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Aula 06 - Direito Empresarial - Contratos

Direito Empresarial p/ Prefeitura de Niterói - Fiscal do Tributos

Professor: Gabriel Rabelo

03403168700 - VALTER M S BARROS


Direito Empresarial para ISS Niterói
Teoria e exercícios comentados
Prof. Gabriel Rabelo Aula 06

AULA 06. CONTRATOS EMPRESARIAIS: COMPRA E VENDA,


ARRENDAMENTO MERCANTIL (LEASING), FRANQUIA (FRANCHISING) E
FATURIZAÇÃO (FACTORING).

SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO ........................................................................................................ 1
2 CONTRATOS MERCANTIS ............................................................................................. 2
3 CONTRATOS DO ORDENAMENTO BRASILEIRO .................................................................. 3
4 PRINCÍPIOS GERAIS DOS CONTRATOS MERCANTIS ............................................................ 4
4.1 CONSENSUALISMO .................................................................................................. 4
4.2 RELATIVIDADE ....................................................................................................... 5
5 PRINCÍPIO DA FORÇA OBRIGATÓRIA DOS CONTRATOS ....................................................... 5
6 COMPRA E VENDA MERCANTIL ..................................................................................... 6
6.1 OBRIGAÇÕES DAS PARTES NO CONTRATO DE COMPRA E VENDA ...................................... 9
6.2 VENDA A CONTENTO ............................................................................................. 11
6.3 RETROVENDA....................................................................................................... 12
6.4 VENDA COM RESERVA DE DOMÍNIO .......................................................................... 13
7 CONTRATO DE FRANQUIA/FRANCHISING ...................................................................... 13
8 FATURIZAÇÃO/FACTORING ........................................................................................ 16
9 ARRENDAMENTO MERCANTIL/LEASING ........................................................................ 19
10 QUESTÕES COMENTADAS ....................................................................................... 24
11 QUESTÕES COMENTADAS NESTA AULA ..................................................................... 35
12 GABARITO DAS QUESTÕES COMENTADAS NESTA AULA ................................................ 40

1 APRESENTAÇÃO

Olá, meus amigos. Como estão?! É com um imenso prazer que estamos aqui,
no Estratégia Concursos, para ministrar mais uma aula, a última, da
disciplina de Direito Empresarial para o concurso de Auditor do ISS Niterói.

Esperamos que tenham gostado do curso. Obviamente, há sempre a


possibilidade de melhorar, mas tentamos fazer aqui um misto entre tamanho
das aulas, quantidade de questões e profundidade do conteúdo.
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A FGV pode inventar na prova? Pode! Mas fizemos aqui um misto de teoria, com
a profundidade necessária, com base na legislação, doutrina, jurisprudência,
enunciados, etc.

A título de “prestação de contas”, vejamos quantas páginas e questões temos


no nosso curso até o momento.

Aula Páginas Questões


0 68 22
1 92 24
2 95 29
3 141 32
4 111 23

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5 97 23
6 36 10
Total 640 163

Portanto, até esta aula, temos 640 páginas e mais de 160 questões
comentadas. E praticamente todas as questões são da Fundação Getúlio
Vargas – FGV (somente nesta aula há questão de outras bancas).

Desde já, desejo todo o sucesso no concurso que se aproxima! Tenham certeza
de que as funções de auditoria são extremamente gratificantes e que, ao final,
todo o esforço vale a pena. Sucesso!

Pessoal, disponibilizei um vídeo sobre o resumo de tudo o que vimos na


aula 00. O link é: https://www.youtube.com/watch?v=w7aPNqdeNfk

Inscrevam-se no canal e tenham mais acessos aos vídeos que farei


para a prova!

Continuando o nosso curso, hoje falaremos sobre os contratos mercantis.

O fórum de dúvidas está funcionando.

É isso! Vamos começar a nossa batalha?! Forte abraço!

GABRIEL RABELO

2 CONTRATOS MERCANTIS

Somente estes contratos caem na prova de Niterói:

Contratos empresariais: compra e venda, arrendamento mercantil (leasing),


franquia (franchising) e faturização (factoring).
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Vamos lá!

Um empresário celebra vários contratos no seu dia a dia. A gestão cotidiana das
empresas hoje existentes requer constantes contrações e execuções de
obrigações provenientes de contratos.

Fábio Ulhoa exemplifica. Ao investir capital, teremos de celebrar contratos


bancários, nem que seja de depósito. Para a aquisição de matéria prima
precisamos de contratos de fornecimento. Na contratação de mão-de-obra,
celebramos contrato de trabalho.

Além dessas, centenas de outras situações já estudadas e a serem estudadas


exigem a celebração de algum tipo de avença entre as partes.

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3 CONTRATOS DO ORDENAMENTO BRASILEIRO

Os contratos existentes no ordenamento jurídico brasileiro podem se submeter


a cinco regimes jurídicos distintos: civil, consumidor, trabalho, administrativo e
comercial.

O enquadramento num ou noutro tipo dependerá da figura do contratante e


contratado.

Para nós, interessam os contratos mercantis (comerciais). Um contrato é


mercantil quando os dois contratantes são empresários. Essa é uma
questão básica, porém, recorrente em provas.

Os fatores de produção, quais sejam, capital, insumo, mão-de-obra e tecnologia


exigem constantemente que sejam feitos esses pactos. Por este motivo os
contratos empresariais caracterizam-se por ser uma das formas de organização
da atividade empresária.

Dois são os regramentos básicos a que podem se submeter um contrato


mercantil. Estando as partes em posição jurídica igualitária (ambos têm forças
equivalentes no contrato, podendo requerer direitos, obrigações, etc) teremos
regência pelo Código Civil. Havendo uma parte em posição de vulnerabilidade
econômica frente à outra, o contrato será regido pelo Código de Defesa do
Consumidor.

O próprio Ulhoa, em seu livro Manual de Direito Comercial, 25ª edição (2013)
traz um exemplo elucidativo. Quando um banco contrata uma construtora para
edificar sua sede, estaremos frente a um contrato empresarial sujeito ao Código
Civil. Todavia, quando esta mesma instituição financeira provê recursos a um
microempresário, estaremos num contrato empresarial sujeito ao Código de
Defesa de Consumidor.

Isso foi explorado, por exemplo, na prova de Auditor Fiscal


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da Receita Estadual do Rio de Janeiro, pela FCC, com a


seguinte assertiva (item incorreto): (FCC/Auditor Fiscal da
Receita Estadual/SEFAZ/RJ/2014) Nos contratos
mercantis entre empresários, não terá aplicação o Código de Defesa do
Consumidor, mas somente os Códigos Civil e Comercial.

Então, por exemplo, se um empresário efetua determinada compra e está em


situação de vulnerabilidade, há aplicação, sim, do Código de Defesa do
Consumidor.

Algumas questões indagam se o objeto de um contrato é o exercício de


empresa. Os contratos empresariais visam a auxiliar o exercício de empresa,
não podemos confundir esta finalidade com o objeto. O objeto, por exemplo, de

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um contrato de compra e venda mercantil entre um importador e um atacadista
é exatamente a compra e venda mercantil.

O contrato social, que constitui a empresa, este sim teria por finalidade o
exercício da empresa.

Anote-se, ainda, que os contratos mercantis não são essenciais à circulação de


bens e serviços. Mercadorias e serviços podem circular em mercados tanto
entre empresários como entre pessoas físicas ou sociedades simples,
associações, fundações, ou quem quer que seja.

4 PRINCÍPIOS GERAIS DOS CONTRATOS MERCANTIS

Em suma, dois são os princípios norteadores da constituição contratual:


consensualismo e relatividade.

4.1 CONSENSUALISMO

Um contrato se constitui pela vontade manifesta das partes, não sendo


necessária qualquer outra condição. Esta, contudo, é uma regra que comporta
exceção. Os chamados contratos reais, como o de depósito, para a sua
formação, exigem a entrega da coisa objeto da avença.

Deste modo, um contrato mercantil será classificado como consensual ou real.

A constituição de um contrato mercantil se dará com o encontro da vontade das


partes. Quem propõe o contrato é chamado proponente. A quem o contrato é
proposto denominamos de aceitante.

Uma vez elaborada a proposta de contrato, em regra, o preponente não poderá


voltar atrás. É o que narra o Código Civil nos termos a seguir:

Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não


resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do
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caso.

Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:

I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita.
Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio
de comunicação semelhante;
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para
chegar a resposta ao conhecimento do proponente;
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do
prazo dado;
IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra
parte a retratação do proponente.

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4.2 RELATIVIDADE

Com fulcro no princípio da relatividade, temos que o contrato, em regra, gera


efeito somente entre as partes a ele vinculadas, não obrigando terceiros, como,
por exemplo, os herdeiros.

- Princípio do consensualismo: contrato forma-se por


vontade entre as partes.
- Princípio da relatividade: contrato vincula somente as
partes.

Além destes, o princípio da força obrigatória também se faz presente nos


contratos mercantis.

5 PRINCÍPIO DA FORÇA OBRIGATÓRIA DOS CONTRATOS

Em síntese, este princípio implica dizer que “o contrato faz lei entre as partes”.
Ao se vincularem, assumindo obrigações, as partes podem exigir as prestações
prometidas. É a chamada cláusula pacta sunt servanda.

Os contratos têm consigo as chamadas cláusulas de irretratabilidade (uma


parte não poderá romper o contrato por vontade própria) e intangibilidade
(impossível uma parte alterar as cláusulas de maneira unilateral).

