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ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE
Todas as informações contidas neste eBook são provenientes das minhas próprias
experiências, estudos e aprendizados e empregados em edição de vídeo nos
últimos anos. Embora eu tenha me esforçado para garantir a precisão deste
conteúdo, não existe nenhuma garantia de sucesso no seu trabalho APENAS por
aplicar estas dicas. Sua condição ou situação particular pode impedir que algum
conteúdo informado aqui seja aplicado, assim, você deverá ajudar as informações
deste guia conforme as suas necessidades.
Todos os nomes, marcas, produtos e serviços eventualmente citados aqui são de
propriedade de seus respectivos donos e são utilizados somente como forma de
referência conforme a lei de distribuição de conteúdo. Além disso, não há, em
momento algum, a intenção de difamar, desrespeitar, insultar, humilhar ou
menosprezar você leitor ou qualquer outra pessoa, assim como cargos, empresas e
instituições. Caso qualquer trecho do eBook seja interpretado desta forma, eu
gostaria de deixar claro que não houve nenhuma intenção para tal, se houver
qualquer parte que você considerar inadequada para estar aqui ou se você possui
direito sobre alguma informação apresentada e você não gostaria de que ela
estivesse presente neste exemplar, apenas entre em contato conosco através do
e-mail blogdiolinux@gmail.com
SOBRE OS DIREITOS AUTORAIS
Este eBook está protegido sobre leis de distribuição de conteúdo, isso significa que
você não tem autorização para vendê-lo, entretanto, você poderá divulgá-lo em seu
site e reproduzir parcialmente o conteúdo como fim demonstrativo, sempre
indicando o conteúdo original pertencente ao blog Diolinux (www.diolinux.com.br).
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Introdução 4
Terceira dica - Corte como um profissional (evite usar cortes com wipes) 8
Agradecimentos 21
2
3
Introdução
Existem alguns truques de edição que são muitos simples de serem executados em
toda a produção de um bom vídeo, infelizmente (e não sei por qual motivo), estas
são coisas que qualquer curso de edição de vídeos não costuma comentar,
normalmente eles focam mais em mostrar o funcionamento do programa e falam
menos da técnica, algo que na minha opinião é na verdade o mais essencial.
Uma vez dominando a técnica de edição, não importa o programa que você utilize,
você conseguirá realizar incríveis projetos, vai por mim! Por isso, eu resolvi contar
“10 segredos” de uma boa edição de vídeo, todo o conteúdo deste eBook é
baseado nos meus estudos pessoais e experiência na área de edição de vídeo nos
últimos quatro anos.
Meu nome é Dionatan Simioni, eu sou autor do blog Diolinux e do canal no YouTube
de mesmo nome, como todo mundo que começa a editar, os meus primeiros
trabalhos eram de “conteúdo questionável”, para usar um eufemismo, de modo que
muitos fatores que não somente a edição influenciavam na qualidade e aspecto
técnico dos vídeos. Com o tempo, com estudo e especialmente, com muita prática,
as coisas tendem a melhorar e as produções ficam mais profissionais.
Vou usar como exemplo durante a nossa jornada neste eBook o editor de vídeos
que eu venho utilizando dentro do meu canal desde o princípio, sei que existem
diversas opções no mercado e certamente você tem o seu favorito, mas vamos
esquecer por um instante as ferramentas e vamos focar na técnica.
O editor de vídeos que eu uso é o Kdenlive, ele é um editor de vídeos Open Source
muito poderoso, além de ser isento de custo, o que o torna ainda mais atrativo. Não
se deixe levar por preço, sei que muitas pessoas ainda pensam que coisas boas
precisam ser caras, mas isso definitivamente não é verdade.
Não sei por qual motivo o Kdenlive ainda não é tão popular, mas certamente ele se
equipara tranquilamente ao “medalhões” do mercado como Adobe Premiere e
Vegas PRO, você pode baixar o Kdenlive gratuitamente no site kdenlive.org.
Pronto para começar a nossa jornada?
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Primeira Dica - Configure seu ambiente de trabalho
Todas as pessoas tem suas particularidades e com toda a certeza, cada editor de
vídeo também tem as suas no ato da edição. É importante que você consiga
organizar a interface do seu programa de modo que ele fique prático para você.
