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14/12/2022 15:24 UNINTER

PRODUÇÃO AUDIOVISUAL
PARA MÍDIAS SOCIAIS
AULA 2

Prof. André Corradini


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CONVERSA INICIAL
Toda e qualquer produção audiovisual precisa de planejamento, conceitos, técnicas
apropriadas, equipamentos, conhecimento sobre o assunto. Produzir para a internet não poderia
ser diferente, afinal um trabalho com qualidade profissional independe de onde ele será exibido.
Essa é uma preocupação que devemos ter: qualidade. É comum ouvir comentários como é
para a internet, então pode ou para a internet qualquer coisa serve. Observações absurdas como
essas não podem ser aceitas em qualquer trabalho com finalidades profissionais, pois ninguém
quer associar sua imagem ou seu conceito profissional com produtos de baixa qualidade.
É com base nesse pensamento que vamos desenvolver esta aula, entender como são os
processos produtivos de um audiovisual com qualidade profissional, o que é preciso saber e
conhecer para que seja possível criar vídeos de qualidade, independentemente de onde ele será
exibido: na TV, no Facebook, no Instagram ou em qualquer outra mídia. Boa aula!

CONTEXTUALIZANDO
Técnica, equipamento, conhecimento, criatividade. Essas são apenas algumas das exigências
necessárias para desenvolver um bom produto audiovisual. Claro que isso se aplica em várias
áreas, mas como falamos anteriormente, os produtos dedicados à internet, por vezes, acabam
sendo desmerecidos e o sentido de qualquer coisa serve acaba sendo aplicado. E é justamente o
contrário disso que queremos demonstrar. Bonasio (2002, p. 13), importante diretor de televisão e
autor do livro Televisão: manual de produção & direção, define muito bem essa questão:
A internet inovou na mídia eletrônica, ampliou a capacidade e o acesso na distribuição de
sinais de áudio e vídeo. Mesmo nas mídias inovadoras, porém, quando se trata da produção
audiovisual, as mesmas regras e procedimentos desenvolvidos ao longo de décadas de
cinema e televisão se aplicam.
Sim, precisamos dos conhecimentos desenvolvidos há décadas, atualizados e adequados à
linguagem específica, que em nosso caso é a internet. YouTube, Instagram, Facebook, Tiktok,
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WhatsApp dentre outros apps, têm no vídeo um de seus principais recursos e forma de
comunicação. Então vamos em frente, vamos entrar no mundo da produção audiovisual.

TEMA 1 – ROTEIRO
Qualquer produção audiovisual começa com o planejamento e a criação de um roteiro; não se
começa nenhuma produção sem que tudo esteja esquematizado e roteirizado.
Como será sua história?
Quanto tempo ela terá?
Onde será ambientada?
Quem é o público-alvo?
Qual linguagem será utilizada?
Essas são apenas algumas perguntas que precisam ser respondidas antes de iniciar a
produção. Elas servirão de base para muitas das decisões que serão tomadas daqui para frente.
Por mais simples que o audiovisual (vídeo) possa ser, ele precisa de um mínimo de produção.
Comece estabelecendo o local onde esse vídeo será gravado. Verifique as condições deste local
em relação à iluminação, aos sons externos, à movimentação de pessoas; o ideal é que seja um
local em que a situação esteja sob controle, mas isso pode não acontecer, então se programe para
que o local tenha o mínimo de condições possíveis para realizar a gravação.
Outra situação bastante comum é a gravação em um local sem qualquer controle ou ajuste
prévio, como rua, praça ou qualquer outro espaço público. Nessa situação é que seu conhecimento
técnico vai valer ainda mais, pois você deverá conseguir identificar rapidamente a melhor situação
para a gravação, o melhor enquadramento, a melhor posição em relação à iluminação, ao som e ao
cenário de fundo.

