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Frederico Lourenço - Nova Gramática Do Latim-Quetzal (2019)
Frederico Lourenço - Nova Gramática Do Latim-Quetzal (2019)
GRAMÁTICA DO
LATIM
FREDERICO LOURENÇO
Durante décadas assistimos à diminuição gradual do interesse
pelas línguas e culturas clássicas. Com a publicação de obras
traduzidas do grego e do latim, por classicistas como Frederico
Lourenço (entre outros), houve uma alteração nessa curva
descendente e o renascimento do gosto por esse mundo onde
estão parte das nossas raízes.
Esta Nova Gramática do Latim é uma obra de consulta e tra
balho e, ao mesmo tempo, um livro fascinante sobre a língua
latina, a sua literatura e os mistérios da língua que hoje falamos.
9 789897 225666
Frederico Lourenço é docente de línguas
clássicas desde que se licenciou em 1988,
tendo começado o seu percurso profissional
como professor de Latim do ensino secundário.
Seguiram-se 20 anos de docência na Faculdade
de Letras da Universidade de Lisboa, onde
lecionou sobretudo Grego (mas também
Latim). Desde 2009, é professor associado
com agregação da Faculdade de Letras
da Universidade de Coimbra e investigador
do Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos
da mesma instituição.
Além da atividade pedagógica, tem-se dedicado
;1 traduçifo de obras da Antiguidade Clássica
(Homero, Eurípides e outros autores antigos)
e também à tradução e ao estudo do Novo
Testamento grego e dos Septuaginta. Publicou
artigos especializados sobre temas de filologia
cbssica em algumas das revistas internacionais
mais prestigiadas. Recebeu vários prémios
pelos seus trabalhos, mais recentemente
o Prémio Pessoa, pela tradução em curso
da Bíblia na Quetzal.
o
Q!JETZAL. Ave trepadora da América Central,
que morre quando privada de liberdade;
raiz e origem de Olietzalcoatl (serpente
emplumada com penas de quetzal), divindade
dos Toltecas, cuja alma, segundo reza a lenda, teria
subido ao céu sob a forma de Estrela da Manhã.
Nova Gramática do Latim
FREDERICO LOURENÇO
QUETZAL
NOVA GRAMÁTICA DO LATIM
Frederico Lourenço
1.ª EDIÇÃO
Fevereiro de 2019
CooROENAÇÃO
Francisco José Viegas
REVISÃO
Diogo Morais Barbosa
PAGINAÇÃO
Gráfica 99
DESIGN DA CAPA
Rui Cartaxo Rodrigues
PRODUÇÃO
Teresa Reis Gomes
ISBN: 978-989-722-566-6
Código Círculo de Leitores: 1097261
Depósito legal: 451 019/19
Qyetzal Editores
Rua Prof.Jorge da Silva Horta, 1
1500-499 Lisboa PORTUGAL
https://www.quetzaledirores.pt
quetzal@quetzaleditores.pt
Te!. 21 7626000
Sumário
PREAMBVLVM 11
ABREVIATURAS, SINAIS E CONVENÇÕES 13
INTRODUÇÃO À LÍNGUA LATINA 17
NOÇÕES BÁSICAS DE PRONÚNCIA 41
l. MORFOLOGIA
II. SINTAXE
Numerais 367
Noções de fonética histórica do latim 371
Noções de métrica latina: poesia 383
Noções de métrica latina: prosa 407
Datas romanas 414
Abreviaturas romanas 430
Vocabulário essencial da língua latina 433
Antologia de textos 468
AGRADECIMENTOS 497
BIBLIOGRAFIA 499
ÍNDICE TEMÁTICO 503
Preambulum
Abreviaturas
abl. ablativo
acus. acusativo
CIL Corpus Inscriptionum Latinarum
dat. dativo
DELL Dictionnaire étymologique de la Zangue latine, Paris, 1959,
4.ª ed. revista e melhorada
f feminino
gen. genitivo
GL H. Keil, Grammatici Latini, Leipzig, 1855-1880, 8 vols.
ILS Inscriptiones Latinae Selectae
m masculino
n neutro
OLD Oxford Latin Dictionary, Oxford, 1982
P· pessoa
pl. plural
SCdB Senatus Consultum de Bacchanalibus ( 186 a.C. 1)
sing. singular
1
Cf. Warmington, pp. 254-258.
14 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM
Sinais
Convenções
1
Cf. Plutarco, Pompeio 60.2.
2 Cf. Clackson & Horrocks, p. 249.
3 Cf. Horácio, Eplstolas 2. 1.156- 157.
20 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM
• Para as dúvidas que se levantam sobre o fragmento de Empédocles onde se fala em «favas»
( KÚa)'o,), ver a p. 289 do comentário de R. Wright aos fragmentos do filósofo pré-socrático (Yale,
1 98 1 ). Note-se que a semelhança entre a palavra normal para «testículos» (testês) e a palavra
,1uc significa «testemunhas» (testes) é mais um exemplo do chamar os ditos por outra coisa,
,. daria depois azo a jogos de palavras na comédia latina do século II a.C. que um comediógrafo
11rcgo teria entendido perfeitamente: também o poeta cómico Platão (não confundir com o
iõlósofo) deu aos testículos o nome de «camaradas» (1tapac,á,1JC, no dual 1tapac,á,a) .
' Falado antigamente não só no que é hoje a Toscânia (o etnónimo Tusci significa, em latim,
«etruscos»), mas também noutras zonas itálicas, o etrusco é provavelmente uma língua proto
·curopeia, isto é, uma língua cuja origem é anterior à chegada de povos indo-europeus à
Península Itálica. Existem mais de 1 O 000 inscrições em etrusco, algumas delas encontradas em
lcrritóríos fora de Itália ( desde as ilhas próximas, como a Sardenha e a Córsega, ao mar Negro).
Entre as palavras supostamente derivadas do etrusco que entraram nas línguas europeias através
do latim está uma que usamos todos os dias: «pessoa».
22 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM
9É um erro dizer «Pompeia» (tão errado como chamar « Santa» à cidade brasileira de Santos,
ou «Matosinha» a Matosinhos).
I N T RODUÇÃO À LfNGUA LATINA 25
'ºTrata-se de wn pequeno texto que, como tantas vezes acontece quando nos é aberta uma janela
que permite ver algo da vida dos escravos na Antiguidade, nos causa um calafrio: o que teria
acontecido ao escravo, depois de devolvido ao dono? Que maus-tratos não teria sofrido?
A mesma pergunta se levanta quando lemos a forma desapiedada e leviana como se fala de wn
escravo que fugiu em Platão, Protágoras 3 10c; ou quando lemos, séculos mais tarde, num
contexto histórico em que o cristianismo pouco ou nada trouxe para melhorar a vida dos
I H I ll l l l l lJ�:ÃO À LfNGUA LATINA 29
escravos, que a dona cristã de uma escrava que morreu em consequência dos espancamentos
sofridos fica só temporariamente impedida de comungar, desde que a senhora não tenha
espancado a escrava com a intenção de a matar (cf. cânon n. 0 5 do concílio de Elvira, Si domina
per zélum ancillam occiderit, do início do século 1v d.C.).
30 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM
«Embora convenha que tu, <ó meu> filho Marco - <que estás> há um
ano ouvindo Cratipo, e isto em Atenas - abundes nos preceitos e nas
disposições da filosofia, por causa da excelsa autoridade tanto do pro
fessor como da cidade, dos quais um pode fazer-te crescer pela ciência
<e> a outra pelos exemplos, todavia, tal como eu próprio para minha
1 11 1 . l l l l l l (,: ÃO À LÍNGUA LATINA 31
11
Cf. Ovídio, Amores 1.15. 14; Tristia S.1.27.
36 NOVA GRAMÁTICA D O LATIM
1 1 li11cida 6. 179.
Noções básicas de pronúncia
1 Este episódio é relatado na História Augusta (cf. Adriano 3. 1), obra do século IV d.C. que tem
4
Ver Wilkinson, pp. 4-5.
� l l � l) IIN II Á S I CA S DE PRONÚNCIA 45
O alfabeto
A (alfa) a ã, ã A a ã, ã
B (beta) � b B b b
r (gama) r g C, G c, g k, g
t::.. (delta) s d D d d
E (épsilon) E é E e é, é
- - - F f f
Z (zeta) t zd z z z
H (eta) ri é H h aspiração
e (teta) 0 t" - - -
I (iota) 1 i, i I i i, i
K (kapa) 1C k K k k
A (lambda) À 1 L 1 1
M (mu) I' m M m m
N (nu) V n N n n
8 (ksi) ; ks - - -
O (ómicron) o õ o o õ, õ
n (pi) 1t p p p p
Q (kopa) Q k Q q k
P (ro) p r R r r
L, C (sigma) e (o; e; ) s s s s
N111,: ô 11S BÁSICAS DE PRONÚNCIA 47
7 Como já ficou dito na página das abreviaturas, a regra geral que se se e nesta gramática, na
gu
indicação da quantidade das vogais, é o critério do OLD, isto é, indicam-se somente as vogais
longas. Por uma questão de ênfase nalgum aspeto fonético, poderei explicitar, em certas
circunstâncias, que a vogal em causa é d, é, � ó, ú. Mas, como regra geral, pode partir-se do
princípio de que é breve qualquer vogal que, neste livro, não tenha o sinal de longa.
48 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM
Ditongos
13 Em edições mais antigas de textos latinos, vemos muitas vezes o ditongo ae grafado como z.
Essa convenção deixou de ser seguida no século xx. O seu abandono, justificável do ponto de
vista filológico, deixou, contudo, homógrafas duas formas que antes eram facilmente
distinguíveis: os genitivos das palavras aes («bronze» ) e ãir («ar» ), que têm ambos a forma
aeris. Com a grafia antiga, a distinção entre as duas formas era mais clara: o genitivo de «bronze»
escrevia-se reris (dissílabo) e o genitivo de «ar», aeris (trissílabo: ãéris).
1\1 1 1 1, ,w.s BÁSICAS DE PRONÚNCIA 57
Acentuação
17
Embora o «O» inicial de Ôriõn seja longo (cf. grego '!lp{wv), alguns poetas (Vergílio, Horácio,
Estácio) preferem, por vezes, considerá-lo breve. Ovídio faz o mesmo com o segundo «o» deste
mitónimo.
I.
Morfologia
l I lrodução aos casos
' No indo-europeu, havia, além de singular e plural, um terceiro número: o dual (existente em
!(rego). No latim, o dual terá desaparecido numa fase muito antiga da llngua. Restaram
praticamente só dois vestígios: duo («dois») e ambõ («ambos» ),
64 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. MORFOLOGIA.
Embora no caso dos exemplos (vii), (viii) e (ix) não seja tão
útil traçar paralelismos com pronomes latinos, continua válido o
fenómeno (observado nos três exemplos) da transformação da
palavra conforme a função sintática desempenhada.
* * *
O latim é uma língua declinada . Isto significa que a forma das
palavras - mormente no que toca às terminações - é determinada
pela sua função sintática na frase.
I N T ll O D U ÇÃO AOS CAS OS 65
***
A palavra «caso» vem do verbo latino cadõ ( «cair» ) 2, mais
concretamente de um substantivo latino derivado desse verbo:
cãsus ( «queda»). Por sua vez, o termo «declinação» vem do
verbo latino declínõ ( «inclinar», mas também «desviar»). Assim,
as declinações podem ser vistas como formas que se «desviam»
da consubstanciação modelar da palavra, que será (pelo menos
para efeitos de aprendizagem pragmática do latim) a forma de
nominativo.
1 . Nominativo
O termo nominativo vem da palavra latina nõmen ( «nome»).
(! o caso do sujeito na frase latina (e do nome predicativo do sujeito
ll uando a construção é com o verbo sum, «ser»):
2. Vocativo
O termo vocativo deriva do verbo uocãre ( «chamar», «invo
car»). É o caso usado para a pessoa ou coisa invocada. Como já
t'IK NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. MORFOLOGIA.
3. Genitivo
O termo genitivo ( em latim, genitiuus ou genetiuus) sugere a
ideia de origem, embora a expressão gramatical grega na qual se
inspirou (1t-rwc1c yevtK�) signifique «caso geral» ou «caso gene
ralista», isto é, um caso que serve para exprimir variadíssimas fun
ções sintáticas. Na prática, o sentido mais óbvio do genitivo em
latim é o de posse:
4. Acusativo
() termo acusativo relaciona-se com o verbo latino accüsõ
( • ,,nisar») e serve para identificar aquilo que está «em causa»
1111 respeitante à ação do verbo: a pessoa ou a coisa sobre a qual a
11��0 incide 3 • Por outras palavras, o seu objeto, ou complemento
,lh'l'lo. No chamado «Epitáfio de Cláudia» do século II a .C., diz-se
,1,, defunta:
5. Dativo
O termo dativo provém do verbo que significa «dar » em latim
( dare) . É o caso do complemento indireto:
' Note-se que o termo gramatical latino cãsus accüsãtiuus constitui uma tradução errada do termo
�rego mwc1c aiT1a-r1,c� ( «caso causal» ) . Os gramáticos latinos pensaram que o adjetivo alTta-rt�
proviria do verbo ah1ãc8a1 («acusar» ), quando, na verdade, provém de ahia ( «causa» ) .
Cf. Bayer & Lindauer, p. 123.
70 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. MORFOLOGIA,
6. Ablativo
O termo ablativo relaciona-se com ablãtum (supino do verbo
auferõ) e sugere a ideia de levar de um sítio para o outro, o que nos
alerta para um dos sentidos do ablativo em latim (a ideia de sepa
ração, de «algo» que provém de «al gures», da resposta à pergunta
«donde?»). No entanto, visto que o ablativo assumiu também as
funções de casos indo-europeus desaparecidos do latim e do grego
(o instrumental e o locativo), as ideias de «meio», de «agente»,
de «lugar» são também fulcrais:
ab origine mundi
«desde a origem do mundo» (Metamorfoses 1 .3)
in omni Galliã
«em toda a Gália» (César, Dé bellõ Gallicõ 6.13.1-2).
7. Locativo
Dissemos, no parágrafo anterior, que o antigo caso indo
-europeu chamado locativo desapareceu do latim, ficando as
1 11 1 I I I I I I I C,: ÁO AOS CASOS 71
* rosa;
* ano;
* rei;
* nave;
* fruto;
* dia .
