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Fernando Manuel da Conceição Costa

Claustro da Micha do Convento de Cristo


e valorização
contributos para a suo conservação

Orientador:
Professor Doutor Jorge Custódio
" r : ii
Co-orientador:
Professor Doutor João Coroado L 9oo sl
do
Dissertação de Mestrado em Recuperação
Património Arquitectónico e Paisagístico

Universidade de Évora ,2009


O Claustro da Micha do Convento de Cristo
contributos para a sua conservação e valoriZação

Resumo

o claustro da Micha obra do arquitecto João de castilho (l54lll55l), é um dos oito


por
claustros que integram o complexo conventual de Tomar. O presente estudo começa
selectivo, do
fazer tmaabordagem histórica desse lugar através de um olhar, necessariamente
conservador-restaurador. As ocupações registadas, ao longo de quatro séculos
determinaram,

consequentemente, alterações funcionais e estruturais no edificio.


e estrutural,
Essas intervenções deixaram marcas significativas, não só no aspecto estético
Em muitos
mas também na forma como as técnicas e os materiais foram sendo utilizados.
de degradação'
espaços foram identificadas, classificadas e cartografadas diversas formas
Tendo em conta o diagnóstico elaborado, foram realizados testes e ensaios, quer in situ
uma
quer em rochas provenientes das pedreiras históricas, com a finalidade de sustentar
baseados
proposta de conservação e valorizaçáo do edificio de acordo com critérios actuais
e formais'
no princípio da intervenção mínima respeitando as suas características materiais
The cloister of Micha in the convent of christ
contributions to its valorisation and preservation

Abstract

(1541i 1551), is one


The cloister called of Micha work of the architect Joao de castilho
provides a historical
of eight cloisters in this complex convent of Tomar. This study first
approach of this place through a look, necessarily selective, the conservator-restorer'
therefore, functional and
The occupations recorded over four centuries have determined,
structural changes in the building.
aesthetic and structural, but also
Those interventions have left significant marks not only the
have been identified'
in how the techniques and materials have been used. In many areas
classified and mapped various forms of degradation'
and in rocks from the historic
Having regard to the diagnosis made, tests were made, in-situ
quarries, in order to support the proposal for conservation and enhancement of building
intervention in compliance
according to current criteria based on the principle of minimum
with its formal and material characteristics'
Agradecimentos

Primeiramente gostaria de agradecer ao meu orientador Doutor


Jorge custódio pela
como soube motivar-
disponibilidade que sempre demonstrou , até àúltima hora, pela forma
me, e sobretudo pela amizade que construímos ao longo dos últimos anos'
Ao meu co-
que sempre exerceu para
orientador Doutor João Coroado que a par da incansável "pressão"
de todo o tipo
que terminasse este trabalho mostrou constante empeúo no esclarecimento
de dúvidas.
Ao Professor virgolino Jorge e aos meus colegas de mestrado pela generosidade e
compreensão que sempre manifestaram'
Dr'" Amélia
A direcção do Convento de Cristo e todos os seus funcionários em especial à
disponibilizada
Casanovae aomeuamigo Rui Ferreirapelasplantas eportodaadocumentação
o claustro da Micha'
e pelas muitas horas que passámos juntos a tentar "descobrir"

Ao Departamento de Engeúaria Civil do Instituto Politécnico de Tomar, um especial


obrigado ao Pedro Costa, ao Rogério e à Eng'u' Ana Paula'
prestado no estudo
Aos meus alunos Vera Caetano e Marco Costa pela amizade e pelo apoio
das argamassas.
dos ensaios
Às estagiárias Bruna e Liane, pelo rigor e empenho demonstrado na execução
de tantos provetes de Pedra.
Ao professor carlos craveiro pelo auxílio prestado na identificação e caracteização
de

organismos das fachadas do claustro.


informações cedidas, pela
Aos meus colegas e amigos Carlos Monteiro e Júlia Fonseca pelas
já longa amizade e pela forma pertinente como discutem os assuntos da conservação'
pelo incentivo, pelas longas
Um agradecimento especial aos meus amigos Isabel e Luís Silva
e experiências
horas dispendidas, pela amizade inquestionável, pelos muitos ensinamentos
deste trabalho não
transmitidos e ainda por todo o apoio prestado sem o qual a elaboração
teria sido possível.
Mariana que tanto gosto e
Agradeço aos meus fantásticos pais por todo o apoio prestado e à
a quem dedico este trabalho.
Por último, agradeço à Renata pela inesgotável paciência, amizade e solidariedade
demonstrada, pelos desenhos, pelas discussões e por me fazer
feliz.

Muito obrigado a todos!


o cleusrno oe Mlcna oo col,n,elto nr cntsro - coNTRIBL)TOS P{fi-1 .{.sLl4 ('oÀs.IjRl1(io r t-ltoatz-tçÃtt

Íxorcs
INraoouÇÃo. """"""""''
Esrtoo DA Quosr,ka... """"""3
I P.anrr - E*t roRNo o,q ursrÓnL4 oo Ct'tusrno ot Mtcut """""'7
1. Ettgu,tontuzNro HIST»RICI... """""""""7
1.1 . Loctttz,tçÃo Goocn lrtc.t """""""""""'7
1.2. De ocurtçÃo Do LocAL À CONSTuUçÃo ot Mrcnt.....'.........8
oo cuusTRo

1.3. O Angutrrcro JoÃo ot Ctsruuto - ABIRDAGEw atocruírtc't """"""'11


1.4. INrrurNCttS DAS IDEIÁS MODERNÁS NtS COUST1UÇO1S POnrUCuts'sS ot ÉpOCt""'/,9
2. Apnoxtu,eÇÃo Áo ILAIJSTRo Mtcn,t »,t """23
2.1. O cLtusrno ENouANTo LUGAR stMBoLICo..' """"""""23
2.2. DescarcÃo s, ,tNÁrtss ARQUITECTINICA.........."" """"'25
3. EttoLuÇÃo DA »RGANIZAÇÃo osptcttl.........'.."" """"'30
3.1. As pnoponÇÕss: t uÉrarcl E os RITMos. """"""""""31
3.2. A RzLqÇÃo Do CLAUSTR7 CoM EXTER1OR E OS OUTROS ESPAÇOS oo CO1trexro""'35

II PARTE - o Touro, o Lue.tn o ts lNrpnvoNÇoos No cLÁIlSrRO O.t Mtcut..............37


ot CoNstnvlÇÃo s RssrtuRo"""""" 38
1. Bns,ves NorAS soBRE A HISTzRIA
40
l.l . Rasruuno ARQUEILIGICI E RESTAURI csruúsnco"
1.2. Resrtuno Cntrtco...... ....4 I
E DE RESTAURO....'....... 42
1.3. sixrtso o,t ovoruçÃo Dos coNCEITos DE coNsanvlçÃo
ru Ponructr SÉcutos XIX e XX""""""' 46
1.4. Rusr.quno
E FUNCIoNAIs"""""""" 53
2. PruNcpts,süeRAÇÕes ESTRTJTURAIS

53
2.1. PruNaun .tnen qÇots loouflrtc,qo,4s.........'..."'
)) Ournts OcuptÇods REGBruDÁs No Ct,qusrno ot Mtcut 60

2.3. I NronroN ÇoES REA LIZA DAs rvo sÉc. XX.............

3_ cmlcrsntztÇÃo oos MATERIA\| E rÉcNtcts ]qN}TRUT|VAS.....................,

3.1. DsscruÇÃo Do :LAUSTRo E suA ENI/oLVENTE"""""

3.2. Mtrmltt s o Tac N tc,ts C oN srnun vts .......... " "'


3.2.1 . Awet'urul..
?)) Pttlnts, 11LIJNAS, ARCos E ÁB)BADAS....

3.2.3. Ptvt uouros E coggRTURAs................


cnlsrcl - ]}NTRIBLtTOS PlR.4 .1 sL'A (oÀsÊÂl'I('',io t ttutntz"tç-"itt
o ct,,rusrn0 u,q Mtcrta. Do coNVllNTO OE

.76
4. ENgut»n tuoNTo GEoLoGICo E CLIIL|TICo'
.76
4.1. A Gdotocr,c.....
.77
4.2. O Cuue..........
or coNsenutÇÃo e v',ttoruztÇÃo oo cttusrno ot
III PARTE - B.esps pARÁ UMA PROPOSTA
82

t. DttcNosrtco Do ESTADI ot CousnnutÇÃo"""""" """"82


FACHAO',tS""""""""82
l.l. Fonuts ot urmeÇÃO Z OsCnt»tÇÃo 1DENTIFICADAS NAS
1.1.1. MtpatueNrO DÁS FORMAS »O UrilntçÃo o »tcuotçÃo IDENT\FICADAS"""""""'92
1ú,{s GALARIAS Do
1,2. Fonu,ls DE ilrsRAÇÀo e »ecalolÇ,io IDENTIFICADAS
cLALtsrRo... """93
NOS TERRAÇOS DO CLAUSTRO
1.3. Fonu.ts ot nromçÃo t odcruuÇÃo IDENTTFICADAS
...100
DÁ Mtca,q.
O.ts Ácuts PLUVIAIS' DOS MICRORGÁNISMOS E PLANTÁS
2. ANÁLtso E CARÁCTERTZAÇÃO
...............101
IDENTIFICADOS NO CLÁUjTRO.........'
..._...........101
2.1. Acu,qs Ptuttt,s;s.....
....._.........102
2.2. MtcnonctNtsuos E PLANTAS""
DE TRABALHO E TECN\CÁS DE LEVANruMENTO O NTNruTICIÇÃO
2.3 METOOOTOCIAS
.....103
UTILIZADAS..
»'t Mtcut" .....104
2.3.1. Onc,qNtsuos IDENT;FICADII No ILAUSTRI
.....104
2.3.1.1. LiguoNes....
,.....107
2. 3. 1.2. Lrcts.........
......107
2.3.1.3. Foauts BACTERIANAS
.,,,..j,08
2.3.1.4. Muscos E FEros.....
pneyMrNÁRES PARÁ SUPORTE DA PROPOSTA DECONSERV'qÇÃo o v',qtouzAÇÃo'
109
3. Esruoos
Poonr,tnts utsToRrcAs DETOU,qn, LAVRA DAS PEDRAS OO cttusrno u Mtcul""""' 109
3.1.
NO CLAUSTRO DA MtcHA""""'112
3.2. ctntcrtruz.tÇÃo oos Trpos DE ROCHAS PRESENTES

3.3. DrunccÇÃo oa Rtto-X.. """"'115


3.4. IlNtAxtAL"""
Restsrtxcte À coupnossÃo ""1i,8

3.5. Ponostotos, ABERTA-....... """'120


3.6. Coertc»NrE, DE >APILARIDADE......""""
""123

3.7. Vorocntoo »o PnoptctÇÃo oe lJtrru-sows' """"""'124


3.8. Anctu,tssts """' 131
II
ocleusrnoo.rrMrcHeoocoNvr,ltope cntsro -i:'}NTRTBL)TOSHR-. .1 sL'.|r'rr,l.sl,Rt:l(:io or'tt-ctatz"t(''io

DE CONSER|AÇÃO E ,ALONZAÇÃO DO CLAUSTRO DA


M1CHA"""""""""" 1 39
4. Pnoposru I

pARÁ A soLuÇÃo Dos PR)BLEMAS IDENTLFICADOS


4. t. Norts sonno A METIDILIGTA rJTrLrzÁDA

No Cr.tusrno DA Mtcnt-..."" """'140


4.1.1. PsncunsoootNrERvENÇÃo """140
4.2. INTERVENÇÀI""""""
Pnoposrt DE """""141
4.2.1. Tosrtsruonnq- MÉrooosoTocNtcts"" "'142

4.2.2. RtuoçÃo DE ELEMENT»I urrÁtrcos"' """'143


4.2.3. Pno-nx,tçÃo, Fu,qÇÃo e Cottcou' """""'144
4.2.4. Pat-coNsottotçÃo/coNsottotÇÃo"""' ""145

4.2.5. LtuPrzt...... """"146


4.2.6. Anonruru E REFECHAMENTI DE JIJNTAS"""" """""""'147
4.2.7. PnroNctttuoNTo DE LAC(JNAS, MICRI-ESTUCAGEM""' ""'147

4.2.8. VoLuuÉrRICÁs""""'
RrcoNsrrrurÇots ""'148
4.2.9. Rosocos....- """""149
4.2.10. YtsrÍcns oe Pottcnoutt """'149
4.2.11. PnorecçÃo E ACABAMENT»"""""""' """"150
4.2.12. A luponrtNctA DÁ MtNurcNÇÃo e MoMroúz'sçÃo oos TRABALH\S"""""""""" l5 I
4.3. C§ronN,s.... """'151
4.4. OüoNr.qÇoes nsrnArÉCtc,ss PARA retOntz.tçÂO »o Cttu5rno"""""""""""""'152
Cor,tcrusÕns. """"""154
Btsrtoe n,'qFu............ """"""""157
Foures M.eluscntrts....'......""' """""'157
FoNrrs lupnrss,qs... """""' l 57
,...,,,......1 70
Nonuts......
Cmrts o Cot'tYoNÇÕes """"170
t72
Sinos ot lNrsnror..........

III
»r CntStCl - CONTRIBLTTOS PAR'4 ''t SL'4 cU'tSrRt'tçiO t t:tUtntZ'tc"itl
O CleUsrnO On MtCHa »Cl CONvENTO

ÍNorcn DE ANExos

Axoxo 1-Qu,eDRoCRONOLOGICODACONSTRUÇÃOEDAEVOLUÇÃODASOBRASDO1LAUSTRODAMICHA'A
.B
Axzxo 2- P LtNTÁ ESQUEITí,|TICA DosrtPos DEC APITÉrs" " "'
CsrctntNo EM DIVERS}S ELEMENT}S Do Cusrno o'q Mrcut"'C
ANrxo 3 - ApuctÇÃo Do PALM\
D
ANaxo 4 - Nonu,q's e Ctnrls lNrr'w'qctoNt1s" " " " " " "'
NO SÉCUTO XX PTII DGMN' ,F
ANDXO 5 - DINOS ,ISSINALADOS E OBRÁS REALIZADAS
,.J
ANzxo 6 - Dtoos CLtt'tirtcos.

........M
AN nxos ForoenÁctco..............
M
oo ArÇ,qoo Sut, NovtunRo DE 2009"""""
IAPITEL
(oN»r uN»t sÃo vtsirus vosricrcs
Asprcro GERAL Do poRTAL 1NTERTyR oo rosrÍnuto
pRot/AM A ANTERT»R EXTITENC)A DE UMA PORTÁ NO LOCAL' Noveunno oo 2009""""'N
QUE

Asprcro GERAL DO ANTIGO rnsrisUtO DO CONVENTO, NOVoMnnO or 2009""" """"""""""'N


íJut cotuNt ENCASTRÁDA NIJMA PAREDE tNTERtoR DA
1ASA DO D' Pnton (rcutL AS EXISTENDES

NA ESCADA DE CARACOL \Ur OÁ,tcnsso lo Tenn'tÇo NtscnNr|' NOVOUnno oe 2009""" """"'N


SUPORTA,AM A ESTRItTIIRA DE IIMA ESCÁDA DE Á]ESSO ',to
ptso 2 ot
coLuN,q E ARQUffRÁvE QUE
50 »o sÉcurc xx ttuMA DA mrrnvoNçÕos o't
DGEMN
cÁsA DO D. Pruon (»otoutot NOS ANOS

Noveuano oe 2009..... """"'N


c*rnt oo AtÇ.eoo Nonro EXIBINDO A DA\A on l54l, Novounno or 2009"""""""""""0
cH,syrooAnoato.totGtmnuPooNrocoMADA\ADe I 542,NOvnunno»02009"""""""""""o
ACTIJALMENTE DENOMINADA DE SALA DAS
TALHAS'
ASPXCTO GERAL DA ANT|GA CASA DO AZEITE
o
Norounao oo 2009.....
o
Vsrt cratt Do ESPAÇo DA coztNHA, Novsunno m 2009.

Asprcro GERAL DO ESyÁÇO DA CASÁ OO


pÀo ou F»RNO, NOVtUAno or 2009""" """"""""'o
DO DA CASA DÁ PROCURADORIA, Novtusno oo 2009"""""""""""0
Aspocro GERAL ESpÁÇo

vtsrt oent DO CORRED}R DE ACESSO lS stLqs oo Novtcttoo r ctrstA DOS RUS Mtcos'

Novouano or 2009..... """""P


Asprcro GERÁL Ot c,tpott oos Ras M.tcos, Novounno oe 2009""' """""""'P
ÁCUI DE
,,RUN
OFF"' JULHO OT 2004"""""""'P
ASPICTO GERAL DO SISTEMÁ DE COLHEIRA »N
CI'AUSTNO OT SMTI
PONUOUON DAS NERVURÁS E CHAYE DE ABOBODA OI G'ITTN'q DE ACESO 'qO
Novousno or 2009"""" """P
Bme.tnt QuNro t coztNul, EXIBINDO VOST|CTS »O POLTCROMIA,

CONTRÁFORTE OO AtÇtoo sut' Jutuo oe 2004"P


PonuoNOn DÁ coLHEtTA DE ORGANtsMos NUM
IV
O Ct-eursrno p.q Mtc'Ha oo CoNvelro »e Cnlsro - coNTRIBUTos p4R--1 -4 sL:-t (o,v.sc'Ât:Jcií) t t.-ttpn;z.t<'.io

PonunNon DA coLHErrÁ DE AMIyTRAS DE poLrcRoMrA, úJLHI or 2004..... ......P


Ponuruon DE LtM cAprrEL Do ALÇADI SuL (vnsrÍctos DE poLrcRoMrA soBRE A coNCREÇÃo

cÁLCÁRrA coMpRoMETAM A suÁ oRrGrNALrDAoc), Noruuano oa 2009... ................0


PonusNon DE srsrEMA coNSTRUTrvo DAS ABzBÁDAS coM TIJzLEIRA Ao curElo (coztNut oo
CoNruNro), Nornunnoor 2009.......... .......................0
Anos,4ol oo ALÇtoo Ntscstos coM EVTDENTES MÁRCAS DE TNFTLTRAÇoas pnorcNrcxrEs Dos

TERRÁÇos, Norouano or 2009..... ............0


Vrcru oo Cuusrno M Mtca,q (eNos 50?) coM o ttosriauto E ESpAÇo DA ANTIGA ;AIARATIA

AINDA F8CHADO.............. ........À


OaRÁ oo nocueoruçÃo DA IzBERTURÁ DAS IALAS Do Not4ctADo, 1954 s
Vrcrt oo Cbqusrno o,s Mrcat AINDÁ coM A ESCADA DE ACESSI Ao 2" ptso ot C,tst oo D. Pnton

E UMA VARANDA NUMA DAS CELAS, SEM DAru.... ,...........7

ANnxo Gn,írtca.... .......................U


PuNru ot CtsrpnNt oo Cuusrno ot Mrcat .CM_01_PLANTA/P0
PuNrt »o Prso 0 »o CL.tusrRo DA Mrcut........ ...........CM_02_PLÁNTA/Pl
PL,tNr,q oo Prso I oo CrtusrRo DA Mrcnt........ ...........CM_03_PLANTA/P2
PuNr,t oo Prso 2 oo CttusrRo DA Mrcut........ ...........CM_04_PLANTA/P3
PuENru oeCoatnrunt ooCttusrnoo,q MrcHA............ .......CM_05_PLANTA/P4
LrruNrtumro Do AtÇtoo Nlscer,tro oo Cuusrno »t MIca,t.............CM_06_ALC/NAS
LnruxrturNro Do Atçt»o PoeNrt oo Cuqusrno ot Mtcut............CM_07_ALC/POE
Ler.uvruusuro Do Atç,roo Nonre oo Cttusrno ot Mtcu,t............CM_08_ALC/NOR
LrutNrtuoxro oo AtÇ.too SuL Do Cttusrno DA Mrcut.............CM_09_ALC/SUL
RrcoNsrtrurcÃo Cot'uscruntL Do AtÇ,too Pottttre Do Ct,tusrno DA

Mrca,t........ ................CM_10_ALC/POE
Rscot'snrwÇÃo CoNLacruncL Do ALÇtoo Nonro Do Ct.tusrno DA
Mtcue. CM_r1_ALC/NOR
LruNrtuoxro DAS AnantçÕes Supenrtutts »o AtÇ,coo Ntscsure oo Cttusrno ot
Mrcu.q........ .................CM_12 _ALC/NAS
LoutxrtusNrootsAuan qÇoosponRupruruouDtstur,tÇÃouoAtÇtooNlscsNreooCttusrRoDA
Mtcut........ ................CM_13_ALC/NAS
LewNruueuro ots Affen qÇoas pon Ponot oo Mtrsru.tt No AtÇ,too Ntsce Nre oo Cttusrno o,q
O Crausrno ol MrcHa oo CoNvrNro pe Cnlsro - :zNTRIBUT()s PAR.4 .t sL'.l ((.)À..tERl:-ÍÇ.io E l.lLoRtzÁ('.io

Mrca.t........ CM-14-ALC/NAS
LowNrtuoNro DE Ourn cs Antn^eÇÕoS No Atçtoo N,tscsyrt Do CLtusrno DA

Mrcu.t........ ..--.............CM-15
-ALC/NAS
LortNrtuexro DAS AnontçÕos Suponncuts oo ALÇtoo Pooxrz oo Ct'tusrno »A
Mrcu.t........ .--........-....CM-16-ALC/POE
LautNruuoNro o,tsAnrntÇÕos ponRupruruou DtsLuNÇÃo uoALÇtooPooNro ooCt.tusrno »,t

Mrcat........ ...............CM-17
-ALC/POE
Ltrtxruunr1ro ots AnentÇoos pon Prno,q oe M.trznt,tt No Atçtoo Poottrt »o Cttusrno ot
Mrcat........ .-.............CM-18:ALC/POE
Loruxruueuro DE Ourrus Aünn,qÇÕ$ No Arc,qoo PoeNro Do CLtusrno DA
Mrcat........ -ALC/POE
.......-........CM-19

Lou,sNrtunNro o.ts AnrntÇÕos SuprnFICtAIS oo Atçtoo Nonro Do Ct,susrno DA

Mrcat........ ...............CM-20-ALC/NOR
L r rt Nrt uot t ro o t s A ne n tÇ ors po n Ru pru n t ou D t st u NÇ,io uoÁ tÇ t oo N o nrt o o C t,s u srno ».4

Mrcrut........ ...............CM-21
-ALC/NOR
LrrtNr,qurNro ots ALroruÇÕos pon Peno,s oe Mtrzrutt wo AtÇtoo Nonrc oo Ct.susrno ».a
Mtcu.t........ ...............CM-22
-ALC/NOR
LettturtueNro DE OurnEs AneatÇoos No ALÇ,too Nonro Do CL,susrno DA

Mtcnt........ ......'........CM-23-ALC/NOR
LowNruumrO DAS A7on,cÇOos SUpsnmUns DO AtÇ.t»o Sut DO CuquSrno DA
Mrcu,t........ ..-.............CM-24-ALC/SUL
LryzNrtueNro o,ts Aoon qÇoes pon Rurrun E ou DtsLuxÇÃo No AtÇtoo Sut oo Ct-susrno o.q

Mrcu.t........ ................CM-25-ALC/SUL
Lowwrtuexro DAS AnmtÇoos pon Prno,c oo MArcN.qt uo AtÇt»o SuL oo Cttusrno o.t
Mrcu.t........ --..............CM-26-ALC/SUL
LeytNrturxro DE Ourrus AUen cÇoas No ALÇ.t»o Sut Do Cttusrno DA

Mrcu.t........ '..............CM 27-ALC/SUL

VI
o creusrno oR MIc'Ha oo corvcrto »l' cRlsro - c'oNTRIBUTos PÁR; '1 sL"4 c-oxsmrtç'to r t'tt-ctntz'tç"itt

ÍNotcn DE FIGURAy
Frcun c l. CoxvoNro DE CRISTI E NúcLEo IIRBANI DA CTDADE DE TIMAR. ............07

Frcunt 2. CoNLuNro Hrroruco oo Coxt tt'tro DE Crusro o C,ssrrrc TouptÁnto, LocALIZAÇÃo

Do CLAUSTRo ot Mtcut ,,.......10

Frcunt 3. ALÇ.toos NtscENrE r Mtcu,t...


Sut oo CLqusrno ot ...........18

Frcunt 4. Atçt»o PooNrt oo CttusrRo DA Mtcu,q........ .....................24

Frcunt 5. G,qLenu NtsceNro oo Cuusrno N,t Mtcn,t .....26

Frcunq 6. ALÇtoo Nonrs oo Ct,tusrno ot Mtcnt ..........27

Frcunq 7. Stsrsu,q ESTRUTURAL DAS ABIBADAs oo Ct.tusrRo DA Mtcat....... .........29

Frcuru 8. Ttpos »r C*ton ENCINTRÁDI ttos AtÇtoos oo CLtusrno o.n Mtcu,q......................29

Frcunt 9. Foro oo Arçtoo Sut oo CL,susrno »t Mtcu,q ....................30

Frcunc 10. Cotuxt E TRAMI ENTRE IzNTRÁFzRTES E ÁRCos cou *uctçÃo Do MzDIJLI oo P.ttuo
CtsrrLntNo .............. j2
Frcune ll. PnoponÇÕss AzLICÁDAS No AtÇ,t»o Sur............ .................32

Frcune 12. PL,qNrt oo Ptso I cou t ,qpuc,AÇÃo Do MIDIJLI C,qsrem.Auo, FoRMADo PoR SuADRADos
IIMARESTA IIRRESIzNDENTEA 9 p,stuosC,asrELHANos.. ..-......3 3

Frcunq 13. AtÇ.qoo Sut cou t tpttctÇÃo Do MoDULo C$rtm,sNo, FzRMADI PoR SuADRADos coM
ARESru coRRESpoNDENre .q 9 pALMos Cnreut,qNos .........34

Frcuru 14. Esroneoroutt oo P,swurNro oo TrnncÇo AtÇ.too Ntsceura t »o P,qwurNro Cts,s »o


D. Pnton.... ................56

Frcun,t I5. VesrÍaurc ÁBAIxo DA :ASA oo D. Pruon......... .................58

Frcunq 16. Escl»t DE :ARACIL, ACESSI Á ctst oo D. Pnton......... ........59

Frcunt 17. Conre toNctruowlt,At,c,N,l,sceyrc,CsrmN,loAtcPooura... .................ó5


Frcuru 18. INronton DA ctsrERNA.... 66

Frcunq 19. Ftcntu Nonro Do Do CoNtoNto »e Crusro E ACESSI to Cttusrno o,t Mtcut............66
Frcun l 20. Esguzu,l REzRESENTATITI Do coRTE TRANSzERSAL DA ALA Nonrt. .....67

Frcunc 21. Esgueut REpRESENTTtvo Do coRTE TRANSTERSAL DA ALA Ntscevrt......... 68

Frcunt 22. Esgu ou.l REzRESENTAT:nI Do coRTE TRANSTERSAL DA A1A,Su2.................. 69

Frcunq 23. Eseueut REpRESENrunvo Do coRTE TRANSVERSAL DA ALA PosNrl.............. 70

Frcunq 24. Donutroruo Do NovtctADo................ 74

Frcunt 25. Esaoço GEoLoGtco - toctttztçÀo DAS plDRltRAs................. 77


VlI
O Cleusrno oa MrcHa ocl CoNvnNto »e Ctlsro - coNTRIBu'T()s pÁR.t -t sLt-4 t'o»smttÇ.itt r t.tutntz.tç.itt

Frcune 26. AructçÃo ot C,tnrt sot .tn »o PonTUGAL CoNnxoxrtL, ENTRE oS PAn qrcrcs 40" s 39'...79

Frcunq 27. Ros,t oos vENros pARÁ o pnúooo or Snotnno oe 2008 t Ouruano oo 2009.........80
Frcune 28. DmmrcÃo / DcuurctÇÃo DA zoNA EM luE INCIDE A PRoPosrA. ............83

Frcune 29. AnoruÇÃo 1IJ1ERFICIAL 1BSERVADA No Atçtoo Sut oo Cttusrno ot Mtca,q.............92


Frcune 30. ALrnruÇÃO pOR zERDA DE MATERIAL OBSERT/ADA ttO AtÇ,qOO OO CtaUSrnO ol MtCat...-92
Frcunq 3l,. AusRAÇÃo poR RUprnRA E ot u uNçÃo oostnruot NoAtç.too Sut oo C tt usrno ot Mtcne. 9 3

Frcuae 32. Ournts .tLrnruÇoos 1BSERVADAS No Atçtoo Sut oo Ct.tusrno ot Mtcu,t......--.....93


Frcunt 33. Vsrt oo rERRAÇo NASCENTE Do Ctlusrno ot Mtcat........ .................-'.100

Frcun. 34. Cntonort,s I:JLGARIS..... ...-.....--..107

Frcune 35. Htnutrococus............ .............107


Frcune 36. Aot,tNruu :AzILLIJS..... ..........-..-..108

Frcunq 37. OxvnnavxcnnlM RUSCIFzRME.............. ...........108

Frcun 38. Aspecro GERAL Do IALE eul sE FIRMA Á pARTtR DAS ENCosrAs ol FoNrn Ptto Nulos..l I3

Frcune 39. PLqNo DE uMA DAS qEDREIRAs »o FoNrn P,tto NuNss. ..--....114

Frcunc 40. POn UZwOn DA zEDREIRA COM MARCAS DE FERRÁMENTAS USADAS r,lnl OXrn,tçÃO OOS

BLocos....... ............1l4
Frcunq 41. Pnors,re, 4t cou FERRz..-......
E oxI-HIDRoxtDos DE ........119

ncun,q 42. Pnorrrt 2t I rnqcruRÁ IEGUNDI o vEIo DE cALCtrE zspÁrtct..... ......120

Frcunq 43. Exstc,soon coM pRovETES No vÁcuto / Pns,sceu Dos PRzI/ETES .....--..-l2l
Frcun,s 44. PostctotttueNTo Dos TRNSDUTzRES, ENSAto tN stru........ ....126

Frcuru 45. POStCtoNlunNTO DoS TRNSDLTTORES, ENSATO NAS AMOSTRAs DIS PEDRETRÁS ........126

Frcunt 46. M,tpotuoNros o.ts Auosrnts No Atç,too NzRTE.... ......127

Frcunq 47. M,qpc,AMENros »ts Auosrnqs No AtÇtoo PoeNrs... .......127

Frcune 48. M.tps.tutxros o,ts Auosrnts t'to AtÇtoo \ut......... ........128

Frcunc 49. M,qpetuoNros ots Auosrnts No Atçtoo N,tsceure -...-.'.-128

Frcune 50. M,qpr,aMENro DA LocALtzAçÀo ot RECzLHA DE AMosrRAs N,q G,4rcNl §ur............ --'.129

Frcunc 51. DtNos cAUSADos poR urtLtzAÇÃo oc ARGAMASSAS TNADEQUADA§................. ..... I 32

VIII
O Cr-r.usrnct pe Mtcua o<t CoNvntt<l on Cnrsro - :zNTRIBL'TI.\ P..tR.4.t sL:-t ('oÀsttn,l{(:,io e r'.,tutntz,.tç'.io

Íxorcr DE QuADRos

Queono l. CnoNotoctt DA IBRA DE JoÃo oz CsnLno/ Angutrecro E MESTRE-DE-zBRÁ*........15

Qutono 2. Fonu.tsoo.tnrntçÃosuronnatLIBSERVADASNosALÇADosDoCLAUSTRoo,tMtcn.t....34
poR zERDA DE MATERIAL IBSERVADAS Nos ALÇADos oo CL.qusrno
Queono 3. Fonu,cs oo rurnneçÃo
DA Mtcn.s........ ......-..86

Queono 4. Fonu,cs oo.anrruçÃo ron RUpruRA ou otsLuNÇÃo zBSERVADAS Nos ALÇADos Do Cuusrno
ot Mtcat.. -...-..........-84

Qutono 5. SÍNross DAS FoRMÁs or ,tnentçÀo poR GRA: DE INTENSTDADE IBSERI/ADAs uo CLtusrno
DA Mtca.q........ ........-91

Queono 6. Fonu,qs oe tnzn tçÃo sueonFrcrAl IBSERVADAS NAS GArcnus »o CuqusrRo DA Mtcne.. .94 .

poR zERDA DE MÁIERIAL zBSERVADAS NAS GALERIÁs oo Ct,tusrno


Qut»no 7. Fonuts ot urontçÀo
DA Mtcn.q........ ......-..95

Queono 8. Fonutsoe .enontçÃoeonRr-JpruRA ou »tuuuçÃozBSERVADASNASGÁLERIASDoCuusrno


Mtcu.q..
o,t -...-...........97

Qumno 9. Ltsrtctu ot tigueNts rDENTrFrcADos No ALÇADI E GALERIA oo Cttusrno »t


Mrcn.q. ..-...106

Qutono 10. Rrsuffsoos DA sEMt-euANTtrtc,sÇÃo DAS FASES :RISTALrNÁs IDENTTFICADAS Nos

Durn.1c,ques................ ............117

IX
C) Cr-arrsrno DA Mrt'HA oo CoNvnNto DE CRIsro - :zNTRIBL)T()s PÁR.4 ..1 sL'-1 ( o,\rr ?l:íC,i() E l',tLoRlz.4ç'.io

Ír.rorcn DE GRÁFICos

GnÁnco l. H$rocncu.t PturlouÉruco - Serounno os 2008 ,t Ourunno oo 2009...............80


Gnqrtco 2. DurnqcMASDAS AMIITRAS Do CLAUSTRo ».t Mtca.t ......-..-.116

Gninco 3. DnTT;MASDAS AMosrRÁs zRInENTENTE DAS qEDREIRÁs ot nectçÃo ....116

Gnirtco4. DuTTcMASDASDAS:AMÁDASDEPILICRzMIÁ. ...............-....117

,X
O Cleusrno oa MtcHe oo Co:,rvENro ot: Cntsrcl - c'c)NTRrBLtro.s pAR; .t sL'.4 {'r-r,vsrRt:lq,:-ir.r t t..tusntz,tç ict

ÍNorcn DE TABELAs

Tnstt l. AuÁttso DA IzNDUTTzTDADE E Do pH DAS ÁGUAS DA IHUVA IzLECTADAS No CLAUSTRI

DA MICHA.. 102

Turtt 2 Vttoass ol ntstsrÊNcu uocÂNtc,s À coupnnssÃo DAS AMosrRÁs DAS qEDREIRÁs oe FoNrg

ot Ptto Nuxos c FoNrc »o C.ttoonio .......119

Tntt.a 3 V,trcrus oBTrDos E cALCULADos Do IILLIME E MÁssA cotuuÉrruct psto MÉro»o


PrcNouerno........ ..........1 22

Ttaou 4. Rssuu,toos Dos |NDICES Fistcos pELo Mnrooo oo PtcNounno ..........1 22

T.tadL.t 5. VtLonrs DA ABSoRÇÃo ot Áou,t poR cAptLARtDADE.......... ..........1 24

TtssLa 6. Rosuuo DAS vELoctDADES DE pRopActçto tw aru ,,..,..,,.130


T.taota 7. Resuuo DAS zELI:TDADES DE rnoructçÃo NAS AMosrRAs................ .....130

T.taett 8. Ctn,tcrenÍsrtces MncÂNtcts s FÍstc.as o.ts Rocuts Rrcotnots u,qs PsonowÁs..l3l


T,tsdtt 9. Mtou DA vELoctDADE DE Pnoptc,cÇÃo oos Unn,t-soNs Nls Auosra.qs aBTIDAS NAS

FACHADAS oo Cttusrno ol Mtcne .................131


Ttadt.a 10. FonuuLcÇÃo DAS ARGAMASSAS pÁRÁ axacuÇÃo DE pRovETES PARÁ 8N5A1o...........132

Ttaeu 11. Rosuntoos oBrrDos Do ENSSATI os neysrÉNcu À ruxÃo EM pRovETES ,tpos 90 ot,ts
DE CURA 134

T$zL,a 12. Rnsuntoos oBTrDos Do ENSSATz DE RgstsrÊwct.t À coupnsssÀo EM pRovETES,qpos 90 ot,ls

DE cuRÁ..... .............-135
Ttaott 13. Vltones »o et't sl t o oe,c asonÇÃo ot Ác ul pon cAp I LA Rt DÁDE E F ECTUADqS soB RE os PRovETES

DE ARGAMA55As................. ..........136
T$dLa 14. Reotsro Dos IALIRES oBTIDos No ENSAto DA MovtMENruÇÀo oe s1,1s............ .............137
T,qaett I 5. Siuroso DAS :ARACTERI;T:AS uecÂutcts eos 28 DtÁs E eos 90 otes (MPe), Coomü-

ENTE DE C.tnttruotos eos 90 otes (Kc/tri.ut/2) o Mtss,t DE sAts........ ...137

,\I
O Cr-.qusrno »a. MrcHa »o CoNvnNrcl or Cnlsro - coNTRIBuros PÁR.4 .4 sL'.l r'o»smrtç'Àtt e r.tnatz,tç-Ãtt

InrnoouÇÃo
Circunscrito o objecto de estudo ao claustro da Micha, do Convento de Cristo em Tomar,
com o propósito de apresentar contributos para a sua conservação e valorização, fomos
confrontados com a necessidade de delimitar e de clarificar o posicionamento mais adequado
perante um conjunto de valores em presença no domínio dos bens culturais do património.

É sobretudo a partir do século XIX e principalmente durante o século XX, que o valor
atribuído aos bens culturais como testemunho valioso da história da humanidade veio a
influenciar decisivamente a evolução dos critérios de conservaçáo e restauro. Esta evolução
prende-se, em grande medida, com a preservação de vários tipos de objectos de uma forma
mais íntegra, onde se respeitam, não só, as suas características materiais e estéticas, mas
também as contribuições que a história lhes foi acrescentando, isto é, o valor estético e o
valor histórico assumem igual importância.
O deficiente coúecimento histórico de um edificio pode conduzir, muitas vezes, a

intervenções que se podem vir a revelar totalmente descaracterizadoras das marcas deixadas
pela passagem do tempo, levando à criação de falsos históricos.
É neste sentido que na primeira parte do nosso trabalho, "Em torno da historia do claustro da
Micha", decidimos fazer wa abordagem à história do edificio mais focalizadano próprio
edifício como documento, através da sua análise arquitectónica, da sua utilização, da evolução
espacial e da relação do claustro com o restante monumento, tendo como objectivo, facilitar
a identificação das principais causas que contribuíram e contribuem para a degradação do
edificio, com a finalidade de conseguirmos delinear uma estratégia coerente paraaelaboração
das bases para uma proposta de conservação e valorização do claustro da Micha.

Nestas circunstâncias a relevância do conhecimento histórico do edificio reside no manancial


de informação que nos permite analisar a sua arquitectura, a sua utllizaçáo, a evolução
espacial e da relação do claustro com o restante monumento, na medida em que pode facilitar
a identificação das principais causas que contribuíram e contribuem para a degradação do
edificio.
Por outro lado, os conceitos de valorização e preservação do património cultural e natural,
numa relação sistemática com os problemas da conservação e do restauro dão-nos um
contributo valioso para que consigamos delinear uma estratégia coerente que nos permita
elaborar as bases paraaproposta de conservação e valorizaçío do claustro.
O Ct.errsrncr »e MtcHa oo CoNvENro DE CRrsro - L'oNTRIBLiro.t PAR.,I Á sLt.4 ("o.\58Ât:{Cií) E t'lLoRtz.4Ç.io

A observação directa, através de inspecções sistemáticas ao local, e arealizaçáo de análises


fisico-químicas possibilitaram o recoúecimento, a dimensão e o grau de degradação dos
diferentes elementos arquitectónicos, assim como facilitou a identificação das manifestações
e causas dos problemas presentes no edificio.

Não é nossa intenção apresentar um projecto detalhado de conservação e valorização, mas


sim reunir um conjunto de informações, reflectir sobre elas e delimitar um conjunto de linhas

de orientação gerais que permitam, se assim alguém entender, avançar para a elaboração de
um projecto de obra mais abrangente, onde deverão ser chamados a intervir outras disciplinas.
Assim, os contributos presentes neste estudo circunscrevem-se ao estudo e apresentação de
aspectos que, embora incontornáveis, não são, por si só suficientes para o desempeúo de
um programa futuro que enceÍre as várias dimensões de conservação e valorizaçdo presentes
num complexo monumental com este valor. O domínio da história e as condicionantes
que provocaram e provocam a degradação do edificado são apenas algumas das variáveis
que, numa perspectiva de confluência de interesses e expectativas, deverão configurar a
valorização do claustro da Micha.
Para a elaboração do presente estudo prosseguimos com os seguintes objectivos:

- Estudar a história do Claustro integrado e relacionado com o monumento total.


- Analisar a arquitectura do claustro e a sua relação com o restante monumento, tal como a

sua evolução espacial.

- Aprofundar os conceitos de valorização e preservação do património cultural e natural,


numa relação sistemática com os problemas da conservação e do restauro.
- Analisar e caracterizar as principais tecnicas e materiais construtivos.

- Identificar as principais causas que contribuíram e contribuem para a degradação do edificio.

- Delinear uma estratégia coerente para a elaboração das bases para um programa de
conservação e valorização do claustro da Micha.

1
O Cr-alrsrno ua Mlc'tta oo CoNvuNro DE CRISTo - CoNTRIBLtros P4R-4 Á sL'.l c'or\5EÀI:.1('.{() E t-4LoRtzÁC.io

Esmoo DA QuEsrÃo
Face ao problema que nos propúúamos esfudar deparámo-nos, na generalidade, com
inexistência de estudos específicos de conservação e restauro sobre o Convento de Cristo e
em particular sobre o Claustro da Micha.
Aausência de estudos que suportem as intervenções de conservação e restauro de património

edificado não se circunscreve apenas ao Convento de Cristo, mas é uma realidade que
abrange praticamente todo o património edificado nacional. Com excepção de uma pequena
minoria, de onde destacamos, os estudos publicados na sequência das intervenções feitas na
Torre de Belém, na lgreja de Santa Cruz de Coimbra e no Claustro dos Jerónimos, são raras
as situações em que são publicados estudos preliminares de suporte, bem como a justificação

teórica e a descrição pormenorizada das intervenções com a respectiva análise crítica dos
resultados.
Na sua maioria os estudos publicados sobre o Convento de Cristo debruçam-se essencialmente

sobre aspectos da história da construção e ocupação e da história da arte. A importância deste


monumento despertou, desde sempre, o interesse dos mais diversos estudiosos, como Frei
Jerónimo de Román, ainda no século XVI, Albrecht Haupt em finais do século XIX, Vieira
Guimarães e Garcês Teixeira no início do século XX, entre outros.
Ernesto Jana (1990), com a sua dissertação de mestrado, contribui com um conjunto de
documentos inéditos que permitem aprofundar as obras desenvolvidas no convento durante
o período filipino. Do nosso ponto de vista, com especial interesse devido à possibilidade
que abriu de poder identificar ou confirmar alterações ao projecto de Castilho, ocorridas
durante esse período.
Um ano mais tarde, Rafael Moreira, na sua tese de doutoramento, dedicou uma parte ao

arquitecto João de Castilho e ao convento de Tomar. Contribuiu com alguns documentos


inéditos que, ainda hoje, se revestem da maior importância. Em relação a João de Castilho
debruça-se sobretudo sobre as suas origens e percurso até chegar a Portugal, obras em
que participou e na sua evolução como arquitecto e mestre-de-obras. Os seus principais
contributos residem nos dados fornecidos sobre a "obra nova de Tomar", sobretudo, pós-
reforma da Ordem de Cristo com Frei António de Lisboa. Procura justificação para tamanha
campaúa de obras, analisa detalhadamente as construções, seus espaços e funções, estilos
e influências.
r
O Crrrusrno o.q Mtcue oo Coxvr.Nto ol, CRlsro - coNTRIBL,Tos PÁR,l .4 sL'.t co»seattç'Ào e ttulatz.,lç'.itt

Amélia Casanova (2002), na dissertação de mestrado sobre as pinturas de Gregório Lopes


sob o mecenato de FreiAntónio de Lisboa, um pouco na liúa de Rafael Moreira, vem realçar
a importância da reforma espiritual e material. Acrescenta alguma informação adicional
baseada em transcrições da documentação antiga, traça abiografia de Frei António de Lisboa

e a sua relação com Castilho na concretização da "obra nova" do convento, faz descrições

dos diversos edifícios que compõem o complexo monástico, contudo, o seu estudo é mais
direccionado para as questões da História da Arte e da pintura.
Em2}}4,Isabel Mayer Mendonça, aborda finalmente a questão do restauro no Convento de

Cristo de uma forma mais sistemática. A par da contextualizaçáo histórica do monumento


faz a descrição das intervenções de restauro que ocolreram durante os séculos XIX e XX.
A autora distingue quatro fases ou épocas de intervenção: o início do século XIX, em que
conclui que a conjuntura foi desfavorável à possibilidade de realizar obra num monumento
que se achava bastante amrinado; uma segunda fase que colresponde à época de D. Fernando

II e do Conde de Tomar e das obras realizadas sob a direcção do tenente engenheiro Policarpo

José da Costa; na terceira fase que corresponde à segunda metade do século XIX, dá especial

ênfase à execução das plantas de três pisos do convento, em tela, (1898) que o Ministério
das obras públicas "encomendou" à Real Associação dos Arquitectos Civis e Arqueólogos
Portugueses, e ainda algumas pequenas obras na nave manuelina e charola; na quarta e
última fase de intervenção, assinala as intervenções de restauro do início do século XX, sob a

direcção do Conselho Superior dos Monumentos Nacionais e da Comissão dos Monumentos


Nacionais, sobretudo fla zona da sacristia velha e na charola. Por último, assinala diversas
obras no monumento sob a direcção da DGEMN, desde a sua fundação em 1929 até aos anos
sessenta, geralmente dirigidas pelo mestre-de-obras Raul Marques Graça. O estudo de Isabel

Mendonça, cuja informação sintetizada e bem trabalhada constitui como uma mais-valia
para o monumento e para a sua história.
Mais recentemente, Jorge Custódio, na sua Tese de Doutoramento, Renascença Artística e

Praticas de Conservação e Restauro Arquitectónico em Portugal durante a l" República,


realça a importância da criação das associações de defesa dos monumentos, atribuindo-lhes
um papel decisivo, que, segundo ele, terá estado na base de uma mudança radical de atitude,
sensibilizando e apelando à participação da sociedade civil "na defesa dos objectos da sua
memória e a criar as condições da sua perpetuação".
O papel deste tipo de associações durante a lu Republica não excluiu Tomar e os seus
-+
O Cr-lr,rsrno o,t Mrcsa oo Colvnrro ou CRisro - coNTRtBLtros P,tR,1 .1 sLt.,t c'olisERl'Áç'lio E lÁLoRlzÁÇ.io

monumentos, a UAMOC (União dos Amigos dos Monumentos da Ordem de Cristo),


fundada em 1918, tem uma participação bastante activa durante este período, inicialmente
constituída, provisoriamente, (20 de Juúo de 1920) e lideradapelo CoronelGarcezTeixeira,
contava nos corpos gerentes com representantes de vários organismos estatais, locais e da
sociedade civil, dos quais destacamos, José Vieira Guimarães (que ao tempo desempenhava

funções como vogal auxiliar da Comissão dos Monumentos).