1.1 ROTEIRO
Todo mundo já contou uma história! Seja para o filho, para os pais, amigos, alunos,
professores, enfim, sempre estamos relatando algo e essas histórias sempre têm começo, meio e
fim. Um vídeo, seja ele para qualquer finalidade, também precisa ter essa estrutura, ou seja, ele
precisa ter começo, meio e fim, mesmo que não seja exibido nessa ordem.
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Saber contar uma história e deixá-la atrativa, agradável ao público-alvo, é o objetivo principal
de qualquer produto audiovisual, e a concretização da ação desejada é que poderá fazer a
diferença entre um vídeo considerado normal para um vídeo de sucesso. Uma história em vídeo é
composta de imagens e sons e estes devem se complementar, acrescentando detalhes que farão
com que o telespectador compreenda a história perfeitamente.
Essas histórias podem ser diretas, representando um fato ou evento, e contadas em sua forma
e sequência originais, como um evento social. Um casamento, um aniversário, são eventos que já
têm sequência pré-determinada e essa história pode ser contada exatamente da maneira como foi
apresentada, da maneira como ela realmente aconteceu. Outras histórias podem ser contadas de
outras formas e maneiras diversas, às vezes indiretamente, com estrutura de narrativa e
entendimento mais elaborada, a exemplo de um curta-metragem, um documentário ou até um
longa-metragem. De qualquer forma, para produzir um vídeo adequadamente e obter os resultados
esperados é necessário ser um bom contador de histórias.
Se estamos falando de etapas muito bem definidas, como começo, meio e fim, podemos então
afirmar que a produção de um audiovisual (para se tornar mais prático, vamos chamá-lo daqui em
diante simplesmente de vídeo) também deverá ser composta de começo, meio e fim. E isso serve
até para um vídeo simples, como aquele em que você utiliza seu smartphone, se enquadra e
começa a falar. Até nesse tipo de vídeo sua narrativa deve ser coerente e seguindo uma sequência
lógica, estabelecida por um roteiro (ou um guia que conste o que você deve falar).
Quando falamos de roteiros, logo pensamos em grandes produções. Mas o fato é que para
fazer qualquer tipo de produção, seja ela doméstica ou pública, o certo é que nos guiemos por um
roteiro. Existem muitas definições para o que é um roteiro, mas, simplificando, roteiro é uma
maneira de contar uma história combinando imagens (vídeos, fotos, desenhos etc.) e áudios.
Para Rodrigues (2007, p. 50), “um roteiro é uma história contada com imagens, expressas
dramaticamente em uma estrutura definida, com início, meio e fim, não necessariamente nessa
ordem”. Existem diversos tipos e formas de construir um roteiro, como o master scenes, muito
utilizado no cinema. Corradini (2019, p. 52) explica:
Há várias técnicas para escrever um roteiro e principalmente vários tipos de formatação, o que
pode em determinadas situações ajudar ou prejudicar o roteirista. É importante ressaltar que
na produção de um roteiro várias informações devem ser inseridas e para que isso seja
possível, o tipo e a formatação do roteiro devem prever estas inserções. Como descrever uma
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cena sem definir se é dia ou noite, se é em uma locação interna, um estúdio ou uma cena
externa. Percebam que são informações que irão determinar uma série de ações técnicas,
como formação de equipes, equipamentos e estrutura. Normalmente a técnica do master
scene é a usada em todo o mundo.
A seguir, temos um modelo para escrever cenas no formato master scene. Na sequência,
podemos ver o roteiro com uma cena preenchida.

Figura 1 – Modelo de roteiro

Fonte: Corradini, 2019, p. 60-61.

Figura 2 – Exemplo de cena preenchida

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Fonte: Corradini, 2019, p. 60-61.

Existe outro modelo muito utilizado, mais simples, que servirá também para a descrição das
cenas e do áudio. É um modelo em duas colunas: em uma delas é escrito o texto relacionado ao
áudio, ou seja, aquilo que será falado, narrado ou apresentado; na outra são descritas as imagens
ou cenas que deverão ser gravadas ou produzidas.

Figura 3 – Modelo de roteiro com duas colunas

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Fonte: Corradini, 2021.

TEMA 2 – PLANEJAMENTO E FASES DA PRODUÇÃO


Como falamos anteriormente, independente de qual for a finalidade da produção do
audiovisual, ele precisa ser produzido da melhor forma possível. Isso significa que o planejamento
precisa ser feito de forma organizada e profissional. Claro que dependendo da finalidade e do
objetivo do vídeo algumas etapas ganharão menor ou maior importância, mas, de qualquer forma, é
necessário conhecer todas as etapas ou fases da produção. Como em qualquer processo de
produção, a organização pode determinar o desenvolvimento deste processo e até fazer a
diferença entre o sucesso e o fracasso.
Imagine uma empresa qualquer, pode ser uma agência de publicidade que irá produzir uma
campanha, por exemplo (ou qualquer outro serviço ou produto). Se o processo de produção da
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campanha não for bem planejado e conduzido durante as suas etapas de produção, as chances de
o produto final ser deficiente ou não atender às necessidades solicitadas é grande.