Alguns programas são inevitavelmente mais customizáveis do que outros, mas você
pode personalizar barras de ferramentas, criar atalhos para efeitos que você mais
utiliza, colocar as regiões de editor onde você achar mais confortável e por aí vai.
Eu costumo dividir um editor básico em cinco parte separadas. Independente de
qual você use, muito provavelmente ele terá uma aparência semelhante e uma
organização também, respeitando as particularidades de cada software.
Caso você não utilize o Kdenlive, procura buscar no software que você utiliza
regiões semelhantes a estas que listarei:
1 – Temos o Project Bin, onde os arquivos brutos ficam;
2 - Temos a região de efeitos, transições e propriedades;
3 – Temos a região de monitor de clipes e monitor de projetos, que pode ser
dividida em duas regiões distintas ou agrupada de forma sobreposta;
4 – Temos a nossa boa e velha Timeline, ou linha do tempo, onde “a mágica”
acontece e você organiza o seu vídeo;
5 – E temos também a barra de ferramentas principal, onde os botões de salvar,
renderizar, etc ficam.
Procure organizar estas áreas de forma que tudo o que você precisa e utiliza com
frequência esteja à mão. Um exemplo simples que eu posso dar é deixar evidente a
5
área de propriedades de efeitos e adição de efeitos. Alguns editores gostam de
cortar os clipes diretamente do monitor de clipe, particularmente eu prefiro jogar
os brutos na timeline e cortar de lá, então deixar dois monitores (de clipe e de
projeto) ocupando espaço não se faz necessário.
Você verá que o simples fato de deixar as ferramentas que você mais utiliza
organizadas e posicionadas de forma estratégica vai fazer o seu rendimento
aumentar.
Se for parar para analisar, a organização de uma edição eficiente começa até
mesmo fora do próprio programa. Talvez você já tenha presenciado a situação de
que precisava de um arquivo em específico e acabou deletando ele sem querer, são
raros os momentos mais frustrantes em um edição de vídeo, perder material talvez
até ganhe do famoso “crash de render”, quando o seu vídeo está sendo renderizado
e o editor acaba tendo algum problema.
Particularmente, costumo criar diretórios no meu sistema operacional para colocar
os chamados “assets” dos vídeos, que são recursos que são usados com maior
frequência, como vinhetas por exemplo, lower thirds, efeitos sonoros, transições,
etc, mas além disso, eu também organizo os vídeos que produzi separando todos os
brutos a serem utilizados em um edição, cada qual em sua pasta.
Por exemplo, se preciso gravar um vídeo sobre um “novo app para Android” e a
gravação envolve os arquivos brutos da câmera DLSR que contém a minha imagem,
a captura de imagem do Smartphone, a captura de tela do Smartphone e o áudio do
meu microfone de lapela, eu junto todos estes arquivos e coloco em uma pasta com
o nome do projeto mesmo fora do editor, assim, na hora de trabalhar com este
vídeo basta importar toda a pasta, não sendo necessário buscar pelos arquivos.
Com o tempo acabei desenvolvendo outras práticas em relação a estes arquivos,
somente os apago depois que o vídeo final foi postado ou entregue ao cliente de
forma definitiva. Quem costuma deixar acumular muito material bruto para depois
fazer uma edição pode considerar fazer um backup através de um software de
sincronização, como o RSync para outro disco rígido, pois é bom evitar que dados
assim se percam por qualquer acidente que ocorra, visto que regravá-los no mínimo
dará muito trabalho e na pior das hipóteses não será possível gravar novamente.
Backups assim pode ser feitos em nuvem também, claro, usando qualquer serviço
como o Google Drive ou até mesmo um servidor próprio seu, mas como arquivos de
vídeo tendem a ser muito grandes, ainda acho mais prático armazená-los
localmente.
Mesmo que os programas já tenham suas próprias teclas de atalho, uma coisa que
eu quero te incentivar a fazer é personalizar as suas próprias teclas de atalho,
colocando funções que você mais utiliza perto umas das outras.
