2

3
 O site que
mais cresce
em Mato Grosso
midiajur.com.br
@midiajurmt

4
 EDITORIAL
Caro leitor,

A Revista Elevação Jurídica chega à 3ª Edição

cumprindo seu propósito de informar sobre os principais
temas do Direito. São artigos de opinião, matérias, reporta-
gens e entrevistas que evidenciam novidades, análises e o
SURWDJRQLVPRGHSUR¿VVLRQDLVTXHDWXDPFRPD¿QFRSDUDD
administração da Justiça.
Nesta edição, a reportagem de capa conta a histó-
ria do escritório Segatto Advocacia, que está prestes a com-
pletar 15 anos de mercado e que atua nas searas dos direitos
empresarial penal e administrativo. A banca é liderada pelo
advogado Vinícius Segatto, e sua atuação se baseia em teses
de defesa alinhadas ao estado democrático de direito e aos
princípios básicos que regem a Justiça.
Esse periódico conta ainda com a coluna Recu- gestão à frente do TJMT neste biênio (2021-2022) em uma
peração Judicial em Foco, assinada pelo escritório Mestre HQWUHYLVWDQDTXDODSRQWDRVGHVD¿RVVXSHUDGRVHDVPHOKR
Medeiros Advogados Associados, com análises sobre os rias proporcionadas ao Poder Judiciário mato-grossense.
institutos jurídicos da recuperação judicial e extrajudicial.  3RU¿PDMXt]DGR7UDEDOKR*UD]LHOH&DEUDOIDOD
Já com a coluna Tributário em Foco temos as análises fei- do projeto piloto da Vara de Colíder, que virou case nacional
tas pelos sócios do Gargaglione e Costa Advogados; e o ao ser a pioneira com presença no Metaverso.
Mineração em Foco que traz as principais atualizações na A contribuição para o enriquecimento da discussão jurídica
legislação sobre direito minerário em 2022. e conhecimento são princípios que orientam a edição desta
A Elevação Jurídica entrevistou o presidente do
revista, e espero que lhe alcance, nobre leitor (a), com o sen-
Conselho Federal da OAB, Beto Simonetti, que fala sobre
timento de que a Elevação Jurídica é estado de espírito ali-
os avanços trazidos com a reforma do Estatuto da Advo-
mentado pela boa, progressiva e exitosa execução do direito.
cacia. A presidente da OAB-MT, Gisela Cardoso, também
falou à Elevação Jurídica sobre os primeiros meses de sua
gestão. Desejo uma excelente leitura!
A presidente do Tribunal de Justiça de Mato
Grosso, Maria Helena Póvoas, faz um breve balanço da sua Naiara Boscoli Venâncio de Moraes

EXPEDIENTE
Direção: Naiara Boscoli Venancio Moraes Capa:
Diretor Comercial: Afrânio Silva Vinícius Segatto
Ana Luísa Segatto
Produção de Conteúdo: ZF Press Assessoria de Imprensa
Edição de Conteúdo: ZF Press Assessoria de Imprensa (GLomR_$QR_DJRVWRGH
Jornalista Responsável: Vinícius Bruno (DRT 2891/MT) Distribuição direcionada

3URMHWR*Ui¿FRH'LDJUDPDomR9LVPDUNHW_-RVp3HGUR)LOKR www.elevacaojuridica.com.br
Instagram: @elevacaojuridica
)RWRJUD¿D*HRUJH'LDV_5DXO6SLQDVVp_$ODLU5LEHLUR

A Revista Elevação Jurídica não se responsabiliza pelas opiniões emitidas nos artigos assinados.
É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo desta obra, sem a prévia autorização.

5
 SUM ÁRI O

16 - Gestão condominial após

a pandemia de covid-19

17 - TOI e os prejuízos financeiros às

concessionárias de Energia Elétrica

22 - Busca e apreensão: não faça a

entrega amigável do seu veículo

24 - O julgamento do ano no STF -

ARE nº 843989

31 - Escritório aposta na participação em

eventos jurídicos como fonte de inovação e
25 - Relevância em Recurso Especial
reforça objetividade dos temas discutidos no STJ
inspiração para novas estratégias

34 - “Não há democracia forte sem uma

advocacia atuante” diz presidente do CFOAB
42 - Case Nacional: Vara do Trabalho em
MT é pioneira no metaverso
sobre avanços no Estatuto da Advocacia

36 - Gisela Cardoso faz balanço dos 44 - Instituto Nelson Wilians chega

a Mato Grosso e promove projetos de
seis primeiros meses de gestão na OAB-MT
Educação e Direito

48 - A confiabilidade das urnas

eletrônicas e do processo eleitoral
brasileiro

49 - A responsabilização das empresas

pela prática de dumping social nos
38 - “Meu maior legado é mostrar às mulheres casos de terceirização irregular
que elas são donas do seu destino”, diz presidente
do TJMT

6
 S UM Á RI O

8 Recuperação em Foco
-

27 Mineração em Foco
-

11
Matéria de Capa

Escritório se posiciona no
Direito Penal Empresarial
e solução de conflitos
18 Tributário em Foco
-

7
 R E C UPE R AÇÃO E M F O CO
Por Marco Aurélio Mestre Medeiros
A Lei 11.101, que trata da Recuperação Judicial,
trouxe inúmeros avanços para diversos empresários que
viam seus negócios ruírem e já não encontravam solução
para manterem suas empresas em atividade. No caso dos
produtores rurais, a legislação também avançou e permite
hoje que muitos empreendedores do campo continuem ge-
rando emprego e renda para a população.
Dentre as principais vantagens para quem opta
pela Recuperação Judicial está o fato de que a legislação
não obriga o empresário rural ao registro mercantil, con-
forme é possível observar nos artigos 871 e 967 do Código
Civil. Portanto, o empreendedor do campo que tenha a ati-
YLGDGHUXUDOFRPRVXDSULQFLSDOSUR¿VVmRQmRpREULJDGRD
fazer sua inscrição no Registro Público de Empresas Mer-
cantis, conforme se pode observar no artigo 971 do Código
Civil.
O processo para ingressar um pedido de Recupe-
UDomR-XGLFLDOQRFDVRGDDWLYLGDGHUXUDOIRLVLPSOL¿FDGR
Para atender às exigências da Lei da RJ, basta que o Regis-
tro Mercantil seja feito antes da distribuição do pedido de
recuperação judicial. Neste caso, a inscrição é meramente
GHFODUDWyULD H QmR FRQVWLWXWLYD ,VVR VLJQL¿FD TXH SHVVRDV
físicas podem entrar em recuperação judicial, desde que
inscrevam sua companhia no prazo citado.
Vale lembrar que são vários os meios para se
comprovar a atividade empresarial. Além da Declaração de
RECUPERAÇÃO
JUDICIAL
BENEFICIA
PRODUTORES
RURAIS
vante de recolhimento de tributos, cópias de contratos bancá-
rios rurais e documentos contábeis são válidos no processo.
Uma outra exigência é que a empresa precisa ter
estado em atividade rural durante os dois anos que antecede-
ram o pedido de recuperação. A Recuperação Judicial vem
contribuindo para que muitas empresas mantenham seus ne-
gócios ativos, continuem gerando emprego e renda e, prin-
cipalmente, para que possam manter sua função social. Em
WRGRR%UDVLOGLYHUVDVFRPSDQKLDVSDVVDPSRUGL¿FXOGDGHV
em grande parte devido à crise econômica que assola o país.
A RJ representa, para muitos empresários, um novo fôlego e
uma maneira de reorganizar os negócios.
Para empresários rurais que possuem negócios em
vários estados do país e se encontram em crise econômico-
¿QDQFHLUDD5-pXPDVDtGDYLiYHOHSRGHFRQWULEXLUSDUDD
preservação de todo o grupo empresarial. Ou seja, não apenas
a sede da empresa entra em Recuperação Judicial, mas todas
DV ¿OLDLV R TXH p XPD YDQWDJHP SDUD TXHP RSWD SRU HVWD
modalidade garantida em lei.
Para que a Lei da Recuperação Judicial seja efe-
tiva, é preciso haver a conscientização dos produtores ru-
rais em todo o país. Nem tudo está perdido e é preciso fazer
com que mais empresários tenham acesso a este importante
instrumento legal, que, além de salvar inúmeras empresas,
contribui para manter cidadão no mercado de trabalho, com
emprego e renda.
,QIRUPDo}HV(FRQ{PLFR¿VFDLVGD3HVVRD-XUtGLFD',3-
o cadastro no Sistema Integrado de Informações Sobre Marco Aurélio Mestre Medeiros é advogado especialista em
Operações Interestaduais com Mercadorias e Serviços, o Recuperação Judicial. Sócio no escritório Mestre Medeiros
,PSRVWRGH5HQGDQRWDV¿VFDLVGHSURGXWRUUXUDOFRPSUR- - Advogados Associados.

8
R E C UPE R AÇÃO E M F O CO REC UP ERAÇ ÃO EM F OCO

RECUPERAÇÃO
JUDICIAL TRAZ
FÔLEGO E POSSIBILIDADE
DE REESTABELECER A
SAÚDE DOS NEGÓCIOS Marco Aurélio Mestre Medeiros

A Recuperação Judicial é a ferramenta utili- Na prática, a ferramenta possibilita que o

zada pela empresa viável, que passa por crise circuns- devedor renegocie as dívidas com base em um plano
WDQFLDOSDUDVXSHUDomRGHVXDVGL¿FXOGDGHVFRPPD- devidamente controlado e aprovado pelo Poder Judici-
nutenção dos benefícios sociais e ário. “A intenção é reerguer o ne-
econômicos que decorrem da ati- gócio e evitar uma falência”, diz o
vidade empresarial saudável (ge- MEDIDA GARANTIU advogado.
ração de empregos, recolhimento QUE, SOMENTE NOS O pedido de recuperação
de tributos, circulação de bens, ÚLTIMOS CINCO ANOS, deve ser realizado por meio de
produtos e riquezas). Trata-se de EM MATO GROSSO, um advogado. “O requerente deve
uma ferramenta que permite ao 200 EMPRESAS demonstrar quais são os motivos
empreendedor manter suas ativi- SE REERGUESSEM para a crise e uma solução como
dades, gerando emprego e movi- E EVITASSEM A plano de recuperação. Isso inclui
mentando a economia. FALÊNCIA QUE, NO demonstrações contábeis, relação
O instituto jurídico tem PERÍODO, ATINGIU 74 de bens da empresa e sócios, ex-
sido importante para socorrer EMPREENDIMENTOS tratos bancários, a relação nominal
HPSUHVDVHPGL¿FXOGDGH6HJXQ- dos credores”, alerta Medeiros.
do o Indicador de Falências e Re- Para o advogado, a recupe-
cuperação Judicial da Serasa Experian, somente no ração é um momento que não pode ser visto de forma
Mato Grosso, nos últimos cinco anos, foram requeri- negativa, mas sim como uma fase de reestruturação.
dos 83 pedidos de Recuperação Judicial, e, ao todo, “Essa ferramenta possibilita renegociar e aprazar dívi-
IRUDP FRQFHGLGRV  SHGLGRV  3DUD ¿QV FRPSDUD- das, dando fôlego aos negócios. Permite a realização
tivos e de como a recuperação tem evitado falências de acordos entre a empresa e o sindicato dos emprega-
é que, neste mesmo período, desde 2018, foram 22 dos e com convenções coletivas de trabalho para nego-
falências requeridas e 74 decretadas.
ciar débitos e alinhar jornadas.
 ³(VWDPRVIDODQGRGHXPDPHGLGDEHQp¿FD
Traz imunidade para o negócio durante o pro-
que viabiliza ao empreendedor superar uma situação
GH FULVH HFRQ{PLFR¿QDQFHLUD H DVVLP PDQWHUVH cesso de recuperação judicial, período em que o deve-
como fonte produtora, do emprego dos trabalhadores dor não pode ter a decretação de falência requeridos
e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a pelos credores. Cria a oportunidade da busca de solu-
preservação do negócio, sua função social e o estí- ções para o pagamento dos débitos, além de suspender
mulo à atividade econômica”, avalia Marco Aurélio as ações judiciais e execuções contra a empresa por até
Mestre Medeiros, sócio do Mestre Medeiros Advoga- 180 dias, evitando-se o bloqueio de contas bancárias e
dos Associados e especialista no tema. SHQKRUDGRVEHQV´¿QDOL]D

9
 R E C UPE R AÇÃO E M F O CO

JUSTIÇA TEM
FERRAMENTAS EFICAZES
PARA EMPRESAS E CREDORES
Diego Baltuilhe

NA PRÉ-RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Ao analisar os principais avanços trazi- empresário e realiza o chamamento dos credores
dos pela Lei 14.112/2020, é importante ressaltar os para a mesa negocial, em um ambiente salutar e fun-
mecanismos de pré-recuperação judicial dos quais ciona de maneira eficaz. “A diferença de quem opta
os empresários podem fazer uso. Trata-se de ferra- por uma Tutela Cautelar Antecedente, por exemplo,
mentas acessíveis para que as empresas tentem se é que nesta hipótese, a empresa ainda não reuniu to-
reestruturar sem a necessidade do ajuizamento de das as obrigações para um pedido de recuperação ju-
pedido de recuperação judicial. dicial, então solicita a tutela, que
Segundo Diego Baltui- antecipa em 30 dias os efeitos da
lhe, sócio no escritório Mestre recuperação”, esclarece. Na práti-
Medeiros Advogados Associa- PARA BALTUILHE, A ca, a Tutela não evita a RJ, ape-
MEDIDA GARANTIU
dos, a realização de negociações nas antecipa seus efeitos, mas a
PRÉ-RECUPERAÇÃO
QUE , SOMENTE NOS
prévias entre credores e devedo- pré-recuperação sim, pode trazer
res propicia aos devedores uma É UMA FERRAMENTA
ÚLTIMOS CINCO ANOS, outro meio de solução, comple-
renegociação coletiva de suas PODEROSA
EM MATO QUE BLINDA
GROSSO, menta.
dívidas de forma predominan- O 200
PATRIMÔNIO
EMPRESASDO De acordo com o advoga-
temente extrajudicial, embora EMPRESÁRIO E REALIZA
SE REERGUESSEM do, as medidas preventivas, que
respaldado pelo pedido judicial O CHAMAMENTO investem esforços em mediação,
E EVITASSEM ADOS
de pré-recuperação. Voltado às devem ser utilizadas pelas em-
CREDORES PARA
FALÊNCIA QUE, NO A MESA
empresas em situação de endi- presas, pois, protege o patrimô-
vidamento menos complexas, a NEGOCIAL, EM
PERÍODO, ATINGIU 74 UM
nio do devedor e traz garantias
pré-recuperação judicial ofere- AMBIENTE SALUTAR E
EMPREENDIMENTOS aos credores, sem necessaria-
ce uma solução consensual dos FUNCIONA DE MANEIRA mente dar continuidade a um
conflitos entre os atores do pro- EFICAZ longo processo de recuperação
cesso. judicial junto ao Poder Judiciário.
A medida é ideal para o Prova disso é um caso em
empresário individual, da micro Santa Catarina, que suspendeu
e da pequena empresa, que este- buscas e apreensões milionárias
ja com dificuldades financeiras em menor comple- de frota de caminhões. Devido à crise econômica pro-
xidade ou pela quantidade de credores envolvidos; vocada pelo coronavírus, a empresa teve dificuldades
bem como para grandes empresas que podem se para arcar com os custos dos negócios, sobretudo
utilizar do sistema de pré- recuperação como estra- em razão dos sucessivos aumentos dos combustíveis
tégia preventiva para o enfrentamento de crises fi- no período e, ao recorrer à mediação, teve aceitado
nanceiras. “A vantagem da pré-recuperação judicial o pedido de pré-recuperação judicial pretendida e
é que há um menor custo, se comparados à recupe- respectiva suspensão de todas as execuções e atos
ração judicial ou extrajudicial, estimula o entendi- expropriatórios interpostos contra a companhia blin-
mento entre as partes sem partir para o processo em dados pelo período de 60 dias. “A decisão garantiu a
si, evita ruídos na imagem da companhia e protege possibilidade de a empresa negociar com os credo-
o acordo feito pelos credores, trazendo transparên- res sem ter sua atividade impossibilitada. Esta pode
cia e segurança jurídica”, diz. ser considerada uma fase pré-recuperação judicial e,
Para Baltuilhe, a pré-recuperação é uma com o êxito negocial, evitará de ter que recorrer à RJ”,
ferramenta poderosa que blinda o patrimônio do finaliza Baltuilhe.

10
 M ATÉRIA D E C A PA

ESTRATÉGIAS DE DEFESA
ESCRITÓRIO SE POSICIONA NO
DIREITO PENAL EMPRESARIAL
E SOLUÇÃO DE CONFLITOS
Prestes a completar 15 anos de fundação, o escri- Vinícius Segatto Jorge da Cunha, a banca tem presença física
tório Segatto Advocacia vive um momento de expansão e em Cuiabá (MT), Brasília (DF) e São Paulo (SP), e se des-
VHIRUWDOHFHQDDWXDomRHVSHFLDOL]DGDHPVROXomRGHFRQÀL taca pela defesa de teses embasadas nos princípios basilares
tos e gestão de crises nas áreas do Direito Penal Empresa- do Direito e na aplicação das garantias usadas no âmbito da
rial, Administrativo e Ambiental. Liderada pelo advogado defesa processual e administrativa.

