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UM TEMPLO NO MILÊNIO É HERESIA?

Quero começar este artigo elucidando que ele não tem a mínima pretensão de ser um tratado
sobre o assunto, mas apenas um esforço explicativo sucinto afim de ajudar as pessoas a
entenderem a visão dispensacionalista e as razões decorrentes desta visão para a crença no
ensino bíblico de um templo literal durante o milênio. Durante a explanação alguns pontos
importantes serão elencados e espantalhos serão expostos.

O porquê deste artigo

Nunca pretendi escrever sobre temas relacionados à escatologia, especialmente sobre o


milênio. Todavia, devido aos questionamentos e graves acusações (de heresia) de alguns
irmãos de diferentes escolas escatológicas, me encontrei na necessidade não de refutar, mas
de elucidar algumas questões pertinentes a este ensinamento no intuito de resolver alguns
mal-entendidos.

O texto em disputa

O texto em disputa na verdade faz parte de uma grande cadeia de capítulos que se encontra
no livro do profeta Ezequiel que vai do capítulo 40 ao 48, perfazendo um total de nove
capítulos.

Estes capítulos tratam da visão que Deus deu ao vidente sobre um complexo a ser construído
tendo como parte central um grandioso templo.

O projeto contém uma quantidade de detalhes impressionante, similar ao que Deus deu a
Moises, mas com uma extensão muito maior. A ordem é que Ezequiel escreva a visão e mostre
aos filhos de Israel para que eles se orientem por esta planta na hora da construção. Contudo
não se tem notícias de um templo com estas dimensões e especificidades na história de Israel.
Ele não se enquadra em nenhum dos três templos conhecidos: do reinado de Salomão, do pós
exílico de Zorobabel e o de Herodes no Novo Testamento.

A Base da discussão

Já que um templo assim nunca foi construído, os comentaristas se dividem quanto ao


significado dele. Existem várias interpretações dada, mas grosso modo, as duas
principais se resumem em:
1. Interpretação simbólica: os simbolistas espiritualizam a mensagem e a aplicam à
igreja cristã. Dentro desta corrente estão todos os adeptos da Teologia Reformada dos
Pactos, principalmente amilenistas e pós-milenistas.
2. Interpretação literal: Esta visão acredita que um templo literal será construído no
milênio. Dentro desta corrente se encontram os pré-milenistas.
Dentro da interpretação literal podemos encontrar dois pontos de vista histórico: 1.
Pré-milenistas históricos: estes, principalmente do século XIX, acreditavam em um
templo “cristão” sendo construído com a restauração de um Israel literal no milênio.
Esta, por exemplo, era a perspectiva de Charles Spurgeon.
O segundo é de alguns pré-milenistas históricos e da maioria dos dispensacionalistas
de que o templo é literal e de caráter judaico, inclusive com sacrifícios.
O que está por de tras da polêmica
A discussão sobre o templo, guardadas as devidas proporções, se aproxima muito do que
aconteceu no Concílio de Éfeso em 321. O estudante de história da igreja sabe muito bem que
a disputa sobre a theotokos não se resumia apenas à questões puramente de nomes, mas
girava em torno de duas escolas de interpretação (Antioquia e Alexandria), de duas forças
políticas (Constantinopla e Roma) e de duas tradições da igreja (Oriental e Ocidental).

Me parece que a disputa sobre a questão do templo e seus sacrifícios em si é apenas um tema
secundário quando se analisa os pressupostos que emergem de dentro da disputa. Semelhante
à Éfeso temos duas escolas teológicas (Aliancismo e Dispensacionalismo) duas formas de
interpretação (alegórica e literal); duas formas de lidar com a questão de Israel no plano de
Deus (supercessacionismo e sionismo cristão) e dois princípios hermenêuticos (qual a relação
prioritária entre os dois testamentos: quem deve ter prioridade na interpretação?).

O dispensacionalismo disse isso...