O Kdenlive tem várias teclas de atalho padronizadas, mas eu gosto de criar algumas
para certas funções que eu utilizo com frequência, por exemplo: Eu coloquei a
função de deletar um clipe na letra “D”, a opção de selecionar no “S”, Play/Pause na
barra de espaço, “X” para cortar, “A” para selecionar tudo e “F” para ferramenta de
espaçamento, “Q” para retroceder um quadro, “E” para avançar um quadro, “W”
para agrupar clipes e “Z” para desagrupar. Estas são as ferramentas que eu mais
utilizo
Toda essa customização permite que a minha mão direita fique no mouse o tempo
inteiro, arrastando, posicionando e fazendo seleções, enquanto a minha mão
esquerda repousa sobre o teclado e permite que eu dê todos os principais
comandos utilizados numa edição sem precisar recorrer aos menus ou a regiões
específicas do editor, como a barra de ferramentas.
Se você quiser dar um passo além, existe teclados especiais disponíveis no mercado
para esta finalidade, assim você pode ter um hardware dedicado aos seus atalhos,
mas claro, além de poder ser considerado “um luxo”, é algo completamente
opcional.
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Terceira dica - Corte como um profissional (evite usar
cortes com wipes)
Eu adoro o cinema, sempre que posso estou vendo os lançamentos, apesar disso
nos últimos tempos tenho passado muito tempo assistindo séries através do
Netflix em casa. Se você se parece um pouco comigo, ao menos neste sentido, vai
conseguir perceber que o estilo de edição de uma série e de um filme possui muitas
semelhanças, diferenciando-se mais na velocidade e na riqueza de detalhes com
que a história é contada.
Uma coisa que você consegue perceber facilmente é que existem basicamente dois
tipos de corte em produções profissionais, fades com ou sem dissolver e cortes
secos, ou jump cuts, como chamamos. Sendo que estes cortes podem ter algumas
variações também, como o J-Cut, que acontece quando o áudio da próxima cena
entra antes do final da cena atual.
No meio de tantas opções que os editores de vídeos nos dão de cortes com
transições prontas, é necessário perceber que para contar uma história, muitas
vezes o simples é melhor, é mais elegante e é o que vai conversar melhor o
espectador.
Com isso em mente, fica mais difícil de cometer gafes usando transições que são
“alegres demais”. Evite usuar os chamados “wipes”, que são formas que fazem as
transições usarem formatos específicos de algumas coisas, como corações, ou
simplesmente formas amorfas. Não é proibido utilizá-los obviamente, mas você só
deve usá-los com plena com consciência da mensagem que quer passar.
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Você pode usar cortes e transições com efeitos diferentes para passar sensações
diferentes, por exemplo:
A – Imagine que você está gravando uma cena com duas ou três câmeras.
Naturalmente você irá usar a imagem das três para contar a sua história de ângulos
diferentes. Num caso como este, o corte seco, ou seja, sem transição e sem efeito,
é uma boa opção. Um lugar onde esse modo de cortar é utilizado há muitos anos é
nos programas de televisão, onde o apresentador muitas vezes fala para várias
câmeras diferentes e o editor ao fazer as transições entre elas simplesmente corta
a imagem sem aplicar efeito algum, dando assim a sensação de continuidade.
Dica extra: Usar duas câmeras para fazer vídeos (para o YouTube por exemplo)
tem uma vantagem muito interessante se você souber aplicar uma boa edição, ao
dispor destes equipamentos e ao usar dois ou mais ângulos para fazer as suas
gravações vocẽ conseguirá passar a sensação de que você não erra nunca.
O que é muito diferente de um vlog:
Você já deve ter assistido há um vlog com muitos cortes, nada mais natural, esse é
formato que acabou se tornando o “formato vlog”, muitos cortes não
“disfarçados”, onde a estética visual do vídeo não importa tanto quanto a
mensagem e a forma com que ela é passada.
Voltando ao formato de duas câmeras:
Como funciona para fazer você “nunca errar”? Bom, é simples, sempre que você
estiver falando para uma câmera e erra uma fala, mude para a outra câmera e fale
para a outra lente, na hora de editar você simplesmente vai cortar de uma para a
outra e dar a sensação de que o corte foi proposital, é um truque simples e muito
profissional, certamente vai aumentar a qualidade com que o seu conteúdo é
apresentado; mas atenção, é importante que ambas as câmeras tenham a mesma
qualidade para um melhor resultado.
Se você dispõe apenas de câmeras de qualidades diferentes, a menos que sejam
muito pouco perceptível essa diferença, recomendo continuar com apenas uma.