Se lhes quisermos dar uma categorização dentro da língua por
tuguesa, ocorre-nos dizer que eles se podem dividir em substanti
vos femininos e masculinos. Também é clara para nós a única
mudança a que podem ser sujeitos na nossa língua: o acrescento
da desinência que os porá no plural.
1 ' l l lt t ' l , I N A Ç Ã O 73
As seis palavras listadas são todas latinas; cada uma delas cor
r,11ponde a uma categoria dentro da classificação dos substantivos
l11t lnos. Cada uma segue um tipo de declinação. É com base nessa
,!,dinação que as palavras mudam de singular para plural; e é com
h11He nela, também, que cada palavra obtém a desinência que
, .u-imba a sua função sintática na frase.
Se dermos, portanto, a sua forma latina aos substantivos lista
dos acima, veremos que pertencem a seis categorias diferentes.
Porquê?
A resposta tem que ver com o seu «tema», isto é, com a forma
,,hstrata da palavra isenta de desinência. No caso, por exemplo, de
msa, a forma abstrata da palavra, o seu tema, é igual ao nominativo.
No caso das outras palavras, porém, se olharmos para o tema de
rada uma delas, verificaremos o seguinte :
Sing. PI.
Nom. ménsa ménsae
Gen. ménsae ménsãrum
Acus. ménsam ménsãs
Dat. ménsae ménsis
Abl. ménsã ménsis
6 Para a possibilidade de a expressão deuas Corniscas sacrum (em que as palavras deua<i>s
Cornisca<i>s estão no dativo do plural = dís Corniscís) numa inscrição latina arcaica constituir
um exemplo em latim do dativo do plural em -ais, ver Montei!, p. 172.
l . ' l l H C L I N AÇÃO 79
SinJt, PI.
Nom. amicus amici
Gen. amici amicõrum
Acus. amicum amicõs
Dat. amicõ amicis
Abl. amicõ amicis
7 A convicção de que a Flbula de Preneste seria uma falsificação do século XIX tornou-se quase
um dogma académico no final do século passado. No entanto, a tendência atual vai no sentido
de ver a inscrição na ftbula como autêntica. Além dos estudos de Annalisa De Bellis (2007;
20 1 1-2014), ver as pp. 69-105 do livro de M. Hartmann.
" Warnúngton, p. 196 (Fíbula de Preneste) e p. 54 (Vaso de Duenos).
82 NOVA GRAMÁTICA D O LATIM. MORFOLOGIA,
Sing.
N om. puer ager uir
G'en. pueri agri uiri
Acus. puerum agrum uirum
Dat. puerõ agrõ uirõ
Abl. puerõ agrõ uirõ
1
" Com o caso de ager, compare-se o •e- que aparece na latinização do nome grego Alexandros
( l\Àt;avSpoc, em latim Alexander). O processo neste caso seria Alexandros > *Alexandrs >
'Alexandr > Alexander. O genitivo latino de Alexander é Alexandri.
11
Cf. , em português, «viril». Em latim, uir significa «homem» por oposição a «mulher», ao
passo que homõ, hominis significa «homem» no sentido de «ser humano» (como 4v8pwn:oc
cm grego).
84 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. MORFOLOGIA.
PI.
Nom. pueri agri uiri
Gen. puerõrum agrõrum uirõrum
Acus. puerõs agrõs uirõs
Dat. pueris agris uiris
Abl. pueris agris uiris
Sing. PI.
Nom. dõnum dõna
Gen. dõni dõnõrum
Acus. dõnum dõna
Dat. dõnõ dõnis
Abl. dõnõ dõnis
12
Cf. Clackson & Horrocks, p. 15.
86 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. MORFOLOGIA.
* osco: -eis;
* úmbrico: -és;
* falisco: -oi;
* latim: -i.
Embora a desinência -ei de genitivo do singular esteja bem docu
mentada em inscrições latinas da época republicana, não se pode
falar, em rigor, de uma evolução fonética -ei > -i, dado que a desinên
cia -i é tão antiga quanto -ei (aliás, é -i que lemos no SCdB, documento
onde os ditongos são escrupulosamente grafados). A desinência -ei
deve ser vista, neste caso, como mera grafia alternativa para -i.
(ili)
Nominativo/acusativo do plural neutro
A presença de uma vogal de timbre -a no nominativo/acusa
tivo do plural neutro é transversal a várias lín guas indo-europeias.
I . • I I IICl,J NAÇÃO 87
Sing. PI.
Nom. deus di ou dei
Gen. dei deõrum ou deum
Acus. deum deõs
Dat. deõ dis ou deis
Abl. deõ dis ou deis
1. Temas em consoante:
1. 1. Em oclusiva;
1. 1. 1. Em oclusiva palatal ( -e-, -g-): pãx, pãcis ( «paz»); rex,
regis ( «rei»);
90 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. MORFOLOGIA.
13 Ver p. 379.
I , • ll l\CLINAÇÃO 91
Ora, esta regra geral, que nos parece tão simpática pela sua
lógica, tem, contudo, de ser enquadrada na realidade concreta do
l l Ue é falar uma língua. Tal como nós, falantes do português, fomos
ao longo dos séculos alterando a fonética e a morfologia das nossas
palavras, a ponto de ser difícil, em certos casos, dizer o que está
«certo» e o que está «errado», também os falantes do latim na
Antiguidade fizeram o mesmo com a sua língua . Os próprios
gramáticos latinos se contradizem nal guns pontos em que gosta
ríamos de ter uma certeza maior sobre «certo» e «errado» 15 •
Por exemplo: o genitivo do plural de pars, partis ( «parte»)
será partum, como escrevem Énio e César, ou partium, como escre
vem outros autores latinos igualmente ilustres? Teoricamente,
a forma «certa» seria partium - mas quem quererá desmerecer a
competência na língua latina de Énio e de Júlio César? E o que
dizer da incoerência linguística de Horácio, que usa não só paren
tum mas também parentium como genitivo do plural de paréns,
parentis ( «parente»)? Qyal é a forma «certa»? Note-se que se
trata, aqui, de uma palavra em relação à qual uma inscrição regista,
para cúmulo da confusão, a forma de genitivo do plural parentõrum
( CIL 6.29 195; cf. OLD s.u .) . Qyando estudamos o latim da Anti
guidade, estamos a estudar, como se vê, uma língua bem viva .
Seja como for, numa fase muito antiga do latim é de supor que,
na 3.ª declinação, os temas em -i- se distinguiam dos temas em
consoante nos seguintes elementos:
***
É da praxe dizer-se que basta saber declinar rex, regis para se
rntcnder o funcionamento morfológico da 3.ª declinação - decerto
uma boa notícia para quem olhou para o panorama acima exposto
,. rnmeçou a fazer contas às muitas horas necessárias para aprender
t mio o que foi referido. Não sendo exatamente verdade que basta
�aber rex, regis (pois há mais informação a interiorizar para se
dominar bem a 3.ª declinação), é certo, contudo, que é um bom
ponto de partida.
Assim, começaremos com a apresentação desse substantivo e
,1proveitaremos o comentário linguístico às suas desinências para
dar informações cuja utilidade é transversal à 3.ª declinação. Depois
de apresentado o substantivo rex, regis, veremos, de forma esque
mática, a declinação de outros temas em consoante.
Abordaremos, em seguida, os temas em -i-. Finalmente, apre
sentaremos os substantivos irregulares e as palavras gregas da
3." declinação.
94 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. MORFOLOGIA.
Sing. PI.
Nom. réx reges
Gen. regis regum
Acus. regem reges
Dat. regi regibus
Abl. rege regibus
* -ei;
* -é.
Existe até uma inscrição em que as três desinências de dativo
da 3.ª declinação aparecem no mesmo sintagma 19 :
* -ei;
* -i;
* -e.
As duas primeiras formas parecem apoiar a suposição de que
a desinência -e seria originalmente -é.
A terminação -i era, como já vimos, a desinência original dos
temas em -i-; verifica-se habitualmente nas palavras acima listadas
que fazem o acusativo do singular em -im. Observa-se, em relação
a essas palavras, uma oscilação -i/-e no ablativo do singular com
parável à oscilação -im/-em no acusativo do singular.
Existem, no entanto, substantivos que formam regularmente
o ablativo do singular em -i. São os neutros de tema em -i-, cuja
declinação veremos mais adiante. Apenas dois exemplos para já:
As exceções a ( 1) são:
* müs, müris, «rato» (gen. pi. mürium);
* nox, noctis, «noite» (gen. pi. noctium);
* substantivos monossilábicos no nominativo terminados
em: -ns, -rs, -bs, -ps, -rx, -lx; neutros em -al, -ar;
* substantivos dissilábicos cujo nominativo termina em: -ns, -rs;
I . • l > U C LINAÇÃO 103
1
-• Note-se como rãdix, rãdicis (com o seu tema em -ic-) mantém o i no nominativo (contra
riamente a iüdex, com o seu tema em -íc-) .
106 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. MORFOLOGIA,
Sing.
Nom. iüdex rãdix
Gen. iüdicis rãdicis
Acus. iüdicem rãdicem
Dat. iüdici rãdici
Abl. iüdice rãdice
PI.
Nom. iüdicés rãdicés
Gen. iüdicum rãdicum
Acus. iüdicés rãdicés
Dat. iüdicibus rãdicibus
Abl. iüdicibus rãdicibus
Sing.
Nom. pes caput
Gen. pedis capitis
Acus. pedem caput
Dat. pedi capiti
Abl. pede capite
l • IINCI. I N AÇÃO 1 07
PI.
Nom. pedes capita
Gen. pedum capitum
Acus. pedes capita
Dat. pedibus capitibus
Abl. pedibus capitibus
Sing.
Nom. princeps trabs
Gen. principis trabis
Acus. principem trabem
Dat. príncipí trabi
Abl. príncipe trabe
,. O substantivo trabs, trabis é um exemplo expressivo das dúvidas sentidas pelos linguistas no
que toca à classificação «tema em consoante» / «tema em -i-» na 3.• declinação. A palavra é
classificada como sendo de tema em consoante por Kennedy ( p. 23 ) ; como sendo de tema
em -i- por Roby (Vol. I, p. 1 39 ) ; e como exemplo de um caso incerto por Kühner & Holzweissig
( p. 299 ) . Énio, já agora, emprega a forma de nominativo do singular trabês (ver DELL s.u.
trabs).
1 08 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. MORFOLOGIA.
PI.
Nom. principes trabes
Gen. principum trabum
Acus. principes trabes
Dat. principibus trabibus
Abl. principibus trabibus
PI.
Nom. jlõres tempora
Gen. jlõrum temporum
Acus. jlõres tempora
Dat. jlõribus temporibus
Abl. jlõribus temporibus
11
Cf. Kühner & Holzweissig, p. 311.
1 10 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. MORFOLOGIA.
Sing.
Nom. leõ uirgõ nõmen
Gen. leõnis uirginis nõminis
Acus. leõnem uirginem nõmen
Dat. leõni uirgini nõmini
Abl. leõne uirgine nõmine
PI.
Nom. leõnés uirginés nõmina
Gen. leõnum uirginum nõminum
Acus. leõnés uirginés nõmina
Dat. leõnibus uirginibus nõminibus
Abl. leõnibus uirginibus nõminibus
Sing.
Nom. sõl amor pater aequor
G en. sõlis amõris patris aequoris
Acus. sõlem amõrem patrem aequor
Dat. sõli amõri patri aequori
Abl. sõle amõre patre aequore
PI.
Nom. sõlés amõrés patrés aequora
Gen. sõlum amõrum patrum aequorum
Acus. sõlés amõrés patres aequora
Dat. sõlibus amõribus patribus aequoribus
Abl. sõlibus amõribus patribus aequoribus
Temas em -i-
Sing.
Nom. ciuis imber
Gen. ciuis imbris
Acus. ciuem imbrem
Dat. ciui imbri
Abl. ciue/ciui imbre/imbri
PI.
Nom. ciués imbrês
Gen. ciuium imbrium
Acus. ciués/ciuis imbrés/imbris
Dat. ciuibus imbribus
Abl. ciuibus imbribus
Sing.
Nom. nübés
Gen. nübis
Acus. nübem
Dat. nübí
Abl. nübe
PI.
Nom. nübes
Gen. nübium
Acus. nübes/nübis
Dat. nübibus
Abl. nübibus
Sing.
Nom. mõns urbs
Gen. montis urbis
Acos. montem urbem
Dat. monti urbi
Abl. monte urbe
PI.
Nom. montes urbes
Gen. montium urbium
Acus. montes/montis urbes/urbis
Dat. montibus urbibus
Abl. montibus urbibus
Sing.
Nom. cubíle animal calcar
Gen. cubílis animãlis calcãris
Acus. cubile animal calcar
Dat. cubíli animãli calcãri
Abl. cubili animãli calcãri
PI.
Nom. cubilia animãlia calcãria
Gen. cubilium animãlium calcãrium
Acus. cubilia animãlia calcãria
Dat. cubilibus animãlibus calcãribus
Abl. cubilibus animãlibus calcãribus
Sing.
Nom. Iuppiter
Gen. Iouis
Acus. Iouem
Dat. loui
Abl. Ioue
I IK NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. MORFOLOGIA.
Sing.
Nom. bõs süs
Gen. bouis suis
Acus. bouem suem
Dat. boui sui
Abl. boue sue
PI.
Nom. boues sues
Gen. boum suum
Acus. boues sues
Dat. bõbus/bübus suibus/sübus
Abl. bõbus/bübus suibus/sübus
* * *
Al gumas palavras da 3.ª declinação mostram um aspeto bem
diferente no nominativo relativamente à forma que têm no genitivo
e restantes casos. Os exemplos mais expressivos são:
Nom. Iesüs
Voe. Iesu
Gen. Iesu
Acus. Iesum
Dat. Iesu
Abl. Iesu
. Sing.
Nom. hérõs lynx crãtér
Gen. hérõis lyncis crãtéros/crãtéris
Acus. hérõa/hérõem lynca/lyncem crãtéra/crãtérem
Dat. hérõi lynci crãtéri
Abl. hérõe lynce crãtére
PI.
Nom. hérões lynces crãtéres
Gen. hérõum lyncum crãtérum
Acus. hérõas lyncas crãtéras
Dat. hérõibus lyncibus crãtéribus
Abl. herõibus lyncibus crãtéribus
I.• llltCLINAÇÃO 121
* vocativo: Orpheu;
* genitivo: Orphe� Orpheos;
* acusativo: Orphea, Orpheum;
* dativo: Orpheí, Orpheõ;
* ablativo: Orpheõ.