Vale lembrar que a cláusula pacta sunt servanda não é absoluta já que pode
ocorrer a chamada teoria da imprevisão (cláusula rebus sic stantibus).
Havendo alteração econômica na situação de um dos contratantes por fatores
imprevisíveis e alheios à vontade, onerando demasiadamente o cumprimento
do contrato, pode-se pleitear a revisão do contrato.

O próprio Código Civil prevê tal circunstância, ao estatuir:

Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de


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uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem


para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis,
poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a
decretar retroagirão à data da citação.

Ainda no que tange à força obrigatória, temos de salientar que há nos


contratos, de modo implícito, a cláusula exceptio non adimpleti contractus,
através da qual uma parte não pode requerer o cumprimento do contrato pelo
outro polo estando em mora com a sua própria prestação.

O Código Civil assim prevê:

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Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de
cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.

E complementa...

Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes
contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar
duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se à prestação
que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia
bastante de satisfazê-la.

Pois bem, vejamos, agora, os contratos em espécie.

6 COMPRA E VENDA MERCANTIL

O contrato de compra e venda mercantil opera-se pela figura de


empresários nos dois polos, obrigatoriamente. Fábio Ulhoa leciona que o
comércio é explicado como uma sucessão de contratos de compra e venda.
Temos como exemplo uma indústria que vende mercadorias para um
atacadista. O atacadista, por seu turno, fixa contrato com supermercado.

Conforme propõe o Código Civil:

Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a


transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em
dinheiro.

O contrato de compra e venda mercantil é consensual, isto é, nasce do


encontro de vontades do vendedor e do comprador, contanto que acertem dois
detalhes: a coisa a ser negociada e o preço.

Além desses dois requisitos o contrato de compra e venda também deve ter o
consentimento.
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Requisitos de um contrato de compra e venda mercantil:

Compra e venda mercantil


Coisa a ser negociada
Requisitos Preço
Consentimento

Portanto, o contrato de compra e venda mercantil é um contrato


consensual (não é um contrato real).

A FCC explorou este assunto na prova para Auditor Fiscal da Receita


Estadual, em 2014, com a seguinte assertiva (item incorreto):

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(FCC/AFRE/SEFAZ/RJ/2014) A compra e venda mercantil é um contrato


real, ou seja, para sua constituição é preciso a entrega do bem adquirido para
aperfeiçoamento do vínculo contratual.

Continuando! Nos termos do Código Civil:

Art. 482. A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e


perfeita, desde que as partes acordarem no objeto e no preço.

No que tange à coisa, o Código Civil prega que:

Art. 483. A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura.
Neste caso, ficará sem efeito o contrato se esta não vier a existir, salvo se a
intenção das partes era de concluir contrato aleatório.

Assim, o contrato pode ter por objeto o fornecimento de determinada


quantidade de gados. Contudo, não havendo procriação no rebanho, o contrato
ficará sem efeito. Ressalva, ainda, que se a intenção das partes era concluir
contrato aleatório – onde há risco na execução – não poderá alegar qualquer
das partes a falta de efeitos.

Ainda, no que tange à coisa, narra o CC:

Art. 484. Se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos ou modelos,


entender-se-á que o vendedor assegura ter a coisa as qualidades que a elas
correspondem.

Parágrafo único. Prevalece a amostra, o protótipo ou o modelo, se houver


contradição ou diferença com a maneira pela qual se descreveu a coisa no
contrato.

A fixação do preço é preponderante. O preço deve ser em moeda nacional,


ressalvado os casos de importação e exportação. Não precisa, porém, que seja
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determinado. Mister se faz que, pelos elementos consignados no contrato,


possamos dele ter noção exata.

O preço poderá ser estipulado pelas partes, arbitrado por terceiros e de acordo
com o mercado em determinado dia e lugar.

Qualquer das três formas de estipulação será escolhida pelas partes que a farão
constar no contrato.

O arbitramento por terceiros deverá ficar avençado no contrato com os


imprevistos possíveis e a maneira de resolvê-los.

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Assim é que as partes deverão aceitar de forma irrevogável e irrecorrível a
decisão do terceiro para não transformar a fixação em divergências sucessivas.

O preço deve ser sempre em dinheiro, sendo que, caso contrário, ter-se-á um
contrato de troca.

Sobre a fixação do preço dispõe o Código Civil:

Art. 485. A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, que os
contratantes logo designarem ou prometerem designar. Se o terceiro não
aceitar a incumbência, ficará sem efeito o contrato, salvo quando acordarem os
contratantes designar outra pessoa.

Art. 486. Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa de mercado ou de


bolsa, em certo e determinado dia e lugar.

Art. 487. É lícito às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros,


desde que suscetíveis de objetiva determinação.

Art. 488. Convencionada a venda sem fixação de preço ou de critérios para a


sua determinação, se não houver tabelamento oficial, entende-se que as partes
se sujeitaram ao preço corrente nas vendas habituais do vendedor.

Parágrafo único. Na falta de acordo, por ter havido diversidade de preço,


prevalecerá o termo médio.

Art. 489. Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio


exclusivo de uma das partes a fixação do preço.

Atenção especial ao artigo 489 do Código Civil, pois não raramente aparece em
provas por aí: nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao
arbítrio exclusivo de uma das partes a fixação do preço.

O preço é fixado obrigatoriamente. Não pode ser


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fixado pelo arbítrio exclusivo de uma das partes.


Todavia, poderá ser fixado por terceiros (CC, art.
485). Se o terceiro não aceitar, o contrato fica sem efeito!

Isso foi cobrado no concurso Juiz Substituto do TJ DFT, em 2014, pelo


CESPE, com a seguinte assertiva (item incorreto): (CESPE/Juiz
Substituto/TJ DFT/2014) Em contrato de compra e venda mercantil, a
fixação do preço não pode ser deixada ao arbítrio exclusivo de uma das partes
nem de terceiro, sob pena de nulidade.

As partes podem estabelecer que o preço será fixado em função de índices ou


parâmetros, se passíveis de determinação objetiva.

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As partes têm a obrigação de cumprir o contrato, o comprador deve pagar o
preço e vendedor deve transferir a propriedade da coisa vendida.

Se o comprador não pagar o preço, responde pelo valor devido, acrescido de


perdas e danos ou pena compensatória e pelos outros encargos assumidos.

Se o vendedor não cumprir sua parte cabe ao comprador indenização por


perdas e danos, ou, opcionalmente, exigir o cumprimento do contrato.

Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do


contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos
casos, indenização por perdas e danos.

Se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos ou modelos, entender-se-


á que o vendedor assegura ter a coisa as qualidades que a elas correspondem
(CC, art. 484).

6.1 OBRIGAÇÕES DAS PARTES NO CONTRATO DE COMPRA E VENDA

Uma vez firmado o contrato de compra e venda, o comprador tem obrigação de


pagar o preço, enquanto que o vendedor tem a obrigação de entregar a coisa
contratada no prazo.

Obrigações do vendedor:

As principais obrigações do devedor são: entregar a coisa, transferindo o


domínio; responder pela evicção.

O contrato de compra e venda mercantil é livre para fixar sobre lugar de


entrega, despesas relativas à entrega, bem como os riscos da entrega. Todavia,
nada dispondo, vamos procurar a solução no Código Civil. A norma estatui que:

A entrega pode ser real ou fictícia/simbólica. Será real quando entregamos


em mãos a outra parte. Será fictícia quando deixamos à disposição para o outro
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contratante.

Como era de se esperar, até o momento da tradição (entrega) os riscos sobre a


coisa recaem sobre a pessoa do vendedor. Por exemplo, em um contrato de
compra e venda mercantil, em que um supermercado acerta a compra de 20
computadores com uma loja de informática, até o momento da entrega (se for
real) os riscos ficam por conta da loja. Este é o preceito do artigo 492 do
Código Civil:

Art. 492. Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do
vendedor, e os do preço por conta do comprador.

Essa regra comporta exceções, a saber:

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- Casos fortuitos quando o comprador estiver contando, pesando, marcando ou


assinalando a coisa contratada.
- Havendo mora do comprador para receber.
- Entregando o vendedor a coisa ao comprador, este o solicita a entrega em
local diverso do contratado.

Nestas hipóteses, Ricardo Negrão diz que há a tradição simbólica, eximindo-se


o vendedor pelos riscos supervenientes.

O lugar de entrega, se não dispuserem as partes de modo diverso, é o local


onde a coisa se encontra no momento do contrato de compra e venda.

Art. 493. A tradição da coisa vendida, na falta de estipulação expressa, dar-se-á


no lugar onde ela se encontrava, ao tempo da venda.

As despesas com a tradição (entrega) correm, em regra, por conta do


vendedor. Todavia, se houver necessidade de escritura ou registro, estas
ficarão a cargo do comprador. O contrato, contudo, pode ter disposição diversa.

Art. 490. Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e


registro a cargo do comprador, e a cargo do vendedor as da tradição.

Sobre os vícios sobre a coisa, temos o seguinte:

Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada
por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é
destinada, ou lhe diminuam o valor.

É o que o Código Civil chama de vício redibitório. Enjeitar é sinônimo para


rejeitar.

Caso haja vício, é possível ingressar com ação redibitória quando quisermos
rejeitar o que foi contratado, ou ação quantis minoris, quando se pretender um
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abatimento sobre o preço.

