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MINISTÉRIO DO TURISMO E GOVERNO DE MINAS GERAIS

apresentam

22 - 30 JANEIRO 2021
MOSTRATIRADENTES.COM.BR
ONLINE E GRATUITA

Raquel Hallak d’Angelo


Fernanda Hallak d’Angelo
(organizadoras)

1ª edição | Belo Horizonte | Universo Produção


Número ISBN: 978-65-86472-06-6 
Título: 24ª Mostra de Cinema de Tiradentes
Formato: Livro Digital
Veiculação: Digital 

24 a MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES

ORGANIZADORAS
Raquel Hallak d’Angelo
Fernanda Hallak d’Angelo

PESQUISA ACERVO DE IMAGENS E DADOS


Fernanda Hallak d’Angelo
Laura Tupynambá

IDENTIDADE VISUAL E DIREÇÃO DE CRIAÇÃO


Mood – Leo Gomes

DESENVOLVIMENTO DE PROJETO GRÁFICO


César Henrique
Edu Mendanha

PRODUÇÃO GRÁFICA
Assunção Tomaz

REVISÃO
Beto Arreguy

1ª EDIÇÃO – JANEIRO 2021


EDIÇÃO E DISTRIBUIÇÃO
Universo Produção

DIRETORES DA UNIVERSO PRODUÇÃO


Raquel Hallak d’Angelo
Quintino Vargas

RUA PIRAPETINGA, 567 . SERRA . 30220-150


BELO HORIZONTE . MG . +55 31 3282.2366

universoproducao.com.br
mostratiradentes.com.br
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • APRESENTAÇÃO 4

A VIDA NÃO
TEM ENSAIO

Em tempos tão complexos, em que planejar o futuro próximo é uma utopia, o que cabe
a cada um de nós neste universo hoje? Essa pergunta nos guiou a pensar um dia de cada
vez para ter posicionamentos reais no contexto da produção da 24ª edição da Mostra de
Cinema de Tiradentes.

Janeiro parecia distante. Tinha a possibilidade de um cenário mais promissor. A esperança


de um encontro presencial pelo cinema, de estruturas adaptadas para atender aos
protocolos sanitários. Janeiro já seria 2021. Ano novo, esperanças renovadas, vacina à
vista! Ninguém contava com a continuidade da pandemia e nem com a falta de expectativa
para o afeto presencial.

Fizemos vários projetos de instalações provisórias para abrigar a programação da Mostra


mais aguardada do ano. Várias hipóteses, cenários, desenhos nos faziam acreditar que
seria possível adaptar o evento à nova realidade – distanciamento social, máscara, álcool
gel, medição de temperatura. Nada de ar-condicionado. Assenta um, pula outro. Plateia
reduzida. Tenda e praça reconfiguradas, mas o tempo foi nos mostrando que nem tudo
sai como o planejado. E acontece o inesperado – decretada a Onda Vermelha. Tiradentes
fecha, se cala. A cidade silencia. A exuberante Serra São José emoldura a luz de uma cidade
sem pessoas na rua, sem trânsito, sem calor humano. A ficha caiu – não será possível estar
em Tiradentes, ocupar Tiradentes, transformar Tiradentes, sentir Tiradentes. Até o Cine
Drive-In foi descartado (pelo menos em janeiro).

Vamos para o virtual! Essa continua sendo a realidade de hoje, do presente que muitas
vezes não aprendemos a viver. O presente cheio de memórias, de saudade, de incertezas,
de limitações. O presente que gera estranhezas. O presente da multiplicação de telas. Das
interrogações, rupturas, transformações, mudanças. O novo no velho mundo da política.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • APRESENTAÇÃO 5

Da escassez de empatias, de políticas públicas, de avanços. O ano Diante de tantos aprendizados, vamos amadurecendo nossa maneira de
que já virou filme, aliás vários filmes. O presente de um ano em que o ver e de se posicionar, de criar e inventar, de acreditar e apostar para
mundo parou. gerar convergências, desenvolvimento social, humano e econômico.
Somos parte da indústria do entretenimento, a que mais cresce no
Incorporamos que a Mostra de Cinema de Tiradentes em 2021 mundo. A que conta e faz história. A que discute temas universais.
seria uma edição especial, diferente. Não por escolha, mas como Emociona. Diverte. Aproxima povos e continentes, nos faz imaginar
reflexo do enfrentamento de um tempo em que salvar vidas é outros mundos possíveis.
o que importa. E também com a lição de que a vida acontece
agora, não tem ensaio. Chega de lamentos! Vamos agir dentro Seguimos fortes e convictos de que o trabalho coletivo – equipes,
do possível do que nos cabe. E, mais do que nunca, assumir a profissionais do audiovisual, da cultura, pesquisadores, críticos,
missão é estarmos aqui vivos, reafirmando o mesmo propósito e acadêmicos, imprensa, empresas, governos, público – todos juntos
compromisso de promover, exibir, difundir o cinema brasileiro. representam a equação que multiplica, germina, prospera e fazer eco
Seja em filmes, em debates, em ações formativas, nossa bandeira para os melhores frutos. Gratidão a todos que acreditam e se uniram
é valorizar o que é produzido no Brasil, é projetar e apostar em para fazer da 24ª Mostra Tiradentes uma ponte infinita de oportunidades
verdadeiros gênios criadores do nosso cinema. É fazer chegar até e possibilidades de expansão de ideias, de geração de empregos, de
o público a cultura que revela quem nós somos, o que queremos, intercâmbio e cooperação, de vidas e corpos que se expressam e se doam.
representamos, nos identificamos.
Vamos celebrar este encontro anual, que em 2021 será virtual, mas que
Está aí a 24ª Mostra de Cinema de Tiradentes – tão profunda quanto fortalece nossos laços neste tempo presente histórico em que a essência
aguardada. Tão desafiadora quanto reconhecida pelo público e pela está na simplicidade de fazer o que é possível com a grandeza que a arte
crítica, por parceiros, patrocinadores, lideranças empresariais e políticas merece ser vivenciada e aplaudida.
que tornam possível e somam esforços para a viabilização do maior
evento do cinema brasileiro. Eis a chama acesa! Aquela que vem da alma e transcende.
2021 já começou, o cinema brasileiro está aí, revigorante e majestoso.
De 22 a 30 de janeiro de 2021, 114 filmes de 19 estados brasileiros, Como deve ser, sempre.
112 profissionais no centro de 24 debates e rodas de conversa,
10 oficinas e 225 vagas, Mostrinha de Cinema, exposição, Sejam bem-vindas e bem-vindos!
performance, shows ocupam a sua tela e descortinam diante de
milhares de olhares o que há mais novo e promissor no cinema Raquel Hallak d’Angelo
brasileiro contemporâneo. Quintino Vargas Neto
Fernanda Hallak d’Angelo
Diretores da Universo Produção
Vertentes da Criação é a temática central e Paula Gaitán é a cineasta
Coordenadores da Mostra de Cinema de Tiradentes
homenageada desta Mostra que aposta na vanguarda do audiovisual,
que coloca o tapete vermelho para a diversidade se apresentar, que
amplia as possibilidades para o cinema brasileiro chegar a todos os
cantos do Brasil e do mundo.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • APRESENTAÇÃO 6

MOSTRA DE CINEMA
DE TIRADENTES 2021
A força do audiovisual brasileiro se reafirma a cada nova edição da Mos- Com o tema Vertentes da Criação, o evento, este ano, se debruça no ce-
tra de Cinema de Tiradentes. Em 2021, o evento chega à 24ª edição com nário pandêmico para compreender os processos criativos e vislumbrar,
uma programação inteiramente pensada para o ambiente virtual, que também, um futuro promissor da Sétima Arte. O momento de repensar
será ocupado pela diversidade característica da Mostra, bem como pelas a própria atuação do setor também nos permite olhar para o passado e
potencialidades criativas dos realizadores, produtores e demais profis- entender a importância do cinema brasileiro, marcado pela inventivida-
sionais que integram essa cadeia. de, vanguarda e pioneirismo, características essas que se consolidam
graças à democratização do acesso, à pluralidade de ideias, às políticas
Num momento em que precisamos ficar distantes para estarmos pro- de fomento e à incansável jornada dos profissionais que fazem da Mostra
tegidos, a Mostra de Cinema de Tiradentes amplia seu alcance para um de Cinema de Tiradentes o maior evento dedicado ao cinema contem-
público que, talvez, não pudesse comparecer presencialmente à nossa porâneo no país.
bela cidade histórica. Assim, a projeção do festival torna-se ainda maior
e cada vez mais relevante no cenário do audiovisual brasileiro, setor que Leônidas Oliveira
Secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais
se destaca pela criatividade e pela movimentação econômica.

São milhares de empregos diretos e indiretos gerados a cada nova edi-


ção. Para além de indicadores econômicos, há a criatividade de nosso
cinema, oferecendo, sempre, novos olhares e reflexões. Tudo isso se faz
presente na extensa programação, que conta com 114 produções, além
de debates, oficinas e atrações artísticas, abrindo, oficialmente, o calen-
dário do audiovisual brasileiro, com destaque para a produção mineira.

A Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult)


atua para que o audiovisual mineiro seja um dos grandes promotores da
cultura e do turismo, buscando fortalecer parcerias e políticas públicas
abrangentes para o setor, com foco na retomada de trabalho e renda,
por meio da ativação da economia criativa.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • APRESENTAÇÃO 7

NOSSO CAPITAL
É O HUMANO
É com muito orgulho que a CBMM consolida sua parceria com a Mostra de Diante dos atuais desafios, a CBMM segue firme no propósito de contribuir
Cinema de Tiradentes marcando presença na 24ª edição desse evento, para a transformação integral por meio da educação formal associada
ao mesmo tempo charmoso e relevante, que há muito rompeu as ao esporte, saúde e cultura. Mesmo separadas fisicamente, mais juntas
fronteiras de Minas e fincou bandeira no calendário do cinema nacional. do que nunca, companhia e Mostra celebram a força do cinema como
Agora, com a edição virtual, voa mais alto e sai de Minas para o mundo. expressão artística e como ferramenta de inclusão e transformação social.

Um olhar simplista pode não ver conexão entre a empresa líder no Viva a cultura!
fornecimento de produtos de nióbio e um evento como a Mostra de
Tiradentes. Mas as afinidades vão além do fato de ambas, empresa e Vida longa à Mostra de Cinema de Tiradentes!
Mostra, terem raízes mineiras. O perfil desbravador da companhia, que
criou e desenvolveu o mercado de nióbio dentro e fora do Brasil, é outro
ponto em comum, mas não o último.

Nascida em Araxá, há 60 anos, a CBMM tem a cultura em seu DNA, assim


como a inovação, que leva a tecnologia do nióbio a mais de 40 países.
Como uma das principais apoiadoras da cultura em Minas, a companhia
tem uma atuação cidadã que abrange ainda parcerias nas áreas de
esporte, saúde e educação.

Especificamente na área de cultura, as frentes apoiadas envolvem a


preservação do patrimônio cultural e artístico de Araxá, e o patrocínio/
apoio a projetos voltados para a música, teatro, dança, cinema e
literatura em âmbitos regional, estadual e nacional.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • APRESENTAÇÃO 8

setor tão competitivo e repleto de valores, criatividade e competência. A

CINEMA: ESSENCIAL impossibilidade de aglomeração nos levou a ampliar a área de atuação e


abrangência. Pesquisas revelaram que algo que as pessoas mais sentem
falta, nesse momento tão singular, é de “ir ao cinema”. E, se não podem

PARA A VIDA sair e ir ao cinema, que levemos a sétima arte para todos!

Assim, nesta edição, e diante do afastamento social ainda necessário,


em vez das pessoas virem até o festival, o festival estará disponível e
acessível a todos, em todos os lugares. Inovação e acessibilidade a
Após um ano que mudou, e muito, toda a humanidade, chegamos a mais partir da impossibilidade. Momento ímpar para o cinema. Singular
uma edição da Mostra de Cinema de Tiradentes. Neste ano seguimos oportunidade para Minas Gerais e seus valores se apresentarem nesta
vivendo sob o signo do aprendizado. Todos foram colocados em situação imensa vitrine cultural que é a Mostra de Cinema de Tiradentes.
de aprendizado em suas mais diversas possibilidades. E aprendizado
contém, em sua essência, opção e aceitação. E é também momento de A Copasa segue apoiando a produção de cinema. Seguimos
reconhecer ações e pessoas que fizeram do aprendizado oportunidade reconhecendo a importância e relevância desta cadeia produtiva.
de crescimento. É o cenário perfeito para que a genialidade converta Sobretudo compreendemos que o cinema é um valor inquestionável
obstáculo e impedimento em possibilidade, chance, crescimento, para todas as pessoas. Desta vez, os aplausos não estarão contidos em
adaptação e um sem-número de aspectos positivos. Convívio reduzido salas de exibição e sim ecoando por todo o planeta por meio das redes
ou impossibilitado. Salas fechadas. Lançamentos adiados. Mudança de sociais, da tecnologia. A Copasa segue aplaudindo as iniciativas de arte
plataforma de exibição. e cultura. Apoiar a cultura é, mais do que um valor, uma certeza de que
é possível, por meio de visões tão singulares quanto as presentes nas
Superado o baque inicial, toda a cadeia produtiva do cinema teve que, produções cinematográficas, contribuir para um mundo melhor. Mesmo
de certa forma, se reinventar. Aceitar um novo desafio de meio de à distância, a Copasa entende que esta iniciativa propõe e consegue
expressão. A reinvenção deu certo. Claro, com as mudanças necessárias. aproximação, resultados importantes e projeção global.
Os contatos físicos e olhares tão próximos cederam sua vez para meios
nem tão novos, mas, de certa forma, pouco usuais. Assim, todos foram Assim, leve ou até de forma forte, o cinema é essencial!
se encaixando em um velho mundo que passou a ter um “novo normal”. Boa Mostra para todos nós.
Realidade que pode ser temporária, sim, mas que está posta atualmente.
Carlos Eduardo Tavares de Castro

O cinema tem, mais uma vez, momento de protagonismo. Lentes, Presidente da Copasa

luzes, atores, diretores, produtores, autores, enfim, toda a cadeia


produtiva do cinema segue colocando sua energia em função de ajudar
a humanidade em momento de superação. A Mostra Tiradentes, em vez
de se apequenar, cresce. A cada edição dessa importante Mostra, mais e
mais valores de nosso estado conseguem projeção e relevância em um
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • APRESENTAÇÃO 9

CULTURA E ARTE
EM TODOS OS
CONTEXTOS
O Itaú Cultural (IC) celebra a realização da 24ª edição da Mostra de pós-graduação. No site, muitas dessas ações se concentram na Escola
Cinema de Tiradentes – a oitava a contar com o apoio do Itaú. Promovido Itaú Cultural, plataforma lançada em novembro de 2020.
no início de 2021, o evento se insere num contexto de ações culturais
que, desde o ano passado, se reinventam para seguir cumprindo suas Entre os conteúdos ligados ao campo do cinema, o público encontra
missões, apesar das restrições impostas pela pandemia de covid-19 no portal desde mostras online até mergulhos na trajetória de artistas
– limitando os encontros presenciais e abrindo mais espaço para os específicos – como Eduardo Coutinho, Luiz Sergio Person e Rogério
virtuais, uns tão potentes quanto os outros. Sganzerla, nomes homenageados pelo projeto Ocupação. A página
ainda traz informações sobre o Rumos Itaú Cultural, programa de apoio
No caso do IC, é de longa data a aposta no ambiente online a artistas e pesquisadores de todo o Brasil – o curta-metragem Novo
como um importante aliado para a democratização do acesso às Mundo, de Natara Ney e Gilvan Barreto, que integra as atrações da
manifestações artísticas e culturais do país. Em seu site, itaucultural. Mostra, é um dos 109 projetos desenvolvidos com o auxílio da edição
org.br, a organização traz não apenas a divulgação e o registro de sua 2017-2018 do programa.
programação presencial – atualmente mais restrita para atender aos
protocolos de segurança da pandemia –, mas sobretudo um universo
de conteúdos criados especificamente para a internet, como a
Enciclopédia Itaú Cultural de arte e cultura brasileiras e entrevistas em
vídeo, colunas e podcasts sobre as mais diversas questões e áreas de
expressão do meio cultural.

Como as atividades da Mostra de Cinema de Tiradentes, as do IC são


marcadas pela diversidade, no conteúdo e na forma. Além da exibição de
obras e da realização de palestras e debates, a organização desenvolve
ações formativas – de oficinas de um dia de duração a cursos livres e de
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • APRESENTAÇÃO 10

ORGULHO DE
SER BRASILEIRA
E DE APOIAR A
CULTURA DO
NOSSO PAÍS
Fundada em 1941, a CSN representa um marco no processo de indus- Multinacional com orgulho de ser brasileira, a empresa acredita no país e
trialização do Brasil. O seu aço viabilizou a implantação das primeiras investe nele. Por isso, ao longo de sua história sempre apoiou iniciativas
indústrias nacionais, núcleo do atual parque fabril brasileiro. Ao lon- culturais de relevância indiscutível, como a 24ª Mostra de Cinema de
go de mais de sete décadas, a CSN segue fazendo história, sendo hoje Tiradentes. Patrocinar este evento é motivo de honra e alegria para a
um dos mais eficientes complexos siderúrgicos integrados do mundo, CSN, que reforça seu compromisso com a cultura e com o Brasil.
com atuação em cinco segmentos estratégicos da economia: Siderur-
gia, Mineração, Logística, Cimentos e Energia. Atualmente, entre seus
ativos, a empresa conta com uma usina siderúrgica integrada; cinco
unidades industriais, sendo duas delas no exterior; minas de minério
de ferro, calcário, dolomita e estanho; uma forte distribuidora de aços
planos; terminais portuários; participações em ferrovias; e participa-
ção em duas usinas hidrelétricas. Com uma gestão firme e inovadora,
valoriza a força empreendedora do capital nacional e o enorme poten-
cial brasileiro de competitividade no setor siderúrgico. Com a força do
trabalho de seus mais de 20 mil colaboradores, enfrenta com sucesso
os desafios da economia globalizada.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • APRESENTAÇÃO 11

NA VANGUARDA
DA MINERAÇÃO
A Cedro Mineração é uma empresa cidadã e seu trabalho tem feito toda a para Todos, e em outras inciativas amadoras. A empresa investe
diferença. É especializada na extração, beneficiamento e comercialização do também em modalidades de alta performance, como é o caso do
minério de ferro. Juntamente com isso, a companhia mantém os olhos bem piloto Sérgio Sette Câmara.  
abertos para o seu entorno, para as pessoas que vivem nas comunidades
próximas à sua operação no município mineiro de Nova Lima.  No que diz respeito às comunidades do entorno, no último mês de
dezembro de 2020, a Cedro Mineração entregou a revitalização da
Ao mesmo tempo em que investe em tecnologia, pesquisa e rotatória de acesso ao bairro Vale do Sol, em Nova Lima, reforçando seu
desenvolvimento de produção sustentável com total respeito ao meio compromisso com a infraestrutura e a segurança da cidade onde atua.
ambiente, a Cedro Mineração aposta fortemente no social. Desde sua A empresa investiu também na aquisição de câmeras de segurança para
criação a empresa investe em projetos culturais, esportivos e sociais. A o bairro Vale do Sol, além de asfaltar uma das principais vias de acesso
Cedro apoia, por meio de instrumentos de incentivo fiscal, 15 projetos aos bairros da região. Doou ainda uma viatura Mitsubishi L200 Triton para
ligados a áreas distintas, como a saúde, em que se destacam os apoios a Primeira Companhia de Polícia Militar Independente, que é responsável
aos hospitais da Baleia e Santa Casa, ambos em Belo Horizonte, à pelo policiamento dos municípios de Nova Lima, Raposos e Rio Acima.
Associação Mineira de Reabilitação (AMR) e ao Instituto Hahaha, que
leva alegria a pacientes desses e de outros hospitais da cidade.  A Cedro Mineração é uma das primeiras mineradoras do estado a des-
caracterizar sua antiga barragem de rejeitos e a única da sua região de
Além disso, a Cedro também fez um aporte direto (sem incentivo fiscal) atuação, uma das mais importantes do setor no país, a alcançar 100%
de R$ 1 milhão ao combate à covid-19, juntamente com outras empresas de filtragem dos rejeitos, com empilhamento a seco. Assim, inova na
capitaneadas pela Fiemg. A ação da Cedro foi fundamental para a aplicação de tecnologias ambientais realizando todo o processo de ex-
compra de respiradores para o Centro de Referência de Enfrentamento tração e beneficiamento do minério sem utilização de barragens. E isso
à covid-19 José Rodrigo Machado Zica, que funciona no Instituto Mário faz toda a diferença. Afinal, é sua vocação!
Penna e conta com 60 leitos exclusivos de combate à doença.

Na cultura, a Cedro Mineração, além de ser patrocinadora da Mostra


de Cinema de Tiradentes, apoia também o grupo Armatrux. No
esporte, trabalha junto com o Clube Ginástico no projeto Basquete CEDRO
M I N E R A Ç Ã O
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • APRESENTAÇÃO 12

CIMENTO NACIONAL
TAMBÉM É CULTURA
A Cimento Nacional atua na indústria cimenteira, com fábricas em Sete
Lagoas (MG) e Pitimbu (PB). Prezamos por excelência e sustentabilidade
em todos os nossos processos.

A cultura faz parte dos nossos vieses de investimento, porque acreditamos


no seu poder de transformação social. Devido à pandemia, a importância
de apoiá-la se expandiu para além da democratização cultural – é uma
questão de ajudar muitas famílias que dependem do setor a passar por
esse momento com mais conforto, saúde e segurança.

A 24ª Mostra de Cinema de Tiradentes será um marco para muitos e


nós temos muito orgulho em fazer parte desse evento. Contem com
nossa #ForçaImbatível e sigamos juntos obedecendo todas as regras de
segurança e saúde no combate à covid-19.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • APRESENTAÇÃO 13

agenda cultural diversa em parceria com o Sesc em Minas. Na programação,

O SENTIDO DO apresentações artísticas, debates e rodas de conversa promovem o fomento


à cultura, aos artistas e à formação de públicos, além do acesso amplo e
democrático à produção audiovisual mineira e nacional.

MOVIMENTO: A participação do Sesc em Minas na Mostra reafirma nossa missão


de contribuir para o bem-estar e a melhoria da qualidade de vida

ARTE EM AÇÃO dos trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo, de seus


dependentes e da comunidade, por meio da oferta de formas alternativas
e criativas de produção e fruição cultural em tempos de pandemia. A
24ª edição da Mostra configura-se, ainda, como uma ampliação da
capilaridade do Sesc em Minas, dada a oferta de atividades online que
Para ampliar a nossa participação na vida cultural e artística do estado, demonstram uma capacidade de reinvenção e inovação cada vez mais
o Sesc em Minas trabalha junto a projetos abrangentes e de relevância. A latente em um mundo em constante movimento.
Mostra de Cinema de Tiradentes é um deles. Essa já tradicional parceria
se renova em 2021, ano em que o evento chega à sua 24ª edição. A cada A contemporaneidade nos brinda com o inimaginável. Cabe a nós,
ano, a Mostra abre a temporada de festivais e mostras de cinema no agentes culturais e atores sociais, absorver os efeitos do que vivemos e
País, e é considerada hoje o maior evento do cinema de Minas Gerais e transformar os impactos em novos universos simbólicos e tangíveis para
uns dos mais significativos do Brasil. A cada realização, temos a visão trazer sentido e nos mostrar caminhos possíveis a serem construídos
ampliada de um ciclo que se encerrou e de outro que se inicia. coletivamente. É com esse propósito que o Sesc em Minas, instituição
integrada ao Sistema Fecomércio MG, promove ações que democratizam,
Com a pandemia da covid-19 e o isolamento social, nos vimos marcados diversificam e fomentam a cadeia produtiva da cultura, valorizando a arte
pela necessidade de reaprender. Reaprender a usar nosso tempo, a como vetor de transformação social.
explorar nossa casa, a cuidar das nossas relações, e também a reaprender
o audiovisual: novos processos criativos, técnicas e estéticas. Essa outra Gerência de Cultura do Sesc em Minas
possibilidade de realidade, apesar de caótica, propiciou acima de tudo
a experimentação. Partindo do eixo temático Vertentes da Criação, a
24ª Mostra de Cinema de Tiradentes nos convida então a conhecer
e a refletir sobre os desdobramentos e os frutos gerados pelo cinema
brasileiro a partir desse novo lugar de criação.

Movimentando o setor cultural e contando com a participação de


realizadores, críticos, pesquisadores acadêmicos, artistas, imprensa e
interessados em cinema de todo o país, a Mostra de Cinema de Tiradentes
oferece, além de programação especializada em audiovisual, uma
TROFÉU
BARROCO
"O interesse da arte é, sobretudo, o de
poder, o de dever destruir e reconstruir
suas próprias fundações e ir às
profundezas de si mesma"
Luc Moullet
Crítico de cinema e cineasta francês
ÍNDICE
TEMÁTICA 17

HOMENAGEM 28
Entrevista 35
Percurso de Paula Gaitán 55
Recortes de críticas 59
Da Paula Gaitán eu falo 61

FILMES 68
Mostra Homenagem 76
Mostra Temática 84
Mostra Aurora 92
Entrevista Mostra Aurora 100
Mostra Olhos Livres 115
Mostra Praça 122
Mostra Sessão da Meia-Noite 134
Mostra Foco Minas 138
Mostra Foco 145
Mostra Panorama 152
Mostra Formação 164
Mostrinha E Mostra Jovem 170

COMISSÃO DE JÚRI 178

PREMIAÇÃO 181
CURADORES 184
SEMINÁRIO 186
Debates 190
Encontro com os Filmes 192
Rodas de Conversa 195
Lives de aquecimento 198
Currículos convidados 200

OFICINAS 211

ARTE 220

MOSTRA VALORES 233

DEPOIMENTOS 239

PROGRAMAÇÃO 246

POUSADAS E 281
RESTAURANTES

FICHA TÉCNICA 287


TEMÁTICA
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • TEMÁTICA 18

VERTENTES DA CRIAÇÃO:
EXPERIÊNCIAS DO
CINEMA CONTEMPORÂNEO
A Mostra de Tiradentes marca a cada ano um ciclo. Um ciclo de filmes produzidos no ano
que antecede o mês de janeiro, quando a Mostra é realizada, um ciclo de questões que
ecoam a partir dos debates do ano anterior, um ciclo de eventos sociais, econômicos,
culturais indissociáveis do que podemos chamar de “campo do cinema brasileiro”.

A verdade é que, se nos últimos anos temos vivenciado um ritmo acelerado na roda da
história – manifestações sociais, golpe parlamentar, cortes cada vez mais profundos nas
políticas sociais e no financiamento do cinema brasileiro –, nada nos preparou para o que
vivenciamos desde março de 2020, quando se deu o início do isolamento social devido
à pandemia do coronavírus. Em um primeiro momento, foi um tempo de suspensão:
reaprender a viver o cotidiano no espaço doméstico fechado, lidar com outras medidas
de tempo, administrar a angústia de uma economia que para sem poder parar e aceitar
a nebulosidade do horizonte de expectativas. Nessa experiência individual, comunitária e
social, a materialidade da realidade é incontornável: revela de um lado os privilégios dos
que podem parar e se recolher e do outro lado aqueles que não podem parar nunca.

Esse “tempo da suspensão” parece ter propiciado um campo de reavaliação e


processamento de experiências. Nesse tempo é preciso estabelecer, reorientar ou
formular outros e novos fundamentos para o mundo em que vivemos. Onde se pisa,
afinal? O que a imaginação tem sedimentado em termos de uma forma e uma ética das
imagens? As imagens são desdobramentos de quais desejos? Por que se filma, afinal? Nos
últimos anos em Tiradentes, os filmes e, principalmente, a fala de diretoras, diretores
de fotografia, atrizes, atores, montadores, diretores de arte e roteiristas têm trazido
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • TEMÁTICA 19

relatos de experiências que apontam para ricas e múltiplas vertentes espaços, personagens e dos territórios, uma estética amparada em
de processos criativos do cinema brasileiro contemporâneo. Esses uma perspectiva crítica do automatismo das práticas da expressão
processos criativos não são simplesmente novos modos de produção, audiovisual do mercado e, principalmente, uma economia do tempo
mas uma reconfiguração de ideias, procedimentos, motivos e desejos. que resiste ao modelo célere de velocidade da circulação do capital.
É o desejo de filmar que se encontra com a necessidade de filmar. Esses
processos revelam relações inauditas da imaginação com o real, em Quais são os desejos que guiam/dão origem aos filmes? O que, afinal,
intervenções que não só questionam, mas se descolam de modos e dá forma ao filme? Como se criam métodos particulares para liberar
procedimentos criativos e de produção mais normativos do ponto de experiências particulares? Como pensar os processos de artesania –
vista técnico e estético. a construção dos personagens, do espaço, a escrita, a montagem? O
que se faz com as mãos, os olhos, os corpos e o coração quando se
Até um tempo atrás o conceito de “cinema de processo” era aquele que está criando uma imagem? O convite a esse exercício de pensar esses
confiava o elã criativo ao imponderável da dinâmica entre técnica e real, caminhos do cinema pode criar um léxico, novas palavras, acionar o
se libertando do roteiro e da hierarquia de produção. Hoje para falar em campo de expressão das experiências particulares do trabalho de
processo é preciso entender a variedade de métodos e questões que criação, um trabalho que não está isolado dos processos mais amplos
passam por desejos e circunstâncias muito diferentes entre si. Falar de do mundo (econômicos, técnicos, políticos), mas dele toma parte ativa
processo hoje é entender as novas epistemologias, os novos pontos de com mais proximidade ou com uma calculada (e necessária) distância.
partida que orientam um cinema voltado não somente à intensidade
do presente, mas sobretudo a uma atenção às temporalidades diversas Vertentes da Criação: Experiências do Cinema Contemporâneo não
que atravessam e coexistem nisso que chamamos de presente. busca enquadrar, não procura dar respostas ou tecer conclusões mais
categóricas sobre o cinema brasileiro contemporâneo. Mas indica o
A trama dos exercícios criativos é complexa, porque diversificada na desejo de entender, de dar a ver, de botar na roda o que leva, guia e
sua empiria e nos seus olhares ativos. Um cineasta indígena que faz movimenta quando se criam imagens e sons.
um traveling sozinho com a câmera na mão enquanto guia um barco
tem motivos e conquista sentidos diferentes na imagem daquele Francis Vogner dos Reis
cineasta que, com uma equipe pequena, faz o traveling em meio a um Lila Foster
ritual ou uma diretora que executa um traveling em espaço fechado Curadores

numa cena que fora ensaiada anteriormente. Uma fala improvisada


pode ser um achado circunstancial em método aberto, como também
pode mostrar uma alternativa, uma fissura necessária, dentro de um
processo cênico hipercontrolado.

Vemos nos filmes uma reconfiguração intelectual e empírica dos


processos de criação. É claro, essa reconfiguração vem de longe e
não é uma novidade, mas hoje todas essas novas elaborações de
processos singulares são condicionadas por elementos variados, sejam
eles universos simbólicos, uma nova ética das imagens que nasce dos
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • TEMÁTICA 20

PONTOS DE UMA COSTURA


COLETIVA DE FICÇÃO - O
PROCESSO CRIATIVO DE
“TREMOR IÊ”

Carta de tarot (Motherpeace) tirada em 05/01/2018 para abrir jogo sobre o filme

Bum, bum, bum, bum… No cair da fulô fizemos muita zuada,


o convite para partilha e pensamento sobre processo de criação do Tremor Iê nos faz puxar os
fios da memória entre rabiscos em roteiros, fotos espalhadas e conversas virtuais, cinco anos
depois do início, já embaralhados em vários nós de sentimentos, lembranças diferentes sobre
o que vivemos, ressignificações e lacunas. Para nos ajudar a puxar esses fios, trazemos para
companhia neste relato um trecho de um texto que foi muito importante pra gente:
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Então, quando eu comecei a escrever romances de ficção Foi a nossa vizinhança, uma casa coletiva chamada Zelva e a Casa
científica, eu cheguei carregando esse grande e pesado saco Feminista Nazaré Flor, que nos aproximou e criou vontade de quebrar
de coisas, minha sacola estava cheia de frouxos e desajeitados, o muro entre as casas, trocar mais ideias, criar junto. O projeto
e minúsculos grãos menores que um grão de mostarda, além foi aprovado em 2016, e em 2017 começamos: sentando em roda,
de redes intrincadamente tecidas que quando laboriosamente balançando na rede, contando histórias. Ficamos de abril a junho
se desenrolavam podiam se ver pedaços de uma pedra azul, daquele ano para nossa pré. Escrevendo roteiro com calma, vendo
um cronômetro funcionando imperturbavelmente contando a filmes juntos, visitando espaços e textos, ensaiando diálogos e cenas,
hora em outro mundo e o crânio de um rato; esse saco estava planejando e produzindo.
também repleto de inícios sem fim, de iniciações, de perdas, de
transformações e traduções, e muito mais truques que conflitos, Escrevemos cenas em papel a partir das conversas e colamos pela
muito menos triunfos do que armadilhas e delírios; cheio de parede do quarto onde nos reuníamos (Deyse, Elena, Lila, Lívia, Petrus
naves espaciais que ficam presas, missões que falham e pessoas e muitas vezes Jorge, Rao Ni, além de vários amigos que construíram
que não entendem (Ursula K. Le Guin, A teoria bolsa da ficção). junto o processo).

A fagulha do nosso processo foi juntar pedaços de histórias sonhadas, Manifestação em junho de 2013
vividas, inventadas, e na junção tentarmos compor algum mosaico
que nos ajudasse a preencher lacunas, lacunas sobre o cenário em que dreads perdidos na luta com a polícia
vivemos ou sobre possibilidades de agirmos dentro dele. O que estava
acontecendo com o país depois de 2013? Quais forças ali operavam que Dunas da Sabiaguaba
desenhavam o cenário atual? O que a intuição, a ancestralidade, medos
e sonhos sussurram sobre o tempo? Como contar uma narrativa a partir Sonho de cássia com o local onde os dreads foram escondidos
de diferentes vivências e diferentes corpos? O que podemos juntos?
Como agimos através dos filmes? Pedalada das amigas por Fortaleza em busca dos dreads

Encontro com amigos

Pré-produção, 2017, Lagoinha, CE


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devaneios de Janaína (isolada desde a manifestação de 2013) e uma


terceira, que chamamos materialidade, apesar de que as três linhas
igualmente compõem o real e interferem umas nas outras. O primeiro
desenho dessas linhas ficou assim:

Primeiro desenho de estrutura de roteiro, quando ainda não tínhamos


nomeado as personagens, que se tornaram Cássia (interpretada por
Deyse) e Janaína (interpretada por Lila)

A ruptura de uma das linhas, no desenho representada pelas


linhas duplas, de devaneio de Janaína, se daria quando ela
escapa do local para o qual fora levada depois da manifestação
de 2013, anos depois. A interrupção da linha, em nossas
primeiras conversas, aconteceria porque a personagem não
projetaria mais o mundo externo, pois nele se encontraria a
partir de então.

Tivemos uma conversa muito marcante em que nos perguntamos


o que significa abandonar determinado registro narrativo, se
isso poderia traduzir uma trajetória individual e resolução de
conflito. Chegamos à ideia de que, se estávamos falando sobre
a morada dos acontecimentos no corpo, determinada situação
Perguntas feitas durante o processo de escrita do roteiro não teria como “ficar para trás”, bem como a capacidade de
imaginarmos, que é componente dessa linha, não habita apenas
Algumas perguntas feitas desde o primeiro rascunho nos levaram a a dor ou determinada fase da vida. Somos acúmulo de vivência,
uma outra estrutura. Chegamos ao esboço de três linhas narrativas multiplicidade de saberes que nos orientam e situam no mundo,
que a guiavam: os sonhos de Cássia (com a amiga que havia sumido), em nosso corpo presente somos atravessados por tempos
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variados, futuros e passados, complexidades de sentimentos, e


esse acúmulo no cinema pode se fazer linguagem. Essa linguagem
não é a jornada-lança do herói, da conquista, do conflito único,
da causa e consequência, do desfecho feliz em uma história
privada, da razão advinda da ruptura entre cabeça e corpo, da
compreensão totalizante sobre os fatos. O que nos fazia voltar
ao texto de Ursula K. Le Guin recomendado por Paula Haesney e
citado neste texto, tão importante pro nosso processo.

Refizemos o desenho.

Assim a bolsa de Ursula Le Guin acolheu nosso processo de coleta, como


forma possível de narrativa e também de processo. O filme pôde ganhar
corpo aos poucos, na medida que uma mão ia se juntando às muitas
mãos que foram costurando essa rede.

Esse esboço foi importante pra entendermos que nossa jornada


não era do herói, que se Janaína conseguia escapar do local
para o qual fora levada, outras mulheres e homens ainda estão
presos, além de que a distância física ou mecanismos estruturais
de segregação e opressão dos corpos não suprime saberes
ancestrais, capacidade de sonhar, de pensarmos (e criarmos)
criticamente em coletivo, arma essa de que os mitos e heróis
têm medo. No filme, o sonho é palpável: se jogar no chão de um
calabouço e cair no telhado da casa; ir ao fundo escuro e seguir
por outro corredor; visitar a amiga, mexer nos limões caídos, ser
sentida, ainda que não seja vista.
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Lembrar é mirada pro presente, para o que cada corpo carrega de


história; e a partilha da memória com outras pessoas é a possibilidade
de ressignificação desses tempos. A fabulação é a ponte de acesso
para o passado e para o futuro. A ficção e a coletividade nos ajudam
a ler os documentos da história.

A mesma rede que balança e embala pra imaginação dos sonhos


e dos devaneios se transforma na rede de afeto, que vai pra além
da vizinhança entre as duas casas, e entre a amizade de Cássia e
Janaína. Cantar nessa rede que desata nós e se transforma em uma
corda, a mesma que liberta Janaína e que é costurada por diversas
mãos atravessadas nessa distopia Tremor Iê. Bum, bum, bum, a força
ancestral do tambor, até esse também é costurado, e foi nesse ritmo,
nessa levada que até o silêncio ecoa.

O fogo, ah, o fogo! Não dá pra ficar de fora, pensando aqui... É uma
cor ou uma temperatura característica do tremor? O brilho da
duna, a fogueira, o sol que ilumina Janaína deitada no quintal, o
decorrer do filme que traz algumas ardências, agora só divagando
em devaneios, e sonhos que pulsam dessa ficção, onde no silêncio
da noite a mata grita.
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Cartaz do filme, colagem feita por Paula Haesney e máscaras por


Micinete Lima

Deyse Mara
Elena Meirelles
Lívia de Paiva
Realizadoras de audiovisual, integrantes da Molhadas Coletiva
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TRISTEZA

Há uma tristeza nessa feitura. Eu faço filmes porque tem dias que estou triste, e é sempre
a mesma tristeza: a tristeza do esquecimento. A falta de memória me deixa triste, por
isso crio documentários, porque tenho em mim um desejo de acabar com a tristeza do
mundo. Imaginar que daqui a 100 anos outras pessoas viverão a tristeza do esquecimento
também me deixa com raiva, e com raiva eu faço filmes. Tento não esquecer que uma
andorinha só não faz verão, porque sei que meu desejo nada tem a ver com salvar
pessoas, mas criar possibilidade de lembrarem-se que não estão sozinhas.

O trauma racial é esse trauma do esquecimento. Esse é o trauma brasileiro. Essa é


minha raiva e minha tristeza.

E embora eu trabalhe e goze com minha egrégora, ainda assim a solidão em mim
existe e eu a vivo com tristeza e respeito. Eu preciso estar só para conseguir construir
as imagens que serão cultuadas. Mas não posso estar só durante os cultos… e ainda
assim, em alguns momentos, me encontro sozinha. Cultuando sozinha minha própria
criação; e esse não é um dos seus desígnios? Criar, descansar, desejar a permanência
do nosso encontro.

Às vezes, nesses momentos de solidão, desejo estar morta em paz, descansada no


mundo invertido e na grande kalunga sendo cultuada por vocês. Estranho, interessante.
Ao se depararem com as imagens que crio, algumas pessoas dizem espantadas, a si
mesmas, que sou uma ancestral viva. Espantam-se com a vida ou com seu próprio
posicionamento frente à imprevisibilidade e efemeridade da vida? Tenho preguiça
desse pensamento de que ancestrais são apenas pessoas que já viveram a primeira
morte e hoje tomam forma de memórias. Geralmente tenho preguiça de conversar
sobre ancestralidade, porque é cansativo explicar um encontro para quem não tem
coragem de aceitar o convite. E esse é o trauma brasileiro: a recusa da verdade,
de que somos uma nação sem memória. Ou uma nação que decide por esquecer.
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Que tristeza. Pois muitas de minhas ancestrais continuam vivas no Mas quando mergulho no mar e nado para a superfície, pareço
mundo iluminado por tukula. que estou voando. E quando ando no continente ou nas ilhas, sou
como um peixe que infecta e se infecta de tudo aquilo que o ronda;
Mas tenho pensado que talvez isso seja necessário mesmo… algumas em seu caso a Água e em meu caso o Ar. Mas documentários não
vidas serem esquecidas, para não serem cultuadas. E outras documentam, e sim criam. Por isso crio filmes, para conquistar o
relembradas… e outras veladas com cuidado, para que finalmente impossível através da fé. Porque a fé é um exercício de coragem e
possam descansar em paz. Não sei bem… minha obra não é sobre mais nada além da coragem. Por isso sei que
um dia conseguirei levitar. Porque sei que não sou um pássaro.
Tenho sentido que talvez seja isso também, seu sangue será
derramado, mas não o usarei em minha bebida porque sua mistura Castiel Vitorino Brasileiro
não serve para saciar minha sede. Mas nos ajudará a me camuflar. Artista visual, psicóloga e cineasta

Uma andorinha só não faz verão, nem um filme, no entanto, precisa


estar só para decidir quando deve se juntar a um enxame de pássaros.
A merda é que às vezes os outros pássaros demoram a aparecer.

Acho que fazer um filme é voar, migrar e voltar. Eu tenho uma vontade
enorme de cair de uma altura bem grande, porque não tenho asas, então
o que me resta é cair. Sendo uma mamífera filha da atmosfera estou a
todo momento sendo empurrada para o centro do planeta pela sua força
gravitacional. Eu não tenho asas, não tenho guelras e além de voar eu
também queria conseguir respirar dentro d’água. No entanto, preciso
respeitar alguns desígnios do planeta Terra, e fico imaginando nossa
espécie Homo sapiens sapiens com asas. Não sei para onde eu voaria,
porque o limite da imagem é a capacidade que meu corpo tem em
exercitar seus músculos e flexibilizar suas articulações. Primeiro quero
ter asas. Segundo, quero voar. Terceiro, quero aprender a pousar. E por
fim, acho que conseguirei imaginar para onde eu voaria novamente.

Certamente eu arrancaria meus braços e os transformaria em grandes


asas, além de continuar contribuindo para evolução da nossa espécie
através da transmutação hormonal que já faço em mim; que já acontece
em nós. Então, do que serve a imaginação quando o desejo se concretiza?
Serve ao novo corpo. E ao novo corpo resta alimentá-la com tudo que
nele há, e sacrificar tudo que é seu à coragem, porque sem coragem não
há imaginação, porque não há o encontro, muito menos a decisão.
HOMENAGEM

Foto: Alexandre C. Mota


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HOMENAGEM
PAULA GAITÁN
NO CONTRAFLUXO
DA BANALIZAÇÃO
CODIFICADA
Há uma dificuldade de se acomodar Paula Gaitán na história recente do cinema brasileiro.
Francesa quase por acidente, colombiana por ascendência paterna e brasileira em sua experiência
artística/existencial, a artista atua no deslocamento. Estar deslocada não é estar à margem. Nos
últimos 14 anos, esteve entre as cineastas mais ativas do período, realizando uma variedade de
longas documentais ou de ficção, curta, clipes e outras experimentações. Não esteve à margem.
Pelo contrário. No entanto, sua obra é deslocada, em certa ou ampla medida, da produção
contemporânea à sua.

Paula Gaitán não é assinatura de filmes de personagens comuns (pelo contrário), não pratica
subjetivismos autobiográficos (Diário de Sintra não é isso), não lida com questões emergenciais
e políticas de modo direto (É Rocha e Rio, Negro Leo não é isso, apesar das falsas aparências).
Se usa a subjetividade e as imagens de arquivo, outras duas práticas em alta, é de um modo
muito particular. Paula Gaitán não é marca autoral das coisas passageiras e concretas, mas das
permanências em movimentos poéticos. Permanência é o que dura na dissipação, é memória, são
princípios de arte.

Seu estilo marcado por ênfases formais não a situa de largada na tradição moderna do documentário
brasileiro, constituído especialmente pelas imagens de seres ordinários e das camadas profundas
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Foto: Leo Lara


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da cultura, expressas por meio de individualidades ou tipificações falantes São filmes realizados menos sobre os retratados e mais a partir deles,
e em ação. Nada poderia ser mais distante de seus filmes documentais por meio deles e na relação com eles, deixando o próprio ato de
do que as dinâmicas de Eduardo Coutinho, Maria Augusta Ramos, João retratar como parte orgânica e estética do material fílmico. Predomina
Moreira Salles, Marilia Rocha, Cristiano Burlan, Claudia Priscilla ou Kiko a tradição moderna do retrato que retrata quem está retratando. Essa
Goifman, marcas fortes dos últimos 20 anos, cada uma delas distintas ideia transforma o visor da câmera e o monitor do computador em
umas das outras, mas mais próximas entre si do que de Paula Gaitán. espelhos de quem cria. É uma forma de se refletir por meio de outros
gestos da criação, por meio de outras criações, sem deixar de estar
Seu formalismo ensaístico talvez se aproxime, de modo muito em relação a essas obras e artistas, sem querer apenas colocá-los
genérico, das artes visuais e de raros outros cineastas, entre os em uma cinemateca, sem filmar como arquivista ou profissionais
quais: Cao Guimarães, Carlos Nader, Joel Pizzini, Eryck Rocha da biografia, mas como aproximação com atrito, com fricção e com
(seu filho). Se realiza filmes a partir de Glauber Rocha e de Maria extrema autoralidade.
Gladys, cineasta e atriz de intensidades extremas e de percursos
monumentais em importância para o cinema moderno brasileiro, Diário de Sintra (2007) é antes um dispositivo estético de especulação
seu tom é muito distinto e até recolhido na comparação com quem de uma memória particular e de um espectro cultural, de preservação
retrata, como se a projeção de vozes e de corpos de ambos se desse da imagem e de atestado de fantasmagoria em torno de Glauber Rocha,
com minimalismo, com uma calma ao mesmo tempo destoante dos tendo as fotografias como documentos de óbitos de um passado
dois e ainda mais reveladora. e também como seu certificado de embalsamamento, para usar o
termo de André Bazin em “Ontologia da imagem fotográfica”, embora
Não são biografias oficiais ou escandalosas, como desde os anos com um uso antes formalista e nada realista. O diário é de Paula e
90 do século XX vem pipocando nos longas-metragens no Brasil. não de Glauber, a relação com o espaço português é dela, o estilo de
Seus retratos adotam a estratégia de Maya Daren ao aproximar delicadezas visuais nada lembra a atitude estética do cineasta, seu
a autoralidade do amadorismo, a arte do cinema em sintonia companheiro quando de sua morte.
com a produção menor, a inventividade colocada à frente do
profissionalismo técnico. Amador no sentido da realização por Vida (2008) é uma coreografia de imagens e da memória de Maria
necessidade de expressão e por amor à realização, sem nada optar Gladys, mas também de algumas fixações visuais e rítmicas da artista
pelo dever ou pela conveniência. Paula Gaitán, o poético como inevitabilidade mais que como uma
escolha, o poético como a sujeira do ruído, da captação, sem uma
Com Pizzini e Nader, a aproximação é, também, outra: ela e os dois esquematização para sua obtenção. Por 15 minutos, nada se fala. É
criaram os mais fortes e mais inventivos retratos de artistas dentre os cultivada uma atmosfera ritualística por meio da qual se invoca uma vida
retratos realizados nessas primeiras duas décadas de século. Artistas e um temperamento de uma grande artista e militante do antiglamour.
modernos, inventivos, transformadores: Glauber Rocha, Maria Gladys Convivem sem conciliação e com alguma tensão a abordagem mais
e Arto Lindsay (Paula Gaitán), Leonardo Villar, Helena Ignez, Glauber e direta e o anteparo artificial, a crueza e o verso visual, Maria Gladys e a
Ney Mato Grosso (Pizzini), Waly Salomão e Leonilson (Nader). O início autora Paula Gaitán. Filmes de encontros não solicitam apaziguamentos.
do novo século debruçou-se sobre os vulcões artísticos e disruptivos As diferenças podem ser muito mais interessantes.
do século XX. Como encontrar a forma justa e pertinente para lidar
com as obras dessas genialidades da criação? Esses dois filmes ensaísticos, Diário de Sintra e Vida, vinculados ao
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campo do documentário, são do fim da primeira década do século. Um torna nota musical de uma partitura em construção ao vivo. Noite (2015)
período de sedimentação do digital na captação de imagens e do modelo é um complemento, completamente diferente, sem palavras, quase
de entrevistas, catapultado por Eduardo Coutinho, como a forma mais como um filme-vinil com faixas quase independentes e uma unidade a
direta, solidária, justa e mais política de contactar os outros de classe e amarrar fragmentos autônomos: o close up expressivo e transcendental.
de cultura. Há entrevistas nesses dois documentários de Gaitán, mas a
razão e a utilização são outras. O que se diz não é apenas para nos situar, Se passamos pelas palavras e pela música que são antes palavras e
mas para fazer parte da expressão sonora. A lógica de encontro mediado notas, antes de serem funcionalizadas na linguagem, é porque a palavra
pela câmera não se dá entre os corpos e vozes, necessariamente ou e a música são sons e sons são ritmos. Se à primeira vista é a luz e o
apenas assim, mas por intermédio de estratégias formais de diálogo enquadramento que particularizam a obra de Paula Gaitán, logo se
percebe que é uma obra centrada no ritmo, na frequência, nas variações
Se a estetização é cara a Paula Gaitán, a continuidade da filmografia de intensidade, abrindo mão da harmonia e do equilíbrio em nome da
documental na década seguinte despertará modificações, radicalizando volúpia de fazer de cada imagem algo importante. Há uma cruzada
o sentido de encontro na própria forma de filmar em Sutis Interferências contra a banalidade e contra a vulgaridade visual no conjunto das obras.
(2016) e em É Rocha e Rio, Negro Leo (2019), filmes aproximados em Há respeito pelo ato de tornar uma imagem pública.
suas radicalidades formais, mas também em quase tudo distintos. Se
o primeiro é de intervenção fílmica, com o filme estando em cena na As imagens e os sons de Paula Gaitán, em si mesmos e quando colocados
jam session de Arto Lindsay e dela participando ativamente com suas em relação na montagem, são de uma linhagem do Modernismo
escolhas, o segundo é de recuo, com as manifestações visuais do filme experimentador, rebelde, que recusa os sistemas estruturantes já
entrando como rebarba e não como fundamento. transformados em códigos e em convenções. Procura-se em cada
imagem uma forma outra de aproximação com qualquer coisa, com
As palavras importam, principalmente em É Rocha e Rio, Negro Leo, uma foto, um objeto, uma parte do corpo, um espaço, uma ação em um
um filme de ideias, de um movimento elíptico, cíclico e circular do espaço. Na pintura, Cezanne é um emblema desse mesmo movimento.
pensamento do artista diante da câmera doméstica. Talvez importe
menos o conteúdo do que é dito pelo músico por tanto tempo e mais Os cineastas Stan Brakhage e Luis Buñuel, conscientemente ou não,
os vacilos, as redundâncias, os esquecimentos, a relação entre a forma surgem como matrizes. Não pelos filmes que realizaram, não, mas
desse pensar e o consumo de aditivos defendido no começo como forma por um texto que cada um escreveu: “Metáforas da visão” (Brakhage)
de se alterar a percepção das coisas. Paula Gaitán provoca, mas, acima e “Cinema: instrumento de poesia” (Buñuel), ambos presentes na
de tudo, deixa o verbo solto. coletânea A experiência do cinema, organizada por Ismail Xavier. Os dois
cineastas seguem caminhos muito distintos de abordagem, de estilo de
Sutis Interferências é o exato oposto de outro grande retrato de criação escrita e de intenções nas afirmações, mas na essência reivindicam uma
musical, Ne Change Rien (2009), de Pedro Costa, a filmar a cantora mesma coisa: uma arte mais rica e menos direcionadora.
Jeanne Balibar em preto e branco tranquilo. O cineasta português ali é
um olhar atento e quieto. No encontro com Arto Lindsay, Paula é uma Brakhage defende a ruptura com a lógica do reconhecimento que pauta
participação, não somente uma testemunha. Temos a sensação física da a produção de imagens no Ocidente. É preciso que a imagem, rompida
música, como se a câmera fosse um instrumento, a diretora fosse uma com a familiaridade de sua percepção, gere conhecimento, como se
instrumentista e o filme fosse a obra resultante – como é. O plano se fosse a primeira vez de nosso olhar com aquilo visto por nós, como se
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fosse uma maçã de Cézanne. Buñuel defende a preservação do mistério Não é fácil escrever. Menos ainda sobre cinema. E ainda menos sobre
no cinema e seu afastamento de um realismo copista das aparências. uma expressão artística audiovisual como a de Paula Gaitán. A razão
aparente é de largada. Suas obras são organizadas desde a premissa até
Em suas ficções, que reivindicam uma noção qualquer de narratividade a finalização como processos estimuladores de mistério, de dispersão
e de dramaturgia, no caso implodidas pelo filtro moderno e posterior à da razão significadora, de investimento na “materialidade” da imagem
modernidade, também há esse mistério. Talvez o mais forte exemplo (forma direta de abstração), sem fazer de cada fragmento, com maior ou
disso, justamente porque tem latências altas de significações prévias, menor duração, uma função para o organismo fílmico.
é Luz nos Trópicos (2020), seu filme de monumento minimalista, ao
mesmo tempo explosivo na beleza das imagens e contido em seus Se função há nas imagens, não está na orientação, na informação, na
efeitos e em seu desenvolvimento, com um trânsito temporal que ordenação de nossa percepção. Somos convidados – é sempre um
poderia ser espetacular e de performance narrativa, mas antes age convite, não um sequestro – a viver uma experiência. A palavra está
como movimento do tempo, da história e dos espaços. gasta, sem dúvidas, mas faz sentido. A experiência não é exatamente
a do plano, a do instante e a da duração de um acontecimento, como
Poucos filmes foram tão arrebatadores no cinema brasileiro do escreve Jacques Rivette em muitos de seus textos, desde o seminal
século quanto essa jornada longa e adensada jornada de retorno e artigo “Nous ne sommes plus innocents”, de 1950, para o boletim do
de procura, com uma perspectiva metafísica antes de ser histórica, cineclube do Quartier Latin. É quase o contrário do que solicita Rivette,
assim convertendo o close do rosto de uma mulher indígena em mas também é parte de sua defesa.
uma imagem de algo além e aquém do rosto, uma imagem do
invisível, do que não está lá, mas irradia naquela expressão, sem Porque Rivette escreve, aos 21 anos, sobre um cinema da vida, do
jamais aceitar somente uma imagem de uma categoria étnica. Não improviso, da quebra dos esquemas de fracionamento das cenas, de uma
é a indígena particular, sequer a indígena como representação, mas atitude de voyeur e de testemunha, no qual o ponto de vista autoral se
forças que a impregnam. Estamos diante de um filme ritual, atentos manifesta sem ser buscado no modo de olhar. A experiência para a qual
aos restos, vestígios e resíduos do tempo, aos jogos sonoros com somos convidados nas obras de Paula Gaitán é de uma outra natureza.
diferentes idiomas e sotaques, ao vagar como condição mais que São os artifícios menos ou mais enfáticos como artifícios que produzem
como circunstância. essa experiência com as imagens e sons, não a vida que corre, que flui e
foge na imagem, mas o quadro, a luz, a atitude da câmera, a duração de
É um filme lânguido e formalista, com os rostos às vezes nos extremos um gesto discreto, as modificações em um rosto enquadrado em close.
da expressividade com o mínimo de recursos, sobretudo o de Clara
Choveaux, sua atriz recorrente desde Exilados do Vulcão (2013), Nesse sentido, sendo os artifícios empenhados em desnaturalizar o que
com presença marcante também em Noite (2015), com imagens se mostra na imagem e a própria imagem, há uma descodificação, que é
reveladoras do prazer de terem sido elaboradas, com quebras de um o exato contrário da decodificação. E a rasteira nos códigos inflacionados
andamento já todo cheio de surpresas constantes, especialmente é uma das cruzadas de Rivette, avesso a um cinema de discurso retórico,
quando Clara e Arrigo Barnabé comandam sequências cantadas. em conformidade com fórmulas para todos os tipos de uso, com o universo
Há antes momentos de desprendimento da narrativa do que de destruído pelas armadilhas das convenções formais. Não é com a economia
articulações dramáticas. São aditivos sensoriais que carregam a força solicitada pelo crítico francês em 1950 que Paula Gaitán coloca sua
do filme. São cortes na razão estruturante e articuladora. resistência em tela. O caminho dela é antes das explicitações dos caminhos.
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Em suma, o efeito de autenticidade, paradoxalmente tão em alta na


contemporaneidade das performances pessoais e artísticas, está fora de
quadro. O que importa é o efeito de construção, é uma espécie de mantra
ou de meditação estética pelo qual somos estimulados a lidar com as
escolhas e não apenas com o que está no interior do quadro e com o que
está sendo dito. Seus filmes no fundo e na superfície carregam sinais
de que um processo artístico se desenrola enquanto vemos sua versão
acabada. Poucas expressões autorais acreditam tanto e ainda no cinema
enquanto vivência artística como Paula Gaitán.

Cleber Eduardo
Crítico, pesquisador e curador DocSP e Festival Online de Filmes de Inquietação
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 35

ENTREVISTA
A PATOLOGIA DE
CADA IMAGEM:
O TRABALHO DE
PAULA GAITÁN
O termo “patologia artística” saiu do radar do repertório crítico e da realização, talvez porque
o termo “patologia” tenha ficado demasiadamente ligado ao imperativo negativo da doença –
algo que se recusa, que não se quer, que causa sofrimento, aquilo sobre o qual se demanda uma
“cura”. Mas no trabalho de criação, patologia tem a ver com os afetos no sistema complexo
de uma obra de arte e nele a sua singularidade “fisiológica”. Paula Gaitán fala, recordando
Julio Bressane, que cada imagem é como um corpo que tem uma lógica anatômica própria,
às vezes desviante, um funcionamento singular e fora da norma. Cada imagem teria uma
anatomia, e por isso, uma patologia. Pathos (doença) e logus (ciência, estudo).

O termo é rico por estimular uma discussão acerca do trabalho artístico, por considerar
uma lógica de criação que não é anterior e ideal, mas que depende das imagens, dos
corpos singulares das imagens e dos sons nos quais aquilo que pode ser considerado
erro, acidente (do acaso, do seu processo fotoquímico ou digital) pode ter um diagnóstico
específico. Paula fala das imagens, dos filmes como corpos vivos, pois as imagens teriam
vida própria, são consequência não só de sua excelência prevista originalmente, mas de
suas falhas, de seus desvios.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 36

Foto: Carlos Issa


24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 37

Em uma época em que na discussão sobre cinema vemos uma certa foi chamado de “o poeta da morte e do erotismo”. Ele foi para Paris,
abstração dos conceitos concorrendo com a materialidade das obras, e ser poeta, escritor, exclusivamente, era uma coisa muito difícil na
ver uma artista falar do seu trabalho com minúcia conceitual e prática década de 50. Não era das famílias oligárquicas da capital, das famílias
não é só deslumbrante por ser pródiga em inteligência, mas por ser vital. quatrocentonas privilegiadas, mas era de uma família do interior da
A arte é um ofício em que os sentidos, os porquês, muitas vezes não Colômbia, do lugar “mais longínquo do planeta”, que se chama Cúcuta,
estão, ou não precisariam estar, elucidados de saída. É uma busca, não que é na fronteira com a Venezuela. Ele tinha uma cultura do interior da
um mero exercício de princípios abstratos. O trabalho do artista é a sua Colômbia, não era da capital, o que significava muito nesse momento.
imaginação se sedimentando no mundo e, reciprocamente, as tramas Ele morreu prematuramente num acidente de avião voltando de Paris
do mundo encontrando uma expressão estética (que não está inscrita em Pointe-à-Pitre. Mas essa época dele em Paris, seu encontro com
na natureza e a olho nu. Ou seja: é um olhar e uma intervenção). Nesse minha mãe, que era judia, filha de uma família de imigrantes judeus,
trabalho a dicotomia cinema versus mundo (ou vida) não se coloca, pois foi fundamental. Meu avô materno, Emilio Moscovici, era anatomista e
a arte é um produto do mundo, existe nele, o reflete e a ele se volta. minha avó, Rosa Podval, professora de russo e outros idiomas – talvez
A quem interessa essa separação? O cinema só terá uma importância por isso meu fascínio pela sonoridade e a utilização em vários filmes da
política quando essa dicotomia for superada. O cinema de Paula Gaitán
se fez e se faz nesse caminho. A entrevista com ela segue na íntegra.

Francis Vogner dos Reis

Francis: Paula, vamos desde o começo: você é colombiana e, ainda que


tenha nascido em Paris, é brasileira, porque vive aqui há muito tempo.
Filha do poeta colombiano Jorge Gaitán Durán e da Dina Moscovici, que era

Autorretrato de Paula Gaitán


dramaturga, diretora de teatro e também cineasta. Em que medida, nessa
sua origem transnacional, seus pais te influenciaram? Como foi a origem,
não só do seu gosto pela arte, mas também da sua prática artística?

Paula: Ah, eu falo que sou colombiana e brasileira, mas eu nunca


falo que sou francesa porque nunca me senti francesa, mesmo tendo
nascido lá em Paris, num dia de inverno, no meio de uma nevasca.
Eu sou de 1952, mas a Mostra de São Paulo botou uma vez 1954 e foi
ficando. Eu nasci quando morreu o Paul Éluard, e por isso que eu me
chamo Paula, porque meu pai era poeta, era apaixonado pelo Paul
Éluard. Tenho um livro aqui que era do meu pai, tem a dedicatória do
Paul Éluard e do Picasso. Não quer dizer que o meu pai fosse um desses
milionários colecionadores de coisas, ele era um homem, um poeta, que
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 38

multiplicidade de idiomas e até de alguns inexistentes e inventados.


Eles vieram da Checoslováquia para o Rio de Janeiro na Primeira
Guerra Mundial. Minha mãe nasceu no Brasil, e curiosamente a irmã
da minha mãe e minha mãe foram também para Paris, com bolsa,
e lá conheceram seus futuros maridos, dois colombianos. O fato de
estarem em Paris não quer dizer que eram de famílias abastadas ou
famílias que iam, como eu vejo aqui os paulistas, para seus castelos
parisienses. Eles sempre foram artistas bastante radicais, tanto um

Autorretrato de Paula Gaitán


quanto outro, ou seja, eles romperam com as próprias tradições dos
seus ambientes familiares, minha mãe estudou cinema no Idhec, foi
uma das primeiras gerações, acho que foi da mesma geração do Ruy
Guerra. E meu pai escrevia livros de poesia, mas o que fez dele uma
pessoa importante no âmbito latino-americano foi a criação de uma
revista, que junto com a revista Sur, do Borges, na Argentina, aglutinou
todo o boom da literatura latino-americana. Foi lá que o Cortázar
começou a publicar as primeiras coisas; meu pai era muito amigo do
Octavio Paz, que era de uma geração acima. E daí meu pai, Jorge Gaitán
Durán, fez um trabalho editorial brilhante nessa revista.

Francis: Qual revista?

Paula: Revista Mito, que lembra o trabalho editorial que o Mário


Faustino fez no Brasil, criando um pensamento crítico a partir da e marca uma ruptura, na literatura colombiana, até hoje ocupa um lugar
literatura latino-americana e mundial. Aliás, eles têm histórias um muito especial. Ele e minha mãe ficaram um tempo casados e depois se
pouco parecidas, os dois morreram em acidentes de avião, não é? O separaram, então eu fiquei mais com minha mãe. Mas é isso, são pessoas
Mário Faustino dirigiu um suplemento literário (Seção Poesia Experiência que não vêm da elite, nem da elite econômica nem nada, são pessoas
no Suplemento Dominical) no Jornal do Brasil. Eu queria fazer um filme que tiveram posições políticas, estéticas avançadas para época. A minha
sobre isso, porque me lembro que o Glauber falava para mim: “Paula, mãe era feminista naquela época. Então eu acho que isso marcou em
você tem que fazer algo sobre o Mário Faustino, porque tem uma mim uma certa coerência política desde muito jovem. Eu não tinha
conexão grande com teu pai”. Eles eram intelectuais, o que se chamava pautas moralistas e religiosas tradicionais que tinha que cumprir em
de intelectual na época, eram pessoas conectadas com a história dos casa, sempre fui muito livre pra decidir. Tanto que quando era pequena
seus povos, países, a história política; meu pai tem um livro que estive fui num colégio onde era obrigatório assistir à aula de religião e eu disse
estudando recentemente sobre a violência na Colômbia. Ou seja, são que não ficaria na aula e afirmei: “yo soy atea”. Minha casa era uma casa
pessoas que escreveram ensaios, romance... Romance de fato ele não muito parecida com as casas em que eu moro atualmente, não tinha
fez, fez uma ópera, Los Hampones, outro livro sobre Marquês de Sade, muitos móveis, mas tinha quadros e livros. Não tinha objetos burgueses.
que se chama Le libertin et la révolution... Tinha uma personalidade forte Tanto que quando ia na casa das minhas amigas eu queria um sofá,
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 39

porque minha casa era muito informal, era uma casa com quadros, livros, Francis: É porque nos anos 70 você estuda arte em Bogotá, faz fotos. O
uma cama qualquer, mas uma boa cama talvez, mas era muito parecido que você tem de produção artística desse momento dos estudos?
como eu moro. É um gosto particular. E um gosto também pela visão, pelo
olhar, pela ideia de consultar livros desde muito jovem. Tenho livros de Paula: Tenho muita coisa. Muitas fotos. Quando o Glauber me conheceu
arte que tenho desde muito jovem, olhava atentamente pinturas, antes eu já era fotógrafa. As pessoas acham que eu encontrei com o Glauber
mesmo de estudar artes visuais. E não se trata de uma cultura de fazer Rocha e foi paixão, bem, óbvio que foi, mas foi também admiração, tanto
de você uma pessoa culta socialmente, mas se trata de quase um estar dele por mim como eu por ele. Quando eu conheci o Glauber, eu estava
no mundo desse jeito. Não é uma coisa assim, “ah, vou botar você para em Bogotá e era militante da célula universitária do Movimento Operário
estudar a história da arte. Vou botar você para estudar francês, balé”. Independente Revolucionário, eu já era uma pessoa conhecida, muito
jovem, assim com 23 anos. Não é que ele encontrou uma menina fofa.
Francis: Sim, na contramão da convenção. Mas em que época você se Não. Eu era uma pessoa que já tinha uma história e estava estudando
reconhece como artista? filosofia e artes visuais, e como eu te disse, eu não tinha experiência em
cinema, mas tinha muita experiência já com imagem.
Paula: Sempre. Eu sempre pintei e eu sempre escrevi. Tanto que eu
tenho poemas publicados. Eu estou em várias antologias de poesia Francis: Mas nesse momento você produzia mais fotos, pintura
latino-americana. É porque esse lado eu não falo... ou gravura?

Francis: Eu não sabia. Paula: Era fotografia... Eu posso te mandar muita coisa, era desenho, era
gravura, era fotografia, era tudo visual. E a escrita um pouco dentro dessa
Paula: Nunca cheguei a publicar um livro porque coincidiu com minha ideia como se fosse objeto, como se o poema fosse um poema objeto. Tem
vinda para o Brasil, e meu desejo de publicar meu primeiro livro de essa tradição no Brasil, do Pignatari, do próprio Arnaldo Antunes.
poemas, que era um livro objeto, nunca conseguiu se materializar. Livro
de poemas e fotografias realizadas por mim. E terminou que entrei no Francis: Poesia concreta.
cinema, e quando você entra no cinema, só dá para isso, é tão louco,
exige dedicação total que vai abranger todas as outras artes. Engraçado Paula: É, poesia concreta. Eu já fazia essas coisas sendo muito jovem.
que eu não sou muito de escrever e-mails, a prosa não é minha onda, mas Tenho vários projetos assim, para mim não é nenhuma novidade, aquilo
até já escrevi textos em prosa. Mas a questão do idioma era complicada, era o que eu fazia.
porque eu escrevia em espanhol. Se você botar “Paula Gaitán poemas,
poetas”, eu estou em algumas antologias de poesia colombiana, com 15 Francis: Mas você começa a trabalhar com cinema lá mesmo na
anos de idade, 20, 24... Colômbia? Você faz alguma coisa em direção de arte, algo com imagem
em movimento?
Francis: É uma novidade para mim.
Paula: Muito pouco. Naquela época eu fazia instalações, videoinstalações,
Paula: É, mas isso também é algo que eu mesma também não falo trabalhava com imagem em movimento, mas sempre...
muito. Mas já que você me perguntou...
Francis: Então você já trabalhava com vídeo nos anos 70?
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 40

Paula: Sim, algumas coisas eu cheguei a fazer. Tanto que o primeiro filme
meu, que aliás a Ava fala que é o mais lindo, é o Olho d’Água. Aquilo que
eu fiz no Diário de Sintra, eu já fazia no Olho d’Água.

Francis: De que ano que é o Olho d’Água?

Paula: Efetivamente eu fui começar a fazer o vídeo em 82. Esse é um


material que fiz com fotos, que comecei a fazer quando o Glauber estava
vivo, não me lembro, acho que eu fui fazendo aos pouquinhos, sabe? Eu
falo muito do Glauber porque foi com ele que começou outro período da
minha vida aqui no Brasil, e esse período foi frutífero, justamente pelo
olhar que ele depositou no meu trabalho, porque eu poderia ser apenas
a namorada, ou fazer outras coisas também, mas ele começou a me
chamar para trabalhar com ele. O livro O nascimento dos deuses, que foi
agora publicado, tem desenhos meus e dele.

Francis: A primeira parceria de vocês foi em A Idade da Terra?

Paula: Não, antes eu fiz o cartaz do filme Cabeças Cortadas, que Glauber
tinha filmado na Espanha, e a capa do livro Riverão Sussuarana.

Francis: É verdade, Riverão Sussuarana é anterior.

Paula: Eu já era uma pessoa, tenho a impressão, muito parecida ao


que eu sou agora, que trabalhava a partir de uma ideia que desejava
desenvolver, somada a muita intuição, com a capacidade de fazer
associação de imagens muito rápido, e vinha desse trânsito da
passagem de um dispositivo a outro, do desenho para a fotografia,
da imagem estática para o movimento, da fotogravura... Eu não
mudei muito, Francis.

