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O ano de 2022 foi mais um ano positivo em relação aos resultados fiscais. Como exemplo, o Estado
no resultado primário alcançou R$ 21,2 bilhões e ficou cerca de 1,6 vezes maior do que a meta. Em
relação aos indicadores de endividamento, houve recuo generalizado, com destaque para a relação
Dívida Consolidada Líquida sobre a Receita Corrente Líquida (DCL/RCL), que alcançou 1,15, o valor
mais baixo da série iniciada em 1997 e bem abaixo do limite de 2,00 estabelecido para os Estados.
Tais resultados se deveram a uma gestão responsável, com contínuo aprimoramento da administração
tributária e maior zelo com o gasto público. Para além dos números, foi possível manter o nível de
prestação de serviços à população, sobretudo nas ações pós pandemia, e também o de investimentos
em projetos prioritários.
O cenário macroeconômico foi outro fator a possibilitar tais resultados fiscais. Após um 2020 de grave
recessão na maior parte das economias do mundo e o ano de 2021 marcado pela recuperação global,
especialmente por conta do avanço na vacinação, no exercício de 2022, a atividade teve grande
impulso do setor de serviços, o principal da economia brasileira, que acelerou principalmente no
primeiro semestre. Estímulos fiscais dados à economia impulsionaram os números, junto com o
chamado “efeito reabertura”, em que o retorno a bares, restaurantes, salões de beleza, turismo e outras
atividades provocou um aumento expressivo do consumo. No segundo semestre, porém, os dois
fenômenos perderam força e causaram uma desaceleração gradual da economia. No Brasil, o PIB, que
havia apresentado retração de 3,9% em 2020, cresceu 4,6% em 2021, em 2022 cresceu 2,9%. No
Estado de São Paulo, o crescimento do PIB em 2022 foi de 2,8% em relação ao ano anterior, com
destaque para o setor de serviços (com elevação de 3,6%)1.
A inflação mundial estava em trajetória de alta no mundo depois dos estímulos monetários e financeiros
adotados pelos países na pandemia de Covid-19. Com o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, a alta
de preços se intensificou no mundo. Nos últimos meses de 2022, as taxas começaram a desacelerar.
A inflação na Zona do Euro foi de 9,2%, Alemanha de 8,6%, Estados Unidos de 6,5% e França de
5,9%. No Brasil, a inflação ficou ainda menor, com o IPCA alcançando 5,79% e o IGP-M totalizando
5,03%.
Em 2022, como medida para compensar a perda de receitas dos entes estaduais sobre a redução do
ICMS nos combustíveis, foram promulgadas a Lei Complementar nº 194, de 23 de junho de 2020 e a
Emenda Constitucional nº 123, de 14 de julho. Pelo lado das despesas, em São Paulo, superadas as
restrições da Lei Complementar nº 173, de 27 de maio de 2020, que impôs vedações administrativas,
especialmente no âmbito da gestão de pessoal até dezembro de 2021, foram concedidos reajustes
salariais nos termos da Lei Complementar nº 1.373, de 30 de março de 2022. Merece ainda destaque
o forte crescimento dos investimentos, que tiveram alta em 2021 de 110% e em 2022 cresceram 8,7%,
contribuindo para a retomada econômica e a geração de empregos no Estado.
1 Cf. https://www.seade.gov.br/economia-paulista-cresceu-28-em-2022/
I
Relatório Anual do Governo do Estado | Exercício 2022 |Volume 1
1. Receitas
Em 2022 o Governo do Estado de São Paulo conseguiu encerrar o exercício com indicadores fiscais
favoráveis. As receitas arrecadadas de R$ 320,9 bilhões e as despesas empenhadas de R$ 311,6
bilhões foram 11,9% e 8,6% superiores aos R$ 286,8 bilhões previstos na Lei Orçamentária Anual
(LOA) - Lei nº 17.498, de 29 de dezembro de 2021. Destaca-se também o Resultado Primário
observado de R$ 21,2 bilhões, superando a meta de R$ 13,2 bilhões estabelecida na Lei das Diretrizes
Orçamentárias (LDO)2.
