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NEGOCIAÇAO COLETIVA DE TRABALHO NA

PRÁTICA

Brasília , 03 de maio de 2019


- No mundo moderno, globalizado e de intensa competição, há
necessidade de ajustes ágeis nas condições de trabalho e na
solução de conflitos;
NECESSIDADE DE - A Lei não acompanha essa velocidade, o judiciário muito menos;
INCENTIVAR A - A Constituição Federal reconhece as Convenções e Acordos
NEGOCIAÇAO COLETIVA Coletivos de Trabalho;
- Portanto, a pauta de modernização do trabalho não é fruto de
uma agenda de crise, mas é fator importante para sairmos dela.

- A Lei 13.647/17 especifica que a negociação coletiva prevalece


sobre a Lei quando, entre outros, dispuser sobre temas que estão ali
A PREVALÊNCIA DO
NEGOCIADO SOBRE O relacionados (rol exemplificativo) e aponta também um rol
LEGISLADO taxativo de temas sobre os quais não se pode negociar ( ilícita a
negociação).
- A lei ainda estabelece outros mecanismos de fortalecimento
dos acordos e convenções coletivas de trabalho.
NOVOS CONCEITOS E LIMITES ESTABELECIDOS PELA LEI 13.467/17

• O que pode ser negociado


• A prevalência do Acordo Coletivo sobre as CCTs
• As negociações individuais (x) Art 468 da CLT
• Tele trabalho / Home office
• Trabalho intermitente
• Jornada flexível
• Trabalho por tempo parcial
• Banco de Horas
• Compensações / Jornada - (coletivas & individuais)
• Representação dos empregados
• A negociação com os “hiper suficientes”
• ....
O QUE ESPERAR?

• Mais negociação dentro das empresas, representação (chão da fábrica / Rede


de Trabalhadores, etc.);
• Novos temas na mesa de negociações;
• Mudança do Perfil dos empregados;
• Sindicalistas cada vez mais preparados;
• “Velhos sindicalistas “ estão sendo desembarcados” do atual Governo
• Sindicatos laborais precisam reconquistar suas bases de sustentação e
representação e lutar para equacionar sua situação financeira

Há necessidade de sustentabilidade dos negócios e das relações de trabalho.


O QUE SE OBSERVOU NOS ÚLTIMOS ANOS...

 A ULTRATIVIDADE tornou “cômodo” (?) o processo para negociadores nos últimos anos

 Preocupação até aqui (com algumas exceções) cingiu-se ao % de aumento real; estes
concedidos independentemente da produtividade, da situação dos segmentos e das
empresas

 Foram trazidos para as CCTs benefícios que podiam ser tratados isoladamente pelas
empresas (sem obrigar a todas) independentemente do porte e condição

 Judiciário através dos Enunciados e Sumulas passou a fazer “Justiça Social” criando
direitos e ampliando proteções e benefícios

 Com o negativo / baixo crescimento econômico o ambiente de negócio no país se


deteriorou ainda mais... e agora ?...
NEGOCIAÇÕES COLETIVAS NOS DIAS ATUAIS– Dificultadores (I)

 Memória inflacionária;
 Reivindicações irreais dos empregados;
 Aumentos reais concedidos sem uma lógica, sem um racional
 Não se superou ainda a fase de confronto;
 Dificuldade de entender a situação da empresa / e dos trabalhadores;
 Despreparo dos negociadores;
 E agora com o fim da ULTRATIVIDADE... O que vai acontecer?
NEGOCIAÇOES COLETIVAS DE TRABALHO NOS DIAS ATUAIS -Dificultadores (II)

 Justiça do Trabalho só julga dissídio se “houver comum acordo”;

 Poder Normativo da Justiça do Trabalho;

 Não há prática de utilização de mecanismos extrajudiciais para solução dos conflitos trabalhistas;

 “Interditos Proibitórios” conseguidos com dificuldades, tem se mostrado de baixa eficácia...

 Estrutura sindical atual

 As negociações coletivas em a partir da Lei 13.467/17...