B – Usar o efeito dissolver é uma boa opção quando você quer dar a noção de
tempo passando, ou de mudança de local. Se você estiver gravando uma viagem de
trem e capturar vários takes ao longo da sua viagem, com paisagens diferentes e
quiser dar essa noção de “viagem”no seu vídeo, aplicar um efeito de dissolver pode
causar essa sensação. Em alguns editores de vídeo, o efeito dissolve/dissolver é
chamado de “cross fade” , ele consiste basicamente em uma mudança suave de uma
imagem para a outra.
C – Quando quiser passar a sensação de “mudando de assunto”, usar o efeito slide
pode ser uma boa. O efeito slide é o chamado “efeito de deslizar” e existem formas
diferentes de aplicá-lo, porém, vamos ter um resultado parecido.
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Como dar exemplos ajuda no entendimento, imagine um quadro de perguntas e
respostas no YouTube, eu mesmo já fiz algumas vezes algo no tipo no canal
Diolinux, as perguntas muitas vezes tem temas diferentes, ao mudar de um tema
para o outro você pode usar o efeito slide para fazer com que a próxima cena entre
deslizando lateralmente enquanto a cena anterior desliza para fora da tela, isso
pode, acompanhado com um pouco de blur e obviamente de um efeito sonoro,
aumentar ainda mais a sensação de “troca”.
D – Fade to black e Fade from black são duas formas de criar uma transição
simples entre dois momentos. Diferente do dissolver que também serve para
alternar entre cenas, os “esmaecimentos para o escuro” normalmente são
utilizados quando a cena anterior encerra um assunto.
Por exemplo, imagine uma cena onde um ator agenda seu despertador para as 6
horas da manhã, coloca o Smartphone na mesa de cabeceira, deita na cama, a
câmera foca em seu rosto e ele fecha os seus olhos, neste momento temos um fade
to black, em seguida em fade from black para um cena do ator desligando o
despertador que toca incessantemente. Essa é uma forma interessante de usar os
fades. Obviamente, não existe regra aqui, mas são formas legais de utilizar este
elemento.
Todos os 4 efeitos comentados são obtidos através de “cortes secos”, entretanto,
como em alguns nós adicionamos efeitos, ainda que leves, eles deixam de ser
tecnicamente “cortes secos”. Chamamos então de cortes secos somente os que não
possuem qualquer efeito ou transição de uma cena para a outra. Reforçando mais
uma vez a ideia, evite usar wipes desnecessários. Da próxima vez que você assistir a
um filme a sua série favorita, fique de olho na forma com que as cenas são cortadas,
essas são boas formas de você se inspirar para melhorar a fotografia dos seus
vídeos.
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simplesmente visualizar através da sua mente tudo o que está acontecendo na
cena, consegue sentir medo, alegria, angústia, amor ou qualquer outro sentimento.
Eu gosto muito de Pink Floyd e poderia sugerir várias músicas aqui para você viajar
através do som, mas sempre tive, neste aspecto, uma certa predileção por músicas
sem vocais, ou seja, músicas instrumentais.
Vou deixar aqui uma sugestão de exercício de duas músicas de dois artistas
diferentes, não do Pink Floyd. A primeira música chama-se “A ordem dos
templários” do Legião Urbana, a popular banda brasileira, a outra chama-se
"BeforeThe Beginning” do John Frusciante, ex-guitarrista do Red Hot Chili Peppers,
ambas são instrumentais.
Meu conselho é você deixar na sua cama confortavelmente no escuro, colocar
fones de ouvido, fechar os olhos e ouvir as duas músicas e deixar a sua mente criar
uma história, será uma prova clara de que as músicas podem contar uma história
sem dizer apenas uma palavra. Se puder, depois me conte o que veio à sua mente
ao ouvir. Eu sei que muitas vezes o títulos das músicas acaba direcionando-nos de
alguma forma a alguma imagem ou pensamento, mas tente limpar a sua mente ao
fazer o exercício.
Acho que depois destas explicações está mais do que óbvio o quanto a trilha que
você utilizar nas suas produções vai fazer diferença no resultado final. Procure com
calma qual o som se adequa mais ao que você está mostrando, não se deixe levar
apenas pelo seu gosto musical (isso é algo importante), já ví vários trabalhos bons
ficarem insuportáveis pelo editor/diretor impor seu gosto musical na produção
final de maneira incisiva, é uma questão de bom senso.
