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03/05/20

Atualização Jurídica Semanal

Volume 1
Maio.2020
SUMÁRIO
1. Inovações Legislativas .................................................................................................................................................3

1.1 Lei nº 13.979, de 06 de fevereiro de 2020 ............................................................................................3

1.1.1 Objeto ............................................................................................................................................................3

1.1.2 Medidas de enfrentamento..................................................................................................................4

1.1.2.1 Sujeitos.......................................................................................................................................................5

1.1.2.2 Garantias às pessoas afetadas .........................................................................................................6

1.1.2.3 Serviços públicos e atividades essenciais ...................................................................................6

1.1.3 Dispensa de licitação ...................................................................................................................................7

1.1.4 Vigência .............................................................................................................................................................8

1.2 Medida Provisória nº 936 ..................................................................................................................................9

1.2.1 Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda ..........................................9

1.2.2 Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda ............................................9

1.2.3 Da redução proporcional de jornada de trabalho e de salário ............................................. 11

1.2.4 Da suspensão temporária do contrato de trabalho.................................................................... 11

1.3 Medidas Provisórias nº 944 e 946 .............................................................................................................. 12

1.3.1 MP nº 944...................................................................................................................................................... 12

1.3.2 MP nº 946...................................................................................................................................................... 13

1.4 Medida Provisória nº 955 ............................................................................................................................... 13

1.5 Medida Provisória nº 958 ............................................................................................................................... 14

2. Tribunais ........................................................................................................................................................................ 15

2.1 Supremo Tribunal Federal – STF ............................................................................................................. 15

2.1.1 Requisição de Respiradores ................................................................................................................... 15

2.1.2 Ação Direta de Inconstitucionalidade 6363 .................................................................................... 15


2.1.3 Ação Direta de Inconstitucionalidade 6341 .................................................................................... 16

2.2 Superior Tribunal de Justiça – STJ .............................................................................................................. 16

2.2.1 Auxílio emergencial ................................................................................................................................... 16

2.2.2 Prisão domiciliar .......................................................................................................................................... 16

2.3 Tribunal Superior Eleitoral – TSE ................................................................................................................. 17

2.3.1 Alteração no cadastro eleitoral ............................................................................................................ 17

2.4 Tribunal de Contas da União – TCU .......................................................................................................... 18

2.4.1 Plano de acompanhamento de ações ............................................................................................... 18

2.5 Justiça Federal da 1ª Região ......................................................................................................................... 18

2.5.1 Pagamento de consignados .................................................................................................................. 18

QUADRO SINÓTICO ..................................................................................................................................................... 20

LEGISLAÇÃO COMPILADA............................................................................................................................................ 22

JURISPRUDÊNCIA ............................................................................................................................................................ 23

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................................................. 25


IMPACTOS DO CORONAVÍRUS

Volume 1 – Maio/2020

Neste capítulo abordar-se-ão os principais impactos da pandemia de coronavírus e suas medidas


de contenção no universo jurídico. Serão elencadas as decisões mais marcantes dos Tribunais

Superiores, assim como aquelas que assumem relevo nacional. Também serão destacadas as
normas de maior destaque nesse contexto.

Vamos juntos!

1. Inovações Legislativas

1.1 Lei nº 13.979, de 06 de fevereiro de 2020

1.1.1 Objeto

A lei em epígrafe cuida das medidas de enfrentamento à pandemia. Já em seu artigo 1º,
esclarece que o período considerado como de “emergência de saúde pública” será fixado através
de ato do Ministro da Saúde e não poderá superar o estabelecido pela Organização Mundial

da Saúde – OMS.

O artigo 2º elucida alguns conceitos que constantemente se confundem. O dispositivo


esclarece a diferença entre “isolamento” e “quarentena”. Isolamento consiste na separação de

pessoas e/ou coisas contaminadas, visando evitar a propagação do vírus. Quarentena, por sua
vez, diz respeito à restrição de atividades e à separação de pessoas e/ou coisas suspeitas de

contaminação, para impedir possível propagação do vírus.

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Art. 2º, Lei nº 13.979/20. Para fins do disposto nesta Lei, considera-se:

I - isolamento: separação de pessoas doentes ou contaminadas, ou de bagagens, meios de

transporte, mercadorias ou encomendas postais afetadas, de outros, de maneira a evitar a


contaminação ou a propagação do coronavírus; e

II - quarentena: restrição de atividades ou separação de pessoas suspeitas de contaminação

das pessoas que não estejam doentes, ou de bagagens, contêineres, animais, meios de
transporte ou mercadorias suspeitos de contaminação, de maneira a evitar a possível

contaminação ou a propagação do coronavírus.

Parágrafo único. As definições estabelecidas pelo Artigo 1 do Regulamento Sanitário


Internacional, constante do Anexo ao Decreto nº 10.212, de 30 de janeiro de 2020, aplicam-se

ao disposto nesta Lei, no que couber.