NEGOCIAÇOES COLETIVAS A PARTIR DA LEI 13.467/17

EMPRESAS/ SINDICATOS PATRONAIS SINDICATOS LABORAIS

• Cautelosas, avaliando cenários, ..... • Não dispostos a negociar. Manter o que


• Excessivamente preocupados com o fim tem
da ultratividade
• “cláusulas de barreiras” contra a R.T.
• Objetivo maior reduzir impactos das
normas coletivas, não sendo possível.. • Inflexível em permutas
mantê-los • Alguns (poucos) “partindo pra cima”...
2018
2019
2019
PREOCUPAÇÕES: A insegurança jurídica e o ativismo judicial

• TST até aqui tratou apenas das normas de direito processual relativas à Lei 13.467/17
• Súmulas do TST que estão em desalinho continuam no ordenamento jurídico
• Índice de correção IPCA x TR
• No STF vários temas estão / serão tratados via ADIs
• Honorários advocatícias , periciais e custas processuais em relação à justiça gratuita
• Contribuição Sindical
• Contrato de trabalho Intermitente
• Limites para indenização pro dano moral
• Indicação do valor do pedido na reclamação trabalhista
• Adoção de jornada 12 x 36h por meio de acordo individual
• Atividades insalubres em grau médio ou mínimo realizadas por gestantes / adotantes
• ..
EXPECTATIVAS...

• Necessidade de se fazer as melhorias pontuais e correções na Lei 13.647/17


• Ampliação (em quantidade e diversificação de conteúdos) dos Acordos Coletivos
de Trabalho)
• Possível redução da quantidade de sindicatos ( Patronais também? Por que não?)
• Comissão de Conciliação Prévias
• Remuneração Variável ( PLR e Prêmios de incentivos à produtividade)
• Equacionar temas de interesse sindicais (ex: financiamento das entidades)
• Reduzir-se encargos sobre a folha
RELEMBRANDO CONCEITOS, CARACTERÍSTICAS, CUIDADOS NAS NEGOCIÇÕES
COLETIVAS
PRÉ REQUISITOS PARA AS NEGOCIAÇÕES

 BOM RELACIONAMENTO

 COMPETÊNCIA NEGOCIAL

 PREDISPOSIÇÃO PARA A BUSCA DO ENTENDIMENTO

 ANÁLISE E CONHECIMENTO DO FATOS ENVOLVIDOS

 TREINAMENTO

 BOM SISTEMA DE COMUNICAÇÕES ( INTERNOS & EXTERNOS)

 POSTURA ÉTICA
COMPONENTES DO PROCESSO DE NEGOCIAÇÃO

Objetivos a alcançar

O custo do
Planejamento acordo/desacordo

Análise de Cenários
Plano de Contingências

Sistema de
Comunicação
NÃO ESQUECER NO PLANEJAMENTO...

Analisar a situação da empresa e do segmento


Definição de Limites
Pauta de reinvindicações ( laboral / Patronal)
Definição dos negociadores
REUNIÃO DE MODUS VIVENDI
 Composição das bancadas
 Calendário de reuniões
 Ordem de discussão da (s) Pauta (s)
 Propostas feitas durante o processo (validade)
 Atas de reunião
 Mecanismo de solução do conflito em caso de impasse
 Etc...
ELEMENTOS DA NEGOCIAÇÃO

Tempo
Poder

Informação
PODER

Pode se manifestar de várias formas:

 Do compromisso;
 De correr riscos;
 Do investimento;
 De conceder
 Da recompensa e punição;
 De não conceder
 Do precedente;
 De paralisar as atividades
 Etc
TEMPO

 Passa igual para todos. Porém, afeta de maneira diferente as pessoas e o processo da
negociação;

 Não revele seu limite do tempo;

 Deixe para o fim o mais importante;

 Prazos - avalie a conveniência de cumpri-los ou ultrapassá-los;

 O outro lado também tem seus prazos e limites...


