Você está na página 1de 6

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS - UEA

LUIZ GABRIEL GUIMARÃES LIMA

CIÊNCIA E PODER

Manaus
2023
Introdução

As tecnologias contemporâneas criadas por meio do conhecimento científico,


são ferramentas úteis para a sociedade atual e globalizada em que vivemos, como a
internet, os telefones celulares, computadores e assim por diante. No entanto estas
tecnologias também podem ser utilizadas para a dominação e opressão das massas
como armamentos de guerra e o controle digital de informações e monitoramento
por meio de dispositivos de vigilância, ocasionando assim um acúmulo de poder por
parte de indivíduos e regimes opressores.
Durante toda a sua história, a humanidade sempre foi em busca de certos
objetivos, sendo dois destes a busca implacável de duas coisas; a primeira se trata
de poder, seja pelo viés do capital, seja pelo político ou militar. A segunda seria o
fato de melhorar constantemente o modo como se vive através da técnica e de seu
aprimoramento constante pela ciência. Com isso em mente, percebemos o quanto a
humanidade evoluiu a ponto de desenvolver tecnologias avançadas através do
cientificismo técnico a ponto de nos comunicarmos de forma instantânea com
pessoas do outro lado do mundo ou mesmo de abrirmos um site de notícias por
meio de um computador conectado a internet e saber o que aconteceu em qualquer
lugar do globo no mesmo momento, no entanto, da mesma maneira que a tecnologia
nos trás coisas fascinantes e práticas ao nosso cotidiano, existe um debate filosófico
a seu respeito em que ela pode ser usada para fins obscuros que beiram a linha
tênue da moralidade ou ética e até mesmo ultrapassa essa barreira com fins de
ganhos políticos para acumulação de poder e racionalização da vida dos indivíduos
em uma sociedade por meio do cientificismo.

Uma evidência disso é quando Cotrim (2001, p.253) afirma

A vida dos indivíduos também foi submetida a mecanismo de racionalização, como a


especialização do trabalho nas indústrias, que se apresentou como científica, quer dizer, neutra,
desinteressada. Por trás dessa aparente neutralidade e imparcialidade, esse cientificismo escondia
interesses bastante concretos.

Com base no autor evidencia-se como o cientificismo e a própria razão


atuaram e ainda atua como forma de controle da vida de milhares de pessoas com
base nas relações de trabalho dentro das indústrias.
Tendo a premissa de que a ciência e o poder andam lado a lado, resultando
assim em controle, podemos chegar à conclusão de que a própria ciência não é algo
isento ou até mesmo imparcial, pois sempre está atrelada aos interesses e objetivos
de quem faz uso da tecnologia.

Com isso em mente Cotrim (2001, p. 253) menciona

A filósofa e socióloga de origem alemã naturalizada norte-americana Hannah Arendt (1906-


1975), em seu livro Eichmann em Jerusalém, investigou a brutalidade do regime nazista,
apontando como uma das suas principais características a forma racionalizada com que foi
feito o extermínio de seis milhões de judeus nos campos de concentração. O emprego da
tecnologia, ou seja, das câmaras de gás e dos fornos crematórios, era um procedimento frio,
burocratizado, uma operação feita por funcionários públicos.

O autor novamente nos dá um exemplo de como a ciência pode ser usada de


forma brutal mencionando o livro Eichmann, que relata de como um funcionário do
regime nazista fez uso da prática cientificamente e programada e racionalizada
sendo originada dá banalização do mal.

A ciência pode por vezes ser usada para fins benéficos, morais e éticos, como
para produção de medicamentos, vacinas, aprimoramento dos meios de
comunicação e transportes é assim por diante. Entretanto nem sempre é assim, já
que muitas vezes durante a história recente da humanidade foram criados com o
uso do pensamento científico, tecnologias que são verdadeiras armas de destruição
em massa como a bomba atômica que destruiu as cidades japonesas de Hiroshima
e Nagasaki. Esse é um exemplo claro de como cientistas como Julius Robert
Oppenheimer (1904 -1967) diretor do centro de pesquisas nucleares de Los Alamos
não mediu as consequências a nível moral e ético da criação da bomba atômica.
Citando uma fala de Albert Einstein, Cotrim (2001, p. 254) ‘’O pensamento científico
tem um olho aguçado para métodos e instrumentos, mas é cego quanto a fins e
valores. Fruto do intelecto, a ciência pode determinar como as coisas são, mas não
o que devem ser ‘’.
Conclusão

Diante de todo o exposto na presente dissertação e da obra de Gilberto Cotrim,


chegasse à conclusão de como a ciência, apesar de toda a comodidade a qual ela
proporciona a sociedade atual, ela não está isenta de interesses, seja pelo poder ou
seja por interesses econômicos. Gerando assim o dilema filosófico sobre moralidade
e ética de como a humanidade pode fazer um uso mais benéfico das tecnologias
atuais proporcionadas pelo meio científico.
Referências bibliográficas

COTRIM, Gilberto. Ciência e Poder: Fundamentos da Filosofia: História e


Grandes Temas. 15. Ed. São Paulo: Saraiva, p. 253-255, 2001.

Você também pode gostar