferias brasileiras, uma construção que retoma o verdadeiro sentido da
política legislativa. Inspiradas por Marielle Franco, são imagens de enorme potência.
Swingueira, de Bruno Xavier, Roger Pires, Yargo Gurjão e Felipe de Paula, é um mergulho
nas competições de swingueira – fenômeno musical também conhecido como pagodão
baiano – nas cidades de Salvador e Fortaleza. Um trabalho realizado por jovens, com
intensa preparação das coreografias, figurinos e dedicação aos ensaios, o documentário
retrata a música e a dança das periferias do Nordeste e os desejos e ambições dos jovens
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA PRAÇA 124
dedicados a tal arte. O registro das competições, com os seus figurinos, as ruas do Rio de Janeiro, de São Gonçalo e de Niterói para buscar
as coreografias, a ansiedade vivida por cada equipe e sua torcida, é personagens que preferem outras formas de diversão nas tradicionais
também um fenômeno visual à parte. noites de jogo de futebol. Na zona rural de Caruaru, em Pernambuco,
mulheres trabalham com costura em domicílio como forma de
Todas as Melodias, de Marco Abujamra, é um perfil pungente do cantor e sobrevivência em meio à seca, no documentário Pega-se Facção, de
compositor Luiz Melodia. Com um belo trabalho de pesquisa de imagens, Thaís Braga. O curta potiguar Casa com Parede, de Dênia Cruz, registra
que inclui imagens domésticas e registros do cantor fora dos palcos, é a história de luta de mulheres, homens e crianças do assentamento 8
a dimensão íntima e pessoal, para além da persona artística e pública, de Março, criado em 2013. Considerado a 12a ocupação urbana de Natal,
que surge em meio às imagens e aos depoimentos daqueles que lhe no Rio Grande do Norte, o território foi destruído por um incêndio em
foram próximos. A tensão racial, a vida vivida em constante negociação 2017. O documentário alagoano Ainda te Amo Demais, de Flávia Correia,
com o status quo também surge como tema e dá expressão à vivência aborda a cena cultural do reggae em Maceió, a partir de depoimentos,
de artistas negros em meio a um país estruturalmente racista. fotografias e imagens em VHS. Encerrando a Mostra Praça 1, o curta
recupera a memória dos tradicionais festivais nas praias de Maceió e os
A busca pela identidade e um mergulho interior também marca Mulher relatos de pesquisadores, DJs e cantores, como Luana do Reggae.
Oceano, de Djin Sganzerla. A escritora Hannah muda-se para o Japão,
não sem levar consigo a imagem de uma mulher nadando no mar Em São Paulo, um entregador de aplicativo almeja um futuro melhor
do Rio de Janeiro, Ana. A mulher e o seu duplo, ambas interpretadas enquanto sobrevive com seu trabalho precarizado e enfrenta o racismo
pela diretora, cada uma dessas personagens vai trazer as dimensões cotidiano, na ficção Você Tem Olhos Tristes, de Diogo Leite, que abre
simbólicas do mergulho no oceano. O mar é a metáfora para o mergulho a sessão 2. A atriz paraibana Marcélia Cartaxo interpreta a vizinha da
da escrita e para a compreensão mais profunda da existência interior, confeiteira que a convida para provar sobremesas na ficção agridoce
mas também dos sentidos da alteridade e do contato com outra cultura. paranaense Ela que Mora no Andar de Cima, de Amarildo Martins. Do
Amazonas, a ficção O Barco e o Rio, de Bernardo Ale Abinader, mostra o
Mirador, de Bruno Costa, vai trazer, por outro lado, os desafios da embate entre duas irmãs que herdaram uma embarcação para sustento
masculinidade quando confrontada com um papel que a princípio da família em uma comunidade de pescadores. O curta conta com
não lhe cabe. Maycon é boxeador e vive em meio a bicos e trabalhos a participação da atriz Isabela Catão, que também está no elenco de
precários. O filme prima pelo trabalho dramatúrgico e um forte Enterrado no Quintal, que integra a programação da Mostra Panorama.
trabalho com o elenco. Na trama, é pungente a forma como ele vai Para encerrar a Mostra Praça 2, O documentário pernambucano Rebu
descobrir, em meio às maiores dificuldades, como equilibrar desejos é um ensaio da realizadora Mayara Santana que, em primeira pessoa,
e responsabilidades, com destaque para as cenas entre o personagem narra sobre sua vivência lésbica em meio a diferentes performances de
principal e a pequena Malu. masculinidade, como a de seu próprio pai.
Nos curtas-metragens, 13 filmes aparecem distribuídos em três Nas ruas de Salvador, dois irmãos pequenos desejam uma bola de
sessões. Na primeira sessão, a produção paulista Primeiro Carnaval, de futebol em uma aventura durante a tradicional festa popular do Senhor
Alan Medina, é uma ficção curtinha sobre uma criança que celebra sua do Bonfim, no curta ficcional baiano 5 Fitas, de Heraldo de Deus e Vilma
primeira festa de carnaval, sob o olhar livre dos pais. O documentário Martins, que abre a terceira sessão da Mostra Praça. A relação afetiva de
carioca Quarta: Dia de Jogo, de Clara Henriques e Luiza França, percorre vários personagens com a última transmissão de uma emissora de rádio
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA PRAÇA 125
Camila Vieira
Felipe André Silva
Tatiana Carvalho Costa
Francis Vogner dos Reis
Lila Foster
Curadores
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA PRAÇA • LONGAS 126
Direção: Bruno Costa Roteiro: Bruno Costa e William Biagioli Produção Executiva: Chris Direção e Produção: Djin Sganzerla Roteiro: Djin Sganzerla e Vana Medeiros Produção
Spode e Fran Camilo Assistente de Direção: Eugenia Castello Direção de Produção: Andrea Executiva: Ludmila Patrício e Produção Executiva Rio: Fernanda Romero e Cavi
Tomeleri Fotografia: Elisandro Dalcin Direção de Arte: Ana Bona Figurino: Isbella Brasileiro Borges Assistente de Direção: Zoe Yasmine Montagem: Karen Akerman Fotografia:
Som Direto: Lucas Maffini Mixagem: Alessandro Larocca, Eduardo Virmond e Guilherme André Guerreiro Lopes Direção de Arte Rio de Janeiro: Isabela Azevedo Figurino: João
Marinho Montagem: Matheus Kerniski Edição de Som: Luiz Lepchak Empresa Produtora: Marcos de Almeida Som Direto Rio de Janeiro: Pedro Assumpção; Som Direto Japão:
Metafixa Produções Coprodução: Costa Filmes e Guaipeca Filmes do Brasil Empresa Zoe Yasmine Mixagem e Edição de Som: Edson Secco Trilha Sonora: Rafael Cavalcanti
Distribuidora: Olhar Distribuição Elenco: Edilson Silva, Maria Luiza da Costa, Stephanie Empresa Produtora: Mercúrio Produções Empresa Distribuidora: Elo Company Elenco:
Fernandes, Giovana Soar e Luiz Pazello Djin Sganzerla, Kentaro Suyama, Stênio Garcia, Lucélia Santos, Gustavo Falcão, Rafael
Zulu, Jandir Ferrari
Maycon é um boxeador que treina para retornar aos ringues enquanto divide seu
tempo com dois subempregos. Pai de Malu, fruto de uma relação casual que teve com Ao se mudar para Tóquio, uma escritora brasileira escreve seu novo livro, instigada
Michele, ele tem sua vida revirada quando se vê na situação de ter que cuidar da filha por experiências no Japão e a cena que presenciou no Rio de Janeiro: uma nadadora
sozinho. Entre a rotina exaustiva de treinos e bicos para sobreviver, a maior luta de rasgando o horizonte em mar aberto. Essas duas mulheres aparentemente não
Maycon ainda está por ser vencida: Tornar-se pai. compartilham nenhuma conexão, até que suas vidas começam a interferir uma
na outra, ligadas pelo mar. Hannah, escritora, mergulha em uma jornada de
Contato: williambiagioli@gmail.com autodescoberta no Japão, enquanto Ana, nadadora, tem seu corpo transformado em
uma espécie de oceano interior.
Contato: smercurioproducoes@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA PRAÇA • LONGAS 127
Direção: Éthel Oliveira, Júlia Mariano Roteiro: Éthel Oliveira, Helena Dias, Julia Mariano, Direção: Bruno Xavier, Roger Pires, Yargo Gurjão e Felipe de Paula Roteiro: Bruno Xavier,
Lumena Aleluia Produção Executiva: Júlia Mariano Direção de Produção: Helena Dias Roger Pires, Yargo Gurjão Produção Executiva: Maíra Bosi Direção de Produção: Roger
Montagem: Mariana Penedo, edt. Montagem Adicional: Gabi Paschoal, edt. Direção de Pires Montagem: Yargo Gurjão Fotografia: Bruno Xavier Som Direto: João Martins
Fotografia: Marina S. Alves Direção de Fotografia Brasília: Carol Matias, David Alves Mattos e Juliana Gurgel Mixagem: Érico Sapão Trilha Sonora Original: Charles Freitas e Wide
Direção de Arte: Julia Rocha Som Direto: Anne Santos, Irla Franco, Vitoria Parente Som Open Mind Controller: Micael Bispo Empresa Produtora: Nigéria Filmes Empresa
Direto Brasília: Juciele Fonseca Mixagem: Daniela Pastore Edição de Som: Simone Alves Distribuidora: Arco Filmes
Trilha Sonora: Maíra Freitas Empresa Produtora: Noix Cultura Empresa Distribuidora:
Embaúba Filmes Elenco: Jaqueline Gomes, Mônica Francisco, Renata Souza, Rose Qual grupo vai ser campeão do Campeonato de Swingueira? O documentário aborda
Cipriano, Tainá de Paula, Talíria Petrone um dos maiores fenômenos musicais das periferias do Nordeste do Brasil (também
conhecido como pagodão baiano) e mostra uma competição que coloca Isaac, Índia,
Em resposta à execução de Marielle Franco, as eleições de 2018 se transformaram Elly e Thiago frente a frente. Os quatro são moradores de bairros periféricos e têm baixa
no maior levante político conduzido por mulheres negras que o Brasil já viu, com renda. Na hora do lazer, fazem parte de grupos de dança. Com filmagens em Fortaleza
candidaturas em todos os estados. No Rio de Janeiro, Mônica Francisco, Rose Cipriano, e Salvador, o filme começou a ser rodado em 2015 e mergulhou na realidade desses
Renata Souza, Jaqueline de Jesus, Tainá de Paula e Talíria Petrone se candidataram aos jovens para traçar um panorama da realidade brasileira na última década.
cargos de deputada estadual ou federal. O documentário acompanhou essas mulheres
em suas campanhas, mostrando que é possível uma nova forma de se fazer política no Contato: contatonigeria@gmail.com
Brasil, transformando o luto em luta.
Contato: noix.cultura@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA PRAÇA • LONGAS 128
Percurso sensível pela vida e obra de um dos maiores artistas da música nacional, Luiz
Melodia. Com registros desde os anos 70, o filme apresenta sua trajetória da juventude
no Morro do Estácio até a consagração como poeta.
Contato: producao@donarosafilmes.com.br
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA PRAÇA • CURTAS 129
Foto: divulgação
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5 FITAS AINDA TE AMO DEMAIS CASA COM PAREDE
FICÇÃO, COR, DIGITAL, 15MIN, BA, 2020 DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 21MIN, AL, 2020 DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 16MIN, RN, 2020 ,
Direção: Heraldo de Deus e Vilma Martins Direção: Flávia Correia Direção: Dênia Cruz
Em Salvador (Brasil), todo ano ocorre a grande e Algo insuspeito une essas pessoas. E agora elas se Um assentamento urbano em remoção, após um
tradicional festa para Senhor do Bonfim, onde fiéis, reencontram. incêndio que destruiu mais de 50% dos barracos.
turistas e foliões peregrinam até a famosa igreja para Mulheres, homens e crianças em mudança para tão
amarrar fitas e fazer pedidos. Dois irmãos, Pedro e Contato: flavia.correia@gmail.com sonhada moradia. Essa história é revelada de forma
Gabriel, ouvem desde cedo as histórias e rezas de sua lúdica por uma criança de oito anos que viveu com sua
avó ao Senhor do Bonfim e decidem fugir no dia da mãe numa comunidade entre tábuas e lonas, mas que
lavagem, se aventurar entre a multidão, para tentar sonhava morar em uma casa com parede.
pedir uma bola de futebol, já que cresceram sem uma
figura paterna. Lá confrontam as narrativas de sua Contato: paulo_andre1204@hotmail.com
avó com a lavagem atual, trazendo questões sobre
religiosidade, sincretismo, manifestação popular e a
importância da família.
Contato: vilmacarlams@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA PRAÇA • CURTAS 130
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ELA QUE MORA NO ANDAR MAGNÉTICA NOITE DE SERESTA
DE CIMA EXPERIMENTAL, COR, DIGITAL, 16MIN, RS, 2020 DOCUMENTÁRIO, COR, DCP, 19MIN, CE, 2020
FICÇÃO, COR, DCP, 14MIN, PR, 2020
Direção: Marco Arruda Direção: Sávio Fernandes e Muniz Filho
Contato: amarildojosemartins@gmail.com
Contato: marcoclean@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA PRAÇA • CURTAS 131
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O BARCO E O RIO PEGA-SE FACÇÃO PRIMEIRO CARNAVAL
FICÇÃO, COR, DCP, 17MIN, AM, 2020 DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 13MIN, PE, 2020 FICÇÃO, COR, DCP, 5MIN, SP, 2020 ,
Direção: Bernardo Ale Abinader Direção: Thaís Braga Direção: Alan Medina
Vera é uma mulher religiosa que cuida de uma Em uma região onde a seca dura a maior parte do ano Uma criança vive a mágica do carnaval pela primeira vez.
embarcação no porto de Manaus. Ela precisa lidar com e a agricultura familiar não garante o sustento, mãe
a irmã, Josi, com quem diverge em relação a como lidar e filha veem como única saída a costura domiciliar Contato: contato@sonhadorfilmes.com
com o barco e sobre como viver a vida. terceirizada na zona rural de Caruaru (PE). Mas qual é
o preço a ser pago?
Contato: reinel.garcia.perez@gmail.com
Contato: cn.barbosa@outlook.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA PRAÇA • CURTAS 132
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RÁDIO CAPITAL ALVORADA REBU
FICÇÃO, COR, DIGITAL, 20MIN, DF, 2020 DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 21MIN, PE, 2020
Por décadas, Brasília foi palco de uma emblemática Documentário em primeira pessoa que se propõe
rádio que transmitia apenas músicas orquestradas na a investigar dentro da minha vivência sapatão as
programação. Em seu último dia de funcionamento, diversas performances de masculinidade, levando
os poucos mas cativos ouvintes não sabem que ela em conta meus três últimos relacionamentos e
está acabando. Inspirado nos relatos das pessoas que também em entrevistas com o homem com o qual eu
gostariam de ter vivenciado aquele acontecimento, cresci, Pedro Bala, meu pai. O filme pretende abordar
mas não conseguiram. com descontração e deboche temáticas como o
talento paquerador, flexibilidade com a verdade,
Contato: larissa@ganchodenuvem.com.br relacionamento abusivo, irresponsabilidade afetiva,
reprodução de machismo, impulsividade e romance.
Temas que permeiam a vida dos dois personagens,
mesmo que separados por um recorte geracional,
cultural e de gênero.
Contato: mayara.santana.mas@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA PRAÇA • CURTAS 133
Foto: divulgação
Foto: divulgação
QUARTA: DIA DE JOGO VOCÊ TEM OLHOS TRISTES
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 15MIN, RJ, 2020 FICÇÃO, COR, DCP, 19MIN, SP, 2020
A quarta-feira, no Rio de Janeiro, é diferente dos outros Luan trabalha como bikeboy de aplicativo e enfrenta
dias por ter futebol à noite. O filme traça a jornada de dilemas e preconceitos na sua jornada diária de
alguns trabalhadores através da rádio Bafo de Onça. entregas em uma cidade grande. Sem hesitar, sonha
Mas como nem tudo é sobre futebol, há quem prefira com um futuro melhor.
dançar música brega na Feira de São Cristóvão ao fim
do expediente. Contato: diogo82@gmail.com
Contato: franteicher@gmail.com
MOSTRA
SESSÃO DA MEIA-NOITE
SESSÃO DA
MEIA-NOITE
Ambos os filmes têm diferenças e similaridades. As diferenças passam pelo estilo e pelo tom.
O filme de Armando Fonseca e André Kapel é uma narrativa urbana de filme policial e com
de ritmo amparado em uma montagem mais frenética, ação coreográfica em cenas de luta
e um horror gráfico que remete aos quadrinhos. Feito com eficiência e profissionalismo,
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA SESSÃO DA MEIA-NOITE 136
Direção e Roteiro: Rodrigo Aragão Produção Executiva: Mayra Alarcón Direção de Roteiro: Armando Fonseca e Kapel Furman Produção Executiva: Antônio Carlos de
Fotografia e Desenho de Som: Alexandre Barcelos Direção de Produção: Ana Carolina Almeida Castro, o Kakay; João Pedro Fleck, Nicolas Tonsho, Paulo Boccato Assistente de
Braga Trilha Sonora Original: João MacDowel Direção de Arte: Eduardo Cardenas Figurino: Direção: Fernanda Fraiz, Patrícia Monegatto, Raphael Borghi Direção de Produção: Thiago
Regina Schimitt Direção de Efeitos Especiais: Rodrigo Aragão Edição: Thiago Amaral VFX: Freire Montagem: André Z. Pagnossim Fotografia: Andre Sigwalt Direção de Arte: Lize
Joel Caetano Finalização: BLiv Media Elenco: Renato Chocair, Allana Lopes, Diego Garcias, Borba Trilha Sonora: Fernando Arruda Mixagem: Ariel Henrique Som Direto: Rafa Cumis
Caio Macedo, Clarissa Pinheiro, Roberto Rowntree, Francisco Gaspar e Markus Konká Edição de Som: Bruno Yudi Cenografia: Thiago Ferreira Araújo Figurino: Maite Chasseraux
Empresa Produtora: Fábulas Negras Distribuidora: Elo Company Empresa Produtora: Infravermelho Filmes Coprodução: Fantaspoa Produções, Tristan
Aronovich, Boccato Productions Elenco: Natallia Rodrigues, Ricardo Gelli, Wilton Andrade,
Corrompido pelo poder d'O livro negro de São Cipriano, um jesuíta e seus seguidores Ivo Müller, Guta Ruiz, Greta Antoine, Eduardo Semerjian, Rurik Jr., Tristan Aronovich
iniciam um reinado de terror no Brasil colonial, até serem amaldiçoados a viver
eternamente presos sob os túmulos de um cemitério. Agora, séculos depois, eles estão Após décadas desaparecido, um artefato místico chamado a Máscara de Anhangá
prontos para se libertar e espalhar sua maldade em todo o mundo. ressurge na metrópole de São Paulo, encarnando uma entidade milenar e iniciando
uma série de crimes sangrentos.
Contato: aragaofx@gmail.com
Contato: armando.infravermelho@gmail.com
MOSTRA
FOCO MINAS
ATRAVESSAMENTOS
SUBJETIVOS E
PRESENTES ASSOMBROS
DO PASSADO
As três sessões Foco Minas buscam destacar curtas e longas produzidos no estado
e trazem um sobrevoo na vigorosa produção contemporânea de Minas Gerais.
Realizadores iniciantes e experientes elaboram traumas individuais e coletivos,
subjetividades e identidades em gestos que vão da representação direta à dimensão
fabuladora, apontando possíveis saídas pelos caminhos do imaginário.
do progresso extrativista e as hipérboles de uma colonialidade ainda com o seu nome social, o que só será possível se seu ausente pai
presente à contemporânea falência ético-estética dos poderes comparecer para assinar um documento. Valentina possui uma
institucionais e simbólicos no Brasil. delicadeza no trato com o tema e uma linguagem elegante e que
busca a comunicação com um público mais variado e integra a
Em Mineiros, dirigido por Amanda Dias, a cada plano estático se sessão de encerramento da Mostra de Cinema de Tiradentes.
adensam as sensações de devastação e abandono que assombram
uma cidade, um país e, sobretudo, as pessoas vítimas de um crime Camila Vieira
ambiental que parece não ter fim. O som da sirene, o silêncio- Felipe André Silva
ausência e uma síntese em palavras reiteram as consequências Tatiana Carvalho Costa
materiais e subjetivas da presença histórica da mineração no Francis Vogner dos Reis
estado. Com direção de Rafael dos Santos Rocha, Vigília apresenta Lila Foster
a complexidade da ideia de isolamento em tempos de pandemia, Curadores
FILME DE
ENCERRAMENTO
Foto: divulgação
VALENTINA
FICÇÃO, COR, DCP, 95MIN, MG, 2020
Direção e Roteiro: Cássio Pereira dos Santos Produção: Erika Pereira dos Santos Produção
Executiva: Natália Brandino, Walder Junior, Hebe Tabachnik Direção de Produção: Kátia
Oliva Assistente de Direção: Naná Batista, Sarah Tavares Montagem: Alexandre Taira
Fotografia: Leonardo Feliciano Direção de Arte: Denise Vieira Som: Francisco Craesmeyer,
Vitor Brandão Mixagem: Alexandre Jardim Edição de Som: Camila Machado Trilha Sonora
Original: Tuyo e Xan Empresa Produtora: Campo Cerrado Produções Coprodução: Kocria
Audiovisual, Corriola Filmes Empresa Distribuidora: Anagrama Filmes Elenco: Thiessa
Woinbackk, Guta Stresser, Rômulo Braga, Ronaldo Bonafro, Letícia Franco
Valentina, uma menina trans de 17 anos de idade, muda-se para uma pequena cidade
mineira (Estrela do Sul) com sua mãe, Márcia (40). Com receio de ser intimidada na nova
escola, a garota busca mais privacidade e tenta se matricular com seu novo nome.