11

Conhecido pela defesa em
processos de repercussão na mídia, Vi-
nícius Segatto, 37 anos, é formado em
Direito pela Universidade do Estado de
Mato Grosso (Unemat). Ainda durante a
graduação, prestou concurso para o cargo
de analista judiciário do Tribunal de Jus-
tiça do Estado de Mato Grosso (TJMT),
função que assumiu um ano após ter se
formado.
Antes disso, e já aprovado na
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB),
Segatto advogou por aproximadamente
um ano. Então fez a opção pelo cargo pú-
blico no qual atuou por quase quatro anos.
Apesar da estabilidade, Vinícius
chegou à conclusão que poderia se reali-
]DU SUR¿VVLRQDOPHQWH FRP D DGYRFDFLD
Foi quando resolveu pedir exoneração do
TJMT e dar continuidade em sua trajetó-
ria com o escritório.
Decisão foi acertada e ganhou
IRUoD TXDQGR D DWXDomR SUR¿VVLRQDO SDV
sou a ser reconhecida fora de Mato Gros-
so, principalmente, em razão dos proces-
sos oriundos de grandes operações.
Dada a dimensão e complexida-
GHGRVFDVRVDV¿OLDLVHP%UDVtOLDH6mR
Paulo se tornaram bases estratégicas, com
o atendimento voltado à soluções mais
H¿FLHQWHVSDUDFDGDFDVR
“O contato individualizado se
tornou uma questão de estilo para o es-
critório. A proximidade com o cliente se
estabelece por meio de uma análise feita
do caso concreto. A abordagem artesanal
resulta em soluções jurídicas mais asserti-
YDV´GH¿QH9LQtFLXV6HJDWWR
Dada a relevância dos proces-
sos administrados pelo escritório, o po-
sicionamento na esfera do direito penal
empresarial, processual penal e direito ad-
ministrativo sancionador se fortaleceram
e se transformaram nas principais áreas de
12
Vinícius Segatto
atuação da Segatto Advocacia.
A banca não se limita a esses te-
mas. Tendo em vista a preponderância do
agronegócio em Mato Grosso e na região
Centro-Oeste, bem como, a instauração de
procedimentos administrativos ligados ao
meio-ambiente, a banca também atende na
área do direito ambiental e também na so-
OXomRGHFRQÀLWRVQHVVDVHDUD
Sob a liderança do
advogado Vinícius
Segatto, a banca
ganhou notoriedade ao
defender investigados
em processos oriundos
das operações que
marcaram a
história do Brasil
e de Mato Grosso.
Direito administrativo
Os investigados nos processos
oriundos das operações, além de responder
na esfera criminal, grande parte também
passou a responder em procedimentos dis-
ciplinares de responsabilização e processos
por improbidade administrativa. Nesta se-
ara, o escritório conta com a expertise da
advogada Ana Luísa Bertaglia V. de Aqui-
no Segatto, cujo principal ramo de atuação
está ligado ao direito administrativo san-
cionador, além dos procedimentos admi-
nistrativos.
Ana Luísa Segatto se formou
pela Universidade do Estado de Mato
Grosso (UNEMAT), e se especializou em
Processo Civil, Direito Administrativo e
$QWLFRUUXSomR(ODD¿UPDTXHVXDVLGHLDVH
propósitos se alinharam com a de Vinícius,
com a complementariedade em relação às
principais áreas de atuação do escritório.
A advogada conta que a opção
pela advocacia foi inspirada na trajetória
de Vinícius Segatto. Antes de conhecê-lo, a
advogada planejava seguir carreira pública
na área jurídica, assim como seus pais, mas
depois chegou à conclusão de que a atuação
como advogada lhe proporcionaria alcançar
RVREMHWLYRVLGHDOL]DGRVSDUDVXDYLGDSUR¿V
sional.
“Assim que passei a atuar no es-
critório percebi que a advocacia vai ao en-
FRQWURGRVPHXVDQVHLRV$SUR¿VVmRPHSHU
mite olhar para as questões jurídicas por um
prisma que vai além das regras processuais e
viabilizam resultados embasados em teses ju-
rídicas que defendo como valores”, destaca.
Atuação de defesa
Nas esferas dos direitos penal empresarial e
administrativo, os princípios basilares que
norteiam a administração da justiça ganham
particular relevância quando investigações,
operações e julgamentos são acompanhados
e divulgados pela mídia e, por essa razão,
acabam sofrendo pressões que a maioria dos
casos não sofrem, justamente por tramitarem
distantes da, muitas vezes, reacionária opi-
nião pública.
Sendo assim, o escritório Segat-
to Advocacia adotou uma linha de atuação
que busca fortalecer suas estratégias de de-
fesa com a incessante busca pela aplicação
do que está na lei. “Não se tratam de teses
impossíveis, são os princípios básicos já esta-
belecidos, mas que por vezes são ignorados.
E quando isso acontece, toda a sociedade
perde. Porque é evidente que ninguém se
posiciona contrário ao combate à corrupção.
Mas quando o Estado tem a oportunidade de
fazê-lo, não pode ignorar que direito também
é forma e que o processo é o instrumento
seguro para se alcançar a Justiça”, defende
Ana Luísa Segatto
 M ATÉRIA D E C A PA

Banca Segatto Advocacia: da esquerda para direita, Ana Luísa Segatto, Karolina Neves, Vinícius Segatto,
Mônica Cristian R. da Silva, Daniel Gomes S. de Sousa e Thalita S. Santos.

Vinícius Segatto.
O advogado analisa que reforçar a indispensabilidade da legalidade
pQHFHVViULRSDUDUHYHUWHURTXHFRQVLGHUDFRPRUHVXOWDGRFDWDVWUy¿FRGDµFDoD “O contato individualiza-
às bruxas’ que aconteceu no Brasil a partir das operações que investigaram do se tornou uma ques-
casos de corrupção.
“Os princípios básicos do processo penal, principalmente, a divisão
tão de estilo para o escri-
das tarefas de quem acusa, de quem defende e quem julga começaram a ser de- tório. A proximidade com
teriorados. Quando qualquer desses atores se confundem, perdendo essa divi- o cliente se estabelece
são, que é basilar para o sistema acusatório, passa-se a um sistema inquisitório,
no qual quem julga está alinhado a quem acusa e não há imparcialidade. Isso por meio de uma análise
fere de morte a principal característica do sistema processual penal no estado feita do caso concreto”,
democrático de direito, que é a divisão dessas tarefas”, analisa.
A advogada Ana Luísa Segatto sustenta que a atuação do escritório
Vinícius Segatto.

13
 M ATÉ R IA DE CA PA

Escritório
Com a sede em Cuiabá recentemente am-
pliada, proporcionando um ambiente mais moderno e
acolhedor aos clientes, parceiros e colaboradores, o es-
critório Segatto Advocacia conta com especialistas de
renome no meio jurídico, assim como em todos os locais
onde tem presença.
Entre os advogados que compõem a banca
está Daniel Gomes Soares de Souza, que também é
procurador do Estado de Mato Grosso, Mônica Cristian
Rodrigues da Silva, que é especialista em direito penal
empresarial, Thalita Souza Santos, especialista em di-
reito processual e professora universitária. Em Brasília,
o escritório conta com a atuação de Raphael Vianna de
Menezes, que também é consultor legislativo do Senado
Federal.

Site: www.segattoadvocacia.com.br
Instagram: @segatto.advocacia
E-mail: advogado@segattoadvocacia.com.br

é primordialmente voltada para busca da melhor solução ao

caso, seja demandando no âmbito judicial ou extrajudicial,
seja defendendo em processos ou procedimentos adminis-
trativos, no âmbito penal, cível ou ambiental.
Frisa que são movidos pelo propósito de defender
direitos e garantias resguardados pela legislação, visando
equilibrar questões que podem ser mensuradas quando a lei
é deixada de ser cumprida para se utilizar caminhos des-
conhecidos da Constituição e dos princípios que regem o
direito.
“A legalidade é base de todas as nossas defesas
HDOHJDo}HVSRUTXHVHQmRWHPUHVSDOGROHJDO¿FDPRVVX-
jeitos às arbitrariedades. Toda pessoa tem direito à defesa e
ao contraditório. Ouvir os dois lados é fundamental. O que
pedimos perante juízo, ou em um procedimento disciplinar,
é que haja a aplicabilidade da lei. Mas nos preocupamos
com algumas situações vivenciadas atualmente, pois em
muitas vezes, a lei simplesmente não é aplicada”, assevera
Ana Luísa.

14
 M ATÉRIA D E C A PA

Escritório Segatto Advocacia

15
 ARTI G O DE O P I NI ÃO
No dia 26/02/2020 o Ministério da Saúde con-
¿UPRXRSULPHLURFDVRGH&29,'QR%UDVLOGHVGHHQ-
tão, segundo o consórcio de veículos de imprensa, mais de
650.000 (seiscentos e cinquenta mil) óbitos foram registra-
dos.
Não obstante, os programas de auxílio perpetra-
dos pelo Governo Federal e em alguns casos pelos Gover-
QRV(VWDGXDLVDLQÀDomRUHDODFXPXODDOWDVXSHULRUD
o que levou ao aumento generalizado da inadimplência em
diversos segmentos da vida privada, como por exemplo: ta-
[DVFRQGRPLQLDLV¿QDQFLDPHQWRVKDELWDFLRQDLVHDOXJXpLV
comerciais e residenciais.
 (P FRQVXOWD DR 3-(07 YHUL¿FDVH TXH QHVVH
período, somente em Cuiabá, capital de Mato Grosso, mais
de nove mil execuções de taxas condominiais foram pro-
postas, o que demonstra de forma inequívoca o impacto da
pandemia nos condomínios.
Com o advento do Novo Código de Processo Ci-
vil, em 18/03/2016, as taxas (ou cotas) condominiais foram
alçadas a condição de títulos executivos extrajudiciais, nos
WHUPRVGRDUWLJR;GR&3&RTXHHPWHVHVLPSOL¿FRX
os procedimentos de cobrança em favor do Condomínio,
tendo o condômino executado o prazo de apenas três dias
para quitação dos valores.
No entanto, na prática, observamos que muitas vezes o con-
dômino mesmo sendo validamente citado incorre em mora,
não constituindo sequer advogado, passando a execução
correr à revelia.
Iniciados os atos expropriatórios, seguindo a or-
dem prevista no artigo 835 do CPC, que prevê que a penho-
ra observará preferencialmente a seguinte ordem: dinheiro,
HPHVSpFLHRXHPGHSyVLWRRXDSOLFDomRHPLQVWLWXLomR¿-
nanceira, veículos de via terrestre, o próprio bem imóvel
16
GESTÃO
CONDOMINIAL
APÓS A PANDEMIA
DE COVID-19
Por Ricardo Arruda de Lemos
gerador da obrigação, e em alguns casos, a depender do va-
lor, bens móveis em geral.
Considerando que os processos são em regra públi-
cos, o inadimplente contumaz, após a citação, evita deixar em
conta valores, frustrando as tentativas de penhora online. Os
YHtFXORV TXDQGR H[LVWHQWHV PXLWDV YH]HV VmR ¿QDQFLDGRV RX
eventualmente, muito antigos, sendo inservíveis à execução.
Com relação à penhora do imóvel em si, nos depa-
ramos com algumas situações: o imóvel hipotecado, ou alie-
QDGR¿GXFLDULDPHQWHQmRSRGHVHUSHQKRUDGRKDMDYLVWDTXH
DSURSULHGDGHHPVLSHUWHQFHDRFUHGRU¿GXFLiULRRLPyYHO
quando próprio, muito embora possa ser penhorado, inclusi-
ve quando é bem de família, possui valor de mercado muito
superior ao montante da dívida, esbarrando o Condomínio
em decisões judiciais, que com base no princípio da menor
onerosidade na execução, não deferem a penhora.
Lado outro, o Condomínio e os condôminos adim-
plentes continuam a honrar com as despesas mensais, como
pagamento de funcionários, limpeza e manutenção do local,
enriquecendo de forma transversa os próprios inadimplentes,
que experimentam a valorização do seu imóvel.
Nesse sentido, é fundamental que o Síndico con-
te com toda assessoria que lhe for possível, principalmente
jurídica, para tratar a questão da inadimplência com muita
seriedade evitando a prescrição quinquenal, lançando mão de
diversos meios, como acordos extrajudiciais, medidas atípi-
cas de execução, e eventualmente, até obrigações de fazer em
IDFHGRFUHGRU¿GXFLiULRREULJDQGRRDGDULQtFLRDFRQVROL-
dação da propriedade.
Ricardo Arruda de Lemos (OAB/MT - 18.363/O), graduado
em Direito pelo Instituto Cuiabano de Educação e Cultura
- ICEC.

TOI E OS PREJUÍZOS FINANCEIROS
ÀS CONCESSIONÁRIAS DE ENERGIA ELÉTRICA
Por José Eduardo Rezende de Oliveira
Comumente no Poder Judiciário observa-se a cres-
cente demanda no que se refere aos ajuizamentos de ações
judiciais e reclamações por meio de procedimentos adminis-
trativos em face das concessionárias prestadoras de serviço de
utilidade pública no Estado de Mato Grosso, em especial as
companhias de energia elétrica.
 3DUD¿QVGHFRQWH[WXDOL]DomRKiGHVHUHVVDOWDUTXH
o principal questionamento das demandas judiciais e adminis-
trativas se tratam do Termo de Ocorrência e Inspeção – TOI, o
TXDOWHPFRPR¿QDOLGDGHDSXUDUHYHQWXDOVXVSHLWDGHIUDXGH
ou irregularidade no consumo de energia elétrica, sendo esse
procedimento administrativo obrigatório a ser cumprido pela
concessionária em conformidade com a Resolução Normati-
va da ANEEL nº 414.
 'LWRLVVRYHUL¿FDVHTXHDVFRQFHVVLRQiULDVSUHV-
tadoras de serviço público têm realizado a emissão do TOI,
contudo, não têm seguido o procedimento na íntegra, ou até
deixando de aprimorá-lo, o que por derradeiro, tem culmina-
do com a procedência das ações judiciais manejadas pelos
consumidores.
A RTI GO D E OP I NIÃO
Por Alan Almeida Santos
subsequentes, de modo a completar o ciclo integral do ato ad-
PLQLVWUDWLYRFRQIHULQGROKHH[LVWrQFLDHH¿FiFLD
Desta forma, conclui-se que para a correta elabora-
ção do procedimento, é imprescindível a subsunção do fato à
norma regulamentadora, a qual deve guardar estrita sintonia
com a Resolução Normativa da ANEEL nº 414 especialmente
em seu artigo 129 e seguintes, para que assim possa produzir os
efeitos que se espera, ou seja, tornar legítima a cobrança à título
de recuperação de consumo.
Outrossim, a exigência de aviso prévio também en-
contra amparo legal no art. 6º, § 3º da Lei nº 8.987 de 13 de
fevereiro de 1995, em consonância com os informativos do Su-
perior Tribunal de Justiça de n. 598 e 508.
 3RU¿PHPGHFRUUrQFLDGDQmRREVHUYkQFLDSRUSDU-
te da concessionária de serviço público, dos requisitos acima
PHQFLRQDGRV D¿JXUDVH LPHQVXUiYHLV RV SUHMXt]RV VmR H[SH-
rimentados, vez que pelo procedimento adotado de modo in-
correto, além de o débito ser declaro inexistente, muitas vezes,
por ocorrer a suspensão dos serviços, há condenação em danos
morais, os quais giram em torno de R$ 4.000,00 (quatro mil)
Nesse sentido, inclusive nas defesas judiciais e ad-
ministrativas, há pelo menos três falhas preponderantes que
podem ser destacadas. A primeira delas versa sobre a ausên-
FLD GD QRWL¿FDomR SUpYLD DR FRQVXPLGRU PHQFLRQDQGR GDWD
e hora da inspeção, em sequência destaca-se a ausência de
assinatura ou registro de recusa no Termo de Ocorrência e
,QVSHomRHSRU¿PDDXVrQFLDGHHQYLRGRDSDUHOKR±PHGL-
dor – para o órgão competente para aferição técnica, o que por
conseguinte, a ausência dessas medidas, atrai o reconheci-
mento de uma produção de prova unilateral, a qual não é apta
para produzir os efeitos almejados pelas concessionárias, em
juízo ou fora dele.
Logo, a comprovação de que houve o recebimento
GDQRWL¿FDomRSUpYLDSHORFRQVXPLGRUpSUHVVXSRVWRGHYDOL-
dade do ato administrativo, necessário ao exercício dos atos
D5GH]PLOUHDLVSRUFRQVXPLGRU¿QDORQHUDQ-
do em duplicidade a concessionária, tendo em vista que deixa
de receber o valor apurado pelo TOI e ainda será compelida
a arcar com a indenização aos consumidores, mesmo sendo a
cobrança legítima na sua origem (vício ou fraude no medidor).
José Eduardo Rezende de Oliveira (OAB/MT - 26.596), Sócio
do Escritório Rezende & Almeida Advogados, Especialista em
Processo Civil pela Universidade Federal de Mato Grosso -
UFMT.
Alan Almeida Santos (OAB/MT- 27.462), Sócio do Escritório
Rezende & Almeida Advogados e graduado pela Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS - CAMPO GRANDE/
MS).
17
 TR I B UTÁ RI O E M F O CO
ADVOGADOS DEFENDEM
EFETIVIDADE DOS
MEIOS ALTERNATIVOS NA
RESOLUÇÃO DE CONFLITO NO
DIREITO
TRIBUTÁRIO
$SUHYHQomRGRVFRQÀLWRVRXDVROXomRDPLJiYHO
em matéria tributária têm sido objetos de discussões entre
os operadores do Direito, principalmente, em razão do
alto custo do litígio nesta área. Os sócios do escritório
Gargaglione & Costa, que há mais de 11 anos é reconhecido
pela sua atuação exclusiva em Direito Tributário, apontam
TXH RV PHLRV DOWHUQDWLYRV SDUD VROXomR GH FRQÀLWRV VmR
efetivos e garantem economicidade processual.
A advogada Lorena Gargaglione, sócia-fundadora
do escritório Gargaglione & Costa, relata que é crescente
D UHVROXomR GH FRQÀLWR WULEXWiULR QD YLD DGPLQLVWUDWLYD
mediante adesão das partes à solução das lides por meio
de mediação, arbitragem e conciliação, com estímulo do
contribuinte a autorregularização.
“A mudança de comportamento da Administração
Tributária, passa a considerar o alto custo do litígio
tributário, e levando em consideração esse cenário passa
a incluir maior previsão para o cumprimento espontâneo
das obrigações (principais e acessórias), acarretando maior
VLPSOL¿FDomR¿VFDO´DSRQWD
O advogado Yendis Costa, sócio-fundador do escri-
tório Gargaglione & Costa, avalia que prova disso é a Portaria
18
da PGFN/MT n. 11.496/2021, conhecida como Programa de
Retomada Fiscal, demonstra a tendência contemporânea a ser
seguida pelas administrações fazendárias do país.
A portaria em questão consiste no conjunto de me-
GLGDV YROWDGDV DR HVWtPXOR GD FRQIRUPLGDGH ¿VFDO UHODWLYD
aos débitos inscritos em dívida ativa da União e do FGTS.
E, a recente regulamentação de transação tributária com uso
GHSUHMXt]R¿VFDOSHOD3*)1YLD3RUWDULDQGHGH
julho de 2022.
“É importante resgatar que o Código de Processo
Civil brasileiro, promulgado em 2015, adota nova postura pro-
FHVVXDOSDUDPHOKRUUHVROXomRGHOLWtJLRVQDTXDOSDFt¿FDRHQ-
WHQGLPHQWR SHOD FHOHULGDGH WUDQVSDUrQFLD H¿FLrQFLD DWXDomR
colaborativa das partes envolvidas, minimização das demandas
judiciais e estímulo a solução consensual”, destaca Costa.
Ao analisar o diagnóstico do Contencioso Judicial
7ULEXWiULR %UDVLOHLUR HODERUDGR SHOR ,QVSHU ¿FD FODUR TXH RV
programas de conformidade tributária ainda são pouco utiliza-
dos no país, embora sua tendência seja crescente.
“O advogado tributarista tem papel de protagonis-
mo na construção desse cenário, mediante boa e harmônica
relação com Administração Fiscal, privilegiando o diálogo
 TRIBUTÁ RIO EM F O CO

Os advogados Yendis Costa e Lorena Gargaglione atuam com direito tributário,

principalmente, na área dos tributos que incidem sobre o agronegócio.

de modo a avançar nos temas sensíveis como a premiação
de bons pagadores de impostos e novos meios alternativos
GHUHVROXomRGHFRQÀLWRWULEXWiULRSHOD6HFUHWiULDVGH)D-
zenda dos Estados-membros”, reforça Lorena.
Os especialistas apontam a necessidade de a
advocacia ter hábito de promulgar o debate em torno dos
SULQFtSLRV FRQVWLWXFLRQDLV FRP DGRomR GH SROtWLFD ¿VFDO
preventiva, mediante atuação em conjunto das partes inte-
ressadas (Fisco x Contribuinte).
Outra indicação é que se fomente o diálogo como forma de
redução dos litígios tributários, sendo o advogado impres-
cindível na construção da justiça social, pois salvaguarda a
democracia, a cidadania e os direitos humanos.
“É importante desenvolver habilidades multidisci-
plinares que vão além do direito material tributário em si, a
advocacia tem o papel de buscar o equilíbrio na relação entre
Administração Tributária e o Contribuinte, para obtenção de
melhores resultados, garantindo, assim, a justiça tributária”,
pontua Yendis Costa.

