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Carvalho - 2022 - Distância Genética de Bovinos Curraleiro Pé Duro em Relação A Outras Raças
Carvalho - 2022 - Distância Genética de Bovinos Curraleiro Pé Duro em Relação A Outras Raças
30 (2)
www.doi.org/10.53588/alpa.300202
Embrapa MeioNorte. Setor de Gestão de Bibliotecas – SGB. Av. Duque de Caxias, 5650 – Bairro Buenos Aires,
Teresina/PI – Brasil
Genetic distance of Curraleiro PéDuro cattle in respect other breeds raised in Brazil and the
United States assessed with microsatellites
Abstract. The objective of this study was to asses genetic diversity among 4 Brazilian (145 animals) and 15 USA
cattle (269 animals) breeds using 34 microsatellite markers. Samples from the United States represented a broad
geographic distribution whereas Brazilian samples were from mid north region. Results showed that the degree of
differentiation between the studied breeds indicates low gene flow among analyzed populations, which
demonstrates reproductive isolation. It is also obvious the wide variation between individuals (75 %) and small
variation between breeds (25 %), mainly among North American breeds. Cattle grouped according to their
geographical origins. Work involving locally adapted breeds is scarce, since these animals are not as productive as
commercial breeds in use today. Genetic differentiation was substantial, suggesting that there is a range of
opportunities to use these resources in Western Hemisphere context. All evaluating used methods showed that the
genetic differences among Curraleiro PéDuro and other evaluated breeds suggest that heterosis can be obtained
using this breed in breeding programs. Molecular Genetic Distance between bovine breeds could be used as a
reference when choosing mating, with a view to the gains provided by heterosis in terms of adaptability, precocity,
good weight performance, good meat production and good interaction with the environment for sustainable
livestock production in both countries, Brazil and the United States.
Key words: Local breed, Tropically adapted, Genetic structure, Beef cattle, Taurine, Zebu
Resumo. O objetivo deste estudo foi avaliar a diversidade genética entre 4 raças brasileiras (145 animais) e 15
bovinos norteamericanos (269 animais), utilizando 34 marcadores microssatélites. As amostras dos Estados Unidos
representaram uma ampla distribuição geográfica, enquanto as amostras brasileiras foram da região centronorte.
Os resultados mostraram que o grau de diferenciação entre as raças estudadas indica baixo fluxo gênico entre as
populações analisadas, o que demonstra isolamento reprodutivo. Também é óbvia a grande variação entre
indivíduos (75 %) e pequena variação entre raças (25 %), principalmente entre as raças norteamericanas. Bovinos
agrupados de acordo com suas origens geográficas. O trabalho envolvendo raças adaptadas localmente é escasso,
uma vez que esses animais não são tão produtivos quanto as raças comerciais em uso hoje. A diferenciação genética
foi considerada substancial, sugerindo que existe uma gama de oportunidades para usar esses recursos no contexto
do Hemisfério Ocidental. Todos os métodos de avaliação das diferenças genéticas entre Curraleiro PéDuro e outras
raças sugerem que a heterose pode ser obtida usando esta raça em programas de cruzamento. A “Distância
Genética Molecular” entre as raças bovinas poderia ser usada como referência para escolha em acasalamentos, com
vistas aos ganhos proporcionados pela heterose quanto a adaptabilidade, precocidade, bom desempenho ponderal,
boa produção de carne e boa interação com o meioambiente para produção sustentável da pecuária em ambos os
países, Brasil e Estados Unidos.
Palavras chaves: Raças locais, Tropicalmente adaptadas, Estrutura genética, Gado de corte, Taurino, Zebu
89
90 Carvalho et al.
Introducción
A introdução de bovinos nas Américas ocorreu (Primo, 1992). Muitas populações locais foram
quase simultaneamente e teve uma evolução substituídas ou utilizadas em cruzamentos para
semelhante ao longo dos tempos, desde o início da produção de carne e leite, sem a manutenção de raças
colonização hispanoportuguesa. Os animais puras para produção de touros. A preocupação
fundadores do rebanho bovino do continente humana com a perda da diversidade genética em raças
Americano são originários da Península Ibérica localmente adaptadas e sua conservação tem
(Primo, 2010). Por meio de um longo processo de aumentado, uma vez que a seleção intensa e a redução
expansão e adaptação aos diversos ecossistemas do do tamanho da população em muitas raças vem
Novo Mundo, diversas raças locais se originaram pela causando perdas na biodiversidade genética bovina
seleção natural. As novas populações surgidas foram global (Eusebi 2019 et al.).