Figura 4 – Planejamento

Crédito: Fizkes/Shutterstock.

Na produção de um vídeo isso não é diferente. Como vimos, a produção de um vídeo envolve
diversas etapas e cada uma delas tem sua função específica dentro do processo como um todo. O
início do processo de produção começa com a resposta a perguntas que determinarão alguns
caminhos.
1º Qual será o tema do vídeo? O tema não é necessariamente o título, é o assunto sobre o que
se trata o vídeo.
2º Qual é o público-alvo? Para quem será destinado o vídeo? Quais as características dessa
pessoa ou dessas pessoas, grupos, classes, comunidades etc.? Do que elas gostam? Qual o
perfil desde público?
3º Qual a ação desejada? Qual é o objetivo do vídeo, a finalidade? O que eu quero que as
pessoas façam ou sintam após assistir ao vídeo? Comprar um produto, aprender sobre
determinado assunto ou técnica? Votar em alguém, se divertir, se emocionar?

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Essas perguntas servirão para começar a direcionar o rumo de nossa produção. Dá para
perceber que a precisão nas respostas é fundamental para que o produto final seja eficiente. De
acordo com as repostas será possível determinar a linguagem do vídeo, a maneira como vamos
conversar com o público e, com isso, obter o resultado planejado e esperado. É possível então
dividir a produção de um audiovisual da seguinte forma:
1. Pesquisa
2. Pré-roteiro
3. Roteiro
4. Versão do roteiro para: artes, áudio, gravação e decupagem
5. Gravação e preparação das artes
6. Edição
7. Finalização
8. Exibição
Todas essas etapas estão divididas em três grandes grupos: pré-produção, produção e pós-
produção.

2.1 PRÉ-PRODUÇÃO
É a etapa em que são definidos os aspectos iniciais da produção, com escolha do argumento,
contratação dos profissionais que farão parte da produção, além do cálculo final do orçamento,
busca dos recursos financeiros, locação e todos os demais itens que farão com que a produção
possa começar. Dependendo do tipo de produção, essa etapa envolverá grande esforços para que
tudo possa se desenvolver satisfatoriamente. Se a produção for simples, essa etapa também será,
de certa forma, mais simplificada.
São discutidos aqui todos os tipos de detalhe para a produção, incluindo a elaboração do
roteiro. E por falar em roteiro, como vimos, este é um item indispensável para a edição; sem ele é
muito mais difícil editar um vídeo. O roteiro deve incluir todos os elementos e o formato do vídeo
propriamente dito, inclusive buscando estimar o tempo líquido total que o vídeo terá. Serão
definidos os elementos que compõem o formato do vídeo, ou seja, se haverá reportagens,
depoimentos, uso de estúdios, externas etc.

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A locação também é um elemento que deve ser resolvido na etapa da pré-produção; se o


vídeo for gravado em estúdio, deve-se pensar como será a composição do cenário e de outros
fatores, como iluminação, equipamentos, maquiagem. O pacote gráfico também tem fundamental
importância, pois trará vinhetas, chamadas, telas etc.
As reuniões de pauta também são importantes para que a produção já comece o trabalho. Em
uma produção mais simples, que não envolva grande processos de produção, essa etapa acaba
sendo simplificada e se resumindo a entender e planejar as poucas necessidades exigidas para a
produção.