19
 ARTI G O DE O P I NI ÃO

(IN)CONSTITUCIONALIDADES
DO DECRETO Nº 1.262/2017
E LEI Nº 10.818/2019 PARA
EXPORTAÇÃO EM MT
Por Yendis Costa

As exportações mato-grossenses de acordo com  &RPHIHLWRRTXHVHYHUL¿FDQDSUiWLFDpRLQGHYL-

Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços
(Mdic), registraram recordes com o consolidado primeiro
semestre de 2022, tornando-se o quarto maior exportador
brasileiro.
Entre os principais compradores do Estado de
Mato Grosso está a China, sendo um saldo da balança co-
mercial acumulada, de janeiro a maio, de US$ 12,2 bilhões,
que fez Mato Grosso abrir grande vantagem sobre dois Es-
tados: Minas Gerais e o Pará.
Apesar da clareza acerca das regras constitucio-
nais e legais que determinam a aplicação da imunidade
de ICMS nas operações de exportação, o Estado do Mato
Grosso, por meio da inovação trazida pelo Decreto nº 1.262
de 17 de novembro de 2017, cujo objetivo é o de instituir
“Regime Especial de Controle e Fiscalização das Opera-
ções com Fins de Exportação, consistente na permissão
SDUDDUHDOL]DomREHPFRPRQRFRQWUROH¿VFDOHHVSHFt¿FR
das operações a que se refere o art. 1º, com o objetivo de
acompanhar a movimentação das respectivas mercadorias
DWpDVXDHIHWLYDH[SRUWDomRHGHYHUL¿FDURFXPSULPHQWR
das correspondentes obrigações tributárias”.
Assim, os contribuintes têm que providenciar o
FUHGHQFLDPHQWRDRUHIHULGRUHJLPHGH¿VFDOL]DomRQDPH-
dida em que as obrigações acessórias exigidas são todas
cumpridas, em especial a comprovação da efetiva exporta-
ção das mercadorias e o recolhimento da contribuição FE-
THAB/FABOV.
Se não atendida a referida condição, não será cre-
denciado ao regime especial de exportação sendo obrigado
à efetivação do recolhimento do ICMS a cada operação (em
espécie) como se venda interna fosse desconsiderando-se a
real destinação da mercadoria (exterior).
do condicionamento do exercício de um direito assegurado
constitucionalmente – imunidade de ICMS – ao condicio-
namento de algumas obrigações acessórias ao Estado e ou-
tras entidades, o que se mostra inequivocamente contrário à
garantia imposta pela Constituição Federal que assegura a
não incidência de ICMS nas operações de exportação, sen-
do elas obrigatoriedade de recolhimento da contribuição ao
FETHAB/FABOV, a comprovação de histórico de operações
de exportação nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores
ao mês do requerimento de credenciamento e apresentação
de recolhimento de ICMS nos últimos 12 (doze) meses-ca-
lendário, imediatamente anteriores ao mês do requerimento
de credenciamento, com média mensal de 400 (quatrocentas)
UPF/MT, tais imposições totalmente inconstitucional e ile-
gal com os antigos e novos contribuintes que desejam iniciar
suas operações de exportação, que por lógica não tem histó-
rico/lastro de recolhimento de ICMS ou até mesmo aquelas
que gozam do regime do diferimento.
Portanto, aos produtores rurais e as empresas têm
EXVFDGR D WXWHOD GR 3RGHU -XGLFLiULR D ¿P GH TXH VHMD DV-
segurada a imunidade de ICMS nas operações de exporta-
ção, afastando-se a ilegal exigência das condicionamento ao
credenciamento no regime de exportação e do recolhimento
das mencionadas contribuições ao FETHAB e adicionais,
FABOV (gado), IMAmt (algodão) e IAGRO (soja) imposta
pela Lei Estadual nº 10.818/2019.
Yendis Costa é advogado, sócio-fundador do escritório Gar-
gaglione e Costa Advogados, especialista em Direito Tribu-
tário pelo Instituto Brasileiro de Estudos Tributários – SP.
Membro do Comitê Tributário da Sociedade Rural Brasilei-
ra. Membro da Associação Brasileira de Direito Tributário
e membro da Comissão de Direito Tributário – OAB MT.

20
 A RTI GO D E OP I NIÃO

AGRONEGÓCIO:
O IMPACTO DAS DECISÕES
DOS TRIBUNAIS SUPERIORES
EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA
Por Lorena Gargaglione

Celeiro do mundo, o Brasil é um dos principais prota-
gonistas da produção de alimentos no mundo. O PIB do agrone-
gócio, conforme dados do Cepea em parceria com CNA, cresceu
HP&RPH[SHFWDWLYDGHFUHVFLPHQWRDFHQWXDGRSDUD
próximos anos, sendo que em 2022 o resultado do agronegócio
EUDVLOHLURGHYHUiVHUDWpPDLRU-iDVDIUDGHJUmRVHUiUHFRUGH
FRPHVWLPDWLYDGHPLOK}HVGHWRQHODGDVXPYROXPH
maior do que em 2021.
Visando manter o crescimento saudável e constante
p QHFHVViULR TXH R FRQWULEXLQWH GR VHWRU ¿TXH DWHQWR jV MXULV-
prudências dos Tribunais Superiores que podem impactar nas
relações comerciais do agronegócio.
Dentre inúmeras decisões importantes para o seg-
mento destaco uma que tem tido maior impacto positivo para
Mato Grosso que é “a possibilidade de aproveitamento dos cré-
ditos presumidos de PIS/COFINS pelos cerealistas”.
Tema complexo que levou o Superior Tribunal de
Justiça a abordar conceito de “industrialização” textualizada no
artigo 4º, do Decreto Lei nº. 7212/2010, explanando sobre o pro-
FHVVRGHSURGXomRGHJUmRVDJUDQHOSDUD¿QVGHMXOJDUPDWpULD
com maior assertividade.
O objeto litigioso, nasce na restrição ilegal e arbitrária
da administração tributária federal, em não reconhecer o direito
à apuração do crédito presumido de PIS e COFINS, previsto no
caput do artigo 8º da Lei 10.925/2004, ao setor cerealista sob
infundado argumento de ausência de atividade industrial.
Pela leitura do artigo 4, do Decreto Lei nº. 7.212/10,
resta cristalino que a “atividade agroindustrial”, desenvolvida
pelo segmento cerealista, se equipara à atividade industrial. Diz
DFDEDPHQWRRXDDSDUrQFLDGRSURGXWREHQH¿FLDPHQWR´
 2 SURFHVVR GH EHQH¿FLDPHQWR LQF ,, DUW  '/ Qž
7.212/2010), se dá pela pré-limpeza, por vezes a secagem, nova-
mente limpeza e armazenagem de cereais constitui no recebimen-
to do produto pelo armazém cerealista com casca e/ou em espiga,
para retirada de impurezas, padronização e armazenamento do
grão, resultando no processo a ser seguido para obtenção de se-
mentes e grãos de alta qualidade.
Não há dúvida, portanto, que a empresa ao realizar pro-
FHVVRSURGXWLYRGHEHQH¿FLDPHQWRGHJUmRXWLOL]DQGRFRPSOH[DV
instalações, mediante o implemento de equipamentos especializa-
dos, obrigada por lei, decretos e instruções normativas a obedecer
DRVFULWpULRVWpFQLFRVTXHH[LJHDSUHVHQoDGHSUR¿VVLRQDLVFRP
formação correspondente - exerce atividade industrial.
Embora as decisões sobre o tema não tenham sido paci-
¿FDGDVRUHFHQWHHQWHQGLPHQWRGRV7ULEXQDLV6XSHULRUHVQRVWUD]
DOHQWRDRGHFLGLUTXHDVDWLYLGDGHVGHEHQH¿FLDPHQWRHQTXDGUDP-
-se no conceito de produção, razão pela qual faz jus ao crédito
presumido do PIS e da COFINS não-cumulativos, calculado sobre
a receita decorrente da venda no mercado interno ou da exportação
GRVSURGXWRVFODVVL¿FDGRVQRVFyGLJRVHPLOKRHVRMD
em grãos, respectivamente), apurado na forma do art. 8º da Lei nº
10.925/04 c/c o art. 56-A da Lei nº 12.350/10, acrescido pela Lei
nº 12.431/11.
Lorena Gargaglione é sócia fundadora do Gargaglione Costa Ad-
vogados, especialista em Direito Tributário, Pós-graduada em
Direito e Processo Tributário (FMP/RS), é mestranda em Direi-
o artigo 4: “Caracteriza industrialização qualquer operação que WR7ULEXWiULRH¿QDQoDV3~EOLFDV,'3$WXDFRPRFRQVHOKHLUD
PRGL¿TXHDQDWXUH]DRIXQFLRQDPHQWRRDFDEDPHQWRDDSUH- (VWDGXDOGD2$%070HPEUR&RQVXOWLYRGD&RPLVVmR(VSH-
VHQWDomRRXD¿QDOLGDGHGRSURGXWRRXRDSHUIHLoRHSDUDFRQ- cial de Direito Tributário do CFOAB.
VXPR WDO FRPR ,,  D TXH LPSRUWH HP PRGL¿FDU DSHUIHLoRDU (@gargaglionecosta)
ou, de qualquer forma, alterar o funcionamento, a utilização, o www.gargaglionecosta.com.br

21
 ARTI G O DE O P I NI ÃO
2 FRQVXPLGRU GHYH WHU SUXGrQFLD DR ¿QDQFLDU XP
veículo, em virtude do Decreto Lei n.º 911/69, artigo 3.º, que
GLVS}H³GHVGHTXHFRPSURYDGDjPRUDSRGHDLQVWLWXLomR¿-
nanceira requerer a apreensão do veículo”. Basta uma parcela
HPDWUDVRHDLQVWLWXLomR¿QDQFHLUDSRGHDMXL]DUEXVFDHDSUH-
ensão do veículo e fazer que o sonho vire pesadelo.
Mas o consumidor pode fazer uso do seu direito de defesa e
GDVFKDQFHVSDUDHYLWDUTXHDLQVWLWXLomR¿QDQFHLUDUHDOL]HD
DSUHHQVmRGRYHtFXOR$¿QDOGDVDo}HVGHEXVFDHDSUH-
ensão são feitas de forma ilegal e um advogado especialista na
área de direito bancário, tem mecanismos para solucionar o
problema e evitar a medida.
Quando há apreensão do veículo, a restituição só
ocorre após quitação plena do contrato no prazo de cinco dias
úteis, após o cumprimento do mandado. Assim, o valor da dí-
YLGD¿FDPDLRUGHYLGRjFREUDQoDGHMXURVFXVWDVSURFHVVXDLV
e honorários advocatícios, tornando-se mais difícil a quitação
do contrato.
O sistema bancário se aproveita da vulnerabilidade
dos consumidores superendividados e usam escritórios de co-
brança para aterrorizá-los. Infelizmente muitos consumidores
não conhecem seus direitos e no desespero acabam recorrendo
a empresas irregulares, que ao invés de ajudar acabam gerando
danos irreparáveis por péssima prestação de serviços na área
de Direito Bancário.
Para combater esses tipos de atividades irregulares
H SUHMXGLFLDLV j DWLYLGDGH SUR¿VVLRQDO GD DGYRFDFLD H OHVLYD
aos consumidores é que foi formada a Comissão de Direito
%DQFiULRGD$%$07TXHUH~QHH[FHOHQWHVSUR¿VVLRQDLVHV-
pecialista em Direito Bancário, que além de seus serviços tam-
bém produzem conteúdos informativos e esclarecedores que
podem ser acompanhados pelo Instagram: @direitobancatio.
abamt.
Devido minha atuação na área de Direito Bancário
há 17 anos, falo com convicção que existem mecanismos judi-
ciais como a ação de revisão contratual, e soluções extrajudi-
22
BUSCA E APREENSÃO:
NÃO FAÇA A ENTREGA
AMIGÁVEL DO SEU
VEÍCULO!
Por Angélica Anai
ciais para o consumidor pagar o banco e não perder seu veículo.
Dependendo do banco, ano do veículo, valor da en-
WUDGDYDORU¿QDQFLDGRGDWDGDDVVLQDWXUDGRFRQWUDWRHGDDV-
sessoria jurídica é possível pagar as parcelas em atraso, com
UHGXomR GH DWp  MXURV H FRP VHJXUDQoD SDUD QmR SHUGHU R
veículo.
Ao consumidor cabe analisar sua situação econômi-
ca, e questionar: se tem condições para pagar todas as parce-
ODVGR¿QDQFLDPHQWRTXHHVWmRHPDWUDVRRXTXLWDURFRQWUDWR"
&RPSHQVD ID]HU R UH¿QDQFLDPHQWR GHVVH FRQWUDWR" 4XDLV RV
MXURVGHVVDUHSDFWXDomRGHGtYLGD"9DOHDSHQDDHQWUHJDHTXL-
WDWLYDGRYHtFXOR"3DUDLVVRpQHFHVViULRRFRQVXPLGRUDQDOLVDU
com calma as opções para liquidar a dívida com a instituição
¿QDQFHLUDH[WUDMXGLFLDOPHQWHHREVHUYDUVHQmRHVWiDSHQDVSRV-
tergando o problema, que não será solucionado através dessas
opções.
 6H QHQKXPD VROXomR IRU VX¿FLHQWH p QHFHVViULR FRQ-
sultar um especialista na área de Direito Bancário, para que seja
adotada a melhor estratégia e evitar a busca, apreensão e perda do
YHtFXORSDUDDLQVWLWXLomR¿QDQFHLUD
Angélica Anai Ângulo é fundadora do Escritório Advocacia
Três As, com sede em Cuiabá. Especialista em Direito Ban-
cário, preside a Comissão de Direito Bancário da ABA/MT, é
membro da Comissão de Direito Bancário da OAB/MT e da
$VVRFLDomRGH0XOKHUHVGH1HJyFLRVH3UR¿VVLRQDLVGH&XLD-
bá/MT. Também apresenta o Programa Prosa Jurídica da Rá-
dio Metrópoles FM 105,9.
Instagram: @adv.angelica_advocaciatresas
@direitobancario.abamt
E-mail: angelicaanai@hotmail.com
Contato: 65 992184122/3666-4446
Endereço: Cuiabá/MT, Rua 10, Qd. 04, Casa 17, Bairro Jardim
das Oliveiras, CEP.: 78094-660.

