Você está na página 1de 8

ROTEIRO AUDIOVISUAL

por Regis Alvim Junot

Ao pegar uma câmera de vídeo, nossa tendência de sair gravando de qualquer jeito deve ser freada, sob
pena de não conseguirmos dar o salto que separa o amador do profissional. Quanto mais nos
aprofundarmos na produção de um vídeo, mais veremos que se trata de um trabalho que exige
planejamento. Um roteiro bem planejado é essencial para uma boa produção. O roteiro é um guia, uma
projeção da futura obra audiovisual, uma ordenação prévia das imagens e dos sons em sequências lógicas.
Através dele se estabelece o que deve ou não ser realizado numa produção. É um referencial para definir
equipamentos, equipe, locações, recursos necessários e para a elaboração de um orçamento. Entre uma
ideia e o trabalho final há um longo caminho e o roteiro é o primeiro passo na materialização da ideia.

Assunto-Tema
Não existem fórmulas prontas para escrever um roteiro. Existem métodos de trabalho e pontos a serem
levados em conta. Inicie o trabalho sabendo que tipo de audiovisual pretende produzir - promocional para
Internet, comercial para TV, documentário, dramaturgia, videoclipe, etc. Procure sempre colher o máximo
de informações sobre o assunto tema do audiovisual que se quer produzir. Elas lhe ajudarão a ter uma ideia
mais clara do caminho a seguir. Não se preocupe em ser um expert no assunto tema, mas esteja
familiarizado com ele para saber o que é mais importante e interessante e a melhor maneira de mostrar.
Num produto audiovisual, informações importantes nem sempre são interessantes e vice-versa.

Textos
A maior parte dos vídeos possui alguma espécie de texto: diálogos, apresentação, locução em off ou algo
para ser lido na tela. É importante prestar atenção ao ritmo das frases, à redundância de informações e ao
vocabulário. Não repita palavras desnecessariamente, nem use termos que ninguém entenderá. Lembre-se
que o texto poderá ser falado, o que exige um tratamento diferenciado. Uma boa dica é gravar os textos da
forma que seriam ditos, num gravador de áudio simples ou no computador, tentando sentir sua fluência e
eventuais erros.

Pré-Produção, Produção e Pós-Produção


A maior parte das produções requer uma equipe mínima. Além das pessoas responsáveis pela captação das
imagens, tem o pessoal de edição, videografismo e efeitos especiais e o pessoal de produção. A produção
propriamente dita é a atividade responsável por providenciar todas as condições materiais e humanas
necessárias para a execução do trabalho.

1
Para que essas etapas funcionem em sintonia, é preciso que as pessoas envolvidas tenham uma noção do
todo. A equipe de produção precisa saber o que é necessário e, a partir daí, tentar levantar e planejar o que
for preciso, durante a pré-produção. A equipe de gravação deve saber como e onde serão utilizados as
imagens e os sons, para poder gravar um material adequado. O editor, ainda que acompanhado pelo
diretor, terá de seguir uma determinada lógica na hora de juntar imagens e sons. Uma das principais
virtudes de um roteiro é ser claro, para que todos possam entendê-lo.

Efeitos Especiais
Economia é outro princípio fundamental. Não estamos falando apenas em termos de custo de produção,
apesar de todo roteiro partir de uma estimativa de quanto se pode gastar. A questão é não abusar de
efeitos "pirotécnicos" na gravação ou na edição. Muitos roteiristas apelam para inúmeros efeitos na
tentativa de fazer algum assunto ficar mais interessante. Salvo exceções, os efeitos especiais, além de
serem às vezes muito caros ou de difícil execução, não são essenciais. Com um pouco de criatividade pode-
se resolver a maior parte das cenas de maneira simples e relativamente econômica. Às vezes, o próprio
cliente exige uma série de efeitos que ele viu na TV, no cinema ou em outro vídeo. Cabe ao roteirista expor
a questão do custo e as possíveis soluções. Você pode usar efeitos especiais, mas sempre com cuidado e
critério.