denominadas de “crioulas” e se espalharam por todo o
Continente Americano (Rodero et al., 1992). Por Algumas raças locais têm diminuído o tamanho
décadas, ocorreu um fluxo gênico entre os rebanhos de efetivo e algumas estão até mesmo em via de extinção.
animais domésticos em todo o hemisfério ocidental A perda da variabilidade irá restringir as opções
sugerindo que essa região contém uma ampla disponíveis para as necessidades desconhecidas do
variedade de diversidade genética para uso em futuro.
Biomas e sistemas distintos de produção.
Algumas pesquisas foram realizadas com o objetivo
A espécie bovina nas Américas, está presente desde de caracterizar alguns grupamentos bovinos em
a Terra do Fogo, ao sul, até as remotas ilhas do Alaska, diversas regiões (Jordana et al., 2003; Egito et al., 2007;
ao norte. Contudo o rebanho fundador da atual Mcneil et al., 2007; Oliveira et al. 2012; Carvalho et al.,
população teve origem diversa. Segundo Primo (1992), 2012; Delgado et al., 2012, Silva Filho et al. 2014;
os bovinos originários da Ibéria povoaram desde o Zinovieva et al., Cardoso et al. 2016; 2019; Bermejo et al.
Texas, nos Estados Unidos, até o Sul da Argentina e 2020). Todavia existe uma falta de conhecimento
ainda estão presentes em ambientes adversos para acerca de populações atuais entre o Norte e o Sul da
raças de elevada produção. Segundo Sponenberg e América. O presente trabalho foi direcionado para se
Olson 1992, o gado bovino da era colonial espanhola avaliarem a diversidade genética, a endogamia e as
no Sudoeste e Sudeste Estados Unidos da América do relações entre o Curraleiro PéDuro (Bos taurus taurus)
Norte persistem escassamente em pequenas “ilhas” e raças locais e especializadas criadas no Brasil e nos
isoladas que evolucionaram em distintos grupos de Estados Unidos. Ambos os países possuem,
bovinos, como o Texas Longhorn e Florida Cracker. conjuntamente, o maior rebanho comercial do planeta,
Estados Unidos com 94.4 milhões de cabeças (USDA,
A partir da década de 1950, no século 20, deuse 2020) e o Brasil com 214.9 milhões de cabeças (IBGE,
ênfase à produtividade e foi iniciada a especialização, 2019) podendo apresentar grande complementaridade
que favoreceu algumas raças e levou outras à extinção. na pecuária de corte. Os resultados apontam caminhos
Esse processo foi acelerado pela introdução de técnicas a seguir em projetos de conservação e melhoramento
modernas de reprodução e pela globalização. A genético e indicam a possibilidade de uso em
introdução zebuína no Brasil e os cruzamentos cruzamentos com vistas ao ganho da heterose e
desordenados que se seguiram determinaram a complementariedade nos produtos.
substituição das raças locais em diversas regiões do
País, levando à quase total absorção dos rebanhos Assim o objetivo do presente trabalho a investigar
locais. Nos Estados Unidos, os bovinos locais também a diversidade genética entre quatro raças de bovinos
foram substituídos, em sua grande maioria, por raças brasileiras (145 animais) e 15 raças bovinas norte
mais produtivas e já melhoradas na Europa e também americanas (269 animais) com o uso de 34 marcadores
cederam lugar ao Brahman em ambientes subtropicais microssatélites.
Tabela 1. Raças, populações e descrições fenotípicas das raças brasileiras e norteamericanas analisadas.