PRÁTICAS
COLABORATIVAS NO
DIREITO EMPRESARIAL
Por Fabíola Sampaio
5HVROYHUFRQÀLWRVIRUDGRMXGLFLiULRMipXPDUHD-
lidade. A advocacia colaborativa ou práticas colaborativas,
que consiste em um método não adversarial de gestão de
FRQÀLWRV EDVHDGR HP GLiORJR H DERUGDJHP PXOWLGLVFLSOL-
nar, surgiu nos EUA na década de 1990, quando um advo-
gado de direito de família resolveu dedicar-se a construção
de um acordo fora do judiciário, com a participação de uma
equipe multidisciplinar, criando uma nova forma de atuar
QDJHVWmRGHFRQÀLWRV
 1R%UDVLOHPXPJUXSRGHSUR¿VVLRQDLVFROD-
borativos do Rio de Janeiro e de São Paulo, recebeu o prêmio
Innovare, na categoria Advocacia, com o texto: “Práticas Co-
laborativas no Direito de Família”, e a partir daí criaram o Ins-
tituto Brasileiro de Práticas Colaborativas – IBPC, e passaram
DFDSDFLWDUSUR¿VVLRQDLVHGLIXQGLURPpWRGR
As práticas colaborativas se diferenciam dos ou-
WURVPpWRGRVDOWHUQDWLYRVGHUHVROXomRGHFRQÀLWRVSRLVWHP
como princípios basilares: a multidisciplinariedade da equi-
SHTXHpFRPSRVWDSRUDGYRJDGRHRXWURVSUR¿VVLRQDLVQH-
cessários para uma melhor construção da solução, podendo
VHUHVSHFLDOLVWDHP¿QDQoDVQRVFRQÀLWRVHPSUHVDULDLVHGD
iUHDGHVD~GHPHQWDOQRVFRQÀLWRVGHIDPtOLDHVXFHVVmR
e o compromisso formal entre os advogados das partes de
não litigância, ou seja, eles comprometem-se a não patroci-
nar a demanda judicial objeto do pacto colaborativo, que se
for necessário, deve ter como patronos advogados diversos
GDTXHOHVTXHDWXDUDPFRPRSUR¿VVLRQDLVFRODERUDWLYRV
No direito empresarial a utilização das práticas
FRODERUDWLYDVPRVWUDVHPXLWRH¿FLHQWHSRLVJHUDYDORUHVH
EHQHItFLRVPXLWRDOpPGDUHVROXomRGRFRQÀLWRWDLVFRPR GHVVHPpWRGRLQRYDGRUHH¿FLHQWH
UHGXomRGRFXVWR¿QDQFHLURGDGHPDQGDKDMDYLVWDTXH
as partes deixam de arcar com os valores expressivos de
custas judicias ou de arbitragem;
- redução do tempo de duração: optando pelas práticas co-
laborativas as partes já iniciam a negociação com o “ani-
A RTI GO D E OP I NIÃO
PXV´GDVROXomRSRVVLELOLWDQGRTXHVHOLEHUHPGRFRQÀLWR
com maior rapidez;
PHQRUGHVJDVWHHPRFLRQDOSRLVFRQWDPFRPSUR¿VVLRQDLV
que irão auxiliar as partes a separarem as pessoas dos pro-
blemas;
- mantém as partes no controle do processo, já que cabe a
HODV DWUDYpV GD RULHQWDomR GRV SUR¿VVLRQDLV HQYROYLGRV
a celeridade no processo de negociação e construção da
solução;
- evita publicidade e exposição negativa da empresa e dos
VyFLRVSRLVGHVGHRLQtFLRp¿UPDGRXPDFRUGRGHFRQ¿-
GHQFLDOLGDGHLQFOXVLYHHQWUHRVSUR¿VVLRQDLVHQYROYLGRV
- preserva parcerias e negócios, pois durante todo o processo
DV SDUWHV WHUmR R DX[tOLR GH SUR¿VVLRQDLV HVSHFLDOL]DGRV
que ajudarão na busca de uma solução viável para a pre-
servação da relação entre as pessoas e o menor impacto
possível para a empresa e o negócio;
- foco na solução do problema e não do litigio, pois utiliza-se
GRGLiORJRFRPRSULQFLSDOIHUUDPHQWDSDUDDLGHQWL¿FDomR
real do problema, sem polarizar questões entre as partes.
 ,PSRUWDQWH TXH RV DGYRJDGRV DR LGHQWL¿FDUHP
a possibilidade de aplicação das práticas colaborativas no
direito empresarial, apresentem-na a seus clientes como al-
WHUQDWLYDSDUDDUHVROXomRGRFRQÀLWRHDVVLPSURSRUiXPD
solução que por certo se dará de forma mais dinâmica, eco-
nômica, humanizada e duradoura.
 3RU¿PpQHFHVViULRTXHWRGRVRVSUR¿VVLRQDLVHQ-
volvidos tenham sido devidamente capacitados em práticas
colaborativas, e possam assim obter os melhores resultados
Fabíola Sampaio é advogada, MBA em Direito Empresarial
pela FGV, Especialista em Energia, Saneamento e Mine-
ração e Capacitada em Práticas Colaborativas pelo IBPC
(Instituto Brasileiro de Práticas Colaborativas).
23
 ARTI G O DE O P I NI ÃO
O STF iniciou, no dia 03/08/2022, o julgamento
do Agravo em Recurso Extraordinário nº 843989, cujo re-
VXOWDGR¿[DUiDWHVHSDUDR7HPDQžGD5HSHUFXVVmR
Geral, devendo ser replicado por todos os órgãos do Poder
Judiciário de modo vinculante, afetando milhares de pro-
FHVVRVDRORQJRGRSDtVHGHPRGRUHÀH[RQDVHOHLo}HVTXH
ocorrerão em outubro.
O julgamento trará grandes impactos nos proces-
VRVSRU$WRGH,PSURELGDGH$GPLQLVWUDWLYDSRLVGH¿QLUiD
eventual (ir)retroatividade da Lei nº 14.230/2021, em espe-
cial, em relação (1) a necessidade da presença do elemento
O JULGAMENTO
DO ANO NO STF
ARE Nº 843989
Por Pedro Taques
Min. Gilmar Mendes na RCL nº 41.557, e nos julgamentos
GR 67- QR 5(VS Qž 07 5HO 0LQ 6pUJLR .XNL-
na, e no RMS nº 65.486/RO, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, além de ser o entendimento predominando na Pri-
meira (N.U 0004657-13.2016.8.11.0011) e Segunda (N.U
1007210-44.2019.8.11.0000) Câmara de Direito Público e
Coletivo do TJ/MT.
Além disso, o art. 9º do Pacto de São José da Costa
Rica, Decreto nº 678/1992, prevê a retroatividade da norma
PDLVEHQp¿FDVHPGHOLPLWDomRSDUDDOHLGHQDWXUH]DSHQDOR
que, somado ao entendimento do próprio STF de que a con-
VXEMHWLYRGRORSDUDDFRQ¿JXUDomRGRDWRGHLPSURELGDGH
administrativa; e (2) a aplicação dos novos prazos de pres-
crição geral e intercorrente.
É certo que o art. 5º, XL, da Constituição Federal
estabelece, de modo expresso, apenas a possibilidade de re-
WURDWLYLGDGHGD³OHLSHQDO´PDLVEHQp¿FD
Todavia, não há como negar a origem comum dos
subsistemas sancionatórios (penal e de improbidade admi-
nistrativa), derivados do poder punitivo estatal e diferencia-
dos apenas por uma opção da própria sociedade, o que lhes
impõe a aplicação da mesma base principiológica, apta a
venção possui status de norma supralegal, impõe a aplicação
retroativa da Lei nº 14.230/2021, dada a omissão do legisla-
dor ordinário.
Esse quadro principiológico e normativo, portanto,
orienta que o julgamento do ano no STF, apesar de estar em-
patado na data do fechamento do presente artigo (1x1), deve
FRQ¿UPDUDUHWURDWLYLGDGHGD/HLQž
Pedro Taques é advogado, Professor de Direito Constitucio-
nal, Processual Penal e Econômico (1999/2011), à convite
da Embaixada dos EUA participou, naquele país, de curso
proteger os administrados de excessos do Estado. VREUH ODYDJHP GH GLQKHLUR  &XUVR FRP rQIDVH HP
Isso porque, apesar da ação de improbidade ad- Criminalidade Econômica e Transnacional na Univer-
ministrativa não impor uma restrição da liberdade de loco- sidade de Salermo – Itália (2000), com forte atuação em
moção do sancionado, atinge outros direitos e liberdades in- 'LUHLWR&RQVWLWXFLRQDO3HQDOH3~EOLFR3URFXUDGRUGR(V-
dividuais de extrema necessidade, quais sejam: patrimônio, WDGRGH6mR3DXOR3URFXUDGRUGD5HS~EOLFD
trabalho e honra.  3URFXUDGRU 5HJLRQDO GD 5HS~EOLFD HP 6mR
Esse entendimento já vem sendo adotado pelo 3DXOR6HQDGRUGD5HS~EOLFD*R-
Poder Judiciário em outras demandas, como no voto do vernador do Estado de Mato Grosso (2015/2018).

24
 I M PACT O S DA EM ENDA C ONS TITUC IONA L 12 5
RELEVÂNCIA EM RECURSO
ESPECIAL REFORÇA
OBJETIVIDADE DOS TEMAS
DISCUTIDOS NO STJ
Depois de 10 anos de tramitação, em 14 de julho
de 2022, foi aprovada a Emenda Constitucional nº 125, que
WUDWDGR¿OWURGHUHOHYkQFLDSDUDDGPLVVLELOLGDGHGH5HFXU-
VRV(VSHFLDLV$3(&GD5HOHYkQFLDFRPR¿FRXFRQKHFLGD
EDVHLDVHQD¿QDOLGDGHGHGHVFRQVWUXLUDDWXDomRGR6XSH-
rior Tribunal de Justiça (STJ) como 3ª instância revisora em
processos que não excedam o interesse pessoal das partes
integrantes.
A EC 125 deve resultar em um descongestiona-
mento nos trabalhos desempenhados pelo STJ, o que con-
sequentemente passará a exercer uma função mais concen-
trada no âmbito constitucional e ainda, com maior atuação
nas questões de alta complexidade na esfera jurídica de
interesse nacional.
 'DGRVGR67-GHPRQVWUDPTXHGRVSURFHV-
sos distribuídos na Corte, de janeiro a julho de 2022, são
recursos (Recurso Especial – Resp; e Agravo em Recurso
Especial AREsp) somando 179.027 mil processos, de um
total de 234.522 mil admitidos no período.
O recurso especial é considerado um remédio
processual indispensável para a apreciação de temas jurí-
dicos, discutindo, com isso, o direito objetivo, ou seja, a
violação à norma infraconstitucional ou a divergência de
entendimentos entre os tribunais.
Segundo o advogado Breno Miranda, especialista
em processo civil e com atuação nos tribunais superiores,
“a relevância, agora exigida pela emenda constitucional nº
125, para a análise do recurso especial, trona-se um dos
Breno Miranda
requisitos de admissibilidade do apelo especial, tais como,
a tempestividade, o interesse de agir, o preparo recursal, a
adequação e cumprimento de todas as formas prevista na lei
processual”.
O advogado pontua que “na prática, ao redigir um
recurso especial, o advogado deverá obrigatoriamente de-
monstrar, em tópico próprio, a relevância da matéria que será
WUDWDGDQDSHoDFRPD¿QDOLGDGHGHTXHR7ULEXQDOGD&LGD-
dania admita o recurso e faça a análise meritória da questão
jurídica violada”.
Nesse contexto, o especialista explica que para au-
mentar as chances de o Recurso Especial passar pelo crivo da
admissibilidade, é essencial pesquisar a Jurisprudência apli-
cada ao caso concreto, bem como a defendia pelo STJ, sen-
do necessário, uma instrução dinâmica e assertiva, por parte
do advogado, no que diz respeito a relevância da matéria do
ponto de vista social, econômico, político, sempre embasado
nos termos da lei.
Quanto a admissão do Recurso Especial, está será
examinada pela Corte (STJ), o qual somente pode dele não
conhecer com base nos critérios de admissibilidade, através
da manifestação de 2/3 (dois terços) dos membros.
Em síntese, vale a pena ressaltar que a emenda
promulgada, possibilitará a sistematização racionalizada dos
trabalhos do STJ, preservando os direitos e garantias consti-
tucionais, bem como a celeridade processual necessária para
o julgamento dos recursos distribuídos no Tribunal Superior.
25
 ARTI G O DE O P I NI ÃO
Por Bruno Balata
E Rogério Crepaldi
Em tese, os parques estaduais deveriam ser lu-
gares onde a preservação da vida - em suas mais distintas
formas - deveria ser promovida, mas não é bem isso o que
acontece em Mato Grosso e em muitas unidades da federa-
ção. E isso porque, a criação desses locais se deu em desres-
peito à legalidade e até mesmo em desconformidade com a
própria Constituição.
Resultado disso não poderia ser outro. E a gama
de insegurança jurídica, questionamentos em torno de de-
marcações, além de desrespeitos a direitos de propriedade
são alguns dos temas que têm sido pano de fundo para im-
bróglios que vem provocando o Poder Judiciário, principal-
mente na última década.
Para se ter ideia, em Mato Grosso na década de
1990, principalmente no governo Dante de Oliveira, foram
criados quase vinte parques estaduais, muitos deles com o
SURSyVLWR SROtWLFR H HFRQ{PLFR GH EXVFDU FDSWDomR GH ¿
nanciamentos estrangeiros, para os quais os bancos exigiam
como garantia as reservas legais. A mentalidade à época –
principalmente dos países europeus – se baseava na “pre-
VHUYDomR´GDVÀRUHVWDVLQWDFWDVGHPRGRHVSHFLDOQR%UDVLO
O mecanismo para captar dinheiro estrangeiro,
então gerou uma série de problemas de ordem econômica
e social que perduram até hoje, e cujas soluções não estão
sendo discutidas pelos atores políticos.
A inconstitucionalidade e sérias irregularidades
perduram, já que os decretos que criaram os parques esta-
duais em áreas federais usurparam competência da União.
Grande parte desses locais está em região de fronteira, o
que em Mato Grosso é um problema de ordem estratosféri-
ca.
No arcabouço das incertezas, reside ainda a de-
FODUDGD LQVX¿FLrQFLD GR (VWDGR SDUD LQGHQL]DU DV IDPtOLDV
que tiveram suas propriedades inviabilizadas pela criação
26
A INSEGURANÇA
JURÍDICA DOS
PARQUES ESTADUAIS
EM MATO GROSSO
dos parques. Além disso, a inércia dos Poderes para regu-
larizar a situação dessas áreas mantém o status de prejuízo
que milhares de famílias vivem, porque em algum momento
R(VWDGRUHVROYHXWUDQVIRUPDUÀRUHVWDHPPRHGDGHWURFD±
mas a remuneração de fato, nunca aconteceu.
Não se trata aqui de repudiar a existência dos par-
ques estaduais ou das reservas legais. Contudo, seu fomen-
to exige cumprimento de requisitos legais, entre os quais, a
realização de audiências públicas, consultas, indenização, e
nada disso aconteceu em Mato Grosso. Diante disso, tem so-
brado ao Poder Judiciário dar soluções para a falta de plane-
jamento político-ambiental.
Vale ressaltar que existe uma nova mentalidade
sobre preservação ambiental que se manifesta, inclusive no
novo Código Florestal (Lei 12.651/12), destacando-se a im-
portância da função estratégica da agropecuária e do papel
GDV ÀRUHVWDV H GHPDLV IRUPDV GH YHJHWDomR QDWLYD QD VXV
tentabilidade, no crescimento econômico, na melhoria da
qualidade de vida da população brasileira e na presença do
país nos mercados nacional e internacional de alimentos e
bioenergia.
Oras, a continuidade dos parques estaduais como
estão, desrespeitam o próprio Código Florestal brasileiro,
pois ao invés de colocar o Estado e o país em um ponto estra-
tégico, impede que os moradores prejudicados pelas demar-
cações possam empreender, principalmente, na produção de
alimentos, seja no agronegócio, seja na agricultura familiar.
Além do mais, o próprio Código Florestal, prevê a
H[LVWrQFLDGDVUHVHUYDVGHÀRUHVWDQDVSURSULHGDGHVUXUDLVR
que permite o cumprimento de outro princípio basilar para o
direito ambiental e que está expresso no artigo 225 da Consti-
WXLomR)HGHUDOTXHD¿UPDRGLUHLWRGHWRGRVDRPHLRDPELHQ
te ecologicamente equilibrado.
O equilíbrio, por sua vez, consiste não apenas na
IXQGDPHQWDO H LQGLVSHQViYHO SUHVHUYDomR GD ÀRUD IDXQD
água, solo, assim como também da vida humana que nessas
regiões tiram seu sustento e ajudam a alimentar milhares de
pessoas. É urgente uma solução para os parques estaduais em
0DWR*URVVRSDUDTXHVHYHQoDPGH¿QLWLYDPHQWHDVLQVHJX
ranças, desequilíbrios e ilegalidades desses locais.
Bruno Balata e Rogério Crepaldi são advogados em
Mato Grosso e atuam nas áreas de direito ambiental e
agronegócio.

MT estabelece nova regra
de cálculo das taxas
sobre licenças para
exploração mineral
A Lei estadual nº 11.848 passou a vigorar em ju-
lho de 2022 e alterou regras da Lei nº 11.179/20, em relação
jIRUPDGHFiOFXORSDUDFREUDQoDGHWD[DGH¿VFDOL]DomRGD
Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SEMA-MT) sobre
as atividades de extração mineral em Mato Grosso, em re-
gime de licenciamento.
Antes, o cálculo do preço para análise do pedido
de licenças seja para autorização/concessão ou extração, in-
cluindo drenagem, era feito de acordo com a área utilizada
e o valor leva em consideração preço das licenças em UPF/
MT mais o valor da área requerida para a extração em cada
fase do licenciamento.
M I NERAÇ ÃO EM F OCO
lados de acordo com a área utilizada em hectares – não mais
em relação à área requerida.
“Sendo assim, o custo para emissão de cada uma
das licenças ambientais (LP, LI, LO, LOPM e LOP) será cal-
culado pela seguinte fórmula: Pr (UPF)=15,0 + (0,35X Au-
til); *Pr= preço das licenças em UPF/MT; *Autil= área utili-
]DGDQROLFHQFLDPHQWRHPKHFWDUHV´GH¿QHDQRYDOHJLVODomR
Art. 2º Ficam alterados os itens 3.1.1 e 3.1.2, bem
como acrescentados os itens 3.1.1.1 e 3.1.1.2 ao Anexo III da
Lei nº 11.179, de 24 de julho de 2020, os quais passam a vi-
gorar com a seguinte redação: “(...) 3) Atividades Florestais:
3.1 Queima Controlada: 3.1.1 Autorização de Queima Con-
“Agora, a nova legislação traz alterações impor- WURODGD,PyYHLVGHDWpPyGXORV¿VFDLV3U83)
tantes na forma do cálculo, porque impõe um limite de 200 = 1 + (0,02 x Areq.) *Pr = preço das licenças em UPF/MT; *
hectares para a formulação da cobrança da taxa a ser paga Areq. = área requerida (em hectare). 3.1.1.2 Imóveis acima
à Sema-MT. E o cálculo leva em consideração a área uti-
3U 
lizada e não mais a requerida, aferindo com mais precisão
e isonomia os valores decorrentes do uso de fato da área
destinada à extração”, explica a advogada Naiara Boscolli,
especialista em Direito Mineral.
O novo dispositivo estadual estabelece que nas
DWLYLGDGHV GH H[WUDomR H EHQH¿FLDPHQWR GH EHQV PLQHUDLV
de quaisquer espécies, e qualquer tipo de direito minerário,
os custos para emissão das licenças ambientais serão calcu-
GHPyGXORV¿VFDLV3U83) [$UHT
preço das licenças em UPF/MT; * Areq. = área requerida (em
hectare). 3.1.2 - Renovação de Autorização de Queima Con-
trolada: Pr (UPF) = 2,0 *Pr = preço das licenças em UPF/MT.”
Art. 3º Fica revogado o item 1.2 do Anexo III da
Lei nº 11.179, de 24 de julho de 2020. Art. 4º
Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Palácio Paiaguás, em Cuiabá, 27 de julho de 2022, 201º da
Independência e 134º da República.
27
 M I N E R AÇ ÃO E M F O C O