Para além das muitas obras executadas em diversos monumentos da cidade e da instalação
de um museu lapidar no Convento de Cristo, a associação teve importante acção na defesa

e salvaguarda dos monumentos do concelho de Tomar como se pode concluir a partir da


seguinte afirmação de Jorge Custódio "A UAMOC deixou assim um legado ao Convento
de Cristo, aos monumentos da cidade e ao país, que constitui uma marca de sucesso no
horizonte dos amigos dos monumentos da 1.'República" (CUSTODIO,2008b, p. S35).
No entanto ) a par do vasto conjunto de informações contidas no trabalho deste autor sobre
o Convento de Cristo, os estudos sobre as teorias e critérios que estiveram na base das
intervenções de restauro, (de que são exemplo a Charola e o claustro de D. João III) são,
a nosso ver, o maior contributo na perspectiva daqueles que trabalham directamente com
o património. Pois, como refere Maria João Neto "Um estudo sério sobre os critérios de
intervenção nos monumentos abre-nos várias perspectivas de pesquisa. É por meio do
conhecimento do restauro que se podem apurar as partes originais de um monumento,
fornecendo-nos elementos autênticos para o conhecimento das intervenções dos primeiros
mecenas, das funções a que os edificios foram destinados, do gosto estético, da tecnologia

utllizada, etc." (NETO,200l, p. 15).


Na nossa perspectiva a bibliografia disponível sobre o objecto de estudo revelara-se
insuficiente para o tipo de abordagem que pretendíamos fazer, o que nos levou a procurar
informação específica sobre intervenções de conservação e restauro noutros monumentos.
O exaustivo trabalho do professor Luís Aires Barros sobre ls rochas dos monumentos
portugueses - tipologias e patologia.s é uma ferramenta essencial para a compreensão das
características e comportamentos dos diferentes tipos de rochas. O coúecimento de como
as rochas se degradam em função dos diferentes factores de alteração a que estão expostas, a
caracterização dos tipos de degradação bem como a forma de as representar são contributos
de inegável importânciapara qualquer trabalho de conservação.
A importância do estudo preliminar, baseado quer na análise dos materiais do monumento,
\
O Ct-er-rsrno »,1 Mtcne oo CoNvnnto pE Cnrsto - c'oNTRtBLJTos plR,t.4 sL'.! r'o»'^seRr:tq'-.to t: t-tutruz;ç'.its

quer na comparação com outros de características idênticas com a mesma proveniência


(estudo das pedreiras), permitindo coúece-los com rigor e profundidade, garante
intervenções com maior probabilidade de sucesso. A diversidade de questões tratadas na

obra do professor Aires-Barros e o seu carácter inovador traduzem a forma como devem ser
encaradas intervenções de restauro que se pretendem "científicas".
Por fim, uma vasta equipa de cientistas constituída por Helena Charola; Fernando Henriques;

LuísAires-Barros, Delgado Rodrigues, entre outros, em colaboração com o World Monuments


Fund e o IPPAR (hoje IGESPAR), têm vindo a materializar o resultado de algumas
intervenções em publicações de grande relevância, quer do ponto de vista da documentação
dos trabalhos realizados em alguns monumentos (Torre de Belém; Igreja de Santa Cruz
de Coimbra e Claustro do Mosteiro dos Jerónimos), quer como uma importante fonte de
divulgação e informação, sobre intervenções em património edificado, para especialistas e

público em geral.
O nível de organização evidenciado por equipas pluridisciplinares na elaboração dos

projectos, as metodologias adoptadas, o rigor técnico-científico dos estudos preliminares


de suporte das intervenções (ensaios e análises) e o empeúo demonstrado por todos os
intervenientes nos projectos faz destas publicações verdadeiras referências para todos os
que trabalham, ou têm preocupações, com a salvaguarda e protecção do património e para a

cultura da conservação e restauro em Portugal.


Como se pode constatar, foram vários os autores que abordaram o tema do Convento de
Cristo, é justo reconhecer que todos eles contribuíram, embora com diferentes olhares, para
um maior coúecimento e consequente valorizaçáo do monumento. Contudo, pensamos
que os dados históricos relacionados com a construção, ocupação e até com os antigos
restauros (sobretudo no que respeita ao claustro da Micha) careciam ser complementados
com outro tipo de estudos cuja perspectiva apontasse mais no sentido das acções directas de
conservação do monumento, tais como, quais as suas técnicas construtivas, a identificação e

caracterização das causas de alteração e degradaçáo,aanálise dos materiais que o constituem


ou a formas como evitar ou reduzir seu decaimento.

6
O Clausrno ue MrcHe po Colverro os Cntsro - coNTRtBUTos PÁR.t .t sLl ('o,\§ÃÀr:{(io E I'ALoRtz.4ÇÀo

I Penl-E - En Tonxo DA Hrs'roRrA oo CLAusrRo oa MtcHA

l. ExeulonlurNro Htsróntco
1.1. LoclltzeçÃoGrocnÁr'lcl
O Concelho de Tomar, situado na região norte do Ribatejo, Distrito de Santarém, tem como
limites, a NE o Concelho de Ferreira doZêzere,a E o Concelho deAbrantes, a S o Concelho
de Vila Nova da Barquinha, a W e a SW o Concelho de Torres Novas e por último a NW
o Concelho de Ourém. Tem uma área total de 351,2 Km2, 43,006 habitantes (censo 2001),
pertence à bacia hidrográfica do Tejo, situa-se na margem direita do rio Zêzere e é atravessado
pelo rio Nabão, que a norte de Tomar coÍTe num estreito vale encaixado e a sul se abre numa
ampla bacia.
O relevo da região é relativamente baixo, não ultrapassando cotas superiores a 200 m,
apresentando uma morfologia suavemente ondulada com predomínio de planícies onde se

f rrllt
\. r1

FIGL.R l: Cr»t't'E|\;T() oe Cntsrt) E ,\|LJCLE} L'RT.4!io D.4 C\D.4DE DE To,+l.ln-


I;o,r'TE; Gtx-tt;tt E.lnrH, l{ot':,+ttrRo t)E 2009.
O Cleusrncl »e MtcHe oo CoNr,'nrto oE CRlsro - coNTRIBUTos PtR,4 ..1 sL'.,l t'ttttstnt',tc'-itl t t',tulntz.tç..ict

encaixam os cursos de água.


O Concelho de Tomar, constituído por dezasseis freguesias, possui pequenos núcleos
populacionais bastante dispersos, sendo a grande excepção a cidade de Tomar com 20.000
habitantes com duas destas freguesias separadas pelo rio Nabão, Santa Maria dos Olivais e
S. João Baptista.

O Convento de Cristo, pertence à freguesia de S. João Baptista e está implantado sobre o


planalto situado a Oeste do núcleo urbano, com uma cota máxima de 117 m, (lat. 39' N e
long. 8o W), na margem direita do rio Nabão.
O Claustro da Micha, o nosso objecto de estudo, situa-se no ângulo NW do conjunto
edificado, representando, apenas, uma pequena parcela deste vasto complexo monumental.

1.2. I),r OcuplÇÃo oo Loc.lt À CoxsrnuçÃo »o CuusrRo ol Mtcn.l


O claustro da Micha, construído na transição do "gosto" gótico para as novas tendências
renascentistas, é um dos oito ainda existentes num importante complexo monumental
designado por Convento de Cristo.
O local onde está implantado o monumento foi desde os tempos mais remotos ocupado por
povos de diferentes origens. Construído sobre o monte mais elevado, na margem direita do
rio Nabão, dispunha de condições naturais à ocupação humana e inegáveis características
geográficas necessárias à instalação de edificios militares.

E aqui que, em meados do século XII, Gualdim Paes, Grão-mestre da Ordem dos Templários

em Poúugal ( I 15S- I 195), dá início à construção do Castelo, aproveitando diversos elementos

arquitectónicos pertencentes a anteriores ocupações romanas e visigóticas. Esta fortificação


medieval virá, mais tarde, a tornar-se na sede da Ordem dos Templários em Portugal e onde
se desenvolverá, ao longo de vários séculos, um imenso e poderoso complexo conventual.
Nos finais do século XII, é construída a charola românica de configuração octogonal,
inspirada nos templos circulares, adoptados pelos templários em Jerusalém. Este tipo de
construção tem grandes semelhanças com edificios construídos por essa ordem religiosa um
pouco por toda Europa, como é o caso do Templo de Vera Cnv de Segóvia. Este modelo
constitutivo, inspirado nas tendências paleocristãs e no arquétipo do Santo Sepulcro, de
aspecto fortificado, tal como as demais construções da época, também cumpria a sua função

de culto e de oratório.
Com a extinção da Ordem dos cavaleiros Templários, decretada por D. Dinis, a exemplo
t(
O Crelrsrncl oa Mtcua »o CoNveNtct pe Cntsro - coNTRtu(iros PÁR..l .4 sL'.l cr.txstnrtÇ.itt r t'.tutntz,t('.itt

do que acontecera em França, sob a influência do papa Clemente Y os bens até então
pertencentes aos templários passaram paÍa a coroa, e posteriormente foram integrados como

património da Ordem Militar dos cavaleiros de Nosso Seúor Jesus Cristo. Assim, em 1319,
o papa João XXII criou a "Ordo Militiae Christo", para "reconverter" a ordem do templo

que o seu antecessor extinguira por bula papal. Anova ordem surge mais como uma reforma

dos templários do que a criação de uma nova vida espiritual e militar. Os seus bens, no
essencial, mantiveram-se, tal como os seus hábitos e a insígnia, que apenas sofreu ligeiras
alterações. A partir daqui a ordem passou a reger-se pelas regras dos monges de Cister.
Foi então desiguado o primeiro Mestre da Ordem de Cristo D. Gil Martins, que era, em
simultâneo, Mestre da Ordem de Avis. Na sua fase inicial esta nova ordem religiosa de caiz
militar instala-se agoÍa em Castro Marim, durante um período de cerca de 47 anos entre
1319 e 1356, data em que se desloca para Tomar, onde os Templários tiveram a sua sede.

A partir da criação da Ordem de Cristo a coroa veio sucessivamente a gaúar influência


junto desta, embora lhe tenha passado a totalidade dos bens, anteriormente pertencentes
aos templários. Com o capítulo reunido em Tomar (1421) a ordem passa a adoptar a regra
de Calatrava que, segundo o nosso ponto de vista, valorizavamais as questões da conquista
em detrimento das questões da fé. Tal atitude virí a colocar a ordem de Cristo quase
exclusivamente no domínio da jurisdição da cavalaria.
No século XY o rei continua a controlâ-la através da designação dos seus Mestres ou

Governadores a que se segue a confirmação por nomeação papal. É, p.oravelmente, dentro


desta lógica, que o lnfante D. Henrique é nomeado Governadore Grão-Mestre desta ordem.A

ele se deve grande parte da construção do Convento, depois do arranque inicial protagonizado

por Gualdim Paes. Foi por sua iniciativa que, no século XV, surgem as construções de traça
gótica, donde se destacam os claustros do cemitério e da lavagem e o núcleo (hoje amrinado)
designado por Paços do lnfante D. Henrique.
Podemos afirmar que o impulso decisivo para o que hoje coúecemos como Convento de
Cristo, foi dado por D. Manuel I ao contratar, entre outros arquitectos, Diogo de Amrda,
Francisco de Amrda e João de Castilho, juntando-se a estes um extenso grupo de artistas
de outras áreas, que no início do século XV[, contribuíram para construção e decoração da

Igreja manuelina, que veio a ser edificada a poente da charola românica aí existente. Esta
construção implicou a destruição de dois panos da charola para aí se construir um arco de
ligação, transformando a antiga charola em capela-mor da nova igreja manuelina com o seu
()
O Clausrno oe Mrcsa oo CorvpNro or Cnrsro - :INTRIBUTOS PiR.4 .t sL'.4 c'rl,lsrRt;lCio e r..tt.ontz.,rç.4o

portal e sua afamada janela. Deve-se ainda a D. Manuel I a construção da sala do capítulo
(incompleta) e a decoração da charola, tal como ainda hoje a conhecemos.
D. João [II, por sua vez, concretizacommaioreficácia o espírito reformadordo seu antecessor.
Coadjuvado por Frei António de Lisboa desenvolve um conjunto de obras no convento,
impondo-lhe, em muitos dos seus lugares, o espírito moderno, através de uma linguagem
que já iniciava uma opção estética claramente renascentista.
No reinado de D. Manuel a Ordem de Cristo encontrava-se em crise moral generalizada. D.
João lll ao chegar ao poder verificou haver um total incumprimento da ordem de Calatrava
(CASANOYA,2OO2, p. 8). Para pôr termo à desordem moral e religiosa existente, chamou
o frade Jerónimo e prior de Belém António Moniz (Frei António de Lisboa), que a partir de
Junho de 1529 desenvolveu uma profunda reforma da ordem de Cristo. Em resultado da
elaboração de novos estatutos, Frei António de Lisboa transformou a ordem de çariz clerical
e militar numa ordem de vocação monástica, assente nos princípios morais e religiosos da

Ordem de S. Bento. Neste sentido a clausura passou a ser obrigatória e a vida comunitária
foi fortemente alterada com a introdução dos votos de pobreza obediência e castidade a par

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Fo,yre : Gorx;rc Emru, lVr»'euano DE 2009.

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O Clausrno oa Mtcue Do CoNVENTo ol Cxtsrr.l - coNTRtBUTo,t PlR.t -4 su.4 c'r.t,lseRt:'l('.io E t'.'lLoRtz.lÇ.Ào

de uma prática do silêncio da humildade e da temperança (MOREIRA,I99l,p. a7l.


É interessante verificar que para tal empreendimento o rei vai contratar (1529) o arquitecto
João de Castilho que, anos antes, já aqui trabalhara para seu pai (D. Manuel I) em muitas e

arrojadas obras e, pelo apreço que lhe mereceu, o fez escudeiro da casa real portuguesa em
1518. Tudo leva a crer que D. João III, tiúa por hábito visitar e até deter-se por algumas
temporadas no Convento de Tomar e ao verificar que este se tornava pequeno para albergar
tantos frades, falou com o padre reformador, Frei António de Lisboa, para que este contratasse
arquitectos para proceder à ampliação do Convento. Foi então que, de entre muitos, surge
João de Castilho com os seus "debuxos". "E vindo muitos frzerammuitas traças e rascuúos
e a que mais contentou ao P. Reformador foi a de João de Castilho que a levou ao católico
Rei o qual lhe mandou que coresse com a obra, visto lhe parecer bem a traça e que lhe fosse
dando conta" (VITERBO, 1899, p. 263;MOREIRA, I99l,pp. 518-5 19).
Em 1533, o trabalho de João de Castilho foi mais uma vez reconhecido pela Corte, porque
"... correu-se com a obra aparecendo cadavezmelhor e que o cuidado do arquitecto João de
Castilho era muito pelo que o Nosso Padre deu conta ao católico Rei pretendia que premiasse
a João de Castilho o que elefez a mandou se the lançasse o hábito de Cristo..." (B.N.L.
Reservados, Cod. 8842,s/d, cit. EALO DE SA, 1992,p. 4D.É a partir daqui que o arquitecto
que a seguir tentaremos dar a coúecer se torna Cavaleiro da Ordem de Cristo.

1.3. O Aneulrpcro JoÃo oB Clsuluo - Anonolcru BlocnÁrlca


João de Castilho, natural do Lugar de Castilho Siete Wllas, Meirinhado de Trasmiera,
pertencente à antiga Jurisdição de Santander. Segundo Rafael Moreira, o arquitecto João
de Castilho terá chegado a Portugal, cerca de 1508, acompaúado por Alonso Rodriguez,
mestre-de-obras da Catedral Sevilha, para comprar pedra para os trabalhos de lajeamento
que aí estavam desenvolver. Sabe-se, por registos documentados, que este autor, em 1509,já

dirigia as obras da capela-mor da Sé da cidade Braga.

Quanto seu percurso académico pouco ou nada se sabe, apenas que os primeiros anos da vida
do arquitecto se passaram geograficamente numa zona de grande efervescência cultural, no
triângulo de Santander, Laredo e Burgos, com muitas tradições ligadas à arte de transformar
a pedra e onde abundavam grandes mestres-de-obras do gótico final e começavam a surgir
novas gerações que vieram a incorporar a linguagem renascentista. E neste "caldo de cultura"

arquitectónica que, provavelmente, "ter-se-ia processado dentro das coordenadas locais de

II
O Clrrusrno »e Mrclr,r oo Co:rveNro oE Cnlsro - c-oNTRIBL.tros p,1R..1, -t sL'.l cr-r,t.sÂÀt:.rr,:.ir-r c ntontz.tç.io

um gótico arcaizarfie e sóbrio de sabor castiço e solidez telúrica (de que é exemplo a Torre
de Castillo), longe ainda do goticismo finissecular, assente acima de tudo no domínio das
técnicas de trabalhar a pedra em que eram exímios os mestres montaúeses" (MOREIRA,
1991,p.422).
A Região de Trasmiera, desde longa data, produziu mão-de-obra especializada nos oficios
relacionados com o trabalho da pedra. Já em l5lT,trabalhavam no convento (construção da
igreja manuelina) inúmeros oficiais aparelhadores provenientes dessa região. Alguns destes
mestres irão acompaúar João de Castilho naquela que será a sua segunda fase construtiva
do convento, desta vez, jácom D. João III, como patrono (EALO de SÁ, 1992).
Foram muitas as obras em que terá participado, colhendo daí ensinamentos, quer com a
experiência adquirida em obra, quer com os diversos contactos que, muito provavelmente,
essas mesmas obras lhe proporcionaram. Burgos, um dos principais centros de criação artística

gótica, onde teve oportunidade de trabalhar na construção da Catedral, sob "orientação" do


Mestre Simão de Colónia, como se pode concluir da observação feita por Rafael Moreira:
"O pai abade de Liérganes, não teria dificuldade em encontrar-lhe colocação na fábrica

da Catedral de Burgos (a cuja Diocese pertencia), principal foco de atracção da área. Aí


se estava a concluir por esses anos a mais ousada realizaçáo do tardo-gótico castelhano,
a Capela do Condestável, que o mesmo renano Simão de Colónia havia iniciado cerca de
1482", porventura "una de las edificaciones privadas de carácter regilioso más suntuosas de
Europa y uno de los ejemplos más espectaculares de nuestra arquitectura hispano-flamenca"
(FERNANDEZ,1982, p. 60, cit. MOREIRA, l99l ,p.423).
Posteriormente, vemo-lo acornpanhar o Mestre na obra da Catedral de Sevilha, com o

objectivo de fechar a torre lanterna, recorrendo à construção de um zimbório, aproveitando,


assim, a experiência adquirida nos trabalhos de fecho da abóbada da catedral de Burgos,
onde foram utilizadas nervuras curvilíneas, uma solução arquitectónica inovadora. Em,
"1495 fechava-se a abóbada - a primeira na Península a experimentar o uso das nervuras

curvilíneas que tão grande sucesso iriam obter no século XVI - que atinge a saturação do
ornato pelo rendilhado de pedra de seu zimbório vazado, e apresenta a novidade tipológica de
cobrir um espaço centralizado unido ao corpo axial sem perda do sentido de sua autonomia.
(...)Aí deve ter decorrido o essencial da maturação de João de Castilho, no preciso momento

em que as fórmulas hispano-flamengas atingem o seu auge." (MOREIRA, l99l,p. aB).


Destas suas experiências, fica a ideia, de que nos primeiros tempos da sua actividade artística,
tl
O Ct-ausrno oe Mrc,ga oo CoNvrNro DE CRISTO - coNTRIBtiros PAR:I .1 sL'.l (o,\.§t?l.{(--4(, e r.lrontz,tç'.itt

podemos observar uma influência marcadamente "nórdica", por um lado, e hispano-flamenga

por outro, tal como mais tarde, sofrerá, também, em virtude das muitas obras e locais que
conheceu, a influência dos artistas da Itália que lhe manifestaram o espírito da contra-reforma,

contribuindo para uma notável evolução, quer no estilo, quer nos processos construtivos.
Pois não admira que "ao iniciar a sua caÍreira, vemo-lo, quase naturalmente, acompanhar
os passos de Simão de Colónia, seguindo-o ao outro grande foco da arte hispano-flamenga

então activo em Espaúa, a Catedral de Sevilha, aonde <<Maestro Ximon» foi chamado desde

Burgos pelo Cabido, em Junho de 1495, a fim de aí dirigir as obras de conclusão. O Objectivo
devia ser fechar a Torre Lantema com um zimbório tão magnífico quanto o da Catedral de
Burgos, para o que manteve conferências com o Mestre andaluz,Alonso Rodríguez; mas os
compromissos do arquitecto renano obrigavam-no a prolongadas ausências. O que permite
pensar que deixaria pessoa de sua confiança para acompanhar os trabalhos, e esse fosse o
<<Juan Castillo» que aí aparece nos primeiros anos do século XVI, e que já Virgílio Correia
identificou como o nosso artista." (MOREIRA,l99l,p. a2$'

CoNrrxro EM euE JoÃo os CmrllHo vEM PARA I Conrn oP D. Mrnuol I:


Rafael Moreira, citando Pedro Dias, 1987, dá como provável a vinda de João de Castilho para
Portugal, baseando-se na hipótese de este ter visitado Portugal (Setubal Convento de Jesus),
acompaúando o Mestre Alonso Rodríguez numa viagem que este terá empreendido a Portugal

com o intuito de comprar pedra para o lajeamento da Catedral de Sevilha. A pedra, em nosso
entender tratar-se-á de brecha da Anábida que aparece com a designação de "famoso jaspe".
Nesta data, em Seúbal, estava em construção a Igreja do Convento de Jesus sob a orientação
do Mestre Boytac. "O óbvio contraste de estilo entre o corpo da tgreja lançado em 1419 por
o primeiro ensaio de hallenkirche no país - e a elegante Capela-Mor abobadada em
Boytac -
quadrifolio com nervuras curvas de um tipo bastante avançado, levou ao dilema de pôr-se
em dúvida a autoria tradicional, bem documentada, da lgreja, pospondo-a para as primeiras
décadas do século XV[, ou de aceitar a totalidade da autoria Boytaquiana com a consequente

datação extraordinariamente precoce da abobada (DIAS, 1987,cit. MOREIRA,1991,pp.427-


428).
A reputação granjeada por João de Castilho a partir das experiências vividas entre Burgos e

Sevilha, são na opinião de Rafael Moreira, motivo mais que suficiente para "ser chamado de
longe", como Mestre da Capela da Sé de Braga provavelmente em 1509.

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O Clelrsrno »a MtcHe »o CoNveNrcl oe Cntsro . coNTRIBLtro:; p4R-,1 .A sL'-t ('oÀsERt:í(-.io e rtuntz-tç'.io

Dr MBsrnr-DE-oBRAs ttwruNICIplIs" A ARquITEcro DA


Conrr ns D. MÂNusL I:
Ainda segundo Rafael Moreira, o influente D. Diogo Piúeiro (advogado dos Duques de

Bragança, Protector da Matriz de Vila do Conde, Vigário de Tomar, Bispo do Funchal a


partir de 1514) terá contribuído paÍa a passagem de João de Castilho de Mestre-de-obras
municipais e diocesanas para arquitecto de obras régias. A sua provável influência encontrou
oportunidades proporcionadas no seguinte conjunto de circunstâncias: o facto de, em 1515,
Diogo de Amrda estar ausente na construção da Fortaleza de Azamor, deixando lugar vago
em Tomar; a morte do Mestre Mateus Femandes, em Abril de I 5 1 5; a ausência de Francisco
de Amrda ocupado na construção da Torre de Belém (desde 1514) e ao "progressivo
afastamento da graça régia" do Mestre Boytac "motivado sem dúvida em boa parte pelas
(MOREIRA,l99l,p. 440-443).
suas responsabilidades no desastre de Mamora em 1515

Obviamente, que não terá sido apenas pelas coincidências de acontecimentos que
anteriormente referimos que, este arquitecto, alcançou tamanha notoriedade junto da Corte
portuguesa, já que em 1515/1516 "João de Castillo reparte-se durante esse período pelos
três mais importantes estaleiros no país nesse momento, os de Tomar, Belém e Alcobaça,
deslocando-se peÍTnanentemente de um para o outro, numa actividade frenética e esgotante."
(MOREIRA, 1991, p. aa3).
O seu longo percurso como mestre-de-obras e arquitecto fê-lo passar por variadíssimos
lugares e contactar com inúmeros mestres. É nos trajectos que encetou pelos vários locais da
península Ibérica e do Norte de Africa, onde trabalhou e contactou com mestres de diferentes
origens geográficas e culturais, quadrol. É numa destas viagens ao Norte de África para
participar nas obras de construção da fortificação deMazagáo que João de Castilho conheceu
Benedetto da Ravena e, provavelmente, experimentou técnicas construtivas que o terão
influenciado na conclusão das obras do Claustro e da cisterna da Micha (VITERBO, 1899).
Esta atitude de retirar ensinamentos dos trabalhos em que participava foi, naturalmente, um
dos traços principais do seu carácter com arquitecto, como se pode ilustrar com a seguinte
passagem de Rafael Moreira: "Percorrer os seus lugares é citar alguns dos principais nomes
activos nas obras de Espaúa e Portugal, nomeadamente na do Mosteiro dos Jerónimos em
Belém (o que pode bem dever-se a um chamado directo): Rasines, Praves, Entrambaságuas,
Escalante, Riaffo, Penagôs, Solórzano, Pámanes. Desse viveiro de mestres de cantaria saiu
João de Castilho, com a naturalidade de um destino marcado pela sorte que ele soube usar a
seu favor." (MOREIRA,l99I, p. 418).

I-l
O Clalrsrncl oe Mtcttn oo Coxvn:rro oE Cnrsro - «)NTRIB(..tTos PAR.4 ..1 sL'-:t ('(.1\§É?1.í('.4-r) o r.t\tatz.tÇ.ict

Qua,ono 1. CnoNor-ocrA DA oBRA DE JoÃo nr ClsrrlHo /Aneurrscro E MEsTRE-DE-oBRAS

Quru rxcomrxol Anos Pnncrplrs osRAs/ Ornls or nrrrnÊxcrn / Aneurrrcros cl euEM


LOCAIS lxrluÊxcrls TRABALHOU

Clnq,crnnisrlcAs DA Eeulpl DE TRABALHo...


rtrnnvexçÃo / cancos
1500? Caminha.
Bispo D. Diogo de l 509 Brtgal Sé de Braga. "A primeira capela de
Sousa Capela e pórtico. abóbada de combados e
aljaroz de pedreria que se

fez em Portugal até aquelle


tempo" (MOREIRA,
1991,p.429).
Câmara de Vila do l5l I Vila do Conde/ O Prof. Reinaldo dos Rui Garcia; Sancho
Conde Matriz de S. João Santos vê conotações Garcia; Andres de la Sota;
Baptista com a nova Catedral de Ruan de Quintanilla; Ruan
Naves; arcos e portal Salamanca. Inspiração de Riaflo (todos da região
damatriz hispano-flamenga, de Trasmiera - Santander)
próximo do que terá
feito Alonso Rodriguez
nas igrejas do litoral das
regiões de Jerez e Huelva
(MOREIRA, l99l).
D. Diogo Ortiz de l5l3 Viseu/ Sé de Viseu "Abóbada em arco abatido,
Vilhegas Abóbada e baixo quase plana, nervos
Coro acairelados e parapeito de
balaústres - a denunciar
já o interesse pelas
formas renascentistas
- semelhantes aos que
depois fez na Batalha;"
(MOREIRA, 1991, p.
437).

1.5
O Cl.,rtrsrno oa Mtcua oo CoNveNto DE CRISTo - c'oNTRtBUTos PÁR-l .4 sL'.l ('oÀ'.§EÀl:{(lJo t t'-'ttoruzt<'.ict

D. Manuel I l5l5 Tomar/ Convento "A primeira campaúa Pêro de la Goneta


de Cristo do mestre Castilho (...) é (CASANOVA,2002).
"nave manuelina" marcada pela reverência
à Charola
adossada para com a obra de Diogo
Templária: Coro; de Amrda, tentando João
Arco de ligação de Castilho integrar o que
entre lgreja e já estava edificado e é
Charola; Novo onde ele se aproxima mais
Portal Principal do dos valores omamentais
Convento. manuelinos" (Têixeira,
Casa do Capítulo e 1927, pp.69-84, citado por
Paços da Rainha MOREIRA, 1991,p.442).
No Portal Principal
"concilia elementos
ornamentais platerescos,
"ao moderno" e "ao
romano", sendo possível
observar nas duas
arquitraves exteriores do
o gosto manuelino
arco
e na interior ornatos
proto- renascenti stas. "
(CASANOVA, 2002, p.
2s).
D. Manuel I t5t7l Lisboa/ Mosteiro Nicolau Chanterene
1528 dos Jerónimos: (escultor); Diogo
Claustro Primeiro; de Castillo; Fellype
Capítulo; Sacristia; Amrryquez; Pero de
Portal da Travessa Trylho (oficiáis); Pero
e Abóbada do Gotterez (aparelhador)
Cruzeiro. (vtTERBO, 1899).
Lisboa/ Paços da
Ribeira: Varandasl
Sala e Escada;
Capela e Casas da
Rainha; "Gigantes
de pedra para varar
as naus da Índia".
Lisboa/ Mosteiro
de São Francisco:
Capela-mor.

l6
O Clelrsrno »a Mro.tR Do CoNVENTo DE CRISTo - coNTRtBLtros PAR.4.,t sL'-4 coiv.Í'EÀl.í(--.io t r."tutatz.aç-.itt

D. Manuel I 15 19 Alcobaça/ Mosteiro "A Fonte é um «perfume Mestre Nicolau e Ruy


de Alcobaça: exótico»» no meio da Garcia (VITERBO, 1899).
Sacristia Nova; pureza de liúas do gótico
Livraria e Fonte do cisterciense, um luxo
Claustro Gótico. rodeado de austeridade"
(EALO DE SÁ, 1991).
"(...) a mais extensa em
variedade tipológica - de
instalações religiosas a
lagaresemoinhos-e
que maior capacidade de
improviso lhe exigiu."
(MOREIRA, 1991, p.
444\.
Porta da Sacristia "o que
nela mais impressiona é

exactamente o tratamento
e
estilizado simétrico,
longe do realismo
manuelino, dos dois
troncos de árvores secas
podadas que se amalram
no alto com uma fivela
(segundo um deseúo sem
dúvida imposto ao artista)
(MOREIRA, 1991, p.
446).
D. Manuel I ? t52l Tomar/ Convento
de Cristo: Casa
do Capítulo (nunca
concluída).
I 528 Batalha/ Mosteiro Nomeado Mestre-de- Mestre Mateus Fernandes
da Batalha: obras da Batalha, cargo (sogro de Boytoca) (EALO
Capela do Fundador a que renuncia em favor DE SÁ, 1ee1).
(EALO DE SÁ, de Miguel de Arruda em
l99l). 1s32. (VITERBO, 1899).

D. João III 1529 Marrocos lÃrzila: "proporcionou-lhe o Duarte Coelho (arquitecto


Inspecção das conüacto com modelo militar que vivera em
fortificações italiano" (MOREIRA, Itrí1ia).
marroquina. 1991, p. 467-47r).
Tomar / Convento
de Cristo: Contrato
com D. João III

t1
O Clntrsrno »a MtcHa Do CONVENTo or Cntsro - coNTRIBLlTos PARA .A su.,t ro,lsrRt'..tç:,io r t,Etontz,lç'.icl

D. João III t5331 Tomar I Convento Segunda fase das obras de


I 552 de Cristo: Tomar. Feito Cavaleiro da
Claustro Pequeno, Ordem de Cristo.
actualmente de Santa
Bárbara; Claustro da
Hosped aria1'Claustro
da Procuração,
actualmente da
Micha (figura
3 ); Claustro das
Necessárias;
Claustro Celeiro,
actualmente dos
Corvos. Início do
Claustro Grande
ou Principal (nunca
concluído. Novo
projecto de Diogo
Torralva concluído
por Terzi em 1587).
D. João III 15421 Marrocosl Benedeto «la Ravena
| 541 Mazagão: (arquitecto italiano).
Fortale za e Cisterna

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O Ct.rrusrno oa Mtcua oo Colvnuro »r CRlsro - coNTRIBUTos PtR.r .4 sL'..l c'ttt;sent'.l<-.itl t: t'tt.ontztç'.'Ir,t

1.4. InrluÊxclls DAS tDErAs MoDERNAs NAs coNsrRUÇóEs PonrucunsAs DA Época:

Foi, com D João I e a "Ínclita geraçáo", tal como Camões apelida os seus filhos, que no
inicio do século XV, Portugal enceta uma nova época política e cultural. lniciam-se as
primeiras viagens marítimas ao Norte de África, descobrem-se e povoam-se as ilhas da
Madeira (Porto Santo) e dos Açores, e intensificam-se os contactos com as grandes capitais
culturais da Europa, onde se começava a espalhar as primeiras ideias da modemidade, que,
objectivamente, influenciaram os nossos intelectuais e artistas.
Na Europa, nos finais do século XIY começa-se a deseúar uma linguagem arquitectónica,

normalmente, designada por gótico internacional que se irá prolongar, principalmente,


em alguns países do norte. Estas opções estéticas fundadas na tradição gótica, apresentam
características inovadoras, baseadas na investigação e na experimentação de novas soluções
arquitectónicas, feitas de acordo com a nova forma de pensar do homem da renascença, onde
o espírito científico passa a assumir uma posição relevante em toda a produção artística.
Muitos são os exemplos onde, nos temas decorativos, cada um dos seus elementos é

representado com total detalhe de pormenor, aproximando-se muito do real, anunciando


uma nova maneira de representar a natureza observada. É neste tempo que as universidades
revelam muito interesse pelo estudo das ciências e pela observação das plantas medicinais,
dando origem às primeiras ilustrações objectivas com motivações científicas.
As instituições religiosas, em que se sustentava o poder, vão progressivamente deixando de
ter a influência que até aqui dispunham, iniciando-se, então, a ascensão de uma burguesia
que se vai fortalecendo à medida que as cidades se desenvolvem. E no contexto da cidade
que prolifera uma atitude religiosa que, cada vez mais, assenta numa ligação intimista
com a fe, privilegiando a relação directa do Homem com Deus, numa relação claramente
antropocêntrica.
É, ainda, neste período, que a Europa Ocidental conhece alguns períodos de paz e grande
estabilidade, favorecendo a circulação de pessoas e bens. Estão reunidas condições propícias
à mobilidade dos artistas e das suas obras. Os cademos de desenhos, os manuscritos
iluminados e uma imensa quantidade de objectos artísticos, circulam por toda a Europa,
contribuindo decisivamente para a divulgação das ideias filosóficas, religiosas e estéticas
que levam ao surgimento de novos modelos artísticos.

Em meados do século XV o ambiente artístico português sofre um grande impulso com o


l9
O Clntrsrno oa MtcHa »<t CoNveNto DE CRISTo - c'oNTRIBUTos ptRl .t sL'.l c-o,',sl;nt:tq:-io E t:tLoRlzl\']o

desenvolvimento de grandes projectos, ligados, na sua maioria, ao desenvolvimento das


cidades, que então começavam a surgir a partir do expansão dos burgos. Na arquitectura
surgem novos modelos estéticos, os edificios passam a ser mais despojados, com a redução

dos elementos decorativos e onde os volumes surgem mais definidos, tal opção iremos
encontrar nas obras consideradas proto-renascentistas de João de Castilho, como é o caso
do Claustro Pequeno ou de Santa Bârbara, onde uma organizaçáo espacial e os motivos
decorativos renascentistas convivem com formas construtivas claramente góticas.
Na parte final do século XV, com incremento das obras, um pouco por todo o território,
começaram a surgir necessidades de mão-de-obra especializada. Este foi, com certeza,
o motivo que originou a chegada a Portugal de muitos artífices, vindos de variadíssimos
lugares e principalmente de Espaúa, onde, aarte de talhar apedra jâtinha grande tradição,
como é o caso dos mestres canteiros da região de Trasmiera,berço de João de Castilho. Este
tipo de contactos, associados ao grande volume de construção em curso, permitiu lançar as

bases para o desenvolvimento de uma cultura artística, aumentando significativamente o


número de especialistas nas diversas artes e oficios, principalmente nas disciplinas ligadas
à construção.

A arquitectura assume, assim, um papel importante na assumpção do espírito da época, uma


vez que em torno dela que se desenrolava grande parte da produção artística. Foi nesta altura
que o estaleiro da Batalha se transforma num importante centro de formação de mestres onde

o traço do gótico flamejante ainda se impunha. No ano de 1528, João de Castilho também
passará por aqui, como mestre-de-obras da Batalha, cargo que renunciará no ano de 1532 em

favor de Miguel de Amrda (VITERBO, 1899).


A grande viragem para as opções estéticas modernas começara a surgir no reinado de D João
II, com o lançamento de duas obras emblemáticas, os Hospitais das Caldas de Óbidos e o Real

de Lisboa, onde foram ensaiadas diversas soluções arquitectónicas de cariz marcadamente


renascentista, provenientes de experiencias bem sucedidas, vindas de Itália. As inovações
não se ficam apenas pela mudança de configuração das plantas, e consequente alteração de
circulação, como também alteraram os processos de construir, com a utilização da solução
estrutural da abóbada de nervuras (MOREIRA,l99l).
Tais inovações, postas ao serviço de programas arquitectónicos ambiciosos de grande
envergadura, trouxeram para o nosso pais linguagens artísticas e formas construtivas

diferentes, proporcionando o confronto entre tais opções corporizadas por mestres, ora
l0
O Ct-eusrno oa MtcnR uo Corvtlto »n CRtsro - coNTRIBUTos p]tR-.r . sL'.l {or\'.sE,RI:.t(.io n r'.trontz.t<-.itt

vindos da Flandres, ora vindos da Itália. Com a subida ao poder de D Manuel I, esta

contenda resolveu-se a favor da opção germano-flamenga porque "Na arte, a consciência da

incompatibilidade dos modelos culturais germano/flamengo e italiano e das suas expressões


o'modo
artísticas moderno alemão" e "ao romano" tornou-se irreversível, no reinado de D.
Manuel, com a preocupação dos mestres-de-obras régias em demonstrar a superioridade
do gótico e a rejeição de qualquer tipo de diálogo com defensores da inovação clássica."
(MOREIRA, 1991, pp. 65-125, pp. 3 14-315).
E portanto D. Manuel I que, definitivamente, adopta as tendências estéticas nórdicas em
Portugal. O monarca vai chamar para trabalhar no nosso país, um conjunto de artistas de
várias áreas, para cumprir o programa artístico em que pessoalmente se envolvera.
A par do que já se passava na arquitectura, de fora vieram outros artistas, como: pintores,
escultores e iluminadores, provenientes do norte da Europa, guê irão assumir grande

protagonismonadifusão daestéticagermono-flamenga.Acolocaçãomassivadospelouriúos,
com a representação da esfera armilar e da cnnde Cristo, por quase todo o território nacional,

contribuem, também, paru a divulgação do estilo artístico a que os românticos, no século


XIX, apelidaram de "estilo manuelino".

Segundo Paulo Pereira, foi ainda no reinado de D. Manuel I que se iniciaram os primeiros
contactos com os círculos renascentistas de Roma, através do embaixador D. Miguel da
Silva, que convive com intelectuais e pintores humanistas, como Rafael e Ticiano. Quando
regressa sente-se bastante deslocado no ambiente intelectual e artístico português, onde os
valores "cavaleirescos" ainda dominavam.
D. Miguel da Silva chega a Portugal, no início do segundo quartel do século XVI,
acompaúado por Francisco de Cremona, que havia trabalhado na Capela de S. Pedro em
Roma, e que com ele construiu, numa das suas propriedades, a Igreja de S. João da Foz,
que se desenvolve em três naves coroadas com uma capela-mor de planta hexagonal, numa

linguagem clássica, de gosto italiano. Parece, portanto, claro, que o gosto clássico começa a
fazer o seu camiúo em Portugal, a partir do segundo quartel do século XVI, pela mão deste
padre e embaixador, cujo pensamento renascentista contaminou artistas de seu tempo como

Grão Vasco que, a partir de determinado momento da sua obra, "mostra a sua opção por uma
ordem racional e geoméhica da pintura (...) cuja imagética remete para as ideias humanistas
de D. Miguel da Silva" (RODRIGUES, 1995, p. 118).
Muita da informação chegava a Portugal dos modelos estéticos italianos, proviúa da difusão
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O Cr-ausrno »a MIctte »<t Coxl,uuro »E CRtsro - coNTR:BL.tros P4R.4.t sL:.4 <'tl»stn'.tç.irt E t.tt,oRtzÁ('.io

das pinturas, das tapeçarias e, principalmente, das gravuras e das iluminuras, que circulavam
um pouco por toda a Europa. É, portanto, a partir destas "Ílovas" imagens e da sua interacção
com os conceitos e as descrições dos homens que contactaramdirectamente com a realidade
estética italiana da época que os artistas (Ruão, Amrdas, Castilho, Torralva, entre muitos
outros) se lançaram na descoberta e experimentação das formas artísticas renascentistas. É
nesta medida que a arte "renascentista será introduzida em Portugal por via indirecta ou seja

a maioria dos executantes não tinham estudado em Itália. Aadaptaçáo dos artistas aos novos
modelos difundidos pelos tratados de arquitecfura, gravuras, iluminuras, vitral, tapeçana,
etc., levou alguns deles a um período de ensaio/experimentação que se pode surpreender em

algumas obras, tanto na arquitectura, como na escultura e na pintura." (CASANOYA,2002,


p.26).
Até aqui, limitámo-nos a sublinhar de forma breve e sucinta a dicotomia entre as influências
nórdicas, assentes na tradição cavaleirescalgôtica, e as influências clássicas romanas, que
viúam sobretudo de Itália. No entanto, convém afirmar que o espírito moderno chegava a

Portugal tanto do Norte como do sul da Europa. Foram estas duas realidades que contribuíram
para a consolidação e para a afirmação da estética renascentista portuguesa.

Para concluir este capítulo, toma-se importante reaTçar que os descobrimentos tiveram
aqui um papel decisivo, quer no desenvolvimento cultural, científico e artístico, quer do
ponto de vista económico. Os contactos com o exotismo de outros mundos e outros povos
permitiram um intercâmbio cultural que teve, decerto, influência na forma de ver o Homem
e de interpretaÍ a acção artística à luz dos conceitos da época. E, em simultâneo, começaram
a chegar a Portugal as especiarias, o ouro, o açúcar, a seda e o marfim, entre outros produtos,
que fizeram do nosso país um enorÍne centro do comércio mundial e, consequentemente,
um país mais próspero, com capacidades económicas que permitiram levar a cabo grandes
empreendimentos capazes de potenciar o desenvolvimento das artes, principalmente, em
torno de grandiosos projectos de arquitectura como é disso exemplo o Convento de Cristo.

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O Crlusrno oa MtcHa »o Ccrlvplucl »E Cntslrl - coNTRIIIL:Tos P4R.4 .1 sL'..1 cr.r,lsEnl:t('.irl E t',tulntz.,tç'.it.t

2. ArnoxrnnlçÃo ao Cuusrno DA MIcHA

2.1. O cuusrno ENeUANTo LUGAR sIMBóLICo

"Para o homem religioso, o espaço não é homogéneo: o espaço qpresenta rupturqs, quebras; há porções de
espaço qualitativamente diferentes das outras. (...) Há, portqnto, um espaço sagrado, e por consequência <<forte»,
significativo - e há outros espqços não sagrados, e por consequênciq sem estrutura nem consistência"
(ELIADE,1999)

Sob o ponto de vista metafórico qualquer consúução é uma obra de criação, isto é, uma realização

de duplo simbolismo que o indivíduo estabelece entre atena(material) e o céu (espiritual).

Os claustros são os espaços arquitectónicos que assumem com maior propriedade este valor
simbólico, como se pode ilustrar com as palawas de Chevalier, Jean e Gberbrant, quando afirmam

que o claustro é "um centro cósmico em relação com os três níveis do universo: com o mundo

subterrâneo pelo poço; com a superficie do solo; com o mundo celeste pela árvore, pela roseira,

pela coluna ou pela cruz. Além do mais a suÍI foÍma quadrada ou rectangulal aberta sobre a
cúpula do céu, representa a união da terra e do céu. O claustro é o símbolo da intimidade com o
divino." (CHEVALIER & GHEEBRANT, 1982, p. 208).
No século XVI, onde os conceitos clássicos do renascimento italiano, que estabeleciam a dicotomia

entre vida activa versus vida contemplotiva, tiveram na Europa, com certeza, grande influência

na esfruturação da orgarrizaçáo espacial das edificações religiosas da época. A disposição dos


claustros, como em quase todas as construções monásticas, são geralmente inspiradas no princípio

onde se concentram os locais de vida em comum e revelam-se como espaço de recolhimento,


meditação e de sociabilidade. O claustro como centro espacial funcional e alegórico da vida
monástica era o lugar por onde quase tudo passava .

Neste sentido, também o claustro da Micha, como mais à frente aprofundaremos, era um local de
grande importância na vida conventual. Era affavés dele que se movimentavam muitas das pessoas

que faziam funcionar a grande "máquina conventual". Para além da sua função contemplativa

e educativa, a maioria dos serviços relacionados com a vida activa da instituição tiúam lugar
neste clausfro. A administração e os negócios, tal como as obrigações de alimentação e vestuário

passavam por este espaço.

Como já foi referido anteriormente, este claustro da autoria de João de Castilho, fazparte de um
conjunto de outros oito, ainda existentes no complexo conventual. Embora o convento de Cristo

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O Clalrsrno »n MtcHa oo CoN'nprro on Cntsro - :zNTRIBUTOS P/IR- .4 sL'.4 c'n,l'.sent:lç'..io E t'ÁLoRIZÁÇ'.io

teúa tido um programa construtivo que foi evoluindo ao longo de vilrios séculos e sob a direcção

de diferentes engeúeiros e arquitectos, o seu conjunto edificado mantém uma coerência formal

assinalável.

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Ftc;u'n't 4. Atç'.,too Pr».vrt no CuusrRo o.,1 Mtt'u.t, Jt"'t-Htt or 2004.