TEMA 3 – PRODUÇÃO E PÓS-PRODUÇÃO


Na produção, começa a ser colocado em prática tudo aquilo que foi planejado na pré-
produção. É a fase das execuções e é onde o vídeo começa a tomar forma; é a hora da gravação
das imagens, da decupagem; minutam-se os vídeos e prepara-se todos os materiais para a edição,
como as artes (simples) e os sons. Podemos definir ainda que a fase da produção em que tudo é
preparado para que o vídeo seja finalmente editado (a edição está na fase de pós-produção).
Isso inclui as gravações e todo o trabalho que essa atividade demanda, afinal, se o editor não
estiver de posse de boas imagens e bons sons, dificilmente ele conseguirá realizar uma boa
edição. Essa fase também é a responsável pela obtenção de possíveis autorizações para gravações
externas e de convidados, pela preparação do material para edição (relatório de gravação, roteiro,
decupagem), que será entregue ao editor.
Mas isso é apenas uma parte de todas as atividades que são desenvolvidas na fase da
produção. A complexidade dessa etapa está relacionada ao tipo e à finalidade do que será
produzido. Você consegue imaginar o trabalho que a produção tem para fazer um longa-
metragem? Providenciar as autorizações necessárias para uso de locais públicos ou privados nas
gravações externas, planejar o transporte da equipe e do equipamento, como câmera, baterias,
microfones, rebatedores e iluminação, providenciar verba para alimentação e autorização de uso
de imagem, além de transporte da equipe e alimentação para todos – e a relação não para por aí.
Para Rodrigues (2007, p. 68),

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[...] chamamos de produção o departamento de execução do filme, que tem como função
principal dar suporte ao diretor na execução do seu trabalho. Todas as outras considerações
estão subordinadas a esse fim. Cabe ao departamento de produção ter certeza de que cada
membro da equipe, cada cenário, cada objeto de cena, cada equipamento, cada peça de
vestuário está em seu devido lugar, a ser utilizado pelo diretor quando necessário em cada
fase da produção, no contexto de prazos e orçamentos.
Essas são apenas algumas responsabilidades da produção. Lógico que cada produção tem
suas particularidades e existirão produções que demandarão poucas atividades e profissionais.

3.1 PÓS-PRODUÇÃO
A ansiedade para a finalização do vídeo é grande, mas calma, ainda existe muito trabalho pela
frente. A pós-produção é a fase final, em que o vídeo começa a tomar forma. Terminada a fase da
produção, com as gravações finalizadas, inicia-se esta fase. É a etapa do acabamento do vídeo, da
edição, da criação das artes mais detalhadas, desenhos, 2-D, 3-D, infográficos, animações etc.
Então, a sonorização, com a colocação da trilha sonora e dos efeitos de áudio e sonoplastia, é
produzida e montada. Essa etapa vai exigir recursos específicos como ilha de edição, computação
gráfica para realização dos efeitos especiais e demais artes gráficas (vinhetas, efeitos especiais
etc.), trilha sonora, legendas ou dublagem, locução (off) e outros recursos.

Figura 4 – Ilha de edição

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Crédito: Sutipond Somnam/Shutterstock.

Podemos dizer que na pós-produção é que se concentram todas as atividades que envolvem a
edição das imagens (vídeos, fotos, desenhos, artes) e dos sons. Para Zettl (2011, p. 9), “a pós-
produção envolve principalmente a edição de áudio e vídeo. As diversas partes do programa
gravadas na fase de produção são organizadas na sequência correta. Essa fase pode incluir
também o aprimoramento e das imagens e do áudio”.
O produto final estará pronto quando essa etapa acabar. Por isso a dedicação aqui é ainda
maior, não que ela não deva existir nas outras etapas, acontece que agora será percebido o que foi
feito nas etapas anteriores. Se ocorreram erros é agora que eles aparecerão, como imagens mal
gravadas (ou bem gravadas), áudio com problema, trabalho e cuidado com a iluminação, com os
movimentos de câmera etc. É a hora de o editor poder aplicar todo seu talento, toda a sua arte na
construção do melhor vídeo.

