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Como desenvolver a fundamentação teórica do paper.

(Adaptado de QUINTELA, Amilton. 3 exemplos de Fundamentação Teórica para


usar no seu TCC. 23 jan. 2017. Disponível em:
http://www.comomontartcc.com.br/referencial-teorico-de-tcc/3-exemplos-de-
fundamentacao-teorica-para-usar-no-seu-tcc/. Acesso em: 20 jan. 2020.)

A fundamentação teórica serve para apresentar os conceitos centrais da sua pesquisa. Com
um detalhe: você vai apresentar os conceitos centrais da sua pesquisa com base no que
outros autores dizem.
Para resumir e deixar bem claro: Fundamentação Teórica ou Referencial Teórico é
apresentar os conceitos centrais do seu paper com base no que outros autores dizem
e escrevem sobre o assunto.
Não é o que você pensa sobre os conceitos, mas o que autores renomados e reconhecidos
pensam. A questão é que tomar com base outros autores e o que foi escrito antes sobre os
conceitos centrais do seu trabalho é a essência de uma produção científica.
PASSO 1: Identifique o seu conceito ou conceitos centrais.
Como você identifica o conceito central do seu paper? Olhando o seu tema, problema de
pesquisa e objetivos. A estrutura básica de um paper é o conjunto formado pelo tema,
problema de pesquisa e objetivos geral e específicos. E é esse conjunto que vai deixar
claro para você que conceitos centrais ou conceito central você deverá trabalhar na sua
Fundamentação Teórica. Para ficar claro e cristalino, vamos ao exemplo!
Lembre-se, o importante aqui não é se o tema é igual, semelhante ou diferente do tema
do seu paper. O importante é entender a técnica e aplicar ao seu conteúdo. Então, vamos
lá.
Digamos que o tema do paper é: Novas mídias e o processo de aprendizagem. Você
sabe que o tema é apenas um ponto de partida. E não adianta nem mesmo pesquisar
referencial teórico, quanto mais tentar montar a fundamentação teórica apenas com o tema
nas mãos. Nós precisamos de mais! Nós precisamos de uma estrutura básica.

Como o foco aqui não é explicar como montar a estrutura básica, vamos partir de uma
pronta:

Tema: Novas mídias e o processo de aprendizagem.

Problema de pesquisa: Quais os principais impactos da utilização das novas mídias


no processo de aprendizagem em contexto escolar?

Objetivo Geral: Identificar os principais impactos da utilização das novas mídias no


processo de aprendizagem em contexto escolar.

Objetivos específicos: Conceituar novas mídias; conceituar processo de


aprendizagem; analisar os impactos das novas mídias no processo de aprendizagem
dos alunos do ensino médio.
Bons problemas de pesquisa são aqueles que relacionam variáveis ou conceitos. No caso
do nosso exemplo, quais são as variáveis ou conceitos relacionados?

Isso mesmo! NOVAS MÍDIAS e PROCESSO DE APRENDIZAGEM.

Isso porque o nosso problema de pesquisa quer saber: como as novas mídias afetam a
aprendizagem dos alunos. Portanto, nós vamos relacionar novas mídias e aprendizagem!
Simples assim.

Fica óbvio, então, que os conceitos centrais são NOVAS MÍDIAS e PROCESSO DE
APRENDIZAGEM. Portanto, para identificar os seus conceitos centrais, veja quais são
os itens ou variáveis que aparecem como essência do seu problema de pesquisa ou do
seu objetivo geral.

Agora RESPONDA: Adianta começar a mostrar para o leitor do seu paper como as
novas mídias influenciam a aprendizagem, se esse leitor não sabe o que são novas
mídias e o que é aprendizagem?

Da mesma forma: Adianta explicar como alguns métodos didáticos promovem inclusão
escolar, se o leitor do seu trabalho não tem a mínima ideia do que é um método didático
e do que vem a ser inclusão escolar? Adianta mostrar ao leitor como o
empreendedorismo sustentável gera emprego, se ele não sabe nem o que raios é
empreendedorismo?

E a resposta para A PERGUNTA é claro que NÃO! Não adianta relacionar conceitos que
o seu leitor não conhece.

Então… olha só! É para isso que a Fundamentação Teórica serve. Para explicar os
assuntos centrais que serão tratados ao longo do seu trabalho. Mas explicar com base no
que você pensa ou acha? Claro que não! Explicar com base no que outros autores já
estudaram e produziram sobre o assunto.

Agora que você já sabe como identificar o conceito ou conceitos centrais do seu paper,
vamos à montagem do conteúdo da sua Fundamentação Teórica.

PASSO 2: Monte o seu roteiro.