É hilário observar os críticos usarem a expressão “heresia do dispensacionalismo”
referindo-se à questão do templo de Ezequiel e seus sacrifícios como se emanasse do
próprio sistema dispensacionalista tal afirmação escatológica. O templo do milênio
nunca foi situação sine qua non para ser dispensacionalista e dele não depende como
sistema.
Verdadeiro dispensacionalismo levante-se...
Tem certeza que isso que você está criticando é dispensacionalismo?
Uma análise superficial das doutrinas dispensacionalistas que encontramos em muitos
críticos pela internet tende a reduzir o sistema em duas proposições caricatas: a) que ele
é uma teoria das sete dispensações ou, b) é uma teoria do arrebatamento pré-
tribulacional secreto.
Respondendo a primeira proposição, pode-se dizer que dispensacionalismo tem pouco a
ver com quantidade nas divisões das eras. Uma pessoa pode acreditar em sete
dispensações sem ser dispensacionalista. A seita Tabernáculo da Fé tem nas “7
dispensações da igreja” uma doutrina fundamental para seu sistema teológico, mas nem
de longe podem ser considerados dispensacionalistas.
Tampouco, o fato de alguém utilizar a palavra dispensação, não o torna um
dispensacionalista.
Paulo usou a palavra dispensação em diversas epístolas tais como Ef 1.10;3.2; Cl 1.25; I
Co 9.17, mas Paulo não era dispensacionalista.
Alguns pais da igreja tais como, Aristides, Justino, Taciano igualmente utilizaram o
termo “dispensação”, mas tampouco podemos dizer que eles eram dispensacionalistas,
assim como utilizar a palavra “pacto”, não faz de quem a utiliza um aliancista.
Nas Institutas da Religião Cristã no Tomo II, Calvino utiliza a palavra “dispensação” 27
vezes por meio de expressões, tais como: “dispensação da lei”, dispensação do
evangelho”, “antiga dispensação”, entretanto, isso não torna Calvino um
dispensacionalista.
Portanto, dispensacionalismo tem a ver com dispensações sim, pois acredita que Deus
administra a história deste mundo por meio delas, mas não necessariamente em
quantidades específicas de dispensações. Dependendo da construção teológica ela pode
variar em três, quatro e até oito dispensações, mas essa construção é secundária no
sistema.
Dito isso, vamos definir mais precisamente o dispensacionalismo. Dispensacionalismo é
antes de tudo um sistema hermenêutico e não está umbilicalmente ligado à escatologia,
apesar de ter implicações escatológicas.
O dispensacionalismo está mais relacionado à eclesiologia do que a escatologia. E é
sempre bom lembrar que dispensacionalismo não é sinônimo de “Deixados para Trás”.
Alguém pode ser pre-tribulacionista sem ser dispensacionalista, um exemplo disso foi
Francis Schaeffer. https://www.puritanboard.com/threads/francis-schaeffer-
premil.103138/

Alguns pré-tribulacionistas que ultimamente marcaram a volta de Cristo, antes da


tribulação trabalharam geralmente com categorias teológicas vindas do historicismo,
mas nunca do dispensacionalismo. Por exemplo Harold Camping
Charles Ryrie, um dos grandes expoentes desta escola, definiu três pontos como
fundamentais para o sistema dispensacionalista o que ele chamou de situação sine qua
non do dispensacionalismo, a saber:

Israel restaurado no milênio é coisa de dispensacionalista. Será?


Para a surpresa de muitos a ideia de uma interpretação profética literal sobre a
restauração de Israel na terra prometida, assim como no milênio, não se restringe às
trincheiras dispensacionalistas. Na verdade, o dispensacionalismo herdou essa
interpretação dos pré-milenismo histórico.
Tanto no livro de Paul Richard Wilkinson “For Zion’s Sake” (Pelo Bem de Sião),
quanto no de Thomas Ice, The Case for Zionism: Why Christians Should Support Israel
(Em defesa do sionismo: por que os cristãos devem apoiar Israel) e no recente, Por
Amor a Sião de Franklin Ferreira, mostram como muitos puritanos na Inglaterra do
século XVII havia se afastado do amilenismo de Calvino e sua consequente
espiritualização nas profecias e se voltado para a interpretação literal e a crença de uma
restauração física de Israel, com sua consequente conversão, antes da volta de Cristo,
como também depois, no milênio. Grande parte dos pré-milenistas históricos
acreditavam na restauração nacional de Israel.
No livro “America's Theologian Beyond America: Jonathan Edwards, Israel, and
China”, o escritor explica a crença pré-milenar de Jonathan Edwards da seguinte
maneira:
“Ao contrário de alguns teólogos puritanos que defendiam o supersessionismo ou uma
visão centrada na Inglaterra/América, Edwards defendia um milenarismo judaicocêntrico:
a terra de Israel seria o local ideal do reino milenar na terra; e o povo de Israel após sua
restauração escatológica desempenhará papéis críticos e decisivos no início do milênio. Ao
dar a Israel um lugar significativo no reino milenar e seguir sua visão histórico-redentiva,
Edwards descentralizou a terra e o povo da Inglaterra e da Nova Inglaterra em sua visão
milenar, afastando-se, portanto, de muitos predecessores reformados e
puritanos. Embora sua visão milenar seja judaicocêntrica, Edwards se distanciou do
espectro da superioridade de Israel. Sua expectativa da restauração de Israel é baseada
em sua convicção da fidelidade e glorificação de Deus.”