Cumpre a nós, ainda, falar sobre a evicção. Segundo o Código Civil:

Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da


restituição integral do preço ou das quantias que pagou:

I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;


II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que
diretamente resultarem da evicção;
III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.

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Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da
coisa, na época em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no
caso de evicção parcial.

O que diz o artigo supra? Em síntese, que se houver evicção, que é quando
uma coisa é retirada de alguém por força de decisão judicial, o vendedor
responderá.

Vejamos duas assertivas cobradas pela CESGRANRIO, em 2010, sobre estes


assuntos:

(CESGRANRIO/Profissional Básico/Petrobras/2010) Na compra e venda


mercantil, o vendedor, além de transferir o domínio da coisa vendida, também
se compromete por vício redibitório e evicção. Item correto!

(CESGRANRIO/Profissional Básico/Petrobras/2010) Na compra e venda


mercantil, no que diz respeito à responsabilidade pelo transporte da mercadoria
transacionada, via de regra, cabem ao comprador as despesas com a tradição.
Item incorreto!

Obrigações do comprador

A obrigação do devedor é basicamente a de pagar o preço contratado.

Art. 491. Não sendo a venda a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a
coisa antes de receber o preço.

6.2 VENDA A CONTENTO

Segundo o Código Civil:

Art. 509. A venda feita a contento do comprador entende-se realizada sob


condição suspensiva, ainda que a coisa lhe tenha sido entregue; e não se
reputará perfeita, enquanto o adquirente não manifestar seu agrado.
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Venda a contento ocorre quando o comprador deve manifestar o seu agrado,


que gostou do que está contratado. Ela existe sob condição suspensiva.
Enquanto o manifestante não der o seu “ok” ele não se considera perfeita. A
doutrina afirma que não se trata da qualidade do que é vendido, mas, sim, se a
coisa agrada ao comprador.

O comprador só se torna proprietário quando manifestar o seu agrado. Até lá,


podemos considera-lo comodatário.

Difere da venda sujeita a prova:

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Art. 510. Também a venda sujeita a prova presume-se feita sob a condição
suspensiva de que a coisa tenha as qualidades asseguradas pelo vendedor e
seja idônea para o fim a que se destina.

A condição na venda sujeita a prova é suspensiva até que se prove que a coisa
atende a qualidade e é idônea para o fim a que se destina. Vejam a diferença
sutil.

No primeiro caso, venda a contento, a venda só se


concretiza com a manifestação de contento do comprador,
a natureza é, pois, subjetiva. Na venda sujeita a prova
tem-se a natureza objetiva, pois a compra e venda
considera-se realizada quando se assegure a qualidade e
idoneidade para o fim a que se destina.

O contrato deve prever o prazo para manifestação. Não havendo, aplica-se o


seguinte:

Art. 512. Não havendo prazo estipulado para a declaração do comprador, o


vendedor terá direito de intimá-lo, judicial ou extrajudicialmente, para que o
faça em prazo improrrogável.

6.3 RETROVENDA

A retrovenda é uma cláusula especial que pode constar do contrato de compra e


venda.

Art. 505. O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la


no prazo máximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e
reembolsando as despesas do comprador, inclusive as que, durante o período
de resgate, se efetuaram com a sua autorização escrita, ou para a realização de
benfeitorias necessárias.

Portanto, no caso de venda de bens imóveis, pode o vendedor recobrar, no


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prazo decadencial de 3 anos. A restituição far-se-á se o vendedor restituir o


preço que recebeu acrescido das despesas que o comprador efetuou no imóvel.
As despesas reembolsáveis são as que o vendedor autorizou por escrito, bem
como benfeitorias necessárias.

O direito a se retratar é transmissível aos herdeiros. Todavia, não pode ser


cedido por atos inter vivos.

Passemos a mais um caso.

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6.4 VENDA COM RESERVA DE DOMÍNIO

Art. 521. Na venda de coisa móvel, pode o vendedor reservar para si a


propriedade, até que o preço esteja integralmente pago.

Art. 522. A cláusula de reserva de domínio será estipulada por escrito e


depende de registro no domicílio do comprador para valer contra terceiros.

Veja que a venda com reserva de domínio é aquela cláusula constante em


contrato de compra e venda de coisa móvel em que o vendedor se mantém com
a propriedade até que o preço seja pago integralmente.

O comprador mantém a posse direta do bem móvel.

Art. 524. A transferência de propriedade ao comprador dá-se no momento em


que o preço esteja integralmente pago. Todavia, pelos riscos da coisa responde
o comprador, a partir de quando lhe foi entregue.

Portanto, quitando-se o preço, considera-se a propriedade transferida. Todavia,


os riscos concernentes ao cuidado da coisa passam para o comprador, sendo de
sua responsabilidade, a partir de quando lhe foi entregue.

Verificada a mora do comprador, poderá o vendedor mover contra ele a


competente ação de cobrança das prestações vencidas e vincendas e o mais
que lhe for devido; ou poderá recuperar a posse da coisa vendida (CC, art.
525).

7 CONTRATO DE FRANQUIA/FRANCHISING

O contrato de franquia regula-se pela Lei 8.955/94. Este é o conceito do


contrato de franquia:

É o contrato pelo qual um empresário cede a outro o direito de uso de marca


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ou patente, associado ao direito de distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de


produtos ou serviços e, eventualmente, também ao direito de uso da tecnologia
de implantação e administração de negócio ou sistema operacional
desenvolvidos ou detidos pelo primeiro, mediante remuneração direta ou
indireta, sem que, no entanto, fique caracterizado vínculo empregatício.

Atenção! O que se cede é o direito de uso da marca ou patente, e não a


marca ou patente propriamente ditas.

Franquia é um método para a distribuição de produtos ou serviços, consistente


numa parceria entre um empresário, em princípio mais experiente (conhecido
também como franqueador) e um ou mais empresários geralmente menos
experientes (franqueado), em que o primeiro transfere aos últimos, no todo ou

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em parcialmente, a “competência” por ele desenvolvida no que se refere à
atuação no respectivo mercado (Art. 2º).

Exemplos clássicos de franchising adotadas no Brasil são Mac Donalds, Bob´s,


Yazigi, Subway.

Franqueados e franqueadores devem ser empresários, ou seja, pessoas


jurídicas legalmente constituídas.

Portanto, não há que se falar em vínculo empregatício entre franqueador


e franqueado. A relação entre eles é empresarial.

O franqueador cede ao franqueado o direito de uso de marca ou patente,


associado ao direito de distribuição, exclusiva ou semi-exclusiva de produtos ou
serviços.

O contrato de franquia deve ser sempre escrito e assinado na presença de 2


(duas) testemunhas e terá validade independentemente de ser levado a
registro perante cartório ou órgão público (Lei 8.955/94, art. 6º).

O contrato de franquia tem validade independentemente de registro em


cartório ou órgão público. Nada obstante, a Lei de Propriedade
Industrial dispõe que:

Art. 211. O INPI fará o registro dos contratos que impliquem transferência de
tecnologia, contratos de franquia e similares para produzirem efeitos em
relação a terceiros.

Conjugando os dois dispositivos, vê-se que o contrato de franquia tem validade


independentemente de registro. Entretanto, para que produza efeitos em
relação a terceiros deverá ser registrado no INPI.

O contrato de franquia deve ser sempre escrito. Não pode ser verbal. Além
disso, o contrato de franquia é um contrato de adesão, não se lhe aplicando o
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Código de Defesa do Consumidor.

Art. 6º O contrato de franquia deve ser sempre escrito e assinado na presença


de 2 (duas) testemunhas e terá validade independentemente de ser levado a
registro perante cartório ou órgão público.

Portanto, cuidado! Contrato de franquia:

- Escrito.
- Assinado na presença de duas testemunhas.
- Validade independente de registro. Mas deve ser registrado no INPI.

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A prova para Juiz Substituto do TJ PB, em 2015, cobrou o tema em prova,
com o seguinte teor (item incorreto).

(CESPE/Juiz Substituto/TJ PB/2015) O contrato de franquia, regularmente


celebrado, tem sua validade entre partes diferida para o momento do seu
registro no INPI.

Sempre que o franqueador tiver interesse na implantação de sistema de


franquia empresarial, deverá fornecer ao interessado em tornar-se franqueado
uma circular de oferta de franquia, por escrito e em linguagem clara e
acessível, contendo diversas informações previstas no artigo 3º da Lei
8.955/94, entre elas, histórico da empresa, demonstrações contábeis dos
últimos dois períodos, informações sobre o investimento, entre outras.

Segundo o artigo 3º, deve constar da circular de oferta de franquia, entre


outros:

Art. 3º. XII - indicação do que é efetivamente oferecido ao franqueado pelo


franqueador, no que se refere a:

a) supervisão de rede;
b) serviços de orientação e outros prestados ao franqueado;
c) treinamento do franqueado, especificando duração, conteúdo e custos;
d) treinamento dos funcionários do franqueado;
e) manuais de franquia;
f) auxílio na análise e escolha do ponto onde será instalada a franquia; e
g) layout e padrões arquitetônicos nas instalações do franqueado;

A circular oferta de franquia deverá ser entregue ao candidato a franqueado no


mínimo 10 (dez) dias antes da assinatura do contrato ou pré-contrato
de franquia ou ainda do pagamento de qualquer tipo de taxa pelo franqueado
ao franqueador ou a empresa ou pessoa ligada a este.

