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OUTUBRO DE 2007
Metro Ethernet
1. Introdução
Não é nenhum exagero afirmar que o cenário da comunicação corporativa por
computador se divide em antes e depois do Ethernet. Essa tecnologia, desenvolvida no início
dos anos de 1970 e padronizada com poucas modificações pelo IEEE (Institute of Eletrical
and Eletronic Engineers), experimentou um grande sucesso de adoção e contribuiu de forma
efetiva para o impulso e popularização das redes locais de computadores.
Por muitos anos, o padrão Ethernet tem sido o protocolo dominante em redes LAN.
Isto é motivado pela simplicidade, facilidade de operação, alto grau de integração e
padronização do protocolo Ethernet, o que torna esta tecnologia extremamente atrativa em
termos de custo. Por outro lado, o mesmo não acontece com as redes MAN e WAN, com as
operadoras oferecendo serviços baseados em ATM, Frame Relay e linhas privativas, todos
significantemente mais complicados e com custo mais elevado.
Atualmente, os mais importantes serviços demandados pela área corporativa e que
mais tem crescido são a interconexão das redes LAN geograficamente distribuídas e a
conectividade com a internet. Em paralelo a estes serviços e à crescente exigência do mercado
por baixos custos, as operadoras de serviços se deparam com a necessidade de re-adequar suas
redes metropolitanas, sendo as redes Metro Ethernet uma escolha de destaque tanto pelo
aspecto técnico quanto pelo econômico.
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2. Arquitetura
O Metro Ethernet Fórum utiliza um modelo genérico para descrever os componentes
internos e externos de uma rede Metro Ethernet. Esta estrutura descreve as interações entre a
rede Metro Ethernet através de interfaces bem definidas e seus pontos de referência. O
modelo básico de referência de uma rede Metro Ethernet é mostrado na Figura 2.
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Figura 3 - Arquitetura Metro Ethernet ponto-a-ponto e multiponto-multiponto
3. Serviços Ethernet
Os três principais fatores que motivam os provedores de serviços e os clientes a
optarem por serviços Ethernet são os seguintes:
Facilidade de uso: os serviços Ethernet são fornecidos através de uma interface
padrão altamente conhecida e entendida, simplificando com isso a interconexão,
operação, administração e gerenciamento da rede.
Baixo custo: a alta disponibilidade e produção em alta escala dos equipamentos,
com conseqüente redução de custos. Clientes não necessitam trocar equipamentos
para se conectar a rede. Muitos serviços Ethernet permitem o cliente adicionar
banda em passos de 1Mbps fazendo com que o mesmo pague somente o que usa.
Flexibilidade: com os serviços Ethernet gerenciados, o cliente está apto a
modificar a banda em minutos ou horas, ao invés de dias ou semanas, como
quando usando outras redes. A necessidade de visita de suporte técnico do
provedor de serviços fica reduzida. Múltiplos serviços em uma única interface de
serviços Ethernet permitem que pequenos clientes passem a usufruir de maior
flexibilidade de interconexão de suas redes com clientes e fornecedores.
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Figura 4 - Modelo Básico
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Porém esta abordagem é restrita por uma série de fatores. No aspecto técnico, o padrão
IEEE 802.3ae afirma a cobertura de até 40 km de área com WAN PHY, é uma WAN nível
físico que permite interconexão entre LAN w WAN, e fibra monomodo. Outro aspecto, não
menos importante, é o econômico.
Um backbone internacional não seria, ainda, viável dessa maneira. Os Network Service
Provider (NSPs) já possuem um backbone implantado, e não podem simplesmente descartar
toda a malha existente. A idéia então, é implantar gradativamente o EoF nos cenários onde for
possível e viável.
Os padrões da tecnologia Ethernet e as funcionalidades de um switch são
implementados através das camadas 1 e 2.
A tecnologia eletrônica disponível na época de sua concepção 1983 foi amplamente
utilizada para que associada das ferramentas computacionais extremamente simples fossem
possíveis de armazenamento, enfileiramento, redução ou aumento do tráfego entre as portas
do switch/servidores, priorização de assinantes e outros.
As taxas inicialmente utilizadas limitavam-se ao intervalo de 1 Mbps a 10 Mbps
devido aos limites da tecnologia eletrônica. Entretanto, no início da década de 80 estas taxas
atendiam amplamente as redes locais 1.