A Receita Total do Estado em 2022, conforme a Tabela 1, atingiu o valor de R$ 320,9 bilhões,
comparado com o exercício anterior; o que representou um aumento de 15,2%, em termos nominais, e
de 5,4%, em termos reais com valores deflacionados pelo IPCA. O crescimento da Receita Total,
observado em 2022, teve como principal fator a expansão da Receita Corrente, que acusou o mesmo
crescimento da Receita Total. As Receitas de Capital apresentaram um crescimento de 12,3% em
termos nominais e 2,7% em termos reais.
O bom desempenho da gestão orçamentária e financeira do Governo do Estado de São Paulo será
explicado ao longo do texto, quando todos os indicadores relevantes estiverem reunidos para avaliação
da gestão, e sob a perspectiva do cenário macroeconômico nacional. Nas linhas a seguir serão
comentados os principais traços desta gestão ao longo do ano de 2022, acrescidos das estatísticas e
indicadores que permitem a sua visualização e análise.
Receitas Correntes
No exercício de 2022, as receitas totais e as receitas correntes do Governo do Estado de São Paulo
cresceram, em termos reais, em 5,4%. Essas receitas são fortemente impactadas pelo ICMS, que
representa parcela significativa, em torno de 65% das Receitas Correntes, e que ao longo deste
exercício arrecadou 8,3% a mais que em 2021, em termos nominais, e houve retração real de 0,9%.
(Tabela 2)
Receita Tributária
A Receita Tributária, no exercício de 2022, apresentou um crescimento real de 1,1% em relação ao ano
anterior. Quando comparada com a receita inicial prevista na LOA de R$ 236,4 bilhões, superou em R$
7,5 bilhões, equivalente a um crescimento de 6,9%.
O ICMS, com uma arrecadação de R$ 204,0 bilhões em 2022, contra R$ 188,4 bilhões em 2021,
apresentou um crescimento nominal de 8,3%, no entanto apresentou uma retração real de 0,9%,
representando 81% da Receita Tributária e 65% da Receita Total em 2022. (Tabela 2)
2 Na seção 3 desta Introdução, dedicada ao Resultado Primário, se oferece um exame mais detalhado destas variáveis.
II
Relatório Anual do Governo do Estado | Exercício 2022 |Volume 1
Tabela 2 - Receitas Correntes
Como mostra o Gráfico 1, nos últimos anos, a receita de ICMS oriunda do setor de comércio e serviços
continua sendo a maior, sendo atualmente responsável por 41,2% da arrecadação total do tributo,
seguida pelas atividades industriais, que atualmente representam 38,7%.
A economia nacional registrou em 2022, conforme apurado pelo IBGE, um crescimento de 2,9% do PIB
do Brasil. Já o nível de atividade do Estado ficou muito próximo ao nacional, cresceu neste ano a uma
taxa de 2,8%, conforme apuração da Fundação SEADE. Como observado na Tabela 3, o crescimento
da receita arrecadada estadual no setor da Indústria apresentou uma variação positiva de 3,2%, em
termos reais, comparada a 2021.
III
Relatório Anual do Governo do Estado | Exercício 2022 |Volume 1
Tabela 3 - Arrecadação do ICMS em Setores Selecionados
A contribuição deste tributo à Receita Tributária de São Paulo também se encontra em processo de
transição, não apenas pela tendência decrescente da participação paulista na produção e,
principalmente, nos licenciamentos de veículos automotores, como pela perda de espaço do veículo
individual na cesta de consumo das novas gerações. Para os efeitos da previsão do potencial de receita
do Estado é o primeiro fenômeno o que interessa.