Ppncunso Consrnurlvo
Em finais do século XVI, 1589 (reinado de Felipe I), Frei Jerónimo de Róman, frade Jerónimo
que visitou o Convento, descrevia assim o Claustro da Micha que à época designou por "Crasta

da Procuração" ou da Procuradoria.
"El quarto claustro es mui grande y estendido aUl I aredor del qual estan las mas principales

offisinas [sic]// como es la procurasion la casa adonde se obran los// negosios del conbento todas
las entradas, a la cosina// e fornos con todo lo demas que es necessf (sic) p" una tanll grande
maquina como ay ca este Monasterio.Todallela y las offiçinas son de rica piedra con muchas//

colunas y basas y chapiteles de mucha arte y de obra/l rica e compuesta p todos los aposentos

son de abouada/lco medio tiene una sistema de las mas capazes que// ay en todo el Reyno de
Portugal, porque tiene tanllta agua que ja mas se vio agotada, sino quando// la limpian t Eltl]
stá fecha con dos compartimtos y eUl uno vá encaminado al Noviçiado por donde vall el agn
necessf (sic) para el y la demas que da p"llla cosina y forno y paÍa otras muchas necessida// des
del Monasterio esterior, porque para los Mon// jes ay otros possos de donde se proueer y lacausa/l
O Clntrsrno »a Mtc'ttn no CoNvpxro »e CRtsro - coNTRIi)Ltros P-1R.4 Á su-.4 co;\islRt',1ç'Ào tt t'.tutruzsç-.itt

de hauer tantas sistemas es porque el Monas// terio no puede tener fuentes por ser su asiento//
altissimo y no tiene agua Natural porque es o// corrediça p' serviçio del Conbento o del io p^ll
beber. Otro Claustro tiene de piedra alva/l qteno tan principal como los otros, pero es ne// cessf

p" el serviçio de la casa está sercado del Dormitorio por todas partes, tiene una gran sis// tema

con mucha agua que sirve para regarllciertos naranjales que se van poueendo y es// ta agua hà de

correr bien espaçio y abra fuell radel Monasterio p'los ditos naranjales que se ande acrescentar."l
(ROMAN, 1589, fls.68 e 69 V').
Construído na segunda fase de intervenção liderada por João de Castilho, entre os anos de, 1530

e I 55 1 (Anexo I ), em que as opções renascentistas tomaram o lugar das tardo-góticas. O claustro


da Micha fica situado no extremo noroeste de todo o complexo conventual.

2.2. DsscruÇÃo u lNÁl-lse nnqulrrcló:ltcn


Em Portugal, tal como acontecera em Itália, o renascimento começa a impor-se nos edificios,
primeiro, através da aplicação de elementos decorativos clássicos sobre estruturas góticas,
surgindo apenas mais tarde as soluções estruturais, espaciais e construtivas próprias deste
estilo. O "estilo" próprio do período Manuelino, durante o qual Castilho desenvolve uma
boa parte das suas obras, irá progressivamente aproximar-se da linguagem clássica sem,
contudo, abandonar a sua matriz ornamental. O contexto de uma transição estilística presente
no convento, tal como as características singulares do Manuelino, onde as formas locais se

fundem com tendências culturais universais, poderão, por vezes, dificultar a nossa análise
arquitectónica e espacial do Claustro da Micha.
O claustro da Micha apresenta uma planta rectangular com cerca de 29.50 m x 32.20 m,
lajeado com placas de calcário, cuja estereotomia, à meia vez, se desenvolve nos espaços
definidos pelas diagonais do rectângulo, convergindo para o centro do claustro, facilitando,
assim, o aproveitamento de águas paraa cisterna.
Neste pavimento existem quatro aberturas colocadas sobre os vértices de um rectângulo
imaginário concêntrico ao do claustro e outra na intersecção das suas diagonais. A abertura
situada no vértice Norte/Poente, conduz-nos ao interior da cisterna por uma escada de caracol

talhada em calcário. As restantes quatro aberturas destinam-se à recolha das águas pluviais
orovenientes dos telhados e dos terraços envolventes.
INorrnas de Transcriçâo. Os criterios de transcrição adoptados Íbrarn: Separar as palavras ot1 ligar'palavras
para rnelhor compreensào do texto; quando a mesma palavra aparece escrita de formas difererites é seguicla de
(sic); rnantiverant-se as abreviaturas e a omissão de letras.

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Àõffiãv
O Cratrsrno oa Mlc'Ha »o Co|rl'pl'rro »r Cnlsro - c-oNTRtBUTos ptR-4 .1 sL'.| co;',istnruç.io r r.tutatz.tq'Âtl

Descendo ao interior da cisterna, encontramos


um conjunto de doze abobadas que
descarregam sobre as paredes laterais e seis
colunas centrais que suportam o pavimento
superior, cujas abobadas e colunas, são

em tudo semelhantes as que encontramos


no piso superior. Esta cisterna, constru ída

com a função de alimentar o Noviciado e a


Cozinha, foi construida por Castilho na fase
final das suas obras no convento,, embora
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com dimensões bastante mais reduzidas ,é
em tudo semelhante aquela que o arquitecto -j7 (
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construiu na fortaleza de Mazagão anos n)
antes, l5 42 (V ITERBO, 1899).
Ao nível do piso térreo o claustro é ladeado
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por uma galeria que permite a circulação, L

possibilita o acesso a um conjunto de


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dependências outrora destinadas aos serviço, ?;;;" :::':' '" '':'*:: y"::::::
de apoio às actividades do convento e facilita

a comunicação com o exterior e com os claustros da Hospedaria, Santa Bárbara, Corvos e


Necessárias.
Hoje, a partir do claustro e circulando através da galeria podemos encontrar, na ala sul,
os espaços anteriormente destinados à cozinha (com ligação directa ao grande refeitório),
às despensas e ao açougue; na ala poente, as dependências destinadas ao fabrico do pão e
que terão contribuído, em parte, para a designação de Micha, que o claustro assume alguns

séculos mais tarde, as casas do pão, do forno, da lenha e ainda o refeitório dos irmãos
donatos. A norte, os espaços noutro tempo ocupados pela rouparia e sala para os sapateiros

do convento e pelo grande vestíbulo com acesso ao exterior. Na ala nascente, funcionavam
os "negócios" da ordem, com as dependências que originalmente deram nome ao claustro,
da "Procuração", ou Procuradoria formada pela casa do procurador, pela recebedoria e suas

duas salas de apoio.


Passando ao primeiro piso, verificamos a impossibilidade de circular em torno do perímetro
O Ct-ausrno oa MrcsR »o CowvsNro »r Cnlsro - c-aNTRtBUTos pÁR.t .4 sL'..| tt-r,lseRt:tçir.t e r.tutruz..tç'.itt

do claustro, pois os teffaços existentes sobre as galerias são interrompidos na intercepção


das fachadas nascente com a sul por um muro de alvenaria rebocado, com 2,40 m de altura
por 4,06 m de largura, no alçado poente pelo corredor das salas do noviciado e a norte pela
construção tardia da nova casa do D. Prior (figura 6).

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Os principais acessos aos terraços fazem-se através de uma escada de caracol situada na
intercepção da fachada norte com a nascente e a partir das celas dos dormitórios do noviciado
para chegar ao terraço situado a sul (isolado, por via da construção do corredor do Noviciado

e do muro construído na intersecção dos alçados nascente e sul). Por sua vez, o acesso à casa

do D. Prior pode ser feito pela escada de caracol (com porta rasgada aquando do acrescento)
ou através do corredor das salas do noviciado. Para chegar às salas do noviciado, podemos
fazê-lo através do corredor dos dormitórios ou atravessando a casa do D. Prior.
Centrando-nos agora na análise descritiva dos elementos arquitectónicos, verificamos
que a norte e a sul são compostos por quatro tramos marcados por três contrafortes e os
alçados nascente e poente por cinco tramos onde quatro contrafortes definem o ritmo destas
fachadas. Uma dupla cornija de pedra contorna todo o claustro em que a inferior se situa
a uma altura semelhante à largura de cada tramo. A rematar o muro da zona dos terraços
O Cr-,rusrno oa MIcHa oo Colvrxro os Cntsro - :qNTRTBL'T()s ptt.t .t sLt.4 c't»tsrnr'.ç,ltt r r.trcruzlç.icl

existe uma cimalha também de pedra, que foi mantida aquando da construção da casa do D.
Prior, desaparecendo apenas no alçado poente, provavelmente à data do fecho do terraço,
transformado em corredor de acesso às salas do Noviciado.
Nos alçados nascente e poente quatro tramos apresentam no piso térreo uma composição
que consiste: em dois arcos de volta perfeita (ou asa de cesto como refere Rafael Moreira,
1991), assentes em três colunas, encostando as duas exteriores aos contrafortes; e outro de
dimensão superior que é formado por um arco de volta abatida suportado por duas colunas
adossadas, permitindo este vão o acesso de viaturas ao claustro da hospedaria por um tunel

no alçado nascente e outro à casa do forno no alçado poente.


Nas fachadas norte e sul os quatro tramos são inicialmente formados por dois arcos de volta
perfeita e três colunas sendo as exteriores adossadas aos contrafortes. No alçado norte, um
dos tramos foi substituído na época filipina por um portal que permite o acesso à porta de
saída do convento. Este portal proveniente da zona da antiga portaria do convento, foi aqui
colocado entre dois botaréus no enfiamento da porta de saída já existente. O referido portal,
com cerca de 4,5x5 m, ladeado por colunas caneladas encimadas por capitéis coríntios e por
duas pilastras de menor dimensão e capitéis dóricos, mostra dois anjos que seguram uma
cartela com a inscrição da obra mandada executar por D. João III, sob a referida cartela, uma
arquitrave de cariz renascentista assenta nas laterais sobre duas mísulas, cuja face anterior,
apresenta figuras de anjos, em baixo relevo, e, na face inferiorfiguras aladas cujo olhar está
direccionado em sentidos opostos, isto é, a do lado direito de quem sai olha para o interior
do claustro e a do esquerdo olha no sentido de quem sai. No centro da arquitrave surge
também uma figura que representa uma cabeça alada inscrita numa pequcna cartela, que por
se encontrar bastante degradada não nos permite descreve-la com mais poÍTnenor.

Os tectos dos quatro lanços das galerias são formados por um conjunto de abóbadas, cujos
arcos, que formam as aduelas e pedras de fecho lavrados em calcário, os fechos ou chaves
das abóbadas decoradas com elementos vegetalistas e antropomórficos, mesmo quando
aparentemente iguais são sempre diferentes. Os panos das abóbadas, em tijoleira burro a
cutelo, são rebocados e caiados de branco (figura 7).
O conjunto das colunas que sustentam as galerias, apresentam fustes lisos em tronco de

cone aligeirado, encimados por capitéis de "inspiração" dórica, decorados, na sua maioria,
com elementos exclusivamente vegetalistas e outros onde as figuras zoomórfrcas ou

antropomórficas se associam a fomas vegetais estilizadas.


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O Cr-ausrno pa MIcttn no Convsxto ne Cnlsro - coNTRrBLtroÍ; pÁR-t.4 sL'..l cottsrru,lç''io t t+LoRtz,4Ç.io

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Podemos organizar os capitéis em quatro grandes categorias (figura 8). Como foi dito
anteriormente, a grande maioria, vinte e três, pertence ao grupo dos considerados vegetalistas,
onze são ornamentos geométricos que sugerem motivos vegetalistas, outros onze são

antropomórficos e quatro são zoomórficos.


Sob o ponto de vista da decoração existente nos capitéis, não encontrámos entre eles quaisquer
relações de ritmos nem de significados com as funções dos espaços (Anexo 2). Porém,
verificámos que na ala Norte as temáticas encontram-se bastante "mescladas", na ala sul
predominam os elementos antropomórficos, na poente os vegetalistas e na ala nascente os
motivos geométricos.
VEGETALISTAS ANTROPOMORFICOS ZOOMORFICOS OeOuÊrntCo

cM_cArcz cM_cAPo3 CM CAPO1 cM_cAPo5


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3. EvoluçÃo DA ORGANIZ^ç^o Esplcu,l


Aproporção como conceito matemático indica uma igualdade de relações entre dois produtos,
enquanto no conceito estético é mais vasto, girando em torno das ideias de simetria, de
analogia e de harmonia.
A teoria das proporções como sistema de relações harmónico entre as partes e o todo, tendo
como base um módulo, tem a sua primeira formulação clássica no cânone de Policleto,
460 - 410 a.C., que estabelece as medidas ideais do corpo humano como fracções da figura

inteira. Aqui as proporções fazem parte de uma norrna antropométrica e são entendidas
como harmoniosas e belas e nesse sentido possuem um valor intrinsecamente estético. Mais
tarde, Marcos Vitúvio Polião, sec. I a.C., apropriar-se-á deste cânone e desenvolverá uma

teoria das proporções adaptada à arquitectura. Para este autor os edificios deveriam basear-se
nas medidas do corpo humano ideal, onde a forma total é simultaneamente o corpo humano

(ideal) e o edificio (sagrado). Para Vitruvio, "a proporção depende da relação a que os gregos
chamavam Analogia. Pois relação é a conveniente medida que se encontra entre uma certa

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parte dos membros e o resto do corpo da obra, pela qual todas as proporções são sagradas.
Pois nunca um edificio poderá estar bem regrado se não tiver esta proporção e esta relação
e se todas as partes não tiverem relacionadas umas com as outras da mesma maneira que
estão as partes do corpo dum homem bem formado, quando comparadas com o conjunto"2.
Em síntese a proporção é a "comensurabilidade de cada uma das partes da obra e de todas as
partes no conjunto da obra, através de determinada unidade de medida ou módulo"3.

Para Panofsky a teoria das proporções baseia-se num sistema que estabelece as "relações
matemáticas entre os vários membros de uma criatura viva, em particular dos seres humanos,

na medida em que estes seres são pensados como assunto de uma representação artística".
(PANOFSKY 1989, pp. 49-50) Assim, esta ideia transporta-nos, mais umavez, para uma
relação antropométrica entre a figura humana e a realização artística.

3.1. As pnoponçors: l nlÉrrucl E os RtrMos


O pumo Casrrr.Hlxo
Tomando como base a descrição de Sousa Viterbo do contrato para a empreitada das obras
do convento entre a coroa e João de Castilho, celebrado entre as partes, em 30 de Junho de
1533 "idem mais fará todas as colunas que forem necessárias para debaixo das abóbadas, e

entressolhos que terão de grosso 2,5 palmos e de alto l2 com sua vasa e capitel" (VITERBO,
1899, p. 253), tÍilizou-se a medida da coluna (base, fuste e capitel) como ponto de partida
para o módulo padrão que terá sido utilizado na construção do claustro.

Numa primeira abordagem verificou-se que a medida da referida coluna é de l2 palmos


(+2,52 m) que corresponde a múltiplos com cerca de 2l cm, sendo que esta medida equivale
ao que geralmente designamos por palmo castelhano.
Esta conclusão a que chegámos tem para nós uma justificação simples, sendo João de
Castilho oriundo da região de Santander, Castillo Siete Villas (EALO DE SA, l99l ), parece-
nos provável que este tenha começado autrlizar esta medida padrão ainda durante o período

em que trabalhou no reino de Castela.


Partindo deste pressuposto, começámos por verificar se as dimensões do claustro (2180 cm
x2690 cm) correspondem a lO4 e 128 palmos Castelhanos respectivamente. Posteriormente
analisámos o alçado Sul para comparar a medida do edificado com o módulo de 2l cm

2 VITRUVIO, Os Dez Livros de Arquitectura, 1' Edição, De Architectura, III, cap.l, Lisboa, 1998.
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Clsrctruwos.

correspondente ao palmo castelhano.


Foi a partir das considerações anteriores que decidimos estudar a organização formal do
desenho das fachadas do claustro da Micha, no que concerne às proporções, à métrica e
aos ritmos dos seus espaços e elementos arquitectónicos. Partimos para esta tarefa com o
objectivo de o conhecernos melhor e, assim, podermos reconhecer, com maior acuidade, a
sua singularidade construtiva.

Tomando aplanta ea fachada sul do claustro em estudo como modelo de verificação, tentámos

averiguar em que medida poderíamos encontrar relações entre as partes entre si e o conjunto
da obra, mais concretamente entre os elementos da fachada (capiteis, fustes, janelas) e o
conjunto das construções que constituem o claustro. Esta observação permitiu-nos concluir,
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embora de forma empírica, que a modelação do claustro assenta num conjunto de relações
métricas das várias partes entre si, e destas com a totalidade dos elementos construídos.
Para definirmos as relações proporcionais do claustro usámos como módulo base um
quadrado de 9 x 9 palmos castelhanos que coffesponde à distância entre colunas. A seguir
com a rotação do quadrado, colocando a diagonal perpendicular, vai determinar uma
evolução, transformando-o noutro quadrado, cujo lado é a diagonal do anterior. Desta forma,
através de rotações sucessivas, e possível progredir para outros de maior dimensão, figura 9.
A aplicação deste método geométrico, permite-nos verificar a consonância do módulo com

as restantes medidas do edificio (Anexo 3).

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3.2. A nBuÇÃo Do cLAUsrRo coM ExrERroR E os ourRos EspAÇos Do CoNvENTo

Neste ponto do nosso estudo temos como principal objectivo identificar as diferentes
funções do claustro e a sua articulação no contexto funcional do convento. Agora interessa-
nos sobretudo entender como funcionariam estas zonas num quotidiano conventual, através
da leitura dos espaços tal como hoje os conhecemos, com as suas prováveis alterações.
Era através do Claustro da Micha que se movimentavam um conjunto de pessoas que faziam
funcionar "urrratan/lgrande maquina como ay ca este Monasterio" (ROMÁN, 1589, p.69)'
A maioria dos serviços relacionados com a alimentação, vestuário e educação tiúa lugar
neste claustro, desde as despensas passando pela coziúa, fornos, salas de aula, dormitórios
etc. Era ainda neste espaço que funcionava a procuradoria, a "casa das contas" com seu
arqueiro (Tesoureiro, que guardaaarcado dinheiro) (MEDEIROS,2008, p. 154), o cartório
e, mais tarde, podemos encontrar também aí a nova habitação do D. Prior, e a do padre
procurador, tomando este lugar num centro de administração e negócios da ordem que, a par
com as funções atrás descritas, faziam deste claustro um local de extrema importânciapara
o funcionamento de toda a vida conventual.
Um conjunto de dependências constituídas pela coziúa e fornos, casa da salmoura e

despensas, açougue e forno do pão asseguravam a alimentação diária de residentes, hóspedes

e dos muitos que ali acorriam por motivos de caridade. E evidente a relação que existe entre

este conjunto de dependências e o acesso directo ao grande refeitório dos frades, permitindo

daí fazer chegar rapidamente todas as refeições, para todos aqueles que ali se deslocavam
das mais variadas partes do convento. O refeitório dos irmãos donatos, serviçais leigos que
usavam hábito de frade, que tinham como uma das suas principais funções o serviço da
portaria do Convento - "Batiam à porta ou, melhor dizendo, tocavam o sino, esperavam um
pouco e o irmão Donato abria a porta" (JANA 1990, p. 322). Estes serviçais, que viúam das

tarefas que desenvolviam em várias zonas do convento e no exterior, chegavam diariamente

ali para tomarem as suas refeições.


Era neste lugar do Convento, no primeiro piso da ala sul e em parte da ala poente, que se
situavam os dormitórios dos Noviços e onde decorria a sua formação, as salas de aulas e

a capela dos "Reis Magos", atraindo para esta zona do Convento, um conjunto de pessoas
ligadas às questões de educação religiosa.
A sapataria e a "rouparia", da responsabilidade directa do Procurador, situadas ao nível do
-l -5
O Clausrncl oa Mtc'u,l oo CoxveNro »E Cntsro - coNTRIUL'Tos p.,tR.t.t sL'..l ('oÀsÉÂt:t(:lo t: t.ttnntz.tç.ict

piso térreo no ângulo Noroeste do claustro, contribuíam naturalmente para transformar este
lugar num dos mais movimentados de todo o convento. Os mestres alfaiates e sapateiros
desenvolviam aqui uma intensa actividade, a fim de darem resposta às necessidades de
vestuário e calçado da vasta comunidade que ali habitava.
A par das actividades anteriormente descritas, a procuradoria com a sua recebedoria e

o cartório, tal como, mais tarde, a habitação do D. Prior, atraíam também a este espaço
inúmeras pessoas, tanto do interior do convento, como do exterior para tratarem de assuntos
administrativos e de negócios. Aactividade agrícola, tal como os imensos terrenos arrendados
pela Ordem, constituíam uma importante fonte de financiamento da actividade conventual.
A entrada norte de acesso directo ao exterior permitia a chegada de um conjunto de matérias-
primas necessárias ao bom funcionamento das actividades do Convento. A Casa da lenha,
o açougue e as despensas, necessitavam de ser frequentemente abastecidas de leúa, carnes
e dos mais diversos produtos, acrescentando assim o movimento de pessoas viafuras e bens

neste claustro. Assim, este acesso directo ao exterior, facilitava o contacto com a comunidade

extramuros, também por aqui - segundo Rafael Moreira (1991) - os pobres vinham pedir o
"mixo", (bocado de pão), que terá dado origem à actual designação de Claustro da Micha.
A movimentação de pessoas e mercadorias por este lugar, obrigou a uma concepção
arquitectónica que, ao mesmo tempo, abria e resguardava as restantes áreas conventuais,
pois não devemos esquecer-nos que estamos perante uma ordem de clausura.

iír
O Ct-,tursrno pa MrcHa oo CoN"'n:rro oE Cnlsto - co.NTRrr]Ç-Tos p-1R.4 -t sL'.1 cr,t»unrtç'io e tlutntz.lç'.itt

II Prnrr - O O LUGAR E AS INTERVENÇÕES NO CLAUSTRO DA MTCHI

1. Bnnvrs NorAs soBRE A HISróRIA DA CoNsERvAÇÃo E Rrsmuno


A história da conservação e restauro tem estado, ao longo do tempo, determinada por
concepções de carácter religioso, estético e político. Um exemplo da influência das ideias
religiosas, são as transformações operadas, no período posterior à contra reforma, em
variadíssimas obras de arte. Também os tipos e os sistemas de governo marcaram, em muitas
situações, as suas ideias com destruições de peças de períodos anteriores e/ou impondo-lhes
novas interpretações.
E sobretudo a partir da revolução francesa (17 89-1799) e do surgimento da Arqueologia como

ciência no séc. XIX, que a Europa vê eclodir o Romantismo em oposição ao Racionalismo


do séc. XVI[, num período em que se viviam momentos difíceis do ponto de vista político,
económico e social. O novo movimento manifesta uma "insatisfação que olha com interesse
nostálgico o passado, e em especial a Idade Média", a tentativa de reviver, sobretudo na
arquitecfura, o estilo Gótico, fazendo despertar uma nova consciência, a da necessidade
de proteger,para melhor poder estudar e conhecer. É neste contexto que vamos assistir ao
surgimento das primeiras preocupações, por parte de algumas elites de intelectuais e artistas,
com a salvaguarda e protecção dos seus monumentos históricos.
A partir da Revolução Industrial, o monumento passa a ter uma conotação universal, para
isso, contribuem dois momentos particularmente importantes que irão contribuir para a

criação de uma nova mentalidade, e af,rmar o novo conceito de monumento histórico, são
eles: "O Relatório apresentado ao Rei, a2l de Outubro de 1830, por F. Guizot, Ministro do

Interior, para fazer instituir um inspector-geral dos monumentos históricos em França", e "o
panfleto, publicado em 1854 por John Ruskin, sobre a abertura do Crystal Palace" (assistia-
se aqui à viragem do séc.XIX e a um corte com a visão dos antiquários e com a atitude
nascida durante a Revolução Francesa, o monumento passa agora a servir "o sentimento
nacional" (CHOAY, 2000, p. 11a).
Com uma política de protecção centralizada no Ministério do Interior, a França debatia-se
com problemas de falta de técnicos com formação adequada, que pudessem dar garantias
de qualidade às suas intervenções. A História da Arte e da Arquitectura davam ainda os
primeiros passos, tornava-se necessário a aquisição de novos coúecimentos e a criação de
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O Cr,tusrno »e MrcHa oo CoNvrNto up Cnrsro - coNTruBLtros p,tR. .,1 st;..1 c'r-r,r,'.srtl:-t(',trt r: t'.lu,tntz.tç'.itt

uma filosofia de intervenção. Apesar de existirem já preocupações para que as intervenções,


fossem precedidas de um estudo histórico do edificio e da definição dos objectivos dessa
intervenção, por parte de homens como Vitet (1802-1873), Mérimée (1803-1870) ou Didron
(1806-1867), a realidade mostrava que "os critérios de intervenção assentavam numa
dispersão de métodos, numa falta de coerência e justificação teórica" (NETO, 2001, p.
43), é neste clima que surge Viollet-le-Duc (1814-1879), que viria a contribuir para alterar
definitivamente a história do restauro em França e na Europa. A ele se deve, a criação do
restauro monumental como disciplina autónoma da concepção arquitectónica, e o "fardo" de

ter inventado o princípio da unidade de estilo, atribuição algo injusta, se tivermos em conta
que esta poderá dever-se a possíveis erros de interpretação, quer das suas palavras, quer
das suas teorias, por parte daqueles que, por simples ignorância, ou por razões ideológicas,
decidiram fazer interpretações à medida dos seus interesses.
A Inglaterra vive neste período, momentos de descentralizaçio da actividade restauradora,
em que podemos constatar duas correntes: por um lado homens como Ruskin (1819-1900)
e Morris (1834-1896) que defendiam intervenções com carárcter anti-restauracionista,

onde o monumento era comparado ao ser humano, nascia, tiúa um certo tempo de vida
e inevitavelmente tiúa também um fim, com uma atitude bastante mais moderada, mais
próxima dos critérios preconizados em França por Vitet, Mérimée ou até Victor Hugo (1802-
1885), e consequentemente mais afastada das posições radicais assumidas por Viollet-le-
Duc; por outro lado, assiste-se a uma corrente mais intervencionista, e que encontrava em
homens como Gilbert Scott (1811-1878), James Wyatt (1746-1813) ou Augustus Pugin
(1762-1832), alguns dos seus principais seguidores (NETO, 2001).
A ltália que, desde o início do século XlX, influenciada pelo arqueólogo alemão
Winckelmann (1717-1768), procedia a diversas escavações, com o intuito de melhor
coúecer os monumentos do passado, faz diversos progressos ao nível da arqueologia e

da história da arte, que irão ter influência decisiva na evolução das novas teorias e práticas
do restauro monumental (CHOAY, 2000). Luca Beltrami (1854-1933) surge com um novo
método denominado restouro histórico, que contrapuúa à existência de um modelo ideal de
actuação "um rigoroso coúecimento documental, com base na pesquisa aturada de fontes
escritas e iconográficas, a par de uma análise profunda da obra e intervencionar" (NETO,
2001, p.47), embora teoricamente interessante, do ponto de vista prático, ter-se-á revelado
perigoso em virtude da sua subjectividade.
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O Cleusrno oa Mrc'Ha po CoNvr.lro or CRrsro - c'oNTRtBUTos p4R.t .,1 sL'. c'oxstnrt<',io t: r'.ttonrz.tç..i{t

Camiúava-se então para os finais do século XIX, quando o arquitecto Camilo Boito (1835-
l9l4), vem contribuir com uma nova sensibilidade, baseada numa espécie de síntese enfre

os princípios de Viollet-le-Duc e os de John Ruskin. Boito propõe princípios de intervenção


mínima, mas sem radicalismos, possibilitando a consolidação do existente, defendendo
a manutenção dos acrescentos e rejeita a reconstituição em estilo, valorizando a riqueza
arquitectónica e documental dos edificios. Durante o III Congresso de Arquitectos e

Engenheiros Civis, que teve lugar em Roma em 1883, Boito contribui com oito princípios
decisivos para o surgimento do que viria a chamar-se restauro científico, sendo considerados
ainda hoje como a primeira Carta de Restauro que, segundo Neto (2001), terão estado na
base da Carta de Atenas de 193 l.
Gustavo Giovannoni (1873-1947), seguidor de Camilo Boito, tem um papel decisivo na
introdução de um novo conceito, o de ambiente urbano, em que o monumento deixa de ser
visto isoladamente, passando a valoizar-se também o espaço envolvente (JOKILEHTO,
reee).
No início do século XX, o historiador de arte austríaco, Alois Riegl (1858-1905), é nomeado
presidente da Comissão austríaca dos monumentos históricos, e cabe-lhe atarefa de elaborar
a nova legislação para a conservação dos monumentos, de que resultarâ a obra "O culto
moderno dos Monumentos", a qual terá tido pouca importância na influência das práticas de
restauro, mas terá contribuído, sobrefudo com base no seu conceito de monumento histórico,
para influenciar decisivamente a forma como o século XX irá olhar o património histórico
(AGUTAR, 2002).
No século XX, o valor atribuído aos bens culturais como testemunho valioso da história
da humanidade, veio a influenciar decisivamente a evolução dos critérios da conservação
e restauro. Esta evolução prende-se, em grande medida, com a preservação de vários tipos
de objectos de uma forma mais integra, onde se respeitam, não só, as suas características
materiais e estéticas, mas também as contribuições que a história the foi impondo, isto é, o
valor estético e o valor histórico, a partir do século XX, assumem igual importância.
Os novos conceitos de valorização e preservação do património cultural e nafural, tal
como discussão sistemática da problemática da conservação e do restauro, determinaram
surgimento de novas decisões e directrizes, que vieram impor às sociedades actuais um
conjunto de Normas e de Regulamentos de carácter nacional e intemacional, a fim de
regularem as intervenções no âmbito das diversas áreas do património.
j9
O Crelrsrno o,r Mtclta oo CoxveNtcl pt Cntsro - cINTRIBUTqÍ; tj.-tR..t.4 sL',l ('oi\§[Àt:.í(--.io t tlrcntz.tçict

Pretendemos através desta breve síntese, mostrar a evolução das teorias e da legislação de
protecção dos monumentos na Europa, para melhor podermos entender, quais as influências
que terão determinado os critérios de intervenção no nosso País.

1.1. Rrsrnuno lneuBot óclco E REsTAURo EsrILÍsrICo


Raffael Stem (1774-1820) e Giuseppe Valadier (1762-1839) responsáveis pelo restauro
do Arco de Constantino e pelo Coliseu de Roma, evitaram as suas ruínas consolidando as
suas estruturas. Na zona envolvente ao Arco de Constantino realizaram um conjunto de
escavações arqueológicas e as peças que aí encontraram foram estudadas e reconstituídas
segundo a sua forma original. Esta atitude integra-se já naquilo a que os especialistas
designam por restauro moderno, visto terem ficado salvaguardados os valores históricos e
estéticos (AGUIAR, 2002).
Ludovic Vitet, critico de arte, defende que os arquitectos para poderem intervir nos edificios
históricos têm que ter conhecimentos de história da arte, para procederem aos estudos
arqueológicos imprescindíveis, dotando-os, assim, da informação necessária, para que a
reconstituição do edificio em causa seja conforme o original.
Viollet-de-Duc, arquitecto, escritor e historiador de arte, foi o homem que mais influenciou
os conceitos do restauro do século XIX. Para ele o estilo gótico era o "modo mais racional

de construir". Tal como os seus antecessores defendia a remoção de todos os acrescentos, de


forma que qualquer intervenção devolvesse ao monumento o purismo do seu estilo original.
O restaurador tinha que devolver ao edificio o estilo ideal, isto é, as características essenciais
dos monumentos de determinada época, mesmo que para isso tivesse de fazer alterações nos
elementos originais, a fim melhorar os seus hipotéticos "defeitos".
Em Inglaterra, J. Ruskin e Morris, contestavam a visão estilística de Viollet-de-Duc
e afirmavam que o problema se devia fixar, sobretudo, na constante manutenção dos
monumentos, a fim de se evitarem intervenções de restauro futuro.
Compaúeiro de Camilo Boito, o português Alfredo de Andrade (1839-1915), desempeúa
um importante papel, primeiro como membro da Comissão de Arte, nomeado em 1885,
"Regio delegato per la Conservazioni dei Monumenti del Piemonti e della Liguria" e mais
tarde em 1891 como director "dell'Ufficio regionale per la Conservazini dei Monumenti
del Piemonti e della Liguria". Andrade assina diversos projectos de restauro de edificios
antigos, embora imbuído de uma certa visão "estilística" do restauro, baseada em critérios
.+0
O Cl.qlrsrno ot Mlcua uo Co:.rvENro uE Cntsrcl - coNTRIBuros PAR.4 Á sL'.,4 c'o»seat',tçÃo e rlxtntz,tç'.io

filo|ógicos e analógicos, introduz algumas ideias novas, sobretudo a de um ponto de partida


essencial paÍa a elaboração do projecto, baseado no estudo do monumento como primeira
realidade objectiva, sempre acompaúado por deseúo rigoroso e apoiado na documentação
histórica. "La restituzione dell'edificio nella sua forma rappresenta per D'Andrade il fine da
raggiungere dopo aver verificato scientificamente tutte le sue fasi di costruzione e i materialli
impiegati" (DONADONO, 2005, p. 190).
Por sua vez, emltâlia, o arquitecto Camillo Boito reage aos conceitos e às ideias dos seus
contemporâneos franceses e ingleses. Boito opõe-se radicalmente a intervir nos "edificios
inacabados" de forma a concluir aquilo que não se tiúa efectuado inicialmente, propondo,
nestes casos, que se respeite integramente o original. As alterações introduzidas, ao longo do

tempo, em cada edificio, são manifestações culturais dessas épocas. Manifestando-se contra
as falsificações dos restauros estilísticos, defende o princípio de quando é necessário intervir
as obras recentes deverão diferenciar-se claramente das construções originais (BO[TO,
2002).

1.2. Rrsuuno Cnírtco


A II Guerra Mundial marcauma nova etapa da história do restauro, pois, em consequência

da destruição de numerosos monumentos históricos com valor artístico e cultural, a relação


com o valor artístico sobrepõe-se à relação com o seu valor histórico.
É neste ambiente de destruição monumental que Cesare Brandi (1906-1988) veio dar um
contributo decisivo para as teorias actuais do restauro, aprofundando a relação entre a

dimensão estética e a dimensão histórica, pois, para este autor, o restauro de uma peça não
lhe pode retirar os efeitos que o tempo exerceu sobre ela, por conseguinte, não se lhe pode
retirar parte da sua história. Para Brandi, os objectos artísticos possuem valor estético que
the é conferido pela forma como foi concebido, técnica, composição, etc. Assim, a unidade
estética dos objectos - tanto a sua estrutura como o seu aspecto - é conseguida através da
matéria, e é sobre esta que actua o restauro. Só assim "a consciência física da obra deve
necessariamente ter a precedência, porque representa o próprio local da manifestação

da imagem, assegura a transmissão da imagem ao futuro e garante, pois, a recepção na


consciência humana" (BRANDI, 2005, p. 30).
Apartirdestas ideias, Cesare Brandi delineou os grandes princípios do restauro contemporâneo
definindo o restauro como "o momento metodológico do reconhecimento da obra de arte
.ll
O Cl,tusrno o..L MtcHn oo CoNvl.:rto »e Cntsto - coNTRIBL'Tos'P4Rl, t sL'.1 (o,\'-strÀl:í('.ií) t uusntz,tç'.itl

na sua consistência fisica, e na sua dupla polaridade, estética e histórica, com vista à sua
transmissão ao fufuro". Acrescentando ainda, no sentido de assegurar o respeito pela obra de

arte que "o restauro deve observar o restabelecimento da unidade potencial da obra de arte
para que seja possível o seu desfrute, sem cometer um falseamento artístico ou histórico, e

sem destruir os vestígios da passagem do tempo pela obra de arte" (BRANDI cit., MIGUEL,
2002, p. 2a$.
As ideias defendidas por Brandi são ainda hoje consideradas bastante actuais para a
realidade da conservação de monumentos em muitos países europeus, residindo o seu

principal contributo na elaboração da Carta de Veneza, 1964, qlue veio dar um verdadeiro
carâcter internacional aos principais fundamentos orientadores das acções de conservação
do património (HENRIQUES, 1991).
Passados mais de quarenta anos sobre a primeira edição da "Teoria del Restauro", Brandi,

continua a influenciar teóricos, pensadores e técnicos com responsabilidade na defesa do


património um pouco por todo o mundo. A experiência obtida no ICR (Instituto Central de
Restauro de Roma), que the possibilitou verificar os seus princípios teóricos aplicados a
práticas de altíssimo nível e sempre consciente dos seus métodos de referência,paraos quais

teve a ajuda de conservadores como, Giovani Urbani (1925-1994), seu sucessor na direcção

do ICR, Laura e Paulo Mora entre outros (CARBONARA, 2005).


Desde a criação da Carta de Veneza, que muito deve ao seu pensamento crítico, muito se
tem escrito. O surgimento de novas cartas e convenções assentam geralmente no mesmo
"espírito" e princípios. Contudo algumas vozes discordantes em relação à aplicabilidade
dos seus princípios teóricos se têm feito ouvir, criticas essas que embora legítimas, não
produziram até ao momento teorias alternativas verdadeiramente inovadoras com vista à
resolução de problemas práticos (Anexo 4).

1.3. SÍnrnsB oa ovol,uÇÃo Dos coNcEtros DE coNsERvAçÃo o DE RESTAURo

Podemos afirmar, com alguma segurança, que as conferências e as cartas intemacionais


foram espaços de discussão de conceitos e de elaboração documentos que orientaram a

acção da conservaçáo e do restauro, ao longo de mais de um século (Anexo 5). No fundo,


foi a comunidade científica que influenciou decisivamente os estados a tomarem as medidas
legislativas que nos permitem, hoje, coúecer melhor o nosso passado e usufruirmos de
obras, espaços e monumentos de grande significado artístico.
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O Clalrsrno oa MIc'ttl po ColvgNro oE Cnrsro - coNTRIBltros PÁR.t .1 sL'-.l «-r.r.rrRt:tç.io e t:sutntz.t|.itt

As normas apresentadas por Camillo Boito ao III Congresso de Arquitectos e Engeúeiros


Civis realizado em Roma (1883), foram coligidas e transformadas num documento síntese
como resultado das conclusões desse Congresso. É a partir desta data que são lançados os
primeiros fundamentos do restauro científico, baseado num conjunto de liúas de orientação,
propostas por Boito, onde se definia:

1. que todas as operações de restauro devem ser criteriosamente documentadas;

2. a preservação de acrescentos de outra épocas, sempre que tenham valor artístico;


3. que os acrescentos que tenham de ser feitos, para salvaguarda da existência do
edificio, devem ser aplicados materiais distintos, de forma a serem facilmente
identificados;
4. o respeito pelos monumentos, enquanto documento histórico, provocando
quaisquer alterações que possam provocar interpretações erróneas da história;
5. a intervençáo érealizada, em função do estado de degradação, segundo a seguinte
ordem: consolidação, reparação e restauro.
As renovações e os acrescentos, como até aqui se faziam (restauro estilístico), foram
completamente afastadas deste documento, guê, segundo Jokilehto, 1999, é considerada a
primeira carta italiana sobre restauro. Os conceitos de conservação e restauro defendidos
por C. Boito, vieram, mais tarde, a influenciar decisivamente a chamada"Carta de Atenas",
através do seu discípulo Gustavo Giovannoni.
No entanto, foi a partir do primeiro quartel do século XX que, de forma consistente, surgiram
os primeiros movimentos organizados de defesa do património construído. E nesta época que

se começa desenvolver um trabalho de divulgação, que tem o seu ponto alto na organização da
conferência em Atenas, onde participaram, para além de meros profissionais da construção,
"Especialistas para a Protecção e Conservação de monumentos de Arte e História". Deste
encontro, surge a chamada Carta deAtenas (1931), que veio definitivamente a influenciar
um conjunto de leis para a defesa do património em diversos países da Europa.
Depois daI[ Guerra, otratadodepazfirmado emParis, contemplareintegraçãodospatrimónios
culturais nacionais. Nesta situação de grande degradação das cidades atingidas pela guerra,
foram cruciais as cartas e a legislação, entretanto criada, sobre defesa, conservação e restauro
de monumentos. Em L954, ainda na ressaca da [I Guerra, é adoptado, no Convénio de Haia,

o compromisso de respeitar e proteger os bens culturais nos territórios ocupados, no caso de


conflito armado.
.+i
O Clausrno »e MrcHe oo CoNvnNTo pE Cnlsro - coNTRItJt..tros ptR.t .t se--1 í'o,l,slxt:.t4:.irl E í:4LORlz.4ç'.io

Em 1963 Cesare Brandi publica "A Tboria do Restauro" que, rapidamente, se transformou
no documento teórico com maior importância na abordagem da conservação e do restauro.
Embora inicialmente os conceitos teóricos contidos nesta obra se referissem, essencialmente,

a obras de arte, depressa foram adoptados à conservação e ao restauro de património edificado.

Para Cesare Brandi as obras de arte, para além da sua importância histórica, possuem,
sobretudo, valor artístico intrínseco. Estes conceitos irão ter, um ano mais tarde, um papel
decisivo no II Congresso deArquitectos e Técnicos de Monumentos, cujas conclusões deram
origem à designada Carta de Veneza (1964). Nesta data foi criado em Veneza e consolidado
no ano seguinte em Varsóvia, o ICOMOS, Conselho Internacional de Monumentos e Sítios,
com o objectivo geral de pôr em prática as recomendações da Carta de Veneza. Com o
objectivo de promoção da investigação, da formação e da difusão de técnicas científicas
sobre conservação e restauro de bens culturais, foi criado o ICCROM, Centro lnternacional

de Estudos para a Conservação e restauro de Bens Culturais, que fixou a sua sede em Roma.
O conceito de defesa do património alarga-se em 1972 na convenção paÍa a protecção do
património mundial, cultural e natural, realizada em Paris, sob os auspícios da UNESCO,
onde se estabelecem medidas específicas para protecção do património natural. Decidiu-se
ainda estabelecer formas de colaboração para assistência científica, técnica e económica
internacional aos países com dificuldades em empreenderem obras de conservação e restauro
nos seus monumentos.
O Manifesto de Amesterdão (1975), Carta da Europeia do Património Arquitectónico,
recoúece o património arquitectónico como expressão insubstituível da riqueza e da
diversidade da cultura Europeia, promovendo não apenas os monumentos mais importantes,
mas também os conjuntos arquitectónicos que constituem as nossa cidades antigas e as

aldeias tradicionais no seu ambiente natural e construído.


Em 1984, o congresso de Copeúaga, organizado pelo ICOM, define a profissão de

conservador-restauradore impulsionou a criação de associações nacionais ea Confederação de

associações europeias de conservadores - restauradores (ECCO), que vieram posteriormente

a elaborar um código deontológico e as bases onde se deve sustentar a formação e a actividade

destes profissionais.

Em 1976, a UNESCO chamou à atenção sobre a arquitectura rural e o ordenamento do


território e, nesse mesmo ano, a TCOMOS elaborou a carta de turismo cultural. Nos anos
oitenta dá-se grande impulso à salvaguarda dos centros históricos e da cultura tradicional
1,1
O Ct.eusrno o.,r Mrcsa ocl CoNvrxto pr Cnrsrcl - coNTRtBLtr()s pÁRl .t sL'l «)];sERl',1ÇJio r rlutntz,tç-.4o

popular.
O conteúdo da Carta de Cracóvia (2000) pretende lançar as bases para o século XXI, no
que diz respeito à identificação, protecção, conservação e restauro no novo século. Renova

os princípios para a conservação e restauro do património construído, referindo que " a

reconstrução de um ediÍicio na sua totalidade, destruído por um conflito armado ou por


desastres naturais, só é aceitável se existirem motivos sociais ou culturais excepcionais, que

estejam relacionados com a identidade própria de toda a comunidade".


Nos finais do século XX, início do XXI, destacam-se os contributos de Françoise Choay,
Jukka Jokilehto entre outros, a propósito da clarificação do conceito de "autenticidade",
que, na opinião destes estudiosos, não permitia interpretação e aplicação universal devido
às diferenças culturais existentes, por exemplo entre a cultura europeia e outras civilizações.
Para estes autores, "a autenticidade dependerá sempre da cultura do tempo e da forma como

as tradições são entendidas, quer coÍrespondam a uma viva ou já morta" (AGUIAR, 2002,
p. 75).
O conjunto de ideias defendidas por estes autores viria a ser materializado num encontro
internacional (Japão, 1994),no qual se produziu o Documento de Nara sobre aAutenticidade
onde-se promove o princípio da diversidade cultural na avaliação de cada pais, de cada
cultura, na definição do que é o seu próprio conceito de auntenticidade, em contradição com
os valores anteriormente estabelecidos pela Carta de Yeneza (AGUIAR, 2002).
Mais recentemente, Salvador Muf,oz Vifras, 2005, no seu livro "Contemporary Theory of
Conservation",vemdefender a ideia de que, ao contrário do que acontece com as teorias de
meados do século XX, o momento actual deve centrar-se na importância do sujeito (aqueles
a quem se destina o bem restaurado) e não no próprio objecto em si mesmo. Introduz os
critérios de intersubjectividade, em que o valor do objecto está dependente do significado
atribuído pelo sujeito, envolvendo especialistas e comunidade; e de sustentabilidade,
defendendo que este critério deve sustentar-se no princípio da intervenção mínima, em
oposição ao da reversibilidade (que considera impossível), no sentido em que o objecto será
transmitido de geração para geração.