Vejam que a entrega da circular de oferta de franquia não é facultativa,


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mas, sim, obrigatória.

Se a circular de oferta de franquia – COF - não for entregue no prazo previsto,


o contrato se torna anulável! Algumas questões podem asseverar que ele é
nulo de pleno direito. Este item deve ser tido como incorreto. Ele será
anulável. O franqueado poderá também requerer os gastos que já tiver feito.
Esse mesmo dispositivo vale caso sejam apresentadas informações falsas na
COF.

(VUNESP/Juiz Substituto/TJ SP/2015) A circular oferta


de franquia pode ser entregue pelo franqueador ao
franqueado após a assinatura do contrato e do pagamento das
taxas pertinentes. Item incorreto!

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O franqueador poderá exigir do franqueado um volume mínimo de compras de


seus produtos ou, mesmo, o pagamento de percentuais sobre os produtos
vendidos.

A COF deve prever informações claras e detalhadas quanto à obrigação do


franqueado de adquirir quaisquer bens, serviços ou insumos necessários à
implantação, operação ou administração de sua franquia, apenas de
fornecedores indicados e aprovados pelo franqueador, oferecendo ao
franqueado relação completa desses fornecedores.

Portanto, A venda de produtos do franqueador para o franqueado não é


requisito essencial da franquia.

Mais um ponto que pode ser objeto de cobrança. O foro para solução dos
negócios de franquia pode ser fixado no contrato. Esse é o entendimento
manifestado pelo STJ.

8 FATURIZAÇÃO/FACTORING

O empresário, por diversas vezes, necessita de uma boa administração da


concessão de crédito (isto é, das vendas feitas a prazo). Isto implica controlar
vencimento, acompanhar as taxas de juros, cobrar inadimplentes, se preciso,
exercer cobrança judicialmente. Ao vender a prazo, o empresário fica
naturalmente sujeito aos riscos de insolvência dos clientes.

A economia hoje se encontra num estágio que resta impossível a um


empresário sobreviver sem que conceda crédito a seus clientes.

O conceito de factoring está previsto na Lei 8.981/1995, art. 28, parágrafo


primeiro, alínea c4:

Art. 28, parágrafo primeiro, C4. Prestação cumulativa e contínua de serviços de


assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos,
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administração de contas a pagar e a receber, compras de direitos creditórios


resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços
(factoring).

Nessa acepção, surge a figura das faturizadoras.

Faturização, factoring ou fomento mercantil é, em lição comezinha, o


instrumento mediante o qual o beneficiário de um título de crédito, que pode
ser nota promissória, cheque, duplicata, etc., cede onerosamente a
propriedade do crédito à faturizadora. Esta, por sua vez, assumirá o crédito,
mediante pagamento ao antigo titular.

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O contrato de factoring é atípico, pois não tem regulamentação em lei. Fran
Martins, leciona que ele se forma mediante manifestação de vontade do
faturizado e faturizados (contrato bilateral), dispensando até mesmo a forma
escrita, se houver escrituração nos livros de ambas as partes. Todavia, a forma
não escrita ou verbal de factoring não é usual. Isso já foi cobrado em prova?
Sim! [Item correto].

(CESPE/Promotor de Justiça/MPE RR/2012) O contrato de faturização é


consensual, não sendo necessária nenhuma formalidade para ser firmado,
senão a própria manifestação das partes; ele pode, inclusive, ser verbal.

o contrato de faturização se forma mediante a simples manifestação da vontade


do faturizado e do faturizador, ou seja, é um contrato bilateral, pois gera
obrigações tanto para o faturizador quanto para o faturizado. Tal contrato,
inclusive, dispensa a forma escrita, desde que sejam feitas as escriturações em
livros de ambas as partes. Na prática, no entanto, é muito raro se observar à
forma verbal.

A instituição financeira garante:

a) Gerir os créditos, procedendo ao controle dos vencimentos, providenciando


avisos e protestos assecuratórios do direito creditício, bem como cobrando os
devedores das faturas;
b) Assumir os riscos do inadimplemento dos devedores do faturizado;
c) Garantir o pagamento das faturas objeto de faturização.

Dispõe a Lei Complementar 105/2001 que as instituições financeiras


conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados.
No parágrafo segundo do artigo 1º, equipara as empresas de factoring às
instituições financeiras.

As empresas de faturização, ou fomento mercantil, a


exemplo dos bancos, devem manter sigilo sobre suas
operações. Todavia, elas não são consideradas
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instituições financeiras.

As instituições de factoring não são instituições financeiras, por isso, segundo o


STJ, não podem conceder empréstimo ou descontar títulos. Portanto, as
instituições de factoring não integram o Sistema Financeiro Nacional, nem
necessitam de autorização do Banco Central.

As sociedades de fomento mercantil, por serem comerciais, devem promover o


registro dos seus atos constitutivos na Junta Comercial.

Um ponto importante que também pode ser cobrado em prova é a distinção


entre a operação da factoring e o desconto bancário. Veja o esquema:

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- No desconto bancário, o endossante ou cedente do título permanece
coobrigado pela dívida.
- No factoring, o cedente ou endossante se exonera da responsabilidade pela
dívida.

Consequentemente, as taxas cobradas pela faturizadora são mais altas do que


as cobradas quando da aplicação do desconto bancário.

Há basicamente duas modalidades de faturização. São elas: conventional


factoring e maturity factoring.

No conventional factoring a faturizadora paga ao faturizado antes do


vencimento do crédito. A financeira garante o pagamento ao faturizado. Três
serviços estão inclusos:

1 – Administração do crédito.
2 – Seguro.
3 – Financiamento.

A remuneração da faturizadora neste caso, por antecipar o valor ao faturizado,


é mais elevada.

No maturity factoring, por sua vez, existe tão-somente a prestação de serviço


de administração do crédito e seguro, ausentando-se, na relação, a
financiamento.

(FCC/Juiz do Trabalho/TRT 24/2014) Pelo contrato de


factoring ou faturização, privativamente uma instituição
financeira, ela assume o crédito proveniente de vendas
mercantis, pagando ao cedente sempre antecipadamente o
valor ajustado, mediante desconto de juros bancários e comissão pela
administração do crédito adquirido.

O item está incorreto, posto que a faturizadora não é instituição financeira.


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Ademais, no maturity factoring não há antecipação do valor, mas somente


prestação de serviço de administração do crédito e seguro.
Ricardo Negrão doutrina que a “compra de créditos no fomente mercantil
opera-se pela cessão de créditos e por endosso dos títulos a favor do
fomentador”.

Uma cessão de crédito pode ser pro soluto ou pro solvendo.

Pro soluto  Cedente responde pela existência e legalidade do crédito, mas


não pela solvência do devedor.
Pro solvendo  Cedente responde pela existência e legalidade do crédito, e
também pela solvência do devedor.

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No factoring, o cedente não responde pela solvência do devedor, isto é, se ele
não pagar. Responde, todavia, pela existência e legalidade do crédito que
negociou. Portanto, a característica da transferência de créditos no factoring é
pro soluto.

(CESPE/Juiz/TJ PB/2015) No contrato de factoring, o


faturizado transfere ao faturizador, em regra geral, créditos
pro solvendo. Item incorreto.

(Juiz/TJDFT/2007) No contrato de factoring, é impositivo


ao faturizador assumir os riscos do não-pagamento, pois, ao
ceder seus ativos, o faturizado desvincula-se de qualquer
obrigação em caso de inadimplemento do devedor-sacado.

Este segundo item está incorreto. Por quê? Pois o faturizado responde pela
existência e legalidade do crédito. Com efeito, se a empresa Alfa desconta
duplicatas falsas ou frias para determinada faturizadora, responderá por essa
obrigação.

Um último ponto que vez ou outra aparece em provas é o seguinte: as


faturizadoras, por não serem instituições financeiras, estão sujeitas à chamada
Lei da Usura. Por isso, estão sujeitas à limitação da taxa de juros de 12%
ao ano. Isso cai na prova!

9 ARRENDAMENTO MERCANTIL/LEASING

Segundo a Lei 6.099/74: Considera-se arrendamento mercantil o negócio


jurídico realizado entre pessoa jurídica, na qualidade de arrendadora, e pessoa
física ou jurídica, na qualidade de arrendatária, e que tenha por objeto o
arrendamento de bens adquiridos pela arrendadora, segundo especificações da
arrendatária e para uso próprio desta (art. 1º, parágrafo único).

Fábio Ulhoa define o contrato de arrendamento mercantil como a locação


caracterizada pela faculdade conferida ao locatário de, ao seu término,
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optar pela compra do bem locado.

O arrendamento mercantil, também chamado de leasing, é a realização de


negócio entre pessoa jurídica num polo, como arrendadora, e pessoa física ou
jurídica no outro, como arrendatário, para o arrendamento de bens (esses bens
podem ser móveis ou imóveis), de propriedade da arrendadora.

Frise-se: É o arrendamento mercantil o contrato pelo qual a arrendadora


concede à arrendatária o direito de utilizar determinada coisa, cobrando aluguel
pelo uso temporário e admitindo que, a certo tempo do contrato, a parte que
vem utilizando aquela coisa declare sua opção de compra, pagando o preço
residual.

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Ao final do contrato, o arrendatário poderá optar pela renovação do
contrato, por encerrar o contrato ou por comprar o bem, pagando-se o
valor residual.