Eu gosto muito de heavy metal, mas é sabido que este não é o melhor gênero para
uma trilha de fundo acompanhando uma poesia por exemplo, certo?
Use músicas mais agitadas quando desejar causar a sensação de ação, aventura,
alegria e deixe use músicas mais calmas quando desejar representar introspecção,
angústia, medo. E para o medo em específico podemos acrescentar também o fator
silêncio, mas tome cuidado para não exagerar.
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Quando filmes de terror querem causar um ambiente de suspense para preparar o
momento ideal para o seu susto o silêncio normalmente é utilizado, mas não o
silêncio total, tome cuidado para não cometer este erro, o corte total de sons é
algo que nos parece inatural. Nós mesmos quando estamos em total silêncio ainda
ouvimos alguns ruídos, seja de carros passando na rua, televisores do vizinho,
pessoas falando ao longe, vento, pássaros, ou ainda que estejamos em um silêncio
total ainda nos resta os zumbido de nossos ouvidos de um tímpano em vibração
que captou informações ao longo do tempo e reverbera até hoje. Silêncio completo
não é uma boa ideia.
Ao contrário do silêncio, muitas pessoas falando ao mesmo tempo também não
costuma ser uma boa ideia, a menos que você queira passar a sensação de confusão
propositalmente. Desta forma, fica implícito aqui que você deve evitar usar trilhas
sonoras cantadas (ou seja, com pessoas falando) ao mesmo tempo em que o
ator/atriz ou personagem principal da sua cena esteja falando também. Trilhas com
vozes são utilizadas normalmente em momentos onde o personagem principal não
está falando, ele pode estar em cena mas a comunicação dele com o público
verbalmente não se faz presente ou não é essencial. A maior parte das cenas que
transformam momentos onde existe um trilha cantada com um cena onde o
personagem começa a falar utilizam um simples fade out para fazer com que a
música cantada em questão vá reduzindo o seu volume para abrir espaço para o
personagem principal começar a sua atuação verbalmente.
Para além da sensação, muita gente me pergunta onde eu encontro trilhas sonoras
para usar em produções para o YouTube. Existem vários sites interessantes para
tal, como o Dano Songs, Audionautix, Incompetech e o próprio YouTube e sua
biblioteca de sons e efeitos, de onde eu já tirei muita coisa; mas atenção, não estou
falando de buscar músicas NO YOUTUBE, estou falando da biblioteca para
criadores que aparece no seu painel de controle. Para o caso do YouTube em
específico é importante utilizar sons, músicas e efeitos que não tenham proteção
contra direitos autorais, pois isso pode acabar complicando a possibilidade de você
monetizar algum conteúdo, então fique ligado quanto a isso, algumas músicas
simplesmente requerem que você faça uma menção ao criador para serem usadas
sem problemas.
Atualmente a maior parte dos serviços que oferecem músicas para produção possui
um filtro por “sensações”, não deixe de utilizá-lo para conseguir causar o exato
efeito que você deseja.
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Podemos fazer uma analogia com programas de manipulação de imagens como
Photoshop e GIMP; enquanto existem poucas camadas para se trabalhar, tudo é
muito simples de entender, colocar um nome dos arquivos não é algo essencial e
nem agrupá-los usando alguma lógica organizacional, mas quem já precisou fazer
uma grande edição neles com algumas dezenas de camadas, sabe o quanto o
simples fato de você nomear elas faz diferença para você saber “o que é o quê” na
sua edição de imagens.
O mesmo vale para edição de vídeo. Quando você tem poucos arquivos, dois, três,
quatro; é relativamente simples identificar qual é qual no seu gestor de arquivos,
mas passando um pouco deste número a sua tarefa pode ser mais complicada. Se
um dia você perceber que está demorando mais do que 3 segundos para encontrar
o arquivo que você precisa colocar na sua edição dentro do próprio editor, eu
recomendo fortemente você rever o seu fator de organização.
Algo que muita gente faz é separar os arquivos por tipo, sendo assim, colocamos
arquivos de áudio em uma pasta, arquivos de vídeo em outra, imagens em outra e
assim por diante, podendo até mesmo ser mais específico, separando por inserções,
ângulos, separando por câmera, etc.