TEMA 4 – CONSTRUÇÃO DAS IMAGENS – ILUMINAÇÃO


A iluminação influencia diretamente tudo que gravamos. Ela determina a linguagem do vídeo, a
correção de imagens, acrescenta ou esconde detalhes, enfim, é impossível dissociar luz de
imagem. As imagens que visualizamos, dentre outros detalhes, são influenciadas pela luz, seja ela
do dia, artificial ou até da noite (a Lua reflete a luz do Sol). Até as cores que enxergamos sofrem
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interferência direta de todo tipo de luz. Nossos olhos reagem aos diferentes tipos de luz com a
naturalidade que estamos acostumados desde que nascemos.
Para ter uma ideia da complexidade com que nossos olhos analisam uma imagem, o olho
humano pode enxergar mais de 800 níveis de iluminação diferentes, enquanto uma câmera está
limitada entre 25 e 30, ou seja, nossos olhos conseguem enxergar e interpretar as imagens com
mais qualidade e com mais eficiência.
Se estamos afirmando que as imagens são influenciadas pela iluminação a que elas estão
expostas e que a diferença de interpretação de nossos olhos a estas luzes é muito superior à
interpretação feita pelas câmeras, podemos concluir que para entender a relação luz-câmera é
preciso mudar nosso raciocínio em relação à luz, nivelando-o com o da câmera.
É preciso que aprender a enxergar a luz exatamente como a câmera enxerga, com todas as
suas limitações tanto no que se refere à sensibilidade como ao seu campo de visão. Explicando: a
câmera, por possuir uma enorme limitação a essa interpretação, reage diferentemente de nossos
olhos quando interpreta uma imagem. Ela é mais lenta e limitada, além de trabalhar com um campo
de visão bastante reduzido em relação aos nossos olhos. O iluminador tem que operar dentro de
todas as limitações que as câmeras o impõem e seu olhar precisa ser o mesmo de uma câmera.
A iluminação para vídeo é diferente da iluminação para teatro, fotografia e cinema. É uma
iluminação que, na maioria das vezes, é utilizada para a correção, ou seja, para minimizar sombras
marcantes ou até retirá-las ou escondê-las. No teatro, a grande diferença está baseada no
aparelho de captação das imagens. Ou seja, no teatro nossos olhos são a referência, eles captam
as imagens e, com isso, conseguimos ver profundidade e enormes nuanças de luz.
Infelizmente, o vídeo tem somente duas dimensões: altura e largura. A terceira dimensão seria
a profundidade. A percepção desta profundidade deverá ser criada por meio de técnicas próprias
de iluminação, enquadramentos e perspectiva de câmera. Vamos ver o exemplo com a imagem a
seguir.

Figura 5 – Diferença de nuanças

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Crédito: Corradini, 2021.

Nesta imagem, podemos identificar áreas mais claras e mais escuras. Nossos olhos
normalmente não se preocupam com os pontos mais escuros, mas, sim, com a imagem como um
todo. Ou estamos enxergando a cena ou não. Com a câmera não é bem assim; de acordo com o
enquadramento e o posicionamento da cena em relação à luz ela vai se autorregular, caso esteja
em modo automático, é claro. E é exatamente isso que precisamos aprender a fazer: enxergar a
cena por partes, por setores em que a luz incide de maneira diferente.
Quando gravamos uma cena precisamos levar em consideração todos os contrastes que
existem para equilibrar a câmera da melhor maneira possível e, se necessário, adequar o
enquadramento para que a visualização da cena, feita pela câmera, seja o mais próximo possível da
realidade.

Figura 6 – Exemplo de enquadramento para melhor visualização da cena

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Crédito: Corradini, 2021.

Provavelmente, o aspecto mais importante da iluminação em vídeos (que não sejam em linha
de show), é que ela pareça o mais natural possível. O telespectador deverá ter uma sensação muito
especial, como se não houvesse outra iluminação, senão a luz natural sendo usada na cena, como
se fosse uma situação da vida real ao invés de uma cena de televisão.

TEMA 5 – CONTRUÇÃO DAS IMAGENS – ENQUADRAMENTO


Toda cena gravada deve ter um motivo, um objetivo que o cinegrafista tem que traduzir em
imagens. O assunto ou motivo a ser documentado deve ser observado e preservado durante toda a
gravação da cena. Uma boa cena não deve conter mais do que um tema por vez.
A maioria das gravações acontece em uma ordem predeterminada, e essa ordem geralmente é
a mesma que será utilizada na hora da edição final. É aí que entra um grande diferencial, que pode
ajudar muito na hora da edição do vídeo. Muitas vezes, o cinegrafista grava imagens longas demais
ou curtas demais, ou até desnecessárias. Por isso, é importante que as cenas sejam gravadas
projetando seu uso futuro na edição. Não existe nada pior para um editor do que imagens curtas
demais.
É importante planejar cuidadosamente cada cena de gravação, treinar os movimentos de
câmera, realizá-los várias vezes antes de começar a gravar, ter sempre a edição das imagens no
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planejamento de gravação. Trombadas no tripé, tropeços, imagens fora de foco ou com a


iluminação desequilibrada acabam tornando-se um arquivo desnecessário. É importante lembrar
que a imagem bruta, aquela captada inicialmente, é parte de fundamental importância em todo o
trabalho. Ela é a matéria-prima do editor e precisa ser tratada com a maior importância e cuidado
possível.