Francis: O trabalho da direção de arte em A Idade da Terra é muito


expressivo, é uma colaboração muito evidente porque é o trabalho do

Foto: Ricardo Alves Jr


Glauber que tem mais força pictórica. Acho que essa força expressiva do
seu trabalho é coisa de artista visual, de pintora, um trabalho plástico
com as cores e texturas, eu acho que isso está em A Idade da Terra e que
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 41

maquiagem colorida, foi o fato de eu ter pintado a mão suas roupas e seu
rostro, quer dizer, era uma coisa que tinha um certo artesanato no dia
a dia, os materiais estavam lá e eu ia me inspirando como se estivesse
fazendo um quadro. Que é um pouco como trabalho até hoje. Na realidade,
eu trabalho muito parecido até hoje. Os figurinos dos meus filmes estão
sempre disponíveis, se deslocam junto com os atores a todas as locações.
Levamos sempre todos os figurinos. A Maíra Senise e a Aline Besouro, que
trabalham comigo, sabem que nos filmes de ficção eu trabalho com uma

Autorretrato de Paula Gaitán


gama de possibilidades imensa, e dependendo da luz específica desse dia
de filmagem, e da locação, pode ser repensado o figurino do personagem,
entendeu? Existem umas cores já predeterminadas na pesquisa, é assim
um pouco como pintura, existem cores que prevalecem, planos de cor,
você trabalha esses planos de cor, eu não vejo figurino como roupa
que metodicamente corresponde a um período histórico, a uma época
especifica, eu trabalho arquétipos e cores, como se fossem planos de
cor. Ou seja, se um figurinista vai trabalhar comigo falando “ah, isso está
incorreto, a roupa de época tem babado assim, botão assim”, está fora,
não tem papo. Então é uma visão muito diferente até do que eu faço.
Eu trabalho lógicas diferentes até hoje: espaciais, de cor, de textura, de
movimento, de fluidez, de estranhamento, experimentar justaposições e
contrastes, e bastante rigor na escolha do que realmente é indispensável.
E não aquele figurino naturalista. Então isso permeia também A Idade da
é o filme do Glauber em que isso é mais forte. E como foi essa parceria em Terra, onde eu já cheguei com um conceito a partir da leitura do roteiro e,
A Idade da Terra? por exemplo, me inspirei em uma foto do livro da Leni Riefenstahl, que ela
fez na África, para fazer o capacete de búzios que Pitanga usa no filme –
Paula: Ele me deu o roteiro, que aliás é um roteiro onde tinha coisas assim, eu vou juntando. Na realidade, meu trabalho é de colagem,
personagens que não eram exatamente os mesmos que a gente vê no de associação, de sensibilidade, de entender essas formas através de uma
filme, mas tinha elementos visualmente muito potentes. E aí me lembro pesquisa muito ampla. Então nada é aleatório, e tudo é uma criação que
que estava grávida do Eryk e fomos fazer a pré numa produtora que ficava se dá depois de pesquisas prolongadas. Assim foi também no A Idade da
na Urca, me instalaram numa sala e eu fiz todo o levantamento visual Terra. Estou te contando o caso do capacete, que é esse capacete que foi
do filme. Esse material se perdeu, deve ter ficado na produtora da Urca, feito de búzios, da roupa do Pitanga com esses tecidos vermelho e branco,
da Tizuka Yamasaki. Então fiz o storyboard e desenhei personagem por e a estampa de zebra, e o fato de ser uma espécie também de parangolé.
personagem. Quando comprei os tecidos, pesquisei a questão cromática Isso tudo sai um pouco dessa ideia associativa de planos de cor, de objetos,
dos tecidos, dos adereços e muitas das coisas, por exemplo, que o Antonio entre arquitetura, escultura. O que é interessante é que o Glauber também
Pitanga usa no filme. Uma lembrança muito bonita do personagem do sabia exatamente o que ele queria, então eu experimentava e na hora ele
(Carlos) Petrovich, do diabo, vestido com chapéu mexicano e uma singular tirava algum detalhe ou acrescentava algo... Mas o Glauber era a pessoa
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 42

mais generosa que eu vi na minha vida trabalhando e que oferecia a maior uma questão política bem mais forte que a minha. O político comigo veio
liberdade para a equipe. de outro jeito.

Francis: E o que que ele te influenciou no trabalho? O que você acha que Francis: Como você acha que entra o político no seu trabalho?
dessa parceria trabalho com ele você incorporou ao seu trabalho? Algum
procedimento, alguma relação com a criação, o que seria? Paula: Eu acho que ele vem pelo radicalismo formal às vezes e pela
maneira associativa. Sei lá, eu não sei, porque eu não sei falar muito
Paula: Acho que a velocidade da resolução dos problemas. Ou seja, de do meu trabalho, mas é mais por aí, pela maneira como eu exerço
que não dá para trabalhar em tal locação, você transforma a dificuldade essa liberdade. Acho que é mais, talvez, o que eu aprendi também do
em potência, você transforma um pouco essa coisa entre você reinventar Glauber, é você não ter limite de se expor e não ter medo dos erros e
o processo todos os dias e você partir para uma nova descoberta. Mas de se arriscar. Essa coragem, basicamente, é fundamental, me guiou,
também esse ritmo de velocidade no processo criativo é muito uma a coragem dele, em todos os aspectos, me guiou. Eu acho que é uma
coisa que eu peguei do Glauber, porque a gente deitava e no dia seguinte coragem que me inspira, e muito maior que a minha, porque ele viveu
ele mudava alguma coisa na ordem do dia, por exemplo, na sequência
do Pelourinho com as freiras, que chega a polícia, como você incorpora
isso, esse imprevisto? É um pouco a ideia de você incorporar o acaso
dentro da estética, e como você também incorpora o acaso e também
a velocidade como isso se dá, inclusive na mise-en-scène, como você
cria esse teatro em palco aberto. Essa dinâmica entre os atores e os
diálogos também, eu aprendi isso com ele, que os diálogos quase que
acontecem meia hora antes. Isso não quer dizer que eu chegue como
uma porra louca e invento, não. Eu chego na filmagem com um material
vivido de experiência de pesquisa e de mapeamento muito grande de

Autorretrato de Paula Gaitán


textos, de imagens. Quando termina um filme meu, as equipes ficam
com um material visual vasto. O trabalho que eu tenho com as equipes
é muito profundo, com a equipe de arte... Quase que a equipe de arte
comandada pelo Diogo Hayashi é a primeira que trabalha comigo, é ela
que vai encontrar as locações junto comigo. Para mim, locação tem
vida. Não dá para fazer a arte depois do roteiro, fazer o storyboard e você
imitar. É o contrário, você vai à procura dos espaços, todo o processo
é invertido. Primeiro vem a locação e eu tenho uma vaga ideia de uma
ação. Mas essa ação se completa quando eu encontro a locação e a partir
disso nasce uma sequência. Quase que a sequência pode nascer, porque
me interessa esse espaço, esse espaço simbólico, esse espaço histórico,
o que for. Assim, eu não acho que eu seja uma boa aprendiz, porque o
Glauber tem outro tipo de cinema, ele é um grande dramaturgo e traz
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 43

coisas bem diferentes das minhas e provavelmente muito mais radicais,


não é? Mas digamos que é uma pessoa que me marcou profundamente,
me marcou por isso, marcou a partir de vários lugares. Mas é isso, sinto
também que ele encontrou em mim um terreno vazio, onde ele pôde
plantar, uma página sem muitas referências cinematográficas também,
porque eu não era uma cinéfila. Ele encontrou uma artista um pouco
ingênua, talentosa e muito curiosa e eu acho que essa maneira minha,
porosa, de receber as coisas, também facilitou muito. De eu não ter uma
formação assim acadêmica de cinema já, tudo isso exigiria, talvez, uma
personalidade mais crítica. Eu imagino que a relação dele com a Juliet
Berto ou com a Helena Ignez foram muito potentes, ele era conterrâneo e
da mesma geração que a Helena Ignez, então eles viveram muitas coisas
intensas e descobertas juntos. Com a Juliet Berto ele estava vivendo um
pouco o que era o cinema europeu, o que era a Nouvelle Vague, assim,
personificado no corpo dessa mulher. Minha história não tinha esse
peso, entendeu? Eu vinha tipo de outra tribo. Era uma latino-americana,
bem mais jovem... Nem tanto, eu era 14 anos mais jovem do que ele,
naquela época era uma distância temporal grande, e ele encontrou um
Foto: Dib Lufti
frescor em alguém que não trazia essas referências. É isso, eu acho isso
interessante que eu tenha vivido pouco aquela época. Sacou?

Francis: Você viveu pouco qual época?

Paula: O fato de eu ter sido a última companheira dele, eu não vivi o


tempo áureo da vida do Glauber. Cannes, os festivais no mundo, Cinema
Novo... Eu vinha, por isso que eu lhe digo, mais de um frescor e uma
pessoa que não estava em disputa com ele, que estava lá... Não estava
em disputa de território, estava lá de uma maneira bem mais humilde ao
nível de ouvir, de entender, de me deixar levar, sabe? E isso também é
importante. Então isso é bom, e por outro lado eu absorvi essas coisas
boas também, positivas, que eu levei comigo para o resto da vida. Que
eu levo até hoje.

Francis: Eu queria que você fizesse uma síntese dessa sua trajetória,
posterior a esses episódios narrados agora, dos anos 80, em que
você trabalha com vídeo, que que você acha de mais relevante a se
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 44

dizer sobre o percurso dessa década da qual eu não encontrei muita Naquele momento já me parecia que eu tinha essa sensibilidade peculiar
informação histórica. com o som, então eu trabalhei, me interessei mais. Achei mais fascinante
trabalhar o som do que a imagem. Mas eu gostei de trabalhar a imagem.
Paula: O projeto O Olho d’Água é desse momento. Mas assim, entenda Mas vamos dizer que eu demorei dois anos montando em moviola, todo
uma coisa simples, que não é tanto tempo nos anos 80, porque quando esse processo, acho que eu fiquei quase um ano trabalhando no som.
eu fui filmar o longa Uaká, digamos foi em 85, 86. Eu fiquei dois anos
e meio montando. Eu montei em moviola. O filme ficou pronto em 89. Francis: Você falou uma coisa que é importante, que no Uaká o som
Eu ganhei o edital do CTAv (Centro Técnico Audiovisual), mas antes te pareceu muito mais interessante que a imagem, e a questão do
disso eu tinha escrito vários roteiros para CTAv e não davam certo. E som no seu trabalho tem um aspecto sofisticado, complexo. Quando
aí eu ganhei o primeiro edital. O filme se chamava Agosto Kuarup e era você percebeu que era mais interessante, e o que te dava vontade de
esse o esse roteiro do Uaká. Foi esse o meu processo. Vamos dizer que experimentar no som? O que havia de instigante nele que você não
o Glauber morreu em 81 e até 82 foi um momento difícil e crítico, eu encontrou no material visual?
fiquei viúva com 28 anos, com duas crianças pequenas, então eu fiquei
um ano, dois anos, um pouco encontrando um lugar para criar meus Paula: Construir um extracampo. O que acontece é que a metade do
filhos. Em paralelo, comecei a fazer o Olho d’Água, que é esse filme que som do Uaká sumiu. O técnico de som, que era muito bom, deixou cair
é lindo, que tem uns 40 minutos, e tanto que o Leon Hirszman viu esse na água do rio. Então chegou com ruídos. Então, aquilo que eu tinha
filme e se apaixonou. Leon foi muito importante, assistiu numa galeria era muito menor que a imagem e a gente teve que trabalhar muito a
de arte, numa projeção, e se apaixonou. Foi em 1984. Por outro lado, ideia desse som sendo reconstruído de várias maneiras, como você fazer
eu fiz coisas com fotografia, participei de exposições de fotografia. Eu uma salada de alface, tomate, cebola e batata, que era uma coisa que eu
tinha essa relação com videoarte, fiz algumas experiências, e digamos comia em Cuba. Na época da escassez, eu passei o ano-novo em Havana,
que até escrever Uaká, em 84, eu já me encaminhei para o Xingu, fui a que foi a experiência mais linda do povo cubano. Essa experiência da
primeira vez para lá para fazer pesquisa, voltei, e aí depois a filmagem comida me ensinou muitas coisas, que você está no Natal e no ano-
foi entre 1986 e 1987. novo e a escassez pode ser altamente produtiva. Então quando você ia
para a mesa, porque a gente foi convidada por uma família cubana para
Francis: Quanto tempo durou a filmagem do Uaká? passar na casa deles o ano-novo, a mesa tinha assim uma salada de
tomate com cebola, com batata e com alface. Todas as saladas tinham
Paula: Durou um mês e meio. os mesmos elementos, mas todas cortadas de maneiras diferentes.
Então o visual era totalmente diferente e você comia aquilo com um
Francis: E o processo todo? Porque você montou o filme também, não é? prazer enorme. Ou seja, a mesma coisa que a montagem, não precisa
ter mil elementos, tinha poucos elementos, mas aquilo visualmente era
Paula: Eu montei com a Aída Marques. E o processo que demorou mais de uma beleza e de uma riqueza e de uma potência incrível. Então é isso,
foi a montagem de som. a gente aprende que com som e com a matéria-prima do que a gente
filma cada imagem tem um poder extraordinário. Então, cada plano,
Francis: Por quê? cada sequência, eu aprendi a utilizar tudo. Tudo tudo. Não tem material,
não tem hierarquias dentro do material. E com os sons a mesma coisa.
Paula: Porque o som já me pareceu mais fascinante que a imagem. Na ilha de edição do som, aquilo foi extraordinário, porque eu percebi
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 45

que aquele não podia ser o fracasso do filme, que eu tinha que construir
o som justamente... Então, já que não tinha o som do lago, da laguna,
então eu comecei a fazer uma espacialização do som. Então, o que que
elas escutariam? Elas escutariam o som das flautas uruá ao longe. Então
eu pegava essas flautas uruá que estavam já ao longo do filme e eu ia
modificando, ia fazendo associações. Assim, eu aprendi a trabalhar com
o mínimo e com o máximo, e o máximo está na imaginação, na maneira
como você associa os elementos, como você associa som e imagem,

Frame de Diário de Sintra


como você cria esses extracampos, como você trabalha a potência da
imagem. Ou na repetição da imagem. Ou seja, você pode fazer um longa
com cinco planos e com dez sons. É isso, depende da maneira, tudo é
uma articulação. Por isso que eu digo que é uma articulação estética
dos elementos que você tem nas mãos e de que maneira você organiza
e conceitualiza. O conceito é o mais importante.

Francis: O uso da música e o trabalho com som no seu filme são muito
especiais, porque eles constituem uma verdadeira paisagem sonora
no campo e no extracampo. É como se o som afirmasse ao mesmo
tempo na natureza abstrata dele, mas o seu trabalho se esforçasse
para encontrar também a origem desse som, tanto a busca do seu
aspecto abstrato, o conceito mental da música, a própria experiência
da fruição, quanto no material, sua produção, seu trabalho. No sentido,
por exemplo, do trabalho dos artistas, no caso do Arto Lindsay, do extensão dos olhos, do texto do Stan Brakhage, o “Metáforas da visão”.
Arrigo, do Negro Leo, mas também no efeito dessa música sobre os Então são os artistas que me interessam.
corpos e os espaços. Por exemplo, em Noite. Então sua imagem é uma
espécie de ritmo visual puro. Como que o som determina ou ajuda a Francis: O seu trabalho com o som é uma coisa mesmo muito especial, do
compor o trabalho com a imagem? som como um trabalho da poesia. Eu acho isso muito interessante, porque
a poesia é a palavra, e sobretudo a palavra escrita. No caso do som, o som
Paula: Ele vem, às vezes, primeiro. Ele vem em um som, eu ouço o é uma coisa abstrata. O Ópera dos Cachorros é isso, é um trabalho poético
som e já imagino como será a montagem. Não é que ele já preexiste. no breu, e na tela escura cria uma, várias imagens sonoras. Paisagens. É
O som é, de novo, uma questão de encontrar esses ritmos e essas um filme sem imagem visual, mas que tem muitas imagens, tem muitas
discrepâncias entre som e imagem e ir fazendo essas associações, como camadas, tem uma composição de imagens mentais.
eu tenho feito e fiz na Ópera dos Cachorros, com minha voz, e isso é
um trabalho artesanal e também associativo... É um pouco a relação Paula: São imagens mentais, mas isso na obra de muitos diretores
dos poetas dessa tradição aí, do André Breton, do Paul Éluard... Dessa é importante, não é? Tem diretores que são permeados por essas
escritura automática, através da câmera, da mão, da imagem como uma inquietações. Tem outros que vão por outros caminhos, que são
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 46

que parecem impossíveis de serem conectadas, mas são possíveis de se


conectarem, é só você querer. Agora, falando assim parece fácil, mas
você tem que ter esse universo dentro de você. Primeiro você tem que
conhecer o material de um projeto, e eu trabalho com a memória. Então,
quando eu filmo, como estamos sempre perto das imagens, eu memorizo
todas as imagens já na filmagem, depois eu repasso o material e estou
plena nesse processo. É como um HD [som de teclado], é difícil, meio
Filmagem de Exilados do Vulcão

entre action painting e associativo. É meio um gesto e ao mesmo tempo,


mentalmente, é muito rápido. E claro, tudo isso com equipes incríveis que
estão perto e que são importantes nesses desafios.

Francis: Paula, vamos tentar definir um pouco o que é esse trabalho da


memória na sua obra, porque você definiu para mim a memória dentro
de um processo artístico, um processo conceitual de imagens mentais
que você articula. Mas a memória também acaba sendo tema e matéria
de trabalho como Diário de Sintra e Memória da Memória, que são filmes
que partem de material de arquivo pessoal e familiar. Ambos constroem
uma paisagem poética, articulam um conceito sobre a memória. O que
você descobriu de novo em um material de arquivo que você já conhecia?
O que você descobriu de novo na montagem?

Paula: É, primeiro que eu acho que a memória é sempre uma


caminhos mais racionais. Mas a questão da intuição é forte no meu construção. Não estou querendo ir contra os historiadores, nem contra
trabalho. Mas não é uma intuição sem base histórica e materialista. os documentaristas. Esses filmes que querem ser muito pontuais e
Então, é sempre essa contradição, e ao mesmo tempo, os elementos: é o precisos, eu reconheço valor histórico neles e acho muito importantes.
concreto, é o chão, é a terra, e de repente tem esses desvios. Tem um filme Mas quando eu falo de memória, é muito mais aquilo que se apaga
que eu acho que é muito sintético, um sintético de quatro horas e meia, do que aquilo que permanece. Então, do mesmo jeito que a memória
que é o Luz nos Trópicos, onde eu fiz tudo que eu queria fazer durante visual, digamos, é importante para mim, meu instrumento maior são
toda minha vida, sem ninguém me perturbar, sem medo de arriscar. meus olhos. Mas assim, é a maneira como eu memorizo imagens. Da
Entendeu? A última hora e meia do Luz se assemelha ao que eu me tornei, mesma maneira eu não memorizo um poema de cor. Eu tenho uma
a esse momento meu agora, que eu acho que é um filme rizomático, que coisa muito estranha, até hoje eu não sei o abecedário total. Eu não
é uma combinação de muitos mundos em paralelo, é como se fossem aprendo nenhum texto, nunca aprendi nenhuma canção quando eu era
pontos de corte entre vários universos, vários espaços diferentes, de você adolescente, nunca aprendi a cantar uma música, então eu via minhas
atravessar um continente assim [faz um som de voo], já atravessou. Já amigas cantando música, e eu não sei nenhuma letra de cor. Se você
você está lá, não precisa criar toda uma narrativa para estar lá. Você não me perguntar meu telefone, eu tenho que ver meu telefone todas as
precisa ter muitas pontes para ter acesso a esses lugares, a essas imagens vezes, porque eu não consigo nem memorizar meu telefone. Então, é um
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 47

problema estranho. É uma falta de memória. E ao mesmo tempo é uma com o Glauber?” “Não, nunca estive aqui.” “Essa casa que você filmou
grande memória visual. Eu não consigo memorizar um texto, eu entendo, dentro, a cama, você morou aí?” Falei: “não. É outra casa”. Mas era
eu leio e tiro um conceito. Mas, por exemplo, o Arrigo (Barnabé), ele fala encontrar uma memória que não é traduzível, mas é uma memória,
poemas do Sousândrade, poemas do, sei lá, do Octavio Paz, ele fala mil algo que permeia uma memória do corpo, uma memória da memória,
poemas. Eu tenho atrofia nesse tipo de memória, e tenho vergonha de um cheiro, uma imagem, um ruído, sabe? Atravessar povoados para
dizer que eu não sei o abecedário. É verdade, é um problema, é algum encontrar o ruído dos sinos, para encontrar a névoa, para encontrar
tipo de coisa que ainda não analisei, teria que ir num neurologista, mas é um pastor, como tem lá no Diário de Sintra. Escalar montanhas para
algum tipo de atrofia que não me deixa ter esse tipo de memória textual. sentir de novo o que seria escalar aquela montanha de Sintra. Porque
é isso, os espaços têm mutações também, então, quando você volta
Francis: Mas tem memória visual. Como isso funciona criativamente? para esses lugares, esses lugares já não são aquilo. Então, como passar
adiante essas sensações, essa memória que é intraduzível? Então você
Paula: A questão da memória visual é importante. Eu acordo, estou vai à procura, e o filme é isso mesmo, o filme diz “caminhos que levam
pensando num filme e tenho uma imagem mental e vou atras dessa a Sintra, ou talvez, a lugar nenhum”. Mas arte é isso também, não é?
imagem, termino encontrando como uma adivinhação, essa imagem Quando você trabalha com materiais, na pintura ou na arte, quando
existe e está lá. O mistério das imagens… Então a questão associativa você trabalha a cor, as camadas de cor, aquarela, por exemplo, toda a
com a imagem, a memorização, a memória da imagem, do espaço, isso série do Cézanne, daquela montanha que ele pintava sempre.
é forte para mim. Quando eu fui fazer Diário de Sintra, houve muita coisa
que eu apaguei. Apaguei anedotas, apaguei o que as pessoas falavam, Francis: A Saint Victoire.
apaguei tudo isso. Mas as imagens, eu fui atras dessas imagens, que
não eram exatamente as imagens que eu tinha vivido com o Glauber. Paula: É isso. Porque que a pessoa quer incessantemente filmar
Até porque eu nunca fui a Monsanto, mas eu me lembrava que Sintra a mesma coisa, o mesmo plano, com várias luzes?! É isso, isso é um
tinha uma atmosfera envolta de névoas e rochas, e eu queria encontrar mistério que leva a gente a criar as imagens. Aí quando você faz as coisas
um espaço que fosse essa Sintra que eu tinha vivido, porque Sintra um pouco levado pela intuição, que foi o caso do Diário de Sintra, fui fazer
já não era mais a mesma quando eu voltei para filmar, depois de 25 um seminário, uma palestra, uma aula aberta do Roberto Machado sobre
anos, era uma Sintra cheia de lojas. Então, no encontro das locações o Proust. Foi quase no final da montagem do Diário de Sintra. Aí eu fui lá
eu comecei a mergulhar numa espécie de onirismo, e eu li muito e ele falou desse livro do Deleuze sobre o Proust, Proust e os signos, e da
Gaston Bachelard naquela época. Me lembrava muito das mulheres memória involuntária. Aí eu me lembro que isso foi um tesouro, porque
portuguesas, do trabalho das mulheres, como as mulheres estendiam eu fui lá, comprei o livro e entendi exatamente esse procedimento
as roupas brancas nos varais. Essa poética do espaço, esses elementos associativo, sonoro, visual, de uma procura de um imaginário que me
circundando o espaço. Como isso iria se materializar em imagens, a levasse a essa concretude, a uma viagem real, mas simultaneamente
partir de uma certa atmosfera, com uma temporalidade proustiana. à construção de espaços mentais, imagens mentais, que não eram
E com o som também. Alguns sons que eu lembrava. Então, eu viajei exatamente os mesmos lugares em que eu tinha ido com o Glauber,
muito para encontrar “nada”, nada encontraria, tudo fugidio, estava mas estava tudo ali. Estava tudo ali. O sentimento, essa memória foi
totalmente errante, a gente foi com a equipe até a Serra da Estrela, construída assim, a partir dessas lacunas e da impossibilidade dessa
e a equipe falava: “mas por que que você está aqui? Você veio com o restituição, porque a gente também tinha aquilo, já não pode mais ser
Glauber?” Eu falava: “não, nunca estive aqui”. “Você foi em Monsanto mais restituído. Então, eu acho muito interessante quando as pessoas
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 48

querem fazer esses filmes históricos, muito precisos, com depoimentos. tanto que Marcélia me impactou com os filmes que eu vi com ela já foi o
Mas eu acho que todo depoimento é sempre uma ficção. suficiente. Às vezes uma imagem com a Marcélia, uma foto, uma imagem
foi tão impactante que me levou a ela. Então, com a Marcélia, no caso
Francis: Você fez filmes que são retratos ensaísticos em torno da persona do Agreste, nos conhecemos lá. Então é assim, é um pouco um risco que
de atrizes, cineastas, músicos, artistas em geral. São retratos digressivos se toma, porque é um trabalho de persuasão, é também uma sedução
dimensionados pelo tempo e pelo atrito das imagens na montagem, e que se dá, é uma relação que se constrói no plano do próprio processo
também na fricção entre o documento e a performance. Vemos isso em da filmagem, de você filmar o outro, mas também do outro também se
Vida, que é com Maria Gladys, em Agreste, que é com Marcélia Cartaxo, aproximar. É um trabalho mútuo de reconhecimento, de dois corpos,
em Sutis Interferências, que é com Arto Lindsay, e em É Rocha e Rio, Negro eu, meu corpo, uma mulher com outra mulher, então é uma espécie de
Leo, com Negro Leo. Memória da Memória não deixa de ser também um entender esse lado do feminino também no meu corpo através dessa
retrato, um autorretrato. O que te estimula nesse retratística? mulher, e entender de uma maneira mais geral em Agreste, porque não
é só a Marcélia. Ela é um ponto de partida para entender outras coisas.
Paula: Eu acho que os retratos têm essa vontade também de estar
terrena, de conviver com o outro, coisa que é importante para mim.
Tanto que eu consigo produzir um filme como É Rocha e Rio, e um
filme como Luz nos Trópicos em paralelo, porque chega uma hora
que aquilo, aquela substância começa a se esgotar e a me esgotar,
como no caso do Luz nos Trópicos. É porque é como se você estivesse
manejando imaginários muito diversos, e às vezes você precisa descer
no terreno das palavras. Então, eu faço em paralelo o filme do Leo, que
me coloca no eixo, “ó, você tá aqui, você tá aqui nesse momento, você
tá viva, estamos no Brasil, esse é o Brasil que tamos vivendo, Paula,
estamos aqui”. Não é? E é isso. E às vezes eu acho que isso está sempre
oscilante dentro dos projetos meus. É uma curiosidade imensa de ouvir

Foto: Diogo Hayashi


os outros também, porque até agora eu só falo “eu, eu”. Sou muito
autorreferencial. Mas, por outro lado, eu sinto que é muito importante
ouvir o outro, você se deter e se reconectar com o mundo que está aí.
É isso. Eu acho que o fato também de eu ter vindo de outro país me
reconecta de uma maneira, um pouco o que a gente falou, uma certa
pureza de informações em nível de tudo. Então, pureza é assim, não é
que eu sou pura, eu não sou nada pura. Entender a Maria Gladys sem ser
necessariamente amiga da Maria Gladys. Porque todo mundo acha que
eu era amiga da Maria Gladys. Não, eu nunca fui amiga da Maria Gladys,
nem da Marcélia. A Marcélia eu conheci na filmagem. O Leo eu conhecia,
óbvio, mas também é a curiosidade que me leva a conhecer pessoas
sem fazer, por exemplo, uma pesquisa muito grande sobre elas. Mas o
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 49

Francis: Quais coisas?

Paula: Que as personagens estão aí, também, não só para falarem da


sua história pessoal, mas para serem articuladoras de novos espaços. Pra
serem mediadores. Eles fazem mediações também com outros espaços.
Entendeu? Como no caso da Marcélia, o filme se chama Agreste, partiu
dela e era para ela ter feito uma coisa bem menor, e aos poucos ela foi
tomando conta de tudo. Ela foi me conduzindo a esses outros lugares.

Foto: Milton Guarán


Filmagem de Uaká
Então, eu acho esse filme lindo, o Agreste. E ao mesmo tempo, é a memória
dela, mas também poder chegar a outros territórios, outros lugares, tanto
que tem um momento de uma manifestação de mulheres, de mulheres
camponesas do MST. Então o Agreste está apelando, também, através da
Marcélia, está falando da minha avó e de outras tantas mulheres. E eu me
incluo aí. Então são meio retratos e não são, não é?

Francis: Me parece que a cada filme você reinventa a escritura fílmica


no sentido de que de trabalho em trabalho você inventa novos gestos
estéticos, códigos específicos, que parecem surgir de uma relação
particular das personagens com os espaços. Mas por mais que os
filmes sejam estilisticamente diferentes entre si, me parece que
há uma coesão em Agreste, Exilados do Vulcão, Luz dos Trópicos, e
outros... Essa dinâmica de inventar sempre novos gestos estéticos é
uma busca sua de saída, ou é uma coisa que você vai se dando conta
no processo criativo? Como é que funciona? Paula: Cara, eu fiz, ao longo desses anos, uns 50 documentários com
personagens, a partir de personagens. Na Colômbia fiz muitos, muitos,
Paula: As duas coisas, porque tem uma intenção que é clara, não é só que aliás, estou tentando recuperar agora, e fiz a série Os Resistentes.
performance e não é só improviso. Isso que eu estou te falando, tem Dessa série o primeiro foi Renato Berta. E eu cheguei lá sabendo que
ponto de partida muito concreto, uma concretude que vem da pesquisa. ele era um diretor de fotografia incrível, e eu estava muito assustada
É diferente você ter intimidade com a pessoa, ou você conhecer, ou e estudei toda a vida do Renato Berta e fiz uma coisa que eu nunca
você fazer tipo uma entrevista. Não, isso eu não faço. Ou coisas assim, tinha feito na minha vida, um monte de perguntinhas, muito formais,
investigativas, de conhecer exageradamente o trabalho do outro para muito formais, sobre fotografia. Ele primeiro marcou num lugar que
chegar já com uma espécie de pontos já esclarecidos, achar que você era o café mais antiestético do mundo. Era um café de rua em Paris,
entende suficientemente. Eu fiz isso, aliás, sabe com quem, e levei um na Bastille, o mais tumultuado que podia ser, tipo na Lapa. Sei lá, um
esporro? Com o Renato Berta, que é outro filme que você não conhece. lugar assim, cheio de lixo do lado. Aí eu cheguei toda certinha com as
perguntas e ele olhou e falou assim: “tanta pergunta desinteressante.
Francis: Não conheço. Você está aqui com uma série de perguntas, vai lá, faz um Google, eu
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 50

não vou falar disso não. Você tá aqui por quê?”. Aí eu falei: “bom, eu você realmente ir conhecendo aos poucos durante esse processo e de
tô aqui porque eu não sei por que eu tô aqui. Sabe por que que eu tô você não chegar tão severa e tão firme, você descobre coisas recônditas.
aqui? Porque eu sou uma mulher latino-americana, porque você me E começou a criar um ambiente de que aquilo ele que ele estava
trata assim, porque você fala que minhas perguntas são isso, então eu falando, ele estava falando contra o cinema francês, ele estava falando
tô aqui para um embate, então vamos discutir. Eu não tô aqui pra nada. justamente de tudo que não estava escrito no papel, entendeu? Bom,
Se você quiser conversar comigo, então a gente conversa. Mas então a então isso é um exemplo de como você chegar a um ser desconhecido,
gente zera e você fala sobre o que você quiser”. Cara, ele me adorou, e é que você não é justamente uma jornalista, então você vai descobrindo,
um documentário lindo, é um longa, tem uma hora e vinte. A gente ficou você vai com menos certezas e com mais dúvidas e mais curiosidade, eu
amigo, mas isso me mostrou por que que eu estava lá. Eu apenas queria acho que a coisa rola de uma maneira mais interessante.
conversar com ele e chegar a algum lugar desconhecido. E pela primeira
vez eu fiz exatamente ao contrário do que eu estava habituada e levei Francis: Você falou da uma relação com o personagem que é elucidativa,
um megaesporro, parecia uma boba lá com um monte de perguntas. mas e com o espaço?
Então foi lindo, porque quando você se entrega ao ato de não saber, de
Paula: Por exemplo: então eu chego e já me situo do ponto de vista
da câmera, então eu sei que, por exemplo, no caso da Maria Gladys, a
primeira coisa que eu vi foi a janela. Aí eu já sei o lugar da câmera e aquilo
que vai se tornar personagem do filme, que é a janela. Então eu vejo a
espacialidade. Eu vejo os pontos de fuga, os pontos principais. Então eu
vou agregar elementos que estão naquele espaço. Eu não vou botar a
Gladys num lugar idealizado. Mas eu vou criar uma percepção espacial
de onde que esses personagens se encontram para entender que lente,
que imagem, o lugar da câmera, coisas assim, como qualquer diretor.
Mas isso é muito rápido, entendeu? Não preciso de muito tempo para
Frame do programa Abertura,

fazer isso. Isso eu faço na mesma hora. Não sei se estou chegando aonde
você quer chegar.
de Glauber Rocha

Francis: Chegou. Tanto que a próxima pergunta é um passo além, é


a questão da montagem. Vendo É Rocha e Rio, Negro Leo e Luz nos
Trópicos, seus filmes mais recentes, eu acho que o tempo da montagem
desses filmes, a maneira como você monta, é estranho, no sentido de
um estranhamento que chama atenção para o corte. Nenhum corte
é gratuito, nenhum corte tem o mero efeito de avançar a narrativa ou
indicar um significado fechado, mas estabelece um ritmo particular,
quase como se os seus cortes nesses filmes fossem viradas rítmicas de
uma música. Qual sentido da montagem para você assim no seu trabalho,
pegando um pouco como exemplo esses dois filmes que eu citei?
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 51

na subida das escadas. Tem uma subida que é com o Tim Maia e tem
outra subida que é quando, finalmente, o microfone consegue entrar
com a equipe e o Leo está sentado, e ele até comenta o fato para a Ava.
Porque a gente microfonou e ele fala assim: “ah, não fica com medo, que
quando chegar aqui a gente começa a falar”. Porque a Ava estava com
dúvidas, ela não sabia direito. Então essa parte ficou aparente, mas nem
toda. Então depois também essas passagens do movimento da câmera,
como a câmera vai se deslocando no espaço eu acho muito interessante.

Autorretrato de Paula Gaitán


Tem uma coisa meio hipnótica, que aconteceu nesse dia da filmagem.
Aqui tem uma espécie de movimento, e os corpos vão girando e o Leo
vai girando junto. Isso também acontece no filme da Maria Gladys, as
pessoas começam um pouco mais formais e aos poucos... Poderia ser
evidente, mas nem com todo mundo acontece isso, entendeu? E aos
poucos... Bom, aí na própria filmagem você tem a temperatura da
potência do material. É algo como se você estivesse tocando um show,
uma coisa, uma performance musical. Eu não sou música, mas eu
acredito que é isso, você já tem uma sensação de quanto isso é hipnótico
para a equipe, para todo mundo. Então esse deslocamento da câmera
é muito interessante. E por fim tem segredos aí também. Segredos
de materiais de aproveitamento. Na hora que ele vai na luz e o Lucas
começa a dizer: “ah, mas tá exposto, tem muita luz aí”, então o Leo vai
para frente. Então na montagem eu começo a perceber, a montagem é
preciosa para mim, a montagem é a coluna vertebral de qualquer filme.
Paula: Para mim é tudo conceito, assim, o fato de tomar decisões. São filmes de montagem que se dão na montagem, não é? A montagem
Eu tomei decisões assim. O filme do Leo ia ser na ordem cronológica, é preciosa em todos os filmes, até nos filmes mais comerciais. Mas
que só seria possível o entendimento dessa lógica do pensamento são filmes, às vezes, que partem de lugares diferentes. Os filmes, por
dele sem manipulação. Essa lógica me parecia importante, que é uma exemplo, que têm um roteiro muito bem estruturado, acredito que são
coisa totalmente anticinema, porque o cinema justamente cria a partir filmes que partem de montagens muito guiadas por uma lógica anterior,
da manipulação dos tempos e das coisas, você cria mundos artificiais. tem uma precisão. Não é isso?
Então não quer dizer que aquilo seja totalmente entregue, porque tem
algumas coisas que tiram um filme dessa modalidade consecutiva, que Francis: Sim, geralmente.
é, por exemplo, no começo a câmera estar na rua e o filme começar
olhando de fora, que é uma coisa que eu nunca fiz, um personagem ir Paula: No caso da montagem dos projetos mesmo, o filme do Leo,
para a varanda, foi uma coisa que na hora eu percebi, que muitas vezes ele se dá na montagem, no tempo dele. Então é uma coisa que não é
eu falava com o Leo assim, e que muitas ideias podiam ser ditas assim, negociável, é aquilo mesmo. E também são gestos políticos, porque a
ele lá em cima e eu embaixo. E depois tem a montagem que é duplicada questão da cota é tão discutida, o tempo de tela, o que é ser centro,
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 52

o que é ser epicentro, o que está na margem, o que é centro e o que Francis: O filme tem uma lógica própria. Não é uma coisa que é inventada,
está na margem. Então essas discussões são muito interessantes, e na tirada da cartola depois, não é? Os filmes têm, digamos assim, uma
realidade o filme do Leo coloca isso, quem está vendo quem e o tempo ecologia própria.
de escuta está em toda essa discussão sobre quem ouve e o tempo que
você se dedica a essa escuta. Acho que o Leo é exatamente isso. Mas Paula: Isso, exatamente. É um corpo. Tem uma coisa precisa e ao
isso não pode ser feito com qualquer material, não pode virar modismo. mesmo tempo tem uma coisa intuitiva. É uma questão que tem a ver
A imagem tem uma espécie de anatomia. O Bressane fala uma palavra, com uma patologia, essa é a palavra.
como se fosse uma coisa assim, uma espécie de... Quando você faz um
cadáver e você disseca. Como é que se chama isso? Não é dissecar, é Francis: Uma patologia. Sim.
quando você vai criar toda uma lógica anatômica desse corpo. Acho que
o filme é um pouco isso. Depende do material, depende das imagens, Paula: A patologia de cada imagem. É isso, é interessante isso.
depende do que é dito...
Francis: Eu quando estava bolando a entrevista, perguntei para dois
amigos que você conhece e admiram muito seu o trabalho, Bernardo
Oliveira e o Juliano Gomes, o que que eles perguntariam para você. E cada
um fez uma pergunta que eu queria te passar agora. Vou fazer a primeira
pergunta que é do Juliano: “Queria saber mais sobre você e o Brasil. Que
você tem uma vivência, uma relação forte com a América do Sul. De
certa forma, você estar no Brasil trabalhando acaba sendo uma escolha.
Tenho curiosidade sobre o Brasil da Paula, o Brasil que te interessa filmar.
Exilados, o Luz nos Trópicos ou o Sutis Interferências são filmes muito
particulares, que têm uma ideia de Brasil que é muito particular, que ela
não é comum. Então eu queria saber um pouco que Brasil é esse país que
te interessa, que você filma”.
Foto: Hernan Dias

Paula: É sempre um olhar deslocado. Um pouco deslocado, e ao mesmo


tempo voltamos para a questão dos personagens, da Maria Gladys, de
como esses personagens, pessoas, mulheres, homens brasileiros me
conduzem pela mão para entender melhor esses territórios. Me ensinam
e me levam a essa compreensão. Mas chego com uma espécie de olhar
estrangeiro mesmo. “Ser estrangeiro” mesmo no seu próprio pais é um
sentimento que existe, acho difícil apagar as arestas e lutas históricas,
respeito muito o espaço do outro, cada um carrega sua história junto
ao corpo, pode ate existir uma identificação, uma união entre as
partes, mas eu não sou o Leo, eu não sou a Gladys, é isso, não é uma
simbiose. Porque tem cineastas que filmam o universo achando que são
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 53

essas pessoas “iluminadas”, que são ambições que eu não tenho, acho Francis: A última pergunta aqui é do Bernardo, ele diz o seguinte: “Os
um pouco demagógicas e um pouco diletantes e um pouco oportunistas. filmes da Paula partem de indagações não necessariamente atreladas
Eu quero estar junto com esses artistas que fui conhecendo ao longo de ao campo cinematográfico. Arte sonora, antropologia, literatura,
anos de trabalho e filmagem, mas eu não posso dizer que me apropriei política. E acho que isso tem a ver com o fato de que ela é, também, uma
da alma desses personagens que a eles pertence, que está materializada camerawoman andarilha, antes de ser uma cinéfila ou uma metteur en
por exemplo na prodigiosa atuação de Maria Gladys no filme Vida. Acho scène. Paula, quanto vale a estrada?”.
isso uma prepotência, uma vergonha, você querer se apropriar como
alguns cineastas fazem da história do seu povo, e tornar-se centro dessa Paula: Eu acho que essa ideia de andarilho é isso mesmo, a ideia de ser
história. Você querer se apropriar de tudo, devorar tudo? Então meu gesto câmera. Hoje em dia tem muitas câmera women diretoras. Mas é assim,
procura o contrário, é um gesto de aprendizagem, de poder trabalhar essa é entender que hoje em dia eu tenho uma capacidade de produzir um
matéria humana, essa matéria valiosa, de fortalecer esse diálogo entre e trabalho sozinha, se eu quiser. Não porque eu sou egocêntrica. Todo
com artistas diversos. Mas eu não sou o Leo, eu não sou a Gladys, eu não mundo é um pouco egocêntrico. Quem diz que não é egocêntrico está
sou o Arrigo, e engatinho na descoberta desse universo muito particular mentindo. O egocêntrico fala muito de si, mas eu falo dos outros também,
de cada um deles, lembrando aqui o ensaio “Metáforas da visão”, do Stan porque eu acho que esses projetos não existiriam se não fosse pelos
Brakhage, quando ele diz que temos que reaprender a observar o mundo outros, pelas pessoas que me acompanharam ao longo desses anos
como uma criança que engatinha na relva de um parque através das frestas e que justamente pelo fato de eu ser estrangeira e de não pertencer a
dos dedos da mão. Esses momentos em que esses universos se conectam nenhum lugar específico, não ser identificada com nenhum movimento,
ou deslocam são muito inspiradores. Eu não sou mineira, mas eu faço um nem como um personagem icônico dentro da cultura brasileira, nem
filme em Minas. Eu não tento ser mineira. Ou falar que eu sou mineira... Não, como uma artista plástica e artista visual, nem como uma poeta, então
não sou mineira. Então isso tem que estar muito claro no meu trabalho, poderia ser um fracasso, mas eu consegui. Uma coisa que é importante é
eu não possuo o outro como um ato de devoração, de apropriação e de a disciplina, eu consegui focar nessa produção audiovisual. Mas eu acho
lugar de fala. Assim, “ah, sou eu que fiz isso”. Não, não sou. Sou apenas um que, bem ou mal, dentro da linguagem audiovisual, eu consegui produzir
corpo que é um corpo. Eu trabalho muito, assim, acho que qualquer gesto muita coisa, que me parece ter alguns momentos especiais, e acho que
que me pareça demagógico eu retiro de qualquer projeto meu. Qualquer dentro de cada filme encontraremos momentos fortes. Aliás, como na
farsa, qualquer utilização para uma coisa. Então eu sinto que nesse sentido obra de qualquer diretor, não é? Mas eu sinto que é um projeto de vida
eu sou uma exilada, de certa maneira. Então eu diria isso para o Juliano, que foi, mesmo eu sendo andarilha, que foi feito com muita potência
que nem tudo eu sei, eu busco porque eu não sei, não sei por que que são e com estratégias muito firmes de produção. Que eu acho que isso é
essas pessoas e não outras, não sei por que essas conexões vieram antes, importante, pensar que eu tenho 68 anos agora e que eu tenho uma
mas essa é a minha vida. Não sei, não tem uma lógica premeditada assim. conexão muito forte com a obra de jovens realizadores, e não é de agora. É
Tem uma curiosidade e tem, talvez, a compreensão de que essa pessoa uma estrada que eu estou fazendo desde que eu voltei ao Brasil em 2000.
tem muito a dizer, como qualquer vida é interessante, e que me apaixona, Então não é uma coisa artificial, “ah, porque eu sou jovem, porque eu tô
portanto, eu posso me dedicar a trabalhar nesse projeto com paixão. Eu conectada na onda”. Eu nunca fui vista como cineasta, mal era vista... Eu
não faço produtos, eu faço encontros que se tornam um pouco ensaio, um nunca fui vista como nada, para começar. Isso no fundo colaborou muito
pouco conversa. E nunca é uma coisa muito elaborada, porque que eu vou com essa liberdade minha, e com essa amplitude de eu ter me nutrido
ao encontro dessa pessoa, não de outra. São intenções pouco elaboradas também muito dessa produção mais jovem. E uma das coisas que me
de uma maneira racional para mim. afetou muito positivamente foi o trabalho de novas gerações, eu estou
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 54

permanentemente em contato com a produção, cada vez me conecto


com as pessoas que me interessam. Talvez o fato de eu ter sido professora
durante 20 anos, do Parque Lage, me fortaleceu bastante. Então o espaço,
por exemplo, de Tiradentes, é um espaço muito importante para mim,
porque foi lá onde eu comecei realmente a criar esse tecido de me deixar
iluminar por obras de outros realizadores que me influenciaram bem mais
do que essa cinefilia tradicional europeizada. E é isso, eu não mistifico nada
da Europa, porque eu nasci lá. Poderia ser francesa por opção, e querer
me assemelhar. Eu tenho desprezo pelo poder em todos os seus lugares,
desprezo tudo que está na moda, quem está no poder, quem está com
a palavra, eu prefiro estar por fora de todas essas coisas institucionais,
então eu me sinto bem à deriva, me sinto como uma andarilha mesmo. E
me sinto bem descobrindo esses universos novos com muita curiosidade.
E isso que tem me possibilitado fazer filmes assim também. Não acreditar
tanto em que: “ah, aquele filme é o que pode dar certo e é por aí que eu
vou”. Eu tenho uma relação com a crítica muito boa, talvez uma crítica
muito boa, assim, não oportunisticamente, porque eu leio crítica, eu gosto
de ler crítica. Então isso é muito importante para mim, porque às vezes eu
leio uma crítica que tem uma influência enorme no meu trabalho. Eu leio
menos literatura do que ensaios, do que filosofia, do que crítica. Acho a
crítica fundamental até para o crescimento do próprio cinema, e eu acho
que teve uma geração de críticos que foi uma geração que eu encontrei
quando voltei ao Brasil, que foi fundamental para minha persistência no
cinema. Essa persistência, esse acreditar que é possível, eu devo muito à
crítica também, porque a crítica me apoiou. Um tipo de crítica, uma crítica
que eu leio, que eu respeito. Porque a crítica também não é um universo,
“ah, a crítica”. Tem pessoas que escrevem muito e não são críticos. Eu
prefiro estar conectada com meu tempo, no fato de eu ser uma mulher
colombiana mesmo, de eu entender essas conexões, e acho que agora
nesse momento de maturidade eu estou muito mais feliz, porque estou
produzindo bastante. Eu não tenho vergonha de errar, vou fazendo,
fazendo, e minha palavra é trabalho. Eu trabalho muito também. É errante,
mas você volta e senta e produz. Porque é uma maneira de estar viva.

Foto: Diogo Hayashi


Entrevista concedida por Paula Gaitán ao curadorFrancis Vogner
dos Reis, a pedido da Universo Produção, dezembro 2020.
O PERCURSO DE

PAULA
GAITÁN

Foto: Maíra Senise


24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 56

CAMINHANTE, NÃO HÁ
CAMINHO, O CAMINHO
FAZ-SE AO ANDAR*

Sou poeta, fotógrafa, artista visual, professora e cineasta. Estudei Artes Visuais e Filosofia em
Bogotá, Colômbia, meu país de origem. Publiquei poemas em revistas literárias e antologias de
poesia latino-americana. Vim para o Brasil, minha segunda pátria, em 1977. Sou filha de mãe
brasileira, a diretora de teatro Dina Moscovici, e pai colombiano, o poeta Jorge Gaitán Durán.

Foi no Brasil que realizei minhas primeiras instalações com imagens em movimento e fotografia.
Fui convidada para trabalhar na direção de arte do filme A Idade da Terra (1980), de Glauber
Rocha, experiência determinante na minha formação estética e na percepção e aprendizagem
da linguagem cinematográfica. A partir desse momento, comecei a trabalhar no cinema como
realizadora, sempre fortalecendo meu diálogo com as artes visuais, a fotografia e a performance.

Meus filmes às vezes são fotografados e editados por mim. São obras que podem ser exibidas
em salas de cinema, espaços públicos ou em galerias de arte. Percebo desde então meu
interesse constante e inesgotável em pesquisas visuais e sonoras.

Há momentos marcantes na minha trajetória, como a filmagem em 1987 de Uaká, meu primeiro
longa-metragem, na aldeia Kamaiurá, no Alto Xingu (MT), onde filmei a homenagem aos mortos
e pude testemunhar a cosmologia Kamaiurá e a relação que os indígenas desse povo têm com a
vida e a morte, tecido invisível de fios entrelaçados à luz do materialismo histórico.

Vivi no Brasil entre 1977 e 1994, quando me vi obrigada a voltar à Colômbia para trabalhar.
Na televisão colombiana produzi diversas obras, nos mais diferentes formatos. Voltei
para o Brasil no ano 2000, vivendo novamente no Rio de Janeiro.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 57

Dirigi nove longas-metragens: Uaká (1987), premiado no 21º Festival de Aída Marques, Fábio Andrade, Dib Lutfi, Clara Choveaux, Pedro Urano,
Brasília do Cinema Brasileiro (Prêmio Especial do Júri, Melhor Fotografia, Lucas Barbi, Daniel Passi, Jura Capela, Monica Botelho, Calos Alberto
Melhor Montagem, Melhor Som entre Longas 16mm), Diário de Sintra Camuyrano, Daniel Santos, Louise Botkay Courcier, Bernardo Oliveira,
(2007), exibido em inúmeros festivais nacionais e internacionais, Vida Vitor Graize, Edson Secco, Marcos Lopes, Tiago Bello, Aline Besouro,
(2008), Agreste (2010), Exilados do Vulcão (2013), Melhor Longa Ficção Rodrigo de Oliveira, entre tantos outros.
e Melhor Som no 46º Festival de Brasília, Noite (2015), exibido no Festival
de Pesaro (Itália), Sutis Interferências (2016), exibido no FID Marseille, Entre tantas, a parceria de vida com meus filhos-artistas-criadores
sobre a relação entre imagem e som a partir do trabalho do músico Arto Ava Gaitán, Eryk Rocha e Maíra Senise é o combustível de criatividade
Lindsay. E finalmente, lançados em 2020, É Rocha e Rio, Negro Leo, filme que me alimenta.
manifesto com o músico, compositor e sociólogo maranhense Leonardo
Campelo Gonçalves, que estreou na Mostra de Cinema de Tiradentes e Os filmes reúnem uma enorme variedade de estilos e formatos, de
também foi exibido no Doclisboa, e Luz nos Trópicos, um river movie adaptações literárias a videoclipes. Tenho um interesse constante pelo
filmado entre as Américas do Sul e do Norte, épico transnacional latino- trabalho de outros artistas, o que me levou a filmar pessoas como
americano, cuja estreia mundial ocorreu na Fórum da 70ª Berlinale. Eliane Radigue, Antonio Negri, Ken Jacobs, Maria Gladys, Agnès Varda,
Matana Roberts, Arto Lindsay, Marcélia Cartaxo, Musa Michelle Mattiuzzi,
Na minha filmografia constam ainda os curtas-metragens Memória da Lygia Pape, Renato Berta, Arrigo Barnabé, Elza Soares, Negro Leo, Sonia
Memória (2013), Monsanto (2008), Kogi (2009), A Chuva no meu Jardim Guajajara, Jean-Claude Bernardet, John Gianvito, Jorge Gaitán Durán,
– Agnès Varda e o média-metragem Lygia Pape (1991), além de inúmeros Marta Traba e Rogelio Salmona.
documentários e a série Os Resistentes, temporadas 1 e 2. Também
destaco o videoclipe Mulher do Fim do Mundo (2017), com Elza Soares. Há algumas décadas os sonhos permeiam minha vida. Trabalhar com
cinema é permitir que imagens habitem os sonhos, a imaginação,
Em 2018 me mudei para São Paulo. Atualmente me encontro em que imagens mentais e fantasmagóricas povoem meus dias e noites,
processo de finalização de um novo filme a partir de uma entrevista com insistindo em existir, em se materializar. Eu penso no destino das
o cineasta norte-americano Ken Jacobs no Anthology Film Archive, em imagens e finalmente elas nascem, ganham corpo e se tornam reais,
Nova York, em 2015. visíveis, sem nunca deixarem de ser espectrais. Tornam-se imagens em
movimento, experiências sonoras e filmes compartilháveis.
Independentemente do tamanho de cada produção, desenvolvo
uma relação íntima e pessoal com os materiais e ferramentas com os *Trecho de Proverbios y cantares XXIX, da obra Campos de Castilla (1912),
quais trabalho, em todas as fases do processo de filmagem, desde o de Antonio Machado.
conceito até a mixagem de som e a marcação de cor, transformando
erros em descobertas, inabilidade em potência, aproveitando tudo o Paula Gaitán
que tenho em mãos sem hierarquias nem preconceitos. Os projetos Cineasta homenageada da 24ª Mostra de Cinema de Tiradentes

são fruto de colaborações intensas com outros artistas que integram


as equipes e trabalham junto a mim nesses processos criativos. Ao
longo da minha carreira me encontrei com profissionais que foram
grandes interlocutores: Vincenzo Amato, Diogo Hayashi, Inti Briones,
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 58

BIOFILMOGRAFIA
PAULA GAITÁN
LONGAS-METRAGENS CURTAS-METRAGENS
ANO TÍTULO ANO TÍTULO
2020 É Rocha e Rio, Negro Leo 2021 Ópera dos Cachorros
2020 Luz nos Trópicos 2015 A Chuva no meu Jardim, Agnes Varda
2017 Sutis Interferências 2013 Memória da Memória
2015 Noite 2009 Kogi
2013 Exilados do Vulcão 2008 Monsanto
2010 Agreste 2007 Pelo Rio
2008 Vida 2004 Pela Água
2007 Diário de Sintra 1997 Marta Traba, Palabra Mujer
1988 Uaká 1996 Presencia, Ausencia
1995 Vuelo de Condor

MÉDIAS-METRAGENS VIDEOCLIPE
ANO TÍTULO ANO TÍTULO ARTISTA
2021 Ostinato 2017 Mulher do Fim do Mundo Elza Soares
2021 Se Hace Camino al Andar
1991 Lygiapape
1987 Olho d’Água SÉRIE
ANO TÍTULO TEMPORADAS
2015 e 2020 Os Resistentes 1 e 2 | 12 episódios de 25’ a 30’
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 59

RECORTES DE
CRÍTICAS DE FILMES
DA PAULA GAITÁN

“Assistir ao Diário de Sintra, de Paula Gaitán, é como mergulhar num continente cinematográfico
inexplorado. Uma meditação de uma grande força poética sobre os temas da memória, do
tempo e das perdas que nos acompanham, Diário de Sintra é também um dos relatos mais
envolventes e honestos apresentados no cinema em muito tempo.”

Walter Salles, cineasta, em Diário de Sintra: reflexões sobre o filme de Paula Gaitán,
org. Rodrigo de Oliveira (Confraria do Vento, 2009)

“Um poema de tom alquímico sobre seu falecido marido, o pioneiro do Cinema Novo brasileiro
Glauber Rocha, Diário de Sintra, de Paula Gaitán, explora os limites exteriores da memória.
Fotos de Rocha são penduradas de árvores, colocadas para flutuar até o mar ou esparramadas
poeticamente sobre rochas. Mas quando Gaitán coloca esses restos fetichizados de memória
particular nas mãos calejadas de trabalhadores, que vão encará-las com reverência (“ele parece
um homem bom”) ou revirá-las com impaciência (como as vendedoras de peixe que discutem
se ele é uma estrela de novela), Gaitán entra na arena política de forma tão assertiva quanto o
criador de Antônio das Mortes, embora por um caminho indireto, feminino.”

Trecho de crítica de Ronnie Scheib. Variety, 27 de maio de 2008. Disponível em: https://variety.
com/2008/film/markets-festivals/days-in-sintra-1200522052/
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 60

“Lembro que Paula Gaitán distribuiu tampões de ouvido aos Em Exilados do Vulcão tudo muda a partir de um movimento do olhar ou
espectadores do longa Noite, na Semana dos Realizadores de 2014. Ela de uma mudança de luz. À fluidez da passagem entre presente e passado,
sabia que fez um filme “extremo”, e não apenas no aspecto sonoro. fato e memória, realidade objetiva e mundo interior, corresponde a
Depois do relativamente narrativo Exilados do Vulcão, quis partir para fluidez do deslocamento da câmera pelos espaços – e a fluidez do
uma empreitada ainda mais experimental. Assumiu ela mesma a próprio espaço. Os estados de transição predominam, até mesmo entre
câmera (e depois a edição) para filmar instantâneos da noite carioca, os quatro elementos: a bruma (fusão de água e ar), a poeira (ar e terra)
principalmente em dois points festeiros de Botafogo. Hits de pauleira e a fumaça (fogo e ar).
eletrônica e de música noise se alternam com blues, canções latinas e
performances de Arrigo Barnabé, Arto Lindsay e Ava Rocha, entre outros, Trecho de “O corpo e a paisagem”, de José Geraldo Couto.
num filme que é puro exercício de mixagem audiovisual. As músicas se Blog IMS, 29 de abril de 2016. Disponível em:
sucedem sem pausa e dialogam com a busca incessante de Paula por https://blogdoims.com.br/um-filme-de-cinema/
texturas sobrepostas, pixelizações, estroboscopia, refrações de luz e de
cor. Mas há sobretudo a procura de um estado de alteração dos corpos
dançantes, algo que vai da anomia ao êxtase.”

Trecho de “Poéticas de Paula Gaitán”, de Carlos Alberto Mattos.


Blog Carmattos, 6 de junho de 2016. Disponível em:
https://carmattos.com/2016/06/06/poeticas-de-paula-gaitan/

“(Sobre Luz nos Trópicos) Se Paula Gaitán implode de um golpe o mundo


ficcional que construiu na primeira metade do filme, é porque sempre
praticou um cinema que eleva o esboço à mais alta densidade artística.
Porque, para manter o vigor da descoberta, é preciso se desvencilhar de
qualquer pretensão de totalidade.”

Trecho de “Refundar esta terra”, de Victor Guimarães.


Revista Cinética, 23 de outubro de 2020. Disponível em:
http://revistacinetica.com.br/nova/luztropicos-paulagaitan-
victor-2020/
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 61

DA PAULA GAITÁN
EU FALO...

Paula é luz. Para mim, mãe ser cinema, como o cinema é um ser mulher. O olho da terra. Olho
d’água no útero aldeia dos sons e das imagens. Assim vejo minha mãe, um portal de luz para
um mundo real e imaginado. O seu cinema é seio que me alimenta como leite. É ventre parindo
imagens que são como montanhas, que falam por si só. Como travessias que falam além de si.
Como memórias fotogramas, fragmentos pangeicos que são. Suas imagens são como filhos que
nascem para serem vivos, autônomos e livres. Assim são as imagens de minha mãe Paula, e eu
me sinto irmã delas, criadas lado a lado. Sinto esse amor materno, e vejo como Paula ama todos
seus filhos por igual. Sua paixão na criação é tão intensa, que é leoa, caçadora e protetora. Com
garra é guerreira destemida na trajetória que toda mulher escolhe pra si. É vencedora de seus
sonhos. Uma autêntica mulher artista, inventora de seu tempo e de seus poderes. Tecedora de
seus caminhos, sempre os abre para si e para os demais. Admiradora da juventude que mora
na liberdade, anda junto às novas gerações aplaudindo toda ousadia revolucionária. Paula é
mulher atenta ao seu tempo e aos seus desejos. Não mora numa casa de quatro paredes, e sim
debaixo da queda da cachoeira. Filha de Oxum, judia, colombo-brasileira, latino-americana, seus
cabelos dourados são do banho do som do sol e do sol do som, inexplicáveis ao balançar do
vento, carregando uma história de mil cores e mil cantos. Manto ancestral que me cobre. Sem ela
nada seria, nada saberia. Ela cria como acaricia, nos ensina como quem ri e chora, na caverna do
cinema, seu quarto de sombras. Imaginem a cena. A mina de ouro. O sangue água. A beleza das
criaturas. A projeção das raízes. Paula não faz cinema, é o cinema. O cinema é mulher. O olho da
terra. O olho d’água. O ventre que nos pariu. 

Ava Gaitán Rocha


cantora, compositora e cineasta, filha de Paula Gaitán
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 62

Qualquer respiro ao lado da Paula é um respiro que vai te fazer ver com ela, em cena uma encarnação nossa e então ser capturada por
todas as coisas em volta de uma maneira diferente. Ela é uma fonte seu olho-câmera, sempre da forma mais sublimada. Na vida e na arte,
vigente de vida e de imaginação. Nada vai ser do jeito que você espera, a mais bela e forte experiência.
sempre único, inesperado e mágico. É muita dedicação e honestidade
no trabalho dela. A Paula não vai ceder nada por modismos ou por Clara Choveaux
regras. Eu sou duplamente sortuda: por ter trabalhado com ela e por atriz e amiga

ser filha dela. 

Maíra Senise Conheço a Paula pessoalmente há mais de sete anos. Nesse tempo,
artista plástica e figurinista creio que não tivemos nenhuma conversa que não fosse atravessada de
paixão. Acho isso muito bonito na Paula, esse caráter apaixonado com
que ela se move no mundo, e que move as coisas ao redor. Muitas vezes
Conhecer o tempo é esperar que ele habite alem da consciência, é uma força que desestabiliza. Mas muitas vezes também é acolhedor.
no entanto não existe meio de conhecer o tempo fora da ilusão da As coisas andam juntas. E acho isso muito presente nos filmes dela,
consciência. O transe, tecnologia ancestral de viagem temporal, é que constroem poéticas que nos tiram do lugar e que nos alimentam.
justamente a trança do tempo, o passado vindo do futuro e vice- Também vejo isso na maneira como ela se relaciona com outros filmes,
versa. Ele, assim como o cinema, cria a ilusão do movimento a partir de nas discussões que ela propõe. Um olhar e um fazer profundamente
imagens paradas. Poucos artistas conhecem o segredo do movimento inquietos, cheios de energia e de dúvidas e de procura e de beleza.
das imagens paradas, Paula Gaitán é certamente uma mestra. Tenho Como as canções ou os poemas que ela me envia para salvar alguns
muito orgulho de ser amigo, genro e pai de sua neta, ela, q traz no nome dos meus dias.    
a delicadeza das coisas impermanentes, e nos olhos o brilho pio das
ideias originais. Caetano Gotardo
cineasta e amigo
Negro Leo
cantor e compositor

Tive a chance de trabalhar próximo a Paula Gaitán em seu filme


Exilados do Vulcão, de 2013. A proximidade, nesse caso, não é força de
Da Paula Gaitán eu falo com amor, admiração, alegria, cumplicidade expressão verbal, mas sim fator determinante na força de expressão
e falo de reinvenção no cinema... A cada projeto, viagens pelo Brasil de seus filmes. Independente do tamanho de cada produção, Gaitán
adentro, longas conversas, encontros mágicos e telúricos com o outro cria uma relação íntima e pessoal com os materiais que trabalha em
e com a natureza. Nosso encontro me transformou profundamente todas as fases do processo de realização, da concepção à finalização.
como atriz e artista. Fomos criando uma linguagem própria com um Esse processo se fia na intuição como inteligência, e é ao mesmo tempo
tempo-ritmo muito particular, que desenvolvemos ao longo desses colaborativo e extremamente pessoal. Essa colaboração é a partilha de
últimos 12 anos de parceria. Um grande privilégio ter alcançado no um ritual de criação sempre em busca do que não está dado, e que
nosso processo de criação a possibilidade de habitar o inconsciente, precisa ser descoberto no próprio trabalho – uma forma de pensar o
de atravessar e perfurar o intelecto me deixando livre para inventar ofício como pesquisa permanente. Talvez daí venha o interesse de Paula
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 63

Gaitán pelo processo artístico também como tema recorrente em seu de vida com filhos, de perdas e ganhos. Fui documentada por ela em
trabalho. Seus filmes são muito diferentes entre si, indo de adaptações um filme chamado Vida. Só tenho que agradecer, de poder participar
literárias a videoclipes, mas trazem como marca a convivência entre de vários momentos de sua trajetória como mulher e artista. Esperando
várias artes – a fotografia, a música, a literatura, a dança, a escultura, para poder abraçá-la, faz tempo que não estamos juntas, estar ao seu
a performance, tudo dentro do próprio cinema. Mais do que um mero lado é sempre muito enriquecedor. Parabéns!
dispositivo de produção, seu processo é um reflexo de uma visão de
mundo e de uma ética de vida das quais os filmes são, ao mesmo tempo, Maria Gladys
expressão e testemunho. atriz

Fábio Andrade
crítico, pesquisador e artista O cinema de Paula Gaitán é onde encontro ecos dos meus próprios
sonhos, um lugar de intimidade compartilhada onde sentimentos e
anseios são sensivelmente traduzidos em texturas, imagens e sons,
Paula, quem fala é seu amigo Bernardo. Amigo e admirador dos seus montados numa sintonia mística que transcende o tempo-espaço.
filmes. O festival me pede para te escrever algumas palavras sobre essa Da poesia etnográfica de Uaká ao deslumbrante Luz nos Trópicos,
amizade. Eu só tenho a agradecer e dizer que muito do que penso hoje Paula se mostra sempre comprometida a contar histórias urgentes
sobre cinema é proveniente de nossas conversas. Isso porque seus de formas originais e singulares, em uma elegância e ousadia que
filmes partem sempre de indagações não necessariamente atreladas refletem seu próprio ser-artista-mulher orgulhosamente latino-
ao campo cinematográfico – arte sonora, antropologia, literatura, americana. Sorte a nossa. “A memória da memória”, “A imagem da
política – e isso me atrai e interessa muito. Acho que isso tem a ver imagem”. Suas obras são dádivas e retratos de uma força insondável
com o fato de que você não é somente uma cineasta ou metteur-en- que procura experimentar e expandir horizontes, sendo um alento
scéne, mas uma camerawoman, uma andarilha. Seus filmes deixam inspirador para novas gerações de realizadores. Do mesmo modo que
transparecer os extratos e resíduos de algo vivido e experimentado sua arte, Paula Gaitán é única.
para além do cinema. Um cinema carregado por uma sensibilidade
simultaneamente memorial e criativa. A memória se impondo pela Rodrigo Ribeiro
urgência da necessidade, uma agência criadora. Por isso te perguntei cineasta, amigo e admirador

uma vez: qual a importância do esquecimento nos seus filmes? Você


não me respondeu, mas algumas respostas estão por aí, para quem
quiser ver, através de seus filmes… Beijo grande! Paula Gaitán, essa pessoa pública extraordinária, de extrema e sofisticada
importância no cenário cultural brasileiro e internacional, sobre quem
Bernardo Oliveira tantas pessoas tão importantes e ilustradas têm tanto a falar! Deixarei
professor, crítico de música e cinema, produtor e amigo para os especialistas discorrerem sobre a maga dos frames e dos
compassos, musicista das imagens, reveladora do impossível, xamã,
curandeira, médica das almas, índia eslava misteriosa que recebe
Paula, Glauber me apresentou, uma tarde, no apto onde eu morava em e emite contínuos sinais de fumaça pra a humanidade! Agora e pra
Ipanema. Ficamos amigas. Somos parceiras dessa vida toda, de cinema, sempre! Falarei da minha irmã de mentira e de verdade, de sonho.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 64

Somos marinheiras, uma da outra, criadas por nossa imaginação, que conheço, jovem no espírito de sua obra, jovem pois a cada filme
cada uma pela outra, que atravessam o tempo, isoladas nas ilhas de se relaciona com o cinema como uma arte viva, nova, e que está em
nossas existências, através de cujos sonhos fazem nossa vida ser real. pleno movimento e descoberta. Jovem porque com o cinema Paula
Filmamos, criamos paisagens, abrimos os peitos, operamos corações, experimenta a imaginação do mundo, dessa época e de todas as
contemplamos imagens, varremos o chão, lavamos as roupas, épocas. Seus filmes são uma grande cosmologia, uma grande árvore
colocamos a mesa, arrumamos a casa, nos vemos, nos assistimos, nos (imagem recorrente em vários de seus filmes) com múltiplos galhos
escutamos, nos contrastamos, nos confundimos, nos trançamos, nos e ramificações. Uma artista tão rara com intuição tão poderosa e que
advertimos, nos corrigimos, nos intrometemos, nos incentivamos, nos ao longo de quatro décadas criou uma obra original e radical sem
socorremos, nos atrapalhamos, nos amamos! Longo convívio com essa fazer concessões, principalmente numa era onde o tal mercado e a tal
homenageada amada, mantra de aprendizado, sem nunca saber como comunicação parecem querer achatar o mundo a uma espécie de “terra
é... sendo. Ela tem coragem de acreditar que nenhum sonho acaba... plana” ou de monocultura do imaginário. Uma cineasta destemida que
Fazer do sonho esta coisa vaga a que chamamos vida. E navegar... do aposta com liberdade em processos artesanais muito pessoais e que
umbigo até a ponta dos longos fios de cabelo. passam longe de fórmulas institucionalizadas de arte nesse contexto
de um capitalismo destruidor do planeta. Nesse sentido a obra de Paula
“Por que é um singular lampejo de invenção, um respiro de vida, de desejos,
é que se morre? de estados inomináveis, movidos por uma espiritualidade própria onde
Talvez por não se sonhar bastante...” muitas vezes não existe hierarquização da presença do humano em
relação aos outros habitantes e forças da terra. O humano é apenas
(Fernando Pessoa – “O marinheiro”) mais um que dança nesse grande cosmos que é a terra. No universo
de Paula Gaitán não há fronteira entre natureza e humanidade, pois
Luciana Domschke isso seu cinema é perspectivista, telúrico, onde povos humanos e não
médica, atriz e amiga humanos, montanhas, árvores, rios, animais, objetos, tudo conversa,
e está respirando… Onde tudo que existe é vivo, e está amalgamado
numa grande coreografia de tempos, paisagens, memórias, corpos,
Difícil escrever em poucas linhas sobre alguém tão importante em luzes, cores, texturas, ruídos, sons… um cinema que fecunda os olhos
minha vida. Mas aqui não vou escrever sobre minha mãe, que foi mãe e nos faz lembrar que somos parte de um todo, que somos feitos de
e pai ao mesmo tempo, e que me criou junto com minhas irmãs com restos de estrelas, aquilo que foi esquecido, aquilo que podemos ser.
tanto amor, arte e coragem. Aqui vou falar de uma pessoa que é minha
mestra, e uma das artistas mais inspiradoras que conheci nesta vida. Eryk Rocha
cineasta