Para isso, ela precisa conseguir a assinatura do pai ausente, além de enfrentar o maior
desafio da sua vida. Apresentando a estreia no cinema da atriz e youtuber trans Thiessa
Woinbackk, Valentina é um reflexo dos obstáculos que a sociedade obriga uma jovem
mulher a superar, a fim de abraçar quem ela realmente é.
Contato: contato@campocerrado.com.br
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA FOCO MINAS • CURTAS 142
Foto: divulgação
Foto: divulgação
Foto: divulgação
23 MINUTOS CRUA LENÇOL BRANCO
FICÇÃO, COR, DCP, 16MIN, MG, 2020 FICÇÃO, COR, DIGITAL, 23MIN, MG, 2020 FICÇÃO, COR, DIGITAL, 19MIN, MG, 2020,
Direção: Rodrigo Beetz e Wesley Figueiredo Direção: Clara Vilas Boas e Emanuele Sales Direção: Rebecca Moreno
Um grupo de jovens amigos encontram na música Duda, uma adolescente pertencente a uma família Maria é uma adolescente de 16 anos que, após ter a
a resistência frente ao mercado de trabalho e às de classe média, tenta lidar com incômodos que a sua primeira relação sexual, tenta lidar com a tensão
adversidades sociais. perseguem cotidianamente e traumas do seu passado. sexual que está a sua volta. Vendo que depois de perder
a virgindade nada mudou de fato, ela agora tenta
Contato: santos.wesley@live.com Contato: claravilasb@gmail.com descobrir mais sobre seus intensos e incontroláveis
desejos sobre outros corpos e acaba descobrindo os
prazeres do seu próprio corpo; ao se masturbar, Maria
tem o seu primeiro orgasmo.
Contato: rebeccanmoreno@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA FOCO MINAS • CURTAS 143
Foto: divulgação
Foto: divulgação
Foto: divulgação
MINEIROS O MUNDO MINERAL PIETÀ
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 23MIN, MG, 2020 EXPERIMENTAL, COR, DIGITAL, 9MIN, MG, 2020 EXPERIMENTAL, COR, DIGITAL, 5MIN, MG, 2020
Direção: Amanda Dias Direção e Roteiro: Guerreiro do Divino Amor Direção: Pink Molotov
Minas é o principal estado minerador do país. A No âmbito de constituir um Atlas Superficcional Jesus recebe uma chuva de bênçãos após ser batizado
mineração está na raiz, na origem, na economia e Mundial, Guerreiro do Divino Amor investiga como nas águas sagradas da piscina de mil litros. Com isso ele
no nome de Minas Gerais. O sangue dos mineiros ficções de diferentes naturezas, sejam elas geográficas, recebe suficiente força para combater o mal. A justiça
está na mineração. sociais, midiáticas, políticas ou religiosas, interferem divina, no entanto, falha e o herói acaba morto no colo
na construção do território e do imaginário coletivo. da senhora sua mãe.
Contato: andre_rmc@msn.com Quinto capítulo do Atlas Superficcional, o filme é
uma fantasia de harmonia e perdão, a superficção Contato: eladegabriela@gmail.com
do milagroso equilíbrio entre povos, norte e sul,
superdesenvolvimento e supertradição.
Contato: rranquine@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA FOCO MINAS • CURTAS 144
Foto: divulgação
Foto: divulgação
Foto: divulgação
SAPATÃO: UMA RACHA/DURA VIDEOMEMORIA VIGÍLIA
NO SISTEMA DOCUMENTÁRIO, COR, DCP, 23MIN, PE/MG, 2020 DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 8MIN, MG, 2020
EXPERIMENTAL, COR, DIGITAL, 12MIN, MG, 2020
Direção: Aiano Bemfica e Pedro Maia de Brito Direção: Rafael dos Santos Rocha
Direção: Dévora MC
o tempo passa como um cigarro fumado à noite Enquanto a maior parte dos habitantes de Belo
quando através de sua fumaça vejo Horizonte protege-se dentro de suas casas contra a
Por que estamos tão cansades? Uma entregadora
cada imagem daqueles dias que ainda lembro pandemia da covid-19, um enorme contingente de
por aplicativo responde. Em sua última postagem:
para sorrindo chorar nossas glórias pessoas é obrigado a estar nas ruas e a trabalhar.
um desabafo e uma despedida. Um corpo vivo, uma
Para muitas delas a rua é muito mais que um ponto de
sociedade em colapso. Uma corpa que tensiona
Contato: maiaapedro@gmail.com passagem: é a própria casa. Na vivência das ruas, as
a cidade. Rompe com padrões. Cria racha/duras.
recomendações sanitárias nem sempre têm condições
Sapatão, guarde este dia com carinho.
de serem cumpridas completamente. Mas a luta e
a resistência contra o vírus também acontecem de
Contato: dehmcquade@gmail.com
maneiras inesperadas. Edésio José da Silva, conhecido
como Veizin, é um catador de material reciclado que
trabalha no Centro de Belo Horizonte. Por onde passa,
Edésio entoa em voz alta as canções que ele inventa
pelas rua vazias da cidade.
Contato: luisa.bahury@gmail.com
MOSTRA
FOCO
DISTOPIAS COTIDIANAS
E FIGURAÇÕES DE
UM PÓS-MUNDO
A Mostra Foco abre com o curta experimental mineiro Drama Queen, de Gabriela Luiza.
Com imagens feitas no isolamento social durante a pandemia da covid-19, a realizadora
se coloca em cena em breve exercício ensaístico, que mistura momentos de humor,
melancolia e sátira cotidiana em torno da possibilidade de criação no contemporâneo. O
baiano Marcus Curvelo também aparece em frente às câmeras em sua ficção A Destruição
do Planeta Live. Na trama, o realizador encontra-se dividido entre fazer uma live ou se
autoaniquilar, enquanto o país mergulha em profunda crise política institucional. O
curta ficcional paulista Céu de Agosto, de Jasmin Tenucci, traz como protagonista uma
mulher grávida que frequenta uma igreja neopentecostal, cuida de sua avó doente e lida
constantemente com a ansiedade em uma atmosfera poluída pelo efeito das queimadas.
A sessão Foco 1 encerra com o experimental carioca Lambada Estranha, de Luisa Marques
e Darks Miranda, em que explosões tomam conta do fim do mundo e diferentes corpos
dançam em meio às ruínas.
A sessão Foco 2 se inicia com Ratoeira, curta catarinense de Carlos Adelino, em que a
distopia e o filme pós-apocalíptico são reinventados no espaço exíguo de uma pequena
oficina de reformas eletrônicas. Interpretado pelo músico Neném Maravilha, o técnico
MacGyver observa com melancolia o seu mundo acabar. No manauara De Costas pro Rio,
dirigido por Felipe Aufiero, é o cinema de gênero que se vê desafiado, ao ser alinhado com o
documentário. No filme, vozes místicas e ancestrais trazem de volta a Manaus um homem
que se afastou da própria terra. Já o curioso e instigante curta paranaense Eu te Amo,
Bressan, dirigido pelo jovem cineasta Gabriel Borges, brinca com a metalinguagem e com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA FOCO 147
Camila Vieira
Felipe André Silva
Tatiana Carvalho Costa
Curadores
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA FOCO • CURTAS 148
Contato: dacostapereirajulia@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA FOCO • CURTAS 149
Foto: divulgação
CÉU DE AGOSTO DE COSTAS PRO RIO DRAMA QUEEN
FICÇÃO, COR, DCP, 16MIN, SP, 2020 FICÇÃO, COR, DIGITAL, 16MIN, AM/ PR, 2020 EXPERIMENTAL, COR, DIGITAL, 11MIN, MG, 2020
Direção e Roteiro: Jasmin Tenucci Roteiro: Jasmin Tenucci Direção, Roteiro e Montagem: Felipe Aufiero Produção Direção e Montagem: Gabriela Luíza
Coescrito por Saim Sadiq Produção Executiva: Henrique Executiva: Felipe Aufiero, Joel Schoenrock, Carlos Macagi
Carvalhaes, Ricardo Mordoch e Kári Úlfsson Montagem: Empresa Produtora: Casa Livre Produções Os dilemas da diretora, que mirando realizar um
Fernanda Frotté e Brúsi Ólason Empresa Produtora: documentário, acaba por acertar no filme-ensaio.
Substância Filmes e AmorDoch Filmes Após o contato de um espírito da floresta, Pietro volta Uma ode à arte dramática surpreendida por uma
para Manaus para salvá-la. Ele deve evitar que a cidade enxurrada tragicômica.
Em um mundo em chamas, uma enfermeira grávida seja destruída por uma cobra-grande que dorme nos
de sete meses lida com uma crescente ansiedade, subterrâneos da região. Contato: eladegabriela@gmail.com
enquanto se vê, aos poucos, atraída por uma fiel da
igreja pentecostal e por sua comunidade. Contato: f.aufiero.fonseca@hotmail.com
Contato: jasminft@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA FOCO MINAS • CURTAS 150
Foto: divulgação
Foto: divulgação
Foto: divulgação
EU TE AMO, BRESSAN LAMBADA ESTRANHA NOVO MUNDO
FICÇÃO, COR, DCP, 17MIN, PR, 2020 EXPERIMENTAL, COR, DIGITAL, 12MIN, RJ, 2020 FICÇÃO, COR, DCP, 21MIN, RJ, 2020
Direção e Roteiro: Gabriel Borges Produção Executiva: Direção: Luisa Marques, Darks Miranda Roteiro: Darks Direção e Roteiro: Natara Ney e Gilvan Barreto Produção
Gabriel Borges, Sabrina Trentim Montagem: Rodrigo Miranda Empresa Produtora: Filmes da Zona Abissal Executiva: Frida Projetos Culturais / Mariane Goldberg
Tomita Empresa Produtora: Coco Filmes e Ana Silvia Forgiarini Montagem: Natara Ney Empresa
Rio de Janeiro, 2020. A cidade se incendiou e sua água Produtora: Gilvan Barreto Arte e Cultura
Depois do fim de seu namoro, Bressan remonta secou ou está contaminada. Das profundezas da terra
episódios de seu relacionamento em uma inusitada e do céu surgem seres extra-humanos desorientados. Um paraíso para os olhos, a frase define o lugar de
história de amor. destino da personagem, A Terra Sem Males. Depois de
Contato: luisas@gmail.com caminhar por florestas e ruínas, ela percebe que aquele
Contato: gpfbsilva@gmail.com território foi erguido sobre o sangue de muitos povos.
Esse conhecimento poderia deixá-la paralisada, criar
medo, mas inspira atos de coragem.
Contato: mariane@frida.net.br
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA FOCO MINAS • CURTAS 151
Foto: divulgação
PRECES PRECIPITADAS DE RATOEIRA
UM LUGAR SAGRADO QUE FICÇÃO, COR, DIGITAL, 10MIN, SC, 2020
Direção: Rafael Luan e Mike Dutra Roteiro: Rafael Luan Entre os resíduos da sociedade de consumo, o técnico
Produção Executiva: Lia Mota Montagem: Gabi Trindade em eletrônica Macgyver (Neném Maravilha) descobre
Empresa Produtora: Tarde na Rua Filmes um mundo tão cheio de coisas e tão vazio de sentidos.
Contato: rafaluansilva@gmail.com
MOSTRA
PANORAMA
DIVERSIDADE ESTÉTICA,
MODULAÇÕES DE
SUBJETIVIDADES E CRISES
Com maior número de sessões – seis ao todo –, a Mostra Panorama apresenta um conjunto amplo
e diversificado da produção de curtas-metragens realizados em 2020. Propostas experimentais,
construções ficcionais e olhares documentais são lançados por realizadores de diferentes
territórios do país.
Abrindo a sessão Panorama 1, Levantado do Chão, curta de Gustavo Jahn e Melissa Dullius criado entre
Brasil e Alemanha, é um experimento onírico que usa a textura granulada do 16mm e a falta de som para
potencializar as imagens de um homem perdido por entre os lugares e as pessoas que compõem uma
cidade. Também de caráter experimental, porém mais caótico e fragmentado, o filme Minha Bateria Está
Fraca e Está Ficando Tarde, de Rubiane Maia e Tom Nóbrega, captura, através da tela sempre viva de um
computador, a relação entre dois amigos num exílio forçado por conta da pandemia. Ilha do Sol, de Lucas
Parente, Rodrigo Lima e Walter Reis, homenageia a figura mítica de Luz Del Fuego através de uma breve
e poética performance. Vindo de João Pessoa, o curta Animais na Pista, de Otto Cabral, faz uma investida
ousada no cinema de gênero, ao acomodar todo o desenrolar de um acidente, e suas consequências,
numa sequência de planos longos e inquietantes. Usando o ambiente da noite de forma diversa, o carioca
Vagalumes, de Léo Bittencourt, explora de forma sensual e insidiosa as cenas e personagens que se
desenrolam durante a madrugada no Parque do Flamengo.
O curta manauara Seiva Bruta tem direção de Gustavo Milan e se conecta a um cinema narrativo
contemporâneo na América Latina para abordar questões como imigração, gênero e violência. No
paulista Mangue-Branco, dirigido por Flávia K. Ventura, a resignação de uma mulher com sua vida
monótona – dedicada ao trabalho e a um casamento empalidecido – é abalada por um acontecimento
trágico num curta ficcional de narrativa rarefeita. Opy’i Regua, documentário gaúcho codirigido por
Júlia Gimenes e Sérgio Guidoux, acompanha e descreve o processo de construção de uma casa de reza
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA PANORAMA 154
(Opy) para um ritual Mbya-Guarani, numa imersão espaço-temporal em da História, de Victor Abreu, é um perfil do poeta que dá título ao curta.
gestos – civilizatórios – de partilha. O também gaúcho Construção depura a Diagnosticado com esquizofrenia e com histórico longo de internações,
persistência de uma mulher e seus filhos que, despejados, precisam erguer, o escritor integrou o movimento antimanicomial no Brasil e lutou pela
com as próprias mãos, uma nova casa. O documentário dirigido por Leonardo aprovação da Lei de Reforma Psiquiátrica, aprovada em 2001. O curta
da Rosa encerra a sessão Panorama 2. paranaense Você Já Tentou Olhar nos meus Olhos?, de Tiago Felipe, monta
com imagens fotográficas um ensaio sobre o corpo de um jovem negro. Na
A realizadora paulista Julia Katharine propõe em Won’t You Come Out to Play? ficção paraibana A Pontualidade dos Tubarões, a diretora Raysa Prado parte
um tipo raro de filme, um delicado melodrama caseiro sobre as complexas de uma alusão à literatura de Gabriel Garcia Márquez para fabular sobre um
relações de uma filha com sua mãe, pai e meia-irmã. Uma proposta jovem que sobrevive de pequenos bicos e aguarda ligações telefônicas em
ficcional mais tradicional também norteia Três Graças, curta capixaba seu apartamento. A ficção científica paulista Babelon, de Leon Barbero,
dirigido por Luana Laux, que observa a ciranda de sonhos e desejos de três apresenta um homem comum – interpretado por Caetano Gotardo – que
irmãs, moradoras de uma fazenda que abriga uma fábrica de cachaça. está imerso por aparatos tecnológicos e precisa lidar com o excesso de
Dirigido por Bruna Barros e Bruna Castro, o documentário baiano À Beira do comunicação mediado por uma voz. No flerte com o cinema de ação,
Planeta Mainha Soprou a Gente utiliza a mescla entre imagens de arquivo e Enterrado no Quintal, de Diego Bauer, encerra a sessão 5. O curta narra a
observação direta para investigar a complexa e por vezes difícil relação entre história de uma mulher que busca se vingar do padrasto que agredia sua
mães e suas filhas lésbicas. Já no curta paulista O Jardim Fantástico, de Fábio mãe. No papel da protagonista, a atriz Isabela Catão também integra o elenco
Baldo e Tico Dias e que encerra a sessão Panorama 3, uma professora utiliza do curta O Barco e o Rio, que está na programação da Mostra Praça.
ayahuasca com seus alunos e vê as crianças se conectarem com os poderes
ancestrais da floresta. A animação mineira Vida Dentro de um Melão, de Helena Frade, abre a sessão
Panorama 6 com fragmentos cotidianos do espaço familiar da realizadora
Fora de Época e Adelaide, Aqui Não Há Segunda Vez para o Eerro trazem, e suas memórias de infância, ao lado da avó, mãe, pai e irmã. De Goiás, o
cada um à sua maneira, escritoras malditas pouco abordadas no cinema curta Choveu Há Pouco na Montanha Deserta, de Rei Souza, parte do drama
brasileiro. O primeiro filme da sessão Panorama 4 – toda composta por filmes de um jovem ex-detento que busca retomar sua vida cotidiana, quando
realizados em São Paulo – é codirigido por Drica Czech e Laís Catalano Aranha volta à cidade natal. No documentário paulista Caminhos Encobertos, de
e se utiliza da obra de Cassandra Rios para revelar a uma filha lésbica o que Beatriz Macruz e Maria Clara Guiral, duas lideranças da etnia Guarani Mbya
sua falecida mãe precisou esconder sobre o passado. No segundo curta, que sobem o Pico do Jaraguá e recordam a história do seu povo em meio à
tem direção de Anna Zêpa, é Adelaide Carraro que tem a obra rememorada reconfiguração urbana do local. Interpretada pela atriz Rejane Faria, uma
por sua persona articulada ao imaginário de leitores em torno da própria operária de uma fábrica têxtil organiza uma greve junto com suas colegas
sexualidade. Realizado por Sara Antunes, De Dora, por Sara conecta de trabalho, na ficção mineira Vitória, de Ricardo Alves Júnior, que encerra a
duas gerações de mulheres para revisitar a Represa de Dora, recriando a Mostra Panorama 6.
comunicação entre as militantes Maria Auxiliadora Lara Barcelos e Clélia
Lara Barcelos no período da ditadura militar, fabulando possibilidades de lida Camila Vieira
com traumas individuais e coletivos. Encerrando a sessão, Menarca, de Lillah Felipe André Silva
Halla, acompanha as estratégias de defesa de crianças que convivem com Tatiana Carvalho Costa
abusos sexuais em um ambiente embrutecido e habitado pelo fantástico. Curadores
Foto: divulgação
À BEIRA DO PLANETA A PONTUALIDADE DOS ADELAIDE, AQUI NÃO HÁ
MAINHA SOPROU A GENTE TUBARÕES SEGUNDA VEZ PARA O ERRO
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 13MIN, BA, 2020 FICÇÃO, COR, DCP, 16MIN, PB, 2020 DOCUMENTÁRIO, COR, DCP, 20MIN, SP, 2020
Direção, Roteiro e Montagem: Bruna Barros e Bruna Direção: Raysa Prado Roteiro: Raysa Prado e Joseph Direção: Anna Zêpa Roteiro e Montagem: Anna Zêpa e
Castro Anderson Produção Executiva: Tarciana Gomes Ana Carolina Marinho Produção Executiva: Ana Carolina
Montagem: Edson Lemos Akatoy Marinho Empresa Produtora: Bela Filmes
Através de imagens de arquivo pessoal e reflexões
sobre as ambivalências que às vezes se imprimem em Atendendo ligações de pessoas diferentes todos os Quem foi Adelaide Carraro? Por que me desvendar é
relações cheias de amor, o filme apresenta recortes de dias, João passa minuciosamente as horas dentro de uma tarefa árdua? Tive mais de 5 milhões de livros
afeto entre duas sapatonas e suas mães. seu apartamento. Em meio a sua rotina, tudo se altera vendidos? Uma das mais lidas no Brasil entre os anos
pontualmente às cinco da tarde. 60 e 70? Perseguida, acusada de sensacionalista,
Contato: brunalcmorais@gmail.com pornográfica e autora de uma subliteratura? Onde
Contato: raysaignaciodoprado@gmail.com estão meus rastros?