Terminemos com a declinação dos nomes de dois filósofos
gregos: Tales ( Thales) e Sócrates ( Sócrates):
33 Não está documentado o vocativo de Thales em latim. Ver Kühner & Holzwetssig, p. 492.
Substantivos IV
4. ª declinaç ão (gradus, gradüs, etc.)
Sing.
Nom. gradus genü
Gen. gradüs genüs
Acus. gradum genü
Dat. gradui genü
Abl. gradü genü
PI.
Nom. gradüs genua
Gen. graduum genuum
Acus. gradüs genua
Dat. gradibus genibus
Abl. gradibus genibus
34
A teoria da contração no caso do genitivo do singular da 4.• declinação é rejeitada por Kühner
& Holzweissig, p. 394.
◄ , • II HCLINAÇÃO 125
Note-se ainda:
Sing.
Nom. dies rês
Gen. diêi rei
Acus. diem rem
Dat. diêi rei
Abl. diê rê
PI.
Nom. dies rês
Gen. diêrum rêrum
Acus. diês res
Dat. diêbus rêbus
Abl. diêbus rêbus
1 111 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. MORFOLOGIA,
* -es;
* -eí;
* -eí;
* -e;
* -í.
� . • DECLINAÇÃO 129
11
Ver Montei!, p. 208.
Substantivos VI
Substantivos comp ostos
Sing.
Nom. iüsiürandum
Gen. iürisiürandí
Acus. iüsiürandum
Dat. iüriiürandõ
Abl. iüreiürandõ
Sing. PI.
N,)ffl. réspüblica réspüblicae
Gc• n. reipüblicae rérumpüblicãrum
Ac·us. rempüblicam réspüblicãs
Dat. reipüblicae rébuspüblicis
AbI. répüblicã rébuspüblicis
paterfamiliãs, patrisfamiliãs,
«dono da casa», «chefe de família» (m)
Sing.
Nom. pate,familiãs patrésfamiliãrum
Gen. patrisfamiliãs patrumfamiliãrum
Acus. patremfamiliãs patrésfamiliãrum
Dat. patrífamiliãs patribusfamiliãrum
Abl. patrefamiliãs patribusfamiliãrum
" No te-se, porém, que só os verbos transitivos (os que admitem complemento direto) é que
têm o sistema completo das duas vozes.
1 32 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. MORPOLOO I A
" Note-se, porém, que só os verbos transitivos (os que admitem complemento direto) é que
t�m o sistema completo das duas vozes.
1 34 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. MORFOLOGIA.
3. Tempos
l n l1nitivo
Gerúndio
Supino
., Cf. Kühner & Holzweissig, p. 655: «O nome supino corresponde ao grego int-r,ov, "deitado
de costas", "a descansar"; o substantivo verbal manteve este nome porque nele a ação do verbo
<' colocada como extrínseca à relação com alguém, como que levada a descansar, deitada de
rnstas, assente, fora de ação.»
1 40 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. MORFOLOGI A ,
Gerúndio
Supino
42Cf. Kühner & Holzweissig, p. 655: «O nome supino corresponde ao grego 61mov, "deitado
de costas� "a descansar"; o substantivo verbal manteve este nome porque nele a ação do verbo
é colocada como extrínseca à relação com algu ém, como que levada a descansar, deitada de
costas, assente, fora de ação.»
1 42 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. MORFOLOGIA,
Particípios
Gerundivo
43
Ver Kühner & Holzweissig, p. 655.
O verbo sum
O presente de sum
44
O verbo praesum tem vários sentidos ( «tomar controlo de» e «liderar» serão os que encon
tramos com mais frequência).
45
Cf. Buck, p. 243.
0 V ERBO SVM 147
O futuro de sum
Infinitivo futuro:futürus esse (tambémfore)
O imperfeito de sum
51 Cf. GL 7. 1 16.1-2; e o excelente tratamento deste assunto em Adams (2016), pp. 205-206.
Verbos I
Presente
Assim sendo, para termos uma ideia clara das diferenças e das
semelhanças por meio de uma abordagem comparativa, apresen
taremos e comentaremos os tempos um a um. Começamos, neste
capítulo, com o presente nas quatro conjugações; no capítulo
seguinte, abordaremos o futuro; e assim sucessivamente.
Presente da l .ª conjugação
amõ, amãre, amãui, amãtum, «amar»
* -m;
* -r;
* -t;
* -nt.
Compare-se amãs com amat; amem com ames; audís com audit.
Existem, no entanto, inscrições do século n a .C. em que se nos
deparam formas verbais onde -í- antes de -t final - que estaria
sujeito ao fenómeno fonético -ít# > -ít# no latim clássico (enten
dendo por # o fim da palavra) - é grafado -ei-. Isto sugere que seria
pronunciado como longo 52 •
ameris amere
moneãris moneãre
regãris regãre
audiãris audiãre
capiãris capiãre
As desinências do presente
* regõ;
* *regs > regis;
" Em relação aos verbos, utilizo «tema» de forma simplificada, como equivalente ao termo
inglês stem. Poder-se-ia decompor uma forma como amãs em radical am + vogal temática ã +
desinência -m; ou, de acordo com outras teorias, radical amá + desinência -m. Não querendo
entrar nessa discussão, opto por manter a terminologia tão simples quanto possível.
59 Chamo-lhe simplesmente «vogal breve» para evitar a controvérsia quanto à sua nomenclatura
( «vogal de ligação», etc.), que já é polémica para Kühner & Holzweissig, p. 68 1.
1 60 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. MORPOLO O I A .
Para al guns lin guistas 60, a vogal breve primitiva era, de facto,
o -e-, que terá depois mudado de timbre para -i-, mantendo-se
somente na 2.ª pessoa do sin gular do indicativo e imperativo pre
sente passivo (3.ª conjugação e conjugação mista): regeris, caperis
(indicativo); rege re, capere (imperativo) .
«AMAll» «ESCREVER»
l11Jlca tivo conjuntivo indicativo conjuntivo
ame escrevo escreva
�mas ames escreves escrevas
�ma ame escreve escreva
� l l l i\ 11lOS amemos escrevemos escrevamos
�mais ameis escreveis escrevais
,1 111anl amem escrevem escrevam
,,,,.
,.,,,,,,, regam regar regar
regãs regeris regãris
1 ,,,ir/
1
regat regttur regãtur
1 1 t,it11111s regãmus regtmur regãmur
l tjlf//.1 regãtis regtmini regãmini
rr11r11t regant regentur regantur
61
Kühner & Holzweissig, p. 725.
1 64 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. MORPOLO<HA
Futuro da l .ª conjugação
amõ, amãre, amãu� amãtum, «amar»
audiam - - audiar - -
audiés - auditõ audiéris - auditor
audiet - auditõ audiétur - auditor
audiémus - - audiémur - -
audiétis - auditõte audiémini - audiminõ
audient - audiuntõ audientur - audiuntor
166 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. MORPOLOO I A .
'-' Cf. Kühner & Holzweissig, p. 724. Monteil (p. 327), no entanto, defende a teoria de que o
-ã- do sufixo -bã- do imperfeito é uma marca de optativo.
168 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. MORFOLOGIA.
* regibam/regebar;
* audiibam/audiibar;
* capiibam/capiibar.
64
Cf. Kühner & Holzweissig, p. 723.
I M P l!RFEITO l õCJ
Imperfeito da 1 .ª conjugação
amõ, amãre, amãui, amãtum, «amar»
6S Cf. Kühner & Holzweissig, pp. 723-724; Ernout, pp. 156-158; Buck, p. 278.
66
Cf. Montei!, p. 328.
1 70 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. MORFOLOGIA,
* perfeito;
* mais-que-perfeito;
* futuro perfeito.
§2. Na voz ativa, a conjugação dos tempos do Perfectum é
sintética. Por exemplo:
INDICATIVO CONJUNTIVO
perfeito mais-que- futuro perfeito mais-que- futuro
-perfeito perfeito -perfeito perfeito
amãui amãueram amãuerõ amãuerim amãuissem -
amãuisti amãuerãs amãueris amãueris amãuissês -
amãuit amãuerat amãuerit amãuerit amãuisset -
amãuimus amãuerãmus amãuerimus amãuerimus amãuissemus
amãuistis amãuerãtis amãueritis amãueritis amãuissetis -
amãuerunt amãuerant amãuerint amãuerint amãuissent -
INDICATIVO CONJUNTIVO
perfeito mais-que- futuro perfeito mais-que- futuro
-perfeito perfeito -perfeito perfeito
amãtus sum amãtus eram amãtus erõ amãtus sim amãtus essem -
amãtus es amãtus erãs amãtus eris amãtus sis amãtus esses -
amãtus est amãtus erat amãtus erit amãtus sit amãtus esset -
amãtisumus amãti erãmus amãti erimus amãti simus amãti essemus -
amãti estis amãti erãtis amãti eritis amãti sitis amãtí essetis -
amãtisunt amãti erant amãtierunt amãti sint amãti essent -
INDICATIVO CONJUNTIVO
perfieito mais-que- futuro perfeito mais-que- futuro
-perfeito perfeito -perfeito perfeito
/t'ligi tetigeram tetigerõ tetigerim tetigissem -
/l'ligisti tetigerãs tetigeris tetigeris tetigissês -
/C'/igit tetigerat tetigerit tetigerit tetigisset -
/C'/igimus tetigerãmus tetigerimus tetigerimus tetigissémus -
lctigistis tetigerãtis tetigeritis tetigeritis tetigissétis -
ldigérunt tetigerant tetigerint tetigerint tetigissent -
INDICATIVO CONJUNTIVO
perfeito mais-que- futuro perfeito mais-que- futuro
-perfeito perfeito -perfeito perfeito
tãctus sum tãctus eram tãctus erõ tãctus sim tãctus essem -
tãctus es tãctus erãs tãctus eris tãctus sis tãctus essês -
tãctus est tãctus erat tãctus erit tãctus sit tãctus esset -
tãcti sumus tãcti erãmus tãcti erimus tãcti simus tãcti essémus -
tãcti estis tãcti erãtis tãcti eritis tãcti sitis tãcti essétis -
tãcti sunt tãcti erant tãcti erunt tãcti sint tãcti essent -
67
Será licença? É que os linguistas defendem teorias diferentes sobre qual das três desinências
(-êrunt, -êre, -êrunt) seria a «original». Para a noção de que a original seria (curiosamente)
-êrunt, ver Kühner & Holzweissig, p. 670.
l'Ul'l<lTVM 1 77
Aliás, neste verbo só encontramos -ã- na 2.• pessoa do singular do presente do indicativo ativo
dãs, e na 2.• pessoa do singular no presente do imperativo ativo dã.
1 78 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. MORFOLOGIA.
69 0 redobro como elemento morfológico está presente nalguns substantivos latinos: carcer (n),
«cárcere»; murmur(n), «murmúrio»; mannor (n), «mármore»; turtur (f), «rola»; cicãtrix(f),
«cicatriz»; cicer (n) , «grão-de-bico» (cf. «chícharo» ) ; cocus ( <*quoquus) (m) , «cozinheiro»;
cicõnia (f), «cegonha»; iéiünus (m) , «jejum». Ver Roby, Vol. I, p. 267.
l 1 M H l'l!CTVM 179
§6. O verbo faciõ dá-nos a ver, no seu perfeito fêci, outro tipo
de formação do tema do Perfectum: o alongamento de vogal. É o
caso de al guns verbos importantes de qualquer uma das quatro
conjugações:
§9. Nos perfeitos que vimos até aqui, há uma diferença mar
cada nos temas do Infectum e do Perfectum. No entanto, também
existem verbos latinos em que no perfeito vamos encontrar o
mesmo tema do presente. Alguns exemplos expressivos são:
➔I< amãui;
*< monui;
➔I< deléui;
*'' audiui.