Resultados y Discusión
Em um cenário de aquecimento global, mais áreas O número médio de alelos efetivos por loco
inóspitas irão surgir podendo causar uma mudança verificado no presente trabalho foi maior que o
nas espécies e raças a serem exploradas nessas novas encontrado por Cañon et al., 2001, Egito et al 2007 e
localidades tropicais, subtropicais e semiáridas do por Delgado et al., 2012, que trabalharam com raças
Planeta. Entretanto somente populações avaliadas e locais, provavelmente devido ao menor número de
caracterizadas terão acesso ao agronegócio da marcadores utilizados por esses autores e a introdução
pecuária. Ao se quantificar a diversidade genética de zebuínos na presente pesquisa.
dentro e entre populações nas 19 raças bovinas
investigadas, usando dados de frequências alélicas Diversidade genética dentro das populações
obtidas da análise de marcadores moleculares
microssatélites, constatouse que 25 % da variação total A raça Caracu apresentou a menor diversidade
foi entre raças e 75 % dentro de raça. Raças bovinas (heterozigosidade esperada (He) = 0.54), fato também
com origens em uma ampla variedade de localizações observado por Egito et al., 2007, enquanto a Gir e o
geográficas estão representadas neste estudo. Criollo do Novo México apresentaram a maior
diversidade (He = 0.69) (Tabela 2).
Diversidade genética entre as populações
Os grupamentos Black Angus e “Red” Angus, Texas
Todos os 34 locus investigados se mostraram Longhorn e Criollo do Novo México apresentaram as
polimórficos com um total de 438 alelos distintos nas menores distâncias (Fst), respectivamente, de 0.33 e
19 raças investigadas. O número de alelos por lócus 0.37, sugerindo apenas diferenças fenotípicas.
variou de 5 a 29, com média de 13, utilizando um
painel de microssatélites recomendados pela FAO / Já a distância entre as raças locais de origem Ibéricas
ISAG para estudos de biodiversidade em bovinos. criadas no Brasil e as criadas nos Estados Unidos se
mostrou pequena, variando de 0.22 entre Curraleiro Pé
Duro e Caracu até 0.39 entre Curraleiro PéDuro e Texas
Longhorn (Tabela 2), provavelmente devido a mesma
origem dos rebanhos fundadores.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0 11 1 2 1 3 1 4 1 5 1 6 1 7 1 8 1 9
0. 00 1
0. 54 0. 00 2
0. 36 0. 32 0. 00 3
0. 37 0. 1 7 0. 29 0. 00 4
0. 36 0. 24 0. 29 0. 21 0. 00 5
0. 35 0. 22 0. 32 0. 07 0. 23 0. 00 6
0. 43 0. 28 0. 33 0. 24 0. 29 0. 28 0. 00 7
0. 32 0. 1 9 0. 27 0. 07 0. 1 9 0. 07 0. 1 9 0. 00 8
0. 44 0. 30 0. 2 8 0. 27 0. 26 0. 30 0. 06 0. 1 6 0. 00 9
0. 38 0. 1 1 0. 26 0. 1 6 0. 25 0. 1 4 0. 26 0. 1 2 0. 24 0. 00 1 0
0. 36 0. 27 0. 36 0. 30 0. 30 0. 28 0. 26 0. 1 6 0. 21 0. 25 0. 00 11
0. 32 0. 25 0. 31 0. 25 0. 29 0. 23 0. 36 0. 1 8 0. 30 0. 24 0. 29 0. 00 1 2
0. 33 0. 24 0. 23 0. 1 6 0. 1 6 0. 1 1 0. 26 0. 1 0 0. 24 0. 1 6 0. 29 0. 1 5 0. 00 1 3
0. 35 0. 26 0. 24 0. 1 6 0. 1 9 0. 1 2 0. 23 0. 09 0. 21 0. 21 0. 25 0. 1 9 0. 09 0. 00 1 4
0. 30 0. 25 0. 31 0. 21 0. 27 0. 1 8 0. 28 0. 1 5 0. 27 0. 1 9 0. 26 0. 1 0 0. 1 3 0. 1 3 0. 0 1 5
0. 52 0. 50 0. 51 0. 40 0. 45 0. 37 0. 43 0. 32 0. 43 0. 41 0. 44 0. 39 0. 35 0. 29 0. 32 0. 00 1 6
0. 54 0. 37 0. 45 0. 34 0. 34 0. 31 0. 47 0. 26 0. 40 0. 27 0. 42 0. 29 0. 25 0. 22 0. 26 0. 22 0. 00 1 7
0. 89 0. 99 0. 93 0. 87 0. 93 0. 81 0. 96 0. 85 0. 92 0. 83 0. 98 0. 74 0. 70 0. 75 0. 65 0. 56 0. 79 0. 00 1 8
1 .1 4 1 .1 2 1 . 34 1 . 06 1 .1 7 0. 94 1 .1 2 0. 98 1 . 09 0. 94 1 .1 6 0. 92 0. 90 0. 99 0. 80 0. 70 0. 96 0. 20 0. 00 1 9
Onde, 1: Chirikof, 2: Simental, 3: Escocês de Montanha, 4: Saler, 5: Hereford, 6: Limosin, 7: Angus Preto, 8: Charolês, 9: Angus Vermelho, 10:
Tarantase, 11: Shorthorn, 12: Texas Longhorn, 13: Piney Woods, 14: Flórida Cracker, 15: Crioulo do Novo México, 16: Curraleiro PéDuro, 17:
Caracu, 18: Gir e 19: Nelore.