Um templo no milênio é heresia dispensacionalista?


A ideia de um templo no milênio, inclusive com sacrifícios e festividades, não era
estranha aos pré-milenistas do século XIX. Foi, na verdade, uma consequência natural
da interpretação literal das profecias referente à Israel no Antigo Testamento. Portanto,
afirmar que a possibilidade de haver um templo no milênio é heresia dispensacionalistas
é desconhecer por completo a história do pré-milenismo.
Abaixo Trarei aqui a crença de alguns teólogos do século XIX sobre a possibilidade de
existir um templo no milênio e é importante esse assunto e, diga-se de passagem,
nenhum deles era dispensacionalista:

1 - Andrew Bonar
Bonar era presbiteriano e pós-tribulacionista. Na introdução do seu livro
“A Commentary on the Book of Leviticus”, escrito em 1846, intitulado The Nature Of
The Book, ele afirma:

“E, se pudermos lançar uma conjectura sobre um assunto em que milenaristas e


antimilenaristas estão no mesmo mar - não é possível que algum fim como esse possa
ser respondido pelo templo que Ezequiel prediz ainda a ser construído? (cap. Xl., etc.)
As nações crentes podem frequentar esse templo para obter entendimento nesses tipos e
sombras. Eles podem subir ao monte da casa do Senhor, para serem ensinados em seus
caminhos (Isaías 2:3). Nesse templo, eles podem aprender como nenhum til da lei
falhou. Ao olharem para os filhos de Zadoque ministrando naquele santuário peculiar,
podem aprender porções da verdade com nova impressão e plenitude. De fato, o próprio
fato de que a ordem de arranjo em Ezequiel difere inteiramente da ordem observada no
tabernáculo ou no templo, e que o próprio edifício é erguido em um plano diferente de
todos os santuários anteriores”

2 - Nathaniel West

A obra clássica de Nathaniel West  The Thousand Year Reign of Christ, escrita em 1899
inclui um ensaio completo sobre “Os 1000 anos em Ezequiel” mostrando onde Ezequiel
40-48 se encaixa na linha do tempo pré-milenar. Um comentário ao livro no site da
Amazon afirma que “De muitas maneiras, esta é a obra de maior autoridade sobre o
reinado de mil anos de Cristo já publicada em inglês”.
Como um estudioso, a compreensão do Dr. West da vasta literatura de estudo e
interpretação profética nos círculos teológicos europeus e americanos foi sem igual no
século XIX. Durante trinta e três anos de ministério pastoral ativo, ele foi um notável
orador em muitas das conferências proféticas populares.

“O locus de toda a cena do Novo Israel, em sua Nova Terra, redistribuída e


transfigurada, seu Novo Templo, Nova Cidade e Novo Culto, está entre a Segunda
Vinda de Cristo e o Juízo Final no final de “Muitos Dias” de Ezequiel. , 38:8, a
“multidão de dias” de Isaías, Isaías 24:22, o “terceiro dia” de Oséias 6:2 e os “1000
anos” de João, 20:1-7. Essa é a região onde eles pertencem. Que os sacrifícios
sangrentos pareçam uma pedra de tropeço, nunca podem desalojar a seção de seu lugar
na profecia ou na história. A imagem é uma imagem de Israel restaurado do ponto de
vista do Exílio, quando o Templo foi destruído, a Cidade devastada pelo rei da
Babilônia, a adoração instituída por Israel destruída, e o profeta-sacerdote, Ezequiel, foi
movido pela “mão de Deus” para confortar os exilados de Gola!”