1.1.2 Medidas de enfrentamento

O artigo 3º da lei em estudo traz rol meramente exemplificativo de medidas que podem

ser adotadas, no âmbito de competência de cada autoridade, para enfrentamento da pandemia,


São elas:

 Isolamento;

 Quarentena;
 Determinação de realização compulsória de exames médicos, testes laboratoriais,
coleta de amostras clínicas, vacinação e outras medidas profiláticas ou tratamentos

médicos específicos;
 Estudo ou investigação epidemiológica;

 Exumação, necropsia, cremação e manejo de cadáver;

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 Restrição excepcional e temporária, conforme recomendação técnica e fundamentada
da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, por rodovias, portos ou aeroportos de

entrada e saída do País e locomoção interestadual e intermunicipal;


 Requisição de bens e serviços de pessoas naturais e jurídicas, hipótese em que será

garantido o pagamento posterior de indenização justa; e


 Autorização excepcional e temporária para a importação de produtos sujeitos à
vigilância sanitária sem registro na Anvisa, desde que registrados por autoridade

sanitária estrangeira e previstos em ato do Ministério da Saúde.

Quanto à medida de restrição à locomoção interestadual e intermunicipal, cumpre


salientar que fora alterada pela MP nº 926/20. Como será visto em tópico específico mais

adiante, a mencionada MP foi alvo da Ação Direta de Inconstitucionalidade 6341.

Nesta ADI firmou-se o entendimento de que as medidas adotadas pelo Governo Federal
não afastam a competência concorrente dos demais entes federativos, no que tange às medidas

de polícia sanitária.

Outra questão que merece destaque quanto a este ponto, está insculpida no §6º do
mesmo dispositivo. Dispõe o parágrafo que a referida medida constará de ato conjunto dos
Ministros de Estado da Saúde, da Justiça e Segurança Pública e da Infraestrutura.

Saliente-se, ainda, que “será considerado falta justificada ao serviço público ou à


atividade laboral privada o período de ausência decorrente das medidas” discriminadas acima
(artigo 3º, §3º, Lei nº 13.979/20).

1.1.2.1 Sujeitos
Quanto aos sujeitos autorizados à adoção de tais medidas, o §7º do dispositivo esclarece
esta questão. Neste sentido, o Ministro da Saúde pode adotar quaisquer das medidas acima

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elencadas. Já os gestores locais de saúde, estão aptos a adotar, desde que autorizados pelo
Ministério da Saúde, medidas relacionadas ao isolamento; à quarentena; à exumação, necropsia,

cremação e manejo de cadáver; à restrição de entrada e saída do País; e à autorização para a


importação de produtos sem registro na Anvisa.

Por fim, independentemente de autorização do Ministério da Saúde, os gestores locais

de saúde podem tomar providências ligadas à determinação de realização compulsória de


exames médicos, testes laboratoriais, coleta de amostras clínicas, vacinação ou tratamentos

médicos específicos; estudo ou investigação epidemiológica; e requisição de bens e serviços.

1.1.2.2 Garantias às pessoas afetadas


O artigo 3º, §2º, da Lei nº 13.979/20 determina que as pessoas afetadas pelas medidas

de contenção da pandemia terão:

 O direito de serem informadas permanentemente sobre o seu estado de saúde e


a assistência à família conforme regulamento;
 O direito de receberem tratamento gratuito; e
 O pleno respeito à dignidade, aos direitos humanos e às liberdades
fundamentais das pessoas, conforme preconiza o Artigo 3 do Regulamento
Sanitário Internacional, constante do Anexo ao Decreto nº 10.212, de 30 de janeiro
de 2020.

1.1.2.3 Serviços públicos e atividades essenciais


O §8º do mesmo artigo visa resguardar o exercício e o funcionamento de serviços públicos

e atividades essenciais diante da adoção das medidas previstas no artigo. Os ditos serviços
essenciais encontram-se disciplinados no Decreto nº 10.282/2020.

Dentre eles, pode-se destacar:

 Assistência à saúde, incluídos os serviços médicos e hospitalares;


 Assistência social e atendimento à população em estado de vulnerabilidade;
 Atividades de segurança pública e privada, incluídas a vigilância, a guarda e a
custódia de presos;
 Transporte intermunicipal, interestadual e internacional de passageiros e o
transporte de passageiros por táxi ou aplicativo;

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 Telecomunicações e internet;
 Produção, distribuição, comercialização e entrega, realizadas presencialmente ou
por meio do comércio eletrônico, de produtos de saúde, higiene, alimentos e
bebidas;
 Serviços funerários;
 Serviços postais;
 Atividades médico-periciais relacionadas com a seguridade social, compreendidas
no art. 194 da Constituição;
 Atividades de pesquisa, científicas, laboratoriais ou similares relacionadas com a
pandemia de que trata este Decreto;

Também o Decreto nº 10.288/2020 cuida do tema ao considerar as atividades e os


serviços relacionados à imprensa como essenciais.

É importante frisar que a sujeição ao cumprimento das medidas previstas no artigo 3º,
da Lei nº 13.979/20 é obrigatória e o descumprimento acarretará responsabilização, conforme

dispõe o §4º do mesmo artigo.

1.1.3 Dispensa de licitação


O artigo 4º da Lei cuida da licitação para aquisição de bens, serviços, inclusive de
engenharia, e insumos destinados ao enfrentamento da pandemia. O dispositivo estabelece que

as licitações nestas circunstâncias serão dispensáveis.

O §1º ressalva que esta dispensa é temporária, vigendo apenas enquanto perdurar a
emergência de saúde pública. O §3º, por sua vez, estabelece a possibilidade excepcional de

contratação de empresas que estejam com inidoneidade declarada ou com o direito de


participar de licitação ou contratar com o Poder Público suspenso. Tal possibilidade está adstrita

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à hipótese de se tratar, comprovadamente, de única fornecedora do bem ou serviço a ser
adquirido.