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O Clelrsrno ort Mtctta »o CoNveNro ot Cntsro - coNTRIBLtros pÁR.t .4 sL'..1 co,vstnt'.rç'jo E t'..tLoRtz.tç.io

1.4. Rrsmuno EM PoRrucAL sÉcut,os XIX r XX


Embora os nossos monarcas teúam revelado, uns mais do que outros, diferentes interesses
pelos monumentos históricos do passado, podemos considerar o alvará de D. João Y de Agosto
de l72l (JORGE, 2000), como uma das primeiras grandes manifestações de preocupação
com a salvaguarda do património nacional. No entanto, é sobretudo a partir de 1834, com
a extinção das ordens religiosas, que, quer o Estado, quer alguns intelectuais portugueses,
começam a tomar uma maior consciência da necessidade de proteger e salvaguardar os
monumentos históricos nacionais.
Com a extinção das ordens religiosas, em 1834, os seus bens passam paraaposse do Estado,
sendo uma parte integrada no património nacional e outra vendida a particulares. No último

caso, a mudança de uso e, por vezes, o abandono, a que algumas estruturas foram votadas,

acelerou o processo de degradação, atingindo mesmo, nalgumas situações, a ruína desses


edifícios. Aqueles que se mantiveram na posse do Estado, na sua maioria, não chegaram a
atingir estados de degradação ruinosa, embora teúam sofrido alterações expressivas nos
espaços interiores, para se poderem adaptar às suas novas funções de hospitais, quartéis ou
escolas. Aqui, por vezes, também as fachadas de edificios com valor estético e histórico
sofreram alterações que lhes retiraram o seu aspecto original.
É com a publicação de quatro artigos sobre "Os Monumentos " por Alexandre Herculano
(1838-39), que surge o primeiro manifesto sobre a salvaguarda do património arquitectónico
e artístico português (CUSTODIO, 1993).
Por volta de 1840, são dados alguns passos, embora isolados, no sentido de proceder a

algumas obras e ao levantamento e classificação de monumentos. A falta de meios e alguma


dificuldade em ultrapassar as questões burocráticas, ligadas com a definição de competências
entre Ministérios, irão contribuir para a lenta evolução na criação de legislação e medidas
relativas à salvaguarda do património em Portugal, levando a que a primeira lista de imóveis
classificados surja apenas no último ano do regime monárquico. Na parte final do século
XIX realizaram-se inúmeras intervenções em edifícios com valor artístico, alterando-lhes
o aspecto original, numa perspectiva de restituição de um ideal estilístico, baseados, em
conceitos idênticos aos preconizados à época, em França, por Viollet-de-Luc.
Com o surgimento da República, assiste-se a uma maior celeridade na criação de legislação
sobre o património, no entanto, a sobreposição de poderes entre vários ministérios, Obras
'iír
O Cl.q.usrno o,q MrcHe po CoNvr:rr<l oc Cnrsro - coNTRtBL)Tos pÁR.4 .t su.-t co,rseRr;rç:.io e r',u,tatz,tç.itt

Públicas, Educação e Finanças, provocará desarticulação de acções apesar das diferentes


tentativas de descentralizaçáo de competências. Com a Lei da Separação do Estado das
Igrejas, de Abril de 191 1, que retirava personalidade jurídica à Igreja e assim a possibilidade
de possuir qualquer bem, o Estado volta a ver aumentado o número de imóveis à sua guarda,

torna-se, por isso, necessário tomar medidas com vista à org anização datutela dos monumentos

nacionais. Surge em26 de Maio de 1911, o Decreto n.o 1, visando a "reorganização dos
serviços artísticos e arqueológicos", dividindo o país em três circunscrições (Lisboa, Porto
e Coimbra), possuindo cada circunscrição um Conselho de Arte e Arqueologia. Apesar
do esforço, a constante instabilidade política e a participação portuguesa na Primeira
Guerra Mundial, em nada contribuíram para uma estabilidade económica que permitisse a
implementação de uma política articulada de intervenção no património durante a primeira
República (NETO, 200 I ). Durante a segunda década do século XX, no âmbito da política dos
Conselhos de Arte e Arqueologia, surgem pelo país, algumas associações ligadas à defesa
do património. Decorria o ano de 1918, quando um grupo de individualidades da cidade de
Tomar, lideradas por um militar, o tenente-coronel Garcez Teixeira, formou a União dos
Amigos dos Monumentos da Ordem de Cristo (UAMOC). Esta associação desempenhou
um importante papel, funcionando como interlocutora entre o poder local e o poder central,
na protecção e defesa do património do Concelho de Tomar. A UAMOC, sob proposta
do Ministro da lnstrução Pública, foi considerada Vogal Correspondente, em Tomar, da
Comissão dos Monumentos do Conselho deArte eArqueologiada lu Circunscrição, e foram-
lhe cedidas instalações no Convento de Cristo para aí depositarem todos os objectos de arte
e arqueologia, por estes recolhidos. Das muitas actividades da UAMOC, podemos destacar
o interesse que sempre manifestou junto dos serviços responsáveis pelos monumentos
nacionais, no sentido de tentar mantê-los informados sobre o real estado de conservação do
Convento de Cristo e de outros Monumentos do Concelho de Tomar.
No início da década de 20, pouco se tinha avançado desde o Decreto de l9l l, é então que
surge um novo decreto que vem criar, a Administração Geral dos Edificios e Monumentos
Nacionais - AGEMN (Decreto n.' 7 038 de 17 de Outubro de 1920), com os serviços
divididos por duas direcções, com sede em Lisboa e Porto.
Entre 1924 e 1926, viveram-se em Portugal momentos de crise e de instabilidade política,
que em nada terão favorecido o aparecimento de novas leis no domínio do património,
excepção feita ao Decreto n.o I 1 445 , de I 3 de Fevereiro de 1926, que transfere o serviço de
11
O Creusrno ne MrcH,r oo CoNl'ntr<l DE CRISTo - coNTRIBUTos p-1R-.1 .4 sL'.,l ('ír\sl.Ât:{Cií) t t..ru.tniz.tç.itt

monumentos da Administração Geral paraa 3.'Repartição de Belas Artes. O Decreto de24


de Abril de 1,926, nomeia o arquitecto Adães Bermudes chefe da 3.u Repartição da Direcção-

Geral de Belas-Artes, e tem a coadjuvá-lo os arquitectos António do Couto Abreu eBaltazar


de Castro (NETO,2001).
Nova reorganização dos serviços é operada em 14 de Março de 1928, com a criação do
Decreto n.o 15 216, estas modificações vêm apenas complementar a antiga legislação e
conferir "atribuições" ao Conselho Superior de Belas-Artes.
Aproveitando o clima favorável proporcionado pelo movimento militar de l926,bem como o
facto de ter à frente do Ministério um General, estavam criadas as condições para centralizar
num só organismo os serviços ligados com a conservação dos monumentos. É então que,
em 1929, surge a Direcção Geral dos Edificios e Monumentos Nacionais (DGEMN),
serviço que passa a depender do Ministério das Obras Públicas. A partir desta data, passa
a Direcção a ter competências na área da elaboração de projectos de restauro, execução de
obras, por administração ou empreitada, fiscalização, actualizaçáo do inventário de imóveis
classificados, organização de catálogos e arquivo iconográfico dos monumentos nacionais.
Competia também à Direcção cuidar de alguns aspectos legais e jurídicos referentes aos
monumentos, bem como decidir sobre as orientações técnicas a pôr em prática nos trabalhos
de conservação e restauro de imóveis.
A reorganizaçáo dos serviços contemplava a passagem de pessoal técnico, da extinta 3.u

Repartição paÍa a nova Direcção, que tinha agora a chefiá-la um engenheiro militar como
Director-Geral, Henrique Gomes da Silva (cargo que ocupara até 1960).
Durante os primeiros anos de vida do novo organismo, a política e a daaposta na continuidade

do que vinha sendo feito desde 1926, embora em Março de 1930, um novo decreto, vem
dividir os Serviços em duas Direcções, a Direcção dos Monumentos Nacionais do Norte,
liderada pelo Arquitecto Baltazar da Silva Castro e a Direcção dos Monumentos Nacionais
do Sul sob a direcção do Arquitecto António do Couto Abreu, substituindo o Arquitecto
Adães Bermudes.
É com Oliveira Salazar,como presidente do Conselho de Ministros em 1932, que se assiste a

uma nova reorganização dos Serviços de Monumentos, são divididos em serviços centrais e
serviços externos, assiste-se novamente a uma política centralizadora existindo apenas uma
Direcção de Monumentos, sendo os Serviços de Edificios divididos em quatro Direcções de
Edificios.
-+l(
O Crnusrno oa Mrcua oo CouveNro »n Cnrsro - coNTRIBUTos P.tR.4.t sL'.1('oÀ.srÂr;,(.i() e t.tt.ontz'rç'.itt

Em 1933, é adoptada uma nova Constituição, por plebiscito, e é instituído o novo regime

designado por Estado Novo. O novo regime define, desde logo, novas bases ideológicas
"assentes no nacionalismo e num sistema corporativista como ideologia anti-individualista

e anti-liberal, anti-socialista e anti-sindicalista, e como instrumento de conciliação forçada


dos conflitos económico-sociais" (NETO, 2001,p. 141), que irão ter influência decisiva nos
princípios adoptados para aconservação do património nacional, durante várias décadas.
No início do Estado Novo, o regime, à medida que cresce o sentimento nacionalista, sente
a necessidade, através da sua acção propagandista, de valorrzar e glorificar os feitos dos
portugueses no passado. Foi então através da glorificação dos feitos históricos do passado,
aliados aos "testemuúos vivos" que constituíam os nossos monumentos, que o estado
encontra a melhor forma de fazer passar a mensagem do regime.
No segundo quartel do século XX, a Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais
veio dar um novo impulso à conservação e restauro do património. O Estado Novo considerava

essencial a preservação dos símbolos daPáttria, pois eles encelravam em si grande parte da
história nacional. Foi graças a esta atitude que, com todas as suas contradições, salvaram
vários edificios com valor artístico e histórico, sacrificando, é certo, muitas das suas zonas
envolventes, para que estes ampliassem a sua importância no contexto da malha urbana em
que estavam inseridos.

Fruto do centralismo conquistado a partir da criação da DGEMN, e da nova atitude


"nacionalista/memorialista", estão agora, reunidas as condições, para que o estado possa pôr
em prática a sua política doutrinária, dando início ao que viria a ser uma verdadeira "cntzada
paffimonialista".
Provavelmente tendo já em vista as comemorações do VIII Centenário do Nascimento de

Portugal e o ttl da Independência da Espanha, o Eng.o Henrique Gomes da Silva, apresenta

uma comunicação no 1.o Congresso da União Nacional em1932, onde expõe as grandes
linhas condutoras da orientação a seguir nas campanhas de restauro dos Monumentos
Nacionais, e que constavam do seguinte:
" 1. lmporta restaurar e conservar, com verdadeira devoção patriótica, os nossos monumentos

nacionais, de modo que, quer como padrões imorredouros das glórias pátrias que a maioria
deles atesta, quer como opulentos mananciais de beleza artística, eles possam influir na
educação das gerações futuras, no duplo e alevantado culto de religião daPátría e daArte;
2. O critério a presidir a essas delicadas obras de restauro não poderá desviar-se do segundo
'+9
O Crnusrno ua MIctta oo ColvENro or Cnlsro - coNTRIBUTos PÁR.4 .1 sL:.l co,r,'.scRt-lq:.trl r ttutatz,tÇ.itt

com assinalado êxito, nos últimos tempos, de modo a integrar-se o monumento na sua beleza
primitiva, expurgando-o de excrescências posteriores e reparando as mutilações sofridas,
quer pela acção do tempo, quer por vandalismo dos homens;

3. Serão mantidas e reparadas as constÍuções de valor artístico existentes, nitidamente


definidas dentro de um estilo qualquer, embora se encontrem ligadas a monumentos de
caracteres absolutamente opostos." (CUSTODIO, 1993, p. 57).

Os Boletins da DGEMN que a partir de 1935, com a publicação do restauro da Igreja de


Leça do Bailio, passam a publicar todas as suas grandes intervenções, deixando-nos um
conjunto de estudos históricos e outras informações dos trabalhos realizados, que ainda hoje
se revelam uma fonte fundamental para as actuais intervenções no património edificado
nacional.
O efeito daCartade Atenas de 1931, pouco ou nada se fez sentir em Portugal, pois a política
do regime talveztenha até contribuído para uma certa regressão em relação a alguns avanços
do passado, voltando à "teoria da unidade formal de estilo". A realidade do restauro em
Portugal durante o Estado Novo não sofre avanços equiparáveis com o que ia acontecendo
em outros países europeus. O engeúeiro Gomes da Silva e a sua política doutrinária para
os monumentos portugueses, peÍmanece ligado ao princípio de devolver aos edifícios a sua

"traça primitiva", até ao seu desaparecimento em 1960.


Contudo, como refere Jorge Custódio, não devemos limitar-nos a observar o papel da
DGEMN numa perspectiva meramente "ideológica subjacente à política restauracionista
do Estado Novo" os contributos deixados ao nível da experiência adquirida, as tentativas de
renovação e adaptação à evolução dos novos tempos, o legado das suas publicações e ainda
o facto de ter tornado o restauro numa atitude sistemática ao contrario do que acontecera no
passado, valorizamo papel desta Instituição na defesa do património nacional (CUSTODIO,

1993, p. 58).
Os acontecimentos ligados com a 2u Guerra Mundial vêem despertar as consciências, sobre

a forma de resolução dos problemas deixados por tamaúa destruição. A diversidade de


opiniões surgidas, umas no sentido das totais reconstruções dos edificios, outras defendendo
apenas atitudes baseadas na conservação de ruínas, levaram a uma tentativa de criação
de novas metodologias e filosofias de intervenção, que pudessem definir critérios e linhas
orientadoras aceites pelos vários estados. Estas discussões, fruto da necessidade surgida
no pós-guerra, originaram uma reunião de especialistas de vários países, que ocoÍreu em
50
O Ct-nusrno ur MrcHa »o CoNvnrto ot CRrsro - coNTRIBUTos P4R-4 .,1 sL'.4 c'r,txsenttç'..itt e rtu.tntz.tç..itt

Maio de 1964 emYeneza, (tI Congresso Internacional dos Arquitectos e dos Técnicos dos
Monumentos Históricos), surgia assim a Carta de Veneza para a conservação e restauro de
Monumentos e sítios.
ACartade Veneza, embora se possa admitir que se ffate de um documento algo genérico, com
os seus principais fundamentos baseados na Carta de Atenas de 1931, pretende sobretudo
que os seus princípios teúam carâcter lnternacional do ponto de vista da sua divulgação, no

entanto, permite a criação de Legislação local e regional adaptada às diferentes realidades


culturais e tradicionais de cada um dos países membros (HENRIQUES, 1991).
A Participação de arquitectos e técnicos portugueses na reunião que viria a dar corpo à

Cartade Veneza, tendo um deles, participado na redacção final da referida carta, o que, daria
"inicio a uma nova fase do movimento português de salvaguarda do património cultural",
que se abria, pela primeiravezà internacionalizaçdo (CUSTODIO,lgg3,p. 60).
Arealidade nacional, após o final do Estado Novo e entrada no regime democrático, segundo
Maria João Baptista Neto, é marcada pela dispersão das competências dos órgãos de
preservação do património. Apesar da instabilidade política do pós revolução, os princípios

ideológicos no que respeita à conservação do património eram próximos. Impuúa-se


pois uma nova perspectiva com o objectivo de promover novos valores ideológicos que
rompessem com os do passado. Para concretizar esses objectivos tornava-se necessária a
criação de legislação adequada e a formação novos quadros técnicos.
Essa necessidade de formar novos técnicos, vai ter repercussões na criação a nível
nacional de cursos superiores de conservação e restauro e de recuperação de património
arquitectónico, de que são exemplos: o Bacharelato em conservação e restauro, do actual
Instituto Politécnico de Tomar, criado em 1983, que, no entanto, apenas se inicia no ano
lectivo de 1988/89; o curso superior de Conservação e Restauro (de Lisboa), que teve inicio
em 1989, actualmente integrado na Universidade Nova de Lisboa e, no inicio dos anos 90,
o Mestrado em Recuperação do Património Arquitectónico e Paisagístico da Universidade
de Evora. Hoje, o país conta com treze cursos superiores de conservação e restauro, seis
licenciaturas, quatro mestrados e três doutoramentos; e cerca oito cursos de ensino técnico-
profissional, cujos alunos optam por integrar o mercado de trabalho ou por ingressar nas
Instituições de ensino Superior.
"Até à publicação da Lei n' l3l85, de 6 de Julho (denominada Lei do Património Cultural
Português), a defesa e a conservação dos bens naturais e culturais do país regulou-se por uma
-51
O Cr.qusrno »e MIcua po CoN'n,ENt<t »E Clntsro - coNTRtBLtro:; pÁR,l -4 sL'.l co,l:srRltrq'-,ir.r E t.4LoRtzÁ('.,io

legislação dispersa e de conteúdo mais ou menos vago e ambíguo" (JORGE, 2000, p. 6).
A criação do IPPC (Instituto Português do Património Cultural), em 2 de Agosto de 1980,
marcou um ponto de viragem na forma de organização do património nacional, uma vez que
a sua tutela passou para o Ministério da Cultura.
Em 1991 e 1992, são criados o IPM (Instituto Português de Museus) e o TPPAR (Instituto
Português do Património Arquitectónico e Arqueológico), em 2006, surge uma nova
reorganização com a separação do património arqueológico, do arquitectónico e a criação de
dois institutos, o IPA, para a arqueologia e o IPPAR, paÍa o património arquitectónico.
Em 1999 surge o IPCR (Instituto Português de Conservação e Restauro), pelo Decreto-
Lei 342199 de 25 de Agosto, o qual viria a ser extinto em 2006 através do Decreto-Lei no

21512006 de 27 de Outubro, a nova lei orgânica do Ministério da Cultura cria o Instituto dos

Museus e da Conservação.
Actualmente, o organismo responsável pela protecção património cultural é o IGESPAR que
foi criado pelo Decreto-Lei 96107 de 29 de Março, e faz a fusão do IPPAR, tPA e DGEMN.

5l
O Cllusrno oa Mtcua oo C<tNvsNtcl pt-: Cnrsto - coNTRtBLtros p4R.4.t sL'.4 ct.r,v'.srRt:-lçlt.r E r-qLoRlzl<-io

2. Pmxclplts ALTERAÇÕEs ESTRUTURAIS E FUNcIoNAIS

Durante cerca de duzentos e oitenta anos o Convento teve uma ocupação de acordo com
a função para a qual foi projectado. Contudo, como já referimos anteriormente, a simples
ocupação, tal como a passagem do tempo, impuseram as consequentes adaptações às
necessidades da vida monástica de cada momento, provocando as alterações e os desgastes

naturais inerentes a esta u/tllizaçáo.

2.1. PruxclpltsllrrnlÇopsIDENTIFIcADAS
Embora Frei António de Lisboa e João de Castilho tenham trabalhado juntos "na execução
do projecto", desde o início, com o objectivo de adaptar a arquitectura aos princípios da
nova reforma os edificios vão sofrendo alterações em função das exigências que surgiram
em cada circunstância da vida quotidiana e em cada momento histórico. Foi neste sentido
que tentámos identificar possíveis alterações que terão ocorrido no claustro, nos anos
subsequentes à sua conclusão.
Existem nas fachadas nascente e sul, ao nível do piso superior, zonas correspondentes aos
dormitórios, uns finos blocos de cantaria, com orientação vertical, estes, marcam ritmos na
fachada, e também, muito provavelmente, impediam a comunicação e a visibilidade entre
os ocupantes das celas, como comprovámos e como Rafael Moreira, 1991, jâ tinha referido.
Também os muretes existentes nos terraços das referidas fachadas, pela sua altura (144
cm) e espessura (74 cm), dificultavam a visibilidade de quem circulasse no mesmo piso e

praticamente impossibilitava a visualização de quem circulava no pátio do piso inferior. Por


aqui podemos entender quanto era importante que a ideia de clausura estivesse presente na
arquitectura deste espaço, leia-se a opinião de Rafael Moreira a este propósito, sobre a obra
de Castilho:
"Essas unidades arquitectónicas claramente isoladas pela função organizam-se segundo uma

hierarquia rígida, expressa na separação fisica dos vários sectores, assim sublinhando o desejo
de isolamento subjacente à regra do silêncio e criando como que mundos à parte, que não
admitem a mistura, ou sequer a visão, dos diversos estamentos dos conversos (irmãos leigos
que trabalhavam como criados) aos noviços, dos monges aos hóspedes de passagem. Em
contraste com a amplidão dos espaços de vida comunitária, portas estreitas criam barreiras,
mais psicológicas do que fisicas, entre cada sector; e septos verticais em pedra colocados
-5 -l
O Cleusrno oe Mrcua uo CttrvrNro ol: Cntslr - c'oNTRtBLtros P4R.1 .,1 sL'.4 coN"sERrÁÇÃo E l:4LoRtzÁÇ.io

entre as janelas do dormitório impedem que um monge debruçado observe os viziúos de

cela e possa perturbar o seu sossego, quando em leitura ou meditação, sentados no banco
junto a cada janela." (MOREIRA, 1991, p. a9Q.
Segundo Román, cada monge possuía na sua cela uma espécie de floreira para as suas
próprias plantações, o que reforça ainda mais a ideia de clausura.
Sendo assim, parece-nos natural que apesar dessa preocupação constante com a clausura,
ela poderia, por vezes, não corresponder na totalidade aos objectivos pretendidos, o que
levou provavelmente à necessidade de alterações, senão do projecto, pelo menos da própria
construção, quer numa fase ainda inicial, quer ao longo do tempo em que a própria reforma
se foi consolidando.
A partir da observação visual dos diferentes espaços, detectámos vários "acrescentos" no
claustro que podem ter tido diversas origens. Umas terão resultado certamente da consolidação
prática da ideia de clausura que Frei António de Lisboa tanto "defendia", outras terão tido
origem em necessidades da vida monástica quotidiana por parte daqueles que habitaram
estes espaços. Certo é que temos bastantes reservas sobre se a imagem geral do claustro,
correspondente ao que João de Castilho idealizou para o espaço. Em nosso entender, tal
como em muitos outros edificios, também este se foi moldando em função das diversas
condicionantes geradas ao longo dos tempos.
Comecemos por aquele que não sofre contestação por parte da generalidade dos autores,
o edifício que actualmente designamos por "Casa do D. Prior". Situada na ala Norte do
claustro, trata-se de uma construção tardia, provavelmente de finais do Século XV[[, como
se depreende a partir da afirmação de Rafael Moreira a respeito da volumetria da fachada
norte do Conventoa, e que embora não possamos provar documentalmente, a não existência
desse edificio. No tempo de Castilho, a casa do D. Prior situava-se naala Sul do Claustro dos

Corvos (contíguo à Micha), como refere Frei Jerónimo de Róman, edificio com qualidade e
dignidade superior ao da que veio localizar-se sobre a fachada norte do conventos.
A nova casa do D. Prior, edificio de dois pisos, construído sobre o terraço correspondente

4 ". . . adições protobarrocas do corpo da Enfermaria e da Sala dos Cavaleiros ( I 68 I -90; hoje Hospital Militar)
que em alguns lugares duplicaram a altura primitiva com enxertos tão inestéticos quanto os novos aposentos
do D. Prior sobre a estrada" (MOREIRA, l99l,p. a94).
5 "A cela do D. Prior ocupava o extremo do braço meridional do dormitório superior, encostada à casa da
Livraria, e incluía uma sala para visitas e serventia própria por escada de caracol que subia desde o claustro
«dos corvos»». Com vista para a cerca, ela seria mais tarde mudada para o lado oposto, sobre o claustro da
Micha" (MOREIRA, 1991, p. 524).
5'1
O Cr-lusrno pa Mrclra oo Colwruro or Cnrsro - (-INTRIBUTIy PAR.4 .4 sL'.4 c'ctxsr,Rt',tÇÃtt t r'.'ttcsatz,rç'.itt

aos espaços destinados ao vestíbulo e à sala dos sapateiros, pouco tem a ver com o tipo de
construção de Castilho no Convento de Cristo. Sempre que um piso inferior se destina a
suportar outro edificio ou até mais, a estrutura é completamente diferente da que podemos
observar ao nível do piso térreo, sendo, em casos semelhantes, o jogo de arcos com suas
colunas e abóbadas de dimensão muito inferior, formando vãos mais pequenos e resistentes
de forma a suportar as cargas do que se lhes sobrepõe, o que aqui não se verifica. A actual
construção possui um enorrne vão formado por um conjunto de três grandes abobadas, e
cuja distância entre as colunas e a parede de fundo é maior do que em qualquer outra ala do
claustro, provavelmente por não ter sido "projectado" para suportar grandes cargas como as
que suporta neste momento. O que sabemos é que no início do séc. XX, a União dos Amigos

dos Monumentos da Ordem de Cristo (UAMOC), queixava-se da necessidade de execução


de obras neste local, que se encontrava sob perigo de derrocada, o que, de certa forma,
vem atestar o que atrás foi dito. Apesar das paredes (de pedra) estruturais deste acrescento
assentarem sobre as do piso térreo, o que confere alguma estabilidade ao edificio, tal como
as paredes de compartimentação em tabique e o pavimento em soalho, tornam a estrutura
mais leve, pondo em evidência que esta solução não corresponde ao "desenho" de Castilho.
Se observarrnos com atenção a forma como todo este bloco termina quer a nascente, quer
a poente, podemos entender com alguma facilidade como este vem impor-se às estruturas
preexistentes, cortando a poente a fachada da capela dos Reis Magos e a nascente a fachada
da casa dos Fâmulos.

Outros factos que parecem confirmar a nossa opinião devem-se à presença de gárgulas na
fachada e à inclinação do pavimento no sentido do interior do claustro, o que pressupõe a
necessidade de escoamento de águas pluviais como acontece nos restantes terraços, a acrescer

B
I
P

F tou n.t I 4. ESrtneOrutUt1 ott P.tnuexru Oo Tma,tÇtt Atç'too NtS<-mre E Do PRIMEIRI etXt p4CttSt oo D. Pnton

55
O Clausrno oa MIcun oo CoNvglto »e Cnlsro - coNTRIBa-To.s pÁRl -a sL'.4 c'oxsmt,,.t('.io o t'.lutntz,tçÃo

a tudo isto o pavimento do piso 1 (da nova casa do D. Prior) é em pedra com estereotomia

semelhante à dos terraços existentes nas fachadas nascente e sul.

A discrepância da volumeffia e a incoerência do deseúo, tal como a forma como este edificio

veio como que a "engolir" uma espécie de torre circular com uma bela escada em caracol, no
ângulo NE, ainda existente, vêem reforçar a tese por muitos defendida de que este edifício se
trata de uma construção tardia que nada tem a ver com o claustro de Castilho. Situação que
se pode observar na fachada exterior do claustro correspondente.

Face à unanimidade de opiniões sobre a construção desta casa do D. Prior, optámos por
avançar com uma reconstituição conjectural deste espaço do claustro. Como ainda hoje
podemos observar, a presença de uma coluna que encontrámos numa das paredes da casa
do D. Prior e que se encontra parcialmente tapada, podendo fazer parte de uma possível
estrutura de um alpendre aí existente. Esta coluna, com cerca de 27 cm diâmetro, bastante
mais leve do que as que suportam os terraços, de igual dimensão e em tudo semelhante na
decoração às colunas da estrutura da escada de caracol, situa-se no cruzamento do eixo
do contraforte central com o alinhamento das paredes estruturantes que arancam da casa
dos Fâmulos. Encontrámos ainda no pavimento e com o mesmo alinhamento, uma marca
semelhante às dimensões da base de assentamento da coluna. Por tudo isto, pomos a hipótese

da existência de um alpendre suportado por este tipo de colunas, acompanhando os ritmos


das colunas da galeria do piso inferior.
Ao contrário da casa do D. Prior, que se nos afigura mais como um verdadeiro acrescento
tardio, o corredor existente na frente da fachada das três salas do noviciado, oferece maiores
dúvidassobreseestanrosapenaSperanteumacreScentoposteriorouànecessidadedecriar
uma zona mais "recatada" para uso exclusivo dos noviços ainda durante a fase inicial da
construção. Não estamos perante uma construção modesta do tipo da nova casa do D. Prior,
mas sim de algo que continua a ter algumas marcas da obra de Castilho, como é o caso das
conversadeiras junto às janelas viradas ao claustro, em tudo idênticas às que aparecem por

tantos outros espaços do convento e que lhe têm sido atribuídas. Román apenas descreve
as três salas nada dizendo sobre a existência ou não de um corredor nesta zona, pelo que
nada podemos concluir sobre originalidade ou acrescento surgido de uma outra qualquer
necessidade.
Por carta de João de Castilho enviada ao Rei D. João IIl, em Setembro de 1548 (Viterbo,
1988, p. 199), se pode comprovar que o bloco das salas de estudo dos noviços foi certamente,
\ í)
O Creusrno pe Mrcua »o Convrlro or, Cntsro - coNTRIBL'Tos P.4R.t A sL'..l c'oitsgRt'ÁÇÃo r r-.tutruz,tç'.4r.t

a par da grande cistema, uma das últimas construções do Claustro da Micha. Neste caso,
estamos perante uma de duas hipóteses sobre o que consideramos serem outras alterações

neste claustro. Frei Jerónimo de Román diz tratar-se de uma área (piso superior do claustro)
reservada aos noviços, criando um nível de circulação autónoma que compreendia toda a
área NO do claustro, "por forma a impedir a promiscuidade com os outros moradores da casa

e isolá-lo da clausura" (MOREIRA,200l p. 354)


Na ala Oeste funcionariam os dormitórios em duas das salas e na terceira, uma capela,
segundo Román, chamada dos Reis Magos, referida também pelo mesmo autor como
oratório do Noviciado. Román, ao contrário do que faz por exemplo em relação às três salas
existentes na ala poente, nada refere sobre a existência neste local de qualquer corredor
fechado, ficando assim a dúvida sobre se ele existiria ou de como seria originalmente este
espaço que ele apenas refere como terraço (eirado). O que sabemos é que esta construção não

é por ele mencionada, daí pensarrnos que se trata de um acrescento posterior à passagem de
Frei Román pelo Convento. No início do século XX, Vieira Guimarães refere-se a hipotética
alteração deste aquando da sua descrição das três salas do Corredor do Noviciado, "As suas

fachadas, que deitam para avaranda transformada em corredor"... Uma vez mais, e por não
existir prova cabal sobre a data de execução desta obra, decidimos representar o respectivo
alçado numa outra reconstituição conjectural , para melhor podermos ilustrar que atrás se

disse (ver reconstituição conjectural do Alçado Poente no anexo gráfico).


Outra das evidentes alterações neste claustro, apesar da engenhosa forma como ali foi
colocado, trata-se do portal da fachada Norte. Frei Pedro Moniz (sobrinho de Frei António
de Lisboa), Prior do Convento, queixava-se da localização da antiga portaria, "que ficava
entre a charola templária e o local onde mais tarde surge a Sala dos Reis". (MOREIRA,
1991, p.506). Era precisamente nesse local que se encontrava originalmente o referido
portal de 4,5 metros por 5 de altura e que, ao mesmo tempo que dava entrada no Convento,
marcava a fundação da obra Joanina como refere a inscrição: tN NOMINI DOMINI / O

MUITO ALTO E MUI PODEROSO E CATHOLICO REI D. JOÃO III DESTE / NOME
MANDOU REFORMAR EDIFICAR / ESTA OBRA NO ANNO DO SENHOR DE 1534 I
E SE ACABOU NO DE I543.
Foram vários os argumentos utilizados por Frei Pedro para alterar a portaria do Convento e
transferi-la para outro local. Uns de ordem funcional, outros de ordem religiosa, portanto,
mais ligados à clausura
O Clqusrno o.q Mtctte oo CoNvrnr<-i pp Cnlsrcl - coNTRIBL;Tos pÁR.q Á sL'.l <'oxsenrtç'Ãtt a rtutatzlÇ.Ão

"Vinha gente de desvairadas partes e pelas mais variadas razões iam ter à portaria velha. Toda
a gente lâ ia, até mulheres. Batiam à porta ou, melhor dizendo, tocavam o sino, esperavam

um pouco e o irmão Donato abria a porta. De imediato estavam numa das faces do Claustro
da Hospedaria, de onde os seus olhares podiam ver acozinha, viam o que os freires possuíam

para passar um inverno sossegado, para além de poderem reparar se existiam hóspedes.
Como o acesso era mais ou menos livre, percorriam várias dependências não tendo muitos
escúpulos em tirar pão quente que tinha acabado de sair do forno. Também não era do
agrado dos religiosos eles irem direito ao matadouro à espera que sobrasse alguma coisa ou

até que sentissem o cheiro do mosto que provinha da adega.

Para os religiosos a situação não era muito melhor, pois se havia recado para o prelado
tinham que subir e descer com a resposta, isso se não fosse necessário levar a réplica, o que
quer dizer que tendo a escada 42 degraus isso fazer 84 ou 168 degraus. Alem disto, os frades

tinham de passar por esta zona da portaria sempre que se deslocavam para o Refeitório,
encontrando-se amiúde com os irmãos do Noviciado" (JANA, 1990, pp. 322-323).

Frcune 15. VesriauLo t BÁt.yo DA C,ts,c Do D. PRIon.


FoNre: StNrtRÉu, Toutn, SÃo JoÃ<s B,msn: Mosreno »e CNsfií CoME,'"ftt or Cntsro, rt" 141820002, 1955: DGEMN/ DRMLtssoe,
Fr»Lt 502365 : Púauto 05-07-2004 I 8:06: 33.

§t{
O Clausrno ol Mtcxrr oo Co:rvl,Nro or Cntsro - coNTRIBUTos zARA Á sL'.4 r'oltsrnt'.tÇÀtt n tlutntzsç'.4c-t

A determin açáo de Frei Pedro Moniz acabou


por convencer Filipe III de Espanha, que
no capítulo geral celebrado no Convento
a 16 de Outubro de 1619, mandou que se
procedessem a estudos para a construção de
uma nova portaria (JANA, 1990).
No ano seguinte, mand aYa o prior
"desencantoar" o referido portal e "transferi-
lo para sítio mais visível, abrindo a Port ana da

Claustra da ProcuraÇão (Claustro da Micha)


para o serviÇo cla caza para as cavalgadtras
e carros, em cujo exterior estava a pequena
<<Porta do Carro»>" (MOREIRA, 1991, p.
s06).
Constatou-se tambem uma alteração ao nível
do Alçado Norte, cujos arcos se encontravam
FK;L,,R.q 16. Esr''tt)..l DE C.tn.tcr», .lcESSo .t C.ts,t Do D. Pnrcn
fechados ate 1957 (Anexo 5), com paredes
de alvenaria de pedra rebocada e com pequenas frestas horizontais, estas paredes formavam
o vestíbulo da portaria do claustro que teria duas portas6.
Por último, e ainda relacionado com a construção da casa do D. Prior, registou-se uma outra
alteração na estrutura de planta circular, situada na intersecção do alçado norte com o nascente,
cuja escada de caracol vê ampliado um degrau e rasgada uma porta para acesso directo á casa
do D. Prior. Em nossa opinião, esta não existia, dando a escada de caracol apenas acesso ao
terraço Nascente do claustro, com a casa dos Fâmulos, Cartório e aposentos da Hospedaria.
Este terraço, que terminava a sul no muro de grandes dimensões, a par da estrufura que
enceÍra a escada de caracol, separava esta ala nascente dos três terraços correspondentes
ao Noviciado, pois numa ordem de regras tão rígidas, não nos parece lógico a permissão de

convivência entre noviços e hóspedes7.

6 Leia-se a propósito das funções do Procurador: "Em o pátio de entre as duas portas da sua claustra, por onde
entram as cavalgaduras, terá muito cuidado de mandar acender todas as noites, em tangendo às completas, ulna
lànpada ou lucerna, que estará acesa até ele se recolher; a esse tempo estará a porta de fora fechada, e a de
denrro da claustra aberta" (MEDEIROS, 2008, p. 154).
7 Das competências do Mestre dos Noviços: "Ensinar-lhes-á o Mestre a cantar. Íezar. poÍ si ou por outrem
que o saiba bem fazer; e assim as mais cerimónias da ordem, para servirem no que lhes for mandado, e não
consentirão falarem os de sua jurisdiçâo no noviciado, nem sair fora dele sem sua especial licença, excepto
indo a suas particulares obediências" (MEDEIROS, 2008, p. 157).
5e
O Clausrno »a Mtcua po Coxvuxro os CRtsro - coNTRIBLtro.t p4t-t Á sL'.4 coxsenr.tc-Ão n t',tulruz,tc'.icl

2.2. Ournes ocupAÇôEs REGIsTADAs No CLAUsTRo DA Mtcnl


Entre os anos de 1834, data da extinção das ordens religiosas, e 1837, segundo os dados de
que dispomos, o Convento terá praticamente sido votado ao abandono e ao vandalismo. Seis

anos mais tarde, António Bernardo da Costa Cabral adquiriu em 1843 a parte licitada do

convento e cerca, correspondente à zona Sudoeste do Convento (ala poente do Claustro dos
Corvos), por uma quantia inferior a cinco contos de réis. Para além de ali ter habitado com
a sua família, zelol por todo o conjunto monumental, atribuindo-se-lhe mesmo a iniciativa
de (1843), enquanto Ministro do Reino, ter conseguida a nomeação de um guarda para o
convento e assim evitar o vandalismo de que este era alvo desde a extinção das ordens
religiosas (MENDON Ç A, 2004).
Em 1871, grande parte das dependências do Convento é ocupada pelo hospital militar,

incluindo-se aqui o claustro da Micha, algumas dependências do claustro (casa do D. Prior)


são transformadas em residências entre 1911 e 1927 pela G.N.R.

No começo do século o Claustro da Micha e dependências anexas foram ocupados pelos


boers que se tinham refugiado nas antigas colónias poúuguesas (ANAIS DO MUNICÍpIO
DE TOMAR,19741' cit. MENDONÇA, 2004).
Reflectindo de alguma forma as preocupações dos poderes públicos com o património, no
princípio do séc. XX, segundo Jorge Custódio, passa a residir no Convento, na Casa dos
Fâmulos, um responsável pela conservação do monumento (CUSTODIO,2008b).
Em 1907 e depois na lista de 1910, por decreto de I de Julho, é considerado Monumento
Nacional, sendo-lhe atribuída aZonaEspecial de Protecção em 1946.
Entre l9l4 e 1918, o Ministério da Guerra, irá ocupar praticamente todo o Convento, com
excepção da lgreja, e, em 1921, dá-se a instalação no convento do Colégio das Missões
Ultramarinas, por deliberação do Ministério da Instrução Pública, um dos espaços por estes
ocupados, ate 1996,é o Claustro da Micha e dependências envolventes, onde, a par das muitas

actividades, desenvolvidas pelos seminaristas, estes aproveitavam para libertar a energia


própria da sua juventude como se pode constatar na seguinte passagem "o hóquei jogado no
Claustro da Micha com sticks de ramos de oliveira aparados com navalhas transmontanas"
(VIEIRA DE SÁ, 2008, p. 10a). Ao contrário do comportamento energico e irreverente,
própria da juventude, por parte dos seminaristas, o Reitor do Seminário tinha, inclusive,
como uma das suas principais obrigações "garantir a conservação do monumento na sua
60
O Cl.qlrsrno on Mrcua »cl Corl,rNto ne Cntsro - C'INTRIBUToS talR:t..1 SL'.4 cr.r,lttxt:lç:40 t
":.tt.oatz..tç'.ict

integridade fisica e artística" (CUSTODIO, 2008a, p.26), a ocupação do espaço da Micha


pelos seminaristas, devolve-lhe, de certa forma, as funções para a qual foi construído.
Naquela época foi necessário proceder a algumas obras e adaptações para a ocupação por
parte dos seminaristas, que "conviviam" Ílos espaços do convento com outras instituições
(Regimento de Infantaria 15, UAMOC, Hospital Militar e G.N.R) e ainda o 3o Conde de
Tomar, Bernardo Costa Cabral. Durante os setenta anos que ocuparam o convento, o Colégio
das Missões, foi aumentando a sua área de ocupação à medida que os espaços ocupados

pelas outras instituições iam sendo resgatados (CUSTODIO, 2008a).


Em 1975, algumas dependências do claustro foram ocupadas por famílias refugiadas de

Africa por iniciativa do I.A.R.N. (tnstituto de Apoio ao Retorno de Nacionais) de onde só


saíram em 1980, também em 1975 a casa do fomo foi ocupada pelo Regimento de Infantaria
15 (DSFOE, Tomar, V; cit. MENDONÇA,2004).

O Convento de Cristo, desafectado desde há muito, passa entre 1981 e 1986 paraa tutela
do Ministério da Cultura (IPPC) e a partir de Dezembro de 1983, é considerado Património
Mundial pela UNESCO.
Em 1986, três dependências do claustro da Micha ocupadas pelo Ministério do Exército são
devolvidas ao Ministério das Finanças. Continuando o resgate das diversas zonas ocupadas
do convento, em 1991, o Seminário das Missões entrega ao IPPC (Instituto Poúuguês do
Património Cultural), a totalidade dos edificios por esses ocupados nos quais se incluíam o
Claustro da Micha e dependências envolventes. Finalmente, em 2003, podemos considerar
como último resgate a desocupação das salas da casa do D. Prior por parte da Camara
Municipal de Tomar.
O Convento de Cristo passa a ser tutelado pelo IPPAR a partir de 1992 e, actualmente, pelo
IGESPAR e é hoje um importante espaço visitável na maioria dos seus espaços.

2.3. InrenvrNçôBs RBILtzADAs No sÉculo XX


Apesar de consideraÍÍnos que, na sua grande maioria, a documentação da DGEMN (Anexo
5), nomeadamente, no período compreendido entre 1927 e 1980 (relativa às intervenções
anteriores) se revela insuficiente para podermos analisar essas intervenções à luz de critérios
actuais, estamos em crer que, para arealizaçáo de uma qualquer proposta de intervenção em
património arquitectónico, deveremos utilizar os actuais critérios definidos pelos organismos
nacionais e internacionais com vista a uma melhor sustentação da nossa proposta. Não é nossa
61
O Cl.cusrno oe Mtclla oo Ccl:lwxto ue Cntsrrl - coNTRtBLtros P,tR-4 .4 sL'-l co»sent'-tÇ.ítt r: tlutruztÇ.it)

intenção fazer tmaanálise anacrónica, mas sim poder decidir com uma maior segurança, por
exemplo, sobre todo e qualquer elemento que deva ser mantido ou removido tendo em conta
esses critérios.
Apartir da análise da documentação consultada nos arquivos da DGEMN, podemos afirmar
que quer o valor do Claustro em estudo quer a sua autenticidade histórica não foram postas em

causa a partir daquele conjunto de intervenções. O claustro as suas principais características

denffo do contexto do edificio ao qual pertence. Embora a maioria das dependências do


claustro tenha tido sucessivas ocupações que, por vezes, não se limitaram a provocar apenas
o natural desgaste dos materiais, tal como se pode constatar na carta enviada pela UAMOC,

em 1927, referindo a existência de danos provocados pela utilização das áreas afectas pelo
destacamento da GNR, não vem afectar a leitura global dos espaços e as características
arquitectónicas foram mantidas.
O mesmo não pode afirmar-se quanto à manutenção da autenticidade dos materiais utilizados

durante essas intervenções. Apartir da documentação analisada constata-se que, muitas vezes,
a total remoção de elementos arquitectónicos foi feita sem respeitar a construção original,
nem os critérios da época. A título de exemplo, em 1934, registaram-se intervenções como,
picar e rebocar paredes, fazer cimalhas em pedra e rebaixar pavimentos. Estas intervenções
por si só podem não revelar nenhum problema quanto ao rigor de utilização dos materiais,
das técnicas ou até do resultado final da intervenção, no entanto, o facto de hoje em dia
não ser óbvio a localização das mesmas, quer do ponto de vista visual quer documental,
impossibilita-nos de identificar qual aparte reconstruída da cimalha só para referir esse caso.
Ao longo do período histórico, em análise, o claustro teve sucessivas ocupações,
nomeadamente, as tropas da GNR, o Seminário das missões ultramarinas e os portugueses
retornados de África, as diferentes utilizações dos espaços e consequentes necessidades dos
seus ocupantes obrigaram a sucessivas alterações onde, em nossa opinião, raramente foram

tidos em conta os "cuidados" que um edificio desta importância merecia, refiram-se as obras
de electrificação e canalizaçáo.
Tendo como base a pesquisa efectuada nos arquivos da DGEMN, as intervenções registadas
no claustro nem sempre assentaram num projecto de intervengão tal como hoje o entendemos.

A análise histórica, a identificação de causas e danos com vista à selecção das acções de

consolidação e ao controle da eficácia dessas intervenções, não foram consideradas. As obras


realizadas tiveram origem sobretudo na optimização das novas funções e em operações de
6l
O Creusrno »a. Mrclta oo Ccllvenro »e Cnlsro - coNTRtBLlro.t P4R.4.,1 sL'.4 ('o,\'.§E?l:.í(:.io t r'.-tutntz,tç.itt

manutenção ou integrada no conceito de conservação sobre as manifestações de degradação


e não sobre as causas.

As reais necessidades de utilização dos espaços tornaram as obras "apressadas" não tendo em
conta os critérios mínimos necessários à reabilitação do edificio para as suas novas funções.
Contudo, e apesar de alguns prejuízos causados por algumas intervenções menos cuidadas,
pensamos que à imagem de muitos outros casos que coúecemos, o facto de este ter sido
habitado pode ter evitado degradações de maior relevo.

6-j
O Crarrsrncl oa Mtcua oo Cox.u.sNto pn Cnlsro - coNTRIBL'Tos P.,tR.l .4 su'-l c'o,lsltRt'.lq:lrl F: t'.tontz.,r<-.irl

3. CanlcrnntzlçLo Dos MATERIAIs E TÉcNICAS coNsrRUTIvAs

Neste capítulo debruçar-nos-emos sobre os espaços do claustro e da sua envolvente onde


pretendemos apresentar propostas de conservação e valorizaçáo. As dependências descritas
anteriormente servidas por este claustro não serão objecto de intervenção visto apresentarem
grande extensão e diversidade de problemas. A metodologia que pretendemos utilizar
na resolução dos problemas do claustro pode ser facilmente adaptada às dependências
envolventes, uma vez que os materiais e os problemas encontrados são em tudo semelhantes.

3.1. DescruçÃo Do cLAUsrRo E suA ENvoLvENTE


O claustro da Micha apresenta em planta uma forma (rectangular) 29.50 m x 32 m e é
constituído por quatro galerias.
As galerias norte e sul são suportados por três contrafortes que dividem os respectivos
alçados em quatro espaços, em que cada um é subdividido por duas aberturas formadas por
dois arcos de volta perfeita e três colunas de fuste em tronco de cone com capitéis dóricos.
No caso do alçado norte, que consideramos que inicialmente seria simétrico ao seu oposto
(alçado sul), surge um portal que assinala a obra mandada edificar por D. João II[, e que
ali terá sido colocado durante o período filipino com o fim de facilitar o acesso directo ao

claustro através da entrada norte, criada anteriormente por Frei António de Lisboa por razões
de clausura. Mais à frente tentaremos aprofundar esta questão.
As galerias Nascente e Poente apresentam um ritmo simétrico, diferindo apenas no número
de contrafortes que, neste caso, são quatro, dividindo-o em cinco espaços iguais, quatro
deles são compostos por oito abeúuras constituídas por arcos de volta perfeita, tal como
nos alçados norte e sul. No quinto espaço existe uma abeúura formada por um arco de volta

abatida, ocupando sensivelmente todo o espaço entre contrafortes, estes destinam-se: no


caso do alçado poente, a facilitar o acesso à casa do forno e no do alçado nascente, a permitir
o acesso às dependências do claustro da Hospedaria.
Inicialmente como as galerias suportavam apenas os terraços de acesso ao piso superior
(piso 2) e não, como actualmente, encontramos nos alçados norte e poente, em que surgem
edificações posteriores sobre a estrutura da galeria. Mais adiante abordaremos mais
pormenorizadamente esta solução que veio a criar problemas na estrutura da própria galeria,
obrigando a intervenção da DGEMN, em 1962, obra que constou de "substituição de um
(rri
O Creusrno »e MtcHe oo CoNvexro oe Cnrsro - coNTRIBUTos P,1R-4 ..r sL'.4 c'r.r,lsrRl.-t(:.tr.r E t':lLoRlzÁÇ.io

artesão e consolidação de outro e consolidação do fecho da abóbada"(Anexo 5).