E mais:

“Isaías havia falado principalmente sobre o lado profético do reino, em termos


emocionantes, Daniel habita sobre o lado real e, a Ezequiel é dado pintar o
lado sacerdotal dele. … E, como todo o resto fala, ele também, nos termos do Antigo
Testamento, e pinta nas cores do Antigo Testamento, mas não sem as modificações
mais surpreendentes da adoração mosaica; - não legislando os “rudimentos do código
sacerdotal do Pentateuco, ” mas emendando, abolindo e acrescentando a ele, mudando-o
- um sinal de enfraquecimento, não avanço, do mosaísmo.
Uma coisa sabemos, sem sombra de dúvida, a saber, que “Israel” da Era do Milênio é
um povo convertido, “servindo a Deus em novidade de espírito, e não na velhice da
letra”. Quanto da imagem típica de Ezequiel desaparecerá no cumprimento, quanto
iluminará para uma glória mais intensa, podemos não decidir. Isso também não afeta a
doutrina da “realização exata”. Não afirma nem nega. Deixa para o futuro, problemas
que só o futuro poderá resolver. Recusa-se a reconciliar aparentes contradições pela
adoção de um princípio de interpretação que, se executado logicamente, terminaria na
negação do próprio cristianismo. Ele espera. Os primeiros cristãos judeus aderiram aos
seus ritos judaicos muito depois de sua conversão no dia de Pentecostes. Eles ainda
adoravam no Templo. De qualquer forma, o futuro trará a solução.quanto dessas
predições finais de Ezequiel serão literalmente cumpridas, quanto não, quando Israel
se voltar para o Senhor de todo o coração. Podemos não ir tão longe quanto
Baumgarten e Hess que, talvez, pressionem o literal, em algum aspecto, para o rápido,
mas podemos seguir homens de erudição e grandeza no conhecimento da palavra de
Deus, como Crusius, Delitzch, Nagelsbach, Hofmann, Neumann, e concordamos,
mesmo com Kuenen e Graf, nisso, que “é inútil idealizar ou procurar espiritualizar os
muitos detalhes minuciosos desses Capítulos”. (Nathaniel West, The Thousand Years in
Both Testaments , pp. 4-5).

3 - Charles Spurgeon
Charles Haddon Spurgeon foi um teólogo não-acadêmico e pregador batista muito
influente de sua época. Com certeza Spurgeon, que viveu na Inglaterra do século XIX,
não era um dispensacionalista. Em seus dias ele teve alguns embates com a teologia dos
Irmãos de Plymouth, especialmente de Nelson Darby a respeito do arrebatamento.
Spurgeon não cria na distinção entre Israel e a Igreja, era pós tribulacionista e aliancista
pré-milenista.
Entretanto, ele sustentou a interpretação literal da Bíblia. Ensinou que, "O primeiro
sentido da passagem nunca deve ser afogado no fluxo de sua imaginação; deve ser
claramente declarado e permitido manter o primeiro nível; sua acomodação nunca deve
expulsar o significado original e nativo , ou até mesmo colocá-lo em segundo plano.”
Embora Spurgeon veja o milênio como a culminação das promessas de Deus para a
igreja primeiramente, tanto do Antigo Testamento quanto do Novo Testamento, ele
ainda sustentava que Israel como nação teria um papel distinto e especial e talvez até
mesmo algumas das formas de representação de cerimonias do Antigo Testamento
poderia ter sua funcionalidade restaurada. No sermão intitulado Sermão 583- The Lamb
—The Light, ele fez o seguinte comentário:

“Pode haver até mesmo naquele período [milênio] certas assembléias solenes e
domingos, mas eles não serão do mesmo tipo que temos agora - pois toda a terra
será um templo e todo dia será um domingo!”

Certamente ele não era dispensacionalista, ele não faria do milênio o domínio exclusivo
de Israel sem a igreja, nem excluiria o Israel nacional da gloriosa igreja do milênio. 
“Acreditamos que os judeus serão convertidos e que serão restaurados em sua própria
terra. Acreditamos que Jerusalém será a metrópole central do reino de Cristo. Também
cremos que todas as nações caminharão à luz da gloriosa cidade que será construída em
Jerusalém. Esperamos que a Glória que terá seu centro ali se espalhe por todo o mundo
– cobrindo-o como um mar de santidade, felicidade e deleite! Para isso olhamos com
alegre expectativa.”

Certo comentarista resume a crença de Spurgeon da seguinte maneira:


1. Israel ocupará um lugar especial entre as nações do reino milenar.
2. No entanto, Israel permanece espiritualmente parte da igreja.
3. Haverá uma prosperidade nacional que será a admiração do mundo
4. Que as profecias do Antigo Testamento não devem ser tratadas de maneira não
literal

As características secundárias, que Spurgeon especula como possibilidades, são as


seguintes:

1. Durante o reino milenar pode haver um templo ou "Estrutura Cristã" construída


no Monte do Templo para adoração a Deus.
2. Durante o milênio pode haver algumas formas de adesão cerimonial do Antigo
Testamento (sábados, lua nova, etc.), mas essas formas serão modificadas para
serem apropriadas para a igreja.