Trabalho do Roteirista
O trabalho do roteirista é equilibrar todas as questões envolvidas, buscando a melhor forma de passar as
informações mais importantes da maneira mais interessante possível. Tome cuidado com o excesso de
explicações (mesmo em vídeos didáticos), pois podem tornar seu vídeo cansativo. O poder de síntese é
uma das principais armas do roteirista. Não subestime a capacidade de compreensão do telespectador.
Para evitar isso, saiba sempre que público você pretende atingir. O roteirista deve saber transformar os
dados de sua pesquisa em informações compreensíveis, limpando o que for desnecessário e organizando
seu material de forma clara e precisa. Às vezes, durante a pré-produção, uma visita às possíveis locações é
fundamental para imaginar como poderão ser as sequências, cenas e planos.

Não esqueça que o produto final é um audiovisual. O texto escrito é diferente de imagens e sons. Por isso,
raciocine sempre em termos de sequências audiovisuais. Não use as imagens apenas para cobrir o texto,
por melhor que este seja. É muito comum encontrarmos vídeos em que as imagens repetem o texto,
tornando o resultado redundante e pouco expressivo. Também não descuide da parte sonora (falas, sons,
ruídos) e, portanto, não aposte somente no poder das imagens. A relação imagem-som é um dos recursos
mais sofisticados da linguagem audiovisual. Não se trata aqui de usar imagens que não tenham ligação
nenhuma com o texto, mas de criar associações mais ricas do que uma mera ilustração.

Existem vários tipos de vídeo e cada um requer tratamento diferente. Se você quiser se profissionalizar
como roteirista, precisará de muita flexibilidade para adaptar-se às peculiaridades dessa área. Aos poucos
você irá se familiarizando com as diversas linguagens e encontrando seu estilo no meio de todas essas
exigências. Ser roteirista é uma profissão peculiar. Apesar de trabalhar para um meio audiovisual
eletrônico, o roteirista tem como matéria-prima a palavra escrita. O roteirista é um escritor e, como todo
bom escritor, deve ser também um bom leitor e um observador atento. Procure ler bons livros, assistir
bons filmes e preste muita atenção em tudo que você vê e ouve. Nossa vida faz com que deixemos muita
coisa interessante passar despercebida. Um olhar mais atento sobre o mundo pode nos revelar coisas
muito úteis para futuros roteiros.

Uma das melhores maneiras de aprender a escrever é analisar minuciosamente trabalhos já realizados.
Bons ou maus, eles sempre nos mostram, através de sua estrutura, dicas valiosas de como proceder diante
de certas situações. O hábito de mostrar nossos roteiros para outras pessoas analisarem deve ser cultivado.
Ouça atentamente as críticas e sugestões, pois elas são fundamentais para uma autocrítica. Mantenha
sempre um caderno de notas e não confie só na memória para guardar suas ideias e observações.

2
Storyboard
O storyboard é um tipo de roteiro audiovisual constituído por uma série de ilustrações ou imagens
arranjadas em sequência com o objetivo de pré-visualizar um produto audiovisual (vídeo, filme, animação,
etc.). Também pode ser a representação gráfica das páginas ou telas de uma aplicação interativa (website,
menus de DVD, aplicativo de TV digital ou celular). Geralmente, é feito pela agência de publicidade para
expor a ideia do audiovisual para o cliente.

O storyboard é sempre mais bem-acabado e, em alguns casos, pode ter belas ilustrações ou fotografias
tratadas digitalmente, pois o objetivo dele é "vender" uma ideia ao cliente. Pode ser considerado como um
"layout" de um futuro produto audiovisual, e por isso deve ser vistoso e impactante. Mas, ele não é
necessariamente a versão final do audiovisual, porque assim como um layout, está sujeito a alterações.
Portanto, serve apenas como uma visualização da ideia geral, não tendo preocupação com a execução
prática. Depois de vendida a ideia ao cliente, o storyboard pode ser arquivado ou descartado.

Storyboard ilustrado

Storyboard fotográfico

3
Shootingboard
Assim como o storyboard, o shootingboard também é um tipo de roteiro audiovisual constituído por uma
série de ilustrações ou imagens arranjadas em sequência com o objetivo de pré-visualizar um produto
audiovisual. Porém, é uma ferramenta mais técnica e detalhada, para ser utilizada pela equipe de
produção. Pode ser considerado como um guia para o diretor, para a equipe técnica e para o elenco. O
shootingboard é feito numa fase posterior, quando a ideia do filme já foi aprovada pelo cliente e quando
todas as correções no roteiro já foram realizadas. Uma vez que já se sabe como será o audiovisual, o
shootingboard não requer um acabamento visual sofisticado, ou seja, pode ser até um rascunho simples.