5.1 ENQUADRAMENTO
Você já deve ter ouvido a expressão enquadrar a cena ou fazer o enquadramento, pois
então, a posição do objeto (ou dos objetos, das pessoas etc.) que se deseja gravar dentro da tela é
chamada de enquadramento. É pelo enquadramento que são montadas as cenas gravadas ou
filmadas.
Para que o enquadramento seja feito estética e tecnicamente adequado, é necessário
organizar estes elementos (objetos, pessoas etc.) que vão compor a cena. Essa organização é
chamada de composição. É muito desagradável para um espectador olhar para uma imagem mal
composta, com enquadramento ruim, no qual o objeto principal desaparece do vídeo, aparece de
vez em quando ou mesmo se confunde com outros elementos do ambiente. Esse problema
acontece por pura falta de experiência. Corradini (2019, p. 70) explica a composição:
Sua divisão é feita em primeiro, segundo e terceiro planos (de acordo com a linguagem) e
fundo. A esta combinação de planos acrescenta-se a iluminação, as cores da cena, as formas,
tudo para criar uma imagem harmônica e agradável.
A composição é a responsável pelo entendimento da cena, sendo que por parte do
espectador, isso deve fazer algum sentido. Este sentido proposto é tratado justamente na
linguagem.
Podemos controlar esses elementos com a colocação adequada da câmera, seleção da
distância focal, iluminação ou mesmo com o arranjo dos objetos e pessoas da cena.

5.2 PLANOS E TOMADAS


Um produto audiovisual é uma história contada por meio de tomadas e planos de tomadas.
Embora o público receba grande parte de informações pelos diálogos, a essência do vídeo é a sua
capacidade de colocar imagens em nosso cérebro, quase como fazem os sonhos.

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As imagens, não os diálogos, devem transmitir a história. Por isso, devemos planejar nossas
tomadas para que o público leia nossa história pelas imagens. As tomadas podem ser classificadas
de muitas maneiras diferentes, dependendo de sua função no processo de narrativa visual. A
primeira variável na classificação de tomadas é o tamanho aparente em que apresentamos a cena,
e será a principal classificação que usaremos em nossas aulas. Vamos a elas.
5.2.1 Close-up
A tomada em close-up geralmente enquadra a cabeça e os ombros do ator, enfatizando suas
expressões.

Figura 7 – Exemplo de tomada em close-up

Crédito: Eurobanks/Shutterstock

5.2.2 Super close-up


É uma variação do close-up. A imagem (no caso o rosto) não aparece em sua totalidade, mas,
sim, detalhes importantes determinados pela linguagem da cena.

Figura 8 – Exemplo de super close-up

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Crédito: SerdyukPhotography/Shutterstock

5.2.3 Detalhe
Não existe limite muito definido para o plano de detalhe; pode-se enquadrar partes de uma
pessoa ou objeto. O detalhe é bastante utilizado quando para chamar a atenção a um ponto
específico da cena, por exemplo, nos inserts.

Figura 9 – Exemplo de detalhe

Crédito: Bogdan Son/Shutterstock

5.2.4 Plano fechado

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O primeiro plano, ou plano fechado, corta a imagem da pessoa na altura dos ombros. O
cenário praticamente não aparece e a expressão facial tem um peso determinante.

Figura 10 – Exemplo de plano fechado

Crédito: mimagephotography/Shutterstock

5.2.5 Plano médio


No plano médio, como o próprio nome diz, nada é mostrado por completo. As pessoas
aparecem cortadas da cintura para cima e os objetos aparecem parcialmente. O local ou o cenário
ainda não têm tanta importância, tendo valor apenas indicativo. É bastante utilizada a gravação de
diálogos, pois temos boa percepção das expressões presentes nos rostos. Também é possível
enquadrar mais de uma pessoa.