Taxas estaduais constitucionais Segundo o PV, a invocação da urgência sem a devida

fundamentação ofenderia o devido processo legislativo, por en-
 26XSUHPR7ULEXQDO)HGHUDO67)¿UPRXRHQWHQGL curtar o debate e dispensar a apresentação de pareceres das co-
mento de que os Estados têm competência para instituir taxas missões.
GHFRQWUROHPRQLWRUDPHQWRH¿VFDOL]DomRVREUHDVDWLYLGDGHVGH Ao votar pela improcedência do pedido, o relator, minis-
pesquisa, lavra, exploração e aproveitamento de recurso mine- WUR(GVRQ)DFKLQD¿ UPRXTXHDSUySULD&RQVWLWXLomRGD5HS~
rários (TFRM). blica faculta ao Regimento Interno do Congresso a possibilidade
 $GHFLVmRIRL¿UPDGDQRMXOJDPHQWRGDV$o}HV'LUHWDV de reduzir certas formalidades para a aprovação de projetos de
de Inconstitucionalidade (ADIs) 4785, 4786 e 4787, ajuizadas lei. Segundo o ministro, apesar da relevância das comissões, não
pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) contra leis dos KiQRWH[WRFRQVWLWXFLRQDOQRUPDTXHGH¿ QDRPRPHQWRGHVXD
Estados de Minas Gerais, Pará e Amapá. intervenção ou quais delas devem se manifestar para a aprovação
 2FROHJLDGRHQWHQGHXTXHEDVHGHFiOFXOR¿[DGDREH de projetos de lei.
dece ao princípio constitucional da proporcionalidade e consi- O PV formulou pedido incidental nos autos visando
derou possível, nos três casos, que a taxa seja baseada na pre- suspender o regime de urgência aprovado para o PL 191/2020,
VXQomR GR FXVWR GD ¿VFDOL]DomR SRUTXH R {QXV WULEXWiULR DR que dispõe sobre mineração em terras indígenas. Mas, diante da
patrimônio do contribuinte está graduado de acordo com o fatu- GHFLVmRGHPpULWRGDDomRHVVHSHGLGR¿ FRXSUHMXGLFDGR)RQWH
ramento do estabelecimento, com o grau da poluição potencial STF)
ou com a utilização de recursos naturais. (Fonte: STF)
PDL nº 30 contra Pró-Mape
Regime de urgência constitucional
Tramita no Congresso Nacional o Projeto de Decre-
Dispositivos dos Regimentos Internos do Senado Fe- to Legislativo nº 30, de 2022, que propõe sustar o Decreto nº
deral e da Câmara dos Deputados que disciplinam o regime de 10.966/22, que havia instituído o Programa de Apoio ao Desen-
urgência na tramitação de processos legislativos foram julgados volvimento da Mineração Artesanal e em Pequena Escala e a Co-
constitucionais pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O enten- PLVVmR,QWHUPLQLVWHULDO3Uy0DSHFULDGRVREDMXVWL¿FDWLYDGH
GLPHQWRIRL¿UPDGRQRMXOJDPHQWRGD$omR'LUHWDGH,QFRQVWLWX estimular o desenvolvimento da mineração artesanal e em peque-
cionalidade (ADI) 6968, ajuizada pelo Partido Verde (PV). na escala por meio de políticas públicas setoriais.

28
 M I NERAÇ ÃO EM F OCO

Naiara Boscoli Venancio Moraes é Pós-graduada em Direito da Mineração, Direito Administrativo e pós-graduanda
em Direito do Agronegócio; é presidente da Câmara Setorial Temática da Mineração na ALMT; presidente da Comissão
Nacional de Direito Minerário da ABA; presidente da Comissão de Direito Minerário e de Base Mineral da OAB-MT

Os parlamentares sustentam que o decreto “vai na O decreto também autoriza o comércio de produtos quími-
contramão das melhores práticas do desenvolvimento sus- cos orgânicos e inorgânicos, incluídas as suas composições,
tentável e representa ameaça à preservação ambiental e aos fabricados à base de lítio, de lítio metálico e das ligas de lítio
povos indígenas”, conforme trecho e de seus derivados.
 2VFRQJUHVVLVWDVDOHJDPTXHDYHUGDGHLUD¿QDOLGD O mesmo decreto também revogou os Decretos n°
de do decreto é “estimular” o garimpo ilegal na região da 2.413/97 e 10.577/20, que dispunham sobre as atribuições
Amazônia Legal. “A falta de compromisso do Planalto com da Comissão Nacional de Energia Nuclear nas atividades de
a agenda ambiental é visível e chama a atenção no mundo industrialização, importação e exportação de lítio e seus de-
inteiro. Segundo o Instituto do Homem e Meio Ambiente da rivados.
Amazônia (Imazon), o desmatamento na Amazônia em 2021
IRLRSLRUHPGH]DQRVVHQGRPDLRUGRTXHQRDQRDQWH
rior. Em conclusão, convicto do mérito desta iniciativa parla- Exploração mineral
mentar, submeto esta proposição aos demais Deputados e Se-
nadores, esperando contar com o apoio necessário para sua Dentre as importantes alterações nas legislações
aprovação. Sala das Sessões, em 14 de fevereiro de 2022”, que disciplinam o setor de exploração mineral no Brasil, o
pontua o documento. *RYHUQR)HGHUDOSXEOLFRXR'HFUHWRQƒTXHGH¿
Programa Nacional de Hidrogênio ne a Agência Nacional de Mineração como responsável para
O Conselho Nacional de Política Energética HVWDEHOHFHUFULWpULRVVLPSOL¿FDGRVSDUDDQiOLVHGHDWRVSUR
(CNPE) publicou a Resolução nº 6, de 23 de junho de 2022, cessuais e procedimentos de outorga, principalmente para os
que institui o Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2) e
empreendimentos de pequeno porte ou aproveitamento de
estabelece a estrutura de governança do programa.
sustâncias minerais.
A medida visa desburocratizar os procedimentos e
Exportação de lítio liberada estimular o empreendedorismo no segmento no país. Além
GLVVRRGHFUHWRGH¿QHTXHDDWLYLGDGHGHPLQHUDomRDEUDQJH
O Governo Federal publicou o Decreto nº 11.120, SHVTXLVD ODYUD GHVHQYROYLPHQWR GD PLQD EHQH¿FLDPHQWR
de 5 de julho de 2022, que permite as operações de comércio transporte, comercialização dos minérios, aproveitamento,
exterior de minerais e minérios de lítio e de seus derivados. assim como o armazenamento de estéreis e rejeitos.

29
 ARTI G O DE O P I NI ÃO

POLÍTICA MINERAL
BRASILEIRA MARCA
NOVO RUMO PARA O
SETOR NO PAÍS
Por Naiara Boscoli

A publicação do Decreto nº 11.108, de 29 de VXPR¿QDOVHQGRRVHWRUVHUUHVSRQViYHOSHORVXSULPHQWRGH

junho de 2022, proporcionou importante avanço no mar-
co regulatório do setor mineral no país, criando a Política
Mineral Brasileira (PMB) e o Conselho Nacional de Políti-
ca Mineral, o que representa um estímulo para que o setor
tenha uma nova realidade organizacional nas próximas três
décadas.
Com a pressão político-econômica internacio-
nal e nacional para que o segmento tenha regras cada vez
mais transparentes, a instituição da política se baseia em
princípios que fortalecem a atividade econômica alinhada
à sustentabilidade e uso consciente dos recursos naturais e
sustentabilidade socioambiental.
Destaca-se entre os princípios da PMB o estimula
à pesquisa, ao desenvolvimento tecnológico, à inovação, ao
extensionismo tecnológico e ao empreendedorismo. Neste
sentido, o decreto também preza pela agregação de valor
aos bens minerais, o que indica a pontual necessidade de o
país promover mais industrialização mineral.
O decreto estabelece também como princípios a
ampliação da competitividade do país no mercado interna-
cional; o estímulo ao desenvolvimento regional e à diver-
VL¿FDomRHLQWHJUDomRHFRQ{PLFDORFDORUHVSHLWRjFXOWXUD
e às vocações locais, às condições adequadas de trabalho e
aos direitos humanos.
Quanto ao planejamento, o art. 3º do Decreto nº
11.108/22 estabelece os instrumentos da Política Mineral
%UDVLOHLUDHGH¿QHTXHD30%GHYHVHHVWDEHOHFHUDORQJR
prazo no país, vislumbrando um cenário de trinta anos.
Essa característica é fundamental, porque em um
setor no qual se demanda alto investimento e tempo para a
pesquisa, extração e processamento do mineral até ao con-
insumos essenciais, a previsibilidade e segurança jurídica são
indispensáveis à atração de novos investidores e garantia de
continuidade aos que estão em atividade.
 2 TXH VH HVSHUD D SDUWLU GR GHFUHWR p D GH¿QLomR
do Plano de Metas e Ações, que será desenvolvido pelo Mi-
nistério de Minas e Energia, e que será revisto a cada dois
anos. Também caberá ao ministério rever o PNM a cada cin-
co anos.
O decreto também criou o Conselho Nacional de
Política Mineral, que atuará no assessoramento da presidên-
cia da República, na formulação de política e diretrizes para
o desenvolvimento do setor mineral brasileiro.
 $RFRQVHOKRFRPSHWHGH¿QLUGLUHWUL]HVHOHQFDUDV
prioridades, promover articulação, integração e o alinhamen-
to de planos, programas e ações do setor mineral, entre outras
atribuições estratégicas para o setor.
A atenção dada ao setor, por meio da criação da
Política Mineral Brasileira, é sem dúvidas, uma questão fun-
damental para que o país continue a se desenvolver e a alcan-
oDUPHWDVFDGDYH]PDLVDVVHUWLYDVD¿QDOVyHPKRXYH
DXPHQWRGHGDVULTXH]DVJHUDGDVSHORVHJPHQWRDQWHR
ano anterior, atingindo R$ 339 bilhões, conforme dados do
Instituto Brasileiro de Mineração.
Naiara Boscoli é fundadora do Escritório Naiara Boscoli Ad-
vocacia. É pós-graduada em Direito Administrativo (IDP), pós-
-graduada em Direito da Mineração (CEDIN), pós-graduada
em Direito do Agronegócio pela Fundação Escola Superior do
0LQLVWpULR3~EOLFRHSUHVLGHD&RPLVVmR1DFLRQDOGH'LUHLWR0L
nerário da Associação Brasileira de Advogados e Presidente da
Comissão de Direito Minerário e de Base Mineral da OAB-MT.

30

Lívia Quintieri Rafael Pereira
RESILIÊNCIA E APERFEIÇOAMENTO:
O CAMINHO DAS MULHERES NO
MUNDO DA LIDERANÇA
Mulheres que ocupam cargos de liderança no Brasil
ainda é uma realidade distante da ideal para se alcançar a equidade
entre os gêneros nos espaços de poder e de tomada de decisões.
3HVTXLVD GD *UDQW 7KRUQWRQ DSRQWD TXH DSHQDV  GRV FDUJRV
estratégicos das empresas brasileiras estão ocupados por mulheres,
um indicador que demonstra que essa discussão ainda tem um im-
portante caminho a ser percorrido.
Cabe a todos nós, homens e mulheres, incentivar que
mulheres assumam posições de liderança para que a voz feminina
seja ativa na construção do futuro de uma sociedade mais justa e
com igualdade.
Mas para que isso aconteça é fundamental saber o que é
liderança. O que é ser uma líder e como desenvolver a liderança. O
SHQVDGRUQRUWHDPHULFDQR-DPHV&+XQWHUGH¿QHTXHOLGHUDQoDp
D³KDELOLGDGHGHLQÀXHQFLDUSHVVRDVSDUDWUDEDOKDUHPHQWXVLDVWLFD-
PHQWHYLVDQGRDWLQJLUREMHWLYRVFRPXQVLQVSLUDQGRFRQ¿DQoDSRU
meio da força do caráter”.
A líder gera coesão, inspira participação e mostra o ca-
minho a ser seguido, por isso, deve ser uma visionária. Suas ideias
grandiosas e sensatas fazem com que as pessoas a sigam rumo a
XPDYLVmRSRUHODGH¿QLGD
Outra característica da líder é a resiliência, que a per-
mite resistir às pressões e não perder a capacidade de se reinven-
tar. A liderança exige se adaptar às mudanças, transformando as
incertezas em oportunidades e os riscos em novas ideias que os
minimizem ou que os eliminem.
No dicionário da mulher Líder não existe a palavra
“fracasso”. Podemos observar que grandes líderes na história en-
tenderam isso na prática, a exemplo de Thomas Edson, um grande
exemplo de resiliência. Famoso por ter inventado a lâmpada in-
A RTI GO D E OP I NIÃO
Gabriela Tomain
FDQGHVFHQWH (GVRQ HQIUHQWRX JUDQGHV GHVD¿RV 1mR IRL QDGD IiFLO
FKHJDUOi$WpFRQVHJXLUFKHJDUQDYHUVmRGH¿QLWLYDGDOkPSDGDLQ-
candescente, ele acumulou diversos fracassos. Devido a tantas tenta-
tivas fracassadas, perguntaram para ele se não era melhor desistir e
ele respondeu: “Eu não fracassei. Descobri somente 2500 materiais
que não funcionam.”
Soichiro Honda, também, é outro grande exemplo de li-
derança com resiliência e isto se pode perceber, inclusive, do seu
FRQFHLWRGHVXFHVVR3DUDHOH³VXFHVVRUHSUHVHQWDRGRVHXWUDED-
OKRTXHUHVXOWDGRVRXWURVFKDPDGRVGHIUDFDVVR´
A líder abandona, voluntariamente, a sua zona de con-
forto, não espera o “queijo apodrecer” para mudar e inovar. Seu
sobrenome é “inovação”. Está sempre em busca de algo que agregue
valor às pessoas à sua volta. Sua maior dúvida é: como posso superar
DVH[SHFWDWLYDV"
Pois bem! A liderança é uma habilidade e, portanto, pode
ser desenvolvida. Embora a descrição de uma líder possa fazer crer
que se trata de uma super-humana, na verdade, qualquer um pode,
com o treinamento correto e com tempo de dedicação, se tornar uma
verdadeira líder, apta a inspirar muitas pessoas, como têm feito gran-
des mulheres registradas na história e tantas outras que fazem parte
do nosso dia a dia, muitas delas de forma anônimas, mas todas com
a incrível capacidade de executar com maestria seus deveres e sem
jamais perder a capacidade de se reinventar e de se aperfeiçoar.
Lívia Quintieri, Gabriela Tomain e Rafael Pereira são advogados e
sócios do escritório Tomain Pereira Quintieri Advogados, que tem
atuação em Mato Grosso nas áreas de direito do Agronegócio, Fa-
mília e Sucessões, Empresarial e Administrativo. Mais informa-
ções: tomainpereiraquintieri.adv.br
31
 I N VE S T I M E NT O

ESCRITÓRIO APOSTA NA PARTICIPAÇÃO

EM EVENTOS JURÍDICOS COMO FONTE DE
INOVAÇÃO E INSPIRAÇÃO PARA
NOVAS ESTRATÉGIAS

Discussões sobre temas atualizados, ne-

WZRUN WURFD GH H[SHULrQFLDV SUR¿VVLRQDLV LQVSLUD-
o}HV SDUD TXDOL¿FDU DLQGD PDLV D FDUUHLUD MXUtGLFD
Tudo isso alinhado à constante busca pelo conheci- Lívia Quintieri e Rafael Pereira no X Fórum Jurídico de Lisboa
mento é o que os sócios do Escritório Tomain Perei-
ra Quintieri Advogados buscam ao estabelecerem a
participação em eventos jurídicos ou de interesse das
áreas nas quais atuam como fonte de inovação, ali-
QKDPHQWR SUR¿VVLRQDO H LQVSLUDomR SDUD HVWUDWpJLDV
cada vez mais assertivas.
Com essa perspectiva, os advogados Lívia
Quintieri e Rafael Pereira, participaram do X Fórum
Jurídico de Lisboa, realizado entre os dias 27 e 29 de
julho deste ano, em Portugal. O evento, organizado
pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento
e Pesquisa (IDP), pelo Instituto de Ciências Jurídi-
co-Políticas da Faculdade de Direito da Universida-
de de Lisboa (ICJP) e pela Fundação Getúlio Vargas
(FGV), teve como principal tema: “Governance da
Ordem Jurídica em Transformação”.
Gabriela Tomain no 16º Circuito Aprosoja-MT

