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Um Templo No Milênio É Heresia
Um Templo No Milênio É Heresia
Quero começar este artigo elucidando que ele não tem a mínima pretensão de ser um tratado
sobre o assunto, mas apenas um esforço explicativo sucinto afim de ajudar as pessoas a
entenderem a visão dispensacionalista e as razões decorrentes desta visão para a crença no
ensino bíblico de um templo literal durante o milênio. Durante a explanação alguns pontos
importantes serão elencados e espantalhos serão expostos.
O texto em disputa
O texto em disputa na verdade faz parte de uma grande cadeia de capítulos que se encontra
no livro do profeta Ezequiel que vai do capítulo 40 ao 48, perfazendo um total de nove
capítulos.
Estes capítulos tratam da visão que Deus deu ao vidente sobre um complexo a ser construído
tendo como parte central um grandioso templo.
O projeto contém uma quantidade de detalhes impressionante, similar ao que Deus deu a
Moises, mas com uma extensão muito maior. A ordem é que Ezequiel escreva a visão e mostre
aos filhos de Israel para que eles se orientem por esta planta na hora da construção. Contudo
não se tem notícias de um templo com estas dimensões e especificidades na história de Israel.
Ele não se enquadra em nenhum dos três templos conhecidos: do reinado de Salomão, do pós
exílico de Zorobabel e o de Herodes no Novo Testamento.
A Base da discussão
Me parece que a disputa sobre a questão do templo e seus sacrifícios em si é apenas um tema
secundário quando se analisa os pressupostos que emergem de dentro da disputa. Semelhante
à Éfeso temos duas escolas teológicas (Aliancismo e Dispensacionalismo) duas formas de
interpretação (alegórica e literal); duas formas de lidar com a questão de Israel no plano de
Deus (supercessacionismo e sionismo cristão) e dois princípios hermenêuticos (qual a relação
prioritária entre os dois testamentos: quem deve ter prioridade na interpretação?).
1 - Andrew Bonar
Bonar era presbiteriano e pós-tribulacionista. Na introdução do seu livro
“A Commentary on the Book of Leviticus”, escrito em 1846, intitulado The Nature Of
The Book, ele afirma:
2 - Nathaniel West
A obra clássica de Nathaniel West The Thousand Year Reign of Christ, escrita em 1899
inclui um ensaio completo sobre “Os 1000 anos em Ezequiel” mostrando onde Ezequiel
40-48 se encaixa na linha do tempo pré-milenar. Um comentário ao livro no site da
Amazon afirma que “De muitas maneiras, esta é a obra de maior autoridade sobre o
reinado de mil anos de Cristo já publicada em inglês”.
Como um estudioso, a compreensão do Dr. West da vasta literatura de estudo e
interpretação profética nos círculos teológicos europeus e americanos foi sem igual no
século XIX. Durante trinta e três anos de ministério pastoral ativo, ele foi um notável
orador em muitas das conferências proféticas populares.
E mais:
3 - Charles Spurgeon
Charles Haddon Spurgeon foi um teólogo não-acadêmico e pregador batista muito
influente de sua época. Com certeza Spurgeon, que viveu na Inglaterra do século XIX,
não era um dispensacionalista. Em seus dias ele teve alguns embates com a teologia dos
Irmãos de Plymouth, especialmente de Nelson Darby a respeito do arrebatamento.
Spurgeon não cria na distinção entre Israel e a Igreja, era pós tribulacionista e aliancista
pré-milenista.
Entretanto, ele sustentou a interpretação literal da Bíblia. Ensinou que, "O primeiro
sentido da passagem nunca deve ser afogado no fluxo de sua imaginação; deve ser
claramente declarado e permitido manter o primeiro nível; sua acomodação nunca deve
expulsar o significado original e nativo , ou até mesmo colocá-lo em segundo plano.”
Embora Spurgeon veja o milênio como a culminação das promessas de Deus para a
igreja primeiramente, tanto do Antigo Testamento quanto do Novo Testamento, ele
ainda sustentava que Israel como nação teria um papel distinto e especial e talvez até
mesmo algumas das formas de representação de cerimonias do Antigo Testamento
poderia ter sua funcionalidade restaurada. No sermão intitulado Sermão 583- The Lamb
—The Light, ele fez o seguinte comentário:
“Pode haver até mesmo naquele período [milênio] certas assembléias solenes e
domingos, mas eles não serão do mesmo tipo que temos agora - pois toda a terra
será um templo e todo dia será um domingo!”