Verbos V
. -
Quadros comp letos das quatro
conJ ugaçoes
PRESENTE DA t .a CONJUGAÇÃO
FUTURO DA l .ª CONJUGAÇÃO
IMPERFEITO DA } .a CONJUGAÇÃO
"'"ª'' "'
llltllntlvo conjuntivo imperativo indicativo conjuntivo imperativo
- -
"'""''"·'
amãrem amãbar amãrer
amãrés - amãbãris (-re) amãréris (-re) -
,.,,,,,,,,,,, amãret - amãbãtur amãrétur -
lflNdhiimus amãrémus - amãbãmur amãrémur -
lftt1dl1111is amãrétis - amãbãmini amãrémini -
1111111/mnt amãrent - amãbantur amãrentur -
INDICATIVO CONJUNTIVO
hui lcativo mais-que- futuro conjuntivo mais-que- futuro
"'"
l'• r feito -perfeito perfeito perfeito -perfeito perfeito
tiui amãueram amãuerõ amãuerim amãuissem -
''"'tiuisti amãuerãs amãueris amãueris amãuissés -
11111 tiuit amãuerat amãuerit
amãuerit amãuisset -
11111 tiuimus amãuerãmus amãuerimus amãuerimus amãuissémus -
11111 ãuistis amãuerãtis amãueritis amãueritis amãuissétis -
""'ãuérunt amãuerant amãuerint amãuerint amãuissent -
INDICATIVO CONJUNTIVO
perfeito mais-que- futuro perfeito mais-que- futuro
-perfeito perfeito -perfeito perfeito
amãtus sum amãtus eram amãtus erõ amãtus sim amãtus essem -
amãtus es amãtus erãs amãtus eris amãtus sis amãtus esses -
amãtus est amãtus erat amãtus erit amãtus sit amãtus esset -
amãtisumus amãti erãmus amãti erimus amãti simus amãti essémus
amãti estis amãti erãtis amãti eritis amãti sitis amãti essétis -
amãtísunt amãti erant amãti erunt amãti sint amãti essent -
184 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. MORPOLOCI I A
***
INDICATIVO CONJUNTIVO
perfeito mais-que- futuro perfeito mais-que- futuro
-perfeito perfeito -perfeito perfello
monitus sum monitus eram monitus erõ monitus sim monitus essem -
monitus es monitus erãs monitus eris monitus sis monitus essês -
monitus est monitus erat monitus erit monitus sit monitus esset -
monití sumus monití erãmus monití erimus monití simus monití essêmus
monití estis monití erãtis monití eritis monitísitis monití essetis -
monití sunt monití erant monití erunt monití sint moniti essent -
***
� A l l ll O S COMPLETOS DAS QUATRO CONJUGAÇÕES 187
INDICATIVO CONJUNTIVO
perfeito mais-que- futuro perfeito mais-que- futuro
-perfeito perfeito -perfeito perfeito
rectus sum rêctus eram rectus erõ rêctus sim rectus essem -
rectus es rectus erãs rectus eris rectus sis rectus essês -
rêctus est rectus erat rectus erit rectus sit rectus esset -
recti sumus rêcti erãmus recti erimus rêcti simus recti essemus -
recti estis recti erãtis recti eritis recti sitis recti essetis -
recti sunt recti erant recti erunt recti sint recti essent -
***
INDICATIVO CONJUNTIVO
perfeito mais-que- futuro perfeito mais-que- futuro
-perfeito perfeito -perfeito perfeito
INDICATIVO CONJUNTIVO
perfeito mais-que- futuro perfeito mais-que- futuro
-perfeito perfeito -perfeito perfeito
auditus sum auditus eram auditus erõ auditus sim auditus essem -
auditus es auditus erãs auditus eris auditus sís auditus essês -
auditus est auditus erat auditus erit auditus sit auditus esset -
audití sumus auditi erãmus audítí erimus audití simus audití essêmus
audití estis audití erãtis audití eritis audití sitis audití essêtis -
audití sunt audití erant audití erunt audití sint audití essent -
lteitlllllN C O M P LETOS DAS QUATRO CONJUGAÇÕES 191
***
INDICATIVO CONJUNTIVO
perfeito mais-que- futuro perfeito mais-que- futuro
-perfeito perfeito -perfeito perfeito
cêpi cêperam cêperõ cêperim cêpissem -
cêpisti cêperãs cêperis cêperis cêpissés -
cêpit cêperat cêperit cêperit cêpisset -
cêpimus cêperãmus cêperimus cêperimus cêpissêmus -
cêpistis cêperãtis cêperitis cêperitis cêpissêtis -
cêpêrunt cêperant cêperint cêperint cêpissent -
Q\IA D ROS COMPLETOS DAS QUATRO CONJUGAÇÕES 193
INDICATIVO CONJUNTIVO
11er feito mais-que- futuro perfeito mais-que- futuro
-perfeito perfeito -perfeito perfeito
us sum captus eram captus erõ captus sim captus essem -
us es captus erãs captus eris captus sis captus essés -
us est captus erat captus erit captus sit captus esset -
i sumus capti erãmus capti erimus capti simus capti essémus -
i estis capti erãtis capti eritis capti sitis capti essétis -
i sunt capti erant capti erunt capti sint capti essent -
***
�-I IIIN I IUtBGULARES E DEPETIVOS 195
#'C"'"m, «poder»
( lnllnitivo presente: posse)
INDICATIVO CONJUNTIVO
FUTURO
IMPERFEITO
Dois compostos de eõ
queõ, quire, quiut quitum, «poder», «ser capaz»
nequeõ, nequire, nequiui, nequitum, «não poder», «não ser capaz»
PRESENTE
INDICATIVO CONJUNTIVO
queõ nequeõ queam nequeam
[quis] nequis queãs nequeãs
quit nequit queat nequeat
quimus nequimus queãmus nequeãmus
[quitis] nequitis queãtis nequeãtis
queunt nequeunt queant nequeant
PRESENTE
INDICATIVO CONJUNTIVO
1111lõ nõlõ mãlõ uelim nõlim mãlim
11is nõn uís mãuis uelís nõlís mãlis
1111 lt nõn uult mãuult uelit nõlit mãlit
"º lumus nõlumus mãlumus uelimus nõlimus mãlímus
uu /tis nõn uultis mãuultis uelitis nõlitis mãlitis
"º lunt nõlunt mãlunt uelint nõlint mãlint
IMPERFEITO
INDICATIVO CONJUNTIVO
uolebam nõlebam mãlebam uellem nõllem mãllem
uolebãs nõlebãs mãlebãs uelles nõlles mãllés
uolebat nõlebat mãlebat uellet nõllet mãllet
uolébãmus nõlébãmus mãlébãmus uellémus nõllémus mãllémus
uolébãtis nõlébãtis mãlébãtis uellétis nõllétis mãllétis
uolébant nõlébant mãlébant uellent nõllent mãllent
76
Cf. Kühner & Holzweissig, p. 812.
202 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. MORPOLO U I A
presente futuro
2.• p. sing. ede, ês êstõ
3.• p. sing. - êstõ
2.• p. pl. edite, êste êstõte
3.• p. pi. - eduntõ
,.,, ..
INDICATIVO CONJUNTIVO
Verbos defetivos
õdi et amõ.
«odeio e amo.» (Catulo 85)
inquam, «dizer»
fãri, «falar»
Verbos semi-depoentes
SINGULAR PLURAL
l,ª P• 2,ª P• l,ª P• 2,ª P•
Nom. ej!O tü nõs uõs
Gen. mei tui nostr� ues�
nostrum uestrum
Acus. mé té nõs uõs
Dat. mihi tibi nõbis uõbis
Abl. mé té nõbis uõbis
Pronome reflexo
Gen. sui
Acus. se
Dat. sibi
Abl. se
219
Pronomes demonstrativos
,�, ""' id, «este», «esta», «isto»
SINGULAR. PLUllAL
masculino I I
feminino neutro mas culino feminino neutro
No m. is l ea l id ii (e� i) eae ea
n. eius eõrum eãrum eõrum
Acus. eum l eam l id eõs eãs ea
l>a t. ei eis, iis
Ab 1. eõ l eã l eõ eis, iis
* i-;
* ei-.
O i- de is é cognato do i- que vemos nas formas de acusativo e
de dativo do pronome alemão er ( «ele») : ihn, ihm. A forma neutra
id é cognata de it em inglês.
As formas latinas derivadas de ei- são bastante díspares quanto
à sua fonética. Sabemos por inscrições antigas da época republicana e
também pelas comédias de Plauto e de Terêncio que a forma de geni
tivo podia assumir a grafia eiius ( <* ey-syo-s, o que explicaria a manu
tenção da quantidade longa do e- inicial, já que não se aplicaria
a tendência natural do latim para abreviar uma vogal longa antes
de outra vogal81 : eius). No entanto, a par de grafias antigas como eiius
(por exemplo Plauto, Meneemos 222: ego et Menaechmus et parasitus
eiius, «eu e Meneemo e o parasita dele»), encontramos formas
desconcertantes em que a métrica do verso exige que tomemos eius
como monossílabo. É o caso de Terêncio, Heauton Timoroumenos 453:
81 Ver p. 380.
■
l' I I N I I M ES 22 1
SINGULAR PLURAL
masculino I feminino I neutro masculino feminino neutro
No m. hic 1 haec 1 hoc hi hae haec
Ge n. huius hõrum hãrum hõrum
Ac us. hunc 1 hanc 1 hoc hõs hãs haec
Dat. huic hís
Ab1. hõc 1 hãc 1 hõc his
82
Nunca é de mais sublinhar que «deítico», como se lê habitualmente, ostenta uma acentuação
errada, já que o -ei- é um ditongo. As alternativas certas são: ou a grafia etimológica «dêictico»;
ou então «díctico»; ou ainda, para quem não pronuncia o «c», «clítico».
222 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. MORFOLO G I A ,
83
Cf. Kühner & Holzweissig, pp. 599-600.
11 • u N O M l!S 223
SINGULAR PLUllAL
masculino I feminino I neutro masculino feminino neutro
Nom. ille 1 ilia 1 illud illí illae ilia
Gen. illius illõrum illãrum illõrum
Acus. illum 1 iliam 1 illud illõs illãs ilia
Dat. illi illis
Abl. illõ 1 illã 1 illõ illis
224 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. MORFOLOGIA,
SINGULAR. PLURAL
I I
masculino feminino neutro masculino feminino neutro
84
Cf. Palmer, p. 256.
lla l l N O M l!S 225
SINGULAR PLURAL
masculino I I
feminino neutro masculino feminino neutro
Tanto idem ( < is-dem) como ipse ( < is-pse) são formas enfáticas
de is, ea, id:
Ipse, na forma latina inculta isse (da qual Augusto não gostava,
como nos documenta Suetónio, Augusto 88), é donde vem o nosso
pronome «esse». E é de uma forma tardia de superlativo «vulgar»
medipsissimus que vem «mesmo» em português.
O que dissemos acima sobre illius/illíus vale também para
ipsius/ipsíus.
226 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. MORPOLOO I A .
Pronome relativo
SINGULAR PLUitAL
Pronomes interrogativos
Pronomes indefinidos
-·
SINGULAR PLURAL
I
masculino feminino I neutro masculino feminino neutro
1 .ª classe
bonus, bona, bonum, «bom»
SINGULAR PLUllAL
SINGULAR PLUllAL
SINGULAR PLUitAL
2.ª classe
Temas em -i- triformes
ãcer, ãcris, ãcre, «agudo», «pontiagudo», «acre»
SINGULAll PLUitAL
I I I
masculino feminino neutro masculino feminino neutro I
Nom. ãcer 1 ãcris 1 ãcre ãcrés 1 ãcria
Gen. ãcris ãcrium
Acus. ãcrem 1 ãcre ãcrés, ãcris 1 ãcria
Dat. ãcri ãcribus
Abl. ãcri ãcribus
234 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. MOllPOLOQIA,
SINGULAR. PLURAL
I
masculino e feminino neutro I
masculino e feminino neutro
Nom. tristis 1 triste tristês 1 tristia
Gen. tristis tristium
Acus. tristem 1 triste tristês, tristis 1 tristia
Dat. tristi tristibus
Abl. tristi tristibus
SINGULAR. PLURAL
I
masculino e feminino neutro I
masculino e feminino neutro
Nom. félix felicês IJélicia
Gen. félicis félicium
Acus. félicem l félix félicês,félicis lfélicia
Dat. félici félicibus
Abl. félici félicibus
à IIJUTIVOS 235
SINGULAR PLURAL
I
masculino e feminino neutro masculino e feminino neutro I
Nom. ingens ingentes ingentia 1
G en. ingentis ingentium
Acus. ingentem l ingens ingentes, ingentis ingentia 1
l) at. ingenti ingentibus
A bl. ingenti ingentibus
Temas em consoante
uetus, uetus, «velho»
SINGULAR PLURAL
I I
masculino e feminino neutro masculino e feminino neutro
Nom. uetus ueteres 1 uetera
Gen. ueteris ueterum
Acus. ueterem 1 uetus ueteres 1 uetera
Dat. ueterí ueteribus
Abl. uetere ueteribus
88
Cf. Kühner & Holzweissig, p. 353.
236 NOVA GRAMÁTICA D O LATIM. MORPOLOGIA,
I I I
masculino feminino neutro masculino feminino neutro I
Nom. alter 1
altera 1
alterum uter utra utrum1 1
Gen. alterius utrius
Acus. alterum ! alteram l alterum utrum l utram l utrum
Dat. alteri utri
Abl. alterá 1 alterã 1 alterá utrá 1 utrã 1 utrá
Um caso especial é constituído pela palavra que significa
«nin guém», némõ (*< né-homõ):
Nom. nemá
Gen. nüllius
Acus. neminem
Dat. nemini
Abl. nüllõ
A maior parte dos adjetivos latinos junta -ior ( <* -ios) ao tema
para formar o comparativo e -issimus para formar o superlativo :
SINGULAll PLURAL
I
masculino e feminino neutro I
masculino e feminino neutro
No m. longior l !ongius longiõrês l !ongiõra
Ge n. longiõris longiõrum
Acus. longiõrem l !ongius longiõrês l !ongiõra
Dat. longiõri longiõribus
Ab 1. longiõre longiõribus
(i) bonus:
* comparativo: melior;
* superlativo: optimus.
(ii) malus:
* comparativo: peior;
* superlativo: pessimus.
240 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. MORFOLOGIA,
(iii) magnus:
* comparativo: maior;
* superlativo: maximus.
(iv) paruus:
* comparativo: minor;
* superlativo: minimus.
(i) miser:
* comparativo: miserior;
* superlativo: miserrimus.
( i) facilis:
* comparativo: facilior;
* superlativo: facillimus.
(ii) difficilis:
* comparativo: difficilior;
* superlativo: difficillimus.
(iii) gracilis:
* comparativo: gracilior;
* superlativo: gracillimus.
(iv) humilis:
* comparativo: humilior;
* superlativo: humillimus.
(v) similis:
* comparativo: similior;
* superlativo: simillimus.
(vi) dissimilis:
* comparativo: dissimilior;
* superlativo: dissimillimus.
242 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. MORFOLOGIA.
comparativo superlativo
extrã [ exterus, raro] exterior extrémus
intrã [interus, raro] interior intimus
suprã [superus, raro] superior suprémus, summus
infrã [inferus, raro] inferior infimus
ultrã ulterior ultimus
prae prior primus
post [posterus, raro] posterior postrémus
prope proprior proximus
dé déterior déterrimus
Advérbios
Advérbios irregulares
Advérbios qualificativos
* uérõ ( «deveras»); .
* plãné ( «bastante»);
* sãné ( «decerto»);
* profectõ ( «decerto»);
* omninõ ( «completamente»);
* certé ( «certamente») .
(ii) Advérbios de limitação :
* pariter ( «igualmente»);
* simul ( «simultaneamente»);
* plérumque ( «geralmente», «a maior parte das vezes»);
* sõlum ( «somente»);
* tantum ( «apenas»);
* modo ( «apenas»);
* partim ( «parcialmente»).
* deinde ( «seguidamente»);
* deinceps ( «depois»);
�f praetereã ( «além disso»);
;1� insuper ( «além disso»);
,IE dênique ( «afinal», «finalmente»);
➔ IE postrêmõ ( «por fim»).
*E satis ( «suficientemente»);
* nimis ( «demasiado»);
* nimium ( «demasiado»);
* ualdê ( «muito»);
* fermê ( «quase»);
* ferê ( «quase»);
* paulum ( «pouco»);
* tantum ( «tanto»);
* magis ( «mais»);
* potius ( «de preferência a»);
* potissimum ( «preferencialmente»);
* parum ( «muito pouco»);
* magnopere ( «grandemente»);
* uix ( «a custo»);
* aegrê ( «a custo») .