Com o desenvolvimento de circuitos VLSI em taxas superiores a 20 Gbps em meados
da década de 90, tornou-se possível a ativação das várias funcionalidades Ethernet em taxas
de 100 Mbps, 1 Gbps e até mais recentemente 10 Gbps. Surgiram então os padrões IEEE de 1
e 10 Gbps (802.3z e 802.3ae).
Novas operadoras passaram então a utilizar estas soluções em redes metropolitanas
associadas a serviços VPN (Virtual Private Network) e VLANs (Virtual Local Área Network)
em função das vantagens conforme os padrões TDM/SDH/SONET.
Conexões em anéis metropolitanos associadas aos padrões CWDM (Coarse Wave
Division Multiplexing) multiplicaram-se. Algumas conexões de longa distância na taxa de
10Gbps foram implementadas utilizando-se o padrão POS (Packet-over-SONET) e muito
freqüentemente em conexão direta com o meio óptico (10Gbps/CWDM/DWDM). A Figura 5
ilustra a topologia metropolitana.
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Figura 5 - Configuração Metropolitana utilizando CWDM, topologia em anel e Tecnologia Gigabit
Ethernet
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A Ethernet óptica pode ser configurada para conexão ponto-a-ponto (EPL - Ethernet
Private Line), ponto-multiponto ou multiponto-multiponto. Suas características de
interoperabilidade permitem associações com todas as tecnologias TDM/legadas, seus
protocolos e suas arquiteturas. Apresenta-se transparente aos protocolos camada 3.
Nas redes metropolitanas, a quase totalidade das aplicações da tecnologia Ethernet têm
ocorrido no modo comutado, isto é, com um domínio de colisão por porta, sem a utilização de
Hubs, sendo o número de portas utilizadas inferior aos verificados em aplicações de redes
locais. Esta característica diminui de forma significativa os problemas de flooding
característico desta tecnologia nas aplicações em redes locais, onde a ocorrência de um
quadro com endereço destino ainda não incluído na tabela de endereçamento implica no envio
deste quadro para todas as portas existentes, excetuando a porta origem.
As conexões Metro Ethernet e WAN não permitem que sistemáticas de proteção e
restauração sejam realizadas no nível de camada física tal como as conexões SDH/SONET
que implementam estas funcionalidades em intervalos inferiores a 60 milisegundos.
Sob o ponto de vista da Engenharia de Tráfego, uma implementação possível é a
marcação do tráfego de cada cliente com tags que indiquem uma VLAN. Cada VLAN tem
uma taxa mínima garantida, conhecida como CIR, e uma taxa máxima PIR, para tráfego
máximo. Em caso de falha do enlace, as conexões são restauradas com o uso do Resource
Reservation Protocol (RSVP), em valores no geral acima de 50ms [Bellsouth 2006].
Redes locais (LANs) utilizam da tecnologia Ethernet em taxas mais elevadas,
utilizam-se de fibras ópticas e soluções CWDM/DWDM alterando as formas de utilização e
formação de redes locais. Os limites atuais estão estabelecidos em função do tráfego de
broadcast e/ou no limite do número de endereços Media Access Control (MAC) que um
comutador (switch) poderá gerenciar.
Os switches são conectados em uma configuração que possibilite a existência de
múltiplos caminhos entre as diversas unidades do Campus Area Network (CAN). A topologia
resultante permite que o Spanning Tree Protocol, (IEEE 802.1d) seja utilizado e forneça
proteção a falhas devido a redundância.
Os mecanismos de proteção associados ao protocolo 802.1d reativam a conexão em
menos de 100 segundos. O IEEE esta estudando um novo algoritmo, o Fast Spanning Tree,
cujo objetivo seria a restauração do tráfego em menos de 10 segundos. A Figura 6 ilustra a
CAN descrita.
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Figura 6 - Topologia estrela com redundância para utilização do protocolo IEEE 802.1d
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VLANs onde usuários localizados em diferentes pontos da rede local são selecionados em
uma tabela especifica de endereçamento formando uma rede local na qual seus serviços são
diretamente conectados.