32

Faculdade de Direito de Lisboa. X Fórum Jurídico de Lisboa 2022
“É uma experiência agregadora e que muda
muito nosso modo de pensar. O Fórum de Lisboa
contou com debates enriquecedores com diversos mi-
nistros do STF, STJ, desembargadores, juristas e ope-
radores do direito, podendo discutir assuntos extrema-
mente importantes para o futuro”, ressalta a advogada
Lívia Quintieri.
O advogado Rafael Pereira destacou que um
dos temas em voga na discussão jurídica internacional
é a mudança dos paradigmas em torno da interpretação
sobre os princípios fundamentais, principalmente, o da
legalidade.
“A legalidade não é mais só o que está no
texto da lei. Aos participantes do X Fórum de Lisboa
¿FRXEHPFODURTXHSDUDVHDOFDQoDURVHQWLGRGH-XV-
tiça, precisa-se acima de tudo da dignidade da pessoa
humana. Analisar sob essa ótica é sem dúvidas um
novo marco para a administração da Justiça”, reforça
Rafael Pereira.
ESCRITÓRIO
TOMAIN
PEREIRA
QUINTIERI
ADVOGADOS
O escritório, com atuação no direito do agronegócio,
família, sucessões, empresarial e administrativo, tam-
bém tem marcado presença em eventos importantes
para o agronegócio mato-grossense.
A advogada Gabriela Tomain representou
o Escritório durante o encerramento do 16º Circuito
Aprosoja-MT, no dia 6 de junho de 2022, e que reuniu
mais de 8 mil pessoas em Cuiabá (MT). A agenda,
além de autoridades, contou com a participação do
analista político Caio Coppola.
Na avaliação de Gabriela, a importância do
agronegócio para Mato Grosso vai além da economia,
e se estabelece como importante nicho de mercado
também para o mundo jurídico.
“O agronegócio em Mato Grosso é funda-
mental para a economia e também para a advoca-
cia. O Circuito Aprosoja é um importante exemplo
das agendas proporcionadas pelo agronegócio para
GHVPLVWL¿FDU HVVH WmR LPSRUWDQWH VHJPHQWR SDUD D
economia. Conhecer de perto a realidade dos nossos
FOLHQWHV±SDUWLFLSDQGRGDVGLVFXVV}HVTXHLGHQWL¿FDP
seus principais gargalos e apontam os caminhos a se-
rem seguidos - nos auxilia a desenvolver estratégias
jurídicas pontuais que atendem cada vez melhor os
produtores e as empresas rurais”, destaca a advogada
Gabriela Tomain.
33
 E N TR E V I S TA
B E TO SI MO NE T T I
"NÃO HÁ DEMOCRACIA
FORTE SEM UMA ADVOCACIA
ATUANTE", DIZ PRESIDENTE DO
CFOAB SOBRE AVANÇOS NO
ESTATUTO DA ADVOCACIA
As alterações promovidas pela Lei nº
14.365, de 2 de junho de 2022, são consideradas
uma das principais reformas no Estatuto da Advoca-
cia desde a sua criação em 1994. Com importantes
DYDQoRVTXHYmRDRHQFRQWURGRVDQVHLRVGDSUR¿V-
são, na avaliação do presidente do Conselho Federal
da Ordem dos Advogados do Brasil, José Alberto
Simonetti, as novas regras no Estatuto promovem
segurança jurídica e institucional à advocacia brasi-
CONFIRA A ENTREVISTA
As alterações no Estatuto da Advocacia reforçam a atu-
ação da advocacia em outras esferas não jurídicas, e nos
Poderes da República. Na sua avaliação, esse avanço
reforça a indispensabilidade do advogado além da ad-
ministração da Justiça?
Beto Simonetti: A Advocacia é central para o Estado De-
mocrático de Direito. Impulsionamos a luta pela liberdade
e lideramos, ao longo da história republicana, a ideia de
democracia e a defesa dos direitos humanos. Essa é uma
atuação que se dá em todos os setores, em todos os Poderes.
A atualização do Estatuto da Advocacia foi desenhada com o
intuito de promover segurança jurídica e institucional à atua-
ção da classe nos mais diferentes campos, em adequação ao
TXHRVWHPSRVDWXDLVWUD]HPHPWHUPRVGHGHVD¿RV1mRKi
democracia forte sem uma advocacia atuante.
34
leira, e combatem os abusos e excessos contra a cate-
goria.
À Elevação Jurídica, Simonetti avalia os
principais aspectos que a Lei 14.365/22 proporcionou
à categoria e aponta que o “Estatuto reforça a atuação
da Ordem contra ilegalidades”, o que considera um
“compromisso de todo o Sistema OAB na defesa do
o advogado, a advogada, e garantir que seus direitos
sejam respeitados”.
A nova legislação cria mais mecanismos de proteção aos
advogados alvos de investigações e traz também uma
proibição referente à colaboração premiada contra ex-
-clientes. Por que a OAB entendeu ser necessária essa
proteção a mais? Estava existindo muita violação das
prerrogativas da advocacia nos casos envolvendo advoga-
dos como investigados?
Beto Simonetti: Assistimos nos últimos anos a uma tentativa
sistemática de criminalização da advocacia. Isso incluiu uma
série de abusos e excessos, que violaram prerrogativas da ad-
vocacia e desequilibraram o Sistema de Justiça, fragilizaram
o Estado de Direito. A atualização do Estatuto teve como um
de seus nortes o preenchimento de lacunas e a melhor reda-
ção de artigos referentes a direitos da advocacia, situações
que foram exploradas no passado de forma a permitirem o
cometimento dessas ilegalidades.
A OAB também reforçou sua competência privativa
SDUDVROXFLRQDUFRQÀLWRVUHODFLRQDGRVjDGYRFDFLD7DLV
FRQÀLWRVVROXFLRQDGRVSRURXWURVyUJmRVRX3RGHUHVYL-
nha provocando prejuízos à categoria?
Beto Simonetti: O artigo corrige uma falha grave na legis-
ODomR$&RQVWLWXLomRGH¿QHTXHQmRKiKLHUDUTXLDHQWUHDG-
vocacia, magistratura e Ministério Público. Quem processa
e pune magistrados em casos disciplinares é o Conselho
Nacional de Justiça; membros do MP, o Conselho Nacional
do Ministério Público. No caso de advogados, essa compe-
tência deve ser, por consequência, exclusiva da OAB. Isso
inclui desde a prestação efetiva do serviço jurídico realizado
SHORSUR¿VVLRQDODWpUHJXODPHQWDo}HVHGHFLV}HVDFHUFDGHKR-
norários.
O Art. 7º-B aumentou a pena para o crime de violação
ao direito ou prerrogativa dos advogados. Na sua ava-
liação isso deve reduzir o número de agravos que a OAB
precisará realizar, ou ainda estamos diante de uma re-
alidade na qual as prerrogativas ainda estão muito su-
jeitas à ataques?
Beto Simonetti: Acredito que o novo Estatuto da Advocacia
ampara a atuação da classe. Ignorar prerrogativas e direitos
da advocacia é atentar contra os cidadãos, que têm na ad-
vogada e no advogado, seus representantes no Sistema de
-XVWLoD$SUiWLFDSRUDJHQWHVS~EOLFRVFRQ¿JXUDDEXVRGH
autoridade. O Conselho Federal tem sido diligente e atuante
em toda e qualquer notícia de violação de direitos e prerro-
gativas. Nas várias instâncias da Justiça, nos órgãos de se-
gurança pública, nos de controle, ainda há relatos de ações
LOHJDLVLQWLPLGDWyULDVFRQWUDSUR¿VVLRQDLVGDDGYRFDFLD2
Estatuto reforça a atuação da Ordem contra ilegalidades.
É um compromisso de todo o Sistema OAB, defender o
advogado, a advogada, e garantir que seus direitos sejam
respeitados.
&RPDGHUUXEDGDGRVYHWRV¿FRXGHWHUPLQDGRTXHDYLR-
lação dos escritórios só pode ser determinada por medida
judicial em hipótese excepcional, e conforme o art. 2ª do
§6 do art. 7º do Estatuto da Advocacia, com fundamento
em indício pelo órgão acusatório. O fortalecimento deste
princípio pode indicar que a advocacia estava sendo víti-
PDGHDEXVRVDRHVWLOR¿VKLQJH[SHGLWLRQ"
Beto Simonetti: A expedição e o cumprimento de mandados
de busca e apreensão, de forma indiscriminada, foi um dos
principais instrumentos utilizados, nos últimos anos, na ten-
tativa de intimidar e criminalizar a advocacia. O Conselho
Federal não é contra o instrumento, pelo contrário, conside-
ra-o de suma importância. No entanto, a experiência recente
de abusos e excessos, inclusive com a inobservância de prin-
cípios essenciais para a democracia como o da privacidade,
mostra que era necessário tornar mais rigorosos os requisitos
para a medida e as garantias da advocacia durante o processo
de investigação.
De modo geral, o que se espera a partir das inovações no
Estatuto da Advocacia? A categoria pode se considerar
mais fortalecida e protegida institucionalmente?
Beto Simonetti: Acreditamos que a ampla atualização do
Estatuto da Advocacia promovida pelo Congresso Nacional
atende a anseios urgentes, fortalece prerrogativas, garante a
observância de direitos estabelecidos pela Constituição Fede-
ral. É uma conquista histórica a ser celebrada pela cidadania,
SHODVRFLHGDGHTXHDR¿PGRGLDpDSULQFLSDOEHQH¿FLDGD
por uma advocacia forte, apta a cumprir sua função de defesa
dos cidadãos no Poder Judiciário.

A Lei em questão também traz alterações no Código de

Processo Civil relacionadas aos honorários. Podemos
dizer que estamos diante de um cenário de mais segu-
rança jurídica para a advocacia, principalmente, no que
GL]UHVSHLWRDHVWHWHPDIXQGDPHQWDOSDUDDSUR¿VVmR"
Beto Simonetti: A atualização do Estatuto trouxe expressa
a observância dos percentuais já estabelecidos no Código
de Processo Civil para o pagamento de honorários. Isso se-
pulta polêmicas ou interpretações equivocadas que, ainda
que tenham diminuído, eram registradas em diferentes ins-
tâncias da Justiça. Decisão do Superior Tribunal de Justiça
(STJ), com repercussão geral, já havia sepultado divergên-
cias de interpretação quanto à necessidade de observância
do CPC. Houve casos pontuais, no entanto, de desrespeito à
essa decisão. Com a Lei 14.365/2022, acreditamos que não
exista mais qualquer margem jurídica ou legislativa para
subestabelecer o valor de honorários.

35
 TR AB AL H O I NT E NS O

GISELA CARDOSO
FAZ BALANÇO DOS
SEIS PRIMEIROS MESES
DE GESTÃO NA OAB-MT

Nos primeiros seis meses do triênio 2022/2024,
a gestão presidida por Gisela Cardoso conquistou diversos
avanços à frente da Ordem dos Advogados do Brasil - Sec-
cional Mato Grosso (OAB-MT).
Por meio do engajamento da advocacia mato-
-grossense nas comissões, no Conselho Federal, nas sub-
tor alcance a advocacia de todo o Estado, e em consonância
a isso, criou o canal “Chama a OAB”, no qual a advocacia
DSUHVHQWDVXDVGL¿FXOGDGHVGHDFHVVRDR3RGHU-XGLFLiULRH
recebe pronta solução às demandas.
 3DUD JDUDQWLU D TXDOL¿FDomR SHUPDQHQWH H DFROKL-
mento especial à jovem advocacia, a Escola Superior da Ad-
seções e nos 126 pontos de atendimento em todo o estado,
a OAB-MT tem cumprido a sua missão de fortalecimento
da indispensabilidade da atuação efetiva do advogado e da
DGYRJDGDQDDGPLQLVWUDomRGDMXVWLoDHHQTXDQWRSDFL¿FD-
dores sociais.
Nestes seis meses, a OAB-MT tem cumprido seu
SDSHOGHLQYHVWLUQDGHIHVDGRVLQWHUHVVHVGRVSUR¿VVLRQDLV
que atuam em Mato Grosso.
Cumprindo com os objetivos anunciados durante
a campanha em 2021, a OAB-MT criou a Procuradoria Es-
pecializada de Defesa dos Honorários. A criação do órgão
é uma ação pioneira no Brasil e tem feito um trabalho de
destaque nacional, inclusive na aplicação do novo entendi-
mento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para garantir
os honorários advocatícios de acordo com o que estabelece
o artigo 85 do Código de Processo Civil (CPC).
A gestão também reestruturou a Ouvidoria, no-
meando o ouvidor geral e o ouvidor-adjunto para que o se-
36
YRFDFLD(6$07WHPUHDOL]DGRXPWUDEDOKRGHTXDOL¿FD-
ção cada vez mais assertivo.
Além de cursos e palestras, já colocou à disposição
da advocacia três cursos de pós-graduação, com uma preocu-
pação especial com os jovens advogados e advogadas, ten-
do realizado três cursos de iniciação na advocacia, que já se
transformou em um programa permanente da OAB-MT.
Destaca-se que apenas neste primeiro semestre fo-
ram mais de 5 mil advogados e advogadas de todo o Estado
FHUWL¿FDGRVSRUFXUVRVUHDOL]DGRVSHOD(6$
Hoje, a OAB tem um Conselho Seccional paritário
atuante por meio de suas câmaras julgadoras, turmas e Pleno,
GHVHQYROYHQGRDWLYLGDGHVGHUHJLVWURGHLQVFULomRGHSUR¿V-
sionais e sociedades e, ainda, produzindo julgamentos que
são referência no Sistema OAB.
O Tribunal de Ética e Disciplina (TED) e o Tri-
bunal de Defesa das Prerrogativas (TDP) também foram re-
estruturados para melhor servir à advocacia mato-grossense.