Ainda quanto às licitações, outros pontos merecem destaque:

 Esta aquisição não está adstrita a equipamentos novos (artigo 4º-A, Lei nº
13.979/20);
 A elaboração de estudos preliminares quando se tratar de bens e serviços comuns
está dispensada (artigo 4º-C, Lei nº 13.979/20);
 Diante da restrição de fornecedores, excepcionalmente e mediante justificativa, a
autoridade poderá dispensar a apresentação de documentação relativa à
regularidade fiscal e trabalhista ou, ainda, o cumprimento de um ou mais requisitos
de habilitação (artigo 4º-F, Lei nº 13.979/20).

Destaque-se que os contratos regidos por estas circunstâncias terão prazo de duração

de até seis meses e poderão ser prorrogados por períodos sucessivos, enquanto perdurar a
situação emergencial (artigo 4º-H, Lei nº 13.979/20).

Ademais, “a administração pública poderá prever que os contratados fiquem obrigados a

aceitar, nas mesmas condições contratuais, acréscimos ou supressões ao objeto contratado, em

até cinquenta por cento do valor inicial atualizado do contrato” (artigo 4º-I, Lei nº 13.979/20).

1.1.4 Vigência
Por fim, quanto à vigência da Lei nº 13.979/20, o artigo 8º esclarece que seu texto
vigorará enquanto perdurar o estado de emergência de saúde decorrente do coronavírus. O

mesmo dispositivo excetua as hipóteses disciplinadas no artigo 4º-H.

Como dito alhures, o artigo 4º-H estabelece o prazo de seis meses de vigência para os
contratos que visam à aquisição de bens, serviços e insumos necessários ao enfrentamento da

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pandemia. A lei em estudo entrou em vigor na data de sua publicação, qual seja 06 de fevereiro
de 2020.

1.2 Medida Provisória nº 936


Trata-se de Medida Provisória que institui o Programa Emergencial de Manutenção do
Emprego e da Renda, dispondo, também, sobre várias medidas trabalhistas complementares.

1.2.1 Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da


Renda
O referido Programa vigerá enquanto perdurar o estado de calamidade pública
decorrente da pandemia de coronavírus e tem como objetivos (artigo 2º):

 Preservar o emprego e a renda;


 Garantir a continuidade das atividades laborais e empresariais; e
 Reduzir o impacto social decorrente das consequências do estado de calamidade
pública e de emergência de saúde pública.

Em suma, segundo o artigo 3º da MP, as medidas deste Programa dizem respeito ao

pagamento do Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda, à redução


proporcional de jornada de trabalho e de salários e à suspensão temporária do contrato de

trabalho.

1.2.2 Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda


Sobre este ponto, o artigo 5º, da MP, esclarece algumas questões importantes:

 Será custeado com recursos da União;


 Será de prestação mensal e devido a partir da data do início da redução da jornada
de trabalho e de salário ou da suspensão temporária do contrato de trabalho;
o A primeira parcela será paga no prazo de trinta dias, contado da data da
celebração do acordo;
o Será pago exclusivamente enquanto durar a redução da jornada ou a
suspensão do contrato;
 Ato do Ministério da Economia disciplinará a forma de concessão e pagamento do
Benefício; e

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 O recebimento do Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda não
impede a concessão e não altera o valor do seguro-desemprego a que o empregado
vier a ter direito.

Quanto ao valor do benefício, o artigo 6º esclarece que ele “terá como base de cálculo o
valor mensal do seguro-desemprego a que o empregado teria direito”. O dispositivo ainda fixa

algumas diferenciações a depender da hipótese de recebimento.

Artigo 6º, I e II, MP nº 936/20

Redução de Jornada Será calculado aplicando-se sobre a base de cálculo o percentual da redução.

Terá valor mensal:


 Equivalente a cem por cento do valor do seguro-desemprego a que o
empregado teria direito, para suspensões com prazo máximo de
Suspensão do Contrato sessenta dias (art. 8º, caput, da MP); ou
 Equivalente a setenta por cento do seguro-desemprego a que o
empregado teria direito, para empresas com receita bruta superior a
R$ 4.800.000,00 (art. 8º, §5º, da MP).

O artigo 6º, §2º, por sua vez, colaciona as vedações ao recebimento do Benefício. Assim,
este não será devido ao empregado que esteja:

 Ocupando cargo ou emprego público, cargo em comissão de livre nomeação e


exoneração ou titular de mandato eletivo; ou
 Em gozo de benefício de prestação continuada do RGPS ou dos Regimes Próprios, exceto
pensão por morte ou auxílio-acidente (artigo 124, p.u., da Lei nº 8.213/91);
 Em gozo do seguro-desemprego, em qualquer de suas modalidades; ou
 Em gozo da bolsa de qualificação profissional de que trata o artigo 2º-A da Lei n°
7.998/901.

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Art. 2o-A, Lei n° 7.998/90. Para efeito do disposto no inciso II do art. 2o, fica instituída a bolsa de qualificação
profissional, a ser custeada pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT, à qual fará jus o trabalhador que estiver
com o contrato de trabalho suspenso em virtude de participação em curso ou programa de qualificação profissional
oferecido pelo empregador, em conformidade com o disposto em convenção ou acordo coletivo celebrado para
este fim. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001)
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1.2.3 Da redução proporcional de jornada de trabalho e de salário
Conforme estabelece o artigo 7º da MP, a redução da jornada pode se dar por até noventa
dias, desde que seja preservado o valor do salário-hora de trabalho; que haja pactuação por

acordo individual escrito entre empregador e empregado; e que haja redução da jornada de
trabalho e de salário, exclusivamente, em 25%, 50% ou 70%.