A homenagem do festival de cinema de Tiradentes a Paula Gaitán


tem todo o sentido do mundo, pois além de Tiradentes ser hoje um
dos espaços mais expressivos e importantes do cinema brasileiro, Conheci a Paula no set de Exilados do Vulcão. Ela me chamou para atuar
é um festival que tem seu foco na obra de jovens realizadoras(es) em uma cena com a querida Clara Choveaux. Fiquei muito feliz em
e seus primeiros filmes. Nesse sentido essa homenagem a Paula é participar, mas mais ainda em vê-la dirigindo. É impressionante o olhar
muito coerente, pois ela é uma das cineastas (artistas) mais jovens da Paula para o mundo, fazendo a palavra artista ganhar um significado
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 65

profundo. O conjunto dos seus filmes possui um teor estético fora do Paula Gaitán, ficam entre os mais épicos e fantásticos da minha vida.
comum e dá um caráter singular também para o significado de obra Obrigado, Paula, que sorte que tenho!
no Brasil. Em tantos encontros e conversas em festivais e mostras,
principalmente a de Tiradentes, vejo também em Paula o seu olhar Vincenzo Amato
afetuoso e encorajador para vários diretores e diretoras em início de ator

caminhada no cinema. Parabéns, Paula, pelo seu olhar singular pra vida,
para as pessoas e para os filmes.
A minha amizade com Paula Gaitán começou em Tiradentes. Foi em
André Novais Oliveira 2014, logo após a exibição do A Vizinhança do Tigre no festival. Estava
diretor e roteirista com a equipe do filme, ainda me recuperando da descarga de tensão
da sessão, quando Paula chegou, irrompendo do meio do nada, como
um furacão humano sem atentar a qualquer convenção social, pra me
Para mim, ver um filme de Paula Gaitán é como escutar uma música dizer que tinha gostado do filme. Não a conhecia pessoalmente, sabia
do Dylan. É uma sensação de tempo espiralado, como se passado quem ela era por nome e por obra e me marcou profundamente esse
presente e futuro estivessem presentes em cada verso-frame de intempestivo rasgo de sinceridade. Depois nos tornamos amigos e
modo radical. Às vezes não é possível entender a poesia porque se confidentes. Mostrei a ela os meus filmes até mesmo antes de estrear, ela
trata da ousadia de inventar linguagem, então é preciso dançar com me contou dos seus planos e projetos. Fui na sua casa no Rio e também
ela, uma música audiovisual. Música que é sempre um dos fortes em São Paulo, quando se mudou. Tomamos cafés que duraram horas
elementos em sua criação. Tenho o privilégio de acompanhar Paula destilando nossos sonhos particulares e também nossas amarguras
de perto, e uma das coisas que mais me impressiona é justamente diante do curso insensato do mundo e das rasteiras econômicas e morais
a ousadia dessa mulher com sua câmera. Dessa mulher com sua do cinema brasileiro. Brigamos também e verifiquei que a recusa podia
ilha de edição. Dessa mulher e sua criação. Sua aversão a qualquer ter a mesma intensidade do abraço. Ao fim de um tempo, retomamos a
caretice. Paula é um jorro e ela é imparável. amizade, claro, mas com Paula Gaitán é assim: não se passa incólume
pela eletricidade do seu convívio. Em seu cinema, Paula é como na vida:
Gabriela Carneiro da Cunha risco, intensidade e sinceridade. Filha de poeta, Paula perscruta a poesia
atriz e diretora do mundo em seus filmes. O correr de um rio, a neblina que corta a
montanha, alguém colocar uma jaqueta ganham outro relevo em suas
imagens e são vistos (e nos desafia a vê-los) como se fosse a primeira
Conheci Paula no Rio de Janeiro, ela me convidou pra comer e depois vez que se manifestassem. Com rigor e experimentação, com atenção
me convidou a fazer um filme com ela. Tudo muito fácil, tudo normal, à memória e consciente do poder da observação, trabalhando a banda
tudo certo. E quando cheguei no set em Minas tudo foi muito difícil, o sonora como poucos e poucas no cinema brasileiro, Paula Gaitán é uma
jogo era misterioso, o caminho era misterioso. Difícil porque eu tive cineasta que admiro profundamente. Essas mal traçadas linhas são um
que aprender coisas novas, forçar minha cabeça e meu corpo a fazer abraço distante e um agradecimento a ela pela amizade e inspiração.
coisas desconhecidas. Medo, insegurança são coisas que podem
levar um ator a fazer coisas boas. E acho que a gente fez coisas boas. Affonso Uchôa
Eu hoje sinto que aqueles tempos em Minas Gerais, na “roça” com cineasta e amigo
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 66

Conviver com a Paula é um aprendizado constante. Sempre fui grato à e sofrimento são compartilhados para sempre e são para sempre só
sua confiança ao me convidar para produzir alguns dos seus projetos. Em seus”. Para mim, Thomas poderia muito bem estar descrevendo o
nome dos filmes estabelecemos uma amizade de dez anos, com longos cinema de Paula Gaitán. Sim, são filmes que fazem as minhas “unhas
períodos de convívio durante as produções, em territórios de sonho e dos pés arrepiarem”!
realidade que seu cinema oferece à equipe como desafio e ao público
como deleite. Admiro a seriedade com que trabalha, a forma segura e John Gianvito
livre como pensa a vida e a criação artística. Nos últimos quatro anos cineasta

vivemos a experiência de produzir e lançar dois filmes, Luz nos Trópicos


e É Rocha e Rio, Negro Leo. Nesse período de profundas transformações
em nosso país, com consequências trágicas em diversos campos, não Tive contato com a Paula pela primeira vez quando programei o filme
foram raras as vezes em que discutir roteiro, orçamento, plano de Diário de Sintra no Tribeca Film Festival. Desde os primeiros quadros
filmagem e montagem se transformou em desabafo sobre os nossos desse filme até a tomada final, fiquei maravilhado com seu domínio
sentimentos diante do mundo e nossas inquietações e temores frente intuitivo das características fundamentais da arte do cinema – o
ao que assistíamos na sociedade. Ainda me espanta a forma ao mesmo uso do tempo, do espaço e da memória. Em Diário de Sintra, Gaitán
tempo realista e otimista como a Paula, que experimentou alguns dos cria uma meditação profundamente comovente sobre a memória
momentos mais árduos do cinema brasileiro, nos motiva com suas e o tempo ao narrar o seu regresso do Brasil a Sintra, Portugal, onde
palavras e ideias a seguir adiante. Sua força é mágica e ancestral. viveu no exílio com o marido (Glauber Rocha) e os seus filhos antes da
morte prematura de Glauber. Na forma de uma narrativa experimental,
Vitor Graize ela habilmente entrelaça imagens caseiras em Super-8 e fotografias
produtor e realizador tiradas de Rocha em 1981 com imagens contemporâneas lindamente
compostas e evocativas da paisagem portuguesa. Desta forma, ela
entrelaça lugar, unindo passado e presente, e realça a lembrança.
Como posso descrever a minha querida amiga Paula – sonhadora Passagens longas e silenciosas são suavemente sobrepostas pela
prodigiosa, coreógrafa de alucinações, cineasta radical, humanista, própria voz de Gaitán meditando sobre a memória, a perda e a morte,
resoluta e estimavelmente não autora, criadora de alguns dos filmes bem como com gravações da voz de Rocha, articulando suas filosofias
mais formalmente livres, inventivos e inteligentes que estão sendo feitos de vida, política e cinema.
hoje. Só posso concluir que um sexismo ainda muito enraizado está por
trás desses filmes não serem mais amplamente conhecidos. Abençoe a Diário de Sintra representa a própria viagem de descoberta de Gaitán,
Mostra de Cinema de Tiradentes por homenagear a obra fértil e sempre que lhe permite dar vida à essência física, sensual e até espiritual do seu
inspiradora de Paula! companheiro há muito falecido. Em um nível mais profundo, o cineasta
também captura o éter lúgubre e atmosférico da nação portuguesa. O
Quando perguntado uma vez para fazer o impossível, para definir o país orgulhoso que lançou as viagens de descoberta no século XV viu
que é poesia, Dylan Thomas a descreveu como aquilo que “faz você rir, a sua posição global diminuída com o tempo, tal como a produção
chorar, formigar, ficar em silêncio, fazer suas unhas dos pés arrepiarem, cinematográfica de Rocha, ferozmente independente e premiada, se
fazer você querer fazer isso ou aquilo ou nada, fazer você saber que está desvaneceu para uma fraca memória (pelo menos nos Estados Unidos)
sozinho e não está sozinho no mundo desconhecido, que sua felicidade – até que foi justamente revivido por sua companheira nesse filme
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • HOMENAGEM 67

diário requintado. Através do meu trabalho de programação, fiquei, Paula Gaitán, amiga da arte sem fronteiras, aventureira de paisagens
portanto, satisfeito por ter ajudado a trazer a voz criativa de Paula para poéticas onde não há eras.
o público dos EUA. Mãe guerreira, que cuida e compartilha com seus filhos e amigos até as
estrelas.
Jon Gartenberg Expedicionária incansável, de planetas imaginários e metáforas
curador e presidente da Gartenberg Media Enterprises cotidianas.
Trabalhadora, como uma formiga amazônica, que nasce e renasce, que
inventa e se reinventa, como uma alma ancestral do futuro ou como um
Tive a honra, e a grande felicidade, de conhecer Paula Gaitán em futuro que não esquece o passado.
julho de 2017 em Marselha. Ela veio acompanhar sua última obra Abraços em momentos fantásticos para quem busca o santo graal da
no FID Marseille, Sutis Interferências, um magnífico filme dedicado criatividade
a um magnífico músico, Arto Lindsay. Filme muito impressionante,
com imagens e enquadramentos marcantes, em preto e branco e a Inti Briones
cores. De maneira inesperada e, ao mesmo tempo, muito cômica, diretor de fotografia

Paula Gaitán se dirige a Lindsay, fala longamente sobre música, de


Eliane Radigue, de Matana Roberts, e interroga-o sem, no entanto,
dar-lhe tempo para réplicas. O músico ouve, portanto, de boca Conheci Paula como mãe de minha querida amiga Ava. Lembro do
aberta, a melodia das perguntas pronunciadas fora do campo sem prazer que era visitá-la. A casa abrigava uma pequena coleção de
ser autorizado a responder. E, no entanto, na última parte do filme, obras de arte incríveis. O papo era excelente. Comia-se, bebia-
toca ininterruptamente uma peça estrondosa, atordoante, que se, conversava-se. Com ela aprendi a importância de convidar
deixa qualquer espectador sem palavras. Uma das exibições do diariamente a beleza ao cotidiano. Fazer da vida um desenho de
filme aconteceu no dia 14 de julho (dia da celebração nacional da uma linha só, daqueles que se faz sem descolar a caneta do papel.
Revolução Francesa), à noite, em MuCEM, um museu muito recente, E o resultado final havia de ser bonito! O mais interessante: essa
um esplêndido cubo preto à beira-mar assinado pelo arquiteto perspectiva não se confundia com uma atitude estetizante, pelo
Ricciotti. O que não sabíamos ao estabelecer o nosso programa era contrário. As fronteiras entre arte e vida já se haviam borrados há
que a cidade de Marselha tinha decidido instalar a fonte dos fogos de muito. Belezinhas se escondem onde menos se espera, é preciso ter
artifício perto do Museu e que, portanto, a sessão teria interferências olhos pra ver. Viver com beleza era um ato político. Quando o olhar
de outros sons, bem poderosos. Muito constrangido, encontro de Paula encontrou o meu, passei a colaborar em seus filmes. Paula,
Paula no dia seguinte e peço desculpas a ela por essas condições gosta das jovens ideias, é uma pessoa cultivada que trabalha com
indesejáveis. Sorrindo, retrucou: “Achei, mesmo assim, que faltou extrema liberdade. O resultado é sempre extraordinário.
um pouco de baixo no meu filme ...”. Muito querida Paula, obrigado a
você, obrigado pelos seus filmes e pelo seu jeito de deixá-los sempre Pedro UranO
atravessados pelos acidentes que encantam nossas realidades.  diretor de fotografia

Jean-Pierre Rehm
diretor do FID Marseille
FILMES
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • FILMES 69

FILMES EM
EXIBIÇÃO

LONGAS

TÍTULO DA OBRA DIREÇÃO ESTADO MOSTRA

#Eagoraoque Rubens Rewald e Jean-Claude Bernardet SP Temática


A Mesma Parte de um Homem Ana Johann PR Aurora
Açucena Isaac Donato BA Aurora
Agora Dea Ferraz PE Temática
Amador Cris Ventura GO/MG Olhos Livres
Diário de Sintra Paula Gaitán Portugal/Brasil Homenagem
Entre Nós Talvez Estejam Multidões Aiano Bemfica e Pedro Maia de Brito MG/PE Temática
Eu, Empresa Leon Sampaio e Marcus Curvelo BA/MG Aurora
Exilados do Vulcão Paula Gaitán MG Homenagem
Irmã Luciana Mazeto e Vinícius Lopes RS Olhos Livres
Kevin Joana Oliveira MG Aurora
Luz nos Trópicos Paula Gaitán MT/RJ/EUA Homenagem
Mirador Bruno Costa PR Praça
Mulher Oceano Djin Sganzerla RJ/SP Praça
Negro em mim Macca Ramos SP/MG/BA/PE/PA Temática
Noite Paula Gaitán RJ Homenagem
Isael Maxakali, Sueli Maxakali, Carolina
Nũhũ Yãg Mũ Yõg Hãm: essa Terra É Nossa! MG Olhos Livres
Canguçu e Roberto Romero
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • FILMES 70

TÍTULO DA OBRA DIREÇÃO ESTADO MOSTRA

O Cemitério das Almas Perdidas Rodrigo Aragão ES Sessão da Meia-Noite


Aurélio Aragão, Gustavo Bragança e Rafael
O Cerco RJ Aurora
Spínola
Oráculo Melissa Dullius e Gustavo Jahn SC Aurora
Pajeú Pedro Diógenes CE Temática
Passagem Secreta Rodrigo Grota PR Mostrinha
Rodson ou (Onde o Sol Não Tem Dó) Cleyton Xavier, Clara Chroma e Orlok Sombra CE Olhos Livres
Rosa Tirana Rogério Sagui BA Aurora
Sementes: Mulheres Pretas no Poder Éthel Oliveira e Júlia Mariano RJ Praça
Skull: a Máscara de Anhangá Armando Fonseca e Kapel Furman SP Sessão da Meia-Noite
Subterrânea Pedro Urano RJ Olhos Livres
Bruno Xavier, Roger Pires, Yargo Gurjão e
Swingueira CE/BA Praça
Felipe de Paula
Todas as Melodias Marco Abujamra RJ Praça
Valentina Cassio Pereira dos Santos MG Foco Minas
Voltei! Ary Rosa e Glenda Nicácio BA Olhos Livres

MÉDIAS

TÍTULO DA OBRA DIREÇÃO ESTADO MOSTRA

Ostinato Paula Gaitán SP Homenagem


Se Hace Camino al Andar Paula Gaitán MT Homenagem

CURTAS

TÍTULO DA OBRA DIREÇÃO ESTADO MOSTRA

23 Minutos Rodrigo Beetz e Wesley Figueiredo MG Foco Minas


4 Bilhões de Infinitos Marco Antônio Pereira MG Foco
5 Fitas Heraldo de Deus e Vilma Martins BA Praça
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • FILMES 71

TÍTULO DA OBRA DIREÇÃO ESTADO MOSTRA

À Beira do Planeta Mainha Soprou a Gente Bruna Barros e Bruna Castro BA Panorama
A Destruição do Planeta Live Marcus Curvelo BA Foco
A Pontualidade dos Tubarões Raysa Prado PB Panorama
A Verdade Sai de seu Poço para Envergonhar a Humanidade Matheus Strelow RS Formação
Abjetas 288 Júlia da Costa e Renata Mourão SE Foco
Adelaide, Aqui Não Há Segunda Vez para o Erro Anna Zêpa SP Panorama
Ainda te Amo Demais Flávia Correia AL Praça
Animais na Pista Otto Cabral PB Panorama
Babelon Leon Barbero SP Panorama
Caminhos Encobertos Beatriz Macruz e Maria Clara Guiral SP Panorama
Caminhos na Noite Douglas Oliveira SE Formação
Casa com Parede Dênia Cruz RN Praça
Céu de Agosto Jasmin Tenucci SP Foco
Choveu Há Pouco na Montanha Deserta Rei Souza GO Panorama
Comboio pra Lua Rebeca Francoff MG Formação
Construção Leonardo da Rosa RS Panorama
Crua Clara Vilas Boas e Emanuele Sales MG Foco Minas
De Costas pro Rio Felipe Aufiero AM/PR Foco
De Dora, por Sara Sara Antunes SP Panorama
Drama Queen Gabriela Luíza MG Foco
Ela que Mora no Andar de Cima Amarildo Martins PR Praça
Ela Viu Aranhas Larissa Muniz MG Formação
Enterrado no Quintal Diego Bauer AM Panorama
Eu te Amo, Bressan Gabriel Borges PR Foco
Filme de Domingo Lincoln Péricles SP Temática
Foguete Pedro Henrique Chaves DF Mostrinha
Fora de Época Drica Czech e Laís Catalano Aranha SP Panorama
Ilha do Sol Lucas Parente, Rodrigo Lima e Walter Reis RJ Panorama
Lambada Estranha Luísa Marques e Darks Miranda RJ Foco
Lençol Branco Rebecca Moreno MG Foco Minas
Letícia, Monte Bonito, 04 Julia Regis RS Jovem
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • FILMES 72

TÍTULO DA OBRA DIREÇÃO ESTADO MOSTRA

Levantado do Chão Melissa Dullius e Gustavo Jahn SC/RS Panorama


Magnética Marco Arruda RS Praça
Mangue-Branco Flávia K. Ventura SP Panorama
Menarca Lillah Halla SP Panorama
Milton Freire, um Grito Além da História Victor Abreu RJ Panorama
Mineiros Amanda Dias MG Foco Minas
Minha Bateria Está Fraca e Está Ficando Tarde Rubiane Maia e Tom Nóbrega SP Panorama
Mitos Indígenas em Travessia Julia Vellutini e Wesley Rodrigues SP Mostrinha
Mulher do Fim do Mundo Paula Gaitán RJ Homenagem
Napo Gustavo Ribeiro PR Mostrinha
Noções de Casa Giulia Maria Reis RJ Formação
Noite de Seresta Sávio Fernandes e Muniz Filho CE Praça
Novo Mundo Natara Ney e Gilvan Barreto RJ Foco
O Barco e o Rio Bernardo Ale Abinader AM Praça
O Filho do Homem Fillipe Rodrigues PA Formação
O Jardim Fantástico Fábio Baldo e Tico Dias SP Panorama
O Menino e o Ovo Juliana Capilé MT Mostrinha
O Mundo Mineral Guerreiro do Divino Amor MG Foco Minas
Ópera dos Cachorros Paula Gaitán SP Homenagem
Opy'i Regua Júlia Gimenes e Sérgio Guidoux RS Panorama
Para Todes Victor Hugo, Samara Garcia e equipe RJ Formação
Pátria Lívia Costa e Sunny Maia CE Formação
Pega-se Facção Thaís Braga PE Praça
Pietà Pink Molotov MG Foco Minas
Por outras Primaveras Anna Carolina Moura Mol de Freitas MG Jovem
Preces Precipitadas de um Lugar Sagrado que Não Existe Mais Rafael Luan e Mike Dutra CE Foco
Primeiro Carnaval Alan Medina SP Praça
Quarta: Dia de Jogo Clara Henriques e Luiza França RJ Praça
Rádio Capital Alvorada Rafael Stadniki DF Praça
Ratoeira Carlos Adelino SC Foco
Rebu Mayara Santana PE Praça
República Grace Passô SP Temática
Sapatão: uma Racha/Dura no Sistema Dévora MC MG Foco Minas
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • FILMES 73

TÍTULO DA OBRA DIREÇÃO ESTADO MOSTRA

Seiva Bruta Gustavo Milan AM Panorama


Traçados Rudyeri Ribeiro PA Jovem
Três Graças Luana Laux ES Panorama
Uma Noite sem Lua Castiel Vitorino Brasileiro ES/SP Temática
Vagalumes Léo Bittencourt RJ Panorama
Vander Barbara Carmo BA Formação
Vento Viajante Os Alunos e Analúcia Godoi CE Mostrinha
Vida Dentro de um Melão Helena Frade MG Panorama
Videomemoria Aiano Bemfica e Pedro Maia de Brito PE/MG Foco Minas
Vigília Rafael dos Santos Rocha MG Foco Minas
Vitória Ricardo Alves Jr. MG Panorama
Você Já Tentou Olhar nos meus Olhos? Tiago Felipe PR Panorama
Você Tem Olhos Tristes Diogo Leite SP Praça
Won't You Come Out to Play? Julia Katharine SP Panorama
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • FILMES 74

SOBRE OS FILMES
INSCRITOS E EM
EXIBIÇÃO

A 24ª edição da Mostra de Cinema de Tiradentes recebeu 748 inscrições válidas de curtas-
metragens e selecionou 79 produções que estão espalhadas em diferentes sessões da
programação. Minas Gerais e São Paulo são os estados com a maior quantidade de
curtas na seleção, com 16 títulos cada um. A Mostra também inclui curtas de Alagoas (1),
Amazonas (4), Bahia (4), Ceará (4), Brasília (2), Espírito Santo (2), Goiás (1), Mato Grosso
(1), Pará (3), Paraíba (1), Paraná (5), Pernambuco (4), Rio de Janeiro (8), Rio Grande do
Norte (1), Rio Grande do Sul (5), Santa Catarina (2) e Sergipe (2).

Quanto aos dados de etnia/raça de realizadores com curtas inscritos, 403 deles se
autodeclararam brancos/caucasianos, 124 pretos, 75 pardos, 9 amarelos, 5 indígenas, 1
afro-indígena, 1 não branco. Em identidade de gênero, 308 se autodeclararam homens
cisgênero, 252 mulheres cisgênero, 15 não binário, 5 mulheres transgênero, 3 homens
transgênero, 1 travesti e 1 travesti não binário; 200 não declararam etnia/raça e 192 não
forneceram informações sobre identidade de gênero.

Entre os 79 curtas selecionados, 26 se autodeclararam mulheres cis brancas, 21 homens


cis brancos, 10 homens cis negros, 8 mulheres cis negras, 2 mulheres cis pardas, 2 não
binários brancos, 1 não binário negro, 1 mulher cis indígena, 1 homem cis pardo, 1 homem
trans branco, 1 mulher trans amarela e 1 travesti negra.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • FILMES 75

Dos longas-metragens, foram 111 inscrições válidas e 27 produções


selecionadas que integram diferentes sessões da programação. Rio
de Janeiro (5), Minas Gerais (4) e Bahia (4) são os estados com maior
quantidade de longas na seleção. Integram ainda a seleção de filmes os
seguintes estados: Santa Catarina (1), Paraná (3), Rio Grande do Sul (1),
Goiás (1), Ceará (3), São Paulo (3), Pernambuco (1) e Espírito Santo (1).

Pelos dados de etnia/raça de realizadores com longas inscritos, 81


realizadores se autodeclararam brancos/caucasianos, 17 pretos,
14 pardos, 1 amarelo, 1 mestiço, 3 indígenas, 1 não branco e 17 não se
autodeclararam. Em identidade de gênero, 70 se autodeclararam
homens cisgênero, 44 mulheres cisgênero, 2 não binários, 1 mulheres
transgênero; 18 não forneceram informações sobre identidade de gênero.

Entre os autores dos 27 longas selecionados, 8 se autodeclararam


mulheres cis brancas, 2 mulheres cis negras, 1 mulher cis indígena, 1
mulher trans branca, 18 homens cis brancos, 3 homens cis negros, 3
homens cis pardos, 1 homem cis indígena.

Camila Vieira
Felipe André Silva
Tatiana Carvalho Costa
Francis Vogner dos Reis
Lila Foster
Curadores
MOSTRA
HOMENAGEM

Cena do filme Ostinato


24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA HOMENAGEM 77

CRIAÇÃO EM
MOVIMENTO.
CONCEITO
E PRÁTICA
Paula Gaitán é um tipo de artista rara no cinema contemporâneo, pois investe, tal como
preconizado pelo cinema de vanguarda do século XX, uma radicalidade de alteração
da percepção, por meio das imagens e sons estimula outros vetores da experiência
cognitiva e sensorial. Mas se em alguma medida a obra de Paula Gaitán está no lastro
das invenções e da prática das vanguardas, ela é uma artista do século XXI, que leva na
sua criação e no seu trabalho todas as implicações da imagem que habitam a realidade
sensível da nossa época, ao mesmo tempo que é o avesso da economia da atenção
contemporânea: seus filmes possuem um tempo próprio, fazem sentir a duração dos
eventos, do “tempo da forma”. Gaitán faz imagens que são a renúncia do tempo célere
da informação, da ansiedade sistêmica à qual aos circuitos de imagem hoje respondem
com imensa violência. Esse é também seu aspecto mais fortemente político, não porque
trate de “temas” ou “assuntos” politizados, mas porque faz uma intervenção aguda na
nossa experiência com as imagens, nos propõe outro modo de viver e interagir com as
imagens. Faz proposições, dá escolhas (incluindo a de recusá-la).

Os filmes da Mostra Homenagem são exemplares. Luz nos Trópicos e Exilados do


Vulcão constroem uma relação entre os tempos em transições temporais e dissoluções
narrativas na própria imagem. Memória e passado, não como representação mimética,
mas como criações que só fazem sentido redimensionas na relação: relação entre
presente e passado, entre espaços distintos, entre memória e consciência, entre
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA HOMENAGEM 78

matéria fluida e matéria concreta. Essa dinâmica busca encontrar Mundo, Noite é um filme de presença e gratuidade total em que música
percepções inéditas para imagens que se recusam a significações e imagem criam fusões e atritos em um filme de arquetipia feminina
imediatas em uma espécie de geologia das imagens. É como se cada muitíssimo forte.
imagem, cada memória, cada fragmento de história fosse a evidência
possível de um rio caudaloso de sentidos e experiências que passam por A matéria de trabalho de Paula Gaitán varia da variedade e da
debaixo delas, muitas vezes por brechas e rachaduras, vindo à tona com quantidade generosa de imagens e sons à economia radical, a um
energia e mudando a paisagem mental e/ou histórica. Não é levantar minimalismo expansivo, se assim podemos dizer. Dois dos seus três
questões e discuti-las com repertórios e ferramentas da reflexão filmes inéditos e que estreiam na Mostra, Hace Camino al Andar, e
tradicionais do pensamento (ciência social, política ou histórica), mas Ópera dos Cachorros, tomam esse caminho. Hace Camino al Andar é
acessar o sensível, sem abrir mão dos elementos concretos, e vivos, um trabalho com o artista Paulo Nazareth que tem uma construção
que constituem o mundo. É um outro tipo de prospecção sobre as musical de tema e variação. Paula trabalha poucos fragmentos em
imagens, por isso “patologia” e “geologia” talvez sejam mais eficazes plano sequência. Os espaços são somente uma estrada e um campo.
para entender os esforços da imaginação da diretora do que categorias Dois corpos: Paulo Nazareth que avança em direção à câmera e volta,
narrativas e de pensamento às quais estamos mais acostumados. corre de encontro a um trator moderno que avança contra a câmera
vorazmente. Um plano com variações de tempo. Em seguida, Paulo
É assim também com Diário de Sintra, Noite e o videoclipe de Elza Nazareth em um campo. O trabalho sonoro, na construção diegética e
Soares Mulher do Fim do Mundo. Em Diário de Sintra Paula Gaitán muscial, também promove deslocamentos.
faz uma cartografia afetiva que, para acessar certos sentimentos
inauditos, precisar recriar uma paisagem da memória com espaços e Já Ópera dos Cachorros é um filme em tela preta com tramas poéticas
imagens que não tem relação concreta com os originais (que jazem no e sonoras que criam imagens muito vivas, robustas, que ao mesmo
passado), mas que evocam e presentificam sentimentos e experiências tempo delineiam uma solidão imaginativa e uma imaginação povoada.
irreprodutíveis na representação que busca a estreita repetição e a Segundo Gaitán, a base são áudios que fez em São Paulo e que traduzem
similaridade. Como não é possível repetir, reproduzir e representar sua experiência da cidade onde vive hoje. Como os outros filmes da
a experiência de Sintra no fim dos anos 1970 com Glauber Rocha e cineasta, é uma experiência com distintas naturezas de imagem.
filhos, é necessário encontrar outros caminhos, outros materiais para
elaborar memória por sentimentos que são vivos. Não é nostalgia (que Por fim, Ostinato, filme com Arrigo Barnabé e que abre a 24ª Mostra de
repete pela lembrança ou por recursos de representação o que se foi), Cinema de Tiradentes, é um retrato que Paula faz do artista. A começar
mas é memória que é algo vivo e presente, não é passado ressurrecto. pelo título: o termo ostinato se refere a uma ideia, um padrão rítmico
de repetição. Tema de Arrigo Barnabé, mas também de Paula Gaitán. E o
Noite é um dos seus filmes mais sortidos de imagens distintas entre retrato do Arrigo é também o retrato do trabalho. Arrigo fala de música,
si e realizadas com variados suportes, no corpo a corpo com espaços, de seus processos, toca e anda por São Paulo, cidade atonal na qual sua
pessoas e aparatos de imagem que orientam com intensidade o que se música se consolidou como uma de suas principais expressões. Mas é
vê. É um filme físico, da Paula Gaitán camerawoman, mas que também um trabalho de Paula Gaitán e por isso o filme não vai se contentar
se dirige aos olhos e ao corpo de quem vê. As sonoridades de Noite têm com uma construção carinhosa do personagem (ainda que aja afeto),
um efeito físico, as imagens reorientam a relação do(a) espectador(a), no fascínio pelo artista (ainda que seja evidente a admiração) e nem
do seu corpo, com o tempo. Como também em Mulher do Fim do pela construção biográfica do personagem. Interessa à cineasta
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA HOMENAGEM 79

questões criativas em ação: o espaço, as ideias que sedimentam as


práticas, a execução das músicas, a discussão sobre conceitos. Em
um certo ponto a cineasta intervém. Até então “invisível”, ela se torna
interlocutora. Mas Ostinato não é uma entrevista: é uma dramaturgia
das ideias e do processo de criação. A obra de Arrigo Barnabé e seu
processo são a matéria.

A Mostra Homenagem é a oportunidade de ver em conjunto os filmes


dessa que é uma das nossas principais cineastas. De um cinema de
exercício radical e intransigente da inquietação e beleza. Como já dito
aqui, um cinema político longe do cinema que se convencionou chamar
de político. Dizer que Paula Gaitán é uma cineasta que faz um cinema
político não é uma invenção curatorial de uma política conceitual e
abstrata, meramente intelectual e formalista. As obras da diretora são
gestos políticos reais, se considerarmos que as imagens – as imagens
em geral – não estão pairando num mundo à parte, mas compõem
com muita ênfase e consequências concretas o nosso mundo hoje.
Há tantas (ou mais) imagens quanto há seres humanos. Não dá para
separar mundo e cinema, realidade e imagem, fazer essa cisão (ou
oposição) é declarar que a imagem é um mundo à parte. Isso não é só
impossível hoje, mas é anacrônico e antipolítico.

Francis Vogner dos Reis


Curador
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA HOMENAGEM • LONGAS 80

Foto: divulgação

Foto: divulgação
DIÁRIO DE SINTRA EXILADOS DO VULCÃO
DOCUMENTÁRIO, HDCAM/ SUPER-8/16MM, COR, 90MIN, PORTUGAL/BRASIL, 2007 FICÇÃO, DCP, COR, 125MIN, MG, 2013

Roteiro e Direção: Paula Gaitán Assistente de Direção: Clara Linhart Diretor de Fotografia: Direção: Paula Gaitán Fotografia e Câmera: Inti Briones Montagem: Paula Gaitán e Fábio
Pedro Urano Fotografia Complementar: Paula Gaitán (imagens fotográficas e Super-8) Andrade Direção de Arte: Diogo Hayashi Figurino: Maíra Senise e Aline Besouro Som
Montagem: Daniel Paiva, Paula Gaitán Design Sonoro: Paula Gaitán Edson Secco, Edição Direto: Edson Secco Desenho de Som: Fábio Andrade Roteiro: Rodrigo de Oliveira Direção
de Som e Mixagem: Edson Secco Trilha Sonora Original: Edson Secco e Ava Rocha de Produção: Vitor Grazie Produção Executiva: Ailton Franco Jr. e Eryk Rocha Coprodução:
Produção: Eryk Rocha, Leonardo Edde Participação Especial de Maíra Senise, Ava Rocha, Franco Filmes, Aruac Filmes e Mutuca Filmes Elenco: Vincenzo Amato, Clara Choveaux,
Eryk Rocha Simone Spoladore, Bel Garcia, Lorena Lobato, Maíra Senise, Ava Rocha, Bruno Cezario,
Daniel Passi
Em que se diferem o viajante e o exilado? Como pensar a memória criada no exílio?
Esses são os eixos pelos quais gira Diário de Sintra. O filme é um relato poético do exílio Ela conseguiu salvar do incêndio uma pilha de fotografias e um diário com frases
de Glauber Rocha nessa cidade, em que as fotografias servem de guia mnemônico para escritas à mão. Essas palavras e rostos são os únicos rastros deixados pelo homem
a busca de vestígios da passagem do cineasta por Sintra. O filme se constrói na fronteira que ela um dia conheceu e amou. Cruzando montanhas e estradas, ela tenta refazer os
de uma memória fragmentada, involuntária, inconclusa e precária. passos dele. Os lugares que ela visita carregam pessoas, gestos, lembranças e histórias
que, pouco a pouco, se tornam parte de sua vida.
Contato: paulagitan@gmail.com
Contato: paulagitan@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA HOMENAGEM • LONGAS 81

Foto: divulgação

Foto: divulgação
LUZ NOS TRÓPICOS NOITE
FICÇÃO, DCP, COR, 255MIN, MT/RJ/EUA, 2020 EXPERIMENTAL, DCP, COR, 87MIN, RJ, 2015

Roteiro, direção e Montagem: Paula Gaitán Direção de Fotografia: Pedro Urano Assistentes Direção Fotografia e Câmera e Montagem: Paula Gaitán Edição de Som: Paula Gaitán
de Fotografia: Diogo Lisboa e Rick Mello Direção de Arte: Diogo Hayashi Figurinos: Maíra Produção Executiva: Bernardo de Oliveira, Paula Gaitán Design Gráfico, Letreiros: Lucas
Senise e Aline Besouro Sound Design: Marcos Lopes, Tiago Bello, Paula Gaitán Som Direto: Pires, Ava Rocha Trilha Musical: Dedo, Baile Primitivo, Thomas Rohrer, Cadu Tenorio, Negro
Marcos Lopes da Silva Fotografia Adicional Super-8: Paula Gaitán Assistentes de Direção: Leo, Cassius Augusto, Savio Queiroz, Ava Rocha, Carlos Issa, Arto Lindsay, Gilmar Monte,
Manuel Moruzzi e Rodrigo Fischer Produtor Executivo: Vitor Graize Produtores: Vitor Arrigo Barnabé Elenco: Clara Choveaux, Nash Laila, Cassius Augusto, Ava Rocha, Negro
Graize, Eryk Rocha, Paula Gaitán Diretora de Produção: Violeta Rodrigues Finalização: Leo, Andre Novais, Maira Senise, Daniel Passi, Mell Brigida, Carolina Caju, Joana dos Santos
Clandestino Produtora: Aruac Filmes Coprodução: Pique-Bandeira Filmes Elenco: Carloto
Cotta, Clara Choveaux, Kanu Kuikuro, Maíra Senise, Begê Muniz, Arrigo Barnabé, Carolina Gravada na Audio Rebel, Comuna e outros lugares da cidade do Rio de Janeiro entre 2011
Virguez, Vincenzo Amato, Daniel Passi, Erik Martincues, Nilton Amazonas, John Scott- e 2014.
Richardson, Vitor Peruare
“Porque a noite pertence aos amantes
Em Luz nos Trópicos a cineasta Paula Gaitán tece uma densa estrutura de histórias Porque a noite pertence à luxúria
e linhas do tempo, enredadas por cosmogonias indígenas, cadernos de viagem e Porque a noite pertence aos amantes
literatura antropológica. O filme é um tributo à abundante vegetação das Américas e às Porque a noite pertence a nós”
populações nativas do continente. Um filme de navegação livre como um rio sinuoso.
Contato: paulagitan@gmail.com
Contato: paulagitan@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA HOMENAGEM • MÉDIAS 82

Foto: divulgação

Foto: divulgação
OSTINATO SE HACE CAMINO AL ANDAR
DOCUMENTÁRIO, COR, DCP, 56MIN, SP, 2021 DOCUMENTÁRIO EXPERIMENTAL, COR, DCP, 35MIN, MT, 2021

Roteiro e Direção: Paula Gaitán Direção de Fotografia: Lucas Barbi Assistente de Câmera: Direção e Montagem: Paula Gaitán Direção de Fotografia: Pedro Urano Assistente de
Anna Julia Santos Direção de Arte: Diogo Hayashi Montagem: Tomás Von Der Osten Fotografia: Diogo Lisboa Diretor de Arte: Diogo Hayashi Figurino: Aline Besouro Som
Montagem Adicional: Paula Gaitán Edição de Som: Rubem Valdes Produção: Vitor Graize Direto: Marcos Lopes Da Silva Design Sonoro: Paula Gaitán Mixagem: Rubem Valdes
e Matheus Rufino Design Gráfico: Thiago Lacaz Finalização: Matheus Rufino Trilha Original: Ava Rocha

Com Arrigo Barnabé Com Paulo Nazareth

Documentário sobre o processo criativo de Arrigo Barnabé. Percurso de um homem através do tempo ou espaço infinito.

Contato: paulagitan@gmail.com Contato: paulagitan@gmail.com


24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA HOMENAGEM • CURTAS 83

Pintura de Maira Senise


Foto: divulgação

MULHER DO FIM DO ÓPERA DOS CACHORROS


MUNDO / ELZA SOARES EXPERIMENTAL, COR, DCP, 15MIN, SP, 2021
VIDEOCLIPE, COR, DIGITAL, 5MIN, RJ, 2017
Direção e Montagem e Design Sonoro: Paula Gaitán
Direção e Montagem: Paula Gaitán Direção de Fotografia: Vozes e Cantos: Paula Gaitán Participação Especial: Maíra
Lucas Barbi Direção de Arte: Diogo Hayashi Figurino: Senise Masterização: Eduardo Manso Design Gráfico:
Maíra Senise Direção Musical: Guilherme Kastrup Thiago Lacaz
Trilha Sonora Original: Alice Coutinho, Rômulo Fróes
Assistente de Montagem: Sofia Tomic Assistente de Arte: Percurso da autora Paula Gaitán pelas ruas de São
Giulia Puntel Adereços: Victor Hugo Mattos Direção de Paulo gravando suas canções e invenções sonoras
Produção: Fernanda Hiraga e Juliano Almeida enquanto caminha.

Com a Participação Especial de Mariana Antunes, Mafalda Contato: paulagitan@gmail.com


Pequenino, Grace Passô, René Ferrer, Daniel Passi

Música sobre o devir mulher no mundo contemporâneo,


sua emancipação e lutas.

Contato: paulagitan@gmail.com
MOSTRA
TEMÁTICA

Cena do filme Pajeú


24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA TEMÁTICA 85

NO ENGAJAMENTO
DA CRIAÇÃO
Em Pajeú, de Pedro Diógenes, uma entidade performa em meio às poucas
águas do Rio Pajeú. Não sabemos se ela é sonho, símbolo, assombro ou um
último vestígio do que outrora podia ser visto. Uma das primeiras imagens
do filme, sua presença vem a simbolizar esse rio que uma vez cortou a
cidade de Fortaleza de forma visível, para ser lentamente soterrado pelas
ondas de progresso. Um filme que não pode ser necessariamente encerrado
em um único gênero, Pajeú não constrói o seu fluxo num único gesto. Para
entender e dar a ver a história desse rio, que é também a história de uma
cidade, de uma mulher que vê no rio a expressão da sua dor, é entre o visível
e o invisível que o filme trabalha. Assim como o rio, que ainda pode ser visto
através de pequenos fluxos d›água e dos efeitos do seu aprisionamento, é
na instabilidade que tudo se assenta, dentro e fora do cinema

A Mostra Vertentes da Criação se vale um pouco desse mesmo gesto,


agregando filmes que dão a ver os diversos processos criativos e formas
de engajamento no tempo presente. O já citado Pajeú faz da história do Rio
Pajeú e da fascinação que ele vai exercer na personagem Maristela (Fátima
Muniz), de certa forma tomada por ele, uma espécie de coleção de gestos
– a entrevista estilo “povo fala”, a performance, a narrativa ficcional – para
dar a ver um rio (e uma cidade?) dilacerada pelo progresso, um progresso
que vive um eterno presente, de costas para o passado e inconsequente em
relação ao futuro.

Agora, de Déa Ferraz, traz uma acepção radical para a noção do tempo
presente se valendo do corpo e do improviso para responder à seguinte
pergunta: qual é o gesto possível diante de um país que mergulhou numa
violenta onda de retrocesso? Como a matéria do corpo responde a um
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA TEMÁTICA 86

tempo de perplexidade? A diretora convida artistas diversos para que Negro em mim, de Macca Ramos, vai, de certa forma, historiar a arte
performem imbuídos do sentido e do sentimento do tempo presente. brasileira partindo do trabalho de historiadores e de artistas negros.
Um cenário preto, uma cenografia mínima e um convite a que Através de performances, registros de peças, shows de música,
respondam com o corpo. Um dispositivo que dá forma à respiração, à entrevistas e palestras, o documentário habita a efervescência do
coreografia, à vontade de expressar o desejo e a dor. tempo presente para dar a ver os diversos matizes da arte negra e
como o trabalho artístico vai propor desafios às histórias oficiais e
#eagoraoque, de Rubens Rewald e Jean-Claude Bernardet, também suas representações. A pergunta pela brasilidade, construída como
se valem do dispositivo, aqui numa chave quase oposta. Ao tentar um conceito relativamente estável, é posta em questão pelas falas,
responder a pergunta “e agora o quê?”, os diretores se voltam ao mas também por todos os trabalhos e obras de arte que compõem o
intelectual de esquerda e professor Vladimir Safatle se utilizando documentário. Uma afirmação que se dá pela presença.
de gestos violentos, rituais de constrangimentos, encurralando o
intelectual-ator diante das contradições do intelectual de esquerda Os curtas da Mostra Temática modulam tensões contemporâneas que
de classe média que parece habitar um mundo distante em relação a desafiam o fazer e o pensar no Cinema Brasileiro. Realizados a partir
onde se situam as verdadeiras demandas sociais e de engajamento. de sujeitos e lugares não hegemônicos, os filmes incorporam outras
Dar a ver essa distância, porém, não responde à pergunta e o filme cosmopoéticas e promovem deslocamentos em formas conhecidas,
parece girar em torno de uma proposta de demolição que está longe em ricas provocações éticas e poéticas.
de se concretizar. O dispositivo, aqui, parece se sobrepor ao que
nos faz pensar na historicidade de certas formas documentais, suas Dirigido por Grace Passô, República é uma vertigem. A diretora, atriz
potencialidades e limites. Fica um filme edificado diante dos seus e dramaturga nos mergulha, com sua mise-en-abyme, na densidade
próprios escombros: o que pode o cinema, afinal? atemporal da exaustão e do não pertencimento negro, ao mesmo
tempo em que nos apresenta a vivência-latência de corpos ameaçados
Entre Nós Talvez Estejam Multidões, de Aiano Bemfica e Pedro Maia, no e confinados pela presença ameaçadora de um vírus com potência
seu primeiro longa-metragem, continuam um percurso de um cinema letal. Gingando com os já instituídos clichês da recente categoria de
feito dentro dos movimentos pela luta por moradia, marcadamente o “filmes de pandemia”, o duplo movimento do filme também se dá
MBL – Movimento de Luta pelos Bairros, Vilas e Favelas. Nessa incursão, no desdobramento do corpo, na articulação das personagens – uma
os diretores filmam os espaços e fazem entrevistas com moradores da mulher e seu duplo – que cria uma alegoria de um tipo de vivência
Ocupação Eliana. Se nos curtas o sentido da ação direta predomina, com subjetiva não hegemônica numa sociedade atravessada por traumas
imagens captadas no fluxo das ocupações e da resistência à força policial, raciais transtemporais e é sintetizado num grito: “O teu Brasil acabou
é um tempo mais decantado que se forma nesse longa-metragem e o meu nunca existiu. Nunca existiu. Nunca existiu. Nunca!”.
próximo das pessoas que ali habitam. A entrevista revela muito dos sonhos
e desejos dos entrevistados, mas o filme também se vale de pequenos “E se eu abandonasse a linearidade e assumisse a encruzilhada?”,
quadros nos quais os moradores, em um enquadramento frontal pergunta-se Castiel Vitorino Brasileiro, realizadora-performer que
minuciosamente construído, dançam, tocam instrumentos, dão forma ao dirige Uma Noite sem Lua. Castiel empreende uma figuração ensaística
que podemos chamar de tempo de lazer/prazer. O gesto cinematográfico de si a partir de seu “corpo-mandinga” em uma prática artística
visa sempre à proximidade, aqui com um trabalho de fotografia e câmera de transmutação. Assumindo-se essa “encruzilhada” – ao um só
em um momento mais estável na conquista por moradia. tempo interseção e ponto radial –, ela articula dança, performance
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA TEMÁTICA 87

e imagens que modulam e incorporam a indeterminação de sua


condição subjetiva num mundo e num cinema conformados pela cis-
heteronormatividade.

Em Um Filme de Domingo, o diretor Lincoln Péricles cria uma topografia


afetiva de quebrada guiada pelo olhar uma criança habilmente
organizadora da gramática das redes sociais numa figuração de
si e de seu mundo visto-inventado. Maria Eduarda compartilha a
concretude de uma vida que, apesar de uma tragédia, pulsa em sua
complexidade e leveza possível. A dureza da dualidade entremundos
que o filme aparentemente anuncia – adultos/criança; quem sai/
quem permanece; quem morre/quem vive – é diluída na poesia das
modulações de um dia de convívio, de sonho e de partilha.

Camila Vieira
Felipe André Silva
Tatiana Carvalho Costa
Francis Vogner dos Reis
Lila Foster
Curadores
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA TEMÁTICA • LONGAS 88

Foto: Chico Ludermir


Foto: divulgação
#EAGORAOQUE AGORA
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 70MIN, SP, 2020 DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 70MIN, PE, 2020

Direção e Roteiro: Jean-Claude Bernardet / Rubens Rewald Produção Executiva: Simone Direção: Dea Ferraz Empresa Produtora: Parêa Filmes Coprodução: Alumia Filmes, Ateliê
Hernandez / Emily Hozokawa Montagem: Gustavo Aranda Fotografia: André Moncaio Produções Empresa Distribuidora: Ventana Filmes
Figurino: Isis Cecchi Som Direto e Edição de Som: João Godoy Mixagem: Sergio Abdala
Trilha Sonora: Mateus Capelo / Vladimir Safatle Empresa Produtora: Confeitaria de O corpo acionando outros códigos de relação com as imagens. O cinema ativando
Cinema Elenco: Vladimir Safatle, Palomaris Mathias, Jean-Claude Bernardet outras formas de relação com o corpo. Agora convida artistas a se lançarem no vazio
do tempo presente, deixando o corpo improvisar sobre o que sentem e vivem, tentando
Como agir hoje politicamente? É possível mudar as coisas, as pessoas, a sociedade? E entender-se com seus medos, com suas dores, suas buscas, mas conectados por um
agora, o que fazer? Um intelectual e suas contradições. fio invisível de existência.

Contato: rrewald@gmail.com Contato: alumiaproducao.conteudo@gmail.com


24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA TEMÁTICA • LONGAS 89

Foto: Raphael Malta

Foto: divulgação
ENTRE NÓS TALVEZ ESTEJAM MULTIDÕES NEGRO EM MIM
DOCUMENTÁRIO, COR, DCP, 92MIN, MG/PE, 2020 DOCUMENTÁRIO, COR, DCP, 111MIN, SP/MG/BA/PE/PA, 2020

Direção e Roteiro: Aiano Bemfica e Pedro Maia de Brito Assistente de Direção: Isabela Direção, Roteiro e Montagem: Macca Ramos Produção Executiva e Direção de Produção:
Furtado Produção Executiva: Pedro Maia de Brito, Tatiana Mitre e Vitor Cunha Direção de Tiago Tambelli Assistente de Produção: Gabriela Gaabe, Karen Almeida Direção de
Produção: Tatiana Mitre e Patrícia Duarte Montagem: Gabriel Martins Fotografia: Raphael Fotografia: Bruno Rico Fotografia Adicional: Anna Raquel da Silva Consultoria em
Malta Clasen e Rick Mello Som Direto: Glaydson Mendes e Marcela Santos Mixagem: Montagem: Joyce Prado Som Direto: Ubiratan da Silva Guidio – Bira Mixagem e Edição
Nicolau Domingues Edição de Som: Nicolau Domingues e Caio Domingues Empresa de Som: Tico Pró Estúdio Laranja Preta Trilha Sonora: Romulo Alexis e Wagner Ramos
Produtora: Amarillo Produções Audiovisuais Coprodução: Miúdo Cinematográfico e Finalização: Luiz Totem Empresa Produtora: Lente Viva Filmes Coprodução: Encouraçado
Riacho Doce Filmes Empresa Distribuidora: Embaúba Filmes Elenco: Comunidade da Filmes Elenco: Salloma Salomão, Stephanie Ribeiro, Eugenio Lima, Fernando Neves,
Ocupação Eliana Silva Renata Felinto, Deca Carolyne, Fernanda Júlia Onisajé, Vinny Rodrigues, Felipe Soares,
Efigênia Maria, Miró da Muribeca, Dirce Thomaz, Bruno de Jesus, Rilton Junior, Gabriela
O filme propõe uma jornada experiencial através da Ocupação Eliana Silva ao longo Okpijah Bruce, Allan Roosevelt, Vitor Trindade, Rômulo Alexis, Wagner Ramos, Dinho
da campanha que elegeu Bolsonaro, na recente ascensão do fascismo ao poder Trindade, Inah Irenan, Sidney Amaral, Rosana Paulino, Demili da Silva, Priscila Rezende,
no Brasil, e é conduzido pela profundidade dos sujeitos que vivem na comunidade Luedji Luna, Joyce Prado, Luciane Ramos, Gabriel Hilair, Cássio Bomfim, Ruan Vitor,
e onde, através de seus sonhos, desejos, contradições e lembranças, constituem o Moisés Patrício, Erica Malunguinho, Rosana Paulino
imaginário desse microcosmos, construindo um documentário que se articula como
uma pintura mural. Documentário investigativo com artistas e pensadores negros no Brasil de hoje. Um
retrato de um Brasil plural a partir da discussão racial, promovido por uma viagem
Contato: contato@amarillo.art.br por seis cidades brasileiras, o filme traz a arte, a cultura e a política como reflexão da
diáspora e do devir negro no mundo.

Contato: maccaconta@gmail.com / tiago@lentevivafilmes.com.br


24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA TEMÁTICA • LONGAS 90

Foto: divulgação
PAJEÚ
DOCUMENTÁRIO, COR, DCP, 74MIN, CE, 2020

Direção e Roteiro: Pedro Diogenes Produção Executiva: Amanda Pontes e Caroline Louise
Assistente de Produção: Michelline Helena Direção de Produção: Rubia Mercia e Victor
Furtado Montagem: Guto Parente e Victor Costa Lopes Fotografia: Victor de Melo Direção
de Arte: Filipe Arara, Natalia Parente e Themis Memoria Cenografia: Filipe Arara, Natalia
Parente e Themis Memoria Figurino: Filipe Arara, Natalia Parente e Themis Memoria
Som Direto, Edição de Som e Mixagem: Lucas Coelho Trilha Sonora: Vitor C. Empresa
Produtora: Marrevolto Filmes Empresa Distribuidora: Embaúba Filmes Elenco: Fatima
Muniz e Yuri Yamamoto

Maristela está sendo atormentada por um sonho constante: uma criatura emergindo
das aguas do Riacho Pajeú. A estranheza e insistência do pesadelo começam a
atrapalhar o sono e o cotidiano de Maristela, que, procurando uma solução para seu
problema, inicia uma pesquisa sobre o Riacho, sua história e seu desaparecimento. Os
pesadelos não param. Sonho e realidade se misturam. Pessoas próximas a Maristela
começam a desaparecer, assim como o Pajeú desapareceu. A angústia dela aumenta
junto com o medo de também sumir.

Contato: marrevoltofilmes@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA TEMÁTICA • CURTAS 91

Foto: divulgação

Foto: divulgação

Foto: divulgação
FILME DE DOMINGO UMA NOITE SEM LUA REPÚBLICA
FICÇÃO, COR, DIGITAL, 26MIN, SP, 2020 DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 27MIN, ES/SP, 2020 FICÇÃO, COR, DCP, 15MIN, SP, 2020

Direção e Montagem: Lincoln Péricles Direção, Roteiro e Montagem: Castiel Vitorino Brasileiro Direção: Grace Passô

Domingo de sol na quebrada. Um tio babão, uma mãe O limite das linguagens usadas para descrever nossas Numa noite, uma brasileira desperta num país exausto
zika, uma criança artista. transfigurações é a palavra. A palavra travesti é um de atos violentos. O filme é um curta-metragem
limite, um convite e um lembrete. E minha escuridão realizado em casa, no início da quarentena de 2020, no
Contato: francineide.bandeira@hotmail.com preexiste à raça e ao gênero. A comunidade é, ao Centro da cidade de São Paulo, no bairro República.
mesmo tempo, veneno e mel. Eu sou bantu. Eu sou
a mensageira que anuncia a transmutação que Contato: alvesjunior01@gmail.com
nomeamos de travesti.

Contato: castielvitorinob@gmail.com
MOSTRA
AURORA

Cena do filme O Cerco


24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA AURORA 93

FILMES NO
INTERVALO ENTRE
DOIS MUNDOS
Em 2020, o mundo no qual nos assentamos teve uma rápida e inesperada mudança. Para
o cinema brasileiro, que mergulhou mais profundamente em uma crise que destruiu quase
por completo a estrutura de fomento estatal de produção, o ano foi desafiador também
pela reinvenção de formas de filmar e de assistir aos filmes. Os festivais se tornaram online,
o rito coletivo em torno do cinema deixou de ser o compartilhamento de um mesmo
espaço e tempo e se dissipou nas lives, nos filmes disponíveis online e no encurtamento
das distâncias entre os festivais e um público em potencial espalhado pelo país. Não foi
bom, não foi ruim, foi inaudito.

A experiência de curadoria também não passou incólume. O ato de olhar, de pensar em


conexões entre os filmes e o que tomamos como a experiência – múltipla, contraditória, de
viver no Brasil também foi permeado por um estranhamento nem bom, nem ruim, inaudito.
Os filmes trazem a imagem de um mundo sem máscaras, de pessoas se abraçando, com
uma circulação pelas cidades ainda não interrompida pelo vírus. A sensação era de que os
filmes pareciam mostrar um mundo que não existe mais. Habitamos, neste ano de 2021,
uma espécie de dobra no tempo e no espaço, na qual um ano atrás parece uma outra vida,
em que quase 10 meses de pandemia parecem uma eternidade, na qual as adaptações –
do cinema, do mercado, da vida compartilhada – foram rápidas e o futuro já chegou.

Dentro dessa dobra de tempo denso e de espaço constrangido, o tempo do cinema (a


montagem, a história, a duração dos planos) e o espaço (da cena, da natureza, das cidades)
parecem ter se tornado mais perceptíveis ou sensorialmente tiveram outro impacto. O
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA AURORA 94

cinema pode construir um mundo sonoro e visual de experimentações e vividos nesse embate entre o mundo externo e interno, entre o mundo
vivências ao ar livre e em contato com a natureza, como Oráculo, Kevin dos homens e o mundo das mulheres. É na descoberta de uma outra
e Rosa Tirana. O cinema também pode ser clausura, como em A Mesma forma de viver o desejo e o gozo que rearticula as formas de resistência
Parte de um Homem e O Cerco, nos quais os corpos de atrizes e atores se de mãe e filha diante de um mundo que parece sempre ameaçador.
tornam eixo central. O cinema pode condensar uma experiência social e
econômica de exploração perene, mas que não deixa de se transformar Entre uma ficção documentarizante ou um documentário com toques
e se tornar mais aguda no tempo presente, como em Eu, Empresa. de ficção, Kevin, de Joana Oliveira, trata do reencontro da diretora,
O cinema pode construir uma outra temporalidade, uma forma de uma mulher branca, sem filhos e brasileira, e sua amiga Kevin, uma
dar a ver o não visto e criar um novo gênero cinematográfico como o mulher negra, com dois filhos e recém-instalada no seu país de
documentário-suspense Açucena. origem, Uganda. Amigas desde o período em que moraram juntas
durante a juventude, o documentário tece a fina trama que é uma
A Mostra Aurora de 2021 nos mostra um outro tempo, outros espaços, não conversa entre duas amigas: as histórias do passado, os desejos, os
sem que possamos vislumbrar a abertura de caminhos nesses tempos caminhos trilhados, os diferentes modos de encarar a matéria do
de incerteza. No campo da criação ficcional, dois filmes trazem um forte vivido e um elo de amor e sororidade que resiste à distância e ao
investimento na dramaturgia, na construção de seus personagens e dos tempo. Filmado em Uganda, o choque cultural, as discussões sobre o
diálogos, filmes que intensificam, no seu trabalho artístico, um senso racismo, a expectativa da maternidade e a realidade do cuidado com
de isolamento. Nos dois filmes, duas personagens femininas incorporam os filhos atravessam as longas conversas. A câmera que acompanha,
um choque com o mundo tecendo resistências cotidianas. Em O Cerco, de forma quase imperceptível, a dinâmica do cotidiano da vida de
de Aurélio Aragão, Gustavo Bragança e Rafael Spínola, a personagem Kevin vira uma espécie de testemunho de um pequeno grande evento
principal é Ana. Dentro de uma casa que parece abrigar fantasmas, ela se na vida dessas duas mulheres.
vê espremida entre uma opressiva dinâmica da cidade do Rio de Janeiro
– policiais e homens em fuga – e a presença de jovens vizinhos que a Grande destaque deste ano, a produção baiana traz três filmes com
aterrorizam. As tensões da cidade e as tensões da história vão invadindo registros distintos, apontando para a riqueza da produção do estado. Eu,
a sua casa, tensionamento que também se estende para o seu corpo Empresa, de Marcus Curvelo e Leon Sampaio, é um filme radicalmente
dessa personagem que é atriz e mãe. Entre conversas sussurradas, atento a seu tempo. O longa traz novamente o personagem Joder,
dramas sugeridos, tudo parece estar a meio caminho. O que se instaura, persona cinematográfica do diretor Marcus Curvelo, presente nos
porém, na construção espacial e temporal do filme é uma tensão perene, seus curtas anteriores. Joder é um sujeito espremido pelo seu tempo
o cerco como um estado de sítio não declarado pela cidade do Rio de e que tenta sempre encontrar saídas para esse país inviável. Sem criar
Janeiro, uma mulher que parece desprotegida. barreiras entre a performance, o registro documental e a encenação
ficcionalizante, o filme é a síntese da precarização do trabalho,
A Mesma Parte de um Homem, de Ana Johann, também opta por um precarização da qual o mercado audiovisual parece ser vanguarda: nos
espaço concentrado e forte investimento na construção cênica. Aqui tornamos empresas antes mesmo do processo violento de uberização
a atmosfera conferida ao drama de duas mulheres que vivem em um do trabalho que testemunhamos nos últimos anos. O gesto político
sítio isolado assume ares um pouco mais surreais com a chegada de aqui se assenta em esmiuçar o aspecto tragicômico da exploração e
um homem sem nome e sem história. O lado de fora também é uma como o setup contemporâneo do capitalismo infiltra de forma cada vez
ameaça e os corpos são os grandes portadores dos dramas e tensões mais incisiva a nossa constituição subjetiva: eu, empresa.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA AURORA 95

Açucena, de Isaac Donato, é um documentário que dá a ver de forma segue em curso, está marcado pela dúvida, pela morte, pela melancolia,
fragmentar a personagem Açucena, uma mulher fascinada por mas também por um desejo de mudança e liberdade que se torna
bonecas, um gesto documental sutil e permeado de mistério. Com mais intenso. Poderia se esperar desses filmes um mero diagnóstico
retratos parciais – a câmera que por vezes só enquadra parte do corpo, do fracasso, elegias de uma dor incurável, mas esses sete filmes
detalhes de uma casa, pedaços de conversas – a montagem dá tempo revelam uma outra coisa: o mundo não parou e não está marcado
ao olhar e aguça a intuição do espectador que vai construindo o sentido irremediavelmente pela fatalidade. Estão nessa dobra e a olham de
do ritual. É um filme que não constrói necessariamente um retrato frente. É possível entender que as tramas da vida, do mundo e da história
de sua personagem principal, mas sim a potência da sua presença. O seguem em sua dinâmica com uma complexidade que nos desafia.
documentário instaura uma outra forma de fruir o tempo, um tempo de
preparo e de busca espiritual. Francis Vogner dos Reis
Lila Foster
No espectro fabular, o também baiano Rosa Tirana, de Rogério Sagui, é Curadores

um mergulho mítico no Sertão: a sua geografia, o assombro da fome,


a religiosidade, os seus cantos e rezas. A menina Rosa é que guia o
caminho na busca de Nossa Senhora Imaculada, rainha do Sertão. É a sua
forma de perceber o mundo que a rodeia, uma imaginação permeada de
medo e sonho, que produz imagens de fantasmagoria e encantamento.
O Sertão aqui se torna campo de experimentação visual e cênica e que
foge do registro meramente realista.

Oráculo, da dupla Melissa Dullius e Gustavo Jahn, marca uma espécie


de retorno dos diretores ao Brasil. Se Muito Romântico, primeiro longa
do duo, é um filme que atravessa o oceano rumo a outras terras, em
Oráculo, terra e paisagem são personagens, um olhar para a geografia
brasileira, mais marcadamente a ilha de Florianópolis. Em seis planos
sequências, o sentido da experimentação é multiforme, já que cada
sequência nos coloca diante de "objetos" diferentes. Com uma já ampla
filmografia dedicada ao cinema de experimentação, com uma atenção à
dimensão plástica e artesanal da produção de sons e imagens, mais uma
vez se prescinde de uma construção de sentidos e sensações atrelada a
uma lógica meramente narrativa. Som e imagem pulsam, propondo ao
corpo uma outra forma de fruir o cinema.

Todos esses sete filmes que compõem a Aurora marcam a virada de


um período paradigmático. Esses são os primeiros filmes brasileiros
lançados em um ano que, para além de todo o desmonte do país que
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA AURORA • LONGAS 96

Foto: Isabella Lanave

Foto: divulgação
A MESMA PARTE DE UM HOMEM AÇUCENA
FICÇÃO, COR, DCP, 99MIN, PR, 2021 DOCUMENTÁRIO, COR, DCP, 71MIN, BA, 2021

Direção: Ana Johann Roteiro: Ana Johann e Alana Rodrigues Assistente de Direção: Direção: Isaac Donato Roteiro: Isaac Donato e Marília Cunha Assistente de Direção,
Louise Fiedler Produção Executiva: Chris Spode e Raiane Rodrigues Direção de Produção: Produção Executiva, Direção de Produção: Marília Cunha Montagem: Marcos Lé e Andressa
Eduardo Calegari Montagem: Aristeu Araújo Fotografia: Hellen Braga Direção de Arte: Santos Fotografia: Flávio Rebouças Trilha Sonora: O Grivo Som Direto: Haydson Oliveira
Fabíola Bonofíglio Figurino: Isbella Brasileiro Som Direto: Henrique Bertol e Felipe Debiasio Mixagem e Edição de Som: Lucas Coelho Empresa Produtora: Movie Ações Audiovisuais
Mixagem: Ulisses Galetto Edição de Som: Débora Opolski Empresa Produtora: Grafo
Audiovisual Distribuição: Olhar Elenco: Clarissa Kiste, Laís Cristina, Irandhir Santos, Todo ano, uma mulher de 67 anos comemora seu aniversário de sete anos.
Otavio Linhares, Zeca Cenovicz
Contato: contato@produtoramovieaa.com
Renata vive isolada no interior com sua filha adolescente e seu marido, compreendendo
o medo como um sentimento comum. A chegada de um desconhecido desperta nela o
desejo por tudo o que estava adormecido.

Contato: contato@grafoaudiovisual.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA AURORA • LONGAS 97

Foto: Cristina Maure


Foto: divulgação
EU, EMPRESA KEVIN
FICÇÃO, COR, DCP, 82MIN, BA/MG, 2021 DOCUMENTÁRIO, COR, DCP, 81MIN, MG, 2021

Direção: Leon Sampaio, Marcus Curvelo Roteiro: Amanda Devulsky, Camila Gregório, Direção: Joana Oliveira Roteiro: Joana Oliveira, Laura Barile Produção: Luana Melgaço,
Leon Sampaio, Marcus Curvelo Assistente de Direção: Bianca Muniz Produção Executiva: Joana Oliveira Produção Executiva: Luana Melgaço Direção de Produção: Camila Bahia,
Marisa Merlo Direção de Produção: Thamires Vieira Montagem: Frederico Benevides, Irene Nduta Mungai, Vanessa Santos Fotografia: Cristina Maure Direção de Arte: Rimenna
Leon Sampaio, Marcus Curvelo, Ramon Coutinho Fotografia: Victor de Melo Direção de Procópio Som Direto e Edição de Som: Gustavo Fioravante Montagem: Clarissa Campolina
Arte, Cenografia e Figurino: Camila Gregório Som Direto: Marcela Santos Mixagem e Edição Cor e Finalização: Lucas Campolina Mixagem: Pedro Durães Trilha Sonora: Thaís de
de Som: Daniel Turini, Fernando Henna, Henrique Chiurciu Empresa Produtora: Transes Campos Empresa Produtora: Bukaya Filmes Coprodução: Anavilhana; Vaca Amarela
Filmes, Anacoluto, Filmes Amarelos Empresa Distribuidora: Embaúba Filmes Elenco: Filmes Empresa Distribuidora: Embaúba Filmes Elenco: Joana Oliveira, Kevin Adweko
Marcus Curvelo, Carlos Baumgarten, Aristides de Sousa (Juninho Vende-Se), Mariana Rios,
Carol Alves, Thiago Almasy, Ritah Oliveira, Felipe Pedrosa, Rachel Sauder, Gaba Reznik É a primeira vez que Joana, uma brasileira, visita sua amiga Kevin em seu país, a
Uganda. Elas se conheceram há 20 anos quando estudaram juntas na Alemanha e
Um trabalhador informal enfrenta problemas financeiros e emocionais. Sem faz muito tempo que não se veem. Agora estão próximas de completar 40 anos e a
oportunidades decentes de trabalho, ele cria um canal no Youtube pra tentar monetizar vida se mostra mais complexa que na juventude. Esse é um filme sobre uma amizade
suas pequenas histórias de fracasso, enquanto presta serviços precarizados para entre mulheres.
empresas estrangeiras.
Contato: embaubafilmes@gmail.com
Contato: eumamerlo@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA AURORA • LONGAS 98

Foto: divulgação

Foto: divulgação
O CERCO ORÁCULO
FICÇÃO, P&B, DCP, 87MIN, RJ, 2020 EXPERIMENTAL, COR, DCP, 61MIN, SC, 2020

Direção: Aurélio Aragão, Gustavo Bragança e Rafael Spínola Roteiro: Aurélio Aragão, Gustavo Direção: Melissa Dullius e Gustavo Jahn Roteiro, Produção Executiva, Direção de
Bragança, Rafael Spínola e elenco Direção de Produção: Aurélio Aragão, Gustavo Bragança, Produção, Direção de Arte, Cenografia, Figurino: Distruktur Montagem, Fotografia, Som
Lobo Mauro, Manuelle Rosa e Rafael Spínola Montagem: Gabriel Medeiros e Lobo Mauro Direto, Edição de Som: Gustavo de Mattos Jahn Trilha Sonora: Sonsdecura, Innsyter, 2020
Fotografia: Bárbara Bergamaschi, Fabricio Menicucci, John CM e Rodrigo Torres Direção de Mixagem: Benoît Héry Empresa Produtora: Distruktur Elenco: Juarez Nunes, Alice
Arte: Aurélio Aragão, Gustavo Bragança e Rafael Spínola Som Direto: Lobo Mauro Mixagem Bennaton, Fernando Goulart Jahn, Aline Maya, Luana Raiter
e Edição de Som: Hugo Rocha e Miguel Mermelstein Narração: Stella Rabello Pós-Produção:
Cajamanga Post Coordenação: Estevão Meneguzzo Finalização: Gui Ferreira Assistência de Os espaços são seis: um rochedo, uma montanha, a areia desenhada pelas ondas, o
Finalização: Fábio Cardoso e Isabel Salomon Colorista: Diego Quindere Adm: Suraia Abi Madi quebra-mar de uma praia do outro lado do oceano, a passarela sob uma ponte que
Empresa Produtora: Rocinante Produções Elenco: Liliane Rovaris, Geovanna Lopes, Marco liga uma ilha ao continente, o quarto de uma adolescente. Personagens são três: um
Lopes, Matheus Lopes, Alberto Moura, Breno Nina, Aurélio Aragão, Gustavo Bragança, homem que está preso num ciclo de vida e morte, um segundo que revisita um lugar
Rafael Spínola, Lobo Mauro, Fabricio Menicucci, Filipe Cretton, Doralice Maria, Iara Maria, onde uma transformação irreversível aconteceu, e uma jovem que está iniciando sua
Lindembergue Bragança, Lucas Nascimento, Lucas Santana vida de artista. O filme situa-se entre experimento, método e dispositivo, e convida
à contemplação. Particular em sua forma e ritmo, é universal nas lembranças que
Ana está cercada. No apartamento debaixo, os fantasmas do passado; e no terraço, os faz ecoar, comuns a todas as pessoas: família; começos, fins e recomeços; dores e
fantasmas do futuro. Mas ela resiste. traumas, e desejo intenso de vida e de sentido.

Contato: rafaelspinolacorreia@gmail.com Contato: mail@distruktur.com


24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA AURORA • LONGAS 99

Foto: Thais Cassia


ROSA TIRANA
FICÇÃO, COR, DCP, 72MIN, BA, 2020

Direção, Roteiro e Direção de Produção: Rogério Sagui Assistente de Direção: João Dias
Produção Executiva: Carolina Amorim, Rogério Sagu Fotografia: Luis Henrique Girade,
Filipe Sobral Direção de Arte: Julia Letícia Cenografia: Ângela Rodrigues, Daiane Fróis
Figurino: Lourdes Santana Montagem: Carlito Jr., Rogério Sagui Som Direto: Rayane
Teles, Anderson Silva Mixagem e Edição de Som: Daniel Marinho Drumond Trilha Sonora:
Elba Ramalho, Alício Amaral, Di Freitas Empresa Produtora: Gramugêiro Filmes Elenco:
Kiarah Rocha, José Dumont, Stela de Jesus, Rogério Leandro, Carlos White, Yan Quadros,
Jocimário Kannário, Mufula, Eliene D’Goió, Sindy Rodrigues, Maria Flor

Em uma terra banhada de sol, durante a maior seca que o Sertão nordestino já viveu,
a menina Rosa mergulha em uma longa travessia pela Caatinga árida e fantasiosa,
em busca de um encontro com Nossa Senhora Imaculada, a rainha do Sertão. Com
um tom perspicaz, a trama é envolvida por um amálgama de fatores que, na aridez da
paisagem retratada, torna-se fertilizante para a compreensão do drama humano, a
partir do olhar da pequena protagonista.

Contato: rogério.sagui@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA AURORA 100

ENTREVISTA
MOSTRA
AURORA
A Mostra de Cinema de Tiradentes propôs um pequeno questionário aos diretores dos sete
filmes selecionados para a Mostra Aurora, na qual são exibidas obras de realizadores em
início de carreira de longa, que são avaliados pelo Júri Oficial.

O objetivo é registrar fragmentos do pensamento de um grupo de diretores que, para


além de seus estilos próprios e escolhas de universos filmados, têm em comum o fato de
dar os primeiros passos na realização de longas em um mesmo momento histórico e do
cinema brasileiro.

1) Qual é a sua formação? Por que escolheu o cinema como forma de


expressão?