Onde: 1: Chirikof; 2: Simental; 3: Escocês de Montanha; 4: Saler; 5: Hereford; 6: Limosin; 7: Angus; 8: Charolês; 9: Angus Vermelho; 10: Tarantase;
11: Shorthorn; 12: Texas Longhorn; 13: Piney Woods; 14: Flórida Cracker; 15: Novo México; 16: Curraleiro PéDuro; 17: Caracu; 18: Gir e 19:
Nelore.
Figura 1. Estrutura racial quando o número de populações assumida (K) foi igual a 2, 3, 4, 5 e 6. O tamanho de cada segmento é
definido pelo tamanho da amostra.
A análise das estruturas moleculares das 19 Crioulo do Novo México, Flórida Cracker e Piney
populações mostrou a existência de apenas 6 (seis) Woods); e
grupos assim constituído: Grupo 6: Francesas (Saler, Limosin, Charolês,
Simental, Tarantase). A maioria das raças se
Grupo 1: Zebuínos (Nelore e Gir); agruparam com aquelas mais intimamente
Grupo 2: Locais Brasileiras (Curraleiro PéDuro e relacionadas que compartilharam o mesmo
Caracu); agrupamento e outras misturadas, principalmente
Grupo 3: Chirikof, Escocês de Montanha e Hereford; entre as norteamericanas.
Grupo 4: Britânicas (Shorthorn, Angus (Preto e
Vermelho)’ Texas Longhorn e Florida Cracker apresentam
Grupo 5: Locais norteamericanas (Texas Longhorn, estruturas semelhantes, assim como o Curraleiro Pé
Figura 2. Análise correspondente da frequência alélica através de 34 marcadores microssatélites em 19 raças bovinas criadas no
Brasil e nos Estados Unidos.
No eixo 1 formaram quatro grupos, o Chirikof, as Novo México e Texas Longhorn, próximos aos grupos
raças de origem britânica (Escocês de Montanha, de florida Cracker e Piney Woods. Os bovinos de
Hereford, Angus Vermelho, Angus Preto e Shorthorn), origem inglesa e francesa também se agruparam
as de origem Ibéricas (Texas Longhorn, Novo México, próximos respectivamente. Já a proximidade de
Flórida Cracker e Piney Woods) e as de origem Hereford e Escocês e Chirikof pode ser explicado pelo
francesa (Charolês, Saler, Limosin, Tarantase e uso de touros daquelas raças na formação do gado da
Simental). No eixo 2 os zebuínos (Gir e Nelore) e as Ilha Chirikof.
locais brasileiras (Caracu e Curraleiro PéDuro) se
isolaram em relação às demais raças Norteamericanas. Quando a estrutura das populações foram modelada
As raças bovinas, locais e exóticas, criadas no Brasil e em uma árvore de parentesco, o gado da Ilha Chirikof se
nos Estados Unidos se agruparam segundo sua origem mostrou ser único e fortemente diferenciado em relação
histórica e geográfica. às outras raças que foram amostradas. O agrupamento
bayesiano para atribuição de múltiplos locus a grupos
O gráfico de parentesco de distância genética (Nei et genéticos indicou baixos níveis de mistura na
al. 1983) descreve a interpolação dos relacionamentos população da Ilha Chirikof. Assim, a população da
(Figura 3). Ilha Chirikof pode ser um novo recurso genético de
alguma importância para a conservação e a indústria,
As raças se agruparam conforme sua origem em conformidade com McNeil et al. 2007.
geográfica, as raças brasileiras zebuínas se isolaram,
seguidas das brasileiras localmente adaptadas, no As Figuras 4 e 5 apresenta a similaridade e a
mesmo ganho da árvore estão ainda os bovinos norte distância genética entre Curraleiro PéDuro e 18
americanos de origem ibéricas, como o crioulo do raças comparadas aos pares, respectivamente.