O restabelecimento da jornada e do salário ocorrerão no prazo de dois dias corridos,

contado (artigo 7º, parágrafo único, da MP):

 Da cessação do estado de calamidade pública;


 Da data estabelecida no acordo individual como termo de encerramento do período e
redução pactuados; ou
 Da data de comunicação do empregador que informe ao empregado sobre a sua decisão
de antecipar o fim do período de redução pactuado.

1.2.4 Da suspensão temporária do contrato de trabalho


A suspensão do contrato durante o período de calamidade pode se dar pelo prazo máximo

de sessenta dias, fracionável em até dois períodos de trinta dias. A referida suspensão, dar-se-
á por acordo individual escrito entre empregador e empregado, conforme disciplina do artigo

8º, §1º, da MP.

Sobre a forma na qual será efetuada a pactuação acerca da suspensão temporária do


contrato de trabalho, o Supremo Tribunal Federal foi chamado a se pronunciar na ADI 6363,
ajuizada pelo partido Rede Sustentabilidade, a qual será melhor explorada em tópico específico.

Na Ação Direta de Inconstitucionalidade mencionada, argumentou-se a necessidade de


comunicação aos sindicatos para referendo das medidas discriminadas na MP nº 936. Todavia,
o Pleno do STF entendeu incabível tal comunicação, apontando para a realização de tais medidas

por intermédio de acordos individuais.

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Durante o período de suspensão, o empregado fará jus a todos os benefícios concedidos
pelo empregador e ficará autorizado a recolher para o RGPS, como segurado facultativo (artigo
8º, §2º, da MP). Se durante o período de suspensão temporária do contrato de trabalho o
empregado mantiver as atividades de trabalho, por meio de quaisquer espécies de trabalho
remoto, ficará descaracterizada a suspensão temporária do contrato de trabalho, sujeitando
o empregador a alguns ônus, como (artigo 8º, §4º, da MP):
 Pagamento imediato da remuneração e dos encargos sociais referentes a todo o período;
 Imposição de penalidades previstas na legislação;
 Imposição de sanções previstas em convenção ou em acordo coletivo.

O artigo 10 da MP assegura ao empregado que receber o Benefício Emergencial garantia

provisória no emprego:

 Durante o período acordado de redução da jornada de trabalho e de salário ou de


suspensão temporária do contrato de trabalho; e
 Após o restabelecimento da jornada de trabalho e de salário ou do encerramento da
suspensão temporária do contrato de trabalho, por período equivalente ao acordado
para a redução ou a suspensão.

Não se aplicando tal garantia às hipóteses de dispensa a pedido ou por justa causa do

empregado. O dispositivo ainda garante ao empregado dispensado sem justa causa o


pagamento de indenização, além das parcelas rescisórias.

O tempo máximo de redução de jornada e de de suspensão do contrato, ainda que

sucessivos, não poderá ser superior a noventa dias, resguardado o prazo de sessenta dias para
a suspensão do contrato (artigo 16 da MP).

1.3 Medidas Provisórias nº 944 e 946


1.3.1 MP nº 944

Com entrada em vigor no início de abril, a MP nº 944, institui o Programa Emergencial de

Suporte a Empregos. Trata-se de um projeto destinado à realização de operações de crédito


com empresários, sociedades empresárias e sociedades cooperativas, salvo as exceções
estabelecidas na própria Medida Provisória (artigo 1º, MP nº 944), desde que contem com uma

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receita bruta anual, calculada com base no exercício de 2019, que seja superior a trezentos e
sessenta mil reais, e igual ou inferior a dez milhões de reais (artigo 2º, MP nº 944).

Saliente-se que o Programa em comento deve ser utilizado pela instituição financeira apenas
para o processamento das folhas de pagamento dos contratantes (artigo 3º, MP nº 944),

devendo observar políticas próprias de crédito e podendo considerar eventuais restrições que

lhe sejam estabelecidas (artigo 6º, MP nº 944).

1.3.2 MP nº 946
Quatro dias após o início da vigência da MP nº 944, foi publicada a MP nº 946, extinguindo
o Fundo PIS-Pasep e transferindo o seu patrimônio para o Fundo de Garantia do Tempo de

Serviço (FGTS). Todavia, o patrimônio acumulado nas contas individuais dos participantes do
Fundo PIS-Pasep mantém-se preservado (artigo 1º, parágrafo único, MP nº 946).

É importante salientar que as contas vinculadas individuais dos participantes do Fundo PIS-

Pasep, mantidas pelo FGTS após a transferência, passam a ser remuneradas pelos mesmos
critérios aplicáveis às contas vinculadas do FGTS, e poderão ser livremente movimentadas, a

qualquer tempo, na forma prevista na legislação de regência (artigo 3º, MP nº 946).

1.4 Medida Provisória nº 955


Esta MP entrou em vigor no dia 20 de abril de 2020, visando à revogação da Medida

Provisória nº 905/19, que instituiu o denominado “Contrato de Trabalho Verde e Amarelo”,


além da alteração de alguns pontos da legislação trabalhista.