Ana Johann
Diretora – A Mesma Parte de um Homem

Eu nasci e cresci em uma vila rural no Sul do Brasil até os 15 anos e acredito que também por
estar bastante isolada nessa vila fazia exercícios de observação e simulação. Eu lia muitos
livros de literatura que me transportavam para outros lugares e a televisão também era uma
pequena referência que era disputada por sete pessoas em uma casa e sem muita variedade.
Na adolescência e já no ensino médio comecei a ensaiar a escrever contos e era bastante
incentivada pela minha professora de literatura, a Ivana Jakubiu. Quando fui escolher uma
graduação, fiquei entre Jornalismo, porque gostava de escrever, e Arquitetura. Optei por
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA AURORA 101

Jornalismo, mas hoje percebo o quanto essas duas vertentes de ensino Leon Sampaio e Marcus Curvelo
conjugam bem o que eu escolhi alguns anos mais tarde – o cinema. Já na Diretores – Eu, Empresa

faculdade reparei que gostava de matérias que geralmente os estudantes


não gostavam – Filosofia e Sociologia – e logo comecei a pesquisar algo Leon: Sou formado em Cinema e Audiovisual, fiz mestrado em
que me encantasse e descobri o roteiro em uma época bastante difícil para Comunicação e Culturas Contemporâneas e atualmente faço doutorado
o cinema brasileiro com pouco acesso a materiais, escassez de produção. em Comunicação. Bom, as motivações que me levaram ao cinema
Em 2004 comecei a buscar uma bolsa de especialização fora do país em são tanto estéticas, pois passa por um encantamento com filmes e
Roteiro e, como na boa dramaturgia, nem sempre o personagem recebe cineastas, quanto políticas, porque se deram através de um engajamento
o que quer inicialmente – ganhei uma bolsa para estudar Documentário com determinadas pautas. No entanto, acredito que a vontade de me
na Universidade de Barcelona. Comecei minha carreira de realizadora e expressar através do cinema decorre majoritariamente de um interesse
alguns anos mais tarde fiz um mestrado em Comunicação e Linguagem. por questões políticas que se atravessam com experiências pessoais.
O cinema e a escrita para mim é uma forma de viver, de experienciar Hoje, os meus desejos de cinema vão além dessa matriz, mas, ainda
o mundo por meio de sínteses de existência, de me transportar para assim, acredito que o interesse pela política segue exercendo influência
universos que existem, mas ao mesmo tempo construídos, e de refletir nos meus processos criativos.
sobre as narrativas e os papéis existentes com inventividade.
  Marcus: Sou formado em Comunicação Social e Artes. O Bacharelado
Interdisciplinar em Artes da UFBA. Sempre tentei encontrar alguma
Isaac Donato forma de expressão que me ajudasse a existir de uma maneira mais
Diretor – Açucena honesta. Aos poucos, fui entendendo que isso poderia acontecer
através do cinema. Tenho usado as minhas falhas experiências no
Palavra e imagem, em aglutinação, constituem a minha formação e mundo para tentar entender o que está acontecendo também ao nosso
percepção de mundo. Pós-graduado em Comunicação Social, faço redor e tenho tido muita sorte e colaboração de muita gente brilhante.
da linguagem cinematográfica um vetor que me possibilita o desafio O cinema proporciona isso.
de instituir e fazer aceitar uma realidade interpretada. Desde o meu
primeiro curta, Visita Íntima: Revista Corporal (2007), que também
estreou na 10ª Mostra de Cinema de Tiradentes, já recorria a temáticas Joana Oliveira
mediadas pela palavra (ou verbal ou oral), mas transmutadas pela Diretora – Kevin

imagem em movimento.
Sou formada em Comunicação Social pela PUC-Minas e em Direção
No cinema, interessa-me o jogo narrativo de duas forças, o real e o de Cinema pela EICTV, Cuba. Fiz também mestrado em Cinema na
irreal, sem prevalências individuais, mas integradas. Os dois registros se UFMG, com o foco na obra do roteirista neorrealista italiano Cesare
amalgamam em continuidade, no meu processo de contar histórias que, Zavattini e seu processo criativo. Fiz também um intercâmbio na
geralmente, prefiro entender como extratos de biografias individuais. Universidade de Cinema alemã Konrad Wolf. Mas minha formação
Afinal, como sinaliza a sociologia, toda biografia só é objetivamente passa por ver muitos filmes, frequentar festivais, mostras de cinema
real na medida em que há o reconhecimento coletivo – sobretudo, da e cursos livres, além de ter trabalhado com profissionais que me
recepção fílmica, dessa figura sensível do espectador. ensinaram muito durante a feitura de trabalhos em videoarte, curtas,
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA AURORA 102

longas e televisão. Desde pequena sempre assistia a muitos filmes, Melissa Dullius e Gustavo Jahn
adorava ir em locadoras de filmes e ler os resumos nas cartelas de Diretores – Oráculo

cartolina recortadas. Mais ainda, gostava de ir aos cinemas de rua.


Quando estava na faculdade começaram a aparecer mais festivais Nossa formação no cinema é autodidata. Melissa é formada
e mostras de cinema e vídeo em Belo Horizonte e, ainda não sabia em Letras pela UFRGS, e Gustavo cursou Artes Cênicas (Udesc),
como, mas queria trabalhar na área. O entendimento de que eu Comunicação Social, e Filosofia (UFRGS), sem completar os cursos.
tinha algo para contar, para filmar aconteceu aos poucos. É parte de Nos encontramos em Porto Alegre em 1999 e foi no campus da
um processo de se entender como artista. Eu queria filmar o mundo universidade que começamos a falar sobre fazer cinema. Um
e contar histórias, mas não sabia se era relevante ou se era apenas coletivo se formou, Sendero Filmes. Entre 2000 e 2004 rodamos
uma vontade. Quando essa vontade se tornou incontrolável e cada uma série de curtas em Super-8. Em seguida formamos um segundo
projeto uma parte de minha vida, senti que o cinema era uma forma coletivo, Avalanche, a partir do qual produzimos exposições, cursos
de expressão que me competia. e o curta em 16mm Éternau. No fim de 2006 fizemos a travessia
para a Alemanha. Em Berlim participamos da fundação de um
laboratório de cinema gerido por cineastas e artistas trabalhando
Aurélio Aragão, Gustavo Bragança e Rafael Spínola com película. O LaborBerlin, enquanto base cooperativa, mostrou
Diretores – O Cerco caminhos e formou muito o nosso trabalho. A película 16mm assumiu
um protagonismo na criação, a pesquisa estética e narrativa se
Gustavo: Graduado em Cinema pela UFF. Escolhi o cinema por meu revelaram elementos essenciais. Ao mesmo tempo, ampliamos a
carinho pela arte da animação, meu gosto por criar imagens e meu autonomia de produção. Nesse trajeto vamos aprendendo à medida
prazer em narrar histórias. que fazemos. Práticas de criação e ensino, e associações a coletivos
e redes formam as linhas através das quais nosso fazer acontece e se
Rafael: Graduado em Comunicação – Rádio e TV pela UFRJ. Escolhi expande. Fazer filmes foi algo que surgiu daquele primeiro encontro,
o cinema por me apaixonar pela experiência de sentar numa sala uma das formas de expressão possíveis, talvez a mais possível, pelo
escura e olhar por horas para a mesma telona que todos naquela que permite compartilhar a experiência de criar e de viver. Ver a vida
sala também estão olhando. O cinema precisa de muita gente e me pelo cinema, o cinema pela vida, viver cinema.
interessa o compartilhamento.
 
Aurélio: Me formei em Cinema na UFF, onde felizmente conheci Rogério Sagui
Gustavo e, anos depois, tive o prazer de conhecer o Rafael em um Diretor – Rosa Tirana

laboratório de Roteiro na UFRJ. Faço parte de uma geração que


aprendeu a intuir o que sente assistindo a filmes. Foram eles que Sou graduado em Serviço Social e escolhi o cinema para contar
me orientaram pelos meus afetos na infância, na adolescência e histórias universais, através de narrativas baseadas em uma estética
seguem ainda hoje nesse trabalho. Aí, quando chegou a hora de me poética e onírica. O cinema traz uma paz enorme para a minha alma,
exprimir, foi muito natural imaginar que o cinema era um caminho faz com que eu consiga transitar por vários segmentos artísticos e
possível pra desaguar afetos. condensar todos eles em um balaio de sons e imagens.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA AURORA 103

2) Quanto aos processos de criação, as outras artes Isaac Donato


(música, artes visuais, teatro, poesia) influenciam Diretor – Açucena

o seu trabalho? Em que aspecto? Relate como isto


acontece. O cinema deriva desse conjunto de expressões artísticas, sim, mas deve
preservar a sua essência, logo de largada: a planificação das imagens,
Ana Johann os enquadramentos e angulações. É com esses artefatos que a direção
Diretora – A Mesma Parte de um Homem acaba por estabelecer seus deslocamentos. E mais: acredito ainda que
tudo isso, fora de tom com a ideia decomposição e montagem, perde
A relação que tenho com o teatro é de pensar histórias que se sua verdade estética.
passam em um espaço. Agora algo que tem me afetado em todos
os trabalhos e estudei a fundo na minha dissertação de mestrado Podemos dizer que, com a chegada do som, o cinema se aproximou ainda
é a construção do poético no roteiro cinematográfico, entendendo mais do teatro – até porque o centro de gravidade de um filme é, também,
a poesia como o lugar de dar outras funções para os elementos do a encenação. Porém, sempre atento para a forma de expor os fatos, de
mundo além das funcionalidades universais. Me incomodava que modo que a cinematografia esteja em superposição; do contrário, no
os estudos acerca da poesia eram geralmente sobre a direção e a lugar de um filme, estaria realizando uma narrativa audiodocumental,
fotografia do filme e assim comecei a pensar por onde passava essa uma radionovela, um programa de rádio ou mesmo um podcast.
questão no roteiro. Na dissertação, além de outros filmes, analiso
principalmente a figura da pomba do filme Amor, do Michael Haneke. É preciso um acordo entre as artes, para que consigamos colocar, em
Antes desse estudo eu já vinha flertando com a poesia no meu curta quadro, uma expressão de sentimentos e de um ideal. Nesse sentido,
híbrido Notícias da Rainha, onde eu falo de uma rainha da era do apraz-me a ideia de “tempo”, dentro da filosofia africana, no sentido
rádio em Curitiba, a Lúcia Cecília Kubis, e uso o espaço simbólico do tratado pelo professor Muniz Sodré: um sistema simbólico, mecanismo
teatro para falar das suas memórias. Agora em A Mesma Parte de um de equilíbrio e harmonia, eterno movimento coletivo de trocas – dar,
Homem existem alguns elementos que são desdobrados ao longo da receber, restituir, reinventar.
trama – o sapo, o cachorro, a batata. O sapo e o cachorro nasceram
ainda no roteiro, mas o cachorro foi expandido também na pós-
produção de som com a Débora Opolski, assim como a narrativa de Leon Sampaio e Marcus Curvelo
um som de um pássaro para a protagonista. Também existe um outro Diretores – Eu, Empresa

elemento que nasceu totalmente na pré e durante as filmagens, que


é a batata. Em uma cena ela é um alimento que é ignorado, em outra Leon: Em Terra em Transe há uma frase que condensa as tensões de
é dada para o cachorro comer e depois ela ressurge em uma cena Glauber e do seu protagonista: “A política e a poesia são demais pra
que eu particularmente gosto muito e nasceu na pré-produção, um só homem”. Essa frase me marca muito porque, embora a política
que chamo de utópica, que é quando os três – Renata, Lui e Luana seja preponderante nos meus processos de criação, frequentemente
(Clarissa Kiste, Irandhir Santos e Laís Cristina) estão evocando pela recorro à poesia como uma busca interior, uma forma de escape ou
batata uma memória da cultura alemã. imaginação de outros mundos possíveis. Essa busca ocorre também a
  partir da música e das artes visuais, mas a minha escuta considero um
tanto precária, então tendo a privilegiar mais as canções, a letra, o que
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA AURORA 104

considero ruim pros meus processos criativos, pois tendo a literalizar mulheres, diferente de Kevin, que é um filme sobre uma viagem.
muito. Em relação ao teatro, eu sou bem desatento. Quando vim morar Mas, no fundo, também é sobre uma relação de uma vida inteira,
em Recife, passei a frequentar e conhecer mais de teatro, mas ainda então me conectava com os caminhos dessas narrativas, com a
assim tenho pouco repertório e, em consequência disso, a influência é complexidade das histórias, suas camadas e questões apresentadas.
bem reduzida nas minhas obras.

Marcus: Sou muito influenciado por artistas que conseguem expor Aurélio Aragão, Gustavo Bragança e Rafael Spínola
suas vulnerabilidades e que conseguem existir em suas mais honestas Diretores – O Cerco

formas. São muitos. Descobri a obra do artista conceitual Bas Jan Ader
em 2019 e fiquei bastante mexido. Ele morreu no meio de seu último Gustavo: Nenhuma influência se dá de forma consciente – mas talvez
trabalho, In Search of the Miraculous, tentando atravessar o oceano em haja alguma busca irracional por afinidades.
um pequeno barco. Jonas Mekas e Chantal Akerman também. Sempre
choro quando vejo os seus filmes. Há uma urgência, como se aqueles Rafael: Minhas referências mais diretas vêm mesmo do cinema. No caso do
textos, quadros e filmes fossem os últimos de suas vidas e não há mais Cerco, me vêm à cabeça os filmes de Haneke e os filmes de Teddy Williams.
nada depois. Você escreve, performa ou filma a última coisa da sua vida,
porque você precisa, e depois você morre porque não há nada mais a Aurélio: Na origem, O Cerco bebeu na fonte de algumas imagens e
ser feito. E depois você morre de novo e de novo. premissas do Dostoievsky, sobretudo Crime e castigo. Muito mais como
inspiração do que uma pretensão de adaptação. Mas, pra ser justo, acho
que a gente também foi muito provocado pelas imagens e cenas das
Joana Oliveira redes sociais à época do país convulsionado em 2013 e o que se seguiu
Diretora – Kevin dali. A gente foi muito tocado pelo trabalho de Mídia Ninja, Jornalistas
Livres etc. Mas também transtornado pelos registros das redes da
É interessante pensar na influência de outras artes em meu trabalho, ultradireita, em que o bolsonarismo, o olavismo e outros tenebrosos
porque ela não acontece de maneira óbvia. Às vezes estar presente “abismos” iam ganhando protagonismo.
em uma manifestação artística me conecta com uma parte de
um projeto em que estou trabalhando de uma forma totalmente
inesperada. É meio como a vida mesmo, você entra em uma peça Melissa Dullius e Gustavo Jahn
de teatro ou num concerto de música e se vê pensando em uma Diretores – Oráculo

situação particular que está refletida ali em sua frente ou se sente


conectada por uma sensação que aquela obra criou em você. Durante Desde o início, talvez por trabalharmos em contextos coletivos,
a feitura de Kevin, li três livros com protagonistas africanas que me sempre tivemos contato com perspectivas, propostas e práticas
faziam pensar no meu projeto, apesar de eles não se relacionarem artísticas diversas. O que sempre nos interessou foi a poesia. Não
diretamente com a proposta do filme. Eram eles Nossa Senhora do necessariamente na forma de poema escrito, mas sim o gesto
Nilo, de Scholastique Mukasonga (Ruanda), Um defeito de cor, de poético, que pode acontecer em qualquer forma de expressão
Ana Maria Gonçalves (Brasil), e Americanah, de Chimamanda Ngozi artística, como também na vida, sem estar dentro de uma forma
Adichie (Nigéria). Os três contam trajetórias longas das vidas dessas conhecida. Tivemos uma banda em 2005 (Autobahn) e depois disso
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA AURORA 105

passamos a fazer trilhas pros nossos filmes (duo Distruktur). O Ana Johann
gosto pela aventura sempre esteve presente. Daí à prática de cruzar Diretora – A Mesma Parte de um Homem

fronteiras, mais ou menos clandestinamente, foi um passo. As artes


visuais são o campo fértil para isso, pois gênero, duração e aparência No meu caso, as ideias nascem muito de incômodos e quando eu
podem ser mais fluidas que no cinema, que é mais popular, porém comecei a pensar nesta história era sobre uma mulher que sofre de
mais rígido em suas categorias. O teatro é para nós a base, é ali que amnésia e um homem diz para ela quem ela é, ocultando informações.
o gesto poético brilha com mais força. O encontro com Juarez Nunes, Acredito muito na escrita como possibilidade de intuição, razão e
que protagoniza duas cenas em Oráculo, foi na Faculdade de Artes subversão. Intuímos, vomitamos e depois analisamos o que estamos
Cênicas. A sua presença em cena e a sua visão do ator como corpo escrevendo com conhecimento de dramaturgia. De certa forma,
performático nos influenciaram desde o princípio e nos inspiram, quando comecei a pensar nessa mulher com amnésia, eu me sentia
tanto que ele é parceiro constante há duas décadas. Luana Raiter é assim nessa época, mas não tinha total consciência disso. Foi só em
da mesma geração, estudou teatro em Florianópolis e forma o núcleo 2012 que subverti para um homem que tem amnésia e uma mulher
do Erro Grupo, com Pedro Bennaton. São os pais de Alice Bennaton, diz a ele quem ele é, mesmo sem conhecê-lo. Além disso, cresci em
que faz a sua estreia no cinema. uma vila rural observando mulheres e vendo minha mãe ficar às vezes
sozinha com os filhos e com medo de que algo invadisse nossa casa.
Se na cidade já é difícil para as mulheres, imaginem no campo, onde
Rogério Sagui elas estão geralmente sozinhas e os papéis são mais intensificados
Diretor – Rosa Tirana ainda. Queria também tirar o campo desse lugar idílico da imaginação
das pessoas, onde muitas vezes se realça a beleza das paisagens, mas
Várias linguagens artísticas influenciam diretamente a minha forma se esquece das relações familiares e seus códigos de ficção. E era
de narrar histórias no cinema. Tenho uma relação direta com a trilha fundamental também passar pela questão da sexualidade, porque não
sonora, isso pelo fato de ser um músico percussionista e ter tocado acredito que uma mulher possa ser autônoma submetendo seu corpo
em várias formações musicais como rap, forró e afrobeat. Muito das apenas ao desejo do outro. Comecei a desenvolver o roteiro no Núcleo
escritas de meus roteiros é impulsionado por alguma música que Sesi de Roteiros, depois passou pelo Lab Sesc Novas Histórias e, em
vai regendo meu processo criativo. No meu primeiro filme de longa- uma conversa com o Aly Muritiba, falei sobre o roteiro e ele levou para
metragem, o Rosa Tirana, eu acabei compondo a música original do o Grafo Audiovisual, que resolveu investir no projeto com o produtor
filme, que é interpretada brilhantemente pela rainha Elba Ramalho. Antônio Junior. Em 2015 outra roteirista se somou, a Alana Rodrigues,
e o projeto ainda passou pelo Frapa e o Cabiria antes de conseguir o
edital de realização.

3) Existe sempre uma dimensão insondável de como


uma artista ou um artista dá forma e sentido a seus Isaac Donato
processos de criação. Mas sempre existem os pontos de Diretor – Açucena

partida que alimentam o desejo da expressão artística.


Quais foram os ímpetos iniciais para a criação do seu Açucena rememora, na verdade, a minha infância. Provém da relação
filme e seus processos de realização? com minha avó materna de 102 anos e três tias minhas (em memória de
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA AURORA 106

duas delas). Em comum, todas elas mantêm princípios que, dentro da crítica do empreendedorismo de si mesmo, eu tinha muito interesse
liturgia negra, se configuram como a necessidade humana de produzir na performance desses empreendedores, sobretudo, dos youtubers e
um mundo próprio, colocando-se em dia consigo mesmo, realizando instragrammers. Nessa época, por volta de 2017, eles se multiplicavam
festas e reverenciando o passado (mas com os pés no presente). Uma nas redes com discursos de positividade e vitória, e outros grupos com
atmosfera, porém, de muito mistério. Essa facticidade compartilhada falas emotivas, frágeis, em que justificavam seus erros a partir de uma
sempre me inquietou. defesa da autenticidade. Aos poucos, fui me dando conta dos padrões de
comportamento e de como pessoas do meu entorno adotavam muitas
Trazer à tela a experiência da nossa protagonista Guiomar Monteiro dessas posturas. O primeiro argumento do filme surgiu nesse período,
começa, também, com a corroteirista e produtora desse filme, Marília como um desdobramento do meu trabalho anterior, o documentário
Cunha, a quem passo a palavra: – Conheci D. Guiomar em 2016, quando Gente Bonita, em que propus a uma série de pessoas filmarem suas
estava fazendo uma pesquisa para um outro projeto audiovisual. Como experiências em pau de selfie nos camarotes do Carnaval de Salvador.
cineastas, estamos sempre apreendendo outros mundos como uma Aí quando fui morar com Marcus, passamos a conversar muito sobre a
realidade dotada de sentido. E essa interiorização começa com o fato de influência das redes sociais nas nossas vidas, em como nos sentíamos
assumirmos o mundo no qual os outros já vivem. Esse mundo, uma vez impelidos a postar novidades, a compartilhar nosso cotidiano. A partir
assumido, pode ser modificado de maneira criadora. Contei essa história desse diálogo intenso, a proposta do filme começou a tomar outra
para Isaac e descobri pontos de conexão com a sua biografia. Desde forma. Ele vinha realizando uma série de curtas explorando a autoficção
então, passamos a compreender a subjetividade da nossa personagem e tinha vontade de fabular algo dentro desse universo da internet e do
e o seu mundo tornou-se o nosso próprio. Só após essa constatação empreendedorismo. Quando surgiu o edital de audiovisual na Bahia com
chegamos ao momento de criar e fazer um filme. a categoria de Documentário para Jovens Empreendedores, achamos
que seria uma ótima oportunidade de reescrever o argumento e
submeter o projeto. Marisa Merlo, nossa produtora executiva, colaborou
Leon Sampaio e Marcus Curvelo bastante nesse período, e após o projeto aprovado, Amanda Devulsky
Diretores – Eu, Empresa contribuiu muito também, trazendo inúmeras novidades acerca dos
influencers e dos nichos da internet.
Leon: O ímpeto inicial para o Eu, Empresa surgiu a partir do momento em
que passei a ver muitas matérias e conteúdo nas redes sobre o fenômeno Marcus: A experiência da autoficção nos meus trabalhos certamente foi
do empreendedorismo de si mesmo. A maioria desse conteúdo tinha um dos impulsos. Principalmente desde os curtas Mamata e Joderismo,
uma abordagem positiva, e isso de alguma forma me provocou, porque quando contribuí com a cineasta brasiliense Amanda Devulsky. Desde lá,
muitas pessoas do meu círculo social e do campo da esquerda também viemos delineando o alter ego Joder, protagonista (e também alter ego)
estavam lendo o fenômeno de uma maneira positiva, sem compreendê- do personagem Marcus nesse filme. Lá por 2017, como bem falou Leon,
lo dentro de um arranjo da arquitetura do capital. A leitura que eu fazia estávamos todos meio arrebatados por essa torrente de influenciadores,
e ainda faço é que essa onda empreendedora consiste numa forma empreendedores de si, e tudo estava envolto por uma onda meio
atualizada do projeto neoliberal, com fins além de econômicos, também doida de positividade mesmo. Quando ele trouxe o argumento, diante
morais, como a propagação de valores individualistas e meritocráticos, do edital que estava aberto na época e que tinha a categoria Jovens
bem como sociais, como a desestabilização dos sindicatos e a Empreendedores, ficamos animados com a possibilidade de fabular a
precarização do trabalho em larga escala. Articulada a essa leitura história da tentativa de transformar este meu alter ego, o Joder, em um
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA AURORA 107

empreendimento, um youtuber. Daí chamamos a Amanda, que desde Aurélio Aragão, Gustavo Bragança e Rafael Spínola
a pesquisa e o argumento construiu conosco esses conflitos centrais Diretores – O Cerco

do personagem e do filme. A Marisa Merlo, nossa produtora executiva,


também foi bem importante nesse início. Em seguida, convidamos a Gustavo: O ano era 2013. A gente escutava os helicópteros sobrevoando
Camila Gregório, com quem tínhamos muitas afinidades artísticas, e por perto de casa, da polícia ou da imprensa. De longe ou de perto, as
fechamos a nossa equipe de roteiro. explosões das bombas de “efeito moral” e as de gás lacrimogênio, além
dos tiros de borracha ou de munição letal. Seguíamos as manifestações
de perto para tentar entender os impulsos vários que se atravessavam
Joana Oliveira ali. Encontrávamos a repressão policial. Víamos o desejo por mais
Diretora – Kevin democracia, num país de tão breve história democrática, reverberar em
eco torto no desejo pela morte da democracia. Víamos a ascensão de um
Kevin é um filme que nasce do meu desejo de ver a minha amiga e de conservadorismo abertamente violento e opressor, moralista, saudoso da
celebrar a amizade. Kevin e eu nos conhecemos em 1999, quando eu fui ditadura militar. Víamos uma imprensa omissa, que dava espaço para essa
passar um tempo na Alemanha como babá de uma menina. Estando aí, onda crescer. O filme surgiu como uma inquietação, um desassossego.
entrei em um curso de alemão em uma universidade como ouvinte e a
conheci. Nos tornamos amigas. Depois, em 2005, eu fiz um intercâmbio Rafael: O Cerco nasceu de um sentimento de angústia compartilhada pelo
com uma universidade na Alemanha e Kevin continuava morando no avanço do conservadorismo, da repressão policial e da memória distorcida
país. Pudemos então nos reencontrar. No início de 2013, eu estava da ditadura de nosso país. Um filme-museu das resistências no meio de
organizando minha festa de casamento e escrevi a Kevin pedindo- um Brasil tomado por manifestações amorfas foi a forma que inventamos
lhe que viesse ao Brasil. Fazia anos que não nos víamos, apesar de de fazer alguma coisa.
seguirmos muito próximas. Kevin não poderia vir, sua primeira filha era
pequena e ela não tinha o dinheiro. Imaginei, então, um filme em que Aurélio: Acho que o Rafa e o Gustavo colocaram muito bem. A angústia
nós nos reencontrássemos. Éramos tão amigas e, ao mesmo tempo, compartilhada e as bombas de gás e de efeito moral explodiram na nossa
fazia tanto que não nos víamos! Por que nos sentíamos tão próximas? cara como o retorno do recalcado. A conta altíssima do autoritarismo que
O que poderia ter mudado em nossa relação com a idade? A vida adulta a ditadura encarnou institucionalmente e que a gente nunca pagou veio
tornaria nossa amizade mais fria? Como ela se sentiria vindo ao Brasil? (e segue vindo) na forma de um Estado de Polícia que substitui a ilusão de
Essas foram as perguntas iniciais de um filme que mudou seu destino. um Estado de Direito que a gente ainda não chegou perto de concretizar. A
Kevin voltou a morar em sua terra natal e, em vez de ela vir ao Brasil, experiência da violência cotidiana absurda que a gente tenta pateticamente
eu fui para Uganda. E então o filme se transformou, a jornada para um acochambrar foi o que impulsionou a gente a filmar O Cerco.
novo país passa a ser minha (antes eu tinha imaginado uma jornada
mais centrada na personagem Kevin), eu tive que assumir minha
presença no filme de forma mais contundente. Virei protagonista do Melissa Dullius e Gustavo Jahn
filme e trouxe meus dramas mais pessoais para a narrativa. O percurso Diretores – Oráculo

do filme traçou um caminho diferente da ideia inicial, entretanto, o


coração do projeto seguiu igual: é um filme sobre uma amiga ajudando Do ponto de vista formal, Oráculo experimenta com a duração enquanto
a outra a estar no mundo. fenômeno sensível. Cada cena compreende uma ação que é delimitada
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA AURORA 108

no tempo e no espaço pela câmera e pelo rolo de filme. A câmera que – 4) O cinema é um trabalho coletivo e o diálogo com as
ao ser disparada e começar a rodar – marca o início, vai marcar também diversas áreas técnicas é constitutivo do processo de
– ao parar, assim que o fim do filme passa pela janela de exposição – escritura fílmica. Comente sobre as contribuições e o
o fim de toda a ação. Cada cena foi pensada e ensaiada para “caber” trabalho colaborativo com a equipe do filme.
em aproximadamente 10min, tempo de filmagem de um rolo inteiro de
película 16mm. Nenhuma cena foi repetida. Cada cena funciona como Ana Johann
um núcleo independente e os personagens do filme não se comunicam; Diretora – A Mesma Parte de um Homem

ainda assim, há algo que os une: é a duração que compartilham.


O que nos levou a rodar o filme era ver como isso resultaria, a união Acredito muito no roteiro cinematográfico como um documento vivo
desses blocos de tempo com suas potências formando um todo do que precisa sim reter já um bom desenvolvimento de personagens
qual algo não dito, mas sentido, emana. A narrativa poética se constrói e trama, mas ao mesmo tempo expandir com a soma de outros
ao retornarmos a um lugar que conhecemos, mas antes do ponto colaboradores que chegam quando o roteiro está pronto para a
que começamos a conhecê-lo realmente. Retornar a um lugar que próxima etapa. São muitas as pessoas que colaboram para tirar as
conhecemos intimamente, num momento da existência desse lugar ideias do papel e materializar em um filme, a começar pelos atores
anterior ao da nossa própria existência. É a ideia recorrente do cinema que vão ler os personagens e dar vida a eles. Foi com o preparador de
como máquina do tempo, que permite, através da ficção, penetrar elenco René Guerra que os atores começaram a pensar sobre o que
o tempo e o espaço para realizar travessias, revelando o passado e estava posto inconsciente no roteiro e acrescentar outras camadas.
projetando o futuro. É disso que trata o Oráculo do título, das imagens A diretora de arte, Fabíola Bonofiglio, não só pensou nesses espaços
que se enunciam para serem decifradas. como também materializou os cachorros na parede do quarto da
Luana, como a própria pomba do filme Amor, que expande da presença
à figura. A figurinista Isbella Brasileiro trouxe uma mudança de cor
Rogério Sagui no figurino da protagonista, que vai mudando conforme o estado
Diretor – Rosa Tirana emocional dela, e Hellen Braga, a diretora de fotografia, encarnou
também a própria câmera que é móvel, que está tateando a história
No filme Rosa Tirana o processo criativo surgiu em uma madrugada... e precisa estar em sintonia com esse espaço e com os personagens.
Eu tive uma espécie de sonho com a história dessa menina Rosa de O cinema é coletivo e acredito que todas as funções têm seu valor,
dez anos de idade que atravessava todo o Sertão da Bahia em busca de mas ainda assim sou por um cinema de ficção onde é necessário o
um milagre. Acordei e fui logo rascunhar o que seria a minha primeira espectador acreditar naquela história e para isso é preciso construir
ideia do roteiro. Meu processo criativo sempre parte de alguns um bom roteiro e também dar muito espaço aos atores. Muitas vezes
pensamentos nostálgicos ou devaneios noturnos que fazem com a gente passava a decupagem geral e os atores vinham com ideias
que eu vá buscando aos poucos o entendimento dessas narrativas que eu e Hellen acabávamos adaptando à cena porque eram eles
que surgem. Nunca consegui estabelecer muitas metas de escritas, que estavam vivendo aquela história naquele espaço específico e foi
eu sempre deixo as histórias ditarem seus ritmos dentro dos meus muito bom ter uma fotógrafa no set que tinha esse entendimento.
processos criativos. No set de filmagens, por mais que tenhamos uma
decupada do que vai ser produzido, eu sempre deixo a liberdade posta
como um pilar dos meus trabalhos.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA AURORA 109

Isaac Donato do filme. Os departamentos de fotografia, som e arte contribuíram


Diretor – Açucena bastante também, sobretudo porque souberam propor alternativas ao
nosso orçamento apertado. Em relação à troca com os montadores,
Nestes tempos em que a covid-19 impõe mudanças nas relações sociais, finalizador de imagem e supervisores de edição de som, o processo foi
a realização de Açucena representa a antevisão desse cenário, mesmo bastante complexo e desafiador, porque quando iniciamos essa fase já
que a gente tenha rodado nosso filme poucos meses antes da pandemia. estávamos vivendo a pandemia do coronavírus. Foi uma experiência
nova, de horas de conversa virtual, principalmente com Marcus, porque
Um set ritualístico. É assim que posso defini-lo, considerando a própria estávamos em cidades diferentes. Quando enfim nos encontramos,
ecologia da locação e o comportamento da nossa enxuta equipe: muito trabalhamos na montagem intensamente. Esse período presencial foi
silêncio, tempo de espera, empatia e disciplina na caminhada por bem importante, porque achamos muitas soluções para a montagem
um ambiente tão asséptico, mas que se assemelha a um cenário de filmando com o celular, realizando cenas adicionais.
estúdio, construindo-se uma relação muito familiar com um elenco,
genuinamente familiar: uma mãe, uma filha e uma neta, principalmente. Marcus: Novamente, sempre tive muita sorte por ter colaborado com
profissionais incríveis, desde as primeiras coisas que tentei fazer. A
Além de ser o meu primeiro longa e também da minha parceira Marília colaboração com Leon, desde o início, me fez aprender muito. Mesmo
Cunha, é também o trabalho de estreia nesse formato do Flávio (e principalmente) nas discordâncias. Também já dialogava há alguns
Rebouças, diretor de fotografia, com quem estabelecemos grande anos com Marisa. Já tínhamos muitas afinidades criativas e foi uma
identificação. No som, contamos com Haydson Oliveira e sua delicada sorte grande tê-la nesse processo. Bianca Muniz, assistente de direção
captura (principalmente da natureza), complementada pela mixagem no filme, colabora comigo há mais de dez anos e nos entendemos
minimalista de Lucas Coelho, além da trilha orgânica de O Grivo. Na muito bem criativamente. Ela tem sido roteirista, produtora executiva,
montagem, Andressa Santos e Marcos Lé, que tanto compreendem o assistente de direção, codiretora, fotógrafa e até atriz de tantos
nosso processo de decupagem e roteirização. Ademais, cabe revelar projetos, e é um privilégio grande trabalhar com ela. Em 2011, eu
que 98% dos componentes são negros, exercendo funções de liderança e Bianca entramos para o Cual – Coletivo Urgente de Audiovisual.
em suas áreas, algo tão raro nas estruturas do cinema nacional. Conhecemos Ramon Coutinho, Danilo Umbelino, Francisco Gabriel Rego
e Luan Santana Marques e formamos o coletivo. Logo depois entraram
Carlos Baumgarten, Bruno Guimarães e Álvaro Andrade. O próprio Leon
Leon Sampaio e Marcus Curvelo fez parte do coletivo nos últimos anos e todos nos aproximamos muito.
Diretores – Eu, Empresa Com o tempo, alguns de nós seguimos outros projetos de carreira e
vida, mas este filme é resultado também dessa imensa colaboração de
Leon:  Como apontei anteriormente, o argumento nasceu de um 10 anos. Para além desse processo colaborativo de uma década com
processo de bastante diálogo e colaboração. Nas fases seguintes, de o coletivo, iniciei a parceria criativa com Amanda Devulsky, em 2017,
escrita do roteiro, produção e montagem, o trabalho também foi intenso que foi definidora para a minha trajetória, a partir da realização de
e de muita troca com a equipe. Convidamos duas mulheres para dividir meus últimos e mais reconhecidos trabalhos para o cinema. Amanda
a escrita do roteiro conosco, que tinham vastíssimo repertório sobre escreveu, montou e fotografou comigo os meus últimos curtas,
o universo dos influencers e que colaboraram bastante nesse sentido, Mamata e Joderismo, além de ter tido imensa contribuição neste longa,
inclusive, de indicar personagens reais, que acabaram participando como já colocamos. Pudemos também conhecer e trabalhar com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA AURORA 110

pessoas que já admirávamos de outros trabalhos, como a técnica de Aurélio Aragão, Gustavo Bragança e Rafael Spínola
som Marcela Santos, a diretora de produção Thamires Vieira, o fotógrafo Diretores – O Cerco

Victor de Melo, a roteirista (e realizadora) Camila Gregório, o finalizador


(e realizador) Pedro Maia, o montador (e realizador) Fred Benevides, Gustavo: Nosso filme é inteiramente colaborativo, realizado sem
os atores Aristides de Sousa (Juninho) e Thiago Almasy, o gaffer Pedra, recursos externos, apenas com nossos recursos pessoais e o apoio e
entre tantas outras pessoas incríveis que nos ensinaram muito. amizade de muita gente que aceitou embarcar nessa jornada, que, no
final, durou sete anos. Todos os que deram sua contribuição em qualquer
função no set ou nos bastidores, na pré ou na pós, são criadores. Nosso
Joana Oliveira filme é uma obra coletiva, improvisada coletivamente, um ensaio diante
Diretora – Kevin das câmeras, uma experimentação de possibilidades, e ele só é possível
por isso, por termos tantas mãos cuidando dele.
Um filme tão pessoal quanto Kevin pode parecer um trabalho artístico
mais fundamentado somente na presença da direção, entretanto, Rafael: O Cerco é um filme de equipe, feito com muito improviso,
esse foi um dos trabalhos que mais vivenciei a colaboração criativa de colaboração e o mínimo possível de hierarquia. A equipe do filme toda
uma equipe totalmente entregue a um projeto. Existia uma premissa topou entrar no projeto sem grana porque acreditou no que estava
que consistia em celebrar uma amizade de anos, mas havia também sendo feito e por isso fez também.
a vontade de filmar de uma maneira específica, em que Kevin e eu
fôssemos retratadas como personagens de ficção dentro de uma Aurélio: Rafael, Gustavo e eu somos três roteiristas de formação e
narrativa documental. Chegar ao resultado que temos hoje só foi prática. Mas pra fazer O Cerco a gente teve certeza de que a única forma
possível porque eu pude contar com uma equipe em que confiava possível era uma dinâmica aberta a uma criação compartilhada, em
totalmente técnica e artisticamente. Eu estava em uma posição muito que a cada cena (ou situação filmada) a equipe e os atores inventassem
difícil, pois estava completamente envolvida emocionalmente com a junto com a gente o que ia acontecer. Isso seguiu assim, de um jeito
história do filme. Eu estava roteirizando e dirigindo a mim mesma ao radicalmente orgânico na montagem, finalização… O Cerco só existe
mesmo tempo que atuava e isso foi muito duro. Eu também tinha que porque foi uma experiência de criação colaborativa.
falar em inglês, que não é minha língua materna, e ainda conseguir
que Kevin embarcasse nessa loucura de filmar. Foi uma entrega árdua
e nos momentos mais fortes o filtro era minha equipe. Isso aconteceu Melissa Dullius e Gustavo Jahn
o tempo todo: nos debates sobre a narrativa, durante as filmagens Diretores – Oráculo

e durante todo o processo de edição e pós de imagem e som. O


que mostrar? O que ocultar? Como criar a intimidade sem banalizar Em Oráculo cada cena foi filmada (imagem & som) por Gustavo. Pessoas
momentos? O que é importante para o filme? Quando há uma quebra próximas foram base e origem, equipe e apoio. Seja na assistência em
no pacto entre personagens reais e fictícios? E, sobretudo, havia uma um longo travelling (Diego Canarin); ou remando um barco para chegar
regra que a equipe e eu estabelecemos: o filme não é mais importante a uma pequena ilha (Reno Caramori Filho); ou ao trazer Aline Maya e
que a minha amizade com Kevin. Isso significa entender e respeitar os confeccionar o seu figurino, capa e bandeira de Santa Bárbara (Pedro
limites de uma entrega. MC), ou escolhendo a locação em Barcelona (Oriol Sánchez). Oráculo
não seria o filme que é sem esses encontros, e o apoio mútuo para criar
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA AURORA 111

com poucos meios. Os atores foram corroteiristas. Após combinarmos Ana Johann
cada cena, ensaiamos uma, duas vezes no máximo – moldando a ação Diretora – A Mesma Parte de um Homem

ao tempo do rolo de filme – e então se rodava, valendo. Isso deixou


muito espaço para fazer escolhas em cena, através de pequenos gestos, Acho que este tema de economia e criação pode ser pensado em
posturas, hesitações e movimentos. No Juarez isso aparece bem, pois vários aspectos, tanto aqueles que te favorecem a pensar em soluções
é alguém que já vem desenvolvendo esse trabalho com o corpo, mas como aqueles que te limitam a realmente ter uma outra qualidade
está presente também na Alice (Bennaton), que escolheu o seu quarto cinematográfica e que acaba afetando a obra. Quando escrevemos
como o espaço para tocar e cantar, está no olhar da Luana (Reiter), que temos muito tempo para pensar e o papel aceita tudo, mas quando
possibilitou que o filme atravessasse gerações e um oceano, e também estamos na pré-produção e gravação vêm as limitações que nem
no caminhar e no relato do Fernando (Goulart Jahn), pai do Gustavo. sempre são só da ordem financeira. Enquanto diretora, tenho que
Com Melissa, ao longo dos anos que esse filme e a parceria com Gustavo pensar soluções rápidas e eu acho que muitas vezes as limitações
condensam, elaborou-se um trabalho conjunto, remoto ou presente, me fizeram pensar em ideias melhores justamente por me forçar
um tipo de diálogo que abre perspectivas para a criação em coautoria a pensar em outra possibilidade e não ficar com a primeira que
com independência de atuação e total partilha. aparece. Encaro isso como um bom desafio e acho que realmente
temos que ter clareza do que é essencial no filme para lutarmos e
  aí entra um bom trabalho de diálogo, que neste caso foi com o
Rogério Sagui produtor Antônio Júnior, onde estávamos sempre pensando em
Diretor – Rosa Tirana muitas questões conjuntamente. Agora o que é um pouco mais
difícil de lidar, depende de orçamento e afeta muitas vezes a obra é a
Sempre tive muita facilidade para trabalhar coletivamente. Na locação de equipamentos, iluminação e também tempo de gravação.
produção desse longa, Rosa Tirana, já fui convocando uma grande As decisões de set precisam ser muito rápidas, senão começamos
equipe de voluntários para compor essa equipe do projeto. Apesar de a perder cenas e diárias e é na montagem que as limitações desses
ser um filme independente e quase sem grana, o trabalho coletivo fluiu recursos aparecem. Além disso, estamos vivendo novamente uma
bastante no set. Eu trabalho lado a lado com todos os profissionais da época difícil e isso faz com os projetos fiquem retidos e os próprios
equipe. Eu adoro compartilhar as minhas ideias com cada um deles realizadores deixem de ter mais experiências, porque é também pela
e ouvi diferentes opiniões sobre cada fragmento do trabalho, isso vai experiência da feitura que vamos nos tornando melhores.
da locação até o figurino. Dentro desse processo é preciso ser bem
observador e fazer com que cada um desses profissionais estejam
mergulhados na história, tanto quanto eu. Isaac Donato
Diretor – Açucena

A trajetória de Açucena inicia-se em 2017, quando fomos


5) Em uma economia cinematográfica cada vez mais contemplados no edital Bahia na Tela, com aporte financeiro da
restrita, a produção e o levantamento de recursos Ancine e do FSA. Com a seleção do projeto em laboratórios de
impõem desafios para a realização cinematográfica. desenvolvimento de roteiro e WIP, como o Diáspora Conecta / Brasil
Como se relaciona economia e criação? (2018), Campus Docs Barcelona / Espanha (2019) e o Território Labex
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA AURORA 112

/ Argentina (2020), percebi que o projeto tinha alcançado o nível de Marcus: Concordo com o Leon. Ando deprimido demais para elaborar
amadurecimento que buscávamos. algo a mais sobre este assunto. Posso compartilhar a minha carta de
intenção para um edital que perdi há um ano e meio atrás. Aqui vai: “Não
Mas foi em 2016 que tudo começou mesmo. Tomamos contato com consigo mais filmar, estou dizendo a verdade. E logo tudo vai acabar,
a história da Guiomar Monteiro, 68 anos, que sempre comemorava de novo. A Ancine, o país, tudo. E já se foram pelo menos três editais
seu aniversário de sete anos, todos os anos. Descobrimos que seu perdidos, apenas este ano. Ainda dá para viver até o meio de novembro,
cotidiano era marcado pela ideia de retrospecção (o passado que se se eu cozinhar filé de frango todos os dias, mas é isso. Quem sabe carré
modifica) e prospecção (fazer acontecer). e calabresa também. Final de novembro, talvez. Certa vez, disse para um
escritor que preferia escrever, que escrever era mais fácil, e ele tentou
Penso que, de certo modo, podemos associar esses dois estágios chutar a minha cara. Eu preciso desistir do cinema! Ajudem-me! Vai dar
temporais ao fazer artístico, num momento em que os agentes culturais certo! Já está acontecendo, posso provar. Tenho um livreto de contos
brasileiros vêm lutando contra a interrupção de políticas públicas que, sim, publicado e sou ex-cronista esportivo não remunerado do portal Radar
não deixaram para trás cinematografias até então pouco vistas (ou quase da Bahia. Está acontecendo! É o que faria se estivesse vivo em qualquer
nunca!). Esse filme, preciso reiterar, é fruto de um modelo de fomento outra era da humanidade, antes de inventarem a câmera. Se estivesse
à produção audiovisual concentrada na Ancine, desde a década passada. vivo no século XV, ou XVI, seria isso. Um trabalho em uma marcenaria e
Uma Ancine transparente, necessária, que possibilitou o surgimento de alguns livros publicados. É a natureza! Escrevi o meu primeiro conto no
novas produtoras e, consequentemente, de novas cosmologias. final do século XX, aos 13 anos, na minha escola, e foi a melhor coisa que
me aconteceu. Não sei por que andei fazendo filmes todos esses anos.
Isso foi errado, porque quando estava na sétima série, e escrevi aquele
Leon Sampaio e Marcus Curvelo conto em uma página de caderno, e meus amigos riram e gritaram,
Diretores – Eu, Empresa aquele foi o melhor momento da minha vida. Uma folha de papel e os
meus amigos me amavam. Uma única folha e o amor. É isso! Ora, tudo
Leon: Não há filme sem condições materiais para que ele ocorra. O bem! Talvez mais dois filmes. Tem a série, que já está toda filmada. E
cinema brasileiro passa por uma grave crise nesse momento, que, vamos fazer o corte de longa, por que não? E tem esse curta, que já
sabemos, é responsabilidade do Governo Federal e das suas políticas está quase todo filmado também. E o roteiro de longa. Tanto tempo
de corte para a cultura. É catastrófico o que está acontecendo, mas trabalhando nele. Mas nada além disso! Editais de literatura! Escrever
seguimos aqui, tentando exibir nossos filmes, da maneira como nos é todos os dias. Mas um dia, quem sabe. Um dia, talvez. Marcus Curvelo,
possível. Em relação ao Eu, Empresa, os desafios que enfrentamos para o ex-cineasta”.
a realização foram enormes, porque o orçamento com que contávamos
se destinava à realização de uma série de TV, com cinco episódios de
26 minutos. O corte de longa-metragem foi uma aposta que fizemos Joana Oliveira
e que tivemos que contar com apoios e parcerias para poder finalizar. Diretora – Kevin

Considero como uma das ações mais bem-sucedidas no planejamento


da produção a escolha de uma equipe técnica reduzida para os padrões Sendo uma diretora latino-americana de filmes independentes, é
de produção de cinema. Além de nos aliviar no orçamento, contribuiu impossível, para mim, para mim não pensar na relação entre o que crio
bastante para a agilidade da produção. e quero filmar com sua possibilidade de realização. E, em todos os meus
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA AURORA 113

projetos pessoais, fui também produtora além de diretora e roteirista. começou a ter suas atividades paralisadas até se transformar em uma
Eu sabia que Kevin seria um filme que demoraria a realizar. Como se agência que não consegue operar, como é hoje. O financiamento para
trata de uma relação de amizade entre mulheres de países diferentes, longas está parado no âmbito federal e também no estadual (no caso de
não haveria como fazer o filme com um orçamento muito pequeno. Minas Gerais). O panorama é desanimador, mas seguimos lutando para
Apesar da produção ter sido extremamente econômica e simples. Os transformar nossas ideias em filmes.
filmes independentes sempre dependem de um financiamento inicial,
então dependemos de políticas públicas e, no Brasil, nada é estável.
Então, ser paciente e incansável é um pouco minha política para Aurélio Aragão, Gustavo Bragança e Rafael Spínola
conseguir transformar uma ideia em um filme. Eu também escolho as Diretores – O Cerco

histórias que são mais factíveis. No caso de Kevin, eu tive a sorte de ter
como parceira e sócia no filme a experiente e criativa produtora Luana Gustavo: Apesar de termos feito um filme de “guerrilha”, sem recursos
Melgaço. Digo isso porque ela escolhe os projetos aos quais se associa. públicos diretos, acreditamos que a criação artística só é possível com
Kevin teve sua primeira versão escrita em 2013. Desde então, Luana a colaboração do Estado, de diversas formas, não apenas agenciando,
e eu travamos uma batalha para tentar o financiamento que acabou como diretamente fomentando e distribuindo recursos. Para se ter um
acontecendo em duas etapas. Conseguimos 20% do orçamento pela Lei cinema amplo e diverso, não podemos unicamente nos deter às leis do
de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte e filmamos uma parte do filme mercado, do consumo direto. É preciso criar espaço para que as obras
em 2017. No mesmo ano, fomos selecionadas em um edital da Ancine as mais diversas existam e, mais do que isso ou ao lado disso, para que
que cobriria o resto do custo. O desembolso saiu em 2019 e foi quando elas circulem – e, assim, efetivamente existam. Não se trata apenas de
pudemos filmar a segunda etapa e partir para a edição de imagem e uma questão quantitativa, de fazer um filme estourar nas bilheterias,
som. No ano passado, 2020, a finalização parou por vários meses por mas de fazê-lo ser visto mesmo que por um público restrito e, assim,
causa da pandemia da covid-19 e foi retomada só em outubro. Estrear ter efeito, sempre imensurável, sobre as pessoas que puderam assisti-
no início de 2021 fecha um ciclo de oito anos. lo – e, caso sejam muitas, tanto melhor. De todo modo, podemos dizer
que nosso filme só tem a cara que tem pelo fato de que não tínhamos
Acredito que é difícil financiar um filme no Brasil, mas houve um grandes recursos para realizá-lo; ele foi, assim, o filme que nos foi
momento muito propício durante o fortalecimento da Agência Nacional possível fazer. Mas também foi o filme que queríamos fazer. Em outros
de Cinema nos anos 2010. Principalmente para diretoras mulheres, isso termos, não nos foram vedados os recursos para realizá-lo, pois nem
aconteceu entre 2015 e 2017, quando a Ancine, na figura da diretora buscamos esses recursos; nós sabíamos o filme que queríamos fazer e
Débora Ivanov, começou a instituir comissões de seleção mistas. estávamos certos de que não dependermos de grandes recursos ou de
Houve um estudo sobre o caminho do financiamento de longas e essa cronogramas apertados, enfim, de todas as amarras de tempo, espaço
pesquisa mostrava que poucos projetos de diretoras mulheres eram e de grana, claro, era fundamental para chegarmos perto do que nos
financiados. Identificaram um gargalo grande nas comissões, que eram havíamos proposto a construir coletivamente.
sempre compostas por homens brancos. Essa mudança na comissão
de seleção e a adição de pontuação para filmes dirigidos por mulheres Rafael: Vivemos um momento muito complicado para a cultura.
já fez com que o resultado dos editais fosse muito diferente em termos Acreditamos que o poder público tem o dever de apoiar e financiar
de paridade de gênero. Estavam instituindo também a paridade de uma arte que se desloca das leis de mercado. Uma arte que vai
raça. Entretanto, tudo mudou nos últimos três anos, quando a Ancine explorar os limites da linguagem e pode abrir terreno para inovações
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA AURORA 114

até mesmo na indústria. Apesar de termos demorado para finalizar que estão em nosso meio…). São muitas as maneiras de se fazer filmes,
O Cerco, precisávamos começar quando começamos pela urgência e tais códigos e convenções viabilizam sistemas (o financeiro entre eles)
que sentíamos na época. Fizemos um filme sem dinheiro porque que algumas pessoas podem acessar. Mas é preciso ter consciência de
precisávamos fazer e em algum nível as limitações se tornaram um que filmes que participam da mesma cadeia de produção vão se parecer
potencial criativo, mas esse não deve ser o modelo. Trabalhamos com na forma, independentemente de onde são feitos. Historicamente os
cultura por uma paixão e urgência – e merecemos receber por isso. festivais de cinema têm ajudado nessa padronização, mas isso pode
estar mudando e uma maneira de fazer e mostrar mais plural, inclusiva,
Aurélio: O estado atual do cinema é sintoma de um momento histórico horizontal e local pode estar pintando por aí. Oxalá.
em que se fecham as possibilidades de articulação entre dinheiro e
experiência criativa em todas as áreas: arte, ciência, saúde, trabalho
comunitário, educação etc. A gente precisa sentir que a luta por Rogério Sagui
políticas públicas para o cinema (que são fundamentais) fazem parte Diretor – Rosa Tirana

de uma luta maior, pra que as pessoas possam escapar da ideia do


trabalho como condenação e possam experimentar um cotidiano mais Quando vou para um projeto desse, sempre estou procurando atalhos
vivo, interessante e aberto à criação. O setor do audiovisual vive uma criativos para driblar a falta de recursos financeiros. Aqui no interior
luta legítima por uma política estatal que viabilize um cinema original, da Bahia, os recursos destinados para as produções cinematográficas
diverso, inventivo e que encontre seu público. Mas essa luta tem que estão cada vez mais precários. No meio cinematográfico, pelo
iluminar e ser iluminada pela luta de outros setores. menos aqui na Bahia, é preciso ter um currículo muito bom para
adquirir recursos através de editais e empresas. No Rosa Tirana não
conseguimos nada disso, o recurso veio de ajuda de amigos, rifas e
Melissa Dullius e Gustavo Jahn festival de torta, gastamos da produção até a finalização uns 50 mil
Diretores – Oráculo reais, frutos dessas ações coletivas. Então a grosso modo você pode
ser criativo com dinheiro pra realizar, mas sem esse recurso você é
“Sem forma revolucionária não há arte revolucionária”, cravou obrigado a transbordar de criatividade. Tive muita sorte de contar com
Maiakóvski em 1917, celebrando a revolução e citando Lênin. É mais duas grandes participações, o mestre Zé Dumont, que veio como um
ou menos por aí que vemos a relação entre os filmes e a maneira de padrinho do filme e colaborou do roteiro à pós-produção, e a nossa
fazê-los. Nossos trabalhos têm como ponto de partida proposições, rainha Elba Ramalho, que veio para colaborar com a trilha sonora a
indagações e experimentos formais que se desenvolvem em narrativas convite do próprio Zé, seu amigo de longa data. Todos eles vieram por
de ficção. Narrativas que entram em cena e em choque com as formas, terem gostado da narrativa do filme.
dotando-as de emoções, doando-lhes um coração. A arte pela forma:
através da forma, por causa da forma. Mas se a forma é um espelho
da maneira de produzir e vice-versa, cada filme deveria ter uma forma
especifica de produção. É evidente que isso é muito difícil, pois é preciso
viabilizar, financiar, e há códigos e convenções para isso: labs, fundos,
projetos e sempre o protagonismo da palavra escrita (argumentos,
roteiros, justificativas, statements e pitchings… palavras estrangeiras
MOSTRA
OLHOS LIVRES

Cena do filme Amador


24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA OLHOS LIVRES 116

OLHOS LIVRES –
OS TERRITÓRIOS DO
CINEMA BRASILEIRO
COMO UM ARQUIPÉLAGO
CONTINENTAL
A Mostra Olhos Livres desde seu início se notabilizou pela diversidade de olhares e formas e,
por abrir mão de um conceito fechado e critérios uniformizantes, ela se consolidou como
uma mostra competitiva que esboça um panorama mais amplo, apresentando algumas
das proposições mais instigantes do cinema contemporâneo brasileiro.

Se a Aurora dá visibilidade a filmes e cineastas em seus primeiros trabalhos, a Olhos Livres


consolidou um perfil de filmes e cineastas que já contaram com alguma visibilidade e
possuem carreiras mais consolidadas, mas que em Tiradentes encontram um debate e
uma janela muito especial. O conjunto de filmes selecionados se afigura como uma síntese
do que há de mais forte no cinema brasileiro da temporada.

Neste ano a Mostra conta com filmes de práticas, processos criativos distintos e perspectivas
contrastantes. Neles encontramos ideias e fundamentos singulares e que possuem meios
materiais e esforços expressivos completamente diferentes uns dos outros. O conjunto
dos filmes, mais do que um país (o que poderia sugerir uma unidade e uma identidade),
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA OLHOS LIVRES 117

revelam, na sua diversidade, um arquipélago continental: ilhas que a desculpa de ser um espaço decadente no Centro da cidade e a lendas
dividem a mesma origem geológica, mas que desprendidas de território das galerias subterrâneas dos jesuítas que escondiam tesouros. O caso
continental se dividiram em pequenos territórios que podem se do Morro do Castelo, além de ser um paradigma da cidade do Rio como
comunicar com mais ou menos intensidade, com diferenças de forma, conhecemos, é também exemplar do modelo de modernização brasileiro
de dimensão, de linguagem. que expulsa os pobres das capitais a partir de intervenções violentas. O
filme de Pedro Urano é uma investigação narrativa e imagética, mistura
Pensar o país como um arquipélago continental não é fragmentar de fábula com documentário das fantasmagorias que se escondem sob
e particularizar os imaginários e os constrangimentos históricos do uma cidade que a um só tempo ruína e monumento. Em Subterrânea
Brasil, mas é estabelecer pontos de vista e fundamentos distintos para como em Nũhũ Yãg Mũ Yõg Hãm: essa Terra É nossa!, o presente é
sentimentos, narrativas, territórios, culturas e discursos que possuem repleto de passado.
intensidades únicas, ainda que seja importante tecer um fio que possa unir
as tramas políticas e temporais de cada filme: a presença dos ancestrais Há filmes, no entanto, que se deslocam do presente para o futuro, ou
na terra demarcada e delimitada dos Maxakali em Nũhũ Yãg Mũ Yõg Hãm: na sua impossibilidade, como é o caso de Irmã, de Luciana Mazeto e
essa Terra É nossa!, de Isael Maxakali, Sueli Maxakali, Carolina Ganguçu e Vinicius Lopes. Aqui há um outro tipo de reconhecimento de território
Roberto Romero, passando pelas histórias e pelas lendas na demolição do (as personagens vão de Porto Alegre ao interior do Rio Grande do Sul),
Morro do Castelo no Rio de Janeiro em Subterrânea, de Pedro Urano, pela quando duas filhas buscam o reencontro com o pai. Duas situações limite
imanência de um artista que vive radicalmente o presente em Amador, emolduram essa narrativa que tem tons fantásticos e experimentam
de Cris Ventura, pelo país de hoje visto desde o futuro em Voltei, de Ary com cores e texturas nesse trânsito entre a narrativa dramática e o
Rosa e Glenda Nicácio, e Rodson ou (Onde o Sol Não Tem Dó), de Cleyton contato com os filmes de ficção científica: de um lado, o drama pessoal
Xavier, Clara Chroma, Orlok Sombra, e chegando a uma narrativa em que de uma morte iminente, de outro a chegada de um meteoro que
o mundo chega aos seus estertores na iminência de um apocalipse em pode significar o fim do mundo. Com uma trajetória tecida através da
Irmã, de Luciana Mazeto e Vinícius Lopes. produção de curtas-metragens experimentais, muitos deles se valendo
da artesania cinematográfica e a filmagem analógica, aqui os dois
Nũhũ Yãg Mũ Yõg Hãm: essa Terra É nossa!, filme que traz pelo segundo diretores experimentam com a construção de um filme mais narrativo.
ano consecutivo à Olhos Livres os realizadores Isael Maxakali, Sueli
Maxakali, Carolina Canguçu e Roberto Romero, olha para o presente e a Por sua vez, Rodson ou (Onde o Sol Não Tem Dó), de Cleyton Xavier, Clara
ancestralidade Maxakali no Vale do Mucuri, revelando os desdobramentos Chroma e Orlok Sombra, e Voltei!, de Ary Rosa e Glenda Nicácio, veem
do processo histórico colonial juntamente a uma dimensão do tempo o perecimento do nosso momento histórico desde o futuro. Rodson se
vivido em que os espíritos dos antepassados possuem um papel ativo situa no ano 3000; Voltei, em 2030. Em Rodson, o protagonista artista
junto à terra e ao povo. O cinema como um instrumento de confluência se lança em uma aventura em um mundo lisérgico, anarcototalitário e
entre tempos, entre testemunho e narrativa e de confronto direto com os consumista onde, como diz o título, o “sol não tem dó”. A radicalidade
seus algozes. Aqui, o cinema se torna uma incisão profunda nas disputas está na forma: o próprio filme é um híbrido de geringonça tecnológica,
territoriais e simbólicas de um território. videografia, artesanato, performance e viagem de cogumelo ou chá
de trombeta. Em Voltei, é um futuro precário, em uma casa imersa
Subterrânea olha para a origem do Rio de Janeiro que conhecemos hoje na escuridão e sem energia elétrica, que duas irmãs recebem a
a partir de seu arrasamento em 1922 pelo prefeito Carlos Sampaio, com visita de um fantasma. Como em Até o Fim (filme com que Nicácio e
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA OLHOS LIVRES 118

Rosa concorreram ano passado na Olhos Livres) há uma dinâmica de


desconcertante agilidade cênica, com uma câmera atenta à vibração
física na intensidade das atrizes, cortes inusuais e uma economia de
espaço radical, em um huis clo de fundo escuro de onde emerge, de
maneira espectral, o passado. A casa, as roupas, as notícias ouvidas pelo
rádio de pilha, nada parece nos diferenciar: o passado, no caso, é o nosso
presente e o futuro não está tão distante assim.

O presente, sua força, sua imanência, é o vetor de Amador. No


documentário de Cris Ventura, o precocemente falecido artista, poeta,
performer e pintor Vidigal, uma das mais criativas e luminosas expressões
do underground belo-horizontino, é mostrado com uma beleza que não
se aparta da sua radicalidade poética, que por sua vez não é separada da
sua própria aventura existencial. Vidigal viveu a intensidade do presente,
sua fala e sua obra refletem essa qualidade de presença que é da rua,
que é do mundo, que é da noite.

A imagem do arquipélago continental para o cinema brasileiro, e para


esses filmes de modo mais pontual, não é a ideal. De certa forma, a
imagem responde à complexidade do cinema brasileiro contemporâneo
partindo da diferença, mas sem abrir mão de entender um lastro comum
que aponta para a experiência de viver um tempo em que o passado
se faz presente e o futuro parece inviável. Mais do que uma visão ou
uma afinidade de perspectiva, os seis filmes da Olhos Livres possuem um
espírito de época que os atravessa e em que cada um deles se encarrega
de fazer suas proposições. Todos esses filmes recuperam o passado de
alguma forma, vivem seu tensionamento no provisório convulsivo do
presente e se indagam quanto ao futuro.

Francis Vogner dos Reis


Lila Foster
Curadores
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA OLHOS LIVRES • LONGAS 119

Foto: divulgação

Foto: divulgação
AMADOR IRMÃ
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 80 MIN, GO/MG, 2020 FICÇÃO, COR, DCP, 88MIN, RS, 2020

Direção, Fotografia, Som Direto e Montagem: Cris Ventura Performance e Composições: Direção e Roteiro: Luciana Mazeto, Vinícius Lopes Produção Executiva: Jaqueline
Jônatas Amador Imagens Adicionais de Belo Horizonte: Carlos Magno Rodrigues Edição de Beltrame Direção de Produção: Leandro Engelke Fotografia: Carine Wallauer Direção de
Som e Mixagem: Guile Martins Design de Títulos: Elder Patrick Arte: Gabriela Burck Assistente de Direção: Eduardo Piotroski Cenografia: Gabriela Burck,
Eder Ramos Figurino: Gabriela Burck Som Direto, Mixagem, Edição de Som e Trilha Sonora:
Vidigal, compositor, cantor e performer, vivia entre as ruas do baixo centro belo- Kevin Agnes Montagem: Luciana Mazeto Empresa Produtora: Pátio Vazio Empresa
horizontino, onde faleceu após uma crise convulsiva e pela falta de atendimento. As Distribuidora: Elo Company Elenco: Maria Galant, Anaís Grala Wegner, Felipe Kannenberg
filmagens interrompidas pela distância geográfica pretendiam retratá-lo apenas em
condições de sobriedade, valorizando sua inteligência criativa. Quando a doença de sua mãe se agrava, Ana e Julia viajam ao interior do Rio Grande do
Sul em busca de seu pai. No caminho: fantasmas, superpoderes e dinossauros.
Contato: crisventura7@gmail.com
Contato: contato@patiovazio.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA OLHOS LIVRES • LONGAS 120

Foto: Roberto Romero

Foto: divulgação
NuHu YÃGMu YÕG HÃM: ESSA TERRA É NOSSA! RODSON OU (ONDE O SOL NÃO TEM DÓ)
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 70MIN, MG, 2020 FICÇÃO, COR, DIGITAL, 74MIN, CE, 2020

Direção: Isael Maxakali, Sueli Maxakali, Carolina Canguçu, Roberto Romero Fotografia: Direção: Cleyton Xavier, Clara Chroma e Orlok Sombra Roteiro: Cleyton Xavier e Urutau M.
Isael Maxakali, Carolina Canguçu, Jacinto Maxakali, Alexandre Maxakali, Sueli Maxakali, Pinto Produção Executiva: Christopher Faust, Lupércia Dolores, Jáguerson Porotinho, Mr.
Roberto Romero Montagem: Carolina Canguçu e Roberto Romero Direção de Produção: Satã Direção de Produção: Cleyton Xavier, Urutau M. Pinto e Lyna Lurex Montagem: Clara
Paula Berbert Som Direto e Edição de Som: Marcela Santos Personagens: Delcida Chroma e Cleyton Xavier Fotografia: Cleyton Xavier, Urutau Maria Pinto, Insiranomeaqui,
Maxakali, Totó Maxakali, Mamei Maxakali, Pinheiro Maxakali, Manuel Damázio, Arnalda Orlok Sombra, Biela, Lyna Lurex, Nirá Link Figurino: Lyna Lurex, Cleyton Xavier, Urutau Maria
Maxakali, Dozinho Maxakali, Vitorino Maxakali, Israel Maxakali, Marinho Maxakali, Pinto, Orlok Sombra, Banda Glamourings, Lulu Ribeiro, Keoma Mixagem: Clara Chroma
Américo Maxakali, Veronildo Maxakali, Noêmia Maxakali, Pedro Vieira, Joviel Maxakali, Edição de Som e Trilha Sonora: Clara Chroma e Cleyton Xavier Empresa Produtora: Chorumex
Neusa Maxakali, Manuel Kelé, Tevassouro Maxakali Coprodução: Jiboya Corp e Sombra Filmes Elenco: Orlok Sombra, S.brxxzkjxkzxkxkz, Nirá
Link, Gadi Bergamota, Lyna Lurex, Tina Reinstrings, Melindra Lindra, Sabiá Pensativo,
Antigamente, os brancos não existiam e nós vivíamos caçando com os nossos espíritos Rodolfo Keoma, Biela, Will, Insiranomeaqui, Guika, Kaê Marques, Cyborgue Oleosa, Abi Gaiu
yãmĩyxop. Mas os brancos vieram, derrubaram as matas, secaram os rios e espantaram Oliveira, Lulu Ribeiro, Vitrilis Sarambaxo, Anaya Ókun, Sapata Deslizante, Kaye Djamiliá, Big
os bichos para longe. Hoje, as nossas árvores compridas acabaram, os brancos nos Bug, Ariza Torquato, Rachid, Jane Malaquias, Davi Sampaio, Antoni Dia
cercaram e a nossa terra é pequenininha. Mas os nossos yãmĩyxop são muito fortes e
nos ensinaram as histórias e os cantos dos antigos que andaram por aqui. São os pré-anos 3000. Arte é crime. Refletir é proibido. Ler não existe mais. Somente
produções e consumos em massa são permitidos. Rodson®. Um garoto com seu
Contato: roberomerojr@gmail.com animalesco instinto artístico repremido pela sociedade ao seu redor, só mais um de
muitos... O governo anarcocrenty comete o engano de achar que a besta estivera sob
controle, mas sua mente concebe Caleb®, o alterego de Rodson®, que o lança estrada
afora, abandonando ares-condicionados em busca da alucinação perfeita sob o sol
sem dó de 2000°C que a última camada de exosfera proporciona à vigente sociedade.

Contato: clara.c.rey@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA OLHOS LIVRES • LONGAS 121

Foto: divulgação

Foto: divulgação
SUBTERRÂNEA VOLTEI!
FICÇÃO, COR, DIGITAL, 83MIN, RJ, 2020 FICÇÃO, COR, DCP, 77MIN, BA, 2020

Direção: Pedro Urano Roteiro: João Paulo Cuenca Produção Executiva: Samantha Direção: Ary Rosa e Glenda Nicácio Roteiro: Ary Rosa Produção Executiva: Ary Rosa, Camila
Capdeville e Maria Continentino Assistente de Direção: Sofia Saadi Direção de Produção: Gregório, Reifra Assistente de Produção: Iago Cordeiro Ribeiro Direção de Produção:
Ocimar Marques Produção: Samantha Capdeville Montagem: Alice Furtado Fotografia: Glenda Nicácio, Gabriella Fiais Montagem: Poliana Costa, Thacle de Souza Fotografia:
Pedro Urano Direção de Arte: Andre Weller Cenografia: Marquinhos Reis Figurino: Rô Augusto Bortolini, Poliana Costa, Thacle de Souza Direção de Arte e Cenografia: Glenda
Nascimento e Lilian Butini Som Direto: Sérgio Scliar Mixagem e Edição de Som: Bernardo Nicácio Figurino: Reifra Som Direto e Edição de Som: Cássio Duarte, Leandro Conceição
Gebara Trilha Sonora: Gustav Holst, Armando Lobo e Negro Leo Empresa Produtora: Mixagem: Napoleão Cunha Trilha Sonora: Moreira Empresa Produtora: Rosza Filmes
Filmegraph Ltda. Elenco: Silvana Stein, Negro Leo, Clara Choveaux, Helena Ignez, Cabelo Elenco: Arlete Dias, Mary Dias, Wall Diaz
Cobra Coral, Alexandre Dacosta
Brasil, 2030. As irmãs Alayr e Sabrina estão ouvindo no radinho de pilha o julgamento
Sub que pode mudar os rumos de um país “sem energia”. Elas são surpreendidas por
Sub solo Fátima, a irmã que volta dos mortos para confraternizar nessa noite histórica.
Sub terra
Sub mundo Contato: roszafilmesproducoes@gmail.com
Sub desenvolvido
Sub América
Sub verter
Sub liminar
Sub alterno
Sub mergir pelas matas ou nas ondas do mar
Sub way
(depois de H.O.)

Contato: samanthaproducao@gmail.com
MOSTRA
PRAÇA

Cena do filme Sementes: Mulheres Pretas no Poder


24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA PRAÇA 123

DIVERSÃO E
ENGAJAMENTO NA
MOSTRA PRAÇA
Diante dos desafios impostos pela pandemia da covid-19, o encontro em Tiradentes e as
calorosas trocas da Mostra Praça tiveram que ser adaptados para a esfera virtual. Mesmo
que o encontro físico não seja possível, o espírito popular da Mostra Praça permanece, com
sessões de longas e curtas que trazem um apelo popular e a mobilização de importantes
debates em relação ao contemporâneo.

A seleção de longas-metragens traz neste ano como marca o trânsito entre diversos
gêneros e formas narrativas e documentais. Entre os documentários que compõem a
programação, Sementes: Mulheres Pretas no Poder, de Éthel Oliveira e Júlia Mariano,
acompanha a transformadora eleição de 2018, na qual houve um aumento nas
candidaturas de mulheres negras para diferentes cargos políticos pelo estado do Rio
de Janeiro. O documentário retrata não somente a trajetória da campanha de Mônica
Francisco, Rose Cipriano, Renata Souza, Jaqueline de Jesus, Tainá de Paula e Talíria Petrone,
mas os meandros de uma política que se faz em contato próximo com o seu eleitorado,
em meio às periferias brasileiras, uma construção que retoma o verdadeiro sentido da
política legislativa. Inspiradas por Marielle Franco, são imagens de enorme potência.