Essa definição conferirá tratamento especial nas relações tributárias do leasing.

As sociedades de arrendamento mercantil são sempre sociedade anônimas, e


devem acrescentar no nome empresarial a expressão “arrendamento
mercantil”.

O “arrendamento” que não atender as condições estabelecidas pela lei


supracitada será considerado como compra e venda a prazo (Lei 6.099/74, art.
11, §1º).

Anote-se, também, que o objeto do leasing pode ser


bem móvel ou imóvel (Lei 6.099/74, art. 10º).

Somente poderão ser objeto de arrendamento mercantil os bens de produção


estrangeira que forem enumerados pelo Conselho Monetário Nacional, que
poderá, também, estabelecer condições para seu arrendamento a empresas
cujo controle acionário pertencer a pessoas residentes no exterior (Lei
6.099/74, art. 10º).

Fases do arrendamento mercantil! Cinco são as fases existentes no leasing,


de acordo com Waldirio Bulgarelli:

1 – Proposta feita pela arrendadora ao arrendatário ou vice-versa.


2 – Há acordo de vontade entre elas.
3 – Aquisição, pela arrendadora, do bem (pode ser que o bem já seja de
propriedade da arrendadora).
4 – Entrega do bem ao arrendatário.
5 – Exercício pelo arrendatário da opção: continuar o contrato, encerrar,
adquirir o bem objeto de arrendamento.
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Basicamente, temos três tipos de leasing. Para conceitua-los, vamos tomar


emprestados os conceitos do Pronunciamento Contábil de n. 6 – do Comitê de
Pronunciamentos Contábeis.

Os principais são leasing operacional e financeiro. A diferença entre um e


outro reside principalmente no seguinte critério: se o leasing transfere ou
não os riscos e benefícios inerentes à propriedade.

Se transferir, será classificado como leasing financeiro. Se não, como leasing


operacional. E como saberemos se há ou não transferência dos riscos e
benefícios? O tema está prescrito no CPC 06, que dispõe sobre o arrendamento
mercantil.

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Se os riscos e benefícios ficam com o arrendatário  Arrendamento financeiro.
Se os riscos e benefícios ficam com o arrendador  Arrendamento operacional.

Para se caracterizar um arrendamento financeiro, basicamente cinco


características podem aparecer:

Principais características de um arrendamento financeiro

1) Transfere-se a propriedade ao final do contrato;


2) Valor residual mais baixo que o valor justo (valor de mercado);
3) O prazo do arrendamento refere-se à maior parte da vida útil do ativo
4) O valor presente dos pagamentos totaliza substancialmente o todo o valor
justo do ativo;
5) O ativo arrendado é de tal forma especializado, que apenas o arrendatário
pode usá-lo sem grandes modificações.

Memorize os 5 itens acima. Não são difíceis, e uma questão pode não
mencionar se o arrendamento é operacional ou financeiro, mas indicar uma ou
mais das características acima.

Vamos exemplificar?

“A Cia ABC contratou o arrendamento de uma máquina construída


especialmente para ser usada nas suas operações” (Arrendamento financeiro –
item “5” acima).

“Um veículo foi arrendado por dois anos, com valor residual segundo a tabela
da Revista 4 Rodas do final do contrato”. Supondo que a tabela da Revista 4
Rodas represente o valor justo do veículo, será arrendamento operacional (Não
atende o item 2).
“Um veículo foi arrendado por dois anos, com valor residual de 500 reais”.
Nesse caso, teremos arrendamento financeiro, pois o valor residual é mais
baixo que o valor justo (nenhum veículo com dois anos de uso custa apenas
500 reais). 03403168700

Portanto, vamos diferenciar:

- Leasing financeiro/Arrendamento financeiro/Leasing bancário:

- As parcelas que a arrendadora recebe são geralmente suficientes para cobrir o


custo, bem como gerar lucro.
- O prazo é determinado, devendo a arrendatária, ao término fazer a escolha
pela compra, término do contrato ou prorrogação.
- O arrendatário deve pagar as prestações a vencer, se rescindir o contrato
antecipadamente.
- A arrendatária arca com as despesas de manutenção e assistência técnica.

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- O preço ao final do contrato é geralmente mais baixo que o valor de mercado.
Todavia, este valor é livremente pactuado. Pode ser, inclusive, o valor de
mercado.
- Prazo mínimo:
Se a vida útil do bem é igual ou inferior a 5 anos: 2 anos de arrendamento.
Se a vida útil do bem é superior a 5 anos: 3 anos de arrendamento.

O prazo é contado da entrega da parcela até o pagamento da última prestação.

- Leasing operacional/Arrendamento operacional:

- Tem caráter praticamente de locação.


- A assistência técnica pode ser de responsabilidade da arrendadora ou da
arrendatária.

Existe, ainda, o lease-back, que é uma operação de leasing financeiro em que o


cliente vende o bem para a arrendadora e em seguida arrenda o bem. Ao fim
do contrato, o cliente compra o bem pelo valor residual garantido. O lease-back
funciona como uma maneira simples e rápida de obter um capital de giro de
longo prazo com garantia real e sem incidência de IOF. Determinada pessoa
vende um bem do seu ativo imobilizado sem perder o seu uso e depois o
recompra.

Caso haja o não pagamento das prestações do leasing por


parte do arrendatário, o arrendador pode propor ação de
reintegração de posse para reaver o bem.

Faz-se necessária, entretanto, a notificação prévia do


arrendatário, a fim de que este possa purgar a mora (alegação de justa causa
ou força maior), pagar ou se defender. Vejamos o posicionamento do STJ a
respeito.

Súmula 369
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No contrato de arrendamento mercantil (leasing), ainda que haja cláusula


resolutiva expressa, é necessária a notificação prévia do arrendatário para
constituí-lo em mora.

Mesmo que haja cláusula resolutiva expressa, em que a mora é ex re (isto é,


automática), faz-se necessária a notificação judicial ou extrajudicial.

Portanto, admite-se a reintegração de posse pelo arrendador, se houver


inadimplência do arrendatário, caso haja no contrato cláusula
resolutória expressa e tenha sido o arrendatário devidamente
notificado de sua mora.

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Ademais, importante falamos também sobre o possível o pagamento do valor
residual garantido – VRG.

Podemos dizer que o valor residual corresponde ao preço para o exercício


da opção de compra.

Se o arrendatário optar pela compra do bem, pagará um valor residual. Há uma


grande divergência doutrinária e jurisprudencial acerca da possibilidade de
antecipação deste valor.

Contudo, para concursos, numa questão como esta o mais prudente é defender
a sua possibilidade, uma vez que há expressa decisão do STJ neste sentido.

Súmula 293, in verbis: A cobrança antecipada do valor residual garantido


(VRG) não descaracteriza o contrato de arrendamento mercantil.

Um outro ponto que pode ser cobrado em prova é a vinculação do contrato à


moeda estrangeira. O artigo 6º da Lei 8.880/94 (que criou o Plano Real)
dispõe:

Art. 6º - É nula de pleno direito a contratação de reajuste vinculado à variação


cambial, exceto quando expressamente autorizado por lei federal e nos
contratos de arrendamento mercantil celebrados entre pessoas residentes e
domiciliadas no País, com base em captação de recursos provenientes do
exterior.

Segundo lição cristalina do TJ DFT “a regra contida no art. 6.º da Lei n.º
8.880/94 fulmina de nulidade a contratação de reajuste vinculado à variação
cambial, mas, criando exceção, admite tal hipótese nos contratos de
arrendamento mercantil entre pessoas residentes e domiciliadas no país caso o
bem arrendado seja adquirido com recursos provenientes do exterior. Não
comprovada a referida captação no exterior para aplicá-la na compra do bem
objeto do ajuste, correta a decisão que considera nula a cláusula que autoriza o
reajuste segundo a variação do dólar americano”.
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10 QUESTÕES COMENTADAS

1. (FGV/Auditor Fiscal da Receita Estadual/RJ/2009) A respeito do


contrato de arrendamento mercantil, é correto afirmar que:

(A) a cobrança antecipada do Valor Residual Garantido (VRG) descaracteriza o


contrato de arrendamento mercantil, transformando-o em compra e venda a
prestação.
(B) a cobrança antecipada do Valor Residual Garantido (VRG) não
descaracteriza o contrato de arrendamento mercantil.
(C) é proibido o pagamento antecipado de Valor Residual Garantido (VRG).
(D) o bem objeto do contrato de arrendamento mercantil deve necessariamente
ser adquirido pelo arrendatário.
(E) o bem objeto do contrato de arrendamento mercantil deve necessariamente
retornar à instituição financeira.

Comentários

A questão cobrou entendimento jurisprudencial, defendido na Súmula 293, in


verbis: A cobrança antecipada do valor residual garantido (VRG) não
descaracteriza o contrato de arrendamento mercantil.

Assim, o gabarito da questão é a letra b.

A letra c está incorreta.

(C) é proibido o pagamento antecipado de Valor Residual Garantido


(VRG).

É possível o pagamento do valor residual garantido – VRG.

Podemos dizer que o valor residual corresponde ao preço para o exercício da


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opção de compra.

Se o arrendatário optar pela compra do bem, pagará um valor residual. Há uma


grande divergência doutrinária e jurisprudencial acerca da possibilidade de
antecipação deste valor.