Por três anos o mercado automotivo nacional andou de lado, enquanto as vendas globais chegaram a
encolher. Foi um período difícil, marcado pela pandemia e seus efeitos em cascata, em especial no
tocante à quebra na cadeia de fornecimento e à crise global dos semicondutores. Analisando a série
histórica, no período compreendido entre 1990 e 2020, a produção de veículos aumentou 2,2 vezes,
enquanto em São Paulo este crescimento foi 1,2 vezes. Ou seja, enquanto no país a produção duplicou,
em São Paulo manteve a produção um pouco maior comparada a 1990. A participação percentual do
Estado de SP na produção automotiva do país caiu de 74% em 1990, para 40,8% em 20203. Por outro
lado, no que tange ao número de licenciamento de veículos novos (nacionais e importados) por unidade
da federação, os dados disponíveis correspondem aos dois últimos exercícios 2021 e 2022. Em 2022,
no Brasil como um todo, o número de licenciamentos apresentou uma retração de 0,7% em relação a
2021, e no mesmo período em São Paulo houve um crescimento de 12,6%. Entre um exercício e outro
a participação de São Paulo no total de licenciamentos cresceu de 21,4% para 24,3%4.
Outro destaque na categoria da Receita Tributária é o Imposto sobre a Renda - Retido na Fonte - IRPF
com arrecadação de R$ 11,7 bilhões, correspondendo a 4,6% desta categoria;
IV
Relatório Anual do Governo do Estado | Exercício 2022 |Volume 1
Em relação ao exercício de 2021, verificou-se variação nominal positiva de 33,7% e real de 22,4%, em
função, principalmente, dos reajustes salariais concedidos nos termos da Lei Complementar nº 1.373,
de 30 de março de 2022.
A Receita Patrimonial (Tabela 5) apresentou um crescimento real de 40%, em relação a 2021, motivada
por diversos fatores, entre os que se incluem: a) aumento da receita derivada da Cessão de Direitos
Operacionais, com o ingresso da 2ª parcela da renovação do Contrato Banco do Brasil no valor de R$
2,5 bilhões; b) a receita oriunda de aplicações financeiras apresentou um crescimento real de 255,1%,
atribuído ao aumento das taxas de juros e elevado saldo de caixa exercício de 2022.
V
Relatório Anual do Governo do Estado | Exercício 2022 |Volume 1
As Transferências Correntes apresentaram um crescimento real de 44,5% (Tabela 6) em relação ao
ano anterior. Em 2022, como medida para compensar a perda de receitas dos entes estaduais sobre a
redução do ICMS nos combustíveis, foram promulgadas a Lei Complementar nº 194, de 23 de junho
de 2020 e a Emenda Constitucional nº 123, de 14 de julho. No caso, para o Governo do Estado de SP
os auxílios financeiros em 2022 foram de R$ 4,6 bilhões e R$ 1,9 bilhão respectivamente. Outra rubrica
que apresentou crescimento foi o de Royalties (incluídos em “Outras Transferências Correntes”), cujo
aumento foi de 40,3% em termos reais e arrecadação no valor de R$ 564 milhões decorrente do leilão
dos bônus dos excedentes do petróleo e do gás natural nos campos de Sépia e Atapu, áreas operadas
pela Petrobras na cessão onerosa do pré-sal da Bacia de Santos.
São os agregados das Receitas Agropecuárias, Industrial, Serviços e Outras Receitas Correntes que
perfazem um total de R$ 11,7 bilhões, representando em torno de 3,7% das Receitas Correntes, e que
ao longo deste exercício arrecadou 24,1% a mais que em 2021, em termos nominais, e houve
crescimento real de 13,6%. (Tabela 2)
Nesse conjunto, fica evidenciado com uma das principais receitas a Receita de Serviços e atividades
referentes à Saúde, no montante de R$ 2,6 bilhões, destacando-se nessa composição a rubrica
serviços de assistência à saúde (IAMSPE e Caixa Beneficente da Polícia Militar – CBPM no valor de
R$ 1,8 bilhão).
Como principal origem de receita em Demais Receitas Correntes, encontram-se as Outras Receitas
Correntes totalizaram R$ 6,5 bilhões, representando 1,88% do total das Receitas Correntes, com um
acréscimo de 53,54% em relação à arrecadação de 2021.
Dentre estas rubricas evidenciam-se Outras Receitas - Primárias com R$ 2,2 bilhões, correspondendo
a 33,14%, constituídas em grande parte por recursos de desvinculação de receitas de que trata a
Emenda Constitucional nº 93/2016. Destaca-se também a receita de Multas previstas em Legislação
Específica com um montante de R$ 1,9 bilhão, equivalendo a 28,93% do total da classe.