Contato: zepa.anna@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA PANORAMA • CURTAS 156
Foto: divulgação
ANIMAIS NA PISTA BABELON CAMINHOS ENCOBERTOS
FICÇÃO, COR, DCP, 9MIN, PB, 2020 FICÇÃO, COR, DCP, 13MIN, SP, 2020 DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 26MIN, SP, 2020
Direção e Roteiro: Otto Cabral Produção Executiva: Nina Direção: Leon Barbero Roteiro: Leon Barbero e Leonardo Direção e Roteiro: Beatriz Macruz e Maria Clara Guiral
Rosa, Rodolpho de Barros, Metilde Alves Montagem: Ely Pessoa Produção Executiva: Daniel Barosa e Nikolas Maciel Produção Executiva: Ibirá Machado Montagem: Luden Viana
Marques Empresa Produtora: Pigmento Cinematográfico Montagem: Roberta Bonoldi Empresa Produtora: Joki
Karai Mirim e Karai Jekupe são lideranças Guarani Mbya
Um acidente de percurso diz muito a respeito da Quando um homem comum percebe a falsidade no que moram na Terra Indígena Jaraguá, em São Paulo.
humanidade. emaranhado de telas e transmissões, uma misteriosa Enquanto sobem o Pico do Jaraguá, eles contam parte
voz digital surge para expor quais segredos se da história Guarani da metrópole.
Contato: rodolphodebarros@hotmail.com escondem por detrás das falsas verdades.
Contato: mcguiralbassi@gmail.com
Contato: leon@joki.com.br
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA PANORAMA • CURTAS 157
Contato: sara_antunes@hotmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA PANORAMA • CURTAS 158
Foto: divulgação
ENTERRADO NO QUINTAL FORA DE ÉPOCA ILHA DO SOL
FICÇÃO, COR, DIGITAL, 15MIN, AM, 2020 FICÇÃO, COR, DIGITAL, 13MIN, SP, 2020 EXPERIMENTAL, COR, DCP, 9MIN, RJ, 2020
Direção: Diego Bauer Roteiro: Diego Bauer, baseado Direção e Produção Executiva: Drica Czech e Laís Direção: Lucas Parente, Rodrigo Lima e Walter Reis
no conto de Diego Moraes Produção Executiva: Ítalo Catalano Aranha Roteiro: Drica Czech Montagem: Laís Roteiro: Lucas Parente e Rodrigo Lima Produção
Almeida, Diego Bauer Montagem: Eduardo Resing Catalano Aranha Executiva: Fernanda Romero e Jura Capela Montagem:
Empresa Produtora: Artrupe Produções Rodrigo Lima Empresa Produtora: Besta Fera Filmes e
Lésbica com familiares conservadores, Renata acaba Filmes Soledade
Quando mais jovem, Isabela enterrou um revólver no de votar no segundo turno das eleições presidenciais
quintal de casa, com uma promessa de se vingar do de 2018. Ansiosa e abalada psicologicamente, ela Num futuro primitivo é traçado um grafismo ameríndio,
seu padrasto, que agredia sua mãe. Anos depois ela pede para que os amigos a avisem sobre o resultado e mediterrâneo, diante de uma Baía de Guanabara
desenterra a arma e vai em busca de sua vingança. foge para um sítio da família. Sentindo-se deslocada silenciosa e decrépita.
e sem conseguir dormir, entra na casa velha onde sua
Contato: reinel.garcia.perez@gmail.com mãe decidiu passar os últimos dias de vida isolada. Ao Contato: astramonstra@gmail.com
limpar o local, Renata encontra um livro que muda sua
visão sobre sua mãe e sua própria história, fazendo-a
tomar uma decisão sobre como deverá seguir sua vida
a partir de agora.
Contato: lais@laisaranha.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA PANORAMA • CURTAS 159
Foto: divulgação
Foto: divulgação
Foto: divulgação
LEVANTADO DO CHÃO MANGUE-BRANCO MENARCA
FICÇÃO, COR, DCP, 11MIN, SC/RS, 2020 FICÇÃO, COR, DCP, 18MIN, SP, 2020 FICÇÃO, COR, DCP, 21MIN, SP, 2020
Direção: Melissa Dullius e Gustavo Jahn Roteiro: Melissa Direção: Flávia K. Ventura Roteiro: Flávia K. Ventura, Júlia Direção: Lillah Halla Roteiro: Libia Pérez e Lillah Halla
Dullius Produção Executiva, Montagem e Empresa Sconzo Produção Executiva: Bianca Andriello, Raquel Produção Executiva: Gustavo Aguiar e Renata Miyazaki
Produtora: Distruktur Andriello, Francesco Andriello Montagem: Lucas Navarro Montagem: Eva Randolph, edt. Empresa Produtora: Ano
Empresa Produtora: Faap Zero Produções
Então ele acorda e pensa que acordou do sonho, acorda
e pensa que adormeceu... Ele então acorda tarde, Maíra vive em uma pequena cidade litorânea, onde Num vilarejo de águas contaminadas, duas crianças
percebe que já está escuro e sente muito sono. trabalha como massagista em um hotel. Passa fantasiam com a primeira menstruação, enquanto
os dias em uma rotina sem grandes entusiasmos engendram maneiras de se proteger da quase inevitável
Contato: mail@distruktur.com e perspectivas, na qual se divide entre o trabalho violência que as espera.
insosso, a convivência com um marido distante e
caminhadas pela cidade. Certa tarde, depara-se com Contato: lillahalla@gmail.com
um acontecimento que reverbera no seu interior como
um impulso para rever sua vida como um todo.
Contato: flaviakventura@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA PANORAMA • CURTAS 160
Contato: rubianemaia@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA PANORAMA • CURTAS 161
Foto: divulgação
Foto: divulgação
OPY'I REGUA SEIVA BRUTA TRÊS GRAÇAS
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 26MIN, RS, 2020 FICÇÃO, COR, 16MM, 17MIN, AM, 2020 FICÇÃO, COR, DIGITAL, 19MIN, ES, 2020
Direção e Roteiro: Júlia Gimenes, Sérgio Guidoux Direção, Roteiro e Produção Executiva: Gustavo Milan Direção: Luana Laux Roteiro: Léo Alves Produção
Montagem: Sérgio Guidoux Empresa Produtora: Meio do Montagem: Jon Kadocsa Empresa Produtora: Nanucha Executiva: Sullivan Silva e Leandra Moreira Montagem:
Mundo Filmes Films Mariana Duarte e Paula Sancier Empresa Produtora: Caju
Produções e Lúdica Audiovidual
Gente grande e gente pequena, sabida e iniciante, Marta, uma jovem mãe venezuelana, imigra para o
pegam junto em um processo de construção, coleta, Brasil. Durante a sua jornada, ela conhece um jovem Numa fazenda no interior do Brasil, que abriga uma
aprendizagem e reverência. No extremo sul da Mata casal em dificuldades. O casal tem um bebê e Marta, a antiga casa-grande e uma fábrica de cachaça, três
Atlântica, após mudar a sua pequena aldeia para uma capacidade para amamentar. irmãs vivem uma ciranda do destino: pedem à Virgem
nova área, a cacique Júlia conduz a construção da Opy, Maria a graça para um desejo que, ironicamente, é a
a casa de reza Mbya Guarani. Contato: gusmilan@hotmail.com outra quem realiza.
Foto: divulgação
Foto: divulgação
Foto: divulgação
VAGALUMES VIDA DENTRO DE UM MELÃO VITÓRIA
FICÇÃO, COR, DCP, 19MIN, RJ, 2020 ANIMAÇÃO, COR, DIGITAL, 18MIN, MG, 2020 FICÇÃO, COR, DCP, 14MIN, MG, 2020
Direção: Léo Bittencourt Roteiro: Juliano Gomes e Léo Direção, Roteiro e Montagem: Helena Frade Produção Direção: Ricardo Alves Jr. Roteiro: Germano Melo
Bittencourt Produção Executiva: Sabrina Bitencourt Executiva: Mariana Martins e Amanda Gardillari Empresa Produtora: EntreFilmes
Montagem: Ricardo Pretti e Waldir Xavier Empresa
Produtora: Fauna Uma garota filma o seu redor. Fantasiada de bicho, o Vitória é uma entre muitas operárias da fábrica de
desconhecido te assopra quando o coração quer voar. tecidos. Num dia de trabalho, ela aventa a possibilidade
O lado noturno de um ícone modernista. A fauna e de agir coletivamente e transformar a ordem vigente.
flora dos jardins de Roberto Burle Marx habitado pelos Contato: helena.neves.frade@gmail.com
frequentadores do Parque do Flamengo enquanto a Contato: alvesjunior01@gmail.com
cidade do Rio de Janeiro adormece.
Contato: leonardobrmello@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA PANORAMA • CURTAS 163
Foto: divulgação
Foto: divulgação
VOCÊ JÁ TENTOU OLHAR NOS WON'T YOU COME OUT TO
MEUS OLHOS? PLAY?
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 4MIN, PR, 2020 FICÇÃO, COR, DIGITAL, 16MIN, SP, 2020
Direção, Roteiro e Montagem: Tiago Felipe Produção: Direção e Roteiro: Julia Katharine Montagem: João
Stefano Lopes e Tiago Felipe Empresa Produtora: Prisma Marcos de Almeida
Cocriações
Minha mãe conta que, quando eu nasci, ela estava
Quem dita o que um corpo negro necessita? Você já lendo Mrs. Dalloway, e por isso me deu o nome de
tentou olhar nos meus olhos? Virginia, mesmo contrariando meu pai, que sempre
detestou esse nome. Na verdade, ele esperava que eu
Contato: tiago@prismacocriacoes.com.br fosse o menino que ele sempre sonhou em ter.
Contato: joao.marcos.almeida@gmail.com
MOSTRA
FORMAÇÃO
AS POTÊNCIAS
CRIATIVAS
DO CINEMA
ESTUDANTIL
Dedicada inteiramente aos filmes realizados em escolas e faculdades, as sessões da Mostra
Formação evidenciam a potência e a efervescência criativa da juventude brasileira, que
mesmo em tempos e condições tão adversas consegue propor experimentos e narrativas
inventivas, que traduzem seu tempo e seus iguais. Nesta edição, nove filmes criam um
panorama da produção de vários cantos do país.
A mostra é aberta pelo curta Pátria, de Lívia Costa e Sunny Maia. Vindo da escola Vila
das Artes, no Ceará, o filme é uma colagem experimental que analisa as problemáticas
do nacionalismo, opondo a paixão pelo futebol às questões políticas brasileiras. Da
Universidade Federal de Sergipe (UFS), vem o filme Caminhos na Noite, de Douglas Oliveira,
uma ficção que acompanha as desventuras e tensões de dois jovens que perambulam pela
madrugada da cidade, depois de perder o último ônibus. Dirigido por Filipe Rodrigues, a
soturna ficção O Filho do Homem, realizada na Universidade Federal do Pará (UFPA), em
Belém, acompanha a estranha porém afetuosa relação entre um homem jovem e um idoso
que se desenrola nas sombras de uma antiga casa. Realizado na Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte, o curta Ela Viu Aranhas oferece os pontos de
vistas de várias mulheres que ocupam o mesmo apartamento. Elas falam sobre vida,
paixões, dificuldades e celebram sua existência.
Camila Vieira
Felipe André Silva
Tatiana Carvalho Costa
Curadores
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA FORMAÇÃO • CURTAS 167
Foto: divulgação
A VERDADE SAI DE SEU CAMINHOS NA NOITE COMBOIO PRA LUA
POÇO PARA ENVERGONHAR FICÇÃO, COR, DIGITAL, 19MIN, SE, 2020 DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 23MIN, MG, 2020
A HUMANIDADE
Direção: Douglas Oliveira Direção: Rebeca Francoff
FICÇÃO, P&B, DIGITAL, 22MIN, RS, 2020
Arthur e Davi são dois jovens que perdem o último Pedro e Rebeca são amigos e estudam em Portugal.
Direção: Matheus Strelow ônibus da noite e precisam encarar o que a madrugada Rebeca é brasileira e Pedro português. Durante a
lhes reserva em meio a acontecimentos inesperados. convivência, os dois jovens lidam com as sensações
Natália é uma universitária que mora com os pais de não pertencimento, a solidão e os relacionamentos
na mesma casa onde cresceu. Sua irmã mais velha Contato: douugs.oliveira@gmail.com à distância.
chega de visita trazendo consigo memórias de
infância que Natália não lembra. As madrugadas Contato: rebecafrancoff@gmail.com
insones em que vasculha seus arquivos parecem
desencadear acontecimentos estranhos, que podem
ameaçar sua segurança.
Contato: strelowmatt@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA FORMAÇÃO • CURTAS 168
Foto: divulgação
Foto: divulgação
Foto: divulgação
ELA VIU ARANHAS O FILHO DO HOMEM NOÇÕES DE CASA
FICÇÃO, COR, DIGITAL, 27MIN, MG, 2020 FICÇÃO, COR, DIGITAL, 10MIN, PA, 2020 EXPERIMENTAL, COR, DIGITAL, 12MIN, RJ, 2020
Direção: Larissa Muniz Direção: Fillipe Rodrigues Direção: Giulia Maria Reis
Quatro jovens mulheres vagam por um pequeno Um homem e um velho vivem juntos em uma antiga Certas datas comemorativas há um tempo mudaram
apartamento. Elas se olham. casa. Ambos são partes opostas que se sucedem de significado. Uma das casas se transforma. Ana e
enquanto o fogo renova continuamente a natureza. Luiza, em meio a mergulhos, buscam reflexões sobre
Contato: larimuniz314@gmail.com as formas como a casa pode se apresentar em meio às
Contato: fill.rodriguescosta@gmail.com dobras do tempo. Um ritual de despedida da primeira
infância e proposta de reconciliação com os que
vieram antes.
Contato: 3mariasfilmes@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA FORMAÇÃO • CURTAS 169
Foto: divulgação
Foto: divulgação
Foto: divulgação
PÁTRIA PARA TODES VANDER
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 8MIN, CE, 2020 DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 13MIN, RJ, 2020 DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 2MIN, BA, 2020
Direção: Lívia Costa e Sunny Maia Direção: Victor Hugo, Samara Garcia e equipe Direção: Bárbara Carmo
Em uma fita VHS são narrados pensamentos sobre Futebol é para todes? Os alunes da Escola Municipal Uma filha tenta encontrar a conexão perdida com seu
pátria, nacionalismo e poder. Adalgisa Nery, localizada no bairro de Santa Cruz, Rio pai através da única foto que possui.
de Janeiro, embarcam numa aventura para mostrar
Contato: sunnyasmin@gmail.com ao mundo que é necessário romper com muros Contato: bfa.carmo@gmail.com
visíveis e invisíveis. Estes acabam impossibilitando na
maior parte das vezes que pessoas com necessidades
especiais, LGBTs, mulheres e outros grupos participem
de partidas de futebol. No linguajar deles, mesmo que a
partida seja à brinca ou a vera, há uma intensa disputa
para saber o vencedor.
Contato: ygor.lioi@gmail.com
MOSTRINHA
E MOSTRA
JOVEM
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRINHA 171
TURMA DO
PIPOCA
Para encantar, divertir e despertar na criançada e na juventude a paixão pelo cinema, e ainda
conscientizar, envolver e unir as linguagens educação e cultura, a Universo Produção idealizou a TURMA
DO PIPOCA – personagens que representam a cadeia produtiva do audiovisual, resgatam valores e
transmitem conhecimentos de forma lúdica e divertida.
O Pipoca apresenta sua turma – os personagens Lúcio, o Lanterninha, Maria, a Baleira, Juca, o
projecionista, e o Dudu são os guardiões do cinema.
O diretor Nando, a produtora Fefa, o ator Jorge, a atriz Lia e a Flor, assistente de produção, são os
protagonistas do cinema.
Eles vão interagir, divertir, informar, brincar e, claro, assistir a muitos filmes pertinho de você.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRINHA 172
OS ANSEIOS
DA JUVENTUDE
E A IMAGINAÇÃO
DAS CRIANÇAS
Dedicadas ao público infantil e juvenil da Mostra de Cinema de Tiradentes, as sessões
Mostrinha e Jovem apresentam narrativas ficcionais nos formatos de animação e live
action. Para as crianças, cinco curtas e um longa trazem histórias lúdicas e educativas. Para
os jovens, três curtas narram dramas com personagens em processo de amadurecimento
para a vida adulta.
Foto: divulgação
A Mostra Jovem começa com uma viagem pela estrada na produção
gaúcha Letícia, Monte Bonito, 04, de Julia Regis. A jovem Laís chega
com seus pais em um vilarejo afastado do centro urbano e conhece
a jovem Letícia. Em uma tarde no quarto, elas conversam, escutam PASSAGEM SECRETA
canções, compartilham leituras e momentos de intimidade, guiados FICÇÃO, COR, DCP, 95MIN, PR, 2020
pelas músicas da banda Musa Híbrida. Na ficção paraense Traçados,
de Rudyeri Ribeiro, o jovem Leo prepara uma exposição de seus Roteiro: Rodrigo Grota Assistente de Produção: Roberta Takamatsu (1ª AD), Raquel
desenhos na universidade, onde mantém amizade com Talita. Dias Deliberador (2ª AD) Produção Executiva: Guilherme Peraro Direção de Produção: Carlos
Fofaun Fortes & Jackeline Seglin Montagem: João Vítor Moreno Fotografia: Carlos Ebert,
após o assassinato de um jovem no bairro e os constantes conselhos
ABC Direção de Arte: Julio Vida Trilha Sonora: Rodrigo Guedes Mixagem: Caio Henrique
da mãe, o personagem busca a afirmação de sua identidade, enquanto Freitas, Felipy Andrade & Otávio Santos Som Direto: Bruno Bergamo Edição de Som: Caio
se expressa como artista. O curta mineiro Por outras Primaveras, de Henrique Freitas, Felipy Andrade & Otávio Santos Cenografia: Julio Vida Figurino: Thais
Anna Carolina Mol, encerra a Mostra Jovem com um road movie com Blanco Empresa Produtora: Kinopus Audiovisual Elenco: Luiza Quinteiro, Sofia Cornwell,
três amigas. Após a morte da avó de Nívea, ela, Serena e Iara partem Tiago Daniel, João Guilherme Ota, Arrigo Barnabé, Fernando Alves Pinto, Sandra Parra,
Nádia Quinteiro, Letícia Conde, Luana Rodrigues, Felipe Rost, Stella Rea Barnabé, Rafael
em viagem pelo Sul de Minas, enquanto conversam sobre seus anseios
Losso e Rodrigo Guedes
e os desafios da juventude.
Alice é obrigada a se mudar sozinha para uma pequena cidade, onde encontra um
novo grupo de amigos. Ao invadir um parque de diversões para resgatar um dos seus
colegas, Alice descobre segredos sobre a sua identidade e precisa fazer escolhas.
Camila Vieira
Contato: info@kinopus.com.br
Felipe André Silva
Tatiana Carvalho Costa
Francis Vogner dos Reis
Lila Foster
Curadores
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRINHA • CURTAS 174
Foto: divulgação
Foto: divulgação
FOGUETE NAPO MITOS INDÍGENAS EM
FICÇÃO, COR, DIGITAL, 15MIN, DF, 2020 ANIMAÇÃO, COR, DCP, 16MIN, PR, 2020 TRAVESSIA
ANIMAÇÃO, COR, DIGITAL, 21MIN, SP, 2020
Direção e Roteiro: Pedro Henrique Chaves Direção: Gustavo Ribeiro
Direção: Julia Vellutini e Wesley Rodrigues
No coração da cidade, um brinquedo atrai milhares de Com o agravamento de sua doença, um senhor
pessoas e une diferentes gerações. O desafio de subir e precisa se mudar para a casa de sua filha, onde seu Seis histórias indígenas dos tempos antigos das etnias
descer o foguete encanta pai e filho, que brincaram no neto reinterpreta fotografias antigas em desenhos, o Kuikuro (Aldeia Afukuri, Terra Índígena Parque do Xingu,
mesmo lugar e guardam segredos nunca revelados. É ajudando a recuperar memórias perdidas. Mato Grosso), Javaé (Aldeia São João, Terra Indígena
preciso ter coragem. Parque do Araguaia, Ilha do Bananal, Tocantins) e
Contato: brunabastos.andrade@gmail.com Kadiwéu (Aldeia São João, Terra Indígena Kadiwéu, Mato
Contato: pedrohenriquechaves.cinema@gmail.com Grosso do Sul). Entre as histórias: A Ema, O Menino-
Peixe, As Mulheres Sem Rosto, A Via Láctea, A Menina
Cobra, e O Urubu-Rei.
Contato: zuretacs@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRINHA • CURTAS 175
Um dia o Vento decidiu viajar para o Nordeste. Pelo Em Cuiabá, uma das capitais mais quentes do Brasil,
caminho ele fez muitas descobertas, amigos e deixou na escola Joana escuta que é possível fritar um ovo no
saudades. asfalto, de tão quente que é o chão. Proibida pela mãe de
testar com os ovos de casa, a menina fará de tudo, mas
Contato: instituto@imazul.org nessa busca dilemas surgem e desafiam Joana a tomar
uma decisão.