INFORMAÇÃO

O outro lado parece saber  As partes não revelam seus reais


muito mais sobre você e suas objetivos.
necessidades do que você sabe  Prefira fazer perguntas do que
sobre ele e suas necessidades respondê-las.
 Preste atenção nas “deixas”

“DEIXAS” não intencionais :


O comportamento ou as palavras transmitem uma mensagem involuntária. Por exemplo: o ato falho...
2 - “DEIXAS” verbais:
A entonação ou ênfase transmite uma mensagem que parece contradizer o que está sendo dito.
3 - “DEIXAS” comportamentais :
A linguagem do Corpo, ou seja, a postura, as expressões faciais, os gestos, o lugar que cada um ocupa à
mesa de negociação, quem cutuca quem, etc.
Consequências de uma má negociação

O impasse e
O acordo perde Greve
suas
e ganha
consequências
OS PREJUÍZOS DE UMA GREVE

 ECONÔMICO - PRODUÇÃO / CLIENTE

 CUSTO FIXO / MULTAS CONTRATUAIS

 REL. INTERPESSOAIS ESTREMECIDAS


 Horizontal (grevistas x “pelegos”)
 Vertical ( “nós” x “os homens”)
 IMAGEM NA COMUNIDADE
 PREJUÍZOS DE NATUREZA POLÍTICA
 Redefinição de lealdade à causa patronal
 Enfraquecimento total ou parcial do princípio da autoridade na empresa
PLANO DE CONTIGÊNCIAS

 PRINCÍPIOS DA EMPRESA EM SITUAÇÃO DE GREVE

 ESTRUTURA ESPECIAL DE ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO ATIVIDADES QUE PODEM FUNCIONAR


EM LOCAIS EXTERNOS À EMPRESA

 ATENDIMENTO A CLIENTES

 ESTOQUES / SUPRIMENTOS

 PLANOS ESPECÍFICOS DE TRABALHO

 Operação
 Apoio Operacional
 Segurança
 Apoio Logístico
 Comunicação

 AÇÕES NO PÓS GREVE


PECADOS CAPITAIS DO NEGOCIADOR

 Segurança máxima (detalhismo exagerado);


 Concentração nas fraquezas do outro;
 Relacionamento não é tudo;
 Sequencia inexistente; Muita improvisação;
 Promete e não cumpre;
 Vai “com muita sede ao pote”...
 Defensivo
 Truques em demasia
 Linguagem inacessível
 Falta de controle dos resultados
 Não ouve a outra parte...
Dicas importantes

 Um negociador dificilmente estará TOTALMENTE  Dê mais importância ao futuro do que ao passado;


preparado para a negociação;
 Seja objetivo, mas flexível;
 Recolha todas as informações disponíveis antes do
 Seja firme na defesa de seus interesses, mas afável
início da negociação;
com as pessoas;
 Anote os argumentos importantes;
 Identifique interesses comuns;
 Mostre que tem limites, sem explicitá-los;
 Harmonize os interesses diferentes.
 Deixe sempre uma saída em caso de impasses
 Pondere e seja acessível às ponderações;
 Coloque o problema antes de oferecer soluções
 Jamais ceda por pressão

H.Arandas
Algumas características do bom negociador

 Ver a negociação como um processo que  Não tentar convencer, a todo momento, o
se repete (cuidado: você provavelmente oponente de que o ponto de vista dele
se encontrará com seus interlocutores em está errado e que deve ser mudado;
outras negociações)  Desenvolver alternativas que atendam às
 Ver a negociação como um processo necessidades do oponente;
contínuo no qual nenhum item é imutável;  Ser cooperativo e procurar benefícios
estabeleça isso na reunião de Modus mútuos;
Vivendi
 Ser competitivo e não perder de vista seus
 Ter mente aberta para perceber novas objetivos;
alternativas;
 Não tentar manipular pessoas;
 Estar alerta para suas necessidades sem
 Buscar sempre atingir seus objetivos e as
esquecer as necessidades do oponente;
metas da organização
 Ser flexível e capaz de definir, com rapidez,
metas e interesses mútuos;
SINDICATO

O QUE FAZER PARA CONSTRUIR UM


AMBIENTE FAVORÁVEL ÀS NEGOCIAÇÕES?

NO ÂMBITO INTERNO (EMPRESAS)


As empresas necessitarão ... (concentrações empresariais)

 Intensificar esforços na busca de maior produtividade e ampliação da capacidade de competir


(em todas as suas áreas de atuação), assegurando retorno econômico necessário nos seus
negócios, mesmo com cenário macro econômico adverso.