VI
Relatório Anual do Governo do Estado | Exercício 2022 |Volume 1
Receitas de Capital
Em 2022, as Receitas de Capital alcançaram o valor de R$ 6,5 bilhões, representando um crescimento
real de 2,7% em relação a 2021, decorrente do aumento da receita de Operações de Crédito que atingiu
o valor de R$ 3 bilhões em 2022, contra R$ 1,2 bilhão em 2021, representando um crescimento de
141,1% em termos reais (Tabela 7).
Foram contratadas 3 (três) novas operações de crédito em 2022, totalizando aproximadamente R$ 4,9
bilhões, a saber: (i) R$ 1,5 bilhão junto ao BNDES destinada aos aportes do Estado na PPP de
implantação da Linha 6 – Laranja do Metrô; (ii) US$ 550 milhões com a Corporação Andina de Fomento
-CAF para a Expansão da Linha 2 – Verde do Metrô (Trecho Vila Prudente – Penha); e US$ 79,9
milhões com o BID, destinado ao Programa Renasce Tietê. As receitas oriundas destes empréstimos
atingiram o total de R$ 785 milhões em 2022; os recursos serão desembolsados em até 5 anos.
Quanto às Outras Receitas de Capital, houve uma retração real de 31,6%, em função do ingresso de
valores provenientes de depósitos judiciais de R$ 2,9 bilhões em 2022, valor inferior a 2021, que foi de
R$ 4,2 bilhões. Estes valores têm destinação exclusiva para o pagamento de sentenças judiciais
(Tabela 7).
2. Despesas
O grupo de despesa, Pessoal e Encargos Sociais continua sendo o componente mais importante da
despesa, com uma participação na Despesa Total de 36,1%. No exercício em foco experimentou um
crescimento nominal de 17,3% e real de 7,3% (Tabela 8). O principal fator determinante do aumento
da despesa com Pessoal é a despesa com servidores inativos e pensionistas, que, no exercício
aumentou em 23,2%, em termos nominais, e 12,7%, em termos reais. Quanto aos gastos com
servidores ativos aumentaram 13,3% e 3,7%, quando descontado o IPCA.
VII
Relatório Anual do Governo do Estado | Exercício 2022 |Volume 1
A despesa de Custeio (Outras Despesas Correntes, excluídas as Transferências Constitucionais a
Municípios e Sentenças Judiciais), que representa o segundo componente em termos de importância
relativa, com aproximadamente 25,4% do total em 2022, encerrou o exercício com aumento de 21,3%,
em termos nominais, e 11%, em termos reais (Tabela 8).
As despesas com Sentenças Judiciais somaram R$ 7,7 bilhões, houve um decréscimo de 19,2%, em
termos nominais, e de 26,1%, em termos reais quando comparadas ao ano anterior.
O Serviço da Dívida teve um aumento de 7,7%, em termos nominais, e uma retração de 1,4%, em
termos reais, Nesse exercício, o aumento da dívida consolidada pode ser atribuído, principalmente, ao
acréscimo do estoque do Refinanciamento da Lei 9496/97 junto à União, em função da variação
negativa do CAM - Coeficiente de Atualização Monetária conforme Decreto Federal 8.616/2015.
VIII
Relatório Anual do Governo do Estado | Exercício 2022 |Volume 1
Despesa com Pessoal e Encargos Sociais
54,23% 53,86%
53,44% 52,84% Máximo
51,19% 51,30% Executivo
50,71%
49,00%
Todos os
46,28% 46,40% 45,48% Poderes
42,41% 42,03%
43,98% 43,43% 43,36% 44,40%
41,29%
39,40% 40,33% 38,69% 37,93% Poder
Executivo
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022
Nota: Posições acumuladas referentes ao 3º Quadrimestre (3Q).
Inclui em 2021 e 1Q22: Contratos de Terceirização. A partir de 2Q22: Estes contratos não integrarão os limites previstos no artigo 20 da LRF, conforme Decreto Legislativo nº 79,
de 30/06/2022 que susta a Portaria nº 377/2020 da STN/Ministério da Economia.