Contudo, para concursos, numa questão como esta o mais prudente é defender
a sua possibilidade, uma vez que há expressa decisão do STJ neste sentido.

As letras d e e também estão incorretas.

(D) o bem objeto do contrato de arrendamento mercantil deve


necessariamente ser adquirido pelo arrendatário.

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(E) o bem objeto do contrato de arrendamento mercantil deve


necessariamente retornar à instituição financeira.

Ao termo do prazo pactuado entre as partes resta ao arrendatário:

1) Adquirir o bem, pagando, caso exista, o valor residual;


2) Devolver o bem, restituindo-se-lhe o valor residual, se houver;
3) Renovação do arrendamento.

Gabarito  B.

2. (FGV/Auditor Fiscal/Amapá/2010) A respeito do contrato de franquia


é correto afirmar que:

(A) configura-se relação trabalhista entre franqueado e franqueador.


(B) a validade do contrato de franquia depende do seu registro no órgão
competente.
(C) o contrato de franquia pode ser apenas verbal.
(D) o franqueador cede ao franqueado o direito de uso de marca ou patente,
associado ao direito de distribuição, exclusiva ou semi-exclusiva de produtos ou
serviços.
(E) as empresas franqueadora e franqueadas constituem-se como grupo de
sociedades nos termos da disciplina societária.

Comentários

As franquias são reguladas pela Lei 8.955/94.

Segundo a lei, artigo 2º, franquia empresarial é o sistema pelo qual um


franqueador cede ao franqueado o direito de uso de marca ou patente,
associado ao direito de distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de produtos ou
serviços e, eventualmente, também ao direito de uso de tecnologia de
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implantação e administração de negócio ou sistema operacional desenvolvidos


ou detidos pelo franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem
que, no entanto, fique caracterizado vínculo empregatício.

Portanto, não há que se falar em vínculo empregatício entre franqueador e


franqueado. A relação entre eles é empresarial.

(A) configura-se relação trabalhista entre franqueado e franqueador.

A letra a está incorreta.

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(D) o franqueador cede ao franqueado o direito de uso de marcaou
patente, associado ao direito de distribuição, exclusiva ou semi-
exclusiva de produtos ou serviços.

A letra d está correta, uma vez que extraída literalmente do artigo 2º da Lei de
Franquia.

Art. 2º Franquia empresarial é o sistema pelo qual um franqueador cede ao


franqueado o direito de uso de marca ou patente, associado ao direito de
distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de produtos ou serviços e,
eventualmente, também ao direito de uso de tecnologia de implantação e
administração de negócio ou sistema operacional desenvolvidos ou detidos pelo
franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem que, no entanto,
fique caracterizado vínculo empregatício.

(B) a validade do contrato de franquia depende do seu registro no


órgão competente.

O contrato de franquia deve ser sempre escrito e assinado na presença de 2


(duas) testemunhas e terá validade independentemente de ser levado a
registro perante cartório ou órgão público (Lei 8.955/94, art. 6º).

GRAVE-SE: O CONTRATO DE FRANQUIA TEM VALIDADE


INDEPENDENTEMENTE DE REGISTRO EM CARTÓRIO OU ÓRGÃO
PÚBLICO.

A letra b também está incorreta. Essa é uma ótima pegadinha para a prova!
Atentem-se.

(C) o contrato de franquia pode ser apenas verbal.

A letra c também é errônea, uma vez que o contrato de franquia deve ser
sempre escrito.
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Art. 6º O contrato de franquia deve ser sempre escrito e assinado na presença


de 2 (duas) testemunhas e terá validade independentemente de ser levado a
registro perante cartório ou órgão público.

A letra e também está incorreta.

A relação entre franqueador e franqueado não caracteriza também grupo de


sociedades, nos termos do artigo 265 da Lei das SA´s.

Caracteriza-se o grupo de sociedades por ser “um termo de referência para


aquele setor da realidade societária moderna que encontra no fenômeno do
controle intersocietário e das relações de coligação entre sociedades o seu
centro de gravidade”.

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Gabarito  D.

3. (FGV/Auditor Fiscal da Receita Estadual/SEFAZ/RJ/2008) A


Sociedade de Fomento Mercantil Irmãos Leitão Ltda. realiza, com exclusividade,
operações de compra de direitos creditórios, sem que nos contratos de cessão
onerosa dos direitos que celebra haja qualquer cláusula de garantia ou direito
de regresso, em face dos cedentes.

Em relação à possibilidade de essa sociedade de factoring ou de fomento


mercantil poder ser considerada instituição financeira, assinale a afirmativa
correta.

a) Toda sociedade de fomento mercantil que compra direitos creditórios está


atuando como instituição financeira, porque essa operação equivale a um
verdadeiro desconto bancário.
b) As sociedades de fomento mercantil sempre devem ser qualificadas como
instituição financeira porque o Banco Central do Brasil assim as considera.
c) As sociedades de fomento mercantil, ao realizarem aquisições de direitos
creditórios, não podem ser consideradas instituição financeira, porque essas
operações não se confundem com o desconto bancário.
d) As sociedades de fomento mercantil poderiam ser conceituadas como
instituição financeira, mas só quando realizam operações de aquisição de
direitos creditórios mediante cessão com endosso em preto dos títulos.
e) As sociedades de fomento mercantil poderiam ser conceituadas como
instituição financeira, mas só quando realizam operações de aquisição de
direitos creditórios mediante cessão com endosso em branco dos títulos.

Comentários:

Como já dissemos, as instituições fomento mercantil (factoring) não são


consideradas instituições financeiras, mas, sim, sociedades comerciais.
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Gabarito  C.

4. (FGV/Procurador/TCM RJ/2008/Adaptada) Analise as assertivas a


seguir:

I. O faturizado responde junto ao faturizador pelos prejuízos causados em caso


de inadimplemento da obrigação contraída pelo devedor.
II. Prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia,
mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a
pagar e a receber, compras de direitos creditórios resultantes de vendas
mercantis a prazo ou de prestação de serviços. Este é o conceito de factoring.

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III. Considera-se leasing financeiro o contrato pelo qual o arrendante adquire
de terceiros certos bens de produção com o objetivo de entregá-lo ao
arrendatário, que, no prazo contratual fixado, se obriga ao pagamento de
prestações periódicas, com o direito de optar pela compra do bem, renovação
do contrato ou devolução do bem.
IV. Em contrato de arrendamento mercantil, é nula a cláusula que dispõe sobre
a possibilidade de indexação em moeda estrangeira.

Assinale:
a) se apenas as assertivas I e III estiverem corretas.
b) se apenas as assertivas II e IV estiverem corretas.
c) se apenas as assertivas I e IV estiverem corretas.
d) se apenas as assertivas II e III estiverem corretas.
e) se apenas as assertivas III e IV estiverem corretas.

Comentários:

Item I – Incorreto.

O faturizado não responde pela solvência, mas somente pela existência do


crédito.

Item II – Correto.

O conceito de factoring está previsto na Lei 8.981/1995, art. 28, parágrafo


primeiro, alínea c4:

Art. 28, parágrafo primeiro, C4. Prestação cumulativa e contínua de serviços de


assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos,
administração de contas a pagar e a receber, compras de direitos creditórios
resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços
(factoring).

Item III – Correto. 03403168700

Conforme já dito na aula.

Item IV – Incorreto.

Existe a possibilidade, se restar comprovado que o bem foi comprado com


moeda estrangeira.

Gabarito  D.

5. (FGV/OAB/2015) A sociedade empresária Calçados Montalvânia Ltda.


celebrou contrato de faturização com Miravânia Fomento Mercantil Ltda. para

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que a segunda antecipasse para a primeira créditos contidos em cheques, notas
promissórias, duplicatas de venda e outros documentos de dívida, além da
prestação de serviços de assessoria mercadológica, creditícia e de gestão de
riscos.

Sobre este contrato, assinale a afirmativa correta.

a) Na modalidade tradicional (ou convencional) da faturização, a faturizadora se


obriga a efetuar o pagamento das faturas e de outros documentos referentes
aos créditos cedidos apenas na data do vencimento, razão pela qual o contrato
em questão não pode ser considerado faturização típica.
b) As sociedades de fomento comercial estão obrigadas a arquivar seus
contratos e suas alterações no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, uma vez que
o objeto por elas exercido inclui a prestação de serviços ao faturizado, sendo
essa atividade estranha ao objeto das sociedades empresárias.
c) As sociedades faturizadoras dependem de autorização do Banco Central do
Brasil para funcionamento, podendo realizar operações de crédito em favor dos
faturizados, não estando tais operações sujeitas ao limite máximo de juros
previsto no Código Civil.
d) As sociedades que exercem as atividades de fomento comercial, mesmo não
sendo consideradas instituições financeiras para efeitos legais, estão obrigadas
a conservar sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados aos
faturizados.

Comentários:

Comentemos rapidamente...

Letra a. Na modalidade tradicional, a faturizadora antecipa os valores ao


faturizado, sendo este o contrato de faturização convencional.

Letra b. Item incorreto. As faturizadoras registram-se na Junta Comercial.

Letra c. Item incorreto. Não há necessidade de autorização do BACEN.


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Letra d. Item correto. Gabarito! As faturizadoras não são financeiras, mas


devem conservar o sigilo de suas operações.

Gabarito  D.