A função do shootingboard é servir como um roteiro visual para o diretor, para que não se perca tempo
fazendo experiências e nem se gaste material desnecessariamente, durante a realização das gravações ou
filmagens. Produzir audiovisuais é uma atividade que pode ter altos custos. Portanto, tudo deve ser
planejado detalhadamente e com antecedência. E o shootingboard ajuda muito nesse processo, pois nele
todas as sequências, cenas, planos, ângulos, movimentos de câmera e ações cênicas são indicados. Depois
de realizada a gravação ou filmagem, o shootingboard pode ser arquivado ou descartado.

Shootingboard com bom acabamento

Shootingboard em rascunho simples

4
Roteiro Técnico - "Os Normais"
Decupagem de sequências, cenas e planos.

VÍDEO ÁUDIO

SEQUÊNCIA 01
Interna / Casa Paroquial / Dia Sol Manhã

Cena 01 - Padre, Vani e Rui


Planos e Contra-Planos

PLANO CONJUNTO a PLANO MÉDIO - Padre fala PADRE: Eu faço casamento há mais
para noivos. de 20 anos. Essa sensação de
arrependimento no dia seguinte é
normal. Mas basta olhar pra vocês
pra ver que vocês dois foram feitos
um pro outro.

TRAVELLING / PLANO MÉDIO a PLANO PRÓXIMO Inicia trilha VANI: Oi? Nós dois não, a gente
- Vani e Rui falam. romântica. não...
Fade-out RUI: Não! Olha, a gente se conheceu
trilha. ontem.

PLANO PRÓXIMO - Padre fala. PADRE: Como?

PLANO PRÓXIMO - Vani e Rui. Rui fala. RUI: A gente se conheceu ontem.

PLANO PRÓXIMO - Olhar espantado do padre.

Lettering de transição Som


incidental.
"Mini flashback gigante"

SEQUÊNCIA 02
Interna / Sacristia / Noite

Cena 01 - Rui e padrinhos


Planos e Contra-Planos

PLANO MÉDIO - Rui recolhe dinheiro dos RUI: Aqui, aqui, põe o dinheiro aqui
padrinhos. na minha mão.
PADRINHO 1: Cinquenta...
Rui: Colocou o negócio da aposta
aqui?

PLANO MÉDIO - Padrinhos falam para Rui. PADRINHO 1: Eu vou ganhar essa
aposta hein.

PLANO MÉDIO - Rui falando vai se afastando dos RUI: Não vai ganhar nada.
padrinhos, em direção à porta. PADRINHO 1: Vou, vou...
PAN - Câmera acompanha Rui. Em 2o plano, Vani RUI: Vai ganhar nada.
entra pela porta procurando alguém. RUI: Você não sabe o que eu apostei.

5
Cena 02 - Rui e Vani
Planos e Contra-Planos

PLANO AMERICANO - Rui e Vani se trombam. VANI: Ai! Oi!

PLANO MÉDIO - Vani pergunta a Rui. VANI: Quem é o noivo?

PLANO MÉDIO - Rui responde. RUI: Sou eu.

PLANO MÉDIO - Vani fala e dá a mão para Rui. VANI: Ah é você? Ah, parabéns hein,
parabéns...

PLANO MÉDIO - Rui responde. RUI: Ah, obrigado, obrigado...

PLANO MÉDIO - Vani fala. VANI: Felicidades pra você. Eu sou a


noiva do casamento das seis.

PLANO MÉDIO - Rui fala e dá a mão para Vani. RUI: Opa, parabéns...

PLANO MÉDIO - Vani fala. VANI: Obrigada...

PLANO MÉDIO - Rui responde. RUI: Felicidades, pra você também.

PLANO MÉDIO - Vani fala. VANI: Obrigada. Sabe o que que é? A


gente quer liberar a igreja pra vocês.

PLANO MÉDIO - Rui fala. RUI: Ué, mas não liberaram ainda?

Relatório de Gravação
Pág.: ____
Cliente: ________________________________ Título: _________________________________
Responsável: ___________________________ Data: ____/____/________

Fita Seq. Cena Take TimeCode Descrição Obs.