É válido colacionar alguns esclarecimentos acerca da Medida Provisória relativa ao Contrato

de Trabalho Verde e Amarelo. Em tese, a MP nº 905/19 visava estimular contratações de jovens


entre 18 e 29 anos, através da concessão de uma série de incentivos de ordem fiscal. A instituição

dessa nova modalidade de contrato de trabalho não permitiria a substituição de trabalhador já


contratado pelo sistema convencional.

Logo, o referido Contrato só seria válido para o preenchimento de novos postos de trabalho,

não sendo autorizada a substituição de mão de obra. A MP fixava uma série de regras para a
contratação nessa modalidade, além de discriminar as isenções que seriam concedidas e as

garantias ao empregado.

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1.5 Medida Provisória nº 958
A MP em estudo entrou em vigor em 24 de abril e estabelece normas para a facilitação

do acesso ao crédito e mitigação dos impactos econômicos oriundos da Covid-19.

Em síntese, a MP se propõe a dispensar as instituições financeiras públicas (incluindo suas


subsidiárias) da observância, em suas contratações e renegociações de operações de crédito

realizadas diretamente ou por meio de agentes financeiros, de determinadas disposições, e a


suspender a vigência de determinados dispositivos, em ambos os casos até 30/09/2020.

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2. Tribunais

2.1 Supremo Tribunal Federal – STF

2.1.1 Requisição de Respiradores


Em resposta a pedido de tutela de urgência na ACO 3385, o Ministro Celso de Mello

determinou a entrega ao Maranhão de ventiladores pulmonares adquiridos pelo estado e


requisitados pela União.

A decisão traz em seu bojo importante esclarecimento acerca do instituto da requisição de

bens e/ou serviços (art. 5º, XXV, CF). Para Celso de Mello, a requisição “somente pode incidir
sobre a propriedade particular”. Logo, os bens estaduais e municipais estariam excluídos desse
poder extraordinário.

Outro argumento suscitado diz respeito à autonomia institucional dos entes federativos. Tal
requisição administrativa representaria transgressão à referida autonomia, essencial ao pacto

federativo.

Por fim, ressaltou-se que, conforme precedentes da Corte, a Lei nº 13.979/20 não “legitimaria
o uso, pela União, de seu poder requisitório em face de bens pertencentes aos entes

subnacionais”.

2.1.2 Ação Direta de Inconstitucionalidade 6363


Conforme mencionado alhures, a Ação Direta de Inconstitucionalidade em epígrafe foi
ajuizada pelo partido Rede Sustentabilidade em face da MP 936/20. Em pronunciamento liminar

proferido em 06/04, foi determinada a comunicação aos sindicatos acerca da implementação


das medidas previstas na MP, como redução de jornada ou de salário, ou suspensão temporária

do contrato de trabalho.

Porém, em sessão plenária realizada no dia 17/04, o Supremo Tribunal Federal não
referendou esta medida cautelar. Logo, segundo decisão do STF, a Medida Provisória

mencionada mantém sua eficácia. As referidas medidas poderão ser tomadas por meio de
acordos individuais.

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2.1.3 Ação Direta de Inconstitucionalidade 6341
Trata-se de Ação Direta de Inconstitucionalidade ajuizada pelo Partido Democrático
Trabalhista (PDT), em face da MP 926/2020. A ADI questiona a ingerência da União no que

tange às medidas de isolamento, quarentena e atividades essenciais.

O Plenário do STF decidiu, no dia 15/04, que as medidas de combate ao coronavírus


adotadas pelo Governo Federal não afastam a competência concorrente dos demais entes

federativos. A União pode legislar sobre estes temas, resguardada a autonomia dos demais
entes.

Logo, estados, Distrito Federal e municípios possuem autonomia para adotar providências

normativas e administrativas visando ao enfrentamento da pandemia

2.2 Superior Tribunal de Justiça – STJ


2.2.1 Auxílio emergencial
Em decisão publicada no dia 20/04, o STJ entendeu necessária a regularidade do CPF para
a concessão do auxílio emergencial. O presidente do Superior Tribunal de Justiça sustou os

efeitos de liminar proferida pelo TRF1 (SLS 2692), no sentido de suspender tal exigência.

Para o STJ, a referida suspensão acarretaria atrasos no pagamento de benefícios. O


retardamento adviria da necessária readequação do sistema para o cumprimento da decisão do
TRF1.

Logo, a exigência, insculpida no Decreto Federal 10.316/2020, de regularidade do CPF para


a concessão do auxílio emergencial, permanece vigente.

2.2.2 Prisão domiciliar


Em atenção à Resolução 62/2020 do Conselho Nacional de Justiça, o STJ entendeu, no início

do mês de abril, pela concessão de prisão domiciliar à condenada ainda que fora do grupo de
risco (HC 570608). A ré é mãe de menor de 12 anos e não havia cometido crime com violência

ou grave ameaça.
A mencionada Resolução elenca medidas que devem ser adotadas por Tribunais e

magistrados visando à contenção do coronavírus. Uma destas medidas, é a concessão de prisão

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domiciliar aos apenados ao regime aberto e semiaberto. A concessão pode se dar mediante
condições a serem definidas pelo juiz da execução.

Em decisão anterior (HC 570634), o Superior Tribunal de Justiça havia negado a concessão
de prisão domiciliar, de forma coletiva, a todos os presos do Distrito Federal pertencentes ao

grupo de risco. Na ocasião, o Ministro Nefi Cordeiro entendeu necessária a individualização.