 Melhorar a gestão dos seus ativos, o que poderá resultar em reestruturações, movimentações
de pessoas, arranjos produtivos e realinhamentos de atividades.

 Ter forte vigilância sobre custos e eficiência interna

 Preocupação com imagem e sustentabilidade e da própria empresa.

 Manter equipes motivadas e ser referencia em ambiente de trabalho

 Intensificar a preparação das lideranças para solução rápidas dos conflitos trabalhistas internos
e nas relações com sindicatos.
ALGUNS “ganchos” SINDICAIS

• Politicas ruins de RH;

• Serviços aos empregados de má qualidade; SINDICATO

• Lideranças despreparadas; Falta de confiança na empresa;

• Injustiças frequentes nas avaliações de desempenhos; Idem nas


promoções;

• Salários abaixo do mercado;

• Jornada de trabalho excessiva / não pagamento de horas extras;

• Autoritarismo; Baixa delegação;

• Comunicação RUIM;

• Demandas dos Integrantes sem respostas.


• ...
Atenção aos processos de comunicação nas relações de trabalho

COMUNICAÇÃO: o que fazer?

 Compreender os interlocutores (empatia)


 Respeitar os interlocutores
 Expressar-se de forma simples
 Usar recursos apropriados
 Rapidez
 Foco
 OUVIR / OUVIR / OUVIR...
Atenção aos processos de comunicação nas relações de trabalho

COMUNICAÇÃO: o que não fazer?

 Não assumir a responsabilidade


 Improvisação
 Ambiguidade
 Fugir do feedback
 Privilegiar a forma
 Subestimar emoções
 Perder o “time”...
Lideranças são responsáveis pela gestão do Clima Organizacional

 Entender o que os Liderados querem Criar ambiente de CONFIANÇA


/necessitam; Administrar com JUSTIÇA
 Oferecer oportunidades e desafios; RESPEITO com as Pessoas
 Manter a coerência das suas atitudes; Importa é O QUE É CERTO e não QUEM ESTÁ
 Lidar com a realidade do Mundo Corporativo; CERTO!
 Lidar com mudanças culturais; RECONHECIMENTO
 Monitorar / medir o clima organizacional Administrar com base nos VALORES DA
EMPRESA
 Ser exemplo
As lideranças – como foco central

• Negociador - solucionar problemas dentro dos seus limites de poder;

• Intermediário – tratar queixas, reivindicações e opiniões;

• Garantir que todos liderados saibam quais são os seus limites, direitos e
responsabilidades;

• Ter e compartilhar a informações;

• Ser o Interlocutor CONFIÁVEL dos seus liderados, caso contrário perderá a legitimidade
da relação;

• Estar capacitado para Influenciar e ser influenciado.


Ações esperadas das Lideranças

 Comprometimento com sua equipe de seus liderados


 Atenção permanente aos fatos e atuações à sua volta (Sensor)
 Captador das expectativas dos empregados e compatibilizador delas com os objetivos da
empresa
 Comprometimento com o desenvolvimento de sua equipe e com o seu próprio.
 Identificação e convívio maduro com as lideranças existentes em sua área de trabalho
 Conhecimento pleno da operação de sua área.
 Acompanhamento das ações sindicais
 Feedback das alterações comportamentais dos empregados aos níveis superiores, com sugestões
e propostas exequíveis de ação.
 Entender o papel dos Sindicatos
 Presença em campo, fora dos escritórios.
ENFIM...

PRECISAMOS FORTALECER AS NEGOCIAÇÕES COLETIVAS COMO INSTRUMENTO


FUNDAMENTAL PARA MODERNIZAÇÃO DAS RELAÇÕES DE TRABALHO

É ATRAVÉS DELAS QUE...


 As partes produzem normas que melhor se adequam às suas necessidades
 Essas normas são temporais e com ampla possibilidade de adaptações /atualizações,
sempre que necessário
 Maior clareza normativa (as partes redigem a norma)
 Essas normas são estabelecidas pelo diálogo (empresa – trabalhador)
 Maior segurança jurídica
REZAR...

TAMBÉM AJUDA!!!

Só negociação não resolve...Porém, sem ela, NÃO HÁ SALVAÇÃO (José Emidio Teixeira)
Obrigado.

Obrigado

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