Certamente ele não era dispensacionalista, ele não faria do milênio o domínio exclusivo
de Israel sem a igreja, nem excluiria o Israel nacional da gloriosa igreja do milênio.
“Acreditamos que os judeus serão convertidos e que serão restaurados em sua própria
terra. Acreditamos que Jerusalém será a metrópole central do reino de Cristo. Também
cremos que todas as nações caminharão à luz da gloriosa cidade que será construída em
Jerusalém. Esperamos que a Glória que terá seu centro ali se espalhe por todo o mundo
– cobrindo-o como um mar de santidade, felicidade e deleite! Para isso olhamos com
alegre expectativa.”
Segundo a explicação de Darby, “se Israel vier a ter sacrifícios, como também um templo e um
sacerdócio terrenos, eles serão apenas sinais memoriais da grande oferta de Cristo”.267 A
(como a visão sobre o Templo de Ezequiel ter sacrifícios literais de animais) são mantidas
apenas por dispensacionalistas. Com relação a este último, observo que nem mesmo todos
os “dispensacionalistas clássicos” acreditavamnos sacrifícios literais futuros, como
evidenciado pela “explicação secundária” na Bíblia Scofield, e que HA Ironside defendia; essa
questão é determinada pela hermenêutica gramatical literal e não por um “sistema” de
“dispensacionalismo”. Além disso, nem todos os pré-milenistas históricos aderiram à Teologia
do Pacto – e certamente não à hermenêutica espiritualizante/alegorizante comumente
associada à Teologia do Pacto/Reforma não pré-milenar.
Recentemente, soube de outra abordagem para entender Ezequiel 40-48. Bem conhecida é a
ideia dos amilenistas e pós-milenistas, de que esses capítulos não têm nenhum significado
específico além de grandes ideias espirituais sobre o que o culto judaico poderia ter sido. Em
contraste, os pré-milenistas dispensacionalistas veem o templo e os sacrifícios como literais,
um pacote.
No entanto, alguns dentro desse grupo realmente adotam uma abordagem inconsistente: o
próprio templo é uma estrutura literal que existirá durante o Reino Milenar. Mas o que é
descrito sobre os sacrifícios e o sistema sacerdotal é um símbolo da adoração que os
israelitas experimentarão naquela época. Os judeus da época de Ezequiel não poderiam ter
entendido a era da nossa igreja, então Ezequiel a descreveu de uma forma que eles
entenderiam. Dan Duncan na Capela dos Crentes (onde o falecido S. Lewis Johnson
ensinou), por exemplo, expressa essa visão em sua série de Ezequiel, novamente por causa
do suposto conflito com a revelação do Novo Testamento, de que Cristo terminou o sistema
sacerdotal do AT. Essa visão é listada como a segunda (não primária) explicação na Bíblia
Scofield, e o dispensacionalista HA Ironside também adotou essa visão.
Achei essa explicação um tanto insatisfatória, por óbvias razões hermenêuticas. Por que
Ezequiel 43 contém descrições tão detalhadas e precisas para algo que é apenas um símbolo
de outra coisa? Como podemos dizer que a descrição física do templo em si é o templo
milenar, mas que a descrição dos serviços ali realizados (sacrifícios de animais) não é literal
e realmente significa outra coisa? Neste ponto, também me refiro à lista de regras de Matt
Weymeyer para determinar se uma passagem é literal ou não.
1. Possui algum grau de absurdo quando tomado literalmente? Exemplo: Isaías 55:12 “as
árvores dos campos baterão palmas.”
2. Possui algum grau de clareza quando tomado simbolicamente? A linguagem simbólica
comunica efetivamente o que simboliza.
Isaías 55:12 possui um certo grau de clareza quando considerado simbolicamente.
3. Ele se enquadra em uma categoria estabelecida de linguagem simbólica? — figuras de
linguagem, etc. Você deve ser capaz de identificar com que tipo de símbolo está
lidando. Isaías 55:12 é um símbolo do tipo Personificação.