Quer produzir um texto com segurança, tranquilidade e produtividade? Faça


um ROTEIRO! E isso vale para todos os capítulos do trabalho. Portanto, também vale
para os exemplos de Fundamentação Teórica.

Montar um roteiro é criar uma estrutura de tópicos para o desenvolvimento do seu texto
e, no caso da Fundamentação Teórica.

Roteiro para sua Fundamentação Teórica:

• Histórico do conceito/conceitos centrais;


• Apresentação de abordagens de diferentes autores;
• Análise comparativa dos autores.
Vou explicar o roteiro recorrendo ao nosso exemplo: NOVAS MÍDIAS e PROCESSO
DE APRENDIZAGEM.

Exemplos de Fundamentação Teórica – roteiro padrão para os conceitos centrais NOVAS


MÍDIAS e APRENDIZAGEM:

• Histórico do conceito/conceitos centrais – neste tópico, a gente conta a história


das Novas Mídias: como surgiram, como se desenvolveram, como se
transformaram ao longo do tempo e como chegam ao contexto atual.
• Apresentação de abordagens de diferentes autores – neste tópico, a gente
conceitua, ou seja, define novas mídias, com base em citações de diferentes
autores, com abordagens semelhantes, complementares ou mesmo divergentes.
• Análise comparativa dos autores – neste tópico, a gente compara os diferentes
conceitos e abordagens dos autores citados no tópico anterior.

E o processo de Aprendizagem? É só seguir o mesmo roteiro:

• Histórico do processo de aprendizagem;


• Apresentação de conceitos e abordagens de diferentes autores sobre o processo de
aprendizagem;
• Análise comparativa dos conceitos e abordagens dos autores citados no tópico
anterior.

Aposto que você quer ver esse roteiro aplicado. Na prática mesmo, não é?! Então, vamos
lá!

PASSO 3: Escreva a sua Fundamentação Teórica com base no seu roteiro.

Para mostrar como é prático montar uma fundamentação teórica com base em um bom
roteiro, eu vou produzir um texto agora, de improviso, com autores e conteúdos fictícios.
Lembre-se de que, no caso do seu paper, quando você for construir a sua Fundamentação
Teórica, você já fez a sua pesquisa de referencial teórico.

Para exemplificar, vou produzir apenas um trecho de texto e não um referencial inteiro.
A ideia é mostrar a estrutura de argumentos ordenados em uma Fundamentação Teórica.
Você só vai precisar adaptar ao seu conteúdo e, obviamente, usar um volume maior de
citações e referenciais. O recomendado é que você utiliza de 5 a 7 autores diferentes para
cada conceito central da sua Fundamentação Teórica, ok? No nosso exemplo, eu vou usar
três autores.

PASSO 4: Estrutura de argumentação segundo roteiro abaixo:

• Histórico do conceito/conceitos centrais – neste tópico, a gente conta a história


das Novas Mídias: como surgiram, como se desenvolveram, como se
transformaram ao longo do tempo e como chegam ao contexto atual.
• Apresentação de abordagens de diferentes autores – neste tópico, a gente
conceitua, ou seja, define novas mídias, com base em citações de diferentes
autores, com abordagens semelhantes, complementares ou mesmo divergentes.
• Análise comparativa dos autores – neste tópico, a gente compara os diferentes
conceitos e abordagens dos autores citados no tópico anterior.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

As mídias tradicionais (mídia impressa, rádio e TV) já ocupam lugar


significativo em nossas vidas há várias décadas. Como ferramentas de transmissão
de informação e entretenimento e, sobretudo, como veículos de divulgação de
produtos e serviços, as mídias tradicionais exercem influência direta no
comportamento dos cidadãos e consumidores. Mas, no mundo contemporâneo,
estamos também expostos a novos modelos de comunicação, marcados pelo
surgimento das novas mídias.

Segundo Quintela (2016), as novas mídias são um resultado direto da


associação das mídias tradicionais à internet. Assim, elas surgem quando as
tecnologias informacionais se unem aos métodos de comunicação e se propagam a
partir da força da internet como veículo de transmissão de informações em tempo
real, de geração de conteúdos e de formação de opiniões (GONÇALVES, 2015). Às
opiniões de Quintela (2016) e Gonçalves (2015) associa-se a reflexão de Santos
(2017), que coloca como forças propagadoras das novas mídias a velocidade de
transmissão de informações e a possibilidade de interação entre as pessoas e os
conteúdos.

