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UNIVERSIDADE LICUNGO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

Curso: Licenciatura em Informática 4° Ano - 2023


Cadeira: REDES MULTI SERVIÇOS

Aula 02 – Classificação das Redes de Telecomunicações e Separação versus


Integração de Serviços

A - CLASSIFICAÇÃO DAS REDES DE TELECOMUNICAÇÕES


Em termos do modo de transferência de informação as redes podem-se classificar em:
comutadas e de difusão.
Por sua vez as comutadas podem ser de comutação por circuitos ou comutação por pacotes.

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Redes Comutadas
Os comutadores (switches) são dispositivos especializados usados para conectar duas ou mais
linhas de transmissão. Quando os dados chegam a uma linha de entrada, o elemento de
comutação deve escolher uma linha de saída para encaminhá-las. Pode-se dizer que um switch é
um dispositivo usado para conectar enlaces para formar uma rede maior.
 Existem duas formas básicas para troca de informações em uma rede constituída por
enlaces diferentes:
a) Comutação por circuitos
b) Comutação por pacotes

A comutação de pacotes, por sua vez, pode se dar de duas formas:


 Datagamas
 Circuitos virtuais

Redes comutadas por circuitos - Circuit Switching


Em uma rede comutada por circuito – um circuito físico dedicado é estabelecido entre os nós
de origem e de destino antes de ocorrer a transmissão de dados.
Portanto, o serviço é orientado a conexão;
O circuito permanece pela duração da transmissão;
Uma vez estabelecido, o circuito é dedicado exclusivamente à transmissão actual.

Vantagens:
 Garantia de recursos;
 Disputa pelo acesso somente na fase de conexão;
 Não há processamento nos nós intermediários (menor tempo de transferência);

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 Controlo nas extremidades

Desvantagens:
 Desperdício de banda durante períodos de silêncio (problema para transmissão de dados);
 Sem correcção de erros;
 Probabilidade de bloqueio (Circuitos ocupados em um instante)

Redes comutadas por pacotes – Packet switched networks


Um comutador de pacotes é um dispositivo com várias entradas e saídas, levando e trazendo os
pacotes aos hosts que o comutador interconecta.
Os dados do usuário são divididos em pequenas porções denominadas pacotes, aos quais são
anexados cabeçalhos com informações de controlo (origem, destino, protocolo).

Vantagens:
 Uso optimizado do meio;
 Ideal para dados;
 Erros recuperados no enlace onde ocorreram;
 Dividir uma mensagem em pacotes e transmiti-los simultaneamente reduz o atraso de
transmissão total da mensagem.

Desvantagens:
 Sem garantias de banda, atraso e variação do atraso (jitter);
 Por poder usar diferentes caminhos, atrasos podem ser diferentes;
 Ruim para algumas aplicações tipo voz e vídeo;
 Disputa nó-a-nó

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B - SEPARAÇÃO VERSUS INTEGRAÇÃO DE SERVIÇOS
As redes de comunicações que eram planeadas e optimizadas de acordo com um determinado
serviço, mediante os requisitos específicos de cada serviço.
 Estas redes tiveram origem e evolução independente, utilizando diferentes tecnologias e
meios de transmissão;
 A separação por serviço implicava a necessidade de providenciar acessos separados a
terminais distintos para as diversas redes;
 A adopção de interfaces e protocolos diferentes e normalmente incompatíveis
comprometia seriamente a possibilidade de interfuncionamento entre as diferentes redes;
 A existência de redes separadas não impedia, no entanto, a partilha duma mesma
infraestrutura de transmissão, recorrendo a técnicas de multiplexagem.
Esta situação traduzia-se em desvantagens económicas e operacionais para os operadores e
fornecedores de serviços e colocava restrições aos fabricantes de equipamento e aos
utilizadores.

Integração de serviços
De forma algo simplista poderia associar-se o conceito de integração de serviços à possibilidade
de transportar tráfego de diferentes serviços numa mesma rede, mas tal visão é redutora.
 A partilha duma infra-estrutura de transmissão por fluxos de tráfego de vários serviços é
uma condição necessária, mas não suficiente para uma integração de serviços plena.

 A exploração do conceito exige que diferentes fluxos de tráfego sejam transportados de


forma coerente e logicamente unificada (com base numa arquitectura comum), em lugar
da segregação por serviço, que se traduzia na criação de redes logicamente
independentes.

 No entanto, deve também ser possível assegurar tratamento diferenciado de fluxos, de


acordo com as características e os requisitos específicos de cada serviço, numa lógica de
optimização global de recursos.

A integração de serviços tem, por isso, de ser perspectivada em vários aspectos complementares
e a sua viabilidade tem de ser analisada dos pontos de vista tecnológico e económico.

Tecnologias de suporte
A exploração do conceito de integração de serviços tornou-se viável com os avanços das
tecnologias digital e óptica.

Tecnologia digital
 Permite integrar as operações de multiplexagem e comutação no mesmo equipamento
(convergência das tecnologias de transmissão e comutação);

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 Permite uma forma comum (digital) de representação de informação e o seu transporte
independente do conteúdo (convergência de serviços);
 Permite explorar novas arquitecturas e funcionalidades avançadas em equipamentos
terminais e de rede, possíveis com o aumento da capacidade de processamento e de
memória.
 Recurso a técnicas de Processamento Digital de Sinais (que permitem, por
exemplo, compressão de sinais audiovisuais);
 Redução do tempo de execução de operações críticas (por exemplo, comutação
rápida em hardware);
 Desenvolvimento de aplicações / arquitecturas multimédia.