Logo, imprescindível a avaliação das peculiaridades de cada caso para a concessão de tal
medida.

No mesmo sentido, entendeu o Ministro Rogerio Schietti Cruz ao indeferir o HC 572292,


que pleiteava a concessão de prisão domiciliar aos presos do regime fechado do Complexo

Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus, que fossem integrantes do grupo de risco.


Sob o mesmo fundamento, de inviabilidade de análise genérica para a substituição,

também foram negados Habeas Corpus oriundos dos estados de Goiás (HC 571796) e do Ceará
(HC 567779). Além do HC 570440, impetrado pela Defensoria Pública da União e com

abrangência nacional.

2.3 Tribunal Superior Eleitoral – TSE


2.3.1 Alteração no cadastro eleitoral
Através da Resolução TSE nº 23.616/2020, serão possíveis alterações no Cadastro Nacional

de Eleitores por meio de requerimentos eletrônicos, até o dia 06/05. Trata-se de operações para
alistamento, transferência, revisão com mudança de zona eleitoral (em razão da melhoria da

mobilidade do eleitor) e revisão para regularização de inscrição cancelada.

O comparecimento ao cartório eleitoral poderá ser dispensado caso a identificação do eleitor


possa ser feita por meio dos serviços digitais oferecidos pela Justiça Eleitoral. A referida

Resolução também suspendeu os efeitos dos cancelamentos de títulos de cerca de 2,5 milhões
de eleitores.

Os cancelamentos decorreram do não comparecimento dos eleitores ao cadastro biométrico

obrigatório.

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As inscrições reabilitadas para o voto voltarão a ser canceladas após o pleito de 2020.

2.4 Tribunal de Contas da União – TCU


2.4.1 Plano de acompanhamento de ações
A Corte de Contas aprovou, no início de abril, o Plano Especial de Acompanhamento das

Ações de Combate à COVID-19. O objetivo é identificar a ocorrência de falhas ou desvios dos


recursos destinados ao combate à crise. O acompanhamento das medidas adotadas pela

administração pública federal dar-se- á desde a fase de aquisição de produtos e serviços.

A fiscalização visa à eficiência e transparência das ações governamentais em meio à


situação excepcional vivida.

2.5 Justiça Federal da 1ª Região


2.5.1 Pagamento de consignados
Em julgamento de ação popular, a Justiça Federal da 1ª Região determinou, liminarmente,

a suspensão das parcelas de créditos consignados de aposentados. A sustação se dará pelo


prazo de quatro meses, sem a cobrança de juros ou multa. A decisão diz respeito tanto aos

aposentados por Regime Próprio, quanto pelo INSS.

Na ação popular (AP 1022484-11.2020.4.01.3400), ajuizada em face do Banco Central do


Brasil, argumentou-se, dentre outros aspectos, que a verba liberada pelo Bacen não havia

atingido às pessoas diretamente afetadas pelo coronavírus.

Isto porque a liberação, visando à liquidez das instituições financeiras, não impunha
quaisquer medidas que reverberassem diretamente nas famílias atingidas. Logo, para o

magistrado, a norma não havia atingido sua finalidade precípua. A determinação vige para todo
o país, porém ainda é passível de recurso.

18
Saliente-se que há uma série de projetos de lei em trâmite no Senado Federal no mesmo
sentido, a exemplo do PL 1603/2020.

19
QUADRO SINÓTICO

INOVAÇÕES LEGISLATIVAS
Dispõe sobre as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública

Lei nº 13.979/20 de importância internacional decorrente do coronavírus responsável pelo surto


de 2019.

Institui o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda e


dispõe sobre medidas trabalhistas complementares para enfrentamento do
estado de calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20
MP nº 936/20
de março de 2020, e da emergência de saúde pública de importância
internacional decorrente do coronavírus (covid-19), de que trata a Lei nº 13.979,
de 6 de fevereiro de 2020, e dá outras providências.

MP nº 944/20 Institui o Programa Emergencial de Suporte a Empregos.

Extingue o Fundo PIS-Pasep, instituído pela Lei Complementar nº 26, de 11

MP nº 946/20 de setembro de 1975, transfere o seu patrimônio para o Fundo de Garantia do


Tempo de Serviço, e dá outras providências.

Revoga a Medida Provisória nº 905, de 11 de novembro de 2019, que institui


MP nº 955/20
o Contrato de Trabalho Verde e Amarelo e altera a legislação trabalhista.
Estabelece normas para a facilitação do acesso ao crédito e mitigação dos
MP nº 958/20
impactos econômicos decorrentes da pandemia de coronavírus (covid-19).

TRIBUNAIS
Determinação de entrega de ventiladores pulmonares ao estado do Maranhão.

ACO 3385 Consolidação do entendimento de que a requisição administrativa de bens


e/ou serviços só pode incidir sobre a propriedade particular.

20
Consolidação do entendimento de que as medidas previstas na MP nº 936/20,
quanto à redução de jornada ou de salário, ou a suspensão temporária do
ADI 6363
contrato de trabalho, poderão ser tomadas por meio de acordos individuais.

As medidas de combate ao coronavírus adotadas pelo Governo Federal não


afastam a competência concorrente dos demais entes federativos. A União
ADI 6341
pode legislar sobre estes temas, resguardada a autonomia dos demais entes.