Além da organização dentro do editor, organizar os seus arquivos fora também é
uma boa forma de não perder tempo, como mencionei na primeira dica, não precisa
ser nada muito complexo. Eu mesmo costumo criar uma pasta chamada “Editar” na
área de trabalho, dentro dela eu crio pastas com os títulos dos vídeos que eu gravei
e dentro delas jogo os arquivos brutos, assim sei que tudo o que preciso estará ali.
Outra coisa que comecei a fazer há pouco tempo é colocar nomes objetivos nos
arquivos como “parte inicial até ligar Smartphone”, como seria um exemplo em um
vídeo de unboxing, ou então, “Parte final do vídeo com despedida 1”, caso eu grave
mais de um take para a mesma parte do vídeo a fim de escolher na edição qual
ficou melhor. Essa nomeação objetiva vale para imagens, vídeos e tudo mais que
você precisar.
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Repare que eu indiquei uma breve pausa de apenas um segundo e meio entre uma
frase a outra, a pergunta é: O quê, sonoramente, acontece ali?
Se a sua resposta é “nada”, você pode estar cometendo um grande engano. Muitos
editor de vídeo costumam deixar os seus áudios extremamente límpidos, sem
qualquer ruído. Se por um lado isso denota qualidade de captação de som e
também acaba levando essa sensação para quem assiste, por outro lado, o silêncio
total que acontece quando ninguém está falando é inatural.
O silêncio completo não é natural.
Feche os seus olhos e escute. Mesmo que você esteja em silêncio, o mundo ao seu
redor não está. Barulhos de carro na rua, pássaros, grilos, pessoas conversando ao
longe, o vento, o rangir da sua própria casa; o mundo ao seu redor é vivo! Não o
mate no seu vídeo!
Existem várias referências quanto a isso na cinematografia, quando há um silêncio,
é importante que ele não seja completo, com ausência completa de ruídos naturais,
pois isso confere ao vídeo um tom mais real do que ele teria sem eles. Consciente
ou inconscientemente isso acaba gerando desconforto nos seres humanos.
Uma técnica muito utilizada para contornar este problema com intervalos sem som
é a utilização de uma trilha sonora de fundo. Tenha cuidado para que essa trilha
seja leve e condizente com o que você está apresentando e tudo ficará bem.
O silêncio também é útil para o tempo de reação. Lembre-se dos filmes, stand ups e
outras apresentações dramáticas ou cômicas que você tenha visto. Repare como há
sempre um pequeno silêncio depois de um evento, na comédia chamamos isso de
“timing”, ou seja, saber quando fazer uma piada e quando retomar ela. Assista a
uma destas apresentações e repare como o comediante fica alguns segundos sem
falar depois de finalizar uma piada. Isso acontece para que o público possa reagir à
piada, no caso, rir. Depois disso o assunto é retomado.
Esse mesmo recurso é utilizado em filmes de terror, repare que dificilmente um
filme de terror vai tentar de dar dois sustos consecutivos, assim que um acontece,
há um silêncio, um tempo de reação para o público. Filmes de terror também são
uma boa forma de observar o silêncio sendo utilizado para criar toda uma
atmosfera para te preparar para o susto, mesmo com momentos de silêncio, repare
que apesar das coisas estarem quietas, sempre há algum ruído de fundo, isso
acontece porque como você já sabe, silêncio completo não é natural.
O mesmo vale para cenas dramáticas, se você pretende emocionar quem está
assistindo, fazê-la refletir sobre algo, ou ter qualquer outro tipo de emoção
relativa, é importante que depois de você apresentar o ponto chave desta emoção,
você deve dar um tempo para que o espectador sinta essa emoção, cortar muito
rápido para outra cena, muitas vezes com uma emoção completamente diferente
vai fazer com que todo o clima que você planejava vá por água abaixo. O ideal
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nestes casos é fazer uma transição gradual, usando uma cena de passagem, antes
de entrar novamente na história.
Tente usar a imaginação para este exemplo:
Uma cena em um leito de hospital, pai e filho (de cama) conversam e por conta de
uma situação pré-definida se emocionam por estarem juntos neste momento difícil,
parte desta comoção será sentida pelo espectador. Depois desta cena temos uma
transição com uma cena de “city scape”, mostrando a cidade, árvores balançando
com o vento, para então mostrar a reação da família recebendo uma ligação do pai
do hospital dizendo que o filho está curado e voltará para casa, obviamente todos
eles ficarão felizes.