Figura 3. Árvore de parentesco, construída com base na distância genética de Nei, entre raças bovinas brasileiras e norte
americanas. Número entre parênteses representa a percentagem de repetições em 1.000 análises.
Onde, CPD: Curraleiro PéDuro, Nel: Nelore, Gir, Chi: Chirikof, Sim: Simental, Esc: Escocês de Montanha, Sal: Saler, Her: Hereford, Lim: Limosin, AnP Angus Preto,
Cha: Charolês, AnV: Angus Vermelho, Tar: Tarantase, Sht: Shorthorn, TXL: Texas Longhorn, PW: Piney Woods, FLC: Flórida Cracker e NM: Novo México. OBS:
todos os indivíduos de cada população foi comparado a todos os indivíduos da outra população analisadas aos pares em relação ao Curraleiro.
Figura 4. Similaridade genética entre Curraleiro PéDuro e demais raças analisados aos pares.
Como era de se esperar, o Curraleiro PéDuro se A similaridade entre raças brasileiras e norte
encontra mais próximo do Caracu (raça local americanas pode ser explicada pela proximidade
brasileira) e das raças locais norteamericanas, seguida geográfica (Península Ibérica, GrãBretanha, França)
pelas raças de origem francesas. Por outro lado, entre esses países e seus respectivos rebanhos bovinos,
mostrase mais distante dos zebuínos (Nelore e Gir), fundadores das raças bovinas do novo mundo, com
dos bovinos da Ilha Chirikof e por último das raças de exceção dos zebuínos.
origem britânicas.
*: todos os indivíduos do grupo do Curraleiro PéDuro foi comparado com cada indivíduo do outro grupo aos pares.
Figura 5. Distância genética entre Curraleiro PéDuro e demais grupamentos analisados aos pares
A distância genética apresenta elevados índices de Em estudos comparativos de raças taurinas da
heterose no produto de cruzamento entre raças Eurásia, foi detectada alta distância genética do das
distantes entre si (Carvalho e Blackburn 2011; demais raças com o grupamento Yakut (Zinovieva et
Carvalho et al. 2012). Quanto maior a distância al. 2019). O gado Chirikof do Alasca tem como rebanho
genética entre os grupamentos, maiores índices de fundador a raça Yakut, originária da Sibéria na Rússia,
heterose são observados em cruzamentos. Carvalho et e os resultados do presente trabalho também mostra
al. (2013) e Carvalho et a. (2017) apresentaram elevados grande distância genética desse grupamento com as
índices de heterose em cruzamentos entre Nelore e demais raças norteamericanas e brasileiras, sugerindo
Curraleiro PéDuro no desenvolvimento ponderal e no sua conservação pela sua singularidade. A Figura 6
rendimento de carcaça. Baseado na distância entre as mostra a relação genética entre as populações de
populações há de se esperar bons resultados nos bovinos brasileiras e norteamericanas de origem
cruzamentos de Curraleiro PéDuro com Nelore, Ibéricas analisadas no presente estudo.
Escocês de Montanha, Chirikof, Simental, Shorthorn,
Hereford e Angus (Preto ou vermelho). Os resultados
mostram também distância moderada entre
Curraleiros PéDuro e Saler, Limosin, Texas Longhorn,
Flórida Cracker e maior proximidade com Caracu,
Crioulo do Novo México, Charolês e Piney Woods,
respectivamente.
Conclusão
Os grupamentos Caracu e Curraleiro PéDuro, singular, que poderá ser explorado em cruzamentos
apresentam pequena introgressão de sangue zebuíno. comerciais no Brasil e nos Estados Unidos.
As raças locais brasileiras e norte americanas não se Mais programas de conservação in situ devem ser
agrupam estruturalmente com taurinos comerciais implantados com vistas a manutenção da diversidade
nem com os zebuínos, formando um grupamento dos rebanhos localmente adaptados, como reserva
estratégica para a pecuária em ambos os países.
Literatura Citada
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