Contato: anacarulinaroelis@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA JOVEM • CURTAS
MOSTRA
JOVEM
Foto: divulgação
POR OUTRAS PRIMAVERAS
FICÇÃO, COR, DIGITAL, 22MIN, MG, 2020
Contato: annamoura97@yahoo.com.br
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA JOVEM • CURTAS 177
Foto: divulgação
TRAÇADOS LETÍCIA, MONTE BONITO, 04
FICÇÃO, COR, DIGITAL, 19MIN, PA, 2020 FICÇÃO, COR, DIGITAL, 20MIN, RS, 2020
Direção, Roteiro e Montagem: Rudyeri Ribeiro Direção, Roteiro e Montagem: Julia Regis
Leo, um jovem universitário às vésperas de sua primeira No interior, Laís conhece a intensa Letícia, com quem
exibição, tenta encontrar a melhor forma de expressar passa uma tarde letárgica de verão.
tanto sua arte como quem é.
Contato: juliaregisvieira@hotmail.com
Contato: rudyerirp@gmail.com
178
COMISSÃO
DE JÚRI
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • COMISSÃO DE JÚRI 179
COMISSÃO
DE JÚRI
JÚRI OFICIAL
GRACIELA GUARANI
Pertencente à nação Guarani Kaiowá, Graciela é produtora cultural, comunicadora,
cineasta, curadora de cinema e formadora em audiovisual. Uma das mulheres indígenas
pioneiras em produções originais audiovisuais no cenário brasileiro, tem um currículo que
inclui direção e roteiro em mais de 10 produções originais.
IVONE MARGULIES
Autora de In person: reenactment in postwar and contemporary cinema (Oxford, 2019) e
Nada acontece: o cotidiano hiper-realista de Chantal Akerman (Edusp, 2015). Coeditou
On women’s films: across worlds and generations (2019) e editou coletânea de ensaios
Rites of realism: essays on corporeal cinema (Duke U Press, 2003.) Escreve sobre cinema
francês, teatralidade e realismo no cinema e acaba de publicar Filmes de Plastico’s
plural realism, no dossiê sobre cinema brasileiro na Film Quarterly (inverno 2021). Ensina
História e Crítica de Cinema no Departamento de Estudos de Mídias no Hunter College,
e no Graduate Center (Ph.D no Theater and Film Studies Certificate Program) da City
University of New York.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • COMISSÃO DE JÚRI 180
PREMIAÇÃO
MELHOR LONGA
MOSTRA AURORA . JÚRI OFICIAL
TROFÉU BARROCO
Troféu Barroco – para Destaque Feminino eleito pelo Júri Oficial (concorrem
os longas da Mostra Aurora e curtas da Mostra Foco).
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • CURADORES 184
CURADORES
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • CURADORES 185
FRANCIS VOGNER DOS REIS co-organizadora e uma das autoras do livro Mulheres atrás das
Coordenador curatorial | Seleção de Longas câmeras: as cineastas brasileiras de 1930 a 2018, que foi finalista
Mestre em Meios e Processos Audiovisuais na ECA-USP, crítico de na categoria Ensaios-Artes do 62º Prêmio Jabuti, em 2020. É
cinema; foi colaborador de diversas revistas brasileiras e estrangeiras, professora de cursos livres em cinema, com ênfase em curadoria,
entre elas a revista Cinética. É coordenador curatorial da Mostra de cineclube e história do cinema. Colabora atualmente como crítica
Cinema de Tiradentes e atualmente integra as equipes de curadoria e editora da revista eletrônica Multiplot.
da CineOP e da CineBH. Pelo CCBB fez a curadoria das Mostras Jacques
Rivette, Nova Hollywood e Jerry Lewis. É coautor, com Jean-Claude
Bernardet, da segunda edição de O autor no cinema. É roteirista do filme FELIPE ANDRÉ SILVA
O Jogo das Decapitações, de Sergio Bianchi, corroteirista de O Último Seleção de Curtas
Trago, de Pedro Diógenes, Luiz Pretti e Ricardo Pretti, e Os Sonâmbulos, Cineasta e poeta. No cinema dirigiu, entre outros, os longas Santa
de Tiago Mata Machado. Monica (2015), e Passou (2020) e o curta Cinema Contemporâneo
(2019). Atuou também como produtor e preparador de elenco
em diversos projetos, e colabora regularmente como curador no
LILA FOSTER festival Janela Internacional de Cinema do Recife. Na literatura
Seleção de Longas lançou as plaquetes O Escritor Antônio Xerxenesky, O Aniversário
Lila Foster é pesquisadora e curadora. Nos últimos anos, participou de Billie Eilish, e O Autocad de Britney Spears, e o livro de poemas
como programadora dos festivais Curta 8 – Festival Internacional Sorry.gif (Macondo Edições, 2020). Comanda também a Legal
de Cinema Super-8 de Curitiba, (S8) Mostra de Cinema Periférico (La Edições, microeditora digital dedicada a poesia contemporânea e
Coruña, Espanha), Fica – Festival Internacional de Cinema Ambiental, tradução informal.
Goiânia Mostra Curtas e Mostra de Ouro Preto. Desde 2017 integra a
equipe de programação da Mostra de Cinema de Tiradentes. Articulando
pesquisa histórica e preservação audiovisual, o seu trabalho concentra- TATIANA CARVALHO COSTA
se no levantamento da produção amadora e experimental no Brasil, Seleção de Curtas
investigação publicada em revistas como Film History (EUA), Aniki Pesquisadora, realizadora audiovisual e professora. Docente no
(Portugal), Vivomatografias (Argentina), entre outras. Atualmente curso de Cinema e Audiovisual do Centro Universitário UNA, em
desenvolve pesquisa de pós-doutorado na Universidade de Brasília Belo Horizonte. Doutoranda em Comunicação Social e integrante
sobre a história do Festival de Cinema Amador JB/Mesbla (1965-1970). do grupo de estudos Coragem – Comunicação, Raça e Gênero
(PPGCom/UFMG). Integra ainda o movimento segundaPRETA,
na produção e corpo crítico. Integrante dos grupos de estudo e
CAMILA VIEIRA pesquisa Coragem – Comunicação, Raça e Gênero, e Poéticas da
Seleção de Curtas Experiência, ambos do PPGCom/UFMG.
Pesquisadora, crítica e curadora de cinema. Doutora em Comunicação
e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com
pesquisa em cinema contemporâneo brasileiro. Integra as equipes de
curadoria de curtas da Mostra de Cinema de Tiradentes e da CineOP. É
SEMINÁRIO
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • SEMINÁRIO 187
24 º SEMINÁRIO
DO CINEMA
BRASILEIRO
EM DEBATE
VERTENTES DA CRIAÇÃO
O QUE MOVE O CINEMA?
O QUE DÁ FORMA AO FILME?
O QUE É UMA PERSONAGEM?
NA SÉRIE ENCONTRO COM OS FILMES,
NAS INTERPRETAÇÕES, ENFOQUES, MATERIAIS E POSTURAS
O QUE OS FILMES ESTÃO NOS DIZENDO?
102 PROFISSIONAIS NO CENTRO DAS DISCUSSÕES DO SEMINÁRIO
AMPLIAM A REFLEXÃO DO CINEMA BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO
IMPRIMEM OPINIÃO, IDENTIDADE, EXPERIÊNCIAS E INTERCÂMBIO.
A programação da começa com o debate inaugural “O Percurso de Paula da Mostra Formação participam de bate-papos a serem vistos após as
Gaitán”, que apresenta e analisa a trajetória, as inovações estéticas e a sessões com mediação da curadora Tatiana Carvalho Costa.
criatividade expressiva da cineasta homenageada nesta edição. Além da
própria Paula, participam da conversa Arrigo Barnabé (músico e ator), As Rodas de Conversa desta edição contam com cinco encontros
Ava Gaitán Rocha (cantora, compositora e cineasta), Clara Choveaux de temáticas variadas, que aos seus modos também tangenciam a
(atriz) e Eryk Rocha (cineasta), sob mediação do coordenador curatorial ideia de vertentes da criação a partir de recortes mais específicos
Francis Vogner dos Reis. e determinados. O tema “A Poética do Cinema de Gênero” vai tratar
da importância e a necessidade do exercício do cinema de gênero no
Os debates conceituais ocorrem em três mesas: “Vertentes da Criação”, cinema brasileiro contemporâneo, em especial a produção de horror,
que convida o público a discutir processos como a construção de que vem lidando com os males históricos e recentes do país de maneira
personagens e de espaço, a escrita, a montagem e outros mais, a partir visceral, violenta e direta. Participam realizadores que têm filmes em
da ação concreta e poética de corpos criadores de imagens. Participam exibição na Mostra: Armando Fonseca e Kapel Furman (Skull – a Máscara
a montadora Cristina Amaral e o diretor e roteirista Adirley Queirós, com de Anhangá), Marco Arruda (Magnética), Otto Cabral (Animais na Pista)
mediação da curadora Lila Foster. e Rodrigo Aragão (O Cemitério das Almas Perdidas). A mediação é do
crítico Marcelo Miranda.
O segundo debate conceitual enfoca o tema “O que É uma Personagem?”
e propõe discutir a criação de figuras na tela para além da escrita Outra roda a tratar das figuras que circulam pelos filmes é “Processos
tradicional de roteiros e a partir de experiências e observações Artísticos e Criação de Personagens: entre a Cena e a Tela”, que discute
diretamente vindas do mundo, com presença de Carol Rodrigues o percurso de escrita, leituras, ensaios, preparação de elenco e as
(cineasta), Gabriel Martins (cineasta) e Lincoln Péricles (cineasta), condições criadas no momento da filmagem para proporcionar caminhos
mediados pelo pesquisador André Antônio. na criação e direção de um filme. Estarão na mesa Arlete Dias (atriz de
Voltei!), Djin Sganzerla (diretora de Mulher Oceano), Isabela Catão (atriz
E o terceiro debate conceitual coloca em discussão o tema “Processos de Enterrado no Quintal e O Barco e o Rio), Julia Katharine (diretora de
e Fundamentos da Criação” e reúne Ana Maria Gonçalves (escritora e Won’t You Come Out to Play?) e mediação da arte-educadora e atriz
roteirista), Grace Passô (atriz, dramaturga, diretora de cinema e teatro) Amanda Gabriel. Essa conversa se amplia em novos contornos, com o
e Lívia de Paiva (cineasta), com mediação da crítica Kênia Freitas, para encontro “Corpo, Arte e Resistência”, sobre a presença e materialidade
falarem sobre o que a imaginação tem sedimentado em termos de uma do corpo em cena, como possibilidade de testemunho e de múltiplos
forma e uma ética das imagens e sob quais desdobramentos em relação tensionamentos, a partir das investigações estéticas presentes no
a espaços, poéticas, personagens e tempo. trabalho artístico em suas dimensões ética e estética. Participam Dea
Ferraz (diretora de Agora), Macca Ramos (diretor de Negro em mim) e
Na série Encontros com os Filmes, curadores, críticos e pesquisadores Sara Antunes (diretora de De Dora, Por Sara), com mediação da crítica
convidados discutem alguns dos filmes em exibição no evento, com a de teatro Daniele Ávila Small.
presença dos realizadores e de participações ao vivo de espectadores.
Todos os sete filmes da mostra Aurora, os seis da Olhos Livres, o longa da “Cinema como Intervenção Política” vai tratar sobre de que maneiras os
Mostra Foco Minas e os 11 curtas-metragens da Foco estarão presentes filmes podem ter elaborações políticas em seus sentidos mais amplos de
em diversos encontros sobre as produções. Além disso, os realizadores lutas, processos históricos e estéticas de provocação e representação.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • SEMINÁRIO 189
Por fim, a última roda de conversa será “Para Além da Luz: Fotografia e
Mise-en-Scène”, em que os participantes conversam sobre o trabalho
de direção de fotografia e como olhar para o que se filma significa
também construir formas de enquadrar, de dar a ver a presença dos
corpos e da forma como a câmera confere um ritmo para a relação
com o mundo. Sob mediação de Marcelo Miranda, participam Bárbara
Bergamaschi (fotógrafa de O Cerco), Lilis Soares, (fotógrafa de Novo
Mundo) e Thacle de Souza (diretor de fotografia).
DEBATES
DEBATE INAUGURAL
O PERCURSO DE PAULA GAITÁN
Convidados:
• Arrigo Barnabé – músico e ator | SP
• Ava Gaitán Rocha – artista/cantora, compositora e cineasta | SP
• Clara Choveaux – atriz | RJ
• Eryk Rocha – cineasta | SP
• Paula Gaitán – cineasta homenageada | SP
DEBATES CONCEITUAIS
VERTENTES DA CRIAÇÃO PROCESSOS E FUNDAMENTOS DA CRIAÇÃO
O debate convida a discutir os processos de criação – a construção O que a imaginação tem sedimentado em termos de uma forma e uma
dos personagens, do espaço, a escrita, a montagem. O que se faz ética das imagens? As imagens são desdobramentos de quais desejos?
com as mãos, os olhos, os corpos e o coração quando se está criando O debate buscará refletir sobre as relações estéticas e políticas que o
uma imagem? Essa reflexão pode acessar um campo de expressão processo de criação estabelece com seus espaços, personagens e o seu
das experiências particulares do trabalho de criação, um trabalho que tempo.
não está isolado dos processos mais amplos do mundo (econômicos,
técnicos, políticos), mas dele toma parte ativa com mais proximidade Convidados:
ou com uma calculada (e necessária) distância. • Ana Maria Gonçalves – escritora e roteirista | SP
• Grace Passô – atriz, dramaturga, diretora de cinema e teatro | MG
Convidados: • Lívia de Paiva – cineasta | CE
• Adirley Queirós – cineasta | DF
• Cristina Amaral – cineasta | SP Mediadora: Kênia Freitas – crítica e curadora de cinema | DF
Convidados:
• Carol Rodrigues – cineasta | SP
• Gabriel Martins – cineasta | MG
• Lincoln Péricles – cineasta | SP
ENCONTRO
MOSTRA AURORA
COM OS
Filme: A MESMA PARTE DE UM HOMEM (PR)
• Ana Johann – diretora e roteirista
• Antônio Junior – produtor
• Clarissa Kiste – atriz
• Mediação dos debates da Mostra Aurora: Bate-papo sobre o filme VALENTINA com a participação da equipe:
• Marcelo Miranda – crítico de cinema | MG • Cássio Pereira dos Santos - diretor
• Erika Pereira dos Santos- produtora e diretora de casting
• Pedro Diniz - ator, pesquisador e consultor do roteiro
• Thiessa Woinbackk - atriz
Mediação: Pedro Maciel Guimarães – professor e pesquisador (SP)
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • SEMINÁRIO 194
Curtas da MOSTRA FOCO – SÉRIE 1 com a participação dos diretores: Curtas da MOSTRA FORMAÇÃO – SÉRIE 1 com a participação dos diretores:
• Gabriela Luíza – diretora de Drama Queen (MG) • Lívia Costa e Sunny Maia – diretoras do filme Pátria (CE)
• JasminTenucci – diretora de Céu de Agosto (SP) • Douglas Oliveira – diretor do filme Caminhos da Noite (SE)
• Luísa Marques|Darks Miranda – diretora de Lambada Estranha (RJ) • Fillipe Rodrigues – diretor do filme O Filho do Homem (PA)
• Marcus Curvelo – diretor de A Destruição do Planeta Live (BA) • Larissa Muniz – diretora do filme Ela Viu Aranhas (MG)
Mediadora: Camila Vieira – curadora | CE Mediadora: Tatiana Carvalho Costa – curadora | MG
Curtas da MOSTRA FOCO – SÉRIE 2 com a participação dos diretores: Curtas da MOSTRA FORMAÇÃO – SÉRIE 2 com a participação dos diretores:
• Carlos Adelino – diretor de Ratoeira (SC) • Bárbara Carmo – diretora do filme Vander (BA)
• Felipe Aufiero – diretor de De Costas pro Rio (AM/PR) • Giulia Maria Reis – diretora do filme Noções de Casa (RJ)
• Gabriel Borges – diretor de Eu te Amo, Bressan (PR) • Rebecca Francoff – diretora do filme Comboio pra Lua (MG)
• Marco Antônio Pereira – diretor de 4 Bilhões de Infinitos (MG) • Ygor Lioi – orientador do projeto do filme Para Todes (RJ)
Mediador: Felipe André Silva – curador | PE • Matheus Strelow – diretor do filme A Verdade Sai de seu Poço para
Envergonhar a Humanidade (RS)
Mediadora: Tatiana Carvalho Costa – curadora | MG
Curtas da MOSTRA FOCO – SÉRIE 3 com a participação dos diretores:
RODAS DE
A POÉTICA DO CINEMA DE GÊNERO
O cinema brasileiro tem uma vasta produção que bebe nas tradições
CONVERSA
dos gêneros cinematográficos, de seus temas, suas estéticas e seus
códigos. Esse cinema, não raro, busca comunicação com o imaginário
dos espectadores por meio de uma relação franca: o cinema de gênero
não tergiversa. Ele busca atingir os espectadores de maneira frontal.
Por outro lado, existem filmes que não se afirmam “de gênero” mas
dialogam amplamente com esse repertório. A conversa buscará abordar
a importância e, talvez, a necessidade do exercício do cinema de gênero
no cinema brasileiro contemporâneo.
Convidados:
• Armando Fonseca – diretor de Skull: a Máscara de Anhangá (SP)
• Kapel Furman – diretor de Skull: a Máscara de Anhangá (SP)
• Marco Arruda – diretor de Magnética (RS)
• Otto Cabral – diretor de Animais na Pista (PB)
• Rodrigo Aragão – diretor de O Cemitério das Almas Perdidas (ES)
A criação de uma personagem perpassa várias etapas na realização A presente roda de conversa é um convite para pensarmos a presença e
de um filme. Nesse percurso, escrita, leituras, ensaios, preparação de a materialidade do corpo em cena, como possibilidade de testemunho
elenco e as condições criadas no momento da filmagem são alguns dos e de múltiplos tensionamentos, a partir das investigações estéticas
recursos que proporcionam caminhos para os processos de criação do presentes no trabalho artístico em suas dimensões ética e estética.
elenco e da direção de um filme. Propomos aqui uma conversa entre Como que o corpo resiste e responde aos embates políticos do
atrizes e diretoras sobre os seus processos de criação, a relação entre nosso tempo? Como que a história da arte e do cinema precisam ser
cinema e outras artes, assim como os desafios enfrentados nos seus recontadas e reescritas como um gesto político?
processos de realização.
Convidados:
Convidadas: • Dea Ferraz – diretor de Agora (PE)
• Arlete Dias – atriz de Voltei! (BA) • Macca Ramos – diretor de Negro em mim (SP/MG/BA/PE/PA)
• Djin Sganzerla – diretora de Mulher Oceano (RJ/SP) • Sara Antunes – diretora de De Dora, por Sara (SP)
• Isabela Catão – atriz de Enterrado no Quintal (AM) e O Barco e o Rio (AM)
• Julia Katharine – diretora de Won’t You Come Out to Play? (SP) Mediadora: Daniele Ávila Small – crítica, pesquisadora e curadora de
teatro | RJ
Mediadora: Amanda Gabriel – atriz e arte-educadora | PE
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • SEMINÁRIO 197
O cinema tem uma função política? Se ele tem, qual seria o caminho? A direção de fotografia não é uma faceta meramente técnica da criação
Elaborar uma forma que se afirme política? Como isso se daria? Buscar cinematográfica. Neste sentido, olhar para o que se filma significa
testemunhar o processo histórico e as lutas? O registro por si só teria também construir formas de enquadrar, de dar a ver a presença dos
força política? Ou o cinema é um meio de elaborar provocações e corpos e da forma como a câmera confere um ritmo para a relação
questionar representações noções de ação política? Se o cinema pode entre os corpos e o mundo. Como se dá o processo de criação da direção
ser político, como ele o é? de fotografia? Como pensar a fotografia em relação às outras áreas da
realização cinematográfica?
Convidados:
• Aiano Bemfica – diretor de Entre Nós Talvez estejam Multidões (MG/PE) Convidados:
• Jean-Claude Bernardet e Rubens Rewald – diretores de #eagoraoque (SP) • Bárbara Bergamaschi – fotógrafa de O Cerco (RJ)
• Julia Mariano – diretora de Sementes: Mulheres Pretas no Poder (RJ) • Lílis Soares – fotógrafa de Novo Mundo (RJ)
• Thacle de Souza – diretor de fotografia (BA)
Mediador: Juliano Gomes – crítico e professor | RJ
Mediador: Marcelo Miranda – crítico de cinema | MG
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • SEMINÁRIO 198
AQUECIMENTO
Um papo com Raquel Hallak, CEO da Universo Produção e coordenadora
da Mostra de Cinema de Tiradentes. Quais os impactos da digitalização
dos eventos no dia a dia da produção? Quais os aprendizados e as
perspectivas para o setor a partir da experiência recente da Universo?
CURRÍCULOS
CONVIDADOS
ADIRLEY QUEIRÓS
Técnico de futebol das categorias de base, infantil e juvenil do 05Danorte, time que
pretendo fundar ao fim da pandemia. Me formei em Cinema pela UnB em 2005, e já exerci
as funções remuneradas de jogador de futebol, padeiro, padioleiro, diretor, roteirista e
produtor de cinema. Dirigi e produzi dois curtas-metragens, um média e uma série de
cinco episódios para a TV. Entre os curtas, o que gosto mais gosto é o Dias de Greve.
