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O Renatinho feio.

Nasceu cresceu e permaneceu criança, aquele menino, já homem e velho, voltava ao


seu ser minúsculo todos os dias em busca do que nunca teve. Aceitação, amor e
afeto...

Um dia sua mãe adoeceu e ele ficou desesperado, o Renatinho que por toda vida tudo
que quis foi o amor e aceitação da sua mãe, nada mais que isso, se viu diante de perder
o que mais almejava na vida.

Abandonou tudo, empresas, saúde, casamento, dinheiro... se posicionou ao lado do


leito de sua mãe e com toda a forca de sua alma o Renatinho empenhou mais que o
mais empenhado dos homens e obteve o êxito de mantê-la viva.

Acontece que a mãe do Renatinho tinha mais dois filhos e esses, por obvio, assim como
a mãe não o tinham como legitimo no seio dessa família, o Renatinho era apenas
assim, digamos, útil, de vez em quando....

E o Renatinho encontrou-se prejudicado com atos e escolhas desse sistema, como


sempre foi. Sua desilusão maior foi ouvir de sua mãe ainda no hospital o pedido que
confiasse nela...

Sua mãe estava em casa já, se recuperando, e ela mandou que o Renatinho buscasse a
justiça caso fosse o significado dessa palavra que ele quisesse.

Foi então que ele já no segundo tempo de sua vida percebeu “desse mato não sai
cachorro”. Ali ele viu que sua mãe fazia tudo que podia, dentro da visão de mundo dela
ela estava fazendo seu máximo por ele. Não estava ali sua busca.

O Renatinho feio, saiu, sozinho ficou, e foi o período mais solitário de sua vida. E o mais
belo também. Foi na sua solidão e longe dos “bullings” do ninho de onde ele saiu, que
ele viu como ele é forte, capaz, inteligente, concluiu isso refletindo sobre toda sua
trajetória, ele enfim entendeu toda sua historia, e causa de todo seu sofrimento, o
Renatinho feio só não era aceito naquele ninho e por isso ele sempre abriu mão de
tudo, em busca de algo que nunca teria, o que ali ele tinha já era insuportável para
quem lhe ofertava.

Ele se viu, se entendeu, se amou, sozinho ele sofreu mas cresceu, ele sabe quem é ele,
ele não precisa mais sair em busca de um troféu para que, ao mostrar no ninho seja
recebido com parabéns de soslaio.

E assim vendo que não é e nunca foi pato feio que, sempre foi desdenhado, ele foi
reconstruir sua estrada profissional e para isso cometeu um erro, natural de quem
ainda está se endireitando, o Renato ainda com uma “pena” do Renatinho usou como
base de retomada profissional algo que fazia em parceria com sua mãe.
Na primeira curva ela puxou o tapete, como sempre fez, mas quando saiu o tapete
quem tocou com os pés no chão foi o Renato.

Ele refletiu sobre isso pela ultima vez em sua vida, em sua solidão ele já havia
concluído que não precisa de nada do seu sistema de origem, apenas agradece por
todas as duras lições que foram impostas a ele.

O Renato concluiu que em seu intimo ele jamais contou com algo desse sistema e que
se dali não lhe sobrar nada (olha as sobras ai, isso eram as coisas do Renatinho) o
Renato sabe que basta que ele faca sua parte, ele é capaz.

Acontece que que o Renato ficou feliz, foi melhor assim, pôs-se fim a qualquer chance
de novamente ser manipulado.

O Renato não vai abrir mão do que construiu, seu esforço é dele por direito, não quer
nada que não seja dele, dele, dele mesmo, feito por ele. Só quer o que é de fato dele.

E agora em diante vai ser nessa base, dele. E com a própria base, dele. Que ele segue
na vida.

O Patinho feio certo dia quando se viu Cisne até olhou pra trás, pros patos, mas a
nostalgia durou muito pouco. O Renato deve e vai fazer uma coisa com seu passado,
ele vai honrar sua história.

Um homem, uma energia nunca tocada está nesse mundo.

E em meio ao seu próprio mundo é o homem que passa a escrever agora.

Renato.

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