A exigência, insculpida no Decreto Federal 10.316/2020, de regularidade do


SLS 2692
CPF para a concessão do auxílio emergencial, permanece vigente
A Resolução 62/2020 do Conselho Nacional de Justiça recomenda, dentre
outras medidas, a concessão de prisão domiciliar aos apenados ao regime
Prisão domiciliar
aberto e semiaberto. Para ocorrer tal substituição, no entanto, é imprescindível
a avaliação das peculiaridades de cada caso, sendo inviável a análise genérica.
Permite alterações no Cadastro Nacional de Eleitores por meio de
Resolução TSE nº requerimentos eletrônicos e suspende os efeitos dos cancelamentos de títulos
23.616/2020 de cerca de 2,5 milhões de eleitores, em decorrência do não comparecimento
ao cadastro biométrico obrigatório
Plano Especial de Plano do Tribunal de Contas da União visando o acompanhamento das
Acompanhamento das Ações medidas adotadas pela administração pública no que tange ao combate à
de Combate à COVID-19 pandemia.
Determinação da suspensão das parcelas de créditos consignados de
AP 1022484-
aposentados, tanto por Regime Próprio quanto pelo INSS, pelo prazo de quatro
11.2020.4.01.3400 (DF)
meses, sem a cobrança de juros ou multa.

21
LEGISLAÇÃO COMPILADA

Recomenda-se a leitura da integralidade das normas abaixo elencadas.

 Lei nº 13/979, de 06 de fevereiro de 2020;


 Medida Provisória nº 936, de 1º de abril de 2020;

 Medida Provisória nº 944, de 03 de abril de 2020;


 Medida Provisória nº 946, de 07 de abril de 2020;

 Medida Provisória nº 955, de 20 de abril de 2020;


 Medida Provisória nº 958, de 24 de abril de 2020.

22
JURISPRUDÊNCIA

Supremo Tribunal Federal

 ACO 3385
EMENTA: Ação Cível Originária promovida por Estado-membro em face da União Federal e de sociedade
empresária (pessoa jurídica de direito privado). COVID-19. 1. Conflito federativo. Caráter excepcional da
regra de competência inscrita no art. 102, I, “f”, da Constituição. O Supremo Tribunal Federal, em sua
condição de Tribunal da Federação, deve atuar nas causas em que se busque resguardar o equilíbrio do
sistema federativo (RTJ 81/330- 331), velando pela intangibilidade dos valores que informam o princípio
fundamental que rege, em nosso ordenamento positivo, o pacto da Federação (RTJ 95/485 – RTJ 132/120,
v.g.). Em consequência, não é qualquer causa que legitima a invocação da cláusula fundada no art. 102, I,
“f”, da Constituição, mas, exclusivamente, aquelas controvérsias das quais possam derivar situações
configuradoras de vulneração, atual ou potencial, à intangibilidade do vínculo federativo, ao equilíbrio e/ou
ao convívio harmonioso entre as pessoas estatais que integram o Estado Federal brasileiro (AC 2.156-REF-
MC/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.). Ou, em outras palavras, não se instaura a competência originária
do Supremo Tribunal Federal, que é sempre excepcional (ACO 359/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO – ACO
2.430-AgR/DF, Rel. Min. LUIZ FUX, v.g.), pelo fato da mera existência de “conflito entre entes federativos”,
cuja situação de litigiosidade, por si só, não se qualifica, para efeito de incidência da regra consubstanciada
na Constituição da República (art. 102, I, “f”), como “conflito federativo” (ACO 2.101-AgR/SC, Rel. Min. DIAS
TOFFOLI). Situação aparentemente caracterizadora, na espécie, de potencialidade ofensiva aos valores que
informam o pacto da Federação (ACO 1.048-QO/RS, Rel. Min. CELSO DE MELLO). Possível ocorrência de
conflito federativo. Hipótese que autoriza, ao que tudo indica, a instauração da competência originária do
Supremo Tribunal Federal, sem prejuízo de ulterior reexame desta questão preliminar. 2. Requisição, pela
União Federal, de bens públicos estaduais. Precedente do Supremo Tribunal Federal que entende
inadmissível a prática, mesmo quando efetivada pela União Federal, desse ato requisitório em face de bens
públicos (MS 25.295/DF, Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA, Pleno), considerada a cláusula restritiva fundada no
art. 5º, inciso XXV, da Constituição da República, exceto quando se tratar de requisição federal de bens
públicos na vigência do estado de defesa (CF, art. 136, § 1º, II) ou do estado de sítio (CF, art. 139, inciso
VII). Magistério da doutrina. 3. Tutela de urgência. Pressupostos de sua admissibilidade devidamente
configurados: probabilidade do direito invocado e caracterização do “periculum in mora” (CPC, art. 300,
“caput”). Inocorrência, na espécie, de perigo de irreversibilidade dos efeitos da presente decisão concessiva
da tutela de urgência (CPC, art. 300, § 3º). 4. Tutela de urgência concedida.

23
 ADI 6363

Decisão: O Tribunal, por maioria, negou referendo à medida cautelar, indeferindo-a, nos termos do voto do Ministro
Alexandre de Moraes, Redator para o acórdão, vencidos o Ministro Ricardo Lewandowski (Relator), que deferia em
parte a cautelar, e os Ministros Edson Fachin e Rosa Weber, que a deferiam integralmente. Ausente,
justificadamente, o Ministro Celso de Mello. Presidência do Ministro Dias Toffoli. Plenário, 17.04.2020 (Sessão
realizada inteiramente por videoconferência - Resolução 672/2020/STF).