Também dirigi três longas-metragens: A Cidade É uma Só?, Branco Sai Preto Fica, e Era
uma Vez Brasília. Recentemente finalizei, juntamente com a diretora Joana Pimenta, o
longa-metragem, ainda inédito, Mato Seco em Chamas. Também sou uma espécie de
fundador do Ceicine – Coletivo de Cinema em Ceilândia (2003), um local onde uma galera
tentava fazer cinema nas periferias do Distrito Federal achando que Brasília não atendia às
nossas ansiedades e urgências ideológicas, uma espécie de luta de classe cinematográfica.
Queríamos fundar um sindicato. Queremos ainda. Pra muitos, anacrônico já naquela
época, pra gente, mais importante e atual do que nunca.
AIANO BEMFICA
Cineasta e militante do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB). Dedica-
se à produção e circulação audiovisual junto ao movimento desde 2013 e pesquisa
as interseções entre lutas sociais e as imagens realizadas no bojo desses processos.
Dessa relação nasceram seus dois primeiros filmes, Na Missão, com Kadu (2016) e
Conte isso àqueles que Dizem que Fomos Derrotados (2018), exibidos e premiados em
mais 60 mostras em todo o mundo. Atualmente, prepara o lançamento de três novos
projetos construídos junto ao MLB: o longa Entre Nós Talvez Estejam Multidões, o curta
Videomemoria e a videoinstalação Caminhará nas Avenidas, Entrará nas Casas, Abolirá os
Senhores. Esses trabalhos, frutos de processos coletivos e da relação intrínseca entre arte
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • SEMINÁRIO 201
e construção política, têm tido repercussão e reconhecimento dentro e Monique Gardemberg, Sandra Kogut e Taís Amordivino. Sob direção de
fora do Brasil, tendo sido exibidos em cidades como Berlim, Nova York, Ary Rosa e Glenda Nicácio, trabalhou nos longas Café com Canela, Ilha,
Bologna, Buenos Aires, Lyon, Nance, Pequim, Medellin e Veneza. Até o Fim e Voltei!.
ARLETE DIAS
Atua na área artística cultural nos segmentos teatrais, musicais e AVA GAITÁN ROCHA
audiovisuais. Trabalhou em diversos espetáculos do grupo Bando Artista múltipla. Cantora, compositora e cineasta, é performer, artista
de Teatro Olodum. No cinema, atuou em filmes de cineastas como visual e sonora, montadora e poeta que extrapola as fronteiras das
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • SEMINÁRIO 202
linguagens. Lançou em maio de 2020 seu último registro musical, o TV. É mestre em Artes da Cena também pela UFRJ. Em 2012 estudou
compacto Sal Gruesa, com a banda colombiana Los Toscos, e tem mais Cinema na Universidade de Paris VIII, na França. Tem certificado em
três discos lançados, Diurno (2011), Ava Patrya Yndia Yracema (2015) e Fundamentação em Artes pela EAV do Parque Lage. Trabalhou como
Trança (2018), além de dos singles “Lingua loka” (2016) e “Âmbar”, de produtora audiovisual no Canal Futura por cerca de três anos, e ainda
Adriana Calcanhoto (2019), e inúmeras participações em discos, como como assistente de direção e de fotografia em projetos das produtoras
os de Jards Macalé, Anelis Assumpção, Negro Leo, Iara Rennó, Gustavo Conspiração, Samba Filmes e Polo Filme. Como diretora e roteirista,
Galo, entre outros. Como compositora, foi gravada por Tupila Ruiz, Fafá assina os filmes: Fora d’Água (2012), Animal-Estar (2018) e A Casa É a
de Belém, Lia de Itamaracá, Juliana Perdigão, Negro Leo, Jards Macalé, Viagem (2020). Como diretora de fotografia, assina os filmes: Gigante
entre outros. Teve grande receptividade da crítica e do publico, ganhando (2014), Being Boring (2015), Depois do Dia 23 (2019) e fez parte da
com seu segundo disco os prêmios Artista Revelação e Melhor Hit pelo equipe de fotografia do filme O Cerco, selecionado para a Mostra Aurora
Prêmio Multishow 2015 e Artista Revelação pela APCA 2015; figurou de Tiradentes 2020. É também uma das editoras da Revista Beira e
entre os melhores discos do ano no New York Times, segundo Ben Hatlif; uma das fundadoras da Cinecluba, cineclube feminista. No último ano
foi tocada por Iggy Pop na BBC London, esteve em diversas publicações, foi professora substituta do Departamento de Artes da Cena da UFSJ.
críticas e playlists em todo o mundo e rodou diversos países, como Conclui tese de doutorado sobre cinema experimental e found footage
China, EUA, Colômbia, Argentina, Alemanha, Peru, México, Brasil, em no Programa de Pós-Graduação de Comunicação da UFRJ e de Letras
feiras, festivais e casas de shows com seus shows performáticos, tendo da PUC-Rio. Recentemente foi contemplada com o prêmio bolsa
sido artista convidada na Flip 2019. Como diretora, criou Iara (show Capes-Print para estudar na Escola das Artes da Universidade Católica
de Iara Rennó ) e Ó ( show de Juliana Perdigão), a identidade visual e Portuguesa, na cidade do Porto, em Portugal, onde atualmente reside.
a capa de Boca (último disco de Curumin), além das capas dos discos
The Newspeak e Tara, de Negro Leo, e Venta, de Lukash; como cineasta
dirigiu os filmes Ardor Irresistível (2011), Dramática (2005), mais de 15 CARLA ITALIANO
videoclipes de diferentes artistas da cena contemporânea e durante a Pesquisadora em cinema e programadora de mostras e festivais.
quarentena lançou os filmes Mãe, a convite de HKW, de Berlin, e Lunar, Doutoranda em Comunicação Social pelo PPGCOM-UFMG, com
pela Biblioteca Mario de Andrade, além da live Ava Viva pelo Sesc ao mestrado pela mesma instituição. É uma das organizadoras do
Vivo, a obra transmídia Femme Frame, apresentada no festival online forumdoc.bh – Festival do Filme Documentário e Etnográfico de Belo
Bicuda, a obra live/rec na Feira Virtual Contrapedal Telefonica de Lima, Horizonte e integrou a equipe de programação de longas-metragens
Peru, a direção artística e visual do espetáculo virtual de abertura do do Olhar de Cinema de Curitiba (2018-2020) e da comissão de filmes
Museu Itamar Assumpção, Oferenda – Anelis Canta Itamar, no dia da internacionais do FestCurtas BH (2013, 2015, 2017). Foi cocuradora
Consciência Negra, e desenvolve temporada inédita de espetáculos das mostras Esta Terra É a nossa Terra (2020), Retrospectiva Helena
virtuais, além da produção de seu novo e quarto álbum, previsto para Solberg (2018), Retrospectiva Jonas Mekas (forumdoc, 2013), entre
2021. outras. É natural do Recife e reside em Belo Horizonte.
outros. A parceria com Carlos Reichenbach iniciou-se em Alma Corsária latino-americanos, como Santiago Álvarez (Cuba); DOCSDF (México),
(premiado no Festival de Brasília), e rendeu diversos filmes posteriores, entre outros. Em 2020 estreou Agora na Mostra Novos Olhares, no
como Dois Córregos, Garotas do ABC, Bens Confiscados e Falsa Loura. 9º Olhar de Cinema, onde recebeu Menção Honrosa do Júri Oficial.
Com Andrea Tonacci, seu companheiro de vida, coordenou a produtora
Extrema Produção Artística e assinou a montagem de Paixões, Serras
da Desordem e Já Visto, Jamais Visto, entre outros. Mais recentemente, DJIN SGANZERLA
tem feito trabalhos ao lado de jovens realizadores como Adirley Queiroz, Diretora, atriz e produtora. Foi premiada, entre outros, pelo prêmio
Thiago B. Mendonça, Djin Sganzerla, Jo Serfaty e Renata Martins. APCA de Melhor Atriz de Cinema. Já trabalhou em mais de 19 longas-
metragens com diretores como Paulo Cesar Saraceni, Julio Bressane,
Rogério Sganzerla, Carlos Reichenbach, entre outros. É filha de Rogério
DANIELE ÁVILA SMALL Sganzerla e Helena Ignez; sócia da Mercúrio Produções, produtora
Natural do Rio de Janeiro, é crítica, pesquisadora e curadora de teatro. fundada em 2001, com mais de 30 longas em seu currículo. Mulher
Doutora em Artes Cênicas pela Unirio, é idealizadora e editora da revista Oceano, filmado no Japão e no Rio e Janeiro, é seu primeiro longa-
Questão de Crítica. Em 2017, dirigiu Há Mais Futuro que Passado – um metragem. O filme estreou nos EUA em setembro, ganhou o Prêmio de
Documentário de Ficção. Foi curadora dos Olhares Críticos, eixo reflexivo Melhor Filme no Porto Femme International Film Festival, em Portugal,
da MITsp entre 2018 e 2020, entre outros projetos de formação, teoria além de ter sido exibido na 44ª Mostra Internacional de Cinema de SP,
e crítica de teatro desde 2011, como as edições do Encontro Questão no 35º Festival de Cinema Latino-Americano de Trieste (Itália) e no 24º
de Crítica, do Idiomas – Fórum Ibero-Americano de Crítica de Teatro e Cine PE, onde recebeu os Prêmios de Melhor Filme, Melhor Atriz para Djin
da Complexo Sul – Plataforma de Intercâmbio Internacional. Integrou Sganzerla, Melhor Montagem e Melhor Direção de Arte.
também as equipes de curadoria do FIT BH 2018, no projeto Corpos
Dialetos, da 6ª edição da Janela de Dramaturgia (CCBB-BH), e da
seleção local do Fiac – Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia. ERYK ROCHA
Em 2020, foi uma das curadoras da Mostra Temática da 14ª CineBH, Cineasta nascido no Brasil em 1978, formou-se em 2002 na Escola de
dedicada ao teatro online. Cinema de Los Baños, Cuba, onde dirigiu seu primeiro longa: Rocha
que Voa. O filme foi selecionado em Veneza, Roterdã e outros festivais,
ganhando o prêmio de Melhor Filme no Brasil, Argentina e em Cuba.
DEA FERRAZ Os próximos trabalhos também coletaram presença prestigiosa em
Realizadora pernambucana, atua na área do audiovisual há mais de 15 eventos nacionais e internacionais, tais como Cannes, Sundance, Nova
anos. Em sua trajetória destacam-se os longas Câmara de Espelhos York, Montevidéu, Guadalajara, Buenos Aires, Marseille e Amsterdam.
(2016), Modo de Produção (2017) e Mateus (2018). Dea é também Cinema Novo (2016), seu sétimo longa, recebeu o L’Oeil d’Or de Melhor
sócia diretora da Parêa Filmes, integrante do Coletivo Parêa, Coletivo Documentário no Festival de Cannes. Em 2019, lançou seu mais recente
Gambiarra e do Mape – Movimento Mulheres no Audiovisual (PE). Teve trabalho, a ficção Breve Miragem de Sol, coprodução entre Brasil, França
seus filmes exibidos em festivais importantes do circuito nacional, como e Argentina; o filme estreou no BFI London, atualmente se encontra na
Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, Janela Internacional de Cinema plataforma de streaming Globoplay e ganhou os prêmios de Melhor Ator,
do Recife, Panorama – Coisa de Cinema (BA), forumdoc (BH), Olhar de Melhor Edição e Melhor Fotografia no Festival do Rio (2019) e o Prêmio
Cinema de Curitiba, Mostra Tiradentes, além de premiações em festivais Silvestre para Melhor Longa-Metragem no Festival Indie Lisboa (2020).
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • SEMINÁRIO 205
Alguns de seus trabalhos foram adquiridos pelo MoMA e foram integrados Artes Cênicas Ateliê 23 como atriz dos espetáculos Sur la Vie, Persona
à coleção permanente do museu. Face Um e Sobre a Adorável Sensação de Sermos Inúteis, entre
outros. Como assistente de direção, contribuiu com os espetáculos
Janta e Vacas Bravas. No cinema, trabalhou como atriz nos curtas-
GABRIEL MARTINS metragens A Goteira e O Barco e o Rio, da produtora Fita Crepe, com
Nascido em Belo Horizonte e radicado na periferia de Contagem, direção de Bernardo Ale Abinader, e os mais recentes Enterrado
graduou-se na Escola Livre de Cinema/BH e em Comunicação Social no Quintal, com direção de Diego Bauer, e Joycilene, com direção
com Habilitação em Cinema e Vídeo, em 2010, no Centro Universitário de Hanna Goncalves. Na TV fez algumas participações, em 2017, na
UNA. É sócio fundador da produtora Filmes de Plástico, junto com novela da rede globo A Força do Querer, e em 2018 na série Aruanas,
André Novais Oliveira, Maurílio Martins e Thiago Macêdo Correia. Entre da produtora Maria Farinha Filmes.
os seus principais trabalhos como diretor, estão os curtas Rapsódia
para o Homem Negro, Nada e o longa-metragem No Coração do
Mundo (codirigido por Maurilio Martins). JEAN-CLAUDE BERNARDET
Professor emérito da Universidade de São Paulo, teórico de cinema,
crítico, diretor, roteirista, escritor, dramaturgo e ator. Publicou vários
GRACE PASSÔ livros importantes, como: Diretores de cinema e imagens do povo
Atriz, dramaturga e diretora brasileira. Cria em parceria com artistas (2003); História clássica do cinema brasileiro (1995); O autor no
e companhias teatrais e, a partir de 2016, passa a criar no circuito cinema (1992); e Brasil no tempo do cinema (1967). Como roteirista
audiovisual brasileiro. Possui textos teatrais publicados e traduzidos assina os filmes Hoje (2011), de Tata Amaral; Trago Comigo (2000),
em diversos idiomas. Entre os filmes em que atua, estão Elon Não de Chico Teixeira; Através da Janela (2000), de Tata Amaral; Céu de
Acredita na Morte (Ricardo Alves Jr.), Praça Paris (Lúcia Murat), Estrelas (1996), de Tata Amaral; O Caso dos Irmãos Naves (1967), de
Temporada (André Novais), No Coração do Mundo (Gabriel Martins e Luís Sérgio Person. Como diretor, assina os longas Sobre os Anos 60
Maurílio Martins). Dirigiu, em parceria com Ricardo Alves Jr., o média- (1999) e São Paulo, Sinfonia e Cacofonia (1994).
metragem Vaga Carne, transcriação do solo teatral homônimo que
teve estreia internacional no Festival Internacional de Berlim, e o curta
República, criado durante a quarentena 2020. Acumula inúmeros JULIA KATHARINE
prêmios no teatro, entre eles: Prêmio Shell SP e RJ, APCA, Questão Cineasta, roteirista e atriz de São Paulo. Dirigiu Tea for Two (2019) e
de Crítica, e Cesgranrio. No cinema, recebeu os prêmios Candango Won’t You Come Out To Play? (2020). Como atriz, atuou em filmes
de Melhor Atriz e Melhor Curta-Metragem (República), Melhor como Estamos todos na Sarjeta, Mas alguns de Nós Olham as Estrelas
Atriz no Festival de Cinema do Rio, no Ficsur Argentina, no Festival de (2020), de João Marcos de Almeida e Sergio Silva, Filme-Catástrofe
Cinema de Língua Portuguesa (Lisboa) e no Festival de Turim (Itália). (2017) e Lembro Mais dos Corvos (2018), os dois últimos dirigidos
por Gustavo Vinagre. Por seu trabalho em Lembro Mais dos Corvos,
recebeu o primeiro Prêmio Helena Ignez, concedido pelo Júri Oficial da
ISABELA CATÃO Mostra de Cinema de Tiradentes em reconhecimento à participação
Atriz bacharel em Teatro pela Universidade do Estado do Amazonas, feminina no audiovisual brasileiro.
integrou durante cinco anos (2014-2019) o elenco fixo da Cia. de
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • SEMINÁRIO 206
Festival de Cinema de Vitória, Sinézio, o Fenômeno, Chã de Fora, Curva nos últimos 20 anos. Em 2005 rodou o seu primeiro curta premiado,
Turva. De 2008 a 2010, ocupou o cargo de vice-presidente da ABD/PB, Chupacabra, e em 2008 lançou o seu primeiro longa-metragem,
Associação Brasileira de Documentaristas, seção Paraíba. Atualmente, é Mangue Negro, que lhe trouxe reconhecimento internacional e novos
membro do Fórum Setorial do Audiovisual Paraibano. Animais na Pista é prêmios. Também dirigiu A Noite do Chupacabras (2011), Mar Negro
sua estreia na ficção. (2013) e As Fábulas Negras (2015). Consagrou-se como um dos mais
prolíficos diretores do gênero brasileiro. Em 2018 lançou A Mata Negra
– seu primeiro filme em 4k – e rodou o épico O Cemitério das Almas
PAULA GAITÁN Perdidas, lançado em 2020.
Cineasta colombiana-brasileira, nascida na França e atualmente
residente em São Paulo. Dirigiu seu primeiro longa-metragem, Uaka,
em 1987. Desde então, dirigiu vários longas-metragens, vídeos, séries RUBENS REWALD
televisivas e instalações. Entre seu trabalho destaca-se Diário de Sintra Professor de Roteiro da Universidade de São Paulo. É autor dos livros
(2008), Exilados do Vulcão (2013), Sutis Interferências (2016) É Rocha e Caos / dramaturgia, publicado em 2005, e Autor-espectador, publicado
Rio, Negro Léo (2020), e Luz nos Trópicos (2020). em 2019. Dirigiu os curtas Cânticos (1991), selecionado para o Festival de
Havana, e Mutante... (2002), selecionado para o Festival de Clermont-
Ferrand. Também escreveu e dirigiu os longas Corpo (2007), selecionado
RAFAEL PARRODE para diversos festivais, como Montreal, Palm Springs, Índia, Rio de
Pesquisador, programador, produtor e realizador, nascido em Goiânia Janeiro, São Paulo, Mostra de Cinema de Tiradentes e Los Angeles,
(GO). Atuou como crítico de cinema colaborando em publicações diversas, onde foi premiado como Melhor Filme Estrangeiro; Super Nada (2012),
entre elas a revista Cinética, revista Janela, La Furia Umana, entre selecionado para diversos festivais como Amiéns, Mar del Plata, Pune
outras. Na Barroca Filmes, produziu vários curtas e longas-metragens, (Índia), São Paulo, Gramado (Prêmio de Melhor Ator), Rio de Janeiro
entre eles Taego Ãwa (2016) e Mascarados (2020). É um dos diretores (Melhor Filme – Novos Caminhos e Prêmio Especial do Júri), Chicago,
artísticos e o programador internacional do Fronteira Festival. Seu Montevidéu, Mostra de Cinema de Tiradentes; Esperando Telê (2010),
primeiro curta, Bom Dia Santa Maria (2019), estreou na 23ª Mostra de selecionado para os festivais Rio e Mostra Tiradentes; Intervenção
Cinema de Tiradentes, em 2020. Seu filme seguinte, Memby (2020), teve (2017), selecionado para o Festival de Brasília; Segundo Tempo (2019),
sua estreia na Mostra Pardi di Domani, no Festival de Locarno, e recebeu selecionado para o Festival de Cinema do Rio e Festival de Cinema
o prêmio de Melhor Curta-Metragem brasileiro no 9º Olhar de Cinema – Judaico – Uruguai (Melhor Filme Latino-Americano) e Jair Rodrigues
Festival Internacional de Curitiba. (2020), selecionado para o Festival É Tudo Verdade.
THACLE DE SOUZA
Baiano, formado em Cinema pela Universidade Federal do Recôncavo
da Bahia. Aberto às experiências, aborda a linguagem como processo
de afeto e escrita de narrativas plurais; em corpo, história e território.
Integrou as equipes de Direção de Fotografia e Montagem de longas
premiados, a exemplo de Café com Canela (2017), Ilha (2018) e Até o
Fim (2020), da Rosza Filmes, além de curtas-metragens, clipes e outros
formatos. Compõe, em parceria com Augusto Bortolini e Poliana Costa,
a produtora e estúdio Ladeiraloop, que assina a coprodução, fotografia e
pós do longa independente Voltei (2021), a estrear na Mostra de Cinema
de Tiradentes. Atualmente em processo de finalização dos longas baianos
Eu Não Ando Só; Para os Velhos e Antígona. Além de cinema, opera com
tecnologias criativas livres, visuais e ministrou oficinas de audiovisual,
com ênfase em escolas públicas.
OFICINAS
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • OFICINAS 212
PROGRAMA DE FORMAÇÃO
QUESTÃO VITAL PARA O
DESENVOLVIMENTO DA
INDÚSTRIA AUDIOVISUAL
Promover ações de formação é um dos pilares da programação das edições da Mostra de
Cinema de Tiradentes, que renova anualmente seu compromisso com o desenvolvimento
da indústria audiovisual em Minas Gerais e no Brasil.
Nesta edição serão promovidas dez modalidades de oficinas com a oferta de 225 vagas para
atender variados públicos e interesses. As oficinas são gratuitas, acontecem no ambiente
digital e permitem a reciclagem para os que já trabalham na área e o despertar de novos
ofícios para muitos alunos.