Um templo no milênio é crença obrigatória dispensacionalista?


É importante salientar que não existe um “Dispensacionalismo fechado”, mas diversas
variantes agrupadas em volta de uma ideia central. Há o dispensacionalismo clássico,
revisado e progressivo e até um hiperdispensacionalismo. Todos eles estão de acordo
com as ideias centrais de arrebatamento antes da tribulação, distinção entre igreja e
Israel, promessas ao Israel étnico, interpretação literal das profecias e que Deus
administra o plano de salvação por meio de dispensações.
Entretanto, em assuntos periféricos, há pontos de vistas divergentes entre os
dispensacionalistas, assim como existe dentro do aliancismo e pós-tribulacionismo. Por
exemplo, existe debates intramuros sobre se há um arrebatamento em Mt 24 ou não; se
o termo apostasia em II Tess 2.3 refere-se ao arrebatamento ou desvio da fé e muitos
outros. Quanto a questão sobre o cumprimento literal de Ezequiel 40-48 no milênio, a
despeito r de a maioria crer assim, há, entretanto, dispensacionalistas tais como o Dr. J
Sidlow Baxter e o Dr. Harry Ironside que tende a interpreta-lo (inconsistentemente) de
forma simbólica.

“O argumento das antigas profecias provou ser inválido


porque provaria demais. Se essas profecias predizem uma
restauração literal, elas predizem que o templo será
reconstruído, o sacerdócio restaurado, os sacrifícios
novamente oferecidos e que todo o ritual mosaico será
observado em todos os seus detalhes.” (Charles Hodge,
Teologia Sistemática)

Segundo a explicação de Darby, “se Israel vier a ter sacrifícios, como também um templo e um
sacerdócio terrenos, eles serão apenas sinais memoriais da grande oferta de Cristo”.267 A

Como Charles Spurgeon declarou num sermão proferido no Tabernáculo Metropolitano, em


1864: O significado do nosso texto (Ez 37.1-10), segundo seu contexto, é, evidentemente, se as
palavras realmente significam algo, que primeiro haverá uma restauração política dos judeus
em sua própria terra e nacionalidade. Em segundo lugar, há no texto e no contexto a nítida
declaração de que haverá uma restauração espiritual — de fato, uma conversão das tribos de
Israel... Haverá novamente um governo daquele povo; haverá novamente um corpo político;
um estado será inaugurado e um rei vai reinar... Eu espero nunca aprender a arte de destruir o
significado que Deus confere às suas próprias palavras... Vamos deixar isso bem claro... se há
sentido nessas palavras, Israel ainda há de ser restaurado.152

A Tradição Reformada Sobre Israel é Diversificada


https://coalizaopeloevangelho.org/article/tradicao-reformada-sobre-israel-e-diversificada/

é o sacrifício de Cristo que está por trás dos sacrifícios do AT e lhes


confere eficácia.