6. (FGV/Auditor Fiscal da Receita Estadual/SEFAZ RJ/2007) O


contrato celebrado entre uma sociedade de arrendamento mercantil, titular de
bem móvel, que se obriga a entregar o bem objeto do contrato ao arrendatário,
pessoa natural ou jurídica, mediante o respectivo pagamento das prestações
determinadas e com a incumbência de prestar assistência técnica permanente
durante o prazo acordado, denomina-se:

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a) lease-back.
b) leasing puro.
c) leasing financeiro.
d) leasing operacional.
e) leasing de retorno.

Comentários:

- Leasing financeiro/Arrendamento financeiro/Leasing bancário:

- As parcelas que a arrendadora recebe são geralmente suficientes para cobrir o


custo, bem como gerar lucro.
- O prazo é determinado, devendo a arrendatária, ao término fazer a escolha
pela compra, término do contrato ou prorrogação.
- O arrendatário deve pagar as prestações a vencer, se rescindir o contrato
antecipadamente.
- A arrendatária arca com as despesas de manutenção e assistência técnica.
- O preço ao final do contrato é geralmente mais baixo que o valor de mercado.
Todavia, este valor é livremente pactuado. Pode ser, inclusive, o valor de
mercado.
- Prazo mínimo:
Se a vida útil do bem é igual ou inferior a 5 anos: 2 anos de arrendamento.
Se a vida útil do bem é superior a 5 anos: 3 anos de arrendamento.

O prazo é contado da entrega da parcela até o pagamento da última prestação.

- Leasing operacional/Arrendamento operacional:

- Tem caráter praticamente de locação.


- A assistência técnica pode ser de responsabilidade da arrendadora ou da
arrendatária.

Como no arrendamento financeiro as despesas com assistência técnica correm


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pode conta da arrendatária, o contrato em tela será de leasing operacional.

Atenção! O autor Ricardo Negrão salienta que no leasing operacional a


assistência técnica pode ser de responsabilidade da arrendadora ou da
arrendatária. Todavia, a FGV entendeu que são de responsabilidade da
arrendatária. Este entendimento vai contra o que diz a Resolução 2.309/1996,
do Conselho Monetário Nacional.

Em 2012, a banca teve entendimento contrário, na prova da OAB, ao considerar


correto o seguinte item:

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(FGV/OAB/2012) No arrendamento mercantil operacional, a manutenção, a
assistência técnica e os serviços correlatos à operacionalidade do bem
arrendado podem ser de responsabilidade da arrendadora ou da arrendatária.

Hoje, acredito que a posição mais segura é considerar que a manutenção pode
ficar tanto a cargo do arrendador como da arrendatária.

Gabarito  D.

7. (CESGRANRIO/Advogado/Liquigás/2012) O contrato pelo qual um


empresário cede a outro o direito de uso da marca ou patente, associado ao
direito de distribuição exclusiva ou semiexclusiva de produtos ou serviços e,
ainda, presta-lhe serviços de organização empresarial por ele desenvolvidos,
mediante remuneração direta ou indireta, sem que fique caracterizado vínculo
empregatício entre as partes, denomina-se:

a) franquia
b) comissão
c) distribuição
d) compra e venda
e) representação comercial

Comentários

É o contrato pelo qual um empresário cede a outro o direito de uso de marca ou


patente, associado ao direito de distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de
produtos ou serviços e, eventualmente, também ao direito de uso da tecnologia
de implantação e administração de negócio ou sistema operacional
desenvolvidos ou detidos pelo primeiro, mediante remuneração direta ou
indireta, sem que, no entanto, fique caracterizado vínculo empregatício.

Este é o conceito do contrato de franquia. O contrato de franquia regula-se pela


Lei 8.955/94. 03403168700

Gabarito  A.

8. (CEGRANRIO/Advogado/Caixa/2012) Caso um importador, na


qualidade de pessoa jurídica, venha a adquirir produtos do fabricante sediado
no exterior, de forma habitual e com intuito de lucro, para fins de revenda a
estabelecimentos comerciais atacadistas, tem-se, nesse caso, contrato de:

a) mútuo
b) franquia
c) leasing financeiro
d) leasing operacional

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e) compra e venda mercantil

Comentários

Este é um exemplo claro de contrato de compra e venda mercantil.

O contrato de compra e venda mercantil opera-se pela figura de


empresários nos dois polos, obrigatoriamente. Fábio Ulhoa leciona que o
comércio é explicado como uma sucessão de contratos de compra e venda.
Temos como exemplo uma indústria que vende mercadorias para um
atacadista. O atacadista, por seu turno, fixa contrato com supermercado.

Conforme propõe o Código Civil:

Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a


transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em
dinheiro.

Gabarito  E.

9. (FCC/Juiz do Trabalho/TRT 6ª/2013) Os contratos de franquia, para


produzirem efeitos em relação a terceiros, devem ser registrados no:

a) Registro de Imóveis.
b) Registro Público de Empresas Mercantis.
c) Instituto Nacional da Propriedade Industrial.
d) Registro Civil de Pessoas Jurídicas.
e) Registro de Títulos e Documentos.

Comentários

Conforme dissemos, para que o contrato de franquia tenha validade perante


terceiros, deverá ser registrado no INPI. 03403168700

Gabarito  C.

10. (FCC/Promotor/MPE/CE/2011) Descumprida a obrigação pecuniária


pelo arrendatário, no contrato de leasing financeiro:

a) o arrendante apenas pode cobrar a dívida, mas não pleitear a rescisão do


contrato ou a sua reintegração na posse, dada a existência de opção de
compra.
b) não se admite em nenhuma hipótese a ação de reintegração de posse, se
nas parcelas tiver sido incluído o denominado Valor Residual Garantido (VRG),

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de acordo com a jurisprudência mais recente consolidada em súmula do
Superior Tribunal de Justiça.
c) admite-se a reintegração do arrendante na posse, caso haja no contrato
cláusula resolutória expressa e tenha sido o arrendatário devidamente
notificado de sua mora.
d) perde o arrendatário o direito de usar o bem enquanto não purgar a mora,
independentemente de notificação do arrendante, mas não fica sujeito à
retomada do bem antes do trânsito em julgado da sentença que rescindir o
contrato.
e) a reintegração na posse pelo arrendante prescinde de cláusula resolutória
expressa e de notificação prévia do arrendatário, vencendo-se a dívida por
inteiro, e será o bem vendido para seu pagamento e o arrendatário ficará
pessoalmente responsável pelo saldo devedor se o valor obtido com a venda for
insuficiente.

Comentários

Conforme dissemos na aula:

Caso haja o não pagamento das prestações do leasing por parte do


arrendatário, o arrendador pode propor ação de reintegração de posse para
reaver o bem.

Faz-se necessária, entretanto, a notificação prévia do arrendatário, a fim de que


este possa purgar a mora ou se defender. Vejamos o posicionamento do STJ a
respeito.

Súmula 369

No contrato de arrendamento mercantil (leasing), ainda que haja cláusula


resolutiva expressa, é necessária a notificação prévia do arrendatário para
constituí-lo em mora.

Mesmo que haja cláusula resolutiva expressa, em que a mora é ex re (isto é,


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automática), faz-se necessária a notificação judicial ou extrajudicial.

Gabarito  C.

11. (FCC/Juiz de Direito/TJ GO/2015) Acerca do contrato de franquia


empresarial, é correto afirmar:

a) O franqueado poderá requerer a sua anulação se não lhe tiver sido fornecida
a circular de oferta de franquia com a antecedência prevista em lei, ainda que
não a tenha requerido previamente por escrito ao franqueador.
b) Deve ser escrito e assinado na presença de 2 testemunhas e só terá validade
depois de registrado em cartório ou órgão público.

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c) Estabelece vínculo empregatício entre franqueador e franqueado.
d) A falsidade das informações contidas na circular de oferta de franquia
entregue ao franqueado o torna nulo de pleno direito, e não meramente
anulável.
e) Atualmente não é disciplinado por lei especial ou extravagante, sendo regido
exclusivamente pelo Código Civil.

Comentários:

a) O franqueado poderá requerer a sua anulação se não lhe tiver sido


fornecida a circular de oferta de franquia com a antecedência prevista
em lei, ainda que não a tenha requerido previamente por escrito ao
franqueador.

Este é o nosso gabarito. Vimos que a falta da entrega da circular de oferta de


franquia é causa de anulação se o franqueado requerer.

b) Deve ser escrito e assinado na presença de 2 testemunhas e só terá


validade depois de registrado em cartório ou órgão público.

O item está incorreto.

Contrato de franquia:

- Escrito.
- Assinado na presença de duas testemunhas.
- Validade independente de registro. Mas deve ser registrado no INPI.

c) Estabelece vínculo empregatício entre franqueador e franqueado.

O item está incorreto. Não há vínculo empregatício no contrato de franquia.


d) A falsidade das informações contidas na circular de oferta de
franquia entregue ao franqueado o torna nulo de pleno direito, e não
meramente anulável. 03403168700

Item incorreto. Assim como a falta de entrega, a falsidade das informações


torna a relação anulável (e não nula de pleno direito).

e) Atualmente não é disciplinado por lei especial ou extravagante,


sendo regido exclusivamente pelo Código Civil.

Item incorreto. A franquia está prevista na Lei 8.955/94.

Gabarito  A.