A menor dependência das distâncias físicas proporcionada pela Ethernet Óptica
possibilita a criação de VLANs com maior simplicidade e rapidez. A norma IEEE 802.3ac, de
1998, estendeu o tamanho máximo do quadro Ethernet para 1522 bytes, permitindo o
identificador da VLAN fosse inserido no quadro.
Um provedor de Internet localizado em um POP de um anel metropolitano pode
implementar uma conexão Ponto-Multiponto com vários servidores localizados em LANs
associadas a este anel. Conexões Gigabit Ethernet podem ser utilizadas com alocação
estatística de banda. Esta opção tem substituído a utilização de canais TDM/E1/T1 com
significativa eficiência econômica e constitui-se na segunda maior aplicação de solução
Ethernet Óptica em Redes Metropolitanas.
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Figura 7 - Ethernet over Sonet
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Figura 8 - Função do EoS no ADM
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SONET/SDH e da má combinação da largura de banda com o tamanho dos pipes Ethernet. A
concatenação virtual (VCAT) é um mecanismo usado pata aliviar tais desvantagens.
A Ethernet beneficia-se das vantagens do SDH no transporte de seus quadros,
incluindo:
Baixa latência, visto que o armazenamento em buffer é realizado apenas nos
roteadores de entrada ou saída;
Resiliência (Elástico – resilient) e Restauração, onde essas redes conseguem-se
recuperar em até 50ms em caso de queda do enlace;
Qualidade de Serviço, por se tratar de um serviço síncrono com Time-division
Multiplexing (TDM).
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Figura 11 - Rede Metro Ethernet sobre Sonet/SDH
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Figura 12 - EoS dentro de Equipamento da Rede
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dados comutados, necessita-se introduzir funcionalidade packet-switching no equipamento
Metro Ethernet.
A falta de multiplexação de pacote para o serviço do EoS e o fato que milhares de
circuitos Point-to-Point necessitam ser alocados entre os clientes e a central de trabalho
(centraol Office - CO) cria um problema de agregação nos serviços em distribuições de
grande escala. Cada circuito individual do EoS podia ser apresentado como uma interface
separada de Ethernet no CO. Com milhares de clientes que iniciam um circuito do EoS, o CO
teria que terminar milhares de fios individuais do Ethernet.
Imagine se a rede de telefonia pública comutada (PSTN) continuasse operando com
cada linha de cliente terminada dentro do CO como um fio físico melhor do que como um
circuito lógico. Isto criaria um grande efeito patch-panel e um nightmare (pesadelo) para a
alocação e a comutação entre circuitos. Este efeito patch-panel apresenta uma escalabilidade
limitada para distribuições em grande escala do EOS.
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5.4) Ethernet over RPR (EoR)
Apesar dos fortes avanços da tecnologia IP sobre as redes de transporte das operadoras
de telefonia, os sistemas legados de comunicação ainda estão fortemente presentes nas
topologias das redes, e os serviços TDM são freqüentemente fornecidos com Service Level
Agreements (SLA) que exigem o uso de idéias de proteção em anel para recuperação do
tráfego em tempos menores que 50 ms. Já para o tráfego de dados puro, redes Metro Ethernet
têm sido implantadas, mas ainda podem trazer latências para recuperar o tráfego perdido, o
que pode causar transtornos às operadoras.
A partir de novas demandas para redes de transporte, surgiu, no final da década de 90,
uma tecnologia chamada Resilient Packet Ring (RPR) que prometia trazer a eficiência das
redes IP com a capacidade de resistência das redes SDH. Seria a melhor tecnologia se não
demandasse investimentos enormes para adaptar a rede, sem contar que o tráfego TDM ainda
permaneceria sendo fortemente utilizado, obrigando, assim, a sobreposição de redes.
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Recentemente, as redes RPR necessitando de padronização, adquiriram recentemente
por meio da especificação IEEE 802,17. Mas ainda tinham o problema de se considerar uma
rede puramente PRP sobreposta às redes SDH existentes. E, além disso, as redes Metro
Ethernet começavam a ser implantadas, criando, naturalmente, uma barreira para uma nova
tecnologia de Rede Metro.