Swingueira, de Bruno Xavier, Roger Pires, Yargo Gurjão e Felipe de Paula, é um mergulho
nas competições de swingueira – fenômeno musical também conhecido como pagodão
baiano – nas cidades de Salvador e Fortaleza. Um trabalho realizado por jovens, com
intensa preparação das coreografias, figurinos e dedicação aos ensaios, o documentário
retrata a música e a dança das periferias do Nordeste e os desejos e ambições dos jovens
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA PRAÇA 124

dedicados a tal arte. O registro das competições, com os seus figurinos, as ruas do Rio de Janeiro, de São Gonçalo e de Niterói para buscar
as coreografias, a ansiedade vivida por cada equipe e sua torcida, é personagens que preferem outras formas de diversão nas tradicionais
também um fenômeno visual à parte. noites de jogo de futebol. Na zona rural de Caruaru, em Pernambuco,
mulheres trabalham com costura em domicílio como forma de
Todas as Melodias, de Marco Abujamra, é um perfil pungente do cantor e sobrevivência em meio à seca, no documentário Pega-se Facção, de
compositor Luiz Melodia. Com um belo trabalho de pesquisa de imagens, Thaís Braga. O curta potiguar Casa com Parede, de Dênia Cruz, registra
que inclui imagens domésticas e registros do cantor fora dos palcos, é a história de luta de mulheres, homens e crianças do assentamento 8
a dimensão íntima e pessoal, para além da persona artística e pública, de Março, criado em 2013. Considerado a 12a ocupação urbana de Natal,
que surge em meio às imagens e aos depoimentos daqueles que lhe no Rio Grande do Norte, o território foi destruído por um incêndio em
foram próximos. A tensão racial, a vida vivida em constante negociação 2017. O documentário alagoano Ainda te Amo Demais, de Flávia Correia,
com o status quo também surge como tema e dá expressão à vivência aborda a cena cultural do reggae em Maceió, a partir de depoimentos,
de artistas negros em meio a um país estruturalmente racista. fotografias e imagens em VHS. Encerrando a Mostra Praça 1, o curta
recupera a memória dos tradicionais festivais nas praias de Maceió e os
A busca pela identidade e um mergulho interior também marca Mulher relatos de pesquisadores, DJs e cantores, como Luana do Reggae.
Oceano, de Djin Sganzerla. A escritora Hannah muda-se para o Japão,
não sem levar consigo a imagem de uma mulher nadando no mar Em São Paulo, um entregador de aplicativo almeja um futuro melhor
do Rio de Janeiro, Ana. A mulher e o seu duplo, ambas interpretadas enquanto sobrevive com seu trabalho precarizado e enfrenta o racismo
pela diretora, cada uma dessas personagens vai trazer as dimensões cotidiano, na ficção Você Tem Olhos Tristes, de Diogo Leite, que abre
simbólicas do mergulho no oceano. O mar é a metáfora para o mergulho a sessão 2. A atriz paraibana Marcélia Cartaxo interpreta a vizinha da
da escrita e para a compreensão mais profunda da existência interior, confeiteira que a convida para provar sobremesas na ficção agridoce
mas também dos sentidos da alteridade e do contato com outra cultura. paranaense Ela que Mora no Andar de Cima, de Amarildo Martins. Do
Amazonas, a ficção O Barco e o Rio, de Bernardo Ale Abinader, mostra o
Mirador, de Bruno Costa, vai trazer, por outro lado, os desafios da embate entre duas irmãs que herdaram uma embarcação para sustento
masculinidade quando confrontada com um papel que a princípio da família em uma comunidade de pescadores. O curta conta com
não lhe cabe. Maycon é boxeador e vive em meio a bicos e trabalhos a participação da atriz Isabela Catão, que também está no elenco de
precários. O filme prima pelo trabalho dramatúrgico e um forte Enterrado no Quintal, que integra a programação da Mostra Panorama.
trabalho com o elenco. Na trama, é pungente a forma como ele vai Para encerrar a Mostra Praça 2, O documentário pernambucano Rebu
descobrir, em meio às maiores dificuldades, como equilibrar desejos é um ensaio da realizadora Mayara Santana que, em primeira pessoa,
e responsabilidades, com destaque para as cenas entre o personagem narra sobre sua vivência lésbica em meio a diferentes performances de
principal e a pequena Malu. masculinidade, como a de seu próprio pai.

Nos curtas-metragens, 13 filmes aparecem distribuídos em três Nas ruas de Salvador, dois irmãos pequenos desejam uma bola de
sessões. Na primeira sessão, a produção paulista Primeiro Carnaval, de futebol em uma aventura durante a tradicional festa popular do Senhor
Alan Medina, é uma ficção curtinha sobre uma criança que celebra sua do Bonfim, no curta ficcional baiano 5 Fitas, de Heraldo de Deus e Vilma
primeira festa de carnaval, sob o olhar livre dos pais. O documentário Martins, que abre a terceira sessão da Mostra Praça. A relação afetiva de
carioca Quarta: Dia de Jogo, de Clara Henriques e Luiza França, percorre vários personagens com a última transmissão de uma emissora de rádio
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em Brasília é o mote da ficção Rádio Capital Alvorada, de Rafael Stadniki.


O documentário cearense Noite de Seresta, de Sávio Fernandes e Muniz
Filho, é contagiado pela energia de Kátia Blander, uma mulher que
adora cantar e dançar em bailes de karaokês. Ela interage com o público
com sua forma singular de interpretar músicas de serestas românticas.
Encerrando a última sessão, a animação gaúcha Magnética, de Marco
Arruda, é uma ficção científica com personagens curiosos em uma
pequena cidade invadida por uma aparição holográfica de outro mundo.

Camila Vieira
Felipe André Silva
Tatiana Carvalho Costa
Francis Vogner dos Reis
Lila Foster
Curadores
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA PRAÇA • LONGAS 126

Foto: André Guerreiro Lopes


Foto: divulgação
MIRADOR MULHER OCEANO
FICÇÃO, COR, DCP, 94MIN, PR, 2021 FICÇÃO, COR, DCP, 99MIN, RJ/SP, 2020

Direção: Bruno Costa Roteiro: Bruno Costa e William Biagioli Produção Executiva: Chris Direção e Produção: Djin Sganzerla Roteiro: Djin Sganzerla e Vana Medeiros Produção
Spode e Fran Camilo Assistente de Direção: Eugenia Castello Direção de Produção: Andrea Executiva: Ludmila Patrício e Produção Executiva Rio: Fernanda Romero e Cavi
Tomeleri Fotografia: Elisandro Dalcin Direção de Arte: Ana Bona Figurino: Isbella Brasileiro Borges Assistente de Direção: Zoe Yasmine Montagem: Karen Akerman Fotografia:
Som Direto: Lucas Maffini Mixagem: Alessandro Larocca, Eduardo Virmond e Guilherme André Guerreiro Lopes Direção de Arte Rio de Janeiro: Isabela Azevedo Figurino: João
Marinho Montagem: Matheus Kerniski Edição de Som: Luiz Lepchak Empresa Produtora: Marcos de Almeida Som Direto Rio de Janeiro: Pedro Assumpção; Som Direto Japão:
Metafixa Produções Coprodução: Costa Filmes e Guaipeca Filmes do Brasil Empresa Zoe Yasmine Mixagem e Edição de Som: Edson Secco Trilha Sonora: Rafael Cavalcanti
Distribuidora: Olhar Distribuição Elenco: Edilson Silva, Maria Luiza da Costa, Stephanie Empresa Produtora: Mercúrio Produções Empresa Distribuidora: Elo Company Elenco:
Fernandes, Giovana Soar e Luiz Pazello Djin Sganzerla, Kentaro Suyama, Stênio Garcia, Lucélia Santos, Gustavo Falcão, Rafael
Zulu, Jandir Ferrari
Maycon é um boxeador que treina para retornar aos ringues enquanto divide seu
tempo com dois subempregos. Pai de Malu, fruto de uma relação casual que teve com Ao se mudar para Tóquio, uma escritora brasileira escreve seu novo livro, instigada
Michele, ele tem sua vida revirada quando se vê na situação de ter que cuidar da filha por experiências no Japão e a cena que presenciou no Rio de Janeiro: uma nadadora
sozinho. Entre a rotina exaustiva de treinos e bicos para sobreviver, a maior luta de rasgando o horizonte em mar aberto. Essas duas mulheres aparentemente não
Maycon ainda está por ser vencida: Tornar-se pai. compartilham nenhuma conexão, até que suas vidas começam a interferir uma
na outra, ligadas pelo mar. Hannah, escritora, mergulha em uma jornada de
Contato: williambiagioli@gmail.com autodescoberta no Japão, enquanto Ana, nadadora, tem seu corpo transformado em
uma espécie de oceano interior.

Contato: smercurioproducoes@gmail.com
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Foto: Nigeria Filmes


Foto: divulgação
SEMENTES: MULHERES PRETAS NO PODER SWINGUEIRA
DOCUMENTÁRIO, COR, DCP, 105MIN, RJ, 2020 DOCUMENTÁRIO, COR, DCP, 80MIN, CE /BA, 2020

Direção: Éthel Oliveira, Júlia Mariano Roteiro: Éthel Oliveira, Helena Dias, Julia Mariano, Direção: Bruno Xavier, Roger Pires, Yargo Gurjão e Felipe de Paula Roteiro: Bruno Xavier,
Lumena Aleluia Produção Executiva: Júlia Mariano Direção de Produção: Helena Dias Roger Pires, Yargo Gurjão Produção Executiva: Maíra Bosi Direção de Produção: Roger
Montagem: Mariana Penedo, edt. Montagem Adicional: Gabi Paschoal, edt. Direção de Pires Montagem: Yargo Gurjão Fotografia: Bruno Xavier Som Direto: João Martins
Fotografia: Marina S. Alves Direção de Fotografia Brasília: Carol Matias, David Alves Mattos e Juliana Gurgel Mixagem: Érico Sapão Trilha Sonora Original: Charles Freitas e Wide
Direção de Arte: Julia Rocha Som Direto: Anne Santos, Irla Franco, Vitoria Parente Som Open Mind Controller: Micael Bispo Empresa Produtora: Nigéria Filmes Empresa
Direto Brasília: Juciele Fonseca Mixagem: Daniela Pastore Edição de Som: Simone Alves Distribuidora: Arco Filmes
Trilha Sonora: Maíra Freitas Empresa Produtora: Noix Cultura Empresa Distribuidora:
Embaúba Filmes Elenco: Jaqueline Gomes, Mônica Francisco, Renata Souza, Rose Qual grupo vai ser campeão do Campeonato de Swingueira? O documentário aborda
Cipriano, Tainá de Paula, Talíria Petrone um dos maiores fenômenos musicais das periferias do Nordeste do Brasil (também
conhecido como pagodão baiano) e mostra uma competição que coloca Isaac, Índia,
Em resposta à execução de Marielle Franco, as eleições de 2018 se transformaram Elly e Thiago frente a frente. Os quatro são moradores de bairros periféricos e têm baixa
no maior levante político conduzido por mulheres negras que o Brasil já viu, com renda. Na hora do lazer, fazem parte de grupos de dança. Com filmagens em Fortaleza
candidaturas em todos os estados. No Rio de Janeiro, Mônica Francisco, Rose Cipriano, e Salvador, o filme começou a ser rodado em 2015 e mergulhou na realidade desses
Renata Souza, Jaqueline de Jesus, Tainá de Paula e Talíria Petrone se candidataram aos jovens para traçar um panorama da realidade brasileira na última década.
cargos de deputada estadual ou federal. O documentário acompanhou essas mulheres
em suas campanhas, mostrando que é possível uma nova forma de se fazer política no Contato: contatonigeria@gmail.com
Brasil, transformando o luto em luta.

Contato: noix.cultura@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA PRAÇA • LONGAS 128

Foto: Daryan Dorneles


TODAS AS MELODIAS
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 85MIN, RJ, 2020

Direção e Roteiro: Marco Abujamra Codireção: Mariana Marinho e Viviane D’Ávilla


Produção Executiva: Mariana Marinho Montagem: Paulo Dimantas Fotografia: Viviane
D’Ávilla Som Direto: Rodrigo Paciência e Pedro Moreira Mixagem e Edição de Som: Breno
Poubel Trilha Sonora: Luiz Melodia Empresa Produtora, Realização e Distribuição: Dona
Rosa Filmes Elenco: Luiz Melodia, Wally Salomão, Jane Reis, Arnaldo Antunes, Céu, Jards
Macalé, Liniker, Zezé Motta

Percurso sensível pela vida e obra de um dos maiores artistas da música nacional, Luiz
Melodia. Com registros desde os anos 70, o filme apresenta sua trajetória da juventude
no Morro do Estácio até a consagração como poeta.

Contato: producao@donarosafilmes.com.br
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA PRAÇA • CURTAS 129

Foto: divulgação

Foto: divulgação

Foto: divulgação
5 FITAS AINDA TE AMO DEMAIS CASA COM PAREDE
FICÇÃO, COR, DIGITAL, 15MIN, BA, 2020 DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 21MIN, AL, 2020 DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 16MIN, RN, 2020 ,

Direção: Heraldo de Deus e Vilma Martins Direção: Flávia Correia Direção: Dênia Cruz

Em Salvador (Brasil), todo ano ocorre a grande e Algo insuspeito une essas pessoas. E agora elas se Um assentamento urbano em remoção, após um
tradicional festa para Senhor do Bonfim, onde fiéis, reencontram. incêndio que destruiu mais de 50% dos barracos.
turistas e foliões peregrinam até a famosa igreja para Mulheres, homens e crianças em mudança para tão
amarrar fitas e fazer pedidos. Dois irmãos, Pedro e Contato: flavia.correia@gmail.com sonhada moradia. Essa história é revelada de forma
Gabriel, ouvem desde cedo as histórias e rezas de sua lúdica por uma criança de oito anos que viveu com sua
avó ao Senhor do Bonfim e decidem fugir no dia da mãe numa comunidade entre tábuas e lonas, mas que
lavagem, se aventurar entre a multidão, para tentar sonhava morar em uma casa com parede.
pedir uma bola de futebol, já que cresceram sem uma
figura paterna. Lá confrontam as narrativas de sua Contato: paulo_andre1204@hotmail.com
avó com a lavagem atual, trazendo questões sobre
religiosidade, sincretismo, manifestação popular e a
importância da família.

Contato: vilmacarlams@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA PRAÇA • CURTAS 130

Foto: divulgação

Foto: divulgação

Foto: divulgação
ELA QUE MORA NO ANDAR MAGNÉTICA NOITE DE SERESTA
DE CIMA EXPERIMENTAL, COR, DIGITAL, 16MIN, RS, 2020 DOCUMENTÁRIO, COR, DCP, 19MIN, CE, 2020
FICÇÃO, COR, DCP, 14MIN, PR, 2020
Direção: Marco Arruda Direção: Sávio Fernandes e Muniz Filho

Direção: Amarildo Martins


Em uma cidade habitada por seres desenhados, um Hoje é sexta-feira, final de semana vou sair para cantar.
jovem indígena testemunha uma aparição holográfica.
Luzia vira “cobaia” dos doces e quitutes da vizinha
É a chegada de uma entidade de materialidade Contato: savionsf@me.com
confeiteira, Carmem. A amizade evolui para uma
desconhecida. Com uma presença misteriosa e
paixão platônica, que traz um novo sabor para os dias
alegorias exóticas, ela passa a encantar os moradores,
amargos de Luzia.
despertando os seus sentidos mais insanos.

Contato: amarildojosemartins@gmail.com
Contato: marcoclean@gmail.com
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Foto: divulgação

Foto: divulgação

Foto: divulgação
O BARCO E O RIO PEGA-SE FACÇÃO PRIMEIRO CARNAVAL
FICÇÃO, COR, DCP, 17MIN, AM, 2020 DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 13MIN, PE, 2020 FICÇÃO, COR, DCP, 5MIN, SP, 2020 ,

Direção: Bernardo Ale Abinader Direção: Thaís Braga Direção: Alan Medina

Vera é uma mulher religiosa que cuida de uma Em uma região onde a seca dura a maior parte do ano Uma criança vive a mágica do carnaval pela primeira vez.
embarcação no porto de Manaus. Ela precisa lidar com e a agricultura familiar não garante o sustento, mãe
a irmã, Josi, com quem diverge em relação a como lidar e filha veem como única saída a costura domiciliar Contato: contato@sonhadorfilmes.com
com o barco e sobre como viver a vida. terceirizada na zona rural de Caruaru (PE). Mas qual é
o preço a ser pago?
Contato: reinel.garcia.perez@gmail.com
Contato: cn.barbosa@outlook.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA PRAÇA • CURTAS 132

Foto: Nelma Fernanda

Foto: divulgação
RÁDIO CAPITAL ALVORADA REBU
FICÇÃO, COR, DIGITAL, 20MIN, DF, 2020 DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 21MIN, PE, 2020

Direção: Rafael Stadniki Direção: Mayara Santana

Por décadas, Brasília foi palco de uma emblemática Documentário em primeira pessoa que se propõe
rádio que transmitia apenas músicas orquestradas na a investigar dentro da minha vivência sapatão as
programação. Em seu último dia de funcionamento, diversas performances de masculinidade, levando
os poucos mas cativos ouvintes não sabem que ela em conta meus três últimos relacionamentos e
está acabando. Inspirado nos relatos das pessoas que também em entrevistas com o homem com o qual eu
gostariam de ter vivenciado aquele acontecimento, cresci, Pedro Bala, meu pai. O filme pretende abordar
mas não conseguiram. com descontração e deboche temáticas como o
talento paquerador, flexibilidade com a verdade,
Contato: larissa@ganchodenuvem.com.br relacionamento abusivo, irresponsabilidade afetiva,
reprodução de machismo, impulsividade e romance.
Temas que permeiam a vida dos dois personagens,
mesmo que separados por um recorte geracional,
cultural e de gênero.

Contato: mayara.santana.mas@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA PRAÇA • CURTAS 133

Foto: divulgação

Foto: divulgação
QUARTA: DIA DE JOGO VOCÊ TEM OLHOS TRISTES
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 15MIN, RJ, 2020 FICÇÃO, COR, DCP, 19MIN, SP, 2020

Direção: Clara Henriques e Luiza França Direção: Diogo Leite

A quarta-feira, no Rio de Janeiro, é diferente dos outros Luan trabalha como bikeboy de aplicativo e enfrenta
dias por ter futebol à noite. O filme traça a jornada de dilemas e preconceitos na sua jornada diária de
alguns trabalhadores através da rádio Bafo de Onça. entregas em uma cidade grande. Sem hesitar, sonha
Mas como nem tudo é sobre futebol, há quem prefira com um futuro melhor.
dançar música brega na Feira de São Cristóvão ao fim
do expediente. Contato: diogo82@gmail.com

Contato: franteicher@gmail.com
MOSTRA
SESSÃO DA MEIA-NOITE

Cena do filme Skull: a Máscara de Anhangá


24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA SESSÃO DA MEIA-NOITE 135

SESSÃO DA
MEIA-NOITE

O desafio da Mostra de Cinema de Tiradentes é o de conseguir a cada ano dar visibilidade


à grande variedade criativa do cinema brasileiro, pois acreditamos que é necessário ver
e pensar todas as formas expressivas do cinema realizado no país. O cinema de gênero
(horror e ficção científica, sobretudo) tem experimentado uma regular frequência na
programação da mostra nos últimos anos. Pensando nisso, neste ano, especificamente,
criamos a Sessão da Meia-Noite, que pretende dar um destaque especial ao cinema de
horror. Dois filmes compõem a mostra: Skull: a Máscara de Anhangá, de Armando Fonseca
e Kapel Furman, e O Cemitério das Almas Perdidas, de Rodrigo Aragão.

Skull: a Máscara de Anhangá conta a história de um objeto místico pré-colombiano


da floresta, a máscara de Anhangá, que porta uma entidade que começa a cometer
assassinatos na São Paulo contemporânea. É o segundo longa de Armando Fonseca e
Kapel Furman – o primeiro, A Percepção do Medo, é de 2017. Em O Cemitério das Almas
Perdidas, um jesuíta, por influência do obscuro livro de São Cipriano, empreende com seus
discípulos a violência e maldade no Brasil colonial. Amaldiçoados em um cemitério onde
ficam presos, voltam séculos depois para espalhar o terror no mundo. É o sexto longa-
metragem de Rodrigo Aragão.

Ambos os filmes têm diferenças e similaridades. As diferenças passam pelo estilo e pelo tom.
O filme de Armando Fonseca e André Kapel é uma narrativa urbana de filme policial e com
de ritmo amparado em uma montagem mais frenética, ação coreográfica em cenas de luta
e um horror gráfico que remete aos quadrinhos. Feito com eficiência e profissionalismo,
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA SESSÃO DA MEIA-NOITE 136

reflete a competência e talento da dupla de diretores que dedicam


a sua carreira ao trabalho de exercitar a imaginação no refinamento
da técnica no cinema fantástico. O filme de Rodrigo Aragão é uma
narrativa de aventuras com gosto pelos cenários tradicionais do horror
como castelos e cemitérios, e com um estilo que remonta à tradição
do horror de estúdio (italiano, em especial) que se vale do artifício e do
efeito plástico do gênero. O filme de Aragão mostra sua originalidade, o
apuramento estilístico do cineasta e um aprofundamento vibrante nas
fantasmagorias brasileiras.

As semelhanças: para além da dedicação dos diretores ao gênero, está


o fato de que Furman e Aragão são os maiores e mais criativos técnicos
de efeitos especiais e designers de monstros do Brasil. São artistas de
cinema na totalidade da definição. Roteirizam, dirigem e modulam
seus efeitos especiais. O cinema de efeito especial é uma arte singular,
rara no Brasil, e deve ser considerada em todo seu profissionalismo
e fascínio. Outra semelhança é que ambos os filmes se amparam em
um repertório genuinamente brasileiro que se volta às fantasmagorias
do passado brasileiro. Em Skull, uma maldição da Amazônia, liberada
pela ambição do poder, arrasa com a metrópole contemporânea. Em
O Cemitério das Almas Perdidas, é o passado colonial do Brasil (nossa
maior fonte de horrores) que volta para assombrar. Ambos os filmes são
entretenimentos de alta qualidade e confeccionam seus universos com
assuntos brasileiros que remetem à herança da violência e à exploração
do passado brasileiro. São filmes vivos e contemporâneos. Vida longa ao
cinema de horror brasileiro.

Francis Vogner dos Reis


Curador
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA SESSÃO DA MEIA-NOITE • LONGAS 137

Foto: Mila Cavalcante


Foto: Tiago Ferri
O CEMITÉRIO DAS ALMAS PERDIDAS SKULL: A MÁSCARA DE ANHANGÁ
FICÇÃO, COR, DCP, 95MIN, ES, 2020 FICÇÃO, COR, DCP, 92MIN, SP, 2020

Direção e Roteiro: Rodrigo Aragão Produção Executiva: Mayra Alarcón Direção de Roteiro: Armando Fonseca e Kapel Furman Produção Executiva: Antônio Carlos de
Fotografia e Desenho de Som: Alexandre Barcelos Direção de Produção: Ana Carolina Almeida Castro, o Kakay; João Pedro Fleck, Nicolas Tonsho, Paulo Boccato Assistente de
Braga Trilha Sonora Original: João MacDowel Direção de Arte: Eduardo Cardenas Figurino: Direção: Fernanda Fraiz, Patrícia Monegatto, Raphael Borghi Direção de Produção: Thiago
Regina Schimitt Direção de Efeitos Especiais: Rodrigo Aragão Edição: Thiago Amaral VFX: Freire Montagem: André Z. Pagnossim Fotografia: Andre Sigwalt Direção de Arte: Lize
Joel Caetano Finalização: BLiv Media Elenco: Renato Chocair, Allana Lopes, Diego Garcias, Borba Trilha Sonora: Fernando Arruda Mixagem: Ariel Henrique Som Direto: Rafa Cumis
Caio Macedo, Clarissa Pinheiro, Roberto Rowntree, Francisco Gaspar e Markus Konká Edição de Som: Bruno Yudi Cenografia: Thiago Ferreira Araújo Figurino: Maite Chasseraux
Empresa Produtora: Fábulas Negras Distribuidora: Elo Company Empresa Produtora: Infravermelho Filmes Coprodução: Fantaspoa Produções, Tristan
Aronovich, Boccato Productions Elenco: Natallia Rodrigues, Ricardo Gelli, Wilton Andrade,
Corrompido pelo poder d'O livro negro de São Cipriano, um jesuíta e seus seguidores Ivo Müller, Guta Ruiz, Greta Antoine, Eduardo Semerjian, Rurik Jr., Tristan Aronovich
iniciam um reinado de terror no Brasil colonial, até serem amaldiçoados a viver
eternamente presos sob os túmulos de um cemitério. Agora, séculos depois, eles estão Após décadas desaparecido, um artefato místico chamado a Máscara de Anhangá
prontos para se libertar e espalhar sua maldade em todo o mundo. ressurge na metrópole de São Paulo, encarnando uma entidade milenar e iniciando
uma série de crimes sangrentos.
Contato: aragaofx@gmail.com
Contato: armando.infravermelho@gmail.com
MOSTRA
FOCO MINAS

Cena do filme Valentina


24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA FOCO MINAS 139

ATRAVESSAMENTOS
SUBJETIVOS E
PRESENTES ASSOMBROS
DO PASSADO
As três sessões Foco Minas buscam destacar curtas e longas produzidos no estado
e trazem um sobrevoo na vigorosa produção contemporânea de Minas Gerais.
Realizadores iniciantes e experientes elaboram traumas individuais e coletivos,
subjetividades e identidades em gestos que vão da representação direta à dimensão
fabuladora, apontando possíveis saídas pelos caminhos do imaginário.

Com registros numa montagem que alterna o calor de acontecimentos e as digressões


de lembranças recentes, Videomemoria condensa o tempo e as dimensões da luta por
moradia a partir das vivências de trabalhadoras e trabalhadores na Ocupação Eliana
Silva, na periferia de Belo Horizonte. O documentário é dirigido por Aiano Bemfica e
Pedro Maia de Brito. 23 Minutos tem direção de Rodrigo Beetz e Wesley Figueiredo
e traz, no título, a medida do intervalo de tempo entre os assassinatos diários de
negros no Brasil, numa história de jovens negros vivos com a consciência dos perigos
que cercam sua existência. No experimento-manifesto Sapatão: uma Racha/Dura no
Sistema, dirigido por Dévora MC, uma entregadora de aplicativo desabafa e performa
em um videodiário que expõe as incongruências das normas sociais. Com direção de
Pink Molotov, Pietà articula elementos da simbologia judaico-cristã ocidental e da
cultura midiática popular numa performance sobre mitos. Encerrando a sessão Foco
Minas 1 e dirigido por Guerreiro do Divino Amor, O Mundo Mineral incorpora os delírios
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA FOCO MINAS 140

do progresso extrativista e as hipérboles de uma colonialidade ainda com o seu nome social, o que só será possível se seu ausente pai
presente à contemporânea falência ético-estética dos poderes comparecer para assinar um documento. Valentina possui uma
institucionais e simbólicos no Brasil. delicadeza no trato com o tema e uma linguagem elegante e que
busca a comunicação com um público mais variado e integra a
Em Mineiros, dirigido por Amanda Dias, a cada plano estático se sessão de encerramento da Mostra de Cinema de Tiradentes.
adensam as sensações de devastação e abandono que assombram
uma cidade, um país e, sobretudo, as pessoas vítimas de um crime Camila Vieira
ambiental que parece não ter fim. O som da sirene, o silêncio- Felipe André Silva
ausência e uma síntese em palavras reiteram as consequências Tatiana Carvalho Costa
materiais e subjetivas da presença histórica da mineração no Francis Vogner dos Reis
estado. Com direção de Rafael dos Santos Rocha, Vigília apresenta Lila Foster
a complexidade da ideia de isolamento em tempos de pandemia, Curadores

observando sujeitos anônimos e invisíveis que precisam ou só


podem estar nas ruas da cidade. Crua tem direção de Clara Vilas
Boas e Emanuele Sales e aborda as angústias e inseguranças de
uma adolescente que tem de lidar com as consequências de um
assédio, num movimento subjetivo pendular em espaços – íntimos
e públicos – de opressão e de partilha. Também centrado na
experiência de uma adolescente, Lençol Branco aborda o aflorar
de múltiplas percepções de sexualidade e descobertas de si a partir
de uma aparentemente frustrada primeira vez. O curta dirigido por
Rebecca Moreno encerra a sessão Foco Minas 2.

O premiado longa-metragem Valentina, dirigido por Cássio Pereira


dos Santos e produzido por Erika Pereira dos Santos, ambos de
Uberlândia, cidade do Triângulo Mineiro, é o longa que integra a
Foco Minas. O diretor Cássio Pereira dos Santos é um veterano da
Mostra de Cinema de Tiradentes e já teve destaque no festival com
os curtas A Mulher no Alto do Morro (2011), Marina Não Vai à Praia
(2014) e Iara (2018), todos exibidos na Mostra Foco. O filme conta
a história de Valentina, uma garota trans de 17 anos que se muda
com a mãe para a pequena cidade de Estrela do Sul. Valentina
tem no papel principal a youtuber trans Thiessa Woinbackk, que
estreia como atriz de cinema, e conta ainda com Guta Stresser e
Rômulo Braga no elenco. As dificuldades da protagonista passam
pela questão da sua identidade ao tentar se matricular na escola
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA FOCO MINAS • LONGA 141

FILME DE
ENCERRAMENTO

Foto: divulgação
VALENTINA
FICÇÃO, COR, DCP, 95MIN, MG, 2020

Direção e Roteiro: Cássio Pereira dos Santos Produção: Erika Pereira dos Santos Produção
Executiva: Natália Brandino, Walder Junior, Hebe Tabachnik Direção de Produção: Kátia
Oliva Assistente de Direção: Naná Batista, Sarah Tavares Montagem: Alexandre Taira
Fotografia: Leonardo Feliciano Direção de Arte: Denise Vieira Som: Francisco Craesmeyer,
Vitor Brandão Mixagem: Alexandre Jardim Edição de Som: Camila Machado Trilha Sonora
Original: Tuyo e Xan Empresa Produtora: Campo Cerrado Produções Coprodução: Kocria
Audiovisual, Corriola Filmes Empresa Distribuidora: Anagrama Filmes Elenco: Thiessa
Woinbackk, Guta Stresser, Rômulo Braga, Ronaldo Bonafro, Letícia Franco

Valentina, uma menina trans de 17 anos de idade, muda-se para uma pequena cidade
mineira (Estrela do Sul) com sua mãe, Márcia (40). Com receio de ser intimidada na nova
escola, a garota busca mais privacidade e tenta se matricular com seu novo nome.
Para isso, ela precisa conseguir a assinatura do pai ausente, além de enfrentar o maior
desafio da sua vida. Apresentando a estreia no cinema da atriz e youtuber trans Thiessa
Woinbackk, Valentina é um reflexo dos obstáculos que a sociedade obriga uma jovem
mulher a superar, a fim de abraçar quem ela realmente é.

Contato: contato@campocerrado.com.br
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA FOCO MINAS • CURTAS 142

Foto: divulgação

Foto: divulgação

Foto: divulgação
23 MINUTOS CRUA LENÇOL BRANCO
FICÇÃO, COR, DCP, 16MIN, MG, 2020 FICÇÃO, COR, DIGITAL, 23MIN, MG, 2020 FICÇÃO, COR, DIGITAL, 19MIN, MG, 2020,

Direção: Rodrigo Beetz e Wesley Figueiredo Direção: Clara Vilas Boas e Emanuele Sales Direção: Rebecca Moreno

Um grupo de jovens amigos encontram na música Duda, uma adolescente pertencente a uma família Maria é uma adolescente de 16 anos que, após ter a
a resistência frente ao mercado de trabalho e às de classe média, tenta lidar com incômodos que a sua primeira relação sexual, tenta lidar com a tensão
adversidades sociais. perseguem cotidianamente e traumas do seu passado. sexual que está a sua volta. Vendo que depois de perder
a virgindade nada mudou de fato, ela agora tenta
Contato: santos.wesley@live.com Contato: claravilasb@gmail.com descobrir mais sobre seus intensos e incontroláveis
desejos sobre outros corpos e acaba descobrindo os
prazeres do seu próprio corpo; ao se masturbar, Maria
tem o seu primeiro orgasmo.

Contato: rebeccanmoreno@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA FOCO MINAS • CURTAS 143

Foto: divulgação

Foto: divulgação

Foto: divulgação
MINEIROS O MUNDO MINERAL PIETÀ
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 23MIN, MG, 2020 EXPERIMENTAL, COR, DIGITAL, 9MIN, MG, 2020 EXPERIMENTAL, COR, DIGITAL, 5MIN, MG, 2020

Direção: Amanda Dias Direção e Roteiro: Guerreiro do Divino Amor Direção: Pink Molotov

Minas é o principal estado minerador do país. A No âmbito de constituir um Atlas Superficcional Jesus recebe uma chuva de bênçãos após ser batizado
mineração está na raiz, na origem, na economia e Mundial, Guerreiro do Divino Amor investiga como nas águas sagradas da piscina de mil litros. Com isso ele
no nome de Minas Gerais. O sangue dos mineiros ficções de diferentes naturezas, sejam elas geográficas, recebe suficiente força para combater o mal. A justiça
está na mineração. sociais, midiáticas, políticas ou religiosas, interferem divina, no entanto, falha e o herói acaba morto no colo
na construção do território e do imaginário coletivo. da senhora sua mãe.
Contato: andre_rmc@msn.com Quinto capítulo do Atlas Superficcional, o filme é
uma fantasia de harmonia e perdão, a superficção Contato: eladegabriela@gmail.com
do milagroso equilíbrio entre povos, norte e sul,
superdesenvolvimento e supertradição.

Contato: rranquine@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA FOCO MINAS • CURTAS 144

Foto: divulgação

Foto: divulgação

Foto: divulgação
SAPATÃO: UMA RACHA/DURA VIDEOMEMORIA VIGÍLIA
NO SISTEMA DOCUMENTÁRIO, COR, DCP, 23MIN, PE/MG, 2020 DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 8MIN, MG, 2020
EXPERIMENTAL, COR, DIGITAL, 12MIN, MG, 2020
Direção: Aiano Bemfica e Pedro Maia de Brito Direção: Rafael dos Santos Rocha

Direção: Dévora MC
o tempo passa como um cigarro fumado à noite Enquanto a maior parte dos habitantes de Belo
quando através de sua fumaça vejo Horizonte protege-se dentro de suas casas contra a
Por que estamos tão cansades? Uma entregadora
cada imagem daqueles dias que ainda lembro pandemia da covid-19, um enorme contingente de
por aplicativo responde. Em sua última postagem:
para sorrindo chorar nossas glórias pessoas é obrigado a estar nas ruas e a trabalhar.
um desabafo e uma despedida. Um corpo vivo, uma
Para muitas delas a rua é muito mais que um ponto de
sociedade em colapso. Uma corpa que tensiona
Contato: maiaapedro@gmail.com passagem: é a própria casa. Na vivência das ruas, as
a cidade. Rompe com padrões. Cria racha/duras.
recomendações sanitárias nem sempre têm condições
Sapatão, guarde este dia com carinho.
de serem cumpridas completamente. Mas a luta e
a resistência contra o vírus também acontecem de
Contato: dehmcquade@gmail.com
maneiras inesperadas. Edésio José da Silva, conhecido
como Veizin, é um catador de material reciclado que
trabalha no Centro de Belo Horizonte. Por onde passa,
Edésio entoa em voz alta as canções que ele inventa
pelas rua vazias da cidade.

Contato: luisa.bahury@gmail.com
MOSTRA
FOCO

Cena do filme A Destruição do Planeta Live


24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA FOCO 146

DISTOPIAS COTIDIANAS
E FIGURAÇÕES DE
UM PÓS-MUNDO
A Mostra Foco abre com o curta experimental mineiro Drama Queen, de Gabriela Luiza.
Com imagens feitas no isolamento social durante a pandemia da covid-19, a realizadora
se coloca em cena em breve exercício ensaístico, que mistura momentos de humor,
melancolia e sátira cotidiana em torno da possibilidade de criação no contemporâneo. O
baiano Marcus Curvelo também aparece em frente às câmeras em sua ficção A Destruição
do Planeta Live. Na trama, o realizador encontra-se dividido entre fazer uma live ou se
autoaniquilar, enquanto o país mergulha em profunda crise política institucional. O
curta ficcional paulista Céu de Agosto, de Jasmin Tenucci, traz como protagonista uma
mulher grávida que frequenta uma igreja neopentecostal, cuida de sua avó doente e lida
constantemente com a ansiedade em uma atmosfera poluída pelo efeito das queimadas.
A sessão Foco 1 encerra com o experimental carioca Lambada Estranha, de Luisa Marques
e Darks Miranda, em que explosões tomam conta do fim do mundo e diferentes corpos
dançam em meio às ruínas.

A sessão Foco 2 se inicia com Ratoeira, curta catarinense de Carlos Adelino, em que a
distopia e o filme pós-apocalíptico são reinventados no espaço exíguo de uma pequena
oficina de reformas eletrônicas. Interpretado pelo músico Neném Maravilha, o técnico
MacGyver observa com melancolia o seu mundo acabar. No manauara De Costas pro Rio,
dirigido por Felipe Aufiero, é o cinema de gênero que se vê desafiado, ao ser alinhado com o
documentário. No filme, vozes místicas e ancestrais trazem de volta a Manaus um homem
que se afastou da própria terra. Já o curioso e instigante curta paranaense Eu te Amo,
Bressan, dirigido pelo jovem cineasta Gabriel Borges, brinca com a metalinguagem e com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA FOCO 147

os códigos do filme romântico para comentar alguns lugares-comuns


do cinema contemporâneo. Num registro inverso, 4 Bilhões de Infinitos,
filme do mineiro Marco Antônio Pereira, celebra a magia do cinema a
partir do olhar poderoso e imaginativo das crianças.

Dirigido por Júlia da Costa e Renata Mourão, a distopia queer sergipana


Abjetas 288 habilmente articula elementos da cultura cyberpunk/
gambiarra, incorporando dança e performance para apresentar
sujeitos que vagam pelas paisagens desoladas da cidade, pelo Sertão
e pelos mangues, encontrando uma constelação de fantasmagorias
urbanas a revelar o lado fake da norma. Numa fábula fantasiosa que
assume a precariedade do fazer e do viver, Preces Precipitadas de
um Lugar Sagrado que Não Existe Mais aborda o reiterado trauma da
violência contra jovens negros e periféricos, inventando possibilidades
de vida e apontando desejos de futuro para além de um mundo e de
uma existência em permanente risco de extermínio. O curta cearense
tem codireção de Rafael Luan e Mike Dutra. Encerrando a sessão Foco
3, Novo Mundo evoca memórias não materializadas de povos cuja
própria humanidade foi negada na construção de uma ideia de país.
Numa primeira pessoa do singular-plural, o curta fluminense codirigido
por Natara Ney e Gilvan Barreto aponta para um futuro do pretérito,
reinscrevendo humanidades, subjetividades e figurando uma presença
contracolonial a partir da experiência afrodiaspórica.

Camila Vieira
Felipe André Silva
Tatiana Carvalho Costa
Curadores
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA FOCO • CURTAS 148

Foto: Murilo Sampaio e Marcus Curvelo

Foto: Bruna Noveli


Foto: divulgação

4 BILHÕES DE INFINITOS A DESTRUIÇÃO DO ABJETAS 288


FICÇÃO, COR, DCP, 14MIN, MG, 2020 PLANETA LIVE FICÇÃO, COR, DIGITAL, 20MIN, SERGIPE, 2020
FICÇÃO, COR, DCP, 18MIN, BA, 2021
Direção: Marco Antonio Pereira Produção Executiva: Direção, Roteiro e Montagem: Júlia da Costa e Renata
Ariane Rocha, Rodrigo Meirelles, Marcelo Lin Empresa Mourão Produção Executiva: Filipe Cruz
Direção: Marcus Curvelo Empresa Produtora: Filmes
Produtora: Abdução Filmes
Amarelos
Em futuro distópico, Joana e Valenza fazem uma
Brasil, 2020. Uma família vive com a energia de casa jornada à deriva por uma cidade nordestina. Através
Marcus está dividido entre trabalhar em uma live ou dar
cortada. Enquanto a mãe trabalha, seus filhos ficam da música eletrônica e trilha ruidosa, as personagens
um tiro na própria cara.
em casa conversando sobre ter esperança. nas andanças pelas ruas performam o que sentem,
enquanto vivem nessa sociedade tentando entendê-
Contato: marcuscurvelo@gmail.com
Contato: marcoantoniozero@gmail.com la. O filme trata sobre territorialidades, identidades e
meritocracia, tudo com um tom irônico e se utilizando
de elementos alegóricos que dialogam com a história
popular de Aracaju.

Contato: dacostapereirajulia@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA FOCO • CURTAS 149

Foto: Gabriela Luíza


Foto: divulgação

Foto: divulgação
CÉU DE AGOSTO DE COSTAS PRO RIO DRAMA QUEEN
FICÇÃO, COR, DCP, 16MIN, SP, 2020 FICÇÃO, COR, DIGITAL, 16MIN, AM/ PR, 2020 EXPERIMENTAL, COR, DIGITAL, 11MIN, MG, 2020

Direção e Roteiro: Jasmin Tenucci Roteiro: Jasmin Tenucci Direção, Roteiro e Montagem: Felipe Aufiero Produção Direção e Montagem: Gabriela Luíza
Coescrito por Saim Sadiq Produção Executiva: Henrique Executiva: Felipe Aufiero, Joel Schoenrock, Carlos Macagi
Carvalhaes, Ricardo Mordoch e Kári Úlfsson Montagem: Empresa Produtora: Casa Livre Produções Os dilemas da diretora, que mirando realizar um
Fernanda Frotté e Brúsi Ólason Empresa Produtora: documentário, acaba por acertar no filme-ensaio.
Substância Filmes e AmorDoch Filmes Após o contato de um espírito da floresta, Pietro volta Uma ode à arte dramática surpreendida por uma
para Manaus para salvá-la. Ele deve evitar que a cidade enxurrada tragicômica.
Em um mundo em chamas, uma enfermeira grávida seja destruída por uma cobra-grande que dorme nos
de sete meses lida com uma crescente ansiedade, subterrâneos da região. Contato: eladegabriela@gmail.com
enquanto se vê, aos poucos, atraída por uma fiel da
igreja pentecostal e por sua comunidade. Contato: f.aufiero.fonseca@hotmail.com

Contato: jasminft@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA FOCO MINAS • CURTAS 150

Foto: divulgação

Foto: divulgação

Foto: divulgação
EU TE AMO, BRESSAN LAMBADA ESTRANHA NOVO MUNDO
FICÇÃO, COR, DCP, 17MIN, PR, 2020 EXPERIMENTAL, COR, DIGITAL, 12MIN, RJ, 2020 FICÇÃO, COR, DCP, 21MIN, RJ, 2020

Direção e Roteiro: Gabriel Borges Produção Executiva: Direção: Luisa Marques, Darks Miranda Roteiro: Darks Direção e Roteiro: Natara Ney e Gilvan Barreto Produção
Gabriel Borges, Sabrina Trentim Montagem: Rodrigo Miranda Empresa Produtora: Filmes da Zona Abissal Executiva: Frida Projetos Culturais / Mariane Goldberg
Tomita Empresa Produtora: Coco Filmes e Ana Silvia Forgiarini Montagem: Natara Ney Empresa
Rio de Janeiro, 2020. A cidade se incendiou e sua água Produtora: Gilvan Barreto Arte e Cultura
Depois do fim de seu namoro, Bressan remonta secou ou está contaminada. Das profundezas da terra
episódios de seu relacionamento em uma inusitada e do céu surgem seres extra-humanos desorientados. Um paraíso para os olhos, a frase define o lugar de
história de amor. destino da personagem, A Terra Sem Males. Depois de
Contato: luisas@gmail.com caminhar por florestas e ruínas, ela percebe que aquele
Contato: gpfbsilva@gmail.com território foi erguido sobre o sangue de muitos povos.
Esse conhecimento poderia deixá-la paralisada, criar
medo, mas inspira atos de coragem.

Contato: mariane@frida.net.br
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA FOCO MINAS • CURTAS 151

Foto: Renata Fortes

Foto: divulgação
PRECES PRECIPITADAS DE RATOEIRA
UM LUGAR SAGRADO QUE FICÇÃO, COR, DIGITAL, 10MIN, SC, 2020

NÃO EXISTE MAIS


Direção e Roteiro: Carlos Adelino Produção Executiva:
FICÇÃO, COR, DCP, 23MIN, CE, 2020
Renan Rigon Montagem: Carlos Adelino e Rodrigo Ribeiro

Direção: Rafael Luan e Mike Dutra Roteiro: Rafael Luan Entre os resíduos da sociedade de consumo, o técnico
Produção Executiva: Lia Mota Montagem: Gabi Trindade em eletrônica Macgyver (Neném Maravilha) descobre
Empresa Produtora: Tarde na Rua Filmes um mundo tão cheio de coisas e tão vazio de sentidos.

De madrugada, voltando para casa depois de uma festa Contato: carlosadelino.rosa@gmail.com


de reggae, Breno vai parar num lugar entre o presente,
o passado e o futuro.

Contato: rafaluansilva@gmail.com
MOSTRA
PANORAMA

Cena do filme O Jardim Fantástico


24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA PANORAMA 153

DIVERSIDADE ESTÉTICA,
MODULAÇÕES DE
SUBJETIVIDADES E CRISES
Com maior número de sessões – seis ao todo –, a Mostra Panorama apresenta um conjunto amplo
e diversificado da produção de curtas-metragens realizados em 2020. Propostas experimentais,
construções ficcionais e olhares documentais são lançados por realizadores de diferentes
territórios do país.

Abrindo a sessão Panorama 1, Levantado do Chão, curta de Gustavo Jahn e Melissa Dullius criado entre
Brasil e Alemanha, é um experimento onírico que usa a textura granulada do 16mm e a falta de som para
potencializar as imagens de um homem perdido por entre os lugares e as pessoas que compõem uma
cidade. Também de caráter experimental, porém mais caótico e fragmentado, o filme Minha Bateria Está
Fraca e Está Ficando Tarde, de Rubiane Maia e Tom Nóbrega, captura, através da tela sempre viva de um
computador, a relação entre dois amigos num exílio forçado por conta da pandemia. Ilha do Sol, de Lucas
Parente, Rodrigo Lima e Walter Reis, homenageia a figura mítica de Luz Del Fuego através de uma breve
e poética performance. Vindo de João Pessoa, o curta Animais na Pista, de Otto Cabral, faz uma investida
ousada no cinema de gênero, ao acomodar todo o desenrolar de um acidente, e suas consequências,
numa sequência de planos longos e inquietantes. Usando o ambiente da noite de forma diversa, o carioca
Vagalumes, de Léo Bittencourt, explora de forma sensual e insidiosa as cenas e personagens que se
desenrolam durante a madrugada no Parque do Flamengo.

O curta manauara Seiva Bruta tem direção de Gustavo Milan e se conecta a um cinema narrativo
contemporâneo na América Latina para abordar questões como imigração, gênero e violência. No
paulista Mangue-Branco, dirigido por Flávia K. Ventura, a resignação de uma mulher com sua vida
monótona – dedicada ao trabalho e a um casamento empalidecido – é abalada por um acontecimento
trágico num curta ficcional de narrativa rarefeita. Opy’i Regua, documentário gaúcho codirigido por
Júlia Gimenes e Sérgio Guidoux, acompanha e descreve o processo de construção de uma casa de reza
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA PANORAMA 154

(Opy) para um ritual Mbya-Guarani, numa imersão espaço-temporal em da História, de Victor Abreu, é um perfil do poeta que dá título ao curta.
gestos – civilizatórios – de partilha. O também gaúcho Construção depura a Diagnosticado com esquizofrenia e com histórico longo de internações,
persistência de uma mulher e seus filhos que, despejados, precisam erguer, o escritor integrou o movimento antimanicomial no Brasil e lutou pela
com as próprias mãos, uma nova casa. O documentário dirigido por Leonardo aprovação da Lei de Reforma Psiquiátrica, aprovada em 2001. O curta
da Rosa encerra a sessão Panorama 2. paranaense Você Já Tentou Olhar nos meus Olhos?, de Tiago Felipe, monta
com imagens fotográficas um ensaio sobre o corpo de um jovem negro. Na
A realizadora paulista Julia Katharine propõe em Won’t You Come Out to Play? ficção paraibana A Pontualidade dos Tubarões, a diretora Raysa Prado parte
um tipo raro de filme, um delicado melodrama caseiro sobre as complexas de uma alusão à literatura de Gabriel Garcia Márquez para fabular sobre um
relações de uma filha com sua mãe, pai e meia-irmã. Uma proposta jovem que sobrevive de pequenos bicos e aguarda ligações telefônicas em
ficcional mais tradicional também norteia Três Graças, curta capixaba seu apartamento. A ficção científica paulista Babelon, de Leon Barbero,
dirigido por Luana Laux, que observa a ciranda de sonhos e desejos de três apresenta um homem comum – interpretado por Caetano Gotardo – que
irmãs, moradoras de uma fazenda que abriga uma fábrica de cachaça. está imerso por aparatos tecnológicos e precisa lidar com o excesso de
Dirigido por Bruna Barros e Bruna Castro, o documentário baiano À Beira do comunicação mediado por uma voz. No flerte com o cinema de ação,
Planeta Mainha Soprou a Gente utiliza a mescla entre imagens de arquivo e Enterrado no Quintal, de Diego Bauer, encerra a sessão 5. O curta narra a
observação direta para investigar a complexa e por vezes difícil relação entre história de uma mulher que busca se vingar do padrasto que agredia sua
mães e suas filhas lésbicas. Já no curta paulista O Jardim Fantástico, de Fábio mãe. No papel da protagonista, a atriz Isabela Catão também integra o elenco
Baldo e Tico Dias e que encerra a sessão Panorama 3, uma professora utiliza do curta O Barco e o Rio, que está na programação da Mostra Praça.
ayahuasca com seus alunos e vê as crianças se conectarem com os poderes
ancestrais da floresta. A animação mineira Vida Dentro de um Melão, de Helena Frade, abre a sessão
Panorama 6 com fragmentos cotidianos do espaço familiar da realizadora
Fora de Época e Adelaide, Aqui Não Há Segunda Vez para o Eerro trazem, e suas memórias de infância, ao lado da avó, mãe, pai e irmã. De Goiás, o
cada um à sua maneira, escritoras malditas pouco abordadas no cinema curta Choveu Há Pouco na Montanha Deserta, de Rei Souza, parte do drama
brasileiro. O primeiro filme da sessão Panorama 4 – toda composta por filmes de um jovem ex-detento que busca retomar sua vida cotidiana, quando
realizados em São Paulo – é codirigido por Drica Czech e Laís Catalano Aranha volta à cidade natal. No documentário paulista Caminhos Encobertos, de
e se utiliza da obra de Cassandra Rios para revelar a uma filha lésbica o que Beatriz Macruz e Maria Clara Guiral, duas lideranças da etnia Guarani Mbya
sua falecida mãe precisou esconder sobre o passado. No segundo curta, que sobem o Pico do Jaraguá e recordam a história do seu povo em meio à
tem direção de Anna Zêpa, é Adelaide Carraro que tem a obra rememorada reconfiguração urbana do local. Interpretada pela atriz Rejane Faria, uma
por sua persona articulada ao imaginário de leitores em torno da própria operária de uma fábrica têxtil organiza uma greve junto com suas colegas
sexualidade. Realizado por Sara Antunes, De Dora, por Sara conecta de trabalho, na ficção mineira Vitória, de Ricardo Alves Júnior, que encerra a
duas gerações de mulheres para revisitar a Represa de Dora, recriando a Mostra Panorama 6.
comunicação entre as militantes Maria Auxiliadora Lara Barcelos e Clélia
Lara Barcelos no período da ditadura militar, fabulando possibilidades de lida Camila Vieira
com traumas individuais e coletivos. Encerrando a sessão, Menarca, de Lillah Felipe André Silva
Halla, acompanha as estratégias de defesa de crianças que convivem com Tatiana Carvalho Costa
abusos sexuais em um ambiente embrutecido e habitado pelo fantástico. Curadores

Na Mostra Panorama 5, o documentário carioca Milton Freire, um Grito Além


24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA PANORAMA • CURTAS 155

Foto: Zigmund Haar


Foto: divulgação

Foto: divulgação
À BEIRA DO PLANETA A PONTUALIDADE DOS ADELAIDE, AQUI NÃO HÁ
MAINHA SOPROU A GENTE TUBARÕES SEGUNDA VEZ PARA O ERRO
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 13MIN, BA, 2020 FICÇÃO, COR, DCP, 16MIN, PB, 2020 DOCUMENTÁRIO, COR, DCP, 20MIN, SP, 2020

Direção, Roteiro e Montagem: Bruna Barros e Bruna Direção: Raysa Prado Roteiro: Raysa Prado e Joseph Direção: Anna Zêpa Roteiro e Montagem: Anna Zêpa e
Castro Anderson Produção Executiva: Tarciana Gomes Ana Carolina Marinho Produção Executiva: Ana Carolina
Montagem: Edson Lemos Akatoy Marinho Empresa Produtora: Bela Filmes
Através de imagens de arquivo pessoal e reflexões
sobre as ambivalências que às vezes se imprimem em Atendendo ligações de pessoas diferentes todos os Quem foi Adelaide Carraro? Por que me desvendar é
relações cheias de amor, o filme apresenta recortes de dias, João passa minuciosamente as horas dentro de uma tarefa árdua? Tive mais de 5 milhões de livros
afeto entre duas sapatonas e suas mães. seu apartamento. Em meio a sua rotina, tudo se altera vendidos? Uma das mais lidas no Brasil entre os anos
pontualmente às cinco da tarde. 60 e 70? Perseguida, acusada de sensacionalista,
Contato: brunalcmorais@gmail.com pornográfica e autora de uma subliteratura? Onde
Contato: raysaignaciodoprado@gmail.com estão meus rastros?

Contato: zepa.anna@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA PANORAMA • CURTAS 156

Foto: Fernando Solidade Soares


Foto: divulgação

Foto: divulgação
ANIMAIS NA PISTA BABELON CAMINHOS ENCOBERTOS
FICÇÃO, COR, DCP, 9MIN, PB, 2020 FICÇÃO, COR, DCP, 13MIN, SP, 2020 DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 26MIN, SP, 2020

Direção e Roteiro: Otto Cabral Produção Executiva: Nina Direção: Leon Barbero Roteiro: Leon Barbero e Leonardo Direção e Roteiro: Beatriz Macruz e Maria Clara Guiral
Rosa, Rodolpho de Barros, Metilde Alves Montagem: Ely Pessoa Produção Executiva: Daniel Barosa e Nikolas Maciel Produção Executiva: Ibirá Machado Montagem: Luden Viana
Marques Empresa Produtora: Pigmento Cinematográfico Montagem: Roberta Bonoldi Empresa Produtora: Joki
Karai Mirim e Karai Jekupe são lideranças Guarani Mbya
Um acidente de percurso diz muito a respeito da Quando um homem comum percebe a falsidade no que moram na Terra Indígena Jaraguá, em São Paulo.
humanidade. emaranhado de telas e transmissões, uma misteriosa Enquanto sobem o Pico do Jaraguá, eles contam parte
voz digital surge para expor quais segredos se da história Guarani da metrópole.
Contato: rodolphodebarros@hotmail.com escondem por detrás das falsas verdades.
Contato: mcguiralbassi@gmail.com
Contato: leon@joki.com.br
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA PANORAMA • CURTAS 157

Foto: Henrique Landulfo


Foto: Gianluca Cozza
Foto: divulgação

CHOVEU HÁ POUCO NA CONSTRUÇÃO DE DORA, POR SARA


MONTANHA DESERTA DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 16MIN, RS, 2020 EXPERIMENTAL, COR, DIGITAL, 14MIN, SP, 2020
FICÇÃO, COR, DIGITAL, 21MIN, GO, 2020
Direção: Leonardo da Rosa Produção Executiva: José Direção e Roteiro: Sara Antunes Produção Executiva:
Pedro Minho Mello, Laila Oliveira e Leonardo da Rosa Sara Antunes e Henrique Landulfo Montagem: Henrique
Direção, Roteiro e Montagem: Rei Souza Produção
Montagem: André Berzagui e Arthur Amaral Empresa Landulfo e Sara Antunes
Executiva: Lia Souza
Produtora: Universidade Federal de Pelotas
O filme compartilha trechos de escritos, cartas da
O dia de tentar acertar as contas com o passado chega
Após ser despejada de sua casa, Andreia volta anos prisão e cartas do exílio trocadas entre a guerrilheira
e, sem se dar conta, Henrique entra em rota de colisão
depois para a comunidade da Getúlio Vargas com seus Maria Auxiliadora Lara Barcelos e Clélia Lara Barcelos,
consigo mesmo.
filhos Augusto, Gustavo e Bruno. Com a ajuda deles ela recriando o que chamava de "Represa de Dora",
inicia a construção de sua casa própria. um campo de comunicação entre o confinamento
Contato: reinvldx@gmail.com
e a possibilidade da útopia. Essa pesquisa conjuga
Contato: leosantosrosa@hotmail.com palavras "reais" num tempo poético, tateando tanto
os processos que levaram o corpo dela ao suicídio
como o inverso: investiga um campo vibrátil para que
ela reviva, numa espécie de cartografia do "encarnar",
avessa a desistência.

Contato: sara_antunes@hotmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA PANORAMA • CURTAS 158

Foto: Walter Reis


Foto: divulgação

Foto: divulgação
ENTERRADO NO QUINTAL FORA DE ÉPOCA ILHA DO SOL
FICÇÃO, COR, DIGITAL, 15MIN, AM, 2020 FICÇÃO, COR, DIGITAL, 13MIN, SP, 2020 EXPERIMENTAL, COR, DCP, 9MIN, RJ, 2020

Direção: Diego Bauer Roteiro: Diego Bauer, baseado Direção e Produção Executiva: Drica Czech e Laís Direção: Lucas Parente, Rodrigo Lima e Walter Reis
no conto de Diego Moraes Produção Executiva: Ítalo Catalano Aranha Roteiro: Drica Czech Montagem: Laís Roteiro: Lucas Parente e Rodrigo Lima Produção
Almeida, Diego Bauer Montagem: Eduardo Resing Catalano Aranha Executiva: Fernanda Romero e Jura Capela Montagem:
Empresa Produtora: Artrupe Produções Rodrigo Lima Empresa Produtora: Besta Fera Filmes e
Lésbica com familiares conservadores, Renata acaba Filmes Soledade
Quando mais jovem, Isabela enterrou um revólver no de votar no segundo turno das eleições presidenciais
quintal de casa, com uma promessa de se vingar do de 2018. Ansiosa e abalada psicologicamente, ela Num futuro primitivo é traçado um grafismo ameríndio,
seu padrasto, que agredia sua mãe. Anos depois ela pede para que os amigos a avisem sobre o resultado e mediterrâneo, diante de uma Baía de Guanabara
desenterra a arma e vai em busca de sua vingança. foge para um sítio da família. Sentindo-se deslocada silenciosa e decrépita.
e sem conseguir dormir, entra na casa velha onde sua
Contato: reinel.garcia.perez@gmail.com mãe decidiu passar os últimos dias de vida isolada. Ao Contato: astramonstra@gmail.com
limpar o local, Renata encontra um livro que muda sua
visão sobre sua mãe e sua própria história, fazendo-a
tomar uma decisão sobre como deverá seguir sua vida
a partir de agora.

Contato: lais@laisaranha.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA PANORAMA • CURTAS 159

Foto: divulgação

Foto: divulgação

Foto: divulgação
LEVANTADO DO CHÃO MANGUE-BRANCO MENARCA
FICÇÃO, COR, DCP, 11MIN, SC/RS, 2020 FICÇÃO, COR, DCP, 18MIN, SP, 2020 FICÇÃO, COR, DCP, 21MIN, SP, 2020

Direção: Melissa Dullius e Gustavo Jahn Roteiro: Melissa Direção: Flávia K. Ventura Roteiro: Flávia K. Ventura, Júlia Direção: Lillah Halla Roteiro: Libia Pérez e Lillah Halla
Dullius Produção Executiva, Montagem e Empresa Sconzo Produção Executiva: Bianca Andriello, Raquel Produção Executiva: Gustavo Aguiar e Renata Miyazaki
Produtora: Distruktur Andriello, Francesco Andriello Montagem: Lucas Navarro Montagem: Eva Randolph, edt. Empresa Produtora: Ano
Empresa Produtora: Faap Zero Produções
Então ele acorda e pensa que acordou do sonho, acorda
e pensa que adormeceu... Ele então acorda tarde, Maíra vive em uma pequena cidade litorânea, onde Num vilarejo de águas contaminadas, duas crianças
percebe que já está escuro e sente muito sono. trabalha como massagista em um hotel. Passa fantasiam com a primeira menstruação, enquanto
os dias em uma rotina sem grandes entusiasmos engendram maneiras de se proteger da quase inevitável
Contato: mail@distruktur.com e perspectivas, na qual se divide entre o trabalho violência que as espera.
insosso, a convivência com um marido distante e
caminhadas pela cidade. Certa tarde, depara-se com Contato: lillahalla@gmail.com
um acontecimento que reverbera no seu interior como
um impulso para rever sua vida como um todo.

Contato: flaviakventura@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA PANORAMA • CURTAS 160

Foto: Ivan Rodrigues


Foto: divulgação
Foto:Pedro Loes

MILTON FREIRE, UM GRITO MINHA BATERIA ESTÁ FRACA O JARDIM FANTÁSTICO


ALÉM DA HISTÓRIA E ESTÁ FICANDO TARDE FICÇÃO, COR, DCP, 20MIN, SP, 2020
DOCUMENTÁRIO, COR, DCP, 20MIN, RJ, 2020 DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 27MIN, SP, 2020
Direção: Fábio Baldo, Tico Dias Roteiro: Fábio Baldo,
Direção, Roteiro e Montagem: Victor Abreu Produção Direção e Roteiro: Rubiane Maia e Tom Nóbrega Raymundo Calumby Produção Executiva: Lara Lima
Executiva: Maria Paula Pamplona Carvalho Empresa Montagem: Tom Nóbrega Montagem: Douglas Soares, Fábio Baldo Empresa
Produtora: Neblina Filmes Produtora: Filmes da Gruta, Lira Cinematográfica,
Enquanto a pandemia de Sars – covid 19 aumentava, Tabuleiro Filmes
Em um relato poético, Milton Freire relembra duas Rubiane Maia estava em Folkestone, na Inglaterra,
visões que o guiaram em sua reconstrução subjetiva, e Tom Nóbrega em Tarapoto, na Amazônia peruana. Uma professora usa ayahuasca durante as aulas com o
vividas em um período de crises e internações em Ambos ficaram surpresos com a necessidade repentina intuito de conectar seus alunos a uma outra realidade.
hospitais psiquiátricos. de cancelar as viagens planejadas para o Brasil, sua Durante um dos rituais, uma das crianças encontra
terra natal. As fronteiras fechadas trouxeram situações uma estranha engrenagem na floresta.
Contato: victor.gustavoabreu@gmail.com insólitas e um sentimento desconhecido de exílio.
À medida que as notícias vindas do Brasil chegam Contato: filmesgruta@gmail.com
à distância como pedras quebrando suas telas de
computador, borrando a linha entre o que é pessoal e
o que é coletivo, a dupla de amigos compartilha sua
perplexidade e tenta encontrar alguma ressonância em
meio à quantidade avassaladora de informações que
flutuam o espaço virtual.

Contato: rubianemaia@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA PANORAMA • CURTAS 161

Foto: Sérgio Guidoux

Foto: divulgação

Foto: divulgação
OPY'I REGUA SEIVA BRUTA TRÊS GRAÇAS
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 26MIN, RS, 2020 FICÇÃO, COR, 16MM, 17MIN, AM, 2020 FICÇÃO, COR, DIGITAL, 19MIN, ES, 2020

Direção e Roteiro: Júlia Gimenes, Sérgio Guidoux Direção, Roteiro e Produção Executiva: Gustavo Milan Direção: Luana Laux Roteiro: Léo Alves Produção
Montagem: Sérgio Guidoux Empresa Produtora: Meio do Montagem: Jon Kadocsa Empresa Produtora: Nanucha Executiva: Sullivan Silva e Leandra Moreira Montagem:
Mundo Filmes Films Mariana Duarte e Paula Sancier Empresa Produtora: Caju
Produções e Lúdica Audiovidual
Gente grande e gente pequena, sabida e iniciante, Marta, uma jovem mãe venezuelana, imigra para o
pegam junto em um processo de construção, coleta, Brasil. Durante a sua jornada, ela conhece um jovem Numa fazenda no interior do Brasil, que abriga uma
aprendizagem e reverência. No extremo sul da Mata casal em dificuldades. O casal tem um bebê e Marta, a antiga casa-grande e uma fábrica de cachaça, três
Atlântica, após mudar a sua pequena aldeia para uma capacidade para amamentar. irmãs vivem uma ciranda do destino: pedem à Virgem
nova área, a cacique Júlia conduz a construção da Opy, Maria a graça para um desejo que, ironicamente, é a
a casa de reza Mbya Guarani. Contato: gusmilan@hotmail.com outra quem realiza.

Contato: brtgiu@gmail.com Contato: luanalaux@gmail.com


24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA PANORAMA • CURTAS 162

Foto: divulgação

Foto: divulgação

Foto: divulgação
VAGALUMES VIDA DENTRO DE UM MELÃO VITÓRIA
FICÇÃO, COR, DCP, 19MIN, RJ, 2020 ANIMAÇÃO, COR, DIGITAL, 18MIN, MG, 2020 FICÇÃO, COR, DCP, 14MIN, MG, 2020

Direção: Léo Bittencourt Roteiro: Juliano Gomes e Léo Direção, Roteiro e Montagem: Helena Frade Produção Direção: Ricardo Alves Jr. Roteiro: Germano Melo
Bittencourt Produção Executiva: Sabrina Bitencourt Executiva: Mariana Martins e Amanda Gardillari Empresa Produtora: EntreFilmes
Montagem: Ricardo Pretti e Waldir Xavier Empresa
Produtora: Fauna Uma garota filma o seu redor. Fantasiada de bicho, o Vitória é uma entre muitas operárias da fábrica de
desconhecido te assopra quando o coração quer voar. tecidos. Num dia de trabalho, ela aventa a possibilidade
O lado noturno de um ícone modernista. A fauna e de agir coletivamente e transformar a ordem vigente.
flora dos jardins de Roberto Burle Marx habitado pelos Contato: helena.neves.frade@gmail.com
frequentadores do Parque do Flamengo enquanto a Contato: alvesjunior01@gmail.com
cidade do Rio de Janeiro adormece.

Contato: leonardobrmello@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA PANORAMA • CURTAS 163

Foto: divulgação

Foto: divulgação
VOCÊ JÁ TENTOU OLHAR NOS WON'T YOU COME OUT TO
MEUS OLHOS? PLAY?
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 4MIN, PR, 2020 FICÇÃO, COR, DIGITAL, 16MIN, SP, 2020

Direção, Roteiro e Montagem: Tiago Felipe Produção: Direção e Roteiro: Julia Katharine Montagem: João
Stefano Lopes e Tiago Felipe Empresa Produtora: Prisma Marcos de Almeida
Cocriações
Minha mãe conta que, quando eu nasci, ela estava
Quem dita o que um corpo negro necessita? Você já lendo Mrs. Dalloway, e por isso me deu o nome de
tentou olhar nos meus olhos? Virginia, mesmo contrariando meu pai, que sempre
detestou esse nome. Na verdade, ele esperava que eu
Contato: tiago@prismacocriacoes.com.br fosse o menino que ele sempre sonhou em ter.

Contato: joao.marcos.almeida@gmail.com
MOSTRA
FORMAÇÃO

Cena do filme Comboio pra Lua


24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA FORMAÇÃO 165

AS POTÊNCIAS
CRIATIVAS
DO CINEMA
ESTUDANTIL
Dedicada inteiramente aos filmes realizados em escolas e faculdades, as sessões da Mostra
Formação evidenciam a potência e a efervescência criativa da juventude brasileira, que
mesmo em tempos e condições tão adversas consegue propor experimentos e narrativas
inventivas, que traduzem seu tempo e seus iguais. Nesta edição, nove filmes criam um
panorama da produção de vários cantos do país.

A mostra é aberta pelo curta Pátria, de Lívia Costa e Sunny Maia. Vindo da escola Vila
das Artes, no Ceará, o filme é uma colagem experimental que analisa as problemáticas
do nacionalismo, opondo a paixão pelo futebol às questões políticas brasileiras. Da
Universidade Federal de Sergipe (UFS), vem o filme Caminhos na Noite, de Douglas Oliveira,
uma ficção que acompanha as desventuras e tensões de dois jovens que perambulam pela
madrugada da cidade, depois de perder o último ônibus. Dirigido por Filipe Rodrigues, a
soturna ficção O Filho do Homem, realizada na Universidade Federal do Pará (UFPA), em
Belém, acompanha a estranha porém afetuosa relação entre um homem jovem e um idoso
que se desenrola nas sombras de uma antiga casa. Realizado na Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte, o curta Ela Viu Aranhas oferece os pontos de
vistas de várias mulheres que ocupam o mesmo apartamento. Elas falam sobre vida,
paixões, dificuldades e celebram sua existência.

A segunda sessão é aberta por Vander, realizado na Universidade Federal do Recôncavo


Baiano (UFRB), um curta documental e muito pessoal que relata a difícil relação que a
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA FORMAÇÃO 166

diretora Bárbara Carmo mantém com a memória de seu pai. Realizado


por Giulia Maria Reis, da Escola Darcy Ribeiro, no Rio de Janeiro, o
filme Noções de Casa é um delicado retrato de amadurecimento e de
redescoberta de memórias familiares, um ritual de cura em meio às
águas. Dirigido por Rebeca Francoff, do Centro Universitário UNA, em
Minas Gerais, o curta Comboio pra Lua acompanha as questões de uma
jovem aluna de intercâmbio tentando lidar com as diferenças culturais
em Portugal. Da Escola Adalgisa Nery, no Rio de Janeiro, vem o curta Para
Todes, um curioso experimento de cinema direto que põe adolescentes
numa discussão sobre a cultura machista do futebol que existe, mesmo
no ambiente escolar. Dirigido por Mateus Strelow, da Universidade
Federal de Pelotas (UFPel), no Rio Grande do Sul, o filme A Verdade Sai de
seu Poço para Envergonhar a Humanidade é um exemplar de cinema de
gênero que, através da tensão entre duas irmãs afastadas, remexe em
medos e tensões há muito adormecidas.

Camila Vieira
Felipe André Silva
Tatiana Carvalho Costa
Curadores
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA FORMAÇÃO • CURTAS 167

Foto: Rebeca Francoff e Tiago Sanches


Foto: divulgação

Foto: divulgação
A VERDADE SAI DE SEU CAMINHOS NA NOITE COMBOIO PRA LUA
POÇO PARA ENVERGONHAR FICÇÃO, COR, DIGITAL, 19MIN, SE, 2020 DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 23MIN, MG, 2020

A HUMANIDADE
Direção: Douglas Oliveira Direção: Rebeca Francoff
FICÇÃO, P&B, DIGITAL, 22MIN, RS, 2020

Arthur e Davi são dois jovens que perdem o último Pedro e Rebeca são amigos e estudam em Portugal.
Direção: Matheus Strelow ônibus da noite e precisam encarar o que a madrugada Rebeca é brasileira e Pedro português. Durante a
lhes reserva em meio a acontecimentos inesperados. convivência, os dois jovens lidam com as sensações
Natália é uma universitária que mora com os pais de não pertencimento, a solidão e os relacionamentos
na mesma casa onde cresceu. Sua irmã mais velha Contato: douugs.oliveira@gmail.com à distância.
chega de visita trazendo consigo memórias de
infância que Natália não lembra. As madrugadas Contato: rebecafrancoff@gmail.com
insones em que vasculha seus arquivos parecem
desencadear acontecimentos estranhos, que podem
ameaçar sua segurança.

Contato: strelowmatt@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA FORMAÇÃO • CURTAS 168

Foto: divulgação

Foto: divulgação

Foto: divulgação
ELA VIU ARANHAS O FILHO DO HOMEM NOÇÕES DE CASA
FICÇÃO, COR, DIGITAL, 27MIN, MG, 2020 FICÇÃO, COR, DIGITAL, 10MIN, PA, 2020 EXPERIMENTAL, COR, DIGITAL, 12MIN, RJ, 2020

Direção: Larissa Muniz Direção: Fillipe Rodrigues Direção: Giulia Maria Reis

Quatro jovens mulheres vagam por um pequeno Um homem e um velho vivem juntos em uma antiga Certas datas comemorativas há um tempo mudaram
apartamento. Elas se olham. casa. Ambos são partes opostas que se sucedem de significado. Uma das casas se transforma. Ana e
enquanto o fogo renova continuamente a natureza. Luiza, em meio a mergulhos, buscam reflexões sobre
Contato: larimuniz314@gmail.com as formas como a casa pode se apresentar em meio às
Contato: fill.rodriguescosta@gmail.com dobras do tempo. Um ritual de despedida da primeira
infância e proposta de reconciliação com os que
vieram antes.