Figura 11 – Exemplo de plano médio

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Crédito: Dmytro Zinkevych/Shutterstock

5.2.6 Plano americano


O plano americano mostra as pessoas um pouco acima do joelho. Existem variações desse tipo
de plano, podendo ser um pouco mais fechado, chegando próximo ao plano médio. Esse tipo de
tomada é escolhido para mostrar o movimento da parte superior do corpo, além de ser muito
utilizado quando duas pessoas estão conversando.

Figura 12 e 13 – Exemplos de plano americano

Crédito: All kind o/Shutterstock; serpeblu/Shutterstock

O nome plano americano foi dado em homenagem aos filmes de caubói, para mostrar os
atores quando sacavam as suas armas.
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5.2.7 Plano geral
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O plano geral é bastante usado para localizar o espectador na ação. Além de mostrar as
pessoas, mostra também todo o ambiente em que se desenrola a ação, muitas vezes dando maior
ênfase ao ambiente do que aos componentes.

Figura 14 – Exemplo de plano geral

Crédito: OlegRi/Shutterstock

5.2.8 Plano conjunto


O plano conjunto, na verdade, pode ser composto de diversas maneiras. Ele enquadra a área
em que geralmente se desenvolvem as ações, ou seja, o cenário ainda se impõe, só que agora os
elementos já estão mais definidos.
O plano conjunto pode ser feito na frente de uma casa, de uma árvore, de uma praia, ou seja, o
local é um complemento da cena, podendo o elemento humano estar ou não presente; é um plano
que conta uma história mais complexa, com mais detalhes.

Figura 15 e 16 – Exemplos de plano conjunto

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Crédito: G-Stock Studio/Shutterstock

Crédito: G-Stock Studio/Shutterstock.

TROCANDO IDEIAS
Você conseguiu perceber que a produção de qualquer tipo de audiovisual requer muito
trabalho e, principalmente, planejamento. O primeiro passo é escolher o tema e escrever um roteiro
– e é justamente isso que propormos a você.
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Escolha um tema que lhe agrade, faça uma pesquisa rápida e escreva um breve roteiro. Pode
ser em qualquer um dos formatos que apresentamos para você. Ao escrever esse roteiro, faça um
exercício de imaginar algumas cenas para ele. Você verá que sua criatividade não tem limites. Mão
à obra!

NA PRÁTICA
Em uma produção profissional do cinema ou da televisão, a composição da imagem é
responsabilidade de muitas pessoas que trabalham na produção. Desde o operador de câmera até
o diretor, passando pelo cenógrafo, iluminador e diretor de fotografia, todos têm participação no
resultado.
O olhar técnico, estético pode ser desenvolvido a partir de estudos, observação e muita
prática. Procure acompanhar o trabalho dos profissionais da área, como fotógrafos, diretores e
artistas, preste atenção nos detalhes. Uma boa composição deve gerar reação emocional, passar
sentimentos que serão ressaltados pelo conjunto da obra.
Lembre-se de que uma boa composição não está ligada somente a imagens belas, mas, sim,
às imagens adequadas com a história, com a narrativa. Ao observar uma imagem, o espectador
deve entender aquilo que está visualizando, fixando seu olhar em algum local específico da cena.
Obter referências é uma maneira apropriada de aprender e se desenvolver.

FINALIZANDO
Olá, aluno! Finalizamos esta aula após conhecer as etapas da produção de um audiovisual.
Passamos pelo roteiro, pela pré-produção, produção e pós-produção e entramos na importância
da construção de uma boa imagem por meio da iluminação, do enquadramento e da composição.
Aliás, uma boa composição pode ser a responsável pela construção daquela imagem diferenciada,
mas para podermos criar esta composição precisamos conhecer e dominar os planos e tomadas.
Pudemos conhecer os diferentes planos, como close-up, super close-up, fechado, médio,
americano, geral e conjunto. De resto é observar, obter muitas referências por meio de TV, do
cinema, e da própria internet. Essas referências poderão oferecer ideias e construir um repertório

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que será muito útil no desenvolvimento das suas atividades de produção de audiovisuais. Até a
próxima aula!

REFERÊNCIAS
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