A solução construtiva adoptada pelo arquitecto para sustentação das galerias e teÍraços
baseou-se num conjunto de contrafortes, arcos e colunas em pedra e abóbadas em pedra e

tijolo maciço.
As paredes, tanto as interiores como as exteriores, são rebocadas com argamassas à base de
cal e areia, pontualmente surgem vestígios de uso de cimento artificial Portland.
As fachadas são delimitadas na parte superior por uma espécie de tripla cimalha em pedra.
Azonacentral do claustro e as varandas do alçado sul e poente são pavimentadas com lajes
rectangulares em calcário.
A cisterna ocupa praticamente toda azonacentral do claustro. No pavimento cenffal existem
três clarabóias de ventilação e uma central para captação de águas, que com a entrada da
cistema, se organizam formando um deseúo em "x" no pavimento. O pavimento possui

uma inclinação que permite não só uma boa captação das águas pluviais directas, como
também faz o aproveitamento de uma vasta área de telhados que pendem para as varandas
que canalizam a âgua para as gárgulas que por sua vez a encaminham para o pavimento
central.
O acesso ao interior da cisterna faz-se através de uma escada de caracol, em calcário,
localizadana diagonal noroeste do respectivo pavimento. Acobertura da cisterna é sustentada
por um conjunto de abóbadas de 4 panos com 6 colunas centrais e 12 laterais adossadas,
sendo as restantes descargas dos arcos feitas em 8 mísulas encastradas nas paredes laterais.

Segundo a descrição de Frei Jerónimo de Román, a distribuição das águas era feita por
duas canalizações, uma que servia todo o noviciado e outro para a cozinha, forno e outras

dependências.

&

fuíitÊ

Ê,la H.l.anlo

Ftatru l7.Coarc LoNGnuDIt\iAL, Att Ntscexre Crrewt r Art Pttexrr

6-5
O Culrsrno oa Mtcsa oo Convenlo te Cnlsro - coNTRIBL.tros PÁR-4 .t sL'.l c'o,lsrRr:lç:,ir.r t r.ltnruztç.io

O alçado norte, desenvolve-se em altura \


por três pisos apoiados em duas paredes \
de alvenaria, em que uma delas, é externa,
unica do claustro que da para o exterior do
L -)

convento, e a outra parede, coÍTesponde à

fachada Norte deste claustro. O conjunto das

seis arcadas, o portico e os três contrafortes


suportam paredes de alvenaria de pedra
cal carta rebocadas com argamassa de cal e

arera.
Fr;uru ls.lrrnntoR D.4 ('tsrlR,\'.l ,lt./ot'E,ríBlo ne 2009
I
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Frcune 19. FN,utot Nonrt oo Coxt ENTI DE Cnsro t ,tct-svl .'to Cuusrno ».t Mtc'u,t, Nttvtuantt ot 2009.

Apenas no piso 2 existem paredes interiores de compartimentação, construídas em tabique.


Nos restantes pisos, amplos, as paredes são estrufurantes. Quanto aos vãos das janelas de
cantaria são também em calcário, guarnecidas, com caixilharia de madeira envidraçada.
(r ('
O Cr,rtrsrno oa Mrcsa oo CouvpNro pn Cnlsro - coNTRtBUTos P.4R..1 .4 sL'.4 t'oNson'tç'io r r'.tusatz..tç'.4o

A cobertura desta ala é de duas águas, com telha cerâmica de canudo assente numa estnrtura
de vigotas em cimento. O forro da cobeúura apoia nas asnas e vigas de madeira e a separação

entre o piso 3 e 2 é construída também em madeira, constituída por uma estrutura de vigas
onde assentam, respectivamente, o soalho do piso 3 e o tecto do piso 2. Toda a estrutura
correspondente aos pisos 2 e 3 assenta sobre um conjunto de três abóbadas de quatro panos.

O pavimento do piso 2 é emlajes de pedra, assim como nas restantes alas do claustro (figura
20).

r
I
z
I

=
Tabique
-
T
tr Telha cerâmica

E
- Madeira

tr Alvenaria de Pedra
-T:
I Alvenaria de Tijolo

I
ii T Revestimento em Laje de Pedra

Revestimento em Blocos de Pedra


+ []
E Revestimento Cerâmico

Frcun..q 20. Esçlt'El,Íl REpRESElT:4Ttt,o Do CIRTE 7R,t,\sl'ERS.4L D.4 ,.1L4 l{onrt.

A ala Nascente é composta por um edificio de planta rectangular com três pisos, apoiados por

duas paredes estruturais, em alvenaria de pedra, e por duas galerias cujas fachadas nascente e

poente pertencem, respectivamente, uma ao claustro da Micha e a outra ao claustro contíguo

da Hospedaria (figura 21).


O amplo espaço compreendido entre as paredes estruturantes é dividido por duas paredes
de compartimentação, em alvenaria de tijolo, relativamente espessas criando três longos
espaços no sentido longitudinal do edificio, cujo corredor central nos pisos 2 e 3 tem a função

de distribuição para as várias dependências e, ao nível do piso I, esses espaços são ocupados
()
O Cuusrno »rr Mrcua oo CouvrNro »e Cnrsro - coNTRIBUTos t.tR.,t.t sL'.4 coNSERt'lÇÀo r r.,tt.ontz,tç'.ttt

por um conjunto de salas comunicantes entre si e cuja distribuição se faz apàrtir das galerias
de ambos os claustros. Em todos os pisos as paredes de compartimentação funcionam como
elementos fundamentais para travamento de toda a estrutura do edificio.
Tal como no alçado Norte, a galeria é formada por um sistema de arcos cujo ritmo é marcado
por quatro pilares separados por dois arcos de volta inteira e por um arco quebrado de maiores

dimensões ligado à fachada Norte e a um destes pilares.


As paredes desta, tal como todas as outras, são de alvenaria de pedra calcária, rebocadas
com argamassa de cal e areia e caiadas.
Os pavimentos ao nível do piso I e do piso 2, correspondente ao terraço da galeria, são em

lajes de pedra, os restantes ao nível do piso 2 têm revestimento cerâmico, tal como o corredor
do cruzeiro no piso 3, sendo os dos restantes espaços em madeira. Como se pode constatar,
os pavimentos são revestidos por materiais menos densos à medida que se sobe no edifício.

Os tectos do cruzeiro no piso 3 são revestidos a madeira tal como os tectos em caixotão das
celas, quanto ao piso I e 2 temos um sistema de abóbadas de arcos cruzados que formam a
totalidade dos tectos, com excepção da galeria do claustro da Hospedaria que é constituído
por um travejamento e ripado de madeira.

rabique
E
E Tdha ccràmix
E Madie
tr AlúrÍrrrs Íb P€üe
I Alvmeú ü Tlilo
T RarÉtiÍnünb cm Leir dG F.ü.
ü Revalimento om Bom dc Fcdrl

B Reratlmerilo Cerânbo
=/

Ft<;t,Rl 2 L EsOt,Eií.4 REI,RESENT4TI:I Do coRTE rn{,\lst ERs.t L D.4 ..tL,t ll/$c'tnT;.

A ala sul do claustro da Micha é constituída por um edificio de planta rectangular cuja
fachada posterior corresponde à fachada Norte do claustro dos Corvos.
() l\
O Clausrno oa MrcHa po CoNvrNrrt or Cttsro - coNTRIBuros PAR.I -4 sL',l c'tlxsmtuç'Ãtt E LÁLORtzA('-io

Tal como nos restantes edificios a cobertura é composta por um telhado de duas águas coberto
por telha cerâmica de canudo (figtxa22).
Também este ala é composta por um edificio de três pisos sustentados por duas paredes
estruturantes em alvenaria de pedra e duas paredes de compartimentação em alvenaria de
tijolo que dividem no sentido longitudinal todo o espaço. Mais uma vez as paredes transversais

que compartimentam os diversos espaços servem de elementos estruturantes. Como se pode

observar os sistemas gerais de construção são semelhantes em todos os edificios que ladeiam
o claustro.

Quanto aos pavimentos, o revestimento cerâmico é utilizado no piso 2 e no cruzeiro central


do piso 3. As celas do mesmo piso são de madeira e os terraços são cobertos por lajes de
pedra.

A exemplo do que foi dito sobre a ala nascente, a lógica dos revestimentos dos tectos mantêm-

se, isto é, no piso 3 a generalidade dos compartimentos utiliza a solução dos tectos em
caixotão de madeira. No piso 2, os tectos são formados por uma sucessão de arcos abatidos
em alvenaria que criando entre si pequenas abóbadas, cujo efeito, no seu conjunto, dão a
ideia de uma abóbada contínua de berço. Por último, o piso I é em tudo semelhante aos
tectos do piso I e 2 da ala Nascente.
Finalmente, a ala Poente do claustro da Micha é constituída por um edifício de dois pisos e

planta rectangular cuja cobertura, também em telha cerâmica de canudo, é formada por três

:I
E raurre

E Tdhs oerârtn

E Mâdotía

tr AFüaÍbdGPct.
tr I Ahrunarlr fi fúotc

tr Rcwstinorto cm t-aio do Pcüâ


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fl Rcvestlrnenüo em Blmoo dc Pdra

E Rcwstirncnto Ccrâmbo

'ERS..I:,
Frc;uru 22. Esçur,Lll REpRESE,t\rtnto Do (oRTE rn.í,\I.ll Dl .^1L.4 St,r.

69
O Cratrsrno oa MIcHa oo Corur.pxro »E CRtsrcl - «)NTRIBUTII PÁR.4 .4 sL'.l t-oxunr.tç'Àtt E lÁLORtzAÇ.io

módulos, cada um com duas águas, conferindo à fachada uma imagem com três "frontões".
A fachada desta ala é em tudo semelhantes à da ala Nascente, quer ao nível dos materiais
utilizados, quer ao nível do ritmo e do número de pilares, arcos e colunas (figora23).
Sob o ponto de vista formal, apresenta no seu conjunto, uma imagem diferente dos anteriores
devido, como já foi referido, ao seu sistema de cobertura que lhe confere uma volumetria mais
recortada.
Também nesta ala, os dois pisos assentam sobre duas paredes esffuturantes em alvenaria de
pedra e duas de compartimentação, que ao invés, das paredes das demais alas, são em alvenaria
de pedra, embora de menor espessura.
O pavimento do piso 2 é constituído por tijoleira e o piso 1, tal como nos anteriores, é em lajes
de pedra.
Os tectos das salas do piso I são em tudo semelhantes aos das outras alas, isto é, formados por
sistemas de abóbadas de quatro panos.

Quanto aos tectos do piso 2, apresentam-se, como os mais complexos do ponto de vista formal
e estrutural, embora o material utilizado seja também a madeira, estes necessitam, pela sua
complexidade, de quatro colunas em pedra para a sua sustentação. Dois deles, são formados
por duas abóbadas de berço laterais e um caixotão central, tendo a sala do meio uma clarabóia
no topo do caixotão com caixilharia em madeira de pinho pintada.
A outra sala, de longe a mais trabalhada, apresenta um sistema de abóbadas de berço, em
madeira de castaúo pintada, que no seu cruzamento convergem para uma central de aresta
de 4 panos que faza descarga sobre quatro belas colunas caneladas com capiteis compósitos.

E rafiue
I E Telha csr*mica

E Madeira

tr Avenrla de Podra

I Alvurria dc lliolo

tr RerÊsüínento em Laie ô P€dra


E RattatiínGÍrto cm Blm dê Pcdra

E R$r.ctiÍnento CeüÍnlco

Fr;r,'R.t 23. Esçlc'Elt..t REzRESE,\'7.17II() Do CIRTE rn,{,\l§l EÂ5.-lL D..1 .qtl Ptlt,v'rE.

10
O Clrrusrno oa Mtcua Do CoNvENTo ot. Cnrsto - coNTRtBt-tro:j ptR.4.4 sL':l co,l:srxl:l(..to n r.ttontz,tÇ.itt

3.2. Mlrrml'ts s TÉcxtcls Coxsrnurrvr,s


O principal material que caracteriza esta construção é a pedra. Praticamente todos os
elementos estruturais são constituídos por calcário da região.
Encontramos também o tijolo maciço e a tijoleira como materiais bastante utilizados na
construção das abóbadas, pavimentos e um pouco todo o claustro.
Amadeira de pinho e de castanho, aparece quase exclusivamente como material de caixilharia,
janelas, portas, forros de tectos e elementos estruturais das coberturas.

As argamassas usadas como elemento de ligação das alvenarias, cantarias e como material
de reboco das paredes das galerias e salas envolventes, embora dificilmente possam tratar-se

das originais, pois apesar de muitas ainda serem constifuídas por cal e areia, aplicadas em
intervenções do século XX, outras são já à base de cimento Portland.

3.2.1. Alvnnlntl
Entende-se por alvenana, a combinação de materiais; pedra e tijolos, unidos por uma
argamassas dando corpo a um elemento construtivo coeso, com propriedades mecânicas
capazes de assegurar uma correcta distribuição de esforços a que podem ser sujeitos.

A constituição das alvenarias depende da sua época e do local onde são construídas, pois, por

vezes, estão dependentes das matérias-primas existentes em cada região.


A sua resistência é determinada pela forma como é feito o seu assentamento e o tipo de

aparelho das pedras que constituem a alvenaria. Ajustaposição de cada bloco de pedra pode ser

regular ou irregular. A sua junção obedece a uma organizaçáo sequencial, no sentido vertical
e horizontal, ligados através de argamassas de cal e areia. A função do material argamassa
permite a consolidação de cada bloco de pedra ou material cerâmico e o preenchimento dos
vazios çria asuperficie nivelada, fundamental,paraum correcto assentamento de cada peça.
Existem, ainda, tipo de alvenarias que não são constituídas por blocos, mas sim, por pedras
irregulares de dimensões diversas, ligadas entre si por argamassas, produzindo, assim,
espaços de vazios interiores.
No conjunto do edificio podemos encontrar diversos tipos de alvenariae. Genericamente, estes

8 Por argamassa entende-se a mistura de um ou mais agregados com um ligante (numa proporção desejada) e
água. Geralmente os ligantes mais usados são a cal aérea, cal hidráulica e os cimentos.
9 Silharia, cantaria e alvenaria predominam no Convento de Cristo de João de Castilho, os muros de alvenaria
mista quer de pedra, quer de tijolo.
7t
O Crltrsrncl oe Mrcrra oo CoNveNro ne CRtsro - c'oNTRIBUTos PARÁ .4 sL:.l ('o,\srÀl:.í('.io E l'.'lLoRlzÁç'.io

vão desde alvenaria de pedra aparelhada, sobretudo nos cunhais onde é comum a utilização
do perpianho. Quanto às paredes estruturantes encontramos com grande frequência, quer as
paredes em duplo perpiaúo, com o interior preenchido com cascalho e argamassa de cal,
quer as paredes em pedÍa irregular argamassada. São estes dois tipos de parede, mais comuns

no claustro em estudo, que contribuem para a estabilidade do edifício. Em muitos casos, a


espessura destas paredes difere em alguns centímetros da base para o topo, sendo mais larga

no piso térreo onde as cargas a suportar são normalmente superiores. Embora sejam paredes
que possuem boa resistência à compressão, o mesmo não se pode dizer quando se trata de
esforços à flexão e à tracção.
As paredes divisórias ou de compartimentação, que se interligam às paredes estruturantes, aos
pavimentos e coberturas, dividindo os espaços interiores, desempenham também elas uma
importante função estruturante de travamento neste tipo de edificio histórico, aumentando
assim a sua capacidade de resistência.
Na grande maioria dos casos este tipo de paredes, pelo que nos foi dado observar, são em
alvenaria de pedra irregular ligada por argamassas de cal e areia, no entanto, podemos
encontrar, com alguma frequência, paredes de compartimentação em tijolo maciço e até
algumas, que coÍTespondem a acrescentos de construção mais recente, em tabique.

3.2.2. Prulnns, coLUNAs, ARcos r lsónlols


Tal como na generalidade das construções, também no caso deste claustro, os contrafortes
e as colunas são elementos com uma função estrutural importante, pois possuem grande
resistência à compressão. Embora estas últimas tenham, por vezes, apenas valor decorativo
e simbólico, são elementos arquitectónicos destinados a receber cargas verticais a partir dos

arcos, arquitraves e abóbadas, que por sua vez irão melhorar a transmissão dessas cargas às
fundações do edificio.
Em termos construtivos, a introdução dos arcos na construção representou um importante
avanço na alvenaria estrutural, substituindo o processo construtivo baseado nas arquitraves
que para além de não permitirem a construção de grandes vãos, possuíam menor resistência

à flexão. O princípio construtivo destes elementos arquitectónicos baseia-se na colocação


de blocos em forma de cunha, cujas juntas evoluem no sentido do fecho desse mesmo arco.
Este sistema permitiu que as cargas fossem transmitidas aos seus apoios, colunas, pilares ou
paredes estrufurantes, através de esforços de compressão, ao contrário do que acontecia no
1)
O CI-,rusrnrt oa Mlcga oo CoN'n,g:rro nE CR.lsro - coNTRIBUTos P-tR.t .-1 sL'.l coy"sERlÁÇÀo E l'-4l.oRtzÁ(".io

sistema de arquitraves, que trabalhavam à flexão. Todo o peso proveniente de parte ou do


todo de um edificio, actua sobre o arco, distribuindo esses cargas simetricamente em relação
ao seu eixo.

O que foi dito anteriormente, sobre os arcos e a forma como transmitem as suas forças, é bem
visível no sistema construtivo deste espaço convenfual, nomeadamente, na forma como se
desenvolvem as galerias e da existência de grandes vãos em muitas das dependências deste
claustro. Encontramos aqui, quer arcos de volta perfeita, quer arcos abatidos, que fazem todas
as descargas sobre fortes colunas, com suas bases e capitéis. Este sistema de arcos sucessivos
e respectivas colunas suportam as cargas de toda a galeia,bem como dos edificios dos pisos
superiores, contribuindo, também, para a estabilidade de todo o conjunto arquitectónico.
Para além dos arcos, as abóbadas, desempeúam um papel fundamental na estabilidade
estrutural, também permitindo a existência de grandes vãos, conferindo-lhes, ao mesmo
tempo, um grande valor estético.
Neste conjunto de edificios, são vários os tipos de abóbadas que podemos encontrar,
sendo grande parte construídas com tijoleira ao cutelo. Este sistema construtivo, resulta da
conjugação de arcos que criam superficies tridimensionais, como por exemplo, no caso das
abóbadas de berço resultando da :utllizaçáo de uma sucessão de arcos paralelos, formando

uma superfície arqueada. Este tipo de abóbada é normalmente utilizado entre paredes
relativamente espessas, como podemos constatar nos corredores do dormitório do Noviciado
(figtra24).
Um curioso sistema de abóbadas de nervuras, utilizado nas galerias, sustenta o terraço e
contribui, ao mesmo tempo, paraaestabilidade de todo o edificio. O sistema desenvolve-se da
seguinte forma: conjuntos sucessivos de dois arcos abatidos, cruzam-se, formando módulos

de quatro panos simétricos, no entanto, estes módulos, possuem intercaladamente um arco


no sentido longitudinal das galerias, reforçando assim toda a estrutura. Outro pormenor deste
sistema de abóbadas é que estas fazem a descarga sobre arcos abatidos e embutidos nas
paredes do interior da galeria e para o exterior desta, para os contrafortes e colunas.
O Crausrno na Mrcua no Coxvrnro on Cnrsro - coNTRIBUTos PÁR.-t .t sL'.4 {-otisERtTÇÃo E t:4LoRtzÁ('.io

a
o
a

FK;('n.t 24.ConnEDoR Ix),\rottct,tDo t'ELHo, lVot-runRo DE 2009.

--+-
3.2.3. Pnt'tnENlos E coBER't'uRAs

Quanto aos pavimentos, estes são cobertos por lajes de pedra em forma de quadrilátero de
dimensões irregulares, no piso I e terraços Nascente, Norte e Sul, assentes sobre argamassa
e organizadas perpendicularmente às fachadas. Nas galerias, encontramos um pavimento

de seixos rolados, cuja estereotomia representa, de uma forma geral formas geométricas
simples. Pode-se concluir, que a calçada, alvo de intervenção na década de sessenta do séc.
XX, manteve o seu aspecto primitivo, porque, segundo a descrição de obra encontrada nos

arquivos da DGEMN, refere que se devem "levantar e repor calçadas no pavimento coberto",

na galeria, junto à cozinha e no acesso ao claustro das Necessárias. (DGEMN, pasta 2047 ,p.
3l 1 e pasta 2046, p.283 e 373) (Anexo 5).
Os pavimentos cerâmicos, organizados à meia vez, medem 26xl3x3 cm, que como já foi
referido no capítulo anterior, ocupam a maioria das áreas interiores do segundo piso, com
excepção dos terraços (Nascente e Sul) e as celas do terceiro piso, que se situam no corredor
do cruzeiro.
Por sua yez, a madeira, soalho, está presente praticamente em todas as dependências do

71
O Crausrno oa Mtcne oo C<>Nr,elro DL CRISTO - coNTRIBLiros PAR.4 .4 sL'.t ('oNSERlltÇÁo r tltllntz,t('.ir.t

terceiro piso, nomeadamente nas celas e na casa do D. Prior.


Nestes pavimentos de madeira, as vigas são encastradas nas paredes e sobre estas são
pregadas as do soalho.

Os tectos são forrados com diversos materiais (alvenaria de tijolo rebocado, madeira e

estuque) como já foi referido na descrição das quatro alas do claustro. Há apenas a acrescentar
que no século XVIII se passou a colocar na parte inferior dos sobrados um fasquiado de

madeira, que permitiu a introdução de revestimentos de gesso, conferindo, aos tectos com
forro simples de madeira, acabamentos de aspecto mais regular e com maior isolamento em
relação aos pisos superiores, tal como podemos verificar, por exemplo, numa das salas da
Casa do D. Prior.

75
O Clalrsrno »e Mtc'tta ncl CorvElro on Cntsro - coNTRtBUTos pÁR.4 .A sL'.,1 crtNsenrlÇÃtt r: t'.lLoatz.,tç'.io

4. Exeu»nquENTo GEoI,óctco n ClluÁrIco


4.1. AGsoI,ocll
O Maciço Hespérico está inserida na Península lbérica, este é dividido pela Cordilheira
Central: o bloco de Norte a Leste, que forma a bacia do Douro e o bloco Sul onde se
desenvolvem as bacias do Tejo e do Baixo Tejo e Sado.
Localizada na unidade geotécnica daBacia Ceno-Antropozóica do Tejo e Sado, a região
de Tomar, sofre influências a Norte e a Oeste, da Orla Mesozóica, ou Bacia Lusitana, e
a Leste, do Maciço Hespérico. "O preenchimento das Bacias do Baixo Tejo e Sado foi
feito principalmente através de séries detríticas de fácies continental da idade terciária e

quaternária, com intercalações de fácies marinhas correspondentes à fase culminante da


transgressão miocénica" (AIRE S-BARROS, 200 l, p. 7 2).

As bacias Ceno-Antropozóicas do Tejo e Sado formam um conjunto de terrenos pós-


paleozóicos: "terrenos meso-cenozóicos formados por rochas sedimentares, sobretudo
calcários, margas, argilas, arenitos, conglomerados, etc. além de pequenas intrusões ígneas
e escoadas lávicas" (AIRES-BARROS; 2001, p. 73).
O Concelho de Tomar pode ser dividido em três zonas: a primeira, situada a Norte do núcleo

urbano, corresponde principalmente a afloramentos do Jurássico, onde se inserem as pedreiras


de Fonte de Paio Nunes e Fonte do Caldeirão. A segunda, localizada a Noroeste, possui
formações mais arredondadas com depósitos arenosos do Cretácico e do Plio-Plistocénico. A
terceira zona, onde está implantadaacidade de Tomar, corresponde a formações do Terciário
Lacustre e aos depósitos de terraços e aluviões do Plio-Plistocénico e do Quaternário
(MACHADO, t992).
Os afloramentos calcários do Jurássico (situados, sobretudo, a Norte e Noroeste da cidade),
têm origem no Jurássico Superior, Médio e lnferior, possuindo características semelhantes,
cor amarelada,cinzentaou branca e diferentes níveis margosos, podendo distinguir-se fácies
ligeiramente oolítica, sublitográficas (micríticos) com algumas intercalações mais grosseiras
e brechas. Nesta região também se encontram calcários dolomíticos e dolomias calcárias de
base Jurássica, nomeadamente próximo da Quinta da Granja, são ligeiramente granulares,
possuindo cores amareladas, esbranquiçadas e, por vezes, acinzentadas (MACHADO, 1992).

J6
O Ct-,,\usrno oa Mtc'tta oo Coul,r,ilt<t nr CRIsrcl - coNTRtBL'To.s pÁR.4 .t sL'.l c'ttNsrn'.t('io t t'-trcatz.tç'.itt

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FK;L:n4 25. Essoç-o GEoL(xitco - L(x..4Ltz4ç'.4o D.4s PEDREIRtS.
Fo,\'rE: Áo.tprtt)o DE MÁCHADO, I992.

4.2. O Clrua
O clima da região e o microclima do local onde está implantado o edifício, podem fornecer
dados importantes para a compreensão e caracterização das causas de alteração manifestadas
nos rnateriais construtivos. A acção prolongada dos vários factores atmosfericos sobre as

rochas dos nossos monumentos afecta o comportamento dos seus constifuintes e contribui
para o surgimento e agravamento de diferentes tipos de fenómenos de alteração e degradação.

Tendo em conta as principais divisões geográficas e climáticas, a cidade de Tomar situa-se


no Alto Ribatejo e insere-se no norte atlântico, abrangendo a zona do vale do Mondego,
região caracterizada por elevados teores de humidade e chuvas abundantes.
Baseando-nos em dados fornecidos pelo Instituto de Meteorologia, com base em leituras
efectuadas nas estações mais próximas, Tancos, BaseAérea (entre os anos l96l e 1990) e
na Estação Meteorológica de Tomar (N39,59-O8,36) para o ano de 2008, constata-se que
11
O Cr.nusrnrt p,q Mrcul o<t C<lNvplro or Cnrsro - :zNTRIBUTIÍ; pÁR.,l ..1 sL'.l (oÀsrÀt:{(t.io E t.lLoRtzÁ('.io

Tomar apresenta temperaturas elevadas no Verão, por vezes acima dos 40oC, e baixas no
Inverno, sobretudo durante a noite, entre os OoC e - 6,9"C. A Humidade Relativa regista por
vezes médias acima dos 90%, nas medições matinais (9h). São frequentes os nevoeiros, os

orvalhos e as geadas matinais, praticamente durante todo o Inverno (Anexo 6).


A pluviosidade, a percentagem de Humidade Relativa do ar em diferentes períodos, ou
a frequência com que ocorre nevoeiro, são dados muito importantes, pois, para que a
generalidade dos fenómenos de alteração da rocha ocolTam é necessária a presença de água.
A precipitação das chuvas varia ao longo do ano, os meses de Invemo (Dezembro, Janeiro
e Fevereiro) podem atingir níveis de precipitação de 135 mm por m2, porém nos meses de
Junho e Agosto ocoÍre um longo período de seca.
A temperatura que influencia o aumento da velocidade das reacções químicas, quando sobe
e a formação de gelo quando desce, o efeito nocivo manifestado através das tensões internas

que provoca nos materiais, leva-os à ruptura. Nos meses de seca a amplitude térmica pode
ter grandes variações, como verificámos em Agosto de 2008, com temperatura mínima de
I l,70oC e máxima de 42,10oC, uma diferença significativa de mais de 30 graus. A amplitude

térmica nos meses de lnverno é menor, mas não deixa de ser expressiva com cerca de 20
graus entre as mínimas e as máximas.
O fenómeno "quente/frio" está ligado não só às diferenças de temperatura, mas também
às horas de exposição solar que sofrem os materiais. A insolação provoca expansibilidade
dos minerais, arrefecimento diferencial da rocha em relação ao ar envolvente levando a
variações da taxa de deposição de poeiras e poluentes e ainda ao surgimento de fenómenos
de evaporação e condcnsação (AIRES-BARROS, 2001). Aplicando aCarta Solar de Portugal

Continental, entre os paralelos 40o e 39"'u , observamos que o claustro não é iluminado de
maneira uniforme. Optámos por observar as variações entre o dia de maior insolação (21
de Junho - Solstício de verão) e o dia de menor insolação (21 de Dezembro - Solstício de
inverno). Observou-se que o alçado norte, por estar exposto a sul recebe a maior quantidade
de horas de sol, começando a ser iluminado parcialmente pela sua extremidade oeste a partir
das 8 horas e deixando de ser iluminado às l6 horas no Solstício de verão e no Solstício de

invernodasgàs l5horasficandototalmenteiluminadoentreas ll eas l3horas.Devidoà


orientação do claustro ser praticamente perpendicular ao norte magnético, os alçados poente
e nascente possuem iluminação em igual quantidade de horas, porém em períodos opostos.

l0 Carta adaptada a partir de: (CUNHA, 2005, pá9. 6)


7r{
O Cr-ausrno u,r Mrc'se oo Couvexto or Cnrsro - coNTRIBuroÍ; qARA Á sL'.4 r-ostsmruçÃo E t:.tt.oRtz.4ç.io

O alçado nascente exposto a poente é iluminado entre as 12 e as 18 horas no Solstício de


verão e entre as l2:30 e l5 horas no Solstício de inverno. O alçado poente exposto a nascente

recebe radiação solar entre as 6 e as l2 horas no Solstício de verão e entre as 9 e as 1l:30 no

Solstício de inverno. É característica do hemisfério norte que as fachadas expostas a norte


sejam pouco iluminadas, o mesmo pode ser verificado no alçado sul exposto a norte que no

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3600

3300 300
20'
300
400
3000 600
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Fo,ry,rt: C.tnrs Sottn hK),\'T.tD.4 .4 pARTtR DECUIVHA, 2006.

7L)
O Cleusrno »e Mrcne oo CorvExto or Cnrsro - coNTRtBLtros qARA .,i sL'..l ('otisERt'AC'Ão r r'.trcntz.'rç'itt

Solstício de verão recebe iluminação directa N

apenas numa pequena faixa no lado oeste por

iI
NO NE
um período de menos de uma hora, entre as 7
e as 8 horas e também uma pequena faixa no
lado Este entre as 16 e as 17 horas, sendo que ,
no solstício de inverno não recebe iluminação o Sz
solar directa (figura 26). N
Juntamente com as diferenças de humidade
e insolação o vento favorece as secagens
diferenciais dos materiais (podendo SO
SE

acelerar a cristaltzação de sais) e provoca


s
erosão por acção do embate das partículas
sobre as superficies dos monumentos. Os Frcunq 27.Ros.t DOS :'E,\'TOS pAR4 o pmir»xt or SereL[BRo »r 2008.q
Owunno nr 2009.
ventos dominantgs sopram de N g NE, com Foitrr: Moyrs»o..1 p.1Rt'tl DE r).tnos o.t Esrs<.io Mmxtnr».ór;rc'.t
or - O 8,36).
To,+rtn (l',, 39,59
velocidades medias que variam entre os l0 e

os 3 km/h (figura 27 e gráfico I ).

I = 517,5
160,0

140,0

120,0

100,0

80,0

60,0

40,0

20,0

0,0

-.. *§ -"SoP o§ o§,"§ § *§ *d J


""-l".".-.f'
Gnllnc-o I . Hsrux;R..tM.,t PLLIt'totÍETRI«) - SErE,ttsRo DE 2008 .t OLIqL:BRo DE 2009
Fo,ry'Tt: Esr.tÇ.io Mtrxtnot-o(;tc.4 nt Trtttt.tn (l{ 39,59 - O 8,36)

80
O Cr-nusrno pe Mtcua oo CoNl,tln<t »n Cnlsro - c'oNTRIBUTos PÁR.1 ..1 su,4 c-o»senrlç-Ãtt e t'ltoatz.,tç'.irl

No que se refere ao microclima do local, há a referir que a própria arquitectura do edificio e o

facto de estar implantado no topo do monte, lhe conferem alguma vulnerabilidade em relação
ao efeito dos ventos. Por outro lado a insolação não se faz incidir de forma homogénea por
todas as fachadas, criando locais mais e menos sombrios. Há a acrescentar que o edificio
está exposto a chuvas abundantes durante largos períodos do ano e que o facto de possuir
uma cistema de captaçáo e armazenamento dessas águas faz com que os teores de humidade
no local sejam bastante elevados, sobretudo devido à presença de águas de ascensão capilar.
Apermanência de água no local favorece a expansão de minerais argilosos; a forma como os
ventos se fazem sentir nas diferentes zonas do edificio promovem secagens diferenciais; os
efeitos da temperatura desencadeiam fenómenos de gelo-degelo e a dilatação diferencial dos
minerais constituintes da rocha; as diferenças de exposição solar sobre as diversas superficies
influenciam os efeitos da secagem-molhagem.
Podemos então afirmar que a influência do clima tem implicações nefastas no comportamento
dos materiais de construção, através da manifestação de causas fisicas, químicas e biológicas.

8l
O Claursrnrr oe MtcHa oo CoNveNro »e CRlsto - coNTRIBuros PÁR.4 .t sL'.t ct.txsrnttç-.irl e r.lulatz.tç'.ict

III Panrr - Brcns pARA uMA pRoposrA DE coNsERvAÇÃo E vALoRIzAÇÃo Do CLAUSTRo DA

Mrcua

l. Drlcxósrtco Do EsrADo DE CoNsERvAÇÃo

Iniciámos o diagnóstico do Claustro da Micha com um conjunto de visitas ao local, a fim de nos
inteirarmos das alterações e do estado de conservação dos vários elementos arquitectónicos
nas quatro fachadas que definem o claustro, nas galerias e terraços. Para tal servimo-nos de

uma ficha de registo, e subsequente mapeamento, nas quais foram assinaladas e descritas
todas as formas de alteração constantes nas diferentes superficies, segundo três categorias
principais: alteração superficial, alteração por perda de material e alteração por ruptura
ou disjunção.
Esta monitorizaçáo tem por objectivo facilitar a comunicação entre as diversas especialidades

envolvidas na recuperação do património, funcionando como um valioso instrumento de


trabalho, antes, durante e depois da intervenção.
As formas de alteração e degradação presentes no mapeamento resultaram da observação
directa simples e não das causas que estiveram na génese da sua formação, sendo, e conforme
preconizado (AIRES-BARROS, et a1,2004) apenas são apresentadas as formas dominantes,
mesmo quando na mesma área possam existir outras formas.

1.1. Fonnals DE ALTERAÇÃo t oscnlolçÃo IDENTIFIcADAS NAS FACHADAS


Nos quadros seguintes estão sintetizados os levantamentos das formas de alteração e

degradação identificadas nos quatro alçados do claustro do claustro da Micha. O quadro 2


refere-se às formas de alteração superficial, o quadro 3 contém as formas de alteração por
perda de matérias e o quadro 4 reporta as formas de alteração por rotura ou disjunção.

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O Crausrno na Mrcua oo Coxvsilro »s Cprsro - coNTRtBL'Tos pÁR-4 .4 sL'.4 (?ÀsERI',rÇ.lo e rtrcntzs<'.io

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83
O Crnusrno pa Mtcua oo CoNvt xto or CRtsro - coNTRIBLtTo.t pÁR,a Á su.t t'o;'tsrnt..t('.io r t'..tulatz,tç.itt

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Ourru.s ALTERAÇoES

Observam-se ainda outras formas de alteração por danos provocados por aplicação de
argamassas não compatíveis com os materiais originais assim como a aplicação de elementos

metálicos.
A aplicação de argamassas não compatíveis observou-se ao nível do alçado nascente é

evidente a tttlizaçáo de argamassas à base de cimento Portland, quer em juntas, quer em


preenchimentos de maior dimensão, distribuídos de forma mais visível ao nível do piso 2
e do piso l; no alçado poente verifica-se a presença de argamassa de cimento tipo Portland

sobretudo ao nível das juntas dos blocos dos contrafortes e em pequenos preenchimentos
de lacunas de forma dispersa; no alçado norte é notória a presença de preenchimentos com
cimento tipo Portland nas zonas de assentamento das colunas e lajes do piso térreo, observa-
se também a utilização deste tipo de intervenção em pequenas áreas ao longo do murete e

pavimento; no alçado sul a presença de cimento está de igual forma presente, embora mais
dispersa e com maior evidência ao nível do piso l.
Foram identificados elementos metálicos no alçado nascente, estão presentes sobretudo ao
nível das zonas de escoamento de águas pluviais através das gárgulas, encontram-se bastante
oxidadas. Pregos e escápulas são outro tipo de elementos metálicos presentes nesta fachada.
Também as grades das janelas se encontram oxidados; o alçado poente regista uma presença
com pouco significado, limitando-se apenas a alguns pregos em zonas de junta; por último,
no alçado norte regista-se a presença de uma chapa metálica que tem a função de escoamento

de águas através da gárgula, esta revela funcionalidade duvidosa devido ao seu estado de
degradação. Observam-se tambem pregos e cavilhas oxidadas distribuídas pelas superficies
cantarias de janelas e cunhais. Há ainda que referir a presença de gradeamento em ferro
oxidado numa janela situada no terraço desta fachada; no alçado sul a presença deste tipo de
elemento é pouco significativa, limitada a alguns pregos em zona de junta e a duas argolas
metálicas provavelmente destinadas à amarração de animais.
No quadro 4 sintetizou-se as formas de alteração por grau de intensidade ocorrentes nos
alçados do claustro da Micha. Pode-se verificar que as formas mais comuns, nas formas
de alteração superficial são as crostas concreções; na alteração por perda de material a

carsificação e micro-carcificação, lacuna e picamento; e nas formas de alteração por rotura


ou disjunção a escamação é a mais frequente.

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C) Cr-errsrR.o »a. MtcHrr po Co:rvlrNro »e Cntsro - coNTRIBUToti PlR..t..t sL.4 ctr,vsrRt:.t(:io e t.tutntz.tç'.io

Qulono 5. SÍNrrss DAS FoRMAS DE ALTERAÇÀo poR GRAU DE INTENSIDADE oBSERVADAS

NO CLAUSTRO DA MICHA

Alçado Alçado Alçado Alçado


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Alteração superficial Colonização Biológica
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Outras Alterações Argamassa inadequada


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O Clrrusrno ue MtcHa oo CoNveuro or Cntsro - coNTRtBLtros plR.4 A sL'Á t'oxsent'.1ç-,trt e rtulruz"tç-.ic,t

1.1.1. Mlprlnrrxro DAS FoRMAS DE ALTERAÇÃo s orcnnDAÇÃo IDENTIF'lcADAs

t Colonização Biológica

* Plantas Superiores

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+ Elementos Metálicos

Frcun.q 32. Ourn,ts ALTERÁÇa)ES uBSER::IDAS No Atç'.t»ct Sut oo Ct.,tusrno »l Mtcu.a

Nota: Os mapeamentos detalhados de todos os Alçados estão no anexo gráfico.

1.2. Fonnans DE ALTERAÇÃo r orcnnolçÃo TDENTTFTcADAs NAs GALr,RrAs Do cLAUSTRo

Tal como nos alçados do claustro, também para as galerias foi utilizada a divisão em
categorias: Alteração superficial;Alteração por perda de material; Alteração por ruptura ou
disjunção e Outras alterações.

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O Clausrno oe Mrcun oo CoN','enro ur Cntsro - coNTruBLiros p.4RÁ .4 sLtÁ c'oxsenr.tç'io r rtuntztç.to

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Outras alterações
Observam-se ainda outras formas de alteração por danos provocados por aplicação de
argamassas não compatíveis com os materiais originais assim como a aplicação de elementos
metálicos, também foram observados vestígios de policromia.
São observados elementos metálicos oxidados (pregos) em várias superficies das galerias.
Mas os mais notórios são os gradeamentos metálicos presentes em seis janelas situadas nos
interiores destas arcadas, originando em certos locais o destacamento e até perda de material
pétreo.
As argamassas inadequadas foramutilizadaspontualmenteumpoucoportodas as galerias, têm
como função o preenchimento de volumes das aduelas constituintes dos arcos e refechamento
de juntas. Situação mais significativa na arcaria do alçado nascente. Apresentam-se pintadas
com uma cor clara para dissimular a cor do cimento e aproximar ao tom da pedra, algumas
encontram-se em destacamento.
Grande número de juntas abertas, nas ligações das aduelas; rebocos de cimento em
destacamento, rebocos de cal com lacunas e em destacamento, nas paredes interiores, mais
significativo nas galerias poente e norte. Rebocos com cimento, em alguns casos de grande
extensão, sobrefudo na galeria norte.
São ainda vários os locais, sobretudo na galeria nascente e na sul que apresentam vestígios
de pintura. Estes são mais evidentes em locais mais protegidos da acção directa de factores
de degradação, nomeadamente, nas faces interiores de capitéis, algumas nervuras das
abóbadas e em algumas mísulas. A distribuição bicromática (ocre e vermelho) distribui-se
pelos diferentes elementos arquitectónicos da seguinte forma: fechos de abóbada, mísulas e
capitéis vermelhos e nervuras das abóbadas ocre.
Não se conseguiu provar a época de execução destas pinturas, o jogo de cor parece evidenciar
objectivos estéticos e, possivelmente de carâcter protector das superficies pétreas. Pelo que
se pode comprovar através da observação directa no local, dificilmente se poderá tratar de
uma pintura original, pois em grande parte das situações é perfeitamente visível que essas
camadas foram aplicadas sobre concreções calcárias (resultantes da percolação de águas
pluviais) que terão, necessariamente, demorado o seu tempo a formar. Estratigraficamente,
para ambas as cores, é visível uma espécie de camada de preparação de cor branca (cal),
surgindo as cores ocre e vermelha sobre esta camada subjacente.
O estado de conservação revela pequenos destacamentos (laminares) localizados e alguma
pulverulên cia localizada.

99
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2. ANÁLtsn E cARACTERIZAÇÃo DAs ÁGUAs pt,uvrArs, Dos MrcRoRcANIsMos E nLANTAs


IDENTIFICADOS NO CLAUSTRO

Após o diagnóstico e levantamento do estado de conservação do claustro, foram identificadas


duas das causas que, em nosso entender, assumem maior relevância no desencadear de
fenómenos de alteração e degradaçáo, a presença de água e a forte contaminação biológica.
Como tal, tentámos, numa primeira fase, caractenzar em poÍmenor o tipo de águas, a que
está exposto o edificio que nos propusemos estudar, e numa segunda fase, identificar e
caracterizar os microrganismos e plantas presentes.

2.1. Áculs PI-uvr,c,rs

Optou-se por isso, por recolher amostras de água da chuvarr e de run offl2 (escorrência),
devido à dificuldade em conseguir água do mesmo dia, em ambos os sistemas de
captação, isto é, directa da chuva e de escorrência, em quantidades suficientes para que
se pudesse analisar, as análises de pH e de Condutividade têm apenas carácter ilustrativo
da metodologia. Para podermos obter resultados mais precisos seria necessário efectuar
um maior número de colheitas distribuídas por diferentes períodos e locais do edificio,
e numa fase posterior, as leituras de pH e Condutividade, deveriam ser complementadas
com análises de Cromatografia Iónicarr de forma a identificar o tipo de iões presentes
nas diferentes amostras e assim poder relacionar o efeito das águas com as formas de
degradação presentes.

Amostra I : água da chuva recolhida em21.04.2007


Amostra 2:3u coluna do Alçado Sul (Oeste para Este) 21.04.2007

l l Para tal construiu-se um sistema de captação para águas pluviais directas, que consistiu na colocação de
um recipiente plástico com funil, devidamente lavado com água desionizada, no terraço nascente do claustro.
12 Run off (escorrência), sistema para captação águas montado em quatro locais distintos do claustro que
consistiu na colocação de uma fina calha em PVC de secção em U que se ligou a uma mangueira flexível levada
até ao interior de um recipiente de plástico colocado numa das colunas do alçado sul (exposto a norte), em zona
com abundante colonização biológica e bastante enegrecida.
l3 A cromatografia iónica permite qualificar e quantificar espécies químicas sob a forma de catiões e aniões.
Trata-se de um método de análise que utiliza a separação de espécies iónicas em solução líquida, atraves de
resinas de troca iónica, muito comum no estudo de águas pluviais, partículas minerais da atmosfera e ainda das
crostas e pátinas dos monumentos (AIRES-BARROS, 2001). -,r ' '
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Tannln l. AxÁlrsp DA coNDUTTvTDADE E Do pH DAS ÁGUAS DA cHU\â coLECTADAS No


CLAUSTRO DA MICHÀ

Condutividade (ps/cm) pH
Amostra I 73,5 619
Amostra 2 531,0 6,8

Medidor de Condutividade - CRISON Micro CM 2200;

Medidor de pH - CRISON Micro pH 2000

Os valores de pH da âglua da chuva colectada no claustro da Micha, 6,9, confirma o


ambiente pouco poluído, pois, este é praticamente neutro, o que se pode comprovar
através da inexistência de crostas negras e pela grande profusão de colonização biológica.
O aumento significativo dos valores de condutividade obtidos paÍaa água de escorrência
amostrada, pode justificar-se a partir da captação de poeiras e poluentes depositados na
superfície da rocha, e da dissolução da própria rocha.
Importa concluir que não estamos perante águas muito agressivas do ponto de vista da
alteração das rochas do claustro, pois o facto de não possuírem pH ácido, significa que
estas têm pouca acção de dissolução e por não serem básicas, contribuem menos, por
exemplo paÍa a formação de concreções calcárias.
Contudo, os fenómenos de degradação ligados à presença de água não dependem
exclusivamente dos dois factores atrás mencionados. O efeito degradativo persiste,
apesar de possuir um pH neutro, mantém a sua capacidade de desencadear reacções
químicas. Também o efeito mecânico, devido à grande quantidade de água presente,
permanece, dissolvendo e arrastando material nas zonas superiores e depositando-o
depois nas zonas inferiores.

2.2. MrcnonclNrsMos E PLANTAs

As paredes e os pilares de suporte são excelentes substratos para a instalação de seres


biodegradadores uma vez que o material de construçáo e arocha calcâria. Outros factores
como a localização deste claustro, na maior e mais próxima elevação junto à cidade
de Tomar, as extensas zonas verdes das áreas envolventes e as peculiares condições
ambientais que costumam caracterizar os claustros também contribuem paru a presença
de organismos.

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O Cuusrno »e Mtcue oo CoNl'tNro DE CRrsro - coNTRtBLiros pÁR.,r .4 sLr.l c'ct;ttstnt:-tç.io E r'..t.oRtz-1Ç.io

Nas paredes que limitam os claustros surgem com alguma frequência formas de
degradação tradicionalmente associadas à instalação de seres biodegradadores, tal
como patinas escurecidas ou esverdeadas; crostas de dimensão, coloração e tonalidades
diversas; eflorescências (em especial as esbranquiçadas), ou mesmo destacamento
superficial do material rochoso, na forma de escamação, esfoliação e pulverulência.
Assim, e nesta observação macroscópica directa, em especial, no alçado sul (exposto
a Norte), sobre o qual incidiu a nossa colheita, permitiu-nos inferir que tais formas
de degradação correspondiam certamente ao desenvolvimento de algumas formas
biológicas diversas, umas microscópicas e outras referentes à instalação de algumas
plantas superiores.
Deste modo estabeleceu-se um plano de trabalho que procurou dar resposta às duas
possíveis causas desta intensa colonização biológica. Por um lado, as características das
rochas que integram este claustro (que justificam a presença/ascensão de água e de sais
circulantes e, assim, a presença de formas biológicas), por outro, as características micro
climáticas, associadas a este claustro, que afectam as suas fachadas.
Neste ponto iremos apenas dar destaque à metodologia de trabalho que nos conduziu à
identificação dos agentes biodegradadores que julgamos associados às diversas formas
de degradação que a rocha apresenta.