IX
Relatório Anual do Governo do Estado | Exercício 2022 |Volume 1
No exercício em foco, a Despesa com Pessoal (Tabela 8) experimentou um crescimento nominal de
17,3% e real de 7,3%.
O principal fator determinante do aumento da Despesa com Pessoal foi reajuste salarial ao
funcionalismo público estadual de SP de aumento de 20% para servidores da Saúde e da Segurança
e 10% para as demais áreas, conforme a Lei Complementar nº 1.373, de 30 de março de 2022, os
pagamentos foram retroativos à data-base de 1º de março de 2022. A valorização das carreiras do
funcionalismo paulista foi possível graças a uma série de medidas fiscais e de enxugamento da
máquina pública, além da atração de novos investimentos, adotada no início desta gestão. A reforma
estadual da Previdência, o ajuste fiscal e o fechamento de estatais também permitiu ao Governo de SP
ampliar sua capacidade de investimento – com R$ 53,1 bilhões em 2021 e em 2022 – e reforçar
programas sociais, como o Bolsa do Povo, que recebeu R$ 926 milhões de recursos ao longo deste
ano.
O crescimento do número de servidores inativos é fator que continua penalizando as contas públicas
paulistas apesar das inovações introduzidas precocemente em São Paulo na gestão do passivo
previdenciário5. A elevação do número de inativos e da despesa correlata pelo Regime Próprio de
Previdência dos Servidores-RPPS absorve recursos crescentes do Estado. Entre 2014 e 2021, a
contribuição do Tesouro para a cobertura das despesas previdenciárias subiu de R$ 14,2 bilhões para
R$ 16,5 bilhões, uma variação acumulada de 16,4%. Em 2022 este item atingiu o valor de R$ 23,5
bilhões, o que representou um crescimento nominal de 3,4%, e uma retração real 5,4%. Houve o
ingresso de outras fontes de financiamento do RPPS, como os Royalties - resultado ou compensação
financeira pela exploração de petróleo e gás natural (Lei nº 16.004/2015) no valor de R$ 3,7 bilhões e
R$ 865 milhões de superávit financeiro (Lei Estadual nº 17.293/2020 e Decreto nº 65.350/2020).
Segundo estatísticas da SPPREV-São Paulo Previdência, entidade gestora única do Regime Próprio
de Previdência dos Servidores Públicos, em 2011 a população de inativos e pensionistas era de
335.294, porém entre 2014 e 2022, a quantidade de inativos e pensionistas aumentou de 409.285 para
488.693
A gestão da Despesa de Pessoal acima descrita permitiu continuar com os indicadores bastante
razoáveis e dentro dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal, principalmente no Poder Executivo.
Como mostram a Tabela 9 e Gráfico 2, durante os últimos exercícios, as Despesas com Pessoal em
relação à Receita Corrente Líquida (RCL) têm se mantido em nível não só inferior ao limite máximo,
mas também ao limite prudencial.
Custeio
O Custeio, equivalente ao conjunto das Outras Despesas Correntes exceto transferências
constitucionais a municípios e sentenças judiciais (despesas correntes), continua sendo o segundo
componente relevante das Despesas Correntes em 2022, e representou 28,8% da Despesa Corrente
e 25,4% da Despesa Total. Em 2022, o Custeio foi de R$ 79,1 bilhões, valor que representou um
crescimento nominal de 21,3% e real de 11% em relação ao ano de 2021 (Tabela 8).
Esta rubrica impõe fortes desafios à gestão financeira, devido à heterogeneidade dos bens e serviços
envolvidos e a complexidade inerente aos contratos que pautam as relações entre os fornecedores e
provedores destes bens e serviços e as autoridades responsáveis pela administração estadual em cada
setor. Nesta conta se incluem bens e serviços adquiridos pelo setor público paulista com o intuito de
levar adiante as suas atividades típicas de governo, assim como serviços, insumos e materiais diversos,
que são oferecidos de forma direta ou através de instituições do setor privado, visando a concretização
de ações de interesse público e o atendimento de necessidades da sociedade em geral.