O ator e cineasta Renan Rovida ministra a oficina “Atuação no Cinema”, que tem como
objetivo estimular a apreciação e a experimentação na atuação para o cinema brasileiro.
Durante a oficina, os participantes terão um breve panorama do histórico da atuação, do
teatro ao cinema, por meio de exercícios práticos de criação de personagens e cenas.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • OFICINAS 213
O diretor de som Léo Bortolin ministrará a oficina “O Poder da Cultura A cineasta e educadora Larissa Figueiredo será a responsável pela
Sonora para o Som no Cinema”. A partir de estudos e práticas da direção oficina “Reencantar o Corpo, Reencantar o Mundo”. A atividade, que
de som no cinema, a atividade promove reflexões sobre conceitos e tem no cinema sua base de criação, convida outras artes e outras
teorias do elemento sonoro nas produções cinematográficas, além de epistemologias para provocar os participantes a produzirem pequenos
ampliar a percepção auditiva dos participantes por meio de exercícios e vídeos diariamente – como diários corporais e audiovisuais – para
análises fílmicas. juntos escutar os corpos através do cinema e acolher o que eles têm a
ensinar neste período de intimidades cerceadas de liberdade.
O artista visual Lucas Rossi Gervilla é o responsável pela oficina
“Documentários Domésticos”, que busca compartilhar ferramentas para A produtora executiva, diretora de produção e curadora Maria Flor
que os participantes possam contar suas próprias histórias por meio de Brazil ministra a oficina “Da Ideia ao Filme: Como Desenvolver o
pequenos documentários. A oficina focará em técnicas de filmagem e seu Projeto”. Essa atividade pretende ser um ponto de partida para
produção, sem sair de casa, utilizando equipamentos de baixo custo e pessoas de todas as áreas que desejam realizar um filme, com uma
acessórios fáceis de serem encontrados ou adaptados. E abordará os proposta já definida, mas que não possuem intimidade com o universo
princípios básicos da edição e montagem. audiovisual. O objetivo é estimular e estruturar as ideias para criação
de um projeto audiovisual definitivo, pronto para ser realizado ou
A diretora de arte e roteirista Camila Tarifa ministra a oficina “Roteiro apresentado em editais.
de Curtas”. O objetivo é ensinar conceitos básicos da escrita de um
roteiro de curta-metragem, por meio da análise de modelos clássicos As oficinas integram o Programa de Formação Audiovisual que a
e contemporâneos da linguagem curta do audiovisual. E escrever um Universo Produção realiza no âmbito do Cinema sem Fronteiras 2021.
roteiro de curta-metragem a partir das ferramentas colocadas em As atividades têm por objetivo contribuir para formação, capacitação
cada aula. e qualificação de profissionais – questão vital para o crescimento
da indústria audiovisual no Brasil e, ao mesmo tempo, estimular a
O especialista em marketing, roteirista e consultor Gustavo Padovani formação de novos talentos, oportunizar o encontro e o intercâmbio
é o responsável pela oficina “Roteiro para Narrativas Audiovisuais”. de ideias e conhecimento.
A atividade pretende aprimorar a capacidade técnica e criativa dos
participantes ao treinar práticas de escritas de roteiro, metodologias
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • OFICINAS 214
OFICINAS
ATUAÇÃO NO CINEMA
AUDIÊNCIA DO AUDIOVISUAL
COMO OS FILMES PODEM ALCANÇAR SEUS PÚBLICOS
A oficina pretende ser um ponto de partida para pessoas de todas as A proposta da Oficina Filme de Casa é refletir sobre outras possibilidades
áreas que desejam transformar uma ideia em um projeto audiovisual de direção cinematográfica, incitadas pela pandemia, mas exploradas
estruturado, pronto para ser apresentado em editais. muito antes dela. Em uma frase, o que a Oficina propõe é abordar e
analisar obras que utilizaram pouquíssimos recursos e, ainda assim, ou
talvez essencialmente por isso, se tornaram emblemáticas.
DOCUMENTÁRIOS DOMÉSTICOS
Instrutor: Lucas Rossi Gervilla | SP O PODER DA CULTURA SONORA PARA O SOM DO CINEMA
Período: 25 a 27 de janeiro – segunda a quarta
Carga horária: 12h Instrutor: Léo Borolin | SP
Número de vagas: 25 Período: 23 a 27 de janeiro – sábado a quarta
Faixa etária: a partir de 16 anos Carga horária: 15h
Número de vagas: 20
O principal objetivo desta oficina é compartilhar ferramentas para que Faixa etária: a partir de 18 anos
o público possa contar suas próprias histórias. Partindo de gravações
feitas pelos próprios participantes, será realizado um minidocumentário Como se organiza o pensamento sonoro dentro de um projeto fílmico?
coletivo, sobre uma temática a ser decidida em conjunto. Ao final dos A partir de estudos e práticas da direção de som no cinema, vamos
encontros, as pessoas que participarem da atividade estarão aptas a propor debates a respeito de conceitos e teorias do elemento sonoro
produzirem seus pequenos documentários, seja para uso profissional nas produções cinematográficas, além de ampliar a percepção auditiva
ou para compartilharem suas vivências durante a quarentena. dos participantes através de exercícios e análises fílmicas. E assim,
identificar e desenvolver as diversas camadas que compõem o desenho
de som de um filme. Vamos buscar e praticar as escutas das variadas
sonoridades incutidas numa obra cinematográfica.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • OFICINAS 216
PRODUÇÃO EXECUTIVA DE AUDIOVISUAL que juntos possamos escutar nossos corpos através do cinema e
acolher o que eles têm a nos ensinar sobre o que estamos sentindo e
Instrutora: Cris Reque | RS experimentando em nossas intimidades cerceadas de liberdade.
Período: 23 a 26 de janeiro – sábado a terça
Carga horária: 12h
Número de vagas: 25
Faixa etária: a partir de 18 anos ROTEIRO DE CURTAS
A proposta desta oficina é permitir que os alunos tenham as Instrutora: Camila Tarifa | SP
ferramentas básicas para elaborar um projeto, sob o ponto de vista da Período: 25 a 29 de janeiro – segunda a sexta
produção executiva. Compreender as etapas, demandas, documentos e Carga horária: 15h
a organização do trabalho executivo numa obra audiovisual. Qualificar Número de vagas: 20
os produtores iniciantes e outros interessados da área que gostariam Faixa etária: a partir de 18 anos
de dominar melhor as atividades da função de produção, e mesmo
produtores experientes que ainda não tiveram contato na área de Aprender conceitos básicos da escrita de um roteiro de curta-metragem,
conteúdo audiovisual. analisando modelos clássicos e contemporâneos da linguagem curta
do audiovisual. Escrever um roteiro de curta-metragem a partir das
ferramentas colocadas em cada aula.
CURRÍCULOS
INSTRUTORES
CAMILA TARIFA
Mestre em Roteiro Criativo de Audiovisual pela EICTV-Cuba (2014) e graduada em Cinema
pela Faap (2007). É diretora de arte e roteirista. Em 2014 desenvolveu seu primeiro projeto
de longa-metragem, Silêncios de Marta, que foi selecionado para o laboratório Nuevas
Miradas 8 do 36º Festival Latinoamericano de Havana. É roteirista do telefilme Circo É…
Circo para o SescTV. Participou da sala de roteiros da série In Vino Verita, da Aun Filmes. É
diretora de arte dos curtas: Portugal Pequeno (2020), de Victor Quintanilha, Azul Vazante
(2018), de Julia Alqueres (2018), Gaiola (2018) e Onde Você Vai? (2011), de Victor Fisch,
Navalha do Avô (2013), de Pedro Jorge. Produziu o Cinefest Gato Preto em Lorena, SP, entre
2015 e 2018. Coordenadora de oficinas culturais metropolitanas de 2013 a 2017. Professora
de Roteiro do Instituto de Cinema desde 2015. Curadora de roteiros e curtas do Frapa 2018
e 2020. Diretora e roteirista do curta-metragem premiado Menina Seta.
CRIS REQUE
Iniciou carreira em 1998 como assistente de montagem e direção. Em 2006 torna-se sócia
da Modus Produtora, fazendo produção, roteiro e direção para cinema e TV. Roteirizou e
dirigiu os premiados curtas Mãe Monstro (2003) e Três Vezes por Semana (2011). Realizou
para a TV as séries Mistérios de Entrever (2017) e Culturando (2018) e prepara o longa
de ficção Coração Reverso. É professora titular na Unifin (RS) e convidada na Escola de
Comunicação, Artes e Design da Famecos – PUC-RS.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • OFICINAS 218
JOSÉ AGRIPINO
Formado em Audiovisual pelo Centro Universitário Senac. Há seis anos LÉO BORTOLIN
trabalha com marketing para cinema participando do lançamento de Formado em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal Fluminense
mais de 50 filmes brasileiros, entre eles Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, (RJ, 2012). Especializou-se como diretor de som pela Escola Superior de
Que Horas Ela Volta, As Duas Irenes, Deslembro. Participou de alguns Teatro e Cinema – ESTC Amadora, em Portugal. Mestre pelo programa
laboratórios e oficinas, onde aprimorou os conhecimentos de distribuição Multimeios da Unicamp (SP) com pesquisa sobre o som no cinema brasileiro
e audiência, entre eles podemos destacar: Berlinale Talent Campus, Eave contemporâneo. É também diretor de som do grupo cinematográfico
Marketing Workshop 2016 e o Locarno Academy. Atualmente trabalha Kino-Olho e professor de “desenho de som” e “som no cinema” em
como analista de mídias digitais de campanhas de lançamento de filmes diversas instituições. Atua na pesquisa e prática cinematográfica
nas plataformas VOD na Sofa Digital. voltada à reflexão e construção das diferentes sonoridades de filmes.
Assinou a direção de som de diversos curtas e longas com importantes
carreiras em festivais nacionais e internacionais, entre eles: Command
LARISSA FIGUEIREDO Action (2015), com prêmios de Melhor Som no 48° Festival do Cinema
Cineasta e educadora. Estudou Letras na UnB e Cinema na França, Suíça e Brasileiro de Brasília e no 8° Curta Taquary; A Moça que Dançou com o
Argentina. Seus trabalhos incluem o longa documental O Touro (2015), que Diabo (2016), com prêmios de Melhor Som no X Festival CineMúsica e
recebeu o prêmio Visions Sud Est e teve sua estreia no Festival de Roterdã, na I Bienal Internacional do Cinema Sonoro e Menção Especial do Júri na
além de curtas e séries para canais como HBO, CinebrasilTV e Canal Palma de Ouro do Festival de Cannes 2016; Meninas-Formicida (2017),
Brasil. Como educadora, deu aulas e oficinas em universidades e escolas com prêmios de Melhor Som no 19° Festival Kinoarte de Cinema 2017 e
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • OFICINAS 219
no 11° Curta Taquary 2018; Russa (2018), seleção oficial do Short Films RENAN ROVIDA
no 68° Internationale Filmfestspiele Berlin 2018; Empate (2018), prêmio Ator e cineasta. Dirigiu os longas-metragens Pão e Gente e Sem Raiz e
de Melhor Som no Festival Maranhão na Tela (2019); Banquete Coutinho os curtas-metragens Coice no Peito e Entre Nós, Dinheiro. Como ator,
(2019); Fendas (2019), seleção oficial do Festival International du Cinéma trabalhou em mais de 25 filmes, entre os quais: Arábia, de Affonso Uchôa
de Marseille (FID)/França; A Noite Amarela (2019), com indicação a e João Dumans, Os Sonâmbulos, de Tiago Mata Machado, Baixo Centro,
Melhor Som no 25° Prêmio Guarani de Cinema Brasileiro 2019; e Casa de de Ewerton Belico e Samuel Marotta, Madrigal para um Poeta Vivo, de
Antiguidades (2020), único filme latino-americano na Seleção Oficial do Adriana Barbosa e Bruno Mello Castanho, Jovens Infelizes, de Thiago B.
Festival de Cannes 2020. Mendonça, New Life S.A., de André Carvalheira, Apto. 420, de Dellani
Lima (…). Em TV, trabalhou em: Fantasmas da Casa Própria, direção
de Adirley Queirós e Cássio Oliveira – TVs públicas (…).
LUCAS ROSSI GERVILLA
Artista visual, trabalha com imagens desde 2005. Doutorando e mestre
pelo Instituto de Artes da Unesp e bacharel em Comunicação e Multimeios
pela PUC-SP. Participou de mais de 160 produções audiovisuais. Em
2020, dirigiu seu primeiro longa-metragem, chamado Ruinoso. Foi
comissionado pelo Canal Futura para a produção do curta-metragem
Edmur e o Caminhão. Em 2017 recebeu a bolsa Mobility Fund, oferecida
pelo Prince Claus Fund.
PERFORMANCE AUDIOVISUAL
Mestre em Comunicação Social pela UFMG (2008), especialista em Artista premiado pelo trabalho em diversas trilhas sonoras para
Culturas Midiáticas (2006) e bacharel em Comunicação Social – cinema, teatro e dança, indicado pelo baterista Martin Atkins (Sex
Rádio e Televisão (1998), todos títulos pela UFMG. Sócia fundadora Pistols, NichInch Nails) como um dos mais interessantes músicos
da produtora JPZ Comunicação (1998) e da Associação Imagem brasileiros contemporâneos. A obra de Barulhista constrói paisagens
Comunitária (1997–2015); atua no mercado como diretora, roteirista sonoras e mentais ao longo dos discos, trilhas sonoras e textos, é
e finalizadora de obras documentais, ficcionais e programas de TV e um exemplo de técnica e sensibilidade deste prolífico artista, uma
meios digitais construção que lentamente revela nuances e desdobra-se do
melancólico ao sublime.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • ARTE • PERFORMANCE AUDIOVISUAL 224
Em 2017 realizou a pesquisa de personagens do filme Espera, de Cao Ator, compositor, cantor, multi-instrumentista, diretor musical
Guimarães. Em 2016 Cardoso lançou os livros O livro que não se lê e e capitão de congado; estabeleceu em sua trajetória artística –
O destino do vazio através da Fundação Municipal da Cultura. Em 2012 que começou quando ainda era criança, na extinta TV Itacolomi –
fez pesquisa sobre personagens para o longa-metragem de ficção O diálogo entre diversas linguagens e entre a arte e as manifestações
Homem das Multidões, de Marcelo Gomes e Cao Guimarães, premiado populares tradicionais da cultura afro-brasileira e afro-mineira.
na França e no México. Em 2008, dirigiu e roteirizou o documentário Formado pelo Teatro Universitário da Universidade Federal de Minas
de média-metragem Tomba Homem e o curta de ficção O Homem Gerais e transitando pelo cinema, pela TV e pelo teatro, atuou em
Provisório. Em 2003 trabalhou na montagem do longa-metragem A 28 espetáculos, sendo 25 musicais, entre eles, a trilogia de João das
Alma do Osso, de Cao Guimarães. Neves: Bituca, com músicas de Milton Nascimento, e Besouro Cordão
de Ouro e Galanga Chico Rei, com músicas de Paulo César Pinheiro (a
experiência deste último se desdobrou em álbum homônimo, o sexto
da carreira, criado em parceria com Sérgio Santos).
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • ARTE • PERFORMANCE AUDIOVISUAL 225
EXPOSIÇÃO #CINECBMM
MOSTRA TIRADENTES NO TEMPO
Foto: Mariana Martins/Acervo Universo Produção
Exposição virtual que apresenta em 200 imagens fotográficas a CBMM aproxima a Mostra de Cinema de Tiradentes de Belo Horizonte
trajetória do evento em 23 edições, com o objetivo de contar a história com uma exposição para ser vista das janelas, respeitando o isolamento
da Mostra Tiradentes, que é cheia de riquezas visuais, tanto do ponto de social. Durante os dias 28, 29 e 30 de janeiro, de 19 às 21 horas, por meio
vista de pessoas, programação, quanto por ser um evento tão complexo de uma projeção em um prédio, serão apresentados vídeos legendados
em instalações e estruturas provisórias planejadas anualmente para com um resumo do charme da Mostra, depoimentos de figuras locais
envolver a cidade histórica de Tiradentes e tê-la como cenário do maior importantes e trechos de filmes. O cruzamento da Rua Bahia, berço
evento do cinema brasileiro. cultural da capital, com a Avenida Álvarez Cabral, foi escolhido para
sediar esse encontro digital dos belo-horizontinos com a tradicional
As imagens selecionadas revelam toda a essência e as nuances da Mostra de Tiradentes.
Mostra Tiradentes através das lentes dos fotógrafos Leo Lara, Jackson
Romanelli, Beto Stânio, Leo Fontes, Biel Machado, Nereu Jr., Beni Jr., E, para dar vida àqueles comentários que os visitantes costumam
Daniel Iglesias, Victor Shwaner, Pedro Silveira, André Fossati, Alexandre ouvir nos intervalos das atividades ou na fila do pipoqueiro, algumas
C. Mota e integram o acervo da Universo Produção. interações recebidas no perfil da CBMM no Instagram (@cbmm_oficial)
também vão ser compartilhadas na projeção.
SHOWS
Foto: divulgação
Surge na cena musical brasileira em 1979, no festival universitário Compositor, cantor, jornalista e escritor, Chico explicita a irreverência,
da TV Cultura. Em 1980 lança o LP Clara Crocodilo, marco inicial a criatividade e a poética, características de sua obra ao longo de
da Vanguarda Paulistana. Em 1984 lança o LP Tubarões Voadores. sua trajetória. Chico César acaba de lançar a canção “Nada”. O
Colabora com cineastas como Rogério Sganzerla (ator) e Chico Botelho single intimista foi composto em casa, durante a pandemia do novo
(ator e compositor de trilha sonora). Compõe óperas (O Homem coronavírus e está disponível em todas as plataformas de streaming.
dos Crocodilos; 22 Antes e Depois; Até que se Apaguem os Avisos O artista desafia a saudade e aponta a distância como um estímulo
Luminosos) e missas (Missa in Memoriam Arthur Bispo do Rosário, que pode ser vibrante e cheio de calor humano, nestes tempos de
Missa in Memoriam Itamar Assumpção, Missa Nóia). Apresenta desde coronavírus.
2004 o programa Supertônica na rádio Cultura FM.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • ARTE • SHOWS 228
Nascida na comunidade da Pedreira Prado Lopes, na região da Cantor, compositor, multi-instrumentista, ator e diretor musical. Seu
Lagoinha, berço do samba de Belo Horizonte, a cantora se destaca trabalho autoral é reconhecido pelo diálogo que estabelece entre a
como uma das grandes vozes do samba mineiro. Preparou um show tradição e a experimentação, pela profusão de sonoridades – com
especial para a 24ª Mostra de Cinema de Tiradentes, em que traz destaque para as referências afro-latinas – e pelo timbre peculiar
canções que representam a sua própria história. Não por acaso, este de sua voz. Já se apresentou em várias regiões do Brasil e em países
show contará com algumas músicas que estarão no CD Minha Verdade, como Canadá, Áustria, Espanha, Moçambique, China e Argentina. Com
seu primeiro álbum, que será lançado ainda no primeiro semestre de carreira também no teatro, trabalhou com o icônico diretor João das
2021. O show apresenta diversas canções autorais, em que se destaca Neves em Besouro, Cordão-de-Ouro, e em Oratório – a Saga de Dom
a negritude, ancestralidade e afluentes e conta com a participação Quixote e Sancho Pança dividiu os palcos com Maurício Tizumba,
especial do multiartista Sérgio Pererê, interpretando sambas épicos um parceiro constante ao longo da vida. No cinema, participou do
da nossa cena musical, além do seu impecável repertório autoral. premiado Rapsódia para um Homem Negro, da Filmes de Plástico.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • ARTE • SHOWS 229
Foto: divulgação
Foto: divulgação
FERNANDA ABREU JOHNNY HOOKER
Inspirada pelos versos da emblemática "Eu vou torcer", Fernanda Artista pernambucano que ganhou notoriedade nacional após seu
Abreu conduz 60 minutos de show em sua casa, no home estúdio de primeiro disco autoral, Eu Vou Fazer uma Macumba pra te Amarrar
seu marido, baterista e produtor Tuto Ferraz, carinhosamente batizado Maldito, desde então seu nome corre entre os grandes artistas da
de Cativeiro. E é direto do seu Cativeiro que Fernanda invade a casa de nova safra da música popular brasileira. Coleciona alguns prêmios,
milhares de pessoas, derrubando os muros do isolamento por meio como o Melhor Cantor do Prêmio da Música Brasileira e dois do MTV
da internet, compartilhando, através do seu emblemático repertório, Miaw, sendo um deles de Melhor Clipe. Recentemente ganhou discos
momentos de alegria, música, dança – tão necessários nestes tempos de platina por seus dois singles, “Amor marginal” e “Flutua”, este
de tristes e preocupantes notícias diárias. último sucesso do segundo disco, Coração. Em 2021 está previsto
lançamento do DVD ao vivo do show Macumba, gravado em 2016
em Recife, e também o seu mais novo trabalho autoral, ainda sem
previsão de data.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • ARTE 230
ANIMADORES CULTURAIS
Foto: divulgação
Foto: Leo Lara
ÉRICA VIEIRA DAVID MAURITY
Jornalista, especialista em gestão estratégica da comunicação. Atua Integrante do Toda Deseo, coletivo que aborda a temática de gênero
em televisão há 13 anos, com passagens por emissoras de projeção de forma criativa e provocadora. Transgressoras e encorajadas, as
nacional, como Canal Futura, Rede Minas, TV Brasil e TV Cultura. ações desse coletivo visam garantir a liberdade de expressão e da
Atualmente é apresentadora e editora-chefe do programa diário participação dos sujeitos trans na vida social e cultural da cidade. São
de entrevistas Opinião Minas, na Rede Minas. E presta mentorias e atos de resistência, inclusão e de luta contra o preconceito. Além do
consultorias na área de comunicação e gravação de vídeos. seu trabalho como ator, David atua como mestre de cerimônia em
eventos da cidade de Belo Horizonte, como a Virada Cultural e a Festa
Divina Maravilhosa, realizada pela Cuia Cultural. Também é estudante
do Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários da Universidade
Federal de Minas Gerais.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • ARTE 231
CAMPANHA #EUFAÇOAMOSTRA
PARCERIAS QUE
DÃO FRUTOS
A Mostra Valores é uma iniciativa e idealização da Universo Produção. Tem o propó-
sito de dialogar e valorizar pessoas, ações, programas e comunidades das cidades de
Tiradentes, Ouro Preto e Belo Horizonte, que estão inseridas no âmbito do Cinema sem
Fronteiras – programa internacional de audiovisual que reúne as três Mostras anuais,
diferenciadas e complementares, com o intuito de exibir e discutir a produção contem-
porânea do cinema, sua história, patrimônio, linguagens, estéticas e formas de inserção
no mercado audiovisual.