2.3. MrronoloctAs DE TRABALHo B rÉcxlcls oB LEvANTAMENTo o lnoxrrRrclçÃo


UTILIZADAS

Após a análise macroscópica do alçado sul, de imediato se salientou que a colonização


da rocha não tiúa distribuição uniforme, surgindo, em áreas específicas com intensidade
diversa. Deste modo, foi estabelecido um plano de colheita de amostras que pretendeu ir ao
encontro das principais áreas atingidas, em especial, nas bases das colunas e nos contrafortes
em algumas zonas do corredor interior sul.
Para o efeito procedeu-se à extracção superficial, por ligeira raspagem com bisturi, de
pequenas porções de amostra, relativamente às quais se registou a presença de formas
biológicas que contribuem para alteração e degradação dos suportes. O produto desta
raspagem foi recolhido em placas de Petri esterilizadas, as quais foram guardadas em saco
isotérmico e posteriormente analisadas em laboratório.
Cada amostra foi analisada com auxílio de lupa binocular e microscópio óptico, a fim de
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O Crrrusrno »e MIcHa oo CoNr.n:lto oe Cttsro - CzNTRIBLITqS pÁR,l "A SL.4 cr_r,r'.sL,tr:tçir.r t ttu.tntz.tq.it.t

se identificar os principais grupos biológicos presentes em cada preparação. No caso dos


líquenes procedeu-se, essencialmente, à identificação dos fungos, dadaanatlreza simbiótica

dos líquenes e da dificuldade em classificar a componente das algas.


Para averiguar a natureza das algas e das bactérias que também proliferam nestes habitats,
foi feita uma cultura laboratorial a partir dos resíduos da colheita, através de meios de
cultura suficientemente amplos, dado que residiam algumas dúvidas na sua identificação
macroscópica.
Dada a dificuldade taxonómica microbiana, foram ainda estabelecidas comparações, não só
com fotografias microscópicas de exemplares semelhantes, como ainda feito o confronto
fotográfico, a partir de bibliografia específica, com idênticas formas de degradação presentes
em materiais pétreos de características semelhantes.
Finalmente, no caso das plantas infestantes, foi efectuada a recolha de exemplares tendo o
cuidado de verificar se estas possuíam os principais órgãos identificadores. Tais exemplares
foram secos entre folhas de papel absorvente e, posteriormente, identificados.

2.3.1. OnclNrsnaos IDENTIFICADos No cLAUsrRo ul MtcHl


A análise macroscópica efectuada no local na qual se fizeram registos descritivos e
fotográficos correspondentes às várias formas de degradação das rochas - e a análise
laboratorial efectuada a partir de amostras recolhidas nos locais mais colonizados, permitiu-
nos identificar a presença de vários tipos de formas biológicas.

2.3.1.1. Líqunxns
Os líquenes são, sem dúvida, os mais instalados nas fachadas deste claustro. Pode-se constatar

uma grande diversidade de formas liquénicas expressas quer pelas colorações e tonalidades
que conferem à pedra, quer pelos tipos morfológicos presentes, uns mais aderentes, outros
mais destacados (líquenes crustáceos e líquenes foliáceos), quer ainda pelas manifestações
de degradação evidenciadas (crostas, esfoliação e destacamento).
De um modo geral os tipos liquénicos encontram-se presentes nas quatro fachadas que
delimitam o claustro, apresentando, no entanto, um desigual desenvolvimento de acordo
com a sua exposição aos agentes atmosféricos.
A fachada Sul (exposta a Norte), mais investigada e da qual se fez a recolha de amostras

biológicas, é inegavelmente a mais ocupada por estes seres, devido ao facto de ser a fachada
I ();+
O Cleusrno oa Mtcue oo Ccltvexro or CRlsro - coNTRIItLtros PlR-t ..1 sLt.4 coN"sqRtvÇ.io t tuulatzlçÀo

mais exposta aos ventos com elevado grau de humidade e de ser relativamente às três
restantes aquela que tem menos exposição solar.

Os líquenes crustáceos endolíticos (com hífas penetrantes), são predominantes apresentando

um intenso desenvolvimento, principalmente na base da parede (correspondente à chamada


banda de humidade) e nos elementos decorativos das fachadas. No entanto a predominância

das pátinas escuras, um pouco por todos as colunas e pilares, indicam a presença de líquenes

epilíticos (não penetrantes) do tipo pulverulento, com talos aderentes.


Por outro lado, na fachada norte são também evidentes a presença de líquenes do tipo
foliáceo amarelos com talo macroscópico evidente que preenchem uma parte significativa
desta fachada, quer pela presença de líquenes endolíticos (presença de talo profundo), que
se pode associar à intensa degradação da pedra de construção. De facto, o destacamento
superficial significativo, a notória degradação associada ao que parece corresponder a uma
elevada porosidade da rocha (em grande parte, devido ao "pitting" resultante da penetração
das hífas frrngicas), ajudam a explicar a intensa colonização microbiológica a que está sujeito

este edificio.
Ainda na fachada Sul, na parede voltada para o corredor das galerias que circundam o

claustro, zona mais recolhida, menos exposta ao sol, a presença de humidade é significativa
e a degradação é mais intensa, associada a uma elevada colonizaçáo líquénica. Assim, o
microclima aqui gerado, associado a alguns indícios de escoamento de água pluvial, leva a

um tipo de degradação particularmente grave. Encontramos aqui áreas de grande dimensão


destacadas e crostas líquénicas que arrastam consigo porções de material com cerca de 2 a
3mm. Noutras áreas, tal é a diversidade de tons fornecidos pela presença de líquenes que
sugerem vestígios de uma pintura.
É precisamente na zona inferior que é ainda possível visualizar a sobreposição líquénica de
várias formas, o que nos leva a supor a continuação de uma substituição biológica que mais
tarde criará condições para o surgimento de espécies mais exigentes em termos nutritivos e
de suporte.
Do estudo microscópico efectuado, das características reveladas pelo talo e da análise
comparativarealizadacom outras formações semelhantes, foi possível identificar os líquenes
listados no quadro 9.

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O Clausrno pe MrcHe oo CoNvsNto pr CRtsrO - coNTRtBLtros PAR.4 t sL'Á coNSERtvÇÀo r r.tusruztç.tcl

Qununo 9. LrsrlcoM or lÍqunxf,s TDENTIFTCADoS No ALÇADo E GALERIA sul. Do

Cu,usrno nl Mtcul
Nome Imagem C aracterísticas Local de colheita

Talo granuloso, amarelado com os


Ver alçado sul
Candelaria Vitellina bordos inegulares

l-
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J
Talo amarelo brilhante liso com
Ver alçado sul
Caloplaca auranÍia Á bordos delgados

I
Talo branco com "fendilhan:lento" Ver alçado sul
Aspicilia calc'areu superficial

I
I
Talo esverdeado que se destaca
Galeria Sul
Lepraria inc'ana facihnente

I
II
Talo cinzento-escuro delgado,
I Verrucaria rupestri.s I
associado a uma pátina negra Galeria Sul
destacada

l/errttc'ariu Talo negro, muito delgado, associado Galeria Sul


t'ollerttolocle,s a uma pátine escurecida

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O Clausrno ».q Mrcua po Corlvr,Nro »r Cnrsro - :zNTRTBL,TOS pÁÃ.l ..1 sL',1 coNSERt'1ÇÃo r r.trcnZtç.itt

2.3.l.2.Alcas
r
As algas clorófitas tambem se encontrampresentes, embora com presença Í
local:r:ada. Podemos encontrá-las nas depressões mais profundas da ) lã.r

'1. )
parede resguarda da fachada norte, em locais onde se regista a presença 7',l
de águas de escoamento, manifestando-se com o preenchimento contínuo
F rc;u, nt 4. C utoRELL.4 t'tJ'LG.4Rts
de pátinas esverdeadas, associadas a alguma desagregação do tipo 3

granular fino. O estudo mais profundo efectuado nesta fachada levou-


Ir
nos a concluir que, a par da presença de líquenes, coexistem variedades

de algas com ocupação mais indivi duahzada, que conferem à parede I-r
um conjunto de cores com várias tonalidades. Com algumas reseruas na
identificação taxonómica foi possível identificar duas clorofitas (algas

verdes), com as características da Chlorella vulgaris e da Haematococtts 7!

(figura 34 e 35). I; t r; t'n.t 35 . H.qt,tt..trt)c0c-L;s

2.3.1.3. Fom.tas BACTERIANAS

Tal como se previa, o levantamento efectuado evidenciou a presença variada de bactérias com forma

esferica, presumivelmente associadas à presença de azoto na rocha, devido, entre ouffos factores, à

existência no local de excrementos de aves.

A identificação microscópica e a respectiva comparação com arquivos fotogúficos especializados,

revela a presença de formas nitrificantes com destaque pÍu? uma variedade mais abundante, do
genero Nitrosoc.occus. Aesta espécie de bacterias está geralmente ligada a dissolução dos carbonatos

através da produção de amónia.

No entanto toma-se dificil adiantar que danos se podem atribuir a estas variedades, pois, na verdade,

pensa-se que os grandes responsáveis pelo desgaste superficial da pedra se devem, sobretudo, à

actuação das espécies de líquenes aí presentes.

I07
O Cleusrno oe MrcHR oo Coxvrlto ue CRrsro - coNTRtBIJTos PÁR.4 A sL'Á cotisERt'ÁÇÃo E tALORtzÁÇ.io

2.3.1.4. Muscos E IrETos

Finalmente, destacaremos a presença de pequenos


tufos isolados de um feto espontâneo, uma avenca
(Adiantum capillus) nas estruturas mais salientes
do edificio (figura 36). O seu crescimento deve-

Se, sobretudo, à acumulação de poeiras trazidas


pelo vento, aos materiais destacados da pedra ou,
eventualmente, à acumulação de excrementos de
FK;un.q 36. C.lPILLL,'S
AVCS.

O crescimento destes organismos entre juntas,


comprova o estado relativamente adiantado de r/
\
T!
degradação de algumas zonas das fachadas, pois para
t 3 $
\
a sua instalação é necessário um micro solo. 7T § 1> t-

Foi ainda colhido um musgo de pequenas dimensões, \'


que surge com algUma extensão, muito compacto, \-I
com pequenos cauloides e filoides. Trata-se de BÍx
{
uma variedade muito comum do calcário, o tT*..- -. - .r
Ftc;t'n..1 37 O.l'YRn nYNc H t t' hí RIJ'sc I FoR ME

Oryrrh),nc h ium rlts c' ifbrm e (figura 37 ) -

loti
O CrausrR.u oa Mtcue no CoNveNto »r Cntsro - coNTRIB(iros P1R.4 .1 sL'.t ('or\§ER,:{(:1o r tlrcntz,tç-'itt

3. Esruoos pRELtMtNAREs pARA supoRTE DA pRoposrA DE coNsERvAÇÃo E vALoRrzAÇÃo

3.1. 3.f. Pnonunls HtsrórucAs DE ToMAR, LAVRA DAS pEDRAs Do CLAUsTRo DA Mtcul

"Já Álvaro Diogo está contratado, talha por enquqnto a pedra que e Tiazida de Pêro Pinheiro, grandes
blocos transportados em cqrros puxados por dez ou vintejuntas de bois, enquanto outros operários portem
com os malhos a outra pedra grosseira que há-de servir para alicerces, este de quase seis metros de
profundidade, metros é o que dizemos hoje, que então tudo se media a palmos (...)" (SARAMAGO, 1994).

Durante séculos, a região de Tomar viu as suas arribas moldadas em função da necessidade
de matéria-prima para as suas construções. A aldeia de Pedreira, cujo topónimo se deve
à principal actividade que ali funcionou até meados do século XX, foi, sem dúvida, um
dos locais que maior número de metros cúbicos de calcário forneceu para muitas dessas
construções.
A freguesia de Pedreira, situada a norte da cidade de Tomar, dista cerca de 4 km em linha
recta do Convento de Cristo, possui inúmeros vestígios de antigas pedreiras numa vasta área

do seu tenitório.
Após tanta referência a esta aldeia como provável fornecedora de pedra paraa construção do
convento, deslocámo-nos até ao local com o intuito de colher amostras para o nosso estudo.
Numa dessas visitas coúecemos o senhor Fernando da Graça Rodrigo, com79 anos de idade
e canteiro de profissão. Depois de saber o que procurávamos convidou-nos gentilmente para

sua casa onde tivemos uma longa conversa sobre as pedras enquanto material de construção.

Fazendo parte de uma família de canteiros há mais de cinco gerações, o seúor Femando
ainda hoje faz alguns pequenos trabalhos de pedra na sua oficina. Confessou-nos que extraiu
e talhou muita pedra das pedreiras em redor da aldeia, alguma dessa pedra foi usada em obras
em que participou no convento de Tomar, nos anos cinquenta do século XX. Afirmou que
na região existiam "quatro tipos de pedra trabalháveis, umas melhores que outras". Segundo

ele, na aldeia a maior parte das famílias estavam, de certa forma, ligadas ao trabalho da
pedra, sobretudo até aos anos 40/50 do século XX, altura em que saíram para trabalhar
noutros locais.
Com a evolução da conversa, o antigo canteiro, acabou por nos explicar como extraiam os
grandes blocos, os trabalhavam na pedreira e os transportavam.

Cada homem tinha um "coxo", caixa de madeira com pega que, virada ao contrário,

I09
O Crausrno oa Mrcue oo Coruverro »E Cnlsro - coNTRIBUTos PtR.t .1 SL'.4 r'ot;Stnt',tcÃrt E t'.,tLoRIZÁ('io

funcionava como banco, dentro do qual transportavam as fenamentas para o trabalho na


pedreira (picão, picola, camartelo, cuúas, maços, macetas, marretas, escopros, bujardas,
esquadro, etc.). Escolhido o local, começavam por libertar a rocha de terras e da parte
superficial alterada, de seguida, era nivelada a superficie e definida a dimensão do bloco a
extrair, ficando este com três faces não paralelas visíveis e as restantes ocultas. Para libertar
o bloco eram abertos "roços" e eram aí colocadas, a distâncias regulares, cuúas metálicas
que eram depois batidas sincronizadamente até ao total destacamento do bloco.

Obtido o bloco, este era "aparelhado" para ficar à esquadria, dando-se depois início ao
trabalho de cantaria propriamente dito. Para o transporte, existiam duas formas, se a pedreira
era plana, eram usadas alavancas e rolos de madeira para o deslocaq quando o plano era
inclinado (o que acontecia na maioria das vezes), o cascalho resultante da extracção, servia
para se deixar "escorregar" o bloco até um "porto", plataforma de pedra seca construída na
base do declive, que facilitava o acesso à pedreira e tiúa a função de permitir encostar um

carro de bois usado no transporte da pedra.


O trabalho de cantaria era, geralmente, feito junto à pedreira, se o bloco era de grande
dimensão. A maior parte do trabalho fazia-se de pé, quando eram peças mais pequenas,
retiravam-se as ferramentas do "coxo" e este servia de banco para o canteiro. A deslocação
das peças para o carro de bois fazia-se no "porto" com a ajuda de varas de madeira de aziúo
ou sobro, que serviam de alavanca ou padiola, se as peças já estavam talhadas, a madeira
usada mantiúa o revestimento de cortiça para protecção das arestas e poÍrnenores mais
frágeis. Afirmava o mestre Fernando, em tom de conclusão, "que as peças depois de talhadas
pesavam muito menos, o que facilitava o seu transporte".

Talvez não tivéssemos dado grande importância a este relato, se não encontrássemos aqui
uma série de semelhanças com aquilo que terá sido a realidade vivida pelos homens que, ao
longo do século XVI, extraíram e transformaÍam a pedra paÍa a construção do Convento de
Cristo.
Com base nos esclarecimentos recolhidos sobre a forma como se extraía, trabalhava e

transportava a pedra na região de Tomar, pelo menos até meados do século XX, decidimos
comparar este relato com informação recolhida na documentação existente sobre a época
da construção do convento para tentar entender até que ponto as técnicas e as metodologias
de extracção da pedra para a construção de edificios tiúam ou não sofrido alterações
significativas.
Il0
O Cleusrno pe Mlc'ga uo CorvgNrcl ou Cntsro - c-oNTRIBUTos PAR.4 ..1 sL'.4 c'o,lsfft:lq-.ao g, t'.ttpntz.,tç.ict

Tal como podemos verificar, numa das cartas do arquitecto João de Castilho ao Rei D. João
III, em Janeiro de 1548, a transformação da pedra, ao tempo da construção do claustro da

Micha, far-se-ia próximo do local da sua extracção, nesse escrito Castilho queixava-se ao rei
que a obra no convento não avançava convenientemente por falta de transporte paraa pedra
que já estava devidamente aparelhada na pedreira, nos seguintes termos, "Snõr - Estes dias

pasados esprevy a Pero Carvalho acerqua destas obras do pouco que nelas se fazia por falta

de caretos: que três mezes ha que a esta obra não veeo carada de pedra (...) E crea V. A. Que

por fallta de cem caradas de pedra que tenho lavradas na pedreira - s - portais e janelas não

teúo acabado de gallgar os estudos dos colegeaes e as neceçarias no amdar do dormitório

de cima dos frades (...) " (VITERBO, 1899, p. 198).

Esta passagem da carta de Castilho ao rei demonstra que a pedra, no século XVI, era talhada

muito próximo do local onde era extraída, tal como, cerca de quatrocentos anos depois, o
seúor Fernando Rodrigo nos descrevera.
Na mesma carta, encontramos outra passagem que nos remete paÍa a forma como era
transportada a pedra da pedreira até à obra e da dtxeza que essa tarefa encerrava, " (...) a
verdade é que enquanto eu tive bois numqua me faltou pedra na obra e as vezes ajudavão
ao padre: emfim que com ho muito trabalho que tiverão derão fim a seus dias: (...) esprevy

a Pero Carvalho que falase a V. A. que me mãdase dar vymte mill r.s pêra comprar cymquo
bois e com três que tenho me remede ara e acabara presto estas obras, porque tenho mais de
mill caradas de pedra lavrada (...)" (VITERBO, 1899, p. 199).

Mais uma vez se constata que, tal como na pedreira de meados do século XX, também em
meados do século XVI o transporte da pedra se fazia com carros de bois.

Nada encontrámos em concreto sobre como era extraída a pedra pelos cabouqueiros de
Castilho, mas as referências existentes sobre obras da mesma época remetem para métodos
muito semelhantes aos utilizados pelo senhor Fernando Rodrigo e os seus companheiros nas
pedreiras de Tomar. Daqui podemos concluir que os meios e as técnicas de trabalhar a pedra
se mantiveram inalteráveis naquele local pelo menos durante cerca de quatrocentos anos.

lil
O Cra,usrno o.,\ MtcHa no CoNveuo or CRtsro - co.\irRtyL)Tos ,"tR.4 .4 sL'-t c'o,lsrrl-lq-..trl E t'-tLoRiz/1<'.io

3.2. Clnlcrrnrz^ç^o Dos rlpos DE RocHAs PRESENTES No cLAUsrRo DA MICHA

Através do estudo macroscópico e da análise por Difracção de Raios-X (DRX), pretendeu-


se caracterizar a texfixa e composição mineralógica dos calcários do Claustro da Micha,
de forma a permitir a comparação dos resultados com amostras recolhidas nas pedreiras da
região que teriam sido exploradas para a produção de pedra utilizada no Convento de Cristo
(VITERBO, 1899).
Através da observação directa dos elementos construtivos do claustro da Micha, foram
identificados, em fractura fresca, quatro tipos de calcários pelas suas características
cromáticas e texturais. Encontram-se assim elementos que variam do esbranquiçado ao bege
e do ocre ao cinzento e com textura que varia da fina e compacta (micrítica) à granular e
oolítica (FOLK, 1954).
Amorim Rosa refere na sua História de Tomar, refere a propósito das pedras da região: "Aqui
predominam as rochas sedimentares, mal cobertas por delgada e ingrata camada arável. Na
Pedreira, S. Simão e Casal da Aziúeira predomina a calcite, que apresenta na Pedreira o
calcário oolítico de granulação fina, onde se extrai magnífica cantaria (origem do nome da
terra), e a quantidade de canteiros nela existentes antes da febre da migração; em S. Simão
há óptima pedra de cal, tanto para argamassas como para caiar; daí os fomos de cal que ali
abundam. Da região da Pedreira-Casal da Azinheira, saíram as toscas pedras que a Arte
maravilhosa de Fernão Gonçalves, dos irmãos Amrdas, de João e Pedro Castilho, Diogo
Torralva e Felipe Terzi transformaram naquelas imorredouras obras-primas que se chamam
o Convento de Cristo a ermida de Nossa Senhora da Conceição (...), monumentos que fazem
de Tomar um repositório de Arte Arquitectónica sem rival".
Neste contexto, foram colhidas quatro amostras, representativas de cada tipo de calcário
identificado, de cada alçado do claustro, sempre em zonas com reduzido impacto para os
elementos (pequenas lascas ou fragmentos soltos), e posteriormente analisadas por DRX
(quadro l0).
"É importante coúecer as pedreiras de onde, ao longo da História, provieram os materiais

usados na construção dos monumentos. Esta importância redobra quando se pretende realizar

trabalhos de restauro" (AIRES-BARROS, 2001, p. 77).


Na sequência da pesquisa sobre a origem da pedra do claustro e localização das pedreiras
encontrou-se a seguinte informação: "Na construção foram utilizados materiais da região, o
lll
O Clatrsrno pe MIcua oo CouvgNt<t DE CRISTo - coNTRtBÇ-Tos ptR.i ..tt sL'.4 «»islRt'.-tç..io t t.ltttntz-.tç]n

calcário amarelado é da Pedreira, concretamente, das Arribas e a madeira vinha das matas
de Dornes, encontrando-se vários pagamentos das madeiras no ANTT, OC/CT, Livro 23; a
pedra era retirada das pedreiras com autorização régia" (CASANOYA,2002, p.27).

A propósito de uma contenda entre o arquitecto João de Castilho e Pero Carneiro, cavaleiro
da casa real, que o acusa de ter construído uns telheiros sem a sua autorizaçáo, numas terras
junto à Pedreira, e que, entre outros prejuízos, a destruição das ditas terras lhe tinham feito
perder "dez moyos de pam". Castilho, em resposta à acusação, responde que quem o mandou
para o dito lugar, "vir e laurar em a dita pedreira", fora el Rei (D. João III) e por tal, não

abandonaria as ditas terras, sugerindo que o queixoso fosse pedir contas ao rei (VITERBO,
1899, p. 186).
Pelo que podemos entender da leitura do documento, as referidas terras de Pero Carneiro
estavam ligadas com terras do Convento, "honde se chama a fonte de Payo Muniz", ora
as únicas pedreiras próximo da localidade de Pedreira que podemos encontrar, têm a

designação de "Fonte de Paio Nunes", e, em nossa opinião, trata-se do mesmo sítio, pois
pelas descrições, não se vê em redor de toda a localidade, outro lugar onde se pudesse extrair

e trabalhar a pedra no mesmo local. Devido à geografia do terreno, muito acidentado, só aqui

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.Ày'u,vrs ll/lrtltsRo DE 2009 l{ot'ttvtsRo DE 2009

a encosta das pedreiras termina num amplo vale atravessado por um curso de água que, a
nosso ver, tanta utilidade teria para os trabalhos de talhe da pedra. "... em huas terras dele
autor que elle tem no limite desta villa, honde se chama a fonte de Payo Muniz, que partem
com hardeiros de Pero Muniz que Deus tem e com Rodrigo Anes Gordinho e com terra que
pertence ao convento da dita villa e com outros com que de direito deva partir, em nas quaes

terras ho dito reo lhe tem ocupadas com certas cassas que nella tem feitas, em que estam e
lauvram os oficiaes, que hi tem a laurar pedraria pêra a dita obra (Convento), e alem de ter as
ditas terras ocupadas com as ditas cassas as tem ocupadas e as ocupa com a dita pedraria e
com serventia..." (VITERBO, 1899, p. 187). Estamos convencidos de que se trata, de facto,
do mesmo local que é referido no documento. Deslocámo-nos então para a localidade de
Pedreira, situada a norte da cidade de Tomar, e aí recolhemos cinco grandes blocos, retirados,
de antigas pedreiras abandonadas, com recurso a escopro e maceta. As pedreiras escolhidas
foram as da "Fonte do Caldeirão" e as da "Fonte de Paio Nunes", sendo o critério da nossa
escolha baseado, por um lado, nas informações bibliográficas, que referiam esses locais
como tendo sido explorados para a construção do Convento, por outro, nas semelhanças, de
cor e textura, que essas rochas apresentavam com as da própria construção.

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O Crausrno o,q Mrclra uo Couvrxro DE CRrsro - coNTRtBL'ToÍ; plt.4 .A sL'.l co,\slRtÁç.io r ttt-ontz.tç.ic)

Após a definição das pedreiras, feita a partir da pesquisa bibliográfica efectuada, a nossa
escolha recaiu sobre duas pedreiras perto da localidade de Pedreira.

Os principais objectivos, tiverem por base, numa primeira fase, analisar do ponto de vista
da composição mineralógica, por DRX, e numa segunda poder comparar as características
físicas e mecânicas dessas amostras com as rochas usadas na construção do claustro da
Micha a fim de melhor entender a forma como se alteram e, ao mesmo tempo, apoiar as

decisões dos tratamentos e a escolha dos produtos em dados mais concretos, com vista à
realização da proposta de intervenção.

Estes ensaios consistiram, determinação da velocidade de propagação de ultra-sons, no


laboratório e in situ, na absorção por capilaridade, na absorção de água por vácuo, na
resistência à compressão uniaxial.

3.3. DrrnncÇÃo oB Rlros-X


Esta técnica de análise permite a identificação de fases cristalinas e ou análise semi-
quantitativa das suas percentagens por amostra de rocha. (ESBERT et al, 1997; AIRES-
BARROS,200l). Apesar de se tratar de um método de análise destrutivo, tem a vantagem
de necessitar de pequenas quantidades de amostra, cerca de I g.
Os difractogramas foram obtidos num difractómetro Philips X'Pert PW 3040/60, usando
uma radiação CuKo, com as condições operacionais de 30 mA e 50 kV, monocromador de
grafite com grau divergente automático, e passagens de l"/2Olminuto, num intervalo de 4-65"
20. A aquisição de dados foi feita com um Philips X'Pert Data Collector v1.2, trabalhando
sobre amostras pulverizadas num almofariz de ágata. Na identificação das fases cristalinas
presentes, utilizaram-se os índices de difracção do Joint Committee on Powder Diffraction
Standards (JCPDS).
Pode-se verificar que os resultados obtidos dos difractogramas das amostras provenientes do
claustro da Micha (gráfico 2) são semelhantes e cuja composição fundamental é carbonato
de cálcio e menor quantidade de quartzo, registando-se na amostra colhida no alçado sul a
presença vestigial de Natron, um sal de carbonato de sódio deca-hidratado, que está associado
à ocorrência de eflorescências.

Os difractogramas das amostras provenientes de pedreiras da região (gráfico 3) apresentam


composição carbonatada com menores quantidades que quartzo, excepto a amosha AM-
PED2 que contém ankerite, um carbonato de cálcio e ferro, que não se observa em qualquer
das amostras estudadas provenientes do claustro da Micha.
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Qu,loRo 10. REsULTADos DA sEMr-euANTrrATrFrcAÇÃo I}AS FASES Cru§TÀLINA§


IDENTIFICADAS NOS DTTN.ICTOGRAMAS
Calcite Dolomite Quartzo Natron Ankerite \\'eddllite Caulinite Goethite
Alçado X{<*(* Vcst Vest. Vcst.
nascente
Alçado *r<*,F * Vest.
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poente
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AM_2 r'er ***:f {(*rB * Vest.


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('F*'r'<*) Muito abundante, ('&*':rc) Abundante, (**) Medio, (*) Raro, (Vest.) Vestigial

A análise do difractograma das amostras observadas no claustro da Micha, do pigmento


ocre (AM_l ocr) e do pigmento vermelho (AM_2 ver) revela que as fases cristalinas que

caracteriza as amostras são diferentes (gráfico 4).

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O Cl,qusrxo on Mrcua oo Coxvrnro oe Cnrsro - ÇoNTRIBUTos PAR.4 .1 sL'.l c'ctttsrnr',tç.irl E tÁLoRIZ.4('.io

A amostra ocre é essencialmente constituída por calcite e oxalato de cálcio e a presença


vestigial de caulinite, esta fase não assinalada no difractograma pois é muito vestigial. A
presença de calcite relaciona-se com o substrato, que é rocha calcária, o oxalato de cálcio
com actividade orgânica normalmente animal, a caulinite é o mineral argiloso que terá sido
utilizado como pigmento que contem o elemento cromóforo (Fe) que proporciona a cor ocre.
A amostra vermelha é constituída por calcite, oxalato de cálcio, weddelite e caulinite. Como
já referido na descrição das fases cristalinas da amostra anterior a calcite corresponde ao

substrato, oxalato e a weddlite a actividade orgânica (animal) e a caulinite é um mineral


argiloso e proporciona a coloração vermelha, proveniente de Fe contido na estrutura desta
fase cristalina (tabela l0).

3.4. RpstsrÊxcll À CompnrssÃo Urllxl,u


Este ensaio determina a tensão em MPa (N/mm2), que provoca a ruptura dos provetes, quando

submetidos a um esforço de compressão, que é dado por uma carga constante de compressão

aplicada pela prensa, permitindo avaliar a capacidade de suporte do material. A resistência


á compressão dos materiais pétreos depende de características intrínsecas como, a textura a
composição mineral, a porosidade, o grau de fissuração e ainda do teor de água contido e das
condições em que se realiza o ensaio. (ESBERT, et ol,1997).
Os ensaios foram efectuados Segundo a normaASTM D 2938-95, Standard Test Method for
Unconfinerl Compressive Strenght of Intact Rock Core Specimens., num equipamento universal

de ensaios para determinação de resistências mecânicas (WYKEHAM FARRANCE), com


uma velocidade de carga de (2400 + 200) N/s e uma célula com sensibilidade de 0 a 10 kN.
De cada amostra prepararam-se cinco provetes prismáticos, de base quadrada, com dimensões

aproximadas de l0x5x5 cm. Os ensaios foram executados sobre os provetes com humidade
de equilíbrio.

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O Clausrno »a Mrcue po CoNvENTo »E CRtsro - coNTRtBuros p.tR.,l .4 sL,.t co;'tunuçÃo e r.trcntz,tç.ict

TesrLe 2. Valonns ol nrsrsrÊNcn urcÂnrcl À coupnBssÃo IlAs ÀMosrRAs DAs

pErlRErRAs on Foxre op P.lro Nutns B Fonrr no Cnr,unrnÃo


Resistência Mecânica à Compressão
Referência dos Provetes Valores (MPa) Media (MPa) Desvio Padrão
AM-PEDI a 85,57 7 5,93 21,99
b 87,84
C 43,93

d 63,59
e 98,73
AM PED2 a 5 8,,85 70,88 11 ,34
b 7 3,73

C 59,04
d 81,49
c 81,3 I

AM PED3 a 7) )) 66.7 6 12,57

b 78,06
C 68.5 3

d 45 )5
e 69.7 6

AM PED4 a 33.91 5 5,96 12,92

b ó9.5 8

C 55.83
d 5 3.90
e 68,3 8

f 53,92

AM PED5 a 53,94 64,80 20.0e


b 61.61

c 77.72
38.1
d I
J
89,63

Numa análise porrnenorizada da tabela

observa-se que para os diferentes provetes da


mesma amostra se obtêm valores distintos:
na AM_PED l, os valores mais elevados, dos
provetes que texfuralmente apresentavam
maior homogeneidade, são de 85,57 MPa,
87,,84 MPa e 98,73 MPa. Os provetes "c"
66d"
e apresentam valores mais baixos que
os restantes pois"'c" apresentava veios de
Fr;u.n.t4r.pntrere 4.t «nrro.\.r-HrDRo.vDosDEFERR,.

lle
O Cleusrno pe Mrcna oo CoNvruto nr Cnrsro - coNTRtBUTos ptR.4 .4 sL'.l colislRrÁÇi(.) E tÁLoRtz.4ÇÀo

calcite espática no seu interior que reduz


praticamente a metade a resistência mecânica
66d"
à compressão (43,93 MPa) e o um veio
de micro-calcite e geode que rompeu aos
Lca)''
63,59 MPa; nas AM_PED2, provetes e

ccc'') 66d"
e AM_PED3 provete apresentavam

um veio preenchido por material argiloso não


cristalino., o que terá contribuído para uma
redução da resistênci a para valores bastante
inferiores. No provete "a)) da amostra AM-
PED4 verificou-se a presença de um veio de
calcite espática com muita matéria orgânica
no interior e a natural queda no valor de

resistência (33,9 I MPa), por fim, o provete


66d"
amostra AM PED5 exibia uma geode de

tamanho considerável numa das faces, I qug Frorns 42. Pnorrrr 2t t rn.tcrb'R.4 SEGUND) o t'Eto DE c'lLCtrE

terá contribuído para a obtenção de um


de resistência de (38,11 MPa), bastante inferior aos restantes provetes.
Desta forma pode-se concluir que genericamente os resultados da tensão de rotura obtidos
são elevados, apresentando alguns dos provetes valores mais baixos, resultantes de defeitos

estruturais, como fissuras, veios de calcite e geodes.


E de notar que a ruptura dos provetes ocorre sempre segundo o plano vertical, excepto
quando existem veios (figura 42). Neste caso a facturação ocorre nesta direcção de fragilidade
(figura 4l).

3.5. PonosloaoE ABERTA

A porosidade é um dos parâmetros mais importantes dos materiais usados em construção,


na medida em que tem influência em outras propriedades físicas, nas reacções químicas e na
resistência mecânica (ESBERI et ol,1997).
A porosidade define-se como o volume de vazios existentes num determinado volume de

material pétreo, e pode ser de dois tipos porosidade aberta, em que os espaços vazios são
intercomunicantes, e a porosidade fechada, em que os espaços vazios são fechados, como tal,
llo
O Clausrno »r Mrcna Do CoNvENTo ne Cnrsro - coNTRIBLtros P1R.4 Á sLr.4 c'ctstsenruçÃo E rALoRtzÁç'.io

não comunicando entre si (AIRES-BARROS, 2001). Uma vez que os materiais em estudo
têm essencialmente porosidade aberta foram efectuados ensaios sobre as amostras recorrendo

ao método hidrostático do Picnómetro, segundo as recomendações da Internacional Society

for Rock Mechanics (Suggested Methods for Determining Water Content, 198 I ).

Este método baseia-se em pesagens hidrostáticas e é aplicado quando as amostras apresentam

pequenas saliências e reentrâncias que impedem a determinação exacta do seu volume. Este

método ajuda a minimizar problemas desta naixeza sendo por isso mais fiável. Este método
permite determinar o volume do provete, através de pesagens, que conduz ao cálculo do
volume de água deslocado por introdução dos provetes.
O aparato utilizado na execução do ensaio compreendeu a uso de um exsicador (figura 43),
uma fonte de vácuo de 800 MPa, um termómetro, uma balança com precisão de 0,01g,
estufa, craveira e picnómetro. Foram utilizados cerca de 30 provetes prismáticos com base
quadrada (5x2x2 cm).

F tc t:n..t 4 -J , E.t'stc'.tooR C'O,rí oS pRot'ETES ,\o t'.ic'uo / PrstcEttí DoS PRIr'ETES

Os provetes foram medidos com uma craveira e registrados todos os valores. Após as

medições os provetes foram colocados no exsicador e ligou-se a fonte de vácuo deixando-se


entrar água até submergir os provetes, deixou-se o equipamento de vácuo ligado durante I
hora. Passada esta hora desligou-se o equipamento e deixou-se os provetes a saturar durante
24 horas. Retiraram-se os provetes para pesagem na balança de precisão de 0,01g. Após a
pesagem tornaram-se a colocar os provetes no exsicador para evitar a evaporação de água

dos provetes e em seguida mediu-se o volume de cada uma das amostras no picnómetro,
fazendo sempre a medição da temperatura da água e retirando-se a água superficial existente
lll
O Cl,qusrno oa MrcHa oo CoNvuxro »r CRrsro - c-oNTRtBUTo:i p.4R.4 .4 sL.; co»srnrtç',io t r'.-tutnrz.,tç.ic)

no exterior do picnómetro. Por último fez-se a pesagem do picnómetro só com água.

O ensaio de absorção de água, após a sucção do ar dos poros em câmara de vácuo permitiu
a determinação de parâmetros fisicos, como a porosidade, a massa volúmica aparente e a
absorção de água máxima.

Tnsrla 3. Valonns oBTrDos E cÁLcut.o Do voLUME E MAssAs vot.úMtcAs PELo MÉToDo

Do PICNÓMETRO
Método do Picnómetro
Amostras PI P2 P3 P4 P5
r cc) 24 24 24 24 24
pw (g/cm3) r,000 1,000 r,000 r,000 1,000

Ml (e) 243,130 364,200 401,660 279,190 348,440


M2 (e) 1040,960 1113,220 n32,340 1062,640 I106,450
M3 (e) 890,730 890,730 890,730 890,730 890,730
M4 (e) 238,260 3s0,280 385,940 272,640 341,640
V = Ml - (M2-M3y pw (cm3) 92,900 141,710 I 60,050 107,280 132,720

pa: M4 / (M4-(M2-M3))/pwl (g/cm3) 2,707 2,741 2,6',74 2;107 2,713


prd = M4 / [(M1-(M2-M3))/pw] (g/cm') 2,565 ) L1) 2,4t1 2,541 2,s74
pssd: Ml / I(Ml-(M2-M3))/pwl (g/cm3) 2,617 2,570 2,5t0 2,602 2,625
t - temperatura ensaio ("C)
pw - Massa Volúmica da água à temperatura de ensaio (g/cmt)
Ml - Massa provete saturado com superficie seca ao ar (g)
M2 - Massa do picnómetro com o provete saturado e água (g)
M3 - Massa do picnómetro com água (g)
M4 - Massa do provete seco em estufa (g)
V - Volume (cm3)
pa - Massa volúmica do material impermeável das partículas (g/crnr)
prd - Massa volúmica das partículas secas em estufa (g/cm3)
pssd - Massa volúmica das partículas saturadas com a superficie seca (g/cm')

Tlsnr,a 4. Rrsurmnos Dos iNDtcEs FisICos PELo MÉToDo Do PtcxÓuBrno


Método do Picnómetro
Amostras PI P2 P3 P4 P5
V (cm3) 92,900 141,7 t0 160,050 107,280 132,720
Vv (cm3) 4,870 13,920 15,720 6,550 6,800
n (o/") 5,242 9,823 9,822 6,106 5,t24
1d (g/cm3) 2,565 2,472 2,411 2,541 2,574
pat (g/cm3) 2,617 2,570 2,510 2,602 2,625
w (Y") 2,044 3,974 4,073 2,402 1,990
provetes - Massa aparente seca
Vv - Volume de vazios (cmr) ysat - Massa volumica aparente saturada (g/cm3)
n - Porosidade (%) w - Teor em água (%)

t22
O Cl,,\usrno o,t Mtcne oo CoNveNro DE CRISTo - coNTRtBL,Tos p.rR.4 .,t sL'.4 crr,lsr.nr:r(-..r'rr t t'ttontz..t<'.,ícs

Os valores das porosidades, quadros 9 e 10 variam entre 5,1%o e 9,8yo. Os maiores valores
da porosidade correspondem à amostra 2. O teor em água apresenta valores entre 2 Yo e 40Á,

coÍTespondendo o maior valor à amostra 3. A massa volúmica aparente seca tem valores que
variam entre 2,3 g/cm3e 2,5 glcm3. A massa volúmica aparente saturada, varia entre 2,5 gl
cm3 e 2,6 glcm3.

3.6. CorncrsNrE DE cAPTLARJDADE

O movimento de ascensão capilar daâgmnum material rochoso é inversamente proporcional

ao tamaúo de seus capilares, logo a altura alcançada pela água será tanto maior quanto
menor for o diâmetro dos capilares e a Eama de distribuição de micro poros. Sendo assim as
pedras com maior quantidade de micro poros serão as que apresentam maiores coeficientes

de capilaridade. A quantidade de água absorvida por sucção capilar está directamente


relacionada com a porosidade aberta e esse valor designa por coeficiente de capilaridade
este define-se como a massa de água absorvida por unidade de superficie em relação com o

tempo (ESBERT et al,1997).


A análise de absorção de água por capilaridade é importante na medida em que permite
estabelecer uma relação entre o perfil de absorção de água, a distribuição dos poros e
conhecer a forma como os fluidos circulação no interior da rocha.

Os ensaios foram realizados recorrendo à norma NP EN 1925:2000, sendo apenas aplicado

a pedras naturais cuja porosidade aberta seja > 1%.

A água absorvida por capilaridade baseia-se na medição do peso dos provetes imersos ao
longo de vários intervalos de tempo. Os intervalos de tempo variam com a capacidade de
absorção da pedra. Para o efeito foram utilizados dois recipientes com base plana e dois
suportes, não absorventes, sobre os quais se colocaram os provetes de dimensão 10x5x5 cm.
Em cada recipiente foi colocado um dispositivo que permitiu assegurar um nível de água
constante. Para controlar os tempos de medição utilizou-se um cronómetro com resolução de

um segundo. Na secagem dos provetes foi utilizada uma esfufa, que manteve uma temperatura
de 70+5 oC e para a pesagem dos provetes uma balança com precisão de 0,01g.
O ensaio iniciou-se com a secagem dos provetes na estufa até atingirem massa constante.
Após a secagem foram mantidos no exsicador até atingirem a temperatura ambiente. Fez-se
então a pesagem (Md) e medições dos provetes, calculando-se a área da base a ser imersa,
através da medição de duas medianas com precisão de 0,1mm. Colocaram-se em seguida os
ll-i
O Cl,qusrno oe MIcHa po CoNvl.lrto pE Cntsro - coNTRIBt:To.s pAR,4 .4 sL'.l cr.r.rsrRt:r('.-ir-r t t.tutntz.-u.-.itt

provetes nos suportes que se encontravam sobre o recipiente de base plana, introduziu-se
água no recipiente até uma altura de âgmde 3+1 mm acima da base dos provetes e accionou-

se o cronómetro. Durante o ensaio o nível de água foi mantido constante.


Como os provetes são muito porosos, os intervalos de tempo adoptados foram de 1, 5, 15, 30,
60, 480 e 1440 minutos. Para cada tempo retirou-se sucessivamente cada provete, limpando-
se com uma toalha húmida a parte imersa, de modo a retirar as gotas de água superficiais,

e pesou-se de imediato, numa balança com precisão de 0,019, tomando-se a colocar de


seguida o provete no recipiente. Anotou-se o tempo decorrido desde o início do ensaio até

ao momento de cada pesagem.

Tanell5. Vllones nl ansonÇÃo un Ácul PoR cAPILARTDADE

Amostra Md (kg) Mi (kg) A(m') ri (h) C


PI 0,706 0,709 0,0028 24,008 5,059

P2 0,717 0,721 0,0027 24,022 7,3t4


P3 0,717 0,723 0,0029 24,036 9,197

P4 0,764 0,769 0,0029 24,051 8,244

P5 0,690 0,693 0,0025 24,067 6,37s


água por .*tÁ2,F.(

Md - Massa do provete seco (kg);


Mi - Massas sucessivas do provete durante o ensaio (kg);
A - Área da face imersa em água (m2);
Ti - Tempos decorridos desde o início do ensaio ate ao momento da obtenção das sucessivas massas (Mi)

Refira-se que possuindo a generalidade dos provetes a mesmaárea e que os tempos estejam
também eles bastante próximos os coeficientes de absorção, revelam valores diferentes, este
facto fica a dever-se à existência de fissuras e à disposição e quantidade de micro poros
presentes em cada amostra.

3.7. VBr-ocroloB os PRoplclçÃo oB UI-rna-soxs


Este ensaio não destrutivo, que avaliar a consistência das rochas através da propagação de

ondas ultra-sónicas em que é lido o tempo que demora a percolrer uma determinada distancia

através do material.
A determinação da velocidade de propagação de ondas ultra-sónicas longitudinais (m/s)
permite avaliar, indirectamente, o grau de alteração, coesão, homogeneidade e a qualidade
das rochas, podendo detectar vazios e fissuras, sua profundidade e inclinação; permite
ainda avaliar a eficácia de produtos consolidantes. Os valores obtidos podem depender da
t:-+
O Ct.rrusrno oa Mtcua »o CoNveNro DE CRISTo - coNTRtBUTos P.1R.4.4 SL'.q c-o,lsrrl:lçeo E l',1LoRlz..lç.io

mineralogia, porosidade e grau de fissuração/fracturação das rochas.


Este ensaio foi realizado segundo a noÍma inglesa, British Standards: BS 1881:Part203
(1986). E com um equipamento portátil de ultra sons da marca C.N.S. ELECTRONICS -
PUNDIT (Portable Ultrasonic Non Destructive Digital Indicating Test). Este equipamento
de medição de velocidade de ultra-sons é composto por um gerador de impulsos, um
mostrador digital; transdutores, com frequência de 50 Hz, para transmissão de impulsos para
o provete (pulsor) e deste para o sensor digital; relógio para medição de intervalos de tempo
entre transmissão de ondas; cabos coaxiais que permitem a ligação perfeita dos transdutores
ao gerador/receptor e pela barra de referência cujo tempo de transmissão é coúecido
(calibrador). Conforme a posição dos transdutores tem-se diferentes tipos de transmissão. Os

transdutores poderão ser colocados em superficies opostas e alinhados (transmissão directa),

em superficies adjacentes (transmissão semi-directa) ou na mesma superficie (transmissão


indirecta). Deste modo as leituras são influenciadas pelo posicionamento dos transdutores,
sendo a transmissão directa a mais satisfatória mas nem sempre esta é possível. No nosso

caso apenas foi utilizada a transmissão indirecta a fim de podermos relacionar as amostras
colhidas nas pedreiras com os materiais em obra. Neste ensaio é medido o tempo de
transmissão do impulso, através do elemento, entre os transdutores de emissão e recepção,
sendo a distância entre eles conhecida, ou seja, o comprimento do elemento estrutural. O
cálculo da velocidade é dado pela seguinte expressão:
V: L/t (mls)
Onde:
Z- Velocidade de propagação de ultra-sons (m/s)

I - Distância entre os transdutores (m)


r - Leitura do aparelho (s)

Os valores relativamente mais altos, num conjunto de provetes de uma mesma amostra ou
entre amostras semelhantes, indicam menor porosidade, um menor grau de alteração e uma
maior coesão entre os minerais constituintes.
Inicialmente deve-se efectuar a calibração do equipamento, com recurso ao calibrador.
Para tal, ajusta-se o SET REF de modo a coincidir com o valor do calibrador, cujo tempo

de transmissão, neste caso, é de 25,9 micro segundos. As superficies de apoio deverão


apresentar-se isentas de sujidades, lisas, planas. Para garantir este requisito, colocou-se
[5
O Cla,usrno oa Mrore oo CoNvuNro pr Cnrs'ro - c'oNTRrBLiros PÁR.4 .t sL'.l <'ttttsrnrtçÀtl r rtu.tntz,tç.4rt

um material gelatinoso (gel de Agar-agar),


entre a superficie e o transdutor, de modo a
melhorar o contacto.
Apos a aplicação do material de contacto
posicionou-se os transdutores com
afastamento de I cm e foi-se deslocando o
receptor com intervalos de I cm em cada
leirura, conforrne mostra a figura 45. Para
garantir as deslocações de I cm usou-se

uma regua de madeira e uma craveira. Nos


provetes a leirura foi feita segundo a direcção
longitudinal e transversal.
A leitura foi feita no aparelho e indica o
tempo do primeiro impulso recebido no
transdutor receptor. FK;un.4 44. Pr»tcto,^i.t,tíE,vr() Dos rR..í,\'.sDLlroRES, E,\s,4to I,\' slT-Ll

Este ensaio foi também real rzado in sifu,


(figura 44) na fachada Norte, nas pedras I ,2,
3 e 4 como está representado na figura 46.
As pedras 5 e 6, representadas, nâ figura 47 ,

coÍrespondem a fachada Poente e as pedras 7


e 8, apresentadas na figura 48 à fachada Sul.