Em ambos os tribunais, foram nomeados representantes de
cada uma das subseções, como uma forma de integração e
interação entre as subseções e a seccional. Com isso, há a
garantia de que as ações sejam imediatamente distribuídas
entre as subseções.
“As nossas comissões, que sempre foram a mola
propulsora da OAB-MT, também estão fortalecidas. Já são
62 comissões temáticas e quase dois mil advogados nomea-
dos como membros, trabalhando diariamente com inúmeras
ações que já foram realizadas não só para a advocacia como
para toda a sociedade”, destaca Gisela Cardoso.
As comissões também têm desenvolvido ações
sociais, seja em Cuiabá ou no interior, e promovido a pro-
teção à criança, à mulher, ao idoso, e também em questões
que demandam a atuação da Ordem como voz da socieda-
de, como a revisão da concessão da BR-163.
“Além de todo o trabalho das comissões, merece
destaque a atuação da jovem advocacia, com trabalho aco-
lhedor, de oferecer ao jovem advogado orientações para o
início da carreira. Se envolvendo também com as causas
sociais”, destaca a presidente.
Ainda neste semestre, a diretoria da OAB-MT es-
teve no interior do Estado, presente em diversas subseções,
participando das posses e ouvindo a advocacia local, apre-
“Os seis primeiros meses dá
a dimensão para esta gestão
do que a advocacia espera
para o futuro.
Unida e aguerrida na defesa
e valorização da classe e das
garantias institucionais que
sempre foram nossos pilares”,
Gisela Cardoso
Gisela Cardoso, presidente da OAB-MT, Gestão 2022-2024
sentando os pilares e projetos da nova gestão e propondo um
trabalho conjunto e unido de fortalecimento.
A sociedade e a advocacia podem constatar por
meio das ações que vem sendo realizadas, que as subseções
estão desempenhando seu papel institucional em suas juris-
GLo}HVDJUHJDQGRHHQJDMDQGRFDGDYH]PDLVRVSUR¿VVLRQDLV
com eventos e ações efetivos.
No âmbito do Conselho Federal da OAB, a Seccio-
nal Mato Grosso também tem conquistado importante repre-
sentatividade nacional. Em seis meses, foram nomeados 80
advogados de Mato Grosso nas comissões nacionais. Estes
SUR¿VVLRQDLVHVWmRHPSOHQDDWLYLGDGHLQFOXVLYHFRPQRPH-
ações para funções estratégicas como Procurador-Geral do
Conselho Federal da OAB, Procurador-Adjunto de Prerroga-
tivas; Coordenadora-adjunta do Colégio de Presidentes, ocu-
pado pela presidente da Seccional Mato Grosso, Gisela Car-
doso; e Diretor Tesoureiro nacional, ocupado pelo membro
honorário vitalício e conselheiro Federal, Leonardo Campos.
“O pontapé inicial nestes seis meses dá a dimensão
para esta gestão do que a advocacia espera para o futuro. Uni-
da e aguerrida na defesa e valorização da classe, e das garan-
tias institucionais que sempre foram nossos pilares”, pontua
Gisela Cardoso.
37
 E N TR E V I S TA E S P E CI A L
“MEU MAIOR LEGADO É
MOSTRAR ÀS MULHERES
QUE ELAS SÃO DONAS
DO SEU DESTINO”,
DIZ PRESIDENTE DO TJMT
 3UHVWHV D ¿QGDU VHX PDQGDWR FRPR SUHVLGHQWH
do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) do biê-
nio (2021-2022), a desembargadora Maria Helena Póvoas
WHPHPVXDELRJUD¿DIDWRVTXHPDUFDPDKLVWyULDGH0DWR
Grosso, como ter sido a primeira mulher a presidir a Ordem
dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (1993-
1997), ter sido a segunda mulher a presidir o Tribunal Re-
gional Eleitoral (2015-2017), e a presidir o TJMT, assim
como a passagem breve, mas notória, pela governadoria do
Estado (2021).
Ao avaliar sua trajetória como operadora do di-
reito, e conquistando espaços que historicamente foram
majoritariamente ocupados por homens, Maria Helena de-
¿QHTXHVHXOHJDGRpPRVWUDUTXHFDGDPXOKHUSRGHID]HUR
mesmo, sendo dona do seu destino.
Quanto ao balanço da sua gestão à frente do
TJMT, a desembargadora aponta os avanços e investimen-
tos robustos feitos em tecnologia, necessários para atender
às exigências no novo tempo provocado pela pandemia e
pelo pós-pandemia, além da priorização da primeira instân-
cia e das iniciativas que têm humanizado o atendimento aos
cidadãos.
 &RQ¿UDDtQWHJUDGHVWDHQWUHYLVWDTXHDGHVHPEDU-
gadora Maria Helena Póvoas concedeu com exclusividade
à revista Elevação Jurídica.
38
E.J.: A senhora assumiu o Tribunal de Justiça de Mato
Grosso em meio à pandemia de coronavírus. O que a se-
nhora avalia que mudou na atuação do Poder Judiciário
DSDUWLUGHVWHGHVD¿R"
M.H.P.: A pandemia, em si, já gerou sofrimento à sociedade
e não foi diferente com magistrados e servidores, que tam-
bém tiveram perdas em suas respectivas famílias. Lamenta-
mos muito todo esse sofrimento. No que diz respeito à admi-
nistração do Tribunal, durante todo o primeiro ano de minha
gestão, em 2021, lidamos com lacunas deixadas por magis-
trados e servidores que se afastaram do serviço por estarem
contaminados pela Covid-19.
Em muitas situações, em um setor com cinco ser-
vidores, três estavam contaminados e precisavam se afastar
totalmente por dez ou doze dias. Então trabalhamos durante
todo o ano de 2021 com constantes afastamentos causados
SHOD &RYLG R TXH UHSUHVHQWD XPD GL¿FXOGDGH HQRUPH SDUD
o gestor. Mas, ainda assim, conseguimos atingir as nossas
metas e realizar todos os projetos propostos em nosso pla-
QHMDPHQWR HVWUDWpJLFR ( SRU TXH FRQVHJXLPRV" 3RUTXH D
pandemia acelerou processos de trabalho e projetos que já
vinham sendo gestados, em especial na área de tecnologia da
informação.
O PJe, por exemplo, já estava implantado em to-
GDVDVXQLGDGHVMXGLFLiULDVGR(VWDGRGHVGHR¿QDOGH
A pandemia acelerou o uso de tecnologias no âmbito do
Judiciário de Mato Grosso, o que o alçou ao patamar de
um dos mais modernos do país. Neste ano estabilizamos e
avançamos quatro versões do Processo Judicial Eletrônico
e aderimos à Plataforma Digital do Poder Judiciário, lan-
çada pelo CNJ. Em suma, a pandemia nos empurrou para
investimentos mais robustos em tecnologia, que estão tra-
zendo ótimos resultados.
E.J.: Ao longo deste biênio, a senhora optou pela prio-
rização da 1ª instância – inclusive deixando de chamar
mais nove desembargadores para compor o TJMT. O
que a motivou a tomar essa decisão?
M.H.P.: 1yVWtQKDPRVXPGp¿FLWGHMXt]HVQDSULPHLUDLQV-
tância que precisava ser corrigido.
(VVH Gp¿FLW LPSDFWDYD QD DJLOLGDGH
do trâmite processual nas comarcas, NÃO FORAM POUCAS
onde a população mais precisa dos AS VEZES QUE TIVE
nossos serviços. Presenciei essas di- QUE ENFRENTAR O
¿FXOGDGHVFRPRSUHVLGHQWHGD2$% MACHISMO QUE AINDA
quando visitei todas as comarcas. E HOJE IMPERA, IMAGINE
tinha em mente que, se um dia fosse NOS IDOS DE 1993. NÃO
presidente do Tribunal, a primeira REALIZEI TUDO QUE
instância seria minha prioridade. PRETENDIA, MAS FIZ DA
MELHOR MANEIRA QUE
E.J.: Apesar da priorização da 1ª PUDE À ÉPOCA, COM
Instância, a senhora também con- AS CONDIÇÕES QUE
siderou as necessidades da 2ª ins- DISPUNHA.
tância, por exemplo, estruturando
a Coordenadoria de Tecnologia da
Informação. Como aconteceu esse
processo e quais os benefícios já colhidos pelo Tribunal?
M.H.P.: Apesar de estar lotada no prédio do Tribunal de Jus-
tiça, a Coordenadoria de Tecnologia da Informação atende
mais a primeira instância do que a segunda. Explico: todos
os processos judiciais de Mato Grosso tramitam pelo PJe,
sendo a maioria deles na primeira instância. E a Coordena-
doria de Tecnologia da Informação atende, prioritariamen-
te, o PJe e outros produtos que tratam da administração do
Judiciário como um todo, o que também inclui as demandas
das 79 comarcas. Então, ao investir nesta coordenadoria,
estou, mais uma vez, investindo na primeira instância.
Há um fator decorrente da pandemia que atingiu
em cheio todas as intuições públicas: a fuga de mão de obra
especializada na área de tecnologia da informação. Com a
pandemia, tudo que era presencial migrou para o virtual. Os
VHUYLoRVGDiUHDGH7,¿FDUDPPXLWRYDORUL]DGRVHSURFXUD-
GRVRTXHLQÀDFLRQRXRPHUFDGR
As empresas privadas, inclusive multinacionais,
começaram a fazer propostas salariais melhores e a tirar do
VHUYLoR S~EOLFR RV SUR¿VVLRQDLV GHVWD iUHD LQFOXVLYH FRP
DWUDWLYRVFRPRMRUQDGDUHGX]LGDHKRPHR൶FH2VWULEXQDLV
começaram a perder talentos para a iniciativa privada, visto
TXHHVWHVSUR¿VVLRQDLVHUDPWHUFHLUL]DGRVHRVFRQWUDWRVQmR
pagavam o que o mercado estava oferecendo.
Então, para não perder mais talentos, e para poder
investir melhor em capacitação, a saída é promover concurso
S~EOLFRSDUDIRUPDUXPTXDGURSUySULRFRPSUR¿VVLRQDLVDO-
tamente especializados em tecnologia da informação. É uma
demanda antiga, que hoje estamos conseguindo solucionar.
E é também uma urgência. Neste ano, o Conselho Nacional
de Justiça lançou a plataforma digital do Poder Judiciário, o
-Xt]R'LJLWDOQRTXDOWRGRVRVDWRVSURFHVVXDLVLQFOX-
sive as comunicações com as partes, acontecem pela internet,
pelo sistema.
Neste cenário, os tribunais precisam contar com
equipes altamente especializadas para trabalhar com o PJe e
FRPRVVLVWHPDVGHVHQYROYLGRVSDUDDDWLYLGDGH¿P(SUH-
cisam reter este conhecimento dentro dos seus quadros de
servidores.
E.J.: A proteção às mulheres vítimas
de violência também foi tema tra-
tado com prioridade na sua gestão.
A senhora pode informar quais são
essas iniciativas e o impacto tido no
Poder Judiciário em benefício das
mulheres?
M.H.P.: Nossa gestão tem a propos-
WD GH SURPRYHU XPD MXVWLoD H¿FLHQWH
e ágil, mas com equidade e inclusão.
1mR H[LVWH H¿FLrQFLD VHP HTXLGDGH
e inclusão. Neste sentido, lançamos
vários projetos na esfera social. Além
de campanhas publicitárias de enfren-
tamento à violência contra a mulher,
lançamos o Botão do Pânico Virtual,
em parceria com a Polícia Civil, que já é utilizado por quase
5 mil mulheres em Mato Grosso.
Promovemos debates e eventos sobre esse tema
com entidades parceiras e pretendemos manter esta pauta até
R¿PGDJHVWmR7DPEpPGHVHQYROYHPRVYiULRVRXWURVSUR-
jetos que tratam de inclusão. Criamos salas passivas nos fó-
runs, para a inclusão digital. Inauguramos o Centro de Aten-
dimento às Vítimas de Crimes e Atos Infracionais, no Fórum
de Cuiabá. Implantamos a tradução em libras nas sessões de
julgamento do tribunal, transmitidas pelo Youtube. Promo-
vemos adequações no Portal do Tribunal, para que os cegos
possam acessar nosso conteúdo.
E em agosto lançamos o projeto do uso de lingua-
gem simples e dos recursos de direito visual nas decisões
judiciais. Este último prevê capacitação de magistrados e
assessores, para que passem a utilizar uma linguagem aces-
sível e inclusiva em decisões judiciais. Não cabe juridiquês
sem tradução, onde se pretende alcançar a inclusão de todos,
inclusive daqueles que não entendem a linguagem jurídica.
E.J.: Outra iniciativa empreendida pela senhora é o cen-
tro de atendimento às Vítimas de Crimes. Como surgiu
essa ideia e como a senhora avalia a assistência, inclusi-
ve psicológica a pessoas que passaram por situações tão
traumáticas em suas vidas?
39
 E N TR E V I S TA E S P E CI A L
M.H.P.: Esse projeto é muito bonito. O espaço físico foi
todo pensado e decorado para receber as vítimas com cari-
nho e aconchego. As mães, por exemplo, que vão participar
de audiências no fórum, podem deixar as crianças na brin-
quedoteca do Centro de Atendimento, acompanhadas por
assistentes sociais. As vítimas que vão participar de uma
audiência não precisam mais aguardar no corredor, frente
a frente com o agressor, já que contam com o espaço onde
podem aguardar suas audiências. Tudo foi pensado para
acolher. O ambiente conta com psicóloga e assistente so-
cial, que orientam e esclarecem sobre andamento de proces-
sos, encaminham para projetos sociais do Poder Executivo
e prestam assistência psicológica.
E.J.: Umas das questões que a senhora colheu da ad-
vocacia estava relacionada ao funcionamento do PJE.
Quais foram as medidas tomadas para reverter os pro-
blemas relacionados ao sistema?
M.H.P.: Quando assumimos a presidência havia muita re-
clamação em relação à instabilidade do PJe, em especial
QRVKRUiULRVGHPDLRUDFHVVRTXDQGRRVLVWHPD¿FDYDOHQWR
ou travava. Depois de uma força tarefa no Tribunal, con-
seguimos a estabilização do sistema. Também avançamos
quatro versões e introduzimos funcionalidades que facili-
taram a vida do advogado. É claro que ainda há muito a
melhorar.
Aliás, sempre haverá, porque o PJe é uma fer-
ramenta gigante, em constante evolução. Mas avançamos
muito nesse quesito.
E.J.: Na sua carreira pública, quatro fatos marcam não
só a sua história como a do Estado de Mato Grosso, sen-
do a presidência da OAB (1993-1997), a presidência do
Tribunal Regional Eleitoral (2015-2017), a presidência
do TJMT (2021-2022) e a breve, mas notória passagem
pela governadoria do Estado (2021). Diante desta tra-
jetória duas perguntas: a senhora se sente uma mulher
realizada? E o que acredita que tem sido a construção
do seu maior legado?
M.H.P.: Sinto-me realizada na medida em que dei o meu me-
lhor por onde passei. Tenho consciência do preconceito e das
inúmeras barreiras que tive que vencer nessa trajetória.
40
Não foram poucas as vezes que tive que enfrentar o
machismo que ainda hoje impera, imagine nos idos de 1993.
1mRUHDOL]HLWXGRTXHSUHWHQGLDPDV¿]GDPHOKRUPDQHLUD
que pude à época, com as condições que dispunha. Penso que
meu maior legado é mostrar às mulheres que elas são donas
do seu destino, e que podem sim, ocupar os espaços decisó-
ULRVFDGDTXDOHPVXDSUR¿VVmR
(-2TXHDVHQKRUDFRQVLGHUDFRPRGHVD¿RVTXHR3R-
der Judiciário ainda precisa enfrentar e o que deve ser
feito para que a prestação da Justiça alcance com cada
vez mais maestria seus objetivos constitucionais?
M.H.P.: Chegamos a um bom patamar quando se fala em uso
da tecnologia na prestação de serviços da Justiça. Hoje tudo
tramita de forma virtual, os tribunais brasileiros já adotam
XVR GH LQWHOLJrQFLD DUWL¿FLDO SDUD LPSXOVLRQDU SURFHVVRV R
TJMT já usa robô para bloquear recursos em contas corren-
WHV(Q¿PDYDQoDPRVPXLWRQRXVRGDWHFQRORJLD
Quando se fala nessas maravilhas da tecnologia, a
sociedade pensa que agora os processos vão ser decididos em
WHPSRUHFRUGHHTXHQmRKiPDLVMXVWL¿FDWLYDSDUDTXDOTXHU
demora. Mas a máquina jamais vai substituir o homem, prin-
cipalmente em uma atividade tão séria, como a de julgar, de
decidir a vida do outro.
Às vezes uma decisão judicial impacta na vida de
várias famílias ou de uma comunidade inteira. O programa
de computador não estuda o processo, não analisa provas,
não lança um olhar humanizado sobre a questão em jogo.
(QWmRSHQVRTXHQRVVRPDLRUGHVD¿RVHUiEXVFDURHTXLOtEULR
entre a razoável duração do processo e o tempo necessário para
decidir de forma segura e madura. A virtude está no meio termo.

A IMPENHORABILIDADE
DA PEQUENA
PROPRIEDADE
RURAL
Por Tatiane Ramalho
A Constituição Federal, ao estabelecer os prin-
cípios que norteiam o Estado, assegurou que a pequena
propriedade rural, desde que trabalhada pela família, não
pode ser penhorada por conta de dívidas decorrentes da sua
atividade.
Trata-se de uma proteção constitucional ligada
ao princípio da dignidade da pessoa humana. Isto porque
a impenhorabilidade da pequena propriedade rural visa ga-
rantir a preservação de um patrimônio mínimo para que o
produtor possa exercer sua atividade sem prejuízo do sus-
tento da família.
Em outras palavras, essa proteção constitucional
assegura ao proprietário da terra o acesso a renda mínima
para manutenção de sua atividade produtiva, garantindo
assim a produção e o atendimento socioeconômico da pro-
priedade.
Ao ter reconhecida essa proteção, a área rural
passa a ser impenhorável, ou seja, não pode ser penhorada,
leiloada ou expropriada por credores, sendo que na maioria
dos casos acaba sendo uma das principais saídas para pro-
dutores rurais que se encontram endividados.
A RTI GO D E OP I NIÃO
e deve ser destacado, pois, demanda uma análise subjetiva
acerca do trabalho em família.
Além disso é importante destacar que o produtor
UXUDOVHFHUWL¿TXHGRWDPDQKRGRPyGXOR¿VFDOGHVHXPXQL-
cípio, pois este varia de cidade para cidade e de região para
região.
Outro fator que merece destaque é o fato de que
se a propriedade tiver sido oferecida em garantia não é cau-
sa para exclusão da impenhorabilidade, ou seja, ainda que o
SURGXWRUWHQKDRIHUHFLGRRLPyYHOHPKLSRWHFDSDUDXP¿-
nanciamento junto ao Banco, ela pode ser reconhecida como
impenhorável.
O reconhecimento da impenhorabilidade da pe-
quena propriedade rural não é automático e depende de de-
cisão judicial, sendo assim importante o produtor rural fazer
o pedido judicial, para que à Justiça possa analisar e proferir
decisão reconhecendo ou não a impenhorabilidade da sua
propriedade.
Tatiane de Barros Ramalho é advogada, sócia-proprietá-
ULDGR(VFULWyULR%DUURV5DPDOKR =DQDUGR$GYRJD-
dos Associados, com sedes em Cuiabá, Sorriso (MT) e
Porém, a lei estabelece alguns critérios para o reconheci-
mento da impenhorabilidade, sendo o primeiro deles, e o
mais importante, o tamanho da área: o imóvel rural não
pode ser maior que 4 módulos.
Outro critério é a prova de que a propriedade
rural seja trabalhada pela família, este ponto é importante
%UDVtOLD')&RQVHOKHLUD(VWDGXDOGD2$%073UHVL-
dente do Instituto Mato-grossense de Advocacia Network
– IMAN, Diretora da Comissão Nacional dos Direitos da
FULDQoDHDGROHVFHQWHGD2$%1DFLRQDO9LFH3UHVLGHQWH
da CIJ – OAB-MT e especialista em Direito Civil e Di-
reito Agrário.
41
 TE C NOL O GI A E J U S T I ÇA
CASE NACIONAL:
VARA DO TRABALHO
EM MT É PIONEIRA NO
METAVERSO
A Vara do Trabalho de Colíder (MT) se transformou em um
case nacional ao se tornar o primeiro órgão de Justiça do
Brasil a explorar o metaverso. A juíza titular do Trabalho,
Graziele Cabral, está à frente do projeto piloto e avalia que
as ferramentas tecnológicas são fundamentais para ampliar
o acesso à Justiça.
A magistrada conta que a ideia surgiu em 2021,
após ter implantado o visual law nas sentenças da Vara do
Trabalho de Colíder, uma ferramenta que permite as partes
FRPSUHHQGHUHP D GHFLVmR GH IRUPD VLPSOL¿FDGD 'HSRLV
disso foram iniciados estudos sobre outras inovações que
poderiam ser adotadas no âmbito do Poder Judiciário, foi
quando surgiu a ideia de fazer uso do metaverso, proposta
que foi construída em conjunto com o juiz do trabalho da
10ª Região, Maximiliano Carvalho.
Os juízes Graziele e Maximiliano, então, debate-
ram o assunto em uma live, e em seguida, a juíza foi procu-
42
PROJETO EM COLÍDER PERMITE
INTERAÇÃO DA SOCIEDADE
COM A JUSTIÇA DO TRABALHO.
PERSPECTIVA É QUE EM BREVE,
POSSAM SER REALIZADAS
AUDIÊNCIAS
rada pelo professor Bernardo Azevedo, da Universidade de
Caxias do Sul (UCS), que também é um entusiasta de ino-
vações tecnológicas no meio jurídico. A ideia foi iniciar um
projeto pioneiro para inserir a Vara de Colíder no metaverso,
sem qualquer utilização de recursos públicos, nem mesmo
recursos humanos.
“Nesta primeira fase, a Vara do Trabalho de Colí-
der teve seu ambiente físico reproduzido no ambiente virtual,
na plataforma AltspaceVR, com intuito de permitir a visita-
ção do público de forma imersiva, bem como a realização de
palestras no ambiente e aulas de prática jurídica para ambien-
tação do aluno do curso de direito em uma sala de audiências,
DOpPGDUHDOL]DomRGHDXGLrQFLDVVLPXODGDVFRP¿QDOLGDGH
pedagógica”, explica a juíza Graziele.
 Por ora, a Vara do Trabalho de Colíder ainda não
foi autorizada a praticar nenhum ato processual no meta
ambiente, mas tem recebido muitas visitas e é procurada
para realização de eventos pedagógicos.
“Diante do avanço meteórico da tecnologia, acre-
dito que em pouco tempo será perfeitamente possível a rea-
lização de atividades jurisdicionais no metaverso, inclusive
audiências, com a participação de partes e testemunhas re-
SURGX]LGDV¿HOPHQWHDWUDYpVGHVHXVKRORJUDPDVTXHVHUmR
os “avatares” com aparência física e expressões corporais
idênticas a do ser humano que representam, com possibili-
dade de apuração e análise de dados que facilitam o exame
da veracidade dos depoimentos, como batimentos cardía-
cos, expressões faciais, taxas hormonais, acesso a memória
remota ou atual, dentre tantos outros elementos que serão
de grande ajuda na busca da verdade real para solução dos
FRQÀLWRV´HVWLPDDPDJLVWUDGD
Graziele Cabral aponta que ainda existem vários
GHVD¿RVDVHUHPHQIUHQWDGRVSDUDTXHRPHWDYHUVRVHMDPDLV
uma ferramenta do Poder Judiciário, entre os quais está a
qualidade do sinal de internet, o preço dos equipamentos e a
falta de habilidade para lidar com as inovações.
“Também a ausência de legislação e autorização
dos órgãos de cúpula impede que possamos dar passos mais
largos na utilização dessas tecnologias, o que é comum quan-
do se trata de algo tão novo e ainda não regulamentado”, en-
fatiza.
Quanto ao futuro permeado de novas tecnologias, a
magistrada avalia que a Justiça já é online, o que permite, por
si só, a aproximação do Poder Judiciário da sociedade de for-
ma mais ampla, ágil e efetivo. “A utilização de todas as tec-
nologias, inclusive a realidade virtual, que possam otimizar e
melhorar a experiência dos usuários do Poder Judiciário, é, a
meu ver, mais uma maneira de ampliar esse acesso”, pontua.
43
 E M PODE RA M E NT O S O C IA L

INSTITUTO
Presente em Mato Grosso desde maio de 2022, o
Instituto Nelson Wilians (INW) é parte da tríade que com-
põe o NW Group e tem a missão de promover empodera-

NELSON WILIANS mento social e emancipação humana por meio de progra-

mas e projetos focados em educação e direito, fortalecendo

CHEGA A MATO
o exercício da cidadania, a democratização de oportunida-
des e a mitigação das desigualdades sociais.
“A presença do INW em Mato Grosso expressa

GROSSO E nossa potencialidade em conectar pessoas e organizações

sociais para impactar de forma positiva a sociedade. Essa

PROMOVE
capacidade se dá porque atuamos em rede e construímos
projetos escaláveis com alto potencial de impacto social.
Portanto, ao chegar no estado com nossos programas de

PROJETOS Educação e Direito, desejamos empoderar pessoas para que

exerçam plenamente sua cidadania, tenham seus direitos
garantidos e sejam protagonistas na transformação da so-
DE EDUCAÇÃO E ciedade e das suas próprias vidas.”, avalia a advogada Anne
Willians, presidente do INW.