Contato: 3mariasfilmes@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA FORMAÇÃO • CURTAS 169

Foto: divulgação

Foto: divulgação

Foto: divulgação
PÁTRIA PARA TODES VANDER
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 8MIN, CE, 2020 DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 13MIN, RJ, 2020 DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 2MIN, BA, 2020

Direção: Lívia Costa e Sunny Maia Direção: Victor Hugo, Samara Garcia e equipe Direção: Bárbara Carmo

Em uma fita VHS são narrados pensamentos sobre Futebol é para todes? Os alunes da Escola Municipal Uma filha tenta encontrar a conexão perdida com seu
pátria, nacionalismo e poder. Adalgisa Nery, localizada no bairro de Santa Cruz, Rio pai através da única foto que possui.
de Janeiro, embarcam numa aventura para mostrar
Contato: sunnyasmin@gmail.com ao mundo que é necessário romper com muros Contato: bfa.carmo@gmail.com
visíveis e invisíveis. Estes acabam impossibilitando na
maior parte das vezes que pessoas com necessidades
especiais, LGBTs, mulheres e outros grupos participem
de partidas de futebol. No linguajar deles, mesmo que a
partida seja à brinca ou a vera, há uma intensa disputa
para saber o vencedor.

Contato: ygor.lioi@gmail.com
MOSTRINHA
E MOSTRA
JOVEM
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRINHA 171

TURMA DO
PIPOCA
Para encantar, divertir e despertar na criançada e na juventude a paixão pelo cinema, e ainda
conscientizar, envolver e unir as linguagens educação e cultura, a Universo Produção idealizou a TURMA
DO PIPOCA – personagens que representam a cadeia produtiva do audiovisual, resgatam valores e
transmitem conhecimentos de forma lúdica e divertida.

O Pipoca apresenta sua turma – os personagens Lúcio, o Lanterninha, Maria, a Baleira, Juca, o
projecionista, e o Dudu são os guardiões do cinema.

O diretor Nando, a produtora Fefa, o ator Jorge, a atriz Lia e a Flor, assistente de produção, são os
protagonistas do cinema.

Eles vão interagir, divertir, informar, brincar e, claro, assistir a muitos filmes pertinho de você.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRINHA 172

OS ANSEIOS
DA JUVENTUDE
E A IMAGINAÇÃO
DAS CRIANÇAS
Dedicadas ao público infantil e juvenil da Mostra de Cinema de Tiradentes, as sessões
Mostrinha e Jovem apresentam narrativas ficcionais nos formatos de animação e live
action. Para as crianças, cinco curtas e um longa trazem histórias lúdicas e educativas. Para
os jovens, três curtas narram dramas com personagens em processo de amadurecimento
para a vida adulta.

A Mostrinha inicia com a produção mato-grossense O Menino e o Ovo, de Juliana Capilé.


Em temporada de calor em Cuiabá, Joana escuta dos colegas de escola que é possível fritar
um ovo no asfalto quente. Por diversas vezes, ela busca testar o experimento. Na animação
paranaense Napo, de Gustavo Ribeiro, uma criança cria desenhos a partir de fotografias
para reativar as lembranças de juventude de seu avô, que está perdendo a memória. O
curta paulista Mitos Indígenas em Travessia, de Julia Vellutini e Wesley Rodrigues, narra com
traços de animação seis histórias da mitologia oral de povos indígenas do Brasil. Realizada
por estudantes da rede pública municipal de ensino fundamental de Icapuí, no litoral leste do
Ceará, a animação Vento Viajante mostra como a flora e a fauna de uma região podem ser
afetadas pela ação do vento. De Brasília, a ficção Foguete, de Pedro Henrique Chaves, encerra
a Mostrinha com a história de um pai que leva seu filho para brincar em uma praça com
um foguete, onde outras crianças se divertem. O brinquedo foi colocado na praça há muito
tempo e o pai se recorda de quando ele mesmo era pequeno e também gostava de brincar ali.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRINHA • LONGA 173

Passagem Secreta, de Rodrigo Grota, é uma divertida comédia juvenil


que agrega uma série de referências aos filmes que compõem o
imaginário do cinema infantojuvenil dos anos 1980, uma mistura de
ficção científica, filme de terror e drama familiar. Os quartos cheios
de pôsteres de filmes e revistas em quadrinho, o parque de diversões
e seus mistérios são cenário das desventuras de Alice e a busca pela
sua identidade, longa-metragem que também conta no seu elenco
com o cantor, ator e compositor Arrigo Barnabé em mais uma atuação
memorável no cinema. Repleto de divertidas referências, o longa agencia
referências audiovisuais de tempos diversos, uma viagem no tempo para
jovens, crianças e adultos.

Foto: divulgação
A Mostra Jovem começa com uma viagem pela estrada na produção
gaúcha Letícia, Monte Bonito, 04, de Julia Regis. A jovem Laís chega
com seus pais em um vilarejo afastado do centro urbano e conhece
a jovem Letícia. Em uma tarde no quarto, elas conversam, escutam PASSAGEM SECRETA
canções, compartilham leituras e momentos de intimidade, guiados FICÇÃO, COR, DCP, 95MIN, PR, 2020
pelas músicas da banda Musa Híbrida. Na ficção paraense Traçados,
de Rudyeri Ribeiro, o jovem Leo prepara uma exposição de seus Roteiro: Rodrigo Grota Assistente de Produção: Roberta Takamatsu (1ª AD), Raquel
desenhos na universidade, onde mantém amizade com Talita. Dias Deliberador (2ª AD) Produção Executiva: Guilherme Peraro Direção de Produção: Carlos
Fofaun Fortes & Jackeline Seglin Montagem: João Vítor Moreno Fotografia: Carlos Ebert,
após o assassinato de um jovem no bairro e os constantes conselhos
ABC Direção de Arte: Julio Vida Trilha Sonora: Rodrigo Guedes Mixagem: Caio Henrique
da mãe, o personagem busca a afirmação de sua identidade, enquanto Freitas, Felipy Andrade & Otávio Santos Som Direto: Bruno Bergamo Edição de Som: Caio
se expressa como artista. O curta mineiro Por outras Primaveras, de Henrique Freitas, Felipy Andrade & Otávio Santos Cenografia: Julio Vida Figurino: Thais
Anna Carolina Mol, encerra a Mostra Jovem com um road movie com Blanco Empresa Produtora: Kinopus Audiovisual Elenco: Luiza Quinteiro, Sofia Cornwell,
três amigas. Após a morte da avó de Nívea, ela, Serena e Iara partem Tiago Daniel, João Guilherme Ota, Arrigo Barnabé, Fernando Alves Pinto, Sandra Parra,
Nádia Quinteiro, Letícia Conde, Luana Rodrigues, Felipe Rost, Stella Rea Barnabé, Rafael
em viagem pelo Sul de Minas, enquanto conversam sobre seus anseios
Losso e Rodrigo Guedes
e os desafios da juventude.
Alice é obrigada a se mudar sozinha para uma pequena cidade, onde encontra um
novo grupo de amigos. Ao invadir um parque de diversões para resgatar um dos seus
colegas, Alice descobre segredos sobre a sua identidade e precisa fazer escolhas.

Camila Vieira
Contato: info@kinopus.com.br
Felipe André Silva
Tatiana Carvalho Costa
Francis Vogner dos Reis
Lila Foster
Curadores
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRINHA • CURTAS 174

Foto: Leandro Lima

Foto: divulgação

Foto: divulgação
FOGUETE NAPO MITOS INDÍGENAS EM
FICÇÃO, COR, DIGITAL, 15MIN, DF, 2020 ANIMAÇÃO, COR, DCP, 16MIN, PR, 2020 TRAVESSIA
ANIMAÇÃO, COR, DIGITAL, 21MIN, SP, 2020
Direção e Roteiro: Pedro Henrique Chaves Direção: Gustavo Ribeiro
Direção: Julia Vellutini e Wesley Rodrigues
No coração da cidade, um brinquedo atrai milhares de Com o agravamento de sua doença, um senhor
pessoas e une diferentes gerações. O desafio de subir e precisa se mudar para a casa de sua filha, onde seu Seis histórias indígenas dos tempos antigos das etnias
descer o foguete encanta pai e filho, que brincaram no neto reinterpreta fotografias antigas em desenhos, o Kuikuro (Aldeia Afukuri, Terra Índígena Parque do Xingu,
mesmo lugar e guardam segredos nunca revelados. É ajudando a recuperar memórias perdidas. Mato Grosso), Javaé (Aldeia São João, Terra Indígena
preciso ter coragem. Parque do Araguaia, Ilha do Bananal, Tocantins) e
Contato: brunabastos.andrade@gmail.com Kadiwéu (Aldeia São João, Terra Indígena Kadiwéu, Mato
Contato: pedrohenriquechaves.cinema@gmail.com Grosso do Sul). Entre as histórias: A Ema, O Menino-
Peixe, As Mulheres Sem Rosto, A Via Láctea, A Menina
Cobra, e O Urubu-Rei.

Contato: zuretacs@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRINHA • CURTAS 175

Foto: Vitória Molina


Foto: divulgação

VENTO VIAJANTE O MENINO E O OVO


ANIMAÇÃO, COR, DIGITAL, 6MIN, CE, 2020 FICÇÃO, COR, DIGITAL, 12MIN, MT, 2020

Direção: Os Alunos e Analúcia Godoi Direção: Juliana Capilé

Um dia o Vento decidiu viajar para o Nordeste. Pelo Em Cuiabá, uma das capitais mais quentes do Brasil,
caminho ele fez muitas descobertas, amigos e deixou na escola Joana escuta que é possível fritar um ovo no
saudades. asfalto, de tão quente que é o chão. Proibida pela mãe de
testar com os ovos de casa, a menina fará de tudo, mas
Contato: instituto@imazul.org nessa busca dilemas surgem e desafiam Joana a tomar
uma decisão.

Contato: anacarulinaroelis@gmail.com
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA JOVEM • CURTAS

MOSTRA
JOVEM

Foto: divulgação
POR OUTRAS PRIMAVERAS
FICÇÃO, COR, DIGITAL, 22MIN, MG, 2020

Direção: Anna Carolina Moura Mol de Freitas

Após uma grande perda, Nívea embarca em uma viagem


ao Sul de Minas com suas amigas Serena e Iara. Juntas,
refletem sobre tudo aquilo que as faz ser quem são.

Contato: annamoura97@yahoo.com.br
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA JOVEM • CURTAS 177

Foto: Felipe Cordeiro

Foto: divulgação
TRAÇADOS LETÍCIA, MONTE BONITO, 04
FICÇÃO, COR, DIGITAL, 19MIN, PA, 2020 FICÇÃO, COR, DIGITAL, 20MIN, RS, 2020

Direção, Roteiro e Montagem: Rudyeri Ribeiro Direção, Roteiro e Montagem: Julia Regis

Leo, um jovem universitário às vésperas de sua primeira No interior, Laís conhece a intensa Letícia, com quem
exibição, tenta encontrar a melhor forma de expressar passa uma tarde letárgica de verão.
tanto sua arte como quem é.
Contato: juliaregisvieira@hotmail.com
Contato: rudyerirp@gmail.com
178

COMISSÃO
DE JÚRI
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • COMISSÃO DE JÚRI 179

COMISSÃO
DE JÚRI

JÚRI OFICIAL
GRACIELA GUARANI
Pertencente à nação Guarani Kaiowá, Graciela é produtora cultural, comunicadora,
cineasta, curadora de cinema e formadora em audiovisual. Uma das mulheres indígenas
pioneiras em produções originais audiovisuais no cenário brasileiro, tem um currículo que
inclui direção e roteiro em mais de 10 produções originais.

IVONE MARGULIES
Autora de In person: reenactment in postwar and contemporary cinema (Oxford, 2019) e
Nada acontece: o cotidiano hiper-realista de Chantal Akerman (Edusp, 2015). Coeditou
On women’s films: across worlds and generations (2019) e editou coletânea de ensaios
Rites of realism: essays on corporeal cinema (Duke U Press, 2003.) Escreve sobre cinema
francês, teatralidade e realismo no cinema e acaba de publicar Filmes de Plastico’s
plural realism, no dossiê sobre cinema brasileiro na Film Quarterly (inverno 2021). Ensina
História e Crítica de Cinema no Departamento de Estudos de Mídias no Hunter College,
e no Graduate Center (Ph.D no Theater and Film Studies Certificate Program) da City
University of New York.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • COMISSÃO DE JÚRI 180

LEONARDO BOMFIM JÚRI JOVEM


Programador da Cinemateca Capitólio, em Porto Alegre, desde 2015. Foi
programador da sala de cinema P. F. Gastal entre 2013 e 2016. Realizou ANA JULIA SILVINO
trabalhos de programação para os festivais de Gramado (2019, 2020) 20 anos, estudante 3º período de Rádio, TV e Internet da
e de Brasília (2018). É um dos editores da publicação Zinematógrafo. Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Atualmente, cursa o doutorado na Escola de Comunicação, Artes e
Design da PUC-RS, com pesquisa sobre o traço da multiplicidade no
cinema contemporâneo.  ANÁLIA ALENCAR
25 anos, estudante 9º período de Comunicação Social da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
MARIANA SOUTO
Professora do curso de Audiovisual da UnB. Doutora pela UFMG, com
pós-doutorado pela ECA-USP. Foi curadora de mostras como o Janela LORENNA ROCHA
Internacional de Cinema de Recife e o Festcurtas BH. Autora de 24 anos, estudante 10º período da Licenciatura em História da
Infiltrados e invasores – uma perspectiva comparada sobre relações de Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
classe no cinema brasileiro (EDUFBA, 2019). Diretora de arte de filmes
como Quintal (André Novais) e Quinze (Maurilio Martins).
MANU ZILVETI
24 anos, estudante do 5º período de Cinema e Audiovisual da
SORAYA MARTINS Universidade Federal de Pelotas (Ufpel)
Atriz, pesquisadora, crítica teatral e curadora. Curadora do
Festival Internacional de Teatro de Belo Horizonte – FIT-BH 2018 e
dos espetáculos baianos do Festival Internacional de Artes Cênicas RODRIGO SAMPAIO CAUHI
da Bahia – Fiac 2019. Doutoranda em Literaturas de Língua 20 anos, estudante 6º período do curso de Cinema e Audiovisual
Portuguesa PUC-Minas. Mestre em Estudos Literários pela Fale- da PUC Minas
UFMG. Atriz formada pelo Teatro Universitário – TU-UFMG, cursou
Semiologia do Teatro no Dipartimento di Musica e Spettacolo
dell’Università di Bologna, Itália. Escreve crítica para teatro tanto
no projeto segundaPRETA quanto no site Horizonte da Cena e para
festivais como: Festival de Curitiba, Mostra Internacional de Teatro
– MIT-SP, Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia – Fiac,
Festival Estudantil de Teatro – Feto-BH, Festival de Cenas Curtas
do Galpão Cine Horto. Tem em seu currículo trabalhos como atriz
junto a diversos grupos de teatro, entre eles, o Grupo Espanca,
com o espetáculo PassAaarão!
PREMIAÇÃO
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PREMIAÇÃO 182

PREMIAÇÃO
MELHOR LONGA
MOSTRA AURORA . JÚRI OFICIAL
TROFÉU BARROCO

Oferecido pela The End


R$40.000,00 (quarenta mil reais) em serviços de pós-produção
(laboratório digital, sync, dailies, conform, correção de cor, animação,
composição, 3D e masterização). O prêmio fica disponível para uso
exclusivo do diretor ou produtor da obra premiada por três anos.

Oferecido pela CiaRio/Naymar


Prêmio Edina Fujii – R$10.000,00 (dez mil reais) equivalente à locação de
equipamentos de iluminação, acessórios e maquinaria da empresa Naymar
para serem utilizados em uma única produção. Validade: dois anos.

Oferecido pela Cinecolor


5 (cinco) diárias de correção de cor. Validade: dois anos.

Oferecido pela Dot


Master DCP para longa até 120 minutos. Validade: dois anos.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PREMIAÇÃO 183

MELHOR LONGA MELHOR CURTA


MOSTRA OLHOS LIVRES . JÚRI JOVEM MOSTRA FOCO . JÚRI OFICIAL
PRÊMIO CARLOS REICHENBACH
TROFÉU BARROCO
TROFÉU BARROCO
Oferecido pela CiaRio/Naymar
Oferecido pela Mistika Prêmio Edina Fujii - R$5.000,00 (cinco mil, reais) equivalente à locação
R$ 15.000,00 (quinze mil reais) em serviços de finalização. Validade: de equipamentos de iluminação, acessórios e maquinaria da empresa
um ano, podendo ser prorrogado por mais um ano, dependendo da Naymar para serem utilizados em uma única produção. Validade: um ano.
disponibilidade e aprovação da empresa.
Oferecido pelo CTAv
Oferecido pela CiaRio/Naymar Empréstimo de câmera Black Magic por duas semanas. Validade: um ano,
Prêmio Edina Fujii – R$10.000,00 (dez mil reais) equivalente à locação de podendo ser prorrogado por mais um ano.
equipamentos de iluminação, acessórios e maquinaria da empresa Naymar
para serem utilizados em uma única produção. Validade: dois anos. Oferecido pela Mistika
R$ 6.000,00 (seis mil reais) em serviços de finalização. Validade: um ano.
Oferecido pela Cinecolor
5 (cinco) diárias de correção de cor. Validade: dois anos. Oferecido pela Dot
2 (duas) diárias de correção de cor. Master DCP para curta até 30 minutos.
Oferecido pela Dot Validade: um ano.
Master DCP para longa até 120 minutos. Validade: dois anos.

Oferecido pelo CTAv


Empréstimo de câmera Black Magic por quatro semanas. Validade: um MELHOR CURTA
ano, podendo ser prorrogado por mais um ano. MOSTRA FOCO . JÚRI CANAL BRASIL
Prêmio Canal Brasil de Curtas no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais)
oferecido ao Melhor Curta da Mostra Foco eleito pelo Júri do Canal Brasil.

PRÊMIO HELENA IGNEZ


JÚRI OFICIAL

Troféu Barroco – para Destaque Feminino eleito pelo Júri Oficial (concorrem
os longas da Mostra Aurora e curtas da Mostra Foco).
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • CURADORES 184

CURADORES
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • CURADORES 185

FRANCIS VOGNER DOS REIS co-organizadora e uma das autoras do livro Mulheres atrás das
Coordenador curatorial | Seleção de Longas câmeras: as cineastas brasileiras de 1930 a 2018, que foi finalista
Mestre em Meios e Processos Audiovisuais na ECA-USP, crítico de na categoria Ensaios-Artes do 62º Prêmio Jabuti, em 2020. É
cinema; foi colaborador de diversas revistas brasileiras e estrangeiras, professora de cursos livres em cinema, com ênfase em curadoria,
entre elas a revista Cinética. É coordenador curatorial da Mostra de cineclube e história do cinema. Colabora atualmente como crítica
Cinema de Tiradentes e atualmente integra as equipes de curadoria e editora da revista eletrônica Multiplot.
da CineOP e da CineBH. Pelo CCBB fez a curadoria das Mostras Jacques
Rivette, Nova Hollywood e Jerry Lewis. É coautor, com Jean-Claude
Bernardet, da segunda edição de O autor no cinema. É roteirista do filme FELIPE ANDRÉ SILVA
O Jogo das Decapitações, de Sergio Bianchi, corroteirista de O Último Seleção de Curtas

Trago, de Pedro Diógenes, Luiz Pretti e Ricardo Pretti, e Os Sonâmbulos, Cineasta e poeta. No cinema dirigiu, entre outros, os longas Santa
de Tiago Mata Machado. Monica (2015), e Passou (2020) e o curta Cinema Contemporâneo
(2019). Atuou também como produtor e preparador de elenco
em diversos projetos, e colabora regularmente como curador no
LILA FOSTER festival Janela Internacional de Cinema do Recife. Na literatura
Seleção de Longas lançou as plaquetes O Escritor Antônio Xerxenesky, O Aniversário
Lila Foster é pesquisadora e curadora. Nos últimos anos, participou de Billie Eilish, e O Autocad de Britney Spears, e o livro de poemas
como programadora dos festivais Curta 8 – Festival Internacional Sorry.gif (Macondo Edições, 2020). Comanda também a Legal
de Cinema Super-8 de Curitiba, (S8) Mostra de Cinema Periférico (La Edições, microeditora digital dedicada a poesia contemporânea e
Coruña, Espanha), Fica – Festival Internacional de Cinema Ambiental, tradução informal.
Goiânia Mostra Curtas e Mostra de Ouro Preto. Desde 2017 integra a
equipe de programação da Mostra de Cinema de Tiradentes. Articulando
pesquisa histórica e preservação audiovisual, o seu trabalho concentra- TATIANA CARVALHO COSTA
se no levantamento da produção amadora e experimental no Brasil, Seleção de Curtas

investigação publicada em revistas como Film History (EUA), Aniki Pesquisadora, realizadora audiovisual e professora. Docente no
(Portugal), Vivomatografias (Argentina), entre outras. Atualmente curso de Cinema e Audiovisual do Centro Universitário UNA, em
desenvolve pesquisa de pós-doutorado na Universidade de Brasília Belo Horizonte. Doutoranda em Comunicação Social e integrante
sobre a história do Festival de Cinema Amador JB/Mesbla (1965-1970). do grupo de estudos Coragem – Comunicação, Raça e Gênero
(PPGCom/UFMG). Integra ainda o movimento segundaPRETA,
na produção e corpo crítico. Integrante dos grupos de estudo e
CAMILA VIEIRA pesquisa Coragem – Comunicação, Raça e Gênero, e Poéticas da
Seleção de Curtas Experiência, ambos do PPGCom/UFMG.
Pesquisadora, crítica e curadora de cinema. Doutora em Comunicação
e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com
pesquisa em cinema contemporâneo brasileiro. Integra as equipes de
curadoria de curtas da Mostra de Cinema de Tiradentes e da CineOP. É
SEMINÁRIO
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • SEMINÁRIO 187

24 º SEMINÁRIO
DO CINEMA
BRASILEIRO
EM DEBATE
VERTENTES DA CRIAÇÃO
O QUE MOVE O CINEMA?
O QUE DÁ FORMA AO FILME?
O QUE É UMA PERSONAGEM?
NA SÉRIE ENCONTRO COM OS FILMES,
NAS INTERPRETAÇÕES, ENFOQUES, MATERIAIS E POSTURAS
O QUE OS FILMES ESTÃO NOS DIZENDO?
102 PROFISSIONAIS NO CENTRO DAS DISCUSSÕES DO SEMINÁRIO
AMPLIAM A REFLEXÃO DO CINEMA BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO
IMPRIMEM OPINIÃO, IDENTIDADE, EXPERIÊNCIAS E INTERCÂMBIO.

Extensão fundamental da programação de filmes na Mostra de Cinema de Tiradentes, o


24º Seminário do Cinema Brasileiro reúne 112 profissionais no centro das discussões de 24
debates, sendo 13 deles integrantes da série Encontros com os Filmes, junto com críticos
convidados para debater os títulos das Mostras Aurora e Foco; um debate inaugural de-
dicado ao percurso da cineasta homenageda Paula Gaitán; três debates temáticos; cinco
rodas de conversa, dois bate-papos das sessões da Mostra Formação, além de quatro
lives de aquecimento, sendo a primeira com a coordenadora do evento, Raquel Hallak; a
segunda com os curadores do evento; a terceira com a equipe de criação e divulgação; e
a quarta e última com a cantora Adriana Araújo.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • SEMINÁRIO 188

A programação da começa com o debate inaugural “O Percurso de Paula da Mostra Formação participam de bate-papos a serem vistos após as
Gaitán”, que apresenta e analisa a trajetória, as inovações estéticas e a sessões com mediação da curadora Tatiana Carvalho Costa.
criatividade expressiva da cineasta homenageada nesta edição. Além da
própria Paula, participam da conversa Arrigo Barnabé (músico e ator), As Rodas de Conversa desta edição contam com cinco encontros
Ava Gaitán Rocha (cantora, compositora e cineasta), Clara Choveaux de temáticas variadas, que aos seus modos também tangenciam a
(atriz) e Eryk Rocha (cineasta), sob mediação do coordenador curatorial ideia de vertentes da criação a partir de recortes mais específicos
Francis Vogner dos Reis. e determinados. O tema “A Poética do Cinema de Gênero” vai tratar
da importância e a necessidade do exercício do cinema de gênero no
Os debates conceituais ocorrem em três mesas: “Vertentes da Criação”, cinema brasileiro contemporâneo, em especial a produção de horror,
que convida o público a discutir processos como a construção de que vem lidando com os males históricos e recentes do país de maneira
personagens e de espaço, a escrita, a montagem e outros mais, a partir visceral, violenta e direta. Participam realizadores que têm filmes em
da ação concreta e poética de corpos criadores de imagens. Participam exibição na Mostra: Armando Fonseca e Kapel Furman (Skull – a Máscara
a montadora Cristina Amaral e o diretor e roteirista Adirley Queirós, com de Anhangá), Marco Arruda (Magnética), Otto Cabral (Animais na Pista)
mediação da curadora Lila Foster. e Rodrigo Aragão (O Cemitério das Almas Perdidas). A mediação é do
crítico Marcelo Miranda.
O segundo debate conceitual enfoca o tema “O que É uma Personagem?”
e propõe discutir a criação de figuras na tela para além da escrita Outra roda a tratar das figuras que circulam pelos filmes é “Processos
tradicional de roteiros e a partir de experiências e observações Artísticos e Criação de Personagens: entre a Cena e a Tela”, que discute
diretamente vindas do mundo, com presença de Carol Rodrigues o percurso de escrita, leituras, ensaios, preparação de elenco e as
(cineasta), Gabriel Martins (cineasta) e Lincoln Péricles (cineasta), condições criadas no momento da filmagem para proporcionar caminhos
mediados pelo pesquisador André Antônio. na criação e direção de um filme. Estarão na mesa Arlete Dias (atriz de
Voltei!), Djin Sganzerla (diretora de Mulher Oceano), Isabela Catão (atriz
E o terceiro debate conceitual coloca em discussão o tema “Processos de Enterrado no Quintal e O Barco e o Rio), Julia Katharine (diretora de
e Fundamentos da Criação” e reúne Ana Maria Gonçalves (escritora e Won’t You Come Out to Play?) e mediação da arte-educadora e atriz
roteirista), Grace Passô (atriz, dramaturga, diretora de cinema e teatro) Amanda Gabriel. Essa conversa se amplia em novos contornos, com o
e Lívia de Paiva (cineasta), com mediação da crítica Kênia Freitas, para encontro “Corpo, Arte e Resistência”, sobre a presença e materialidade
falarem sobre o que a imaginação tem sedimentado em termos de uma do corpo em cena, como possibilidade de testemunho e de múltiplos
forma e uma ética das imagens e sob quais desdobramentos em relação tensionamentos, a partir das investigações estéticas presentes no
a espaços, poéticas, personagens e tempo. trabalho artístico em suas dimensões ética e estética. Participam Dea
Ferraz (diretora de Agora), Macca Ramos (diretor de Negro em mim) e
Na série Encontros com os Filmes, curadores, críticos e pesquisadores Sara Antunes (diretora de De Dora, Por Sara), com mediação da crítica
convidados discutem alguns dos filmes em exibição no evento, com a de teatro Daniele Ávila Small.
presença dos realizadores e de participações ao vivo de espectadores.
Todos os sete filmes da mostra Aurora, os seis da Olhos Livres, o longa da “Cinema como Intervenção Política” vai tratar sobre de que maneiras os
Mostra Foco Minas e os 11 curtas-metragens da Foco estarão presentes filmes podem ter elaborações políticas em seus sentidos mais amplos de
em diversos encontros sobre as produções. Além disso, os realizadores lutas, processos históricos e estéticas de provocação e representação.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • SEMINÁRIO 189

Estarão na conversa Aiano Bemfica (diretor de Entre Nós Talvez Estejam


Multidões), Jean-Claude Bernardet e Rubens Rewald (diretores de
#eagoraoque) e Julia Mariano (diretora de Sementes: Mulheres Pretas
no Poder), com mediação do crítico Juliano Gomes.

Por fim, a última roda de conversa será “Para Além da Luz: Fotografia e
Mise-en-Scène”, em que os participantes conversam sobre o trabalho
de direção de fotografia e como olhar para o que se filma significa
também construir formas de enquadrar, de dar a ver a presença dos
corpos e da forma como a câmera confere um ritmo para a relação
com o mundo. Sob mediação de Marcelo Miranda, participam Bárbara
Bergamaschi (fotógrafa de O Cerco), Lilis Soares, (fotógrafa de Novo
Mundo) e Thacle de Souza (diretor de fotografia).

A Mostra de Cinema de Tiradentes está consolidada não apenas como


espaço de exibição do cinema brasileiro contemporâneo, mas também
por ser um dos principais espaços de formação, discussão e reflexão da
produção audiovisual no país.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • SEMINÁRIO 190

DEBATES
DEBATE INAUGURAL
O PERCURSO DE PAULA GAITÁN

Na ousadia expressiva e na variedade criativa, Paula Gaitán é uma artista


incontornável do cinema brasileiro contemporâneo no que ele pode ter
de mais livre. Sua obra responde de maneira abrangente ao emblema
da experimentação estética e da experiência poética. Realiza longas,
curtas e médias-metragens, faz filmes com dinheiro, sem dinheiro,
filme caseiro, performances, musical de memória, filme híbrido,
documentário especulativo, ficção poética, cinerretrato abstrato,
videoclipes, séries de entrevistas, artes visuais e outros mais. O debate
abordará a singular trajetória cinematográfica de Paula Gaitán.

Convidados:
• Arrigo Barnabé – músico e ator | SP
• Ava Gaitán Rocha – artista/cantora, compositora e cineasta | SP
• Clara Choveaux – atriz | RJ
• Eryk Rocha – cineasta | SP
• Paula Gaitán – cineasta homenageada | SP

Mediador: Francis Vogner dos Reis – curador | SP


24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • SEMINÁRIO 191

DEBATES CONCEITUAIS
VERTENTES DA CRIAÇÃO PROCESSOS E FUNDAMENTOS DA CRIAÇÃO

O debate convida a discutir os processos de criação – a construção O que a imaginação tem sedimentado em termos de uma forma e uma
dos personagens, do espaço, a escrita, a montagem. O que se faz ética das imagens? As imagens são desdobramentos de quais desejos?
com as mãos, os olhos, os corpos e o coração quando se está criando O debate buscará refletir sobre as relações estéticas e políticas que o
uma imagem? Essa reflexão pode acessar um campo de expressão processo de criação estabelece com seus espaços, personagens e o seu
das experiências particulares do trabalho de criação, um trabalho que tempo.
não está isolado dos processos mais amplos do mundo (econômicos,
técnicos, políticos), mas dele toma parte ativa com mais proximidade Convidados:
ou com uma calculada (e necessária) distância. • Ana Maria Gonçalves – escritora e roteirista | SP
• Grace Passô – atriz, dramaturga, diretora de cinema e teatro | MG
Convidados: • Lívia de Paiva – cineasta | CE
• Adirley Queirós – cineasta | DF
• Cristina Amaral – cineasta | SP Mediadora: Kênia Freitas – crítica e curadora de cinema | DF

Mediação: Lila Foster – curadora | DF

O QUE É UMA PERSONAGEM?

O debate discute a criação de personagens a partir de uma série de


perguntas que estão para além de uma elaboração tradicional do texto
de roteiro. Como as personagens começam a existir? Quais são os
elementos do trabalho? Como a experiência de observação do mundo
e do cotidiano contribuem para essa elaboração? Em que medida as
atrizes e os atores são cocriadores?

Convidados:
• Carol Rodrigues – cineasta | SP
• Gabriel Martins – cineasta | MG
• Lincoln Péricles – cineasta | SP

Mediação: André Antônio – cineasta e pesquisador | PE


24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • SEMINÁRIO 192

ENCONTRO
MOSTRA AURORA

COM OS
Filme: A MESMA PARTE DE UM HOMEM (PR)
• Ana Johann – diretora e roteirista
• Antônio Junior – produtor
• Clarissa Kiste – atriz

FILMES • Irandhir Santos – ator


Crítica convidada: Juliana Costa | RS

Filme: AÇUCENA (BA)


• Flávio Rebouças – diretor de fotografia
• Isaac Donato – diretor e roteirista
• Marília Cunha – produtora e roteirista
Crítica convidada: Carla Italiano | MG

Filme: EU, EMPRESA (MG/BA)


• Amanda Devulsky – roteiro e argumento
• Leon Sampaio – diretor, roteirista, montador, produtor
• Marcus Curvelo – diretor, roteirista, ator, montador, produtor
• Marisa Merlo – produtora executiva
Crítica convidada: Maria Bogado | RJ

Filme: KEVIN (MG)


• Joana Oliveira – diretora, roteirista, personagem
• Luana Melgaço – produtora
• Kevin Adweko – personagem
• Vanessa Santos – diretora de produção
Crítica convidada: Mariana Queen | SP
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • SEMINÁRIO 193

Filme: O CERCO (RJ) MOSTRA OLHOS LIVRES


• Aurélio Aragão – diretor
• Gustavo Bragança – diretor
• Liliane Rovaris – atriz protagonista Filmes: AMADOR, IRMÃ e NŨHŨ YÃG MŨ YÕG HÃM: ESSA TERRA É NOSSA!
• Lobo Mauro – técnico de som, montador e produtor com a participação dos diretores:
• Rafael Spínola – diretor • Cris Ventura – diretora do filme Amador (GO/MG)
Crítico convidado: Cássio Starling Carlos | SP • Isael Maxakali e Sueli Maxakali – diretores do filme Nũhũ Yãg Mũ Yõg
Hãm: essa Terra É Nossa! (MG)
• Luciana Mazeto e Vinícius Lopes – diretores do filme Irmã (RS)
Filme: ORÁCULO (SC) Mediadora: Lila Foster – curadora | DF
• Alice Bennaton – atriz
• Gustavo Jahn – diretor e produtor
• Juarez Nunes – ator Filmes: RODSON OU (ONDE O SOL NÃO TEM DÓ), SUBTERRÂNEA e VOLTEI!
• Luana Raiter – atriz com a participação dos diretores:
• Melissa Dullius – diretora e produtora • Ary Rosa e Glenda Nicácio – diretores do filme Voltei! (BA)
Crítico convidado: Rafael Parrode | GO • Clara Chroma, Orlok Sombra – diretores do filme Rodson ou (Onde o
Sol Não Tem Dó) (CE)
• Pedro Urano – diretor do filme Subterrânea (RJ)
Filme: ROSA TIRANA (BA) Mediador: Francis Vogner dos Reis – curador | SP
• José Dumont – ator
• Kiarah Rocha – atriz protagonista
• Rogério Sagui – diretor e roteirista
Crítico convidado: Cleber Eduardo | SP MOSTRA FOCO MINAS

• Mediação dos debates da Mostra Aurora: Bate-papo sobre o filme VALENTINA com a participação da equipe:
• Marcelo Miranda – crítico de cinema | MG • Cássio Pereira dos Santos - diretor
• Erika Pereira dos Santos​- produtora e diretora de casting
• Pedro Diniz - ator, pesquisador e consultor do roteiro
• Thiessa Woinbackk - atriz
Mediação: Pedro Maciel Guimarães – professor e pesquisador (SP)
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • SEMINÁRIO 194

MOSTRA FOCO MOSTRA FORMAÇÃO

Curtas da MOSTRA FOCO – SÉRIE 1 com a participação dos diretores: Curtas da MOSTRA FORMAÇÃO – SÉRIE 1 com a participação dos diretores:

• Gabriela Luíza – diretora de Drama Queen (MG) • Lívia Costa e Sunny Maia – diretoras do filme Pátria (CE)
• JasminTenucci – diretora de Céu de Agosto (SP) • Douglas Oliveira – diretor do filme Caminhos da Noite (SE)
• Luísa Marques|Darks Miranda – diretora de Lambada Estranha (RJ) • Fillipe Rodrigues – diretor do filme O Filho do Homem (PA)
• Marcus Curvelo – diretor de A Destruição do Planeta Live (BA) • Larissa Muniz – diretora do filme Ela Viu Aranhas (MG)
Mediadora: Camila Vieira – curadora | CE Mediadora: Tatiana Carvalho Costa – curadora | MG

Curtas da MOSTRA FOCO – SÉRIE 2 com a participação dos diretores: Curtas da MOSTRA FORMAÇÃO – SÉRIE 2 com a participação dos diretores:

• Carlos Adelino – diretor de Ratoeira (SC) • Bárbara Carmo – diretora do filme Vander (BA)
• Felipe Aufiero – diretor de De Costas pro Rio (AM/PR) • Giulia Maria Reis – diretora do filme Noções de Casa (RJ)
• Gabriel Borges – diretor de Eu te Amo, Bressan (PR) • Rebecca Francoff – diretora do filme Comboio pra Lua (MG)
• Marco Antônio Pereira – diretor de 4 Bilhões de Infinitos (MG) • Ygor Lioi – orientador do projeto do filme Para Todes (RJ)
Mediador: Felipe André Silva – curador | PE • Matheus Strelow – diretor do filme A Verdade Sai de seu Poço para
Envergonhar a Humanidade (RS)
Mediadora: Tatiana Carvalho Costa – curadora | MG
Curtas da MOSTRA FOCO – SÉRIE 3 com a participação dos diretores:

• Júlia da Costa e Renata Mourão – diretoras de Abjetas 288 (SE)


• Natara Ney e Gilvan Barreto – diretores de Novo Mundo (RJ)
• Rafael Luan e Mike Dutra – diretores de Preces Precipitadas de um
Lugar Sagrado que Não Existe Mais (CE)
Mediadora: Tatiana Carvalho Costa – curadora | MG
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • SEMINÁRIO 195

RODAS DE
A POÉTICA DO CINEMA DE GÊNERO

O cinema brasileiro tem uma vasta produção que bebe nas tradições

CONVERSA
dos gêneros cinematográficos, de seus temas, suas estéticas e seus
códigos. Esse cinema, não raro, busca comunicação com o imaginário
dos espectadores por meio de uma relação franca: o cinema de gênero
não tergiversa. Ele busca atingir os espectadores de maneira frontal.
Por outro lado, existem filmes que não se afirmam “de gênero” mas
dialogam amplamente com esse repertório. A conversa buscará abordar
a importância e, talvez, a necessidade do exercício do cinema de gênero
no cinema brasileiro contemporâneo.

Convidados:
• Armando Fonseca – diretor de Skull: a Máscara de Anhangá (SP)
• Kapel Furman – diretor de Skull: a Máscara de Anhangá (SP)
• Marco Arruda – diretor de Magnética (RS)
• Otto Cabral – diretor de Animais na Pista (PB)
• Rodrigo Aragão – diretor de O Cemitério das Almas Perdidas (ES)

Mediador: Marcelo Miranda – crítico de cinema | MG


24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • SEMINÁRIO 196

PROCESSOS ARTÍSTICOS E CRIAÇÃO DE PERSONAGENS: CORPO, ARTE


ENTRE A CENA E A TELA E RESISTÊNCIA

A criação de uma personagem perpassa várias etapas na realização A presente roda de conversa é um convite para pensarmos a presença e
de um filme. Nesse percurso, escrita, leituras, ensaios, preparação de a materialidade do corpo em cena, como possibilidade de testemunho
elenco e as condições criadas no momento da filmagem são alguns dos e de múltiplos tensionamentos, a partir das investigações estéticas
recursos que proporcionam caminhos para os processos de criação do presentes no trabalho artístico em suas dimensões ética e estética.
elenco e da direção de um filme. Propomos aqui uma conversa entre Como que o corpo resiste e responde aos embates políticos do
atrizes e diretoras sobre os seus processos de criação, a relação entre nosso tempo? Como que a história da arte e do cinema precisam ser
cinema e outras artes, assim como os desafios enfrentados nos seus recontadas e reescritas como um gesto político?
processos de realização.
Convidados:
Convidadas: • Dea Ferraz – diretor de Agora (PE)
• Arlete Dias – atriz de Voltei! (BA) • Macca Ramos – diretor de Negro em mim (SP/MG/BA/PE/PA)
• Djin Sganzerla – diretora de Mulher Oceano (RJ/SP) • Sara Antunes – diretora de De Dora, por Sara (SP)
• Isabela Catão – atriz de Enterrado no Quintal (AM) e O Barco e o Rio (AM)
• Julia Katharine – diretora de Won’t You Come Out to Play? (SP) Mediadora: Daniele Ávila Small – crítica, pesquisadora e curadora de
teatro | RJ
Mediadora: Amanda Gabriel – atriz e arte-educadora | PE
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • SEMINÁRIO 197

CINEMA COMO PARA ALÉM DA LUZ:


INTERVENÇÃO POLÍTICA FOTOGRAFIA E MISE-EN-SCÈNE

O cinema tem uma função política? Se ele tem, qual seria o caminho? A direção de fotografia não é uma faceta meramente técnica da criação
Elaborar uma forma que se afirme política? Como isso se daria? Buscar cinematográfica. Neste sentido, olhar para o que se filma significa
testemunhar o processo histórico e as lutas? O registro por si só teria também construir formas de enquadrar, de dar a ver a presença dos
força política? Ou o cinema é um meio de elaborar provocações e corpos e da forma como a câmera confere um ritmo para a relação
questionar representações noções de ação política? Se o cinema pode entre os corpos e o mundo. Como se dá o processo de criação da direção
ser político, como ele o é? de fotografia? Como pensar a fotografia em relação às outras áreas da
realização cinematográfica?
Convidados:
• Aiano Bemfica – diretor de Entre Nós Talvez estejam Multidões (MG/PE) Convidados:
• Jean-Claude Bernardet e Rubens Rewald – diretores de #eagoraoque (SP) • Bárbara Bergamaschi – fotógrafa de O Cerco (RJ)
• Julia Mariano – diretora de Sementes: Mulheres Pretas no Poder (RJ) • Lílis Soares – fotógrafa de Novo Mundo (RJ)
• Thacle de Souza – diretor de fotografia (BA) 
 Mediador: Juliano Gomes – crítico e professor | RJ
Mediador: Marcelo Miranda – crítico de cinema | MG
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • SEMINÁRIO 198

LIVES DE BATE-PAPO COM RAQUEL HALLAK

AQUECIMENTO
Um papo com Raquel Hallak, CEO da Universo Produção e coordenadora
da Mostra de Cinema de Tiradentes. Quais os impactos da digitalização
dos eventos no dia a dia da produção? Quais os aprendizados e as
perspectivas para o setor a partir da experiência recente da Universo?

• Raquel Hallak – CEO da Universo Produção e coordenadora da Mostra


de Cinema de Tiradentes

Mediação: Carol Braga – jornalista


 

BATE-PAPO COM OS CURADORES

Vertentes da Criação, a temática central da 24ª Mostra de Cinema de


Tiradentes, aborda o assunto nesta conversa rica e cheia de ideias com
os curadores da Mostra. Além de explorar a programação do evento, a
seleção dos filmes e homenagem.

• Francis Vogner dos Reis – coordenador curatorial e curador de longas (SP)


• Lila Foster – curadoria de longas (DF)
• Camila Vieira – curadoria de curtas (RJ)
• Tatiana Carvalho Costa – curadoria de curtas (MG)
• Felipe André Silva – curadoria de curtas (PE)

Mediação: Marcelo Miranda – crítico de cinema (MG)


24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • SEMINÁRIO 199

PROCESSOS DE CRIAÇÃO E DIVULGAÇÃO DA MOSTRA


TIRADENTES ONLINE

Até chegar à sua tela, no formato de um evento digital, a Mostra passa


por um processo de concepção estética e de comunicação que merece
nossa atenção. São vários profissionais, de diversas áreas, envolvidos
em trocas de ideias, pensamentos e estratégias de divulgação.

• Carol Braga – gestão redes sociais


• Leo Gomes – diretor criativo
• Leo Lara – coordenador de fotografia

Mediação: Dani Vargas – jornalista

CINEMA EM CONEXÃO COM A MÚSICA

A artista Adriana Araujo e a jornalista Carol Braga conversaram no


Instagram da Universo Produção sobre a programação artística da 24ª
edição da Mostra de Cinema de Tiradentes. A programação conta com
shows de Jhonny Hooker, Chico César, Fernanda Abreu, Arrigo Barnabé,
Adriana Araújo e Sérgio Pererê.

• Adriana Araújo – cantora

Mediação: Carol Braga – jornalista


24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • SEMINÁRIO 200

CURRÍCULOS
CONVIDADOS
ADIRLEY QUEIRÓS
Técnico de futebol das categorias de base, infantil e juvenil do 05Danorte, time que
pretendo fundar ao fim da pandemia. Me formei em Cinema pela UnB em 2005, e já exerci
as funções remuneradas de jogador de futebol, padeiro, padioleiro, diretor, roteirista e
produtor de cinema. Dirigi e produzi dois curtas-metragens, um média e uma série de
cinco episódios para a TV. Entre os curtas, o que gosto mais gosto é o Dias de Greve.
Também dirigi três longas-metragens: A Cidade É uma Só?, Branco Sai Preto Fica, e Era
uma Vez Brasília. Recentemente finalizei, juntamente com a diretora Joana Pimenta, o
longa-metragem, ainda inédito, Mato Seco em Chamas. Também sou uma espécie de
fundador do Ceicine – Coletivo de Cinema em Ceilândia (2003), um local onde uma galera
tentava fazer cinema nas periferias do Distrito Federal achando que Brasília não atendia às
nossas ansiedades e urgências ideológicas, uma espécie de luta de classe cinematográfica.
Queríamos fundar um sindicato. Queremos ainda. Pra muitos, anacrônico já naquela
época, pra gente, mais importante e atual do que nunca.

AIANO BEMFICA
Cineasta e militante do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB). Dedica-
se à produção e circulação audiovisual junto ao movimento desde 2013 e pesquisa
as interseções entre lutas sociais e as imagens realizadas no bojo desses processos.
Dessa relação nasceram seus dois primeiros filmes, Na Missão, com Kadu (2016) e
Conte isso àqueles que Dizem que Fomos Derrotados (2018), exibidos e premiados em
mais 60 mostras em todo o mundo. Atualmente, prepara o lançamento de três novos
projetos construídos junto ao MLB: o longa Entre Nós Talvez Estejam Multidões, o curta
Videomemoria e a videoinstalação Caminhará nas Avenidas, Entrará nas Casas, Abolirá os
Senhores. Esses trabalhos, frutos de processos coletivos e da relação intrínseca entre arte
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • SEMINÁRIO 201

e construção política, têm tido repercussão e reconhecimento dentro e Monique Gardemberg, Sandra Kogut e Taís Amordivino. Sob direção de
fora do Brasil, tendo sido exibidos em cidades como Berlim, Nova York, Ary Rosa e Glenda Nicácio, trabalhou nos longas Café com Canela, Ilha,
Bologna, Buenos Aires, Lyon, Nance, Pequim, Medellin e Veneza. Até o Fim e Voltei!.

AMANDA GABRIEL ARMANDO FONSECA


Atriz e arte-educadora licenciada no curso de Artes Cênicas da UFPE em Diretor com formação em Nova York, na New York Film Academy, e
2004. Tem pesquisado sistematicamente os processos e metodologias na EICTV, em Cuba. Pós-graduado em Ccinema, dirigiu o longa-
de construção do discurso e criação do ator. Ao longo dos últimos 15 metragem A Percepção do Medo, que estreou no canal Space (Turner)
anos vem atuando como preparadora e produtora de elenco, bem e na plataforma Amazon Prime Video. O filme concorreu ao prêmio
como assistente de direção ao lado de diversos realizadores do cinema Iberoamericano Fénix. Vencedor no Ventana Sur com o projeto
contemporâneo, além de dar aulas e oficinas de atuação. Desalmados, apresentou o filme no Fantastic Fest (EUA). Recebeu mais
de 20 prêmios por seus filmes ao longo dos 13 anos em que trabalha
na área. Lançou em 2018 a história em quadrinhos prólogo ao filme A
ANA MARIA GONÇALVES Última Cova. Em 2021 o longa-metragem Skull – a Máscara de Anhangá
Nasceu em Ibiá, MG, em 1970. Trabalhou com publicidade até 2001, é lançado internacionalmente pela norte-americana Raven Banner.
quando se mudou para a Ilha de Itaparica e escreveu Ao lado e à É roteirista e diretor de segmento da série da qual é apresentador:
margem do que sentes por mim e Um defeito de cor (Editora Record), CineLab (NBC Universal/Syfy), com seis temporadas e exibida em mais
ganhador do Prêmio Casa de las Américas (Cuba, 2007). Já publicou de 10 países.
em Portugal, Itália e nos EUA, onde ministrou cursos e palestras sobre
relações raciais e fez residência em universidades como Tulane,
Stanford e Middlebury. Mora em São Paulo, onde escreve também para ARRIGO BARNABÉ
teatro, cinema e televisão.  Surge na cena musical brasileira em 1979, no festival universitário
da TV Cultura. Em 1980 lança o LP Clara Crocodilo, marco inicial
da Vanguarda Paulistana. Em 1984 lança o LP Tubarões Voadores.
ANDRÉ ANTÔNIO Colabora com cineastas como Rogerio Sganzerla (ator) e Chico Botelho
Realizador de cinema junto ao coletivo Surto & Deslumbramento. Em (ator e compositor de trilha sonora). Compõe óperas (O Homem
2015 estreou seu primeiro longa, A Seita. Atualmente, se prepara para dos Crocodilos, 22 Antes e Depois, Até que se Apaguem os Avisos
lançar o média-metragem Vênus de Nyke e para filmar seu segundo Luminosos), missas (Missa in Memoriam Arthur Bispo do Rosário,
longa, Salomé. Missa in Memoriam Itamar Assumpção, Missa Noia). Apresenta desde
2004 o programa Supertônica na Rádio Cultura FM.

ARLETE DIAS
Atua na área artística cultural nos segmentos teatrais, musicais e AVA GAITÁN ROCHA
audiovisuais. Trabalhou em diversos espetáculos do grupo Bando Artista múltipla. Cantora, compositora e cineasta, é performer, artista
de Teatro Olodum. No cinema, atuou em filmes de cineastas como visual e sonora, montadora e poeta que extrapola as fronteiras das
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • SEMINÁRIO 202

linguagens. Lançou em maio de 2020 seu último registro musical, o TV. É mestre em Artes da Cena também pela UFRJ. Em 2012 estudou
compacto Sal Gruesa, com a banda colombiana Los Toscos, e tem mais Cinema na Universidade de Paris VIII, na França. Tem certificado em
três discos lançados, Diurno (2011), Ava Patrya Yndia Yracema (2015) e Fundamentação em Artes pela EAV do Parque Lage. Trabalhou como
Trança (2018), além de dos singles “Lingua loka” (2016) e “Âmbar”, de produtora audiovisual no Canal Futura por cerca de três anos, e ainda
Adriana Calcanhoto (2019), e inúmeras participações em discos, como como assistente de direção e de fotografia em projetos das produtoras
os de Jards Macalé, Anelis Assumpção, Negro Leo, Iara Rennó, Gustavo Conspiração, Samba Filmes e Polo Filme. Como diretora e roteirista,
Galo, entre outros. Como compositora, foi gravada por Tupila Ruiz, Fafá assina os filmes: Fora d’Água (2012), Animal-Estar (2018) e A Casa É a
de Belém, Lia de Itamaracá, Juliana Perdigão, Negro Leo, Jards Macalé, Viagem (2020). Como diretora de fotografia, assina os filmes: Gigante
entre outros. Teve grande receptividade da crítica e do publico, ganhando (2014), Being Boring (2015), Depois do Dia 23 (2019) e fez parte da
com seu segundo disco os prêmios Artista Revelação e Melhor Hit pelo equipe de fotografia do filme O Cerco, selecionado para a Mostra Aurora
Prêmio Multishow 2015 e Artista Revelação pela APCA 2015; figurou de Tiradentes 2020. É também uma das editoras da Revista Beira e
entre os melhores discos do ano no New York Times, segundo Ben Hatlif; uma das fundadoras da Cinecluba, cineclube feminista. No último ano
foi tocada por Iggy Pop na BBC London, esteve em diversas publicações, foi professora substituta do Departamento de Artes da Cena da UFSJ.
críticas e playlists em todo o mundo e rodou diversos países, como Conclui tese de doutorado sobre cinema experimental e found footage
China, EUA, Colômbia, Argentina, Alemanha, Peru, México, Brasil, em no Programa de Pós-Graduação de Comunicação da UFRJ e de Letras
feiras, festivais e casas de shows com seus shows performáticos, tendo da PUC-Rio. Recentemente foi contemplada com o prêmio bolsa
sido artista convidada na Flip 2019. Como diretora, criou Iara (show Capes-Print para estudar na Escola das Artes da Universidade Católica
de Iara Rennó ) e Ó ( show de Juliana Perdigão), a identidade visual e Portuguesa, na cidade do Porto, em Portugal, onde atualmente reside.
a capa de Boca (último disco de Curumin), além das capas dos discos
The Newspeak e Tara, de Negro Leo, e Venta, de Lukash; como cineasta
dirigiu os filmes Ardor Irresistível (2011), Dramática (2005), mais de 15 CARLA ITALIANO
videoclipes de diferentes artistas da cena contemporânea e durante a Pesquisadora em cinema e programadora de mostras e festivais.
quarentena lançou os filmes Mãe, a convite de HKW, de Berlin, e Lunar, Doutoranda em Comunicação Social pelo PPGCOM-UFMG, com
pela Biblioteca Mario de Andrade, além da live Ava Viva pelo Sesc ao mestrado pela mesma instituição. É uma das organizadoras do
Vivo, a obra transmídia Femme Frame, apresentada no festival online forumdoc.bh – Festival do Filme Documentário e Etnográfico de Belo
Bicuda, a obra live/rec na Feira Virtual Contrapedal Telefonica de Lima, Horizonte e integrou a equipe de programação de longas-metragens
Peru, a direção artística e visual do espetáculo virtual de abertura do do Olhar de Cinema de Curitiba (2018-2020) e da comissão de filmes
Museu Itamar Assumpção, Oferenda – Anelis Canta Itamar, no dia da internacionais do FestCurtas BH (2013, 2015, 2017). Foi cocuradora
Consciência Negra, e desenvolve temporada inédita de espetáculos das mostras Esta Terra É a nossa Terra (2020), Retrospectiva Helena
virtuais, além da produção de seu novo e quarto álbum, previsto para Solberg (2018), Retrospectiva Jonas Mekas (forumdoc, 2013), entre
2021. outras. É natural do Recife e reside em Belo Horizonte.

BÁRBARA BERGAMASCHI CAROL RODRIGUES


Cineasta e pesquisadora ítalo-brasileira, nascida em Brasília. É Roteirista e diretora. Como roteirista, participou da equipe de roteiro das
graduada em Comunicação pela UFRJ com habilitação em Rádio e duas primeiras temporadas de Escola de Gênios (Gloob/Globoplay), das
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • SEMINÁRIO 203

3ª e 4ª temporadas de 3% (Netflix), entre outros projetos para a Boutique CLARA CHOVEAUX


Filmes, O2 Filmes e Maria Farinha Filmes. Seu projeto de longa-metragem Atriz e pesquisadora franco-brasileira, nascida no Paraguai. Como atriz,
Criadas foi vencedor de três prêmios do Brlab 2017, participou do Cinélatino atuou em mais de 30 filmes entre o Brasil, a Inglaterra e a França. De suas
2018 em Toulouse (França) e foi finalista do Concurso de Roteiros do Frapa principais atuações destacam-se os papéis de Tiresia no filme Tiresia, de
2020. Carol realizou ainda três curtas-metragens premiados que tiveram Bertrand Bonello, indicada a Melhor Atriz no Festival de Cannes 2003;
ampla carreira em festivais nacionais e internacionais: A Felicidade delas Hannah no longa Luz no Trópicos, de Paula Gaitán, Festival de Berlim
(2019), Mãe Não Chora (2019) e A Boneca e o Silêncio (2015). É formada 2020, vencedor de Melhor Filme no Festival de Lima Ibero-Americano.
em Audiovisual pela USP e em Ciências Sociais pela Unicamp. Da mesma diretora, em 2014, Luísa no filme Exilados do Vulcão, vencedor
do Festival de Brasília, e Cinderela no filme Cinderela, de Magali Magistry.
Atuação em filmes que participaram de festivais importantes como
CÁSSIO PEREIRA DOS SANTOS Cannes, Brasília, Macau, Berlim e Sundance. Em 2008 instalou-se no
Nascido em 1980 em Patos de Minas e com raízes em Cruzeiro da Rio de Janeiro, onde integrou a cia. de teatro Studio Stanislavski com seu
Fortaleza (MG), estudou Cinema na Universidade de Brasília, onde dirigiu mais recente trabalho, Os Demônios, de Dostoievski. No cinema mineiro
projetos de ficção e documentários. Depois de terminar a Escola de protagonizou Elon Não Acredita na Morte, do diretor Ricardo Alves Jr.,
Cinema em 2003, escreveu e dirigiu oito curtas-metragens, entre eles s Festival de Brasília em setembro de 2016, e Os Sonâmbulos, de Tiago
A Menina Espantalho e Marina Não Vai à Praia. Seus trabalhos foram Mata Machado, que ganhou a Mostra Caleidoscópio em Brasília (2018).
selecionados em vários festivais internacionais de cinema, incluindo o É artista pesquisadora com mestrado em Poéticas Interdisciplinares, no
Festival de Cinema de Varsóvia, o Out Fest Los Angeles LGBTQ Film Festival, Departamento de Artes Visuais pela EBA-UFRJ (bolsa Capes) e perita em
Aspen Shorts Fest, Palm Springs, Festival de Curtas de Hamburgo, Mostra análise em obras de arte pelo Templo das Artes, em São Paulo.
Internacional de Cinema São Paulo, Prix Jeunesse Munich, Festival de
Brasília do Cinema Brasileiro, Mostra de Cinema de Tiradentes. Seus
trabalhos já receberam mais de 50 prêmios. Como roteirista, Cássio CLEBER EDUARDO
contribuiu com filmes como Guigo Offline, longa-metragem LGBTQ para É criador e coordenador do Festival Online de Filmes de Inquietação
a televisão brasileira, vencedor do Prêmio de Melhor Longa-Metragem e curador do DocSP Lab. Mestre em Ciências da Comunicação com
Brasileiro no Festival Mix Brasil. Valentina é sua estreia como diretor em pesquisa em Documentário Brasileiro Contemporâneo; é crítico de
longas-metragens. Atualmente reside em Uberlândia (MG) e trabalha no cinema desde o fim dos anos 80 e professor de cinema, com experiência
desenvolvimento de seu segundo longa. em disciplinas vinculadas às áreas de história da pintura, cinema
brasileiro contemporâneo e história do documentário, além de autor de
artigos e ensaios publicados em livros. Foi curador da Mostra de Cinema
CÁSSIO STARLING CARLOS de Tiradentes de 2007 a 2019.
Crítico de cinema da Folha de S. Paulo e editor do blog Histórias de
Cinema. É mestre em Multimeios pela Unicamp e organizador e editor
das coleções de cinema da Folha desde 2009. Atuou como cocurador CRISTINA AMARAL
da Mostra Panorama de 2009 a 2013. Colaborou também como Paulista e formada em Cinema pela ECA-USP, é responsável pela montagem
programador, no mesmo período, de seções de curtas e de longas da de filmes de diretores como Andrea Tonacci, Carlos Reichenbach, Edgard
CineOP e da CineBH. Integrou o júri da primeira Mostra Aurora, em 2008. Navarro, Joel Yamaji, Carlos Adriano, Paula Gaitán, Raquel Gerber, entre
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • SEMINÁRIO 204

outros. A parceria com Carlos Reichenbach iniciou-se em Alma Corsária latino-americanos, como Santiago Álvarez (Cuba); DOCSDF (México),
(premiado no Festival de Brasília), e rendeu diversos filmes posteriores, entre outros. Em 2020 estreou Agora na Mostra Novos Olhares, no
como Dois Córregos, Garotas do ABC, Bens Confiscados e Falsa Loura. 9º Olhar de Cinema, onde recebeu Menção Honrosa do Júri Oficial.
Com Andrea Tonacci, seu companheiro de vida, coordenou a produtora
Extrema Produção Artística e assinou a montagem de Paixões, Serras
da Desordem e Já Visto, Jamais Visto, entre outros. Mais recentemente, DJIN SGANZERLA
tem feito trabalhos ao lado de jovens realizadores como Adirley Queiroz, Diretora, atriz e produtora. Foi premiada, entre outros, pelo prêmio
Thiago B. Mendonça, Djin Sganzerla, Jo Serfaty e Renata Martins. APCA de Melhor Atriz de Cinema. Já trabalhou em mais de 19 longas-
metragens com diretores como Paulo Cesar Saraceni, Julio Bressane,
Rogério Sganzerla, Carlos Reichenbach, entre outros. É filha de Rogério
DANIELE ÁVILA SMALL Sganzerla e Helena Ignez; sócia da Mercúrio Produções, produtora
Natural do Rio de Janeiro, é crítica, pesquisadora e curadora de teatro. fundada em 2001, com mais de 30 longas em seu currículo. Mulher
Doutora em Artes Cênicas pela Unirio, é idealizadora e editora da revista Oceano, filmado no Japão e no Rio e Janeiro, é seu primeiro longa-
Questão de Crítica. Em 2017, dirigiu Há Mais Futuro que Passado – um metragem. O filme estreou nos EUA em setembro, ganhou o Prêmio de
Documentário de Ficção. Foi curadora dos Olhares Críticos, eixo reflexivo Melhor Filme no Porto Femme International Film Festival, em Portugal,
da MITsp entre 2018 e 2020, entre outros projetos de formação, teoria além de ter sido exibido na 44ª Mostra Internacional de Cinema de SP,
e crítica de teatro desde 2011, como as edições do Encontro Questão no 35º Festival de Cinema Latino-Americano de Trieste (Itália) e no 24º
de Crítica, do Idiomas – Fórum Ibero-Americano de Crítica de Teatro e Cine PE, onde recebeu os Prêmios de Melhor Filme, Melhor Atriz para Djin
da Complexo Sul – Plataforma de Intercâmbio Internacional. Integrou Sganzerla, Melhor Montagem e Melhor Direção de Arte.
também as equipes de curadoria do FIT BH 2018, no projeto Corpos
Dialetos, da 6ª edição da Janela de Dramaturgia (CCBB-BH), e da
seleção local do Fiac – Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia. ERYK ROCHA
Em 2020, foi uma das curadoras da Mostra Temática da 14ª CineBH, Cineasta nascido no Brasil em 1978, formou-se em 2002 na Escola de
dedicada ao teatro online. Cinema de Los Baños, Cuba, onde dirigiu seu primeiro longa: Rocha
que Voa. O filme foi selecionado em Veneza, Roterdã e outros festivais,
ganhando o prêmio de Melhor Filme no Brasil, Argentina e em Cuba.
DEA FERRAZ Os próximos trabalhos também coletaram presença prestigiosa em
Realizadora pernambucana, atua na área do audiovisual há mais de 15 eventos nacionais e internacionais, tais como Cannes, Sundance, Nova
anos. Em sua trajetória destacam-se os longas Câmara de Espelhos York, Montevidéu, Guadalajara, Buenos Aires, Marseille e Amsterdam.
(2016), Modo de Produção (2017) e Mateus (2018). Dea é também Cinema Novo (2016), seu sétimo longa, recebeu o L’Oeil d’Or de Melhor
sócia diretora da Parêa Filmes, integrante do Coletivo Parêa, Coletivo Documentário no Festival de Cannes. Em 2019, lançou seu mais recente
Gambiarra e do Mape – Movimento Mulheres no Audiovisual (PE). Teve trabalho, a ficção Breve Miragem de Sol, coprodução entre Brasil, França
seus filmes exibidos em festivais importantes do circuito nacional, como e Argentina; o filme estreou no BFI London, atualmente se encontra na
Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, Janela Internacional de Cinema plataforma de streaming Globoplay e ganhou os prêmios de Melhor Ator,
do Recife, Panorama – Coisa de Cinema (BA), forumdoc (BH), Olhar de Melhor Edição e Melhor Fotografia no Festival do Rio (2019) e o Prêmio
Cinema de Curitiba, Mostra Tiradentes, além de premiações em festivais Silvestre para Melhor Longa-Metragem no Festival Indie Lisboa (2020).
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • SEMINÁRIO 205

Alguns de seus trabalhos foram adquiridos pelo MoMA e foram integrados Artes Cênicas Ateliê 23 como atriz dos espetáculos Sur la Vie, Persona
à coleção permanente do museu. Face Um e Sobre a Adorável Sensação de Sermos Inúteis, entre
outros. Como assistente de direção, contribuiu com os espetáculos
Janta e Vacas Bravas. No cinema, trabalhou como atriz nos curtas-
GABRIEL MARTINS metragens A Goteira e O Barco e o Rio, da produtora Fita Crepe, com
Nascido em Belo Horizonte e radicado na periferia de Contagem, direção de Bernardo Ale Abinader, e os mais recentes Enterrado
graduou-se na Escola Livre de Cinema/BH e em Comunicação Social no Quintal, com direção de Diego Bauer, e Joycilene, com direção
com Habilitação em Cinema e Vídeo, em 2010, no Centro Universitário de Hanna Goncalves. Na TV fez algumas participações, em 2017, na
UNA. É sócio fundador da produtora Filmes de Plástico, junto com novela da rede globo A Força do Querer, e em 2018 na série Aruanas,
André Novais Oliveira, Maurílio Martins e Thiago Macêdo Correia. Entre da produtora Maria Farinha Filmes.
os seus principais trabalhos como diretor, estão os curtas Rapsódia
para o Homem Negro, Nada e o longa-metragem No Coração do
Mundo (codirigido por Maurilio Martins). JEAN-CLAUDE BERNARDET
Professor emérito da Universidade de São Paulo, teórico de cinema,
crítico, diretor, roteirista, escritor, dramaturgo e ator. Publicou vários
GRACE PASSÔ livros importantes, como: Diretores de cinema e imagens do povo
Atriz, dramaturga e diretora brasileira. Cria em parceria com artistas (2003); História clássica do cinema brasileiro (1995); O autor no
e companhias teatrais e, a partir de 2016, passa a criar no circuito cinema (1992); e Brasil no tempo do cinema (1967). Como roteirista
audiovisual brasileiro. Possui textos teatrais publicados e traduzidos assina os filmes Hoje (2011), de Tata Amaral; Trago Comigo (2000),
em diversos idiomas. Entre os filmes em que atua, estão Elon Não de Chico Teixeira; Através da Janela (2000), de Tata Amaral; Céu de
Acredita na Morte (Ricardo Alves Jr.), Praça Paris (Lúcia Murat), Estrelas (1996), de Tata Amaral; O Caso dos Irmãos Naves (1967), de
Temporada (André Novais), No Coração do Mundo (Gabriel Martins e Luís Sérgio Person. Como diretor, assina os longas Sobre os Anos 60
Maurílio Martins). Dirigiu, em parceria com Ricardo Alves Jr., o média- (1999) e São Paulo, Sinfonia e Cacofonia (1994).
metragem Vaga Carne, transcriação do solo teatral homônimo que
teve estreia internacional no Festival Internacional de Berlim, e o curta
República, criado durante a quarentena 2020. Acumula inúmeros JULIA KATHARINE
prêmios no teatro, entre eles: Prêmio Shell SP e RJ, APCA, Questão Cineasta, roteirista e atriz de São Paulo. Dirigiu Tea for Two (2019) e
de Crítica, e Cesgranrio. No cinema, recebeu os prêmios Candango Won’t You Come Out To Play? (2020). Como atriz, atuou em filmes
de Melhor Atriz e Melhor Curta-Metragem (República), Melhor como Estamos todos na Sarjeta, Mas alguns de Nós Olham as Estrelas
Atriz no Festival de Cinema do Rio, no Ficsur Argentina, no Festival de (2020), de João Marcos de Almeida e Sergio Silva, Filme-Catástrofe
Cinema de Língua Portuguesa (Lisboa) e no Festival de Turim (Itália). (2017) e Lembro Mais dos Corvos (2018), os dois últimos dirigidos
por Gustavo Vinagre. Por seu trabalho em Lembro Mais dos Corvos,
recebeu o primeiro Prêmio Helena Ignez, concedido pelo Júri Oficial da
ISABELA CATÃO Mostra de Cinema de Tiradentes em reconhecimento à participação
Atriz bacharel em Teatro pela Universidade do Estado do Amazonas, feminina no audiovisual brasileiro.
integrou durante cinco anos (2014-2019) o elenco fixo da Cia. de
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • SEMINÁRIO 206

JULIA MARIANO Doc e Fronteira. Leciona regularmente na AIC-Rio. Publicou sobre


Diretora, roteirista e produtora executiva. Formada em Direção de teatro na revista Horizonte da Cena e sobre música no catálogo do
Documentários na Escola de Cinema e Televisão de San Antonio de los festival Novas Frequências, além de apresentar dois discos de Rômulo
Baños (EICTV, Cuba), trabalhou como pesquisadora e roteirista em diversos Fróes. Mestre em Comunicação pela UFRJ, com dissertação sobre Jonas
programas de televisão, tais como Viver para Contar (Discovery Channel), Mekas. Dirigiu, com Léo Bittencourt, os curtas As Ondas (2016) e ...
Revista do Cinema Brasileiro (TV Brasil), Conexões Urbanas (MSW), entre (2007). Site pessoal: juliano-gomes.com.
outros. Em 2012 produziu e roteirizou o longa-metragem A Batalha do
Passinho (Melhor Documentário na Mostra Novos Rumos no Festival do
Rio, 2013). Em 2014 dirigiu Ameaçados (Prêmio de Público no festival Curta KAPEL FURMAN
Cinema RJ; Prêmio do Público no 25º Kinoforum SP 2014); Melhor Direção Cineasta, coordenador de efeitos especiais e character designer.
no Festival Guarnicê, Maranhão (2016). Em 2015 realizou em parceria Especializado no gênero fantástico e efeitos especiais, com créditos
com as mulheres do MST-RJ o documentário Do Corpo da Terra (Menção e prêmios diversos em 72 longas. Foi indicado ao prêmio de Melhores
Honrosa no Festival de Cinema de Santa Teresa, ES, 2018). Em 2016 Efeitos Especiais da Academia Brasileira de Cinema pelos filmes O
produziu e roteirizou Deixa na Régua (Prêmio Especial do Júri, Festival do Cheiro do Ralo; Encarnação do Demônio e Broder. É ganhador do
Rio, 2016). Em 2017 fundou a Noix Cultura e dirigiu a série documental prêmio Guarani de Melhores Efeitos Especiais por Encarnação do
Desde Junho, exibida pela Rede EBC. Em 2018 dirigiu a série documental Demônio, Prêmio Buenos Aires Rojo Sangre (Argentina) de Melhores
Marcadas, exibida no CineBrasil TV. Em 2020 codirigiu e foi a produtora Efeitos Especiais por 06 Tiros, 60ml e S.W. Metaxu. Dirigiu oito
executiva do documentário Sementes: Mulheres Pretas no Poder. curtas, destaque para S.W. Metaxu, seleção oficial no Festival de
Sitges (Espanha), e 06 Tiros, 60ml, elogiado pelo cineasta Carlos
Reichenbach, sendo comparado como discípulo nativo de David
JULIANA COSTA Cronenberg, Dario Argento e George Romero. Como designer e diretor,
Cursa doutorado em Comunicação Social na Pontifícia Universidade é o criador de Skull: a Máscara de Anhangá. A personagem ganhou
Católica do RS (PUC-RS), com pesquisa em Cinema, e é mestre Menção Honrosa pela famosa Stan Winston School.
em Educação pela Universidade Federal do RS (UFRGS). É membro
fundadora do cineclube Academia das Musas, dedicado ao estudo
e à difusão de cinematografias de diretoras mulheres, coeditora do KENIA FREITAS
Zinematógrafo, fanzine impresso de crítica de cinema, e colaboradora Crítica e curadora de cinema, com pesquisa sobre afrofuturismo
do site Cine Festivais. Também é membro da Associação de Críticos e o cinema negro. Fez estágios de pós-doutorado (Capes/PNPD)
de Cinema do RS (Accirs) e da Associação Brasileira de Críticos de no Programa de Pós-Graduação em Comunicação na UCB (2015-
Cinema (Abraccine). 2018) e no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Unesp
(2018-2020). Doutora pela Escola da Comunicação da UFRJ. Foi
responsável pela curadoria das Mostras Afrofuturismo: Cinema e
JULIANO GOMES Música em uma Diáspora Intergaláctica, A Magia da Mulher Negra
Crítico e professor. Editor da Revista Cinética, onde escreve desde e Diretoras Negras no Cinema Brasileiro. Escreve críticas para o
2010. Publicou na Filme&Cultura, Folha, Piauí e diversos catálogos de site Multiplot!. Ministra cursos e oficinas sobre cinema negro,
mostras e festivais. Foi júri do DocLisboa, Mostra Tiradentes, Cachoeira afrofuturismo e fabulações.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • SEMINÁRIO 207