Nesta edição, estabelece uma parceria com o Sesc em Minas, por intermédio do pro-
grama Mesa Brasil Sesc, que é uma rede nacional de bancos de alimentos contra a fome
e o desperdício, em que as doações recebidas nas lives artísticas durante a 24ª Mostra
de Cinema de Tiradentes e destinadas ao Programa Mesa Brasil Sesc serão encaminha-
das às instituições de Tiradentes cadastradas no programa – Apae Tiradentes e Lar de
Idosos – Abrigo Tiradentes.
Convidamos você a participar dessas ações que integram a programação da Mostra Valores
e contribuir para as instituições que dependem da soma de esforços para sua manutenção
e trabalho que beneficiam os mais necessitados.
Além disto, a Mostra Valores firma parceria com a Empresa Mineira de Comunicação – Rede
Minas e Rádio Inconfidência para exibição de filmes na grade de programação da emissora,
visando contribuir para difundir o cinema brasileiro na emissora educativa representativa
de Minas Gerais que atua para a formação de cidadãos conscientes, éticos e atuantes.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA VALORES 235
REDE
MINAS
A Rede Minas é uma das principais emissoras de televisão aberta e principal emissora
pública de Minas Gerais. Oferece uma programação ampla e diversa, pautada na qua-
lidade e na produção de conteúdos relevantes para o telespectador. São mais de três
décadas de abrangência crescente pelo estado de Minas Gerais, como parte da constru-
ção e registro da história de um estado culturalmente rico e diverso. Os desafios atuais
são mais amplos e voltados para as possibilidades de promoção do patrimônio cultural,
humano e de nossas paisagens naturais, nas multiplataformas do audiovisual.
Na tela da Rede Minas cabem os 853 municípios mineiros e a identidade de seu povo.
Rede Minas é lugar da cultura, do turismo, do patrimônio, das tradições, da contem-
poraneidade e da projeção de tudo aquilo que Minas Gerais tem a oferecer. Aqui os
mineiros se encontram.
SWINGUEIRA 5 FITAS
Documentário, Cor, DCP, 80min, CE/BA, 2020 Ficção, Cor, Digital, 15min, BA, 2020
Direção: Bruno Xavier, Roger Pires, Yargo Gurjão e Felipe de Paula Direção: Haroldo de Deus e Vilma Martins
FOGUETE
Ficção, Cor, Digital, 15min, DF, 2020
Direção e Roteiro: Pedro Henrique Chaves
NOITE DE SERESTA
Documentário, Cor, DCP, 19min, CE, 2020
Direção: Sávio Fernandes e Muniz Filho
PEGA-SE FACÇÃO
Documentário, Cor, Digital, 13min, PE, 2020
Direção: Thaís Braga
MESA BRASIL
SESC
O Mesa Brasil Sesc é uma rede nacional de bancos de alimentos que, desde 1994,
atua no combate à fome e ao desperdício de alimentos. Seu objetivo é contribuir para
a promoção da cidadania e a melhoria da qualidade de vida de pessoas em situação
de vulnerabilidade alimentar e social. Trata-se essencialmente de um Programa de
Segurança Alimentar e Nutricional, baseado em ações educativas e de distribuição
de alimentos excedentes ou fora dos padrões de comercialização, mas que ainda
podem ser consumidos. Atua como banco de alimentos (centro de recolhimento,
seleção e distribuição) e promove a dignidade de crianças, jovens e idosos das enti-
dades sociais cadastradas.
O Mesa Brasil Sesc busca onde sobra e entrega onde falta. Essa ação conjunta integra
o Sesc, empresas, instituições sociais e pessoas voluntárias em prol da garantia dos
direitos básicos de cidadania.
A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – Apae de Tiradentes é O Lar de Idosos – Abrigo Tiradentes, fundado em 15 de agosto de 1954,
uma organização social sem fins lucrativos, fundada em 4 de novembro é uma Instituição de longa permanência para Idosos (Ilpi) de cunho
de 1999, que tem como objetivo integrar e orientar o processo da beneficente, caritativa e de assistência social, sem fins lucrativos e com
educação de pessoas com deficiência intelectual e múltipla, criando caráter filantrópico. Atualmente abriga 25 idosos de ambos os sexos,
condições adequadas para o desenvolvimento de suas potencialidades. proporcionando assistência material, moral, intelectual, social e espiritual.
DEPOIMENTOS
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • DEPOIMENTOS 240
DA MOSTRA
TIRADENTES
EU FALO...
“Sem dúvida é um dos eventos mais importantes para a cultura de Minas Gerais. Esse setor
do audiovisual vem crescendo muito e Minas Gerais desponta como um dos principais estados
nesse setor. O estado está novamente participando da 23ª Mostra de Cinema de Tiradentes por
entender a grande importância que tem para o turismo, a cultura e a economia do nosso estado.”
“Para nós, da Copasa, é sempre importante estarmos integrados com a sociedade. E esse
evento é muito bacana porque ele não trata só as questões específicas de Tiradentes ou do
estado de Minas Gerais, mas o cinema transmite todas as questões da sociedade. E para nós
do setor de saneamento é muito bacana. Esse festival está muito legal e a gente vê a interação
de toda a sociedade. Saneamento é isso!”
“A CBMM tem a tradição de apoiar a cultura no Brasil, especialmente em Minas Gerias, como
somos uma empresa mineira. E nada melhor que prestigiar a maior Mostra de cinema do
estado e do Brasil. Isso para nós é motivo de grande orgulho.”
“Quero registrar e dizer também da importância da Mostra nesse “Eu estou gostando muito porque é uma experiência para além de ver
momento histórico de resistência, de mostrar que a cultura é o grande os filmes, poder mergulhar nas reflexões, sobre questões estéticas
instrumento de transformação desse país. A valorização dos olhares, os e políticas do país, nesse momento em que a cultura e todo um rolê
vários pontos de vista, das várias formas de fazer cultura. Se precisar, no cinema sofre ataques constantes. Pensar a partir desse tema que
vamos lutar juntos… já estamos lutando… para que ninguém diga que a foi proposto da Mostra, a imaginação como potência, faz a gente
gente não pode fazer isso.” mergulhar nos filmes já com olhar mais crítico, mais atento as questões
que ele coloca.”
Adriane Canan
diretora do curta As Rendas de Dinho – SC Catu Rizo
diretora do filme A Terra de Muitas Águas – RJ
Bárbara Cariry
produtora executiva de Escravos de Jó e de Sertânia – CE “Eu vim algumas vezes na Mostra, e eu acho que ela sempre tem esse
processo de ter um cinema de invenção, tem filmes jovens… A Mostra
Aurora são realizadores com seus primeiros filmes. E é muito legal você
“A Mostra de Cinema de Tiradentes é muito importante porque ver que ela pega uma gama de filmes com ideias diferentes, mas que se
movimenta a cidade. Além disso, eu acho o evento muito interessante. encontram no final. Lugares diferentes., de regiões diferentes… Então é
É ali que o cineasta tem a oportunidade de apresentar seu filme, tanto sempre legal você ter um panorama do que está sendo feito, de novas
jovens quanto veteranos. Que nossa parceria possa aumentar cada propostas, de novas abordagens até dos lugares assim... novos lugares.
vez mais.” Eu acho muito legal estar aqui sempre acompanhando.”
“Achei o Cortejo um movimento cultural interessante de conhecer “É minha primeira vez na Mostra. Eu vim mais pela oficina que estou
diversos tipos de grupos culturais que reuniram as pessoas em fazendo, que é de “Produção para Cinema e TV”. Eu estou muito feliz de
Tiradentes. Foi um momento de muita alegria, das famílias unidas, ter rolado a oficina e ter conseguido vir, porque foi uma oportunidade
participando desse cortejo, todo mundo alegre, todo mundo feliz. Muitas de ter contato com várias produções, de várias pessoas muito legais,
famílias… acho que esse foi o ponto mais importante, mais legal.” assim. Uma galera muito boa que vem produzindo umas coisas
muito importantes, de uns temas muito interessantes, conhecendo
Flávio coisas novas de artistas que eu já conhecia. Enfim, está sendo uma
turista – MG oportunidade muito massa em todos os sentidos, principalmente por
conta da oficina, uma oficina incrível, estou aprendendo muitas coisas.
Estou muito feliz.”
“Está sendo bastante estimulante o festival. Eu estou gostando bastante.
Só que eu admiro muito o festival, os espaços de discussões que tem, Guilherme Alves
de debates. Parece que ela [a Mostra Tiradentes] se reinventa bastante. estudante de Jornalismo – MG
necessárias nesse momento. É uma grande provocação e um grande cada vez melhor. Eu acho que essas oficinas só têm a colaborar para
incentivo a construção de outros mundos e outras estéticas.” que no futuro essas pessoas venham trazer seus filmes. Então, assim,
uma oficina muito cheia. A Mostra muito cheia. Sala lotada… Muito
Helena Vieira bonito de ver isso porque a gente precisa muito de formação do público
integrante da mesa “A Imaginação como Potência” – SP para o cinema brasileiro. A gente faz bons filmes, mas muita gente tem
preconceito simplesmente porque o filme é brasileiro. Então com isso a
gente forma esse público. Então eu estou muito feliz de estar aqui mais
“Não é a primeira vez que venho na Mostra. Já venho há bastante uma vez podendo ensinar um pouco, podendo trazer essas pessoas
tempo, minha família é daqui. Eu acho a Mostra incrível, um meio mais um pouco para dentro do fazer audiovisual.”
de expor o cinema para as pessoas em geral, tanto para as pessoas
aqui da cidade, que eu acho incrível, tanto o cinema na praça que Júlia Nogueira
abrange e leva cultura para a praça mesmo. O cinema para a praça. instrutora da oficina “Produção para Cinema e TV” – MG
Estou achando os filmes incríveis. Estou aqui desde sexta e vou ficar
até sábado. Estou acompanhando todos os filmes, estou indo nos
debates. Estou achando incríveis os debates também. Você ver o “O Sesc acredita muito na Mostra de Cinema de Tiradentes. Pra gente é
que os diretores pensaram sobre os filmes, como foi na organização, sempre uma alegria. Já é nosso quarto ano consecutivo como parceiro
pensando como eles fizeram o filme…” da Mostra. Ter um espaço dentro dessa Mostra, que é a primeira mostra
de cinema do ano, ter um espaço onde as outras linguagens convergem
Julia, 19 anos é muito feliz. E a gente acredita mesmo nessa parceria”.
turista – MG
Maria Carolina Fescina Silva
coord. técnica social da Gerência de Cultura do Sesc – MG
escrevendo também. Comparando com ano passado, eu acho que “É muito importante buscar a ver o cinema brasileiro contemporâneo.
as Mostras estão mais fortes. Eu sinto que a curadoria… não sei se a Há muitos filmes em estreia na Mostra Tiradentes, e isso faz com que
curadoria ou os filmes em si.... mas tem filmes mais fortes. Acho que nós – que estamos do outro lado a fechar a programação – tenhamos
o Júri Oficial, tanto na Mostra Olhos Livres quanto na Aurora, vai penar essa oportunidade única de poder ver esses filmes em primeira mão,
um pouquinho pra decidir.” poder conhecer o diretor. E ver aqui os filmes é sempre diferente quando
vemos num computador ou quando vemos em uma inscrição que é
Larissa Muniz, 22 anos feita, porque á um contexto de diálogo, de debate, que faz o cinema
crítica e cineasta – MG ainda mais forte.”
Miguel Valverde
“Vim passear em Tiradentes. Achei incrível porque amanhã é meu convidado internacional – Portugal
produção que eu não conhecia e me impulsionou a pensar também “Estou achando incrível a estrutura do festival. Eu tenho um trabalho
o cinema brasileiro.” de exibição lá em Maceió, que inclusive tem coisas que estou levando
como referência. Estou gostando dos filmes também. É a primeira vez
Pedro Maciel Guimarães que venho no festival e eu acho muito legal essa aposta que eles têm em
curador de curtas – MG revelar pessoas, revelar filmes.”
Ulisses Arthur
“Eu acredito que é muito importante para nós poder vir para falar dos diretor do filme Ilhas de Calor – AL
PROGRAMAÇÃO
COMPLETA
22 JANEIRO
SEXTA
20H
ABERTURA
OFICIAL
ASSISTA EM
MOSTRATIRADENTES.COM.BR
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 247
22 JANEIRO 6 22 JANEIRO 7
SEXTA SEXTA
20h 20h
MOSTRATIRADENTES.COM.BR MOSTRATIRADENTES.COM.BR
PERFORMANCE
Foto: divulgação
AUDIOVISUAL
22 JANEIRO 8 22 JANEIRO 9
SEXTA SEXTA
20h30 21h30
MOSTRATIRADENTES.COM.BR MOSTRATIRADENTES.COM.BR
22 JANEIRO 10
SEXTA
22h
MOSTRATIRADENTES.COM.BR
23 JANEIRO
SÁBADO
SHOW Foto: divulgação
23 JANEIRO 12 23 JANEIRO 13
SÁBADO SÁBADO
11h 16h
DEBATE RODA DE CONVERSA
Tema: VERTENTES DA CRIAÇÃO Tema: A POÉTICA DO CINEMA DE GÊNERO
O debate convida a discutir os processos de criação – a construção O cinema brasileiro tem uma vasta produção que bebe nas
dos personagens, do espaço, a escrita, a montagem. O que se tradições dos gêneros cinematográficos, de seus temas,
faz com as mãos, os olhos, os corpos e o coração quando se está suas estéticas e seus códigos. Esse cinema, não raro, busca
criando uma imagem? Essa reflexão pode acessar um campo de comunicação com o imaginário dos espectadores por meio de
expressão das experiências particulares do trabalho de criação, um uma relação franca: o cinema de gênero não tergiversa.
trabalho que não está isolado dos processos mais amplos do mundo Ele busca atingir os espectadores de maneira frontal. Por outro
(econômicos, técnicos, políticos), mas dele toma parte ativa com lado, existem filmes que não se afirmam “de gênero”, mas
mais proximidade ou com uma calculada (e necessária) distância. dialogam amplamente com esse repertório. A conversa buscará
abordar a importância e, talvez, a necessidade do exercício do
Convidados: cinema de gênero no cinema brasileiro contemporâneo.
• Adirley Queirós – cineasta | DF
• Cristina Amaral – cineasta | SP Convidados:
• Armando Fonseca, diretor de Skull: a Máscara de Anhangá (SP)
Mediação: Lila Foster – curadora Mostra Tiradentes | DF • Kapel Furman, diretor de Skull: a Máscara de Anhangá (SP)
• Marco Arruda, diretor de Magnética (RS)
• Otto Cabral, diretor de Animais na Pista (PB)
• Rodrigo Aragão, diretor de O Cemitério das Almas Perdidas (ES)
23 JANEIRO 15
SÁBADO
LONGA | MOSTRINHA L
SESSÃO FAMÍLIA
PASSAGEM SECRETA
FICÇÃO, COR, DCP, 95MIN, PR, 2020
SÁBADO
segredos sobre a sua identidade e precisa fazer escolhas.
23 JANEIRO 16 23 JANEIRO 17
SÁBADO SÁBADO
23 JANEIRO 19
SÁBADO
22h
MOSTRATIRADENTES.COM.BR
24 JANEIRO
DOMINGO
SHOW DEBATE E RODA
Foto: José de Holanda
24 JANEIRO 21
DOMINGO
11h
DEBATE
ENCONTRO COM OS FILMES
MOSTRA AURORA
DOMINGO
Crítica convidada: Carla Italiano | MG
Mediação: Marcelo Miranda - crítico de cinema | MG
16h
RODA DE CONVERSA
Tema: PROCESSOS ARTÍSTICOS E CRIAÇÃO DE PERSONAGENS:
FILMES
DESTAQUES
ENTRE A CENA E A TELA
A criação de uma personagem perpassa várias etapas na realização
de um filme. Neste percurso, escrita, leituras, ensaios, preparação
de elenco e as condições criadas no momento da filmagem são
alguns dos recursos que proporcionam caminhos para os processos
de criação do elenco e da direção de um filme. Propomos aqui uma
conversa entre atrizes e diretoras sobre os seus processos de criação,
DO DIA
a relação entre cinema e outras artes, assim como os desafios
enfrentados nos seus processos de realização.
ASSISTA EM
Convidadas: MOSTRATIRADENTES.COM.BR
• Arlete Dias, atriz de Voltei! (BA)
• Djin Sganzerla, diretora de Mulher Oceano (RJ/SP)
• Isabela Catão, atriz de Enterrado no Quintal (AM) e O Barco e o Rio (AM)
• Julia Katharine, diretora de Won’t You Come Out to Play? (SP)
Mediadora: Amanda Gabriel - atriz e arte-educadora | PE
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 255
24 JANEIRO 23 24 JANEIRO 24
DOMINGO DOMINGO
TODAS AS MELODIAS
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 85MIN, RJ, 2020
CURTAS | MOSTRA FOCO MINAS Direção: Marco Abujamra
SÉRIE 2
Percurso sensível pela vida e obra de um dos maiores artistas da
MINEIROS, de Amanda Dias música nacional, Luiz Melodia. Com registros desde os anos 70, o
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 23MIN, MG, 2020 L filme apresenta sua trajetória da juventude no morro do Estácio até
a consagração como poeta.
VIGÍLIA, de Rafael dos Santos Rocha
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 8MIN, MG, 2020 L
LONGA | MOSTRA OLHOS LIVRES 16
CRUA, de Clara Vilas Boas e Emanuele Sales
FICÇÃO, COR, DIGITAL, 23MIN, MG, 2020 12 RODSON OU (ONDE O SOL NÃO TEM DÓ)
FICÇÃO, COR, DIGITAL, 74MIN, CE, 2020
LENÇOL BRANCO, de Rebecca Moreno
FICÇÃO, COR, DIGITAL, 19MIN, MG, 2020 14 Direção: Cleyton Xavier, Clara Chroma e Orlok Sombra
Elenco: Orlok Sombra, S.brxxzkjxkzxkxkz, Nirá Link, Gadi Bergamota,
Lyna Lurex, Tina Reinstrings, Melindra Lindra, Sabiá Pensativo,
Rodolfo Keoma, Biela, Will, Insiranomeaqui, Guika, Kaê Marques,
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 256
24 JANEIRO 25 24 JANEIRO 26
DOMINGO DOMINGO
AURORA DO DIA
Cyborgue Oleosa, Abi Gaiu Oliveira, Lulu Ribeiro, Vitrilis Sarambaxo,
Anaya Ókun, Sapata Deslizante, Kaye Djamiliá, Big Bug, Ariza
Torquato, Rachid, Jane Malaquias, Davi Sampaio, Antoni Dia
São os pré-anos 3000. Arte é crime. Refletir é proibido. Ler não existe
20h
mais. Somente produções e consumos em massa são permitidos. LONGA | MOSTRA AURORA L
Rodson®. Um garoto com seu animalesco instinto artístico repremido PRÉ-ESTREIA MUNDIAL
pela sociedade ao seu redor, só mais um de muitos... O governo
anarcocrenty comete o engano de achar que a besta estivera sob ORÁCULO
controle, mas sua mente concebe Caleb®, o alterego de Rodson®, EXPERIMENTAL, COR, DCP, 61MIN, SC, 2020
que o lança estrada afora, abandonando ares-condicionados em
busca da alucinação perfeita sob o Sol sem dó de 2.000°C que a Direção: Melissa Dullius e Gustavo Jahn
última camada de exosfera proporciona à vigente sociedade. Elenco: Juarez Nunes, Alice Bennaton, Fernando Goulart Jahn,
Aline Maya, Luana Raiter
LONGA | MOSTRA HOMENAGEM L Os espaços são seis: um rochedo, uma montanha, a areia
desenhada pelas ondas, o quebra-mar de uma praia do outro
DIÁRIO DE SINTRA lado do oceano, a passarela sob uma ponte que liga uma ilha ao
DOCUMENTÁRIO, HDCAM/ SUPER-8/16MM, COR, 90MIN, PORTUGAL/BRASIL, 2007 continente, o quarto de uma adolescente. Personagens são três: um
homem que está preso num ciclo de vida e morte, um segundo que
Direção e roteiro: Paula Gaitán
revisita um lugar onde uma transformação irreversível aconteceu,
Em que se diferem o viajante e o exilado? Como pensar a memória e uma jovem que está iniciando sua vida de artista. O filme situa-se
criada no exílio? Esses são os eixos pelos quais gira o filme – um entre experimento, método e dispositivo, e convida à contemplação.
relato poético do exílio de Glauber Rocha nessa cidade, em que as Particular em sua forma e ritmo, é universal nas lembranças que
fotografias servem de guia mnemônico para a busca de vestígios da faz ecoar, comuns a todas as pessoas: família; começos, fins e
passagem do cineasta por Sintra. O filme se constrói na fronteira de recomeços; dores e traumas, e desejo intenso de vida e de sentido.
uma memória fragmentada, involuntária, inconclusa e precária.