DIREITO  2 ,1: p XPD RUJDQL]DomR VRFLDO VHP ¿QV OX-

crativos e entre suas ações está o Mutirão Jurídico que faz
parte de uma iniciativa do Comitê INW, proposta do INW
em parceria com o Nelson Wilians Advogados. O projeto
viabiliza o acesso à justiça por meio de orientação jurídica
gratuita para o público de organizações sociais parceiras e
comunidade local que vive em situação de vulnerabilidade
socioeconômica.
A ideia é que o projeto seja executado em Mato
Grosso com brevidade. O INW se organiza para realizar
ações para oferecer atendimento gratuito aos cidadãos sem
condições de acesso à assessoria jurídica. As áreas atendi-
das são: direito de família, direito penal, direito do consu-
midor e direito trabalhista.

44
O INSTITUTO
Fundado em 10 de março de 2017, pela
advogada Anne Wilians, o INW é braço de in-
vestimento social do Nelson Wilians Group, que
também é composto pelo NW Soluções e NW Ne-
gócios e Investimentos.
O instituto tem reconhecimento interna-
FLRQDOHHP¿UPRXSDUFHULDFRPD8QHVFR
para realizar o projeto “Fortalecimento do Esta-
do de direito por meio da Educação: promovendo
uma cultura de legalidade e de respeito aos di-
reitos humanos”, que tem como objetivo impul-
sionar o poder transformador da educação para
apoiar e incentivar a população de comunidades
vulneráveis.
Outros projetos também estão em ativi-
dade, como Compartilhando Direito, no qual pro-
¿VVLRQDLV RIHUHFHP LQIRUPDo}HV H FRQKHFLPHQWR
sobre nossos direitos ao público atendido por or-
ganizações sociais.
Em Mato Grosso outra iniciativa já de-
senvolvida foi o “Líderes que Inspiram”, que
em Cuiabá atendeu jovens entre 15 e 17 anos
que são acompanhados pelo Instituto Canopus,
que atua em bairros com alta vulnerabilidade
socioeconômica.
Por meio de uma rede de organizações
sociais parceiras, o programa busca viabilizar
RDFHVVRGDMXYHQWXGHEHQH¿FLiULDDRDPELHQ-
te de trabalho corporativo, conhecendo a ro-
WLQD GRV SUR¿VVLRQDLV SDUWLFLSDQGR GH URGDV
de conversas temáticas com lideranças e com-
preendendo as possibilidades que carreiras na
área do Direito oferecem, além de comparti-
lharem experiências de superação e conquistas
ao longo da vida.
45
 ‡†—…ƒÇÀ‘
‡†—…ƒÇÀ‘
…‘
…‘ “—ƒŽ‹†ƒ†‡
“—ƒŽ‹†ƒ†‡
MATRÍCULAS
MATRÍCULASABERTAS
ABERTAS||2022
2022

O
OFFUUTTU
UR RO
O
CCOOM
MEEÇÇA A
AAQ
QU UII

MiniBerçário
Mini Berçárioao
ao Jardim
Jardim 2

Aulasde
Aulas deBallet
Ballet ee Judô
Judô
Pilates Baby
Pilates Baby
Futebol
Futebol
Aula de
Aula de Música
Música
Aula de
Aula de Inglês
Inglês
Educação Física
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(65)
(65) 3054-0215
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Rua JOÃO BENTO, 377 - QUILOMBO - MT
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@CANTINHODEMAECBA
46 @CANTINHODEMAECBA
47
 ARTI G O DE O P I NI ÃO
Por Luiz Octávio de Oliveira Saboia Ribeiro
Vivenciamos um período em que a sociedade
discute o chamado “voto impresso”. Infelizmente o que se
tem visto é que a questão não vem sendo tratada de modo
adequado, na medida em que muitas vezes são utilizados
argumentos falhos e equivocados, em outras ocasiões ale-
gações falsas e partidarizadas.
 3RVLFLRQDUVHFRQWUDR³YRWRLPSUHVVR´HFRQ¿DU
QDXUQDHOHWU{QLFDQmRVLJQL¿FDVHUFRQWUDWUDQVSDUrQFLDH
segurança do processo eletrônico, ou mesmo ser contra o
aperfeiçoamento do sistema eleitoral. Infelizmente, essa é
a retórica equivocada que vem sendo repetida, quase que
como um mantra em diversos ambientes de debates, princi-
palmente nas redes sociais.
O chamado “voto impresso” se revela um retro-
cesso ao sistema eleitoral, que passou a utilizar as Urnas
Eletrônicas há 25 anos, ou seja, em 1996, quando abrangeu
GRHOHLWRUDGR1DVHOHLo}HVGHD8UQD(OHWU{QLFD
SDVVRX D VHU XWLOL]DGD HP  GRV  PXQLFtSLRV GR
%UDVLODWLQJLQGRGRHOHLWRUDGRDpSRFDRTXHFRUUHV-
pondia a 109.780.071 eleitores e na ocasião foram utiliza-
das 353.780 (trezentos e cinquenta e três mil setecentos e
oitenta) urnas.
A título de exemplo, podemos mencionar as se-
guintes evoluções: a) o modelo EU 2004 inseriu o sistema
de Registro Digital do Voto (RDV) que efetua o registro do
voto, conforme estabelece a Lei n. 10.740/2003; b) A EU
2006, utilizada nas eleições 2008 passou a apresentar leitor
biométrico; c) até 2006, todo o software da urna eletrônica
baseava-se nas plataformas VirtuOS e Windows CE. Para a
consulta popular de 2005 (referendo sobre desarmamento),
o sistema passou a ser feito pela equipe do TSE; d) Em
2008, o ecossistema da urna foi migrado para a plataforma
Linux e passou a ser totalmente desenvolvido pelo Tribu-
nal Superior Eleitoral; e) A UE 2009 contou com inovações
tecnológicas, em que no terminal do mesário foi inserido
ROHLWRUGHVPDUWFDUGHRGLVSOD\JUi¿FRGHDSUHVHQWDomR
48
A CONFIABILIDADE DAS URNAS
ELETRÔNICAS E DO PROCESSO
ELEITORAL BRASILEIRO
da foto do eleitor ao mesário; f) Na UE 2013 os leitores bio-
métricos melhoraram de qualidade e botão de liga e desliga,
substituiu a chave física; g) A UE 2020 conta com tecnologia
de hardware com os mesmos requisitos da Infraestrutura de
Chaves Públicas Brasileira.
Isso revela que a urna continua atualizada e moder-
nizada. A cadeia de segurança da urna eletrônica – sistema
que garante que as urnas executem somente softwares de-
senvolvidos e assinados digitalmente pelo Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) – foi introduzida em 2009, utilizando uma
LQIUDHVWUXWXUDGHFHUWL¿FDGRVSUySULDGD-XVWLoD(OHLWRUDO
Com a nova estrutura haverá um reforço através
GH XPD FHUWL¿FDomR TXH DYDOLD D DGHUrQFLD GR SHUtPHWUR
FULSWRJUi¿FR GD XUQD HOHWU{QLFD HP UHODomR DRV UHTXLVLWRV
PtQLPRVGH¿QLGRVSHOR,QVWLWXWR1DFLRQDOGH7HFQRORJLDGD
Informação (ITI), que é responsável por manter a Autoridade
&HUWL¿FDGRUD5DL]GD,&3%UDVLO2SHUtPHWURFULSWRJUi¿FR
além de ser responsável por garantir a execução de sistemas
assinados pelo TSE, também assegura a autenticidade de
informações geradas pela urna eletrônica. Isso impede que
GDGRV H LQIRUPDo}HV VRIUDP PRGL¿FDo}HV QmR DXWRUL]DGDV
garantindo sua integridade e autenticidade.
 $,&3%UDVLOpDSODWDIRUPDFULSWRJUi¿FDXWLOL]DGD
R¿FLDOPHQWH SHOR %UDVLO H TXH JDUDQWH DXWRULD LQWHJULGDGH
DXWHQWLFLGDGHFRQ¿GHQFLDOLGDGHHLQWHURSHUDELOLGDGHDTXDO-
quer assinatura ou cifragem digital.
As novas urnas renovaram parte do parque tecno-
lógico da Justiça Eleitoral, que atualmente é de 470 mil uni-
dades em todo o país. Ademais, Urnas fabricadas em 2006,
2008 e parte das 2009, cuja vida útil está esgotada, serão
substituídas pelos novos modelos.
Outras questões que são comumente alegadas re-
ferem-se à alegação de que as Urnas Eletrônicas não são
auditáveis e a questão da possibilidade de violabilidade dos
referidos equipamentos.
Aperfeiçoar o sistema é uma necessidade e o de-
bate em questão precisa ser realizado de modo claro, com
dados corretos e precisos. A maturidade adquirida nesses
PDLVGHDQRVGHYRWDomRHOHWU{QLFDSHUPLWHD¿UPDUTXHD
-XVWLoDHOHLWRUDOD¿UPHTXHRSURFHVVRHOHLWRUDOLQIRUPDWL]D-
do do Brasil constitui uma solução completa, segura e evo-
luída. Inexistindo, ainda, qualquer problema em se admitir a
necessidade de contínua evolução e a constante busca pelo
aperfeiçoamento e transparência à sociedade.
Luiz Octávio de Oliveira Saboia Ribeiro é juiz membro do
TRE-MT e juiz de Direito
 ARTI G O DE O P I NI ÃO
A RESPONSABILIZAÇÃO DAS EMPRESAS
PELA PRÁTICA DE DUMPING SOCIAL NOS
CASOS DE TERCEIRIZAÇÃO IRREGULAR
Uma decisão inédita do Tribunal Superior do Traba-
lho, que condenou recentemente a construtora MRV a pagar
R$ 200.000,00 por dano moral coletivo, pelo descumprimen-
to dos requisitos mínimos na contratação de empresas ter-
ceirizadas, reacendeu importante debate sobre a prática de
dumping social.
O dumping social é uma transgressão deliberada,
consciente e reiterada dos direitos sociais dos trabalhadores,
que provoca danos não apenas aos interesses individuais, mas
também aos interesses de toda a sociedade. É uma prática que
visa favorecer as empresas que dela se utilizam, com objetivo
de majorar o lucro e obter maiores vantagens econômicas em
detrimento daquelas empresas cumpridoras da lei, afrontando
os princípios da livre concorrência e da busca do pleno em-
prego.
A temática vem sendo analisada pela justiça traba-
lhista há algum tempo e grandes empresas nacionais já fo-
ram condenadas por essa prática, tais como Itaú Unibanco
QR3DUDQi%URRNV¿HOGQR'LVWULWR)HGHUDO0DJD]LQH/Xt]D
HPQRLQWHULRUGH6mR3DXOR7UL¿OQD%DKLDHDQRSDVVDGRD
Uber, que foi condenada em R$1 milhão pelo TRT da 4ª Re-
gião, pela prática de dumping social, ao fundamento de que a
atuação da empresa viola a estrutura dos direitos sociais e as
regras de mercado, gerando uma concorrência desleal.
No caso da MRV, a Sexta Turma do Tribunal Superior do
Trabalho considerou que a construtora realizou uma tercei-
rização irregular, ao contratar três microempresas que não
tinham capital social mínimo para garantir a saúde e a segu-
rança dos funcionários no ambiente de trabalho, bem como
para arcar com eventuais verbas trabalhistas rescisórias, vio-
lando a legislação trabalhista e obtendo vantagem injusta so-
EUHDVFRQFRUUHQWHVFRQ¿JXUDQGRXPFDVRGHGXPSLQJVRFLDO
(PROCESSO Nº TST-RR-10709-83.2018.5.03.0025).
A título de esclarecimento, é importante destacar
que a Lei 13.429/2017, ao mesmo tempo que autorizou a
terceirização indiscriminada, impôs requisitos ao funciona-
mento das prestadoras de serviços como forma de garantir o
cumprimento das obrigações trabalhistas, elencando, dentre
eles, a necessária compatibilidade entre o capital social e o
número de empregados (art. 4º B, inciso III), com objetivo de
assegurar a solvência das obrigações trabalhistas e principal-
mente, de garantir a saúde e a segurança dos trabalhadores no
ambiente laboral.
Desse modo, o TST entendeu que a norma de regên-
FLDGDPDWpULDDR¿[DUHVVHSDUkPHWURLPS}HjVHPSUHVDV
Por Carla Reita Faria Leal
E Lécia Nidia Ferreira Taques
tomadoras de serviço o dever de cautela na conferência da es-
trutura social da terceirizada, portanto, a inobservância dessa
GHWHUPLQDomR OHJDO FRP D ¿QDOLGDGH GH UHGXomR GH FXVWRV
confere vantagem econômica indevida e deve repercutir juri-
dicamente, já que causa grave desajuste à ordem econômica,
trazendo sérios prejuízos tanto para os trabalhadores, quanto
para a sociedade em geral.
Essa decisão traz um novo norte para o assunto em
toda Justiça do Trabalho e serve de importante precedente, já
que proferida pela maior Corte Trabalhista do país e em deci-
são unânime, frise-se.
O entendimento inédito do Tribunal Superior do Tra-
balho, reforça a necessidade de as empresas atuarem de forma
proativa no monitoramento de todos os elos que compõe sua
FDGHLDSURGXWLYDHSRUPHLRGDGHYLGDGLOLJrQFLDLGHQWL¿FDU
e gerir eventuais mitigações dos direitos trabalhistas, sob pena
de ser responsabilizada solidariamente pela violação à legisla-
ção trabalhista e, tal qual a construtora MRV, por concorrência
desleal em casos de terceirização irregular.
Carla Reita Faria Leal é pós-doutora pela Universidade de
Nottingham (UK). Doutora e Mestra em Direito das Re-
lações Sociais pela PUC/SP. Professora Associada nos
cursos de graduação e mestrado em Direito da Universi-
dade Federal de Mato Grosso (UFMT). Coordenadora de
Área do Projeto Ação Integrada (PAI/MT). Líder do gru-
po de pesquisa “O meio ambiente do trabalho equilibrado
como componente do trabalho decente” (GPMAT/PPGD/
UFMT).
Lécia Nídia Ferreira Taques é mestranda e graduada em Di-
reito pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT).
Advogada. Membro do Grupo de Pesquisa “O meio am-
biente do trabalho equilibrado como componente do traba-
lho decente” (GPMAT/PPGD/UFMT).
49
 E l e vaç ã o Jur ídic a | Co lun a S o c i al

LANÇAMENTO DA
1ª EDIÇÃO - CUIABÁ
O lançamento da 1ª edição
da revista Elevação Jurídica foi re-
alizado em Cuiabá, no dia 9 de se-
tembro de 2021. Importantes nomes
da advocacia mato-grossense marca-
ram presença no dia histórico para a
comunicação jurídica na região Cen-
tro-Oeste do Brasil.

50
E l e vaç ã o Jur ídic a | Co lun a S o c i al

LANÇAMENTO DA
1ª EDIÇÃO - BRASÍLIA
A 1ª edição da Elevação Ju-
rídica também contou com um lan-
çamento exclusivo em Brasília (DF),
em um restaurante localizado às
margens do Lago Paranoá. O brinde
de desejo ao sucesso do período foi
dado por advogados de Brasília, Rio
de Janeiro e Acre.

51
 El e va çã o Ju r ídic a | Co lun a S o c i al

LANÇAMENTO DA
2ª EDIÇÃO - CUIABÁ
A 2ª edição da Elevação Jurídica
reuniu em Cuiabá, no dia dois de fevereiro
de 2022, amigos e clientes do Escritório
Nelson Wilians Advogados, que foi a capa
da revista, bem como dos demais escri-
tórios e instituições como a OAB-MT. O
jantar celebrou a consolidação deste proje-
to ímpar de comunicação jurídica.

52

OAB-MT CRIA COMISSÃO DE
DIREITO MINERÁRIO E DE
BASE MINERAL
Membros da Comissão: Elvis A. Klauk Junior, Pamela Cigerza,
Naiara Boscoli,Filipe Reis Nogueira, Alycia Mariana Anjos,
Manuela Vieira Nemes, Fabiola Sampaio e Paula Teibel.
M i n er a ç ã o em d e bate
A Ordem dos Advogados do Brasil –
Seccional Mato Grosso (OAB-MT) criou a Co-
missão de Direito Minerário e de Base Mineral
e nomeou seus membros no dia 29 de abril de
2022, por meio da Resolução nº 376/22.
“A importância do Direito Minerário
tem crescido muito no cenário econômico e
jurídico de Mato Grosso. A OAB-MT atenta
a esse campo de atuação preponderante para a
DGYRFDFLD H DRV DQVHLRV GRV SUR¿VVLRQDLV TXH
atuam na área, criou a Comissão de Direito
Minerário e de Base Mineral para fortalecer o
debate jurídico em torno do assunto e possibi-
litar atividades, discussões e aperfeiçoamento
SUR¿VVLRQDOjDGYRFDFLDHDWRGDDVRFLHGDGH´
avalia o vice-presidente da OAB-MT, José Car-
los Guimarães Júnior.
A advogada Naiara Boscoli Venancio
Moraes foi nomeada presidente da comissão,
tendo como vice-presidente a advogada Manue-
la Vieira Nemes. Foi nomeada secretária-geral a
advogada Pamela Natalia Cigerza Martins Ale-
gria, e o advogado Filipe Reis Nogueira como
secretário-geral adjunto. A comissão conta com
a participação de nove membros efetivos.
53
54
55
 «3&"4
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"56"±°0
%JSFJUP
EB
.JOFSBÎÍP
F
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"HSÈSJP
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"HSPOFHØDJP
%JSFJUP
"ENJOJTUSBUJWP
%JSFJUP
&NQSFTBSJBM
%JSFJUP
"NCJFOUBM

56