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Do ponto de vista do utilizador de uma aplicação ou serviço que requer a cooperação de uma ou
mais redes para o transporte de dados, a Qualidade de Serviço (QoS – Quality of Service)
recebida está relacionada com o grau de satisfação experimentado e depende de vários factores
A avaliação subjectiva (perceptiva) do utilizador;
As expectativas do utilizador (relacionadas com custo e tipo de serviço, tipo de terminal,
etc.);
As capacidades do terminal no processamento de fluxos multimédia;
O comportamento e desempenho das redes envolvidas.
Do ponto de vista da rede, o conceito de QoS é usado para caracterizar a capacidade de dar
tratamento diferenciado a fluxos ou classes de tráfego com características e requisitos diferentes
e providenciar diferentes níveis de garantia de entrega (largura de banda, atraso, perdas) de
forma consistente e previsível.
Deve ser possível medir e quantificar o comportamento de uma rede, de forma objectiva,
com base num conjunto limitado de parâmetros de desempenho (QoS).
Uma rede suporta Qualidade de Serviço quando dispõe de um conjunto de mecanismos que lhe
permitem satisfazer diferentes requisitos de tráfego e de serviço colocados por elementos de
rede (e.g., um host, um router ou uma aplicação).
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Os requisitos de QoS de utilizadores e aplicações devem ser mapeados em valores de atributos
de serviços de rede.
A rede e os utilizadores negoceiam contratos que são descritos por meio de parâmetros de
tráfego e de QoS e estabelecem níveis de garantia de QoS diferenciados por tipo de serviço.
Garantias de QoS
Absolutas vs. Relativas
Absolutas – as garantias dadas a uma classe são expressas de uma maneira que é
independente das garantias oferecidas a outras classes;
Relativas – as garantias dadas a uma classe são expressas em termos relativos, por
exemplo: uma classe recebe melhor serviço que outra(s) classe(s) do ponto de vista de um
ou mais parâmetros de QoS.
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Necessidade de QoS em redes IP
Apesar de as redes IP convencionais se basearem no paradigma best effort, tal não impediu a
sua utilização para o transporte de tráfego com requisitos de tempo real, mas a qualidade
oferecida depende do nível de tráfego na rede e dos mecanismos de adaptação (débito, atraso,
perdas) implementados pelos equipamentos terminais.
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Diferentes tipos de sistemas e diferentes modelos de organização e cooperação, baseados
em diferentes papéis e diferentes relações de negócio e confiança entre as partes
envolvidas;
Diferente granularidade (regularidade) – fina (aplicações individuais ou fluxos simples)
ou grossa (classes de tráfego ou fluxos agregados);
Diferentes mecanismos e respectiva integração;
Diferentes paradigmas – mecanismos centralizados ou distribuídos, centrados nos
sistemas terminais (hosts) ou na rede, acções iniciadas pelo emissor ou pelo
receptor, controlo em ciclo aberto ou fechado, etc.
Diferentes tecnologias que têm de interfuncionar.
São possíveis diferentes arquitecturas (modelos) de QoS (por exemplo, IntServ e DiffServ em
redes IP).
Estas funções são implementadas por diferentes mecanismos que podem ser vistos como blocos
básicos constitutivos duma arquitectura de QoS.
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Reconfigurações de longo prazo realizam-se tipicamente por procedimentos de gestão e
estão associadas à provisão de recursos (resource provisioning);
Reconfigurações de curto prazo são necessárias como resultado de pedidos de
utilizadores e realizam-se por meio de procedimentos de sinalização:
Os protocolos de sinalização (novos ou como extensões de protocolos existentes)
têm de transportar informação relativa a QoS (para reserva de recursos, suporte de
encaminhamento com QoS, etc.).
A natureza das aplicações presentes e futuras (e do tráfego que geram) introduz o
requisito de negociação de contratos com carácter dinâmico entre utilizadores e
fornecedores de serviços (e entre estes) e também de configuração de recursos da rede de
forma dinâmica e automática.
Os aspectos técnicos de um SLA são descritos num Service Level Specification (SLS).
O conceito de SLA/SLS foi introduzido no contexto do modelo DiffServ mas o seu âmbito de
aplicação é geral.
Subscrição de um serviço
A subscrição de um serviço requer um processo de negociação de um SLA, que inclui um
acordo relativo às políticas de QoS a observar:
O cliente descreve os requisitos de QoS por meio dum descritor de tráfego e valores alvo
de parâmetros de QoS;
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O fornecedor pode aceitar ou rejeitar as condições ou propor garantias de QoS
alternativas para o descritor de tráfego indicado pelo cliente.