24 JANEIRO 28
DOMINGO
21h
MOSTRATIRADENTES.COM.BR
Foto: Studio Beco
SEGUNDA
SHOW
ADRIANA ARAÚJO DEBATE E RODA
CONVIDA SÉRGIO PERERÊ DE CONVERSA
Adriana Araújo vem se tornando uma das principais vozes
do samba mineiro. Cria da Pedreira Prado Lopes, a cantora ASSISTA EM
preparou um show especial para a 24ª Mostra de Cinema de MOSTRATIRADENTES.COM.BR
Tiradentes, em que traz canções que representam a sua própria
história. Ainda, o público que acompanhar a apresentação
terá a oportunidade de ver o encontro de Adriana Araújo com
um dos maiores artistas mineiros na atualidade, o multiartista
Sérgio Pererê, interpretando sambas épicos da nossa cena
musical, além do seu impecável repertório autoral.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 258
25 JANEIRO 30
SEGUNDA
11h
DEBATE
ENCONTRO COM OS FILMES
MOSTRA AURORA
SEGUNDA
• Luana Raiter – atriz
• Melissa Dullius – diretora e produtora
16h FILMES
RODA DE CONVERSA
Tema: CORPO, ARTE E RESISTÊNCIA
DESTAQUES
A presente roda de conversa é um convite para pensarmos a presença e
a materialidade do corpo em cena, como possibilidade de testemunho
e de múltiplos tensionamentos, a partir das investigações estéticas
DO DIA
presentes no trabalho artístico em suas dimensões ética e estética.
Como que o corpo resiste e responde aos embates políticos do
nosso tempo? Como que a história da arte e do cinema precisam ser ASSISTA EM
recontadas e reescritas como um gesto político? MOSTRATIRADENTES.COM.BR
Convidados:
• Dea Ferraz, diretora de Agora (PE)
• Macca Ramos, diretor de Negro em mim (SP/MG/BA/PE/PA)
• Sara Antunes, diretora de De Dora, por Sara (SP)
Mediadora: Daniele Ávila Small - crítica, pesquisadora e curadora de
teatro | RJ
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 259
25 JANEIRO 32 25 JANEIRO 33
SEGUNDA SEGUNDA
QUARTA: DIA DE JOGO, de Clara Henriques e Luiza França A cineasta Paula Gaitán tece uma densa estrutura de histórias e
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 15MIN, RJ, 2020 linhas do tempo, enredadas por cosmogonias indígenas, cadernos
de viagem e literatura antropológica. Tributo à abundante vegetação
PEGA-SE FACÇÃO, de Thaís Braga das Américas e às populações nativas do continente. Um filme de
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 13MIN, PE, 2020 navegação livre como um rio sinuoso.
25 JANEIRO 35
SEGUNDA
TERÇA
EXPERIMENTAL, COR, DIGITAL, 11MIN, MG, 2020 L
ASSISTA EM
MOSTRATIRADENTES.COM.BR
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 261
26 JANEIRO 37 26 JANEIRO 38
TERÇA TERÇA
11h 16h
DEBATE DEBATE
ENCONTRO COM OS FILMES
MOSTRA AURORA Tema: O QUE É UMA PERSONAGEM?
O debate discute a criação de personagens a partir de uma série de
Bate-papo do filme ROSA TIRANA com a participação da equipe: perguntas que estão para além de uma elaboração tradicional do
• José Dumont – ator texto de roteiro. Como as personagens começam a existir? Quais
• Kiarah Rocha – atriz protagonista são os elementos do trabalho? Como a experiência de observação
• Rogério Sagui – diretor e roteirista do mundo e do cotidiano contribuem para essa elaboração? Em que
medida as atrizes e os atores são cocriadores?
Crítico convidado: Cleber Eduardo | SP
Mediação: Marcelo Miranda - crítico de cinema | MG Convidados:
• Carol Rodrigues – cineasta | SP
• Gabriel Martins – cineasta | MG
• Lincoln Péricles – cineasta | SP
DEBATE
ENCONTRO COM OS FILMES
MOSTRA FOCO
26 JANEIRO 40
TERÇA
TERÇA
de Bruna Barros e Bruna Castro
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 13MIN, BA, 2020 L
26 JANEIRO 41 26 JANEIRO 42
TERÇA TERÇA
LONGA | MOSTRA OLHOS LIVRES 16 É a primeira vez que Joana, uma brasileira, visita sua amiga Kevin
em seu país, a Uganda. Elas se conheceram há 20 anos, quando
AMADOR estudaram juntas na Alemanha, e faz muito tempo que não se
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 80 MIN, GO/MG, 2020 veem. Agora estão próximas de completar 40 anos e a vida se
mostra mais complexa que na juventude. Este é um filme sobre uma
Direção, Fotografia, Som Direto e Montagem: Cris Ventura
amizade entre mulheres.
Compositor, cantor e performer, Vidigal vivia entre as ruas
do baixo Centro belo-horizontino, onde faleceu após uma
crise convulsiva e pela falta de atendimento. As filmagens Este filme está com acesso disponível por 48 horas:
interrompidas pela distância geográfica pretendiam retratá- das 20h do dia 26 de janeiro até as 20h do dia 28 de janeiro.
lo apenas em condições de sobriedade, valorizando sua
inteligência criativa.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 264
26 JANEIRO 44
TERÇA
QUARTA
FICÇÃO, COR, DIGITAL, 10MIN, SC, 2020 L
27 JANEIRO 46 27 JANEIRO 47
QUARTA QUARTA
11h 16h
DEBATE RODA DE CONVERSA
ENCONTRO COM OS FILMES
MOSTRA AURORA Tema: CINEMA COMO INTERVENÇÃO POLÍTICA
O cinema tem uma função política? Se ele tem qual seria o caminho?
Bate-papo do filme KEVIN com a participação da equipe: Elaborar uma forma que se afirme política? Como isso se daria?
• Joana Oliveira – diretora, roteirista, personagem Buscar testemunhar o processo histórico e as lutas? O registro
• Luana Melgaço - produtora por si só teria força política? Ou o cinema é um meio de elaborar
• Kevin Adweko - personagem provocações e questionar representações, noções de ação política?
• Vanessa Santos - diretora de produção Se o cinema pode ser político, como ele o é?
DEBATE
ENCONTRO COM OS FILMES
MOSTRA FOCO
27 JANEIRO 49
QUARTA
27 JANEIRO 50 27 JANEIRO 51
QUARTA QUARTA
27 JANEIRO 53
QUARTA
DEBATES
das 22h do dia 27 de janeiro até as 22h do dia 29 de janeiro.
ASSISTA EM
MOSTRATIRADENTES.COM.BR
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 269
28 JANEIRO 55 28 JANEIRO 56
QUINTA QUINTA
11h 16h
DEBATE DEBATE
ENCONTRO COM OS FILMES
MOSTRA AURORA Tema: PROCESSOS E FUNDAMENTOS DA CRIAÇÃO
O que a imaginação tem sedimentado em termos de uma forma e
Bate-papo do filme A MESMA PARTE DE UM HOMEM com a uma ética das imagens? As imagens são desdobramentos de quais
participação da equipe: desejos? O debate buscará refletir sobre as relações estéticas e
• Ana Johann – diretora e roteirista políticas que o processo de criação estabelece com seus espaços,
• Antônio Junior – produtor personagens e o seu tempo.
• Clarissa Kiste – atriz
• Irandhir Santos – ator Convidadas:
• Ana Maria Gonçalves – escritora e roteirista | SP
Crítica convidada: Juliana Costa | RS • Grace Passô – atriz, dramaturga, diretora de cinema e teatro | MG
Mediação: Marcelo Miranda - crítico de cinema | MG • Lívia de Paiva – cineasta | CE
13h
DEBATE
ENCONTRO COM OS FILMES
MOSTRA FOCO
28 JANEIRO 58
QUINTA
QUINTA
FICÇÃO, COR, DCP, 16MIN, PB, 2020 L
DESTAQUES SÉRIE 1
28 JANEIRO 59 28 JANEIRO 60
QUINTA QUINTA
LONGA | MOSTRA PRAÇA 12 Direção: Aurélio Aragão, Gustavo Bragança e Rafael Spínola
Elenco: Liliane Rovaris, Geovanna Lopes, Marco Lopes,
MIRADOR Matheus Lopes, Alberto Moura, Breno Nina, Aurélio Aragão,
FICÇÃO, COR, DCP, 94MIN, PR, 2021 Gustavo Bragança, Rafael Spínola, Lobo Mauro, Fabricio Menicucci,
Filipe Cretton, Doralice Maria, Iara Maria, Lindembergue Bragança,
Direção: Bruno Costa
Lucas Nascimento, Lucas Santana
Maycon é um boxeador que treina para retornar aos ringues
enquanto divide seu tempo com dois subempregos. Pai de Malu, Ana está cercada. No apartamento debaixo, os fantasmas do
fruto de uma relação casual que teve com Michele, ele tem sua vida passado; e no terraço, os fantasmas do futuro. Mas ela resiste.
revirada quando se vê na situação de ter que cuidar da filha sozinho.
Entre a rotina exaustiva de treinos e bicos para sobreviver, a maior
luta de Maycon ainda está por ser vencida: tornar-se pai. Este filme está com acesso disponível por 48 horas:
das 20h do dia 28 de janeiro até as 20h do dia 30 de janeiro.
IRMÃ
FICÇÃO, COR, DCP, 88MIN, RS, 2020
29 JANEIRO 63
SEXTA
11h
DEBATE
ENCONTRO COM OS FILMES
MOSTRA AURORA
SEXTA
• Liliane Rovaris – atriz protagonista
• Lobo Mauro – técnico de som, montador e produtor
• Rafael Spínola – diretor
29 JANEIRO 64
SEXTA
16h
RODA DE CONVERSA
Tema: PARA ALÉM DA LUZ: FOTOGRAFIA E MISE-EN-SCÈNE
A direção de fotografia não é uma faceta meramente técnica da
criação cinematográfica. Neste sentido, olhar para o que se filma
significa também construir formas de enquadrar, de dar a ver a
presença dos corpos e da forma como a câmera confere um ritmo 29 JANEIRO
SEXTA
para a relação entre os corpos e o mundo. Como se dá o processo
de criação da direção de fotografia? Como pensar a fotografia em
relação às outras áreas da realização cinematográfica?
Convidados:
• Bárbara Bergamaschi, fotógrafa de O Cerco (RJ)
• Lilis Soares, fotógrafa de Novo Mundo (RJ)
• Thacle de Souza, diretor de fotografia (BA)
29 JANEIRO 66 29 JANEIRO 67
SEXTA SEXTA
LETÍCIA, MONTE BONITO, 04, de Julia Regis ENTRE NÓS TALVEZ ESTEJAM MULTIDÕES
FICÇÃO, COR, DIGITAL, 20MIN, RS, 2020 L DOCUMENTÁRIO, COR, DCP, 92MIN, MG/PE, 2020
29 JANEIRO 68 29 JANEIRO 69
SEXTA SEXTA
Ao se mudar para Tóquio, uma escritora brasileira escreve seu novo EU, EMPRESA
livro, instigada por experiências no Japão e a cena que presenciou FICÇÃO, COR, DCP, 82MIN, BA/MG, 2021
no Rio de Janeiro: uma nadadora rasgando o horizonte em mar
aberto. Essas duas mulheres aparentemente não compartilham Direção: Leon Sampaio, Marcus Curvelo
nenhuma conexão, até que suas vidas começam a interferir uma Elenco: Marcus Curvelo, Carlos Baumgarten, Aristides de Sousa
na outra, ligadas pelo mar. Hannah, escritora, mergulha em uma (Juninho Vende-Se), Mariana Rios, Carol Alves, Thiago Almasy,
jornada de autodescoberta no Japão, enquanto Ana, nadadora, tem Ritah Oliveira, Felipe Pedrosa, Rachel Sauder, Gaba Reznik
seu corpo transformado em uma espécie de oceano interior.
Um trabalhador informal enfrenta problemas financeiros e emocio-
nais. Sem oportunidades decentes de trabalho, ele cria um canal no
YouTube pra tentar monetizar suas pequenas histórias de fracasso,
LONGA | MOSTRA OLHOS LIVRES L enquanto presta serviços precarizados para empresas estrangeiras.
29 JANEIRO 71
SEXTA
22h
MOSTRATIRADENTES.COM.BR
30 JANEIRO
SÁBADO
SHOW
FERNANDA
Foto: divulgação
ABREU DEBATES
Inspirada pelos versos da emblemática "Eu vou torcer",
Fernanda Abreu conduz 60 minutos de show em sua casa no ASSISTA EM
home estúdio de seu marido, baterista e produtor Tuto Ferraz, MOSTRATIRADENTES.COM.BR
carinhosamente batizado de "Cativeiro". E é direto do seu
cativeiro que Fernanda invade a casa de milhares de pessoas,
derrubando os muros do isolamento por meio da internet,
compartilhando, através do seu emblemático repertório,
momentos de alegria, música, dança – tão necessários nestes
tempos de tristes e preocupantes notícias diárias.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 277
30 JANEIRO 73 30 JANEIRO 74
SÁBADO SÁBADO
11h 16h
DEBATE DEBATE
ENCONTRO COM OS FILMES ENCONTRO COM OS FILMES
MOSTRA AURORA MOSTRA FOCO MINAS
Bate-papo do filme EU, EMPRESA com a participação da equipe: Bate-papo sobre o filme VALENTINA com a participação da equipe:
• Amanda Devulsky – roteiro e argumento • Cássio Pereira dos Santos - diretor
• Leon Sampaio – diretor, roteirista, montador, produtor • Erika Pereira dos Santos - produtora e diretora de casting
• Marcus Curvelo – diretor, roteirista, ator, montador, produtor • Pedro Diniz - ator, pesquisador e consultor do roteiro
• Marisa Merlo – produtora executiva • Thiessa Woinbackk - atriz
Crítica convidada: Maria Bogado | RJ Mediação: Pedro Maciel Guimarães – crítico de cinema | SP
Mediação: Marcelo Miranda - crítico de cinema | MG
13h
DEBATE
ENCONTRO COM OS FILMES
MOSTRA OLHOS LIVRES
30 JANEIRO 76
SÁBADO
SÁBADO
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 23MIN, MG, 2020 L
DO DIA
ASSISTA EM
MOSTRATIRADENTES.COM.BR
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 279
30 JANEIRO 77 30 JANEIRO 78
SÁBADO SÁBADO
30 JANEIRO 79 30 JANEIRO 80
SÁBADO SÁBADO
20h 22h
MOSTRATIRADENTES.COM.BR MOSTRATIRADENTES.COM.BR
Foto: divulgação
FILME DE
ENCERRAMENTO
14
SHOW
Foto: divulgação
VALENTINA
Ficção, Cor, DCP, 95min, MG, 2020
POUSADAS
POUSADA TEL. (32) ENDEREÇO WEB
Arraial Velho 3355 1362 Rua Bárbara Heliodora, 10 arraialvelho.com.br
Candonga da Serra 3355 1483 Estrada Velha Tiradentes – SJDR s/nº candongadaserra.com.br
Pequena Tiradentes 3355 1262 Av. Governador Israel Pinheiro, 670 pequenatiradentes.com.br
Serra à Vista 3355 1404 Av. Governador Israel Pinheiro, 196 serravista.com.br
Villa Real 3355 1292 Rua Antonio Teixeira de Carvalho, 127 facebook.com/pousadavillarealtiradentes
RESTAURANTES
RESTAURANTE TEL (32) ENDEREÇO WEB
Atrás da Matriz 3355 2150 Rua Santíssima Trindade, 201 atrasdamatriz.com.br
pt-br.facebook.com/divinosaborcomidamineira/?
Divino Sabor 3355 1800 Rua Ministro Gabriel Passos, 300 rf=123552011065789
facebook.com/quintodoouro.tiradentesmg/?
Quinto do Ouro 98865 6749 Rua Ministro Gabriel Passos, 139 rf=1845514242376639
Restaurante da Mercês 3355 1911 Travessa José Ferreira Barbosa, 307 facebook.com/pages/Restaurante-da-Merces/186030411441187
FICHA
TÉCNICA
IDEALIZAÇÃO E REALIZAÇÃO Felipe André Silva
Universo Produção Tatiana Carvalho Costa
Assistente curadoria
COORDENAÇÃO GERAL Pither Lopes
Raquel Hallak d’Angelo
PRODUÇÃO DAS OFICINAS
COORDENAÇÃO ADJUNTA E TÉCNICA Denise Hallak
Quintino Vargas Neto Matheus Mello
GESTÃO ADMINISTRATIVA-FINANCEIRA IDENTIDADE VISUAL E DIREÇÃO DE CRIAÇÃO Fotografia, montagem e finalização: Janaína
Ana Paula Fialho Mood – Leo Gomes Patrocínio
DESENVOLVIMENTO DE PROJETO GRÁFICO Trilha sonora: Barulhista
INTÉRPRETE DE LIBRAS César Henrique de Paula Ator: Gibi Cardoso
Tati Quites Eduardo Mendanha Cantores e músicos: Júlia Tizumba e Maurício
Tizumba
ASSESSORIA DE IMPRENSA PRODUÇÃO GRÁFICA Participações especiais: Guarda do Gongado
Universo Produção Assunção Tomaz Nossa Senhora do Rosário Tia Anastácia,
ETC Comunicação Sandra Mara, Nado Rohrmann, Expedito Jonas
Produção de textos: Marcelo Miranda REVISÃO de Jesus, José Trindade Xavier, Marcos Gabriel
Beto Arreguy Gomes Santana, Mariana de Fátima Santana,
REDES SOCIAIS João Goulart Silva
Universo Produção WEBSITE Assistente de produção: Lívia Tostes
Culturadoria Web design – Sullivan Silva Produção técnica: Daniella Fonseca
Desenvolvimento e programação – Agência 51 Steadycam: Eduardo Falcão
FOTOGRAFIA Produção e inserção de conteúdo: Universo Locução: Grazi Medrado
Leo Lara – Coordenação Produção Som direto, iluminação: Rogério Penido | QR
Edição de imagens: Vinicius Duartte Soluções
VT 24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES E Fotografias: Leo Lara/Acervo Universo Produção
TV MOSTRA – EDIÇÃO RESULTADOS VINHETA TV MOSTRA Cessão de imagens: Acervo Universo Produção,
Macaca Filmes Criação, redação e direção: Mood – Leo Gomes Macaca Filmes e Arquipélago
Montagem, motion, lettering e finalização: Empresa produtora: Universo Produção
PRODUÇÃO TÉCNICA E ENCODE Gregório Kuwada
Frames – Jaque Del Debbio Trilha sonora: Barulhista * As imagens utilizadas na identidade visual
Locução: Grazi Medrado do evento fazem parte do acervo fotográfico
PLATAFORMA DE STREAMING da Universo Produção.
Sambatech VT ENCERRAMENTO E PREMIAÇÃO
Universo Produção
CAPTAÇÃO DE IMAGENS ABERTURA AO VIVO E Design de vídeo: Chico de Paula
TRANSMISSÃO DE DEBATES Apresentadora: Érica Vieira
Sim! Conteúdo Audiovisual Trilha sonora: Barulhista
Locução: Grazi Medrado
SONORIZAÇÃO, CAPTAÇÃO DE ÁUDIO E
ILUMINAÇÃO, MONTAGEM CENÁRIO | CASA DA PERFORMANCE AUDIOVISUAL DE ABERTURA
MOSTRA Criação: Chico de Paula e Raquel Hallak
QR Soluções Roteiro, direção e fotografia: Chico de Paula
CA: 2018.13608.0145
PATROCÍNIO
CEDRO
M I N E R A Ç Ã O
REALIZAÇÃO