5Estas foram a criação da São Paulo Previdência (SPPREV) em 2007 e da Previdência Complementar (SPPREVCOM) em 2011. Em 2020, houve
a Reforma da Previdência SP: Lei Complementar nº 1.354, de 06/03/2020, dispõe sobre as aposentadorias e pensões do Regime Próprio de
Previdência dos Servidores Públicos. Cf. https://www.al.sp.gov.br/norma/193281
X
Relatório Anual do Governo do Estado | Exercício 2022 |Volume 1
A decomposição da despesa por tipo de gasto (elementos da despesa), apresentada na tabela 10,
ilustra de forma complementar a direção adotada pela administração, no sentido de manter a política
de ajuste com foco, não exclusivo, mas importante, nas despesas de custeio com alguma margem de
discricionariedade.
Devem ser destacadas também as políticas públicas estaduais para minorar os efeitos da pós
pandemia na população carente mais atingida através da concessão de auxílios e bolsas (Lei nº 17.372,
de 26/05/2021 - Bolsas do Povo: Bolsa Trabalho, Via Rápida Econômico, Via Rápida 18, Vale Gás,
Educação Centro Paula Souza, SP Acolhe, Acolhe Saúde, Talento Esportivo, Vidativa). Esses gastos
foram registrados na rubrica “outros auxílios a pessoa física”, que representou um crescimento nominal
de 72% e real de 57,4% em relação ao ano de 2021, passando de R$ 538 milhões para R$ 926 milhões.
Outros itens e que somados equivalem a mais da metade (54%) do Custeio total merecem menção
como: o crescimento de 12,9% em termos reais nos gastos com serviços terceirizados/contratos de
gestão; as transferências voluntárias aos Municípios, que aumentaram 92,8%, em termos reais; as
indenizações e restituições (ressarcimento de gratuidades de transporte, custeio de diligências dos oficiais de justiça, etc),
que aumentaram 142,4%, em termos reais; o material de consumo, que aumentou 9,3%, em termos
reais; e as despesas de TI, que aumentaram 4,4%, em termos reais.
A despesa de contribuições registrou uma retração real de 10,5%, no período. Trata-se de um item que
representa 13,5% do Custeio e com forte correlação com a arrecadação de receitas base do FUNDEB.
O desempenho geral da despesa de Custeio por áreas de gasto (Tabela 11) continua mostrando a
predominância do gasto nas áreas de Saúde e Educação, que absorvem mais da metade da despesa
de Custeio do Estado em 2022, com percentuais de 28,4%, no caso da Saúde, e de 22,9%, no caso da
Educação.
XI
Relatório Anual do Governo do Estado | Exercício 2022 |Volume 1
Tabela 11 - Custeio – Por Órgãos
Despesas de Capital
Em 2022, o total das Despesas de Capital foi de R$ 37,2 bilhões, valor que representou um crescimento
nominal de 8,2% e uma retração real de 0,9% em relação ao ano de 2021 (Tabela 8).
Este resultado teve como principal fator determinante o aumento dos gastos com Amortizações da
Dívida6, que no exercício em análise experimentaram aumento nominal de 6,2% e uma retração real
de 2,8%, e o aumento significativo dos Investimentos, que apresentaram crescimento real de 26,4%.
6Os comentários tecidos nesta irão se concentrar nas despesas com Investimentos, a descrição mais detalhada das despesas associadas com
a Dívida será apresentada mais adiante, na seção 4.
XII
Relatório Anual do Governo do Estado | Exercício 2022 |Volume 1
Os Investimentos das Empresas Estatais Não-Dependentes com Recursos Próprios também
aumentaram de R$ 5,0 bilhões, em 2021, para R$ 5,8 bilhões, com um crescimento nominal de 17,2%
e real de 7,3%. Os maiores gastos concentraram-se na SABESP; CDHU; DESENVOLVE SP;
PRODESP e EMAE.
O total dos Investimentos do Setor Público Estadual somaram R$ 33,5 bilhões ante R$ 30,4 bilhões do
ano anterior, o que correspondeu a um crescimento real de 0,8% (Tabela 12).