1 1 1 1 00:00:10 Descrição da cena A


1 1 1 2 00:00:52 Descrição da cena A
1 1 1 3 00:01:27 Descrição da cena A Boa
1 1 2 1 00:02:24 Descrição da cena B
1 1 2 2 00:03:41 Descrição da cena B
1 1 2 3 00:04:19 Descrição da cena B Boa
1 1 3 1 00:02:24 Descrição da cena C
1 1 3 2 00:03:41 Descrição da cena C
1 1 3 3 00:04:19 Descrição da cena C Boa

6
5 Tipos de Vídeos Publicitários
Independente de qual seja a plataforma de veiculação – tv, web, redes sociais, etc. – podemos considerar
que os 5 tipos de vídeos publicitários mais importantes são: de Apresentação, de Credibilidade, de
Autoridade, de Relacionamento e de Venda.

1. Vídeo de Apresentação

A intenção é contar uma história (pode ser a do dono do negócio), apresentar o negócio para o público
alvo, dar o passo inicial para construir a marca, conectar e engajar as pessoas.

Headline - Inicie o vídeo com uma manchete anunciando o que o público vai ver no vídeo, de forma breve,
objetiva e impactante.

Conteúdo - Em seguida, apresente-se ao público citando suas credenciais, entregue o conteúdo prometido
e mostre uma comprovação.

Call To Action - Finalize o vídeo com uma chamada para ação, explicando como o público deve proceder
para contatar sua empresa.

2. Vídeo de Credibilidade

A intenção é contar histórias de sucesso com testemunhos de clientes finais satisfeitos, que falem como os
problemas deles foram resolvidos. Isso é essencial para ganhar a confiança dos seus novos clientes.

O que deve ser falado?


- Nome e ocupação
- O que acontecia antes de conhecer sua empresa
- Como conheceu sua empresa
- Por que decidiu fazer negócio com sua empresa
- Qual benefício ou transformação teve ao usar seu produto/serviço
- Um comentário final que considerar pertinente

3. Vídeo de Autoridade

A intenção é dar dicas úteis e valiosas, educar e ensinar algo ao público, eventualmente com explicação
passo-a-passo de um determinado processo.

Headline - Inicie o vídeo com uma manchete anunciando o que o público vai ver no vídeo, de forma breve,
objetiva e impactante.

Conteúdo - Em seguida, apresente-se ao público citando suas credenciais e entregue o conteúdo


prometido. Depois, faça uma recapitulação rápida do que foi falado.

Call To Action - Finalize o vídeo com uma chamada para ação, explicando como o público deve proceder
para contatar sua empresa.

7
4. Vídeo de Relacionamento

A intenção desse vídeo é apontar um problema ou uma dor que seu público tem, fazer ele entrar no seu
site ou landing page e consumir um conteúdo-isca onde você apresenta soluções. Pra isso, ele tem que
deixar nome, e-mail e telefone. Assim, você pode formar um cadastro e fazer ofertas por e-mail ou
WhatsApp, futuramente.

Headline - Inicie o vídeo com uma manchete anunciando o que o público vai ver no vídeo, de forma breve,
objetiva e impactante.

Conteúdo - Em seguida, apresente-se ao público citando suas credenciais, fale do problema, das possíveis
soluções e de como sua empresa pode ajudar.

Call To Action - Finalize o vídeo com uma chamada para ação, explicando como o público deve proceder
para obter o conteúdo-isca.

5. Vídeo de Venda

A intenção desse vídeo é persuadir e fazer uma oferta irresistível para o cliente fechar negócio.

Os 10 Passos do Vídeo de Venda

- Chamar atenção com uma headline impactante;


- Identificar um problema ou uma dor;
- Apresentar a solução;
- Mostrar as suas credenciais (você é autoridade no seu ramo);
- Mostrar os benefícios do seu produto/serviço;
- Apresentar a comprovação de que funciona;
- Fazer oferta inicial e reduzir para uma oferta irresistível;
- Oferecer uma garantia incrível;
- Adicionar uma escassez com senso de urgência;
- Fazer uma chamada para ação pra fechar negócio, explicando como o público deve proceder para
contatar sua empresa ou efetuar a compra.

Você também pode gostar