(como a visão sobre o Templo de Ezequiel ter sacrifícios literais de animais) são mantidas
apenas por dispensacionalistas. Com relação a este último, observo que nem mesmo todos
os “dispensacionalistas clássicos” acreditavamnos sacrifícios literais futuros, como
evidenciado pela “explicação secundária” na Bíblia Scofield, e que HA Ironside defendia; essa
questão é determinada pela hermenêutica gramatical literal e não por um “sistema” de
“dispensacionalismo”. Além disso, nem todos os pré-milenistas históricos aderiram à Teologia
do Pacto – e certamente não à hermenêutica espiritualizante/alegorizante comumente
associada à Teologia do Pacto/Reforma não pré-milenar.
Recentemente, soube de outra abordagem para entender Ezequiel 40-48. Bem conhecida é a
ideia dos amilenistas e pós-milenistas, de que esses capítulos não têm nenhum significado
específico além de grandes ideias espirituais sobre o que o culto judaico poderia ter sido. Em
contraste, os pré-milenistas dispensacionalistas veem o templo e os sacrifícios como literais,
um pacote.
No entanto, alguns dentro desse grupo realmente adotam uma abordagem inconsistente: o
próprio templo é uma estrutura literal que existirá durante o Reino Milenar. Mas o que é
descrito sobre os sacrifícios e o sistema sacerdotal é um símbolo da adoração que os
israelitas experimentarão naquela época. Os judeus da época de Ezequiel não poderiam ter
entendido a era da nossa igreja, então Ezequiel a descreveu de uma forma que eles
entenderiam. Dan Duncan na Capela dos Crentes (onde o falecido S. Lewis Johnson
ensinou), por exemplo, expressa essa visão em sua série de Ezequiel, novamente por causa
do suposto conflito com a revelação do Novo Testamento, de que Cristo terminou o sistema
sacerdotal do AT. Essa visão é listada como a segunda (não primária) explicação na Bíblia
Scofield, e o dispensacionalista HA Ironside também adotou essa visão.
Achei essa explicação um tanto insatisfatória, por óbvias razões hermenêuticas. Por que
Ezequiel 43 contém descrições tão detalhadas e precisas para algo que é apenas um símbolo
de outra coisa? Como podemos dizer que a descrição física do templo em si é o templo
milenar, mas que a descrição dos serviços ali realizados (sacrifícios de animais) não é literal
e realmente significa outra coisa? Neste ponto, também me refiro à lista de regras de Matt
Weymeyer para determinar se uma passagem é literal ou não.
1. Possui algum grau de absurdo quando tomado literalmente? Exemplo: Isaías 55:12 “as
árvores dos campos baterão palmas.”
2. Possui algum grau de clareza quando tomado simbolicamente? A linguagem simbólica
comunica efetivamente o que simboliza.
Isaías 55:12 possui um certo grau de clareza quando considerado simbolicamente.
3. Ele se enquadra em uma categoria estabelecida de linguagem simbólica? — figuras de
linguagem, etc. Você deve ser capaz de identificar com que tipo de símbolo está
lidando. Isaías 55:12 é um símbolo do tipo Personificação.
Matt Weymeyer aplicou este teste a Apocalipse 20, mas o mesmo pode ser feito para a
passagem de Ezequiel sobre sacrifícios de animais. Podemos entender facilmente que
Ezequiel 43 não parece “absurdo” quando tomado literalmente. Sim, pode ser uma pergunta
difícil de responder, mas a passagem em si não é absurda como a ideia de árvores batendo
palmas. Se Ezequiel 43 é simbólico, essa visão simbólica é clara? Assim como os teólogos
apresentaram muitas “interpretações” diferentes de Apocalipse 20, o mesmo aqui, muitas
“interpretações” diferentes foram sugeridas: que é simbólico para o culto futuro durante o
Moinho. Reino, ou que está descrevendo os sacrifícios reais do período pós-exílico; ou que
toda a estrutura do templo em si não é real, já que não há futuro Reino Milenar. Então
novamente, Ezequiel 43 falha no segundo teste; não vemos um significado claro se Ezequiel
43 for simbólico. Em seguida, o terceiro teste: que categoria de linguagem simbólica é
Ezequiel 43? É uma figura de linguagem, uma metáfora, uma personificação? É claro que as
passagens de Ezequiel sobre sacrifícios de animais não são um tipo de linguagem simbólica.
Uma vez estabelecido, por motivos hermenêuticos, que haverá sacrifícios durante o Reino,
avançamos e abordamos o assunto com mais honestidade, olhando para o significado desses
sacrifícios.
Ezequiel 40-48 fala sobre a visão que o profeta recebe sobre o templo.

Acho que isso é questão de hermenêutica e não de consciência. Não me leve a mal, mas eu
ficaria com a consciência muito mais perturbada se soubesse que minha teologia faz de Deus o
autor do pecado e de todo o mal que existe. Mas isso é outra historia.
Agora vamos a questão dos sacrifícios no milênio e vou dizer por que isso não me preocupa
nem um pouco:

1º - Eu não tenho nada definido sobre esse tema; não estudei a fundo ainda;

2º - Não são todos os dispensacionalistas que creem assim;

3º - Mesmo que todos cressem assim, isso mostraria uma questão de consistência
hermenêutica do método histórico-gramatical, o que falta na escatologia reformada.

4º - Para a ala dispensacionalista que segue a literalidade, os sacrifícios NÃO SÃO expiatórios e
sim simbólicos, como de resto era no AT, convenhamos que nenhum deles expiava
literalmente;

5º - O templo de Ezequiel e todo seu ritual não segue de perto a dispensação mosaica, é só ler
e comparar os elementos;

6º - Se o templo de Ez. 40-48 não for literal (e eu deixo isso em aberto) como interpreta-lo? O
que ele representaria então? Podemos abrir uma discussão para interpretações numa boa.

O problema com método de interpretação escatológico reformado é que ele é incoerente:


quando os fatos bíblicos não cabem dentro da teologia, a tentação é espiritualizar tudo para
harmonizar com a teoria. Quanto aos sacrifícios, eles NUNCA expiaram de fato o pecado, a não
ser que queira contrariar Hb 10.4.