Transportes Metropolitanos:
Logística e Transporte:
• Programa de Investimento Rodoviário do Estado de São Paulo - Fase II (R$ 523,7 milhões); e
• Nova Rodovia Tamoios – Contornos Norte e Sul (R$ 393,4 milhões).
Os recursos que permitiram concretizar os investimentos durante o ano são oriundos de operações de
crédito de longo prazo, contratadas com as seguintes instituições financeiras: Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); Banco Interamericano de Desenvolvimento BID; e
Corporação Andina de Fomento - CAF.
XIII
Relatório Anual do Governo do Estado | Exercício 2022 |Volume 1
3. Resultado Primário
O Resultado Primário em 2022 foi de R$ 21,2 bilhões, calculado segundo o regime de caixa, conceito
adotado a partir de 2018 em virtude de orientação normativa do Governo Federal 7. Este resultado foi
bem superior à meta revista na LDO/2023 para o exercício de 2022, que foi de R$ 13,3 bilhões,
superada em 159% do valor efetivo. Já comparado ao resultado primário de 2021, teve um decréscimo
da ordem de 49,5%, em termos nominais, e 53,8% em termos reais (Tabela 13). Isto demonstra que a
gestão orçamentária e financeira do Governo do Estado de São Paulo continuou sendo eficaz, também
em 2022, em termos de ter atingido seus objetivos nesta importante meta de política fiscal responsável
seguida ao longo dos últimos anos.
Ao longo deste período, como já comentado nas primeiras linhas desta Introdução, houve uma
mudança sensível no quadro macroeconômico geral do país, o que se retrata na distância entre as
hipóteses que serviram de base para as metas estabelecidas na LDO e as metas que efetivamente
poderiam ser alcançadas no novo contexto. Os números a seguir servem como ilustração: a taxa de
crescimento do PIB paulista utilizada na reprogramação do Resultado Primário de 2022 (LDO/2023) foi
de 0,5%, enquanto a taxa efetivamente alcançada foi de 3,0%. A Receita Primária e a Despesa Primária
superaram a previsão em 9,3% e 6,9% respectivamente. Em destaque, a arrecadação do ICMS foi de
3,0% maior que a previsão.
7 Em 2018, deixou-se de utilizar o modelo do Manual de Demonstrativos Fiscais, MDF, 7ª edição, que estabelecia o critério abaixo da linha
para o “Resultado Primário por Regime de Competência”, tendo-se adotado o modelo MDF da 8ª edição, que recomenda o método acima
da linha para o “Resultado Primário por Regime Caixa”: receitas primárias arrecadadas deduzidas as despesas primárias pagas.
8 A LDO 2022 foi apresentada à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo em 30 de abril de 2021 (Projeto de Lei nº 265/2021) e aprovada
cf. https://www.al.sp.gov.br/norma/201644
XIV
Relatório Anual do Governo do Estado | Exercício 2022 |Volume 1
4. Dívida
A Dívida Contratual em 31/12/2022 totalizou R$ 303,4 bilhões, apresentando um crescimento nominal
de 2,76% em relação ao saldo existente de R$ 295,3 bilhões em 31/12/2021, considerando o
pagamento das amortizações do principal da dívida em 2022 no valor de R$ 9,5 bilhões e as liberações
de Operações de Crédito em 2022 no valor de R$ 3,0 bilhões. A Dívida Consolidada como proporção
da RCL, teve a razão de 1,631 observada em 31/12/2021, reduzida para 1,448 ao final de 2022. Já a
Dívida Consolidada Líquida como proporção da RCL, teve a razão de 1,267 observada em 31/12/2021
e 1,154 ao final de 2022 (Tabela 14).
O Refinanciamento com a União no âmbito da Lei 9.496/97 teve um crescimento em 2022 de 4,67%,
passando de R$ 245,0 bilhões em 31/12/2021, para R$ 256,4 bilhões em 31/12/2022. Esse crescimento
da dívida renegociada, que representa 84,50% do total da Dívida Contratual, deveu-se à correção
acumulada em 2022 de 7,2%, aplicada ao saldo devedor, pelo Coeficiente de Atualização Monetária
(CAM) conforme estabelecido no Decreto nº 8.616, de 29 de dezembro de 2015, e à amortização do
principal da dívida de R$ 5,9 bilhões.