LÍLIS SOARES organização da Escola Popular de Cinema do Capão Redondo, iniciativa


Formada em Direção de Fotografia pelo Institut International de l’Image em diálogo e gestação com coletivos e pessoas que fazem audiovisual
et du Son, na França, e em Rádio e TV pela UFRJ. Atuou em projetos nas periferias de São Paulo.
voltados para mídia digital, TV e cinema em países como Brasil, França,
Rússia, Suíça, Itália, Angola e República do Congo. Fez a direção de
fotografia do longa-metragem Um Dia com Jerusa, de Viviane Ferreira, LÍVIA DE PAIVA
dos curtas-metragens Ilhas de Calor, de Ulisses Arthur, Minha História Realizadora audiovisual e membro da Molhadas Coletiva, em Fortaleza,
É outra, de Mariana Campos, Enraizadas, de Juliana Nascimento e CE. Graduou-se em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal
Gabriela Roza, Dentro, de Mariana Jaspe, Simone, de Renato Cândido, Fluminense. Dirigiu, fotografou e montou em coletivo os curtas-
e da campanha "Ela Decide" para a ONU, entre outros. Também esteve metragens Carruagem Rajante, Antes da Encanteria, Roques de Quarto e
à frente da direção de fotografia das séries de ficção Meninas do o longa Tremor Iê. Fez direção de fotografia nos filmes As Cores do Divino,
Benfica, dirigida por Roberta Marques e Luciana Vieira, em Fortaleza, e Orla, ambos de Victor Costa Lopes (2019), Hera Vania, em parceria com
Fim de Comédia, dirigida por Jéssica Queiroz, gravada no subúrbio do Linga Acácio (dir. Ticiana Augusto Lima, pós-produção) e Noturno, em
Rio de Janeiro. Além disso, ministrou curso de Direção de Fotografia na parceria com Luciana Rodrigues (dir. Irene Bandeira, pós-produção).
Escola de Audiovisual da Vila das Artes, em Fortaleza, e é professora de Montou os curtas Jornal (Luiz Rosemberg Filho, 2016) e Ficar me
Direção de Fotografia da Academia Internacional de Cinema no Rio de Trouxe até Aqui (dir. Renata Cavalcante, 2016), a série documental para
Janeiro. Na Mostra Tiradentes de 2020, recebeu o Prêmio Helena Ignez televisão Identidade #Transvive, em parceria com Victor Costa Lopes
2020, oferecido pelo Júri Oficial a um destaque feminino em qualquer (Tardo Filmes, inédita) e a instalação audiovisual Cratena Lunar (dir. Vivi
função. Atualmente, está em Benin gravando o longa-metragem Rocha, 2019), em parceria com Elena Meirelles. Foi uma das curadoras da
nigeriano Mami Wata. Mostra Formas Abertas e os Tempos das Colheitas (projeto Telas Abertas
da Vila das Artes, 2017). Atualmente trabalha como coordenadora de
audiovisual do Centro Cultural Bom Jardim, equipamento da Secult-CE.
LINCOLN PÉRICLES
Lincoln Péricles (vulgo LKT) nasceu e mora no bairro do Capão Redondo,
periferia de São Paulo. É diretor, roteirista, montador e educador, MACCA RAMOS
somando mais de 12 anos trabalhando com filmes produzidos em sua Poeta, performer e diretor de cinema, cursou Filosofia na PUC-SP. É
quebrada, que circularam entre cineclubes e coletivos periféricos, membro fundador da Apan. Negro em mim inaugura sua direção em
banquinhas de camelô, becos, vielas e eventualmente em festivais longa-metragem documental. Outros trabalhos: Treina-Micro (44min,
nacionais e internacionais. Teve seu trabalho destacado pela Cahiers 2014, direção); O Futuro da Diáspora Africana: Afrofuturismo – Inst.
du Cinéma, que descreve sua obra como “um cinema longe do Goethe (10min, 2016, direção); Foice a Face (26min, 2016, direção);
imaginário ligado às favelas, que inventa sua própria forma, áspera Escolas em Luta (70min, 2016, coprodução). Sulcos na Pele (5min,
e necessariamente imperfeita, entre intervenção e arquivo visual do 2017, codireção); de 2016 a 2017 dirigiu a websérie documental em
bairro”. O cineasta também se dedica desde o início da sua trajetória três episódios O Teatro e seu Duplo (5min, 2016), Incorporação (5min
a processos autônomos de educação em cinema, acreditando na 2016), Polifonia (5min, 2017). Em 2011, foi premiado pelo Proac-SP de
independência e autonomia do audiovisual de outras centralidades Literatura com o livro de poemas Alma, gesto. Outros trabalhos: https://
em relação ao cinema colonial brasileiro; atualmente faz parte da maccaconta.wixsite.com/encouracadofilmes.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • SEMINÁRIO 208

MARCO ARRUDA MARIA BOGADO


Formado em Artes Visuais com ênfase em Desenho pela Universidade Formada em Audiovisual pela UFRJ, mesma instituição na qual cursa
Federal do Rio Grande do Sul, desenvolveu ao longo de sua formação doutorado. Desenvolve tese acerca de processos fílmicos no cinema
acadêmica projetos de desenho, vídeo e animação. Seu projeto de fim brasileiro atual que desestabilizam noções convencionais de autoria e
de curso se transformou em seu primeiro curta-metragem, Antitreiler exploram a emergência de gestos coletivizados. Pesquisa epistemologias
(2008), que ganhou dois prêmios no Granimado, festival de animação feministas, com publicações no livro Explosão feminista (Companhia das
que ocorria em paralelo ao Festival de Gramado. Participou dos filmes Letras, 2018) e co-organização do dossiê da revista Eco-Pós, dedicado
O Limpador de Chaminés; Nave Mãe; Propriedades de uma Poltrona; a esse campo. Seu primeiro curta, Fazemos da Memória nossas Roupas
Céu, Inferno e outras Partes do Corpo; Castillo y el Armado; A Pequena (2020) foi exibido no Recifest, Semana de Cinema e TV Coragem, além de
Vendedora de Fósforos; o premiado longa-metragem Até que a Sbórnia espaços de arte. Colabora com o coletivo Anarca Filmes como diretora e
nos Separe, além de dirigir o curta experimental A Um Palmo do Nariz. técnica de som. Integrou a curadoria do evento de poesia, performance
Alguns desses projetos foram em parceria com a produtora Otto e música experimental Subcena, realizado no Audio Rebel (RJ). Coeditou
Desenhos Animados, onde trabalha atualmente. Após o trabalho de a Revista Beira até 2016, é redatora da Enciclopédia Itaú Cultural e atua
edição e codireção do longa-metragem A Cidade dos Piratas, de Otto como crítica de cinema e arte.
Guerra e baseado na obra de Laerte Coutinho, prepara o lançamento do
curta-metragem Magnética, de sua autoria.
MARIANA QUEEN
Jornalista e mestre em Meios e Processos Audiovisuais pela Escola de
MARCELO MIRANDA Comunicações e Artes da USP. Tem como foco de estudos os discursos,
Jornalista, crítico e pesquisador. Mestre em Comunicação pela as representações, as identidades, as recepções e as relações de
UFMG. Colaborador de publicações eletrônicas e virtuais, entre gênero, raça, classe e colonialidade estabelecidas historicamente no
elas Cinética, Folha de S.Paulo, O Tempo, Teorema e Revista de Cinema. audiovisual, sobretudo no cinema. Atualmente, cursa Master em Curadoria
Coordenador do Suplemento Literário Minas Gerais (2013-2018). Autor Cinematográfica na Elías Querejeta Zine Eskola, centro de estudos e produção
de textos em catálogos e livros dedicados a Clint Eastwood, Alfred cinematográfica anexado à Universidade do País Basco, na Espanha, como
Hitchcock, irmãos Coen, John Carpenter, Charles Chaplin, Howard bolsista do Projeto Paradiso. Atua como orientadora de pesquisa da Cia.
Hawks, Jean-Luc Godard, Luis Buñuel, Tim Burton, Domingos Oliveira, Pé no Mundo de Dança, junto à qual roteirizou e dirigiu a recém-lançada
Nuri Bilge Ceylan, Emir Kusturica, Monstros no Cinema e Stephen King. websérie Traduções Simultâneas: Corpo, Música e Pensamento Complexo.
Curador do Festival Internacional de Curtas de BH (2007-2013), Festival Já participou como curadora, jurada ou debatedora nas 29º e 31° edições
de Curtas de SP (2015-2016), Festival de Brasília (2010), Indie Brasil do Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo; no Festival Mix
(2013-2015), Mostra Cinema Conquista (BA, 2014-2019), CineBH (2017- Brasil 2019; no É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários
2020), Semana dos Realizadores (RJ, 2016-2018) e Pachamama (AC, 2019; na 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, entre outros.
2016-2018). Integrante de júris em festivais e mostras de cinema em
Londrina, Brasília, Gramado, Porto Alegre e Tiradentes. Co-organizador
do livro Revista de cinema – antologia: 1954-57/1961-64 (Azougue, OTTO CABRAL
2014). Produtor e realizador do podcast de entrevistas Saco de Ossos, É diretor e roteirista paraibano. Como documentarista, destacam-se
sobre ficção de horror no Brasil. seus curtas Instrumento Detector de alguma Coisa, que venceu o 14º
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • SEMINÁRIO 209

Festival de Cinema de Vitória, Sinézio, o Fenômeno, Chã de Fora, Curva nos últimos 20 anos. Em 2005 rodou o seu primeiro curta premiado,
Turva. De 2008 a 2010, ocupou o cargo de vice-presidente da ABD/PB, Chupacabra, e em 2008 lançou o seu primeiro longa-metragem,
Associação Brasileira de Documentaristas, seção Paraíba. Atualmente, é Mangue Negro, que lhe trouxe reconhecimento internacional e novos
membro do Fórum Setorial do Audiovisual Paraibano. Animais na Pista é prêmios. Também dirigiu A Noite do Chupacabras (2011), Mar Negro
sua estreia na ficção. (2013) e As Fábulas Negras (2015). Consagrou-se como um dos mais
prolíficos diretores do gênero brasileiro. Em 2018 lançou A Mata Negra
– seu primeiro filme em 4k – e rodou o épico O Cemitério das Almas
PAULA GAITÁN Perdidas, lançado em 2020.
Cineasta colombiana-brasileira, nascida na França e atualmente
residente em São Paulo. Dirigiu seu primeiro longa-metragem, Uaka,
em 1987. Desde então, dirigiu vários longas-metragens, vídeos, séries RUBENS REWALD
televisivas e instalações. Entre seu trabalho destaca-se Diário de Sintra Professor de Roteiro da Universidade de São Paulo. É autor dos livros
(2008), Exilados do Vulcão (2013), Sutis Interferências (2016) É Rocha e Caos / dramaturgia, publicado em 2005, e Autor-espectador, publicado
Rio, Negro Léo (2020), e Luz nos Trópicos (2020). em 2019. Dirigiu os curtas Cânticos (1991), selecionado para o Festival de
Havana, e Mutante... (2002), selecionado para o Festival de Clermont-
Ferrand. Também escreveu e dirigiu os longas Corpo (2007), selecionado
RAFAEL PARRODE para diversos festivais, como Montreal, Palm Springs, Índia, Rio de
Pesquisador, programador, produtor e realizador, nascido em Goiânia Janeiro, São Paulo, Mostra de Cinema de Tiradentes e Los Angeles,
(GO). Atuou como crítico de cinema colaborando em publicações diversas, onde foi premiado como Melhor Filme Estrangeiro; Super Nada (2012),
entre elas a revista Cinética, revista Janela, La Furia Umana, entre selecionado para diversos festivais como Amiéns, Mar del Plata, Pune
outras. Na Barroca Filmes, produziu vários curtas e longas-metragens, (Índia), São Paulo, Gramado (Prêmio de Melhor Ator), Rio de Janeiro
entre eles Taego Ãwa (2016) e Mascarados (2020). É um dos diretores (Melhor Filme – Novos Caminhos e Prêmio Especial do Júri), Chicago,
artísticos e o programador internacional do Fronteira Festival. Seu Montevidéu, Mostra de Cinema de Tiradentes; Esperando Telê (2010),
primeiro curta, Bom Dia Santa Maria (2019), estreou na 23ª Mostra de selecionado para os festivais Rio e Mostra Tiradentes; Intervenção
Cinema de Tiradentes, em 2020. Seu filme seguinte, Memby (2020), teve (2017), selecionado para o Festival de Brasília; Segundo Tempo (2019),
sua estreia na Mostra Pardi di Domani, no Festival de Locarno, e recebeu selecionado para o Festival de Cinema do Rio e Festival de Cinema
o prêmio de Melhor Curta-Metragem brasileiro no 9º Olhar de Cinema – Judaico – Uruguai (Melhor Filme Latino-Americano) e Jair Rodrigues
Festival Internacional de Curitiba. (2020), selecionado para o Festival É Tudo Verdade.

RODRIGO ARAGÃO SARA ANTUNES


Iniciou a vida no cinema aos 17 anos, exercendo o oficio de maquiador de Atriz, cursou a Escola de Arte Dramática da USP e se formou em Filosofia
efeitos especiais e se tornou o principal nome da área no Brasil e um dos pela mesma instituição. Atua há 20 anos no seguimento teatral, como
mais destacados da América Latina. Fundou a produtora Fábulas Negras criadora de projetos importantes ligados à representação da mulher.
Produções. Ao todo, são mais de 50 filmes (entre curtas e longas) e 100 Autora das peças Negrinha e Sonhos para Vestir. Coautora das peças
oficinas, visitando quase todos os estados brasileiros, além da Bolívia, Corpos Opacos; Hysteria, Hygiene, Arrufos. Atualmente desenvolve o
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • SEMINÁRIO 210

projeto autoral e multimidia De Dora. Realizou apresentações pelo Brasil,


França, Inglaterra, Portugal e Cabo Verde. Ao longo de sua trajetória
trabalhou com diretores importantes, como Amir Haddad, Vera Holtz,
Felipe Hirsch, Cleyde Yáconis, Quito, Sérgio de Carvalho, Grace Passô,
Georgette Fadel. Foi uma das fundadoras da Companhia Tablado de
Arruar e do Grupo XIX de Teatro. Acumulou prêmios e indicações e mais
de 15 menções nos principais prêmios do país: Shell, APCA, Cooperativa
Paulista de Teatro, Bravo!, Qualidade Brasil, Prêmio Nascente USP, Prêmio
Questão de Critica, entre outros. No cinema, como atriz, participou de
mais de 10 curtas e 10 longas, entre eles Deslembro, de Flavia Castro,
Agreste, de Paula Gaitán, Primeiro Dia de um Ano Qualquer, de Domingos
Oliveira. É diretora e roteirista do curta De Dora, por Sara, e de Escrevo
para Não Esquecer (ainda em finalização). Na televisão atuou, entre
outras, nas séries Segunda Chamada e Todas as Mulheres do Mundo,
ambas pela rede Globo.

THACLE DE SOUZA
Baiano, formado em Cinema pela Universidade Federal do Recôncavo
da Bahia. Aberto às experiências, aborda a linguagem como processo
de afeto e escrita de narrativas plurais; em corpo, história e território.
Integrou as equipes de Direção de Fotografia e Montagem de longas
premiados, a exemplo de Café com Canela (2017), Ilha (2018) e Até o
Fim (2020), da Rosza Filmes, além de curtas-metragens, clipes e outros
formatos. Compõe, em parceria com Augusto Bortolini e Poliana Costa,
a produtora e estúdio Ladeiraloop, que assina a coprodução, fotografia e
pós do longa independente Voltei (2021), a estrear na Mostra de Cinema
de Tiradentes. Atualmente em processo de finalização dos longas baianos
Eu Não Ando Só; Para os Velhos e Antígona. Além de cinema, opera com
tecnologias criativas livres, visuais e ministrou oficinas de audiovisual,
com ênfase em escolas públicas.
OFICINAS
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • OFICINAS 212

PROGRAMA DE FORMAÇÃO
QUESTÃO VITAL PARA O
DESENVOLVIMENTO DA
INDÚSTRIA AUDIOVISUAL
Promover ações de formação é um dos pilares da programação das edições da Mostra de
Cinema de Tiradentes, que renova anualmente seu compromisso com o desenvolvimento
da indústria audiovisual em Minas Gerais e no Brasil.

Nesta edição serão promovidas dez modalidades de oficinas com a oferta de 225 vagas para
atender variados públicos e interesses. As oficinas são gratuitas, acontecem no ambiente
digital e permitem a reciclagem para os que já trabalham na área e o despertar de novos
ofícios para muitos alunos.

O roteirista, diretor e professor de cinema Leandro Afonso e o professor e roteirista


Diogo Cronemberger são os responsáveis pela oficina “Filme de Casa”. O objetivo da
atividade é refletir sobre outras possibilidades de direção cinematográfica, incitadas
pela pandemia, mas exploradas muito antes dela. A oficina propõe abordar e analisar
obras que utilizaram pouquíssimos recursos e, ainda assim, se tornaram emblemáticas.

O ator e cineasta Renan Rovida ministra a oficina “Atuação no Cinema”, que tem como
objetivo estimular a apreciação e a experimentação na atuação para o cinema brasileiro.
Durante a oficina, os participantes terão um breve panorama do histórico da atuação, do
teatro ao cinema, por meio de exercícios práticos de criação de personagens e cenas.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • OFICINAS 213

de criação, análises de estruturas narrativas e estímulo a um olhar


O especialista em marketing para cinema José Agripino da Silva Neto crítico para os produtos audiovisuais contemporâneos.
será o responsável pela oficina “Audiência do Audiovisual – Como os
Filmes Podem Alcançar seus Públicos”. Serão oferecidas vagas para A produtora, roteirista e diretora Cris Reque ministra a oficina
roteiristas, diretores e produtores. O objetivo aqui é desenvolver o “Produção Executiva de Audiovisual”, cuja proposta é permitir que
pensamento de construção de audiências para as obras audiovisuais. os participantes tenham as ferramentas básicas para elaborar um
Serão apresentadas ferramentas e análises de casos de sucesso para projeto sob o ponto de vista da produção executiva e compreender as
que cada participante compreenda como atrair e manter uma audiência etapas, demandas, documentos e a organização do trabalho executivo
interessada em seus projetos. numa obra audiovisual.

O diretor de som Léo Bortolin ministrará a oficina “O Poder da Cultura A cineasta e educadora Larissa Figueiredo será a responsável pela
Sonora para o Som no Cinema”. A partir de estudos e práticas da direção oficina “Reencantar o Corpo, Reencantar o Mundo”. A atividade, que
de som no cinema, a atividade promove reflexões sobre conceitos e tem no cinema sua base de criação, convida outras artes e outras
teorias do elemento sonoro nas produções cinematográficas, além de epistemologias para provocar os participantes a produzirem pequenos
ampliar a percepção auditiva dos participantes por meio de exercícios e vídeos diariamente – como diários corporais e audiovisuais – para
análises fílmicas. juntos escutar os corpos através do cinema e acolher o que eles têm a
ensinar neste período de intimidades cerceadas de liberdade.
O artista visual Lucas Rossi Gervilla é o responsável pela oficina
“Documentários Domésticos”, que busca compartilhar ferramentas para A produtora executiva, diretora de produção e curadora Maria Flor
que os participantes possam contar suas próprias histórias por meio de Brazil ministra a oficina “Da Ideia ao Filme: Como Desenvolver o
pequenos documentários. A oficina focará em técnicas de filmagem e seu Projeto”. Essa atividade pretende ser um ponto de partida para
produção, sem sair de casa, utilizando equipamentos de baixo custo e pessoas de todas as áreas que desejam realizar um filme, com uma
acessórios fáceis de serem encontrados ou adaptados. E abordará os proposta já definida, mas que não possuem intimidade com o universo
princípios básicos da edição e montagem. audiovisual. O objetivo é estimular e estruturar as ideias para criação
de um projeto audiovisual definitivo, pronto para ser realizado ou
A diretora de arte e roteirista Camila Tarifa ministra a oficina “Roteiro apresentado em editais.
de Curtas”. O objetivo é ensinar conceitos básicos da escrita de um
roteiro de curta-metragem, por meio da análise de modelos clássicos As oficinas integram o Programa de Formação Audiovisual que a
e contemporâneos da linguagem curta do audiovisual. E escrever um Universo Produção realiza no âmbito do Cinema sem Fronteiras 2021.
roteiro de curta-metragem a partir das ferramentas colocadas em As atividades têm por objetivo contribuir para formação, capacitação
cada aula. e qualificação de profissionais – questão vital para o crescimento
da indústria audiovisual no Brasil e, ao mesmo tempo, estimular a
O especialista em marketing, roteirista e consultor Gustavo Padovani formação de novos talentos, oportunizar o encontro e o intercâmbio
é o responsável pela oficina “Roteiro para Narrativas Audiovisuais”. de ideias e conhecimento.
A atividade pretende aprimorar a capacidade técnica e criativa dos
participantes ao treinar práticas de escritas de roteiro, metodologias
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • OFICINAS 214

OFICINAS
ATUAÇÃO NO CINEMA

Instrutor: Renan Rovida | SP


Período: 23 a 26 de janeiro – sábado a terça
Carga horária: 12h
Número de vagas: 20
Faixa etária: a partir de 18 anos

Esta oficina tem como objetivo estimular a apreciação e


a experimentação na atuação no cinema brasileiro.

AUDIÊNCIA DO AUDIOVISUAL
COMO OS FILMES PODEM ALCANÇAR SEUS PÚBLICOS

Instrutor: José Agripino da Silva Neto | SP


Período: 23 a 25 de janeiro – sábado a segunda
Carga horária: 9h
Número de vagas: 25
Faixa etária: a partir de 18 anos

O principal objetivo desta oficina é desenvolver o pensamento de


construção de audiências para as obras audiovisuais. Com aulas
dinâmicas e expositivas, mostrar ferramentas e fazer análises de casos
de sucesso para que os participantes possam aplicar o aprendizado a
seus projetos. Pretende-se que, ao final do curso, cada participante
tenha conhecimentos e ferramentas para atrair e manter uma audiência
interessada em seus projetos. E que esse processo de diálogo com a
audiência comece desde o desenvolvimento do projeto envolvendo
roteiristas, diretores e produtores.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • OFICINAS 215

DA IDEIA AO FILME: COMO DESENVOLVER O SEU PROJETO FILME DE CASA

Instrutora: Maria Flor Brazil | RJ Instrutores: Leandro Afonso e Diogo Cronemberger | SP


Período: 28 a 30 de janeiro – quinta a sábado Período: 23 a 26 de janeiro – sábado a terça
Carga horária: 9h Carga horária: 12h
Número de vagas: 20 Número de vagas: 25
Faixa etária: a partir de 18 anos Faixa etária: a partir de 16 anos

A oficina pretende ser um ponto de partida para pessoas de todas as A proposta da Oficina Filme de Casa é refletir sobre outras possibilidades
áreas que desejam transformar uma ideia em um projeto audiovisual de direção cinematográfica, incitadas pela pandemia, mas exploradas
estruturado, pronto para ser apresentado em editais. muito antes dela. Em uma frase, o que a Oficina propõe é abordar e
analisar obras que utilizaram pouquíssimos recursos e, ainda assim, ou
talvez essencialmente por isso, se tornaram emblemáticas.

DOCUMENTÁRIOS DOMÉSTICOS

Instrutor: Lucas Rossi Gervilla | SP O PODER DA CULTURA SONORA PARA O SOM DO CINEMA
Período: 25 a 27 de janeiro – segunda a quarta
Carga horária: 12h Instrutor: Léo Borolin | SP
Número de vagas: 25 Período: 23 a 27 de janeiro – sábado a quarta
Faixa etária: a partir de 16 anos Carga horária: 15h
Número de vagas: 20
O principal objetivo desta oficina é compartilhar ferramentas para que Faixa etária: a partir de 18 anos
o público possa contar suas próprias histórias. Partindo de gravações
feitas pelos próprios participantes, será realizado um minidocumentário Como se organiza o pensamento sonoro dentro de um projeto fílmico?
coletivo, sobre uma temática a ser decidida em conjunto. Ao final dos A partir de estudos e práticas da direção de som no cinema, vamos
encontros, as pessoas que participarem da atividade estarão aptas a propor debates a respeito de conceitos e teorias do elemento sonoro
produzirem seus pequenos documentários, seja para uso profissional nas produções cinematográficas, além de ampliar a percepção auditiva
ou para compartilharem suas vivências durante a quarentena. dos participantes através de exercícios e análises fílmicas. E assim,
identificar e desenvolver as diversas camadas que compõem o desenho
de som de um filme. Vamos buscar e praticar as escutas das variadas
sonoridades incutidas numa obra cinematográfica.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • OFICINAS 216

PRODUÇÃO EXECUTIVA DE AUDIOVISUAL que juntos possamos escutar nossos corpos através do cinema e
acolher o que eles têm a nos ensinar sobre o que estamos sentindo e
Instrutora: Cris Reque | RS experimentando em nossas intimidades cerceadas de liberdade.
Período: 23 a 26 de janeiro – sábado a terça
Carga horária: 12h
Número de vagas: 25
Faixa etária: a partir de 18 anos ROTEIRO DE CURTAS

A proposta desta oficina é permitir que os alunos tenham as Instrutora: Camila Tarifa | SP
ferramentas básicas para elaborar um projeto, sob o ponto de vista da Período: 25 a 29 de janeiro – segunda a sexta
produção executiva. Compreender as etapas, demandas, documentos e Carga horária: 15h
a organização do trabalho executivo numa obra audiovisual. Qualificar Número de vagas: 20
os produtores iniciantes e outros interessados da área que gostariam Faixa etária: a partir de 18 anos
de dominar melhor as atividades da função de produção, e mesmo
produtores experientes que ainda não tiveram contato na área de Aprender conceitos básicos da escrita de um roteiro de curta-metragem,
conteúdo audiovisual. analisando modelos clássicos e contemporâneos da linguagem curta
do audiovisual. Escrever um roteiro de curta-metragem a partir das
ferramentas colocadas em cada aula.

REENCANTAR O CORPO, REENCANTAR O MUNDO

Instrutora: Larissa Figueiredo | DF ROTEIRO PARA NARRATIVAS AUDIOVISUAIS


Período: 27 a 30 de janeiro – quarta a sábado
Carga horária: 12h Instrutor: Gustavo Padovani | SP
Número de vagas: 20 Período: 27 a 29 de janeiro – quarta a sexta
Faixa etária: a partir de 18 anos Carga horária: 12h
Número de vagas: 25
Em tempos de desmontes, de isolamento, adoecimentos e restrições Faixa etária: a partir de 18 anos
de diversas ordens, o convite desta oficina é trazer o olhar para dentro
do corpo, de suas vibrações e da vida que insiste em perseverar, O objetivo desta oficina é aprimorar a capacidade técnica e criativa dos
mesmo quando a política de morte impera. Acordar o corpo, escutá-lo participantes, ao treinar práticas de escritas de roteiro, metodologias
e reencantá-lo é a resistência possível diante de um Estado que desdenha de criação, análises de estruturas narrativas e estímulo a um olhar
da potência criadora da vida. Para isso, esta oficina, que tem no cinema crítico para os produtos audiovisuais contemporâneos em suas diversas
sua base de criação, convida outras artes e outras epistemologias de plataformas e formatos.
existência para provocar seus participantes a produzirem pequenos
vídeos diariamente – como diários corporais e audiovisuais – para
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • OFICINAS 217

CURRÍCULOS
INSTRUTORES

CAMILA TARIFA
Mestre em Roteiro Criativo de Audiovisual pela EICTV-Cuba (2014) e graduada em Cinema
pela Faap (2007). É diretora de arte e roteirista. Em 2014 desenvolveu seu primeiro projeto
de longa-metragem, Silêncios de Marta, que foi selecionado para o laboratório Nuevas
Miradas 8 do 36º Festival Latinoamericano de Havana. É roteirista do telefilme Circo É…
Circo para o SescTV. Participou da sala de roteiros da série In Vino Verita, da Aun Filmes. É
diretora de arte dos curtas: Portugal Pequeno (2020), de Victor Quintanilha, Azul Vazante
(2018), de Julia Alqueres (2018), Gaiola (2018) e Onde Você Vai? (2011), de Victor Fisch,
Navalha do Avô (2013), de Pedro Jorge. Produziu o Cinefest Gato Preto em Lorena, SP, entre
2015 e 2018. Coordenadora de oficinas culturais metropolitanas de 2013 a 2017. Professora
de Roteiro do Instituto de Cinema desde 2015. Curadora de roteiros e curtas do Frapa 2018
e 2020. Diretora e roteirista do curta-metragem premiado Menina Seta.

CRIS REQUE
Iniciou carreira em 1998 como assistente de montagem e direção. Em 2006 torna-se sócia
da Modus Produtora, fazendo produção, roteiro e direção para cinema e TV. Roteirizou e
dirigiu os premiados curtas Mãe Monstro (2003) e Três Vezes por Semana (2011). Realizou
para a TV as séries Mistérios de Entrever (2017) e Culturando (2018) e prepara o longa
de ficção Coração Reverso. É professora titular na Unifin (RS) e convidada na Escola de
Comunicação, Artes e Design da Famecos – PUC-RS.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • OFICINAS 218

DIOGO CRONEMBERGER livres de cinema, tanto no Brasil quanto no exterior, como na EICTV, em


Formado em Audiovisual (USP), mestre em Cinema (Columbia Cuba. Foi também coordenadora na Academia Internacional de Cinema,
University), participou do Talents Buenos Aires. É professor, diretor em São Paulo, e mediadora do projeto Inventar com a Diferença (2013),
e roteirista de curtas premiados, como O Forasteiro (2014), grande uma cooperação entre a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência
vencedor do Cineamazonia. da República e a UFF. Larissa acredita no reencantamento do mundo,
como forma afetiva, política e estética de vida. Os projetos nos quais se
engaja estão enraizados nessas ideias.
GUSTAVO PADOVANI
Mestre em Imagem e Som pela Ufscar, especialista em Gestão em
Marketing pela FGV e doutorando em Multimeios na Unicamp. Atua LEANDRO AFONSO
como professor na Ufscar, FGV e já ministrou cursos na Mostra de Graduado em Comunicação Social (Uesc), mestre em Comunicação
Cinema de Tiradentes, Cine Sesc SP e CineOP. Atuou no curta Reflexos e Cultura Contemporâneas (UFBA). Roteirista, diretor e professor
(2008) e é roteirista da websérie em desenvolvimento Ângulos. Produziu de cinema. Pesquisa direção cinematográfica, história do cinema,
conteúdo para o Hospital de Câncer de Barretos por quatro anos e presta cinema brasileiro e cinema latino-americano. Diretor de Nunca Mais
consultoria na criação de soluções e conteúdos audiovisuais diversos Vou Filmar (2012), Lara (2013), Habeas Corpus (2014), Argentina, me
para as redes. Desculpe (2015) e Toda Sombra Parece Viva (2019). Em pós-produção
do primeiro longa, Tio Bruno (2022).

JOSÉ AGRIPINO
Formado em Audiovisual pelo Centro Universitário Senac. Há seis anos LÉO BORTOLIN
trabalha com marketing para cinema participando do lançamento de Formado em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal Fluminense
mais de 50 filmes brasileiros, entre eles Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, (RJ, 2012). Especializou-se como diretor de som pela Escola Superior de
Que Horas Ela Volta, As Duas Irenes, Deslembro. Participou de alguns Teatro e Cinema – ESTC Amadora, em Portugal. Mestre pelo programa
laboratórios e oficinas, onde aprimorou os conhecimentos de distribuição Multimeios da Unicamp (SP) com pesquisa sobre o som no cinema brasileiro
e audiência, entre eles podemos destacar: Berlinale Talent Campus, Eave contemporâneo. É também diretor de som do grupo cinematográfico
Marketing Workshop 2016 e o Locarno Academy. Atualmente trabalha Kino-Olho e professor de “desenho de som” e “som no cinema” em
como analista de mídias digitais de campanhas de lançamento de filmes diversas instituições. Atua na pesquisa e prática cinematográfica
nas plataformas VOD na Sofa Digital. voltada à reflexão e construção das diferentes sonoridades de filmes.
Assinou a direção de som de diversos curtas e longas com importantes
carreiras em festivais nacionais e internacionais, entre eles: Command
LARISSA FIGUEIREDO Action (2015), com prêmios de Melhor Som no 48° Festival do Cinema
Cineasta e educadora. Estudou Letras na UnB e Cinema na França, Suíça e Brasileiro de Brasília e no 8° Curta Taquary; A Moça que Dançou com o
Argentina. Seus trabalhos incluem o longa documental O Touro (2015), que Diabo (2016), com prêmios de Melhor Som no X Festival CineMúsica e
recebeu o prêmio Visions Sud Est e teve sua estreia no Festival de Roterdã, na I Bienal Internacional do Cinema Sonoro e Menção Especial do Júri na
além de curtas e séries para canais como HBO, CinebrasilTV e Canal Palma de Ouro do Festival de Cannes 2016; Meninas-Formicida (2017),
Brasil. Como educadora, deu aulas e oficinas em universidades e escolas com prêmios de Melhor Som no 19° Festival Kinoarte de Cinema 2017 e
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • OFICINAS 219

no 11° Curta Taquary 2018; Russa (2018), seleção oficial do Short Films RENAN ROVIDA
no 68° Internationale Filmfestspiele Berlin 2018; Empate (2018), prêmio Ator e cineasta. Dirigiu os longas-metragens Pão e Gente e Sem Raiz e
de Melhor Som no Festival Maranhão na Tela (2019); Banquete Coutinho os curtas-metragens Coice no Peito e Entre Nós, Dinheiro. Como ator,
(2019); Fendas (2019), seleção oficial do Festival International du Cinéma trabalhou em mais de 25 filmes, entre os quais: Arábia, de Affonso Uchôa
de Marseille (FID)/França; A Noite Amarela (2019), com indicação a e João Dumans, Os Sonâmbulos, de Tiago Mata Machado, Baixo Centro,
Melhor Som no 25° Prêmio Guarani de Cinema Brasileiro 2019; e Casa de de Ewerton Belico e Samuel Marotta, Madrigal para um Poeta Vivo, de
Antiguidades (2020), único filme latino-americano na Seleção Oficial do Adriana Barbosa e Bruno Mello Castanho, Jovens Infelizes, de Thiago B.
Festival de Cannes 2020. Mendonça, New Life S.A., de André Carvalheira, Apto. 420, de Dellani
Lima (…). Em TV, trabalhou em: Fantasmas da Casa Própria, direção
de Adirley Queirós e Cássio Oliveira – TVs públicas (…).
LUCAS ROSSI GERVILLA
Artista visual, trabalha com imagens desde 2005. Doutorando e mestre
pelo Instituto de Artes da Unesp e bacharel em Comunicação e Multimeios
pela PUC-SP. Participou de mais de 160 produções audiovisuais. Em
2020, dirigiu seu primeiro longa-metragem, chamado Ruinoso. Foi
comissionado pelo Canal Futura para a produção do curta-metragem
Edmur e o Caminhão. Em 2017 recebeu a bolsa Mobility Fund, oferecida
pelo Prince Claus Fund.

MARIA FLOR BRAZIL


Mestre em Comunicação Social pela ECO-UFRJ, professora na Escola
de Cinema Darcy Ribeiro e atua no audiovisual há cerca de 20 anos.
É produtora executiva dos longas-metragens O Índio Cor-de-Rosa
contra a Fera Invisível: a Peleja de Noel Nutels (dir. Tiago Carvalho, 2020),
vencedor de três prêmios no Festival de Biarritz 2020 e cinco prêmios em
outros festivais; Fico te Devendo uma Carta sobre o Brasil (dir. Carolina
Benjamin, 2019), da série Fronteiras Fluidas (dir. Mariana Fagundes,
2018). Foi também diretora de produção dos longas-metragens Mr.
Sganzerla – os Signos da Luz (vencedor de Melhor Filme e Prêmio da
Crítica no Festival É Tudo Verdade 2012) e Estrada Real da Cachaça
(Melhor Doc no Festival do Rio e Festival de Mar Del Plata 2008). Atua
também como curadora, tendo integrado o comitê de seleção do edital
Rumos – Itaú Cultural 2015/2016.
ARTE
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • ARTE 221

O CINEMA EM CONEXÃO COM A MÚSICA


AS IMAGENS EM MOVIMENTO
OS PROCESSOS DE CRIAÇÃO
TIRADENTES, CENÁRIO QUE INSPIRA
QUE TRANSCENDE O TEMPO
QUE ABRE CAMINHOS
QUE UNE TRADIÇÃO E CONTEMPORANEIDADE

O QUE MOVE O CINEMA?


O QUE DÁ FORMA AO FILME?
O QUE SÃO AS VERTENTES DA CRIAÇÃO?
EM CADA VOZ, OLHAR, PERSONAGEM, HISTÓRIA
A DIVERSIDADE E OS SOTAQUES DO BRASIL
IMPRIMEM A IDENTIDADE DE UM NOVO TEMPO
EM QUE NÃO EXISTEM FRONTEIRAS PARA A ARTE
NUM MUNDO EM MOVIMENTO
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • ARTE 222

PERFORMANCE AUDIOVISUAL

Concebida e gravada na cidade de Tiradentes para abrir a temporada


audiovisual da 24ª Mostra de Cinema de Tiradentes para apresentar
ao público a programação e o conceito do evento com arte, música,
imagens e movimento tendo como inspiração a temática Vertentes da
Criação e foco na cineasta homenageada desta edição, Paula Gaitán.
A produção é da Universo Produção, direção e roteiro de Chico de
Paula, trilha sonora do Barulhista e participações especiais de artistas
e cantores mineiros.

Criação: Chico de Paula e Raquel Hallak


Roteiro, Direção e Fotografia: Chico de Paula

Foto: Leo Lara


Fotografia, Montagem e Finalização: Janaína Patrocínio
Trilha Sonora: Barulhista
Ator: Gibi Cardoso
Cantores e Músicos: Júlia Tizumba e Maurício Tizumba
Participações Especiais: Guarda do Gongado Nossa Senhora do Rosário CHICO DE PAULA
Tia Anastácia, Sandra Mara, Nado Rohrmann, Expedito Jonas de Jesus,
José Trindade Xavier, Marcos Gabriel Gomes Santana, Mariana de Fátima Artista audiovisual e poeta. Desenvolve performances, espetáculos
Santana, João Goulart Silva intermediáticos, instalações e conteúdos audiovisuais interativos
Assistente de Produção: Lívia Tostes para museus. Com formação em Arquitetura e Design, trabalha em
Produção Técnica: Daniella Fonseca diversos suportes, com foco na pesquisa de linguagem, a partir da
Steadycam: Eduardo Falcão tecnologia. Criou a Arquipélago como um ateliê de arte da fronteira,
Locução: Grazi Medrado sempre em consonância com artistas de áreas e influências diversas,
Som Direto, Iluminação: Rogério Penido | QR Soluções que tem na inquietude um motor para as suas ações. Atuou em TV
Fotografias: Leo Lara/Acervo Universo Produção e cinema como diretor, fotógrafo, montador, finalizador e produtor.
Cessão de Imagens – acervo Universo Produção, Macaca Filmes e Arquipélago Foi gerente de programação na Rede Minas de Televisão, participou
Empresa Produtora: Universo Produção da criação de diversos especiais e dirigiu o Voz Ativa, exibido em rede
nacional pela emissora.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • ARTE • PERFORMANCE AUDIOVISUAL 223

Foto: Marco Aurélio Prates


Foto: divulgação
JANAÍNA PATROCÍNIO BARULHISTA

Mestre em Comunicação Social pela UFMG (2008), especialista em Artista premiado pelo trabalho em diversas trilhas sonoras para
Culturas Midiáticas (2006) e bacharel em Comunicação Social – cinema, teatro e dança, indicado pelo baterista Martin Atkins (Sex
Rádio e Televisão (1998), todos títulos pela UFMG. Sócia fundadora Pistols, NichInch Nails) como um dos mais interessantes músicos
da produtora JPZ Comunicação (1998) e da Associação Imagem brasileiros contemporâneos. A obra de Barulhista constrói paisagens
Comunitária (1997–2015); atua no mercado como diretora, roteirista sonoras e mentais ao longo dos discos, trilhas sonoras e textos, é
e finalizadora de obras documentais, ficcionais e programas de TV e um exemplo de técnica e sensibilidade deste prolífico artista, uma
meios digitais construção que lentamente revela nuances e desdobra-se do
melancólico ao sublime.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • ARTE • PERFORMANCE AUDIOVISUAL 224

Foto: Patrick Arley


Foto: divulgação
GIBI CARDOSO MAURÍCIO TIZUMBA

Em 2017 realizou a pesquisa de personagens do filme Espera, de Cao Ator, compositor, cantor, multi-instrumentista, diretor musical
Guimarães. Em 2016 Cardoso lançou os livros O livro que não se lê e e capitão de congado; estabeleceu em sua trajetória artística –
O destino do vazio através da Fundação Municipal da Cultura. Em 2012 que começou quando ainda era criança, na extinta TV Itacolomi –
fez pesquisa sobre personagens para o longa-metragem de ficção O diálogo entre diversas linguagens e entre a arte e as manifestações
Homem das Multidões, de Marcelo Gomes e Cao Guimarães, premiado populares tradicionais da cultura afro-brasileira e afro-mineira.
na França e no México. Em 2008, dirigiu e roteirizou o documentário Formado pelo Teatro Universitário da Universidade Federal de Minas
de média-metragem Tomba Homem e o curta de ficção O Homem Gerais e transitando pelo cinema, pela TV e pelo teatro, atuou em
Provisório. Em 2003 trabalhou na montagem do longa-metragem A 28 espetáculos, sendo 25 musicais, entre eles, a trilogia de João das
Alma do Osso, de Cao Guimarães. Neves: Bituca, com músicas de Milton Nascimento, e Besouro Cordão
de Ouro e Galanga Chico Rei, com músicas de Paulo César Pinheiro (a
experiência deste último se desdobrou em álbum homônimo, o sexto
da carreira, criado em parceria com Sérgio Santos).
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • ARTE • PERFORMANCE AUDIOVISUAL 225

Foto: Luiza Villarroel


JÚLIA TIZUMBA

Nascida em Belo Horizonte, formada no Teatro Universitário da UFMG,


em Jornalismo pela PUC Minas, mestra e doutoranda em Artes Cênicas,
cantora e percussionista; começou seus estudos artísticos aos 10 anos
de idade. É atriz da Companhia Burlantins e uma das idealizadoras
da Mostra Benjamin de Oliveira. Também integra o Coletivo Negras
Autoras, atuando como compositora, cantora e instrumentista. É
regente e ministra aulas de percussão na Associação Cultural Tambor
Mineiro e integrou o elenco dos musicais: Elza, O Frenético Dancin
Days, Oratório, Negr.a, Eras, Clara Negra, Madame Satã, Zumbi e O
Negro, a Flor e o Rosário.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • ARTE 226

EXPOSIÇÃO #CINECBMM
MOSTRA TIRADENTES NO TEMPO
Foto: Mariana Martins/Acervo Universo Produção

Exposição virtual que apresenta em 200 imagens fotográficas a CBMM aproxima a Mostra de Cinema de Tiradentes de Belo Horizonte
trajetória do evento em 23 edições, com o objetivo de contar a história com uma exposição para ser vista das janelas, respeitando o isolamento
da Mostra Tiradentes, que é cheia de riquezas visuais, tanto do ponto de social. Durante os dias 28, 29 e 30 de janeiro, de 19 às 21 horas, por meio
vista de pessoas, programação, quanto por ser um evento tão complexo de uma projeção em um prédio, serão apresentados vídeos legendados
em instalações e estruturas provisórias planejadas anualmente para com um resumo do charme da Mostra, depoimentos de figuras locais
envolver a cidade histórica de Tiradentes e tê-la como cenário do maior importantes e trechos de filmes. O cruzamento da Rua Bahia, berço
evento do cinema brasileiro. cultural da capital, com a Avenida Álvarez Cabral, foi escolhido para
sediar esse encontro digital dos belo-horizontinos com a tradicional
As imagens selecionadas revelam toda a essência e as nuances da Mostra de Tiradentes.
Mostra Tiradentes através das lentes dos fotógrafos Leo Lara, Jackson
Romanelli, Beto Stânio, Leo Fontes, Biel Machado, Nereu Jr., Beni Jr., E, para dar vida àqueles comentários que os visitantes costumam
Daniel Iglesias, Victor Shwaner, Pedro Silveira, André Fossati, Alexandre ouvir nos intervalos das atividades ou na fila do pipoqueiro, algumas
C. Mota e integram o acervo da Universo Produção. interações recebidas no perfil da CBMM no Instagram (@cbmm_oficial)
também vão ser compartilhadas na projeção.

Mergulhe na programação 24ª edição do evento do seu jeito, da sua


casa e participe! Mais do que nunca, seguimos juntos, CBMM e Mostra de
Cinema de Tiradentes, valorizando e disseminando a riqueza brasileira
da nossa cultura, história, personagens e produção cinematográfica!
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • ARTE 227

SHOWS

Foto: divulgação

Foto: José de Holanda


ARRIGO BARNABÉ CHICO CÉSAR

Surge na cena musical brasileira em 1979, no festival universitário Compositor, cantor, jornalista e escritor, Chico explicita a irreverência,
da TV Cultura. Em 1980 lança o LP Clara Crocodilo, marco inicial a criatividade e a poética, características de sua obra ao longo de
da Vanguarda Paulistana. Em 1984 lança o LP Tubarões Voadores. sua trajetória. Chico César acaba de lançar a canção “Nada”. O
Colabora com cineastas como Rogério Sganzerla (ator) e Chico Botelho single intimista foi composto em casa, durante a pandemia do novo
(ator e compositor de trilha sonora). Compõe óperas (O Homem coronavírus e está disponível em todas as plataformas de streaming.
dos Crocodilos; 22 Antes e Depois; Até que se Apaguem os Avisos O artista desafia a saudade e aponta a distância como um estímulo
Luminosos) e missas (Missa in Memoriam Arthur Bispo do Rosário, que pode ser vibrante e cheio de calor humano, nestes tempos de
Missa in Memoriam Itamar Assumpção, Missa Nóia). Apresenta desde coronavírus.
2004 o programa Supertônica na rádio Cultura FM.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • ARTE • SHOWS 228

ADRIANA ARAÚJO CONVIDA SÉRGIO PERERÊ

Foto: Nonato Fotografia

Foto: Netun Lima


ADRIANA ARAÚJO SÉRGIO PERERÊ

Nascida na comunidade da Pedreira Prado Lopes, na região da Cantor, compositor, multi-instrumentista, ator e diretor musical. Seu
Lagoinha, berço do samba de Belo Horizonte, a cantora se destaca trabalho autoral é reconhecido pelo diálogo que estabelece entre a
como uma das grandes vozes do samba mineiro. Preparou um show tradição e a experimentação, pela profusão de sonoridades – com
especial para a 24ª Mostra de Cinema de Tiradentes, em que traz destaque para as referências afro-latinas – e pelo timbre peculiar
canções que representam a sua própria história. Não por acaso, este de sua voz. Já se apresentou em várias regiões do Brasil e em países
show contará com algumas músicas que estarão no CD Minha Verdade, como Canadá, Áustria, Espanha, Moçambique, China e Argentina. Com
seu primeiro álbum, que será lançado ainda no primeiro semestre de carreira também no teatro, trabalhou com o icônico diretor João das
2021. O show apresenta diversas canções autorais, em que se destaca Neves em Besouro, Cordão-de-Ouro, e em Oratório – a Saga de Dom
a negritude, ancestralidade e afluentes e conta com a participação Quixote e Sancho Pança dividiu os palcos com Maurício Tizumba,
especial do multiartista Sérgio Pererê, interpretando sambas épicos um parceiro constante ao longo da vida. No cinema, participou do
da nossa cena musical, além do seu impecável repertório autoral. premiado Rapsódia para um Homem Negro, da Filmes de Plástico.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • ARTE • SHOWS 229

Foto: divulgação

Foto: divulgação
FERNANDA ABREU JOHNNY HOOKER

Inspirada pelos versos da emblemática "Eu vou torcer", Fernanda Artista pernambucano que ganhou notoriedade nacional após seu
Abreu conduz 60 minutos de show em sua casa, no home estúdio de primeiro disco autoral, Eu Vou Fazer uma Macumba pra te Amarrar
seu marido, baterista e produtor Tuto Ferraz, carinhosamente batizado Maldito, desde então seu nome corre entre os grandes artistas da
de Cativeiro. E é direto do seu Cativeiro que Fernanda invade a casa de nova safra da música popular brasileira. Coleciona alguns prêmios,
milhares de pessoas, derrubando os muros do isolamento por meio como o Melhor Cantor do Prêmio da Música Brasileira e dois do MTV
da internet, compartilhando, através do seu emblemático repertório, Miaw, sendo um deles de Melhor Clipe. Recentemente ganhou discos
momentos de alegria, música, dança – tão necessários nestes tempos de platina por seus dois singles, “Amor marginal” e “Flutua”, este
de tristes e preocupantes notícias diárias. último sucesso do segundo disco, Coração. Em 2021 está previsto
lançamento do DVD ao vivo do show Macumba, gravado em 2016
em Recife, e também o seu mais novo trabalho autoral, ainda sem
previsão de data.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • ARTE 230

ANIMADORES CULTURAIS

Foto: divulgação
Foto: Leo Lara
ÉRICA VIEIRA DAVID MAURITY

Jornalista, especialista em gestão estratégica da comunicação. Atua Integrante do Toda Deseo, coletivo que aborda a temática de gênero
em televisão há 13 anos, com passagens por emissoras de projeção de forma criativa e provocadora. Transgressoras e encorajadas, as
nacional, como Canal Futura, Rede Minas, TV Brasil e TV Cultura. ações desse coletivo visam garantir a liberdade de expressão e da
Atualmente é apresentadora e editora-chefe do programa diário participação dos sujeitos trans na vida social e cultural da cidade. São
de entrevistas Opinião Minas, na Rede Minas. E presta mentorias e atos de resistência, inclusão e de luta contra o preconceito. Além do
consultorias na área de comunicação e gravação de vídeos. seu trabalho como ator, David atua como mestre de cerimônia em
eventos da cidade de Belo Horizonte, como a Virada Cultural e a Festa
Divina Maravilhosa, realizada pela Cuia Cultural. Também é estudante
do Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários da Universidade
Federal de Minas Gerais.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • ARTE 231

CAMPANHA #EUFAÇOAMOSTRA

Foto: Leo Lara


Idealizada e lançada nas redes sociais, a campanha #eufaçoaMostra é
uma iniciativa que visa formar uma memória coletiva e colaborativa com
a participação do público dos eventos que integram o programa Cinema
sem Fronteiras. A campanha reúne fotos, vídeos e depoimentos com a
atuação do coletivo #eufaçoaMostra. Durante o evento é instalado um
núcleo de produção de microvídeos cocriativos, de caráter instantâneo,
tendo como mote e temática a programação da Mostra, com exibições
diárias de conteúdos nas redes. Todos os registros integram o acervo da
Universo Produção.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • ARTE 232

TV MOSTRA | MOSTRA TIRADENTES NAS REDES

Foto: Leo Lara


Tudo o que ocorre nos bastidores da Mostra Tiradentes você pode
acompanhar diariamente nas redes sociais durante a programação do
evento e pela retrospectiva da TV Mostra. São conteúdos produzidos
e editados no decorrer da programação com a cobertura completa do
evento – registros e entrevistas. Os principais fatos e acontecimentos
são apresentados e publicados nas redes sociais da Universo Produção
e do evento, mantendo o público informado de tudo que acontece no
evento no maior evento do cinema brasileiro.
MOSTRA
VALORES
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA VALORES 234

PARCERIAS QUE
DÃO FRUTOS
A Mostra Valores é uma iniciativa e idealização da Universo Produção. Tem o propó-
sito de dialogar e valorizar pessoas, ações, programas e comunidades das cidades de
Tiradentes, Ouro Preto e Belo Horizonte, que estão inseridas no âmbito do Cinema sem
Fronteiras – programa internacional de audiovisual que reúne as três Mostras anuais,
diferenciadas e complementares, com o intuito de exibir e discutir a produção contem-
porânea do cinema, sua história, patrimônio, linguagens, estéticas e formas de inserção
no mercado audiovisual.

Nesta edição, estabelece uma parceria com o Sesc em Minas, por intermédio do pro-
grama Mesa Brasil Sesc, que é uma rede nacional de bancos de alimentos contra a fome
e o desperdício, em que as doações recebidas nas lives artísticas durante a 24ª Mostra
de Cinema de Tiradentes e destinadas ao Programa Mesa Brasil Sesc serão encaminha-
das às instituições de Tiradentes cadastradas no programa – Apae Tiradentes e Lar de
Idosos – Abrigo Tiradentes.

Convidamos você a participar dessas ações que integram a programação da Mostra Valores
e contribuir para as instituições que dependem da soma de esforços para sua manutenção
e trabalho que beneficiam os mais necessitados.

Além disto, a Mostra Valores firma parceria com a Empresa Mineira de Comunicação – Rede
Minas e Rádio Inconfidência para exibição de filmes na grade de programação da emissora,
visando contribuir para difundir o cinema brasileiro na emissora educativa representativa
de Minas Gerais que atua para a formação de cidadãos conscientes, éticos e atuantes.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA VALORES 235

REDE
MINAS
A Rede Minas é uma das principais emissoras de televisão aberta e principal emissora
pública de Minas Gerais. Oferece uma programação ampla e diversa, pautada na qua-
lidade e na produção de conteúdos relevantes para o telespectador. São mais de três
décadas de abrangência crescente pelo estado de Minas Gerais, como parte da constru-
ção e registro da história de um estado culturalmente rico e diverso. Os desafios atuais
são mais amplos e voltados para as possibilidades de promoção do patrimônio cultural,
humano e de nossas paisagens naturais, nas multiplataformas do audiovisual.

Na tela da Rede Minas cabem os 853 municípios mineiros e a identidade de seu povo.
Rede Minas é lugar da cultura, do turismo, do patrimônio, das tradições, da contem-
poraneidade e da projeção de tudo aquilo que Minas Gerais tem a oferecer. Aqui os
mineiros se encontram.

A grade de programação é pautada pela diversidade, pluralidade e qualidade da informação


e dos recursos. Os programas abordam temas de interesse público, que levam à reflexão e
ao envolvimento com questões relevantes da sociedade, visando contribuir para a forma-
ção de cidadãos conscientes, éticos e atuantes.

O telespectador da Rede Minas poderá conferir 10 filmes que estão na programação da


24ª Mostra Tiradentes e que serão exibidos na grade de programação da emissora, sen-
do dois longas e soito curtas, e curtir o show da cantora mineira Adriana Araújo Convida
Sérgio Pererê.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA VALORES 236

FILMES EM EXIBIÇÃO NA REDE MINAS

DIÁRIO DE SINTRA POR OUTRAS PRIMAVERAS


Documentário, Cor, Digital, 90min, Portugal/Brasil, 2007 Ficção, Cor, Digital, 22min, MG, 2020
Direção e Roteiro: Paula Gaitán Direção: Anna Carolina Moura Mol de Freitas

SWINGUEIRA 5 FITAS
Documentário, Cor, DCP, 80min, CE/BA, 2020 Ficção, Cor, Digital, 15min, BA, 2020
Direção: Bruno Xavier, Roger Pires, Yargo Gurjão e Felipe de Paula Direção: Haroldo de Deus e Vilma Martins

FOGUETE
Ficção, Cor, Digital, 15min, DF, 2020
Direção e Roteiro: Pedro Henrique Chaves

MITOS INDÍGENAS EM TRAVESSIA


Animação, Cor, Digital, 21min, SP, 2020
Direção: Julia Vellutini e Wesley Rodrigues

ELA QUE MORA NO ANDAR DE CIMA


Ficção, Cor, DCP, 14min, PR, 2020
Direção: Amarildo Martins

NOITE DE SERESTA
Documentário, Cor, DCP, 19min, CE, 2020
Direção: Sávio Fernandes e Muniz Filho

PEGA-SE FACÇÃO
Documentário, Cor, Digital, 13min, PE, 2020
Direção: Thaís Braga

VOCÊ TEM OLHOS TRISTES


Ficção, Cor, DCP, 19min, SP, 2020
Direção: Diogo Leite
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA VALORES 237

MESA BRASIL
SESC
O Mesa Brasil Sesc é uma rede nacional de bancos de alimentos que, desde 1994,
atua no combate à fome e ao desperdício de alimentos. Seu objetivo é contribuir para
a promoção da cidadania e a melhoria da qualidade de vida de pessoas em situação
de vulnerabilidade alimentar e social. Trata-se essencialmente de um Programa de
Segurança Alimentar e Nutricional, baseado em ações educativas e de distribuição
de alimentos excedentes ou fora dos padrões de comercialização, mas que ainda
podem ser consumidos. Atua como banco de alimentos (centro de recolhimento,
seleção e distribuição) e promove a dignidade de crianças, jovens e idosos das enti-
dades sociais cadastradas.

O Mesa Brasil Sesc busca onde sobra e entrega onde falta. Essa ação conjunta integra
o Sesc, empresas, instituições sociais e pessoas voluntárias em prol da garantia dos
direitos básicos de cidadania.

As doações recebidas nas lives artísticas durante a 24ª Mostra de Cinema de


Tiradentes e destinadas ao Programa Mesa Brasil Sesc serão encaminhadas às insti-
tuições Apae de Tiradentes e Lar de Idosos, ambas da cidade de Tiradentes. Conheça
as instituições:
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • MOSTRA VALORES 238

Foto: Leo Lara

Foto: Leo Lara


APAE DE TIRADENTES LAR DE IDOSOS – ABRIGO TIRADENTES

A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – Apae de Tiradentes é O Lar de Idosos – Abrigo Tiradentes, fundado em 15 de agosto de 1954,
uma organização social sem fins lucrativos, fundada em 4 de novembro é uma Instituição de longa permanência para Idosos (Ilpi) de cunho
de 1999, que tem como objetivo integrar e orientar o processo da beneficente, caritativa e de assistência social, sem fins lucrativos e com
educação de pessoas com deficiência intelectual e múltipla, criando caráter filantrópico. Atualmente abriga 25 idosos de ambos os sexos,
condições adequadas para o desenvolvimento de suas potencialidades. proporcionando assistência material, moral, intelectual, social e espiritual.
DEPOIMENTOS
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • DEPOIMENTOS 240

DA MOSTRA
TIRADENTES
EU FALO...
“Sem dúvida é um dos eventos mais importantes para a cultura de Minas Gerais. Esse setor
do audiovisual vem crescendo muito e Minas Gerais desponta como um dos principais estados
nesse setor. O estado está novamente participando da 23ª Mostra de Cinema de Tiradentes por
entender a grande importância que tem para o turismo, a cultura e a economia do nosso estado.”

Bernardo Silviano Brandão Vianna


secretário de Estado Adjunto de Cultura e Turismo – MG

“Para nós, da Copasa, é sempre importante estarmos integrados com a sociedade. E esse
evento é muito bacana porque ele não trata só as questões específicas de Tiradentes ou do
estado de Minas Gerais, mas o cinema transmite todas as questões da sociedade. E para nós
do setor de saneamento é muito bacana. Esse festival está muito legal e a gente vê a interação
de toda a sociedade. Saneamento é isso!”

Guilherme Frasson Neto


diretor de operação da Copasa – MG

“A CBMM tem a tradição de apoiar a cultura no Brasil, especialmente em Minas Gerias, como
somos uma empresa mineira. E nada melhor que prestigiar a maior Mostra de cinema do
estado e do Brasil. Isso para nós é motivo de grande orgulho.”

Giuliano Michel Fernandes


head de marketing da CBMM – SP
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • DEPOIMENTOS 241

“Quero registrar e dizer também da importância da Mostra nesse “Eu estou gostando muito porque é uma experiência para além de ver
momento histórico de resistência, de mostrar que a cultura é o grande os filmes, poder mergulhar nas reflexões, sobre questões estéticas
instrumento de transformação desse país. A valorização dos olhares, os e políticas do país, nesse momento em que a cultura e todo um rolê
vários pontos de vista, das várias formas de fazer cultura. Se precisar, no cinema sofre ataques constantes. Pensar a partir desse tema que
vamos lutar juntos… já estamos lutando… para que ninguém diga que a foi proposto da Mostra, a imaginação como potência, faz a gente
gente não pode fazer isso.”  mergulhar nos filmes já com olhar mais crítico, mais atento as questões
que ele coloca.”
Adriane Canan
diretora do curta As Rendas de Dinho – SC Catu Rizo
diretora do filme A Terra de Muitas Águas – RJ

“Acho que é um espaço importantíssimo para se estabelecer


diálogos sobre o que está sendo feito e que vamos fazer. Então para “É a segunda vez que venho para Mostra enquanto realizador. Acho que
mim é sempre um prazer estar aqui, voltar a Minas, voltar a esse este ano está sendo bem interessante para ver novas perspectivas de
espaço histórico importantíssimo brasileiro. E ter a oportunidade de filmes. Para nós é muito importante exibir o filme aqui. É a primeira vez
acompanhar sessões interessantes, que instigam aqueles que fazem que a gente exibe o filme fora de Goiás, então estamos nessa expectativa
e gostam de cinema. Uma programação superinteressante e bacana. de ver como as pessoas recebem, trocam ideias e tal… E além disso é
E ainda poder conversar sobre esses filmes. Eu acho que a Mostra tem sempre bom ver os filmes que estão chegando aí. É um festival que é no
uma programação para todos os gostos, o que é maravilhoso. Tem começo do ano, então é muito importante acompanhar.
a Mostra infantil, tem mostras mais experimentais, tem lançamento
de livro, tem música, tem tudo… Então é sempre um prazer voltar Daniel Cali
para Tiradentes.”   diretor e roteirista do filme Julho – GO

Bárbara Cariry
produtora executiva de Escravos de Jó e de Sertânia – CE “Eu vim algumas vezes na Mostra, e eu acho que ela sempre tem esse
processo de ter um cinema de invenção, tem filmes jovens… A Mostra
Aurora são realizadores com seus primeiros filmes. E é muito legal você
“A Mostra de Cinema de Tiradentes é muito importante porque ver que ela pega uma gama de filmes com ideias diferentes, mas que se
movimenta a cidade. Além disso, eu acho o evento muito interessante. encontram no final. Lugares diferentes., de regiões diferentes… Então é
É ali que o cineasta tem a oportunidade de apresentar seu filme, tanto sempre legal você ter um panorama do que está sendo feito, de novas
jovens quanto veteranos. Que nossa parceria possa aumentar cada propostas, de novas abordagens até dos lugares assim... novos lugares.
vez mais.” Eu acho muito legal estar aqui sempre acompanhando.” 

Cássia Danilo Daher


gerente da pousada Ponta do Morro – MG diretor do longa Julho – GO
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • DEPOIMENTOS 242

“Achei o Cortejo um movimento cultural interessante de conhecer “É minha primeira vez na Mostra. Eu vim mais pela oficina que estou
diversos tipos de grupos culturais que reuniram as pessoas em fazendo, que é de “Produção para Cinema e TV”. Eu estou muito feliz de
Tiradentes. Foi um momento de muita alegria, das famílias unidas, ter rolado a oficina e ter conseguido vir, porque foi uma oportunidade
participando desse cortejo, todo mundo alegre, todo mundo feliz. Muitas de ter contato com várias produções, de várias pessoas muito legais,
famílias… acho que esse foi o ponto mais importante, mais legal.” assim. Uma galera muito boa que vem produzindo umas coisas
muito importantes, de uns temas muito interessantes, conhecendo
Flávio coisas novas de artistas que eu já conhecia. Enfim, está sendo uma
turista – MG oportunidade muito massa em todos os sentidos, principalmente por
conta da oficina, uma oficina incrível, estou aprendendo muitas coisas.
Estou muito feliz.”
“Está sendo bastante estimulante o festival. Eu estou gostando bastante.
Só que eu admiro muito o festival, os espaços de discussões que tem, Guilherme Alves
de debates. Parece que ela [a Mostra Tiradentes] se reinventa bastante. estudante de Jornalismo – MG

Estou adorando ter participado desde o começo, de ter visto a mesa de


debate da curadoria… Eu estou vendo uma lógica muito consequente e “Sou atriz e diretora. Amo a Mostra de Tiradentes desde sempre e dou
estou gostando muito.”  os parabéns enorme à Universo Produção. É um prazer gigantesco.
Uma maravilha eu estar entre esses jovens, eu também sou uma jovem
Felipe Camargo de qualquer idade. Então é isso, pra mim é maravilhoso estar aqui. É
cineasta – MG um filme que está passando em vários festivais. Então é uma festa de
cinema. Viva o cinema. Viva essa resistência fantástica dessa Universo
Produção, de Raquel, de Fernanda e de Quintino.” 
“Eu já vim outras vezes. Achei o Cortejo muito maior, foi uma coisa
que a gente comentou. O volume de participantes aumentou muito e Helena Ignez
de integrantes do Cortejo. Achei bem carnavalesco, uma pegada bem diretora do filme Fakir – SP

carnaval. Já introduz o carnaval. E acho bom que agrega também à


cultura da cidade. Acompanhamos a Mostra de Tiradentes, Ouro Preto
e Belo Horizonte. Anualmente eu tento acompanhar pelo menos uma “É a primeira vez que eu venho e tem sido uma experiência incrível
das execuções do projeto. Adoro, sou fã. Cinéfilo. Tento pegar o máximo no sentido da importância das discussões que propõe, na valorização
possível dos eventos. Curtas, longas, performances, oficinas... Tento do cinema, dos debates que intercalam, e na proposição de trazer
estar o mais integrado possível.” pessoas de fora do cinema como forma de ampliar o repertório,
de possibilidades, de visões de mundo… Tem sido uma experiência
Glauber Roque incrível que eu acho profundamente potente nessa conjuntura e para
publicitário – MG a construção de um cinema brasileiro. [A Imaginação como Potência] é
um tema absolutamente necessário porque a gente vive num momento
marcado pela desesperança, pelo esgotamento… Imaginar outro
mundo, outras saídas é sem sombra de dúvidas uma das coisas mais
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • DEPOIMENTOS 243

necessárias nesse momento. É uma grande provocação e um grande cada vez melhor. Eu acho que essas oficinas só têm a colaborar para
incentivo a construção de outros mundos e outras estéticas.”  que no futuro essas pessoas venham trazer seus filmes. Então, assim,
uma oficina muito cheia. A Mostra muito cheia. Sala lotada… Muito
Helena Vieira bonito de ver isso porque a gente precisa muito de formação do público
integrante da mesa “A Imaginação como Potência” – SP para o cinema brasileiro. A gente faz bons filmes, mas muita gente tem
preconceito simplesmente porque o filme é brasileiro. Então com isso a
gente forma esse público. Então eu estou muito feliz de estar aqui mais
“Não é a primeira vez que venho na Mostra. Já venho há bastante uma vez podendo ensinar um pouco, podendo trazer essas pessoas
tempo, minha família é daqui. Eu acho a Mostra incrível, um meio mais um pouco para dentro do fazer audiovisual.”
de expor o cinema para as pessoas em geral, tanto para as pessoas
aqui da cidade, que eu acho incrível, tanto o cinema na praça que Júlia Nogueira
abrange e leva cultura para a praça mesmo. O cinema para a praça. instrutora da oficina “Produção para Cinema e TV” – MG

Estou achando os filmes incríveis. Estou aqui desde sexta e vou ficar
até sábado. Estou acompanhando todos os filmes, estou indo nos
debates. Estou achando incríveis os debates também. Você ver o “O Sesc acredita muito na Mostra de Cinema de Tiradentes. Pra gente é
que os diretores pensaram sobre os filmes, como foi na organização, sempre uma alegria. Já é nosso quarto ano consecutivo como parceiro
pensando como eles fizeram o filme…” da Mostra. Ter um espaço dentro dessa Mostra, que é a primeira mostra
de cinema do ano, ter um espaço onde as outras linguagens convergem
Julia, 19 anos é muito feliz. E a gente acredita mesmo nessa parceria”.
turista – MG
Maria Carolina Fescina Silva
coord. técnica social da Gerência de Cultura do Sesc – MG

“É o segundo ano que venho para a Mostra Tiradentes, cheguei ontem


e estou adorando. Cheguei com a presença maravilhosa do Antônio
Pitanga e da Camila, fomos no debate e agora vamos continuar aqui nas “É minha primeira vez em Tiradentes e um dos motivos de vir para cá é
sessões de cinema. Eu sou programadora cultural, trabalho com projetos para ver se reanima a chama do cinema, de produção… E realmente está
de cinema também, então eu venho para absorver tudo mesmo.” sendo muito bom conviver com essas pessoas, de várias áreas, de ver
muitos filmes todos os dias. Está sendo muito bom, muito legal mesmo.”
Luciana Profiro
turista – MG Késsia
estudante de Cinema – MG

“Tinha vários alunos de Tiradentes, que trabalham com audiovisual


hoje em dia, vários de São João del-Rei, vários de Juiz de Fora, alguns “É o terceiro ano que estou vindo aqui. Ano passado eu estava como
de Goiás, alguns de São Paulo… E pessoas com níveis muito diferentes Júri Jovem, então a experiência foi bem diferente deste ano que estou
dentro do fazer audiovisual, mas cada um com seus objetivos de fazer como espectadora ‘normal’, vamos assim dizer… E crítica. Estou
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • DEPOIMENTOS 244

escrevendo também. Comparando com ano passado, eu acho que “É muito importante buscar a ver o cinema brasileiro contemporâneo.
as Mostras estão mais fortes. Eu sinto que a curadoria… não sei se a Há muitos filmes em estreia na Mostra Tiradentes, e isso faz com que
curadoria ou os filmes em si.... mas tem filmes mais fortes. Acho que nós – que estamos do outro lado a fechar a programação – tenhamos
o Júri Oficial, tanto na Mostra Olhos Livres quanto na Aurora, vai penar essa oportunidade única de poder ver esses filmes em primeira mão,
um pouquinho pra decidir.”  poder conhecer o diretor. E ver aqui os filmes é sempre diferente quando
vemos num computador ou quando vemos em uma inscrição que é
Larissa Muniz, 22 anos feita, porque á um contexto de diálogo, de debate, que faz o cinema
crítica e cineasta – MG ainda mais forte.”

Miguel Valverde
“Vim passear em Tiradentes. Achei incrível porque amanhã é meu convidado internacional – Portugal

aniversário e essa energia maravilhosa que já está aqui hoje, né!?


Adorei o Cortejo. Alegria. Festa. E realmente um privilégio estar aqui
comemorando esse sábado com o pessoal da 23ª Mostra de Tiradentes. “A 23ª Mostra de Cinema de Tiradentes foi o primeiro festival de que
E a alegria do pessoal de estar compartilhando com todo mundo essa participei. A Barca é meu primeiro filme como roteirista e diretor, e
alegria. Estou adorando”.  foi uma alegria enorme estar com ele em Tiradentes. Mas essa alegria
deveu-se também a um outro fator: a presença de quatro filmes
Marilu Rocha alagoanos no festival. Fomos tão bem acolhidos, nós, nossos filmes
publicitária/turista – MG — acolhidos os nossos rostos, os nossos corpos, as nossas cores, os
nossos dramas, as nossas alegrias, os nossos sotaques, as nossas
artes. E acolhendo-nos, acolheram-se também todas e todos que
“É minha primeira experiência como jornalista na Mostra Tiradentes. em Alagoas fizeram cinema antes de nós.” 
É bacana ver como a Mostra dá oportunidade para novas pessoas
que estão envolvidas no universo cinematográfico, como ela abre Nilton Resende
espaço para a discussão do público, para a imprensa, para quem Professor adjunto de Literatura e diretor de A Barca – AL

está estudando cinema. As discussões são abertas, ricas, elevam os


trabalhos e as produções que são transmitidas aqui ao longo da Mostra.
A Mostra Tiradentes é um dos festivais mais famosos, um dos mais “A Mostra Tiradentes para mim fez parte do meu percurso de
reconhecidos aqui do Brasil, então eu tinha muitas expectativas e elas inserção profissional no cinema no Brasil, ao lado da minha atividade
foram correspondidas. Eu gostei dos filmes, gostei do que era retratado como professor e como pesquisador. É interessante ver a evolução
nos filmes, você consegue ver a diversidade de diretores, você consegue da Mostra nos últimos nove anos que eu acompanho. Tiradentes me
ver a diversidade de temas abordados nas produções. Então acho que ajudou a formar um monte de olhares para algum tipo de estética
foi uma ótima experiência participar da Mostra.” com a qual eu não estava muito íntimo, a qual eu não conhecia
muito, um tipo de filme mais de baixo orçamento envolvendo
Rodolfo Morais questões muito pessoais dos cineastas. Então a Mostra para mim
jornalista – MG serviu pra isso, para eu poder abrir meus olhos para esse tipo de
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • DEPOIMENTOS 245

produção que eu não conhecia e me impulsionou a pensar também “Estou achando incrível a estrutura do festival. Eu tenho um trabalho
o cinema brasileiro.”  de exibição lá em Maceió, que inclusive tem coisas que estou levando
como referência. Estou gostando dos filmes também. É a primeira vez
Pedro Maciel Guimarães que venho no festival e eu acho muito legal essa aposta que eles têm em
curador de curtas – MG revelar pessoas, revelar filmes.” 