Ao contrário do que vc diz o verbo lembrar está nas versões BKJ, KJS, TBD, VER e outras....

5) Acho que você não leu direito Pentecost, ele diz que há semelhança, mas que a diferença
prevalece sobre ela. Semelhante não é ser igual. Zebras são semelhantes a cavalos, mas não
são a mesma coisa.

6) Essa é a grande vantagem da hermenêutica dispensacionalista em separar corretamente


Igreja e Israel e não confundir as coisas para não incorrer em erros como esses: pegar tudo que
era de Israel e aplica-lo arbitrariamente à igreja. Isso é o que chamo de hermenêutica
alexandrina. Foi por causa dessa hermenêutica desastrosa que muitos reformadores
acreditavam que Jesus de alguma forma era o Arcanjo Miguel.

6) E u pedi para você me dar a alternativa para a interpretação do templo de Ez 40-48, vc me


citou I Pd 2.5,9. É sério isso? Então tudo o que está em Ez 40-48 se resume em I Pedro 2? Onde
o apostolo diz que ali é o cumprimento de Ez 40? Uma coisa é chamar metaforicamente os
cristãos (e diga-se de passagem judeus – Cf. I Pd 1.1) de templo do Espírito Santo, nação santa
e coisa parecida e outra Completamente diferente é aplicar isso como antítipo de Ez.40.

Sinto muito Luciano, ainda vc precisa me dizer qual é a interpretação alternativa de Ez 40-48
que não a literal.

Uma das razões dos judeus não terem aceitado o messias era porque a realidade profética não
cabia dentro de sua teologia, por isso precisaram espiritualizar Is. 52 e 53 e aplica-lo à sua
própria nação. Profecias como Zc 9.9 (animal literal) e Ml 3.1 (templo literal) cumpriram-se
literalmente, mas se fosse por conta desta hermenêutica alexandrina, não poderiam.

É interessante que no século XIX os teólogos da aliança achavam impossível uma nação literal
judaica na palestina. Aplicavam tudo espiritualmente à Igreja. E hoje temos o cumprimento
literal claro desta profecia em um Israel literal.
Em Dn 9.26,29 está claro que haverá um templo e sacrifícios na Grande tribulação, mas para
isso exige-se um templo literal, inclusive para cumprir literalmente II Tss 2.4. É interessante
que tudo isso é espiritualizado por quem não é dispensacionalista, mas....nós sabemos que há,
não só o desejo, mas até projetos para um templo LITERAL judaico em andamento em Israel.

Luciano, preste atenção, denominar a igreja com nomenclaturas do AT não tem nada a ver em
cumprimento de tipos e antítipos. Essa confusão toda que vcs fazem é devido ao erro de
confundir igreja com Israel.

Acho que os dois ensinamentos é como água e óleo. 1844 tem caráter de salvação, é situação
sine qua non para a salvação adventista. Um templo no milenio mesmo com sacrifícios não
tem nada a ver com a salvação das pessoas.....Nenhum dispensacionalista coloca isso como
situação salvífica sem a qual há perdição. Se eles fizessem isso, é claro que caracterizaria uma
grave heresia, mas não há nada disso na escatologia dispensacionalista.

Penso que essa apostasia que vc fala não é a que o versículo traz. A apostasia como abandono
da fé, esfriamento espiritual, enganos seduções, heresias sempre existiram na história. O que o
verso aponta como "apostasia" é algo diferente, qualificador, especial e específico relacionado
apenas com aquela época da vinda do anticristo. Isso serve como um sinal específico. Algo que
acontece geralmente não pode funcionar como sinal.

Mas em que sentido essa apostasia difere destas outras apostasias? Me parece que este texto
não pode se referir a Mt 24.24 sobre "enganar os escolhidos", como vc mencionou, já que em
Mt 24.24 é um evento cronologicamente dentro e perto do fim da Grande Tribulação já com o
anticristo, enquanto que esta apostasia de II Tess 2 vem antes do anticristo.

Mas é exatamente isso que eu quero saber: qual a diferença desta apostasia qualificada com o
artigo "a" e as demais apostasias gerais. Não pode ser a mesma do Anticristo na GT, pois a
apostasia vem antes "sem que antes venha a apostasia" e só depois é "revelado o homem do
pecado". Então temos apostasias gerais na história da Igreja, "a apostasia" antes da vinda do
anticristo e depois teremos enganações, sinais e prodígios (apostasia?) feito pelo próprio
anticristo.