“As novas gerações não querem apenas ver um comercial, querem interagir
com a sua marca, produto ou conteúdo preferido” (SANTOS, 2017, p. 232). Com
base nas opiniões dos autores, é possível entender porque as novas mídias ocupam
espaço central na vida dos jovens em um mundo pós-moderno e como representam
elemento que não pode mais ser ignorado na composição dos processos de
aprendizagem humana. (Viu?! Aí está o Histórico do Conceito de Novas Mídias! O
primeiro tópico do roteiro montado para a nossa fundamentação teórica.
Surgimento, evolução e presença atual das novas mídias e, no final, eu ainda fiz um
link com o processo de aprendizagem! É claro que, em uma fundamentação teórica
completa, nós usaríamos mais texto e autores, mas a estrutura de argumentação
seria a mesma!)

Como visto anteriormente, é impossível negar a importância das novas


mídias como elemento central nos processos de comunicação e aprendizagem no
contexto social pós-moderno. (Sempre que você for mudar de um tópico do seu
roteiro para outro, faça uma TRANSIÇÃO, ou seja, ligue o conteúdo que está por
vir ao que você já disse, como eu acabei de fazer antes deste parêntese.) Mas, em
termos conceituais, o que são exatamente novas mídias? Soares (2001) conceitua as
novas mídias, de forma básica, como um termo genérico para designar qualquer
mídia não tradicional, equiparando-as a um novo meio de comunicação.

Para Sathler (2002), o conceito é mais profundo, e as novas mídias são os


meios de comunicação que reúnem a tecnologia (informacional e da informática) às
mídias. Ou seja, uma união entre “informática e comunicação” (SATHLER, 2002).
Santos (2017) complementa os conceitos anteriores adicionando a interação entre o
público (alvo da comunicação) e os conteúdos (insumo da comunicação) em um
processo acelerado de troca de informações como característica básica das novas
mídias.
Para os autores já citados, a internet é o fio condutor das novas mídias,
possibilitando a troca de informações e a interação entre públicos e conteúdos
através de e-mails, redes sociais e do marketing digital. Entretanto, para Silva
(2010), é preciso destacar o caráter transitório do conceito de novas mídias. Para
este autor, a internet, por exemplo, foi, durante um período, uma nova forma de
comunicação que associava tecnologia e mídia, mas, no contexto atual, já pode ser
classificada apenas como uma mídia (e não mais nova mídia), pois já não é um
veículo de informações que foge dos meios tradicionais, mas sim uma plataforma de
comunicação já arraigada aos hábitos das pessoas e grupos sociais.

(Viu?! Aí está a apresentação das abordagens de diferentes autores! O


segundo tópico do roteiro montado para a nossa fundamentação teórica. Não custa
lembrar: em uma fundamentação teórica completa, nós usaríamos mais texto e
autores, mas a estrutura de argumentação seria a mesma!)

Com base nas diferentes abordagens conceituais sobre novas mídias, é


possível notar semelhanças e diferenças nas reflexões dos autores que se debruçam
sobre esse tema. (Viu a TRANSIÇÃO?!) A maior parte dos autores que se dedicam
a estudar as novas mídias concordam que elas são novas plataformas de condução
de informações e conteúdos que fogem das chamadas mídias tradicionais e que
associam tecnologia e comunicação. Assim, a internet e sua capacidade de geração
rápida de conteúdo e de promoção de interação entre público e mensagem, seria o
maior exemplo de uma nova mídia. Incluindo os seus, digamos, subprodutos, como
as redes sociais, por exemplo.

Soares (2001), Sathler (2002) e Santos (2017) seguem essa linha de


argumentação. Entretanto, não se pode deixar de registrar que alguns autores, como
Silva (2010), não percebem a internet como um modelo de nova mídia, uma vez que
ela já alcançou um patamar de representatividade tão significativo em nosso
contexto social, que não mais permite que os seus mecanismos de comunicação (e-
mail e redes sociais, por exemplo) sejam classificados como novos meios de
comunicação.(Viu?! Aí está a análise comparativa das abordagens de diferentes
autores! O terceiro tópico do roteiro montado para a nossa fundamentação teórica.)
E por que não, para arrematar, já criar um link entre o conceito central de novas mídias e
os conceitos de aprendizagem? Veja isso:

Mesmo que se considerem as eventuais divergências de conceitos, o fato é que


não é mais possível desconsiderar as novas mídias como elementos que ocupam lugar
de destaque na dinâmica de aprendizagem de jovens e adolescentes. Assim… (e aqui
teria início a estrutura de roteiro – histórico, conceitos e análise comparativa – para
o processo de aprendizagem, nosso outro conceito central!)

Acadêmico, agora que você já sabe como desenvolver a fundamentação teórica


do paper, mãos a obra! Não esqueça que os autores que foram citados devem ser
referenciados de acordo com as normas da ABNT no final do trabalho no tópico
referências. Qualquer dúvida entre em contato conosco.

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