Tecnologia óptica
 Viabiliza sistemas de transmissão de elevada capacidade (salientando-se a possibilidade
de exploração de multiplexagem de comprimento de onda).

Redes com integração de serviços


A exploração do conceito de integração de serviços em redes públicas de telecomunicações é
relativamente recente e foi objecto de duas soluções normalizadas pelo ITU-T.

A Rede Digital com Integração de Serviços (RDIS) foi concebida como uma evolução da rede
telefónica digital ou Rede Digital Integrada (RDI) e permitia suportar apenas serviços ditos de
banda estreita (débitos até 2 Mbit/s).

A evolução para uma Rede Digital com Integração de Serviços de Banda Larga (RDIS-BL)
baseava-se na extensão dos princípios da RDIS de forma a cobrir todos os tipos de serviços
(banda estreita e banda larga) e de utilizadores, mas a sua concretização pressupunha o projecto
e a implantação de uma nova infra-estrutura de rede, segundo um paradigma diferente do
adoptado na RDIS.
 Neste contexto o ITU-T propôs a adopção do modo de transferência assíncrono (ATM –
Asynchronous Transfer Mode) como solução alvo para a RDIS-BL e a designação ATM
passou a ser usada para designar a solução especificada pelo ITU-T.

A integração de serviços é hoje indissociável da existência de redes de banda larga, mas não se
restringe a redes públicas nem tem necessariamente de se realizar segundo o modelo e as
soluções preconizadas pelo ITU-T.
 Com excepção da adopção da tecnologia ATM, o conceito de RDIS-BL, como idealizado
pelo ITU-T, não chegou a concretizar-se.

A integração de serviços em LANs é actualmente potenciada pela utilização de comutadores


(LAN switches), pela elevada capacidade de comutação disponível (ordem de Gbit/s) e por
novas soluções arquitectónicas (VLANs, comutadores multi-camada, etc.).

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A integração de serviços em redes IP tornou-se possível com recurso a routers de elevado
desempenho (gigabit routers), com a adopção de modelos e mecanismos de suporte à Qualidade
de Serviço (QoS) e com a exploração de novas arquitecturas (como MPLS – Multiprotocol
Label Switching) que integram as funções de encaminhamento (routing) e comutação
(switching).

Redes de banda larga


A designação Redes de Banda Larga não deve ser vista com carácter absoluto
 A ordem de grandeza da capacidade que é possível disponibilizar, com custo aceitável e
com a tecnologia existente, tem aumentado ao longo do tempo, o que tem permitido
satisfazer requisitos mais exigentes colocados por novos serviços e aplicações, que tiram
partido desse aumento de capacidade;
 Hoje em dia, é possível disponibilizar em LANs e WANs capacidades de transmissão e
comutação da ordem de Gbit/s, pelo que as expressões Broadband Networks, High Speed
Networks e Gigabit Networks são usadas com significado semelhante.

Tradicionalmente, a distinção entre serviços ditos de banda estreita e de banda larga era
colocada nos 2 Mbit/s (como assumido na RDIS)
 Esta separação é algo artificial e estava relacionada com as limitações próprias da RDIS e
das técnicas de codificação então utilizadas.

LANs e WANs – passado


As soluções disponíveis em LANs e WANs eram até há tempo bastante diferentes no que se
refere à forma como a capacidade era disponibilizada aos utilizadores nas interfaces de acesso.
 Em WANs era apenas disponibilizada uma pequena fracção (até alguns Mbit/s) da
capacidade total instalada (por razões de custo ou porque os padrões de utilização e os
requisitos das aplicações tipo não justificavam valores mais elevados);
 Em LANs baseadas num único canal partilhado, cada utilizador tinha disponível,
aquando do acesso, toda a capacidade do meio, que era, no entanto, partilhada
dinamicamente por todos os utilizadores activos.

Actualmente estas diferenças tendem a esbater-se


 As diferenças tecnológicas em LANs e WANs atenuam-se (nalguns casos a mesma
tecnologia pode ser usada em LANs e WANs);
 Os modelos de comunicação são cada vez mais transparentes à localização física dos
recursos e os volumes de tráfego e a competição entre operadores permite uma redução
significativa dos custos de comunicação.

LANs e WANs – presente


Em WANs existe actualmente uma grande diversidade de oferta de tecnologias de acesso (com
e sem fios) e a capacidade disponibilizada nas interfaces de acesso tende a aumentar (acessos de
banda larga), existindo igualmente uma maior flexibilidade na sua atribuição (uma vez que a
oferta não se reduz às tradicionais interfaces de acesso dos sistemas PDH e SDH).

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Em LANs verificaram-se também alterações significativas, tendo a evolução ocorrido em duas
direcções.
 Aumento da capacidade das interfaces de acesso ao meio (por exemplo, de 10/100 Mbit/s
até 1/10 Gbit/s, em LANS IEEE 802.3)
 Aumento da capacidade total instalada, com a introdução de comutadores, em alternativa
a soluções baseadas num único canal partilhado.
 Não só um utilizador dispõe de maior capacidade no acesso ao meio, como
essa capacidade lhe é dedicada (com a limitação de uma possível sobrecarga
nas portas de saída dos comutadores e não pela contenção no acesso ao
meio)

Referências:
Olivier Hersent, Jean-Pierre Petit, David Gurle, "IP Telephony: Deploying Voice-over-IP Protocols",
John Wiley & Sons, ISBN-13: 978-0470023594, March 2015.

Docente: Msc. Timóteo G. Samo

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