O templo no milênio não é uma doutrina central do dispensacionalismo como o é o juízo


investigativo para o adventismo;

Ninguem deixa de ser dispensacionalista por não acreditar nela, o mesmo não se pode dizer do
adventismo, cuja doutrina é a espinha dorsal dessa seita.

Templo no milênio não é crença uniforme no dispensacionalismo, apesar de a maioria


acreditar nela;

Nenhuma literatura dispensacionalista ensina que os sacrifícios feitos no templo no milênio


são para salvação das pessoas;

Nenhuma literatura dispensacionalista ensina que tais expiações era para apagar pecados;

Nenhuma literatura dispensacionalista ensina que o sacrifício de Cristo foi insuficiente e não
ab-rogou a aliança mosaica, muito pelo contrário...
não existe um Dispensacionalismo fechado, mas diversas variantes agrupadas em
volta de uma idéia central.[3] Repetidamente os detratores do cumprimento
literal esboçam a caricatura de um Dispensacionalismo extremado. 

estou disposto a deixar que o texto fale por si mesmo ou leio o texto bíblico
através do filtro de um certo sistema teológico?

No Novo Testamento não há um único texto questionando a validade das


promessas do Antigo Testamento feitas a Israel. Tudo o que o Novo Testamento
diz sobre Israel e seu futuro converge para sua conversão a Jesus como seu
Messias e a um cumprimento abrangente e pleno de todas as profecias.
Numerosas afirmações (por exemplo, Mt 19.28; Mt 23.37-39; Lc 21.24; Lc
22.30; At 1.6; Rm 11.25-27) reforçam a esperança de Israel porque foram feitas
pelo próprio Senhor Jesus (e depois confirmadas por Paulo).

Teologia da Substituição” 'teologia do cumprimento'.

O Novo Testamento reafirma a relevância futura da nação de Israel (ver Mateus 19:28; Atos
1:6; Romanos 11:26). Reafirma o futuro significado de Jerusalém (Lucas 21:24). Ela reafirma o
significado futuro de um templo em Jerusalém (ver Mateus 24:15; 2 Tessalonicenses
2:4). Reafirma o futuro das nações e dos reis das nações (Ap 21:24, 26). Portanto, não aceito a
premissa de que a nação de Israel é uma entidade que Deus sempre pretendeu que fosse
transcendida. 

Deve-se notar que a crítica de Hanegraaff ao Dispensacionalismo em seu livro, The


Apocalypse Code , liga o Dispensacionalismo com a evolução darwiniana, as Testemunhas de
Jeová, Joseph Smith, Bill Clinton, limpeza étnica e racismo.

(1) o Novo Testamento tem prioridade interpretativa sobre o Antigo Testamento; (2) o Israel
nacional funcionou como um tipo da igreja do Novo Testamento; e (3) o Novo Testamento
indica que o Antigo As profecias do Testamento a respeito da nação de Israel estão sendo
cumpridas com a igreja”.

Jeremias 33:24-26

Jeremias 33:24-26 - “Porventura não tens visto o que este povo está dizendo: As duas
gerações, que o Senhor escolheu, agora as rejeitou? Assim desprezam o meu povo, como se
não fora mais uma nação diante deles. Assim diz o Senhor: Se a minha aliança com o dia e com
a noite não permanecer, e eu não puser as ordenanças dos céus e da terra. Também rejeitarei
a descendência de Jacó, e de Davi, meu servo, para que não tome da sua descendência os que
dominem sobre a descendência de Abraão, Isaque, e Jacó; porque removerei o seu cativeiro, e
apiedar-me-ei deles.”
As palavras dele no livro The Meaning of the Millennium têm toda uma aura
do que chamo de “hermenêutica espiritualizante” – o Novo Testamento
reinterpreta o Velho Testamento, dando a ele significados espirituais, como é
o caso do trono de Davi. Ladd é muito claro em dizer que o trono prometido a
Davi para ser cumprido na terra, na verdade foi transferido para céu, e sua
natureza é espiritual.

os dispensacionalistas progressivos só mantiveram a distinção entre Israel e


a Igreja, mas apenas com relação ao cumprimento das profecias a respeito
daquele povo como nação no futuro. E muitos da teologia da nova aliança
também pensam da mesma forma. O Douglas Moo, talvez um dos mais
famosos defensores da teologia na nova alinça, acredita que ainda existem
promessas para a nação de Israel.

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