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11 QUESTÕES COMENTADAS NESTA AULA

1. (FGV/Auditor Fiscal da Receita Estadual/RJ/2009) A respeito do


contrato de arrendamento mercantil, é correto afirmar que:

(A) a cobrança antecipada do Valor Residual Garantido (VRG) descaracteriza o


contrato de arrendamento mercantil, transformando-o em compra e venda a
prestação.
(B) a cobrança antecipada do Valor Residual Garantido (VRG) não
descaracteriza o contrato de arrendamento mercantil.
(C) é proibido o pagamento antecipado de Valor Residual Garantido (VRG).
(D) o bem objeto do contrato de arrendamento mercantil deve necessariamente
ser adquirido pelo arrendatário.
(E) o bem objeto do contrato de arrendamento mercantil deve necessariamente
retornar à instituição financeira.

2. (FGV/Auditor Fiscal/Amapá/2010) A respeito do contrato de franquia


é correto afirmar que:

(A) configura-se relação trabalhista entre franqueado e franqueador.


(B) a validade do contrato de franquia depende do seu registro no órgão
competente.
(C) o contrato de franquia pode ser apenas verbal.
(D) o franqueador cede ao franqueado o direito de uso de marca ou patente,
associado ao direito de distribuição, exclusiva ou semi-exclusiva de produtos ou
serviços.
(E) as empresas franqueadora e franqueadas constituem-se como grupo de
sociedades nos termos da disciplina societária.

3. (FGV/Auditor Fiscal da Receita Estadual/SEFAZ/RJ/2008) A


Sociedade de Fomento Mercantil Irmãos Leitão Ltda. realiza, com exclusividade,
operações de compra de direitos creditórios, sem que nos contratos de cessão
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onerosa dos direitos que celebra haja qualquer cláusula de garantia ou direito
de regresso, em face dos cedentes.

Em relação à possibilidade de essa sociedade de factoring ou de fomento


mercantil poder ser considerada instituição financeira, assinale a afirmativa
correta.

a) Toda sociedade de fomento mercantil que compra direitos creditórios está


atuando como instituição financeira, porque essa operação equivale a um
verdadeiro desconto bancário.
b) As sociedades de fomento mercantil sempre devem ser qualificadas como
instituição financeira porque o Banco Central do Brasil assim as considera.

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c) As sociedades de fomento mercantil, ao realizarem aquisições de direitos
creditórios, não podem ser consideradas instituição financeira, porque essas
operações não se confundem com o desconto bancário.
d) As sociedades de fomento mercantil poderiam ser conceituadas como
instituição financeira, mas só quando realizam operações de aquisição de
direitos creditórios mediante cessão com endosso em preto dos títulos.
e) As sociedades de fomento mercantil poderiam ser conceituadas como
instituição financeira, mas só quando realizam operações de aquisição de
direitos creditórios mediante cessão com endosso em branco dos títulos.

4. (FGV/Procurador/TCM RJ/2008/Adaptada) Analise as assertivas a


seguir:

I. O faturizado responde junto ao faturizador pelos prejuízos causados em caso


de inadimplemento da obrigação contraída pelo devedor.
II. Prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia,
mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a
pagar e a receber, compras de direitos creditórios resultantes de vendas
mercantis a prazo ou de prestação de serviços. Este é o conceito de factoring.
III. Considera-se leasing financeiro o contrato pelo qual o arrendante adquire
de terceiros certos bens de produção com o objetivo de entregá-lo ao
arrendatário, que, no prazo contratual fixado, se obriga ao pagamento de
prestações periódicas, com o direito de optar pela compra do bem, renovação
do contrato ou devolução do bem.
IV. Em contrato de arrendamento mercantil, é nula a cláusula que dispõe sobre
a possibilidade de indexação em moeda estrangeira.

Assinale:
a) se apenas as assertivas I e III estiverem corretas.
b) se apenas as assertivas II e IV estiverem corretas.
c) se apenas as assertivas I e IV estiverem corretas.
d) se apenas as assertivas II e III estiverem corretas.
e) se apenas as assertivas III e IV estiverem corretas.
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5. (FGV/OAB/2015) A sociedade empresária Calçados Montalvânia Ltda.


celebrou contrato de faturização com Miravânia Fomento Mercantil Ltda. para
que a segunda antecipasse para a primeira créditos contidos em cheques, notas
promissórias, duplicatas de venda e outros documentos de dívida, além da
prestação de serviços de assessoria mercadológica, creditícia e de gestão de
riscos.

Sobre este contrato, assinale a afirmativa correta.

a) Na modalidade tradicional (ou convencional) da faturização, a faturizadora se


obriga a efetuar o pagamento das faturas e de outros documentos referentes
aos créditos cedidos apenas na data do vencimento, razão pela qual o contrato
em questão não pode ser considerado faturização típica.

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b) As sociedades de fomento comercial estão obrigadas a arquivar seus
contratos e suas alterações no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, uma vez que
o objeto por elas exercido inclui a prestação de serviços ao faturizado, sendo
essa atividade estranha ao objeto das sociedades empresárias.
c) As sociedades faturizadoras dependem de autorização do Banco Central do
Brasil para funcionamento, podendo realizar operações de crédito em favor dos
faturizados, não estando tais operações sujeitas ao limite máximo de juros
previsto no Código Civil.
d) As sociedades que exercem as atividades de fomento comercial, mesmo não
sendo consideradas instituições financeiras para efeitos legais, estão obrigadas
a conservar sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados aos
faturizados.

6. (FGV/Auditor Fiscal da Receita Estadual/SEFAZ RJ/2007) O


contrato celebrado entre uma sociedade de arrendamento mercantil, titular de
bem móvel, que se obriga a entregar o bem objeto do contrato ao arrendatário,
pessoa natural ou jurídica, mediante o respectivo pagamento das prestações
determinadas e com a incumbência de prestar assistência técnica permanente
durante o prazo acordado, denomina-se:

a) lease-back.
b) leasing puro.
c) leasing financeiro.
d) leasing operacional.
e) leasing de retorno.

7. (CESGRANRIO/Advogado/Liquigás/2012) O contrato pelo qual um


empresário cede a outro o direito de uso da marca ou patente, associado ao
direito de distribuição exclusiva ou semiexclusiva de produtos ou serviços e,
ainda, presta-lhe serviços de organização empresarial por ele desenvolvidos,
mediante remuneração direta ou indireta, sem que fique caracterizado vínculo
empregatício entre as partes, denomina-se:

a) franquia 03403168700

b) comissão
c) distribuição
d) compra e venda
e) representação comercial

8. (CEGRANRIO/Advogado/Caixa/2012) Caso um importador, na


qualidade de pessoa jurídica, venha a adquirir produtos do fabricante sediado
no exterior, de forma habitual e com intuito de lucro, para fins de revenda a
estabelecimentos comerciais atacadistas, tem-se, nesse caso, contrato de:

a) mútuo
b) franquia
c) leasing financeiro

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d) leasing operacional
e) compra e venda mercantil

9. produzirem efeitos em relação a terceiros, devem ser registrados no:

a) Registro de Imóveis.
b) Registro Público de Empresas Mercantis.
c) Instituto Nacional da Propriedade Industrial.
d) Registro Civil de Pessoas Jurídicas.
e) Registro de Títulos e Documentos.

10. (FCC/Promotor/MPE/CE/2011) Descumprida a obrigação pecuniária


pelo arrendatário, no contrato de leasing financeiro:

a) o arrendante apenas pode cobrar a dívida, mas não pleitear a rescisão do


contrato ou a sua reintegração na posse, dada a existência de opção de
compra.
b) não se admite em nenhuma hipótese a ação de reintegração de posse, se
nas parcelas tiver sido incluído o denominado Valor Residual Garantido (VRG),
de acordo com a jurisprudência mais recente consolidada em súmula do
Superior Tribunal de Justiça.
c) admite-se a reintegração do arrendante na posse, caso haja no contrato
cláusula resolutória expressa e tenha sido o arrendatário devidamente
notificado de sua mora.
d) perde o arrendatário o direito de usar o bem enquanto não purgar a mora,
independentemente de notificação do arrendante, mas não fica sujeito à
retomada do bem antes do trânsito em julgado da sentença que rescindir o
contrato.
e) a reintegração na posse pelo arrendante prescinde de cláusula resolutória
expressa e de notificação prévia do arrendatário, vencendo-se a dívida por
inteiro, e será o bem vendido para seu pagamento e o arrendatário ficará
pessoalmente responsável pelo saldo devedor se o valor obtido com a venda for
insuficiente.
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11. (FCC/Juiz de Direito/TJ GO/2015) Acerca do contrato de franquia


empresarial, é correto afirmar:

a) O franqueado poderá requerer a sua anulação se não lhe tiver sido fornecida
a circular de oferta de franquia com a antecedência prevista em lei, ainda que
não a tenha requerido previamente por escrito ao franqueador.
b) Deve ser escrito e assinado na presença de 2 testemunhas e só terá validade
depois de registrado em cartório ou órgão público.
c) Estabelece vínculo empregatício entre franqueador e franqueado.
d) A falsidade das informações contidas na circular de oferta de franquia
entregue ao franqueado o torna nulo de pleno direito, e não meramente
anulável.

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e) Atualmente não é disciplinado por lei especial ou extravagante, sendo regido
exclusivamente pelo Código Civil.

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12 GABARITO DAS QUESTÕES COMENTADAS NESTA AULA

QUESTÃO GABARITO
1 B
2 D
3 C
4 D
5 D
6 D
7 A
8 E
9 C
10 C
11 A

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