Agora imagine essa mesma sequência sem a cena de transição para fazer um fade
entre sentimentos e de que dá a noção de que o próximo acontecimento se passa
longe do primeiro. Imagine a cena do hospital cortando direto para a cena da
família feliz recebendo a notícia da alta do filho que estava acamado. É perceptível
o quanto a transição seria brusca e parte da emoção seria perdida e obviamente,
nós não queremos isto.
Existem vários aspectos sobre o áudio que vale a pena prestar atenção, mas hoje
vamos falar sobre cortes especificamente. Alguns dos erros mais comuns em edição
de vídeo, especialmente para o YouTube, acontecem no áudio.
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Preste atenção quando você for cortar uma frase ao meio, dê sempre preferência
por cortar frase a frase e não palavras, evite cortar sílabas ao meio. Em
contrapartida, caso seja necessário você pode usar um artifício bem legal para
evitar a sensação de corte seco e palavras desmontadas.
Se você tiver duas câmeras para gravar de dois ângulos diferentes, ao precisar
cortar o áudio de forma abrupta você pode também mudar o ângulo da câmera,
assim vai parecer que o corte foi intencional e vai disfarçar a “gambiarra”. Esse
recurso faz um gancho direto com a dica de usar duas câmeras para disfarçar erros
que eu havia mencionado anteriormente.
Se você não tiver duas câmeras ainda é possível salvar uma possível edição feita
desta forma, fazendo um jogo de zoom, do qual vamos falar mais adiante, mudando
a forma com que a imagem está sendo apresentada o corte abrupto vai fazer mais
sentido.
Mas sabe o que é melhor do que usar essas técnicas? Não usá-las por estes
motivos!
O corte para duas câmeras na troca de áudio ou o zoom na troca de áudio vão ficar
ainda melhores se você não cortar sílabas no meio, procure separar estes cortes por
frases ou aproximações quando você for querer dar mais importância para algumas
palavras em um vlog. Esse efeito de zoom é perfeitamente utilizável em vlogs.
Ao fazer os cortes, tome cuidado para não iniciar uma frase muito rente à outra,
ninguém fala naturalmente sem dar espaço entre palavras (lembra das pausas e do
silêncio? Elas valem aqui também), então evite cortes secos de áudio também. Ao
fazer novas entradas, para o áudio não estourar e ao fechar uma frase, você pode
usar alguns mili segundos de fade in e fade out, assim a transição entre não ter
som nenhum e ter alguém falando será muito mais suave.
O mesmo cuidado de evitar cortes secos vale para a trilha sonora. É comum utilizar
várias músicas diferentes ao longo de um vídeo, use sempre fade in e fade out para
fazer a transição entre uma trilha e outra. Se você está usando músicas cantadas
para ilustrar o seu vídeo, tome cuidado para não cortar as palavras do cantor
também. Quando se fala em trilhas sonoras com músicas tradicionais com cantores,
é muito comum utilizar o refrão como parte da trilha, afinal, isso tende a ser mais
marcante, para não deixar a música completa, normalmente corta-se do início da
música para o refrão, normalmente na mesma nota para que transição seja suave e
se encaixe perfeitamente
Para fazer isso você não precisa estudar música necessariamente, se souber
melhor, mas você pode procurar as cifras delas e observar qual a última nota antes
do refrão e cortar a música no início logo após essa nota, assim a conexão fica
natural.
Sempre que você errar uma frase, preferencialmente volte a gravar novamente a
frase do início, pois a forma com que o seus pulmões enchem-se de ar para falar
uma frase completa ou apenas uma palavra é diferente, o que pode mudar um
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pouco o tom da sua voz, além disso, fazer isso também permite que você tenha
mais de um take da mesma cena, permitindo que você escolha o que melhor se
encaixar.
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Independente do editor que você use, sendo ele semi-profissional ao menos, ele
conterá a função Pan/Zoom, muitas vezes com outro nome, vale a pena pesquisar
para saber qual o nome que o editor que você usa dá para este recurso. Panorama e
Zoom podem ser controlados por keyframes normalmente, o que dá uma certa
versatilidade para ambos.