Advérbios «oxítonos»
92 Cf. Kühner & Holzweissig, p. 243; Roby, Vol. l, p. 99; Palmer, p. 221.
A u v i' 1 u1 1 0 s 249
1 Claro que a intuição não constitui, só por si, um fundamento sólldo na abordagem à morfolo
gia do latim. Basta pensar na seguinte tradução «intuitiva», com que me ri às gargalhadas há
muitos anos, do primeiro verso da Eneida: «A arma, o varão e o cano que o meu primo trouxe
de Troia. » Na verdade, não é isso que significa arma uirumque canõ Troiae qui primus ab õris.
254 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. SIN"rA U
Coordenação e subordinação
Como se notou, a frase (i) é a única onde não fi gura uma pala
vra sublinhada, pois nos exemplos acima propostos as palavras
sublinhadas são conjunções, ou seja, são as «dobradiças» que per
mitem a articulação das frases. Visto que a frase (i) é uma frase
simples só com um verbo, não ocorre nela qualquer conjunção.
Na frase (ü) encontramos, para todos os efeitos, duas frases sim
ples, sendo a se gunda ligada à primeira por «e». Trata-se do tipo
mais comum de oração coordenada: a oração coordenada copulativa.
Na frase (ili) encontramos o outro tipo mais comum de oração
coordenada: uma oração coordenada adversativa, introduzida por
«mas».
Por outro lado, na frase (iv) encontramos duas orações com
um estatuto hierárquico diferente. A oração introduzida por
«quando» está subordinada à anterior (a principal ou subor
dinante), porque a oração de «quando» não pode fazer sentido
independentemente da oração a que está subordinada . A frase
«a população fechou as portas ao imperador» faz sentido sozinha;
mas a frase «quando soube da sua chegada» não funciona como
enunciado independente.
I IH M O l> U ÇÁO AO ESTUDO DA SINTAXJ! LATINA 257
«Eu digo-te que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja
e as portas do ínfero não prevalecerão contra ela e eu dar-te-ei as chaves
do reino dos céus e seja o que for que ligares [à letra, «terás ligado» ]
sobre a terra será ligado [ à letra, «terá sido ligado» ] nos céus e seja o
que for que desligares [à letra, «terás desligado»] sobre a terra será
desligado [à letra, «terá sido desligado» ] nos céus.» (Mateus 16: 18-19)
' Neste capítulo e nalguns dos segu intes, as citações dos autores latinos serão apresentadas
(quando isso se afigurar pertinente) com um vocabulário ultrassintético antes da tradução por
tuguesa, para permitir uma decifração mais motivante das citações propostas e, ao mesmo
tempo, urna entrada progressiva no léxico latino.
260 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. SINTAU.
3
A conjunção autem é pospositiva (isto é, não pode surgir em primeiro lugar na frase).
hl 'l' M O l> U ÇÃO AO ESTUDO DA SINTAXE LATINA 261
4
Habitualmente falta o ego quando esta frase de Descaites é citada.
262 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. S!NTAII
s O erro é, sob vários pontos de vista, relativizável, desde logo porque a frase traduz para latim
uma construção que, em grego, não está errada (ltyw ÕTl - pois ltyw, ao contrário de 'Pl'Jl!I
[outro verbo grego para «dizer», cognato do latimfãrí, que vimos na p. 208 ], não exige oração
infinitiva). Ver Woodcock, p. 23.
6
Cf. Haverling, pp. 331-332.
•• u u 1 1 u ç A o AO ESTUDO DA SINTAXE LATINA 263
lr11Nc de Cícero: dícõ té priõre nocte uénisse, «eu digo que tu vieste
1111 noite passada» ( Catilinária 1, IY.8) .
Ora, no caso desta frase d e Cícero, trata-se de urna construção
li111damental em latim: conhecê-la e reconhecê-la corresponde a urna
d.is tarefas prioritárias para quem pretende ler textos latinos. Chama
Hl' oração infinitiva ( em termos portugueses, urna oração comple
1.
dicebas quondam sõlum te nõsse Catullum,
Lesbia, nec prae me uelle tenere Iouem.
«dizias outrora que tu só conhecias Catulo,
ó Lésbia, e que em vez de mim não querias terJúpiter <como amante>.»
(Catulo 72. 1 -2 )
2.
uideõ enim hic esse in senãtü quõsdam qui tecum ünã fuerunt.
«vejo, pois, que estão aqui [hic] no senado alguns que estiveram junta
mente [ünã] contigo [tecum] . » (Cícero, Catilinária 1, IY.8)
3.
Pompeiõs celebrem Campãniae urbem [ ... ] cõnsedisse terrae mõtü
[ ... ] audiuimus.
«ouvimos <dizer> que Pompeios, célebre cidade da Campânia, desabou
devido a um tremor de terra.» (Séneca, Nãtürãles Qµaestiõnes 6. 1 1 )
I N T R O D UÇÃO AO ESTUDO DA SINTAXE LATINA 265
4.
numquam sé cénãsse domi Philõ iürat.
«Fílon jura que nunca jantou em casa.» (Marcial 5.47. 1 )
VOCABULÁRIO :
8
Se, todavia, a oração tiver sentido exclusivamente temporal, podemos encontrar o indicativo.
Ver p. 336.
IN l' M O llUÇÃO AO ESTUDO DA SINTAXE LATINA 27 1
Ablativo absoluto
Conjunções coordenativas
Conjunções subordinativas
* cum historicum;
* cum inuersiuum;
* cum relãtiuum;
* cum iterãtiuum;
* cum explicãtiuum;
* cum causãle;
* cum concessiuum;
* cum aduersãtiuum.
Embora a utilidade destas designações seja discutível, o pró
prio facto de elas serem possíveis alerta-nos para a import ância
de darmos atenção ao funcionamento «no terreno» das con
junções - e isto por uma razão muito simples: quem está a ler
um texto em latim não vê na página sinalizações do tipo «oração
concessiva !» ou «oração final !» . O que tem debaixo dos olhos
* ad
(i) «para» ( ad Tarentum, «para Tarento», Cícero, Dé
senectüte 4) .
(ii) «até» ( ab hõrã octãuã ad uesperum, «desde a oitava hora
até ao fim da tarde», Cícero, Ad Atticum 7.8).
P REPOSIÇÕES 283
* ante
(i) «diante» ( ante ostium, «diante da porta», Terêncio,
Andria 474) .
(ii) «antes» ( ante Iouem, «antes de Júpiter» [i.e., «no rei
nado de Saturno»], Vergílio, Geórgicas 1 . 125) .
* apud
(i) «junto de» ( ap ud forum, «junto do fórum», Terêncio,
Andria 302) .
(ii) «em casa de» ( ap ud me, «em minha casa», Terêncio,
Heauton Timoroumenos 430).
(iii) «na obra de» ( ap ud Xenophontem, «na obra de Xeno
fonte», Cícero, De senectüte 22) .
(iv) «em» ( apud Memphim, «em Mênfis», Suetónio, Tito 5) .
* circum
(i) «à volta» ( circum te, «à tua volta», Horácio, Sátiras
1 .3. 135).
* circã
(i) «à volta de» ( circã pectus, «à volta do peito», Horácio,
Odes 1.3. 10) .
* contrã
(i) «contra» ( contrã me, «contra mim», Cícero, Ad Atti
cum 10.8) .
(ii) «diante de» ( contrã me, «diante de mim», Plauto,
Persa 13) .
284 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. SINTAXB.
* extrã
(i) «fora de» (extrã ostium, «fora de porta <s >», Terêncio,
Phormiõ 876) .
* in
(i) «para» ( in hanc urbem, «para dentro desta cidade»,
Cícero, Dé républicã 2. 19) .
(ii) «contra» ( in deõs, «contra os deuses», Cícero, D é nãtürã
deõrum 3.34) .
* inter
(i) «entre» ( inter mulierés, «entre as mulheres», Terêncio,
Andria 1 17) .
(ü) «no meio de» ( uidet auénam [ ... ] crescere inter triticum,
«vê aveia a crescer entre o trigo», Énio, Praecepta 1 1 3 ) .
* intrã
(i) «para dentro» ( intrã urbem, «para dentro da cidade»,
Tito Lívio 7. 1 1) .
* iuxtã
(i) «junto de» ( stãbat mãter dõlorõsa iuxtã crucem, «estava
a mãe dolorosa junto da cruz») .
* ob
(i) «por causa de» ( ob peccãtum hoc, «por causa deste erro»,
Terêncio, Heauton Timoroumenos 990) .
* per
(i) «por» (per uígintí annõs, «por vinte anos», Tito Lívio
21.41) .
(ü) «por» (per me, «por mim», Terêncio, Andria 699) .
* post
(i) «depois» (femina post te ulla, «nenhuma mulher depois
de ti», Propércio, 4. 14.9) .
* prope
(i) «perto» (prope me, «perto de mim», Cícero, Ad fami
liãres 7 .23) .
* propter
(i) «por causa de» (propter frigora frumenta in agrís mãtüra
nõn erant, «por causa do frio os cereais nos campos não
estavam maduros», César, De bellõ Gallicõ 1 . 16) .
* secundum
(i) «segundo» ( secundum nãtüram, «de acordo com a natu
reza», Quintiliano 12. 1 1. 13) .
* sub
(i) «para debaixo de» ( sub undãs, «para debaixo das ondas»,
Vergílio, Eneida, 8.538) .
* super
(i) «sobre» ( super et Garamantãs et Indõs prõferet imperium,
«até sobre os garamantas e sobre os indianos levará o seu
império», Eneida, 6.794-795) .
286 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. SINTAXI,
* trãns
(i) «do outro lado de» ( trãns Tiberim, «do outro lado do
Tibre», Cícero, Ad Atticum 12. 19).
* ultrã
(i) «além» ( ultrã legem, «além da lei», Horácio, Sátiras
2. 1. 1-2).
* ã, ab
* cõr ma
* cum
(i) «com» ( cum sociis nãtõque, «com os amigos e <com >
o <meu > filho», Vergílio, Eneida 3. 12).
l 1 M l!POSIÇÕES 287
* dê
(i) «de» (Lucretius etAttius dê murõ sê deiecêrunt, «Lucrécio
e Átio atiraram-se do muro», Dê bellõ ciuili 1. 1 8).
(ii) «acerca de» ( dê rêrum nãtürã, «acerca da natureza das
coisas»).
* ê, ex
(i) «de» ( tõtus ex fraude et mendãciõ factus, «todo <ele >
feito de fraude e de mentira», Cícero, Prõ Cluentiõ 26).
* in
(i) «em» ( latet anguis in herbã, «está uma cobra escondida
na erva», Vergílio, Bucólicas 3.93).
* prõ
(i) «à frente de» (prõ turribus, «à frente das torres», Vergílio,
Eneida 9.677).
(ii) «em prol de» (prõ Rõmãnõ populõ, «em prol do povo
romano», Énio, Anais 209).
* sine
(i) «sem» ( sine ipsõfactum est nihil quodfactum est, «sem Ele
nada, que foi feito, foi feito», João 1:3).
* sub
(i) «debaixo de» ( sub monte, «debaixo do monte», Énio,
Anais 440) .
Sintaxe do acusativo
Complemento direto
Esta função do acusativo já foi apontada na p. 69.
* doceõ, «ensinar»;
* poscõ, «pedir», «exigir»;
* rogõ, «pedir»;
* õrõ, «orar»;
* célõ, «esconder».
290 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. SINTAXI,
uéní Carthãginem
«vim para Cartago» (Agostinho, Confissões 3.1).
§6. Duração:
Acusativo interno
Acusativo de relação
Acusativo de exclamação
* o complemento indireto;
* vantagem;
* agente;
* posse;
* fim;
* direção.
Além destas funções, há a considerar ainda certos verbos que
se constroem com dativo.
Complemento indireto
Dativo de vantagem
uae mihi!
«ai de mim ! » (Plauto, Asinaria 924)
uae uictis!
«ai dos vencidos ! » (Tito Lívio 5.48.9)
ei miserõ [ ... ] mihi!
«ai de mim, desgraçado ! » ( Catulo 68.92)
14 Um exemplo famoso de dativo ético em alemão ocorre na ópera Os Mestres Cantores de Nurem
berga de Richard Wagner: verachtet mir die Meister nicht, «não desprezeis os mestres» (isto é,
«não me desprezeis os mestres», no sentido de «por favor não desprezeis os mestres»).
298 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. SINTAX I,
Dativo de agente
Dativo de posse
O dativo de posse ocorre com o verbo sum; a ênfase semântica
recai mais sobre o que é possuído e menos sobre quem possui.
Dativo de fun
habere enim quaestui rem publicam nõn modo turpe est, sed
scelerãtum etiam et nefãrium
VOCABULÁRIO :
quaestus, «lucro», «vantagem» .
TRADUÇÃO :
«explorar [à letra, «ter», habere] o estado para lucro <pessoal> não é
só imoral; é criminoso e infame» (Cícero, Dê officiis 2.77).
Dativo de direção
it clãmor caelõ
«o clamor chega ao céu» (Eneida 5.45 1 ).
* auxiliar, «ajudar»;
* credõ, «acreditar»;
* faueõ, «favorecer»;
* fídõ, «confiar»;
* ignõscõ, «perdoar»;
* imperõ, «comandar»;
* indulgeõ, «ser indulgente»;
* inuideõ, «invejar»;
* írãscor, «encolerizar-se»;
* medeor, «curar»;
* minor, «ameaçar»;
* moderor, «controlar»;
* noceõ, «prejudicar»;
* nübõ, «desposar um marido»;
* placeõ, «agradar»;
* pãreõ, «obedecer»;
* seruiõ, «servir»;
* suãdeõ, «persuadir».
Sintaxe do genitivo
16
A mesma frase de Cícero (ln Verrem, ãctiõ secunda 4.5, onde Hércules representado em estátua
dicébãtur esse Myrõnis, «dizia-se ser de Míron [ escultor grego] » ) é aduzida por Kennedy
(p. 133) como contendo um «genitivo de autor» e por Pinkster (2015, p. 778) como exemplo
de um genitivo «difícil de classificar em termos semânticos e formais».
S I N TAXE DO GENITIVO 303
***
18
Note-se todavia que, na edição crítica de M. Winterbottom (Oxford, 1994), esta frase não
é considerada autenticamente ciceroniana.