FrcuRa 45. Postc'n,\,t.4,v\,r\tro DOS TR.4NSDUT2RES, EN's. to ,\7.§

.1 VíOSTRAS RETIR,4D,4S DÁS PEDREI R,4S

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O Ct.ausrno »e Mrcnrr oo Colvrlro pe Cnrsro - coNTRTBL'Tos ptR.4 .4 sL'.i «)NSERt'ÁÇ-.io r r.'tuxtz,t(-.itt

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2346 l0m

I Microorganismos I Pedra I Asuas

E Ptantas I Policromia tr ufira-sons

FrcuM 46. Mtp>queN'ro o.t toc.tttz.tÇ..io oe nrcotuA »e ,auosrn,as Nrt ltÇ,aoo Nonrs

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I Microorganismos
I Pedr:a I Ásuas

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O Cl,qusrno un Mrcu,,r »o ColrvE:lro os Cnrsro - c-oNTRIBLtro:; pAR.4.1 sL'.l ('oÀsrÀll(:io e r.ttoruz-,tç'..itt

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I Microorganismos I Pedra I Asuas

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I Microorganismos I Pedra I Asuas

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Frcun,e 49. Mepe,que xro D,t toc',qttztÇÃo o,4 nec'otu,t oo .4tttosrn.as ,qtÇtoo N,tsc'o,vre

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O Clnusrno oa MrcHa oo CoNvruro oe Cnlsro - :zNTRIBUTO:i PAR.,t .q sL'.4 cotisERrÁÇÃo E t'ÁLoRtzÁç'.ic

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I Microorganismos I Pedra I Ásuas

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O Crausrno oa Mrcun oo CoNvtNro or Cnrsro - coNTRIBLtTos PAR,.I .4 sul coNSERt'AÇio E tALoRIZÁ(',io

As tabelas 6 e 7 representam uma síntese da média das velocidades de propagação dos vários
ensaios efectuados in situ e nas amostras retiradas das pedreiras.

TnsnLA 6. Rrsupro DAs vELocTDADES DE pRoPAGAÇÃo IN nITU


Referência das Pedras cr\l I CM2 CM3 CM4 CM5 CM6 CM7 CM8
Média de V (m/s) 4469,99 3 960,7 8 4327 ,94 2992,83 3983,62 4721,23 48 8 8,09 3726,18

Ta,nnT A7. Rnsunno DAS vELoCIDAI}Es DE PROPAGAÇÃO NAS AMOSTRAS


Referência das Amostras PI P2 P3 P4 P5

Média de V (m/s) 7 098,41 63 84,08 6228,46 6629,67 6697,59

Verifica-se ql|le in si/z ocorre uma redução da velocidade comparativamente aos valores
obtidos no laboratório. Esta diferença justifica-se pelo facto que as pedras ensaiadas no local
se encontram expostas aos agentes atmosféricos apresentando assim, maiores alterações,
logo a velocidade de propagação será menor. O local CM 4 apresenta menores valores de
velocidade de propagação. Este resultado justifica-se pelas leituras realizadas sobre uma
fissura visível.
Observa-se que os valores obtidos para as velocidades de propagação das ondas longitudinais
variam, na sua maioria, entre os 4000 e os 6000 m/s. Estes valores estão coerentes com os
valores de propagação de ultra-sons em calcário obtidos por outros autores (CARINO, 2004),

apresenta valores de velocidade de propagação na ordem de 2800-7000 m/s, (GOODMAN,


1985), obteve valores que variam entre 6000-6500 e (MACHADO, 1992) obteve para
calcários da região de Tomar entre 2000 e 6000 m/s. O ensaio CM 7, localizado na fachada
Sul, apresenta o maior valor de velocidade de ultra-sons, pois parece tratar-se de uma rocha
mais compacta.

130
O Cleusrno »a Mrcse oo CoNvuNTo »n Cnrsro - c'oNTRIBLTot; p4R.4 .4 sL'.t ('o;'isltt'Áç'Ào n r..ttoruztÇ.itt

Tarnu 8. Clnlcrnnísncls MrcÂxrcm B FÍsrcls ols Rocrns RrcolnmAs NAs Pnontrus


Ensaio Compressão Porosidade Coeficiente de Capilaridade Média da Velocidade
Aberta propagação ultra-sons
Amostra (MPa) (%) (Kg/m2ho's) (m/s)

PI 7 5,93 5,24 5,,06 7098,41

P2 70,88 9,82 J ,3l 63 84,08

P3 66,7 6 9,82 9,20 6228,46

P4 55,92 6, l0 8,24 6629,67

P5 64,80 5,12 6,37 6697,59

T,lsu1,l9. MÉora oa VnlocrDADE DE PnopnclÇÃo Dos Urru-soxs NAs Anosrnas


Orrmls ns FlcsloAs Do Clausrno o.l Mrcnl
Ensaio in siÍu Nlédia da l'elocidade (m/s)

Fachada Norte CMI 4469,99

CM2 3960,78
CM3 4327 .91

CM4 2992,83

Fachada Poente CM5 3983.62


CM6 4721 ,23

Fachada Sul CM7 48 8 8,09


CM8 3726,18

3.8. Ancrnalssls
Os vários estudos por nós consultados (VALEK, 2000; VEIGA et a\,2004; VELOSA el a/,
2006; MARGALHA, 2006), e a nossa própria experiência diz-nos que, na generalidade, as
argamassas tradicionais, à base de cal, têm um melhor desempenho no cumprimento das suas

funções quando aplicadas em edificios antigos. Podem proteger melhor as paredes da acção
deletéria da água, permitindo a permuta entre exterior e interior das paredes, fazendo menor
retenção de água no seu interior. Protegem também as alvenarias da acção nefasta do vento
e da erosão mecânica por este provocada, assumem geralmente um melhor comportamento
mecânico quando em contacto com pedras naturais, possuem melhor comportamento quando
sujeitas a eflorescências e, por fim, possibilitam o respeito pela compatibilidade material das

construções antigas.
Após a análise e diagnóstico do estado de conservação do claustro, constatou-se que grande
parte das argamassas de juntas, lacunas e reboco, não cumpriam com eficácia as suas funções.

Apercebemo-nos, com alguma facilidade, que estas, não se tratavam de argamassas originais
l.rl
O Cleusrno on Mtcne oo CoNvrxro os CRrsTo - coNTRIBUTos P"4R.4 .4 sL'. t'tt»stvtç'Ão E t'ALoRtzuÇ,io

e QUe, em certos casos, contribuíam ate pata


acelerar processos de degradação devido a
possuírem características muito diferentes das
dos suportes sobre os quais foram aplicadas.
Como podernos constatar, muitas foram aS
intervenções efectuadas neste claustro ao F
longo dos séculos,, parte destas intervenções,
sobretudo as ocorridas durante o sec. XX
(anos 20 a 80), utilizaram materiais que pela
Ftct'n.l 5l D.l,tlcls c.,tLts.4Dos PoR L;TtLIZ,.IÇlo or ln-
sua incompatibilidade comportamental não (,,r,rrs.s;ís tN.tnEeut»4s, Norrletut nr 2009.
+-
só desvirtuaram a própria imagem de alguns
elementos do claustro como desencadearam processos de degradação da pedra (flgura 5l).
perante a dificuldade cm conseguir argamassas que não oferecessem dúvidas sobre a sua
originalidade, optou-se por não fazer o estudo de caracterizaçáo das argamassas "antigas",
com vista à sua rcprodução, uma vez que poderíamos estar apenas a rcproduzir uma qualquer
argamassa utilizada numa das muitas intervenções antcriores. Restava-nos a opção de tentar
formular uma nova argamassa, que, quando confrontada com as características do local e dos

matcriais petrcos existentcs no claustro, cumprisse os requisitos de, durabilidade, reversibilidade


e compatibilidade.

Neste scntido foram formuladas argamassas, tabela 10, com diversos traços e elaborados os
respectivos provetes, a partir dc dois tipos de ligantes de cal já com alguma "tradição" de
utilização em conservação de cdificios históricos, nomcadamentc a cal aerea da Lusical@ e a
cal hidráulica Lafargc@; e de trôs tipos dc agrcgados, arcia amarela de Bucelas, APAS 20 c 30
(devido à tonalidade da pcclra do claustro), e carbonato de cálcio fino (pó de pedra), para serem
posteriormente testados.

Tmnu 10. Foruvrur-lçÃo ols ARcAMAssAs pAR A nxrcuÇÃo DE PRoVETES PARA ENsAlo

Argamassa Cal hidráulica Cal aérea Pó de Pedra A reia 20 Areia 30 Traçtr

AI I 1,5 1,5 l:3


A2 I 2 ) l:4
+-
A3 l l I I l:3
A4 I I 1,5 1,5 l:1
) 6 6 l:3

I
A5 I

A6
-t
tt 8 l:4

l
I J

A7 I
a
J 4 4 1 l:3
A8 I
1
J 4 6 6 l:4

ril
O Clausrno oa Mtcurr ocl Couvrxro oE Cntsro - c'oNTRtBUTo,\ PtR..t.4 sLt.1 (oÀ'.1'É'Àll-(io t: t'.lutntz-tç.itt

O objectivo foi obter argamassas com características diferentes de acordo com a função para
a qual fossem destinadas, nomeadamente, juntas e rebocos. Alguns dos requisitos seguidos

são sugeridos por (VEIGA et a\,2004),para edificios históricos, tais como:

AncnulssAs PARA JUNTAS:

. Resistência à Compressão 0,6 - 3 MPa;

. Resistência à Tracção 0,4 - 0,8 MPa;


. Coeficiente de Capilaridade < l2;> 8 Kg/m?

Ancxr.rlssAs PARA REBocos :

. Resistência à Compressão 0,4 - 2,5 MPa;

. Resistência à Tracção 0,2 - 0,7 MPa;


. Coeficiente de Capilaridade < 12;> 8 Kg/m2

Apartir das matérias-primas consideradas foram preparadas oito argamassas, com dois traços
diferentes, fazendo variar ligantes e agregados, amostras, seis provetes por argamassa, num
total de 48 provetes, com a finalidade de obter respostas quanto a resistências mecânicas
(flexão e compressão), coeficientes de capilaridade e movimentação de sais, com o objectivo
de poder comparar os valores obtidos com os de outros testes realizados em amostras de
pedra com características idênticas às que encontramos no claustro da Micha.

Os provetes a ensaiar foram preparados no Laboratório de Engeúaria Civil do Instituto


Politécnico de Tomar, segundo a Norma NP EN 196-1 (2006).

A mistura dos componentes (ligante, agregado, âgta),foi feita num misturador de laboratório
com as características da Norma NP EN 196-1 (2006), determinou-se em primeiro lugar a
quantidade de água attrlizar,repetindo-se depois esse volumepara cada uma das amostras.
Misturaram-se primeiramente ligante e agregado e foram adicionados à água, com a

misturadora em baixa velocidade, durante 15s, depois prolongou-se o tempo de mistura em


mais 75s.
As argamassas, depois de convenientemente misturadas foram colocadas nos moldes
prismáticos metálicos, da qual resultaram provetes com 40 mm x 40 mm x 160 mm de

comprimento. O molde foi preenchido com duas camadas de argamassa, e cada uma delas
compactadas com 25 pancadas com pilão. Após o tempo respectivo de cura, os provetos
l -r-t
O Ct-eusrnrl »n MtcHn »<l Corvt Nto »c Crtslr; - c'oNTRtyuror; HR,r .4 sL'.4 ( o.lscÀr:lc.i() e ttutruz.,rç'.io

foram sujeitos a uma série de ensaios: resistência à flexão; resistência à compressão; absorção
de água por capilaridade e movimentação de sais (sulfato de sódio).

RrsrsrÊxcra À FlpxÃo
A resistência à flexão foi realizada aos 28 e 90 dias, de acordo com a norÍna EN 10 I 5- 1 I
(1999b), num equipamento universal de ensaios equipado com célula de carga de 10 kN.
A velocidade de ensaio adoptada foi de (50 + 10) N/s. Os resultados obtidos encontram-se
discriminados na tabela 11.

Tlsrll ll. Rrsurrapos oBTrDos rx) ENsAro or nrsrsrfxcm À r'lrxÃo EM pRoyETos Após
90 oras Df, cuRA
Argamassa Divisão Ff (KN) Ff (N) 1,5 x Ff x I RÊ (1,5 x Ff x l) /b3 Rf (MPa)
I 80 0,51 512,82 76923,08 1,202 t,20
2 40 0,26 256,41 38461,s4 0,60r 0,60
3 170 I,09 1089,74 163461,54 2,554 2,55
4 97 0,62 62t,79 93269,23 t,457 1,46
! 33 0,21 21t,54 3t730,77 0,496 0,50
6 20 0,r3 128,21 19230,77 0,300 0,30
7 80 0,51 512,82 76923,08 1,202 1,20
I 68 0,44 435,90 65384,62 1,022 1,02

RrsrsrÊrcrl À coupnossÂo

A resistência à compressão foi realizada após 28 e 90 dias, também segundo a norma EN


10 I 5- 1 1(I 999b), num equipamento universal de ensaios equipado com célula de carga de 1 0
kN. A velocidade de ensaio adoptada foi de (50 + 10) N/s. Os resultados obtidos encontram-
se discriminados na tabela 12.

li.l
O Cletrsrno o.t Mtctrrr oo CoxvrNro oe CRrsro - coNTRIBUTos HR.,t.4 su.4 co»sr,pL,:tç-Ãtt n tlulatz,tç'-itt

Ta.npr-l 12. Rrsulmoos oBTrDos Do ENsAro DE RESrsrÊNCIA À coMpRESSÃo EM PRovETES

APÓS 90 DIAS DE CURÀ

Argamassa Amostra Fc (KN) N Rc=Fc/ 1600 Rc (media) Rc(MPa)


(N/mm2)
I la 6,1I 6l l0 3,8t9 3,74t 3,741
lb 5,86 5860 3,663
2 2a 1,87 I 870 1,169 I,109 I,109
2b I,68 1680 I,050
3 3a 17,7 17700 1 I,063 l l,l38 1 1,1 38

3b 17,94 17940 11,213

4 4a 11,72 fi720 7,32s 7 788 7,788

4b 13,2 I 3200 8,250


! 5a 2,84 2840 1,77 5 1,759 1,759

5b 2,79 2790 1,744

6 6a 0,93 930 0,58 r 0,503 0,503

6b 0,68 680 0,425


7 7a 7,03 7030 4,394 4,450 4,450
7b 7,21 72t0 4,506
8 8a 6,17 6t70 3,856 3,8r6 3,816

8b 6,04 6040 3,775

AnsonÇÃo DE ÁGUA PoR cAPTLARIDADE

A absorção de água por capilaridade foi obtida pela aplicação do procedimento indicado na
norma EN 1015-18 (CEN 2002),todos os provetes foram cortados em partes iguais, obtendo-
se dois provetes amostra com 80 mm x 40 mm. Estes foram posteriormente colocados na
estufa de secagem a 60'C durante um período de 24 horas e seguidamente foram pesados,
obtendo-se a massa do provete seco (M0). Seguidamente foram colocados num recipiente,
sobre geotêxtil, adicionando-se água desionizada até uma cota de 10 mm apaÍtir da base do
provete. Passadas 24horas, estes foram novamente pesados, obtendo-se então a massa dos
provetes após absorção (Mr). Os resultados obtidos encontram-se discriminados na tabela
13.

Ii-§
- C7NTRIBL'T1S PLR.I .1 SL'-t (t/,\sf R,:l(:ií) e t'.tutntz-tç'.itt
O Ct lusrno ne MIcun Do CoNvr.NTO DE CRTSTo

T,lsnll L3. Vu-onrs Do ENsaro DE ABSoRÇÃo DE ÁcuA PoR CAPILARIDADE EFEcruADos

SOBRE OS PROVETES DE ARGAMASSAS

Argamassa Amostras Mo M3 C(Kg/m'2=N)

I la 220,14 241,68 t3,46

lb 230,03 253,59 14,73

2 2a 220,49 239,97 r 2,l8


2b 223,96 245,73 13,61

3a 248,24 271,84 14,75


3
3b 259,11 283,05 14,96

4 4a 251,22 272,47 t3,28

4b 260,34 282,48 13,84

225,02 250,08 15,66


! 5a

5b 225,38 243,89 n,57


6a 216,38 )1< 1 12,08
6
6b 223,75 242,79 1l,90

7a 232,78 254,56 13,61


7
7b 256,57 278,1 8 13,5 I

I 8a 251,94 270,8 |,79


8b 262,54 282,26 12,33

= 0,625
Mo: Após secagem em estufa
Mr: APós 24h de absorção

MovtMnxrA,ÇÃo oo SlIs
O ensaio de movimentação de sais, foi feito de acordo com o procedimento do TCCROM
(TEUTONICO, 1988), em que o peso do provete seco (M0), menos o peso da solução por
este absorvida(M,), nos dá o peso do sal absorvido por cada provete e tem por objectivo
entender a forma como os sais se movimentam por capilaridade através dos materiais
porosos, permitindo perceber quais as amostras que poderão apresentar maior ou menor
resistência à cristalização de sais, (geralmente este ensaio é complementado com testes
de envelhecimento acelerado, o que possibilita a obtenção de conclusões mais reais sobre
os efeitos da cristalização dos sais). Para tal, usou-se uma solução de sulfato de sódio
decahidratado (NarSO4.10H2O), a l0o/o em água destilada, por se tratar de um sal bastante
nocivo para os materiais de construção.
para o efeito os provetes (160 mm x 40 mm x 40 mm), foram colocados na estufa a 60oC,
(Mo),
durante 24horas,após ao que se procedeu à sua pesagem sendo os valores da variável
registados numa tabela; depois de pesados os provetes foram colocados num recipiente, na
posição vertical, adicionou-se a solução de sulfato de sódio até cobrir a base dos provetes
l16
O Clausrno oa Mtcue oo CoxvpNro ot Cnrsro - coNTRlB(rTos PAR.I A sL-; c-ctxsmtuçÃo r r.ttoruztçÀo

num máximo de 10 mm, os provetes ficaram em imersão parcial durante duas semanas,
conffolando a solução diariamente por forma a mantê-la num nível constante. Após o período

de duas semanas, os provetes foram novamente secos em estufa a 60'C durante 24 horas,
foram pesados obtendo-se então a variável (M,). Finalmente os valores foram novamente
registados, e dos resultados obtidos a partir da equação (M'-Mr) chegamos à massa de sal
absorvido.

I Trneu 14. RBqsro Dos va|.oRf,s oBTrDos No ENSAIo DA MovIMENTAÇÃo DE sAIs


A rga nt assas M,, (8) M, (g) M, - Mo (g)
I 442,9 450,57 7 ,67

2 446,8 452,87 6.0J

3 5l 9,9 543,80 23,9

4 5l 5.4 53 2,0 I I 6,61

5 446,6 452,01 5,41

436,4 441 ,16 4.7 6


6

7 515,5 525, I I 9,6 I

I 492,4 497,27 4,87

2tt dias (NIPa) 90 dias (l\l Pa) Coeficiente de Massa de Sulfato


Capilaridade absorvido

Resistên c ia Resistência Resistência Resistência (Kg/mz.h'') (e)


A mostra
(A rga massa) Compressão Flexão Compressão Flexão

AI 2,14 0,06 3,7 4 1,20 14,09 J ,6J

A2 0,92 0.04 l,ll 0,60 12,89 6,07

A3 5,8 7 0,1(r ll,l4 ? §5 l4.ti5 23.9

0,09 7,79 | .46 13,26 I 6.,61


A4 4,1 5

A5 0,54 0,03 1,7 6 0,50 lJ.6l 5.41

A6 0,36 0,02 0,50 0,30 11.99 4.J6

0,05 4,45 1,20 13,57 9,61


A7 1,74
L 0,05 3,82 1,02 12,a6 4,87
Att 1,73

Reboco* 0.,4 2,5 0,2 0,7 < 12; > 8


Ir
Juntas * 0,6 3'0 0,4 0.8 < 12; >8

* Requisitos minimos para argamassas de substituição em edificios antigos (VEIGA, M.R.' AGUIAR. J.' SILVA'
A'S"

CARVALHO. F.,2004, P. 104)

Embora conscientes da quantidade reduzida de testes e ensaios realizados, foi possível

caracterizar as argamassas, de forma a permitir efectuar uma triagem baseada em requisitos

137
O Clausrno »a Mrcur. oo CoxveNro »r Cnrsr«r - coNTRIBUTos; pAR.t ..t su..1 c-ttttsenrtç-.Ão n rtt-oatz.tl',ict

mínimos paraaescolha do tipo de argamassa mais adequada às características dos materiais

pétreos presentes no claustro.

Em face dos resultados obtidos (tabela 15) sugerem-se as argamassas A5 e A6 para aplicação
nos rebocos, essas amostras mostraram índices de absorção de sais relativamente baixos no
contexto da amostragem, estando os valores de resistência à compressão e tracção dentro
do intervalo de valores sugeridos por Veiga, et al 2004 e, inclusive, revelaram-se bastante
inferiores aos valores de compressão obtidos para as pedras ensaiadas. Acresce ainda o facto
de que as argamassas para reboco devem possuir maiores quantidades de cal aérea, evitando

tempos de presa muito rápidos, que podem levar à formação de fissuras, possuem melhor
comportamento na forma como se adaptam aos movimentos do suporte, são mais "plásticas",
têm, geralmente, bom comportamento em relação a fenómenos de capilaridade (ágta,
soluções salinas), sobretudo se comparadas com argamassas de cimento ou exclusivamente
de cal hidráulica (LAWRENCE et a1,2006).
As amostras cujo desempenho melhor se adequa à utilização para as juntas, são as amostras
A2 e A8, que, da mesma forma que as amostras para os rebocos, possuem baixo índice
de absorção de sais, têm maiores valores de resistência à compressão para assim atender
aos esforços exigidos para juntas de dilatação e valores de flexão dentro dos parâmetros
considerados ideais. Quanto aos valores obtidos para os Coeficientes de capilaridade, todos
excedem ligeiramente os valores máximos ideais, no entanto, estes devem ser sempre mais
altos do que os dos suportes sobre os quais são aplicados. (TORRACA,l982;YElGAet al,
2004).
As argamassas escolhidas, tanto para as juntas como para os rebocos, enquadram-se no
intervalo de valores considerados como referência para edificios históricos. Contudo a

respectiva aferição deve ser feita de forma a perceber o comportamento destas argamassas e,
se necessário, proceder a algumas correcções em obra.

l -lt{
O Cleusrno »l Mtcua pcl ColvuNro pn Cnlsrcl - coNTRIBLJTos pqR.4.4 sL'..t c<.r,lsrRt.;q:'to E l'..lLoRIZÁ(,..io

4. Pnoposm DE coNsERvAÇÃo E vALoRrzAÇÃo Do cLAUsrRo DA Mrcsa


Com base na diversidade de problemas encontrados, tentou-se, na medida do possível, reunir

um conjunto de contributos resultantes de várias disciplinas, nomeadamente, da história,


da história da arte, da arquitectura, da biologia, da geologia, da fisica, da química e da
conservação e restauro, a fim de definir uma estratégia que pudesse conduzir a uma proposta

de Conservação e valorizaçáo do claustro da Micha.


Neste sentido, elaborou-se um diagnóstico baseado na informação histórica, na colheita de
amostras para análises laboratoriais e na observação directa dos danos estruturais e degradação

dos materiais, com vista a uma tomada de decisão para a resolução dos problemas e danos
diagnosticados.
O diagnóstico permitiu-nos inventariar um conjunto de causas, que depois de devidamente
seleccionadas facilitou a decisão da proposta de intervenção, a partir ainda do diagnóstico
elaborado, foi possível tomar algumas decisões ao nível da segurança dos processos de
trabalho, bem como das opções sobre os produtos e materiais a utilizar, como exemplo, a
escolha das características das argamassas que devem ser usadas para precaver posteriores
danos nos materiais pétreos. Estas opções procuraram ter em conta, quer a compatibilidade
dos materiais, quer a sua reversibilidade para não comprometer intervenções futuras e

poderem ser facilmente removidas e substituídas por outras mais apropriadas sempre que
existirem novos conhecimentos para o efeito.
Como resultado final do diagnóstico efectuado tomou-se evidente que as intervenções a
efectuar recaíam sobretudo em aspectos de cariz conservativo. Numa análise inicial podemos
considerar que não se justificará a remoção ou alteração de qualquer elemento histórico,
mesmo aqueles cujas imperfeições ou alterações com o passar do tempo se tornaram parte
integrante do edificio.
A proposta para a conservação e valorização do claustro da Micha, tal como uma futura
intervenção deverá ser sempre o resultado de um plano integrado que respeite os diferentes
aspectos do edifício no que concerne à sua arquitecfura, estrutura e funcionalidade.

lie
O Ct.eusrno »e MIcHe pcl CoNvelro DE CRISTo - L'INTRIBUTI; pÁRl .,1 sLr.4 c cr.lsrRl.lq:-ir-r E t:1l.oRlz.-t\-.io

4.1. Nous sornE A METoDoLocrA urtLrzADA rARA A soLuÇÃo Dos pRoBLEMAs IDENTTFICADos

No CLAUSTRo DA Mrcsl
A intervenção deve ser levada a cabo por uma equipa formada por um coordenador que deve
ser coadjuvado por um conservador em obra e um conjunto de oito técnicos. A coordenação

deve ser apoiada por uma equipa multidisciplinar da qual devem fazer parte, neste caso,
consultores das áreas da química, da biologia, da geologia, da engenharia, da história da arte
e da arquitectura.

A metodologia de intervenção deverá ser assegurada em obra por um conservador que fará
a articulação entre as tomadas de decisão do coordenador e o trabalho a executar pelo corpo

técnico.
A criação de uma ficha de obra distribuída por cada um dos elementos da equipa de trabalho,
terá por objectivo, a monitorização diána (cartografada) da evolução dos trabalhos, dos
tempos de duração das tarefas, do consumo dos materiais e os registos dos problemas surgidos.
Estas fichas deverão ser entregues ao conservador em obra, que, por sua vez, reunirá com

o coordenador semanalmente, dando conta do andamento dos trabalhos e dos problemas e

das necessidades. Por sua vez o coordenador responsável pelas tomadas de decisão ao nível

do projecto de intervenção, decidirá em função dos resultados apurados nas folhas de obra.
Sempre que a problemática o exigir recorrerá às opiniões dos consultores especialistas.
Será elaborado um plano de segurança, de acordo com a lei em vigoq para salvaguardar
a integridade pessoal de técnicos, funcionários do Convento e visitantes, assim como do
próprio edificio.
Toda a intervenção deverá ser baseada em critérios de controlo e selectividade dos problemas

através de monitorizações periódicas, onde a avaliação permita uma actuação progressiva de


cada fase de trabalho.

4.1.1. PrRcunso or rxreRvrxçÃo


Considerando que o estaleiro deverá obedecer a um conjunto de critérios funcionais, a saber:
sanitários e vestiário para os funcionários; zona de trabalho para a coordenação; escritório;
espaços distintos para acondicionamento de produtos que, em função da sua composição,
devem ser aÍrnazenados separadamente e espaço para equipamentos.
A montagem dos andaimes, que deverá ser feita por empresa especializada, sempre, com o
I -10
O Crausrno orr Mtcrra co CoNvENro »E CRlsro - c'oNTRIBUTos PÁR.4 .q sL:.jl coNSERt'1Ç.io E l-1LoRtz,4<'.io

acompaúamento do responsável pela obra.


A primeira zotra aser intervencionada deverá ser o alçado Nascente, evoluindo a progressão da

obra no sentido dos ponteiros do relógio.


Os andaimes serão montados em toda a extensão de cada ala e serão resguardados por uma
armação em "ragel" branco, onde poderá fixar-se a imagem correspondente à área que está a
ser intervencionada, ou, pequenos textos informativos sobre a evolução dos trabalhos.

O espaço correspondente a cada alçado será dividido em duas partes, permitindo deste modo
uma intervenção progressiva ao nível das conclusões de cada tratamento, facilitando, também,
os tempos necessários para as secagens e para as reacções dos produtos.
A intervenção no interior das galerias e demais dependências, far-se-á em simultâneo, e de
acordo com os processos atrás mencionados.
Porsuavez, ostrabalhosadesenvolvernacistema, implicam, numaprimeirafase, o esvaziamento

total da água seguida de remoção de lamas e análise arqueológicaparapossibilitar a instalação


de um sistema de monitorização com vista auma posterior intervenção de maiorprofundidade.

4.2. Pnoposm »n txrnnvoxçÃo


A proposta de intervenção, de carâcter estritamente académico, visa demonsfrar através da
metodologia por nós adoptada como poderia ser abordada uma provável intervenção de
conservação e restauro num espaço com as características do Claustro da Micha do Convento
de Cristo.
Os trabalhos terão início com a execução de testes preliminares com vista à definição dos
métodos e técnicas de limpeza, a fim de podermos aferir o grau de acabamento que corresponda
ao tom (intensidade de cor) tido por ideal para a imagem final do edificio.
Destes testes deverão constar, produtos usados paraadesinfestação, bem como a definição dos

tempos de cura e ciclos de aplicação (pois a distribuição da colonização não é homogénea),


e ainda produtos para as diversas operações de limpeza de que o claustro necessita, com dois

objectivos específicos, por um lado registar se atacam os microrganismos e sujidades por


outro, se estes produzem alteração das superficies sobretudo no que respeita à definição dos
parâmetros de cor.
Partindo da constatação de que já foram identificados no ponto 2.3.1 datll Parte a generalidade

dos microrganismos presentes nas fachadas, devido à sua grande diversidade, decidimos testar,
um biocida à base de sais de amónio quatemário, cujo princípio activo cobre um amplo espectro

de microrganismos.

l"+t
O Clnusrno o.,\ MtcrrR »o CoNveNro oe CRlsro - coNTRIBLtros PAR-I .1 sL'.4 c'tt;'ts},P.t':tç'.itl r r.ttclruztç-.io

4.2.1. TBsrBs EM oBRA - MÉronos n TÉcntcls

Os testes iniciais com vista à definição dos métodos de limpeza, consistirão na aplicação de

um biocida a uma concentração máxima de 30Á em água desionizada, em locais diferentes,


de acordo com o grau de colonização biológica presente. Este será aplicado em pequenas
áreas, devidamente identificadas, com recurso a três diferentes técnicas, nomeadamente, por

pulverização, nas zonas de colonização reduzida, aplicação a pincel, nas de média colonização

e por pachos ou compressas absorventes, nas zonas intensamente colonizadas. Cada um


destes testes será executado em três zonas distintas, peÍmanecendo aplicado e devidamente

coberto por uma película de polietileno de cor negra por três períodos diferentes, cinco,
dez e q|linze dias, e com ciclos de uma e duas aplicações por área de teste, após o que será

executada a respectiva escovagem de cada área e feito o registo dos resultados.

Com os resultados obtidos poderemos definir os tempos de cura do biocida, o respectivo


grau de limpezaque se pretende e ainda as variações de cor através de leituras sistemáticas
com Colorímetro ou Espetrocolorimetrora, ficando assim as superficies aptas a serem usadas
como padrão para a continuidade dos trabalhos.
Ainda dentro do processo de limpeza, em fase mais adiantada, poderemos recoÍrer a testes
auxiliares no caso de algumas manchas e crostas que eventualmente se veúam a revelar de
dificil remoção.
Com intuito de evitar que a oxidação dos elementos metálicos presentes nas fachadas
contamine a pedra, uns serão removidos e outros, os que já fazemparte integrante do edificio
serão protegidos por película aderente e folha de alumínio, para protecção contra a utilização

de águas em processos de limpeza, e posteriormente tratados.


Numa fase posterior, far-se-á uma pré-fixação exaustiva de todos os fragmentos em
destacamento, seguindo-se uma pré-consolidação dos elementos que impeçam a passagem
para as fases seguintes.

Propomos que em seguida se proceda à abertura de todas as juntas que, pelo seu mau estado
de conservação, deixaram de cumprir a sua função.
Terminada esta fase dos trabalhos, propomos a passagem para a parte seguinte da fachada, de

14 "As tecnicas básicas deste tipo de análise e o seu uso em conservação patrimonial foram inicialmente
estudadas no LNEC por Dória Costa e Delgado Rodrigues, que recoÍreram a este sistema - conjugado com
tecnicas estatísticas para controlo da representatividade das amostras - para avaliar a variação da cor no
decorrer de processos de tratamento de rochas heterocromáticas" (AGUIAR, 2002, p. 425\.
l.+l
O Crausrno oe MtcHe oo Coxvnlro oe Cntsro - coNTuBo'Tos ptR; .t sL'.4 ('o,\'.sttÀt:.íÇ.ío t t'lutntz..tç'.itt

modo a que seja possível tirar conclusões, sobre o real estado de conservação dos materiais
e da eficácia dos procedimentos utilizados.

Feito o balanço da monitoizaçdo dos resultados dos processos, das técnicas e do

comportamento dos materiais, estamos em condições de aplicar, se for caso disso, as medidas
correctivas convenientes e avançar paraalimpeza e desinfestação.

Quanto aos processos de limpeza, optamos por divida-la por fases: a primeira consistirá
numa limpeza mecânica de carácter geral, adaptando os instrumentos utilizados ao grau de
degradação do material a limpar; a segunda consistirá na nebulização das superficies com

colonização biológica menos aderente e em elementos com grau de alteração reduzido; a


terceira constará da aplicação de um biocida à base de sais de amónio quaternário para os
microorganismos e de um composto à base de triazina (C3qN3) para as plantas superiores
(LAZZARINI; TABASSO, 1986); por fim, procederemos à limpeza química de manchas
localizadas que tenham persistido após as tarefas anteriormente efectuadas. A remoção das
concreções será feita mecanicamente, com o auxílio de ferramentas manuais ou pneumáticas

e a remoção de crostas será efectuada com recurso à utilização de compressas químicas.

A consolidação dos elementos com pulverulência ou desagregação será feita com recurso a

produtos consolidantes inorgânicos, tendo em conta as características do material.


A protecção das superficies das fachadas far-se-á apenas nos elementos de pedra expostos a
acções directas de agentes climáticos, com produtos hidrofugantes de natureza inorgânica.

4.2.2. RsN,roÇÃo DE ELEMENTos mrrÁllcos


Existem nas diferentes fachadas elementos metálicos sem função que deverão ser removidos,
por estarem a causar problemas de manchas de oxidação e fracturação nos materiais
pétreos, devido ao aumento de volume. Na sua maioria trata-se de pregos e cavilhas que
deverão ser removidos mecanicamente com utilização de um alicate e de uma madeira que
funcione como fulcro, evitando assim causar quaisquer danos na pedra, note-se que este
método apenas se aconselhapaÍa elementos cravados a pequenas profundidades. No caso
de elementos metálicos cuja remoção se revele mais dificil, propomos a utilização de brocas

de fina espessura, máximo 3 mm, aplicadas em berbequim de rotação controlada. Corta-se o

elemento metálico deixando uma ponta de cerca de um cm em relação à superficie da pedra,


com o berbequim em baixa rotação fazem-se quatro furos em cruz ao redor do elemento,
posteriormente, com o auxílio de um alicate de pressão roda-se o elemento e remove-se.
l'+-l
O Cl,q,usrno ol MIcHe oo CoNvrNro or CRtsro - coNTRtBL,trof; ptR.t.t sL'..l c'r.r,lstRt:rq.irr t t.tttntz,.tç'..ict

Depois de removidos os elementos metálicos serão tratados, identificados, catalogados e


depositados no Convento de Cristo.

No caso dos elementos metálicos que consideramos fazerem parte integrante do edificio, os
de maior complexidade de remoção, serão mantidos e tratados no local, devidamente isolados

com papel de alumínio e película aderente transparente para evitar qualquer contacto com
água ou outros produtos durante o processo de limpeza, os restantes serão removidos, tratados

e posteriormente recolocados, após o seu tratamento. A desoxidação destes elementos será

efectuada com recurso ao micro-jacto de partículas abrasivas e protegidos com uma mistura

de cera micro-cristalina em "White-spirit" e grafite.

4.2.3. PnÉ-nrxlçÃo, FrxaçÃo B Collcrnr


A pré-fixação destina-se a evitar o destacamento e perda de material de pequena dimensão,
sobretudo, durante os processos de limpeza e de abertura de juntas. Este processo justifica-se
nas situações em ocorram destacamentos de material pétreo, do tipo, escamação, plaquetas

ou destacamentos em placa.
As resinas acrílicas do tipo Paraloid 872@'em solvente orgânico são muito aconselhadas
para este tipo de problemas. A injecção de pequenas quantidades de resina seguida de ligeira
pressão ajuda a fixar os fragmentos de rocha em destacamento, permitindo avançar com
outros tratamentos devido à boa reversibilidade deste tipo de resinas.
A fixação e a colagem de fragmentos destacados, terá lugar após o processo de limpeza,

sendo que para esta tarefa a resina a utilizar deve ser do tipo epóxidar5, pois, estas,
geralmente, resistem melhor aos factores climáticos, têm como principal inconveniente o
facto de resistirem mal aos raios ultravioleta, amarelecendo após curtos períodos de tempo
de aplicação. No entanto, a sua boa adesividade, o comportamento à humidade, temperafura

e até a alguns ácidos é, de um modo geral, eficaz. Para evitar o factor negativo do rapido
amarelecimento, a aplicação deste tipo de produtos, não deve ficar visível à superficie,
devemos procurar injectar a resina para que esta penetre nos interstícios dos fragmentos
a fixar para que não atinja a face anterior do fragmento, permitindo posteriormente a sua
protecção através de uma fina micro-estucagem com argamassa adequada.

l5 "As resinas epóxidas são materiais plásticos termoendurecíveis obtidos por reacção entre monómeros e
prepolimeros com pelo menos dois grupos epoxidícos e substâncias, ditas endurecedores, com grupos aminicos
-NH2, ou com grupos ácidos -COOH ou seus derivados, que reagindo com os grupos epoxidícos formam
ligações cruzadas" (WESCLER, J.R., cit., LAZZARINI e TABASSO, 1986, p.222).
t+-1
O Cr.,rLrsrno »a Mtclte »o ColveNro oE Cntsro - coNTRiBUTos pÁR.,l .4 sL',4 co,\slRt..tC.io t t'.ttontz.tç'.io

4.2.4. PnÉ-coxsolrDAÇÃo / coxsolroaÇÃo


Embora este fratamento deva realizar-se apenas em situações limite, e quando se pretende
conservar elementos de inquestionável valor, existem no clausfro alguns elementos que
poderão carecer deste tratamento. Apenas registámos a presença de pulveizaçáo em alguns
blocos construtivos no interior da galeria poente, e em algumas chaves de abóbada da galeria
nascente, devido a infiltrações de água e ao efeito das secagens diferenciais provocadas pelos
ventos.
Para que a operação de consolidação possa realizar-se nestes locais, será necessário, numa
primeira fase, eliminar as infiltrações do terraço nascente, através do refechamento das juntas

com a argamassa previamente testada para o efeito (argamassa 48, tabela 15). No caso dos
elementos construtivos da galeria poente, onde a presença de humidade se deve a águas de
ascensão capilar, será necessário proceder à criação de uma barreira bem como à eliminação

de parte do reboco de cimento que lhe está contíguo. Em ambos os casos, é necessário testar
a presença de sais solúveis, para se poder avançar directamente para a consolidação, ou, se

necessário, proceder à sua extracção.


O facto de estarmos perante rochas muito porosas, facilita-nos a escolha dos produtos
consolidantes, estes devem penetrar até atingir a camada sã, como tal, os consolidantes com
baixa viscosidade garantem maior eficácia.
Embora os consolidantes à base de compostos sílico-inorgânicos, do tipo silicato de etilo
r6dêem melhores resultados quando utilizados sobre rochas silicatadas e gresosas, pensamos
que a sua utilização nas nossas rochas, apesar de possuírem baixos teores de sílica, possa ser

efi,caz, sobretudo, devido ao facto de ser um local com altos teores de humidade e este tipo

de produtos permitirem que a rocha manteúa uma boa parte da sua porosidaderT. A opção
de outro tipo de produtos que criem filmes e diminuam em muito a porosidade da rocha, são
contraproducentes, pois geralmente levam a fissurações e destacamentos graves do material
l6 "Silicato de etilo - é um composto formado por reacção qúmica do acido silício. O Silicato de etilo na verdade
provém de uma composição orgânica que, no decorrer do processo da sua aplicação e como consequência de
processos químicos, e em contacto com a humidade ou com o solvente da mistura, provoca ulna reacção de hidrólise,
acabando por se converter num material essencialmente inorgânico. Alguns autores classificam o silicato de etilo
como organosilícios ou sílico-organicos" (TAVARES et a1,2005).
l7 "Experiments carried out in LNEC with carbonate rocks have shown that current ethyl silicates induce a very slight
süength increase, but the main positive characteristics are úreir very high capaclty of migration inside the stones, the
slight reduction in water vapour permeability and the absence of strong interfaces between treated and non-treated
zones. Very likely, úese are impoÍant arguments for justifing úe wide use that has been made of them and they shall
be taken as an incentive to keep going with the research to improve their properties" (RODRIGUES, 2001 , pp. 6-7).

l.l-i
O Cl,qusrno ue Mlcue no Co:l'n,rNto »g Cnlsro - c-oNTRIBLtros ptR..t.t sL'..l (o.l§EÂr:{Cio e tlutntz.tç.io

pétreo, devida à criação de barreiras de transferência de água do interior para o exterior.


O processo de consolidaçáo terá início após a secagem total do material, a sua aplicação
deverá ser feita por pulverizaçio de silicato de etilo sobre as zonas em desagregação,
previamente humedecidas com álcool etílico, com aplicações sucessivas durante cerca de
quinze minutos cada (húmido sobre húmido), com intervalos de trinta minutos, até à saturação

do material. Após a saturação, os elementos devem ser cobertos por folhas de polietileno
durante, pelo menos 48 horas, evitando-se aúilizaçáo de água ou outros solventes sobre as
zonas consolidadas durante um período de 28 dias.

Os resultados deste tratamento, devem melhorar a ligação entre os diferentes constituintes


da rocha, melhorando a resistência mecânica e, ao mesmo tempo, dificultando a penetração
de água sem, no entanto, obstruir a sua saída.

4.2.5. Lrmpnzl
Em função dos resultados obtidos apartir dos testes de desinfestaçáo realizados, poderemos
programar o ritmo das acções de limpeza. Estas deverão ser efectuadas com recurso a
escovagem das superficies com escovas de cerdas macias, acompanhada por água pulverizada
a fim de remover poeiras, depósitos superficiais, microrganismos, mais e menos aderentes e

eventuais resíduos do biocida.


Para além da primeira fase da operação de limpeza, constarão ainda, a remoção de manchas,

crostas e concreções. Sempre que possível recorrer-se-á à limpeza mecânica (bisturi,


escovagem, micro-jacto-abrasivo, etc.), limitando aúilizaçáo de água ao mínimo de forma
a evitar a saturação dos materiais.

A remoção de manchas e crostas de fina espessura, será feita com recurso à aplicação de
compressas, à base de pasta de papel ou argilas absorventes, às quais será misturado o
produto químico adequado a cada tipo de sujidade presente.

Quanto às concreções calcárias, presentes sobretudo nos espaços interiores das galerias,
devido a percolação de água por infiltração, que dissolve componentes calcários de pedras
e argamassas, depositando-os nas zonas inferiores onde o curso é reduzido, estas serão

removidas mecanicamente com recurso a escopro e cinzel e após diminuída a sua espessura
será usado o micro-jacto de partículas abrasivas.
A
E necessário que o processo de limpeza assente sobre alguns critérios essenciais para a

limpeza de materiais pétreos: a limpeza deve efectuar-se de cima para baixo; deve ser
t-+6
O CL,qlrsrno »e MlcHa po CoNvLNro »l Cxrsro - coNTRIBuilTos PÁRA.^t sL'.l (o,\§EÂl;l(lií, F: l'.'lLoRtzÁç'Ào

confrolada e incidir apenas sobre as sujidades de forma evolutiva e selectiva. Há que ter
presente que o processo de limpeza não deve contribuir para a alteração das superficies,
acelerar os processos de degradação, nem remover a patina, pois esta deve ser respeitada e
funcionar como indicador de limpeza (HENRIQUES, 1991).
Com esta operação pretende-se, eliminar apenas as sujidades, evitando que estas possam
contribuir para acelerar os processos de degradação dos materiais e, ao mesmo tempo,
prevenir o surgimento de novos factores de alteração.

4.2.6. Anpnrunn E REFEcHAMENTo DE JUNTAS


parte das juntas encontram-
Quer nos terraços, quer na generalidade das fachadas, grande
se degradadas, não cumprindo as suas funções de impediram a entrada de águas e outros
produtos de alteração nas estruturas, nem a de ligação de blocos entre si.
Encontrámos diferentes tipos de alterações de juntas, juntas totalmente abertas, outras
fechadas mas com materiais inadequados e outras ainda que estão parcialmente abertas e
com as argamassas bastante friáveis.
Propomos para esta fase dos trabalhos que todas as juntas que não cumpram as suas funções,

sejam abertas, com micro-espáfulas pneumáticas nas de maior abertura e com escopros e
maceta nas de menor abertura, removendo do seu interior toda a argamassa desagregada. De
seguida o interior das juntas é limpo com recurso a jactos de ar e, posteriormente, lavado
com água a baixa pressão.
Depois dos testes efectuados em obra para corecção das argamassas, as juntas devem ser
fechadas com recurso a uma argamassa devidamente aferida com características idênticas às
das amostras previamente ensaiadas (argamassas A2 e A8, tabela l5).