As redes RPR oferecem diversos níveis de garantia de Qualidade de Serviços (QoS),
que é a mais eficiente tecnologia de transporte de tráfego de pacotes e TDM em uma
plataforma única. Adicionalmente, a topologia de anel permite que a nova idéia seja
facilmente adaptada sobre redes de fibra existentes. A variedade de aplicações que essas redes
provêem passa por um grande gerador de banda que serão os serviços triple-play (vídeo,
dados e voz), e faz do RPR a solução perfeita para a agregação do tráfego desses serviços em
áreas metropolitanas.
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A grande idéia da indústria foi integrar elementos de rede SDH de nova geração com
elementos RPR em uma plataforma única com todas as vantagens requeridas por SLAs cada
vez mais exigentes. Foi quando surgiu o termo RPR sobre SDH (RPR over SDH).
Com o uso do RPR, as redes SDH passam a ter uma dinâmica muito mais eficaz, de
forma que o planejador pode separar uma parte importante da banda disponível e trata-la
como uma rede pura, com proteção RPR, e destinar o restante da disponibilidade para o
tráfego TDM, utilizando a proteção SDH.
Uma das principais aplicações de plataforma Metro Ethernet sobre fibra óptica é o
espelhamento destes bancos em intervalos de tempo extremamente reduzido. As aplicações
SAN, redes dedicadas ao armazenamento de informações, e a necessária redução de custos
tornaram a utilização da plataforma Metro Ethernet sobre fibra óptica em áreas metropolitanas
e de longa distância uma solução extremamente atraente quando associada a aplicações
MPLS.
As tecnologias EoF, EoS e EoW foram apresentadas como modos de uso de Ethernet
em backbones. Cada uma delas têm suas peculiaridades. O EoF é voltado ao uso de Gigabit
Ethernet “puro”, sem a necessidade de operar com outras tecnologias, porém é restrito a um
alcance de 40 Km. Já o EoS é uma alternativa que leva em consideração a malha SDH
existente. Desta forma, os quadros Ethernet são apenas mais um tipo de dado para SDH, se
beneficiando de baixa latência, resiliência e qualidade de serviço. No entanto, o EoS é um
transporte não transparente, e tem-se uma carência de ferramentas de gerência. O EoW é a
modalidade que permite a maior taxa de transmissão, com o uso de diversos λ, sendo
infelizmente a tecnologia mais cara.
Pode-se então verificar que a plataforma Metro Ethernet sobre Sonet/SDH é capaz de
fornecer garantia de entrega, classe de serviço e qualidade de serviço em tempo extremamente
reduzido. Entretanto, apresenta vários inconvenientes destacados:
As tecnologias SDH/SONET foram desenvolvidas para aplicações de voz.
O mapeamento do tráfego de dados sobre os quadros SDH/SONET é
extremamente dispendioso, tecnicamente difícil e apresenta um gerenciamento
complexo.
A escalabilidade das redes ATM/SDH/SONET é tecnicamente difícil e apresenta
um custo extremamente elevado.
O tempo de aprovisionamento de novos serviços é extremamente longo.
A configuração dos quadros SDH/SONET, por ser implementada de forma rígida
e hierarquizada tornando estas tecnologias inadequadas para tráfegos não
uniformes.
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Novas versões destas tecnologias e técnicas de concatenação solucionam
parcialmente alguns destes problemas, mas apresentam custos e complexidade
extremamente elevados, tornando sua aplicação questionável quando comparadas
às soluções Ethernet.
O estudo mostra que não existe uma única escolha ideal para todos os cenários.
Diversos fatores devem ser analisados, como malha do NSP instalada, aplicação do cliente e
necessidade de taxa de transmissão para determinar a melhor solução.
Por fim conclui-se que a Rede Metro Ethernet mantém suas características mais
importantes: a simplicidade e flexibilidade. Desta forma, 10 Gigabit Ethernet pode operar de
diversas maneiras e fica a cargo dos responsáveis pela rede determinarem qual a melhor
solução para cada cenário em particular.
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Bibliografia:
[1] Cisco (2006). Packet-Over_SONET/SDH. http://whitepapers.silicon.com/
[2] SAM HALABI. Metro Ethernet. Cisco Press: October, 2003. Chapter 2: Metro
Tecnologies – pages 38-56.
[3] Bellsouth (2006). Carrier Ethernet – Defined. A comparison of the key WAN transport
methods now avaialbe for delivering high-value Ethernet Services.
http://contact.bellsouth.com/business/find/
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