Sintaxe do ablativo
1. Ablativo de agente
Como vimos na p. 70, o agente da passiva é expresso em latim
por meio de ã ou ab. Esta é a regra geral quando o agente é um ser
animado:
2. Ablativo instrumental
A afinidade entre o ablativo de agente inanimado e o ablativo
instrumental parece evidente. A diferença é que, no segundo caso,
o verbo está na voz ativa:
3. Ablativo de qualidade
Por vezes chamado «ablativo de descrição»:
4. Ablativo de comparação
O segundo termo de comparação em latim pode ser expresso
de duas maneiras:
5. Ablativo de origem
6. Ablativo de especificação
Não é muito clara a distinção desta categoria gramatical relati
vamente ao ablativo de qualidade (n. 0 3). Na frase de Salústio,
vemos primeiro o ablativo de origem e depois o de especificação:
3 12 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. SINTAXB.
7. Ablativo de modo
8. Ablativo de causa
9. Ablativo de preço
emí uirginem trígintã minis
«comprei a virgem por trinta minas» (Plauto, Curculiõ 344).
Ablativo absoluto
(i) senãtus habêrí ante Kal. Febr. per lêgem Pupiam, id quod seis,
nõn potest, neque mense Februãriõ tõtõ nisi perfectis aut
reiectis légãtiõnibus
«o senado não pode reunir, como sabes, antes das calendas de
fevereiro [ver p. 419] por causa da Lei Púpia [lei de 61 a.C., promul
gada no consulado de Marco Púpio Pisão Calpurniano, que impedia
reuniões do senado em certos dias] ; nem em todo o mês de feve
reiro, a não ser que tenham sido completados ou adiados os assuntos
referentes às embaixadas» ( Cícero, Adfamiliãres 1 .4; Cícero pode
ria ter exprimido a mesma ideia contida neste ablativo absoluto com
uma oração condicional [ver p. 330] : nisi perfectae sint aut reiectae
legãtiõnibus).
'º Segundo Quintiliano (9.3. l ), a construção mais antiga em latim seria com genitivo.
Cõnsecütiõ temporum
§5. Para que isto faça sentido, temos de saber quais são os
tempos classificáveis para efeitos de cõnsecütiõ temporum como
primários e quais os pretéritos.
§9. Qµem leu até aqui este capítulo e pensou «como é que eu
vou meter isto tudo na cabeça?» pode consolar-se com a ideia de
l l lle o domínio ativo da cõnsecütiõ temporum só interessa a quem
pretenda escrever em latim com um rigor gramatical que espelhe
os grandes prosadores clássicos. A pessoa que deseja aprender
latim com a finalidade única de ler textos em lín gua latina notará
decerto, com todo o interesse, cada forma de conjuntivo que lhe
surge debaixo dos olhos; mas não estará necessariamente a exami
nar, penso eu, em cada caso, se o autor infringiu al guma regra da
cõnsecütiõ temporum ao empregar um conjuntivo «errado».
Orações infinitivas
uêritãs enim dicit mihi, «nõn est deus tuus [...] caelum neque omne
corpus».
«pois a Verdade diz-me: "O teu Deus não é céu nem todo corpo
<físico>�»
.1 2 2 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. SJNTAX I,
➔ I� arbitror ( «pensar»);
,1, audiõ («ouvir»);
,1, (aliquem) certiõremfaciõ ( «informar»);
,lé cognõscõ ( «conhecer»);
* cõnstat ( « constar»);
* credõ ( « crer»);
* dícõ ( «dizer»);
* discõ ( «aprender» ) ;
* exístimõ ( « pensar»);
* ferunt ( «dizem que... »);
* ignõrõ ( «desconhecer»);
* intellegõ ( «entender»);
* iürõ ( «jurar» );
* meminí ( «lembrar»);
* minor ( «ameaçar»);
* nãrrõ ( «narrar»);
* negõ ( «dizer»; em aceção negativa: «eu digo que... não...»);
* nõscõ ( «conhecer» );
* nüntiõ ( «anunciar»);
* polliceor ( «prometer» ) ;
* prõ certõ habeõ (« ter a certeza d e que. . .» ) ;
* prqmittõ ( « prometer»);
* putõ ( «pensar»);
* respondeõ ( « responder»);
* sciõ ( «saber»);
326 N O VA GRAMÁTICA D O LATIM. SINTAU
Orações finais
Orações consecutivas
Orações condicionais
Stitiras 2. 1 .6-7 ] ) .
As frases condicionais de tipo 2 têm o verbo no presente ou no
perfeito do conjuntivo.
As frases condicionais de tipo 3 têm o verbo no imperfeito ou
no mais-que-perfeito do conjuntivo.
(ii) quis ego sum igitu1j si quidem is nõn sum, qui sum ?
«então quem sou eu, se não sou quem sou?» (Plauto, Trinummus
978).
(iü) si deus es, tribuere mortalibus beneficia debes, nõn sua eripere;
sin autem homõ es, id quod es sempre esse te cõgitã
«se és um deus, deves oferecer benefícios aos mortais, não tirar os
<benefícios que são> seus; se, porém, és homem, pensa sempre
naquilo que és» (Quinto Cúrcio 7.8.26).
332 N O VA GRAMÁTICA DO LATIM. SINTAXB.
(i) põns sublicius iter paene hostibus dedit, nisi ünus uirfuisset,
Horatius Cocles
«a ponte de estacaria quase deu [teria dado] caminho aos inimi
gos, se não fosse um homem, Horácio Cocles » (Tito Lívio, 2. 1 0 ) .
334 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. SINTAJII.
Orações causais
21
Se traduzíssemos a frase de Cícero para alemão, teríamos o mesmo esquema do latim:
«so passiert es, dass sie desbalb da sind, weil sie ihre Pflicht erfiillen wollen... »
l i l l l A PRÁTICO DE ORAÇÕES SUBORDINADAS 335
Orações temporais
Orações concessivas
«ainda que ele quisesse por amizade chamá-lo dos mortos, por causa
do bem comum não o teria feito» ( Cícero, Pró Milõne 79 ) .
* conjuntivo :
quamuis nõn fueris suãsor profectiõnis meae, approbãtor certê
fuístí
«embora não fosses conselheiro da minha partida, certamente foste
quem a aprovou» ( Cícero, Ad Atticum 16. 7 .2);
* indicativo :
nõn tíbí, quamuis ínfestõ anímõ et mínãcí peruénerãs,
ingredientífínês ira cecidit?
l h t l A l' IIÁTICO DE ORAÇÕES SUBORDINADAS 339
Orações comparativas
(i) nõn enim tam praeclãrum est scíre Latínum quam turpe
<est> nescíre
«pois saber latim não é tão brilhante como <é> vergonhoso não
saber» (Cícero, Brütus 140).
(v) est profectõ deus, qui quae nós gerimus auditque et uidet:
is, uti tü mê hic habueris, proinde illum illic curãuerit
«existe, na verdade, um deus que ouve e vê o que fazemos;
<o deus> tratará dele lá tal como tu me tiveres tratado aqui»
(Plauto, Captíuí 3 1 3-314).
Orações relativas
(ii) oração relativa consecutiva: quis tam fuit illõ tempore fer
reus, quis tam inhumãnus praeter unum te, qui nõn illõrum
aetãte, nõbilitãte, miseriã commouereiur?
«quem foi naquela altura <de coração> tão férreo, quem <foi> tão
desumano além de ti, que não se comovesse com a idade, nobreza
e infelicidade deles?» ( Cícero, ln Verrem, ãctiõ secunda, 5.46) .
14
Este grafita de Pompeias presta-se a várias interpretações (ver Adams [ 2016], p. 225 ). A mais
provável é a que vê na frase a intenção de colocar quem está a ler o grafita no papel de felador
da uerpa de quem escreveu (uerpa é uma palavra altamente grosseira para «pénis», equivalente
a «caralho» em português; fora de grafitas, ocorre somente em Catulo 28.12, em Marcial
11.46.2 e no Corp us Priãpeõrum 34.5 ).
342 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. SINTAXI!.
(iv) oração relativa causal : té omnés amant mulierés, qui sis tam
pulcher
«todas as mulheres te amam, tu que és tão belo» (i.e., porque és
tão belo [Plauto, Míles glõriõsus 59] ).
Interrogativas diretas
mênefugis?
«estás a fugir de mim?» (Vergílio, Eneida 4.3 14)
Ordens diretas
tolle, lege !
«levanta <o livro> e lê ! » (Agostinho, Confissões 8 . 1 2; ver p. 489)
nõli mé tangere!
« não me toques ! » (João 20: 1 7; ver p. 49 1 )
néfuge mê!
«não fujas de mim ! » ( Ovídio, Metamorfoses 1 .597).
Ordens indiretas
* édícõ ( «proclamar»);
* flagitõ ( «exigir»);
* hortor ( «exortar»);
* imperõ ( «ordenar» + dativo);
* moneõ ( «aconselhar»);
* obsecrõ ( «pedir»);
* õrõ ( «pedir»);
* petõ ( «solicitar»);
* poscõ ( «exigir»);
* postulõ ( «exigir»);
350 NOVA GRAMÁTICA D O LATIM. S I N'l'A '
Verbos impessoais
* ningit ( «neva»);
* pluit ( «chove»);
* tonat ( «troveja»).
§2. Além destes verbos de sentido meteorológico, os verbos
impessoais mais relevantes em latim são os seguintes:
* accédit ( «acresce»);
* accidit ( «acontece»);
* appãret ( «é evidente»);
* attinet ( «pertence»);
* cõnstat ( «é certo»);
* contingit ( «cabe em sorte»);
* conuenit ( «convém»);
1 1141;0 11S DI! QVÍN E QVÓMINVS; VERBOS QUE EXPRJMBM RECEIO; VERBOS IMPESSOAlS 355
* êuenit ( «sucede»);
* interest ( «diz respeito»);
,lê iuuat ( «deleita»);
,lê pertinet ( «diz respeito»);
➔I< placet ( «parece bem»).
* com conjuntivo :
sacra deõsque canam et cognõmina prisca locõrum:
hãs meus ad metãs südet oportet equus
A lógica curiosíssima por trás desta concordância é o entendimento da sílaba inicial de refert
26
Particípios
Gerúndio e gerundivo
17
Cf. Kühner & Stegmann, Vol. I, pp. 727-728.
360 NOVA GRAMÁTICA DO LAT I M , S I N U U
18
Cf. Woodcock, p. 159.
t & H II l � IO � J t: H RÚNDIO E GERUNDIVO; SUPINO 361
2. Genitivo do gerúndio
Depende normalmente de um substantivo abstrato (por exem
plo, ars scribendi; ver os exemplos na p. 141).
3. Dativo do gerúndio
Sugere a noção de aptidão ( rubéns <Jerrum> nõn est habile
tundendõ, «um ferro em brasa não serve para martelar» [Plínio
-o-Antigo, 34. 149 ] ) .
4. Ablativo do gerúndio
Exprime instrumento ou causa:
19 No entanto, como não há regras sem exceção, também esta tem o seu contra-exemplo, que é
a expressão equites tegendõ ( «para dar abrigo à cavalaria» ) em Tito Lívio (21 .54) . Ver Roby,
Vol. II, p. 156.
,,.. t 1 d 1• m s ; GERÚNDIO E GERUNDIVO; SUPINO 363
Supino
1 . Supino em -um
1 . 1 . Bastante usado nas comédias de Plauto e de Terêncio,
o supino em -um tem essencialmente uma função final,
como na expressão dormitum ire, ( «ir <para a cama para >
dormir» [Plauto, Mostellãria 693]) . Vejamos estes dois
exemplos:
2. Supino em -ü
O ablativo do supino ocorre sobretudo com determinados
adjetivos, como por exemplo: difficile dictü, « <coisa > difí
cil de dizer» ( Cícero, Tusculanas 2. 19) ou mirãbile dictü,
«<coisa > admirável de dizer» (Eneida 1.439). Outros
adjetivos que podem construir-se com supino em -ü são
os seguintes 3º :
* facilis ( «fácil»);
* terribilis ( «terrível»);
* crédibilis ( «credível»);
* incrédibilis ( «incrível»);
* dignus ( «digno»);
* indignus ( «indigno»);
* dulcis ( «doce»);
* dubius ( «dúbio»).
1 . Cardinais
1 I ünus
2 II duo
3 III três
4 IV quattuor
5 V quínque (cf. DELL s.u.)
6 VI sex
7 VII septem
8 VIII octõ
9 IX nouem
10 X decem
11 XI ündecim
12 XII duodecim
13 XIII tredecim
14 XIV quattuordecim
15 XV quíndecim
16 XVI sêdecim
17 XVII septendecim
18 XVIII duodêuígintí
19 XIX ündêuigíntí
20 XX uígintí
368 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. VARIA.
28 XXVIIIduodêtrigintã
29 XXIX ündêtrigintã
30 XXX trigintã
40 XL quadrãgintã
50 L quinquãgintã
60 LX sexãgintã
70 LXX septuãgintã
80 LXXX octõgintã
90 XC nõnãgintã
98 IIC/XCVIII octõ et nõnãgintã
99 IC/XCIX ündêcentum
100 e centum
101 CI centum et únus
126 CXXVI centum uiginti sex
200 CC ducenti, -ae, -a
300 CCC trecent� -ae, -a
400 cccc quadringenti, -ae, -a
500 D quingenti
1000 M mille
2000 MM duo milia
1 1
Nom. ünus üna únum
Gen. únius
Acus. únum 1 ünam 1 ünum
Dat. üni
1 1
Abl. únõ únã únõ
NUMERAIS 369
três, tria
masculino 1 feminino 1 neutro
Nom. trés 1 três 1 tria
Gen. trium
Acus. trés 1 trés 1 tria
Dat. tribus
Abl. tribus
2. Ordinais
1
Ver Buck, p. 99; Kühner & Holzweissig, p. 134.
NOÇÕES DE FONÉTICA HISTÓRICA DO LATIM 373
(i) Apofonia.
(ii) Assimilação.
(iii) Contração.
(iv) Rotacismo.
(v) Alongamento de vogais.
(vi) Abreviamento de vogais.
NOÇÕES DE FONÉTICA HISTÓRICA DO LATIM 375
(i) Apofonia
(ii) Assimilação
(iü) Contração
(iv) Rotacismo
* jlõs,jlõris;
* aes, aeris;
* opus, operis;
* genus, generis;
* tempus, temporis, etc.
380 NOVA GRAMÁTICA D O LATIM. VARIA.
* habiõ;
* habes;
* habit;
* habemus;
* habetis;
* hiíbint.