Liminar deferida ad referendum (MIN. RICARDO LEWANDOWSKI) "(...) Isso posto, com fundamento nas razões
acima expendidas, defiro em parte a cautelar, ad referendum do Plenário do Supremo Tribunal Federal, para dar
interpretação conforme à Constituição ao § 4º do art. 11 da Medida Provisória 936/2020, de maneira a assentar
que “[os] acordos individuais de redução de jornada de trabalho e de salário ou de suspensão temporária de
contrato de trabalho [...] deverão ser comunicados pelos empregadores ao respectivo sindicato laboral, no prazo
de até dez dias corridos, contado da data de sua celebração”, para que este, querendo, deflagre a negociação
coletiva, importando sua inércia em anuência com o acordado pelas partes. Solicitem-se informações à Presidência
da República. Requisitem-se a manifestação do Advogado-Geral da União e o parecer do Procurador-Geral da
República. Comunique-se, com urgência. Publique-se."

 ADI 6341

Decisão: O Tribunal, por maioria, referendou a medida cautelar deferida pelo Ministro Marco Aurélio (Relator),
acrescida de interpretação conforme à Constituição ao § 9º do art. 3º da Lei nº 13.979, a fim de explicitar que,
preservada a atribuição de cada esfera de governo, nos termos do inciso I do art. 198 da Constituição, o Presidente
da República poderá dispor, mediante decreto, sobre os serviços públicos e atividades essenciais, vencidos, neste
ponto, o Ministro Relator e o Ministro Dias Toffoli (Presidente), e, em parte, quanto à interpretação conforme à
letra b do inciso VI do art. 3º, os Ministros Alexandre de Moraes e Luiz Fux. Redigirá o acórdão o Ministro Edson
Fachin. Falaram: pelo requerente, o Dr. Lucas de Castro Rivas; pelo amicus curiae Federação Brasileira de
Telecomunicações - FEBRATEL, o Dr. Felipe Monnerat Solon de Pontes Rodrigues; pelo interessado, o Ministro
André Luiz de Almeida Mendonça, Advogado-Geral da União; e, pela Procuradoria-Geral da República, o Dr. Antônio
Augusto Brandão de Aras, Procurador-Geral da República. Afirmou suspeição o Ministro Roberto Barroso. Ausente,
justificadamente, o Ministro Celso de Mello. Plenário, 15.04.2020 (Sessão realizada inteiramente por
videoconferência - Resolução 672/2020/STF).

Liminar parcialmente deferida ad referendum (MIN. MARCO AURÉLIO) Em 24/03/2020; 3. Defiro, em parte, a
medida acauteladora, para tornar explícita, no campo pedagógico e na dicção do Supremo, a competência
concorrente. 4. Esta medida acauteladora fica submetida, tão logo seja suplantada a fase crítica ora existente e
designada Sessão, ao crivo do Plenário presencial. Remetam cópia desta decisão ao Presidente do Supremo ministro
Dias Toffoli, aos demais Ministros, aos Presidentes da República, da Câmara e do Senado, procedendo-se de idêntica
forma quanto ao Procurador-Geral da República. Sem prejuízo da submissão ao Colegiado, solicitem informações,
colham a manifestação do Advogado-Geral da União e o parecer do Procurador-Geral da República.

24
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Presidência da República, 1988.

______. Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020. Dispõe sobre as medidas para enfrentamento

da emergência de saúde pública decorrente do coronavírus. Brasília: Presidência da República,


2020.

______. Medida Provisória nº 936, de 1º de abril de 2020. Institui o Programa Emergencial de

Manutenção do Emprego e da Renda e dispõe sobre medidas trabalhistas complementares.


Brasília: Presidência da República, 2020.

______. Medida Provisória nº 944, de 03 de abril de 2020. Institui o Programa Emergencial de

Suporte a Empregos. Brasília: Presidência da República, 2020.

______. Medida Provisória nº 946, de 07 de abril de 2020. Extingue o Fundo PIS-Pasep e dá


outras providências. Brasília: Presidência da República, 2020.

______. Medida Provisória nº 955, de 20 de abril de 2020. Revoga a Medida Provisória nº 905,
de 11 de novembro de 2019, que institui o Contrato de Trabalho Verde e Amarelo e altera
a legislação trabalhista. Brasília: Presidência da República, 2020.

______. Medida Provisória nº 958, de 24 de abril de 2020. Estabelece normas para a facilitação
do acesso ao crédito e mitigação dos impactos econômicos decorrentes da pandemia de
coronavírus (covid-19). Brasília: Presidência da República, 2020.

STF. Supremo Tribunal Federal. Disponível em: http://portal.stf.jus.br/. Acessado em 24/04/2020.

STJ. Superior Tribunal de Justiça. Disponível em: http://www.stj.jus.br/sites/portalp/Inicio.


Acessado em 24/04/2020.

TSE. Tribunal Superior Eleitoral. Disponível em: http://www.tse.jus.br/. Acessado em 24/04/2020.

25
TCU. Tribunal de Contas da União. Disponível em: https://portal.tcu.gov.br/inicio/. Acessado em
24/04/2020.

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