Matt Weymeyer aplicou este teste a Apocalipse 20, mas o mesmo pode ser feito para a
passagem de Ezequiel sobre sacrifícios de animais. Podemos entender facilmente que
Ezequiel 43 não parece “absurdo” quando tomado literalmente. Sim, pode ser uma pergunta
difícil de responder, mas a passagem em si não é absurda como a ideia de árvores batendo
palmas. Se Ezequiel 43 é simbólico, essa visão simbólica é clara? Assim como os teólogos
apresentaram muitas “interpretações” diferentes de Apocalipse 20, o mesmo aqui, muitas
“interpretações” diferentes foram sugeridas: que é simbólico para o culto futuro durante o
Moinho. Reino, ou que está descrevendo os sacrifícios reais do período pós-exílico; ou que
toda a estrutura do templo em si não é real, já que não há futuro Reino Milenar. Então
novamente, Ezequiel 43 falha no segundo teste; não vemos um significado claro se Ezequiel
43 for simbólico. Em seguida, o terceiro teste: que categoria de linguagem simbólica é
Ezequiel 43? É uma figura de linguagem, uma metáfora, uma personificação? É claro que as
passagens de Ezequiel sobre sacrifícios de animais não são um tipo de linguagem simbólica.
Uma vez estabelecido, por motivos hermenêuticos, que haverá sacrifícios durante o Reino,
avançamos e abordamos o assunto com mais honestidade, olhando para o significado desses
sacrifícios.
Ezequiel 40-48 fala sobre a visão que o profeta recebe sobre o templo.
Acho que isso é questão de hermenêutica e não de consciência. Não me leve a mal, mas eu
ficaria com a consciência muito mais perturbada se soubesse que minha teologia faz de Deus o
autor do pecado e de todo o mal que existe. Mas isso é outra historia.
Agora vamos a questão dos sacrifícios no milênio e vou dizer por que isso não me preocupa
nem um pouco:
1º - Eu não tenho nada definido sobre esse tema; não estudei a fundo ainda;
3º - Mesmo que todos cressem assim, isso mostraria uma questão de consistência
hermenêutica do método histórico-gramatical, o que falta na escatologia reformada.
4º - Para a ala dispensacionalista que segue a literalidade, os sacrifícios NÃO SÃO expiatórios e
sim simbólicos, como de resto era no AT, convenhamos que nenhum deles expiava
literalmente;
5º - O templo de Ezequiel e todo seu ritual não segue de perto a dispensação mosaica, é só ler
e comparar os elementos;
6º - Se o templo de Ez. 40-48 não for literal (e eu deixo isso em aberto) como interpreta-lo? O
que ele representaria então? Podemos abrir uma discussão para interpretações numa boa.
Ao contrário do que vc diz o verbo lembrar está nas versões BKJ, KJS, TBD, VER e outras....
5) Acho que você não leu direito Pentecost, ele diz que há semelhança, mas que a diferença
prevalece sobre ela. Semelhante não é ser igual. Zebras são semelhantes a cavalos, mas não
são a mesma coisa.
Sinto muito Luciano, ainda vc precisa me dizer qual é a interpretação alternativa de Ez 40-48
que não a literal.
Uma das razões dos judeus não terem aceitado o messias era porque a realidade profética não
cabia dentro de sua teologia, por isso precisaram espiritualizar Is. 52 e 53 e aplica-lo à sua
própria nação. Profecias como Zc 9.9 (animal literal) e Ml 3.1 (templo literal) cumpriram-se
literalmente, mas se fosse por conta desta hermenêutica alexandrina, não poderiam.
É interessante que no século XIX os teólogos da aliança achavam impossível uma nação literal
judaica na palestina. Aplicavam tudo espiritualmente à Igreja. E hoje temos o cumprimento
literal claro desta profecia em um Israel literal.
Em Dn 9.26,29 está claro que haverá um templo e sacrifícios na Grande tribulação, mas para
isso exige-se um templo literal, inclusive para cumprir literalmente II Tss 2.4. É interessante
que tudo isso é espiritualizado por quem não é dispensacionalista, mas....nós sabemos que há,
não só o desejo, mas até projetos para um templo LITERAL judaico em andamento em Israel.
Luciano, preste atenção, denominar a igreja com nomenclaturas do AT não tem nada a ver em
cumprimento de tipos e antítipos. Essa confusão toda que vcs fazem é devido ao erro de
confundir igreja com Israel.