Ulisses Arthur
“Eu acredito que é muito importante para nós poder vir para falar dos diretor do filme Ilhas de Calor – AL

nossos festivais, fazer com que os cineastas nos conheçam... A verdade


é que sempre buscamos filmes brasileiros para nossos festivais, e
acredito que seja importante vir para Tiradentes onde realmente há um “Uma homenagem ao Antônio Pitanga e à Camila Pitanga. Adorei ver a
movimento muito grande de cinema brasileiro.” família no palco. Estou achando a Mostra sofisdicadíssima, um debate
de altíssimo nível que tivemos ontem do nosso filme. Fiquei muito
Núria Cubas feliz, muito feliz de rever Tiradentes. Muito bem tratada pela produção
convidada internacional – Espanha do festival. Eu estou realmente vivendo dias lindos. Meu trabalho já
acabou e eu continuo aqui. Hoje eu vou para a Tenda assistir mais
coisa. É muita variedade, não dá para ver tudo, a gente seleciona…
“A Mostra Tiradentes é marcante na minha trajetória e na minha vida Fora que a gente passeia um pouco nessa cidade. Eu estou muito feliz
desde 2012, quando vim com o primeiro curta aqui. Foi um lugar de e muito grata.”
muito encontro, de muito aprendizado, e até hoje segue sendo dessa
maneira. A gente acabou de sair do debate. O debate traz questões Silvia Buarque
muito interessantes apontadas já pelo o filme que estreou ontem. E isso atriz de Escravos de Jó – RJ

é muito enriquecedor. Eu acho que a Mostra de Cinema de Tiradentes


promove encontros e a gente precisa cada vez mais encontrar.”
“É aqui que se pode ver o que significa a independência do cinema
Renan Rovida contemporâneo no Brasil. A Mostra Tiradentes é a fábrica da
diretor do filme Pão e Gente – SP independência. E ser fábrica da independência significa também
que é um festival que não se caracteriza por enclausurar a forma
de entender o cinema independente. Aqui há uma pluralidade de
“É a primeira vez que venho para Tiradentes. O evento é muito expressões do cinema independente. É um festival vital, livre e
interessante e o Cortejo é maravilhoso... ver a população se misturando provavelmente o mais desafiador não só do Brasil, mas de toda a
aos turistas. O bloco das Minas, a participação de todas as faixas etárias. América Latina.”
É muito interessante. Muito bonito. Emocionante.” 
Roger Koza
Silvia Gabriela convidado internacional – Argentina
professora e cineasta – MG
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 246

PROGRAMAÇÃO
COMPLETA
22 JANEIRO

SEXTA
20H
ABERTURA
OFICIAL
ASSISTA EM
MOSTRATIRADENTES.COM.BR
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 247

22 JANEIRO 6 22 JANEIRO 7
SEXTA SEXTA

20h 20h
MOSTRATIRADENTES.COM.BR MOSTRATIRADENTES.COM.BR

PERFORMANCE

Foto: divulgação
AUDIOVISUAL

Foto: Alexandre C. Mota


APRESENTAÇÃO DA TEMÁTICA DA
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES:
HOMENAGEM
VERTENTES DA CRIAÇÃO
Criação: Chico de Paula e Raquel Hallak | Roteiro, Direção e
PAULA GAITÁN
Fotografia: Chico de Paula | Fotografia, Montagem e Finalização:
Janaína Patrocínio | Trilha Sonora: Barulhista | Ator: Gibi Cardoso
Cantores e Músicos: Júlia Tizumba e Maurício Tizumba
Participações Especiais: Guarda do Gongado Nossa Senhora do Rosário Homenagear Paula Gaitán não é só reconhecer a dimensão
Tia Anastácia, Sandra Mara, Nado Rohrmann, Expedito Jonas de Jesus, de uma obra já consolidada, mas também é uma proposta
José Trindade Xavier, Marcos Gabriel Gomes Santana, Mariana de
para investigar as imagens de um trabalho misterioso
Fátima Santana, João Goulart Silva e Mestre Zinho
e inquieto, de uma independência e uma singularidade
Assistente de Produção: Lívia Tostes | Produção Técnica: Daniella
Fonseca | Steadycam: Eduardo Falcão | Locução: Grazi Medrado
radicais que possuem poucos paralelos na produção artística
Som Direto, Iluminação: Rogério Penido | QR Soluções contemporânea. É investigar a verve de uma artista que traça
Fotografias: Leo Lara/Acervo Universo Produção um caminho criativo a cada filme, a cada obra.
Cessão de Imagens: Acervo Universo Produção, Macaca Filmes e Rever os seus filmes, investigar os seus processos é dar a ver
Arquipélago | Empresa Produtora: Universo Produção o desejo intenso e radical que guia o trabalho de uma artista.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 248

22 JANEIRO 8 22 JANEIRO 9
SEXTA SEXTA

20h30 21h30
MOSTRATIRADENTES.COM.BR MOSTRATIRADENTES.COM.BR

Foto: Jackson Romanelli


DEBATE
INAUGURAL
FILME DE
Tema: O PERCURSO DE PAULA GAITÁN
ABERTURA

Foto: Lucas Barbi


Na ousadia expressiva e na variedade criativa, Paula Gaitán é
uma artista incontornável do cinema brasileiro contemporâneo
no que ele pode ter de mais livre. Sua obra responde de maneira PRÉ-ESTREIA MUNDIAL
abrangente ao emblema da experimentação estética e da
experiência poética. Realiza longas, curtas e médias-metragens,
faz filmes com dinheiro, sem dinheiro, filme caseiro, performances,
musical de memória, filme híbrido, documentário especulativo,
ficção poética, cine-retrato abstrato, videoclipes, séries de L
entrevistas, artes visuais e outros mais. O debate abordará a
singular trajetória cinematográfica de Paula Gaitán.
OSTINATO
Convidados: DOCUMENTÁRIO, DCP, COR, 56MIN, SP, 2021
• Arrigo Barnabé – músico e ator | SP
• Ava Gaitán Rocha – artista/cantora, compositora e cineasta | SP Direção: Paula Gaitán
• Clara Choveaux – atriz | RJ
• Eryk Rocha – cineasta | SP Documentário sobre o processo
• Paula Gaitán – cineasta homenageada | SP criativo de Arrigo Barnabé.

Mediador: Francis Vogner dos Reis – coordenador curatorial | SP


DISPONÍVEL DAS 21H30 DO DIA 22 DE JANEIRO
ÀS 23H59 DO DIA 30 DE JANEIRO
*Debate transmitido com intérprete de Libras.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 249

22 JANEIRO 10
SEXTA

22h
MOSTRATIRADENTES.COM.BR

23 JANEIRO

SÁBADO
SHOW Foto: divulgação

ARRIGO BARNABÉ DEBATE E RODA


DE CONVERSA
Surge na cena musical brasileira em 1979, no festival
universitário da TV Cultura. Em 1980 lança o LP Clara
Crocodilo, marco inicial da Vanguarda Paulistana.
Em 1984 lança o LP Tubarões Voadores. Colabora com ASSISTA EM
cineastas como Rogerio Sganzerla (ator) e Chico Botelho MOSTRATIRADENTES.COM.BR
(ator e compositor de trilha sonora). Compõe óperas
(O Homem dos Crocodilos, 22 Antes e Depois, Até que
se Apaguem os Avisos Luminosos), missas (Missa in
Memoriam Arthur Bispo do Rosário, Missa in Memoriam
Itamar Assumpção, Missa Noia). Apresenta desde 2004
o programa Supertônica na Rádio Cultura FM.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 250

23 JANEIRO 12 23 JANEIRO 13
SÁBADO SÁBADO

11h 16h
DEBATE RODA DE CONVERSA
Tema: VERTENTES DA CRIAÇÃO Tema: A POÉTICA DO CINEMA DE GÊNERO
O debate convida a discutir os processos de criação – a construção O cinema brasileiro tem uma vasta produção que bebe nas
dos personagens, do espaço, a escrita, a montagem. O que se tradições dos gêneros cinematográficos, de seus temas,
faz com as mãos, os olhos, os corpos e o coração quando se está suas estéticas e seus códigos. Esse cinema, não raro, busca
criando uma imagem? Essa reflexão pode acessar um campo de comunicação com o imaginário dos espectadores por meio de
expressão das experiências particulares do trabalho de criação, um uma relação franca: o cinema de gênero não tergiversa.
trabalho que não está isolado dos processos mais amplos do mundo Ele busca atingir os espectadores de maneira frontal. Por outro
(econômicos, técnicos, políticos), mas dele toma parte ativa com lado, existem filmes que não se afirmam “de gênero”, mas
mais proximidade ou com uma calculada (e necessária) distância. dialogam amplamente com esse repertório. A conversa buscará
abordar a importância e, talvez, a necessidade do exercício do
Convidados: cinema de gênero no cinema brasileiro contemporâneo.
• Adirley Queirós – cineasta | DF
• Cristina Amaral – cineasta | SP Convidados:
• Armando Fonseca, diretor de Skull: a Máscara de Anhangá (SP)
Mediação: Lila Foster – curadora Mostra Tiradentes | DF • Kapel Furman, diretor de Skull: a Máscara de Anhangá (SP)
• Marco Arruda, diretor de Magnética (RS)
• Otto Cabral, diretor de Animais na Pista (PB)
• Rodrigo Aragão, diretor de O Cemitério das Almas Perdidas (ES)

Mediador: Marcelo Miranda - crítico de cinema | MG


24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 251

23 JANEIRO 15
SÁBADO

LONGA | MOSTRINHA L
SESSÃO FAMÍLIA

PASSAGEM SECRETA
FICÇÃO, COR, DCP, 95MIN, PR, 2020

Direção: Rodrigo Grota

Alice é obrigada a se mudar sozinha para uma pequena cidade,

23 JANEIRO onde encontra um novo grupo de amigos. Ao invadir um parque


de diversões para resgatar um dos seus colegas, Alice descobre

SÁBADO
segredos sobre a sua identidade e precisa fazer escolhas.

CURTAS | MOSTRA FOCO MINAS


SÉRIE 1

VIDEOMEMÓRIA, de Aiano Bemfica e Pedro Maia de Brito


FILMES DOCUMENTÁRIO, COR, DCP, 23MIN, PE/MG, 2020

23 MINUTOS, de Rodrigo Beetz e Wesley Figueiredo


L

DESTAQUES FICÇÃO, COR, DCP, 16MIN, MG, 2020 14

SAPATÃO: UMA RACHA/DURA NO SISTEMA, de Dévora MC


DO DIA EXPERIMENTAL, COR, DIGITAL, 12MIN, MG, 2020

PIETÀ, de Pink Molotov


10

EXPERIMENTAL, COR, DIGITAL, 5MIN, MG, 2020 12

ASSISTA EM O MUNDO MINERAL, de Guerreiro do Divino Amor


MOSTRATIRADENTES.COM.BR EXPERIMENTAL, COR, DIGITAL, 9MIN, MG, 2020 14
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 252

23 JANEIRO 16 23 JANEIRO 17
SÁBADO SÁBADO

CURTAS | MOSTRA PANORAMA


SÉRIE 1 LONGA | MOSTRA PRAÇA L

LEVANTADO DO CHÃO, de Melissa Dullius e Gustavo Jahn SWINGUEIRA


FICÇÃO, COR, DCP, 11MIN, SC/RS, 2020 L DOCUMENTÁRIO, COR, DCP, 80MIN, CE/BA, 2020

Direção: Bruno Xavier, Roger Pires, Yargo Gurjão e Felipe de Paula


MINHA BATERIA ESTÁ FRACA E ESTÁ FICANDO TARDE,
de Rubiane Maia e Tom Nóbrega Qual grupo vai ser campeão do Campeonato de Swingueira?
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 27MIN, SP, 2020 12 O documentário aborda um dos maiores fenômenos musicais das
periferias do Nordeste do Brasil (também conhecido como pagodão
ILHA DO SOL, de Lucas Parente, Rodrigo Lima e Walter Reis baiano) e mostra uma competição que coloca Isaac, Índia, Elly e
EXPERIMENTAL, COR, DCP, 9MIN, RJ, 2020 L Thiago frente a frente. Os quatro são moradores de bairros periféricos
e têm baixa renda. Na hora do lazer, fazem parte de grupos de dança.
ANIMAIS NA PISTA, de Otto Cabral Com filmagens em Fortaleza e Salvador, o filme começou a ser rodado
FICÇÃO, COR, DCP, 9MIN, PB, 2020 12 em 2015 e mergulhou na realidade desses jovens para traçar um
panorama da realidade brasileira na última década.
VAGALUMES, de Léo Bittencourt
FICÇÃO, COR, DCP, 19MIN, RJ, 2020 16

MÉDIA | MOSTRA HOMENAGEM L AURORA DO DIA


PRÉ-ESTREIA MUNDIAL
SE HACE CAMINO AL ANDAR, de Paula Gaitán
20h
DOCUMENTÁRIO EXPERIMENTAL, DCP, COR, 35MIN, MT, 2021
LONGA | MOSTRA AURORA L
PRÉ-ESTREIA MUNDIAL
LONGA | MOSTRA TEMÁTICA L L
AÇUCENA
AGORA DOCUMENTÁRIO, COR, DCP, 71MIN, BA, 2021
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 70MIN, PE, 2020
Direção: Isaac Donato
Direção: Dea Ferraz
Todo ano, uma mulher de 67 anos comemora seu aniversário de
O corpo acionando outros códigos de relação com as imagens. sete anos.
O cinema ativando outras formas de relação com o corpo.
O filme convida artistas a se lançarem no vazio do tempo presente,
deixando o corpo improvisar sobre o que sentem e vivem, tentando Este filme está com acesso disponível por 48 horas:
entender-se com seus medos, com suas dores, suas buscas, mas das 20h do dia 23 de janeiro até as 20h do dia 25 de janeiro.
conectadas por um fio invisível de existência.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 253

23 JANEIRO 19
SÁBADO

22h
MOSTRATIRADENTES.COM.BR

24 JANEIRO

DOMINGO
SHOW DEBATE E RODA
Foto: José de Holanda

CHICO CÉSAR DE CONVERSA


Compositor, cantor, jornalista e escritor, Chico explicita a ASSISTA EM
irreverência, a criatividade e a poética, características de sua MOSTRATIRADENTES.COM.BR
obra ao longo de sua trajetória. Chico César acaba de lançar
a canção “Nada”. O single intimista foi composto em casa,
durante a pandemia do novo coronavírus e está disponível em
todas as plataformas de streaming. O artista desafia a saudade
e aponta a distância como um estímulo que pode ser vibrante
e cheio de calor humano, nestes tempos de coronavírus.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 254

24 JANEIRO 21
DOMINGO

11h
DEBATE
ENCONTRO COM OS FILMES
MOSTRA AURORA

Bate-papo do filme AÇUCENA com a participação da equipe:


• Flávio Rebouças – diretor de fotografia
• Isaac Donato – diretor e roteirista
• Marília Cunha – produtora e roteirista 24 JANEIRO

DOMINGO
Crítica convidada: Carla Italiano | MG
Mediação: Marcelo Miranda - crítico de cinema | MG

16h
RODA DE CONVERSA
Tema: PROCESSOS ARTÍSTICOS E CRIAÇÃO DE PERSONAGENS:
FILMES
DESTAQUES
ENTRE A CENA E A TELA
A criação de uma personagem perpassa várias etapas na realização
de um filme. Neste percurso, escrita, leituras, ensaios, preparação
de elenco e as condições criadas no momento da filmagem são
alguns dos recursos que proporcionam caminhos para os processos
de criação do elenco e da direção de um filme. Propomos aqui uma
conversa entre atrizes e diretoras sobre os seus processos de criação,
DO DIA
a relação entre cinema e outras artes, assim como os desafios
enfrentados nos seus processos de realização.
ASSISTA EM
Convidadas: MOSTRATIRADENTES.COM.BR
• Arlete Dias, atriz de Voltei! (BA)
• Djin Sganzerla, diretora de Mulher Oceano (RJ/SP)
• Isabela Catão, atriz de Enterrado no Quintal (AM) e O Barco e o Rio (AM)
• Julia Katharine, diretora de Won’t You Come Out to Play? (SP)
Mediadora: Amanda Gabriel - atriz e arte-educadora | PE
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 255

24 JANEIRO 23 24 JANEIRO 24
DOMINGO DOMINGO

CURTAS | MOSTRINHA L CURTAS | MOSTRA PANORAMA


SÉRIE 2
O MENINO E O OVO, de Juliana Capilé
FICÇÃO, COR, DIGITAL, 12MIN, MT, 2020 SEIVA BRUTA, de Gustavo Milan
FICÇÃO, COR, 16MM, 17MIN, AM, 2020 16
NAPO, de Gustavo Ribeiro
ANIMAÇÃO, COR, DCP, 16MIN, PR, 2020 MANGUE-BRANCO, de Flávia K. Ventura
FICÇÃO, COR, DCP, 18MIN, SP, 2020 12
MITOS INDÍGENAS EM TRAVESSIA,
de Julia Vellutini e Wesley Rodrigues OPY’I REGUA, de Júlia Gimenes e Sérgio Guidoux
ANIMAÇÃO, COR, DIGITAL, 21MIN, SP, 2020 DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 26MIN, RS, 2020 L

VENTO VIAJANTE, de Os Alunos e Analúcia Godoi CONSTRUÇÃO, de Leonardo da Rosa


ANIMAÇÃO, COR, DIGITAL, 6MIN, CE, 2020 DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 16MIN, RS, 2020 L

FOGUETE, de Pedro Henrique Chaves


FICÇÃO, COR, DIGITAL, 15MIN, DF, 2020 LONGA | MOSTRA PRAÇA L

TODAS AS MELODIAS
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 85MIN, RJ, 2020
CURTAS | MOSTRA FOCO MINAS Direção: Marco Abujamra
SÉRIE 2
Percurso sensível pela vida e obra de um dos maiores artistas da
MINEIROS, de Amanda Dias música nacional, Luiz Melodia. Com registros desde os anos 70, o
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 23MIN, MG, 2020 L filme apresenta sua trajetória da juventude no morro do Estácio até
a consagração como poeta.
VIGÍLIA, de Rafael dos Santos Rocha
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 8MIN, MG, 2020 L
LONGA | MOSTRA OLHOS LIVRES 16
CRUA, de Clara Vilas Boas e Emanuele Sales
FICÇÃO, COR, DIGITAL, 23MIN, MG, 2020 12 RODSON OU (ONDE O SOL NÃO TEM DÓ)
FICÇÃO, COR, DIGITAL, 74MIN, CE, 2020
LENÇOL BRANCO, de Rebecca Moreno
FICÇÃO, COR, DIGITAL, 19MIN, MG, 2020 14 Direção: Cleyton Xavier, Clara Chroma e Orlok Sombra
Elenco: Orlok Sombra, S.brxxzkjxkzxkxkz, Nirá Link, Gadi Bergamota,
Lyna Lurex, Tina Reinstrings, Melindra Lindra, Sabiá Pensativo,
Rodolfo Keoma, Biela, Will, Insiranomeaqui, Guika, Kaê Marques,
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 256

24 JANEIRO 25 24 JANEIRO 26
DOMINGO DOMINGO

AURORA DO DIA
Cyborgue Oleosa, Abi Gaiu Oliveira, Lulu Ribeiro, Vitrilis Sarambaxo,
Anaya Ókun, Sapata Deslizante, Kaye Djamiliá, Big Bug, Ariza
Torquato, Rachid, Jane Malaquias, Davi Sampaio, Antoni Dia

São os pré-anos 3000. Arte é crime. Refletir é proibido. Ler não existe
20h
mais. Somente produções e consumos em massa são permitidos. LONGA | MOSTRA AURORA L
Rodson®. Um garoto com seu animalesco instinto artístico repremido PRÉ-ESTREIA MUNDIAL
pela sociedade ao seu redor, só mais um de muitos... O governo
anarcocrenty comete o engano de achar que a besta estivera sob ORÁCULO
controle, mas sua mente concebe Caleb®, o alterego de Rodson®, EXPERIMENTAL, COR, DCP, 61MIN, SC, 2020
que o lança estrada afora, abandonando ares-condicionados em
busca da alucinação perfeita sob o Sol sem dó de 2.000°C que a Direção: Melissa Dullius e Gustavo Jahn
última camada de exosfera proporciona à vigente sociedade. Elenco: Juarez Nunes, Alice Bennaton, Fernando Goulart Jahn,
Aline Maya, Luana Raiter

LONGA | MOSTRA HOMENAGEM L Os espaços são seis: um rochedo, uma montanha, a areia
desenhada pelas ondas, o quebra-mar de uma praia do outro
DIÁRIO DE SINTRA lado do oceano, a passarela sob uma ponte que liga uma ilha ao
DOCUMENTÁRIO, HDCAM/ SUPER-8/16MM, COR, 90MIN, PORTUGAL/BRASIL, 2007 continente, o quarto de uma adolescente. Personagens são três: um
homem que está preso num ciclo de vida e morte, um segundo que
Direção e roteiro: Paula Gaitán
revisita um lugar onde uma transformação irreversível aconteceu,
Em que se diferem o viajante e o exilado? Como pensar a memória e uma jovem que está iniciando sua vida de artista. O filme situa-se
criada no exílio? Esses são os eixos pelos quais gira o filme – um entre experimento, método e dispositivo, e convida à contemplação.
relato poético do exílio de Glauber Rocha nessa cidade, em que as Particular em sua forma e ritmo, é universal nas lembranças que
fotografias servem de guia mnemônico para a busca de vestígios da faz ecoar, comuns a todas as pessoas: família; começos, fins e
passagem do cineasta por Sintra. O filme se constrói na fronteira de recomeços; dores e traumas, e desejo intenso de vida e de sentido.
uma memória fragmentada, involuntária, inconclusa e precária.

Este filme está com acesso disponível por 48 horas:


LONGA | SESSÃO DA MEIA-NOITE 16 das 20h do dia 24 de janeiro até as 20h do dia 26 de janeiro.

SKULL: A MÁSCARA DE ANHANGÁ


FICÇÃO, COR, DCP, 92MIN, SP, 2020

Direção: Armando Fonseca e Kapel Furman

Após décadas desaparecido, um artefato místico chamado a máscara


de Anhangá ressurge na metrópole de São Paulo, encarnando uma
entidade milenar e iniciando uma série de crimes sangrentos.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 257

24 JANEIRO 28
DOMINGO

21h
MOSTRATIRADENTES.COM.BR
Foto: Studio Beco

Foto: Netun Lima


25 JANEIRO

SEGUNDA
SHOW
ADRIANA ARAÚJO DEBATE E RODA
CONVIDA SÉRGIO PERERÊ DE CONVERSA
Adriana Araújo vem se tornando uma das principais vozes
do samba mineiro. Cria da Pedreira Prado Lopes, a cantora ASSISTA EM
preparou um show especial para a 24ª Mostra de Cinema de MOSTRATIRADENTES.COM.BR
Tiradentes, em que traz canções que representam a sua própria
história. Ainda, o público que acompanhar a apresentação
terá a oportunidade de ver o encontro de Adriana Araújo com
um dos maiores artistas mineiros na atualidade, o multiartista
Sérgio Pererê, interpretando sambas épicos da nossa cena
musical, além do seu impecável repertório autoral.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 258

25 JANEIRO 30
SEGUNDA

11h
DEBATE
ENCONTRO COM OS FILMES
MOSTRA AURORA

Bate-papo do filme ORÁCULO com a participação da equipe:


• Alice Bennaton – atriz
• Gustavo Jahn – diretor e produtor
• Juarez Nunes – ator
25 JANEIRO

SEGUNDA
• Luana Raiter – atriz
• Melissa Dullius – diretora e produtora

Crítico Convidado: Rafael Parrode | GO


Mediação: Marcelo Miranda - crítico de cinema | MG

16h FILMES
RODA DE CONVERSA
Tema: CORPO, ARTE E RESISTÊNCIA
DESTAQUES
A presente roda de conversa é um convite para pensarmos a presença e
a materialidade do corpo em cena, como possibilidade de testemunho
e de múltiplos tensionamentos, a partir das investigações estéticas
DO DIA
presentes no trabalho artístico em suas dimensões ética e estética.
Como que o corpo resiste e responde aos embates políticos do
nosso tempo? Como que a história da arte e do cinema precisam ser ASSISTA EM
recontadas e reescritas como um gesto político? MOSTRATIRADENTES.COM.BR
Convidados:
• Dea Ferraz, diretora de Agora (PE)
• Macca Ramos, diretor de Negro em mim (SP/MG/BA/PE/PA)
• Sara Antunes, diretora de De Dora, por Sara (SP)
Mediadora: Daniele Ávila Small - crítica, pesquisadora e curadora de
teatro | RJ
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 259

25 JANEIRO 32 25 JANEIRO 33
SEGUNDA SEGUNDA

CURTAS | MOSTRA PRAÇA L LONGA | MOSTRA HOMENAGEM 14


SÉRIE 1
LUZ NOS TRÓPICOS
PRIMEIRO CARNAVAL, de Alan Medina FICÇÃO, DCP, COR, 255MIN, MT/RJ/EUA, 2020
FICÇÃO, COR, DCP, 5MIN, SP, 2020
Direção, roteiro e edição: Paula Gaitán

QUARTA: DIA DE JOGO, de Clara Henriques e Luiza França A cineasta Paula Gaitán tece uma densa estrutura de histórias e
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 15MIN, RJ, 2020 linhas do tempo, enredadas por cosmogonias indígenas, cadernos
de viagem e literatura antropológica. Tributo à abundante vegetação
PEGA-SE FACÇÃO, de Thaís Braga das Américas e às populações nativas do continente. Um filme de
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 13MIN, PE, 2020 navegação livre como um rio sinuoso.

CASA COM PAREDE, de Dênia Cruz


DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 16MIN, RN, 2020
AURORA DO DIA
AINDA TE AMO DEMAIS, de Flávia Correia
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 21MIN, AL, 2020 20h
lONGA | MOSTRA AURORA L
LONGA | MOSTRA TEMÁTICA L
PRÉ-ESTREIA MUNDIAL
#EAGORAOQUE
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 70MIN, SP, 2020
ROSA TIRANA
FICÇÃO, COR, DCP, 72MIN, BA, 2020
Direção e roteiro: Jean-Claude Bernardet e Rubens Rewald
Direção: Rogério Sagui
Como agir hoje politicamente? É possível mudar as coisas, as pessoas,
Elenco: Kiarah Rocha, José Dumont, Stela de Jesus, Rogério Leandro,
a sociedade? E agora, o que fazer? Um intelectual e suas contradições.
Carlos White, Yan Quadros, Jocimário Kannário, Mufula, Eliene D’Goió,
Sindy Rodrigues, Maria Flor
LONGA | MOSTRA OLHOS LIVRES 14
Em uma terra banhada de sol, durante a maior seca que o Sertão
VOLTEI! nordestino já viveu, a menina Rosa mergulha em uma longa travessia
FICÇÃO, COR, DCP, 77MIN, BA, 2020 pela Caatinga árida e fantasiosa, em busca de um encontro com
Nossa Senhora Imaculada, a rainha do Sertão. Com um tom perspicaz,
Direção: Ary Rosa e Glenda Nicácio
a trama é envolvida por um amálgama de fatores que, na aridez da
Elenco: Arlete Dias, Mary Dias, Wall Diaz
paisagem retratada, torna-se fertilizante para a compreensão do
Brasil, 2030. As irmãs Alayr e Sabrina estão ouvindo no radinho drama humano, a partir do olhar da pequena protagonista.
de pilha o julgamento que pode mudar os rumos de um país “sem
energia”. Elas são surpreendidas por Fátima, a irmã que volta dos Este filme está com acesso disponível por 48 horas:
mortos para confraternizar nessa noite histórica. das 20h do dia 25 de janeiro até as 20h do dia 27 de janeiro.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 260

25 JANEIRO 35
SEGUNDA

sessão FOCO do dia


22h
CURTAS | MOSTRA FOCO
SÉRIE 1

DRAMA QUEEN, de Gabriela Luíza 26 JANEIRO

TERÇA
EXPERIMENTAL, COR, DIGITAL, 11MIN, MG, 2020 L

A DESTRUIÇÃO DO PLANETA LIVE, de Marcus Curvelo


FICÇÃO, COR, DCP, 18MIN, BA, 2021 L

CÉU DE AGOSTO, de Jasmin Tenucci


FICÇÃO, COR, DCP, 16MIN, SP, 2020 10

LAMBADA ESTRANHA, de Luísa Marques & Darks Miranda


EXPERIMENTAL, COR, DIGITAL, 12MIN, RJ, 2020 L

Estes filmes estão com acesso disponível por 48 horas:


das 22h do dia 25 de janeiro até as 22h do dia 27 de janeiro.
DEBATES

ASSISTA EM
MOSTRATIRADENTES.COM.BR
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 261

26 JANEIRO 37 26 JANEIRO 38
TERÇA TERÇA

11h 16h
DEBATE DEBATE
ENCONTRO COM OS FILMES
MOSTRA AURORA Tema: O QUE É UMA PERSONAGEM?
O debate discute a criação de personagens a partir de uma série de
Bate-papo do filme ROSA TIRANA com a participação da equipe: perguntas que estão para além de uma elaboração tradicional do
• José Dumont – ator texto de roteiro. Como as personagens começam a existir? Quais
• Kiarah Rocha – atriz protagonista são os elementos do trabalho? Como a experiência de observação
• Rogério Sagui – diretor e roteirista do mundo e do cotidiano contribuem para essa elaboração? Em que
medida as atrizes e os atores são cocriadores?
Crítico convidado: Cleber Eduardo | SP
Mediação: Marcelo Miranda - crítico de cinema | MG Convidados:
• Carol Rodrigues – cineasta | SP
• Gabriel Martins – cineasta | MG
• Lincoln Péricles – cineasta | SP

13h Mediação: André Antônio – cineasta e pesquisador | PE

DEBATE
ENCONTRO COM OS FILMES
MOSTRA FOCO

Bate-papo sobre os curtas da MOSTRA FOCO – SÉRIE 1 com a


participação dos diretores:
• Gabriela Luíza – diretora de Drama Queen (MG)
• Jasmin Tenucci – diretora de Céu de Agosto (SP)
• Luísa Marques | Darks Miranda – diretora de Lambada Estranha (RJ)
• Marcus Curvelo – diretor de A Destruição do Planeta Live (BA)

Mediadora: Camila Vieira – curadora | CE


24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 262

26 JANEIRO 40
TERÇA

CURTAS | MOSTRA PANORAMA


SÉRIE 3

WON’T YOU COME OUT TO PLAY?, de Julia Katharine


FICÇÃO, COR, DIGITAL, 16MIN, SP, 2020 L

TRÊS GRAÇAS, de Luana Laux


FICÇÃO, COR, DIGITAL, 19MIN, ES, 2020 12

26 JANEIRO À BEIRA DO PLANETA MAINHA SOPROU A GENTE,

TERÇA
de Bruna Barros e Bruna Castro
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 13MIN, BA, 2020 L

O JARDIM FANTÁSTICO, de Fábio Baldo e Tico Dias


FICÇÃO, COR, DCP, 20MIN, SP, 2020 L

FILMES CURTAS | MOSTRA PRAÇA


SÉRIE 2
L

DESTAQUES VOCÊ TEM OLHOS TRISTES, de Diogo Leite


FICÇÃO, COR, DCP, 19MIN, SP, 2020

DO DIA ELA QUE MORA NO ANDAR DE CIMA, de Amarildo Martins


FICÇÃO, COR, DCP, 14MIN, PR, 2020

O BARCO E O RIO, de Bernardo Ale Abinader


FICÇÃO, COR, DCP, 17MIN, AM, 2020
ASSISTA EM
MOSTRATIRADENTES.COM.BR REBU, de Mayara Santana
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 21MIN, PE, 2020
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 263

26 JANEIRO 41 26 JANEIRO 42
TERÇA TERÇA

LONGA | MOSTRA TEMÁTICA 16 AURORA DO DIA


NEGRO EM MIM
DOCUMENTÁRIO, COR, DCP, 111MIN, SP/MG/BA/PE/PA, 2020
20h
Direção, roteiro e montagem: Macca Ramos
LONGA | MOSTRA AURORA 10
Documentário investigativo com artistas e pensadores negros PRÉ-ESTREIA MUNDIAL
no Brasil de hoje. Um retrato de um Brasil plural a partir da
discussão racial promovido por uma viagem por seis cidades KEVIN
brasileiras, o filme traz a arte, a cultura e a política como DOCUMENTÁRIO, COR, DCP, 81MIN, MG, 2021
reflexão da diáspora e do devir negro no mundo.
Direção: Joana Oliveira
Elenco: Joana Oliveira, Kevin Adweko

LONGA | MOSTRA OLHOS LIVRES 16 É a primeira vez que Joana, uma brasileira, visita sua amiga Kevin
em seu país, a Uganda. Elas se conheceram há 20 anos, quando
AMADOR estudaram juntas na Alemanha, e faz muito tempo que não se
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 80 MIN, GO/MG, 2020 veem. Agora estão próximas de completar 40 anos e a vida se
mostra mais complexa que na juventude. Este é um filme sobre uma
Direção, Fotografia, Som Direto e Montagem: Cris Ventura
amizade entre mulheres.
Compositor, cantor e performer, Vidigal vivia entre as ruas
do baixo Centro belo-horizontino, onde faleceu após uma
crise convulsiva e pela falta de atendimento. As filmagens Este filme está com acesso disponível por 48 horas:
interrompidas pela distância geográfica pretendiam retratá- das 20h do dia 26 de janeiro até as 20h do dia 28 de janeiro.
lo apenas em condições de sobriedade, valorizando sua
inteligência criativa.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 264

26 JANEIRO 44
TERÇA

sessão FOCO do dia


22h
CURTAS | MOSTRA FOCO
SÉRIE 2

RATOEIRA, de Carlos Adelino 27 JANEIRO

QUARTA
FICÇÃO, COR, DIGITAL, 10MIN, SC, 2020 L

DE COSTAS PRO RIO, de Felipe Aufiero


FICÇÃO, COR, DIGITAL, 16MIN, AM/PR, 2020 10

EU TE AMO, BRESSAN, de Gabriel Borges


FICÇÃO, COR, DCP, 17MIN, PR, 2020 10

4 BILHÕES DE INFINITOS, de Marco Antônio Pereira


FICÇÃO, COR, DCP, 14MIN, MG, 2020 L
DEBATES E RODA
Estes filmes estão com acesso disponível por 48 horas:
das 22h do dia 26 de janeiro até as 22h do dia 28 de janeiro. DE CONVERSA
ASSISTA EM
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24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 265

27 JANEIRO 46 27 JANEIRO 47
QUARTA QUARTA

11h 16h
DEBATE RODA DE CONVERSA
ENCONTRO COM OS FILMES
MOSTRA AURORA Tema: CINEMA COMO INTERVENÇÃO POLÍTICA
O cinema tem uma função política? Se ele tem qual seria o caminho?
Bate-papo do filme KEVIN com a participação da equipe: Elaborar uma forma que se afirme política? Como isso se daria?
• Joana Oliveira – diretora, roteirista, personagem Buscar testemunhar o processo histórico e as lutas? O registro
• Luana Melgaço - produtora por si só teria força política? Ou o cinema é um meio de elaborar
• Kevin Adweko - personagem provocações e questionar representações, noções de ação política?
• Vanessa Santos - diretora de produção Se o cinema pode ser político, como ele o é?

Crítica convidada: Mariana Queen | SP Convidados:


Mediação: Marcelo Miranda - crítico de cinema | MG • Aiano Bemfica, diretor de Entre Nós Talvez Estejam Multidões (MG/PE)
• Jean-Claude Bernardet e Rubens Rewald, diretores de #eagoraoque (SP)
• Julia Mariano, diretora de Sementes: Mulheres Pretas no Poder (RJ)

13h Mediador: Juliano Gomes - crítico e professor | RJ

DEBATE
ENCONTRO COM OS FILMES
MOSTRA FOCO

Bate-papo sobre os curtas da MOSTRA FOCO – SÉRIE 2 com a


participação dos diretores:
• Carlos Adelino – diretor de Ratoeira (SC)
• Felipe Aufiero – diretor de De Costas pro Rio (AM/PR)
• Gabriel Borges – diretor de Eu te Amo, Bressan (PR)
• Marco Antônio Pereira – diretor de 4 Bilhões de Infinitos (MG)

Mediador: Felipe André Silva – curador | PE


24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 266

27 JANEIRO 49
QUARTA

CURTAS | MOSTRA PRAÇA


SÉRIE 3

5 FITAS, de Heraldo de Deus e Vilma Martins


FICÇÃO, COR, DIGITAL, 15MIN, BA, 2020 L

RÁDIO CAPITAL ALVORADA, de Rafael Stadniki


FICÇÃO, COR, DIGITAL, 20MIN, DF, 2020 L

27 JANEIRO NOITE DE SERESTA, de Sávio Fernandes e Muniz Filho


DOCUMENTÁRIO, COR, DCP, 19MIN, CE, 2020 12

QUARTA MAGNÉTICA, de Marco Arruda


EXPERIMENTAL, COR, DIGITAL, 16MIN, RS, 2020 12

CURTAS | MOSTRA PANORAMA


SÉRIE 4

FILMES FORA DE ÉPOCA, de Drica Czech e Laís Catalano Aranha


FICÇÃO, COR, DIGITAL, 13MIN, SP, 2020 12

DESTAQUES ADELAIDE, AQUI NÃO HÁ SEGUNDA VEZ


PARA O ERRO, de Anna Zêpa

DO DIA DOCUMENTÁRIO, COR, DCP, 20MIN, SP, 2020

DE DORA, POR SARA, de Sara Antunes


L

EXPERIMENTAL, COR, DIGITAL, 14MIN, SP, 2020 12

ASSISTA EM MENARCA, de Lillah Halla


FICÇÃO, COR, DCP, 21MIN, SP, 2020 12
MOSTRATIRADENTES.COM.BR

CURTA | MOSTRA HOMENAGEM L


PRÉ-ESTREIA MUNDIAL

ÓPERA DOS CACHORROS, de Paula Gaitán


EXPERIMENTAL, DCP, COR, 15MIN, SP, 2021
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 267

27 JANEIRO 50 27 JANEIRO 51
QUARTA QUARTA

LONGA | MOSTRA TEMÁTICA L LONGA | SESSÃO DA MEIA-NOITE 16

PAJEÚ O CEMITÉRIO DAS ALMAS PERDIDAS


DOCUMENTÁRIO, COR, DCP, 74MIN, CE, 2020 FICÇÃO, COR, DCP, 95MIN, ES, 2020

Direção e roteiro: Pedro Diógenes Direção: Rodrigo Aragão


Elenco: Fatima Muniz e Yuri Yamamoto
Corrompido pelo poder d’O livro negro de São Cipriano, um jesuíta e
Maristela está sendo atormentada por um sonho constante: uma cria- seus seguidores iniciam um reinado de terror no Brasil colonial, até
tura emergindo das águas do Riacho Pajeú. A estranheza e insistência serem amaldiçoados a viver eternamente presos sob os túmulos
do pesadelo começam a atrapalhar o sono e o cotidiano de Maristela, de um cemitério. Agora, séculos depois, eles estão prontos para se
que, procurando uma solução para seu problema, inicia uma pesquisa libertar e espalhar sua maldade em todo o mundo.
sobre o riacho, sua história e seu desaparecimento. Os pesadelos não
param. Sonho e realidade se misturam. Pessoas próximas a Maristela
começam a desaparecer, assim como o Pajeú desapareceu. A angústia
dela aumenta junto com o medo de também sumir.
AURORA DO DIA
LONGA | MOSTRA OLHOS LIVRES L 20h
SUBTERRÂNEA LONGA | MOSTRA AURORA 16
FICÇÃO, COR, DIGITAL, 100MIN, RJ, 2020 PRÉ-ESTREIA MUNDIAL
Direção: Pedro Urano A MESMA PARTE DE UM HOMEM
Elenco: Silvana Stein, Negro Leo, Clara Choveaux, Helena Ignez, FICÇÃO, COR, DCP, 99MIN, PR, 2021
Cabelo Cobra Coral, Alexandre Dacosta
Direção: Ana Johann
Sub
Elenco: Clarissa Kiste, Laís Cristina, Irandhir Santos, Otavio Linhares,
Sub solo
Zeca Cenovicz
Sub terra
Sub mundo
Renata vive isolada no interior com sua filha adolescente e seu
Sub desenvolvido
marido, compreendendo o medo como um sentimento comum.
Sub América
A chegada de um desconhecido desperta nela o desejo por tudo o
Sub verter
que estava adormecido.
Sub liminar
Sub alterno
Sub mergir pelas matas ou nas ondas do mar Este filme está com acesso disponível por 48 horas:
Sub way das 20h do dia 27 de janeiro até as 20h do dia 29 de janeiro.
(depois de H.O.)
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 268

27 JANEIRO 53
QUARTA

Sessão FOCO do dia


22h
CURTAS | MOSTRA FOCO
SÉRIE 3

ABJETAS 288, de Júlia da Costa e Renata Mourão


FICÇÃO, COR, DIGITAL, 20MIN, SE, 2020 16
28 JANEIRO
PRECES PRECIPITADAS DE UM LUGAR SAGRADO
QUE NÃO EXISTE MAIS, de Rafael Luan e Mike Dutra
FICÇÃO, COR, DCP, 23MIN, CE, 2020 L QUINTA
NOVO MUNDO, de Natara Ney e Gilvan Barreto
FICÇÃO, COR, DCP, 21MIN, RJ, 2020 L

Estes filmes estão com acesso disponível por 48 horas:

DEBATES
das 22h do dia 27 de janeiro até as 22h do dia 29 de janeiro.

ASSISTA EM
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24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 269

28 JANEIRO 55 28 JANEIRO 56
QUINTA QUINTA

11h 16h
DEBATE DEBATE
ENCONTRO COM OS FILMES
MOSTRA AURORA Tema: PROCESSOS E FUNDAMENTOS DA CRIAÇÃO
O que a imaginação tem sedimentado em termos de uma forma e
Bate-papo do filme A MESMA PARTE DE UM HOMEM com a uma ética das imagens? As imagens são desdobramentos de quais
participação da equipe: desejos? O debate buscará refletir sobre as relações estéticas e
• Ana Johann – diretora e roteirista políticas que o processo de criação estabelece com seus espaços,
• Antônio Junior – produtor personagens e o seu tempo.
• Clarissa Kiste – atriz
• Irandhir Santos – ator Convidadas:
• Ana Maria Gonçalves – escritora e roteirista | SP
Crítica convidada: Juliana Costa | RS • Grace Passô – atriz, dramaturga, diretora de cinema e teatro | MG
Mediação: Marcelo Miranda - crítico de cinema | MG • Lívia de Paiva – cineasta | CE

Mediação: Kênia Freitas – crítica e curadora de cinema | DF

13h
DEBATE
ENCONTRO COM OS FILMES
MOSTRA FOCO

Bate-papo sobre os curtas da MOSTRA FOCO – SÉRIE 3 com a


participação dos diretores:
• Júlia da Costa e Renata Mourão – diretoras de Abjetas 288 (SE)
• Natara Ney e Gilvan Barreto – diretores de Novo Mundo (RJ)
• Rafael Luan e Mike Dutra – diretores de Preces Precipitadas de um
Lugar Sagrado que Não Existe Mais (CE)

Mediadora: Tatiana Carvalho Costa – curadora | MG


24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 270

28 JANEIRO 58
QUINTA

CURTAS | MOSTRA PANORAMA


SÉRIE 5

MILTON FREIRE, UM GRITO ALÉM DA HISTÓRIA,


de Victor Abreu
DOCUMENTÁRIO, COR, DCP, 20MIN, RJ, 2020 L

VOCÊ JÁ TENTOU OLHAR NOS MEUS OLHOS?, de Tiago Felipe


DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 4MIN, PR, 2020 14

28 JANEIRO A PONTUALIDADE DOS TUBARÕES, de Raysa Prado

QUINTA
FICÇÃO, COR, DCP, 16MIN, PB, 2020 L

BABELON, de Leon Barbero


FICÇÃO, COR, DCP, 13MIN, SP, 2020 12

ENTERRADO NO QUINTAL, de Diego Bauer


FICÇÃO, COR, DIGITAL, 15MIN, AM, 2020 L

FILMES CURTAS | MOSTRA FORMAÇÃO

DESTAQUES SÉRIE 1

PÁTRIA, de Lívia Costa e Sunny Maia


DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 8MIN, CE, 2020 L

DO DIA CAMINHOS NA NOITE, de Douglas Oliveira


FICÇÃO, COR, DCP, 19MIN, SE, 2020 12

O FILHO DO HOMEM, de Fillipe Rodrigues


ASSISTA EM FICÇÃO, COR, DIGITAL, 10MIN, PA, 2020 L
MOSTRATIRADENTES.COM.BR
ELA VIU ARANHAS, de Larissa Muniz
FICÇÃO, COR, DIGITAL, 27MIN, MG, 2020 12

Sessão comentada: Bate-papo com os realizadores da Mostra


Formação Série 1 disponível no site mostratiradentes.com.br
Mediadora: Tatiana Carvalho Costa - curadora | MG
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 271

28 JANEIRO 59 28 JANEIRO 60
QUINTA QUINTA

CURTAs | MOSTRA TEMÁTICA


AURORA DO DIA
REPÚBLICA, de Grace Passô
FICÇÃO, COR, DCP, 15MIN, SP, 2020 14 20h
UMA NOITE SEM LUA, de Castiel Vitorino Brasileiro
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 27MIN, ES/SP, 2020 12 LONGA | MOSTRA AURORA L
PRÉ-ESTREIA MUNDIAL
FILME DE DOMINGO, de Lincoln Péricles
FICÇÃO, COR, DIGITAL, 26MIN, SP, 2020 L O CERCO
FICÇÃO, P&B, DCP, 87MIN, RJ, 2020

LONGA | MOSTRA PRAÇA 12 Direção: Aurélio Aragão, Gustavo Bragança e Rafael Spínola
Elenco: Liliane Rovaris, Geovanna Lopes, Marco Lopes,
MIRADOR Matheus Lopes, Alberto Moura, Breno Nina, Aurélio Aragão,
FICÇÃO, COR, DCP, 94MIN, PR, 2021 Gustavo Bragança, Rafael Spínola, Lobo Mauro, Fabricio Menicucci,
Filipe Cretton, Doralice Maria, Iara Maria, Lindembergue Bragança,
Direção: Bruno Costa
Lucas Nascimento, Lucas Santana
Maycon é um boxeador que treina para retornar aos ringues
enquanto divide seu tempo com dois subempregos. Pai de Malu, Ana está cercada. No apartamento debaixo, os fantasmas do
fruto de uma relação casual que teve com Michele, ele tem sua vida passado; e no terraço, os fantasmas do futuro. Mas ela resiste.
revirada quando se vê na situação de ter que cuidar da filha sozinho.
Entre a rotina exaustiva de treinos e bicos para sobreviver, a maior
luta de Maycon ainda está por ser vencida: tornar-se pai. Este filme está com acesso disponível por 48 horas:
das 20h do dia 28 de janeiro até as 20h do dia 30 de janeiro.

LONGA | MOSTRA OLHOS LIVRES 10

IRMÃ
FICÇÃO, COR, DCP, 88MIN, RS, 2020

Direção: Luciana Mazeto e Vinícius Lopes


Elenco: Maria Galant, Anaís Grala Wegner, Felipe Kannenberg

Quando a doença de sua mãe se agrava, Ana e Julia viajam ao


interior do Rio Grande do Sul em busca de seu pai. No caminho:
fantasmas, superpoderes e dinossauros.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 272

29 JANEIRO 63
SEXTA

11h
DEBATE
ENCONTRO COM OS FILMES
MOSTRA AURORA

Bate-papo do filme O CERCO com a participação da equipe:

29 JANEIRO • Aurélio Aragão – diretor


• Gustavo Bragança – diretor

SEXTA
• Liliane Rovaris – atriz protagonista
• Lobo Mauro – técnico de som, montador e produtor
• Rafael Spínola – diretor

Crítico convidado: Cássio Starling Carlos | SP


Mediação: Marcelo Miranda - crítico de cinema | MG

DEBATES E RODA 13h


DEBATE
DE CONVERSA ENCONTRO COM OS FILMES
MOSTRA OLHOS LIVRES

Bate-papo sobre os filmes AMADOR, IRMÃ e NŨHŨ YÃG MŨ YÕG HÃM:


ESSA TERRA É NOSSA! com a participação dos diretores:
• Cris Ventura – diretora do filme Amador (GO/MG)
ASSISTA EM • Isael Maxakali e Sueli Maxakali – diretores do filme Nũhũ Yãg Mũ
MOSTRATIRADENTES.COM.BR Yõg Hãm: essa Terra É Nossa! (MG)
• Luciana Mazeto e Vinícius Lopes – diretores do filme Irmã (RS)

Mediadora: Lila Foster – curadora | DF


24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 273

29 JANEIRO 64
SEXTA

16h
RODA DE CONVERSA
Tema: PARA ALÉM DA LUZ: FOTOGRAFIA E MISE-EN-SCÈNE
A direção de fotografia não é uma faceta meramente técnica da
criação cinematográfica. Neste sentido, olhar para o que se filma
significa também construir formas de enquadrar, de dar a ver a
presença dos corpos e da forma como a câmera confere um ritmo 29 JANEIRO

SEXTA
para a relação entre os corpos e o mundo. Como se dá o processo
de criação da direção de fotografia? Como pensar a fotografia em
relação às outras áreas da realização cinematográfica?

Convidados:
• Bárbara Bergamaschi, fotógrafa de O Cerco (RJ)
• Lilis Soares, fotógrafa de Novo Mundo (RJ)
• Thacle de Souza, diretor de fotografia (BA)

Mediador: Marcelo Miranda - crítico de cinema | MG


FILMES
DESTAQUES
DO DIA
ASSISTA EM
MOSTRATIRADENTES.COM.BR
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 274

29 JANEIRO 66 29 JANEIRO 67
SEXTA SEXTA

CURTAS | MOSTRA PANORAMA VIDEOCLIPE + LONGA | MOSTRA HOMENAGEM L


SÉRIE 6
MULHER DO FIM DO MUNDO // ELZA SOARES,
VIDA DENTRO DE UM MELÃO, de Helena Frade de Paula Gaitán
ANIMAÇÃO, COR, DIGITAL, 18MIN, MG, 2020 L VIDEOCLIPE, DIGITAL, COR, 5MIN, RJ, 2017

CHOVEU HÁ POUCO NA MONTANHA DESERTA, de Rei Souza


FICÇÃO, COR, DIGITAL, 21MIN, GO, 2020 12 NOITE
EXPERIMENTAL, DCP, COR, 87MIN, RJ, 2015
CAMINHOS ENCOBERTOS, de Beatriz Macruz e Maria Clara Guiral Direção, roteiro, fotografia, edição e edição de som: Paula Gaitán
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 26MIN, SP, 2020 L
Durante a noite, uma mulher passeia pela cidade e ouve as diversas
VITÓRIA, de Ricardo Alves Jr. músicas ao redor: jazz, rock, música eletrônica. O filme mostra um
FICÇÃO, COR, DCP, 14MIN, MG, 2020 14 registro sensorial dos corpos e dos sons urbanos.

CURTAS | MOSTRA JOVEM LONGA | MOSTRA TEMÁTICA L

LETÍCIA, MONTE BONITO, 04, de Julia Regis ENTRE NÓS TALVEZ ESTEJAM MULTIDÕES
FICÇÃO, COR, DIGITAL, 20MIN, RS, 2020 L DOCUMENTÁRIO, COR, DCP, 92MIN, MG/PE, 2020

Direção e roteiro: Aiano Bemfica e Pedro Maia de Brito


TRAÇADOS, de Rudyeri Ribeiro
FICÇÃO, COR, DIGITAL, 19MIN, PA, 2020 12 O filme propõe uma jornada experiencial através da Ocupação
Eliana Silva ao longo da campanha que elegeu Bolsonaro, na
POR OUTRAS PRIMAVERAS, de Anna Carolina Moura Mol de Freitas recente ascensão do fascismo ao poder no Brasil. E é conduzido pela
FICÇÃO, COR, DIGITAL, 22MIN, MG, 2020 10 profundidade dos sujeitos que vivem na comunidade e onde, através
de seus sonhos, desejos, contradições e lembranças, constituem o
imaginário desse microcosmo, construindo um documentário que se
articula como uma pintura mural.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 275

29 JANEIRO 68 29 JANEIRO 69
SEXTA SEXTA

LONGA | MOSTRA PRAÇA 14


AURORA DO DIA
MULHER OCEANO
FICÇÃO, COR, DCP, 99MIN, RJ/ SP, 2020 20h
Direção e Produção: Djin Sganzerla
Elenco: Djin Sganzerla, Kentaro Suyama, Stênio Garcia, Lucélia LONGA | MOSTRA AURORA 10
Santos, Gustavo Falcão, Rafael Zulu, Jandir Ferrari PRÉ-ESTREIA MUNDIAL

Ao se mudar para Tóquio, uma escritora brasileira escreve seu novo EU, EMPRESA
livro, instigada por experiências no Japão e a cena que presenciou FICÇÃO, COR, DCP, 82MIN, BA/MG, 2021
no Rio de Janeiro: uma nadadora rasgando o horizonte em mar
aberto. Essas duas mulheres aparentemente não compartilham Direção: Leon Sampaio, Marcus Curvelo
nenhuma conexão, até que suas vidas começam a interferir uma Elenco: Marcus Curvelo, Carlos Baumgarten, Aristides de Sousa
na outra, ligadas pelo mar. Hannah, escritora, mergulha em uma (Juninho Vende-Se), Mariana Rios, Carol Alves, Thiago Almasy,
jornada de autodescoberta no Japão, enquanto Ana, nadadora, tem Ritah Oliveira, Felipe Pedrosa, Rachel Sauder, Gaba Reznik
seu corpo transformado em uma espécie de oceano interior.
Um trabalhador informal enfrenta problemas financeiros e emocio-
nais. Sem oportunidades decentes de trabalho, ele cria um canal no
YouTube pra tentar monetizar suas pequenas histórias de fracasso,
LONGA | MOSTRA OLHOS LIVRES L enquanto presta serviços precarizados para empresas estrangeiras.

NUHU YÃGMU YÕG HÃM: ESSA TERRA É NOSSA!


DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 70MIN, MG, 2020 Este filme está com acesso disponível por 48 horas:
das 20h do dia 29 de janeiro até as 20h do dia 31 de janeiro.
Direção: Isael Maxakali, Sueli Maxakali, Carolina Canguçu e
Roberto Romero

Antigamente, os brancos não existiam e nós vivíamos caçando com


os nossos espíritos yãmĩyxop. Mas os brancos vieram, derrubaram
as matas, secaram os rios e espantaram os bichos para longe.
Hoje, as nossas árvores compridas acabaram, os brancos nos
cercaram e a nossa terra é pequenininha. Mas os nossos yãmĩyxop
são muito fortes e nos ensinaram as histórias e os cantos dos
antigos que andaram por aqui.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 276

29 JANEIRO 71
SEXTA

22h
MOSTRATIRADENTES.COM.BR

30 JANEIRO

SÁBADO
SHOW
FERNANDA
Foto: divulgação

ABREU DEBATES
Inspirada pelos versos da emblemática "Eu vou torcer",
Fernanda Abreu conduz 60 minutos de show em sua casa no ASSISTA EM
home estúdio de seu marido, baterista e produtor Tuto Ferraz, MOSTRATIRADENTES.COM.BR
carinhosamente batizado de "Cativeiro". E é direto do seu
cativeiro que Fernanda invade a casa de milhares de pessoas,
derrubando os muros do isolamento por meio da internet,
compartilhando, através do seu emblemático repertório,
momentos de alegria, música, dança – tão necessários nestes
tempos de tristes e preocupantes notícias diárias.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 277

30 JANEIRO 73 30 JANEIRO 74
SÁBADO SÁBADO

11h 16h
DEBATE DEBATE
ENCONTRO COM OS FILMES ENCONTRO COM OS FILMES
MOSTRA AURORA MOSTRA FOCO MINAS

Bate-papo do filme EU, EMPRESA com a participação da equipe: Bate-papo sobre o filme VALENTINA com a participação da equipe:
• Amanda Devulsky – roteiro e argumento • Cássio Pereira dos Santos - diretor
• Leon Sampaio – diretor, roteirista, montador, produtor • Erika Pereira dos Santos - produtora e diretora de casting
• Marcus Curvelo – diretor, roteirista, ator, montador, produtor • Pedro Diniz - ator, pesquisador e consultor do roteiro
• Marisa Merlo – produtora executiva • Thiessa Woinbackk - atriz

Crítica convidada: Maria Bogado | RJ Mediação: Pedro Maciel Guimarães – crítico de cinema | SP
Mediação: Marcelo Miranda - crítico de cinema | MG

13h
DEBATE
ENCONTRO COM OS FILMES
MOSTRA OLHOS LIVRES

Bate-papo sobre os filmes RODSON OU (ONDE O SOL NÃO TEM DÓ),


SUBTERRÂNEA e VOLTEI! com a participação dos diretores:
• Ary Rosa e Glenda Nicácio – diretores do filme Voltei! (BA)
• Clara Chroma e Orlok Sombra – diretores do filme
Rodson ou (Onde o Sol Não Tem Dó) (CE)
• Pedro Urano – diretor do filme Subterrânea (RJ)

Mediador: Francis Vogner dos Reis – coordenador curatorial | SP


24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 278

30 JANEIRO 76
SÁBADO

CURTAS | MOSTRA FORMAÇÃO


SÉRIE 2

VANDER, de Bárbara Carmo


DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 2MIN, BA, 2020 L

NOÇÕES DE CASA, de Giulia Maria Reis


EXPERIMENTAL, COR, DIGITAL, 12MIN, RJ, 2020 12

30 JANEIRO COMBOIO PRA LUA, de Rebeca Francoff

SÁBADO
DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 23MIN, MG, 2020 L

PARA TODES, de Victor Hugo, Samara Garcia e equipe


DOCUMENTÁRIO, COR, DIGITAL, 13MIN, RJ, 2020 L

A VERDADE SAI DE SEU POÇO PARA ENVERGONHAR


A HUMANIDADE, de Matheus Strelow

FILMES FICÇÃO, P&B, DIGITAL, 22MIN, RS, 2020 12

Sessão comentada: Bate-papo com os realizadores da Mostra

DESTAQUES Formação Série 2 disponível no site mostratiradentes.com.br


Mediadora: Tatiana Carvalho Costa - curadora | MG

DO DIA
ASSISTA EM
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24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 279

30 JANEIRO 77 30 JANEIRO 78
SÁBADO SÁBADO

LONGA | MOSTRA PRAÇA 14


20h30
MOSTRATIRADENTES.COM.BR

SEMENTES: MULHERES PRETAS NO PODER


DOCUMENTÁRIO, COR, DCP, 105MIN, RJ, 2020

Direção: Éthel Oliveira e Júlia Mariano

Em resposta à execução de Marielle Franco, as eleições de 2018 se


transformaram no maior levante político conduzido por mulheres
negras que o Brasil já viu, com candidaturas em todos os estados.
No Rio de Janeiro, Mônica Francisco, Rose Cipriano, Renata Souza,
Jaqueline de Jesus, Tainá de Paula e Talíria Petrone se candidataram
aos cargos de deputada estadual ou federal. O documentário
acompanhou essas mulheres em suas campanhas, mostrando
que é possível uma nova forma de se fazer política no Brasil,
transformando o luto em luta.

LONGA | MOSTRA HOMENAGEM 14


ENCERRAMENTO

Foto: Leo lara


PREMIAÇÃO
EXILADOS DO VULCÃO
FICÇÃO, DCP, COR, 125MIN, MG, 2013

Direção, roteiro e edição: Paula Gaitán

Ela conseguiu salvar do incêndio uma pilha de fotografias e um diário


com frases escritas à mão. Essas palavras e rostos são os únicos
rastros deixados pelo homem que ela um dia conheceu e amou.
Cruzando montanhas e estradas, ela tenta refazer os passos dele. Anúncio dos vencedores
Os lugares que ela visita carregam pessoas, gestos, lembranças e
histórias que, pouco a pouco, se tornam parte de sua vida.
Melhor Curta da Mostra Foco eleito pelo Júri Oficial
Prêmio Canal Brasil de Curtas
Melhor Longa da Mostra Olhos Livres eleito pelo Júri Jovem –
Prêmio Carlos Reichenbach
Prêmio Helena Ignez – Destaque Feminino
Melhor Longa da Mostra Aurora eleito pelo Júri Oficial
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • PROGRAMAÇÃO 280

30 JANEIRO 79 30 JANEIRO 80
SÁBADO SÁBADO

20h 22h
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Foto: divulgação
FILME DE
ENCERRAMENTO
14
SHOW

Foto: divulgação
VALENTINA
Ficção, Cor, DCP, 95min, MG, 2020

Direção e roteiro: Cássio Pereira dos Santos


JOHNNY HOOKER
Valentina, uma menina trans de 17 anos de idade, muda-se para uma
pequena cidade mineira (Estrela do Sul) com sua mãe, Márcia (40).
Com receio de ser intimidada na nova escola, a garota busca mais Johnny Hooker é um artista pernambucano que ganhou
privacidade e tenta se matricular com seu novo nome. Para isso, ela notoriedade nacional após seu primeiro disco autoral, Eu Vou
precisa conseguir a assinatura do pai ausente, além de enfrentar Fazer uma Macumba pra te Amarrar Maldito, desde então seu
o maior desafio da sua vida. Apresentando a estreia no cinema da nome corre entre os grandes artistas da nova safra da música
atriz e youtuber trans Thiessa Woinbackk, Valentina é um reflexo dos
popular brasileira. Coleciona alguns prêmios como o Melhor
obstáculos que a sociedade obriga uma jovem mulher a superar,
a fim de abraçar quem ela realmente é. Cantor do Prêmio da Música Brasileira e dois do MTV Miaw,
sendo um deles de Melhor Clipe. Recentemente ganhou discos
DISPONÍVEL DIA 30 JANEIRO, DAS 20H ÀS 23H59 de platina por seus dois singles, “Amor marginal” e “Flutua”,
EM MOSTRATIRADENTES.COM.BR este último sucesso do segundo disco, Coração.
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES 281

POUSADAS
POUSADA TEL. (32) ENDEREÇO WEB
Arraial Velho 3355 1362 Rua Bárbara Heliodora, 10 arraialvelho.com.br

Candonga da Serra 3355 1483 Estrada Velha Tiradentes – SJDR s/nº candongadaserra.com.br

Casa de Violeta 3355 1722 Praça das Mercês, 100 casadevioletapousada.com.br

Don Quixote 3355 1929 Rua Francisco Pereira de Moraes, 69 pousadadonquixote.com.br

Encanto da Serra 3355 1591 Travessa dos Inconfidentes, 41 encantodaserra.com.br

Mãe d´Agua 3355 1206 Largo das Forras, 50 pousadamaedagua.com.br

Pé da Serra 3355 1107 Rua Nicolau Panzera, 51 pedaserra.com.br

Pequena Tiradentes 3355 1262 Av. Governador Israel Pinheiro, 670 pequenatiradentes.com.br

Ponta do Morro 3355 1342 Largo das Forras, 88 hotelpontadomorro.com.br

Pousada do Largo 3355-1166 Largo das Forras, 18 pousadadolargo.com.br

Pousada do Ó 3355 1699 Rua do Chafariz, 25 pousadadoo.com.br

Quatro Corações 3355 1281 Rua Joaquim Ramalho, 190 facebook.com/pousadaquatrocoracoestiradentesmg

São José da Serra 99983-0069 Rua dos Inconfidentes, 247 facebook.com/pousadasaojosedaserra

Serra à Vista 3355 1404 Av. Governador Israel Pinheiro, 196 serravista.com.br

Sirlei 3355 1440 Rua Antonio Teixeira de Carvalho, 113 facebook.com/PousadadaSirlei/

Solar da Ponte 3355 1255 Praça das Mercês, s/nº solardaponte.com.br

Tiradentes 3355 1232 Rua São Francisco de Paula, 41 pousadatiradentesmg.com.br

Villa Real 3355 1292 Rua Antonio Teixeira de Carvalho, 127 facebook.com/pousadavillarealtiradentes

Vovô Chiquinho 3355-2240 Rua Resende Costa, 47 vovochiquinhopousada.com.br


24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES 282

RESTAURANTES
RESTAURANTE TEL (32) ENDEREÇO WEB
Atrás da Matriz 3355 2150 Rua Santíssima Trindade, 201 atrasdamatriz.com.br

Delícias Restaurante 3355 2166 Rua São Francisco de Paula, 46 deliciasrestaurante.com.br

pt-br.facebook.com/divinosaborcomidamineira/?
Divino Sabor 3355 1800 Rua Ministro Gabriel Passos, 300 rf=123552011065789

Hamburguer do Zé 98707 6601 Rua São Francisco de Paula, 23

Piu Sapore 3355 2810 Largo dos Malas, 20 facebook.com/Più-Sapore-Pizzeria-382650091944672

facebook.com/quintodoouro.tiradentesmg/?
Quinto do Ouro 98865 6749 Rua Ministro Gabriel Passos, 139 rf=1845514242376639

Restaurante da Mercês 3355 1911 Travessa José Ferreira Barbosa, 307 facebook.com/pages/Restaurante-da-Merces/186030411441187

Vegetariano Ganga Mai 3355 1180 Rua Direita, 88

Via Destra Ristorante 3355 1906 Rua Direita, 156 facebook.com/viadestraristorante/

Viradas do Largo 3355 1111 Rua do Moinho, 11 viradasdolargo.com.br


EDIÇÃO 2021

CINEMA CONTEMPORÂNEO CINEMA PATRIMÔNIO CINEMA E MERCADO


22 - 30 jan 2021 23 - 28 jun 2021 28 set - 03 out 2021
mostratiradentes.com.br cineop.com.br cinebh.com.br

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CINEMA PATRIMÔNIO
23 - 28 JUN 2021
C I N E O P. C O M . B R

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Foto: Leo Lara


CINEMA E MERCADO
28 SET - 03 OUT 2021
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Foto: Leo Lara


12th

28 SET - 03 OUT 2021


O EVENTO DE MERCADO DO CINEMA BRASILEIRO

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24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • FICHA TÉCNICA 287

FICHA
TÉCNICA
IDEALIZAÇÃO E REALIZAÇÃO Felipe André Silva
Universo Produção Tatiana Carvalho Costa
Assistente curadoria
COORDENAÇÃO GERAL Pither Lopes
Raquel Hallak d’Angelo
PRODUÇÃO DAS OFICINAS
COORDENAÇÃO ADJUNTA E TÉCNICA Denise Hallak
Quintino Vargas Neto Matheus Mello

COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO ASSISTENTES DE PRODUÇÃO


Fernanda Hallak d’Angelo Anna Beatriz Andrade
Matheus Mello
PRODUÇÃO EXECUTIVA Rômulo Moreira
Laura Tupynambá
ASSISTENTE | JÚRI JOVEM
COORDENADOR CURATORIAL Maria Trika
Francis Vogner dos Reis
PRODUÇÃO EXECUTIVA E TRÁFEGO DE FILMES
CURADORIA | TEMÁTICA CENTRAL E SELEÇÃO Gabriel Pinheiro
DE LONGAS
Francis Vogner dos Reis DIREÇÃO ARTÍSTICA ABERTURA E PREMIAÇÃO
Lila Foster Chico de Paula
Assistente Curadoria
João Paulo Campos APRESENTADORES
David Maurity
CURADORIA | SELEÇÃO DE CURTAS Érica Vieira
Camila Vieira
24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES • FICHA TÉCNICA 288

GESTÃO ADMINISTRATIVA-FINANCEIRA IDENTIDADE VISUAL E DIREÇÃO DE CRIAÇÃO Fotografia, montagem e finalização: Janaína
Ana Paula Fialho Mood – Leo Gomes Patrocínio
DESENVOLVIMENTO DE PROJETO GRÁFICO Trilha sonora: Barulhista
INTÉRPRETE DE LIBRAS César Henrique de Paula Ator: Gibi Cardoso
Tati Quites Eduardo Mendanha Cantores e músicos: Júlia Tizumba e Maurício
Tizumba
ASSESSORIA DE IMPRENSA PRODUÇÃO GRÁFICA Participações especiais: Guarda do Gongado
Universo Produção Assunção Tomaz Nossa Senhora do Rosário Tia Anastácia,
ETC Comunicação Sandra Mara, Nado Rohrmann, Expedito Jonas
Produção de textos: Marcelo Miranda REVISÃO de Jesus, José Trindade Xavier, Marcos Gabriel
Beto Arreguy Gomes Santana, Mariana de Fátima Santana,
REDES SOCIAIS João Goulart Silva
Universo Produção WEBSITE Assistente de produção: Lívia Tostes
Culturadoria Web design – Sullivan Silva Produção técnica: Daniella Fonseca
Desenvolvimento e programação – Agência 51 Steadycam: Eduardo Falcão
FOTOGRAFIA Produção e inserção de conteúdo: Universo Locução: Grazi Medrado
Leo Lara – Coordenação Produção Som direto, iluminação: Rogério Penido | QR
Edição de imagens: Vinicius Duartte Soluções
VT 24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES E Fotografias: Leo Lara/Acervo Universo Produção
TV MOSTRA – EDIÇÃO RESULTADOS VINHETA TV MOSTRA Cessão de imagens: Acervo Universo Produção,
Macaca Filmes Criação, redação e direção: Mood – Leo Gomes Macaca Filmes e Arquipélago
Montagem, motion, lettering e finalização: Empresa produtora: Universo Produção
PRODUÇÃO TÉCNICA E ENCODE Gregório Kuwada
Frames – Jaque Del Debbio Trilha sonora: Barulhista * As imagens utilizadas na identidade visual
Locução: Grazi Medrado do evento fazem parte do acervo fotográfico
PLATAFORMA DE STREAMING da Universo Produção.
Sambatech VT ENCERRAMENTO E PREMIAÇÃO
Universo Produção
CAPTAÇÃO DE IMAGENS ABERTURA AO VIVO E Design de vídeo: Chico de Paula
TRANSMISSÃO DE DEBATES Apresentadora: Érica Vieira
Sim! Conteúdo Audiovisual Trilha sonora: Barulhista
Locução: Grazi Medrado
SONORIZAÇÃO, CAPTAÇÃO DE ÁUDIO E
ILUMINAÇÃO, MONTAGEM CENÁRIO | CASA DA PERFORMANCE AUDIOVISUAL DE ABERTURA
MOSTRA Criação: Chico de Paula e Raquel Hallak
QR Soluções Roteiro, direção e fotografia: Chico de Paula
CA: 2018.13608.0145

PATROCÍNIO

CEDRO
M I N E R A Ç Ã O

PARCERIA CULTURAL APOIO

REALIZAÇÃO

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