O exemplo do presente de habeõ serve-nos para considerar três
situações em que um vogal longa abrevia:
' Cf. Clackson & Horrocks, p. 252; Heyworth, pp. 61-62; Anthon, p. 77.
Noções de métrica latina: p oesia
Introdução
3
Cf. Drexler, p. 79.
384 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. VARJA.
(a) Sinais
U posição breve
posição longa
390 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. VARIA.
(b) Pés
anapesto: U U -
baquio: U -
coriambo: - U U -
crético: - U -
dáctilo: - U U
espondeu: - -
iambo: U -
iónico: U U - -
molosso: - - -
pirríquio: U U
timélico: - U U U - (cf. Plauto, Mostellãria 693)
tríbraco: U U U
troqueu: - U
(c) Versos
adónico: - U U - x
asclepiadeu menor: - - - U U - 1 1 - U U - U x
asclepiadeu maior: - - - U U - 1 1 - U U - 1 1 - U U - U x
escazonte: x - x - x - x - x - - -
falécio: - - - U U - U - U - -
ferecrácio: - U - U U - -
galiambo: U U - U - U - - 1 1 U U - U U U U x
glicónico: - - - U U - U x
N O ÇÕES DE MÉTRICA LATINA : POESIA 39 1
hexâmetro dactílico: - U U - U U - U U - U U - U U - -
hiponacteu: - - - U U - U - -
octonário anapéstico: U U - U U - U U - U U - 1 1 U U - U
u-uu-uu-
octonário iâmbico: x - x - x - U - l i x - x - x - U -
octonário trocaico: - x - x - x - x 1 1 - x - x - x - -
«pentâmetro dactílico» 6 : - U U - U U - l i - U U - U U -
reiziano: - - U U - x
senário iâmbico: x - x - x - x - x - U -
septenário anapéstico: U U - U U - U U - U U - 1 1 U U - U
U-UU--
septenário iâmbico: x - x - x - x U - l i x - x - x - -
septenário trocaico: - x - x - x - x 1 1 - x - x - U -
wilamowitziano: - x x - - U U -
(d) Estrofes
estrofe alcaica:
x - U - - 1 1 - U U - U x (hendecassílabo alcaico)
x - U - - 1 1 - U U - U x (hendecassílabo alcaico)
x - U - - - U - x (eneassílabo alcaico)
- U U - U U - U - x (decassílabo alcaico)
estrofe sáfica:
- U - - - 1 1 U U - U - x (hendecassílabo sáfico)
- U - - - 1 1 U U - U - x (hendecassílabo sáfico)
- U - - - 1 1 U U - U - x (hendecassílabo sáfico)
- U U - x (adónico)
6 Este termo, ainda que tradicional, em rigor não faz sentido (ver p. 397).
392 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. VARIA.
Prosódia
§2. Uma sílaba é breve se contiver uma vogal breve que não
seja se guida de duas consoantes. Todavia, se a segunda das duas
consoantes que se se guem a uma vogal breve for -1- ou -r-, a sílaba
poderá ser escandida como breve (ou então como longa, depen
dendo da quantidade exigida pela posição).
' Cf. Kennedy, pp. 202-203; Bayer & Lindauer, pp. 257-258.
NOÇÕES DE MÉTRICA LATINA : POESIA .WJ
Elisão
O hexâmetro dactílico
dáctilo: - U U
espondeu: - -
I I 1
fõrmõsam resonãre doces Amaryllida siluãs (- - - U U - U
u - 1 u u - u u - -)
Em grego e em latim, não há hexâmetros dactílicos isentos de
cesura - termo pelo qual se entende o fim de palavra que ocorre
de forma programada no interior de um pé.
A cesura mais habitual na poesia hexamétrica é a que vemos
no verso 1 da Bucólica 1: chama-se «cesura pentemímere», por
que ocorre a seguir ao quinto meio-pé ( Tityre tü patulae 1).
No segundo verso citado, encontramos uma combinatória de
cesuras que também é frequente: cesura triemímere, a seguir ao ter
ceiro meio-pé (fõrmõsam I); e cesura heftemímere, a seguir ao
sétimo meio-pé (fõrmõsam resonãre doces
I 1),
Dístico elegíaco
- u u - u u - 11 - u u - u u -
Na primeira parte do segundo verso do dístico elegíaco, os dois
dáctilos podem ser substituídos por espondeus; na segunda parte,
398 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. VARIA.
«Pequeno livro, irás sem mim - nem te levo a mal - para a Urbe,
ai de mim, para lá onde não é lícito ao teu dono ir!
Vai, mas desadomado, como convém a um exilado;
enverga, infeliz, a veste desta fase <da minha vida>.»
Outros metros
9 Isto é, César na sua obra historiográfica. É possível que ele tenha usado cláusulas métricas
noutras obras que não chegaram até nós (cf. Palmer, p. 1 35).
'º Cf. Wilkinson, p. 239 (e também p. 161 ). Curiosamente, há seis exemplos em De lege agrãriã:
ver Kühner & Stegmann, Vol. II, p. 624.
N OÇÕES DE MÉTRICA LATINA: PROSA 409
- U UU
UU U -
1. - U- - U (crético + coreu);
2. - U- - U - (dois créticos);
3. - U- - U - U (crético + dois coreus);
4. - U- U (dois coreus);
5. - U- U - (coreu + crético);
6. - U- - U - U - (crético + coreu + crético) .
1 . 1 . - - - - U (molosso + coreu);
1 .2. - U - :- - (crético + espondeu);
1 .3. - U U U - U (péon + coreu);
1 .4. - U U U - - (péon + espondeu) .
2. 1. - - - - U - (molosso + crético);
2.2. - UU - - U - (molosso resolvido + crético);
2.3. - U UU - - - (péon + molosso).
4. 1. - U - - (coreu + espondeu).
* Iãnuãrius;
* Februãrius;
* Mãrtius;
* Aprilis;
* Mãius;
* Iünius;
* Iülius (originalmente Quintílis, depois renomeado em honra
de Júlio César);
* Augustus (originalmente Sextilis, depois renomeado em
honra de Au sto);
* September;
gu
* Octõber;
* Nouember;
* December.
DATAS ROMANAS 415
ao dia 1 de cada mês; mas, por outro lado, as outras duas referên
cias - as Nonas (Nõnae, Nõnãrum) e os Idos (Idüs, Iduum [f] ) -
não calham sempre no mesmo dia do mês:
14
Sendo Aprilis, September, Octõber, Nouember e December adjetivos de tema em -i-, levanta-se
naturalmente a dúvida quanto ao acusativo do plural: será em -is ou em -ês? No caso de setembro,
outubro, novembro e dezembro, sigo Roby (Vol. I, p. 454) na opção pela terminação em -ês;
mas no caso de abril sigo Propércio ( 4.5.35) e Marcial ( 9.52.2) e opto pela temúnação em -is.
418 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. VARIA.
JANEIRO
FEVEREIRO
dia atual dia romano por extenso dia romano abreviado
MAilÇO
dia atual dia romano por extenso dia romano abreviado
ABRIL
dia atual dia romano por extenso dia romano abreviado
MAIO
dia atual dia romano por extenso dia romano abreviado
JUNHO
dia atual dia romano por extenso dia romano abreviado
JULHO
dia atual dia romano por extenso dia romano abreviado
AGOSTO
dia atual dia romano por extenso dia romano abreviado
SETEMBRO
dia atual dia romano por extenso dia romano abreviado
OUTUBRO
dia atual dia romano por extenso dia romano abreviado
NOVEMBRO
dia atual dia romano por extenso dia romano abreviado
DEZEMBRO
dia atual dia romano por extenso dia romano abreviado
Abreviaturas de nomes
A. = Aulus
e. = Gaius
Cn. = Gnaeus
D. = Decimus
K. = Kaesõ
L. = Lücius
M. = Mãrcus
M: = Mãnius
MAM. = Mãmercus
P. = Püblius
Q = Quintus
s. = Sextus
SER. = Seruius
SP. = Spurius
T. = Titus
T I. = Tiberius
ABREVIATURAS ROMANAS 4.l l
Outras abreviaturas
N ON. = Nõnae
OB. = obiit
O.M. = optimus mãximus
P.C. = patrés cõnscripti
= põnendum curãuit
P.M. = pontifex mãximus
P.R. = populus Rõmãnus
PL. = plébis
PROC. = prõcõnsul
Q = quaestor
QB.F.F.QS. = quod bonum félix faustumque sit
QVIR. = Qµ.irités
s. = senãtus
= seruus
S.D. = sãlütem dicit
S.P.QR. = senãtus populusque Rõmãnus
s.c. = senãtüs cõnsultum
S.D.P. = sãlütem dicit plürimam
T R. = tribünus
V. = uíxit
A
ã, ab, abs + ablativo por, de (ver p. 286)
abeõ, abire, abii (ou abiu� abitum) partir, ir-se embora
abripiõ, abripere, abripui, abreptum tirar
absum, abesse, ãfui estar ausente
accêdõ, accêdere, access� accessum aproximar-se
accidit + ut + conjuntivo sucede que
accipiõ, accipere, accêpi, acceptum receber, escutar
accüsõ ( 1 .ª) acusar
ãcer, ãcris, ãcre penetrante, áspero, acre
(ver p. 233)
acerbus, acerba, acerbum amargo
aciês, aciêi (f) linha de combate, exército
ad + ac. para (ver p. 282)
adeõ (advérbio) de tal forma
adeõ, adíre, adii (ou adiui, aditum) ir para
434 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. VARIA.
B
bellum, belli (n) guerra
bellus, bella, bellum belo
bene bem
béstia, béstiae (f) besta, fera
bibõ, bibere, bibi, bibitum beber
blandus, blanda, blandum meigo, sedutor
bonus, hona, bonum bom (ver p. 232)
boreas, boreae (m) vento do norte
bõs, bouis (m, f) boi
brãchium, brãchii (n) braço
VOCABULÁRIO ESSENCIAL DA LÍNGUA LATINA 437
e
cadõ, cadere, cecidi, cãsum cair
caedõ, caedere, cecid� caesum matar
caeruleus, caerulea, caeruleum azul, escuro
Caesar, Caesaris César
calidus, calida, calidum quente
callidus, callida, callidum hábil, experiente
campus, campi (m) planície
candidus, candida, candidum branco
canis, canis (m, f) cão
canõ, canere, cecin� cantum cantar
cãnus, cãna, cãnum branco, de cabelos brancos
capiõ, capere, cépí, captum tomar
captíuus, captíuí (m) prisioneiro, cativo
caput, capitis (n) cabeça, vida
careõ (2.ª) + ablativo carecer de
carína, carínae (f) quilha, nau
carmen, carminis (n) canto, poema
carpõ, carpere, carpsí, carptum colher
caueõ, cauére, cãu� cautum evitar, acautelar-se
causa, causae (f) causa
cédõ, cédere, cess� cessum ceder
celer, celeris, celere célere
célõ ( 1 .ª) esconder
cena, cénae (f) ceia, jantar
cénseõ, cénsére, cénsuí, cénsum julgar, votar
certé certamente
certiõrem faciõ informar
ceruix, ceruícis (f) pescoço
ceruus, cerui (m) veado
cessõ ( l.ª) tardar
cieõ, ciére, ciu� citum pôr em movimento (cf. KIVÉW)
cingõ, cingere, cinx� cinctum cingir
438 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. VARIA.
citõ depressa
citus, cita, citum rápido
ciuis, ciuis (m) cidadão
ciuitãs, ciuitãtis (f) condição de cidadão, conjunto
de cidadãos
clãdés, clãdis (f) ruína, destruição
clam secretamente
clãrus, clãra, clãrum claro, luminoso, ilustre
claudõ, claudere, claus� clausum fechar
cliuus, cliui (m) encosta, declive
coepi, coepisse, coeptum começar
cognõscõ, cognõscere, cognõu� cognitum conhecer
cõgõ, cõgere, coé� coãctum conduzir em conjunto, coagir
collis, collis (m) monte
colõ, colere, colui, cultum cultivar, venerar, habitar
color, colõris (m) cor
coma, comae (f) cabelo, madeixa
comes, comitis (m) companheiro
communiõ ( 4.ª) fortificar
concidõ, concidere, concidi tombar, ser morto
condõ, condere, condidi, conditum reunir, fundar
cõnficiõ, cõnficere, conféci, cõnfectum completar
cõnfidõ, cõnfidere, cõnfisus sum + dativo confiar
cõnfiteor, cõnfitéri, cõnfessus sum confessar, revelar
congregõ ( 1 . )3 reunir
cõnor, cõnãr� cõnãtus sum tentar
cõnscendõ, cõnscendere, cõnscendi,
cõnscénsum subir para, embarcar, montar
cõnseruõ ( l .ª) preservar, manter
cõnsilium, cõnsilii (n) conselho
cõnsistõ, cõnsistere, cõnstin cõnstitum estabelecer, parar
cõnspiciõ, cõnspicere, cõnspex�
cõnspectum avistar
VOCABULÁRIO ESSENCIAL DA LÍNGUA LATINA
D
damnõ ( 1 .ª) condenar
de + ablativo de, acerca de
debellõ ( 1. a) subjugar, conquistar
debeõ (i.a) dever
decerpõ, decerpere, decerps�
decerptum colher
dedücõ, dedücere, dedüx� deductum fazer descer, estender, fiar
decus, decoris (n) honra, beleza, glória
difendõ, defendere, defend� defensum defender
difessus, defessa, defessum exausto
delectõ ( i .a) deleitar
deleõ, delere, deleu� deletum destruir
descendõ, descendere, descend�
descensum descer
desiliõ, desilíre, desilu� desultum saltar de
deterreõ ( 2. ª) afastar, desencorajar
deus, dei (m) deus
dexter, dext(e)ra, dextrum direito
dícõ, dícere, dixi, dictum dizer
dictãtor, dictãtõris (m) ditador
dictum, dictí (n) palavra, dizer
dies, diei (m) dia
dignitãs, dignitãtis (f) dignidade
dignus, digna, dignum digno
diligens diligente, cuidadoso
díligõ, diligere, dilex� dílectum estimar
dimittõ, dimittere, dimis� dimissum mandar embora
discedõ, discedere, discess� discessum partir
discõ, discere, didici aprender
VOCABULÁRIO ESSENCIAL DA LÍNGUA LATINA 44 1
E
ê, ex de, de dentro de
edõ, edere, êd� êsum comer
êdõ, êdere, êdidi, êditum fazer sair
ejfugiõ, ejfugere, effügi fugir de, escapar a
ego eu
êgredior, êgred� êgressus sum sair, partir
êiciõ, êicere, êiêc� êiectum lançar fora
êloquêns (gen. êloquentis) eloquente
emõ, emere, êrn� êmptum comprar
ênsis, ênsis (m) espada
442 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. VARIA.