Acho que os dois ensinamentos é como água e óleo. 1844 tem caráter de salvação, é situação
sine qua non para a salvação adventista. Um templo no milenio mesmo com sacrifícios não
tem nada a ver com a salvação das pessoas.....Nenhum dispensacionalista coloca isso como
situação salvífica sem a qual há perdição. Se eles fizessem isso, é claro que caracterizaria uma
grave heresia, mas não há nada disso na escatologia dispensacionalista.
Penso que essa apostasia que vc fala não é a que o versículo traz. A apostasia como abandono
da fé, esfriamento espiritual, enganos seduções, heresias sempre existiram na história. O que o
verso aponta como "apostasia" é algo diferente, qualificador, especial e específico relacionado
apenas com aquela época da vinda do anticristo. Isso serve como um sinal específico. Algo que
acontece geralmente não pode funcionar como sinal.
Mas em que sentido essa apostasia difere destas outras apostasias? Me parece que este texto
não pode se referir a Mt 24.24 sobre "enganar os escolhidos", como vc mencionou, já que em
Mt 24.24 é um evento cronologicamente dentro e perto do fim da Grande Tribulação já com o
anticristo, enquanto que esta apostasia de II Tess 2 vem antes do anticristo.
Mas é exatamente isso que eu quero saber: qual a diferença desta apostasia qualificada com o
artigo "a" e as demais apostasias gerais. Não pode ser a mesma do Anticristo na GT, pois a
apostasia vem antes "sem que antes venha a apostasia" e só depois é "revelado o homem do
pecado". Então temos apostasias gerais na história da Igreja, "a apostasia" antes da vinda do
anticristo e depois teremos enganações, sinais e prodígios (apostasia?) feito pelo próprio
anticristo.
Ninguem deixa de ser dispensacionalista por não acreditar nela, o mesmo não se pode dizer do
adventismo, cuja doutrina é a espinha dorsal dessa seita.
Nenhuma literatura dispensacionalista ensina que tais expiações era para apagar pecados;
Nenhuma literatura dispensacionalista ensina que o sacrifício de Cristo foi insuficiente e não
ab-rogou a aliança mosaica, muito pelo contrário...
não existe um Dispensacionalismo fechado, mas diversas variantes agrupadas em
volta de uma idéia central.[3] Repetidamente os detratores do cumprimento
literal esboçam a caricatura de um Dispensacionalismo extremado.
estou disposto a deixar que o texto fale por si mesmo ou leio o texto bíblico
através do filtro de um certo sistema teológico?
O Novo Testamento reafirma a relevância futura da nação de Israel (ver Mateus 19:28; Atos
1:6; Romanos 11:26). Reafirma o futuro significado de Jerusalém (Lucas 21:24). Ela reafirma o
significado futuro de um templo em Jerusalém (ver Mateus 24:15; 2 Tessalonicenses
2:4). Reafirma o futuro das nações e dos reis das nações (Ap 21:24, 26). Portanto, não aceito a
premissa de que a nação de Israel é uma entidade que Deus sempre pretendeu que fosse
transcendida.
(1) o Novo Testamento tem prioridade interpretativa sobre o Antigo Testamento; (2) o Israel
nacional funcionou como um tipo da igreja do Novo Testamento; e (3) o Novo Testamento
indica que o Antigo As profecias do Testamento a respeito da nação de Israel estão sendo
cumpridas com a igreja”.
Jeremias 33:24-26
Jeremias 33:24-26 - “Porventura não tens visto o que este povo está dizendo: As duas
gerações, que o Senhor escolheu, agora as rejeitou? Assim desprezam o meu povo, como se
não fora mais uma nação diante deles. Assim diz o Senhor: Se a minha aliança com o dia e com
a noite não permanecer, e eu não puser as ordenanças dos céus e da terra. Também rejeitarei
a descendência de Jacó, e de Davi, meu servo, para que não tome da sua descendência os que
dominem sobre a descendência de Abraão, Isaque, e Jacó; porque removerei o seu cativeiro, e
apiedar-me-ei deles.”
As palavras dele no livro The Meaning of the Millennium têm toda uma aura
do que chamo de “hermenêutica espiritualizante” – o Novo Testamento
reinterpreta o Velho Testamento, dando a ele significados espirituais, como é
o caso do trono de Davi. Ladd é muito claro em dizer que o trono prometido a
Davi para ser cumprido na terra, na verdade foi transferido para céu, e sua
natureza é espiritual.