Invocação de um serviço
Uma vez subscrito, um serviço pode ser invocado, sendo verificada a respectiva conformidade
em relação ao perfil do serviço acordado durante a subscrição.
A invocação pode ser explícita e um protocolo de sinalização / reserva de recursos deve ser
usado para solicitar o nível de QoS requerido:
É o caso de um SLA dinâmico, que está sujeito a um processo de Controlo de Admissão.
Tráfego em conformidade com o contrato (isto é, com o respectivo descritor de tráfego) deve
ser transportado pelo fornecedor de serviço com as garantias de QoS acordadas (atraso, jitter -
instabilidade, taxa de perda de pacotes, etc.), que caracterizam o nível de QoS a providenciar.
Em primeiro lugar, a descrição do tráfego pela fonte constitui a base para a negociação:
A rede impõe um conjunto de parâmetros e a fonte selecciona o conjunto de valores que
melhor caracteriza as características do seu tráfego;
A rede decide se o contrato pode ser aceite (Controlo de Admissão), com base na
estimativa dos recursos necessários para cumprir os objectivos de desempenho.
No caso de o contrato poder ser aceite, a rede deve reservar (comprometer) os
recursos requeridos;
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Os nós da rede, devem implementar mecanimos de escalonamento e de gestão de
buffers (filas) com o objectivo de dar tratamento diferenciado aos fluxos de tráfego, de
acordo com os contratos.
Uma fonte de tráfego deve conformar o tráfego de acordo com o contrato (shaping):
Os valores acordados são usados como entradas para um regulador (shaper) na fonte, de
modo que o tráfego enviado para a rede esteja em conformidade com o contrato (traffic
shaping), aumentando a probabilidade que a rede trate o tráfego de acordo com o
esperado.
Descritores de tráfego
Os descritores de tráfego devem possuir algumas propriedades úteis:
Devem ser representativos, isto é, devem descrever os fluxos de forma tão rigorosa
quanto possível, de modo que os recursos reservados pela rede sejam os adequados para
satisfazer os requisitos;
Devem ser facilmente verificáveis (e.g., para shaping ou policiamento);
Devem ser utilizáveis – a fonte deve ser capaz de descrever o tráfego e a rede de realizar
Controlo de Admissão de forma simples e rápida;
Devem ser preserváveis – a rede deve poder preservar as características do tráfego ao
longo da rota (mantendo assim correspondência com os recursos reservados) ou
recalcular os recursos necessários, no caso de ter de modificar as características do
tráfego.
Diferentes descritores de tráfego foram propostos para uso em redes reais (em particular, redes
ATM e redes IP):
Consideram-se normalmente três parâmetros básicos – débito de pico (peak rate), débito
médio (average rate) e tamanho máximo de rajada (maximum burst size) – que podem ser
combinados de modos diferentes para formar um descritor de tráfego.
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Em redes com pacotes de tamanho variável, o peak rate deve ser especificado relativamente a
uma janela temporal, sendo o maior valor médio medido em todos os intervalos com a duração
especificada:
A escolha da janela temporal deve ser tal que confira significado prático ao débito de
pico e permita distingui-lo do débito médio.
O peak rate é muito sensível a pequenos desvios dos padrões de tráfego (quer na própria fonte
quer devido ao processo de multiplexagem temporal assíncrona ao longo da cadeia de
comunicação):
Este aspecto é especialmente evidente em redes ATM, o que justifica que à sua definição
seja associada uma tolerância temporal.
Um mecanismo de controlo do débito médio requer dois parâmetros – uma janela temporal e o
número de bits que é possível transmitir nessa janela:
Dois mecanismos típicos são jumping window e moving (pulando janela e se movendo) /
sliding window (janela deslizante).
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As técnicas de Engenharia de Tráfego têm sido principalmente usadas no cálculo de percursos
que permitam acomodar padrões de tráfego altamente previsíveis (em termos médios) e com
variação lenta ao longo do tempo:
Neste caso, o processo de alteração de rotas é desencadeado por variações de padrões de
tráfego de longo prazo.
Referências:
E. Mykoniati et al., Admission Control for Providing QoS in DiffServ IP Networks: The Tequila
Approach, IEEE Communications Surveys and Tutorials, January 2013, pp. 38-44