F
facies,faciei (f) forma, rosto, figura
facilis, facile fácil
facinus,facinoris (n) crime, ato
VOCABULÁRIO ESSENCIAL DA LÍNGUA LATINA 443
G
gaudeõ, gaudére, gãuísus sum alegrar-se
gemõ, gemere, gemu� gemitum gemer
gemma, gemmae (f) joia
gena, genae (f) face, bochecha
genetríx, genetrícis (f) mãe
genitor, genitõris (m) pai
gens, gentis (f) gente
genu, genüs (n) IS joelho
genus, generis (n) nascimento, raça
gerõ, gerere, gessí, gestum executar, realizar
gladius, gladií (m) espada
gradior, grad� gressus sum andar
Graecia, Graeciae (f) Grécia
grãmen, grãminis (n) erva, pasto
grammatica, grammaticae (f) gramática
grãtia, grãtiae (f) gratidão, favor
grauis, graue pesado
grex, gregis (m) rebanho
gubernãculum, gubernãculí (n) leme, timão, governo
guttur, gutturis (n) garganta
H
habeõ (2.ª) ter
habitõ ( l .ª) habitar
haereõ, haerére, haes� haesum estar fixo, aderir a
haréna, harénae (f) areia, arena
hasta, hastae (f) lança
haud não
herba, herbae (f) erva
,s Embora os dicionários nos deem a forma de nominativo genu, seria mais lógica a forma
genü (Vergílio, Eneida, 1.320; Ovídio, Metamorfoses 4.340, 9.299, 10.536, 12.347). Ver p. 123;
e também Kühner & Holzweissig, p. 391 .
446 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. VARIA.
hêri ontem
hiems, hiemis (f) inverno, mau tempo
hinc daqui
Hispãnia, Hispãniae (f) Hispânia
hodiê hoje
homõ, hominis (m) ser humano, homem
honor, honõris (m) honra
hõra, hõrae (f) hora
hortor ( l .ª) exortar, encorajar
hortus, horti (m) jardim
hospes, hospitis (m, f) hóspede, anfitrião, viajante
hostis, hostis (m) inimigo
hüc para cá
humus, humí (f) solo, terra
I
iaciõ, iacere, iêc� iactum lançar
iam já, agora
iãnua, iãnuae (f) porta
ibi aí
idcircõ por isso
igitur por conseguinte
ignãrus, ignãra, ignãrum + genitivo ignorante de
ignãuus, ignãua, ignãuum cobarde, preguiçoso
ignis, ignis (m) fogo
ignõscõ, ignõscere, ignõu� ignõtum
+ dativo perdoar
ille, illa, illud aquele, aquela, aquilo
illíc acolá
illinc de lá
illüc para lá
imãgõ, imãginis (f) imagem, representação
imber, imbris (m) chuva, aguaceiro forte
VO CABULÁRI O ESSENCIAL DA LfNGUA LATINA 447
L
labor, labõris (m) esforço, trabalho
lãbor, lãb� lãpsus sum escorregar
labõrõ ( I. •) trabalhar, esforçar-se
lacertus, lacerti (m) braço (também lacertum [n] )
lacus, lacüs (m) lago
laedõ, laedere, laesi, laesum magoar
laetus, laeta, laetum alegre
laniõ ( 1 .ª) rasgar
lapis, lapidis (m) pedra
lãr, laris (m) lar, lareira, deuses domésticos
latrõ, latrõnis (m) mercenário, ladrão
lãtus, lãta, lãtum amplo, lato
laudõ ( I .•) louvar
lauõ, lauãre (ou lauere), lãu�
lõtum (ou lautum) lavar
VOCABULÁRIO ESSENCIAL DA LÍNGUA LATINA 449
M
maestus, maesta, maestum triste
magis mais
magnopere muito, imensamente
magnus, magna, magnum grande
mãiestãs, mãiestãtis (f) majestade, grandeza
malus, mala, malum mau
maneõ, manére, mãnsi, mãnsum permanecer, aguardar
mãnés, mãnium almas dos mortos, infernos
mare, maris (n) mar
maritus, mariti (m) marido
marmor, marmoris (n) mármore, mar (em poesia)
mãter, mãtris (f) mãe
maximus, maxima, maximum enorme, máximo
melior, melius melhor
memin� meminisse lembrar
memoria, memoriae (f) memória
mendãx (gen. mendãcis) mentiroso
méns, mentis (f) mente
ménsa, ménsae (f) mesa
mereor, merér� meritus sum merecer
meridié ao meio-dia
merus, mera, merum puro, sem mistura
metuõ, metuere, metui, metütum recear
meus, mea, meum meu
miles, militis (m) soldado
minimum (advérbio) muito pouco
minimus, minima, minimum pouquíssimo
VOCABULÁRIO ESSENCIAL DA LÍNGUA LATINA 45 1
N
nam pois
nancís cor, nancísc� nãnctus sum obter
nãrrõ ( l.ª) narrar
452 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. VARIA.
o
ob + acusativo devido a
obdürõ ( 1 .ª) aguentar, persistir
obliuiscor, obliuisc� oblitus sum
+ genitivo esquecer
obses, obsidis (m, f) refém
obsideõ, obsidére, obsédi, obsessum sitiar
obstõ, obstãre, obstin obstãtum
+ dativo impedir, dificultar
obstupéscõ, obstupéscere, obstupui ficar estupefacto
(também obstipesco)
occidõ, occidere, occidi, occãsum cair
454 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. VARIA.
p
paene quase
paenitet me pesa-me
palam publicamente
pandõ, pandere, pandi, pãnsum abrir, revelar
pa ngõ, pangere, pepigi (ou panxi),
pactum fIXar
pãnis, pãnis (m) pão
pãr (gen. paris) par, igual
parãtus, parãta, parãtum preparado
parcõ, parcere, peperci + dativo poupar
parens, parentis (m, f) progenitor(a)
pãreõ, pãrere, pãrui + dativo obedecer a
pariter em partes iguais
parõ ( 1 .ª) preparar
pars, partis (f) parte
pãstor, pãstõris (m) pastor
pater, patris (m) pai
patior, pati, passus sum sofrer
patria, patriae (f) pátria
pauc� paucae, pauca pouco
paulãtim paulatinamente
paulõ um pouco
pauper (gen. pauperis) pobre
pauidus, pauida, pauidum amedrontado
pãx, pãcis (f) paz
pecünia, pecüniae (f) dinheiro
pecus, pecoris (n) gado
pelagus, pelagi (m) mar
pellõ, pellere, pepul� pulsum impelir, ferir, expulsar
Penãtes, Penãtium Penates (deuses protetores)
pendeõ, pendere, pependí pendurar
penitus (advérbio) profundamente
456 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM, VARIA.
Q
quaerõ, quaerere, quaesiui, quaesitum procurar
quãlis, quãlis, quãle qual
quam do que ( 2.0 termo de comparação)
quamquam embora, ainda que
quamuis embora, ainda que
quantum tanto quanto
quantus, quanta, quantum quanto
VOCABULÁRIO ESSENCIAL DA LÍNGUA LATINA 459
R
rãmus, rãmi (m) ramo
rapiõ, rapere, rapui, raptum arrebatar, agarrar
ratiõ, ratiõnis (f) razão
ratis, ratis (f) remo, barco
recitõ ( l .ª) recitar
reddo, reddere, reddidi, redditum restituir
redeõ, redire, redi� reditum regressar
reficiõ, reficere, reféci, refectum refazer, restaurar
régina, réginae (f) rainha
regõ, regere, réx� réctum reger
relinquõ, relinquere, reliqu� relictum deixar
reliquus, reliqua, reliquum restante
rémigium, rémigii (n) ordem de remos, navegação
a remos
460 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. VARIA.
s
sacerdõs, sacerdõtis (m) sacerdote
saepe frequentemente
saeuus, saeua, saeuum cruel, selvagem
VOCABULÁRIO ESSENCIAL DA LÍNGUA LATINA 46 1
T
taberna, tabernae (f) cabana, loja
taceõ (2.•) estar calado
tacitus, tacita, tacitum tácito, não expresso
tãlis, tãle tal
tam tão
tamen porém, não obstante
tamquam tanto quanto
464 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. VARIA.
tandem enfim
tangõ, tangere, tetigi, tãctum tocar
tantus, tanta, tantum tanto
tardus, tarda, tardum vagaroso, indolente
taurus, tauri (m) touro
téctum, técti (n) cobertura, telhado, casa
tegõ, tegere, téxi, téctum cobrir
télum, téli (n) arma de arremesso
tellüs, tellüris (f) terra, solo
tempestãs, tempestãtis (f) tempestade, distúrbio
templum, templi (n) templo
temptõ ( l .ª) testar, apalpar, tentar
tempus, temporis (n) tempo
teneõ, tenére, tenui, tentum ter, segurar
tener, tenera, tenerum tenro, macio
tenuis, tenue fino, delicado
tepeõ (2.ª) sentir calor, sentir amor
tepidus, tepida, tepidum morno
ter três vezes
tergum, tergi (n) dorso
terra, terrae (f) terra
terreõ ( 2.ª) aterrorizar
testis, testis (m) testemunha
theatrum, theatri (n) teatro
timeõ, timére, timui temer
timor, timõris (m) medo
tollõ, tollere, sustul� sublãtum levantar
torqueõ, torquére, tors� tortum torturar
torus, tori (m) leito, cama
tot tantos
totiéns tantas vezes
tõtus, tõta, tõtum todo
trãdõ, tradere, trãdid� trãditum entregar
VOCABULÁRIO ESSENCIAL DA LÍNGUA LATINA
V
uacca, uaccae (f) vaca
uãdõ, uãdere, uãs� uãsum avançar, marchar contra
uadum, uadi (n) vau, banco de areia
ualdé muito
ualeõ (2.•) ser forte, ser poderoso
uastõ ( 1 .•) devastar
uãtes, uãtis (m) adivinho, profeta
ubi onde
-ue ou
ueheméns (gen. uehementis) vigoroso
uéla, uélõrum (n) velas
uelõ ( 1 .•) cobrir, esconder
uélõx (gen. uélõcis) veloz
uelut tal como
uendõ, uendere, uendid� uenditum vender
ueniõ, uenire, uéni, uentum vir
uentus, uenti (m) vento
Venus, Veneris (f) Vénus
uér, uéris (n) primavera
466 NOVA GRAMÁTICA DO LATIM. VARIA.
***
Elogio fúnebre de uma mulher romana, não só lembrada por ter sido
cultora das virtudes e dos lavores convencionais, mas também pela sua
maneira encantadora de falar.
Uma das frases mais famosas da literatura latina é a que Terêncio coloca
na boca de Cremes, na comédia Heauton Timoroumenos (o título grego sig
nifica « O homem que se castiga a si mesmo»).
MENEDÉMVS:
Chreme, tantumne ab ré tuãst õti tibi
aliena ut cürés ea quae nil ad té attinent?
CHREMÉS:
homõ sum; humãni nil ã mé aliénum putõ.
tantumne: atenção à partícula interrogativa -ne; tuãst = (ab rê) tuã est;
õti: genitivo de õtium, «lazer», «vagar»; aliéna: neutro do plural,
«assuntos alheios»; nil = nihil; attineõ, attinere, attinu� attentum: «dizer
respeito a»; putõ: «pensar».
Vergílio é, para todas as pessoas que conseguem ler latim, um poeta com
o qual nenhum outro, em nenhuma outra literatura, se pode comparar pela
ANTOLOGIA DE TEXTOS 477
literária (uma scrípta puella, não uma mulher real) e uma espécie de meta
-personagem simbólica do entendimento que Propércio faz do género
elegíaco. O nome de Cíntia (que sugere a deusa Diana, por sua vez irmã de
Apolo) é, como se vê, a primeira palavra da coletânea.
Nõn qui parum habet, sed qui plüs cupit, pauper est. quid enim
réfert, quantum illi in arcã, quantum in horreis iaceat; quantum
41!4 NOVA GRAMÁTICA D O LATIM. VARIA.
Um texto que, apesar dos seus 2000 anos, ainda hoje nos parece uma
obra-prima pós-moderna é o Satyricon de Petrónio, o grande romance da
Antiguidade Clássica, cujo estado fragmentário proporciona descontinuida
des e incongruências que, a bem dizer, só aumentam o seu fascínio. Entre as
muitas narrativas que Petrónio inclui no seu romance figura a história da
matrona de Éfeso, mulher que chorava o cadáver do marido enquanto uns
ladrões eram crucificados ali ao lado. O militar destacado para impedir que
os familiares dos crucificados tirassem os cadáveres da cruz para lhes dar
sepultura trava conhecimento com a mulher; e, na verdade, os dois ficam a
conhecer-se bem (talvez até de mais) .
O papa Gregório V (cujo nome «civil» era Bruno) foi o primeiro papa
germânico, bisneto do imperador Otão 1. Morreu a 1 8 de fevereiro de 999.
Deslustraram seu breve pontificado tensões com o papa rival, João XVI, que
tinha o apoio da nobreza e do povo de Roma, embora não do imperador
Otão III (que era primo de Gregório V). Por influência do imperador sobre
os bispos reunidos no concílio de Pavia, João XVI foi declarado antipapa e
sofreu, em Roma, um castigo público atroz: cegaram-no, partiram-lhe os
dedos para que nunca mais escrevesse e, como se isso não bastasse, corta
ram-lhe a língua, o nariz e as orelhas. O epitáfio de Gregório, em dísticos
elegíacos (e com um erro de prosódia logo no primeiro verso: húmus escan
dido como húmüs), é um marco importante na história do latim por ser o
primeiro documento a mostrar concretamente que, em Roma, se falava outra
língua ( «língua vulgar», ou seja, italiano) além do latim.
* André Lourenço;
* Diogo Morais Barbosa;
* Francisco José Viegas;
* Mi el Monteiro;
* Paulo Caraças;
gu
* Paulo Ferreira.
Bibliografia
Em síntese
'º O livro de Woodcock tem a vantagem para principiantes de oferecer traduções de todos os
exemplos em latim, situação que não se verifica nos dois volumes de Kühner & Stegmann nem
no Vol. II de Roby.