4.2.7. PnorxcstnaENTo DE LACUNAS, MICRo-EsrucAGEM

Esta fase dos trabalhos tem por objectivo principal a protecção dos materiais, baseado no
princípio da intervenção mínima. As lacunas existentes um pouco por todo o claustro, tendo
em conta o princípio anteriormente enunciado, serão preenchidas apenas as que comprometam

a estabilidade do material, nomeadamente, as situações verificadas nas cimalhas, cuja perda

de material leva à formação de grandes escorrências através das fachadas e as lacunas


localizadas em zonas de junta para evitar acumulações de água.
No preenchimento das lacunas propomos a utilização do mesmo tipo de argamassa, aferida
t11
O Cr.q,usrRo ue MlcHa po CoNvrNro »e Cnrsro - coNTRIBi]Tos PAR..| .1 sL:.,| c'oxsent'-tç.i(t E t'ÁLoRtz.4<'.'io

em obra aquando do refechamento de juntas (argamassa A2 e A8, tabela l5)'


para as fissuras e pequenos fragmentos que foram alvo de fixação, utilizaremos o processo

de micro-estucagem, recorrendo a uma argamassa com o mesmo traço e materiais, embora


se substituindo os agregados por outros de granulometria mais fina, de forma a facilitar
a

entrada da argamassa nos pequenos espaços das fissuras-


Esta operação destina-se a evitar a entrada de águas, poluentes, restabelecer a unidade
estética da construção e valorização do conjunto.

4.2.8. Rrcoxsurutçôrs VoluuÉrmcm


A reconstituição volumétrica de partes em falta, tem por objectivo, devolver a leitura
individual ou geral de elementos arquitectónicos degradados, por um lado, por outro, reforçar
elementos estruturais como as aduelas que formam as abóbadas das galerias. No entanto, esta

só é aceitável, quando existem dados inquestionáveis que possibilitem essa reconstituição,


sem coÍrerÍnos o risco de fazer leituras pessoais e subjectivas que levem à criação de falsos
históricos (BRANDI, 2006,pp. 87-88).
A utilização de materiais diferentes possibilita a identificação das zonas intervencionadas,
ainda que devidamente integradas na estética do edificio, factor que favorece a execução
de reconstituições volumétricas com recurso a argamassas tradicionais compatíveis com
os materiais da construção. Como tal a nossa proposta, visa utilizar argamassas idênticas
às usadas para as juntas, em algumas reconstituições volumétricas de aduelas e algumas
faltas nas cimalhas, com o objectivo de devolver a leitura global dos elementos, melhorar o
desempenho estrutural e, no caso das cimalhas, evitar zonas preferenciais de formação de
escorrência.
Para as situações em que as aduelas não cumpram de todo a sua função, e, não possam
ser recuperadas através da reconstituição volumétrica com argamassa, propõe-se que sejam
removidas, e repostas novas aduelas talhadas a partir de blocos exffaídos para o efeito nas
pedreiras estudadas. Esta solução, serve apenas para as situações em que elementos degradados
que só
e com função estrufural não possam ser recuperados, salvaguardando-se, no entanto,

será aplicável a elementos que não possuam qualquer tipo de decoração, e cujas linhas de

continuidade não suscitem quaisquer dúvidas sobre a sua forma e localização. Resta-nos
acrescentar que, a superficie desses novos elementos deverá ter tratamento diferenciado em
relação à sua textura, de forma a não ser confundida com a dos elementos originais.
148
O Cr.rusrnrr oa MIcHe po CoNvu:rrcl »r Cnlsro - c'oNTRIBÇ-Tos p4R-r..1 sLt.4 ('oÀsrÂr:J(-io e tttoruz..tç'-io

4.2.9. Rmocos
Os principais problemas detectados são: lacunas, destacamentos localizados, nomeadamente,

em zonas de maior concentração de humidade, fissuração, empolamentos e colonização


biológica.
Devido ao grande número de intervenções operadas no clausffo os rebocos exteriores estão,
no geral, bem conservados, as zonas com rebocos degradados, embora pontualmente,
ocorrem, sobretudo, nas áreas interiores do edificio.
As zonas onde os rebocos deixaram de cumprir a sua função, devem ser alvo de tratamento.
Aqueles que possuem lacunas, ou estejam a desagregar, deverão ser bem limpos e
posteriormente rebocadas com argamassa previamente estudada do tipo A5 ou A6 (tabela
l5), os que se encontram fissurados ou com bolsas a sugerir desprendimento, deverão ser

injectados com argamassa líquida e pressionados de forma a recuperarem a aderência.


As áreas rebocadas no passado com argamassas inadequadas, em especial as à base de cimento
tipo Portland, e cujo comportamento está a provocar problemas nas zonas adjacentes, devem
ser removidas, procedendo-se, nas situações que revelem presença de colonização biológica,

à desinfestação com aplicação de biocida (tal como nas superficies de pedra) e remoção da

colonização biológica por escovagem ligeira auxiliada com água pulverizada. Por último,
devem ser executados os rebocos em todas as zonas de lacuna, e, após secagem deverá
proceder-se à caiação da totalidade das superficies.
Este tratamento tem por objectivo primordial, proteger as estruturas das paredes da entrada
de águas e soluções salinas, bem como devolver aos espaços uniformidade estética.

4.2.10. VosrÍcros or Polrcnoull


Os vestígios de policromia, por se tratar de um problema particular, mais do âmbito da
pintura mural do que da conservação de materiais pétreos, será tratado separadamente.
A nossa proposta pressupõe a conservação de todos estes vestígios, apesar de muito pouco
se saber sobre os mesmos. A compatibilidade dos seus componentes com o substrato não
põe problemas (quadro l0), a quantidade diminuta desses vestígios não prejudica a leitura
de qualquer elemento nem se impõe como um qualquer ruído estético, ficando, no mínimo,
salvaguardada a autenticidade histórica dos mesmos e a possibilidade de poderem vir a ser
melhor estudados no futuro.
l'le
O Cr.ausrno orr Mtcttn oo CoNvrNro DE CRISTo - coNTRIItL,tros p.tR;.t sL'.l co,l.srRt:rq-.-ir-r r r.tutntz..tç.ict

Quanto ao tratamento, sugere-se a sua fixação com uma emulsão acrílica do tipo Primal
AC 33@'8 diluída em água destilada entre 5-I0Yo, seguida de pressão com um material

brando para facilitar a fixação. Para as situações de pulverulência do pigmento preconiza-


se a consolidação com a resina acnlica Paraloid 877e^ diluída em solvente orgânico 2-3%.

(BOTTICELLI; 200 l, pp. I 44-l 45).

4.2.11. PnorrcçÃo E ACABAMENTo


A protecção trata-se, provavelmente, de uma das fases do processo de conservação de
pedra em monumentos, que gera maiores controvérsias e divisões de opinião. Por um lado
é pacifico que, superficies com certo grau de degradação, vêem a sua porosidade superficial
aumentada após qualquer intervenção de limpeza, e que, por essa razáo necessitam de ver

diminuídos os teores de íglua, gases e soluções salinas que circulam no interior dos seus
poros. Por outro, a aplicação de produtos de protecção, divide as opiniões, no sentido em
que estes produzem um "material" com características diferentes das rocha não tratada,
alterando o seu comportamento, podendo, por vezes, levar ao surgimento de alterações de
maior expressão.
No nosso caso específico, e por se tratar de um claustro, em que a humidade está muito
presente, as características da rocha, muito porosa, e, em alguns casos, com elevado teor
de minerais argilosos, como que "obrigam" à tentativa de diminuição da permeabilidade do
material, com o objectivo de retardar os processos de degradação.
Apesar de conhecennos os inconvenientes que podem advir da aplicação deste tipo de
produtos, após ponderarÍnos bastante, decidimo-nos pelautilizaçáo de um produto hidrófubo
que desse algumas garantias em termos de profundidade de penetração, boa estabilidade aos

UV, impermeável à água líquida, permeável ao vapor de água, resistente ao ataque químico
e que fosse reversível.

A nossa decisão recaiu na aplicação do produto, apenas, nos elementos arquitectónicos em


pedra e expostos a efeitos de meteorizaçáo, decidimo-nos pela não aplicação nos rebocos,
nos pavimentos dos terraços e nos espaços interiores.

Optou-se porum protector silico-orgânico, Tegosivin HL-100@, da empresa Goldscmidt, um

18 "Primal AC33 - é um copolímero acrílico, obtido pela junção de etilacrilato e metilmetacrilato,


formando assim uma emulsão acrílica. Ao ser aplicado forma um filme transparente de alta resistênciaàlvz
ultravioleta e ao calor resistindo bem às aplicações exteriores. Este adesivo é muito usado no restauro de
pinturas murais e de cavalete" (TAVARES et al, 2005, p. 7).
150
O ClaLrsrno ue MIcHa oo CoNvglto »E Cntsrcl - coNTRIBLTos pÁR.4.1 sL'-1 c'oi\srÀt.-ÍC-,io t t'.tutntz,tç'.ict

polissiloxano de baixo peso molecular, (ESBERT eÍ al,1997), com o objectivo de reduzir a


penetração de água poros dos materiais, proteger as superficies da deposição de poluentes

atmosféricos e retardar a recolonização biológica.

4.2.12. A ImronrÂNclA DA MmturBnÇÃo r MoxlronrzlÇÃo Dos TRABALHoS

Uma obra de conservação e restauro não deve esgotar-se no momento em que termina a

intervenção, tal como o edificio não é eterno, dificilmente um tratamento de restauro pode sê-
lo. Ê por isso necessário proceder a inspecções periódicas dos trabalhos realizados, quer para
recolher amostras para ensaios laboratoriais, quer para efectuar testes não destrutivos no local.
O controlo de alterações de cor com Espectrocolorímetro, para avaliar eventuais mudanças
de cor ou aparecimento de manchas; testes de eficácia e durabilidade de consolidantes e
hidrofugantes, através de ensaios de velocidade de ultra-sons, tubo de Karsten ou o ensaio de
micro-gotas, podem ajudar a prever em tempo útil o aparecimento de novas alterações que
necessitem tratamento e, ao mesmo tempo, avaliar o comportamento dos materiais tratados
(LAZZARINI e TABASSO, 1986).
Uma regular inspecção e uma correcta monitorização e registo de alterações dos trabalhos
realizados, pode diminuir em vários anos a necessidade de uma nova intervenção, o que se
tradtzirá em francos benefícios quer para as entidades responsáveis pelo património, quer
para os próprios edificios.
"A manutenção e a reparação são uma parte fundamental do processo de conservação do
património. Estas acções têm que ser organizadas através de uma investigação sistemática,
inspecção, controlo, acompanhamento e provas. Há que informar, prever a possível

degradação, e tomar as medidas preventivas adequadas" (CARTA DE CRACOVIA, 2000).

4.3. CtsrrnNl
No contexto do claustro, do ponto de vista da intervençáo,a cisterna deverá ser o ultimo
elemento a ser intervencionado, por questões de especificidade e por estar, de alguma forma,
estar "isolada" em relação à restante construção.
A principal razão prende-se com o facto de esta conter água (cerca de 400 ffit), o que, numa
primeira análise, trará efeitos nocivos para os seus materiais e para os do piso superior,
sobretudo devido aos fenómenos de capilaridade e a problemas relacionados com a variável

do nível da água, isto é, quando chove muito a cota sobe e em períodos de seca o nível baixa
l5l
O Cr_lusrtcl oe Mtcurr DO CoNvLNTo oE Cnlsro - CoNTflBL.tros PÁR,4 .4 sL:.4 t'ttNstnt-,tç',itt E l'1t.oRlz,4<--'io

bastante. Neste sentido, é necessário aprofundar sobre os verdadeiros efeitos nocivos


desta

água, e ao mesmo tempo sobre o impacto da sua desactivação. Será também necessário
resolver as infiltrações provenientes do pavimento do piso superior, que estão a provocar
danos nas abóbadas.
propomos um levantamento exaustivo das anomalias e registo gráfico detalhado, o

esvaziamento total para que em seguida se possa monitorizar, através de medições sistemáticas
quer nas
dos níveis de humidade e temperatura, microrganismos e sais solúveis, existentes
colunas e paredes da própria cisterna, quer nos elementos construtivos dos pisos superiores.
Uma monitorizaçáo rigorosa, permitirá verificar em que medida a alteração drástica de
temperatura e humidade do espaço, após o esvaziamento total, irá contribuir para o aumento
ou redução de espécies de microrganismos ou até para o aparecimento de novos. Poderá
revelar o aparecimento de eflorescências devido à cristalização de sais ou ainda a ocorrência
de outro tipo de degradações.
A decisão dos tratamentos a efectuar, ficarâ dependente dos resultados obtidos durante

o processo de monitorizaçáo, tal como a decisão sobre a sua utilização e ou alteração de

poderia
função. Contudo, pensamos que a cisterna, depois de convenientemente conservada,
para
manter a sua função de reservatório de águas pluviais, porém, aproveitando essas águas
utilização nos sanitários ou naÍega dos jardins-

4.4. OruBxmÇôBs ssrnlrÉGlcAs PARA vAloRlzlçÂo oo Cuusrno


O claustro da Micha, parte integrante de um extenso complexo monumental, deve ser

que
visitável na generalidade dos seus espaços para permitir uma leitura integral das funções
ao longo do tempo foi adquirindo.
Enquanto espaço monumental visitável deve estar bem conservado e todos os seus espaços
devidamente identificados com sinalética adequada, incluído informação táctil e ou sonora.
Devem ser criadas formas que possibilitem ao visitante a leitura e interpretação pessoal dos
vários espaços.
para facilitar a leitura integral dos espaços, sugere-se que se promova uma dinamização

pedagógica em tomo da história do edificio e das suas características arquitectónicas, dirigida

a turistas e comunidade local apostando na interacção com a comunidade escolar.

Esta dinamizaçáo pedagógica poderá passar pela utilização de recursos audiovisuais e


informático s, realizaçáo de eventos periódicos no local, dirigidos sobretudo à comunidade
t5l
o cLr.UStnO OA MtCUe oo coNr.rNro »p Cnlsro - :?NTRIBUTOS PÁR.4.4 SL'.1 C'ttltsentlç'Ão t t.trontz,tç.its

escolar (ex: recriações históricas).


Para viabilizaçáo destas iniciativas será necessária a criação de infra-estruturas de
acessibilidade a idosos, crianças e deficientes (rampas de acesso, elevadores, barras de
apoio).
A simples visita "passiva" do local pouco acrescenta em termos de aquisição de informação
por parte de quem visita este espaço, a necessidade de uma maior interactividade com o
visitante é, como tal, um instrumento fundamental quer para quem visita quer para o próprio
monumento.
No caso específico da cistema, e em função dos resultados da monitorização, consideramos

que esta deverá passar a ser "visitável", possui apenas um único acesso (escada de caracol)
que dificulta a entrada e impossibilita o acesso a deficientes. Embora se trate de um espaço

fechado, pouco arejado e escuro, pensamos que, a beleza arquitectónica das suas estrufuras,

o seu valor tecnológico e a curiosidade que atrai por parte da generalidade dos visitantes que
se limitam a espreitar paÍa a escada de acesso (trata-se um subterrâneo), como que impõe a
necessidade de a tornar visível.
As soluções para as condições de visibilidade/ visitabilidade estarão dependentes da presença
ou não de água, que será definida em função dos resultados da monitorização. As entradas
deverão ser limitadas, devido à dificuldade de acesso, a questões de segurança das pessoas e
a questões relacionadas com a conservação do próprio espaço.

Qualquer que seja a solução encontrada, o número de visitantes será sempre limitado,
sugerindo-se então a criação de um equipamento que permita a visita virtual do local.
Para a concretização destas ideias será necessária a constituição de uma vasta equipa
multidisciplinar com vista à elaboração de um plano de gestão e valonzação integrada deste

espaço (CARTA DE BURRA, 1980).

r53
O Ct,ausrno ».r Mrcna oo CorvrNro »E Cnrsro - coNTRtBUTos pAR.l.4 sL'.,l ('oNSERt.lç'.io n rtu,tntz..t<-.itt

Coxcr-usôns
O Claustro da Micha da autoria de João de Castilho foi encomendado por D. João III, no
contexto da reforma da Ordem de Cristo liderada por Frei António de Lisboa.
O arquitecto João de Castilho trabalhou num conjunto de edificios que vieram a ser

considerados património da humanidade. O claustro da Micha, construído na sua segunda


passagem pelas obras do convento (obra nova), traduz,de certa forma, um experimentalismo
próprio da época modema, nomeadamente nas características decorativas, ao nível da
modelação dos espaços e da sua própria escala, onde se notam influências, entre outros, de
Benedetto da Ravena (1485-1556), arquitecto com o qual Castilho estabelecera contactos
aquando da construção da Fortalezae cisterna deWazagáo no Norte de África.
As construções que constituem o claustro da Micha surgem da necessidade de dotar

o convento de um conjunto de dependências capazes de darem resposta às necessidades

crescentes, motivadas pelo aumento do número de religiosos, e, ao mesmo tempo, assegurar


a relação com o exterior sem interferir com as zonas de clausura absoluta.

Este claustro concebido para funções específicas bem definidas, concentrava, ao tempo, o
ensino, os serviços e os negócios. Era nesta zona que se desenrolava quase toda a gestão e
administração do convento. O movimento que aqui se fazia sentir, sobretudo através da antiga
portaria (porta do carro) com acesso directo ao exterior, facilitava uma maior mobilidade de
pessoas e mercadorias.

Entretanto, à medida que a comunidade religiosa se consolida e o número de residentes


aumenta, obriga o edificio a adaptar-se às necessidades e funções, que cada momento impõe.
A Ordem de Cristo ocupou, em peÍmanência, este espaço até à extinção das ordens religiosas
em Portugal.
A partir de 1834, a diversidade de usos e funções aumenta consideravelmente e o edificio
fica sujeito a sucessivas adaptações e modificações cadavez mais controversas.
Com os novos ocupantes, surgem também as intervenções de restauro no convento, durante
o período da lu República (1910126), o claustro da Micha, talvez devido à grande ocupação
que registava neste período, não foi objecto de grandes intervenções, temos coúecimento
apenas de uma operação de limpeza e reconstrução da escada da cisterna, em 1911, pela

Comissão dos Monumentos Nacionais, sendo as obras conduzidas por Alfredo de Brito
Mouzinho. Mais tarde, já com a DGEMN , em 1934, sob a direcção do mestre-de-obras Raul
I 5-+
O Cl,tusrno ue MtcHa u«r Convprtro ue Cntsro - coNTRtBw'T().s P^tR.t.q sL'"l c'tr».srRt,tt-.io E t.1l-()Rlz.1\'..io

Marques Graça, foi demolida uma coziÍtha improvisada que existia no terraço sul, picada e
rebocada uma parede, refeita a cimalha de pedra e composto o lajedo que faltava.

O grande período de obras no claustro da Micha ocolre, sobretudo, nos anos cinquenta
do século XX sob alçada da DGEMN (Anexo 5). Nos anos oitenta registaram-se algumas
pequenas obras de beneficiação, recuperação das coberturas do Noviciado e reparações na

cistema, tendo os trabalhos sido executados ainda sob a alçada da DGEMN.


No ano de 1995, foram impermeabilizados os terraços, sob alçada do IPPAR e as últimas
intervenções realizadas no claustro da Micha, que consistiram em operações de conservação
e restauro das fachadas nascente e sul (só o exterior), datam de 2005.

Após o estudo das diversas condicionantes que envolvem este claustro e do diagnóstico
do estado de conservação, concluímos que as suas principais anomalias correspondem,
sobretudo, a causas ligadas com a usura e com factores de origem climática. Trata-se de um
conjunto edificado, e, por consequência, exposto a diversos agentes ambientais, que, através
dos seus efeitos criam condições que favorecem o surgimento de fenómenos de alteração
e degradação como, erosão, alveolizaçáo, carsificação, esfoliação, escamação, infiltrações,
colonização biológica, entre outros.
Face aos problemas diagnosticados e aos princípios enunciados pelas modernas teorias da
conservação, concluímos que uma operação desta naixeza deverá basear-se em princípios:
de intervenção mínima, onde alimpezase deverá limitar a remover apenas as sujidades que se

considerem nocivas para aconservação dos materiais, respeitando as pátinas e outras marcas
do tempo ainda que de épocas posteriores à sua construção (ex: manutenção vestígios de
policromia);denão reconstituiçãode elementos arquitectónicos, exceptuando-se os elementos

estruturantes sem possibilidade de recuperação, no entanto, sempre que ocolra essa solução,

esta deverá ser facilmente identificável; de reversibilidade, (com toda a subjectividade que
o termo enceÍTa em contextos de conservação), sempre que os tratamentos permitam fazer
opções por materiais e técnicas cuja necessidade de remoção futura não provoquem danos

em elementos intervencionados; de compatibilidode, procurando sempre recolrer a materiais


compatíveis com os matérias originais melhorando o seu comportamento; e de respeito pela
autenticidade, principio que só poderá ser cumprido se a intervenção for verdadeiramente
mínima. E certo que qualquer intervenção conduz, naturalmente, a alguma perda de

autenticidade, contudo, pensamos que a manutenção e conservação de um bem patrimonial


com esta importância deve prevalecer sobre "pequenas perdas" da sua autenticidade material
I5-5
O Cleuisrnrt o,t Mtcna no Coxvrlro oE CRtsro - c-oNTRItLtros PIR-.I.t sL:.l ('o,\:srÂt.l(.i() t: st-ontztr,..i{.t

ou, como referiu Fernando Henriques a propósito do Claustro dos Jerónimos "... embora a

autenticidade histórica deva prevalecer relativamente à autenticidade estética, a conservação


fisica do edificio terá de prevalecer sobre ambas".
Finalmente, concluímos que o programa desenvolvido num contexto monumental com estas
características deverá envolver, não só, um conjunto alargado de especialistas, mas também

entidades e organismos do estado do qual dependem.


Neste sentido, o programa paÍa a conservação e valorização do claustro da Micha deverá:
- ser concretizado de forma articulada com o complexo conventual onde está integrado;
- ser elaborado/definido por um conjunto de especialidades e entidades;
- ser discutido e divulgado por forma a evitar pressões e influências múltiplas por parte de

entidades politicas, económicas, sociais e culturais.


Apesar de não ter mais a função de fazer funcionar "a grande máquina" conventual dos frades

de Cristo como escreveu Frei Jerónimo de Román, não servir de albergue para refugiados
nem de casa de militares ou colégio de missionários, o claustro da Micha é um espaço pleno

de história que continua a "provocar" sensações através da sua arquitectura, dabeleza e


exotismo dos seus elementos decorativos, da função das suas dependências, levando-nos,
facilmente, a querer obter respostas e a imaginar cenários sobre que tipo de gente teria vivido
estes espaços.

l5(r
O Cllusrno »e Mtcna »<t CoNvt:lro or Cnlsrcl - c-oNTRtB(,tro.\ p.1R,1 .t sL'.t co,lsrRr;l(--io t t.tu,tntz,tç'.ict

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O Cleusrno o,r MtcHn oo CoNl,nNro »E Cntsro - coNTRIBÇ'Tos PÁR.4.4 sLr.4 ('(.),\'-§É-Âl'.4(:'io o t'.tusntz.tç'.i<t

Axnxo I - Qu»no CRONOLÓGICO DA CONSTRUÇÃO E DA EVOLUÇÃO DAS OBRAS DO CLAUSTRO

ol MrcHl

D.lre DnscmçÀo Foxrr

1529 Frei António de Lisboa por nomeação régia é declarado CASANOVA,2002,p.9.


Reformador da Ordem de Cristo
1530 Após análise dos desenhos ou "debuxos", o Rei e Frei António de VTTERBO, I899, Cit. CASA-
Lisboa decidem fazer recait a sua escolha nojá então mestre-de- NOVA, 2OO2,p.12.
obras régias, João de Castilho
1531 Reconfirmação de Frei António de Lisboa, agora por Bula Papal CASANOVA,2002,P.12.
"Esposcit Debitum", de Clemente VII, como Reformador da
ordem de Cristo.
1532 Alterações ao plano inicial de Castilho, surgindo então uma nova MOREIRA, 1991,P.487
planta. Para este autor as obras devem ter tido inicio em 1530,
com terraplanagens para regularização dos terrenos e construção
de muros de sustentação do claustro principal (obra que não viria
a ser concluída, dando ao claustro de Tonalva)
1533 "A 30 de Junho deste ano era celebrado em Évora entre o amo VITERBO, 1977,p.263
d'el-rei (Bartolomeu de Paiva) e João de Castilho, mestre das
suas obras, um contrato de empreitada do que se havia de fazer
no convento de Thomar".
1541 Data inscrita em capitel no ângulo NE. Neste ano encontramo§ Observação directa no local
João de Castilho a trabalhar na fortaleza de Mazagão e aí EALO DE SÁ, 1992, pp. 55;
permanecerá pelo menos até Julho de 1542, data da carta que 64.

envia a D. João Ill a dar conta da das obras.

1542 Data inscrita em chave de uma abóbada no ângulo Sudoeste. directa no local.

1548 Em carta de João de Castilho a D. João IIl, "A caustra dos fornos VITERBO, 1917,p.200.
esta toda travancada com a pedra pera a cistema: não quero o
don prior dar gente pera a despejar". Daqui se pode inferir que a
construção do claustro não estaria concluida.
1551 Carta de João de Castilho ao Rei: "Snõr. - Em toda esta obra VITERBO, 1977,p.200.
se trabalha quãto pode ser, e ha tudo se daa tal aviameto que
não falta nada. Agora ãdã na cozinha, que já estaa ametade dela
lageada e tem seu cano feito a

A
cM_cAP2il cM_cM'2. cM_cAP2lCM_CAP2o cM_cAP19 cM_cAP18CM_CAP17 cM_cAP16 cM_cAP15CM_CAP14 cM_c P't3 cM_cAPl2CM_CAP11 cM_CAP10 Claustro da Micha do
Convento de Cristo:
cM_cAn4 cM_oAPog
Contributos para a sua
Conservação e Valori zaSo

VEGETALISTAS cEoMETR|CO ANTROPOMORFICOS


ZOOMORFICOS
cM_CAP25

ryt ffi '\-,/


fr
r
cM_CAPo8

CM-CAP2O
f-

cM_cAP26
CIVI-CAPO2 ..il CíVI CAP22 C]VI CAPOS CM CAPO3 I t

w
cM_CAPo7

cM_cAu7

{ CI\4 CAPO4 Ff, CM CAPOg EN CM CAPOS ml CM-CAP6


*{

!H CM-CAPO6 rc, É: CtU CAP21 fl CM_CAP23 ff: a


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CM_CAPzE

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ffi{ CIVI CAP29 ffi CM_CAP3O CM CAP24


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Éfl CM CAP11 H CNX_CAP31 F CI\/I CAP39 il CM-CAP26 cM_CAPO4

E fl
cM_cAHro

ffi CM CAP32 CM CAP4O ffu t{


cM_cAHl1

'H CM CAP14 ffi CI\/l CAP35 fl CI/ CAP41


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o
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cM_cAEr2
F CI\4 CAP15 ff CI\/l CAP36 I CM CAP42 CM CAP34
CM-CAFB3

B CIVI-CAP16 CM CAP37 CM CAP44 ü


CM-CAP(X}
a
cM_CAPB4
F CM CAPIB m CM CAP43 I CM CAP45 fl CM CAP47
cM_CAP02

ff CIVI-CAP19 ffi CM CAP46 CM CAP4B rI CM CAP49


Claustro da Micha
Convento de Cristo
Tomar
CM_CAP3s
CM CAPO1

cM_cAEt6 cM_cAP(l7 CM-CAPB8 CM-CAHIg CM_CAFM cM_CAP42 CM_CAP'lÍl cM_cAP44 CM_CAP4s cM_cAFr6 CM CAFIg

Anexo2-FolhaB
Planta esquemática dos tipos de Capitéis Data: Novembro/ 2009 ESC: 1:75
O Cleusrno ne Mrcsa. oo ColveNro nE Cnrsro - c'oNTRIBUTos p.tR.t .-t ^iL'.1 ('o,\§EÀt..í('.i() E t'.4LoRtz.tç.io

Axnxo 3 -ApltclÇÃo Do PALMo Cnsrnlunxo EM DIvERsos ELEMENTos Do CLlusrno ol

MrcHa

Elnueuto Dnrrexsors (cu) Pllmos Clsrrlnanos

Capitel Altwa-- 42 Altura:2


Largura lnferior: 52,5 Largura Inferior :2+ ll2
Largura Superior: 80 Largura :3+2arcos
Fuste Altura: 180 Altura: g + llz
Largura:47 Largura :2 + ll4
Base da coluna Altura: 35 Altura= l+213
Largura: 80 Largura:3+2arcos
Vão entre colunas I Vão=187a190 Vão:9
Altura do Arco Altura: 357 Altura: 17

Contrafortes Altura total : 651 Altura total = 30 + '/r+


"12
Largura: 80 Largura= 4
Altura entre a parte superior e a base : Altura entre a parte superior e a

421 base : 20
Base do Contraforte AlÍwa:72 Altura: 3+ !2
Largura: 105 Largura = 5
Parte Superior do Altura: 157 Altura=7+l/2
Contraforte Altura das cimalhas = 21 Altura das cimalhas : I
Largura das cimalhas = 126 e 105 Largura das cimalhas = 6 e 5
Altura entre cimalhas: 52 e 42 Altura entre cimalhas = 2 + ll2 e 2
Distância entre Distância = 467 Distância :22 + l/4
contrafortes
Alçados Norte/Sul Largura = 2180 Largura: 104

Largura do Alçado Largura = 2690 Largura: 128

Nascente
Largura do Alçado Largura = 2580 Largrxa:123
Poente

('
O Cleusrno o,\ Mrcríe oo Co:w,ENro »n Cnrsro - coNTRIBL:Tos PÁR.,l .4 sL'..t (oÀ5Á'Âl:,{(:,io e rttontz.rç'.itt

1883 - Normas apresentadas por Camillo Boito ao III Congresso de Arquitectos e Engenheiros Civis realizado
em Roma. Estas normas foram coligidas e transformadas num documento que saiu deste Congresso. É
considerada a primeira carta sobre restauro.
l93l -A Conferencia de Especialistas para a Protecção e Conservação de Monumentos de Arte e História,
Carta de Atenas, 193 l.
1933 - O Congresso do - CIAM: Generalidades, diagnósticos e conclusões sobre os problemas urbanísticos
das principais e grandes cidades do mundo, apurados pelo Congresso Intemacional de Arquitectura
Modema. Carta de Atenas, 1933.
1940 - No período compreendido entre os anos de 1940 e 49 realizaram-se campaúas de restauro de

monumentos atingidos pela guerra.


1947 - Depois da ll Guerra, o tratado de paz firmado em Paris, contempla reintegração dos patrimónios
culturais nacionais.
1954 - Convénio para protecção dos bens culturais em caso de conflito armado, realizado em Haia, adoptando
o compromisso de respeitar e proteger os bens culturais nos territórios ocupados.
1954 - Convenção de Paris: Convenção Cultural Europeia, Conselho Europeu.
1956 - Recomendação de Nova Delhi: 9' Sessão da Conferência Geral das Nações Unidas.
1964 - Do II Congresso de Arquitectos e Técnicos de Monumentos saiu a designada Carta de Veneza.
1964 - O ICOMOS, Conselho Internacional de Monumentos e Sítios, foi criado em Veneza e consolidado em
Varsóvia um ano mais tarde, com o objectivo geral de pôr em prática as recomendações da Carta de
Yeneza.
1946 - O ICOM, Conselho Intemacional de Museus, irá ter a sua acção junto dos museus, organizando
encontros intemacionais.
1956 - O ICCROM, Centro Internacional de Estudos para a Conservação e restauro de Bens Culturais, com sede
em Roma, dedicando-se à investigação, formação e difusão de técnicas cientificas sobre conservação e
restauro de bens culturais.
1968 - Recomendação de Paris para conservação e restauro de obras públicas e privadas.
1969 - Convenção de Londres: Protecção de Património Arqueológico.
1972 - Convenção para a protecção do património mundial, cultural e natural realizada em Paris, sob os
auspícios da UNESCO, onde se estabeleceram medidas para protecção desse património. Criaram-se
a Lista do Património Mundial e a Lista do Património Mundial em Perigo. Definiu-se as formas de
colaboração e assistência científica, técnica e económica intemacional aos países com dificuldades em
empreenderem obras de conservação e restauro nos seus monumentos.
1972 - Declaração de Estocolmo sobre ambiente humano.
1972 - Carta de Restauro do govemo italiano.
1975 - Manifesto de Amesterdão, CaÍa da Europeia do Património Arquitectónico.
1976 - Recomendação de Nairobi - UNESCO. (apelo sobre a arquitectura rural e o ordenamento do território).
1976 - Apelo de Granada: Arquitectura Vemacular (rural) e Planeamento do Território.
1976 - Carta de Turismo Cultural- ICOSMOS.
1980 - Carta de Burra: Conselho Intemacional de Monumentos e Sítios, realizado na Austrália, Austrália.
D
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l98l - CaÍa de Florença, ICOMOS.


1982 - Declaração de Nairobi - Assembleia Mundial das Nações.
1982 - Declaração do México - Políticas Culturais.
1983 - Resolução 813: Relativa a Arquitectura Contemporânea.
1984 - Congresso de Copenhaga, organizado pelo ICOM, define a profissão de conservador-restaurador
e impulsionou a criação de associações nacionais e a confederação de associações europeias de
conservadores - restauradores (ECCO), que vieram posteriormente a elaborar um código deontológico
e as bases onde se deve sustentar a formação e a actividade destes profissionais.
1985 - Convenção para a salvaguarda do património arquitectónico da Europa - Granada.

1986 - Carta de Washington, ICOMOS, sobre as cidades históricas.


1987 -Carta de Petrópolis, para a salvaguarda dos centros históricos.
1989 - Recomendação sobre a salvaguarda da cultura tradicional popular - Conferência Geral da UNESCO,
25'reunião.
1990 - Carta de Lausanne sobre gestão do património arqueológico.
1991 - Simpósio de Cracóvia: Segurança e Cooperação dos Países Europeus para o Património Cultural (CSCE).
lgg4 - Conferência de Nara: Conferência sobre a autenticidade em relação à Convenção do Património
Mundial.
1995 - Recomendação Europa: Recomendação Europa de ll de Setembro de 1995, sobre a conservação
integrada das áreas de paisagens culturais como integrantes das políticas paisagísticas, adoptada pelo
Comité de Ministros por ocasião do 543'encontro de vice-ministro.
1996 - Carta Intemacional para a Protecção e Gestão do Património Cultural Subaquático.
1996 - Declaração de Sofia - XI Assembleia-geral do ICOMOS.
1999 - Carta Internacional do Turismo Cultural (Carta Original de 1976).
1999 - Cartado Património Vernacular, México.
2000 - Carta de Cracóvia - Com o seu conteúdo pertence lançar as bases para o século XXI, no que diz
respeito à identificação, protecção, conservação e restauro no novo século. Renova os princípios para
a conservação e restauro do património construído, referindo que " a reconstrução de um edificio na
sua totalidade, destruído por um conflito armado ou por desastres naturais, só é aceitável se existirem
motivos sociais ou culturais excepcionais, que estejam relacionados com a identidade própria de toda
a comunidade".
2OO3 - Recomendações para a Análise, Conservação e Restauro Estrutural'
2003 - Princípios para a Preservação e Conservação/Restauro das Pinturas Murais.
2008 - Cartas dos Itinerários Culturais: Elaborada pelo Comité Científico Internacional dos ltinerários Culturais
(CIIC) do ICOMOS.
2008 - Carta para a Interpretação e Apresentação de Sítios de Património Cultural ICOMOS.

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Fonte: Estação Meteorológica de Tomar (N 39,59 - O 8,36) http //www.meteotomar. info/index.php/historico


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C,tptru oct AtÇ,too Nctnrl E.ytBnvDo A DITA DE I 541 , Cu,qr'E DE Anontot DA GercNl Poexrc coM A DATA
I{ot'EMBRo DE 2009. oe 1542, NctYrusRo DE 2009.

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G.,ttmt4 DE .AcESo ,to C t.,tLtsrro DE 5.,1,\,7Á B tns.An,l
Aspec-ro GER.AL DO srsrElíA DE c'oLttErR. or .,lcu,A DE (Luxrcr .4 coz,\1H,A), E.ytBilvDo t'ESTiG IOS DE poLICROL,fiÁ,
"RU.M oFF", JuLl{o DE 2004. NorEttBRo or 2009.

Ponue,\'oR D,4 1)LHEITA DE oRG.4,vtsMOS ,\,tLtM PonutvoÀ DA :ILHEITÁ DE AMosrR, s DE poLICRoMr.A


c'o,t\lrR,4FORTE »o A:,ç'.4DO,SL,z, JL,truo oe 2004. Jutno or 2004.

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M.ARc; sDE IwFtLrnK'Õts pRot:Evlr.vrá^t DOS TERR;Ço.s,
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DGEMN/ DRMLBazL Foro x"502369

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DGEMN/ DRMLnnct.t, Forct x"50I599
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Claustro da Micha
Convento de Cristo
Tomar

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Folha : CM_O 1 _PLANTA/PO

Revisto e Adaptado do Levantamento


Executado pela ARTOP, 1992

Data: Novembro/ 2009 ESC: 1:250


Claustro da Micha do
Refeitório
Claustro dos
Gorvos
Circulação Vertical dormitório dos Freires
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a Convento de Cristo:
Contributos para a sua
Conservação e Valori za$o
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Convento de Cristo
Tomar

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Revisto e Adaptado do Levantamento
Executado pela ARTOP, 1992
Estrada Terreiro de Gualdim Pais 23/t5 10ín
Data: Novembrol2OOg ESC: 1:250
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Folha: CM_03_PLANTA/P2

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Revisto e Adaptado do Levantamento
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Estrada Terreiro de Gualdim Pais Exeq.rtado pela ARTOP, 1992

Data: Novembro/ 2009 ESC: 1.250


Glaustro dos
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Convento de Cristo
Tomar

Folha : C M_04_PLANTA/P3

Estrada Terreiro de Gualdim Pais 0í23/ts 'l&n Revisto e Adaptado do Levantanrento


Executado pela ARTOP, 1gg2

Data: Novembro/ 20O9 ESC: 1.25O


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Contributos para a sua
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Claustro da Micha
Convento de Cristo
Tomar

Folha: CM_05_PLANTA/P4

Revisto e Adaptado do Levantarnento


Estrada Terreiro de Gualdim Pais Executado pela ARTOP, 1992

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Convento de Cristo:
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Levantamento do Alçado Nascente do Claustro da Micha

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Folha: CM_06_ALC/NAS

Exectrtado pela ARTOP, 1992

Data: Novembrol2AOg ESC: 1.125


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Convento de Cristo:
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Levantamento do Alçado Poente do Glaustro da Micha

Claustro da Micha
Convento de Cristo
Tomar

Folha: CM_07_ALC/POE

Revisto e Adaptado do Levantamento


Executiado pela ARTOP, 1992

Data: Novembrol 2OOg ESC: 1.125


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Convento de Cristo:
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Levantamento do Alçado Norte do Claustro da Micha

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Convento de Cristo
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Folha: CM 08 ALCNOR

Revisto e Adaptiado do Levantanento


Executiado pela ARTOP, 1992

Data: Novembro/ 2009 ESC: '1.125


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Convento de Cristo:
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Levantamento do Alçado Sul do Claustro da Micha

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Convento de Cristo
Tomar

Folha: CM 09 ALC/SUL

Revisto e Adaptado do Levantiarnento


Executado pela ARTOP, 1992

Datia: Novembro/ 2009 ESC: 1.125

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Convento de Cristo:
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Reconstituição Conjec'tural do AIçado Poente do Glautro da Micha

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Convento de Cristo
Tomar

Folha: CM 10 ALC/POE

Revisto e Adaptado do Levantamento


Executado pela ARTOP, 1992

Data: Novembrol2Wg ESC: 1.125


Claustro da Micha do
Convento de Cristo:
Contributos para a sua
Conservação e Valori za$o

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012345m

Reconstituição Conjectural do Alçado NoÉe do Clauetro da Micha

Claustro da Micha
Convento de Cristo
Tomar

Folha: CM_11_ALCNOR
Revisto e Adaptado do Levantiarnento
Executado pela ARTOP, 1992

Data: Novembrol2OOg ESC: 1:125


Claustro da Micha do
Convento de Cristo:
Contributos para a sua
ConservaÉo e Valori za$o

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Levantamento das Alterações SuperÍiciais no Alçado Nascente do Claustro da ilicha

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Convento de Cristo
Tomar
Colonização Biológica Crosta Depósito Superficial

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Folha: CM_12_ALC/NAS
* Plantas Superiores Concreção Pátina Revisto e Adaptado do Levantiamento
Executiado pela ARTOP, 1992

Data: Novembrol2AO9 ESC: 1.125


Claustro da Micha do
Convento de Cristo:
Contributos para a sua
ConservaÉo e Valorizafio

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Folha: CM 13
Tomar

ALC/NAS

t Fissuração I Escamação Lascagem Revisto e Adaptado do Levantamento


Exeqrtiado pela ARTOP, 1992

Data: Novembrol2OOg ESC: 1:125


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Convento de Cristo:
Contnbr.rtoe para a sua
Conservação e ValorizaÉo

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Levantamento das Alterações por Perda de tulaterial no Açado Nascente do Claustro da Micha
Claustro da Micha
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Tomar

Gars ifi cação/ M ic roca rs ificação I Picamento


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Erosão Diferencial
Folha: CM_14_ALC/NAS

Lacuna I Estriado
Revisto e Adaptado do Levantamento
Executiado Pela ARTOP, 1992

Data: Novembro/ 2009 ESC: 1.125


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Convento de Cristo:
Contributos para a sua
Conservação e Valori zafio

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Levantamento de Outras Alterações no Alçado Nascente do Claustro da Micha

Legenda
Claustro da Micha
Convento de Cristo
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Folha: CM_15_ALC/NAS

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Elementos Metálicos Revisto e Adaptado do Levantanrento
Executado pela ARTOP, 1992

Data: Novembro/ 2009 ESC: 1:125


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Convento de Cristo:
Contributos para a sua
Conservação e Valori za$o

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012345m

Levantamento das Alterações Superficiais no Alçado Poente do Claustro da tlicha

Claustro da Micha
Legenda
Convento de Cristo
Tomar
Colonização Biológica Crosta Depósito Superficial
CM 16 ALC/POE

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Folha:

* Ptantas Superiores Concreção E Pátina Revisto e Adaptado do Levantarnento


Exectrtado pela ARTOP, 1992

Data: Novembro/ 2009 ESC: 1:125


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Conservação e Valori za$o

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012345m

Levantamento das Alteraçôes por Ruptura ou Disjunção no Alçado Poente do Claustro cla Micha

Claustro da Micha
Legenda Convento de Cristo

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Tomar

I Fragmentação It Fracturação Destacamento em Placa


Folha: CM_17_ALC/POE

t Fissuração I Escamação Lascagem


Exeqrtado pela ARTOP, 1992

Data: Novembrol2Wg ESC: 1.125


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Convento de Cristo:
Contributos para a sua
ConservaÉo e Valori zafio

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Levantamento das Alteragões por Perda de ilaterial no AIçado Poente do Claustro da ilÍcha

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Folha: CM 18 ALC/POE

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Revisto e Adaptado do Levantamento
Executado pela ARTOP, 1992

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Levantamento de Outras Alterações no Alçado Poente do Glaustro da Micha

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Argamassa Inadequada (cimento)


Folha: CM_l9_ALC/POE

Revisto e Adaptado do Levantamento


+ Elementos Metálicos Executado pela ARTOP, 1992

Data: Novembro/ 2009 ESC: '1.125


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Folha: CM 20 ALC/NOR

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Revisto e Adaptado do Levantamento
Execr.rtado Pela ARTOP, 1992

2009 ESC: 1j25


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Claustro da Micha do
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Contributos Para a sua
Conservação e Valori zaSo

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Levantamento das Alteragões por Ruptura ou DisJunção no Alçado Norüe do Claustro da lllcha
Claustro da Micha
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Folha: CM 21-ALC/NAS

Revisto e Adaptado do Levantiamento

I Fissuração Escamação Lascagem Executado Pela ARTOP, 1992

Data: Novembro/ 2009 ESC: 1:125


Claustro da Micha do
Convento de Cristo:
Contributos para a sua
Conservação e Valori za$o

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Levantamento das Alterações por Perda de tlaterial no Alçado Norte do Glaustro da ilicha

Claustro da Micha
Legenda Convento de Cristo
Tomar

I Garsiflcação/Microcarsificação Picamento Erosão Diferencial


Folha: CM_ZZ_ALCNOR

I Lacuna I Estriado
Revisto e Adaptado do Levantiamento
Execr.rtado pela ARTOP, 1992

Data: Novembrol2OOg ESC: 1.125


Claustro da Micha do
Convento de Cristo:
Contributos para a sua
Conservação e Valori zafio

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Levantamento de Outras Alterações no Algado NoÉe do Claustro da Micha

Legenda
Claustro da Micha
Convento de Cristo
Tomar
Argamassa lnadequada (cimento)
Folha: CM 23 ALC/NOR

4.. Elementos Metálicos Revbto e Adaptado do Levantarnento


Executado pela ARTOP, 1992

Datia: Novembrc/ 2009 ESC: 1:125


Claustro da Micha do
Convento de Cristo:
Contributos para a sua
Conservação e Va lori za$o

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Levantamento das Alterações Superficials no Alçado Sul do Glaustro da ilicha

Legenda
Claustro da Micha
Convento de Cristo
Tomar
Colonização Biológica Crosta Depósito Superficial
Folha: CM 24_ALC/SUL

* Plantas Superiores I Goncreção tr Pátina Revisto e Adaptado do Levantamento


Executado pela ARTOP, 1992

Data. Novembrol20olg ESC: 1125


Claustro da Micha do
Convento de Cristo:
Contributos para a sua
Conservação e Valori zaSo

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Levantamento das Alteragões por Ruptura ou DleJunção no Alçado Sul do Glaustro da illcha

Legenda
Claustro da Micha
Convento de Cristo

I Fragmentação ffi Fracturação Destacamento em Placa


Tomar

I Fissuração I Escamação I Lascagem


Folha: CM 2S_ALC/SUL
Revisto e Adaptado do Levantamento
Executado pela ARTOP, 1992

Data: Novembro/ 2009 ESC: 1.125


Claustro da Micha do
Convento de Cristo:
Contributos para a sua
Conservação e Valori za$o

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Levantamento das Alterações por Perda de Material no Glaustro da Micha

Legenda
Claustro da Micha
Convento de Cristo

I Cars ifi c açãol M ic roca rs ificação I Picamento Erosão Diferencial


Tomar

Folha: CM 26 ALC/SUL

Lacuna I Estriado Revbto e Adaptado do Levantamento


Execr.rtado pela ARTOP, 1992

Data: Novembrol2OOg ESC: 1:125


Claustro da Micha do
Convento de Cristo:
Contributos Para a sua
Conservação e Valoriza$o

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012345m

Levantamento de Outras Alterações no Alçado Sul do Claustro da tlcha


Claustro da Micha
Legenda
Convento de Cristo
Tomar

ffi Argamassa lnadequada (cimento) Folha: CM 27 ALC/SUL

Revbto e Adaptado do Levantamento


+ Executado Pela ARTOP, 1W2
Elementos Metálicos
Data: Novembro/ 20Og ESC: 1.125

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