Aproxime a imagem do seu rosto para dar ênfase em alguma parte que você
considera importante, use isso sempre! Um vlog tradicional tem muitos cortes e
muitas aproximações de câmera, então tenha paciência para deixar o seu vídeo
perfeito neste aspecto. Acima de tudo, dê-se a liberdade de criar variações dentro
deste tema.
Uma forma muito simples de visualizar uma diferença brutal no dinamismo de um
vídeo é fazer um teste simples: Grave um vídeo de 3 minutos falando sobre algo
que você goste, jogo no seu editor e faça a decupagem, cortando tudo o que você
achar desnecessário. Assista ao vídeo.
Agora, use esta mesma decupagem e este mesmo vídeo, mas em alguns cortes
adicione um zoom no seu rosto (ou no resto da pessoa que está falando),
procurando pontuar algum momento importante do vídeo ou uma fala engraçada.
Assista o vídeo novamente depois de fazer isso e sinta a diferença. É a mesma
mensagem passada de uma forma mais dinâmica e divertida.
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Ao fazer a correção de cores, procure observar sempre qual é o “tom” do seu vídeo.
Cores alegres e vibrantes em vídeo triste, ou cores tristes e opacas em um vídeo
alegre podem ser um tiro pela culatra. Preste atenção neste aspecto e ajuste os
tons de acordo com o “tom” do vídeo, lembre desta: “Os tons de acordo com o
tom”.
Em vídeos escuros onde costumamos aumentar um pouco o gama, é bom prestar
atenção para não aumentar demais, pois quando você clareia um vídeo de forma
artificial, é natural que pequenos pontos de “chuvisco” apareçam em regiões mais
escuras.
Vale muito mais apena ter um cuidado a mais com a iluminação para conseguir um
melhor efeito do que remediar via software, o quanto menos você precisar encher
o seu vídeo de efeitos para dar a ele a aparência desejada melhor. Obviamente que
o uma boa qualidade de imagem passa também por uma boa câmera, que é algo
que qualquer produtor de conteúdo deve almejar ter.
Mesmo assim, muitas vezes o simples fato de ter um boa câmera não é suficiente, é
preciso saber usar a câmera! Leia o manual dela, veja tutoriais na internet e aprenda
a configurá-la da melhor forma para o seu vídeo, ao fazer isso, o seu trabalhando
corrigindo cores será muito mais fácil.
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prática, além de todas as dicas, isso é que fará diferença sobre o seu sucesso como
um editor de vídeos.
Edição de vídeo é como qualquer outra atividade, quanto mais você repetir, melhor
você vai ficar, ter um canal no YouTube é uma boa forma de praticar, mas não
necessariamente você precisa ter um deles. Armazene sempre os vídeos que você
produzir para você possa assistir eles novamente e acompanhar o seu
desenvolvimento como editor.
Ao fazer uma revisão neste eBook depois de um ano e meio e depois dele ter sido
baixado mais de 5 mil vezes é algo muito interessante para mim. É interessante por
diversos motivos, mas o principal deles é para ver o quanto eu evoluí como editor
no último ano, ao ver os vídeos que eu produzia na época que escrevi a primeira
versão deste eBook e observar os produzidos agora, consigo ver uma evolução
drástica, o que prova mais uma vez o ponto de nunca deixar de estudar, talvez se eu
voltar a atualizar este livro no próximo ano eu tenha uma sensação parecida.
“A criatividade é a mãe da invenção, e somente a invenção muda o mundo.”
Agradecimentos
Gostaria agradecer ao feedback de todos aqueles que baixaram a primeira edição deste
eBook, fiquei muito feliz em saber que várias pessoas puderem se beneficiar desta singela
coletânea de dicas para editor de vídeo, especialmente os iniciantes.
Meu desejo é que vocẽ possa passar o conhecimento contido neste eBook adiante, assim
mais pessoas poderão se beneficiar e produzir melhores conteúdos.
Não posso deixar de referẽncias os softwares, empresas e comunidades que tornaram este
projeto possível: Kdenlive, Google, GIMP, Inkscape, LibreOffice e PDF Shuffle.
Por fim, muito obrigado a você que reservou alguns minutos do seu precioso tempo para ler
este material que foi produzido com extremo carinho, de coração, espero que ele tenha sido
útil e que você tenha se divertido lendo tanto quanto eu me diverti escrevendo.
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