As demais dívidas contratuais internas (não indexada ao câmbio), que representa 4,12% da Dívida
Contratual, teve um crescimento de 3,10%, considerando liberações de Operações de Crédito no valor
de R$ 1,4 bilhão, amortizações do principal da dívida de R$ 1,4 bilhão, correção monetária de R$ 0,4
bilhão, passando de R$ 12,1 bilhões em 31/12/2021, para R$ 12,5 bilhões em 31/12/2022.
10Conforme dados fornecidos pelo Departamento da Gestão da Dívida e Haveres do Estado - DGDH, da Coordenadoria da Administração
Financeira - CAF, da Subsecretaria do Tesouro Estadual da Secretaria da Fazenda e Planejamento.
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Relatório Anual do Governo do Estado | Exercício 2022 |Volume 1
Tabela 14 - Dívida Consolidada Líquida
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Relatório Anual do Governo do Estado | Exercício 2022 |Volume 1
5. Programa de Apoio à Reestruturação e ao Ajuste Fiscal (PAF) e
Capacidade de Pagamento (CAPAG)
A Lei Federal nº 9.496/97, alterada pela Lei Complementar nº 148 de 2014 e nº 156 de 2016, estabelece
metas, compromissos e ações a serem alcançados pelo Estado, por meio do Programa de
Reestruturação e Ajuste Fiscal (PAF). A partir de 2017, o PAF adotou os conceitos e as definições
da Lei de Responsabilidade Fiscal, estabelecendo metas e compromissos quanto a: I - dívida
consolidada; II - resultado primário; III - despesa com pessoal; IV - receitas de arrecadação própria; V
- gestão pública; e VI - disponibilidade de caixa. O PAF é renovado anualmente, estabelecendo metas
para o ano corrente e projeções para os dois anos subsequentes.
A partir do exercício de 2018 foi incorporado o 10º Termo Aditivo do PAF, envolvendo parâmetros
relativos ao limite de variação da despesa primária corrente, em consonância com o Teto de Gastos
(para o exercício de 2018 e 2019) adotado pela administração federal como parte de seus eixos de política
fiscal, e que o Estado de São Paulo sancionou em decorrência dos acordos de renegociação da dívida
com a União, tanto em 2018 como em 2019, o Teto de Gastos não foi ultrapassado.
Em outubro de 2022, o Governo do Estado de São Paulo encaminhou Relatório correspondente à 18ª
Revisão do PAF11, informando sobre o estado das contas públicas e as metas revistas. O desempenho
do Estado de São Paulo em relação a estes indicadores, ainda em avaliação por parte da Secretaria
do Tesouro Nacional, foi satisfatório no exercício em análise. Os resultados dos indicadores de 2022
incluídos nesta Introdução confirmam que o Governo do Estado conseguiu atender estas diretrizes.
Entre estas vale a pena destacar as metas 1-Dívida Consolidada/Receita Corrente Líquida, e a meta
2-Resultado Primário. Pode-se constatar em ambos os casos que as metas foram alcançadas e
superadas. No caso da primeira, o resultado foi de 144,84% contra uma meta equivalente ao valor
máximo de 153,34%, e no caso da segunda, com resultado de R$ 21,2 bilhões contra uma meta
equivalente ao valor mínimo de R$ 13,3 bilhões.
Em 2022, já com base na nova metodologia CAPAG, o Estado de São Paulo manteve a classificação
“B”12, o que lhe permite a contratação de operações de crédito com garantia da União.
SP B B B
11 Para maiores detalhes sobre as metas fixadas de 2022 e projeções de 2023 e 2024 do PAF (18ª revisão) podem ser encontrados em
https://sisweb.tesouro.gov.br/apex/f?p=2501:9::::9:P9_ID_PUBLICACAO_ANEXO:18452, disponível no portal da Secretaria do Tesouro
Nacional - STN.
12 O índice de Poupança Corrente - CAPAG de 89,6% é vigente para o exercício de 2022. A apuração preliminar para o exercício de 2023
aponta para 87,7%, podendo sofrer alterações com a apuração definitiva da STN.
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